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RESUMOS DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO APRESENTADAS NA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP DE JULHO A DEZEMBRO DE 2002 EM SUAS DIFERENTES ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR TRANSFERRINA DA RETINA DE COELHOS: ESTUDO BIOQUÍMICO E IMUNOHISTOQUÍMICO 509 Medicina, Ribeirão Preto, 35: 509-561, out./dez. 2002 NOTAS E INFORMAÇÕES Maria Laura Pinto Rodrigues Orientador: Prof. Dr. Eduardo Miguel Laicine Tese de Doutorado apresentada em 22/10/2002 O objetivo deste estudo foi verificar o papel da retina neural de coelho como fonte de transferrina para vítreo. Explantes de retina neural foram cultivados na presença de 35 S-metionina e os extratos dos explantes e dos meios de incubação foram submetidos à imuno- precipitação com anticorpo anti-transferrina e os imu- noprecipitados processados para eletroforese em gel de poliacrilamida-SDS seguidos de fluorografia. RNAm de transferrina da retina foi examinado atra- vés da técnica de RT-PCR seguida ou não de clona- gem, com posterior seqüenciamento. Além disso in toto ou cortes histológicos espessos da parede da câ- mara vítrea foram processados para o exame imuno- histoquímico de transferrina através de microscopia confocal. Os resultados obtidos permitiram concluir que: i) a metodologia utilizada para o cultivo de explantes de corpo ciliar-íris, desenvolvida neste labo- ratório, mostrou-se também adequada para o cultivo de explantes de retina, possibilitando a obtenção de marcação metabólica eficiente de proteínas para cul- tivos de até 16 horas: ii) ocorre a síntese de uma transferina aparentemente não secretória em porções de retina periférica desprovida de raios medulares, com peso molecular cerca de 3kDa menor que a transferrina do vítreo; iii) explantes de retina periférica orientados com fotorreceptores voltados para o meio de cultivo sintetizam e secretam transferrina, sendo esta a pri- meira evidência de secreção de transferrina por explantes de retina: iv) as regiões centrais da retina sintetizam e secretam transferrina, provavelmente à custa de astrócitos localizados junto aos vasos sanguí- neos presentes nesta região; v) o RNAm de transferrina de retina periférica não apresentou diferenças estru- turais significativas em relação ao RNAm de transfer- rina de fígado, a não ser por uma trinca de nucleótideos a mais, ao que tudo indica, sem repercussões na estru- tura e no destino celular desta proteína. Portanto, não foram encontradas alterações estruturais na mensa- gem que pudessem explicar a diferença de peso mole- cular detectada, pelo menos quanto as regiões do RNAm de transferrina analisadas até aqui; vi) foi de- monstrada a presença de transferrina intracelular nos fotorreceptores, nas células de Muller e nas pequenas células gliais da camada de fibras nervosas, além de outros tipos de neurônios, não identificados, encontra- dos na retina; vii) os resultados dos experimentos con- duzidos neste trabalho sugerem que os fotorreceptores sejam capazes de sintetizar e secretar transferrina; viii) o estudo imunohistoquímico demonstrou, também pela primeira vez, a presença de transferrina na matriz interfotorreceptora. ESTUDO NEUROANATÔMICO E PSICOFARMACOLÓGICO DO DUPLO ELO GABAérgico ESTRIADO-NIGRO-TECTAL, DE CONEXÕES INTRAMESENCEFÁLICAS E DA INFLUÊNCIA DESSAS VIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE DEFESA ELICIADO POR ESTIMULAÇÃO DO COLÍCULO INFERIOR Lissandra Castellan Baldan Orientador: Prof. Dr. Norberto Cysne Coimbra Dissertação de Mestrado apresentada em 24/10/2002 A estimulação elétrica e química de algumas estruturas mesencefálicas, tais como a substância cin- zenta periaquedutal dorsal (SCPd), as camadas pro-

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RESUMOS DE DISSERTAÇÕES DE MESTRADO E TESES DE DOUTORADO APRESENTADASNA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO - USP DE JULHO A DEZEMBRO

DE 2002 EM SUAS DIFERENTES ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO

BIOLOGIA CELULAR E MOLECULAR

TRANSFERRINA DA RETINA DE COELHOS: ESTUDO BIOQUÍMICO E IMUNOHISTOQUÍMICO

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Medicina, Ribeirão Preto,35: 509-561, out./dez. 2002 NOTAS E INFORMAÇÕES

Maria Laura Pinto RodriguesOrientador: Prof. Dr. Eduardo Miguel LaicineTese de Doutorado apresentada em 22/10/2002

O objetivo deste estudo foi verificar o papel daretina neural de coelho como fonte de transferrina paravítreo. Explantes de retina neural foram cultivados napresença de 35S-metionina e os extratos dos explantese dos meios de incubação foram submetidos à imuno-precipitação com anticorpo anti-transferrina e os imu-noprecipitados processados para eletroforese em gelde poliacrilamida-SDS seguidos de fluorografia.RNAm de transferrina da retina foi examinado atra-vés da técnica de RT-PCR seguida ou não de clona-gem, com posterior seqüenciamento. Além disso intoto ou cortes histológicos espessos da parede da câ-mara vítrea foram processados para o exame imuno-histoquímico de transferrina através de microscopiaconfocal. Os resultados obtidos permitiram concluirque: i) a metodologia utilizada para o cultivo deexplantes de corpo ciliar-íris, desenvolvida neste labo-ratório, mostrou-se também adequada para o cultivode explantes de retina, possibilitando a obtenção demarcação metabólica eficiente de proteínas para cul-tivos de até 16 horas: ii) ocorre a síntese de umatransferina aparentemente não secretória em porçõesde retina periférica desprovida de raios medulares, com

peso molecular cerca de 3kDa menor que a transferrinado vítreo; iii) explantes de retina periférica orientadoscom fotorreceptores voltados para o meio de cultivosintetizam e secretam transferrina, sendo esta a pri-meira evidência de secreção de transferrina porexplantes de retina: iv) as regiões centrais da retinasintetizam e secretam transferrina, provavelmente àcusta de astrócitos localizados junto aos vasos sanguí-neos presentes nesta região; v) o RNAm de transferrinade retina periférica não apresentou diferenças estru-turais significativas em relação ao RNAm de transfer-rina de fígado, a não ser por uma trinca de nucleótideosa mais, ao que tudo indica, sem repercussões na estru-tura e no destino celular desta proteína. Portanto, nãoforam encontradas alterações estruturais na mensa-gem que pudessem explicar a diferença de peso mole-cular detectada, pelo menos quanto as regiões doRNAm de transferrina analisadas até aqui; vi) foi de-monstrada a presença de transferrina intracelular nosfotorreceptores, nas células de Muller e nas pequenascélulas gliais da camada de fibras nervosas, além deoutros tipos de neurônios, não identificados, encontra-dos na retina; vii) os resultados dos experimentos con-duzidos neste trabalho sugerem que os fotorreceptoressejam capazes de sintetizar e secretar transferrina; viii)o estudo imunohistoquímico demonstrou, também pelaprimeira vez, a presença de transferrina na matrizinterfotorreceptora.

ESTUDO NEUROANATÔMICO E PSICOFARMACOLÓGICO DO DUPLO ELO GABAérgicoESTRIADO-NIGRO-TECTAL, DE CONEXÕES INTRAMESENCEFÁLICAS E DA INFLUÊNCIADESSAS VIAS SOBRE O COMPORTAMENTO DE DEFESA ELICIADO POR ESTIMULAÇÃODO COLÍCULO INFERIOR

Lissandra Castellan BaldanOrientador: Prof. Dr. Norberto Cysne CoimbraDissertação de Mestrado apresentada em 24/10/2002

A estimulação elétrica e química de algumasestruturas mesencefálicas, tais como a substância cin-zenta periaquedutal dorsal (SCPd), as camadas pro-

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fundas do colículo superior (CPCS) e o núcleo centraldo colículo inferior (NCCI) eliciam respostas defensi-vas, associadas ao medo, que muito se assemelhamàquelas que caracterizam a síndrome do pânico emhumanos. A substância negra, rica em neurôniosGABAérgicos, recebe aferências também GABA-érgicas provenientes do corpo estriado e se projetapara o mesencéfalo dorsal, mais cranialmente, modu-lando o substrato neural do medo no colículos superiore SCPd.

O objetivo deste trabalho foi investigar se es-sas conexões GABAérgicas nigro-tectais também seestendem ao substrato aversivo do cálculo inferior deratos, determinando sua influência sobre a modulaçãode respostas aversivas eliciadas por estimulação elé-trica do teto mesencefálico dorsal, situado cauda-lmente. Também foi estudada a neuroanatomia deconexões entre o núcleo central do colículo inferior eas colunas dorsais e ventrais posteriores da substân-cia cinzenta periaquedutal. A via foi traçada com oneutroçador fluorescente “fast blue”, de captação etransporte retrógrado, microinjetado no núcleo centraldo colículo inferior (NCCI) e com o biodextran, um

neurotraçador, anterógrado, microinjetado na substân-cia negra, parte reticulada (SNpr) ou no NCCI. Osefeitos da diminuição de atividade dessa via foramestudados, através de lesões eletrolíticas eneuroquímicas (com ácido ibotênico) da substâncianegra, parte reticulada.

O neurotraçamento retrógrado mostrou célulasneuroniais localizadas na substância negra, partereticulada que se projetam ipsi e contralateralmenteao núcleo central do colículio inferior. Essa conexãonigro-tectal foi confirmada pelo neurotraçameno an-terógrado, que mostrou fibras axônicas no núcleo cen-tral de colículo inferior, após a microinjeção debiodextran na substância negra, parte reticulada. Tan-to a lesão eletrolítica como a lesão neuroquímica dasubstância negra, parte reticulada, sensibilizaram o tetomesencefálico à estimulaçao aversiva. O estudo dasconexões intramesencefálicas, estudadas através damicroinjeção iontoforética de biodextran no núcleocentral do colículo inferior, permitiu a identificação deuma via rica em fibras varicosas conectando o NCCI,às colunas dorsomediais e laterais mais posteriores dasubstância cinzenta periaquedutal (SCP).

TRAÇANDO AS ORIGENS DE AMOSTRAS MONOFÁSICA SALMONELLA ENTERICA i 4, 5,12: I - : SIMILARIDADE GENÉTICA COM S. ENTERICA TYPHIMURIUM

Ana Isabela Lopes SalaOrientador: Prof. Dr.Marcelo BrocchiDissertação de Mestrado apresentada em 25/10/2002

Salmonella enterica é um importante patógenopara humanos, causador de infecções que vão desdegastroenterites localizadas a infecções sistêmicas gra-ves (Salyers & Whitt, 1994). Esta espécie é subdividi-da em sorovariedades, sendo conhecidas mais de 2.300.Typhimurium e Enteritidis são as sorovariedades maisfreqüentemente isoladas em fezes diarréicas de pacien-tes sofrendo infecções intestinais e/ou sistêmicas. Noestado de São Paulo, particularmente na região de Ri-beirão Preto, além das sorovariedades mencionadasacima, uma possível nova sorovariedade tem sido iso-lada com freqüência. Tais isolados apresentam carac-terísticas sorológicas e fisiológicas semelhantes à S.enterica Typhimurium (ST), mas não apresentam avariação de fase flagelar, característica desta últimasorovariedade (S. enterica I 4, [5], 12:i:-). Resultadosprévios indicam que esta última sorovariedade é mais

virulenta que ST (Dra. Sueli Fernandes, Instituto AdolfoLutz de São Paulo, comunicação pessoal), podendoser originária de S. enterica sorovariedade Typhimurium(composição antigênica I 4, [5], 12:i:1,2) ou Lagos (I 4,[5], 12:i:1,5). Além disso, os isolados S. enterica I 4,[5]. 12:i:- (Sti) podem ser derivados de um único cloneou de diferentes clones que sofreram mutação que le-vou a não variação de fase flagelar em eventos dife-rentes e em épocas distintas. Recentemente, Ikeda etal. (2001) demonstraram que mutantes de S. entericacapazes de expressar somente o antígeno de faseflagelar classe 1, que é o caso das amostras Sti, sãomais aptos a causar infecção sistêmica do que mutan-tes que expressam o antígeno de classe 2. Dada aimportância epidemiológca destes isolados, sua asso-ciação com infecções graves em humanos (infecçõesenterocolíticas e sistêmicas) e os dados científicos in-teressantes que podem surgir do estudo destas quantoa virulência e evolução, o objetivo deste projeto foiavaliar a similaridade genética entre estes isolados eisolados de ST por diferentes técnicas molecularescomo REP-PCR, Ribotipagem, tipagem com IS200 e

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perfil plasmidal. Como controle, foram adicionados iso-lados pertencentes as sorovariedades Enteritidis (SE)e Typhi (TY), também isoladas com freqüência naépoca do estudo. Os resultados indicam maior simila-ridade genética dos isolados Sti com ST, como espera-do. Os isolados Sti foram separados em diferentes sub-

grupos, indicando que podem derivar de clones distin-tos de ST. Um dado interessante foi verificar que es-tes isolados foram os de maior freqüência em infec-ções sistêmicas, sugerindo que as observações de Ikedaet al. (2001) com mutantes e no modelo murino po-dem também ser aplicadas para isolados humanos.

ESTUDO DA LOCALIZAÇÃO DAS MIOSINAS VA e Vb EM TECIDOS DE GALINHA E RATO AOLONGO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO E NO ADULTO

Cláudia Helena PellizzonOrientadora: Profa. Dra. Enilza Maria EspreáficoTese de Doutorado apresentada em 29/11/2002

As três formas de miosinas da classe V, Va, Vbe Vc, descritas até o momento, em vertebrados, sãomotores moleculares envolvidos em uma série de fun-ções essenciais, dentre elas, o transporte de vesículaspós-Golgi, compartimentos melanoendolisossômicos,retículo endoplasmático liso, mRNA, orientação do fusomitótico e participação em via de transdução de sinaldo cálcio. Contudo, durante o desenvolvimento embri-onário de vertebrados, bem como em tecidos diferen-ciados do adulto, pouco se sabe sobre as funções es-pecíficas das miosinas da classe V e tampouco se co-nhece o padrão de expressão e distribuição tecidualdos diversos membros dessa classe. No presente tra-balho, a expressão e distribuição tecidual das miosinasVa e Vb foram estudadas durante a embriogênese ini-

cial em galinha e em tecidos de diversos orgãos espe-cializados de ratos adultos. Para tanto, foram produzi-dos e caracterizados anticorpos monoespecíficos con-tra cauda terminal das miosinas Va e Vb. A miosinaVa mostrou-se mais abundante em lisado total embrio-nário nas etapas do desenvolvimento estudado (33, 72e 120 horas). Imunomarcação em cortes histológicosrevelou ampla distribuição dessas miosinas nos siste-mas nervoso, digestivo, respiratório e urinário. Ambasocorrem em todo o neuroepitélio, retina e epitélio dostúbulos renais com alguma diferença de intensidadede expressão. Em tecidos de animais adultos, mostra-mos que ambas as miosinas estão presentes na retina,tireóide, pâncreas, testículo, ovário, tuba uterina, tra-quéia, intestino delgado e rim. No entanto, na maioriados tecidos, apresentam expressão diferencial, isto é,em tipos celulares específicos ou localização intracelulardiferencial, o que sustenta a hipótese de que estas duasmiosinas exerçam funções complementares e, de modogeral, não-redundantes no organismo.

BIOQUÍMICA

ESTUDO BIOQUÍMICO E FUNCIONAL DE NEUTRÓFILOS HUMANOS DE PACIENTES COMDOENÇA DE GRAVES

Elisa Maria de Sousa Russo CarbolanteOrientadora: Profa. Dra. Yara Maria Lucisano ValimTese de Doutorado apresentada em 12/07/2002

A doença de Graves (DG) é uma doença auto-imune órgão específica da tireóide, caracterizada por

hipertireoidismo, oftalmopatia e mixedema pré-tibial.Pacientes com esta doença têm uma reatividade imu-ne, mediada tanto por células quanto por anticorposcontra os receptores de TSH, contra a tiroglobulina econtra a tireóide peroxidase. A reatividade imune in-clui o desenvolvimento de anticorpos (Ac) a essesantígenos, reatividade dos linfócitos, desenvolvimento

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de imunocomplexos (IC) circulantes e depósitos de IC.Os Ac contra o receptor de TSH se ligam a esse re-ceptor de uma maneira funcionalmente positiva levan-do à estimulação da tireóide e por conseqüência, à gran-de produção de hormônios.

Uma vez que esta patologia é de auto-imune,que há depósitos de IC e que uma das complicaçõesimportantes (oftalmopatia) é um processo auto-imunee inflamatório e, ainda, que os neutrófilos estão envol-vidos na fisiopatologia destes dois processos, a propo-sição deste trabalho foi fazer um estudo bioquímico efuncional dos neutrófilos de pacientes com doença deGraves, em diferentes estágios da doença e do trata-mento. Os estudos destas células envolveram: a) quan-tificação da produção de espécies reativas de oxigê-nio por quimioluminescência dependente de luminol oulucigenina, mediadas por receptores para IgG bemcomo pela cooperação entre receptores do comple-mento e para IgG ; b) avaliação da expressão dos re-ceptores para complemento (CR) e para IgG (FcyR);c) averiguação da presença de anticorpos ligados aosreceptores dos neutrófilos de sangue periférico; d)medida da atividade da superóxido dismutase; e) me-didas da produção de peróxido de hidrogênio pelosneutrófilos e f) medidas do conteudo de glutationa re-duzida destas células.

Os resultados mostraram que a produção deradicais de oxigênio, mediada por CR e/ou FcyR, pe-los neutrófilos de pacientes com DG, estava aumenta-da em relação à produção pelos neutrófilos de indiví-duos saudáveis, quando estas células foram estimula-das por imunocomplexo (IC) opsonizados ou não. Esteaumento poderia ser devido a fatores como o aumentode expressão de receptores de membrana ou altera-ções nos mecanismos envolvidos na produção ou eli-minação destas espécies reativas de oxigênio.

A porcentagem de células que expressam re-ceptores para complemento e para IgG e a média defluorescência por célula encontrada nas células depacientes e controles, analisadas por experimentos decitometria de fluxo, foi bastante similar. Esses resulta-dos indicaram que o aumento do burst oxidativo, veri-ficado nos experimentos de QL, não foi devido à ex-pressão anormal dos receptores que medeiam esteprocesso. Também foi demonstrado que não haviamimunoglobulinas previamente ligadas aos PMN, o quepoderia causar a estimulação prévia dessas células,assim como uma ocultação dos receptores analisados.

Foi encontrado aumento da produção deperóxido de hidrogênio nos neutrófilos de pacientes deDG hipertireoideos em relação aos indivíduos contro-les saudáveis. E contrapartida, as defesas antioxidantesavaliadas (atividade da superóxido dismutase e con-teúdo de glutationa reduzida) nos neutrófilos dessespacientes não estavam significativamente diferentesdaquelas dos neutrófilos de indivíduos controles.

O conjuntos desses resultados nos indica queOs neutrófilos dos pacientes estudados apresentaramum estresse oxidativo, o que pode ser bastante preju-dicial e contribuir para um maior dano tecidual, princi-palmente em situações onde exista um processo infla-matório. Este dano seria em conseqüência à liberaçãode potentes substâncias oxidantes que poderiam nãoestar sendo devidamente eliminadas pelos mecanis-mos antioxidantes dos neutrófilos. A produção altera-da de radicais de oxigênio nestes neutrófilos pode es-tar relacionada com uma maior atividade da NADPHoxidase destas células.

Finalmente, sugerimos a introdução de terapiaantioxidante aos pacientes de DG para que os efeitostóxicos e deletérios dos neutrófilos, nos processos in-flamatórios teciduais, sejam minimizados.

ESTUDO DOS EFEITOS DA NIMESULIDA E DO SEU METABOLITO REDUZIDO EMMITOCÔNDRIAS E HEPATÓCITOS ISOLADOS DE RATO

Fábio Ermínio MingattoOrientador: Prof. Dr. Carlos CurtiTese de Doutorado apresentada em 12/07/2002

Nimesulida é um fármaco antiinflamatório nãoesteroidal (AINE) de amplo uso clínico devido à suaação antiinflamatória, analgésica e antipirética, apesarde inúmeros relatos de hepatotoxicidade devidos aomesmo terem sido relatados na literatura. No presen-

te trabalho, foram realizados estudos em mitocôndriase hepatócitos isolados de rato visando avaliar os possí-veis mecanismos de toxicidade do fármaco envolven-do a mitocôndria, além de estabelecer uma relaçãoestrutura/atividade por comparação com os efeitos doseu metabólito resultante da redução do grupo nitro aoamino.

Em mitocôndrias isoladas foi observado estí-mulo da respiração de estado 4 dissipação do potenci-

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al de membrana e oxidação do NAD(P)H. As curvasconcentração-efeito referentes a esses parâmetros fo-ram similares, com tendência à saturação em concen-trações do fármaco superiores a 10 µM. Alem disso, oinchamento das mitocôndrias em meio hiposmótico deacetato de potássio foi concentração-dependente, in-dicando que o fármaco é um desacoplador protono-forético.

Na mesma faixa de concentração nimesulidainduziu efluxo de Ca2+ das mitocôndrias com inibiçãoparcial por vermelho de rutênio, um inibidor do trans-porte de Ca2+ pelo uniporter; em presença do mesmoinibidor o fármaco induziu inchamento das mitocôndriasem meio isosmótico, uma resposta típica da transiçãode permeabilidade mitocondrial (TPM). O inibidor clás-sico da TPM, ciclosporina A, não só inibiu o incha-mento mitocondrial, como também o efluxo de Ca2+

em uma condição desfavorável ao inchamento. Alémdisso, ambos os processos foram inibidos em propor-ções semelhantes pelos moduladores da TPM Mg2+ ,ADP, ATP e e butil-hidroxi tolueno (BHT), enquantoque ditiotreitol (DTT) e n-etilmaleimida (NEM), em-bora tenham inibido o inchamento mitocondrial, apre-sentaram apenas um efeito parcial ou nulo sobre oefluxo de Ca2+ , respectivamente. Esses resultadossugerem que TPM e efluxo de Ca2+ induzidos pornimesulida são eventos que resultam da dissipação dopotencial de membrana e/ou oxidação dos NAD(P)H,com a prioridade em relação ao tipo de resposta (TPMou efluxo de Ca2+) dependendo simplesmente dahablidade da mitocôndria em prevenir o efluxo do cátion

pelo reverso do uniporter. Inibição de síntese de ATPpela nimesulida, também foi observado.

O metabólito reduzido da nimesulida não apre-sentou quaisquer dos efeitos descritos para o fármaco,indicando que grupo nitro é determinante para mani-festação dos mesmos. Além disso o metabólito apre-sentou atividade antioxidante, diminuindo o acúmulode H202 gerada por t-butil hidroperóxido, e inibindo alipoperoxidação da membrana mitocondrial mediadapor Fe2+/citrato.

Em hepatócitos isolados a nimesulida, mas nãoo seu metabólito reduzido, apresentou uma toxicidadeconcentração e tempo-dependente, demonstrada emensaios de viabilidade celular por liberação da lactatodesidrogenase (LDH). A análise de alguns parâme-tros bioquímicos de relevância toxicológica, tais comorespiração e potencial de membrana das mitocôndrias,além dos níveis de ATP, glutationa reduzida (GSH) eNAD(P)H, demonstrou que o fármaco, mas não o seumetabólito reduzido, interfere tanto na energética dascélulas quanto na defesa antioxidante, porém, sem pro-vocar peroxidação dos lipídios de membrana . Estudosdos efeitos da nimesulida sobre a viabilidade celularem presença de frutose, oligomicina e ciclosporina Asurgem que o fator energértico é particularmente re-levante e que a TPM não está envolvida. Estudos empresença de proadifen, um inibidor do citocromo P450,o qual potencializou substancialmente o efeito danimesulida sobre a viabilidade celular, sugere que ocomposto de origem é o principal responsável pela to-xicidade observada nos hepatócitos isolados.

CLÍNICA CIRÚRGICA

INFLUÊNCIA DO TABACO NA LESÃO DE ISQUEMIA/REPERFUSÃO EM RETALHOSCUTÂNEOS DE RATOS

Frederico Alonso Sabino de FreitasOrientador: Prof. Dr. Carlos Eli PiccinatoDissertação de Mestrado apresentada em 02/08/2002

Múltiplos fatores têm sido implicados na pato-gênese da lesão de isquemia/reperfusão da pele, in-cluindo as espécies reativas de oxigênio (ERO). Poroutro lado, sabe-se que a inalação crônica de tabaco

resulta em depleção do sistema antioxidante endóge-no e grau variável de vasoconstricção cutânea. Em-pregando-se o retalho epigástrico do rato como mode-lo de isquemia/reperfusão na pele objetivou-se avaliara influência do tabaco inalado, na lesão de isquemia/reperfusão cutânea, através da dosagem tissular demalonildialdeído (MDA), xantina oxidase (XO) e mie-loperoxidase (MPO). Níveis tissulares elevados de

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MDA são indicadores de lesão de membranas celula-res caracterizadas pela lipoperoxidação. A xantinaoxidase é uma enzima relacionada à produção intra-celular de ER0 e a atividade da MPO representa indi-retamente o grau de infiltração neutrofilica tecidual. Oestudo foi dividido em 2 fases. Na 1ª fase estudaram-se 8 ratos. Foram confeccionados dois retalhosepigástricos em cada rato, sendo um retalho controlee o outro contralateral submetido à isquemia ereperfusão. Após período de 16 h de isquemia e 45min de reperfusão, foram colhidas biópsias cutâneasnestes retalhos e simultaneamente nos retalhos con-troles, para dosagem tissular de MDA. Analisando-seos níveis de MDA cutâneos, observou-se tendência àelevação de MDA em retalhos isquêmicos. Após areperfusão houve elevação significativa de MDA emrelação aos controles. Utilizou-se na 2ª fase do experi-

mento um equipamento de inalação passiva, desenvol-vido na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, em2 grupos de ratos, sendo que 12 ratos inalaram tabacodurante 4 semanas no pré-operatório (GF) e outros 12animais não o inalaram (GNF). Confeccionou-se umretalho epigástrico por animal e este foi submetido à16 h de isquemia e 45 min de reperfusão. Após osperíodos de isquemia e reperfusão foram colhidasbiópsias cutâneas destes retalhos para análise tissularde MDA, XO e MPO. Houve aumento significativode MDA nos retalhos de ratos do GF em relação aosdo GNF, caracterizando-se maior taxa de lipoperoxi-dação no GF. As atividades tissulares da XO e da MPOelevaram-se significativamente no GF em relação aoGNF. Com base nesses resultados, conclui-se que otabaco inalado provocou agravamento das lesões deisquemia reperfusão em retalhos cutâneos de ratos.

AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ELÉTRICA ATRIAL EM PACIENTES VALVOPATAS MITRAISOPERADOS COM CIRCULAÇÃO EXTRA-CORPÓREA

Cesar Augusto FerreiraOrientador: Prof.Dr.Walter V. de Andrade VicenteDissertação de Mestrado apresentada em 09/08/2002

A via de abordagem da valva mitral é fator crí-tico para boa exposição e minimização dos riscos delesão das estruturas circunjacentes. O uso do acessosubseptal lateral direito clássico pode oferecer expo-sição difícil, sendo utilizadas vias alternativas, cujosefeitos na atividade elétrica atrial e no resultado cirúr-gico são contraditórios. Foi estabelecida metodologiapadronizada de investigação, cujo fundamento é a ava-liação da atividade elétrica atrial, através da detecçãodos distúrbios do ritmo cardíaco por meio de eletro-cardiograma convencional e da monitoração eletro-cardiográfica contínua (sistema Holter), nos períodospré e pós-operatórios. A função do nó sinusal e o tem-po de condução interatrial, foram obtidos por meio deestimulação atrial programada, pelo método de Narula,através dos fios de eletrodo epicárdicos atriais, posi-cionados nos átrios direito e esquerdo. Esta avalia-ção foi realizada à luz do quadro clínico dos pacientese da detecção das alterações estruturais decorrentesdas sobrecargas hemodinâmicas predominantes, peloDoppler-ecocardiograma.

Foram operados 10 pacientes adultos consecu-tivos portadores de valvopatia mitral. O ritmo cardía-

co foi o ritmo sinusal normal em 7 pacientes, estandoos demais em fibrilação atrial. Todos os pacientes emritmo sinusal apresentavam ectopias supraven-triculares, com episódios de taquicardia supraven-tricular em 57%, “flutter” atrial em 10% e ritmojuncional em 10%. Todos os pacientes apresentavamectopias ventriculares, com baixa incidência em 70%deles, taquicardia ventricular não sustentada em 30%.Os pacientes foram operados pelo mesmo cirurgião,com técnica cirúrgica, anestésica, de circulaçãoextracorpórea e cardio-plégica semelhantes. Não houvemortalidade. No pós-operatório, houve 40% de novasarritmias supra-ventriculares (fibrilação atrial, ritmojuncional, ritmo atrial baixo e taquicardia supraven-tricular paroxística), não ocorrendo arritmias ven-triculares. Os fios de eletrodo epicárdicos atriais fo-ram utilizados como marcapasso em 40% dos pacien-tes. À avaliação da função do nó sinusal, não houveprejuízo pelo procedimento cirúrgico realizado. Todosos pacientes tiveram boa evolução, em classe funcio-nal I (NYHA) dentro de 30 dias do estudo. Houveredução significativa do tamanho do átrio esquerdomas não houve redução significativa da duração daonda “P” ao ECG. Houve redução quantitativamentesignificativa das ectopias supraventriculares, com re-versão de FA para ritmo sinusal em 1 paciente e nãohouve redução quanti-tativamente significativa das

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ectopias ventriculares. O tempo de condução inter-atrial apresentou correlação significativa com o tama-nho do átrio esquerdo medido no pré e pós-operatório.Não houve complicações relacionadas à colocação,utilização e retirada dos fios de eletrodo epicárdicos.Observou-se, também, aumento nas freqüências car-díacas mínimas e redução das freqüências cardíacasmáximas nos pacientes operados, comparando-se o

pré com o pós-operatório.Portanto, esta abordagem metodológica, relaci-

onada à avaliação da atividade elétrica atrial, mostrou-se adequada para detectar os distúrbios do ritmo empacientes portadores de valvopatia mitral, operados pelavia subseptal clássica, permitindo, assim, futuras com-parações com as outras vias de exposição valvarmitral.

irá se beneficiar de uma ou outra conduta. No presen-te estudo realizamos análise retrospectiva dos casosde hidronefrose diagnosticada intra-útero, no períodoentre 1996 e 2001. Dentre 116 neonatos, 45 apresen-taram estenose da junção ureteropiélica como fatoretiológico. A análise conjunta desses últimos casosmostrou que, de 26 pacientes mantidos inicialmentesob conduta conservadora, somente 6 (23%) evoluí-ram para aqueles com critérios indicativos de cirurgia,durante o seguimento ambulatorial. Concluímos quegrande número de pacientes nessa faixa etária seriambeneficiados pela conduta conservadora, evoluindo semprejuízos para a função renal, sendo a cirurgia indica-da em casos selecionados. A metodologia utilizadanesse grupo de pacientes foi adequada para defini-losquanto à opção terapêutica, porém, exigiu vários exa-mes. Faz-se necessário identificar, no futuro, metodo-logia mais simples que possa assegurar com eficiênciaqual dilatação do trato urinário diagnosticada, no pe-ríodo intra-uterino, traduzirá obstrução do fluxo urinário,reduzindo custos e acelerando o processo de seleçãode pacientes candidatos ao tratamento cirúrgico.

Carlos Augusto Fernandes MolinaOrientador: Prof. Dr. Silvio Tucci JúniorDissertação de Mestrado apresentada em 14/08/2002

Avanços na resolução da ultra-sonografia, nadécada de 80, permitiram sua utilização na investiga-ção fetal. A hidronefrose, vista na infância por sinto-mas como dor, massa abdominal palpável, infecção dotrato urinário e hematúria, passou a ser observada comodilatação do trato urinário na vida intra-uterina, sendoa estenose da junção ureteropiélica o fator etiológicomais comum. A detecção precoce ocasionou mudan-ças em relação à conduta médica para a hidronefrose.Sinônimo de obstrução, a hidronefrose era tratada porcorreção cirúrgica. Com a avaliação funcional pós-natal, no entanto, passou-se a exigir a presença de re-dução na função renal para ser considerada a associ-ação entre hidronefrose e obstrução. Assim, a inter-venção cirúrgica não estaria indicada em todos os ca-sos, sendo, em muitos, adotado o seguimento clínico.A grande dificuldade está em identificar qual paciente

AVALIAÇÃO NEONATAL DA HIDRONEFROSE INTRAUTERINA

coronariopatas e os hipertensos. As alterações hemo-dinâmicas que ocorrem após intubação traqueal estãorelacionadas ao aumento da concentração plasmáticade noradrenalina. Algumas drogas, como o fentanil,em altas doses, podem abrir as alterações hemodinâ-micas e a liberação de catecolaminas pós intubaçãotraqueal. Apesar de eficiente, o fentanil em altas do-ses tem o inconveniente de acarretar depressão respi-ratória no período pós operatório. Dessa forma, o

Eneida Maria VieiraOrientador: Prof. Dr. Luís Vicente GarciaDissertação de Mestrado apresentada em 02/09/2002

Introdução: As conseqüências das alteraçõeshemodinâmicas decorrentes da laringoscopia e daintubação traqueal podem ser desastrosas para os pa-cientes, sobretudo para os de maior risco, como os

EFEITO DE TRÊS DOSES DIFERENTES DE ALFENTANIL NA HEMODINÂMICA, NA LIBERA-ÇÃO DE CORTISOL E DE CATECOLAMINAS PÓS INTUBAÇÃO TRAQUEAL EM CRIANÇAS

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alfentanil, um narcótico de ação ultra-curta pode pro-duzir o mesmo efeito sem acarretar depressão venti-latória. Em adultos, todos esses efeitos estão bem do-cumentados. Em crianças, no entanto, não sabemosse a utilização de opióides na indução da anestesiapossa trazer algum benefício no tocante à abolição daresposta pressórica e da liberação de catecolaminas.

Casuística e método: Participaram do estudo30 crianças saudáveis e que foram submetidas a pro-cedimentos cirúrgicos de pequeno e médio porte. Aindução da anestesia foi padronizada e as criançasforam divididas em 3 grupos, de acordo com a dosede alfentanil que receberam: 10, 20 ou 30 µg/kg. Osparametros hemodinâmicos foram avaliados em 3 mo-mentos distintos, após a indução anestésica, antes da

intubação traqueal e 1 minuto após a intubação traqueal.Antes da intubação traqueal e 1 minuto após a intubaçãotraqueal colheu-se sangue para a quantificação docortisol plasmático e das catecolaminas.

Resultados: O comportamento hemodinâmicoapós a intubação traqueal foi semelhante nos três gru-pos. A concentração plasmática de cortisol e de nora-drenalina não se alterou após a intubação traqueal emrelação aos valores obtidos imediatamente antes daintubação.

Conclusões: Não houve, em todos os parâme-tros avaliados, diferença entre os três grupos, ou seja,a dose de 10 microgramas/Kg já pode ser eficiente paraabolir a resposta endócrino-metabólica à intubaçãotraqueal.

Ênio David MenteOrientador: Prof. Dr.Reginaldo CenevivaTese de Doutorado apresentada em 28/10/2002

O transplante de ilhotas pancreáticas encap-suladas poderá tornar-se a principal modalidade te-rapêutica para os pacientes com diabetes mellitus tipo1. Os principais problemas relacionados a este tipode tratamento são a necessidade de uso de imunos-supressores e a dificuldade de trocas entre as célu-las implantadas e o hospedeiro. A descoberta de ma-teriais biocompatíveis que induzam neoformação vas-cular e garantam imunoisolamento é essencial paramelhoria nos resultados dos transplantes. Com esteobjetivo, testou-se uma nova biomembrana de látexnatural para o desenvolvimento de um dispositivo parao transplante celular encapsulado.

Biomembranas de látex natural impermeáveisforam implantadas no subcutâneo de ratos normais ediabéticos. O material foi submetido a avaliaçãohistológica e imunoistoquímica, com anti-CD34 e anti-VEGF, 21, 60, 90 e 365 dias após o implante. Desenvol-veu-se posteriormente uma membrana de látex semi-permeável, submetida à mesma avaliação 21 dias apóso implante em ratos normais. As superficies dasbiomembranas de látex foram analisadas por microsco-pia eletrônica de varredura. Foi construído um protótipode dispositivo para macroencapsulamento celular com amembrana semipermeável, e testada sua permeabilidade,

in vivo, a substâncias de diferentes pesos moleculares.Este dispositivo foi implantado no subcutâneo de ratospara avaliação da taxa de captação de glicose e ami-noácidos através de microdiálise in vivo.

As membranas de látex não sofreram rejeição eforam envolvidas por tecido fibroso com intensa neo-formação vascular. O número de vasos, cerca de 200por centímetro de membrana, permanceu constante aolongo do tempo. Células endoteliais foram envidenciadasna região de interface tecido-membrana através demarcação com antiCD-34 e de microscopia eletrônica.Houve expressão do VEGF neste local. O dispositivoconstruído a partir da membrana microporosa foi im-permeável ao azul de dextrana, mas permeável àalbumina e a imunoglobulina. A taxa de captação deglicose e aminoácidos in vitro foi de cerca de 10%, ehouve difusão de aminoácidos para interior do disposi-tivo no estudo in vivo.

As biomembranas de látex natural são biocom-patíveis e induzem neoformação vascular duradoura.O dispositivo construído com membrana de látexsemipermeável permite a difusão de glicose, amino-ácidos e albumina, nutrientes importantes para asobrevida das células encapsuladas. A não difusão deazul de dextrana (2000 kDa) é um indício de que amembrana impede a penetração de células do sistemaimune. Essas características sugerem que o dispositi-vo apresenta potencial para ser utilizado como suportepara o implante de células isoladas.

DESENVOLVIMENTO DE PROTÓTIPO DE DISPOSITIVO PARA MACROENCAPSULAMEN-TO DE ILHOTAS PANCREÁTICAS A PARTIR DE BIOMEMBRANA DE LÁTEX NATURAL

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AVALIAÇÃO CLÍNICA E URODINÂMICA DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM PACIENTES SUB-METIDOS À PROSTATECTOMIA RADICAL RETROPÚBICA

Rodolfo Borges dos ReisOrientador: Prof. Dr.Antonio Carlos Pereira MartinsTese de Doutorado apresentada em 08/11/2002

A incidência da incontinência urinária pósprostatectomia radical varia de 2 a 87%. Muitos in-vestigadores relataram a presença de deficiência es-fincteriana, associada ou não à disfunção vesical, comosendo a principal causa das perdas urinárias. Ainexistência de uma classificação baseada em acha-dos urodinâmicos e clínicos que facilite a identificaçãodo tipo de população estudada, à falta de padroniza-ção de leak point pressure (LPP) abdominal, usadopara avaliar a função esfincteriana pós prostatectomiaradical, aliado à falta de correlação entre a intensida-de das perdas urinárias mensurada através de infor-mações clínicas fornecida pelos pacientes e os valo-res do LPP-abdominal, motivaram a realização desteestudo. Foram estudados 68 pacientes submetidos àprostatectomia radical e com queixas de incontinênciaurinária há pelo menos 1 ano. Os grupos controlesconstituíram-se de 18 voluntários continentes que nãoforam submetidos a cirurgia prostática (grupo 1) e 23voluntários que referiram estar continentes após aprostatectomia radical retropública (grupo 2). Os indi-víduos recrutados responderam a 22 questões do ques-tionário para sintomas do trato urinário inferior da So-

ciedade Internacional de Incontinência Urinária e fo-ram submetidos à avaliação vídeo-urodinâmica. Ospacientes com queixas de incontinência urinária tam-bém foram submetidos ao teste do absorvente de 24horas, visando quantificar objetivamente as perdas uri-nárias. Após a realização da avaliação urodinâmica,que inclui o LPP-abdominal padronizado por nós, ospacientes incontinentes foram divididos em 3 grupos,de acordo com a causa da incontinência urinária: 32pacientes apresentavam incontinência urinária pósprostatectomia radical retropública causada por defi-ciência esfincteriana pura (grupo 3); 30 pacientes apre-sentavam incontinência urinária pós prostatectomiaradical retropública causada por deficiência esfincte-riana associada a componente vesical (grupo 4); 6pacientes apresentavam incontinência urinária pósprostatectomia radical retropública causada por dis-função vesical (grupo 5). Não foi observada correla-ção entre os valores do LPP-abdominal e do teste doabsorvente de 24 horas nos pacientes do grupo 4. Ospacientes do grupo 3 apresentaram correlação inver-sa entre os valores do LPP-abdominal e o teste doabsorvente de 24 horas. Nossos achados propiciarama elaboração de uma classificação para pacientes in-continentes pós prostatectomia radical baseada no fa-tor etiológico, diagnosticado pelo teste urodinâmico, ena intensidade das perdas avaliadas pelo LPP-abdo-minal.

O PAPEL DA ARTÉRIA HEPÁTICA NA LESÃO POR ISQUEMIA E REPERFUSÃO DO FÍGADOCANINO: ESTUDO IN VITRO DO RELAXAMENTO ARTERIAL DEPENDENTE DE ÓXIDONÍTRICO

Luiz Eduardo Correia MirandaOrientador: Prof. Dr. Reginaldo CenevivaTese de Doutorado apresentada em 25/11/2002

O endotélio vascular sintetiza várias substân-cias vasoativas, entre elas o óxido nítrico. A consta-tação de que o endotélio é mais susceptível à lesãopor isquemia e reperfusão do que outros tecidos levoua sugestão de que a lesão endotelial contribuiria paraas conseqüências observadas no tecido reperfundido.No fígado, o desbalanço entre a ação de endotelinas eóxido nítrico tem sido responsabilizado pelos danos ob-servados a microcirculação hepática. Pouca atenção

tem sido dispensada às conseqüências da lesão doendotélio da artéria hepática na lesão por isquemia ereperfusão deste órgão. Objetivo: avaliação in vitroda função endotelial da artéria hepática canina, com-parando-a de maneira tempo-dependente ao apareci-mento da lesão hepática. Métodos: 24 cães de ambosos gêneros foram divididos nos seguintes grupos: Con-trole, cães operados sem sofrer isquemia ou reperfu-são hepática; I60, cães submetidos a 60 minutos deisquemia da artéria hepática e do fígado; I30/R60, cãessubmetidos a 30 minutos de isquemia e 60 minutos dereperfusão e I45/R120, cães submetidos a 45 minutosde isquemia e 120 de reperfusão da artéria hepática edo fígado. A artéria hepática foi estudada em câma-

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

ras de banho orgânico, obtendo-se curvas dose-res-postas para acetilcolina, A23187, fosfolipase-C, Naf,poli-L-arginina, nitroprussiato de sódio e isoprotere-nol. Amostras de fígado foram obtidas para dosagemde malonildialdeído (MDA), para estudo da respira-ção mitocondrial por meio de traços polarográficos epara avaliação do potencial de membrana mitocondrial.Sangue foi obtido para dosagem de transaminases eDHL. Resultados: não houve diferenças entre os gru-pos para o relaxamento arterial pbservado para todasas drogas testadas. O grupo L45/R120 apresentou evi-dente aumento dos valores de transaminases e DHL,

aumento dos valores de MDA e tendência à diminui-ção da respiração mitocondrial estimulada por ADP,sem haver prejuízo irreversível para a fosforilaçãooxidativa ou para o potencial de membrana mitocon-drial. Conclusão: o conjunto dessas observações de-monstra que no território hepático a lesão hepatocelulardo fígado pode ser documentada mais precocementedo que a lesão do endotélio da artéria principal queirriga o órgão. Esse resultado permite que o óxidonítrico derivado do endotélio da artéria hepática nãocontribui para as fases iniciais da lesão por isquemia ereperfusão do fígado canino.

AVALIAÇÃO DO GASTO ENERGÉTICO OBTIDO PELA CALORIMETRIA INDIRETA E PELAEQUAÇÃO DE HARRIS-BENEDICT NO PACIENTE EM ESTADO GRAVE

Francisco Antonio ColettoOrientador: Prof. Dr. Anibal Basile FilhoDissertação de Mestrado apresentada em 03/12/2002

A determinação precisa das necessidadesenergéticas está incluída na primeira fase dos cuida-dos ao paciente em estado grave, a fim de se evitarcondições prejudiciais, como hipo ou hiperalimentação.Muitos estudos demonstram grandes diferenças entreo gasto energético medido por calorimetria indireta eos valores obtidos através de equações presuntivas,dentre elas a equação de Harris-Benedict.

O objetivo deste estudo foi avaliar a utilizaçãodas equações de Harris-Benedict, os fatores de cor-reção específicos para injúria (sepse) e o uso da calo-rimetria indireta, em pacientes graves vítimas de sepsee/ou trauma de qualquer origem.

Foram estudados 28 pacientes com critérios parasepse (15 homens e 13 mulheres), com idade de 46,6± 19,5 anos. O índice prognóstico APACHE II foi de23,7 ± 7,8 e o risco de óbito calculado pelo APACHEII de 48,5 ± 27,5 O sistema de graduação de sepse(SS) foi de 22 ± 7,7 Todos os pacientes estavam sobventilação mecânica e sedação.

Um total de 85 medidas de calorimetria indiretafoi realizado nos 28 pacientes, que foram divididos emdois grupos (I - com quatro séries de medidas de calo-rimetria indireta durante 30 minutos e II - uma medidacom período de 30 a 60 minutos). Os valores médiosde gasto energético obtido pela calorimetria indireta(GER) para os 19 pacientes do grupo I, nos tempos T1a T4, foram de 1625 kcal.d-1 (T1), 1660 kcal.d-1 (T2),1685 kcal.d-1 (T3) e 1705 kcal.d-1 (T4). Para os 09 pa-cientes do grupo II, com apenas única medida (T1), de

1351 kcal.d-1. O valor médio do gasto energético basal(GEΒH-B) foi de 1507,5 ± 208,1 kcal.d-1 para os pacien-tes do grupo I e 1317,1 ± 240,7 d-1 para os grupos II;valores obtidos através da equação de Harris-Benedict.Quando utilizados os fatores de correção para injúriae atividade (GETCALC), os valores do gasto energéticototal calculado aumentaram em ambos os grupos(2894,5 ± 399,6 kcal. d-1 e 2528,8 ± 462,1 kcal.d-1, parao grupo I e para o grupo II, respectivamente.

O valor médio do gasto energético real (GER)obtido através da calorimetria indireta é de 1669,0 ±266,0 kcal. d-1 para o grupo I e de 1351,2 ± 275,3 kcal.d-1 para o grupo II.

Em média, o gasto energético resultante daequação de Harris-Benedict (GEBH-B = 1507,5 ± 208,1kcal. d-1) é estatisticamente diferente (p = 0,02) dosvalores obtidos pela calorimetria indireta (GER =1669,0 ± 266,0 kcal. d-1) no grupo I. N o grupo II, adiferença estatística entre o GEBH-B (1317,10 ± 240,70kcal.d-1) e o GER (1351,22 ± 275,34 kcal.d-1) não foiobservada (p = 0,41). No entanto, quando aplicadosos fatores específicos de correção propostos por Longet al. em 1979, há diferenças estatísticas em todos osgrupos.

Para toda a casuística, houve uma variação glo-bal de 8,2% entre o GER e o GEBH-B, com p = 0,007.Nossos dados demonstram diferenças estatísticas en-tre o gasto energético medido através da calorimetriaindireta e o basal calculado pela equação de Harris-Benedict. Entretanto, essa diferença pode ser questi-onada quanto à importância clínica. No entanto, osvalores obtidos quando a equação é corrigida pelosfatores de injúria, superestima o gasto energético emmais que 50%.

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Em conclusão, estes resultados sugerem que aequação de Harris-Benedict sem os fatores de corre-ção parece ser mais apropriada em estimar o gastoenergético nos pacientes em estado grave do que aequação corrigida. Além disso, o uso rotineiro da calo-rimetria indireta para guiar a suplementação calórica

nos pacientes sépticos parece ser a técnica mais ade-quada na estimativa do gasto energético real nestegrupo de pacientes. Nós sugerimos que, sempre quan-do possível ou necessário, o gasto energético deve sermedido e que a utilização das fórmulas presuntivas sejareavaliada a cada caso.

RASTREAMENTO DO ADENOCARCINOMA PROSTÁTICO EM VOLUNTÁRIOS DE UMA RE-GIÃO DA BAHIA

Edson Luiz PaschoalinOrientador: Prof. Dr. Antonio Carlos Pereira MartinsTese de Doutorado apresentada em 03/12/2002

Objetivos-Determinar a prevalência do adeno-carcinoma prostático em uma amostra de voluntáriosentre 40 e 79 anos de idade de uma região nordestinae sua relação com o fenótipo antropológico. Verificar,ainda, a variação do PSA segundo a cor da pele e seseu valor para o diagnóstico do câncer pode ser me-lhorado pelo uso de critérios associados como a densi-dade do PSA e a relação PSA livre/PSA total.

Material e Métodos - O rastreamento para ade-nocarcinoma prostático foi realizado no município deIpirá, Bahia, no segundo semestre de 2000, onde fo-ram examinados inicialmente 499 voluntários com ida-de entre 40 e 79 anos. As biópsias prostáticas guiadaspor ultra-som trans-retal (10 fragmentos) foramindicadas em voluntários com PSA >2ng/ml (DPC-Immulite) e/ou toque retal alterado. Os voluntários fo-ram classificados em brancos, pardos e negros segun-do o fenótipo antropológico associado à pergunta daexistência de pais ou avós de cor distinta. Em 120 vo-luntários, sendo 40 sem câncer escolhidos ao acaso decada subgrupo antropológico e em todos os portado-res de câncer, associou-se a análise da origem racialpela análise genética de 5 VNTRs: APOB, F13A1,PAH, D4S43 e vW-I. As dosagens do PSA, o examehistológico das biópsias e o estudo dos VNTRs foramefetuados no HCFMRP-USP. Foram excluídos 26/147voluntários com biópsias indicadas e que não compa-receram para o procedimento.

Resultados - A prevalência do adenocarcinomaprostático na amostra estudada foi de 27/473 (5,7%).Na faixa de 50-79 anos a prevalência foi de 27/341(7,9%). As proporções de câncer nos voluntários bran-cos, pardos e negros de 40 a 79 anos foram: brancos-1/148 (0,6%), pardos- 6/90 (6,7%) e negros- 20/235

8,5%) (p=0,006). A prevalência entre brancos (1/148)e não brancos (26/325) também mostrou diferente sig-nificante (p=0,0009). Observou-se através da análisedos VNTRs que a miscigenação dos indivíduos classi-ficados como brancos, pardos e negros mostrou asseguintes proprorções respectivas de alelos caucasia-nos, africanos e ameríndios: 67,5±8%, 20,8±8% e11,7±7%; 54,8±9%, 36,3±5% e 8,9±7% ; e 45,3±3%,45,9±4% e 8,8±4%. Nos portadores de câncer as pro-porções respectivas desses alelos foram 50,5±9%,49±8% e 0,5±4%, e naqueles sem câncer foram59,1±7%, 31,7±8% e 9,2±5%. As medianas respecti-vas do PSA total em, brancos, pardos e negros nãoportadores de câncer não mostraram diferença quan-do comparadas no conjunto (p=0,73) ou quando cote-jadas por faixa etária. Entretanto, notou-se maior dis-persão de valores em negros acima de 60 anos. Con-siderando-se os voluntários com PSAT entre 0 e 10ng/ml a sensibilidade e especificidade do teste para de-tecção do câncer foram de 100% e 31,6% para o cor-te de 2,5ng/ml, e de 69,2% e 57,7% para o corte de4ng/ml. Na faixa do PSAT entre 2,5 e 10ng/ml a ado-ção do critério de corte do PSAL/PSAT em 20% ele-varia a acurácia do teste de 31,0 para 51,4, sendo queeste mesmo nível de corte na faixa entre 4 e 10ng/mlcausaria elevação da acurária de 59,2 para, 62,1 semperda da sensibilidade. Usando-se o corte do PSADem 0,08 na faixa do PSAT entre 2,5 e 10ng/ml aumen-taria a acurácia para 42,7, e o corte de 0,10 na faixade PSAT entre 4 e 10ng/ml a elevaria para 66,9, tam-bém sem perda da sensibilidade.

Conclusões - A prevalência do adenocarcino-ma prostático em Ipirá foi de 5,7%. A prevalência dotumor foi significativamente maior em não brancos queem brancos. O PSAT em voluntários sem câncer nãovariou de modo significativo nos diversos grupos an-tropológicos. Tanto a fração PSAL/PSAT quanto aPSAD podem melhorar a acurária do teste do PSATsem afetar a sensibilidade.

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CLÍNICA MÉDICA

INFUSÃO DE AMINOÁCIDOS E GLICOSE NO TRANSOPERATÓRIO

Ernann Tenório de Albuquerque FilhoOrientador: Prof. Dr. Julio Sergio MarchiniDissertação de Mestrado apresentada em 08/07/2002

Deficiências nutricionais são freqüentementeassociadas a aumento das taxas de morbidade e mor-talidade no pós-operatório. Descreve-se há mais de50 anos a relação existente entre perda de peso cor-poral pré-operatório e o aumento da mortalidade nopós-operatório. Vários fatores, além da desnutrição emsi, contribuem para este quadro, entre eles a própriadoença de base, a cirurgia, infecções associadas, den-tre outros.

Sabidamente, na presença de trauma físico eou metabólico, são observadas alterações no metabolis-mo das proteínas e dos aminoácidos, além da libera-ção e aumento de hormônios catabolizantes.

O presente trabalho objetiva avaliar se a infu-são endovenosa de aminoácidos e glicose, em via pe-riférica, em pacientes submetidos ao estresse cirúrgi-co, altera esse estresse e/ou resulta em retenção denitrogênio aminoacídico. Foram estudados 18 pacien-tes, triados e operados pela mesma equipe médicacaptados do ambulatório do Serviço de Cirurgia Geraldo Hospital Universitário da Universidade Federal deAlagoas.

Após serem avaliados e, consentida a realiza-ção do protocolo de estudo, foram submetidos à ava-

liação nutricional e, aleatoriamente, divididos em doisgrupos. O grupo I, ou controle, durante o período tran-soperatório, recebeu solução de ringer com lactato eglicose 5%, como rotineiramente utilizado pelo Servi-ço de Anestesia e Cirurgia da Universidade Federalde Alagoas. O grupo II, ou teste, além da infusão desoro ringer com lactato e glicose 5%, recebeu amino-ácidos 6,6% e glicose 16,6%, equivalente, respectiva-mente, a 50 gramas de proteína e 250 g de glicose.

Observou-se, nos resultados, que não houve di-ferença estatística entre os grupos estudados, no quese refere à sexo, faixa etária, exames bioquímicos,aminoácidos e concentração urinária de adrenalina nopré e pós-operatório. Observou-se, ainda, que o grupoII, que recebeu solução de aminoácidos e glicose, nãoexcretou mais nitrogênio nos períodos pré, trans e pós-operatório, em comparação ao grupo I, mantendo osvalores semelhantes ao grupo I após 24 horas do inícioda anestesia. No entanto, o grupo II, embora tenhaexcretado quantidades semelhantes de nitrogênio emcomparação ao grupo I, teve um balanço nitrogenado,em média, menos negativo que o grupo I (p<0,05), re-tendo aproximadamente 40% a mais de nitrogênioaminoacídico.

Conclui-se, desta forma, que a infusão parente-ral de nitrogênio aminoacídico 6,6% e glicose 16,6%no transoperatório pode ser benéfico aos pacientes sobestresse cirúrgico.

AVALIAÇÃO DAS ALTERAÇÕES DA TROMBOPOETINA (TPO) SÉRICA, DAS PLAQUETAS EDAS CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOÉTICAS NO SANGUE PERIFÉRICO DE DOA-DORES SAUDÁVEIS SUBMETIDOS A PLAQUETAFÉRESE

Benedito de Pina Almeida PradoOrientador: Prof. Dr. Dimas Tadeu CovasDissertação de Mestrado apresentada em 16/07/2002

Histórico: A trombopoetina (Tpo) é o principalfator de crescimento da linhagem megacariocitária(MK), sendo que seus níveis são regulados pela mas-sa megacariocitária e plaquetária. Apresenta efeitosbiológicos específicos na linhagem MK e inespecífi-cos nas células progenitoras hematopoéticas mais

primitivas. Adicionalmente, a plaquetaférese induz adepleção plaquetária e pode provocar ativação pla-quetária.

Objetivos: Avaliar efeitos da plaquetaférese so-bre a concentração sérica de Tpo, a cinética de recu-peração plaquetária, a ativação plaquetária, a libera-ção de plaquetas reticuladas, a liberação de reticulóci-tos, contagem de células CD34+ e de células progeni-toras hematopoéticas em circulação capazes de indu-zir a formação de colônias hematopoéticas in vitro.

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Material e Métodos: Vinte e cinco doadores deplaquetas, do sexo masculino, saudáveis, foram sub-metidos a plaquetaférese em equipamento Excel defluxo contínuo. Amostras de sangue periférico foramcoletadas pré-procedimento, imediatamente após (pós-imediato), 2 h após e nos dias +1, +2, +3, +4, +5, +7 e+9 após o procedimento. Nessas amostras, realizamoscontagens celulares em contador hematológico auto-mático e, por citometria de fluxo, foram avaliadas aconcentração de plaquetas ativadas, plaquetasreticuladas, reticulócitos e células CD34+ (exceto naamostra pós-imediato). Nas amostras pré e dos dias+1, +4, +7 e +9 foram realizados ensaios clonogênicose culturas de megacariócitos. Nas amostras pré, 2hapós e dos dias +1 a +4 realizamos quantificação daTpo por técnica imunoenzimática (Elisa).

Resultados: Cinética plaquetária: contagens deplaquetas com queda acentuada no pós-imediato (mé-dia de redução 29,79 ± 9,4%; p<0.0001), com retornoaos níveis pré-aférese no dia +7. Ensaio clonogênico:

precursores hematopoéticos BFU-E apresentaram-seelevados em relação aos níveis pré-aférese nos dia+4 e +7 (p<0.001), precursores CFU-GM apresenta-ram-se elevados no dia +7 (p<0.05). Cultura demegacariócitos: precursores CFU-MK aumentaramem relação aos níveis pré-aférese nos dias +4 (p<0.05),+7 (p<0.05) e +9 (p<0.01).

Não foram encontradas alterações significan-tes da Tpo sérica, da ativação plaquetária, das plaque-tas reticuladas e dos reticulócitos (p>0.05).

Conclusões: As plaquetas retornaram aos níveisbasais pré-aférese no dia +7. Não ocorreram alteraçõesestatísticamente significantes das contagens de plaque-tas ativadas, das plaquetas reticuladas e dos níveis daTpo sérica. Apesar disso, foram abundantes as altera-ções potencialmente atribuíveis à Tpo, com a mobiliza-ção de células progenitoras comissionadas e o recru-tamento de células CD34+, provavelmente resultan-tes do incremento de atividade proliferativa hemato-poética.

MUTAÇÃO LIBANSESA: VARIAÇÕES DE APRESENTAÇÕES CLÍNICAS E POLIMORFISMOS

Denise Elena Franchi BenettiOrientador: Prof. Dr. José Ernesto dos SantosDissertação de Mestrado apresentada em 03/08/2002

A hipercolesterolemia familiar é uma doença quese caracteriza pela elevação da concentração plas-mática de LDL-colesterol, associada ao aparecimen-to de xantomas e obstrução coronariana em idade jo-vem, levando a doença cardíaca isquêmica que geral-mente constitui a causa da morte.

A doença é causada por defeitos na síntese, notransporte intracelular, na capacidade de ligação ou nareciclagem do receptor da apoB da LDL (LDL-r).

A mutação libanesa (substituição C/A no códon660, no exon 14 do gene LDL-r) afeta 1 em 500 indi-víduos e e é causada por defeito na síntese do LDL-r,sendo causa freqüente de hipercolesterolemia familiarno Brasil.

Foram estudados 32 indivíduos, distribuídos pos-teriormente em dois grupos: portadores da MutaçãoLibanesa (G1) e não portadores da mutação libanesa(G2). A média de idades foi de 51 ± 15 anos no grupoG1 e 56,9 ± 13 anos no grupo G2. A média dos níveisséricos de CT foi de 377,7 ± 61,7 mg/dl para o grupo1 e 305,9 ± 33,3 mg/dl para os indivíduos do grupo G2,sendo que o teste “t” para amostras independentes

mostrou diferença significativa entre os dois gruposde indivíduos com p = 0,001. A média entre os níveisséricos de LDL-c para os grupos G1 e G2 foram res-pectivamente de 289,7 ± 61 mg/dl e 224,3 ± 30 mg/dl,com valor de p = 0,002.

Foi avaliada a resposta terapêutica à atorvasta-tina cálcica nos dois grupos estudados. Os indivíduosnão portadores do alelo libanês, após ingestão de 10mg de atorvastatina cálcica, pelo período de 30 diasconsecutivos, tiveram redução dos níveis séricos deCT de 122,9 ± 41,2 mg/dl com valor de p ajustado deBonferroni < 0,001. A diferença das médias para oLDL-c foi = 119,7 ± 40,1 mg/dl com p ajustado deBonferroni < 0,001.

Os indivíduos portadores da Mutação Libane-sa, utilizaram atorvastatina cálcica, nas doses de 10mg, 20 mg e 30 mg. Para a dose de 10 mg da respec-tiva droga, a diferença entre as médias para os níveisséricos do CT foi 99,2 ± 36,4 mg/dl com valor de pajustado de Bonferroni< 0,001. A diferença entre asmédias dos níveis séricos de LDL-c foi de 78,9 ± 35mg/dl. O valor de p ajustado de Bonferroni < 0,001.Portanto, houve redução estatisticamente significati-va, tanto nos níveis séricos do CT como nos níveisséricos do LDL-c. Para a dose de 20 mg de atorvas-tatina cálcica, a diferença entre as médias dos níveisséricos do CT foi de 137,7 ± 58,1 mg/dl p < 0,001,

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mostrando que houve uma redução estatisticamentesignificativa do CT. A diferença entre as médias deLDL-c foi de 165,3 ± 58,5 mg/dl com p < 0,006. Como uso de 30 mg, a diferença entre as médias dos níveisséricos do CT foi 178,8 ± 57,9 mg/dl, com p = 0,004,mostrando que houve uma redução significativa nosníveis séricos do CT. A diferença para as médias dosníveis séricos do LDL-c quando se administrou 30 mgda droga foi de 165,3 ± 58,5 mg/dl. O valor de p ajus-tado de Bonferroni = 0,006 mostrando redução esta-tisticamente significativa nos níveis do LDL-c.

Os indivíduos hipercolesterolêmicos portadoresdo alelo libanês, apresentaram índices significativamen-te maiores para a doença aterosclerótica coronarianaem suas diversas formas e manifestações clínicas quan-do comparados com os indivíduos hipercolesterolê-micos não portadores do alelo libanês. Foram encon-trados 52,9% x 6,7% de individuos com IAM nos gru-pos G1 e G2 respectivamente, sendo que o Teste Exa-to de Fisher mostrou diferença estatisticamente signi-ficativa entre os dois grupos com p = 0,007. Entre osindivíduos do grupo G1 encontramos 47,6% derevascularização miocárdica, não sendo encontradonenhum indivíduo com tratamento cirúrgico para DACno grupo G2 (p= 0,002).

Encontramos um percentual maior de episódiosde Angina Pectoris em portadores do alelo libanês, com47,1% de casos x 13,3% em hipercolesterolêmicos nãoportadores do alelo para a mutação libanesa. O TesteExato de Fisher mostrou diferença significativa entreos dois grupos com p = 0,006.

Todos os indivóduos portadores do alelo paramutação libanesa apresentaram história familiar posi-tiva para DAC (100%). Entre os hipercolesterolêmicosnão portadores de mutação libanesa, o percentual parahistória familiar de DAC foi positivo em apenas 33%.

Foram estudados, em hipercolesterolemia, al-guns polimorfismos genéticos nos genes da apoB eapoE, e defeitos do gene do LDL-r, correlacionandoos diferentes genótipos com as diversas formas clíni-cas da apresentação da doença arterial coronariana,representada em maior grau pela miocardiopatia is-quêmica.

O critério utilizado para diagnosticar a hiperco-lesterolemia familiar foi firmado pelos seguintes índi-ces: colesterol sérico total (CT) e colesterol ligado doLDL (LDL-c) acima do percentil 95% para idade esexo, níveis plasmáticos de triglicérides (TGL) abaixode 400mg% e presença de outros parentes de primei-ro grau com a mesma doença.

A presença de doença isquêmica do coraçãofoi avaliada através do ecocardiograma bidimensionalcom doppler, ecocardiograma de estresse farmacoló-gico e pela cintilografia de perfusão miocárdica, todosesses exames segundo protocolo fixado pela Faculda-de de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade deSão Paulo/USP.

A presença de doença aterosclerótica das arté-rias carótidas, foi também avaliada por eco-doppler,relacionando a espessura das suas camadas íntima emédia com o risco para doença arterial coronariana.

Laboriatorialmente foram pesquisados: presen-ça da mutação libanesa, polimorfismos da apoB (Xbal,EcoRI e 3’VNTR), polimorfismos da apoE e os níveisséricos de lípides. Polimorfismos envolvidos em ou-tros processos ligados a aterogênese como os polimor-fismos da paraoxonase e os da metilenetetrahidrofolato-redutase (MTHF-R) foram determinados por reaçãoem cadeia da polimerase (PCR).

Não houve diferenças significativas entre osgrupos G1 e G2 nas freqüências alélicas dos locos daapoB: Xbal e EcoRI. O teste do Qui-Quadrado reve-lou p = 0,47 e p = 0,60 respectivamente.

Para os outros genes envolvidos na aterogênesecomo a paraoxonase, o teste do Qui-Quadrado nãorevelou diferença estatística significativa entre os doisgrupos, com p = 0,91. Para a MTHF-R encontramosas seguintes freqüências genotípicas: AA (11,8%), VV(29,4%) e AV (58,8%) em portadores do alelo libanêse AA (40%), VV (13,3%) e AV (46,7%) nos indivídu-os do grupo G2.

Nos indivíduos do grupo G1 encontramos 100%de homozigose para a isoforma E3 da apoE, sendoque no grupo G2 encontramos os seguintes genótipos:E3/E3 (60%), E3/E4 (27%), E2/E3 (6,75) e E4/E4(6,7%).

Esta investigação foi realizada no período desetembro de 1999 a abril de 2000, com o objetivo deestudar a prevalência dos marcadores de infecção pelos

Maria Rita de Cassia Costa MonteiroOrientador: Prof. Dr. José Fernando de C. FigueiredoTese de Doutorado apresentada em 09/08/2002

ESTUDO SOROEPIDEMIOLÓGICO DO VÍRUS DA HEPATITE B E HEPATITE C EM PORTADO-RES DO VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA/SIDA NA CIDADE DE BELÉM, PARÁ-BRASIL

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vírus da hepatite B e hepatite C em portadores dovírus da imunodeficiência humana, maiores de dezoitoanos de idade, atendidos na Unidade de Referênciade Doenças Infecciosas e Parasitárias Especiais e noHospital Universitário João de Barros Barreto, na ci-dade de Belém, Pará, assim como analisar possíveisfatores de risco para as referidas infecções. Participa-ram do estudo 406 indivíduos que, após consentimen-to escrito, foram submetidos a exame físico, entrevis-ta individual e coleta de 10 ml de sangue destinada àpesquisa dos marcadores de infecção pelos vírus dahepatite B (HBsAg, anti-HBc e anti-HBs) e hepatite C(anti-VHCe VHC RNA viral). Os exames referen-tes à hepatite B e o anti-VHC foram realizados atra-vés de técnicas imunoenzimáticas de terceira gera-ção e a pesquisa do VHC RNA foi realizada pela rea-ção de polimerase em cadeia. A cada participante foiaplicado um questionário padronizado para obtençãode informações sobre as características socioeconô-micas, demográficas e aos diversos fatores de risco in-vestigados, referentes à exposição parenteral, sexuale intradomiciliar. A prevalência global de infecção pelovírus da hepatite B foi de 51,0% (IC:46,1 - 55,8), com

7,9% para o HBsAg, 45,1% para o anti-HBc e 32,3%para o anti-HBs. Para o vírus da hepatite C, a preva-lência encontrada foi de 16,0% (IC: 12,4 - 19,6). Fez-se análise univariada em todas as variáveis investiga-das e aquelas com valor de p < 0,25 foram introduzidasem um modelo de regressão logística não condicionalpara pesquisa de associação com a infecção pelo vírusdas hepatites B e C. Mostraram-se independentemen-te preditivas de infecção pelo vírus B as variáveis ida-de, cujo risco maior situou-se nas faixas etárias maisidosas; situação conjugal, com maior prevalência no gru-po sem companheiro (solteiros, separados e viúvos) epreferência sexual, cujo risco situou-se no grupo doshomossexuais/bisse-xuais. A freqüência de infecçãopelo vírus da hepatite B nos heterossexuais, bissexuaise homossexuais foi de 28,7%, 67,7% e 71,7%, respec-tivamente. A infecção pelo vírus C mostrou-se associa-da, na análise multivariada, com as variáveis idade, cujorisco significante recaiu no grupo com 50 ou mais anos,antecedente de transfusão de sangue e uso de drogailícita injetável. A prevalência de infecção pelo vírus dahepatite C entre os usuários de drogas injetáveis foi de83,7% e de 22,1% na população de trans-fundidos.

A avaliação clínica dos indivíduos afetados demons-trou grande variabilidade de manifestações: um dos in-divíduos apresentou sintomas e sinais sugestivos dehipertireoidismo na infância, enquanto outro tinha, comoprincipal queixa, taquicardia persistente, e dois outroseram, praticamente, assintomáticos. Porém, foi mar-cante a presença de bócio em todos eles. O acompa-nhamento clínico de dois indivíduos, diagnosticados nainfância, demonstrou melhora dos sintomas durante apuberdade, bem como desenvolvimentos pôndero-estaturais adequados. Concomitantemente à melhorada sntomatologia, em um destes indivíduos observou-se tendência à normalização da concentração séricado T3, possivelmente decorrente de alterações no me-tabolismo tecidual do T4, já que a concentração desteúltimo, manteve-se elevada. Para a caracterização ade-quada da síndrome, os indivíduos afetados foram estu-dados após doses crescentes de L-T3. As respostasapresentadas por eles, em comparação àquelas obser-vadas no grupo de indivíduos controles, demonstrarama resistência à ação dos hormônios tireóideos, princi-

Gustavo Leopoldo Rodrigues DaréOrientadora: Profa. Dra. Léa Maria Zanini MacielDissertação de Mestrado apresentada em 12/08/2002

A Síndrome de Resistência ao HormônioTireóideo (SRHT) é uma doença hereditária rara, cau-sada, principalmente, por mutações no gene do re-ceptor ß para o hormônio tireóideo, que foi descritapela primeira vez em 1967, por Refetoff, DeWind eDeGroot. Os portadores da síndrome são, na maioriadas vezes, assintomáticos, sendo geralmente identifi-cados por apresentarem concentrações de T3 e T4livres elevadas e concentração normal do hormônioestimulante da tireóide (TSH). Neste trabalho foramestudados 4 individuos portadores da SRHT, seguidospela Divisão de Endocrinologia e Metabologia da Fa-culdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, e seusfamiliares, sendo que, além da caracterização clínicados mesmos, foram avaliadas diversas variáveis querefletem o estado funcional de órgãos ou sistemas quesofrem a influência da ação dos hormônios tireóideos.

ANÁLISE CLÍNICA E LABORATORIAL NA SÍNDROME DE RESISTÊNCIA AO HORMÔNIOTIREÓIDEO

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palmente em relação às variáveis que refletem a re-sistência em nível hepático (globulina transportadorade hormônios sexuais e ferritina) e hipofisário (TSH).O padrão de resposta dos tireotrofos às doses cres-centes de L-T3 foi discreto em 3 indivíduos afetados,demonstrando uma resistência leve, compatível comsuas apresentações clínicas. Até hoje, poucos traba-lhos foram conduzidos visando ao estudo do metabo-lismo ósseo nos indivíduos portadores da síndrome.Dois indivíduos afetados apresentaram concentraçõesde fósforo sérico baixas e um deles demonstrou osteo-penia femoral associada. Outro indivíduo, adolescen-te, apresentou grande diminuição da densidade mine-ral óssea em coluna lombar e fêmur, sem apresentaralterações nas concentrações séricas de cálcio, fósfo-ro ou paratohormônio. Essas observações indicam quea ocorrência de hipofosfatemia e diminuição da densi-dade óssea na SRHT, que não tem sido investigada na

literatura, merece uma maior atenção dos pesquisa-dores. A análise do comportamento do grupo controleem resposta à sobrecarga aguda com T3 demonstrou,pela primeira vez, que a diminuição, causada pelohormônio tireóideo, na concentração sérica de fósforoantecede a queda na concentração sérica do magnésioe do paratohormônio. Considerando-se a resposta sis-têmica à hipofosfatemia e os mecanismos pelos quaiso T3 diminui a concentração de fósforo sérico, estaobservação sugere a possibilidade de o fósforo ser umdos principais fatores que interligam os efeitos doshormônios tireóideos no metabolismo intermediário,com os efeitos sobre o metabolismo ósseo. A análisedo comportamento do grupo controle em resposta àsobrecarga com T3 também demonstrou a capacida-de dos hormônios tireóideos contra-regularem a con-centração sérica da globulina transportadora detiroxina.

RECONHECIMENTO DE PADRÃO ANATÔMICO PARA INDEXAÇÃO E RECUPERAÇÃO DEIMAGENS DE TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA A PARTIR DE CONTEÚDO

André Luiz Mendes MatosOrientador: Prof. Dr. Paulo M. de Azevedo MarquesDissertação de Mestrado apresentada em 06/09/2002

Este trabalho apresenta a pesquisa e o desenvol-vimento de um algoritmo baseado em Redes NeuraisArtificiais (RNAs) para reconhecimento de padrões ana-tômicos em imagens de Tomografia Computadorizada(TC), visando a indexação e recuperação de imagenscom base em conteúdo pictórico dentro de sistemasde arquivamento e comunicação de imagens (PictureArchiving and Communication Systems - PACS).

Foi realizada uma etapa de pré-processamento

para posterior inserção de padrões na Rede NeuralArtificial (RNA). Nesta etapa, realizou-se a reduçãodo tamanho das imagens, extração das assinaturas daslinhas de cada imagem e posterior cálculo de entropia,em cada uma das assinaturas obtidas, buscando umamedida de informação. Estas medidas foram entãoutilizadas como padrões na RNA.

A RNA utilizada foi a “Feed-forward” contem-plando o algoritmo “backpropsgstion”. Sua arquite-tura é composta de três camadas, sendo uma camadade entrada, uma camada oculta e uma camada de saída.A RNA apresentou um desempenho de reconheci-mento dos padrões anatômicos de 97,39% de acerto.

dismotilidade do antro gástrico tem sido implicada nafisiopatologia da LG por indometacina (INDO), mas arelação entre as anormalidades motoras gástricas eas lesões na mucosa não foram totalmente investiga-das. Objetivos: 1) Reproduzir modelos de LG porINDO em ratos e em camundongos C57BL/6; 2) Noestômago destes modelos, verificar o papel do NOsobre a LG e a infiltração neutrofílica (IN); 3) Verificaro papel do TNF-α sobre a LG e IN em camundon-

Marcellus Henrique Loiola P. de SouzaOrientador: Prof. Dr.Ricardo Brandt de OliveiraTese de Doutorado apresentada em 10/10/2002

Introdução: A principal complicação do uso dosAINEs é a lesão gastrintestinal. O papel do NO nalesão gástrica (LG) por AINEs ainda foi estabelecido.O TNF-α está envolvido na gastropatia por AINEs,mas o papel do TNF-R1 ainda não foi esclarecido. A

LESÃO GÁSTRICA EXPERIMENTAL POR INDOMETACINA - PAPÉIS DO ÓXIDO NÍTRICO(NO) E DO FATOR DE NECROSE TUMORAL ααααα (TNF-ααααα), E AVALIACÃO DO TÔNUS GÁSTRI-CO E DO ESVAZIAMENTO GÁSTRICO DE LÍQUIDOS

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gos; 4) Investigar o papel da NO sintase induzida e doTNF-R1 na LG por INDO, utilizando-se camundon-gos deficientes; 5) Verificar, em ratos, se os efeitosda INDO sobre a mucosa gástrica se associam comanormalidades do tônus gástrico (TG) e do esvazia-mento gástrico de líquidos (EG). Métodos: A LG e aIN em ratos e em camundongos foram induzidas pordiferentes doses de INDO e avaliadas em vários in-tervalos de tempo. O índice de lesão (IL) foi calcula-do através da soma das extensões das lesões encon-tradas na mucosa. A IN foi determinada pela ativida-de da mieloperoxidase. Diferentes grupos de ratosreceberam L-NAME. N-nitro-arginina, aminogua-nidina, L- arginina, D-arginina, L-lisina ou fucoidina.Após 1 hora, a LG foi induzida por INDO na dose de5 mg. Kg-1 (INDO-5) ou na dosse de 20 mg.Kg-

1(INDO-20). Três horas após, a LG e a IN foramdeterminadas. Diferentes grupos de camundongosreceberam talidomida, dexametasona, fucoidina, L-NAME. Após 12 horas da administração de INDO,foram avaliadas a LG e a IN. Camundongos deficien-tes para o TNF-R1 (TNF-R1-/-) ou para a NOSi(NOSi-/-) ou não deficientes receberam INDO. Após12 horas, a LG e a IN foram determinadas. Após 1 ou3 horas de INDO-5 ou INDO-20, TG foi aferido atra-vés do método de pletismometria e a retenção gástri-ca (RG) de salina ou de Sustacal ® foi determinadapor cintilografia. Resultados: A INDO induziu uma LGe IN dose dependentes com efeito máximo na dosede 20 mg.Kg-1 nos ratos e 10 mg.Kg-1 nos camundon-gos. A LG e a IN apresentaram máximas intensida-des com 3 horas nos ratos e 12 horas nos camundon-gos. Nos ratos, os tratamentos com L- NAME, N-nitro- arginina e aminoguanidina inibiram a LG induzidapor INDO-20, mas não a por INDO-5. Os tratamen-tos com L- NAME e N- nitro- arginina aumentaram

a IN induzida tanto por INDO-5 como por INDO-20.O tratamento com L- arginina, mas não com D-argi-nina ou L- lisina, inibiu a LG induzida por INDO-20. Otratamento com flucoidina inibiu tanto a LG quanto aIN induzidas por INDO-20, mas não a por INDO-5.Em camundongos, a LG e a IN foram reduzidas pelotratamento com talidomida, dexametasona ou flucoidina.Após a administração de INDO, o TNF-R1-/- apre-sentou uma LG e uma IN menor que os controles. Otratamento com L-NAME inibiu a LG, mas aumentoua IN induzida por INDO. Apesar da intensa IN, osanimais NOSi-/- apresentaram uma LG menor que ados controles. Uma hora ou 3 h após, tanto da INDO-5 quanto da INDO-20, observou-se que o TG foi me-nor que o do controle. A RG de salina após 1 hora,tanto do grupo INDO-5 quanto do grupo INDO-20,foi maior que a do controle. Após 3 horas da INDO,não se observaram estas diferenças. Não houve dife-renças na RG de Sustacal® entre os vários grupos.Conclusões: 1) Os modelos de LG por INDO em ra-tos e camundongos foram reprodutíveis; 2) Os trata-mentos com inibidores da NOS reduziram a LG porINDO-20, mas não a por INDO-5. Este efeito não sedeve a redução na IN; 3) O tratamento com a L -arginina inibiu a LG por INDO-20. Este efeito é espe-cífico, pois nem a D- arginina, nem a L - lisina foramcapazes de reproduzir esta proteção; 4) O NO geradoa partir da NOSi está envolvido na LG por INDO emcamundongos, através de um mecanismo independenteda redução na IN; 5) A LG por INDO-20, mas não apor INDO-5, é dependente da IN: 6) Em camundon-gos, o TNF- α através da sinalização do TNF-R1, épara a LG e para a IN por INDO; 7) Na gastropatiapor INDO, a diminuição no TG e o retarde do EGprecedem a LG e a IN, sugerindo que estas altera-ções motoras não dependem da lesão da mucosa.

rias e metabólicas em exercício físico, em tempo reale de ciclo a ciclo respiratório.

Dentro deste novo cenário, o estudo realizadocom esta nova geração de equipamentos, nas respec-tivas áreas de conhecimento, pôde ser direcionado,usando-se métodos matemáticos e estatísticos compu-tadorizados, os quais possibilitam a aplicação de pro-cedimentos automáticos e/ou semi-automáticos nasolução de problemas específicos.

Júlio César CrescêncioOrientador: Prof. Dr. Lourenço Gallo Jr.Dissertação de Mestrado apresentada em 24/10/2002

Os avanços tecnológicos ocorridos na últimadécada trouxeram enormes benefícios, no sentido depossibilitar o uso de equipamentos computadorizados,que permitem a aquisição, processamento e armaze-namento de um grande número de variáveis respirató-

DETERMINAÇÃO DO LIMIAR DE ANAEROBIOSE VENTILATÓRIO NO EXERCÍCIO FÍSICODINÂMICO EM INDIVÍDUOS SADIOS. COMPARAÇÃO ENTRE MÉTODOS OBTIDOS PORANÁLISE VISUAL E MODELOS MATEMÁTICOS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

É dentro deste contexto que se insere o presen-te estudo, que tem por objetivo comparar, em indiví-duos sadios do sexo masculino, o limiar de anaerobioseventilatório, durante o exercício fisico dinâmico, usan-do-se métodos visuais gráficos e métodos baseadosem modelos matemáticos, automáticos e semi-auto-máticos.

Foram estudados 24 voluntários sadios do sexomasculino, com idade média de 33,8 ± 9,25 anos.

Todos eles se submeteram a um ou dois testesde esforço físico dinâmico, segundo um protocolo con-tínuo do tipo rampa, na posição sentada, em cicloer-gômetro eletromagnético, acoplado a um sistemaergoespirométrico computadorizado (CPX/D -MedGraphics), que possibilita o cálculo de múltiplasvariáveis cardiorrespiratórias, como: ventilação pulmo-nar (VE), produção de C02 (VC02), consumo de 02(V02), equivalentes ventilatórios de 02 (VE/VO2) e deC02 (VE/VC02), frações parciais do 02 (PET02) e doC02 (PETC02) no final da expiração, quociente de tro-cas respiratórias (RER), freqüências respiratória (RR)e cardíaca (FC), além dos valores de potência aplica-da e da velocidade de pedalagem no cicloergômetro.

Os valores do LAV em exercício foram calcu-lados por quatro diferentes métodos, que usam comocritério de medida deste parâmetro, a mudança da in-clinação da VC02, da VE e do PET 02 em relação aotempo ou da VC02 em relação ao V02. Estes métodosforam os seguintes: 1- método Visual VC02 (M. VI-SUAL VCO2); 2- método Visual PET 02 (M. VISU-AL PET O2); 3- método Automático, usando algoritmo,incorporado ao sistema MedGraphics (M. AUTOMÁ-TICO); 4- método semi-automático, implementado emnosso Laboratório, baseado no uso de modelos bisseg-mentados Linear-Linear (M. L-L VCO2) e Linear-

Quadrático (M. L-Q VCO2) na condição de respostada VC02 em relação ao tempo e em relação ao V02(M.L-L VC02 - VO2 e M. L-Q VCO2 - VO2).

Os modelos bissegmentados se basearam naaplicação da soma dos quadrados dos resíduos, quan-do o conjunto de dados é ajustado pelo método dosmínimos quadrados, para uma reta inicial e final ouuma reta inicial e uma curva quadrática final.

Após análise qualitativa e quantitativa apropria-da ao conjunto de dados, chegou-se às seguintes con-clusões: 1- os valores da LAV calculados pelos méto-dos visuais VC02 e PET 02 foram significativamentesuperiores (p<0,05) aos obtidos pelos métodos Auto-mático e L-L VCO2; 2- o método Visual VC02 mos-trou melhor desempenho do que o método Visual PET02; 3- os valores do LAV calculados pelos métodosAutomático e L-L VCO2 não foram estatisticamentediferentes e ambos subestimaram os valores do LAV,comparativamente aos métodos visuais VCO2 e PETO2 (p<0,05); 4 - os métodos baseados em modelos bis-segmentados L-L e L-Q mostraram que somente o M.L-L, para o caso da resposta da VCO2 em relação aotempo, foi útil para medir quantitativamente o LAV; 5-o método semi-automático bissegmentar L-L VCO2mostrou melhor desempenho do que o método Auto-mático, quando ambos foram comparados qualitativae quantitativamente (maior porcentagem de casos emque foi possível aplicar o modelo e melhor comporta-mento dos parâmetros das regressões lineares do LAV,relacionando potência e V02); 6- o método semi-auto-mático bissegmentar L-L VCO2 se mostrou promis-sor, no sentido de que possa ser aprimorado e usado,em futuro próximo, como método totalmente automá-tico de determinação do limiar de anaerobiose ventila-tório durante o exercício físico dinâmico.

UTILIZAÇÃO DA TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA SEM CONTRASTE E DA RESSO-NÂNCIA MAGNÉTICA NO DIAGNÓSTICO E NA ESTRATIFICAÇÃO DA GRAVIDADE DAPANCREATITE AGUDA

dimento de pacientes com PA. Dentre estas mudan-ças estão a clara necessidade de tratamento em uni-dade de terapia intensiva para os casos de PA grave ea perspectiva, cada vez mais presente, de tratamentocom drogas antiinflamatórias específicas. Para isso, épreciso que se obtenha a estratificação da gravidadeo mais rápido possível, o que é feito por meio de índi-ces clínico-laboratoriais e da Tomografia Computado-rizada (TC). A utilização da TC para o estudo da PAtem sofrido críticas quanto à sua utilidade e quanto

Jorge Elias JúniorOrientador: Prof. Dr. Clóvis Simão TradTese de Doutorado apresentada em 22/11/2002

A pancreatite aguda (PA) é uma doença poten-cialmente letal, com ampla variação nos aspectos clí-nicos e de gravidade, podendo ser leve e autolimitadanum extremo e rapidamente progressiva, levando afalência de múltiplos órgãos e morte, no outro. Duran-te os últimos anos ocorreram muitas mudanças no aten-

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aos riscos relacionados ao uso do contraste iodado en-dovenoso (EV), tanto pelos riscos gerais de reaçãoalérgica, quanto pelo risco de levar à piora do quadro,por alteração da microcirculação pancreática e aumen-to da área de necrose. No presente estudo avaliamosa utilidade da TC sem contraste EV e da RessonânciaMagnética (RM) no diagnóstico e estratificação degravidade da PA em 105 pacientes, sendo que em 96foi feita a TC completa, em 95 foi obtida a TC semcontraste EV e em 45 foi realizada a RM. Os métodosforam comparados entre si, considerando a TC com-pleta com o método de referência. Houve correlaçõessignificativas entre os índices obtidos, assim como exis-tiram associações significativas entre os subgruposestudados. Considerando somente a necrose pancreá-tica, observamos correlação entre o índice morfológi-co obtido pela TC sem contraste EV e o índice denecrose, sendo possível verificar, também, que a TC

sem contraste EV teve associação com o índice denecrose. Foram realizados, também, estudos de cor-relação e de associação entre a classificação clínico-laboratorial APACHE II e os métodos de imagem, osquais não foram significativos, indicando a necessida-de de obtenção de estudo por imagem do pâncreas, naestratificação de gravidade da PA. Portanto, nossosresultados indicam que a TC sem contraste EV podeser utilizada como método para diagnóstico e estra-tificação de gravidade da PA, abrindo a possibilidadeda utilização mais ampla e irrestrita desta técnica parao estudo morfológico do pâncreas nesta situação, semqualquer risco para o paciente. Adicionalmente, con-firmamos que a RM é uma opção real para o diagnós-tico e a estratificação de gravidade da PA, devendoser utilizada principalmente nos casos de pancreatitebiliar, indicando melhor o tipo de tratamento a ser rea-lizado.

ESTUDO CLÍNICO-EPIDEMIOLÓGICO SOBRE A HANTAVIROSE NA REGIÃO DE RIBEIRÃOPRETO, SP

Na região de Ribeirão Preto, ocorreram quatorzecasos de SPCVH de 1998 a 2001, com letalidade de64,2%, o que motivou este trabalho.

Um primeiro objetivo deste trabalho foi estudaraspectos clínicos e epidemiológicos dos casos dehantavirose ocorridos na região de Ribeirão Preto, de1998 a 2001, para conhecer o comportamento dashantaviroses nesta região. Analisando e acompanhan-do prontuários de 14 pacientes com SPCVH, obser-vou-se febre (100% dos casos), estertores pulmona-res, dispnéia e tosse (64,2%), taquicardia acompanha-da de hipotensão (64,2%), cefaléia e sintomas digesti-vos (57%), adinamia e indisposição geral (50%), fenô-menos hemorrágicos (28,5%), mialgia (21,4%) e con-vulsão (7,5%). No perfil laboratorial, a plaquetopenia<130000/mm3 (100%), hematócrito > 55%, (78,6%);leucocitose > 15000/mm3 (64,2%), neutrofilia > 7000/mm3 e bastonetes >600 cels/mm3 (64,2%), creatininasérica >1,5mg/100ml (63,6%) e PO2 <70 mmHg(54,5%). O diagnóstico laboratorial das hantavirosesfoi feito por ELISA para igM e IgG anti Sin Nombreapós a alta.

Houve diferença significativa entre casos fa-tais e sobreviventes, quanto à época de suspeita diag-nóstica de hantavirose (p=0,0152) e quanto ao uso dehidratação parenteral (p=0,0152): nos sobreviventes,a suspeita diagnóstica de SPCVH foi feita entre o 1º eo 2º dia de internação e, nos casos fatais a suspeita foi

Gelse Mazzoni CamposOrientador: Prof. Dr. Luiz Tadeu Morais FigueiredoDissertação de Mestrado apresentada em 29/11/2002

As hantaviroses são zoonoses de roedores sil-vestres que causam doenças humanas graves: febrehemorrágica com síndrome renal na Ásia e Europa,com letalidade de 10 a 12% e no continente america-no causam a Síndrome Pulmonar e Cardiovascular porHantavirus (SPCVH), letalidade de 59%.

Os Hantavirus (familia Bunyaviridae) são ví-rus envelopados que medem aproximadamente 120 nm,possuem RNA de fita simples e polaridade negativa,dividida em 3 segmentos (L, M e S) que se replicamno citoplasma. A infecção humana relaciona-se à ina-lação de aerossóis de excretas de roedores infectadoscom Hantavirus, embora existam relatos de transmis-são interpessoal na América do Sul. No Estado de SãoPaulo, os roedores infectados mais encontrados fo-ram o “rato do rabo peludo” (Bolomys lasiurus), o “rato da mata” (Akodon cursor) e o “ ratinho do ar-roz” (Oligoryzomys negrips).

Desde os 3 primeiros casos de hantavirose des-critos no Brasil (1993) com indivíduos moradores daárea rural de Juquitiba, SP, evidenciando o primeirosurto conhecido de SPCVH, mais de uma centena decasos da SPCVH foram notificados, causando 60 óbi-tos (letalidade de 46%).

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

feita apenas a necropsia. Existe uma correlação signi-ficativa entre o volume de infusão endovenosa deliquidos > 2500ml, nas primeiras 24h de tratamento, ea evolução dos casos para o óbito. A oxigenação pre-coce, ventilação mecânica, assim como o uso de aminasvasoativas e o de corticosteróides não tiveram asso-ciação com sobrevida e a presença de choque nãoteve associação com óbito.

O segundo objetivo foi estudar a prevalênciade anticorpos Hantavírus na população de Jardinópolis,na região de Riberão Preto, SP. Em estudo prévio en-tre cidades da região de Ribeirão Preto, obteve-semaior índice de prevalência sorológica (4,5%) paraHantavirus naquele município.

Através de coleta aleatória em parte da árearural e em toda a área urbana, obtivemos 818 amos-tras de sangue de moradores entre 15 e 70 anos, pordigitopuntura em papel de filtro, dos quais coletamosdados relevantes como idade, sexo, cor, procedência,atividade profissional, endereço, telefone: moléstia atual,medicamentos em uso, pnemonia grave pregressa, tipode moradia, número de moradores na casa, esgoto,coleta de lixo, celeiro, contato com roedores . Essasamostras foram processadas nas diluições 1/50, 1/100,1/400 e 1/1600 e submetidas ao ELISA indireto para

detecção de IgG para Hantavirus Andes. Os resulta-dos foram analisados pelo teste de Fisher e teste doQui-quadrado, utilizando o programa InSat 3.0(GraphPad Software Inc, USA) e para α de 5%, comintervalo de confianca de 95%. A possibilidade geralfoi de 14,3% com ELISA à diluição 1/50, na zona ur-bana foi de 15,3% e na zona rural de 6,5%, demons-trando alta representatividade para a população domunicípio de Jardinópolis.

Entre moradores de zona urbana e rural, apositividade para Hantavirus foi significativamentemaior para os moradores urbanos (p= 0,0183). E en-tre as diferentes faixas etárias com a das restantes,observou-se diminuição significativa para a faixa etáriade 21 a 30 anos (p= 0,0117) e aumentada para a de 31a 40 anos (p= 0,0036). Não houve diferença signifi-cativa de positividade para Hantavirus observadanos homens e nas mulheres (p= 0,0892), nem paraindivíduos com atividade profissional urbana e rural(p=0,8799), nem com os indivíduos que referirampneumonia grave (p=0,6096) e da mesma forma nosindivíduos que declararam contato com roedores(p=0,4842). Assim como não houve associação entretítulos de 100 e 400 para as mesmas característicasanalisadas.

RELAÇÕES ENTRE A DISTRIBUIÇÃO INTRAGÁSTRICA DE UMA REFEIÇÃO LÍQUIDA EEPISÓDIOS DE REFLUXO NA DOENÇA DO REFLUXO GASTRO-ESOFÁGICO

José Ruver Lima Herculano JúniorOrientador: Prof. Dr. Luiz Ernesto de Almeida TronconTese de Doutorado apresentada em 17/12/2002

A distensão das paredes gástricas constitui umpotente estímulo desencadeador de relaxamentos tran-sitórios do esfíncter inferior do esôfago, mas são es-cassos os conhecimentos acerca da função motora doestômago proximal e da distribuição intragástrica doconteudo alimentar, na doença do refluxo gastroeso-fágico (DRGE).

Este estudo teve como objetivo avaliar os perfisdo esvaziamento gástrico e da distribuição intragástri-ca e suas possíveis influências sobre a ocorrência dosepisódios de refluxo, em pacientes com a DRGE.

O esvaziamento gástrico e a distribuição intra-gástrica de uma refeição de prova líquida foram estu-dados por método cintilográfico em 12 voluntáriosassintomáticos e em 19 pacientes com a DRGE. Ospacientes submeteram-se, também, à manometria eso-fágica e ao estudo pH-métrico pós-prandial de duas

horas, usando a mesma refeição de prova líquida, se-guido de pH-metria de 24h.

Os resultados obtidos evidenciaram que:1) não houve diferença estatisticamente signifi-

cativa, entre pacientes com DRGE e controles, comrelação ao esvaziamento gástrico;

2) houve redução significativa da retenção alimen-tar no estômago proximal, em pacientes com DRGEcom relação a controles (ASCprox / ASCtot - média;desvio padrão: 0,568; 0,06 vs. 0,486; 0,07; p = 0,026);

3) nos pacientes com a DRGE, houve significa-tiva correlação linear negativa entre os valores da re-tenção alimentar no estômago proximal e o número deepisódios de refluxo gastroesofágico ocorrido, tanto noestudo pH-métrico pós-prandial (r = -0,69; p=0,005),como no de 24 horas (r = -0,66; pp=0,005).

Em conclusão, os dados obtidos sugerem quepacientes com a DRGE têm retenção de líquidos noestômago proximal anormalmente diminuída e que estaalteração parece contribuir para a patogênese dos epi-sódios de refluxo.

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

USO DA MINI-AVALIAÇÃO NUTRICIONAL COMO UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE RISCODE DESNUTRIÇÃO EM IDOSOS DE UMA COMUNIDADE DE RIBEIRÃO PRETO, SP.

Roberta Rigo DalacorteOrientador: Prof. Dr. Eduardo FerrioliDissertação de Mestrado apresentada em 20/12/2002

O estado nutricional dos idosos é estreitamenterelacionado com seu estado imunológico e de saúdeem geral, sendo o diagnóstico nutricional de grandeimportância nessa faixa etária. As opiniões diferemquanto ao método preferível no diagnóstico de desnu-trição em idosos, utilizando-se, habitualmente, uma ava-liação clínica detalhada associada a medidas antropo-métricas e avaliação bioquímica. Diversas escalas fo-ram propostas para a avaliação nutricional simplificada,sendo a mais freqüentemente utilizada, hoje, a MiniAvaliação Nutricional. O presente estudo teve comoobjetivos estimar o desempenho da Mini AvaliaçãoNutricional no diagnóstico de desnutrição ou do riscode desnutrição em indivíduos idosos oriundos de umacomunidade de Ribeirão Preto-SP, bem como avaliarpor parâmetros clínicos, antropométricos e laborato-riais, o estado nutricional desses idosos e comparar osescores obtidos na Mini Avaliação Nutricional com osdados obtidos através desses parâmetros. Quarenta edois idosos foram estudados (55% do gênero femini-no, média de idade 70,9 anos). No diagnósticonutricional final, três voluntários (7,1%) eram desnu-tridos e 12 voluntários (28,6%) eram obesos. Os ou-tros 27 voluntários eram eutróficos. Pela MAN, ne-nhum dos voluntários foi classificado como desnutri-

do, 13 foram classificados como em risco de desnutri-ção e 29 obtiveram pontuação normal. Quando com-parado ao diagnóstico nutricional final, o desempenhodiagnóstico da MAN mostrou sensibilidade de 100%e especificidade de 74,3% embora o número de vo-luntários estudados limite essa comparação. Os vo-luntários classificados como em risco pela MAN queeram eutróficos ou obesos foram avaliados individual-mente e detectou-se a presença de vários fatores clí-nicos que são considerados de risco para desnutrição,como diminuição involuntária da ingestão de alimen-tos, perda involuntária de peso nos últimos três meses,uso de múltiplas medicações continuamente, presen-ça de duas ou mais doenças crônicas, hábito alimen-tar equivocado, com baixa ingestão de proteínas e ali-mentos reguladores e alta ingestão de carbohidratos eauto-avaliação pessimista de seu estado nutricional ede saúde. Considerando-se esses aspectos, dos 10voluntários classificados como em risco pela MAN eque não tinham diagnóstico nutricional final de desnu-trição, pode-se dizer que oito estavam em risco dedesnutrição pela conjunção de fatores clínicos edietéticos. Conclui-se que os voluntários desse estudoapresentaram prevalência de desnutrição equivalenteà de idosos vivendo em outras comunidades brasilei-ras e em países desenvolvidos e que a Mini AvaliaçãoNutricional é um teste rápido e fácil de ser aplicado,sendo que, para essa amostra de indivíduos, ela de-monstrou ser eficaz, principalmente, para detecção deindivíduos em risco de desnutrição.

do óxido nítrico, NOS), está presente em estruturas dosistema nervoso central responsáveis pela elaboraçãode respostas a eventos aversivos, como Matéria Cin-zenta Periaquedutal Dorsolateral (MCPDL) e ColículoInferior (CI). A estimulação elétrica ou química des-tas estruturas, em ratos, desencadeia comportamen-tos de natureza aversiva (reações de fuga). É possível

Fabrício de Araújo MoreiraOrientador: Prof. Dr. Francisco Silveira GuimarãesDissertação de Mestrado apresentada em 15/08/2002

O óxido nítrico (NO) é um neurotransmissor ga-soso, sintetizado após a ativação receptores NMDApara glutamato. A enzima de síntese do NO (sintase

FARMACOLOGIA

PARTICIPAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO NA ELABORAÇÃO DE RESPOSTAS AVERSIVAS PELOCOLÍCULO INFERIOR E PELA MATÉRIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL DORSOLATERAL DERATOS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

que o NO participe da elaboração destes comporta-mentos pela MCPDL, uma vez que injeções locais deinibidores de NOS resultam em efeito ansiolítico nomodelo do labirinto em cruz elevado (LCE), enquantoa de doadores de NO) (SIN-1 ou DEA/NO) resultaem respostas aversivas de fuga.

O objetivo deste trabalho foi o estudo da parti-cipação do NO em eventos aversivos desencadeadosa partir do CI ou da MCPDL.

Injeção de doador de NO (SIN-1, 300 nmol), nonúcleo central (mas não no córtex dorsal) do CI deratos Wistar machos, resultou em reação de fuga carac-terizada por aumento de distância percorrida, saltos egalopes em ratos submetidos ao modelo do campo aber-

to. Este efeito foi parcialmente inibido pelo pré-trata-mento (10 min) com inibidor da guanilato ciclase (azulde metileno, 100 nmol), e impedido por pré-tratamento(10 min) com antagonista de receptores NMDA (AP7,2 nmol). O pré-tratamento com AP7 também impediuos efeitos do SIN-1 na MCPDL. Injeção de inibidor daNOS (L-NAME, 50, 100 ou 200 nmol) no núcleo cen-tral do CI não resultou em efeito ansiolítico no modelo doLCE, ao contrário do que já se observou na MCPDL.

Estes resultados sugerem a participação de NOna elaboração de respostas aversivas pelo CI, além daMCPDL. Estes efeitos do NO dependem da ativaçãode receptores glutamatérgicos do tipo NMDA, tantono CI quanto na MCPDL.

IDENTIFICAÇÃO DE PEPTÍDEOS DO SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA COM ATIVIDADEANTINOCICEPTIVA NA SUBSTÂNCIA CINZENTA PERIAQUEDUTAL DE RATOS

Adriana Pelegrini da SilvaOrientador: Prof. Dr. William Alves do PradoTese de Doutorado apresentada em 27/08/2002

O efeito antinociceptivo da microinjeção de AngII na região ventrolateral da substância cinzentaperiaquedutal (PAG), assim como de seus precurso-res, tetradecapeptídeo substrato da renina e Ang I(Prado et al. Submetido), associado à presença de re-ceptores AT1 e AT2 detectados nesta área por imuno-histoquímica, indicam que o sistema renina-angioten-sina deve ter participação no controle da transmissãonociceptiva no sistema nervoso central. Observamosaqui que a Ang II reduz a alodinia mecânica desenca-deada por incisão cirúrgica da pata de ratos. Susten-tando a participação do sistema renina-angiotensinaendógena na modulação nociceptiva tônica mediadapela PAG, observamos que antagonistas seletivos dosreceptores AT1 e AT2 , microinjetados nesta área, in-tensificam o comportamento nociceptivo dos animais.

No entanto, o efeito antinociceptivo da Ang II,Ang III e Ang I parece depender da produção endó-gena de metabólitos ativos, pois inibidores enzimáticos,como a amastatina ou bestatina, bloqueiam tal ativida-de (Pelegrini da Silva 1998, esta tese). Assim avalia-mos in vitro se a PAG possui maquinaria enzimáticanecessária para produzir fragmentos com proprieda-des analgésicas. A análise por cromatografia líquidade alto desempenho (HPLC) indica que o homogenei-zado de “punches” da região ventrolateral da PAG in-cubado com Ang II produz rápida clivagem deste

peptídeo em Ang III, Ang IV, Ang II (1-7) e fragmen-tos como a Ang II (1-4) e Ang II (5-8). A incubaçãode Ang III também produz estes fragmentos, exceto aAng II (1-4), pois a Ang III não possui o ácido aspárticoamino-terminal da Ang II, e um produto extra, a AngII (4-8). Todos os peptídeos detectados, exceto a AngII (1-4), aumentam o limiar nociceptivo dos animais noteste de retirada de cauda. Além disso, a Ang II (5-8),o menor produto formado detectado nos sistemascromotográficos I e II, não tem atividade antinocicep-tiva detectável via AT1 ou AT2.

A Ang II e seus produtos de hidrólise são sus-ceptíveis à hidrólise enzimática. A análise da hidróliseda Ang II e de seus fragmentos na presença de inibi-dores enzimáticos , usando HPLC, pode ajudar a de-terminar a importância destas enzimas na produçãoendógena do(s) peptídeo(s) ativo(s) no controle noci-ceptivo da PAG. A Ang II é hidrolisada principalmen-te por aminopeptidases sensíveis à amastatina. Alémdisso, este inibidor também reduz a hidrólise da Ang II(5-8). As metalopeptidases parecem ser importantesno metabolismo da ligação Tyr4-Ile5 e, aparentementetambém da ligação Pro7 - Phe8. A prolil-endopeptidasenão parece participar significativamente do metabolis-mo dos peptídeos do sistema renina-angiotensina naPAG.

Considerando o paradigma dos inibidores enzi-máticos, sugerimos que fragmentos carboxi-terminaisderivados da hidrólise de Ang II por aminopeptidasese metalopeptidases desencadeiam antinocicepção apartir da PAG. Os resultados indicam também, pela

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

primeira vez, que fragmentos da Ang II, antes consi-derados produtos metabólicos inativos, são capazes deproduzir analgesia a partir da PAG no teste de retira-

da de cauda. Além disso, a Ang II (5-8) parece produ-zir seu efeito antinociceptivo pela ativação de recep-tores diferentes do AT1 e AT2.

Danielle Rodrigues dos SantosOrientadora: Profa. Dra. Glória Emília Petto de SouzaTese de Doutorado apresentada em 07/11/2002

Tem sido demonstrado que a administração in-tracerebroventricular de cininas induz elevação da tem-peratura corporal em animais experimentais. Entre-tanto, os mediadores envolvidos nesta resposta e oenvolvimento do sistema cininérgico no desenvolvimen-to da resposta febril em resposta a pirogênicos exóge-nos ainda não foram estabelecidos.

Os objetivos deste estudo foram investigar a par-ticipação do sistema cininérgico na resposta febril in-duzida pela administração intravenosa de LPS e nasrespostas febris induzidas por vários pirogênicos en-dógenos, como as citocinas, CRF e PFPF, e tambéminvestigar os mediadores envolvidos no efeito pirogê-nico induzido pela administração central de bradicinina(BK) em ratos.

Foi verificado que o tratamento sistêmico (1 mg/Kg, iv) ou central (20 nmol, icv) com o antagonistaseletivo para receptores B2, HOE-140, reduziu de for-ma significativa a resposta febril induzida pela admi-nistração intravenosa de 5 µg/Kg de LPS. Por outrolado, estes tratamentos não alteraram a resposta indu-zida pela administração de uma maior dose de LPS(50 µg/Kg, iv). O tratamento iv ou icv com antagonis-ta seletivo para receptores B1, des-Arg9-[Leu8]-BK(DALBK), não alterou a resposta febril induzida pelaadministração de LPS (5 µg/Kg, iv). Além disso, ani-mais tratados com captopril (5 mg/Kg, sc. 1 hora an-tes) apresentaram exacerbação da resposta febril in-duzida pelo LPS (5 µg/Kg, iv), sendo este efeito total-mente revertido pelo tratamento iv com HOE-140.Estes resultados sugerem a participação das cininasendógenas na resposta febril induzida pela administra-ção intravenosa de baixas doses de endotoxina pelaativação de receptores do tipo B2, possivelmente lo-calizados no sistema nervoso central.

Foi observado que a administração intravenosade LPS (5 µg/Kg) induziu significativo aumento dosníveis de BK livre, cinininogênio total e calicreína teci-dual no fluido cerebroespinal de animais febris 3 horasapós a injeção. Estes dados, sugerem a ativação do

sistema cininérgico durante o desencadeamento da res-posta febril induzida pelo LPS.

Também foi observada a indução do RNAm parae receptores B1 em hipotálamos dos animais 4 horasapós a injeção iv de LPS (5 µg/Kg), fenômeno nãoobservado em hipotálamo de animais que receberaminjeção de solução salina estéril.

A administração icv de BK (5 a 20 nmol) emanimais não tratados com captopril promoveu eleva-ção transitória de temperatura corporal, enquanto queem animais tratados, a administração central de BK(5 e 10 nmol, icv) induziu uma elevação dose-depen-dente da temperatura corporal que se manteve duran-te todo o período de observação (6 horas). A injeçãodo agonista seletivo para receptores B1, des-Arg9-BK(DABK), em animais tratados com captopril não pro-moveu qualquer alteração da temperatura corporal dosanimais. No entanto, a injeção de DABK (10 nmol, icv)1,5 hora após uma dose sub-efetiva de IL-1ß (1ng,icv) promoveu significante aumento da temperaturacorporal, sendo esta resposta reduzida pelo tratamentocom DALBK (20 nmol, icv) ou celecoxib (5 mg/kg, vo),inibidor seletivo da enzima cicloxigenase do tipo 2.

Os tratamentos iv e icv com DALBK ou HOE-140 reduziram de forma sigificativa a elevação de tem-peratura corporal induzida pela administração icv deBK (10 nmol) em animais pré-tratados com captopril.O tratamento com HOE-140 reduziu todo o curso daresposta, enquanto que o tratamento com DALBK re-duziu somente a fase tardia (a partir da 3ª hora) daelevação de temperatura corporal induzida pela BK.Estes resultados sugerem o envolvimento de ambosreceptores no desenvolvimento da resposta febril in-duzida pela BK.

O tratamento com HOE-149 ou DALBK (1 mg/Kg, iv) não modificou as respostas febris induzidas pelaadministração iv de IL-1ß (2,5 µg/Kg) e TNF-α(5 µg/Kg) ou icv de IL-1ß (3 ng), TNF-α (250 ng), IL-6(500 ng), CRF (5 µg) e PFPF (200 ng), sugerindo queentre os mediadores envolvidos na resposta febril, aBK agiria em um passo anterior à liberação das citoci-nas. A elevação da temperatura corporal induzida pelainjeção de BK (10 nmol, icv) foi inibida pelo tratamen-to com Il-1ra (200 µg, icv) enquanto o tratamento com

EVIDÊNCIAS DA PARTICIPAÇÃO CININÉRGICA NO DESENOLVIMENTO DA RESPOSTAFEBRIL EM RATOS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

IL-ira (200 µg, icv) enquanto o tratamento com sTNFr(0,5 µg, icv) reduziu somente a fase inicial e o tratamen-to com IL-6Ab (5 µg, icv ) reduziu a fase final destaresposta. Alem disso, tanto o tratamento com o anta-gonista não seletivo para receptores de CRF, CRF9-41(25 µg, icv), quanto o realizado com o antagonista se-letivo para receptores CRF-R1, antalarmina (20 mg/Kg, sc), reduziram parcialmente a elevação da tempe-ratura induzida pela injeção icv de BK. A administra-ção icv de BK (10 nmol) em animais tratados comcaptopril induziu significante elevação dos níveis dePGE2 e PGE2α no fluido cerebroespinal. Estes niveis

foram reduzidos de forma significativa pelo tratamen-to dos animais com indometacina.

O tratamento com indometacina (2 mg/Kg, ip),dipirona (120 mg/Kg, ip), meloxicam (10 mg/Kg, vo)e celecoxib (5 mg/Kg) reduziu significativamente todaa resposta induzida pela injeção icv de BK, enquantoque o tratamento com dexametasona (0,5 mg/Kg, sc) redu-ziu a resposta a partir da 1ª hora após a injeção de BK.

Em conjunto, estes dados colocam a BK comoum mediador central da febre induzida pelo LPS, vistoque esta cinina é capaz de promover a liberação decitocinas, PGS, e CRF.

teve efeito significante sobre a alodinia táctil incisional.As doses de 2.0 e 5.0 µg de SIN-1 causaram antinoci-cepção em animais com ou sem lesão do FDL. Dosesmaiores de SIN-1 (10.0 e 20.0 µg/ 10µL ) exacerba-ram a alodinia incisional em animais com ou sem lesãodo FDL. As doses de L-NOARG utilizadas (75, 150 e300 µg/ 10µL) reduziram a alodinia tactil incisional deanimais com FDL íntegro, e não afetaram a alodiniaem animais com FDL lesado. O SIN-1 (5.0 µg/10 µL)facilitou a antinocicepcão causada pela estimulaçãoelétrica do núcleo dorsal da rafe (NDR) e do núcleoprétectal anterior (NPAtA), enquanto que SIN-1 (20.0µg/ 10µL) dificultou a antinocicepcão causada por talestimulação. O L-NOARG não teve efeito sobre aantinocicepção causada pela estimulação elétrica doNDR e NptA. Estes resultados indicam a participa-ção de modo dose-dependente do NO nos mecanis-mos de alodinia táctil incisional e de controle inibitóriodescentes.

Vania Aparecida Volpato KinaOrientador: Prof. Dr. William Alves do PradoDissertação de Mestrado apresentada em 14/11/2002

O envolvimento do óxido nítrico em processosnociceptivos tem sido extensivamente apontado na li-teratura. Os efeitos pró- ou antinociceptivos do NO,bem como de seus doadores e inibidores, apresentamresultados conflitantes dependendo das doses e dosmodelos utilizados. Neste estudo, foram aferidos oslimiares de resposta de ratos em modelo de dor persis-tente após lesão incisional na pata, submetidos ou nãoà lesão do funículo dorsolateral (FDL), área por ondetrafegam vias descendentes de controle da dor. Osanimais foram tratados com doador de NO (SIN-1)ou com inibidor de sua síntese (L-NOARG). As dosesde SIN-1 utilizadas (0.1,2.0, 5.0, 10.0, 20.0 µg/ 10 µL)mostraram efeitos pro- ou anti-alodínicos de mododose-dependente. A menor dose utilizada 0.1 µg não

PARTICIPAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO ESPINAL NA ANALGESIA INDUZIDA POR ESTIMULA-ÇÃO DE MECANISMOS DESCENDENTES DE CONTROLE DA DOR EM RATOS

FISIOLOGIA

EFEITOS DA CASTRAÇÃO QUÍMICA E CASTRAÇÃO CIRÚRGICA NA CONCENTRAÇÃO DEHISTAMINA EM RATOS MACHOS PRÉ-PÚBERES E ADULTOS

Cleuzenir Toschi Gomes BarbieriOrientadora: Profa.Dra.Alzira A.M. Rosa e SilvaDissertação de Mestrado apresentada em 12/07/2002

O papel do LH-RH na regulação da função tes-

ticular tem sido intensamente estudado. Vários análo-gos superagonistas do LH-RH foram desenvolvidos.A administração crônica destes agonistas leva a inibi-ção da função gonadal, resultando na chamada cas-tração química.

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Os mastócitos têm sido estudados principalmen-te por seu envolvimento em reações alérgicas e infla-matórias. Estas células secretoras constituem a prin-cipal fonte de histamina. Dados da literatura mostramque análogos do LH-RH atuam sobre o mastócito cau-sando sua desgranulação e, portanto a liberação dehistamina. Além disso, os mastócitos são afetados pe-los esteróides sexuais. Desse modo estudamos a inte-ração entre LH-RH e a testosterona na concentraçãode histamina tecidual em animais pré-puberes e adul-tos. Nossos resultados mostram que a concentraçãode histamina intratesticular aumenta significativamentecom a castração química, acompanhada de testoste-rona, nas duas idades. Nossos resultados mostram quea castração diminui a concentração de histamina no

timo de animais pré-púberes, sendo que a administra-ção da testosterona na castração química tem efeitoestimulador, tendo efeito oposto na castração cirúrgi-ca. Observamos que nem a castração química, nem acastração cirúrgica com ou sem reposição de testos-terona, afetam a concentração de histamina no pul-mão dos animais estudados. Os animais pré-púberesapresentam maiores níveis de histamina no pulmão,que os animais adultos. Estes resultados nos mos-tram a diversidade dos mastócitos, indicando que osmastócitos de diferentes tecidos podem responder demodo diferente aos mesmos fatores, e que diferentesfatores podem estar atuando nos mastócitos modu-lando a liberação de seus mediadores, nas diferentesfases do desenvolvimento.

para posteriores análises hormonais. No final dos 6dias de cultura as placas foram congeladas a - 20oCpara análises das concentrações de timidina. Os re-sultados mostram que as células da granulosa cultiva-das com PVA e BSA são viáveis mantendo produçãode E2 durante os 6 dias. A produção de P4 também foimantida constante, sendo maior no meio com BSA. Acorrelação E2: P4 é crescente até 96 (PVA) e 144(BSA). O crescimento celular, analisado pela incorpo-ração de timidina foi significativo para PVA e BSA notempo 144h. Os resultados morfológicos indicam queas CG mantidas nesse modelo, condizem com célulasfoliculares funcionalmente ativas in vivo. Numa se-gunda etapa, observamos os efeitos pró dominânciae/ou pró atresia da All, ET-1 e ANP sobre a esteroi-dogênese e o crescimento das CG mantidas em cultu-ra durante 96 horas na presença de PVA. Aproxima-damente 500.000 células viáveis foram incubadas emplacas de 24 fossas com 1 ml de meio, na ausências epresença de diferentes concentrações (10 -12, 10 -10,10 -9, 10 -8 e 10 -7 M) de All, ET-1 e ANP. Os meioscoletados foram estocados a - 20oC para posterioresanálises das produções médias de pregnenolona,progesterona e estradiol, assim como do consumo deandrostenediona. Os resultados mostram que os pep-tídeos estudados participam ativamente nos proces-sos esteroidogênicos, assim como durante a prolifera-ção celular, dependentes da dose e do tempo da cultu-ra. Portanto, esses fatores de crescimento podem atuarem momentos cruciais na vida folicular (durante o des-vio), onde um folículo surge como dominante na ondacom capacidade ovulatória.

Luis Henrique MontrezorOrientadora: Profa.Dra. Alzira A. M. Rosa e SilvaTese de Doutorado apresentada em 16/07/2002

Com o intuito de esclarecer as interações entregonadotrofinas, esteróides ovarianos e fatores de cres-cimento sobre as funções foliculares, tem-se buscadopadronizar modelos experimentais que mimetizem afisiologia ovariana. O presente trabalho utiliza modelode cultura de células da granulosa bovinas, em meioquimicamente definido, para estudar os efeitos daAngiotensina-II (A-II), Endotelina-1 (ET-1) e Peptí-deo Natriurético Atrial (ANP) sobre a esteroidogêne-se e crescimento folicular. Na primeira etapa dos ex-perimentos, para a padronização da cultura, ováriosforam obtidos em matadouros e transportados até olaboratório em solução salina a 37o C. Pequenosfolículos (3-5 mm de diâmetro) foram selecionados deacordo com a vascularização e coloração do fluidofolicular; abertos e lavados com meio de cultura. Omeio foi composto por alfa-MEM, bicarbonato de sódio,Hepes, transferrina, antibióticos, selenito de sódio, ami-noácidos não essenciais, androstenediona, insulina,fator de crescimento semelhante a insulina (IGF-1),polivinil álcool (PVA) ou albumina sérica bovina (BSA).Para estudar a esteroidogênese, 500.000 células fo-ram incubadas com 1ml de meio de cultura e para osestudos da proliferação celular 200.000 células fo-ram incubadas com timidina triciada em 250µl de meio.As celulas foram mantidas em estuda a 37,5o C com5% de CO2 durante 144h, com trocas de 70% do meioa cada 48h. O meio coletado foi congelado a -20oC

ESTEROIDOGÊNESE EM CÉLULAS DA GRANULOSA PRODUTORAS DE 17ß ESTRADIOL.EFEITOS DE ANGIOTENSINA II, ENDOTELINA-1 E PEPTÍDEO NATRIURÉTICO ATRIA

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

o conteúdo de cAMP e cGMP na região anteroventralao terceiro ventrículo (AV3V), onde a POA encontra-se localizada.

Resultados principais: Primeiramente, atravésde imunocitoquímica, observou-se que a POA con-tém uma grande quantidade de neurônios produtoresde cAMP e cGMP. Em nossos experimentos, a admi-nistração intra-POA de agonistas do cAMP e docGMP produziu uma queda na Tc de cerca de 1oC.De forma interessante, houve uma queda no contéudode cAMP na AV3V durante a febre induzida por PGE2e uma redução no contéudo de cGMP durante a febreinduzida por endotoxina. Por outro lado, durante a ana-pirexia induzida por hipóxia, houve uma elevação noconteúdo de cAMP e cGMP na POA. Visando-setestar diretamente a hipótese de que uma redução nocAMP e no cGMP na POA medeia a febre, verifi-cou-se o efeito do Rp-cAMPS (1 µg) e do Rp-cGMPS(1 µg), os quais sao inibidores das proteínas quinasesdependentes de cAMP e de cGMP, respectivamente,sobre a Tc. Como resultado, notou-se que a microin-jeção concomitante de Rp-cAMPS e Rp-cGAMPS,mimetizando assim uma queda concomitante na pro-dução de cAMP e cGMP na POA, induziu febre nosanimais experimentais. Em relação à anapirexia, ob-servou-se que a microinjeção de Rp-cAMPS e Rp-cGMPS na POA atenuou a anapirexia induzida porhipóxia.

Conclusão: Com base nesses dados, o presenteestudo demonstra um importante papel do cAMP edo cGMP, agindo na POA, na modulação do “set point”termorregulatório, com uma queda nesses nucleotíde-os gerando febre e uma elevação nos mesmos produ-zindo anapirexia. Certamente, o conhecimento dos me-canismos neuroquímicos envolvidos na geração de fe-bre e anapirexia podem gerar melhores estratégias parase controlar a Tc em condições de infecção e hipóxia.

Alexandre Alarcon SteinerOrientador: Prof. Dr. Luiz G. de Siqueira BrancoTese de Doutorado apresentada em 01/08/2002

Objetivos: Sabe-se que a temperatura corporal(Tc) é regulada ao redor de um “set point”termorregulatório, o qual tem a área pré-óptica (POA)como uma importante estrutura de controle. Diversosestímulos são capazes de alterar o “set point”termorregulatório. Dentre estes, estímulos infecciosose inflamatórios elevam o “set point” termorregulatório,causando uma elevação na Tc, a qual é denominadafebre. Por outro lado, em situações em que o aportede oxigênio para os tecidos encontra-se prejudicadohá uma queda no “set point” termorregulatório, culmi-nando em uma redução na Tc, uma resposta que vemsendo denominada anapirexia. A febre e a anapirexiaparecem ser respostas benéficas sob as condições emque são induzidas. Nesse sentido, a febre aumenta aefetividade do sistema imune e inibe o crescimento damaioria dos microorganismos patogênicos, enquantoque a anapirexia reduz o consumo de oxigênio e o es-tresse oxidativo em condições de hipóxia. Entretanto,os mecanismos intracelulares que ocorrem na POApara gerar febre e anapirexia são praticamente des-conhecidos. Uma vez que o AMP cíclico (cAMP) e oGMP cíclico (cGMP) parecem agir na POA reduzin-do a Tc, o objetivo do presente estudo foi testar a hi-pótese de que uma redução na produção intracelularde cAMP e cGMP na POA medeia a febre, enquantoque um aumento na geração destes nucleotídeoscíclicos na POA medeia a anapirexia.

Métodos: Mediu-se a Tc de ratos Wistar ma-chos por biotelemetria ou por sonda colônica antes eapós o tratamento com diversos agentes farmacológi-cos. Também fez-se um estudo imunocitoquímico dalocalização do cAMP e do cGMP na POA e dosou-se

CONTROLE NEUROQUÍMICO DO “SET POINT” TERMORREGULATÓRIO

“set point” termorregulatório. Lipopolissacarídeo (LPS)é um componente da parede celular de bactérias Gram-negativas que é bastante utilizado para induzir febreem animais experimentais. Em mamíferos, considera-se que este agente ative uma cascata de eventos queculminem na alteração da atividade de neurônios daárea preóptica (POA) no sistema nervoso central para

Kênia Cardoso Bícego NahasOrientador: Prof. Dr. Luiz G. de Siqueira BrancoTese de Doutorado apresentada em 02/08/2002

A febre é definida como um aumento reguladoda temperatura corporal (Tc), ou seja, um aumento do

CARACTERIZAÇÃO DA FEBRE COMPORTAMENTAL INDUZIDA POR LPS EM SAPOS

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

induzir uma elevação na TC. Salvo algumas exceções,a prostaglandina E2 é considerada o mediador maisproximal da febre agindo na POA para aumentar o“set point” termorregulatório. Além dos agentespirogênicos, que induzem a febre, existem também osagentes antipiréticos, que inibem a sua manifestação,dentre os quais um dos mais estudados em mamíferosé a arginina vasopressina (AVP). Anfíbios anuros, sen-do animais ectotérmicos, regulam sua temperatura cor-poral primariamente pelo comportamento, caracterís-tica que tem sido relacionada diretamente com altera-ções do “set point” termorregulatório. Portanto, estesanimais constituem modelos experimentais interessan-tes para o estudo da termorregulação e da febre emvertebrados. Porém, os mecanismos envolvidos na fe-bre comportamental em sapos permanece pouco es-tudado. Neste trabalho foi testada a hipótese que a viadas prostaglandinas e a POA são importantes para odesenvolvimento da febre comportamental induzida porLPS e que a arginina vasotocina (AVT - análogo da

AVP em vertebrados não mamíferos) age comoantipirético em sapos Bufo paracnemis. As medi-das de temperatura de preferência dos animais fo-ram realizadas utilizando-se uma câmara de gradi-ente térmico. LPS induziu febre nas doses de 0,2 e 2mg/kg mas não nas doses de 0,002 e 0,02 mg/kg. Opré-tratamento sistêmico com indometacina (5 mg/kg), um inibidor da enzima ciclooxigenase, respon-sável pela síntese de PG, inibiu a febre induzida porLPS. Os sapos cuja POA foi lesada também nãodesenvolveram febre quando injetados com LPS. Emrelação à AVT, este agente inibiu a febre induzidapor LPS na dose de 300 pmol/kg quando injetadoperifericamente e na dose de 10 pmol/kg quando in-jetado intracerebroventricularmente. Estes resulta-dos vão de encontro à hipótese inicial e indicam queos mecanismos envolvidos na febre testados acimaapresentam uma história filogenética antiga entre osvertebrados e ocorrem por alteração do “set point”termorregulatório.

MECANISMOS DA REDUÇÃO DA LIPÓLISE NO TECIDO ADIPOSO DE RATOS ADAPTA-DOS À DIETA HIPERPROTÉICA, LIVRE DE CARBOIDRATOS

Maristela Polachini Martins AfférriOrientador: Prof. Dr. Renato Helios MiglioriniTese de Doutorado apresentada em 16/08/2002

Estudos anteriores do laboratório mostraram queratos adaptados à uma dieta hiperprotéica, livre decarboidratos (HP), apresentam reduzida taxa de lipólise,evidenciada por baixos níveis de ácidos graxos livres(AGL) plasmáticos e por reduzidas taxas de glicerolliberado em incubações com fragmentos de tecidoadiposo ou adipócitos isolados. Para obter maiores in-formações sobre o mecanismo dessa redução foraminvestigados, no presente trabalho, os efeitos da dietaHP nos processos neurais de controle da lipólise e naatividade lipolítica dos adipócitos.

Os ratos foram adaptados por 15 dias a umadieta hiperprotéica (w/w, 70% de proteínas, 8% degorduras, livre de carboidratos) ou a uma dieta contro-le (16% de proteínas, 66% de carboidratos, e 8% degorduras) antes dos experimentos, os quais foram re-alizados no estado alimentado.

Os resultados obtidos podem ser resumidoscomo a seguir:

A adaptação à dieta HP não afetou significati-vamente nem a hiperglicemia, nem o aumento das con-centrações plasmáticas de glicerol e AGL induzidos

pela neurocitoglicopenia central, provocada pela infu-são intracerebro-ventricular de 2-deoxi-d-glicose(10mg:30µL, por 20min).

A concentração de noradrenalina ou as ativida-des neuronais dos neutrotransmissores (dopamina eserotonina) no VMH e LH não diferiram significativa-mente em ratos alimentados HP e controles.

Em concordância com estudos prévios in vivoe em fragmentos do tecido adiposo ou adipócitos invitro,atividade lipolítica do tecido adiposo perfundidoin situ, encontrava-se reduzida em ratos adaptados adieta HP, como mostrado por concentrações diminuí-das de glicerol no dialisado.

Confirmado observações anteriores, a taxa delipólise basal (não estimulada), estimada pela libera-ção de glicerol para o meio de incubação, encontrava-se reduzida em adipócitos de ratos alimentados comdieta HP. A resposta lipolítica à agonistas adrenérgi-cos não-seletivos (noradrenalina, adrenalina, isoprote-renol e fenilefrina ) e seletivos (dobutamina, clembu-terol, CL316,243 e BRL 37,344) estava reduzida emaproximadamente 40%, em adipócitos de ratos HP.Entretanto, a composição de adrenoceptores, a julgarpela potência relativa dos diferentes agonistas, era si-milar à de adipócitos de ratos controles.

A inibição, por um antagonista específico ß3, SR

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59,230, do aumento da lipólise induzida pela noradre-nalina ou pelo CL 316,243 foi mais acentuada emadipócitos de ratos HP quando calculada como por-centagem das taxas na ausência do antagonista, masnão diferiu significativamente nos dois grupos experi-mentais, em termos absolutos.

A resposta lipolítica a agentes lipolíticos que atu-am intracelularmente (dibutiril AMPc - DBcAMP, fors-kolina - FSK ou isobutilmetilxantina - IBMX) encon-trava-se reduzida em adipócitos de ratos HP. A esti-mulação da lipólise pelo DBcAMP e FSK estava re-duzida em aproximadamente 45% em adipócitos deratos HP, uma redução similar à obtida em experimen-tos com os agonistas adrenérgicos. A redução da esti-mulação da lipólise por IBMX em adipócitos HP, foimenor (29%).

A adição de adenosina deaminase (ADA) aomeio de incubação resultou em um aumento quanti-tativamente similar na atividade lipolítica de adipócitosde ratos HP e controles. A adição de ADA e IBMXinduziu um aumento na lipólise similar ao induzido peloDBcAMP isoladamente em adipócitos de ratos HP,mas não em adipócitos controles, nos quais o aumentoinduzido pelas duas drogas juntas foi menor do queaquele produzido pelo DBcAMP.

A adaptação à dieta HP não afetou o contéudoda proteína lipase hormônio sensível (HSL) nosadipócitos,mas induziu uma redução de 17% na ativi-dade da enzima.

Analisados em conjunto os dados acima permi-tem as seguintes inferências:

A reduzida atividade lipolítica em ratos adapta-dos a dieta HP não parece ser devido a uma incapaci-dade do sistema nervoso central de responder a sinaisestimuladores da lipólise ou a mudanças na concen-tração de neurotransmissores centrais envolvidos naativação simpática.

A principal razão para a reduzida lipólise basal(não estimulada) em adipócitos de ratos HP pareceser uma modificação no processo intracelular de ati-vação da lipólise com uma menor proporção da lipasehormônio sensível na sua forma fosforilada (ativa).Tendo em vista estudos recentes da literatura, demons-trando que os mesmos agentes lipolíticos usados nopresente trabalho aumentam a lipólise em adipócitossem alterar o contéudo ou a atividade da HSL, a redu-zida resposta dos adipócitos HP aos agentes lipolíticosprovavelmente resultou de uma deficiência dos pro-cessos intracelulares de ativação da lipólise, que nãodependem da fosforilação da HSL. Não é possível des-cartar a hipótese de que a dieta HP não afeta a fun-ção ou a atividade dos adrenoceptores da membranado adipócito.

Outros estudos são necessários para esclare-cer o motivo das alterações na atividade lipolítica dosadipócitos induzidas pela dieta HP. A hipótese é pro-posta de que elas sejam devidas a uma redução man-tida da atividade simpática do tecido adiposo.

submetidos à cirurgia para a implantação de cânulas,na artéria e e veia femorais, para registro da pressãoarteria pulsátil e administração de drogas, respectiva-mente.

Os animais diabéticos apresentaram hiperglice-mia (353±4,3 mg/dl), perda de massa crporal, e ten-dência à hipotensão (98±2,4 mmHg) e bradicardia(302±6,1 bpm). O exame da variabilidade da pressãoarterial no domínio da freqüência, por meio da análiseespectral (análise autorregressiva), mostrou que hou-ve, nos animais diabéticos, uma diminuição no compo-nente de baixa freqüência, o qual compreende a faixade 0,2 a 0,75 Hz. A atenuação da resposta pressora àadministração de tiramina (23±1,0 mmHg) e a redu-ção da variabilidade da pressão arterial sugerem um

Lys Angela Favaroni MendesOrientador: Prof. Dr. Hélio Cesar SalgadoDissertação de Mestrado apresentada em 23/08/2002

Os objetivos deste trabalho foram avaliar emratos não anestesiados com diabete crônico (12-16 se-manas), tratados, ou não, com insulina, a variabilidadeda pressão arterial, a resposta pressórica à adminis-tração de tiramina e a freqüência intrínseca de marca-passo cardíaco.

O diabete induzido por meio da administraçãode estreptozotocina (45-60 mg/Kg i.v.). Parte destesanimais passou a receber tratamento insulínico (9 UI),diário, até o dia do experimento.

Na véspera do experimento, os animais foram

VARIABILIDADE DA PRESSÃO ARTERIAL, RESPOSTA PRESSORA Á TIRAMINA E FRE-QÜÊNCIA INTRÍNSECA DE MARCAPASSO CARDÍACO DE RATOS ACORDADOS COM DIA-BETE EXPERIMENTAL. EFEITO DA INSULINA

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

comprometimento autonômico simpático vascular.Além disso, estes animais apresentaram uma diminui-ção na freqüência intrínseca de marcapasso cardíaco(313±5,9 bpm), indicando que o nodo SA também foiafetado pelo diabete.

A terapia insulínica não só revelou o quadrohiperglicêmio (110±3,7 mg/dL), como também preve-niu as alterações de perda de massa corporal presen-te no diabete crônico experimental. Os valores de pres-são arterial (105±1,7 mmHg) e de freqüência cardía-ca basal (309±8,0 bpm) dos animais tratados com in-sulina estavam mais próximos dos valores observados

nos animais controles (104±2,9 mmHg e 321±8,3 bpm,respectivamente). Entretanto, a atenuação da respos-ta pressora à tiramina (29±1,7 mmHg) nos animaistratados sugere alteração nas terminações simpáticase/ou alteração na responsividade da musculatura lisavascular a determinados estímulos vasopressores.

Em síntese, o diabete provocou alterações auto-nômicas cardiovasculares e, também, alteração donodo SA, enquanto que o tratamento insulínico pre-veniu a maioria destas alterações, exceto as secundá-rias, nas terminações simpáticas e/ou musculatura lisavascular.

PARTICIPAÇÃO DO MESENCEFÁLO DE ANFÍBIOS ANUROS NO CONTROLE DA VENTILAÇÃO

Luciane Helena Gargaglioni BatalhãoOrientador: Prof. Dr. Luiz G. de Siqueira BrancoTese de Doutorado apresentada em 13/09/2002

Apesar dos recentes avanços na fisiologia com-parativa, os mecanismos envolvendo o controle respi-ratório de anfíbios estão longe de serem entendidos,principalmente o papel de áreas prosencefálicas nocontrole respiratório. Portanto, o presente estudo in-vestigou o papel do mesencéfalo de anuros na modu-lação da ventilação, utilizando a estimulação elétricapara identificar sítios capazes de estimular e inibir aventilação. Também exploramos o papel de uma es-trutura mesencefálica específica, o núcleo do istmo,na modulação do padrão episódico e no controlecardiorespiratório durante a hipóxia e a hipercarbia edois dos prováveis mediadores desta resposta (gluta-mato e óxido nítrico).

Nos experimentos de estimulação elétrica a ven-tilação fictícia foi medida a partir do ramo mandibulardo nervo trigêmio e do ramo laringeal do nervo vago,utilizando a preparação in situ. Os resultados dos ex-perimentos com estimulação indicam que informações

provenientes de áreas mesencefálicas envolvidas naintegração visual e auditiva, funções motoras e no aler-ta comportamental também modulam a respiração. Osefeitos destes sítios podem ser tanto inibitórios comoexcitatórios e são primariamente na freqüência dasoscilzações bucais e na ventilação pulmonar.

Nos experimentos envolvendo o núcleo do ist-mo foi utilizado o método de pneumotacografia paramedida de ventilação. Nossos resultados também mos-tram que o núcleo do istmo não participa do controleventilatório durante situações de normóxia normocár-bica, mas exercem um papel inibitório sobre a hiper-ventilação induzida pela hipoxia e hipercarbia, atuandoprincipalmente no volume corrente. Os prováveis me-diadores desta resposta são o glutamato e o NO, umavez que a microinjeção do ácido kinurênco (antagonis-ta de receptores ionotrópicos NMDA e não NMDA)e de L-NAME (inibidor não seletivo da enzima NOS)promoveu um aumento das respostas ventilatórias àhipoxia e à hipercarbia.

Com base nos dados do presente estudo, verifica-mos que o núcleo do istmo não participa do controle dapressão e da freqüência cardíaca em Bufo paracnemis.

ATIVIDADES DE FRAÇÕES E TOXINAS PURIFICADAS DO VENENO DO ESCORPIÃO BRA-SILEIRO TITYUS SERRULATUS EM CANAIS PARA POTÁSSIO

Aldo Rogelis Aquiles RodriguesOrientador: Prof. Dr. Wamberto Antonio VarandaTese de Doutorado apresentada em 09/10/2002

Inicialmente, analisou-se o veneno d escorpiãobrasileiro Tityus serrulatus quanto à presença de to-

xinas que interagem com canais para potássio de bai-xa (SKCa) e de alta (BKCa) condutância ativados porcálcio e com os controlados pela voltagem (Kv), emestudos de ligação. A Apamina (SKCa), a Iberiotoxina(BKCa) e a Hongotoxina1 (Kv) marcadas radioativa-mente (125I) foram utilizadas e a capacidade de algu-

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mas frações purificadas desse veneno, em deslocar aligação destes radioligantes de seus sítios receptoresem membrana sináptica de cérebro de rato, avaliada.Hongotoxina1, um bloqueador de alta afinidade paracanais Kv pertencentes à subfamília Shaker, mais pre-cisamente dos membros Kv1.1, 1.2 e 1.3 e apresen-tando baixa afinidade para os canais Kv1.6, foi oradioligante mais deslocado por uma das frações. Umpolipeptídeo presente nesta fração e identificado comosendo a Tityustoxina-Kα mostrou-se o componentemais ativo em deslocar este radioligante. Esta toxina,purificada previamente, e conhecida por sua ação prin-cipalmente em correntes nativas do tipo retificadoraretardada (ou tardia) que não se inativam, embora suaação sobre um componente inativante em neurôniosdo gânglio da raiz dorsal foi também descrita. Adicio-nalmente esta toxina é considerada como um blo-queador seletivo de canais clonados do tipo ShakerKv1.2. Avaliou-se , no presente trabalho, a possívelinteração da TsTX-Kα sobre os canais Kv1.3, um ou-tro membro da subfamilia Shaker de canais K+, utili-

zando-se da técnica de voltage-clamp. A TsTX-Kαbloqueia os canais Kv1.3 expressos em oócitos deXenopus laevis com uma alta afinidade. Este bloqueiofoi dependente do pH externo (KD de 3,93 (pH 7.5),9,48 (pH7.0) e 94,48 nM (pH 6.5) e completamentereversível. A TsTX-Kα não afetou a dependência devoltagem da ativação ou da inativação dos canaisKv1.3. Algumas propriedades do bloqueio dos canaisKv1.3 pela TsTX-Kα foram também analisadas pelatécnica de patch-clamp em uma linhagem de célulasde mamíferos (L929), transformada para a expressãoestável destes canais. Neste sistema o KD medido foide 19,8 nM no pH 7,4 e a TsTX-Kα nao alterou asconstantes de tempo de ativação, desativação e da ina-tivação dos canais Kv1.3. Assim, toxina parece atuarcomo um bloqueador simples destes canais. Em con-clusão, os resultados sugerem que a TsTX-Kα é umaferramenta útil para avaliar não apenas as funções doscanais Kv1.2, como previamente aceito na literatura,mas também dos canais Kv1.3.

PARTICIPAÇÃO DO ÓXIDO NÍTRICO E MONÓXIDO DE CARBONO NA TERMORREGULA-ÇÃO: ANAPIREXIA E FEBRE

Maria Camila AlmeidaOrientador: Prof. Dr. Luiz G. de Siqueira BrancoDissertação de Mestrado apresentada em 20/10/2002

A anapirexia é uma queda regulada da tempe-ratura corporal interna (Tc). Vários estímulos são ca-pazes de induzir anapirexia como hipóxia, anemia, 2-DG e insulina. A ocorrência de anapirexia em respos-ta à insulina já foi descrita há 60 anos. Por outro lado,a febre é um aumento regulado da Tc, e faz parte deuma resposta complexa do hospedeiro à infecção ouinflamação sistêmica. O fator de crescimento deriva-do de plaquetas (PDGF) é uma proteína que exerceimportantes funções no sistema nervoso central (SNC).Recentemente foi demonstrado que o PDGF induzresposta febril quando injetado intracerebroventricu-larmente e que o mesmo pode agir como um pirogênioendógeno no SNC.

Os neuromoduladores gasosos óxido nítrico(NO) e monóxido de carbono (CO) exercem açõestermorregulatórias e tem sido demonstrado que osmesmos participam tanto da febre quanto da anapire-xia. A produção de NO é catalisada pela enzima NO

sintase (NOS) durante a conversão do aminoácido L-arginina para L-citrulina, enquanto que a enzima hemeoxigenase (HO) catalisa o metabolismo de heme parabiliveredina, ferro livre e CO.

O primeiro objetivo do presente estudo foi veri-ficar a hipótese que o NO e o CO participam da ana-pirexia induzida por insulina e que o CO, ao invés dabiliverdina ou ferro, é o subproduto da HO envolvidonesta resposta. A Tc dos ratos foi então medida du-rante a infusão intravenosa (i.v.) de insulina (0,2 e 2Ukg-1h-1), combinada com diferentes tratamentosintracerebroventriculares (i.c.v.). Foi observada que-da significativa da Tc após infusão de insulina. O tra-tamento com NG- nitro-L-arginina metil ester (L-NAME, inibidor não seletivo da NOS, 200µg) combi-nado com a infusão de salina não causou alteraçõessignificativas da TC. Quando os dois tratamentos fo-ram combinados, a queda na Tc induzida por insulinafoi abolida. O tratamento i.c.v. com zinco deuteropor-firina 2,4-bis glicol (ZnDPBG, inibidor da HO, 200nmol)não causou mudanças significativas na Tc quando com-binado com a infusão de salina mas aumentou signifi-cativamente a anapirexia induzida por insulina. Os tra-tamentos com o quelante de ferro deferoxamina (250

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AIDS e IRA baixa admitidas na enfermaria da pedia-tria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicinade Ribeirão Preto - USP e 4- crianças menores de 12meses de idade admitidas em centro de terapia intensi-va (UTI) por IRA baixa em hospital da comunidade(Hospital Santa Lydia) em Ribeirão Preto.

Nós encontramos 73/286 (25,5%) lavados na-sais (LN) positivos para HRV e 18/286 (6,3%) paraHCoV nas crianças da creche em Salvador, Bahia; 26/118 (22%) LN positivos para HRV e 3/118 (2,5%)para HCoV em crianças com chiado atendidas na UE;16/73 (22%) LN positivas para HRV e nenhuma paraHCoV em crianças com AIDS e IRA baixa; 5/31 (16%)LN positivos para HRV e nenhuma para HCoV emcrianças na UTI com IRA baixa. Interessantemente,não há diferença estatisticamente significante na de-tecção das freqüências de HRV entre crianças comchiado e controles sem sintomas de IRA, das quais 9/46 (19%) foram positivas para HRV.

HRV foi um freqüente agente de IRA em crian-ças em diversos grupos clínicos no Brasil, principal-mente entre as crianças da creche da cidade litorâneatropical onde as condições ambientais são mais propí-cias à transmissão. Diferentemente de estudos feitosno hemisfério norte, nós não encontramos associação

Izolete Santos MacedoOrientador: Prof. Dr. Eurico de Arruda NetoDissertação de Mestrado apresentada em 15/07/2002

Coronavírus humanos (HCoV) e rinovírus(HRV) são importantes causas de infecções respira-tórias agudas (IRA) no mundo. A maioria das infec-ções causadas por estes agentes são resfriados co-muns, mas complicações como sinusite, otite média eataques de asma são freqüentes. Há poucos estudossobre o impacto de HCoV e HRV no Brasil. Nós de-senvolvemos um ensaio baseado em RT-PCR ehibridização para HCoV e temos usado este ensaiojuntamente com um ensaio de RT-PCR previamentedescrito para avaliar as freqüências de HCoV e HRVem crianças com ARI. Estes ensaios foram testadosem quatro grupos clínicos diferentes no Brasil: 1- cri-anças menores de 2 anos de idade seguidas prospec-tivamente em creche para crianças carentes em Sal-vador, Bahia; 2- crianças menores de 12 anos de ida-de que procuraram cuidados médicos na unidade deemergência (UE) do Hospital das Clínicas da Facul-dade de Medicina de Ribeirão Preto - USP, com chi-ado; 3- crianças menores de 5 anos de idade com

µg) e biliverdina (152nmol) nao alteraram a anapire-xia induzida por insulina, enquanto que o tratamentocom salina saturada com CO reduziu a queda na Tcinduzida por insulina. Esses resultados indicam que oNO, participa da geração da anapirexia induzida porinsulina enquanto que a via da HO/CO possui a fun-ção de prevenir quedas excessivas da TC durante aanapirexia induzida por insulina. Uma vez que os tra-tamentos com biliverdina e ferro não tiveram efeito,enquanto que o CO reduziu significativamente a que-da na Tc induzida por insulina, podemos inferir que oCO é o subproduto da HO envolvido nesta resposta.

Por fim, nós investigamos a participação do NO

e Co na febre induzida por PDGF. A injeção i.c.v. dePDGF-BB produziu um aumento na Tc dependente dadose. A febre induzida por PDGF-BB (10ng) foi exa-cerbada pelo tratamento com L-NAME (200µg) e S-metil-L-tiocitrulina (SMTC 2,5µmol - inibidor seletivoda nNOS), mas nao pela aminoguanidina (AG 200µg -inibidor seletivo da iNOS). O tratamento com ZnDPBG(200nmol) não afetou a febre induzida por PDGF. Es-ses dados indicam que o NO participa da febre induzidapor PDGF e que a nNOS é a isoforma da NOS res-ponsável pela síntese de NO nesta resposta. Além dis-so nossos dados sugerem que a vida da HO/CO nãoestá envolvida na febre por PDGF.

IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA

FREQÜÊNCIA DE CORONAVÍRUS E RINOVÍRUS COMO CAUSA DE INFECÇÕES RESPIRA-TÓRIAS AGUDAS EM CRIANÇAS

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significante de rinovírus com chiado. Consideravelmen-te, 19% de 46 crianças vistas na EU por outros moti-vos que não IRA tiveram HRV detectável seus LN.Apesar de detectado com freqüência baixa em geral,HCoV tende a ser mais freqüente nas crianças da cre-che. Entretanto, HCoV não foi encontrado em nenhu-ma criança com IRA baixa, com ou sem AIDS.

Até onde sabemos, esta é a primeira vez que

um estudo sobre freqüência de dois dos mais impor-tantes agentes de resfriado comum baseado em RT-PCR foi conduzido no Brasil, e a primeira vez queHCoV foi detectado em nosso país. Os dados suge-rem que HRV e HCoV não são significantemente as-sociados com chiado e que a freqüência de HCoVcomo causa da IRA no Brasil é similar aquela encon-trada em regiões temperadas no mundo.

ORO e poderia ser usado na obtenção de seqüênciasdesconhecidas de DNA adjacentes a regiões curtas econhecidas de vírus com genômas mais complexosconforme confirmamos ao testá-la para citomegalovi-rus. A seqüência do segmento L de ORO foi obtidaprocessando cDNAs sobrepostos. Esta possui 6846nucleotídios com uma ORF no sentido complementarque codifica a proteína L de 2250 aminoácidos. A ORFestá flanquada de uma RNC5' de 43 nucleotídios e deuma RNC2' de 53 nucleotídios. A seqüência deaminoácidos da proteína L de ORO foi alinhada com ade outros vírus da família Bunyaviridae, bem comocom a proteína PB1 do vírus influenza. PB1 possui 4sítios ativos descritos: os sítios de ligação às extremi-dades 5' e 3' do RNA viral (5' vRNA e 31 vRNA), ode atividade endonuclease para a produção de cap-primer, e o de catálise para adição de nucleotídios. Oalinhamento mostrou que a proteína L de ORO possuias três regiões características da RNA polimerase dosvírus de polaridade negativa, e também uma quartaregião conservada. Também, o alinhamento permitiuinferir a localização na proteóna L dos vírus da famíliaBunyaviridae os quatro sítios da proteína PB1 dosvírus da influenza. Os sítios de ligação da 5’vRNA e ode atividade endonuclease para produção de cap-primer estão localizados na quarta região conservadada proteina L indicando que exerceriam papel impor-tante na função desta proteína. Finalmente, a proteínaN de ORO foi expressa em E. coli e mostrou-se cor-retamente montada por apresentar tamanho espera-do, de 26 kd, à eletroforese em gel de poliacrilamida epor ter sido reconhecida no immunobloting poranticorpos policlonais.

A seqüência nucleotídica completa dos três seg-mentos de RNA de ORO descrita neste estudo deve-rá ser de muita utilidade para a síntese de primersespecíficos a serem utilizados numa RT-PCR para o

Victor Hugo Aquino QuintanaOrientador: Prof. Dr. Luiz Tadeu Moraes FigueiredoTese de Doutorado apresentada em 17/07/2002

O vírus Oropouche (ORO) que pertence ao gê-nero Bunyavirus da família Bunyaviridae, é o agen-te causador da febre do Oropouche, a segunda arbo-virose em número de casos humanos no Brasil. A im-portância desta virose levou-nos a determinar, de for-ma inédita, a seqüência completa dos segmentos deRNA L, M e S de ORO cepa BeAn1991. Para obten-ção individual de cada um dos três segmentos de RNA,desenvolvemos método simples que incluia precipita-ção das partículas virais, purificação do RNA eeletroforese deste em gel de agarose a partir do qualos segmentos de RNA foram recuperados. O segmen-to S de ORO foi amplificado por RT-PCR utilizandoprimer único desenhado com base na seqüência 3' dosegmento S do vírus Bunyamwera (protótipo do gêne-ro). O seqüenciamento mostrou um segmento S com754 nucleotídeos tendo duas regiões codificantes (ORF)sobrepostas no sentido complementar, as quais codifi-cam a proteína N com 231 aminoácidos e a proteínaNSs com 91 aminoácidos. Também, possui duas regi-ões não codificantes, uma na extremidade 5' (RNC5')de 44 nucleotídios e outra na extremidade 3' (RNC3')de 17 nucleotídios. Para seqüenciamento o segmentoM utilizamos um método de genomic walking emduas etapas: amplificação linear (AL) seguida de umaPCR com primer único (PCR-PU). O segmento Mpossui 4385 nucleotídios com uma ORF no sentidocomplementar flanqueada por uma RNC5' de 31nucleotídios e RNC3' de 94 nucleotídios. A ORF codi-fica a poliproteína de 1420 aminoácidos que, apósclivagem, gera as glicoproteínas G1 e G2, e a proteínaNSm. O método de Genomic walking em duas eta-pas mostrou-se adequada no caso do segmento M de

SEQUENCIAMENTO NUCLEOTÍDICO COMPLETO E ESTUDOS ASSOCIADOS AO GENOMADO BUNYAVIRUS OROPOUCHE

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Eduardo Dantas Casillo GonçalvesOrientador: Prof. Dr. Célio Lopes SilvaDissertação de Mestrado apresentada em 20/08/2002

O presente trabalho teve como objetivo avaliara imunogenicidade da proteina fosfolipase-c (PLC-a),espécie-específica de M. tuberculosis, em diferentesesquemas de imunização. Inicialmente, avaliou-se acapacidade das construções contendo o gene que co-difica o antígeno PLC-a transfectar células euca-rióticas. Nossos resultados mostraram que macrófa-gos murinos foram capazes de expressar a proteína72 horas após a transfecção. Uma vez confirmada aexpressão da PLC-a, animais Balb/c foram imuniza-dos com: 1) solução de DNA por via intramuscular ouintradérmica; 2) com M. bovis (BCG) carreando ovetor de expressão em micobactérias (pmv262) porvia intranasal ou subcutânea, ou 3) com S.typhumurium carreando o vetor de expressão emcélulas eucarióticas (pcDNA3) por via intranasal ouoral, ambos vetores carreando ou não o gene da PLC-a. Nossos resultados mostraram que as imunizaçõescom DNA em solução por via intramuscular e com S.typhimurium carreando o gene da PLC-a por via

intranasal estimularam uma produção significativa deIgG2a, IL-12 e IFN-γ. antígeno específica. A respos-ta induzida foi mais direcionada a um padrão Th1, quecaracteriza a ativação de uma resposta celular impor-tante para a proteção contra a TB. No entanto, ani-mais imunizados com DNA em solução ou comSalmonella carreando o gene PLC-a e não desafia-dos com M. tuberculosis não foram capazes de con-trolar a infecção, como mostraram os cortes histológicospulmonares com presença de grande quantidade debacilos intracelulares. A análise do infiltrado celularpulmonar mostrou presença de linfócitos perivascularese intensa distribuição de macrófagos no tecido, apre-sentando também destruição parenquimatosa com ede-ma alveolar. Nesse contexto as imunizações com PLC-a apesar de estimularem o desenvolvimento de umaresposta celular, parecem não proteger contra a infec-ção por M. tuberculosis, mas induzem a formação deuma granuloma mais organizado, que parece conter acarga bacilífera em seu interior. Desse modo, a gran-de quantidade dos bacilos contidos no interior dos ma-crófagos pode favorecer a ação de drogas contra atuberculose, uma vez que conseguem conter alta car-ga bacilífera dentro de granulomas.

ESTUDO SOBRE A INFECÇÃO POR FLAVIVIRUS BRASILEIROS EM MACRÓFAGOS DECAMUNDONGOS

Veridiana Ester Dias de BarrosOrientador: Prof.Dr. Luiz Tadeu Moraes FigueiredoDissertação de Mestrado apresentada em 05/09/2002

As arboviroses representam grave problema desaúde pública no Brasil. Dentre as arboviroses, aque-las transmitidas por mosquitos e causadas porFlavivirus são as mais importantes causadoras desurtos ou epidemias. Flaviviroses, como o dengue e afebre amarela, são responsáveis por doenças huma-nas de grande morbidade e representativa mortalida-de. A fisiopatologia de algumas flaviviroses, como a

do dengue na sua forma hemorrágica, relaciona-se àinfecção maciça de células macrofágicas.

Esse estudo objetivou investigar a infecção demacrófagos peritoneais de camundongos infectadospor diferentes Flavivirus brasileiros. A infecção ce-lular foi inicialmente confirmada por teste de imuno-fluorescência indireta no qual observou-se fluorescên-cia celular quando comparada à de macrófagos nãoinfectados. O estudo inclui microscopia da varredurana qual macrófagos infectados com o vírus Rocio(ROC), febre amarela (YF), Bussuquara (BUS) e daencefalite de Saint Louis (SLE) apresentaram altera-ções da forma, tamanho e superficie, com acentuação

diagnóstico e estudo da epidemiologia molecular destavirose. Também, a produção de proteínas virais re-combinantes de ORO, tal como a proteína N, poderam

ser utilizadas como antígenos para o desenvolvimentode métodos de diagnósticos sorológicos ou comocandidatas a vacinas.

ESTUDO SOBRE A IMUNOGENICIDADE DA PROTEÍNA PLC-a (FOSFOLIPASE-C) DEMYCOBACTERIUM TUBERCULOSIS

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no tamanho dos prolongamentos citoplasmáticos(pseudópodos). À microscopia de transmissão obser-vou-se, independente do Flavivirus infectante, altera-ções citopatológicas sugerindo grave comprometimentocelular. Ocorreu hipertrofia do retículo endoplasmáti-co (rRE) por todo o citoplasma, com aparecimento degrandes vesículas intracitoplasmáticas contendo, nointerior, material amorfo e finalmente granulado, compartículas esféricas de tamanho variável, muitas comaproximadamente 50 a 60 nm de diâmetro, provavel-mente, correspondendo a partículas virais em forma-ção. Os macrófagos infectados apresentaram rREhipertrofiado e com centros eletrondensos, caracterís-ticas que podem ser associadas a grande atividade desíntese protéica. Visualizou-se muitos ribossomos li-vres no citoplasma e, também, foi possível observar ocomplexo de Golgi com alargamento de suas vesículas.As mitocôndrias apresentaram-se preservadas e semalterações aparentes. Os núcleos mostraram-se pre-servados em sua forma e posição, mas freqüentemen-te exibiam rarefação cromatínica. À imunomicroscopiaeletrônica observou-se maior quantidade de partículasde ouro coloidal nos macrófagos infectados quandocomparados aos não infectados. Antígenos deFlavivirus foram observados nos macrófagos infec-tados, em diversos pontos dos citoplasmas, mais fre-qüentemente em vesículas.

Também, estudou-se a produção de citocinas eóxido nítrico (NO) nos macrófagos infectados com

Flavivirus . Células infectadas com ROC, SLE e BUSnão exibiram produção alterada de IL-1ß, TNF-α eTGF- ß1. Os macrofagos infectados com YF não mos-traram alteração na síntese de IL-1ß, TNF-α mas ini-biram a producão de TGF- ß1. A estimulaçãomacrofágica com LPS após infecção por ROC, SLEe YF inibiu a produção de IL-1ß e TGF- ß1. Os virusROC e BUS inibiram a produção macrofágica de TNF-α. BUS causou produção aumentada de IL-1ß. Tam-bém, verificou-se que os macrófagos infectados comROC, SLE, YF e BUS apresentaram produção au-mentada de NO. Macrófagos estimulados com LPS einfectados com os vírus ROC, SLE e BUS (5000 MOI)mostraram produção aumentada de NO enquanto queos infectados com YF tiveram redução na produçãode NO e BUS (500 MOI) não alterou esta produção.

A infecção por Flavivirus brasileiros causaprofundas alterações e graves danos às estruturascitoplasmáticas macrofágicas devido à replicação vi-ral. Os vírus e seus produtos foram visualizados emvesículas citoplasmáticas do rRE. Também, a infec-ção pelos Flavivirus inibe a síntese das citocinas IL-1ß, TNF-α e TGF-ß1. Estes achados sao de dificl inter-pretação por que, se algumas alterações de citocinasfavoreceriam à replicação viral, outras seriam úteis aocontrole da infecção. Entretanto, quanto ao NO, foinítida a produção aumentada nas células infectadassugerindo que esta molécula gasosa deva atuar nocontrole da infecção celular por Flavivirus.

EXPOSIÇÃO DOMICILIAR A ALÉRGENOS EM RIBEIRÃO PRETO: EFEITO DE MEDIDA PARACONTROLE DA EXPOSIÇÃO A ÁCAROS

Kátia Regina Coimbra TobiasOrientadora:Profa.Dra.Luisa Karla de Paula ArrudaDissertação de Mestrado apresentada em 13/09/2002

Exposição a alérgenos do interior do domícilioincluindo ácaros, baratas, gato, cachorro e fungos, estáassociada a sensibilização e desenvolvimento de asmae outras doenças alérgicas. No presente estudo, foiavaliada a exposição a alérgenos de ácaros D.pteronyssinus (Grupo 1 e Grupo 2), barata B.germanica (Bla 1 e Bla g 2), gato (Fel d 1), e cachor-ro (Can f 1), em um grupo de 24 pacientes com asmae/ou rinite, alérgicos a ácaros, residentes em RibeirãoPreto. Em um subgrupo de 19 pacientes, foi investiga-do o efeito da colocação de capas de colchão e tra-vesseiro nos níveis de alérgenos de ácaros.

IgE total elevada (> 100 kU/L) foi observada

em 20/24 (83%) dos pacientes. Anticorpos IgE espe-cíficos no soro, determinados através do sistema CAP(Pharmacia), foram detectáveis para D. pteronyssinus,D. farinae e Blomia tropicalis em 96%, 91% e 83%dos pacientes, respectivamente; para B germanica em50% e para gato e cachorro em 13% e 26% dos paci-entes, respectivamente.

A quantificação de alérgenos na poeira domici-liar foi feita por ELISA. .Níveis de alérgenos de ácarosdo Grupo 1 foram mais elevados nas amostras de cama,quando comparados às da sala de TV, chão do quartoe cozinha (MG 13,4 µg/g, 4,5 µg/g, 0,7 µg/g e 0,12 µg/g,respectivamente). Alergenos de barata foram mais ele-vados nas amostras de cozinha. Alérgenos de gato ecachorro foram encontrados em todos ambientes dacasa. Nos dimicílios com cachorro, os níveis de Can f1 foram significantemente mais elevados (MG 3,17 µg/

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COMPARAÇÃO ENTRE PROMOTORES REGULADOS POR PhoP/Q POR MEIO DA EXPRES-SÃO DE GFPmut3(*): CONSTRUÇÃO DE UM SISTEMA PLASMIDIAL PARA EXPRESSÃOESTÁVEL DE ANTÍGENOS HETERÓLOGOS EM LINHAGENS ATENUADAS DE SALMONELLAENTERICA TYPHIMURIUM

Lucinda Giampietro BrandãoOrientador: Prof. Dr. Marcelo BrocchiDissertação de Mestrado apresentada em 11/10/2002

Linhagens recombinantes atenuadas Salmonellaenterica Typhimurium atenuadas têm o potencial deserem usadas para apresentação de antígenos heteró-logos ao sistema imune. Tais mutantes atenuados paravirulência são ainda capazes de causar infecção tran-sitória. Estas linhagens mutantes são capazes de de-sencadear uma potente resposta imunológica tanto con-tra o antígeno heterólogo carreado quanto contra osantígenos da própria bacteria. As linhagens recombi-nantes que não expressam os antígenos de uma formaestável são pouco imunogênicas. Sendo assim, fatorescomo estabilidade e nível de expressão podem modu-lar a resposta imune aos antígenos quando expressospor estes organismos, podendo desta forma modificara sua imunogenicidade. Alternativamente, sistemas le-tais balanceados como os sistema asd foram propos-tos. Nesse caso, gene essencial ao crescimento da bac-téria é deletado de seu genoma e inserido em plasmídios,que servirão como carreadores do gene heterólogo. Aestabilidade da expressão é assim garantida, mas autilizaçãode promotores constitutivos nesses sistemaspode ainda estar associada à indução de fraca respos-ta imune. Em especial, o desenvolvimento de sistemaregulados que expressam antígenos basicamente quandosubmetidos a condições especiais encontradas no hos-pedeiro (indução de promotores in vivo), melhora a es-tabilidade e imunogenicidade da linhagem recombinante.Apesar disso, poucos promotores têm sido exploradospara esta finalidade e há necessidade da caracteriza-ção de novos candidatos. Dessa forma, a habilidadedos promotores dos genes pagC, pagD, mgtC e phoNem direcionarem a expressão do gene (GFPmut3(*)repórter em linhagens vacinais de S. entericaTyphimurium χ3987∆cya∆crp∆asd e H683∆aroA∆asd,foi investigada neste estudo. Todos os quatro promoto-res sao regulados pelo sistema PhoP/Q e são induzidosquando S. enterica está no ambiente intracelular, prin-

cipalmente macrófagos. A proteína quinase de mem-brana, PhoQ, é ativada em baixas concentrações deMg2+ concentrações micromolares) e fosforila PhoP,que ativa a expressão de pagC, pagD, mgtC e phoN.Os promotores desses quatro genes foram amplifica-dos por PCR e fusionados com o gene GFPmut3(*)(green fluorescent protein - gene repórter) o qual foiobtido por mutagênese sítio dirigida. Plasmídios de altonúmero de cópias (pYA3137) e de baixo número decópias (pYA3074) pertencentes ao sistema letal ba-lanceado asd de estabilização foram modificados afim de serem utilizados nas clonagens das fusõesgênicas entre promotor e gene repórter. Estesplasmídios, depois de construídos, direcionaram a ex-pressão de GFPmut3(*) a partir dos promotores. Paraisto, os plasmídios foram introduzidos nas linhagensatenuadas de S. enterica Typhimurium χ3987 e H683.A expressão de gfpmut3(*) foi avaliada sob diferen-tes condições de crescimento, como em diferentesconcentrações de Mg2+ e no ambiente intracelular demacrófagos peritoneais de camundongos BALB/c, porFluorescent Activated Cell Sort (FACSort) (BectonDickson), e comparada com a expressão obtida quan-do um promotor constitutivo (trc) foi usado. Os resul-tados indicam que a expressão da proteína(GFPmut3(*) a partir do promotor de pYA3137 pagCé a maior entre todos os promotores indutíveis avalia-dos, mas não é maior do que a resultante na constru-ção com promotor constitutivo trc, freqüentementeusado no desenvolvimento de linhagensrecombinantes. Ao cntrário das construções utilizan-do promotor constitutivo trc, as construções contendoos promotores sob controle do sistema PhoP/Q ex-pressam maior quantidade de GFPmut3(*) na ausên-cia de Mg2+ . Os resultados obtidos com as duas li-nhagens de S. enterica utilizadas sugerem que ogenótipo bacteriano influencia na expressão deGFPmut3(*) em diferentes construções. Dessa for-ma, acredita-se que união do sistema asd com os pro-motores regulados pode melhorar a imunogenicidadede linhagens vacinais de S. enterica.

g e 0,42µg/g, respectivamente).A colocação de capas de colchão e travesseiros

impermeáveis a ácaros e seus alérgenos foi eficaz em

reduzir os níveis de alérgenos do Grupo 1 nas amos-tras de poeira de cama, até seis meses após a coloca-ção das capas.

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AVALIAÇÃO DA IMUNOGENICIDADE DE DIFERENTES FRAGMENTOS DA VACINA pCDNA-3hsp65

Cláudia Andréa Alves de AraújoOrientador: Prof. Dr. Célio Lopes da SilvaDissertação de Mestrado apresentada em 19/12/2002

Tem sido recentemente demonstrado que a va-cina pCDNA3-hsp65 apresenta atividade profilática eterapêutica experimental. Essa vacina é constituída dogene hsp65 Mycobacterium leprae e fragmentodownstream de 1324 pb. Entretanto, uma investiga-ção mais refinada da resposta imune desencadeadapor diferentes fragmentos do inserto dessa vacina ain-da não foi realizada. Também, não foi estudada, a in-fluência do fragmento downstream ao gene hsp65 naindução da resposta imune pela vacina. Para tal pro-pósito, foram construídos subclones da vacinapCDNA3-hsp65, com a colaboração da Dra. SylviaCardoso Leão (UNIFESP), para utilização nos esque-mas de imunização e nos ensaios para avaliar a res-posta imune humoral e celular. As novas construçõesde DNA foram denominadas pCDNA3-hsp65G (G =gene hsp65, para diferenciar da construção vacinaloriginal, que contém gene hsp65 + fragmentodownstream), pCDNA3-N (N= N-terminal da prote-ína Hsp65), PCDNA3-N59 (N59 = 59 pb codificanteda extremidade N-terminal da Hsp65) e pCDNA3-DS (DS= downstream).

Camundongos BALB/c foram imunizados porvia intradérmica (Gene Gun) ou via intramuscular, com10 µg/dose ou 100 µg/dose, respectivamente. Foramfeitas três imunizações com intervalo de 15 dias entreelas; 30 dias após a 3ª imunização, os animais foramsacrificados e a resposta imune foi avaliada. A res-posta imune humoral foi avaliada pelos títulos de anti-corpos IgG, IgG1 e IgG2a anti-Hsp65 através deELISA. A resposta imune celular foi avaliada utilizan-do três parametros: proliferação de células totais debaço e linfonodos inguinais por incorporação detimidina triciada, produção das citocinas IL-4, IL-10,IFN-gama e IL-12 Hsp65-específicas por ELISA edeterminação do influxo de linfócitos B, linfócitos TCD4+ e CD8 +, macrófagos e células dendríticas parao baço dos animais imunizados com as construções deDNA.

Por via intradérmica (Gene Gun), as imuniza-ções com as construções a construção vacinal originalpCDNA3-hsp65 e pCDNA3-hsp65G, construção con-tendo somente o gene hsp65 de Mycobacteriumleprae, induziram elevados níveis de anticorpos IgG,

IgG1 e IgG2a anti-Hsp65. Essas construções tambéminduziram resposta imune celular específica. Célulastotais do baço e linfonodos inguinais dos animais imu-nizados com pCDNA3-hsp65 e pCDNA3-hsp65G pro-liferaram significativamente na presença de Hsp65recombinante. A produção das citocinas IL-10, IFN-gama e IL-12 antígeno específica foi elevada, carac-terizando um perfil misto Th1/Th2, porém com ten-dência a resposta Th2. Esse dado corroborou com oselevados títulos de anticorpos IgG1 e IgG2a. Tambémverificou-se um aumento no influxo de macrófagos,células dendríticas, linfócitos B, linfócitos T CD4+ e TCD8+ no baço dos animais imunizados em relaçãoaos grupos controles (pCDNA3 e não imunizado). En-tretanto, a resposta imune humoral e celular desenca-deada pela construção vacinal original pCDNA3-hsp65foi maior que aquela induzida por pCDNA3-hsp65G.As construções pCDNA3-N, pCDNA3-DS epCDNA3-N59 não induziram resposta imune especí-fica.

Por via intramuscular, as construções pCDNA3-hsp65, pCDNA3-hsp65G e pCDNA3-N induziram ele-vados títulos de IgG, IgG1 e IgG2a anti-Hsp65, proli-feração celular e produção significativa das citocinasavaliadas e aumento do influxo de macrófagos, célu-las dendríticas, linfócitos B, linfócitos T CD4+ e CD8+em comparação com os controles (pCDNA3 e nãoimunizado). Um perfil Th1 de resposta é induzido porpCDNA3-hsp65, pCDNA3-hsp65G e pCDNA3-N,quando injetadas por via intramuscular, uma vez queelevados níveis de IFN-gama e IL-12, além de eleva-dos títulos de IgG2a, foram detectados. Entretanto, nãoforam verificadas diferenças na ativação da respostaimune humoral e celular quando as construçõespCDNA3-hsp65 e pCDNA3-hsp65G foram compa-radas. A construção pCDNA3-N desencadeou res-posta imune em menor magnitude que as construçõespCDNA3-hsp65 e pCDNA3-hsp65G. As demaisconstruções (pCDNA3-N59 e pCDNA3-DS) não fo-ram imunogênicas.

Esses resultados indicaram que a ausência dofragmento downstream ao gene hsp65 interfere signi-ficativamente na ativação da resposta imune humorale celular pela vacina, quando os animais foram imuni-zados por via intradérmica (Gene Gun) com pCDNA3-hsp65G, construção que não contém o fragmentodownstream. Isso sugeriu que existe a provável parti-cipação de motifs CpG, presente no fragmento

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downstream, na indução da resposta imune, que foisignificativamente diminuída quando esse fragmentofoi retirado da construção de DNA pCDNA3-hsp65G.Por outro lado, por via intramuscular, o fragmentodownstream parece não interferir no desencadeamen-

to da resposta imune humoral e celular pela vacina.Essas diferenças na indução da resposta imune pelofragmento downstream parecem estar diretamenterelacionadas com a quantidade de DNA que é injeta-da nos animais e com a via de administração do DNA.

PAPEL DA MOLÉCULA DE ADESÃO ICAM-1 NA INFECÇÃO EXPERIMENTAL PORTRYPANOSOMA CRUZI

Mara Rúbia Nunes CelesOrientador: Prof. Dr. João Santana da SilvaDissertação de Mestrado apresentada em 19/12/2002

A miocardite chagásica aguda, causada porTrypanosoma cruzi é caracterizada pela presença deum intenso infiltrado de células mononucleares, ricoem leucócitos e macrófagos, extensivo parasitismo dasfibras cardíacas e nesta fase da doença não ocorrefibrose, ou esta é discreta. O recrutamento de leucó-citos da corrente sanguínea para o miocárdio é umaetapa fundamental para a indução e manutenção dareação inflamatória. As quimiocinas, citocinas e mo-léculas de adesão como o ICAM-1 (membro da super-família das imunoglobulinas) tem um papel crucial norecrutamento de leucócitos da corrente sanguínea parao miocárdio, estando entre os principais reguladoresdeste processo. Durante a fase aguda da infecção, ascélulas endoteliais e os miócitos cardíacos localizadosno sítio inflamatório ou próximo a este, apresentamuma aumentada expressão de ICAM-1. A interaçãoentre ICAM-1 presente no endotélio, e as integrinasna superfície dos leucócitos resulta em firme adesãoe posterior transmigração das células através do endo-télio. Tais achados motivaram o desenvolvimento deste

projeto visando avaliar o envolvimento de ICAM-1 naresistência e/ou suscetibilidade à infecção experimentalpor T. cruzi. Para tal, camundongos selvagens (C57Bl/6) e geneticamente deficientes de ICAM-1 (ICAM-1-/-) foram infectados com T.cruzi, cepa Colombianaonde foram avaliadas a parasitemia, mortalidade emiocardite. Nossos resultados mostraram que camun-dongos deficientes de ICAM-1 foram mais susceptí-veis à infecção, desenvolvendo altas parasitemias emaior taxa de mortalidade, quando comparados aosanimais selvagens. A quantidade de ninhos deamastigotas no tecido cardíaco e muscular esqueléti-co, e no baço dos animais ICAM-1-/- foi significante-mente maior que nos controles (selvagens), embora, oinfiltrado inflamatório nos camundongos deficientes deICAM-1 tenha sido significativamente menor. Foi en-contrada também uma redução considerável de am-bos linfócitos T, CD4+ e CD8+ nos camundongosICAM-1-/-. Estes resultados sugerem que ICAM-1está efetivamente envolvido nos mecanismos de mi-gração celular para o coração e que pode contribuirpara o estabelecimento e perpetuação da miocarditeinduzida por T. cruzi. De forma interessante, nossosresultados também indicam que ICAM-1 contribui pararesistência contra a infecção por T. cruzi.

NEUROLOGIA

ESTUDO PROSPECTIVO DA EVOLUÇÃO ELETRO-CLÍNICA DE CRIANÇAS QUE APRESEN-TARAM PADRÃO DE SURTO-SUPRESSÃO EM POLIGRAFIAS NO PERÍODO NEONATAL

gráfico anormal que pode ser registrado desde o pe-ríodo neonatal, geralmente associado a encefalopatiasgraves. Nós avaliamos, através de estudo prospecti-vo, o significado prognóstico do padrão de surto-su-pressão neonatal em relação ao desenvolvimento neu-

Heidi Haveisen SanderOrientadora:Profa. Dra.Regina M. França FernandesDissertação de Mestrado apresentada em 02/08/2002

O surto-supressão é um padrão eletrencefalo-

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ropsicomotor e à evolução eletrencefalográfica, comespecial ênfase no desenvolvimento de HIPSARRIT-MIA, durante a fase de lactente.

No período de janeiro de 1997 a julho de 1999foram avaliadas prospectivamente dezesseis criançasque apresentaram, surto-supressão neonatal empoligrafias realizadas nos berçários do Hospital dasClínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP (HCFMRP). Um grupo controle foi formado porquinze crianças selecionadas ao acaso, no mesmo pe-ríodo, com idades pós-concepcionais semelhantes àsdas crianças com surto-supressão neonatal e que ti-nham suspeita de disfunção neurológica sendo, por estemotivo, submetidas a poligrafias neonatais, que tam-bém mostraram anormalidades outras que não o pa-drão de surto-supressão. Estas 31 crianças foramacompanhadas nos ambulatórios de Neurologia Infantile Epilepsia do HCFMRP por período mínimo de umano, aonde se submeteram a avaliação neurológica eeletrencefalogramas (EEG) seqüenciais, bem como aavaliação neurorradiológica e exames sorológicos, bio-químicos e genéticos. Um total de 69 poligrafias e 60

EEG seqüenciais foram realizados, com média seme-lhante de exames por criança. As características clíni-cas de Idade Gestacional, Idade Pós-Concepcional naépoca da realização das poligrafias, peso e etiologiastambém foram semelhantes entre ambos os grupos.O prognóstico desfavorável foi observado em vinte equatro crianças, quinze (62,5%) do grupo com surto-supressão neonatal e nove (37,5%) d grupo controle,sendo pior o prognóstico nas crianças com surto-su-pressão (p=0.04, teste de Fisher).

Oito (8) crianças desenvolveram HIPSSAR-RITMIA na fase de lactente, das quais sete (7) ha-viam apresentado surto-supressão neonatal e apenasuma era do grupo controle. Esta diferença foi estatis-ticamente significante (p=0.04, teste de Fisher). Emcinco (5) destas crianças o padrão de surto-supressãoera invariante e duas (2) tinham o padrão variante.

O nível sérico de fenobarbital por ocasião darealização das poligrafias foi semelhante nos gruposcom surto-supressão e controle, não parecendo ser fatordeterminante no desenvolvimento do surto-supressão,nestas crianças (p=0.23, teste de Mann-Whitney).

Flávia Araújo GuedesOrientador: Prof. Dr. João Pereira LeiteDissertação de Mestrado apresentada em 09/08/2002

A administração de agonistas colinérgicosmuscarínicos (polocarpina ou lítio seguido de pilocar-pina) em roedores induz o aparecimento de criseslímbicas seguidas por crises secundariamente genera-lizadas (status epilepticus, SE) e, após um períodolatente os animais apresentam crises espontâneas re-correntes. As alterações comportamentais, eletrence-falográficas e histopatológicas são semelhantes às al-terações observadas em pacientes com epilepsia dolobo temporal. Nesses modelos foi observada a exis-tência de brotamento das fibras musgosas na zonasupragranular do giro denteado que se assemelhamcom aquele descritos em tecidocerebral humano comesclerose hipocampal. Estudos recentes demonstra-ram um aumento na neurogênese das células granula-res do giro denteado após a indução de SE pela admi-nistração de pilocarpina ou litio-pilocarpina e que esta

neurogênese poderia estar associada ao brotamentodas fibras musgosas. Entretanto ainda não se sabe qualo papel das células granulares recém geradas na for-mação do brotamento das fibras musgosas.

O objetivo deste trabalho foi estudar, no modeloexperimental do litio-pilocarpina, os fenômenos de neu-rogênese, brotamento das fibras musgosas e perdaneuronal em animais de 15, 21, 40 e 180 dias pós-na-tais (p15, p21, p40 e p180).

Para avaliar a taxa de neurogênese, animais, nasidades mencionadas acima, foram submetidos a qua-tro horas de SE por litio-pilocarpina: três dias após foiadministrada a bromodeoxiuridina (BrdU) sendo queposteriormente os animais tiveram seus cérebros pro-cessados contra imunohistoquímica para BrdU. Paraavaliar a intensidade de brotamento das fibras musgo-sas e perda neuronal animais nas mesmas idades fo-ram submetidos ao SE por lítio-pilocarpina e mortos 60dias após. Os cérebros foram processados para ascoloração de neo-Timm, Violeta de Cresil e Hemato-xilina-Eosina (H.E.).

Nossos resultados mostraram que a neurogê-

ESTUDO DO EFEITO DO STATUS EPILEPTICUS EM RATOS JOVENS E ADULTOS NA IN-DUÇÃO DE NEUROGÊNESE DAS CÉLULAS GRANULARES E REORGANIZAÇÃO SINÁPTICADAS FIBRAS MUSGOSAS

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nese observada nos animais do grupo p15 diminuiuquando comparado com a dos animais do grupo con-trole enquanto que os animais do grupo p21 apresen-taram uma taxa de neurogênese bastante superiorquando comparada com os animais controles. Nosanimais com idade pós-natais mais tardias a taxa deneurogênese não aumentou após SE em relação aosanimais controles. Os resultados da coloração de neo-Timm indicaram que houve um aumento progressivodo brotamento das fibras musgosas com a idade. Naanálise da perda neuronal observamos que os animais

mais jovens (p15 e p21) apresentaram uma discretaperda celular, sendo a perda mais evidente nossubcampos CA1 e CA3. Os animais de idades pósnatais mais tardias apresentaram uma perda celularmais intensa em todos os subcampos, sendo que a ca-mada de células granulares e o subcampo CA2 esta-vam relativamente preservados. Nossos resultados in-dicaram que a neurogênese e o brotamento das fibrasmusgosas são dois fenômenos independentes, e que obrotamento das fibras musgosas parece estar mais re-lacionado com a intensidade de perda celular.

O ENVOLVIMENTO DA VIA BRADICININA-ÓXIDO NÍTRICO NA IMUNORREATIVIDADE Á PRO-TEÍNA FOS - INDUZIDA PELO ESTÍMULO ELÉTRICO DO SEIO SAGITAL SUPERIOR - NAPORÇÃO CAUDAL DO NÚCLEO ESPINAL DO NERVO TRIGÊMIO: IMPLICAÇÕES NA FISIO-PATOLOGIA DAS CEFALÉIAS PRIMÁRIAS DE ORIGEM VASCULAR.

Marcelo Cedrinho CiciarelliOrientador: Prof. Dr. Alexandre Pinto CorradoTese de Doutorado apresentada em 25/10/2002

Evidências envolvendo animais e humanos indi-cam a participação na fisiopatologia das cefaléias pri-márias, do sistema trigeminovascular (STV) cuja ati-vação, desencadeia uma inflamação neurogênica (IN),mediada pela serotonina, (5-HT), prostaglandinas(PGE2 e I2), bradicinina (BC), taquicininas (Sub. P eCGRP), histamina (H) e óxido nítrico (NO), responsá-veis pela vasodilatação e aumento de permeabilidadevascular que caracterizam o perfil inflamatório da IN(Moskowitz e cols, 1984, 1989) e das crises dessascefaléias (Goadsby et al., 1992; Sarchielli et al., 2000),embora nessas últimas o seu sintoma primordial, a dor,continue tema controvertido face à indefinição do(s)agente(s) endógeno(s) especificamente envolvido(s)nesse processo nociceptivo, impedindo a adoção deuma terapêutica mais racional. Em modelo de dor emcães, nosso grupo (Corrado e Balejjo, 1992: Ciciarelli,1996) confirmou ser a BC o mais potente agentealgógeno conhecido, desencadeando, pela via carotídea(i.c.), uma resposta nociceptiva (RN) representadapor hiperpnéia, hipotensão, bradicardia e vocalização,ao contrário das taquicininas, que induzem somentehipotensão, da 5-HT e PGs, que somente confirma-ram a atividade hiperalgésica, potencializando a RNinduzida pela BC, e os doadores de NO, tipo SIN-1,que promovem somente hipotensão, fazendo exceçãoos derivados tiólicos do NO, tipo S-nitrosocisteina

(SNO) que reproduzem integralmente a RN. Face aoexposto, propusemo-nos avaliar o papel da BC e daSNO, no processo nociceptivo da IN bem como, emvista da BC liberar quantidades apreciáveis de SNO(Rubanyii, 1993), avaliar o envolvimento da via BC-SNO nessa nocicepção. Empregamos modelo elabo-rado para o gato (Kaube et al., 1993) adaptando-o parao rato, que correlaciona quantitativamente os efeitosinduzidos por estímulos elétricos no seio sagital superi-or (SSS), com a atividade neuronal da porção caudaldo núcleo espinal do trigêmeo (PCT), avaliada atravésda imunorreatividade à proteina Fos (Fos-IR).

(1) Os parâmetros estimulatórios adaptado aorato (20V; 0,3Hz. 250µs, durante 30 min) induziramrespostas significativas (p<0,05-n=5) da Fos-IR, com-paradas com os controles (n=2) cirurgicamente pre-parados mas não estimulados (2) O tratamento prévio(30 min) com L-NAME (10 mg/kg i.p.) causou quedasignificativa (p<0,05- n=3) da Fos-IR, confirmando osresultados de Kaube et al., (1993) no gato, sobre aparticipação do NO nesse processo nociceptivo. (3)3ug e 10ug de BC i.c. induziram Fos-IR dose-depen-dente e significativas (p<0,05, n=6, para 3ug e p<0,01,n=8 para 10ug) em relação aos controles (10 ul desalina usada como solvente, n=5). (4) O tratamentoprévio com L-NAME (10 mg/kg i.p.) causou quedasignificativa (p< 0,05 n=4) da Fos-IR induzida por 10ug de BC indicando a participação da via nitrérgica noprocesso nociceptivo induzido pela BC. A salina (0,3ml i.p) usada como solvente do L-NAME não teveinfluência significativa nos efeitos da BC (p>0,05 -n=4). (5) A significativa FosIR induzida pela SNO

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(p<0,001 - n=6), que não sofreu alterações significati-vas pelo tratamento prévio (30 min) com L-NAME(10 mg/kg i.p.), confirma os resultados obtidos no mo-delo de dor em cães e reforça o aventado papel des-ses derivados tiólicos, no sistema nitrérgico, prováveisativadores dos nociceptores, tornando altamente su-gestiva a sua mediação na dor induzida pela BC, cons-tituindo a via BC-SNO. (6). Confirmando a participa-ção de receptores B2 em estímulos nociceptivos pro-vocados pela BC, a injeção prévia (10 min) dobloqueador seletivo desses receptores (HOE 140 - 400µg/kg i.p.) causou uma queda significativa da Fos-IRinduzida por 10 µg de BC (p<0,001 n=4). (7) A aplicacãoprévia (30 min) do captopril (1 mg/kg i.p.), inibidor dacininase II inativadora da BC, potencializou de formasignificativa (p<0,001 - n=5) os efeitos induzidos por 3µg de BC. Assinale-se que sendo a cininase II a propriaenzima conversora das angiotensiva (ECA), depre-ende-se o largo emprego do captopril em terapêuticaantihipertensiva e, portanto, o seu uso deverá serreavaliado caso se demonstre o envolvimento da viaBC-SNO nos processos dolorosos do segmento

cefálico pois, nesta eventualidade, além da freqüentetosse seca e do raro angioneurótico, conhecidos efei-tos adversos da terapêutica com os inibidores da ECA,diretamente relacionados com o aumento da BC noplasma e nos tecidos, deverão ser também considera-dos, nos pacientes hipertensos e geneticamente pre-dispostos às cefaléias primárias, eventuais efeitos do-lorosos do segmento cefálico. (8) Tal possibilidade tor-nou-se altamente sugestiva ao demonstrarmos a ca-pacidade de o HOE 140 (400 µg/kg i.p.) reduziu deforma significativa (p< 0,05 - n=3) a FosIR induzidapelo estimulo elétrico do SSS, indicando a via BC-SNOna gênese desse estímulo nociceptiovo, com possíveisimplicações na fisiopatologia e terapêutica das cefa-léias primárias. Havendo sido demonstrado que o em-prego do HOE 140 em ensaios clínicos, visando a suaeficácia em afecções do trato respiratório envolvendoa BC como agente causal, não ter apresentado efeitoscolaterais importantes (Akbary et al., 1996), torna-sesugestivo o seu ensaio clínico como uma nova alterna-tiva terapêutica para o tratamento das cefaléias deorigem vascular.

do maior número possível de dados, foram consulta-dos os prontuários das crianças (nascimento e segui-mento) e mães (pré-natal), na Rede Pública de Saúde- Postos de Saúde, Hospital de Batatais e Hospital dasClínicas de Ribeirão Preto. Para a elaboração do diag-nóstico etiológico, foram também obtidos dados de ava-liação do Serviço de Pediatria da APAE e do Progra-ma de Residência de Genética Médica do Hospital dasClínicas de Ribeirão Preto, em estágio curricular naAPAE. Inicialmente, as 73 crianças foram subdividi-das em grupos a partir dos achados ao exame clínico:Distúrbios motores (30%); Dismorfias ou Malforma-ções (26%); Desnutrição (15%); Macrocefalia (11%);Microcefalia (10%) e Retardo do DesenvolvimentoNeuromotor sem outros sinais (8%). Procedeu-se, aseguir, à identificação, em cada grupo, dos fatores derisco, antecedentes e exames subsidiários. A partir dasinformações obtidas, foi possível elucidar os fatorescausais em 64% do total de crianças, sendo 37% decausas ambientais, 23% genéticas, 3% provavelmen-te genéticas e 1% multifatoriais. Evidenciou-se que:1- ainda são relevantes em nosso meio fatores ambi-entais que levam à encefalopatia hipóxico-isquêmica

Luiza Helena Acerbi CaranOrientadora:Profa.Dra.Carolina A. R. FunayamaDissertação de Mestrado apresentada em 28/11/2002

O conhecimento, em nível regional, das causasque levam as crianças a um Programa de EstimulaçãoPrecoce, permite o estudo dos fatores de risco edireciona metas locais de prevenção de deficiências.Com o intuito de obter este conhecimento, foram ava-liadas, no período de setembro de 1999 a junho de 2001,73 crianças de 1 a 47 meses de idade, em atendimentono projeto “Estimulação Precoce” na Associação dosPais e Amigos dos Excepcionais (APAE) de Batatais,cidade do interior do estado de São Paulo. Foi utilizadoum protocolo de atendimento médico neurológico ini-cial, previamente elaborado pela autora, aplicado comorotina de primeira consulta em todos os pacientes en-caminhados à instituição, com quesitos como fatoresde risco maternos, gestacionais e perinatais e inter-corrências clínicas subseqüentes, além de dados dedesenvolvimento neuromotor, antecedentes familiares,exame clínico e exames subsidiários. Para a obtenção

SOBRE O DIAGNÓSTICO DE CRIANÇAS SEGUIDAS EM UM PROJETO “ESTIMULAÇÃOPRECOCE” ENFOQUE NOS FATORES DE RISCO E PREVENÇÃO

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e infartos cerebrais no feto ou neonato, com conse-qüente paralisia cerebral; e também à desnutrição comocausa de atraso no desenvolvimento; 2- a alta taxa decontribuição dos dados colhidos para o diagnóstico eanálise dos fatores de risco foi indicativa daaplicabilidade do protocolo de avaliação proposto; en-tretanto, conclui-se, que o protocolo precisa fazer par-

te de uma avaliação continuada. Propõe-se que as in-formações tenham um fluxograma pré-determinado,permitindo seguimento eficaz desde a pré-concepção,com documentação informatizada e acessível, comvistas a este seguimento por todas as equipes de saú-de ou profissionais individualmente por onde passa acriança, a mãe e a família.

OFTALMOLOGIA

DESCOMPRESSÃO ORBITÁRIA NA ORBITOPATIA DE GRAVES: COMPARAÇÃO ENTRE TRÊSTÉCNICAS CIRÚRGICAS

Valmor Rios LemeOrientador: Prof.Dr.Antonio Augusto Velasco e CruzTese de Doutorado apresentada em 09/08/2002

Foram estudadas 112 órbitas, de 63 pacientessubmetidos à descompressão orbitária. Três modali-dades descompressivas foram utilizadas: a descom-pressão D1 combinava a retirada da parede lateral àdescompressão D2, que era o acesso transconjuntivalínfero-medial. A descompressão D3 abordava as pa-redes medial, teto e assoalho por via coronal.

Dos pacientes que apresentavam neuropatiaóptica no pré-operatório, 70% melhoraram a funçãovisual independente da técnica utilizada. O efeitodescompressivo médio obtido com D2 foi de 4,37mm.Quando combinada à retirada da parede lateral D1,esse efeito foi acrescido de 0,36mm, valor estatistica-mente não significativo. Na descompressão D3, o efei-to descompressivo médio foi de 5,76mm, estatistica-mente diferente do das outras duas.

As três técnicas mostraram-se eficazes e se-guras, sendo que a técnica D2 demonstrou ser a demelhor relação custo/beneficio.

Marauiá, localizado nas proximidades da região do AltoRio Negro. As faixas etárias foram divididas em 3categorias (crianças, adultos e idosos). O tracoma semostrou endêmico em todas as comunidades visita-das. De modo geral, 30,3% dos indivíduos apresenta-vam tracoma. As mulheres foram significativamentemais afetadas (37,4%) que os homens (23,9%). Asformas de tracoma inflamatório alcançaram prevalên-cia de 24,9% em crianças e a forma cicatricial alcan-çou 13,9% entre os adultos e 35,21% entre os idosos.Triquíase e opacidades corneanas não foram detecta-das. A observação de tracoma endêmico entre osYanomami é um fator relevante para se entender aepidemiologia da doença na floresta tropical brasileirae demonstra a necessidade de um programa de con-trole de tracoma nessa região.

Jayter Silva de PaulaOrientador:Prof.Dr.Antonio Augusto Velasco e CruzTese de Doutorado apresentada em 01/11/2002

Os Yanomami constituem um dos últimos gru-pos indígenas primitivos do Brasil. Eles passaram ater, apenas ultimamente, algum contato com outras cul-turas, sendo que aspectos epidemiológicos de doençasoculares entre os Yanomami são virtualemnte desco-nhecidos. Um estudo de tracoma foi realizado, pelaprimeira vez, entre índios Yanomami da floresta tropi-cal do estado do Amazonas, próximo à divisa com aVenezuela. Exames oftalmológicos foram realizadosnum total de 613 indivíduos (338 homens e 275 mulhe-res) de oito comunidades Yanomami ao longo do Rio

TRACOMA EM ÍNDIOS YANOMAMI DO MÉDIO RIO NEGRO

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

Maria Cristina Nanako KobayashiOrientador: Prof. Dr. Harley Edison Amaral BicasTese de Doutorado apresentada em 08/11/2002

A torção ocular tem sido alvo de pesquisa porcerca de dois séculos, entretanto, sem um método queconsiga quantificá-la facilmente. Os métodos descri-tos deparam-se com falhas técnicas. O estudo des-creve método desenvolvido para quantificar objetiva-mente o desvio torcional em estrabismos. Desenvolvi-do sistema para captura de imagem pelo alinhamentodos eixos ântero-posterior ocular e da câmera comauxílio de mentoneira, apoio de testa e fixador de ca-beça. Foram analisadas imagens “digitalizadas”, cujaboa definição foi possibilitada por uma lente macrobje-tiva de 100mm, em posição primária do olhar e em

ANÁLISE DE UMA TÉCNICA DE MEDIDA OBJETIVA DA TORÇÃO OCULAR

posição de desvio, com o sistema reproduzindo o mes-mo movimento sofrido pelo olho. Avaliados pacientescom desvio horizontal comparados a pacientes nor-mais, cujos olhos efetuaram movimentos de abduçãoe/ou adução sem inclinação de cabeça. A medida dapossível torção foi realizada por meio de dois pontosfixos escolhidos arbitrariamente na superficie ocular,próximos ao limbo corneal de cada paciente; a dife-rença da posição da linha formada entre esses doispontos corresponde ao valor da torção. A variação doerro do método é de 2,42% a 3,97%, logo, pode serreproduzido e para se conseguir uma torção com pre-cisão de 1º o número de medidas necessárias para cadapaciente é de 1,58 a 5,48; o valor de torção quantificadafoi da ordem de 12º em estrábicos e em pessoas nor-mais, sendo que se verifica intorção e a extorção tantono olho direito quanto no esquerdo.

ORTOPEDIA, TRAUMATOLOGIA E REABILITAÇÃO

ESTUDO RETROSPECTIVO DOS TRAUMATISMOS DE MÃOS E DEDOS ATENDIDOS NOHOSPITAL DAS CLÍNICAS DA FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO NO ANODE 2000

Marisa de Cássia Registro FonsecaOrientador: Prof. Dr. Nilton MazzerTese de Doutorado apresentada em 17/12/2002

Um estudo retrospectivo foi realizado com pa-cientes que deram entrada na Unidade de Emergên-cia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Brasil,num período de janeiro a dezembro de 2000, com le-sões traumáticas nas mãos. O objetivo foi descrever adistribuição dos dados dessa população de pacientes epropor a formulação de uma campanha de prevençãode acidentes com as mãos. O estudo epidemiológicofoi realizado mediante investigação feita nos prontuá-rios médicos desses pacientes. Um sistema de pro-cessamento de texto, banco de dados e estatística paraepidemiologia em microcomputadores EPI INFO 6,04Dfoi usado para armazenar e analisar as informações.Os resultados revelaram que, em uma amostra aleató-ria simples de 355 pacientes investigados, a idade mé-

dia foi 27,3±16,7 anos, variando entre 1 mês até 88anos. A mão dominante não foi informada na maioriados prontuários. Estudantes (28%) e profissionais quelidam com máquinas e ferramentas (24%) foram asatividades mais acometidas. As mãos direita e esquerdaforam lesadas quase igualmente. A incidência de le-sões isoladas foi 73,2%. Acidentes de trânsito elacerações com vidro e serras foram as causas maiscomuns das lesões, acarretando freqüentes diagnósti-cos de fraturas (33%) e lesões tendinosas (20,3%).As crianças do sexo masculino sofreram freqüentesfraturas (28,6%) e as crianças do sexo feminino so-freram freqüentes queimaduras (28,6%). Conclui-seque a incidência das lesões traumáticas das mãos éalta, e a redução desse tipo de acidente pode aconte-cer com um resultado de um processo de educação,envolvendo a população, profissionais da saúde, edu-cadores, representantes de entidades e governo emprogramas de prevenção.

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SÍNDROME DO IMPACTO DO OMBRO. ANÁLISE CRÍTICA DA DESCOMPRESSÃOSUBACROMIAL ENDOSCÓPICA

Dagoberto de Oliveira CamposOrientador: Prof. Dr. Cláudio Henrique BarbieriTese de Doutorado apresentada em 18/12/2002

A descompressão subacromial endoscópicaapresenta-se como alternativa ao tratamento cirúrgi-co aberto convencional da síndrome do impacto. Oobjetivo deste trabalho foi realizar um estudo críticoda técnica endoscópica visando analisá-la como for-ma de tratamento, avaliar prospectivamente os re-sultados obtidos e, investigar as condições potencial-mente capazes de influenciar nos resultados. Reali-zou-se a descompressão endoscópica do manguitorotador em 42 pacientes (43 ombros), os quais foramavaliados clinicamente nas fases pré e pós-operató-rias, assim como submetidos ao tratamento cirúrgi-co, exclusivamente pelo autor deste estudo. Os cri-térios iniciais para a exclusão de pacientes consisti-ram na coexistência de rupturas completas do man-guito rotador ou do tendão da porção longa do bí-ceps, de instabilidade glenoumeral e de capsulite ade-siva. Os pacientes foram divididos em 3 grupos, con-forme o tipo de atividade desempenhada. O grupo Iera constituído por 17 pacientes, cujas atividades pro-fissionais exigiam o uso do braço predominantemen-te acima do nível do horizonte; o grupo II, por 15pacientes (16 ombros), cujas funções eram predomi-

nantemente abaixo do nível do horizonte; e o grupo III,formado por 10 pacientes que executavam apenas ati-vidades cotidianas, sem vínculo empregatício. O testeda injeção de anestésico de Neer, realizado na fase pré-operatória em todos os pacientes, revelou ser importan-te no prognóstico dos resultados obtidos. A descom-pressão subacromial endoscópica apesar de eficientecomo método de tratamento, demonstrou complexida-de na sua implementação. A possibilidade de inventariaro espaço articular confere a ela condições exclusivasem relação aos procedimentos restritos ao espaçosubacromial. A avaliação dos resultados foi realizadacom base no protocolo de pontuação da Universidadeda Califórnia (UCLA), cuja variação total média entreas fases pré e pós-operatórias revelou diferença alta-mente significante, corroborado sujetivamente por umelevado índice de satisfação individual. Odesbridamento das lesões parciais do manguito rotador,em pacientes com atividades que não exigem esforçosacima do nível do horizonte, mostrou-se eficaz comoforma de tratamento. A avaliação dos resultados reve-lou que o período de tempo para o retorno pleno àsatividades pessoais e profissionais mostrou-se prolon-gado. Conclui-se que a descompressão endoscópica domanguito rotador, embora tecnicamente complexa, éuma alternativa confiável e aprimorada para o trata-mento da síndrome do impacto.

cedimento pode provocar complicações, imediatas outardias, nos pacientes a ela submetidos.

Neste trabalho, foi testado um instrumento cirúr-gico para realizar a cricotireoidostomia. Esse instrumen-to, o cricotireóstomo, consiste em um tubo metálico, ci-líndrico e curvo, com uma haste horizontal e um mandrilde ponta cortante.

Assim construído, foi usado em seis pacientes emiminente risco de morte. A experiência mostrou que omodelo inicial do cricotireóstomo era limitado e neces-

Guido Antonio Marques BighettiOrientador: Prof. Dr. Rui Celso Martins MamedeDissertação de Mestrado apresentada em 25/10/2002

A cricotireoidostomia tem se mostrado um mé-todo cirúrgico eficiente nas emergências médicas,quando o suporte ventilatório se impõe como medidaextrema para preservar a vida.

A falta de um instrumento adequado ao pro-

OTORRINOLARINGOLOGIA

CRICOTIREOIDOSTOMIA:AVALIAÇÃO DE UM INSTRUMENTO CIRÚRGICO

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sitava de adaptações. Foram feitas então algumas mo-dificações, como o fechamento do orifício acessóriode ventilação, o aumento do comprimento e da super-fície de corte da extremidade distal do tubo e do mandrile o uso da sonda de Foley como alternativa para impe-dir, quando necessário, a entrada de sangue no condu-to laringotraqueal.

Um instrumento adequado pode diminuir signi-

ficativamente as complicações imediatas da cricoti-reoidostomia (sangramento, falso trajeto, lesão dasparedes laríngeas), tão comuns quando se usa bisturiou faca.

O modelo final do cricotireóstomo mostrou-secapaz de, ao penetrar na laringe, promover a ventila-ção do paciente até mesmo na ocorrência de sangra-mento.

PATOLOGIA

ASSOCIAÇÃO ENTRE INFECÇÃO VIRAL PELO EPSTEIN-BARR E EXPRESSÃO DE P63 eP53 NO CARCINOMA MAMÁRIO

Alfredo Ribeiro da SilvaOrientador: Prof. Dr. Sérgio ZucolotoTese de Doutorado apresentada em 23/08/2002

Recentemente verificou-se correlação entre in-fecção viral pelo Epstein-Barr (EBV) e o desenvolvi-mento do carcinoma mamário, mas o mecanismo peloqual isso ocorre não está claro. O gene p63 é um aná-logo do gene supressor tumoral p53 cujo papel nasneoplasias necessita ser melhor investigado. Este tra-balho tem por objetivo verificar a possível associaçãodo EBV com o p63 e p53, assim como a relação dop63 com o p53, no carcinoma mamário. Oitenta e cin-co carcinomas mamários foram submetidos ao méto-do imuno-histoquímico com os anticorpos anti-EBV-EBNA1, anti-p63, anti-actina muscular (1A4), anti-p53,anti-receptor de estrógeno (RE) e anti-receptor de pro-gesterona (RP). Os carcinomas positivos para o p63também foram submetidos à dupla marcação imuno-histoquímica utilizando-se o p63 com o 1A4, citocera-tina 7 (CK7) e 34ßE12. Os dados clinicos e histopa-tológicos foram obtidos dos prontuários médicos (ida-de, menopausa, estadiamento patológico, tamanhotumoral e acometimento linfonodal). O p63, assimcomo o 1A4, marcou uma camada única de céulascircundando os ductos e ácinos de tecido mamárionormal. No carcinoma intraductal o p63 mostroupositividade contínua em apenas 5 dos 12 casos ava-liados. Nos carcinomas, o EBV e p53 foram expres-sos em 37,64% e 21,17% dos casos, respectivamente,enquanto o p63 foi expresso apenas em carcinomas

pouco diferenciados (11,76% do total). Houve corre-lação entre a expressão do EBV e do p63 (p 0,0005),mas não entre o EBV e o p53 (p 0,1018). Apenas umdos carcinomas positivos para o p63 co-expressou p53.As células neoplásicas positivas para o p63 co-expres-saram o 1A4 e o 34ßE12, mas não a CK7. Houvecorrelação do EBV com tipo histológico, sendo maisfreqüente no carcinoma ductal pouco diferenciado. Op63 correlacionou-se com o estadiamento patológico,tamanho tumoral, grau histológico, acometimentolinfonodal e negatividade para RE. Concluindo, existecorrelação entre a expressão do EBV e do p63, masnão do p53, no carcinoma mamário. O p63 marca es-pecificamente as células mioepiteliais no tecido ma-mário normal, mas não pode ser usado como um mar-cador confiável para detectar micro-invasão nos car-cinomas intra-ductais. O p63 raramento é expressoem carcinomas invasores, sendo um marcador deindiferenciação tumoral. Nos carcinomas ductais, ascélulas malignas positivas para o p63 possuemimunofenotipo semelhante às células mioepiteliais, su-gerindo que os tumores positivos para o p63 se origi-nam de células progenitoras mamárias primárias quesofrem diferenciação divergente para células ductaise mioepiteliais durante a expansão clonal. Os dadosdo presente estudo não favorecem um papel direto dop63 na tumorigênese mamária. Entretanto, o p53 rara-mente é co-expresso com o p63, sugerindo que o p63possa atuar indiretamente como um oncogene por ini-bir o p53. Essa hipótese também poderia explicar por-que o p63 correlacionou-se com vários fatores de mauprognóstico.

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Camila Nunes de Morais RibeiroOrientador: Prof. Dr. Luiz Cesar PeresDissertação de Mestrado apresentada em 26/07/2002

As anomalias congênitas estão presentes emcerca de 30% das necropsias pediátricas realizadasno HCFMRP-USP e já representam a primeira causade morte pós-neonatal na cidade de Ribeirão Preto,constituindo-se em um verdadeiro problema de saúdepública. A definição diagnóstica destes casos, funda-mental para permitir ações no âmbito médico-hospita-lar bem como das políticas do setor, é muitas vezesdifícil, motivo pelo qual diferentes tipos de investiga-ção devem ser utilizados. Um destes recursos é a análisedo DNA, seja por PCR ou outras técnicas molecula-res, que pode ser obtido de diferentes fontes e formasde fixação. No entanto, várias dificuldades surgemquando se utilizam tecidos fixados rotineiramente emformol, incluidos ou não em parafina, que se constitu-em nas formas mais comuns de tecidos disponíveispara exame nos Departamentos de Patologia. O obje-tivo do presente trabalho foi desenvolver um protocolosimplificado e de baixo custo para a coleta e fixaçãode células oriundas de tecido hepático de necropsiaspediátricas com o intuito de se determinar se o DNAextraído apresentava-se em quantidade e qualidadeadequadas, contornando os problemas da fixação emformol ou inclusão em parafina. Para tanto, foram co-lhidos imprints (grupos I) e raspados (grupos R) defígado de 15 casos de necropsias pediátricas fixadosem etanol 95% (grupos 195 e R95) , por dez minutos e

em metanol:ácido acético (3:1), por 45 segundos (gru-pos IMA e RMA). O material obtido de uma únicalâmina de cada caso dos quatro grupos foi submetidoà extração de DNA com Wizard® Genomic DNAPurification Kit, Promega, que foi quantificado. Pos-teriormente, o DNA de cinco casos de cada grupo foisubmetidos à amplificação por PCR multiplex do geneAZF. Os resultados mostraram que houve grande va-riação da quantidade de DNA extraído em todos osgrupos, de 20 ng/µL a 8 640 ng/µL, com media de1071,33 ng/µL para o grupo I95, 717 ng/µL para IMA,4127,33 ng/µL para R95 e 1774 ng/µL para RMA. Ana-lise estatística não paramétricas de Kruskal Wallisapontou diferença estatisticamente significante entreeles, sendo que o melhor foi o raspado fixado em etanol95%. No entanto, a média de todos os grupos foi su-perior à quantidade necessária para PCR ou SouthernBlot. Da mesma forma, não houve diferenças qualita-tivas avaliadas pela amplificação por PCR entre osdiferentes materiais e fixadores. Conclui-se que, ape-sar dos raspados fixados em etanol 95% serem com-parativamente melhores do que os outros, os imprintsfixados em etanol 95% também são uma boa fonte deDNA, apresentando maiores facilidades de fixaçãodo que os raspados. Os imprints permitem ainda a ava-liação citológica e FISH pela não superposição de cé-lulas, sendo portanto uma fonte mais versátil do que osraspados. Desta forma, os imprints de fígado fixadosem etanol 95% deverão ser incorporados ao protocolode investigação de anomalias congênita humanas noHCFMRP-USP.

RADICAIS LIVRES, GLUTATIONA E ALFA TOCOFEROL NO FÍGADO E NA MUSCULATURAESQUELÉTICA, APÓS ESFORÇO FÍSICO AGUDO EM RATOS SEDENTÁRIOS

na indução de alguns processos celulares adaptativos.No presente estudo, objetivou-se analisar as

concentrações médias de MDA, de glutationa reduzi-da (GSH) e de vitamina E, no fígado e no músculoesquelético de ratos sedentários, submetidos ao es-forço físico agudo realizado em água, com duração de50' e 100', sob as intensidades baixa, média e alta,respectivamente relativas às sobrecargas corpóreas(SCC) de 0%, 3% e 5% do peso corporal. Para tanto,foram utilizados 38 ratos machos da raça Wistar, divi-didos nos grupos A (esforço físico por 50'), B (esfor-ço físico por 100') e C (grupo controle). Os grupos Ae B foram subdivididos em I, II e III representando

EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DE DNA DE CÉLULAS OBTIDAS POR IMPRINTS E RASPA-DOS DE FÍGADO

José Alexandre BachurOrientador: Prof. Dr. Sérgio ZucolotoDissertação de Mestrado apresentada em 07/10/2002

No estresse oxidativo, resultante do desequilibrioentre os radicais livres (RL) gerados e a capacidadedos sistemas antioxidantes, o nível da PeroxidaçãoLipidica (PL), avaliada pela concentração de malon-dealdeído (MDA), geralmente é maior, podendo com-prometer a integridade celular. Embora alguns estu-dos sugiram que os RL, sejam deletérios às estruturascelulares, outros atribuem a estes radicais a proprie-dade de atuarem inicialmente como elementos chaves

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respectivamente as intensidades baixa, média e alta.Os animais foram sacrificados sob anestesia induzidapelo éter sulfúrico, com a subsequente retirada de frag-mentos de figado e de músculo gastrocnêmio paraestudos morfológicos e bioquímicos através da dosa-gem das concentrações de MDA, GSH e vitamina E.

À microscopia óptica, não houve lesões dignasde nota no fígado e no músculo esquelético. Porém,observou-se no fígado que, independentemente dasobrecarga corpórea que, a PL é maior aos 50' emrelação ao grupo controle e ao período de 100'. Nomúsculo gastrocnêmio, a PL também foi maior aos50' em todas as intensidades. Aos 100', com 3% deSCC a PL manteve-se semelhante ao grupo controleenquanto que, nas situações onde o esforço físico foirealizado sem SCC ou com 5% de SCC, a PL foimaior. Houve consumo maior de GSH aos 50’ tantono fígado quanto no músculo esquelético. Aos 100',nas três diferentes intensidades, as concentrações

médias de GSH no fígado, mantiveram-se semelhan-tes a do grupo controle. No músculo gastrocnêmio, oconsumo de GSH manteve-se maior ao longo dos 100',somente no esforço de baixa intensidade. O consumode vitamina E no fígado foi maior nas situações demédia e alta intensidades aos 50' e aos 100'. No mús-culo gastrocnêmio, foi maior somente nas situaçõesde média e alta intensidades aos 100'.

Estes dados permitem, concluir que, os primei-ros 50' de esforço físico agudo, independentementeda intensidade de sua realizaçao, se caracteriza comoum período crítico devido ao intenso stresse oxidativo,tanto no fígado quanto no músculo esquelético. Nes-tes tecidos, os sistemas antioxidantes atuam de ma-neira sinérgica, sendo o GSH primário em relação àvitamina E. A correlação deste sinergismo antioxidantea intensidade e duração do esforço fisico realizado,sugere que, os RL gerados possam agir comosinalizadores dos sistemas biológicos.

são de bcl-2, dos receptores hormonais para estrógeno(RE) e progesterona (RP) e da proteína ki-67. Foi pos-sível apreciar uma clara diferença na frequencia decorpos apoptóticos (p < 0.0001) para adenocarcinomaem comparação com as outras alterações benignas(teste de Kruskall-Wallis). Uma correlação inversaentre bcl-2 e apoptose pode ser demonstrada em rela-ção às doenças proliferativas benignas e malignas. Ograu mais alto de expressão de ki-67 foi detectado nahiperplasia simples, assim como a expressão do bcl-2e receptores para estrógeno e progesterona. A quan-tidade de receptores esteróides nos adenocarcinomasfoi a mais baixa de todas, e também foram os maisbaixos, nestas lesões, os valores de expressão de ki-67 e bcl-2. A contagem de mitose não foi significantepara separação entre lesões benignas e malignas, nes-te material. No entanto, houve uma indicação de que acontagem de corpos apoptóticos pode ser utilizada comoelemento de diferenciação entre estes grupos de le-sões. Os dados não são conclusivos, mas representamhipóteses que podem ser averiguadas em estudossubsequentes, com maior amostragem. Portanto, podeser interessante orientar os patologistas cirúrgicos acomeçar a olhar para a apoptose como uma nova armano diagnóstico diferencial do endométrio, como temsido mostrado para outros órgãos e tecidos.

Margarida Maria Fernandes da Silva MoraesOrientador: Prof. Dr. Edson Garcia SoaresDissertação de Mestrado apresentada em 28/10/2002

Com o objetivo de apreciar o valor da conta-gem de mitoses e corpos apoptóticos em condiçõesendometriais de proliferação epitelial benígnas emalígnas, foram selecionadas 87 pacientes com esta-dos de proliferação endometrial que variavam desde onormal até adenocarcinoma endometrioide bem dife-renciado (grau I). As idades variaram de 23 a 89 anos(média de 52,40 anos).

Os casos foram assim distribuidos: 14 casos deendométrios normais, 12 de disfuncionais, 10 hiperpla-sia simples, 13 de adenocarcinoma bem-diferenciadoendometróide e 38 casos de polipos endometriais sematipia. A distribuição normal, para todas as circuns-tâncias, foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov.Os testes paramétricos foram usados em condiçõesde distribuição normal e os não paramétricos (Kruska-Wallis, Wilcoxon e Mann-Whitney) para as condiçõescom distribuição que diferia da normal.

A contagem de mitoses e corpos apoptóticosfoi feita em 1000 células, em 10 campos de grandeaumento (400x). Da mesma maiera foram estudadasas situações de imunomarcação em relação à expres-

MITOSE E APOPTOSE EM ESTADOS PROLIFERATIVOS ENDOMETRIAIS COM AVALIAÇÃO IMUNOHISTOQUÍMICA PARA B CL2, KI 67 E RECEPTORES DE ESTRÓGENO EPROGESTERONA

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DETERMINAÇÃO DE UM PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO DE ANOMALIAS CONGÊNITASATRAVÉS DA HIBRIDAÇÃO IN SITU FLUORESCENTE (FISH) EM IMPRINTS CELULARESDE FÍGADO

busca de um novo método de análise celular adequadoe de baixo custo, representado pelo uso de touchpreparatives ou imprints. O objetivo deste trabalhofoi determinar um protocolo simplificado e de baixocusto para a investigação de anomalias congênitas noexame post mortem, através da técnica de FISH, emimprints celulares de fígado. Para tanto, foram colhi-dos imprints de 11 casos de necropsias, fixados emdois diferentes fixadores: metanol-ácido acético (3:1),por 45 segundos, e etanol 95% por 10 minutos. Antesde proceder à técnica de FISH, foi realizado um pré-tratamento com ácido-acético a 70%, por 2 minutos.A técnica de FISH foi realizada utilizando-se sondasalfa-centroméricas dos cromossomos 13/21, 18 e X.Os resultados mostraram que a utilização dos imprintsde fígado para a técnica de FISH foi adequada, nãohavendo diferenças em relação ao sexo, idade e tem-po de morte dos indivíduos. Além disso, os imprintssão fáceis e rápidos de serem coletados e fixados, apre-sentando núcleos em número suficiente para a análiseinterfásica, separados, íntegros e em monocamada, oque propiciou uma análise relativamente rápida e bas-tante confiável. Quanto aos fixadores, não houve dife-rença entre os dois utilizados.

Portanto, o emprego de imprints de fígado fi-xados em etanol 95% constitui uma forma de prepara-ção celular adequada para análise citogenética mole-cular (FIS) e tal protocolo poderá ser adotado na investi-gação de anomalias congênitas no exame post mortempelo Departamento de Patologia da FMRP-USP

Patricia Leite de Godoi AdachiOrientador: Prof. Dr. Luiz Cesar PeresDissertação de Mestrado apresentada em 05/12/2002

A freqüência de anomalias congênitas comocausa de mortalidade infantil tende a crescer propor-cionalmente, na medida em que as causas de morteevitáveis, tais como prematuridade e suas conseqüên-cias, infecções e desnutrição, podem ser melhor con-troladas em função da melhoria geral da saúde da po-pulação e do próprio sistema de saúde. No Hospitaldas Clínicas da Faculdade de Medicina de RibeirãoPreto, as anomalias congênitas representam cerca deum quarto dos casos das necropsias pediátricas, sen-do que muitas não têm sua etiologia definida com osrecursos disponíveis, pois a cultura celular para a aná-lise de cariótipo, apesar de ter grande valia para oestudo das anomalias congênitas, nem sempre tem su-cesso, ora porque os tecidos não são mais cultiváveis,ora por contaminação bacteriana ou fúngica. Por ou-tro lado, muitas vezes a citogenética convencional nãoé capaz de detectar certas alterações estruturais, comoas microdeleções, que devem então ser investigadascom técnicas moleculares. Uma das possibilidades nes-te sentido é a utilização da Hibridação in situ fluores-cente (Fluorescent in situ hybridization – FISH), quepode ser realizada tanto em células em metáfase comoem interfase. Apesar de tecnicamente possível, a uti-lização de tecidos fixados em formol e emblocadosem parafina tem muitas limitações, o que motivou a

PEDIATRIA

ESTUDO DA VELOCIDADE DE CRESCIMENTO E CONCENTRAÇÕES SÉRICAS DE FATOR DECRESCIMENTO INSULINA-SÍMILE (IGF-I) E DA PROTEÍNA CARREADORA DE IGF (IGFBP)-3EM PACIENTES COM DEFICIÊNCIA DE HORMÔNIO DE CRESCIMENTO EM REPOSIÇÃOHORMONAL

Renata Ribeiro de MoraesOrientador Prof. Dr. Carlos Eduardo Martinelli Jr.Dissertação de Mestrado apresentada em 22/07/2002

Durante a puberdade ocorre aumento da secre-ção do hormônio de crescimento (GH), com conse-qüente aceleração da velocidade de crescimento e das

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concentrações de IGF-I e IGFBP-3. Acredita-se queo aumento de secreção de GH se deva à ação deesteróides sexuais e que o aumento de IGF-I seja se-cundário, principalmente, à alteração na secreção deGH. O tratamento com GH recombinante proporcio-nou melhora importante da estatura final dos pacien-tes com deficiência de GH. Atualmente utiliza-se adose de 0,1 U/kg/dia, independente da idade ou está-gio puberal do paciente. Desta forma não se mimetizao aumento fisiológico de GH que ocorre na puberda-de. Este estudo teve como objetivo avaliar se a dosede reposição de rhGH atualmente utilizada seria sufi-ciente para proporcionar aos pacientes com DGHvelocidade de crescimento e concentrações séricasde IGF-1 e IGFBP-3 semelhantes as de indivíduosnormais no mesmo estágio puberal.

Avaliou-se a velocidade de crescimento, está-gio puberal e concentrações séricas de IGF-I e IGFBP-3 em 34 pacientes com DGH em reposição com rhGH(40 avaliações-período). Os pacientes foram divididosde acordo com o estágio puberal: 15 eram pré-púberes(G1), 10 em puberdade inicial (G2/G3), e 15 em pu-berdade tardia (PT). O grupo PT foi subdividido emsubgrupos G4 (5 avaliações-período) e G5 (10 avalia-ções-período). Foram calculados os escores de desviopadrão (EDP) da velocidade de crescimento (EDPVC), do IGF-I (EDP IGF-I) e da IGFBP-3 (EDPIGFBP-3) em relação à idade cronológica (IC), idadeóssea (IO) e idade estimada para o estágio puberal (EP).

A velocidade de crescimento analisada para oestágio puberal (EDP VC EP) foi nos pacientes pré-puberes igual a 1,09 ± 2,88; 2,20 ± 3,21 nos pacientesem puberdade inicial e ¬4,28 ± 1,69 nos em estágios

puberais tardios, havendo diferença entre o grupo PTe os demais. Considerando-se o EDP VC IO, o me-nor valor foi observado no subgrupo G4 (- 4,27 ± 3,17)havendo diferença significativa entre este e os demaisgrupos.

As concentrações séricas de IGF-I dos pacien-tes quando comparada aos controles em estágiopuberal semelhante foi menor nos grupos G2/G3 (154,8± 101,1 vs. 328,1 ± 108,1 µg/L) e PT (344,2 ± 220,1vs. 443,1 ± 57,04 µg/L). Considerando-se apenas osubgrupo G4 o valor medio de IGF-I foi 190,6 ± 165,7ng/ml para os pacientes e 453,8 ± 26,72 µg/L para oscontroles. O grupo G2/G3 e subgrupo G4 apresentamtambem menor EDP IGF-I IO (-0,91 ± 0,95 e -1,87 ±1,12, respectivamente) que os demais grupos. As con-centrações séricas de IGFBP-3 foram menores queàs dos controles em todos os estágios puberais querconsiderando-se os valores absolutos quer o EDP IC.Entretanto, não foi observada diferença significativaentre a relação molar IGF-I/IGFBP-3 entre pacientese controle nos diferentes estágios puberais.

A observação de menor VC coincidente comconcentrações mais baixas de IGF-I em determina-das fases da puberdade sugere que as concentraçõesde IGF-I refletem melhor que a relação molar IGF-I/IGFBP-3 o fenômeno que se processa ao nível da car-tilagem de crescimento. Nossos dados permitem con-cluir que os pacientes com DGH em reposição com adose usual de rhGH não alcançam velocidade de cres-cimento e concentrações séricas de IGF-I e IGFBP-3semelhantes às da população normal durante a puber-dade, sugerindo que a dose de rhGH deva ser tituladaindividualmente principalmente durante a puberdade.

Vanderléia Bárbaro ValenteOrientador: Prof. Dr. Afonso Dinis Costa PassosDissertação de Mestrado apresentada em 18/12/2002

Este estudo, que envolveu todos os doadores desangue (25.891) que compareceram pela primeira vezao Hemocentro de Ribeirão Preto, de junho de 1996 a

junho de 2002, teve os seguintes objetivos: 1) Estudara positividade de marcadores sorológicos das hepati-tes B e C em testes da triagem dos doadores. 2) Ana-lisar o fluxo dos doadores positivos para os marcado-res das hepatites B e C ao Ambulatório de Hepatites(AH) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medi-cina de Ribeirão Preto. 3) Estimar a prevalência de

SAÚDE NA COMUNIDADE

ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO DOS MARCADORES SOROLÓGICOS DAS HEPATITES B E CENTRE OS DOADORES DE SANGUE DO HEMOCENTRO DE RIBEIRÃO PRETO, SP

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(64,0%). Predominaram as doações vinculadas(85,4%), e as maiores motivações foram solicitação eestímulo familiar ou de amigos. Os valores da preva-lência, nos testes da triagem sorológica, foram iguais a0,63% (IC95%: 0,54 - 0,72), para o HBsAG e 1,15%(IC95%

: 1,02 - 1,28), para o anti-HCV. O total de doa-dores positivos que deveriam ser avaliados no AH,sofreu uma perda de 55,5% entre os suspeitos de terhepatite B e de 58,7% entre os suspeitos de ter hepa-tite C, totalizando 266 doadores perdidos quanto aoacompanhamento. Os valores da prevalência, nos tes-tes confirmatórios, foram iguais a 0,22% (IC95%: 0,16 -0,28), para a hepatite B, e 0,31% (IC95%

:: 0,24 - 0,38),para a hepatite C. As co-positividades entre os valo-res de TGP e os marcadores de hepatites, nos testesde triagem sorológica, foram de 8,8%, para o vírus C,e de 0,5%, para o vírus B, indicando que a determina-ção dessa enzima não auxilia na seleção de doadoresem banco de sangue.

infecção atual ou pregressa pelos vírus das hepatitesB e C entre os doadores, através da análise dos resul-tados de testes confirmatórios para essas doenças. 4)Avaliar a importância da determinação da transaminaseglutâmico-pirúvica (TGP) como marcador indireto deinfecção pelos vírus das hepatites B e/ou C. Foramlevantados dados registrados no Hemocentro, no Nú-cleo de Vigilância Epidemiológica (NVE) e no AH,coletando-se informações referentes ao doador, ao tipode doação e ao resultado de teste da triagem sorológica(HBsAg, anti-HBc, anti-HCV, TGP, anti-HIV, anti-HTLV, doença de Chagas e sífilis). Foram estudadosainda: os resultados dos testes de repetição - realiza-dos no Hemocentro - dos doadores positivos para osmarcadores das hepatites B e C na triagem sorológica;o comparecimento ao NVE; e a confirmação, no AH,dos resultados para esses marcadores. A populaçãodos doadores foi composta majoritariamente por ho-mens (83,6%) e indivíduos de 26 a 45 anos de idade

SAÚDE MENTAL

INSERÇÃO DO TERAPEUTA OCUPACIONAL EM UM HOSPITAL GERAL UNIVERSITÁRIO -SUA PARTICIPAÇÃO EM UM SERVIÇO DE CONSULTORIA PSIQUIÁTRICA

Heloisa Cristina Figueiredo FrizzoOrientadora: Profa. Dra. Maria Auxiliadora CamposDissertação de Mestrado apresentada em 15/07/2002

O presente estudo objetiva resgatar a históriada implantação da assistência em Terapia Ocupacio-nal no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medici-na de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo(HCFMRP-USP) com ênfase na inserção da terapeutaocupacional no Serviço de Consultoria Psiquiátrica.Para a consecução dos objetivos propostos utilizou-sea pesquisa documental e a história oral. Os resultadosapontam que até inicio de 1998, o HCFMRP-USPcontava apenas com três vagas para terapeutasocupacionais, (psiquiatria [02], ortopedia [01]. Desdede 2000, vem contando com 15 profissionais. Esta ex-pansão pareceu decorrente e da influência da presen-ça da Terapia Ocupacional através de estagiários,aprimorandos e profissionais voluntários, nas enferma-rias e nos serviços especializados e da valorização daabordagem multidisciplinar e das competências

sugeridas pelo Sistema Único de Saúde para os hospi-tais gerais. No período contemplado por este estudo,novembro de 1996 a outubro de 1997, foram atendidasem Terapia Ocupacional pela Consultoria Psiquiátrica84 pessoas, o que correspondeu a 97 pedidos deinterconsulta (ICP) e 53% do total solicitado. Destas20,6% foram à óbito, fato este que aponta para a gra-vidade dos casos atendidos. A maioria das solicita-ções de interconsulta foi proveniente da nefrologia/UTR, neurologia, nutrologia, pediatria e ortopedia. Osprincipais motivos de ICP foram relacionados a sinto-mas psiquiátricos dos pacientes e a dificuldades viven-ciadas pela equipe e no manejo de situações. Os re-sultados são sugestivos de que havia espaço para ainserção do terapeuta ocupacional neste hospital ge-ral, embora algumas dificuldades tenham ocorrido. Suapresença amplia as possibilidades de intervenção tan-to a nível curativo como preventivo, além de otimizar aqualidade da intervenção hospitalar, o que contribui parauma assistência que contempla não apenas a doençae sim a pessoa em sua totalidade.

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

mitem manipulação do nível de processamento das in-formações por ocasião da fase de aprendizagem), datradução/adaptação das instruções originais para o por-tuguês e da aplicação do material em voluntários sãose pacientes com esquizofrenia. A manipulação do ní-vel de processamento de informações consistiu em so-licitar, na fase de aprendizagem, que o sujeito formas-se frases ou contasse as letras das palavras apresen-tadas. O efeito nível de processamento é fenômenobem documentado em voluntários sãos. Sua expres-são, no presente estudo, seria maior rememoração cons-ciente (avaliada por resposta “eu me lembro”) para aspalavras para as quais se solicitou que se formassefrases do que para as quais se pediu que contassem asletras. Além disso, não deveria haver mudança dignade nota na proporção de reconhecimentos baseadosem sentimento de familiaridade (avaliado pelas respos-tas “eu sei”). O procedimento foi aplicado primeira-mente em seis voluntários sãos, nos quais reproduziu-se nitidamente o efeito nível de processamento. Numsegundo momento, foi aplicado em seis pacientes comesquizofrenia, que compreenderam perfeitamente asinstruções e foram capazes de realizá-lo com solicita-do. Neles também evidenciou-se o efeito nível deprocessamento.

Os resultados indicam que o método adaptadopara o português é passível de utilização, inclusive empacientes com esquizofrenia, permitindo assim o estu-do das alterações de memória associadas a este trans-torno mental.

Marcos Aurélio Martins RibeiroOrientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Bechelli HetemDissertação de Mestrado apresentada em 29/11/2002

A memória, função cognitiva que não apenasrepresenta e organiza a história de um individuo, mastambém influi seu modo de perceber, sentir, pensar ereagir, não é mais considerada fenômeno unitário. Umasérie de evidências tem mostrado que é composta pormuitos sistemas e processos, e que o reconhecimentopode ser acompanhado por dois estados subjetivos deconsciência qualitativamente diferentes: consciênciaautonoética, a qual caracteriza a rememoração cons-ciente, e consciência noética, relacionada com senti-mentos de familiaridade.

O objetivo deste estudo é descrever o processode adaptação para o Português de um método experi-mental para investigação dos estados de consciênciaque acompanham o reconhecimento. Inicialmente éintroduzida a evolução histórica desta abordagem e umarevisão da literatura sobre os diversos testes a que foisubmetido e que tornaram válido. A seguir, apresenta-se revisão sucinta sobre as alterações de memória naesquizofrenia, incluindo os estudos em que se empre-gou este método experimental de auto-avaliação dosestados de consciência que acompanham a rememo-ração em pacientes com esquizofrenia.

O trabalho prático consistiu no desenvolvimen-to do material (lista de palavras e instruções que per-

Daniel Guimarães TiezziOrientador Prof. Dr. Jurandyr Moreira de AndradeDissertação de Mestrado apresentada em 30/08/2002

A quimioterapia de indução é uma opção atual-mente aceita para o tratamento do câncer de mamalocalmente avançado. Estudos demonstram uma taxa

de resposta objetiva em torno de 60 a 80% e uma forterelação entre a resposta objetiva e a sobrevida global.As taxas de apoptose e a expressão do gene p53 pare-cem ser indicadores da resposta e podem ter relaçãocom a resistência tumoral aos agentes antiblásticos eradiação ionizante. O objetivo deste trabalho foi o de ve-rificar as alterações na porcentagem de células em

ADAPTAÇÃO PARA O PORTUGUÊS DE MÉTODO DE AVALIAÇÃO DE ESTADOS SUBJETI-VOS DE CONSCIÊNCIA QUE ACOMPANHAM O RECONHECIMENTO PARA USO EM PA-CIENTES COM ESQUIZOFRENIA

TOCOGINECOLOGIA

INDUÇÃO DA APOPTOSE EM TUMORES DE MAMA SOB QUIMIOTERAPIA NEOADJUVANTE:COMPARAÇÃO ENTRE DOIS ESQUEMAS TERAPÊUTICOS

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apoptose após exposição aos agentes quimioterápicosmais utilizados no tratamento neoadjuvante do carci-noma localmente avançado da mama. Outro objetivoé o de relacionar as alterações na taxa de apoptosecom a resposta clínica e a expressão da proteína p53.Materiais e Métodos: foram avaliadas 49 pacientes comcâncer de mama localmente avançado submetidas àquimioterapia neoadjuvante. O grupo FEC (n= 26) foitratado com 5-fluoruracil, epirrubicina e ciclofosfami-da e o grupo TE (n= 23) tratado com docetaxel e epir-rubicina. A resposta clínica objetiva foi observada em69,2% no grupo FEC e em 91,3% no grupo TE (p=0,07). Foram avaliados o Índice Apoptótico (IA) e aexpressão da proteína p53 antes e após a quimioterapiade indução e suas relações com a resposta clínica. O IAfoi estimado através da contagem de células em apop-tose, morfologicamente identificadas em lâminas co-radas com hematoxilinaeosina, em relação ao númerototal de células neoplásticas aferidas. Aexpressão daproteína p53 foi avaliada através de reação imunohis-

toquímica com anticorpo monoclonal. Resultados: o IAmédio nas pacientes com resposta objetiva antes daquimioterapia, foi de 0,86 no grupo FEC e 0,74 no gru-po TE e, após a quimioterapia, os valores foram de 1,9e 1l,5 respectivamente (p= 0,0005 e p= 0,0002). Naspacientes sem resposta clínica, não se observou dife-rença significante (p= 0,64). O aumento de 0,03 no índi-ce apoptótico após a quimioterapia associa-se com aresposta clínica com sensibilidade de 94,4%, especifi-cidade de 71,4% e acurácia de 89,3% (OR 45,0 IC95% 5,1 a 395). Não se observou relação entre a ex-pressão da proteína p53 com a resistência à induçãoda apoptose (p = 0,93) e com a resposta clínica obser-vada (p= 0,69). Conclusão: o aumento da porcenta-gem de células em apoptose está fortemente relacio-nada à resposta clínica à quimioterapia neoadjuvanteno câncer de mama localmente avançado. A expres-são da proteína p53 não foi um indicador importantena resistência ao tratamento neoadjvante nem asso-cia-se com a indução da apoptose in vivo.

EFEITOS DA METFORMINA NA AVALIAÇÃO CLÍNICA E METABÓLICA EM MULHERES COMSÍNDROME DOS OVÁRIOS POLICÍSTICOS (SOP)

Laura Ferreira SantanaOrientadora: Profa. Dra. Rosana Maria dos ReisDissertação de Mestrado apresentada em 14/11/2002

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) ouanovulação crônica hiperandrogênica apresenta me-canismos fisiopatológicos complexos, sendo a resis-tência insulínica e hiperinsulinemia os principais fato-res envolvidos na sua etiopatogenia. A metformina éuma biguanida que promove a melhora da sensibilida-de à insulina e seu uso vem sendo estudado no trata-mento da SOP. Acredita-se que essa droga promovamelhora sintomática e possa prevenir complicações alongo prazo, como diabetes mellitus, contudo há con-trovérsias quanto à sua efetividade no tratamento daSOP. OBJETIVO: avaliação clínica e metabólica dametformina em mulheres com SOP. PACIENTES EMÉTODOS: foram selecionadas 23 mulheres comSOP, com idade de 27,20 ± 5,02 anos (média ±desvio-padrão), sendo que 21 delas concluíram o estudo. Aspacientes foram tratadas com metformina (1.500 mg/dia). durante 8 semanas. Foram realizadas avaliaçõesclínicas com ênfase no padrão menstrual e nas medi-das antropométricas peso, IMC, circuferência da cin-tura e da relação cintura-quadril (CQ), antes e após otratamento. As avaliações hormonais e metabólicasdos possíveis efeitos da metformina foram feitas atra-

vés da realização de GTT com 75g de dextrose, comdosagens de glicose e insulina: perfil lipídico com do-sagens de colesterol total, HDL-colesterol, triglicéri-des e cálculo de LDL-colesterol: dosagens dosandrogênicos: testosterona, androstenediona, sulfatode dehidroepiandrosterona (S-DHEA). Foram aindarealizadas dosagens de SHBG e de IGF-1 antes e apósa terapêutica. A análise estatística: a verificação danormalidade foi realizada utilizando-se o teste deKolmogorov-Smirnov. Para a comparação de dadosfoi utilizado o teste “t” pareado, com nível de signifi-cância de 5%. RESULTADOS: com o tratamento commetformina foi possível observar a presença de mens-truações espontâneas em 81% das mulheres. Nãoocorreu diferença com relação ao peso e ao IMC.Encontrou-se diferença significativa no padrão de dis-tribuição de gordura corporal com diminuição da me-dida da cintura e da relação CQ, respectivamente de89,36±15,23 cm para 87,71±15,35 cm e de 0,85±0,06para 0,82±0,07. Foi possível observar diminuição dainsulina de jejum e do índice I/G que foi de 0,25±0,19para 0,18±0,11 (p<0,005), bem como melhora noQUICKI de 0,33±0,03 para 0,35±0,04. Ocorreu dimi-nuição nos níveis séricos de colesterol total de181,70±38,09 mg/dL para 167,70±30,06 mg/dL e deLDL-colesterol de 119,80±33,06 mg/dL para97,71±23,94 mg/dL e aumento dos níveis séricos de

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

CONCLUSÕES: os resultados favoráveis da utiliza-ção da metformina obtidos neste trabalho como ocor-rência de menstruações espontâneas, alterações nopadrão de distribuição da gordura corporal, diminuiçãonos níveis séricos de testosterona, melhora no perfillipídico e diminuição na insulinemia nos permitem con-cluir que o tratamento com essa droga traz benefíciosa mulheres com SOP, com boa tolerabilidade.

HDL-colesterol de 39±8,05 mg/dL para 50,43±10,81mg/dL. Foram evidenciadas reduções dos níveis séri-cos de testosterona que foram de 63,19±50,32 ng/dLpara 50,32±13,98 ng/dL. Não foram observadas dife-renças com relação aos níveis séricos de SHBG, deIGF-1 e de triglicérides. Os principais efeitos colate-rais relatados foram gastrointestinais (náuseas, vômi-tos e diarréia) e diminuíram após a segunda semana.

EFEITO DAS DROGAS ANTIRETROVIRAIS SOBRE AS TAXAS DE FERTILIDADE DE RATASWISTAR

Ernesto Antonio Figueiró FilhoOrientador: Prof. Dr. Geraldo DuarteDissertação de Mestrado apresentada em 03/12/2002

A avaliação dos agentes anti-retrovirais utili-zando modelos experimentais permite testar os efei-tos farmacológicos e adversos destes farmacos sobreo organismo materno e fetal. O objetivo do presenteestudo foi avaliar experimentalmente os efeitos de dro-gas anti-retrovirais isoladas e em associação sobre astaxas de fertilidade em ratas prenhes expostas a estesfarmacos, bem como o efeito perinatais nas crias. Oestudo foi realizado no Biotério do Departamento deClínica Médica da FMRP-USP, utilizando ratas fême-as prenhes adultas da raça Wistar, pesando entre 200e 230 g. As drogas utilizadas nos experimentos forama azidotimidina (AZT), lamivudina (3TC) e nelfinavir(NFV), com as dosagens respectivas de 25 mg, 12,5mg e 97,5 mg/dia, administradas isoladamente ou emassociação. No total foram avaliadas sete grupos, in-cluindo o controle. O início da experimentação foi odia zero da prenhez de todos os animais, independentedo grupo. A forma de sacrificio dos animais foi pordecapitação após 7, 14 e 21 dias de prenhez, seguidadas etapas experimentais descritas.

A cesariana foi realizada imediatamente após adecapitação do animal. Uma vez aberto o útero, fo-ram contados os fetos vivos e mortos, os quais foramretirados para anotação do sexo, pesagem dos fetos

vivos e respectivas placentas. Em seguida, os cornosuterinos foram dissecados e, por observação direta,anotada a presença de reabsorções precoces e tardi-as (abortamentos). O número de sítios de implantaçãofoi obtido pela soma de fetos vivos, fetos mortos ereabsorções. Em seguida, os ovários foram removidospara contagem dos corpos lúteos. Os dados obtidosforam submetidos a estudo estatístico através dos tes-tes “t” de Student e ANOVA para variáveis paramé-tricas e dos testes de Mann-Whitney e de Kruskal-Wallis para variáveis não-paramétricas. Foram consi-deradas diferenças estatisticamente significativas quan-do o valor de “p” foi menor que 0,05. Conclusões: nãohouve alterações significativas nas taxas de perdas pré-implantação e da eficiência de implantação de ratastratadas com anti-retrovirais isoladas e em associa-ção. Houve aumento significativo nas taxas de perdapós-implantação nos grupos de ratas tratadas com anti-retrovirais isolados e em associação. Observou-se tam-bém, redução significativa nas taxas de viabilidade fetale número de fetos por ninhada nos animais que rece-beram as drogas isoladamente e associadas e houveredução do peso materno e dos fetos nos grupos trata-dos com 3TC, AZT+3TC e AZT+3TC+NFV. Apesarde experimental, este estudo sinaliza para a necessi-dade de se pesquisar outros fármacos anti-retroviraiscom menor potencial histotóxico e que possam, comsegurança, serem utilizados por gestantes portadorasda infecção pelo virus da imunodeficiência humana.

VALORES DOS ÍNDICES DE RESISTÊNCIA, PULSATILIDADE, VELOCIDADE SISTÓLICAMÁXIMA, VELOCIDADE DIASTÓLICA FINAL E TEMPO DE ACELERAÇÃO DA ARTÉRIA CE-REBRAL MÉDIA EM FETOS DE GESTANTES CONSIDERADAS CLINICAMENTE NORMAISAO LONGO DA GESTAÇÃO

Antonio Gadelha da CostaOrientador: Prof. Dr. Francisco Mauad FilhoDissertação de Mestrado apresentada em 09/12/2002

Foi realizado estudo observacional prospectivoe longitudinal no qual 33 fetos de gestantes normaisforam avaliados entre 22 e 38 semanas de gestação,

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Resumos de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado apresentadas na FMRP-USP

com o objetivo de determinar os valores dos índicesde resistência, pulsatilidade, velocidade sistólica má-xima, velocidade diastólica final e tempo de acelera-ção da artéria cerebral média fetal entre 22 e 38 se-manas de gestação. A idade gestacional foi determi-nada pela data da última menstruação e/ou pelo exa-me ultra-sonográfico do primeiro trimestre. Os exa-mes ultra-sonográficos com Doppler foram feitos porum único observador que utilizou um aparelho mode-lo HEWLETT PACKARD - IMAGE POINT 1800,com transdutor multifreqüencial. Para a aquisição dotraçado Doppler da artéria cerebral média, o indica-dor de amostra foi calibrado para um volume de amos-tra de 1 mm e colocado na artéria cerebral médiaanterior o mais próximo possível da calota craniana.

O ângulo de insonação foi mantido entre 50 e 190 e ofiltro foi ajustado na freqüência de 50-100Hz. Obser-vou-se comportamento parabólico para o índice de re-sistência e pulsatilidade, com menores valores nos ex-tremos das idades gestacionais avaliadas. A velocida-de sistólica máxima aumentou progressivamente ao lon-go da gestação. A velocidade diastólica final teve au-mento progressivo a partir de 26 semanas até o termo.O tempo de aceleração msotrou aumento significativoapenas entre 26 e 30 semanas. Concluiu-se que ascurvas de normalidade construídas mostraram com-portamento semelhante à maioria das curvas descritasna literatura, porém, com valores diferentes, contribu-indo, desse modo, para a determinação dos valoresnormais de cada índice estudado na nossa população.

Pedro Luiz RosanOrientador: Prof. Dr. Rui Alberto FerrianiDissertação de Mestrado apresentada em 18/12/2002

Objetivo: Confirmar a capacidade de 3 mg doCetrorelix dose única, em prevenir a ocorrência deluteinização precoce.

Modelo do Estudo: Estudo prospectivo contro-lado.

Paciente(s): Pacientes inférteis submetidas aestimulação ovariana para FIV.

Intervenção (s): Uma dose única de Cetrolix 3mg foi administrada na fase folicular tardia (10 pa-

ESTUDO COMPARATIVO DO EMPREGO DO GnRH AGONISTA E ANTAGONISTA EM FERTI-LIZAÇÃO IN VITRO

cientes). O Leuprolide foi escolhido como grupo con-trole (10 pacientes). A estimulação ovariana foi feitacom HMG.

Resultado(s): Nenhum pico de LH ocorreu de-pois da administração do Cetrorelix. O número deoócitos e embriões, a porcentagem da taxa de fertiliza-ção e gravidez e o número de ampolas de HMG admi-nistrada foram similar para ambos os grupos. A tole-rância do Cetrorelix foi excelente.

Conclusão(s): O Cetrorelix em protocolo de doseúnica preveniu o pico de LH em todas as pacientesestudada. É comparado satisfatoriamente com o pro-tocolo longo e pode ser um protocolo de escolha emFIV.