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TRANSVERSALIDADE ACADÊMICA: temáticas de formação humana TRANSVERSALIDADE ACADÊMICA temáticas de formação humana volume I Iásin Schäffer Stahlhöfer Mauro Luiz Cervi Vanessa dos Santos Nogueira (Organizadores)

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TRANSVERSALIDADE ACADÊMICA:

temáticas de formação humana

TRANSVERSALIDADE

ACADÊMICA temáticas de formação humana

volume I

Iásin Schäffer Stahlhöfer

Mauro Luiz Cervi

Vanessa dos Santos Nogueira (Organizadores)

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IÁSIN SCHÄFFER STAHLHÖFER

MAURO LUIZ CERVI

VANESSA DOS SANTOS NOGUEIRA

Organizadores

TRANSVESALIDADE ACADÊMICA:

temáticas de formação humana

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CONSELHO EDITORIAL

Dayanna do Nascimento Machado

(Universidade Federal de Santa Maria)

Clérison Régis Perini

(Universidade Federal de Santa Maria)

Graciela Schmidt Disconzi

(Universidade Federal de Santa Maria)

Héllen de Lacerda Oliveira

(Universidade Federal de Santa Maria)

Karen de Oliveira Guinot

(Universidade Luterana do Brasil)

Ariane Ethur Flores

(Universidade Luterana do Brasil)

Felipe Dalenogare Alves

(Antonio Menegheti Faculdade)

Liége Alendes de Souza

(Centro Universitário Franciscano)

Capa: Iásin Schäffer Stahlhöfer e João Paulo Freire Wahys

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Universidade Luterana do Brasil

Reitor: Prof. Dr. Marcos Fernando Ziemer

Vice-Reitor: Prof. Dr. Ricardo Willy Rieth

Pró-reitor de Planejamento e Administração: Prof. Dr. José Paulinho Brand

Pró-reitor Acadêmico: Prof. Dr. Pedro Antonio González Hernández

Diretor do Campus: Prof. Me. Augusto Frederico Kirchhein

Coordenador Acadêmico: Prof. Dr. Mauro Luiz Cervi

Coordenador de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão: Prof. Me. Iásin Schäffer Stahlhöfer

Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica feita pelo autor

S781 Stahlhöfer, Iásin Schäffer, 1987 -; Cervi, Mauro Luiz, 1963 -;

Nogueira, Vanessa dos Santos, 1981 -.

Transversalidade Acadêmica: temáticas de formação humana –

Vol. I / Iásin Schäffer Stahlhöfer, Mauro Luiz Cervi e Vanessa dos

Santos Nogueira (Orgs.). São Paulo: Perse, 2018.

223 p. ; 21 cm.

ISBN 978 85 464 0668 5

1. Educação. 2. .

1. Título.

CDD: 370

CDU: 378.027.7

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Sumário

APRESENTAÇÃO .................................................................................................................... 8 PREFÁCIO .............................................................................................................................. 10 MENSAGEM DA PASTORAL .............................................................................................. 12 DISCURSO DE ÓDIO E A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: A CULTURA DO ESTUPRO

PROMOVIDA PELA FALÁCIA DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO

AMBIENTE VIRTUAL .......................................................................................................... 14

AS FACES DA SAÚDE DA MULHER: O INTUITO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS E

O SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE .......................................................................................... 29

QUAL A PREOCUPAÇÃO QUE SE TEM COM O AMANHÃ? UMA REFLEXÃO

ACERCA DO TRATAMENTO DE ESGOTO DOMICILIAR ............................................... 49

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA NO BRASIL CONTEMPORÂNEO .................................... 60

DESAFIOS DA TRANSEXUALIDADE ................................................................................ 68 O CONSTANTE DESMATAMENTO DA FLORESTA AMAZÔNICA E AS

RECENTES AMEAÇAS ......................................................................................................... 73

INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO.......... 79 SEXUALIDADE, GÊNERO E RELAÇÕES NA CONTEMPORANEIDADE

BRASILEIRA.......................................................................................................................... 83

BRASIL X FINLÂNDIA: APROXIMAÇÕES EDUCACIONAIS POSSÍVEIS ..................... 96

A EXCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: O AUTISMO EM SOCIEDADE

E NO AMBIENTE ESCOLAR.............................................................................................. 102 DIREITOS HUMANOS DOS IDOSOS EM CENTROS GERIÁTRICOS ........................... 110 ACESSIBILIDADE PARA CADEIRANTES EM SANTA MARIA .................................... 126 FEMINICÍDIO – OS DESAFIOS NA LUTA CONTRA O MACHISMO ............................ 131

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TRANSVESALIDADE ACADÊMICA: temáticas de formação humana

DIREITOS HUMANOS DA CRIANÇA/ADOLESCENTE E DA MULHER NO

SISTEMA CARCERÁRIO .................................................................................................... 137

TOLERÂNCIA OU INTOLERÂNCIA RELIGIOSA? ......................................................... 143 TECNOLOGIAS DIGITAIS E INFÂNCIA: UMA REFLEXÃO ACERCA DO

BRINCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................................................................. 176 RECONHECIMENTO INTERSUBJETIVO NA PRIMEIRA INFÂNCIA: A ESFERA

DO AMOR DE HEGEL A HONNETH ................................................................................ 184

E-SOCIAL: ADAPTAÇÕES DO EMPREGADOR NA LEI Nº 8.213/91 –

PORTADOR COM DEFICIÊNCIA E LEI Nº 10.097/00 – JOVEM APRENDIZ NA

NOVA ERA DO DIREITO DO TRABALHO BRASILEIRO .............................................. 209 FUNÇÕES SOCIAIS DA ESCOLA: EDUCAÇÃO E CIDADANIA ................................... 221 ORGANIZADORES ............................................................................................................. 235

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APRESENTAÇÃO

É com alegria que compartilhamos a presente obra coletiva intitulada

“Transversalidade Acadêmica: temáticas de formação humana”, organizada pelos

professores Iásin Schäffer Stahlhöfer, Mauro Luiz Cervi e Vanessa dos Santos

Nogueira, fruto predominantemente das discussões travadas na disciplina de

Instrumentalização Científica no segundo semestre de dois mil e dezessete no Campus

Santa Maria da Universidade Luterana do Brasil. Alinhada ao Programa Institucional

Continuado de Formação Humana (PFH), o presente livro é destinado à capacitação de

alunos, professores e colaboradores de todos os cursos de graduação e pós-graduação,

presenciais e à distância, da Universidade Luterana do Brasil – campus Santa Maria,

bem como à comunidade externa. Para tanto, tem o apoio dos grupos de pesquisa

“Santa Maria Verde: diretrizes urbano-ambientais” e “Direitos Especiais e Políticas

Públicas”, liderados respectivamente pelos professores Iásin Schäffer Stahlhöfer e

Letícia Thomasi Jahnke. Nos capítulos que seguem, são encontradas questões

contemporâneas e imprescindíveis à construção de conhecimentos e ao despertar da

sensibilidade e humanidade que se espera dos egressos da Instituição.

Ademais, o presente trabalho atende aos requisitos legais e normativos, itens

essencialmente regulatórios do Ministério da Educação e de grande relevância

comunitária, expressos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação das

Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana

e Indígena (Lei n° 9.394/1996, com a redação dada pelas Leis n° 10.639/2003 e n°

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TRANSVESALIDADE ACADÊMICA: temáticas de formação humana

11.645/2008, e da Resolução CNE/CP n° 01/2004, fundamentada no Parecer CNE/CP

n° 03/2004), nas Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos (Parecer

CNE/CP n° 8, de 06/03/2012, que originou a Resolução CNE/CP n° 1, de 30/05/2012),

na Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Lei n°

12.764/2012), nas Condições de Acessibilidade para Pessoas com Deficiência ou

Mobilidade Reduzida (Constituição da República, artigos 205, 206 e 208, na NBR

9050/2004, da ABNT, na Lei n° 10.098/2000, na Lei n° 13.146/2015, nos Decretos n°

5.296/2004, n° 6.949/2009, n° 7.611/2011 e na Portaria n° 3.284/2003), Políticas de

Educação Ambiental (Lei n° 9.795/1999 e Decreto n° 4.281/2002), Educação para o

Trânsito (Lei n°9.503/1997), Educação Fiscal (Constituição da República, Lei n°

6.001/2015), bem como às demais diretrizes e recomendações da Lei de Diretrizes e

Bases e do Ministério da Educação. Assim, por meio de atividades durante o semestre,

os acadêmicos, professores e colaboradores da ULBRA Santa Maria e a comunidade

externa têm contato com temas imprescindíveis a uma formação completa e cidadã, tais

como educação ambiental e meio ambiente, direitos humanos, pessoas com deficiência,

questões étnico-raciais, educação para o trânsito, identidade de gênero, políticas

contemporâneas e direitos especiais, entre outros.

Boa leitura!

Os organizadores.

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PREFÁCIO

O convite para prefaciar uma obra remete a uma tarefa que nos enche de

alegria e ao mesmo tempo reflete imensa responsabilidade, mormente quando nos

deparamos com uma produção deveras peculiar, onde os temas voltados às diversas

áreas da formação humana gravitam no espaço jurídico e se encontram em um só ponto,

da igualdade, pois do ponto de vista da igualdade formal, nos termos do que reza nossa

Constituição Federal de 1988, somos (ou deveríamos ser), iguais. Da leitura dos artigos,

à abordagem trazida na presente obra nos leva à reflexão, na medida em que temáticas

transversais são propostas dentro de uma unidade coerente de sentido, assim como os

temas que florescem na consciência coletiva ensejam um olhar peculiar, e esse “olhar” é

trazido na presente versão, pois fruto de diferentes saberes. Tratar temas tão

contemporâneos e polêmicos que englobam questões como da acessibilidade, do meio

ambiente, da intolerância religiosa e em especial, dos Direitos Humanos, propaga no

meio jurídico uma certa sensação de que caminhamos no sentido correto, pois nos

(pré)ocupamos com o que realmente tem maior valia no existir humano: nossa

igualdade como condição de existencialidade.

De fato, todos os envolvidos na produção de um conhecimento que transita

para um futuro melhor, com mais tolerância e respeito à todas formas de diferenças,

merece um locus privilegiado, razão pela qual obra que nasce dentro da efervescência

acadêmica na Universidade, onde os acadêmicos e professores buscam enfrentar temas

tão transversais e que indubitavelmente polemizam o ambiente acadêmico, igualmente

merece as nossas congratulações, pois a saída da zona de conforto em qualquer nível de

produção jurídica, em especial na academia, acarreta como via lógica de consequência

uma amplitude de horizontes de todos os envolvidos, inovadora e corajosa daqueles em

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TRANSVESALIDADE ACADÊMICA: temáticas de formação humana

especial que organizaram a obra e ousaram instigar seus alunos à “diversos olhares”

sobre o que lhes cerca. Os artigos que nesta nos deleitaremos, são fruto desta postura

arrojada e necessária que emerge, na medida em que os muros das Universidades, onde

nos enclausurávamos num saber que era só nosso, e que na maioria das vezes apenas

“ganhavam pó” em nossas estantes, não mais se adequa à dinâmica social e aos

enfrentamentos inevitáveis que destes novos cenário se sobressaem. Esses são os

desafios da modernidade, com os quais, pelo visto, já estamos nos ocupando!

Karen de Oliveira Guinot

Coordenadora do Curso de Direito da Universidade Luterana do Brasil - Campus Santa

Maria

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MENSAGEM DA PASTORAL

Há um texto bíblico que afirma: “Feliz é quem acha a sabedoria; feliz é

aquele que alcança o entendimento. Porque o lucro que a sabedoria dá é melhor do que

o lucro da prata, e a sua renda é melhor do que o ouro mais fino” (Provérbios 3:13-14).

Se encontrar sabedoria e entendimento já é motivo de alegria, é mais ainda

quando fazemos isso em conjunto. Quando pessoas se unem para garimpar os tesouros

do conhecimento, e seguem juntas no ato de partilhar o que encontraram, os lucros e

alegrias só podem aumentar.

Que bom poder ver alunos, professores e colegas de trabalho reunindo

esforços como o deste livro, repartindo com os outros os seus achados! São, em todos

os casos, tesouros: seja os escavados em outros livros, pesquisas e experiências; aqueles

que constituem um primeiro exercício de escrita; ou mesmo aqueles que se formam de

modo novo, como respostas a questões anteriormente não exploradas, que ainda devem

render mais descobertas.

Tendo a sabedoria como tesouro, tratar de questões relativas ao meio

ambiente, aos direitos humanos, à (in)tolerância, às necessidades humanas nas

diferentes fases e condições de vida ou ao importante combate a preconceitos, o que se

faz é repartir riqueza. A “renda” aqui gerada não se mede. É lucro que se multiplica na

vida de quem escreve, de quem lê e de quem é impactado pelas ações decorrentes dessa

interação.

Que sua leitura seja abençoada, feliz, lucrativa para a vida!

Pastor Herivelton Regiani

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TRANSVESALIDADE ACADÊMICA: temáticas de formação humana

Capelão da Universidade Luterana do Brasil – Campus Santa Maria

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DISCURSO DE ÓDIO E A VIOLÊNCIA SIMBÓLICA: A

CULTURA DO ESTUPRO PROMOVIDA PELA FALÁCIA

DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO AMBIENTE

VIRTUAL

DISCOURSE OF HATE AND SYMBOLIC VIOLENCE: THE STUPULT

CULTURE PROMOTED BY THE FALACITY OF FREEDOM OF

EXPRESSION IN THE VIRTUAL ENVIRONMENT

Franciele Benini Agne Tybusch 1- Tricieli Radaelli Fernandes 2

RESUMO: “Mulheres que usam roupas curtas merecem ser estupradas”. Uma frase dentre muitas que são

ouvidas por inúmeras mulheres e se fazem comumente utilizadas como justificativa para as estatísticas com

crescimento exponencial de mulheres vítimas de estupro no Brasil. Evidencia-se que em frases como esta,

além do uso da violência simbólica e do ódio velado, o quanto esses discursos de ódio às mulheres vítimas

de estupro contribuem relevantemente para a naturalização de tal conduta, caracterizando também, como

disposto na frase citada, a culpabilização da vítima. É neste viés, que este trabalho visa trazer alguns

recortes acerca do poder contido pelo discurso de ódio no que diz respeito a reforçar estereótipos de

discriminação às mulheres, bem como se faz contundente mecanismo da cultura do estupro. Elegeu-se como

metodologia, o método analético, como um método que tem como ponto principal, partir do outro

totalmente livre, do outro, estando além do sistema da totalidade, aqui, principalmente, a mulher vítima de

estupro. Portanto, frise-se a relevância de mapear os indícios da cultura do estupro na sociedade em sua

totalidade, bem como buscar meios de coibir a naturalização implantada pelos discursos de ódio, a fim de

que se reforce a militância contra esses estereótipos estabelecidos, construindo caminhos concretos para a

1 Doutoranda em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS. Mestre pela

Universidade Federal de Santa Maria, no Programa de Pós-Graduação em Direito, com ênfase em Direitos

Emergentes na Sociedade Global, linha de pesquisa Direitos da Sociobiodiversidade e Sustentabilidade.

Possui graduação em Direito pela Faculdade Palotina de Santa Maria - FAPAS. Professora da Universidade

Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões- URI/Santiago. Membro da equipe técnica da Revista

Direitos Emergentes na Sociedade Global da Universidade Federal de Santa Maria - UFSM. Integrante do

Grupo de Pesquisa em Direito da Sociobiodiversidade (GPDS) da UFSM e do Grupo de Pesquisa em

Direito, Risco e Ecocomplexidade da UNISINOS. E-mail: [email protected]

2 Acadêmica de Direito pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI

Campus Santiago, RS. E-mail: [email protected]

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TRANSVESALIDADE ACADÊMICA: temáticas de formação humana

equidade nas relações de gênero e, por fim, refreando a cultura do estupro presente na sociedade, sendo o

mesmo, a principal arma do patriarcado.

Palavras chave: colonialidade; patriarcado; cultura do estupro; discurso de ódio.

ABSTRACT: "Women who wear short clothes deserve to be raped." One of many phrases that are heard by

countless women and are commonly used as justification for the statistics with exponential growth of

women victims of rape in Brazil. It is evident that in phrases such as this, in addition to the use of symbolic

violence and veiled hatred, it is how these discourses of hatred of rape women contribute significantly to the

naturalization of such conduct, also characterizing, as stated in the phrase quoted, blame the victim. It is in

this bias that this paper aims to bring some clipping about the power contained in the hate speech regarding

reinforcing stereotypes of discrimination against women, as well as making a strong mechanism of rape

culture. It was chosen as methodology, the analytical method, as a method that has as its main point, from

the other totally free, from the other, being beyond the totality system, here, mainly, the woman victim of

rape. Therefore, the relevance of mapping the evidence of rape culture in society as a whole, as well as

seeking ways to curb the naturalization implanted by hate speech, is reinforced in order to reinforce

militancy against these established stereotypes, building paths concrete for equity in gender relations and,

finally, curbing the culture of rape present in society, being the same, the main weapon of patriarchy.

INTRODUÇÃO

Parte-se do pressuposto de que o modelo da sociedade atual é composto

pelos mais diversificados estereótipos. Entretanto, o que não se analisa com tanta

clareza é que por trás destes padrões estabelecidos existe uma intensa construção

colonial e patriarcal da sociedade, formada por um encadeamento de acontecimentos ao

longo da história que vem veiculando estas estruturas separação. Mister é ressaltar que

estes padrões de segregação têm sido continuamente reforçados através dos discursos de

ódio proferidos pela miscelânea de mídias sociais contemporâneas. Mapeando os

caminhos da construção dos padrões abordados no trabalho, este artigo tem como

objetivo demonstrar como os discursos de ódio tem contribuído negativamente para a

disseminação da cultura do estupro no Brasil. Tem por metodologia utilizada, o método

analético, o qual viabiliza estudar seu objeto de pesquisa deslocado da totalidade que o

reprime, em pauta, as mulheres vítimas da cultura do estupro.

O trabalho será desenvolvido em cinco capítulos, trazendo o primeiro,

explanações acerca da colonialidade, o segundo atinente a colonialidade e o

patriarcalismo como subsídios para a subordinação da mulher, o terceiro versando uma

breve análise da cultura do estupro, o quarto abordando o discurso de ódio e o choque