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TRATAMENTO DE ÁGUAS RESIDUÁRIAS DE INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS: EFICIÊNCIA E ANÁLISE DE MODELOS MATEMÁTICOS

DO PROJETO DA NESTLÈ

Larissa Paranhos Nirenberg1

Osmar Mendes Ferreira2

Universidade Católica de Goiás – Departamento de Engenharia – Engenharia Ambiental Av. Universitária, Nº 1440 – Setor Universitário – Fone (62)3227-1351.

CEP: 74605-010 – Goiânia - GO. RESUMO As indústrias de laticínios geram índices de poluição, ocasionando danos ao meio ambiente, alterando a qualidade de mananciais e solos. Comprovou-se através de modelos matemáticos a correlação entre cor e turbidez, DBO e DQO, condutividade e TDS, após estudos dos parâmetros e/ou valores obtidos em laudos. As análises de águas residuárias foram extraídas de uma indústria de laticínios, antes e após o sistema de tratamento de efluentes. Os gráficos de nitrogênio nitrito e pH evidenciaram ausência de interdependência entre os mesmos. Avaliou-se, também, a eficiência da estação de tratamento de esgoto (ETE) do laticínio estudado, destacando-se os parâmetros DBO, DQO e turbidez. PALAVRAS-CHAVE: eficiência da estação de tratamento de esgotos; água residuária de indústria de laticínios; modelo matemático.

BATH REACTORS DAIRY INDUSTRY TREATMENT:

EFFICIENCY AND MATHEMATICAL MODEL ANALYSIS FROM NESTLE PROJECT

ABSTRACT The dairy industries provide a register of pollution, generating damages to the environment, changing the quality of potable water sources and soils. It was conformed through mathematical models the correlation among color and turbid, BOD and COD, dissolved solid and conduction, after studying their values from reports. The analysis of sequencing bath reactors were taken from a dairy industry, before and after the sewerage treatment system. The graphics, which related nitrogen and pH, evidenced the lack of relation between them. The sewerage treatment system’s efficiency was also studied, specially BOD, COD and turbid. KEYWORDS: sewerage treatment system’s efficiency; sequencing bath reactors; dairy industry; mathematical models. Goiânia, 2005/2

1 Acadêmica do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Católica de Goiás. ([email protected]) 2 Professor do Departamento de Engenharia na Universidade Católica de Goiás - UCG. Engenheiro Sanitarista.

([email protected])

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1 INTRODUÇÃO

A indústria de laticínios constitui uma parcela importante da indústria alimentícia,

e sua contribuição material em termos de poluição de águas receptoras é significativa, sendo,

portanto, necessário e obrigatório o tratamento prévio de seus despejos líquidos antes do

lançamento para disposição final em curso d’água.

Os efluentes de laticínios são compostos por quantidades variáveis de leite diluído,

materiais sólidos flutuantes originados de diversas fontes, como detergentes, desinfetantes,

lubrificantes e esgoto doméstico. A quantidade e a carga poluente das águas residuárias das

indústrias de laticínios variam bastante, dependendo, sobretudo, da água utilizada, do tipo de

processo e do controle exercido sobre as várias descargas de resíduos.

A variedade de produtos dessas indústrias é grande, abrangendo desde o

processamento do leite ou queijo até uma complexa flexibilidade de multiprodutos, tais como:

requeijão, cremes, sorvetes, iogurtes, leite em pó, leite condensado, entre outros.

A introdução de compostos poluentes na água, como: matéria orgânica traduzida

em demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda química de oxigênio (DQO), pH,

gordura, fosfatos, dentre outros, por parte da indústria, potencializa a necessidade de

tratamento dos despejos, minimizando assim os efeitos devastadores, decorrentes da poluição

dos efluentes, os quais degradam os cursos d`água e prejudicam o meio ambiente e a saúde

animal.

No presente trabalho, avaliou-se os parâmetros físico-químicos levantados no

sistema de tratamento de efluente de uma indústria de laticínios. Os parâmetros foram

selecionados regendo a disponibilidade dos mesmos nos laudos analisados, e a modelagem

visou verificar o grau de correlação entre os respectivos parâmetros: condutividade, cor,

DBO, DQO, nitrogênio nitrito, pH, sólidos totais dissolvidos (TDS) e turbidez.

Neste trabalho foi avaliado o sistema de tratamento das águas residuárias da Nestlé

Industrial e Comercial Ltda, unidade instalada em Goiânia - Goiás, visando assim comprovar

sua eficiência bem como sua conformidade com os parâmetros e características físico-

químicas, dentro dos padrões legais existentes em vigor. A realização deste justifica-se pela

necessidade de obter-se, através de expressões matemáticas que calculem a eficiência do

tratamento de efluentes desta indústria e a eficácia do mesmo.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O esgoto sanitário, segundo a definição da Norma Brasileira Registrada (NBR

9648), da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT, 1986), é o “despejo líquido

constituído de esgoto doméstico e industrial, água de infiltração e a contribuição pluvial

parasitária”. As características dos esgotos variam quantitativa e qualitativamente, com a sua

utilização. Devido à grande amplitude de características dos esgotos industriais, somente

serão consideradas neste trabalho as principais, as quais também condizem com o esgoto

doméstico.

As características de esgotos podem ser físicas, químicas e biológicas. As físicas

correspondem à cor, responsável pela coloração da água, sendo formada a partir de sólidos

dissolvidos; a turbidez representa o grau de interferência com a passagem da luz através da

água, conferindo uma aparência turva à mesma, e formada por sólidos em suspensão

(CAMPOS, 1999).

Já as características químicas dependem da origem do esgoto, e envolvem o pH,

que indica a condição de acidez, neutralidade ou alcalinidade da água, e é formada por sólidos

dissolvidos; o nitrogênio nitrito é constituído por sólidos em suspensão e dissolvidos, e atua

na eutrofização e na nitrificação; a DBO e a DQO determinam o teor de matéria orgânica nos

esgotos, e indicam o potencial do oxigênio dissolvido; os sólidos totais dissolvidos não são

retidos quando filtrados, e constituem os sólidos totais. Por fim, as características biológicas

envolvem a existência de microrganismos de águas residuárias, os indicadores de poluição, as

variações de vazão, entre outras (VON SPERLING, 2005).

O tratamento de despejos de uma indústria alimentícia é, em sua maioria, do tipo

biológico. A função de um processo de tratamento biológico é remover a matéria orgânica do

efluente industrial, através do metabolismo de oxidação e de síntese de células. Este tipo de

tratamento é normalmente usado em virtude da grande quantidade de matéria orgânica

facilmente biodegradável, presente em sua composição (BRAILE, 1979).

Os processos biológicos são caracterizados de acordo com a maneira como se dá o

contato da matéria orgânica com a microflora, e a presença ou ausência de oxigênio

molecular. Os processos aeróbios são os universalmente usados para o tratamento de despejos

(CETESB, 1989).

O processo de lodos ativados envolve uma alta concentração de microrganismos

que são mantidos no tanque de aeração, através do retorno dos lodos, o que reduz o tamanho

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total do reator biológico. A massa microbiana produzida é então separada do efluente tratado

no sedimentador secundário (BRANCO, 1971).

Semelhante a outros métodos biológicos, a técnica de valo de oxidação engloba

períodos de aeração maiores do que os comumente adotados nos processos convencionais

como o de lodos ativados, devido ao que a nitrificação se aproxima da estabilização total

(HESS, 1971).

Segundo Além Sobrinho (1983), os leitos percoladores, indevidamente

denominados filtros biológicos, consistem de um leito de percolação feito com material

altamente permeável, por onde o esgoto a ser tratado percola no sentido vertical (de cima para

baixo). No material de enchimento do leito, forma-se uma película gelatinosa (massa

biológica), composta por microrganismos e na qual vai sendo retida a matéria orgânica a ser

decomposta.

As lagoas de estabilização são bastante utilizadas nos sistemas de tratamento

biológico, nas quais a estabilização da matéria orgânica é realizada pela oxidação

bacteriológica (oxidação aeróbia ou fermentação aeróbia) e/ou redução fotossintética das

algas. De acordo com a forma predominante pela qual se dá a estabilização da matéria

orgânica a ser tratada, as lagoas recebem nomenclaturas diversas NBR 9800 (ABNT, 1987).

Os reatores anaeróbios de fluxo ascendente UASB descrevem outra técnica de

tratamento de águas residuárias. Estes reatores são semelhantes a outros processos anaeróbios,

com as mesmas limitações (baixa eficiência, controle operacional difícil em alguns casos,

etc), porém resultam em áreas bastante reduzidas, tornando-se atrativos quando comparados

com lagoas anaeróbias, por exemplo, em especial tratando efluentes de alta carga orgânica

(FIGUEIREDO, 1992).

As situações em que os esgotos, ao serem submetidos ao processo de decantação,

se separam e adquirem características físicas diferentes, definem outro processo biológico. A

porção denominada efluente líquido do decantador, com reduzida quantidade de sólidos, é

encaminhada aos processos subseqüentes de tratamento, geralmente aeróbios, ou lançada em

corpos d’água receptores. O material comumente decantado com grande concentração de

sólidos, denominado lodo, deverá ser submetido a tratamento, devido à elevada proporção de

matéria orgânica instável. O lodo, nas concepções convencionais, é encaminhado para tanques

digestores, onde é decomposto anaerobiamente, caracterizando o processo de digestão

anaeróbia (FORESTI, 1994).

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3 METODOLOGIA

Estudou-se a variação anual de parâmetros provenientes de análises físico-

químicas e bacteriológicas de águas residuárias da Nestlé Industrial e Comercial Ltda,

localizada no município de Goiânia – GO, e os dados analisados foram obtidos na Agência

Goiana de Meio Ambiente. As amostras analisadas foram extraídas antes de sua entrada na

Estação de Tratamento de Esgotos (ETE), constituindo o efluente bruto, e após o sistema de

tratamento, sendo este o efluente tratado.

Os parâmetros estudados foram: cor, turbidez, pH, nitrogênio nitrito, sólidos totais

dissolvidos (TDS), condutividade, demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e demanda

química de oxigênio (DQO). Os estudos de correlação entre estes diversos parâmetros

analisados foram feitos utilizando-se o programa Excel versão 7.0. Para tanto, foram

executados modelos matemáticos dos seguintes tipos: linear, exponencial, logarítmico,

polinomial e potência. O modelo escolhido foi o de melhor correlação, ou seja, o que possui o

valor de R2 mais próximo a 1.

Para a realização das análises dos laudos de análise físico-químicas de águas

residuárias do laticínio estudado, a Agência Goiana de Meio Ambiente utilizou as técnicas

constantes no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater da AWWA,

obtendo as análises de efluentes brutos e tratados da indústria (APHA, AWWA e WEF,

1998). Estes resultados foram analisados, bem como sua influência dentro do balanço de

massa, o qual constitui-se de uma descrição quantitativa de todos os materiais que entram,

saem, e se acumulam em um sistema com limites físicos definidos (reator), comprovando a

eficiência do tratamento de efluentes do laticínio (VON SPERLING, 2005).

4 RESULTADOS OBTIDOS

Demonstrou-se através dos estudos a variação de comportamento dos parâmetros,

conforme a existência e/ou ausência de correlação entre estes. A demanda bioquímica de

oxigênio (DBO) e a demanda química de oxigênio (DQO), dois dos aspectos de fundamental

importância numa análise qualitativa de aspectos referentes aos estudos ambientais, obtiveram

modelos matemáticos muito satisfatórios em efluentes brutos e tratados, comprovando sua

correlação, visto que a DBO é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a matéria

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orgânica biodegradável sob condições aeróbias, e a DQO objetiva de forma semelhante à

oxidação de matéria orgânica, mas através de agentes químicos (Figura 1).

y = -0,0022x2 + 1,786x + 5,7379

R2 = 0,8712

0

20

40

60

80

0 10 20 30 40

DBO (mg/L)

DQ

O (

mg/

L)

Figura 1 – Gráfico de Correlação: Efluente Tratado

As análises de condutividade e de sólidos totais dissolvidos (TDS) comprovaram

total correlação em modelos matemáticos, tanto em efluentes brutos como nos tratados, e esta

é explicada devido ao fato de a condutividade estar relacionada com a presença de íons

dissolvidos na água, que são partículas carregadas eletricamente. Estas podem ser constituídas

de cálcio (Ca), magnésio (Mg), potássio (K), entre outros, os quais formam os sólidos

sedimentáveis (Figuras 2 e 3).

y = -0,0004x2 + 0,9147x - 101,55

R2 = 0,9998

0

100

200

300

400

500

0 500 1000 1500 2000 2500

Condutividade (mscm)

TD

S (

mg/

L)

Figura 2 – Gráfico de Correlação: Efluente Bruto

Condutividade (µscm-1)

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y = -0,0002x2 + 0,6801x - 51,03

R2 = 0,9976

0

100

200

300

400

0 200 400 600 800

Condutividade (uscm)T

DS

(m

g/L

)

Figura 3 – Gráfico de Correlação: Efluente Tratado

A cor e a turbidez são dois aspectos que também geraram excelentes modelos, em

efluente bruto e tratado, comprovados pela influência das matérias sólidas em suspensão, ou

turbidez, em relação à cor. A cor indica a presença na água de substâncias dissolvidas, e a

turbidez é gerada pela presença de material fino (partículas) em suspensão

(flutuando/dispersas) na água, comprovando assim a dependência entre os dois parâmetros

(Figuras 4 e 5).

y = 4E-05x2 + 0,0098x + 148,05

R2 = 0,8418

0

200

400

600

800

0 1000 2000 3000 4000

Cor (mg/LPt)

Tur

bide

z (U

NT

)

Figura 4 – Gráfico de Correlação: Efluente Bruto

y = 3E-05x2 + 0,1895x - 4,0049

R2 = 0,9888

0

20

40

60

80

0 100 200 300 400

Cor (mg/LPt)

Tur

bide

z (U

NT

)

Figura 5 – Gráfico de Correlação: Efluente Tratado

Condutividade (µscm-1)

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Características independentes também foram analisadas, como o pH e o nitrogênio

nitrito. O pH é uma medida que estabelece a condição ácida ou alcalina de uma água e a faixa

recomendada na água distribuída é de 6,0 a 9,5. Já o nitrogênio nitrito é encontrado em

quantidades mínimas em águas superficiais, e esta presença indica processos biológicos ativos

influenciados por poluição orgânica. Observa-se, portanto, a total ausência de relação entre

pH e nitrogênio nitrito, visto que os valores estudados de ambos são singulares, gerando

coeficientes de correlação mínimos (Figuras 6 e 7).

y = -0,0134x2 + 0,2185x - 0,7135

R2 = 0,2285

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0 2 4 6 8 10

pH

Nitr

ogên

io N

itrito

(N

O-2

N)

Figura 6 – Gráfico de Correlação: Efluente Bruto

y = 4,0487x2 - 59,97x + 221,49

R2 = 0,158

-0,8

-0,6-0,4

-0,20

0,20,40,6

6,8 7 7,2 7,4 7,6 7,8 8

pH

Nitr

ogên

io N

itrito

(N

O-2

N)

Figura 7 – Gráfico de Correlação: Efluente Tratado

A eficiência da estação de tratamento de esgotos (ETE) do laticínio em questão foi

obtida através da seleção de parâmetros contidos nos boletins de análise, sendo priorizadas as

seguintes características físico-químicas: demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda

química de oxigênio (DQO) e turbidez. Utilizou-se a seguinte expressão matemática:

E (%) = [(So – S / So)] * 100 (Equação 4.1)

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Onde: E: eficiência do tratamento do parâmetro estudado (DBO, DQO, turbidez)

So: valor do parâmetro estudado - efluente bruto

S: valor do parâmetro estudado - efluente tratado

Os valores de eficiência gerados na expressão foram:

Tabela 1 – Eficiência da Remoção da DBO (mg/L)

A eficiência dos parâmetros, antes e após o tratamento, está ilustrada nos gráficos

abaixo. A figura 8 caracteriza a eficiência da estação de tratamento de esgotos (ETE) do

parâmetro demanda bioquímica de oxigênio (DBO), onde percebem-se valores elevados para

efluente bruto e valores baixos para o efluente tratado.

0500

10001500

200025003000

1 2 3 4 5

Efluente Bruto

Efl

uent

e T

rata

do

Efluente Bruto

Efluente Tratado

Figura 8 - Gráfico de Eficiência: DBO (mg/L)

Data da Coleta Eficiência (%)

03/01 [(400 – 2) / 400] * 100 = 99,50%

10/02 [(180 – 4) / 180] * 100 = 97,77%

12/03 [(800 – 33) / 800] * 100 = 95,87%

12/04 [(520 – 20) / 520] * 100 = 96,15%

05/05 [(2530 – 28) / 2530] * 100 = 98,89%

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Tabela 2 – Eficiência da Remoção da DQO (mg/L)

A demanda química de oxigênio (DQO), outra característica das águas residuárias

de indústrias de laticínios, obteve significativa redução em seus resultados abordados em

efluente tratado, demonstrando a eficiência do tratamento dos despejos do laticínio, sendo que

a máxima eficiência obtida foi de E = 99,11%, comprovando a qualidade da ETE e reduzindo

praticamente toda a carga poluidora do efluente gerado. Deste modo, percebe-se a diferença

entre os índices de poluição dos valores estudados em efluentes bruto e tratado, conforme a

Figura 9.

0

1000

2000

3000

4000

5000

1 2 3 4 5

Efluente Bruto

Efl

uent

e T

rata

do

Efluente Bruto

Efluente Tratado

Figura 9 - Gráfico de Eficiência: DQO (mg/L)

Data da Coleta Eficiência (%)

03/01 [(780 – 15,6) / 780] * 100 = 98,00%

10/02 [(721 – 6,4) / 721] * 100 = 99,11%

12/03 [(1764 – 55) / 1764] * 100 = 96,88%

12/04 [(1640 – 34,9) / 1640] * 100 = 97,87%

05/05 [(4750 – 67,1) / 4750] * 100 = 98,58%

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Tabela 3 – Eficiência da Remoção da Turbidez (UNT)

Determinou-se na realização deste projeto, também, os valores de eficiência do

parâmetro físico-químico turbidez, o qual é caracterizado pela presença de material fino

(partículas) em suspensão (flutuando/dispersas) na água, qualificando-a como poluidora. A

eficácia no tratamento dos despejos do laticínio estudado foi comprovada através da redução

nos valores numéricos da turbidez. O tratamento resultou numa melhora significativa nos

resultados dos efluentes tratados (Figura 10).

0

200

400

600

800

1 2 3 4 5

Efluente Bruto

Efl

uent

e T

rata

do

Efluente Bruto

Efluente Tratado

Figura 10 - Gráfico de Eficiência: Turbidez (UNT)

5 CONCLUSÃO

As águas residuárias de laticínios são constituídas por parâmetros físico-químicos

relativamente poluentes, como a DBO, DQO, pH, sólidos totais dissolvidos, entre outros, os

quais exigem um tratamento eficaz de seus efluentes, reduzindo assim as cargas poluidoras

dos despejos, e preservando a qualidade do corpo receptor dos mesmos.

Data da Coleta Eficiência (%)

03/01 [(430 – 2) / 430] * 100 = 99,53%

12/01 [(460 – 16) / 460] * 100 = 96,52%

10/02 [(282 – 17) / 282] * 100 = 93,97%

12/03 [(580 – 69) / 580] * 100 = 88,10%

12/04 [(310 – 10) / 310] * 100 = 96,77%

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Os modelos matemáticos gerados neste trabalho ilustraram relações atribuídas a

determinados parâmetros, destacando-se os gráficos que qualificaram a total correlação entre

os aspectos, como exemplifica a relação entre demanda bioquímica de oxigênio (DBO) e

demanda química de oxigênio (DQO), visto que ambos são diretamente favorecidos pela

presença de oxigênio, a qual é necessária para a oxidação da matéria orgânica do efluente.

Desta forma, tal relação comprovou sua teoria nos gráficos estudados, tanto em efluentes

brutos como nos tratados, e originou coeficientes de correlação eficientes.

A influência das matérias sólidas em suspensão, ou seja, da turbidez, em relação à

cor, foi comprovada por excelentes modelos, em efluente bruto e tratado. A cor demonstra a

presença na água de substâncias dissolvidas, e a turbidez é gerada pela presença de material

fino (partículas) em suspensão (flutuando/dispersas) na água, comprovando assim a

dependência entre os dois parâmetros.

Parâmetros físico-químicos existentes em efluentes de laticínios, como a

condutividade e sólidos totais dissolvidos (TDS), comprovaram total correlação em modelos

matemáticos, tanto em efluentes brutos como nos tratados, e esta é explicada devido ao fato

de a condutividade estar relacionada com a presença de íons dissolvidos na água, que são

partículas carregadas eletricamente.

As análises qualitativas correlacionando o nitrogênio nitrito e o pH, apresentaram

gráficos matemáticos com o valor de 0,2285 para o R2 em efluente bruto, e de 0,1580 para o

R2 em efluente tratado. Estes resultados comprovaram uma relação desfavorável entre estes

aspectos, visto que em modelagem matemática, o grau de correlação exigido para caracterizar

a interdependência entre os parâmetros deve ter o valor de 0,8 para o R2.

Efluentes brutos industriais apresentam índices numéricos prejudiciais ao meio

ambiente, e à própria sociedade, havendo, portanto, a necessidade de encontrar uma técnica

e/ou método de tratamento de despejos eficaz, capaz de reduzir as cargas poluidoras a valores

que preservem o meio ambiente e, conseqüentemente, o próprio homem. Os valores de

eficiência demonstrados no presente trabalho, destacando os parâmetros demanda bioquímica

de oxigênio (DBO), demanda química de oxigênio (DQO) e turbidez, possibilitaram avaliar o

sistema de tratamento de esgotos da Nestlé Industrial e Comercial Ltda, qualificando-o como

eficaz.

Demonstrou-se no presente trabalho, através de modelagem matemática e cálculos

de balanço de massa (eficiência), a verificação do grau de correlação entre parâmetros físico-

químicos obtidos em análises de águas residuárias de uma indústria de laticínios, destacando-

se a condutividade, cor, demanda bioquímica de oxigênio (DBO), demanda química de

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oxigênio (DQO), nitrogênio nitrito, pH, sólidos totais dissolvidos (TDS) e turbidez. Apenas

estes parâmetros foram estudados graficamente, por estarem presentes em todos os laudos

analisados, num dado período de tempo. A existência e/ou ausência de relação entre os

parâmetros abordados possibilitou evidenciar divergências entre conceitos teóricos e práticos.

As eficiências determinadas no projeto foram muito satisfatórias, e comprovaram a

eficácia do tratamento de águas residuárias da indústria analisada. Os valores obtidos foram

próximos ao máximo possível de se obter numa indústria, independente do seu tipo de

despejo, que seria uma redução em 100% das cargas poluidoras.

Espera-se que a realização desta pesquisa favoreça e incentive a freqüente

existência de estações de tratamento de esgotos (ETE) em indústrias, independente de

tamanho e tipo de efluente gerado, visto que todos tipos de água residuárias devem ser

tratadas antes de serem despejadas num determinado corpo hídrico, preservando e

conservando, assim, a qualidade de vida humana, social e ambiental.

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores e co-orientadores Eurivan Alves Mendonça, Marta Pereira da Luz e

Osmar Mendes Ferreira, e à Nestlé Industrial e Comercial Ltda, pela colaboração e apoio

significativos e imprescindíveis na realização deste projeto.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS APHA; AWWA; WEF. Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, ed. 20, 1998. APHA, Washington, DC. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, NBR 9648: Estudo de concepção de sistemas de esgoto sanitário Procedimento, Rio de Janeiro, 1986. ______NBR 9800: Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema coletor público de esgoto sanitário, Rio de Janeiro, 1987. ALÉM SOBRINHO, Pedro. Tratamento de esgotos domésticos através de filtros biológicos de alta taxa. Comparação experimental de meios de suporte de biomassa. In: Ver. DAE n° 135 – dez. 1983, p. 58-78. BRAILE, P. M. Manual de tratamento de águas residuárias industriais. CETESB, São Paulo, 1979. BRANCO. S. M. Hidrobiologia aplicada à engenharia sanitária. CETESB, São Paulo, 1971. CAMPOS, J. R. (coordenador). Tratamento de esgotos sanitários por processo anaeróbio e disposição controlada no solo. PROSAB/ FINEP, Rio de Janeiro, 1999. CETESB. Operação e manutenção de lagoas anaeróbias e facultativas. Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental, São Paulo, 1989, 91p.

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FIGUEIREDO, Roberto Feijó de. Notas de aula da disciplina Processos de tratamento de esgotos. FEC-UNICAMP, 1992. FORESTI, E. Fundamentos do processo de digestão anaeróbia. In: Anais III Taller y Seminario Latinoamericano: tratamiento anaerobio de aguas residuales. Montevideo, Uruguay, 1994. p. 97-110. HESS, M. L. Histórico, conceito e aplicação – Curso sobre valos de oxidação. CETESB, São Paulo, 1971. VON SPERLING, M. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. Vol. 1. Introdução à qualidade das águas e ao tratamento de esgotos. Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG. 3ª ed. Belo Horizonte, 2005.

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ANEXOS

Anexo 1: Ilustrações do Sistema de tratamento dos Esgotos da Nestlé – Goiânia – Goiás.

Anexo 2: Fluxograma do Processo de Lodos Ativados por Aeração Prolongada.

Anexo 3: Boletins de Análise Físico-Química da Nestlé

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ANEXO 1: Ilustrações do Sistema de tratamento dos Esgotos da Nestlé – Goiânia – Goiás

Setembro (2005).

Figura 11: Tanque de homogeneização

O funcionamento ocorre quando o tanque está cheio. A homogeneização é feita para misturar os efluentes.

Figura 12: Reator Biológico/ Tanque de Aeração

O oxigênio é bombeado para dentro do tanque através dos aeradores, o período de funcionamento é de 24 hs.

Figura 13: Decantador secundário.

O efluente do tanque de aeração, passa pelo decantador secundário. O excesso de lodo biológico, retirado do decantador secundário e descartado para o leito de secagem.

Figura 14: Bomba Parafuso, elevatória de lodo.

A Bomba Parafuso atua no processo de retorno do lodo, ao tanque de aeração, para manter a concentração de da biomassa de microrganismo no sistema.

Figura 15: Leito de Secagem de lodo

O Leito de Secagem lodo. O lodo após desidratado é utilizado como biossólido em área agrícola.

Figura 16: Efluente Final “Calha Parshall”

Após o tratamento do efluente passa pelo medidor de vazão e é lançado no Córrego Caveirinha, afluente do Rio Meia Ponte.

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ANEXO 2:

Figura 17: Fluxograma do Processo de Lodos Ativados por Aeração Prolongada. Sistema implantado na unidade da Nestlé Industrial e Comercial Ltda, unidade instalada em Goiânia - Goiás.

O fluxograma demonstra o processo de Lodos Ativados por Aeração Prolongada,

sistema este que apresenta uma técnica de operação mais simples; alta remoção de DBO,

DQO, sólidos em suspensão, entre outros parâmetros; estabilização do lodo no próprio reator;

idade do lodo elevada (18-30 dias) e, no entanto, consome mais energia; possui elevados

custos de implantação e operação; apresenta necessidade de remover a umidade do lodo e de

sua disposição final (VON SPERLING, 2005).

Bombeamento

Decantador Secundário

Córrego Caveirinha

Indústria

Peneira

Lodo

Tanque de Aeração

Tanque de Equalização

Retorno de Lodo

Leito de Secagem

sSe

Medidor de Vazão

sSe

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Anexo 3: Boletins de Análise Físico-Química da Nestlé