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Universidade de Lisboa Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Departamento de Biologia Vegetal Análise da correlação espacial da presença de Misticetos com frentes oceânicas Mariana Ávila de Borba Silva Dissertação de Mestrado Mestrado em Ciências do Mar 2013

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Universidade  de  Lisboa  

Faculdade  de  Ciências  da  Universidade  de  Lisboa  

Departamento  de  Biologia  Vegetal  

 

Análise  da  correlação  espacial  da  presença  de  Misticetos  com  frentes  oceânicas  

 Mariana  Ávila  de  Borba  Silva  

 

 

Dissertação  de  Mestrado  Mestrado  em  Ciências  do  Mar  

 

 

2013  

 

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Universidade  de  Lisboa  

Faculdade  de  Ciências  da  Universidade  de  Lisboa  

Departamento  de  Biologia  Vegetal  

 

Análise  da  correlação  espacial  da  presença  de  Misticetos  com  frentes  oceânicas  

 Mariana  Ávila  de  Borba  Silva  

 

Dissertação  de  Mestrado  Mestrado  em  Ciências  do  Mar  

 

                                                       Orientadores:  Prof.  Doutora  Vanda  Brotas  

                             Prof.  Doutor  José  Azevedo  

 

 

2013  

 

 

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i    

Índice

Agradecimentos  .........................................................................................................................  iii  

Resumo  ......................................................................................................................................  iv  

Abstract  ........................................................................................................................................  v  

1.   Introdução  ............................................................................................................................  1  

1.1.   Oceanografia dos Açores  ..........................................................................................  1  

1.2.   Misticetos dos Açores  ................................................................................................  3  

1.2.1.   Baleia-Azul- Balaenoptera musculus (Linnaeus, 1758)  ................................  3  

1.2.2.   Baleia-Comum - Balaenoptera physalus (Linnaeus, 1758)  ..........................  4  

1.2.3.   Baleia-Sardinheira - Balaenoptera borealis (Lesson, 1828)  ........................  4  

1.3.   Influência das frentes oceânicas na distribuição dos Misticetos  .........................  5  

1.4.   Objectivos  ....................................................................................................................  9  

2.   Metodologia  .......................................................................................................................  10  

2.1.   Área de estudo  .........................................................................................................  10  

2.2.   Amostragem  ..............................................................................................................  10  

2.2.1.   Recolha dos dados  ...........................................................................................  10  

2.2.2.   Tratamento de dados  .......................................................................................  11  

2.2.3.   Análise estatística  ............................................................................................  16  

3.   Resultados  ........................................................................................................................  18  

3.1.   Observação dos cetáceos  .......................................................................................  18  

3.2.   Distribuição das baleias em relação às frentes oceânicas  ................................  19  

3.2.1.   Distâncias  ..........................................................................................................  19  

3.2.2.   Densidade  .........................................................................................................  21  

3.2.3.   Lado  ....................................................................................................................  23  

4.   Discussão  ..........................................................................................................................  25  

4.1.   Distribuição das baleias em relação às frentes oceânicas  ................................  25  

4.1.1.   Distância  ............................................................................................................  25  

4.1.2.   Densidade  .........................................................................................................  27  

4.1.3.   Lado  ....................................................................................................................  28  

4.1.4.   Questões metodológicas  .................................................................................  28  

4.1.5.   Conclusões e recomendações  .......................................................................  29  

5.   Bibliografia  .........................................................................................................................  30  

Anexos  .......................................................................................................................................  34

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ii    

Índice de Imagens

Fig. 1 - Correntes presentes na área dos Açores: (A): meses de Verão. (B) meses de Inverno. (Santos et al. 1995). ......................................................................................... 2

Fig. 2 - Arquipélago dos Açores com as áreas de estudo: (A) São Miguel; (B) Faial. . 10

Fig. 3 - PCM geral da ilha de São Miguel com todos os avistamentos semanais das espécies alvo. ............................................................................................................... 13

Fig. 4 - PCM geral da ilha do Faial com todos os avistamentos semanais das espécies alvo. .............................................................................................................................. 13

Fig. 5 - Imagem das frentes oceânicas detectadas para uma das semanas seleccionadas para o estudo. ....................................................................................... 15

Fig. 6 - Avistamentos de Baleias-Azuis, Baleias-Comuns e Baleias-Sardinheiras de todas as semanas obtidas entre 2009 e 2013 na ilha de São Miguel e ilha do Faial. .. 18

Fig. 7 - Semanas de avistamentos com imagens de satélite TSM de boa qualidade da costa Sul da Ilha de São Miguel. .................................................................................. 19

Fig. 8 - Número de ocorrências de cada espécie em estudo em função da distância à frente oceânica mais próxima. ...................................................................................... 20

Fig. 9 - Distância mensal média de cada espécie à frente oceânica mais próxima (conjunto de dados de 2009 a 2012). ........................................................................... 21

Fig. 10 - Número de ocorrências de cada espécie em estudo em relação à densidade das frentes oceânicas. .................................................................................................. 22

Fig. 11 - Área em que as espécies em estudo se encontram em relação às densidades das frentes. ................................................................................................................... 23

Fig. 12 - Distribuição das espécies alvo consoante o lado da frente em que se encontram. .................................................................................................................... 24

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iii    

Agradecimentos

Gostaria de agradecer a todas as pessoas e entidades que me ajudaram

a tornar possível a realização deste trabalho.

Começo por agradecer aos meus orientadores, Professor Doutor José

Azevedo, Professora Doutora Vanda Brotas, e co-orientador Doutor Marc

Fernandez por toda a ajuda, sugestões, comentários e correcções.

Às empresas de Observação de Cetáceos: “Picos de Aventura”,

”Futurismo” e “Horta Cetáceos” e ao projecto Monicet pela disponibilização dos

dados dos avistamentos de cetáceos que tornaram possível a elaboração deste

trabalho.

Agradeço também a todos os meus amigos que me deram apoio e força

nas alturas mais difíceis.

Um agradecimento especial à minha família, em especial à minha mãe,

ao Zé e às minhas irmãs, Daniela e Camila, que sempre me apoiaram e

proporcionaram condições para poder elaborar este trabalho.

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iv    

Resumo

Para podermos compreender melhor a distribuição das grandes baleias

e para conservar os seus habitats temos que compreender os factores que

influenciam e a sua selecção. Têm sido feitos muitos estudos para melhor

compreender a distribuição dos cetáceos, a grande maioria relacionando estes

com características oceanográficas como, topografia subaquática e

temperatura superficial do mar (TSM), mas os mecanismos continuam a ser

mal compreendidos. As frentes oceânicas têm sido as mais utilizadas nestes

estudos, pois são locais onde há uma grande produtividade biológica e

agregados de presas, logo uma grande probabilidade de ser um factor que

influencie fortemente a distribuição das baleias. Os estudos efectuados têm

sido pouco conclusivos. Neste estudo quantificou-se a relação entre frentes

oceânicas e a distribuição da baleia-azul (Balaenoptera musculus), baleia-

comum (Balaenoptera physalus) e baleia-sardinheira (Balaenoptera borealis)

em duas áreas do arquipélago dos Açores. Usaram-se avistamentos semanais

de várias empresas de “Whale Watching” destas espécies entre os anos de

2009 e inícios de 2013 e frentes oceânicas determinadas por dados de satélite.

Com esta informação foi possível o cálculo da distância da posição de cada

espécie a cada frente oceânica, através de reamostragem aleatória, a posição

em relação à densidade das frentes e a sua posição em relação à frente

oceânica. A Baleia-Azul e a Baleia-Comum estavam realmente correlacionadas

coma s frentes oceânicas enquanto que a Baleia-Sardinheira se encontra

distribuída aleatoriamente em relação à posição das frentes oceânicas.

Desta forma pode-se afirmar que as frentes oceânicas são um bom

indicador para conseguirmos compreender a preferência do habitat das

espécies de misticetos em estudo.

Palavras-chave: Frentes Oceânicas, Baleia-Azul, Baleia-Comum, Baleia-

Sardinheira, Distribuição, Açores.

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v      

Abstract

To be able to understand the distribution of large whales and to preserve

their habitats we need do understand the factors influencing the habitat

selection. Many studies have been done to understand the distribution of

cetaceans with oceanographic characteristics such as underwater topography

and sea surface temperature (SST), but the mechanisms underlying these

relationships remain poorly understood. The ocean fronts have been the most

used in these studies because these places have a large biological productivity

and aggregate potential preys reflecting in a higher probability of being a factor

that influences the distribution of whales. However these studies have been

inconclusive. This study quantified the relationship between oceanic fronts and

the distribution of blue whale (Balaenoptera musculus), fin whale (Balaenoptera

physalus) and sei whale (Balaenoptera borealis) on two areas of Azores

archipelago. There were used weekly sightings of several “Whale Watching”

companies between 2009 and 2013 beginning and oceanic frontal areas

determined by satellite information. With these data it was possible to calculate

the distance between: the position of each species and oceanic front through

random resampling; the relative position to the fronts density; and its relatively

position to the oceanic front.

The blue and fin whales were actually correlated with oceanic fronts

while the sei whale was randomly distributed. With these results we can

assume that oceanic fronts are indeed a good indicator that enlarges our

comprehension of how the habitat preference works within the baleen whales in

study.

Keywords: Oceanic fronts, Blue Whale, Fin Whale, Sei Whale, Distribution,

Azores.

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1    

1. Introdução

1.1. Oceanografia dos Açores

O arquipélago dos Açores, constituído por nove ilhas e alguns ilhéus,

situa-se no Atlântico Norte, a aproximadamente 1600 km de Portugal

Continental (França et al. 2005). As diferentes ilhas apresentam-se alinhadas

segundo uma faixa de orientação geral NW-SE, com uma extensão de cerca de

600 km entre Santa Maria e o Corvo (França et al. 2005). Santos & Pinho

(2005) dizem que os Açores, no seu conjunto, perfazem uma área de 66000

km2. Constatam também que o comprimento total das linhas de costa das nove

ilhas é cerca de 850 km, aproximadamente o comprimento da linha de costa de

Portugal Continental.

Os Açores encontram-se numa zona de convergência de uma série de

estruturas tectónicas e, de entre essas estruturas, salientam-se: a Crista

Média-Atlântica (CMA), o rifte da Terceira (RT), a Zona de Fractura Este dos

Açores (ZFEA) e a Zona de Fractura Oeste dos Açores (ZFOA) (França et al.

2005). O relevo submarino desta região é caracterizado por várias elevações

do fundo, a partir de profundidades batiais e abissais, tendo algumas delas

originado as ilhas dos Açores (Santos et al. 1995). Em Bashmachnikov et al.

(2004) foi observado que na crista média oceânica, entre o grupo central e

oriental, existem águas mais frias com diferenças de temperaturas máximas de

1ºC. Pensam que algumas anomalias podem ser resultado de intensificação de

ondas / vórtices que passam perto de montes submarinos. Estas elevações em

mar aberto podem causar o afloramento de nutrientes, aumentando a

produtividade primária na área, e, consequentemente, afectar a distribuição dos

organismos pelágicos, incluindo os cetáceos (Santos et al. 1995). Este factor,

ligado à ausência de plataforma continental, permite que sejam atingidas zonas

de grande profundidade ao redor das ilhas, tornando o arquipélago num local

privilegiado para a observação de cetáceos próximos da costa (Santos et al.

1995).

Nos Açores, a circulação da água superficial e profunda proporciona a

forma como o biota marinho atinge a costa das ilhas. Os ventos dominantes no

Inverno são de leste, enquanto que no Verão dominam os ventos de oeste.

Outra característica importante é a Corrente do Golfo. Esta flui para norte

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2    

transportando água tropical quente, com alta salinidade e um baixo regime de

nutrientes que tipifica os Açores, do equador para as águas frias do norte. Ao

fluir para leste vai perdendo a sua força. Aos 40ºN divide-se em dois ramos. A

corrente do Atlântico Norte e, mais a sul, a Corrente dos Açores. Esta última é

a grande responsável pela fauna e flora dos Açores. Este ramo varia

sazonalmente sendo que no verão dirige-se mais para leste, a uma distância

considerável das ilhas, enquanto que no Inverno se aproxima das ilhas a norte

(Fig.1) (Morton et al. 1998, Santos et al. 1995).

 Fig. 1 - Correntes presentes na área dos Açores: (A): meses de Verão. (B) meses de

Inverno. (Santos et al. 1995).

Em Santos et al (2005) podemos ver que a corrente dos Açores divide-se

também em dois ramos, a Corrente dos Açores Norte e a Corrente dos Açores

Sul. Estes autores afirmam que o fluxo principal da corrente dos Açores tem

cerca de 150 km de largura e uma profundidade de 1000 m, sendo possível

observar fortes gradientes térmicos e de salinidade na região.

Além das correntes de superfície, existem também correntes de fundo,

como a água vinda da Antártica, que vêm frias e carregadas de oxigénio

(Morton et al. 1998).

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3    

1.2. Misticetos dos Açores

Os misticetos são animais de grande porte, em que as fêmeas têm um

crescimento maior que os machos, sendo o maior de todos a Baleia-Azul.

Estes rorquais são animais ágeis e possuem longas pregas que se estendem

desde a ponta do focinho até zona do umbigo na superfície ventral (Jefferson,

1993). Estas, em vez de um, possuem dois espiráculos, crânio simétrico e um

esterno que consiste num único osso. Na boca, em vez de dentes, possuem

barbas que são placas rígidas de queratina que são utilizadas para fazer a

filtração durante a alimentação (embora dentes possam ser encontrados em

fetos) (Jefferson, 1993; Berta & Sumich, 1999).

Para se alimentarem engolem grandes quantidades de água com a

ajuda da expansão das pregas e, com as barbas, filtram cardumes de

pequenos peixes e invertebrados (Jefferson, 1993). Capturam zooplâncton ou

cardumes de pequenos peixes pelágicos encontrados em profundidades

relativamente rasas, geralmente entre os 100 e os 500 metros (Berta & Sumich,

1999).

1.2.1. Baleia-Azul- Balaenoptera musculus (Linnaeus, 1758)

A Baleia-Azul é o maior animal de sempre, atingindo cerca de 23 a 27

metros de comprimento e podendo pesar até 160 toneladas (Jefferson, 1993).

Como todos os rorquais, a Baleia-Azul possui um corpo esguio e aerodinâmico,

com cabeça larga e em forma de U (Jefferson, 1993). É possível também

observar junto aos espiráculos o género de uma “protecção contra respingos”

(Jefferson, 1993). Quando às barbatanas, são longas e pontiagudas sendo a

barbatana dorsal relativamente pequena e com forma variável e encontra-se a

cerca de três quartos do corpo (Jefferson, 1993). Quando expira emite um bufo

alto e fino que pode atingir os 9 m de altura ou mais (Jefferson, 1993).

Em alto mar pode ser confundida com as Baleias-Comuns ou com as

Baleias-Sardinheiras e a melhor forma de as diferenciar será pela cor, forma da

cabeça e forma e posição da barbatana dorsal (Jefferson, 1993).

São vistas ou sozinhas ou em pares, sendo somente observadas em

grupo em áreas de alimentação (Jefferson, 1993). Fazem mergulhos curtos na

sua maioria sendo o tempo máximo de permanência dentro de água de 30

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4    

minutos. Dão à luz durante o Inverno em áreas de reprodução tropicais ou

subtropicais (Jefferson, 1993).

Tendem a ser animais de mar aberto mas, em algumas áreas,

aproximam-se da costa para se alimentar e reproduzir. A sua alimentação

consiste maioritariamente de krill (Jefferson, 1993), mais especificamente o

eufasiídeos (Burtenshaw et al. 2004).

1.2.2. Baleia-Comum - Balaenoptera physalus (Linnaeus, 1758)

Segundo Jefferson (1993): a Baleia-Comum é o segundo maior animal

do mundo em que os adultos podem atingir um máximo de 24 metros de

comprimento possuindo um corpo elegante e aerodinâmico. Diz também que a

característica mais marcante da Baleia-Comum é a sua coloração. É cinza-

acastanhada, mais escuro no dorso e laterais, enquanto que possui um ventre

branco, e com coloração assimétrica na cabeça. A mandíbula inferior do lado

esquerdo é mais escura enquanto que a do lado direito é predominantemente

branca. Possui também a cabeça mais aguçada do que a baleia azul e a

barbatana dorsal é mais alta e falciforme e mais para a frente do que a baleia

azul. O seu bufo pode atingir entre os 4 e os 6 m de altura.

Podem ser facilmente confundidas com as Baleias-Sardinheiras e

Baleias de Bryde em que somente a cor, forma da cabeça e forma e posição da

barbatana dorsal ajudam a distingui-las, mas a forma mais segura para uma

identificação correcta será pela coloração assimétrica da cabeça (Jefferson,

1993).

Estas tendem a ser as mais sociais dos rorquais podendo reunir grupos

entre 2 a 7 baleias. Dão à luz durante o Inverno em áreas tropicais ou

subtropicais (Jefferson, 1993).

É uma das espécies mais rápidas dos rorquais podendo atingir até cerca

de 37 km/h. Encontram-se principalmente em águas oceânicas em ambos os

hemisférios. (Jefferson, 1993). Pode ingerir eufasiídeos, copépodes, lulas e

cardumes de peixes pequenos (Bannister, 2002).

1.2.3. Baleia-Sardinheira - Balaenoptera borealis (Lesson, 1828)

Quanto ao tamanho, os adultos podem ter até 18 metros de

comprimento e vir a pesar 30 toneladas A coloração é o cinza escuro e

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esbranquiçada no ventre. Na zona traseira é possível observar uma cicatrizes

que, possivelmente, são feitas por mordeduras de lampreias) e a superfície da

pela assemelha-se a metal galvanizado. Quanto ao bufo, este pode atingir até

3 m de altura (Jefferson, 1993).

Pode ser facilmente confundida com a Baleia de Bryde, pois ambas

possuem uma barbatana dorsal proeminente e com um angulo agudo na parte

de trás. Uma forma de as distinguir é através de um cume proeminente na

cabeça, pois as Baleias de Bryde tendem a ter três. Pode ser também

confundida com a Baleia-Comum mas a distinção é feita pela coloração

assimétrica da cabeça da Baleia-Comum (Jefferson, 1993).

Quando observadas é comum observar grupos de 2 a 5 indivíduos.

Trata-se de uma nadadora rápida podendo ser mesmo a mais rápida de todos

os rorquais. Os partos ocorrem no Inverno a baixas latitudes (Jefferson, 1993).

Tem uma alimentação à base de cardumes de pequenos peixes

(Bannister, 2002) Quando estão em alimentação mergulha em séries

previsíveis, mantendo-se, muitas vezes visível abaixo da superfície entre as

respirações (Jefferson, 1993).

1.3. Influência das frentes oceânicas na distribuição dos Misticetos

Hoje em dia, torna-se cada vez mais importante entender as características

que afectam a distribuição dos organismos marinhos. Os padrões de

distribuição desses organismos estão intimamente interligados à selecção dos

seus habitats, quer em termos de espaço e de tempo. Desta forma, o estudo

dos habitats preferenciais utilizados por cada espécie é crucial para

compreender a ecologia das espécies e a estrutura das comunidades (Bjørge,

2002).

A distribuição das Baleias de Barbas nos oceanos do mundo não é aleatória

e, certas espécies são observadas em zonas com determinadas características

oceanográficas, tendo cada uma delas preferência por determinadas

profundidades e temperaturas (Jefferson, 1993). Ainda não está bem

compreendido quais os factores específicos que determinam a presença de

cada espécie em determinado local (Jefferson, 1993). Os padrões de

distribuição dos indivíduos ou agregações de indivíduos depende da forma

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6    

como os diferentes factores afectam o habitat de cada espécie, necessidades

biológicas, interacções com outros organismos (Forcada, 2002).

Forcada (2002) afirma que as distribuições são o culminar de diversos

factores que actuam em escalas de espaço e tempo diferentes para cada

espécie, e por vezes em grupos de espécies. Diz também que a distribuição

das baleias de barbas depende da sua capacidade de explorar organismos

planctónicos, características oceanográficas das massas de água onde se

alimentam e do nível trófico que exploram logo, sua distribuição está em

grande parte relacionada com a distribuição das suas presas. Os mamíferos

marinhos podem ser considerados especialistas ou generalistas, estando estes

dois aspectos implicados no padrão de distribuição de cada espécie (Forcada,

2002).

A dieta dos mamíferos marinhos e a sua busca constante de alimento são

consequências directas dos padrões espaciais e temporais da produtividade

primária e, no caso dos misticetos, a distribuição pode estar relacionada com a

distribuição do krill (Berta & Sumich, 1999). Para explorarem eficientemente

zonas onde exista grande quantidade de presas, estas baleias precisam de

prever sazonalmente qual o local mais apropriado para a sua alimentação

(Georges et al, 2000).

Xu et al. (2013) explicam que o mar perto da costa e o oceano aberto têm

uma dinâmica totalmente diferente. Dizem que as águas oceânicas superiores

podem ter águas mais frescas e ricas em nutrientes, provenientes do oceano

profundo para uma camada mais superficial. Nesses locais onde se dá o

afloramento são as áreas do oceano onde há uma maior produtividade (Xu et

al. 2013). Berta & Sumich (1999) afirmam que a produtividade primária marinha

é normalmente maior sobre as plataformas continentais, bancos rasos, regiões

de afloramento e em locais significativamente frios nos meses de Inverno. No

estudo de Fenchel (1988) a produção orgânica no mar depende muito do

fitoplâncton, em particular das diatomáceas e dos dinoflagelados. Explica que

estes organismos são consumidos pelo zooplâncton, como os copépodes, que

por sua vez servem de alimento a pequenos peixes que acabam sendo presas

de peixes maiores. Berta & Sumich (1999) acrescentam que a combinação de

correntes, estratificação e produção primária têm grande influência na

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7    

distribuição e agregação de plâncton, que por sua vez atrai predadores

maiores, como peixes, aves e cetáceos.

As frentes oceânicas são regiões de rápida mudança na salinidade ou

temperatura são formadas na fronteira entre massas de água de diferentes

densidades ou temperaturas, definindo um limite entre massas de água de

diferentes origens (Valavanis et al. 2005). Quando essas massas de águas de

diferentes origens convergem, nutrientes, bem como fitoplâncton e

zooplâncton, ficam presos nessa zona de convergência resultando num

aumento de produtividade (Valavanis et al. 2005). Belkin et al. (2009) expõem

que são zonas relativamente estreitas que acentuam os gradientes horizontais,

fruto das propriedades aquáticas como a temperatura, salinidade, nutrientes,

entre outros. Diz também que estas frentes podem ser descritas como

descontínuas, devido à sua natureza abrupta, ocorrendo em diversas escalas,

desde poucos metros até milhares de quilómetros. As frentes podem ter uma

vida breve (dias), embora a sua maioria é quase estacionária e sazonalmente

persistente (Belkin et al. 2009).

As manifestações físicas, químicas e biológicas das mesmas frentes são

tipicamente ligadas, embora já tenham sido observados deslocamentos

espaciais relativamente pequenos entre as localizações dessas frentes em

diferentes propriedades (Belkin et al. 2009).

As frentes oceânicas desempenham um papel muito importante sobre o

meio ambiente que as rodeia (Olson et al. 1994). Pensa-se que as frentes

também reforçam a divisão dos ecossistemas das duas massas de água.

(Belkin et al. 2009). Na sua maioria, as frentes apresentam uma convergência

de superfície voltada para a frente, em pelo menos um dos seus lados. Nessas

zonas há elevada produção primária, mais conhecida como “hot spots” de vida

marinha, desde o fitoplâncton até aos seus predadores (Belkin et al. 2009).

A temperatura da água e suas variações são os parâmetros mais utilizados

hoje em dia no estudo sobre relações entre o ambiente e comportamento de

abundância de várias espécies (Santos & Miguel, 2000). Temos como

exemplos algumas espécies de krill e peixes, pois como evitam águas frias, são

esperados em frentes de temperatura superficial do mar (TSM) onde as águas

frias limitam a sua distribuição (Doniol-Valcroze, 2007). A diferença de

temperatura é facilmente observada e trata-se de um bom indicador de

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8    

processos como afloramentos, redemoinhos, frentes, entre outros. Além disso,

é um dos parâmetros oceanográficos mais utilizados e com maior taxa de

sucesso utilizando detecção remota para o mapeamento global e a

monitorização de frentes oceânicas, e além disso, ainda fornece um maior

conjunto de dados via satélite (Santos & Miguel 2000, Belkin et al. 2009).

O uso de satélites tem ajudado no estudo das características das frentes

oceânicas (Valanavis et al. 2005). O mapeamento e identificação das frentes

são possíveis ao calibrar imagens de temperatura da superfície do mar (TSM)

com determinados valores de intervalos de temperatura. As diferenças entre a

TSM podem ser de 10-15ºC, mas as diferenças típicas são de 2-5ºC (Belkin et

al. 2009). Nos vários trabalhos feitos nos últimos anos foram definidos

diferentes intervalos de temperatura para determinar as frentes oceânicas,

dependendo do tipo de estudo a realizar. Temos como exemplo Doniol-

Valcroze et al. (2007) que decidiram definir as frentes de 2°C Km-1

representando somente os gradientes mais fortes. No estudo de Ullman &

Cornillon (1999) uma frente representa uma alteração de TSM maior que

0,375ºC km-1, e outros autores, como Gannier & Praca (2007), para obterem os

mapas de TSM brutos, utilizaram o gradiente máximo de diferença disponível

no programa utilizado (WimSoft© software), que neste caso as zonas frontais

seriam definidas sempre que houvesse uma diferença de 1,2ºC entre duas

células, o que corresponde a um gradiente térmico de cerca de 0.1ºC Km-1.

Tem sido feita uma pesquisa intensa para descrever os habitats

preferenciais de várias espécies de cetáceos realçando a relação entre

variáveis físicas e biológicas. Entre eles, temos estudos que demonstram que a

distribuição de aves e mamíferos marinhos podem estar ligados a mudanças

na disponibilidade das suas presas, incluindo peixes, cefalópodes e

zooplâncton (Fiedler et al. 1998). Quanto às variáveis ambientais são comuns

estudos que relacionem aguas produtivas com mamíferos marinhos (Smith et

al. 1986), frentes com peixes (Pried & Miller, 2009; Reese et al. 2011; Royer et

al. 2004; Sims & Quayle, 1998) e frentes com cetáceos (Benson et al. 2002;

Doniol-Valcroze et al. 2007; Gill et al. 2011; Keller et al. 2006; Panigada et al.

2008). Quanto às frentes essencialmente oceânicas também alguns estudos

que as correlacionam com peixes (Xu et al. 2013) e baleias de barbas

(Baumgartner & Mate, 2005; Druon et al. 2012; Littaye et al. 2004).

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9    

Para Doniol-Valcroze et al. (2007) as frentes são as principais candidatas

para relacionar os factores físicos com a distribuição de grandes baleias. Isto

porque aumentam a produtividade biológica e agregados de presas oferecendo

assim áreas com características particularidades de alimentação para os

organismos. Estas áreas associadas ao aumento de produtividade tornam-se

áreas atractivas para uma ampla variedade de peixes, aves e mamíferos

marinhos. Smith et al. (1986) associaram a distribuição dos mamíferos

marinhos com o aumento de produção primária e concluíram que associações

Cetáceos-Ambiente sugerem que variações de temperatura podem delimitar os

habitats das diferentes espécies. Já Baumgartner e Mate (2005) não

encontraram quaisquer evidências na correlação entre baleias e as frentes.

O estudo de Santora et al. (2010) incidiu sobre a preferência do tamanho do

alimento por parte de algumas espécies de baleias de barbas e concluiu que as

baleias de barbas e o krill ocorrem em locais persistentes, sendo que os locais

de abundâncias das baleias estavam correlacionados com as áreas de

abundância de krill e que as estratégias de alimentação dos misticetos

dependiam do comportamento deste. A mudança sazonal da produtividade

primária está relacionada com a disponibilidade de nutrientes, logo das

condições oceanográficas (Burtenshaw et al. 2004).

A norte dos Açores foi feito um estudo acerca da variabilidade espacial das

baleias-sardinheiras e cachalotes em relação a características oceanográficas

e topográficas o qual concluiu que a baleia-sardinheira prefere alimentar-se em

zonas com menor profundidade sendo por isso, uma mergulhadora rasa (Skov

et al. 2008).

1.4. Objectivos

Neste estudo pretende-se fazer a correlação espacial da presença de

Misticetos com frentes oceânicas, utilizando dados de avistamentos de três

espécies de baleias de barbas entre 2009 e 2013, e dados de satélite de

temperatura da superfície do mar (TSM),com as frentes oceânicas recolhidas

na mesma escala de espaço e tempo.

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10    

2. Metodologia

2.1. Área de estudo

A área de estudo englobou a costa sul da ilha de São Miguel e a costa

da ilha do Faial (Fig. 2) até aproximadamente 10 milhas.

 

Fig. 2 - Arquipélago dos Açores com as áreas de estudo: (A) São Miguel; (B) Faial.

As observações foram feitas perto da costa pois, como não existe

plataforma continental nos Açores, obtêm-se zonas de grandes profundidades

a escassas distâncias da costa, o que facilita a observação dos cetáceos perto

da costa.

2.2. Amostragem

2.2.1. Recolha dos dados

Os dados utilizados foram recolhidos em saídas de empresas marítimo-

turísticas de observação de cetáceos que decorreram entre 2009 e início de

2013. Estas saídas costumam ter início em Março/Abril e terminam por volta de

Novembro, que é a época alta do turismo nos Açores.

Todas as saídas para o mar iniciaram-se nas respectivas marinas,

podendo atingir uma distância máxima de 10 milhas náuticas da costa. Estas

A  

B  

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11    

realizam-se normalmente duas vezes por dia (manhã e tarde) e dependem do

estado do mar, condições meteorológicas e também do número de clientes.

Para a detecção dos cetáceos utilizaram-se as vigias, que consistem em

pessoas que se encontram em terra, num ponto elevado, com binóculos de

grande poder de ampliação, tendo assim uma visão ampla sobre uma grande

extensão de mar. Após a localização dos animais, este informa, via rádio, as

embarcações acerca da posição dos animais de forma a facilitar a observação

dos mesmos.

No mar, o biólogo procede à recolha de dados de posição da espécie

observada. Para tirar a posição do avistamento utilizou-se um GPS e procedeu-

se ao registo com: nome da empresa, nome da embarcação, data da saída,

hora da saída, estado do mar, ilha e localidade de onde partiram as

embarcações, espécie, número de animais, hora de início e final de

avistamento e, por fim, a posição do animal. Estes dados são posteriormente

anotados no diário de bordo da embarcação.

Por fim, as posições são submetidas na plataforma MONICET

(www.monicet.net) de forma a estes dados possam vir a ser utilizados para

variados estudos. O MONICET é um projecto que reúne uma base de dados de

longo prazo das observações de cetáceos efectuadas por operadores

marítimo-turísticos nos Açores com o objectivo de utilizar estes dados para

estudos científicos futuros e informação ao público.

Para o presente estudo houve o contributo das empresas Picos de

Aventura, Futurismo, e Terra Azul na ilha de São Miguel e da empresa Horta

Cetáceos na ilha do Faial.

2.2.2. Tratamento de dados

Obtenção dos dados de avistamentos

Para obter os dados necessários, acedeu-se à base de dados

MONICET, exportaram-se as folhas de cálculo com todos os dados dos

avistamentos de cada uma das espécies pretendidas desde 2009 até 2013.

Procedeu-se depois à filtração de dados de forma a seleccionar, para

cada espécie, sequências de 7 dias seguidos que contenham, no mínimo, 5

avistamentos. Foi escolhida uma escala de tempo de 7 dias consecutivos para

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12    

evitar as nuvens que podem aparecer nos mapas diários e para que o número

de avistamentos fosse o suficiente para ser possível testar a hipótese. Todos

os avistamentos com o mesmo número de animais, à mesma hora e local

foram excluídos de forma a não termos avistamentos em duplicado.

Depois de seleccionadas as semanas, exportaram-se as respectivas

folhas de cálculo com os avistamentos para cada uma das espécies. Estas

folhas de cálculo contêm a espécie em estudo e todos os outros avistamentos

obtidos em cada semana seleccionada.

Delimitação dos polígonos convexos mínimos

No ArcMAP (componente do ArcGIS) colocaram-se as coordenadas das

posições de todas as espécies avistadas na semana e, com a ferramenta HRT,

desenhou-se o polígono convexo mínimo (PCM) que abrange todos os

avistamentos registados. Esta ferramenta constrói polígonos através da ligação

dos pontos periféricos de um grupo de pontos. Este inclui 95% dos pontos da

área de esforço, pois esta ferramenta utiliza um método de exclusão. Obteve-

se um PCM para cada semana de cada uma das espécies em estudo.

Depois de obtido o polígono, foram colocados os avistamentos da

espécie em estudo. Este procedimento foi feito para todas as semanas obtidas

de cada uma das espécies em estudo.

Nas Figs.3 e 4 temos os exemplos de um polígono geral que contém

todas as semanas de todas as espécies em estudo em cada uma das áreas.

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13    

 

Fig. 3 - PCM geral da ilha de São Miguel com todos os avistamentos semanais das espécies alvo.

 Fig. 4 - PCM geral da ilha do Faial com todos os avistamentos semanais das espécies alvo.

   

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14    

Reamostragem aleatória

Realizou-se uma reamostragem aleatória no programa ArcGIS para

cada uma das semanas de cada espécie alvo. Com isto podemos obter pontos

distribuídos de forma aleatória no que diz respeito às frentes oceânicas. No

ArcMAP foram colocados então os PCM’s, de cada semana, e foram traçados

100 pontos aleatórios. Para tal foi utilizada a ferramenta Create Random

Points, assim os pontos aleatórios são lançados dentro da PCM, logo, dentro

da nossa área de esforço. Esta tarefa foi realizada em cada uma das semanas

de cada espécie de forma a termos 100 pontos aleatórios para cada semana

de cada uma das espécies alvo.

Após obtidos os pontos aleatórios, extraíram-se as coordenadas de cada

um dos pontos aleatórios para poder saber-se a posição geográfica.

Posteriormente, sistematizou-se numa folha de cálculo toda a

informação. Foram colocadas semanalmente, em tabela, as coordenadas, um

valor identificativo de linha, a data e a hora de todos os animais avistados. De

seguida, foram colocados os pontos aleatórios retirados do PCM com as

respectivas coordenadas.

Informação oceanográfica

Os dados de satélite das áreas de estudo foram conseguidos através de

um grupo de detecção remota, Plymouth Marine Laboratory (PML), sendo

posteriormente processados por Dr. Peter Miller e James Bowcott.

Os limites térmicos foram detectados nas imagens de TSM que cobrem

a área do Arquipélago dos Açores utilizando o algoritmo “single image edge-

detection” (SIED) de Cayula e Cornillion (1992). As linhas a preto nos mapas

identificam a localização dos gradientes de temperatura de ≥ 0,4ºC entre duas

massas de água. Cada linha, ou parte de linha, representa a informação a

partir de dados de um dia.

Ao invés de uma média ao longo de um determinado conjunto de

imagens (como foi já feito no passado), a abordagem de Miller acumula uma

série de imagens de satélite num único mapa, resultando num destaque e

detecção de frentes persistentes melhorados (ex: Fig.5).

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15    

 

Fig. 5 - Imagem das frentes oceânicas detectadas para uma das semanas seleccionadas para o estudo.

Além disso, os factores de ponderação foram aplicados para removerem

o máximo de ruido introduzido por fragmentos frontais simples e transitórios

identificados num único pixel. O algoritmo foi utilizado para identificar as

características persistentes das frentes e para criar mapas compostos a partir

de múltiplas imagens de satélite que incluem 4 factores de ponderação:

1. O gradiente de temperatura média de cada frente;

2. A persistência de uma frente com o passar do tempo (persistência=

probabilidade de observar uma frentes num determinado pixel sobre

uma dada sequencia de imagens);

3. A evidência de uma característica em proximidade de outra (o que

permite um certo movimento de característica ao longo do tempo

como resultado de uma advecção de marés).

As principais vantagens deste método de composição é que as imagens

com nebulosidade são um problema menor, visto que são combinadas várias

imagens, e a indefinição de recursos dinâmicos não ocorre. Além disso, as

frentes mais persistentes, ou aquelas com gradientes mais fortes, são

realçadas. Miller desenvolveu também um novo agrupamento de linhas para

simplificar os mapas os mapas com frentes compostas. Estes mapas ajudam

também nas análises quantitativas, pois os dados não são afectados por várias

observações da mesma frente ao longo do tempo. As linhas menos carregadas

representam frentes menos duradouras.

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16    

Posteriormente estas mesmas imagens foram georreferenciadas usando

o reconhecimento da linha da costa.

Existem diferentes tipos de métricas quantitativas que têm sido utilizadas

para investigar a relação entre o esforço de observação de superfície e

actividades frontais na vizinhança da área de estudo.

Os dados das frentes oceânicas foram resumidos em 3 variáveis: 1)

distância de todos os pontos em relação à frente oceânica mais próxima; 2)

relação entre as densidades das frentes e o posicionamento de todos os

pontos e, por fim 3) posicionamento de todos os pontos em relação aos lados

quente ou frios das frentes.

A distância às frentes dá-nos a distância entre os pontos e a frentes

mais próxima em Km.

A densidade das frentes dá-nos a força das frentes detectadas. Esta dá-

nos uma combinação do gradiente térmico e persistência das frentes

oceânicas.

2.2.3. Análise estatística

Foi utilizada uma abordagem de reamostragem aleatória para que se

saiba se os avistamentos das baleias são distribuídos de forma aleatória ou

não no que diz respeito às frentes oceânicas.

Para comparar cada uma das espécies com a amostra aleatória, foi

utilizado o teste Kruskal-wallis (significância p<0.05) para testar-mos se os

avistamentos são influenciados pela posição das frentes ou se, pelo contrário,

se distribuem de forma aleatória. Neste teste são obtidos ranks e os dados são

trabalhados do valor mais pequeno para o maior e só depois é calculado o H.

Foi utilizada uma folha de cálculo disponível na versão electrónica de

McDonald (2009).

Foi também utilizado o teste Kruskal-wallis nas densidades das frentes

oceânicas em relação às coordenadas dos pontos aleatórios e avistamentos

obtidos para conseguirmos perceber se a densidade das frentes tem alguma

influência na distribuição das baleias.

Os dados de posição de avistamento, se se encontram no lado frio,

quente ou sobre as frentes oceânicas, foram também analisados, mas com um

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17    

teste de Qui-Quadrado. Este teste diz-nos se os valores observados se

desviam ou não dos valores esperados.

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18    

3. Resultados

3.1. Observação dos cetáceos

Foram obtidas, no total 27, semanas de avistamentos. São Miguel

obteve 25 semanas com um total de 185 avistamentos das espécies alvo. Já a

ilha do Faial só obteve 2 semanas somando 19 avistamentos.

Quanto à quantidade de avistamentos tem a Baleia-Comum como a

mais avistada contado com 88 avistamentos, seguida pela Baleia-Sardinheira

com 83 e Baleia-Azul com 33 avistamentos, logo a menos avistada durante o

tempo do estudo. Os avistamentos feitos em datas diferentes podem referir-se

aos mesmos indivíduos.

É de notar, na Fig. 6, que Abril e Maio são os meses em que foram feitos

a maioria dos avistamentos seleccionados para este estudo.

 Fig. 6 - Avistamentos de Baleias-Azuis, Baleias-Comuns e Baleias-Sardinheiras de todas as semanas

obtidas entre 2009 e 2013 na ilha de São Miguel e ilha do Faial.

Após a recepção das imagens de satélite passamos de 27 semanas a

24, pois 3 das semanas obtidas não tiveram um mapa de frentes de boa

qualidade, devido à presença de nuvens. Uma das semanas perdidas foi na

Horta, da Baleia-Azul, e as outras duas de São Miguel de Baleias-Comuns.

Na Fig. 7, podemos observar que 2010 e 2012 foram os anos em que se

obteve um maior número de semanas de avistamentos. Vemos também que

em São Miguel temos a Baleia-Sardinheira como sendo a espécie mais

facilmente avistada com um total de 12 semanas, seguida pela Baleia-Comum

0  

5  

10  

15  

20  

25  

Abril  

Maio  

Junh

o  

Julho  

Março  

Abril  

Maio  

Junh

o  

Abril  

Maio  

Março  

Abril  

Maio  

Abril  

2009   2010   2011   2012   2013  

Baleia-­‐Azul   Baleia-­‐Comum   Baleia-­‐Sardinheira  

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19    

com 7 semanas, terminando com a Baleia-Azul com apenas 4 semanas de

avistamentos e sem registos nos anos de 2009 e 2011.

 

Fig. 7 - Semanas de avistamentos com imagens de satélite TSM de boa qualidade da costa Sul da Ilha de São Miguel.

Já na Horta ficamos somente com uma semana de avistamentos de

Baleias-Comuns. Este número reduzido de dados deve-se ao facto de a Horta

ter entrado no programa Monicet apenas em 2011.

3.2. Distribuição das baleias em relação às frentes oceânicas

Os gradientes de temperatura observados nos mapas de satélite (0,4ºC

km-1) indicam as frentes oceânicas como zonas de grandes diferenças de

temperatura na superfície da água.

3.2.1. Distâncias

Com as coordenadas dos avistamentos obteve-se a distância das

posições dos animais em relação às frentes. Colocou-se a hipótese de que as

distâncias dos avistamentos às frentes oceânicas seriam diferentes das

distâncias dos pontos aleatórios às mesmas (H1), contra a hipótese de que

essas diferenças não seriam significativas (H0).

0  

1  

2  

3  

4  

5  

6  

7  

2009   2010   2011   2012  

Ocorrên

cia  

Semanas  

Baleia-­‐Azul   Baleia-­‐Comum   Baleia-­‐Sardinheira  

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20    

A partir do teste de K-W, podemos constatar que a relação entre as

baleias e as frentes oceânicas não é igual para todas as espécies. Para a

Baleia-Azul e Baleia-Comum a diferença entre os pontos aleatórios e os

avistamentos foi estatisticamente significativa. A Baleia-Azul (p<0,01; H=15,93;

p.f.=2) foi a que obteve maior diferença significativa seguida pela Baleia-

Comum (p<0,05; H=8,96; p.f.=2). Já a Baleia-Sardinheira (p>0,05; H=0,9;

p.f.=2) possui um p superior. Estes resultados mostram então que a Baleia-

Azul e a Baleia-Comum têm diferenças significaticas em relação aos pontos

aleatórios enquanto que na Baleia-Sardinheira essas diferenças não são

significativas.

Na Fig. 8 podemos ver quais as distâncias a que as Baleias-Azuis e

Baleias-Comuns se encontraram na maioria dos avistamentos. Podemos então

observar que a Baleia-Comum é encontrada mais vezes a distâncias entre os

2,2 e os 8,8 km, enquanto que a Baleia-Azul se encontra a maiores distâncias,

rondando os 11 e os 13,2 km.

 

Fig. 8 - Número de ocorrências de cada espécie em estudo em função da distância à frente oceânica mais próxima.

  Assim, como podemos observar na Fig. 9, a espécie que se encontra em

média mais perto das frentes oceânicas é a Baleia-Azul, tendo quase constante

a sua distância das frentes nos 3 meses em que esteve presente. Já a Baleia-

Comum varia um pouco. Esta vai-se aproximando das frentes oceânicas desde

Março até Junho, sendo Junho o mês que se encontra mais próxima das

frentes.

0  1  2  3  4  5  6  7  8  

0   5,5   11   16,5   22   27,5   33   38,5   44   49,5   55  

Nº  de

 Ocorrên

cias  

Distância  (Km)  

Baleia-­‐Sardinheira   Baleia-­‐Azul  *   Baleia-­‐Comum  *  

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21    

 

Fig. 9 - Distância mensal média de cada espécie à frente oceânica mais próxima (conjunto de dados de 2009 a 2012).

3.2.2. Densidade

A preferência pelas densidades de frentes também não é igual para

todas as espécies. Através do teste de K-W temos que para a Baleia-Azul (p<

0,05; H= 4,49; p.f.=1) e a Baleia-Comum (p< 0,05; H= 6,20; p.f.=1) a diferença

entre os pontos aleatórios e os avistamentos de baleias foi estatisticamente

significativa. Já para a Baleia-Sardinheira (p> 0,05; H= 1,68; p.f.=1) esta

diferença já não é significativa. Com a ajuda da Fig.10 podemos observar que a maior parte das

ocorrências, tanto da Baleia-Azul como da Baleia-Comum, verificam-se quando

a densidade das frentes oceânicas é baixa ou nula.

0  

5  

10  

15  

20  

25  

30  

35  

40  

Março   Abril   Maio   Junho   Julho  

Distân

cia  (Km)  

Meses  (de  todos  os  anos)  

Baleia-­‐Sardinheira   Baleia-­‐Azul  *   Baleia-­‐Comum  *  

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22    

 

Fig. 10 - Número de ocorrências de cada espécie em estudo em relação à densidade das frentes oceânicas.

Sabendo então que somente a Baleia-Azul e a Baleia-Comum possuem

diferenças significativas entre os pontos aleatórios e os avistamentos podemos

observar na Fig.11 que, tanto a Baleia-Azul como a Baleia-Comum encontram-

se em média em áreas de baixa densidade de frentes oceânicas, sendo que a

Baleia-Comum encontra-se mais em áreas com maior densidade de frentes do

que a baleia-Azul. Os meses de Março e Maio são os meses que, em média, a

Baleia-Azul se encontra em zonas com menor densidade de frentes e, em Abril

já se encontra em locais ligeiramente mais densas. Quanto à baleia-Comum,

Março é o mês em que se encontra em áreas em que as densidades são quase

nulas e, com o passar dos meses, vai-se aproximando de zonas onde a

densidade de frentes é maior, sendo Junho o mês em que se encontra em

zona de maior densidade de frentes oceânicas.

0  2  4  6  8  10  12  14  16  18  20  

0   0,0005   0,001   0,0015   0,002   0,0025   0,003   0,0035  

Nº  de

 Ocorrên

cias  

Densidade  

Baleia-­‐Sardinheira   Baleia-­‐Azul  *   Baleia-­‐Comum  *  

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23    

 

Fig. 11 - Área em que as espécies em estudo se encontram em relação às densidades das frentes.

3.2.3. Lado

Com os dados obtidos foi também possível saber qual a posição

preferencial de cada uma das espécies em estudo em relação às frentes

oceânicas, ou seja, se se encontram em zonas frias, quentes ou em cima das

frentes oceânicas.

Com o teste de Qui-Quadrado obtivemos um grau de liberdade de 2,

logo o valor de x=5,991. Obtivemos então o valor de 𝑥! de 7,02 para Baleia-

Comum, 3,02 para a Baleia-Azul e, finalmente, 0,854 para a Baleia-Sardinheira.

Como a Baleia-Azul e Baleia-Sardinheira têm um valor de 𝑥!  inferior a 5,991

podemos dizer que não existem diferenças significativas entre as posições dos

avistamentos e posições dos pontos aleatórios. Já a Baleia-Comum obteve um

𝑥!  superior, logo já tem diferenças significativas. Na Fig. 12 podemos notar que

todas as espécies têm uma preferência pelo lado da frente que possui a água

mais fria, sendo que em cima da frente praticamente não existem avistamentos

de baleias de nenhuma espécie.

0  0,0002  0,0004  0,0006  0,0008  0,001  

0,0012  0,0014  0,0016  0,0018  0,002  

Março   Abril   Maio   Junho   Julho  

Densidad

e  

Meses  (de  todos  os  anos)  

Baleia-­‐Sardinheira   Baleia-­‐Azul  *   Baleia-­‐Comum  *  

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24    

 

Fig. 12 - Distribuição das espécies alvo consoante o lado da frente em que se encontram.

0  

10  

20  

30  

40  

50  

60  

70  

Frio   Frente   Quente  

Ocorrên

cia  

Lados  das  frentes  oceânicas  

Baleia-­‐Sardinheira   Baleia-­‐Azul   Baleia-­‐Comum  *  

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25    

4. Discussão

4.1. Distribuição das baleias em relação às frentes oceânicas

Os conjuntos de dados de avistamentos de baleias de barbas foram

combinadas com imagens de satélite de frentes oceânicas para podermos

mostrar que a distribuição das baleias pode estar dependente das frentes

oceânicas. Para nosso conhecimento, este género de estudo nunca tinha sido

feito no Arquipélago dos Açores mas assemelha-se a vários estudos que têm

sido feitos em outros sítios do mundo, como Druon et al. (2012) num estudo

sobre Baleias-Comuns no Mar Mediterrâneo, e Doniol-Valcroze et al. (2007)

que estudaram a influência das frentes térmicas com a escolha do habitat para

quatro espécies de rorquais, que incluíam a Baleia-Azul e Baleia-Comum no

Golfo de St. Lawrence. Uma das grandes diferenças entre esses estudos e o

nosso é que os Açores, como se encontram em oceano aberto, terão sem

dúvida uma dinâmica totalmente diferente do que se encontra em ambiente

estuarino e mares internos.

4.1.1. Distância

Nos nossos resultados é possível sugerir que estas áreas de frentes

oceânicas criam condições atractivas para os misticetos em estudo. Obteve-se

distâncias mais próximas para a Baleia-Azul e Baleia-Comum do que seria de

esperar numa distribuição aleatória. Quanto à Baleia-Sardinheira não se

observa o mesmo resultado, pois esta parece distribuir-se de forma aleatória

em relação às frentes oceânicas. A Baleia-Azul foi a espécie que se encontrou

em média mais próxima destes locais de grande produtividade com um valor de

14,3 Km de distância à frente mais próxima. Os resultados obtidos para a

Baleia-Comum não foram muito diferentes pois, em média, localiza-se a cerca

de 18,29 Km da frente oceânica mais próxima. Pudemos também observar que

estas espécies tendem a encontrar-se mais próximas das frentes em

determinados meses: Maio para a Baleia-Azul Já a Baleia-Comum parece

aproximar-se das frentes ao longo dos meses, sendo Junho o mês que se

encontra mais próxima.

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26    

Doniol-Valcroze et al. (2007) também observaram diferenças

interespecíficas na distância às frentes, e sugerem duas hipóteses para

explicar essas diferenças de posição. A primeira é que as frentes não são

linhas direitas à superfície. Estas podem desviar-se de uma linha vertical e, por

vezes, pode originar linhas a quilómetros de distância do local onde foi

detectada à superfície. Assim a agregação das presas pode localizar-se a outra

distância horizontal. Em segundo lugar, diz que a agregação de presas nos

locais das frentes não é instantâneo, leva algum tempo (Olson & Backus,

1985), ou seja, se uma frente acaba de ser formada pode ainda não ter um

aglomerado de presas esperado, estas vão-se juntando com o tempo. Ao

aumentar o fluxo de nutrientes mais aumenta a produção primária e, se a frente

se mantiver o tempo suficiente, a população de zooplâncton tende a aumentar

(Olson & Backus, 1985). Foi o que aconteceu no estudo de Baumgartner &

Mate (2005) em que os resultados ditavam que as baleias não se associavam

às frentes oceânicas. Um dos problemas desse estudo pode ter sido o facto de

somente terem avaliado a temperatura no local exacto e não a distâncias às

frentes.

Estas diferenças entre as duas espécies podem também ser explicadas

pela preferência alimentar de cada uma. Estas três espécies diferenciam-se

pelas suas especialidades em relação à alimentação (Bannister, 2002): a

Baleia-Azul é a espécie mais selectiva, tendo uma alimentação à base de

eufasiídeos. A Baleia-Comum já possui uma alimentação mais variada e menos

especializada. Pode ingerir eufasiídeos, copépodes, lulas e cardumes de

peixes pequenos. Já a Baleia-Sardinheira cinge-se a uma alimentação à base

de cardumes de pequenos peixes. Isto pode explicar a distância de cada

espécie à frente. A concentração de zooplâncton pequeno e grande encontram-

se em zonas de frentes e são conhecidos por atrair predadores dos níveis

tróficos superiores, levando a uma teia alimentar pelágica completa (Olson et

al. 1994).

Como a Baleia-Azul é especializada em eufasiídeos esta têm de manter-

se mais perto das frentes. O kril tende a aglomerar-se nos locais onde a

produtividade primária é maior e mantem-se nessas zonas de frentes pois

dependem da coluna de água para a sua migração vertical, sendo o seu

movimento lateral mais limitado. Já a Baleia-Comum é menos especializada,

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27    

pois as espécies, dependendo do seu nível trófico encontram-se dispostas de

forma desigual em relação à frente oceânica.

4.1.2. Densidade

Os nossos resultados demonstram que as espécies em estudo não dão

preferência às áreas em que as densidades de frentes são maiores. Para a

Baleia-Azul e Baleia-Comum foi possível examinar que estas não se encontram

distribuídas de forma aleatória em relação a estas zonas de densidade de

frente, enquanto que a Baleia-Sardinheira se distribui de forma totalmente

aleatória. Tanto a Baleia-Azul como a Baleia-Comum encontram-se em áreas

em que a densidade das frentes é menor.

As densidades das frentes são ainda um factor não muito bem estudado

havendo pouca informação acerca das mesmas. Sabe-se que as frentes têm

vários tempos de duração. Segundo Olson & Bachus (1985) quando estas

frentes se formam dá-se uma grande acumulação de nutrientes aumentando

assim a produtividade primária do local. Dizem também que, dependendo do

tempo de duração e deslocação das frentes, em volta destas zonas de grande

produtividade podem vir a aglomerar-se outros níveis tróficos tal como, o

fitoplâncton, seguido de zooplâncton, que por sua vez atrai diferentes espécies

de peixes. Assim, com a formação e distribuição da teia alimentar pelágica,

cada nível trófico encontra-se a uma densidade diferente da frente. A

correlação entre a posição da frente e cada um desses componentes da cadeia

alimentar será cada vez menor. Será então por isso que nos nossos resultados

as baleias não se encontram em zonas em que a densidade das frentes é

maior.

Temos como exemplo um estudo de Munk et al. 1995 que estudou os

mecanismos possíveis da distribuição do bacalhau e demonstrou que a desova

era feita directamente sobre a zona frontal. Quando as larvas/juvenis se

começam a desenvolver estas ganham mais mobilidade e nadam

horizontalmente. Com a idade e tamanho das larvas a aumentar estas

dispersam-se desde o centro da desova até áreas mais periféricas.

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28    

4.1.3. Lado

Quanto às frentes foi também possível determinar qual o lado

preferencial das espécies em relação às frentes, ou seja, se preferem as zonas

frias, quentes ou em cima das frentes oceânicas. Segundo os nossos dados, os

lados das frentes não pareceram ser um factor decisivo para a distribuição das

espécies em estudo. Somente a Baleia-comum parece ter a sua distribuição

relacionada com um lado específico da frente, encontrando-se

preferencialmente no lado frio.

A Noroeste do Pacífico (Moore et al. 2002) foram também observadas

Baleias-azuis, da primavera até ao outono, em águas relativamente frias e

produtivas, sugerindo assim que estas possuíam as características ideais das

zonas produtivas para a sua alimentação. Explicam que as correntes da região

combinadas com a topografia complexas podem ter arrastado e concentrado

zooplâncton nas áreas de frentes em que a água é mais fria.

4.1.4. Questões metodológicas

Do ponto de vista metodológico existem pontos que poderiam ser

melhorados.

Nas saídas os levantamentos são feitos por biólogos mas, como feito em

ambiente turístico, por vezes não possuem o tempo necessário para fazer uma

observação completa e eficaz do animal e, por vezes, podem não conseguir

identificar as espécies correctamente. Uma das soluções poderia consistir em,

no momento da observação, além dos pontos de GPS e hora inicial e final de

avistamento, incluir fotografia do animal para uma análise mais cuidada em

terra. Estas observações dependem também das vigias. O local onde as

espécies são avistadas depende de onde o vigia está posicionado, sem

esquecer a condicionante climatérica. As observações foram influenciadas

pelas condições meteorológicas, o que explica a descontinuidade nos dados,

podendo algumas espécies serem sub ou sobrestimadas.

Outro limite nas amostragens é que a época do “Whale Watching” se

restringe apenas entre os meses de Março/Abril e Novembro. Seria importante

aumentar o esforço de observação nas estações de Outono e Inverno. É

durante o verão que se fazem maior parte das saídas, mas o número de

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29    

avistamentos das espécies em estudo é maior durante a primavera, sendo Abril

e Maio os meses em que a quantidade de avistamentos foi maior. Não tendo

existido saídas durante o Inverno não significa que as espécies não estejam

presentes nas áreas de estudo.

4.1.5. Conclusões e recomendações

Em forma de conclusão, observamos que a Baleia-Comum é a espécie

que se encontra mais relacionada com as frentes oceânicas, visto que possui

diferenças significativas em todas as variáveis aqui estudadas. A Baleia-Azul

também se associa directamente às frentes oceânicas tendo somente

distribuição aleatória quando se fala na sua posição em relação à temperatura

do lado da frente. Já a Baleia-Sardinheira mostra ser uma espécie que não se

guia directamente pelas frentes oceânicas para se alimentar, podendo ser

atraída por outros factores, ou simplesmente não necessitar de estar tão perto

de uma frente oceânica para se poder alimentar. Os resultados obtidos

mostram que as frentes oceânicas podem ter uma grande influência na

distribuição dos misticetos e poderia explicar parte da variabilidade.

Em trabalhos futuros com esta metodologia aconselharia que não fosse

feita a filtragem dos dados dos avistamentos. Deveria então utilizar-se o

número total dos avistamentos para se obter uma maior base de dados. Outro

aspecto a ter em consideração seria fazer os testes de Kruskal-Wallis

semanalmente ao invés de juntar todos os dados por espécie. Assim as

diferenças significativas seriam calculadas semanalmente senso assim o erro

menor. Estas diferenças significativas podem variar consoante o mês da

observação ou mesmo em cada semana.

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34    

Anexos

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Anexo I- Fichas de bordo com a informação recolhida nas saídas

Diário de Bordo

                       Data:          

Tripulação:    Hora  Saída:  

   Actividade:  

 Hora  Chegada:                  

                       Avistamentos  

BF   Sp.   H.I  GPS  Inicial   Ind   H.F.  

GPS  Final   Aves   Comportamento   N.Barcos  

            N   W           N   W                           N   W           N   W                           N   W           N   W                           N   W           N   W                           N   W           N   W                           N   W           N   W                           N   W           N   W              

                       Obs:  

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Anexo II- Imagens das frentes com respectivos avistamentos

Distância 2009

2010

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2011

2012

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Densidade 2009

2010

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2011

2012

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Lado 2009

2010

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2011

2012

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