Tratamento Do Rio Pinheiros

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AVALIAO E ANLISE DO PROJETO DE IMPLANTAO DE ESTAES DE TRATAMENTO DAS GUAS DO RIO PINHEIROS E VENDA DE ENERGIA ELTRICA ADICIONAL A SER PRODUZIDA PELA UHE HENRY BORDENSEMINRIO EM I NR I OSO PAULO,, 18 DE MAIO DE 2001 SO PAULO 18 DE MAIO DE 2001

Programa Interunidades de Ps Graduao em EnergiaApoio Pr Reitoria de Cultura e Extenso da Universidade de So Paulo Comisso de cultura e Extenso do Instituto de Eletrotcnica e Energia

Universidade de So Paulo Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia - PIPGE

AVALIAO E ANLISE DO PROJETO DE IMPLANTAO DE AVALIAO E ANLISE DO PROJETO DE IMPLANTAO DE ESTAES DE TRATAMENTO DAS GUAS DO RIO ESTAES DE TRATAMENTO DAS GUAS DO RIO PINHEIROS E VENDA DE ENERGIA ELTRICA ADICIONAL A PINHEIROS E VENDA DE ENERGIA ELTRICA ADICIONAL A SER PRODUZIDA PELA UHE HENRY BORDEN SER PRODUZIDA PELA UHE HENRY BORDEN

COORDENAO COORDENAO PROF.. ILDO LUS SAUER PRO F ILDO LU S SAUER COMISSO ORGANIIZADORA COMI SSO ORGAN ZADORA DORIIVAL GONALVES JR.. DOR VAL GONALVES JR M.. ODETTE G.. DE CARVALHO M OD ETTE G DE CARVALHO SNIA SEGER P.. MERCEDES SNIA SEGER P MERCEDES DEGRAVAO E REVIISO DE TEXTO DEGRAVA O E REV SO DE TEXTO MARLIIA RONDANII MAR L A RONDAN JOS P.. VIIEIIRA JOS P V E RA COLABORAO COLABORAO PROF.. ROBERTO ZIILLES RO F ROBERTO Z LLES P PROF.. MURIILO T.. W.. FAG PROF MUR LO T W FAG PROF.. CLAUDIIO SCARPIINELLA PROF CLAUD O SCARP NELLA PROF.. CLIIO BERMANN PRO F CL O BERMANN HLVIIO RECH HLV O RECH GUSTAVO SCARPIINELLA GUS TAVO SCARP NELLAAPOIIO APOIO PO O PR REITORIA DE EXTENSO E CULTURA PROF. DR. ADILSON AVANSI DE ABREU PR REITOR COMISSO DE EXTENSO E CULTURA DO INSTITUTO DE ELETROTCNICA E ENERGIA PROF. DR. O. S. LOBOSCO PRESIDENTE

NDICE NDICE

Assunto Abertura do Seminrio Mesa 1 - Apresentao do projeto Implantao das estaes de tratamento das guas do Rio Pinheiros e venda de energia eltrica adicional a ser produzida pela UHE Henry Borden, Mesa 2 - Aspectos tecnolgicos da flotao Apresentao (slides) Wolney Castilho Alves Mesa 3 - Aspectos ambientais Resumo da exposio de Jos Eduardo Campos Siqueira (FNU/CUT) sobre os aspectos ambientais do projeto (por Jos Eduardo C. Siqueira) Mesa 4 - Gerao de energia e aspectos econmicos Apresentao (slides) Ildo Sauer Diagrama Esquemtico das Usinas Hidreltricas do Sistema Interligado Nacional (SIN) fonte: ONS Principais usinas com capacidade superior a 300 MW em 1999 fonte: ONS Ganho Diferencial de Energia considerando as Cascatas do Tiet-Paran e Tiet-Pinheiros Bacia do Tiet-Paran fonte: Ministrio dos Transportes Usinas Hidreltricas do Estado de So Paulo fonte: CESP Debates e Plenria Final Encaminhamentos e propostas Listas de presena assinaturas Participantes - contatos

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9 9 31 49 57 59 71 75 76 77 78 78 79 93 95 103

Programao DefinitivaHora Palestra Convidado Entidade

Abertura do Seminrio 09:00 09:30

Dra. Marta Suplicy Deputado Federal Luciano Zica Deputado Estadual Antnio Mentor Prof. Dr. Geraldo Burani Prof. Dr. Ildo Lus Sauer

Prefeita da cidade de So Paulo e Presidenta do Comit da Bacia do Alto Tiet Comisso de Minas e Energia da Cmara dos Deputados Presidente da Comisso de Servios e Obras Pblicas da Assemblia Legislativa do Estado de So Paulo Diretor em exerccio do Instituto de Eletrotcnica e Energia/USP Coordenador do Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da Universidade de So Paulo PIPGE/USP

MESA 1 - Apresentao do projeto Implantao das estaes de tratamento das guas do Rio Pinheiros e venda de energia eltrica adicional a ser [produzida pela UHE Henry Borden, pelas Diretorias das Empresas Pblicas conveniadas e responsveis por este projeto - Coordenador Prof. Dr. Roberto Zilles PIPGE/USP 09:30 10:00 Eng. Dorival Gonalves Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da USP Jr. 10:00 10:30 Eng. Sonia Seger P. Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da USP Mercedes MESA 2 Aspectos tecnolgicos da flotao - Coordenador Prof. Dr. Roberto Zilles PIPGE/USP - Relator Snia Seger- PIPGE/USP; 10:30 11:30 11:30 12:00 12:00 14:00 Os Sistemas de Tratamento tipo Flotao e Remoo de Flutuantes Esclarecimentos Almoo Wolney Castilho Alves Instituto de Pesquisas Tecnolgicas IPT

MESA 3 Aspectos ambientais - Coordenador . Dr. Cludio Scarpinella PIPGE/USP - Relator Hlvio Rech PIPGE/USP 14:00 15:30 Aspectos Ambientais relativos ao Sistema de Tratamento Jos E. Campos Siqueira

Federao Nacional dos Urbanitrios FNU

MESA 4 - Gerao de energia e aspectos econmicos - Coordenado - Prof. Dr. Murilo T. Fag PIPGE/USP - Relator Jos P. Vieira PIPGE/USP 15:30 17:00 A venda adicional de energia 200 MW mdios, decorrentes da melhoria da Prof. Dr. Ildo Lus Sauer Programa de ps Graduao em energia / USP qualidade de gua do rio Pinheiros Impactos econmicos 17:00 18:00 Esclarecimentos, debates, propostas e Plenria para encaminhamentos relativos aos resultados do seminrio - participao dos palestrantes e do pblico presente - Coordenao da plenria - Coordenao dos debates M. Odette G. de Carvalho PIPGE/USP.

Nota: Os representantes da Agncia Nacional de guas (ANA), da Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB), da Cia. de Saneamaento bsico de So Paulo (SABESP), de Empresa Metropolitana de gua e Energia (EMAE), o ento Reitor da Universidade de So Paulo, e o ento Pr Reitor de Extenso e Cultura, convidados, no puderam comparecer (vide programao prevista).

Programao PrevistaHora Palestra Convidado Entidade

Abertura do Seminrio 09:00 09:30

Prof. Dr. Jacques Marcovitch Dra. Marta Suplicy Prof. Dr. Adlson Avansi de Abreu Deputado Antnio Mentor Prof. Dr. Orlando Slvio Lobosco Prof. Dr. Ildo Lus Sauer

Reitor da Universidade de So Paulo USP Prefeita da cidade de So Paulo e Presidenta do Comit da Bacia do Alto Tiet Pr-reitor de Extenso e Cultura da Universidade de So Paulo Presidente da Comisso de Servios e Obras Pblicas da Assemblia Legislativa do Estado de So Paulo Diretor do Instituto de Eletrotcnica e Energia/USP Coordenador do Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da Universidade de So Paulo PIPGE/USP

MESA 1 - Apresentao do projeto Implantao das estaes de tratamento das guas do Rio Pinheiros e venda de energia eltrica adicional a ser [produzida pela UHE Henry Borden, pelas Diretorias das Empresas Pblicas conveniadas e responsveis por este projeto - Coordenador Prof. Dr. Roberto Zilles PIPGE/USP 09:30 10:00 Eng. Paulo Fares Empresa Metropolitana de guas e Energia S.A. EMAE 10:00 10:30 Eng. Antnio Marsiglia Vice-presidente de Produo da Cia. de Saneamento Bsico de So Neto Paulo SABESP 10:30 11:00 Eng. Orlando Zuliani Cia. de Tecnologia de Saneamento Ambiental CETESB Cassettari 11:00 11:30 Eng. Jerson Kelman Diretor Geral da Agncia Nacional de guas - ANA 11:30 12:00 12:00 14:00 Esclarecimentos Almoo

MESA 2 Aspectos tecnolgicos da flotao - Coordenador Prof. Dr. Clio Bermann PIPGE/USP - Relator Snia Seger- PIPGE/USP; 14:00 14:40 Os Sistemas de Tratamento tipo Flotao e Remoo de Flutuantes Wolney Castilho Alves Instituto de Pesquisas Tecnolgicas IPT MESA 3 Aspectos ambientais - Coordenador . Dr. Cludio Scarpinella PIPGE/USP - Relator Hlvio Rech PIPGE/USP 14:40 15:20 Aspectos Ambientais relativos ao Sistema de Tratamento Jos E. Campos Siqueira

Federao Nacional dos Urbanitrios FNU

MESA 4 - Gerao de energia e aspectos econmicos - Coordenado - Prof. Dr. Murilo T. Fag PIPGE/USP - Relator Jos P. Vieira PIPGE/USP 15:20 16:00 A venda adicional de energia 200 MW mdios, decorrentes da melhoria da Prof. Dr. Ildo Lus Sauer Programa de ps Graduao em energia / USP qualidade de gua do rio Pinheiros Impactos econmicos 16:00 16:20 16:20 17:20 17:20 18:00 Intervalo Esclarecimentos, debates, propostas - Coordenao dos debates M. Odette G. de Carvalho PIPGE/USP Plenria para encaminhamentos relativos aos resultados do seminrio - participao dos palestrantes e do pblico presente - Coordenao da plenria Dorival Gonalves Jr.

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ABERTURA DO SEMINRIODRA. MARTA SUPLICY PREFEITA DO MUNICPIO DE SO PAULO E PRESIDENTA DO COMITDA BACIA DO ALTO TIET

DEPUTADO FEDERAL LUCIANO ZICA COMISSODEPUTADOS

DE

MINAS E ENERGIA DA CMARA DOS

DEPUTADO ESTADUAL ANTNIO MENTOR PRESIDENTE DA COMISSO DE SERVIOS EOBRAS PBLICAS DA ASSEMBLIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SO PAULO PROF. DR. GERALDO FRANCISCO BURANI DIRETOR EM EXERCCIO DO INSTITUTO DE ELETROTCNICA E ENERGIA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO PROF. DR. ILDO LUS SAUER - COORDENADOR DO PROGRAMA INTERUNIDADES DE PS GRADUAO EM ENERGIA DA UNIVERSIDADE DE SO PAULO

Mestre de Cerimnia: Avaliao e anlise do Projeto de Implantao de estaes de tratamento das guas do Rio Pinheiros, e venda de energia eltrica adicional a ser produzida pela Usina Hidreltrica Henry Borden. Para compor a mesa chamamos: Ex.ma Sra. Marta Suplicy, Prefeita do Municpio de So Paulo; Ex.mo Sr. Deputado Federal Luciano Zica, representando a Comisso de Minas e Energia da Cmara dos Deputados; Ex.mo Sr. Deputado Antnio Mentor, do PT, Presidente da Comisso de Servios e Obras Pblicas da Assemblia Legislativa do Estado de So Paulo; Ex.mo Sr. Prof. Dr. Geraldo Francisco Burani, diretor em exerccio do Instituto de Eletrotcnica e Energia, representando o Ex.mo Sr. Prof. Dr. Orlando Silvio Lobosco; Ex.mo Sr. Prof. Dr. Ildo Sauer, Coordenador do Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da Universidade de So Paulo; registramos ainda a seguinte presena: Ex.ma Sra. Stela Goldenstein, Secretria Municipal do Verde e do Meio Ambiente. Anunciamos a palavra do Prof. Ildo Sauer, Coordenador do Programa de Ps Graduao em Energia da Universidade de So Paulo. Prof. Ildo Sauer: Ex.ma Sra. Prefeita de So Paulo Marta Suplicy, Presidente do Comit de Bacias do Alto Tiet, que congrega 38 municpios da Regio Metropolitana; Deputado Luciano Zica, representante da Comisso de Minas e Energia da Cmara Federal; Deputado Antnio Mentor, Presidente da Comisso de Servios e Obras Pblicas da Assemblia Legislativa de So Paulo; Prof. Geraldo Burani, Diretor em exerccio do Instituto de Eletrotcnica e Energia, senhoras e senhores, cumprimento a todos. Este Seminrio foi possvel graas ao empenho dos pesquisadores e estudantes do Programa de Ps Graduao em Energia; e de modo particular eu quero comentar o trabalho efetuado pela Snia, Odette, Gustavo, Hlvio e Dorival, que se empenharam, em funo da sua preocupao com a cidade, com a questo energtica, com a questo ambiental, na realizao deste Seminrio, para que ele pudesse servir de frum, como cabe Universidade: amplo, plural, onde todas as posies podem ser tranqila e abertamente colocadas, em um ambiente no qual se possam produzir contribuies para um problema que fundamental para a regio metropolitana e para o prprio Pas, atualmente. Quero tambm registrar um agradecimento Fundao Faria Lima, atravs da sua Direo, que gentilmente nos acolheu para que aqui realizssemos este Seminrio. Na verdade, o debate que aqui se reinicia j vem de longa data. Desde o final do sculo passado, devido ao processo de crescimento da cidade de So Paulo, o debate sobre o uso dos mananciais das guas do Pinheiros e do Tiet vem sendo intenso e repleto de controvrsias. Lembro bem que, em geral, as decises mais importantes tambm foram pautadas pelas crises de racionamento, estranha coincidncia que hoje tambm vivemos. O Henrique Novaes e o Saturnino de Brito, no comeo do sculo passado, produziram um plano, a pedido do municpio de So Paulo, que buscasse

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maximizar a utilizao das guas para o benefcio coletivo da sociedade paulista. Produzido o plano, subitamente, este fora descartado, quando por um decreto do Estado de So Paulo de 1928, outorgou-se inteiramente o desenvolvimento dos mananciais Companhia de Energia Eltrica de ento, a LIGHT, que acabou, ao invs de fazer a retificao do rio Tiet at suas cabeceiras, fazendo a reverso do rio Pinheiros para fins de gerao de energia eltrica e, simultaneamente, em torno dele construiu um projeto imobilirio que acabou construindo as cities e outras iniciativas, de maneira que as polmicas, as controvrsias estiveram presentes O DEBATE SOBRE O sempre, os interesses divergentes sempre se fizeram USO DOS MANANCIAIS presentes. Por isto importante um Frum como DO TIET E PINHEIROS este, aberto e amplo, onde se possa lanar luz sob as diversas facetas da questo. fundamental, e J TEM UM SCULO; cabe-nos, na Universidade Pblica, promover este TODAS AS DECISES espao para que possamos a todos ouvir. Ento, so estas as minhas palavras iniciais, IMPORTANTES FORAM dando as boas-vindas s autoridades, aos PAUTADAS POR CRISES especialistas e ao pblico aqui presente e DE RACIONAMENTO interessado na questo energtica, porque creio que assim daremos uma contribuio dentro das nossas possibilidades, a fim de que decises mais acertadas e melhores para o interesse pblico possam surgir. Muito obrigado. Mestre de Cerimnia: Gostaramos de anunciar que o auditrio ao lado est em pleno funcionamento, com projeo simultnea. Passamos a palavra ao Ex.mo Sr. Prof. Dr. Geraldo Francisco Burani, Diretor em exerccio do Instituto de Eletrotcnica e Energia, representando o Ex.mo Sr. Prof. Dr. Orlando Silvio Lobosco. Prof. Burani: Dignssima e estimada Prefeita de So Paulo, Sra. Marta Suplicy; demais autoridades, professores, alunos, senhoras e senhores. Eu ia encaminhar a minha fala no sentido de ressaltar a responsabilidade que a Universidade Pblica tem, de criar esse espao aberto e plural para as discusses, como disse o Prof. Ildo. Na busca de outra inspirao, para no ficar repetitivo, fiquei olhando para a iluminao artificial deste ambiente e pensei: ta um belo exemplo, o choque de eltrons produzindo a luz, da mesma forma que o choque de idias produz o conhecimento. E pensar que existem pessoas que se furtam dos debates!... Hoje mesmo teremos essa omisso aqui... Peo permisso para falar como professor e explicar rapidamente o princpio de funcionamento da lmpada fluorescente, que est a nos iluminar nesse momento. Atravs de uma corrente eltrica, so criados os eltrons livres em torno do eletrodo; a Universidade tambm deve propiciar o livre pensar. Em seguida, atravs da tenso, esses eltrons livres so arremessados para o outro eletrodo. No caminho, esses eltrons se chocam com os eltrons do tomo de mercrio. No momento do choque, o eltron do tomo de mercrio recebe um quantum de energia e passa para um orbital de nvel energtico superior. Porm, a nova posio instvel e o eltron obrigado a voltar ao nvel anterior. Nessa volta ele perde esse quantum de energia, atravs da emisso de uma onda eletromagntica, que nada mais do que a luz. Na verdade, essa emisso est na faixa do ultra violeta, e ao passar pela camada de fsforo se torna luz. Essa a analogia que eu gostaria de fazer: o desenvolvimento se faz atravs do choque de idias. Esse choque muitas vezes sofrido para ns. Tambm nessa hora assumimos posies instveis. Mas, depois da reflexo, nasce a luz. Voltando luz artificial da lmpada fluorescente, essa luz que nos to cara hoje e que me faz lembrar do risco do apago, e como disse o Prof. Ildo outro dia: que Deus nos ilumine nesse apago. Acho, porm, que Deus devia nos iluminar nos outros apages porque, este da energia eltrica apenas conseqncia de outros. Tudo comeou com os apages polticos de nossos dirigentes, que levaram a apages

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educacionais e, principalmente, apages sociais. Oxal esse seminrio contribua para evitar equvocos que conduzem aos apages citados... O Seminrio de hoje pretende contribuir para a soluo de um problema fundamental para a regio metropolitana, pois envolve questes ambientais e energticas. Eu me despeo, agradecendo a presena de todos e esperando que surjam idias que efetivamente contribuam para as solues dos problemas a serem apresentados. Muito obrigado. Mestre de Cerimnia: Anunciamos a palavra do Ex.mo Sr. Deputado Estadual Antnio Mentor, Presidente da Comisso de Servios e Obras Pblicas da Assemblia Legislativa do Estado de So Paulo. Deputado Antnio Mentor: Bom dia a todos. Prof. Ildo Sauer, Prof. Burani, Deputado Luciano Zica. Eu quero me permitir cumprimentar por ltimo a Prefeita Marta Suplicy, porque quero fazer uma referncia especial quela que tem dirigido a maior cidade da Amrica Latina, e nas mos de quem est depositada, alm de toda a nossa confiana, muito das nossas esperanas na construo de uma sociedade mais justa, mais igualitria no nosso Pas. Quero cumprimentar tambm vrios companheiros e companheiras, que tm discutido conosco na Assemblia Legislativa, j h algum tempo, a questo energtica e ambiental no Estado de So Paulo e, especialmente, na cidade de So Paulo. Eu quero, ao mesmo tempo em que sado a todos, lamentar profundamente a ausncia daqueles que poderiam estar aqui e contribuir de uma forma significativa para que esse debate tivesse a profundidade necessria, e o choque entre as idias e os projetos, que poderiam trazer mais luzes para o nosso conhecimento e para a formao das nossas opinies. Eu me refiro, aqui, aos representantes do Governo do Estado de So Paulo, da EMAE, da SABESP e da CETESB, que at ontem noite haviam confirmado presena neste nosso debate, nesta nossa discusso, e que O PROJETO PILOTO lamentavelmente, hoje esto ausentes IMPLANTADO NO IBIRAPUERA deste evento, que eu entendo ser da maior E NA ACLIMAO, EM importncia para a discusso e o debate da CONDIES ABSOLUTAMENTE despoluio do rio Pinheiros, e da posterior de energia gua DIFERENTES DAS PROPOSTAS geraosistema quecom asendo j tratada por um vem objeto de PARA O RIO PINHEIROS, muitos debates na Assemblia Legislativa TEM SUSCITADO no mbito da Comisso de Obras, Servios e Energia, e que tem suscitado inmeras INMERAS DVIDAS dvidas a respeito da sua efetiva conseqncia, do ponto de vista dos seus resultados. Conhecemos o projeto piloto que foi implantado no Ibirapuera e na Aclimao, em condies absolutamente diferentes das propostas para o rio Pinheiros, portanto, temos vrias dvidas que merecem ser debatidas, merecem ser discutidas e avaliadas; e, principalmente, com essa iniciativa da Universidade de So Paulo, do Prof. Ildo Sauer, de trazer esse debate para a comunidade cientfica, entendo que seria de fundamental importncia termos aqui os autores do Projeto para que essa discusso pudesse alcanar os seus objetivos finais. Temos dvidas, tambm, que precisariam ser dirimidas com maiores esclarecimentos a respeito dos investimentos, do retorno, da venda da energia, dos preos a que essa energia seria vendida, e do retorno que isso poderia trazer em benefcio da Cidade de So Paulo, do Estado de So Paulo. Portanto, quero lamentar a ausncia dos representantes do Governo. Mas eu tenho certeza que no ser este fato capaz de empanar o brilho e a importncia desse debate que faremos aqui, hoje. Principalmente pela presena fundamental daqueles que realmente tm interesse em solucionar os problemas. No atravs de esquemas que so adotados, como o famoso abafo... Eu no considero

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que a proposta seja de apago, o abafo, na verdade: que colocam cinco bodes dentro de uma sala, depois tiram dois e dizem que a situao melhorou. Portanto, eu tenho certeza de que esse evento ser importantssimo e fundamental para o esclarecimento do projeto, e espero que todos aqui aproveitem de maneira bastante significativa esta oportunidade. Muito obrigado. Mestre de Cerimnia: Anunciamos aqui a palavra do Ex.mo Sr. Deputado Federal Luciano Zica, representando a Comisso de Minas e Energia da Cmara de Deputados. Deputado Federal Luciano Zica: Em primeiro lugar, um bom dia a todos. Eu queria cumprimentar a Prefeita Marta Suplicy, que eu tenho certeza, est dando incio a um perodo que marcar a histria da Cidade de So Paulo, do Estado de So Paulo e do Pas, e com certeza dar um passo importante para a construo de uma sociedade com seres humanos felizes, at pela relao de amizade, de companheirismo que aprendi a construir com a Prefeita Marta. uma alegria muito grande para mim poder estar participando desta atividade ao lado desta figura, para mim, muito importante! Prof. Geraldo Burani, meus cumprimentos pelo apoio, pela iniciativa de abrir espao para este debate, que fundamental para o Pas. Alis, debate este que a Universidade Pblica jamais se recusou a fazer, embora as autoridades governamentais digam que no tiveram conhecimento da gravidade da situao, as universidades tm h muito tempo dado a sua contribuio, e alertado as autoridades para as providncias necessrias. Prof. Ildo Sauer que, alis, tem sido um grande colaborador da Comisso de Minas e Energia, e do Congresso Nacional no debate dos problemas ligados rea de energia, meio ambiente, entre outras. Inclusive, eu trago aqui, e vou deixar disposio da Mesa, uma publicao da Comisso de Minas e Energia que contradiz os argumentos do Governo Federal e, principalmente, da TV Globo. NO DIA 14/6/2000 A CMARA Eu assisti, no dia de anteontem, DOS DEPUTADOS REALIZOU O um depoimento do jornalista Alexandre SEMINRIO COLAPSO Garcia dizendo que estava sendo criada ENERGTICO E ALTERNATIVAS uma Comisso Especial no Congresso Nacional, da qual inclusive eu farei parte, FUTURAS ENVIANDO NA para tratar da questo do colapso MESMA DATA CARTA AO energtico no Brasil, e ele dizia que PRESIDENTE CONVOCANDO O estava sendo criada essa Comisso Especial porque a Comisso de Minas e GOVERNO PARA A URGNCIA Energia no cumpria o seu papel, e no DE SE EVITAR O COLAPSO alertava o Governo. Interessante que houve um seminrio na Comisso de Minas e Energia, no dia 14 de junho de 2000, promovido a partir da provocao do Deputado Fernando Ferro, do PT de Pernambuco e presidido pelo Deputado Luiz Antnio Fleury Filho, onde estava o representante do Governo Federal, o Operador Nacional do Sistema, e onde o Prof. Ildo falou sobre o tnel no fim da luz. E est aqui disposio! Inclusive, vou deixar aqui registrado, escrito, e com uma recomendao ao final, a carta mandada ao Presidente da Repblica no dia 14 de junho de 2000 que dizia o seguinte:Finalmente, dada a ameaa de colapso energtico que o Pas atravessa, urge que o Governo atenda a convocao aprovada neste Seminrio e, rena-se imediatamente com representantes do Congresso Nacional e da sociedade organizada, visando determinar a reestruturao do setor energtico brasileiro, de modo a atender s necessidades da sociedade brasileira.

Ento, isto ocorreu no seminrio Colapso Energtico e Alternativas Futuras da Cmara dos Deputados, em 14 de junho de 2000. E Deputado Antnio Mentor, que na mesma condio que eu no Congresso Nacional, assumiu na condio de suplente o mandato de deputado e no perdeu tempo! Tem tomado posies e iniciativas no sentido de trazer este importante debate e,

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principalmente, tomar os cuidados necessrios para que a soluo no seja um grande problema para ns no futuro. Ento, eu venho aqui hoje representando o Presidente da Comisso de Minas e Energia, Deputado Antnio Cambraia, primeiro, reconhecendo a importncia do trabalho das universidades estaduais de So Paulo, a USP e a UNICAMP, alis, h mais de dez anos alertando o Governo para a necessidade de estabelecer um debate srio sobre a questo da energia no Brasil; e, principalmente, trazendo algumas preocupaes para que a inteligncia desta Universidade nos ajude a encontrar solues para essas preocupaes. Ns temos, primeiro, uma propaganda da falta de investimento do Estado, e do grande volume de investimentos do setor privado, que na verdade so duas mentiras. Primeiro, houve a privatizao do patrimnio, dos ativos do Estado, na rea distribuio e de gerao de energia, e a estatizao dos investimentos: dos investimentos anunciados pelo Governo, em gerao de energia, no ltimo perodo aps as privatizaes. Eles falam em investimentos da ordem de cinco bilhes de reais, principalmente na Gerasul, onde o que eles produziram de fato foi a compra dos ativos de It e Machadinho, j em andamento e, com pouco investimento posterior, alis, financiado pelo BNDES, que esto concluindo essas obras. Portanto, h uma estatizao do investimento e a privatizao dos ativos. Segundo, uma coisa surpreendente que a gente pde detectar no edital de licitao para a privatizao da CESP Paran. uma coisa que estava difcil, em um primeiro momento, entender: as razes do Governador Geraldo Alckmin ter includo ali a transformao, com base na Lei das Concesses de 1995, da CESP, de uma concessionria de servio pblico de gerao de energia eltrica, para a condio de produtor independente. O que poderia significar isso na realidade? Tem dois significados particularmente importantes nesse ato, que parece uma coisa toa perante os olhos dos leigos e da populao: na verdade, na condio de concessionria, continuaria existindo a responsabilidade governamental com a operao da concesso e, segundo, do comprador, que teria responsabilidade com a continuidade e com a universalizao dos servios. Como produtor independente, ela pode produzir e vender energia da mesma forma que uma olaria produz e vende tijolos, por exemplo. Ento uma manobra srdida num momento de dificuldade de investimento, que a Lei possibilita, mas que uma demonstrao da falta de vontade poltica de garantir um modelo de funcionamento do setor eltrico. Ento, ns estamos no momento diante de um modelo que hoje, felizmente, a Comisso de Minas e Energia do Congresso se abre para este debate. E, para encerrar, para no tomar muito tempo - quero ouvir depois, bastante, aqui uma preocupao importante, que a da inevitabilidade de implantao das termeltricas a gs, com o gs da Bolvia, que foi mal comprado, tem que ser utilizado porque vai ser pago sendo usado ou no, e pode ser uma soluo emergencial, para daqui a dois anos, da questo energtica, emergencialmente, no Brasil. O ministro de Minas e Energia, questionado por mim em uma audincia pblica h trs semanas, afirmava o seguinte: Que o investimento em 49 trmicas a gs, viabilizaria a gerao de 15 mil MW de energia, e que seria um porto seguro para aps a recuperao dos reservatrios das barragens; quer dizer, eu duvido que algum vai investir na perspectiva de ser reserva das barragens. Provavelmente, teremos, aps a recuperao das barragens, um vertedouro jogando gua, e a sociedade comprando energia das trmicas, sem dvida! Mas, um problema que na realidade hoje h 14 trmicas em projeto de construo e todas, exceo de uma, so pela PETROBRS, ou seja, com financiamento pblico. Mas tem um problema grave na questo das trmicas, que eu quero deixar para reflexo da Universidade, at porque um debate que pretendemos fazer, que a questo de onde instalar essas usinas... Por vrias razes: primeiro, pela questo das emisses porque h, tecnicamente, condies de minimizar o impacto das emisses com um controle rigoroso, com parmetros de emisses controladas, enfim. Mas h um problema fundamental que a questo da gua. Uma trmica como a de Carioba II, que

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se pretende instalar em Americana: para produzir 1200 MW1, ela vai consumir 1430 m3 de gua por hora e a Bacia Hidrogrfica de Piracicaba no dispe dessa gua; ento, o O QUE EST OCORRENDO deslocamento da gua potvel para a gerao A ESTATIZAO DOS de energia. Ento eu tenho defendido a tese, e o INVESTIMENTOS (VIA ministro Jos Jorge disse nessa referida audincia que concorda com ela, de que essas BNDES) E A PRIVATIZAO usinas sejam construdas no eixo do Gasoduto DOS ATIVOS, COM Bolvia-Brasil, no interior, na regio oeste do POUQUSSIMOS Estado de So Paulo, onde temos gua em INVESTIMENTOS DO abundncia, temos o gs e a possibilidade de SETOR PRIVADO dispor de redes de transmisso, mas no tem um componente fundamental que no mercado determinante, que uma conta altamente lucrativa, que o vapor da gerao combinada, que eles nos grandes centros teriam mercado. A tese que eu tenho defendido que se construa nessa regio e que eles busquem atrair mercado para a compra do vapor; e ento ns teremos energia sem matar de sede a populao das grandes metrpoles. Ento este o debate que eu quero deixar. E agradecer a oportunidade de estar aqui, alm de dizer que na Comisso de Minas e Energia estaremos organizando um seminrio, brevemente, e com certeza este grupo ser convidado a participar e levar as contribuies que sempre levou, principalmente atravs da figura do Prof. Ildo Sauer. Muito obrigado e boa sorte! E daqui com certeza sair uma contribuio importante para a soluo do nosso problema, aliando qualidade e respeito Vida. Muito obrigado. Mestre de Cerimnia: anunciamos a palavra da Ex.ma Sra. Marta Suplicy, Prefeita do municpio de So Paulo. Ex.ma Dra. Marta Suplicy: Eu, enquanto estava ouvindo o Deputado Zica, eu pensava assim: mas no fazem nada certo? D uma tristeza... Bom, fico muito feliz de estar aqui com o meu ex-colega da Cmara Federal. Foi muito bom voc ter voltado, e poder neste momento to difcil para o Pas estar na Cmara nos defendendo. Fico muito contente tambm de estar com o Prof. Geraldo Francisco Burani, que o Diretor em exerccio do Instituto de Eletrotcnica e Energia; Prof. Ildo Sauer, que tem ajudado a entender melhor a crise pela qual passamos; e caro Mentor, nosso colega de partido; e a nossa Secretria Municipal de Meio Ambiente, Stela Goldenstein aqui presente. Bem, ontem eu recebi a informao de que o Governo do Estado havia dito que promover a aplicao da tcnica da flotao para despoluir as guas do rio Pinheiros e assim poder voltar a bombe-las para a Billings, a fim de ampliar a gerao de energia da Henry Borden. Foi um susto porque com toda essa crise energtica, foi cogitado que isto pudesse vir a ocorrer, mas que teria que ser promovida uma recuperao depois, a contrapartida do que foi feito, do que foi estragado, o que houver de danos ao meio ambiente. Agora, eu quero dizer que como Presidente do Comit de Bacia Hidrogrfica do Alto Tiet e como Prefeita de So Paulo, eu vi com muita preocupao o fato do Governo do Estado, por meio da CETESB, da SABESP e da Secretaria de Energia, ter elaborado um Plano Macro, de extrema repercusso em vrios nveis, primeiro, sem consultar o Comit e os prefeitos da Grande So Paulo, tendo em vista que a deciso do Estado afeta, e muito, os interesses de todos os cidados da Grande So Paulo nos aspectos sociais, sanitrios e energticos. Tal proposta, alm do que, coloca em risco o aproveitamento das guas do reservatrio Billings para o abastecimento pblico, prioridade que ns no podemos descartar. E o artigo 46 das disposies transitrias da Constituio do Estado estabeleceu que os poderes pblicos estadual e municipal ficam obrigados a tomar medidas para impedir o bombeamento de guas servidas, dejetos e outras substncias poluentes para a represa Billings, justamente para garantir a possibilidade de captao para o abastecimento. E a lei estadual no 898/75 declara o1

MW Mega Watt

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reservatrio Billings como rea de proteo de manancial, determinando a inteno de proteger e preservar o reservatrio para fins de abastecimento. Ento preciso discutir, amplamente, com a sociedade, os riscos COMO PRESIDENTA DO sade pblica decorrentes da proposta de flotao, considerando a qualidade das COMIT DA BACIA guas que proviriam do canal do rio HIDROGRFICA DO ALTO Pinheiros. necessrio definir a poltica de TIET E COMO PREFEITA DE investimentos futuros, destinados a garantir o pleno abastecimento da populao SO PAULO, VI COM MUITA metropolitana, alm de obedecer s leis PREOCUPAO O GOVERNO vigentes, que regem o sistema de controle ESTADUAL TER ELABORADO ambiental e que esto sendo totalmente UM PLANO MACRO, DE desrespeitadas com esta iniciativa. Portanto, o projeto do Governo do Estado EXTREMA REPERCUSSO, d encaminhamento a esse processo de SEM CONSULTAR O COMIT forma pouco condizente com os princpios E OS PREFEITOS de democracia e os princpios de transparncia. O debate no processo de liberao de produo energtica, sempre que tiver como pressuposto o uso do rio Pinheiros e da Billings, tem que ter a participao do Comit de Bacia. No sei porqu no teve at agora, mas de agora em diante vai ter. Ainda no houve transparncia, no houve informao, discusso quanto tecnologia a ser utilizada. O balano energtico do projeto como um todo tambm no foi discutido, e as suas conseqncias para o ambiente metropolitano, especialmente para o saneamento. E, a eventual implantao desse projeto no resolveria, em qualquer hiptese, a crise de energia j existente para 2001, alm do que, talvez nem mesmo para 2002. Por isso, no calor dessas decises de afogadilho, tecnocrticas, centralizadas, essas decises no podem ser tomadas. bem-vindo, portanto, este debate aqui, que deve ter continuidade em um frum institucional no Comit do Alto Tiet. E eu gostaria de terminar dizendo que esta uma Casa do Pensar, uma Casa como foi to bem explicitado, do choque de idias, da produo de conhecimento. E o que eu espero deste Seminrio que deste choque de idias, da discusso ampliada com pessoas to gabaritadas, que tm tanta responsabilidade, que h tanto tempo se dedicam a este estudo, que cheguem a concluses que possam nortear a Prefeitura de So Paulo e a Presidente desta Comisso, a posicionar-se da melhor forma possvel para a preservao dos interesses do cidado e da cidad que moram aqui na nossa Cidade. Mestre de Cerimnia: Anunciamos o trmino da cerimnia de abertura do seminrio de Avaliao e Anlise do Projeto de Implantao de Estaes de Tratamento das guas do rio Pinheiros e venda de energia eltrica adicional a ser produzida pela Usina Hidreltrica Henry Borden. Agradecemos, em nome da Universidade de So Paulo, a presena de todos e informamos que a partir desse momento daremos incio primeira seo de trabalho. Para coordenar essa primeira mesa chamamos o Prof. Dr. Roberto Zilles do Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da Universidade de So Paulo.

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MESA 1 - APRESENTAO DO PROJETO IMPLANTAO DAS ESTAES DE TRATAMENTO DAS GUAS DO RIO PINHEIROS E VENDA DE ENERGIA ELTRICA ADICIONAL A SER PRODUZIDA PELA UHE HENRY BORDENDORIVAL GONALVES JNIOR PROGRAMA DE PS GRADUAO EM ENERGIA USP SNIA SEGER P. MERCEDES PROGRAMA DE PS GRADUAO EM ENERGIA USP &

MESA 2 ASPECTOS TECNOLGICOS DA FLOTAOWOLNEY CASTILHO ALVES - INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLGICAS TEMA - OS SISTEMAS DE TRATAMENTO TIPO FLOTAO E REMOO DE FLUTUANTESCoordenador Prof. Dr. Roberto Zilles Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia da Universidade de So Paulo

Prof. Roberto Zilles: Bom dia a todos. o momento tambm para fazermos esta discusso. Seria muito ruim para a sociedade, para ns, sairmos daqui desse Evento dizendo: a gente vai tratar a gua do rio Pinheiros porque a gente est com uma crise de energia. timo, a sociedade ganha. Mas esse tratamento deve ser feito independente de se ter esse excedente de energia, ou no. Hoje tambm teremos uma pequena mudana nessa apresentao, nessa discusso, que, como falaram na abertura, no temos os representantes da CETESB e nem da SABESP oficialmente representados, aqui, para contar sobre a posio do Estado e inserir o Plano e como ser sua implementao. Como no esto representados oficialmente, eu peo que quando terminarem as apresentaes que vo descrever o projeto, se houver algum aqui na platia que tenha alguma informao adicional e que queira manifest-la, por favor se manifeste, porque ns teremos tempo para fazer esta discusso. Teremos apenas duas apresentaes nesse perodo, que sero feitas pelos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Planejamento, Gesto e Regulao de Sistemas Energticos do Programa Interunidades de Ps Graduao em Energia. Contaremos aqui com a apresentao de Dorival Gonalves Jnior e de Snia Seger, que vo contar o que esse projeto de implementao das estaes de tratamento. Assim sendo, passo a palavra ao pesquisador Dorival Gonalves Jnior. Engo. Dorival Gonalves Jnior: Ns queremos pedir desculpas a todos os presentes em relao forma co mo estamos conduzindo os trabalhos agora, porque estavam previstas nesta primeira etapa da discusso a presena de um representante da Empresa Metropolitana de guas e Energia, um representante da CETESB e um representante da SABESP. E tambm um diretor da Agncia Nacional de guas. Ns fazemos parte da comisso organizadora e, at ontem s 17h00 todas essas presenas estavam confirmadas para estarem presentes neste momento aqui, para gerarem o aprofundamento necessrio do debate, para que possamos estar propondo aquilo que foi cobrado pelas autoridades e que est sendo cobrado pelo conjunto da sociedade. Diante disso, ento, ns tivemos que improvisar, e a improvisao que a gente definiu a partir do final do dia de ontem que ns a retiramos no sei se todos tm conhecimento, mas existe no site da EMAE a apresentao do Projeto do site e decidimos o seguinte: ns vamos recuperar essa apresentao. Talvez nem todos tenham conhecimento do que est veiculado no site... Ns mostraremos, simplesmente, o

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que est no site, e na seqncia ns teremos a apresentao do Prof. Wolney, que far uma anlise sob o ponto de vista tcnico, e o que representa a tecnologia de flotao. Ento, inicialmente, apresentaremos o que est colocado (no site da EMAE) e, na seqncia a primeira mesa que se apresentaria no perodo da tarde ser antecipada para o perodo da manh. E no perodo da tarde prosseguiremos com a abordagem da questo energtica e ambiental. Inicialmente, para termos todos aqui a idia geral do projeto em si, ns apresentaremos o que o projeto de despoluio do rio Pinheiros associado gerao de energia na Usina Hidreltrica Henry Borden. Como todos podem observar na transparncia, esse projeto nasce, ou melhor, ele est sendo veiculado desde 1o de janeiro deste ano, a partir de uma resoluo de trs secretarias. Essa resoluo assume esta alternativa para a despoluio do rio Pinheiros e a gerao de energia. bom que se ressalte tambm que, se vocs buscarem o site da Agncia Nacional de Energia, onde esto sendo veiculadas as medidas governamentais para resolver o problema do apago, a Usina Hidreltrica Henry Borden aparece como uma das solues. Ento transparecem uma srie de questes que so importantes a gente ir associando, para poder entender essa proposta apresentada atualmente. essa resoluo conjunta da Secretaria de Estado de Energia, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e da Secretaria de Estado dos Recursos Hdricos, Saneamento e Obras que tem uma srie de consideraes justificando a implantao do projeto, considerando que as guas afluentes do canal do rio Pinheiros tm uma influncia decisiva no aporte de cargas poluentes para o reservatrio de Billings, notadamente, as parcelas relativas ao fsforo, e matria orgnica biodegradada. Ento, vm todas as consideraes que vo justificar juridicamente, ou, uma resoluo, onde vai dar o cunho jurdico para a existncia do projeto. Disto resulta o artigo 1o, onde se escreve que as guas afluentes e a do prprio canal do rio Pinheiros, aps tratamento adequado, podero ser bombeadas para o reservatrio Billings para fins de gerao de energia eltrica adicional na Usina Henry Borden, desde que atenda os padres de emisso; e aqui esto os padres que so apresentados. No artigo 2o, o bombeamento previsto nessa resoluo no poder prejudicar a utilizao das guas do reservatrio Billings para o abastecimento pblico. E essa uma questo importante, porque a proposta como est sendo estabelecida, de bombeamento de cerca de 50 m3/s para dentro do reservatrio e, o que vai acontecer decorrente disso pouco se sabe, ou melhor, pouco se especifica no projeto. E disto decorre uma srie de consideraes e ainda os parmetros, que devem ser respeitados. E voltamos apresentao em si do que o projeto, est aqui o edital... O objeto da licitao a venda futura de energia. O projeto estrutura-se de forma que algum que se proponha a construir o sistema de flotao, receber em troca 280 MW mdios de energia a serem vendidos anualmente, mas no temos claro como isto se suceder. A energia ser para aquele que fizer o projeto, portanto, essa energia no se sabe se ser comercializada como um gerador independente, ou se pode ser o prprio concessionrio que estar comprando, porque est recebendo esta energia, ou se pode ser um comercializador de energia que poder vender, por exemplo, no mercado atacadista de energia. Ento, compete a quem ganhar a licitao, implantar o sistema de bombeamento, ou melhor, o sistema de tratamento. Ento a modalidade da licitao de concorrncia. O bombeamento restrito a 50 m3/s. Isto tem uma dimenso tcnica, porque se deseja gerar aproximadamente 300 MW a mais do j gerado hoje na Henry Borden, e necessrio esse volume adicional de gua para que se atinja esse valor; sendo importante ressaltar que desses 300 MW, ou mais precisamente 298 MW, 18 MW sero utilizados no prprio sistema de tratamento. Dando prosseguimento justificativa que est fundamentada na legislao e em que est embasada a licitao, aquele que for o agente empreendedor ter as seguintes caractersticas: poder ser um gerador independente; ele pode ser um distribuidor; um comercializador como ns dissemos inicialmente. Isso se encontra assegurado segundo a legislao da Agncia Nacional citada abaixo. Lista-se o que os participantes devem comprovar, o prazo de durao do contrato, no qual o vencedor tem um ano para

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construir o sistema, podendo utilizar-se do sistema durante dez anos. Aps esse prazo de concesso por dez anos, o sistema devolvido para a EMAE. Descreve-se aqui a localizao das usinas elevatrias do projeto e, importante destacar que as usinas elevatrias, ou melhor, dizendo, essa parte das barragens elevatrias que vai elevando a gua do rio Tiet para o Pinheiros at chegar na tomada dgua da Usina Hidreltrica Henry Borden, a operao desse sistema todo ainda continua sob a responsabilidade da prpria EMAE. E assim prossegue o edital, a venda de energia, que, sinteticamente, compem-se da parte tecnolgica, que correspondente ao sistema de flotao, forma como ser feito o sistema de tratamento. importante destacar que o sistema dotado de vrias etapas ao longo do leito do rio. Ele vai ser feito no prprio leito do rio em vrias etapas. Parte do sistema de tratamento est contida inclusive nos crregos que desguam no rio Pinheiros. Aqui tem um quadro que sintetiza a forma como est concebido o projeto... Ento ns vemos aqui, o rio Tiet, o rio Pinheiros e as elevatrias: a Usina Elevatria de Traio, a Usina Elevatria de Pedreira e a ltima elevatria, chegando na tomada dgua da Usina Hidreltrica Henry Borden. A metodologia de tratamento um sistema de flotao; a justificativa em funo do preo: estima-se para a implantao do sistema como um todo o montante de aproximadamente 110 milhes. Ento fica de certa forma um pouco mais claro para ns como ser o sistema: temos no incio uma estao de tratamento de 40 m3/s logo aps a estrutura do Retiro. Na seqncia, aparece o crrego do Jaguar: tem uma ETE2 com 1,0 m3/s. Na frente tem a ETE no crrego Pirajussara. Mais adiante existe um sistema de microaerao. Aps a Elevatria de Traio, ocorre mais um sistema com 45 m3/s, o que significa que a vazo dos crregos vem sendo adicionada na seqncia. Posteriormente, temos outra ETE no crrego do Morro do S; depois, noutro crrego, onde ocorre a Estao Sete; e, finalmente, uma ETE em Pedreira com capacidade de 50 m3/s. Ou seja, da forma como est concebido o projeto, o sistema de tratamento se dar ao longo de todo leito do rio Pinheiros. A razo que nos despertou para esta discusso, at por sermos da rea de energia, foram dois aspectos: a implicao que isto ter em termos de gerao, principalmente neste momento em que se discute o racionamento nacional de energia, at porque quando ns retiramos 50 m3/s do rio Tiet, ns deixamos de ter esses 50 m3/s gerando energia nas hidreltricas que ns temos a jusante: daqui at Itaipu qual a repercusso que isso ter? Outro aspecto que tambm despertou bastante a discusso foi em relao experincia que se tem nesse tipo de tratamento, at porque, em consulta sobre esse tipo de tecnologia, conseguimos verificar que as experincias que esto registradas em So Paulo so duas: a da Aclimao e a do Ibirapuera, cuja vazo da ordem de 700 l/s em uma, e na outra 1m3/s, ou pouco mais do que isso, pelo menos ns no temos conhecimento de uma outra situao. E a forma como o projeto est proposto, o tratamento no prprio leito do rio, de 50 m3/s, que uma escala razovel, ou seja, 50.000 l/s em tratamento em fluxo, isto algo que esperamos que na discusso isso possa ser melhor esclarecido. Da a razo pela qual ns convidamos especialistas da rea para estarem presentes aqui nos esclarecendo esses dados. Interessaria muito para ns que estivessem aqui os especialistas da SABESP e CETESB, principalmente, para estarem produzindo estas informaes todas para que, conjuntamente com os especialistas de outras reas, que ns convidamos, obtermos um posicionamento mais efetivo e lcido para que a Sociedade possa estar se colocando frente a este projeto. Em sntese, eram essas as consideraes que ns temos para apresentar. Se os presentes considerarem necessrio algum detalhamento maior, estamos disposio para exibir algumas transparncias, para que possamos colocar todos no mesmo patamar para a discusso, pois que na seqncia vem o professor Wolney, que um especialista da rea de flotao e que falar, especificamente, sobre esse sistema de tratamento. Algum deseja perguntar ou complementar algo?

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ETE Estao de Tratamento de Esgotos

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Enga. Snia Seger: S vou complementar um pouco a apresentao do Engo. Dorival, mostrando alguns aspectos sanitrios deste projeto, referentes ao tratamento em si. A primeira coisa que eu vou ressaltar o critrio de escolha da tecnologia. Foi uma escolha prvia, baseada, simplesmente, no critrio econmico, sem haver os necessrios testes, e o necessrio conhecimento a respeito da tecnologia em fluxo contnuo. Porque, na verdade, as pequenas unidades que compem esse tipo de tratamento, j so utilizadas em estaes convencionais, mas como o Engo. Dorival falou, em fluxo contnuo s se conhece em escala de demonstrao, o que demonstra que o projeto est baseado somente no critrio econmico. Essas so as caractersticas disponibilizadas (em site da EMAE) do que seja a vantagem do processo tecnolgico empregado - so baseadas em cogulo-floculao e flotao - que so tcnicas conhecidas, como eu falei. Mencionam ser uma tecnologia nacional, e na verdade o que ns ficamos sabendo que foi desenvolvido aqui em So Paulo e, que no h em outras partes do mundo a aplicao. Ento , na verdade, um pouco incipiente, talvez, o conhecimento sobre esta tecnologia. A remoo do lodo feita por tcnica de dragagem em superfcie, reduo de concentrao de poluentes, e aumento da concentrao de gs oxignio dissolvido. Esses so os exemplos reais onde esto sendo aplicados, atualmente, tanto que os presentes podem observar que as aplicaes se do em canais pequenos. E na fotografia do lago est um pouco difcil para identificar o tratamento. Ento, este o croquis das grandes estaes, e naquele arranjo geral que o Engo. Dorival mostrou, o projeto prev sete estaes ao todo, sendo que trs so maiores e correspondem s estaes eleva trias, que se caracterizam pelo tratamento de lodo. Ento, o fluxo hdrico passa atravs de uma caixa de areia para decantao dos sedimentos, passa por uma difuso de ar e uma peneira flutuante para a remoo de slidos de granulao grossa e de lixo, inclusive. Comea a primeira adio de produtos qumicos, que so coagulantes e polieletrlitos, que so sais metlicos. E os polieletrlitos, nem sempre a composio desses polieletrlitos de fcil determinao. Mais uma difuso de ar, enquanto ocorre a mistura dos produtos. A microaerao a flotao em si, porque esses produtos qumicos promovem a aglutinao das partculas em flocos maiores, e estes, atravs da aerao sobem superfcie, onde so removidos pela dragagem de superfcie. Nesta imagem est demonstrado onde ficaro as estaes de estabilizao de lodo, e est prevista tambm a recirculao da gua aps a secagem desse lodo, e o lodo ter uma disposio final. Ento, o lodo chega com um teor de slidos baixssimo, passa por toda essa desidratao, secagem e a estabilizao atravs de cal; e ser disposto, posteriormente. O arranjo geral, com as sete estaes, desde a confluncia entre o Tiet e o Pinheiros. Onde tm a nmero 1, a nmero 2 e a nmero 3, teremos completo aquele esquema que foi mostrado, com todos aqueles equipamentos, e todas aquelas aplicaes de produtos qumicos e remoo de lodo. As outras estaes, que tm vazes bem menores, tero uma configurao simplificada e mais parecida, talvez, com aqueles locais que atualmente esto empregando esta tecnologia. Esse o arranjo fsico, de como o projeto prev que as estaes ficaro dispostas desde o canal do rio Pinheiros at a represa Billings. onde se encontraro as estaes de desidratao e estabilizao de lodo, justamente onde ficam as estaes elevatrias. E cada uma dessas estaes estar recolhendo o lodo de uma ou de mais de uma estao de tratamento. A disposio do lodo no se encontra, pelo visto, prevista em um tratamento e nem em alguma disposio final adequada, do ponto de vista sanitrio. O projeto prope, a princpio, a disposio em bota-fora durante dois anos, em rea da EMAE. Inclusive, a EMAE arcar com isso: apesar do empreendedor assumir o tratamento, a EMAE arcar com o bota-fora do lodo. E, aps dois anos, nos prximos oito anos de explorao do sistema, o projeto sugere incinerao, disposio em aterro sanitrio, ou outras. Como se trata de material extremamente mido, inclusive com a presena de compostos qumicos, a disposio final nem sempre to trivial. As estaes e sua caracterizao, em uma descrio mais detalhada de cada uma das estaes, mostram que elas repetem quase todo aquele esquema. Essas so

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as maiores e o fluxo da direita para a esquerda. Est naquele local a caixa de areia, a reteno dos resduos, os tanques de qumicos, at a unidade de desidratao e estabilizao. A segunda tem uma configurao parecida, mas um pouco mais complexa que a outra. A terceira, com a maior vazo de todas, e que tambm a ltima estao, j prxima da represa Billings. Esse o canal do Ibirapuera... E as outras estaes, que so bem mais simples do que as trs primeiras. E alm desse sistema, de microaerao para manuteno dos nveis de oxignio dissolvido. Ento, esta uma simulao para mostrar como que a concentrao de oxignio varia no rio Pinheiros aps a instalao dessas sete estaes de tratamento. Comea prxima da saturao na estao de Retiro, descendo ao longo da extenso do Rio por causa da carga orgnica que vai sendo adquirida ao longo do percurso. Na microaerao, sobe, novamente, o nvel de oxignio, e assim por diante, sempre subindo mais onde tm as estaes de tratamento mais complexas, ali Traio e Pedreira, e se encontra prximo do nvel da saturao perto da represa Billings, ou seja, seria uma gua em boas condies, bem diferente do que hoje. E o projeto prev que esses so os impactos da aplicao desse sistema: melhoria das condies ambientais; incremento da disponibilidade hdrica no reservatrio Billings; reduo da carga poluidora; incremento da disponibilidade hdrica para a Bacia de Cubato, que tem bombeamento restrito, atualmente; melhoria significativa das guas da Billings para fins de abastecimento; e recuperao urbanstica das Marginais. Esses so os valores de implantao do sistema, proporcionais complexidade das estaes. O investimento inicial em torno de 110 milhes e, no primeiro ano de operao, com a energia sendo comprada a R$0,04 por m3, e nos nove anos seguintes a R$0,03, aproximadamente, o que d em torno de 50 milhes por ano, em operao e manuteno. A situao do reservatrio Billings, atualmente, poludo e contaminado, sobretudo por fsforo, algas e sedimentos. E neste ponto voltamos justificativa da implantao do projeto. Era s um complemento, para que o Prof. Wolney passe avaliao mais detalhada desse sistema proposto. Dr. Wolney Castilho: Bom dia a todos. Eu quero agradecer aos organizadores a oportunidade de estar expondo aqui alguns elementos tcnicos que podem estar contribuindo para o Debate. Inicialmente, eu gostaria de esclarecer que uma apreciao sobre o problema de despoluio do rio Pinheiros e dos principais cursos da Bacia do Alto Tiet, evidentemente, envolve especialistas de diversas reas. Eu estou longe de cobrir com a extenso necessria (com o meu conhecimento) essa demanda de especialistas em qualidade da gua, em tratamento, em hidrulica fluvial, transporte de sedimentos, de limnologia, entre outros. Durante a apresentao, baseada nesses slides, vou ater-me em ressaltar alguns aspectos tcnicos aplicveis tecnologia de flotao, aspectos bsicos fundamentais, e fazer uma breve anlise sobre a aplicabilidade dessa tecnologia para a despoluio do rio Pinheiros, segundo esta proposta que est sendo apresentada pela EMAE, SABESP e CETESB. Inicialmente, o fenmeno de flotao. Foi dito aqui, momentos atrs, que essa tecnologia desconhecida, bem como a sua aplicao ao rio... A tecnologia de flotao relativamente antiga, e aplicvel em estaes de tratamento de gua para abastecimento, e em estaes de tratamento de esgoto. Ela tambm tem aplicaes industriais, em minerao, entre outros. O processo bastante simples bem como o seu entendimento: ns temos na gua partculas, slidos em suspenso como so chamados. Podem ser partculas de minerais, matria orgnica, gotculas de leo, gordura, entre outros. Essas partculas podem ter poluentes ou nutrientes aderidos ou dissolvidos no lquido, e o que ocorre, simplesmente, que a bolha de ar adere a essa partcula, que se torna mais leve e flutua. Esse processo permite arrastar uma boa quantidade desses slidos que esto em suspenso na gua.

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Essas bolhas devem ser bastante pequenas, micro-bolhas, para que elas tenham uma eficcia maior na remoo desses slidos em suspenso. As bolhas grandes do desenho seriam pouco eficazes nessa remoo dos slidos em suspenso, nessa flutuao. No prximo slide, temos uma primeira forma de aplicao da flotao por ar dissolvido. Ns temos aqui esquerda a entrada de lquido que passa p uma bomba e or por onde entra ar tambm. Esse lquido com ar armazenado num tanque sob presso, h necessidade de um certo tempo para que o lquido dissolva o ar no seu interior. Embaixo ns temos uma vlvula controladora da presso e, como vocs sabem, sob presso elevada o lquido consegue dissolver uma quantidade maior de gs, no caso ar. O que deve ser ressaltado nesse processo do ar dissolvido no lquido o aproveitamento da capacidade elevada de dissoluo do ar no lquido (com uma presso elevada). Esse lquido mantido dessa forma. A vlvula controladora de presso pode ento ser regulada e, o lquido se dirige a um tanque, que est submetido presso atmosfrica, eventualmente. Ento h uma sbita reduo da presso qual o lquido estava submetido; essa reduo da presso implica na liberao do gs que estava dissolvido. Ele passa para a forma de bolhas, micro-bolhas, entra no tanque e promove o efeito de flotao com o acmulo de uma espuma composta de uma mistura de bolhas, de lquido, gs e slidos em suspenso. Na tecnologia apresentada nos slides da EMAE, SABESP, a tecnologia de flotao por ar dissolvido. esta a tcnica que est prevista. Eu gostaria apenas de comentar que ali no desenho vocs vem uma quantidade razovel de material flotado, uma espuma que necessita ser removida e tratada, para ento ser disposta; essa espuma contm lquidos e slidos com substncias poluentes, nutrientes eventualmente, alm de outros tipos de substncias, que sero removidas e precisaro ser tratadas. Essa ao de remoo pode ser feita por raspagem ou suco. No projeto da EMAE prevista a aspirao. Aqui nesse slide mostrada uma outra tcnica de flotao, onde simplesmente o ar bombeado atravs de difusores que esto colocados sob o tanque. So difusores que permitem dividir o ar em partculas, ou melhor, em bolhas muito pequenas, para cumprir aquela funo de arrastamento dos slidos para a superfcie. Essa tcnica de flotao bem menos eficiente que a tcnica do ar dissolvido. Ento, como eu disse, a tecnologia de flotao j usada em estaes de gua e esgoto. Ns no temos aqui no Brasil, ou pelo menos eu no tenho conhecimento, de uma larga aplicao. Eu conheo alguns casos s de aplicao de flotao em tratamento de gua. Primeiro, eu vou mostrar aqui um esquema genrico de como funciona uma estao de gua, dessas convencionais, que ns temos aqui em maior nmero no Brasil. A gua bruta vem de manancial de classe adequada, ou seja, uma gua que est enquadrada em relao a determinados parmetros. Ela chega estao e passa por um processo que visa remover as substncias e materiais indesejados que esto no corpo desse lquido. Para isto, a entrada da gua bruta na estao recebe, inicialmente, produtos qumicos que vo facilitar a remoo desse material particulado. O material particulado pode estar finamente dividido, as dimenses bastante reduzidas, em estado coloidal, entre outros. A gua bruta recebe os produtos qumicos, visando aglutinar inicialmente essas partculas, de forma a facilitar a remoo subseqente. Esses produtos qumicos so sais metlicos: sulfato de alumnio, cloreto de ferro, sulfato frrico, e os polieletrlitos, que vo promover esse ajuntamento de partculas. Os polieletrlitos so substncias que permitem aumentar ainda mais o tamanho do material particulado, a fim de facilitar a sua remoo. A floculao se segue ao processo de formao dos flocos. Em seguida, vem a fase de separao do liquido e do slido apresentada em duas cores no slide, exatamente porque o lquido nesse momento comea a ficar clarificado. Tem-se a remoo. No caso, se for por sedimentao, essas partculas decantam no tanque, obtm-se um material com lodo decantado no fundo e a gua fica clarificada. Remove-se assim grande parte das substncias que do turbidez gua e, eventualmente, cor tambm. Em seguida a gua vai para a filtrao. No est totalmente clarificada ainda e, alguns daqueles flocos, os menores, no conseguem sedimentar e,

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vo para os filtros, onde sero detidos e removidos nos filtros de areia (filtros com uma composio bem determinada). Esses flocos menores so removidos no filtro e, finalmente, a gua desinfetada e seu pH corrigido para o armazenamento e sua posterior distribuio. Esse fluxo de unidades de tratamento de gua para abastecimento importante porque, parece-me que com base nele que se faz uma extenso com base nessa tecnologia para o tratamento de gua do rio Pinheiros. Imagina-se que essa tecnologia tenha o funcionamento anlogo ao que ocorre em uma estao de tratamento de gua. Na estao de tratamento de gua, a separao lquido/slido feita por decantao. Na aplicao ao rio Pinheiros, o processo previsto o de flotao. A diferena que na decantao tem-se o material floculado que necessita de tempo para sedimentar (o tanque tem formao apropriada para que isso ocorra). Na flotao, atravs do ar dissolvido, por exemplo, ao invs de ter o material no fundo, esse estar flutuando na espuma que ser removida. importante observar o seguinte: todos esses processos de tratamento de gua e esgoto geram uma fase slida, pois se est removendo slidos, ou atravs de sedimentao, ou atravs de flotao. Esses slidos requerem um tratamento e uma destinao adequada. Temos uma prtica, infelizmente, aqui no Brasil, at hoje, onde nas estaes de tratamento de gua, o lodo resultante, aps ser removido do processo de tratamento, no tem uma destinao e um tratamento adequados. Muitas vezes ele , ou era, simplesmente lanado nos cursos dgua e, re-dissolvido, sedimentava. Esse lodo tem uma quantidade muito grande de metais, que so aquelas substncias qumicas usadas. Tem (o lodo), normalmente, uma concentrao de slidos muito baixa, precisando, assim, ser adensados. Mostrarei, posteriormente, alguns aspectos do tratamento da fase slida. Chamo a ateno para este aspecto, pois como ser mostrado no final, essa questo crucial no projeto de flotao do rio Pinheiros. Alis, bom se ter em conta, essa uma questo bastante presente para a SABESP: o problema do lodo tanto de estaes de tratamento de gua quanto de esgoto. O lodo um problema crucial hoje na Regio Metropolitana de So Paulo, pelas dificuldades existentes, principalmente quanto ao tratamento e onde dispor esse material. Ento, aps o tratamento dos slidos vem a questo de onde dispor esses slidos. Voltando aos slides, o processo mais usado para separao de slidos com decantador e nesse slide - a figura est exagerada - pode-se observar que no tanque decantador as partculas maiores decantam antes, partculas menores eventualmente sero retidas mais adiante no filtro. Embaixo, tm-se vrias formas de remoo desses slidos decantados, e no filtro (que normalmente lavado por retrolavagem), os slidos que ficaram retidos nesses filtros faro parte da fase slida a ser removida posteriormente por retrolavagem, que dever tambm ter disposio adequada. No caso da floculao, temos um tanque, e a gua pressurizada, como naquela tcnica do ar dissolvido que eu mostrei antes, faz com que as partculas flutuem e, adiante se tem o raspador, que poderia ser tambm um aspirador. A concentrao desses slidos bastante baixa. Na exposio da EMAE trabalha-se com um slido a 4% de concentrao, ou seja, apenas 4% de slidos na massa total da mistura gua mais slidos. Mas, mesmo assim, esse um nmero alto. Possumos referncias na literatura especializada de 2% de concentrao. Esse material vai tambm passar por um processo de tratamento. Resumindo, temos esses nmeros que vm da literatura e de dados experimentais de operao. O processo de flotao mais eficiente no que diz respeito clarificao, ele mais rpido que a decantao, ele atua de maneira mais rpida e d uma concentrao de slidos um pouco mais alta, na faixa de 2% a 4%, enquanto na decantao fica em uma faixa bem baixa. Vejamos o tratamento da fase slida: tem-se o lodo que dever ser adensado. Como ele est com uma concentrao de slidos muito baixa de 2% a 4% - necessrio retirar o lquido e conseguir aumentar a concentrao. Esse adensamento dever ser feito por gravidade e tambm por flotao - essa outra aplicao para a flotao: no somente no tratamento da fase lquida, mas aplicvel ainda no tratamento

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da fase slida. O adensamento do lodo poder ser feito por flotao ou por um processo mecnico. Em seguida, vem um condicionamento e a desidratao, segundo diversos mtodos: centrfuga, filtro-prensa, filtro a vcuo, leito de secagem. No caso, a centrfuga a tcnica prevista no projeto do rio Pinheiros, com adio de substncias qumicas, polieletrlitos, que facilitam a remoo do gua. Segue-se a isto a disposio final, que pode ser em aterro sanitrio ou em aterro exclusivo para lodos, ou disposio em solo. Aproveito aqui para destacar que a disposio de lodo em solo algo problemtica. Mesmo no caso de lodo de estaes de tratamento de gua, eles tm grande quantidade de alumnio, se foi usado sulfato de alumnio. Em muitos casos ser inadequado dispor esse lodo em solo. Eventualmente, no solo j existe concentrao alta de alumnio e, segundo alguns trabalhos que apresentam solos com alta concentrao prvia de alumnio, ser inadequado dispor lodo contendo esse metal. Aps o processo de desidratao e de disposio, e dependendo do tipo de processo se centrfuga, se filtro ou se um leito a concentrao final de slidos estar entre 18% a 22%. Tambm essa faixa o que se tem obtido tanto em operao quanto em referncia bibliogrfica e bom observar que na apresentao da EMAE est previsto na sada da centrfuga 30% de concentrao, que um nmero um pouco alto, fora da faixa usual, e, alm disso, no caso da disposio, o projeto apresenta adio de cal virgem antes da disposio, que vai aumentar a concentrao para 34 %. um nmero que precisa ser discutido e avaliado quanto possibilidade de se alcanar esse valor. Como estou chamando a ateno para o lodo, temos aqui a quantidade de lodo, nessa expresso que est no slide. Temos que PL a quantidade (massa) de lodo seco gerada por dia. Essa expresso da AWWA, que American Water Work Associateion. Ela usada para avaliar a quantidade de lodo que gerado em processos de tratamento de gua (na estao de tratamento). No caso temos o PL a quantidade de lodo seco, Q vazo, D que a concentrao de sais de ferro, SS so slidos suspensos, CAP carvo ativado e h, eventualmente, outros aditivos tipo polieletrlitos, por exemplo. Em uma Estao de Tratamento de gua de 10 m3/s, segundo essa expresso, uma concentrao de sulfato frrico de 50 miligramas por litro, tem-se a gerao aproximada de lodo seco de 160 t/d(3), a uma concentrao de slidos de 2%, o que significa um volume de lodo mido de 7850 m3/dia. Essa a ordem de grandeza da fase slida, para que se tenha uma noo dos valores envolvidos. Portanto, preciso tomar muita cautela quanto a isso. Para se ter idia do porte, uma ETA4 de 10m3/s corresponde, aproximadamente, ETA Boa Vista, que trata a gua da represa do Guarapiranga. Vejamos agora a aplicao em lodos ativados, no tratamento de guas residurias. O tratamento de lodos ativados se inicia com a entrada de esgoto na estao, recebendo um tratamento preliminar, a exemplo das grades para a remoo de materiais grosseiros que esto no esgoto e caixas de areia. Em seguida, passa por uma sedimentao primria que pode ser feita, eventualmente, por flotao, aquele mesmo princpio de remoo de material em suspenso que foi apresentado no caso da estao de tratamento de gua. A flotao pode ser aplicada aqui, na sedimentao primria, substituindo a sedimentao. Em seguida, a fase lquida ir para um tanque de aerao, onde receber ar ou oxignio para o processo de digesto aerbia que se processa nesse tanque de aerao. A fase lquida d origem ao efluente lquido tratado, com a remoo dos poluentes que foram retidos em todas essas fases do tratamento, desde o tratamento preliminar, na sedimentao primria, em que ocorre decantao de lodo ou flotao de lodo. Cada uma dessas fases (ou unidades) gera uma fase slida que precisar ser tratada. No tratamento por lodos ativados, do decantador secundrio existe um rebombeamento para os tanques de aerao, que a idia bsica do processo de tratamento por lodo ativado. A fase slida nesse caso ainda mais complexa: trata-se de um lodo de esgoto com caractersticas prprias em funo da presena de poluentes e substncias, eventualmente, indesejveis. O lodo que sai da decantao secundria a3 4

t/d toneladas por dia ETA Estao de Tratamento de guas

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maior quantidade de lodo que sai de uma unidade de tratamento de esgoto. No vou mostrar o lodo gerado nas demais unidades do processo. Vou-me ater ao lodo que sai da decantao secundria; ele vai para uma operao de espessamento do lodo decantado no decantador secundrio. Como o lodo ter de ser tratado posteriormente, em digestor anaerbio ou aerbio, e encontra-se em concentrao bastante baixa, ele precisa ser espessado, o que pode ser chamado de fase de espessamento ou ainda fase de adensamento. Isso pode ser feito por gravidade ou por flotao. Nas estaes que conhecemos aqui na RMSP5 o espessamento do lodo feito por gravidade, alis, eu no conheo nessa Regio exemplos de tratamento de esgoto por flotao. O lodo espessado pode passar por uma fase de digesto anaerbia como no caso de Barueri (com aqueles enormes tanques de digesto anaerbia). O lodo digerido passar por um processo de desidratao e novamente por centrfugas e filtros prensas, entre outros, com eventual adio de polieletrlitos e, finalmente, ir para a disposio final, com uma concentrao de slidos que pode chegar a cerca de 20% a 22%. Novamente, preciso ressaltar que esse problema de lodos da estao de tratamento de esgotos para a SABESP um problema muito srio. A Companhia tem um programa especial destinado a tratamento e destinao final de lodo, inclusive aplicao no slido como biosslidos. Eles desenvolveram bastante essas aes, mas o problema que a quantidade de lodo enorme e, nem todo lodo estar em condies adequadas para ser disposto no solo; alguns exigiro disposio em aterro exclusivo. Esse o processo que citei: o espessamento, a digesto anaerbia, o espessamento por gravidade ou flotao, a desidratao centrfuga, a filtro prensa ou filtro a vcuo, leito de secagem e disposio final controlada em aterro sanitrio, em aterro exclusivo ou disposio de slidos, e aquela concentrao que possvel, em certos casos, alcanar. Alguns dados sobre tratamento de esgoto na RMSP: existem cinco estaes, as quais fazem parte do projeto Tiet. Barueri j uma Estao mais antiga e importante lembrarmos que o projeto Barueri seria aquela estao nica que trataria todos os esgotos da RMSP, com 60 m3/s. Aquele projeto SANEGRAN6 foi rediscutido e, posteriormente, chegou-se a uma soluo onde essas cinco estaes devem tratar todo esgoto da RMSP, segundo etapas que esto sendo implementadas para aumentar, gradativamente, a capacidade total. Correspondentemente, aumentar a quantidade de lodo que est sendo tratada na RMSP. A vazo de esgoto tratada atualmente, segundo informaes da SABESP de 15 m3/s. Ressalto que a quantidade de lodo produzida pela RMSP enorme. preciso destacar que ns temos um dficit de tratamento de esgoto bastante alto e no ficou claro para a populao o significado do projeto Tiet. Parece que naquela ocasio, quando houve a grande movimentao, com a imprensa envolvida, a imagem que ficou para a populao era a de que o projeto Tiet seria implementado e, imediatamente, teramos os rios renovados, com possibilidades de presena de peixes. Mas a realidade de implantao do Projeto no bem essa. Ns temos 15 m3/s sendo tratados hoje e, previsto na concluso das etapas do projeto Tiet que em 2015 teremos cerca de 50 m3/s de esgoto tratado, que uma cifra que vai cobrir razoavelmente a quantidade de esgoto gerado na RMSP. Agora observem a quantidade de lodo seco: ns j temos hoje a produo de 235 toneladas de lodo seco por dia nas estaes de tratamento, em 2015 sero 750 toneladas por dia, imaginando-se que todo aquele sistema constitudo pelas cinco estaes esteja trabalhando a plena carga! Agora falarei sobre a aplicao da tecnologia em relao ao projeto em questo. Primeiro, quero esclarecer que esta apresentao tem por base os slides da EMAE, SABESP e CETESB, os quais embasam as informaes a seguir, uma vez que so estes os dados oficiais disponveis para anlise. Os comentrios e sugestes que farei visam dar contribuies no plano tcnico. Procurarei ater-me aos dados mais relevantes do ponto de vista tcnico, pois no quero fazer uma abordagem mais ampla, de uma vez que esta exigiria a participao de muitos outros especialistas. Destacarei aqui alguns5 6

RMSP - Regio Metropolitana de So Paulo SANEGRAN Projeto de Saneamento para a Grande So Paulo

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aspectos que eu considero serem os mais importantes, para que possamos fazer uma reflexo e uma discusso em seguida. Dividirei aqui a anlise em trs aspectos: a concepo, os condicionantes e a aplicabilidade da tecnologia. Relembrando, temos aqui o rio Pinheiros. ESTE PROJETO REQUER A partir da estrutura do Retiro, existem sete estaes de flotao, sendo que trs delas ESCLARECIMENTOS E contam, ao lado dessas estaes, com UMA VINCULAO: DEVE tratamento do lodo. As outras quatro que so SER INTEGRADO A UM instaladas nos afluentes - nos crregos afluentes em Jaguar, Pirajussara, Morro do Oeste e PROGRAMA GLOBAL Zavuvus -, no contam com tratamento de lodo. O PARA SOLUO DAS lodo aps ser flotado ser transportado para as GUAS NA REGIO estaes de tratamento de lodo do Retiro, de METROPOLITANA DE Traio ou de Pedreira, que contaro com tratamento do lodo (essa a informao que se SO PAULO extrai da apresentao que a EMAE fez). Ressalto que alm do processo de tratamento e remoo de poluentes que estamos descrevendo, foi includo um sistema de microaerao, uma estao apenas includa para elevar a quantidade de oxignio dissolvido na gua dos rios - esse um aspecto importante, interessante, e ns estamos vendo uma soluo para a despoluio do Rio, que implica na construo de estaes ao longo de toda a extenso do rio, nos afluentes e at em recuperao de oxignio por microaerao, que totalmente no usual, eu no conheo nenhuma outra soluo desse tipo em outro lugar, alis, para reafirmar as palavras que j foram ditas aqui anteriormente na apresentao, eu no conheo aplicao do sistema de flotao a cursos naturais, rios. As experincias que esto sendo feitas no Ibirapuera, na Aclimao, so experincias com vazes pequenas, falou-se em 1 m3/s. A informao que eu tenho que esto sendo tratados 50 l/s, ento essas experincias precisam ser tomadas com a devida considerao, no que concerne escala em que est sendo feita e ao fato de ser, no uma tecnologia nova, mas uma aplicao nova de uma tecnologia pr-existente. Os pressupostos bsicos do projeto de flotao do rio Pinheiros esto destacados nesta resoluo que foi destacada aqui anteriormente (resoluo conjunta nmero 1 deste ano) e na tecnologia e soluo preconizadas. Os dois pilares nos quais se assentam a proposta so esta resoluo (resoluo conjunta nmero 1), e mais a tecnologia e soluo de aplicao preconizadas. No se est propondo uma soluo aberta a tecnologias que se apresentem, mas sim a uma determinada tecnologia. Bem, aqui ns temos a resoluo, as guas afluentes e as do canal do prprio rio Pinheiros, que aps o tratamento adequado podero ser bombeadas para o Reservatrio Billings para fins de gerao de energia eltrica adicional, atendendo aos padres de emisso preconizados no artigo 18 da lei paulista 8468/76 e o artigo 21 da Resoluo CONAMA nmero 20, que, alm disso, fixa os limites para os indicadores de qualidade. Esses indicadores de qualidade correspondem, na legislao brasileira, a parmetros de qualidade de rio de classe II, ou parmetros que os rios de classe II devem obedecer. Primeiramente, com relao concepo, constatamos que a idia central do Projeto, prope que o rio ser despoludo, e com isso haver gua adicional na Represa Billings para a gerao de energia e abastecimento pblico. Essa a proposta central. Algumas questes com relao a essa concepo: Primeiro: por que tratar as guas do rio no prprio rio, se a soluo tradicional controlar ou suprimir as fontes de poluio? Tradicionalmente, no mundo inteiro, a soluo para a poluio dos corpos naturais, os cursos naturais de gua, est no controle e/ ou na supresso do lanamento de poluentes no rio. Isso feito atravs das redes coletoras de esgoto, que vo passar pelas estaes coletoras de esgoto, recuperando ou tratando a gua at um nvel considerado legalmente estabelecido, para ser disposta no rio. Existe ento uma diferena fundamental aqui, que consiste em uma inovao bastante grande e que precisamos debater. No quero aqui desconsiderar ou excluir a possibilidade de tratamento do rio no prprio rio, mas de qualquer forma ns temos uma diferena fundamental.

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Na concepo tradicional, a recuperao da qualidade da gua dos corpos existentes deve ser feita pelo Projeto Tiet. No existe uma explicao, uma vinculao, na proposta de aplicao da flotao, com o projeto Tiet, de maneira adequada. Seria importante, depois, que estivessem presentes os tcnicos da SABESP e da EMAE para que entendssemos melhor o porqu dessa concepo bsica. POR QUE TRATAR AS Segundo: outra questo a que o Rio GUAS NO PRPRIO RIO, todo est sendo tratado. Poderamos perguntar, SE A SOLUO com relao quele slide onde aparece o TRADICIONAL E esquema das sete estaes, tem-se: Traio, com 45 m3/s; Pedreira, com 50 m3/s; cada CONSAGRADA crrego daquele com 1 a 2 m3/s. Portanto, tem-se CONTROLAR OU uma adio de tratamentos distribudos ao longo de todo o Rio, mas parece que a idia bsica SUPRIMIR AS FONTES DE despoluir o Rio como um todo, em toda sua POLUIO ? extenso, e no adianta colocar s uma estao na estrutura do Retiro, porque ao longo viro os crregos que no esto despoludos, ento preciso tratar ao longo de todo o Rio; esta que a noo correta. Para se atingir o objetivo precpuo de mais gua na Billings poderamos ter uma estao nica em Pedreira, no precisariam de sete estaes. Toda gua sendo revertida, assume-se que seria tratada nesta Estao, que faz a remoo dos poluentes de acordo com os parmetros tcnicos indicados, e essa gua assim tratada ir para a Billings. Essa uma outra questo de concepo e fundamental: isso significa ter uma estao ou ter sete estaes. Os condicionantes relativos eficincia de remoo das estaes piloto mostram o atendimento Resoluo CONAMA, e aqui quero fazer um breve comentrio: essa Resoluo CONAMA 20 e o artigo 18 do Decreto 8468/76 se referem aos padres de emisso que as fontes geradoras de poluentes tm que obedecer para o lanamento de esgoto. Assim est sendo feita uma extenso da aplicao da lei: trata-se o rio at um determinado ponto, como uma fonte geradora de poluio. Depois da estao, ele respeitaria os parmetros daquelas leis. Eu no consigo inclusive ver problemas nisso, ou maiores complicaes, mas uma extenso da aplicao da lei. E nos quadros que foram mostrados anteriormente, com relao operao das estaes piloto do Ibirapuera e da Aclimao, vemos que esses parmetros so obedecidos. Agora, preciso ter em conta a escala em que so feitas estas experincias piloto para no se tirar concluses imediatistas... O que funciona para funciona para 50 l/s pode no funcionar para 50 m3/s. De qualquer forma, o processo de flotao eficiente, ele tem uma capacidade de remoo de slidos suspensos e de matria orgnica, medida como DQO7, por exemplo, de cerca de 70% a 80%. Ele um processo eficiente... As dvidas que colocamos so com relao ao funcionamento desta tecnologia em um curso natural de gua. fundamental que exista a viabilidade tcnica na escala de 40 m3/s, de 50 m3/s, entre outras. Para que as pessoas leigas tenham uma noo, o significado de 50 m3/s, basta considerar que toda gua produzida na RMSP da ordem de 60 m3/s, que uma quantidade enorme de gua, e preciso ter uma dimenso do significado disso para se ter um pouco de sensibilidade para a escala de aplicao que est sendo pretendida. O que est sendo proposto que em uma estao se trate 50 m3/s, e para um nmero dessa ordem de grandeza, realmente, fundamental saber a viabilidade tcnica quanto aplicabilidade. Como eu j disse a tecnologia consagrada em ETAs e em ETEs, embora no seja muito usada entre ns, mas no h conhecimento quanto sua aplicao diretamente em cursos dgua. Ns no temos referncias a respeito dessa aplicao. Os parmetros de projeto e operao, para projetar uma estao dessas, obviamente, esto sendo tirados dos valores usuais em estaes de tratamento de gua, e em estaes de tratamento de esgoto. So adotados parmetros de vazo, de slidos7

DQO - Demanda Qumica de Oxignio (mg/l)

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suspensos, de quantidade de produtos qumicos que sero usados, enfim, todos os parmetros usuais naquelas condies de tratamento de gua e esgoto. Em uma estao de tratamento de gua, POR QUE NO embora ocorra a flutuao da vazo tratada ao longo do CONSTRUIR UMA dia e, ao longo do ano, o operador controla a quantidade de gua que a estao pode ou quer tratar; o operador NICA ESTAO, tem um controle sobre a vazo, pelo menos esse controle EM PEDREIRA, AO ele tem. H preocupao com as intensas flutuaes os INVS DE 7 parmetros sem possibilidade de controle - porque no rio ESTAES AO no haver a possibilidade de controlar a vazo. As vazes de um rio flutuam intensamente. LONGO DO RIO da experincia visual que temos, observando os TIET ? rios Pinheiros e Tiet, no nvel baixo, com aquela gua escura, quase negra, e todo vermelho nas pocas das enchentes. Imaginem, os valores da flutuao so da ordem de 100 a 300 vezes as vazes mnimas e mximas, ento temos uma flutuao bastante intensa e no h possibilidade de controle desse fluxo. Assim, tem-se que imaginar que as estaes esto sendo projetadas para atender faixas de flutuaes muito grandes, que um complicador adicional em um projeto de uma aplicao inovativa, como eu expliquei. Terceiro: a tecnologia no estar sendo aplicada em situao similar conhecida. Ela estar removendo, simultaneamente, material suspenso mineral e matria orgnica. Na estao de tratamento de gua, tem-se uma condio de gua bruta onde, normalmente, a quantidade de matria orgnica muito pequena. As guas do rio Pinheiros tm uma flutuao de matria orgnica, conforme a prpria apresentao mostrou, anteriormente, bastante alta. Por exemplo, a matria orgnica medida em termos de DBO8 no rio Pinheiros, dentro de um histrico de medies bastante grande, flutuou entre 6 e 214 mg/l, e 214 mg/l uma quantidade, em termos de DBO, prxima do esgoto domstico, fraco, diludo ou algo assim. Mas como se nessa ocasio o rio realmente fosse um esgoto: ele est transportando uma DBO bastante alta. Isso significa uma quantidade de matria orgnica bastante alta. Por outro lado, tem-se uma concentrao de slidos suspensos em geral flutuando enormemente. Ela varia desde algumas poucas dezenas, e na tabela da EMAE aparece isso, nmeros da ordem de 30 mg/l a 2200 mg/l, que uma situao correspondente, imagino, poca de enchente, por exemplo, que o rio est vermelho, cheio de argilas e de siltes. A estao proposta estar removendo, simultaneamente, slidos suspensos de origem mineral e matria orgnica; isto corresponde a uma situao no usual, que precisa ser discutida e avaliada. O que se pretende em uma situao de slido suspenso a 2200 mg/l? A estao vai ser projetada para remover tudo isso? Realmente, o rio ser clarificado mesmo nesta situao? Ou vai deixar passar, e isso vai para a represa? E quando a concentrao de slidos suspensos, de minerais em geral, for baixa, por exemplo, e a carga orgnica for alta? Na espuma haver, principalmente, matria orgnica. O tratamento dado mistura de minerais e orgnicos tambm aplicvel quando a concentrao de matria orgnica for alta? Esses so aspectos aos quais temos dvidas. Em quarto lugar, existe preocupao quanto ao tratamento dado aos slidos, que o que eu acabei de explicar agora. Quinto: o valor das vazes em jogo 40 a 50 m3/s mesmo em aplicaes mais consagradas, exige estudos cuidadosos para se ter operao confivel. Esse um cuidado que se deve ter. Estaes de tratamento de gua ou de esgoto do porte de 40 m3/s, de 50 m3/s... No temos estaes de tratamento desse porte em So Paulo, exceo de Guara (gua para abastecimento), por volta de 33 m3/s. De qualquer forma, so obras gigantes e precisam ser desenvolvidas em cima de tecnologias j conhecidas, consagradas, operacionalmente verificadas e, ao longo do tempo aprimoradas. preciso se deter frente a essas escalas, que exigem um estudo especial.8

DBO - Demanda Bioqumica de Oxignio (mg/l)

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Sexto: o tratamento e a destinao da fase slida extremamente preocupante. Tem-se o transporte de lodo entre essas estaes, e eu me pergunto: como ser feito o transporte de lodo entre as EM UM RIO AS estaes? Ns temos trs estaes que contam com a VAZES FLUTUAM possibilidade de tratamento do lodo e quatro outras que no tero tratamento do lodo. Esse lodo ser transportado INTENSAMENTE! de cada uma destas quatro para cada uma dessas trs; E NO H como ser transportado? De caminho ou por um NENHUMA lododuto? Como ser feito este transporte? De qualquer forma tambm so volumes grandes e solues POSSIBILIDADE DE complicadas de manejo. A massa e o volume de lodo so CONTROLE DESTA superiores s esperadas para todas as estaes de VARIVEL tratamento de esgoto da RMSP em 2015. Eu mostrei anteriormente que so 750 toneladas por dia de lodo seco. As estimativas de produo do lodo gerado no sistema proposto so maiores do que ocorrer em conjunto nessas estaes em 2015. Existe a estimativa, com base na frmula apresentada (da AWWA), para a vazo, por exemplo, de 50 m3/s e uma concentrao de slidos suspensa apenas razovel, da ordem de 150 a 200 mg/l. Nesse caso, teramos a gerao de cerca de 800 toneladas de lodo seco por dia, uma quantidade muito grande. No caso da flotao proposta, se adotarmos a concentrao de 4% de slidos, que a concentrao apresentada pela EMAE, haver a produo em volume de 20 mil m3 de lodo. Esses nmeros esto apresentados pela EMAE tambm, e eu no quero passar aqui por sensacionalista. Nos slides da EMAE tem-se a gerao de lodo por estao, s que esto apresentadas por m3 por cada mil m3 de lquido. Mas fazendo as contas com aqueles valores, tambm se chega a cifras bastante altas. Se consegussemos uma concentrao de slidos de 20% o resultado ainda ser bastante alto: um volume, da ordem de 4 mil m3. Essas questes colocadas para a reflexo os nmeros de massa e de volume de lodo preocupam, porque h uma grande carncia de reas para disposio de slidos na RMSP. As reas mais distantes comprometem em funo do custo: a t/km transportado sobe bastante e, infelizmente, esta a situao com a qual nos deparamos na RMSP. No existem reas para a disposio. A proposta apresentada pela O PROJETO NO TEM EMAE prev a disposio em reas de bota PARALELO EM SISTEMAS fora. Ns usamos esta expresso de bota EXISTENTES. UMA fora para solo sem comprometimento de APLICAO NOVA DE UMA poluentes. Bota fora uma linguagem dos tcnicos que trabalham em terraplanagem e, TECNOLOGIA EXISTENTE assim, bota fora de solo simplesmente um DEVE SEMPRE RESPEITAR lugar onde se dispe, compactando ou no, o solo. O lodo no deve e, creio, nem pode, ser O ESTGIO DE considerado nesses termos. Ele tem que ser CONHECIMENTO E DE considerado como um material que tem que PRTICA DAQUELA sofrer um processo de tratamento. Tm que TECNOLOGIA ser verificadas as condies das substncias qumicas que esto presentes, dos poluentes ainda presentes, entre outras. A operao do sistema apresentado no tem paralelo em sistemas existentes. Isto eu j falei diversas vezes. No se faz um projeto de engenharia com uma aplicao nova, como est sendo proposto, partindo para uma escala muito alta. Alm dos estudos necessrios, as aplicaes respeitam sempre um nvel ou um estgio de real conhecimento, de prtica daquela tecnologia. Partir para aquela escala so sete estaes com vazes altssimas, quantidades gigantescas de lodo, entre outros no ser, parece-me, a melhor maneira de conduzir um projeto, de desenvolver uma aplicao desta tecnologia.

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Com relao aos slidos, o clculo dos custos envolvidos torna-se complexo dado o desconhecimento das variveis, que uma complicao adicional para o tratamento desses slidos, e que eu levantei ao longo da minha exposio. Fica complexo calcular quanto O QUE FAZER vai custar o tratamento; adensamento, (TRATAMENTO) E ONDE condicionamento, desidratao, transporte, COLOCAR (DISPOSIO disposio adequada, entre outros. Parece-me bastante complexo calcular o custo envolvido. O FINAL) OS CERCA DE projeto implica na remoo de slidos minerais e 800 TONELADAS DE LODO orgnicos. Novamente, a questo da matria GERADAS POR DIA NAS orgnica tem que ser levantada. algo que ter ESTAES DE relevncia, acredito que sim. Uma outra questo o prazo para a TRATAMENTO ? implantao: um ano para a implantao? Eu no tenho conhecimento do tempo que foi despendido estudando esta questo, do tempo investido para se projetar e, se o projeto j est pronto... De qualquer forma, mesmo para a implantao, se estivesse tudo pronto, um ano para uma obra gigantesca no me parece factvel. Outra questo que a proposio no apresenta uma clara concepo com relao ao projeto Tiet. Sinceramente, eu gostaria de ver como que essa interveno, essa iniciativa, enquadra-se dentro do projeto Tiet e do restante dos planos; mas, particularmente, com relao ao projeto Tiet, pois o projeto Tiet no previa isto, ele prev a gradativa melhoria da qualidade das guas dos rios, com a implantao das estaes de tratamento que foram implantadas. Esto sendo implantadas as redes tambm. Essas implantaes esto um pouco atrasadas, mas esse Projeto est em andamento. A SABESP est dando andamento, e ele est em funcionamento. Essa questo me parece fundamental, e isto precisa ser explicado; precisamos ter o entendimento desta questo. Uma proposio: h a necessidade do estudo de viabilidade tcnica, aprofundada com a participao de vrias reas do conhecimento. Uma proposta desse porte, dessa magnitude, com esses complicadores naturais, essas circunstncias complicadoras, exige a participao de uma srie de especialistas de diversas reas do conhecimento. necessrio um estudo de viabilidade tcnica que dever ser desenvolvido segundo diversas etapas, que devero ser discutidas, e que envolvem, naturalmente, trabalhos laboratoriais, trabalhos em escala piloto, NO SE SABE AO CERTO A experincias iniciais em prottipos ou algo do QUANTIDADE DE SLIDOS tipo. E a concepo do projeto dever ser melhor explicitada, mostrando a integrao E MATRIA ORGNICA, com o projeto Tiet e os demais planos da QUAL SER O RMSP. No se pode partir para uma soluo desse porte, nem para soluo alguma, TRATAMENTO APLICADO, desconsiderando o que est em fase de QUAL A FORMA DE implantao, que o projeto Tiet. REMOO (DUTOS?) E DA Eram essas as consideraes, e eu DISPOSIO FINAL procurei destacar os aspectos que eu considerei mais importantes. E ns continuamos aqui para o debate. Muito obrigado. Prof. Roberto Zilles: Tivemos aqui a apresentao, e para quem chegou durante a apresentao, creio que merece se fazer uma manifestao com relao no participao da EMAE, da CETESB e da SABESP. Ontem s 17h00 se recebeu a informao dessas empresas, dizendo que no estariam presentes, portanto, no devemos desanimar por eles no estarem presentes, porque a gente tem a possibilidade de anlise e de discusso do que este projeto. Diante da mudana, da alterao, tivemos esta palestra do Ex.mo Dr. Wolney Castilho na parte da manh e, eu solicito Comisso Organizadora, ao Engo. Dorival Gonalves Jnior, para que preste os

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esclarecimentos e encaminhe a programao do perodo da tarde, de forma que a gente saia daqui j com a previso das discusses que vo ocorrer nesta tarde. Engo. Dorival Gonalves Jnior: Talvez possamos aproveitar a presena do Dr. Wolney, caso algum deseje esclarecimentos sobre a apresentao que ele acaba de fazer. Deixamos a palavra aberta a quem queira apresentar questes. Pblico: Antes de mais nada, quero parabenizar os companheiros aqui da rea de energia da Universidade de So Paulo pela promoo deste Evento, que extremamente oportuno. E quero tambm lamentar, mais uma vez, a ausncia da EMAE, da CETESB e da SABESP nessa discusso. Quero dizer para vocs, que no ltimo dia 27 de abril, na reunio do Comit de Bacia Hidrogrfica do Alto Tiet esse era um dos temas que estavam pautados e, naquele momento, a EMAE, que tinha se comprometido a participar tambm no foi. E naquela ocasio foi aprovada uma nova reunio do Comit, especfica para debater esse tema e que va