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Treinadores avançados para a FAB, uma solução caseira JOSÉ ALVES DANIEL FILHO, Bacharel em Ciências Econômicas – UPIS – DF, Pós-Graduado em Auditoria Pública – Faculdade Projeção – DF. [email protected] Introdução Desde a entrada em serviço dos AT-26 Xavante como treinador avançado na FAB ainda na década de 1970, os Oficiais-Alunos tiveram um grande salto qualitativo no aprendizado para pilotagem de aeronaves de alto desempenho da nossa Força Aérea (leia-se F-5 B/E e Mirage III). Quando saiam das aeronaves a hélice e aprendiam todos os segredos do voo a reação com isso facilitava de sobremaneira a transição e adaptação em nossos supersônicos. Com o avanço da eletrônica nos últimos anos e a modernização de nossa força de combate de primeira linha com a introdução dos F-5M, A/AT-29 e futuramente A-1M juntamente com o FX-2, os Oficiais estagiários estão tendo uma involução em sua progressão operacional, como descrevemos abaixo as fases de formação dos mesmos: UAe 1 Fase de Formação Aeronave AFA 1º Série T-25 Universal AFA 3º Série T-27 Tucano 2º/5º GAv Curso de Formação de Caçador A/AT-29 3º GAv Progressão Operacional A/AT-29 1º/4º GAv Formação de Lideres de Esquadrilha AT-26 Xavante Após a conclusão do curso o estagiário vai para uma unidade de primeira linha 2 ou fica como instrutor na unidade. 1 Unidade Aérea; 2 Unidades atualmente equipadas com aeronaves A-1, F-5/F-5M e Mirage 2000;

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Treinadores avançados para a FAB, uma solução caseira

JOSÉ ALVES DANIEL FILHO,

Bacharel em Ciências Econômicas – UPIS – DF, Pós-Graduado em Auditoria Pública – Faculdade Projeção – DF.

[email protected]

Introdução

Desde a entrada em serviço dos AT-26 Xavante como treinador avançado na FAB ainda na década de 1970, os Oficiais-Alunos tiveram um grande salto qualitativo no aprendizado para pilotagem de aeronaves de alto desempenho da nossa Força Aérea (leia-se F-5 B/E e Mirage III).

Quando saiam das aeronaves a hélice e aprendiam todos os segredos do voo a

reação com isso facilitava de sobremaneira a transição e adaptação em nossos supersônicos.

Com o avanço da eletrônica nos últimos anos e a modernização de nossa força de combate de primeira linha com a introdução dos F-5M, A/AT-29 e futuramente A-1M juntamente com o FX-2, os Oficiais estagiários estão tendo uma involução em sua progressão operacional, como descrevemos abaixo as fases de formação dos mesmos:

UAe1 Fase de Formação Aeronave AFA 1º Série T-25 Universal AFA 3º Série T-27 Tucano

2º/5º GAv Curso de Formação de Caçador A/AT-29 3º GAv Progressão Operacional A/AT-29

1º/4º GAv Formação de Lideres de Esquadrilha AT-26 Xavante Após a conclusão do curso o estagiário vai para uma unidade de primeira linha2 ou fica como instrutor na unidade.

1 Unidade Aérea; 2 Unidades atualmente equipadas com aeronaves A-1, F-5/F-5M e Mirage 2000;

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Durante a formação na AFA até chegar no 3º GAv, podemos observar que eles vão galgando passo a passo os ensinamentos do voo e da guerra aérea, aumentando a complexidade do ambiente de combate com a introdução do voo em formatura, do glass cockpit, data link, entre outros avanços incorporados em nossa Força na última década e que é a base da guerra aérea atualmente.

O curso de Líder de Esquadrilha

Após concluir a progressão operacional no 3º GAv, o Oficial Aviador é encaminhado para o 1º/4º GAv, após passar pelo Conselho Operacional da unidade, que ratificará a sua proficiência em voo, para então ser matriculado no curso de formação de Lideres de Esquadrilha da FAB.

Durante o tempo em que permanece no 3º GAv ele aperfeiçoará seus

conhecimentos como caçador, iniciado no 2º/5º GAv, executando o patrulhamento de fronteira, aprendendo a operar o data link em missões conjuntas, principalmente com o E-99, bem como o tiro aéreo e missões de bombardeio picado, nivelado e em altitude, além do NGV3, estando apto a operar em H244.

Após concluir essa fase e ir para o curso de líder de esquadrilha, onde deveria

aumentar seus conhecimentos nessas áreas para o emprego de aeronaves de maior desempenho, é que nossa Força Aérea está enfrentando problemas, pois o estagiário retornará a voar em uma aeronave projetada a mais de 40 anos atrás e não atualizada para os padrões atuais.

Por ser de concepção extremamente antiga, não possui os equipamentos elencados anteriormente e deixam uma lacuna a ser superada. A principal vantagem dessa aeronave ainda é a adaptação dos estagiários ao voo a reação, que possui uma arena de combate maior, bem como requerer uma maior velocidade de processamento de informações para a tomada de decisão correta por parte dele, além do aumento da consciência situacional da arena de combate. Mais a frente teremos um comparativo do desempenho de cada aeronave.

Então porque não o A/AT-29 Super Tucano? Devido às exigências de um

maior desempenho da aeronave, bem como uma suíte aviônica mais completa são imprescindíveis para a melhor formação de nossos caçadores, como a utilização de um radar, por exemplo.

No decorrer do curso de líder de esquadrilha, que tem duração de dois anos, o

Aviador aprende como liderar um elemento, que é composto por duas aeronaves e uma esquadrilha (quatro aeronaves). O grau de dificuldade e complexidade dos ambientes vão aumentando a cada etapa cumprida.

3 Night Glasses Vision: Óculos de visão noturna; 4 Operando 24 horas por dia;

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O aluno aprende a voar na posição um e três da esquadrilha, em caso de um combate real e o nº 1 for abatido, o nº 2 passa a fazer parte do segundo elemento, mas quem vai liderar vai ser o nº 3. Também aperfeiçoa sua habilidade nas missões de bombardeio, incluindo o rasante, combate 1x1, 2x1, 2x2 e 1x2. Um radar nesse momento contribui muito para o aperfeiçoamento do estagiário em sua formação que estará preparado para ver mais longe antes de ser detectado.

Também a evolução que vem obtendo a cada etapa, aprendendo a simbologia

digital que está sendo utilizada por nossas aeronaves, fica comprometida quando volta a voar uma aeronave totalmente analógica. Vale à pena modernizar os Xavantes? A resposta é negativa, devido ao grande desgaste que as células encontram-se atualmente e a pouca vida útil que lhe resta. A previsão é que em 2011 sejam desativados devido a baixa disponibilidade dos motores. Os AT-26A Impala, já estão sendo desativados por esse motivo, apesar do bom estado de conservação e as poucas horas de voo que suas células possuem.

Algumas opções no mercado mundial

No mercado mundial quais são as opções disponíveis? Podemos elencar as seguintes: o italiano Alenia-Aermacchi M-346 Master, também o modelo MB-339, o sul coreano T-50 Golden Eagle desenvolvido pela Korean Aerospace Industries, o inglês BAE Hawk, o indiano HAL Tejas, o argentino AT-63 Pampa produzido pela Área Material Córdoba (AMC), entre outros.

Das aeronaves apresentadas as que possuem as melhores chances para uma possível concorrência seria o M-346 Master, T-50 Golden Eagle, o argentino AT-63 Pampa, pelos seguintes motivos:

A aeronave italiana M-346 Master seria o sucessor natural do Xavante, pela

origem do fabricante e função para o qual foi projetado. Com a parceria no desenvolvimento do A-1 AMX e a licença para a fabricação do Xavante pela EMBRAER, deixaria com grandes chances de ser beneficiada por este histórico. Claro que temos que destacar, para que tudo isso aconteça vai depender da quantidade de aeronaves a serem encomendadas, que no referido caso não deve exceder 20 a 25 unidades;

No caso do Aermacchi MB-339, é o antecessor do M-346, apesar de possuir concepção mais antiga (primeiro voo em 1976), ele possui um custo de aquisição e operação bem menor se comparado com este. Seu principal operador é a Itália que possui cerca de 140 aeronaves das 200 que foram produzidas.

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Aermacchi M-346 Master Aermacchi M-339

Foto: Alenia-Aermacchi Foto: Aermacchi

Na America Latina Argentina e Peru operam juntas cerca de 25 células. A

partir do MB-339 foi desenvolvida uma versão monoposta de ataque denominada MB-339K. Esta versão está equipada com dois canhões DEFA 553 e pode carregar até 1.900 kg em bombas. Já foi utilizada em combate nas Malvinas, Eritreia e Etiópia, como aeronave de ataque.

O T-50 poderia ser uma opção, caso a aproximação militar do Brasil com os

EUA se confirme, pois os americanos, por meio da Lockheed Martin, que têm uma grande participação no desenvolvimento do projeto, seria uma forma do governo americano cumprir parte de seu off set, com o repasse de parte da tecnologia da aeronave, que ainda está em desenvolvimento de algumas versões para nossa industria aeronáutica;

T-50 Golden Eagle AT-63 Pampa

Foto: Korean Aerospace Industries Foto: Lockheed Martin

Já oAT-63 entraria como opção, se a concretização da parceria entre a EMBRAER e a AMC para a fabricação de componentes aeronáuticos se firmar. Com a reestatização da empresa, o governo argentino vem buscando parceiros no mercado internacional para investir na empresa, que está equipada com material obsoleto, além de

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manter a indústria aeronáutica argentina ativa. Isso poderia acarretar a compra dos seis AT-63 em fabricação, mas sem clientes em vista para adquiri-los, além da possibilidade de manter sua linha de produção ativa com a encomenda de células adicionais.

Atual situação econômico-financeira

Considerando a atual situação econômico-financeira do mercado internacional, podemos observar que os gastos governamentais estão aumentando na tentativa da manutenção de suas economias aquecidas. Com a crise desencadeada pelo sub-prime do mercado imobiliário americano, aumentou a desconfiança e reduziu o nível de investimento externo em diversos mercados, principalmente os emergentes como o nosso. Esse fato faz com que o governo deixe de aplicar recursos na área militar e outras que não são consideradas essenciais por ele, para investir em setores que respondem prontamente a qualquer investimento ou benefícios tributários como o de construção civil e o automobilístico, gerando emprego e renda a maior parte da população.

O aporte de até R$ 28 bilhões de reais para o “Programa minha casa, minha

vida”, onde o governo pretende construir até 1 milhão de residências para a população de baixa renda, somando o impacto de R$ 5,06 bilhões5 estimados para a compra de até 36 caças para o FX-2 poderia gerar consequências indesejáveis na esfera política, com o anúncio de um novo contrato militar para aquisição de mais aeronaves.

Com isso Com menos dinheiro em caixa as opções nacionais seriam bem

interessantes neste momento, com a utilização dos F-5M ou A-1M. Como faríamos o remanejamento das aeronaves que constam em nosso inventário, só teríamos custos para adaptar as instalações e transferir pessoal especializado ou treinar aqueles que estão na Unidade.

As aeronaves

O Xavante

Adquirida na mesma época da compra dos Mirage III e posteriormente o F-5,

foi à aeronave de treinamento avançada perfeita para executar essa função naquela época. Como o desenvolvimento de nossa indústria aeronáutica naquele período ainda

seguia a passos lentos, o governo e a FAB privilegiou a empresa que concedesse a licença para a fabricação em nosso território e transferir tecnologia para nossa novata indústria.

O vantajoso contrato assinado com a Aeromacchi MB-326, a EMBRAER

produziu ao todo 166 aeronaves, onde algumas foram até exportadas (cerca de 20).

5 Considerando um contrato de US$ 2,2 bilhões com o dólar cotado a R$ 2,30;

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A aeronave equipou vários esquadrões de caça/ataque da FAB, inclusive o famoso 1º GAvCa antes da chegada do F-5.

AT-26 Xavante do 1º/4º GAv

Foto: FAB

Hoje com 38 anos depois que a primeira aeronave foi entregue para a FAB, 25

ainda estão em operação e foram completadas por 11 Atlas Impala MB 326K de origem sul africana, que o governo adquiriu na tentativa de prorrogar o tempo de voo dos nossos longevos treinadores. Essas aeronaves são designadas na FAB como AT-26A. Todos os 36 treinadores estão baseados em Natal, sendo alguns, cerca de 10, servindo como fonte de peças.

O A-1M

O A-1, aeronave de origem ítalo-brasileiro, foi projetado para a função de bombardeiro estratégico com capacidade secundária de treinamento. Para os caçadores natos (pilotos de aeronaves supersônicas) a principal reclamação é a falta de potência de seu motor Rolls Royce Spey após manobras seguidas em “alto G”, pois não oferece potência suficiente para responder as prestações mais eficientes, acarretando demora a readquirir velocidade ou ter força para escapar de um possível engajamento.

Com a atual dotação de 53 aeronaves nas versões monoplace e biplace, sendo

um esquadrão sediado no Rio de Janeiro e dois em Santa Maria – RS, o modelo passará por uma extensa modernização na EMBRAER, onde será efetuada a troca dos aviônicos, a inclusão de um radar, uma nova suíte de contramedidas eletrônicas e novas capacidades em 43 aeronaves que estão disponíveis para voo.

A falta de recursos e a existência de três lotes distintos contribuiu que boa parte

dos aviões do 1º/16º GAv (1º lote) ficassem no solo. A modernização contribuirá para reverter esse quadro e retomar a operacionalidade do esquadrão.

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Se essa aeronave for adotada poderíamos possuir a seguinte distribuição:

UAe Dotação aeronaves6 1º/10º GAv 13 aeronaves 1º/16º GAv 13 aeronaves 1º/4º GAv 14 aeronaves 3º/10º GAv 13 aeronaves

Caso a FAB não disponha de recursos para a inserção das 10 unidades que não

estão fazendo parte da modernização, podemos pensar também na transferência do 3º/10º GAv para o lugar do 1º/4º GAv para efetuar essa missão que desempenhou juntamente com esta unidade até 1997, antes da chegada do A-1 na Unidade.

Possuindo PROBE de reabastecimento os estagiários já sairiam do Curso

doutrinados a utilizar essa importante ferramenta que é um diferencial na guerra moderna para qualquer Força Aérea, principalmente nos ambientes atuais que exigem longos períodos de voo aguardando o momento certo para engajar ou em um país com grande dimensões como o nosso.

A ampla capacidade de ataque será realçada com a introdução de armas guiadas, mísseis ar-mar e anti-radiação, que colocará o Oficial Aviador apto a aplicar todo o conhecimento adquirido no curso de formação em aeronaves com a capacidade multi-role que serão incorporadas futuramente (Projeto F-X), além das que possuímos hoje.

Foto montagem A-1M configurado para uma missão SEAD7

Foto: Chris Lofting/Foto montagem: Leonardo Jones/Skyway

6 Onde todos os biplaces seriam distribuídos no 1º/4º GAv; 7 Foto montagem um A-1M com dois mísseis ar-ar Piranha, um pod interferidor Rafael Skyshield e dois mísseis anti-radar MAR-1 de fabricação nacional. Aproveitamos para estender os agradecimentos especialmente para o Chris Lofting que gentilmente cedeu a foto e o Leonardo Jones/Skyway por seu trabalho na foto montagem dessa aeronave armada;

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A introdução dessa aeronave no 1º/4º GAv permitirá o patrulhamento de todo litoral nordeste e parte do norte, como também a possibilidade para o apoio aéreo aproximado e a defesa ar-mar que deverá ser incorporada após sua modernização, com a adoção de algum míssil para ser integrado posteriormente, provavelmente o mesmo a ser adotado pelo futuro F-X, atitude certa para evitar formar múltiplas linhas de suprimento e logística.

O F-5M

Já o F-5 foi um projeto americano no fim da década de 1960 para ser uma aeronave de baixo custo oferecida aos seus aliados que não possuíam a prerrogativa de adquirir material de primeira linha, na época o F-4 Phantom, sendo uma opção supersônica que fez muito sucesso no mercado internacional com mais de 1.500 unidades vendidas.

Como se tinha dúvidas sobre seu desempenho em combate, ela foi utilizada

pelos americanos durante a Guerra do Vietnam, obtendo o desempenho esperado para sua categoria.

Na FAB ele é utilizado como aeronave de primeira linha desde o fim dos anos

de 1970 e deve ser mantido em operação pelo menos até o ano de 2020, após concluir sua modernização.

Com a capacidade supersônica que possui, seria um diferencial na formação do

futuro caçador que estaria sendo adaptado desde o início de sua formação neste ambiente, mas por outro lado aumentaria o atrito da aeronave colocando em risco sua disponibilidade no curto prazo, principalmente se for considerada a idade avançada de algumas células.

Foto montagem do F-5M armado com dois mísseis A-Darter, dois Derby e dois Python 48

Foto: Mauro Lins de Barros/Foto montagem: Leonardo Jones/Skyway

8 Agradecimento especial para o Mauro Lins de Barros que cedeu gentilmente a foto e o Leonardo Jones/Skyway por sua foto montagem;

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Possuindo boa capacidade de manobra, até para os padrões atuais, seu desempenho frente ao A-1 é muito superior. Mas quando totalmente armada para missões ar-ar com dois mísseis Derby de médio alcance e quatro mísseis de curto alcance é bastante prejudicado, onde o armamento provoca um grande arrasto, trabalhando como uma ancora no pequeno caça.

A atual dotação de 57 aeronaves em três esquadrões permitiria a seguinte

redistribuição:

UAe Dotação aeronaves9 1º/1º GAvCa 14 aeronaves 2º/1º GAvCa 14 aeronaves

1º/4º GAv 15 aeronaves 1º/14º GAv 14 aeronaves

Assim como no A-1, o F-5 também possui PROBE de reabastecimento, que

permitirá pernas longas para nossas aeronaves naquela região e treinamento para os Estagiários.

Desempenho

Considerando a utilização do Xavante atualmente para efetuar a transição para aeronaves de primeira linha se considerarmos somente o desempenho está sendo efetuada de forma mais tranqüila.

O Super Tucano oferece grande tecnologia, mas em contrapartida prejudica o crescimento operacional por seu desempenho limitado frente a aeronaves a reação que futuramente serão empregados por nossos aviadores.

No quadro abaixo podemos comparar as principais dados de desempenho de nossas aeronaves e a vantagem na adoção de uma das duas células apresentadas frente ao Xavante analisando só o desempenho, pois se levarmos em consideração outros fatores em consideração a comparação torna-se ainda mais desvantajosa.

A-29 Super Tucano AT-26 Xavante A-1M F-5M Tiger II Mirage 2000

Vel. máx. 593 km/h 871 km/h 1.160 km/h 2.112 km/h 2.338 km/h

Vel. Cruzeiro 430 km/h 580 km/h 850 km/h 900 Km/h 1.000 km/h

Teto: 10.670 m 14.000 m 13.000 m 15.790 m 18.300 m

Razão subida 1.380 m/min 1.737 m/min 3.124 m/min 10.500 m/min 16.200 m/min

Raio de combate: Até 550 km Até 648 km Até 809 km 333 km 900 km

Vazio: 3.020 kg 2.474 kg 6.639 kg 4.346 kg 7.500 kg

Máx. decolagem: 5.200 kg 5.220 kg 13.000 kg 11.192 kg 17.000 kg

Envergadura: 11,14 m 10,84 m 9,97 m 8,13 m 9,13 m

Comprimento: 11,33 m 10,65 m 13,55 m 14,68 m 14,36 m

Altura: 3,97 m 3,72 m 4,55 m 4,06 m 5,20 m

Área de asa: 19,40 m² 19,35 m2 21 m2 17,28 m2 Não disponível

9 Onde todos os biplaces seriam distribuídos no 1º/4º GAv;

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Com relação aos custos entre as duas aeronaves (A-1 e F-5) seriam próximos, além da racionalização da logística na forma do CLS, somando o fato que não seria necessária a introdução de mais uma aeronave no inventário da Força, que acarretaria mais custos na manutenção.

Conclusão

Comparar a duas aeronaves é uma covardia, visto que foram projetadas para serem utilizadas em missões diversas, mas com a possibilidade na missão secundária de treinamento avançado. A principal característica do A-1 é levar o maior número de bombas possíveis a uma distância maior, já o F-5 tem a missão de defesa aérea de ponto, próximo a sua base, com autonomia bem menor que aquela aeronave, mas com maior desempenho.

Do ponto de vista da defesa nacional, a introdução do F-5 no 1º/4º GAv, pode

atrapalhar os planos da FAB de implantar um esquadrão de caça supersônico na Região Amazônica. Neste momento está sendo considerada a transferência de parte dos F-5 que temos em nosso inventário para esse fim, provavelmente a dotação do 1º/1º ou 2º/1º GAvCa para aquela região.

Seguindo essa linha e com o A-1 no Nordeste, teremos boa parte de nossas

fronteiras protegidas com sistemas de armas mais capazes que os A/AT-29 utilizados atualmente que possuem arena de combate diferente.

No infográfico é possível verificar como é, e como pode ficar a distribuição dos

caças futuramente:

Distribuição dos caças atualmente Nova distribuição dos caças

Sem dúvida entre as aeronaves que seriam ideais para serem utilizadas para essa função ficaríamos entre os novíssimos italiano M-346 ou o coreano T-50 por suas

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características e a capacidade para ser utilizado como um caça leve, a possibilidade de simular as reações de aeronaves de quarta e quinta geração, voo super cruise, no caso do T-50 e uma pequena capacidade stheath em ambas por sua aerodinâmica diferenciada, seguindo os passos das aeronaves americanas F-22/F-35, que elevaria ainda mais o nível de nossos pilotos.

Mas a adoção de qualquer uma delas do binômio, A-1M ou F-5M, a defesa de

nosso território e cobriríamos a lacuna existente hoje na formação do futuro caçador e pode gerar boa economia de recursos no curto prazo, deixando um lapso temporal maior para o amadurecimento e desenvolvimento de alternativas para o futuro, inclusive por nossa indústria.