98
1

TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

  • Upload
    others

  • View
    0

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

11

Page 2: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

2

LÍNGUA PORTUGUESAProf. José Maria

TRÂNSITO MATA MAIS DO QUE ASSASSINATOS NO BRASIL

Quando a maioria da população, com razão, está escandalizada com a violência que impera nas cidades do País, um outro número não recebe tanta atenção quanto os cerca de 60 mil assassinatos registrados anualmente no Brasil. No trânsito, morrerão, neste ano de 2018, segundo estimativas ofi ciais, 80 mil pessoas. A projeção está baseada no fato de que, nos primeiros meses do ano, os acidentes de trânsito já provocaram 19.398 mil mortes e 20 mil casos de invalidez permanente no País. Os dados são do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro, órgão da Escola Nacional de Seguros. As principais vítimas são homens de 18 a 65 anos e motociclistas.

Além das mortes e sequelas as mais diversas, muitas deixando inválidos pelo resto da vida homens, mulheres e crianças, pessoas jovens, ainda há um brutal prejuízo, calculado em torno dos R$ 96 bilhões pelas faltas ao trabalho dos acidentados.

Ora, tantas vítimas mostram um quadro de insegurança que está presente e que vem ceifando, dia após dia, vidas nas ruas, avenidas e, muito mais, nas rodovias da nação. Pois, da mesma forma que todos condenam o grande número de mortes violentas por conta do tráfi co de drogas, da disputa entre gangues, de desavenças familiares, pouca atenção é dada para o massacre que ocorre no trânsito. Da mesma forma que se pede mais educação, devemos nos lembrar que a educação no trânsito é mais do que importante.

Jornal do Comércio

(https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/opiniao/2018/09/648589-transito-mata-mais-do-que-assassinatos-no-brasil.html)

01 - QUESTÃO:

A mensagem principal do editorial é que:

a) A violência no trânsito não é considerada um assunto importante.

b) As mortes por acidentes de trânsito superaram as por homicídios.

c) A sociedade está chocada com o número de homicídios.

d) As mortes no trânsito não geram tanta comoção.

e) A educação no trânsito é negligenciada no currículo escolar brasileiro.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários).

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errada. A mensagem do texto não é que as pessoas não consideram a violência no trânsito algo importante. O que o texto afi rma é que as pessoas deveriam se importar mais com o problema.

Page 3: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

3

Letra B: Errada. De fato, isso é dito com todas as letras no texto, mas não corresponde à mensagem principal nele trazida. Trata-se de uma informação que serve de sustentação à tese de que as pessoas se preocupam menos do que deveriam com o problema da violência no trânsito.

Letra C: Errada. De fato, isso é dito no texto, mas o foco principal está no fato de as pessoas não manifestarem tamanha comoção com a violência no trânsito.

Letra D: Certa. De fato, no entendimento do editorial, as pessoas minimizam a gravidade do problema, a despeito de as mortes por acidentes de trânsito superarem as por homicídio.

Letra E: Errada. De fato, o texto menciona a pouca importância dada à educação no trânsito. No entanto, sua mensagem principal se concentra no fato de a sociedade minimizar o problema da violência no trânsito.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

02 - QUESTÃO:

Os programas de investigação criminal de fi cção não reproduzem corretamente o que ocorre na vida real quando o assunto são as técnicas científi cas: um cientista forense da Universidade de Maryland estima que cerca de 40% do que é mostrado no CSI não existe. Os investigadores verdadeiros não conseguem ser tão precisos quanto suas contrapartes televisivas. Ao analisar uma amostra desconhecida em um aparelho com telas brilhantes e luzes piscantes, o investigador de um desses seriados pode conseguir uma resposta do tipo “batom da marca X, cor 42, lote A-439”. O mesmo personagem talvez interrogue um suspeito e declare “sabemos que a vítima estava com você, pois identifi camos o batom dela no seu colarinho”. No mundo real, os resultados quase nunca são tão exatos, e o investigador forense provavelmente não confrontaria diretamente um suspeito. Esse desencontro entre fi cção e realidade pode acarretar consequências bizarras. Em Knoxville, Tennessee, um policial relatou: “Estou com um homem cujo carro foi roubado. Ele viu uma fi bra vermelha no banco traseiro e quer que eu descubra de onde ela veio, em que loja foi comprada e qual cartão de crédito foi usado”.

De acordo com o texto, os programas de investigação criminal não reproduzem corretamente a realidade, pois:

a) Subjugam a complexidade das técnicas científi cas.

b) Superestimam a complexidade dos casos.

c) Minimizam a importância das pistas coletadas.

d) Limitam a atuação dos investigadores.

e) Exageram na minúcia das informações obtidas na investigação.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários).

Page 4: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

4

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errada. Na verdade, as séries superestimam a efi cácia das técnicas científi cas empregadas numa investigação, na medida em que apresentam dados num grau de minúcia difi cilmente alcançado.

Letra B: Errada. O texto não exagera na complexidade dos casos. Na verdade, ele critica o exagerado detalhamento na apresentação de provas exibidas nas séries, que não corresponde à realidade.

Letra C: Errada. O texto não desconsidera as provas apresentadas, mas sim critica o excessivo detalhamento, algo impraticável na realidade.

Letra D: Errada. Justamente o contrário. Uma das críticas se deve ao fato de as séries retratarem o investigador como multifuncional – além de coletar provas, ele interroga o suspeito.

Letra E: Certa. Exato! O grau de detalhamento apresentado difi cilmente corresponde ao resultado na realidade.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

03 - QUESTÃO:

Entre os Maoris, um povo polinésio, existe uma dança destinada a proteger as sementeiras de batatas, que quando novas são muito vulneráveis aos ventos do leste: as mulheres executam a dança, entre os batatais, simulando com os movimentos dos corpos o vento, a chuva, o desenvolvimento e o fl orescimento do batatal, sendo esta dança acompanhada de uma canção que é um apelo para que o batatal siga o exemplo do bailado. As mulheres interpretam em fantasia a realização prática de um desejo. É nisto que consiste a magia: uma técnica ilusória destinada a suplementar a técnica real. Mas essa técnica ilusória não é vã. A dança não pode exercer qualquer feito direto sobre as batatas, mas pode ter (como de fato tem) um efeito apreciável sobre as mulheres. Inspiradas pela convicção de que a dança protege a colheita, entregam-se ao trabalho com mais confi ança e mais energia. E, deste modo, a dança acaba, afi nal, por ter um efeito sobre a colheita.

1(GEORGE THOMSON)

O texto descreve o uso da dança como marca de manifestação cultural de um povo. De acordo com o exposto, nos Maoris, essa prática tem como efeito direto:

a) O abandono de técnicas consagradas.

b) O fortalecimento das sementeiras de batatas.

c) A convicção na efetividade das técnicas reais.

d) Uma mudança de comportamento no trabalho.

e) Uma maior produção de batatas.

Page 5: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

5

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Leitura e interpretação de diversos tipos de textos (literários e não literários).

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errado. O texto não dá a entender que técnicas consagradas sejam abandonadas. Elas são sim, segundo o texto, suplementadas.

Letra B: Errado. O efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto, e não direto.

Letra C: Errado. As técnicas reais, conforme afi rmado no texto, são suplementadas pela técnica ilusória.

Letra D: Certo. De fato, o efeito imediato é uma mudança de comportamento no trabalho das mulheres, que faz com que elas se tornem mais produtivas. O aumento de produção é, dessa forma, um efeito indireto, e não direto.

Letra E: Errado. Trata-se de um efeito indireto, e não direto.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

04 - QUESTÃO:

O que é o que é?

Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto — como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da gente — como se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupado, e de repente parar por ter sido tomado por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota — como se chama o que se sentiu? O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? e é este o nome.

Sobre os aspectos linguísticos do texto, é correto afi rmar que:

a) O “se” presente em “Se recebo um presente ....” e em “Uma pessoa de quem não se gosta mais...” pertencem à mesma classe gramatical.

b) O “o” presente em “como se chama o que se sentiu?” e em “O único modo de chamar é perguntar” pertencem a mesma classe gramatical.

c) O “mais” presente em “Uma pessoa de quem não se gosta mais” expressa valor semântico de intensidade.

d) As duas ocorrências da preposição “por” em “Estar ocupado, e de repente parar por ter sido tomado por uma desocupação” introduzem uma ideia de causa.

Page 6: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

6

e) O “quem” presente em “pessoa de quem não gosto” e o “que” presente em “que não gosta mais da gente” pertencem à mesma classe gramatical, mas exercem diferentes funções sintáticas.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: Classes de palavras: substantivo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição e conjunção: emprego e sentido que imprimem às relações que estabelecem.

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errado. O “se” presente em “Se recebo um presente...” é conjunção subordinativa condicional. Isso pode ser facilmente identifi cado, substituindo-se “se” por “caso”.

“Se recebo um presente...”= “Caso receba um presente...”

Já em “Uma pessoa de quem não se gosta mais...”, o “se” exerce a função de índice de indeterminação do sujeito, haja vista que está ladeado de um verbo que não pede objeto direto - gostar.

Letra B: Errado. O “o” presente em “como se chama o que se sentiu?” é pronome demonstrativo. Isso pode ser identifi cado, substituindo-se “o” por “aquilo”.

“como se chama o que se sentiu?”= “como se chama aquilo que se sentiu?”

Já em “O único modo de chamar é perguntar”, o “o” exerce a função de artigo, determinando o substantivo “modo”.

Letra C: Errado. Não se trata de intensidade, mas sim de tempo. Observemos que, ao se afi rmar que “não se gosta mais”, dá-se a entender que antes se gostava e agora não mais.

Letra D: Errado. O primeiro “por” introduz uma ideia de causa (= ... e de repente parar porque foi tomado por uma desocupação.).

Já o segundo “por” introduz o agente da ação “tomar” (foi a desocupação que “tomou conta”).

Letra E: Certo. De fato, trata-se de dois pronomes relativos, o que nos permite dizer que pertencem à mesma classe gramatical.

Analisemos as funções sintáticas desses pronomes relativos:

Page 7: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

7

Em “pessoa de quem não gosto”, a oração adjetiva é “de quem não gosto” e o pronome relativo “quem” substitui o elemento anterior “pessoa”.

Analisando a oração, temos que “eu” é o sujeito; “gosto” é verbo transitivo indireto; e “quem” é objeto indireto.

Eu não gosto da pessoa“da pessoa” >> OI; quem = “pessoa” >> quem = OI

Em “que não gosta mais da gente”, a oração adjetiva é “que não gosta mais da gente” e o pronome relativo “que” substitui o elemento anterior “pessoa”.

Analisando a oração, temos que o pronome relativo “que” é o sujeito; “gosta” é verbo transitivo indireto; e “da gente” é objeto indireto.

A pessoa não gosta mais da gente“A pessoa” >> Sujeito; que = “pessoa” >> que = Sujeito

Portanto, também é correto se afi rmar que os dois termos em destaque exercem funções sintáticas diferentes.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

05 - QUESTÃO:

O gênero “divina comédia” sugere a ambiguidade do procedimento habitual do dramaturgo, com integração de humorístico e patético, elementos trágicos e cômicos, para chegar a um misto de irrisão e desespero. O achado imprevisto é uma deliciosa intuição do absurdo, estimulando com rara efi cácia o espectador.

(Nelson Rodrigues - Teatro da Obsessão).No trecho de texto, o termo “irrisão”, contextualmente, assume o signifi cado de:

a) Pânico.

b) Nervosismo.

c) Inteligência.

d) Menosprezo.

e) Sedução.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Sinônimos e antônimos. Sentido próprio e fi gurado das palavras.

Page 8: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

8

- COMENTÁRIOS:

A questão trata de signifi cação de palavras. Obviamente, se o aluno souber o signifi cado do vocábulo, a questão é prontamente respondida.

Porém, mesmo sem conhecer esse signifi cado, é possível identifi car seu sentido pelo contexto em que se insere. Note que Nélson Rodrigues sugere que o gênero “divina comédia” é ambíguo, pois integra o humorístico (engraçado) e o patético (triste, constrangedor); o trágico (dramático) e o cômico (engraçado); o desespero e a irrisão. Daí se conclui que irrisão se contrapõe a desespero, da mesma forma que humorístico a patético e trágico a cômico. Isso já faz com que eliminemos as letras A (pânico) e B (nervosismo).

Além disso, é possível identifi car uma família de cognatos (mesma raiz, radical) reunindo irrisão, irrisório, risível, riso, etc. Daí é possível associar irrisão a zombaria, alvo de riso, menosprezo.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

06 - QUESTÃO:

Assinale a opção cuja redação obedece às regras previstas na gramática normativa quanto à concordância.

a) É necessário que se avalie, com os devidos cuidados, haja vista que muitas vidas estão em jogo, os riscos envolvidos na operação.

b) Ter que estudar para concurso e receber visita de parente chato em casa atrapalham demais a concentração.

c) Mais de um aluno estavam analisando seus boletins no intervalo.

d) Havia estudado demais o assunto, mesmo sem ter tido acesso a bibliotecas, os alunos do professor José Maria.

e) Era plenamente possível se preverem os percalços que enfrentaria qualquer plano de estabilização econômica.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: Concordância verbal e nominal.

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errado. Primeiramente diagnostiquemos a função do “se”. O “se” que acompanha a forma verbal “avalie” exerce o papel de partícula apassivadora, haja vista que está ladeado de um verbo que solicita objeto direto (quem avalia avalia alguém).

O “se”, sendo apassivador, transformará o objeto direto do verbo em sujeito paciente, convertendo a oração para a voz passiva sintética. Observemos que o objeto direto de “avaliar” seria “os riscos envolvidos na operação”. Este será transformado em sujeito paciente, cujo núcleo “riscos” está fl exionado no plural.

Dessa forma, está errada a fl exão “se avalie”. Deveria ser empregada a forma “se avaliem” para que ocorresse a concordância com o sujeito paciente de núcleo “riscos”.

Page 9: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

9

A frase correta seria: É necessário que se avaliem, com os devidos cuidados, haja vista que muitas vidas estão em jogo, os riscos envolvidos na operação.

Há de se observar a correção no emprego da forma “haja vista”, construção causal invariável.

Fique atento!

Não podemos confundir o 2º caso de indeterminação com as construções em voz passiva sintética. Nestas, os verbos possuem complemento direto (verbo transitivo direto ou transitivo direto e indireto).

Exemplos:

Discutiu-se o fato> verbo “discutir” é transitivo direto > voz passiva sintética > sujeito paciente: “o fato” > “se”

partícula apassivadora > equivale à construção “Foi discutido o fato”.

Desconfi ou-se do fato> verbo “desconfi ar” é transitivo indireto > sujeito indeterminado (2º caso) > “se” índice de

indeterminação.

Observe o que ocorre quando se emprega o plural “fatos”:

Discutiram-se os fatos.> verbo concorda com o sujeito paciente “os fatos” (Foram discutidos os fatos.)

Desconfi ou-se dos fatos.> verbo permanece invariável, fi xado na 3ª pessoa do singular

Letra B: Errado. Primeiramente observemos que o sujeito da forma verbal “atrapalham” é do tipo oracional: “Ter que estudar para concurso e receber visita de parente chato em casa”.

Sabemos que o verbo de um sujeito oracional permanece fi xado na 3ª pessoa do singular.

Ter que estudar para concurso e receber visita de parente chato em casa atrapalha demais a concentração.

= ISTO atrapalha demais a concentração.

A frase correta seria: Ter que estudar para concurso e receber visita de parente chato em casa atrapalha demais a concentração.

Page 10: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

10

Letra C: Errado. Trata-se da concordância com a expressão “Mais de...” ou “Menos de...”. Com essas expressões, o verbo concorda com o numeral a que se refere.

A concordância com a expressão “Mais de um”, no entanto, pode gerar dúvidas. O aluno

pode pensar: se é mais de um, então o verbo deve fi car no plural, ok? Não é bem assim. O verbo deve fi car necessariamente no singular, concordando com o numeral “um”.

É o que deveria ocorrer na frase “Mais de um aluno estava analisando seus boletins no intervalo.”.

Atenção!

Se a forma verbal transmitir a ideia de reciprocidade (um ao outro, um para o outro, um com o outro, etc.), o verbo cujo sujeito é formado pela expressão “Mais de um” será fl exionado no plural. É o que ocorre em “Mais de um aluno se cumprimentaram (= Mais de um aluno cumprimentou um ao outro).”.

Resumindo: A expressão “Mais de um” exige que a forma verbal fi que no singular. Se houver a ideia de reciprocidade presente, o verbo irá para o plural.

Letra D: Errado. Deveríamos empregar a forma verbal plural “Haviam estudado” para que ocorresse concordância com o sujeito “os alunos do professor José Maria.”

A frase correta seria: Haviam estudado demais o assunto, mesmo sem ter tido acesso a bibliotecas, os alunos do professor José Maria.

Letra E: Certo. Está correta a fl exão “se preverem”, haja vista que o “se” é pronome apassivador e o sujeito paciente é “percalços”. Também está correta a fl exão da forma verbal “enfrentaria”, que concorda com o sujeito “qualquer plano de estabilização econômica.”.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

07 - QUESTÃO:

Um funcionário redigiu o seguinte email:

Segue em anexos os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que haviam problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, tem 10 dias para entregarem as versões fi nais.

Foram observados alguns equívocos de concordância. A opção que traz o texto totalmente corrigido é a:

Page 11: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

11

a) Seguem em anexos os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que havia problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, têm 10 dias para entregarem as versões fi nais.

b) Seguem em anexo os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que haviam problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, têm 10 dias para entregarem as versões fi nais.

c) Segue em anexo os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que havia problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, tem 10 dias para entregarem as versões fi nais.

d) Seguem em anexo os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que havia problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, têm 10 dias para entregarem as versões fi nais.

e) Segue anexo os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que havia problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, têm 10 dias para entregarem as versões fi nais.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Concordância verbal e nominal.

- COMENTÁRIOS:

O primeiro erro está no emprego da forma verbal “Segue”. Deve ser usada a forma plural “Seguem”, para que haja concordância com o núcleo do sujeito “documentos”.

O segundo erro está no emprego da expressão “em anexos”, que é inexistente. Ou se emprega o adjetivo “anexos”, concordando com o substantivo “documentos”; ou se emprega a locução invariável “em anexo”.

O terceiro erro está no emprego da forma plural “haviam”. Sabemos que o verbo “haver”, no sentido de “existir”, é impessoal – não possui pessoa, nem sujeito, nem plural. Deve-se, portanto, empregar a forma singular “havia”.

Por fi m, ocorre erro na forma “tem”. Deveríamos empregar a forma plural com acento diferencial “têm”, para que haja concordância com o sujeito “Todos”.

A redação reescrita de forma correta fi caria:

Seguem em anexo (ou anexos) os documentos em que fi zemos alterações na última reunião. Observem que havia problemas sérios de redação, que agora foram corrigidos. Todos, a partir desta data, têm 10 dias para entregarem as versões fi nais.

A resposta é, portanto, a letra D.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

Page 12: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

12

08 - QUESTÃO:

O emprego correto da vírgula verifi ca-se apenas na frase:

a) Quando as associações representativas falham o trabalhador que é sempre o maior prejudicado, perde, pois grande parte dos seus direitos passa a ser desrespeitada.

b) A democracia brasileira embora já esteja bastante madura, é recente pois o Brasil passou por um longo período sob comando de políticos não eleitos pelo povo.

c) A lei impõe que, todos os indivíduos, independentemente de sua condição socioeconômica, possuem direito a um ensino básico gratuito e de qualidade, mas ocorre que nem todos os brasileiros podem fazer uso desse direito.

d) O jeitinho brasileiro, vício cultural bem marcante em nossa sociedade, difi cilmente é associado a algo prejudicial, isto é, quase nunca a população o interpreta como algo que pode ferir interesses coletivos.

e) Encerrada a discussão foi a vez de todos se confraternizarem numa divertida festa, tradicionalmente promovida pela direção todo fi nal de ano fi scal.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Pontuação.

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errado. Deve-se empregar uma vírgula após “falham”, para se isolar a oração adverbial deslocada da ordem direta “Quando as associações representativas falham”. Já a oração adjetiva “que é sempre o maior prejudicado” deve ser isolada por vírgulas, por ter caráter explicativo.

Mantém-se a vírgula antes da conjunção “pois”, que introduz oração coordenada sindética explicativa.

O correto, então, seria: Quando as associações representativas falham, o trabalhador, que é sempre o maior

prejudicado, perde, pois grande parte dos seus direitos passa a ser desrespeitada.

Letra B: Errado. Deve-se isolar por vírgulas a oração adverbial deslocada da ordem direta "embora já esteja bastante madura". Além disso, deve-se empregar vírgula após "recente", para isolar a oração coordenada explicativa “pois o Brasil passou por um longo período sob comando de políticos não eleitos pelo povo.”.

Assim, o correto seria: A democracia brasileira, embora já esteja bastante madura, é recente, pois o Brasil passou

por um longo período sob comando de políticos não eleitos pelo povo.

Page 13: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

13

Letra C: Errado. É equivocado o emprego da vírgula após “que”, uma vez que a ligação do verbo com o seu complemento se dá de forma direta.

Mantêm-se as vírgulas isolando o adjunto adverbial intercalado “independentemente de sua condição socioeconômica”. Além disso, deve-se manter a vírgula antes da conjunção “mas”, que isola a oração coordenada sindética adversativa.

Assim, o correto seria: A lei impõe que todos os indivíduos, independentemente de sua condição socioeconômica,

possuem direito a um ensino básico gratuito e de qualidade, mas ocorre que nem todos os brasileiros podem fazer uso desse direito.

Letra D: Certo. As vírgulas que isolam o termo “fenômeno generalizado no Brasil” se justifi cam por se tratar de um aposto explicativo. Já as vírgulas que isolam a expressão “isto é” se justifi cam por se tratar de uma expressão interpositiva.

Letra E: Errado. Deve-se empregar a vírgula após “discussão”, para isolar a oração adverbial reduzida deslocada da ordem direta “Encerrada a discussão”.

Mantém-se a vírgula após festa, isolando a oração adjetiva explicativa “tradicionalmente promovida pela direção todo fi nal de ano fi scal”.

Assim, o correto seria: Encerrada a discussão, foi a vez de todos se confraternizarem numa divertida festa,

tradicionalmente promovida pela direção todo fi nal de ano fi scal.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

09 - QUESTÃO:

Está correto o emprego de ambos os elementos sublinhados na frase:

a) Os motivos nos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação em cuja pretendia iludir seus fi éis eleitores.

b) As profi ssões para cujo desempenho são exigidas muita concentração e paciência não são indicadas a quem não dispõe de equilíbrio emocional.

c) Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis do que uma apoiada em verdades desagradáveis onde nem todos querem acreditar.

d) O mau juízo de que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele em que se atribui aos partidos políticos.

Page 14: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

14

e) A confi ança de cuja não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida segundo à natureza do interesse público.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Regência verbal e nominal.

- COMENTÁRIOS:

Letra A: Errado. Em lugar de “nos quais”, deve-se empregar “dos quais”, uma vez que a forma verbal "se valer" solicita a regência da preposição “de” (quem se vale, se vale de algo). Além disso, não faz sentido o emprego do pronome relativo “cuja”, uma vez que não temos uma relação de posse.

O correto, então, seria: “Os motivos dos quais se valeu o deputado baseavam-se numa equivocada comparação que pretendia iludir seus fi éis eleitores.”.

Letra B: Certo. O uso da preposição “para”, antes do pronome relativo “cujo”, é necessidade requerida pela forma verbal “são exigidas” (são exigidas para algo). Além disso, a preposição “a” antes de “quem” é necessidade da regência da forma verbal “são indicadas”(são indicadas a alguém).

Letra C: Errado. O uso de “do que” está equivocado, uma vez que a regência do verbo “preferir” é dada pela preposição “a”. É equivocado também o uso do pronome relativo “onde”, uma vez que este não indica lugar.

Assim, o correto seria: “Muitos eleitores preferem uma candidatura baseada em mentiras agradáveis a uma apoiada em verdades desagradáveis em que nem todos querem acreditar.”.

Letra D: Errado. O uso da preposição “de”, entes do primeiro pronome relativo “que”, é equivocado, uma vez que a forma verbal “se imputa” não a solicita (se imputa algo a alguém = se imputa mau juízo aos sindicatos).

Da mesma forma, o uso da preposição “em”, antes do segundo pronome relativo “que”, é equivocado, uma vez que a forma verbal “se atribui” não a solicita (se atribui algo a alguém = se atribui juízo aos partidos políticos).

Assim, o correto seria: “O mau juízo que se imputa aos sindicatos é semelhante àquele que se atribui aos partidos políticos.”.

Letra E: Errado. O uso do pronome relativo “cujo” é inadequado, uma vez que não existe uma relação de posse. É equivocado também o emprego da crase em “à”, uma vez que é solicitado apenas o artigo defi nido “a”.

Assim, o correto seria: “A confi ança de que não se afastam milhares de brasileiros é a de que a política possa ser exercida segundo a natureza do interesse público.”

Page 15: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

15

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

10 - QUESTÃO:

....... inovadoras teorias, durante todo seu ano sabático, Stephen Hawking dedicou horas de estudo e refl exão equivalentes .... que Einstein despendeu na época em que formulou a famosa Teoria da Relatividade sob .... desconfi ança da comunidade científi ca mundial.

Preenchem corretamente as lacunas da frase acima, na ordem dada:

a) Àquelas - à - a.

b) Aquelas - as - à.

c) Aquelas - às - à.

d) Àquelas - às - a.

e) Aquelas - às - a.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Crase.

- COMENTÁRIOS:

A primeira lacuna deve ser preenchida com a forma “Àquelas” - com crase -, haja vista que ocorre a contração da preposição “a” - solicitada pela regência do verbo “dedicou” (dedicou algo a alguém/algo)” - com o pronome demonstrativo “aquelas”, modifi cador do substantivo “teorias”.

Observação:Uma maneira prática de descobrir se ocorre a crase nas formas pronominais “àquele(s)”,

“àquela(a)” e “àquilo” é substituir os demonstrativos “aquele(s)”, “aquela(s)” e “aquilo” pelos também demonstrativos “este(s)”, “esta(s)” e “isto”.

Se, nessa alteração proposta, aparecerem as formas “a este(s)”, “a esta(s)” e “a isto”, está provado que ocorre a fusão da preposição “a” com o demonstrativo.

Veja um exemplo:O professor perguntou àquele aluno se restava alguma dúvida.Trocando o demonstrativo “aquele” por “este”, tem-se:O professor perguntou a este aluno se restava alguma dúvida.

Viu? Como apareceu na troca a forma “a este”, é sinal de que ocorre a fusão da preposição “a” com o demonstrativo “aquele”, resultando em “àquele”.

Reconstruindo o início do texto da questão, tem-se:Stephen Hawking dedicou horas de estudo e refl exão ... àquelas inovadoras teorias...

Page 16: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

16

= Stephen Hawking dedicou horas de estudo e refl exão ... a estas inovadoras teorias...

A segunda lacuna deve ser preenchida com a forma “às” - com crase -, haja vista que ocorre a contração da preposição “a” - solicitada pela regência do nome “equivalentes” (equivalentes a algo) - com o pronome demonstrativo “as” – que pode ser substituído por “aquelas”.

Observação:Fique atento à parceria do “o(s)”, “a(s)” com o “que”. Trata-se corriqueiramente do encontro

de um pronome demonstrativo – o(s) = aquele(s), aquilo; a(s) = aquela(s) – com o pronome relativo “que”.

Fiz o que pude = Fiz aquilo que pude.

Comentei o que era necessário.= Comentei aquilo que era necessário.

Esta camisa é igual à que vesti ontem.= Esta camisa é igual àquela que vesti ontem.

Este tênis é igual ao que você calçou ontem.= Este tênis é igual àquele que você calçou ontem.

Por fi m, a terceira lacuna deve ser preenchida com o artigo defi nido “a”, solicitado pelo substantivo feminino “desconfi ança”. Fica bem evidente a necessidade do artigo, se fi zermos uma substituição por um substantivo masculino: se empregarmos “descrédito” em vez de “desconfi ança”, teremos a construção “sob o descrédito”, o que prova a necessidade de um artigo após a preposição “sob”.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

Page 17: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

17

DIREITO CONSTITUCIONALProf. Alzir Penaforte

11 - QUESTÃO:

Com base na Constituição Federal e na jurisprudência do STF, assinale a alternativa CORRETA:

a) Conceder-se-á habeas data para assegurar ao impetrante o conhecimento de informações relativas a qualquer pessoa, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.

b) São gratuitas as ações de habeas corpus, habeas data e mandado de segurança, bem como, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

c) Organização sindical pode impetrar mandado de segurança coletivo, independentemente do tempo de funcionamento da entidade, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

d) Tanto a ação popular quanto o mandado de injunção poderão ser propostos sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

e) Conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, ou para proteger direito líquido e certo quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: Ações Constitucionais: habeas corpus, habeas data, mandado de segurança; mandado de injunção; ação popular; ação civil pública.

- COMENTÁRIOS:

1) HABEAS CORPUS:Eis o teor do art. 5º, LXVIII e LXXVII, da Carta Magna:

LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.

LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

O famoso habeas corpus nada mais é do que um procedimento judicial especial, previsto na Constituição Federal (ação ou remédio constitucional), no qual se busca tutelar, com mais agilidade e efetividade do que se teria por intermédio de um procedimento comum, a liberdade de locomoção (direito de ir e vir) do indivíduo contra violência ou coação decorrentes de ilegalidade ou abuso de poder.

Page 18: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

18

Para ser acolhido o pedido de liberdade veiculado no habeas corpus deve-se comprovar que o PACIENTE (quem está supostamente sofrendo ou ameaçado de sofrer a violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder) está efetivamente sofrendo ou ameaçado de sofrer a violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Em outras palavras, caso se constate que a restrição à liberdade de locomoção é legítima (não decorrente de ilegalidade ou abuso de poder), será o habeas corpus denegado.

O habeas corpus pode ser ajuizado por qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, bem como pelo Ministério Público, em benefício próprio ou de outrem (terceiros).

Assim, o habeas corpus (HC) apresenta as seguintes fi guras processuais:

1) IMPETRANTE (quem ajuíza o HC; legitimado ativo): qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, bem como o Ministério Público. Pode ser proposto por uma criança ou qualquer outro incapaz. Pode ser proposto por pessoa jurídica ainda que não esteja regularmente constituída. Atenção: não é necessária a representação por meio de advogado em qualquer instância ou tribunal.

2) PACIENTE (quem será benefi ciado pelo acolhimento do HC): é a pessoa natural que está, em tese, sofrendo ou ameaçado de sofrer a violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. Pessoa jurídica não possui natureza corpórea e, portanto, não tem “direito de ir e vir”, razão pela qual não pode ser paciente do habeas corpus. O impetrante pode coincidir com o paciente (quando o próprio paciente impetra o habeas corpus a seu favor), porém isso não é obrigatório. Isso signifi ca que o IMPETRANTE (qualquer pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, bem como o Ministério Público) pode ajuizar habeas corpus em benefício de qualquer PACIENTE (o impetrante atuará como substituto processual do paciente, quando o habeas corpus for apresentado por impetrante que visa resguardar o direito de ir e vir de terceiro).

3) AUTORIDADE COATORA (legitimado passivo): apesar de controvérsias, prevalece a compreensão que autoridade coatora é a pessoa física responsável, em tese, pela ameaça ou efetiva violência ou coação abusiva/ilegal à liberdade de locomoção do PACIENTE. Exemplos: delegado de polícia (ao instaurar um inquérito policial abusivo ou efetuar prisão em fl agrante abusiva etc.), o membro do Ministério Público (ao requisitar um inquérito policial abusivamente) o juiz (ao prender indevidamente) etc. Atenção 1: apesar de AUTORIDADE COATORA normalmente ser um agente público, é plenamente possível que um particular (pessoa física que não é agente público) se enquadre nesse conceito. Exemplos: diretor de hospital que impede paciente de deixar o hospital; dono de motel que impede o cliente de ir embora; dono de casa de prostituição que impede a prostituta de sair etc. Atenção 2: aquele que apenas cumpre a ordem abusiva ou ilegal não é a AUTORIDADE COATORA, haja vista que autoridade coatora é a pessoa responsável pela ordem abusiva/ilegal.

O habeas corpus pode ser PREVENTIVO (no caso de ameaça de violência ou coação à liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder) ou REPRESSIVO/LIBERATÓRIO (no caso de já ter sido praticada a violência ou coação à liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder).

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal admitiu o HABEAS CORPUS COLETIVO (HC nº 143.641), seja, visando resguardar uma coletividade de pacientes (pessoas físicas determináveis que se encontram em em situação fática comum), aplicando, por analogia, o art. 12 da Lei 13.300/20161 1 Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

Page 19: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

19

(Lei do Mandado de Injunção) para a defi nição dos impetrantes legitimados. Entretanto, o tema ainda não é consolidado, pois a Primeira Turma do STF, até o momento, não admitiu HC Coletivo.

Veja-se que o HC Coletivo não se confunde com o habeas corpus com múltiplos pacientes já determinados (plúrima de pacientes). A título de exemplo, os pacientes da decisão proferida no HC Coletivo nº 143.641 foram “todas as mulheres submetidas à prisão cautelar no sistema penitenciário nacional, que ostentem a condição de gestantes, de puérperas ou de mães com crianças com até 12 anos de idade sob sua responsabilidade, e das próprias crianças” (pessoas determináveis; o que é diferente de, já no habeas corpus, serem nomeados individualmente todos os pacientes).

Identifi cada pelo próprio Poder Judiciário a ocorrência ou a ameaça de ocorrência de violência ou coação à liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder, contra determinada pessoa física, poderá ser proferida, sem qualquer provocação, decisão visando resguardar o direito de ir e vir do paciente. Diz-se, assim, que o habeas corpus pode ser concedido DE OFÍCIO (“ex off icio”), ou seja, sem que o processo de habeas corpus tenha sido impetrado por alguém (é um excepcional caso em que o Judiciário pode romper a inércia da jurisdição e atuar sem ser provocado).

Segundo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, não cabe habeas corpus contra lei ou ato normativo em tese. Ou seja, não se pode veicular um habeas corpus, por exemplo, visando a declarar, de forma desvinculada de qualquer caso concreto, a inaplicabilidade de determinada disposição legal ao paciente. A discussão sobre a nulidade ou inaplicabilidade de determinada lei ou ato normativo pode ser feita de maneira incidental no habeas corpus, mas desde que o pedido tenha como objetivo fazer cessar uma concreta ameaça ou efetiva violência ou coação à liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder. É importante compreender que quando a Constituição Federal se refere a “ameaça”, esta deve ser algo sério e comprovado, não bastando que se alegue, no habeas corpus, um risco hipotético que não tenha qualquer demonstração mínima de que possa vir a acontecer.

O habeas corpus é cabível no caso de prisão ou ameça de prisão civil decorrente de ilegalidade ou abuso de poder.

Não é cabível habeas corpus no caso de o paciente ter sido condenado apenas em pena de multa, nos termos da Súmula 693 do STF: “Não cabe habeas corpus contra decisão condenatória a pena de multa, ou relativo a processo em curso por infração penal a que a pena pecuniária seja a única cominada.” (isso porque, nesse caso, não haveria lesão ou ameaça ao direito de ir e vir, segundo compreende a jurisprudência).

O art. 142, §2º, da Carta da República, salienta que “Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares”. O STF entende, entretanto, que essa restrição não é absoluta. Em outras palavras, o STF entende ser cabível o habeas corpus para apreciação dos pressupostos da legalidade da penalidade aplicada, considerando vedado, apenas, por meio do habeas corpus, o exame do mérito da decisão disciplinar.

Por fi m, nos termos do art. 5º, LXXVII, da CF, são GRATUITOS:

a) A ação de habeas corpus;I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regi-me democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis; II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prer-rogativas de seus integrantes ou relacionados com a fi nalidade partidária; III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas fi nalidades, dispensada, para tanto, autorização especial; IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

Page 20: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

20

b) A ação de habeas data; ec) Na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

2) HABEAS DATA:

O art. 5º, LXXII, apresenta as hipóteses de cabimento do habeas data:

LXXII - conceder-se-á habeas data:

a) para assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público;

b) para a retifi cação de dados, quando não se prefi ra fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

O habeas data nada mais é do que um procedimento judicial especial, previsto na Constituição Federal (ação ou remédio constitucional), no qual se busca tutelar, com mais agilidade e efetividade do que se teria por intermédio de um procedimento comum, o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público, e/ou a retifi cação de dados (neste caso, quando não se prefi ra fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo).

O art. 7º, III, da Lei 9.507/1997, traz mais uma hipótese de cabimento de habeas data, qual seja, “para a anotação nos assentamentos do interessado, de contestação ou explicação sobre dado verdadeiro mas justifi cável e que esteja sob pendência judicial ou amigável.”

A legitimidade ativa para impetrar o habeas data é de qualquer pessoa física, brasileira ou estrangeira, bem como por pessoa jurídica. A ação, porém, é personalíssima, o que implica que somente poderá ser impetrada pelo titular das informações (ao contrário do habeas corpus, no qual, como visto, o impetrante pode ser diferente do paciente).

A legitimidade passiva é das entidades governamentais, da Administração Pública Direta (União, Estados, DF e Municípios) e Indireta (as autarquias, as Fundações instituídas e mantidas pelo Poder Público, as Empresas Públicas e as Sociedades de Economia Mista), bem como as instituições, entidades e pessoas jurídicas privadas detentoras de banco de dados contendo informações que sejam ou possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações (ex: as entidades de proteção ao crédito, como o SPC, o SERASA, entre outras).

O habeas data apenas garante o acesso, a retifi cação ou a complementação/anotação de informações de caráter pessoal constantes em bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. O art. 1º, parágrafo único, da Lei 9.507/1997, entende que se considera de “caráter público todo registro ou banco de dados contendo informações que sejam ou que possam ser transmitidas a terceiros ou que não sejam de uso privativo do órgão ou entidade produtora ou depositária das informações”.

Page 21: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

21

O art. 8º, parágrafo único, da Lei 9.507/19972, estabelece, como requisito para o conhecimento do habeas data, a demonstração de que pela via administrativa (extrajudicial) não foi possível obter o acesso, a retifi cação ou a complementação/anotação de informações pessoais. Trata-se de hipótese de instância administrativa de curso forçado que é admitida pela jurisprudência do STJ e STF, haja vista que é considerada necessária para demonstrar o interesse de agir da impetrante.

Vale ressaltar que o direito de acesso a informações, em sentido amplo, é garantido pelo art. 5º, XXXIII, da CF:

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.

Às pessoas físicas e jurídicas é garantido, dos órgãos públicos, o acesso a informações de interesse particular, coletivo ou geral, salvo se as informações forem consideradas imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado. Veja-se que o habeas data visa tutelar apenas o acesso, a retifi cação ou a complementação/anotação de informações pessoais do impetrante constantes em bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público.

Então, sonegada, pelo órgão público, informação de interesse particular, coletivo ou geral que não seja atinente à própria pessoa interessada, é cabível o MANDADO DE SEGURANÇA, e não o habeas data.

Além disso, vale apontar que o art. art. 5º, XXXIV, da CF, garante o direito de petição (direito de, perante o Poder Público, defender direitos e denunciar ilegalidades ou abusos de poder, sendo assegurado ao peticionante o direito a uma resposta) e o direito de obter certidões em repartições públicas:

XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de interesse pessoal.

Repare que o direito de obter certidões é apenas em relação às repartições públicas e desde que a certidão seja para a defesa de direitos e para o esclarecimento de situações de interesse pessoal. ATENÇÃO: o direito de certidão, caso negado pela repartição pública, é tutelável judicialmente por meio de MANDADO DE SEGURANÇA.

Apesar de, intuitivamente, sermos levados a achar que tudo que diga respeito a informações/certidões tem a ver com o habeas data, isso NÃO É VERDADE. Como visto o habeas data visa tutelar

2 Art. 8° A petição inicial, que deverá preencher os requisitos dos arts. 282 a 285 do Código de Processo Civil, será apresentada em duas vias, e os documentos que instruírem a primeira serão reproduzidos por cópia na segunda.Parágrafo único. A petição inicial deverá ser instruída com prova:I - da recusa ao acesso às informações ou do decurso de mais de dez dias sem decisão;II - da recusa em fazer-se a retifi cação ou do decurso de mais de quinze dias, sem decisão; ouIII - da recusa em fazer-se a anotação a que se refere o § 2° do art. 4° ou do decurso de mais de quinze dias sem decisão.

Page 22: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

22

apenas o acesso, a retifi cação ou a complementação/anotação de informações pessoais do impetrante constantes em bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público. Assim, o direito de certidão (declaração feita por escrito, objetivando comprovar ato ou assentamento constante de processo, livro ou documento que se encontre em repartições públicas) não se encontra entre as hipóteses de cabimento de habeas data. Consequentemente, inexistindo remédio constitucional mais específi co3, é cabível o MANDADO DE SEGURANÇA em caso de negativa do fornecimento de certidão em virtude de ilegalidade ou abuso de poder.

Por fi m, conforme já comentado, nos termos do art. 5º, LXXVII, da CF, são GRATUITOS:

a) A ação de habeas corpus;b) A ação de habeas data; ec) Na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania.

3) MANDADO DE SEGURANÇA:

Eis o teor do art. 5º, LXIX e LXX, da Carta Magna:

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

O famoso mandado de segurança nada mais é do que um procedimento judicial especial, previsto na Constituição Federal (ação ou remédio constitucional), no qual se busca tutelar, com mais agilidade e efetividade do que se teria por intermédio de um procedimento comum, direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Cabe mandado de segurança contra atos COMISSIVOS ou OMISSIVOS. Afi nal, tanto uma atuação quanto uma omissão podem ser ilegais ou abusivas.

O mandado de segurança pode ser PREVENTIVO (em caso de ameaça a direito líquido e certo, em virtude de ilegalidade ou abuso de poder) ou REPRESSIVO (no caso de já ter sido violado o direito líquido e certo, em virtude de ilegalidade ou abuso de poder).

Somente a ilegalidade ou abuso de poder praticada por autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público é tutelável por meio do mandado de segurança. Assim, atos ilegais ou abusivos praticados por particulares que não estejam exercendo funções públicas NÃO SÃO AMPARADOS pela via mandamental.

3 LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas cor-pus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público;

Page 23: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

23

Apesar de polêmicas doutrinárias, o direito líquido e certo existe quando os fatos apresentados pelo mandado de segurança são demonstrados robustamente por meio de prova documental (não se admite a produção de provas no curso do procedimento do mandado de segurança; assim, os fatos alegados já devem vir demonstrados por meio de prova documental). Assim, havendo a demonstração documental incontestável dos fatos alegados, é admitido o mandado de segurança. Em outras palavras, o direito líquido e certo é aquele que pode ser demonstrado de plano mediante prova pré-constituída, sem a necessidade de dilação probatória.

A complexidade da discussão jurídica constante no processo é irrelevante para a defi nição do cabimento ou não do mandado de segurança. Nesse sentido, a Súmula 625 do STF: “Controvérsia sobre matéria de direito não impede concessão de mandado de segurança.”

Eis algumas hipóteses (existem outras) em que o mandado de segurança NÃO É CABÍVEL:

1) Não cabe, tal como no habeas corpus, mandado de segurança contra lei em tese (Súmula 266 do STF);

2) “Não cabe mandado de segurança contra os atos de gestão comercial praticados pelos administradores de empresas públicas, de sociedade de economia mista e de concessionárias de serviço público” (art. 1º, §2º, da Lei 12.016/2009);

3) Não cabe mandado de segurança “de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo, independentemente de caução” (art. 5º, I, da Lei 12.016/2009);

4) Não cabe mandado de segurança “de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo” (art. 5º, II, da Lei 12.016/2009);

5) Não cabe mandado de segurança “de decisão judicial transitada em julgado” (art. 5º, III, da Lei 12.016/2009).

Seguindo os ensinamentos de Pedro Lenza (Direito Constitucional Esquematizado, 23 ed., São Paulo: SaraivaJur, 2019), a legitimidade ativa para impetrar o mandado de segurança “é o detentor de “direito líquido e certo não amparado por habeas corpus ou habeas data”. Assim, dentro do rol “detentor de direito líquido e certo” incluem-se: pessoas físicas (brasileiras ou não, residentes ou não, domiciliadas ou não), jurídicas, órgãos públicos despersonalizados, porém com capacidade processual (Chefi as dos Executivos, Mesas do Legislativo), universalidades de bens e direitos (espólio, massa falida, condomínio), agentes políticos (governadores, parlamentares), o Ministério Público etc.”

A legitimidade passiva é “a autoridade coatora, responsável pela ilegalidade ou abuso de poder, autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.” Destaque-se que, segundo a Súmula 510 do STF, praticado “o ato por autoridade, no exercício de competência delegada, contra ela cabe o mandado de segurança ou a medida judicial” (a autoridade coatora é, portanto, o agente delegado, e não o agente que efetivou a delegação).

Page 24: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

24

A propositura de mandado de segurança deve observar o prazo decadencial de 120 (cento e vinte) dias, nos termos do art. 23 da Lei 12.019/2009: “O direito de requerer mandado de segurança extinguir-se-á decorridos 120 (cento e vinte) dias, contados da ciência, pelo interessado, do ato impugnado”.

No mais, em relação ao MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO, é importante fi xar o restrito rol de legitimados para sua propositura:

a) Partido político com representação no Congresso Nacional;

b) Organização sindical, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

c) Entidade de classe, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

d) Associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus associados.

Merece destaque o seguinte julgado do Supremo Tribunal Federal: “Legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de um ano de constituição e funcionamento.” [RE 198.919, rel. min. Ilmar Galvão, j. 15-6-1999, 1ª T, DJ de 24-9-1999]. Ou seja, o requisito de funcionamento há pelo menos um ano se aplica apenas às associações.

Um mandado de segurança proposto por pelo menos duas pessoas físicas não é considerado coletivo, mas sim uma ação individual plúrima (com litisconsórcio ativo)4.

4) MANDADO DE INJUNÇÃO:

Segue o teor do art. 5º, LXXI, da Carta Magna:

LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

O famoso mandado de injunção nada mais é do que um procedimento judicial especial, previsto na Constituição Federal (ação ou remédio constitucional), no qual se busca sanear omissão legislativa que esteja tornando inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

O mandado de injunção visa resguardar situações concretas individuais ou coletivas (a jurisprudência do STF sempre acatou o MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO, porém o instituto é hoje previsto expressamente no art. 12 da Lei 13.300/2016).

4 “Pessoas físicas já impetrantes de mandados de segurança individuais não possuem autorização constitucional para nova impetração “coletiva”. Eventual litisconsórcio ativo, instituto da teoria geral do processo, não se confunde com as hipóteses constitucionais do art. 5º, LXX, da CF/1988.” [MS 32.832 AgR, rel. min. Rosa Weber, j. 24-2-

Page 25: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

25

O mandado de injunção é cabível em caso de falta TOTAL (omissão total) ou PARCIAL (omissão parcial) de norma regulamentadora (art. 2º da Lei 13.300/2016).

Segundo o STF, o “mandado de injunção não é remédio destinado a fazer suprir lacuna ou ausência de regulamentação de direito previsto em norma infraconstitucional” (MI 766 AgR e MI 4.345 AgR). A Lei 13.300/2016 não contrariou o entendimento do STF.

Em relação ao mandado de injunção individual, a legitimidade ativa (impetrante) é garantida às pessoas naturais ou jurídicas que se afi rmam titulares dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania (artigos 2º e 3º da Lei 13.300/2016). Já a legitimação passiva (impetrado) é outorgada para “o Poder, o órgão ou a autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora.”

No mandado de injunção coletivo, nada muda em relação à legitimação passiva, porém a legitimidade ativa é garantida aos seguintes legitimados (art. 12 da Lei 13.300/2016):

Art. 12. O mandado de injunção coletivo pode ser promovido:

I - pelo Ministério Público, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a defesa da ordem jurídica, do regime democrático ou dos interesses sociais ou individuais indisponíveis;

II - por partido político com representação no Congresso Nacional, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas de seus integrantes ou relacionados com a fi nalidade partidária;

III - por organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos 1 (um) ano, para assegurar o exercício de direitos, liberdades e prerrogativas em favor da totalidade ou de parte de seus membros ou associados, na forma de seus estatutos e desde que pertinentes a suas fi nalidades, dispensada, para tanto, autorização especial;

IV - pela Defensoria Pública, quando a tutela requerida for especialmente relevante para a promoção dos direitos humanos e a defesa dos direitos individuais e coletivos dos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º da Constituição Federal.

Parágrafo único. Os direitos, as liberdades e as prerrogativas protegidos por mandado de injunção coletivo são os pertencentes, indistintamente, a uma coletividade indeterminada de pessoas ou determinada por grupo, classe ou categoria.

Vale salientar que a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão é uma ação de natureza objetiva (abstrata) e que possui como objeto qualquer omissão legislativa que esteja deixando de tornar efetiva qualquer norma constitucional (não se limitando apenas às omissões que estejam inviabilizando o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania). Assim, apesar da proximidade em relação ao MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO, as espécies não se confundem.

2015, 1ª T, DJE de 11-3-2015.]

Page 26: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

26

Em relação aos efeitos da decisão proferida em sede de mandado de injunção, Pedro Lenza (Direito Constitucional Esquematizado, 23 ed., São Paulo: SaraivaJur, 2019) sintetiza as posições existentes:

- Posição concretista direta: a concessão da ordem no MI “concretiza” o direito diretamente, independentemente de atuação do órgão omisso, até que a norma constitucional venha a ser regulamentada. A decisão vale ou para todos (geral) e, nesse caso, terá efeitos erga omnes, ou para um grupo, classe ou categoria de pessoas (coletivo), ou apenas para o impetrante, pessoa natural ou jurídica (individual);

- Posição concretista intermediária: julgando procedente o mandado de injunção, o Judiciário fi xa ao órgão omisso prazo para elaborar a norma regulamentadora. Findo o prazo e permanecendo a inércia, o direito passa a ser assegurado para todos (geral), para grupo, classe ou categoria de pessoas (coletivo) ou apenas para o impetrante, pessoa natural ou jurídica (individual);

- Posição não concretista: a decisão apenas decreta a mora do Poder, órgão ou autoridade com atribuição para editar a norma regulamentadora, reconhecendo-se formalmente a sua inércia.

Em relação à regulamentação dada pela Lei 13.300/2016, o legislador optou, como regra, pela posição concretista intermediária, individual ou coletiva, autorizando a adoção da posição concretista intermediária geral:

- Concretista: segue a linha da jurisprudência do STF, concretizando o direito fundamental.

- Intermediária: o legislador foi mais conservador do que vinham sendo as decisões da Corte, que eram diretas e não davam essa “chance” ao impetrado. Referida posição nos parece extremamente equilibrada e melhor, pois dará ao Poder, órgão ou autoridade omissos a possibilidade de suprir a omissão, e, só então, mantida a mora, incidirá a decisão judicial concretizando o direito fundamental.

- Individual ou coletiva (regra): de acordo com o art. 9.º, caput, a decisão terá efi cácia subjetiva limitada às partes. No mandado de injunção coletivo, a sentença fará coisa julgada limitadamente às pessoas integrantes da coletividade, do grupo, da classe ou da categoria substituídos pelo impetrante. Estabelece ainda a lei que, transitada em julgado a decisão, seus efeitos poderão ser estendidos aos casos análogos por decisão monocrática do relator (art. 9.º, § 2.º, LMI).

- Concretista intermediária geral (possibilidade): de maneira inovadora em relação à jurisprudência do STF que prevalecia quando do advento da regulamentação do mandado de injunção, poderá ser conferida efi cácia ultra partes ou erga omnes à decisão, quando isso for inerente ou indispensável ao exercício do direito, da liberdade ou da prerrogativa objeto da impetração (art. 9.º, § 1.º, da LMI). Conforme anotou o Min. Teori

Page 27: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

27

Zavascki, trata-se de “efi cácia natural da sentença”, que não se confunde com a coisa julgada.

5) AÇÃO POPULAR:

Eis o teor do art. 5º, LXXIII, da CF:

Art. 5º […]

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, fi cando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência.

A ação popular nada mais é do que um procedimento judicial especial, previsto na Constituição Federal (ação ou remédio constitucional) e iniciado por um cidadão, no qual se visa anular ato lesivo: ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; à moralidade administrativa; ao meio ambiente; e ao patrimônio histórico e cultural.

A ação popular somente pode ser proposta (legitimidade ativa) por um cidadão, assim considerado o brasileiro nato ou naturalizado, desde que esteja no pleno gozo de seus direitos políticos, provada tal situação (e como requisito essencial da inicial) pelo título de eleitor, ou documento que a ele corresponda (art. 1º, §3º, da Lei 4.717/1965). O cidadão age como verdadeiro substituto processual dos interesses da coletividade.

Deste modo, não possuem legitimidade ativa para a propositura de ação popular os estrangeiros, os apátridas, as pessoas jurídicas e mesmo os brasileiros que estiverem com os seus direitos políticos suspensos ou perdidos (art. 15 da CF/88). Destaque para a Súmula 365 do STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor ação popular.”

Figurarão no polo passivo da demanda (legitimidade passiva) o agente que praticou o ato, a entidade lesada e os benefi ciários do ato ou contrato lesivo ao patrimônio público.

O cidadão autor da ação popular, salvo comprovada má-fé, será isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência (parte fi nal do art. 5º, LXXIII, da CF).

6) AÇÃO CIVIL PÚBLICA:

O art. 129, III, da CF, assim menciona:

Art. 129. São funções institucionais do Ministério Público:

[…]

III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Page 28: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

28

O art. 129, III, não menciona que a ação civil pública apenas pode ser proposta pelo Ministério Público. Ao contrário, o art. 129, §1º, da CF, esclarece que “A legitimação do Ministério Público para as ações civis previstas neste artigo não impede a de terceiros, nas mesmas hipóteses, segundo o disposto nesta Constituição e na lei”.

Tanto que a Lei 7.347/1985 trouxe rol de legitimados bem mais amplo (Ministério Público; Defensoria Pública; União, Estados, Distrito Federal e Municípios; autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista; a associação que, concomitantemente: a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; b) inclua, entre suas fi nalidades institucionais, a proteção ao patrimônio público e social, ao meio ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência, aos direitos de grupos raciais, étnicos ou religiosos ou ao patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico).

Destaque-se a ação civil pública e o inquérito civil serão promovidos para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Feita essa explanação, passa-se a analisar item por item.

Alternativa A: A alternativa está equivocada, pois o habeas data, nos termos do art. 5º, LXXII, “a”, da CF, será concedido para “assegurar o conhecimento de informações relativas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de caráter público” [e não as informações relativas a qualquer pessoa como equivocadamente constou no item].

Item ERRADO.

Alternativa B: O item é sedutor. Porém o texto constitucional não assegura a gratuidade do mandado de segurança. Relembremos o art. 5º, LXXVII: “são gratuitas as ações de habeas corpus e habeas data, e, na forma da lei, os atos necessários ao exercício da cidadania”.

Item ERRADO.

Alternativa C: O art. 5º, LXX, da CF, assim preceitua:

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:

a) partido político com representação no Congresso Nacional;

b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados.

E, no caso, o Supremo Tribunal Federal já consolidou posição no sentido de que o requisito de funcionamento há pelo menos um ano se aplica apenas às associações: “Legitimidade do sindicato para a impetração de mandado de segurança coletivo independentemente da comprovação de um

Page 29: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

29

ano de constituição e funcionamento.” [RE 198.919, rel. min. Ilmar Galvão, j. 15-6-1999, 1ª T, DJ de 24-9-1999].

Item CORRETO.

Alternativa D: A ação popular visa a “anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural” (art. 5º, LXXIII, da CF). Por outro lado, o mandado de injunção deverá ser concedido “sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania” (art. 5º, LXXI, da CF). A ação popular objetiva impugnar um ato, enquanto o mandado de injunção tenta sanear uma omissão.

Alternativa equivocada, pois menciona que ambos os remédios constitucionais poderiam ser propostos sempre que a falta de norma regulamentadora torne inviável o exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania.

Item ERRADO.

Alternativa E: A primeira parte da assertiva está correta. De fato, “conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder” (art. 5º, LXVIII, da CF). Porém a segunda parte se refere ao mandado de segurança (art. 5º, LXIX, da CF), e não ao habeas corpus:

LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder Público.

Item ERRADO.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

12 - QUESTÃO:

A nacionalidade pode ser defi nida como o vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a determinado Estado, fazendo com que esse indivíduo passe a integrar o povo desse estado e, por consequência, desfrute de direitos e submeta-se a obrigações.

Acerca da temática supra, analise as alternativas a seguir e assinale a correta.

a) Eduardo é um empresário Brasileiro casado com Mônica cidadã italiana, em férias tiverem um parto antecipado em Paris onde nasceu seu fi lho Renato. Neste caso, a única forma de Renato ser um brasileiro nato é se Eduardo o registrá-lo em repartição brasileira competente.

Page 30: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

30

b) Para que um cidadão originário de país de língua portuguesa obtenha a nacionalidade brasileira ele deverá ter permanência ininterrupta em território brasileiro por um ano e idoneidade moral.

c) Caso um cidadão brasileiro seja obrigado a se naturalizar em outro país para ali permanecer não haverá perda na nacionalidade brasileira.

d) A Constituição Federal estabelece que não há distinção entre brasileiros natos e naturalizados, porém é possível que lei possa estabelecer hipóteses de distinção além daquelas já previstas pela Constituição Federal.

e) Aos portugueses com residência permanente no país, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro nato.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: Direitos e garantias fundamentais: direitos e deveres individuais e coletivos; direitos sociais; direitos de nacionalidade; direitos políticos.

- COMENTÁRIOS:

Segue abaixo um breve resumo acerca dos Direitos de Nacionalidade, assunto que está sendo cobrado na questão. Nos comentários de cada alternativa teceremos mais detalhes.

Conceito: Nacionalidade é um vínculo jurídico-político que liga um indivíduo a um

determinado Estado, ao passo que, integrando ao povo, adquirindo direito e obrigações.

Espécies de nacionalidade:

a) Primária ou originária: é decorrente do fato gerado pelo nascimento do indivíduo, independentemente da vontade deste.

Há dois critérios distintos para a observância deste instituto:

Ius sanguinis: tem como fato gerador, o vínculo de sanguíneo, decorrente de fi liação, ascendência, não importando qual o local onde o indivíduo nasceu. A título de ilustração, é muito comum nos países europeus devido à emigração, com o intuito de manter o vínculo com os seus descendentes.

Ius solis: observa-se o vínculo de territorialidade, como o local de nascimento.

b) Secundária ou adquirida: é aquela de se adquire por vontade própria, posterior ao nascimento do indivíduo, que poderá ser promovida pelos estrangeiros, como aqueles chamados de polipátrida ou multinacionalidade (ex. fi lhos de argentinos ius sanguinis, mas nascidos no Brasil, ius solis), e os chamados de apátridas, que não têm pátria nenhuma, como a expressão alemã prefere os heimatlos.

Confl ito de nacionalidade:

Page 31: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

31

1) Positivo: no caso de polipátria ou multinacionalidade;2) Negativo: no apátrida, aqueles indivíduos sem nenhuma pátria.

Nesta questão, cumpre afi rmar que a Declaração dos Direitos Humanos de 1948, diz que toda pessoa tem o direito a uma nacionalidade, proibindo que seja arbitrariamente dela privada, ou impedi-la de mudá-la.

Brasileiro Nato:

É importante afi rmar que nosso país adotou o critério do ius solis, como observa-se na Constituição Federal de 1988, no art. 12, I, comentaremos abaixo do texto legal:

a) Os nascidos no República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país.

Entende-se que, serão considerados brasileiros natos aqueles que nascidos em território nacional (daí dizer que é aplicável o fator do ius solis), ainda que de pais estrangeiros, mas que estes não estejam a serviço de seu país.

P. ex. Um casal de holandeses passa a residir no Brasil, posteriormente, nasce um fi lho deles, este será brasileiro, devido ao ius solis. Porém, esta regra é relativa, eis que deverá sempre observar as regras impostas pelo direito internacional.

b) Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil.

Consideram-se brasileiros natos, aqueles que mesmo tendo nascido no território estrangeiro sejam fi lhos de pai ou mãe brasileiros e qualquer deles esteja a serviço do Brasil, seja na administração pública direta ou indireta.

P. ex. ministro das relações exteriores viaja como sua mulher para Índia, ao qual esta venha a ter uma criança no território indiano, no mesmo momento em que o ministro trabalhava. Cumpre observar que não só atividade diplomática deve-se enquadrar no caso de serviço do Brasil, como qualquer função ligada a atividade da União, Estados, Municípios ou autarquias.

c) Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Neste caso, podemos dividir o texto da lei em duas situações:

Page 32: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

32

1) A primeira parte é decorrente de estrangeiro nascido no exterior, mas de pai ou mãe brasileira, e que seja registrado em repartição brasileira.

P. ex. Um casal de brasileiros passa as férias em Nova York nos Estados Unidos, um dia antes de embarcar para o Brasil tem seu bebê no território americano, para que não perca a nacionalidade (ius sanguinis), o pai registra a criança numa sede diplomática brasileira nos Estados Unidos.

2) A segunda parte, pode-se dizer que é optativo para aquele que venha a residir no Brasil à escolha da nacionalidade brasileira, depois de atingida a maioridade (legal), daí chamar-se de nacionalidade potestativa, pois depende da exclusiva vontade do fi lho.

Brasileiro Naturalizado:

Pode ser de duas formas expressas:

a) Ordinária: prevista no art. 12, II, a;b) Extraordinária ou quinzenária: prevista no art. 12, II, b.

Forma ordinária: deve o indivíduo que quer se naturalizar brasileiro cumprir os requisitos previstos no art. 112 do Estatuto dos Estrangeiros, juntamente como o preceito constitucional, art. 12, II, a, diz:

Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral.

Assim, além das formalidades previstas no Estatuto do Estrangeiro, aquele indivíduo originário de língua portuguesa deverá residir habitualmente, um período de um ano, sem interrupção no território nacional e, deverá ter também idoneidade moral, dando a entender que o indivíduo não poderá ter nenhum fator negativo em sua vida social de seu país de origem, muito menos pendências judiciais ou ser procurado, por exemplo, talvez esta seja a crítica deste artigo, de não tratar da mesma forma aos estrangeiros de qualquer nacionalidade, pois poderá o indivíduo originário de língua portuguesa alguma condenação de seu país de origem.

Forma Extraordinária ou quinzenária: Para aqueles não originários de língua portuguesa, aplica-se o art. 12, II, b, in verbis:

Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

Nesta questão, não se trata de indivíduo originário de língua portuguesa, mas com maior abrangência, a todo e qualquer cidadão de outra nacionalidade que não a brasileira.

Page 33: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

33

Assim, deverá cumprir os requisitos, como residir no território nacional ininterruptamente por quinze anos e não haver quaisquer condenações no âmbito penal, neste caso, deve-se ampliar este critério, assim, o indivíduo estrangeiro que quer se naturalizar não poderá ter condenação penal tanto em seu país de origem, como no Brasil.

Postas as questões de nacionalidade originária e derivada, há que mencionar que a Carta Política de 1988, diz que tanto o de nacionalidade originária como de nacionalidade derivada têm os mesmos direitos e deveres. Entretanto, há exceção: o art. 12, II, b, § 2º diz que, há cargos privativos de brasileiro nato, são eles:

- Presidente da República;- Vice-Presidente da República;- Presidente da Câmara dos Deputados;- Presidente do Senado Federal;- Ministro do Supremo Tribunal Federal;- Os de Carreira Diplomática;- Ofi ciais das Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica);- Ministério de Estado da Defesa;

Perda da Nacionalidade:

Há determinadas hipóteses de perda de nacionalidade previstas na Carta Maior de 1988, no art. 12, inciso I e II, § 4º, como

a) Cancelamento da naturalização por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional: o cancelamento deverá ser por meio de sentença judicial transitada em julgado, devendo o inquérito instaurado a fi m de apurar se houve alguma prática nociva ao interesse nacional; se positivo tal ato, o Ministério Público Federal oferecerá a denúncia, ao passo que será instaurado o processo judicial de cancelamento. A decisão terá efeitos ex nunc, assim, o indivíduo perderá a naturalização a partir da sentença transitada em julgado.

b) Proveniente da aquisição de outra nacionalidade: deverá ser promovida de forma voluntária, por procedimento administrativo via decreto presidencial (art. 23, da Lei 818/49). Assim, poderá haver o reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira (o indivíduo que nasceu no Brasil - fi lho de estrangeiros e que seus pais não se encontravam a serviço de seu país de origem - poderá requerer a nacionalidade de origem de seus pais); ou pela imposição de naturalização pela norma estrangeira (como no caso de brasileiro residente no exterior por motivo laboral ou por optar por residir ali).

Seguem para leitura atenta os dispositivos que tratam da Nacionalidade.

Page 34: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

34

Art. 12. São brasileiros:

I - natos:

a) os nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país;

b) os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil;

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira;

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral;

b) os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira.

§ 1º Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos nesta Constituição.

§ 2º A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:

I - de Presidente e Vice-Presidente da República;

II - de Presidente da Câmara dos Deputados;

III - de Presidente do Senado Federal;

IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal;

V - da carreira diplomática;

VI - de ofi cial das Forças Armadas;

VII - de Ministro de Estado da Defesa.

§ 4º Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

I - tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de atividade nociva ao interesse nacional;

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

a) de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira;

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis.

A título de complemento, não se pode esquecer do Artigo 13 da Constituição, por vezes

Page 35: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

35

cobrado em prova.

Art. 13. A língua portuguesa é o idioma ofi cial da República Federativa do Brasil.

§ 1º São símbolos da República Federativa do Brasil a bandeira, o hino, as armas e o selo nacionais.

§ 2º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão ter símbolos próprios.

Agora que já foi explicado, vamos aos itens!

Alternativa A: O item está ERRADO, pois conforme o art. 12 são brasileiros:

I - natos:

c) os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionalidade brasileira.

Portanto, Renato será brasileiro nato se Eduardo registrá-lo em repartição brasileira competente ou Renato vier residir no Brasil e optar pela nacionalidade brasileira depois de atingir a maioridade.

Alternativa B: O item está ERRADO, pois conforme o art. 12 são brasileiros:

II - naturalizados:

a) os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários de países de língua portuguesa apenas residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; (Naturalização Ordinária)

Naturalização Ordinária – A concessão ou não dessa naturalização é um poder discricionário do Executivo Federal, o requerente não tem direito subjetivo a essa naturalização.

Portanto, para que um cidadão originário de país de língua portuguesa obtenha a nacionalidade brasileira, ele deverá ter residência ininterrupta (NÃO É PERMANÊNCIA) em território brasileiro por um ano, idoneidade moral e o Executivo Federal analisará se outorgará ou não a nacionalidade brasileira.

Alternativa C: O item está CORRETO, pois Conforme Art. 12, § 4º - Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:

II - adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos:

(...)

Page 36: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

36

b) de imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis. (Nesse caso, portanto, não haverá perda da nacionalidade brasileira).

Alternativa D: O item está ERRADO, pois conforme o art. 12, § 2º, a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.

Obs.: a CF pode estabelecer distinção, mas a lei não pode.

Alternativa E: O item está ERRADO. Vejamos o que diz o Art. 12, § 1º:

Aos portugueses com residência permanente no País, se houver reciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os direitos inerentes ao brasileiro*, salvo os casos previstos nesta Constituição.

* Os direitos atribuídos são os inerentes aos brasileiros naturalizados.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

Por fi m, fi ca uma dica importantíssima também relacionada ao tema:

SOBRE EXTRADIÇÃO:

NATO-----> NUNCA SERÁ EXTRADITADO.NATURALIZADO-----> EM CASO DE CRIME COMUM PRATICADO ANTES DA NATURALIZAÇÃO

OU DE COMPROVADO ENVOLVIMENTO EM TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES E DROGAS AFINS (EM QUALQUER TEMPO), NA FORMA DA LEI.

ESTRANGEIRO----> PODE SER EXTRADITADO, PORÉM NOS CASOS DE CRIME POLÍTICO OU DE OPINIÃO A EXTRADIÇÃO NÃO SERÁ CONCEDIDA.

13 - QUESTÃO:

Com base na Constituição Federal, na jurisprudência do STF e nas disposições legais acerca do controle de constitucionalidade, assinale a alternativa CORRETA:

a) O juiz de direito da Justiça Estadual não tem competência para afastar a aplicação, no caso concreto, de lei estadual que contrarie a Constituição Federal, mas apenas de lei estadual que contrarie a Constituição do Estado.

Page 37: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

37

b) O órgão fracionário de tribunal que declara expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público ou mesmo afasta sua incidência, no todo ou em parte, viola a Súmula Vinculante nº 10 do STF, bem como o art. 97 da CF/88.

c) A ação direta de inconstitucionalidade constitui meio de controle de constitucionalidade prévio realizado pelo Poder Judiciário.

d) A ação declaratória de constitucionalidade a exemplo da ação direta de inconstitucionalidade, constitui ação de controle abstrato cuja decisão de mérito produz efi cácia contra todos e efeito vinculante, além de contar com a participação do Advogado-Geral da União como curador da presunção de constitucionalidade da lei.

e) É incabível a concessão de medida cautelar em Ação Direita de Inconstitucionalidade por omissão, em razão da natureza da tutela pretendida.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Controle de constitucionalidade: sistemas difuso e concentrado; ação direta de inconstitucionalidade (ADIn); ação declaratória de constitucionalidade (ADC); arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF); súmula vinculante; repercussão geral.

- COMENTÁRIOS:

1) CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE: NOÇÕES GERAIS:

Inicialmente, é importante esclarecer que a noção de “controle de constitucionalidade” (ou seja, a possibilidade de leis ou atos normativos terem a sua compatibilidade com a Constituição devidamente verifi cada) decorre da ideia de que as normas constitucionais estariam acima das leis e dos demais atos normativos (SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO).

Ou seja, as normas inferiores (leis e demais atos normativos) devem ser compatíveis com as disposições contidas na norma superior (Constituição), sob pena de não serem consideradas válidas.

Ressalte-se que a ideia de “controle de constitucionalidade” só faz sentido quando a Constituição é, pelo menos, RÍGIDA (demanda um procedimento especial e mais difi cultoso para alteração de seu conteúdo se comparado com o procedimento para edição das leis infraconstitucionais).

Isso porque, no caso de uma Constituição FLEXÍVEL5, não haveria nada que diferenciasse, em termos qualitativos, a norma constitucional da norma legal comum. Nesse cenário, não faria sentido, por exemplo, dizer que determinada lei seria incompatível com a Constituição, pois a lei, por ter seguido rito legislativo idêntico ao estabelecido para uma emenda constitucional, estaria, na verdade, alterando a própria Constituição, ao dispor em sentido contrário ao texto constitucional até então existente.

Outro requisito elementar para o “controle de constitucionalidade” poder ser implementado por uma via de natureza impositiva é que a própria Constituição designe determinado(s) órgão(s) como competente(s) para reconhecer eventuais inconstitucionalidades.5 A alteração do texto constitucional é promovida sem qualquer processo legislativo especial, equiparando-se o processo legislativo de modifi cação com aquele adotado para a edição das demais leis comuns.

Page 38: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

38

No caso da Constituição Federal de 1988, foi atribuído ao Supremo Tribunal Federal o papel de guardião da Constituição (art. 102, caput6). Ou seja, é ele o órgão que dá a última palavra em matéria de interpretação e de garantia do respeito e da integridade das normas constitucionais. O STF é o órgão competente para fazer o chamado CONTROLE CONCENTRADO (OU ABSTRATO) DE CONSTITUCIONALIDADE, nos termos do art. 102, I, “a” e “p”, e §1º, da CF/19887.

O controle CONCENTRADO (OU ABSTRATO) de constitucionalidade é aquele em que, por meio de determinada ação, pleiteia-se, como pedido principal, o reconhecimento da (in)constitucionalidade de determinada lei ou ato normativo, a fi m de, com efi cácia geral (para todos ou erga omnes)8, consolidar-se a compatibilidade constitucional de determinada norma ou se reconhecer a sua inconstitucionalidade. É o controle realizado EM TESE (EM ABSTRATO), ou seja, de modo desvinculado de um caso concreto.

Apesar de não usar expressamente o termo, a Constituição Federal de 1988 também prevê, implicitamente9, o chamado CONTROLE DIFUSO DE CONSTITUCIONALIDADE, que é aquele realizado, por qualquer juízo ou tribunal, no curso de determinado processo que discute um caso concreto. O controle de constitucionalidade, nesse caso, é realizado de forma INCIDENTAL no caso concreto, pois a discussão sobre constitucionalidade não é posta como a questão principal do processo, mas sim como um tema prévio que precisa ser apreciado para que o direito em discussão seja acolhido ou rejeitado.

6 “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:”7 “Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe: I - processar e julgar, originariamente: a) a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação de-claratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo federal; […] p) o pedido de medida cautelar das ações diretas de inconstitucionalidade; […] § 1.º A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.”8 Vide art. 102, §2º, da Constituição Federal: “As decisões defi nitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão efi cácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.”9 Decorrência da supremacia das normas constitucionais – cujo exame nos casos concretos é atividade jurisdicional necessária e, portanto, inafastável (art. 5º, XXXV, da CF) - e da previsão da Cláusula de Reserva de Plenário (art. 97 da CF).

Page 39: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

39

Exemplo: o Município A inicia ação visando executar o IPTU que o Sr. José supostamente está devendo; o Sr. José então, em sua defesa, pleiteia que seja reconhecido que o IPTU executado não é devido, pois a lei municipal que regulamenta o imposto é incompatível com a Constituição (perceba, a pretensão principal do Sr. José é o reconhecimento de que o tributo não é devido; a discussão sobre a inconstitucionalidade é um incidente/percalço instaurado no processo que precisa ser apreciado para averiguar se o Sr. José tem razão ou não); declarada a inconstitucionalidade, será consequentemente reconhecido que o Sr. José não deve o IPTU (perceba: apenas o Sr. José e o Município, nos limites desta lide, sofrerão o impacto decorrente da declaração de inconstitucionalidade; entretanto, a norma impugnada continua, em tese, válida, de modo que, em qualquer outro caso concreto posto em discussão, a questão sobre a inconstitucionalidade da lei do Município A que trata sobre o IPTU poderá ser novamente veiculada e discutida).

O reconhecimento incidental de inconstitucionalidade em TRIBUNAL demanda a observância da denominada CLÁUSULA DE RESERVA DE PLENÁRIO prevista no art. 97 da Constituição Federal: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.” A exigência não se aplica ao magistrado de primeira instância, porém, é certo, este pode realizar o controle difuso de constitucionalidade10. Há precedente do Supremo Tribunal Federal afi rmando que, mesmo sendo órgãos fracionários, as Turmas do Supremo Tribunal Federal não se submetem à cláusula de reserva de plenário11. Por fi m, cumpre salientar que o tema foi objeto da SÚMULA VINCULANTE n. 10:

Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Em outras palavras, o controle de constitucionalidade POSTERIOR ou REPRESSIVO – o qual tem a aptidão de declarar, abstratamente ou em determinado caso concreto, a nulidade de determinado conteúdo ou interpretação de lei ou ato normativo considerados incompatíveis com a Constituição Federal – é realizado pelo Poder Judiciário. Diz-se POSTERIOR ou REPRESSIVO, pois se trata de controle realizado após a lei ou o ato normativo já terem sido devidamente promulgados.

Porém, é ainda possível que seja realizado o controle de constitucionalidade PRÉVIO ou PREVENTIVO, o qual, como o nome sugere, é realizado quando o processo legislativo ainda está em curso (antes do projeto de lei ou projeto de ato normativo efetivamente se tornarem uma lei ou um ato normativo). É, via de regra, um controle político, realizado pelo próprio responsável pela edição da norma. No caso de uma lei, por exemplo, o controle preventivo é realizado pelo próprio Poder Legislativo (por meio das famosas “comissões de constituição e justiça”, as quais averíguam a compatibilidade do projeto de lei com a Constituição) e, ainda, pelo Poder Executivo quando delibera

10 “A norma inscrita no art. 97 da Carta Federal, porque exclusivamente dirigida aos órgãos colegia-dos do Poder Judiciário, não se aplica aos magistrados singulares quando no exercício da jurisdição constitucional (RT 554/253).” [HC 69.921, rel. min. Celso de Mello, j. 9-2-1993, 1ª T, DJ de 26-3-1993.]11 O STF exerce, por excelência, o controle difuso de constitucionalidade quando do julgamento do recurso extraordinário, tendo os seus colegiados fracionários competência regimental para fazê-lo sem ofensa ao art. 97 da CF. [RE 361.829 ED, rel. min. Ellen Gracie, j. 2-3-2010, 2ª T, DJE de 19-3-2010.]

Page 40: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

40

por sancionar ou vetar a lei (o Chefe do Executivo pode vetar a lei por entendê-la incompatível com a Constituição).

Excepcionalmente, admite-se o controle de constitucionalidade PRÉVIO ou PREVENTIVO realizado pelo Poder Judiciário. Consolidou-se que, em relação aos projetos de atos normativos em trâmite no Poder Legislativo Federal12, referido controle seria realizado por meio de MANDADO DE SEGURANÇA, cuja legitimidade de propositura seria exclusiva do PARLAMENTAR. Isso porque, a ação direta de inconstitucionalidade pode ser manejada apenas contra lei ou ato normativo (e um projeto de lei ou projeto de ato normativo, desculpem a obviedade, é apenas um projeto, e não uma lei ou um ato normativo propriamente dito). O julgado proferido pelo Supremo Tribunal Federal no MS 32.033 fi xa os pontos já abordados e elucida em que hipóteses o STF poderia efetivamente realizar o controle preventivo de constitucionalidade:

CONSTITUCIONAL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE MATERIAL DE PROJETO DE LEI. INVIABILIDADE.

1. Não se admite, no sistema brasileiro, o controle jurisdicional de constitucionalidade material de projetos de lei (controle preventivo de normas em curso de formação). O que a jurisprudência do STF tem admitido, como exceção, é “a legitimidade do parlamentar - e somente do parlamentar - para impetrar mandado de segurança com a fi nalidade de coibir atos praticados no processo de aprovação de lei ou emenda constitucional incompatíveis com disposições constitucionais que disciplinam o processo legislativo” (MS 24.667, Pleno, Min. Carlos Velloso, DJ de 23.04.04). Nessas excepcionais situações, em que o vício de inconstitucionalidade está diretamente relacionado a aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa, a impetração de segurança é admissível, segundo a jurisprudência do STF, porque visa a corrigir vício já efetivamente concretizado no próprio curso do processo de formação da norma, antes mesmo e independentemente de sua fi nal aprovação ou não.

[...]

3. A prematura intervenção do Judiciário em domínio jurídico e político de formação dos atos normativos em curso no Parlamento, além de universalizar um sistema de controle preventivo não admitido pela Constituição, subtrairia dos outros Poderes da República, sem justifi cação plausível, a prerrogativa constitucional que detém de debater e aperfeiçoar os projetos, inclusive para sanar seus eventuais vícios de inconstitucionalidade. Quanto mais evidente e grotesca possa ser a inconstitucionalidade material de projetos de leis, menos ainda se deverá duvidar do exercício responsável do papel do Legislativo, de negar-lhe aprovação, e do Executivo, de apor-lhe veto, se for o caso. Partir da suposição contrária signifi caria menosprezar a seriedade e o senso de responsabilidade desses dois Poderes do Estado. E se, eventualmente, um projeto assim se transformar em lei, sempre haverá a possibilidade de provocar o controle repressivo pelo Judiciário, para negar-lhe validade, retirando-a do ordenamento jurídico.

4. Mandado de segurança indeferido.

(MS 32033, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Relator(a) p/ Acórdão: Min. TEORI ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 20/06/2013, PROCESSO

12 Colocou-se a expressão “Federal” apenas para fi car claro que os casos apreciados pelo STF diziam respeito à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal. Porém, vale esclarecer que não há jurisprudência do STF formada ou em sentido contrário em relação aos Poderes Legislativos Estaduais ou Municipais.

Page 41: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

41

ELETRÔNICO DJe-033 DIVULG 17-02-2014 PUBLIC 18-02-2014 RTJ VOL-00227-01 PP-00330)

Levando em conta a ementa citada e o teor do voto vencedor do Min. Teori Zavascki, assim como a obra de Pedro Lenza (Direito Constitucional Esquematizado, 23 ed., São Paulo: SaraivaJur, 2019), é possível sustentar que o STF entende ser legítima a intervenção preventiva do Judiciário no processo legislativo em dois casos:

1) Em casos de projetos de emenda à constituição (PEC´s) que estejam apresentando vícios de inconstitucionalidade em relação a aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa ou que estejam manifestamente tratando de matéria ofensiva a cláusula pétrea13.

2) Em casos de projetos de lei que estejam apresentando vícios de inconstitucionalidade em relação a aspectos formais e procedimentais da atuação legislativa.

2) LEGITIMADOS ATIVOS:

A Constituição Federal, em seu art. 103 estabelece ROL TAXATIVO (NUMERUS CLAUSUS) de LEGITIMADOS para a propositura de ação direta de inconstitucionalidade, de ação declaratória de constitucionalidade, de ação direta de inconstitucionalidade por omissão (art. 12-A da Lei 9.868/199914) e de arguição de descumprimento de preceito fundamental (art. 2º, I, da Lei 9.882/199915):

Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:

I - o Presidente da República;

II - a Mesa do Senado Federal;

III - a Mesa da Câmara dos Deputados;

IV a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal;

V o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

VI - o Procurador-Geral da República;

VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;

VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;

IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.

Atenção: os Prefeitos Municipais NÃO CONSTAM no rol de legitimados.

13 Art. 60, §4º, da CF/88: “§ 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais.”14 “Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade por omissão os legitimados à propositura da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade.”15 “Art. 2º Podem propor argüição de descumprimento de preceito fundamental: I - os legitimados para a ação direta de inconstitucionalidade;”

Page 42: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

42

Atenção 2: a legitimidade é da MESA dos órgãos legislativos mencionados (Senado Federal, Câmara dos Deputados, Assembleia Legislativa e Câmara Legislativa), e não do presidente dos órgãos.

Em relação ao inciso IX do art. 103, vale destacar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal já consolidou alguns parâmetros:

1) Na esfera das entidades sindicais, apenas as CONFEDERAÇÕES possuem legitimação para o ajuizamento de ações que tratem do controle abstrato de constitucionalidade16. Sindicatos ou federações nacionais não ostentam legitimidade para tanto, segundo entendimento restritivo e gramatical do STF;

2) Considera-se de “âmbito nacional” a entidade de classe que comprove possuir fi liados em pelo menos nove estados da federação17;

3) Tanto a confederação sindical quanto a entidade de classe de âmbito nacional somente podem apresentar ações de controle abstrato de constitucionalidade que guardem correlação com as suas fi nalidades institucionais (requisito denominado de PERTINÊNCIA TEMÁTICA18).

Em relação ao inciso VIII do art. 103, vale destacar que a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal não exige o requisito da PERTINÊNCIA TEMÁTICA em relação ao partido político com representação no Congresso Nacional19, o qual possui legitimidade, portanto, para impugnar toda e qualquer lei ou ato normativo, independentemente das fi nalidades partidárias ou de qualquer outro critério.

16 “Trata-se de arguição de descumprimento de preceito fundamental proposta pela Federação das Enti-dades Representativas dos Ofi ciais de Justiça Estaduais do Brasil (FOJEBRA) (...). A arguente não possui legitimidade ativa para propor a presente ação direta de inconstitucionalidade, nos termos do art. 103 da Constituição Federal de 1988 e do art. 2º, I, da Lei 9.882/1999 c/c o art. 2º da Lei 9.868/1999. A jurisprudência deste Tribunal é pacífi ca no sentido de que, na esfera das entidades sindicais, apenas as confederações possuem legitimação para o ajuizamento de ações que tratem do controle abstrato de constitucionalidade.” [ADPF 220, rel. min. Gilmar Mendes, j. 8-11-2010, dec. monocrática, DJE de 12-11-2010.]17 “A jurisprudência desta Corte tem salientado (...) que pessoas jurídicas de direito privado, que reúnam, como membros integrantes, associações de natureza civil e organismos de caráter sindical, desqualifi cam-se – precisamen-te em função do hibridismo dessa composição – como instituições de classe, cuja noção conceitual reclama a participação, nelas, dos próprios indivíduos integrantes de determinada categoria, e não apenas das entidades privadas constituídas para representá-los. (...) A jurisprudência do STF tem consignado, no que concerne ao requisito da especialidade, que o caráter nacional da entidade de classe não decorre de mera declaração formal, consubstanciada em seus estatutos ou atos constitutivos. Essa particular característica de índole espacial pressupõe, além da atuação transregional da instituição, a existência de associados ou membros em pelo menos nove estados da Federação.” [ADI 108 QO, rel. min. Celso de Mello, j. 13-4-1992, P, DJE de 5-6-1992.]18 “Com efeito, esta Corte tem sido fi rme na compreensão de que as entidades de classe e as confederações sindicais somente podem lançar mão das ações de controle concentrado quando mirarem normas jurídicas que digam respeito aos interesses típicos da classe representada (cf. ADI 3.906 AgR/DF, relator o ministro Menezes Direito, DJE de 5-9-2008). A exigência da pertinência temática é verdadeira projeção do interesse de agir no processo objetivo, que se traduz na necessidade de que exista uma estreita relação entre o objeto do controle e os direitos da classe representada pela entidade requerente.” [ADI 4.426 MC, rel. min. Dias Toff oli, j. 17-1-2010, dec. monocrática, DJE de 1º-2-2011.]19 “Os partidos políticos, desde que possuam representação no Congresso Nacional, podem, em sede de controle abstrato, arguir, perante o STF, a inconstitucionalidade de atos normativos federais, estaduais ou distritais, inde-pendentemente de seu conteúdo material, eis que não incide sobre as agremiações partidárias a restrição jurisprudencial derivada do vínculo de pertinência temática.” [ADI 1.407 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 7-3-1996, P, DJ de 24-11-2000.]

Page 43: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

43

3) CABIMENTO:

3.1) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI):

Segundo o art. 102, I, “a”, da Constituição Federal, a AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE (ADI) é cabível contra lei ou ato normativo federal ou estadual.

Assim, a ação direta de inconstitucionalidade NÃO É CABÍVEL contra ato normativo MUNICIPAL.

Vale salientar que, não sendo cabível ADI contra leis ou atos normativos municipais, logicamente não faz sentido que leis ou atos normativos expedidos pelo Distrito Federal no exercício de sua competência legislativa municipal20 possam ser atacados pela via da Ação Direta de Inconstitucionalidade.

Nesse sentido, o Supremo Tribunal Federal editou a Súmula 642: “Não cabe ação direta de inconstitucionalidade de lei do Distrito Federal derivada da sua competência legislativa municipal”.

O Supremo Tribunal Federal também já consolidou sua jurisprudência no sentido de que violação meramente refl exa ou oblíqua à Constituição da República não desafi a o manejo do controle concentrado de constitucionalidade21.

A Súmula Vinculante é alterada ou cancelada por meio de procedimento próprio previsto em lei (art. 103-A, §2º, da CF; Lei 11.417/2006), razão pela qual, a linha de entendimento do STF rejeita a possibilidade de impugnação das súmulas vinculantes pela via concentrada de controle de constitucionalidade22.

3.2) Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC):

A AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADC) somente é admitida em relação a lei ou ato normativo FEDERAL, nos termos do art. 102, I, “a”, da Constituição Federal.

20 Art. 32, §2º, da CF: “Ao Distrito Federal são atribuídas as competências legislativas reservadas aos Estados e Municípios.”21 “Se a interpretação administrativa da lei, que vier a consubstanciar-se em decreto executivo, divergir do sentido e do conteúdo da norma legal que o ato secundário pretendeu regulamentar, quer porque tenha este se projetado ultra legem, quer porque tenha permanecido citra legem, quer, ainda, porque tenha investido contra legem, a questão ca-racterizará, sempre, típica crise de legalidade, e não de inconstitucionalidade, a inviabilizar, em consequência, a utilização do mecanismo processual da fi scalização normativa abstrata. O eventual extravasamento, pelo ato regulamentar, dos limi-tes a que materialmente deve estar adstrito poderá confi gurar insubordinação executiva aos comandos da lei. Mesmo que, a partir desse vício jurídico, se possa vislumbrar, num desdobramento ulterior, uma potencial violação da Carta Magna, ainda assim estar-se-á em face de uma situação de inconstitucionalidade refl exa ou oblíqua, cuja apreciação não se revela possível em sede jurisdicional concentrada.” [ADI 996 MC, rel. min. Celso de Mello, j. 11-3-1994, P, DJ de 6-5-1994.]22 “A arguição de descumprimento de preceito fundamental não é a via adequada para se obter a interpre-tação, a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante.” [ADPF 147 AgR, rel. min. Cármen Lúcia, j. 24-3-2011, P, DJE de 8-4-2011.]

Page 44: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

44

O artigo 14, III, da Lei 9.868/1999, especifi ca a hipótese constitucional e estabelece, como requisito de cabimento da ADC, “a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória”.

3.3) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO):

O art. 103, §2º, da Constituição Federal:

Art. 103, § 2º Declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional, será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias e, em se tratando de órgão administrativo, para fazê-lo em trinta dias.

O dispositivo está tratando sobre a AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO (ADO). Ou seja, a Constituição estabelece que determinadas omissões do Poder Público na efetivação de normas constitucionais podem ser sanadas pela via concentrada.

O art. 12-B, I, da Lei 9.868/1999, especifi ca a hipótese de cabimento como sendo “a omissão inconstitucional total ou parcial quanto ao cumprimento de dever constitucional de legislar ou quanto à adoção de providência de índole administrativa”.

3.4) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF):

O art. 102, §1º, da Constituição Federal:

A arguição de descumprimento de preceito fundamental, decorrente desta Constituição, será apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na forma da lei.

A ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL (ADPF), segundo a disciplina que lhe foi dada pela Lei 9.882/1999, restou caracterizado como um instrumento que termina preenchendo as lacunas de cabimento da ADI e da ADC. Isso porque, por expressa dicção legal (art. 1º, parágrafo único, I, da Lei 9.882/1999), caberá, dentre outras hipóteses, ADPF: “quando for relevante o fundamento da controvérsia constitucional sobre lei ou ato normativo federal, estadual ou municipal, incluídos os anteriores à Constituição”.

O STF vem admitindo a fungibilidade entre a ADPF e a ADI, desde que não tenha sido cometido erro grosseiro23.

23 EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM ARGUIÇÃO DE DESCUMPRIMENTO DE PRECEITO FUNDAMENTAL. LEIS 10.305/2015 E 10.438/2016 DO ESTADO DO MARANHÃO. CRIAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DO INSTITUTO DE PROTEÇÃO E DE-FESA DO CONSUMIDOR DO ESTADO DO MARANHÃO – PROCON/MA. CONFEDERAÇÃO NACIONAL DOS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO – CONFENEN. PERTINÊNCIA TEMÁTICA. AUSÊNCIA. ILEGITIMIDADE ATIVA AD CAUSAM. LIAME INDIRETO. INSU-FICIÊNCIA DE MERO INTERESSE DE CARÁTER ECONÔMICO-FINANCEIRO. AUSÊNCIA DE SUBSIDIARIEDADE. AGRAVO REGI-MENTAL CONHECIDO E NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência do STF exige, para a caracterização da legitimidade ativa das entidades de classe e das confederações sindicais em ações de controle concentrado, a existência de correlação direta entre o objeto do pedido de declaração de inconstitucionalidade e os objetivos institucionais da associação. 2. No caso, não há pertinência temática entre as normas impugnadas, que cuidaram de criar e estruturar o Instituto de Proteção e Defesa do Consumidor do Estado do Maranhão – PROCON/MA, e os objetivos institucionais perseguidos pela requerente

Page 45: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

45

4) MANIFESTAÇÃO DA PGR E DA AGU:

Prosseguindo, o art. 103, §§1º e 3º, da CF/1988:

§ 1º O Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido nas ações de inconstitucionalidade e em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

§ 3º Quando o Supremo Tribunal Federal apreciar a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo, citará, previamente, o Advogado-Geral da União, que defenderá o ato ou texto impugnado.

Assim, percebe-se que o Procurador-Geral da República deverá ser previamente ouvido:

1) Nas ações de inconstitucionalidade; e 2) Em todos os processos de competência do Supremo Tribunal Federal.

De igual modo, quando o STF for apreciar ação direta de inconstitucionalidade, deverá providenciar a PRÉVIA CITAÇÃO do Advogado-Geral da União, o qual, segundo a literalidade da CF/88, deverá defender o ato ou texto impugnado. Entretanto, há precedente do STF que reconhece ser desnecessária essa “defesa” do ato ou texto impugnado, quando o Supremo Tribunal Federal já tiver fi rmado entendimento acerca da inconstitucionalidade de determinada norma ou tese jurídica:

O múnus a que se refere o imperativo constitucional (CF, art. 103, § 3º) deve ser entendido com temperamentos. O advogado-geral da União não está obrigado a defender tese jurídica se sobre ela esta Corte já fi xou entendimento pela sua inconstitucionalidade. [ADI 1.616, rel. min. Maurício Corrêa, j. 24-5-2001, P, DJ de 24-8-2001.]

No caso da ação declaratória de constitucionalidade, NÃO HÁ essa a participação do Advogado-Geral da União como curador da presunção de constitucionalidade da norma, já que a lei ou ato normativo não estão sendo atacados, mas sim defendidos, em sua validade, por meio da ADC.

No caso da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, a manifestação do Advogado-Geral da União é facultativa (art. 12-E, §2º, da Lei 9.868/199924). Isso porque o art. 103, §3º, da CF, obriga a manifestação da AGU apenas quando estiver sendo discutida “a inconstitucionalidade, em tese, de norma legal ou ato normativo” (não é esse o caso da ação direta de inconstitucionalidade

(CONFENEN), voltados, especifi camente, para a proteção dos interesses dos estabelecimentos de ensino. O liame mediato, indireto, não satisfaz o requisito da pertinência temática. Precedentes: ADI 5.023-AgR, Rel. Min. ROSA WEBER, Pleno, DJe 6/11/2014; ADI 4.722, Rel. Min. DIAS TOFFOLI, Pleno, DJe de 14/2/2017. 3. A mera potencialidade geral de dano, de caráter econômico-fi nanceiro, não é sufi ciente para estabelecer a relação de pertinência temática entre os objetivos estatutários da agravante e as normas impugnadas. Precedente: ADI 1.157 MC, Rel. Min. CELSO DE MELLO, Pleno, DJ de 17/11/2006. 4. A fungibilidade entre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental e a Ação Direta de Inconstitucionalidade pressupõe dúvida aceitável a respeito da ação apropriada, a fi m de não legitimar o erro grosseiro na escolha. Precedente: ADPF 314 AgR, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, DJe de 19/2/2015. 5. Agravo Regimental conhecido e não provido. (ADPF 451 AgR, Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Tribunal Pleno, julgado em 09/04/2018, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-072 DIVULG 13-04-2018 PUBLIC 16-04-2018)24 “Art. 12-E. Aplicam-se ao procedimento da ação direta de inconstitucionalidade por omissão, no que cou-ber, as disposições constantes da Seção I do Capítulo II desta Lei. […] § 2º O relator poderá solicitar a manifestação do Advogado-Geral da União, que deverá ser encaminhada no prazo de 15 (quinze) dias.”

Page 46: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

46

por omissão, haja vista que nesta se discute a inconstitucionalidade de uma omissão, e não de uma “norma legal ou ato normativo”).

5) EFICÁCIA E EFEITOS DAS DECISÕES:

5.1) Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) e Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC):

O art. 102, §2º, da Constituição Federal:

Art. 102, § 2º As decisões defi nitivas de mérito, proferidas pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias de constitucionalidade produzirão efi cácia contra todos e efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

Assim, as decisões defi nitivas de mérito proferidas pelo STF nas ADI´s e ADC´s produzem efi cácia contra todos (erga omnes), ou seja, uma vez declarada a constitucionalidade ou a inconstitucionalidade de determinada lei ou ato normativo via controle concentrado, não cabe mais discussão25 sobre a questão por quem quer que seja.

Por outro lado, a “efi cácia vinculante” traz o dever de os demais órgãos judiciários e administrativos (municipais, estaduais e federais) respeitarem e darem cumprimento ao entendimento proferido no julgamento. Descumprido o que foi deliberado na decisão defi nitiva de mérito da ADC ou da ADI, é cabível a veiculação de reclamação diretamente no STF, a fi m de que a Corte garanta a autoridade de suas decisões (art. 102, I, l, da CF).

Atenção: a efi cácia vinculante não se aplica ao Poder Legislativo.

25 Há, na verdade, uma possibilidade de rediscussão da matéria. Caso o STF, via controle concentrado, en-tenda que determinada lei ou ato normativo é CONSTITUCIONAL, posteriormente, via controle difuso de constitucionali-dade, é possível que esse entendimento seja alterado pelo próprio STF. Cita-se como exemplo o seguinte aresto: “[…] Ao apreciar a Ação Direta de Inconstitucionalidade 1.232-1/DF, o Supremo Tribunal Federal declarou a constitucionalidade do art. 20, § 3º, da LOAS. 3. Reclamação como instrumento de (re)interpretação da decisão proferida em controle de cons-titucionalidade abstrato. [...] O STF, no exercício da competência geral de fi scalizar a compatibilidade formal e material de qualquer ato normativo com a Constituição, pode declarar a inconstitucionalidade, incidentalmente, de normas tidas como fundamento da decisão ou do ato que é impugnado na reclamação. Isso decorre da própria competência atribuída ao STF para exercer o denominado controle difuso da constitucionalidade das leis e dos atos normativos. A oportunidade de reapreciação das decisões tomadas em sede de controle abstrato de normas tende a surgir com mais naturalidade e de forma mais recorrente no âmbito das reclamações. É no juízo hermenêutico típico da reclamação – no “balançar de olhos” entre objeto e parâmetro da reclamação – que surgirá com maior nitidez a oportunidade para evolução interpre-tativa no controle de constitucionalidade. Com base na alegação de afronta a determinada decisão do STF, o Tribunal poderá reapreciar e redefi nir o conteúdo e o alcance de sua própria decisão. E, inclusive, poderá ir além, superando total ou parcialmente a decisão-parâmetro da reclamação, se entender que, em virtude de evolução hermenêutica, tal decisão não se coaduna mais com a interpretação atual da Constituição. [...]. 5. Declaração de inconstitucionalidade parcial, sem pronúncia de nulidade, do art. 20, § 3º, da Lei 8.742/1993. 6. Reclamação constitucional julgada improcedente”. (Rcl 4374, Relator(a): Min. GILMAR MENDES, Tribunal Pleno, julgado em 18/04/2013, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-173 DIVULG 03-09-2013 PUBLIC 04-09-2013)

Page 47: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

47

Isso porque, por exemplo e em tese, o Legislador pode editar nova lei ou emenda constitucional versando do mesmo modo que a lei ou o ato normativo reputado inconstitucionais em sede de ADI ou ADC. Parece insano, mas pode acontecer e já aconteceu.

5.2) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão (ADO):

Uma vez declarada a inconstitucionalidade por omissão de medida para tornar efetiva norma constitucional (art. 103, §2º, da Constituição Federal):

1) Será dada ciência ao Poder competente para a adoção das providências necessárias;

2) Em se tratando de órgão administrativo, será este comunicado para sanar a omissão em trinta dias.

5.3) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF):

A decisão em sede de ADPF “terá efi cácia contra todos e efeito vinculante relativamente aos demais órgãos do Poder Público” (art. 10, §3º, da Lei 9.882/1999).

6) DAS MEDIDAS CAUTELARES:

A medida cautelar deve ser concedida sempre que presente a probabilidade do direito (fumus boni iuris) e o risco ao resultado útil do processo decorrente da demora na entrega da prestação jurisdicional (periculum in mora). Passa-se a analisar as peculiaridades normativas de cada tipo de ação de controle abstrato de constitucionalidade.

6.1) Ação Direta de Inconstitucionalidade:

Em relação à ação direta de inconstitucionalidade, salvo no período de recesso, a medida cautelar (suspensão da lei ou do ato normativo) será concedida por decisão da maioria absoluta dos membros do Supremo Tribunal Federal (6 Ministros), observado o quórum de pelo menos oito Ministros presentes à sessão (art. 22 da Lei 9.868/1999), após a audiência dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias (art. 10, caput, da Lei 9.868/1999).

Procedimento normal (artigos 10 e 11, caput, da Lei 9.868/1999):

1) Oitiva dos órgãos ou autoridades dos quais emanou a lei ou ato normativo impugnado, que deverão pronunciar-se no prazo de cinco dias;

Page 48: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

48

2) O relator, julgando indispensável, ouvirá o Advogado-Geral da União e o Procurador-Geral da República, no prazo de três dias;

3) No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela expedição do ato, na forma estabelecida no Regimento do Tribunal;

4) Em caso de excepcional urgência, o Tribunal poderá deferir a medida cautelar sem a audiência dos órgãos ou das autoridades das quais emanou a lei ou o ato normativo impugnado;

5) Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Ofi cial da União e do Diário da Justiça da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo solicitar as informações à autoridade da qual tiver emanado o ato, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I do Capítulo II da Lei 9.868/1999 (“Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade”).

Procedimento especial (art. 12 da Lei 9.868/1999), no qual se busca desde logo apreciar o mérito da ADI: “Havendo pedido de medida cautelar, o relator, em face da relevância da matéria e de seu especial signifi cado para a ordem social e a segurança jurídica, poderá, após a prestação das informações, no prazo de dez dias, e a manifestação do Advogado-Geral da União e do Procurador-Geral da República, sucessivamente, no prazo de cinco dias, submeter o processo diretamente ao Tribunal, que terá a faculdade de julgar defi nitivamente a ação.”

Características da medida cautelar em ADI:

1) Efi cácia contra todos (erga omnes);

2) Efeitos ex nunc (prospectivos), salvo se o Tribunal entender que deva conceder-lhe efi cácia retroativa (ex tunc);

3) Efeito repristinatório, ou seja, a concessão da medida cautelar torna aplicável a legislação anterior acaso existente, salvo expressa manifestação em sentido contrário.

6.2) Ação Declaratória de Constitucionalidade:

Em relação à ação declaratória de constitucionalidade, o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou do ato normativo objeto da ação até seu julgamento defi nitivo (art. 21, caput, da Lei 9.868/1999).

Procedimento em caso de concessão de medida cautelar: “Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção especial do Diário Ofi cial da União a parte dispositiva

Page 49: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

49

da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua efi cácia.” (art. 21, parágrafo único, da Lei 9.868/1999).

6.3) Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão:

Em relação à ação direta de inconstitucionalidade por omissão, em caso de excepcional urgência e relevância da matéria, o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros (6 membros), observado o quórum de pelo menos oito Ministros presentes à sessão (art. 22 da Lei 9.868/1999), poderá conceder medida cautelar, após a audiência dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias (art. 12-F, caput, da Lei 9.868/1999).

A medida cautelar poderá consistir na suspensão da aplicação da lei ou do ato normativo questionado, no caso de omissão parcial, bem como na suspensão de processos judiciais ou de procedimentos administrativos, ou ainda em outra providência a ser fi xada pelo Tribunal (art. 12-F, §1º, da Lei 9.868/1999).

Procedimento (artigos 12-F e 12-G, da Lei 9.868/1999):

1) Oitiva dos órgãos ou autoridades responsáveis pela omissão inconstitucional, que deverão pronunciar-se no prazo de 5 (cinco) dias;

2) O relator, julgando indispensável, ouvirá o Procurador-Geral da República, no prazo de 3 (três) dias;

3) No julgamento do pedido de medida cautelar, será facultada sustentação oral aos representantes judiciais do requerente e das autoridades ou órgãos responsáveis pela omissão inconstitucional, na forma estabelecida no Regimento do STF;

4) Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar, em seção especial do Diário Ofi cial da União e do Diário da Justiça da União, a parte dispositiva da decisão no prazo de 10 (dez) dias, devendo solicitar as informações à autoridade ou ao órgão responsável pela omissão inconstitucional, observando-se, no que couber, o procedimento estabelecido na Seção I do Capítulo II da Lei 9.868/1999 (“Da Admissibilidade e do Procedimento da Ação Direta de Inconstitucionalidade”).

6.4) Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental:

Em relação à arguição de descumprimento de preceito fundamental, o Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir pedido de medida liminar na arguição de descumprimento de preceito fundamental (art. 5º, caput, da Lei 9.882/1999).

Page 50: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

50

Nos termos do art. 5º, §1º, da Lei 9.882/1999, em caso de extrema urgência ou perigo de lesão grave, ou ainda, em período de recesso, poderá o relator conceder a liminar, ad referendum do Tribunal Pleno (o relator concede a medida e a decisão é submetida à confi rmação do Pleno).

Um esclarecimento se faz necessário. A lei adota a nomenclatura “medida liminar”, quando na verdade quis se referir a “medida cautelar” (os termos não são sinônimos). Medida liminar é aquela concedida no início do processo, enquanto a medida cautelar é aquela que visa assegurar a efetividade da tutela jurisdicional (sem o deferimento da medida cautelar, a efetividade da futura decisão de mérito pode fi car prejudicada). Assim, uma medida cautelar pode ser concedida liminarmente ou posteriormente no curso do processo.

Feito esse esclarecimento, a lei menciona que a “liminar” poderá consistir na determinação de que juízes e tribunais suspendam o andamento de processo ou os efeitos de decisões judiciais, ou de qualquer outra medida que apresente relação com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, salvo se decorrentes da coisa julgada (art. 5º, §3º, da Lei 9.882/1999).

O relator poderá ouvir os órgãos ou autoridades responsáveis pelo ato questionado, bem como o Advogado-Geral da União ou o Procurador-Geral da República, no prazo comum de cinco dias (art. 5º, §2º, da Lei 9.882/1999).

Feita essa explanação, passa-se a analisar item por item.

Alternativa A: O controle difuso pode ser exercido por qualquer juízo ou tribunal, independentemente do órgão ou do ente responsável pela edição da lei ou do ato normativo.

Item ERRADO.

Alternativa B: Exatamente. É o que preceitua a Súmula Vinculante n. 10 do STF:

Viola a cláusula de reserva de plenário (CF, artigo 97) a decisão de órgão fracionário de Tribunal que embora não declare expressamente a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do poder público, afasta sua incidência, no todo ou em parte.

Convém rememorar o teor do art. 97 da CF/88: “Somente pelo voto da maioria absoluta de seus membros ou dos membros do respectivo órgão especial poderão os tribunais declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo do Poder Público.”

Item CORRETO.

Alternativa C: Consolidou-se que, em relação aos projetos de atos normativos em trâmite no Poder Legislativo, referido controle preventivo seria realizado por meio de MANDADO DE SEGURANÇA, cuja legitimidade de propositura seria exclusiva do PARLAMENTAR. Isso porque, a ação

Page 51: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

51

direta de inconstitucionalidade pode ser manejada apenas contra lei ou ato normativo (e um projeto de lei ou projeto de ato normativo, desculpem a obviedade, é apenas um projeto, e não uma lei ou um ato normativo propriamente dito). O julgado proferido pelo Supremo Tribunal Federal no MS 32.033 fi xa os pontos já abordados e elucida em que hipóteses o STF poderia efetivamente realizar o controle preventivo de constitucionalidade, conforme transcrito mais acima, quando da exposição teórica.

Item ERRADO.

Alternativa D: O erro da questão é mencionar que “a participação do Advogado-Geral da União como curador da presunção de constitucionalidade da lei” se dá tanto na ADI quanto na ADC. Porém, como visto e destacado, no caso da ação declaratória de constitucionalidade, não há a participação do Advogado-Geral da União como curador da presunção de constitucionalidade da norma, já que a lei ou ato normativo não estão sendo atacados, mas sim defendidos, em sua validade, por meio da ADC.

Item ERRADO.

Alternativa E: É sim cabível, conforme expressa previsão dos artigos 12-F e 12-G da Lei 9.868/1999.

Item ERRADO.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

14 - QUESTÃO:

Com base na Constituição Federal, na jurisprudência do STF e nas disposições legais acerca da súmula vinculante e da repercussão geral, assinale a alternativa CORRETA:

a) Cabe recurso extraordinário, presumida a existência de repercussão geral, em face de acórdão que tenha reconhecido a constitucionalidade de tratado ou lei federal.

b) A partir de sua publicação na imprensa ofi cial, a súmula vinculante editada pelo Supremo Tribunal Federal terá efeito em relação aos órgãos do Poder Judiciário Federal, mas não da Justiça Estadual, porque violaria o pacto federativo. A súmula vinculante não terá efeito em relação à Administração Pública direta ou indireta, pois isso violaria o princípio da separação dos poderes.

c) A inobservância de súmula vinculante por lei federal, estadual ou municipal, poderá ensejar o ajuizamento de reclamação constitucional perante o Supremo Tribunal Federal.

d) Cabe recurso extraordinário, presumida a existência de repercussão geral, em face de acórdão que tenha, em matéria constitucional, contrariado súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal.

Page 52: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

52

e) A aprovação ou revisão de súmula vinculante poderá ser provocada por qualquer cidadão, sendo vedada a provocação para cancelamento, que é ato exclusivo de ofício do Supremo Tribunal Federal.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Controle de constitucionalidade: sistemas difuso e concentrado; ação direta de inconstitucionalidade (ADIn); ação declaratória de constitucionalidade (ADC); arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF); súmula vinculante; repercussão geral.

- COMENTÁRIOS:

1) SÚMULAS VINCULANTES:

O art. 102, §1º, da Constituição Federal:

Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa ofi cial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.

§ 1º A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a efi cácia de normas determinadas, acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade.

§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal que, julgando-a procedente, anulará o ato administrativo ou cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

Requisitos para edição de súmula vinculante:

1) Aprovação por dois terços (2/3) dos membros do STF (8 membros);2) Reiteradas decisões sobre matéria constitucional;3) A súmula terá por objetivo a validade, a interpretação e a efi cácia de normas determinadas,

acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos judiciários ou entre esses e a administração pública que acarrete grave insegurança jurídica e relevante multiplicação de processos sobre questão idêntica.

Page 53: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

53

A proposta de súmula vinculante ser feita de ofício pelo próprio STF ou mediante provocação (os legitimados são os mesmos autorizados pela Constituição Federal para a propositura da ADI).

Inclusive, a Carta Magna assegura a legitimidade dos autorizados pela Constituição Federal para a propositura da ADI para, sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, propor não só a aprovação, mas também a revisão ou o cancelamento de súmula vinculante. A lei 11.417/2006 (art. 2º, caput) garante que o STF também pode, de ofício, revisar ou cancelar as súmulas vinculantes.

Uma vez editada a súmula vinculante, contra o ato administrativo ou a decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribunal Federal. Acolhida a reclamação, o STF:

1) Anulará o ato administrativo;2) Cassará a decisão judicial reclamada, e determinará que outra seja proferida com ou

sem a aplicação da súmula, conforme o caso.

A Súmula Vinculante gera efeitos vinculantes a partir de sua publicação no diário ofi cial.

A Súmula Vinculante terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.

Atenção: a súmula vinculante não vincula o próprio STF (que pode, enfi m, alterar ou cancelar o entendimento fi rmado na súmula vinculante) e nem o Poder Legislativo.

2) REPERCUSSÃO GERAL:

O requisito de admissibilidade do recurso extraordinário, denominado “repercussão geral”, foi introduzido pela Emenda Constitucional n. 45/2004. Veja-se o teor do art. 102, §3º, da CF:

No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fi m de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.

A repercussão geral é um fi ltro criado para, em tese, somente as causas realmente relevantes chegaram até a análise do STF. O intuito é ou era desafogar a Corte Máxima do país.

Segundo o Código de Processo Civil (art. 1.035, §1º): “Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.”

O art. 1.035, §3º, do CPC, estabelece que:

Page 54: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

54

§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que:

I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;

II – (Revogado);

III - tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal.

Em tais hipóteses, portanto, a repercussão geral do recurso extraordinário é presumida.

Feita essa explanação, passa-se a analisar item por item.

Alternativa A: A presunção de repercussão geral do recurso ordinário se dará quando o acórdão atacado “contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal” ou quando “tenha reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou de lei federal, nos termos do art. 97 da Constituição Federal”, nos termos do art. 1.035, §3º, do CPC.

Assim, não há presunção de repercussão geral na hipótese em que o acórdão tenha reconhecido a constitucionalidade de tratado ou lei federal.

Item ERRADO.

Alternativa B: A Justiça Estadual e a Administração Pública direta e indireta devem observar o entendimento enunciado nas súmulas vinculantes do STF, tudo conforme o art. Art. 103-A, caput, da CF:

O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua publicação na imprensa ofi cial, terá efeito vinculante em relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei”.

Item ERRADO.

Alternativa C: O Legislativo não deve respeito às súmulas vinculantes, podendo editar normas que contrariem o conteúdo destas. Por outro lado, o art. 103-A, §3º, da CF, menciona somente ser cabível reclamação ao STF no caso de “ato administrativo ou decisão judicial que contrariar a súmula aplicável ou que indevidamente a aplicar”. Assim, a inobservância de súmula vinculante por lei federal, estadual ou municipal, NÃO ENSEJA o ajuizamento de reclamação constitucional perante o Supremo Tribunal Federal.

Page 55: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

55

Item ERRADO.Alternativa D: Perfeito. Essa presunção de existência de repercussão geral decorre do art.

1.035, §3º, I, do Código de Processo Civil: “§ 3º Haverá repercussão geral sempre que o recurso impugnar acórdão que: I - contrarie súmula ou jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal;”

Item CORRETO.

Alternativa E: Ora, sem “prejuízo do que vier a ser estabelecido em lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmula poderá ser provocada por aqueles que podem propor a ação direta de inconstitucionalidade” (art. 103-A, §2º, da CF). Não foi conferida essa legitimidade para qualquer cidadão. Ademais, não há que se falar em cancelamento de súmula vinculante como sendo “ato exclusivo de ofício do Supremo Tribunal Federal.” O STF pode sim aprovar, revisar e cancelar, de ofício, súmulas vinculantes, porém não se tratam de atos de iniciativa exclusiva do STF.

Item ERRADO.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

15 - QUESTÃO:

Entre as competências exclusivas do Congresso Nacional, encontram-se:

a) Autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais; e proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

b) Apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo; e fi xar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República, dos Ministros de Estado e dos Ministros do Supremo Tribunal Federal.

c) Zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes; e dispor sobre planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento.

d) Aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil hectares; e aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares.

e) Tomar o compromisso e dar posse ao Presidente e ao Vice-Presidente da República; e suspender intervenção federal.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: Organização dos Poderes. Poder Legislativo: órgãos e atribuições; processo legislativo; fi scalização contábil, fi nanceira e orçamentária.

Page 56: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

56

- COMENTÁRIOS:

Segue abaixo um breve resumo acerca do Poder Legislativo, com foco nas competências da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, e do Congresso Nacional.

O sistema legislativo brasileiro é responsável por muitas das medidas que afetam o nosso cotidiano. É por lá que nossos representantes criam e alteram projetos de lei que podem trazer grandes mudanças ao país, sejam positivas ou negativas.

Parte desse Poder Legislativo funciona em nível federal, em um local que a maioria de nós já conhece: a Câmara dos Deputados. Neste conteúdo, explicaremos o que faz e como se organiza essa Casa do legislativo brasileiro. Antes de conhecer o funcionamento da Câmara dos Deputados, é preciso saber por qual motivo ela existe. Por isso, vamos entender o modelo legislativo adotado no Brasil, chamado bicameralismo. Nesse modelo, o legislativo é formado por duas Casas. No caso brasileiro, o Poder Legislativo em nível federal ocorre no Congresso Nacional, formado pela Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal. A Câmara é onde geralmente começam a tramitar os projetos de lei; quando isso ocorre, ela é chamada de Casa iniciadora. Já no Senado, em geral, a legislação é revisada; quando isso ocorre, ele é chamado de Casa revisora.

Isso já não ocorre na esfera estadual e municipal, em que o Poder Legislativo funciona por unicameralismo, ou seja, apenas uma Casa é responsável pelo processo legislativo. No legislativo municipal, temos as Câmaras de Vereadores, enquanto no legislativo estadual temos as Assembleias Legislativas; vale menciona que o Distrito Federal é um ente sui generis, possuindo peculiaridades estaduais e municipais; lá a Casa legislativa chama-se Câmara Legislativa.

As duas casas do Congresso Nacional possuem distintos graus de representação política, característica denominada incongruente. Enquanto os deputados estaduais representam a população de seus estados de origem, os senadores são eleitos para representar o interesse dos seus estados (enquanto unidades federativas). Além disso, as duas casas também possuem funções próprias, gerando equilíbrio de poder em relação a outra Casa – o que chamamos de característica simétrica.

A adoção do modelo bicameral não é à toa. Entre suas vantagens está a distribuição de poder entre duas Casas, o que torna mais difícil a infl uência de um único grupo de interesses. Além disso, o bicameralismo permite que o Congresso dê atenção concomitante a problemas gerais e problemas específi cos da população, já que uma das Casas possui mais parlamentares que a outra – podendo representar demandas específi cas. As funções da Câmara dos Deputados se classifi cam em três: representar os interesses do povo brasileiro, legislar sobre assuntos de interesse nacional e fi scalizar a aplicação de recursos públicos:

A função de representar o povo brasileiro nós explicamos anteriormente. É o ponto que difere a função da Câmara em relação à do Senado, que representa os interesses das unidades federativas. Por termos um sistema com unidades federativas autônomas, é preciso um espaço onde cada um dos estados possua a mesma representação, para garantir um equilíbrio entre eles. Assim, os senadores atuam também como defensores dos seus estados. A Câmara, tendo o poder de representar diretamente a população, acaba sendo espaço de discussão sobre os principais debates políticos nacionais, especialmente aqueles mais polêmicos.

Page 57: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

57

A função de legislar consiste no processo de elaboração, revisão e aprovação de leis sobre diversos temas de interesse da população brasileira. Por isso, cabe aos deputados federais estarem atentos às demandas populares e procurarem soluções legislativas que sejam benéfi cas à população, respeitando os limites da Constituição.

Em conjunto com o Senado e com o auxílio do Tribunal de Contas da União (TCU), a Câmara ainda atua no controle das contas públicas, para garantir que os nossos recursos sejam aplicados de acordo com a lei. Para exercício dessa função, a Câmara tem poder para convocar autoridades do governo ou outro órgão ligado ao poder público para que prestem esclarecimentos. Por isso, sua terceira atribuição é a função fi scalizadora.

Além dessas competências compartilhadas, a Constituição, em seu artigo 51, determina também competências privativas da Câmara dos Deputados. São elas: Autorizar a instauração de processo de impeachment contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e também contra os Ministros de Estado; A tomada de contas do Presidente da República quando não apresentadas ao Congresso no prazo de 60 dias após o início da sessão legislativa ordinária; Elaboração de seu Regimento Interno; Dispor sobre sua organização e funcionamento; A eleição dos membros do Conselho da República, criado para deliberar sobre intervenção federal, estado de sítio, estado de defesa e questões relevantes para a estabilidade da nossa democracia.

A COMPOSIÇÃO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS:

A Câmara dos Deputados é formada por 513 deputados federais, eleitos pela população a cada quatro anos. As 513 cadeiras são divididas entre os 26 estados e Distrito Federal com base na proporção populacional de cada estado, de acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE).A cada eleição, a distribuição proporcional de cadeiras é ajustada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base nos dados mais recentes do IBGE, respeitando o mínimo de 8 e máximo de 70 representantes por unidade federativa. Além disso, a Câmara possui uma estrutura de funcionamento bastante organizada.

SENADO FEDERAL:

O Senado é uma casa legislativa e uma assembleia deliberativa. É chamado de câmara alta, já que no poder legislativo brasileiro existe também uma câmara baixa, que é a dos Deputados. Essa denominação é comum para distinguir casas legislativas dentro de um sistema bicameral, como o brasileiro, e surgiu a partir do primeiro parlamento bicameral do mundo, o do Reino Unido. O Senado tem origem na Roma Antiga, mas era então chamado de “conselho de anciãos”. Naquela época, o signifi cado de senado dizia respeito a uma organização social formada por homens mais velhos, que eram as pessoas que poderiam participar dessas deliberações e que detinham os poderes. No sistema legislativo brasileiro, são 81 senadores, três de cada estado brasileiro e do Distrito Federal. O atual presidente do Senado Federal do Brasil é o senador pelo Amapá Davi Alcolumbre, do partido Democratas. Além das lideranças do governo e de cada partido, o Senado possui também lideranças do bloco parlamentar da maioria, da minoria e de apoio ao governo. O Senado conta ainda com

Page 58: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

58

funcionários terceirizados e servidores de carreira, cuja soma de custos é de 1,5 bilhão de reais por ano.

MESA DO SENADO FEDERAL:

A eleição para os membros da Mesa Diretora do Senado é a primeira coisa decidida pelos senadores, bem ao início da sua legislatura. Ela é feita nas primeiras reuniões dos parlamentares eleitos. O mandato dos membros da Mesa tem a duração de dois anos. Na segunda sessão, é eleito o Presidente do Senado; na terceira sessão, são eleitos os demais membros da Mesa: Primeiro e Segundo Vice-Presidentes, quatro Secretários e quatro suplentes de Secretário.

Para a eleição dos membros da Mesa, é necessária a presença da maioria da composição do Senado e é recomendada a participação de diferentes representações partidárias ou dos blocos parlamentares com atuação no Senado Federal. O voto dos senadores é secreto e para os candidatos serem eleitos, é necessária maioria dos votos – mais da metade dos votos totais válidos.

QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS FUNÇÕES DO SENADO?

A Constituição Federal elencou algumas competências exclusivas para o Senado Federal. São matérias da mais alta importância e que somente os senadores têm poder de tratar. Aqui vão algumas delas: a) Julgar presidente e outras autoridades por crime de responsabilidade: como vimos em 2016, a Câmara aprova a abertura de inquérito de impeachment contra o presidente da república, que em seguida é conduzido pelo Senado. Após as investigações, o julgamento é feito em plenário – 54 senadores (2/3) devem considerar o réu culpado para haver a condenação, que leva à perda do cargo e – em teoria – inabilitação para função pública por oito anos. A ex-presidente Dilma perdeu o cargo de presidente graças aos votos de 60 senadores que a condenaram por crime de responsabilidade; b) Aprovar a nomeação de diversas autoridades: enquanto o presidente nomeia quem ele preferir para cargos como presidente e diretoria do Banco Central, ministros do STF, TCU e tribunais superiores, magistrados, procurador-geral da república e embaixadores, o Senado é quem aprova essas escolhas. E a aprovação de cada uma dessas nomeações é secreta; c) Aprovar matérias fi nanceiras. É o Senado que autoriza todos os entes da federação (municípios, estados e a União) a contrair empréstimos estrangeiros. Além disso, o Senado também fi xa o limite de endividamento dos entes, bem como as condições para contrair qualquer tipo de empréstimo – externos ou internos. Por fi m, o Senado também trata sobre os limites e condições para que a União possa conceder garantias em empréstimos de estados e municípios. Além de tudo isso, o Senado também apresenta, discute e cria novas leis, que podem versar sobre os mais diversos assuntos. Tem também o papel de, em regra, revisar as leis criadas pela Câmara, aprová-las, emendá-las ou rejeitá-las.

CONGRESSO NACIONAL:

Atribuições:

O Poder Legislativo, segundo o art. 44 da Constituição Federal de 1988, é exercido pelo Congresso nacional, que se compõe da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Portanto, se organiza como um poder bicameral. A Câmara é composta por representantes do povo, eleitos pelo sistema proporcional em cada estado, em cada território e no Distrito Federal. São 513 deputados federais, com mandato de quatro anos. O número de deputados é proporcional à população do

Page 59: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

59

estado ou do Distrito Federal, com o limite mínimo de oito e máximo de setenta deputados para cada um deles. Para o Senado, cada estado e o Distrito Federal elegem três senadores, com mandato de oito anos, renovados de quatro em quatro anos, alternadamente, por um e dois terços. Conforme já mencionado, a composição do Senado é de 81 parlamentares. Ao tratar das competências do Congresso Nacional, podemos reuni-las em três conjuntos: 1º) o das atribuições relacionadas às funções do Poder Legislativo federal; 2º) o das atribuições das Casas do Congresso (Câmara e Senado), quando atuam separadamente; e 3º) o das atribuições relacionadas ao funcionamento de comissões mistas e de sessões conjuntas, nas quais atuam juntos os deputados federais e os senadores, embora votem separadamente.

Além da função de representação mencionada, compete ao Congresso exercer atribuições legislativas e de fi scalização e controle. Quanto à função legislativa, cabe ao Congresso, por suas duas Casas, legislar sobre as matérias de competência da União, mediante elaboração de emendas constitucionais, de leis complementares e ordinárias, e de outros atos normativos com força de lei. O art. 48 da Constituição lista diversos assuntos que podem ser objeto de leis, que dependem da aprovação do Congresso e da sanção do Presidente da República. Por sua vez, o art. 49 da Carta Maior traz a relação das competências exclusivas do Congresso, que são veiculadas por decreto legislativo, para o qual não é exigida a sanção presidencial. Sobre a função fi scalizadora, o art. 70 do texto constitucional estabelece a competência pela fi scalização contábil, fi nanceira, orçamentária, operacional e patrimonial da União e das entidades da administração direta e indireta. Para que possa exercer essa função, é auxiliado pelo Tribunal de Contas da União.

As Casas legislativas dispõem, ainda, de outros mecanismos de fi scalização e controle, entre os quais podemos mencionar: a possibilidade de convocação de Ministro de Estado ou de titulares de órgãos diretamente vinculados à Presidência da República para prestar informações sobre assunto previamente determinado; o encaminhamento de pedidos de informações a essas autoridades pelas Mesas da Câmara e do Senado; a instalação de comissões parlamentares de inquérito pelas Casas, em conjunto ou separadamente, para apuração de fato determinado e por prazo certo.

Na maioria dos casos, a Câmara e o Senado funcionam de forma separada, porém articulada, no exercício das funções do Congresso Nacional. Um exemplo é o processo de elaboração das leis complementares e ordinárias, em que uma Casa funciona como iniciadora e a outra como revisora. Há outras situações em que uma das Casas funciona sem a participação da outra. A Constituição estabelece, para tanto, as competências privativas da Câmara (art. 51) e do Senado (art. 52). Se do exercício dessas atribuições resultar um ato normativo, será uma Resolução da respectiva Casa.

Sessões conjuntas e comissões mistas:

A organização bicameral do Congresso Nacional possibilita, ainda, a realização de sessões conjuntas e funcionamento de comissões mistas, nas quais atuam os Deputados Federais e os Senadores, embora seus votos sejam colhidos separadamente. O § 3º do art. 57 da Constituição prevê a ocorrência de sessões conjuntas para: inaugurar a sessão legislativa (quando o Congresso Nacional recebe as mensagens dos presidentes da República e do Supremo Tribunal Federal); elaborar o regimento comum e regular a criação de serviços às duas Casas; receber o compromisso previsto no art. 78 da Constituição e dar posse ao Presidente e ao Vice-Presidente da República; e conhecer do veto e sobre ele deliberar. O Congresso Nacional também se reúne conjuntamente para celebrar fatos importantes da vida nacional e para recepcionar Chefe de Estado estrangeiro.

Por sua vez, o art. 166 da Constituição dispõe que os projetos de lei relativos ao plano plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao orçamento anual e aos créditos adicionais devem ser apreciados pelas Casas do Congresso em sessão conjunta, conforme disposto no Regimento Comum.

Page 60: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

60

O § 1º desse artigo prevê, ainda, a existência de uma comissão mista permanente para, entre outras atribuições, examinar e emitir parecer sobre esses projetos. Para cada medida provisória (MPV) é formada uma comissão mista, por onde é iniciada a sua tramitação. Depois de receber parecer da comissão, a MPV é então apreciada, em sessão separada, pelos plenários das Casas do Congresso Nacional (art. 62, § 9º, da Constituição Federal).

Registre-se também que cabe ao Congresso Nacional, em sessão solene e com a presença conjunta das mesas do Senado Federal e Câmara dos Deputados, promulgar as emendas constitucionais que se incorporam automaticamente à Lei Magna. Desde 1988, o Congresso já promulgou mais de 90 emendas. Outra atribuição conjunta consiste em aprovar os nomes para compor o Conselho de Comunicação Social, órgão previsto no art. 224 da Constituição Federal. É importante observar que quando funcionam juntos a Câmara dos Deputados e o Senado Federal, os trabalhados são realizados com observância do Regimento Comum, instituído pela Resolução nº 1 do Congresso Nacional de 1970. Nesse caso, a sessão é dirigida pela Mesa do Congresso, a qual é presidida pelo Presidente do Senado Federal, sendo os demais cargos exercidos, alternadamente, pelos ocupantes de cargos equivalentes nas Mesas da Câmara e do Senado. As sessões conjuntas das Casas legislativas e suas comissões mistas contam com o apoio da Secretaria Legislativa do Congresso nacional (SLCN), subordinada à Secretaria Geral da Mesa do Senado. Cabe à SLCN, por exemplo, receber as medidas provisórias, projetos de lei orçamentários e vetos, calcular proporcionalidade partidária de diversos colegiados, além de acompanhar e manter atualizada informações de variadas matérias no Senado Federal e na Câmara dos Deputados. Do mesmo modo, a montagem e disponibilização da e-cédula, que permite aos parlamentares a votação eletrônica dos vetos, é de responsabilidade da Secretaria.

Após essa explicação, seguem os artigos para revisão atenta. A leitura da Lei é extremamente importante:

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especifi cado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;

II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;

III - fi xação e modifi cação do efetivo das Forças Armadas;

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

VIII - concessão de anistia;

IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;

X - criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;

Page 61: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

61

XI - criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;

XII - telecomunicações e radiodifusão;

XIII - matéria fi nanceira, cambial e monetária, instituições fi nanceiras e suas operações;

XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal;

XV - fi xação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

I - resolver defi nitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei complementar;

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;

VI - mudar temporariamente sua sede;

VII - fi xar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

VIII - fi xar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;

X - fi scalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

Page 62: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

62

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

I - autorizar, por dois terços de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da República e os Ministros de Estado;

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

III - elaborar seu regimento interno;

IV - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fi xação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

V - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:

I - processar e julgar o Presidente e o Vice-Presidente da República nos crimes de responsabilidade, bem como os Ministros de Estado e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica nos crimes da mesma natureza conexos com aqueles;

II - processar e julgar os Ministros do Supremo Tribunal Federal, os membros do Conselho Nacional de Justiça e do Conselho Nacional do Ministério Público, o Procurador-Geral da República e o Advogado-Geral da União nos crimes de responsabilidade;

III - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição pública, a escolha de:

a) magistrados, nos casos estabelecidos nesta Constituição;

b) Ministros do Tribunal de Contas da União indicados pelo Presidente da República;

c) Governador de Território;

d) presidente e diretores do Banco Central;

e) Procurador-Geral da República;

f) titulares de outros cargos que a lei determinar;

IV - aprovar previamente, por voto secreto, após argüição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática de caráter permanente;

V - autorizar operações externas de natureza fi nanceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;

Page 63: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

63

VI - fi xar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo poder público federal;

VIII - dispor sobre limites e condições para a concessão de garantia da União em operações de crédito externo e interno;

IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;

X - suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão defi nitiva do Supremo Tribunal Federal;

XI - aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de ofício, do Procurador-Geral da República antes do término de seu mandato;

XII - elaborar seu regimento interno;

XIII - dispor sobre sua organização, funcionamento, polícia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fi xação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

XIV - eleger membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII.

XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

Parágrafo único. Nos casos previstos nos incisos I e II, funcionará como Presidente o do Supremo Tribunal Federal, limitando-se a condenação, que somente será proferida por dois terços dos votos do Senado Federal, à perda do cargo, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis.

Por fi m, a sua banca examinadora costuma querer confundi-lo quando trata das competências do Presidente da República em comparação com competências do Congresso Nacional, dividindo estas entre aquelas que precisam de sanção do Presidente da República (são situações que o Presidente é parte interessada, de modo que é importante sua participação) e aquelas que não precisam (situações em que ou o Presidente já deu sua opinião, ele não é parte interessada ou a sua participação pode gerar prejuízo).

Criei a tabela abaixo para facilitar sua aprendizagem.

Obs. 1: realizei a divisão por grupos de afi nidades de conteúdo (instituí temas apenas com o intuito de ajudá-lo na memorização), de modo que não segui a exata ordem apresentada na CF e sublinhei as competências que mais caem em prova e aquelas que podem gerar algum confl ito.

Page 64: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

64

Obs. 2: É importante que o aluno também fi que atento ao rol de competências do Senado Federal (Art. 52) e da Câmara dos Deputados (Art. 51). Aqui eu mencionei algumas que podem induzi-lo a erro, mas não todas.

Page 65: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

65

Congresso Nacional, COM a sanção do

Presidente da República(matérias de

competência da União; rol exemplifi cativo; Art.

48.)

Congresso Nacional, SEM a sanção do

Presidente da República

(competência exclusiva; art. 49)

Presidente da República (competência Privativa;

Art. 84)

TEMA: RELAÇÕES INTERNACIONAIS / CONFLITOS

III - fi xação e modifi cação do efetivo das Forças Armadas;

V - limites do território nacional, espaço aéreo e marítimo e bens do domínio da União;

VIII - concessão de anistia;

I - resolver defi nitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional;

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas;

XV - autorizar referendo e convocar plebiscito;

II - autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam t e m p o r a r i a m e n t e , ressalvados os casos previstos em lei complementar;

VII - manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;VIII - celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;IX - decretar o estado de defesa e o estado de sítio;X - decretar e executar a intervenção federal;XII - conceder indulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;XIII - exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus ofi ciais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;XIX - declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;XX - celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;XXII - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;

Obs.: as atribuições do XII podem ser delegadas aos Ministros de Estado, ao PGR ou ao AGU.

Page 66: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

66

TEMA: ADMINISTRAÇÃO

VII - transferência temporária da sede do Governo Federal;

IX - organização administrativa, judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública da União e dos Territórios e organização judiciária e do Ministério Público do Distrito Federal;

X – criação, transformação e extinção de cargos, empregos e funções públicas, observado o que estabelece o art. 84, VI, b;

XI – criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;

XV - fi xação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I.

VI - mudar temporariamente sua sede;

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes;

XIII - escolher dois terços dos membros do Tribunal de Contas da União;

VII - fi xar idêntico subsídio para os Deputados Federais e os Senadores, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

VIII - fi xar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I;

I - nomear e exonerar os Ministros de Estado;II - exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fi el execução;V - vetar projetos de lei, total ou parcialmente;VI – dispor, mediante decreto, sobre:a) organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;XI - remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;XIV - nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do banco central e outros servidores, quando determinado em lei;Vide Art. 52, IIIXV - nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;XVI - nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;XVII - nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;XVIII - convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;XXI - conferir condecorações e distinções honorífi cas;XXV - prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;XXVI - editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;XXVII - exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.

Obs.: as atribuições do VI e XXV (1ª parte – “prover”) podem ser delegadas aos Ministros de Estado, ao PGR ou ao AGU.

Page 67: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

67

TEMA: PRESIDENTE / PODER EXECUTIVO

III - autorizar o Presidente e o Vice-Presidente da República a se ausentarem do País, quando a ausência exceder a quinze dias;V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa;IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo;X - fi scalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração indireta;XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

Obs.: Esse inciso deve ser estudado em conjunto com o Art. 49, IX (ao lado) e com o Art. 51, II:Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando NÃO apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa;

Page 68: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

68

TEMA: DINHEIRO / ORÇAMENTO

I - sistema tributário, arrecadação e distribuição de rendas;II - plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamento anual, operações de crédito, dívida pública e emissões de curso forçado;IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento;XIII - matéria fi nanceira, cambial e monetária, instituições fi nanceiras e suas operações;XIV - moeda, seus limites de emissão, e montante da dívida mobiliária federal.

Obs.: Os incisos desse tema devem ser estudados em conjunto com o Art. 52, V, VI, VII e IX, XV:Art. 52. Compete privativamente ao Senado Federal:V - autorizar operações externas de natureza fi nanceira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;VI - fi xar, por proposta do Presidente da República, limites globais para o montante da dívida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;VII - dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Público federal;IX - estabelecer limites globais e condições para o montante da dívida mobiliária dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;XV - avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das a d m i n i s t r a ç õ e s tributárias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.

XXIII - enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstos nesta Constituição;

Page 69: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

69

TEMA: COMUNICAÇÃO

XII - telecomunicações e radiodifusão;

XII - apreciar os atos de concessão e renovação de concessão de emissoras de rádio e televisão;

TEMA: TERRAS

VI - incorporação, subdivisão ou desmembramento de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as respectivas Assembléias Legislativas;

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais;XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares;

Atenção, o rol de competências do Art. 48 meramente exemplifi cativo, de modo que há outras competências que serão do Congresso Nacional com sanção do Presidente da República e não estão listadas no dispositivo; até porque esse será o caso das matérias de competência da União. Nessa linha, as competências dos demais artigos (49, 51 e 52) são exaustivas, ou seja, todas elas estão ali descritas.

Vamos agora aos itens da questão!

Observe que a questão pede a alternativa que possui somente competências exclusivas do CN.

Alternativa A: O item está ERRADO na sua segunda parte, pois

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

(...)

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)

XVI - autorizar, em terras indígenas, a exploração e o aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa e lavra de riquezas minerais.

Page 70: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

70

Alternativa B: O item está ERRADO, pois a fi xação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal NÃO é de competência exclusiva do Congresso Nacional, já que precisará da sanção do Presidente da República.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especifi cado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

(...)

XV - fi xação do subsídio dos Ministros do Supremo Tribunal Federal, observado o que dispõem os arts. 39, § 4º; 150, II; 153, III; e 153, § 2º, I. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 41, 19.12.2003)

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)

VIII - fi xar os subsídios do Presidente e do Vice-Presidente da República e dos Ministros de Estado, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 19, de 1998)

(...)

IX - julgar anualmente as contas prestadas pelo Presidente da República e apreciar os relatórios sobre a execução dos planos de governo.

Alternativa C: O item está ERRADO, pois sua segunda afi rmação traz uma competência do Congresso Nacional com sanção do Presidente da República.

Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especifi cado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:

(...)

IV - planos e programas nacionais, regionais e setoriais de desenvolvimento.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)

XI - zelar pela preservação de sua competência legislativa em face da atribuição normativa dos outros Poderes.

Alternativa D: O item está ERRADO, pois a competência exclusiva do Congresso Nacional é para aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a 2.500 hectares e NÃO 2.000 hectares, como afi rma a opção.

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

Page 71: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

71

(...)

XIV - aprovar iniciativas do Poder Executivo referentes a atividades nucleares;

(...)

XVII - aprovar, previamente, a alienação ou concessão de terras públicas com área superior a dois mil e quinhentos hectares.

Alternativa E: O item está CORRETO, pois

Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:

(...)

IV - aprovar o estado de defesa e a intervenção federal, autorizar o estado de sítio, ou suspender qualquer uma dessas medidas.

Art. 78. O Presidente e o Vice-Presidente da República tomarão posse em sessão do Congresso Nacional, prestando o compromisso de manter, defender e cumprir a Constituição, observar as leis, promover o bem geral do povo brasileiro, sustentar a união, a integridade e a independência do Brasil.

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

Por fi m, fi ca uma dica importantíssima também relacionada ao tema! Trabalharemos os conceitos de Legislatura, Sessão Legislativa, período legislativo.

a) O que é Legislatura?

É o período de quatro anos durante o qual se desenvolvem as atividades legislativas, que coincide com a duração do mandato dos deputados. Começa em 01/02 do ano seguinte à eleição e termina em 31/01 após a eleição seguinte. Por exemplo, a 56ª Legislatura começou em 01/02/2019 e terminará em 31/01/2023. Veja o que diz o parágrafo único, Art. 44 da nossa Carta Magna:

Art. 44. Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração de QUATRO anos.

Veja outro dispositivo em que a Constituição fala em Legislatura:

Art. 57, § 4º Cada uma das Casas reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir de 1º de fevereiro, no primeiro ano da legislatura, para a posse de seus membros e eleição das respectivas Mesas, para mandato de 2 (dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição imediatamente subsequente.

Page 72: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

72

b) O que é Sessão Legislativa?

Corresponde ao período de trabalho parlamentar durante o ano. Divide-se em sessão legislativa ordinária e extraordinária: Sessão Legislativa Ordinária - começa em 02/02, vai até 17/07, retomando em 01/08 e terminando em 22/12. Sessão Legislativa Extraordinária - período de convocação do Congresso Nacional fora do período da Sessão Legislativa Ordinária.

Art. 57, CF. O Congresso Nacional reunir-se-á, anualmente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.

§ 1º As reuniões marcadas para essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subseqüente, quando recaírem em sábados, domingos ou feriados.

§ 2º A sessão legislativa não será interrompida sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes orçamentárias.

§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constituição, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal reunir-se-ão em sessão conjunta para:

I - inaugurar a sessão legislativa;

(...)

§ 7º Na sessão legislativa extraordinária, o Congresso Nacional somente deliberará sobre a matéria para a qual foi convocado, ressalvada a hipótese do § 8º deste artigo, vedado o pagamento de parcela indenizatória, em razão da convocação.

Art. 2º, Regimento Interno da Câmara dos Deputados: A Câmara dos Deputados reunir-se-á durante as sessões legislativas:

I - ordinárias, de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro;

(Inciso com redação adaptada à Emenda Constitucional nº 50, de 2006, conforme Ato da

Mesa nº 80, de 2006)

II - extraordinárias, quando, com este caráter, for convocado o Congresso

Nacional.

Veja outros dispositivos em que a Constituição fala em Sessão Legislativa:

Art. 51. Compete privativamente à Câmara dos Deputados:

(...)

II - proceder à tomada de contas do Presidente da República, quando não apresentadas ao Congresso Nacional dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa.

Page 73: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

73

Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador:

(...)

III - que deixar de comparecer, em cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo licença ou missão por esta autorizada.

Art. 56. Não perderá o mandato o Deputado ou Senador:

(...)

II - licenciado pela respectiva Casa por motivo de doença, ou para tratar, sem remuneração, de interesse particular, desde que, neste caso, o afastamento não ultrapasse cento e vinte dias por sessão legislativa.

Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:

(...)

XXIV - prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;

c) Qual a diferença entre Sessão Legislativa Ordinária e Sessão Ordinária?

A sessão legislativa ordinária constitui o calendário anual de trabalho legislativo. Já as sessões ordinárias são as reuniões plenárias que acontecem na forma do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, de terça a quinta-feira, no Plenário.

d) Qual a diferença entre Sessão Legislativa Extraordinária e Sessão Extraordinária?

As sessões legislativas extraordinárias funcionam nos períodos de convocação extraordinária do Congresso Nacional; e sessões extraordinárias da Câmara correspondem às reuniões de Plenário marcadas para qualquer dia ou horário diferente do previsto diariamente para a realização das sessões ordinárias. Fonte:https://www2.camara.leg.br/transparencia/acesso-a-informacao/copy_of_perguntas-frequentes/Institucional#a5

e) O que é Período Legislativo?

São os períodos semestrais. Portanto, cada sessão legislativa se compõe por dois períodos legislativos (1º - de 02/02 até 17/07; 2º - de 01/08 até 22/12); cada legislatura se compõe por quatro sessões legislativas ou oito períodos legislativos.

Page 74: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

74

DIREITO PROCESSUAL CIVIL Prof. Gabriel Dourado

16 - QUESTÃO:

Acerca da competência, assinale a alternativa correta:

a) A competência relativa ou absoluta poderá modifi car-se pela conexão ou pela continência.

b) Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, inclusive se um deles já houver sido sentenciado.

c) Dá-se a conexão entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

d) Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões confl itantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

e) O registro ou a distribuição da petição inicial não torna prevento o juízo.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Competência.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Item errado. A conexão e a continência são formas de modifi cação da competência relativa, não absoluta, uma vez que esta como visto nas rodadas anteriores é inderrogável pela vontade das partes. Vejamos o dispositivo legal que justifi ca tal afi rmação:

Art. 54. A competência relativa poderá modifi car-se pela conexão ou pela continência, observado o disposto nesta Seção.

Alternativa B: Item errado. É importante salientar que a reunião dos processos não é

imprescindível, tendo o condão de evitar decisões contraditórias. Neste sentido, vejamos a doutrina de Márcio André Lopes Cavalcante (Dizer o Direito):

Uma coisa é a conexão (fato); outra é o efeito (reunião de processos). Em alguns casos, o juiz pode reconhecer que há a conexão (“realmente as duas ações possuem uma semelhança entre si”), mas, mesmo assim, não ser possível/recomendável a reunião (“mesmo sendo conexas, serão julgadas em separado”).

Exemplo de situação em que é reconhecida a conexão, mas não se deve reunir os processos: quando a reunião implicar em modifi cação da competência absoluta. Ex: duas causas são conexas, mas uma delas tramita na vara cível e outra na vara criminal. Não poderá haver reunião.

Page 75: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

75

Assim, caso um dos processos conexos já tenha sido sentenciado, não faz mais sentido reuni-los para julgamento uniforme conjunto. Neste sentido, vejamos:

Art. 55.

(...)

§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido sentenciado.

O erro da assertiva está em dizer que ainda que um deles já houver sido julgado haveria a reunião para decisão conjunta, o que não faz sentido conforme justifi cado acima.

Alternativa C: Item errado. Para clarifi carmos o tema, após aspectos laterais discutidos nos itens anteriores, vejamos o que seria continência e conexão:

Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.

Art. 56. Dá-se a continência entre 2 (duas) ou mais ações quando houver identidade quanto às partes e à causa de pedir, mas o pedido de uma, por ser mais amplo, abrange o das demais.

Verifi ca-se, portanto, que o item c expressa a defi nição de continência, não de conexão.

Alternativa D: Item correto. Vejamos o art. 55, §3º do NCPC:

Art. 55.

(...)

§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos que possam gerar risco de prolação de decisões confl itantes ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem conexão entre eles.

Sob esta mesma premissa de impedir a prolação de decisões contraditórias, o Código de Processo Civil (ART.55, §§2º E 3º) também consagra a chamada conexão por prejudicialidade (teoria materialista da conexão), que permite a constatação de conexão além das hipóteses tradicionais de identidade entre o pedido ou a causa de pedir. A partir dessa corrente ampliativa, quando uma causa for interferir na outra haverá conexão.

Ex. Ação declaratória de inexistência da relação jurídica e execução decorrente dessa mesma relação jurídica.

Alternativa E: Item errado. Vejamos o artigo 59 do CPC/15:

Page 76: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

76

Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna prevento o juízo.

Lembrando! O CPC/15 assevera que não há mais previsão de prevenção ao tempo do despacho inicial, nem mesmo da citação válida, sendo o registro ou a distribuição a única hipótese exposta no novo Código.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

17 - QUESTÃO:

Acerca dos poderes, deveres e da reponsabilidade do juiz, assinale a alternativa correta:

a) O juiz poderá dilatar os prazos processuais, desde que antes de encerrado o prazo regular.

b) É vedada a alteração da ordem de produção das provas por determinação judicial.

c) O juiz não pode determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais.

d) O juiz deve promover, antes de proferida a sentença, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais.

e) Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fi m vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, a requerimento da parte, as penalidades da litigância de má-fé.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: Poderes do Juiz.

- COMENTÁRIOS:

Alternativas A, B, C e D: O Código de Processo Civil passou a considerar um juiz um sujeito processual à luz da cooperação processual. Desta forma, houve certa redesignação dos poderes deste visando que o juiz também contribua para o trâmite do feito em prol da primazia da solução de mérito em tempo razoável, vejamos:

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:

I - assegurar às partes igualdade de tratamento;

II - velar pela duração razoável do processo;

III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;

IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;

Page 77: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

77

V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;

VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do confl ito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;

VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;

VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;

IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;

X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, ofi ciar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5o da Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985, e o art. 82 da Lei no8.078, de 11 de setembro de 1990, para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.

Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular.

O erro do item B, portanto, é ignorar a possibilidade do juiz alterar a ordem de produção das provas. O item c ignora a possibilidade de suprimento dos pressupostos processuais à luz do dever geral de prevenção que ele deve adotar para com as partes a fi m de evitar que entraves processuais sanáveis impeçam a apreciação do meritum causae.

O item D, por sua vez, está errado em razão da autocomposição, ter que ser promovida a qualquer tempo e não apenas até o momento de prolação da sentença.

Alternativa E: Item errado. A alternativa trata do artigo 142 do CPC/15:

Art. 142 Convencendo-se, pelas circunstâncias, de que autor e réu se serviram do processo para praticar ato simulado ou conseguir fi m vedado por lei, o juiz proferirá decisão que impeça os objetivos das partes, aplicando, de ofício, as penalidades da litigância de má-fé.

A questão trata de ato simulado praticado pelas partes, o erro reside no fato de dizer que a aplicação das penalidades de litigância de má-fé está condicionada ao requerimento da parte, quando a bem da verdade pode ser aplicado ex off icio.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

Page 78: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

78

18 - QUESTÃO:

Acerca da confi ssão, assinale a alternativa correta:

a) A confi ssão judicial faz prova contra o confi tente e os litisconsortes.

b) A confi ssão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá efi cácia nos casos em que a lei não exija prova literal.

c) A legitimidade para a ação anulatória de confi ssão em caso de erro de fato ou coação é exclusiva do confi tente, não podendo ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura.

d) A confi ssão somente pode ser espontânea, não podendo ser provocada.

e) É válida como confi ssão a admissão em juízo de fatos relativos a direitos indisponíveis

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Provas.

- COMENTÁRIOS:

Alternativa A: Item errado. Vejamos o artigo 391 do CPC/15:

Art. 391. A confi ssão judicial faz prova contra o confi tente, não prejudicando, todavia, os litisconsortes.

Alternativa B: Item correto, vejamos o artigo 394 do CPC/15:

Art. 394. A confi ssão extrajudicial, quando feita oralmente, só terá efi cácia nos casos em que a lei não exija prova literal.

Alternativa C: Item errado. A confi ssão pode ser anulada por erro de fato ou coação, sendo a legitimidade para a propositura de ação anulatória com base nessas razões do confi tente, podendo- ao contrário do que salienta o item- ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura. Vejamos:

Art. 393. A confi ssão é irrevogável, mas pode ser anulada se decorreu de erro de fato ou de coação. Parágrafo único. A legitimidade para a ação prevista no caput é exclusiva do confi tente e pode ser transferida a seus herdeiros se ele falecer após a propositura.

Alternativa D: Item errado. A confi ssão pode ser espontânea ou provocada, devendo esta constar no depoimento pessoal, vejamos:

Art. 390. A confi ssão judicial pode ser espontânea ou provocada.

§ 1o A confi ssão espontânea pode ser feita pela própria parte ou por representante com poder especial.

Page 79: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

79

§ 2o A confi ssão provocada constará do termo de depoimento pessoal.

Alternativa E: Item errado. A confi ssão não opera efeitos em relação a admissão de fatos relacionados a direitos indisponíveis, vejamos:

Art. 392. Não vale como confi ssão a admissão, em juízo, de fatos relativos a direitos indisponíveis.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

19 - QUESTÃO:

Acerca da tutela antecipada requerida em caráter antecedente e da sua potencial estabilização, assinale a alternativa correta:

a) É prescindível que o autor decline expressamente que almeja utilizar o procedimento de estabilização da tutela provisória de urgência concedida em caráter de urgência para fazer jus a potencial estabilização.

b) Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada por meio do ajuizamento de ação rescisória, no prazo de 2(dois) anos da decisão que extinguiu o processo.

c) Segundo o STJ, a tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso, mesmo que a parte tenha contestado a demanda originária.

d) A decisão que concede a tutela de urgência, que venha a ser estabilizada, não faz coisa julgada.

e) A ação proposta com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada não poderá ser proposta perante o juízo federal de 1º grau.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Tutela Provisória.

- COMENTÁRIOS:

Quando a urgência é contemporânea à propositura da demanda ou efetivamente não há como aguardar, a tutela de urgência pode ser requeria em caráter antecedente, devendo, posteriormente, ser aditada a petição inicial ou formulado o pedido principal. Vejamos o dispositivo processual que circunda o tema:

Art. 303. Nos casos em que a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial pode limitar-se ao requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela fi nal, com a exposição da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo.

Page 80: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

80

§ 1o Concedida a tutela antecipada a que se refere o caput deste artigo:

I - o autor deverá aditar a petição inicial, com a complementação de sua argumentação, a juntada de novos documentos e a confi rmação do pedido de tutela fi nal, em 15 (quinze) dias ou em outro prazo maior que o juiz fi xar;

II - o réu será citado e intimado para a audiência de conciliação ou de mediação na forma do art. 334;

III - não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335.

§ 2o Não realizado o aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo, o processo será extinto sem resolução do mérito.

§ 3o O aditamento a que se refere o inciso I do § 1o deste artigo dar-se-á nos mesmos autos, sem incidência de novas custas processuais.

§ 4o Na petição inicial a que se refere o caput deste artigo, o autor terá de indicar o valor da causa, que deve levar em consideração o pedido de tutela fi nal.

§ 5o O autor indicará na petição inicial, ainda, que pretende valer-se do benefício previsto no caput deste artigo.

§ 6o Caso entenda que não há elementos para a concessão de tutela antecipada, o órgão jurisdicional determinará a emenda da petição inicial em até 5 (cinco) dias, sob pena de ser indeferida e de o processo ser extinto sem resolução de mérito.

O tema da questão é enfrentado a partir da eventual concessão da tutela provisória

satisfativa antecedente, a decisão que a defere pode estabilizar-se. É importante salientar que ex vi legis a referida estabilização não se estende a tutela provisória cautelar em caráter antecedente, nos termos do enunciado 420 do Fórum Permanente de Processualistas Civis, vejamos:

Enunciado n. 420 Não cabe estabilização de tutela cautelar.

Feito este esclarecimento, vejamos o dispositivo legal do NCPC que rege a estabilização da tutela de urgência satisfativa em caráter antecedente, a qual chamaremos doravante por questões didáticas de estabilização da tutela de urgência, vejamos:

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.

§ 1o No caso previsto no caput, o processo será extinto.

§ 2o Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput.

§ 3o A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2o.

Page 81: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

81

§ 4o Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2o, prevento o juízo em que a tutela antecipada foi concedida.

§ 5o O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2o deste artigo, extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos do § 1o.

§ 6o A decisão que concede a tutela não fará coisa julgada, mas a estabilidade dos respectivos efeitos só será afastada por decisão que a revir, reformar ou invalidar, proferida em ação ajuizada por uma das partes, nos termos do § 2o deste artigo.

A estabilização da tutela de urgência opera uma monitorização do procedimento, uma vez que viabiliza a obtenção de resultados práticos a partir da inércia do réu. Assim, a parte obtém, mesmo pela via da cognição sumária ínsita às tutelas provisórias, uma decisão em caráter defi nitivo de viés mandamental ou executiva sevundum eventum defensionis.

Leonardo Carneiro da Cunha, em tom didático, elucida que há uma inversão do ônus do contraditório, o que evidencia a essência da tutela monitória, a partir da qual documento escrito sem força executiva pode adquirir este condão a partir da inércia da parte demandada. Outra característica da monitorização é a redução das custas e honorários em caso de não impugnação da tutela provisória deferida pelo réu, aplicando-se ao caso o artigo 701 do NCPC, o que também ocorre na ação monitória.

Alternativa A: Item errado. O autor deve, obrigatoriamente, indicar que almeja se valer do benefício da estabilização da tutela antecipada em caráter antecedente, conforme art. 303, §4º do CPC.

Alternativa B: Item errado. O erro da questão consiste em mencionar a rescisória como forma de impugnação, que não se confunde com a ação autônoma para rever e modifi car em geral os efeitos da tutela antecipada em caráter antecedente, apesar do mesmo prazo de 2(dois) anos para ajuizamento.

A ação prevista no artigo 304, §5º deve ser proposta perante o juízo que concedeu a tutela provisória estabilizada, o que viabiliza que seja proposta perante o juízo de 1º grau, ao passo que a rescisória sempre será proposta perante tribunais.

Outra característica é que a decisão estabilizada, por não fazer coisa julgada, não frui do efeito positivo da coisa julgada, isto é, que viabilizaria que o pedido fi nal fosse postulado em outro processo já com o fundamento na tutela estabilizada.

Vamos exemplifi car.

Quero usar a estabilização para tirar meu nome de cadastros restritivos de créditos (SPC ou SERASA) e meu pedido fi nal consiste na fi xação de danos morais em face de uma empresa de telefonia.

A tutela foi deferida e estabilizada, logo não houve o aditamento da inicial para buscar a satisfação dos danos morais. Eu posso até pedir os danos morais em outro processo, respeitado o

Page 82: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

82

prazo prescricional, mas não com fundamento na tutela estabilizada, em razão desta não ser dotado do efeito positivo da coisa julgada.

Alternativa C: A alternativa está errada. Uma vez concedida a tutela de urgência satisfativa, um dos requisitos para a estabilização é que o réu não a impugne no prazo legal. Assim, se a medida for deferida e o réu não interpuser agravo de instrumento o processo é extinto e produz-se a estabilização do efeito mandamental ou executivo.

A polêmica doutrinária reside em torno deste ponto, qual seria a impugnação apta a evitar a concretização da estabilização da tutela deferida, uma vez que o dispositivo legal menciona apenas o recurso como hábil para tanto.

Freddie Didier vai além da literalidade do artigo, destacando que a estabilização decorre da inércia total do réu. Desta forma, qualquer meio de impugnação, como o pedido de suspensão de segurança/contestação ou pedido de reconsideração, desde que tempestivamente, também seriam meios aptos a evitar que a decisão se estabilize. O STJ no REsp 1760966/SP seguiu o mesmo entendimento do processualista baiano supracitado, AO CONTRÁRIO DO AFIRMADO NA QUESTÃO.

Alternativa D: Item correto. É necessário salientar que a estabilização da tutela provisória de urgência, por expressa dicção legal do art. 304,§6º do NCPC, não produz coisa julgada. Na estabilização, o juiz restringe-se a reconhecer os requisitos para a sua incidência, quais sejam a probabilidade do direito e o risco da demora, não havendo um reconhecimento judicial do direito do autor, mas apenas uma antecipação dos efeitos mandamentais/executivos requestados.

Assim, não há na decisão concessiva, declaração de direito, qual seja julgamento propriamente dito que gere a coisa julgada. Neste ponto, em que pese a monitorização do procedimento, a estabilização da tutela de urgência difere da ação monitória, pois esta sim produz coisa julgada.

Alternativa E: Item errado. Já vimos no item anterior, que não há formação de coisa julgada na decisão estabilizada e que a ação com o intuito de revê-la não é a rescisória, mas sim uma ação autônoma.

A rescisória sempre é ajuizada perante tribunais(2º grau de jurisdição), ao passo que a ação autônoma para rever, invalidar a decisão estabilizada será proposta perante o juiz que proferiu a decisão, o que não impede que tal ação seja proposta perante o juiz federal que compõe uma das seções judiciárias que compõe o Tribunal Regional Federal da 3ª Região.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

Page 83: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

83

20 - QUESTÃO:

Acerca dos métodos de autocomposição de confl itos, assinale a alternativa correta:

a) O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.

b) O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em confl ito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identifi car, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

c) Eventual conciliador escolhido pelas partes deverá necessariamente estar cadastrado no tribunal em que o feito tramita.

d) O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verifi cando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo.

e) A mediação e a conciliação não podem ser realizadas a título de trabalho voluntário.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Conciliação e Mediação.

- COMENTÁRIOS:

Alternativas A e B: Itens errados. Os conceitos de mediador e de conciliador estão invertidos, vejamos:

Art. 165.

(...)

§ 2o O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.

§ 3o O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em confl ito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identifi car, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

Tentem memorizar o seguinte: O mediador atuará nas causas em que houver vínculo

anterior, ao passo que o conciliador quando não houver vínculo.Em consequência desse conhecimento prévio, o mediador não propõe soluções para o

litígio, mas visa reestabelecer o diálogo entre as partes para que, por si só, elas ponham termo ao confl ito. O conciliador, por sua vez, como está mais distante do confl ito pessoal das partes, por não ter vínculo anterior, propõe diretamente soluções para o litígio.

Page 84: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

84

Alternativa C: Item errado. Não obrigatoriamente o conciliador escolhido pelas partes deve estar previamente cadastrado no tribunal, vejamos o dispositivo legal:

Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.

§ 1o O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal.

Alternativa D: Item correto. Vejamos:

Art. 173.

(...)

§ 2o O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verifi cando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo.

Alternativa E: Item errado. É possível mediação e conciliação serem realizadas como trabalho voluntário.

Art. 169.

(...)

§ 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

Page 85: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

85

DIREITO PENALProf. João Batista

21 - QUESTÃO:

Considera as seguintes situações hipotéticas: Amadeu, primário, 20 anos na data da sentença, cometeu o crime de extorsão, com pena de reclusão, de quatro a dez anos, e multa, sido condenado irrecorrivelmente a uma pena de quatro anos; Maria, primária, com 19 anos de idade na data da sentença, cometeu o crime de moeda falsa, com pena de reclusão, de três a doze anos, e multa, sido condenada irrecorrivelmente a uma pena de cinco anos; João, reincidente, com 65 anos de idade na data da sentença, cometeu o crime de falsa identidade, com detenção, de três meses a um ano, ou multa, sido condenado irrecorrivelmente a uma pena de seis meses. Nesses casos, a prescrição da pretensão executória verifi ca-se, respectivamente, no prazo de:

a) 4 anos, 16 anos, 3 anos.

b) 8 anos, 16 anos, 2 anos.

c) 16 anos, 12 anos, 4 anos.

d) 4 anos, 6 anos, 4 anos.

e) 8 anos, 8 anos, 2 anos.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Causas extintivas de punibilidade. Prescrição.

- COMENTÁRIOS:

No tópico especifi co da extinção da punibilidade, merece destaque o instituto da prescrição, que rege a relação entre tempo e a atuação estatal no que concerne ao direito de punir (jus puniendi) e o direito de executar (jus punitionis). Logo, pode-se distinguir dois tipos de prescrição: prescrição da pretensão punitiva e prescrição da pretensão executória.

No estudo desse assunto, o candidato deve (SEMPRE) fazer uma leitura atenta da lei, sem esquecer da atenção a ser dada ao entendimento dos tribunais superiores, sobretudo as súmulas, que podem ser cobradas em questão específi ca ou conjugadas com a legislação e a doutrina.

Na presente questão, é exigido que o candidato tenha o conhecimento de dispositivos legais importantes, quais sejam o art. 109, do Código Penal, que regula os prazos de prescrição, o art. 110, caput, o qual dispõe sobre a prescrição executória e o art. 115, que prevê os prazos de redução dos prazos.

Tratando-se de situações em que já existe a sentença penal condenatória, referem-se à hipótese de prescrição da pretensão executória, que, uma vez verifi cada, impede o cumprimento da pena, subsistindo apenas os efeitos secundários da condenação.

A prescrição da pretensão executória regula-se pela pena em concreto, observando os prazos previstos no art. 109, do CP, os quais se aumentam de um terço, se o condenado é reincidente, consoante o art. 110 já mencionado.

Segundo o art. 115, do CP, os prazos serão reduzidos de metade quando o criminoso era, ao tempo do crime, menor de 21 (vinte e um) anos, ou, na data da sentença, maior de 70 (setenta) anos.

Page 86: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

86

Desse modo, diante de tais informações, passemos à análise dos casos concretos expostos no enunciado:

Na primeira situação, Amadeu é primário, com 20 anos na data da sentença, podendo-se inferir que será a ele aplicada a redução do prazo de prescrição, pois tinha menos de 21 anos quando cometeu o crime, ainda que a questão não diga expressamente. Como foi condenado a uma pena de quatro anos, o prazo de prescrição seria de 8 anos (art. 109, IV, do CP), que com a redução pela metade fi ca em 4 anos.

Na segunda hipótese, Maria é primária, com 19 anos de idade na data da sentença, condenada a uma pena de 5 anos, o que implica no prazo de prescrição de 12 anos (art. 109, III, do CP), que com a redução em razão da idade, resulta em um prazo de 6 anos.

No último caso, João, reincidente, com 65 anos de idade na data da sentença, teve uma condenação de seis meses, aplicando-se para prescrição o menor prazo previsto, qual seja de 3 anos (art. 109, VI, do CP). Contudo, chama-se atenção para o fato de ser ele reincidente, o que leva a um aumento do prazo em 1/3 (um terço), resultando no prazo de 4 anos de prescrição. É importante ressaltar que aqui a idade do agente não autoriza a redução pela metade, o que só seria possível se João apresentasse 70 anos na data da sentença.

Assim, os prazos da prescrição executória nas circunstâncias são de 4 anos, 6 anos e 4 anos, respectivamente.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

22 - QUESTÃO:

Pedro e sua fi lha de 15 anos de idade caminhavam juntos na rua de sua casa, pouco movimentada e escura, quando foram surpreendidos com um cão pitbull pertencente a um morador do bairro, que veio velozmente em direção da adolescente. Temendo um ataque à sua fi lha, Pedro rapidamente reagiu, pegando uma pedra que estava na rua e atingiu o animal, que veio a falecer na hora, salvando sua menina. Diante desse caso, assinale a opção que apresenta a situação jurídica de Pedro:

a) Pedro atuou em legítima defesa de terceiro, devendo responder criminalmente pela morte do animal.

b) Pedro atuou em estado de necessidade próprio e não responde por crime algum.

c) Pedro atuou no exercício regular do seu direito, não respondendo criminalmente pela morte do animal.

d) Pedro atuou em estado de necessidade de terceiro e não responde por nenhum crime.

e) Pedro atuou em legítima defesa própria, respondendo criminalmente pela morte do cão.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Teoria do Crime. Ilicitude.

Page 87: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

87

- COMENTÁRIOS:

Candidato, a teoria do crime é um assunto com muitas chances de ser cobrado na prova dentre aqueles da parte geral do Código Penal, pois abrange uma vasta digressão doutrinária sobre vários temas que estão inseridos nos elementos do crime, quais sejam: fato típico, ilicitude e culpabilidade (teoria tripartida do delito).

A presente questão trata da ilicitude ou antijuridicidade, a qual consiste na contrariedade entre a conduta humana típica e o ordenamento jurídico. Quando o agente pratica uma conduta típica, em regra, ela será ilícita, contudo, existem situações em que mesmo diante de uma ação típica, o Direito as considera como lícitas. Essas situações são chamadas de excludentes de ilicitude, justifi cantes ou descriminantes.

As excludentes de ilicitudes podem ser legais ou supralegais. Quanto às primeiras, o art. 23, do Código Penal dispõe que não há crime quando o agente pratica o fato em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito. Em relação às causas supralegais, destaca-se o consentimento do ofendido.

A presente questão exige especifi camente do candidato o conhecimento das excludentes legais, razão pela qual teceremos algumas observações sobre cada uma delas.

Entende-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.

Assim, são requisitos objetivos do estado de necessidade: a existência do risco/perigo atual, que o perigo não tenha sido causado voluntariamente pelo agente, o objetivo de salvar direito próprio (estado de necessidade próprio) ou alheio (estado de necessidade de terceiro), inexistência do dever legal de enfrentar o perigo, inevitabilidade do comportamento lesivo (commodus discensus), inexigibilidade do sacrifício do direito ameaçado.

A legitima defesa, por sua vez, se caracteriza quando alguém usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, exigindo, portanto, como requisitos para sua caracterização: agressão humana injusta, atual ou iminente, uso moderado dos meios necessários, com o objetivo de salvar direito próprio (legitima defesa própria) ou alheio (legítima defesa de terceiro).

No estrito cumprimento do dever legal, o agente dever se ater aos atos rigorosamente necessários que justifi cam o comportamento permitido no cumprimento de um dever que decorre de lei, não o caracterizando obrigações de natureza social, moral ou religiosa. Já no exercício regular de direito, o indivíduo tem que agir nos limites legais desse direito, pois atuando fora dos limites, caracteriza-se o abuso, proibido no nosso ordenamento.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

Page 88: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

88

23 - QUESTÃO:

“O direito penal só deve incidir quando os demais ramos jurídicos forem insufi cientes para a proteção do bem”. Tal sentença expressa o princípio da:

a) Lesividade.

b) Adequação social.

c) Intervenção mínima.

d) Insignifi cância.

e) Culpabilidade.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: Princípios de direito penal.

- COMENTÁRIOS:

Caro Aluno, os princípios do direito penal são temas recorrentes em provas da FCC, sendo um dos assuntos mais cobrados nos certames. Assim sendo, merece especial atenção.

A sentença expressa na questão retrata o princípio da intervenção mínima, mas, para melhor apanhado dos princípios em exame, trataremos de cada assertiva isoladamente. Pois bem.

O princípio da lesividade, também conhecido como ofensividade, exige que do fato praticado ocorra lesão ou perigo de lesão ao bem jurídico tutelado, se destinando não somente ao legislador na adoção dos tipos penais, mas também ao julgador, que deverá observar, diante da ocorrência de um fato tido como criminoso, se houve efetiva lesão ou perigo concreto de lesão ao bem jurídico protegido.

A adequação social, por sua vez, signifi ca que apesar de uma conduta se subsumir ao modelo legal não será considerada típica se for socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se estiver de acordo com a ordem social da vida historicamente condicionada. Por exemplo, não se pune a conduta da mãe que pratica lesão corporal quando coloca um brinco em sua fi lha menor de idade, porque tal conduta é amplamente aceita pela sociedade.

A intervenção mínima, ou ultima ratio, resposta da questão em comento, indica exatamente que o direito penal só deve incidir quando os demais ramos jurídicos forem insufi cientes para a proteção do bem, ou seja, quando os demais ramos do direito (tais como o civil e o administrativo) forem sufi cientes para prevenir e reprimir o ato ilícito, não há a necessidade de o direito penal atuar.

Por sua vez, a insignifi cância é o princípio pelo qual as condutas inexpressivas aos bens jurídicos tutelados não sofrem a incidência do direito penal, fazendo com que as ações sejam materialmente atípicas, inexistindo crimes, portanto. Segundo o STF, são requisitos para aplicação do princípio da insignifi cância: a) mínima ofensividade da conduta; b) nenhuma periculosidade social da ação; c) reduzíssimo grau de reprovabilidade do comportamento; e d) inexpressividade da lesão jurídica provocada.

Por fi m, a culpabilidade é o princípio pelo qual a responsabilidade penal depende de juízo da reprovação pessoal que se faz sobre a conduta do agente, impedindo-se assim a responsabilidade penal objetiva.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

Page 89: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

89

24 - QUESTÃO:

A respeito do delito de peculato, é correto afi rmar:

a) No peculato doloso, a reparação do dano, se precede à sentença irrecorrível, extingue a punibilidade.

b) Não pratica o crime de peculato o particular que, sabendo da condição de funcionário público do corréu, subtrai para si coisa alheia móvel consistente em dinheiro pertencente à Administração Pública, valendo-se das vantagens do cargo do corréu.

c) Não existe a modalidade do “peculato estelionato”.

d) É aplicável o princípio da insignifi cância no crime de peculato.

e) No peculato culposo, a reparação do dano, após a sentença condenatória transitada em julgado, reduz a pena imposta à metade.

- RESPOSTA: Alternativa E.

- PONTO DO EDITAL: Crimes contra a Administração Pública.

- COMENTÁRIOS:

Estimado Aluno, no início deste curso preparatório, indicamos as matérias mais possíveis de ser cobradas e abordadas no concurso, e certamente os crimes contra a Administração Pública estão dentre estas; aliás, é a maior aposta para a matéria de direito penal.

Dentre os crimes contra a Administração Pública, destaco inicialmente o delito de peculato, previsto nos arts. 312 e 313 do Código Penal, e cuja incidência em provas de concurso é grande. Assim, para os comentários desta questão, abordarei em geral o crime de peculato, para após especifi car os erros e acertos de cada assertiva.

O peculato é classifi cado como crime: próprio, doloso ou culposo, material, comissivo, instantâneo, unissubjetivo, plurissubsistente e de forma livre.

O crime de peculato se apresenta em duas modalidades: o peculato doloso e o peculato culposo (art. 312, §2, do Código Penal).

O peculato doloso, por sua vez, se subdivide em: peculato-apropriação, peculato-desvio, peculato-furto e peculato-estelionato. A comparação com tais crimes contra o patrimônio não é em vão, porque, como veremos, os núcleos do tipo são idênticos. Vejamos cada um:

a) Peculato-apropriação: apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio (art. 312, caput, primeira parte);

b) Peculato-desvio: desviar o funcionário público dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, em proveito próprio ou alheio (art. 312, caput, segunda parte);

Page 90: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

90

c) Peculato-furto: subtrair o funcionário público, ou concorrer para que seja subtraído, dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário (art. 312, §1);

d) Peculato-estelionato: é o peculato por erro de outrem (art. 313), quando o funcionário público apropria-se de dinheiro ou qualquer utilidade que, no exercício do cargo, recebeu por erro de outrem.

Todas estas modalidades, como dito, são de peculato doloso, ou seja, dependem da consciência e da vontade de tomar proveito da função pública para garantir uma vantagem patrimonial ao indivíduo.

O peculato culposo, por sua vez, previsto no §2 do art. 312, é o crime pelo qual o funcionário público concorre culposamente (ou seja, com imprudência, negligência ou imperícia) com o crime de outrem. É a situação, por exemplo, do funcionário público que, por negligência, esquece as portas da repartição abertas após o expediente, o que induz a prática de um crime por particular.

Observe-se que, na situação, não há concurso de pessoas, pela ausência de liame subjetivo entre os agentes, mas o funcionário público responde pela concorrência culposa, à vista dos deveres funcionais de proteção do bem administrativo.

Ainda sobre o peculato culposo, importa ressaltar que é crime de menor potencial ofensivo (pena máxima de 01 ano), comportando, pois, transação penal e sendo de competência do juizado especial criminal.

Sobre a reparação do dano no crime de peculato (§3 do art. 312), que se aplica exclusivamente na modalidade culposa, temos as seguintes hipóteses: se for anterior à sentença condenatória transitada em julgado, extingue-se a punibilidade; se lhe for posterior, reduz à metade a pena imposta.

Passemos, agora, à análise das assertivas, uma a uma, identifi cando ao fi nal a correta:

Letra A: Está errada porque a reparação do dano só se aplica ao peculato culposo.

Letra B: Está errada, uma vez que as circunstâncias pessoais se comunicam aos corréus se forem elementares do crime, nos termos do art. 30 do Código Penal, e é o caso da qualidade de funcionário público; assim, se o particular tem consciência da qualidade de funcionário e se vale de tal, pratica igualmente o delito de peculato.

Letra C: Está equivocada porque, conforme demonstrado, existe a modalidade de peculato-estelionato, consubstanciado no peculato mediante erro de outrem, conforme art. 313 do Código Penal.

Letra D: Não se admite a aplicação do princípio da insignifi cância nos crimes contra a Administração Pública, nos termos da súmula 599 do STJ.

Letra E: É a correta.

Page 91: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

91

- GABARITO DA QUESTÃO: E.

25 - QUESTÃO:

Carlos, previamente ajustado com Luiza, subtrai dinheiro de entidade paraestatal, valendo-se da facilidade que lhe proporciona o cargo que nela exerce, circunstância, entretanto desconhecida de Luiza. Mais tarde, em local seguro, dividem o produto do crime, quando são surpreendidos pela Polícia e presos em fl agrante, sendo apreendido todo o dinheiro subtraído, enfi m devolvido à vítima. É correto dizer que:

a) Carlos e Luiza cometeram o crime de peculato consumado.

b) Carlos e Luiza cometeram furto consumado qualifi cado pelo concurso de agentes.

c) Carlos cometeu o crime de peculato e Luiza o crime de furto, ambos consumados.

d) Carlos e Luiza cometeram o crime de furto tentado, pois foram pegos em fl agrante e o produto do crime devolvido à vítima.

e) Carlos cometeu o crime de apropriação indébita e Luiza o crime de furto consumado qualifi cado pelo concurso de agentes.

- RESPOSTA: Alternativa C.

- PONTO DO EDITAL: Concurso de Pessoas.

- COMENTÁRIOS:

O concurso de pessoas é um tema bastante relevante exigindo do candidato o domínio das principais teorias acerca da autoria e participação, bem como o conhecimento da jurisprudência dos tribunais superiores sobre o tema.

Importante destacar que a leitura da lei é IMPRESCINDÍVEL e para o assunto ora tratado se destacam o artigo 29 e seus parágrafos, artigo 30 e artigo 31, todos do Código Penal Brasileiro.

Para o concurso de pessoas, o Código Penal adota como regra a teoria monista, prevista no art. 29, segundo o qual todo aquele que pratica o crime incide nas penas a ele cominadas, com algumas exceções do código que adotam a teoria dualista (ex: nos crimes de corrupção, há diferença de tratamento entre a corrupção ativa e passiva, mesmo sendo fato único).

Para confi gurar o concurso de agentes é necessária a presença de alguns requisitos, quais sejam: a pluralidade de indivíduos e de condutas, a relevância causal das condutas, o liame subjetivo/unidade de desígnios, unidade de crimes para todos os agentes e o fato ser punível (o crime ser ao menos tentado), não sendo exigido o ajuste prévio, ou seja, um acerto ou combinação anterior entre os indivíduos.

No art. 30 do Código Penal, por sua vez, são tratadas sobre as circunstâncias incomunicáveis, dispondo que “não se comunicam as circunstâncias e condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime”. Para uma melhor compreensão deste tema é necessário distinguir circunstâncias, condições e elementares.

As circunstâncias são os dados que se agregam ao tipo fundamental para aumentar ou diminuir a pena, como por exemplo as qualifi cadoras, causas de aumento da pena, as fi guras privilegiadas e as causas de diminuição, já as condições são situações que existem independentemente

Page 92: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

92

da prática do crime. Assim, tanto as circunstâncias, como as condições podem ser pessoais/subjetivas ou reais/objetivas. Por outro lado, as elementares são os dados que integram o tipo fundamental do crime, como por exemplo a qualidade de funcionário público nos crimes funcionais.

Pelo art. 30, a regra é que as elementares sempre se comunicam, desde que sejam do conhecimento de todos os agentes. Um exemplo é em relação ao crime de peculato, pois é possível que um particular cometa o crime de peculato em concurso com um funcionário público, desde que conheça essa situação, pois a posição de funcionário público é elementar desse crime.

As circunstâncias e condições pessoais nunca se comunicam, como por exemplo o privilégio do relevante valor moral e a reincidência. Porém as circunstâncias e condições objetivas se comunicam desde que sejam de conhecimento de todos os agentes, tais como a tortura como qualifi cadora no crime de homicídio e a violação de domicílio praticada à noite.

No caso analisado na questão, Luiza não sabe da qualidade de funcionário público de Carlos, razão pela qual a ela não se comunica a elementar do crime, devendo responder apenas pelo furto (Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel), enquanto Carlos responde pelo peculato na modalidade do §1º, do art. 312 (Art. 312, § 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário), logo a resposta correta é a letra C.

- GABARITO DA QUESTÃO: C.

Page 93: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

93

DIREITO PREVIDENCIÁRIO Prof. Thiago Madureira

26 - QUESTÃO:

Acerca da evolução histórica do direito previdenciário brasileiro, assinale a opção correta.

a) Ocorreram inúmeras modifi cações na organização administrativa previdenciária brasileira ao longo de seu desenvolvimento, tais como a transformação do Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural em INPS e, em seguida, mediante a CF, a transformação deste em INSS.

b) O ordenamento jurídico brasileiro coexistiu com inúmeros regimes previdenciários específi cos até a edição do Decreto-lei n.º 72/1966, mediante o qual foram unifi cados os institutos de aposentadorias e centralizada a organização previdenciária no INPS.

c) O Decreto Legislativo n.º 4.682/1923, também conhecido como Lei Eloy Chaves, é considerado um marco do direito previdenciário brasileiro, devido ao fato de, por meio dele, ter sido criado o Ministério da Previdência e Assistência Social.

d) Ao longo de décadas, o Estado brasileiro deixou de conceder diversos direitos sociais a seus cidadãos, tendo sido instituídos benefícios previdenciários ao trabalhador apenas com a promulgação da CF.

e) A Constituição Federal de 1934 é considerada retrocedente quanto à proteção ao trabalhador, haja vista terem sido dela excluídos os benefícios de proteção à maternidade e os provenientes de acidente de trabalho.

- RESPOSTA: Alternativa B.

- PONTO DO EDITAL: Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais.

- COMENTÁRIOS:

A letra “A” está incorreta, pois o INPS foi criado em 1977 quando da instituição do SINPAS (Sistema nacional de previdência e assistência social) sendo responsável pela gestão dos benefícios previdenciários. O INSS (criado em 1990) é resultado da fusão entre IAPAS (instituto de administração fi nanceira da previdência e assistência social) e INPS (instituto nacional de previdência social). Ou seja, o custeio e o fornecimento de benefícios eram de competência do INSS. Com o advento da lei nº11.457/07, a principal função do INSS se reduziu a gerir o plano de benefícios e serviços do Regime geral de previdência social (RGPS), pois a autarquia federal não mais detém a dívida ativa das contribuições previdenciárias, que atualmente é da união, através da secretaria de receita federal do brasil.

A letra “B” está correta tendo em vista que em 1966 o Decreto-lei n.º 72/1966, unifi cou os institutos de aposentadorias e centralizou a organização previdenciária no INPS.

A letra “C” está incorreta. A lei Eloy Chaves é considerada o marco da previdência social no Brasil, mas ela não cria o Ministério da Previdência e Assistência Social. Na verdade ela cria as caixas de aposentadoria e pensões dos funcionários das empresas ferroviárias.

Page 94: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

94

A lera “D” está incorreta, pois já existiam benefícios previdenciários concedidos ao trabalhador antes da CF de 1988. Além de leis que já previam benefícios previdenciários, já existia a previsão de benefício previdenciário na constituição de 1891 que garantia a aposentadoria por invalidez aos funcionários públicos que se tornassem inválidos a serviço da nação. A letra “e” está incorreta pois a CF de 1934 não é retrocedente, trazendo previsão de proteção a maternidade e prevendo a instituição de previdência, mediante contribuição igual da União, do empregador e do empregado, a favor da velhice, da invalidez, da maternidade e nos casos de acidentes de trabalho ou de morte.

- GABARITO DA QUESTÃO: B.

27 - QUESTÃO:

Considerando a evolução histórico-legislativa e os princípios da seguridade social no Brasil, assinale a opção correta.

a) Com o advento da CF, a seguridade social foi adotada e disciplinada sistematicamente pela primeira vez no Brasil, sendo-lhe dedicado um capítulo integral no texto constitucional e implementadas, desde então, signifi cativas mudanças na área, como, por exemplo, a progressiva extinção do critério de escala do salário-base, prevista na Lei de Custeio.

b) A seguridade social no Brasil é organizada com base em vários princípios constitucionais, entre os quais se inclui o princípio da equidade na forma de participação no custeio, segundo o qual é necessária a participação idêntica de todos, com alíquotas iguais, para garantir o atendimento ao princípio da igualdade.

c) A seguridade social é fi nanciada diretamente por toda a sociedade, por meio de recursos provenientes dos orçamentos da União, do Distrito Federal, dos estados e dos municípios, que destinam parte do pagamento dos tributos a esse fi m, e, indiretamente, por meio das contribuições do empregador, do empregado ativo e do empregado aposentado.

d) O INSS, importante órgão na estrutura da seguridade social brasileira, foi instituído no Brasil na década de noventa do século XX, como autarquia federal, mediante fusão do Instituto de Administração da Previdência e Assistência Social com o Instituto Nacional de Previdência Social.

e) Desde 1919, já havia legislação sobre acidente de trabalho no Brasil, entretanto, somente com a publicação da Lei Eloy Chaves, em 1946, foram implementadas as primeiras experiências previdenciárias, tendo a referida lei criado caixas de aposentadorias e pensões para os empregados das empresas ferroviárias e aeroferroviárias brasileiras.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais. Aspectos Constitucionais da Previdência Social (arts. 201 e 202 da CF de 1988).

- COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” está incorreta. A CF não prevê a progressiva extinção do critério de escala do salário base prevista na lei de custeio.

Page 95: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

95

A alternativa “B” está incorreta. O princípio da equidade na forma de participação no custeio não estabelece a participação idêntica com mesmas alíquotas. Pelo contrário, as alíquotas são diferenciadas para garantir a equidade.

A alternativa “C” está incorreta. A seguridade social será fi nanciada por toda a sociedade de forma direita e indireta. Também não há a previsão de fi nanciamento por parte do segurado aposentado.

A alternativa “D” é a correta. O INSS foi criado com base no Decreto nº99.350 de 27 de junho de 1990 mediante a fusão do Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência social (IAPAS), com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

A alternativa “E” está incorreta. Há algumas imprecisões na questão. A lei Eloy chaves é considerada o marco da previdência social no Brasil. Essa lei é de 1923 e criou uma Caixa de aposentadoria e pensão para ferroviários. A questão atesta que a lei Eloy chaves é de 1946 o que é, portanto, incorreto! Quanto a lei de acidente de trabalho, de fato ela é de 1919. A lei nº 3.724, de 1919 (não precisa decorar o número da lei) foi a primeira lei brasileira que tratou de fato do acidente de trabalho no Brasil.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

28 - QUESTÃO:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinado a assegurar o direito relativo à:

a) Saúde, ao trabalho, à previdência e à assistência social.

b) Previdência e à assistência social.

c) Previdência social.

d) Saúde, à previdência e à assistência social.

e) Previdência, à assistência social e ao trabalho.

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais. Aspectos Constitucionais da Previdência Social (arts. 201 e 202 da CF de 1988).

- COMENTÁRIOS:

Essa questão, embora básica e literal, é sempre muito presente nas provas objetivas de direito previdenciário. Não esqueçam: A seguridade social é gênero do qual são espécies a saúde, previdência social e assistência social. É importante que o candidato esteja atento para diferenciar as situações em que a questão esteja abordando a previdência social, a assistência social ou a saúde. A previdência

Page 96: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

96

social é contributiva, razão pela qual apenas terão direito aos benefícios e serviços previdenciários os segurados (aqueles que contribuem ao regime pagando as contribuições previdenciárias) e os seus dependentes. Já a saúde pública e a assistência social são não contributivas, pois para o pagamento dos seus benefícios e a prestação de serviços não haverá o pagamento de contribuições específi cas por parte das pessoas destinatárias.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.

29 - QUESTÃO:

A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Sobre a seguridade e de acordo com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, analise as afi rmações a seguir.

I - A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

II - A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos.

III - A seguridade social será fi nanciada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de contribuições sociais.

IV - As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, integrando, contudo, o orçamento da União.

V - A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, poderá contratar com o Poder Público, mas não poderá dele receber benefícios ou incentivos fi scais ou creditícios.

Estão corretas apenas as afi rmações:

a) I, II e III estão corretas.

b) I, III e IV estão corretas.

c) I, III, IV e V estão corretas.

d) Apenas a afi rmativa I está correta.

e) Todas as afi rmativas estão incorretas.

- RESPOSTA: Alternativa A.

- PONTO DO EDITAL: Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais. Aspectos Constitucionais da Previdência Social (arts. 201 e 202 da CF de 1988).

Page 97: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

97

- COMENTÁRIOS:

O estudo do capitulo destinado a seguridade social é sufi ciente para a resolução da questão. A questão traz uma análise literal dos dispositivos constitucionais. Mais uma vez ressaltamos que o estudo dos artigos 194 a 204 é primordial. Analisemos os itens abordados um a um.

I. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. (CERTA) Previsão literal do Art. 199, CF.

II. A proposta de orçamento da seguridade social será elaborada de forma integrada pelos órgãos responsáveis pela saúde, previdência social e assistência social, tendo em vista as metas e prioridades estabelecidas na lei de diretrizes orçamentárias, assegurada a cada área a gestão de seus recursos (CERTA) Previsão literal do Art. 195, § 2º, CF.

III. A seguridade social será fi nanciada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios e de contribuições sociais. (CERTA) Previsão literal do caput do artigo 195 da CF.

IV. As receitas dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios destinadas à seguridade social constarão dos respectivos orçamentos, integrando, contudo, o orçamento da União. (ERRADA) Art. 195, § 1º, CF - não integrando o orçamento da União.

V. A pessoa jurídica em débito com o sistema da seguridade social, poderá contratar com o Poder Público, mas não poderá dele receber benefícios ou incentivos fi scais ou creditícios. (ERRADA) Art. 195, § 3º, CF - NÃO poderá contratar com o Poder Público.

- GABARITO DA QUESTÃO: A.

30 - QUESTÃO:

Sobre o custeio da seguridade social na Constituição, assinale a alternativa incorreta:

a) O empregador, a empresa e a entidade a ela equiparada na forma da lei constitui uma das fontes de custeio da seguridade social com previsão constitucional, sendo uma das contribuições para a seguridade social a incidente sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

b) Nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado, majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

c) São princípios da seguridade social a equidade na forma de participação no custeio e a diversidade da base de fi nanciamento.

d) É possível que o legislador institua novas fontes de custeio para a seguridade social além das previstas na CF, desde que o faça por intermédio de lei ordinária.

e) As contribuições sociais para a seguridade social só poderão ser exigidas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modifi cado.

Page 98: TRF.3 - RODADA 1 - COMENTÁRIOSO efeito direto não se dá sobre a plantação de batatas, e sim sobre a forma de trabalhar das mulheres. O aumento da produção é um efeito indireto,

98

- RESPOSTA: Alternativa D.

- PONTO DO EDITAL: Seguridade social: origem e evolução legislativa no Brasil; conceito; organização e princípios constitucionais. Aspectos Constitucionais da Previdência Social (arts. 201 e 202 da CF de 1988).

- COMENTÁRIOS:

A alternativa “A” está correta. Nos termos do artigo 195, inciso I, letra A, da CF, é fonte de custeio da seguridade social a contribuição do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo empregatício.

A alternativa” B” está correta pois a regra de contrapartida prevista no artigo 195, §5º da constituição prevê que nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado ou majorado ou estendido sem a correspondente fonte de custeio total.

A alternativa “C” está correta. A equidade na forma de participação no custeio é um princípio informador do sistema de seguridade social ao lado da diversidade da base de fi nanciamento, nos termos do artigo 194, parágrafo único, da CF.

A alternativa “D” está falsa. As fontes de custeio da seguridade social estão previstas em rol exemplifi cativo no artigo 195, da constituição federal. A união poderá criar novas fontes de custeio, mas é necessário a edição de lei complementar. Se a fonte de custeio for instituída por lei ordinária ou medida provisória será inconstitucional.

A alternativa “E” está correta. Pelo princípio da anterioridade nonagesimal, também conhecida como noventena ou anterioridade mitigada, prevista no artigo 195, §6º da CF, as contribuições para a seguridade social só poderão ser exigidas depois de decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modifi cado.

- GABARITO DA QUESTÃO: D.