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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 022.381/2006-0 GRUPO I – CLASSE II – 1ª Câmara. TC-022.381/2006-0 Apenso: TC-017.951/2005-5 Natureza: Tomada de Contas Especial Órgão: Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República – Secom/PR (extinta) Responsáveis: Alexandre Antunes Vieira (CPF 416.494.941-49), ex-Oficial de Gabinete; Cid Marques Faria (CPF 570.850.646-68), Assessor; Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ 43.150.499/0016-02); Elisabete Pereira da Rosa (CPF 266.426.031-68), ex-Diretora de Atendimento; Expedito Carlos Barsotti (CPF 060.209.778-97), ex-Subsecretário de Publicidade; Duda Mendonça & Associados Ltda. (CNPJ 69.277.291/0006-70); Jafete Abrahão (CPF 042.884.676-91), ex- Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas; Gabriela Santoro de Castro (CPF 891.604.286-00), ex-Assessora; Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 54.298.047/0001-02); Lúcia Maria Mendes (CPF 355.827.666-34), ex-Assessora; Luiz Antônio Moreti (CPF 514.488.078-91), ex- Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas; Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), ex-Ministro; Marcus Vinicius di Flora (CPF 640.268.686-72), ex-Secretário- Adjunto; Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho (CPF 463.336.900-82), ex-Diretora de Atendimento; Matisse Comunicação de Marketing (CNPJ 65.561.664/0001-75); Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ 61.155.925/0001-04); Sílvia Sardinha Ferro (CPF 267.089.221-34), ex-Diretora de Atendimento; Takano Editora Gráfica Ltda. (CNPJ 56.003.114/0005-73); WEB Editora Ltda. (CNPJ 03.073.653/0001-99). Advogados: Júnia de Abreu Guimarães Souto (OAB/DF 10.778), Renata Dias Rolim Visentin (OAB/DF 13.838), Giselle Flügel Mathias Barreto (OAB/DF 14.300), José Roberto Manesco (OAB/SP 61.471), Eduardo Augusto de Oliveira Ramires (OAB/SP 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC 022.381/2006-0

GRUPO I – CLASSE II – 1ª Câmara.TC-022.381/2006-0Apenso: TC-017.951/2005-5Natureza: Tomada de Contas EspecialÓrgão: Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República – Secom/PR (extinta)Responsáveis: Alexandre Antunes Vieira (CPF 416.494.941-49), ex-Oficial de Gabinete; Cid Marques Faria (CPF 570.850.646-68), Assessor; Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ 43.150.499/0016-02); Elisabete Pereira da Rosa (CPF 266.426.031-68), ex-Diretora de Atendimento; Expedito Carlos Barsotti (CPF 060.209.778-97), ex-Subsecretário de Publicidade; Duda Mendonça & Associados Ltda. (CNPJ 69.277.291/0006-70); Jafete Abrahão (CPF 042.884.676-91), ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas; Gabriela Santoro de Castro (CPF 891.604.286-00), ex-Assessora; Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 54.298.047/0001-02); Lúcia Maria Mendes (CPF 355.827.666-34), ex-Assessora; Luiz Antônio Moreti (CPF 514.488.078-91), ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas; Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), ex-Ministro; Marcus Vinicius di Flora (CPF 640.268.686-72), ex-Secretário-Adjunto; Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho (CPF 463.336.900-82), ex-Diretora de Atendimento; Matisse Comunicação de Marketing (CNPJ 65.561.664/0001-75); Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ 61.155.925/0001-04); Sílvia Sardinha Ferro (CPF 267.089.221-34), ex-Diretora de Atendimento; Takano Editora Gráfica Ltda. (CNPJ 56.003.114/0005-73); WEB Editora Ltda. (CNPJ 03.073.653/0001-99). Advogados: Júnia de Abreu Guimarães Souto (OAB/DF 10.778), Renata Dias Rolim Visentin (OAB/DF 13.838), Giselle Flügel Mathias Barreto (OAB/DF 14.300), José Roberto Manesco (OAB/SP 61.471), Eduardo Augusto de Oliveira Ramires (OAB/SP 69.219), Marcos Augusto Perez (OAB/SP 100.075), Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto (OAB/SP 112.208), Ane Elisa Perez (OAB/SP 138.128), Tatiana Matiello Cymbalista (OAB/SP 131.662), Fábio Barbalho Leite (OAB/SP 168.881-B), Luis Justiniano de Arantes Fernandes (OAB/SP 119.234), Nircles Monticelli Breda (OAB/SP 26.114), Maria José Caldas Ramos Breda (OAB/SP 55.661), João Carlos Galbiatti Junqueira, Rafael Zago Tramonte (OAB/SP 219.739), Sérgio Raimundo Tourinho Dantas (OAB/DF 22.613), Joel Menezes Niehbur (OAB/SC 12.639), Alysson Sousa Mourão (OAB/DF 18.977), Ângela Oliveira Baleeiro (OAB/BA 23.535), Laércio Benko Lopes (OAB/SP 139.012), Paula Cardoso Pires (OAB/DF 23.668), Walter Costa Porto (OAB/DF 6.098), Antônio Perilo Teixeira Netto (OAB/DF 21.359), Henrique Costa Araújo (OAB/DF 21.989), Marcelo Inácio Menezes (OAB/DF 24.648), José Antônio Dias Toffoli (OAB/SP 110.441 e OAB/DF 2.031/A), Roberta Maria Rangel (OAB/DF 10.972), Daniane Mângia Furtado (OAB/DF 21.920), Luiz Carlos Lyra Ranieri (OAB/SP 51.080), Paulo Fernando Campana Filho (OAB/SP 221.090) e Carolina Stocco Lyra Ranieri (OAB/SP 235.495)

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Sumário: TOMADA DE CONTAS ESPECIAL. IRREGULARIDADES NA EXECUÇÃO DE CONTRATOS DE PUBLICIDADE E PROPAGANDA. PAGAMENTOS POR SERVIÇOS CUJA EXECUÇÃO NÃO FICOU DEMONSTRADA. SOBREPREÇO. DÉBITO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DE AGENTES PÚBLICOS, DAS AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE E DAS EMPRESAS SUBCONTRATADAS PELAS AGÊNCIAS. CITAÇÃO. ACOLHIMENTO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA DE ALGUNS RESPONSÁVEIS E REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DOS DEMAIS. CONTAS IRREGULARES. DÉBITO. MULTA.

RELATÓRIO

Trata-se de tomada de contas especial, instaurada por conversão de representação formulada por equipe de auditoria (TC 017.951/2005-5), nos termos do Acórdão 1641/2006-Plenário, cujo relatório, às fls. 81/147, transcrevo, in verbis:

“CONSIDERAÇÕES INICIAIS

4. Antes de adentrar o exame dos elementos apresentados pelos responsáveis, convém destacar que, na análise relativa ao pagamento por serviços não-executados, utilizamos os mesmos critérios da instrução de fls. 383/411, descritos à fls. 384/387.

4.1. Segundo a sistemática identificada nos trabalhos de auditoria, os serviços gráficos eram pagos mediante apresentação da nota fiscal à administração. No entanto, a entrega do material impresso, que, por vezes, tinha início semanas após o pagamento, devia fazer-se acompanhar por notas fiscais de remessa. Assim, para comprovar a execução dos serviços, não foram aceitos documentos isolados, sem validade ou não hábeis para comprovar o efetivo recebimento do material, a exemplo de:

– notas fiscais (1ª via) sem carimbos dos postos de fiscalização, nos casos em que as revistas foram entregues em unidade da federação diversa daquela em que foram impressos;

– notas fiscais sem recebimento idôneo, no caso de revistas entregues na mesma unidade da federação em que foram impressos;

– documentos de transporte que não demonstrem a relação entre material transportado e a edição da revista correspondente.

5. A seguir, passemos à análise das argumentações preliminares trazidas pelos responsáveis.

Primeira preliminar (fls. 6/8 do Anexo 5)

6. Na defesa apresentada pelos advogados representantes de Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Jafete Abrahão, Elisabete Pereira da Rosa, Lúcia Maria Rodrigues Mendes, Cid Marques Faria, Gabriela Santoro de Castro e Luiz Antônio Moreti, foi levantado o fato de a Tomada de Contas Especial (TCE) originada a partir da auditoria realizada na Secom ter sido instaurada pelo próprio Tribunal.

6.1. De acordo com as alegações apresentadas, citando os art. 8º e 47 da Lei n.º 8.443/92, o Tribunal deve apenas determinar a instauração da TCE, a qual ficaria a cargo da própria entidade da Administração Pública.

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6.2. Entretanto, os requerentes entendem que não haverá necessidade de se anular a presente TCE, desde que seja assegurado a eles o exercício pleno da ampla defesa previsto na Carta Magna, sem o que se configuraria o prejuízo advindo da alteração na tramitação processual.

Análise

7. O próprio art. 47 da Lei Orgânica do TCU, citado na argumentação, é esclarecedor:

Art. 47. Ao exercer a fiscalização, se configurada a ocorrência de desfalque, desvio de bens ou outra irregularidade de que resulte dano ao Erário, o Tribunal ordenará, desde logo, a conversão do processo em tomada de contas especial, salvo a hipótese prevista no art. 93 desta Lei.

7.1. Ora, o pressuposto é que, em existindo fiscalização em curso, haja um processo no âmbito do próprio Tribunal, o qual será convertido em TCE caso identificado dano ao Erário que enseje ressarcimento. O citado dispositivo legal prevê literalmente a conversão do processo em TCE e, portanto, não há impropriedade nesse procedimento. Ademais, a ampla defesa, constitucionalmente assegurada, dá-se na atual fase, com a citação dos responsáveis, que completa a relação processual.

Segunda preliminar (fls. 8/9 e 37/40 do Anexo 5)

8. No mesmo documento foi levantada a questão das responsabilidades objetivas e subjetivas em relação aos impressos não entregues e ao sobrepreço encontrado pela equipe de auditoria (fls. 37/40 do Anexo 5).

8.1. Com relação às responsabilidades apontadas pelo Tribunal, requer “que se afaste a possibilidade de responsabilidade objetiva, rejeitando-se a responsabilização de agentes a quem não incumbia o controle do recebimento dos produtos ou serviços contratados”. Alegam que “houve generalizada atribuição de responsabilidades, que passou desde ocupantes do cargo de Subsecretário de Publicidade até assessores com grau mais reduzido de atribuições e responsabilidades (DAS 2)” (fls. 38/39 do Anexo 5). Assim, presumem que, “ao subscreverem documentos em que se materializava a solicitação de determinados serviços à Agência de Publicidade, todos os agentes subscritores estavam tomando a decisão administrativa no sentido de aprovar os custos do serviço solicitado” (fls. 39 do Anexo 5, grifos no original). Afirmam que boa parte dos agentes que subscreveram tais documentos atuava nas decisões de caráter técnico-publicitárias.

8.2. O Tribunal, baseando-se exclusivamente nas competências gerais da Secom, de seu Secretário e de seu Secretário-Adjunto, atribuiu “genéricas e amplas responsabilidades aos ocupantes destes dois postos, os peticionários Luiz Gushiken e Marcus Vinicius di Flora”, concluindo que tais hipóteses de responsabilização são desprovidas de nexo causal e de fundamentação legal.

8.3. Destacaram que a servidora Silvia Sardinha foi nomeada para seu primeiro cargo na Secom em 11/03/2004, tendo a instrução da área técnica responsabilizado-a pela aprovação de custos das revistas “Balanço 12 meses” (solicitada em 06/01/2004) e “Balanço 6 meses” (solicitada em 28/08/2003).

8.4. Na mesma esteira, o peticionário Expedito Carlos Barsotti, integrante do quadro da Secom desde 28/08/2003, ocupava, inicialmente, o cargo de Assessor Especial e passou à condição de Subsecretário de Publicidade em 21/10/2003, tendo sido responsabilizado pela aprovação de custos da revista “Balanço 6 meses”, que se deu em 28/08/2003.

Análise

9. Com relação à questão levantada no item 8.1, a Unidade Técnica apontou os servidores que efetivamente subscreveram os documentos onde consta, por exemplo, a aprovação de custos e o ateste do recebimento. A alegação de que a aposição da assinatura é mera formalidade administrativa

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não exime a culpa do agente, já que este ato integra o rol de responsabilidades inerentes ao cargo que ocupa.

9.1. No que tange aos argumentos apresentados em defesa de Luiz Gushiken (Secretário) e Marcus Vinicius di Flora (Secretário-Adjunto) – item 8.2 – deve-se levar em consideração que os fatos apontados não constituem ação isolada, mas de prática instituída na extinta Secom. Portanto, considerando os deveres de vigilância a que estão acometidos os citados dirigentes, esses foram, no mínimo, omissos em relação às ocorrências relatadas neste processo. Neste sentido, as competências da Secom e as atribuições de seus servidores estavam, à época do acontecimento dos fatos, regulamentadas por meio dos Decretos n.º 4.799/03 e 4.779/03, este último revogado pelo Decreto n.º 5.849/06:

Art. 7º Cabe à Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica:

I - exercer a coordenação, supervisão e controle do SICOM;

II - editar normas e instruções para o cumprimento do disposto neste Decreto;

III - elaborar anualmente o PCG e coordenar a revisão e aprovar os ajustes eventualmente necessários nas ações, metas, prazos e recursos previstos nos PAC;

IV - planejar, desenvolver e executar a publicidade institucional cujos recursos orçamentários estejam alocados na Presidência da República; (Decreto n.º 4.799/03)

Art. 4° À Secretaria-Adjunta compete:

I - assessorar e assistir ao Ministro de Estado no âmbito de sua competência;

II - assistir ao Ministro de Estado na supervisão e coordenação das atividades dos órgãos da Secretaria e da entidade vinculada, bem como na execução de contratos de gestão celebrados com organizações sociais;

III - auxiliar o Ministro de Estado na definição de diretrizes e na implementação das ações da área de sua competência; (Decreto n.º 4.779/03)

9.2. Deve-se destacar, ainda, que os serviços objeto de análise neste processo referem-se à impressão de 2.960.000 revistas, 1.620.000 encartes e 500.000 cartilhas, a um custo total para a Administração de R$ 13.468.948,80, para divulgação de ações do governo. Assim, não se concebe que os titulares sejam eximidos de responsabilidade pelo dano ao erário apontado neste trabalho nesse contexto de descontrole sistemático nas ações finalísticas a cargo da extinta Secom.

9.3. Com relação às considerações sobre a responsabilidade de servidores em época anterior à sua nomeação (itens 8.3 e 8.4), consideramos válidos os argumentos trazidos, razão pela qual concordamos com a exclusão de responsabilidade dos requerentes nas ações “Balanço 6 meses” (servidores Silvia e Expedito) e “Balanço 12 meses” (servidora Silvia). Tal fato será citado oportunamente (item 71 e item 68.1, respectivamente).

Terceira preliminar (fls. 03/06 do Anexo 3)

10. A empresa Pancrom Indústria Gráfica Ltda., por seu representante legal, entende ser parte ilegítima para figurar na presente Tomada de Contas Especial, porquanto não firmou qualquer contrato com a Administração Pública por conta das ações arroladas no presente processo, não se enquadrando na definição de “responsável” constante nos dispositivos do art. 71 do Constituição Federal e art. 1º da Lei n.º 8.443/92.

Análise

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11. A Pancrom foi citada por prática de sobrepreço, na qualidade de gráfica responsável pela execução dos serviços, como subcontratada da agência de publicidade.

11.1. Os próprios dispositivos constitucionais e legais citados pelo representante legal da Pancrom não deixam qualquer dúvida sobre a possibilidade de responsabilização da empresa.

11.2. O art. 71 da Constituição Federal assim estabelece:

Art. 71. O controle externo, a cargo do Congresso Nacional, ser exercido com auxílio do Tribunal de Contas da União, ao qual compete:

...

II - julgar as contas dos administradores e demais responsáveis por dinheiros, bens e valores públicos da administração direta e indireta, incluídas as fundações e sociedades instituídas e mantidas pelo Poder Público federal, e as contas daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário público;

...

11.3. Por sua vez, os art. 5º e 16 da Lei Orgânica do Tribunal (Lei n.º 8.443/92) detalham as competências do TCU:

Art. 5º A jurisdição do Tribunal abrange:...II – aqueles que derem causa a perda, extravio, ou outra irregularidade de que resulte dano ao

Erário;...Art. 16 As contas serão julgadas:...III – irregulares, quando comprovada qualquer das seguintes ocorrências:...§ 2º Nas hipóteses do inciso III, alíneas c e d deste artigo, o Tribunal, ao julgar irregulares as

contas, fixará a responsabilidade solidária:a) do agente público que praticou o ato irregular; eb) do terceiro que, como contratante ou parte interessada na prática do mesmo ato, de qualquer

modo haja concorrido para o cometimento do dano apurado.

11.4. Ora, caracterizando-se a prática de sobrepreço na impressão das revistas da Secom, há que se fixar responsabilidade solidária à requerente, pelo fato de essa ter apresentado os orçamentos com sobrepreço, os quais resultaram em dano ao Erário, e este Tribunal tem capacidade jurisdicional para tanto.

ANÁLISE DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA E RAZÕES DE JUSTIFICATIVA

I) ACHADO: PAGAMENTO POR SERVIÇOS GRÁFICOS NÃO EXECUTADOS

I-A) Ação: Balanço 24 meses de governo (PIT 04/227)

12. Com referência à ação em destaque, a instrução anterior (fls. 383/411) consignou que não houve a comprovação da execução de serviços relativamente a 198.360 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 4, também conhecida como “24 meses de governo” ou “2 anos de governo”, os quais teriam sido impressos pela Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

Alegações de defesa

13. A defesa da agência Duda Mendonça e Associados Propaganda Ltda. (fls. 01/09 do Anexo 4) alega que os serviços foram integralmente executados e os exemplares foram entregues,

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os quais, inclusive, totalizaram 300 unidades a mais e não foram cobradas da Secom. Para comprovar tal assertiva, anexou cópia das notas fiscais – fatura da Kriativa Gráfica e Editora, conforme tabela a seguir:

Nota Fiscal Data de emissão Quantidade Recebido por Data de entrega

39.007 16/02/2005 1.000 Ellilien C. Theodoro

17/02/2005

45.491 02/11/2005 74.540 Maria da Penha Pires

07/11/2005

45.508 03/11/2005 96.020 Maria da Penha Pires

04/11/2005

45.553 06/11/2005 27.100 Márcio Antônio Costa

07/11/2005

Total 198.660

14. A defesa apresentada pelo escritório que representa os responsáveis Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Moreti informa que 197.360 exemplares foram recebidos e distribuídos, tendo apresentado cópia das notas fiscais de simples remessa n.º 45.491, 45.508 e 45.553, bem como guias de distribuição – estas elaboradas pela própria Secom.

14.1. Além disto, apresentou cópias das páginas do Diário Oficial da União onde constam as portarias de nomeação e de exoneração da servidora Ellilien Carvalho Theodoro, que recebeu um lote de 1.000 exemplares da revista em 17/02/2005 (vide tabela do item 13 desta instrução).

15. A gráfica Kriativa afirmou que o critério para a comprovação dos serviços prestados (emissão de notas fiscais) fica prejudicado em razão de que as mercadorias enviadas pelas gráficas à Secom não costumavam estar acompanhadas de notas fiscais de venda, mas de notas fiscais de remessa ou outras saídas não especificadas, as quais tinham por objeto acompanhar as mercadorias para entrega. Além disso, o fato de não se arquivar as notas fiscais de simples remessa na Secom também teria prejudicado a análise dos auditores.

15.1. Ademais, rebateu os critérios adotados pela equipe de auditoria, quer sejam, a falta de carimbos dos postos de fiscalização e de recebimento idôneo em outros casos. Com relação ao primeiro, citou que a fiscalização não consegue examinar todas as cargas que circulam nas estradas, anexando reportagem publicada em jornal. Relativamente ao segundo, alega que as entregas foram feitas nos locais determinados pela Secom, e que não pode ser penalizada em razão das práticas internas do órgão.

Análise das alegações de defesa

16. Adotando o critério para comprovação da execução dos serviços utilizado neste trabalho, e analisando o conjunto da documentação apresentada pelos responsáveis, consideramos comprovada a execução dos serviços por parte da Gráfica Kriativa, exonerando-os do débito em relação a este item.

16.1. De fato, em relação à NF 39.007, os documentos apresentados mostram que o material produzido por gráfica localizada em São Paulo, foi recebido por ocupante do cargo de Assistente Técnico no Gabinete Regional de São Paulo do Gabinete Pessoal da Presidência da República, no escritório da Avenida Paulista (fls. 141 e 191/192 do Anexo 5).

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16.2. As NFs 45.491, 45.508 e 45.553 correspondem a material entregue na Secretaria de Administração da Presidência da República. Observa-se que, como a gráfica responsável pela impressão estava localizada em São Paulo, o material transitou para Brasília, o que resta comprovado por carimbo de três ou quatro fiscalizações: NFs 19.600, 19.599 e 125.300 (fls. 33, 33-A e 38) possuem carimbos de Minas Gerais (2), Goiás e Distrito Federal; NFs 125.356 e 125.357 (fls. 40 e 44) possuem carimbos de Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal. O recebimento ocorreu em datas posteriores às das notas fiscais que ensejaram o pagamento (NFs 3.590, de 29/12/2004, e 3.591, de 29/12/2004), o que corrobora a constatação de que os serviços foram atestados e pagos sem que houvessem sido prestados.

16.3. Nesse sentido, é interessante destacar que as revistas foram atestadas em 27/12/2004 e pagas em 18/01/2005, enquanto a entrega se deu nos dias 02/11/2005, 03/11/2005 e 06/11/2005, após a fase de execução da auditoria que detectou a falta de comprovação da execução desses serviços e demandou à Secom confirmação da entrega desses exemplares (de 01/08/2005 a 02/09/2005). Considerando que as gráficas teriam, segundo alegações dos responsáveis, a capacidade de produzir grandes quantidades em prazos exíguos (vinte dias, por exemplo), existe a possibilidade de que a impressão desses exemplares tenha ocorrido após os trabalhos da equipe de auditoria.

16.4. Também cabe destacar desde já a incoerência entre o prazo praticado para a entrega das revistas – de 11 meses – e os argumentos trazidos aos autos para justificar os preços cobrados e afastar os indícios de sobrepreço na execução dos serviços gráficos (itens 41 a 79 desta instrução). Um dos fatores que supostamente justificariam o pagamento de preços maiores seriam o volume de trabalho das gráficas no momento da contratação (final de 2004) bem como a contratação de gráficas com capacidade de produção de grandes quantidades em curto espaço de tempo.

16.5. Tais argumentos foram utilizados no estudo intitulado “A Formação de Preços na Indústria Gráfica e Comparação de Preços Realizada no Processo TC 017.951/2005”, apresentado na defesa da agência Duda Mendonça.

16.6. Todavia, nesse estudo, que será analisado na seqüência desta instrução, os citados argumentos serviram de justificativa para que se pagasse valor superior ao preço médio de mercado, conforme pesquisa de preços realizada pelo Tribunal, embora as revistas tenham sido entregues pela gráfica em novembro de 2005, dez meses depois do pagamento (18/01/2005).

16.7. Assim, pelo exposto, a entrega efetiva dos exemplares afasta o débito, mas não exime a responsabilidade dos servidores Luiz Antônio Moreti, por ter atestado a entrega do material em 27/12/2004 (vide verso da cópia da Nota Fiscal 3.637 – fls. 50) – o que caracteriza atesto temerário e falsa declaração – e Jafete Abrahão, por ter encaminhado a citada nota fiscal para pagamento, mesmo sendo de sua responsabilidade saber que o material não havia sido entregue. Além disso, há de se considerar que o pagamento por serviços que ainda não haviam sido executados ocorreu num contexto de descontrole oriundo da sistemática adotada pela Secom, pela qual eram responsáveis os Srs. Luiz Gushiken e Marcus Vinicius di Flora.

16.8. Relativamente aos argumentos apresentados pela gráfica Kriativa, que serão aproveitados na análise das demais ações neste achado (serviços não-executados), o fato de as mercadorias não estarem acompanhadas de nota fiscal de venda (item 15) não modificou a opinião desta Unidade Técnica, uma vez que as notas fiscais de simples remessa, carimbadas ou devidamente recebidas, conforme o caso, foram aceitas como documentação comprobatória. No que tange aos argumentos do item 15.1, a falta de carimbos foi analisada nos itens 26.9 a 26.12 desta instrução. O fato de a Secom não arquivar as notas de simples remessa, bem como de a gráfica não poder ser penalizada por entregar os impressos nos locais determinados pela Secom, não impede que a gráfica apresente outras vias dos citados documentos fiscais.

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16.9. Desta forma, com base no inc. II do art. 58 da Lei n.º 8.443/92, propõe-se a aplicação de multa aos Srs. Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti.

I-B) Ação: Balanço 18 meses de governo (PIT 04/135)

17. Relativamente a esta ação, a instrução anterior consignou que não houve a comprovação da execução de serviços relativamente a 52.190 (43.887+8.303) exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, que teriam sido impressos pela Web Gráfica e Editora.

17.1. Desse total, 43.887 unidades foram apontadas como pendentes de comprovação (fl. 342), ante a não apresentação de documentos que indicassem sua entrega. Os restantes 8.303 exemplares considerados como pendentes correspondiam à parcela de um total de 48.113 revistas que teriam sido entregues à agência Matisse e a servidores da Secom, pela Gráfica Ipiranga. Foram apresentados recibos dessa gráfica, encarregada pela Web para distribuição de parte das revistas. No entanto, em relação a 8.303 unidades os recibos1 (fls. 30/33, 35/36 do Anexo 2) não foram acatados por apresentarem várias inconsistências. Foi observado que as gráficas Web e Ipiranga possuem o mesmo endereço no sistema CNPJ, além de a sócia-administradora da Ipiranga ser mãe da sócia-administradora da Web.

Alegações de defesa

18. A agência Matisse, em sua defesa, afirma que não tinha conhecimento “desta confusão jurídica entre WEB e IPIRANGA”, e a distribuição das revistas da Web pela Ipiranga foi irregular e totalmente informal (fls. 18 do Anexo 6, destaque nosso).

18.1. Alega que a falta de referência correta das revistas se deu por mero desleixo da gráfica, fato que não surpreende dado aos procedimentos irregulares e informais na distribuição. Pondera que se trata de meros erros materiais, desleixo das gráficas em especificar os lotes, sendo erros comuns numa situação em que a Web resolveu fazer uma distribuição com base em vínculo de confiança e parentesco. Sustenta que a Ipiranga não tinha nenhum contrato com o Governo Federal ou com a agência Matisse para produção de revistas.

18.2. Em relação às 43.887 revistas pendentes, alega que consta nos autos registro de entrega de um primeiro lote da revista, de 30.000 unidades, no dia 15/07/2004 (fls. 81 do Volume Principal), os quais foram entregues em Brasília pela gráfica Web, prescindindo essa entrega da documentação por meio de nota fiscal de remessa ou transporte.

18.3 Em relação aos recibos rejeitados (fls. 30, 31, 32, 33, 35 e 36 do Anexo 2), alega que as inconsistências são falhas de natureza formal, que não prejudicam a comprovação da entrega das revistas.

19. A defesa de Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Moreti (fls. 17/18 do Anexo 5) apresentou declaração da servidora responsável pelo aceite das revistas constantes do recibo de fls. 31 do Anexo 2 (300 unidades), e menciona a entrega de 30.000 exemplares em relatório de atendimento datado de 15/07/2004 (fls. 81 do Volume Principal).

1 Fl. 30, 4.400 exemplares; fl. 31, 300 exemplares; fl. 32, 36 exemplares; fl. 33, 500 exemplares; fl. 35, 3.060; e fl. 36, 7 exemplares; TOTAL: 8.303 exemplares)

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19.1. Afirma que o saldo remanescente, excluídas essas 30.300 revistas, – 21.890 exemplares – constitui parcela inferior a 10% do valor contratado com a gráfica, e aguardam que a gráfica possa encaminhar documentos comprovando as entregas.

19.2. Com relação à liquidação da despesa, alegam boa fé, uma vez que o procedimento era feito com base na notícia de que os exemplares haviam sido entregues ou estavam disponíveis para entrega.

20. A Gráfica Web afirma que todas as revistas sob sua responsabilidade foram entregues. Os exemplares faltantes foram entregues diretamente na Secom da Presidência da República, à Sra. Maria da Penha Pires. Todavia, não apresentou documentos que embasassem a afirmação (fls. 640 – Volume 4).

20.1. Acrescenta que não tem relação alguma com o Governo Federal, e os exemplares não entregues devem ser cobrados da agência Matisse, responsável pelo cumprimento do contrato com a Administração Pública.

Análise das alegações de defesa

21. Com relação à afirmação da Matisse de que não sabia da relação entre a Web e a Ipiranga, há elementos que a contradizem. Algumas das entregas feitas pela Ipiranga foram endereçadas diretamente à agência Matisse e o recebimento foi feito por seus funcionários Milena e Ricardo Tibães (Gerente de Produção da Matisse) (recibos de fls. 29, 30, 32 e 36 do Anexo 2). Assim, a agência não só não tem como alegar desconhecimento dessa distribuição informal, como também aceitou tal procedimento ao receber as revistas sem questioná-lo.

21.1. Os argumentos constantes no item 20.1 não prosperam, pois a agência tinha conhecimento da relação Web com a Ipiranga, e em nenhum momento foi questionada essa relação pela agência que aceitou a forma de distribuição. De fato, ao contrário do afirmado, a Ipiranga tinha relação com o governo e com a agência Matisse, visto que existem 8.500 exemplares da revista cuja impressão foi de responsabilidade da gráfica Ipiranga (fls. 21/36 do Anexo 2 – os recibos de entrega de fls. 30, 32 e 36) têm como recebedor Ricardo Tibães, da agência Matisse.

21.2. Em relação aos recibos de fls. 30, 31, 32, 33, 35 e 36 do Anexo 2, que totalizam 8.303 exemplares, a instrução anterior os havia rejeitado, considerando as seguintes falhas/inconsistências:

Fl. N.º do recibo Quantidade Falha/inconsistência30 8.483 4.400 Descrição: “Rótulo de CD”31 8.497 300 Descrição “Brasil um país de todos”32 8.518 36 “Brasil está cambiando”33 8.523 500 “Brasil está cambiando”35 8.536 3.060 “Brasil está cambiando”36 8.630 7 Descrição “Revistas”

Total: 8.303

21.2.1. Com relação ao recibo de fls. 31, considerando que, apesar do título genérico, a data do recibo é compatível com a data dos demais e com a época de publicação da revista “18 meses” e há a declaração da servidora que atesta o recebimento de 300 exemplares identificados no recibo, pode-se considerar comprovada a entrega dessas revistas.

21.2.2. Em relação ao recibo de fl. 30, a informação de que os CDs foram distribuídos junto com as revistas (fls. 18 do Anexo 6) não é suficiente para comprovar a entrega de 4.400

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exemplares da revista. De fato, o recibo fala em “Rótulo de CD” (e não Rótulo com CD), o que corresponde ao envelope, usualmente de papel, em que é acondicionado o CD para anexação à revista. Não há indício de que a revista efetivamente estivesse inclusa nessa remessa.

21.2.3. De modo análogo, não podem ser acatados os recibos de fls. 32, 33 e 35, porque, embora haja informação de que parte das revistas seriam editadas em espanhol, a NF 5.031 da Web (fl. 122), fatura correspondente a esses serviço, é expressa quanto ao fato de tratar-se de versão em português, enquanto que, dos recibos às fls. 32, 33 e 35, consta o título “Brasil esta cambiando”. Assim, não se trata de meros erros materiais; os recibos apontam, sim, para as revistas impressas na versão em espanhol. O recibo de fl. 36, apesar de corresponder a apenas 7 exemplares, por coerência, não pode ser aceito, já que, além do título genérico, não apresenta recebimento válido.

21.3. Sobre à falta de nota fiscal de remessa relativa a 30.000 exemplares (item 18.2), consideramos que o argumento apresentado não pode ser aceito. Não existe, na legislação que disciplina a liquidação de despesa pública, autorização para recebimento de mercadorias prescindindo de nota fiscal (Lei n.º 4.320/64, art. 63, § 2º c/c Decreto-Lei n.º 200/67, art. 77, e Decreto n.º 93.872/86, art. 36, § 2º, alínea c). Além disso, é vedada pela legislação fiscal o transporte de qualquer mercadoria desacompanhada de documentação fiscal (Convênio SINIEF s/n.º, de 15/12/1970, art. 15) e conhecimento de transporte rodoviário de carga – CTRC – (Convênio SINIEF n.º 06/89, art. 16).

21.3.1. Não pode ser aceita como comprovante de recebimento de 30.000 revistas apenas uma menção em suposto relatório de atendimento da agência (fls. 81, Volume Principal) – sem data, sem assinatura, sem responsável, sem indicação de origem, procedimento esse totalmente informal. Além disto, muitas vezes esses registros não são consistentes: por exemplo, quando no relatório de atendimento consta “entregue na Secom a primeira leva da revista – 30.000 exemplares” no dia 15/07/04 os recibos de fls. 21, 22 e 23 do Anexo 2 apontam a entrega de algumas revistas desde o dia 05/07/04.

21.3.2. Portanto, o registro no relatório de atendimento (procedimento informal no âmbito da agência), as apresentações de orçamentos das subcontratadas, bem como as autorizações da Secom (procedimentos que antecedem a execução dos serviços, para cumprir exigências contratuais) não se prestam à finalidade de, por si só, comprovar entregas de materiais.

21.4. Relativamente à defesa de Luiz Gushiken e demais responsáveis (itens 19 e 19.1), consideramos entregues os 300 exemplares, mas, com relação às 30.000 unidades, mantemos o posicionamento, expresso no item 21.3 acima, de rejeitar as alegações por falta de documentos hábeis para comprovar a entrega do material.

21.5. Em relação aos exemplares restantes, a alegação de boa-fé por considerar entregues os exemplares a partir de notícia da agência (item 19.2) apenas confirma o caráter irregular da conduta dos responsáveis pelo ateste, uma vez que agiram de forma contrária ao disposto na Lei n.º 4.320/64:

Art. 63. A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito.

§ 1° Essa verificação tem por fim apurar:I - a origem e o objeto do que se deve pagar;II - a importância exata a pagar;III - a quem se deve pagar a importância, para extinguir a obrigação.§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base:I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo;II - a nota de empenho;III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço.

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21.6. As alegações da Web a respeito da entrega dos exemplares à Sra. Maria da Penha Pires, por não estarem acompanhadas de qualquer documento que as respaldem, não foram acolhidas. O argumento apresentado de que a gráfica não tem relação com o governo federal (item 20.1) igualmente não tem o condão de afastar a responsabilidade dessa empresa, conforme análise do item 11 desta instrução.

21.7. Portanto, permanece o débito relativo ao pagamento pela publicação de 51.890 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3 (também conhecida como “18 meses de governo”), que custaram aos cofres da União R$ 184.951,52 (custo unitário de R$ 3,27 e 9% de honorários contratuais), pagos por meio da ordem bancária 2004OB909612 (fls. 123 do Volume Principal), solidariamente entre os responsáveis citados.

21.8 Nos termos do Acórdão n.º 1.641/2006 – Plenário, respondem por esse débito, que foi pago pela OB 909612, de 06/08/2004, solidariamente os Srs. Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72), Jafete Abrahão (CPF: 042.884.676-91), Luiz Antônio Moreti (CPF: 514.488.078-91); Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ: 65.561.664/0001-75) e, até o limite de R$ 169.680,30, a Web Editora Ltda. (CNPJ: 03.073.653/0001-99).

I-C) Ação: Balanço 12 meses de governo (PIT 03/110)

22. Com relação a esta ação, a instrução anterior consignou que não houve a comprovação da execução de serviços relativamente a 589.200 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 2, também conhecida como “12 meses de governo” ou “1 ano de governo”, que teriam sido impressos pela Kriativa Gráfica e Editora.

Alegações de defesa

23. A agência Matisse alega que há contradição na instrução que originou a citação, pois foram dados como pendentes de comprovação 600.000 exemplares (589.000 supostamente não-executados e 11.000 enviados ao Partido dos Trabalhadores), quando 3.000 exemplares já haviam sido aceitos na instrução inicial (fls. 250/253) – vide notas fiscais às fls. 159/160 do Volume Principal.

23.1. Apresentou a Nota Fiscal 29.092, referente a 56.000 exemplares, acompanhada da respectiva nota de transporte (fls. 28 e 91/95 do Anexo 6), afirmando que a nota de transporte em questão é similar a outras já aceitas (fls. 37/44 do Anexo 2). Anexou, ainda, documento que seria a discriminação dos destinos das 56.000 revistas (fls. 94/95 do Anexo 6).

23.2. Também anexou cópias das seguintes notas fiscais da gráfica Kriativa, todas com recebimento de servidor da Secom: NF 29.109 (280.000 exemplares), NF 29.060 (112.000 exemplares), NF 29.059 (138.000 exemplares) e NF 29.189 (1.000 exemplares).

24. A defesa apresentada por Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Moreti alegou equívoco da equipe de auditoria a desconsiderar notas fiscais que apresentavam o carimbo dos postos de fiscalização estaduais, bem como dos 56.000 exemplares que teriam sido encaminhados ao Partido dos Trabalhadores.

24.1. A seguir, argumentou que o carimbo dos postos de fiscalização é um requisito de natureza formal que comprova o cumprimento de uma obrigação de natureza tributária de caráter acessório relacionada à legislação do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). No caso em questão, as operações comerciais são imunes ao citado imposto, tornando discutível a simples existência dessa obrigação acessória.

,24.2. Ademais, afirma que a ausência dos carimbos em questão não autoriza que se considerem inexistentes as revistas, as quais foram regularmente recebidas por servidores do quadro da

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Secom – foi anexada declaração da servidora Maria da Penha Pires relativamente aos 533.000 exemplares recebidos na extinta Secretaria.

24.3. Por fim, alega que o saldo de 200 revistas sem comprovação documental – provavelmente entregues pelas gráficas às agências de publicidade – é insignificante.

25. A gráfica Kriativa apresentou apenas alegações genéricas para os fatos apontados, os quais já foram compilados nos itens 15 e 15.1.

Análise das alegações de defesa

26. Nessa ação, teriam sido produzidos 600.000 exemplares pela Kriativa Gráfica e Editora, dos quais 10.800 supostamente teriam sido entregues no Partido dos Trabalhadores (tratado no achado II desta instrução) e os demais 589.2000 constam da relação a seguir:

N.° de exemplares

1.000 NF 029.1892.000 NF 029.318

56.000 NF 029.092280.000 NF 029.109112.000 NF 029.060138.000 NF 029.059

200 sem informaçãoTOTAL: 589.200

26.1. De fato, as NFs 029.189 e 029.318 (fls. 159/160 do Volume Principal), que

totalizam 3.000 exemplares, foram devidamente comprovadas, com carimbos da fiscalização, que atestam o trânsito da material de São Paulo a Brasília, e entrega na extinta Secom.

26.2. A NF 29092 da gráfica Kriativa foi endereçada para a empresa Ideal Transportes Ltda., em São Paulo, e não para a Secom. O serviço contratado junto a essa transportadora corresponderia à NF 4320 da Ideal Transportes, que cobra por serviço de transporte de materiais promocionais “revista 1º ano de governo”. Observa-se, ainda, que há declaração expressa da transportadora (fls. 93 do Anexo 6) no sentido de que foram transportados e entregues “materiais gráficos”, e a tabela de fls. 94/95 do Anexo 6 informa que algumas entregas teriam sido feitas pela Varig, mas a maioria teria sido realizada pela Ideal – algumas destas entregas possuem, na citada tabela, número de conhecimento de transporte associado.

26.3. O documento hábil para a comprovação do transporte seria o conhecimento de transporte de carga rodoviária (CTRC) da Ideal referente às mercadorias transportadas, o que não foi apresentado. A nota fiscal de serviços pode ser emitida para agenciamento de frete. No caso em questão, caso não tenha sido emitido o CTRC, poderia configurar-se possível ilícito fiscal.

26.4. Entretanto, observa-se que i) há compatibilidade entre as datas da NF 29.092 e do suposto envio do material à transportadora; e ii) os nomes constantes na tabela de fls. 94/95 do Anexo 6 coincidem, em sua maioria, com os relacionados na tabela relativa ao suposto envio de 59.500 exemplares da Revista 6 meses ao Partido dos Trabalhadores (fls. 88/89 do Anexo 4, vide item

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31 desta instrução). De todo o modo, os responsáveis pela Secom afirmam que esses exemplares teriam sido destinados ao Partido dos Trabalhadores.

26.5. Vale destacar que, ao contrário de entendimento manifestado pela Matisse (fls. 29, item 211), não foram acatadas as entregas supostamente encaminhadas a diretórios do PT (fls. 37/44 do Anexo 2). De fato, os serviços previstos nas NFs 11.473, 11.474, 11.475, 11.658 integram o débito apontado no item 1.2.2 e 1.2.3 ”c” de fls. 393/394. Ou seja, ao acusarem o recebimento, os responsáveis pela Secom assumem a responsabilidade pela não–comprovação da execução dos serviços que foram pagos (no valor estabelecido nas respectivas notas, correspondente ao número de exemplares mencionado), sem que isso implique a aceitação das NFs mencionadas como prova de recebimento do material originalmente contratado.

26.6. No caso das notas fiscais acima mencionadas, o Acórdão n.º 1.641/2006 – Plenário atribuiu o débito, no âmbito da citação, ao titular da Secom solidariamente com os responsáveis pela atesto e pelo encaminhamento de faturas referentes a essas despesas (item 41 desta instrução). De forma análoga, no caso presente, deve permanecer a responsabilização pelo débito relativo aos 56.000 exemplares (NF 29.092) aos responsáveis Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti, que anuíram a esse encaminhamento, dando causa à não-comprovação da regular aplicação do recurso público.

26.7. Relativamente às NFs 29.109 (280.000 exemplares), 29.060 (112.000 exemplares), 29.059 (138.000 exemplares) – fls. 86/88 do Anexo 6, as quais totalizam 530.000 exemplares, vale destacar que essas notas já haviam sido apresentadas e analisadas na primeira instrução.

26.8. Ressalta-se que a NF 111.842, aceita na instrução de fls. 393, apresenta, em sua 1ª via (fls. 107 do Volume Principal), os carimbos da fiscalização, que não constam às fls. 45/46 do Anexo 2, por se tratar, esta última, de 2ª via, usualmente não carimbada.

26.9. Conforme discutido na instrução de fls. 383/416, notas fiscais, com entrega em estados diferentes dos estados de origem e sem carimbo de fiscalização, foram consideradas insuficientes para, isoladamente, comprovar a efetiva entrega do material.

26.10. Em relação aos carimbos dos postos de fiscalização, observa-se que, embora a fiscalização possa apresentar deficiências, o fato é que, no percurso entre São Paulo e Brasília, há vários pontos de fiscalização. As notas que passaram pelas fiscalizações das receitas estaduais apresentam sempre dois, três ou quatro carimbos, correspondentes à passagem em postos de fiscalização de diferentes estados.

26.11. A ausência completa de carimbos dependeria de as fiscalizações dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás falharem simultaneamente no trecho percorrido, para aquele veículo transportador.

26.12. Ademais, não se trata aqui de considerar que a “falta do carimbo do posto fiscal conduziria à inexistência da revista”. A tese sustentada é, na verdade, outra. Nos termos do art. 93 do Decreto-Lei n.º 200/67, cabe ao responsável comprovar a regular aplicação. Portanto, ante a ausência de conjunto de documentos que evidenciem o recebimento e a destinação das revistas, uma nota fiscal de simples remessa sem os carimbos da fiscalização não pode ser aceita, como documento único com validade legal, para comprovar a efetiva entrega das revistas.

26.13. Dessa forma, tendo em vista a ausência de novos documentos, mantém-se o proposto na instrução anterior, no sentido de considerar não comprovada a entrega do material referente às NFs 29.109 (280.000 exemplares), 29.060 (112.000 exemplares) e 29.059 (138.000 exemplares).

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26.14. As alegações dos demais responsáveis, por não trazerem elementos novos capazes de comprovar a regular aplicação dos recursos públicos, não modificam a análise efetuada nos parágrafos anteriores.

26.15. Portanto, permanece o débito

i) relativo ao pagamento pela publicação de 56.000 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 2 (também conhecida como “12 meses de governo”), que custaram aos cofres da União R$ 150.121,78 (custo unitário de R$ 2,4594 acrescido de 9% de honorários contratuais, pagos por meio da OB 902340, de 08/08/2004), solidariamente entre os Srs. Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), Jafete Abrahão (CPF: 042.884.676-91) e Luiz Antônio Moreti (CPF: 514.488.078-91); e

ii) em relação os demais 530.200 exemplares, no valor de R$ 1.431.624,18 (172.000 exemplares no valor unitário de R$ 2,5143 e 358.200 exemplares ao custo unitário de R$ 2,4594, ambos acrescidos da comissão da agência – 9 %), são solidários pelo débito os Srs. Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72), Jafete Abrahão (CPF: 042.884.676-91) e Luiz Antônio Moreti (CPF: 514.488.078-91), Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ: 65.561.664/0001-75) e Kriativa Gráfica Editora Ltda. (CNPJ: 54.298.407/0001-02), sendo que, para esta última, o débito está limitado a R$ 1.313.416,68.

I-D) Ação: Balanço 6 meses de governo (PIT 03/002)

27. Com relação a esta ação, a instrução anterior consignou que não houve a comprovação da execução de serviços relativamente a 103.750 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 1, também conhecida como “6 meses de governo”, que teriam sido impressos pela Takano Gráfica e Editora Ltda..

Alegações de defesa

28. A defesa da agência Duda Mendonça anexou documentos (fls. 87/127 do Anexo 4) com os quais pretende comprovar a suposta entrega de 59.500 exemplares da revista ao PT, e alegou que o Tribunal deveria intimar a massa falida da gráfica Takano para obtenção de documentação comprobatória da execução dos demais exemplares da revista.

28.1. Os documentos apresentados são: a) uma planilha que informa os destinatários, endereços, quantidades e data referente a entrega de revistas com o título “Revista Primeiros Passos”; b) um relatório de embarque da transportadora que teria feito a entrega das revistas; e c) “minutas de despacho” onde consta a entrega de revistas em diversas localidades.

29. A defesa apresentada por Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Moreti alega que, relativamente a esta edição da revista, “é de se reconhecer que o fato de se tratar da primeira revista de balanço publicada justifica a ausência parcial de comprovações, na esteira da forma precária de controle que sempre marcara o setor no passado”.

29.1. Afirmou o fato de a gráfica estar em processo de falência dificultou a posterior obtenção da documentação comprobatória da entrega, e que, mesmo assim, teria conseguido comprovar a entrega de 59.500 exemplares ao Partido dos Trabalhadores – apresentou cópia da mesma documentação entregue pela agência Duda Mendonça.

29.2. Ademais, alegou ser importante a citação do síndico dativo da massa falida da gráfica Takano, Sr. Luiz Augusto Whinter Rebello Júnior.

30. A gráfica Takano, em processo de falência, foi citada por meio do Ofício n.º 3097/2006-TCU/Secex-6, em 04/10/2006, e não apresentou defesa. Posteriormente, o síndico

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dativo da massa falida da gráfica, Sr. Luiz Augusto Whinter Rebello Júnior (fls. 151 do Anexo 5), foi citado para que se pronunciasse acerca das acusações imputadas à Takano. A citação, feita por meio do Ofício 072/2007-TCU/Secex-6, de 15/02/2007, teve seu recebimento assinado por representante do escritório de advocacia que cuida do caso da falência da gráfica (fls. 796/797 do Volume 5)2 e também não apresentou defesa.

Análise das alegações de defesa

31. As tabelas constantes a fls. 87/89 do Anexo 4, bem como as minutas de despacho às fls. 90/127 do mesmo anexo, consideradas em conjunto, indicariam que os 59.500 exemplares da revista teriam sido encaminhados ao Partido dos Trabalhadores. Apesar de os expedientes encaminhados não constituírem documentação comprobatória completa, observa-se que os próprios responsáveis pela Secom, em sua defesa, afirmam que o material teria sido entregue ao PT. Todavia, conforme análise detalhada no item 40 desta instrução, a suposta entrega ao PT não comprova a regular utilização dos recursos públicos aplicados, razão pela qual permanece o débito em relação aos responsáveis Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti.

31.1. Os argumentos citados no item 29, não justificam a alegada falta de controle no trato da coisa pública. Ademais, o fato de a gráfica encontrar-se atualmente em processo falimentar não justifica as falhas ocorridas à época da contratação e execução dos serviços.

31.2. Desta forma, permanece pendente de comprovação a entrega de 103.750 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 1, também conhecida como “6 meses de governo”, que custaram aos cofres da União R$ 281.587,88 (custo unitário de R$ 2,49 e 9% de honorários contratuais), pagos por meio da ordem bancária 2003OB003017 (fls. 176 do Volume Principal).

31.3. Subsiste, quanto a esse item, o débito apontado no Acórdão n.º 1.641/2006 – Plenário:

i) em relação aos 59.500 exemplares supostamente entregues ao PT, no valor de R$ 161.488,95, são solidariamente responsáveis os Srs. Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), Jafete Abrahão (CPF: 042.884.676-91) e Luiz Antônio Moreti (CPF: 514.488.078-91; e

ii) em relação os demais 44.250 exemplares, no valor de R$ 120.098,93, são solidários pelo débito os Srs. Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72), Jafete Abrahão (CPF: 042.884.676-91) e Luiz Antônio Moreti (CPF: 514.488.078-91), Duda Mendonça e Associados Propaganda Ltda. (CNPJ: 69.227.291/0001-66) e Takano Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ: 56.003.114/0001-40), sendo que, para esta última, o débito está limitado a R$ 110.182,50.

I-E) Ação: Livretos Inclusão Social (PIT 05/086)

32. Com relação a esta ação, a instrução anterior consignou que não houve a comprovação da execução de serviços relativamente a 20.000 exemplares do livreto “Inclusão Social”, os quais teriam sido impressos pela Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

Alegações de defesa

33. A agência Matisse informa que, não obstante os esforços envidados, não possui qualquer documentação referente aos 20.000 livretos pendentes de comprovação. Afirma que o orçamento apresentado pela gráfica Kriativa (fls. 186 do Volume Principal) contém a seguinte ressalva: “reservamo-nos o direito de entregar 10% a mais ou a menos da quantidade solicitada”, 2 O documento foi devolvido ao Tribunal e recebido em 26/02/2007 (fls. 827 do Volume 5).

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concluindo “pela incidência da hipótese ressalvada”, alegando que se trata “da mais costumeira praxe de mercado”, pois, em grandes tiragens é possível que, durante o manuseio do maquinário e os diversos ajustes na sua operação, ocorra uma oscilação de 10% a mais ou a menos da encomenda. Acrescenta que a Secom recebeu os orçamentos coletados pela agência e os aprovou, razão pela qual tinha conhecimento da práxis de mercado. Por fim, requer também que seja também reconhecida a boa-fé da empresa.

34. A defesa apresentada por Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora e Jafete Abrahão afirma que a liquidação da despesa se deu com base na informação de que “a agência estava esperando o endereço de entrega do restante das revistas” – o que demonstra que tal procedimento ocorreu na mais absoluta boa-fé.

34.1. Alega que o total de revistas com comprovação pendente representa 4% do quantitativo total impresso, “fato que pode ter ensejado a aplicação da ressalva constante do documento de fls. 186”, “circunstância que pode ter conduzido ao eventual erro na afirmação constante de fls. 180, dando conta da plena disponibilidade do material impresso, informação esta que levou à liquidação”. Acrescenta que não houve dolo na conduta “eventualmente equivocada” de se promover à liquidação dessa despesa pública.

34.2. Afirma que se recorria às próprias agências contratadas para, a partir da notícia confirmando a disponibilidade o material, promover sua liquidação; era obrigação da contratada administrar e executar todos os contratos firmados com terceiros, bem como responder por todos estes contratos perante à Administração (Cláusula 5.1.24), concluindo que “era lícito o procedimento de contar com a participação das agências no processo de liquidação dos serviços contratados”.

34.3. Por fim, esperam que, na hipótese de a gráfica não lograr êxito em demonstrar a entrega dos 20.000 livretos, o Tribunal reconheça sua boa-fé, “na certeza de que os exemplares estavam impressos e haviam sido entregues (ou estavam disponíveis).”

35. A gráfica Kriativa apresentou apenas alegações genéricas para os fatos apontados, os quais já foram compilados nos itens 15 e 15.1.

Análise das alegações de defesa

36. No que tange à alegação da suposta “quebra” de até 10% constante na proposta da gráfica, concordamos com a possibilidade de ocorrência de tal perda. Entretanto, a despeito de tal circunstância, que a Administração não pode pagar por mercadoria que não foi entregue ou por serviço que não foi prestado. Nos casos de quebra, o pagamento de ser reduzido de forma proporcional. Em alguns casos, os orçamentos das gráficas fazem menção à redução no pagamento: “Qualquer serviço gráfico pode sofrer uma variação de 10% (para mais ou para menos) em relação à quantidade inicialmente pedida. Nesse caso, o custo final acompanhará essa variação.” (fls. 22, fls. 94)

36.1. Relativamente ao ateste com base em informações equivocadas (itens 34 a 34.2), tais afirmações apenas corroboram a prática de atesto temerário da despesa, uma vez que o responsável procedeu à liquidação apenas com base de informação de disponibilidade, ou seja, sem qualquer prova concreta da execução do objeto. A Administração não pode simplesmente confiar na informação de terceiros de que os serviços foram executados ou que os materiais foram entregues.

36.2. Dessa forma, permanecem pendentes de comprovação os 20.000 exemplares do livreto “Inclusão Social”, os quais custaram aos cofres da União R$ 45.038,80 (custo unitário de R$ 2,066 e 9% de honorários contratuais), pagos por meio da ordem bancária 2005OB908065 (fls. 195 do Volume Principal). Respondem solidariamente por esse valor os mesmos responsáveis relacionados no Acórdão n.º 1.641/2006 – Plenário, no limites lá estabelecidos.

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II) ACHADO: MATERIAL SUPOSTAMENTE ENTREGUE AO PARTIDO DOS TRABALHADORES

37. Com relação a esse achado, a defesa apresentada preocupou caracterizar a entrega das edições da revista aos diretórios do Partido dos Trabalhadores e demonstrar a licitude do ato de utilizar o partido político como canal de distribuição. Por esta razão, não será feita a análise individualizada para cada umas das ações que tiveram exemplares entregues à entidade.

37.1. A instrução anterior consignou que não houve a comprovação da regular aplicação de recursos públicos utilizados na impressão dos seguintes exemplares supostamente distribuídos ao Partido dos Trabalhadores:

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Impresso Quantidade

Valor Total (R$)

Ordem Bancária

Data da OB

Revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 4

376.640 1.794.049,31 2005OB900236 18/01/2005

Revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3

208.000 741.374,40 2004OB909612 06/08/2004

Revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3

88.000 313.658,40 2004OB909613 06/08/2004

Revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3

246.500 878.599,95 2004OB908970 26/07/2004

Revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 2

10.800 28.952,06 2004OB901996 03/03/2004

Alegações de defesa

38. Os argumentos apresentados na defesa de Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Moreti com relação a este ponto encontram-se a fls. 21/37 do Anexo 5.

38.1. Inicialmente, argumenta-se que o Tribunal não poderia ter deixado de chamar o Partido dos Trabalhadores (PT), para que se pronunciasse sobre os fatos, haja vista o entendimento de que o relatório faz inferência a um possível benefício obtido pelo citado partido político, o que, em tese, pode resultar em imputação de débito (fls. 21 do Anexo 5).

38.2. Tratou da questão da licitude da utilização de partido político como canal de distribuição de material impresso por órgão do governo, o qual se destinava a informar à população em geral as atividades empreendidas pela Administração, ou seja, trata-se de material que retrata a atuação do Governo, que permite amplo controle social sobre a forma como os recursos públicos têm sido gastos, não havendo qualquer tipo de promoção do Partido dos Trabalhadores – citou o normativo que regulamenta a publicidade institucional (Decreto n.º 4.799/2003).

38.2.1. Acrescentou que, “assim como podia confeccionar esse material informativo, podia a Secom, igualmente, valer-se, para sua distribuição, de membros do Partido dos Trabalhadores”, que conta com facilidade de distribuição e grande capilaridade, não se vislumbrando qualquer confusão entre as personalidades do partido e do Governo.

38.2.2. Pondera que os informativos não tinham finalidade de projetar a imagem pessoal do presidente da República, nem do Partido dos Trabalhadores, ou seja, não há como sustentar que teria sido elaborada propaganda partidária com dinheiro público.

38.2.3. A seguir, argumentou que, no Acórdão n.º 2.062/2006 – TCU/Plenário, o Ministro Relator expôs o seguinte raciocínio: “há de se reconhecer que a imagem do governo, com freqüência, está intrinsecamente vinculada à imagem do governante, e, por isso, a promoção da imagem institucional repercute diretamente como promoção da autoridade em exercício”.

38.2.4. Afirma que, “ao distribuir uma revista de balanço de ações governamentais, um cidadão, seja ele membro de um partido político ou não, agente público ou não, não está concedendo benefícios ao cidadão, mas sim difundindo informações e realizando uma atividade de interesse público”. Acrescenta que “a personalização desse ato de entrega de material impresso não desnatura o material impresso enquanto tal, nem credencia o distribuidor por esse fato”. Pondera que “a simples distribuição do material, de cunho institucional por pessoas que se dispunham a gratuitamente

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promover a distribuição, servindo de instrumento de veiculação da comunicação pública, não configurou qualquer ilegalidade, mas simples ato de colaboração com a administração pública”.

38.2.5. Acrescenta que o serviço de distribuição dos exemplares prestado pelo Partido dos Trabalhadores, ao contribuir para a disseminação dos informativos, pode ser convertido em pecúnia – tem valor econômico – ou seja, os recursos (com a distribuição de revistas) foram repassados do partido para o governo, e não o inverso, razão pela qual seria descabido falar em favorecimento indevido do partido.

38.2.6. Continuando a mesma linha de raciocínio, fez um comparativo com o instituto da doação. Alega que Lei de Licitações nada dispõe sobre a necessidade de licitação para que o governo aceite um serviço oferecido gratuitamente por terceiros, sem qualquer contraprestação. Assim, não há como considerar a distribuição do material como uma ilegalidade per si, por que é fato que o Poder Público se beneficiou desse ato.

38.2.7. Alegam os responsáveis que “haveria irregularidade se o governo confeccionasse ou distribuísse material institucional do próprio partido. Isso seria a aplicação de recursos públicos para fins de promoção partidária, o que é vedado pela já citada Lei n.º 9.096/95. Essa norma visa segregar a coisa pública de eventuais interesses privados no âmbito do partido. Concretizada essa situação hipotética, o que somente se admite para argumentar, as críticas seriam pertinentes, mas não foi isso o que ocorreu nas hipóteses analisadas nos presentes autos.”

38.3. Em seguida, ataca a possibilidade de que se considere o material entregue ao Partido dos Trabalhadores como não-executado, presumindo que, pelas pessoas que foram responsabilizadas (excluídas as gráficas e agências de publicidade), que os exemplares efetivamente foram impressos e entregues à distribuição por intermédio do partido.

38.3.1. Afirmam que se está diante de farto material comprobatório da distribuição do material, pois, além da documentação que já se encontrava apensada aos autos, novos elementos foram trazidos junto com a defesa apresentada, tendo citado alguns deles, e argumentando que o Tribunal poderia obter mais evidências junto às gráficas e às transportadoras.

38.3.2. Como prova de que as revistas recebidas pelo PT foram distribuídas são apresentadas comprovantes de pagamentos e conhecimentos de transporte rodoviário de carga (CTRCs) da empresa de transporte Atlas Ltda. referentes ao material promocional (descrição que consta nos documentos à fls. 194/254) enviado para os diretórios do PT em diversos estados da federação, o que, de acordo com a defesa apresentada, seriam as revistas pendentes de comprovação.

38.4. Acrescenta, também, que o Tribunal poderá, na fase de instrução, promover diligências junto às gráficas, para conseguir demonstração, por controles de estoque e registros de ocupação de mão de obra, da impressão de todos os exemplares.

38.5. Continuando, fez um comparativo entre as várias formas de veiculação de propaganda, considerando o público-alvo e o custo de cada uma delas, ponderando que, caso o material fosse disponibilizado em repartições públicas (e.g., agências da Receita Federal e do INSS), o objetivo de divulgar as informações poderia não ser alcançado, pois as pessoas poderiam retirar as revistas para destrui-las ou para vender como papel velho, por exemplo.

38.6. A seguir, apresentou um histórico da sistemática de distribuição de impressos por parte da Secom, à fls. 33/37 do Anexo 5, afirmando que tal prática não constitui inovação do atual governo – apenas inovou-se na publicação de revistas periódicas de balanço e na tiragem das revistas.

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38.6.1. Alega que o aumento de tiragem deveu-se à centralização da comunicação institucional – o que proporciona maior transparência na utilização dos recursos públicos nessa área – haja vista a Secom estar fazendo um trabalho que antes era realizado por vários ministérios, muitas vezes com a utilização de recursos de empresas públicas.

38.6.2. Argumenta que, ao se ampliar as tiragens das publicações, aumentam os problemas logísticos relacionados à distribuição do material impresso.

38.6.3. Ademais, informa que, mesmo quando houve material impresso em quantidades menores, não havia registro dos destinatários das publicações, concluindo que tal despreocupação em identificar os destinatários “decorre do fato de que quem quer que tenham sido esses destinatários, são eles cidadãos que tinham o legítimo direito de receber dos órgãos públicos informações de seu particular interesse relacionados à gestão pública”, o que explica o reduzido controle na destinação dos impressos.

38.6.4. Por fim, apresenta a seguinte conclusão (fl. 37):

A novidade, portanto, no caso dos presentes autos, foi a entrega direta e reconhecida a diretórios do Partido dos Trabalhadores, cujos membros são presumíveis interessados em participar do esforço de divulgação dos balanços governamentais. Trata-se de cidadãos de quem não se teme que possam vir a não distribuir os exemplares, a destruí-los ou a dar-lhes destinação que não seja a entrega dos mesmos a outros cidadãos.

Análise das alegações de defesa

39. Com relação à alegação de que o PT não foi chamado aos autos do processo, observa-se que o partido foi envolvido neste processo em decorrência da apresentação de notas para entrega no endereço da sede do partido em São Paulo. Essa circunstância, no entanto, não gera vínculo com a Administração que permita responsabilizar o partido. Assim, não há elo que justifique imputação de débito ao Partido dos Trabalhadores, haja vista que a irregularidade teria sido cometida pelos servidores da Secom ao determinar o envio dos impressos ao partido político. Não há elementos que permitam atribuir responsabilidade subjetiva ao PT pelo recebimento indevido. Assim, por esse motivo, não caberia citar ou chamar em audiência o Partido dos Trabalhadores.

40. Os responsáveis foram citados ante a não-comprovação da aplicação dos recursos destinados à impressão das revistas. Considerou-se que a nota fiscal tendo como destinatário o Partido dos Trabalhadores não é documento hábil para comprovar a entrega dos exemplares de revistas.

40.1. Nessa linha, observa-se que os CTRCs às fls. 98/149 e 194/254 não são suficientes para constatar a remessa das revistas, pois não fazem uma discriminação das mercadorias transportadas que permita caracterizá-las como sendo as revistas questionadas. Ademais, nos CTRCs são mencionadas notas fiscais que não foram apresentadas ao Tribunal. Além disso, conforme já dito, a descrição dos materiais transportados menciona apenas “MATERIAL PROMOCIONAL”. Assim, não foi estabelecido nexo entre o material transportado e as revistas.

40.1.1. Da forma como teria sido operacionalizada a entrega, o material produzido pela gráfica não teria sido verificado por representante da administração, uma vez que da gráfica o material teria sido entregue diretamente ao PT. Na seqüência, a entrega final aos supostos destinatários ocorreria por conta do PT, sem que tivesse havido qualquer menção sobre a atuação da administração na definição das instituições ou pessoas físicas que receberiam os exemplares. Ou seja, a Secom pagou por mais de 900.000 revistas, ao custo de R$ 3.756.634,12, em relação às quais não verificou o material que supostamente teria sido impresso nem participou da distribuição.

40.2. Caso se aceitassem os comprovantes como sendo referentes ao envio das revistas para os diretórios estaduais, a descrição “MATERIAL PROMOCIONAL” seria mais um indicativo

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que reforçaria o uso político das revistas com o potencial de se constituir em propaganda partidária, configurando objetivos promocionais do citado partido.

40.2.1. É interessante observar que o CRTC de fls. 211 do Anexo 5 apresenta como destinatários do “MATERIAL PROMOCIONAL” (conforme descrito) o Diretório Estadual do PT em Brasília, com endereço no SDS s/n Bloco D, Loja 33, Setor de Diversões Sul, Brasília-DF, CEP 70.392-901. Da mesma forma, observa-se que na revista de 18 meses, dentre as NFs de remessa das revistas da gráfica WEB para diretórios estaduais do PT (fls. 8 a 20, Anexo 2), encontra-se a NF nº 5.095, de 03/08/04, referente a 10.000 revistas, tendo como destinatário Diretório Estadual do PT em Brasília, com endereço no SDS Bloco D, nº 60, Loja 33, Setor de Diversões Sul, Brasília-DF, CEP 70.392-901 (fls. 20, Anexo 2).

40.2.2. Ora, tais entregas deveriam ter sido feitas na Secom em Brasília. Nada justifica que materiais pagos com dinheiro público sejam entregues a partidos políticos em Brasília quando deveriam ser entregues no órgão federal que efetuou sua compra, que funciona na mesma cidade.

40.3. Quanto à suposta entrega ao PT, destaca-se a impossibilidade de haver instrumento celebrado entre a Secom e o Partido dos Trabalhadores que pudesse respaldar a destinação dos exemplares à entidade. Um contrato seria firmado entre partes que tivessem interesses opostos, onde uma prestação corresponde a uma contraprestação – o que não seria o caso, conforme os argumentos apresentados pelos responsáveis que constam nos itens 38.2.4 a 38.2.6. Um convênio, ou instrumento equivalente – e.g., termo de parceria – seria firmado entre partes que tivessem interesses comuns. Como exemplo hipotético, podemos citar a manutenção de uma unidade de saúde, mantida pela prefeitura e pelo estado da federação. Também não seria o caso em tela, pois admitir isto seria aceitar a tese de que o Partido dos Trabalhadores teria interesse na divulgação de tais informações – como, diga-se de passagem, os próprios responsáveis afirmaram (item 38.6.4). Nesse caso, estaria configurada a confusão entre partido político e governo.

40.3.1. O fato é que, na impossibilidade de haver tal instrumento, a destinação de material impresso – no caso, um bem público por que pago com recursos públicos – ao Partido dos Trabalhadores consistiria numa doação de bem público a particular, o que caracterizaria evidente afronta ao disposto do art. 17, inc. I, alínea b, da Lei n.º 8.666/93, uma vez que a doação pode ser feita exclusivamente para outro órgão ou entidade da Administração Pública, de qualquer esfera de governo.

40.3.2. Assim, a argumentação de que a suposta distribuição das revistas pelo partido político teria gerado uma economia aos cofre públicos não se sustenta, uma vez que a prática não possui qualquer respaldo legal ou contratual, e não há delegação de tarefas que possibilite comprovar a distribuição do material por parte dos diretórios regionais que supostamente teriam recebido o material impresso.

40.4. No que tange às alegações de que os informativos não tinham finalidade de projetar a imagem pessoal do presidente da República, nem do Partido dos Trabalhadores (itens 38.2.2 e 38.2.3), concordamos parcialmente com a linha de raciocínio construída.

40.4.1. Realmente, o limite entre a promoção do governo e a do seu governante é muito tênue. No entanto, esses limites, difíceis de estabelecer em tese, podem tornar-se mais claros a vista de situações concretas. Nesse sentido, a suposta distribuição, pelo PT, de revistas que integram uma série iniciada em 2003, relatando os feitos do governo, teria, efetivamente, o potencial de ser revertido em benefício do partido. Como analisado nos itens referentes ao achado IV (item 83 e subitens), trechos dessas revistas não se restringem a informar o desempenho de programas do governo federal e enfatizam especificamente realizações e melhorias que seriam decorrentes da gestão iniciada em 2003.

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40.4.2 Ademais, o procedimento adotado, que não contemplou a verificação, pela administração, do material supostamente entregue, não permite atestar que tenham sido entregues exemplares da revista, nem mesmo, como já apontado na instrução anterior, permite afastar a possibilidade de que os documentos fiscais tenham constituído apenas crédito do partido para com as gráficas.

40.5. Sobre a possibilidade de buscar novas provas, deve-se esclarecer que a responsabilidade pela comprovação da regular aplicação dos recursos públicos é do próprio responsável, conforme previsto no art. 93 do Decreto-Lei n.º 200/67:

Art. 93. Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes.

40.6. Quanto aos argumentos sobre a sistemática de distribuição ao longo do tempo, entendemos que o órgão deveria ter uma infra-estrutura mínima para remetê-las ao seu público-alvo, ou, alternativamente, contratar uma empresa para fazê-lo. A opção de fazer a distribuição via partido político não encontra respaldo, conforme já registrado nos itens 40.3 a 40.3.2.

40.7. Assim, por tudo o que foi exposto, consideramos que não restou comprovada a regular aplicação dos recursos públicos referentes ao pagamento pela impressão dos exemplares que teriam sido enviados ao Partido dos Trabalhadores. Subsistem os exatos termos da instrução anterior destes autos (fls. 383/411), da qual é pertinente destacar os seguintes trechos:

O órgão não apresentou os instrumentos que teriam assegurado a responsabilidade pelo recebimento das revistas e o compromisso de dar-lhes a destinação para a qual foram pretensamente produzidas . Registre-se que a ausência de tais instrumentos reflete a transferência da guarda de recursos públicos a uma entidade particular sem a obrigação de prestar contas. Assim, não haveria como o órgão cobrar da entidade a boa e regular utilização desses recursos, em prejuízo ao disposto no art. 93 do Decreto-Lei 200/67, que, in verbis, dispõe:

Art. 93. Quem quer que utilize dinheiros públicos terá de justificar seu bom e regular emprego na conformidade das leis, regulamentos e normas emanadas das autoridades administrativas competentes.

Portanto, notas fiscais referentes à entrega das revistas ao Partido dos Trabalhadores, rubricadas por pessoal sem identificação funcional e sem qualquer vínculo estabelecendo a competência para, em nome da Administração Pública, dar recebimento a bens que totalizam R$ 3.756.634,12, não são documentos hábeis para comprovar a efetiva entrega das revistas nem a aplicação dos recursos que custearam sua impressão.

Ainda que se admitissem como efetivamente entregues as revistas encaminhadas ao PT, não restaria afastada a configuração de débito, pois a entrega a ente privado não comprova a distribuição das revistas para o público alvo conforme interesse da Administração Pública.

..........

Destaque-se que o procedimento de distribuição das revistas registrado no Ofício 912 Secom/SG-PR foi expressamente citado pelo Sr. Luiz Gushiken em documento intitulado “CPI dos Correios, Secom/Gushiken, Fatos & Verdade”, de março de 2006. Nesse sentido, vale destacar o trecho em que o ex-Secretário se reporta aos fatos tratados na instrução inicial que foram divulgados pela imprensa, verbis (fls. 371/372):

“Na data em que foi concluído o relatório, o TCU não contava com toda a documentação comprobatória, uma vez que a distribuição de material impresso é feita de forma descentralizada (alternativa mais econômica do que manter a totalidade da distribuição via Brasília).

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Foram objeto de questionamento os seguintes materiais: Balanço: 6 meses de Governo; Balanço: 12 meses de Governo; Balanço: 18 meses; Encarte do Boletim Em Questão; Balanço: 24 meses de Governo.

A distribuição obedecia ao seguinte processo de trabalho:

a) a Secom indicava às agências de propaganda responsáveis pelas ações de comunicação (folhetos, cartazes, revistas, etc.) o destino final do material produzido, para qualquer ponto do território nacional;

b) as agências de propaganda, em seguida, informavam às gráficas o local efetivo da entrega.

Portanto, nem toda a documentação de remessa comprobatória do transporte de material gráfico contratado encontrava-se na Secom (em Brasília), mas sim junto às agências de propaganda, gráficas e outras instituições que se dispuseram a distribuir material impresso. [sem grifos no original]”

A conjunção dessas informações, aliada à expressiva quantidade de revistas encaminhadas ao partido político, corrobora o entendimento da responsabilização do ex-Secretário no episódio.

Além disso, pela forma desidiosa no trato dos recursos públicos, não há como afastar a responsabilidade dos servidores que contribuíram diretamente para o pagamento das despesas: o Sr. Luiz Antônio Moreti, que atestou a execução dos serviços, e o Sr. Jafete Abrahão, que encaminhou à Secretaria de Administração da Presidência da República as respectivas notas fiscais para pagamento .

.........

A inusitada situação do encaminhamento das revistas ao Partido dos Trabalhadores será considerada na presente instrução, tendo em vista os elementos presentes nos autos. Todavia, considerando, além do que foi dito, que não houve o envolvimento de nenhum outro partido político no episódio, não se pode afastar a hipótese, segundo a qual os documentos fiscais direcionados ao PT poderiam ter servido apenas para constituir crédito do partido para com as gráficas. Essa é uma hipótese cuja comprovação necessitaria de instrumentos de que não dispõe este Tribunal. Por essa razão, propõe-se, desde já, que seja encaminhada cópia desta instrução ao Ministério Público da União para as providências que entender cabíveis.

40.8 Dessa forma, persiste, em sua totalidade, o débito apontado no item 9.5 do Acórdão n.º 1.641/2006 – Plenário, solidariamente entre os Srs. Luiz Gushiken (CPF: 489.118.798-00), Jafete Abrahão (CPF: 042.884.676-91) e Luiz Antônio Moreti (CPF: 514.488.078-91), nos valores a seguir discriminados:

Valor Histórico (R$) Data da ocorrência28.952,00 03/03/2004878.599,95 26/07/2004741.374,40 06/08/2004313.658,40 06/08/2004

1.794.049,31 18/01/2005

III) ACHADO: SOBREPREÇO NA EXECUÇÃO DE SERVIÇOS GRÁFICOS

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41. Em razão da concentração em pequeno número de gráficas nas subcontratações das agências, apesar da razoável demanda da Secom/PR, a equipe de auditoria resolveu investigar a compatibilidade dos preços pagos a essas empresas com os praticados no mercado. Para isso, foram realizadas, por via institucional em nome do TCU, junto a gráficas idôneas e com capacidade técnica para a realização dos serviços, pesquisas de preços para impressão de revistas e livretos com as exatas especificações dos serviços gráficos subcontratados pelas agências (fls. 71/77, 135/141, 162/165, 177/178 e 199/201 do Volume Principal). Com base nesses dados, apurou-se a ocorrência de sobrepreço na execução dos serviços gráficos, conforme tabela a seguir:

Ação Preço unitário cobrado pelas

gráficas subcontratadas

(R$)

Preço unitário cotado pelo

Tribunal (R$) (1)

Sobrepreço

apurado (%)

Tiragem total (considerando

todas as impressões)

Revista “6 meses de governo”

2,49 2,14 16,36 140.000

Revista “1 ano de governo”

2,4754 (2) 2,06 19,39 600.000

Revista “18 meses de governo”

3,27 2,25 45,30 1.020.000

Encarte “18 meses de governo”

0,698 0,25 179,20 1.020.000

Revista “2 anos de governo”

4,37 2,12 106,13 1.200.000

Encarte “2 anos de governo”

0,2983 0,13 129,46 600.000

Livretos “Inclusão Social”

2,066 0,68 203,82 500.000

(1) Maior dos três valores obtidos.(2) Média ponderada dos valores, considerando que a tiragem de 425.000 exemplares apresentou

custo unitário de R$ 2,4594 e a de 175.000 exemplares, R$ 2,51.

41.1. Diante da situação verificada, foi feita a citação dos responsáveis apontados pela equipe de auditoria, alguns dos quais apresentaram, em complemento às alegações, parecer, elaborado pelo Drs. Arthur Barrionuevo Filho e Cláudio Ribeiro de Lucinda, intitulado “A Formação de Preços na Indústria Gráfica e a Comparação de Preços Realizada no Processo TC 017.951/2005” (fls. 31/70 do Anexo 4).

41.2. Na seqüência, são destacados os aspectos principais do referido parecer, por abranger a todas as ações citadas neste achado, e são formuladas considerações pertinentes, para, a seguir analisar as demais alegações específicas apresentadas.

Do Parecer

42. O citado parecer teria como objetivos principais: a) aferir a sustentabilidade da metodologia adotada pelo TCU; e b) verificar se os preços praticados podem ser considerados como preços de mercado (“normais”). Deste modo, foram propostas duas questões:

– verificar até que ponto a tomada de preços, realizada pelos auditores, sem considerar os fatores específicos que determinam a formação de preços na indústria gráfica e sem uma base estatística mais abrangente, são adequados para verificar como abusivos os preços efetivos dos serviços prestados; e

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– tendo em vista que o objetivo do questionamento dos auditores do TCU sobre o valor da prestação de serviços gráficos é o de garantir que o setor público não pague preços excessivos por tais serviços, e como não há como definir o “preço normal”, a não ser o preço praticado no mercado por serviços de características semelhantes, em termos de qualidade, tiragens e prazos, verificar se os preços praticados podem ser caracterizados como de mercado.

42.1. Afirmam os pareceristas que a comparação de preços, para ser válida, deveria ser feita em relação a trabalhos semelhantes, e, mais ainda, contratados e executados à mesma época, o que aumentaria o custo da busca de informação.

43. Em seguida, apresentam as características do setor de serviços gráficos, o qual possuiria uma gama variada de estabelecimentos, desde alguns com produção doméstica (quase artesanal) – com a disseminação da informática, a escala mínima de produção reduziu bastante – até grandes empresas.

43.1. Informam que, para as análises realizadas no presente trabalho, o enfoque se deu em três empresas do setor gráfico – quais sejam, Pancrom, Burti e Kriativa – doravante denominada Litokromia, as quais se dispuseram a fornecer grande volume de informações necessárias à realização de um estudo a respeito da formação de seus preços.

43.2. Acrescentam que, na confecção de “produtos comerciais genéricos”, seriam levados em consideração a qualidade e o custo, com predominância deste último, ao passo que quando se trata de “produtos comerciais especializados”, a confiabilidade seria muito importante para a definição de compra. Portanto, a análise deste mercado deveria considerar a existência de produtos diferenciados.

43.3. Ponderam que não haveria uma separação estrita entre os segmentos que prestam os serviços arrolados no parágrafo anterior, pois existiria uma grande intersecção no lado da oferta entre os prestadores de serviço, já que empresas capacitadas a prestar “serviços comerciais especializados” poderiam prestar “serviços comerciais genéricos”. Por outro lado, as empresas que entram no mercado, prestando “serviços comerciais genéricos” poderiam, gradualmente, construir reputação e prestar “serviços comerciais especializados”. Assim, a formação dos preços dependeria do conjunto das empresas que atuam nos dois segmentos.

43.4. No segmento de serviços comerciais genéricos”, existiria um grande número de competidores (mercado desconcentrado), pois as barreiras à entrada (investimento em planta, distribuição e marca) são pouco significativas. Todavia, quando os serviços se tornam mais sofisticados, como no caso dos “serviços comerciais especializados”, ou quando a magnitude da encomenda reduz o universo de empresas com capacidade produtiva para realizá-la no tempo requerido, o mercado apresentaria estrutura mais concentrada. Menor número de empresas seriam capazes de atender às necessidades dos demandantes, o que faria com que empresas que possuem maior qualidade ou detenham capacidade de produção expressiva pudessem fixar preços mais elevados, dada a diferenciação que sua capacitação lhes proporciona, o que nem por isso qualificaria estes preços como preços superiores aos praticados no mercado.

43.5. Em seguida, apresentam as tecnologias de produção, fatores que delimitariam o tipo de serviço que uma empresa poderia prestar, mantendo a qualidade:

a) gráficas planas bicolores – podem imprimir encomendas de material com duas cores, ou, se o serviço exigir maior número de cores, haverá necessidade de reprocessar o material, com queda de qualidade;

b) gráficas planas multicores – capazes de imprimir encomendas que apresentam entre quatro e dez cores, sem necessidade de retrabalho e com manutenção da qualidade;

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c) gráficas rotativas – com alta capacidade de produção, entre 3 a 4 vezes a capacidade de uma gráfica plana.

43.6. Para finalizar esta parte, mencionam a inexistência da informação sobre qualidade nesse mercado e reafirma a importância da reputação e da história da empresa:

A segunda ordem de fatores diz respeito à falta de informação que o comprador, muitas vezes, tem a respeito da qualidade do produto ou serviço contratado. Esse tema abordado por Akerloff (1970) mostra os efeitos danosos da inexistência de informação sobre qualidade no mercado, o que leva à expulsão dos produtores de maior qualidade ou ao próprio desaparecimento do mercado, pois o comprador corre o risco de estar comprando um produto de qualidade inferior como se fosse de alta qualidade. Daí a importância da reputação e da história da empresa para estabelecer a confiança dos compradores, o que serve de base econômica para uma dependência mútua. Evidentemente, tal relação também tem impacto sobre o preço dos serviços realizados (destaque nosso)

44. A seguir, tecem comentários acerca das cotações de preços realizadas pelo Tribunal, atacando, inicialmente, o fato de que estas teriam desconsiderado as características do mercado, descritas anteriormente.

44.1. Assim, tal metodologia careceria de reparos, pois suas cotações: a) não tratariam de serviços efetivamente realizados, mas apenas a algumas cotações, como um número limitado de gráficas; b) não apontariam o prazo de execução e, geralmente, as tiragens cotadas seriam muito menores do que as que foram efetivamente contratadas; e c) não teriam sido realizadas na mesma época em que os contratos foram efetivados, quando se sabem que existiriam fatores sazonais que influenciariam preços (e.g., o período próximo ao Natal normalmente apresenta demanda aquecida, ou um maior ou menor aquecimento da economia do país no momento das cotações).

44.2. Acrescentam que uma “comparação mais robusta” não poderia ignorar estes fatos, comparando os preços com aqueles praticados com longo período de distância, por vezes superior a dois anos.

44.3. A seguir, fazem ponderações acerca da utilização da amostragem. Afirmam que, para estimar um preço médio ou máximo a partir de uma amostra destas gráficas e inferir sobre o preço que deveria ser cobrado por um determinado serviço, seria necessário selecionar aleatoriamente gráficas com a mesma capacidade técnica e serviços com as exatas especificações. Assim, se somente serviços com baixa tiragem forem amostrados, não seria possível fazer inferência para serviços com alta tiragem.

44.4. Anotam que, nas cotações realizadas pelo TCU, os serviços amostrados teriam uma tiragem menor do que aquela cotada pelas agências de publicidade e que não haveria informação de como as gráficas foram selecionadas – se sob critérios de amostra ou não. Desta forma, não haveria como fazer inferência estatística sobre parâmetro de preço algum (médio, mediano, máximo, mínimo, etc.) de um serviço com tiragens maiores de forma probabilística. Rebatem também a argumentação de que a diferença entre as cotações seria maior do que as observadas se as tiragens fossem iguais àquelas do serviço subcontratado, o que não teria sido comprovado.

45. A análise econométrica realizada pelos consultores teria sido feita com base nos dados constantes em ordens de serviço fornecidas sob confidencialidade pelas gráficas citadas no item 44.1. Antes de informar os resultados obtidos com a análise, tecem alguns comentários in abstracto sobre econometria e sobre o modelo econométrico utilizado (fls. 46/53).

45.1. Passando à aplicação do modelo, informam que teriam sido computadas 8.052 ordens de serviço realizadas pelas gráficas Litokromia, Burti e Pancrom, para os setores públicos e privado, no ano de 2004.

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45.2. A seguir, apresentam um histograma dos valores dos preços de venda, tecendo o seguinte comentário:

Pode-se notar, a partir desta figura, que existe uma distribuição dos preços de venda bastante concentrada em valores baixos. Esta é uma das justificativas para a extensão da metodologia discutida mais adiante. Note-se que tal distribuição indica que, possivelmente, uma parcela muito significativa dos serviços realizados pelas gráficas [Litokromia, Burti e Pancrom] refere-se a serviços comerciais genéricos, onde a competição por preços, dada a menor diferenciação de qualidade, é mais intensa do que no caso dos serviços comerciais especializados.

Deste modo, a competição existente entre as três empresas gráficas e os outros ofertantes de serviços gráficos e a facilidade de entrada nessa indústria apontam para um indício forte de que as condições de preços entre as três empresas, apesar dos seus limites estatísticos, devem refletir com bastante proximidade as condições do setor como um todo

45.3. Informam que constava do banco de dados das ordens de serviço as seguintes informações: natureza do cliente, data do pedido e data da entrega, preço de venda, comissões de vendas, custo financeiro, mão-de-obra, laminação da capa, acondicionamento do material, serviços de terceiros e demais custos de produção/transformação, número de páginas no original em 4 cores, número de páginas no original em 2 cores, número de páginas no original em preto e branco, preço e quantidade do papel acima de 120 g/m², preço e quantidade do papel abaixo de 120 g/m², preço e quantidade das chapas utilizadas, preço e quantidade de tinta utilizada, tiragem, etc.

45.4. A partir desta base de dados, foram construídas as seguintes variáveis para descrever o modelo: preço, mão-de-obra (quantidade), dummy Natal, interação Natal x mão-de-obra (quantidade), preço do papel com gramatura acima de 120 g/m², preço do papel com gramatura abaixo de 120 g/m², preço da chapa, tiragem, dummy Litokromia e dummy Pancron.

45.4.1. Relativamente ao preço do papel, ressaltam que se trata de mercadoria cotada em dólares, cujo preço flutuaria de acordo com o preço no mercado internacional, e seria influenciado pela taxa de câmbio no Brasil. A variável quantidade de mão-de-obra teria agregado os valores registrados nas rubricas mão-de-obra, serviços de terceiros, frete e laminação, tendo sido convertidos em número de horas de trabalho usando o custo de uma hora de trabalho no setor da indústria gráfica existente na Pesquisa Industrial Anual do IBGE para o ano de 2004. As demais variáveis refletiriam as rubricas correspondentes do banco de dados.

45.5. Quanto às variáveis dummies, esclarecem que seriam utilizadas quando se pretende considerar os efeitos de variáveis de caráter qualitativo, que não podem ser medidas em uma escala. Assim, apenas se demonstra o efeito, a partir da existência (assume valor 1) ou não (assume valor 0) de determinada variável qualitativa.

45.6. Inicialmente, teriam sido escolhidas três variáveis dummies para modelagem dos efeitos qualitativos. Uma delas, a dummy Natal, teria por objetivo capturar o custo adicional da utilização da capacidade e da mão-de-obra na época de final de ano, e possuiria valor um no período entre 15 de dezembro e o final do ano. As outras duas possuiriam valor um nas ordens de serviço correspondentes às empresas Litokromia e Pancrom, pois, de acordo com os consultores, seriam necessários testes com duas das gráficas para mostrar que a empresa específica não influencia o preço. De acordo com a teoria econométrica, se todas menos uma têm um determinado comportamento, a última também o teria.

45.6.1. Comparando-se os dados disponibilizados pelas gráficas (item 45.3) e as variáveis utilizadas (item 45.4), é interessante observar que o prazo de entrega, a ser calculado a partir das datas do pedido e da entrega, estava disponível na base de dados disponibilizada, mas não foi utilizado como variável na elaboração do estudo econométrico. Ou seja, não foi utilizada a variável

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prazo, o que possibilitaria aferir diretamente sua influência no preço praticado, fato reiteradamente apontado por diversos responsáveis.

45.7. A seguir, foi apresentada uma tabela com os resultados do modelo, a partir do qual teriam sido obtidas as seguintes constatações:

O primeiro resultado interessante é que a estimativa de custo marginal (ou seja, do custo variável por unidade produzida) é um valor bastante reduzido, consistente com o que se espera da indústria gráfica, caracterizada por custos fixos elevados – por exemplo, na montagem da chapa e do original – e custos marginais reduzidos. Além disso, o modelo possui um bom poder explicativo, da ordem de 82 % da variabilidade de preços, advindo dos custos das empresas pode ser explicado pelo modelo.

Ou seja, a equação (1) acima mostra que 82 % da variações dos preços podem ser explicados pelas variações dos seguintes fatores: (a) custos variáveis (quantidade de mão-de-obra, preço por kg de papel, menor ou maior que 120 g), (b) custos fixos por tiragem (preço da chapa utilizada), (c) tiragem em exemplares e (d) período em que o trabalho foi realizado (interação M-O e dummy Natal). As variáveis dummy Natal, dummy-Litokromia e dummy-Pancrom não são estatisticamente significativas.

Pode-se deduzir do fato das dummies Litokromia e Pancrom não serem significativas, que nenhuma das gráficas tem uma política de preços diferenciada das demais, o que é compatível com a explicação de que todas elas estão seguindo condições de mercado, pois nas ordens de serviço de menor valor, que são imensa maioria, essa gráficas sofrem uma competição de preços acirrada das pequenas gráficas.

De outro lado, é importante também observar que, além dos custos variáveis, a tiragem é uma elemento importante para definir preços, o que mostra que em certos segmentos das ordens de serviços, a capacidade de atender um pedido de grande magnitude influencia a política de preços das empresas e não pode ser ignorado. (destaque nosso)

45.7.1. A estimativa de custo variável por unidade produzida está relacionada à constante que, no modelo até aqui construído, que justificaria 95 % das ordens de serviço, assume de valor de 2.838,37 (fl. 58 do Anexo 4). De acordo com a teoria econômica tradicional, esse valor representa o custo fixo da empresa ou produção específica.

45.8. Em seqüência, destaca que teriam sido selecionadas 20 ordens de serviço, referente a trabalhos prestados ao Governo Federal, dentre as quais se encontrariam as notas questionadas pelos auditores do TCU. Tais ordens estão descritas no apêndice do parecer (fls. 73/74 do Anexo 4, onde se encontra relação discriminando 20 notas não questionadas pelo TCU e 12 notas questionadas pelo TCU). Salienta que o modelo possuiria um grande poder explicativo, no sentido de que praticamente todas as ordens de serviço teriam apresentado valores consistentes com os intervalos de confiança a 95 % dos valores previstos pelo modelo3, podendo-se afirmar que as gráficas teriam cobrado nessas notas valores usuais, não existindo anormalidade do ponto de vista de suas práticas de preço.

45.9. No entanto, conclui que o modelo teria apresentado “alguns limites em relação aos valores das ordens de serviços com os maiores valores, em particular para os 5 % de maior valor (em torno de 402 observações, equivalentes a 5% de 8.052)”. Afirma que isto decorreria do fato de o valor dos insumos não evoluir de forma linear ao valor produzido, sendo que, para tanto, o modelo teria sido aprimorado para tratar dos casos onde existiria “maior diferenciação de produto pela qualidade, portanto, maior valor agregado, ou maior capacidade de entregar altas tiragens em período de tempo exíguo”.

45.10. A seguir, apresenta “o novo do modelo [de Regressão Quantílica], desenvolvido para a previsão das observações contidas entre as 5% superiores da distribuição de variável preço da

3 Vide nota de rodapé à fls. 61 do Anexo 4.

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ordem de serviço”. Essa observações não teriam sido explicadas no estudo estatístico procedido com os 8.052 trabalhos componentes da base de dados, ou seja, as observações que, em tese, apresentariam um processo de formação de preços diferente do restante da amostra. Pondera que isto decorreria do fato de apenas algumas empresas possuírem capacidade para atendimento das ordens de serviço de alta tiragem em um período curto de tempo.

45.10.1. Observa-se que, no novo modelo, a constante relacionada à estimativa de custo variável por unidade produzida assumiria valor negativo (–1.063,151, fl. 65 do Anexo 4), o que, de acordo com a teoria econômica tradicional, representaria custo fixo da empresa ou produção específica negativo.

45.10.2. Utilizando esse modelo, apresentam “os valores das seis notas questionadas pelo TCU, que estão entre as 5% superiores da distribuição da variável preço da ordem de serviço.” Finalmente, concluem que se pode “notar que os valores previstos encontram-se, em sua maioria, entre o limite inferior e o superior calculados ou muito próximo deles”.

45.11. Acrescentam que o “fracionamento” das ordens de serviço de grande magnitude, ou seja, a realização hipotética de partes do pedido por gráficas com menor capacidade produtiva, provocaria problemas relacionados à qualidade da impressão e aumentaria os custos de coordenação de pedidos.

45.12. Além disso, o fato de os produtos serem diferenciados implicaria custos de ajustamento – por exemplo, custos associados com a verificação da qualidade do serviço e monitoramento dos prazos de entrega – custos esses que cresceriam mais que proporcionalmente em relação à quantidade.

45.13. Afirmam que os principais parâmetros que definiriam os preços unitários na indústria gráfica não possuiriam relação linear com os preços. Assim, mão-de-obra, tiragem, preço do papel e preço da chapa apresentariam preços unitários crescentes à medida que aumentaria a quantidade. Assim, para investigar as influências da tiragem sobre os preços unitários, teria sido realizada uma regressão quantílica, cuja metodologia estaria descrita à fls. 63 do Anexo 4.

45.14. De acordo com os consultores, o aumento dos custos ocorreria devido à existência de segmentos de mercado diferentes, onde os preços mais altos corresponderiam àquele segmento onde os produtos seriam mais diferenciados por qualidade ou por corresponderem à maior tiragem por unidade de tempo. Por essa razão, teria sido utilizada a técnica econométrica em questão, que objetivaria explicar os valores pertencentes ao quantil mais elevado.

46. Por fim, os consultores concluem o parecer da seguinte forma:

... os valores dos serviços apontados como abusivos pelos auditores encontram-se, ao contrário, segundo pudemos apurar, dentro da política normal de formação de preços destas gráficas, para os setores público e privado (a análise foi realizada para 8.054 (sic) ordens de serviço para o ano de 2004, é bom relembrar), e, que, dada a competitividade na maior parte do mercado de serviços gráficos e ao porte das gráficas em questão, situadas entre as maiores do país, devem refletir as condições normais de mercado. (destaques nossos)

Considerações sobre o parecer

47. Em relação ao parecer, destacam-se dois conjuntos de argumentos que serão tratados separadamente: as críticas à cotação realizada pelo TCU e o estudo econométrico propriamente dito.

I. Críticas à cotação realizada pelo TCU

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48. Em relação aos questionamentos apresentados no parecer sobre a cotação realizada pelo TCU, há alguns aspectos a serem destacados. Observa-se que as cotações que fundamentaram a identificação do sobrepreço foram feitas com três gráficas atuantes no mercado e com capacidade de executar os serviços solicitados. Conforme relatado no item 2 da instrução de fls. 383/411, as cotações foram feitas formalmente, em nome do Tribunal, e discriminavam as mesmas especificações técnicas utilizadas pelas agências para solicitar os serviços às gráficas (fls. 401). Assim, foi feita a cotação que, conforme cláusula contratual 5.1.7 dos Contratos n.º 51/2003 e 52/2003, deveria ser realizada pela agência junto a três gráficas, antes de cada subcontratação, para escolher aquela que executaria os serviços e definir o preço que seria pago. Portanto, a cotação realizada pelo TCU não inovou em relação ao procedimento contratualmente previsto.

48.1. Outro ponto atacado em relação à pesquisa de mercado realizada pelo Tribunal – o fato de não apontar o prazo de execução e as tiragens serem menores do que as contratadas pela Secom – também não é procedente.

48.2. Para a revista “24 meses”, o orçamento que serviu de base de comparação do sobrepreço – lembrando que sempre foi considerado o maior dos três valores obtidos – é o da gráfica “C” (fls. 74 do Volume Principal), que apresentou prazo de entrega de 20 dias. No caso dessa revista , o período transcorrido entre a autorização para impressão da primeira tiragem e a entrega de parte dos exemplares foi de 22 dias. No entanto, é importante enfatizar que 197.660 exemplares dessa revistas foram pagas em 18/01/2005 e entregues em 02, 03 e 06/11/2005, onze meses depois, pagando-se o mesmo preço unitário. (Além disso, conforme discutido no tópico I-A, permanece sem comprovação a entrega de 376.640 exemplares que teriam sido supostamente recebidas na sede do PT.)

48.3. Há de se considerar também que o orçamento apresentado pela gráfica “C” apresenta 100.000 unidades da revista “A”, 100.000 unidades da revista “B”, 80.000 cartilhas e 100.000 livretos, o que totaliza 380.000 exemplares – tudo isso entregue em 20 dias. Assim, não procede a afirmação de que o Tribunal só cotou impressões em baixa tiragem. Além disso, é de se esperar maior dificuldade em imprimir 380.000 exemplares de quatro itens diferentes do que 300.000 unidades do mesmo produto.

48.4. Sobre a afirmação de que os serviços foram cotados em época diferente da efetiva contratação por parte da Secom, observa-se, inicialmente, que o parecer, ao mesmo tempo que critica o fato de as cotações do TCU terem sido realizadas em 2005 para comparar com serviços executados em 2003, utilizou uma base de dados que continha somente ordens de serviço realizadas em 2004. Não foram considerados dados de 2003 nem de 2005.

48.5. No contexto do questionamento sobre a época em que foi realizada a cotação pelo TCU, o estudo levanta a questão do preço do papel ser dado em dólares. Essa circunstância poderia ter influenciado na diferença entre os preços cobrados da Secom e os orçados pelo Tribunal, já que a cotação do dólar estava significativamente menor no segundo semestre de 2005 em relação a 2003 e 2004. Entretanto, obtivemos os preços no atacado de celulose e papel em São Paulo – onde se encontram as gráficas Pancrom, Kriativa e Burti – em consulta realizada a um informativo da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (fls. 818/823 do Volume Principal), disponível no site (http://www.cepea.esalq.usp.br/florestal), conforme tabela a seguir:

Mês/Ano Orçamentos apresentados/obtidos à

epoca

Papel offset em bobina (R$/tonelada)

Papel cut size (R$/tonelada)

Agosto de 2003 Revista “6 meses” 3.480,00 3.879,87

Dezembro de Revista “1 ano” 3.522,68 3.879,87

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2003

Junho de 2004 Revista “18 meses” 3.800,34 4.340,50

Novembro de 2004

Revista “2 anos” 3.800,00 4.429,01

Junho de 2005 Livreto “Inclusão Social” 3.966,61 4.589,70

Setembro de 2005

Pesquisa de preços TCU 3.966,61 4.589,70

48.5.1. Portanto, apesar da queda do dólar, verificou-se que o preço do papel não apresentou o mesmo comportamento – inclusive tendo a cotação subido gradativamente. Assim, tal fato não pode ser alegado em favor dos responsáveis citados; pelo contrário, verifica-se, em relação ao insumo papel, ser bastante provável que se a pesquisa de preço tivesse sido realizada à mesma época da contratação, o sobrepreço apurado seria ainda maior.

48.6. No que concerne à diferença entre a época em que os serviços foram cotados e a da contratação/pagamento, recai-se, ante as especificidades de cada demanda, na dificuldade em obter informação sobre serviços equiparáveis e efetivamente executados na mesma época. No entanto, há informações disponíveis sobre a evolução de preços do mercado gráfico suficientes para comprovar que o procedimento de considerar cotações mais recentes é favorável aos responsáveis, no sentido minimizar o valor do sobrepreço. De fato, informação coletada sobre a evolução de índices setoriais de preços no exercício de 2004 (fonte: http://www.calcgraf.com.br/content.php?recid=104) reforça os indicativos decorrentes da evolução do custo do papel já mencionados:

O Giro, Grupo de Impressoras Rotativas Offset, constituído no âmbito da ABTG, Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica, e integrado pelas principais gráficas do País nos segmentos editorial e promocional, criou o Índice Setorial GIRO. O indicador mede a evolução de preços do setor de impressão rotativa offset.

O objetivo é dar mais transparência ao relacionamento com clientes e fornecedores. Além disso, permitir que as gráficas possam identificar pressões de custo dos seus principais insumos, possibilitando traçar análises comparativas de suas estruturas de custo em relação ao mercado.

Com o objetivo de propiciar uma análise mais precisa da evolução dos preços do setor, O Índice Setorial GIRO é tratado a partir de dois índices específicos: o ISP-GIRO, que considera o preço do papel (principal insumo dessa indústria) e o IS-GIRO, que exclui esse item. Observando a movimentação de preços no decorrer de 2004, nota-se que os Índices GIRO apresentaram expressivas elevações, decorrentes principalmente das variações dos preços de matérias-primas e mão-de-obra, o que resultou em evolução dos índices ISP-GIRO e IS-GIRO de 7,48% e 10,46%, respectivamente.

O IGP-M do mesmo período foi de 12,4%, demonstrando que as empresas do setor sofreram incremento de custos menos acentuados, quando comparados a esse índice de preços.

48.6.1. Ademais, a segunda instrução havia chegado à seguinte conclusão, por meio de tabela com evolução do índice Setorial Gráfico (ISG) (fls. 402):

Quando se verifica a evolução do ISG (fl. 378), nota-se que a partir do mês seguinte aos orçamentos para impressão da primeira revista, em agosto 2003 (fls. 168/170), até o mês dos últimos orçamentos (impressão dos livretos), em junho de 2005 (fls. 186/188), não houve um único mês com variação negativa, donde se pode concluir que houve crescimento dos custos do setor.

48.6.2. Assim, as informações acima transcritas indicam a tendência de crescimento dos preços ao longo do tempo, apesar da queda do dólar, e, portanto, não há argumentos que permitam contestar a validade da cotação realizada pelo TCU.

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II. Sobre o estudo econométrico

49. Conforme mencionado, o estudo teve por objetivo “verificar se os preços praticados podem ser caracterizados como preços normais, de mercado” (fls. 34 do Anexo 4). Para tanto, segundo esclarecimentos constantes da Introdução (fls. 35), a metodologia proposta deve:

“a) representar de maneira adequada a formação de preços na indústria gráfica, tendo como referência principal as informações de faturamento do ano de 2004;

b) verificar se os valores constantes das Notas Fiscais dos serviços contestados, dadas as suas características, podem, ou não, ser considerados como preços normais de mercado” .

49.1. Ocorre que, conforme detalhado às fls. 53 do Anexo 4, foram computadas apenas ordens de serviços realizadas por três gráficas que estão sendo chamadas a responder por sobrepreço neste processo: Kriativa (identificada como Litokromia), Burti e Pancrom. Essa premissa desqualifica qualquer conclusão do estudo sobre o comportamento do setor gráfico e/ou sobre compatibilidade dos preços praticados por essas gráficas com os praticados pelo mercado.

49.2. Assim, especificamente em relação aos detalhes do modelo econométrico apresentado, não cabe tecer outras considerações, uma vez que a limitação acima mencionada inviabiliza a utilização de suas conclusões para descaracterizar o débito imputado nestes autos. De qualquer modo, vale mencionar que a equação e os coeficientes estimados para o modelo (fls. 57, 58 e 65 do Anexo 4) foram construídos a partir dos dados de ordens de serviço que não foram disponibilizadas ao TCU.

49.3. De fato, na introdução do item 4 do parecer (Análise Econométrica da Formação de Preços, fls. 46 do Anexo 4), consta que se “utilizará valores de ordens de serviço fornecidas sob confidencialidade pelas gráficas”. Dessa forma, os dados e modelos propostos pelos consultores em seu parecer não poderiam ser verificados. No entanto, como esclarecido, essa circunstância não é relevante em face do pressuposto discutido no item 49.1.

49.4. Apesar do apontado nos itens 49.1 a 49.3, algumas análises e informações incluídas no parecer merecem comentário.

49.5. As gráficas que se dispuseram a colaborar com a base de dados (como já dito, as mesmas que estão sendo apontadas pela prática de sobrepreço neste processo) são apresentadas como “grifes” no setor (fls. 64 do Anexo 4). A defesa da gráfica Pancrom também apresenta este raciocínio (fls. 08/09 do Anexo 3).

49.6. Entretanto, o próprio parecer aponta que a maioria dos serviços executados pelas gráficas e computados no estudo em questão pertenceria ao segmento dos “serviços comerciais genéricos” (item 45.2 da instrução), para os quais o preço teria grande importância, já que há um maior número de competidores (item 43.4). Assim, considerando que, nesta faixa de valores, a competição de preços é maior (item 45.7), a margem de lucro também ficaria reduzida, e a gráfica não poderia cobrar preços como se “serviços comerciais especializados” fossem. Portanto, há situações em que as gráficas citadas praticariam preços mais baixos.

49.7. Cabe ressaltar que a impressão especial (ou diferenciada) caracteriza-se, por exemplo, com o uso das seguintes tecnologias e/ou materiais: a) impressão com uso de tecnologia digital; b) impressão em alto ou baixo relevo; c) impressão em hot stamp ou com uso de tintas especiais; d) impressão em mais de quatro cores; e) impressão com utilização de tecnologia de hexacromia; f) aplicação localizada de verniz; g) uso de papéis especiais, tipo vergé ou pólen, por exemplo.

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49.8. Na impressão das revistas e encartes da Secom, não se verifica o uso de material ou tecnologia especial. De fato, não há motivo para impressão de produtos de qualidade diferenciada em se tratando de revistas que foram produzidas para distribuição em larga escala e em relação as quais não havia exigência de característica especial de durabilidade – o leitor-padrão da revista não deve guardá-la, como faria com um livro, por exemplo.

49.9. De acordo com os consultores (vide último parágrafo da citação do item 45.7), o simples fato de utilizar os serviços das gráficas estudadas implicaria pagar pela sua capacidade de atender grandes pedidos. No entanto, o que importa à Administração é pagar o menor valor possível mantendo a qualidade necessária.

49.9.1. No item 45.11, consta que o fracionamento das ordens de serviço de grande magnitude, ou seja, subdividir o pedido para mais gráficas com menor capacidade produtiva provocaria problemas relacionados à qualidade da impressão e aumentaria os custos de coordenação de pedidos. Tal afirmação não veio acompanhada de qualquer argumento ou estudo que a embase, razão pela qual não pode ser aceita como argumento válido. O art. 15, inc. IV, da Lei de Licitações e Contratos estabelece que “as compras, sempre que possível, deverão ser subdivididas em tantas parcelas quantas necessárias para aproveitar as peculiaridades do mercado, visando economicidade”.

49.9.2. Ademais, as próprias gráficas subdividiram a impressão dos exemplares nas revistas “18 meses” e “24 meses” (itens 49.9.5 e 49.9.6), o que demonstra ser plenamente viável a divisão do pedido com mais de uma gráfica – ao contrário do que afirmam neste momento – gerando, inclusive, facilidade na distribuição, uma vez que podem ser contratadas gráficas em diversos locais do país.

49.9.3. Assim, a prática de contratar serviços junto a gráficas de grande porte, que afirmam cobrar mais caro em razão de suas capacidades instaladas, pode ser caracterizado como i) infração ao normativo legal supracitado; e ii) ato de gestão antieconômico.

49.9.4. Na discussão sobre o segundo modelo, que utiliza a técnica de regressão quantílica para explicar as observações contidas entre as 5% superiores na distribuição da variável de preço da ordem de serviço, foi afirmado que o valor dos insumos não evolui de forma linear ao valor produzido, aumentando mais do que proporcionalmente em relação à quantidade (itens 45.9, 45.12 e 45.13). Essa conclusão vai de encontro ao previsto na teoria econômica tradicional, segundo a qual as empresas possuem ganhos de escala à medida em que a produção aumenta, acarretando tendência de decréscimo de preços unitários para quantidades maiores.

49.9.5. Essa conclusão também entra em conflito com manifestações das agências de publicidade nestes autos. Em relação à impressão da revista “2 Anos de Governo” há documento da agência Duda Mendonça (fls. 27), datado de 20/12/2004, provavelmente encaminhado à Secom, onde constam as seguintes informações:

Com relação ao processo de impressão da revista “2 Anos de Governo”, ressaltamos que na concorrência feita para a impressão de 600.000 revistas, a que obteve o menor valor foi a Pancrom.

Sob o consenso e aceite de Pancrom e Burti, as mesmas irão dividir a impressão, sendo 300.000 para cada uma. Apesar do unitário para 300.000 ser maior, eles aceitaram manter o unitário de 600.000. (destaque nosso)

49.9.6. Nos autos do processo referente à impressão da revista “18 meses” há documento da agência Matisse (fls. 87), datado de 02/07/2004, encaminhado à Secom, onde constam as seguintes informações:

...

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Desta forma, selecionamos as gráficas Burti e Pancrom, em São Paulo, e Web, em Brasília. Tais fornecedores farão a impressão de 300 mil exemplares cada, chegando-se, assim ao total de 900 mil exemplares e dando agilidade ao processo de distribuição. Para tanto, negociamos com os mesmos a permanência do custo unitário apresentado no orçamento de 900 mil exemplares para a impressão de 300 mil, o que mostra vantajoso no custo final. Por essa razão, apresentamos os orçamentos do montante de 300 mil revistas e suas respectivas gráficas, dos quais sagraram-se vencedores os fornecedores já mencionados. (destaque nosso)

49.9.7. Deste modo, as próprias agências de publicidade informaram que os custos unitários diminuem à medida em que a quantidade de exemplares impressos aumenta e utilizam-se desse argumento para recomendar como vantajosa a opção de fracionar a impressão em três lotes de 300.000 ao preço de um lote de 900.000 exemplares.

Conclusão sobre o parecer

50. As cotações foram realizadas utilizando os procedimentos previstos no contrato com as agências. As quantidades estabelecidas nas cotações, embora não tenham sido iguais, são compatíveis com as dos serviços contratados, e não restaram comprovados fatos que desqualifiquem, para o mercado gráfico, a lógica econômica tradicional de que os preços unitários diminuem à medida que a quantidade aumenta. Quanto ao prazo, a gráfica que cotou preços mais altos estabeleceu prazo de 20 dias para a entrega, o que é compatível com os prazos de entrega do material adquirido.

50.1. Pelo exposto, conclui-se que os questionamentos trazidos no parecer não afetam a validade das cotações efetuadas pelo Tribunal e o estudo econométrico, por sua vez, não possui pressupostos que permitam utilizar suas conclusões como argumentos de alegações de defesa dos responsáveis pelo débito imputado em decorrência do sobrepreço. Dessa forma, passamos, a seguir, à análise das demais alegações apresentadas pelos responsáveis, em relação a cada uma das ações em que foi constatada a existência de sobrepreço na execução de serviços gráficos.

III-A) Ação: Balanço 24 meses de governo (PIT 04/227)

51. Com relação a esta ação, a instrução anterior consignou a existência de sobrepreço na execução de serviços gráficos, conforme demonstrado na tabela abaixo:

Sobrepreço por

revista ou encarte

(R$)

Número de

exemplares

Sobrepreço total (R$)

Ordem bancári

a

Data da ordem

bancáriaResponsáveis

2,25 (acrescidos de 9 %

de comissão)

1.200.000 2.943.000,00 900236 18/01/200

5

Duda Mendonça & Associados Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

2,25 300.000 675.000,00 900236 18/01/2005 Pancrom Indústria Gráfica Ltda.

2,25 300.000 675.000,00 900236 18/01/2005 Editora Gráficos Burti Ltda.

2,25 600.000 1.350.000,00 900236 18/01/200

5 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

0,168333 600.000 110.090,00 916377 29/12/200 Duda Mendonça & Associados Ltda., 34

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3 (acrescidos de 9 %

de comissão)

4

Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

0,1683333 600.000 101.000,00 916377 29/12/200

4 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

Observação: Duda Mendonça & Associados Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes seriam solidariamente responsáveis com as gráficas arroladas nas últimas quatro linhas da tabela, sendo que o valor dos débitos constantes nessas linhas já foi considerado nas duas primeiras linhas da tabela.

Alegações de defesa

52. A defesa apresentada pela agência Duda Mendonça (fls. 01/09 do Anexo 4, com documentação complementar à fls. 10/127 do citado anexo) alega que a questão da precificação é um problema técnico complexo e apenas pode ser refutado mediante análise que leve em conta a sazonalidade do preço, o porte da gráfica, a cotação do dólar e a especialidade do serviço.

52.1. A seguir, apresentou as conclusões do parecer anteriormente analisado e, por fim, afirmou que uma empresa séria e diligente é capaz de demonstrar a competitividade de seus preços, mas jamais poderá se livrar do estigma subjetivo imposto pela imprensa.

53. A seguir, apresentamos os pontos da defesa apresentada pelos servidores Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Gabriela Santoro de Castro.

53.1. Alegam os responsáveis que, em razão do elevado volume de procedimentos de subcontratação realizados nos contratos firmados pela Secom junto às agências de publicidade, passou-se a utilizar um processo eletrônico, que prescindia dos documentos formais. Assim, os servidores da Secom recebiam, em vez dos orçamentos que constam do processo, um quadro de custos do qual constavam as informações contidas nos orçamentos obtidos, sendo que a aprovação dos custos e a autorização para execução ocorria com base nestas informações, e, a posteriori, eram recebidos os orçamentos (no original ou por meio de fac-símile).

53.2. Sustenta que o processo de orçamentação previsto contratualmente não se submete aos rigores da Lei n.º 8.666/93, e que os procedimentos por ela regidos buscam garantir o tratamento isonômico aos competidores. A orçamentação em questão constitui um meio para que potencialmente se proporcione maior competitividade, o que possibilita a obtenção de melhores contratos à Administração.

53.3. Pondera que, em razão de tal sistemática, não havia elementos que conduzissem a se pôr em questão os orçamentos apresentados pelas agências de publicidade em cumprimento ao item 5.1 do contrato na hipótese de cada uma das publicações questionadas. (Nota: o item 5.1 estabelece as obrigações da contratada, dentre as quais podemos citar o item 5.1.5 – “envidar esforços no sentido de obter as melhores condições nas negociações junto a terceiros e transferir, integralmente, à contratante descontos especiais (além dos normais, previstos em tabelas), bonificações, reaplicações, prazos especiais de pagamento e outras vantagens”.)

53.4. De acordo com os contratos firmados com as agências de publicidade, cabia a estas a seleção das empresas aptas a serem por ela subcontratadas, e que, no casos em tela em tela, para

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fazer frente ao volume de serviços contratados, considerando-se as características técnicas e os prazos de execução, não se poderia cotar preços junto a gráficas de menor porte e reputação, “em relação às quais poderia não se atingir o grau de confiabilidade necessário à futura execução dos serviços.

53.4.1. Buscando comprovar que as gráficas selecionadas estão as maiores do país, apresentou pesquisa veiculada no informe meio&mensagem, datado de 31/07/2006, onde constam os nomes das gráficas Burti, Pancrom, Litokromia, Stillgraf e Photon. Acrescenta que as gráficas Takano (antes da falência), Santa Marta e Web também são de grande porte.

53.5. Alega ainda que, na única hipótese em que havia parâmetros mínimos de comparação (revista “24 meses” em relação à revista “18 meses”), houve questionamento dirigido à agência de publicidade, a qual encaminhou documentação dando conta da variação do preço dos insumos que justificavam tal aumento de preços.

53.6. A seguir, afirma que a metodologia utilizada pelo Tribunal não é adequada para a comparação de preços, e que foram trazidos aos autos orçamentos que revelam não terem sido elaborados com o propósito de se transformar em futuros contratos de impressão, pois, além de incluírem condições de pagamento irreais em se tratando de fornecimentos para a Administração Pública, tais orçamentos não se preocupam em apontar o prazo para execução do trabalho, elemento essencial para a formação de custos e para a gráfica poder avaliar se possui capacidade e disponibilidade para execução dos serviços.

53.7. Acrescenta que a distância no tempo afasta os orçamentos obtidos pelo TCU da realidade dos fatos, em função das variações de preços, e que, em alguns casos, os insumos são cotados em moeda estrangeira. Considera a amostra utilizada pelos auditores, colhida num mercado altamente pulverizado, restrita e não-representativa.

53.8. A título de comparação, argumenta que os responsáveis solicitaram orçamento junto a uma gráfica que contratou com a União em 2002 e apurou preços significativamente menores do que aqueles que foram aprovados à época, o que supostamente demonstra que a metodologia utilizada não é válida (fls. 273/276).

53.9. Afirma que, no caso da impressão realizada pela gráfica Takano, a diferença apurada foi de 16 %, e em outra oportunidade (Acórdão n.º 197/2000 – Plenário), o Tribunal teria afastado a caracterização de sobrepreço ao se deparar com diferenças pequenas.

53.10. A seguir, a defesa apresenta as alegações de cada um dos responsáveis. Todos reiteram que, diante do não-acolhimento dos argumentos individualmente apresentados, aderem à tese de considerar imprópria a metodologia utilizada pelo Tribunal.

53.10.1. Luis Gushiken e Marcus Vinicius di Flora reiteram os argumentos acerca da responsabilização objetiva (vide itens 8.1 e 8.2 desta instrução).

53.10.2. Expedito Carlos Barsotti informa que atuou em alguns dos procedimentos no âmbito dos contratos objeto desta Tomada de Contas Especial, a partir de manifestações das áreas competentes (custos, lay-out e forma), não podendo responder objetivamente por todos os atos submetidos à sua homologação. Acrescenta que jamais recebeu comunicação formal, por parte da Secretaria de Administração/PR (SA/PR), de que fora alçado à condição de gestor do contrato, bem como não recebeu a formação necessária para o desempenho da função, tal como exigido no item 4.3.1 da Norma VI-201, Revisão 01, da SA/PR.

53.10.3. Lúcia Maria Rodrigues Mendes informa que atuou na Secom em área relacionada à avaliação de custos, destacando que “cumpriu diligentemente suas obrigações em defesa do interesse público, considerando os orçamentos colhidos junto a grandes gráficas e a exigência de esclarecimentos antes da aprovação” da revista “24 meses”.

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53.10.4. Gabriela Santoro de Castro informa que atuou na Secom na função da Assessora da Diretoria de Atendimento, e que, reconhecida a não-responsabilização das diretoras de atendimento (Elisabete Pereira Rosa e Sílvia Sardinha Ferro), é natural o reconhecimento de que não lhe cabia a função de promover a aprovação dos custos de subcontratação. Sua intervenção nos processos teria ocorrido dentro de sua competência específica (que não incluía a aprovação de custos).

54. A servidora Sílvia Sardinha Ferro apresentou, em suas defesa, os seguintes argumentos:

– como titular da Diretoria de Atendimento, cujas competências estão estabelecidas no art. 12 do referido anexo I, não tinha o poder decisório sobre contratação, já que a aprovação final das ações de comunicação era feita pelo Subsecretário de Publicidade, em conjunto com o Gabinete;

– à Diretoria de Atendimento cabia apenas receber, analisar e encaminhar para o Subsecretário as demandas enviadas pelos órgãos, bem como acompanhar a produção das ações publicitárias demandadas pela Secom e analisar os aspectos técnico-publicitários das ações de comunicação dos diversos órgãos do Governo Federal;

– após a análise técnico-publicitária de lay-outs e inerentes à comunicação, Assessores e Diretores de Atendimento encaminhavam à aprovação final das chefias e, a partir daí, davam o comando para a agência realizar os orçamentos necessários à contratação;

– a agência encaminhava os orçamentos diretamente à Assessoria responsável pela aprovação de custos, a quem cabia a tarefa de negociar e aprovar orçamentos;

– as equipes de aprovação de custos não estavam subordinadas às Diretorias de Atendimento;

– após a aprovação de custos, a agência produzia uma minuta parcial de contratação (“EC” da Matisse ou “OC” da Duda Mendonça), que eram encaminhados à área de custos, juntamente com os orçamentos;

– a área de custos retinha os orçamentos e enviava os referidos documentos (“EC” ou “OC”) para assinatura dos Assessores ou, na falta destes, dos Diretores, a fim de que a agência desse início às contratações;

– tais documentos, embora trouxessem texto alusivo à autorização para a contratação dos serviços, representavam apenas que os aspectos técnicos-publicitários estavam em conformidade com o objeto solicitado pela Secom;

– os documentos (“EC” ou “OC”), somados, produziam um novo documento – denominado Planilha de Ação de Divulgação (PAD) – , que continha um valor total;

– o PAD era enviado pelas agências à área de custos, que conferia e encaminhava para assinatura dos Diretores e Subsecretário de Publicidade;

– deste modo, a assinatura dos Diretores apenas tinha a função de indicar ao Subsecretário que os aspectos técnico-publicitários já haviam sido aprovados;

– pelo exposto, não é possível considerar a servidora Sílvia Sardinha Ferro solidariamente responsável, pois não detinha competência e nunca praticou atos atinentes à aprovação de custos;

– a questão da responsabilidade pelas autorizações questionadas pela equipe de auditoria deve ser analisada sobre o prisma das competências estabelecidas no Anexo I do Decreto n.º 4.779/2003 (revogado pelo Decreto n.º 5.849/2006).

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54.1. Em seguida, transcreveu trecho da análise realizada no âmbito do TC 012.614/2005-5, no qual a requerente tinha sido, a priori, responsabilizada por fatos semelhantes aos levantados nesta Tomada de Contas Especial.

55. A defesa da Gráfica Kriativa, preliminarmente, afirma que a contratação das agências foi precedida de licitação pública, dentro dos critérios e normas rígidas exigidas, razão pela qual os serviços foram prestados com o devido respaldo legal.

55.1 Alega que, no mercado de serviços gráficos, os preços são diferenciados conforme qualidade, tiragens, prazo para entrega e reputação da gráfica, características que não foram respeitadas na pesquisa de preços realizada pelo Tribunal.

55.2 Além disso, trata-se de cotações, e não de serviços realizados, os prazos de execução não foram indicados e a cotação foi realizada em época diferente da contratada, podendo a comparação ter sofrido influência da sazonalidade.

55.3. Argumenta que não há que se atribuir responsabilidade fundada em sobrepreço nos serviços prestados por ente privado, haja vista a liberdade de negociação das partes.

55.4. Sustenta que a prestação de serviços de alta qualidade requer a contratação de profissionais altamente qualificados, bem como a utilização de maquinário com tecnologia avançada, o que gera maiores custos.

55.5. Afirma que, deste modo, em razão das falhas apresentadas, a pesquisa de preços do Tribunal não pode ser utilizada como elemento comparativo.

56. A defesa da Gráfica Pancrom alega que as gráficas para as quais o Tribunal solicitou orçamentos não possuem renome no mercado, além de serem comuns e pequenas (não têm o porte da Pancrom), e que a cotação foi feita em período posterior à contratação, e em quantidades inferiores às originalmente contratadas.

56.1. Acrescenta que a cotação foi realizada sem base estatística abrangente e adequada e sem considerar fatores específicos que determinam a formação de preços, daí porque a “singela cotação” é inadmissível como prova nos presentes autos.

56.2. Alega que cada empresa tem seu preço, onde são considerados custos, despesas, impostos, expectativa de lucro, volume do serviço, urgência, tipo de serviço, renome da marca, investimentos, material, pessoal, entre outros fatores – salienta que, em regime de livre concorrência e livre mercado, cada um atribui ao serviço que presta o preço que lhe aprouver, de acordo com os critérios mencionados.

56.3 Acrescenta que a Pancrom realiza investimentos sistemáticos em máquinas e equipamentos, o que acaba por refletir no preço dos serviços por ela prestados.

56.4 A seguir, apresentou jurisprudência do Tribunal (Acórdão n.º 444/2000 – 2ª Câmara), onde a cotação de preços efetuada em período posterior não foi aceita – repisando que tal documento deixa claro que a cotação de preços realizada em época diferente da prestação de serviço não serve como prova para aferição de sobrepreço.

56.5. Afirma pertencer ao segmento de “serviços gráficos especializados”, onde a reputação é fator de peso na decisão pela contratação dos serviços.

56.6. Acrescenta que, analisando um suposto caso de sobrepreço, o Ministério Público manifestou-se (Acórdão n.º 7/2002 – Plenário) em sentido contrário à Unidade Técnica, “especialmente em razão da inexistência, nos autos, de suporte probatório válido para amparar as suspeitas de cobrança de preços acima dos razoavelmente praticados no mercado”, e que “a consulta

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informal a profissional do setor, sem a clara identificação do fornecedor, promovida pela Secex/SC (...) assemelha-se à denúncia anônima, que não merece guarida no Tribunal de Contas da União, devendo, por isso, ser desconsiderada”.

56.7. Sustenta que a cotação de preços do Tribunal não considerou as condições em que são prestados os serviços gráficos, a diferenciação dos produtos, a facilidade para competição de gráficas menores, e a conseqüente dificuldade para o acesso das grandes gráficas, face a sua maior capacidade produtiva – razão pela qual o mercado gráfico nacional pode ser considerado como de concorrência monopolística com produtos diferenciados, dentro de um segmento mais concentrado devido à escala de produção.

56.8. Por fim, afirma que o preço praticado pela Pancrom está dentro da política normal de formação de preços para gráficas como a da requerente.

57. A Gráfica Burti alega ter sido contratada pelas agências Duda Mendonça e Matisse, ou seja, por empresas da área privada, sem vínculo algum com a Administração. Deste modo, alega não ser parte do processo de licitação e, muito menos, contratada pelo Poder Público, razão pela qual não lhe pode ser imputada prática de sobrepreço e de enriquecimento sem causa. Portanto, a Administração não possui o direito de questionar sua conduta, tendo citado, para tanto, o art. 72 da Lei n.º 8.666/93.

57.1. Continuando, citou doutrina de Diógenes Gasparini (Direito Administrativo, 11ª ed., pg. 683), no sentido de que a Administração Pública contratante não se relaciona com o subcontratado, e que qualquer problema surgido, relativo ao objeto da subcontratação, deverá ser resolvido entre contratada e subcontratada.

57.2. Em função desta relação entre empresas privadas, entende que lhe é permitido praticar o preço que lhe convier.

57.3. Afirma que seu preço costuma ser superior ao das concorrentes, em razão da qualidade de seus serviços e dos seus custos de produção serem, na maioria das vezes, superiores. Portanto, o preço por ela praticado corresponde ao valor de mercado.

57.4. Além disso, salienta que uma grande quantidade de produtos foi encomendada com muita urgência pelas agências, razão pela qual a empresa teve que utilizar papel destinado à revenda, bem como funcionários durante o fim de semana exclusivamente para esta tarefa, o que gerou o pagamento de horas extras e outros custos adicionais, tendo enviado documentos que comprovariam tais custos.

57.5. Por fim, citou o ensinamento de Celso Antônio Bandeira de Mello (RDP n.º 76, pg. 43/48): “Particulares não podem sofrer prejuízos em decorrência da omissão de atos que não lhe dizem respeito, os quais não poderiam participar e sobre os quais nenhuma interferência ou controle poderiam ter”.

Análise

58. A argumentação relativa à sazonalidade e variação do dólar (item 52), apresentada pela agência Duda Mendonça, pode ser refutada com os mesmos argumentos da análise realizada nos itens 48.5 a 48.6.2 desta instrução, já que os índices do setor apresentaram tendência crescente no período considerado.

58.1. As informações transcritas nos itens 48.5 a 48.6.2 indicam que os preços subiram ao longo do tempo, apesar da queda do dólar. Ademais, à falta de elementos comprobatórios que sustentem a afirmação em contrário dos responsáveis, e considerando ainda a análise do parecer

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(itens 47 a 50 desta instrução), não há como acolher os argumentos da agência de publicidade, quanto a esse ponto.

58.2. As alegações quanto ao porte da gráfica e a especialidade dos serviços contratados já foram refutadas em tópicos anteriores. Como destacado, as cotações foram realizadas junto a gráficas com capacidade de produzir os serviços demandados e levaram em conta as mesmas especificações fornecidas às gráficas pelas agências, quando da contratação dos serviços.

58.3. Com relação à metodologia simplificada utilizada pela Secom para a aprovação da subcontratação (itens 53.1 a 53.3), entendemos que não pode ser usada em favor dos responsáveis, uma vez que ninguém pode se valer da própria torpeza em benefício próprio (nemo auditur propriam turpitudinem allegans). De fato, as fragilidades dos controles adotados pela Secom não afastam a responsabilidade dos gestores pela verificação dos serviços contratados por intermédio das agências. A eles cabe a responsabilidade pelo controle da execução, atividade inerente à administração que inclui a verificação dos preços cobrados e não poderia ser relegada, ainda que houvesse cláusula contratual obrigando a agência contratada a envidar esforços para obter melhores condições nas subcontratações.

58.4. Relativamente à impossibilidade de contratar empresas de menor porte, em decorrência das características técnicas e prazos de execução (item 53.4), constatou-se que os serviços em questão não apresentam características que os definam como especiais (itens 49.7 e 49.8). No que tange ao prazo de execução, i) verifica-se que o período entre a autorização e a entrega variou bastante – a título exemplificativo, podemos citar os 20 dias após a autorização para impressão (1ª tiragem da revista “24 meses”), 70 dias (revista “18 meses”) e cerca de 11 meses (2ª tiragem da revista “24 meses”). Portanto, a urgência na entrega do material não é justificativa para aumento do valor cobrado.

58.4.1 Além disso, observa-se que as cotações realizadas pelas agências, em sua maioria, não fixam prazo de entrega. Conforme se observa, por exemplo, nas cotações de fls. 58, 60 e 84, os preços foram especificados e, quanto ao prazo, consta apenas “a combinar”. Portanto, se o preço foi fixado antes mesmo de ser estabelecido o prazo de entrega, não procede a alegação de que o suposto prazo de entrega exíguo contribuiu para o sobrepreço detectado.

58.4.2. O fato de as gráficas selecionadas constarem em pesquisa do setor (item 53.4.1) não justifica o sobrepreço apurado. À Administração cabe contratar empresas aptas a prestar o serviço pelo menor preço, fixados os parâmetros de qualidade necessários, não se admitindo o pagamento de serviços mais caros para contratar empresas de maior porte ou grifes do setor. Exigências de qualidade, devidamente justificadas, podem ser adotadas, mas devem referir-se ao produto/serviço a ser adquirido, e não a características da empresa contratada.

58.5. O suposto questionamento feito à agência de publicidade pelos responsáveis da Secom, em relação à majoração de preços da revista “24 meses” em relação à de “18 meses”, por ocasião da impressão (item 53.5) não elide a irregularidade apontada, uma vez que não evitou o pagamento de serviços com sobrepreço. Se os preços estavam acima do valor de mercado, os serviços não poderiam ter sido contratados.

58.6 Com relação aos orçamentos obtidos pelo TCU (itens 53.6 e 53.7), tais pontos já foram discutidos nas considerações sobre o parecer elaborado pelos consultores (itens 47 a 50 desta instrução). Observa-se que as cotações foram solicitadas como revistas e publicações para o TCU e seguiram o mesmo padrão e as mesmas especificações das cotações que, por exigência contratual, deveriam ser feitas pelas agências. No caso da confecção da revista 18 meses, a cargo da agência Matisse, constam, em duas cotações (fls. 84 e 86), prazo de entrega “a combinar”, e, em outra, prazo de entrega de 15 dias (fls. 85). Esse comportamento também é recorrente nas cotações realizadas pela agência Duda Mendonça por ocasião da impressão da revista 24 meses, na qual todas as cotações (fls.

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22/26) apresentam prazo de entrega “a combinar”. Portanto não há fatos para sustentar a alegação de que prazos de entrega reduzidos teriam influenciado no preço cobrado.

58.6.1. Observação semelhante pode ser feita em relação às condições de pagamento. As cotações do TCU prevêem períodos de 10, 28 e 30 dias e, as realizadas pelas agências, de 21, 21 e 30 dias. Além disso, cabe ressaltar que o efetivo pagamento às agências ocorreu em prazos mais curtos. Se parte-se do pressuposto de que a condição de pagamento das cotações do TCU é irrealista [porque a administração pública é má pagadora], então as gráficas teriam onerado os orçamentos demandados pelo TCU, minimizando a possibilidade de caracterização de sobrepreço.

58.7. O orçamento apensado aos autos do processo (fls. 276 do Anexo 5) que pretende comprovar a possibilidade de orçamentos posteriores serem mais baratos do que orçamentos anteriores (item 53.8) não se sustenta. O documento não apresenta assinatura de representante da empresa nem foi enviado por e-mail da empresa, inexistindo outro elemento que possa lhe dar presunção de validade. Não há identificação do solicitante do serviço, nem qualquer evidência que permita afastar o sobrepreço do serviço contratado nesse caso, observando-se que se trata de uma única cotação.

58.8. Relativamente ao Acórdão n.º 197/2000, em que não foi considerada como sobrepreço uma diferença a maior de 8 %, observa-se que os percentuais de sobrepreço verificados na impressão das revistas da Secom são superiores a 10 % em todos os itens apontados, sempre considerando como referência a maior cotação entre as três obtidas pelo TCU. Destaca-se, também, que o percentual de sobrepreço apurado e a tiragem apresentam tendência crescente, conforme se constata na tabela a seguir:

Ação Sobrepreço apurado (%)

Tiragem total

Revista “6 meses” 16,36 140.000

Revista “1 ano de governo”

19,39 600.000

Revista “18 meses” 45,3 1.020.000

Revista “2 anos de governo”

106,13 1.200.000

Livretos “Inclusão Social”

203,82 500.000

58.8.1. Deste modo, não assiste razão aos peticionários quando, valendo-se do entendimento do Acórdão n.º 197/2000, pretendem qualificar como pequeno o sobrepreço apurado pela equipe de auditoria.

58.9. Os argumentos acerca da responsabilização objetiva (item 53.10.1) já foram tratados nos itens 9.1 e 9.2 desta instrução.

58.10. Com relação aos argumentos apresentados por Expedito Carlos Barsotti (item 53.10.2), a ausência de comunicação formal e de participação em curso preparatório não o exime dos atos praticados. A autoridade administrativa, ao homologar atos de seus subordinados, responde por eventuais falhas ocorridas, se constatada a existência de culpa in vigilando, como foi o caso em

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questão. As atribuições do Subsecretário de Publicidade estavam previstas no Decreto n.º 4.779/03, vigente à época dos fatos:

Art. 11. À Subsecretaria de Publicidade compete:

...II - coordenar o planejamento das ações publicitárias de iniciativa da Secretaria, empreender as

negociações de mídia e supervisionar a execução da produção e veiculação de cada campanha ou ação isolada;...VIII - coordenar, supervisionar, controlar e avaliar a publicidade dos órgãos e das entidades do

Poder Executivo Federal;...IX - coordenar a consolidação dos planos de mídia dos órgãos e das entidades do Poder Executivo

Federal e supervisionar as respectivas negociações com os veículos de comunicação;X - aprovar, prévia e expressamente, a produção de peças publicitárias dos órgãos e das entidades

do Poder Executivo Federal;XI - aprovar, prévia e expressamente, as veiculações publicitárias dos órgãos e das entidades do

Poder Executivo Federal;XII - instituir e coordenar programa permanente de negociação de mídia, envolvendo os órgãos e as

entidades do Poder Executivo Federal, suas agências de propaganda e os veículos de divulgação;XIII - definir critérios de avaliação do desempenho das agências de propaganda contratadas pelos

órgãos e entidades do Poder Executivo Federal;

58.10.1. Portanto, de acordo com o art. 11, inc. II, do citado normativo, era sua obrigação supervisionar a execução da produção e veiculação de cada campanha ou ação isolada, não cabendo-lhe alegar ausência formal de designação.

58.11. As alegações da ex-Assessora da Secom, Lúcia Maria Rodrigues (item 53.10.3), não justificam a aprovação de orçamentos com sobrepreço. O fato de ter obtido os orçamentos junto às grandes gráficas (na verdade, enviados pelas agências de publicidade à Secom, em meio eletrônico) não abona a conduta da servidora, que deveria ter verificado a compatibilidade dos valores propostos com os preços de mercado e rejeitado tais orçamentos, assim que constatados os preços elevados.

58.12. Relativamente à análise das responsabilidades da servidora Sílvia Sardinha Ferro (item 54), que aproveita também a servidora Gabriela Santoro de Castro, transcrevemos trecho de instrução que analisou as justificativas apresentadas pelos servidores da Secom no âmbito do TC 012.614/2005-5:

Inicia-se a análise do presente tópico com as justificativas apresentadas pela Sra. Silvia Sardinha Ferro, as quais, conforme se verá, poderão ser aproveitadas por diversos servidores responsabilizados em razão do achado de auditoria em tela.

A responsável foi ouvida em audiência por ter autorizado a execução de despesas fora do objeto dos Contratos 52 e 53/2003 em virtude da sua assinatura em campo específico de documento que indicava a aprovação dos serviços pelo órgão (fls. 1347, 1353, 1365 e 1376).

Contudo, deve-se considerar o fato de que, em função das competências estabelecidas pelo art. 12 do anexo I do Decreto 4.779/2003 para o cargo que ocupava, não tinha poder decisório sobre contratações. Além disso, a equipe de auditoria não constatou a indicação da referida servidora como fiscal dos contratos, circunstância que poderia influenciar a análise da sua conduta no episódio.

Outro fato importante trazido na sua defesa diz respeito à alteração promovida pelo órgão no conteúdo dos documentos que servem de sustentáculo para a execução das despesas, em que é possível agora identificar cada ato praticado pelos servidores envolvidos no processo (fl. 2129). Se forem comparados os dois modelos, no antigo, havia campo apenas para assinatura de “Aprovação pelo Cliente” (fl. 1347, por exemplo). No novo documento, pode-se identificar os agentes responsáveis pela aprovação do conteúdo, pela aprovação dos custos e pela autorização da prestação dos serviços (fl. 2129).

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Diante desses fatos, entende-se que este Tribunal pode considerar as assertivas consignadas no subitem 1.2 da defesa da responsável (fls. 2104/2105), verbis:

1.2Diretores e Assessores, no exercício de suas funções, atestam os documentos de contratação dos serviços, sempre a título de indicar que:

As ações publicitárias estavam com custos aprovados pela área de custos;

As ações demandadas pelas áreas internas já haviam passado pela avaliação dos aspectos publicitários;

São responsáveis pelo acompanhamento da operação publicitária;

Os processos, bem como os seus objetos, já estão definidos pela área competente.

Assim, as razões de justificativa da Sra. Silvia Sardinha Ferro podem ser acatadas e, tendo em vista os cargos ocupados pelos diversos servidores chamados em audiência por motivo semelhante, o mesmo entendimento deve ser aplicado aos servidores Elizabete Pereira da Rosa, Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho, Fernanda da Silva Piccin, Alexandre Pinheiro de Moraes Rêgo, Carla Maria Russi, Ana Cristina Gonçalves Oliveira, José Amaro Guimarães de Siqueira e Marcelo Morais Martins.

58.12.1. Na mesma linha, podemos acolher as alegações de defesa apresentadas pelas servidoras Sílvia Sardinha Ferro e Gabriela Santoro Castro.

58.13. Com relação às alegações apresentadas pela gráfica Kriativa (item 55 e subitens), cabem os seguintes comentários:

a) a licitação realizada para a contratação das agências de publicidade não tem o condão de abonar a prática de sobrepreço na subcontratação de serviços. De fato, pela sistemática adotada, o procedimento licitatório para a contratação da agência não detalha os serviços específicos nem os preços a serem cobrados, o que deve ser verificado e negociado caso a caso quando da execução;

b) os itens 55.1, 55.2 e 55.4 já foram discutidos nas considerações sobre o parecer dos consultores (itens 47 a 50 desta instrução);

c) terceiros que tenham concorrido para dano ao erário, desfalque ou desvios de dinheiros, bens ou valores públicos podem ser responsabilizados com base na alínea b do § 2º do art. 16 da Lei n.º 8.443/92; assim, a simples alegação de o negócio ter se dado entre particulares não afasta a responsabilização pelo dano, uma vez que estes concorreram para prejuízo arcado pela administração e o serviço foi efetivamente pago com recursos públicos.

58.13.1. Deste modo, não devem ser acolhidos os argumentos apresentados pela gráfica Kriativa.

58.14. Relativamente aos argumentos trazidos aos autos pela gráfica Pancrom (item 56 e subitens), cabem as seguintes considerações:

a) as alegações relatadas nos itens 56, 56.1 e 56.5 já foram discutidas na análise do parecer dos consultores (itens 47 a 50 desta instrução);

b) no tocante ao item 56.2, observa-se que, embora as empresas possam praticar preço diferenciados na negociação com particulares, no caso em tela, trata-se de subcontratação de serviços pagos com recursos públicos; assim, configurado o sobrepreço, cabe a responsabilização solidária de todos que contribuíram com o dano ao erário, com base na alínea b do § 2º do art. 16 da Lei n.º 8.443/92;

c) o simples fato de possuir o maquinário sofisticado não justifica o sobrepreço apurado, já que para a administração interessa o serviço ou produto fornecido e as revistas e encartes impressos

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não apresentam características que os qualifiquem como especiais (vide análise detalhada nos itens 49.7 e 49.8 desta instrução);

d) no caso do Acórdão n.º 444/2000 – 2ª Câmara (item 56.4), tratava-se de aquisição de veículo ano 1992, que foi adquirido em 1996. Como o preço de mercado do veículo usado é definido não só pelo ano de fabricação mas também pelas condições em que se encontra o veículo, que são específicas de cada caso concreto, a caracterização do sobrepreço restou comprometida, pela falta de elementos sobre as condições daquele veículo específico. Não se aplica o mesmo entendimento ao presente caso, por não haver semelhança com a prestação de serviços gráficos, que se completam com a impressão de exemplares e não envolvem aspectos de depreciação ao longo do tempo;

e) com relação ao Acórdão n.º 7/2002 – Plenário (item 56.6), verifica-se que, naquele caso, a pesquisa de preços realizada pelo Tribunal, foi informal e não continha a identificação do profissional que forneceu o orçamento, razão pela qual não pôde ser aproveitada; a situação difere do caso ora analisado, em que as cotações foram formalizadas e especificadas e os orçamentos estão devidamente identificados;

f) o argumento de que “para produtos diferenciados o mercado gráfico nacional pode ser considerado como de concorrência monopolística” (item 56.7) atua em desfavor da peticionária, que inclusive reconhece serem mais baratos os serviços prestados por gráficas de menor porte e não há embasamento para sustentar que os produtos solicitados eram diferenciados;

58.14.1. Deste modo, tais alegações não devem ser acolhidas.

58.15. Quanto aos argumentos apresentados pela gráfica Burti (item 57 e subitens), é pertinente destacar a seguinte análise:

a) a justificativa de que foi contratada por agências, sem vínculo com a administração (itens 57 a 57.2) é semelhante à apresentada pelas gráficas Kriativa e Pancrom, analisada nos itens 58.13 e 58.14;

b) ainda em relação à alegação do item 57.1, deve-se observar que os “problemas” citados na doutrina referem-se a falhas na prestação do serviço – que podem ser tratados diretamente entre a administração e a contratada; e não a sobrepreço, que se refere a valores pagos às gráficas e repercute diretamente no patrimônio do contratante (responsabilização com base na alínea b do § 2º do art. 16 da Lei n.º 8.443/92);

c) relativamente à alegação de qualidade e custos superiores (item 57.3), não há qualquer elemento que respalde tal afirmação;

d) a alegada urgência (item 57.4) nem sempre ocorreu, já que os pedidos foram entregues em prazos variados (20 dias, 70 dias, 11 meses, sendo que este último refere-se às revistas de “2 anos de governo”, com sobrepreço de mais de 100%, apesar do prazo). Ademais, como já discutido, na maioria das cotações realizadas pela agência consta prazo de entrega “a combinar”, o que exclui a possibilidade de os supostos prazos terem sido determinantes para a fixação do preço;

e) a alegação de que particulares não podem sofrer prejuízos em razão de atos sobre os quais não teriam interferência ou controle (item 57.5) não se aplica à presente situação; de fato, os preços foram cobrados pelas gráficas, o que caracteriza a responsabilização solidária, no caso de dano ao erário, com base na alínea b do § 2º do art. 16 da Lei n.º 8.443/92.

58.15.1. Deste modo, as alegações da gráfica Burti não devem ser acolhidas.

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58.16. Concluindo a análise das alegações de defesa dos responsáveis citados em razão da confecção da revista “2 anos de governo”, acatamos as justificativas apresentadas pelas servidoras Sílvia Sardinha Ferro e Gabriela Santoro de Castro, excluindo-as da responsabilização solidária.

58.17. Com relação aos demais responsáveis, prevalece o entendimento apresentado na instrução anterior e mantém-se o débito solidário para os responsáveis citados, no valor de R$ 3.053.090,00, relativo ao sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 1.200.000 exemplares, e de R$ 0,168333 por encarte, em 600.000 unidades.

58.18. Assim, permanecem responsáveis pelo débito a seguir quantificado os Srs. Luiz Gushiken (CPF: 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72) e Expedito Carlos Barsotti (CPF: 060.209.778-97), a Sra. Lúcia Maria Rodrigues Mendes (CPF: 355.827.666-34), e Duda Mendonça e Associados Ltda. (CNPJ: 69.277.291/0006-70):

Valor Histórico (R$) Data da ocorrência110.090,00 29/12/2004

2.943.000,00 18/01/2005

todos em solidariedade, até o limite especificado, com as gráficas responsáveis em cada caso:

a) Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ: 43.150.499/0001-26)

Valor Histórico (R$) Data da ocorrência675.000,00 18/01/2005

b) Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ: 61.155.925/0001-04)

Valor Histórico (R$) Data da ocorrência675.000,00 18/01/2005

c) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ: 54.298.047/0001-02)

Valor Histórico (R$) Data da ocorrência101.00,00 29/12/2004

1.350.000,00 18/01/2005

III-B) Ação: Balanço 18 meses de governo (PIT 04/135)

59. Relativamente a esta ação, a instrução anterior consignou a existência de sobrepreço na execução de serviços gráficos, conforme demonstrado na tabela a seguir:

Sobrepreço por revista ou encarte

(R$)

Número de exemplares

Sobrepreço total (R$)

Ordem bancária

Data da ordem

bancáriaResponsáveis

1,02 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

300.000 333.540,00 909612 06/08/2004 Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de

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Castro e Lúcia Maria Mendes

1,02 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

300.000 333.540,00 909613 06/08/2004

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

1,02 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

300.000 333.540,00 908970 26/07/2004

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

1,02 300.000 306.000,00 909613 06/08/2004 Editora Gráficos Burti Ltda.1,02 300.000 306.000,00 909612 06/08/2004 Web Editora Ltda.

1,02 300.000 306.000,00 908970 26/07/2004 Pancrom Indústria Gráfica Ltda.

1,04 (acrescidode 9 % de comissão

da agência)

120.000 136.032,00 912562 07/10/2004

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

1,04 120.000 124.800,00 912562 07/10/2004 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

0,448 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

900.000 439.488,00 909613 06/08/2004

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

0,448 900.000 403.200,00 909613 06/08/2004 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

0,47 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

120.000 61.476,00 912562 07/10/2004

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes

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0,47 120.000 56.400,00 912562 07/10/2004 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

Observação: Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro e Lúcia Maria Mendes seriam solidariamente responsáveis com as gráficas arroladas na tabela.

Alegações de defesa

60. As alegações de defesa de todos os responsáveis, à exceção da agência Matisse Comunicação de Marketing Ltda. e da gráfica Web, já foram objeto de análise na Ação “Balanço 24 meses de governo”, uma vez que os argumentos em relação à prática de sobrepreço não foram apresentados em relação a cada uma das ações.

A seguir, faremos um resumo das alegações apresentadas pela agência Matisse Comunicação de Marketing Ltda., lembrando que não serão reanalisados argumentos já tratados na análise do parecer elaborado pelos consultores da FGV:

I) relativamente às obrigações contratuais da requerente:

a) afirma que cumpriu a obrigação contratual (Cláusula 5.1.7 do Contrato Secom n.º 52/2003), ao “fazer a cotação de preços para todos os serviços de terceiros e apresentar, no mínimo, três propostas, com a indicação da mais adequada para sua execução”;

b) acrescenta que, caso a Secom não aprovasse as cotações, ela mesma poderia realizar cotação de preços junto aos fornecedores (Cláusula 5.1.7.2) e, em qualquer caso, o terceiro só poderia ser subcontratado após a prévia anuência do gestor (Cláusula 5.1.9) – daí que os preços apresentados não são vinculativos, e a aceitação coube exclusivamente à Secom, que não levantou óbice à época da contratação;

c) a requerente cumpriu as obrigações contratuais, cotando preços junto a três gráficas – sempre escolhendo as mais bem conceituadas do país – ou seja, não elaborou ela própria os preços;

d) os materiais encomendados pela Secom são produtos sofisticados, com grande tiragem em curtíssimo espaço de tempo, e com distribuição em todo o país;

e) poucas gráficas são capazes de produzir e distribuir tamanho número de revistas e livretos, razão pela qual a reputação, a capacidade de distribuição e a tecnologia de produção foram elementos essenciais na escolha das gráficas a serem cotadas;

II) relativamente à metodologia adotada pela equipe de auditoria e o parecer dos consultores:

a) alega que os serviços encomendados pela Secom junto à Matisse são “produtos comerciais especializados”, dada até mesmo a magnitude da encomenda (900.000 unidades em alguns casos);

b) afirma que as cotações do Tribunal referem-se à produção de 80.000 a 100.000 unidades “material gráfico na mesma especificação daqueles produzidos pela requerente”, números inferiores a todas as tiragens, e que não apontam o prazo para execução;

c) alega que não se pode comparar cotações oferecidas para serviços gráficos genéricos com cotações para serviços gráficos especializados, haja vista tratar-se de serviços diferentes “oferecidos por empresas diferentes em diferentes condições de concorrência”;

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d) sustenta que o custo de produção e distribuição de 500.000 exemplares de determinado material não é obtido pela simples operação de se multiplicar por cinco o custo de produção e distribuição de 100.000 exemplares do mesmo material, como fez a equipe de auditoria;

e) afirma que, ao contrário do que consta no segundo relatório (“não houve demonstração da necessidade de impressão das revistas exatamente nesses períodos”), a necessidade de impressão naquele prazo era clara e evidente, já que a demora na impressão causaria a defasagem das notícias vinculadas nas publicações;

f) além disso, deveria ser considerado não só o tempo de impressão do material, mas também o de sua distribuição;

g) citou também a questão das ordens de serviço que teriam sido analisadas no segundo estudo econométrico, analisando o intervalo de confiança utilizado (95 %) e o caso da divisão da impressão de 900.000 unidades entre três gráficas, onde negociou com elas para que permanecessem com o menor preço das três propostas, mesmo reduzindo o volume contratado com cada uma para 300.000 unidades.

62. A gráfica Web alega que sua relação se deu com a agência Matisse, e não com a Administração Pública, razão pela qual não pode ser responsabilizada nesta Tomada de Contas Especial. Com relação ao sobrepreço, alega que havia inicialmente cotado a revista “18 meses” a R$ 3,30 por unidade, com posterior rebaixamento para R$ 3,27, que correspondem a preços de mercado.

Análise das alegações de defesa

63. Relativamente ao alegado cumprimento formal das obrigações contratuais, no sentido de a agência obter três cotações antes de cada subcontratação (itens 61.I.a, b e c), deve-se ressaltar o fato de que tal ponto não foi questionado. De fato, o objetivo, contratualmente previsto, é que a agência contratada envide esforços para obter melhores condições nas subcontratações. A caracterização do sobrepreço mostra que esse objetivo não foi cumprido.

63.1. O fato de a Secom ter aprovado os orçamentos apresentados não elide a responsabilidade da agência, uma vez que esta teve participação decisiva na escolha das gráficas, as quais cobravam preços acima do valor de mercado para os serviços prestados.

63.2. Os itens 61.I.d, 61.I.e, 61.II.a e 61.II.b foram discutidos quando da análise do parecer (itens 47 a 50 desta instrução), não há qualquer material ou tecnologia que caracterizem os serviços como especiais, até mesmo porque as especificações dos serviços contratados foram cotados pelas gráficas que supostamente seriam de menor porte. Não restou comprovado que o preço foi afetado pelo alegado curtíssimo prazo de entrega e, de fato, esse prazo sequer foi especificado nas cotações feitas pela agência. Ademais, no caso da revista “12 meses”, o tempo de impressão foi de cerca de um mês, e, no caso da revista “18 meses”, cerca de 70 dias.

63.2.1. As 900.000 unidades foram executadas por três gráficas (300.000 unidades cada uma). A alegação de que a cotação do Tribunal exigiu tiragens de 80.000 ou 100.000 unidades não procede, uma vez que uma das gráficas cotou os produtos conjuntamente, o que totaliza 380.000 unidades, para entrega no prazo de 20 dias (item 48.3).

63.3. A alegada impossibilidade de comparar cotações de serviços gráficos genéricos com cotações de serviços gráficos especializados (item 61.II.c) apenas corrobora a informação de que as grandes gráficas cobram mais pelo simples fato de não competirem com as gráficas de menor porte. Para a administração pública, interessa o serviço que se está contratando – que deve ser de qualidade, concordamos – mas sem pagar mais por ser deste ou daquele fornecedor, já que a qualidade é um atributo inerente ao produto adquirido ou ao serviço prestado, e não à empresa em si.

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63.4. O argumento de que os custos de produção e distribuição não cresce proporcionalmente ao número de exemplares (item 61.II.d) contradiz o que a própria Matisse informa à Secom, por ocasião da confecção da revista “18 meses” (já citado no item 49.9.6): “negociamos com os mesmos a permanência do custo unitário apresentado no orçamento de 900 mil exemplares para a impressão de 300 mil, o que mostra vantajoso no custo final”.

63.4.1. Outro fato a ser observado é que o valor unitário da revista, quando impressas 300.000 unidades, foi R$ 3,27, e na impressão de 120.000 revistas, apenas dois meses depois, o valor aumentou para R$ 3,29 por unidade (fls. 84/86 e 93); com relação aos encartes, a produção de 900.000 unidades teve custo unitário de R$ 0,698, ao passo que a impressão de 120.000 encartes (dois meses depois) foi feita ao custo de R$ 0,72 por unidade (fls. 100 e 102 – não constam nos autos os três orçamentos).

63.4.2. Assim, ao contrário do que alegam as gráficas e agências de publicidade em sua defesa, o indicativo é que a lógica econômica prevalece no mercado de serviços gráficos, uma vez que o aumento de escala diminui os custos unitários. Tal fato apenas reforça o apontamento dos itens 49.9.4 a 49.9.7 desta instrução.

63.5. A alegada necessidade de urgência na impressão não se confirma. De fato, como mencionado, os prazos de entrega do material variaram entre 20 dias (revista “24 meses” – autorização em 21/12/2004 e entrega dos últimos exemplares em 14/01/2005), 70 dias (revista “18 meses” – não consta informação da autorização, mas as estimativas de custos (ECs) 2558, 2559 e 2560 (fls. 88/90) estão datadas de 01/07/2004 e a entrega do primeiro lote foi em 15/07/2004, com algumas revistas entregues em 09/09/2004) e 11 meses (revista “24 meses” – 2ª tiragem – autorização em 23/12/2004 e entrega dos últimos exemplares em 06/11/2005). Ademais, nas propostas das gráficas contratadas, não consta prazo de entregar, mas sim a expressão “[prazo de] entrega a combinar” em boa parte dos orçamentos obtidos, e algumas propostas não fazem menção ao prazo de entrega.

63.6. O tempo de distribuição também não pode ser alegado como fator que tenha onerado os preços das revistas, uma vez que a entrega em vários pontos do país não estava prevista nas cotações. Algumas propostas até mencionam “frete incluso”, mas via de regra não há especificação de onde devesse se dar a entrega, razão pela qual se supõe devessem ser entregues em Brasília, sede da Secom. Nesse caso, não é razoável considerar prazo maior do que 5 dias, considerando que as gráficas estão localizadas em São Paulo e Brasília. Assim, o prazo de distribuição não serve de justificativa para urgência na impressão das revistas.

64. Com relação aos argumentos apresentados pela gráfica Web, informamos que a questão de ser ela subcontratada da agência de publicidade não impede sua responsabilização por prática de dano ao Erário. Tal assunto já foi discutido no item 11 desta instrução.

64.1. Os preços praticados pela Web não podem ser considerados de mercado, uma vez que apresentam sobrepreço de cerca de 45 % (vide tabela no item 58.8).

65. Desta forma, concluindo a análise das alegações de defesa dos responsáveis citados em razão da confecção da revista “18 meses de governo”, acatamos as justificativas apresentadas pelas servidoras Sílvia Sardinha Ferro e Gabriela Santoro de Castro, excluindo-as da responsabilização solidária. Conforme instrução anterior, os demais permanecem solidariamente responsáveis pelo débito de R$ 1.626.384,00, relativo ao sobrepreço de R$ 1,02 por revista, em 900.000 exemplares, R$ 1,04 por revista, em 120.000 exemplares, R$ 0,448 por encarte, em 900.000 exemplares, e R$ 0,47 por encarte, em 120.000 unidades, todos acrescidos da comissão da agência de publicidade (9 %), à exceção das gráficas arroladas na seqüência.

65.1. Portanto, respondem pelo débito a seguir quantificado os Srs. Luiz Gushiken (CPF: 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72) e Expedito Carlos Barsotti

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(CPF: 060.209.778-97), a Sra. Lúcia Maria Rodrigues Mendes (CPF: 355.827.666-34) e Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ: 65.561.664/0001-75):

Valor histórico (R$) Data da ocorrência

I 333.540,00 26/07/2004II 333.540,00 06/08/2004III 333.540,00 06/08/2004IV 136.032,00 07/10/2004V 439.488,00 06/08/2004VI 61.476,00 07/10/2004

todos em solidariedade, até o limite especificado, com as gráficas responsáveis em cada caso:

a) Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ: 61.155.925/0001-04)

Valor histórico (R$) Data da ocorrência

I 306.000,00 26/07/2004

b) Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ: 43.150.499/0001-26)

Valor histórico (R$) Data da ocorrência

II 306.000,00 06/08/2004

c) Web Editora Ltda. (CNPJ: 03.073.653/0001-99)

Valor histórico (R$) Data da ocorrênciaIII 306.000,00 06/08/2004

d) Kriativa Gráfica e Editora Ltda.(CNPJ: 54.298.047/0001-02)

Valor histórico (R$) Data da ocorrênciaIV 124.800,00 07/10/2004V 403.200,00 06/08/2004VI 56.400,00 07/10/2004

III-C Ação: Balanço 12 meses de governo (PIT 03/110)

66. Com relação a esta ação, a instrução anterior consignou a existência de sobrepreço na execução de serviços gráficos, conforme demonstrado na tabela abaixo:

Sobrepreço por revista ou encarte

(R$)

Número de exemplares

Sobrepreço total (R$)

Ordem bancária

Data da ordem

bancáriaResponsáveis

0,4543 (acrescido de 9 % de comissão

da

175.000 86.657,73 902340 08/03/2004 Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro

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agência) e Cid Marques Faria

0,4543 175.000 79.502,50 902340 08/03/2004 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

0,3994 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

425.000 185.022,05 901996 03/03/2004

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro e Cid Marques Faria

0,3994 425.000 169.745,00 901996 03/03/2004 Kriativa Gráfica e Editora

Ltda.Observação: Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius

di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro e Cid Marques Faria seriam solidariamente responsáveis com a gráfica Kriativa.

Alegações de defesa

67. As alegações de defesa comuns a todos os responsáveis foram as mesmas apresentadas no caso de sobrepreço para as Ações “Balanço 24 meses de governo” e “Balanço 18 meses de governo”. Em relação ao servidor Cid Marques Faria observa-se que, como Gabriela Santoro de Castro, o peticionário atuou na Secom na função de assessor das diretorias de atendimento e, portanto, não lhe cabia a função de aprovar os custos.

Análise das alegações de defesa

68. A defesa de Cid Marques Faria apresentada em conjunto com a dos demais servidores da Secom já foi objeto de análise. No entanto, como no caso de Gabriela Santoro de Castro (item 53.10.4), chega-se à conclusão pela exclusão da responsabilidade do servidor, ante a ausência de participação em decisões que tenham contribuído para ocorrência do dano.

68.1. Ademais, deve-se ser feita a exclusão da responsabilidade da servidora Sílvia Sardinha Ferro, por não pertencer ao quadro da Secom quando da aprovação da impressão das revistas desta Ação (item 9.3 da instrução).

68.2. Relativamente aos demais citados, permanece o entendimento expresso na segunda instrução, no sentido de mantê-los solidariamente responsáveis pelo débito de R$ 271.679,77, relativo ao sobrepreço de R$ 0,4543 por revista, em 175.000 exemplares, e de R$ 0,3994 por revista, em 425.000 exemplares, ambos acrescidos da comissão da agência de publicidade (9 %), acréscimo que só não afeta o débito das gráficas.

68.3. Cabe ressaltar o fato de que o valor unitário da impressão de 425.000 unidades da revista, em 03/03/2004, foi de R$ 2,4594 (NF 29.185, fls. 150), ao passo que, na execução de 175.000 exemplares, pela mesma gráfica, o custo unitário, em 08/03/2004, foi de R$ 2,5143 (NF 29.032, fls. 154). Considerando que o intervalo entre as duas impressões foi de apenas 5 dias, tal fato, já analisado nos itens 49.9.4 a 49.9.7 e 63.4 a 63.4.2, constitui mais um elemento que rebate a afirmação de que os custos unitários aumentam à medida que aumenta a escala de produção.

Pelo exposto, permanece a responsabilidade dos Srs. Luiz Gushiken (CPF: 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72)e Expedito Carlos Barsotti (CPF: 060.209.778-97) e Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ: 65.561.664/0001-75), quanto aos débitos a seguir relacionados:

Valor histórico (R$) Data da ocorrência

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I 86.657,73 08/03/2004II 185.022,05 03/03/2004

todos em solidariedade com Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ: 54.298.047/0001-02), gráfica responsável, no limite dos valores recebidos:

Valor histórico (R$) Data da ocorrência

I 79.502,50 08/03/2004II 169.745,00 03/03/2004

III-D Ação: Balanço 6 meses de governo (PIT 03/002)

69. Quanto a essa ação, a instrução anterior consignou a existência de sobrepreço na execução de serviços gráficos, conforme demonstrado na tabela a seguir:

Sobrepreço por revista ou encarte

(R$)

Número de exemplares

Sobrepreço total (R$)

Ordem bancária

Data da ordem

bancáriaResponsáveis

0,35 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

140.000 53.410,00 003017 01/10/2003

Duda Mendonça e Associados Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro

0,35 140.000 49.000 003017 01/10/2003 Takano Editora Gráfica Ltda.

Observação: Duda Mendonça e Associados Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Silvia Sardinha Ferro seriam solidariamente responsáveis com a gráfica Takano.

Alegações de defesa

70. Com relação a esta ação, verifica-se que as alegações de defesa de todos os responsáveis, à exceção da gráfica Takano, já foram objeto de análise nas Ações “Balanço 24 meses de governo”, “Balanço 18 meses de governo” e “Balanço 12 meses de governo”.

70.1. A citada gráfica, em processo de falência, e o síndico dativo da massa falida da gráfica, Sr. Luiz Augusto Whinter Rebello Júnior, foram citados por meio dos Ofícios n.º 3097/2006-TCU/Secex-6 e 072/2007-TCU/Secex-6, respectivamente, e não apresentaram defesa, conforme consignado no item 30 desta instrução.

Análise das alegações de defesa

71. Ressalte-se que deve ser feita a exclusão da responsabilidade do servidor Expedito Carlos Barsotti, por não estar investido no cargo de Subsecretário de Publicidade da Secom à época da aprovação da impressão das revistas, e da servidora Sílvia Sardinha Ferro, por não pertencer ao quadro da Secom à mesma época (item 9.3 da instrução).

72. Relativamente aos demais citados, permanece o entendimento expresso na segunda instrução, no sentido de mantê-los solidariamente responsáveis pelo débito de R$ 53.410,00,

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relativo ao sobrepreço de R$ 0,35 por revista, acrescido da comissão da agência de publicidade (9 %), em 140.000 exemplares.

72.1 Assim, respondem pelo débito abaixo quantificado os Srs. Luiz Gushiken (CPF: 489.118.798-00) e Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72) e a agência Duda Mendonça e Associados Ltda. (CNPJ: 69.277.291/0006-70):

Valor histórico (R$)

Data da ocorrência

I 53.410,00 01/10/2003

todos em solidariedade com Takano Editora Gráfica Ltda. (CNPJ: 56.003.114/0001-40), gráfica responsável, no limite dos valores recebidos:

Valor histórico (R$)

Data da ocorrência

I 49.000,00 01/10/2003

III-E Ação: Livreto Inclusão Social (PIT 05/086)

73. Com relação a esta ação, a instrução anterior consignou a existência de sobrepreço na execução de serviços gráficos, conforme tabela a seguir:

Sobrepreço por revista ou encarte

(R$)

Número de exemplares

Sobrepreço total (R$)

Ordem bancária

Data da ordem

bancáriaResponsáveis

1,386 (acrescido de 9 % de comissão

da agência)

500.000 755.370,00 908065 03/08/2005

Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Elisabete Pereira da Rosa, Alexandre Antunes Vieira

1,386 500.000 693.000,00 908065 03/08/2005 Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

Observação: Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Elisabete Pereira da Rosa, Alexandre Antunes Vieira seriam solidariamente responsáveis com a gráfica Kriativa.

Alegações de defesa

74. Relativamente a esta ação, verifica-se que as alegações de defesa de todos os responsáveis, à exceção dos servidores Elisabete Pereira da Rosa e Alexandre Antunes Vieira, já foram objeto de análise nas Ações “Balanço 24 meses de governo”, “Balanço 18 meses de governo”, “Balanço 12 meses de governo” e “Balanço 6 meses de governo”.

75. A servidora Elisabete Pereira da Rosa alega que, na condição de Diretora de Atendimento, não exercia qualquer função relacionada à área de custos da Secom, não podendo ser responsabilizada pelos preços praticados.

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76. O servidor Alexandre Antunes Vieira afirma que não foi responsável pela aprovação de custos da revista em questão, pois: a) em 03/06/2005, a agência Matisse enviou quadro de custos para análise e aprovação pela Secom, por e-mail; b) na mesma data, Lúcia Mendes enviou e-mail à Matisse e à servidora Bete Rosa, na qual aprova os custos enviados pela agência; c) em 20/06/2005, dia da entrega dos primeiro lote dos livretos, Expedito Carlos Barsotti e Bete Rosa formalizaram a Planilha de Ações de Divulgação, que tinha como anexo o quadro de custos já aprovado no dia 03/06/2005; d) na mesma data, o quadro de custos foi assinado pelo peticionário, de forma a cumprir mera formalidade.

Análise das alegações de defesa

77. A análise a ser feita em relação à servidora Elisabete Pereira da Rosa é a mesma em relação à servidora Sílvia Sardinha Ferro (itens 58.12 e 58.12.1), pois as servidoras em tela ocuparam o mesmo cargo na Secom, e a exclusão de responsabilidade da servidora Sílvia Sardinha Ferro ocorreu em virtude das atribuições inerentes ao cargo. Assim, exclui-se a responsabilidade da servidora Elisabete Pereira da Rosa.

78. O documento apensado aos autos do processo à fls. 569 do Volume 4 (e-mail encaminhado por Lúcia Mendes à agência Matisse) comprova que os custos já haviam sido aprovados em 03/06/2005. Deste modo, acolhem-se as alegações de defesa do servidor Alexandre Antunes Vieira.

79. Assim, pelo exposto, conclui-se pela exclusão dos servidores Elisabete Pereira da Rosa e Alexandre Antunes Vieira, mantendo-se os demais citados, Srs. Luiz Gushiken (CPF: 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF: 640.268.686-72) e Expedito Carlos Barsotti (CPF: 060.209.778-97), Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ: 65.561.664/0001-75), responsáveis pelo débito, relativo ao sobrepreço de R$ 1,386 por livreto, acrescido da comissão da agência de publicidade (9 %), em 500.000 exemplares:

Valor histórico (R$)

Data da ocorrência

I 755.370,00 03/08/2005

todos em solidariedade com Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ: 54.298.047/0001-02), gráfica responsável, no limite dos valores recebidos:

Valor histórico (R$)

Data da ocorrência

I 693.000,00 03/08/2005

IV) ACHADO: DESVIRTUAMENTO DA PUBLICIDADE INSTITUCIONAL

80. Relativamente a este achado, o Acórdão questionou o fato de o conteúdo das revistas relativas às ações “Balanço 24 meses”, “Balanço 18 meses” e “Balanço 12 meses” contrariar frontalmente o § 1º do art. 37 da Constituição Federal, uma vez que a revista “24 meses” reproduziu na íntegra trechos de uma discurso do Presidente da República em tom promocional do seu governo, e a revista “18 meses” exaltou as mudanças promovidas pelo Presidente da República no período de sua administração, com citação explícita do nome da autoridade. Diante de tais fatos, promoveu-se a citação dos servidores Expedito Carlos Barsotti (em relação às revistas 18 e 24 meses), Sílvia Sardinha Ferro (revista 24 meses) e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho (revista 18 meses).

Alegações de defesa

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81. Inicialmente, são resumidos os argumentos apresentados pelos servidores Expedito Carlos Barsotti e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho.

81.1. Os responsáveis começam sua defesa citando trechos de publicações governamentais do governo anterior, que fazem menções a autoridades ou a períodos de governo, das quais citamos como exemplos: “na gestão Paulo Renato Souza durante o governo Presidente Fernando Henrique Cardoso”, “é uma mostra do que o presidente Fernando Henrique Cardoso chama-se de ‘revolução silenciosa’ pela qual passa a Educação no País”, “dentro de uma nova perspectiva de Estado fundada pelo Governo Fernando Henrique Cardoso” e “faz parte de uma série que apresenta ações federais nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal desde 1995”.

81.2. Acrescenta que, além de terem sido publicados discursos do Presidente [Fernando Henrique Cardoso] em diversas separatas temáticas, foi editada uma coleção com dezesseis volumes, cada qual com seiscentas páginas, sob o título “Palavra do Presidente”, contendo os discursos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com utilização, inclusive, de recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e de empresas estatais (Caixa Econômica Federal, por exemplo).

81.3. Prossegue citando as palavras do Exmo. Ministro Ubiratan Aguiar no Acórdão n.º 2.062/2006 – Plenário:

“20. Nesse diapasão, tenho que me alinhar às conclusões exaradas pela 6ª Secex no sentido de que, apesar de haver situações em que o comando constitucional é claramente desobedecido, e tem ensejado a aplicação das penalidades cabíveis, de modo geral é difícil estabelecer se uma determinada peça publicitária, custeada com recursos públicos, presta-se a informar o cidadão ou visa, precipuamente, a promover o governante.

21. No dia-a-dia, esbarramo-nos com situações limítrofes em que a caracterização do uso de ações de publicidade para promoção de autoridades governamentais recai em critérios subjetivos e não há entendimento pacífico a respeito.”

81.4. Pondera que há uma crescente evolução com relação à questão, sendo que a publicidade oficial está ficando cada vez mais impessoal – sem citação de ministros ou transcrição de discursos em sua íntegra.

81.5. Afirma que as revistas em questão não possuem o intuito de promover os governantes em geral ou o Presidente da República; buscam, sim, informar os cidadãos quanto aos resultados da ação governamental em diversas áreas. Ademais, a transcrição de trechos de um discurso do Presidente da República não pode, em si, caracterizar ofensa ao § 1º do art. 37 da Constituição Federal, eis que se resume a uma apresentação feita no início da revista (tal como a mensagem assinada pelo então Presidente da República em documentos no passado).

81.6. Além disso, não se trata de um documento de duas páginas em que em uma delas há elementos apontados como de pretensa violação do princípio da impessoalidade, mas, sim, está-se diante de revistas com mais de cinqüenta páginas, nas quais foram identificados alguns poucos elementos questionados. Da avaliação integral do documento, não se pode extrair como linha editorial o propósito de promoção de autoridade pública.

81.7. Acrescentam que as Planilhas de Ação de Divulgação (fls. 20 e 48 do Volume Principal – revista “24 meses” – e fls. 91 do Volume Principal – revista “18 meses”) não têm como pressuposto qualquer aprovação do conteúdo que viria futuramente a ser impresso, não podendo ser utilizados como elementos definidores das responsabilidades subjetivas. A identificação dos servidores participantes do processo de discussão do conteúdo das publicações deve ser feita a fls. 13/15 e 79/81 do Volume Principal, respectivamente, havendo, inclusive, ação compartilhada com os demais ministérios em relação à seleção e definição do conteúdo a constar das publicações.

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81.8. A servidora Maria Elisa Cesarino afirma que, apesar de ter como atribuição assessorar e assistir o Subsecretário de publicidade, é descabida a presunção de que todos os atos praticados na citada Subsecretaria envolvessem seu assessoramento, e que os documentos à fls. 79/81 demonstram claramente que a responsável não tomou parte dos trabalhos voltados à definição do conteúdo das revistas. Pondera que, tampouco, tinha a prerrogativa para autorizar a execução do serviço em tela ou outros serviços, como sugerido no relatório.

81.9. O servidor Expedito Carlos Barsotti alega que sua participação em ambas as revistas questionadas se deu nas reuniões iniciais de produção (e.g., definição de formato, lay-out, fonte, títulos, diagramação).

82. A servidora Sílvia Sardinha Ferro alega que a referida revista é peça de caráter jornalístico e sua coordenação e elaboração foram conduzidas pela Secretaria-Adjunta. Assim, conforme se pode verificar nos relatórios de visita, os conteúdos não tiveram a aprovação da requerente, apenas o encaminhamento de briefing às agências. A relação com as agências era centralizada na Subsecretaria de Publicidade, a qual não se manifestava tecnicamente [a respeito do conteúdo], cabendo à ela a assinatura dos contratos, a partir de comandos do gabinete responsável pelas referidas ações.

82.1. Citou novamente as conclusões da Unidade Técnica no TC 012.614/2005-2, onde o Analista afirmou que “em função das competências estabelecidas pelo art. 12 do anexo I do Decreto n.º 4.779/2003 para o cargo que ocupava, não tinha poder decisório sobre as contratações. Além disso, a equipe de auditoria não constatou a indicação da referida servidora como fiscal dos contratos, circunstância que poderia influenciar a análise da sua conduta no episódio(...)”.

82.2. Ademais, rechaça a hipótese de violação do § 1º do art. 37 da Constituição Federal, já que do exame dos autos não se depreende qualquer mácula aos princípios constitucionais da Administração Pública.

Análise das alegações de defesa

83. Inicialmente deve ser destacado que, entre os exemplos apresentados sobre a utilização da publicação governamental, há vários que não caracterizam desvirtuamento da publicidade institucional. Enquadram-se nesse caso citações do Jornal do MEC em que o Ministro da Educação, por exemplo, anuncia que “se mantemos as universidades federais, a responsabilidade também é nossa”. Em outro exemplo, não há menção a nomes de dirigentes, mas a períodos que coincidem com mandatos, o que demandaria análise caso a caso para caracterizar o uso indevido ou não. No entanto, de fato há exemplos (em sua maioria ocorridos em 1999) que não se enquadrariam nas exigências constitucionais, embora não haja informação se essas revistas foram efetivamente impressas e se foram custeadas com recursos públicos.

83.1. Em relação aos volumes “Palavras do Presidente”, publicado em 2002, pela Secom, com recursos do FAT e da CEF, a situação está sendo tratada pelo TCU no âmbito do TC 013.142/2005-4, em que os responsáveis pela publicação foram chamados em audiência, o que pode vir a ensejar aplicação de multa.

83.2. Nessa linha de encaminhamento, foi apreciado pelo TCU o processo TC 001.723/1998-7, em que foi tratada a publicação do livro “Fernando Henrique Cardoso – História da Política Moderna do País”. Por meio dos Acórdãos n.º 596/2001 e 1.654/2005, ambos da Segunda Câmara, foi aplicada multa e, após pedido de reexame, foi mantida multa em face da infração ao disposto no art. 37, § 1º, da Constituição Federal e no parágrafo único do art. 1º do então vigente Decreto n.º 2.004/96, que dispunha sobre a comunicação social do Poder Executivo Federal.

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83.3. Em relação ao caso concreto das revistas aqui tratadas, há vários aspectos que agravam a situação encontrada. Além do tom de autopromoção, as tiragens foram altas e a iniciativa foi conduzida pela própria Secom. A partir de 2003, a atuação daquela Secretaria foi ampliada com a edição do Decreto n.º 4.779/2003, à qual incumbia, à época dos fatos, a coordenação, normatização, supervisão e controle da publicidade e de patrocínios dos órgãos e das entidades do Poder Executivo Federal (art. 1º, inc. IV). Portanto é de se esperar que a Secom, mais do que outros órgãos e entidades da Administração, devesse zelar pelo cumprimento de regras com estrito atendimento ao comando constitucional insculpido no art. 37, § 1º.

83.4. Como exemplos de promoção do atual governo, podemos citar os seguintes trechos extraídos das revistas impressas pela extinta Secom:

– na revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 4, há destaque para trechos de um discurso do atual Presidente da República, por meio do qual ele fala, entre outras coisas, que os indicadores da economia são os melhores dos últimos dez anos; que o programa “Bolsa Família” beneficia atualmente 6,5 milhões de família com uma remuneração três vezes maior do que no passado; que “herdamos uma máquina administrativa ineficiente, desprovida, em boa parte, do sentido republicano, sem vocação para realizar políticas em proveito da maioria”; que “temos mais dois anos pela frente. Hora da colheita do muito que plantamos; hora de afirmar com mais ênfase nossas disposições de continuar persistindo criativamente em nossas políticas econômica e social” (verso da fl. 2 e fl. 3 do anexo 1);

– “se em 2003 os resultados ainda amargavam os efeitos dos ajustes destinados a combater a alta inflação e os graves desequilíbrios macroeconômicos herdados da administração anterior” (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 4, fls. 03, verso, Anexo 1);

– “O governo do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, neste período de ano e meio, implementou profundas mudanças no País. Medidas difíceis, porém vigorosas, foram e estão sendo aplicadas e são essenciais para sustentar a transformação que o Brasil requer.” (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, fls. 34 do Anexo 1);

– “ao final do primeiro ano do novo governo, o país pode exibir com orgulho os sólidos alicerces construídos...”; (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 2, fls. 75, Anexo 1);

– “apesar do grave cenário encontrado, 12 meses depois da posse está delineada a forma de um novo projeto de nação”; (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 2, fls. 75, Anexo 1);

– “o Brasil de 2002 legou para o Brasil de 2003 um quadro econômico de desequilíbrio, com índices recordes de desemprego, crescimento vertiginoso da relação dívida pública/PIB, ...” (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 2, fls. 76, verso, Anexo 1);

– “os primeiros passos da mudança” (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 1, fls. 103, Anexo 1);

– “com a posse do novo governo, em janeiro de 2003, e o cumprimento, sem hesitações, dos compromissos assumidos em campanha, reverteu-se este quadro de alto risco e o país foi reconduzido aos trilhos da estabilidade” (revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 1, fls. 106, Anexo 1);

83.4.1. Esses trechos ultrapassam o caráter meramente informativo sobre a situação dos programas e ações e assumem o caráter promocional em favor da gestão iniciada em 2003.

83.5. Além disso, o título mencionado na capa no caso da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1, número 1 – “Os primeiros passos da mudança” – marca o período de gestão do

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Governo Lula, reforçando a mensagem de autopromoção, em detrimento do simples enfoque informativo que deve ter a publicidade oficial, conforme comando inserto no art. 37, § 1º da Carta Magna.

83.6. Em relação à documentação interna encaminhada, entende-se que os documentos intitulados “Relatório de Atendimento – Pedido Interno de Trabalho” à fls. 12/16 (revista “24 meses”) e 79/81 (revista “18 meses”) não permitem qualquer inferência acerca das responsabilidades subjetivas em relação ao conteúdo dos impressos. Esses documentos apenas informam, sucintamente, o que ocorreu nas reuniões realizadas entre a Secom e a agência de publicidade responsável pela elaboração da ação de comunicação (datas, ações ocorridas e pessoas participantes).

83.7. Assim, determinado servidor pode ter participado da reunião em que foram discutidos os textos que constariam nas revistas, mas não há como comprovar que ele tenha tomado esta ou aquela decisão.

83.8. Desta forma, entendemos que a apuração de tais responsabilidades passa pela análise da Estrutura Regimental da Secom/PR à época dos fatos (Anexo I do revogado Decreto n.º 4.779/2003). O art. 11 estabelece as competências da Subsecretaria de Publicidade, cujo titular era o servidor Expedito Carlos Barsotti, dentre as quais encontramos as seguintes:

II - coordenar o planejamento das ações publicitárias de iniciativa da Secretaria, empreender as negociações de mídia e supervisionar a execução da produção e veiculação de cada campanha ou ação isolada;

...VIII - coordenar, supervisionar, controlar e avaliar a publicidade dos órgãos e das entidades do

Poder Executivo Federal;...X - aprovar, prévia e expressamente, a produção de peças publicitárias dos órgãos e das entidades

do Poder Executivo Federal;XI - aprovar, prévia e expressamente, as veiculações publicitárias dos órgãos e das entidades do

Poder Executivo Federal;

83.9. Da análise de tais dispositivos verifica-se que, ao contrário do que alega o servidor, é sua atribuição, senão elaborar, ao menos verificar o conteúdo das publicações. Portanto, não devem ser acolhidos os argumentos que visam isentá-lo de responsabilidade.

83.10. Com relação à responsabilidades das assessoras Silvia Sardinha Ferro e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho, a tese de que um assessor não pode ser co-responsabilizado por todos os atos praticados pela pessoa que está sendo por ele assessorado é bastante razoável.

83.11. No entanto, analisando-se as “Planilha de Ações de Divulgação”, constantes às fls. 20/21 (revista “24 meses”) e às fls. 91 (revista “18 meses”), verifica-se que as servidoras chamadas em audiência autorizaram a prestação dos serviços, não cabendo alegar que não participaram daquele ato.

83.12. Assim, pelo exposto, entendemos que as revistas “Balanço 24 meses” e “Balanço 18 meses” apresentam elementos que ferem o disposto no art. 37, § 1º, da Constituição Federal, sendo cabível a aplicação de multa aos servidores chamados em audiência.

DO REQUERIMENTO DE FLS. 47/48 DO ANEXO 5

84. Após a exposição de sua alegações, a defesa dos servidores Marcus di Flora, Luiz Gushiken, Expedito Barsotti, Jafete Abrahão, Cid Faria, Elizabete Rosa, Maria Elisa Coelho, Luiz Moreti, Lúcia Mendes e Gabriela Castro traz os seguintes requerimentos:

a) se reconhecesse a inexistência de prejuízos ao erário que justificassem a imputação de débitos os responsáveis;

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b) fosse possibilitada a produção de provas admitidas em direito, em especial a requisição de documentos junto ás gráficas e transportadoras, com fundamento no art. 355 e seguintes do Código do Processo Civil;

c) fosse possibilitado o exercício de prerrogativas previstas na Lei n.º 9.784/99.

85. Os pedidos dos servidores não apresentam respaldo legal ou fático. Relativamente ao primeiro pedido, restaram comprovados a ocorrência de sobrepreço e o pagamento por serviços não-executados. Quanto à produção de provas, tal questão já foi analisada no item 40.5 desta instrução. Com relação à aplicação de dispositivos previstos na Lei n.º 9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito da Administração Pública Federal, deve-se ressaltar que os processos, no âmbito deste Tribunal, seguem o rito previsto na Lei n.º 8.443/92 e no Regimento Interno do TCU, aplicando-se a Lei n.º 9.784/99 apenas em relação àquilo que não estiver regulamentado na legislação supracitada, o que não é o caso.

CONSIDERAÇÕES ACERCA DO DÉBITO IMPUTADO AOS RESPONSÁVEIS

86. Conforme consignado no item 4 da instrução anterior (fls. 383/411), os achados de auditoria registrados na instrução inicial configuraram a ocorrência de débito em função de dois tipos de irregularidade: a ausência de comprovação da execução de serviços gráficos e a constatação de sobrepreço no pagamento desses serviços.

86.1. Essas irregularidades ocorreram, concomitantemente, em todas as ações de publicidade destacadas e constatou-se que alguns gestores e empresas eram responsáveis comuns nas duas irregularidades. Para esses responsáveis, o débito foi composto, então, de duas parcelas, uma representando a ausência de execução dos serviços e a outra, o sobrepreço. Entretanto, a operação de simples somatório dessas duas parcelas para se chegar ao débito total não está correta, pois resultaria em um valor superior ao que foi efetivamente despendido pelo órgão.

86.2. Por exemplo, na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086, a gráfica Kriativa foi responsabilizada pelo recebimento indevido relacionado com 20.000 livretos, ao custo unitário de R$ 2,066, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 1,386 por livreto relacionados com 500.000 livretos. Na primeira irregularidade têm-se que os 20.000 livretos custaram R$ 41.320,00. Na segunda, o sobrepreço atinge R$ 693.000,00. Ao se somar as duas parcelas, chega-se ao montante de R$ 734.320,00. Contudo, o valor a ser computado no débito deve excluir o sobrepreço dos 20.000 livretos, sob pena de se contar duas vezes esse valor. Assim, o débito real para a empresa nessa ação é de R$ 706.600,00.

86.3. Além disso, os débitos apurados foram divididos em partes, já que nem todos os responsáveis solidários quanto ao sobrepreço são os mesmos em relação aos serviços não-executados e aos exemplares enviados ao Partido dos Trabalhadores.

86.4. Finalmente, quando do cálculo dos débitos, considerou-se a comissão de 9 % recebida pela agência de publicidade, razão pela qual, nos valores relativos às agências e aos servidores que deram causa aos pagamentos indevidos, utilizou-se o fator 1,09 (um vírgula zero nove). Os débitos das gráficas não incluem o percentual relativo à comissão das agências.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

87. Após análise das alegações de defesa e razões de justificativas oferecidas, apresentamos as seguintes conclusões:

I) relativamente ao achado “não-comprovação da execução dos serviços gráficos”:

a) na Ação ‘Balanço 24 meses de governo”, acolhemos os argumentos apresentados e damos como executados os serviços gráficos; todavia, propomos a aplicação de multa aos servidores

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Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti, pelo fato de o ateste de recebimento ter sido realizado sem que a totalidade dos exemplares tivesse sido entregue;

b) na Ação “Balanço 18 meses de governo”, rejeitamos as alegações de defesa apresentadas, permanecendo o débito em relação a 51.890 exemplares da revista, solidariamente entre os responsáveis Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moreti, Web Editora Ltda. e Matisse Comunicação de Marketing Ltda.;

c) na Ação “Balanço 12 meses de governo”, acolhemos parcialmente as justificativas, à medida em que: i) aceitamos como entregues 3.000 exemplares da revista; ii) consideramos 56.000 exemplares como material supostamente enviado ao Partido dos Trabalhadores, débito pelo qual respondem solidariamente os Srs. Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti; e iii) rejeitamos a documentação e alegações de defesa relativos aos 532.000 exemplares restantes, pelos quais permanecem em débito, solidariamente, os Srs. Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti, Matisse Comunicação de Marketing Ltda. e Kriativa Gráfica e Editora Ltda.;

d) na Ação “Balanço 6 meses de governo”, acolhemos parcialmente as justificativas: i) considerando como supostamente enviados ao PT 59.500 exemplares, débito pelo qual respondem solidariamente os Srs. Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti; e ii) rejeitando a documentação e alegações relativos aos 44.250 exemplares restantes, pelos quais permanecem solidariamente em débito os Srs. Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti, Duda Mendonça e Associados Ltda. e Takano Editora Gráfica Ltda.;

e) na Ação “Livretos Inclusão Social”, rejeitamos os argumentos apresentados, permanecendo o débito em relação a 20.000 exemplares do livreto, solidariamente entre os responsáveis Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Jafete Abrahão, Kriativa Gráfica e Editora Ltda. e Matisse Comunicação de Marketing Ltda.;

II) com relação ao achado “material supostamente entregue ao Partido dos Trabalhadores”: não restou comprovada a regular aplicação dos recursos públicos nos exemplares supostamente entregues ao PT, uma vez não haver comprovação da efetiva entrega dos impressos, nem da destinação que lhes foi dada, permanecendo o débito em relação aos responsáveis os Srs. Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moreti;

III) quanto ao achado “sobrepreço na execução de serviços gráficos”, os argumentos objetivos não foram acolhidos, mas alguns responsáveis foram exonerados do débito nas ações a seguir relacionadas:

a) na Ação “Balanço 24 meses de governo”: exclui-se a responsabilidade das servidoras Sílvia Sardinha Ferro e Gabriela Santoro Castro, permanecendo o débito em relação aos responsáveis Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Rodrigues Mendes, Duda Mendonça e Associados Ltda., Editora Gráficos Burti Ltda., Pancrom Indústria Gráfica Ltda. e Kriativa Gráfica e Editora Ltda.;

b) na Ação “Balanço 18 meses de governo”: exclui-se a responsabilidade das servidoras Sílvia Sardinha Ferro e Gabriela Santoro Castro, permanecendo o débito em relação aos responsáveis Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Rodrigues Mendes, Matisse Comunicação de Marketing Ltda., Editora Gráficos Burti Ltda., Pancrom Indústria Gráfica Ltda., Kriativa Gráfica e Editora Ltda. e Web Editora Ltda.;

c) na Ação “Balanço 12 meses de governo”: exclui-se a responsabilidade dos servidores Sílvia Sardinha Ferro e Cid Marques Faria, permanecendo o débito em relação aos demais responsáveis;

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d) na Ação “Balanço 6 meses de governo”: exclui-se a responsabilidade dos servidores Expedito Carlos Barsotti e Sílvia Sardinha Ferro, permanecendo o débito em relação aos demais responsáveis;

e) na Ação “Livretos Inclusão Social”: exclui-se a responsabilidade dos servidores Elisabete Pereira da Rosa e Alexandre Antunes Vieira, permanecendo o débito em relação aos demais responsáveis;

IV) com relação ao achado “desvirtuamento da publicidade institucional”, rejeitam-se na integralidade os argumentos apresentados, propondo-se a aplicação de multa aos responsáveis chamados em audiência.

88. Cabe mencionar que o Acórdão n.º 814/2007 – Plenário determinou, em seu item 9.7, a juntada dessa decisão, bem como dos respectivos relatório e voto, ao presente processo, para subsidiar seu exame. O referido acórdão foi prolatado no âmbito do TC 012.614/2005-2, processo que tratou de auditoria na extinta Secom para verificar a legalidade da contratação e execução dos serviços de publicidade e propaganda, da qual se originou a representação convertida na presente Tomada de Contas Especial.

88.1. Um ponto que merece destaque nesta decisão é a configuração da conduta temerária do ex-Ministro Luiz Gushiken e do ex-Secretário-Adjunto Marcus Vinicius di Flora como agentes políticos à frente da extinta Secom, a ponto de ter-lhes sido aplicado o valor máximo da multa prevista no art. 58, II, da Lei n.º 8.443/92 (R$ 30.000,00). Nesse sentido, extraímos o seguinte trecho do parecer do Procurador-Geral do MP/TCU, citado no voto do Ministro-Relator:

(...) realmente é devida a responsabilização, neste trabalho de fiscalização, dos Srs. Luiz Gushiken e Marcus Vinicius di Flora, respectivamente, ex-Secretário e ex-Secretário Adjunto da Secom/PR, assim como também é devida a aplicação, àqueles gestores, da multa prevista no artigo 58, II, da Lei nº 8.443/1992, por terem conduzido aquele órgão negligenciando o dever de controle dos atos de execução daquela Secom/PR.

88.2. Todos os achados do presente trabalho decorrem diretamente da condução daquela Secretaria por seus gestores principais, que, por essa razão, devem ser responsabilizados pelo débito apurado. Essa conclusão aplica-se tanto ao débito referente às revistas supostamente entregues ao PT – fato admitido pelos próprios responsáveis – como também pelo débito relativo à não-comprovação da execução dos serviços e ao sobrepreço. Nesses dois últimos casos, destacam-se o grande número de exemplares e os percentuais de sobrepreço, que apresentam comportamento crescente nas sucessivas edições, evoluindo de 16,3 % (1ª edição, outubro de 2003) até 203,8 % (agosto de 2005). Assim, por essas irregularidades, que, em conjunto, expressam maior gravidade, devem ser responsabilizados os gestores maiores da Secom, especialmente seu titular à época.

BENEFÍCIOS DE CONTROLE

89. Nos termos da Portaria TCU n.º 59/2004, registram-se os seguintes benefícios de controle resultantes da proposta de encaminhamento destes autos:

– ressarcimento de débito, no valor de R$ 9.696.581,80 (nove milhões, seiscentos e noventa e seis mil, quinhentos e oitenta e um reais e oitenta centavos);

– recolhimento de multa.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo o que se segue:

I) acolher as seguintes alegações de defesa e razões de justificativa:

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a) na Ação “Balanço 24 meses de governo”, no sentido de considerar entregues em sua totalidade as revistas contratadas, aplicando, entretanto, multa aos responsáveis em razão de ateste de recebimento em desacordo com os preceitos legais estabelecidos;

b) na Ação “Balanço 12 meses de governo”, considerando-se entregues à extinta Secom 3.000 exemplares e supostamente enviadas ao Partido dos Trabalhadores 56.000 exemplares, mantendo-se o débito relativo a estes últimos para os responsáveis no âmbito da extinta Secom;

c) na Ação “Balanço 6 meses de governo”, considerando-se supostamente enviadas ao Partido dos Trabalhadores 59.500 exemplares, mantendo-se o débito relativo a estes impressos para os responsáveis no âmbito da extinta Secom;

d) com relação ao achado “sobrepreço na execução de serviços gráficos”, exonerando os responsáveis Sílvia Sardinha Ferro (Balanços 6, 12, 18 e 24 meses), Gabriela Santoro de Castro (Balanços 18 e 24 meses), Cid Marques Faria (Balanço 12 meses), Expedito Carlos Barsotti (Balanço 6 meses), Elisabete Pereira da Rosa (Livretos Inclusão Social) e Alexandre Antunes Vieira (Livretos Inclusão Social).

II) rejeitar as demais alegações de defesa e razões de justificativa;

III) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, todos da Lei n.º 8.443/92, julgar irregulares as contas dos Srs. Luiz Gushiken, CPF n.º 489.118.798-00, Marcus Vinicius di Flora, CPF n.º 640.268.686-72, Expedito Carlos Barsotti, CPF n.º 060.209.778-97, Jafete Abrahão, CPF n.º 042.884.676-91, e Luiz Antônio Moreti, CPF n.º 514.488.078-91, e das Sras. Lúcia Maria Rodrigues Mendes, CPF n.º 355.827.666-34, e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho, CPF n.º 463.336.900-82;

IV) com fundamento nos arts. 19 e 23, inciso III, alínea "a", todos da Lei n.º  8.443/92, c/c o art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, condenar ao pagamento das importâncias a seguir arroladas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, nos termos da legislação vigente, a partir das datas dos débitos, até a efetiva quitação destes, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas importâncias ao Tesouro Nacional:

IV. 1) Sr. Luiz Gushiken (CPF n.º 489.118.798-00), ex-Ministro de Estado da extinta Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República – Secom/PR, em razão de pagamento por serviços gráficos não-executados (44.250 revistas sem comprovação de entrega, na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), não-comprovação da regular aplicação de recursos públicos (59.500 revistas supostamente entregues ao PT, na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002 e 376.640 revistas supostamente entregues ao PT, na ação “ Balanço 24 meses de Governo”), e sobrepreço na aquisição de serviços gráficos (R$ 2,25 por revista, em 1.200.000 exemplares, e R$ 0,1683333 por encarte, em 600.000 unidades, na ação Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227; e R$ 0,35 por revista, em 140.000 exemplares na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), no valor total de R$ 4.218.846,75, solidariamente com:

a) a agência Duda Mendonça & Associados Ltda. (CNPJ 69.277.291/0006-70), na pessoa do seu representante legal, em razão do recebimento por serviços gráficos não-executados (44.250 revistas na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), e da constatação de sobrepreço na prestação de serviços gráficos (R$ 2,25 por revista, em 1.200.000 exemplares, e R$ 0,1683333 por encarte, em 600.000 unidades, na ação Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227; e R$ 0,35 por revista, em 140.000 exemplares na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), no valor total de R$ 3.209.717,55, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa, solidariamente com o Sr. Marcus Vinicius di Flora (CPF n.º 640.268.686-72), ex-Secretário-Adjunto da Secom/PR, e com os demais responsáveis a seguir arrolados, pelas irregularidades nas ações e valores abaixo discriminados:

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a.1) na ação “Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227:

a.1.1) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.1.1.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), ao autorizar a execução dos serviços com sobrepreço; Sra. Lúcia Maria Mendes (ex-Assessora da Secom/PR, CPF n.º 355.827.666-34), ao aprovar os custos de impressão de materiais com sobrepreço, os quais, deste modo, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 3.053.090,00, relativos ao sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 1.200.000 exemplares (R$ 2.943.000,00, pagos por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005), e de R$ 0,1683333 por encarte, em 600.000 unidades (R$ 110.090,00, pagos por intermédio da OB 916377, de 29/12/2004);

a.1.1.2) Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ n.º 43.150.499/0016-02) pela prática de sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 300.000 exemplares, no valor de R$ 675.000,00, pago por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.1.3) Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ n.º 61.155.925/0001-04), pela prática de sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 300.000 exemplares, no valor de R$ 675.000,00, pago por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.1.4) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ n.º 54.298.047/0001-02), pela prática de sobrepreço de R$ 2,25 por revista, relacionada com 600.000 revistas, pagos por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005, e de R$ 0,1683333 por encarte, relacionada com 600.000 encartes, pagos por intermédio da OB 916377, de 29/12/2004, no valor total de R$ 1.451.000,00, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa;

a.2) na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002:

a.2.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.2.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), ao encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados, e Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), ao atestar o recebimento de materiais não-entregues, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 120.098,93 por serviços gráficos não-executados, relacionados com 44.250 revistas, pagas por intermédio da OB 3017, de 01/10/2003;

a.2.2) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.2.2.1) Takano Editora Gráfica Ltda. (CNPJ n.º 56.003.114/0005-73), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não-executados, relacionados com 44.250 revistas, pagas por intermédio da OB 3017, de 01/10/2003, e pela prática de sobrepreço de R$ 0,35 por revista, em 140.000 exemplares, pagos por intermédio da mesma OB, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação para a empresa é de R$ 143.695,00;

b) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), por ter encaminhado à Secretaria de Administração da Presidência da República as faturas relacionadas a despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada, e com o Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), por ter atestado a execução das despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada:

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b.1) na ação “Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227:

b.1.1) 376.640 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2/ número 4, também conhecida como “2 anos de governo” ou “24 meses de governo”, no valor de R$ 1.794.049,31, pago por intermédio da OB 900236, de 18/01/05;

b.2) na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002:

b.2.1) 59.500 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1 – número 1, também conhecida como “6 meses de governo” ou “1 ano de governo”, no valor de R$ 161.488,95, pago por intermédio da OB 3017, de 01/10/2003.

IV.2) Sr. Luiz Gushiken (CPF n.º 489.118.798-00), ex-Ministro de Estado da extinta Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República –Secom/PR, em razão de pagamento por serviços gráficos não executados (51.890 revistas sem comprovação de entrega na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135, 530.200 revistas sem comprovação de entrega na ação “Balanço 12 meses de Governo” – PIT 03/110, e 20.000 livretos sem comprovação de entrega na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), não-comprovação da regular aplicação de recursos públicos (542.500 revistas supostamente entregues no PT, na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135, e 66.800 revistas supostamente entregues ao PT na ação “Balanço 12 meses de Governo” – PIT 03/110), e sobrepreço na aquisição de materiais gráficos (R$ 1,02 por revista, em 900.000 exemplares; R$ 1,04 por revista, em 120.000 exemplares; R$ 0,448 por encarte, em 900.000 unidades; R$ 0,47 por encarte, em 120.000 unidades, na ação Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135; R$ 0,4543 por revista, em 175.000 exemplares e R$ 0,3994 em 425.000 exemplares na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110; e R$ 1,386 por livreto, em 500.000 unidades, na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), no valor total de R$ 5.477.735,05, solidariamente com:

a) a agência Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ n.º 65.561.664/0001-75), na pessoa do seu representante legal, em razão do recebimento por serviços gráficos não-executados (51.890 revistas não-entregues na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135; 530.200 revistas não-entregues na ação “Balanço 12 meses de Governo” – PIT 03/110 e 20.000 livretos na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), e da constatação de sobrepreço na venda de materiais gráficos (R$ 1,02 por revista, em 900.000 exemplares; R$ 1,04 por revista, em 120.000 exemplares; R$ 0,448 por encarte, em 900.000 unidades; R$ 0,47 por encarte, em 120.000 unidades, na ação Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135; R$ 0,4543 por revista, em 175.000 exemplares e R$ 0,3994 em 425.000 exemplares na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110; e R$ 1,386 por livreto, em 500.000 unidades, na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), no valor total de R$ 3.997.261,08, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa, solidariamente com o Sr. Marcus Vinicius di Flora (CPF n.º 640.268.686-72), ex-Secretário-Adjunto da Secom/PR, e com os demais responsáveis a seguir arrolados, pelas irregularidades nas ações e valores abaixo discriminados:

a.1) na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135:

a.1.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.1.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, n.º CPF 042.884.676-91), ao encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados, e Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), ao atestar o recebimento de materiais não-entregues, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 184.951,53 por serviços gráficos não-executados, relacionados com 51.890 revistas pagas por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004;

a.1.2) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC 022.381/2006-0

a.1.2.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), ao autorizar a execução de serviços com sobrepreço, e Sra. Lúcia Maria Mendes (ex-Assessora da Secom/PR, CPF n.º 355.827.666-34), ao aprovar os custos de impressão com sobrepreço, os quais, deste modo, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 1.637.616,00, relativos a sobrepreço de R$ 1,02 por revista relacionado com 900.000 revistas (R$ 333.540,00, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004; R$ 333.540,00, pagos por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004; e R$ 333.540,00, pagos por intermédio da OB 908970, de 26/07/2004); R$ 1,04 por revista, relacionado com 120.000 revistas (R$ 136.032,00, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004); R$ 0,448 por encarte, relacionado com 900.000 unidades (R$ 439.488,00, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004); R$ 0,47 por encarte, relacionado com 120.000 unidades (R$ 61.476,00, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004);

a.1.2.2) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 54.298.047/0001-02), pela prática de sobrepreço de R$ 1,04 por revista, relacionada com 120.000 exemplares, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004; R$ 0,448 por encarte, relacionado com 900.000 unidades, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004; e R$ 0,47 por encarte, relacionado com 120.000 unidades, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004, no valor total de R$ 584.400,00, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.2.3) Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ 61.155.925/0001-04), pela prática de sobrepreço de R$ 1,02 por revista relacionada com 300.000 exemplares da revista, totalizando R$ 306.000,00 pagos por intermédio da OB 908970, de 26/07/2004, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.2.4) Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ 43.150.499/0016-02), pela prática de sobrepreço de R$ 1,02 por revista relacionada com 300.000 exemplares da revista, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004, no valor total de R$ 306.000,00, caracterizando enriquecimento sem causa;

a.1.3) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.1.3.1) WEB Editora Ltda. (CNPJ 03.073.653/0001-99), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não-executados, relacionados com 51.890 revistas, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 1,02 por revista, relacionada com 300.000 exemplares da revista, pagos por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação é de R$ 422.752,50;

a.2) na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110:

a.2.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.2.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), ao encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados, e Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), ao atestar o recebimento de materiais não-entregues, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 1.431.624,18 por serviços gráficos não-executados, relacionados com 530.200 revistas pagas por intermédio das OBs 901996 e 902340, de 03 e 08/03/2004, respectivamente;

a.2.2) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.2.2.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), ao autorizar a execução dos serviços com sobrepreço, contribuiu para o

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC 022.381/2006-0

pagamento indevido de R$ 271.679,78, relativos a sobrepreço de R$ 0,4543 por revista, relacionados com 175.000 revistas (R$ 86.657,73, pagos por intermédio da OB 902340, de 08/03/2004); e R$ 0,3994 por revista, relacionados com 425.000 revistas (R$ 185.022,05, pagos por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004);

a.2.3) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.2.3.1) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ n.º 54.298.047/0001-02), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não-executados, relacionados com 530.200 revistas, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 0,4543 por revista, relacionada com 175.000 exemplares, pagos por intermédio da OB 902340, de 08/03/2004; e R$ 0,3994 por revista, relacionado com 425.000 exemplares, pagos por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação é de R$ 1.341.459,50;

a.3) na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086:

a.3.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.3.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), ao atestar o recebimento de bens não—entregues e encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados contribuiu para o pagamento indevido de R$ 45.038,80 por serviços gráficos não-executados, relacionados com 20.000 livretos, pagos por intermédio da OB 908065, de 03/08/2005;

a.3.2) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.3.2.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), o qual, ao autorizar a execução de serviços com sobrepreço, contribuiu para o pagamento de indevido de R$ 755.370,00, relativos ao sobrepreço de R$ 1,386 por livreto, relacionados com 500.000 livretos, pagos por intermédio da OB 908065 de 03/08/2005);

a.3.3) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.3.3.1) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ n.º 54.298.047/0001-02), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não-executados, relacionados com 20.000 livretos, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 1,386 por livreto, relacionados com 500.000 livretos, pagos por intermédio da OB 908065, de 03/08/2005, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação é de R$ 706.600,00;

b) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), por ter encaminhado à Secretaria de Administração da Presidência da República as faturas relacionadas a despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada, e com o Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), por ter atestado a execução das despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada:

b.1) na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135:

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b.1.1) 208.000 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, no valor de R$ 741.374,40, pago por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004;

b.1.2) 88.000 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, no valor de R$ 313.658,40, pago por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004;

b.1.3) 246.500 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, no valor de R$ 878.599,95, pago por intermédio da OB 908970, de 26/07/2004;

b.2) na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110:

b.2.1) 10.800 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1 – número 2, também conhecida como “12 meses de governo” ou “1 ano de governo”, no valor de R$ 28.952,06, pago por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004;

b.2.2) 56.000 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1 – número 2, também conhecida como “12 meses de governo” ou “1 ano de governo”, no valor de R$ 150.121,78, pago por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004;

V) aplicar aos Srs. Luiz Gushiken (CPF n.º 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF n.º 640.268.686-72), Jafete Abrahão (CPF n.º 042.884.676-91), Luiz Antônio Moreti (CPF n.º 514.488.078-91), Expedito Carlos Barsotti (CPF n.º 060.209.778-97) e às Sras. Lúcia Maria Rodrigues Mendes (CPF n.º 355.827.666-34) e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho (CPF n.º 463.336.900-82), individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, c/c o art. 268, inciso II, do Regimento Interno/TCU, em valor a ser determinado pelo Tribunal, observado o grau de reprovabilidade das respectivas condutas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU) o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data do recolhimento;

VI) autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, caso não atendida a notificação;

VII) determinar a remessa de cópia dos autos ao Ministério Público da União, para as providências cabíveis, em cumprimento ao que estabelece o art. 16, § 3º, da Lei n.º 8.443/92.”

O Ministério Público manifestou-se de acordo mas sugere que, preliminarmente, sejam citadas as agências de publicidade contratadas pela Secom e, também, as gráficas subcontratadas por aquelas agências em relação aos serviços que não teriam sido prestados (fls. 199/214, volume principal).

Incluído na pauta de 3/12/2008, o processo foi objeto de pedido de vista formulado pelo Procurador-Geral do MP/TCU, com fundamento no art. 112, §1º, do Regimento Interno (fl. 215, volume principal).

Em seu parecer (fls. 216/8), o Procurador-Geral atribui as irregularidades essencialmente a problemas operacionais e sugere a exclusão da responsabilidade do ex-Ministro da Secom Luiz Guschiken e do ex-Secretário-Adjunto Marcus Vinícius Di Flora.

Sobre o conteúdo da propaganda institucional do governo afirma, in verbis:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC 022.381/2006-0

“Por fim, não se pode deixar de admitir que é de difícil aferição a questão ligada à identificação de promoção pessoal nos informes institucionais do governo. Isso porque ao divulgar os feitos do poder central, dificilmente o próprio receptor das informações consegue fazer a desvinculação das ações governamentais da figura do respectivo Chefe do Executivo. Apesar da existência de normas objetivas que procuram coibir abusos na publicidade governamental, sabe-se que ainda assim remanesce o aspecto subjetivo a trazer, às vezes, dúvidas quanto à presença de um mensagem implícita de promoção pessoal em peças publicitárias veiculadas pelo Poder Público”.

Pelo despacho fls. 219/20, volume principal, determinei a citação das empresas, na forma sugerida pelo MP/TCU, no parecer fls. 199/214, volume principal.

Após a citação, os autos foram novamente instruídos, nos seguintes termos (fls. 391/410, volume 1):

2. EXAME DAS CITAÇÕES

2.1 Responsável: Editora Gráficos Burti Ltda. (solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação de Marketing Ltda.).

Ato impugnado: ausência de comprovação do recebimento das revistas “Balanço 18 Meses” encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores.

Quantificação do débito:Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência**

2,25 88.000 198.000,00 06/08/2004* O valor unitário já desconta o valor correspondente ao sobrepreço de R$ 1,02 por

exemplar, objeto da citação por meio do Ofício 3113/2006-TCU/SECEX-6 (R$ 3,27 (valor pago) – R$ 1,02 (sobrepreço))

** Data da OB 909613: 06/08/2004

Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 387.706,18

2.1.1 Alegações de defesa da Editora Gráficos Burti Ltda (fls. 251/255 do volume 1):

A empresa alega, em síntese, que foi subcontratada pelas agências Duda Mendonça e Matisse com o fim de confeccionar o material gráfico. Ainda, que todo o material foi efetivamente entregue conforme determinação das agências, o que pode ser comprovado com as notas e comprovantes de entregas das 88.000 revistas do ‘Programa de 18 Meses do Governo’, já juntados anteriormente e fornecidos novamente.

Menciona ainda que sua contratação se deu exclusivamente com empresa da área privada, sem nenhum vínculo com a Administração Pública. Assim, na posição de subcontratada, nos moldes do art. 72 da Lei nº 8.666/93, a requerente não pode vir a ser questionada pela Administração Pública acerca de sua conduta, que foi no sentido do integral cumprimento de suas obrigações contratuais.

2.1.2 Análise:

Observa-se que a defesa apresentada pela Editora Gráficos Burti possui teor semelhante ao da defesa constante às fls. 715/720 do volume 4. Na ocasião a empresa foi citada, em solidariedade com os demais responsáveis, devido a indícios de sobrepreço na produção de revistas relacionadas às ações “Balanço 24 Meses de Governo – PIT 04/227” e “Balanço 18 meses de Governo – PIT 04/135” (Ofício nº 3113/2006-TCU/Secex-6, fls. 76/77 do v.p.).

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Considerando que as alegações de que foi contratada por agências e que não possui relação com a Administração Pública já foi objeto de análise na instrução anterior (ver parágrafo 58.15 da instrução de fls. 81/147), não tendo sido acolhidas, entende-se desnecessário efetuar aqui nova abordagem acerca desse assunto. Assim, a presente análise será restrita à comprovação da entrega das revistas.

Com relação a essa questão, constata-se que foram trazidos aos autos documentos fiscais relativos ao ato ora impugnado (fls. 272/284 do volume 1, TC 022.381/2006-0). Alguns desses documentos já haviam sido apresentados pela empresa quando da citação por sobrepreço (fls. 745/753 do volume 4, TC 017.951/2005-5).

A partir da análise das notas fiscais apresentadas pela empresa, elaborou-se a seguinte tabela:

Nº da Nota Fiscal Quantidade Valor unitário (R$) Valor Total (R$) Destinatário/Endereço

110456 300.000 3,27 981.000,00 Presid. da República/Praça dos Três Poderes S/N – CEP 70100-000

110635 86.000 3,27 281.220,00 Presid. da República/Praça dos Três Poderes S/N – CEP 70100-000

110982 50.800 3,27 166.116,00 Presid. da República/Praça dos Três Poderes S/N – CEP 70100-000

111473 25.000 3,27 81.750,00 Raimunda Maria dos Santos/Ladeira da Independência nº 16 Salvador/BA – CEP 40040-340

111474 18.000 3,27 58.860,00 Manoel Junior Pereira Campos/Aven. 83 nº 431 Goiânia/GO-CEP 74083-020

111475 10.000 3,27 32.700,00 Jorgemeire Ferreira Gomes/Aven. Gal. Melo nº 351 Cuiabá/MT – CEP 78015-400

111658 35.000 3,27 114.450,00 Rebecca Moreira Ramos/Rua Buenos Aires, nº 68 – 23º andar – RJ/RJ CEP 20070-020

111842 75.200 3,27 245.904,00 Presid. da República/Praça dos Três Poderes S/N – CEP 70100-000

TOTAL 597.300 3,27 1.953.171 -------

Obs: as notas fiscais sob análise são as que se encontram em negrito.

Observa-se que o somatório das quantidades constantes das Notas Fiscais nº 111473, 111474, 111475 e 111658 alcança 88.000 exemplares. Ainda, que essas notas fazem referência à revista ‘Um Ano e Meio de Governo (O Brasil Está Mudando)’ e mencionam os destinatários explicitados na tabela acima (fls. 272, 273, 279 e 282 do volume 1).

As notas fiscais acima citadas estão acompanhadas das notas fiscais de serviços de transporte, emitidas pelas empresas High-Tech Transportes Rodoviários Ltda. (fls. 275 e 280 do volume 1) e Jad Cargas Expressas Ltda. (fls. 746/747 do volume 4, TC 017.951/2005-5).

A partir das informações constantes dos citados documentos, constatou-se, por intermédio de pesquisa na internet, que as notas fiscais nº 111473 e 111474 possuem como destinatários os diretórios do PT nas cidades de Salvador e Goiânia, respectivamente (fls. 354/356 do volume 1). Com relação aos destinatários constantes das notas fiscais nº 111475 e 111658, observou-se que os diretórios do partido nas cidades de Cuiabá e Rio de Janeiro mudaram de endereço. Uma vez que a

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emissão dessas notas fiscais ocorreu no exercício de 2004, foram obtidas, mediante pesquisa na citada rede, informações que ratificam os endereços constantes das notas nº 111475 e 111658 como sendo dos diretórios do PT naquela ocasião (fls. 357/358 do volume 1).

A despeito dessas constatações, observa-se que as notas fiscais não possuem carimbos de postos de fiscalização. Desta forma, não há atestos de trânsito do material de São Paulo para os destinos mencionados no parágrafo acima. Conforme entendimento exposto na instrução anterior (subitem 26.3, fls. 93 do v.p.), os documentos hábeis para a comprovação do transporte seriam os conhecimentos de transporte de carga rodoviária (CTRC’s) das empresas High-tech Transportes Rodoviários Ltda. e Jad Cargas Expressas Ltda. referentes às cargas transportadas, o que não foi apresentado. A nota fiscal de serviços pode ser emitida para agenciamento de frete. No caso em questão, caso não tenha sido emitido o CTRC, poderia configurar-se possível ilícito fiscal.

Consoante discutido na instrução de fls. 383/416 do TC 017.951/2005-5, apenso aos presentes autos, notas fiscais, com entrega em estados diferentes dos estados de origem e sem carimbo de fiscalização, foram consideradas insuficientes para, isoladamente, comprovar a efetiva entrega do material. Este entendimento também foi mantido na instrução que precedeu à presente instrução (subitem 26.9, fl. 93, v.p.).

A fragilidade da documentação para comprovar a entrega é agravada pela ausência de vínculo dos supostos destinatários com a Administração.

Vale ainda mencionar o seguinte trecho da instrução de fls. 81/147 dos presentes autos, no qual é evidenciada a falta de controles por parte da Secom/PR:

“40.4.2 Ademais, o procedimento adotado, que não contemplou a verificação, pela administração, do material supostamente entregue, não permite atestar que tenham sido entregues exemplares da revista, nem mesmo, como já apontado na instrução anterior, permite afastar a possibilidade de que os documentos fiscais tenham constituído apenas crédito do partido para com as gráficas.” (grifos nossos)

Assim, ante a ausência de um conjunto de documentos que evidenciem o recebimento pela Administração e a destinação das revistas, nota fiscal de simples remessa sem os carimbos da fiscalização não pode ser aceita, como documento único com validade legal, para comprovar a efetiva entrega das revistas.

Isto posto, entende-se pela rejeição das alegações de defesa apresentadas pela Editora Gráficos Burti Ltda..

2.2 Responsável: Kriativa Gráfica e Editora Ltda.

a) Ato impugnado: ausência de comprovação do recebimento das revistas “Balanço 24 Meses” encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores (solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Duda Mendonça & Associados Ltda.).

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência**2,12 376.640 798.476,80 18/01/2005

* O valor unitário já desconta o valor correspondente ao sobrepreço de R$ 2,25 por exemplar, objeto da citação por meio do Ofício 3099/2006-TCU/SECEX-6 (R$ 4,37 (valor pago) – R$ 2,25 (sobrepreço))

** Data da OB 900236: 18/01/2005

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Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 1.468.663,13

b) Ato impugnado: ausência de comprovação do recebimento das revistas “Balanço 12 Meses” encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores (solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação e Marketing Ltda.).

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência**2,06 66.800 137.608,00 03/03/2004

* O valor unitário já desconta o valor correspondente ao sobrepreço de R$ 0,3994 por exemplar, objeto da citação por meio do Ofício 3099/2006-TCU/SECEX-6 (R$ 2,46 (valor pago) – R$ 0,40 (sobrepreço))

** Data da OB 901996: 03/03/2004

Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 286.462,70

2.2.1 Alegações de defesa da Kriativa Gráfica e Editora Ltda (fls. 238/250 do volume 1):

Vale transcrever o seguinte trecho da defesa apresentada pela gráfica:

“(...). A constatação dos agentes do E. Tribunal de Contas da União de que havia exemplares estocados na sede da gráfica defendente (fl. 388) somente faz provar que esta executou em sua totalidade o serviço para o qual foi contratada, dentro dos curtos prazos estipulados. Mesmo não tendo sido determinado o local no qual deveriam ser entregues as mercadorias, permaneceram estas em sua sede, aguardando instruções para tanto.

Assim sendo, diante da existência de notas fiscais, as quais tiveram seus pagamentos efetuados pela SECOM/PR, acompanhadas de recibo de entrega, mesmo que proveniente de pessoa considerada pelos auditores do TCU como ‘não idôneas’, resta provado que os serviços foram efetivamente executados, não havendo mais meios de se comprovar a execução, tendo em vista a extrema informalidade do procedimento interno adotado pela extinta Secretaria.” (grifos do original)

2.2.2 Análise:

Ressalte-se que a defesa apresentada pela Kriativa Gráfica e Editora Ltda. possui teor idêntico ao da defesa constante às fls. 703/713 do volume 4. Na ocasião a empresa foi citada, em solidariedade com os demais responsáveis, devido a indícios de sobrepreço e por serviços não executados na produção de revistas relacionadas às ações “Balanço 24 Meses de Governo – PIT 04/227”, “Balanço 18 meses de Governo – PIT 04/135”, “Balanço 12 meses de Governo – PIT 03/110” e “Livretos Inclusão Social – PIT 05/086” (Ofício nº 3099/2006-TCU/Secex-6, fls. 42/44).

Assim, as questões mencionadas na presente defesa já foram objeto de análise na instrução de fls. 81/147. Considerando que não foram trazidos aos autos novos elementos/documentos que comprovem a efetiva entrega das publicações, objeto da presente citação, entende-se pela rejeição das alegações de defesa apresentadas.

2.3 Responsável: Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação e Marketing Ltda.).

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Ato impugnado: ausência de comprovação do recebimento das revistas “Balanço 18 Meses” encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores.

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência**2,25 246.500 554.625,00 26/07/2004

* O valor unitário já desconta o valor correspondente ao sobrepreço de R$ 1,02 por exemplar, objeto da citação por meio do Ofício 3104/2006-TCU/SECEX-6 (R$ 3,27 (valor pago) – R$ 1,02 (sobrepreço))

** Data da OB 908970: 26/07/2004

Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 1.102.906,20

2.3.1 Alegações de defesa da Pancrom Indústria Gráfica Ltda (fls. 285/316 do volume 1):

Quanto ao serviço prestado pela referida gráfica à Agência Matisse, relativo à impressão de 300 mil revistas “Brasil Um País de Todos”, ano 2, número 3, da ação “Balanço 18 Meses de Governo”, informações, às fls. 299/302 do volume 1, dão conta do número das notas fiscais de remessa emitidas pela empresa Pancrom, quantitativos de exemplares constantes dessas notas e os destinatários.

Vale transcrever ainda o seguinte trecho da defesa apresentada pela Pancrom Indústria Gráfica Ltda:

“10- Pois bem, de acordo com o pactuado, a peticionária imprimiu as revistas, emitiu a respectiva nota fiscal de serviços, e encaminhou o material para entrega nos locais determinados pelas contratantes, ou seja, pelas agências Matisse e Duda Mendonça.

11- Desta forma, não há que se falar como pretende a auditoria desta Corte, que os comprovantes de entrega das revistas, designados pelos canhotos das notas de remessa não sirva como prova de que o material foi entregue, e consequentemente, de que o serviço foi prestado.

12- Ora, é regra de mercado e imposição legal a emissão de nota fiscal apta a acompanhar as mercadorias que estejam circulando, até que cheguem ao seu destino.

13- Portanto, perfeitamente lícito e legal que as revistas encaminhadas aos seus respectivos destinos estivessesm acompanhadas das notas fiscais de remessa, sem as quais as mesmas não poderiam circular.

14- E, no ato de entrega das mercadorias, o recebedor firmou o efetivo recebimento das mesmas, através da assinatura do canhoto da respectiva nota, sendo certo que o mesmo vale e é prova cabal e legal da entrega da mercadoria, consequentemente, da prestação do serviço.”

2.3.2 Análise:

Mencione-se que as alegações de defesa apresentadas pela Pancrom Indústria Gráfica Ltda. possuem teor bastante semelhante ao da defesa constante às fls. 2/35 do Anexo 3. A empresa foi citada naquela oportunidade, em solidariedade com os demais responsáveis, devido a indícios de sobrepreço na produção de revistas relacionadas às ações “Balanço 24 Meses de Governo – PIT 04/227” e “Balanço 18 meses de Governo – PIT 04/135” (Ofício nº 3104/2006-TCU/Secex-6, fls. 56/57 do v.p.).

Registre-se ainda que embora os documentos fiscais mencionados na presente defesa (fls. 300/302 do Volume 1) não tenham sido apresentados, constatou-se que esses foram juntados aos autos na ocasião da citação da empresa por indícios de sobrepreço (fls. 38/83 do Anexo 3).

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Observa-se, da análise desses documentos, que as quatorze notas fiscais de remessa apresentadas pela Pancrom não fazem menção às revistas produzidas (“Brasil Um País de Todos”, ano 2, número 3, ação “Balanço 18 Meses de Governo). A descrição constante dessas notas fiscais refere-se a ‘Revistas c/ 64 pags + capa – OS 7096’. Assim não há como caracterizar que o material discriminado nas notas fiscais refere-se às revistas questionadas. Mencione-se ainda que não constam dessas 14 notas fiscais quaisquer carimbos de postos de fiscalização.

Nos termos da análise realizada na instrução precedente (fls. 98/102, subitens 40 a 40.8), “nota fiscal tendo como destinatário o Partido dos Trabalhadores não é documento hábil para comprovar a entrega dos exemplares de revistas”.

Além disso, apenas seis dessas notas fiscais estão acompanhadas dos respectivos Conhecimentos de Transporte Rodoviários de Carga – CTRC’s, os quais embora façam remissão às notas fiscais, não discriminam as mercadorias transportadas. Dessa forma, não há nexo entre o material transportado e as revistas questionadas.

Por fim, os recibos de entrega estão assinados por pessoal sem identificação e sem qualquer vínculo com a Administração Pública, não podendo servir como documentos hábeis para comprovar a efetiva entrega das revistas nem a aplicação dos recursos que custearam sua impressão.

Considerando que os elementos/documentos constantes dos autos não são suficientes para a comprovação da entrega das publicações, objeto da presente citação, entende-se pela rejeição das alegações de defesa apresentadas pela Pancrom Indústria Gráfica Ltda..

2.4 Responsável: Web Editora Ltda. (solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação de Marketing Ltda.).

Ato impugnado: ausência de comprovação do recebimento das revistas “Balanço 18 Meses” encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores.

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência**2,25 208.000 468.000,00 06/08/2004

* O valor unitário já desconta o valor correspondente ao sobrepreço de R$ 1,02 por exemplar, objeto da citação por meio do Ofício 3114/2006-TCU/SECEX-6 (R$ 3,27 (valor pago) – R$ 1,02 (sobrepreço))

** Data da OB 909612: 06/08/2004

Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 916.396,42

2.4.1 Alegações de defesa da Web Editora Ltda (fls. 331/334 do volume 1):

A Gráfica Web afirma que todo o material contratado foi entregue, por recomendação da agência Matisse Comunicação, diretamente na Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República à Sra. Maria da Penha Pires (fl. 333 do vol. 1).

Acrescenta que qualquer responsabilidade sobre a contratação deve ser imputada à Agência Matisse, responsável pelo cumprimento do contrato com a Administração Pública.

2.4.2 Análise:

Observa-se que as alegações de defesa apresentadas pela Web Editora Ltda. possuem teor bastante semelhante ao expediente por ela apresentado às fls. 638/640 do volume 4, em resposta à

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citação por ‘sobrepreço e não comprovação de serviços executados’ (subitem 9.4.1.6 do Acórdão nº 1.641/2006-P).

Seguindo o mesmo entendimento constante da instrução anterior (subitem 21.6, fl. 91), as alegações da WEB Editora a respeito da entrega dos exemplares, por não estarem acompanhadas de qualquer documento que as respaldem, não merecem ser acolhidas. Além disso, a empresa não apresentou documentos que embasassem a afirmação de que a entrega foi feita à Sra. Maria da Penha Pires. O argumento de que a gráfica não tem relação com o governo federal não tem o condão de afastar a responsabilidade dessa empresa, consoante já analisado no item 11 da instrução de fls. 81/147 do volume principal.

Pelo exposto, propõe-se rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela Web Editora.

2.5 Responsável: Duda Mendonça & Associados

a) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Kriativa Gráfica e Editora. pelo ato impugnado constante do subitem 2.2, alínea ‘a’, desta instrução.

b) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Takano Gráfica e Editora Ltda..

Ato impugnado: Ato impugnado: ausência de comprovação do recebimento das revistas “Balanço 6 Meses” encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores.

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência**2,14 59.500 127.330,00 01/10/2003

* O valor unitário já desconta o valor correspondente ao sobrepreço de R$ 0,35 por exemplar, objeto da citação por meio do Ofício 3097/2006-TCU/SECEX-6 (R$ 2,49 (valor pago) – R$ 0,35 (sobrepreço))

** Data da OB 3017: 01/10/2003

Valor total atualizado até 30/04/2009 : R$ 280.252,57

c) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moretti.

Ato impugnado: pagamento de comissão da agência ante a ausência de comprovação do recebimento dos materiais indicados nas alíneas “a” e “b” [Ofício nº 1103/2009 – TCU/Secex-6, fls. 337/339], encomendados pela Secom/PR, os quais foram supostamente encaminhados ao Partido dos Trabalhadores:

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência0,09 x 2,12 376.640 0,09 x 798.476,80 18/01/20050,09 x 2,14 59.500 0,09 x 127.330,00 01/10/2003

Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 157.402,412.5.1 Alegações de defesa da Agência Duda Mendonça & Associados (fls. 359/365 do vol.

1):

A agência alega que o pressuposto fático (ausência de comprovação do recebimento) ainda está pendente de julgamento pelo TCU, ‘conforme razões apresentadas no recurso ao processo originário de auditoria (TC 017.951/2005-5)’ – alegações de defesa apresentadas pelos responsáveis–.

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Por isso, entende que não se pode cobrar desde já o pagamento por comissões relativas aos mesmos fatos. Além disso, a cobrança seria precipitada, pois não teria sido realizada a oitiva de todos os interessados.

Sustenta ainda que o Partido dos Trabalhadores - PT deva ser incluído na polaridade passiva processual, pois, embora não seja contratante da impressão e entrega (vinculo jurídico), é receptor do material (vínculo fático).

Menciona que, por economia processual, descabe a transcrição de todas as razões já expostas no recurso (alegações de defesa), por meio do qual se comprovam tanto a entrega de todo o material quanto a inexistência de sobrepreço. “Afinal, se o recurso foi interposto, merece ser respondido por esse Eg. TCU, antes de passar-se à etapa satisfatória de eventual crédito.”

Entende restar pendente de análise questões de maior gravidade, como, por exemplo, se o preço considerado elevado deriva das condições de mercado e dos moldes da solicitação imposta pela SECOM. Assim, a responsabilidade sobre um preço considerado alto seria de quem exigiu urgência, volume e qualidade, o que restringiu a competição às gráficas mais sofisticadas.

Por fim, mencionou que foi a SECOM que impôs a forma de distribuição do material, o que a tornaria integralmente responsável pelos fatos apurados.

2.5.2 Análise:

Observa-se, das alegações de defesa apresentadas (fls. 359/365 do vol. 1 do presente processo), que a agência não trouxe aos autos novos elementos/documentos que auxiliem na comprovação do recebimento das revistas ora questionadas, as quais teriam sido supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores – PT. Mencione-se ainda que os documentos apresentados pela agência (fls. 1/127 do anexo 4 do TC 017.951/2005-5 apenso) em resposta às citações objeto da instrução precedente também não se prestam a essa comprovação.

Quanto à alegação de que o referido partido deve ser chamado aos autos, entende-se superada a questão diante da análise efetuada na instrução precedente, com a qual concordou o procurador do MPTCU. Não cabe ainda aqui entrar na análise acerca do preço cobrado pelas revistas, uma vez que não foi objeto da presente citação. Outrossim esse assunto também faz parte da análise constante da instrução precedente.

Quanto ao objeto da citação constante da alínea ‘c’ acima, uma vez que não restou comprovado recebimento das revistas, torna-se indevido o pagamento de comissão à agência (consoante cláusula 8.1.1 do contrato são previstos honorários de 9% incidentes sobre custos comprovados e previamente autorizados de serviços realizados por terceiros). Assim, cabe o ressarcimento aos cofres públicos no valor atualizado.

Diante do exposto, propõe-se rejeitar as alegações de defesa apresentadas pela agência Duda Mendonça & Associados objeto das citações constantes das alíneas ‘a’ a ‘c’ acima.

2.6 Responsável: Matisse Comunicação de Marketing Ltda.

a) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Editora Gráficos Burti Ltda. pelo ato impugnado constante do subitem 2.1 desta instrução.

b) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Web Editora Ltda. pelo ato impugnado constante do subitem 2.4 desta instrução.

c) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Pancrom Indústria Gráfica Ltda. pelo ato impugnado constante do subitem 2.3 desta instrução.

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d) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Kriativa Gráfica e Editora pelo ato impugnado constante do subitem 2.2 desta instrução.

e) solidariamente com Luiz Gushiken, Jafete Abrahão e Luiz Antônio Moretti.

Ato impugnado: pagamento de comissão da agência ante a ausência de comprovação do recebimento dos materiais indicados nas alíneas “a”, “b”, “c” e “d” [Ofício nº 1104/2009 – TCU/Secex-6, fls. 340/342], encomendados pela Secom/PR, os quais foram supostamente encaminhados ao Partido dos Trabalhadores:

Quantificação do débito:

Valor Unitário* (R$) Nº de Exemplares Valor Histórico (R$) Data de ocorrência*0,09 x 2,25 88.000 0,09 x 198.000,00 06/08/20040,09 x 2,25 208.000 0,09 x 468.000,00 06/08/20040,09 x 2,25 246.500 0,09 x 554.625,00 26/07/20040,09 x 2,06 66.800 0,09 x 137.608,00 03/03/2004

Valor total atualizado até 30/04/2009: R$ 242.412,30

2.6.1 Alegações de defesa da Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (fls. 366/390 do Vol. 1):

A agência menciona que houve deliberação anterior do Plenário do Tribunal em não citar as agências quanto à execução do material gráfico entregue em diretórios do PT (AC 1641/2006 – Plenário, Relação 26/2006). Assim, não poderia o Relator reformar monocraticamente a deliberação colegiada (fls. 378/381 do Volume 1). Pondera que ‘a Nobre Relatoria foi além dos limites do permissivo do art. 201, § 1º, porquanto o mesmo não pode ser interpretado ao ponto de admitir que competiria ao Eminente Relator alterar decisão preliminar anterior proferida pelo Órgão Colegiado.” (grifo do original)

Nesse sentido, requer a nulidade da decisão de fls. 219/220 e dos atos conseqüentes, inclusive a citação da Matisse, e a submissão ao Plenário da proposta do MPTCU de inclusão das agências como responsáveis pelas revistas entregues no PT a mando da SECOM/PR.

Quanto à comprovação do recebimento das revistas, objeto das citações das alíneas “a” a “d” acima, alega a agência que:

“(i) o contrato não exigia qualquer documento formal para destinação do material produzido (incluindo-se, pois, as revistas “Balanços de Governo”), remetendo-se apenas à gestão da Secom/PR;

(ii) a própria Secom/PR reconheceu nos autos que determinou que parte do material produzido pela Matisse fosse remetido aos diretórios do PT para distribuição;

(iii) não cabia à Matisse, como agência contratada, fiscalizar se havia contrato formal ou não entre a Secom/PR e PT, mas apenas seguir a orientação do gestor, no exercício do seu múnus público;

(iv) não havia elementos para presumir qualquer ilegalidade em tal procedimento (se é que houve ilegalidade), e sim justamente o contrário.”

Além disso, cita que nos autos do TC 017.951/2005-5, por meio do Ofício 912/Secom/SG-PR, a Secom/PR informou que, conforme sua determinação, 924.940 unidades das revistas teriam sido

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entregues em diversos diretórios do Partido dos Trabalhadores. Assim, o referido órgão teria reconhecido, ainda que implicitamente, a devida execução dos serviços gráficos pela Matisse.

2.6.2 Análise:

Nos termos do art. 289 do RITCU, cabe agravo de despacho decisório do relator desfavorável à parte no prazo de cinco dias, contados da data do recebimento pela parte da citação. Constata-se, preliminarmente, que não foi observado o referido prazo para interposição do recurso.

A despeito disso, mencione-se que, nos termos do art. 279 do RITCU, não cabe recurso de decisão que determinar a realização de citação, audiência, diligência, inspeção ou auditoria.

Desta forma, não assiste razão à agência quanto ao pedido de nulidade da decisão do Relator constante às fls. 219/220.

Verifica-se, das alegações de defesa apresentadas, que a agência não trouxe aos autos novos elementos/documentos que auxiliem na comprovação do recebimento das revistas ora questionadas, as quais teriam sido supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores – PT.

Embora tenha sido alegado que não havia exigência contratual de documento formal para destinação das revistas, há que se ressaltar que as gráficas foram subcontratadas pela Agência para a prestação de serviços gráficos. De acordo com a Cláusula 5.1.24 do Contrato 51/2003 (Volume 1 do TC 017.951/2005-5), é obrigação da contratada administrar e executar todos os contratos firmados com terceiros, bem como responder por todos estes contratos perante à Administração. Assim, cabia à Agência deter os documentos comprobatórios da execução, do transporte e entrega dos serviços requisitados pela Secom/PR. Tal obrigação, entretanto, não elide a responsabilidade da Secom/PR pelas irregularidades verificadas no âmbito do presente processo.

Quanto ao objeto da citação constante da alínea ‘c’ acima, uma vez que não restou comprovado recebimento das revistas, torna-se indevido o pagamento de comissão à agência (consoante cláusula 8.1.1 do contrato são previstos honorários de 9% incidentes sobre custos comprovados e previamente autorizados de serviços realizados por terceiros). Assim, cabe o ressarcimento aos cofres públicos no valor atualizado.

Pelo exposto, entende-se pela rejeição das alegações de defesa objeto das citações constantes das alíneas ‘a’ a ‘e’ acima.

3. CONCLUSÃO

Analisadas as alegações de defesa dos responsáveis (subitem 2 desta instrução), constatou-se que não foram afastadas as irregularidades objeto das citações determinadas pelo Relator.

Considerando que a presente instrução visa a completar a instrução de fls. 81/147, foram promovidas alterações na proposta de encaminhamento constante das fls. 141/147, conforme subitem a seguir.

4. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior, propondo o que se segue:

I) acolher as seguintes alegações de defesa e razões de justificativa:

a) na Ação “Balanço 24 meses de governo”, no sentido de considerar entregues 198.360 exemplares de revistas, aplicando, entretanto, multa aos responsáveis em razão de ateste de recebimento em desacordo com os preceitos legais estabelecidos; (item 16, fl. 88)

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b) na Ação “Balanço 12 meses de governo”, considerando-se entregues à extinta Secom 3.000 exemplares; (item 26.15, fl. 94)

c) com relação ao achado “sobrepreço na execução de serviços gráficos”, exonerando os responsáveis Sílvia Sardinha Ferro (Balanços 6, 12, 18 e 24 meses), Gabriela Santoro de Castro (Balanços 18 e 24 meses), Cid Marques Faria (Balanço 12 meses), Expedito Carlos Barsotti (Balanço 6 meses), Elisabete Pereira da Rosa (Livretos Inclusão Social) e Alexandre Antunes Vieira (Livretos Inclusão Social);

II) rejeitar as demais alegações de defesa e razões de justificativa;

III) com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, todos da Lei n.º 8.443/92, julgar irregulares as contas dos Srs. Luiz Gushiken, CPF n.º 489.118.798-00, Marcus Vinicius di Flora, CPF n.º 640.268.686-72, Expedito Carlos Barsotti, CPF n.º 060.209.778-97, Jafete Abrahão, CPF n.º 042.884.676-91, e Luiz Antônio Moreti, CPF n.º 514.488.078-91, e das Sras. Lúcia Maria Rodrigues Mendes, CPF n.º 355.827.666-34, e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho, CPF n.º 463.336.900-82;

IV) com fundamento nos arts. 19 e 23, inciso III, alínea "a", todos da Lei n.º  8.443/92, c/c o art. 214, inciso III, alínea "a", do Regimento Interno do Tribunal de Contas da União, condenar ao pagamento das importâncias a seguir arroladas, atualizadas monetariamente e acrescidas dos juros de mora devidos, nos termos da legislação vigente, a partir das datas dos débitos, até a efetiva quitação destes, fixando-lhes o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da ciência, para que comprovem, perante o Tribunal, o recolhimento das referidas importâncias ao Tesouro Nacional:

IV. 1) Sr. Luiz Gushiken (CPF n.º 489.118.798-00), ex-Ministro de Estado da extinta Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República – Secom/PR, solidariamente com a agência Duda Mendonça & Associados Ltda. (CNPJ 69.277.291/0006-70), na pessoa do seu representante legal, em razão de pagamento por serviços gráficos não executados (44.250 revistas sem comprovação de entrega, na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), não-comprovação da regular aplicação de recursos públicos (59.500 revistas supostamente entregues ao PT, na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002 e 376.640 revistas supostamente entregues ao PT, na ação “Balanço 24 meses de Governo”), e sobrepreço na aquisição de serviços gráficos (R$ 2,25 por revista, em um 1.200.000 exemplares, e R$ 0,1683333 por encarte, em 600.000 unidades, na ação Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227; e R$ 0,35 por revista, em 140.000 exemplares na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), no valor total de R$ 4.218.846,75, solidariamente com:

a) Marcus Vinicius di Flora (CPF n.º 640.268.686-72), ex-Secretário-Adjunto da Secom/PR, em razão do recebimento por serviços gráficos não executados (44.250 revistas na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), e da constatação de sobrepreço na prestação de serviços gráficos (R$ 2,25 por revista, em 1.200.000 exemplares, e R$ 0,1683333 por encarte, em 600.000 unidades, na ação “Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227; e R$ 0,35 por revista, em 140.000 exemplares na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002), no valor total de R$ 3.209.717,55, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa, solidariamente com os demais responsáveis a seguir arrolados, pelas irregularidades nas ações e valores abaixo discriminados:

a.1) na ação “Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227:

a.1.1) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.1.1.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), ao autorizar a execução dos serviços com sobrepreço; Sra. Lúcia Maria Mendes (ex-Assessora da Secom/PR, CPF n.º 355.827.666-34), ao aprovar os custos de impressão de materiais

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com sobrepreço, os quais, deste modo, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 3.053.090,00, relativos ao sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 1.200.000 exemplares (R$ 2.943.000,00, pagos por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005), e de R$ 0,1683333 por encarte, em 600.000 unidades (R$ 110.090,00, pagos por intermédio da OB 916377, de 29/12/2004);

a.1.1.2) Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ n.º 43.150.499/0016-02) pela prática de sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 300.000 exemplares, no valor de R$ 675.000,00, pago por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.1.3) Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ n.º 61.155.925/0001-04), pela prática de sobrepreço de R$ 2,25 por revista, em 300.000 exemplares, no valor de R$ 675.000,00, pago por intermédio da OB 900236, de 18/01/2005, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.1.4) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ n.º 54.298.047/0001-02), pela prática de sobrepreço de R$ 2,25 por revista, relacionada com 600.000 revistas, pagos por intermédio da OB 900236, de 18/1/2005, e de 0,1683333 por encarte, relacionada com 600.000 encartes, pagos por intermédio da OB 916377, de 29/12/2004, no valor total de R$ 1.451.000,00, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa;

a.2) na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002:

a.2.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.2.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), ao encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados, e Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), ao atestar o recebimento de materiais não entregues, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 120.098,93 por serviços gráficos não executados, relacionados com 44.250 revistas, pagas por intermédio da OB 3017, de 01/10/2003;

a.2.2) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.2.2.1) Takano Editora Gráfica Ltda. (CNPJ n.º 56.003.114/0005-73), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não executados, relacionados com 44.250 revistas pagas por intermédio da OB 3017, de 01/10/2003, e pela prática de sobrepreço de R$ 0,35 por revista, em 140.000 exemplares, pago por intermédio da mesma OB, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação para a empresa é de R$ 143.695,00;

b) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), por ter encaminhado à Secretaria de Administração da Presidência da República as faturas relacionadas a despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada, e com o Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), por ter atestado a execução das despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada:

b.1) na ação “Balanço 24 Meses de Governo” – PIT 04/227:

b.1.1) em relação a 376.640 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2/ número 4, também conhecida como “2 anos de governo” ou “24 meses de governo”, no valor de R$ 1.794.049,31, pago por intermédio da OB 900236, de 18/01/05;

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b.1.1.1) solidariamente com a Kriativa Gráfica e Editora, pela ausência de comprovação do recebimento das referidas revistas, encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores, no valor unitário de R$ 2,12, totalizando R$ 798.476,80;

obs: o valor unitário desconta o correspondente ao sobrepreço de R$ 2,25 por exemplar, computado como débito para as gráficas e para a agência no item IV.1, subitem a.1.1.1.

b.2) na ação “Balanço 6 Meses de Governo” – PIT 03/002:

b.2.1) em relação a 59.500 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1 – número 1, também conhecida como “6 meses de governo”, no valor de R$ 161.488,95, pago por intermédio da OB 3017, de 01/10/2003;

b.2.1.1) solidariamente com a Takano Gráfica e Editora Ltda., pela ausência de comprovação do recebimento das referidas revistas, encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores, no valor unitário de R$ 2,14, totalizando R$ 127.330,00;

obs: o valor unitário desconta o correspondente ao sobrepreço de R$ 0,35 por exemplar, computado como débito para as gráficas e para a agência no item IV.1, subitem a.2.2.1.

IV.2) Sr. Luiz Gushiken (CPF n.º 489.118.798-00), ex-Ministro de Estado da extinta Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República –Secom/PR, solidariamente com a agência Matisse Comunicação de Marketing Ltda. (CNPJ n.º 65.561.664/0001-75), na pessoa do seu representante legal, em razão de pagamento por serviços gráficos não executados (51.890 revistas sem comprovação de entrega na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135, 530.200 revistas sem comprovação de entrega na ação “Balanço 12 meses de Governo” – PIT 03/110 e 20.000 livretos sem comprovação de entrega na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), não-comprovação da regular aplicação de recursos públicos (542.500 revistas supostamente entregues no PT, na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135, e 66.800 revistas supostamente entregues ao PT na ação “Balanço 12 meses de Governo” – PIT 03/110), e sobrepreço na aquisição de materiais gráficos (R$ 1,02 por revista, em 900.000 exemplares; R$ 1,04 por revista, em 120.000 exemplares; R$ 0,448 por encarte, em 900.000 unidades; R$ 0,47 por encarte, em 120.000 unidades, na ação Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135; R$ 0,4543 por revista, em 175.000 exemplares e R$ 0,3994 em 425.000 exemplares na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110; e R$ 1,386 por livreto, em 500.000 unidades, na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), no valor total de R$ 5.477.735,05, solidariamente com:

a) Marcus Vinicius di Flora (CPF n.º 640.268.686-72), ex-Secretário-Adjunto da Secom/PR, em razão do recebimento por serviços gráficos não executados (51.890 revistas não entregues na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135; 530.200 revistas na ação “Balanço 12 meses de Governo” – PIT 03/110 e 20.000 livretos na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), e da constatação de sobrepreço na venda de materiais gráficos (R$ 1,02 por revista, em 900.000 exemplares; R$ 1,04 por revista, em 120.000 exemplares; R$ 0,448 por encarte, em 900.000 unidades; R$ 0,47 por encarte, em 120.000 unidades, na ação Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135; R$ 0,4543 por revista, em 175.000 exemplares e R$ 0,3994 em 425.000 exemplares na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110; e R$ 1,386 por livreto, em 500.000 unidades, na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086), no valor total de R$ 3.997.261,08, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa, solidariamente com os demais responsáveis a seguir arrolados, pelas irregularidades nas ações e valores abaixo discriminados:

a.1) na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135:

a.1.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

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a.1.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, n.º CPF 042.884.676-91), ao encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados, e Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), ao atestar o recebimento de materiais não entregues, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 184.951,53 por serviços gráficos não executados, relacionados com 51.890 revistas pagas por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004;

a.1.2) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.1.2.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), ao autorizar a execução de serviços com sobrepreço; e Sra. Lúcia Maria Mendes (ex-Assessora da Secom/PR, CPF n.º 355.827.666-34), ao aprovar os custos de impressão com sobrepreço, os quais, deste modo, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 1.637.616,00, relativos a sobrepreço de R$ 1,02 por revista relacionado com 900.000 revistas (R$ 333.540,00, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004; R$ 333.540,00, pagos por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004; e R$ 333.540,00, pagos por intermédio da OB 908970, de 26/07/2004); R$ 1,04 por revista, relacionado com 120.000 revistas (R$ 136.032,00, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004); R$ 0,448 por encarte, relacionado com 900.000 unidades (R$ 439.488,00, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004); R$ 0,47 por encarte, relacionado com 120.000 unidades (R$ 61.476,00, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004);

a.1.2.2) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 54.298.047/0001-02), pela prática de sobrepreço de R$ 1,04 por revista, relacionada com 120.000 exemplares, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004; R$ 0,448 por encarte, relacionado com 900.000 unidades, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004; e R$ 0,47 por encarte, relacionado com 120.000 unidades, pagos por intermédio da OB 912562, de 07/10/2004, no valor total de R$ 584.400,00, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.2.3) Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ 61.155.925/0001-04), pela prática de sobrepreço de R$ 1,02 por revista relacionada com 300.000 exemplares da revista, totalizando R$ 306.000,00, pagos por intermédio da OB 908970, de 26/07/2004, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa;

a.1.2.4) Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ 43.150.499/0016-02), pela prática de sobrepreço de R$ 1,02 por revista relacionada com 300.000 exemplares da revista, pagos por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004, no valor total de R$ 306.000,00, caracterizando enriquecimento sem causa;

a.1.3) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.1.3.1) WEB Editora Ltda. (CNPJ 03.073.653/0001-99), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não executados, relacionados com 51.890 revistas, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 1,02 por revista, relacionada com 300.000 exemplares da revista, pagos por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004, constituindo essa conduta enriquecimento sem causa. Considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação é de R$ 422.752,50.

a.2) na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110:

a.2.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.2.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), ao encaminhar para pagamento faturas cujos serviços

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sabidamente não haviam sido executados, e Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), ao atestar o recebimento de materiais não entregues, contribuíram para o pagamento indevido de R$ 1.431.624,18 por serviços gráficos não executados, relacionados com 530.200 revistas pagas por intermédio das OBs 901996 e 902340, de 03 e 08/03/2004, respectivamente;

a.2.2) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.2.2.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), ao autorizar a execução dos serviços com sobrepreço, contribuiu para o pagamento indevido de R$ 271.679,78, relativos a sobrepreço de R$ 0,4543 por revista, relacionados com 175.000 revistas (R$ 86.657,73, pagos por intermédio da OB 902340, de 08/03/2004); e R$ 0,3994 por revista, relacionados com 425.000 revistas (R$ 185.022,05, pagos por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004).

a.2.3) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.2.3.1) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ n.º 54.298.047/0001-02), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não executados, relacionados com 530.200 revistas, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 0,4543 por revista, relacionada com 175.000 exemplares, pagos por intermédio da OB 902340, de 08/03/2004; e R$ 0,3994 por revista, relacionado com 425.000 exemplares, pagos por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação é de R$ 1.341.459,50.

a.3) na ação “Livretos Inclusão Social” – PIT 05/086:

a.3.1) IRREGULARIDADE: SERVIÇOS NÃO EXECUTADOS

a.3.1.1) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), ao atestar o recebimento de bens não entregues e encaminhar para pagamento faturas cujos serviços sabidamente não haviam sido executados contribuiu para o pagamento indevido de R$ 45.038,80 por serviços gráficos não executados, relacionados com 20.000 livretos, pagos por intermédio da OB 908065, de 03/08/2005;

a.3.2) IRREGULARIDADE: SOBREPREÇO

a.3.2.1) Sr. Expedito Carlos Barsotti (ex-Subsecretário de Publicidade da Secom/PR, CPF n.º 060.209.778-97), o qual, ao autorizar a execução de serviços com sobrepreço, contribuiu para o pagamento indevido de R$ 755.370,00, relativos ao sobrepreço de R$ 1,386 por livreto, relacionados com 500.000 livretos, pagos por intermédio da OB 908065 de 03/08/2005;

a.3.3) OCORRÊNCIA CONCOMITANTE DE SOBREPREÇO E NÃO COMPROVAÇÃO DE SERVIÇOS EXECUTADOS

a.3.3.1) Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ n.º 54.298.047/0001-02), pelo recebimento indevido por serviços gráficos não-executados, relacionados com 20.000 livretos, bem como pela prática de sobrepreço de R$ 1,386 por livreto, relacionados com 500.000 livretos, pagos por intermédio da OB 908065, de 03/08/2005, constituindo essas condutas enriquecimento sem causa; considerando a ocorrência concomitante das duas irregularidades, o valor do débito nessa ação é de R$ 706.600,00.

b) Sr. Jafete Abrahão (ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 042.884.676-91), por ter encaminhado à Secretaria de Administração da

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Presidência da República as faturas relacionadas a despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada, e com o Sr. Luiz Antônio Moreti (ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas da Secom/PR, CPF n.º 514.488.078-91), por ter atestado a execução das despesas cuja regularidade na aplicação dos recursos públicos não restou comprovada:

b.1) na ação “Balanço 18 Meses de Governo” – PIT 04/135:

b.1.1) em relação a 208.000 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, no valor de R$ 741.374,40, pago por intermédio da OB 909612, de 06/08/2004;

b.1.1.1) solidariamente com a Web Editora Ltda, pela ausência de comprovação do recebimento das referidas revistas, encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores, no valor unitário de R$ 2,25, totalizando R$ 468.000,00;

obs: o valor unitário desconta o correspondente ao sobrepreço de R$ 1,02 por exemplar, computado como débito para as gráficas e para a agência no item IV.2, subitem a.1.3.1.

b.1.2) em relação a 88.000 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, no valor de R$ 313.658,40, pago por intermédio da OB 909613, de 06/08/2004;

b.1.2.1) solidariamente com a Editora Gráficos Burti Ltda, pela ausência de comprovação do recebimento das referidas revistas, encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores, no valor unitário de R$ 2,25, totalizando R$ 198.000,00;

obs: o valor unitário desconta o correspondente ao sobrepreço de R$ 1,02 por exemplar, computado como débito para as gráficas e para a agência no item IV.2, subitem a.1.2.4.

b.1.3) em relação a 246.500 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 2, número 3, também conhecida como “18 meses de governo”, no valor de R$ 878.599,95, pago por intermédio da OB 908970, de 26/07/2004;

b.1.3.1) solidariamente com a Pancrom Indústria Gráfica Ltda., pela ausência de comprovação do recebimento das referidas revistas, encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores, no valor unitário de R$ 2,25, totalizando R$ 554.625,00;

obs: o valor unitário desconta o correspondente ao sobrepreço de R$ 1,02 por exemplar, computado como débito para as gráficas e para a agência no item IV.2, subitem a.1.2.3.

b.2) na ação “Balanço 12 Meses de Governo” – PIT 03/110:

b.2.1) em relação a 66.800 exemplares da revista “Brasil – Um País de Todos”, ano 1 – número 2, também conhecida como “12 meses de governo” ou “1 ano de governo”, no valor de R$ 179.073,84, pago por intermédio da OB 901996, de 03/03/2004:

b.2.1.1) solidariamente com a Kriativa Gráfica e Editora, pela ausência de comprovação do recebimento das referidas revistas, encomendadas pela Secom/PR, as quais foram supostamente encaminhadas ao Partido dos Trabalhadores, no valor unitário de R$ 2,06, totalizando R$ 137.608,00;

obs: o valor unitário desconta o correspondente ao sobrepreço de R$ 0,3994 por exemplar, computado como débito para as gráficas e para a agência no item IV.2, subitem a.2.3.1.

V) aplicar aos Srs. Luiz Gushiken (CPF n.º 489.118.798-00), Marcus Vinicius di Flora (CPF n.º 640.268.686-72), Jafete Abrahão (CPF n.º 042.884.676-91), Luiz Antônio Moreti (CPF

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n.º 514.488.078-91), Expedito Carlos Barsotti (CPF n.º 060.209.778-97) e às Sras. Lúcia Maria Rodrigues Mendes (CPF n.º 355.827.666-34) e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho (CPF n.º 463.336.900-82), individualmente, a multa prevista no art. 58, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, c/c o art. 268, inciso II, do Regimento Interno/TCU, em valor a ser determinado pelo Tribunal, observado o grau de reprovabilidade das respectivas condutas, com a fixação do prazo de quinze dias, a contar das notificações, para comprovar perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea a, do Regimento Interno/TCU) o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente a partir do dia seguinte ao término do prazo ora estabelecido, até a data do recolhimento;

VI) autorizar, desde logo, a cobrança judicial da dívida, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei n.º 8.443/92, caso não atendida a notificação;

VII) determinar a remessa de cópia dos autos ao Ministério Público da União, para as providências cabíveis, em cumprimento ao que estabelece o art. 16, § 3º, da Lei n.º 8.443/92.”

Em nova intervenção, o representante do Ministério Público exarou o seguinte parecer (fls. 419/27, volume 1):

“(...)

11. Apesar de concordar, em grande parte, com o exame realizado pela unidade técnica, peço vênias para dissentir em alguns pontos. Preliminarmente, é preciso esclarecer que, a par da polêmica acerca da legislação aplicável às contratações públicas de serviços de publicidade e propaganda – debate que deve ser abreviado em face da recente publicação da Lei n.º 12.232, de 29 de abril de 2010, que dispõe sobre as normas gerais para licitação e contratação pela administração pública de serviços de publicidade prestados por intermédio de agências de propaganda – a subcontratação de empresas para atividades materiais de produção propriamente dita das peças publicitárias é prática comum e expressamente prevista na legislação que rege o referido mercado, incluindo sua forma de remuneração.

12. Quando se trata da produção de material impresso é, pois, medida esperada e corriqueira a subcontratação de gráficas pelas agências de publicidade contratadas pela Administração, como ocorreu no caso vertente.

13. A distribuição de responsabilidades discutida e controversa no presente processo – especialmente no que diz respeito à possibilidade ou não dessas gráficas subcontratadas terem que responder solidariamente pelos danos ora apurados – não poderá ser adequadamente estabelecida sem prévia e cuidadosa delimitação do alcance subjetivo da jurisdição do TCU.

14. Tal desiderato implica a solução do paradoxo que envolve a situação dos fornecedores subcontratados pelas agências. Se, de um lado, essas pessoas não têm vínculo jurídico explícito e direto com a Administração Pública contratante, de outro, dada a sistemática legal vigente acerca da forma de remuneração dos seus serviços, encontram-se em posição de fixarem o preço que por ela deverá ser suportado, ainda que sob a fiscalização da agência de publicidade interposta. Estão presentes aí, pois, elementos que sugerem, ao mesmo tempo, que há e que não há sujeição das empresas subcontradas pelas agências à fiscalização pelo TCU.

15. O caso em exame oferece oportunidade para destacar aspecto peculiar das subcontratações relacionadas aos contratos de publicidade e propaganda firmados pela Administração Pública quando comparadas com as subcontratações havidas em contratos cujo objeto é a execução de outros serviços. Enquanto nestes a subcontratação é firmada com ônus financeiro para a empresa originalmente contratada, naqueles o encargo recai sobre a Administração contratante.

16. A agência de publicidade contratada tem, pelo contrário, retorno financeiro com a subcontratação, tanto maior, aliás, quanto maior for o preço fixado pelo subcontratado (é remunerada

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por comissão). Sendo assim, não há como negar, sob o aspecto econômico-financeiro, que há uma aproximação sui generis entre a Administração Pública contratante e o terceiro subcontratado. Creio que essa aproximação é suficiente para admitir, em relação às cláusulas financeiras do compromisso assumido pelo terceiro, a incidência do regime da despesa pública.

17. Com efeito, ao contrário do que ocorre ordinariamente, nos serviços de publicidade e propaganda o papel desempenhado pela empresa interposta entre a Administração Pública contratante e o subcontratado não torna totalmente estanques os interesses envolvidos. Há que se admitir nos pontos de contato, portanto, a incidência dos princípios da indisponibilidade e da supremacia do interesse público. Corolário do reconhecimento do regime de despesa pública e da incidência de princípios que protegem os interesses públicos é a constatação da necessidade de controle externo pelo TCU, nos moldes previstos na Constituição Federal.

18. Esse raciocínio não me conduz, no entanto, a atribuir o regime público de execução contratual para todas as cláusulas do ajuste firmado com as empresas subcontratadas. No caso vertente, a entrega do material impresso pelas gráficas foi presidido por regime eminentemente privado. Sua atuação quanto a esse procedimento não ensejava colisão com os interesses públicos em jogo.

19. Embora a despesa pública dependa de adequada liquidação, nos termos da Lei n. 4.320/64, creio que as providências quanto a isso não devam ser atribuídas ao subcontratado. Não se pode presumir que a entrega do material a terceiros, como a diretórios do Partido dos Trabalhadores, representava, necessariamente – sob a ótica do fornecedor contratado pela agência –, ofensa a qualquer interesse público. A posição interposta da agência de publicidade é suficiente, quanto a esse aspecto, para autorizar a presunção de que os procedimentos próprios da liquidação da despesa pública teriam lugar em momento oportuno.

20. Ausente potencial para conflito de interesses nessa questão específica, não se verifica, então, os pontos de contato a que acima me referi e que autorizariam a conclusão de alcance pela jurisdição do Tribunal de Contas da União. Prevalece, aí, a relação jurídica de direito privado havida entre a agência de publicidade contratada e a gráfica subcontratada. Apenas a primeira, em face de seu vínculo direto e dos compromissos assumidos perante a Administração Pública, poderá ser responsabilizada por esta Corte.

21. Em consulta à jurisprudência do TCU, observei que na maioria dos processos envolvendo a contratação de agências de publicidade e propaganda, bem como a subcontratação de gráficas, não houve o chamamento destas aos autos, ou seja, as gráficas não foram consideradas responsáveis pelas irregularidades constatadas nas subcontratações. Nesses casos foram responsabilizados as agências e servidores dos respectivos órgãos contratantes. Sob tal perspectiva, podem ser mencionados os seguintes precedentes: Acórdãos 1.529/05; 1.803/05; 2.149/05; 520/06; 2.455/07; 79/08; 204/08; 172/09, 726/09, todos do Plenário.

22. Considero esse encaminhamento, com fulcro nas considerações acima, apenas parcialmente apropriado na medida em que as circunstâncias excepcionais – máxime aquelas que gerem ônus financeiro para a Adminsitração Pública, como destaquei – não afastem do contrato-padrão que rege o vínculo das agências com as gráficas a natureza de relação jurídica de direito privado entre as partes. Na hipótese em análise, pode-se verificar que o Contrato nº 51/2003, firmado entre a União e a empresa Duda Mendonça e Associados Ltda., prevê as seguintes regras:

“Cláusula Quinta – Obrigações da Contratada

5.1 Constituem obrigações da CONTRATADA, além das demais previstas neste contrato ou dele decorrentes:

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...

5.1.2 Realizar – com seus próprios recursos ou, quando necessário, mediante a contratatação de terceiros – todos os serviços relacionados com o objeto deste contrato, de acordo com as especificações estipulados pela SECOM.

...

5.1.7 Fazer cotação de preços para todos os serviços de terceiros e apresentar, no mínimo, três propostas, com a indicação da mais adequada para sua execução.

5.1.8 Obter a aprovação prévia da SECOM, por escrito, para assumir despesas de produção, veiculação e qualquer outra relacionada com este contrato.

5.1.9 Submeter a subcontratação de terceiros, para a execução de serviços objeto deste contrato, à prévia e expressa anuência da SECOM.

5.1.9.1 Nesses casos, a CONTRATADA permanece com todas as suas responsabilidades contratuais perante a CONTRATANTE.

...

5.1.24 Administrar e executar todos os contratos, tácitos ou expressos, firmados com terceiros, bem como responder por todos os efeitos desses contratos perante terceiros e a própria CONTRATANTE.

5.1.24.1 Em casos de subcontratação de terceiros para a execução, total ou parcial, de serviços estipulados neste instrumento, exigir dos eventuais contratados, no que couber, as mesmas condições do presente contrato.

....

Cláusula Sétima – Fiscalização e Aceitação

7.2 A fiscalização pela SECOM em nada restringe a responsabilidade, única, integral e exclusiva, da CONTRATADA pela perfeita execução dos serviços.”

...

Cláusula Décima Primeira– Condições de pagamento

11.1 Para a execução do pagamento dos serviços previstos na Cláusula Oitava, a CONTRATADA deverá apresentar a correspondente Nota Fiscal-Fatura ou Nota Fiscal, que será emitida sem rasura, em letra bem legível, em nome da Secretaria de Administração da Presidência da República, CNPJ nº 00.393.411/0001-09, acompanhada de uma via do documento fiscal do fornecedor com o comprovante do respectivo serviço e da informação do número de sua conta corrente, no nome do Banco e a respectiva Agência para crédito.”

23. Minha assessoria examinou todos volumes que compõem os presentes autos na busca de documento que representasse um contrato entre as agências e as gráficas. Nenhum contrato dessa espécie foi localizado. Concluí, portanto, que a relação jurídica estabelecida por essas partes deu-se de maneira tácita, conforme previsão contida no subitem 5.1.24 supra negritado. Foram localizadas propostas/orçamentos apresentados por várias gráficas, o que atende ao disposto no subitem 5.1.7, também acima transcrito. No Relatório que guiou o Acórdão 520/06 – Plenário, foi descrito o procedimento de contratação das gráficas, a saber:

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“6. Para ilustrar a aplicação do dispositivo contratual no caso prático, suponhamos a necessidade de impressão de um folder, neste caso, a agência realiza a impressão por seus próprios meios ou, caso não seja capaz, dirige-se ao mercado de empresas gráficas, cota com no mínimo três fornecedores distintos e contrata, após autorização do Banco, aquele que ofertou a proposta mais vantajosa. Esta é a regra estipulada contratualmente para as subcontratações.”

24. Não havendo um contrato expresso entre agências e as gráficas, o parâmetro para definição de responsabilidades neste processo deve vir das avenças celebradas entre a Secom e as agências de publicidade, bem como da legislação atinente à matéria. Reafirma-se a partir deles, a meu ver, a natureza híbrida do subcontrato firmado pelas gráficas, regendo-se, pelas razões acima explicitadas, em parte por princípios de direito público e em parte por princípios de direito privado.

25. Por outro lado, não posso deixar de consignar que verifiquei os seguintes precedentes em que as gráficas foram responsabilizadas pelas irregularidades encontradas: Acórdãos 1.868/05; 814/07, ambos do Plenário, e 734/10 – 1ª Câmara. No Acórdão 382/08 houve condenação das gráficas, mas nesse caso foi detectado esquema fraudulento montado por empresas gráficas e servidores públicos.

26. A despeito desses precedentes, minha opinião é, em resumo, que as gráficas somente podem ser consideradas solidárias pelos débitos verificados nos casos em que o dano advenha de sobrepreço e de superfaturamento por elas praticado. Não podem, de certo, ser responsabilizadas pela entrega do material produzido a quem, embora não fosse pessoa competente para realizar a liquidação da despesa pública, lhe tenha sido apontada pela agência de publicidade contratante, haja vista que, nesse aspecto particular, o negócio jurídico que firmaram ficou restrito à esfera privada.

27. Não incide, aqui, princípio maior que condiciona a atuação em face da administração pública, porque as gráficas, na entrega das revistas produzidas, atuavam tipicamente como particulares. A jurisdição do TCU não alcança, nesse caso, o terceiro contratado.

28. Por outro lado, das agências é lícito exigir a devolução dos recursos nos casos em que não restou demonstrada a entrega das revistas, tendo em vista que foram contratadas pelo Poder Público com um fim claro, qual seja, a edição e confecção das mencionadas publicações. Ademais, devem prevalecer as cláusulas pactuadas nos contratos firmados entre a Secom e as agências, nas quais estas se responsabilizam inteiramente pelas subcontratações, independentemente de as empresas subcontratadas poderem ou não ser alcançadas solidariamente.

29. O mesmo raciocínio esposado acima em relação ao Contrato 51/2003, aplica-se ao Contrato 52/2003, este firmado pela União com a empresa Matisse Comunicação de Marketing Ltda.

***

30. No geral, o acolhimento das alegações das agências citadas encontra obstáculo sob o aspecto da liquidação. Ou seja, um dos pontos cruciais a ser elucidado nestes autos refere-se à forma de comprovação dos serviços prestados. Nesse aspecto, as legislações tributárias dos entes da federação demonstram que a prova da entrega das mercadorias se faz por meio do canhoto das notas fiscais ou pela 2ª via dos conhecimentos de transporte de carga rodoviária. Merece destaque também o fato de que o recebimento das revistas por pessoas desvinculadas da administração e a ausência de comprovação da passagem das revistas pela fiscalização tributária estadual (nas hipóteses de trânsito de mercadorias para outros estados) impedem a aceitação das alegações de defesa apresentadas. A maioria dos comprovantes apresentados não foram capazes de demonstrar a efetiva entrega das revistas.

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31. Não se pode alegar informalidade na comprovação da prestação de serviços. É consabido que a liquidação é etapa fundamental da despesa pública. Portanto, não se pode descurar das exigências legais e dos meios que realmente comprovem a execução da despesa.

32. Especificamente em relação às alegações da Agência Duda Mendonça & Associados cumpre esclarecer que o TC 017.951/2005-5, processo apontado como empecilho à cobrança do ressarcimento dos valores relativos às respectivas comissões, foi encerrado e apensado aos presentes autos em decorrência de determinação contida no item 9.2 do Acórdão 1641/2006-Plenário.

33. Em relação à questão processual suscitada pela Matisse Comunicação de Marketing Ltda., é preciso mencionar que o art. 157 do RI/TCU dispõe que o relator preside a instrução do processo, determinando, mediante despacho, de ofício ou por provocação da unidade de instrução ou do MP/TCU, o sobrestamento do julgamento, a citação, a audiência dos responsáveis, ou outras providências consideradas necessárias ao saneamento dos autos. Também é necessário informar que, por intermédio do Acórdão nº 1641/2006, o Plenário determinou a adoção de várias providências dentre as quais a conversão de representação em tomada de contas especial, com as respectivas citações que naquela oportunidade se mostraram necessárias. A existência de citações anteriores não impede a realização de novas medidas processuais dessa natureza. Deve-se lembrar que a finalidade da TCE é quantificar o débito e identificar os responsáveis. Ocorrendo essa identificação no curso da instrução, nada impede que o Ministro-Relator determine monocraticamente sua efetivação.

34. Apesar de compartilhar, na maior parte, da análise e do encaminhamento formulados pela unidade técnica, tenho outra percepção no que se refere à responsabilização dos srs. Luiz Gushiken, ex-Ministro da Secom, e do Marcus Vinícius Di Flora, ex-Secretário-Adjunto, quanto ao pagamento por serviços não prestados, ao sobrepreço apontado e à permissão de promoção pessoal do Presidente da República.

35. Nessa perspectiva, reitero o entendimento que manifestei às fls. 216/218 do volume principal.

36. Não há dúvidas quanto à deficiência do processo de comprovação da confecção das publicações encomendadas pelo Governo, bem assim quanto aos problemas no procedimento de distribuição dessas revistas e encartes.

37. O conceito de liquidação da despesa pública se cristalizou no Brasil há mais de quatro décadas, graças à feliz previsão contida no art. 63 da Lei nº 4.320/1964 (A liquidação da despesa consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito).

38. Como se sabe, essa norma estatuiu normas gerais de direito financeiro, podendo ser considerada um dos principais baluartes dessa disciplina. O próprio art. 63 contém dispositivo ainda mais contundente sobre a necessidade da comprovação requerida nestes autos, trata-se do § 2º, incisos I e III (§ 2º A liquidação da despesa por fornecimentos feitos ou serviços prestados terá por base: I - o contrato, ajuste ou acordo respectivo; (...); III - os comprovantes da entrega de material ou da prestação efetiva do serviço).

39. É certo também que a liquidação da despesa deve se dar por meio de agente público legalmente investido.

40. Portanto, a 6ª Secex corretamente rejeitou as justificativas que foram apresentadas desacompanhadas de documentos que comprovassem de maneira pelo menos razoável tanto a confecção quanto a entrega das publicações.

41. A conclusão a que se chega é que houve graves falhas no procedimento de divulgação das ações governamentais. Mais especificamente, problemas operacionais.

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42. Nesse ponto reside a grande dúvida que me ocorreu no exame destes autos, a saber, a autoridade máxima da Secom deveria necessariamente ter conhecimento dos detalhes operacionais relativos a todas as ações de sua pasta?

43. Não se pode olvidar que o titular da Secom é um Ministro de Estado, por isso devendo envolver-se prioritariamente, sob um enfoque mais abrangente, com as questões de concepção e de implementação das políticas públicas relacionadas às estratégias de comunicação do governo. Não é por outro motivo que existem nos ministérios ordenadores de despesa de diversos escalões, cuja missão é a de justamente implementar as decisões adotadas pelo titular máximo da respectiva pasta, seguindo as diretrizes da Presidência.

44. Nessa perspectiva, não é de se esperar que o Ministro liquide pessoalmente as despesas do seu ministério e confira a compatibilidade dos preços a serem pagos com os praticados no mercado. Essas tarefas ficam a cargo de seus subordinados.

45. O Decreto-Lei 200/1967 foi invocado como um dos fundamentos para a responsabilização do então Secretário da Secom e do seu adjunto. Porém, são necessárias algumas ponderações.

46. De fato, ao dispor sobre a organização da Administração Federal essa norma previu expressamente os princípios fundamentais ínsitos à atividade administrativa pública. Como é notório, são eles: planejamento, coordenação, descentralização, delegação de competência e controle. É de se destacar, por outro lado, que os desdobramentos de alguns desses mesmos princípios militam a favor dos titulares da Secom. Isso porque demonstram a existência de compartilhamento de atribuições e atividades entre os diversos níveis hierárquicos, consequentemente, de responsabilidades.

47. Também, é certo que ao superior é atribuível a culpa in eligendo e in vigilando em relação aos seus subordinados. Porém, quando exorbitam de suas atribuições e o superior não tem condições de conhecer as irregularidades, a responsabilidade deste deve ser atenuada ou mesmo afastada. Esse raciocínio parece aplicar-se à situação em análise.

48. Até agosto de 2003, vigorava o Decreto 3.296/99, o qual regulamentou a Lei 6.650/1979. Essas normas regiam as ações de comunicação do Governo Federal, estabelecendo atribuições à Secom em relação a toda publicidade do Poder Executivo.

49. Deve-se considerar que a Secom supervisionou orçamento da ordem de R$ 700,5 milhões de reais no ano de 2003 (valor corrigido para 2007 por índice da FGV), referentes aos investimentos em mídia (veiculações em diversos meios de comunicação: televisão, jornal, revista, rádio, outros, internet e outdoor) realizados pelo Poder Executivo (Administração Direta e Indireta), conforme informações retiradas da página daquela Secretaria.

50. A quantia acima permite depreender que a Secom geriu elevadíssimo volume de informações relacionadas a contratos de publicidade em 2003. Nesse contexto, não se poderia esperar que o Secretário liquidasse ou pelo menos acompanhasse em detalhes a liquidação de todo o montante supramencionado, no qual estavam incluídos os encartes e revistas de que trata este processo.

51. Ainda, vale sopesar que – abstraída a questão ética ligada à utilização dos canais de distribuição do partido político do Presidente da República – é possível inferir que não haveria interesse do PT em deixar de distribuir as publicações, inclusive porque divulgava imagem positiva do Governo Federal. Portanto, o mais importante é saber se de fato elas foram produzidas e entregues no PT. Não há dúvidas de que a regular liquidação da despesa pública deve seguir rito legalmente determinado. Porém, uma vez comprovada a prestação dos serviços pelas gráficas, a irregularidade consistente na entrega direta ao PT não deve ser considerada de extrema gravidade, apesar de reprovável, por dar margem a benefícios políticos ao partido.

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52. Por fim, não se pode deixar de admitir que é de difícil aferição a questão ligada à identificação de promoção pessoal nos informes institucionais do governo. Isso porque ao divulgar os feitos do poder central, dificilmente o próprio receptor das informações consegue fazer a desvinculação das ações governamentais da figura do respectivo Chefe do Executivo. Apesar da existência de normas objetivas que procuram coibir abusos na publicidade governamental, sabe-se que ainda assim remanesce o aspecto subjetivo a trazer, às vezes, dúvidas quanto à presença de uma mensagem implícita de promoção pessoal em peças publicitárias veiculadas pelo Pode Público.

53. Dessa forma, este Representante do Ministério Público perfilha a proposta da 6ª Secretaria de Controle Externo, porém manifestando-se pela exclusão da responsabilidade do ex-Ministro da Secom sr. Luiz Gushiken e do ex-Secretário-Adjunto sr. Marcus Vinícius Di Flora, bem como das empresas Editora Gráfico Burti Ltda., Kriativa Gráfica e Editora Ltda., Pancrom Indústria Gráfica Ltda. e Web Editora Ltda, no que toca a questão da entrega do material produzido.

54. Esclareço que a análise do organograma da Secom do ano de 2003 revela que a linha de execução propriamente dita estava abaixo da linha da então Secretaria-Adjunta, já que esta cuidava também de assuntos ligados atividade-fim da Secom, tanto que após alteração na estrutura da Secom, o seu ocupante passou a desempenhar a função – posteriormente criada – de Subsecretário de Comunicação Social. Por essas razões, aproveitam ao sr. Marcus Vinícius Di Flora os argumentos acima esposados em relação ao então Secretário de Comunicação Social.”

Com o processo já incluído na pauta da sessão da 1ª Câmara de 9/11/2010, Luiz Gushiken e outros apresentaram memorial em que reiteram argumentos das alegações de defesa e questionam as conclusões da Unidade Técnica. Afirmam que os impressos foram distribuídos e cumpriram sua finalidade e contestam o método de apuração de sobrepreço aplicado pelo Tribunal, divergente do parecer produzido pelos interessados, intitulado “A formação de preços na indústria gráfica e a comparação de preços realizada no processo TC-017.951/2005”.

É o Relatório.VOTO

A extinta Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República (Secom/PR) contratou as agências de publicidade Duda Mendonça & Associados Ltda. e Matisse Comunicação de Marketing Ltda., para a promoção da publicidade institucional do Governo Federal, mediante os contratos nºs 51 e 52 de 2003.

Nas ações denominadas “Balanço 24 meses de governo”, “Balanço 18 meses de governo”, “Balanço 12 meses de governo”, “Balanço 6 meses de governo” e “Livretos inclusão social”, destinadas à confecção de revistas e encartes, foram detectados indícios de três irregularidades:

1) pagamentos por serviços sem a comprovação da execução;

2) sobrepreço nos materiais produzidos; e

3) desvirtuamento da publicidade institucional, com violação ao disposto no art. 37, §1º, da Constituição Federal, irregularidade apontada em relação às duas primeiras ações.

Segundo a instrução, as duas primeiras irregularidades teriam gerado prejuízo aos cofres públicos, fato que motivou a conversão do processo de representação em tomada de contas especial, mediante o Acórdão 1.641/2006-Plenário, que, dentre outras medidas, determinou a citação dos responsáveis.

Em razão do desvirtuamento da publicidade institucional, foram ouvidos em audiência o ex-Ministro da Secom Luiz Guschiken e o ex-Secretário-Adjunto Marcus Vinícius Di Flora.

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A análise da Unidade Técnica rejeitou as alegações de defesa e as razões de justificativa, propôs a irregularidade das contas, a constituição em débito dos responsáveis e a aplicação de multa.

Já o Ministério Público manifestou-se de acordo, mas, inicialmente, sugeriu a citação das agências de publicidade contratadas e, também, as gráficas subcontratadas pelas agências, em razão dos pagamentos dos serviços sem comprovação da execução.

Incluído o processo na pauta de 3/12/2008, por ocasião do julgamento, os autos foram objeto de nova solicitação de vista, por parte do Procurador-Geral do MP/TCU, com fundamento no art. 112, §1º, do Regimento Interno.

Em seu parecer, o Procurador-Geral atribuiu as irregularidades a problemas operacionais e sugere a exclusão da responsabilidade do ex-Ministro da Secom Luiz Guschiken e do então Secretário-Adjunto Marcus Vinícius Di Flora.

Sobre o conteúdo da propaganda institucional do governo, afirma, in verbis:

“Por fim, não se pode deixar de admitir que é de difícil aferição a questão ligada à identificação de promoção pessoal nos informes institucionais do governo. Isso porque ao divulgar os feitos do poder central, dificilmente o próprio receptor das informações consegue fazer a desvinculação das ações governamentais da figura do respectivo Chefe do Executivo. Apesar da existência de normas objetivas que procuram coibir abusos na publicidade governamental, sabe-se que ainda assim remanesce o aspecto subjetivo a trazer, às vezes, dúvidas quanto à presença de um mensagem implícita de promoção pessoal em peças publicitárias veiculadas pelo Poder Público”.

As agências de publicidade contratadas e as gráficas subcontratadas pelas agências foram citadas e apresentaram alegações de defesa que, nos termos da instrução, seriam insuficientes para alterar a proposição de mérito já formulada.

Em nova intervenção, o Ministério Público reafirmou a convicção de que as irregularidades são de cunho operacional, não consistindo em atos de gestão atribuíveis aos dirigentes máximos da Secom, o que se deduz do seguinte excerto do seu parecer:

“49. Deve-se considerar que a Secom supervisionou orçamento da ordem de R$ 700,5 milhões de reais no ano de 2003 (valor corrigido para 2007 por índice da FGV), referentes aos investimentos em mídia (veiculações em diversos meios de comunicação: televisão, jornal, revista, rádio, outros, internet e outdoor) realizados pelo Poder Executivo (Administração Direta e Indireta), conforme informações retiradas da página daquela Secretaria.

50. A quantia acima permite depreender que a Secom geriu elevadíssimo volume de informações relacionadas a contratos de publicidade em 2003. Nesse contexto, não se poderia esperar que o Secretário liquidasse ou pelo menos acompanhasse em detalhes a liquidação de todo o montante supramencionado, no qual estavam incluídos os encartes e revistas de que trata este processo.”

Relativamente à imputação de débito às empresas subcontratadas, o Ministério Público entende que as gráficas somente podem ser consideradas solidárias pelos débitos decorrentes de sobrepreço.

Já no tocante à atribuição de responsabilidade ao ex-Ministro da Secom Luiz Guschiken e ao ex-Secretário-Adjunto Marcus Vinícius Di Flora, ela ocorreria em razão de supostas falhas na coordenação, no controle administrativo e na supervisão hierárquica, que seriam o nexo de causalidade entre a falta de ação dos dirigentes e o resultado danoso produzido.

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As várias irregularidades, objeto de apuração nesta TCE, decorreriam de ações de execução de despesa pública, consistentes no acompanhamento da execução contratual dos contratos nºs 51 e 52 de 2003, com todos os desdobramentos operacionais a eles inerentes. Na verdade, a expedição de ordens de serviço, o levantamento de preços de mercado, o recebimento de materiais e a liquidação de despesas são ações que refogem à alçada de responsabilidade de ministro de Estado ou de seu secretário-adjunto. Os efetivos titulares dessas ações é que devem responder pessoalmente pelos seus atos, uma vez que nem o Ministro, nem o Secretário-Adjunto praticaram atos de gestão na consecução da despesa examinada nestes autos.

Acolho, portanto, neste tópico, as ponderações do Ministério Público e excluo a responsabilidade do ex-Ministro da Secom e do ex-Secretário-Adjunto, pelos débitos apurados nestas contas especiais, pois não restou configurada a relação direta da conduta desses agentes públicos com o dano causado ao Erário.

A distribuição do material publicitário, mediante a utilização da estrutura do Partido dos Trabalhadores, foi considerada irregular pela Unidade Técnica. Por tal razão, ela rejeitou a totalidade da despesa comprovada por essa via.

A esse respeito, recorro novamente ao parecer do Procurador-Geral do MP/TCU, in verbis:

“51. Ainda, vale sopesar que – abstraída a questão ética ligada à utilização dos canais de distribuição do partido político do Presidente da República – é possível inferir que não haveria interesse do PT em deixar de distribuir as publicações, inclusive porque divulgava imagem positiva do Governo Federal. Portanto, o mais importante é saber se de fato elas foram produzidas e entregues no PT. Não há dúvidas de que a regular liquidação da despesa pública deve seguir rito legalmente determinado. Porém, uma vez comprovada a prestação dos serviços pelas gráficas, a irregularidade consistente na entrega direta ao PT não deve ser considerada de extrema gravidade, apesar de reprovável, por dar margem a benefícios políticos ao partido.”

Também neste tópico, a comprovação da prestação dos serviços impõe que se reconheça o adimplemento contratual. O fornecimento e a distribuição do material publicitário, devidamente comprovado nos autos, autoriza a exclusão do débito. Não me parece, pois, procedente a alegação de que o material entregue ao Partido do Trabalhadores não significaria o cumprimento contratual pelas gráficas subcontratadas pelas agências de publicidade.

Ao delimitar a responsabilidade de entes subcontratados, Jessé Torres Pereira Junior, in Comentários à lei das licitações e contratações da administração pública, 7 ª ed., Rio de Janeiro: Renovar, 2007, apud Diógenes Gaparini, ensina que:

“O contratado, por exemplo, subcontrata com um terceiro (escolhido sem qualquer interferência da contratante) a execução das fundações e dos sistemas hidráulico e elétrico de um edifício público. Embora seja assim, continua respondendo, perante a contratante, pela execução do objeto do contrato como um todo. Desse modo, a Administração Pública contratante não se relaciona, nem tem por que, com o subcontratado. Qualquer problema surgido, relacionado com os objetos das subcontratações, é solucionado entre o contratado e o subcontratado.”

Dessa forma, de acordo com a Cláusula 5.1.24 do Contrato 51/2003 (Volume 1 do TC 017.951/2005-5), era obrigação da agência de publicidade contratada administrar e executar todos os contratos firmados com terceiros, bem como responder por todos esses contratos perante à Administração.

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Há, contudo, peculiaridades nos contratos de publicidade institucional que os distinguem substancialmente dos demais contratos. Segundo o Ministério Público, “não há como negar, sob o aspecto econômico-financeiro, que há uma aproximação sui generis entre a Administração Pública contratante e o terceiro subcontratado. Creio que essa aproximação é suficiente para admitir, em relação às cláusulas financeiras do compromisso assumido pelo terceiro, a incidência do regime da despesa pública.”

Assim, pelo princípio da solidariedade, às empresas subcontratadas devem ser imputados os débitos correspondentes ao sobrepreço apurado nos autos e os originados em pagamentos por serviços não comprovados.

Na verdade, houve grande concentração de trabalho de impressão de revistas, encartes e livretos em poucas gráficas. Ao todo, foram cinco as empresas subcontratadas para a execução desses serviços, mas, em termos quantitativos, os trabalhos foram, em maioria, executados por três empresas: Pancrom, Burti e Kriativa.

Diante dessa especial concentração, a equipe de auditoria, por intermédio da unidade do TCU, responsável pela contratação de serviços gráficos para esta Corte, realizou cotações junto a três empresas do setor, capacitadas para a execução dos serviços, para a apresentação de preços, para a impressão de materiais idênticos aos produzidos no âmbito dos contratos 51 e 52/2003. A conclusão foi no sentido de que teria havido sobrepreço na impressão dos materiais produzidos, conforme o quadro extraído da última instrução da 6ª Secex:

Ação Preço unitário cobrado pelas gráficas subcontratadas (R$)

Preço unitário cotado pelo Tribunal (R$) (1)

Sobrepreço apurado (%)

Tiragem total (considerando todas as impressões)

Revista “6 meses de governo” 2,49 2,14 16,36 140.000

Revista “1 ano de governo” 2,4754 (2) 2,06 19,39 600.000

Revista “18 meses de governo” 3,27 2,25 45,30 1.020.000

Encarte “18 meses de governo” 0,698 0,25 179,20 1.020.000

Revista “2 anos de governo” 4,37 2,12 106,13 1.200.000

Encarte “2 anos de governo” 0,2983 0,13 129,46 600.000

Livretos “inclusão social” 2,066 0,68 203,82 500.000

(1) maior dos três valores obtidos na pesquisa realizada pelo Tribunal(2) média ponderada dos valores, considerando que foram praticados preços diferentes nas duas tiragens realizadas

As alegações de defesa dos responsáveis se fundamentaram, em boa parte, em estudo promovido pela Consultoria Econômica A. Barrinuevo Associados (fls. 31/70, anexo 4), que procurou contestar os parâmetros de comparação utilizados pelo Tribunal e mostrar que os preços praticados seriam os de mercado.

A instrução da 6ª Secex enfrentou, de forma adequada, cada um dos argumentos apresentados pela defesa e concluiu que eles não foram capazes de retirar da pesquisa realizada por esta Corte a condição de parâmetro adequado de preço de mercado.

No estudo, argumenta-se que a comparação entre os preços obtidos na pesquisa do TCU e os praticados no âmbito dos contratos com a Secom não teria sido adequada, pelos seguintes fatores:

a) as épocas das cotações e das contratações foram diferentes;b) as tiragens solicitadas foram menores do que as efetivamente executadas;c) não se considerou o prazo de execução dos trabalhos;

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d) para a comparação ser metodologicamente válida, “é necessário selecionar aleatoriamente gráficas com a mesma capacidade técnica e serviços com as exatas especificações”.

Quanto à época em que as pesquisas de preços foram feitas, elas foram necessariamente posteriores à da impressão das revistas, ante a dificuldade de obtenção de informações relativas aos períodos em que os materiais foram produzidos, conforme admitido no próprio estudo apresentado pelos responsáveis.

A realidade, entretanto, é que o fato de as cotações serem posteriores aos períodos de impressão das revistas agiu em favor dos responsáveis. Conforme apontado pela unidade técnica, desde o período de impressão da primeira revista até a época em que as pesquisas de preços foram realizadas, o índice do setor gráfico cresceu todos os meses, evidenciando que, apesar da queda do dólar no período, os custos do setor, de forma geral, foram crescentes.

Teoricamente, poder-se-ia até regredir os preços obtidos na pesquisa em 2005 para as épocas em que as revistas foram impressas, em 2003 e 2004, para obter os preços pertinentes àquele período, o que provocaria aumento no sobrepreço. Entretanto, para fazer cálculo conservador, optou-se pela comparação simples entre os preços obtidos na pesquisa e os valores praticados nas subcontratações.

Quanto ao fato de as tiragens solicitadas nas pesquisas terem sido menores do que as efetivamente executadas, tal é mais um elemento que atua em favor dos responsáveis, já que a lógica econômica é que os preços são inversamente proporcionais às quantidades adquiridas. Nada indica que, neste caso, a lógica seria outra. Pelo contrário, documento emitido pela Agência Duda Mendonça & Associados Ltda. em 20/12/2004, no âmbito do “Balanço 24 meses de governo”, informou que “Apesar do unitário para 300.000 ser maior, eles aceitaram manter o unitário de 600.000” (fl. 27, v.p). Assim, a própria agência atesta que o preço unitário, em tiragem menor, é em regra superior àquele referente à tiragem maior. A comparação feita, quanto a esse aspecto, foi, mais uma vez, favorável aos responsáveis.

No que tange ao prazo de entrega, esse parece não ser quesito tão essencial para a formação dos preços, uma vez que a maioria das propostas apresentadas pelas gráficas à agência de propaganda também não mencionava prazos de entrega, estabelecendo que o prazo era “a combinar” e sinalizando que o preço não dependia diretamente do prazo especificado (fls. 22/26, 58/60, 84, 86, 93/95, v.p).

Além disso, conforme assinalou a unidade técnica, em relação à revista “Ação Balanço 24 meses de governo”, o prazo efetivo de entrega da primeira tiragem foi de 22 dias, enquanto a proposta da empresa pesquisada pelo Tribunal, adotada como parâmetro, tinha previsão de entrega de 20 dias.

Em relação à necessidade de “seleção aleatória” de gráficas com a mesma capacidade, a escolha das gráficas foi feita pela unidade do Tribunal que conhece a realidade do mercado. Foram selecionadas empresas com capacidade para executar os serviços e a especificação dos materiais foi idêntica aos efetivamente impressos. Assim, não vejo motivos para desqualificar a comparação realizada em função da seleção das empresas.

Outro objetivo do estudo foi tentar mostrar que os preços praticados pelas gráficas responsáveis pela impressão dos materiais para a Secom seriam compatíveis com os valores de mercado. Conforme apontado pela unidade técnica, dois aspectos inerentes a esse estudo inviabilizam que ele seja considerado válido para efeito de “aferição do preço de mercado”: primeiro, o fato de ele ter-se baseado em notas fornecidas apenas pela Pancrom, Kriativa e Burti, justamente as três que concentraram grande parte dos fornecimentos para a Secom.

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Além disso, o estudo menciona que os valores das notas de serviços utilizadas foram fornecidos “sob confidencialidade” por essas gráficas (fl. 46, anexo 4), ou seja, não se tem acesso às informações que fundamentaram o estudo apresentado pelos responsáveis.

Dessa forma, as alegações de defesa apresentadas não conseguiram descaracterizar o sobrepreço contido no valor das publicações impressas no âmbito dos contratos 51/2003 e 52/2003. Os débitos concernentes ao sobrepreço e também os relativos aos serviços não comprovados devem ser mantidos nos exatos termos propostos pela Unidade Técnica.

Com o processo já incluído na pauta da sessão da 1ª Câmara de 9/11/2010, alguns responsáveis apresentaram memorial em que reiteram argumentos das alegações de defesa e questionam as conclusões da Unidade Técnica; afirmam que os impressos foram distribuídos e cumpriram sua finalidade; contestam a rejeição de notas fiscais que não têm carimbo de fiscalização tributária e o método de apuração de sobrepreço aplicado pelo Tribunal, divergente do parecer produzido pelos interessados, intitulado “A formação de preços na indústria gráfica e a comparação de preços realizada no processo TC-017.951/2005”.

Das ponderações dos interessados, não acolho as justificativas para notas fiscais sem trânsito por repartições tributárias e o sobrepreço no fornecimento de impressos. Ao considerar que essas questões foram adequadamente analisadas neste voto e no relatório que o precede, o memorial não inova em relação às informações constantes dos autos e se mostra insuficiente para alterar a proposta de encaminhamento formulada.

Ante o exposto, VOTO no sentido de que o Tribunal adote a deliberação que ora submeto ao Colegiado.

TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 9 de novembro de 2010.

Walton Alencar Rodrigues Relator

ACÓRDÃO Nº 7325/2010 - TCU – 1ª Câmara

1. Processo TC-022.381/2006-0Apenso: TC-017.951/2005-52. Grupo II – Classe – II - Tomada de Contas Especial3. Responsáveis: Alexandre Antunes Vieira (CPF 416.494.941-49), ex-Oficial de Gabinete; Cid Marques Faria (CPF 570.850.646-68), Assessor; Editora Gráficos Burti Ltda. (CNPJ 43.150.499/0016-02); Elisabete Pereira da Rosa (CPF 266.426.031-68), ex-Diretora de Atendimento; Expedito Carlos Barsotti (CPF 060.209.778-97), ex-Subsecretário de Publicidade; Duda Mendonça & Associados Ltda. (CNPJ 69.277.291/0006-70); Jafete Abrahão (CPF 042.884.676-91), ex-Subsecretário de Publicações, Patrocínios e Normas; Gabriela Santoro de Castro (CPF 891.604.286-00), ex-Assessora; Kriativa Gráfica e Editora Ltda. (CNPJ 54.298.047/0001-02); Lúcia Maria Mendes (CPF 355.827.666-34), ex-Assessora; Luiz Antônio Moreti (CPF 514.488.078-91), ex-Assessor da Subsecretaria de Publicações, Patrocínios e Normas; Luiz Gushiken (CPF 489.118.798-00), ex-Ministro; Marcus Vinicius di Flora (CPF 640.268.686-72), ex-Secretário-Adjunto; Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho (CPF 463.336.900-82), ex-Diretora de Atendimento; Matisse Comunicação de Marketing (CNPJ 65.561.664/0001-75); Pancrom Indústria Gráfica Ltda. (CNPJ 61.155.925/0001-04); Sílvia Sardinha Ferro (CPF 267.089.221-34), ex-Diretora de Atendimento; Takano Editora Gráfica Ltda. (CNPJ 56.003.114/0005-73); WEB Editora Ltda. (CNPJ 03.073.653/0001-99).

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4. Órgão: Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República – Secom/PR (extinto)5. Relator: Ministro Walton Alencar Rodrigues.6. Representante do Ministério Público: Procurador Sérgio Ricardo Costa Caribé e Procurador-Geral Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: 6ª Secex8. Advogados constituídos nos autos: Júnia de Abreu Guimarães Souto (OAB/DF 10.778), Renata Dias Rolim Visentin (OAB/DF 13.838), Giselle Flügel Mathias Barreto (OAB/DF 14.300), José Roberto Manesco (OAB/SP 61.471), Eduardo Augusto de Oliveira Ramires (OAB/SP 69.219), Marcos Augusto Perez (OAB/SP 100.075), Floriano Peixoto de Azevedo Marques Neto (OAB/SP 112.208), Ane Elisa Perez (OAB/SP 138.128), Tatiana Matiello Cymbalista (OAB/SP 131.662), Fábio Barbalho Leite (OAB/SP 168.881-B), Luis Justiniano de Arantes Fernandes (OAB/SP 119.234), Nircles Monticelli Breda (OAB/SP 26.114), Maria José Caldas Ramos Breda (OAB/SP 55.661), João Carlos Galbiatti Junqueira, Rafael Zago Tramonte (OAB/SP 219.739), Sérgio Raimundo Tourinho Dantas (OAB/DF 22.613), Joel Menezes Niehbur (OAB/SC 12.639), Alysson Sousa Mourão (OAB/DF 18.977), Ângela Oliveira Baleeiro (OAB/BA 23.535), Laércio Benko Lopes (OAB/SP 139.012), Paula Cardoso Pires (OAB/DF 23.668), Walter Costa Porto (OAB/DF 6.098), Antônio Perilo Teixeira Netto (OAB/DF 21.359), Henrique Costa Araújo (OAB/DF 21.989), Marcelo Inácio Menezes (OAB/DF 24.648), José Antônio Dias Toffoli (OAB/SP 110.441 e OAB/DF 2.031/A), Roberta Maria Rangel (OAB/DF 10.972), Daniane Mângia Furtado (OAB/DF 21.920), Luiz Carlos Lyra Ranieri (OAB/SP 51.080), Paulo Fernando Campana Filho (OAB/SP 221.090) e Carolina Stocco Lyra Ranieri (OAB/SP 235.495).

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de tomada de contas especial, oriunda da

conversão de representação, promovida pelo Acórdão 1.641/2006-TCU-Plenário, em razão de irregularidades detectadas na execução de contratos celebrados na área de propaganda e publicidade pela extinta Secom.

ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão da 1ª Câmara, diante das razões expostas pelo Relator, em:

9.1. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso II, e 18, da Lei 8.443/1992, julgar regulares com ressalva as contas de Luiz Gushiken, Marcus Vinicius di Flora, Cid Marques Faria, Alexandre Antunes Vieira, Sílvia Sardinha Ferro, Gabriela Santoro de Castro, Elisabete Pereira da Rosa e Maria Elisa Cesarino Mendes Coelho, dando-lhes quitação;

9.2. com fundamento nos arts. 1º, inciso I, 16, inciso III, alíneas “b” e “c”, 19, caput, e 23, inciso III, alínea “a”, da Lei nº 8.443/1992, julgar irregulares as contas de Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moreti, Expedito Carlos Barsotti e Lúcia Maria Mendes, condená-los em débito, solidariamente com as empresas Editora Gráficos Burti Ltda., Pancrom Indústria Gráfica Ltda., Kriativa Gráfica Editora Ltda., Takano Editora Gráfica Ltda., WEB Editora Ltda., Matisse Comunicação de Marketing Ltda. e Duda Mendonça & Associados Ltda., ao pagamento das importâncias abaixo especificadas, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora a partir das datas indicadas até a da efetiva quitação, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da ciência, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento das dívidas aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno/TCU:

9.2.1 . Ação balanço 24 meses de governo – sobrepreço (data de ocorrência 18/1/2005);9.2.1.1. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Pancrom Indústria Gráfica Ltda. –

R$ 675.000,00 (seiscentos e setenta e cinco mil reais);9.2.1.2. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Editora Gráficos Burti Ltda. – R$

675.000,00 (seiscentos e setenta e cinco mil reais);

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9.2.1.3. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Kriativa Gráfica Editora Ltda. – R$ 603.360,00 (seiscentos e três mil e trezentos e sessenta reais);

9.2.1.4. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Duda Mendonça & Associados Ltda. – R$ 166.730,40 (cento e sessenta e seis mil e setecentos e trinta reais e quarenta centavos);

9.2.2. Ação balanço 18 meses de governo – serviços não-executados (data de ocorrência – 6/8/2004);

9.2.2.1. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e WEB Editora Ltda. – R$ 169.680,30 (cento e sessenta e nove mil e seiscentos e oitenta reais e trinta centavos);

9.2.2.2. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação de Marketing Ltda. – R$ 15.208,81 (quinze mil e duzentos e oito reais e oitenta e um centavos);

9.2.3. Ação balanço 18 meses de governo – sobrepreço (data de ocorrência 6/8/2004);9.2.3.1. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Pancrom Indústria Gráfica Ltda. –

R$ 54.570,00 (cinqüenta e quatro mil e quinhentos e setenta reais);9.2.3.2. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Editora Gráficos Burti Ltda. – R$

216.240,00 (duzentos e dezesseis mil e duzentos e quarenta reais);9.2.3.3. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Kriativa Gráfica Editora Ltda. –

R$ 584.400,00 (quinhentos e oitenta e quatro mil e quatrocentos reais);9.2.3.4. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e WEB Editora Ltda. – R$

40.912,20 (quarenta mil e novecentos e doze reais e vinte centavos);9.2.3.5. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Matisse Comunicação de

Marketing Ltda. – R$ 80.651,00 (oitenta mil e seiscentos e cinqüenta e um reais);9.2.4. Ação balanço 12 meses de governo – serviços não-executados (data de ocorrência –

8/3/2004);9.2.4.1. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Kriativa Gráfica Editora Ltda. – R$

1.309.749,36 (um milhão e trezentos e nove mil e setecentos e quarenta e nove reais e trinta e seis centavos);

9.2.4.2. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação de Marketing Ltda. – R$ 117.877,44 (cento e dezessete mil e oitocentos e setenta e sete reais e quarenta e quatro centavos);

9.2.5. Ação balanço 12 meses de governo – sobrepreço (data de ocorrência 8/3/2004);9.2.5.1. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Kriativa Gráfica Editora Ltda. –

R$ 1.362,90 (mil e trezentos e sessenta e dois reais e noventa centavos);9.2.5.2. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Matisse Comunicação de

Marketing Ltda. – R$ 122,66 (cento e vinte e dois reais e sessenta e seis centavos);9.2.6. Ação balanço 6 meses de governo – serviços não-executados (data de ocorrência –

1/10/2003);9.2.6.1. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Takano Editora Gráfica Ltda. – R$

110.182,50 (cento e dez mil e cento e oitenta e dois reais e cinqüenta centavos);9.2.6.2. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Duda Mendonça & Associados Ltda. – R$

9.916,43 (nove mil e novecentos e dezesseis reais e quarenta e três centavos);9.2.7. Ação balanço 6 meses de governo – sobrepreço (data de ocorrência 1/10/2003);9.2.7.1. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Takano Editora Gráfica Ltda. –

R$ 61.687,50 (sessenta e um mil e seiscentos e oitenta e sete reais e cinqüenta centavos);9.2.7.2. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Duda Mendonça & Associados

Ltda. – R$ 5.551,88 (cinco mil e quinhentos e cinqüenta e um reais e oitenta e oito centavos);9.2.8. Livrete inclusão social – serviços não-executados (data de ocorrência – 3/8/2005);9.2.8.1. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Kriativa Gráfica Editora Ltda. – R$

41.320,00 (quarenta e um mil e trezentos e vinte reais);9.2.8.2. Jafete Abrahão, Luiz Antônio Moretti e Matisse Comunicação de Marketing Ltda.

– R$ 3.718,80 (três mil e setecentos e dezoito reais e oitenta centavos);

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃOTC 022.381/2006-0

9.2.9. Livrete inclusão social – sobrepreço (data de ocorrência 3/8/2005);9.2.9.1. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Kriativa Gráfica Editora Ltda. –

R$ 665.280,00 (seiscentos e sessenta e cinco mil e duzentos e oitenta reais);9.2.9.2. Expedito Carlos Barsotti, Lúcia Maria Mendes e Matisse Comunicação de

Marketing Ltda. – R$ 59.875,20 (cinqüenta e nove mil e oitocentos e setenta e cinco reais e vinte centavos);

9.3. aplicar, individualmente, a multa de que trata o artigo 57 da Lei 8.443/1992 aos responsáveis indicados, nos valores abaixo especificados, fixando-lhes prazo de quinze dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal (art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno), o recolhimento das multas aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente da data do presente acórdão até a do efetivo recolhimento, se forem pagas após o vencimento, na forma da legislação em vigor:

9.3.1. Luiz Antônio Moreti – R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais);9.3.2. Jafete Abrahão – R$ 170.000,00 (cento e setenta mil reais);9.3.3. Expedito Carlos Barsotti – R$ 300.000,00 (trezentos mil reais);9.3.4. Lúcia Maria Mendes – R$ 300.000,00 (trezentos mil reais);9.3.5. Editora Gráficos Burti Ltda. – R$ 90.000,00 (noventa mil reais);9.3.6. Pancrom Indústria Gráfica Ltda. – R$ 70.000,00 (setenta mil reais);9.3.7. Kriativa Gráfica Editora Ltda. – R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais);9.3.8. Takano Editora Gráfica Ltda. – R$ 20.000,00 (vinte mil reais);9.3.9. WEB Editora Ltda. – R$ 25.000,00 (vinte e cinco mil reais);9.3.10. Matisse Comunicação de Marketing Ltda. – R$ 30.000,00 (trinta mil reais);9.3.11. Duda Mendonça & Associados Ltda. – R$ 85.000,00 (oitenta e cinco mil reais);9.4. autorizar, desde logo, a cobrança judicial das dívidas, nos termos do artigo 28, inciso

II, da Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações no prazo fixado;9.5. encaminhar cópia do acórdão, acompanhado do relatório e voto que o fundamentam, à

Procuradoria da República no Distrito Federal, em face do disposto no art. 16, § 3º, da Lei 8.443/92.

10. Ata n° 38/2010 – 1ª Câmara.11. Data da Sessão: 9/11/2010 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-7325-38/10-1.13. Especificação do quorum:13.1. Ministros presentes: Valmir Campelo (Presidente), Walton Alencar Rodrigues (Relator) e Augusto Nardes.13.2. Auditor convocado: Marcos Bemquerer Costa.13.3. Auditor presente: Weder de Oliveira.

(Assinado Eletronicamente)VALMIR CAMPELO

(Assinado Eletronicamente)WALTON ALENCAR RODRIGUES

Presidente Relator

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)PAULO SOARES BUGARIN

Subprocurador-Geral98

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