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Tribunal de Contas do Município de São Paulo Nº 32 Julho - Setembro/2006 ISO 9001 www.tcm.sp.gov.br TRIBUNAL SEDIA II FÓRUM DO PROMOEX O TCM homenageou o engenheiro Nelson Betti com um troféu em bronze MEMORIAL PRESERVA HISTÓRIA DO TRIBUNAL Escola de Contas do Tribunal leva o nome do conselheiro Eurípedes Sales Abertura do II Fórum do PROMOEX O conselheiro aposentado Paulo Planet Buarque observa as peças antigas expostas no Memorial TRIBUNAL DE CONTAS PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA Cerca de 300 inscritos participaram, entre os dias 11 e 15 de setembro, do “Seminário Nacional de Obras e Serviços de Engenharia”, promovido pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Durante os cinco dias do evento, 11 especialistas de diversas áreas proferiram palestras sobre controle, fiscalização e execução de obras públicas. Esses temas foram tratados pelos seguintes palestrantes: Jorge Ulysses Jacoby Fernandes, Marcos Tadeu Barros de Oliveira, Marcos Vicente Arrivabene Sanches, Sussumu Niyama, Cândido Malta Cam- pos Filho, Izabel Camargo Lopes Monteiro, Cláudio Sarian Altouniam, Lívia Maria Armentano Koenigstein Zago, José Renato Nalini, Rui Stoco e Nelson Betti de Oliveira. Ao fi- nal do evento, os conselheiros do TCM prestaram home- nagem especial ao engenheiro Nelson Betti de Oliveira, que já trabalhou no setor de engenharia da instituição, além de ter sido um dos principais responsáveis pela construção de grandes avenidas do sistema viário paulistano. Página 6 O TCM e o IRB - Instituto Ruy Barbosa promoveram, em São Paulo, nos dias 28 e 29 de agosto, o II Fórum do PROMOEX - Compartilha- mento de Controles Informa- tizados da Lei de Responsa- bilidade Fiscal. O encontro, que reuniu conselheiros e técnicos representantes de 33 tribunais de contas de diferentes estados e muni- cípios, teve por objetivo a construção de padrões a serem observados em todo o país na fiscalização da Lei de Responsabilidade Fiscal, o compartilhamento de con- troles informatizados e a integração entre as instituições. No destaque, o governador do Estado, Cláudio Lembo (à dir.), e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, que prestigiaram a abertura do evento. Página 9 Foi inaugurado o Memorial do Tri- bunal de Contas do Município de São Paulo, com fotos, objetos e do- cumentos antigos que mostram a criação, a instalação e o desenvol- vimento da instituição. O TCM foi criado pelo prefeito José Vicente de Faria Lima, em 1968. Página 32 Página 2 TCM 32 C.indd 1 TCM 32 C.indd 1 16/10/2006 19:21:40 16/10/2006 19:21:40

TRIBUNAL DE CONTAS PROMOVE SEMINÁRIO SOBRE … · pecialista em Direito Tributário e Financeiro, professor de Direito Tributário, Financeiro e Administrativo, conselheiro do IASP,

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Tribunal de Contas do Município de São Paulo Nº 32 Julho - Setembro/2006 ISO 9001w w w . t c m . s p . g o v . b r

TRIBUNAL SEDIA II FÓRUM DO PROMOEX

O TCM homenageou o engenheiro Nelson Betti

com um troféu em bronze

MEMORIAL PRESERVAHISTÓRIA DO TRIBUNAL

Escola de Contas do Tribunal leva o nome do conselheiro Eurípedes Sales

Abertura do II Fórum do PROMOEX

O conselheiro aposentado Paulo Planet Buarque observa as peças antigas expostas no Memorial

TRIBUNAL DE CONTAS PROMOVE SEMINÁRIOSOBRE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIACerca de 300 inscritos participaram, entre os dias 11 e 15 de setembro, do “Seminário Nacional de Obras e Serviços de Engenharia”, promovido pelo Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Durante os cinco dias do evento, 11 especialistas de diversas áreas proferiram palestras sobre controle, fi scalização e execução de obras públicas. Esses temas foram tratados pelos seguintes palestrantes: Jorge Ulysses Jacoby Fernandes, Marcos Tadeu Barros de Oliveira, Marcos Vicente Arrivabene Sanches, Sussumu Niyama, Cândido Malta Cam-pos Filho, Izabel Camargo Lopes Monteiro, Cláudio Sarian Altouniam, Lívia Maria Armentano Koenigstein Zago, José Renato Nalini, Rui Stoco e Nelson Betti de Oliveira. Ao fi -nal do evento, os conselheiros do TCM prestaram home-nagem especial ao engenheiro Nelson Betti de Oliveira, que já trabalhou no setor de engenharia da instituição, além de ter sido um dos principais responsáveis pela construção de grandes avenidas do sistema viário paulistano. Página 6

O TCM e o IRB - Instituto Ruy Barbosa promoveram, em São Paulo, nos dias 28 e 29 de agosto, o II Fórum do PROMOEX - Compartilha-mento de Controles Informa-tizados da Lei de Responsa-bilidade Fiscal. O encontro, que reuniu conselheiros e técnicos representantes de 33 tribunais de contas de diferentes estados e muni-cípios, teve por objetivo a construção de padrões a serem observados em todo o país na fi scalização da Lei de Responsabilidade Fiscal, o compartilhamento de con-troles informatizados e a integração entre as instituições. No destaque, o governador do Estado, Cláudio Lembo (à dir.), e o prefeito da capital paulista, Gilberto Kassab, que prestigiaram a abertura do evento. Página 9

Foi inaugurado o Memorial do Tri-bunal de Contas do Município de São Paulo, com fotos, objetos e do-cumentos antigos que mostram a criação, a instalação e o desenvol-vimento da instituição. O TCM foi criado pelo prefeito José Vicente de Faria Lima, em 1968. Página 32

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No dia 23 de agosto, no plenário do Tribunal, foi con-ferida à Escola de Contas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, através de resolução

3/2006, a denominação ofi cial “Escola de Contas conse-lheiro Eurípedes Sales”, em homenagem ao idealizador, criador e dirigente desse centro de excelência para estu-dos no município paulista.

O presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, ao anun-ciar a homenagem feita ao conselheiro decano da insti-tuição, ressaltou as inúmeras realizações do conselheiro Eurípedes Sales no exercício de suas atividades no Tribu-nal. “O conselheiro tem imprimido sua marca pioneira nas atividades desta corte, especialmente, no que diz respeito à valorização de seus servidores”, afi rmou o presidente. A obtenção da certifi cação ISO 9001, em 1996, deu-se durante o mandato do conselheiro Eurípedes Sales como presidente. Com isso, o Tribunal entrou para a história bra-sileira, sendo o primeiro órgão público a receber tal cer-tifi cação.

No mesmo ano, como uma demonstração de seu espí-rito inovador, o conselheiro criou a ESGACON-SP- Escola Superior de Gestão e Análise das Contas do Município de São Paulo. Sua missão era a de implementar cursos para servidores públicos. Anos depois, com a resolução nº 3/2003, depois institucionalizada pela Lei Municipal nº 13.887 de julho de 2004, foram efetivamente iniciados os trabalhos na Escola de Contas Públicas do Tribunal de Contas do Município de São Paulo, destinada a promover a capacitação e o aperfeiçoamento do corpo funcional do próprio TCM, estendendo-se a todos os servidores públi-cos municipais, inclusive da administração indireta, e à sociedade.

Todos os conselheiros presentes à sessão manifestaram a admiração e o orgulho de serem companheiros de Eu-rípedes Sales. Para o conselheiro-corregedor do Tribunal de Contas, Roberto Braguim, a conquista da ISO foi uma iniciativa brilhante porque ele, naquele momento, teve a visão não só de conselheiro, mas de administrador. “Ele percebeu que a administração pública não poderia fi car de fora do aperfeiçoamento que as empresas privadas se submetiam à época”, lembrou Roberto Braguim. “Desde que ele iniciou seus trabalhos no TCM, vem deixando sua marca, a sua postura em todos os segmentos, com idéias arrojadas, por vezes contestadas, mas enfi m, ele tem a sua luz, o seu brilhantismo e, com isso, trouxe grandes inovações ao Tribunal de Contas do Município”, afi rmou.

O vice-presidente do TCM, Edson Simões, recordou que antes da criação da Escola de Contas, o conselheiro

ESCOLA DE CONTAS LEVA O NOME DO CONSELHEIRO EURÍPEDES SALES

Eurípedes Sales reclamava das difi culdades que enfrenta-vam os funcionários da municipalidade para acompanhar com exatidão, em termos legais, contábeis e fi nanceiros, a movimentação de toda a cidade de São Paulo. “A Escola de Contas transformou-se numa reformulação completa das concepções de ensinamento para o funcionário pú-blico da capital e do país. Eurípedes Sales fez e ainda faz história nesse Tribunal”, ressaltou.

Muito emocionado, o conselheiro Eurípedes Sales, que agora empresta seu nome à escola por ele criada, agra-deceu a homenagem recebida. “Eu não fi z nada mais do que encampar a idéia de que aqui existiam seres huma-nos e de que esses tinham que evoluir. Daí surgiu a idéia da criação da Escola”, concluiu.

Conselheiro homenageado, Eurípedes Sales, ao lado do presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, na sessão onde foi anunciada a mudança do nome da Escola

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No dia 5 de setembro, no plenário do Tribunal de Contas, aconteceu a entrega de certifi cados aos alunos da “Escola de Contas Conselheiro Eurípe-

des Sales” que freqüentaram seus cursos no período de agosto de 2005 a junho de 2006. Foram entregues cerca de 500 certifi cados aos servidores municipais de várias secretarias, autarquias e da Câmara Municipal.

A abertura da cerimônia foi feita pelo presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, que destacou o trabalho do conselheiro Eurípedes Sales, criador e dirigente da Escola de Contas. “O conselheiro Eurípedes sempre teve idéias muito avançadas e a criação da Escola de Contas, além de inovadora, qualifi ca e aprimora o trabalho dos servi-dores municipais, em benefício da cidade”, disse o presi-dente do Tribunal.

Em seguida, manifestou-se o conselheiro Eurípedes Sales, que desde agosto empresta o seu nome à instituição de ensi-no. Ele falou sobre a missão da Escola, que busca qualifi car cada vez mais os servidores, a fi m de que desenvolvam um trabalho de qualidade e sejam respeitados profi ssionalmente.

O professor doutor Oscar Vilhena Vieira, mestre em Di-reito e doutor em Ciências Políticas, além de dirigente de

ENTREGA DE CERTIFICADOS A SERVIDORES MUNICIPAIS

Da dir. para a esq.: Presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso; o palestrante homenageado, Oscar Vilhena Vieira; o conselheiro dirigente da Escola de Contas, Eurípedes Sales; o diretor da Escola, Moacir Marques da Silva; o secretário geral do TCM, João Alberto Guedes, e o conselheiro-corregedor, Roberto Braguim. No centro, o vice-presidente da instituição, Edson Simões, faz a leitura da homenagem

vários órgãos de defesa dos Direitos Humanos, proferiu palestra sobre “Cidadania”. O tema escolhido para a pa-lestra faz parte da fi losofi a da Escola de Contas, que per-segue a formação de servidores conscientes da importân-cia da prestação de serviço com qualidade e dos direitos do cidadão usuário do serviço público. O professor afi r-mou, na abertura da palestra: “Eu tenho a dimensão exata da importância que tem a formação do corpo técnico qua-lifi cado no funcionalismo público, que poderá fazer com que nossa cidade responda cada vez mais às demandas de cidadania que são colocadas por todos nós”.

Após a explanação do doutor Oscar Vilhena, que fez um histórico sobre o conceito de cidadania desde a Gré-cia Antiga até os dias atuais, seguiram-se as homenagens aos professores da “Escola de Contas Eurípedes Sales”. O colegiado também homenageou o conselheiro criador da Escola, em agradecimento ao trabalho realizado no TCMSP. Ao fi nal da cerimônia, foram entregues os certi-fi cados de conclusão dos cursos aos representantes de cada turma. O Coral do Tribunal de Contas do Município de São Paulo e a Banda da Polícia Militar do Estado de São Paulo fi zeram apresentações.

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Com a presença de grande público, que ocupou o plenário do TCM para assistir à palestra do pro-fessor-doutor Kiyoshi Harada, a Escola de Con-

tas realizou, no dia 7 de agosto, no plenário Paulo Planet Buarque, o lançamento de seis novos cursos.

A solenidade foi ofi cialmente aberta pelo presidente do Tribunal, Antonio Carlos Caruso, na presença de autorida-des municipais, representantes da Câmara Municipal de São Paulo e da Assembléia Legislativa. Também estiveram presentes, os ex-conselheiros Teófi lo Ribeiro de Andrade Filho e Altino Machado, o conselheiro vice-presidente do Tribunal, Edson Simões, o conselheiro Maurício Faria e o conselheiro responsável pela criação da Escola de Con-tas, Eurípedes Sales.

Em seu discurso, o conselheiro Eurípedes Sales sau-dou o palestrante Kiyoshi Harada, de quem foi colega de classe na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, e disse sentir-se honrado com a sua presença. “Além do seu notório saber, eu conheço a sua família, a sua con-duta correta e o seu comportamento em defesa da justi-ça. Agradeço sua presença, que prestigia a nossa Escola

ESCOLA DE CONTAS LANÇA NOVOS CURSOS

Professor Kiyoshi Harada (no centro) foi homenageado na cerimônia de lançamento dos novos cursos da Escola de Contas

de Contas, onde se difunde o saber, por onde transitam aqueles servidores que têm vontade de aprender”, disse o conselheiro.

Após o pronunciamento do conselheiro Eurípedes Sa-les, falou o palestrante convidado, Kiyoshi Harada, es-pecialista em Direito Tributário e Financeiro, professor de Direito Tributário, Financeiro e Administrativo, conselheiro do IASP, ex-procurador-chefe da Consultoria Jurídica da Procuradoria Geral do Município de São Paulo e autor de 19 obras jurídicas, entre as quais, “Direito Financeiro e Tri-butário”, na 15ª edição.

Antes de iniciar a sua palestra sobre “Controle e Fiscali-zação da Execução Orçamentária”, Harada elogiou a ini-ciativa da criação da Escola de Contas e ressaltou a sua concordância com o discurso do conselheiro Eurípedes Sales sobre a necessidade de se difundir conhecimento e capacitar os profi ssionais da área pública. “A Escola certamente contribui para a formação de servidores mais conscientes e exigentes, que auxiliam na melhoria das instituições públicas”, disse Harada.

Durante a sua palestra, o professor falou sobre o sistema

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Foi concluído, no mês de agosto, o Programa de Formação, a segunda etapa do Concurso do Tri-bunal de Contas do Município de São Paulo para o

provimento das vagas de Agente de Fiscalização e Auxi-liar Técnico de Fiscalização. Durante o Programa de For-mação, os candidatos tiveram aulas teóricas, exercícios práticos e participaram de várias palestras ministradas pelo corpo técnico do Tribunal.

Todos os 119 participantes foram aprovados nessa se-gunda fase. O resultado fi nal foi divulgado no dia 14 de setembro, no Diário Ofi cial da Cidade. O primeiro gru-po de candidatos foi convocado no dia 29 de setembro. Foram chamados inicialmente 48 candidatos, tanto de nível universitário como de nível médio, respeitando-se a

CONVOCAÇÃO DOS CANDIDATOSAPROVADOS NO CONCURSO

ordem de classifi cação de cada área. Haverá mais duas convocações em datas posteriormente defi nidas.

O processo de seleção teve duas etapas. A primeira, de caráter eliminatório e classifi catório, foi realizada em maio e consistiu de provas objetivas e de provas discursivas ou de redação. O Programa de Formação teve caráter exclusivamente eliminatório.

Inscreveram-se 27.443 para concorrer às 119 vagas, das quais 87 são para o cargo de Agente de Fiscalização, com diploma de nível superior Administração, Ciências Jurídicas e Contábeis, Economia, Engenharia Civil, Enfer-magem, Letras - Escrivão de Ata, e Pedagogia - Assis-tente Educacional. Para o cargo de Auxiliar Técnico de Fiscalização, nível médio, foram oferecidas 32 vagas.

orçamentário que, segundo ele, deve ser plasmado pela Constituição Federal e manter coerência com os postula-dos democráticos. Também mencionou a lei 10.257, de 2001, conhecida como “Estatuto da Cidade”, que em um dos seus artigos aborda a questão da gestão orçamentá-ria participativa, tornando obrigatória a realização de de-bates, audiências públicas e consultas populares como condição para a aprovação da lei do Plano Plurianual, da lei de Diretrizes Orçamentárias e da lei Orçamentária Anual.

Após a palestra, o diretor da Escola de Contas, Moacir Marques da Silva, cumprimentou o palestrante e disse, na ocasião, que se tratava de um dia histórico para a Esco-la de Contas que, a um só tempo, estava lançando seis cursos para os servidores, entre os quais, quatro deles, pela primeira vez, voltados aos servidores da carreira de nível médio. Os cursos lançados foram: Administração Financeira e Orçamentária para servidores que exercem funções de nível superior, exceto contadores; Introdução ao Direito Tributário para servidores de nível superior;

Atendimento ao Público para servidores de nível médio; Fundamentos de Estatística para servidores de nível mé-dio; Matemática Básica e Financeira para servidores de nível médio; Orçamento e Execução Orçamentária para servidores de nível médio.

Desde que foi criada, em 2003, a Escola amplia anual-mente a sua gama de cursos e tem contribuído para me-lhorar a qualidade da gestão pública, evitando o desper-dício do dinheiro público e reduzindo as incorreções nos processos examinados pelo Tribunal.

O êxito dos seus cursos pode ser avaliado pela grande procura por parte dos servidores públicos que, na Escola de Contas, recebem informações sistematizadas e atuali-zadas sobre vários assuntos pertinentes à administração pública

A cerimônia também contou com uma homenagem ao palestrante convidado, que recebeu um diploma de agra-decimento entregue pelo conselheiro vice-presidente Ed-son Simões, e com uma apresentação especial do Coral do Tribunal, sob a regência de William Guedes.

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Com a participação de 11 renomados palestrantes, o Tribunal de Contas do Município de São Paulo realizou, no período de 11 a 15 de setembro, o “Se-

minário Nacional de Obras e Serviços de Engenharia”. O evento, que contou com a presença de 300 inscritos, en-tre técnicos da administração direta, indireta e do próprio Tribunal, foi ofi cialmente aberto pelo presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, na manhã do dia 11, com a pre-sença do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.

Também estiveram presentes na abertura, o vice-pre-sidente do Tribunal, Edson Simões, o conselheiro-corre-gedor Roberto Braguim, o conselheiro Eurípedes Sales, o mestre e doutor em Direito pela USP e especialista em Direito Administrativo, Toshio Mukai, o secretário de Controle Externo do Tribunal de Contas da União em São Paulo, Luiz Akutsu, o secretário geral do TCM, João Alber-to Guedes e o procurador-chefe da Fazenda Municipal, Gianfrancesco Genoso. Durante os cinco dias do semi-nário, os palestrantes trataram de temas relacionados ao controle, à fi scalização e à execução de obras públicas.

A primeira palestra, sobre “Licitação para Contratação de Obras e Serviços de Engenharia”, foi proferida pelo mestre em Direito Público e professor de Direito Adminis-trativo, Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, que deu conti-nuidade ao tema no segundo dia do seminário. Durante os dois dias, o palestrante dividiu a sua exposição em três módulos. O primeiro, incluiu noções teóricas indispensá-veis, compreendendo a terminologia técnica da engenha-ria e da licitação. No segundo módulo, o professor Jacoby Fernandes defi niu diretrizes para a licitação. O último mó-dulo foi dedicado ao edital de licitação e a informações relacionadas a contratos.

O terceiro dia foi aberto com a palestra sobre “Planeja-mento de Obras e Serviços - Licenciamento Ambiental”, proferida por Marcos Tadeu Barros de Oliveira, engenhei-ro civil, agente de fi scalização do TCM e especialista em Gestão Ambiental, que falou sobre o conceito e as etapas do licenciamento ambiental. Na seqüência, o engenheiro civil, especialista em Gestão de Negócios Governamen-tais e coordenador da Coordenadoria de Planejamento e

TCMSP REALIZA SEMINÁRIO SOBRE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIA

Cerimônia de abertura do Seminário sobre Obras e Serviços de Engenharia, promovido pelo Tribunal de Contas

Izabel Camargo L. Monteiro Rui Stoco José Renato Nalini Cláudio Sarian Altouniam

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Gestão da Informação do TCM, Marcos Vicente Arrivabene Sanches, discorreu sobre o tema “Planejamento de Obras e Serviços – Projeto Básico”. Na oportunidade, abordou os principais fatores de risco observados nos projetos bási-cos, além de ressaltar a importância de um planejamento adequado das obras de engenharia.

O último palestrante do dia, Sussumu Niyama, pes-quisador do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, desenvolveu o tema “Garantias para Boa Execução das Obras”. Niyama fez conside-rações sobre as várias fases de uma obra, incluindo planejamento, projeto básico, processo licitatório, ge-renciamento, fiscalização, auditoria, cronograma e a responsabilidade perante a obra, lembrando que to-das as etapas são importantes para a garantia de uma obra de qualidade.

O quarto dia do seminário foi aberto por Cândido Malta Campos Filho, doutor em arquitetura e urbanismo e pro-fessor de graduação e pós-graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Durante a sua palestra sobre “Os Projetos e Seus Impac-tos na Vizinhança”, o urbanista traçou um panorama so-bre a evolução da legislação de uso do solo em todo o país até se chegar aos estudos dos impactos ambientais. Também falou sobre o transporte coletivo e a sua relação com o uso do solo. A segunda palestra do dia, com o tema “Aspectos Jurídicos Inerentes à Execução Contratual”, foi ministrada pela subchefe da Assessoria Jurídica do TCM e especialista em licitação e contratos, Izabel Camargo Lopes Monteiro, que ressaltou os aspectos jurídicos rela-cionados à contratação de obras e serviços de engenha-ria. Discorreu também sobre os procedimentos necessá-rios tanto nas licitações como na contratação direta, entre eles, projeto básico, escolha do contratado, justifi cativa do valor e disponibilidade fi nanceira.

A palestra sobre “Fiscalização de obras Públicas: Desa-fi os e Perspectivas”, realizada pelo secretário de Fiscali-zação de Obras e Patrimônio da União do TCU, Cláudio Sarian Altouniam, encerrou os trabalhos do dia. Altou-niam falou sobre o controle de obras públicas, para dar uma visão do controle externo. Também trouxe para o debate as principais falhas encontradas no processo de fi scalização.

No último dia do evento, a professora, doutora em Di-reito do Estado e procuradora aposentada da Prefeitura do Município de São Paulo, Lívia Maria Armentano Koe-nigstein Zago, abordou o tema “Visão sobre a Responsa-bilidade Disciplinar, Civil e Ética dos Servidores”. Durante a sua palestra abordou, entre outros aspectos, os com-portamentos éticos exigidos do agente público, o respeito no trato da coisa pública e a inserção dos princípios da Administração Pública nas modernas constituições.

O desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini, responsável pelo tema “Improbidade Administrativa”, falou sobre o papel fundamental dos tri-bunais de contas na garantia da probidade administrativa e assinalou várias hipóteses de improbidade administrati-va previstas na lei. O terceira palestra do dia, com o tema “Responsabilidade Penal”, foi desenvolvida pelo desem-bargador do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Rui Stoco. Durante a sua exposição, falou sobre a respon-sabilidade penal dos agentes públicos, sobre o Estatuto do Funcionário Público, que prevê uma gradação de penas, sobre o entrelaçamento entre as disposições legais e o for-talecimento da interação das instâncias jurídicas no trato das questões de natureza civil, administrativa e penal.

O encontro, que contou com o apoio do Banco Itaú, foi encerrado com a conferência do engenheiro Nelson Betti de Oliveira, sobre “Gestão de Obras Públicas de Enge-nharia”, que destacou a importância da viabilidade econô-mico-fi nanceira do projeto de engenharia e do estudo do impacto ambiental de uma obra. Também discorreu sobre a importância do planejamento, do estabelecimento de metas e programas e dos orçamentos plurianuais como alternativas para a busca de soluções dos problemas da cidade.

Nelson Betti de Oliveira Cândido Malta Campos Filho

Jorge Ulisses J. Fernandes Marcos Vicente A. Sanches Lívia Maria A. K. Zago Sussumo Niyama Marcos Tadeu B.de Oliveira

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Ao fi nal de suas apresentações, todos os palestrantes receberam diplomas de agradecimento do TCM pela par-ticipação no seminário. Vários palestrantes contribuíram com artigos sobre os temas que trataram no evento, que estão publicados nas páginas desta edição. Também par-ticiparam do evento, o Coral do Tribunal de Contas e a Camerata da Polícia Militar.

Nelson Betti de Oliveira recebeu troféu entregue pelo colegiado e técnicos do TCM

O conselheiro-corregedor do TCM, Roberto Braguim, entrega diploma ao desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo, José Renato Nalini

O presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso (à esq.) e a chefe de gabinete da presidência, Yara do Nascimento Tacconi, com os servidores do TCM, Mário Roberto Carneiro Silva (2º à dir.), Vicente Paulo Scarabelli (3º à dir.) e Hélio Jota de Araújo, responsáveis pela execução da réplica, em tamanho grande, do trófeu entregue ao homenageado Nelson Betti de Oliveira

Homenagem ao engenheiro Nelson Betti de Oliveira

O engenheiro Nelson Betti de Oliveira, que durante muitos anos ocupou funções importantes na área de engenharia do TCM, foi homenageado durante o en-cerramento do seminário, em reconhecimento à sua notável carreira.

Diante de seus familiares e da platéia, o engenhei-ro recebeu das mãos do secretário geral João Alberto Guedes, do conselheiro Maurício Faria e de engenhei-ros do Tribunal, um troféu especialmente construído em bronze para homenageá-lo. Na ocasião, ele foi sau-dado pelo colegiado, pelo secretário geral João Alber-to Guedes e por um de seus fi lhos, Paulo Fernando de Oliveira.

Entre as suas inúmeras realizações ao longo de uma carreira dedicada à área de construção e ao setor de transporte da cidade de São Paulo, o engenheiro Nel-son Betti de Oliveira, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, exerceu diversas ativi-dades no serviço público, destacando-se a de diretor-fundador do Departamento de Estradas de Rodagem do Município de São Paulo – DERMU, criado pelo pre-feito Faria Lima, em 1966. O engenheiro, que contribuiu de maneira signifi cativa para soluções viárias da metró-pole paulistana, foi um dos responsáveis pela constru-ção das principais artérias viárias da cidade, entre as quais, as marginais dos rios Pinheiros e Tietê. Também foi engenheiro da antiga Light, professor e autor de inú-meros trabalhos técnicos e publicações. Aposentou-se na função de assessor técnico de engenharia do TCM, em 1994, mas ainda hoje atua como membro de várias associações técnicas de engenharia.

Ao fi nal da homenagem, o secretário geral João Al-berto Guedes fez a leitura da mensagem registrada na placa do troféu: “O Tribunal de Contas do Município de São Paulo, ao ensejo da realização do ‘Seminário Nacional sobre Obras e Serviços de Engenharia’, cum-primenta e agradece o engenheiro Nelson Betti de Oli-veira pela realização da conferência de encerramento no tema “Gestão do Obras Públicas de Engenharia” e aproveita a oportunidade para homenageá-lo com este registro que reconhece de público o seu caráter de homem probo, de profi ssional brilhante e de assessor perfeito, pelos inestimáveis serviços prestados a este Tribunal de Contas.”

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Depois de dois dias de trabalho no II Fórum do PRO-MOEX – Compartilhamento de Controles Informatiza-

dos da Lei de Responsabilidade Fiscal, que ocorreu em São Paulo, no Tribunal de Contas do Município, nos dias 28 e 29 de agosto, técnicos e conselheiros representan-tes de 33 tribunais de contas de todo o país elaboraram documento com as propostas resultantes dos debates. O documento, que representa um avanço no processo de in-tegração e de melhoria dos tribunais de contas no Brasil, foi encaminhado ao IRB - Instituto Ruy Barbosa, promotor do encontro no TCM, com as sugestões que surgiram dos grupos de trabalho.

O IRB poderá implementar essas diretrizes resultantes do encontro, com o objetivo de estabelecer um padrão mínimo de informações sobre o exercício da fi scalização do cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal pelos Tribunais de Contas e de criar as condições para o aper-feiçoamento dos recursos das instituições.

O encontro, que reuniu cerca de 200 técnicos e con-selheiros de vários estados brasileiros, foi aberto pelo governador paulista, Cláudio Lembo, e pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. Após a abertura do evento, o jornalista Cláudio Abramo, diretor da ONG “Transparên-cia Brasil”, proferiu palestra com o tema “Informações, Tribunais de Contas e Combate à Corrupção ”. Além dos servidores dos tribunais e da administração municipal, participaram também representantes dos ministérios do Planejamento, da Saúde, da Educação, da Secretaria do Tesouro Nacional e do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. No segundo dia do encontro, a palestra que deu início aos trabalhos foi feita pelo jornalista Carlos Sardenberg, que falou sobre a “Lei de Responsabilidade Fiscal e Controle Social”.

O governador Cláudio Lembo destacou, na abertura do evento, a satisfação em receber, na capital paulista, os representantes dos tribunais de contas de diversas par-tes do país, com o objetivo de criar melhores condições para o controle das contas públicas. “É um orgulho para São Paulo sediar o II Fórum do PROMOEX. Este encon-tro certamente proporciona uma troca de experiências e de conhecimentos muito importantes para todos. Os tri-bunais de contas são excepcionais, pois permitem, com suas análises, que o executivo trabalhe sempre levando em conta os limites da lei”.

O prefeito Gilberto Kassab também destacou a impor-tância do fórum realizado no TCM. “Nós entendemos que esta iniciativa permitirá a soma de esforços, a integração de ações dos tribunais, no sentido de que todos possam construir os caminhos do melhor controle e da compe-tência, fazendo com que os tribunais de contas exerçam cada vez mais o seu papel, que é o de estar ao lado da população, fi scalizando os recursos públicos”.

Também o presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso, que ao lado dos conselheiros Edson Simões, Roberto Braguim, Eurípedes Sales e Maurício Faria, recebeu os participantes do encontro, enfatizou a importância do evento na busca de soluções para aperfeiçoar o trabalho dos tribunais de contas do Brasil. “Temos grande satisfa-ção em receber, aqui em São Paulo, nossos colegas de todo o Brasil e assim, com este intercâmbio, colaborar na busca das ações para aprimorar o controle externo em nosso país”, afi rmou o presidente do Tribunal que sediou o fórum.

Além do governador e do prefeito, prestigiaram a aber-tura do evento, entre outras autoridades, o presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, desembar-gador Celso Luiz Limongi; o presidente do Instituto Ruy Barbosa, Salomão Ribas; o presidente do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do Ceará, Luiz Sérgio Gadelha Vieira; o presidente da Associação dos Membros dos Tribunais de Contas do Brasil – ATRICON, Victor José Faccioni; o presidente do Tribunal de Contas do Estado de Roraima, Manoel Dantas Dias, o vice-presidente do mesmo Tribunal, Henrique Manoel Fernandes Machado; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Paraná, Henrique Naigeboren; o presidente do Tribunal de Contas do Maranhão, Edmar Serra Cutrim; o vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de Sergipe, Carlos Pinna; o vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Espí-rito Santo, Elcy de Souza; o vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo, Antonio Roque Citadini; o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas, José de Melo Gomes; o conselheiro do Tribunal de Con-tas do Estado do Amazonas, Júlio de Assis C. Pinheiro; o conselheiro-corregedor do Tribunal de Contas do Esta-do da Bahia, Manoel Figueiredo Castro; o presidente do

TCMSP SEDIA II FÓRUM DO PROMOEX

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Autoridades e conselheiros do TCM na mesa de abertura do evento

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Tribunal de Contas do Distrito Federal, Manoel Paulo de Andrade Neto; o conselheiro do Tribunal de Contas do Es-tado de Santa Catarina, Moacir Bertoli; a diretora nacional do PROMOEX, Sheila Maria Reis Ribeiro; a presidente do Fórum Nacional dos Órgãos de Controle Interno dos Esta-dos Brasileiros e Distrito Federal, Mônica Clark Nunes Ca-valcante; o secretário adjunto do Tesouro Nacional, Jorge Khalil Miski e o representante do secretário municipal de Finanças de São Paulo, Celso Tadeu de Azevedo Silveira.

O subsecretário de Fiscalização e Controle, Lívio Mário Fornazieri, o chefe do Núcleo de Tecnologia da Informa-ção do TCMSP, Mário Augusto de Toledo Reis, e o coor-denador técnico da Unidade de Execução Local do PRO-MOEX, José Alberto Bicudo, foram os responsáveis pela organização do encontro em São Paulo e trabalharam, ao lado de representantes de outros tribunais, na preparação do evento. O fórum constou, fundamentalmente, de reuni-ões de dois grandes grupos para o detalhamento de fór-mulas para ampliar o intercâmbio entre os tribunais, com-partilhar soluções tecnológicas e estabelecer padrões para melhorar a fi scalização da Lei de Responsabilidade Fiscal no país.

A diretora nacional do PROMOEX, Sheila Maria Reis Ri-beiro, explicou que através dessas discussões nos fó-runs é que são obtidas defi nições pactuadas a respeito de conceitos e de estratégias de abordagens dos gastos públicos. “O PROMOEX prevê uma sucessão de even-tos. O que objetivamos é estruturar uma grande rede que envolverá os tribunais articulados entre si, além de uma articulação também com o governo federal, com os diver-sos órgãos que demandam informações das unidades da federação, estados ou municípios. A possibilidade de se criar uma grande rede de transparência, disponibilizando informações que são de domínio público e que devem ser colocadas de uma maneira bastante clara para a socie-dade ”, afi rmou.

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Da esq. para a dir.: Conselheiro-corregedor do Tribunal de Contas do Estado da Bahia, Manoel Figueiredo Castro; conselheiros do TCM, Eurípedes Sales e Maurício Faria; vice-presidente do TCM, Edson Simões; prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; presidente do TCM, Antonio Carlos Caruso; presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Celso Luiz Limongi, e conselheiro-corregedor do TCM, Roberto Braguim

Da esq. para a dir.: Mário Augusto de Toledo Reis, chefe do Núcleo de Tecnologia da Informação; Robson Batista Borges, técnico do Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás e Lívio Mário Fornazieri, subsecretário de Fiscalização e Controle do TCM

O presidente do IRB, Salomão Ribas, fez pronunciamento durante o evento Participantes reunidos em grupos de trabalho durante o II Fórum do PROMOEX

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LICITAÇÃO E CONTRATOS DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIAJorge Ulisses Jacoby Fernandes [*]

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Muito me honra ter sido con-vidado para iniciar o Semi-nário Nacional sobre Obras

e Serviços de Engenharia, promovi-do pelo Tribunal de Contas do Mu-nicípio de São Paulo.

Este Tribunal, que em muitos as-pectos é referência do Controle Externo, abre suas portas para con-cretizar o lado mais nobre da fi sca-

lização: a orientação.Tendo deixado recentemente de integrar o Plenário de

um Tribunal de Contas e as nobilitantes funções de Con-selheiro e membro do Ministério Público para dedicar-me a Advocacia e ao magistério, não pude deixar de cumprir o honroso chamado desta Corte, manifestado pelo seu Presidente, o dinâmico e empreendedor Antonio Carlos Caruso, para somar esforços aos que buscam abrir as portas para o conhecimento, o debate, a aprendizagem.

Escolhi para destacar, do conteúdo programático que abordei nos primeiros dois dias do seminário, três temas para a resenha tópica.

1º Tema: Projeto BásicoO primeiro, talvez o principal causador de irregularida-

des, é o projeto básico. Disse Sêneca, em lapidar síntese, que não há ventos favoráveis para uma nau que não sabe para onde vai! O projeto básico é mais que um destino; é um perfeito delineamento de uma carta náutica, um roteiro seguro e bem sinalizado.

1. Vantagens do projeto básicoExcluindo-se do exame aqueles órgãos que insistem na

conhecida declaração de que “o meu caso é diferente” ou “essa legislação não se aplica a este caso” - e sempre se encontrarão os administradores que tentam fugir ao im-pério da lei - o que se tem notado é que a realização do projeto básico tem favorecido muito a Administração, no sentido de evitar a contratação de “serviços sem provisão de quantidades ou cujos quantitativos não correspondem as previsões”, tal como expressamente veda o art. 7º, § 4º, da Lei nº 8.666/93.1

Como integra a convocação para licitar, o projeto básico auxilia o futuro contratado na defi nição da equipe que vai trabalhar e dos recursos a empregar.

Reiteradamente se tem notícias dos que buscaram o cumprimento desses comandos normativos, o quanto

melhorou a prestação dos serviços, além do expresso re-conhecimento de que se está pondo fi m ao empirismo no serviço público, para abrir a senda defi nitiva do trabalho técnico e do planejamento.

Quando o objeto inclui a prestação do serviço no esta-belecimento do contratante, o projeto básico é um instru-mento essencial para a integração entre as áreas. Neste sentido, explicita-se, por exemplo, o conhecido contrato para conservação e limpeza de uma unidade que integra-rá as diversas áreas como recursos humanos, segurança e todos os locais a serem conservados.

No caso, o contrato trará para dentro da organização pessoas estranhas à intimidade, não sendo raro a ocor-rência de confl itos interpessoais decorrentes da cultura administrativa, muitas vezes de difícil equacionamento. Aí destaca-se o gerente de recursos humanos que, desen-volvendo o treinamento de ambientação, por meio de sua equipe, sensibiliza o pessoal da contratada para o am-biente organizacional, desde a adequação de posturas e proibições, até corriqueiros problemas como comércio informal e clandestino, que freqüentemente ocorrem.

Na área de segurança, com o conhecimento das nor-mas internas de guarda de bens, vigilância sobre o que entra e sai, formas de identifi cação, horários e até mesmo, se for o caso, a revista eventual, que, como já decidiu a Justiça, pode ser legítima para quem detém a obrigação de zelar pelo patrimônio público, desde que preservada a dignidade do empregado.

Nas outras áreas, familiarizando-se com problemas cor-riqueiros, como não eliminar documentos, a menos que estejam no cesto de lixo, não jogar clipes em fendas de computadores, terminar o trabalho até o horário de início de expediente.

Como se vê, em breves linhas, a precisa defi nição do objeto, que se coloca no projeto básico, aliado a um trei-namento introdutório, recomendável quando há contato entre os servidores e o pessoal do contratado, pode fun-cionar para o aperfeiçoamento da Administração Pública.

Mas outros critérios deveriam ser estabelecidos no pro-jeto básico de acordo com o objeto. Como exemplo de um contrato de manutenção de computadores: horário das vi-sitas de manutenção (que normalmente ocorrem no meio daquela carta urgente para o presidente), tempo mínimo e máximo para os serviços corretivos, equipe técnica que deve, a propósito, ter registro no CREA, quando e como se fará a reposição das máquinas em conserto, num caso de pane geral etc.

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2. Defi nição legalProjeto básico para obras e serviços corresponde ao de-

talhamento do objeto de modo a permitir a perfeita iden-tifi cação do que é pretendido pelo órgão licitante e, com precisão, as circunstâncias e modo de realização.

Nos termos da art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666/93, o “projeto básico é o conjunto de elementos necessários e sufi cientes, com nível de precisão adequado, para carac-terizar a obra ou serviço, ou o complexo de obras ou ser-viços, elaborado com base nas indicações dos estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade técni-ca e o adequado tratamento do impacto ambiental do em-preendimento, e que possibilitem a avaliação do custo da obra e a defi nição dos métodos e do prazo de execução”. Desse conceito extrai-se o que servir para cada serviço ou obra a ser realizado de acordo com a sua natureza.

A transparência exigida do Poder Público pela socie-dade sepultou defi nitivamente a hipótese de se licitar um serviço em que o possível candidato sequer soubesse exatamente o que é pretendido, ou como realizar um ver-dadeiro contrato aleatório no qual só se compraz o licitan-te em conluio com um agente da Administração.

O novo diploma exige, em acatamento ao princípio da isonomia, que todos os candidatos à contratação saibam com precisão os limites a que fi carão sujeitos se contrata-rem com o Poder Público.

Acresce, ainda, que em face de lei, o projeto básico é o elemento obrigatório a ser anexado ao edital de licitação, dele fazendo parte integrante, nos termos do art. 40, § 2º, inciso I, da Lei nº 8.666/93.

3. ObrigatoriedadeA interpretação literal abona a lógica que pretende, a

partir de exata defi nição do objeto a ser contratado, am-pliar a competitividade e a transparência.

Por essa razão, em pelo menos duas oportunidades, o Tribunal de Contas da União já perfi lhou esse entendimen-to, consagrando a obrigatoriedade de projeto básico nas licitações.

No primeiro caso, pela ausência de projeto básico anu-lou a licitação, já em fase de contratação, ordenando a elaboração de novo procedimento, renovando-se todo o certame licitatório. Pela ausência de elemento essencial, o vício foi considerado insanável.2

No segundo, uma concorrência promovida pelo De-partamento de Transportes Rodoviários, com o objetivo de selecionar empresa para explorar, sob o regime de permissão, o serviço de transporte rodoviário nacional e internacional de passageiros, um dos licitantes, inconfor-mado com falhas no processo licitatório, utilizando-se do direito de representar contra irregularidades nos editais ao Tribunal de Contas, nos termos do art. 113, 1º, da Lei nº 8.666/93, buscou o TCU, que com competência e mestria, decidiu, nos termos do voto condutor de lavra do eminente

ministro Carlos Átila, determinar ao órgão envolvido que promovesse a anulação da concorrência ante a inexistên-cia do projeto básico.3 (Decisão nº 405/95-TCU-plenário).

4. Um bom orientadorCom freqüência, os que iniciam na área procuram ferra-

mentas para adaptar o conhecimento específi co da enge-nharia ao arcabouço restritivo da gestão pública.

Alguns elementos podem servir a essa orientação.a) lembrar que no âmbito da Lei de Licitações e Contra-

tos houve a inversão de presunção de legitimidade, sig-nifi cando que cabe aos servidores públicos demonstrar e comprovar a legalidade dos atos que praticam.4

b) o projeto deve dar segurança à Administração do que exatamente é pretendido, para que se faça isonomica-mente a certeza na competição.5 Projeto defi ciente enseja muitas reformulações. Vem se assentando a jurisprudên-cia no sentido de que a alteração qualitativa e quantitativa implica o dever de apurar responsabilidade por erro nos projetos.

c) um bom roteiro está disponível para amplo acesso público no site: www.jacoby.pro.br/lcobraspub.php e indi-ca detalhadamente um manual de obras públicas.

d) para preços, na esfera federal, há o art. 112 da Lei 11.178,6 que estabelece:

Art. 112. Os custos unitários de materiais e serviços de obras executadas com recursos dos orçamentos da União não poderão ser superiores à mediana daqueles constan-tes do Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil – SINAPI, mantido pela Caixa Econô-mica Federal, que deverá disponibilizar tais informações na internet.

A propósito, o TCU tem várias recomendações no senti-do de observar o preço SINAPI.7

2º Tema: Pregão para Serviços de EngenhariaNa regulamentação da Medida Provisória que instituiu

o pregão, foi expressamente vedado o uso dessa moda-lidade para a contratação de obras e serviços de enge-nharia.8

O tema ensejou polêmicas, pois de longa data discute-se a extensão do conceito serviço de engenharia.

Na atualidade existe, em termos de lógica jurídica, os seguintes contornos na defi nição da questão:

a) a Lei nº 10.520/02 estabelece que o pregão pode ser utilizado para a contratação de bens e serviços comuns. Excluída está, portanto, a contratação de obra, por mais comum que seja;

b) o Decreto nº 3.555/2000 estabelece que não podem ser licitados por pregão serviços de engenharia.

Excluindo-se obra, a difi culdade restringe-se à questão de poder ou não utilizar o pregão para contratar serviço de engenharia.

Para equacionar com sabedoria essa questão, que

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envolve não só de hermenêutica jurídica, mas de lógica, é preciso enfrentar as seguintes questões:

a) o decreto vigora após a edição da lei?b) pode o decreto instituir vedação não prevista na lei?c) a relação anexa ao decreto é exemplifi cativa ou nu-

merus clausus?d) a manutenção de bens imóveis, que consta da rela-

ção anexa ao decreto é serviço de engenharia ou não?e) serviço de engenharia é aquele que, segundo as nor-

mas em vigor, exige profi ssional registrado no CREA?Sobre a primeira questão, é preciso assentar que o de-

creto, tendo por objetivo regular Medida Provisória, perde parcialmente a efi cácia quando a norma que regulava foi convertida em lei. Somente na dimensão em que as re-gras da MP foram acolhidas pela lei é que se pode admitir que as regras do decreto tenham sido recepcionadas pelo ordenamento jurídico. Numa apertada síntese, as regras do decreto têm valor na medida em que se reconhece a subsistência do dispositivo da MP convertida em lei e a permanência da regulamentação. Não é, pois, questão de defi nir se o decreto está ou não em vigor, mas verifi car caso a caso, se a norma nele contida é, ou não, compa-tível com a nova lei. Tecnicamente, a lei não revogou os dispositivos do decreto; estes continuam em vigor ou não, segundo sejam compatíveis ou não com a nova lei.

Corolário da primeira resposta está a pertinente à se-gunda questão. A Medida Provisória defi nia que a relação dos bens e serviços comuns seria disciplinada em regu-lamento; o decreto atendia esse comando, estabelecendo o rol de serviços comuns. A lei não mais exige que a de-fi nição de bens e serviços comuns conste de regulamen-to, deixando a decisão sobre ser ou não bem ou serviço comum ao prudente arbítrio do Administrador.

Logo, a resposta à segunda questão é negativa. Se a lei não mais exige que norma inferior indique quais são os bens comuns, é evidente que a norma do decreto que institui vedação perdeu a efi cácia. Se o serviço de enge-nharia for comum, poderá ser licitado por pregão.

A terceira questão tem a resposta prejudicada, pois a relação nem mesmo é imprescindível.

A quarta questão - a manutenção de bens imóveis, que consta da relação anexa ao decreto é serviço de enge-nharia ou não? - foi objeto de ampla discussão ao tempo da vigência da Medida Provisória. Observe a difi culdade de defi nir a questão, não só em termos de hermenêutica jurídica, mas de lógica! No decreto havia vedação à con-tratação, por meio de pregão, de serviço de engenharia. Na relação de bens e serviços comuns, constava serviços de manutenção de bens imóveis,9 expressão amplíssima, que poderia ou não ser serviço de engenharia.

O tema foi enfrentado pelo Tribunal de Contas da União em três distintas ocasiões, cabendo trazer à colação os seguintes excertos:

Na primeira, a questão versou sobre a possibilidade de

os serviços de impermeabilização e recuperação do blo-co “c” da esplanada dos Ministérios10 serem ou não de engenharia e, por conseqüência, poderem ou não ser li-citados por pregão. Na discussão, o Analista Gérson Car-doso de Lima, com fundamento no Decreto nº 92.100/8511

manifestou o entendimento de que a impermeabilização constituía serviço de conservação, mais simples que o de manutenção e, portanto, licitável por pregão. O relator, Mi-nistro Benjamim Zymler, divergindo parcialmente da ins-trução, aduziu que:

notório é o fato de que serviços de engenharia, ainda que aparentemente simples, demandam supervisão e co-nhecimento técnico, razão pela qual o art. 5º do Ato 12/86 do CREA/Distrito Federal exige ART (Anotação de Res-ponsabilidade Técnica) para os serviços e obras listados no art. 2º desse mesmo Ato. Dentre eles, inclui-se a imper-meabilização.

E arrematou:Não bastassem essas considerações, deve-se escla-

recer que impermeabilização não pode ser considerada um serviço simples, pois requer conhecimentos técnicos específi cos. Diversos são os métodos empregados e a escolha da melhor solução depende de avaliação profi s-sional competente. Serviços mal executados podem even-tualmente comprometer a estrutura da edifi cação que se pretende proteger.

Com a sensibilidade que destaca sua atuação, o refe-rido Ministro não anulou a licitação, até porque o Tribunal decidiu, em 2002, pregão realizado no ano 2000. Preferiu por em evidência o caráter orientador e determinar que a autoridade se abstivesse de licitar serviços de engenharia por meio de pregão; mais do que isso, determinou ao Mi-nistério do Planejamento, Orçamento e Gestão que orien-tasse os demais órgãos e entidades da Administração Pú-blica no mesmo sentido.12

Portanto, para o Plenário do Tribunal de Contas da União, serviços de impermeabilização e recuperação de cobertura de edifício são serviços de engenharia e não podem ser licitados por pregão.13

Posteriormente, nova denúncia levou o Tribunal de Con-tas da União a enfrentar o tema da manutenção predial ser ou não serviço de engenharia.

Em determinado edital, o objeto da licitação foi defi ni-do como contratação de empresa para fornecimento de mão-de-obra especializada para prestação de serviços de manutenção predial, preventiva e corretiva de instalações elétricas, hidráulicas, áreas externas, áreas comuns, mobi-liário, instalações especiais (rede de telemática), com for-necimento de equipamentos, ferramentas e materiais que específi ca.14

A deliberação do Plenário do TCU, guiado pelo voto do Ministro Adylson Motta15 foi no sentido de considerar ma-nutenção predial como serviço comum, tendo por base a seguinte fundamentação:

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No tocante ao mérito, verifi cam-se nos autos a questão da legalidade da exigência do edital no sentido de que os atestados de capacidade técnica ou as certidões de acervo técnico sejam expedidas pelo Conselho Regio-nal de Administração - CRA, e a discussão a respeito da incompatibilidade entre o objeto licitado e a modalidade de licitação “pregão”, nos termos do art. 5º do Decreto nº 3.555/2000. Quanto à primeira questão, o subitem 2.1 do ato convocatório estabelece que a licitação em exame “tem por objeto a contratação de empresa para forneci-mento de mão-de-obra especializada para a prestação de serviços de manutenção predial (...)”. Desta forma, parti-lhando o posicionamento adotado na Decisão nº 468/96 - Plenário, entendo que o objeto licitado não se enquadra como serviço de engenharia, mas apenas como forneci-mento de mão-de-obra especializada para a prestação de serviços de manutenção predial. Como conseqüência, o Conselho Regional de Administração, nos termos do art. 2º, alínea “b”, da Lei nº 4.769/65, é o órgão de fi scaliza-ção profi ssional competente para emitir os documentos de capacitação técnica e de acervo técnico da empresa contratada, não havendo nenhuma ilegalidade na exigên-cia constante nos subitens 8.3.2 e 8.3.3 do Edital. Não sendo serviço de engenharia, sobre a hipótese em exame também não incide o art. 5º do Decreto nº 3.555/2000, que prescreve que a licitação na modalidade de pregão não se aplica às contratações de tal natureza. Acrescente-se ainda que o objeto licitado é serviço comum, nos termos do Decreto nº 3.555/2000, pois o fornecimento de mão-de-obra para manutenção de bens móveis e imóveis é a especifi cação mais usual do mercado para o desempenho desse tipo de atividade, tal como ocorre com os serviços de limpeza e conservação (art. 3º, § 2º, combinado com os itens 17, 19 e 20 do Anexo II do referido diploma).

Na semana seguinte, ainda sobre a mesma licitação, o TCU examinou a representação do CREA-DF que preten-dia anulá-la sob o argumento de que serviço de engenha-ria não pode ser licitado por pregão e manutenção predial é serviço de engenharia. Novamente o Plenário rejeitou a linha de argumentação e reafi rmou que esse tipo de ser-viço pela Lei nº 6.839/80 deve estar sujeito a registro no Conselho Regional de Administração e não no CREA.16

Com base nessa decisão, serviços de manutenção predial devem ser considerados como comuns - não são serviços de engenharia - e, portanto, podem ser licitados por pregão.

Posteriormente, porém, o Tribunal de Contas da União, também na composição plenária, teve que examinar re-presentação de empresa de engenharia contra edital de pregão que tinha por objeto a contratação de empresa es-pecializada em serviço de manutenção dos sistemas de Ar Condicionado Central, individual, tratamento químico das torres de refrigeração e exaustão/ventilação mecâni-ca, com fornecimento de mão-de-obra, materiais, peças, ferramentas e componentes.

O Ministro Relator, Benjamin Zymler, argumentou que, no edital, foi exigido que o contratado tivesse profi ssional registrado no CREA, tanto em engenharia mecânica, com experiência de cinco anos, como de engenharia quími-ca; que a Resolução nº 218, de 29 de junho de 1973, do CONFEA, estabelece que esse tipo de objeto deve ser realizado por profi ssional inscrito no CREA e que compete a esse órgão fi scalizar e disciplinar os serviços em co-mento; que havia duas interpretações possíveis, à vista do que dispunha o Decreto nº 3.555/2000: ou os serviços de manutenção, mesmo exigindo profi ssional de engenharia, podem ser licitados por pregão, à vista do item 19 da re-lação anexa ao referido decreto; ou os serviços de ma-nutenção, que se enquadrem como de engenharia, não podem ser licitados por pregão, à vista do disposto no art. 5º do decreto em tela.

Reconhecendo a complexidade da questão, admitiu ter havido erro escusável, propondo ao Plenário que, ao ór-gão, fosse determinado não utilizar a modalidade de licita-ção pregão para a contratação de serviços de engenharia, mesmo quando se tratar de serviços de manutenção.17

A última questão proposta para a solução da matéria foi enfrentada também pelo TCU em determinado caso que, após reconhecer que o serviço necessitava de profi ssio-nal registrado no CREA, que esta entidade era respon-sável por fi scalizar o serviço, concluiu que se tratava de manutenção de equipamento comum, e, portanto, inseri-do no gênero comum, sem impedimento a ser licitado por pregão.

Parece indispensável reproduzir a linha de argumenta-ção em que o Ministro Iran Saraiva se baseou para condu-zir o entendimento do Plenário daquela Corte:

6.3. O Decreto nº 90.922, de 06/02/85, que regulamenta a Lei nº 5.524/68, estabelece, por meio do seu art. 13, que “A fi scalização do exercício das profi ssões de técnico industrial e de técnico agrícola de 2º grau será exercida pelos respectivos Conselhos Profi ssionais.”

6.4. Claro está, então, que as atividades de manutenção de equipamentos realizadas por técnicos industrias de 2º grau se sujeitam à fi scalização do CREA, e, nesse aspec-to, podem ser consideradas serviços de engenharia.

7. Busca então, o CREA/DF, a anulação do Pregão nº 027/2001-CPL/AC, pois entende que os serviços de ma-nutenção preventiva e corretiva nos equipamentos de raios X e nos espectrômetros de massa, por serem servi-ços de engenharia, não poderiam ser licitados na moda-lidade pregão.

7.1. Quanto a essa pretensão do CREA/DF, devemos ter presente que a Medida Provisória nº 2.026/2000, que insti-tuiu a modalidade pregão, estabelece em seu art. 1º que a União poderá adotar licitação na modalidade pregão para a aquisição de bens e serviços comuns. Não há qualquer dispositivo na MP que limite a utilização do pregão em função do tipo de bem ou serviço a ser licitado, senão a

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exigência de serem comuns os bens e serviços objeto da licitação. Entretanto, o artigo 5º do Anexo I do Decreto nº 3.555/2000, restringindo o campo de utilização do pregão, vedou o uso dessa modalidade licitatória para a aquisição de obras e serviços de engenharia, bem como para as locações imobiliárias e alienações em geral, afastando es-sas aquisições do abrigo da MP nº 2.026/00 (2.108/00).

7.2. A Lei nº 8.666/93 estabelece a defi nição de obra e a de serviço. Apesar de constar de alguns de seus dispo-sitivos, a lei não estabeleceu a defi nição de serviço de en-genharia, criando, assim, difi culdades para a sua concei-tuação. Esse vácuo legal impede que se estabeleça, de imediato, que os serviços de manutenção de equipamen-tos são serviços de engenharia ou simplesmente serviços, estes sim, se comuns, licitáveis por meio de pregão.

7.3. Socorre-nos, nesse ponto, a MP 2.026/00, que, no art. 1º, § 1º, conceitua bens e serviços comuns da seguin-te forma: “§ 1º Consideram-se bens e serviços comuns, para os fi ns e efeitos deste artigo, aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser objetivamente defi nidos pelo edital, por meio de especifi cações usuais no mercado.” Sendo os serviços de manutenção preven-tiva e corretiva de equipamentos aqueles estabelecidos pelos fabricantes desses produtos, sem dúvida que todos que venham a adquirir esses equipamentos realizarão essa manutenção de acordo com as especifi cações do fabricante, que são iguais para o mesmo tipo e modelo do produto. Dessa forma, os padrões de desempenho dos serviços de manutenção de equipamentos podem ser ob-jetivamente defi nidos pelo edital, pois as especifi cações desses serviços são as detalhadas nos manuais de manu-tenção fornecidos pelo produtor a todos os adquirentes, sendo, então, usuais nesse segmento do mercado.

7.4. Junte-se a isso o fato de que os ‘Serviços de Ma-nutenção de Bens Imóveis’ e os ‘Serviços de Manutenção de Bens Móveis’ estão presentes no Anexo II do citado Decreto nº 3.555/00, anexo este que enumera, de forma exaustiva, quais são, para efeito da MP 2026/00, os bens e serviços comuns passíveis de serem licitados por meio de pregão.

7.5. Temos, então, numa mesma norma jurídica, o De-creto nº 3.555/00, dois dispositivos confl itantes, o Anexo I, art. 5º, que impede o uso do pregão para aquisição de obras e serviços de engenharia, e o Anexo II, que autori-za serem licitados na modalidade pregão os serviços de manutenção de bens móveis e imóveis. Ensina a boa téc-nica de interpretação que, em normas de mesmo valor hierárquico, o específi co deve prevalecer sobre o geral. Conseqüentemente, a proibição contida no art. 5º sucum-be diante da clara manifestação do Anexo II. Isto é, os serviços de manutenção de bens móveis e imóveis, mes-mo sendo serviços de engenharia, podem ser licitados na modalidade pregão.

7.6. Os serviços licitados pela ECT por meio do Pregão

nº 027/2001 - CPL/AC são serviços de manutenção de equipamentos, equipamentos estes necessariamente classifi cados como bens móveis ou imóveis, de acordo com suas peculiaridades. Por isso não há impedimento para serem adquiridos por meio da modalidade licitatória pregão, pois estão expressamente arrolados no Anexo II ao Dec. nº 3.555/00. Isto posto, não há porque conside-rar-se ilegal a adoção dessa modalidade de licitação no Pregão nº 027/2000 - CPL/AC, não devendo prosperar a pretensão do Conselho Regional de Engenharia, Arquite-tura e Agronomia do Distrito Federal.18

É importante notar que essas decisões foram adotadas antes da Lei nº 10.520/02, mas fornecem roteiro seguro do entendimento do Tribunal de Contas da União sobre a matéria e a difi culdade que teve de consolidar a exegese que deve prevalecer nos próximos julgados.

Em síntese, são serviços de engenharia, aqueles que:nos termos da lei que regulamentou a profi ssão estive-

rem elencados entre os que, para sua execução, depen-dam de profi ssional registrado no CREA;19 e

a) a atividade de engenheiro for predominante em com-plexidade e custo.

Desse modo pode ocorrer que, em determinada ativida-de, para um serviço se exija profi ssional de engenharia, mas sua participação no contexto global da atividade ve-nha a ser mínima. Logo, o serviço não deve ser classifi ca-do como de engenharia.

Confi rmando o exposto, a manutenção predial, serviço que foi mais de uma vez objeto de exame pelo TCU, pode ou não ser classifi cada como de engenharia, dependendo o fato do exame do projeto básico ou termo de referência. Como regra não o será, mas admite-se, em face à comple-xidade do bem a ser manutenido e do tipo de serviço, que seja classifi cado como de engenharia.

Há ainda registro de situação analisada pelo TCU em que um Tribunal procedeu à contratação de reforma de elevador por meio de pregão. Embora não fosse o objeto do controle verifi car a correção do emprego da modalida-de em Plenário, não houve objeção à adoção dessa.20

Mesmo que lei ou decreto não venha a estabelecer ve-dação ao uso do pregão para licitar serviço de engenha-ria, parece incorreto classifi cá-lo como comum. Serviço de engenharia é, nos termos da compreensão exposta - quando exigível profi ssional e essa atividade for predomi-nante em custo e complexidade -, serviço não-comum.21

A pretexto de regulamentar o pregão eletrônico, foi in-serida norma que afeta as duas formas de realização, no que se refere à questão: fi cou vedado o uso de pregão eletrônico para obras de engenharia.

Desse modo, tem-se em síntese que:a) a Lei 10.520/02 não veda o uso de pregão para obras

e serviços de engenharia;b) o Decreto do pregão presencial,22 que regulamentava

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a Medida Provisória, continua em vigor com o que for compatível com a lei;

c) o Decreto do pregão presencial veda o uso dessa modalidade e forma para obras e serviços de engenharia, mas a jurisprudência não confi rma essa restrição;

d) o Decreto do pregão eletrônico veda o uso dessa mo-dalidade e forma para obras de engenharia.

Juridicamente conclui-se que:a) obra - não se enquadra como “compra e serviço co-

mum”. Logo, não pode ser licitada por pregão;b) serviço de engenharia, pode ser considerado como

comum, quando:b.1) as características, quantidades e qualidade forem

passíveis de “especifi cações usuais no mercado”;b.2) mesmo que exija profi ssional registrado no CREA

para execução, a atuação desse não assume relevância, em termos de custo, complexidade e responsabilidade, no conjunto do serviço;23

c) em sendo comum o serviço de engenharia poderá ser licitado por pregão, sendo a forma eletrônica ou presencial.

3º Tema: Reequilíbrio de contratos de obras eserviços de engenhariaA concessão do reequilíbrio econômico fi nanceiro aos

contratos tem sido um dos tormentosos temas da atuali-dade.

O artigo 92 da Lei nº 8.666/93 prevê que constitui crime “admitir, possibilitar ou dar causa a qualquer modifi cação ou vantagem, inclusive prorrogação contratual, em favor do adjudicatário, durante a execução dos contratos ce-lebrados com o Poder Público, sem autorização em lei (...).”

Na mesma aterrorizadora perspectiva para os admi-nistradores de contratos públicos (gestores) encontra-se ampla jurisprudência dos Tribunais de Contas imputando responsabilidade aos servidores que autorizam ou orde-nam o reequilíbrio de contrato, indevidamente.

Para completar o cenário, ainda existem fornecedores e prestadores de serviço que acreditam que basta vencer a licitação para depois, mediante sucessivas alterações contratuais, aumentar o lucro ou simplesmente tornar o preço exeqüível.

A seguir, um breve roteiro prático para auxiliar a decisão.

1. Reequilíbrio do contrato ou da proposta? Iniciando novo tempo na República, a Constituição Fe-

deral de 1988, erigiu à condição de norma fundamental, a regular as relações entre a Administração Pública bra-sileira e os contratos, a garantia do equilíbrio econômico-fi nanceiro.

Reconhecendo a valiosa contribuição do direito admi-nistrativo francês, o legislador brasileiro foi mais longe. Ao adaptar a norma à realidade nacional não olvidou o grave

drama decorrente da infl ação. Assim, tomou por termo inicial o único momento em que o futuro contratante tem domínio do custo do processo produtivo: o tempo da ela-boração da proposta.

De fato, a sabedoria e a justiça da norma consagraram, no Brasil, o equilíbrio econômico-fi nanceiro da proposta e, não como fez a França, o termo inicial do contrato. Aqui, como em vários países, a seleção da proposta mais van-tajosa, pode levar meses subjugando o contratado a um conjunto de fatos e normas (entenda-se também Medidas Provisórias e os incontáveis planos de estabilização eco-nômica) verdadeiramente imprevisíveis.

Na Constituição Federal foi, então, estabelecido que:Art. 37. A administração pública direta e indireta de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e efi ciência e, também, ao seguinte:

(...)XXI - ressalvados os casos especifi cados na legislação,

as obras, serviços, compras e alienações serão contrata-dos mediante processo de licitação pública que assegu-re igualdade de condições a todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as exigências de qualifi -cação técnica e econômica indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações.

Deste modo, o marco inicial a ser considerado pela Ad-ministração Pública brasileira para conceder o reequilíbrio econômico-fi nanceiro deve ser o da proposta.

Obviamente, tendo ocorrido entre o tempo do reequilí-brio econômico-fi nanceiro e a proposta, reajuste ou outro reequilíbrio, esse passará a ser o termo inicial.

A legislação do plano real, sucessivamente aperfeiçoa-da, mesmo para a concessão de reajuste ou repactuação do contrato, manda considerar esse mesmo tempo: o da proposta.

Nesse sentido, dispõe a Lei nº 10.192, 14 de fevereiro de 2001:

Art. 3º Os contratos em que seja parte órgão ou entida-de da Administração Pública direta ou indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios serão reajustados ou corrigidos monetariamente de acordo com as disposições desta Lei, e, no que com ela não confl ita-rem, da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993.

§ 1º A periodicidade anual nos contratos de que trata o caput deste artigo será contada a partir da data limite para apresentação da proposta ou do orçamento a que essa se referir.

O acréscimo da norma “ou do orçamento a que essa se referir” visa dar guarida aos casos em que não há prazo para apresentação de propostas, como ocorre nas contra-ções direta sem licitação.

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Desse modo, não há dúvida de que o Brasil assentou, em nível constitucional, o reequilíbrio econômico-fi nancei-ro do contrato tendo por marco a quo o tempo da pro-posta, ou numa forma elíptica: garantiu o equilíbrio econô-mico-fi nanceiro da proposta, para o primeiro reajuste ou reequilíbrio.

2. Recomendações práticasSintetizando as lições acolhidas, é recomendável que

o administrador público considere os seguintes tópicos para conceder o reequilíbrio:

1. requerimento do interessadoO reequilíbrio que visar a majoração de preços deve ter

sempre por base o pleito do contratado, do mesmo modo que os que visem a redução de preços deve se basear na verifi cação da Administração Pública da redução de preços do mercado.

É ao contratado, quando pretende a majoração de pre-ços, que cabe pedir e demonstrar o direito ao reequilí-brio. A atuação de ofício, demonstra o interesse do agen-te público de zelar por interesse privado, absolutamente incompatível com a austeridade de quem gere recursos públicos.

2. demonstração de desequilíbrioAo pleitear o reequilíbrio caberá ao contratado apresen-

tar duas planilhas de custos: uma do tempo atual e outra da época da proposta.24

São esses os períodos a serem considerados pela Ad-ministração Pública e somente esses justifi cam o atendi-mento do pleito.

Circunstâncias alheias ao custo do contrato, como má gestão da empresa, não justifi cam o reequilíbrio.

Para o particular em caso de compra de produtos im-portados, com custos integralmente defi nidos em moeda estrangeira, a própria Lei nº 8.666/93 estabelece que:

Art. 55 São cláusulas necessárias em todo contrato as que estabeleçam:

(...)X - as condições de importação, a data e a taxa de câm-

bio para conversão, quando for o caso;É uma hipótese particular, em que os preços foram inte-

gralmente submetidos à variação de moeda estrangeira. Não se aplica, porém, aos casos em que parte do objeto é importada, devendo nesse caso ser utilizada a noção de planilhas de custos.

3. exame econômico das planilhasAtento ao que foi exposto, não deve o administrador

conceder o reequilíbrio confi ando, apenas, nos dados apresentados pelo contratado. Ao contrário, impõe-se-lhe o dever de verifi car, item por item, a compatibilidade e veracidade da informação apresentada.

Por força de lei - art. 113, da Lei nº 8.666/93 - houve a

inversão da presunção de legitimidade dos atos pratica-dos pelo administrador público em matéria de contratos. Cabe-lhe demonstrar a legalidade e regularidade dos atos que pratica e essa demonstração deve fi car no processo.

O resultado da análise econômica poderá, porém, ser sintética.

A comprovação dos valores pode ser feita por vários meios, inclusive consulta à revistas, periódicos, e preços de tabela.

4. análise jurídica do pleitoEmbora não seja indispensável, deve o administrador

ter a cautela de socorrer-se do órgão jurídico, apresentan-do o processo para exame.

É que o reequilíbrio, como outros pleitos, deve apresen-tar fundamento jurídico e a divisão de responsabilidade. Nesse sentido, a jurisprudência dos Tribunais de Contas vêm consagrando a importância da atuação do gestor que ouve o órgão jurídico.

Não caberá a esse, contudo, o exame minudente de qualquer aspecto econômico, mas tão somente do cabi-mento de reequilíbrio, após o plano real, da observância do termo a quo e da conformidade do pleito, no caso, com a legislação.

5. avaliação do preço reequilibrado e da proposta mais vantajosa

Ainda antes da concessão, é importante que o admi-nistrador público volte ao mercado para pesquisar se o preço reequilibrado continua atendendo o pressuposto fundamental da licitação: a proposta mais vantajosa.

De fato, não é concebível que o preço reequilibrado passe a ser superior ao de mercado depois do longo e extenuante esforço do processo licitatório. Há que ser pre-servado aquele postulado mediante pesquisa de preços, sempre que possível.

Se o reequilíbrio importar em violar esse primado, im-põe-se, como regra, a rescisão. Evidentemente não pode a Administração Pública obrigar o contratado a fornecer a preços que não são compatíveis com os custos,25 mas não pode contratar a preços superiores aos de mercado. Para isso, a rescisão com fundamento.

6. dotação orçamentáriaPara assumir compromisso, após o advento da Lei de

Responsabilidade Fiscal, é preciso que o administrador, antes de conceder o direito, certifi que-se do atendimen-tos das regras do caput do art. 16, da Lei Complemen-tar nº 101, de 4 de maio de 2000, notadamente em face do que dispõe o respectivo § 4º. Estabelece a norma em comento:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

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[* ] Jorge Ulisses Jacoby Fernandes é advogado, consultor, mestre em Direito Público, professor de Direito Administrativo e autor de várias obras na área, entre as quais: Vade-mécum de Licitações e Contratos Adminis-trativos – 3ª ed., Tribunais de Contas do Brasil – jurisdição e competência – 2ª ed., Sistema de Registro de Preços e Pregão – 2ª ed., Contratação Direta Sem Licitação – 5ª ed., Tomada de Contas Especial – 3ª ed

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I - estimativa do impacto orçamentário-fi nanceiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subse-qüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o au-mento tem adequação orçamentária e fi nanceira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano pluria-nual e com a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

§ 1º Para os fi ns desta Lei Complementar, considera-se:

I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específi ca e sufi ciente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a re-alizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultra-passados os limites estabelecidos para o exercício;

II - compatível com o plano plurianual e a Lei de Diretri-zes Orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2º A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3º Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a Lei de Diretrizes Orçamentárias.26

§ 4º As normas do caput constituem condição prévia para:

I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

(...)7. a decisãoÉ sabido que a concessão do reequilíbrio somente pode

se dar por acordo entre as partes na dicção do art. 65, II, d:

Art. 65. Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justifi cativas, nos seguintes ca-sos:

I – (...)

II - por acordo das partes:(...)d) para restabelecer a relação, que as partes pactua-

ram inicialmente, entre os encargos do contratado e a re-tribuição da Administração para a justa remuneração da obra, serviço ou fornecimento, objetivando a manutenção do equilíbrio econômico-fi nanceiro inicial do contrato, na hipótese de sobrevirem fatos imprevisíveis, ou previsíveis, porém, de conseqüências incalculáveis, retardadores ou impeditivos da execução do ajustado, ou ainda, em caso de força maior, caso fortuito ou fato do príncipe, confi gu-rando álea econômica extraordinária e extracontratual.

8. periodicidadeAtendidos esses pressupostos, é importante assinalar

que enquanto o reajuste e a repactuação tem prazo certo para ocorrer e periodicidade pré-defi nida, o reequilíbrio pode se dar a qualquer tempo, conforme já decidiu o Tri-bunal de Contas do Distrito Federal em decisão pioneira, conduzida por brilhante voto do Conselheiro José Milton Ferreira.27

Mesmo nos casos em que se sabe haverá reequilíbrio periódico por fatores alheios à vontade do contratado, como combustíveis, todo esse esforço cautelar deve ser desenvolvido.

Conclusão parcialO tema reequilíbrio de contratos exige cautela do ad-

ministrador público, como de qualquer agente que gere recursos alheios, mas em especial daqueles que adminis-tram recursos públicos.

Inibir a aplicação correta da Lei é tão grave como violá-la.

Em última lembrança, deve o administrador estar aten-to aos pleitos de reequilíbrio, mascarados por licitantes inidôneos que fazem da licitação uma aventura, cotando preços inexeqüíveis, almejando posterior deferimento de enganosos reequilíbrios de preços.

ConclusãoDos três temas expostos, nota-se que os Tribunais de

Contas estão envidando esforços para consolidar uma estruturação sistêmica pela identidade dos nobres pres-supostos de suas funções e garantir, a partir desse ideá-rio, uma interpretação mais harmônica dos entendimentos das normas sobre obras e serviços de engenharia.

Especialmente no controle dessa área de atuação, isso é importante: é comum edifi cações e construções com recursos compartilhados e o dissenso jurisprudencial é nocivo à sociedade e jurisdicionados.

Que a força das instituições de controle se coloque sem-pre na assimilação dos valores sociais que clamam pela melhoria na aplicação dos recursos públicos.

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1 BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Consti-tuição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 22 jun. 1993.2 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Processo nº TC-006.031/1994-3. Decisão nº 277/1994 – Plenário. Nesse sentido: TCU. TC-004.074/2002-9. Acórdão 125/2003 – Plenário.3 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Processo nº TC-015.602/1994-0. Decisão nº 405/1995 – Plenário. Nesse sentido: TCU. TC-018.212/1995-6. Acórdão 197/1997 – Plenário.4 BRASIL. Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. Regulamenta o art. 37, inciso XXI, da Consti-tuição Federal, institui normas para licitações e contratos da Administração Pública e dá outras providências. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 22 jun. 1993. art. 113.5 Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993. art. 7º, § 4º.6 BRASIL. Lei nº 11.178, de 20 de setembro de 2005. Dispõe sobre as diretrizes para a elabora-ção da Lei Orçamentária de 2006 e dá outras providências. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 21 set. 2005.7 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Processo nº TC-600.394/1997-2. Acórdão nº 1.908/2004 – 2ª Câmara. Nesse sentido: TCU. TC-003.912/2005-5. Acórdão nº 84/2006 – Plenário. DOU 8 fev. 2006, p. 66.8 BRASIL. Decreto nº 3.555, de 08 de agosto de 2000. Aprova o Regulamento para a modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 09 ago. 2000. Art. 5º.9 Decreto nº 3.555, de 08 de agosto de 2000. Item 19, do anexo II.10 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão nº 195/2002 - Plenário. Processo nº TC-011.604/2001-9. Relator: Ministro Benjamin Zimler. Brasília, 13 de março de 2002. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 25 mar. 2002.11 BRASIL. Decreto nº 92.100, de 10 de dezembro de 1985. Estabelece as condições básicas para a construção, conservação e demolição de edifi cios públicos a cargo dos órgãos e entida-des integrantes do Sistema de Serviço Gerais - SISG, e dá outras providências. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 13 dez. 1985. Codifi cação de Boas Práticas - DASP.12 Ilegalidade - limites à anulação: Embora reconhecendo a ilegalidade da exigência editalícia - exigência de cartuchos de tinta e de toner originais, e, via de conseqüência, evidenciar a prefe-rência de marca do produto objeto da licitação em desrespeito à Lei nº 8.666/93 - o TCU decidiu pela não anulação. Sustentou o relator que o ato determinante da representação ocorreu em 25/09/2001, quando do julgamento das propostas apresentadas ao Edital do Pregão nº 13/2001. À época do julgamento, tendo decorrido 7 meses, certamente o material já teria sido entregue pela empresa vencedora e a despesa executada; a anulação do certame nesse momento causa-ria mais danos do que benefícios, não só à Administração, como também ao licitante declarado vencedor, que em nada contribuiu para o vício do certame. A doutrina demonstra que há casos em que por razões de interesse público a Administração pode deixar de anular ato, quando a anulação possa causar prejuízo maior do que a sua manutenção. Apontou como precedente o processo TC 012.416/2001-3 (Decisão nº 130/2002, Ata 05/2002-Plenário) onde o TCU também considerou inadequado anular licitação e optou por impor determinações ao órgão. TCU. Proces-so nº 016.365/2001-0. Decisão nº 516/2002 - Plenário. Relator: Ministro Adylson Motta. Brasília, 15 de maio de 2002. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 21 maio 2002.13 Nos termos da súmula nº 222, publicada no Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 03 jan. 1995, essa decisão deve ser observada pelos Tribunais de Contas dos Estados, Distrito Federal e Municípios.14 Note que o objeto é extremamente amplo. Em tese, confl ita com a regra do parcelamento, prevista no art. 23, §§ 1º e 2º da Lei nº 8.666/93. É fácil verifi car, no entanto, que nesse caso, há motivos de ordem técnica a recomendar o não parcelamento: o gerenciamento. Tanto é assim que em nenhum momento do julgamento cogitou-se ser irregular o não parcelamento. De fato, os novos rumos da terceirização têm admitido que uma parcela do gerenciamento do serviço justifi que a sua concentração. Quando a Administração Pública parcela demais um objeto fi ca com o dever de coordenar e gerenciar as relações entre os terceirizados, desviando os servidores da função estatal para a atividade meio, administrativa. Aliás, o próprio Decreto federal nº 2.271/97 que disciplina a terceirização de mão-de-obra prevê como objeto único a manutenção predial.

15 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão nº 343/2002 - Plenário. Processo nº TC-013.749/2001-5. Relator: Ministro Adylson Motta. Brasília, 10 de abril de 2002. Diário Ofi cial [da] União. 24 abr. 2002.16 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão nº 384/2002 - Plenário. Processo nº TC-015.204/2001-5. Relator: Ministro Adylson Motta. Brasília, 17 de abril de 2002. Diário Ofi cial [da] União. 26 abr. 2002.17 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão nº 557/2002 - Plenário. Processo nº TC-003.709/2002-4. Relator: Ministro Benjamin Zymler. Brasília, 22 de maio de 2002. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 07 jun. 2002.18 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Decisão nº 674/2002 - Plenário. Processo nº TC-015.199/2001-3. Relator: Ministro Iram Saraiva. Brasília, DF, 19 de junho de 2002. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 08 jul. 2002.19 Embora de legalidade duvidosa serve ao processo decisório a Resolução-CONFEA nº 218, de 29 de junho de 1973, que discrimina atividades das diferentes modalidades profi ssionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia, publicada no Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 31 jul. 1973, que apresenta elenco de atividades privativas de engenheiros, em pretensa obediência a Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966. 20 BRASIL. Tribunal de Contas da União. Processo nº TC-007.884/2002-2. Decisão nº 424/2002 - 2ª Câmara. Relator: Ministro Adylson Motta. Brasília, 22 de agosto de 2002. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 02 set. 2002.21 Reforçando essa linha de entendimento destaca-se o seguinte elucidativo excerto: “... Como se vê, a Lei nº 10.520, de 2002, não exclui previamente a utilização do Pregão para a contratação de obra e serviço de engenharia. O que exclui essas contratações é o art. 5º do Decreto 3.555, de 2000. Toda-via, o item 20 do Anexo II desse mesmo Decreto autoriza a utilização do Pregão para a contratação de serviços de manutenção de imóveis, que pode ser considerado serviço de engenharia. Examinada a aplicabilidade dos citados dispositivos legais, recordo que somente à lei compete inovar o ordena-mento jurídico, criando e extinguindo direitos e obrigações para as pessoas, como pressuposto do princípio da legalidade. Assim, o Decreto, por si só, não reúne força para criar proibição que não es-teja prevista em lei, com o propósito e regrar-lhe a execução e a concretização, tendo em vista o que dispõe o inciso IV do art. 84 da Carta Política de 1988. Desse modo, as normas regulamentares que proíbem a contratação de obras e serviços e engenharia pelo Pregão carecem de fundamento de validade, visto que não possuem embasamento na Lei nº 10.520, de 2002. O único condicionamento que a Lei do Pregão estabelece é a confi guração do objeto da licitação como bem ou serviço co-mum...” TCU. Processo TC nº 013.896/2004-5. Acórdão 817/2005 - 1ª Câmara. Relator: Ministro Valmir Campelo. Brasília, 03 de maio de 2005. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 09 maio 200522 BRASIL. Decreto nº 3.555, de 8 de agosto de 2000. Aprova o Regulamento para a modalidade de licitação denominada pregão, para aquisição de bens e serviços comuns. Diário Ofi cial [da] União, Brasília, DF, 9 ago. 2000.23 Nesse sentido o TRF/5ª Região julgou regular a exigência de registro no CREA para a execu-ção de serviço precedido de pregão e legal a inabilitação da “empresa individual não atendeu aos requisitos do edital no que tange à comprovação da capacidade técnica reconhecida pelo CREA.” AG nº 48941/CE. Processo nº 200305000099342. 4ª Turma. Diário [da] Justiça, 03 nov 2003. p. 435. Revista Fórum Administrativo - Direito Público. v. 33. ano 3. nov. 2003. p. 3117.24 Ou do último reajuste ou reequilíbrio.25 Valores de mercadorias em estoque antigo podem justifi car que a planilha de um contratado seja superior ao de mercado, sem que isso implique em cálculos incorretos. Se a Administração Pública pode obter preços menores, deverá buscá-los.26 A Lei nº 9.995, de 25 de julho de 2000, estabelece: “Art. 73. Para os efeitos do art. 16 da Lei Complementar nº 101, de 2000:I - as especifi cações nele contidas integrarão o processo administrativo de que trata o art. 38 da Lei nº 8.666, de 21 de junho de 1993, bem como os procedimentos de desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o § 3º do art. 182 da Constituição;II - entende-se como despesas irrelevantes, para fi ns do § 3º, aquelas cujo valor não ultrapasse, para bens e serviços, os limites dos incisos I e II do art. 24 da Lei nº 8.666, de 1993.27 DISTRITO FEDERAL. Tribunal de Contas do Distrito Federal. Processo nº 4992/97. Represen-tação nº 0010/97.

Citações:

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Recentemente, no âmbito municipal, foi editada a Lei n.º 13.278, datada de 7 de

janeiro de 2002, dispondo sobre normas específi cas em matéria de licitação e contratos administrativos, revogando, por sua vez, a Lei n.º 10.544, de 31 de maio de 1988 e alterações posteriores.

O teor da lei em comento traçou, na esfera da competência legiferante municipal, normas específi cas, bem como determinou a subordinação das normas gerais da licitação e dos contratos administrativos à legislação federal, cuja matéria é disciplinada pela Lei n.º 8.666/93 e respectivas alterações.

O novo mandamento licitatório municipal adotou as defi -nições da legislação federal, acrescentando dois concei-tos: “reforma” e “serviço de engenharia”.

O conceito de “reforma” foi defi nido como sendo espé-cie de obra que consiste em modifi cação de área edifi -cada, estrutura, compartimentação vertical, volumetria, restauro ou modifi cação em edifi cação.

Quanto à defi nição de “serviços de engenharia” consi-dera como toda atividade técnica relacionada com obra, em que predominem serviços profi ssionais sobre o forne-cimento de materiais, como consertos, pequenos reparos, serviços de limpeza ou manutenção de obras, além de trabalhos técnico-científi cos, a exemplo de projetos, lau-dos, pareceres, cuja execução exija atuação ou acompa-nhamento de profi ssional sujeito à fi scalização do sistema CONFEA/CREA.

Em seguida, estabelece procedimentos no que se refere ao Sistema de Registro de Preços, matéria essa discipli-nada pelos artigos 3º a 14º.

A adoção do supramencionado sistema, bastante mi-nucioso, contém normas essenciais para sua introdução efi caz e traz inúmeras vantagens à Administração Pública, pois haverá simplifi cação burocrática e redução de gas-tos, dada a diminuição de abertura de vários procedimen-tos licitatórios.

E mais. Não havendo necessidade de rigidez na fi xação de quantidade e qualidades, o poder discricionário do agente público poderá agir de acordo com a conveniên-cia e oportunidade administrativa, sempre observando os princípios regedores da prática dos atos administrativos.

Há de se ponderar a impropriedade existente na reda-ção do parágrafo único do artigo 13.

O “caput” mencionado determina:“Art. 13. O prazo de vigência da ata de registro de pre-

ços é de um ano, prorrogável por até igual período.”Por sua vez, encontramos no parágrafo único a seguinte

redação:“Parágrafo único. A expiração do prazo de vigência da

ata de registro de preços não implica a extinção dos con-tratos dela decorrentes, ainda em execução.”

Ora, no sistema de registro de preços, a licitação des-tina-se a selecionar fornecedor e proposta para contrata-ções específi cas, que poderão ser realizadas enquanto viger o contrato celebrado, ou seja, a ata de registro de preços.

Portanto, não há como juridicamente imaginar a expira-ção da vigência da ata de registro de preços sem a ime-diata extinção do contrato.

Outro tópico a ser observado refere-se aos novos pra-zos de publicidade de atos convocatórios, estipulados no artigo 17, da plurimencionada lei.

No artigo 20 foi adotada a modalidade “pregão”, instituí-da pela União, por meio da Lei n.º 10.520, de 17.07.2002.

Antes disso, em parecer emitido, pioneiramente, admiti-mos a hipótese dos Estados, Municípios e Distrito Federal incluírem o “pregão” em suas respectivas legislações.

O “pregão” ora instituído deverá ser regulamentado, posto tal dispositivo não ser auto-aplicável.

O “pregão”, na esfera federal, pode ser conceituado como modalidade de licitação realizada mediante a apre-sentação de propostas e lances em sessão pública, para a aquisição de bens e fornecimento de serviços comuns, qualquer que seja o valor estimado, realizado inclusive com utilização de recursos de tecnologia da informação.

Outra inovação indispensável e necessária refere-se ao estatuído no artigo 21 e respectivo parágrafo único, onde expressamente estabelece prazo de trinta dias, contados da formalização do ajuste, para confi guração de fraciona-mento, pois até a publicação da mencionada lei, o critério era subjetivo, acarretando por várias vezes multas e/ou sanções ao ordenador da despesa, aplicadas por audito-res, por simplesmente entenderem ter sido a contratação fracionada.

NOVA LEI REGE AS LICITAÇÕES NO MUNICÍPIO DE SÃO PAULOToshio Mukai [*]

[*] Toshio Mukai é mestre e doutor em Direito pela Universidade de São Paulo. Foi professor de Direito Administrativo da Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie.

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O Licenciamento Ambiental é um instrumento de funda-mental importância a ser

somado aos procedimentos para a realização de obras e prestação de serviços, nas esferas Federal, Esta-dual e Municipal.

A Lei Federal nº 6.938/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), em seu artigo 10, introduziu o conceito

de licenciamento ambiental entre os instrumentos da polí-tica brasileira no setor:

“A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recur-sos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integran-te do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.”

O Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, no uso de suas atribuições e competências legais (Lei Fe-deral nº 6.938/81), por meio da Resolução CONAMA nº 237/97 (art. 1º) defi ne os conceitos de: Licenciamento Am-biental; Licença Ambiental; Estudos Ambientais; Impacto Ambiental Regional.

Licenciamento Ambiental“Procedimento administrativo pelo qual o órgão am-

biental competente licencia a localização, instalação, am-pliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qual-quer forma, possam causar degradação ambiental, consi-derando as disposições legais e regulamentares e as nor-mas técnicas aplicáveis ao caso.” (Resolução CONAMA nº 237/97, inciso I do Art. 1º).

Etapas do Licenciamento Ambiental• defi nição de qual é o órgão licenciador competente;• requerimento da licença e seu anúncio público;• análise pelo órgão competente (SISNAMA);• solicitação de esclarecimentos uma única vez;• dispensa ou audiência pública, quando couber;• esclarecimentos ao órgão competente, decorrentes da

audiência pública;

• emissão de parecer técnico e, se couber, jurídico;• deferimento ou indeferimento do pedido.(Resolução CONAMA nº 237/97, incisos I a VIII do Art.

10).

Licença Ambiental“Ato administrativo pelo qual o órgão ambiental compe-

tente estabelece as condições, restrições e medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo em-preendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, insta-lar, ampliar e operar empreendimentos ou atividades utili-zadoras dos recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental.” (Resolu-ção CONAMA nº 237/97, inciso II do Art. 1º).

Ressalte-se que, devido à natureza autorizativa da licen-ça ambiental, a mesma possui caráter precário. Exemplo disso é a possibilidade legal de a licença ser revogada ou cancelada, caso as condições estabelecidas pelo órgão ambiental não sejam cumpridas.

Estudos Ambientais“São todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos

ambientais relacionados à localização, instalação, ope-ração e ampliação de uma atividade ou empreendimen-to, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degrada-da e análise preliminar de risco.” (Resolução CONAMA nº 237/97,inciso III do Art. 1º).

Impacto Ambiental Regional“É todo e qualquer impacto ambiental que afete direta-

mente (área de infl uência direta do projeto), no todo ou em parte, o território de dois ou mais Estados.” (Resolução CONAMA nº 237/97, inciso IV do Art. 1º).

Tipos de Licença Ambiental• Licença Prévia;• Licença de Instalação;• Licença de Operação.(Decreto nº 99.274/90, art. 19 e Res. CONAMA nº 237/97,

art. 8º).

Licença AmbientalAs licenças ambientais são exigidas para empreendi-

mentos e atividades que:

LICENCIAMENTO AMBIENTALMarcos Tadeu Barros de Oliveira [*]

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- utilizam recursos ambientais;- são capazes de causar degradação ambiental.

• Licença Prévia (LP)Licença a ser expedida pelo Poder Público, na fase pre-

liminar do planejamento da atividade, contendo requisi-tos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, observados os planos municipais, estaduais ou federais de uso do solo. (Decreto nº 99.274, 06.06.1990 e Resolução CONAMA nº 237/97)

A LP funciona como chancela do órgão ambiental ao iní-cio do planejamento do empreendimento. Os artigos 4º e 6º da resolução Conama nº 06/97 determinam que a licen-ça prévia deve ser requerida ainda na fase de avaliação da viabilidade do empreendimento. É a LP que aprova a localização e a concepção e atesta a viabilidade ambien-tal do empreendimento ou atividade. A licença prévia pos-sui extrema importância no atendimento ao princípio da precaução. (Inciso IV, art. 225 da CF).

Itens considerados:- levantados os impactos ambientais e sociais prováveis

do empreendimento;- avaliados tais impactos, no que tange à magnitude e

abrangência;- formuladas medidas que, uma vez implementadas, se-

rão capazes de eliminar ou atenuar os impactos;- ouvidos os órgãos ambientais das esferas competen-

tes; - caso necessário, estabelecido o percentual relativo à

compensação ambiental ;- discutidos com a comunidade (caso haja audiência

pública) os impactos ambientais e respectivas medidas mitigadoras; e

- é tomada a decisão a respeito da viabilidade ambiental do empreendimento, levando em conta a sua localização e seus prováveis impactos, em confronto com as medidas mitigadoras dos impactos ambientais.

- prazo de validada da LP = cronograma do empreendi-mento, nunca superior a 5 anos, conforme preceitua o arti-go 18, inciso I, da Resolução CONAMA nº 237, de 1997.

Licença de Instalação (LI)Segundo o artigo 8º, inciso II, da Resolução CONAMA

nº 237/97, a LI autoriza a instalação do empreendimento ou atividade, com a concomitante aprovação dos detalha-mentos e cronogramas de implementação dos planos e programas de controle ambiental. Dá validade à estraté-gia proposta para o trato das questões ambientais durante a fase de construção, bem como:

- autoriza o empreendedor a iniciar as obras;- concorda com as especifi cações constantes dos pla-

nos, programas e projetos ambientais, seus detalhamen-tos e respectivos cronogramas de implementação;

- estabelece medidas de controle ambiental para ga-rantir que na fase de implantação serão respeitados os padrões de qualidade ambiental estabelecidos em lei ou regulamento;

- com base no percentual fi xado para a compensação ambiental, é pactuado termo de compromisso entre o ór-gão ambiental e o empreendedor;

- fi xadas as condicionantes da licença (medidas miti-gadoras). Caso de não cumprimento, a licença poderá ser suspensa (inciso I, art. 19, Resolução CONAMA nº 237/97);

• Licença de Operação (LO)Autoriza o interessado a iniciar a operação do empre-

endimento. Aprova a forma proposta de convívio do em-preendimento com o meio ambiente, durante um tempo fi nito.

Prazo de validade da LO deverá considerar os planos de controle ambiental e será de, no mínimo, quatro anos e, no máximo, dez anos, conforme artigo 18, inciso II, da Resolução CONAMA nº 237/97.

Características Básicas:- é concedida após a verifi cação, pelo órgão ambiental,

do efetivo cumprimento das condicionantes estabelecidas nas licenças anteriores (prévia e de instalação);

- contém as medidas de controle ambiental (padrões ambientais) que servirão de limite para o funcionamento do empreendimento ou atividade; e

- especifi ca as condicionantes determinadas para a operação do empreendimento, cujo cumprimento é obri-gatório sob pena de suspensão ou cancelamento da ope-ração.

Competência para o Licenciamento AmbientalA Resolução CONAMA nº 237/97 – art. 4º, 5º e 6º, prevê:

• Licenciamento Federal: compete ao IBAMA – Insti-tuto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis o licenciamento nos casos de atividades e obras com signifi cativo impacto ambiental, de âmbito na-cional ou regional.

• Licenciamento Estadual: compete ao órgão ambien-tal estadual ou do Distrito Federal o licenciamento nos ca-sos de atividades que afetem mais de um município ou unidades de conservação.

• Licenciamento Municipal: o Artigo 6º da Resolução CONAMA nº 237/97 estabelece que:

“Compete ao órgão ambiental municipal, ouvidos os órgãos competentes da União, dos Estados e do Dis-trito Federal, quando couber, o licenciamento ambiental de empreendimentos e atividades de impacto ambiental local e daquelas que lhe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convênio.”

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O Artigo 7º da Resolução CONAMA nº 237/97 estabe-lece que:

“Os empreendimentos e atividades serão licenciados em um único nível de competência, conforme estabeleci-dos nos artigos anteriores.”

No Município de São Paulo, a Resolução nº 61/CADES/01 - do Conselho Municipal do Meio Ambiente e Desenvol-vimento Sustentável - CADES, criado pela Lei Municipal nº 11.246/93 - defi ne que:

I. a implantação, ampliação ou reforma de empreendi-mentos e atividades utilizadores de recursos ambientais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores ou de-gradadores do meio ambiente, e que ocasionem impac-tos ambientais locais, tais como os relacionados no Anexo I a esta resolução, estão sujeitos a prévio licenciamento ambiental pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente - SMMA, sem prejuízo de outras licenças legalmente exi-gíveis;

II. impacto ambiental local é aquele cuja área de infl uên-cia direta está circunscrita ao município;

III. a licença ambiental dependerá de prévia análise am-biental, por meio de EIA-RIMA, EVA ou PRAD;

IV. EIA/RIMA é o Estudo de Impacto Ambiental e res-pectivo Relatório do Impacto ao Meio Ambiente e será exigível para empreendimentos de signifi cativa degrada-ção ambiental, a critério de avaliação e deliberação pelo CADES, previamente à concessão da licença ambiental solicitada;

IV. EVA é o Estudo de Viabilidade Ambiental e será exigí-vel para empreendimentos de menor potencial de degra-dação ambiental, a critério de avaliação e deliberação do Departamento de Controle da Qualidade Ambiental - DE-CONT, previamente à concessão da licença ambiental;

V. PRAD é o Plano de Recuperação de Área Degradada e será exigível para atividades de recuperação ou reabili-tação de áreas contaminadas ou degradadas, também a critério de avaliação e deliberação DECONT, previamente à concessão da licença ambiental;

VI. ao consultar previamente o DECONT quanto à exi-gibilidade do licenciamento ambiental, o empreendedor deverá informar as principais características do empreen-dimento objeto da consulta, para defi nição dos procedi-mentos do licenciamento ambiental ou propor sua avalia-ção e deliberação por uma de suas Câmaras Técnicas Permanentes.

Na Resolução nº 61/CADES/01 são considerados em-preendimentos e atividades de impacto ambiental local, sujeitos ao licenciamento pela Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente - SVMA, de acordo com análise de:

a. EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental e Relatório, para:

• projetos de drenagem com retifi cação e canalização de córregos, exceto rios Tietê, Pinheiros, Tamanduateí, e

divisas municipais, com extensão ≥ 1.000 m e área de dre-nagem ≥ a 6 m²;

• projetos viários com extensão ≥ a 1.000 m;• proposição de operações urbanas;• terminais rodoviários interurbanos de cargas ou pas-

sageiros, com área de terreno ≥ a 10.000 m²;• sistemas de transporte coletivo urbano sobre trilhos

ou pneus;b. PRAD – Plano de Recuperação de Áreas Degrada-

das, para recuperação de áreas contaminadas ou degra-dadas, em conseqüência de atividades, obras ou proces-sos naturais;

c. EVA – Estudo de Viabilidade Ambiental, para:• usinas de concreto e/ou de asfalto;• aterro de resíduos inertes (classe III), com área > do

que 1 hectare ou volume > do que 20.000 m³;• projetos de reservatórios de controle de cheias (pis-

cinões), exceto quando localizados nos rios Tietê, Pinhei-ros, Tamanduateí e divisas;

• cemitérios; heliportos;• garagens subterrâneas em áreas de bens de uso co-

mum;• garagem de frota de ônibus ou caminhões, com área

de terreno igual ou superior a 10.000 m²;• movimento de terra isolado, em área de intervenção ≥

2 hectares e volume ≥ 20.000 m³.

Referências bibliográfi cas:1 - BARROS, Marcus L. B. et al. Cartilha de Licenciamento Ambiental

- Tribunal de Contas da União - Secretaria Geral de Controle Externo e Secretaria de Fiscalização de Obras e Patrimônio da União, Brasília/DF, 2004.

2 - CONSELHO MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE E DESENVOLVI-MENTO SUSTENTÁVEL. Resolução n. 61, de 5 de outubro de 2001.

3 - CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Resolução n. 237, de 19 de dezembro de 1997.

4 - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - FIRJAN & SEBRAE/RJ. Manual de Licenciamento Ambiental - Guia de Procedimentos Passo a Passo. Rio de Janeiro, 2004.

5 - INFORMATIVO DO TRIBUNAL DE CONTAS DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, n. 27, jun./jul. 2005.

6 - MEDAUAR, Odete. Coletânea de Legislação de Direito Ambiental - Constituição Federal. Ed. Revista dos Tribunais, 2ª edição atualizada, São Paulo, 2003.

[*] Marcos Tadeu Barros de Oliveira é Agente de Fiscalização do qua-dro de servidores efetivos do TCMSP; Engenheiro Civil com cursos de Especialização em Transporte de Cargas Pesadas pelo Instituto Mauá de Tecnologia, de Gestão Ambiental pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo– FSP/USP e de Formação de Auditores Inter-nos de Sistemas de Gestão Ambiental pelo Bureau Veritas Brasil. Atual-mente, cursa especialização em Direito Ambiental na Escola Superior de Direito Constitucional– ESDC.

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O planejamento da execução de obras e serviços públicos se inicia nos instrumentos

de planejamento público estabele-cidos no art. 165 da Constituição Federal: Plano Plurianual (PPA), Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Lei Orçamentária Anual (LOA).

Além disso, a Lei Complementar nº 101/2000 (Lei de Responsabili-

dade Fiscal - LRF), cujo objetivo consiste em estabelecer “normas de fi nanças públicas voltadas para a responsa-bilidade na gestão fi scal”, pressupõe ação planejada e transparente, prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das contas públicas, estabelecen-do que a execução de obras públicas e dos serviços de engenharia deve ser originada no planejamento do que se pretende executar, pois é condição prévia para empenho e licitação de obras e serviços de engenharia (art. 16, § 4º).

Assim, a Administração Pública, necessariamente, tem que caminhar em busca da efi ciência e efi cácia da gestão dos recursos públicos por meio de ações planejadas e transparentes, pois as obras e serviços públicos são as partes mais visíveis das políticas públicas (visibilidade), envolvem elevados recursos (materialidade), apresentam percepção negativa por parte da sociedade (percepção social), devem buscar o desenvolvimento sustentável (questões ambientais, em muitos casos), são fi scalizadas concomitantemente por mecanismos de controle interno e externo (Tribunais de Contas, Ministério Público, Imprensa etc.) e podem responsabilizar os agentes públicos pelos atos delas decorrentes.

Planejar uma obra ou empreendimento signifi ca defi nir o que fazer, quando fazer, como fazer, onde fazer, a que custo se espera fazer, defi nindo ainda seus mecanismos de controle.

Cada uma das etapas de execução de uma obra deve-rá ser adequadamente estudada, planejada e subdividida de forma a resultar em uma obra de boa qualidade, segu-ra, adequada à fi nalidade a que se destina e a um preço justo.

As necessidades (programa de obras e investimentos) do órgão ou entidade que se pretende atender devem estar presentes nos instrumentos de planejamento públi-co (PPA, LDO e LOA). Para cada obra ou serviço, antes de se iniciar o procedimento licitatório, devem ser elabo-rados o anteprojeto e o estudo de viabilidade técnica e

econômica, de maneira a possibilitar a análise e a escolha da melhor solução sob os aspectos legal, técnico, econô-mico e ambiental do empreendimento.

Escolhida a melhor alternativa, deve-se demonstrar que existem os recursos necessários e sufi cientes para a sua execução (art. 38, Lei Federal nº 8.666/93; art. 2º, VII, De-creto Municipal nº 44.279/03 e artigos 15, 16 e 17 da LRF) e elaborar o projeto básico.

Sua caracterização legal (art. 6º, IX, Lei nº 8.666/93), técnica (artigos 1º e 3º, Resolução nº 361/91, Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CON-FEA) e fontes legais e/ou técnicas acessórias (Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, Re-soluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CO-NAMA, Lei Federal nº 5.194/73 e alterações, Resoluções do CONFEA e dos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CREAs) possibilitam conceituar o Projeto Básico.

Assim, Projeto Básico é o conjunto de desenhos, memo-riais descritivos, especifi cações, orçamento, cronograma e demais elementos técnicos que se fi zerem necessários à precisa caracterização da obra ou serviço a ser exe-cutado, atendendo às Normas da ABNT, determinações do CONFEA e CREA, para cada caso, e às exigências ambientais, quando aplicável, devendo ser elaborado por profi ssional legalmente habilitado, cumprindo todas as formalidades legais, incluindo recolhimento de Anotações de Responsabilidade Técnica e identifi cação do autor em cada uma das partes constituintes (peças gráfi cas, espe-cifi cações técnicas e orçamento, principalmente).

O Projeto Básico deve fornecer visão global da obra ou serviço e identifi car todos os seus elementos construtivos com clareza, demonstrando com precisão as dimensões, características e especifi cações necessárias e sufi cientes à sua correta execução, levantamento de quantidades de serviços, de materiais e confecção do orçamento e do cronograma, de forma a evitar a necessidade de reformu-lações posteriores, por ocasião da elaboração do Projeto Executivo, que modifi quem parcial ou totalmente as solu-ções e especifi cações nele contidas.

Os principais fatores de risco observados nos Projetos Básicos são:

• estudo de viabilidade técnico-econômica insufi ciente ou inexistente;

• ausência de licitação para a contratação de projetos (Lei 8.666/93, art. 13, §1º);

• não elaboração do Projeto Básico (Lei 8.666/93, art 7º, § 2º, I);

O PROJETO BÁSICO NO PLANEJAMENTO DE OBRAS E SERVIÇOS PÚBLICOS Marcos Vicente Arrivabene Sanches [*]

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• não aprovação pela autoridade competente (Lei 8.666/93, art 7º, § 2º, I);

• projetos, especifi cações e referências insufi cientes para o perfeito entendimento, pelos interessados, do tra-balho a realizar.

As principais ocorrências são a ausência ou insufi ci-ência: de memorial descritivo (incluindo conjunto de ma-teriais, equipamentos e técnicas de execução); de espe-cifi cações técnicas; de plantas, cortes e perfi s do empre-endimento; de estudos geotécnicos; de levantamentos topográfi cos; de estudos adequados relativamente às dis-tâncias de transporte para fornecimento de terra ou bota-fora; bem como a incompatibilidade das especifi cações técnicas com as composições dos custos unitários dos serviços;

• não considerar integralmente os requisitos de segu-rança, funcionalidade e adequação ao interesse público; economia e facilidade na execução, conservação e ope-ração; possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate-riais e tecnologia existentes no local; adoção de normas técnicas de saúde e segurança do trabalho; impacto am-biental (Lei 8.666/93, art 12);

• ausência ou insufi ciência de relatório de impacto am-biental para empreendimentos potencialmente modifi ca-dores do meio ambiente (Lei 8.666/93, art 12 e Resolução CONAMA nº 01);

• falta de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agro-nomia – CREA, do(s) autor(es) do projeto, o que inviabiliza a responsabilização por algum eventual erro técnico (Lei 6.496/77, art. 1º e 2º);

• não adoção de projetos padronizados por tipo, cate-goria ou classe, apesar de o empreendimento pertencer a um conjunto de obras destinadas ao mesmo fi m (Lei 8.666/93, art. 11);

• projetos desatualizados ou executados superfi cial-

[*] Marcos Vicente Arrivabene Sanches é Engenheiro Civil formado pela Escola de Engenharia Mauá, Administrador de Empresas pela Universi-dade Mackenzie e especialista em Gestão de Negócios Governamentais pela Universidade de São Paulo. Atualmente, é coordenador-chefe da Coordenadoria de Planejamento e Gestão da Informação do TCMSP.

mente em face da “urgência” em contratar;• projeto padrão adotado sem as adequações neces-

sárias para o empreendimento que se pretende executar, inclusive do projeto de fundação;

O Projeto Básico é o elemento mais importante para a execução de uma obra ou serviço público, portanto a sua avaliação em profundidade é imperiosa, pois grande parte dos problemas observados na execução das mes-mas tem sua origem na defi ciência desse projeto. Entre as conseqüências de um projeto básico defi ciente, pode-se destacar:

• falta de efetividade ou alta relação custo/benefício do empreendimento, devido à inexistência de estudo de via-bilidade adequado;

• diminuição da qualidade fi nal da obra ou serviço devi-do a especifi cações técnicas inadequadas;

• aumento do custo da obra ou serviço, decorrente de projeto básico ou orçamento inadequado;

• alterações contratuais, envolvendo negociação de preços fora do processo competitivo;

• frustração do princípio da isonomia no procedimento licitatório, devido às diferenças entre o objeto licitado e o efetivamente executado.

As defi ciências nos Projetos Básicos acabam por frus-trar a execução/conclusão do objeto licitado, dadas as diferenças entre o licitado e o que será efetivamente exe-cutado, o que pode implicar na necessidade de se res-ponsabilizar o autor e/ou o responsável pela aprovação do projeto básico, quando este se apresenta inadequado.

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1. Introdução“É horrível pensar que o mundo

possa ser um dia dominado por nada mais que homenzinhos cola-dos a pequenos cargos e lutando por outros maiores: uma situação que será vista dominando uma par-te sempre crescente do espírito do nosso sistema administrativo atual e, especialmente do seu produto,

os estudantes. A compulsão burocrática é sufi ciente para levar alguém ao desespero.” (Max Weber, o pai da buro-cracia)

Nunca se falou tanto sobre ética, disciplina e respon-sabilidade na área do serviço público quanto nos últimos e recentes tempos.

Este fato se deve, certamente, à insatisfação geral com a prestação dos serviços estatais, à ânsia por condutas efi cientes e corretas, à necessidade de responsabilização dos agentes públicos faltosos e ao efetivo e pronto regres-so, ao erário, do que foi dele tomado, seja a título de da-nos materiais, seja a título de danos morais e à imagem da Administração Pública.

O clamor pela ética é unânime e não se circunscreve ao setor público: as organizações privadas também vêm compondo seus Códigos de Ética e se envolvendo com a responsabilidade social, numa visão de entrosamento en-tre os interesses públicos e privados, que podem conviver em parceria e não são mais vistos como ontologicamente antagônicos.

Outrossim, a mídia, o chamado terceiro setor e o rele-vante trabalho desenvolvido pelo Ministério Público muito têm contribuído à obtenção da ética, da disciplina e da responsabilidade no seio da Administração Pública e dos privados que com ela se relacionam.

Outros fatores também comparecem para desenhar este panorama: a saturação da impunidade; o alargamen-to do conceito de cidadania, vinculado, recentemente, ao próprio sentido de dignidade humana; a identidade entre o agente público e o usuário do serviço público; a cons-cientização da necessidade de melhoria de sua imagem e, conseqüentemente, da imagem da Administração Pú-blica; a agregação de valores positivos e o envolvimento com a ética, a disciplina e a responsabilidade.

2. Inserção dos princípios da Administração Pública nas modernas Constituições.

As Constituições modernas inseriram a Administração Pública em seu bojo, juntamente com os princípios que as regem.

A Carta Magna da Espanha, ao tratar dos princípios da Administração Pública, emprega termos como objetivida-de, efi cácia, concentração, desconcentração, coordena-ção, que são termos científi cos da ciência da Administra-ção.

A positivação dos princípios (legalidade, moralidade, impessoalidade, publicidade e efi ciência, dentre outros, na Constituição do Brasil) e a efetiva consideração e uti-lização de princípios implícitos na Carta Magna alterou a aura axiológica formal, retórica e difusa que os envolvia, tornando-os verdadeiras normas jurídicas, cujo descum-primento tem a mesma natureza e conseqüência do des-cumprimento de outras normas jurídicas não principioló-gicas.

Vamos destacar, a título ilustrativo para o tema desen-volvido, os princípios constitucionais da moralidade, da impessoalidade e da efi ciência.

A moralidade deixa de ter a moldura do insofi smável, do ininteligível e passa a ser entendida, em seu contorno positivo, como sinônimo do que é probo, íntegro, diligen-te. Já em seu viés negativo indica o administrar omisso e descompromissado com os interesses públicos, o com-portamento afastado do exigível e desejável àquele que recebe do povo (e de si próprio enquanto povo e usuário do serviço público) não só o salário, como a função, cor-respondente ao dever de realizar, e bem realizar, de pres-tar e bem prestar o serviço público.

A efi ciência ou, como diz a Constituição italiana, o prin-cípio do bom andamento do serviço, vem se destacando como enraizado à própria legalidade, exigência mínima e inerente ao desempenho da função, resultado de um trabalho técnico, competente e impessoal.

No entanto, a impessoalidade não pode, absolutamente, ser entendida e utilizada como desculpa para o absente-ísmo, justifi cando o agir mecânico e por manuais ultrapas-sados e obsoletos, sem comprometimento com a análise real das circunstâncias.

Impõe-se o atuar da Administração Pública efi ciente, que proceda, motivadamente, ao decidir no uso, sobretu-do, de sua competência discricionária, com sopesamento e valoração de outros princípios, como o da segurança jurídica, o da razoabilidade e da proporcionalidade, o do

CONSIDERAÇÕES SOBRE A ÉTICA, A DISCIPLINA

E A RESPONSABILIDADE DOS AGENTES PÚBLICOSLívia Maria Armentano Koenigstein Zago [*]

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custo-benefício, a indicar que o modo de agir do agente público deve estar imbuído desta pessoalidade dentro da lei, com o fi to de atingir o melhor, o ótimo resultado para o interesse público.

A efi ciência está ligada e atada a condutas que arredam o comportamento puramente teatral e dramático que se desenvolve dentro das organizações nitidamente buro-cráticas: de um lado a fi gura intangível do superior hie-rárquico atarefado, visto como talhado por Deus para a função, sem qualquer traço de capacidade técnica ou de liderança, que não pode ser contrariado, que administra ao sabor de seus imprevisíveis humores, que humilha, que se trancafi a em seu gabinete, local de intimidade e privacidade, penetrado por poucos eleitos, que sonega e centraliza informações, que controla opiniões, que aborta qualquer funcionário com iniciativa e boa vontade, fi gura destoante de sua corte.

De outro lado, o funcionário que fi nge submeter-se a este espetáculo, mas que se utiliza de meios de domes-ticar o superior, participando do drama burocrático num desempenho preestabelecido, cujas falas, atitudes e con-dutas conhece bem e segue à risca.

Impõe-se, urgentemente, a capacitação dos agentes públicos em qualquer nível, pois nada adianta ocorrer, como se tem verifi cado, que os subordinados façam cur-sos, se especializem e todo o aprimoramento que passam a deter, que é pago pelo Estado, não seja utilizado porque o chefe não detém tais conhecimentos e qualquer suges-tão passa a ser considerada como verdadeiro problema, que deve ser arredado.

Outrossim, não mais se admite solução de continuidade em propósitos permanentes e em objetivos obrigatórios, sobretudo na efetivação de políticas públicas já desenca-deadas, cuja interrupção, sem qualquer motivo ou motiva-ção, é inadmissível, pois entendemos estar o administra-dor vinculado à sua promoção e perpetuação.

Assim, para que se obtenha a efi ciência e o bom serviço público, urge que se instale outra mentalidade, que se pas-se a adotar outro tipo de procedimento, verdadeiramente democrático com relação à comunicação das informações, inclusive no que respeita à linguagem, que deve ser clara, conhecida e simples; a fi losofi a de estímulo, de recompen-sas, deve substituir a fi losofi a de ameaças e punições; a capacitação e treinamento moderno e efi caz devem ser normais, usuais e constantes, inclusive para as chefi as.

A responsabilidade disciplinar, vertente da responsabili-dade subjetiva consignada na segunda parte do § 6º, do artigo 37, da Constituição Federal, tem dois objetivos: pri-meiramente alcançar, através de processo administrativo impessoal, devido e objetivo, a regularidade e a efi ciência do serviço. Em segundo lugar, possibilitar que se promova o adequado e efetivo ressarcimento dos danos, a qualquer título, sofridos pela Administração Pública, em decorrên-cia de conduta dolosa ou culposa do agente público.

3. A ética. O trabalho, A disciplina. A responsa-bilidade.

Os valores dos homens se acham sob uma ordem ética, que se identifi ca com os fatos e os juízos de valor e de dever que norteiam os homens.

O mundo da ética é o mundo do comportamento do ser humano que, por sua vontade, elege as condutas que nor-tearão sua vida e o modo de nela agir e interagir.

Os valores que constituem opção do ser humano são mutáveis, de sorte que o mundo ético vive em constante ebulição e evolução, para a qual devemos sempre estar atentos.

O universo ético acompanha o ser humano e deve ser alterado consoante suas escolhas e as mudanças que daí decorrem.

Já o trabalho tem, em sua origem, uma nota de violên-cia e tragédia, desde o Gênesis bíblico, quando Adão é sentenciado a ganhar o sustento com o suor do seu rosto, cabendo à mulher o doloroso trabalho do parto.

Assim Deus diz a Adão: maldita seja a terra por tua cau-sa. E dela só arrancarás alimento a custo de penoso tra-balho, em todos os dias de tua vida. Produzirás espinhos e abrolhos. (Bíblia, Gênesis)

O trabalho, durante muito tempo, foi entendido como degradante, como violência à natureza humana.

Valem as seguintes transcrições abaixo, que se auto-explicam:

Você não pode comer oito horas por dia, nem beber oito horas por dia, nem mesmo fazer amor oito horas por dia; a única coisa a fazer oito horas por dia é trabalhar. Esta é a razão pela qual o homem faz a sua própria vida e a de todos mais tão miserável e infeliz (William Folkner)

Este livro, sendo sobre trabalho, é, por sua natureza, so-bre violência, tanto ao espírito, como ao corpo. É tanto so-bre úlceras como sobre acidentes, sobre lutas barulhen-tas como silenciosas quedas de braço, sobre colapsos nervosos e pequenas reações raivosas. É sobretudo (ou abaixo de tudo) sobre humilhações diárias (frase que ini-cia o livro Working , de Suds Terkel).

Mas a visão sobre o trabalho mudou.O trabalho passa a ser um dos elementos de uma vida

digna, foi alçado à categoria de direito social do cidadão. Sua perda constitui gravame tão intenso como a perda da própria liberdade.

Dom Cláudio Humes qualifi ca o trabalho humano realiza-do sob condições éticas “uma bênção para os homens”.

O trabalho, segundo D. Cláudio, é uma necessidade porque, além de prover ao seu sustento e de seus depen-dentes, desenvolve a inteligência, o talento e as potencia-lidades do ser. A contemplação do produto do seu traba-lho fornece alegria e felicidade ao trabalhador. O trabalho é algo positivo, valioso, algo que é seu e cuja dimensão social também é fator de personalização e de felicidade, subtraído de quem fi ca desempregado (jornal “O Estado

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de S. Paulo”, de 30/04/2003, por ocasião da celebração do 1º de maio, Dia Mundial do Trabalho).

Impende observar que o trabalho assim dignifi cado é o trabalho realizado sob condições éticas, penas de sofri-mento de assédio de ordem moral.

A disciplina no trabalho visa à obtenção da ordem e da própria ética. Disciplina e Ética se entrosam. São compor-tamentos eleitos como necessários a um bom e justo re-sultado do trabalho.

A disciplina no serviço público decorre da relação de emprego, tem caráter administrativo e visa a promover a regularidade e a efi ciência do serviço.

A Administração, com a fi nalidade de manter a ordem, o decoro e a efi ciência reprime, com a aplicação de san-ções, os comportamentos do subordinado que constituam infrações às obrigações do serviço.

O poder disciplinar ou repressivo visa reprimir condutas do servidor contrárias aos deveres e proibições impostos pela lei, conforme o caso as normas estatutárias e/ou da Consolidação das Leis do Trabalho.

Identicamente às leis éticas, as normas disciplinares são normas de conduta, tipifi cadas em instrumento pró-prio e, uma vez verifi cado seu descumprimento, condu-zem a uma sanção.

As sanções ou penas disciplinares são a repreensão, a suspensão, a demissão, a demissão a bem do serviço e a cassação de aposentadoria ou de disponibilidade.

A sanção ética é a pena de censura.As punições devem ter caráter medicinal e reeduca-

tivo, exceto no caso de dispensa ou demissão em que, pelo menos por presunção argüi-se a irrecuperabilidade: “quod medicamenta non sanat, ferrum sanat”.

As penas devem, com regularidade, critério, eqüidade, razoabilidade e proporcionalidade, corresponder, em quali-dade e quantidade, à gravidade da falta cometida. Quanto maior for a correspondência entre a transgressão ocorrida e apurada e a pena imposta, maiores são as probabilida-des de recobrar a regularidade no serviço público afetado.

A Administração está vinculada (= obrigada) a:• averiguar condutas tidas como falta disciplinar, deter-

minando a instauração do competente processo discipli-nar, se atendidos os requisitos para tal.

• escolher corretamente o procedimento e indicar com clareza os fatos e as condutas atribuídas ao denunciado e os dispositivos legais que infringiu.

• acolher a desclassifi cação da falta, quando pertinente.• omissão da Administração ou ocultamento do proces-

so e de sua decisão pode levar à responsabilização dis-ciplinar, e até penal, do agente a quem coube a averigua-ção ou aplicação da sanção disciplinar.

• respeitar o princípio da razoabilidade e da propor-cionalidade a fi m de que as penas correspondam o mais exatamente possível à infração cometida.

• agir com objetividade de critério, a fi m de evitar-se

arbitrariedade.• estar atenta aos argumentos da defesa, que devem

ser analisados e sopesados de forma clara e pontual.• decidir segundo as provas carreadas no processo e

por ato motivado de forma clara e congruente.• na aplicação da penalidade verifi car a possibilidade

de abrandamento, consoante circunstâncias devidamen-te avaliadas, inclusive as de bom comportamento anterior e da diligência e competência no serviço.

• atender, da forma mais ampla e integral as garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório, o que envolve: indispensabilidade de defesa técnica, possibili-dade de presença do denunciado às audiências, de ter vista do processo, de retirá-lo no momento oportuno para apresentar defesa, de recorrer.

• publicar as decisões, dando das mesmas ciência ao denunciado e a seus advogados.

• declarar a prescrição, se ocorrida.Não se deve desprezar a recompensa, o prêmio e o elo-

gio que, juntamente com as punições, também são fatores de obtenção da disciplina.

Os comportamentos éticos que, via de regra, são exigi-dos do agente público são:

• Envolvimento, inclusive da cúpula e das chefi as; sigilo; não utilização de informações confi denciais; urbanidade; efi ciência; conhecimento técnico; dever de aprimoramen-to; transparência; segurança; utilização correta de meios de comunicação eletrônica; relacionamento interno con-dizente; relacionamento externo atento aos: órgãos públi-cos, clientes, mídia, fornecedores, usuários; envolvimento; segurança; evitar confl itos de interesse; responsabilidade social; participação em projetos sociais; atitudes que de-monstram acolher os preceitos éticos; compromisso de todos; efetividade da adoção do Código; conhecimento e reconhecimento das normas éticas; atualização constante do Código.

Os deveres disciplinares que, via de regra, são exigidos do agente público são:

• Assiduidade; obediência às normas e à hierarquia; efi ciência; cooperação; conhecimento de seus deveres, obrigações e das atividades inerentes à função desempe-nhada; proceder, público ou particular, de forma a dignifi -car a função pública.

Constituem proibições:• Atitudes comissivas ou omissivas capazes de compro-

meter o decoro, a dignidade, a disciplina, a hierarquia, a efi ciência do serviço público.

• Valer-se o servidor desta qualidade para obtenção de proveito pessoal, para concessão de privilégios, admissão de parentes e amigos fora dos casos permitidos em lei.

• Praticar assédio moral, assim entendido, todo tipo de ação, gesto ou palavra que atinja, pela repetição, a auto-estima e a segurança de um indivíduo, fazendo-o duvi-dar de si e de sua competência, implicando em dano ao

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ambiente de trabalho, à evolução da carreira profi ssional ou à estabilidade do vínculo empregatício do funcionário, tais como: marcar tarefas com prazos impossíveis; passar alguém de uma área de responsabilidade para funções triviais; tomar crédito de idéias de outros; ignorar ou ex-cluir um funcionário só se dirigindo a ele através de ter-ceiros; sonegar informações de forma insistente; espalhar rumores maliciosos; criticar com persistência; subestimar esforços.

Como visto, os comportamentos impostos pelas normas éticas e disciplinares não diferem entre si. São as mesmas condutas exigidas para o bom administrar. O que nelas varia é a intensidade, o sentido.

As normas éticas indicam e visam, por sua própria na-tureza, o alcance entre a identidade do comportamento privado e o público do agente público. Porque não deve haver diferença entre as condutas privada e pública de um mesmo ser humano. Se esta divergência ocorrer, é im-possível o alcance de uma administração pública proba, íntegra e efi ciente.

As normas disciplinares já são mais precisas na tipifi ca-ção de condutas irregulares, que podem levar à sanção administrativa. Mas as condutas não são divergentes e, inclusive, consta de todos os estatutos dos servidores pú-blicos o dever de agir, pública e privadamente, de forma a dignifi car a função.

Em outras palavras, a conduta do ser humano deve ser uma só, pública e privada. A ética e a disciplina se entro-sam. São idênticos seus preceitos, são coincidentes as condutas impostas que, inclusive, podem interagir e in-fl uenciar uma a outra.

O divergir se encontra na sanção: censura, que é a san-ção de ordem ética, implica numa conseqüência de or-dem moral.

Já as penas disciplinares têm conseqüência prática mais palpável, na medida em que podem consistir em razão de uma penalidade maior se ocorrer reincidência, implicam em suspensão de salário e vantagens (pena de suspensão) ou afastam o agente do serviço público (pe-nas expulsórias).

Quanto à responsabilidade, seja disciplinar, seja ética, seja de ordem civil, não é a carência de leis que impede sua efetiva e efi caz efetivação. Leis e boas leis existem e são sufi cientes e aptas a promover a regularidade do serviço público.

A responsabilidade e a responsabilização dependem da pronta atuação da autoridade administrativa voltada para a estruturação de um serviço adequado, com recursos hu-manos e materiais aptos a promovê-lo, na forma e dentro dos prazos legais consignados.

O direito de regresso, previsto por nossa Constituição Federal no já acima citado § 6º, do artigo 37, deve ser exercido como obrigação, e a omissão em relação a este agir é descumprimento de preceito constitucional, passí-vel de ação disciplinar, podendo ser considerada, inclusi-ve, como improbidade administrativa.

No momento em que os agentes públicos, como ocor-ria na Antigüidade, vierem a se sentir verdadeiramente constrangidos, verdadeiramente incomodados, perante si próprios e perante os colegas e a sociedade, com a apli-cação de uma sanção de ordem ética, que atinge a virtu-de, o senso do bom cidadão, o dever de respeito consigo mesmo e com seus concidadãos, poderemos dizer que a mentalidade do agente público-cidadão terá atingido um patamar desejável visando a uma prestação de serviços verdadeiramente efi ciente, efi caz e dentro dos parâmetros traçados pela ética, pela disciplina e pela ordem.

Caso contrário, continuaremos a querer, sempre, nos locupletar de qualquer forma da coisa pública, até pela continuidade da negligência pura e simples, forma mais comum e cruel de improbidade administrativa, conduta que, por si só, atribui sentido verdadeiro à triste frase atri-buída a Rui Barbosa: ou nos locupletamos todos, ou ins-taure-se a moralidade!

[*] Lívia Maria Armentano Koenigstein Zago é procuradora aposentada da Prefeitura do Município de São Paulo, doutora em Direito do Estado pela Universidade de São Paulo e professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e da Universidade de São Paulo.

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Muitos dos problemas que aparecem durante a exe-cução dos contratos admi-

nistrativos são conseqüências de falhas advindas da fase licitatória, mais precisamente de atos realiza-dos na fase interna do processo.

Isso ocorre porque, infelizmen-te, não se tem dado o necessário valor aos atos que antecedem a

elaboração do edital – seja por desconhecimento das es-pecifi cidades do objeto licitado, seja pela falta do tempo necessário para a elaboração do projeto básico.

Examinando a Lei Federal 8.666/93, é forçoso inferir que toda e qualquer contratação realizada pela Administração Pública deve observar os seguintes procedimentos pré-vios: elaboração de projeto básico, estimativa do valor da contratação, defi nição dos requisitos mínimos de capaci-dade do futuro contratado e previsão de verba orçamen-tária para suportar o contrato a ser celebrado.

Contudo, restringindo-nos ao tema aqui proposto, des-tacamos apenas a elaboração do projeto básico, que é o ponto de partida de toda contratação.

A mencionada Lei federal traz pelo menos dois dispositi-vos determinantes sobre referido projeto básico: nenhuma obra ou serviço pode ser licitado sem projeto básico (art. 7º, § 2º, inc. I) e o projeto básico (com seus desenhos, es-pecifi cações e outros complementos) é anexo obrigatório do edital (art. 40, § 2º, inc. I).

Não é demais ressaltar que, no caso de obras e servi-ços de engenharia, referido projeto deve ser elaborado e subscrito por um engenheiro, que é o profi ssional espe-cializado na área envolvida, independentemente de sua aprovação pela autoridade competente.

Ao defi nir as especifi cações da obra ou do serviço a ser contratado, esse profi ssional (ou equipe de profi ssionais) deve aplicar seus conhecimentos técnicos específi cos, responsabilizando-se inteiramente pelos quantitativos dos serviços e dos materiais previstos, dentro das normas que regulamentam sua atividade profi ssional – no caso, as do Sistema CONFEA-CREAs.

E assim deve ser porque é a partir do projeto básico que se obterá o valor estimado da contratação, previsto no in-ciso II do § 2º do mesmo art. 7º da Lei 8.666/93.

Para tanto, é elaborado um orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os cus-tos unitários dos serviços a serem realizados, bem como dos materiais a serem utilizados.

Superada essa fase, segue-se a elaboração do edital, sua divulgação e a realização do procedimento licitatório, culminando com a homologação do certame e a adjudica-ção do objeto ao vencedor da licitação.

Após a formalização do instrumento contratual, tem início a atuação do gestor, como representante da Admi-nistração, que terá no preposto, indicado pela empresa contratada, o seu correspondente para as trocas de in-formações e decisões que se fi zerem necessárias para a competente fi scalização do contrato.

As principais ocorrências nessa fase estão relacionadas com as prerrogativas da Administração em modifi car ou até mesmo rescindir unilateralmente os contratos admi-nistrativos, além da aplicação de penalidades, todas de-correntes da posição de supremacia ocupada pelo Poder Público em relação ao contratado.

Essas situações caracterizam as denominadas “cláusu-las exorbitantes do Direito comum”, consolidadas expres-samente nos incisos do art. 58 da Lei Federal 8.666/93.

Dentre essas cláusulas, as que mais têm causado polê-mica são as que possibilitam a modifi cação unilateral do contrato administrativo, “para melhor adequação às fi na-lidades de interesse público, respeitados os direitos do contratado” (art. 58, inc. I), cuja prerrogativa se desdobra em duas hipóteses de alterações - previstas no inciso I do art. 65 da norma geral -, com delineamentos próprios e inconfundíveis. Dispõe mencionado dispositivo que:

“Art. 65 – Os contratos regidos por esta Lei poderão ser alterados, com as devidas justifi cativas, nos seguintes ca-sos:

I – unilateralmente pela Administração:quando houver modifi cação do projeto ou das especifi -

cações, para melhor adequação técnica aos seus objeti-vos;

quando necessária a modifi cação do valor contratual em decorrência de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto, nos limites permitidos por esta Lei;”

Como se infere das disposições transcritas, a modifi ca-ção do projeto ou de suas especifi cações para aperfeiço-amento técnico do objeto, visando melhor adequação aos fi ns colimados na contratação, não está condicionada a nenhum limite objetivo (cf. alínea “a” do inciso I, acima).

Constata-se, assim, que a prerrogativa de modifi car uni-lateralmente as cláusulas contratuais, para melhor ade-quação às fi nalidades da Administração, é poder maior que não está limitado por outra regra, a não ser pelo pró-prio interesse público envolvido.

Nesse sentido, é possível afi rmar que a única e insupe-

OS LIMITES PARA A ALTERAÇÃO UNILATERAL NOS

CONTRATOS DE OBRAS E SERVIÇOS DE ENGENHARIAIzabel Camargo Lopes Monteiro [*]

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rável condição para a decisão pela alteração unilateral é a demonstração de sua vantajosidade para o atendimento ao interesse da coletividade protegido na contratação.

Limitar a possibilidade de alteração das cláusulas re-gulamentares ou de serviços- que se encontram inade-quadas para a obtenção do interesse público - signifi ca transferir o objetivo-fi m de toda contratação pública para um segundo plano, subordinando -o a aspectos formais ou materiais.

Por outro lado, a grande difi culdade é defi nir parâme-tros de tolerância para essas alterações qualitativas, sem afrontar a legislação e os princípios aplicáveis à matéria.

É sabido que todo processo de contratação da Adminis-tração Pública, como instrumento da atividade administra-tiva, rege-se por normas de caráter geral e por regras es-pecífi cas, concatenadas e fundamentadas nos princípios gerais do Direito Administrativo, notadamente os da lega-lidade, moralidade, efi ciência e o da indisponibilidade do interesse público.

Por conseqüência, a decisão da Administração pela continuidade do contrato, mediante a celebração de adi-tamento para formalizar modifi cação do projeto ou de suas especifi cações - para melhor adequação técnica às fi nali-dades do interesse público -, deve estar devidamente jus-tifi cada, com a demonstração da vantajosidade do pros-seguimento do ajuste, com as alterações necessárias, ao invés da rescisão contratual (com todos os procedimentos e ônus subseqüentes, inclusive quanto ao desencadea-mento de nova contratação).

É importante ressaltar que a necessidade de alteração unilateral do contrato administrativo deve fundamentar-se em eventos supervenientes à sua celebração, imprevistos e imprevisíveis pelas partes, que inviabilizem a execução do ajuste nas condições inicialmente pactuadas.

Reconhecida essa situação, deve a Administração pro-mover as adequações técnicas necessárias, com a cor-respondente revisão das cláusulas fi nanceiras, se for o caso.

Note-se que a revisão do contrato administrativo, para a manutenção do equilíbrio econômico-fi nanceiro inicial, não é uma recompensa para o contratado; é direito garan-tido constitucionalmente (art. 37, § 6º, da Carta Magna), para que as condições apresentadas em sua proposta sejam mantidas durante toda a execução do contrato, in-dependentemente das alterações que lhe forem impostas unilateralmente pela Administração (cf. § 2º do art. 58 da Lei Federal 8.666/93).

Por fi m, é fundamental que se esclareça que a prerroga-tiva de modifi cação do projeto ou de suas especifi cações, para promover as adequações técnicas necessárias, não impede a apuração de responsabilidade do servidor que tenha concorrido para a necessidade dessa alteração.

Uma situação não prejudica a outra: constatada a falha técnica no projeto ou nas especifi cações, deve a Admi-nistração providenciar as adequações necessárias, sem prejuízo das sanções que possam ser impostas ao res-ponsável técnico pela elaboração do projeto básico, me-diante processo específi co. São procedimentos distintos e independentes, que não se confundem.

Outra possibilidade de alteração unilateral pela Adminis-tração é a prevista na alínea “b” do inciso I do mesmo art. 65, em que o valor do contrato sofre modifi cação em decorrên-cia de acréscimo ou diminuição quantitativa de seu objeto.

Ao contrário da hipótese abordada anteriormente, essa alteração contratual vem subordinada aos limites e regras previstos nos parágrafos 1º e 2º do citado art. 65 da Lei Federal 8.666/93.

É a denominada alteração “quantitativa”, que o contrata-do está obrigado a aceitar e, por isso mesmo, vem expres-samente limitada na norma legal.

Também nesse caso a modifi cação do valor contratu-al deve fundamentar-se em necessidade superveniente à celebração do ajuste, imprevista ou imprevisível pelas partes, sob pena de responsabilização do agente que ela-borou o projeto básico que defi niu o objeto do contrato.

Isso porque, tal como afi rmamos acima para as altera-ções qualitativas, a modifi cação do valor contratual, oriun-da de alteração quantitativa, ainda que dentro dos parâ-metros legais, não impede a apuração de responsabilida-de do servidor que tenha concorrido para a necessidade dessa alteração. Como dissemos, são procedimentos distintos e independentes, que não se confundem.

Sem, evidentemente, esgotarmos a matéria, pretende-mos registrar as diferenças entre a prerrogativa da Admi-nistração para alterar unilateralmente, qualitativa ou quan-titativamente, os contratos administrativos, e a responsa-bilidade do agente que elabora o projeto básico, defi nindo e quantifi cando seus elementos.

[*] Izabel Camargo Lopes Monteiro é bacharel em Direito, formada pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Atuou em escritórios de advocacia, no Departamento de Estradas de Rodagem e na São Paulo Transportes S/A . Atualmente, é subchefe da Assessoria Jurídica de Con-trole Externo e professora de Direito Administrativo da Escola de Contas conselheiro Eurípedes Salles (TCM).

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É uma publicação do Tribunal de Contas do Município de São Paulo. Av. Prof. Ascendino Reis, 1.130 • CEP: 04027-000 • Tel: [11] 5080-1012 • Site: www.tcm.sp.gov.br • E-mail: [email protected] • Presidente: Cons. Antonio Carlos Caruso • Vice-presidente: Cons. Edson Simões • Conselheiros: Eurípedes Sales, Roberto Braguim e Maurício Faria • Reportagem, fotos e revisão: Viviane Batista e Nadia Carlin• Edição: Assessoria de Imprensa do TCMSP. Jornalista Responsável: José Fernando Lefcadito Alvares - MTB 11.897.

Na presença de Teófi lo Ribeiro de Andrade, Paulo Planet Buarque e Manoel Martins de Figueiredo Ferraz - três dos cinco primeiros ministros empos-

sados na inauguração do TCM, em 1969 -, do conselheiro aposentado José Altino Machado, que também participou do período inicial do Tribunal como Procurador-Geral da Fazenda Municipal e depois como conselheiro, foi inau-gurado, no dia 23 de agosto, o Memorial do Tribunal de Contas do Município de São Paulo.

O descerramento da placa de inauguração do Memo-rial, que reúne fotos, objetos e documentos que contam a história do TCM, fi cou a cargo do secretário geral João Alberto Guedes, que foi o primeiro funcionário da institui-ção. A cerimônia foi prestigiada pelo atual presidente An-tonio Carlos Caruso, pelo vice-presidente Edson Simões, pelo conselheiro-corregedor Roberto Braguim e pelo con-selheiro Eurípedes Sales.

Ao saudar os ex-conselheiros presentes à inauguração, o presidente Caruso afi rmou: “A trajetória excepcional desta instituição, aqui retratada neste memorial, foi traça-da por todos os senhores. Queríamos resgatar a história de nosso Tribunal para as gerações presentes e futuras e, por isso, surgiu a idéia do memorial”.

Também discursaram, na ocasião, o primeiro presidente eleito para o Tribunal, o ex-conselheiro Teófi lo Ribeiro de Andrade Filho, e o ex-conselheiro Paulo Planet Buarque, um dos principais responsáveis pela construção do edi-fício que abriga a instituição, e seu secretário geral, João Alberto Guedes.

Da esq. para a dir.: O ex-conselheiro e ex-secretário geral substituto Renato Tuma; os ex-conselheiros do TCM, Teófi lo Ribeiro de Andrade Filho, José Altino Machado, Manoel Martins de Figueiredo Ferraz; o vice-presidente do TCM, Edson Simões e o atual presidente, Antonio Carlos Caruso.

MEMORIAL RESGATA HISTÓRIA DO TCMSP

O ex-conselheiro Teófi lo Ribeiro de Andrade relatou os pri-meiros tempos de funcionamento do TCM, criado pelo ex-prefeito José Vicente de Faria Lima, por meio da lei muni-cipal 7.213, de 20 de novembro de 1968. O ex-conselheiro Paulo Planet Buarque se disse emocionado com a homena-gem e agradeceu a iniciativa do atual colegiado. “Agradeço aos senhores pelo reconhecimento do nosso trabalho e por podermos ver eternizada, na história deste Tribunal, a nossa pequena contribuição dada no passado”.

O Tribunal de Contas instalou-se inicialmente no Palácio Anchieta, prédio da Câmara Municipal, em 1969, onde fun-cionou até 1976, quando seu edifício sede foi inaugurado, durante a gestão do prefeito Olavo Setúbal. As 70 fotos e os 13 documentos expostos no memorial retratam exatamente este período, mostrando os mais importantes momentos da história do Tribunal. Estão expostas algumas peças interes-santes, como a ata da primeira sessão do TCM, manuscrita pelo conselheiro Paulo Planet Buarque, assim como a beca usada, nas reuniões, pelo conselheiro Manoel Martins de Fi-gueiredo Ferraz, o primeiro vice-presidente eleito.

Fazem ainda parte da exposição, uma maquete original e documentos sobre a construção do edifício do TCM, atu-almente considerado um dos mais importantes marcos ar-quitetônicos da cidade de São Paulo. O edifício, que leva o nome do prefeito Faria Lima, foi projetado pelo arquiteto Gian Carlo Gasperini. O projeto, de responsabilidade da empresa “Crocce, Afl alo e Gasperini”, foi o vencedor de um concurso realizado em 1970 pelo IAB, Instituto de Arquitetos do Brasil, durante a gestão do então prefeito Paulo Maluf.

Secretário geral do TCM, João Alberto Guedes, descerra a placa comemorativa da inauguração do Memorial

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