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TEMA:
TRONCO DE SOLIDARIEDADE
XII ERAC
ARLS Aurora Santarrosense - n.º 3.802
Santa Rosa de Viterbo, 31 de Outubro de 2012
COMPONENTES:Boniperti Pádua Cota C MCarlos A. Preto Cardoso A MFábio Mendes Massaro A MLeandro Stefanelli Fiorini A MTiago Esteves Machado A M
COORDENADORES:José Maria Gomes M IAntônio Donizeti da Silva M MArthur Paulo Tempesta Jr. M MEdmar Titareli Esteves M M
RELATOR:Boniperti Pádua Cota C M
À Gdo G A D U
INTRODUÇÃO
A partir do tema proposto – “Tronco de Solidariedade”, este trabalho buscará
relacionar a simbologia do mesmo com a possível disposição das lojas em saber colher
seus frutos e distribuí-los conforme os apelos e necessidades das viúvas, dos filhos das
viúvas e da sociedade na qual a loja encontra-se instalada.
Para iniciar uma reflexão sobre tal tema, é de suma importância que reconheçamos
esta prática como um dos mais antigos costumes da Maçonaria moderna. Sua origem é
anterior mesmo ao início da Maçonaria em sua fase especulativa.
Esta exposição procurará tratar o tema do ponto de vista simbólico, administrativo
e social.
Um bom intróito reflexivo pode-se obter revisitando o capítulo 6 do Evangelho
segundo Mateus, onde encontramos: “A esmola em segredo - Guardai-vos de praticar a
vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis
recompensa junto ao vosso Pai que está nos céus. Por isso, quando deres esmola, não te
ponhas a trombetear em público, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas,
com o propósito de ser glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam
sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que
faz a tua direita, para que tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te
recompensará.”
DESENVOLVIMENTO
A partir da reflexão inicial de nossa introdução, percebemos o quão antiga é a
orientação de se fazer o bem, de praticar a solidariedade em segredo. Nossa sublime
ordem o faz desde a sua própria origem, de diversas formas. Uma das mais importantes
se consubstancia no Tronco de Solidariedade.
No Rito Escocês Antigo e Aceito é explicado ao Aprendiz que o Tronco de
Solidariedade arrecada dinheiro, denominado metais, que serão distribuídos depois aos
necessitados. O obreiro coloca seu óbolo na mão e a fecha, coloca-a dentro da bolsa de
coleta e lá dentro a abre e solta sua doação, deposita para si mesmo, soltam-se os fluídos
da ponta de seus dedos, energizando o conteúdo da bolsa e a retira aberta.
Existem relatos que creditam a origem deste procedimento como remanescente ao
tempo em que foi construído o templo de Salomão, onde ferramentas, projetos,
documentos e pagamento dos obreiros eram colocados dentro das colunas do templo,
que eram ocas exatamente para esta finalidade. O pagamento de companheiros e
aprendizes origina-se da tradição de retirar do interior do tronco das colunas o salário a
que faziam jus.
Mas a origem mais convincente e lógica é francesa, pois naquela língua a palavra
"tronc" pode ser usada tanto para tronco humano como para caixa de esmolas. Guarda-se
apenas a simbologia deste procedimento, em verdade as colunas B e J dos templos
atuais são meras figuras simbólicas e não são ocas.
Esta prática constitui um dos mais antigos costumes da Maçonaria moderna. Ficou
tacitamente estabelecido que os Maçons jamais se reúnem sem pensar nos pobres e nos
desamparados. Assim, em todas as reuniões, é apresentado o Tronco de Beneficência e
nele os Irmãos depositam uma importância, um óbolo, como se dizia antigamente, de
acordo com as suas posses.
Torna-se preciso frisar que não é com o produto do Tronco de Beneficência que os
Maçons sustentam as obras de beneficência que se encontram sob a sua
responsabilidade e que, muitas vezes, exigem somas avultadas.
Pode-se dizer que o Tronco de Beneficência que circula em Loja, não passa de um
treinamento, visando acostumar os Obreiros da Loja à generosidade, de um exercício que
procura lembrar-lhes que, em toda parte e principalmente na Maçonaria, haverá alguém à
espera de ser socorrido por aqueles que fruem de uma situação de bem-estar.
A circulação ritualística da bolsa de solidariedade obedece ao mesmo
procedimento adotado na do Saco de Propostas e Informações, formando primeiramente
uma estrela de seis pontas, que por sua vez é composta por dois triângulos, um dentro do
outro, em posições invertidas.
A marcha inicia no ocidente, entre colunas, em direção ao oriente. O irmão
hospitaleiro coloca a bolsa colada à sua cintura, ao lado esquerdo do corpo e inicia a
marcha. Sem olhar para o que é depositado na bolsa vai passando por todos os obreiros
em loja. O Ven. Mestre, 1º e 2º VVig definem o primeiro triângulo; Orad, Sec e
Cobr Interno definem o segundo triângulo, o que resulta na estrela de seis pontas;
depois passa MM do Or, MM das CCol sul e norte, CComp, AApr. Por fim, o
Cobr segura a bolsa, e o próprio Hosp deposita seu óbolo na bolsa, retoma a bolsa,
lacra-a e conclui o giro da bolsa postando-se entre colunas. Comunica ao Ven. Mestre
que a tarefa está cumprida e recebe instruções do que deve fazer em seguida.
Normalmente, o Hosp leva a bolsa lacrada até o altar do Tes e ambos
conferem o valor coletado. Em seguida, o Tes comunica ao Ven Mestre o valor
arrecadado. Durante a circulação da bolsa nenhum irmão pode adentrar ou sair do
templo. Este é um dos momentos em que os obreiros aproveitam para recolhimento
espiritual ou relaxamento, pois o ato de doar é tido como místico, é o sacrifício da
oferenda que se faz como culto ao conceito de Grande Arquiteto do Universo de cada um.
Para tornar o momento mágico o M de harmonia baixa a intensidade das luzes e
executa músicas suaves. É uma parte do ritual que se não executado é considerado como
se aquela sessão não foi válida, à exceção das sessões públicas.
O retirar de metais não ocorre no instante em que o obreiro retira a mão da bolsa,
mas é solicitado ao Ven Mestre que determinará a seu critério mandar efetuar
sindicâncias, para só então fornecer os recursos financeiros ao irmão em necessidade.
Normalmente sequer é o beneficiado quem faz a solicitação, na maioria das vezes tal
ação parte do Hosp, mas pode ser qualquer outro irmão do quadro.
O irmão que não consegue pagar suas contas tem direito ao uso destes recursos?
Não! Isto não é situação válida para obter recurso deste fundo. O obreiro teve sua casa
queimada ou uma doença grave sobre ele se abateu de forma inesperada, pode ser
socorrido com recursos do Tronco de Beneficência? Sim! A critério do Ven Mestre e da
loja.
Sempre precisa haver razão válida, de real valor humanitário para se efetuar algum
socorro. E esta ajuda é feita muitas vezes de tal maneira que o beneficiado sequer sabe
de onde vem o recurso, é feita também de tal forma que não humilhe aquele; tem
somente o objetivo de amenizar o sofrimento de quem realmente necessita. É por isto
também conhecido como tronco da viúva, onde os filhos da viúva são os maçons.
Quando os fundos do tronco dos pobres ou da viúva atingem valor razoável, parte
dele é destinado para obras de beneficência. Nunca é totalmente gasto, sempre fica um
fundo para a eventualidade de haver necessidade de socorrer algum irmão em real
necessidade emergencial.
Não colaborar com o ato litúrgico do tronco de solidariedade é o mesmo que fugir
da prática da caridade e torna o maçom indigno de exercer todos os demais privilégios
maçônicos. E se possuir posses que lhe permitam fazê-lo, e não o faz, torna-se
desonesto para consigo mesmo, pois poderá ser ele próprio o beneficiário daquele óbolo
que coloca na bolsa. Se não colabora por vaidade ou avareza o seu caráter não é bom,
ele deve desconfiar que tenha algo errado consigo mesmo. Dar esmola não significa
mixaria, ninharia, insignificância; é melhor que não coloque nada e arque com as
consequências que sua consciência lhe exigir.
É pela beneficência que o verdadeiro maçom se torna digno na procura de
alcançar a glória de merecer ser parte daquilo que ele considera o Grande Arquiteto do
Universo, o seu Deus, o prêmio de fazer parte da edificação da sociedade.
Em sendo tão séria esta disposição; então porque abusar da sorte? Hoje está tudo
bem, mas quem sabe o que o amanhã reserva?
CONCLUSÃO
Pode-se concluir este trabalho retomando o capítulo 6 do Evangelho segundo
Mateus, onde encontramos: “Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu,
porém, quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a tua direita, para
que tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.”
Discrição, um de teus nomes é Maçonaria! Cabe também retomarmos a exortação que
Paulo de Tarso nos faz em sua primeira epístola ao povo de Corinto, capítulo 13, em que
hierarquiza os “dons do espírito”: “Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade,
essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade.” Ao alçar uma das formas da
solidariedade, a caridade, ao topo de sua hierarquia, Paulo nos dá uma instrução de como
devemos conduzir nossas vidas em relação ao outro. Mais ainda quando, ao verificarmos
que a palavra “caridade” é uma das traduções possíveis à palavra grega “ágape”, que
também é traduzida como “amor”. Nós MM utilizamos “ágape” em outro sentido que
também nos leva a uma união fraterna e solidária. Por fim, reflitamos sobre nossas
práticas e busquemos enxergar e compreender quantas formas de amor nos unem
enquanto irmãos e membros da sociedade.
OBSERVAÇÕES PARA APERFEIÇOAMENTO
Questão do montante: dois aspectos – 1. Ser treinamento, não importando o valor; 2. ser
mais generoso, evitando-se ninharias.
BIBLIOGRAFIA
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