PHYSICAL ASSET MANAGEMENT: sua relevância atual

L. A. Ferreira (1), lferreir@fe.up.pt

(1) Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Associação Portuguesa de Manutenção Industrial,

Portugal

Resumo O “Physical Asset Management” ou Gestão de Ativos Físicos é uma disciplina relativamente jovem, mas é uma competência organizacional cada vez mais importante. Ganhou relevância recentemente com a publicação das normas ISO 5500x:2014. Tem como objetivo para as organizações otimizar o valor acrescentado dos equipamentos ao longo de todo o seu ciclo de vida, com uma visão sistémica desses equipamentos. Nesta comunicação vamos apresentar os pontos principais para aplicação dos conceitos envolvidos, assim como será feita uma apresentação sintética da normalização existente. Será enquadrado o papel da Manutenção numa política de “Physical Asset Management”.

1. Introdução As normas ISO 5500x:2014 definem Asset Management como: “as atividades coordenadas de uma organização para realizar valor com os seus ativos". A EFNMS (“European Federation of National Maintenance Societies”) em 2008 preferiu definir “Physical Asset Management” como sendo “a gestão otimizada do ciclo de vida dos ativos físicos para atingir de forma sustentada os objetivos do negócio da organização”. Por sua vez, um ativo é: "algo que tem valor real ou potencial para uma organização". Um sistema de gestão de ativos “é um conjunto de elementos de uma organização inter-relacionados e que interagem entre si, cuja função é estabelecer a política de gestão de ativos e os objetivos de gestão de ativos e os processos necessário para atingir aqueles objetivos”. Em 2014 a ISO (“International Standards Organization”) publicou a família de normas ISO 55000/1/2 relativas ao Asset Management. A publicação destas normas, através da Comissão Técnica ISO PC251, em que participaram 28 países, foi um evento significativo para a formalização do Asset Management como disciplina autónoma. As normas ISO 5500x sucederam às especificações públicas BS PAS 55:2008, que até essa altura serviram de referência. Nestas normas é evidenciado o significado do que devem ser as boas práticas de Asset Management. Em particular é sublinhado que o Asset Management deverá ser: integrado, otimizado, orientado para os sistemas, baseado na análise do risco, sistemático, multidisciplinar e sustentável no tempo. O Asset Management está a evoluir para se adaptar às necessidades de mudança sentidas pelos proprietários dos ativos físicos, operadores e utilizadores finais dos equipamentos. Há um número de tendências diferentes, com diferentes motivações, para as organizações sentirem a necessidade de mudança, que moldam a forma como as organizações pensam sobre a prestação de serviços complexos e, como parte disso, sobre o Asset Management. Muitas destas motivações sobrepõem-se até um certo ponto ou interagem umas com as outras. Podemos salientar algumas:

• Pressões de natureza económica e competitiva • Menor ênfase na propriedade • Aspetos financeiros novos • Novos modelos de negócio • Complexidade crescente das organizações e dos sistemas produtivos

Existem, assim, muitas razões pelas quais o Asset Management se tornou numa componente mais importante das atividades de gestão e da gestão enquanto ciência. Poderemos acrescentar, de forma não exaustiva:

• envelhecimento dos sistemas de ativos • integração de novos equipamentos em sistemas ativos existentes • aumento dos requisitos de qualidade para as infraestruturas • aumento dos requisitos de segurança e do ponto de vista ambiental • riscos crescentes • crescente turbulência no mercado • pressão para maior rentabilidade e retorno sobre ativos • sistemas de incentivos de gestão de topo • princípios contabilísticos rígidos • ...

Por todas estas razões torna-se necessário evoluir para uma política de Asset Management definida e assumida pela gestão de “topo” das organizações. Para tal, têm de ser analisados os desafios que se colocam habitualmente para que a implementação dessa política possa ter sucesso. Há, no entanto, muitos desafios que se colocam para alcançar o que muitos poderiam considerar como uma visão utópica da prestação de serviços - onde os custos e os lucros são devidamente partilhados por toda a cadeia produtiva e em que as decisões otimizadas são fundamentadas por todos os intervenientes. Esses desafios têm que responder a problemas organizacionais, entre os quais poderemos rapidamente citar:

• Mentalidade de silo • Concentração em “métricas financeiras” de curto prazo • A falta de conhecimento financeiro sobre os ativos • Perspetivas de decisão mais amplas

Poderemos acrescentar ao nível dos equipamentos outras questões que muitas vezes se colocam às organizações:

• A vida económica dos ativos não está em equilíbrio com a vida técnica • Todos os processos não estão a funcionar à mesma velocidade operacional • A procura não corresponde à capacidade instalada • Durante a implementação e do início da produção existem perdas de produção que podem ser importantes • Baixo OEE - Overall Equipment Eficiency (baixa disponibilidade, baixa velocidade de produção e baixa taxa de qualidade) que causa perdas produção • Devido à baixa flexibilidade dos ativos, o equipamento é utilizado de uma forma ineficaz (mix de produtos não satisfatório relativamente à procura e insuficiente adaptação às flutuações do mercado)

Todas estas questões impõem às organizações novos desafios: • Necessidade duma mudança cultural • Difusão dos objetivos das organizações no seu seio e sua compreensão por todos os atores da cadeia

de valor • A utilização de métricas adequadas e adaptadas às novas circunstâncias das cadeias produtivas • Recolher, analisar e divulgar de forma adequada os dados necessários a cada um dos atores da

cadeia produtiva • A utilização de metodologia de análise preditiva do comportamento dos sistemas produtivos, no seu

conjunto e não apenas ao nível local

Para responder a todos estes desafios que são impostos às organizações, o Asset Management tem desenvolvido metodologias de apoio que permitem a introdução de novas metodologias de gestão de ativos físicos tendo em vista a maximização do valor criado por esses ativos ao longo de todo o seu ciclo de vida. 2. Conceptualização da Pysical Asset Management Diferentes entidades têm enunciado os princípios em que se baseiam os conceitos do Asset Management. Nomeadamente, a EFNMS- European Federation of National Maintenance Societies apresentou em 2013 um modelo conceptual que se pode ver na Figura seguinte:

Figura 1: Modelo concetual da Gestão de Ativos Físicos, EFNMS (K. Pode-se observar que este modelo baseiaconstituído pela componente financeira relativa ao investimento, pelas operações e pela manutenção. Estas áreas são promovidas e influenciadas por uma cultura de liderança com uma visão holística e sistémica dos ativos, pelos sistemas e processos existentes e pelas competências da organização. Por outro lado sabe-se bem que os custos de ciclo de vida dos equipamentos são na maioria das situações definidos nas fases iniciais da vida dos ativos. Tal é sobretudo verdade nos equipamo contexto operacional em que vão atuar é melhor conhecido. Os modelos de Asset Management têm este fato em consideração e tal deverá refletirde negócio da organização.

Figura 2: O ciclo de vida dos ativos e os custos associados

Para a aplicação destes conceitos numa organização tornaAsset Management, suportadas por uma estratégia que permita atingir os objetivos dessa política.

Modelo concetual da Gestão de Ativos Físicos, EFNMS (K. Komonen

se observar que este modelo baseia-se no princípio PDCA de Deming, em que o núcleo central é constituído pela componente financeira relativa ao investimento, pelas operações e pela manutenção. Estas áreas são promovidas e influenciadas por uma cultura de liderança com uma visão holística e sistémica dos

stemas e processos existentes e pelas competências da organização.

se bem que os custos de ciclo de vida dos equipamentos são na maioria das situações definidos nas fases iniciais da vida dos ativos. Tal é sobretudo verdade nos equipamentos industriais, em que o contexto operacional em que vão atuar é melhor conhecido. Os modelos de Asset Management têm este fato em consideração e tal deverá refletir-se nas estratégias de Asset Management, assim como na estratégia

Figura 2: O ciclo de vida dos ativos e os custos associados (Marquez&all)

ara a aplicação destes conceitos numa organização torna-se necessário que sejam definidas políticas de Management, suportadas por uma estratégia que permita atingir os objetivos dessa política.

Komonen), 2013

, em que o núcleo central é constituído pela componente financeira relativa ao investimento, pelas operações e pela manutenção. Estas áreas são promovidas e influenciadas por uma cultura de liderança com uma visão holística e sistémica dos

se bem que os custos de ciclo de vida dos equipamentos são na maioria das situações entos industriais, em que

o contexto operacional em que vão atuar é melhor conhecido. Os modelos de Asset Management têm este se nas estratégias de Asset Management, assim como na estratégia

(Marquez&all)

se necessário que sejam definidas políticas de Management, suportadas por uma estratégia que permita atingir os objetivos dessa política.

Visão, missão, políticas de negócio, objetivos, gestão de risco

V

alo

res

da

org

aniz

ação

, cri

téri

os

de

ação

e g

estã

o d

e ri

sco

s

Planeamento

Implementação

Atividades de Ciclo de Vida

Projetar/ Adquirir

Utilizar

Manter

Renovar/Abater

Figura 3: Sistema de Gestão de Ativos Físicos ou Asset Management

3. Política de Pysical Asset Management

A sequência normal para definir razão de ser da organização, estabelecer o seu papel na sociedade e no mercado, alinhar a visão com a visão global da organização, definir a estratégia em sentido lato para a organização e estabelecer os comportamentos da organização para atingir os objetivos. Podemos ver um exemplo de definição política, de forma simplificada, na tabela seguinte: Razão de ser da organização

O que fazemos

A nossa visão – o que queremos ser

A nossa estratégia

Os nossos comportamentos –

devemos trabalhar

PLANO ESTRATÉGICO DA ORGANIZAÇÃO Visão, missão, políticas de negócio, objetivos, gestão de risco

Política de Asset Management

Estratégia de Asset Management com a definição dos

Objetivos do Asset Management

Portfolio de sistemas de ativos e de ativos individuais

Sistema de Gestão de Ativos Físicos ou Asset Management

Pysical Asset Management

A sequência normal para definir uma política de Physical Asset Management será, a partir da definição da razão de ser da organização, estabelecer o seu papel na sociedade e no mercado, alinhar a visão com a visão global da organização, definir a estratégia em sentido lato para a organização e estabelecer os

anização para atingir os objetivos. Podemos ver um exemplo de definição política, de forma simplificada, na tabela seguinte:

Gerar o máximo valor para os stakeholders e clientes

Produzimos valor distribuindo energia elétrica a consumidores em Portugal Continental

o que queremos ser Líderes no mercado – em 2020 termos 50% do mercado Trabalhar no seio da nossa organização e com os nossos parceiros para utilizar a nossa capacidade máxima disponível, para melhorar a segurança, a disponibilidade, a capacidade de resposta ao mercado e criar o máximo valor para os stakeholders e clientes

– como • Trabalhar centrados na satisfação dos clientes (externos e internos)

• Assumir as nossas responsabilidades de forma transparente

• Desafiar o status quo para melhorar o desempenho global da organização

• Trabalhar colaborando ativamente e construtivamente com todos os atores interatuantes na organização

Visão, missão, políticas de negócio, objetivos, gestão de risco

Portfolio de sistemas de ativos e de ativos

Sistema de Gestão de Ativos Físicos ou Asset Management

será, a partir da definição da razão de ser da organização, estabelecer o seu papel na sociedade e no mercado, alinhar a visão com a visão global da organização, definir a estratégia em sentido lato para a organização e estabelecer os

anização para atingir os objetivos. Podemos ver um exemplo de definição política, de

Gerar o máximo valor para os stakeholders e clientes

energia elétrica a consumidores em Portugal Continental

em 2020 termos 50% do

Trabalhar no seio da nossa organização e com os nossos parceiros para utilizar a nossa capacidade máxima disponível, para melhorar a segurança, a disponibilidade, a capacidade de resposta ao mercado e criar o máximo valor para os stakeholders e clientes

Trabalhar centrados na satisfação dos clientes

Assumir as nossas responsabilidades de forma

para melhorar o desempenho global da organização

Trabalhar colaborando ativamente e construtivamente com todos os atores

A partir desta definição política devem então ser definidos os temas estratégicos através dos quais se vai procurar atingir os resultados procurados. Poderão ser: Segurança e sustentabilidade Competências da organização Asset Management

Gestão operacional e do desempenho

Desenvolvimento do projeto e sua aplicação

Agentes de alavancagem Tecnologia e inovação

Mudança organizacional Recursos Humanos

Transparência e circulação da informação Financiamento e exequibilidade

Toda esta definição da política de Asset Magement deverá ser devidamente relacionada com os outros processos da organização: Organização Sistema de gestão da

segurança Compromissos legais e contratuais

Papel, objeto, visão e plano estratégico de negócio Objetivos organizacionais

Informação sobre os ativos Estratégia

Política de Asset Management

Operações da rede de criação de valor Estratégia de

negócio

Objetivos e estratégia de Asset Management Po

líticas de u

tilização d

os

ativos

Projetos Estratégia de

negócio

Planos de produção

Estratégia de produção

Serviços prestados / fornecimento de produtos

4. Estratégia de Pysical Asset Management A partir da definição da Política de Asset Management, deverá ser estabelecido um Plano Estratégico com a definição dos objetivos a atingir e que deverá levar aos planos de implementação da política de Asset Management na prática. Este plano estratégico deverá ser aprovado e apoiado pela administração da organização. Assim, a estratégia de Asset Management deverá:

1. Estar de acordo e ser consistente com a política de Asset Management definida e com a estratégia global de ação da organização;

2. Ser consistente com as outras estratégias da organização, como sejam a organização da produção, a organização financeira, ...;

3. Identificar e considerar os requisitos dos diferentes stakeholders; 4. Considerar a gestão dos ativos numa perspetiva de ciclo de vida; 5. Ter em conta os riscos associados aos ativos e a sua criticidade, identificando e avaliando esses

riscos;

6. Aplicar metodologias de manutenção que tenham como prioridade a otimização do desempenho dos equipamentos para a organização , em função da sua criticidade e risco, tal como o RCM e o RBM;

7. Identificar a função ou funções, capacidade de desempenho e estado de condição dos sistemas de ativos e dos ativos críticos para a criação de valor da organização;

8. Definir a função ou funções, capacidade de desempenho e estado de condição dos sistemas de ativos e dos ativos críticos existentes ou que venham a ser instalados, de acordo com a estratégia global da organização, numa escala de tempo futuro;

9. Providenciar a informação necessária e a orientação estratégica para a geração dos planos de gestão de ativos, com a definição dos objetivos a atingir;

10. Incluir critérios para otimizar e hierarquizar os objetivos e planos de Asset Management; 11. Comunicar a informação relevante e de forma útil a todos os stakeholders para estes contribuírem

para o sucesso do Asset Management; 12. Deverá ser revisto periodicamente.

Os objetivos duma estratégia de Asset Management devem ser estabelecidos duma forma clara e objetiva. Deverão ser específicos ao ativo ou sistema de ativos em consideração, mensuráveis, possíveis de atingir com as capacidades da empresa (financeiras, técnicas e humanas), realistas e em função de um calendário pré-estabelecido. Um dos pontos mais importantes é o de serem estabelecidos níveis de desempenho a atingir, de uma forma objetiva, tendo em conta os meios disponíveis. Esses níveis de desempenho terão de estar de acordo com os objetivos estratégicos da organização. O primeiro passo para a implementação correta de um sistema de Asset Management é o conhecimento do estado atual da organização relativamente ao conhecimento dos seus ativos. Deverá ser feita uma auditoria ao sistema existente (todas as organizações sempre tiveram um sistema de Asset Management, mais ou menos definido ou identificado como tal) e a partir dessa auditoria inicial deverão ser estabelecidas estratégias de desenvolvimento no terreno dos planos de intervenção A fim de definir um conjunto completo de medidas de avaliação do desempenho, as organizações devem garantir que indicadores simples e viáveis são aplicados. O verdadeiro desafio não é selecionar os indicadores que satisfaçam apenas os objetivos orçamentais, mas também que permitam desenvolver as atividades necessárias para atingir os níveis de desempenho necessários dos ativos para atingir as metas definidas pela estratégia da organização. Isto é, que permitam identificar as áreas de melhoria da organização. Assim, os indicadores devem ser SMART:

• Specific – simples, claros e dirigidos para evitar interpretações erradas • Measureble - podem ser quantificados e comparados com outra informação semelhante • Attainable – possíveis de obter sem esforço demasiado, razoáveis e credíveis nas condições

operacionais esperadas • Realistic – adaptam-se à realidade da empresa, são relevantes e permitem acrescentar valor • Timely - viáveis dentro dos prazos determinados

5. O Gestor de Ativos Um elemento essencial para a implementação e controlo da estratégia de Asset Management e dos planos de Asset Management é o Gestor de Ativos ou a equipa de Gestão de Ativos da organização. É uma tarefa complexa, mas fundamental. Individualizando a função, um Gestor de Ativos tem de: • Ter capacidade de se focar nos seus clientes (Gestão, Operações)

• Ter um espírito de missão tal como esta foi definida na estratégia organizacional da empresa • Virado para o sistema produtivo • Visão de longo prazo • Capacidade de negociar com os seus parceiros (Gestão, Operações) • Flexível Tem de ter capacidade de atuar nas diferentes áreas em que está envolvido:

• Compreender e colaborar na definição dos objetivos estratégicos da organização • Capacidade de avaliar os recursos produtivos, seu desempenho e estado de condição • Avaliação da capacidade de serem atingidos os objetivos a cada momento e no futuro • Capacidade para analisar, gerir e disseminar informação aos seus clientes (Gestão, Operações) • Conhecimento de ferramentas de análise de Engenharia, Economia e Finanças • Compreender as interligações existentes entre as várias atividades da organização

Figura 4: Uma organização sem e com Gestor de Ativos (adaptado de Hastings, 2010)

Figura 5: Posicionamento na organização do Gestor de Ativos (adaptado de Woodhouse, 2006)

6. A manutenção como componente fundamental do Asset Management

Coloca-se muitas vezes a questão se o conceito de Asset Management vai substituir o conceito de manutenção nas empresas. É um conceito muito mais vasto que a manutenção, mas esta faz parte do ncentral das preocupações do “Asset Manager” ou Gestor de Ativos, como se pode ver na Figura 1 para o modelo apresentado. Como será fácil de verificar, sobretudo nas organizações de capital intensivo, em que os equipamentos têm ciclos de vida relativamente longos, a otimização da sua gestão só é possível a partir dum modelo organizacional que permita assegurar a necessária disponibilidade dos equipamentos para a uma produção otimizada. Nesse modelo, uma manutenção eficaz e eficiente é essencial, assimmesmo serviço de manutenção saiba obter e tratar os fluxos de informação que são da sua responsabilidade.Tal tem implicações evidentes na capacidade de planeamento da produção, na qualidade dos produtos e serviços produzidos e na otimização dos recursos das empresas, sejam eles humanos, financeiros ou materiais. Esta é uma visão muito mais ampla e com um âmbito mais vasto do que apenas a manutenção técnica do equipamento. Abrange a análise de todos os tipos de ativos, tangíveiscomplexos e todas as atividades envolvidas no ciclo de vida do ativo necessidades ou oportunidades, aquisição / projeto, operações ou atividades de utilização, administração de

: Uma organização sem e com Gestor de Ativos (adaptado de Hastings, 2010)

: Posicionamento na organização do Gestor de Ativos (adaptado de Woodhouse, 2006)

A manutenção como componente fundamental do Asset Management

se muitas vezes a questão se o conceito de Asset Management vai substituir o conceito de manutenção nas empresas. É um conceito muito mais vasto que a manutenção, mas esta faz parte do ncentral das preocupações do “Asset Manager” ou Gestor de Ativos, como se pode ver na Figura 1 para o

Como será fácil de verificar, sobretudo nas organizações de capital intensivo, em que os equipamentos têm amente longos, a otimização da sua gestão só é possível a partir dum modelo

organizacional que permita assegurar a necessária disponibilidade dos equipamentos para a uma produção otimizada. Nesse modelo, uma manutenção eficaz e eficiente é essencial, assim como é essencial que esse mesmo serviço de manutenção saiba obter e tratar os fluxos de informação que são da sua responsabilidade.Tal tem implicações evidentes na capacidade de planeamento da produção, na qualidade dos produtos e

a otimização dos recursos das empresas, sejam eles humanos, financeiros ou

Esta é uma visão muito mais ampla e com um âmbito mais vasto do que apenas a manutenção técnica do equipamento. Abrange a análise de todos os tipos de ativos, tangíveis e intangíveis, individuais ou sistemas complexos e todas as atividades envolvidas no ciclo de vida do ativo - desde a identificação inicial das necessidades ou oportunidades, aquisição / projeto, operações ou atividades de utilização, administração de

: Uma organização sem e com Gestor de Ativos (adaptado de Hastings, 2010)

: Posicionamento na organização do Gestor de Ativos (adaptado de Woodhouse, 2006)

se muitas vezes a questão se o conceito de Asset Management vai substituir o conceito de manutenção nas empresas. É um conceito muito mais vasto que a manutenção, mas esta faz parte do núcleo central das preocupações do “Asset Manager” ou Gestor de Ativos, como se pode ver na Figura 1 para o

Como será fácil de verificar, sobretudo nas organizações de capital intensivo, em que os equipamentos têm amente longos, a otimização da sua gestão só é possível a partir dum modelo

organizacional que permita assegurar a necessária disponibilidade dos equipamentos para a uma produção como é essencial que esse

mesmo serviço de manutenção saiba obter e tratar os fluxos de informação que são da sua responsabilidade. Tal tem implicações evidentes na capacidade de planeamento da produção, na qualidade dos produtos e

a otimização dos recursos das empresas, sejam eles humanos, financeiros ou

Esta é uma visão muito mais ampla e com um âmbito mais vasto do que apenas a manutenção técnica do e intangíveis, individuais ou sistemas

desde a identificação inicial das necessidades ou oportunidades, aquisição / projeto, operações ou atividades de utilização, administração de

ativos ou responsabilidades de manutenção, através da renovação ou remoção de quaisquer passivos remanescentes. A gestão de ativos é, portanto, holística e considera todas as contribuições para o desempenho do sistema ao invés de apenas serem consideradas as contribuições individuais. Trata-se, assim, de uma alteração do paradigma da visão sobre a atividade da manutenção, em que, para uma aplicação dos conceitos de Asset Management às empresas, tal como têm até agora sido desenvolvidos, a manutenção efetuada de forma otimizada em meios técnicos e humanos é uma componente imprescindível. A aplicação dos conceitos de gestão da manutenção baseadas no Risco tal como o RCM e o RBM, devidamente aplicados e integrados respondem a este novo paradigma da manutenção integrada num sistema global da organização de Asset Management. A metodologia RCM vem responder a estes novos desafios, podendo ser definida como sendo: “Um processo 7. As normas ISO 5500x:2014 – Asset Management

É um conjunto de normas que permitiu criar modelo de referência para a aplicação dos conceitos de Asset Management como já vimos. Neste texto vamos dar relevância à ISO 55001 – Asset Management – Management Systems – Requirements, que define um conjunto de requisitos que definem um sistema de Asset Management. A norma ISO 55001 fornece uma estrutura universal para gerir a utilização de ativos físicos, sejam eles fixos ou móveis na organização. A ISO 55001 considera que um sistema de gestão de ativos deve abordar seis aspetos de uma organização: o ambiente interno e externo, os processos de planeamento, os processos de apoio, os processos operacionais, os processos de avaliação de desempenho e os processos de melhoria contínua. A norma ISO 55001 define uma framework para que todos esses pontos sejam considerados. A Figura abaixo mostra uma framework da ISO 55001 ativos e da relação das suas cláusulas principais. 8. Conclusões

Num clima económico que é cada vez mais complexo, com uma grande incerteza na evolução dos mercados financeiros, as organizações precisam de melhorar o seu desempenho através do aumento das suas taxas de ROI (Return On Investment), o que só é possível através da melhoria do seu nível de ROA (Return On Assets), já que os seus ativos físicos representam, normalmente, a componente mais importante de investimento e, geralmente, não são facilmente negociáveis. Para garantir que os riscos económicos e financeiros são controlados e que os rácios de ROI e ROA são obtidos de forma sustentada, torna-se necessária gerir os ativos de forma otimizada tendo em conta todo o ciclo de vida. As normas ISO 5500x:2014, que são as referências atuais na definição de Asset Management para ativos físicos, são muito claras ao estabelecer que os objetivos financeiros na gestão de ativos físicos devem estar alinhados com os objetivos globais das organizações. A manutenção otimizada dos ativos, a partir da utilização de metodologias estruturadas como o RCM e o RBM, ao garantir a fiabilidade, disponibilidade e segurança operacional ao longo do ciclo de vida dos equipamentos, é uma componente fundamental para o sucesso de uma política de Asset Management. Salienta-se o papel a desempenhar pelo Gestor de Ativos, entidade individual ou coletiva no seio das organizações, que tem que assumir um papel de relevo para o bom desempenho dos ativos ao longo do seu ciclo de vida e de acordo com os objetivos estratégicos dos stakeholders. Podem-se resumir, de forma simplista, os objetivos do Asset Management na atualidade:

1. Aumento das receitas operacionais 2. Reduzir as despesas de funcionamento (OPEX) 3. Reduzir as despesas financeiras (CAPEX) 4. Reduzir os ativos operacionais 5. Aumentar a competitividade das organizações e assegurar a sua rentabilidade máxima

Figura 6: Framework de Asset Management segundo a ISO 55001:2014

Framework de Asset Management segundo a ISO 55001:2014

Framework de Asset Management segundo a ISO 55001:2014

Referências

EAMC/EFNMS (2011), “How organizations manage their physical assets in practice - EFNMS Asset Management Survey 2011”, ed. Kari Komonen (EAMC Chair), available at www.efnms.org. Hastings, N. (2010), “Physical Asset Management”, Springer-Verlag, ISBN 978-1-84882-751-6. Ferreira, L.A. (2011), “Manutenção ou Asset Management: duas faces da mesma moeda?”; Actas do XI Congresso Nacional de Manutenção, Tomar, 10 pág. Life Cycle Engineering, (2014), “Asset Management System Framework: Using Asset Management Capabilities to Create Value. The Keys to an ISO 55000-Compliant System.”, (from: http://www.lce.com/Life_Cycle_Engineerings_Asset_Management_System_Framework_Using_Asset_Management_Capabilities_to_Create_Value_736-item.html, accessed 18.02.2015) Moubray, J. (1997), “Reliability-Centered Maintenance”, Industrial Press. New York, NY. 1997. ISBN 978-0-8311-3146-3 Saltzer, M. (2006), “Achieving World Class Asset Management Performance”, Maintenance & Asset Management, vol. 21, n. 4, pp. 5 – 13 Woodhouse, J. (2006), “Asset Management: concepts and practices”, IMC-2006, (from: http://reliabilityweb.com, accessed 18.02.2015) Normas BS PAS 55-1:2008 – Asset Management – Part 1: Specification for the optimized management of physical assets BS PAS 55-2:2008 – Asset Management – Part 2: Guidelines for the application of PAS 55-1 CEN/TR 15628:2006 (E) – Maintenance – Qualification of maintenance personnel, CEN, Brussels EN 15341:2007 (E) - Maintenance - Maintenance Key Performance Indicators, CEN, Brussels ISO 55000:2014 - Asset management — Overview, principles and terminology ISO 55001:2014 - Asset management — Management systems — Requirements ISO 55002:2014 - Asset management -- Guidelines on the application of ISO 55001