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ANO XXXII - Nº 231 - MARÇO/ABRIL - 2010 A revista da Eletrobras Eletronorte Tucuruí recupera 97% das áreas degradadas correntecontínua

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Ano XXXII - nº 231 - MArço/AbrIl - 2010 A revista da Eletrobras Eletronorte

Tucuruí recupera 97% das áreas degradadas

correntecontínua

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SCN - Quadra 6 - Conjunto A Bloco B - Sala 305 - Entrada Norte 2

CEP: 70.716-901Asa Norte - Brasília - DF.

Fones: (61) 3429 6146/ 6164e-mail: [email protected]

site: www.eletronorte.gov.br

Prêmios 1998/2001/2003

Diretoria Executiva: Diretor-Presidente - Jorge Palmeira - Diretor de Planejamen-to e Engenharia - Adhemar Palocci - Diretor de Produção e Comercialização - Wady Charone - Diretor Econômico-Financeiro - Antonio Barra - Diretor de Gestão Corpo-rativa - Tito Cardoso - Coordenação de Comunicação Empresarial: Isabel Cristina Mo-raes Ferreira - Gerência de Imprensa: Alexandre Accioly - Equipe de Jornalismo: Ale-xandre Accioly (DRT 1342 - DF) - Bruna Maria Netto (DRT 8997 - DF) - Byron de Quevedo (DRT 7566-DF) - César Fechine (DRT 9838-DF) - Érica Neiva (DRT 2347-BA) - Michele Silveira (DRT 11298 - RS) - Assessorias de Comunicação das unida-des regionais - Estagiárias: Camila Marques e Márcia Alvarenga - Fotografia: Alexan-dre Mourão - Roberto Francisco - Rony Ramos - Assessorias de Comunicação das unidades regionais - Revisão: Cleide Passos - Arte gráfica: Jorge Ribeiro - Impres-são: Brasília Artes Gráficas - Tiragem: 10 mil exemplares - Periodicidade: bimestral

Programa refloresta mais de 97% das áreas degradadas com a construção de TucuruíÉrica Neiva

Sobrevoar a Amazônia é se encantar com a exuberância que se manifesta no verde impo-nente. Mas sabemos que a visão aérea e real, infelizmente, não é tão encantadora quanto gostaríamos que fosse. As queimadas, desma-tamentos e construção de empreendimentos trazem impactos ao meio ambiente que refle-tem não apenas no aspecto visual, mas em todo o ecossistema. A construção da Usina Hidrelétrica Tucuruí, tanto na primeira etapa (1976 a 1984), quanto na segunda (1998 a 2006), gerou 401 hectares de áreas degrada-das. “Quando chegávamos de avião em Tucu-ruí, do lado esquerdo do avião tínhamos uma visão que intercalava florestas, pastagens e ter-ras vermelhas sem vegetação”, descreve o ana-lista ambiental da Eletrobras Eletronorte, Bruno Leonelo Payolla (à direita).

Esse quadro começou a ser revertido com a implantação do Programa de Recuperação de Áreas Degradadas – Prad, que a Eletrobras Ele-tronorte implantou com o objetivo de recuperar as áreas de extração de materiais naturais de

construção, isto é, locais dos quais foram reti-rados substratos como argila, terra, cascalho e areia para a construção de Tucuruí. Durante a segunda etapa, a utilização de áreas foi acom-panhada pelo Programa desde o início, para o controle da abertura e ex-tração dos solos, e a im-plantação das propostas para diminuir os impactos e facilitar a recuperação.

De acordo com Bruno Payolla, “com as ativi-dades de construção da segunda etapa foi neces-sário obter a licença de operação para a primeira casa de força e a licença de instalação da segunda casa, além de serem lis-tados alguns programas que deviam ser desenvol-vidos para a concessão das licenças, entre eles o de recuperação de áreas degradadas”.

MEIO AMBIENTEPrograma refloresta mais de 97% das áreas degradadas com a construção de TucuruíPágina 3

TECNOLOGIAEnsaios para a sustentabilidadePágina 11

GERAÇÃOEnergia do futuro: balanço energético aponta para o uso de energias renováveisPágina 19

CORRENTE ALTERNADAParcerias de energiaPágina 30

CORREIO CONTÍNUOPágina 42

FOTOLEGENDAPágina 43

CIRCUITO INTERNOTotal Productive Maintenance ou ‘Todos Podemos Mais’Página 24

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ENERGIA ATIVAMacrozoneamento da Amazônia Legal: planejamento integrado para o desenvolvimento integralPágina 34

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O Prad - consolidado e apresentado à Se-cretaria de Estado de Meio Ambiente do Pará - Sema, por ocasião da solicitação da licença de instalação em 1999 e efetivado a partir de 2001 -, contemplou nove áreas remanescentes situadas à margem esquerda do reservatório, e à margem direita a jusante da barragem. Entre 1999 e 2008 foram plantados 304 hectares, fal-tando apenas sete para serem recuperados, ou seja, mais de 97% das áreas foram reflorestadas e estão readquirindo suas funções ecológicas.

Passivo - A metodologia usada na recupera-

ção das áreas foi estabelecida em parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

O professor da Instituição, Ricardo Valcarcel, esteve à frente do processo como consultor e fez os primeiros estudos que antecederam a implantação do Programa. “Quando chegamos ao empreendimento, fizemos o diagnóstico e percebemos que as ações não eram concre-tas. Foi aí que surgiu a ideia de fazer o plano. Em 1998 iniciamos as visitas, levantamentos, avaliação real da situação da região e geramos um documento que é a base do plano de recu-peração de áreas degradadas em Tucuruí”, diz Valcarcel.

A recuperação das áreas da primeira e se-gunda fases de construção da Usina aconteceu quase de forma concomitante. “O empreendi-mento, para ser sustentável ambientalmente e não trazer passivos para a região, tem de con-cluir as ações ambientais em conjunto com a execução da obra, pois se deixar para depois não tem ninguém para recuperar, não tem di-nheiro, não tem estrutura. Então, o nosso gran-de desafio em Tucuruí foi tentar fazer a recupe-ração do passivo ambiental referente às obras da primeira fase da Usina e não deixar que esse passivo acontecesse na segunda fase”, esclare-ce o consultor.

Na fase de estudos foram identificados os pontos onde o ecossistema tinha um pouco mais de resistência e criou-se um núcleo de resiliência, isto é, uma área com característi-

cas específicas em que a vegetação pode se sustentar formando pequenas ilhas, num am-biente um pouco melhor para a planta. Depois, as ilhas foram sendo conectadas até forma-rem uma floresta e, em função desse núcleo, desenvolveu-se uma série de tecnologias para aumentar a sua eficiência, com a expectativa de que a própria natureza colaborasse na re-cuperação.

“Durante a recuperação foram construídas florestas, obviamente não iguais às remanes-centes que demoraram milhões de anos para serem formadas, mas, provavelmente, elas vão ser muito parecidas com essas florestas da re-

gião num prazo de 50 anos. Priorizamos traba-lhar com as áreas que teríamos menos dificul-dades, numa aposta de que se recuperariam interligando-se e acabariam, num determinado tempo, cobrindo as outras áreas mais difíceis. A própria natureza colaboraria no processo”, analisa Valcarcel (ao lado).

Os indicadores de acompanhamento das ações foram estabelecidos em função da área ocupada, dos ninhos de pássaros que começa-ram a aparecer, do tipo de fauna. Havia parce-las permanentes onde se faziam o levantamen-to do crescimento das espécies introduzidas e o registro das espécies novas que surgiram em função da oferta adicional de propriedades

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Nas imagens de antes e depois é nítido o reflorestamento Aos poucos, a floresta vai recuperando o seu espaço

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Cobertura com leguminosas

ajuda a recuperação,

inclusive em áreas rochosas

emergentes como umidade, sombra e matéria orgânica, criando condições para que outras espécies mais exigentes pudessem se estabe-lecer de forma espontânea.

Para Ricardo Valcarcel ficou muito claro que se não houvesse a intervenção bastante aguça-da e criteriosa do homem para reverter o quadro inicial, a área provavelmente não se estabiliza-ria durante três gerações. “As chuvas são muito intensas, os solos bastante impermeáveis e o processo erosivo é contínuo. Percebemos que se não houver uma intervenção sábia, cuidado-sa e com muito critério, provavelmente a pró-pria vegetação que coloniza a área e começa a ocupá-la após uma estiagem, passa a ser vítima da erosão que vai dilacerando as raízes”.

O Prad tem muita importância, pois mostrou que é viável recuperar mesmo em grandes em-

e manutenção dos plantios. “O acompanha-mento de sobrevivência e desenvolvimento das espécies é feito por meio de parcelas de monitoramento. Cada parcela de 40 m por 40 m é lançada aleatoriamente, uma a cada dez hectares implantados. Durante os meses de maio e novembro são realizadas as medições e feitas as análises. As espécies encontradas são identificadas e em caso de dúvidas, o material é enviado para o Museu Paraense Emílio Goeldi, para identificação e catalogação”, explica Zan-donadi (acima).

Para a implantação do Programa foi cons-truído, em 2000, um viveiro florestal com ca-pacidade de produção de até 300 mil mudas por ano e produção de 10 mil m³ de com-posto orgânico, produzido a partir dos restos vegetais do corte da grama, esterco bovino e adubo químico. A produção foi realizada em tubetes, recipiente utilizado para a produção de plantas em viveiro, e em sacos plásticos. Ao longo de cinco anos utilizaram-se 110 es-pécies florestais e 12 leguminosas rasteiras e arbustivas. Para cada muda florestal plantada, duas sementes de leguminosas como mucu-na, pueraria, calopogonio, xique-xique, feijão guandu, feijão de porco e anileira eram seme-adas. Procurou-se estabelecer uma composi-ção que contivesse 40% de espécies rústicas e pioneiras, 30% do espécies frutíferas e 30% de espécies madeireiras, de modo que nenhu-ma espécie concorresse com mais 5% ao final do povoamento.

Segundo Zandonadi, “algumas espécies pio-neiras e rústicas - embaúba, morototó, visguei-ro, lacre, algodão bravo e mandiocão, foram pouco testadas, por dificuldade de obtenção de sementes ou de germinação. Entre as espé-cies rústicas e pioneiras as que apresentaram

preendimentos, geradores de muitos passivos, pois existem formas práticas, objetivas e hones-tas de se fazer o trabalho. No Brasil há muitos programas ambientais que são feitos apenas para se atender a uma exigência legal. Nesse sentido, o Programa é um modelo a ser divulga-do e aproveitado em outros empreendimentos na Amazônia.

Metodologia - O método de reflorestamen-to adotado foi o de almofadas. Após a abertura de covas com 40 cm de largura por 40 cm de profundidade, de modo manual ou com uso de equipamentos como retroescavadeira ou broca, as cavidades foram preenchidas com um composto orgânico disposto em sacos de aniagem. Sobre o solo foi realizado o plantio de uma muda florestal e semeadas duas semen-

tes de leguminosas. Após o plantio realizou-se entre quatro e cinco roçagens, sendo duas no primeiro ano e outra a cada ano, com a retirada de cipós.

O processo de recuperação baseou-se nas diferentes características das áreas, reflexo da intensidade da retirada dos substratos e do relevo para as obras da Usina. As áreas en-crostadas caracterizam-se pela presença dos horizontes mais inferiores do perfil de solo, e apresentaram os maiores impedimentos físicos à recuperação, representando 20% do total im-plantado.

O engenheiro ambiental da Eletrobras Ele-tronorte, José Emidio Zandonadi, iniciou os tra-balhos no Programa de Recuperação de Áreas Degradadas em abril de 2001. São quase dez anos coordenando a equipe de implantação

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Equipe do Prad:

cuidando desde o

cultivo das mudas...

o sucesso das ações. Posso afirmar que hoje a Eletrobras Eletronorte detém a melhor meto-dologia para recuperação de áreas degradadas pela construção de barragens ou exploração mineral na Amazônia. E muito me engrandece ter participado desse processo. De 2010 a 2012 estaremos implantando o Prad do Sistema de Transposição do Desnível da Usina Hidrelétri-ca Tucuruí – eclusas. Serão 60 ha recuperados dentro das melhores técnicas conservacionis-tas”, destaca Zandonadi.

Etapas de construção – Durante a constru-ção da primeira etapa da Hidrelétrica Tucu-ruí não havia a experiência adquirida com o programa de recuperação, iniciado em 1999.

melhores resultados foram: a canfístula, palhe-teira, favão, favinha, sabiá, cássia australiana, lacre, breu, farinha-seca, sete-cascas, grão de bode e mata-pasto; das espécies frutíferas, so-bressaíram o caju, goiaba, manga, ingá e muri-ci; das espécies madeireiras, o paricá, tamboril, eucalipto e o ipê-amarelo.

Toda a equipe envolvida constituída por en-genheiros, técnicos, encarregados e pessoal de apoio, num total de 30 pessoas, foi treinada na metodologia a ser aplicada. Também os fun-cionários da empresa contratada para execu-ção do Programa receberam treinamento que versou sobre a coleta de sementes, produção de mudas e de composto orgânico e plantio das mudas.

Com a implantação de abrigos de madeira para a avifauna e de rocha para a fauna, pôde-se notar que, tanto animais de pequeno como os de grande porte, como onça, tatu, quati, macacos e capivara voltaram a frequentar as áreas degradadas. Alguns répteis, como co-bras e lagartos, já são comuns no local. Com o plantio de espécies frutíferas, a presença da avifauna é abundante (sanhaço, tucanos, saíra, bem-te-vi, rolinhas, tizius, curiós, entre outros). A presença de animais e aves aumentou bas-tante a presença de espécies vegetais trazidas de fora das áreas.

“Minha experiência anterior na área de re-florestamento muito contribuiu para o sucesso da implantação do Prad. Além disso, o conhe-cimento da realidade amazônica - espécies florestais, pluviometria, solos -, colaborou para

“São dois conjuntos e dois tipos de ações dis-tintas envolvendo as áreas que foram aban-donadas na primeira etapa sem nenhuma ação, apenas os processos naturais tentando recompor as áreas, onde o solo retirado foi jogado fora e a área ficou descoberta por 15 anos. Na segunda etapa foram estudadas a localização dessas áreas, o que seria ex-traído ou depositado e as ações foram feitas imediatamente. Isso ajudou na contenção de processos erosivos. Hoje, após a liberação da área, colocamos o material orgânico de volta, reafeiçoamos o relevo e adequamos as saídas de água. Nas áreas em que existiam blocos de rocha reunimos e fizemos ilhas. A função da ilha é começar a recuperação. A área da segunda fase era menor, os processos foram adequados e em um ano já tínhamos uma ótima cobertura vegetal. Estamos trabalhan-do até hoje nas áreas da primeira fase, pois foi extraída uma quantidade maior de solo”, explica o coordenador técnico do Prad, Bru-no Payolla.

Segundo ele, “no início, quando as pes-soas iam explorar e encontravam uma argila de boa qualidade, iam fundo na área, pega-

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...até o plantio e o acompanhamento ano a ano do crescimento

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vam todas as pedras e jogavam fora o solo que não interessava. Na segunda obra, per-cebemos que as pedras constituíam abrigo de fauna. Na área descampada entravam morcegos, pássaros, lagartos e coelhos para se protegerem dos predadores. Esses ani-mais acabam fazendo dispersão de semen-tes. Assim, ao redor das pedras passaram a surgir florestas. Ordenamos a colocação das pedras, a deposição em tempo real da reti-rada de matéria orgânica de uma área que está em abertura para uma em fechamento. Houve esse acoplamento. Até então era reti-rada toda a matéria orgânica, colocada num depósito temporário e depois de umas duas chuvas todo esse material orgânico, que tem interesse para a floresta, já estava lavado, só sobravam pedras”.

O objetivo do Programa foi recompor as áre-as ou pelo menos dar condições iniciais para

César Fechine

Cheiros, cores e sabores mil são encontrados diariamente no mercado Ver-o-Peso, o embrião da cidade de Belém, no Pará. O mercado, um dos pontos turísticos mais visitados da capital, surgiu há 383 anos como um posto alfandegário com o nome de “A Casa do Haver-o-Peso”, onde era feita a fiscalização dos produtos comercializa-dos. O local cresceu e tornou-se hoje um imenso complexo onde se encontram todas as delícias típicas e representativas da cultura paraense.

O tempo, a umidade, o sol forte e o calor da Amazônia causaram, entretanto, corrosão na estrutura do Mercado de Ferro do Ver-o-Peso (abaixo), que integra o complexo. E o Centro de

Ensaios para a sustentabilidade

Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, que possui entre as suas atribuições o desenvolvimento de ensaios, testes, medições e análise em equipa-mentos, instrumentos e materiais, foi chamado a contribuir para resolver o problema. “Nós fomos contatados pela prefeitura de Belém para fazer a inspeção da estrutura do Mercado e auxiliar na restauração e recuperação do prédio”, infor-ma Francisco Roberto Reis França, gerente do Centro (ver box).

O trabalho está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Ensaios de Corrosão e Eletroquí-mica, que realiza pesquisas em equipamentos materiais e instalações, presta assessoria na implantação de ações corretivas e preventivas necessárias ao controle da corrosão, além de es-

Centro de Tecnologia garante a qualidade das instalações e equipamentos

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que elas pudessem, depois, prosseguir na sua recuperação. Com o tempo, o próprio ecossis-tema começou a se recompor em termos de fauna, vegetação e solo. “Degradamos a área por uma ação ligada ao empreendimento e precisamos recuperá-la. Hoje, o Setor Elétrico tem o conhecimento de como explorar as áre-as para que a degradação não ocorra de ma-neira descontrolada, impactando ainda mais os processos naturais e demandando mais recursos para a recuperação. A recuperação nunca é integral, uma vez que o ecossistema demora milhões de anos para ser reconstruí-do. Precisamos, sim, criar condições para que o ecossistema se autodesenvolva e, ao longo do tempo, possa se chegar ao pretendido”, destaca Bruno.

É importante destacar que atividades desen-volvidas no entorno das áreas, tais como pecu-ária, agricultura e carvoarias podem prejudicar o processo de recuperação devido às queima-das e a entrada do gado nas áreas.

Ações futuras - Até agosto de 2011 deve terminar a implantação do Programa de Re-cuperação de Áreas Degradadas. Serão plan-tados os sete hectares restantes e nas outras áreas vão ser utilizadas operações de limpeza, poda e retirada de cipós. A prevenção, controle e combate a incêndio serão constantes, sobre-tudo no verão. Nos próximos dois anos haverá continuidade do monitoramento dos povoa-mentos implantados (fotos), realizando-se as medições das parcelas de acompanhamento duas vezes ao ano e um levantamento geral anualmente, com a produção de relatórios de acompanhamento.

A coleta de sementes para formação de um estoque para futuro uso na Empresa continua a ser realizada, principalmente das espécies legu-minosas, difíceis de se conseguir no mercado.

Foto: Antônio Silva

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Termovisãoidentifica pontos quentes em equipamentos de alta tensão

pecificar planos de pintura para as instalações da Empresa. “Há estudos que mostram que 3,5% do PIB no Brasil é gasto com problemas cau-sados por corrosão. Grande parte desse custo poderia ser evitada se fossem utilizadas técnicas já conhecidas de prevenção à corrosão”, expli-

ca o engenheiro químico Fernando Azevedo (à es-querda).

“Nosso Laboratório é uma novidade na Empre-sa. Nós sempre trabalha-mos a corrosão mais na forma empírica, mas, hoje, temos como pesquisá-la e saber como se propaga por metais diversos, cha-pas, tubos, cabos, estru-turas galvanizadas, tintas e vernizes e como fazer a prevenção”, diz Azevedo.

O Laboratório possui três câmaras para a realização de ensaios que simulam a ação da chuva, névoa salina, umidade e raios ultravioletas emitidos pelo sol no processo de corrosão de estruturas metálicas, polímeros e na tinta que reveste as estruturas, entre outros materiais. As amostras são inseridas nas câmaras e testadas.

Um importante trabalho também está sendo feito na análise do sistema de refrigeração da Usina Hidrelétrica Tucuruí, que sofre um pro-cesso de corrosão causado pela água do Rio Tocantins que passa pelas unidades geradoras. “A partir desses ensaios, podemos determinar se um sistema de pintura vai ser mais eficiente ou se um material vai ser mais resistente do que

outro , acrescenta a engenheira química Regina Amaral (acima).

Como resultado da inspeção no Mercado de Ferro, um manual deverá ser editado com os procedimentos para que a Prefeitura de Belém e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan possam recuperar as estruturas de ferro de outros monumentos da cidade.

Termovisão - O trabalho desenvolvido no Mercado de Ferro é apenas uma das atividades realizadas pelo Centro de Tecnologia, que presta vários outros serviços e não para de investir em novas metodologias e procedimentos para evitar a parada de equipamentos, pois, no negócio de energia elétrica, tempo também é dinheiro. E muito.

Para detectar problemas sérios que podem danificar equipamentos e prejudicar a continui-dade operacional do fornecimento de energia, a técnica da termovisão, que consiste na iden-tificação de pontos quentes em equipamentos de alta tensão, é utilizada pelo Laboratório de Ensaios Elétricos Especiais.

A termovisão é utilizada para fazer a medição da temperatura externa em para-raios e outros equipamentos. “Nós detectamos em nosso sis-tema que havia uma discrepância nos valores de temperatura nos cabos para-raios e a Em-presa precisava de um parecer técnico sobre as condições desses equipamentos. Entramos em contato com a Eletrobras Cepel, que desenvolveu técnica utilizada na Light, fizemos uma parceria para absorver esse conhecimento e incremen-tamos algumas melhorias e modificações para fazer a análise nesses equipamentos”, explica o técnico de engenharia Manuel Joaquim da Silva Oliveira (abaixo).

Os técnicos, que utilizam a termovisão e a medição da corrente de fuga para dar o diagnóstico dos para-raios, vão passar a fazer

também, em breve, a medição de descargas parciais. “A termovisão verifica o aquecimento do equipamento, a corrente de fuga analisa as condições de deterioração e as descargas parciais vão detectar as verdadeiras condições das pastilhas ou dos blocos dos para-raios”, diz o engenheiro de manutenção elétrica, Júlio Sa-lheb. Essas medições resultaram recentemente na retirada de 14 para-raios do sistema elétrico do Pará e de dois em Tucuruí.

Outro importante trabalho realizado no La-boratório é verificar as condições das malhas de aterramento, que muitas vezes precisam ser interligadas a novos equipamentos para atender ao crescimento da demanda por energia elétri-ca. “Isso faz com que a malha de aterramento antiga seja conectada com uma nova, criando um problema na hora da interligação, porque o material já corroído será conectado a um cabo novo de cobre”, declara Manuel Joaquim.

Para interligar essas malhas é preciso fazer a decapagem química do material, de modo

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que os cabos possam ter condições de ser emendados. Quando isso não é feito podem ser criadas diferenças perigosas de potencial dentro da malha, gerando tensões críticas para as pessoas que fazem a manutenção e para os equipamentos.

A energização de novas subestações é outra questão que merece cuidados. “Houve um caso em que um para-raios estava ‘enterrado’ e não ‘aterrado’, ou seja, o cabo de aterramento não estava conectado efetivamente com a malha de terra, gerando um problema sério de falta de segurança no sistema”, cita Manuel.

Para evitar esse tipo de problema foi elabora-do um método para fazer essas verificações por

Os clientes do Centro de Tecnologia da Eletrobras Ele-tronorte são todas as unidades da Empresa que possuem ins-talações de geração de energia elétrica e transmissão, unidades de planejamento e controle. Em razão da inexistência na Região Norte de laboratórios similares aos do Centro de Tecnologia, diferentes empresas procuram os seus serviços, especialmente os do Laboratório de Calibração, acreditado pelo Inmetro e onde se aplica a norma de Gestão da Qualidade NBR 17.025, exclu-siva para laboratórios de ensaio e calibração.

A prestação de serviços a clientes externos possibilita às empresas da região a obtenção da certificação ISO 9000, que exige a calibração de instrumen-tos utilizados em seus processos, consolidando a imagem de exce-lência da Eletrobras Eletronorte em pesquisa, ensaios e calibra-ção, além de contribuir para consolidar o conceito de Empresa comprometida com o desenvolvimento socioambiental.

Um dos clientes é a empresa Alumínio Brasileiro S/A – Al-bras, companhia brasileira reconhecida em todo o mundo pela

Custo e qualidade

Os ensaios de óleos isolantes dos cerca de 60 transforma-dores da Albras são um dos serviços prestados pelo Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, bem como ensaios em equipamentos de segurança, como bastões de manobra, luvas, botas, além da calibração de equipamentos. A aplica-ção de técnicas de emissão acústica para o diagnóstico não invasivo de transformadores de potência e vasos de pressão é outro interesse recente da Albras.

Cecim afirma que a parceria com a Eletrobras Eletro-norte é uma questão de custo e de qualidade. “Podemos dispor desses serviços de alto nível aqui no Norte. Se tivéssemos que buscar esses serviços tão necessários em laboratórios no Sudeste, os nossos custos seriam muito maiores. E talvez não conseguíssemos a mesma qualidade, porque enviar amostra para análise numa distância muito longa pode causar problemas de perda ou extravio.”

A Oyamota do Brasil S/A, indústria metalúrgica que há quase 30 anos trabalha na fa-bricação e montagem de estru-turas metálicas, equipamentos, caldeiras e usinas para agroin-dústria, metalúrgica, indústria química e alimentícia, e nos setores de mineração, energia e biodiesel, é outro cliente do Centro de Tecnologia.

“Os equipamentos inerentes ao processo e os instrumentos como paquímetros, microme-tros e outros, que interferem diretamente na qualidade da produção, precisam ser cali-brados periodicamente, o que é feito aqui mesmo, facilitando, sobretudo, a logística”, afirma Janaína Helena Silva, gerente da Qualidade da Oyamota.

A Oyamota também utiliza os serviços do Laboratório de Ensaios de Corrosão e Eletroquí-mica no controle do processo de pintura de estruturas metálicas.

“Nós obedecemos à norma ISO 9001 e os laboratórios da Eletrobras Eletronorte são todos acreditados junto ao Inmetro, obedecendo os padrões nacionais, o que agrega qualidade ao nosso produto”, acrescenta Janaína (fotos).

qualidade do metal que produz e que possui as certificações internacionais ISO 9001, ISO 14001, OHSAS 18001 e SA 8000 por seus sistemas de gestão da qualidade, ambiental, saúde e segurança ocupacional e responsabilidade social. A companhia atingiu, em 2009, uma produção de mais de 449 mil toneladas de alumínio, com um faturamento superior a R$ 1,4 bilhão.

É uma indústria eletrointensiva que utiliza a energia elé-trica como um dos insumos principais. “A Albras consome aproximadamente 1,7% de toda a energia produzida no País e possui grandes instalações elétricas para as quais são necessários diversos tipos de serviço de acompanhamento. Por meio de análises em laboratório é feito, por exemplo, o monitoramento das condições das buchas de transforma-dores de 230 kV”, diz o engenheiro eletricista Pedro Paulo Cecim de Souza, gerente de Manutenção de Subestação da Albras (fotos).

meio de instrumentos e parâmetros, medindo a tensão, a resistência e a frequência. “Nós injetamos uma corrente no solo e verificamos que resistências altas com frequências elevadas são indícios de má conexão ou interrupção”, explica Manuel.

O Laboratório também realiza medições relativas à qualidade de energia. Na área de dis-tribuição da Eletrobras Distribuição Amazonas, um dos clientes da Empresa, houve o caso de fábricas que acionaram a Justiça em ações que somavam R$ 12 milhões, alegando que os níveis de tensão não estavam em conformidade com os parâmetros estabelecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica – Aneel. As medições reali-

zadas pelos técnicos da Eletrobras Eletronorte comprovaram a qualidade da energia.

Acústica - Os transformadores são alguns dos equipamentos mais importantes do sistema elétrico e interrupções não programadas podem gerar grandes transtornos e enormes prejuízos financeiros. A única forma de evitar paradas inesperadas por defeitos de qualquer natureza nesses equipamentos é ter uma boa estratégia de manutenção.

Um tipo de defeito que merece bastante atenção por se desenvolver silenciosamente e ser capaz de produzir uma interrupção inesperada no transformador é a descarga parcial. Trata-se

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Foto: Nildo Baia

Foto: Anderson Nogueira

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de um problema no sistema de isolamento, que se manifesta através de minúsculos arcos elétricos no interior do equipa-mento, causando sua degrada-ção e podendo culminar com a falha completa e até com a destruição do equipamento.

Entre as diferentes formas de medição de descargas parciais em transformado-res destaca-se a técnica de emissão acústica, realizada pelo Laboratório de Ensaios e Calibração Mecânica do Centro de Tecnologia da Eletrobras

Eletronorte. Por meio dessa técnica, é possível captar sinais acústicos emitidos pelas descargas dentro do transformador e conhecer o local onde o defeito está se desenvolvendo.

O Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte está instalado num terreno onde funcionou, até 1980, a Usina Térmica Miramar, a primeira usina de geração de energia elétrica de grande porte implantada em Belém do Pará. Em amplas e mo-dernas instalações, o Centro de Tecnologia dispõe de uma área construída de 15 mil m² e abriga 17 laboratórios, além do auditório Engenheiro Jorge Nassar Palmeira, com capacidade para 250 pessoas. Os cerca de 80 colaboradores do Centro de Tecnologia possuem as mais variadas formações, entre engenheiros químicos, mecânicos e elétricos, que procu-ram aplicar o seu conhecimento na manutenção preventiva e no desenvolvimento de novos produtos e processos que auxiliam na busca da excelência empresarial. Nesta entrevista, o gerente do Centro de Tecnologia da Eletrobras Eletronorte, Francisco Rober-to Reis França (foto), fala sobre o trabalho que está sendo feito para disponibilizar soluções de energia elétrica com excelência para o desenvolvimento da Amazônia e do Brasil.

Quando surgiu a necessidade do auxílio de laboratórios no processo produtivo de energia elétrica?Ao final de 1981, a Eletronorte inaugurou o sistema de trans-

missão de energia elétrica associado à Usina Hidrelétrica Tucuruí,

com as primeiras linhas de transmissão e subestações em 500 kV da Amazônia. Naquela época, a direção da Em-presa criou o Laboratório Central da Eletronorte – Lacen. Agregou os laboratórios e toda a estrutura de instrumentos de testes necessários a operar e manter o novo sistema de transmissão. Criou também novos laboratórios, como o de ensaios mecânicos, e ampliou o laboratório físico-químico que passou, também, a realizar ensaios em óleo mineral isolante e outros necessários ao perfeito funcionamento dos equipamentos das subestações e linhas de transmissão.

Como a pesquisa e desenvolvimento auxiliam na sustentabilidade empresarial?O processo evolutivo e a demanda por laboratórios con-

tinuaram a ser crescentes, especialmente com a atenção que as empresas de todos os ramos de atividades passaram a dar ao homem e ao meio ambiente, além de consolidar o entendimento que conhecimento tecnológico é estratégico para a competição que se estabeleceu nas últimas décadas. A estratégica decisão da Empresa pela criação de novos laboratórios também está associada ao entendimento de que pesquisa e desenvolvimento são fundamentais para a sustentabilidade das empresas modernas, o que pressupõe a adequada gestão econômico-financeira, ambiental e a responsabilidade social.

Qual a importância da realização de ensaios, por exemplo, no tratamento de efluentes?A realização de ensaios físico-químicos de água e

efluentes é fundamental para o controle ambiental e para

determinação de ações de prevenção e mitigação. Esses ensaios são de extrema importância para a Eletrobras Eletronorte atender à legislação do Conselho Nacional do Meio Ambiente, que trata do lançamento e tratamento de efluentes. Nós também ministramos treinamentos nas usi-nas e subestações para orientar os operadores na coleta de amostras e ações preventivas e fornecemos os laudos e estudos necessários à obtenção das licenças operacionais das instalações de geração e transmissão.

Que tipos de pesquisa estão sendo desenvolvidos?As linhas de pesquisa de maior interesse do Centro de Tec-

nologia que originaram projetos de P&D, conforme legislação em vigor e sob controle da Aneel, têm sido voltados às técnicas de manutenção preditiva aplicadas à melhoria da performance dos equipamentos de geração e transmissão. A própria busca pela melhoria no desempenho de equipamentos, o impacto e ações de mitigação ao meio ambiente, a energia renovável, o desenvolvimento de sensores, a fibra óptica e a automação de sistemas também estão entre as nossas prioridades.

Quais as principais normas e diretrizes seguidas pelo Centro de Tecnologia?A atuação do Centro de Tecnologia está pautada por

seguir rigidamente a norma ABNT 17.025, de controle de qualidade de laboratórios, o que tem garantido acesso contínuo às diretrizes do Inmetro. Somos a única instituição do Estado do Pará acreditada junto àquele órgão.

Como se dá a parceria do Centro de Tecnologia com outras instituições?Todas as propostas de atuação do Centro de Tecnologia da

Eletrobras Eletronorte têm sido elaboradas em parceria com o

Tecnologia, a base da excelência empresarial Centro de Pesquisas de Energia Elétrica – Cepel, da Eletrobras, que inclusive treina os colaboradores em tecnologias de ensaio, como as que estão sendo utilizadas no Laboratório de Alta Ten-são que brevemente será inaugurado. Mas nós somos parceiros de outras instituições públicas e privadas, além de universidades e do próprio Inmetro. O Centro de Tecnologia também participa da Rede de Laboratórios do Sistema Eletrobras – Relase, com a incumbência de coordenar esse fórum que reúne especialistas de todas as empresas.

Quais as novas metodologias utilizadas para o suporte à manutenção de equipamentos?Estamos atualizando tecnologicamente a Empresa, com

novos laboratórios, ensaios em para-raios, ensaios de corrosão, ultrassom, todas são novas metodologias utilizadas. Nós temos feito, por exemplo, ensaios sobre as condições dos estais das torres em Tucuruí. Também está sendo estudado o sistema de refrigeração da Usina. O aterramento é outro ponto importante que tem merecido estudos, porque há o aspecto da segurança de pessoas, dos equipamentos, da transmissão de energia e o custo dos equipamentos.

Finalizando, como ocorreu a criação de um infocentro no Centro de Tecnologia?Os moradores do Bairro do Barreiro, vizinhos aqui do Centro,

precisavam de um local que oferecesse a capacitação digital, a edição de textos e arquivos, o acesso à internet e aos serviços disponíveis na rede mundial de computadores. Em parceria com o Governo do Estado do Pará, criamos esse infocentro com 50 computadores, que faz parte das ações do programa NavegaPará, possibilitando a inclusão social e a democratização do acesso à informação digital por meio da rede de fibras óticas das linhas de transmissão da Eletrobras Eletronorte.

Os principais parâmetros utilizados na medi-ção acústica realizada em transformadores são os registros dos sensores, o tempo do ensaio e a amplitude do sinal. “O equipamen-to utiliza 24 sensores, sendo 23 instalados no transformador e um sensor em algum painel próximo, chamado sensor de chuva”, explica o engenheiro de manutenção ele-trônica André França (à esquerda). Aproximadamente 70 ensaios de emissão acústica já foram realiza-dos em transformadores e reatores da Empresa.

A análise das informações co-letadas pelos sensores permite localizar os possíveis defeitos de origem elétrica (descargas parciais ou arcos elétricos) ou de origem mecânica (peças frouxas). “A associa-ção da medição acústica à análise química do

óleo isolante e a ensaios mecânicos de medição da vibração permite o diagnóstico preciso das condições do transformador e tende a diminuir o tempo de parada, o que traz retorno de dispo-nibilidade de operação do equipamento para o Operador Nacional do Sistema Elétrico – ONS”, acrescenta o engenheiro de manutenção elétri-ca, Fernando Brasil (à esquerda).

Química - Como único laboratório na Região Norte a fazer as análises voltadas para o Setor Elétrico, o Centro de Tecnologia também recebe demandas de serviços que não são oferecidos pelo mercado local, como a análise de óleo. “Como grandes clientes nós temos a Albras, Alunorte, Vale e Alumar, que possuem suas pró-prias subestações nas instalações industriais, e calibramos, por exemplo, os padrões de energia da Celpa”, relata Oswaldo Gonçalves (à direita), gerente da Divisão de Serviços Tecnológicos.

Para a análise do óleo isolante, a principal técnica utilizada é a gascromatografia, que detecta os gases emitidos durante as descar-gas que ocorrem dentro do transformador. Para o óleo lubrificante, utilizado em máquinas rotativas das usinas hidre-létricas e térmicas, a técnica utilizada é a de ensaio de metais para detectar a presença de partículas minúsculas que possam ser resultado de desgaste durante a operação.

O relatório de atividades referente a 2009 mostra que o Laboratório de Ensaios em Isolantes, Lubrificantes e Combustíveis do Centro de Tecnologia realizou análises em 5.566 amostras, entre óleos isolantes, lubrificantes e combustíveis. “Desse total, 4.456 amostras são de equipamentos de instalações da Eletronorte, além da Sede, que solicita ensaios de inspeção

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Energia do futuro: balanço energético aponta para o uso de energias renováveis

Bruna Maria Netto

Engana-se quem pensa que uma das mais importantes ferramentas do Setor Elétrico seja algum produto da engenharia de última geração. Veiculado anualmente, o Balanço Energético Na-cional, de competência da Empresa de Pesquisa Energética – EPE, faz um mapeamento das ofer-tas e demandas das inúmeras fontes de energia elétrica, sendo fundamental para atividades de planejamento e acompanhamento das empresas do setor energético nacional.

O Balanço é produto de extensa pesquisa e constitui-se, na verdade, em ampla e sistema-tizada base de dados energéticos, anualmente atualizada e sendo fonte de pesquisa para vários atores, inclusive os estrangeiros. Ele é formulado a partir do potencial energético nacional, que contabiliza o potencial do setor de petróleo e gás natural, hidrelétrico inventariado, eólico inventa-riado, carvão mineral e de biomassa (cana-de-açúcar e outras fontes), assim como a lenha.

“Ele é fundamental para os estudos do plane-jamento energético nacional e tem se mostrado ferramenta de especial interesse para os setores produtivos e acadêmicos do País, à medida que apresenta estatísticas confiáveis, muitas vezes reveladoras de tendências da oferta e do consumo de energia. O Balanço Energético é também referência internacional para os dados de energia do Brasil”, afirma Amílcar Guerreiro, diretor de Estudos Econômico-Energéticos e Ambientais da EPE.

nos fabricantes de equipamentos. Provenientes de clientes externos foram analisadas 1.110 amostras”, informa o analista químico, Maurí-cio Araújo de Lima (ao lado).

Todas estas atividades servem de apoio à manutenção preventiva das instalações e equipamentos. No caso de um único transforma-dor de grande porte, os ensaios dão a certeza de que não é necessária a troca de 30 mil litros de óleo.

Fora o custo evitado, o óleo é enviado para ser regenerado no fornecedor, que aplica aditivo, dando ao produto as mesmas características iniciais e, principalmente, evitando possíveis danos ao meio ambiente.

A preocupação com a análise das estruturas, materiais e equipamentos tem como objetivo principal garantir a qualidade das instalações operadas pela Eletrobras Eletronorte. Segundo o professor Aldo Dutra, assessor especial da Pre-sidência do Inmetro, o trabalho de acreditação dos laboratórios que compõem o Centro de Tec-nologia começou pelo antigo Laboratório Central, com a implantação do sistema da qualidade. “Os primeiros contratos de acreditação foram feitos no laboratório de medidas elétricas, metrologia térmica e laboratório de vibrações, que foi o pri-meiro acreditado no Brasil nessa área. O Centro de Tecnologia possui trabalhos muito adiantados na Região Norte, em particular no Estado do Pará, suprindo as deficiências locais e regionais, com laboratórios muito bem equipados e pessoal altamente qualificado.” O trabalho em campo também é fundamental

Painéis solares são

testados antes de

atender a pequenas

comunidades

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No litoral do Rio Grande do Norte, o primeiro empreendimento eólico da Eletrobras Eletronorte

A edição de 2009 refere-se a dados conso-lidados de 2008. Assim, a próxima edição de 2010 com dados de 2009, certamente refletirá a queda do consumo de energia devida ao contexto econômico-financeiro do País, um ano marcado pela crise financeira internacional. “O consumo de energia caiu, principalmente na indústria e naquelas empresas voltadas para a exportação”, explica Amílcar (acima). Ele res-salta que houve aumento da participação das energias renováveis, que atingiram a proporção de 47,3%. “Isso se deve ao avanço do etanol e à maior produção hidrelétrica, aproveitando as condições hidrológicas favoráveis. Além disso, consolidou-se a autossuficiência brasileira em petróleo, quando foram produzidos, em média, cerca de dois milhões de barris diários de óleo cru para um consumo de 1,8 milhão”.

Energia limpa e abundante - Os dados de consumo denotam um cenário energético nacional favo-rável não só para os empresários e investidores como também para os consumidores. Amílcar recorda que as estatísticas mostram uma ten-dência de energia barata, limpa e abundante, que ajudará tanto aque-les que demandam pouca energia, como o consumidor final, quanto as grandes indústrias em cresci-mento. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética,

Maurício Tomalsquim (à esquerda) – em artigo assinado (O Brasil no mundo – Matriz energética e renovável. Revista Princípios – 27/01/2010), “países que almejam desenvolvimento econô-mico e social demandam quantidade crescente

de energia, além de crescerem economicamente com menor impacto ambiental. Economias com melhor posicionamento quanto ao acesso a re-cursos energéticos de baixo impacto ambiental e de baixo custo terão vantagens comparativas significativas”.

Quem corrobora com essa afirmativa é Bruno Campos Barretto (à direita), chefe da Assessoria de Planejamento Estratégico e Desempenho Empresarial da Eletrobras. Ele afirma: “Embora não se des-carte o recurso às termelétricas a gás natural e mesmo a óleo combustível, que conservam papel estratégico na matriz brasileira, tudo indica que

haverá prioridade para as energias limpas e renováveis, fortalecendo inclusive as diretrizes de governo, à medida que o País assume po-sição de protagonista mundial na campanha pelas energias limpas. Continuaremos a liderar o maior programa existente de expansão de geração à base de energia hidráulica, conduzi-do pela Eletrobras, porém complementado por fontes eólicas, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas”.

Acerca dessas novas fontes de energia, Amíl-car lembra que a geração de energia eólica e a partir da biomassa já são realidade no Brasil. Em 2008, de acordo com o Balanço, a capacidade instalada de geração eólica foi de 414.480 kW, um aumento de quase 68% em relação ao ano anterior, e no biodiesel houve um relevante cres-cimento de sua produção, de expressivos 189%.

“A geração de energia a partir dessas fontes já figura entre as disponibilidades com que conta o Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, atendendo, portanto, a várias cidades e regiões do Sistema Interligado Nacional - SIN. Além disso, muitas indústrias empregam a biomassa e outros resíduos industriais há algum tempo”.

Nesse contexto do papel das energias limpas, para a Eletrobras, e também para os consu-midores, “pode-se afirmar com segurança que é bom para ambos”, ressalta Bruno, que completa: “A busca por uma matriz mais limpa, em grande parte renovável, com diminuição dos danos ambientais e baixa emissão de carbono é uma bandeira da sociedade, cada vez mais consciente dos impactos que causamos ao nosso planeta. A visão da Eletrobras, ao propor que ‘em 2020 sejamos o maior sistema empre-

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sarial global de energia limpa, com rentabilidade comparável à das melhores empresas do setor’, incorpora ao plano dos seus negócios esse desejo da sociedade. A concretização dessa plataforma de sustentabilidade empresarial certamente não passará despercebida aos olhos de nossos acionistas e demais partes interessadas”.

Fontes complementares – As novas frentes de trabalho baseiam-se não apenas no Balanço Energético Nacional, mas também no Plano Decenal de Expansão Energética. A edição deste ano ainda não foi divulgada, por estar entrando em regime de consultas públicas já neste semestre. Porém, “o que se sabe é que deverá ocorrer um alinhamento mais forte com o Plano Nacional de Energia – PNE 2030, sina-lizando para a continuidade da dominância da energia hidráulica, porém com redução de sua proporção em favor das demais fontes renová-veis (como biomassa de cana, centrais eólicas e resíduos urbanos, sobretudo) e da expansão da energia nuclear”, diz Bruno.

De acordo com Amílcar, o cenário energético atual revela que oferta e demanda estão em fase de crescimento, seja na área de combustíveis líquidos ou na de eletricidade, o que demonstra a necessidade de um futuro com a presença de novas fontes geradoras. “É o que se depreende dos investimentos na exploração e produção de petróleo e gás natural, na expansão da rede de gás, no aumento da capacidade de refino, no crescimento da produção da biomassa da cana e na sua conversão para etanol e bioeletricidade, bem como na expansão da capacidade instalada para produção de energia elétrica, seja por meio de hidrelétricas, seja por centrais eólicas, como in-dicado no leilão realizado em dezembro último”.

Para acompanhar a mudança no cenário, o Sistema Eletrobras elabora projetos de geração energética de biodiesel e eólicas. De acordo com Bruno, no primeiro leilão exclusivo de energia eó-lica, realizado em dezembro de 2009, Eletrobras Eletronorte, Eletrobras Furnas, Eletrobras Chesf e Eletrobras Eletrosul, participaram com diversas parcerias, formaram o Consórcio Brasil dos Ven-tos e arremataram 328,4 MW, correspondendo a 18% da capacidade negociada (ver box). “O preço médio final da energia, R$148/MWh, proporcionou um deságio de 21,5% em relação ao preço-teto estipulado no edital, demonstran-do a viabilidade comparativa da energia eólica para inclusão de modo substancial na matriz energética brasileira, em complementação à energia hidráulica”.

Jorge Curi Sadi (foto), gerente de Análise Estra-tégica da Expansão da Eletrobras Eletronorte, aponta outros indícios do futuro da energia eólica: “A realização de novos leilões (existem dois já programados para 2010), e os incentivos tributários e fiscais concedidos pelo Governo Federal, poderão contribuir para o aumento da escala dessa fonte gera-dora e para o desenvolvimento da indústria nacional por meio da instalação no Brasil de fabricantes de equipa-mentos. Hoje, existem apenas dois: Wobben e Impsa”. Nesta entrevista, Curi explica os próximos passos da Eletrobras Eletronorte frente à geração eólica.

Desde quando se estuda fazer uso de energia eólica na Empresa? Os primeiros estudos tiveram início em 1996, pelo

Projeto 1258 - Região Norte, que teve a participação da Eletronorte, Cepel e concessionárias estaduais de energia. O objetivo foi levantar o potencial eólico da região amazônica para subsidiar a elaboração do Atlas do Potencial Eólico Brasileiro. O projeto instalou 14 estações anemométricas, sendo seis no Estado do Pará, três no Amapá, três em Roraima e duas no Maranhão, tendo apresentado os melhores resultados o litoral do Pará, com velocidades médias anuais de até 7,5 metros por segundo para as medições nos padrões da época, que eram feitas a 50 m de altura, referência tecnológica dos aerogeradores então exis-tentes. Infelizmente, o elevado custo de implantação, quando comparado com as alternativas convencionais de geração, além dos requisitos mínimos de velocidades médias anuais exigidos para a viabilidade comercial de uma usina eólica terminaram postergando a evolução dos estudos e o desenvolvimento de projetos eólicos na região amazônica.

O que motivou a Eletrobras Eletronorte participar de um leilão de energia eólica? A decisão interna foi da holding Eletrobras, não

só para a diversificação de sua matriz energética, predominantemente hidráulica, mas também para a

Eletrobras Eletronorte investe em energia eólicacapacitação na tecnologia que envolve essa fonte geradora limpa e renovável. Embora tenha participado do leilão de dezembro de 2009, consorciada com a Eletrobras Furnas e dois parceiros privados que detinham as medições de diversos sítios, a Eletrobras Eletronorte pretende desen-volver um projeto próprio para o qual já instalou uma torre e está adquirindo equipamentos de medição para monitoramento de potencial eólico em uma localidade no litoral do Maranhão, também com um parceiro privado. Mas, para o leilão cadastraram-se 441 projetos, totalizando cerca de 13 mil MW, tendo resultado na contratação de 71 empreendimentos e 1.805,7 MW na Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e Sergipe, para entrega a partir de julho de 2012, com vigência contratual de 20 anos. O preço médio de venda foi de R$ 148,39/MWh, com deságio de 21,49% com relação ao preço inicial do leilão, de R$ 189,00/MWh.

Quais os benefícios econômicos e sociais de se trabalhar com energia eólica? Embora ainda não seja extremamente competitiva quan-

do comparada às demais fontes geradoras convencionais, a tecnologia eólica pode vir a apresentar outros benefícios que não os ambientais. De acordo com dados da Ele-trobras/Proinfa, para cada mil MW instalados no Brasil haveria uma geração de cerca de 10 mil empregos diretos e indiretos, se contarmos com as etapas de implantação até a operação dos empreendimentos. Por outro lado, o desenvolvimento da tecnologia no País e o consequente aumento de sua escala na matriz energética nacional poderão trazer a redução nos custos atuais.

Com o lote arrematado pela concessionária na qual a Empresa participa, quantas pessoas serão beneficiadas com essa energia gerada pelo vento? A maior parte da energia vendida em leilões é feita no

chamado Ambiente de Contratação Regulada - ACR, desti-nando-se ao atendimento do Sistema Interligado Nacional - SIN, através do qual os agentes de distribuição recebem a energia para os seus mercados consumidores por meio de contratos de longo prazo firmados com as empresas geradoras. Vale lembrar que o consumo de energia pode refletir tanto o grau de industrialização de um país como o grau de desenvolvimento e bem-estar de sua população. De forma simplificada, pode-se estimar que os 162 MW vendidos no leilão de dezembro de 2009 pelo Consórcio Brasil dos Ventos (Eletronorte/Furnas/Bioenergy/J.Malu-celli) possam suprir cerca de 400 mil habitantes.

É possível prever um futuro promissor para a energia eólica no Brasil? Por quê? Certamente. Embora ainda incipiente em termos de

participação na matriz energética nacional, apenas 0,74% (Aneel/EPE), a decisão do Governo Federal em reverter as críticas por ter “sujado” a mesma matriz através da expressiva participação de termelétricas a óleo combustível nos últimos leilões de energia, em decorrência das dificuldades e atrasos na obtenção das licenças exigidas para os empreendimentos hidrelétricos, vem ao encontro do apelo ambientalmente limpo representado pelas usinas eólicas.

Como fica a relação eólica x hidrelétricas? No caso da energia eólica, podemos destacar uma carac-

terística básica e fundamental em sua consideração como fonte energética: os períodos chuvosos implicam redução nas velocidades médias de vento. Nos últimos dois anos, o regime favorável de chuvas no Brasil refletiu-se positiva-mente na hidrologia e no despacho das usinas hidrelétricas integrantes do SIN, reduzindo consideravelmente a necessi-dade de complementação de geração de energia por meio de fonte térmica. Da mesma forma, as usinas eólicas em operação tiveram sua produção de energia afetada pelo regime de chuvas observado. Nesse sentido, podemos con-siderar que, em termos energéticos, a energia eólica tem a função de complementaridade da energia hidráulica. Essa consideração vem tomando corpo nas decisões do Ministério de Minas e Energia para diversificação da matriz energética brasileira, hoje predominantemente hidráulica, por meio de programas de incentivo à utilização de fontes renováveis, iniciado em 2004 com o Proinfa/Eletrobras.

Quais as principais restrições em um empreendimento eólico?Além do elevado custo de instalação, atualmente na faixa

de até R$ 5 milhões/MW (valor médio para os projetos cadas-trados no leilão de reserva realizado em dezembro de 2009), existem outras restrições a serem superadas pelas eólicas, como o baixo fator de capacidade - quociente entre energia produzida/potência instalada - quando comparado às fontes convencionais, e a necessidade de regiões potenciais que apresentem médias anuais de velocidade de vento suficientes para viabilizar técnica e economicamente a produção de ener-gia em escala comercial. Aspectos ambientais, principalmente em regiões costeiras (dunas, rotas migratórias de pássaros, áreas de conservação, parques) também têm sido relevantes na avaliação do uso dessa tecnologia.

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Total Productive Maintenance ou

Michele Silveira

Houve tempo que a piada era inevitável. TPM? Pronto. Lá vinha algum comentário óbvio e cheio de ambiguidade. Mas o tempo passou. E o TPM? Esse ficou. Nas lembranças de muitos empre-gados a piada ficou apagada pela força desse ilustre conhecido que chegou à Empresa na dé-cada de 90. “A minha primeira lembrança foi a constituição de um grupo de trabalho, em 1996, pelo diretor de Produção e Comercialização, à época, e atual diretor-presidente, Jorge Nassar Palmeira, para identificar e estudar processos de gestão de ativos que pudessem substituir o processo vigente, o Procom – Programa de Con-trole da Operação e Manutenção. Esse processo

estava esgotado e necessitávamos de melhorias na gestão. A partir da conclusão daquele grupo de trabalho, iniciamos a implantação do método TPM”, conta Antônio Carlos Faria de Paiva, assistente da Presidência. A lembrança de um novo modelo de gestão para a manutenção também é a primeira que vem à cabeça do engenheiro Eduardo Celso Carramaschi (ao lado), outro membro do grupo que coordenou a implantação do TPM na Empresa. “Queríamos moderni-

zar e dar maior consistência ao antigo método de manutenção, o Procom”, explica.

Procom o leitor já identificou. Mas e TPM? O Total Productive Maintenance é uma “fer-ramenta poderosa para a redução dos des-perdícios inerentes aos processos produtivos. Sua implantação, apesar de demandar grande investimento inicial, em médio prazo apresenta resultados efetivos e satisfatórios. Esses resul-

‘Todos Podemos Mais’Com a Usina Hidrelétrica Tucuruí, a Eletrobras Eletronorte torna-se a única Empresa do mundo a conquistar o Prêmio Consistência em TPM e leva para o Sistema uma ferramenta de gestão implementada por algumas das melhores empresas do mundo

tados são cruciais para a sobrevivência das empresas na atual conjuntura dos mercados mundiais”, segundo o engenheiro de Produção, Alexandre Rodrigues Fernandes, na dissertação ‘Manutenção Produtiva Total: Uma Ferramenta Eficaz na Busca da Perda-Zero’.

Ainda segundo ele, “trabalhando com a in-tegração entre manutenção e operação, o TPM é uma forma de crescimento profissional para ambas as categorias e serve como meio de mo-tivação para o ‘chão de fábrica’, enriquecendo o trabalho dos colaboradores, tornando-os mais envolvidos na busca de bons resultados. Isto torna mais simples o caminho rumo à perda-zero, ideal que deve ser procurado incansavelmente. Quanto mais perto se está desse ideal, maiores são as oportunidades às quais as empresas e seus funcionários estão aptos a agarrar”.

Essa motivação e envolvimento são palavras-chave citadas pelo presidente da Eletrobras Ele-tronorte sobre a implantação do TPM. “Costumo dizer que um dos aspectos mais fascinantes do TPM é a transformação que ele promove nas pessoas envolvidas no processo. Levamos seus conceitos para nossa vida e isso faz toda a diferença”, afirma Palmeira, que é uma das referências sobre a análise e implantação da metodologia no Brasil. Segundo Carramaschi, ele tem razão: “A metodologia mexe com as pessoas. O primeiro aspecto a ser considerado é a busca determinada pelo resultado aliada ao crescimento profissional do empregado. As pessoas não es-tavam acostumadas a medir as suas atividades e o resultado operacional não era uma exigência explícita das atividades de manutenção. Nós estávamos acostumados a efetuar a manutenção dos equipamentos conforme previsto nos manu-ais fornecidos pelo fabricante. O TPM reformula esse comportamento, questiona o antigo modelo,

sugere que o mantenedor avalie qual a melhor forma de executar a manutenção e verifique se os procedimentos atuais permitem alcançar os resultados que a organização precisa”.

Lucro e reconhecimento - Quem acompa-nhou a divulgação do lucro da Empresa depois de 20 anos, pode não imaginar que o TPM tam-bém esteve envolvido nesse processo. Carramas-chi lembra que a nova metodologia introduziu o conceito de melhoria contínua, “pois demonstra onde o processo de produção apresenta perdas de rentabilidade e lucratividade. Surge a ideia do lucro, que não fazia parte do dia a dia das equipes de operação e manutenção. Assim, conceitos como a sobrevivência empresarial, o fortalecimento do corpo técnico, o crescimento intelectual das equipes e do interrelacionamento das áreas também surgiram com o TPM”.

Não é à toa que a Empresa pode ter orgulho de ser uma das poucas do Brasil – e a única do Setor Elétrico – a ter o reconhecimento do Japan Institute Plant Of Maintenance – JIPM, respon-sável pela marca TPM e pela disseminação da metodologia como uma filosofia gerencial que pode ser aplicada a todas as instalações de uma empresa. No mundo, Ford, Eastman Kodak, Dana Corp., Harley Davidson são algumas das companhias que obtiveram sucesso na implan-tação do TPM. Segundo Alexandre Fernandes, todas apontam aumento na produtividade com a implantação da metodologia. A Kodak indica que um investimento de US$ 5 milhões resultou em US$ 16 milhões de incremento nos lucros que podem ser atribuídos à implementação do pro-grama. Se todos estiverem envolvidos, pode-se esperar uma taxa de retorno alta em comparação aos recursos investidos. O pesquisador cita ainda que algumas companhias japonesas obtiveram

90% de redução de defeitos e um aumento de produtividade entre 40% e 50%. No Brasil já implantaram o TPM empresas como Pirelli, Ya-maha, GM, Texaco do Brasil, Tilibra, Gessy Lever e Votorantin Celulose, entre outras.

Em janeiro de 2010 a Eletrobras Eletronorte deu mais um passo na direção de tornar-se maior refe-rência no processo de Manutenção Produtiva Total no Brasil e no mundo: o Prêmio de Excelência em Comprometimento Consistente em TPM para a Usina Hidrelétrica Tucuruí. O prêmio é conce-dido pelo JIPM às empresas que se destacam na aplicação da metodologia conseguindo cumprir os requisitos para cada nível de premiação e atingir excelentes resultados (foto acima).

Mas como lembra o superintendente de Geração Hidráulica, Antônio Augusto Bechara Pardauil, essa história não começou agora: “A força de trabalho de Tucuruí enxergou o TPM como uma grande oportunidade de crescimento. A ferramenta foi utilizada para mexer com as pes-soas e dar a elas subsídios para agir e buscar a melhoria. O que poderia ter sido encarado como dificuldade foi traduzido como oportunidade e, hoje, se materializa em resultados”. Entusiasta da metodologia, Pardauil teve a atuação elogiada pelos audito-res do JIPM, Tokutaro Suzuki e Prof. Saito, como motivador dos líderes e colaboradores envolvidos no proces-so de consolidação do TPM.

De acordo com o administrador de empresas e economista José Ri-cardo Scareli Carrijo (ao lado), dou-tor em Engenharia de Produção pela Unimep e instrutor internacional de TPM pelo JIPM desde 1999, no passado 73 empresas foram premiadas e reconhecidas pela excelência em TPM em

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Nas etapas da auditoria, a rigidez dos japoneses

todo o mundo, e no Brasil foram apenas duas que conquistaram esse reconhecimento. “Isso revela que embora tenhamos muitas empresas praticando o TPM em nosso País, poucas se habilitam a se submeter ao processo de avaliação por parte do Instituto”, explica.

Carrijo defende que a participação dos em-pregados por meio das atividades dos grupos de manutenção autônoma é fundamental para o sucesso do programa. “As reuniões asseguram que toda a empresa, de forma permanente, esteja em busca da melhoria contínua de pro-cessos, produtos e serviços prestados. O TPM também permite o desenvolvimento pessoal dos profissionais nas atividades do Pilar de Educação e Treinamento e acaba aumentando a empre-gabilidade. Existe um processo de ganho mútuo para a empresa e colaboradores”.

Segundo o especialista, nos últimos anos quase 400 empresas em todo o mundo, fora do Japão, foram certificadas pela excelência na utilização da metodologia TPM e isso tem provocado um interesse cada vez maior sobre o seu funcionamento. “O TPM tornou-se um diferencial, pois assegura para as organizações mais competitividade, maior confiança e tam-bém confiabilidade na entrega de produtos e serviços”, explica.

Questionado sobre os diferenciais que leva-ram Tucuruí a consolidar a metodologia e ca-minhar para as próximas etapas, o engenheiro Pardauil faz questão de citar um comentário do auditor Prof. Saito: “O T de TPM em Tucuruí tem significado muito mais amplo. Aqui, Total significa todas as áreas, todos os processos e, em especial, todas as pessoas. Total em Tucuruí

são todas as áreas físicas sob responsabilidade da Empresa, todas as pessoas que, motivadas por uma liderança determinada, participam do processo ativamente e toda a preocupação holística com o meio ambiente, com a quali-dade de vida de sua força de trabalho e com o bem-estar da sociedade. Total em Tucuruí representa tudo, todos, totalidade. Esse é o nosso diferencial”.

Do outro lado do mundo - No dia 11 de março de 2010 a Eletrobras Eletronorte subiu ao palco do Centro de Conferência Internacional de Kyoto, no Japão. Com a Usina Hidrelétrica Tucuruí, a Empresa recebeu do Instituto Japonês de Manu-tenção da Planta – JIPM, o Prêmio de Excelência em Comprometimento e Consistência em TPM.

Na Sede e nas regionais, o assunto tomou corpo. Se o TPM passou algum tempo esquecido em algumas áreas, foi retomado há cerca de dois anos como uma ferramenta disponível para ajustar um novo tempo na Empresa. Em junho de 2008, durante visitas às unidades regionais, o presidente Jorge Palmeira resgatou algumas práticas esquecidas e estimulou o fortalecimento daquelas que já estavam arraigadas entre as equipes. Para a retomada do programa TPM foi realizado um encontro gerencial da Diretoria de Produção e Comercialização com a presença de todos os gerentes das unidades regionais. Na época, o diretor Wady Charone já alertava para a importância de se alavancar a metodologia. “É importante, considerando o cenário atual, a necessidade de garantir a quebra-zero, o me-lhor desempenho dos sistemas da Empresa e a redução das perdas”, dizia.

A troca ou o abandono de metodologias em empresas públicas é comum, segundo o espe-cialista Ricardo Carrijo. “Ocorre que, no Brasil, a cúpula administrativa das empresas públicas está sujeita a pressões políticas e o TPM, mui-tas vezes, acaba tendo descontinuidade”. Mas não foi o que aconteceu em Tucuruí. Segundo Pardauil “a metodologia já faz parte da vida das pessoas que formam a força de trabalho da Hidrelétrica. Essa integração e dedicação foram demonstradas durante as auditorias e o resultado é a premiação tão almejada por todos”.

Esse envolvimento também é fruto da análi-se de Carrijo: “Nas empresas privadas o perfil do funcionário é diferente e, por não existir a estabilidade funcional, a cobrança é sempre por resultados de curtíssimo prazo e isto acaba prejudicando um programa de longo prazo como o TPM. O funcionário se sente mais pressionado para produzir resultados imediatos e vê no TPM

Herança da GuerraDe acordo com pesquisa de Ricardo Carrijo e José

Carlos de Toledo, logo após a Segunda Grande Guerra Mundial os Estados Unidos resolveram apoiar técnica e financeiramente o Japão, que havia sido arrasado pelos horrores da guerra e da bomba atômica. As em-presas japonesas, apoiadas por professores america-nos como Edward Deming e Joseph Juran, iniciaram uma forte mobilização nacional para conscientizar o povo sobre a importância da qualidade como um fator de sobrevivência em meio a um novo cenário econômico que emergia no pós-guerra.

Em meio àquele cenário, os empresários japone-ses passaram a buscar métodos de eliminação de desperdícios e melhoria de procedimentos relacio-nados à elevação da qualidade e da produtividade. Desta forma, de acordo com Robinson e Ginder “o termo ‘manutenção produtiva total’ foi utilizado pela primeira vez, no final dos anos 1960, pela empresa Nippondenso, um fornecedor de partes elétricas da Toyota, que usava o slogan ‘manutenção produtiva com participação total dos empregados’”.

Para Seiichi Nakajima, autor do livro Introdução ao TPM, publicado em 1988, “o TPM pode melho-rar o rendimento global das instalações graças a uma organização baseada no respeito à criatividade humana e com a participação geral de todos os empregados”. De acordo com Suzuki (1992, p. 6) “existem três fortes razões para a popularidade do uso do TPM no Japão: o alcance de expressivos resultados fora de série nas operações; a melhoria do ambiente de fábrica e a possibilidade de obter o PM Distinguished Plant Prize (PM Prize)”,outorgado, anualmente, pelo JIPM – Japan Institute Plant Of Maintenance – para as empresas que se destacam na utilização da metodologia’”.

O progresso econômico japonês nas décadas de 1970 e 1980 motivou o interesse crescente pela utilização de técnicas como o TPM nos Estados Unidos, Europa, Ásia e até mesmo na América do Sul e no Brasil. Na Europa também houve interesse e curiosidade, pois a Federação Européia e Nacional de Sociedades de Manutenção (EFNMS) promove a cada dois anos um simpósio sobre o TPM, de forma rotativa, em cada um dos países membros. O Brasil também tem demonstrado interesse pela utilização da metodologia, desde a primeira visita do Prof. Seiichi Nakajima, em 1986, para a realização de pa-lestras na cidade de São Paulo, e pela candidatura de algumas empresas brasileiras ao prêmio TPM Awards do JIPM, ao longo da década de 1990.

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“O livro descreve a aplicação e os resultados desse esforço de recuperação da empresa, através da poten-cialização da contribuição de seus próprios funcionários. No entanto, seria preciso conhecer pessoalmente a empresa, como me foi dada a possibilidade de fazê-lo, para sentir na fala e no rosto das pessoas o quanto elas se sentem valorizadas, em suas atividades, após a mudança realizada. Sem planos de demissão, sem abandono das negociações sindicais, sem reduções salariais, uma magnífica reestruturação, tão contrastante com outras mais divulgadas na mídia, trouxe resultados para todas as partes interessadas: clientes, trabalha-dores, controladores (no caso, o próprio Estado). Uma clara demonstração de que uma empresa estatal pode igualar ou mesmo superar suas congêneres privadas, na operação dos serviços públicos.”

A análise é do professor Rogério Valle, do Coppe/UFRJ, sobre o livro Flexibilização Organizacional, de autoria do atual diretor-presidente da Eletrobras Eletro-norte, Jorge Nassar Palmeira. Segundo Rogério, a tese publicada em 2001 pela Escola Brasileira de Adminis-tração Pública e de Empresas – Ebape/FGV constituiu-se referência ímpar para a reestruturação de empresas brasileiras. “Não apenas as empresas de engenharia, as do Setor Elétrico, ou as estatais. Todo caso bem-sucedido merece ser examinado e seguido, e o da Eletronorte é um deles”, afirmava na época.

Orgulho? Sim. Mas mais do que isso, a sensação de dever cumprido. É esse o tom de qualquer entrevista em que Palmeira fale sobre o TPM. “É um processo que envolve todas as equipes, em que é preciso mais do que nunca vestir a camisa, com a certeza de que estamos aplicando uma metodologia que vai trazer resultados positivos para a Empresa e para todos os envolvidos na sua implantação”, afirma.

A passagem de Jorge Palmeira como diretor de Produ-ção e Comercialização da então Eletronorte foi marcada pela chegada do TPM. A Empresa decidiu-se pela im-plantação da metodologia em todas as suas instalações

algo a mais em seu trabalho cotidiano. Nas em-presas públicas acredito que a visão seja mais de longo prazo, e dessa maneira o TPM tem mais chances de prosperar”.

Divididos por categorias, os prêmios foram entregues a 73 organizações do mundo inteiro que, assim como a Eletronorte, utilizam a meto-dologia TPM como ferramenta de auxílio à gestão de seus processos administrativos, financeiros e operacionais. Em 2009, diante dos bons re-sultados apresentados nos últimos anos e da evolução da metodologia, a Usina Hidrelétrica Tucuruí foi a única unidade da Empresa que participou da premiação.

Tucuruí acumula agora dois prêmios TPM, já que recebeu o Prêmio de Excelência em TPM em 2001. A jornada da planta de Tucuruí para a Excelência Empresarial começou ainda em 1993, com a implantação do Programa Eletronorte de Qualidade e Produtividade. Em 1997 teve início a implementação da metodo-

logia TPM, com a consultoria da JIPM, resultando na obtenção da primeira premiação. Para Antônio Pardauil (ao lado) o envolvimento das equipes em todas as etapas é o que faz o processo. “O empenho, a dedicação e o comprometimento despendidos por toda força de trabalho e a participação ativa de todos, seja em equipes formais ou pela atuação em comitês matriciais multidisciplinares, são fundamen-tais na sustentação da metodologia. Este foi um fator crítico ao sucesso

e o que permitiu que se conquistasse além dos limites pensados”, afirma.

Questionado sobre os resultados financeiros da implantação da TPM, Pardauil é taxativo: “Inúmeros ganhos advindos são claramente evidenciados em todas as dimensões de atua-ção. A produção da planta dobrou e em março de 2010 foi alcançado o recorde de geração (8.014 MWh). Em relação à qualidade, atingimos e mantivemos zero defeitos por oito anos e um crescimento de 26% na satisfação de nossos clientes. Quanto ao custo, reduzimos 72% das perdas, contribuindo para um aumento de 80% no faturamento. O índice de disponibilidade para geração de energia elétrica (ID) tornou-se o principal indicador de performance da planta e, mesmo tendo sido audaciosas todas as me-tas traçadas foram superadas. Na segurança e saúde mantivemos zero acidentes e a melhoria constante da qualidade de vida dos emprega-dos. Além disso, obtivemos 43% de melhoria

na satisfação da força de trabalho com o clima organizacional e zero impacto ambiental mais a consolidação de ações socioambientais sus-tentáveis.

A expectativa agora é que Tucuruí participe em 2010 da avaliação do JIPM para o Prêmio Especial e, em seguida, comece a preparação para a mais alta designação TPM: o prêmio Clas-se Mundial em 2014, meta final da Eletrobras

de geração e transmissão de energia elé-trica e iniciou, em 1998, um projeto-piloto que contemplasse instalações de geração hidráulica, térmica e de transmissão de pequeno porte, escolhendo para isso a Regional de Produção e Comercialização do Amapá e a Regional de Transmissão de Mato Grosso.

Os resultados da pesquisa demonstra-ram que, de 1997, ano precedente à im-plantação do TPM, ao ano 2000, a Regional de Transmissão de Mato Grosso obteve um aumento de produtividade da ordem de 40% e uma redução de custos de até 29%, tendo sido constatadas mudanças significativas no comportamento dos em-pregados que levaram à melhoria do clima organizacional.

Agora, como diretor-presidente, Palmeira não só retoma o TPM como comemora a sua continuidade e a premiação de Tucuruí. “Isso significa que o JIPM está dizendo: olha, vocês implantaram, caminharam, evoluíram, ou seja, o programa aqui tem consistência e pode caminhar para as próximas etapas. Isso motiva a Empresa como um todo a continuar na busca pela excelência, com a redução de perdas”, explica.

De acordo com o livro que aborda o caso da Eletronorte, o TPM se propõe a melhorar o ambiente de trabalho, transfor-mando as instalações normalmente impregnadas de poeira, óleo lubrificante e graxa, com objetos em desordem visível e, em muitos dos casos, desnecessários e inadequados ao processo de trabalho, em um ambiente agradável e seguro. A elevação do nível de conhecimento, bem como a elevação da capacidade dos trabalhadores de operação e manutenção se iniciam à medida que as atividades de TPM vão sendo realizadas, e os primeiros resultados começarem a aparecer, motivando os empregados, aumentando a integração no trabalho e elevando sobremaneira o número de sugestões espontâneas de melhoria.

Em quatro anos de implantação de TPM na Empresa,

para cada R$ 1,00 investido com a aplicação da metodologia, contabilizou-se a redução de perdas, no processo produtivo, da ordem de R$ 20,00. Foi constatada uma elevação da produtividade em 12%, uma redução total de 87% nas falhas e defeitos em equipamentos em que a metodologia foi implementada, além de uma redução nas interrupções de fornecimento de energia aos consumidores da empresa da ordem de 52%. Os custos operacionais foram reduzidos em 38%. Sob o impacto do TPM nos trabalhadores foram contabilizadas cerca de 40 mil sugestões de melhorias por toda a Empresa, das quais aproximadamente 36 mil foram implemen-tadas. O resultado foi elevação da motivação,

satisfação e moral dos empregados. Para Jorge Palmeira (foto), a maior transformação provo-

cada pelo TPM acontece individualmente, com cada um dos envolvidos. “Acabamos levando muito dos princípios do TPM para a nossa vida.” afirma. Nove anos depois de publicado, o livro ainda rende comentários antigos, porém atualizados: “Com o decorrer do processo de implantação do TPM pudemos constatar que sua abrangência era muito maior do que tínha-mos imaginado. Contando com a experiência que já existia na Empresa, decorrente da implantação do programa de qualidade e vencendo alguma descrença e ceticismo iniciais, normais em qualquer processo de mudança, a metodologia assumiu um papel fundamental e, hoje, sem dúvida, é o mais importante instrumento de gestão da Eletronorte”, escrevia o atual presi-dente da Eletrobras, José Antonio Muniz Lopes.

“Na visita a Tucuruí os técnicos da holding ficaram impres-sionados e questionaram por que ainda não temos o TPM em todas as empresas do grupo. Aí está a chance. Mas é preciso saber que a metodologia exige um compromisso sério. Não basta apenas implantarmos a metodologia. É preciso que o TPM envolva toda a força de trabalho”, afirma Jorge Palmeira. O que a Eletrobras Eletronorte leva na bagagem está na ponta da língua: todos podemos mais.

Eletronorte. “Tornamo-nos viciados em desafios, em vencê-los com excelência, mas sabemos que ainda existe um longo caminho a ser trilhado, e que as maiores vitórias acumuladas não são os prêmios em si, mas sim o aprimoramento de nossos processos, a excelência na gestão, a valorização das pessoas. Sob esse prisma as expectativas tornam-se ainda maiores. Tudo que poderia ter sido encarado como dificuldade foi

utilizado em nosso favor. Muitas vezes é uma questão de perspectiva. A inexperiência foi transformada em motivação, as velhas frustra-ções em aprendizado, as diferenças em maior número de possibilidades, e a indisponibilidade do necessário em criatividade. Todas as descul-pas que poderiam ter sido elencadas para que não fizéssemos, na verdade, nos inspiraram a ir além”, conclui Pardauil.

“Todo caso bem-sucedido merece ser examinado”

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O Setor Elétrico brasileiro, além das empre-sas concessionárias de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, conta com diversas associações e fundações de apoio às atividades que permeiam todo o processo produtivo da indústria energética no País. A Eletrobras Eletronorte, por exemplo, é parceira de mais de uma dezena delas, às vezes desde as suas constituições. A seguir, o leitor vai co-nhecer um pouco dessas entidades que atuam nos bastidores, mas são fundamentais para promover ações de valorização do conhecimen-to e até mesmo equilibrar opiniões e decisões que influem o dia a dia dos consumidores de eletricidade no Brasil.

Em 1986, a Eletrobras teve a iniciativa de criar uma entidade para preservar a história da implantação e do desenvolvimento da indústria da eletricidade no País. Assim, com apoio de empresas do Setor, inclusive da Eletrobras Ele-tronorte, foi instituído o Centro da Memória da Eletricidade no Brasil. Desde então, a entidade tem como desafio evidenciar como a energia elétrica interfere na economia, política, cultura e no desenvolvimento brasileiro. Para isso, uma equipe de profissionais atua em várias áreas

do conhecimento para desenvolver pesquisas e ações que assegurem a preservação do pa-trimônio histórico da eletricidade.

Atualmente, a Memória da Eletricidade conta com 12 membros instituidores e 14 mantenedo-res e para eles o Centro presta vários serviços, desde assessoria técnica sobre montagens de exposições até a elaboração de projetos (fotos).

Nessa mesma linha, a Fundação Coge bus-ca o desenvolvimento para o Setor Elétrico por

meio de parcerias. A Fundação é uma entidade sem fins lucrativos, que realiza atividades de pesquisa, ensino, consultoria e desenvolvimento institucional para aprimorar a gestão empresarial e a cultura técnica do Setor. Para isso conta com 64 parcerias entre empresas públicas e privadas do segmento.

Em parcerias com instituições de ensino e variadas associações, a Fundação Coge colabora para a melhor qualificação dos profissionais das áreas de geração, transmissão, distribuição e gestão empresarial das empresas do Setor Elétri-co desde 2003, promovendo cursos e programas educacionais.

ABCE - Em 1936, começava a industria-lização no Brasil. A importância da energia para esse processo motivou representantes do Setor Elétrico a criarem a Associação Paulista de Empresas de Serviços Públicos. Mais tarde, em 1971, a instituição tomou posicionamento nacional e passou a ser chamada de Associa-ção Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica - ABCE.

Durante mais de 70 anos de atuação, a ABCE mantém o objetivo de coordenar as ações das empresas associadas e representá-las na comu-nicação com os poderes públicos. A instituição prioriza a promoção do debate entre as conces-sionárias de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica a fim de movimentar a troca de ideias e o conhecimento para o desenvolvi-mento do Setor. Hoje, são mais de 60 empresas associadas, em busca de seu maior objetivo, um Setor Elétrico moderno e dinâmico, voltado para o bem comum de todos os brasileiros.

Desde 1985, a Associação concentra suas atividades em comitês, como o jurídico-tributário e o de meio ambien-te. Esses grupos organizam estudos, simpósios e encon-tros dedicados às principais questões de interesse do Setor Elétrico.

O diretor Econômico-Finan-ceiro da Eletrobras Eletronorte, Antonio Maria Amorim Barra (à esquerda), representante da Empresa junto à entidade, ad-mite a importância da empresa

ser filiada à ABCE: “Principalmente hoje, quando o nivelamento relativo à legislação e discussões sobre as demandas atuais do Setor ganham dimensões que avançam além das fronteiras brasileiras”.

O presidente da Associação, José Simões Neto (acima), é bastante otimista em relação à nova fase da filiada, que acompanha a transfor-mação do Sistema Eletrobras. “A ABCE vê como promissora a evolução da Eletrobras e suas empresas, inclusive a Eletrobras Eletronorte, para uma ação mais integrada e consolidada. A Empresa contribuirá significativamente para a qualidade dessa Eletrobras fortalecida, como sempre fez, porém agora em escala ampliada, assim como verá oportunidades de sua área de influência direta abordadas de forma ainda mais eficaz e tempestiva”.

Abrage - A Associação Brasileira das Em-presas Geradoras de Energia Elétrica - Abrage, instituída em 7 de dezembro de 1998, é uma associação civil, sem fins lucrativos, constituída por grandes empresas geradoras de energia elétrica de origem predominantemente hi-dráulica.

A Abrage atua buscando facilitar e promover para suas associadas o intercâmbio de infor-mações, a elaboração de análises e estudos, a celebração de acordos e convênios de coope-ração técnica e a elaboração e a defesa de propostas para solução de problemas comuns.

A Eletrobras Eletronorte é sócia-fundadora da Associação e o su-perintendente de Comercialização de Energia, José Serafim Sobrinho (à direita), representante da Em-presa perante a Abrage. Segundo ele, “estamos atuando na elabo-ração e na defesa de propostas para a solução de problemas de interesse das grandes geradoras de energia elétrica, principalmen-te nos aspectos de regulação do setor, efetuado pelo poder concedente do Ministério de Minas e Energia, e a regulamentação efetuada pela Aneel”.

Parcerias de energia

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O presidente da Abrage, Flávio Neiva (abai-xo), se mostra orgulhoso da filiada e explica como a entidade percebe o novo momento da Eletrobras. “O histórico de sucesso das empresas do Sistema Eletrobras nas áreas de projeto, construção, operação e manutenção das instalações de seus sistemas elétricos e a excelência em engenharia em todas essas

áreas, permitem-nos, com as modificações feitas, antever uma sinergia de atuação que assegura-rá à holding atingir seus objetivos. A iniciativa reforça a integração de suas subsidiárias, sem que se percam a identidade e as voca-ções regionais desempenhadas por cada uma delas”.

Abrate - O novo modelo do Setor Elétrico motivou o surgimento de novas empresas de transmissão, responsáveis pelos equipamentos e

instalações para o transporte de energia elétrica das usinas para os centros de consumo. Com a intenção de reunir e fortalecer a atuação desses novos agentes foi constituída a Associação Bra-sileira das Grandes Empresas de Transmissão de Energia Elétrica (Abrate).

Entre as principais finalidades da Abrate está a promoção do intercâmbio de informações téc-nicas, comerciais, financeiras, legais, jurídicas e institucionais entre as empresas associadas; o desenvolvimento de análises, estudos e pes-quisas; a elaboração e a defesa de propostas para a solução de problemas comuns das as-sociadas; o incentivo à colaboração mútua das associadas e o acompanhamento dos assuntos

de interesse do setor junto a outras entidades.

Juntas, as associadas da Abrate são responsáveis por 90% da extensão de linhas de transmis-são da rede básica do Sistema Interligado Nacional - SIN. Entre elas está a Eletrobras Eletronorte. O representante da Empresa, e coordenador do Grupo de Traba-lho de Assuntos Financeiros, é o assistente da Diretoria Econômico-Financeira, Paulo Takao (à esquer-da). Segundo ele, “é importante

fazermos parte de uma entidade que cuida dos interesses coletivos das grandes empresas transmissoras de energia elétrica, atuando em assuntos que afetam todas as outras empresas congêneres, canalizando discussão, trata-

mentos e encaminhamentos para atender ao segmento da transmissão sem gerar conflitos de interesse”.

MBC - O Movimento Brasil Competitivo - MBC foi idealizado por representantes dos setores público e privado a fim de aprimorar a qualidade, produtividade e competitividade das organiza-ções brasileiras. Criado em 2001, é reconhecido como uma Organização da Sociedade Civil de In-teresse Público (Oscip). A Eletrobras Eletronorte está no quadro de associados mantenedores do MBC desde 11 de dezembro de 2002.

O representante da Empresa junto ao MBC é o gerente da Assessoria de Planejamento Empre-sarial, Ângelo do Carmo (acima), que explica o relacionamento da Empresa com o Movimento: “Ao se associar ao Movimento Brasil Compe-titivo, a Eletrobras Eletronorte ingressa em um ambiente que reúne as organizações dos mais diversificados setores de atividade, de diferentes portes e regiões do País, comprometidas com a qualidade, produtividade e competitividade. O associado também forta-lece a sua imagem institu-cional, estando vinculado a uma comunidade que traz prestígio e reconhe-cimento”.

A perspectiva do outro lado da relação também vê benefícios nas parce-rias. O diretor-presidente do MBC, Erik Camarano (ao lado), posiciona-se a respeito da transformação da Eletrobras: “Quando as empresas do Setor Elétrico se unem quem ganha é o Brasil, principalmente com o aumento da oferta de energia para o cidadão, preservando o meio ambiente e garantindo a sustentabilidade. Essa união representa o fortalecimento do setor, tanto interna quanto internacionalmente, e cria

um ambiente propício para a competitividade que, como acredita o Movimento Brasil Competi-tivo, proporciona crescimento e desenvolvimento para as organizações e, consequentemente, para o País”.

Anpei - No início da década de 80, a Funda-ção Instituto de Administração da Universidade de São Paulo possuía como uma das linhas de atuação o Programa de Administração em Ciência e Tecnologia. Nesse Programa, regular-mente eram organizadas reuniões nacionais dos dirigentes de centros de tecnologia de empresas

industriais, frequentadas por técnicos e executivos esforçados em desen-volver tecnologia e que passou a funcionar como um momento para tratar de assuntos de interesse comuns.

Em 1983 foi idealizada e aprovada a criação de uma associação nacional para dar continuidade à troca de informações e que representasse as

empresas envolvidas em pesquisa e desenvol-vimento. Desse modo, em 1984, foi constituída a Associação Nacional de Pesquisa, Desenvol-vimento e Engenharia das Empresas Inovadoras – Anpei, com a missão de estimular a inovação tecnológica.

A Eletrobras Eletronorte tornou-se sócia-titular da Anpei em 2004. A superintendente de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Eficiência Energética, Neusa Maria Lobato (acima), representa a Empresa e explica: “Na Anpei, os associados atuam em busca de ações e propostas de Mobilização Empresarial pela Inovação, um movimento recentemente lançado com o apoio expressivo de empresários do setor produtivo brasileiro. Além disso, por meio das conferências anuais são abordados temas que contribuem para o desenvolvimento tecnológico das empresas e do País”.

CBCME - A história do Conselho Mundial de

Energia - CME começa em 1923. Após o fim da Primeira Guerra Mundial cresceu a demanda pelo uso da eletricidade. Foi então que Daniel Dunlop, um visionário escocês, teve a ideia de reunir cientistas, engenheiros e economistas de todo o mundo para desenvolverem a indústria de energia elétrica. Com o apoio de fabricantes de equipamentos britânicos começaram a surgir

em vários países comitês representativos do Conselho. Em 1924, em Londres, com 1.700 participantes de 40 países, surgiu a World Power Conference, que em 1990 passou a ser chamada de World Energy Council.

O Comitê Brasileiro (CB) associou-se ao CME em 1928. Porém, foi nos últimos 30 anos que a participação do CB tornou-se mais ativa, refletindo a dinâmica expansão do setor energé-tico brasileiro. O Comitê Brasileiro do Conselho Mundial da Energia - CBCME é uma entidade não governamental, organizada sob a forma de sociedade civil, sem finalidade lucrativa. Tem por objetivo o exame, o estudo, o debate e a divulgação das questões ligadas aos recursos energéticos nacionais. É formado por membros mantenedores, coletivos, individuais e honorários e está aberta ao ingresso de pessoas e entidades ligadas ao setor de energia. A Eletrobras Eletro-norte filiou-se ao Comitê como membro coletivo em 11 de dezembro de 1975.

O representante da Empresa no Comitê é o superintendente de Planejamento da Expansão, Paulo Cesar Magalhães (acima), que fala sobre os benefícios para os filiados: “Participamos em estudos regionais e programas técnicos, temos informações de todo o mundo relativas aos diversos setores energéticos, conseguimos des-contos ou gratuidades em seminários e eventos promovidos pelo CME. Além disso, temos acesso gratuito às ‘páginas amarelas da energia’, no site do Comitê e assinaturas gratuitas dos boletins, além de descontos nas taxas de inscrição para o Congresso Mundial de Energia”.

(Colaborou, Márcia Alvarenga)

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Macrozoneamento da Amazônia Legal: planejamento integrado para o desenvolvimento integral

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Byron de Quevedo

O Macrozoneamento Ecológico-Econômico, um projeto disciplinador da ocupação e da ex-ploração da Amazônia, que levou dois anos para ficar pronto, agora conta com o apoio dos nove governadores da região e de mais 14 ministérios, foi apresentado no dia 23 de março de 2010, pelo então ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. O documento divide a floresta e demais ecossistemas em dez regiões conforme as carac-terísticas naturais, sociais e econômicas de cada uma delas, no sentido de se promover o desen-volvimento sem causar a degradação ambiental. É um instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente, de planejamento e de ordenamento das formas de ocupação e de uso do território, que pretende orientar planejadores, tomadores de decisão, o Poder Público e a iniciativa privada a respeito das potencialidades e dos limites de cada ambiente.

É possível fazer o zoneamento ecológico e econômico de um município, de uma bacia hidrográfica, de uma região e até de um país. O documento, porém, com a leitura dos pro-

blemas e soluções da Amazônia brasileira, pretende indicar qual é o papel da região no desenvolvimento nacional e a sua importância para a agenda global da sustentabilidade. Carlos Minc declarou que o objetivo não era inibir ou eliminar as atividades já instaladas na região, mas agregar valor a elas, inclusive abrindo por-tas a outras opções econômicas. “Por exemplo: onde há uma mineração em exploração, então podemos instalar uma siderúrgica. Já onde existe exploração pecuária, ela poderá se tornar mais rentável com mais bois por hectare. Te-mos dados importantes que comprovam que o desmatamento vem caindo. O Mato Grosso, por exemplo, reduziu, nos últimos quatro anos, em 80% o desmatamento e aumentou sua produção e o seu PIB significativamente.”.

O coordenador do Departamento de Zonea-mento Territorial da Amazônia, Roberto Vizentin (acima), que gerencia o Programa de Zonea-mento Ecológico e Econômico da Amazônia no Ministério do Meio Ambiente, observa que, com o macrozoneamento será possível compatibilizar as dimensões das diversas realidades (ecológica, ambiental, industrial e mineral). A finalidade de um zoneamento, seja local, municipal, regional ou nacional, é permitir a intervenção integrada das políticas públicas, saindo do tradicional planejamento setorial para outro em bases territoriais.

“Por exemplo, numa região onde se está construindo uma hidrelétrica, ali terá uma reali-dade urbana, uma agricultura, pecuária, outros potenciais locais e ainda aquelas vocações que o empreendimento energético vai gerar. Mas, ao invés de se fazer um planejamento setorizado de cada segmento econômico, faremos o desen-volvimento em sua totalidade. Ou seja, saímos da lógica setorizada do planejamento para a

lógica de território. Hoje, cada órgão faz o seu planejamento e depois, no máximo, procuramos integrá-los. O macrozoneamento faz análises a partir dos cenários atuais e futuros, e indica tendências a partir desses dados. Neste primeiro estudo nós nos valemos de cenários feitos por outros órgãos, entre eles os elaborados pela Eletronorte, que foram muito valiosos, embora ela tenha enfatizado os assuntos de energia. Em breve faremos um estudo específico de cenários”, explica Vizentin.

Ele observa que é um desafio evitar a sobre-posição de zoneamentos. “Temos um programa com as diretrizes de como se fazer um zonea-mento no município, estado ou região. Mas este primeiro zoneamento regional é uma experiência inovadora. Se juntarmos todos os zoneamentos feitos pelos estados não teremos a visão da realidade econômica ou ambiental da região amazônica, porque a natureza não se limita às nossas divisas. Os tipos de solo, por exemplo, transcendem as fronteiras estaduais. A decisão

do que produzirá um município nem sempre está na mão da população local, ela depende também dos governos estadual e federal, e, em alguns casos, de empresas internacionais. Por isso nós não podemos abdicar de ter uma visão do que a Amazônia representa para o Brasil e para o mundo”.

Um exemplo de exploração das múltiplas potencialidades de uma região é o município de Maués, no Amazonas, onde existem jazidas de ouro, mas também tem possibilidades turísticas, culturais e uma vocação natural para a agroin-dústria do guaraná. “Avaliamos em que medida esta ou aquela atividade é compatível com as ca-racterísticas. Chegaremos à equação equilibrada com alternativas produtivas e econômicas para cada região. Não interessa explorar a qualquer custo essas riquezas, sem o devido cuidado, pois mais cedo ou mais tarde essas bases de recursos se esgotam. No chamado ‘nortão’ de Mato Grosso, durante anos o forte foi a extração de madeiras, um patrimônio mal aproveitado que

Macrozoneamento para compatibilizar as dimensões da realidade amazônica

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hoje poderia ser a base de uma indústria florestal importante, mas que se exauriu. Saber usar os recursos naturais significa dar sustentabilidade às regiões”, avalia Vizentin

Belo Monte – Atualmente, o grande tema em debate no Setor Elétrico brasileiro é a construção do Aproveitamento Hidrelétrico Belo Monte, no Rio Xingu (PA). Vizentin acredita que se o macrozoneamento tivesse sido feito há alguns anos, hoje as resistências ao projeto seriam menores, pois já existiria a base técnica do zoneamento, negociada com os atores so-ciais, econômicos e o Poder Público. Ou seja, já haveria um consenso. “A reação negativa acontece em decorrência de histórias de insu-cesso de obras similares feitas sem atendimento às aspirações locais. Nos debates sobre Belo Monte verifica-se que as posições contrárias desejam conhecer o que de fato é a obra, para

quem ela servirá e quais os benefícios para as comunidades locais. O macrozoneamento ajuda muito nesse sentido, pois é um processo de diálogo criterioso sobre quais são as bases para se fazer a agricultura, a pecuária, a pesca, indústrias, uma hidrelétrica. Ele nos dá o ponto de equilíbrio e até onde devemos chegar”.

O macrozoneamento prevê que a compen-sação ambiental nesses casos deve ser equiva-lente aos danos e aos custos que a exploração representa. Quando não há um plano oficial de desenvolvimento regional, as demandas da sociedade acabam sendo assumidas pelo empreendedor, que passa a ser o protagonista do desenvolvimento local. “É importante que o empreendedor tenha responsabilidade social e invista em escolas, postos de saúde, lazer e es-portes. Mas obras de infraestrutura básica, como hospitais e aeroportos, poderiam já estar inseridas em programas de desenvolvimento regional, em

planos como o PAC ou em outras ações de polí-ticas setoriais. No planejamento integrado ficam claras as obrigações do empreendedor, da socie-dade e do Estado. Os debates sobre Belo Monte fizeram com que o governo assumisse um plano de desenvolvimento para toda a região do Xingu e da Transamazônica, orçado em R$ 1,0 bilhão, para compensações ambientais e benefícios para a região”, comenta Vizentin.

Regularização fundiária – Outro fator para que o macrozoneamento seja uma ferramenta útil à sociedade é a regularização fundiária, pois se não houver segurança jurídica sobre a posse da terra não há como identificar os responsáveis pelos danos ambientais. “É necessário saber quem são os proprietários, seus CPFs, endere-ços, os limites das propriedades, para se ter o comando, o controle, a fiscalização e a punição, e também para implementar ações com as po-

pulações trazendo-as para a sustentabilidade. E isto está sendo feito com o programa Terra Legal, onde se verifica que, de toda a titulação a ser feita da posse das terras da Amazônia, apenas 20% estão em áreas críticas para a preservação. É o chamado ‘coração florestal’, sendo que 80% das posses estão em áreas já consolidadas”, confirma Vizentin.

Ele completa: “Vivemos uma mudança de paradigma do processo de desenvolvimento da Amazônia. As instituições devem adaptar-se a esse novo padrão ou ficarão arcaicas. O poder Judiciário precisa revisar seus procedimentos e os cartórios terão que ser modernizados. Temos de consolidar a legislação voltada para o ordenamento territorial, ambiental e limpar o terreno. O novo rumo para a Amazônia exige a mudança institucional, que deve perpassar por todas as organizações do Poder Público e da sociedade civil”.

Atividadessocioeconômicas

entram no macrozoneamento

Infraestruturabásica depende de planos governamentais

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O macrozoneamento, principalmente nas abor-dagens sobre cenários, teve como fonte estudos técni-cos feitos pela Eletrobras Eletronorte, o que demons-tra ser a Empresa uma geradora de conhecimentos no Setor Elétrico brasilei-ro. O superintendente de Meio Ambiente, Antonio Raimundo Santos Ribeiro Coimbra (foto), esclarece como o governo e a socie-dade podem tirar proveito desse conhecimento.

A Eletrobras Eletronorte pode ser vista como uma precursora do macrozoneamento?Alguns estados, como o Mato Grosso, fizeram este zo-

neamento ecológico e econômico por iniciativa própria, em seu território. Mas levavam muito tempo para concluí-los e muitos não os concluíram. A Eletrobras Eletronorte iniciou precocemente um zoneamento ecológico e econômico em sua área de interesse e fez um mapeamento muito bom em Mato Grosso, por exemplo. O documento englobava a fase de diagnóstico, de coleta de dados e outros assuntos. Nós o utilizamos nos estudos ambientais de hidrelétricas, termelétricas e linhas de transmissão que cruzariam vários estados. Esse zoneamento, contemplando mapas geológicos, estudos de geomorfologia, estudo de cenários e outros, ob-servava as características gerais, vendo os estados como um todo: sua potencialidade mineral, solo, vegetação, relevo, a malha hidroviária, ferrovias, rodovias, a ocupação humana e seus efeitos.

Como aconteceu o desdobramento desses estudos?Fizemos os planos diretores de 11 municípios do entorno

de Tucuruí. Primeiro estudamos os seis municípios a mon-tante (Breu Branco, Goianésia, Nova Ipixuna, Jacundá e Itupiranga e Novo Repartimento). Em seguida, concluímos o Plano de Inserção Regional tanto para montante quanto para os demais municípios a jusante (Baião, Mocajuba, Cametá, Igarapé Mirim e Limoeiro de Ajuru). Esses planos diretores fornecem informações para o zoneamento ecológico e eco-nômico. Também cedemos os estudos aos municípios, que

A Eletrobras Eletronorte e o macrozoneamento da Amazônia

os repassaram para o governo do Estado do Pará. O ma-crozoneamento da Amazônia integrará os nossos dados aos demais que vêm das outras regiões amazônicas.

Como os estudos de cenários futuros da Eletrobras Eletronorte ajudaram o macrozoneamento da Amazônia? Os cenários são desenvolvidos pela área de plane-

jamento estratégico e atualizados periodicamente para o planejamento empresarial, envolvendo informações básicas e demais perspectivas. São estudos considerados referência no Setor Elétrico e têm sido utilizados para vários propósitos de pesquisa e outros trabalhos sobre temas correlacionados.

Que proveitos a Empresa poderá tirar da documentação gerada pelo macrozoneamento? Na medida em que vão surgindo novos dados, eles

passam a gerar outras informações básicas para os nossos

estudos ambientais. Nesses estudos é fundamental se ter dados primários e secundários. Os dados primários, por exemplo, são os mapas de vegetação, cuja informação se completa indo ao campo e verificando in loco que tipo de vegetação é aquela e como conseguir passar com uma linha de transmissão sobre elas sem afetar a natureza. Os secundários serão usados para se projetar os corredores de linhas de transmissão, de rotas, pois eles trazem in-formações sobre os tipos de vegetação, relevos, áreas de mineração, a existência da reservas ou tribos indígenas etc. Assim iremos desviando de áreas ambientalmente frágeis ou de preservação. Um dado secundário é, por exemplo, o estudo de ictiofauna. Precisamos saber que tipo de peixe acontece na região onde uma hidrelétrica é construída. Muitas informações do macrozoneamento foram produzidas pela Eletrobras Eletronorte em parceria com universidades e institutos de pesquisa. A Empresa

sempre foi uma fonte rica de dados à medida que ela financia vários estudos, produz conhecimento e edita publicações científicas.

O que poderá vir a comprometer o macrozoneamento? Alguns aspectos legais podem trazer dificuldades. Hoje,

pela legislação ambiental, o técnico que emite um parecer pode ser responsabilizado até criminalmente. Já existe um caso assim no Ibama, com processo aberto pelo Ministério Público contra um técnico do Instituto. Outro aspecto é a criação de unidades de conservação, parques e estações ecológicas por decreto, mas para se alterar ou desafetar os limites dessas unidades, apenas por meio de Lei, que precisa passar pelo Congresso Nacional. Creio que poderia haver maior flexibilidade para o nosso patrimônio ambiental.

O que aprendemos a esse respeito com Dardanelos e Belo Monte?Se já houvesse o macrozoneamento no início dos estudos de

Belo Monte, creio que seria menos complicado obter o licencia-mento e fazer o leilão do empreendimento. A grande vantagem de Dardanelos, em Aripuanã (MT), foi que assumimos desde o princípio a condução dos estudos ambientais. Primeiro disse-mos quem somos, o que íamos fazer e a duração dos nossos trabalhos. Quando terminamos essa etapa, retornamos à popu-lação e avisamos que tínhamos pesquisado a região e chegado à conclusão de que seria possível fazer o empreendimento. Apresentamos as conclusões em audiências públicas para esclarecimento da comunidade. Porém, antes, houve ainda um trabalho meticuloso de consulta prévia a vários setores da sociedade local, ouvindo suas contrapropostas e propondo mitigações, compensações e, melhoramentos. Então Darda-nelos teve o apoio da comunidade de Aripuanã e municípios vizinhos. A obra está terminando sem nenhum transtorno social, técnico, político ou ambiental. E fica com o bom exemplo de construção de um empreendimento hidrelétrico em harmonia com as comunidades locais e o meio ambiente. (ver reportagem na próxima edição da Corrente Contínua)

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“Fico aqui no meu canto pensando e pensando. Na identidade, na nossa identidade. O ser de cada um de nós.

Ouço um pingo de água e hoje é o Dia da Água. Ah! Uma homenagem a ela que nos faz entender a capacidade de nos movermos.

Você já se deu conta que a água não para? En-contra sempre caminhos. Pelos lados, por baixo e segue. Segue na sua busca singela de ser água.

Aquela inevitável gota capaz de cair, assim sem pensar, e despertar toda a água numa espiral. Só um pingo. Que fala do céu e da terra e produz movimento.

Acaba sendo uma marca que desperta todo o mo-vimento, criando círculos infinitos de transformação. Penso nas marcas. Marcamos com símbolos, nosso gado. Marcamos as pessoas com nomes!

O céu é todo marcado pelo desenho das estre-las, e lá estão elas se mostrando desavergonhadas, brilhantes! E ganham nomes. Sozinhas e nas constelações. No brilho delas, lembro de marcas da minha vida.

Às vezes a marca do momento é um som. Um barulho de água correndo no meio das pedrinhas redondas, na memória de minha infância. E pen-sar que esse rio vai e vai, se junta com outros, vai somando energias e acaba lá, na explosão do mar! E a marca que ficou foi o som.

“Prezada Isabel, hoje fiquei extremamente feliz quando tomei conhecimento da edição nº 230 – janeiro/fevereiro – 2010 da revista Corrente Contínua. A capa por si só já reflete a alegria no semblante de uma aluna frente a uma ação do programa educacional de combate ao desperdício de energia. A emoção não parou por aí. Minha alegria e contentamento foram aumentando a partir do momento que lia e constatava nas fotos dos alunos e professores o entusiasmo e a crença no programa. Declarações como a da sra. Rita Nascimento, mãe de uma aluna de Timon (MA), esclarecendo que com pequenas ações reduziu seu consumo de R$ 90,00 para R$ 35,00, representando uma economia de mais de 100% (R$ 55,00). Tal recurso é muitas vezes para suprir outras necessidades, melhor seria se revertesse para educação da própria criança, este um fator imprescindível para o crescimento de qualquer país. É mister destacar que uma matéria com elevado grau de profissionalismo como foi descrita, só é possível quando as pessoas que o fazem acreditam e estão também comprometidas com o processo. Foi isso que observei na sua equipe de jornalismo. Parabéns à toda a equipe, aqui destacando a jor-nalista Bruna Maria Netto e os que colaboraram com a reportagem: Arthur Quirino, Denis Aragão, Rose Dayanne, Helize Vieira, Leandro Alves, Tereza Felix e Arícia Figueiredo”

Neusa Maria Lobato Rodrigues - Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico e Eficiência Energética – Brasília - DF

“Prezada Érica, apesar de achar que a matéria ficou muito sucinta, não posso deixar de parabenizá-la pela forma como foi elaborada. A abordagem sobre o tema ‘monitoramento sismológico’ foi esclarecedora sob vários aspectos, o que me trouxe enorme satisfação”.

Gilson Machado da Luz - Gerência de Segurança de Barragens – Brasília - DF

“Prezada Érica, parabéns pelo belo trabalho”.Álvaro Lima de Araujo - Gerência de Estudos e Projeto Civil – Brasília - DF

“Agradeço o recebimento da revista Corrente Contínua v. 32, nº 230, jan./fev. de 2010. Solicito a continuação da doação da revista”.

Rosa Elena Leão Miranda – Biblioteca da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – Belém - PA

“Agradecemos o envio da revista Corrente Contínua, sem dúvida uma excelente fonte de informação sobre relevantes assuntos. Solicitamos que as próximas edições sejam enviadas para a Faculdade de Tecnologia - Centro de Desenvolvimento Energético do Amazonas”.

Aldinéa de Paula - Assessoria de Comunicação da Universidade Federal do Amazonas – Manaus (AM)

“Prezado senhor, relendo a reportagem “Medindo as águas dos rios”, publicada na revista Corrente Contínua, edição 230, de janeiro/fevereiro de 2010, observei que o texto não reflete a história das estações hidrológicas da Eletronorte, mais conhecidas como estações telemétricas. Ao contrário do que menciona na reportagem, as estações telemétricas da Eletronorte entraram em operação em 1982, com dez estações localizadas em pontos estratégicos da bacia do Rio Tocantins, quais sejam: Porto Uruaçu, Paranã, Porto Na-cional, Carolina, São Félix do Araguaia, Conceição do Araguaia, Xambioá, Marabá, Fazenda Alegria e Tucuruí. Todas essas estações operavam de maneira automática por meio de plataformas de coleta de dados, com enlaces via satélite (GOES) entre as estações e o Inpe, onde os sinais eram processados e retransmitidos à Eletronorte e ao antigo DNAEE. As estações possuíam sensores de nível de água, precipitação pluviométrica, pressão atmosférica, temperatura e umidade relativa do ar. Além das estações da bacia do Tocantins, havia a estação de Porto Platon na bacia do Rio Araguari, no Amapá, que era operada manualmente por meio de leiturista que repassava as informações via rádio para Coaracy Nunes. Em 1992, quando se prenunciava a desativação da rede de satélites então utilizada, a Empresa elaborou projeto de ampliação e melhoramento da rede de telemetria, na qual as estações teriam também a função de monitoramente de descargas at-mosféricas e seriam interligadas via satélite (à época Brasilsat) diretamente com a Sede da Eletronorte em Brasília. Esse projeto foi continuamente sendo adiado por falta de recursos financeiros, até que em meados de 1996 o antigo DNAEE adquiriu dezenas de plataformas de coletas de dados e solicitou à Eletronorte au-torização para utilização das estações localizadas na bacia do Tocantins o que ocorreu nos anos seguintes. No início dos anos 2000 a responsabilidade pela implantação e operação da rede de telemetria foi retirada da Diretoria de Planejamento e Engenharia, passando para a Diretoria de Produção e Comercialização, para a tristeza de muitos profissionais que durante anos dedicaram-se às telecomunicações da Eletronorte e às telemétricas em particular. Certo de estar contribuindo para o resgate de parte da história das telemétricas na Eletronorte, agradeço a atenção dos integrantes da Corrente Contínua”.

Nagib Bechara Pardauil - Gerência de Projetos e Implantação de Telecomunicações - Brasília - DF

Ah! Mas às vezes, a marca que fica é um perfu-me. Lembro de odores, cheiros, perfumes incríveis, de vários momentos da minha vida.

Mas, tem momentos que deixam marcas de tris-teza. Marcas, que na hora, no momento, parecem ter um tempo que não tem fim.

Mas logo vem o movimento. E tudo se transforma mais uma vez, trazendo outras marcas. E vamos! Seguimos.

Essas são as marcas dos desafios. Que nos levam a construir outras e outras marcas. E os momentos marcados pela dúvida? Onde? Como? Como faço para construir pontes entre as marcas que carrego da vida e as novas marcas que estão chegando?

Mas, ai, onde guardo para sempre a marca do sabor que aquela carambola perfumada deixou na minha boca? A primeira carambola, cortada em estrelinhas?

As marcas das nuvens no céu, construindo ima-gens e eu ali, descobrindo as coisas nos contornos delas. Um cavalo... Olhe ali um cavalo!

E ficam as marcas. Das nossas conquistas. Da nossa vida. Memórias de nossa identidade.

E quando passo a mão, assim, no meu rosto, sinto a voz de minhas marcas e elas falam de história, de respeito, de futuro, de sabedoria”.

*Texto de Nádia Rebouças, recitado pela atriz Marília Pêra por ocasião do lançamento da nova marca do Sistema Eletrobras no Museu Histórico do Rio de Janeiro, no dia 22 de março de 2010

Foto: Roney Ramos

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