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Tungsténio Projeto FEUP 2015/2016 1º Semestre (MIEMM) Sónia Simões (LCEEMG) Alexandre Leite Cursos: MIEMM e LCEEMG Equipa 11: Supervisor: Alexandre Leite; Aurora Futuro Monitor: Joana Duarte Estudantes & Autores: Inês Gomes da Silva [email protected] MIEMM Gabriela de Oliveira Alves Ínsua Pereira [email protected] MIEMM José Pedro dos Santos Peixoto [email protected] MIEMM Diogo Xavier Monteiro Pinto [email protected] LCEEMG Francisco Ferreirinha Pinto Santarém [email protected] LCEEMG Inês Nobre Guimarães Martins Teixeira [email protected] LCEEMG Tungsténio 1/21

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Tungsténio

Projeto FEUP 2015/2016 ­ 1º Semestre

(MIEMM) Sónia Simões (LCEEMG) Alexandre Leite

Cursos: MIEMM e LCEEMG

Equipa 11:

Supervisor: Alexandre Leite; Aurora Futuro

Monitor: Joana Duarte

Estudantes & Autores:

Inês Gomes da Silva [email protected] MIEMM

Gabriela de Oliveira Alves Ínsua Pereira [email protected] MIEMM

José Pedro dos Santos Peixoto [email protected] MIEMM

Diogo Xavier Monteiro Pinto [email protected] LCEEMG

Francisco Ferreirinha Pinto Santarém [email protected] LCEEMG

Inês Nobre Guimarães Martins Teixeira [email protected] LCEEMG

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Resumo

Este relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular “Projeto FEUP”, tendo como

tema o elemento químico tungsténio. O objetivo deste trabalho é abordar as seguintes

temáticas: as características do elemento em questão; os minérios onde o mesmo ocorre; as

minas onde possam ser encontrados; os processos de extração e separação do tungsténio

do minério e as ligas metálicas bem como as suas aplicações.

Assim, através da pesquisa das suas características, do enquadramento geográfico das

minas, da forma como se pode extrair (por via de processos físicos e químicos) e da

maneira como pode ser utilizado, estamos a aprofundar as nossas noções acerca deste

elemento. O mesmo é encontrado em vários objetos e aplicações do nosso quotidiano,

tendo bastante relevo nas mais diversas áreas: armamento, produção de lâmpadas e de

muitos outros produtos metálicos.

Devido ao facto do tungsténio fazer parte da constituição de imensos materiais utilizados

no dia­a­dia, este possuiu uma enorme importância no setor industrial.

Concluímos, ainda, que o tungsténio pode ser encontrado essencialmente nos minérios

de scheelite e volframite, presentes em diversas minas, sendo que, a nível nacional, uma

das, senão a de maior renome, é a da Panasqueira.

Palavras-Chave

Tungsténio; Volfrâmio; Scheelite; Volframite; Minas; Mina da Panasqueira; Minério;

Reservas mundiais; Extração; Métodos de separação; Beneficiação; Britagem; Moagem;

Concentração gravimétrica, eletromagnética e eletrostática; Flutuação; Purificação;

Hidrometalurgia; Lixiviação; Volatização; Cloração; Fluoração; Ligas metálicas; Superligas;

Aplicações; Lâmpadas incandescentes; Armamento; Impacte ambiental.

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Agradecimentos

No âmbito da realização deste trabalho, a equipa agradece a colaboração semanal da

monitora Joana Duarte, pois sem os seus conselhos honestos, diretos e eficazes a

execução deste trabalho não poderia sequer ser imaginada.

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Índice

Lista de figuras

Glossário

1. Introdução

2. Tungsténio

2.1 História

2.2 Características

2.3. Minas e Minérios

2.3.1. Minerais

2.3.2. Minas

2.3.2.1. Mina da Panasqueira

2.4. Separação e processos de obtenção

2.4.1 Processos de obtenção do Tungsténio da crosta terrestre

2.4.2 Processos de separação do tungsténio do mineral

2.5 Ligas metálicas e suas aplicações

3. Questões Técnicas

4. Conclusões

Referências bibliográficas

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Lista de figuras

Fig.1.Posição relativa do tungsténio na tabela periódica……………….………..pág.8

Fig.2. Scheelite[11]…………………………………………………………...……..pág.10

Fig.3. Volframite[26]…………………………………………………………………pág.10

Fig.4. Reservas mundiais de Tungsténio em 2012[27]……………….…………..pág.11

Fig.5. Mina da Panasqueira[28] …………………………………………………... pág 12

Fig.6. Esquema do Moinho cilíndrico da IsaMill [29]……………………....……....pág.13

Fig.7. Estrutura e funcionamento de uma separação de partículas por via

eletrostática[30]……………………………………………………………….……...pág.14

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Glossário 1. Hidrometalurgia: Ciência que trata da separação entre o mineral e o seu minério de

origem, bem como da formação de ligas metálicas. [18]

2. Superliga: Liga metálica de alto desempenho que apresenta elevada resistência

mecânica, à corrosão/oxidação bem como a altas temperaturas. Além disso, este

tipo de ligas possui uma boa estabilidade superficial. [19]

3. Flutuação: Processo baseado na adesão das partículas (neste caso de sedimentos

com a presença de volfrâmio) a água com óleo e detergente;[18]

4. Ustulação: Processo de produção de um metal a partir de um minério sulfetado (que

possuiu enxofre), através da passagem de uma corrente de ar num ambiente muito

aquecido. Nestas condições ocorre uma reação entre o enxofre do minério com o

oxigénio do ar, purificando o metal e produzindo uma forma oxidada que passa por

processo posterior de redução. [20]

5. Escarnitos: Rochas resultantes de processos de metamorfismo de contacto;[21] 6. Complexantes: Compostos resultantes de processos de complexação. “As reações

de complexação são aquelas em que se formam complexos e fazem parte da

complexometria. Esta consiste na utilização de agentes quelantes ou ligandos, em

geral orgânicos, que se coordenam com um ião metálico através de dois ou mais

átomos doadores eletrónicos.”

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1. Introdução

Este relatório foi realizado no âmbito da unidade curricular “Projeto FEUP”, e tem como

objetivo explorar e dar a conhecer, ao público, o elemento químico tungsténio. Deste modo,

inicia­se a abordagem com o contexto histórico, refere­se as características do elemento,

locais de extração e respetivos métodos, assim como as suas propriedades.

2. Tungsténio

2.1 História

Em 1755, Axel Fredrik Cronstedt, químico e mineralogista sueco, usou pela primeira

vez a palavra “Tungsténio”, mas para nomear o mineral que atualmente chama­se de

scheelite, conhecido na química por tungstato de cálcio, CaWO4. No entanto, só em 1821,

C. C. Leonhard atribuiu o nome scheelite, ao mineral que contém tungsténio, devido a

descoberta que K. W. Scheele fez em 1781. Scheele concluiu que a scheelite é composta

por um ácido até então desconhecido, o ácido tungstico, H2WO4.[2]

Em 1783, J. J. and F. d’Elhujar, irmãos de nacionalidade espanhola, concluíram

através das suas investigações, que a volframite continha o mesmo ácido tungstico que

anteriormente foi encontrado na scheelite. Todavia, em vez de cálcio, o tungsténio estava

associado ao manganês e ao ferro (tungstato de ferro e tungstato de manganês). Para além

desta descoberta, os irmãos d’Elhujar foram os primeiros a conseguir isolar o elemento

químico, através da redução do óxido tungístico, atribuindo­lhe o nome de Volfrâmio. No

entanto, só em 1820, Johann Friedrich August Breithaupt deu o nome volframite ao mineral,

e definiu que esta seria a sua designação em mineralogia. Consequentemente um dos

principais problemas, hoje em dia, é o facto de existir duas denominações possíveis,

respetivamente tungsténio ou volfrâmio. [2]

Durante muitos anos, o tungsténio foi considerado um elemento raro. Só em 1847,

Robert Oxland explorou a produção de tungstato de sódio e ácido tungstico, tornando­o

extremamente importante na indústria.[2]

O auge da utilização do tungsténio foi durante a segunda Guerra Mundial, sendo

eventualmente substituído pelo molibdénio, na produção de aço. Este permitia que as

armas fabricadas resistissem ao sobreaquecimento gerado pelos disparos consecutivos das

armas. Assim, durante a primeira metade do séc.XX, a procura do tungsténio superou a

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procura pelo ouro. Note­se que, apesar de Portugal ter sido um país neutro durante a

Segunda Guerra Mundial, foi o principal fornecedor de tungsténio à Alemanha nazi. [16]

2.2 Características

O tungsténio, cujo o símbolo químico é W, é mais conhecido por volfrâmio.[2] Tem

número atómico 74, o que permite concluir que, no seu estado fundamental, é constituído

por 74 protões e 74 eletrões, tendo como massa atómica 183,9. Na tabela periódica, o

tungsténio encontra­se tanto no 6º grupo como no 6º período, pertencendo ao grupo dos

metais de transição. Todos os elementos que se encontram neste grupo têm dimensões

atómicas reduzidas, que resultam de ligações metálicas fortes. Assim, tal como os outros

metais de transição, o tungsténio possui uma densidade elevada, elevado ponto de fusão,

ebulição, entalpia de fusão e de vaporização.[7]

Fig.1.Posição do tungsténio na tabela periódica

Este metal possui um elevado ponto de fusão, o segundo mais elevado entre os

elementos químicos e o mais elevado de todos os metais (aproximadamente 3382ºC).[2] À

temperatura ambiente encontra­se no estado sólido.[4] Para além do que já foi mencionado,

o tungsténio apresenta ainda uma resistência elevada a temperaturas superiores a 1650ºC

bem como à corrosão, apesar de oxidar a elevadas temperaturas.[2] Além disso possui uma

densidade de 19,3 g/cm3, aproximadamente 19,3 vezes superior à densidade da água.

Finalmente apresenta baixa pressão de vapor, ou seja, é pouco volátil.[4]

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Em estado puro, o tungsténio possui uma superfície brilhante e limpa.[1] Ao contrário

do que se pensa, em estado puro, e apesar das suas características, este metal é bastante

maleável. No entanto, quando tem na sua presença impurezas, as propriedades deste

variam. Assim, torna­se frágil, quebradiço e, consequentemente, difícil de manusear.[2]

Apesar de ser tóxico para o ser humano, o tungsténio é um metal encontrado em

algumas bactérias, sendo o elemento metálico mais pesado encontrado em seres vivos.[4]

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2.3. Minas e Minérios

2.3.1. Minérios

O tungsténio não existe, na natureza, de forma isolada. Encontra­se apenas

combinado com outros elementos. Dos mais de 20 minerais onde pode ser encontrado,

destacam­se a scheelite e a volframite, pelo seu potencial uso comercial.

Fig.2. Scheelite Fig.3.Volframite

A scheelite, encontrada em rochas metamórficas de contacto, é formada em

condições de elevada pressão e temperatura. A sua composição consiste maioritariamente

em tungstato de cálcio (CaWO4).

Por sua vez, a volframite é um termo genérico que designa qualquer mineral que

apresente a seguinte fórmula: (Fe, Mn)WO4. A concentração de tungstato de ferro e

tungstato de manganésio variam, de modo a que quando somadas perfazem o valor de

100%. Deste modo, pode­se encontrar na natureza diferentes minerais, em que a sua

composição varia apenas em percentagem. Nos extremos destas concentrações temos a

hubnerite, que tem 20% de tungstato de ferro e 80% de tungstato de manganésio na sua

constituição, enquanto a ferberite contém cerca de 80% de tungstato de ferro e o restante

de tungstato de manganésio. Estes dois tipos de minerais são extremamente raros na

natureza, pelo que existem outros, para além dos mencionados, com importância

económica.

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2.3.2. Minas

A nível mundial, o tungsténio não é abundante, já que apenas 0,00013% da crosta

terrestre é constituída por este metal.[17] Mesmo assim, as reservas deste mineral não estão

distribuídas uniformemente. A China possui mais de metade das reservas existentes no

planeta, seguindo­se da Rússia e dos Estados Unidos da América (Fig.4).

Fig.4.Reservas mundiais de Tungsténio em 2012

A partir da observação das reservas mundiais, e do tipo de cenário geológico

associado a estas reservas, sabe­se que o tungsténio aparece em quatro tipos de cenários

geológicos diferentes, como:

­ depósitos de escarnitos;

­ depósitos em filões de quartzo, adjacentes a granito;

­ sheeted vein deposits;

­ depósitos associados a pegmatitos.

Quanto à exploração, a China é a grande responsável. Das aproximadamente

72.990 toneladas exploradas todos os anos, cerca de 85% da extração de tungsténio é feita

neste pais.[24] No entanto, há outros países responsáveis pela sua exploração, embora as

quantidades sejam de menor importância, como a Rússia (4,8%), o Canadá (2,7%) e

Portugal (1,1%).

Para que ocorra a exploração de um determinado mineral, existem dois tipos de

minas possíveis: as minas a céu aberto e as minas subterrâneas. Nas minas a céu aberto, o

minério encontra­se junto à superfície e esta forma de exploração só se torna viável se o

corpo do minério estiver presente em grande quantidade. Em relação às minas

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subterrâneas, o acesso a esta é feito através de entradas parcialmente horizontais, sendo o

minério extraído em blocos, sendo depois tratado posteriormente. No entanto, só se recorre

à exploração subterrânea quando esta é benéfica a nível económico.

2.3.2.1. Mina da Panasqueira

O primeiro documento relacionado com a mina da Panasqueira remete para 15 de

Abril de 1898, o qual indica os respetivos descobridores de tungsténio na mesma, Manuel

Santos e Boaventura Borrel. Trata­se da única mina, em Portugal, onde ainda ocorre

exploração de tungsténio. Situa­se na região da Beira Baixa, a cerca de 30 Km da

Covilhã.[23]

Fig.5.Mina da Panasqueira

O início da exploração de tungsténio remonta para inícios do século XX , sendo o

primeiro registo oficial da mina datado a 25 de Novembro de 1898. O seu auge na

exploração foi durante a primeira metade do século XX, tendo revelado nessa época um

grande impacto na economia portuguesa.[23]

Em 1934, a mina da Panasqueira foi encerrada por um decreto­lei do Governo

Português, contudo foi um encerramento precoce, isto porque se começaram a utilizar

métodos mais eficientes. O preço do tungsténio sofreu um decréscimo com o término da

segunda guerra, contudo voltou a subir com a guerra da Coreia (25 de Junho de 1950 até

27 de Julho de 1953).

A mina explora setores previamente selecionados de filões de quartzo

sub­horizontais detetados por sondagens.[23]

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2.4. Separação e processos de obtenção

Para extrair um minério da crosta terrestre, existem variados processos físicos e

químicos. De acordo com as características do elemento químico que pretendemos extrair e

do tipo de cenário geológico, utilizamos os processos mais adequados.

Depois de extrair o minério que contém tungsténio da superfície terrestre, como por

exemplo a volframite ou a scheelite, é necessário tratar os minérios de forma a separar o

tungsténio de todo o restante mineral (ganga). Para isso, recorremos à beneficiação, que

se refere a processos físicos, como a fragmentação e processos hidrogravíticos.[13][14]

A fragmentação consiste na britagem e moagem do minério, de forma a reduzir as

partículas. Durante a britagem, o minério é destruído e esmagado em trituradoras, de forma

a que as partículas fiquem suficientemente pequenas para o processo de moagem. Nesta

fase, o material triturado pode ser adicionalmente desintegrado num moinho cilíndrico (ou

noutros tipos de moinhos) contendo no seu interior corpos de moagem, como pedras de

sílex, ferro ou aço e bolas de cerâmica. Estes corpos caem, sob a força da gravidade,

através da rotação do tambor. [22]

Fig.6.Esquema do moinho cilíndrico da IsaMill, utilizado na moagem de alguns minérios.

Existem outros processos de separação, tais como a concentração gravítica,

eletromagnética e eletrostática. Através da concentração gravítica, os materiais que

constituem o minério são separados pelas suas diferentes densidades; com a concentração

magnética, os minerais são separados com base no nível de atração exercido por campos

magnéticos; por fim, pela concentração eletrostática, as partículas são separadas segundo

as diferentes cargas elétricas (quando partículas de polaridade diferente são postas num

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campo elétrico, seguem diferentes trajetórias de movimento podendo ser capturadas

separadamente).[22]

Figura 7­ Estrutura e funcionamento de uma separação de partículas por via eletrostática

A flutuação é um processo que aproveita diferentes propriedades dos minerais,

particularmente a sua capacidade de humedecimento. Ao alterar as condições hidrofóbicas

ou hidrófilicas das superfícies das partículas minerais, estas, ao serem suspensas na água,

podem ser induzidas a aderirem a bolhas de ar. Estas formam uma espuma, a qual, em

conjunto com os minerais hidrofóbicos, pode ser removida. Os resíduos, contendo os

minerais hidrofílicos, podem ser removidos a partir da parte inferior da célula.[22]

Quando se pretende separar o tungsténio do mineral onde ele se encontra, após a

realização dos processos acima referidos, é necessário proceder a uma purificação do

tungsténio, já que o tungsténio obtido é apenas um concentrado, em que cerca de 60% a

70% da sua constituição é trióxido de tungsténio, WO3.[14] A purificação consiste numa

ustulação entre os 600ºC e os 800ºC, que remove algumas das impurezas, como o arsénio,

o enxofre e todas as matérias orgânicas.[15]

No entanto, também se pode recorrer a processos químicos, de modo a solubilizar

quimicamente os minérios. Para isso utilizamos a hidrometalurgia, com recurso à lixiviação

ou à volatilização. Existem vários tipos de lixiviação: a lixiviação caústica, que é mais

indicada no caso da volframite, ocorrendo a decomposição do minério pelo aquecimento

com hidróxido de sódio:

(Fe, Mn)WO4 + 2NaOH (Fe, Mn)(OH)2 + Na2WO4

seguida da diluição, filtração e lavagem; a lixiviação com soda em autoclave consiste no

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aquecimento do minério, geralmente a scheelite, com uma solução de Na2CO3, a soda

caústica:

CaWO4 + Na2CO3 Na2WO4 + CaCO3 seguida de uma filtração e lavagem obtém­se como produto uma solução de tungstato de

sódio; a lixiviação ácida, utilizada quando o minério é a scheelite, com recurso ao ácido

clorídrico, de forma a solubilizar o cálcio, transformando o tungsténio em ácido túngstico,

sendo este amarelo e muito pouco solúvel:

CaWO4 + 2HCI CaC12 + H2WO4 seguida de uma filtração e lavagem. Podem ser também usadas as lixiviações com fluretos

e com complexantes.[15]

Quanto à volatilização, podem ser utilizados os seguintes processos: a cloração,

que consiste no tratamento da scheelite ou da volframite com cloro na presença de carbono,

produzindo vapores de oxicloreto de tungsténio, que é dissolvido em água para obter ácido

túngstico, ou é feita uma segunda cloração para obter hexacloreto de tungsténio; a

fluoração, em que se dá a desidratação da scheelite por aquecimento, formando fluoretos

(WF6,WF5,WF4) ou oxifluoretos (WOF4, WO2F2). Estes são condensados em água e, ao

elevar a temperatura através de vapor, consegue­se obter ácido túngstico.

Na prática industrial são utilizadas autoclaves horizontais ou verticais, com minério

moído e lixiviado com soluções de Na2CO3, a temperaturas de 190°C a 325°C durante 1,5 a

4 horas.

Se a extração foi efetuada por lixiviação ácida, o ácido túngstico obtido é calcinado a

WO3. Se a extração for efetuada por lixiviações alcalinas (como a lixiviação caústica e a

lixiviação com soda em autoclave) podem ser usadas várias técnicas para obtenção do

ácido túngstico: precipitação de CaWO4, extração por solventes ou extração por resinas

permutadoras sólidas. [15]

Depois dos processos químicos e físicos, obtemos:

Tungsténio metálico, por redução através do hidrogénio do WO3 ou do APT

(paratungstato de amónio), por extração por solventes;

Produtos químicos, como por exemplo os catalisadores, obtêm­se a partir de

soluções aquosas de AMT (metatungstato de amónio), por extração por resinas

permutadoras sólidas;

Ferrotungsténio é obtido por redução metalotérmica do minério concentrado; Tungstato de cálcio obtém­se por precipitação de soluções alcalinas (scheelite

sintética).[15]

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2.5 Ligas metálicas e suas aplicações

Ao longo de vários anos, o tungsténio tem apresentado uma enorme importância a

nível industrial e científico, devido às suas características.

Na indústria, ao adicionar tungsténio a determinados materiais, melhora­se as suas

propriedades mecânicas[1], combinando as melhores características de cada um dos

materiais. Para além disso, é possível modificar a estrutura do elemento químico, o que

permite alterar algumas das suas propriedades, como o ponto de fusão e de ebulição,

tamanho das partículas e pressão. Assim, há uma vasta área onde este metal pode ser

usado.[1]

Devido ao seu elevado ponto de fusão, o tungsténio é usado no fabrico de lâmpadas

incandescentes, nomeadamente para os seus filamentos, cabos de televisão, pontos de

contacto elétrico para distribuidores automóveis, alguns materiais para fornos, foguetes, em

mísseis e na indústria aeroespacial.[2]

A dureza e densidade do tungstênio são utilizadas para obtenção de ligas de metais

pesados, como o aço, que pode conter até 18% de tungsténio. Superligas, como Hastelloy e

a Estelite, que contêm tungsténio, são usadas em lâminas das turbinas e em peças que

necessitam uma elevada resistência ao desgaste.[4]

O carboneto de tungsténio, molécula formada por um átomo de carbono e outra de

tungsténio, é utilizado na joalheria, já que este é extremamente resistente à corrosão.[4]

Para além de todas estas aplicações, o tungsténio tem um importante papel no

armamento. Este é utilizado em alternativa ao urânio em armas de pequeno porte, em

granadas e mísseis. Também pode ser utilizado em pó, de forma a diminuir o raio de

ataque, aumentando a letalidade.[4]

Na ciência, o tungsténio é utilizado em algumas reações químicas, como

catalisador.[1]

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4. Conclusões

Este projeto resulta do culminar de um estudo minucioso que exigiu uma análise

criteriosa e uma reflexão crítica não só quanto ao tema retratado, mas também em relação

ao aspeto formal.

Ao longo deste relatório foram analisadas as várias propriedades do elemento metálico

tungsténio, os diferentes processos metalúrgicos que levam à sua extração e naturalmente

as suas aplicações a nível industrial e científico.

A reflexão feita permitiu concluir que os processos de exploração utilizados conduzem

ao aumento da degradação ambiental, uma vez que a extração do minério causa estragos

ao nível visual, sendo que as marcas deixadas na paisagem pela atividade são facilmente

visíveis. A contaminação dos solos envolventes à mina é também um dos motivos de

preocupação numa perspectiva futura, porque a drenagem efetuada não se torna suficiente

para a quantidade de água que escorre pelo minério e arrasta sulfuretos, que reagem

formando águas com índice ácido. As constantes descargas de resíduos nas escombreiras

derivadas da atividade mineira constituem mais um fator que afeta negativamente a

qualidade do solo.

Uma das principais vantagens da elaboração deste trabalho reside no facto de ter

proporcionado um melhor conhecimento sobre um tema adequado às perspetivas dos

cursos e que simultaneamente permitiu uma rápida adaptação ao meio universitário.

No seu geral, foi um estudo realmente interessante e definitivamente instrutivo, elevando

o grau de conhecimento do assunto retratado.

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