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UNIVERSIDADE DE UBERABA GEÓRGIA KEROLLIN QUEIROZ SANTOS RAFAEL LIMA SANTOS CORAÇÕES DE CHUTEIRA UBERABA – MG 2009

Uberaba Sport Clube - Coração de Chuteira

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Paper sobre o video-documetário realizado pelos alunos Georgia Kerollin e Rafael Lima, como exigencia para a conclusão do curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo da Universidade de Uberaba.

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UNIVERSIDADE DE UBERABA GEÓRGIA KEROLLIN QUEIROZ SANTOS

RAFAEL LIMA SANTOS

CORAÇÕES DE CHUTEIRA

UBERABA – MG 2009

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UNIVERSIDADE DE UBERABA GEÓRGIA KEROLLIN QUEIROZ SANTOS

RAFAEL LIMA SANTOS

CORAÇÕES DE CHUTEIRA

Trabalho apresentado a Universidade de Uberaba, como parte das exigências a conclusão do Trabalho de Conclusão de Curso do 8° semestre do Curso de Jornalismo

UBERABA – MG 2009

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“Antes de existir o futebol já existia o torcedor”

Nelson Rodrigues

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Corações de Chuteira

Geórgia Santos Rafael Lima

Celi Camargo Universidade de Uberaba - MG

RESUMO:

O documentário Corações de Chuteira registra a emoção de uma das maiores torcidas do interior mineiro: a Furacão Colorado e o Exército Vermelho que formam a massa de torcedores do Uberaba Sport Club. Através das histórias apaixonadas dos torcedores a história do time, que tem 93 anos de existência, vai sendo narrada. O documentário penetra no cotidiano dos torcedores na tentativa de descobrir de onde vem este apego tão forte que é capaz de levá-los a prática de ações diversas, que vão desde a manifestação pura de amor uns pelos outros à reações de violência e ódio. O documentário foi produzido como exigência para a conclusão do curso de Comunicação Social habilitação em Jornalismo, da Universidade de Uberaba.

PALAVRAS-CHAVE: Futebol, Torcida e Uberaba Sport Club. INTRODUÇÃO:

Nenhum outro esporte mobiliza os brasileiros tanto quanto o

futebol, já oficializado como paixão nacional. E ninguém dúvida disso. É o

esporte que mexe com a emoção e a adrenalina dos torcedores. Estar no

estádio, envolvido por aquela atmosfera é contagiante. É impressionante

ver este fascínio brasileiro, que fazem com que um torcedor se desligue do

mundo quando assiste a uma partida de futebol. (TEMA)

(..) para os homens, o futebol desempenha o mesmo papel

que a roupa. �espreza-lo significa estar despido. Nesse sentido, o futebol pode ser visto como uma linguagem. De certa forma, ele é um código que todos devem ser minimamente capazes de utilizar.

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Em países como o Brasil, em que o futebol é um esporte extremamente popular, parte-se do pressuposto que todos estão interessados nele e, por conseguinte, são capazes de falar sobre ele, e até gostam disso. Assim, falar sobre o futebol, passa a ser uma forma de falar sobre o país e sobre a identidade nacional. ( DAMO, Arlei Sander, 2002, p.1)

Para mostrar esta intrínseca relação entre torcedor e futebol o

documentário se pautou em um dos grandes clubes do interior de Minas

Gerais, o Uberaba Sport Club. O diferencial deste clube está justamente

na fidelidade de sua torcida, uma das características marcantes do futebol

em Uberaba. (UBERABA SPORT CLUB)

Na montagem do documentário foram utilizados depoimentos que

revelaram paixões avassaladoras por um time de futebol, e ao mesmo tempo,

estes personagens, através de seus relatos também constroem a história do

Colorado, assim chamado carinhosamente pelos seus seguidores.

Para se obter uma compreensão mais aprofundada, pesquisas foram

essenciais. Afinal, tomar conhecimento dos longos 93 anos do Uberaba

Sport foi preciso muito estudo para chegar aos principais momentos do

time, como por exemplo, o surgimento do USC, seus títulos, os principais

jogos entre outros fatores de destaque desta história. Informações obtidas

em pesquisas na internet, possibilitando um direcionamento e em matérias

de jornais arquivadas, para comprovar os fatos. (UBERABA SPORT

CLUB)

Depois do primeiro passo, chega a hora de ir a campo, e selecionar as

melhores fontes para entrelaçar ao conteúdo histórico presente no roteiro do

documentário, permitindo assim, uma compreensão clara de toda jornada do

time de Uberaba e o amor que os personagens adotam.

Por trás desta história, os entrevistados revelaram muito mais que

fatos históricos, um amor incondicional pelo colorado. Um fanatismo que

ultrapassa os limites do entendimento, como por exemplo, viajar

quilômetros para ver o time jogar. Alguns antropólogos e pesquisadores

explicam este sentimento, Roberto DaMatta, em seus estudos fala da

imensa popularidade do futebol: (TORCIDA)

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“O torcedor busca no jogo de futebol a vitória que não teve em casa, no trabalho até mesmo na vida. É como se a felicidade estivesse depositada na partida de futebol, se o time vence, é como se estivesse conquistado o emprego dos sonhos. Se tornando assim parte da equipe. O clube acaba mediando uma relação com desse individuo, com o sucesso, com a lembrança, com a sua família, com a sua origem, etc”.

Inserido a simbologia de ser torcedor, existem características incomuns,

além do amor que todos comungam. Encontrados em nossos entrevistados

outro ponto relevante, o misticismo, que também faz parte do mundo dos

esportes, principalmente ao futebol. As superstições são as mais variadas

possíveis, como cuecas e sapatos da sorte e santos de devoção, rituais que

no imaginário dos torcedores ajudam a trazer a vitória. (TORCIDA)

Essas construções da superstição do ritual da “força sobrenatural” são próprias a partir do medo ou mediante acontecimentos de uma grande performance.“O pensamento supersticioso é auto justificável, mesmo quando não atinge o resultado esperado”, (Daolio, J. 2003, p. 199)

“Os sentimentos mágicos estão presentes todas às vezes em que são executados certos gestos simbólicos e quando as coisas ficam carregadas de uma força que obedece aos desejos humanos”. (Pierucci, A. F. 2001)

Como já mencionado o trabalho vem pra revelar a grande historia que o

USC escreveu durante esses anos, traduzida por grandes personagens que

vivenciaram e com muito amor, ajudaram o clube construir esta trajetória.

2 OBJETIVO

A finalidade é mostrar a paixão que os torcedores nutrem por um

time e os motivos de tanto fascínio, tendo como foco a torcida do Uberaba

Sport Club. Um time interiorano que mesmo sendo considerado amador-

profissional promove em seus fieis torcedores a fidelidade pelo clube. Além

da torcida também existem membros fervorosos ao colorado, o time conta

com trabalhadores voluntários, diretor, técnico, presidente, entre outros,

que trabalham por amor ao USC. (AMOR AO CLUB)

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Através desta imensa paixão pelo Uberaba Sport Club, um dos

objetivos é firmar que o time faz parte da identidade do município.

(IDENTIDADE DE UBERABA). Enfim, ampliar a visão sociocultural do

time, revelando a sociedade uberabense, a história do clube mais

importante do Triangulo Mineiro. Permitindo mais uma vez, uma

identificação. (VISÃO SOCIO CULTURAL)

3 JUSTIFICATIVA:

Às vezes, as maiores dificuldades do ser jornalista é na verdade pautar

de forma correta, escolher assuntos relevantes, encontrar o foco, o feeling, que

faz da matéria, seu diferencial. A idéia é seguir o caminho do jornalismo

esportivo, que há tempo vem ganhando uma forma dinâmica, uma nova

roupagem. Encontrar no óbvio, na rotina dos esportes, um tema que

possibilitasse a criação de um trabalho de conclusão de curso eficaz, e ao

mesmo tempo com a nova cara que adquiriu o jornalismo esportivo.

(TEMA) ( ESFERA ESPORTIVA)

Havia muitas possibilidades, afinal, Uberaba apresenta uma

variedade de atividades esportistas. Através dos jornais que circulavam no

município, tomamos conhecimento do Uberaba Sport Club, que

completava quase um século existência. (IMPORTANCIA DO TIME)

São poucas as cidades mineiras que junto às suas raízes podem

contar com a existência de um clube de futebol profissional. Aqui, em

Minas Gerais, temos times de renome nacional, como Cruzeiro e Atlético.

Uberaba é uma das poucas cidades, que em 189 anos de existência

conseguiu, mesmo que a duras penas, manter um time de futebol entre as

categorias do futebol brasileiro. O USC não está na primeira divisão do

brasileirão, mas está na primeira divisão do mineiro. (IMPORTANCIA

DO TIME)

Hoffman, Ging, Matheson e Ramasamy (2003),

referem que um grau de desenvolvimento maior está associado a infra-estruturas de melhor qualidade que apoiem a prática desportiva, bem como à existência de incentivos financeiros superiores e, por outra via, à presença de mais horas de lazer,

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indutoras de consumos mais significativos de bens e serviços de âmbito desportivo, satisfeitas que estão necessidades estruturantes ou básicas, na concepção de Maslow (1970).

Apesar de todo contexto histórico a jornada do Colorado morria em

velhas paginas amareladas de jornais. Uma ampla e rica trajetória que

precisa ser revelada em vídeo. ( HISTORIA DO USC) Fascínio por clubes

de futebol é algo marcante em todo canto do mundo que envolve de

poderosos políticos ao humilde trabalhador. Em Uberaba, não poderia ser

diferente. O fanatismo dos torcedores chega a ser curioso: pode faltar o

dinheiro da comida, mas não falta o do ingresso para assistir o time em

campo. De onde surge estes sentimentos? (FASCINIO)

O torcedor busca no jogo de futebol a vitória que não teve em casa, no trabalho até mesmo na vida. É como se a felicidade estivesse depositada na partida de futebol, se o time vence, é como se estivesse conquistado o emprego dos sonhos. Se tornando assim parte da equipe. O clube acaba mediando uma relação com desse individuo, com o sucesso, com a lembrança, com a sua família, com a sua origem (Daolio, J. 2003, p. 199)

Não há como falar de Uberaba sem considerar um dos seus símbolos

que é o USC. Por mais que existam aqueles que não gostam no futebol e até

criticam esta prática, a atividade faz parte da formação ideológica do povo

brasileiro. Ele apresenta manifestações que merecem ser analisadas no

âmbito da historiografia e da sociologia. (FASCINIO) Aqui, nos atrevemos a

fazer um pequeno incurso por este mundo que envolve as pessoas e o futebol.

4 MÉTODOS E TÉCNICAS UTILIZADOS:

A escolha da esfera esportiva foi proposta logo no início. Sabíamos

que desenvolveríamos um trabalho de conclusão de curso com tema

futebol, mais precisamente pautando o Uberaba Sport Club. (ESFERA

ESPORTIVA)

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Montar um trabalho com quatro abordagens, envolvendo

atualidade, os torcedores, trabalhos voluntários (membros da diretoria),

em uma última estância, retratar os fatos históricos do clube, fazia parte do

projeto inicial. (PONTO DE PARTIDA)

As idéias foram se modificando, à medida que íamos

contextualizando o assunto. Reorganizar os conceitos e ir a campo ajudou

a nortear o rumo do documentário. A intenção é permitir que os

apaixonados pelo time narrem a história do Colorado, através de fatos que

marcaram a memória de cada um, e ao mesmo tempo trazendo a tona o

amor pelo clube. (ADAPTAÇÕES)

Mergulhar em pesquisas, conhecer profundamente os 93 anos do

Uberaba Sport, foram estudos feitos delicadamente, pois só assim

poderíamos levantar os momentos marcantes do time em quase um século

de caminhada. Diante de infinitas possibilidades, optamos em expor o

surgimento do time, o bi-campeonato do Triangulo, a ascensão na serie A

do Campeonato Brasileiro em 1981, a crise de 1986, as boas atuações em

2003 e a vitória do Campeonato da Taça minas. (CONTEUDOS)

Em uma segunda vertente, tão criteriosa quanto a anterior, exigiu que

mergulhássemos nas historias dos torcedores. Para que encontrássemos fontes

que vivenciaram os momentos de glória levantados, fomos literalmente às ruas,

e realizamos visitas em centros esportivos de treinamento do USC e jogos em

final de semana.

O que pensávamos que fosse complicado, isto é, encontrar

personagens que relatassem seu amor pelo Colorado, foi mais fácil que

imaginávamos. O número de fontes ultrapassou o esperado. De cada pré-

entrevista, recebíamos indicações para outras, com boas histórias para

contar. O difícil então era selecionar as melhores, pois todos pareciam

indispensáveis. (ESCOLHA DAS FONTES)

As fontes são pessoas, são grupos, são instituições sociais ou são vestígios– falas, documentos, dados – por aqueles preparados, construídos, deixados. As fontes remetem para posições e relações

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sociais, para interesses e pontos de vista, para quadros espácio-temporalmente situados. Em suma, as fontes a que os jornalistas recorrem ou que procuram os jornalistas são entidades interessadas, quer dizer, estão implicadas e desenvolvem a sua actividade a partir de estratégias e com tácticas bem determinadas.

A intenção era fazer com que os personagens, através de uma linha

cronológica montassem a história do Colorado. Entretanto, no jornalismo

o trabalho pode ser instável, e nas entrevistas descobrimos fatos que

envolvem toda a paixão de um torcedor, percebemos que todos eles

possuem ritos e superstições. (ESCOLHA DAS FONTES)

Este é o caso do estudante, Raul Santana Quinarelli, 19 anos, que

quando vai assistir o Uberaba em campo, prefere não arriscar, chega até mais

cedo para não perder nas arquibancadas o lugar da sorte. Já a torcedora Luciana

Nunes Ferreira, deposita em seus santos de confiança a vitória do colorado.

Acrescentar fatos como estes foram essenciais ao documentário, pois retrata

fielmente o imaginário popular do futebol.

Escolhida as abordagens adequadas ao documentário, partimos

para uma tarefa essencial, roteirizar tudo aquilo que colocamos em

prática. Conforme Syd Field o formato de um documentário só é possível

definir após as captações. Por isso, sabíamos que a primeira versão do

roteiro podia e deveria sofrer alterações, e assim aconteceu.

(ROTEIRIZAÇÃO)

Foram 17 fontes entrevistas, torcedores, a diretores do USC,

jornalistas, historiadores, pesquisadores da sociologia e jogadores,

gravações que renderam uma semana de decupagem, trabalho no qual nos

possibilitou a versão final do roteiro e a percepção de que nosso trabalho

assumisse um papel de vídeo-depoimento, o que trouxe maior veracidade

ao documentário. (ROTEIRIZAÇÃO)

De fato o documentário caminhava ruma a uma nova cara que o

jornalismo esportivo vem passando, com imagens focadas que

resplandecem a angustia, a alegria e o sofrimento, tudo aquilo que um

torcedor passa durante os noventa minutos de uma partida. Efeitos e sons

encontrados no mundo do fundo também fizeram parte deste trabalho.

(EDIÇÃO)

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5 DESCRIÇÃO DO PRODUTO

O documentário tem 30 minutos de duração, segue o formato

interativo em que, nós autores, interferimos no processo de captação

dirigindo e simulando algumas situações presentes no cotidiano dos

torcedores. Não se trata de uma manipulação da realidade, mas

simplesmente um recurso utilizado por documentaristas para demonstrar o

real. (CAPTAÇÃO) Priorizamos as sonoras das fontes para dar mais

credibilidade e realismo a narrativa que ganha força também através das

narrativas indiretas. (SONORAS)

6 CONSIDERAÇÕES

A produção do documentário possibilitou a nós futuros jornalistas,

entender a intensidade da atividade de reportar, compreender que muitas

vezes a noticia está no obvio, para isso foi preciso despir dos óculos escuros.

(OBVIO) Ensinou-nos que a ética, deve andar de mãos dadas na profissão,

levando em consideração as limitações de cada individuo. (ETICA)

Aprendemos que para o bom funcionamento de qualquer trabalho, devem

existir datas, um cronograma. E de preferência segui-lo a rigor.

(CRONOGRAMA)

Muito se fala do mundo encantador do futebol, que na maioria das

vezes, é movido pela emoção. Uma emoção que nos tomou conta. Presenciar

a atmosfera de um estádio transbordando de torcedores, ficar aguardando

o apito final para pode gritar é campeão foi mais que um trabalho, foi um

momento impar em que também nos sentimos torcedores. O momento

certo para entender o amor de cada torcedor, que faz de tudo pelo time do

peito. A nossa vontade era correr e comemorar junto a massa colorada.

(EMOÇÃO)

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REFERÊNCIAS MOURÃO, Paulo. Reis. A importância do desenvolvimento regional na localização de equipes de futebol profissionais. o caso português 1970-1999. Departamento de Economia; Escola de Economia e Gestão; Universidade do Minho. DAOLIO, Jocimar (Organizador). Futebol, cultura e sociedade. Editora Autores Associados. 160 páginas. DAMO, Arlei Sander. Futebol e identidade social: uma leitura antropológica das rivalidades entre torcedores e clubes. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2002. 159 páginas PINTO, Manuel. Fontes jornalísticas: contributivos para o mapeamento do campo. Comunicação e Sociedade , Cadernos do Noroeste, Série Comunicação, Vol. 14 (1-2), 2000, 277-294 FIELD, Syd. Manual do Roteiro: os fundamentos do texto cinematográfico. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. 223 páginas