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0 UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES IAVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: Aprendendo com o passado e inovando o futuro. Thaís de Oliveira Rangel Professor – Orientador: Maria Esther de Araujo Niterói - 2009 –

UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES IAVM – … · valorizar, cada vez mais seus funcionários, enxergando-os como colaboradores pensantes e geradores de conhecimento. Para essas

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UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

IAVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL:

Aprendendo com o passado e inovando o futuro.

Thaís de Oliveira Rangel

Professor – Orientador: Maria Esther de Araujo

Niterói

- 2009 –

1

UCAM – UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

IAVM – INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL:

Aprendendo com o passado e inovando o futuro.

OBJETIVO:

Explorar o tema Aprendizagem

Organizacional, identificando os entraves que

a torna um processo difícil de ser aceito e

aplicado por muitas empresas e propondo

soluções para esse problema.

Pedagogia Empresarial

Thaís de Oliveira Rangel

2

AGRADECIMENTO

A todos que contribuíram para o

desenvolvimento da minha motivação,

mostrando-me o valor da aprendizagem e

fornecendo fundamentos para a elaboração

desse trabalho.

3

DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho de pesquisa à equipe de

profissionais que atua junto a mim,

contribuindo com o incentivo necessário.

4

RESUMO

O tema Aprendizagem Organizacional vem sendo abordado

frequentemente por estudiosos dedicados à dinâmica empresarial, oferecendo

amplo campo de análise e suscitando alguns questionamentos.

Muitas empresas, principalmente as de médio a grande porte,

perceberam a necessidade de estar em consonância com as exigências da

sociedade que emerge e de expandir o conhecimento entre os atores do

cenário empresarial.

Porém, é possível perceber, mesmo de fora do universo organizacional,

que algumas empresas ainda resistem às mudanças e não valorizam o

processo de aprendizagem.

Explorar esse tema, apresentar iniciativas adotadas por organizações-

aprendizes, e investigar os motivos da resistência e da dificuldade de

implementação da aprendizagem no ambiente organizacional são pretensões

desse trabalho.

5

METODOLOGIA

O presente trabalho baseia-se em pesquisa bibliográfica de autores

renomados na área administrativa, sendo Paulo Yazigi Sabbag e sua obra

Espirais do Conhecimento: Ativando indivíduos, grupos e organizações a teoria

fundamentadora desse estudo.

O primeiro capítulo será dedicado ao estudo da Sociedade do

Conhecimento, contexto social que serve de cenário para as organizações

contemporâneas, além de apresentar o tema Aprendizagem Organizacional.

O capítulo seguinte traz a inovação como palavra de ordem no atual

momento dentro do universo organizacional e apresenta algumas iniciativas

proveitosas que ajudam na aplicação e expansão da aprendizagem em

organizações empresariais.

O terceiro e último capítulo aborda o conteúdo investigativo desse

trabalho: por que, em muitas empresas ainda, o conhecimento é retido apenas

pelo líder e a aprendizagem não é expandida por todos os envolvidos no

processo? O que dificulta a aceitação e a implementação da Aprendizagem

Organizacional por parte dessas empresas?

6

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: A ORGANIZAÇÃO ENGAJADA NO ATUAL

CONTEXTO SOCIAL 8

CAPÍTULO II

INICIATIVAS QUE GERAM APRENDIZADO 18

CAPÍTULO III

AS DIFICULDADES QUE PERMEIAM O SABER ORGANIZACIONAL 24

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

ÍNDICE 38

7

INTRODUÇÃO

Aprendizagem Organizacional, definida por Bob Guns como “a aquisição

de conhecimentos, habilidades, valores, convicções e atitudes que acentuem a

manutenção, o crescimento e o desenvolvimento da organização.” (GUNS,

1998, p. 33), ganha cada vez mais ênfase no cenário empresarial e é a grande

bandeira das organizações do futuro.

O funcionário passou de simples executor de tarefas à cliente interno e

elemento essencial para sobrevivência das organizações. Em convergência

com um novo contexto social, as organizações valorizam, ou deveriam

valorizar, cada vez mais seus funcionários, enxergando-os como colaboradores

pensantes e geradores de conhecimento. Para essas empresas, a

Aprendizagem Organizacional é uma das soluções emergentes e inadiáveis na

preparação da força de trabalho dos novos tempos.

Contudo, apesar de urgente, a aprendizagem não é expandida em

muitos cenários organizacionais, nos quais líderes e liderados resistem ao

aprendizado e às mudanças efêmeras e comuns no mundo empresarial

contemporâneo.

O presente trabalho apresenta uma reflexão sobre a Aprendizagem

Organizacional e propõe questões que envolvem os entraves que permeiam a

prática desse processo. Algumas iniciativas são expostas nessa pesquisa com

o objetivo de ilustrar que é possível superar ou minimizar as dificuldades.

8

CAPÍTULO I

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: A

ORGANIZAÇÃO ENGAJADA NO ATUAL CONTEXTO

SOCIAL.

“A sociedade é feita de gente, com suas

capacidades, mentalidades, interesses e

maneiras de relacionar-se entre si, ou seja, é

feita de organizações.”

(Paulo Yazigi Sabbag)

O aprendizado para a humanidade sempre exerceu importante papel no

que diz respeito ao desenvolvimento dos povos, seja ele social, profissional e

em todas as outras áreas da dinâmica do ser humano. A nova ordem do

momento exige do indivíduo que ele saiba cada vez mais lidar com as

mudanças rápidas que ocorrem a sua volta.

O desenvolvimento da tecnologia, seja no campo da telecomunicação ou

na informática, tem imposto um ritmo acelerado no cotidiano da humanidade.

No ambiente coorporativo isso não tem sido diferente. O volume de

informações é transferido com uma rapidez nunca antes vista. Bob Guns

destaca que “muito tem sido escrito a respeito do impacto da era da informação

sobre as organizações. Executivos, gerentes e trabalhadores de linha de frente

enfrentam, igualmente, quantidades gigantescas de informações.” (GUNS,

1998, p. 7).

A busca pelo conhecimento, pelo aprendizado, passa a ser, dentro

desse novo cenário, fator importante para indivíduos e organizações.

9

1.1. Conhecimento: a exigência da nova sociedade

De acordo com dados oferecidos por Sabbag, durante milênios, o

esforço do ser humano dirigia-se à sobrevivência em ambiente muitas vezes

hostil. Mas, no início da sociedade agrária, a possibilidade de produção de

alimentos independente da caça e da coleta modificou sobremaneira a

organização social. Há cerca de dez mil anos, na Mesopotâmia, o manejo da

terra propiciou a expansão do conhecimento a tal ponto que fez crescer e

prosperar a população. Essa era a diferença entre ser primitivo ou civilizado.

Muitas civilizações sucederam-se, cada qual restrita a determinada região do

planeta. Para tanto, o conhecimento desenvolveu maneiras de enfrentar

doenças e restrições naturais, o qual assegurou conforto e vida mais saudável.

Pelas longas viagens intensificadas desde a Idade Média, tornou-se

possível transferir conhecimento de uma região a outra em uma escala

extraordinária. O Oriente Médio que já tinha apresentado a mais antiga

civilização agrária, ao constituir cidades e dominar diversas técnicas para a

agricultura, foi o propulsor da troca de saberes entre Ocidente e Oriente,

servindo como elemento de integração entre mundos que haviam se

desenvolvido de maneira distinta. Os árabes trouxeram ao Ocidente os

números e a linguagem da matemática, além de uma medicina avançada,

dentre diversas outras ciências. Dominavam tecnologias para a navegação,

depois aprimoradas pelos portugueses e espanhóis, residentes de terras

ocupadas durantes oitocentos anos por esse mouros. Sem essas tecnologias

para a navegação, as aventuras dos “descobrimentos” não teriam ocorrido.

Com os portugueses e espanhóis, todos os mares são navegados no

século XV. O mundo se expande. O aprendizado nesse período também

promove o renascimento das artes e das ciências na Europa. A partir daí,

demandas desafiadoras de uma população com crescimento e mobilidade

elevadas semeiam terreno para uma nova etapa de evolução da organização

social. O advento das máquinas e de meios de transportes de alta capacidade

e confiabilidade permitiu uma concentração de riqueza não mais baseada na

exploração da terra e dos recursos minerais, mas na produção de bens em

10

larga escala. As nações industrializadas tornaram-se hegemônicas e

impuseram seus padrões, e apesar do domínio de vastas extensões

geográficas, Portugal e Espanha perderam importância na era das fábricas.

Enquanto a sociedade agrária perdurou por dez mil anos, a sociedade

industrial limitou-se a trezentos anos no máximo, mas provocou saltos e

rupturas fenomenais que podem ser considerados indicativos de aceleração do

conhecimento. Nos seus primórdios, porém, a Sociedade do Conhecimento

ainda não aponta quais mudanças provocará.

O que marca a Sociedade Agrária é a integração do homem à natureza.

Ele dependia da abundância de recursos naturais, cujo manejo requeria uma

mão-de-obra persistente e igualmente abundante. O ritmo era ditado pela

mudança de estações e os dias de cuidar de terra eram longos. Vivia-se

sempre próximo a fontes de água. As condições climáticas da terra e da tarefa

determinavam o potencial da colheita e grande parte dos ganhos era

reinvestida na propriedade, em torno da qual a família, principal instituição

organizadora, gravitava. Na sociedade agrária tudo era orientado pelo passado,

reforçando a tradição em um mundo pouco dinâmico.

A Sociedade Industrial, por sua vez, baseava-se não na terra, mas nos

instrumentos de produção. A propriedade dos meios de produção era mais

importante do que os recursos naturais, acessíveis por sua relativa abundância.

O cuidar era substituído pelo trabalhar. A população mudou-se para as

proximidades do local de trabalho. A instituição mais representativa passou a

ser a instituição empregadora. Nesse mundo, o capital e a tecnologia

tornavam-se os ativos mais valiosos. No lugar da colheita, surgia o produto, até

mesmo no setor de serviços. E, quanto maior fosse a organização, maior seria

a otimização do capital e da tecnologia investidos e a necessidade de se

expandir. A orientação passou a ser imediatista, voltada para o presente e não

mais para o passado.

Com a Sociedade do Conhecimento, o desafio anterior a ela, de cuidar e

depois de trabalhar, passou a ser o de criar conhecimento e gerar aptidão para

aplicá-lo, deixando de lado o passado e as tradições, incompatíveis com a

inovação. Em tal sociedade, preocupada com a sustentabilidade do planeta em

11

contexto de crise, a visão imediatista é combatida. O trabalho muda

consideravelmente. Em alguns casos, o profissional é pago para trabalhar em

casa. Enquanto a terra simboliza a sociedade agrária e a cidade retrata a

sociedade industrial, o que simboliza a Sociedade do Conhecimento é algo

intangível, embora tão fecundo como a terra: a mente. Agora, pouco importa

em que local o conhecimento é produzido. Nesse mundo introspectivo é a

pessoa, e não mais a família nem a organização, que ocupa o posto de

instituição representativa. Novamente a fonte de valor desloca-se dos recursos

naturais e dos recursos financeiros para a tecnologia, fruto do conhecimento, e

para as competências.

FONTE: SABBAG, Paulo Yazigi. Espirais do Conhecimento: Ativando indivíduos,

grupos e organizações. São Paulo: Saraiva, 2007.

A Sociedade do Conhecimento substitui os padrões das Sociedades

Industrial e Agrária, porém não elimina a agricultura nem a indústria. A Nova

Sociedade desencadeia uma revolução nessas áreas. Na agricultura, não mais

é suficiente o ganho de produtividade e homogeneidade obtida por meio da

mecanização, valorizando-se o desenvolvimento e a seleção genética de

sementes, os recursos biológicos aplicados à plantação e a competência no

manejo da geografia e das condições climáticas, através da agricultura de

precisão.

12

Também a indústria passa por uma revolução para se ajustar ao novo

padrão. Recorre à automação, quase invisível, mas que permite o controle

cibernético da produção. Bastante representativa é a introdução da robótica,

que substitui a mão-de-obra humana em tarefas repetitivas, e que causou

muita controvérsia entre os que acreditavam que essa implementação

ameaçaria o trabalho operário, sem sequer desconfiar que em rápidos trinta

anos depois o microcomputador seria introduzido nos escritórios, causando,

silenciosamente, um estrago muito maior que o barulho do robô.

A fábrica não apenas se robotiza como o processo passa por um aporte

muito maior de conhecimento aplicado: a indústria se sofistica. Ela deixa de

sobrecarregar o mercado com produtos e passa a incorporar uma forte noção

de serviço, pois agora é o cliente cada vez mais individualizado que postula

expectativas e necessidades a serem atendidas. Igualmente, os serviços

tradicionais são automatizados: passa a haver uma compreensão generalizada

de que uma instituição financeira opera não com dinheiro, mas com

conhecimento; um serviço de saúde opera com competência, e assim por

diante.

A injeção de conhecimento nos processos da agricultura, da indústria e

dos serviços convencionais causa redução na mão de obra ocupada; produz-se

muito mais com menos, o que explica o desemprego estrutural que ocorre na

transição da sociedade industrial para a do conhecimento.

A redução da necessidade de mão-de-obra ao longo dos séculos era

vista como a possibilidade de se estabelecer jornadas de trabalho menos

estafantes e promover um incremento na qualidade de vida. Contudo, nos

momentos de transição de uma sociedade para outra ocorre a fase aguda do

processo: uma parte dos trabalhadores antes empregada não consegue migrar

para o novo modelo. Muitas organizações de grande porte fracassam enquanto

outras emergem, mas são ainda pequenas e vacilam em meio a crises e

turbulências.

Ao analisar as transições de um tipo de sociedade para outro, Sabbag

conclui que “o período de transição é excludente porque exclui muitas famílias

e cria problemas sociais de toda espécie.” (SABBAG, 2007, p.27).

13

Todavia, completada a transição, a sociedade e seus instrumentos de

regulação se adaptam e se reorganizam: as escolas treinam para o novo

modelo, as organizações racionalizam seus processos ampliando a efetividade

de atuação, os governos apóiam e fortalecem os novos sistemas, até que se

chegue a uma coerência interna do novo modelo.

A diferença da transição atual para a Sociedade do Conhecimento não é

desprezível: a evolução da sociedade agrária para a industrial em cada país

ocorreu em diferentes momentos, tendo consumido, em alguns casos, mais de

um século. Devido à globalização, a passagem atualmente acontece de forma

simultânea em todos os países, à exceção da África e de algumas nações

orientais isoladas. Ela não só é ubíqua como é completada em apenas três

décadas, acompanhando a aceleração geral dos processos de conhecimento.

Note-se que o Brasil só concluiu seu processo de industrialização,

incluindo o derradeiro setor econômico _ o da informática _ em 1973. O País

não completou o ciclo de evolução da sociedade agrária, pois nunca fez uma

reforma agrária para adaptá-lo à realidade da sociedade industrial. Além disso,

iniciou tardiamente a industrialização, ainda tem um enorme déficit educacional

e entrou na era do conhecimento com precária infraestrutura e reduzida

população com nível universitário.

No Brasil, assim como em diversos países do Terceiro Mundo, convivem

grotões ainda associados à sociedade agrária, regiões ligadas à sociedade

industrial e aquelas com nichos confiantes de que ingressaram na sociedade

do conhecimento, como compara o Quadro 1.2. O “arcaico” convive com o

“moderno” e com “pós-moderno”.

FONTE: SABBAG, Paulo Yazigi. Espirais do Conhecimento: Ativando indivíduos,

grupos e organizações. São Paulo: Saraiva, 2007.

14

Além dos problemas típicos da transição, a redução do emprego

continua. O ingresso na sociedade do conhecimento se dá à custa de um

enorme desemprego dito estrutural por não ser episódico.

A Sociedade Agrária requeria gente forte e saudável, com

conhecimentos práticos ligados à natureza. Já a Sociedade Industrial passou a

demandar trabalhadores alfabetizados, capazes de compreender sinais, ler

instruções e relatar resultados, a força física não era fator determinante, tanto

que permitiu o ingresso das mulheres no mercado de trabalho e em todas as

funções. A Sociedade do Conhecimento necessita de pessoal que atue com

destreza, mas, sobretudo, que seja capaz de compreender o seu papel em

uma organização, de efetuar inferências pelo que foi compreendido. Como tal

preparo não foi universalizado nem mesmo nos países de bom nível escolar,

causa elitização. O mercado absorve menos gente paulatinamente, porém

muito mais competente. Se antes esperávamos reduzir a quantidade de horas

semanais trabalhadas, a verdade é que alguns trabalharão até mais do que

antes, enquanto outros nem conseguirão trabalho. No somatório, há redução e

a desigualdade é ampliada.

Sabbag, à respeito do desemprego analisado, arrisca afirmar que o

principal problema a ser mundialmente enfrentado na primeira metade do

século XXI será o desemprego estrutural, pois a requalificação da mão-de-obra

operária e agrícola para a sociedade intensiva em conhecimento é um desafio

enorme, para não dizer impossível, no grau em que hoje é necessário. Com o

emprego em declínio, o trabalho deixa de ser meio de “ganhar a vida”, inversão

de valores que Gorz, analista dos problemas que permeiam as transições de

uma sociedade para outra, critica, para sugerir intermitência e flexibilidade na

nova sociedade. A solução é uma política de redistribuição do tempo liberado,

com qual cada indivíduo recupera sua função social devolvendo à sociedade,

fora do emprego, aquilo que sua perícia e talento permitem.

Independentemente de renda, que é outro problema a ser resolvido.

Entretanto, há algumas vantagens da nova sociedade. Reduzir a

necessidade de capital torna possível desenvolver a economia do Terceiro

Mundo, o que se observa, por exemplo, na criação de organizações dedicadas

15

ao comércio eletrônico no Brasil. Na Europa, pequenas empresas intensivas

em conhecimento tornam-se fonte relevante de exportações. Nações ajustadas

para a nova sociedade ampliam sua participação na geração de riqueza global,

desde que desfrutem de pessoal qualificado e políticas de adaptação à nova

sociedade.

Apesar de o caudal de conhecimento estar potencialmente acessível a

todos, sua aplicação e desenvolvimento permanecem desiguais entre os

países. O investimento em pesquisa é concentrado, portanto a proteção obtida

com patentes; a qualificação de pessoas é desproporcional e concentra o

potencial produtivo; há barreiras comerciais injustas, para não mencionar o

poderio bélico ameaçador. O desafio é romper tais barreiras por meio de

soluções políticas.

1.2. Na Sociedade do Conhecimento, a organização tem que

gerar e gerir aprendizado

A organização que aprende é um conceito que envolve o coração e a

mente dos funcionários em uma mudança contínua, harmônica e produtiva,

projetada para atingir os resultados desejados pela organização inserida num

contexto social de constante aprendizado, como discorrido na primeira parte do

capítulo.

A “leaming organization” é aquela particularmente hábil no aprendizado

do conhecimento organizacional. Nessa organização, o aprendizado não é

meramente reativo mas sim intencional, eficaz e conectado ao objetivo e à

estratégia da organização; ele é oportuno, prevendo os desafios, as ameaças e

as oportunidades, e não simplesmente reagindo às crises; o aprendizado cria

flexibilidade e agilidade para que a organização possa lidar com a incerteza;

mais importante ainda, as pessoas se consideram capazes de gerar

continuamente novas formas de criar os resultados que mais desejam; e, por

isso, as mudanças que caminham lado a lado com aprendizado criam raízes,

em vez de ser transitórias.

16

Para adquirir essas qualidades pró-aprendizado, as organizações têm

algumas práticas diferenciadas, tais como:

• Elas cultivam uma visão holística das coisas que fazem com que as

organizações complexas funcionem, das coisas que fazem a mudança criar

raízes e de como usar a lógica dos sistemas para diagnosticar

necessidades e projetar novas ações de modo que o aprendizado seja

eficaz e a mudança permanente;

• elas não reservam esses insights somente para um pequeno grupo de

pessoas em cargos-chave. As “leaming organizations” sabem que somente

com uma participação ampla na geração do conhecimento e na criação da

mudança é possível criar o desejo e o entusiasmo pela mudança contínua.

O amplo envolvimento também melhora a eficácia das ações porque

insights múltiplos entram em ação e aumentam a flexibilidade e a agilidade

da organização;

• elas patrocinam programas para aperfeiçoar e diversificar continuamente

as capacidades dos funcionários e aumentar sua capacidade de mudar. As

descrições de cargo são relativamente fluidas e baseiam-se nas tarefas

que precisam ser executadas no momento;

• elas têm plena consciência de que o aprendizado organizacional ocorre por

meio de processos específicos e fazem esforços explícitos e contínuos

para melhorá-los.

Seguindo o modelo de aprendizado individual, o aprendizado

organizacional também precisa passar pelos estágios de conscientização,

compreensão, ação e análise para efetivar o processo.

A organização-aprendiz reflete essas tarefas coletivamente e permitie

que os indivíduos externalizem o conhecimento acumulado a fim de aplicá-lo e

torná-lo útil à sociedade, a começar por atingir resultados positivos dentro da

organização.

O trabalho em equipe é a essência desse tipo de organização e os

requisitos mais importantes são a comunicação franca e direta e o respeito às

pessoas que compõem as equipes de trabalho.

17

O clima organizacional recebe atenção especial na organização que se

propõe aprendiz, possuindo uma hierarquia relativamente menor e priorizando

a infraestrutura com elementos que veiculam e estimulam o processo de

aprendizado, como o estabelecimento da compreensão comum da realidade e

uma visão comum do futuro, bem como através de uma liderança que

impulsione as pessoas rumo às mudanças, comuns entre o descontentamento

com o presente e o desejo de um futuro melhor.

Para se fazer presente e atuante nessa sociedade que emerge, a

Sociedade do Conhecimento, toda e qualquer organização precisa adotar o

perfil de aprendiz.

18

CAPÍTULO II

INICIATIVAS QUE GERAM APRENDIZADO

Toda organização tem uma complexidade estrutural problemática

alimentada pela fragmentação em setores estanques, nichos de poder,

excessiva divisão do trabalho, de funções especializadas ou de distribuição

geográfica e diferenças culturais. Para enfrentá-la, cada uma investe em

veículos de comunicação de todo tipo, eventos de confraternização ou

discussão, comitês, comissões e grupos multidisciplinares e em outras práticas

tradicionais, como treinamentos, pesquisas, sistemas de informação, dentre

outros.

No entanto, o que raramente se percebe é que todas as iniciativas

ligadas à informação, ao conhecimento e ao relacionamento são proveitosas

para a Gestão do Conhecimento. Algumas delas, as mais frequentes e com

elevado potencial de aplicação na Gestão de Conhecimento das organizações

serão apresentadas com o objetivo de contextualizar o assunto e fundamentar

o próximo capítulo, o qual retrata os entraves que permeiam essas iniciativas.

2.1. Iniciativas proveitosas que efetivam a aprendizagem

organizacional

Banco de idéias: Há organizações que premiam idéias de alto potencial;

outras, idéias implementadas;outras patrocinam o desenvolvimento de idéias

que irão se tornar novos produtos.

Programas de estágios, trainees ou integração de novos funcionários: Há

organizações que sustentam programas de estágios; outras patrocinam

programas de aceleração da carreira de trainees; outras simplesmente visam

disseminar a cultura e as informações básicas para novos funcionários.

19

Treinamento e desenvolvimento on the job training:Todas as organizações

investem em treinamento; algumas somente patrocinam a ida de funcionários

a cursos abertos, outras desenvolvem sob medida cursos fechados; algumas

distinguem o treinamento operativo do desenvolvimento, quase sempre

gerencial; outras desenvolvem estratégias de supervisão para um treinamento

no próprio local de trabalho.

Universidades corporativas, Learning centers – Algumas organizações

matem centros de treinamento, outras evoluíram para universidades

corporativas, enquanto algumas distinguem ensino de aprendizado e preferem

operar com centros de aprendizagem; em algumas, há salas de aula, em

outras, bibliotecas para o estudo, além daquelas que mantêm cabines com

computadores para o aprendizado individual.

Reuniões periódicas; convenções ; seminários e palestras – Desde

reuniões atuais da força de vendas, encontros, de planejamento estratégico,

seminários, palestras durante o almoço, workshops focados em objetivos, a

variedade é enorme, mas todos têm o objetivo de disseminar informação.

Equipes multidisciplinares de projetos – Variam desde as talk-forces para

esforço concentrado na solução de problemas e equipes de criação de novos

produtos ou sistemas ate as equipes multidisciplinares de projetos estratégicos.

Mentores; treinadores (coaching) – Muitas organizações criam programas de

coaching, mentoria, desenvolvimento de novatos ou aspirantes.

Sistemas de avaliação de competências, bases de competências – Prática

de muitas formas de mapeamento de habilidades, de competências ou de

potencial para assumir cargos de comando em que, às vezes, há devolutivas

ao pessoal investigado, em outras, o mapeamento serve apenas para o

planejamento de recursos humanos.

20

Relatórios de desempenho; informativos; publicação de livros e artigos –

Poucos percebem a importância da circulação de relatórios gerenciais,

balanços sociais, diagnósticos e estudos de tendências nas organizações,

mesmo quando estas consideram a reflexão estratégica crucial; há

organizações que patrocinam a edição de livros e de artigos,peças de teatro e

produções de cinema sem que os próprios funcionários tenham acesso a isso.

Bibliotecas e programa de leituras – Um investimento baixo e proveitoso

envolve programas de leitura, por meio dos quais, além das tradicionais

bibliotecas passivas, meros repositórios de informação, certas organizações

criaram bibliotecas ativas; outras repensam o papel de bibliotecárias na

pesquisa dirigida, tornando-se agentes do conhecimento.

Intranet, e-mail, bases de conhecimento – Novos e poderosos sistemas de

informação integrada estão disponíveis nas médias e grandes organizações,

diversas tecnologias de informação servem à comunicação, disseminação de

informação, trabalho colaborativo e aprendizagem mediada por computador.

Benchmarking, best practices, lessons learned – Participar de rankings públicos

é fonte de avaliação de capital intelectual: estudos sistemáticos para as coletas

interna e externa de melhores práticas são úteis para mapear conhecimentos

em ação; explicitar as lições aprendidas é sempre saudável e fecundo.

Sistema de inteligência competitiva – Mapear e avaliar a informação

relevante sobre mercado, concorrentes e ambiente econômico e social torna-se

crucial em ambientes cada vez mais competitivos.

Pesquisas básica,aplicada, de mercado ou com stakeholders –

Completando seu mapeamento, as organizações apóiam-se como nunca em

pesquisas cientificas para atender às expectativas de clientes, condições de

mercado, opinião pública e patrocinam também a pesquisa tecnológica.

21

Voluntariado e ações sociais – Toda ação relacionada à responsabilidade

social coloca indivíduos em contato com a realidade, desvelam questões

políticas e desenvolvem cooperação, em algumas organizações, trata-se de

fazer investimento social dirigido, em outras, congrega voluntários, há aquelas

que promovem redes de organizações, outras formam parcerias duradouras.

2.2. A nova ordem é inovar!

Indivíduos e grupos criam e é sua criatividade que determina a dinâmica

do conhecimento. Mas pensar que, em sua totalidade, as organizações sejam

criativas é utopia, o que, talvez, nem seja desejado. Entretanto, a inovação ou

a capacidade de aplicar conhecimento para a transformação, mesmo que este

não derive de criação genuína, interessa fortemente ás organizações.

A discussão se inicia com o conceito de inovação no âmbito das

organizações e sua relação com a mudança ou transformação. Mais importante

que qualificar o processo de inovação - a ser delineado também - é questionar

os fatores que a dificultam, como paradigmas, hierarquia, burocracia e

determinações de natureza cultural.

2.2.1. Inovação e Criatividade

Enquanto a criação relaciona-se com a descoberta, a invenção e a

geração de idéias singulares e pioneiras, a inovação está associada à

capacidade de aplicar um novo conhecimento. A raiz etimológica desta é o

latim inovatio, que significa novidade e, portanto, transformar, mudar, renovar

também o modo de fazer em organizações. As organizações inovadoras nem

sempre são as que mais criam conhecimento, mas, sim, aquelas que os

aplicam com competência.

Becker e Whisler (1967) coletaram muitas definições para o processo de

inovação, como:

• capacidade de aprender a fazer algo anteriormente não realizado;

• capacidade de implementar novas idéias ou procedimentos;

22

• mudança fundamental em um numero significativo de atividades;

• processo social indutor de mudanças importantes na estrutura organizacional e

em procedimentos internos;

• pioneirismo ou precocidade na aplicação de idéias.

A capacidade de inovar não se restringe à produtos porque abrange, ainda,

modos de ser e de fazer. Quando é acompanhada de uma dose de pioneirismo ou

precocidade, valoriza o riso assumido e o perfil empreendedor exigido. Contudo,

mesmo quando se trata de copiar o que já foi testado por outras organizações,

ainda persiste a nada usual aptidão para mudar, que não é usual. Poucas

organizações consideradas “grandes e estabelecidas” são aptas a mudanças

radicais, preferem as mudanças incrementais.

Enquanto a criação refere-se à liberdade e à flexibilidade intelectual, a

inovação resume-se à liberdade e a flexibilidade de ação. Ao passo que a

criatividade é atributo de indivíduos, a capacidade de inovar é qualidade de

coletivos e de organizações. O pioneirismo ou precocidade na aplicação de idéias

divide estas em quatro campos:

• desenvolvimento de produtos e serviços: define novos conceitos de produto,

determina necessidades e expectativas de clientes, avalia soluções

tecnológicas e metodológicas, encontra soluções e as desenvolve em esforço

sistêmico;

• desenvolvimento de competências: faz progredir e sustenta a criatividade em

todos os grupos, identifica e dá origem à perícia em campos e temas

especializados, mantém tais competências individuais e coletivas alinhadas às

competências centrais da organização, aprimora os processos de

aprendizagem;

• desenvolvimento da gestão organizacional: fortalece o compartilhamento de

saber e sua incorporação no repertorio de práticas, políticas e estruturas; faz

crescer a liderança, a liderança, a capacidade de decisão, a comunicação e a

gestão de pessoas;

• desenvolvimento da capacidade estratégica: estimula a permanecer reflexão

estratégica, visando o reposicionamento da organização em seu contexto, o

23

aprimoramento de desempenhos e a reação a estímulos e contingências

externas.

Não creio existir organização realmente inovadora somente em um dos quatro

campos citados, pois, se a renovação do portfólio de produtos e serviços, por

exemplo, não for esporádica u acidental, requer capacidade estratégica e

ampliação da efetividade da gestão. A sustentabilidade, por sua vez, requer o

desenvolvimento permanente de competências, ou seja, a organização realmente

inovadora, comporta o conjunto desses fatores.

Será necessário distinguir inovação de mudança? Ambas dependem dos

campos de desenvolvimento mencionados há pouco e se servem de processos

semelhantes. Todavia mudanças ocorrem permanentemente nas organizações, já

que muda também o contexto da Sociedade do Conhecimento. Podem ser

miméticas, isto é, resultado da copia ou adoção de práticas de organizações

renomadas. Em contrapartida, inovar requer aventura pelo desconhecido, além de

significar correr riscos. Inovar inclui o experimentar, errar por tentar. A mudança

pode representar apenas uma atitude defensiva ou de mitigação de riscos da

inovação real.

24

CAPÍTULO III

AS DIFICULDADES QUE PERMEIAM O SABER

ORGANIZACIONAL

Este capítulo dedica-se a avaliar os obstáculos que dificultam o processo

de aprendizagem nas organizações.

Para isso, tipos de organizações serão apresentadas com base nos

estudos de Paulo Sabbag, fundamentando as análises à respeito do

desalinhamento do saber organizacional.

3.1. Tipos de Organizações

É provável que desde tempos imemoriais tenha existido alguma forma de

organização. Desde a sociedade agrária passaram a vigorar em núcleos

familiares, religiosos e guerreiros alguns padrões organizativos, como a

hierarquia. A organização da igreja é escalar, isto é, reparta-se em níveis e

adota como princípio a unidade de comando segundo o qual cada membro tem

apenas um chefe, capaz de comandar e controlar vários subordinados,

formando, desse modo, uma estrutura piramidal.

A hierarquia significa repartir o poder em vários níveis. Para tornar-se

funcional, adota dois pressupostos: a unidade de comando e a autoridade. De

acordo com o comando único, cada membro deve ter apenas um superior, de

modo que há apenas uma cadeia linear que vincula qualquer subordinado ao

chefe supremo. Já o princípio da autoridade, por sua vez, explica a sabedoria

já conhecida “manda quem pode , obedece quem tem juízo”, ou seja, se não

houvesse obediência passiva ao chefe, não haveria juízo. È esse o principio

que, de fato, sustenta a estrutura em camadas: enquanto a autoridade superior

é associada ao máximo poder, nos níveis inferiores prevalece a obediência,

bem como esse poder é parcialmente delegado. A hierarquia é uma forma de

organização estável que permite a substituição de pessoas sem modificar o

arranjo e a distribuição de poder. Baseia-se no “comando e controle”, principais

25

requisitos exigidos de dirigentes e gerentes. Não há indícios de que deixará de

ser a mais comum forma organizativa não só no ambiente religioso ou militar

mas em núcleos sócias de todo tipo.

No entanto, ao passo que a hierarquia flui na direção vertical, os

processos operacionais fluem na horizontal, isto é, somam parcelas de

contribuição de diferentes setores especializados da organização, paradoxo

que gera uma tensão estrutural, exemplo de cadeia horizontal: a criação e o

lançamento de um produto envolvem o setor de desenvolvimento, o qual

elabora os protótipos apoiado pelo setor de marketing em contato direto com o

mercado. O produto, porém, não sairá do papel sem que a engenharia conceba

processos industriais, de modo que o setor de operações possa produzir, o de

logística distribuir e a força de vendas apresente-o aos clientes. O paradoxo é

que a lógica horizontal é tangível, enquanto a vertical é a penas uma condição

estrutural de hierarquia. Resultado habitual: a atuação independente em cada

setor, mas com comando e controles internos perfeitos, ao mesmo em tempo

que reina a falta de sincronia na cadeia horizontal.

Para solucionar esse paradoxo, algumas alternativas são usadas desde

o século XX, como a verticalização do processo horizontal por meio da qual um

único setor da organização cuida de toda a cadeia ou processo o que resultou

em estruturas denominadas organização por produto, unidade de negócio e

organização por projeto. Nelas, um único diretor comanda todo o setor

especializado por tipo de produto e seu mercado, ou seja, comanda uma

hierarquia focalizada, a exemplo de uma construtora que cria uma organização

temporária para cada empreendimento, complementada por pequenos setores

corporativos de apoio. Tanto Mintzberg como Waterman (1992) denominam

adhocracia a configuração em que deliberadamente se forma uma organização

temporária que visa alcançar certos objetivos, considerada a principal estrutura

relacionada à inovação porque forma constelações de projetos. Mintzberg

afirma que “a adhocracia é a única configuração para aqueles que acreditam

em uma democracia com menos burocracia”. (MINTZBERG, 1995, p. 272).

Outra resposta ao paradoxo é a tentativa de eliminar compartimentos

horizontais, gerando a estrutura por grupo-tarefa. Forma-se um grupo com

26

representantes de diferentes organizações ou instituições, grupo que não

admite chefia, no máximo, uma secretária executiva. As decisões são tomadas

por consenso, depois das quais cada representante, comanda suas

organizações para a execução.

Por sua vez, a estrutura matricial, outra alternativa ao paradoxo, admite

a dualidade horizontal vertical: na vertical, há uma hierarquia com diretores,

gerentes e profissionais dividida por especialidades e, na horizontal,

coordenadores de projetos ou de processos. Essa estrutura, na qual o

comando é vertical e a coordenação é horizontal, tem a capacidade de

harmonizar a cadência de execução, converter a ação isolada em sistema e

concentrar demandas de relacionamento com cliente externo.

Por fim, a negação completa da hierarquia é representada pela

organização em rede. “A intenção essencial de todas as redes é a

redistribuição do poder”, afirma Marylin Ferguson, para quem:

“ampliada pelas comunicações eletrônicas, liberada das velhas restrições da família e da cultura, a rede é o antídoto para a alienação. Gera poder suficiente para reformular a sociedade; oferece ao individuo apoios emocional, intelectual, espiritual e econômico. É uma lar invisível, um meio poderoso de alterar o curso das instituições, particularmente do governo”. (FERGUSON, 1988, p. 215)

Tal conceito de rede foi adotado por Gandhi, segundo pesquisa de Sabbag,

na estratégia de coalizões de pequenos grupos então chamados agrupamentos

de unidades para levar a Índia à independência. A partir daí, diferentes

agrupamentos políticos, como o movimento de luta contra a fome, liderado por

Betinho nos anos 1990, passaram a adotar a organização em rede, a qual

apresenta as seguintes características:

• É praticamente plana, isto é, despreza níveis hierárquicos ou de

autoridade; não pode ser chefiada ou comandada; numa burocracia, o título

do cargo determina o poder de seu ocupante; na rede, o q eu este faz e a

quem se vincula é que determina o poder de seu ocupante; na rede, o que

este faz e a quem se vincula é que determinam seu poder;

27

• despreza cargos ou funções, privilegiando “nós” ( pessoas ou grupos) e

suas conexões; busca vínculos entre todos, fazendo com que em cada

movimento um membro se torne o centro da rede;

• antes, acreditava-se que a rede não admitia liderança; hoje admite-se que

a liderança e a coordenação sejam circunstanciais, ou seja, que possam

ser compartilhadas ou migrar de pessoa a pessoa em função das

necessidades do momento; a coordenação deixa de ser exercida de cima

pra baixo, substituída por seu mútuo compartilhamento;

• é um sistema aberto que busca permanentemente o equilíbrio cujas

fronteiras são mais psicológicas que estruturais, está em constante fluxo,

pronta para ser reorganizada, capaz de uma transformação contínua e é

amoldável, flexível ou mutante;

• é uma estrutura polimorfa e dinâmica, ao contrário da hierarquia, que se

pretende estática; é autogerativa e auto-organizativa (e, às vezes,

autodestrutiva), agrega e dispersa membros todo o tempo; representa um

processo, e não uma estrutura cristalizada e, para tanto, precisa ser

constantemente estimulada, seja por meio de ação, seja de comunicações;

• é cooperativa e não competitiva como a hierarquia; seus membros buscam

confiança, empatia, contribuição espontânea, complementaridade e

reciprocidade e visam o apoio e o enriquecimento mútuo; conquista muitas

vezes a sinergia, energia suplementar que deveria da cooperação

harmônica;

• “a rede é, ao mesmo tempo, íntima e ampla”, afirma Ferguson (1988,

p.216); serve à exploração pessoal tanto quanto à ação coletiva; muitas

vezes é invisível, o que para muitos denuncia um caráter conspiratório ou

de conluio; na realidade, ressalta a coesão dos vínculos;

• em síntese, as redes representam o ideal democrático em todos os

sentidos.

Enquanto organização ideal, as redes pressupõem o contato face a face e

a troca de informações síncrona, nos quais o ciclo de comunicação se

completa instantaneamente. O conceito tem extensões no trabalho em equipes

virtuais e nas comunidades de praticantes.

28

Na visão de Katzenbach e Smith apud Sabbag, a maioria dos modelos de

“organizações do futuro” de que se fala comumente no universo empresarial _

networked, clustered, nonhierarchical, horizontal, dentre outros termos, parte

do pressuposto de que as equipes compõem a unidade básica de

desempenho, mas a novidade é a possibilidade de atuarem sem fronteiras, na

forma de redes. Também Lipnack e Stamp apud Sabbag afirmam que “ao

contrário das equipes convencionais, uma equipe virtual opera por meio do

espaço, do tempo e das fronteiras organizacionais com conexões reforçadas

por tecnologias de rede de comunicações”, portanto formam redes.

Já as comunidades de praticantes são empreendimentos conjuntos,

continuamente renegociados entre seus membros (logo, auto-organizados), e

cujo funcionamento deriva do engajamento mútuo de indivíduos que

compartilham visões, especialidades ou interesses práticos. Isso as caracteriza

como um saco particular da organização em rede, pois embora compreendam

relacionamentos (como as redes), sua identidade está relacionada a um único

tema exclusivamente voltado para ações. Além disso, por existirem não para

realizar tarefas concretas, não se confundem com as equipes virtuais, já que é

o interesse em compartilhar conhecimento que mantém os membros em

comunidade.

Observando a cronologia: enquanto a hierarquia é adotada há milênios, a

estrutura por produto data do início do século XX. O grupo-tarefa, popularizado,

em inglês, como task-force, teve sua origem durante a segunda Guerra-

Mundial. Já a estrutura matricial parece ter sido difundida nos Estados Unidos,

em 1960, pela NASA (Agência Espacial Norte-americana). Na mesma década,

as organizações por produto desdobraram-se nas organizações por projeto. Já

nos anos 1970, era a vez de as redes serem postuladas pelos adeptos da “era

de aquário” que contestavam toda forma de autoridade. A partir dos anos 1980,

tornaram-se a organização do mundo digital e geraram o conceito de

organização virtual, ao mesmo tempo em que grupos-tarefa desmembravam-se

em equipes. Finalmente, nos dias de hoje, as hierarquias públicas e privadas

dividem espaço com as organizações por projeto adotadas no terceiro setor e

29

seu número é tão grande quanto o de estruturas matriciais, equipes e

verdadeiras redes, assim como as configurações híbridas.

Com tal variedade de tipos de organizações, era de se esperar efeitos

diversos no que diz respeito ao conhecimento. A estrutura organizacional

determina a preferência por certos vínculos (por exemplo, entre chefes e

subordinados), formas de comunicação (como a vertical nas hierarquias) e

espaços de cooperação e colaboração (como nas equipes). Além disso, a

estrutura também condiciona o modo pelo qual o conhecimento é criado e

aprendido em sua gestão. Na hierarquia a espiral é alvo do comando e do

controle como não poderia deixar de ser. Nas estruturas matriciais, que

conciliam comando com coordenação (embora tal conjunção seja difícil de

implantar), a espiral é estimulada por meio do compartilhamento promovido por

coordenadores com atuação sistêmica que podem, de fato liderar o processo.

A espiral também é favorecida pela liderança dos projetos nas adhocracias.

Mas é nos grupos-tarefa, equipes, redes e comunidades de praticantes onde

há efetividade maior, porque são as estruturas orgânicas, menos fragmentadas

e mais pautadas por relacionamentos interpessoais, que apresentam

capacidade maior de criação, registros, troca e aprendizagem. Outras

estruturas contemporâneas favorecem as espirais de conhecimentos, talvez

por terem relação direta com o novo padrão organizativo da sociedade do

conhecimento.

No entanto, os estímulos ao conhecimento não se limitam apenas à

estrutura organizacional, qualquer que seja ela. Também ocorrem nas relações

espontâneas, nos vínculos gerados pela solidariedade corporativa e nas

relações externas entre indivíduos e organizações. Ainda que esses estímulos

sejam mais fracos e frágeis do que os estruturais, podem se transformar em

“tábuas de salvação” diante de hierarquias renitentes e opressivas.

30

3.2. Os entraves que dificultam o fluxo do saber organizacional

Na maioria das organizações, cada iniciativa apresentada no capítulo

anterior foi desenvolvida com um propósito estreito. Bancos de idéias servem

só para criar, diagnósticos servem para mapear, relatórios para comunicar

(compartilhar) e treinamentos... Bem, de acordo com o pensamento de Sabbag,

se os treinamentos servissem de fato para aprender, no mínimo seriam

avaliados no grau em que proporcionariam mudanças em práticas, atitudes e

comportamentos. Seriam concebidos sob medida para cada agrupamento de

pessoas, que seriam escolhidas, sobretudo, em razão de sua necessidade de

aprendizagem. Desconfio que a principal finalidade de tantos treinamentos seja

a de compartilhar informação e não a de favorecer a aprendizagem.

Se cada iniciativa tivesse uma abrangência limitada em relação às

quatro etapas da espiral, elas poderiam ao menos ser concatenadas e

sincronizadas. Depois de elaborar um diagnóstico, um fórum de debates ou um

treinamento seriam concebidos e realizados, após o que o grupo identificaria as

lições aprendidas, sugerindo formas de corrigir distorções e defasagens. Para a

espiral continuar girando, haveria a esquematização do ocorrido, depois

compartilhada na comunidade e assim por diante.

Receia o autor em análise que isso raramente ocorra dessa forma, já

que “espirais são rompidas e, por consequências, interrompem o fluxo do

conhecimento.” (Sabbag, 2007, p. 217). Ademais, conforme a posição e a

magnitude da ruptura, o desperdício do potencial de saber gera diversos

impactos.

Imagine uma organização muito zelosa e competente no registro de todo

o saber envolvido em suas operações, mas que falhasse no seu

compartilhamento. O que, então, aconteceria uma parte do saber iria se esvair(

representada pela seta torcida para fora), a organização tenderia, a médio

prazo, a gerar entropia interna, ou seja, disputa entre pares e sua efetividade

de atuação repousaria mais e mais no pessoal talentoso já mapeado, a ponto

de depender dele. E como tal grupo de peritos participaria de todos os desafios

da organização, acabaria, provavelmente, por se distanciar cada vez mais dos

31

novatos. Portanto, em um ambiente mesquinho e de competição, ao invés de

cooperação, mapeamento a serviço de vaidades e proteção imediata de todo

saber não poderia haver a gestão do conhecimento.

Uma organização que mapeia e compartilha com competência o saber a

que teve acesso, porém que fosse mal-sucedida na aprendizagem, não

consegue reter capital intelectual e, dessa forma, repete erros. De acordo com

o balanço da atuação, haveria “tempos bons” e “tempos ruins”, isto é, na

carência de competências, todos os infortúnios, bem como a sorte, seriam

creditados a fatores externos. Sem aprendizado, a perda da memória e de

pessoal antigo não seria lamentada, ao mesmo tempo em que se criaria

dependência de fontes externas de saber, onde consultores reinariam

soberanos. Com “novidades” pouco ajustadas à sua realidade, a organização

tenderia a não promover competências coletivas. Mesmo com investimentos

pesados em treinamentos, pesquisas e intranet, nela, a gestão do

conhecimento não estaria sendo praticada.

Organização compartilhada é aquela em que a organização, por um lado,

esquematiza, compartilha e acumula conhecimento com grande competência,

mas, por outro, não valoriza a criação desse, o que a tornaria obsoleta e faria

com que boas soluções encontradas no passado perdessem efetividade. Sem

engenhosidade e capacidade de construir seu próprio futuro, essa organização

deixaria de liderar para contentar-se em seguir as mais proativas, e apesar de

adquirir competências, seu pessoal se sentiria tolhido em sua capacidade

criadora e não se satisfaria com o próprio desempenho.

No entanto, a condição mais frustrante é a da organização

compartilhada muito bem, aprende com sua própria experiência, cria produtos,

processos e idéias engenhosas, mas, infelizmente, peca na esquematização e

no registro de todo esse conhecimento problema particularmente sensível à

informalidade brasileira|: ágil, adaptativa, inventiva e, ao mesmo tempo, pouco

disciplinada na sistematização de ações tanto passadas quanto presentes e

futuras. Devido à facilidade de adaptação às contingências, tal organização

desenvolveria vantagens comparativas baseadas na invenção e na

flexibilidade, porém precisaria “reinventar a roda” a cada momento para

32

preservar o sucesso. E embora houvesse inovação, somente os participantes

do processo poderiam se beneficiar dessa capacidade criadora, mas, por saber

que seu talento não tenderia a ser reconhecido por falha no mapeamento,

enrustidos, deixariam a organização para tentar a sorte em outra mais

meritocrática.

Sintetizando, falhar no compartilhamento em si não é tão grave quanto

falhar na capacidade organizacional de aprender e de reter o que aprendeu.

Por sua vez, isto não é tão grave quanto desprezar a capacidade de inovar,

nestes tempos acelerados da sociedade do conhecimento. E nada é mais

prejudicial do que manter tudo no âmbito do sentimento, da resposta intuitiva e

da troca fecunda, perdendo a chance de cuidadosamente preservar através de

diagnósticos, registros, mapas, boletins e relatórios. A escala da organização e

a complexidade das relações são tão difíceis de manejar que requerem método

e disciplina sistemática: a espiral de conhecimentos.

3.3. Fluxos do saber desalinhados

A gestão do conhecimento nas organizações sugere a existência de um

fluxo perpétuo de saber, o qual se dá de maneira linear ou não-linear, e é

condicionado de acordo com a estrutura adotada. Um fluxo de saber poderia

ser a própria espiral do conhecimento em operação, apesar da possibilidade de

falhas. A espiral, porém, não seria o único fluxo. Para aprofundar o processo, é

importante retornar ao tema de caudal de conhecimento.

Considerando que os indivíduos aprendam tanto no trabalho quanto na

vida social por meio da educação, de leituras, atividades culturais, relações de

amizade e, também com respostas a contingências, infortúnios e crises.

Entretanto, para as organizações em que atuam, todo esse saber permanece

invisível, a não ser quando traduzido em novos comportamentos, práticas e

atitudes que encontrem espaço e estímulo para se manifestar.

Outra fonte imensa de conhecimento, mais acessível aos gestores da

organização, por fazer parte de suas atividades, a aprendizagem experiencial

inclui não só a relação com colegas diretos o grupo de trabalho como aquela

33

mantida com colegas indiretos ou distantes, comunidades de praticantes e

pessoal externo. Quanto maior o elenco de relações exigidas pela função do

individuo, maior o seu acesso ao saber desse elenco, formado, por exemplo,

por clientes, fornecedores, consultores, órgãos governamentais, instituições,

dentre outros.

Ou seja, um indivíduo atuando na organização não é apenas uma

entidade isolada, é membro de diferentes grupos e coletivos. Em cada um

deles desempenha papéis distintos, alguns de maior, outros de menor

relevância. Em certos agrupamentos a sua participação pode ser

circunstancial, mas em outros pode ser sistemática e rotineira. Além da espiral

íntima que gira lentamente em favor da maturidade e sabedoria, formam-se

diferentes espirais em cada agrupamento, cada qual “girando” em ritmo próprio

e determinado pela fecundidade da ação envolvida. Cada espiral pode

apresentar falhas, retrocessos ou provocar enganos, mas cada uma delas é em

si potencialmente fecunda. Pode haver ainda uma espiral para a organização

como um todo, paquidérmica em sua natureza e dirigida pela dinâmica própria

da organização.

A gestão do conhecimento nas organizações visa gerenciar a todas

essas espirais ou só à espiral maior que engloba a todos mesmo que a

organização delimite a abrangência da gestão somente à maior, é ingênuo

supor que nenhuma das demais espirais interfira positiva e negativamente no

processo.

O recôndito do saber é formado pelos valores e pressupostos do

indivíduo, pois são eles que moldam suas atitudes e comportamentos, por

exemplo, diante da organização, cujos valores e premissas demandam sintonia

que, quando ausente, causa desalinhamento e, consequentemente, impactos

nocivos. Dessa maneira, o indivíduo tende a contribuir apenas com o que é

dele exigido; acomoda-se, reduzindo a sua capacidade de desenvolvimento;

guarda para si tudo o que aprende; sua reflexão restringe-se à sua própria

atuação e, ao ampliar o enfoque, tende à crítica negativa das ações

promovidas pela organização; com tamanho ceticismo, restringe também sua

aprendizagem. Tais atitudes podem ser observadas, por exemplo, em um

34

engenheiro íntegro incorporado a uma empreiteira cujos negócios são

eticamente duvidosos, em um jovem audacioso que atua em organização

aristocrática e tradicionalista ou em um empedernido cidadão que preza as

raízes e, ao mesmo tempo, exerce atividades em uma multinacional com

interesses globais difusos.

Tudo isso conduz a uma outra questão: até que ponto esse

desalinhamento é individual e quanto dele é transferido para a organização?

Apesar de haver certa tolerância, é evidente que os grupos se ressentem da

falta de comprometimento, positividade, crédito e confiança. O processo grupal

reflete essas emoções e é determinante o modo como os grupos lidam com a

questão.

Já se sabe que, além das relações existentes entre individuo e

organização, há aquelas que se estabelecem entre grupos. Por exemplo,

quanto mais um grupo fortalece a sua identidade grupal, mais tende a

diferenciar-se dos demais e daí para a entropia, para a competição e para

práticas mesquinhas é um passo. Da mesma forma que quanto melhor o

desempenho de um, maior a inveja e cobiça despertada em outros o que leva o

processo a sentir os efeitos das conseqüentes falta de sintonia e cooperação.

Para piorar, encontrar centenas ou milhares de projetos em uma organização é

tão comum quanto constatar que o compartilhamento de saber entre as

equipes envolvidas é quase nulo.

Além, disso, por serem configurações quase horizontais que, no

máximo, incluem chefe e subordinados diretos, os grupos estão presentes em

cada camada da organização hierárquica. Muitas vezes, deixam de cooperar

também verticalmente, pois não é raro, por exemplo, encontrar um grupo

operacional que se opõe às diretrizes daquele formado pelo comitê executivo.

Da mesma forma que é difícil imaginar como constelações de grupos

horizontais e de equipes de projetos, separados em níveis distintos, se afetam.

É mais provável a coexistência de efeitos opostos na qual uns contribuem

positivamente e outros, negativamente. A resultante dessas tensões varia

imensamente.

35

Quanto à organização equipar os seus grupos para essas interações é

uma incógnita. Poucas se dão conta da relevância do processo grupal na

formação de conhecimentos. Na verdade, nem todas estimulam a comunicação

intragrupos. Pior: poucas fortalecem a colaboração intergrupos. Raras

organizações fomentam iniciativas intergrupos, seja para a criação, seja para a

codificação e compartilhamento, seja para o aprendizado mútuo. Mais raro é

fomentar alianças e parcerias, configurando iniciativa transgrupais e

interorganizacionais.

Quanto desses saberes em confronto e em cooperação é transferido à

organização? É provável que exista uma maior transferência a indivíduos do

que à organização. Por meio da exigência de desempenho profissional de

todos os grupos a organização os “capitaliza” na forma de capital intelectual.

Mas pouco retém: em contexto tão conflituoso todo o conhecimento acumulado

em um momento pode ser desprezado no momento seguinte.

O que é uma organização enquanto ambiente de aprendizagem?

Indivíduos aprendem sozinhos, seja na introspecção reflexiva seja na

extroversão social. Grupos acolhem e promovem o aprendizado individual.

Grupos com adequado processo grupal aprendem seja nas funções rotineiras

seja nas ações extraordinárias dos projetos. Grupos são mobilizados para as

relações externas, permitindo à organização o aporte externo de conhecimento.

Porém, grupos pouco cooperam entre si, o que não favorece a difusão de

conhecimento intra-organizacional. Grupos podem tornar-se refratários a

estratégias, premissas e diretrizes emanadas dos dirigentes: nesse caso, a

ação dos grupos seria entrópica.

Na forma mais difundida da cultura individualista norte-americana, a

organização pouco valoriza seus grupos, preferindo considerar indivíduos em

seu investimento. Desprezando o poder dos grupos, dificulta a obtenção de

sinergia para o conhecimento, pois ela depende mais de grupos que de

coleções de indivíduos.

Não se produzem saberes na sociedade sem passar obrigatoriamente

por organizações. Mas as organizações não compõem a melhor base para o

caudal dos conhecimentos. Infelizmente e ainda.

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CONCLUSÃO

A Sociedade do Conhecimento elevou as competências do indivíduo e

das organizações à patamares que exigem aprendizado em forma cíclica.

Nesse contexto, as organizações que pretendem se estabilizar, precisam

gerar conhecimento em seu interior e gerir o aprendizado de maneira a

acompanhar os avanços tecnológicos e sociais.

As organizações que se enquadram na prática de aprendizagem adotam

iniciativas relevantes que poderiam servir de apoio às demais coorporações,

como criação de bancos de idéias, elaboração de programas de estágios e

treinamento, sistemas de avaliação de competências, dentre outras propostas.

Inovar passa a ser a palavra de ordem nesse tipo de organização.

Porém inovação precisa estar associada à criação. Haja vista que inovar é

similar à desenvolver produtos e serviços diferentes, enquanto criar abrange

desenvolver habilidades e competências que poderão gerar novas idéias,

portanto, inovação pressupõe criatividade.

Todavia, não é possível visualizar essa prática em toda e qualquer

organização, muitas ainda não se aceitam aprendizes, restringindo o

conhecimento à alguns indivíduos e dificultando o fluxo do saber

organizacional.

Há ainda as organizações que se consideram aprendizes, afirmando

estabelecer procedimentos de aprendizagem, porém não implementam

efetivamente as iniciativas de expansão do aprendizado e/ou rompem com o

fluxo do saber, através da falta de sintonia entre os indivíduos, que disseminam

o desalinhamento por toda a organização.

37

BIBLIOGRAFIA

FERGUSON, Marylin. A conspiração aquariana: transformações pessoais e

sociais nos anos 80. 6.ed. Rio de Janeiro: Record,1988.

GORZ, André. Saindo da sociedade do trabalho assalariado. São Paulo:

Perspectiva, 1995.

GUNS, Bob. A organização que aprende rápido: Seja competitivo utilizando o

aprendizado organizacional. São Paulo: Futura, 1998.

MINTZBERG, Henry. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco

configurações. São Paulo: Cortez, 2001.

SABBAG, Paulo Yazigi. Espirais do Conhecimento: Ativando indivíduos,

grupos e organizações. São Paulo: Saraiva, 2007.

WATERMAN JUNIOR, R.H. Adhocracia: o poder para mudar. São Paulo:

Pioneira, 1992.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 7

CAPÍTULO I

APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL: A ORGANIZAÇÃO ENGAJADA NO ATUAL

CONTEXTO SOCIAL 8

1.1. Conhecimento: A exigência da nova sociedade 9

1.2. Na Sociedade do Conhecimento, a organização tem que gerar e gerir

aprendizado 15

CAPÍTULO II

INICIATIVAS QUE GERAM APRENDIZADO 18

2.1. Iniciativas proveitosas que efetivam a aprendizagem organizacional 18

2.2. A nova ordem é inovar 21

2.2.1. Inovação e criatividade 21

CAPÍTULO III

AS DIFICULDADES QUE PERMEIAM O SABER ORGANIZACIONAL 24

3.1. Tipos de Organização 24

3.2. Os entraves que dificultam o fluxo do saber organizacional 30

3.3. Fluxo do saber desalinhado 32

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA 37

ÍNDICE 38

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