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ISBN 978-85-7846-455-4 A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR MEMÓRIAS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Mariane Eiras Pape Discente da Graduação em Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina. [email protected] Cleide Vitor Mussini Batista Professora Associada do Departamento de Educação Universidade Estadual de Londrina/UEL. Núcleo de Estudos e Pesquisas do Brincar, Infância e Diferentes Contextos. Psicóloga da GEAE/SME. ALPL- Membro da Associação Livre- Psicanálise em Londrina. CRP 08/18428 [email protected] Eixo 1: Formação e Ação Docente Resumo: Este artigo tem como objetivo resgatar memórias historicamente acumuladas, compreendendo a diversidade e particularidade de cada família e seu resgate histórico e atribuir a devida importância a essa temática para o processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. A intervenção foi realizada em uma instituição privada situada na região Central do município de Londrina, estado do Paraná que atende crianças e adolescentes da Educação Infantil ao Ensino Médio. A proposta de intervenção foi realizada com a turma de Nível V, mais especificamente com crianças de 5 anos. O tema escolhido foi Resgate das memórias culturais das famílias, onde a escolha do mesmo partiu da eleição de um livro por parte das crianças: “No tempo dos meus bisavós” do autor Nye Ribeiro. Trabalhar esta temática com as crianças nos permitiu integrar esse conhecimento de forma interdisciplinar, buscando ir para além do livro, bem como, a participação ativa dos pais nas atividades desenvolvidas pelo projeto. Palavras-Chave: Educação Infantil. Resgate Histórico. Intervenção pedagógica. INTRODUÇÃO “A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, 1322

UEL - Universidade Estadual de Londrina€¦ · Web viewISBN 978-85-7846-455-4 A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR MEMÓRIAS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Mariane Eiras Pape Discente

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ISBN 978-85-7846-455-4A IMPORTÂNCIA DE SE TRABALHAR MEMÓRIAS CULTURAIS NA

EDUCAÇÃO INFANTIL

Mariane Eiras PapeDiscente da Graduação em Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina.

[email protected] Vitor Mussini Batista

Professora Associada do Departamento de Educação Universidade Estadual de Londrina/UEL. Núcleo de Estudos e Pesquisas do Brincar, Infância e Diferentes

Contextos. Psicóloga da GEAE/SME. ALPL- Membro da Associação Livre-Psicanálise em Londrina. CRP 08/18428

[email protected] 1: Formação e Ação Docente

Resumo: Este artigo tem como objetivo resgatar memórias historicamente acumuladas, compreendendo a diversidade e particularidade de cada família e seu resgate histórico e atribuir a devida importância a essa temática para o processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. A intervenção foi realizada em uma instituição privada situada na região Central do município de Londrina, estado do Paraná que atende crianças e adolescentes da Educação Infantil ao Ensino Médio. A proposta de intervenção foi realizada com a turma de Nível V, mais especificamente com crianças de 5 anos. O tema escolhido foi Resgate das memórias culturais das famílias, onde a escolha do mesmo partiu da eleição de um livro por parte das crianças: “No tempo dos meus bisavós” do autor Nye Ribeiro. Trabalhar esta temática com as crianças nos permitiu integrar esse conhecimento de forma interdisciplinar, buscando ir para além do livro, bem como, a participação ativa dos pais nas atividades desenvolvidas pelo projeto. Palavras-Chave: Educação Infantil. Resgate Histórico. Intervenção pedagógica.

INTRODUÇÃO

“A principal meta da educação é criar homens que sejam capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores. A segunda meta da educação é formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que elas se propõe.” (PIAGET)

As crianças das novas gerações que já nasceram nesse universo

digital, desde pequenas sabem usar o computador, acessar a internet, manusear um

tablet ou um telefone celular. Contudo com essas ferramentas tecnológicas as

crianças passaram a não mais brincar de amarelinha, pique-esconde, pega-pega, pé

de lata, não fazem mais seus próprios brinquedos e, não usam mais as cartas para

se comunicarem com parentes e amigos distantes.Tendo em vista a importância de

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se trabalhar o resgate histórico na Educação Infantil, em que o tema é riquíssimo

possibilitando: contato com o que não é conhecido, relação com seus familiares e

aprimoramento da criatividade em meio as atividades práticas.

Diante de tal afirmação, este trabalho tem como objetivo resgatar

memórias historicamente acumuladas, compreendendo a diversidade e

particularidade de cada família e seu resgate histórico e atribuir a devida importância

a essa temática para o processo de ensino e aprendizagem na Educação Infantil. E,

como objetivos específicos: Sequenciar fatos históricos; garantir a participação da

criança juntamente com a família no processo de ensino e aprendizagem; conhecer

e identificar objetos de outras épocas, antigos e, por fim conseguir o maior número

de resgates históricos para que houvesse a compreensão da diversidade e

particularidade de cada família.

A intervenção foi realizada em uma instituição privada situada na

região Central da cidade de Londrina, estado do Paraná que atende crianças e

adolescentes da Educação Infantil ao Médio. A proposta de intervenção foi realizada

com a turma de Nível V, mais especificamente com crianças de 5 anos. O tema

escolhido foi o “Resgate das memórias culturais das famílias”, onde a escolha do

mesmo partiu da eleição do livro: “No tempo dos meus bisavós” do autor Nye

Ribeiro, realizado pelas crianças. A princípio percebemos o quanto o livro levantou

interesse em meio as crianças, pelo fato de apresentar objetos, brincadeiras e

culturas antigas que as mesmas ainda não tinham o conhecimento.

Importância do Brincar

Podemos dizer que o primeiro contato da criança com o brincar é por

meio do Outro. A criança não nasce sabendo brincar, ela aprende por meio dos

estímulos dados pelos pais ou professores que a ensinam a brincar. O Brincar vai

muito além do simples prazer, é por meio dele que o sujeito se constitui, sendo a

base para sua construção como indivíduo do meio social em que vive.

O brincar desempenha uma função na estruturação psíquica da

criança, bem como a ação de brincar é função essencial para o desenvolvimento

infantil, fazendo parte da condição humana.

1323

Para Wajskop (2007) a brincadeira é uma ação voluntária e

consciente, sendo uma forma de atividade social infantil na qual a criança tem a

possibilidade de experimentar novas situações, socializar e administrar sua relação

com o outro, decidir, imaginar, inventar, aprimorar seus conhecimentos e valores

culturais, obedecendo ao ritmo individual e sem precisão nas características que

serão adquiridas através de uma determinada brincadeira.

Aquele que brinca pode sempre evitar aquilo que não gosta. Se a liberdade caracteriza as aprendizagens efetuadas na brincadeira, ela produz também a incertitude quanto aos resultados. De onde a impossibilidade de assentar de forma precisa às aprendizagens na brincadeira. Este é o paradoxo da brincadeira, espaço de aprendizagem fabuloso e incerto. (WAJSKOP, 2007, p. 31)

Ao observar uma criança na idade, a qual realizamos a intervenção,

brincando de faz-de-conta percebemos uma representação complexa diante ao

significado atribuído por ela ao objeto e a função real do mesmo. Esse tipo de

atividade lúdica recebe várias denominações como jogo simbólico, imaginativo, de

papéis, sócio dramático, representativo, entre outros, contudo vale dar ênfase aos

atos mais importantes da brincadeira que são a simulação, imaginação e

criatividade.

Durante essa faixa etária a criança desenvolve a capacidade de

alterar o significado de objetos, expressar sonhos, assumir e representar papéis

presentes no contexto em que está inserida, tornando evidente a presença da

situação imaginária, e a simulação de situações vivenciadas dentro de um contexto

social. Essas vivências são responsáveis pelo repertório amplo de experiências

adquiridas, assimiladas e internalizadas que posteriormente por meio do jogo de faz

de conta são encenadas pelas crianças.

Segundo Piaget (apud KISHIMOTO, 2000, p. 59) quando brinca, a

criança assimila o mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade, pois

sua interação com o objeto não depende da natureza do objeto, mas da função que

a criança lhe atribuiu, ou melhor, um mesmo objeto representa vários outros, sua

função varia de acordo com a necessidade.

Nessa faixa etária a criança introduz no jogo simbólico suas ações

imitativas, como o fato de simular que é um piloto de avião quando brinca em um

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balanço. Isso acontece devido ao intenso grau de fantasia que permite a ela sentir

que realmente faz parte daquele personagem que está representando. Esse jogo de

fantasias oportuniza a interpretação de situações e experiências vivenciadas no

passado.

A representação constitui-se em dar forma às experiências humanas

que são significativas, tornando permanentes as lembranças de circunstâncias

marcantes e criando um arranjo de ideias, pensamentos e sentimentos que poderão

ser transmitidos por intermédio das linguagens expressivas. Por consequência a

criança adquire um aperfeiçoamento da linguagem verbal socializada, o que permite

a interiorização dessas experiências e possibilita às crianças imaginar, compreender

e tomar consciência do meio físico e social que a cerca.

Segundo Vygotsky (2007) a definição do brincar depende da

situação imaginária da criança e seus aspectos diferem de acordo com a idade e

maturação, devendo levar em consideração as regras que o ato comporta, sendo

elas mais implícitas quando a situação imaginária está em ênfase e mais explicita

quando jogo de papéis já não é foco principal nas brincadeiras.

Para o autor, simbolizar objetos é uma condição anterior ao uso do

jogo de papéis, pois a partir do momento em que a criança é capaz de conferir a um

objeto um novo significado ela executa por meio de um mundo ilusório a realização

de desejos não possíveis naquele momento, e como o indivíduo nessa idade não

possui a capacidade de esperar ele reproduz a situação fazendo uma transição

entre a ação e o pensamento.

Como vemos tanto Vygotsky como Piaget consideram as

brincadeiras relevantes ao desenvolvimento infantil, sendo por meio da imaginação,

jogo de faz de conta, interação e demais situações, que acontece as variadas

transições essenciais para internalização de conhecimentos e aprendizagens

necessárias à formação do indivíduo. Contudo, salientamos que as brincadeiras,

jogos e qualquer outro tipo de atividade lúdica, exige uma interação entre sua ação,

o objeto ou brinquedo usado e a realidade expressada, devendo esse elo ser

valorizado em conjunto, pois sua fragmentação impossibilita resultados qualitativos.

A importância da Cultura

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A cultura faz parte do nosso intimo, somos criadores e propagadores

da cultura, de forma que a manifestamos de diversas maneiras. Candau (2003)

afirma que cultura é um fenômeno plural, multiforme que não é estático, mas que

está em constante transformação, envolvendo um processo de criar e recriar. Ou

seja, a cultura é por sua vez um componente ativo na vida do ser humano e

manifesta-se nos atos mais corriqueiros da conduta do indivíduo e, não há individuo

que não possua cultura, pelo contrário cada um é criador e propagador de cultura.

Assim, podemos enfatizar que cultura exerce uma influência sobre

diversos aspectos do desenvolvimento das crianças. As experiências de

aprendizado de uma criança que vive em uma cultura sem sistema de educação

oficial são moldadas pela sua participação ou sua observação dos adultos

praticando atividades culturalmente pertinentes, como por exemplo, na cultura

camponesa tradicional maia, as meninas aprendem a tecer com suas mães. A

cultura desempenha também um papel no desenvolvimento sócio emocional,

estimulando ou desencorajando certos comportamentos.

Embora a maioria dos conhecimentos atuais sobre desenvolvimento

sócio emocional provenha de estudos realizados com crianças da América do Norte,

há evidências de uma variabilidade cultural, como por exemplo, brincadeiras de faz

de conta são muito menos comuns para as crianças de países orientais, como a

Coréia, que para as crianças ocidentais. Quando as crianças de culturas orientais

participam nesse tipo de brincadeiras, elas personificam normalmente um membro

da família e, raramente fazem de conta que são personagens de contos de fadas.

Segundo Levin (2007), o mundo e a cultura atual oferecem outros

tipos de brinquedos as crianças, onde estes ocupam seu tempo. As crianças de hoje

têm outro jeito de brincar, pensar, construir. A tecnologia tem sido muito utilizada

para preencher este tempo do brincar. É importante certificar-se de que a criança

está se constituindo como sujeito seja como for seu brincar. Para Levin (2007) os

brinquedos tecnológicos prendem a criança em seu mundo paralelo, onde a

máquina é quem manda na criança e não ao contrário. Desta forma o brinquedo

passa a ser o protagonista e não a criança que está sendo controlada por ele.

Para o autor, a criança que brinca apenas com seu controle remoto

na mão, tem uma falsa ideia de que está no comando, onde na verdade quem

comanda é o próprio brinquedo. Crianças assim, correm o risco de adquirir doenças

1326

adultas como depressão, distúrbio alimentar, insônia. Uma criança que acha que

tem o controle de tudo e de todos, ao se deparar com novas situações não aceita as

divergências de opiniões tornando-se alguém completamente frustrado.

Desta forma, destacamos a importância da cultura na escola e,

principalmente, na Educação Infantil. A cultura do brincar, principalmente, traz novas

opções, alternativas de brincadeiras antigas da época dos pais e avós, onde a

criança torna-se principal responsável pelo seu desenvolvimento sendo livre para

pensar e crescer de forma mais saudável psicologicamente.

Memórias Culturais: um relato de experência

Como vemos, a memória cultural é constituída, assim, por heranças

simbólicas materializadas em textos, ritos, monumentos, celebrações, objetos,

escrituras sagradas e outros suportes mnemônicos que funcionam como gatilhos

para acionar significados associados ao que passou. Além disso, remonta ao tempo

mítico das origens, cristaliza experiências coletivas do passado e pode perdurar por

milênios.

A valorização das histórias, memórias, saberes e fazeres locais

permite que crianças se reconheçam nessa história, possibilitando-lhes a articulação

entre passado e presente e entre o local e o global. Assim, os jogos e as

brincadeiras tradicionais são importantes manifestações espontâneas da cultura

popular, pois têm como principal função consolidar a vivencia da cultura infantil para

o desenvolvimento social da criança.

Durante as intervenções realizadas foram apresentadas brincadeiras

antigas que os pais e avós brincaram, onde foi possível perceber a empolgação das

crianças com as novas brincadeiras apresentadas, suas ideias e comparações. As

novas oportunidades apresentadas abriram um leque de oportunidades para as

crianças que perceberam a importância de brincar do lado de fora e, ainda de

montar seu próprio brinquedo, ou seja, o ensino cultural tem esse poder de integrar

os diferentes saberes e levá-los a discussão em sala de aula.

Iniciamos as intervenções, então, com um momento em roda para a

leitura da história “No tempo dos meus bisavós” (Figura 1), livro que havia sido

escolhido anteriormente com a turma.

1327

Figura 1- Livro “No tempo dos meus bisavós”.

Fonte: Arquivo da Autora.

Antes de contar a história, as crianças puderam folhear o livro e ler

as imagens, visto que as mesmas ainda não são alfabetizadas. Após esta

exploração do livro pelas crianças, foi contado a história pela professora, como

vemos na Figura 2. Após o término da história foi estimulado um momento para que

as crianças pudessem tirar dúvidas, fazer questionamentos e contar suas vivências

relacionadas ao livro.

Figura 2- Contação da história “No tempo dos meus bisavós”

1328

Fonte: Arquivo da autora.A atividade seguinte foi um momento muito aguardado pelas

crianças, pois no dia anterior as mesmas levaram para a casa uma proposta de linha

do tempo de cada criança. Cada aluno por sua vez, fez sua linha do tempo

juntamente com a família, relatando momentos, idade e anexando fotos, eles

trouxeram todos empolgados e ansiosos para o momento da apresentação.

Podemos dizer, que este momento da apresentação foi incrível, onde com as

crianças mais tímidas precisamos ir perguntando do que se tratava cada foto, já os

mais falantes contaram momentos além das fotos colocadas no cartaz. Essa

atividade possibilitou relembrar momentos vividos pelas próprias crianças até os

seus 5 anos e aprimorou a retórica dos mesmos. Após a apresentação, os cartazes

foram expostos fora da sala para que outras turmas, pais e professores pudessem

observar o trabalho realizado como vemos na Figura 3.

Figura 3 - Linha do tempo

1329

Fone: Arquivo da autora

Esta atividade, ao nosso ver contribuiu com o desenvolvimento do

das crianças envolvidas, pois oportunizou a construção, a reconstrução e a

experimentação dos jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais resgatados,

proporcionando um enriquecimento do conhecimento e vicência da cultura infantil.

Na intervenção seguinte, a aula começou com a apresentação de

uma música, que tinha como objetivo relembrar os alunos da história contada no dia

anterior. A música “Tempo de Antigamente” do autor Marcelo Serralva foi trabalhada

com chocalho na aula de música com as crianças como vemos na Figura 4.

Figura 4 - Música: Tempo de antigamente.

Fonte: Arquivo da autora.

1330

Após ouvir diversas vezes a música, as crianças ficaram curiosas

em relação a alguns nomes que tinham na música que a princípio ainda era

novidade para as mesmas e, com isto, juntamente com a professora fomos

esclarecendo as dúvidas apresentadas por elas. Com esta discussão as crianças

puderam manipular os objetos que ainda não conheciam ou que conheciam mais

tinham curiosidade.

Figura 5- Manipulação de objetos antigos

Fonte: Arquivo da autora

Como tarefa foi solicitado as crianças trazerem para a próxima aula:

uma foto com seus avós, para que juntos pudéssemos fazer o porta retrato antigo.

Na aula seguinte com as fotos dos avós, fomos todos para a sala de Arte para juntos

montarmos o porta retrato antigo com gibi. As crianças puderam rasgar e colar

apresentando total autonomia, como vemos na Figura 6, na elaboração do porta

retrato.

Figura 6- Confecção dos porta retrato

1331

Fonte: Arquivo da autora

Em meio a proposta de se trabalhar memórias culturais na Educação

Infantil e vista sua importância para o desenvolvimento da criança, não poderíamos

ficar apenas na escola. Com isso juntamente com a professora regente da turma

propomos a coordenação da escola de irmos ao Museu Histórico de Londrina.

A aula de campo se basearia no conhecimento e aprimoramento do

que já havia sido trabalhado em sala de aula, ampliando ainda mais o conhecimento

dos alunos a cerca da vivencia em meio ao museu.

No primeiro momento ainda na escola, fizemos uma roda com os

alunos, como vemos na Figura 7, em que foi atribuído regras ao passeio e elaborado

um roteiro com as dúvidas e questionamentos dos alunos em meio a aula de campo.

Figura 7- Roda da conversa

1332

Fonte: Arquivo da autora

Elaborado o roteiro e a entrevista fomos ao museu Histórico onde as

crianças receberam a mesma informação de uma única maneira, ao qual a

professora expôs. Contudo, no museu cada criança conseguiu absorver o que lhe é

apresentado de uma determinada maneira, fazendo assim, com que a criança

pudesse relacionar o que esta vivenciando com o que já foi lhe ensinado em sala de

aula, sendo construtor da sua própria aprendizagem. A aula de campo foi fantástica,

as crianças exploraram todos os ambientes do museu, como vemos na Figura 8,

fazendo também perguntas ao monitor da visita.

Figura 8- Visita ao Museu Histórico de Londrina

Fonte: Arquivo da autora

1333

Sendo assim, faz se necessário, aulas de campo que incentivem as

crianças a associarem o conteúdo previamente recebido em sala de aula, com as

realidades históricas e culturais presentes nesses locais, em que muitas vezes é

esquecido pela maioria da população.

Logo que voltamos do Museu, a atividade proposta era em relação

ao relógio. Na entrada no Museu podemos observar, vários relógios de diferentes

formatos e épocas. Tendo como finalidade trabalhar a relação de tempo com as

crianças, o livro nos traz a ampulheta como instrumento antigo que no século VIII,

em que este era útil para marcar os intervalos de pequenos tempos, muitas vezes

nas competições esportivas ou jogos de raciocínio, a ampulheta era utilizada para

contabilizar o tempo de cada participante.

Com isso cada criança pode confeccionar a sua ampulheta, como

vemos na Figura 8, para que, após a confecção pudessemos juntos marcar os

segundos/minutos que cada uma marcava.

Figura 8- Ampulheta

Fonte: Arquivo da autora

Tendo como finalidade finalizar o projeto de memórias culturais, visto

que o mais esperado pelas crianças seria confeccionar o seu próprio brinquedo,

igualmente havia sido contado no livro, as crianças ficaram curiosos em saber como

se brincava de pé de lata. Com isso contamos a história do pé de lata aos mesmos e 1334

após separar as crianças em duplas, disponibilizamos materiais diversificados para

que eles pudessem confeccionar o seu próprio pé de lata, podendo assim,

experimentar essa nova experiência.

Figura 8- Confecção do pé de lata

Fonte: Arquivo da autora

Após a confecção as crianças tiveram que deixar o brinquedo secar

e, enquanto o mesmo secava, as crianças foram para o pátio, para poderem

experimentar algumas brincadeiras antigas tais como: Bolinha de gude, Pipa e Barra

manteiga, como vemos na Figura 8.

Figura 8 - Brincando de brincadeiras antigas.

Fonte: Arquivo da autora

1335

Sendo assim, finalizamos a intervenção de estágio em que a mesma

pode estar possibilitando a ampliação dos conhecimentos das crianças, lembrando

sempre como dizia Freire (1996, p.47) que o ato de ensinar não significa transferir

o conhecimento que já possuo mais sim criar possíveis meios para que a criança

consiga criar a sua própria produção ou a sua aquisição do conhecimento.

Considerações Finais

Considerando o estágio parte fundamental da formação acadêmica

do pedagogo, sendo que a mesma possibilita um momento de prática inicial no

campo de atuação do professor, perante a teoria vivenciada na graduação em

Pedagogia, pressupomos que a experiência vivenciada durante o estágio na

Educação Infantil, proporcionaram vivências em que além de criar vínculos com as

crianças, participamos ativamente do processo de ensino e aprendizagem das

mesmas.

Os conteúdos propostos na regência foram de necessidade para

faixa etária, mais sobretudo veio de encontro aos interesses das crianças, em que

os mesmos puderam estar escolhendo o livro que permeou toda a regência. Bem

como, a experimentação desses jogos, brinquedos e brincadeiras tradicionais

proporcionou as crianças um enriquecimento em seu conhecimento e em sua

vivência, principalmente ao que se refere às culturas local, regional e nacional.

Outro fator importante que destacamos nessas intervenções de

estágio, por meio do projeto é a importância dos jogos, brinquedos e brincadeiras

tradicionais na socialização dentro do ambiente escolar, pois foram fundamentais na

busca e na realização do envolvimento de toda a comunidade escolar, bem como

dos pais. Acreditamos, ainda, que o desenvolvimento desse projeto, que as crianças

também puderam vivenciar outras formas de atividades por meio de uma

metodologia lúdica e consciente para o seu desenvolvimento e sua formação.

Considero que a disciplina de Estágio Supervisionado na Educação

Infantil, foi uma experiência gratificante e enriquecedora, em que, em tão pouco

tempo pude estar a frente de uma sala de aula, exercendo minha futura profissão

com êxito e sabedoria advindo dos saberes ministrados anteriormente nas

disciplinas do curso de Pedagogia da Universidade Estadual de Londrina.

1336

ReferênciasCANDAU, Vera Maria Ferrão - Educação escola e Cultura(s): construindo

caminhos. Revista Brasileira de Educação, 2003.

CANDAU, Vera Maria Ferrão - Sociedade, cotidiano escolar e cultura(s): uma aproximação. Educ. Soc., 79: 125-161, 2002.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Ed. São Paulo: Paz e terra, 1996.

KISHIMOTO, T. M. Et al. Jogo, Brinquedo, Brincadeira e a Educação. SãoPaulo: Cortez, 2000.

LIMA, J. M. O jogo como recurso pedagógico no contexto educacional.São Paulo: Cultura Acadêmica, 2008.

VYGOTSKI, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Editora,2007.

WAJSKOP, G. Brincar na pré-escola. São Paulo: Cortez, 2007

Disponível em: <http://www.bastosmaia.com.br/noticias/a-importancia-do-museu-para-a-educacao/>. Acesso em: 01 jun. 2017.

Disponível em: < https://www.significados.com.br/ampulheta/>. Acesso em: 01 jun. 2017.

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