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Ulrich Beck e a “sociedade do risco” Nasceu em 1944 em Slupsk, Alemanha. Estudou sociologia, filosofia, psicologia e ciência política em Freiburg e Munich. Doutorou-se em 1972. Iniciou sua atividade docente em Münster (1979-1981), de onde passou à Universidade de Bamberg (1981-1992) antes de ser catedrático em sociologia (1992), na Universidade Ludwig- Maximilian, em Munich. Também é docente da London School of Economics. Editor da revista sociológica Soziale Welt (desde 1980). Doutor 'honoris causa' pela Universidade de Jyväskylä, Finlândia. É autor, entre outros livros, de Risikogesellschaft. Auf dem Weg in eine andere Moderne (1986); Democracy Without Enemies (1998); World Risk Society (1999); What is Globalization? (1999); Individualization (com Elisabeth Beck-Gernsheim, 2000); Brave New World of Work (2000). Entre as obras traduzidas para o português e o espanhol: Modernização reflexiva. Política, Tradição e Estética na Ordem Social Moderna (con otros autores, UNESP, São Paulo, 1997; O que é Globalização: Equívocos do Globalismo Respostas à Globalização, Paz e Terra, São Paulo, 1999. La sociedad del riesgo. En camino hacia otra sociedad moderna, Paidós, Barcelona, 1998; La Invención de lo Político. Para una teoría de la Modernización Reflexiva , Fondo de Cultura Económica, Buenos Aires, 1999; Hijos de la libertad (comp.), Fondo de Cultura Económica, México, 1999; La Democracia y sus Enemigos, Paidós, Barcelona, 2000; Un nuevo mundo feliz. La precarización del trabajo en la era de la globalización , Paidós, Barcelona, 2001; Sobre el Terrorismo y la Guerra, Paidós, Barcelona, 2003. http://www.infoamerica.org/teoria/beck1.htm (textos online) h

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”• Nasceu em 1944 em Slupsk, Alemanha. Estudou sociologia, filosofia,

psicologia e ciência política em Freiburg e Munich. Doutorou-se em 1972. Iniciou sua atividade docente em Münster (1979-1981), de onde passou à Universidade de Bamberg (1981-1992) antes de ser catedrático em sociologia (1992), na Universidade Ludwig-Maximilian, em Munich. Também é docente da London School of Economics. Editor da revista sociológica Soziale Welt (desde 1980). Doutor 'honoris causa' pela Universidade de Jyväskylä, Finlândia.

• É autor, entre outros livros, de Risikogesellschaft. Auf dem Weg in eine andere Moderne (1986); Democracy Without Enemies (1998); World Risk Society (1999); What is Globalization? (1999); Individualization (com Elisabeth Beck-Gernsheim, 2000); Brave New World of Work (2000).

• Entre as obras traduzidas para o português e o espanhol: Modernização reflexiva. Política, Tradição e Estética na Ordem Social Moderna (con otros autores, UNESP, São Paulo, 1997; O que é Globalização: Equívocos do Globalismo Respostas à Globalização, Paz e Terra, São Paulo, 1999. La sociedad del riesgo. En camino hacia otra sociedad moderna, Paidós, Barcelona, 1998; La Invención de lo Político. Para una teoría de la Modernización Reflexiva, Fondo de Cultura Económica, Buenos Aires, 1999; Hijos de la libertad (comp.), Fondo de Cultura Económica, México, 1999; La Democracia y sus Enemigos, Paidós, Barcelona, 2000; Un nuevo mundo feliz. La precarización del trabajo en la era de la globalización, Paidós, Barcelona, 2001; Sobre el Terrorismo y la Guerra, Paidós, Barcelona, 2003.

• http://www.infoamerica.org/teoria/beck1.htm (textos online)

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Ulrich Beck - Teoria

Duas modernidades:

Primeira modernidade: baseada nos Estados-nacionais, com relações estritamente entendidas no sentido territorial.

Segunda modernidade: a sociedade precisa a responder a todas as demandas simultâneamente

- Os problemas atuais são resultantes, não antecipados, da modernização industrial, baseada no Estado-nação

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Ulrich Beck - Teoria

- Surgem “auto-ameaças“ que não podem ser controladas

- A “velha“ idéia de controlabilidade, segurança e certeza, tão fundamental à primeira modernidade, entra em colapso.

- Um novo tipo de capitalismo, de sociedade, de economia e de vida pessoal surge (segunda modernidade), criando a necessidade de um novo quadro de referência

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Ulrich Beck - Teoria

- Na “sociedade do risco mundial“, o mundo compartilha das mesmas mudanças básicas (não apenas o ocidente): há uma pluralização de modernidades, sob diferentes percepções culturais

- Há aspectos positivos (democracia, multiculturalismo, tolerância) e negativos (crise do Estado, flexibilização do trabalho, desemprego, terrorismo)

- Riscos são globais e intimamente ligados a decisões técnicas, administrativas e políticas.

- Riscos pressupõem decisões. Estas são tomadas com base em normas fixas de cálculo. São tais normas que a sociedade do risco mundial está tornando inválidas.

- Cálculos de segurança privada não cobrem, p.e., crises econômicas, catástrofes, mudança de clima, etc.)

- As mais controversas tecnologias não estão asseguradas.

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”

• Riscos políticos, ecológicos, individuais escapam cada vez mais dos mecanismos de proteção e controle

• Ao mesmo tempo em que a sociedade passa a ter consciência do risco, comporta-se de acordo com o modelo da “velha“ sociedade industrial.

• O processo de modernização é alheio aos perigos que causa. Tais perigos latentes, levam ao questionamento e transformam os fundamentos da sociedade industrial

• Os perigos são vistos apenas como “lado obscuro do progresso“ (hipocrisia)

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”

Há duas fases nesse processo:

1) As conseqüências e auto-ameaças são produzidas sistematicamente, sem serem publicamente tematizadas. A sociedade industrial potencializa e legitima os riscos produzidos

2) Quando os riscos dominam os debates políticos e os conflitos públicos, as instituições convertem-se em focos de produção e legitimação de “perigos controláveis“ (ex.: Brasil, transgênicos).

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”

Quatro pilares são rompidos quando os riscos passam a ser globais e não-controláveis:

1) Os danos não são mais delimitáveis: são globais e irreparáveis

2) Os cuidados preventivos dos piores acidentes ficam excluídos

3) O “acidente“ perde suas delimitações: passa a ser um acontecimento com começo, mas “sem final“.

4) Assim, suprime-se os estandartes de normalidade - necessários para a medida e cálculo do risco.

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”

Beck se refere a esse quadro como parte de um tipo de modernização “reflexiva“:

- Uma auto-confrontação com os “efeitos colaterais latentes“ da sociedade de risco.

- Tais efeitos não podem ser mensurados nem assimilados pelas insituições sociais.

- Há uma crise no “consenso” do progresso e na “abstração dos efeitos indesejáveis“

- É através da abstração (negação) da sociedade do risco que esta surge e se realiza.

Reflexividade é, portanto, a transição reflexiva da sociedade industrial à sociedade de risco.

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”

• Conflitos de danos se sobrepõem aos de distribuição

• Passa a se questionar as “atribuições“ de cada ator.

• As pretensões de controle, centradas na técnica, chocam-se com a concatenação das carências de segurança, escândalos encobertos e as “quase-catástrofes“

• Há um potencial político que reside no colapso da racionalidade técnico-científica e das garantias institucionais de segurança

• Os riscos menores técnicamente manejáveis são regulados até os detalhes, enquanto os grandes perigos são “legalizados“ pelo sistema.

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Ulrich Beck e a “sociedade do risco”

• Novos conhecimentos podem transformar, de um dia para outro, normalidade em perigo

• O progresso da ciência refuta suas próprias asseverações iniciais a propósito da segurança

• Todos os perigos (genéticos, químicos, ecológicos, etc.) são produzidos por decisões. Isso indica um fracasso dos sistemas sociais.

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Sociedade do risco: conseqüências

Mudanças básicas referentes à Sociedade do Risco:

Altera-se a relação da moderna sociedade industrial com a natureza; assim como as representações e a consciência de segurança dos problemas e perigos gerados e/ a ação política

Em função das turbulências, há uma decomposição e desencantamento da base do sentido coletivo (fé no progresso, questões de classe) ligadas a valores do século XX, .

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Sociedade do risco: incertezas

• As decisões políticas não dominam a incerteza ou a possibilidade de destruição e auto-ameaça.

• As grandes organizações industriais do futuro operam “sem proteção“ ou seguro.• A reflexividade e a incalculabilidade se propagam por todos os domínios da

sociedade• A sociedade do risco tende a ser auto-crítica, dividindo a sociedade e mesmo o

indivíduo (conflito interno), em suas escolhas.

• Oportunidades, ambivalências e perigos antes relacionados à comunidade local, família, aos “deteriorados“ grupos e classes sociais, devem ser percebidos pelo indivíduo, num ambiente de “riscos sociais distribuídos“.