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CENTRO DE ESTUDOS SUPERIORES DO BAIXO E MÉDIO AMAZONAS CESBAM CURSO DE FISIOTERAPIA PERÍODO: 2º PERÍODO MATÉRIA: FISIOTERAPIA GERAL I PROF A . MAHYRA MOTA ULTRA-SOM TERAPÊUTICO INTRODUÇÃO: Considerando que podemos tratar uma gama imensa de enfermidades com o Ultra-Som há necessidade de adequar o método de tratamento e a forma. Para tanto, lançamos mão dos diversos acessórios, o que facilitará a terapia, resultando melhor efeito e segurança para o paciente. O Ultra-som pode ser aplicado de forma Contínua ou Pulsátil, dependendo do tipo de enfermidade em tratamento. A forma Contínua produz 50% de efeito térmico e 50% de efeito mecânico. A forma Pulsátil produz quase que exclusivamente efeito mecânico. Importante é a sensação leve ou nenhuma de calor referida pelo paciente. A sensação dolorosa referida pelo paciente só servirá de parâmetro para uma melhor dosagem. A fase da enfermidade é de suma importância, pois cada fase requer uma dosagem diferenciada e individualizada. 1. CONCEITO: São ondas sonoras (vibrações acústicas) longitudinais de alta freqüência com propriedades térmicas e não térmicas. O Aparelho de Ultra-som utiliza energia ultrassônica, com ondas transversais, mecânicas para tratamento de problemas do sistema muscular esquelético. Essas ondas são produzidas a partir da transformação da corrente comercial em corrente de alta freqüência, mais ou menos 870 KHz, que ao incidir sobre um cristal de quartzo, ou similar,

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ULTRA-SOM TERAPÊUTICO

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CESBAM

CURSO DE FISIOTERAPIAPERÍODO: 2º PERÍODOMATÉRIA: FISIOTERAPIA GERAL IPROFA. MAHYRA MOTA

ULTRA-SOM TERAPÊUTICO

INTRODUÇÃO:

Considerando que podemos tratar uma gama imensa de enfermidades com o

Ultra-Som há necessidade de adequar o método de tratamento e a forma. Para tanto,

lançamos mão dos diversos acessórios, o que facilitará a terapia, resultando melhor

efeito e segurança para o paciente. O Ultra-som pode ser aplicado de forma Contínua

ou Pulsátil, dependendo do tipo de enfermidade em tratamento. A forma Contínua

produz 50% de efeito térmico e 50% de efeito mecânico. A forma Pulsátil produz

quase que exclusivamente efeito mecânico. Importante é a sensação leve ou nenhuma

de calor referida pelo paciente. A sensação dolorosa referida pelo paciente só servirá

de parâmetro para uma melhor dosagem. A fase da enfermidade é de suma

importância, pois cada fase requer uma dosagem diferenciada e individualizada.

1. CONCEITO:

São ondas sonoras (vibrações acústicas) longitudinais de alta freqüência com

propriedades térmicas e não térmicas. O Aparelho de Ultra-som utiliza energia

ultrassônica, com ondas transversais, mecânicas para tratamento de problemas do

sistema muscular esquelético.

Essas ondas são produzidas a partir da transformação da corrente comercial em

corrente de alta freqüência, mais ou menos 870 KHz, que ao incidir sobre um cristal de

quartzo, ou similar, faz com que o mesmo se comprima e se dilate alternadamente,

emitindo ondas ultrassônicas não audíveis ao ouvido humano na mesma freqüência da

corrente recebida, e que precisam de um meio para sua propagação, a onda não se

propaga no vácuo.

Encontramos Ultra-som de 1Mhz e de 3Mhz, sendo o de 1Mhz de alcance mais

profundo.

2. PROPRIEDADES:

Suas propriedades são similares às da Luz, são elas:

PROJEÇÃO EM LINHA RETA – Maior profundidade e delimitação.

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REFRAÇÃO – Ocorre nas áreas limites (tecidos) de diferentes resistências acústicas.

Quando a onda muda a direção, a energia é transferida aos tecidos resultando na

produção de calor.

REFLEXÃO – Reflete sobre estruturas lisas e compactas, dependendo das

impedâncias acústicas características do meio. Para evitar que a energia ultra-sônica

se reflita por completo, deve ser colocado um líquido de acoplamento (gel ultrassônico,

parafina, glicerina, água) para não haver AR entre o aplicador e a pele.

Os tecidos corporais não são homogêneos, por esta razão há muita reflexão

incontrolada produzida por músculos e tendões que desviam o feixe ultra-sônico. Este

inconveniente se atenua mantendo o movimento circular do cabeçote durante a

aplicação.

Entre músculos e ossos se formam intensas refrações e reflexões, formando-se

ondas estacionárias que podem mudar completamente o campo ultra-sônico, bem

como aumentar acentuadamente a temperatura e causar dor perióstica. O osso reflete

aproximadamente 70% da energia ultra-sônica e absorve o restante.

DIFRAÇÃO – Ampliação do campo. A intensidade e a direção do desvio que sofrem

os raios dependem das velocidades relativas nos meios (Ex: ar e água).

ABSORÇÃO – São absorvidas pelos tecidos e transformadas em calor.

***IMPORTANTE: O ULTRA-SOM NÃO SE PROPAGA NO AR.

3. ÁREA DE RADIAÇÃO EFETIVA (ARE):

É um parâmetro importante para se determinar a intensidade, visto que o cristal

não vibra uniformemente, sendo a área de efetivação menor que o diâmetro do

cabeçote. Por esta razão a freqüência de 1MHz é a mais adequada, pois o raio sofre

divergência de apenas 1o somente.

4. DIVERGÊNCIA DAS ONDAS:

As ondas sonoras divergem a partir de um ponto e obedecem a Lei dos Quadrados

inversos. As ondas com freqüências de 1MHz por segundo são praticamente

paralelas. As de 3MHz já tem divergência maior. Para propósitos terapêuticos as

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freqüências são variáveis de 0,5MHz a 3MHz. Para fins diagnósticos as freqüências

variam de 4MHz até 14MHz.

5. PRODUÇÃO DE ONDA ULTRA-SÔNICA:

As ondas ultrassônicas podem ser produzidas por diversos aparelhos, baseados

em diferentes fenômenos físicos. Dentre eles o mais usado é o Efeito Piezoelétrico,

que tem como órgão emissor um cristal de Quartzo de propriedades Piezoelétricas.

O método utilizado para produzir ultra-som com fins terapêuticos é a vibração de

um cristal de quartzo ou material similar (Bário, Titânio) alojado em transdutor.

Ocorrendo quando uma corrente alternada passa através do cristal piezoelétrico,

resultando na contração e expansão dos cristais. A vibração dos cristais causa a

produção mecânica de ondas sonoras de alta freqüência. Estas oscilações sofridas

pelas partículas do quartzo em movimento dão origem a onda Ultra-sônica.

EFEITO PIEZOELÉTRICO:

É a propriedade em que os corpos apresentam de formarem campos elétricos

em suas superfícies externas quando submetidos a uma determinada tensão elétrica.

Em outras palavras, um Cristal é vibrado sobre a influencia de uma corrente elétrica

alternada de alta freqüência.

Um gerador produz corrente alternada de alta freqüência (1MHz) que em

seguida é convertida, por um transdutor. Nesse transdutor há um cristal que sofre

vibrações em decorrência dessa corrente, gerando vibrações mecânicas acústicas. A

freqüência de uma determinada onda é constante, porém a velocidade varia de acordo

com os meios, sendo maior na água, e quase nenhuma no ar.

6. EFEITOS:

Efeito Mecânico: Produz vibração a nível celular (micromassagem). Aumenta

a permeabilidade da membrana celular, acelerando os processos osmóticos.

Obs : Como a diferença de densidade aumenta esse efeito mecânico, e nas

células jovens volumosas é maior essa diferença entre o núcleo celular e o

citoplasma do que nas células normais, resulta uma destruição também maior,

denominando-se esse efeito de ação seletiva do ultra-som, nela se baseia a

possibilidade de destruir as neoformações.

Efeito Térmico: Decorre da absorção das ondas pelo tecido e sua

transformação em calor. No U.S. Contínuo prevalece mais o efeito térmico, o

que não ocorre no U.S. Pulsátil.

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Hiperemia Ativa: Decorrente da vasodilatação – aumento do fluxo sanguíneo.

Maior aporte de O2 e substâncias nutritivas a nível celular. Aumento do

metabolismo, aumento da permeabilidade celular e da síntese de proteínas.

Antiflogístico: Por causa da vasodilatação, haverá mais leucócitos na área

tratada, aumentando também o fluxo venoso e linfático.

Efeito Químico: Age como catalisador. Aumenta a condutibilidade das

reações. Oxidação e redução. Alcalinização dos tecidos.

Analgésico: Aumenta o limiar de excitabilidade nervosa sensitiva e também,

diminui o edema local se houver.

Espasmolítico – Relaxante: Efeito de micromassagem.

Fibronolítico: Evita e diminui as fibroses. Libera aderências, provavelmente

pela ordenação das fibras de colágeno.

Efeito Reflexo Paravertebral: O estímulo é feito nos dermátomos.

Efeito Cavitário: Destruição/cavitação, quando houver excesso de dosagem

ou fixação do cabeçote sobre o tecido.

***FENÔMENO DE CAVITAÇÃO:

Trata-se de um fenômeno que se produz com intensidade suficiente formando-se

em virtude da força de tração de vários KW/cm2, cavidades microscópicas que se

desmoronam na fase de compressão, manifestando pressões de até 1000 atmosferas,

temperatura alta e forças cinéticas que excedem em 100 mil as magnitudes dos

campos sônicos. Resulta que tais concentrações de energia podem conduzir à

destruição dos complexos celulares.

7. DOSIMETRIA:

Varia de 5 a 10 sessões. A Sensação de calor deverá ser nenhuma ou mínima e

superficial. Não deve ocorrer dor. Se ocorrer, diminuir a potência ou movimentar mais

o cabeçote.

Depende da fase da enfermidade, aguda, sub-aguda ou crônica. Quanto mais

aguda for a patologia, menor deverá ser a dose.

Depende também de o tratamento ser local ou paravertebral reflexo. Quando

ocorrer DOR ou sensação de QUEIMAÇÃO indica que a dose está alta ou o cabeçote

está sendo inadequadamente movimentado.

7.1 - CONTROLE DA EMISSÃO:

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A emissão se mede em Watts por centímetros quadrados (W/cm2) da superfície

do cabeçote (ERA). Para fins terapêuticos, se empenham valores de 0,25 a 3w/cm2.

Podendo gerar feixe pulsátil ou contínuo.

7.2 - CAMPO ESTACIONÁRIO:

Se o cabeçote for mantido imóvel ele projetará as ondas em direção normal à

interface, produzindo interferência entre a onda emitida e, incidência com a onda

refletida, constituindo-se um campo de ondas estacionárias no qual os cátions tem

uma posição fixa e produzem intensa vibração nos tecidos, causando dor intensa e

possíveis lesões.

Logo, é necessário que durante o tratamento o cabeçote deva mover-se

continuamente para não gerar campo estacionário e evitar conseqüências

inconvenientes.

8. FORMAS DE ONDA ULTRA-SÔNICA:

ULTRA-SOM CONTÍNUO:

É formado por períodos de compressão e dilatação ininterruptos apresentado

os efeitos térmicos e mecanismos, que é diretamente proporcional a intensidade

indicada para o tratamento. A intensidade máxima de ajuste para o Ultra-som contínuo

é de aproximadamente 3W/cm2 sendo que em alguns aparelhos é de 2W/cm2.

ULTRA-SOM PULSÁTIL (Atérmico):

Apresentando somente o efeito mecânico, portanto permite uma intensidade

mais alta e duração maior de aplicação, até 5W/cm2.

Ambos os efeitos térmicos e mecânicos decrescem durante a pausa, no entanto

o térmico desaparece mais cedo que o mecânico, de maneira que os efeitos

mecânicos acumulam mais. Seu uso é muito indicado em processos de cicatrização

(angiogênese, condrogênese, ossificação intramembranosa, ossificação endocondral e

remodelação óssea).

TEMPO: Aproximadamente 3 min por área.

PENETRAÇÃO DAS ONDAS: Aproximadamente 5cm, decrescendo

proporcionalmente.

**FONOFORESE**:

Introdução ou transmissão de substâncias farmacológicas no tecido, através do Ultra-

som.

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9. MÉTODOS E APLICAÇÕES:

9.1 – DIRETO (Deslizamento):

Usado nas áreas planas ou regulares (sem acidentes ósseos). Áreas com a pele

íntegra, ou que suporte a pressão do cabeçote, sem que o paciente refira dor à

pressão. O cabeçote fica sobre a pele (Ex: Panturrilha, coxa). FOTO

Colocar gel ultrassônico na região a ser tratada e no cabeçote. Realizam-se

movimentos circulares leves, com pressão. Se a área for extensa, realizamos

movimentos longitudinais.

OBS: Propriedades do Gel Ultrassônico: Deve ser estéril, não ter excesso de

líquido, não ser facilmente absorvido, não causar manchas, não causar irritação ou

alergias, deve ser barato, deve ser dotado de boas qualidades de propagação, deve

ser transparente.

9.2 – SUB-AQUÁTICO:

Usado quando o paciente refere dor à pressão do cabeçote. Áreas irregulares,

acidentes ósseos ou ulcerações. A parte a ser tratada juntamente com o cabeçote fica

submersa na água (Ex: tratamento de extremidades: mãos, pés).

Deixar a área a ser tratada, submersa em uma bacia ou vasilha com água

desgaseificada a 38oC. Submergir o cabeçote do ultra-som a uma distância de mais ou

menos 1 a 2 cm da pele. Usamos doses menores. Realizar movimentos longitudinais

ou circulares leves sobre a lesão.

9.3 – MÉTODO DO BALÃO:

Usado para áreas irregulares, com difícil acesso, ou que não suportem a pressão

do cabeçote. O cabeçote fica sobre o balão (Ex: Joelho, maléolos, Ombro).

Colocar gel ultrassônico na área, colocar um balão ou bexiga com água a 38oC sobre

a região (tirar todas as bonhas de ar). Colocar gel no cabeçote que ficará sobre o

balão. Realizar movimentos sem perder o contato.

Outros: Método do funil, do Reflexo e do reflexo segmentar.

10 – TÉCNICAS DE TRATAMENTO:

a) Preparação do aparelho:

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- verificar a voltagem (110 ou 220V),

- verificar a potência em zero,

- escolher o tipo de ultra-som (1Mhz ou 3Mhz),

b) Preparação do Paciente:

- desnudar a área a ser tratada,

- testar a sensibilidade,

- orientar o paciente quanto a produção de calor e dor (não deve sentir calor

nem dor local),

- aplicar o meio condutor.

11 – VALORES REFERENCIAIS:

< 0,3 W/cm2 = Intensidade Baixa.

0,31 W/cm2 a 1,2 W/cm2 = Intensidade Média.

1,2 W/cm2 a 3,0 W/cm2 = Intensidade Alta.

12 - INDICAÇÕES:

Artralgias

Artrose

Artrite

Anquilose

Bursite

Braquialgia, Ciatalgia, Cervicalgia, Lombalgia

Contusão, contratura de Dupuytrein, contraturas musculares

Distensões, entorses

Fibrose

Neuroma

Tendinite

Reabsorção de edemas (3Mhz)

Esporão de Calcâneo...

13 – CONTRA-INDICAÇÕES:

Relativas:

Osteoporose

Implantes metálicos

Sequelas traumáticas 24 a 36h

Tromboflebites e varizes

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Sobre a coluna vertebral

Perda ou alterações de sensibilidade

Absolutas:

Olhos

Testículos e Útero gravídico

Região cardíaca

Trombose

Estado febril

Cartilagem de crescimento

Tumores, Neoplasias

Esclerose óssea.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

KITCHEN, S. Bazin, S. Eletroterapia de Clayton. 10 ed. São Paulo: Manole, 1998.KOTTKE, Frederic J. et al. Krusen: Tratado de Medicina Física e Reabilitação. 4 ed. São Paulo: Manole, 1994.LIANZA, Sérgio. Medicina de Reabilitação. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.