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UM ASSISTENTE INTELIGENTE PARA O ENSINO DAS SEÇÕES

CÔNICAS: MODELAGEM E PROTOTIPAÇÃO

LUIZ HENRIQUE ZEFERINO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

JUNHO - 2003

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UM ASSISTENTE INTELIGENTE PARA O ENSINO DAS SEÇÕES

CÔNICAS: MODELAGEM E PROTOTIPAÇÃO

LUIZ HENRIQUE ZEFERINO

"Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências de Engenharia, na área de concentração de Engenharia de Produção".

Orientadora: Profª Clevi Elena Rapkiewicz

Co-orientadora: Profª Gudelia Morales

CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

JUNHO - 2003

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UM ASSISTENTE INTELIGENTE PARA O ENSINO DAS SEÇÕES

CÔNICAS: MODELAGEM E PROTOTIPAÇÃO

LUIZ HENRIQUE ZEFERINO

"Dissertação apresentada ao Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências de Engenharia, na área de concentração de Engenharia de Produção".

Aprovada em 11 de Junho de 2003.

Comissão Examinadora:

_______________________________________________

Profª Gilda Helena Bernardino de Campos, D.Sc. - PUCRJ

_______________________________________________

Profª Silvia Alicia Martinez, D.Sc. - UENF

_______________________________________________

Profª Gudelia Morales, D.Sc. - UENF

Co-orientadora

_______________________________________________

Profª Clevi Elena Rapkiewicz, D.Sc. - UENF

Orientadora iii

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DEDICATÓRIA

A meu filho Júnior e minha esposa Simone.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por permitir que eu tivesse a oportunidade de desenvolver este trabalho.

A minhas orientadoras, professoras Clevi Rapkiewicz e Gudelia Morales, pela

paciência e dedicação que permitiram a concretização deste trabalho.

A todos os colegas de mestrado e funcionários da UENF, pela amizade e apoio.

À professora Lucia Maria Martins Giraffa (PUC/RS) pela atenção, ajuda e

esclarecimentos.

Ao professor Luis Guillermo (UENF) por sua participação na minha formação e no

projeto desta dissertação.

A meus familiares, especialmente meu filho, pelo apoio e pela compreensão nas

muitas vezes nas quais eu disse "hoje eu não posso" nos últimos dois anos.

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SUMÁRIO

Resumo.................................................................................................................................. viii

Abstract..................................................................................................................................... ix

Lista de Figuras........................................................................................................................ x

Lista de Tabelas...................................................................................................................... xi

Capítulo 1 - Introdução...........................................................................................................1

1.1 Contexto ....................................................................................................................1

1.2 Definição do Problema e Motivação do Trabalho...............................................3

1.3 Objetivos....................................................................................................................4

1.4 Justificativa................................................................................................................5

1.5 Estrutura da Dissertação........................................................................................6

Capítulo 2 - Recursos e Educação Matemática..................................................................7

2.1 O Livro Didático..................................................................................................... 10

2.1.1 Avaliação de Livros Didáticos do Ensino Fundamental.......................... 11

2.1.2 Análise de Livros Didáticos de Matemática para o Ensino Médio........ 14

2.2 Sistemas de Computação Algébrica (CAS)...................................................... 18

2.2.1 Avaliação de um CAS segundo a ISO/IEC 12119.................................. 20

2.3 Sites ........................................................................................................................ 26

Capítulo 3 - Soluções para Educação Matemática Baseadas em Inteligência Artificial ............................................................................................................................33

3.1 Programas Educacionais e Inteligência Artificial ............................................. 33

3.2 Arquitetura Clássica dos Sistemas Tutores Inteligentes ................................ 40

3.2.1 O Modelo do Aluno....................................................................................... 41

3.2.2 Módulo das Estratégias de Ensino............................................................. 44

3.2.3 Base do Domínio........................................................................................... 46

3.2.4 Interface com o Aluno.................................................................................. 49

3.2.5 Módulo de Controle ...................................................................................... 49

3.3 Sistemas Tutores Inteligentes para Educação Matemática........................... 50

Capítulo 4 - Descrição do Ambiente e Teste com o Protótipo....................................... 57

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vii

4.1 Modelagem da Solução....................................................................................... 59

4.1.1 Domínio do Assistente................................................................................. 59

4.1.2 Módulo Tutorial.............................................................................................. 68

4.1.3 Modelo do Estudante.................................................................................... 71

4.1.4 Interface com o Estudante........................................................................... 74

4.1.5 Módulo de Controle ...................................................................................... 78

4.2 Implementação do Assistente............................................................................. 80

4.3 Validação do Protótipo do Assistente................................................................ 82

Capítulo 5 - Conclusões e Perspectivas ........................................................................... 86

Referências Bibliográficas................................................................................................... 90

Anexo 1: Exemplo de coreografia do assistente. ............................................................ 96

Anexo 2 : Questionário utilizado na avaliação do protótipo do assistente................100

Anexo 3: Exemplos de regras de produção e funções do assistente........................102

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viii

Resumo da dissertação apresentada ao CCT/UENF como parte integrante dos

requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências (M.Sc.) em

Engenharia (área de Engenharia de Produção).

Resumo

UM ASSISTENTE INTELIGENTE PARA O ENSINO DAS SEÇÕES

CÔNICAS: MODELAGEM E PROTOTIPAÇÃO

Luiz Henrique Zeferino

11 de Junho de 2003

Orientadora: Profª Clevi Elena Rapkiewicz

Co-orientadora: Profª Gudelia Morales

Sistemas Tutores Inteligentes (STI) caracterizam-se por possibilitar instrução

personalizada. A presente dissertação apresenta a modelagem e a prototipação de

um STI cuja função é de uma ferramenta auxiliar para a educação matemática do

Ensino Médio, especificamente para um tópico do conteúdo de Geometria Analítica -

as Seções Cônicas. Nesse sistema, um assistente inteligente, dá-se ênfase às

estratégias de ensino e à interface, devido às características do domínio. Para

elaboração do domínio foram pesquisadas características do livro didático brasileiro

da Matemática do Ensino Médio, sistemas de computação algébrica (CAS) e sites

relativos a esse tópico da Matemática. Para a implementação do sistema foram

utilizadas a ferramenta JESS (Java Expert System Shell) que utiliza o algoritmo

RETE e a linguagem Java, explorando-se recursos de hipertexto e recursos gráficos

das curvas que constituem o domínio do assistente proposto. Validou-se o protótipo

do assistente com um grupo de professores de Matemática do Ensino Médio. As

principais contribuições do assistente inteligente proposto são: (i) auxiliar o professor

quanto aos pré-requisitos desse tópico da Matemática que apresentam-se em

grande número; (ii) auxiliar o professor quanto ao problema do número elevado de

alunos por turma através de uma individualização do ensino.

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This Abstract of the dissertation presented to the CCT/UENF as an integrant part of

the necessary requirements for the achievement of the degree of Master in

Sciences (M.Sc.) in Engineering (Production Engineering area).

Abstract

AN INTELLIGENT ASSISTANT FOR THE INSTRUCTION OF THE

CONICAL SECTIONS: MODELING AND PROTOTYPIZATION.

Luiz Henrique Zeferino

June 11th., 2003

Advisor: Prof. Clevi Elena Rapkiewicz

Co-Advisor: Prof. Gudelia Morales

Intelligent Tutoring Systems (ITS) are characterized for making possible a

personalized instruction. This dissertation introduces the modeling and the

prototypization of an ITS whose function can be considered as an auxiliary tool for

the teaching of Mathematics in High School, specifically for a topic of the content of

Analytical Geometry - the Conical Sections. In this system, an intelligent assistant, an

emphasis to the strategies of education and the interface is given, due to the

characteristics of the domain. In order to be possible the elaboration of the domain,

the characteristics of the Brazilian didactic book of Mathematics for High School were

researched. The computer algebra systems (CAS) and relative sites to this topic of

the Mathematics were also researched. To put the system to work it was used the

JESS (Java Expert System Shell) that works with the RETE algorithm and Java

language, exploiting hypertext and graphical resources of the curves that constitute

the domain of the assistant. The prototype of the assistant was validated as a group

of High School Mathematics professors. The main contributions proposed of the

intelligent assistant are: (i) Help the professor as of the prerequisites of this topic of

the Mathematics found in great number; (ii) to assist the professor dealing with a high

number of students in order to personalize this teaching.

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Lista de Figuras

Capítulo 2

Figura 2.1: (a) a dosagem equilibrada de conceituação, manipulação e aplicação conduz a uma boa

educação matemática; (b) dosagem desequilibrada de conceituação, manipulação e aplicação

conduz a um ensino de matemática deficiente.........................................................................9

Figura 2.2: Estrutura Básica da Norma ISO/IEC 12119 (Andrade et al., 1996).................................20

Capítulo 3

Figura 3.1: Atividades desenvolvidas em IA (Bittencourt, 2001)......................................................35

Figura 3.2: Arquitetura de um Sistema Especialista (Chaiben, 2002) ..............................................40

Figura 3.3: Arquitetura clássica de um STI ( Viccari, 1990).............................................................41

Figura 3.4: Relação entre as taxas de eficiência pedagógica e esforço de implementação de um

modelo do domínio (Anderson, 1988). ..................................................................................48

Figura 3.5: Tela do STI Ms Lindquist indicando os tipos de problemas propostos

(http://www.AlgebraTutor.org)...............................................................................................50

Figura 3.6: Tela principal do STI Ms Lindquist (Heffernan, 2001)....................................................51

Figura 3.7: Tela principal do STI Matfin (Schuck, 2001)..................................................................53

Figura 3.8: Janela do TOOTEMA com o editor gráfico, editor de documentos, browser e simulador

(Hasegawa e Nunes, 1997)..................................................................................................55

Capítulo 4

Figura 4.1: Arquitetura do assistente proposto...............................................................................59

Figura 4.2: Relação entre as Categorias do Domínio .....................................................................61

Figura 4.3: Fatos e Regras – Unificação de Padrões (Borba e Fernandes, 2002).............................64

Figura 4.4: Regras em busca de fatos...........................................................................................65

Figura 4.5: Fatos em busca de regras...........................................................................................65

Figura 4.6: Valores do desempenho D do aluno em função de α e β...............................................73

Figura 4.7: Regiões dos estereótipos de aluno em função do desempenho.....................................74

Figura 4.8: Tela Principal do Assistente Inteligente........................................................................75

Figura 4.9: Janelas com gráficos das seções de um cone.. ............................................................77

Figura 4.10: Janela para criação do gráfico de construção geométrica de cônicas...........................77

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Figura 4.11: Janela para construção de gráfico cartesiano. ............................................................78

Figura 4.12: O ciclo do Módulo de Controle...................................................................................79

Figura 4.13: Comunicação e Funções dos Ambientes da implementação do Assistente...................81

Lista de Tabelas

Capítulo 2

Tabela 2-1: Fundamentos essenciais da avaliação do livro didático do Ensino Fundamental efetuada

pelo MEC............................................................................................................................11

Tabela 2-2: Principais requisitos para Programas e Dados.............................................................23

Tabela 2-3: Convenção de valores para o checklist uti lizado na análise. .........................................25

Tabela 2-4: Resultados obtidos após tabulação do checklist e valores máximos permissíveis para o

Mathematica 4.....................................................................................................................25

Capítulo 3

Tabela 3-1: Exemplos de fatos e uma regra de Cônicas.................................................................37

Capítulo 4

Tabela 4-1: Diferenças entre assistentes e tutores inteligentes.......................................................58

Tabela 4-2: Exemplos de exercícios quanto ao método de solução.................................................62

xi

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Capítulo 1 - Introdução

1.1 Contexto

O ensino e a aprendizagem passam, em nível mundial, por um profundo

processo de renovação. Renovação não apenas de conteúdos, mas sobretudo de

objetivos e de metodologias (Valente e Almeida, 1997; Borrões, 1998; D'Ambrosio,

2002). Atualmente as metodologias de ensino estão centradas em processos e no

educando, em detrimento das metodologias centradas em conteúdos ou em

produtos. É mais importante desenvolver cognitivamente o aluno do que transmitir

conhecimentos. Deve-se estimular a aprendizagem por descoberta, a resolução de

problemas e a modelagem. Obviamente, a escola deve proporcionar um ambiente

que viabilize tal desenvolvimento do aluno.

No Brasil, entre 1996 e 2002, segundo o INEP1 o Ensino Médio viu ao longo

desses sete anos uma ascensão da escola pública sobre a escola privada. O

número de alunos matriculados, no país, aumentou em 53,05% (de 5.739.077 para

8.783.737 alunos), enquanto que o número de funções docentes em exercício no

ensino médio aumentou de 43,11% (de 326.745 para 467.620). Entretanto,

analisando melhor esses números, temos que enquanto na escola privada o número

de alunos matriculados diminuiu de 5,64% (de 1.176.519 para 1.110.188 alunos) e o

número de funções docentes em exercício no ensino médio aumentou de 23,42%

(de 92.869 para 114.622), na escola pública o número de alunos matriculados

aumentou de 68,19% (de 4.562.558 para 7.673.549 alunos) e o número de funções

docentes em exercício no ensino médio aumentou de 50,93% (de 233.876 para

352.998).

Outro dado interessante refere-se ao percentual de professores com

formação adequada que atuam no ensino médio: ele cresceu de 74% em 1996, para

79% em 2002. Entretanto, o dado mais expressivo é o crescimento do número de

concluintes nesse período: ele passou de 959.545 para 1.786.827 alunos, ou seja,

um crescimento de 86,22% (sendo 100,84% referente à escola pública). O

crescimento elevado desses dois números para a escola pública do ensino médio:

1 Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, site: www.inep.gov.br.

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100,84% para o número de concluintes e 68,19% para o número de matrículas,

aliado aos números que indicam a formação adequada dos professores e o número

de funções docentes em exercício parecem indicar que o ensino médio está mais

eficiente, atendendo à demanda pela inclusão.

Os crescimentos de alguns números, no período 1996/2001, no Estado do Rio

de Janeiro são um pouco mais elevados, para o ensino médio: 112,19% para o

número de concluintes (92,35% no total, incluindo a escola privada) e 89,63% para o

número de matrículas (61,59% no total). Para o mesmo período, o número de

funções docentes em exercício no ensino médio aumentou de 65,03%.

Entretanto, apesar desses números, anteriormente expostos, uma análise do

último Enem (Exame Nacional do Ensino Médio de 2002) mostra que o resultado da

parte objetiva da avaliação, esta composta também por uma redação, apresentou

34,13 de média, 74% dos participantes tiveram classificação de Insuficiente a

Regular. Outros 23,5% tiveram notas entre 40 e 70, desempenho considerado de

Regular a Bom. Na melhor faixa de pontuação estão 2,5% dos estudantes,

classificados de Bom a Excelente. Em 2001, a média global da parte objetiva foi de

40,56. Cabe lembrar que nesse segundo ano consecutivo de isenção da taxa de

inscrição para os estudantes, o Enem 2002 recebeu ainda mais adesão por parte

dos alunos das escolas públicas. Neste ano, 73% dos participantes cursaram todo o

ensino médio na rede pública. Em 2001, esse índice foi de 66%. A escola particular

apresenta-se melhor do que a escola pública, tanto para a Redação como para a

parte objetiva. Os alunos que cursaram escolas privadas obtiveram média de 63,03,

na Redação, e de 47,22, na parte objetiva. Na escola pública, as médias foram de

52,10 e 30,39, na produção de texto e na parte objetiva, respectivamente.

Diante deste contexto cabe uma questão: qual é o problema do ensino médio

público (ou quais são os problemas)? Em um questionário respondido,

"a percepção que os participantes do Enem 2002 têm de suas escolas

quanto aos aspectos pedagógicos, organizacionais e de infra-estrutura reforçam

as opiniões já coletadas no Exame do ano anterior sobre as qualidades e os

problemas do sistema de ensino. Os laboratórios e o acesso a recursos de

informática detêm as piores avaliações por parte de mais de 60% dos estudantes

de rede pública e mais de 20% dos alunos das escolas privadas. Por outro lado,

os recursos humanos recebem os melhores elogios." (Inep, 2002)

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Convém lembrar que desde 1997 o Governo Federal vem investindo no

PROINFO (Programa Nacional de Informática) que, pelo exposto no resultado dos

questionários do Enem 2002, não tem alcançado seus objetivos. Também, no caso

da Matemática, os PCN do ensino médio (Parâmetros Curriculares Nacionais do

Brasil) indicam a utilização de tecnologia de informação no processo de ensino e

aprendizagem.

Para D'Ambrosio (2002) o maior problema do ensino de ciências e

matemática é o fato de ambas serem apresentadas aos alunos de forma

desinteressante, obsoleta e inútil. Para o autor, o atual ensino de ciências e

matemática não permite atingir os grandes objetivos da educação, que são: (i)

possibilitar a cada indivíduo atingir seu potencial criativo; (ii) estimular e facilitar a

ação comum, com vistas a viver em sociedade, exercitando a cidadania plena.

1.2 Definição do Problema e Motivação do Trabalho

Algumas vezes é difícil para o professor de Matemática encontrar recursos

adequados à sua prática docente, seja pela sua formação ou pela estrutura

disponível na escola em que trabalha. Além disso alguns conteúdos dessa disciplina

apresentam inúmeros pontos que tornam difícil seu ensino em profundidade e com

qualidade. Um exemplo é o tema Seções Cônicas no Ensino Médio, no qual podem

ser destacados os seguintes pontos:

a) Interdisciplinaridade - as Cônicas possuem aplicações diversas em outras

áreas como Física, Biologia e Química.

b) Extensão do conteúdo.

c) Número de pré-requisitos é grande (polinômios, trigonometria, sistemas

lineares, matrizes, transformações, construção de gráficos, etc) e esse

conteúdo é ministrado (ou deveria sê-lo2) na última série do ensino médio.

Propõe-se neste trabalho que recursos computacionais poderiam tornar o

ensino-aprendizagem mais eficiente pois permitem: simulação de aplicações reais,

2 Como esse conteúdo é proposto para terceira série do Ensino Médio, normalmente não é lecionado devido à extensão do programa referente à essa série - que é a série terminal.

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melhor "navegação" pelo conteúdo (extenso), disponibilidade de esquemas de ajuda

e/ou reforço para os pré-requisitos, construção de gráficos e animações dos

mesmos. Também, a IAED (Inteligência Artificial Aplicada à Educação), atualmente

possui pesquisas nos STI (Sistemas Tutores Inteligentes) que, entre outras

vantagens, são software que permitem a individualização do ensino, adaptando-se

às características de cada aluno e a utilização de estratégias de ensino.

Embora seja um tópico importante da Matemática, o autor desta dissertação

tem verificado, ao logo de dez anos de docência no Ensino Médio, a carência de

software específico para apoiar o professor no ensino das Seções Cônicas, assim

desenvolveu-se nesta dissertação de mestrado o protótipo de um sistema tutor

inteligente para auxiliar o ensino de desse tópico, propondo inicialmente duas

contribuições ao trabalho docente:

- auxiliar o professor quanto aos pré-requisitos (que apresentam-se em

grande número), pois esse tópico utiliza a Matemática Numérica, a

Simbólica e a Gráfica;

- auxiliar o professor quanto ao problema do número elevado de alunos por

turma (até 60 alunos), através de uma certa individualização do ensino.

1.3 Objetivos

A proposta deste trabalho foi a modelagem e a prototipação de um software

que haja como assistente inteligente para auxiliar no ensino das Seções Cônicas,

considerando-se o contexto do Ensino Médio e a arquitetura clássica dos STI, a qual

é apresentada no capítulo 3.

Para a concretização dessa proposta foi necessário cumprir os seguintes

objetivos específicos:

- Criar uma base do domínio composta por conceitos, exemplos, exercícios

(de manipulação e de aplicação) e bugs3 envolvendo o conteúdo

selecionado;

3 O catálogo de bugs é o conhecimento acerca de alguns erros típicos cometidos pelos estudantes

numa dada teoria (Hasegawa e Nunes, 1995).

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- Selecionar estratégias e táticas de ensino, para transmitir conceitos e

resolução de exercícios propostos ao aluno;

- Planejar um modelo de aluno;

- Definir uma interface que permita uma interação aluno-máquina de

maneira eficiente;

- Implementar e avaliar o protótipo do sistema proposto.

1.4 Justificativa

Para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem professores de

Matemática, entre esses o autor desta dissertação, podem utilizar recursos

computacionais como softwares educativos na prática docente.

Recursos computacionais aplicados à educação também são objetos de

pesquisa acadêmica e têm possibilitado novas experiências em escolas públicas e

privadas, incluindo-se entre tais instituições a Universidade Estadual do Norte

Fluminense Darcy Ribeiro.

Combinando a necessidade da pesquisa de novos métodos de ensino e

desenvolvimento de recursos educacionais e a viabilização do desenvolvimento

desses recursos pela participação de um meio acadêmico, propõe-se aqui uma

contribuição que auxilie a prática docente de professores de Matemática e permita

que os alunos construam o conhecimento através de um elemento ou um recurso

motivador, especificamente quanto ao tópico Seções Cônicas.

Em relação a esse tópico da Matemática tenho verificado, ao longo de dez

anos de exercício profissional como professor e também na minha vida como

estudante (em diversos níveis), a escassez de recursos disponíveis para auxiliar o

professor no seu exercício profissional, diante das dificuldades anteriormente

destacadas ao lecionar-se esse tópico. Desta forma justifica-se aqui a modelagem e

a prototipação de um assistente inteligente para o ensino das seções cônicas, ou

seja, o objeto da presente dissertação.

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1.5 Estrutura da Dissertação

Esta dissertação está estruturada em quatro capítulos além da presente

introdução.

No capítulo 2 são discutidos alguns recursos disponíveis para o ensino de

matemática na escola do Ensino Médio, sendo dados exemplos de utilização desses

recursos na prática docente, destacando-se suas principais características. Também

são discutidos alguns elementos importantes que devem ser levados em conta para

uma boa educação matemática.

No capítulo 3 são discutidas algumas soluções para Educação Matemática

baseadas em Inteligência Artificial. Descreve-se a arquitetura clássica dos sistemas

tutores inteligentes, bem como os elementos que constituem essa arquitetura. São

apresentados, ainda, exemplos de sistemas tutores inteligentes desenvolvidos para

o ensino de tópicos da área de Matemática.

No capítulo 4 são descritas a modelagem e a prototipação do ambiente

proposto, bem como são especificadas as ferramentas utilizadas na implementação

desse protótipo. Descreve-se, também, a oficina em que o protótipo foi avaliado por

um grupo de onze potenciais usuários, e, finalmente, são discutidos os resultados

obtidos pela análise dos questionários de avaliação preenchidos pelo grupo que

participou da oficina.

No capítulo 5, das considerações finais, é feito um apanhado geral da teoria

utilizada no desenvolvimento desta dissertação, são apresentadas as limitações, as

dificuldades encontradas, as contribuições e as sugestões para trabalhos futuros.

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Capítulo 2 - Recursos e Educação Matemática

2 Recursos e Educação Matemática

Desde o tempo dos gregos tem havido indivíduos capazes de reconhecer a

relação entre as duas modalidades de matemática: a “utilitária” (ou prática) e a

“abstrata” (D’Ambrosio, 2002). Um professor de Matemática deve saber dosar, na

sua prática docente, elementos dessas duas modalidades. Dois pontos podem ser

apontados a esse respeito: o primeiro refere-se à dificuldade de um professor

dominar ambas as modalidades, o segundo refere-se ao contexto histórico em que a

Matemática é ensinada. Quanto a esse respeito Markarian (1998) afirma que

“Há um processo de descrença da importância do conhecimento abstrato,

beneficiado pelas questões econômicas e sociais [...] e também pela cultura do

lucro imediato, do ‘o que é bom é o que se pode consumir’. Tudo isso gera uma

espécie de despreocupação e, em muitos casos, uma desnaturalização do

conhecimento matemático. Com isso quero dizer que a excessiva ênfase nas

motivações, em tornar atrativo o objeto do estudo, leva a um descuido do ensino

da Matemática em si, das estruturas gerais e suas relações.” (Markarian,1998,

p.26)

A seguir é discutida a estruturação de conteúdos para uma Educação

Matemática de qualidade, dando-se ênfase à preocupação de se tomar o cuidado de

evitar a desnaturalização do conhecimento matemático presente na citação anterior.

Estruturação de Conteúdos para o Ensino de Matemática:

O ensino da Matemática deve abranger três componentes fundamentais:

Conceituação, Manipulação e Aplicações (Lima, 1999), sendo que

“A conceituação compreende a formulação correta e objetiva das

definições matemáticas, o enunciado preciso das proposições, a prática do

raciocínio dedutivo, a nítida conscientização de que conclusões sempre são

provenientes de hipóteses que se admitem, a distinção entre uma afirmação e sua

recíproca, o estabelecimento de conexões entre conceitos diversos, bem como a

interpretação e a reformulação de idéias e fatos sob diferentes formas e termos. É importante ter em mente e destacar que a conceituação é indispensável para o

bom resultado das aplicações." (Lima, 1999, p. 2)

A Manipulação possui o caráter essencialmente, mas não exclusivamente,

algébrico. Constitui-se a Manipulação dos procedimentos matemáticos utilizados

para a solução de problemas, tais como: a habilidade e a destreza no manuseio de

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equações, fórmulas e construções geométricas elementares, o desenvolvimento de

atitudes mentais automáticas que propiciam aos usuários da Matemática concentrar

sua atenção com consciência em pontos realmente críticos, poupando tempo e

energia com detalhes que podem ser considerados secundários (Lima, 1999).

Quanto às Aplicações, constituem-se na principal razão pela qual o ensino da

Matemática é tão difundido e necessário. As Aplicações do conhecimento

matemático incluem a resolução de problemas que envolvam a obtenção de

resultados, conclusões e previsões em situações que vão desde problemas do dia-a-

dia a questões mais sutis que surgem dentro da própria Matemática ou em outras

áreas, quer sejam elas científicas, tecnológicas ou mesmo sociais (Lima, 1999;

Dante, 2000).

Ainda quanto às Aplicações, pode-se salientar que estão relacionadas com o

mundo real. Segundo as recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais

brasileiros do Ensino Médio (MEC, 1999), dentre as competências e habilidades a

serem desenvolvidas em Matemática referente à contextualização socio-cultural

deve-se:

- Desenvolver a capacidade de utilizar a Matemática na interpretação e

intervenção real.

- Aplicar conhecimentos e métodos matemáticos em situações reais, em

especial em outras áreas do conhecimento.

- Relacionar etapas da história da Matemática com a evolução da

humanidade.

- Utilizar adequadamente calculadoras e computador, reconhecendo suas

limitações e potencialidades.

Entretanto diante dessas recomendações dos PCNs e de Lima (1999) quanto

ao ensino de matemática, pode-se questionar o que é aprender matemática. A esse

respeito pode-se citar Dante (2000):

“Aprender Matemática é aprender a resolver problemas. Para resolver

problemas é preciso apropria-se dos significados dos conceitos e procedimentos

matemáticos para saber aplicá-los em situações novas. Assim, é fundamental que

tais conceitos e procedimentos sejam trabalhados com total compreensão de

todos os significados associados a eles.” (Dante, 2000, p.11)

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Observando essa última citação percebe-se novamente a importância dos

conceitos matemáticos, da manipulação (expressa através da expressão

procedimentos matemáticos), e que uns dos fins da Matemática é a utilização

desses conceitos e procedimentos para a resolução de problemas – o que está em

anuência com as recomendações dos PCNs e a visão de Lima (1999) anteriormente

apresentadas.

Para Lima (1999) da dosagem adequada de cada um dos componentes que

compõem o tripé para uma boa educação matemática - Conceituação, Manipulação

e Aplicações, conforme ilustra a Figura 2.1a, depende o equilíbrio do processo de

aprendizagem, o interesse dos alunos e a capacidade de empregar a clareza das

idéias, o hábito de pensar e agir ordenadamente.

(a) (b)

Figura 2.1: (a) a dosagem equilibrada de conceituação, manipulação e aplicação conduz a uma boa

educação matemática; (b) dosagem desequilibrada de conceituação, manipulação e aplicação

conduz a um ensino de matemática deficiente.

Quanto à relação entre a dosagem de conceitos, manipulações e aplicações e a

aprendizagem tem-se que “Toda aprendizagem é pessoal” (Abreu e Masetto, 1989,

p.10), assim a “dosagem equilibrada” de conceituação, manipulação e aplicação

planejada pelo professor para um ensino harmonioso de matemática (Figura 2.1a)

pode ser desequilibrada para um aluno em particular (Figura 2.1b), porque quando

se fala em aquisição de conhecimento por seres humanos (aprendizagem humana)

duas perspectivas devem ser consideradas: a perspectiva daquele que aprende e a

perspectiva daquele que ensina (Sá Leite e Omar, 1999).

Conceituação

Manipulação Aplicação

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Diante do exposto no parágrafo anterior, surge uma questão de suma

importância: devendo ser respeitadas as diferenças individuais dos alunos, como um

professor com uma turma de trinta, quarenta ou mais alunos, conseguirá atingir essa

“dosagem adequada” de cada um desses três componentes para cada aluno?

Como fontes de consulta ou instrumentos para auxiliar a sua prática docente

e para que os alunos apropriem-se de conceitos matemáticos para que esses

possam ser empregados na solução de problemas, atualmente estão disponíveis a

professores de Matemática, basicamente, além de talento profissional, o livro

didático, software (livres ou comerciais), sites, TV, vídeo, material concreto e

manipulativo, calculadora, revistas e livros paradidáticos.

Considerando-se o contexto analisado apenas os três primeiros recursos

(livro didático, software e sites) serão discutidos neste capítulo. Para cada um

desses recursos serão analisados aspectos relativos ao uso dos mesmos no ensino

de matemática. Particularmente serão observadas características referentes à

qualidade de tais recursos. Essa análise é feita com o intuito de que sejam

verificados os pontos deficientes em cada um desses recursos utilizados no ensino

de matemática, mais especificamente no ensino das seções cônicas, para que seja

melhor compreendida a proposta desta dissertação. A análise de tais recursos

consta nas seções que se seguem.

2.1 O Livro Didático

Devido à não existência de uma avaliação efetuada pelo MEC do livro didático

de matemática do Ensino Médio, serão discutidas a seguir a avaliação, seus critérios

e sua importância dos livros didáticos do Ensino Fundamental. Tal fato é necessário

devido à importância que o livro didático possui na prática docente de professores

de matemática, em qualquer nível. Esse estudo serve ainda como base de

comparação de critérios na análise de livros didáticos de matemática para o Ensino

Médio efetuada por (Lima, 2001).

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2.1.1 Avaliação de Livros Didáticos do Ensino Fundamental

O Ministério da Educação brasileiro estabeleceu em 1995 como uma das

prioridades de ação o aprimoramento do livro didático do Ensino Fundamental

oferecido nas escolas públicas brasileiras e afirma que:

“Esta melhoria é fundamental ao processo ensino-aprendizagem,

apresentando-se o livro didático como instrumento básico do trabalho pedagógico

desenvolvido pelo professor, dentro e fora da sala de aula, quando não o único.”

(MEC, 1995)

Resumidamente, afirma que o livro didático, como instrumento de

aprendizagem, deve apresentar conteúdo e atividades que favoreçam a aquisição do

conhecimento, por meio da reflexão e da resolução de exercícios propiciada pela

observação, pela análise e por generalizações, visando ao desenvolvimento da

criatividade e da crítica. Assim, o livro deve possibilitar ao aluno tornar-se sujeito de

sua própria aprendizagem e ao professor assumir a responsabilidade pela condução

da mesma.

Podem ser destacados cinco fundamentos na avaliação do livro didático

efetuada pelo MEC, a saber: o conteúdo matemático, aspectos psicometodológicos

do texto referentes ao aluno, aspectos institucionais e sócio-culturais, aspectos

gráficos e editoriais e o manual do professor, que aparecem subdivididos na Tabela

2-1.

Tabela 2-1: Fundamentos essenciais da avaliação do livro didático do Ensino Fundamental efetuada

pelo MEC.

Fundamento Elementos Constituintes

O conteúdo matemático

Enfoques apresentados: conceitos, regras, algoritmos.

Distribuição vertical dos conteúdos (em diferentes séries).

Presença de erros conceituais. Propagação ao longo do texto.

Simbologia e notação.

Exemplos errados.

Respostas corretas.

Integração dos conceitos apresentados.

Formas de tratamento da aritmética e da geometria.

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Uso de diferentes linguagens (verbal, gráfica, ...).

Questão de multiplicidade de soluções.

Aspectos

psicometodológicos do

texto referentes ao

aluno

Noção de unidade e continuidade do conteúdo.

Situações abertas. Atividades exploratórias.

Possibil idade do aluno de criar algoritmos próprios.

Análise da construção textual (texto claro, objetivo, ...).

Presença de exemplos e exercícios de fixação.

Uso da capacidade do aluno fazer estimativas mentais.

Atividades lúdicas, exercícios mentais.

Aspectos institucionais

e sócio-culturais

Adequação do conteúdo ao tempo previsto.

Conteúdos não desenvolvidos no texto. Deficiências.

Matemática apresentada como produto do desenvolvimento da

humanidade.

Presença de atividades significativas, i lustrações significativas.

Presença de regionalismos.

Existência de preconceitos.

Aspectos gráficos e

editoriais

Presença de ficha catalográfica.

Apresentação dos autores: produção, formação, experiência, atuação

profissional.

Prefácio, sumário, recomendações bibliográficas.

Manual do professor

Apresentação da fundamentação didático-pedagógica que orientou a

elaboração do texto.

Justificação da proposta de conteúdo.

Existência de recomendações bibliográficas para os estudantes.

Existência de plano de curso específico.

Fonte: Adaptação de (MEC, 1995)

O MEC assumiu esse papel de avaliador/controlador da qualidade do livro

didático de primeira à oitava séries no país, induzindo a melhoria de qualidade sem

impor ao professor um único tipo de livro. Por meio de comissão de professores

especialistas, submete todos os livros que as editoras oferecem nas escolas a uma

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avaliação rigorosa, segundo os critérios enunciados acima, fornecendo como

resultado a classificação em três níveis:

1. Livros Recomendados, com três graus: excelentes (três estrelas), muito

bons (duas estrelas), bons (uma estrela);

2. Livros sem nenhuma estrela, são aqueles que não foram reprovados, mas

também não mereceram nenhum destaque de qualidade do MEC;

3. Livros reprovados.

Os professores podem adotar as duas primeiras categorias: livros estrelados

e livros não estrelados. É proibido adotar livros reprovados.

Entretanto, o mesmo ministério que exclui, não-recomenda, recomenda com

ressalvas, recomenda e recomenda com distinção livros para o Ensino Fundamental,

não avalia os livros destinados ao Ensino Médio.

A escolha do livro didático supõe, antes de tudo, uma avaliação dos livros

existentes e esta é, sem sombra de dúvida, uma tarefa dura que pode ser efetuada a

partir de enfoques dos mais variados, podendo sempre haver desvios,

tendenciosidades e subjetividades por parte do avaliador. Porém, a análise de livros

didáticos é de primordial importância porque o instrumental básico do trabalho do

professor do Ensino Médio ainda é o livro didático. A esse respeito (Lima, 2001)

afirma que no Ensino Médio

“... o l ivro didático é, na maioria dos casos, a única fonte de referência

com que conta o professor para organizar suas aulas, e até mesmo para firmar

seus conhecimentos e dosar a apresentação que fará em classe. Assim, é

necessário que esse livro seja não apenas acessível e atraente para o aluno,

como também que ele constitua uma base amiga e confiável para o professor,

induzindo-o a praticar os bons hábitos de clareza, objetividade e precisão, além de

ilustrar, sempre que possível, as relações entre a Matemática e a sociedade atual.”

(Lima, 2001, p.1)

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2.1.2 Análise de Livros Didáticos de Matemática para o Ensino Médio

Uma análise4 de doze coleções de três volumes de livros didáticos de

Matemática (36 volumes, totalizando 15 mil páginas), utilizadas nas três séries do

Ensino Médio das escolas brasileiras foi realizada por Lima (2001). Essa análise

levou em conta a adequação aos três componentes básicos do ensino de

matemática: Conceituação, Manipulação e Aplicação (já definidas anteriormente) e a

organização do livro de modo a permitir ao seu leitor (seja ele professor ou aluno) o

acesso, a familiarização e posterior utilização dos conhecimentos adquiridos, cujas

considerações sobre tais critérios são realizados a seguir.

No exame do livro didático sob o aspecto da Conceituação, os seguintes itens

devem ser apreciados:

1. Erros. Este é um quesito de natureza ampla, que abrange, entre outros, os

tipos abaixo:

(a) Erros provenientes de desatenção, como erros de cálculo e de

impressão. Estes são corrigíveis pelo professor cuidadoso mas são

muito desagradáveis para o aluno, que fica perplexo, principalmente

quando os encontra nas respostas dos exercícios.

(b) Erros de raciocínio.

(c) Erros de definição.

(d) Erros resultantes de conceitos mal formulados e vagos, que dão lugar

a ambigüidades, das quais resultam conclusões absurdas.

2. Excesso de formalismo.

3. Linguagem inadequada.

4. Imprecisão. Principalmente nas definições.

5. Obscuridade. Aqui a Conceituação e a Didática devem juntar-se para que

se dê atenção a trechos ambíguos, ininteligíveis ou contraditórios.

4 O autor cita que há pelo menos duas diferenças fundamentais entre a iniciativa realizada pela sua equipe e o MEC, que tem avaliado os livros de primeira à oitava série. A primeira é que não propõe-se a fazer avaliações, pois não têm mandato para isso. A segunda é que as análises efetuadas têm cunho de orientação, oferecendo (junto com a crítica) sugestões e propostas, numa linha de pensamento objetivo, com bases nos princípios estabelecidos para a análise efetuada.

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6. Confusão de conceitos. Principalmente nos argumentos demonstrativos.

7. Ainda se pode incluir no item Conceituação o importante aspecto do livro

didático que diz respeito à sua objetividade, que consiste em não dar

relevância a pontos triviais e, ao mesmo tempo, destacar os tópicos, os

conceitos e as proposições de importância crucial. Exemplos de

desatenção a este princípio são abundantes e refletem uma deficiência

realmente danosa, a saber, a ignorância do autor sobre as utilizações

posteriores do que está sendo apresentado.

8. Conexões. Os vários assuntos expostos no livro (ou na coleção) devem

ser relacionados uns com os outros, sempre que possível.

Os exercícios de manipulação devem ser comedidos, simples, elegantes e,

sempre que possível, úteis para emprego posterior.

Quanto às aplicações Lima (2001) enfatiza que neste componente reside a

principal deficiência dos livros didáticos brasileiros de Matemática.

As qualidades didáticas de um livro são as características nele contidas que

ajudam o leitor a entender com maior facilidade as noções apresentadas,

aprendendo como utilizá-las e, principalmente motivando-o a prosseguir na leitura,

atraído pelo estilo do autor, pela elegância e simplicidade dos seus argumentos e

pelos desafios que propõe. A este respeito, uma importante qualidade que o livro

deve possuir é que cada novo conceito apresentado seja precedido de situações-

problema que justifiquem (motivação) sua introdução e acompanhado de vários

exemplos que visem não somente exibir aplicações como também esclarecer o

significado desse conceito e familiarizar o leitor com seu uso. As aplicações podem

variar de empregos na vida real até as conexões com outros tópicos matemáticos.

O livro deve apresentar adequação à realidade atual, ou seja, deve ajudar a

preparação do estudante para tarefas relevantes na sociedade atual. Para tanto ele

deve libertar-se de tópicos e métodos ultrapassados, substituindo-os por outros que

correspondam aos dias de hoje.

Abaixo, segue-se um resumo das qualidades e defeitos que estão presentes

em pelo menos oitenta por cento dos textos atualmente em uso no Ensino Médio,

segundo Lima (2001):

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(i) Muito boa impressão e diagramação, em várias cores, com belas

ilustrações, embora as figuras matemáticas possuam muitas imprecisões

e erros.

(ii) O texto não induz o aluno a pensar. Quando propõe problemas que

exigem raciocínio, são quebra-cabeças que não se relacionam com a

matéria ensinada.

(iii) Transmite sistematicamente a impressão de que as conclusões gerais

da Matemática resultam do exame superficial de dois ou três casos

particulares.

(iv) Contém afirmações gerais obviamente falsas, que poderiam ser

evitadas mediante cuidados elementares.

(v) Usa uma terminologia peculiar, que o aluno deverá esquecer em

estudos posteriores na Universidade.

(vi) Omite inteiramente qualquer menção a um dos conceitos mais

relevantes da Matemática, que é o de vetor, cujo uso simplificaria e

esclareceria enormemente o estudo dos sistemas lineares.

(vii) Não estabelece conexões entre os assuntos estudados em diferentes

capítulos ou volumes.

(viii) Dos três componentes básicos do ensino da Matemática, o livro

didático privilegia a manipulação. A parte conceitual é extremamente

deficiente de aplicações reais contextualizando os temas estudados - na

realidade essas aplicações praticamente inexistem.

Relativamente ao ensino das Cônicas e Função Quadrática, tópicos do

conteúdo abordados no sistema proposto nesta dissertação, tomemos alguns

exemplos de críticas do autor:

“O método de completar quadrados, instrumento essencial para o estudo

deste tópico [Função Quadrática], não é usado nem ao menos mencionado. A

forma canônica do trinômio, idem. A parábola não é definida geometricamente

nem é feita conexão com a curva de mesmo nome (a mesma curva) estudada na

terceira série. Os inúmeros e interessantes problemas contextuais que o assunto

permite (e que livros didáticos já expunham há 250 anos) se reduzem a um único.

Empregos importantes da parábola, como antenas de televisão, por exemplo, não

são mencionados." (Lima, 2001, p. 464)

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Na realidade a importância do livro didático vai além do mesmo ser um

recurso de apoio à prática docente, como já citado nessa dissertação no item

referente à avaliação do livro didático do Ensino Fundamental: o livro é responsável

pela própria formação do professor em certos conteúdos e por esse motivo a

qualidade da formação do aluno do Ensino Médio está diretamente relacionada à

qualidade do livro didático. A esse respeito, conforme afirma Lima (2001):

“O livro didático é o instrumento essencial uti l izado pelo professor para

realizar o seu trabalho. Dele são tiradas as listas de exercícios, é nele que estão

as definições, os exemplos, as observações, as demonstrações e a l inguagem a

ser usada na comunicação com a classe. Muitas vezes (quase sempre) o l ivro

didático é onde o professor aprende aquilo que vai transmitir a seus alunos, pois

em geral não estudou na faculdade (se é que freqüentou alguma) um número

considerável de assuntos que fazem parte do currículo escolar.

Portanto o nível, a qualidade do ensino e, conseqüentemente, a formação

adquirida pelo aluno dificilmente serão superiores ao nível e à qualidade média

dos livros didáticos disponíveis. Daí a importância dos mesmos.” (Lima, 2001,

p.462)

O autor enfatiza algo que já se sabe mas que deve se ressaltado: a qualidade

do recurso utilizado. Outro aspecto ao nosso ver, a ser considerado, além da

qualidade, é a variedade de recurso. Isto é, deve-se buscar a utilização de vários

recursos existentes hoje, o que nem sempre é feito.

Quanto à importância do livro texto do Ensino Médio e a busca por novos

recursos pode-se citar Mello (1999):

“Um aspecto importante a ser considerado para compreender melhor o

papel do livro didático no Ensino Médio, e no ensino em geral, refere-se à chegada

das tecnologias da informação. O livro didático vai continuar sendo um elemento

chave para o ensino e a aprendizagem. Mas tenderá a ser combinado com outras

tecnologias de informação. O Brasil caminha muito devagar neste aspecto, mas a

direção já está dada pela experiência internacional. Quanto mais os livros

didáticos possibil itarem uma conversa com outros materiais, melhor integrarão

contextos de interatividade dos meios de ensino. Isso provavelmente levará a uma

redefinição do papel do texto escrito como material de apoio ao ensino e

aprendizagem.” (Mello, 1999, p. 7)

Entretanto essa "conversa" do livro texto do Ensino Médio com outros

materiais a que se refere a citação anterior ainda não ocorre. Para verificar tal fato,

uma rápida consulta aos livros didáticos de Matemática do Ensino Médio revela que

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sua minoria estimula o uso de calculadoras científicas e não observa-se o estímulo a

uso de algum tipo de software, sequer o de plotadores ou de planilhas eletrônicas –

o que contraria uma das recomendações dos Parâmetros Curriculares do Ensino

Médio, já citadas anteriormente.

Porém, como recurso auxiliar para o ensino um software para ser utilizado

tem que levar em consideração aspectos de qualidade. Esse tema - uso de software

para o ensino de matemática - é tratato na próxima subseção.

2.2 Sistemas de Computação Algébrica (CAS)

Quando um programa de computador é utilizado como ferramenta, pode

tornar-se um software educacional, dependendo da forma de aplicação e de seu uso

na tarefa de ensinar (Giraffa, 1999). Sistemas de Computação Algébrica, ou CAS

(Computer Algebra System) podem ser inseridos neste contexto. Esses sistemas

disponibilizam a execução de um grande número de algoritmos além da

manipulação simbólica de conceitos matemáticos, permitindo, também, a utilização

de linguagem própria de programação e a apresentação de gráficos. Com auxílio

desses programas, os usuários podem executar diversas tarefas, desde as mais

simples até as mais complexas.

Segundo Silveira (1998), referindo-se aos CAS, a "[...] principal característica

é a possib ilidade de o usuário construir e executar seus próprios algoritmos."(p. 14)

Dois pontos a serem discutidos quanto a instrumentos computacionais

educativos são analisados por Rapkiewicz (1990) e podem ser aplicados aos CAS:

i. a idéia de programação por parte do usuário – no caso o professor;

ii. a utilização educacional de um software e seu custo financeiro.

No que diz respeito ao primeiro aspecto e conforme destacado acima, refere-

se a produção de software de qualidade por parte do usuário tal que a

“expectativa do ‘professor programador’ esbarra na dificuldade dele

confeccionar estas aplicações, tornando-as de discutível qualidade tanto a nível

pedagógico quanto a nível técnico, uma vez que o aproveitamento dos recursos

técnicos da máquina não é uma habilidade que se adquire rapidamente.”

(Rapkiewicz, 1990, p. 34)

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Minha própria experiência5, em relação ao CAS Mathematica, permite

concordar com o apontado por (Rapkiewicz, 1990; Silveira, 1998), principalmente

quanto à aquisição de habilidades para aproveitamento de recursos técnicos da

máquina: não se adquirem rapidamente. Vale lembrar também que embora os CAS

possuam uma biblioteca de subprogramas, tais elementos exigem certo tempo para

adquir-se um bom domínio do conjunto; para se ter uma idéia, no caso do

Mathematica, são cerca de 1000 comandos básicos embutidos no Kernel, comandos

esses que são carregados automaticamente quando executa-se o Kernel pela

primeira vez. Com esse conjunto pode-se resolver a maioria dos problemas

desejados. Esses comandos contêm informações referentes a cálculo, estatística,

álgebra, gráficos bi e tridimensionais, equações, etc. e estão disponíveis para o

usuário (ou programador) para resolução de problemas mais complexos.

Já o ponto - utilização educacional de um software e seu custo financeiro -há

de se destacar que os CAS possuem um custo financeiro que pode ser considerado

elevado. Entretanto “[...]muitas vezes um software padronizado e versátil que possa

ser explorado pode ter seu custo diluído na quantidade de cópias vendidas,

tornando-se mais barato que um software educativo específico." (Rapkiewicz, 1990,

p. 36). Pois em se tratando de educação, a relação custo/benefício do capital

empregado não pode ser medida meramente em termos quantitativos de forma

imediata, conforme afirma esta autora.

A importância dos CAS reside no fato de serem ambientes que permitem, com

riqueza de recursos (Wolfram, 1988; Silveira, 1998):

- manipulação matemática simbólica ;

- realização de cálculos de precisão;

- construção de gráficos (com possibilidade de animação e utilização de

recursos sonoros, em alguns casos);

- programação com possibilidade de uso e criação de bibliotecas.

5 Professor de Matemática do Ensino Médio desde de 1991 e bolsista do LCMAT – Laboratório de Ciências Matemáticas da UENF – nos anos de 1994/95 e sendo que a ferramenta utilizada na bolsa era o Mathematica (em sua versão 2.2). Experiência com o Mathematica como professor de um curso de Licenciatura em Matemática nos anos de 1996 a 2000.

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Considerando-se a necessidade de avaliação de cada recurso, na próxima

seção apresenta-se como isso pode ser feito no caso dos CAS.

2.2.1 Avaliação de um CAS segundo a ISO/IEC 12119

A norma internacional ISO/IEC 12119 é apIicáveI na avaliação de pacotes de

software na forma em que são oferecidos e liberados no mercado – os denominados

“software de prateleira”. Deve-se observar que o objetivo desta norma não é tratar o

processo de produção do software, suas atividades e produtos intermediários ou o

sistema de qualidade do produtor. Entende-se, segundo essa norma, por pacote de

software o “conjunto completo e documentado de programas fornecidos a diversos

usuários para uma aplicação ou função genérica” (Andrade et al., 1996; GEQS,

1998). Exemplos desses software são: processadores de texto, planilhas eletrônicas,

bancos de dados, software gráficos, programas para aplicações técnicas ou

científicas e programas utilitários.

Os potenciais usuários desta norma ISO/IEC são fornecedores, laboratórios

de testes, entidades certificadoras, entidades de credenciamento, auditores de

laboratórios de testes, compradores e usuários que podem se beneficiar com

produtos melhor especificados. A Figura 2 mostra a estrutura básica dessa norma.

Descrição doProd uto

Documentaçãodo Usuário

Programase Dad os

Req uisitos deQuali dade

Pré-requisitosde Teste

Ati vid adesde Teste

Regi strosde Teste

Rela tóriod e Teste

Teste deAcompan hamento

Instru çõ espara Teste

N ormaISO/IEC 1211 9

Figura 2.2: Estrutura Básica da Norma ISO/IEC 12119 (Andrade et al., 1996)

Um pacote de software é dito estar em conformidade com essa Norma

Internacional se ele cumpre com todos os requisitos de qualidade relacionados à

Descrição do Produto, Documentação do Usuário, Programas e Dados.

Um pacote de software deve possuir a Documentação do Pacote, que é

composta pela Descrição do Produto, Documentação do Usuário e Programa e

Dados, conforme indicado Figura 2.2. A seguir estão descritos os requisitos de

qualidade de cada um desses componentes.

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A Descrição do Produto é um documento que expõe as principais

propriedades de um pacote de software, com os seguintes objetivos indicados pela

Norma ISO/IEC 12119:

a) Auxiliar o usuário ou os potenciais compradores deste produto, na

avaliação da adequação do produto às suas reais necessidades;

b) Servir como base para testes.

Esse documento deve estar disponível ao usuário, independentemente da

aquisição do produto, através de um catálogo, de um disquete de apresentação ou

qualquer outro meio disponível que alcance esse objetivo. A descrição deve ser

clara, compreensível e harmônica com outros documentos associados. A norma

propõe aspectos práticos e diretos, indicando "o quê" deve conter esta descrição.

Deve, ainda, incluir declarações sobre funcionalidade, confiabilidade, usabilidade,

eficiência, manutenibilidade e portabilidade, cujas definições são (Andrade et al.,

1996):

A Funcionalidade é o “conjunto de atributos que evidenciam a existência

de um grupo de funções e suas propriedades especificadas. A avaliação dessa

característica é, basicamente, uma comparação entre o grupo ideal de funções

para o objetivo a que se propõe o produto de software e o que este apresenta. A

funcionalidade é a principal característica de qualidade para qualquer tipo de

software.”

A Confiabilidade é o “conjunto de atributos que evidenciam a capacidade

do software de manter seu nível de desempenho sob condições estabelecidas

durante um determinado período de tempo.”

A Usabilidade é o “Conjunto de atributos que evidenciam o esforço

necessário para se poder uti l izar o software, bem como o julgamento individual

desse uso, por um conjunto de usuários.”

A Eficiência é o “Conjunto de atributos que evidenciam o relacionamento

entre o nível de desempenho do software e a quantidade de recursos usados, sob

condições estabelecidas.”

A Manutenibilidade é o “Conjunto de atributos que evidenciam o esforço

necessário para fazer modificações especificadas no software. As modificações

podem incluir correções, melhorias ou adaptações do software devido a mudanças

no ambiente ou nos seus requisitos.”

A Portabilidade é o “Conjunto de atributos que evidenciam a capacidade

do software de ser transferido de um ambiente para outro.”

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A Documentação do Usuário é o conjunto completo de documentos, disponíveis

na forma impressa ou não, que é fornecido para utilização de um produto, sendo

também uma parte do produto. Tal documentação deve incluir todos os dados

necessários para a instalação (caso necessário), para o uso da aplicação e para a

manutenção do produto de software.

Os principais requisitos da documentação do usuário são a Completitude, a

Correção, a Consistência, a Integibilidade e a Apresentação e Organização, a

saber:

- A Completitude indica que a documentação deve conter todas as

informações necessárias para o uso do produto, tais como estabelecer

todas as funções do pacote, procedimentos de instalação e os valores

limite.

- A Correção indica que a informação apresentada na documentação deve

estar correta e sem ambigüidade.

- A Consistência indica que deve haver plena coerência entre a

documentação e a descrição do produto. Cada termo deve ter um único

significado.

- A Inteligib ilidade indica que a documentação deve ser compreensível pela

classe de usuários que desenvolve atividades com o produto, utilizando

termos apropriados, exibições gráficas e explicações detalhadas.

- A Apresentação e Organização indica que a documentação deve ser

apresentada através de uma forma que facilite uma visão geral, através de

índices e tabelas de conteúdo. Se o documento não está na forma

impressa, deve haver indicação de como efetuar a impressão.

Nos Programas e Dados as características de Funcionalidade, Confiabilidade

e Usabilidade são destacadas e devem ser verificadas através do uso do produto.

Não há presença de requisitos específicos para os aspectos de Eficiência,

Manutenibilidade e Portabilidade. Qualquer requisito declarado na documentação do

pacote, referente às características citadas, deve estar em conformidade. Os

principais requisitos para Programas e Dados são descritos na Tabela 2.2:

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Tabela 2-2: Principais requisitos para Programas e Dados.

Requisito Exigências

Funcionalidade

Devem ser verif icados os procedimentos para instalação do produto; a

presença de todas as funções mencionadas; a execução correta destas

funções; a ausência de contradições entre a descrição do produto e a

documentação do usuário.

Confiabililidade

O usuário deve manter o controle do produto, sem corromper ou perder

dados, mesmo que a capacidade declarada seja explorada até os

limites ou fora deles, se uma entrada incorreta é efetuada, ou ainda se

instruções explícitas na documentação são violadas.

Usabilidade

A comunicação entre o programa e o usuário deve ser de fácil

entendimento, através das entradas de dados, mensagens e

apresentação dos resultados, utilizando um vocabulário apropriado,

representações gráficas e funções de auxílio (help), entre outras; o

programa também deve proporcionar uma apresentação e organização

que facilite uma visão geral das informações, além de procedimentos

operacionais que o auxiliem, por exemplo, a reversão de uma função

executada e o uso de recursos de hipertexto em funções de auxílio,

entre outras.

Fonte: (Andrade et al., 1996)

No item Instruções para Teste a norma recomenda de que forma um produto

deve ser testado em relação aos Requisitos de Qualidade, estes já descritos

anteriormente. O item Instruções para Teste é composto, conforme indica Figura 2.2,

por: Pré-Requisitos de Teste, Atividades de Teste, Registros de Teste, Relatório de

Teste e Teste de Acompanhamento.

O Pré-Requisitos de Teste é constituído por Presença de itens, Presença de

Componentes do Sistema e Treinamento, conforme segue:

- Presença de itens: A norma dita para este componente que devem estar

presentes, para a execução do teste, todos os componentes a serem

entregues e os documentos de requisitos (já) identificados na Descrição

do Produto.

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- Presença de Componentes do Sistema: Deve estar disponível todo o

ambiente hardware e software identificados na descrição do produto.

- Treinamento: Se o treinamento for mencionado na Descrição do Produto,

o responsável pelo teste deve ter acesso ao material e ao programa de

treinamento.

O quesito Atividades de Teste é composto por Descrição do Produto,

documentação do Usuário, Programas e Dados.

- Descrição do Produto: Todo requisito especificado nesta Descrição deve

ser testado.

- Documentação do Usuário: Todo requisito especificado nesta

Documentação deve ser testado.

- Programas e Dados: Todo requisito especificado para os Programas e

Dados deve ser testado.

Os Registros de Teste devem conter informações suficientes para permitir a

repetição do teste, através de um Plano de Teste com os casos de teste, os

resultados associados e a identificação das pessoas envolvidas.

O Relatório de Teste deve conter um resumo com os objetos e resultados dos

testes efetuados com a seguinte estrutura: identificação do produto; sistemas

computacionais utilizados; documentos usados; resultados dos testes da Atividade

de Teste; uma lista das não conformidades e a data de encerramento do teste.

O Teste de Acompanhamento exige que quando um produto é testado

novamente (considerando o teste anterior), todas as partes modificadas e as partes

inalteradas, mas influenciáveis pelas modificações, devem ser testadas como se

fosse um novo produto.

Considerando-se os requisitos de qualidade segundo a ISO/IEC 12119,

apresentamos a seguir a análise de um CAS, o Mathematica 4.

Para efetuar essa análise foi utilizado o checklist proposto por GEQS (1998),

em seguida criou-se a convenção de valores apresentada na Tabela 2-3. Realizou-

se a tabulação e, finalmente, aplicou-se a razão entre o somatório de pontos obtidos

pelo pacote e o somatório da pontuação máxima permissível, cujo resultado é

mostrado na Tabela 2-4.

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Tabela 2-3: Convenção de valores para o checklist uti l izado na análise.

ESCALA DESCRIÇÃO VALOR

Completamente O atributo definido atende inteiramente aos requisitos

e não apresenta nenhuma irregularidade. 3

Largamente

Há signif icativa evidência da existência do atributo

definido, e alguma irregularidade existente não

compromete o produto.

2

Parcialmente

Há alguma evidência da existência do atributo

definido, mas não atende satisfatoriamente aos

requisitos.

1

Não Não há evidência da existência do atributo definido. 0

Não se Aplica (NA) O atributo definido não é aplicável ao produto. -

Tabela 2-4: Resultados obtidos após tabulação do checklist e valores máximos permissíveis para o

Mathematica 4.

ITEM Valor Obtido

(VO)

Valor Máximo

(VM)

(%)VMVO

Descrição do produto 72 96 75,0

Documentação do

usuário 40 48 83,3

Requisitos

de

Qualidade Programas e dados 52 90 57,8

TOTAL 164 234 70,1

O resultado da avaliação corresponde a um aproveitamento de 70,1% dos

requisitos de qualidade, totalizando em 75,0%, 83,3% e 57,8%, respectivamente,

para descrição do produto, documentação do usuário e programas e dados.

Pelas características e qualidades dos CAS, o cuidado maior seria no “como

usar”. A idéia da criação de manuais de utilização de ferramentas CAS, sendo que

esses manuais apresentem exemplos práticos, seguidos da resolução através da

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ferramenta pode levar o aluno a se tornar um mero “utilizador de comandos”, não

desenvolvendo seu raciocínio e criatividade.

Deve-se ter muito cuidado na maneira de introduzir ferramentas CAS no

ensino, pois se elas forem mal utilizadas, pode-se estar contribuindo para a

crescente diminuição da qualidade do mesmo. No entanto, caso utilizadas

corretamente, ou seja, após enfatizar o ensino da Teoria Matemática em seus

fundamentos, utilizar essas ferramentas para executar tarefas rotineiras, pode-se

modificar o quadro de não aceitação da Matemática pelos estudantes, que é

apontado por D’Ambrosio (2002) como sendo decorrente do fato dessa disciplina ser

apresentada aos alunos de forma desinteressante, obsoleta e inútil, como já citado

anteriormente.

2.3 Sites

O trabalho com a Internet constitui um meio de relevantes possibilidades

pedagógicas, já que não se limita ao que constitui estritamente uma disciplina,

permitindo a inter e a pluridisciplinaridade, possibilitando uma educação global e

estimula a colocação em funcionamento dos processos de tratamento da

informação, nos conteúdos e programas de cada nível (Mercado, 2000).

Um novo paradigma (Machado, 1994) implica na utilização de ambientes

adequados para aprendizagem, ricos em recursos para múltiplas experiências,

utilizando novas tecnologias de informação, o que valoriza a capacidade de pensar e

de se expressar com clareza, de solucionar problemas e tomar decisões

adequadamente, na qual os alunos possuam/ adquiram conhecimentos.

Mercado (2001) afirma que:

“A Internet faz parte da globalização e é uma forma de comunicação fácil,

barata e difundida, que irá inevitavelmente transformar a vida dos que se

aventuram pelo ciberespaço, permitindo acesso a longínquas bases de dados e a

informações que, de outro modo, seriam difíceis encontrar. É uma ferramenta

poderosa, porque reúne grande número de informações que não constam em

livros ou que vão ser publicadas daqui a alguns anos.” (Mercado, 2001, p.54)

Este autor aponta para alguns problemas com a pesquisa enfrentada por

professores e seus alunos na Internet como a confusão entre informação e

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conhecimento, a facilidade de dispersão, perda de grande quantidade de tempo na

rede, a impaciência de muitos alunos (por mudar de um endereço para outro) e a

dificuldade em conciliar os diferentes tempos dos alunos.

No caso da Internet, ao professor que possui acesso a esse recurso, duas

questões, ao menos, são relevantes: “o que usar?” e “como usar?”. Assim como no

caso do livro didático – porém sendo uma tarefa mais complexa, cabe ao professor

que utiliza ou deseja utilizar sites, efetuar uma avaliação que possibilite a inclusão

desse recurso em sua prática docente. Dessa forma, é necessário que o professor

desenvolva ou apreenda requisitos de avaliação para seleção de sites.

Segundo Vaz e Campos (2001), na seleção de sites que podem ser usados

para atividades nos quais ao aluno será permitido gerar e buscar informações; as

autoras referenciam quatro categorias: participação, recursos, estrutura e interface.

A categoria participação contempla os seguintes aspectos: (i) interatividade:

que deve apresentar-se alta; (ii) atividades ou recursos para o desenvolvimento de

meta-habilidades cognitivas: deve contemplar a proposição de problemas e projetos,

disponibilizar fórum de discussão e permitir o trabalho de equipe; (iii) motivação

intrínseca: o site deve apresentar conteúdo relacionado com o cotidiano do aluno;

(iv) sugestões de alunos: deve-se permitir que os alunos forneçam sugestões.

Quanto à categoria recursos, são contemplados os aspectos: (i) ferramentas

de comunicação síncrona: o site deve disponibilizar as ferramentas de comunicação

síncronas chat e vídeo conferência; (ii) ferramentas de comunicação assíncrona: o

site deve disponibilizar ferramentas de comunicação assíncrona, como e-mail, lista

de discussão, quadro de avisos e professor on-line; (iii) ferramentas de busca: deve

possuir ferramentas de busca local e na Web ; (iv) histórico de navegação: o

ambiente deve disponibilizar histórico de navegação; (v) recursos para anotação

individualizada: disponibilidade de recursos para anotação individualizada; (vi)

ferramentas de trabalho cooperativo: a ambiente deve possuir ferramentas de

trabalho cooperativo.

A categoria estrutura contempla os aspectos: (i) diversidade de mídias: entre

essas diversidades devem estar disponíveis texto, figura, vídeo e som; (ii)

navegação através de links: esta navegação deve ser oferecida; (iii) exclusividade de

temas educacionais: o site deve oferecer áreas reservadas exclusivamente para

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temas educacionais; (iv) formas de apresentação do conteúdo: deve contemplar

conteúdos distribuídos por matérias ou temas transversais.

Já para categoria interface tem-se os aspectos: (i) facilidade de uso; (ii)

adequação à faixa etária dos usuários; (iii) clareza nos ícones, mensagens e

denominações; (iv) existência de recursos motivacionais; (v) organização do site.

Vaz e Campos (2001), quanto a essa categoria, destacam que o site deve possuir

uma interface de fácil utilização, adequada à faixa etária dos usuários, apresentar

clareza nos ícones, mensagens e denominações, possuir recursos motivacionais,

apresentar-se bem organizado.

As autoras fornecem um checklist que permite a avaliação de sites

educacionais que foi utilizado para a análise de sites para educação matemática,

onde se procurou também evidenciar a presença de conteúdos e recursos6

referentes às Cônicas. As seguir são descritos alguns sites que foram analisados,

sendo esses sites divididos inicialmente em dois grupos: os em língua portuguesa e

os em língua inglesa.

Embora a quantidade de sites existentes em língua portuguesa para a

Educação Matemática seja grande, o número encontrado que referenciam seções

cônicas é muito reduzido. Pode-se destacar que o conjunto de características

desses sites está distante de atender aos critérios definidos por Vaz e Campos

(2001) citados anteriormente. Podem ser citados como exemplos três desses sites7:

- www.cl-gaia.rcts.pt/matematica/sketches - que possui uma página com

applets da parábola, elipse e hipérbole do Geometer's Sketchpad8.

Existem algumas limitações quanto ao tipo de construções que podem ser

"traduzidas" para JavaSketchpad, dessa forma nem todas as construções

aparecem em português.

- www.matematica.br - é um site mantido por professores e alunos do IME-

USP. Seu objetivo principal é disponibilizar material (textos e programas)

que possa ser utilizado no ensino/aprendizagem de Matemática. No

momento estão disponíveis quatro seções, assim divididas: uma seção de

6 Programas, textos, animações, imagens, etc. 7 Os exemplos aqui mostrados foram selecionados, após uma busca inicial na Web. 8 Applet disponível em www.keypress.com/sketchpad/java_gsp/jsp_home.htm

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História da Matemática, contém três indexadores, um por período (linha do

tempo), um por tópicos Matemáticos e outro por biografias de Matemáticos

famosos. Nesta seção tem-se um breve histórico das seções cônicas; tem-

se uma seção de problemas, na qual aparecem problemas-desafios aos

interessados. Esta inclui a seção Problemas da Revista do Professor de

Matemática (RPM); há uma seção de programas úteis ao

ensino/aprendizagem de Matemática, como o iGeom que pode ser

utilizado para lecionar-se Geometria - mais especificamente para cônicas;

também são disponibilizados uma lista dos laboratórios e centros do IME,

que oferecem regularmente cursos de Computação, Ensino de Matemática

(ciclos fundamental e médio), Estatística e Matemática, destinados à

comunidade externa (e interna) da USP.

- http://mat.ufrgs.br/ - site do curso de Licenciatura em Matemática da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Diversos são os recursos

disponibilizados: sugestões de atividades para sala de aula, orientação

sobre o uso de novas tecnologias, indicação de centros de pesquisa e

grupos de discussão em Educação Matemática, orientação para o

vestibular, espaço para encaminhamento de dúvidas e questionamentos

sobre o ensino e aprendizagem da Matemática (inclusive sobre cônicas, é

claro), entre outras possibilidades.

Os sites em língua inglesa que estão relacionados a cônicas aparecem em

grande número. Pode-se destacar que o conjunto de características de alguns dos

pesquisados consegue atender à maioria dos critérios definidos por Vaz e Campos

(2001) anteriormente citados. A seguir temos os seguintes exemplos:

- www.edc.org/CCT/mlf/MLF.html - site do The Mathematics Learning

Forums. É formado pela comunidade de educadores interessados em

reformas no ensino da Matemática e nas propostas veiculadas pelos

Standards of the National Council of Teachers of Mathematics (padrões

definidos pelo Conselho Nacional de Professores de Matemática dos EUA,

o NCTM). Professores de escolas primárias e secundárias participam de

seminários on-line. Alguns dos seminários oferecidos: Ensinando

Probabilidades, Frações, Geometria Analítica, Aprendizagem Cooperativa

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em Matemática. A participação acontece via e-mail e acesso a material é

feito via página na Web .

- http://mvhs1.mbhs.edu/mvhs.htm - é o site do projeto Maryland Virtual

High School of Science and Mathematics. Este projeto envolve

pesquisadores, professores e alunos e tem como objetivo a investigação e

solução de problemas reais. O uso das novas tecnologias de informação

contempla a modelagem e a simulação dos fenômenos em estudo,

inclusive os que envolvem aplicações de cônicas. O uso das TICs também

permite a comunicação entre os participantes, o acesso a informação em

fonte remota e a centros de computação, intercambio com grupos

envolvidos em projetos similares, contatos com pesquisadores

especialistas no assunto. Alunos trabalham em colaboração na solução de

problemas de interesse comum.

- www.xahlee.org\PageTwo_dir\more.html - excelente site que na verdade é

um trabalho de referência em geometria com espírito de entretenimento.

Cobre a história, descrição, fórmulas, e propriedades de cerca de 30

curvas, entre elas as cônicas. Referente às cônicas o site é rico em

ilustrações, filmes QuickTime, arquivos do Geometer's Sketchpads, e

cadernos do Mathematica (notebooks). As seções cônicas são estudadas

separadas, em três páginas, e uma quarta página estuda as cônicas em

conjunto. Possui links para inúmeros sites que contém programas,

aplicações, fotos, e outros itens relacionados a essas curvas.

- http://www.krellinst.org/uces/archive/resources/conics/newconics.html - um

tutorial para introdução às cônicas com cerca de vinte páginas. Contém

vários exercícios com as respectivas soluções. O tutorial abrange todas as

seções cônicas. É um site muito bem organizado.

- http://www.camosun.bc.ca/~jbritton/jbconics.htm - Um site excelente

considerando-se as muitas ilustrações das aplicações de seções cônicas,

entretanto limita-se a esse fim.

- http://problems.math.umr.edu/index.htm - um excelente site da

Universidade do Missouri (Rolla's Department of Mathematics and

Statistics) contendo problemas de manipulação e aplicação de

Matemática. A busca pode ser realizada por exemplo através da palavra

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chave "ellipse", sendo encontrados 353 problemas, no caso da parábola

são encontrados 262.

Como conclusão, chega-se que o professor, do quadro-de-giz à Internet,

possui atualmente uma grande quantidade de recursos para usar na sua tarefa de

fazer com que os alunos apropriem-se dos conceitos e procedimentos matemáticos

para aplicá-los em novas situações.

Quanto aos recursos analisados neste capítulo pode-se destacar as seguintes

deficiências em relação às Cônicas:

Livro didático:

- Privilegia a Manipulação;

- Baixo número (ou ausência) de aplicações dentro da própria Matemática e

em outras disciplinas;

- Não estimula o uso de recursos tecnológicos como calculadora e

computador;

- Falta de conexão entre os conteúdos que constituem a Matemática do

Ensino Médio.

Sistemas de Computação Algébrica:

- Dificuldade de acesso a esse tipo de ferramenta devido ao alto custo

financeiro;

- Dificuldade de aprendizado devido à potencialidade e complexidade do

ambiente;

- Baixo número de pesquisas sobre a real contribuição de ferramentas CAS

no ensino da Matemática (Ensino Médio).

Sites:

- Baixíssimo número de sites que disponibilizam o tópico Cônicas em língua

portuguesa e os que são encontrados abordam esse conteúdo de maneira

superficial;

- Os applets e programas disponibilizados na rede são, em sua quase que

totalidade, de origem estrangeira e em língua inglesa;

- Facilidade de dispersão durante a pesquisa;

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- Perda de grande quantidade de tempo na rede;

- Dificuldade do professor em conciliar os diferentes tempos dos alunos.

No próximo capítulo serão discutidos recursos baseadas em inteligência

artificial apresentados na literatura para solucionar problemas encontrados na

Educação Matemática. Sendo alguns desses problemas os apresentados no

presente capítulo.

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Capítulo 3 - Soluções para Educação Matemática Baseadas em

Inteligência Artificial

3 Soluções para Educação Matemática Baseadas em Inteligência Artificial

Neste capítulo busca-se identificar algumas soluções aos problemas

revelados no capítulo anterior nos recursos disponíveis para o ensino das cônicas.

Para tanto, dá-se uma visão de softwares educacionais que utilizam técnicas

Inteligência Artificial e discute-se a arquitetura clássica de um sistema tutor

inteligente, visto que a proposta deste trabalho é definir-se um assistente inteligente

para o ensino das cônicas, bem como realizar sua prototipação. Também são dados

exemplos de software semelhantes ao da proposta deste trabalho no âmbito do

ensino de matemática.

3.1 Programas Educacionais e Inteligência Artificial

Os CAI (Computer Assisted Instruction) surgiram na década de 50 e foram

oriundos de projetos da área de Educação. De acordo com Ramos (1996):

"como o nome indica este tipo de software pretende assumir as funções

do bom tutor guiando o aprendiz através das distintas fases da aprendizagem,

estabelecendo uma relação coloquial com o mesmo." (Ramos, 1996, p.54)

Os CAI foram criados para oferecer suporte ao ensino de habilidades

específicas sem a utilização de um modelo do aluno para orientar a forma de

interação. O conteúdo é pré-programado pelo professor baseado num currículo de

referência (geralmente único) e elaborado proceduralmente. Nestes ambientes

existe uma série de passos (tarefas) a serem executados e à medida que o aluno

atinge um determinado nível de aprendizado novos níveis são disponibilizados

(Giraffa, 1999).

Atualmente há uma tendência de se utilizar técnicas de inteligência Artificial

(IA) em programas educacionais. Segundo Ramos (1996), referindo-se aos CAI,

"nesse tipo de aplicação a esperança que têm os seus produtores é a de

que com o auxílio de técnicas de inteligência artificial, possam ser construídos

sistemas eficientes de modelagem dos aprendizes de forma a que as almejadas

seqüências individualizadas de apresentação e reforço dos conteúdos possam ser

enfim atingidas." (Ramos, 1996, p.56)

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Porém, as pesquisas nessa área da Computação são problemáticas e são

exatamente a chave para a aprendizagem personalizada (Costa et al., 1997), as

características teóricas nem sempre são acompanhadas por avanços reais na

prática nas implementações, particularmente no que diz respeito ao problema da

modelagem dos aprendizes. Quanto a este ponto Giraffa (1999) afirma: "O que

dispomos atualmente são de modelos muito mais empíricos do que realmente

gostaríamos de utilizar." (p. 35)

Segundo Bittencourt (2001) os problemas do ponto de vista da computação

podem ser classificados em:

(i) sem solução;

(ii) com solução algorítmica;

(iii) sem solução algorítmica conhecida, mas que possuem solução.

A Inteligência Artificial, surgida oficialmente em 1956, pode ser vista como o

conjunto de técnicas usado para resolver problemas complexos, isto é, problemas

que, apesar de não ter solução algorítmica, são solucionados por seres humanos.

Os tipos de atividades desenvolvidas em IA (Bittencourt, 2001), Figura 3.1, são:

- Desenvolvimento de modelos cognitivos;

- Construção de ferramentas para exploração e experimentação de técnicas

computacionais as quais permitam que os modelos desenvolvidos sejam

utilizados em aplicações de sistemas computacionais baseados nestes

modelos.

- Implementação de aplicações.

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35

Modelos Cognitivos

Ferramentas

Aplicações

Figura 3.1: Atividades desenvolvidas em IA (Bittencourt, 2001)

O intenso desenvolvimento e difusão da microeletrônica associada aos

computadores têm possibilitado avanços significativos nas teorias da Ciência da

Computação e estimulado novos desafios na área de IA (Costa et al, 1997). Os ICAI

(Intelligent CAI), surgidos na década de 70, são programas que apresentam uma

estrutura diferenciada dos CAI. Utilizam técnicas de IA e os resultados da Psicologia

Cognitiva com uma arquitetura modular. Baseiam-se no conteúdo e independe do

método de ensino utilizado (estratégias e táticas empregadas na interação com o

aluno) em relação ao domínio (assunto a ser lecionado). Os sistemas ICAI foram

projetados como uma tentativa de fazer com que o programa educacional deixe de

ser um mero virador eletrônico de páginas (visão dos CAI freqüentemente

encontrada na literatura sobre o assunto) e se torne um elemento mais ativo no

processo de ensino-aprendizagem.

A representação do conhecimento a ser introduzido em sistema inteligente

pode ser visto segundo dois paradigmas: o paradigma simbolista e o paradigma

conexionista (Pinto, 1995). No primeiro paradigma, símbolos são as raízes da

inteligência, cuja métrica é dada pela habilidade de um ser humano ou um sistema

cumprir determinado objetivo, diante às dificuldades apresentadas pelo ambiente. As

regras de produção, que serão discutidas adiante, são uma forma de representação

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do conhecimento neste paradigma. No segundo paradigma, o conexionista,

considera-se que a estrutura simbólica como receptáculo da inteligência não seria

suficiente para suportar a complexidade dos processos mentais de seres humanos

(Pinto, 1995). A corrente conexionista estuda o cérebro, objetivando mapear a sua

estrutura física originando o estudo das redes neuronais aplicadas à representação

do conhecimento, para tanto são utilizados os avanços da Ciência da Cognição. Na

realidade, estes dois paradigmas estão representados na parte superior da Figura

3.1, quanto às ferramentas podem ser citadas, por exemplo, linguagens de

programação ou ambientes de desenvolvimento de software que permitam

implementar formas de aquisição ou utilização de conhecimento, e, como exemplos

de aplicações na área de educação podem ser citadas a modelagem de estudantes,

escolha de estratégias pedagógicas, etc. presentes nos ICAI, que são classificados

e descritos a seguir.

Os ICAI podem ser classificados de acordo com suas características. Uma

classificação é proposta por Giraffa (1999) que divide os ICAI em Sistemas

Especialistas (SE) e Sistemas Tutores Inteligentes (STI), sendo estes subdivididos

em Tutores Inteligentes e Assistentes Inteligentes.

Para Chaiben (2002) os Sistemas Especialistas são programas de

computador planejados para adquirir e disponibilizar o conhecimento (operacional)

de um especialista. São tradicionalmente vistos como sistemas de suporte à

decisão, pois são capazes de tomar decisões como especialistas em diversas áreas.

Sua estrutura reflete a maneira como o especialista humano arranja e faz inferência

sobre o seu conhecimento.

Os SE são diferentes das aplicações típicas por causa de sua arquitetura. Um

dos princípios fundamentais no projeto de sistemas especialistas é a separação do

conhecimento de domínio (por exemplo, Matemática ou Medicina) dos programas

que “raciocinam” com este conhecimento. Portanto, existe uma distinta divisão entre

o componente de conhecimento do sistema e o componente de raciocínio ou

máquina de inferência.

O componente de conhecimento ou Base de Conhecimento em um sistema

especialista consiste de fatos e heurísticas. Os fatos constituem as informações que

estarão sempre disponíveis para serem compartilhadas e atualizadas pelo

especialista do domínio. As heurísticas são regras práticas que caracterizam o nível

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37

de tomada de decisão do especialista em um domínio (Chaiben, 2002; Ladeira e

Viccari, 1996). Portanto, uma base de conhecimento pode ser vista como um

conjunto de regras, cada qual podendo ser validada independentemente de estrutura

de controle. Ladeira e Viccari (1996) afirmam que Especialistas tendem a expressar

suas técnicas de solução de problemas em termos de conjuntos de regras no

formato situação-ação, onde o conhecimento é representado como uma coleção de

regras do tipo se condição então ação. Tal regra é denominada Regra de Produção.

A condição estabelece sob que circunstâncias ocorre a aplicação da regra e a ação

representa algum procedimento que acarreta numa conclusão ou mudança no

estado corrente. Como exemplo podem ser vistos fatos e uma regra referentes a

cônicas na Tabela 3-1.

Tabela 3-1: Exemplos de fatos e uma regra de Cônicas

Fatos Regra

F1: Parábola não possui centro

F2: Hipérbole possui centro

F3: Elipse possui centro

R1: Se x não possui centro então x possui foco único

Ainda segundo Ladeira e Viccari (1996) sistemas baseados em regras

constituem um dos melhores meios disponíveis para codificação da experiência de

especialistas na resolução de problemas.

Quanto à máquina de inferência, esta é na verdade um conjunto de algoritmos

que permite caracterizar o sistema como "inteligente" e, sendo bem generalizada,

usualmente poderá trabalhar com diferentes conjuntos de conhecimento

(Rapkiewicz, 1990; Costa et al., 1997).

Com a especificação do problema a resolver (meta), a máquina de inferência

é ativada. Ela é a responsável pela execução das regras, determinação de quais são

relevantes, dada uma configuração da memória de trabalho e pela escolha de quais

aplicar. Esse trabalho ocorre em ciclos. A seleção das regras (ou matching) consiste

em encontrar todas as regras que são satisfeitas pelo conteúdo da memória de

trabalho, segundo critérios estabelecidos pelos algoritmos utilizados. Consiste na

tarefa de “casar” as regras com os dados da memória de trabalho, formando um

“conjunto de conflito” constituído pelas regras que satisfazem as “condições de

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casamento”, ou seja, passíveis de serem executadas. As estratégias mais utilizadas

são raciocínio para frente (raciocínio dirigido pelas regras) e raciocínio para trás

(raciocínio orientado pelas metas). Também podem ser utilizadas estratégias mistas

(Ladeira e Viccari, 1996).

No raciocínio para frente ou progressivo ou forward chaining (Pinto, 1995;

Ladeira e Viccari, 1996), os dados da memória de trabalho são “casados” com as

condições das regras. O programa começa com o estado inicial e gera estados

intermediários (através da execução das ações das regras) que podem ser

alcançados a partir do estado inicial. A meta permanece a mesma durante todo o

processo de solução do problema. Quando um desses estados alcançáveis casar

com a meta, o problema está solucionado.

No raciocínio para trás ou regressivo ou backward chaining (Pinto, 1995;

Ladeira e Viccari, 1996), o programa inicia com a configuração objetivo final (meta) e

seleciona uma ou mais regras, cuja ação "casa" com o objetivo em alguma

extensão. O lado esquerdo das regras selecionadas é utilizado para gerar novos

objetivos a serem atingidos e o processo continua até que um deles seja "casado"

com o estado inicial.

Para entender na prática a diferença entre os dois tipos de raciocínio ou

encadeamento considere-se o problema9 de responder à questão que verifica a

existência de uma cônica x que possua um único foco: Existe x que possui um único

foco?

Considerando-se os fatos e a regra da base de conhecimentos ilustrada na

Tabela 3-1, tem-se:

- No raciocínio para frente: o estado inicial é o conjunto dos três fatos (F1,

F2 e F3) e a meta será encontrar uma cônica que possui um único foco.

Como o antecedente da regra R1 casa com o estado inicial, o segundo

nível será composto "Parábola possui foco único", sendo o processo de

inferência encerrado porque houve o casamento com a meta, através da

substituição da variável x por Parábola. O sistema responde com "sim,

x=Parábola".

9 Adaptado de um exemplo presente em (Ladeira e Viccari, 1996).

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- No raciocínio para trás: o estado inicial será composto pela meta. O

próximo nível é formado pelo antecedente da regra R1, ou seja, "x não

possui centro" pois o seu conseqüente casa com a meta. Analogamente o

segundo nível é formado por "Parábola possui foco único" e a inferência é

interrompida pois se atingiu um estado inicial. O sistema responde com

"sim, x=Parábola".

As regras de produção possuem as seguintes vantagens (Ladeira e Viccari,

1996):

- Modularidade: cada regra, por si mesma, pode ser considerada como

uma peça de conhecimento independente;

- Facilidade de edição (uma conseqüência da modularidade): novas regras

podem ser acrescentadas e antigas podem ser modificadas com relativa

independência;

- Transparência do sistema: garante maior legibilidade da base de

conhecimentos.

Portanto, é preciso ter em mente que a modularidade de um sistema baseado

em regras de produção permite a construção passo-a-passo da base de

conhecimento, ou seja, é possível que vários testes sejam realizados com apenas

um subconjunto de regras concluído. Do ponto de vista de eficiência e abrangência

da base conhecimento é coerente reconhecer que menos regras implicam

(geralmente) em um menor número de casos abrangidos.

Quanto à aplicação, Ladeira e Viccari (1996) apontam que o esquema

baseado em regras de produção possui uma ampla expressividade. Sendo esse

esquema adequado para representar associações empíricas, principalmente em

domínio não estruturado, onde não é possível expressar conhecimento de forma

exata. Constitui um dos melhores meios disponíveis para codificação da experiência

de especialistas na resolução de problemas (caso da Matemática, por exemplo), pois

possui uma sintaxe e semântica muito simplificadas.

A comunicação do usuário com o sistema especialista é realizada através de

uma interface a qual permite a interação com o sistema através da entrada de fatos

e dados e através da saída em forma de questões, conclusões e explicações. A

Figura 3.2 mostra uma arquitetura de um SE (Chaiben, 2002).

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Figura 3.2: Arquitetura de um Sistema Especialista (Chaiben, 2002)

Do ponto de vista educacional, a maioria dos sistemas especialistas tem

pouca utilidade direta, porque não foram projetados para ensinar. Isto pode ser

explicado principalmente com relação a (Chaiben, 2002):

(a) ausência de qualquer estratégia educacional;

(b) incapacidade de comparar o que o estudante conhece com o

conhecimento do especialista;

(c) incapacidade de determinar o que fazer quando o conhecimento do

estudante difere do conhecimento do especialista.

Entretanto, a estrutura do sistema especialista serve perfeitamente para ser

adaptada para a construção de sistemas tutoriais, proporcionando um grande

potencial para a criação de novos ambientes educacionais (Chaiben, 2002).

3.2 Arquitetura Clássica dos Sistemas Tutores Inteligentes

Os Sistemas Tutores Inteligentes permitem a emulação de um professor, de

forma que um STI sabe o que deve ensinar (conteúdo de domínio), como deve

ensinar (estratégias instrutivas), e ainda adquire informações pertinentes sobre o

estudante que está aprendendo. A Figura 3.3 apresenta a arquitetura clássica

utilizada nos STI.

SE

Base de

Conhecimento

Usu

ário

Interf ace

do Usuário

��������de

Inf erência

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41

���� ���� � ���� � ����

���� ����

������������������������������ ����

� ��� ��� ��� ��� ��� � ��� �� ����� �� �����

������������������

STISTI

Figura 3.3: Arquitetura clássica de um STI ( Viccari, 1990)

Conforme ilustrado na Figura 3.3, a arquitetura de um STI é composta pelos

elementos: modelo do aluno, estratégias de ensino, base do domínio, interface e

módulo de controle, os quais serão descritos nas seções subseqüentes.

3.2.1 O Modelo do Aluno

Objetiva personalizar o trabalho conforme as diferenças individuais dos

usuários. Os tipos de modelo do aluno pretendem reproduzir o tipo de aluno que

está interagindo com o sistema (ambiente) através da utilização de diversas técnicas

de modelagem. Estas técnicas consideram desde modelos estereotipados simples

até modelos sofisticados envolvendo estados mentais (Schuck, 2001).

Segundo Costa et al. (1997) um estudo mais detalhado desse modelo nos

sugere que modelar o conhecimento do estudante é tarefa bastante árdua,

requerendo esta tarefa interações com áreas ligadas à psicologia e cognição.

A chave para um ensino personalizado é, sem dúvida, o conhecimento que o

sistema "inteligente" deve ter de seu próprio usuário. A dimensão mais significativa

de um STI é sua capacidade para modelar o conhecimento do estudante de forma

que os modelos de aluno delimitam se o STI é um Tutor ou um Assistente

(Giraffa,1999).

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A característica principal de tal modelo deve contemplar todos os aspectos do

conhecimento e do comportamento do estudante que tragam conseqüências para o

seu desempenho e aprendizagem. Entretanto, a construção de um modelo como

este é uma tarefa bastante complexa para um sistema computadorizado. Os canais

de comunicação em um computador podem parecer bastante restritos quando

comparados com a capacidade das pessoas em combinar informações em uma

grande variedade de meios, como por exemplo o tom de voz ou expressões faciais

(Chaiben, 2002). Goulart e Giraffa (2001) afirmam que existem questões em aberto

na implementação de STI como:

- o hardware não tem capacidade de processar satisfatoriamente imagem,

voz, cheiro, etc.;

- o processamento de linguagem natural ainda é uma questão em aberto;

- a comunicação e o tratamento de informações oriundas da interface são

restritos, o que caracteriza uma interação classificada como "pobre".

Tais restrições acabam tornando o STI incapaz de tratar, em totalidade, o

conjunto de informações que um professor encontra na sala de aula durante a sua

prática docente (na interação com seus alunos).

Mesmo que para obter decisões pedagógicas razoáveis não se tenha a

necessidade de construir um modelo completo do estudante ao longo de todas as

suas dimensões, a construção de um modelo parcial que forneça somente as

informações necessárias é, ainda hoje, um desafio para os sistemas computacionais

(Costa et al., 1997).

Esse modelo deve ser dinâmico, contendo o conhecimento e as capacidades

do estudante, seu comportamento de aprendizagem passado, os métodos de

apresentação aos quais ele responde melhor e sua área de interesse dentro do

domínio. Munido destas informações, o sistema pode atingir um nível desejável e um

método de apresentação adequado, adaptando a instrução à competência e

habilidade de cada estudante.

O processo de formação e atualização do modelo do estudante pela análise

dos dados disponíveis do sistema é freqüentemente chamado de diagnóstico

(Hasegawa e Nunes, 1995). Se por um lado o diagnóstico puramente inferencial -

que exclui o estudante - é uma tarefa bastante difícil, por outro lado a abordagem

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puramente interativa sofre pelo fato de que as pessoas nem sempre conseguem

explicar seus próprios processos mentais e muitas vezes ficam totalmente confusas.

O modelo do aluno pode ser classificado em: modelos quantitativos, quando

baseados em valores; e modelos qualitativos, quando estes descrevem os objetivos

e processos do sistema, em termos das relações espaciais, temporais e de causa-

efeito. O modelo do estudante possui funções tais como (Brandão et al., 2002):

- Corretiva: ajuda a eliminar erros existentes no conhecimento do aluno;

- Elaborativa: ajuda a completar o conhecimento do aluno;

- Estratégica: tem finalidade de promover mudanças significativas nas

estratégias de ensino;

- Diagnóstico: ajuda a diagnosticar os erros existentes no conhecimento do

aluno;

- Prognóstica: determina quais as prováveis respostas do aluno às ações do

STI;

- Avaliativa: avalia tanto o aluno quanto o próprio STI.

Exemplos de Modelos de aluno freqüentes na literatura sobre o assunto são

(Costa et al., 1997; Pinto, 1995; Schuck, 2001; Heffernan, 2001) :

- Modelo diferencial: neste modelo não é feita a comparação entre o

conhecimento do estudante e do especialista, mas sim a performance dos

dois. Esta modelagem divide o conhecimento em dois campos: no

primeiro, está o conhecimento que se espera que o estudante possua e,

no outro está o conhecimento que se espera que ele não tenha.

- Modelo de Overlay ou superposição: neste caso, o conhecimento do aluno

é tido como um subconjunto da base de conhecimentos do sistema tutor,

implicando no fato da representação de conhecimento ser a mesma na

base de domínio utilizada pelo modelo do aluno.

- Modelo de Perturbação (Buggy): esta modelagem também faz o

relacionamento entre o modelo do aluno e a base de conhecimento do

domínio. Neste modelo os erros do aluno são interpretados como uma

concepção incorreta de algum conceito, ou até mesmo, como a ausência

de algum conceito. Os erros do aluno para o modelo overlay, ocorrem

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devido a uma ausência de informação na base de domínio. Muitos

sistemas vêm adotando modelos de perturbação, partindo-se da idéia de

que muitos comportamentos incorretos também são em função de

concepções incorretas na mente do aluno.

- Modelo de Simulação: este modelo prevê qual será o comportamento

futuro do aluno, porque ele possui um modelo (prévio) de como o

estudante pode ou deve se comportar em determinada situação.

- Modelo de Crenças: a partir de um conjunto de crenças, este modelo

reflete o grau de entendimento do estudante sobre um conceito em

particular.

- Modelo de Estereótipo: geralmente classifica o estudante como iniciante,

intermediário ou avançado. O nível de conhecimento do estudante é

representado por um conjunto de pares ordenados (tópico, valor), podendo

o estudante possuir um ou mais estereótipos ao longo da realização de

uma mesma tarefa.

A principal característica do modelo de aluno, é que o mesmo deve

contemplar todos os aspectos do conhecimento e do comportamento do aluno que

tenham conseqüências para o seu desempenho e aprendizado. Segundo Giraffa

(1999) a parte mais fraca dos STI ainda se apresenta no modelo de aluno. Tal

dificuldade decorre do fato de que não existe, atualmente, um modelo formal que

expresse fielmente os processos mentais.

3.2.2 Módulo das Estratégias de Ensino

As Estratégias de Ensino (módulo do tutor) contêm a forma de

comportamento que o sistema vai utilizar para auxiliar o aluno na utilização do

conhecimento. Para Giraffa (1999) comportamento está intrinsecamente conectado

ao paradigma educacional que suporta as idéias do projetista do sistema. A maneira

de se comportar do tutor pode ser mais ou menos diretiva dependendo dos objetivos

educacionais do programa.

Foram identificadas por Burton (1988) sete formas de estruturas instrucionais

para o estudante: (i) ajuda, (ii) assistência, (iii) capacitação, (iv) aprendizagem, (v)

modelagem, (vi) treinamento e (vii) tutoramento, a saber:

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(i) formato de ajuda: permite ao estudante pedir ajuda quando foi

cometido um erro, ou quando o mesmo precisar de ajuda. A

capacidade on-line permite ao estudante aprender fazendo. O

estudante percebe que tem controle do processo de aprendizagem;

(ii) formato de assistência: o tutor assume a responsabilidade dos

problemas, resolvendo as tarefas, permitindo assim que o estudante se

concentre em áreas específicas. O STI instrui as tarefas apresentando

a sucessão operacional das mesmas. Ao estudante é dada uma

oportunidade para aplicar aquela tarefa e eventualmente generalizar as

operações resolvendo problemas semelhantes. Este formato facilita o

desenvolvimento da compreensão conceitual e encoraja a auto-

afirmação, já que produz problemas resolvidos, o que de uma forma ou

de outra poderá aumentar os conhecimentos do aluno (Burton, 1988);

(iii) formato de capacitação: provê ao estudante as ferramentas para

revisar a sua própria decisão através de processos. O sistema captura

as decisões de desempenho do estudante e o impacto das mesmas, e

providencia uma representação visual do problema resolvido para o

estudante. O estudante navega pela sua própria decisão para

identificar os seus erros, resolvendo assim os problemas de

comportamento e adquirindo conhecimentos em um ambiente de risco

livre;

(iv) formato de aprendizagem: o STI responde às ações do estudante de

maneira que o estudante entenda as ações do STI no contexto de uma

situação específica (Burton, 1988). Inicialmente, o estudante

estabelece uma hipótese para o computador. Sua hipótese é desafiada

com base em sua lógica, em sua compatibilidade e com a informação

que o estudante aprendeu previamente, com a consistência da base de

seus conhecimentos, o estudante é forçado a articular e a justificar o

seu próprio entendimento;

(v) formato de modelagem: modela o desempenho do especialista (que

pode ser um professor) para o estudante. O estudante aprende

observando o trabalho do especialista;

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(vi) formato de treinamento (coaching): Consiste em monitorar o

desempenho do estudante identificando seu desempenho através de

um componente que simule um treinador. O sistema compara o

desempenho do estudante com o conhecimento definido no seu

domínio. Se o desempenho do estudante divergir do conhecimento

definido no sistema, o treinador provê imediatamente uma

recomendação ao estudante e redireciona o estudante para os

objetivos pré-definidos. Uma observação importante é que o formato de

treinamento não está preocupado com que o estudante complete uma

lição pré-determinada. A ênfase primária está na aquisição de

habilidades para resolução do problema;

(vii) formato de tutoramento: o STI identifica deficiências de desempenho e

habilidade do estudante. A instrução automática da capacidade do STI

provê um ambiente para o aumento do aprendizado. O STI, com

modelo tutorial desse formato, identifica erros de emissão, omissão e

bugs no desempenho do estudante. O STI comunica-se com o

estudante por diálogo natural e provê soluções, quando necessário. O

sistema nesse caso deve ser capaz de determinar quando interromper

e com que freqüência. Para tanto o STI analisa continuamente o

desempenho do estudante para assegurar que o processo de

aprendizagem do domínio de conhecimento está ocorrendo conforme o

esperado.

3.2.3 Base do Domínio

A Base ou Módulo do Domínio é responsável por armazenar o conteúdo a ser

trabalhado com o aluno. Atualmente, a base do domínio pode apresentar um grau de

sofisticação bastante complexo e diferenciado. Os sistemas mais modernos utilizam

recursos de hipermídia e simulação para que o aluno acesse e manipule os

conteúdos (Giraffa, 1999).

O módulo do domínio é fundamentalmente uma base de conhecimento,

contendo informações de um determinado domínio, que é organizada de alguma

maneira para representar o conhecimento de um especialista ou professor. É,

geralmente, considerado o componente central de qualquer STI. Em essência, este

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modelo incorpora a maior parte da "inteligência" do sistema na forma do

conhecimento necessário para solucionar problemas do domínio (Anderson, 1988).

Esta base de conhecimento contém os elementos para que o estudante

aprenda o conhecimento do domínio e os procedimentos necessários para que ele

possa utilizá-los na resolução dos problemas em uma determinada área deste

domínio. Para isto, este conhecimento deve ser codificado para que o computador

possa armazená-lo e manipulá-lo durante as interações com o estudante.

O modelo do domínio desempenha dupla função (Wenger, 1987):

- Age como uma fonte para o conhecimento a ser apresentado. Isto inclui

tanto a geração de explicações e respostas aos estudantes, como também

tarefas e questões.

- Serve como um padrão para as avaliações de desempenho do estudante.

Para esta função, deve ser capaz de gerar soluções para problemas no

mesmo contexto que o estudante realiza, para que as respectivas

respostas possam ser comparadas.

A forma como o conhecimento é armazenado é crucial para a capacidade do

sistema em utilizá-lo. Nenhuma forma geral parece adequada para representar o

conhecimento. Tipos diferentes de raciocínio e de conhecimento requerem diferentes

representações para um uso eficiente e eficaz. Portanto, a escolha da representação

de conhecimento em um STI depende do tipo de conhecimento a ser armazenado e

da utilização pretendida (Rickel, 1989). Também, a capacidade tutorial requer um

conhecimento rico e suficientemente estruturado de modo a facilitar os tipos

desejados de raciocínio e as capacidades cognitivas envolvidas no processo de

ensino e aprendizagem.

Alguns métodos de IA utilizados para representar o conhecimento do domínio

incluem o desenvolvimento de redes semânticas, a aplicação de regras de produção,

representações procedimentais, e a construção de frames e scripts (Ladeira e

Viccari, 1996; Pinto, 1995).

Anderson (1988) identifica que o esforço de implementação de um modelo do

domínio é proporcional à sua eficiência pedagógica, conforme ilustra a Figura 3.4.

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48

Eficiência Pedagógica

Esf

orço

de

Imp

lem

ent

ação

Maior

Maior

Modelos Cognitivos

Sistemas Especialistas

Modelos de Caixa Preta

QUALITATIVO

DECLARATIVO

PROCEDURAL

Figura 3.4: Relação entre as taxas de eficiência pedagógica e esforço de implementação de um

modelo do domínio (Anderson, 1988).

Segundo Anderson (1988) os modelos de caixa preta (Black Box Models)

estabelecem um critério de referência básica de conhecimento. O domínio é

organizado em uma simbologia pertinente a qual o computador entende. Dessa

forma o computador pode avaliar o desempenho do estudante sem a necessidade

do uso da inteligência humana. O critério para desempenho aceitável é identificado

claramente. Se a introdução do comportamento não for reconhecida, o computador

informará ao estudante o erro e recomendará possíveis soluções. O diálogo entre o

estudante e o STI é muito simplista, neste modelo.

Ainda segundo Anderson (1988) os modelos cognitivos simulam problemas

resolvendo-os de forma muito semelhante a seres humanos. Os três níveis de

conhecimento, neste modelo, são o procedural, o declarativo e o qualitativo. O

primeiro é relacionado a uma tarefa executada, o segundo (declarativo) a um

conjunto de fatos organizados para permitir um conjunto de argumentações. Já o

conhecimento qualitativo envolve a compreensão causal que permite aos seres

humanos argumentar sobre o comportamento usado nos modelos do sistema.

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3.2.4 Interface com o Aluno

Outro componente de um STI é a Interface com o aluno: as interfaces estão

cada vez mais sofisticadas, a ponto de algumas utilizarem os recursos de realidade

virtual (Giraffa, 1999). Como a interface opera em estreita cooperação com os

modelos do tutor e do aluno, suas decisões são de natureza distinta, requerendo um

tipo diferente de conhecimento. Assim, é útil identificar a interface como um

componente distinto. Sua importância prática pode ser compreendida em dois níveis

(Curilem e Azevedo, 2001; Chaiben, 2002):

- Uma vez decidida a forma na qual o sistema apresentará um determinado

tópico, a interface tem o poder de determinar o grau de compreensão

desta apresentação junto aos aprendizes.

- Por causa do grande progresso da pesquisa em tecnologias gráficas,

novas ferramentas para a construção e prototipação de interfaces podem

direcionar todo o projeto do sistema.

Basicamente, a interface de um STI deve (Curilem e Azevedo, 2001):

- Evitar que o aluno se entedie;

- Facilitar a troca do diálogo;

- Possuir tempo de resposta aceitável.

3.2.5 Módulo de Controle

O Módulo de Controle funciona como um articulador e coordenador dos

demais módulos a fim de garantir um sincronismo adequado entre todas as partes

(Schuck, 2001). Seu ciclo de execução pode ser caracterizado, resumidamente, da

seguinte maneira (Maltempi e Nunes, 1994):

- Selecionar uma estratégia de ensino no banco de estratégias;

- Selecionar o material instrucional da base de conhecimento do domínio,

com base na estratégia de ensino;

- Apresentar o material para o aprendiz através da interface;

- Diagnosticar o comportamento do aluno e monitorar seu progresso, lendo,

atualizando o modelo do aprendiz e reiniciando o ciclo, a partir das

respostas do estudante.

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As técnicas atuais de IA não fornecem subsídios para maiores

desenvolvimentos dos STI. De acordo com Self (1995) os ITS (Intelligent Tutoring

Systems) algumas vezes foram denominados “Invisib le Tutoring Systems” devido

aos poucos resultados práticos obtidos. Entretanto, exemplos de trabalhos sobre STI

na área de Matemática podem ser encontrados. Alguns exemplos ecaracterísticas

são apresentados a seguir.

3.3 Sistemas Tutores Inteligentes para Educação Matemática

O STI Ms Lindquist Algebra Tutor (Heffernan, 2001) é um tutor inteligente que

ensina o aprendiz como escrever expressões algébricas a partir de problemas

concretos. Segundo o autor, esse STI conseguiu resolver o problema que possuía

quando era professor de Matemática: embora possuísse o conhecimento para

“quebrar” os problemas em partes e levar o aluno ao aprendizado, não conseguia

fazê-lo com a turma inteira – somente no caso um a um (aluno). Sendo um único

professor numa classe com um número elevado de alunos, não poderia atender a

todos num tempo hábil. Com Ms Lindquist isso é possível, afirma o autor.

Esse STI atualmente traz os tipos de problemas que permitem escrever

expressões algébricas conforme indica a Figura 3.5.

Figura 3.5: Tela do STI Ms Lindquist indicando os tipos de problemas propostos

(http://www.AlgebraTutor.org)

Para “quebrar” os problemas esse STI utiliza cinco diferentes estratégias

(métodos tutoriais), segundo o autor:

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1) Cria uma frase de fácil entendimento com um exemplo concreto.

2) Identifica o que o aluno necessita a princípio e “cria” uma frase (em

inglês), antes de escrever o mesmo conteúdo em símbolos.

3) Fornece um exemplo e pergunta a resposta ao aprendiz.

4) Introduz uma nova variável.

5) Confere a resposta do aluno e apresenta um novo problema.

A Figura 3.6 mostra a interface entre o estudante e o STI com um exemplo de

interação.

Figura 3.6: Tela principal do STI Ms Lindquist (Heffernan, 2001)

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O STI Matfin (Schuck, 2001) é um assistente inteligente e foi desenvolvido

utilizando a metodologia baseada na resolução de problemas de Matemática

Financeira (conteúdo relacionado à amortização de empréstimos com pagamentos

constantes). Nesse ambiente são apresentados diferentes problemas possuindo

como contexto situações do cotidiano. A seleção de estratégias utilizadas no sistema

é baseada na heurística do autor, segundo este: “busca-se o entendimento do tipo

do erro cometido e a depuração do mesmo durante a interação com o usuário.” (p.

45)

Nesse sistema o controle de erros e acertos é realizado a partir das entradas

numa calculadora, especialmente projetada para esse fim – o que também permite a

modelagem do aluno (do tipo estereótipo).

Quanto às estratégias de ensino, sua atuação e período, tem-se a estratégia

guia que possui atuação direta e atua ocasionalmente ou quando solicitada; a

estratégia assistente que possui atuação semi-direta e atua ocasionalmente; a

estratégia facilitador que possui atuação indireta e atua mediante a solicitação do

usuário.

O sistema disponibiliza: um menu principal com ajuda (como dicas sobre a

questão e definições básicas), apresentação da fórmula que resolve a questão,

apresentação do gráfico do fluxo de entrada e saída de dinheiro referente à questão

apresentada (fluxo de caixa), resolução passo a passo, o que foi digitado,

calculadora normal/financeira. A Figura 3.7 mostra a interface de interação entre o

estudante e o STI.

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Figura 3.7: Tela principal do STI Matfin (Schuck, 2001)

Também podem ser relacionados os sistemas tutores inteligentes TEGRAM e

TOOTEMA desenvolvidos pelo Departamento de Computação e Estatística da USP

(Schuck, 2001; Costa e Werneck, 1997). O TEGRAM é um sistema para ensino de

geometria plana para alunos do Ensino Fundamental e o TOOTEMA é um ambiente

de autoria para sistemas tutores inteligentes no domínio da Matemática, para alunos

universitários.

O TOOTEMA (TOOL (ferramenta) para Tutores de Ensino de MAtemática) é

uma ferramenta que auxilia a construção de Sistemas Tutores Inteligentes - STIs -

no domínio da Matemática, e tem por objetivo ajudar na tarefa de criar e gerenciar o

Módulo do Domínio do ARQTEMA (uma arquitetura genérica para Sistemas Tutores

em Matemática), acompanhando o autor na estruturação de grande quantidade de

informações. Ao usuário-autor, a ferramenta de autoria fornece facilidades de

organização do material instrucional, provê recursos de representação gráfica,

visando a consistência e a qualidade do material, além de reduzir o tempo de

construção de STI em subdomínios diferentes e, principalmente, de envolver mais

diretamente o autor leigo na criação do sistema.

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O módulo do domínio tem a forma de uma rede de conhecimento complexa,

baseada no modelo proposto por Michener (1978) apud Hasegawa e Nunes (1995).

Essa rede de conhecimento pode ser vista como uma forma estruturada de

representação do conhecimento, que permite uma certa independência do domínio

através do formalismo existente no modelo, ou seja, este modelo permite

representar e manipular conhecimentos no domínio da Matemática através de redes

envolvendo três categorias do conhecimento: conceitos, resultados e exemplos

(Hasegawa e Nunes, 1997). A categoria de conceitos representa definições e

princípios matemáticos. A categoria de resultados contém os aspectos lógicos

tradicionais da matemática, isto é, os teoremas e suas provas, e a categoria de

exemplos contém o material ilustrativo. Para adaptar o modelo de Michener às

necessidades de um STI, o primeiro foi acrescido de duas outras categorias:

exercícios e catálogo de bugs, este último contendo o conhecimento acerca de

alguns erros típicos cometidos pelos estudantes na teoria em estudo (Hasegawa e

Nunes, 1997).

Para a obtenção da arquitetura do TOOTEMA, os autores afirmam que foram

considerados os aspectos comuns e relevantes a diversas ferramentas pesquisadas.

Esta arquitetura é constituída de cinco componentes principais: Interface com o

Usuário (Professor e Programador), Editores Gráfico e de Documento, Browser,

Simulador e Montador. A Figura 3.8 apresenta a interface do TOOTEMA.

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Figura 3.8: Janela do TOOTEMA com o editor gráfico, editor de documentos, browser e simulador

(Hasegawa e Nunes, 1997).

Os STI produzidos pela empresa Intelligent Tutor™ são apresentados na

página http://www.mathtutor.com/homevers.html e são sistemas que abordam os

seguintes tópicos10 da área de matemática: Pré-Álgebra, Álgebra 1, Geometria,

Álgebra 2, Trigonometria e Introdução ao cálculo.

Existem duas versões desses sistemas comercializados pela empresa: a

versão escolar e a versão para uso doméstico. Cada uma das versões está dividida

em três módulos: o módulo de conceitos, o módulo de exercícios e revisão, e o

módulo de tópicos especiais.

No primeiro módulo os conceitos são apresentados através de gráficos e de

animações com a finalidade de ajudar a construir o problema. Os tutores são

altamente interativos. Este componente mostra a aplicação da matemática no mundo

10 Esta divisão de tópicos de matemática aparece no site especificado, entretanto não são apresentados no mesmo os conteúdos que constituem cada um desses tópicos.

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real. No segundo módulo os estudantes podem fazer revisão de conceitos e

princípios, além de abordar os conteúdos através de exercícios projetados por

especialistas. No terceiro e último módulo são apresentados tópicos e áreas além

do currículo de matemática convencional. Este módulo é projetado para que os

estudantes aprofundem os conceitos de matemática e desenvolvam as suas

habilidades matemáticas.

Nota-se, portanto, que apesar das limitações existentes no estado da arte

dos STI, principalmente no que diz respeito à modelagem dos alunos, algumas

soluções com razoável nível de sucesso têm sido aplicadas na Educação

Matemática. Esses exemplos motivam continuidade das pesquisas na área e

fornecem subsídios para a proposta de novos tutores ou assistentes inteligentes. No

caso específico, propõe-se um assistente inteligente para o ensino das cônicas, o

que é apresentado no próximo capítulo.

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Capítulo 4 - Descrição do Ambiente e Teste com o Protótipo

4 Descrição do Ambiente e Teste com o Protótipo

O ambiente proposto nesta dissertação é um Assistente Inteligente para o

ensino das seções cônicas. Este é um tópico abordado (ou deveria sê-lo, conforme

já citado no capítulo 1) na terceira série do Ensino Médio a partir das equações da

parábola, a elipse e a hipérbole, explorando pouco a geometria associada as

relações com variáveis.

A opção por um assistente e não por um tutor é justificada a seguir, bem

como a distinção entre esses dois tipos de sistema.

Os Sistemas Tutores Inteligentes podem ser divididos em Tutores Inteligentes

e Assistentes Inteligentes. Pinto (1995) considera que tal divisão é necessária para

diferenciar a complexidade encontrada nos Sistemas Tutores Inteligentes. Segundo

Giraffa (1999) a dimensão mais significativa de um STI é sua capacidade para

modelar o conhecimento do estudante – para a autora os modelos de aluno (forte e

fraco)11 determinam se o STI é um Tutor ou um Assistente.

Pinto (1995) considera os assistentes inteligentes como um subconjunto dos

Tutores Inteligentes, apresentando os mesmos componentes e mesma arquitetura

básica destes sistemas.

Na prática a divisão dos Sistemas Tutores Inteligentes em Tutores

Inteligentes e Assistentes Inteligentes é necessária em função do porte: Assistentes

Inteligentes são pequenos sistemas tutores inteligentes para realizar tarefas simples

e são implementados em microcomputadores. O modelo de aluno é simplificado e o

conjunto de estratégias é restrito – tal fato implica num desempenho semelhante aos

sistemas de apoio à decisão (Pinto, 1995; Luzzi et al., 1997).

A estratégia pedagógica utilizada pelo STI na interação com o usuário

também diferencia um Assistente Inteligente de um Tutor Inteligente. No assistente a

estratégia é baseada na monitoração do usuário, nos resultados obtidos ao longo da

interação e com poucas interrupções por parte do assistente, o qual busca estimular

11 A diferença entre esses dois modelos está relacionada às suas complexidades, por exemplo: um modelo de aluno do tipo estereótipo é um modelo fraco, já um modelo de aluno que envolva estados mentais pode ser considerado como forte.

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o aluno a utilizar os recursos do ambiente e a refletir sobre seus passos. Já no tutor

inteligente a estratégia pedagógica utilizada pelo ambiente é mais invasiva e

apresenta um maior número de interrupções por parte do tutor na interação com o

aluno (Luzzi et al., 1997).

A Tabela 4-1 destaca algumas diferenças entre assistentes inteligentes e

tutores inteligentes.

Tabela 4-1: Diferenças entre assistentes e tutores inteligentes.

Aspecto Tutor Inteligente Assistente Inteligente

Modelo do Estudante Complexo Simplif icado

Conjunto de Estratégias Abrangente Restrito

Ambiente computacional

necessário

Grande porte Pequeno Porte

Número de Interrupções

Realizadas pelo Sistema na

Interação com o Usuário

Alto Baixo

Forma de Estratégia

Pedagógica Utilizada

Altamente Invasiva Pouco Invasiva

Diante dessa diferenciação entre assistente e tutor a opção efetuada foi pelo

primeiro, pois:

- sistema é proposto para laboratórios de informática de escolas, que

possuem microcomputadores;

- ambiente é para auxiliar o ensino das Cônicas, ou seja, não será o único

recurso utilizado pelo professor;

- A estratégia pedagógica é baseada na monitoração do aluno e indicando-o

a utilizar os recursos de apoio do sistema, mas essa estratégia não é

invasiva;

- Utiliza-se no sistema um modelo de aluno simplificado.

A seguir apresenta-se a arquitetura adotada para o assistente inteligente

proposto, e em seguida, são descritos os módulos constituintes da mesma.

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4.1 Modelagem da Solução

A arquitetura adotada para o assistente inteligente (Figura 4.1) é a proposta

por Viccari (1990) e já apresentada no capítulo 3. Há uma estruturação do módulo

do domínio para atender às necessidades do ensino de tópicos da Matemática,

conforme discutido no capítulo 2.

A seguir descreve-se cada um dos módulos constituintes dessa arquitetura.

Figura 4.1: Arquitetura do assistente proposto

4.1.1 Domínio do Assistente

O domínio é constituído por quatro categorias, conforme indica a Figura 4.1: a

categoria de conceitos que representa definições e princípios matemáticos; a

categoria de exemplos contém o material ilustrativo; a categoria de exercícios

contém aplicações e um catálogo de bugs. Este último contém o conhecimento

acerca de alguns erros típicos cometidos pelos estudantes na teoria (Hasegawa e

Nunes, 1995), conforme já discutido no capítulo 2.

O ambiente funciona a partir da oferta de exercícios ao estudante. Esses

exercícios apresentam:

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- Assunto: no caso da parábola, por exemplo, seriam: Determinação das

coordenadas do vértice, do foco, da diretriz, etc.;

- Tipo: exercício de manipulação ou exercício de aplicação; convém

salientar que os exercícios de aplicação de um mesmo assunto são

apresentados após os exercícios de manipulação;

- Nível de dificuldade do exercício definido pelo especialista do domínio: no

sistema existem três níveis de dificuldade (1, 2 e 3). Para ser promovido

de um nível para o outro há duas possibilidades para o aluno: a primeira

se o aluno responde a todos os exercícios de um dado nível e a segunda,

se ele atinge um valor mínimo exigido de desempenho – o que será

discutido na seção do Modelo do Estudante;

- Enunciado dos problemas propostos ao estudante;

- Fórmula ou procedimento para resolver o exercício. Por exemplo: para

calcular a coordenada x do vértice de uma parábola de eixo de simetria

vertical deve-se utilizar a clássica expressão ab2

− . Já para escrever uma

equação do tipo y = ax² + bx + c (a real e não nulo, b e c reais) sob a

forma y = a(x – xv)² + yv o aluno deve utilizar o método de completar o

quadrado;

- Dica: uma pequena sugestão para ajudar o aluno na solução do exercício;

- Gráfico: Devido às características do ensino das seções cônicas, podem

ser utilizados recursos gráficos de formas distintas, os quais são: (i) o

gráfico cartesiano para a determinação e melhor compreensão de

elementos importantes de uma cônica como coordenadas de focos e

vértices, a concavidade, diretriz, assíntotas, etc.; (ii) o gráfico das seções

cônicas (propriamente ditas) provenientes da interseção de um cone com

um plano; (iii) o gráfico da construção geométrica de cônicas, através de

suas propriedades geométricas. Cada exercício tem um tipo específico de

gráfico, com parâmetros que são informados pelo assistente ao aluno para

utilização de forma interativa das janelas dos gráficos.

A partir de um exercício o aluno pode chegar às categorias de Conceitos e

Exemplos. A primeira, de acordo com o já discutido no capítulo 2, permite ao

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estudante compreender a teoria matemática envolvida no problema que está

resolvendo. A segunda apresenta um exemplo semelhante ao que o aluno está

resolvendo, podendo ser um exemplo de aplicação ou manipulação.

A categoria Bugs apresenta os erros típicos cometidos pelos alunos no estudo

das cônicas. A opção do especialista do domínio foi catalogar apenas os erros que

podem ser considerados “erros próximos à solução”. Por exemplo: é comum, no

caso da determinação das coordenadas do vértice de uma parábola, que alunos

troquem os sinais dos coeficientes, embora conheçam a fórmula para determinar

essas coordenadas. Neste caso pode-se dizer que o aluno está mais próximo da

solução do que um aluno que não sabe a fórmula – trata-se de um bug de

identificação.

Quanto à Resposta de um exercício, o aluno deve mostrar como a mesma foi

obtida. Por exemplo: admitindo que os valores de a e b sejam 3 e 6

(respectivamente) e se for questionado qual o valor da coordenada xv tal que xv =

−b/(2*a), caso o aluno forneça como resposta −1 (resposta correta) o sistema

apresenta para o aluno a seguinte frase: “Correto, mas que conta você fez para

chegar a esse valor?”. Como resposta o aluno deve escrever, por exemplo: −6/(2*3)

- que conduz à reposta: −1.

A Figura 4.2 ilustra a relação básica entre as categorias do domínio do assistente.

Figura 4.2: Relação entre as Categorias do Domínio

Exercício

Assunto

Tipo

Nível

Enunciado

Fórmula

Dica

Gráfico

Resposta

Conceitos

Exemplos

Bugs

está relacionado a

possui

apresenta

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Quanto aos exercícios, são definidos dois tipos básicos: um que consiste da

aplicação direta de uma fórmula específica. Dependendo do caso, a fórmula pode

apresentar um, dois ou três parâmetros - como por exemplo o cálculo de uma

coordenada do foco ou vértice. Outro tipo de exercício consiste na utilização de uma

seqüência padrão de passos para se obter a solução - caso da utilização do método

de completar o quadrado. A Tabela 4-2 fornece exemplos desses tipos de

exercícios. Essa classificação é necessária pois cada tipo de exercício, segundo

esse enfoque, necessita de suas próprias formas (ou regras) de análise, além das

regras gerais, utilizadas pelo assistente para mapear a ação do aluno, pois utiliza-se

um modelo do aprendizado do aluno.

Tabela 4-2: Exemplos de exercícios quanto ao método de solução.

Tipo de Problema Fórmula ou Método

para resolução Exemplo de Problema

1- Problema com um

parâmetro ap

41

= Determine a distância entre o foco e o vértice da

parábola de equação y=2x²+3x+8.

2- Problema com dois

parâmetros ab

xv 2−

= Um fabricante produz semanalmente x unidades

de um determinado artigo. Sabendo que o lucro

da venda das x unidades é determinado pela

expressão L(x)=−4x²+32x−8, determine o número

x de unidades que fornece lucro semanal

máximo.

3- Problema com três

parâmetros aacb

yv 442 +−

= Um golfinho salta sobre a superfície do mar, que

pode ser representada pelo eixo x no plano

cartesiano y0x (x e y dados em metros), conforme

a parábola de equação y=−(x²−4x)/2. Determine a

altura do salto do golfinho em metros.

4- Problema resolvido

com um conjunto de

passos

Completar o

quadrado

Determine as coordenadas do vértice da parábola

de equação y=x²+2x, uti l izando o método de

completar o quadrado, ou seja, escrevendo essa

equação sob a forma y=a(x−xv)²+yv.

Quanto ao número de exercícios que formam a base do domínio do protótipo

do assistente tem-se três exercícios (um de cada nível de dificuldade) de cada tipo

(no total de quatro tipos) totalizando assim doze exercícios básicos. No caso da

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necessidade da repetição de exercício(s) do mesmo tipo e nível, num dado assunto,

os parâmetros do enunciado do exercício são escolhidos aleatoriamente, dentre os

valores presentes num intervalo convenientemente definido.

Para construção do domínio foram utilizadas a orientação a objetos e a

ferramenta JESS (Java Expert System Shell), conforme apresentado a seguir.

4.1.1.1 A Ferramenta JESS e o Algoritmo RETE.

JESS é uma Shell12 para sistemas especialistas totalmente escrita em

linguagem Java no Sandia National Laboratories (Herzberg, 2002). Essa ferramenta

foi originalmente inspirada na Shell CLIPS (C Language Integrated Production

System) desenvolvida pelo Software Technology Branch (SBT), NASA/Lyndon B.

Johnson Space Center, sendo esta ferramenta elaborada para facilitar o

desenvolvimento de software que modele o conhecimento de um ser humano ou

especialista (Giarratano, 2002).

Inicialmente, JESS era encarada como um “clone” do CLIPS (Herzberg,

2002). Entretanto atualmente existem muitas características que diferenciam os dois

ambientes, conforme pode ser verificado por análise dos manuais das ferramentas

JESS e CLIPS, afirmação também confirmada em Herzberg (2002).

JESS pode ser utilizada de duas maneiras: como uma linguagem de

programação, visto que pode acessar todas as classes e bibliotecas Java; e como

uma máquina de inferência, ou seja, um conjunto de algoritmos que aplica de

maneira eficiente as regras aos fatos (ou dados). A opção efetuada neste trabalho

foi a segunda forma de aplicação, visto que o ambiente proposto não é um sistema

especialista e sim um assistente inteligente.

A ferramenta JESS permite com facilidade, além das regras de produção, a

utilização de funções predefinidas e a definição de funções dentro do próprio

ambiente JESS. Outro ponto importante deste ambiente é a possibilidade da

12 Shell é um programa específico para a implementação de regras, o qual já incorpora a máquina de

inferência e rotinas de interface com o usuário, cabendo ao desenvolvedor do sistema - no caso um

sistema especialista, apenas a codificação do conhecimento.

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importação de funções predefinidas ou implementadas pelo usuário no ambiente

Java.

A máquina de inferência JESS utiliza o algoritmo RETE, considerado muito

eficiente (Forgy, 1982), empregado por linguagens baseadas em regras, tais como

CLIPS, ART, OPS5, OPS83 apud Borba e Fernandes (2002). O objetivo desse

algoritmo é a unificação dos padrões nas regras, com a finalidade de determinar

quais regras são satisfeitas. A Figura 4.3 ilustra o problema a ser solucionado por

esse algoritmo.

Figura 4.3: Fatos e Regras – Unificação de Padrões (Borba e Fernandes, 2002).

Se o processo de unificação tivesse de ocorrer uma única vez (o que é

improvável), a solução seria simples: a máquina de inferência examinaria cada regra

e procuraria o conjunto de fatos que satisfariam os padrões de uma específica regra

e, então, as regras satisfeitas seriam colocadas na Agenda. Entretanto, em

linguagens baseadas em regras, o processo de unificação ocorre repetidamente.

Quase sempre a lista de fatos é modificada: novos fatos podem ser acrescentados

e/ou fatos antigos podem ser removidos da lista de fatos inicial. Desta forma, o

problema da unificação torna-se contínuo: embora o conjunto de regras permaneça

constante, o conjunto de fatos está permanentemente em mudança.

A Figura 4.4 ilustra a situação em que as regras buscam os fatos. A parte

branca na representação dos fatos indica estes no seu estado inicial de um ciclo de

unificação, já a parte cinza indica a alteração nos fatos. Observa-se que essa técnica

é muito lenta pois a máquina de inferência deve checar cada fato, a cada ciclo de

execução, para cada regra (o que caracteriza a chamada redundância temporal). O

que o algoritmo RETE faz é tirar vantagem dessa característica: salva o estado de

Fatos

Regras Máquina de

Inferência

Agenda

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unificação do ciclo anterior e calcula as mudanças no conjunto de fatos. Neste caso,

os fatos procuram as regras conforme indica a Figura 4.5.

Figura 4.4: Regras em busca de fatos.

Figura 4.5: Fatos em busca de regras

Se a cardinalidade do conjunto de fatos que muda é razoável, o ganho na

redução do número de iterações é significativo no caso do algoritmo RETE, quando

comparado à sistemática ilustrada na Figura 4.4.

A desvantagem do algoritmo RETE é o uso intensivo de memória: o uso de

memória para simplesmente comparar todos os fatos com todas as regras é

desprezível (embora o número de iterações possa ser elevado). Já a quantidade de

memória necessária para armazenar todo o ciclo de unificação (anterior) e as

alterações no conjunto de fatos é considerável.

Outra vantagem do algoritmo RETE destacada por Borba e Fernandes (2002) é

que esse algoritmo usa a similaridade estrutural presente nas regras. Esta

similaridade refere-se ao fato de que regras podem ter padrões ou grupos de

padrões similares. O RETE tira vantagem desta característica colocando os

Fatos

Iniciais

Alterações

nos Fatos

Regras

Fatos

Iniciais

Alterações

nos Fatos

Regras

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componentes comuns agrupados, para que os mesmos não sejam considerados

mais de uma vez, aumentando assim a eficiência.

Quanto ao encadeamento, o default da máquina de inferência dessa ferramenta

é o encadeamento para frente (forward chaining), entretanto é permitido o

encadeamento para trás (backward chaining) através de um comando especial.

A ferramenta JESS permite com facilidade definir bugs, bem como as regras do

módulo do domínio que determinam tais bugs. No sistema os erros típicos do aluno

são determinados de duas maneiras: a primeira consiste na criação de fatos que

representam esses erros típicos e as regras que encontram esses erros; a segunda

consiste na criação de regras e sub-regras13 para identificarem tais erros típicos. A

diferença e a justificativa pela opção de dois tipos de modelagem (simplificadas aqui

para melhor entendimento) podem ser compreendidas através da solução do

exercício a seguir:

"Um parábola possui equação y=5x²−3x+10, determine a coordenada x do

vértice dessa parábola."

É sabido que a determinação da coordenada x do vértice é dada por xv =

−b/(2*a). No caso do exercício em questão a = 5 e b = −3. São exemplos de erros

comuns, na aplicação desses valores na fórmula para cálculo:

(a) esquecimento ou não uso de parênteses;

(b) trocar os valores de a por b e de b por a;

(c) trocar o sinal de a ;

(d) trocar o sinal de b.

Podem então ser criados os fatos bugs desse exercício:

Bug tipo −b/2*a

Bug tipo −a /2*b

Bug tipo −b/(2*(−a))

13 Neste contexto uma sub-regra é uma que regra que serve para auxil iar uma regra principal, por exemplo: uma regra principal seria a distributiva a*(b+c) = a*b+a*c, regras auxil iares ou sub-regras seriam as regras que fornecem o sinal dos produtos a*b e a*c, ou a regra que verifica a comutatividade a*b = b*a.

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Bug tipo b/(2*a)

A regra para esses bugs seria:

Se ocorrer Bug tipo X

Então informar ao sistema para a escolha da estratégia referente ao Bug tipo

X

Quando o aluno envia uma expressão para o sistema, caso essa seja um

desses quatro casos de bugs (fatos), de acordo com a Figura 4.5 o fato encontra a

regra - o que pode ser considerado rápido14 - semelhante a rapidez com que um

professor experiente consegue detectar (ou quase prever) erros habituais de alunos.

Contudo, um aluno pode cometer erros que necessitem de um conjunto de

regras pois, devido aos erros múltiplos como por exemplo esquecer os parênteses e

trocar os sinais de a e b, o número de variações pode crescer combinatoriamente.

Neste caso, são necessárias regras auxiliares ou sub-regras que permitem

determinar o erro ou erros cometidos. Essas são na verdade as regras do elemento

inverso, das propriedades associativa, distributiva, comutativa e elemento neutro,

regra que verifica o uso de parênteses. A sistemática nesse caso é similar à utilizada

por Heffernan (2001): percorre-se a expressão enviada pelo aluno ao sistema

procurando primeiro os parâmetros; em seguida seus valores, posição, operadores e

uso de parênteses, se for o caso - utilizando para isso as regras auxiliares.

Compare-se então as duas expressões: a do aluno e a do módulo do domínio. Neste

caso o número de iterações é elevado, quando comparado à idéia do primeiro caso

em que um erro é visto como um fato (que procura por apenas uma regra

específica). Como um exemplo da sistemática acima comentada: o domínio deve

reconhecer que, entre outras possibilidades,

−(−4)/(2*3), 4/(2*3),

−(−4)/(3*2), 4/(3*2),

−(−4)/6 e 4/6,

14 Quanto maior o catálogo de erros típicos cometidos, maior a rapidez com que um especialista consegue detectar a deficiência do estudante.

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representam −b/(2*a), com a = 3 e b = −4. Neste caso se o aluno enviasse ao

sistema −4/2*3 o módulo do domínio detectaria os erros: troca do sinal de b e falta

de parênteses ao redor de 2*a e informaria o sistema de tais fatos para que esse

utilizasse a estratégia adequada. Na realidade essa estratégia adequada está no

módulo tutorial descrito a seguir.

4.1.2 Módulo Tutorial

Uma estratégia de ensino deve questionar, segundo Breuker (1988) apud

Schuck (2001):

i) Quando interromper? Que razões justificam interromper o curso de

raciocínio ou aprendizagem do aluno ?

ii) O que dizer? e

iii) Como dizer? (provavelmente a questão mais difícil).

No assistente proposto adotou-se um híbrido das propostas de Heffernan

(2001) e Schuck (2001): o primeiro usa essencialmente a estratégia do "diálogo

socrático"15; o segundo divide as estratégias de ensino quanto à sua atuação e

período, tendo-se: a estratégia guia que possui atuação direta e atua

ocasionalmente ou quando solicitada, a estratégia assistente que possui atuação

semi-direta e atua ocasionalmente, e, finalmente, a estratégia facilitador que possui

atuação indireta e atua após a solicitação do usuário.

O Módulo Tutorial do assistente é composto por um conjunto de regras

tutoriais (regras de produção) que formam um sistema de produção e um conjunto

de fatos para serem utilizados para auxiliar o aluno na resolução dos exercícios

propostos pelo sistema. À medida que o aluno resolve um exercício o assistente vai

monitorando suas ações. No instante que um erro é cometido pelo aluno e o erro é

detectado, o assistente decide como auxiliar o estudante de acordo com a regra (ou

regras) correspondente(s) ao erro cometido. Tal auxílio é na verdade um fato

definido no módulo tutorial. Este fato é exibido para o aluno sob a forma de texto que

15 No diálogo socrático, o assistente ensina o aluno através de uma abordagem de exposição indireta, com base na oferta de dicas ou questões sucessivas. Tal diálogo visa formular princípios gerais baseados em casos particulares de forma que o aluno possa analisar e avaliar suas ações e hipóteses, descobrir contradições e finalmente fazer inferências corretas.

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69

fornece uma sugestão ou indica uma ação que o aluno deve tomar. Também, pode

indicar uma "atitude" a ser tomada pelo sistema, como por exemplo exibir um

exemplo semelhante ao problema atualmente apresentado ao estudante.

As regras tutoriais foram desenvolvidas para que a "aula" (sessão) ministrada

pelo sistema cubra todos os itens necessários, dentro de certos limites, segundo o

modelo proposto.

A opção por regras de produção teve como base Pinto (1995), que afirma que

além da facilidade de modelagem, as regras de produção permitem que novas

regras possam facilmente ser acrescentadas para satisfazer novas situações sem

perturbar o resto do sistema - o que permite uma ampliação do módulo tutorial com

certa facilidade. Além disso, as regras de produção são uma boa maneira de

modelar os tipos de ações inteligentes fortemente movidas a dados - que é o caso

de sistemas da área de Matemática, pois, à medida que novas entradas são

acrescidas pelo estudante (ou ao modelo de estudante), o comportamento do

sistema modifica-se (Ladeira e Viccari, 1996).

As regras de produção são divididas em categorias, baseadas no contexto

em que se encontra o diálogo sistema-estudante. O assistente disponibiliza ao

estudante, basicamente, a fórmula, um exemplo, uma dica, uma sugestão para

criação de um gráfico, ajuda através da solução passo a passo, e, finalmente se

tudo falhar, apresenta os passos juntos com a solução do exercício16.

Para variação do diálogo estudante-assistente, o sistema não exibe o mesmo

recurso mais de uma vez durante a resolução de um exercício. Por exemplo: o

sistema exibe só uma vez a fórmula ou procedimento que resolve um dado problema

durante o diálogo, entretanto o aluno pode pedir quantas vezes desejar tal auxílio

através de um comando específico (fórmula).

No caso da constatação do conhecimento da fórmula ou procedimento para

resolução do exercício por parte do aluno durante o processo de resolução, o

assistente tenta identificar a parte correta na entrada do estudante e procura

determinar, dentro dos limites da base de conhecimento, a necessidade do

16 Neste caso, um novo exercício do mesmo assunto, tipo e nível é apresentado em seguida ao estudante.

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70

estudante e, de acordo com a análise efetuada, determina o tipo de assistência a ser

fornecida ao estudante.

Como exemplo pode-se apresentar a seguinte regra simplificada e o fato

(texto) a ser exibido ao aluno no caso da ocorrência do bug em que o aluno esquece

de colocar parênteses ao redor do produto 2*a da fórmula que permite calcular a

coordenada x do vértice através da razão −b/(2*a):

Regra:

Se ocorreu Bug tipo X

Então

Se ocorrência N do Bug tipo X for maior que um

Então exibir Texto da Incidência N do Bug tipo X

Senão exibir Texto do Bug tipo X

Exibir Ação

Texto do Bug tipo X:

"Você esqueceu de colocar parênteses ao redor de 2*a." <Ação>

Texto da Incidência N do Bug tipo X, caso N seja maior que um:

"Você esqueceu de colocar parênteses ao redor de 2*a, esta é a Nª vez."

<Ação>

A Ação depende das circunstâncias em que o bug ocorre.

Exemplificando-se com um exercício da base do domínio que está

relacionado a uma aplicação na própria Matemática - determinação de máximos e

mínimos da Função Quadrática - e lucro de produção industrial:

"Um fabricante produz semanalmente x unidades de um determinado artigo.

Sabendo que o lucro da venda das x unidades é determinado pela expressão L(x) =

−4x²+32x−8, determine o número x de unidades que fornece lucro semanal máximo."

Para resolver esse exercício o aluno deve encontrar o valor do x do vértice da

parábola de equação L(x) = −4x²+32x−8, calculado por −b/(2*a), com a=−4 e b=32. O

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estudante após identificar como resolver o problema deve entrar (por exemplo) com

a expressão −32/(2*(−4)). Supondo que o estudante entre com a expressão

−32/2*(−4), o sistema vai identificar que o aluno:

a) aplicou a fórmula que resolve o exercício de maneira incorreta;

b) identificou e aplicou corretamente o valor de b;

c) identificou e aplicou corretamente o valor de a;

d) cometeu o bug "esquecer parênteses ao redor de 2*a".

Os itens de (a) até (d) são na verdade algumas regras que formam o módulo do

domínio. No caso do bug detectado no item (d), o sistema "avisa" o módulo tutorial

que o bug ocorreu e este módulo "monta" a mensagem a ser enviada ao aluno, de

acordo com o conhecimento que armazena e os parâmetros atuais do sistema. O

sistema então notifica o aluno do erro e sugere alguma ação a ser tomada pelo

estudante ou o próprio sistema toma alguma atitude, dependendo do caso. Supondo

o exemplo anterior, quando o aluno cometer esse erro pela primeira vez o sistema

informará:

"Você esqueceu de colocar parênteses ao redor de 2*(−4), Coloque-os."

Na segunda vez em que o aluno cometer esse mesmo erro o sistema informa:

"Você esqueceu de colocar parênteses ao redor de 2*(−4), esta é a 2ª vez.

Observe que −32/(2*(−4)) é igual a 4 e que −32/2*(−4) é igual a 64, tente outra vez."

Quanto ao número de regras de produção, estão presentes no protótipo

assistente, entre regras tutoriais e regras que formam os exercícios do domínio e

identificação de bugs, quarenta e duas regras (incluindo as regras auxiliares

anteriormente descritas). Tais regras são utilizadas de acordo com as informações

contidas no modelo do estudante descrito a seguir.

4.1.3 Modelo do Estudante

O modelo do estudante é formado por parâmetros quantitativos que

classificam o nível do aluno em iniciante, intermediário ou avançado, de acordo com

os recursos de ajuda utilizados pelo aluno, bem como os erros cometidos durante a

resolução de exercícios e intervenções do assistente.

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72

A escolha desse tipo de modelo de aluno foi feita por duas razões: a primeira

deve-se ao fato da simplicidade de implementação e a segunda por existirem

implementações que conseguiram resultados favoráveis utilizando um modelo de

aluno desse tipo, por exemplo, Schuck (2001) e seu assistente inteligente Matfin.

Para a determinação do desempenho do aluno foi definida, pelo autor desta

dissertação, a função de duas variáveis D=f(α, β), com α, β inteiros maiores ou

iguais a zero. Sendo α o somatório dos bugs cometidos pelo aluno e β o somatório

das ajudas, dicas, exemplos, intervenções do assistente, etc.

A determinação do valor desempenho percentual D, tal que 0 < D ≤ 100% é

calculada por

( )βα 32101

1

100

++=D (%) (4.1)

Assume-se na equação (4.1) que o custo de um bug é 2/3 de uma ajuda, dica

ou pedido de um exemplo. O pressuposto do especialista do domínio - através de

sua experiência profissional - é que o aluno está bem mais próximo da solução do

problema no caso de um bug definido no módulo do domínio.

Para o sistema, o aluno só pode ser estereotipado como: iniciante, se D é

maior ou igual a zero e menor que 33% ou 2α+3β≥20; intermediário, se D é maior ou

igual a 33% e menor que 67%; avançado, se D é maior ou igual a 67% e menor ou

igual ao 100%. Na verdade o aluno não é informado da sua nota ou desempenho.

Esses três estereótipos servem como base para a escolha da próxima atividade do

aluno (próximo exercício a ser apresentado) pelo sistema da seguinte maneira:

- Se o aluno é iniciante então o sistema apresenta um exercício no mesmo

nível do exercício anterior;

- Se o aluno é intermediário então o sistema fornece a opção de além de

um exercício do mesmo nível, optar por fazer um exercício de nível

imediatamente mais complexo do que o exercício anterior;

- Se o aluno é avançado então o sistema apresenta um exercício de nível

imediatamente mais complexo ao exercício anterior.

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73

02

46

810

1214

1618

20

0

3

6

9

12

1518

0

33

67

100

Des

empe

nho

do A

luno

(%)

Alfa

Beta

αααα ββββ

Convém lembrar que o modelo do estudante é dinâmico e durante uma

sessão um aluno pode variar entre os três estereótipos, de maneira análoga às

variações das complexidades dos exercícios propostos.

A Figura 4.6 apresenta alguns valores do desempenho do aluno D, de acordo

com a variação dos parâmetros α e β.

Figura 4.6: Valores do desempenho D do aluno em função de α e β.

A possibilidade de um aluno intermediário ter a opção de escolha entre um

exercício do mesmo nível ou um exercício de nível um pouco mais complexo ao

exercício que acabou de concluir é justificada pelo fato de um aluno desse nível

estar a meio caminho de um aluno classificado de avançado, este possivelmente

classificaria como banal a repetição de um exercício de mesmo nível que aquele que

acabasse de concluir. Por outro lado, um aluno iniciante não estaria preparado para

tentar resolver um exercício de nível um pouco mais complexo ao exercício que

acabou de concluir.

A Figura 4.7 destaca as regiões dos três estereótipos de aluno no gráfico do

desempenho D em função dos parâmetros α e β.

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Figura 4.7: Regiões dos estereótipos de aluno em função do desempenho.

4.1.4 Interface com o Estudante

A interatividade é indubitavelmente a real força e a peça central da instrução

personalizada necessária a sistemas tutores inteligentes. Estes devem ser capazes

de ajudar estudantes na tarefa de resolução de problemas complexos, o que requer

interfaces homem-máquina extremamente flexíveis (Burns et al., 1990).

As interfaces afetam dois aspectos de sistemas tutores inteligentes, segundo

Miller (1988): (i) elas determinam a maneira como os estudantes interagem com o

assistente - uma interface bem elaborada permite ao assistente apresentar o

material instrucional e o feedback para o estudante de forma clara e direta; (ii) elas

determinam a maneira como os estudantes interagem com o domínio.

Na formulação da interface procurou-se facilitar o uso de clara e segura.

Devido à natureza geométrica das Seções Cônicas deu-se ênfase à parte gráfica.

São explorados três tipos de gráficos que podem ser utilizados de forma interativa: o

cartesiano, o das seções cônicas propriamente ditas e o gráfico da construção

02

46

810

1214

1618

2002

46

810

1214

1618

20

0

33

67

100D

esem

pen

ho

do

Alu

no

(%

)

Alfa

Beta

67-100

33-67

0-33

αααα ββββ

Legenda:

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75

geométrica de cônicas. Também explora-se o uso do hipertexto que permite

incorporação de gifs animados, figuras, links, formatação de texto, etc.

A janela principal da interface do assistente (Figura 4.8) é dividida em duas

partes que podem ser redimensionadas conforme às necessidades do aluno.

Figura 4.8: Tela Principal do Assistente Inteligente.

A parte principal encontra-se do lado esquerda e é subdividida em três partes:

- a parte superior é destinada à apresentação do enunciado do exercício

proposto expresso sob a forma textual - as figuras ou gráficos devem ser

criados ou explorados pelo aluno,

- a parte central é destinada ao diálogo entre o estudante e o assistente -

este é o elemento principal de diálogo do sistema com o estudante;

- a parte inferior está localizado o campo de entrada destinado ao envio da

mensagem do estudante ao sistema;

A outra parte da interface, localizada à direita, tem por objetivo apoio ao

usuário e é subdividida em duas partes:

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- a superior utiliza recursos de hipertexto e é destinada à apresentação de

dicas, exemplos e conceitos;

- a parte inferior é destinada a apresentação de sugestões para o aluno de

como utilizar alguns recursos dos sistema na atividade em curso.

Quanto à utilização de hipertextos, conforme afirma Schuck (2001), é possível

a exploração de diferentes formas de representação do conhecimento além de

permitir-se a navegação pelo domínio de maneira a explorá-lo de forma dinâmica e

com controle no aspecto pedagógico.

Utiliza-se, também, na janela principal do assistente o recurso tradicional de

menu, composto pelos itens:

- Arquivo através do qual pode-se cadastrar novos alunos, salvar, carregar

ou imprimir uma sessão do aluno para a posterior análise do professor ou

do próprio aluno, por exemplo;

- Gráficos no qual o aluno pode usar os tipos de gráficos disponíveis para

compreensão de conceitos e auxílio direto na resolução dos exercícios;

- Opções no qual o aluno pode formatar fontes, por exemplo;

- Ajuda no qual o aluno pode obter informações da forma de utilização do

assistente (cadastro, tipos de estratégias, comandos disponíveis, etc.),

bem como as limitações do assistente.

Da interface com o usuário ainda podem ser destacadas três janelas que

representam o importante recurso de interação gráfica exigidos pelo domínio: a

primeira permite a visualização das seções cônicas a partir de um cone interceptado

por um plano - a manipulação dessa janela permite perceber o porquê do nome

Seções Cônicas (Figura 4.9a), bem como a ocorrência do que se chama Cônica

Degenerada - no caso a degeneração de uma parábola em reta (Figura 4.9b).

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(a) (b) Figura 4.9: Janelas com gráficos das seções de um cone.

A segunda janela permite a visualização das propriedades das seções cônicas, bem

como a construção geométrica das mesmas a partir de tais propriedades (Figura

4.10).

Figura 4.10: Janela para criação do gráfico de construção geométrica de cônicas.

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A terceira e última janela permite a criação do gráfico cartesiano de uma cônica - o

que possibilita o esclarecimento na resolução de exercícios (de manipulação ou

aplicação) ou para a determinação e melhor compreensão de elementos importantes

de uma cônica como coordenadas de focos e vértices, a concavidade, diretriz,

assíntotas, etc. (Figura 4.11).

Figura 4.11: Janela para construção de gráfico cartesiano.

Para construção de tais gráficos há duas possibilidades de uso: uma sob a

configuração dos componentes dessas janelas e indicação do assistente para os

parâmetros a serem utilizados pelo aluno, dependendo da atividade em curso; outra

de forma não controlada, ou seja, o aluno pode acessar os três tipos de gráficos

através do menu Gráficos.

4.1.5 Módulo de Controle

O módulo de controle efetua o fluxo de informações entre os módulos que

formam o assistente e também coordena o funcionamento geral do sistema desde a

identificação do estudante até o encerramento do mesmo.

O Módulo de Controle, na realidade, funciona como um articulador e

coordenador dos demais módulos, com a finalidade de garantir um sincronismo

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adequado entre todos os elementos constituintes de um STI na comunicação com o

estudante, sincronismo este denominado por Giraffa (1999) de "coreografia". Esse

módulo é um elemento de suma importância na interação do sistema com o aluno

através da interface. O ciclo de execução desse módulo é ilustrado na Figura 4.12

através de um diagrama de blocos. Esse ciclo de execução ou algoritmo do módulo

de controle é o seguinte:

Figura 4.12: O ciclo do Módulo de Controle

- Ao iniciar o sistema o aluno cadastrado deve identificar-se e o módulo de

controle verifica a validade do mesmo no sistema. Caso o usuário não

esteja cadastrado o módulo de controle avisa-o que deve cadastrar-se e

cria um modelo de aluno inicial na ocasião do cadastramento. Após o

estudante ser devidamente identificado, o módulo de controle carrega o

modelo do aluno e em função dos parâmetros desse modelo escolhe o

Identificação do Estudante

Carregamento do Modelo do Estudante

Seleção de Exercício

Apresentação do Exercício ao Estudante

Recepção da Ação do Estudante

Mapeamento da Ação do Estudante

Escolha da Assistência ao Estudante Resposta incorreta

Resposta correta

Apresentação da Assistência ao Estudante

Atualização do Modelo do Estudante

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exercício do módulo do domínio, bem como as sugestões iniciais, a serem

apresentados, e os apresenta ao aluno através da interface. Finalmente, o

módulo de controle fica aguardando a entrada do aluno (que é na

realidade o fato Ação do Aluno) até que essa ação seja cometida;

- quando o aluno envia a atividade ao sistema o módulo de controle mapeia

tal atividade utilizando as regras e fatos do módulo do domínio e atualiza o

modelo do aluno. Neste ponto o sistema pode deparar-se com duas

situações: (i) caso a entrada seja igual a resposta definida no módulo do

domínio pelo especialista (resposta esperada), um novo exercício é

escolhido e o ciclo de assistência se repete. (ii) caso o aluno necessite de

assistência (a entrada não é igual a resposta definida no módulo do

domínio pelo especialista) o módulo do controle envia a análise da

atividade efetuada com base no conhecimento do domínio para o módulo

tutorial, sendo neste último efetuada a escolha do tipo de assistência a ser

apresentada ao aluno de acordo com os fatos e regras tutorias

adequadas. O módulo de controle efetua a assistência selecionada e,

novamente, fica aguardando a entrada do aluno até que o aluno cometa

essa ação e

- o ciclo de assistência se repete, se necessário.

4.2 Implementação do Assistente

Um dos objetivos desta dissertação é que o produto final, ou seja, o

assistente inteligente, seja disponibilizado para escolas da Rede Pública de ensino.

Para tanto optou-se pela linguagem não-proprietária17 Java da Sun Microsystems.

Um ponto relevante foi a verificação da grande quantidade de código fonte livre18 na

área de Matemática desse ambiente de programação. Essa verificação foi realizada

durante a análise de sites relativos ao ensino das Cônicas e da Matemática: códigos

17 Em computação diz-se que uma tecnologia é proprietária quando ela não é baseada em padrões, sendo desenvolvida apenas por um único fabricante. 18 Código fonte é a versão de um programa na linguagem de programação na qual o mesmo foi escrito. A disponibil idade do código fonte permite que um programador modifique o programa. Em softwares l ivres o acesso ao código fonte é irrestrito de maneira que os usuários possuem a liberdade de executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software.

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esses de Computação Simbólica, Gráfica e Numérica – as três formas necessárias

para o ensino das Cônicas através de um ambiente computacional. Tal

disponibilidade de códigos agilizou a implementação do protótipo do assistente.

Uma dificuldade encontrada, inicialmente, durante a implementação do

protótipo foi a criação das janelas da interface do assistente com o usuário

(estudante): embora as janelas tenham sido modeladas, a criação das mesmas

através do SDK19 do ambiente Java da Sun consistiu-se em uma tarefa árdua.

Verificou-se na prática a afirmação de Burns et al. (1990) que não é difícil planejar

uma interface “inteligente” homem-máquina para um STI que satisfaça a

interatividade desejada, entretanto é muito difícil produzi-la. Optou-se pela

ferramenta Forte que permite elaborar janelas com elementos do ambiente Java.

Forte na realidade é um ambiente visual de programação que facilitou a criação das

janelas permitindo o posicionamento adequado dos elementos constituintes dessas

janelas (botões, menus, campos de edição e hipertexto, gráfico cartesiano, etc.) e

criação da funcionalidade desses elementos em um tempo de programação (bem)

menor do que o ambiente SDK necessitaria.

A máquina de inferência adotada foi a da ferramenta JESS, que já foi

discutida na seção 4.1.1.1. Para salvar as informações pertinentes aos usuários,

exercícios, estratégias foram utilizados arquivos texto (.dat) e arquivos html, devido à

simplicidade de implementação e compatibilidade com os ambientes JESS e Java.

Para a comunicação entre os elementos na implementação do ambiente

procurou-se isolar ao máximo os elementos adotados, conforme ilustrado na Figura

4.13

Figura 4.13: Comunicação e Funções dos Ambientes da implementação do Assistente.

19 SDK é a sigla para Software Development Kit, ou seja, um conjunto de aplicativos para desenvolvimento de software.

Java

Interface

Controle

JESS

Motor de Inferência

Arquivos: html e dat Modelo do Estudante

Domínio

Estratégias de Ensino

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Tal sistemática possui três objetivos: i) facilitar ao máximo a possibilidade de

alteração/ampliação dos módulos constituintes do assistente, como o domínio,

estratégias de ensino, recursos gráficos, etc.; ii) permitir a substituição de um

componente por outro equivalente, como exemplos substituir o conjunto de arquivos

.dat por um banco de dados ou mesmo substituir o ambiente JESS por outro

equivalente; iii) possibilidade da inclusão de novos elementos no assistente, como

exemplos podem ser citados um ambiente visual para edição de exercícios,

estratégias de ensino, criação de hipertexto, etc. e um componente que permita a

comunicação através de recursos sonoros.

Para entender essa comunicação apresenta-se no anexo 1 um exemplo de

coreografia do assistente, desde o cadastramento do aluno. Na realidade, o exemplo

procura explicar como ocorre o ciclo ilustrado na Figura 4.10 e ao mesmo tempo a

comunicação ilustrada na Figura 4.11.

4.3 Validação do Protótipo do Assistente

Para avaliar o potencial do protótipo do assistente proposto, após a

implementação do mesmo, foi realizada uma oficina intitulada “Um Assistente

Inteligente para o Ensino das Seções Cônicas". Essa oficina ocorreu no prédio P5

da UENF, em uma das salas de informática do LCMAT – Laboratório de Ciências

Matemáticas.

Participaram da oficina, através de convite, onze potenciais candidatos a

usuários do sistema – seja para fim de estudos, ou para utilização na prática

docente. Desses onze participantes três eram alunos do último período do Curso de

Licenciatura em Matemática da UENF; sete eram professores de Matemática do

Ensino Médio20, sendo dois desses professores mestrandos do Laboratório de

Engenharia de Produção da UENF. A opção por professores e não por alunos

(usuários finais) deve-se ao fato do atual estágio de implementação do assistente:

verificar se as hipóteses do trabalho são confirmadas pelo uso do protótipo por

profissionais da área, antes da implementação total do sistema e avaliação pelos

usuários finais.

20 Foram convidados professores de Matemática do Ensino Médio que completaram os cursos Informática Básica I e II do Programa de Educação Continuada da UENF. Sendo o autor desta dissertação professor desses cursos desde julho de 1999.

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A oficina constitui-se de duas partes:

- Na primeira parte o autor desta dissertação e responsável pela oficina

apresentou ao grupo o objetivo do encontro. Em seguida foi realizada uma

sucinta apresentação sobre IA aplicada à educação – neste caso foram

trabalhados exemplos simples com as ferramentas JESS e CLIPS

(exemplos de árvore de aprendizagem, criação/utilização de regras e

fatos) para que o grupo fosse contextualizado ou entendesse de que forma

a IA estava presente ou era utilizada no Assistente que iriam avaliar.

- Na segunda parte, preliminarmente, foi apresentado o assistente e como

utilizar alguns elementos do mesmo (cadastramento de alunos, utilização

dos diferentes recursos gráficos, recursos de ajuda do sistema, entrada

permitidas no sistema, etc.). Neste ponto deu-se ênfase à necessidade

dos três tipos de gráficos disponíveis no assistente e às formas de

utilização permissíveis. Após essa explanação, os participantes da oficina

utilizaram o sistema e em seguida o protótipo foi avaliado através de um

questionário21 aplicado, cuja análise de resultados é descrita a seguir.

Após a análise do assistente inteligente e do preenchimento dos

questionários, os onze participantes foram unânimes em afirmar que:

- A utilização do assistente é adequada às atividades que foram propostas;

- A utilização dos recursos gráficos (cartesiano, seções e construções

geométricas) disponibilizados pelo assistente é adequada para esse tópico

da Matemática e contribuiria para a melhoria de seu ensino;

- Os recursos de ajuda, exemplos, dicas, hipertexto e de "diálogo"

disponibilizados pelo assistente são adequados e auxiliam o aluno durante

o desenvolvimento das atividades propostas.

21 O questionário uti l izado no experimento com o protótipo encontra-se no anexo 2. Para a elaboração desse questionário foram seguidos alguns dos princípios apresentados e discutidos por (Bessegato e Medeiros, 2000).

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Tal resultado indica que a arquitetura proposta e sua implementação - em

termos dos módulos - verificou-se satisfatória e os objetivos específicos foram

alcançados.

Como já afirmado, para o usuário a interface é o próprio sistema. Neste

aspecto dos onze participantes da oficina quando questionados "De uma maneira

geral, a classificação da forma como os conteúdos e recursos são disponibilizados

na interface do assistente é:", seis participantes classificaram como "Muito boa"

(máximo valor do critério de avaliação) e cinco participantes como "Boa" (o segundo

maior valor do critério de avaliação) indicam que, apesar da satisfação do usuário, a

interface pode ser melhorada e que a afirmação de Burns et al. (1990) verificada na

revisão bibliográfica da dificuldade da produção da interface de um STI que possua

uma interatividade adequada às necessidades do usuário é realmente tarefa árdua.

Quando questionados acerca do conhecimento da existência de software

específico para o ensino das cônicas, apenas dois dos onze participantes da oficina

disseram conhecer algum e foi citado o Cabri Geometre. Na verdade este software

permite o ensino de Cônicas, mas não é um software específico para esse fim e não

permite ensinar todo o domínio proposto - o que novamente comprovou a

necessidade de um software específico para esse tópico.

Um ponto chave deste trabalho seria verificar se o assistente inteligente

proposto prestar-se-ia como uma ferramenta auxiliar para o ensino das seções

cônicas. Neste caso, quando questionados se a utilização do assistente inteligente

para o ensino de cônicas auxiliaria a sua prática docente, os onze participantes da

oficina responderam afirmativamente. Podem ser destacados dois comentários de

professores, nessa linha de raciocínio:

"...Certamente será muito útil como instrumento facilitador de aprendizagem."

"Oferecer um novo curso e disponib ilizar, após o programa estar totalmente

implementado."

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Esses comentários, aliados ao resultado geral da oficina para validação,

mesmo que parcial do assistente, indicam que o objetivo geral do trabalho aqui

realizado foi cumprido, restando ampliar ou completar o domínio do assistente

proposto.

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Capítulo 5 - Conclusões e Perspectivas

5 Conclusões e Perspectivas

O trabalho realizado reuniu conhecimentos na área de Inteligência Artificial e

Educação Matemática com a finalidade de implementar um sistema computacional.

A finalidade de tal sistema é que o mesmo haja como um assistente inteligente. O

sistema visa auxiliar o trabalho docente de professores do Ensino Médio de

Matemática quanto a um tópico da Geometria Analítica – As Seções Cônicas.

O sistema funciona a partir da oferta de exercícios ao estudante. O aluno na

busca da solução desses exercícios é levado à descoberta dos recursos disponíveis

no sistema, bem como à busca dos conceitos matemáticos que envolvem essa

solução.

A pesquisa preliminar desenvolvida sobre os recursos disponíveis para a

Educação Matemática (livros, software e sites), sendo identificados pontos negativos

e positivos desses recursos, aliada ao estudo da forma de estruturação de

conteúdos para o ensino de Matemática (conceitos, exemplos, exercícios e bugs) foi

de suma importância para a concretização da proposta deste trabalho. Verificou-se a

necessidade de dividir os exercícios propostos aos estudantes pelo sistema em duas

partes ou categorias: uma com exercícios relacionados à manipulação algébrica e a

outra com exercícios de aplicação dentro da própria Matemática ou em outras

disciplinas como a Física, Química ou Biologia - visto que a maior deficiência do livro

didático brasileiro do Ensino Médio, revelada pela análise dos mesmos (Lima, 2001),

é a falta de exemplos e exercícios de aplicação, o que não está de acordo com as

recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais brasileiros (PCNs).

Verificou-se também a necessidade da construção de um catálogo de bugs

(conhecimento acerca de alguns erros típicos cometidos pelos estudantes no ensino

das Seções Cônicas) para um bom funcionamento do sistema.

A análise das ferramentas CAS permitiu elaborar os três tipos de gráficos

necessários na formulação do sistema. Já a análise de sites permitiu identificar

algumas das características da interface, como a interatividade permitida pelo

hipertexto e applets, por exemplo.

Na implementação do sistema optou-se pela linguagem Java, por ser uma

solução não-proprietária e, também, por apresentar uma grande quantidade de

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códigos fonte livres em matemática (gráficos, manipulação algébrica, animações,

parser, etc.), tal conclusão surgiu a partir da pesquisa preliminar realizada do sites

que envolvem as Seções Cônicas. A opção por essa linguagem indicou,

conseqüentemente, a utilização da ferramenta JESS, visto que esta apresenta

compatibilidade satisfatória com o ambiente Java diante das necessidades exigidas

pelo sistema proposto. Inicialmente estudou-se o ambiente CLIPS, entretanto,

embora a quantidade de documentação para o usuário e manuais desse ambiente

seja em número bem maior que a do ambiente JESS, a compatibilidade com o Java

verificou-se um caminho árduo - o que indicou a busca de um ambiente com maior

compatibilidade com a linguagem Java (neste caso o JESS).

Quanto às dificuldades encontradas do desenvolvimento da proposta, pode

ser destacado o atual estado da arte em IA, principalmente quanto à dificuldade de

modelagem dos aprendizes. Na realidade a maior dificuldade deste trabalho reside

no fato de apesar de existirem e serem conhecidos recursos que possam ser

apresentados ao aluno durante o processo de assistência, a determinação do

momento em que o aluno necessita desse recurso (diagnóstico das necessidades de

assistência ao aluno em uma dada situação) é o ponto mais fraco do sistema

planejado.

Outro ponto de destaque é a dificuldade de obter-se uma coreografia

adequada na assistência. Quanto a esse ponto citam Burns et al. (1990): "It is

difficult to separate the dancer from the dance." (p. 2). Essa dificuldade ocorreu

neste trabalho, em parte, porque embora o ambiente JESS seja escrito em

linguagem Java, houve a necessidade de serem pesquisadas formas de solução

para a comunicação adequada entre esses dois ambientes, visto que o JESS foi

projetado para a criação de Sistemas Especialistas e não para Assistentes

Inteligentes, ou seja, foi feita uma adaptação.

Apesar das dificuldades encontradas, podem ser citadas as seguintes

contribuições: a primeira é a criação de um software específico para o ensino das

cônicas, visto que há uma grande dificuldade em encontrar software para o ensino

desse importante tópico da Matemática, estimulando assim seu ensino e

aprendizado; a segunda contribuição é elaboração de um assistente para o

professor que pode facilitar sua prática docente sob as circunstâncias que envolvem

uma turma com número elevado de alunos (que em alguns casos chega a sessenta

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alunos), essa assistência ocorre principalmente quanto ao número de pré-requisitos

que esse tópico envolve e pelo possibilidade da individualização do ensino, mesmo

que com limitações, permitida pelos Sistema Tutores Inteligentes.

Além dessas duas contribuições pode-se assumir uma mencionada por

Ramos (1996) com relação a produção de Sistemas Tutores Inteligentes: aqueles

que aprendem com essas aplicações, na realidade, são os seus construtores

(principalmente pelas limitações presentes no estado da arte sobre o assunto).

Experimentou-se na prática que a oportunidade da experiência e da ânsia sentida na

sistematização do conhecimento proporcionada pela construção de um assistente

inteligente, sem dúvida, é o maior valor para quem o desenvolve segundo Ramos

(1996) - no caso específico o professor de Matemática autor deste trabalho. Da

pesquisa dos recursos disponíveis para o ensino de Matemática aos resultados que

tais recursos proporcionam, passando por suas limitações e formas de utilização,

permite-se confirmar que professor é aquele que deve aprender, e muitas vezes

reaprender, antes de ensinar.

Como sugestões para trabalhos futuros são indicadas a substituição do

conjunto de arquivos dat por um banco de dados, permitindo-se dessa maneira

segurança na utilização com alunos, consulta numa base de dados, etc. Outro ponto

seria pesquisar maneiras de melhorar a disposição dos recursos do sistema na

interface, visto que a avaliação inicial, realizada por professores, indica que a

interface exige melhorias quanto à apresentação dos recursos de auxílio existentes

no assistente aos estudantes. Também, criar um ambiente visual para a edição e

ampliação dos módulos que formam o assistente inteligente, para que professores

possam adequar o sistema às suas necessidades e que possa concluir-se o sistema

para que o mesmo seja validado com estudantes.

Quanto à identificação dos erros cometidos pelos estudantes, deve-se refinar

a detecção dos mesmos e o diálogo do assistente com o estudante - visto que no

protótipo desenvolvido estes dois aspectos estão relativamente limitados, devido à

questão do tempo disponível e que sempre é possível melhorar esse diálogo,

mesmo fora de um assistente inteligente. Também podem ser pesquisadas formas

para ampliação do catálogo de bugs pelo sistema, visto que o catálogo é pré-

definido no sistema e a modelagem do aluno é realizada através desse catálogo. E,

finalmente, a utilização de um modelo de aluno que não seja do tipo estereótipo -

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visto que este é o componente mais fraco do sistema, e que tem sido o calcanhar de

Aquiles de inúmeros projetos de Sistemas Tutores Inteligentes.

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Anexo 1: Exemplo de coreografia do assistente.

Passo Figura

Aluno Inicia o sistema -

Assistente Pergunta o login do aluno

(como o aluno não está cadastrado, deve cadastra-se).

(Java)

Aluno Fornece o login que deseja usar no sistema (Luiz) e confirma seu cadastramento.

Assistente O cadastramento ocorre, um modelo de aluno inicial é criado e o sistema pede que o aluno inicie a sessão.

(Java)

Aluno Inicia a sessão através do comando iniciar.

Assistente Seleciona um exercício (de acordo com o modelo de aluno), apresenta-o ao aluno e pede que o mesmo leia o enunciado e inicie a respectiva resolução; atualiza o modelo do aluno

Aluno O aluno pede a fórmula que resolve o exercício através do comando formula (sugestão que aparece na parte inferior da parte direita da janela principal do assistente).

Assistente Exibe a fórmula que resolve o problema e indica que a substituição deve ser feita. Ao mesmo tempo cria o fato (usou formula) e adiciona 1 ao valor de ββββ e calcula o desempenho parcial

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ββββ e calcula o desempenho parcial do aluno, atualiza também o modelo do aluno.

Aluno Tenta aplicar os valores de a e b à fórmula (mas comete um bug: trocar sinal de b).

Assistente Identifica a ocorrência do bug, indica ao aluno que o erro ocorreu e mostra a correção a ser feita. Ao mesmo tempo cria o fato (bug trocar sinal de b) e adiciona 1 ao valor de αααα e calcula o desempenho parcial do aluno, atualiza também o modelo do aluno e fica aguardando a próxima ação do aluno.

Aluno Tenta aplicar novamente os valores de a e b à fórmula (mas comete um bug: esquecer parênteses ao redor de 2*a).

Assistente Identifica a ocorrência do bug, indica ao aluno que o erro ocorreu e mostra a correção a ser feita. Ao mesmo tempo cria o fato (bug esquecer parênteses ao redor de 2*a) e adiciona 1 ao valor de αααα e calcula o desempenho parcial do aluno, atualiza também o modelo do aluno e fica aguardando a próxima ação do aluno.

Aluno O aluno pede um exemplo de solução de um exercício semelhante ao seu através do comando exemplo (sugestão que aparece na parte inferior da parte direita da janela principal do assistente).

Assistente Exibe um exemplo de solução de um exercício semelhante ao que o aluno está resolvendo. Ao mesmo tempo cria o fato (usou exemplo), adiciona 1 ao valor de ββββ e calcula o desempenho parcial do aluno, atualiza também o

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modelo do aluno.

Aluno O aluno deseja construir o gráfico cartesiano: utiliza o comando gxy.

Assistente 1) Exibe o texto contendo os valores dos parâmetros a, b e c a serem utilizados na criação do gráfico;

2) Configura a janela do gráfico cartesiano e a exibe;

Cria o fato (usou gxy), adiciona 1 ao valor de ββββ e calcula o desempenho parcial do aluno, atualiza também o modelo do aluno.

Aluno Utiliza a janela do gráfico

cartesiano e retorna a solução do exercício.

O aluno deseja mais dicas sobre o exercício: utiliza o comando dica.

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Assistente 1) Exibe um texto explicativo informando o procedimento que o estudante deve tomar;

Cria o fato (usou dica), adiciona 1 ao valor de ββββ e calcula o desempenho parcial do aluno, atualiza também o modelo do aluno.

2) Exibe um hipertexto contendo detalhes sobre a solução de um exercício semelhante ao que o estudante está resolvendo.

Aluno Fornece uma nova resposta ao

assistente (agora correta).

Assistente O sistema identifica a resposta

correta e informa ao estudante que o exercício foi resolvido corretamente.

O sistema atualiza o modelo do aluno para que um novo exercício seja selecionado na base do domínio, de acordo com o valor do desempenho do estudante, e o aluno é questionado pelo assistente pela continuidade da assistência.

Aluno Solicita a continuidade da assistência (um novo exercício é exibido) ou encerra o sistema.

-

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Anexo 2 : Questionário utilizado na avaliação do protótipo do assistente.

Prezados Professores

Este questionário é parte integrante do trabalho de uma Dissertação de Mestrado em Ciências de Engenharia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - Campos, RJ.

O objetivo deste instrumento é analisar o Assistente Inteligente para o Ensino das Cônicas em elaboração. Para esta tarefa é preciso de boa experiência docente e de estruturação dos erros mais comuns no aprendizado sobre cônicas.

A análise efetuada por você desse software, colega professor(a), é de grande importância. Desde já agradeço a sua colaboração. __________________________________________________________________ Identificação Nome (opcional):______________________________________________________

Escola(s): ___________________________________________________________

Grau de Formação: ___________________________________________________

Tempo de Prática Docente no Ensino Médio (anos):______________

Série(s) com a(s) qual(is) trabalha:

Ensino Médio 1ª ( ) 2ª ( ) 3ª ( )

Outra série ou nível:___________________________________________________ Data: ____/____/______.

QUESTIONÁRIO

Nas questões de 1 a 4, assinale com um X a opção que lhe convier: 1- Na escola em que você trabalha existe laboratório de informática disponível para utilização por alunos? A- Sim B- Não C- Boa D- Regular E- ficiente

2- Você costuma usar algum software de apoio na sua prática docente?

A- Sim B- Não C- Boa D- Regular E-eficiente

3- Você conhece algum tipo de software específico para o ensino das Cônicas?

A- Sim B- Não C- Boa D- Regular E- Deficie

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4- Seus alunos manifestam interesse por programas educacionais de Matemática?

A- Sim B- Não C- Boa D- Regular E- Deficie Após a análise do assistente para o ensino de Cônicas, nas questões de 5 a 9, assinale com um X a opção que lhe convier: 5- A utilização de um assistente inteligente é adequada para as atividades que foram propostas? A- Sim B- Não C- Não sei D- Regular E- Deficie 6- A utilização dos recursos gráficos (cartesiano, seções cônicas e construções) disponibilizados pelo assistente é adequada para esse tópico da Matemática? A- Sim B- Não C- Não sei D- Regular E- Deficie 7- Os recursos de ajuda, exemplos, dicas, hipertexto e o "diálogo" disponibilizados pelo assistente são adequados e auxiliam o aluno durante a atividade desenvolvida? A- Sim B- Não C- Não sei D- Regular E- Deficie 8- De uma maneira geral, a classificação da forma como os conteúdos e recursos são disponibilizados na interface do assistente é: � Muito boa � Boa � Mais ou menos � Ruim � Muito ruim 9- A utilização do assistente para o ensino de cônicas auxiliaria a sua prática docente? A- Sim B- Não C- Não sei D- Regular E- Deficie

10- Algum comentário ou sugestão que queira fazer? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________

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Anexo 3: Exemplos de regras de produção e funções do assistente.

;Pergunta o nome do aluno cadastrado (defrule initialize-0 (initial-fact) (test(= ?*login* 0)) => (load-facts "c:/Assistente/Alunos/alunos.dat") (printout t "Assistente > Qual é o nome que você utiliza no sistema? " crlf) (assert(entrada (read))) ) ;Carrega o arquivo 'alunoX.dat' (defrule initialize-1 ;(declare (salience 400)) (initial-fact) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (entrada ?x) (aluno nome ?Aluno_login) (test (= (str-compare (str-cat ?x) (str-cat ?Aluno_login)) 0) ) => (bind ?*nome_do_aluno* ?Aluno_login) (bind ?*login* 1) (assert (login sim)) (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/Ex/" ?*nome_do_aluno* "_temp.dat")) ) ;Aluno não cadastrado --> Cadastrar novo aluno: Pelo Java antes... (defrule initialize-2 (declare (salience -5)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (aluno nome ?Aluno_login) (entrada ?x) (test (<> (str-compare (str-cat ?x) (str-cat ?Aluno_login)) 0) ) (test(= ?*login* 0)) => (retract ?entrada) (if (= ?*acertou* 1) then (printout t "Assistente > Você deve digitar 'sim' ou 'nao'." crlf) else (printout t "Assistente > " ?x ". Este nome não está cadastrado no sistema. Vá no menu 'Arquivo/Cadastrar Aluno' ou forneça um nome devidamente cadastrado no sistema. Após efetuar o cadastro, para iniciar uma sessão vá no menu 'Arquivo/Iniciar Sessão', depois forneça seu nome e pressione 'Enter'." crlf) );if (assert(entrada (read))) )

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;Se "Carrega o arquivo 'alunoX.dat'" ao falhar --> cadastrar aluno. ;Carrega os arquivos 'dominio_Ex_X.dat' e 'estrategias_Ex_X.dat' (defrule initialize-3 (initial-fact) ;(exercicio ?tipo ?numero) (exercicio _tipo ?A _numero ?B); _introducao ?C _reposta_direta ?D _formula ?E _mostra_exemplo ?F _passo_a_passo ?G _grafico ?H _conceito ?I _aplicacao ?J _informacao_adicional ?K) => (bind ?*exercicio_tipo* ?A) (bind ?*exercicio_numero* ?B) (bind ?*_introducao* 0) (bind ?*_conceito* 0) (bind ?*_aplicacao* 0) (bind ?*_informacao_adicional* 0) (bind ?*_reposta_direta* 0) (bind ?*_formula* 0) (bind ?*_mostra_exemplo* 0) (bind ?*_passo_a_passo* 0) (bind ?*_graficoxy* 0) (bind ?*_grafico_s* 0) (bind ?*_dica* 0) ;Após carregar o modelo de aluno são carregados o domínio e as estratégias do mesmo. (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Exercicios/" ?*exercicio_tipo* "/dominio_Ex_" ?*exercicio_numero* ".dat")) (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Exercicios/" ?*exercicio_tipo* "/estrategias_Ex_" ?*exercicio_numero* ".dat")) ) (defrule pedido (declare (salience 1300)) (enunciado ?A ?B) => (bind ?*primeiro_exercicio* (+ ?*primeiro_exercicio* 1)) (if (= ?*primeiro_exercicio* 1) then (printout t (str-cat "Assistente > Olá " ?*nome_do_aluno* ", para começar digite 'iniciar' .") crlf) else (printout t (str-cat "Assistente > " ?*nome_do_aluno* ", leia o enunciado e digite algo para começar.") crlf) );if (assert(entrada(read))) ) (defrule pedido12 (declare (salience 1300)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&iniciar) => (retract ?entrada)

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(printout t (str-cat "Assistente > " ?*nome_do_aluno* ", leia o enunciado e digite algo para começar.") crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Verifica caso de entrada >>> meta <<< (defrule Passo_meta (declare (salience 110)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (entrada ?x) (meta ?mt) (test (= (str-compare (str-cat ?x) (str-cat ?mt)) 0) ) (texto_meta ?A) => (bind ?*acertou* 1) ;(bind ?*exercicio_numero* (+ ?*exercicio_numero* 1)) (retract ?entrada) (eval ?A);--->texto sobre a meta;(printout t ?A crlf) (retract *);--->Importantíssimo (bind ?A ?*exercicio_tipo*) (bind ?B ?*exercicio_numero*) (bind ?C ?*_introducao*) (bind ?D ?*_reposta_direta*) (bind ?E ?*_formula*) (bind ?F ?*_mostra_exemplo*) (bind ?G ?*_passo_a_passo*) (bind ?H ?*_graficoxy*) (bind ?I ?*_conceito*) (bind ?J ?*_aplicacao*) (bind ?K ?*_informacao_adicional*) (bind ?L ?*_grafico_s*) (bind ?M ?*_dica*) (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/" ?*nome_do_aluno* ".dat")) (assert (exercicio _tipo ?A _numero ?B _introducao ?C _reposta_direta ?D _formula ?E _mostra_exemplo ?F _passo_a_passo ?G _grafico ?H _conceito ?I _aplicacao ?J _informacao_adicional ?K)); _grafico_s ?L)) (save-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/" ?*nome_do_aluno* ".dat")) (retract *) ; Selecionar o próximo exercício (select_exercicio (exercicio _tipo ?*exercicio_tipo* _numero ?*exercicio_nivel* ?*exercicio_nivel*)) (bind ?* select_exercicio * (select_exercicio (exercicio _tipo ?*exercicio_tipo* _numero ?*exercicio_nivel* ?*exercicio_nivel*)) (save-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/Ex/" ?*nome_do_aluno* "_temp.dat")) ;Inicialização das variáveis (retract *) (set-reset-globals) (bind ?*_formula* 0) (bind ?*_mostra_exemplo* 0) (bind ?*_passo_a_passo* 0)

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(bind ?*_graficoxy* 0) (printout t "Assistente > Próximo exercício? ( 'sim' ou 'não' )" crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Verifica caso de entrada >>>Vazia<<< (defrule Passo_vazio (declare (salience 10000)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&{Vazio}) => (retract ?entrada) (printout t "Assistente > "?*nome_do_aluno*", você deve digitar algo antes de pressionar 'Enter'." crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Verifica caso de entrada >>> BUG <<< (defrule Passo_bug (declare (salience 100)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (entrada ?x) (bug ?bg) (texto_bug ?bg ?A) (texto_bug ?bg&:(eq ?x ?bg) ?A) => (retract ?entrada) (printout t ?A crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Verifica caso resposta direta (defrule Resposta_direta (declare (salience 150)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (entrada ?x) (reposta_direta ?rp) (test (= (str-compare (str-cat ?x) (str-cat ?rp)) 0) ) (texto_resposta_direta ?A) => (retract ?entrada) (if (= ?*passox* 0) then (eval ?A) else (if (>= ?*passox* 1) then (printout t "Assistente > Você já deu esse passo, é a " (+ 1 ?*passox*) "ª vez." crlf) ) ) (bind ?*passox* (+ ?*passox* 1)) (assert(entrada(read))) ) ;Mostra fórmula (defrule Passo_mostra_formula ;(declare (salience 10)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida)

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(not (exists (usou formula))) (entrada ?x) (bug ?bg) (reposta_direta ?rp) (and (entrada ?x&:(neq ?x ?bg)) (entrada ?x&:(neq ?x ?rp)) (entrada ?x&~sim) (entrada ?x&~nao)) (formula ?fr) => (retract ?entrada) (assert (usou formula)) (bind ?*_formula* (+ ?*_formula* 1)) (eval ?fr);--->texto sobre a fórmula/procedimento de resolver o exercício (assert(entrada(read))) ) ;Mostra Exemplo (defrule Passo_mostra_exemplo ;(declare (salience 25)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (entrada ?x) (exemplo ?ex) (exists (usou formula)) (not (usou exemplo)) (not (usou graficoxy)) => (retract ?entrada) (assert (usou exemplo)) (bind ?*_mostra_exemplo* (+ ?*_mostra_exemplo* 1)) (eval ?ex);--->texto sobre exemplo (assert(entrada(read))) ) ;Mostra Grafico (defrule mostra_grafico_Assistente ;(declare (salience 50)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida) (entrada ?x) (usou formula) (usou exemplo) (not (exists (usou graficoxy))) (texto_grafico ?A) => (retract ?entrada) (assert (usou graficoxy)) (bind ?*_graficoxy* (+ ?*_graficoxy* 1)) (printout t ?A crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Mostra Soluçao passo a passo (defrule passo-a-passo (declare (salience 2))

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?entrada <- (entrada ?entrada-lida) ?passo_a_passo <- (passo_a_passo ?A) (entrada ?x) (passo_a_passo ?B) (usou formula) (usou exemplo) (usou graficoxy) => (bind ?*acertou* 1) (retract ?entrada) (retract ?passo_a_passo) (printout t ?A crlf) (bind ?*_passo_a_passo* (+ ?*_passo_a_passo* 1)) (retract *);--->Importantíssimo (bind ?A ?*exercicio_tipo*) (bind ?B ?*exercicio_numero*) (bind ?C ?*_introducao*) (bind ?D ?*_reposta_direta*) (bind ?E ?*_formula*) (bind ?F ?*_mostra_exemplo*) (bind ?G ?*_passo_a_passo*) (bind ?H ?*_graficoxy*) (bind ?I ?*_conceito*) (bind ?J ?*_aplicacao*) (bind ?K ?*_informacao_adicional*) (bind ?L ?*_grafico_s*) (bind ?M ?*_dica*) (bind ?B-1 (- ?B 1)) (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/" ?*nome_do_aluno* ".dat")) (assert (exercicio _tipo ?A _numero ?B _introducao ?C _reposta_direta ?D _formula ?E _mostra_exemplo ?F _passo_a_passo ?G _grafico ?H _conceito ?I _aplicacao ?J _informacao_adicional ?K)); _grafico_s ?L)) (save-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/" ?*nome_do_aluno* ".dat")) (retract *) ; Selecionar o próximo exercício (select_exercicio (exercicio _tipo ?*exercicio_tipo* _numero ?*exercicio_nivel* ?*exercicio_nivel*)) (bind ?* select_exercicio * (select_exercicio (exercicio _tipo ?*exercicio_tipo* _numero ?*exercicio_nivel* ?*exercicio_nivel*)) (save-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/Ex/" ?*nome_do_aluno* "_temp.dat")) ;Inicialização das variáveis (retract *) (set-reset-globals) (bind ?*_formula* 0) (bind ?*_mostra_exemplo* 0) (bind ?*_passo_a_passo* 0) (bind ?*_graficoxy* 0) (printout t "Assistente > Próximo exercício? ( 'sim' ou 'não' )" crlf) (assert(entrada(read))) )

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;Mostra Grafico (defrule mostra_grafico (declare (salience 1000)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&gxy) (texto_grafico_0 ?A) => (retract ?entrada) (bind ?*_graficoxy* (+ ?*_graficoxy* 1)) (assert (usou graficoxy)) (printout t ?A crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Mostra Exemplo (defrule exemplos (declare (salience 1000)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&exemplo) (exemplo ?ex) => (retract ?entrada) (assert (usou exemplo)) (bind ?*_mostra_exemplo* (+ ?*_mostra_exemplo* 1)) (eval ?ex);--->texto sobre exemplo (bind ?aux (eval ?ex)) (printout t "Assistente >" ?aux crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Mostra dica.html (defrule dicas (declare (salience 1000)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&dica) => (retract ?entrada) (assert (usou dica)) (bind ?*_dica* (+ ?*_dica* 1)) (bind ?aux (eval ?dica));--->texto sobre a dica (printout t "Assistente >" ?aux crlf) (assert(entrada(read))) ) ;Mostra Grafico Secoes (defrule mostra_secoes (declare (salience 100)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&gs) (texto_gs ?gs) => (retract ?entrada) (bind ?*_grafico_s* (+ ?*_grafico_s* 1)) (bind ?aux (eval ?gs));--->texto sobre gráfico seções

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(printout t "Assistente > " ?aux crlf) (assert(entrada(read))) ) (defrule Proximo_sim (declare (salience 150)) ?entrada <- (entrada ?entrada-lida&sim) (test (= ?*acertou* 1)) => ;Inicialização de fatos (assert (login sim)) (bind ?*acertou* 0) (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Alunos/Ex/" ?*nome_do_aluno* "_temp.dat")) ;Após carregar o modelo de aluno são carregados o domínio e as estratégias do mesmo. (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Exercicios/" ?*exercicio_tipo* "/dominio_Ex_" ?*exercicio_numero* ".dat")) (load-facts (str-cat "c:/Assistente/Exercicios/" ?*exercicio_tipo* "/estrategias_Ex_" ?*exercicio_numero* ".dat")) ;(facts) ) (deffunction desempenho (?alfa ?beta) "Retorna o desempenho do aluno -> D = 100/(1 + gama/10) [%]" "gama = 2*alfa + 3*beta" "alfa = somatorio dos bugs ; beta = somatorio das ajudas +somatorio das dicas" (bind ?gama (+ (* 2 ?alfa) (* 3 ?beta)) ;(printout t "O desempeho do aluno foi de : " (/ 100 (+ 1 (/ ?gama 10))) "%" crlf) (return (/ 100 (+ 1 (/ ?gama 10)))) ) (deffunction verifica_a (?X ?A) "Pega o indice de a em ?X" (bind ?aux (str-index ?X ?A)) ;(if (= (str-compare ?aux "FALSE") 0) then (printout t "Nao esta presente." crlf) ; else (printout t "a posicao e: " ?aux crlf) ) ) (deffunction indice (?A ?X) "Pega o indice de a em ?X" (bind ?aux (str-index ?A ?X)) (if (= (str-compare ?aux FALSE) 0) then (return 0) ;(printout t "Nao esta presente." crlf) else ?aux;(printout t "a posicao e: " ?aux crlf) ) )

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(deffunction tamanho_coef (?X) "Pega o tamanho do coeficiente ?X" (return (str-length ?X)) ) (deffunction comuta_a_op_b (?a ?op ?b) "Constroi a forma b_op_a a partir da forma a_op_b" (if (= (str-compare (sub-string 1 1 ?a) -) 0) then (bind ?a (str-cat "{" ?a "}"))) (if (or (= (str-compare ?op *) 0) (= (str-compare ?op +) 0)) then (return (str-cat ?b ?op ?a)) else (if (= (str-compare ?op -) 0) then (return (str-cat ?op ?b + ?a)) ) ) ) (deffunction verifica_b_xv (?b_correto ?XV);XV é a entrada do aluno "Verifica se b está em ?X" (bind ?indiceDIV (indice / ?XV)) (bind ?tam_b_correto (tamanho_coef ?b_correto)) (bind ?prim_caraca_b_correto (sub-string 1 1 ?b_correto)) (if (> ?indiceDIV 0) then (if (not (= (str-compare ?prim_caraca_b_correto "-") 0)) then (bind ?b_correto_aux (str-cat "-" ?b_correto)) else (bind ?b_correto_aux (sub-string 2 ?tam_b_correto ?b_correto)) ) (bind ?prim_caraca_XV (sub-string 1 1 ?XV)) (bind ?b (sub-string 1 (- ?indiceDIV 1) ?XV)) (bind ?bss (sub-string 2 (- ?indiceDIV 1) ?XV)) (if (and (not (= (str-compare ?prim_caraca_b_correto "-") 0)) (> ?indiceDIV 0)) then (if (and (not (= (str-compare ?prim_caraca_XV ?prim_caraca_b_correto) 0)) (= (str-compare ?bss ?b_correto) 0) ) then (printout t "O valor de b esta correto" crlf) else (printout t "O valor de -b esta incorreto. Deveria ser "?b_correto_aux " e nao " ?b crlf) ) else (if (and (= (str-compare ?prim_caraca_b_correto "-")0) (> ?indiceDIV 0)) then (if (or (= (str-compare ?b (str-cat "-{" ?b_correto "}")) 0) (= (str-compare ?b ?b_correto_aux) 0) ) ;caso b>0 then (printout t "O valor de b esta correto" crlf) else (printout t "O valor de -b esta incorreto. Deveria ser "?b_correto_aux " ou "(str-cat "-{" ?b_correto "}")" e nao " ?b crlf) ) ) ) );if principal )

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(deffunction verifica_parenteses (?sub-expressao ?inicio ?fim ?na-expressao) "Verifica se '{' e '}' são delimitadores de ?sub-expressao em ?na-expressao)" ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; ;;Usa a regra que reconhece que a_op_b = b_op_a --> comutativa;; ;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;;; (bind ?tam_sub-expressao (str-length ?sub-expressao)) (bind ?indice_sub-expressao (indice ?sub-expressao ?na-expressao)) (bind ?indice_{_na-expressao (indice { ?na-expressao)) (bind ?indice_}_na-expressao (indice } ?na-expressao)) (if (> ?indice_sub-expressao 0) then (if (not (= ?indice_{_na-expressao (- ?indice_sub-expressao 1))) then (printout t "Esqueceu de abrir o parenteses antes de : "?sub-expressao crlf) else (printout t "O parenteses antes de : "?sub-expressao " está correto" crlf) ) (if (not (= ?indice_}_na-expressao (+ ?indice_sub-expressao ?tam_sub-expressao))) then (printout t "Esqueceu de fechar o parenteses depois de : "?sub-expressao crlf) else (printout t "O parenteses depois de : "?sub-expressao " está correto" crlf) ) ) ) (deffunction verifica_a_xv (?a_correto ?XV);XV é a entrada do aluno "Verifica se b está em ?X" (bind ?indiceDIV (indice / ?XV)) (bind ?tam_a_correto (tamanho_coef ?a_correto)) (bind ?tam_XV (str-length ?XV)) (bind ?2a_digitado (sub-string (+ ?indiceDIV 1) (str-length ?XV) ?XV)) (if (> ?indiceDIV 1) then (if (or (= (str-compare ?2a_digitado (str-cat { 2* ?a_correto })) 0) (= (str-compare ?2a_digitado (str-cat { ?a_correto * 2 })) 0) (= (str-compare ?2a_digitado (* ?a_correto 2)) 0) );or then (printout t "O valor de 'a' foi digitado corretamente" crlf) else (printout t "O valor de 'a' não foi digitado corretamente" crlf) );if );if principal )