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Um menino chamado Pinóquio – Semana do Teatro 2009 – 2º ano de Letras - FACIC Um menino chamado Pinóquio Cenário: espaço simples de uma casa pobre com poucos elementos e também de uma rua. Personagens: Pinóquio: Felipe Mãe de Pinóquio: Isabella Gata: Ana Paula Turma de bonecos: Boneco-chefe: Terryanne Boneco 1: Mariana Boneco 2: Telma Boneco 3: Júnia Boneco 4: Vanderléia Boneco 5: Genise Boneco 6: Flávia Menino de rua: William Fada: Daniele Estudante: Paula 1

Um menino chamado Pinóquio - Semana do Teatro

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O teatro "Um garoto chamado Pinóquio" foi um trabalho amador feito pelos alunos do 2º ano do curso de Letras da Faculdade de Ciências Humanas de Curvelo (FACIC) em dezembro de 2009, na Semana do Teatro. A adaptação da obra, Pinóquio, traz humor e inovações imperdíveis.

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Um menino chamado Pinóquio – Semana do Teatro 2009 – 2º ano de Letras - FACIC

Um menino chamado

Pinóquio

Cenário: espaço simples de uma casa pobre com poucos elementos e também de uma rua. Personagens:

Pinóquio: Felipe

Mãe de Pinóquio: Isabella

Gata: Ana Paula

Turma de bonecos:

Boneco-chefe: Terryanne

Boneco 1: Mariana

Boneco 2: Telma

Boneco 3: Júnia

Boneco 4: Vanderléia

Boneco 5: Genise

Boneco 6: Flávia

Menino de rua: William

Fada: Daniele

Estudante: Paula

O teatro se inicia com uma trama musical. A mãe de Pinóquio, uma menina carpinteira, é vista triste em sua casa com ferramentas de trabalho nas mãos. Ela olha para quadros na parede, como se tivesse perdido sua família. Então, se depara com um pedaço de madeira, e ao pegá-lo, começa dar os primeiros golpes. Nas pancadas, ela parece ouvir alguma coisa, a madeira parece viva.

A menina pula de alegria e começa a prosseguir com o trabalho. Em uma dança envolvente com um pedaço de madeira, por fim, a menina coloca a madeira dentro de

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um recipiente para secar a tinta dos olhos e da boca. As luzes se apagam. A menina dorme.

***** Fim da música, início dos diálogos *****.

Ao voltar à cena da menina cochilando em frente à caixa, sai dali, um menino, conseqüência da madeira entalhada. Pinóquio olha a menina com curiosidade, acorda-a e começa a brincar com os cabelos dela e ela, a correr atrás dele.

Pinóquio foge e perde da menina.

Andando perdido, Pinóquio encontra com uma gata.

Gata:Fugiu da turma de bonecos de pau, lá do circo, Paunóquio? (dá algumas risadinhas). O espetáculo não deve demorar a começar.

Pinóquio:É Pinóquio e eu não fugi. Eu estava correndo da minha mãe e acabei caindo aqui na rua...

Gata:Então fugiu de sua mãe.

Pinóquio:Eu não fugi da minha mãe! (com um pouco de raiva)

Gata:Ah! Claro que não fugiu da sua mãe. Um boneco de pau não tem mãe, tem? Se tivesse Paunóquio, o nome dela seria Paula? Ou Pauliane? Quem sabe Pautrícia ou Pauloma? (algumas risadas).

Pinóquio fica olhando para a gata, triste pensando no que ela acaba de dizer, enquanto ela sai de cena.

Mãe:Pinóquio, meu filho! Quase que eu perdia você de vista.

Pinóquio:Mãe, eu sou um boneco de pau. (Olha triste para si mesmo.) Eu quero ser menino! (segura os braços de sua mãe) Eu quero ser menino, mãe! Ter carne como a senhora!

Mãe:Ah, Pinóquio... não seja bobo... você não precisa ser menino para ser feliz de verdade. Não fique com essa cara de tristinho em seu primeiro dia de aula.

Pinóquio:Aula? (fica animado)

Mãe:

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É! Todos os meninos vão à escola.

Pinóquio:Mas eu não sou menino, sou um boneco que nasceu de um pedaço de madeira. Na escola só há meninos, por isso eu também quero ser menino. (cruza os braços olhando para o chão).

Mãe:Pinóquio. (Coloca a mão sobre o ombro do boneco). Eu sou sua mãe, escute o que estou dizendo: pode ir, você vai gostar da escola. Tome seus cadernos, lápis e vá. E quero que você me faça um favor: ao voltar, traga um litro de leite pra mim. Aqui está o dinheiro. (Entrega o dinheiro a Pinóquio. Ele começa a olhar para sua mãe, pensativo...)

Mãe:O que foi?

Pinóquio:O que é uma família?

Mãe:Eu sou sua família. Nós formamos a família mais linda do mundo.

Pinóquio:E antes de você me fazer? Você não tinha família?

Mãe:Sim, eu tinha. (triste) Mas se foram... (alegria) Agora você é minha família. (Olha o relógio). Já está atrasado, filho! Vai! E não se esqueça de trazer o leite! Ah! Não se desvie do caminho e não acredite em tudo ou em todos, pois há muita maldade nesse mundo.

(A mãe sai de cena. Pinóquio começa a olhar em volta e depois de pensar um pouco, se alegra em saber que vai para a escola. O grupo de bonecos começa a aparecer aos poucos, observando Pinóquio, enquanto uma música de fundo vai tocando).

Boneco-chefe:(Fazendo sinal para os bonecos se ajuntarem). Vejam só! É alguém novo na área. Um boneco de pau que parece querer estudar. (Toma os cadernos de Pinóquio e joga-os ao chão). Deixa de ser bobo! Bonecos não se dão bem na escola. Você tem que saber curtir a vida! (Pinóquio acha-o estranho e apanha seus cadernos).

Boneco 1:Somos a trupe do maior circo da cidade. Somos o grupo dos bonecos de pau. Os melhores espetáculos! Show, luzes, sucesso e dinheiro! Isso é diversão! E é claro, temos a melhor chefe do mundo. (Dá um sorriso de puxa-saco para a chefe).

Pinóquio:Vocês são artistas?

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Boneco 2:Olha, chefe! Ele não nos conhece!

Pinóquio:Vocês trabalham em um circo? Eu posso ver?

Boneco-chefe:É claro que você pode ver! (Pinóquio se alegra). Mas tudo na vida tem um preço. Para o público cobramos 50, 100, 500 reais! Mas para você, que é boneco de pau, cobraremos o que você tem no bolso.

Pinóquio:Não! O que eu tenho aqui é da minha mãe. Preciso comprar leite quando chegar da escola.

Boneco1:Você vai querer perder o maior espetáculo de sua vida? Um leite não é de nada. Sua mãe não precisa disso. Por que ela mesma não compra?

Pinóquio:É... mas eu só tenho aqui três reais.

Boneco-chefe: Perfeito! (toma todo o dinheiro das mãos de Pinóquio). E quem sabe você não se torna artista e trabalhe conosco?

Pinóquio:Eu? Artista?

Boneco-chefe:Olhe e aprenda.

**** DANÇA ****

Pinóquio:Maravilhoso! Eu também quero ser artista!

Boneco-chefe:Quer mesmo?

Pinóquio:Sim! Sim!

Boneco-chefe:Eu vejo em seus olhos um descontentamento. Será que você é igual a mim? Tem um sonho de se tornar gente?

Pinóquio:Tenho. Eu queria ser menino de verdade. (Faz uma expressão de tristeza, olhando para o chão).

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Boneco-chefe:Nós podemos ajudá-lo, Pinóquio. Estamos buscando a Fada Azul que nos tornará gente mesmo! Mas para encontrá-la, precisamos unir nossas forças. Aguarde um momento enquanto me reúno com minha equipe. Bonecos, até a mim! (Se reúnem em círculo num canto do palco, enquanto Pinóquio aguarda ansioso. Nesse momento, aparece um menino de rua, vindo do meio do público, e começa a chamar por Pinóquio).

Menino:Psiu! Psiu! Pinóquio! Pinóquio! (Pinóquio olha assustado, procurando por quem o está chamando). Você não vai à escola e trazer o leite da sua mãe?

Pinóquio:É mesmo! Eu fiquei tão deslumbrado com os bonecos artistas que acabei me esquecendo. Eles querem que eu fique com eles. Eles vão me tornar menino de verdade. Juntos vamos encontrar a Fada Azul, depois volto para casa.

Menino:E você vai abandonar sua mãe? Esse bonecos são mentirosos. Eles querem que você trabalhe com eles, para você ser usado em um espetáculo onde você vai ser atirado em um imenso fogo.

Pinóquio:Em um fogo?

Menino:É. Eles querem enganar você e queimá-lo até que sua madeira vire carvão e fazer com que as crianças bobas riem. Eu sei o que é ser enganado quando eu peço na rua e muitos me negam dizendo que não tem nada. Você tem sorte de ter mãe, mas ainda deve aprender a obedecê-la. Enfim, não acredite neles. Escute a sua mãe: vá para a escola. (Pinóquio fica meio confuso, olhando para os bonecos). Vai, Pinóquio! Vai! (Enfim, Pinóquio corre e se esconde em meio ao público. Os bonecos terminam de conversar).

Boneco-chefe:Bom, Pinóquio. A sua missão será a mais bela de todas... (Começa a procurar por Pinóquio). Pinóquio? (Os bonecos começam a gritar por Pinóquio e procurá-lo em meio ao público. Por fim, começam a desistir e ir voltando para o palco).

Boneco-chefe:Trupe! Até a mim! Ele pensa que pode fugir de nós. Se enganou, Pinóquio. (Gritando como se fosse para ele ouvir onde estiver). Vamos encontrá-lo e fazer de você nosso amiguinho de circo! (Começam a rir e saem).

(Pinóquio volta ao palco devagar e desconfiado).

Pinóquio:Direção à escola! Bem que mamãe me disse para não me desviar do caminho e não acreditar em tudo o que aparecer... este mundo mal...

(Do nada, entra a gata, junto da menina risonha, e aquela conta uma piada e sai.

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Entra a estudante olhando para os cadernos de Pinóquio).

Estudante:Olá! (Olha para os cadernos de Pinóquio). Onde você está indo?

Pinóquio:Para a escola.

Estudante:Para a escola? Um boneco de pau ir à escola? Não me faça rir. Quem disse que você pode ir à escola?

Pinóquio:Minha mãe me desse.

Estudante:Mãe? Você ouve sua mãe?

Pinóquio:É. E ela me pediu para que eu comprasse leite para ela também.

Estudante:Na escola há meninos e meninas. Gente! Não há bonecos.

Pinóquio:Mas minha mãe me disse...

Estudante:Esqueça o que sua mãe te disse. Não é importante.

(Pinóquio se entristece um pouco).

Pinóquio:Mas as mães dizem coisas importantes... Será que ela sabia que eu não poderia ir à escola? Então por que ela me mandou ir? Eu não posso ir à escola porque eu sou boneco? Droga! Eu quero ser menino!

Estudante:Seria bom se fosse. Bonecos não se divertem como meninos.

Pinóquio:Divirto sim!

Estudante:Diverte? Como? Que tipo de diversão?

(Pinóquio começa a narrar uma série de mentiras. Enquanto fala, entra o Menino que começa a olhar para o boneco, fazendo sinal negativo com a cabeça, reconhecendo as mentiras de Pinóquio).

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Pinóquio:Eu já fui à Disney, ao Beto Carreiro World, divirto em minha nuvem voadora, em meu carro do Batman de verdade. Sou eu quem me disfarço de Popeye na Carreta da Alegria quando ela vem à Curvelo, eu também que fico gritando lá na porta da Prefeitura: Salve o curso de Letras que tá acabando...

Menino:Pinóquio!!! Já chega de mentiras! Você não sabe que a cada mentira sua seu nariz cresce um centímetro?

Pinóquio:Ah... não existe isso. Mas também não era tudo mentira, a parte do curso de Letras era verdade...

(Pinóquio começa recuar um pouco triste, enquanto coloca seu nariz. Enquanto isso, começa a discussão).

Estudante:Está vendo? Como que pode estudar um menino desses?

Menino:Ele pode sim! Eu não tive a oportunidade de estudar, como muitos brasileiros. Mas Pinóquio tem essa oportunidade e vai estudar!

Estudante:Tudo bem... que ele estude! Só não acredito que dentro de uma cabeça oca de pau haverá muita coisa que se possa aproveitar.

Menino:É por causa de pessoas como você que há tanta falta de incentivo para o estudo. Pinóquio pode estudar e se ele também quiser, pode se tornar menino de verdade.

Estudante:Menino de verdade? Isso é impossível! Ele não pode se tornar menino de verdade.

Menino:Isso é porque você não conhece a Fada Azul. Ele pode torná-lo menino de verdade. Não é, Pinóquio?(Nesse momento, quando Pinóquio vira para a platéia, seu nariz está crescido e o Menino e a Estudante começam a rir).

Pinóquio:O que foi?

Estudante:

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Não sei ser você percebeu, mas seu nariz cresceu conforme suas mentiras, Pinóquio. Bem que o menino te disse.

(Pinóquio põe a mão em seu nariz).

Pinóquio:Ah, não! Só por causa que eu contei das minhas diversões! É muito difícil mesmo!

Menino:É por isso que não compensa a mentira, Pinóquio!

Pinóquio:Mas eu não contei mentiras!

Menino e Estudante:Seu nariz está crescendo mais!

Pinóquio:Eu não sou mentiroso!

Menino e Estudante:Está crescendo mais!

Pinóquio:Parem com isso!

Estudante:Parei. Não vou ficar discutindo se bonecos têm ou não têm que ir para a escola. Sei que eu tenho que ir, porque minha professora de Língua Portuguesa marcou prova sobre Concordância Verbal e está dificílimo. (Vai saindo e falando as últimas frases). Eu estou com a gramática quase toda na ponta da língua, mas decorar é difícil...

Menino:Agora vê se toma jeito, Pinóquio.Vá logo caçar rumo da escola. (Sai).

Pinóquio:É... dureza! Ir pra escola com um nariz singelo desses. Mentir não vale a pena mesmo. Se eu fosse menino de verdade, não teria esse problema do nariz. Aqueles bonecos falaram da Fada Azul, mas como que vou encontrá-la para me tornar menino? Fada Azul! (Enquanto Pinóquio fala, a Fada Azul vai entrando e escutando o menino).

Meu sonho é me tornar menino de verdade, pra poder ter amigos, ir à escola, não ter medo de virar carvão e ter um nariz menorzinho. Ser de madeira não tá com nada... Mas como virar menino de verdade?

Fada Azul:Pinóquio?

Pinóquio:Que foi? (Com um pouco de raiva).

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Fada Azul:Nada não! (Cruza os braços e vira de costa para o boneco e sai andando. Pinóquio então reconhece de quem se trata).

Pinóquio:Fada Azul... desculpa! Fada Azul!!! Toca aqui, eu te encontrei! (Ben-10). Te peguei! Ah! Desculpa, Fada… é que fiquei tão empolgado e queria te fazer sentir à vontade.

Fada Azul:Não precisa disso, Pinóquio! Eu vi que você estava triste e que falou meu nome com tanto pesar que vim pra te ajudar.

Pinóquio:Sério? Fada, realiza meu sonho de me tornar menino?

Fada Azul:Por que você quer se tornar menino?

Pinóquio:Porque eu quero ir à escola sem ter vergonha por ser boneco, não quero ter nariz que cresce e nem virar carvão com os bonecos do circo.

Fada Azul:Você quer realmente ser menino?

Pinóquio:É o que eu mais quero.

Fada Azul:Tudo bem. Vou falar com meu Superior, e acredito que ele vai conceder esse desejo. Mas há algumas condições: a primeira é que quando você se tornar menino, você deve obedecer sua mãe e fazer suas orações todas os dias. Todos os meninos devem fazer isso! Eu já vou consultar meu Superior sobre o seu desejo. A segunda condição é que se nesse tempo você se comportar mal ou entrar em alguma enrascada, não tem desejo realizado, entendido? Comporte-se, Pinóquio, pois eu não demoro para voltar e realizar o seu sonho de se tornar menino.

(A Fada Azul sai nesse momento enquanto Pinóquio a acompanha com os olhos, ainda incrédulo com o que acabou de acontecer).

Pinóquio:Então, eu tenho que me comportar bem para que meu desejo se realize? OK! Depois, quando me tornar menino, deve obedecer minha mãe e fazer minhas orações todos os dias. OK! Oba! Vou me tornar menino! Vou ser menino!

(Nesse momento, entra a Boneco-chefe encoberta de uma capa preta, disfarçando-se).

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Boneco-chefe:Pinoquinho! Lindinho!

(Pinóquio se assusta).

Boneco-chefe:Já voltei, Pinóquio. Sou a Fada Azul.

Pinóquio:A Fada Azul? Mas você acabou de sair. Seu superior já deixou que meu desejo se realizasse?

Boneco-chefe:Sim, querido. Seu desejo vai ser realizado.

Pinóquio:Fada Azul, cadê sua roupa azul? Por que você está se vestindo de preto?

Boneco-chefe:Esse calor, meu filho, deixa a roupa da gente numa nhaca, que fui lavar e nem deu tempo pra secar. Então vesti essa capa preta mesmo.

Pinóquio:Ah! Mas eu estou achando um pouco estranho, sabe dona Fada... sei lá... essa sua voz, seu tamanho... sua rapidez em me trazer uma resposta sobre meu desejo de me tornar menino. É a senhora mesma?

Boneco-chefe:É claro que sou eu! Não está me reconhecendo?

Pinóquio:É, pode ser que eu esteja confundindo. Fada, eu estou me esquecendo. Qual era mesma a condição que você me falou se eu me tornasse menino de verdade mesmo? Era de obedecer... e ... como é mesmo?

Boneco-chefe:Condição? É... a condição era obedecer... é... (Começa a demonstrar falta de conhecimento e embaraço). A condição era você obedecer os bonecos de circo, não se lembra?

(Pinóquio começa a desconfiar ainda mais).

Pinóquio:Ah tá! Mas os bonecos do circo não queriam me enganar?

Boneco-chefe:Enganar? Claro que não, são seus amigos.

Pinóquio:Mas que eu me lembre, a fada não me pediu para que obedecesse aos bonecos do circo.

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Boneco-chefe:E que ando meio voada, Pinóquio, é a idade e acabei me esquecendo de falar dessa condição com você, lindinho.

(Pinóquio começa a se aproximar e a rodear a Boneco-chefe).

Pinóquio:Bom, Dona Fada, se assim posso chamar a senhora. Por que não tira essa capa?(Pinóquio arranca a capa).

Pinóquio:Eu sabia!

Boneco-chefe:Bonecos! (Todos os bonecos vêm) Peguem-no! (Os bonecos correm em direção ao Pinóquio e seguram nos braços dele. Pinóquio começa tentar se soltar, mas os bonecos o pegam e amarram suas mãos. Eles começam a juntar gravetos a acender fósforos e isqueiros, rodeando Pinóquio).

Boneco-chefe:Senhoras e senhores! Preparem-se para o maior espetáculo do século. A Semana do Teatro nunca apresentou algo como o que vocês virão: veremos por quanto tempo um boneco resiste a um fogo perverso. Veremos se ele consegue escapar ou se queimar para se transformar em um lindo carvão. (Dá risadas perversas. Nesse momento, uma das bonecas corre aflita até a chefe).

Boneco 1:Chefinha! O dono do circo está chamando pela senhora e está uma arara, pois soube que a chefinha está contratando novos bonecos sem falar com ele.

Boneco-chefe:Ai meu emprego! Meu público! Meu dinheiro! Vocês o amarraram bem? (Aponta para Pinóquio).

Boneco 1:Sim, claro! Vamos deixá-lo aqui e daqui a pouco a gente volta para continuar o espetáculo.

Boneco-chefe:(Aproxima-se de Pinóquio). Não existe forma de você escapar, Pinóquio. Sinto muito, terá que nos esperar. Venham! Vamos ver que desculpa daremos ao dono do circo. (Saem).

(Pinóquio fica sozinho na cena, triste).

Pinóquio:Em quê eu fui me meter? A Fada disse que se eu me comportasse mal ou entrasse em alguma enrascada não haveria desejo concedido. Eu não queria estar aqui. Eu só queria ser menino de verdade e pronto. Como que vou fazer para me desprender daqui?

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(Entra a gata).

Gata:Pinóquio! Você está preso?

Pinóquio:Preso? Eu? Eu que gosto de amarrar meus pés e minhas mãos na cadeira, é bom.

Gata:Ah bom! Pensei que você estivesse preso. Porque sua mãe está doida atrás de você. O menino contou pra ela que você tinha sido pego pelos bonecos do circo.

Pinóquio:Ah, não! Agora eu não vou mais me tornar menino. Logo a fada vai saber que estou numa enrascada: não comprei o leite da minha mãe, não fui para a escola, e o pior, estou preso. A minha mãe também vai brigar comigo.

Gata:Você está preso mesmo? Você não disse que gostava de se amarrar?

Pinóquio:Estou preso. Me ajude a sair daqui.

Gata:Ajudo, mas primeiro me responda: o Lombardi morreu mesmo? O que vai ser da tele-sena sem ele? E da Sbt? (Sai falando). Será que ele morreu mesmo? Ele era de verdade? (...)

Pinóquio:Você esqueceu de me ajudar! Ei! Gata! Volte aqui! Gata! Onde você viu minha mãe? Você não viu também a Fada Azul? Gata!

Eu não acredito! Será que alguém consegue me tirar daqui? Socorro! Socorro!

(A mãe de Pinóquio entra com as mãos amarradas e é colocada ao lado de Pinóquio por dois bonecos).

Pinóquio:Mãe? Solte minha mãe! O que você está fazendo com minha mãe? Solte-a! Mãe, a senhora está bem?

Boneco1:Fique aí, e nada de tentar se soltarem. Estamos vigiando...

Boneco2:Vamos chamar a chefe e contar a ela que pegamos a mãe do boneco. Vamos. (Saem).

Mãe:Pinóquio, eu estava muito preocupada com você, meu filho!

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Pinóquio:Desculpa, mãe. Eu não queria deixar a senhora preocupada. Eu não fui à escola, não comprei seu leite, e ainda fui pego pelos bonecos do circo. Eu estou a procura da Fada Azul para me tornar menino... Desculpa, mãe... perdoa-me por não ter ouvido a senhora e por tê-la colocado nessa situação?

Mãe:Pinóquio, eu nunca diria alguma coisa que o prejudicaria. Eu sou sua mãe e quero sempre o melhor pra você. Você não meu ouviu. Isso mostra que você é um pouco desobediente. Não vou dizer que estou muito contente por suas atitudes, mas eu te perdôo. É claro que eu te perdoo. (Os dois se olham em um momento de perdão). Agora vamos procurar um meio de sairmos daqui para encontrar a Fada Azul novamente e ver se ainda há tempo de você se tornar menino.

(Entra o menino).

Pinóquio:Menino!!! Por favor menino, nos ajude a sair daqui?

Menino:Eu sei o quanto vocês estão tristes por estarem presos. Mas há males que vem para bem. Uma hora ou outra você teria que pedir perdão para sua mãe, Pinóquio.

Mãe:Agora vamos sair daqui juntos e procurar a Fada Azul para voltarmos para a casa. Vem conosco, menino?

Menino:Não, obrigado. Eu não posso. Ainda há algumas pessoas que eu preciso ajudar. Vou soltá-los. (O menino começa a soltar Pinóquio primeiro. Quando ele solta o boneco, antes de soltar a mãe, começam a ouvir gargalhadas da boneco-chefe).

Mãe:Pinóquio, menino, corram!

Pinóquio:Mãe, eu não vou deixar a senhora aqui. Dessa vez, não.

Mãe:(Com autoridade). Vão! Agora! E nem olhem para trás.

Pinóquio:Não, mãe!

Mãe:(Com autoridade). Me obedeça, Pinóquio.

(O menino começa a puxar Pinóquio, mas o menino demonstra não querer ir. Enquanto isso, as risadas vão se intensificando e os bonecos chegam. E ao verem que só a mãe está presa, param todos).

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Boneco-chefe:Aaaaahhhh! (Um grito). O que aconteceu aqui? Vocês deixaram que Pinóquio fugisse? (Olha para a mãe). Onde está aquele boneco de pau?

Mãe:Ele foi em busca da Fada Azul. Não vá atrás dele, se quiserem fazer alguma coisa, façam comigo e não com meu filho.

Boneco-chefe:Droga! Levem-na para o dono do circo. Talvez ela possa ser feita de tamborete para ele. (Os bonecos desprendem a Mãe e a seguram pelo braço para levá-la. A Boneco-chefe sai falando): Vocês me deixam fora de sério! Quanta incompetência!

(Pinóquio entra tristonho).

Pinóquio:Eu não acredito! O que eles farão com minha mãe? Mãe, eu vou salvá-la! Só ainda não sei como...

**** MÚSICA: ESPERANÇA ****

(Entra a estudante).

Estudante:Fiz uma excelente prova, Pinóquio! Acho que já passei. Mas 70 pontos não são fáceis de se conseguir. (Percebe a tristeza de Pinóquio). O que foi, Pinóquio? Está triste por não ter ido à escola? Não se preocupe, se virar menino mesmo, vamos juntos e eu te ajudo. A propósito, tenho uma excelente notícia pra você!

Pinóquio:É mesmo? E o que é?

Estudante:Lá na escola, há uma dupla de professores de química muito bons. Eu estava comentando para eles sobre o seu problema e eles disseram que poderiam te ajudar. Isso mesmo! Eles podem te ajudar a se tornar menino.

Pinóquio:Mesmo?

Estudante:É. Então eles fizeram uma fórmula e me pediu para que você experimentasse. Mas me parece que você já pediu à Fada Azul para que realizasse seu desejo, não é? Então, acho que não precisa.

Pinóquio:Não! Precisa, sim! Eu pedi à Fada Azul, mas acho que ela não volta mais. Deixa eu tomar?

Estudante:

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Mas a Fada Azul pode achar ruim com você. E se a fórmula não der certo?

Pinóquio:Por que não daria?

Estudante:Porque os químicos nunca fizeram antes uma fórmula para um boneco virar menino.

Pinóquio:Mas tudo tem uma primeira vez. Acredito que vai dar certo.

Estudante:Você tem certeza? Eu não sei, eu trouxe porque eles me pediram, mas pode ser que não dê certo e aconteça algo que não estamos esperando.

Pinóquio:Vai dar tudo certo. Eu vou tomar, virar menino e ir salvar a minha mãe. Empreste-me aqui. (Toma o frasco da fórmula das mãos da estudante e bebe).

Pinóquio:Pronto! Então? Quando a fórmula dará efeito?

Estudante:Eu não sei.

Pinóquio:Mas quanto tempo vou ter que esperar para que vire menino?

Estudante:Eu não sei, Pinóquio. Eu disse que nem os químicos haviam experimentado essa fórmula antes. Deixa ver se seus braços ainda são de madeira... Você não deve nem sentir dor, não é, Pinóquio? (A menina começa a dar uns soquinhos no corpo do Pinóquio e a perguntar): Dói aqui? E aqui? E agora, dói? Será que a fórmula já está dando certo? (Enquanto ela pergunta, Pinóquio responde movimentando a boca, mas sem produzir som algum, uma vez que a fórmula comprometeu a fala do boneco). Responde, Pinóquio!

(Agora, tudo o que a estudante for perguntando a Pinóquio, ele vai responder apenas movimentando a boca e gesticulando).

Estudante:Pare de brincadeira! Por que você está fazendo isso?

(Pinóquio tenta demonstrar que não está brincando).

Fala, Pinóquio! Agora não é hora de brincarmos. Pinóquio! Pinóquio! Responda! Você não está conseguindo falar? (Pinóquio faz sinal negativo com a cabeça). Ai meu Deus. A fórmula não deu certo? (Sinal negativo com a cabeça). Você não se sente menino?

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(Não com a cabeça). A fórmula então deve está errada? (Sim com a cabeça). Será qual componente químico que eu coloquei errado, hein? (Pinóquio olha para ela com expressão de indignação). Quer dizer, os químicos lá da escola. (Pinóquio começa a “xingar” através de gestos e expressões). Desculpa, Pinóquio! Eu não queria que acontecesse isso! Desculpa, Pinóquio. Não conte pra ninguém, por favor. Mas também, como você contaria? Desculpa, Pinóquio. (Pinóquio sai furioso atrás da estudante, que corre).(Pinóquio começa tentar a conversar com o público através de gestos). (Entra o menino e começa a olhar para Pinóquio “falando” sozinho).

Menino:Pinóquio, em quê que você foi se meter novamente? Desse jeito, as chances da Fada te tornar menino de verdade só vão diminuindo.

(Pinóquio insinua pedido de ajuda ao menino).

Menino:Eu não posso fazer nada, Pinóquio. Foi você quem quis arriscar e tomar aquela fórmula. Ser um menino curioso e teimoso não é bom, olha o que te aconteceu.

(Pinóquio insinua novamente um pedido de ajuda ao menino). (Entra a gata).

Menino:Mas eu não sei um remédio que possa fazer você voltar a falar normalmente.

Gata:Qual é o problema aqui, gente? Ficou engasgado, Pinóquio?

Menino:Uma menina deu a ele uma fórmula, pensando que ele se tornaria menino, mas o remédio deu outro efeito.

Gata:Eu posso ajudar.

(Pinóquio demonstra felicidade).

Gata:Eu fico engasgada sempre com meu pêlo, sei bem o que é isso.

Menino:Mas ele não está engasgado, ele está mudo!

Gata:Ah! É melhor um pássaro na mão do que dois voando.

Menino:O quê?

Gata:

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Um menino chamado Pinóquio – Semana do Teatro 2009 – 2º ano de Letras - FACIC

Quero dizer que é melhor ele ficar mudo do que falar bobagens, né? Você deveria ficar feliz por não falar, Pinóquio. Sua mãe vai ficar feliz. A propósito, eu a vi com os bonecos do circo. Você a deixou ir com eles?

Menino:Deixe de besteiras. É claro que ele não queria que ela fosse com os bonecos. (Nesse momento, a gata volta o olhar somente para Pinóquio, mas é o menino quem responde tudo).

Gata:Você quer que sua mãe trabalho diariamente com aqueles bonecos exploradores?

Menino:É claro que ele não quer, nós temos que encontrá-la e salvá-la.

Gata:Me parece que seu comportamento não está muito bom. Acho que a Fada Azul não vai voltar!

Menino:Não fale assim com ele, nós temos uma esperança imortal. A gente sabe que ela volta!

Gata:Sobre seu sonho de se tornar menino, acho que você não está fazendo por merecer. Desista! Já era! Muda de página!

Menino:Pare de falar assim com ele. Saia daqui!

Gata:Você se acha perdedor, Pinóquio?

(Pinóquio começa a chorar).

Menino:Você não presta, mesmo! Saia daqui!

Gata:Calma, desculpa, sinto muito! Deixe-me explicar: a maneira dele voltar a falar novamente era essa. Só com as próprias lágrimas correndo pelo rosto.

Menino:Sério? Pinóquio? Você já consegue falar novamente?

Pinóquio:Eu não sei. Será que eu consigo?

Gata:Acho que afetou o cérebro também.

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Pinóquio:Eu voltei a falar! Obrigado, Gata! Na verdade, eu nem sei como posso te agradecer.

Gata:Não precisa de agradecimentos. Como eu sempre digo: se não tem dinheiro para pagar, então eu finjo que está tudo bem. Tudo bem, não precisa de fazer nada. Eu vou indo, e não se esqueça de me chamar para cear em sua casa na Noite de Natal. Soube que sua mãe faz aquele peruzinho... (Sai)

Pinóquio:Veja menino, agora eu posso encontrar minha mãe e salvá-la! Você me ajuda?

Menino:Não tem jeito, né Pinóquio! Vou tentar fazer o possível para a encontramos.

Pinóquio:Mas como vamos saber para onde os bonecos a levaram?

Menino:Eu não sei. Agora o dono do circo deve ter, no mínimo, expulsado todos eles por terem deixado você fugir, então eles não estão no circo.

Pinóquio:Se eles não estão no circo, eles podem estar em qualquer lugar. Mas neste mundo tão grande, como podemos encontrar minha mãe então?

(Entra a Fada Azul).

Fada Azul:Talvez eu possa ajudá-los, mas primeiro eu preciso ter uma conversa séria com um tal boneco que deseja se tornar menino.

Pinóquio:Fada Azul? A senhora já voltou? E então, meu desejo vai se realizar?

Fada Azul:O que você acha, Pinóquio? Não há como realizar seu desejo. Você foi se meter com os bonecos, acabou ficando preso e ainda tomou uma fórmula maluca que acabou te deixando mudo.

Pinóquio:Fada, mas eu não fiz por mal... eu pensei que a senhora não voltaria mesmo...

Fada Azul:Mas eu voltei, Pinóquio. E agora a sua mãe está presa por sua culpa. Ela estava preocupada atrás de você e, agora ela está lá: já serviu de tamborete para o dono do circo e agora é como uma escrava dos bonecos. O que você vai fazer, Pinóquio?

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Pinóquio:O que você pode fazer por mim? Menino vai me ajudar.

Menino:Precisa mesmo?

Pinóquio:Claro que precisa, amigos não deixam o outro na mão.

Fada Azul:Eu não posso ajudar. Eu vim para cumprir apenas a minha missão de te tornar menino, mas como você não deu ouvido às condições que te fiz... sinto muito.

Pinóquio:Fada Azul, me diga apenas onde minha mãe está.

Fada Azul:Eu não posso...

Pinóquio:Por favor, diz que sim...

Fada Azul:Tá bem! Acabei de ver sua mãe com duas das bonecas. Elas estão vindo nessa direção, pois já sabem que você está por aqui. Se prepare para a chantagem. As duas querem passar a perna na chefe.

Pinóquio:Elas me farão uma chantagem? Que chantagem?

Fada Azul:Isso eu não sei. Agora tenho que ir, talvez eu volte em outra hora que realmente precise de mim. Coragem, Pinóquio! (saindo) Coragem...

Pinóquio:Menino, será que as bonecas vão me encontrar logo?

(Entram as bonecas).

Boneca 1:Olá Pinóquio! Saudade de você! Foi fácil escapar, não é?

Boneca 3:É claro: deixamos as amarras todas frouxas!

Pinóquio:Não vem com papo furado não... o que vocês querem? Dessa vez não vão me prender de novo, o menino está aqui. Veja como ele é forte, bravo e grande!

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Boneca 1:Estou vendo com ele é grande. Bom, mas viemos para fazer uma proposta para você.

Pinóquio:Que proposta?

Boneca 3:A sua mãe está conosco e acredito que você queira vê-la, não é?

Pinóquio:Onde vocês colocaram minha mãe? O que fizeram com ela?

Boneca1:Calma! Ela está bem. Você vai vê-la. Queremos apenas um favorzinho seu.

Pinóquio:E o que é?

Boneca 3:Acho que você não sabe: a Fada Azul não aparece para todo mundo, ela escolhe apenas alguns para realizar sonhos.

Boneca 1:Mas se essa pessoa que ela escolheu não cumprir com certas condições, a Fada pode passar a bola, sabe? Realizar o desejo de outra pessoa.

Boneca3:Então, o próprio narigudo, digo, o escolhido pela fada primeiro, pode indicar quem a Fada poderá conceder o desejo no lugar dele.

Boneco1:E como você não cumpriu com o que ela te pediu, você terá que pedir a ela que passe a oportunidade para outro. Ou seja, para qualquer uma de nós.

Boneco3:Assim, podemos realizar nosso sonho de sermos famosas de verdade e ter nosso próprio grupo de bonecos.

Boneco1:Se você pedir isso à Fada, você verá sua mãe novamente.

Pinóquio:Mas a Fada não me disse nada disso.

Boneco1:É claro que não. Ainda não se passaram 24h que você fez o pedido a ela. Ela volta antes que o dia escureça.

Pinóquio:

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Um menino chamado Pinóquio – Semana do Teatro 2009 – 2º ano de Letras - FACIC

Mas e se eu não quiser pedir isso à Fada?

Boneco1:É simples: você nunca mais verá a sua mãe.

Pinóquio:Ok! Eu peço a ela isso. A minha mãe é mais importante que meu desejo. A Fada já me deu a vida, me tornar menino não pode ser tão importante assim. (...) Então eu peço a Fada para realizar o seu desejo então...

Boneco 1:Ok! Pegue a mãe do boneco!

(A Boneca 3 pega a mãe de Pinóquio e a traz pelo braço, ainda amarrada. Então ela solta as atas e diz):

Boneco 3:Aí está! Sua mãezinha tão preciosa!

Pinóquio:Mãe! (Pinóquio dá um abraço na mãe). Agora eu não vou mais deixar a senhora.

Mãe:Você preferiu me salvar do que realizar o seu maior sonho?

Pinóquio:Mãe, a senhora é minha família, a senhora mesma disse. A família é o bem mais importante que alguém pode ter. Juntos realizaremos os nossos sonhos.

Mãe:Obrigada, filho!

(Entra a boneco-chefe)

Boneco-chefe:Que lindo! Que cena comovente! (Depois olha para as bonecas). Que facada nas costas que eu tomei das minhas empregadas. Traidoras! Você soltaram a mãe de Pinóquio sem falar nada comigo e ainda querem o sonho realizado todo para vocês. Venham! (Pega com grosseria as bonecas pelo braço). Vocês terão um castigo que jamais vão esquecer.

Pinóquio:Solte as bonecas! (Pinóquio puxa as bonecas para perto dele). Você não pode achar que tudo dever girar em torno de seu umbigo, que você não precisa de ninguém. Deixe de ser arrogante, mandona e chata. As bonecas devem buscar os próprios sonhos delas e não os seus. Busque a sua felicidade sem passar em cima de ninguém, sem ferir ninguém, busque ser mais humildade e saiba esperar a sua vez. (A Fada vai entrando). Em mim você não toca mais, muito menos em minha mãe. Agora que você foi demitida do circo, está jogada às traças, vai querer jogar a sua raiva ainda mais em cima de suas bonecas e de outras pessoas também. Mas saiba que enquanto você não abrir o seu

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Um menino chamado Pinóquio – Semana do Teatro 2009 – 2º ano de Letras - FACIC

coração e deixar que a verdadeira Paz o invada, você não será feliz. A sua felicidade não será completa enquanto você não abrir mão de algo e ter pelo menos um pingo de solidariedade com as outras pessoas.

(Coitada. A Boneco-chefe fica tão triste que até ajoelha no chão e fica meio perplexa, sabe?) (Chegam as outras bonecas enquanto Pinóquio vai terminando de falar e fica perto dele também).

Boneco 1:Não precisava dormir com essa.

Fada Azul:Pinóquio, parabéns! Você demonstrou coragem, bondade e lealdade! Eu precisava de saber se você era capaz disso para que seu sonho tornasse realidade. Eu sei do trato que você fez com as bonecas. Vou realizar o seu sonho e os delas também.

Bonecas 1 e 3:Que bom!!!

Pinóquio:Eu vou me tornar menino de verdade?

Fada:Vai. Venha comigo. (Os dois saem).

Mãe:

Nós não podemos nos acomodar com a estrutura de desunião.Nós precisamos reagir.E a reação, às vezes, custa da gente o perdão,Custa da gente dizer não para nós mesmos,Dizer não para aquilo que a gente tem vontade:De fazer justiça, de vingar ou de se sentir justiçado.O perdão vai além dessas coisas.Que essa noite, celebrando a amizade,Deus coloque perdão em nossos corações, para todos os familiares.Que cada um de nós consigamos perdoar os nossos parentes,De maneira especial, a juventude. Que consigamos perdoar os nossos pais e dizer que nós os amamos.E vocês pais, eu vou pedir, abram os corações pra dizer: filho eu te amo, filha eu te amo. A revolução do amor tem que ser grande e intensaE nós precisamos confiar que esse amor pode mudar o mundo.

(Pinóquio entra como menino de verdade ao lado do Menino, Gata, Estudante e Fada).

Pinóquio:Eu me tornei menino! Muito obrigado, Fada! Meu sonho realmente se realizou. Vejam! Como eu era engraçado, quando era boneco de pau! E como estou contente agora, por ter virado menino de verdade!

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Fada:Pinóquio só conseguiu realizar o sonho dele, quando ele colocou como prioridade o bem-estar de quem ele mais amava... (Improviso – Mensagem final).

**** MÚSICA E FIM ****

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