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UMA ANÁLISE OTIMALISTA UNIFICADA PARA MESCLAS LEXICAIS DO PORTUGUÊS DO BRASIL Katia Emmerick Andrade Rio de Janeiro, UFRJ/Fac. de Letras, 1º semestre de 2008.

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UMA ANÁLISE OTIMALISTA UNIFICADA PARA MESCLAS LEXICAIS DO PORTUGUÊS DO BRASIL

Katia Emmerick Andrade

Rio de Janeiro, UFRJ/Fac. de Letras, 1º semestre de 2008.

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UMA ANÁLISE OTIMALISTA UNIFICADA PARA MESCLAS LEXICAIS DO PORTUGUÊS DO BRASIL

Katia Emmerick Andrade

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Rio de Janeiro como quesito para a obtenção do Título de Mestre em Letras Vernáculas (Língua Portuguesa).

Orientador: Prof. Doutor Carlos Alexandre Victorio Gonçalves.

Rio de Janeiro Fevereiro de 2008

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DEFESA DE DISSERTAÇÃO ANDRADE, Katia Emmerick. Uma Análise Otimalista Unificada para Mesclas Lexicais do Português do Brasil. Rio de Janeiro, UFRJ, 151p. mimeo. 2008. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa.

. BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________________ Professor Doutor Carlos Alexandre V. Gonçalves - Programa de Letras Vernáculas – UFRJ Orientador ___________________________________________________________________________ Professora Doutora Margarida Maria de Paula Basílio – PUC-Rio ___________________________________________________________________________ Professora Doutora Marília Lopes da Costa Facó Soares – Museu Nacional/UFRJ ___________________________________________________________________________ Professora Doutora Maria Lúcia Leitão de Almeida – UFRJ ___________________________________________________________________________Professora Doutora Carmen Teresa Dorigo – UFRRJ Defendida a Dissertação: Conceito: Em: 29/02/2008

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Ao João Fernando, “output ótimo” de marido.

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AGRADECIMENTOS A Deus, pela vida. Às companheiras de curso Vanessa Candida de Souza e Ana Lúcia de Oliveira Cruz Rimes, pelo incondicional estímulo para eu seguir adiante. Às queridas professoras Eliete Silveira e Lilian Manes, responsáveis indiretas por mais esta conquista. E, especialmente, ao meu mais querido professor Carlos Alexandre Gonçalves, pela orientação impecável e, mais do que isso, por ter acreditado em mim desde o primeiro momento.

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O bicho alfabeto tem vinte e três patas

O bicho alfabeto Tem vinte e três patas

Ou quase

Por onde ele passa Nascem palavras e

Frases

Com frases Se fazem asas

Palavras O vento leva

O bicho alfabeto

Passa Fica o que não se escreve

Paulo Leminski

(La vie em close, 1991, ed. Brasiliense)

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ANDRADE, Katia Emmerick. Uma Análise Otimalista Unificada para Mesclas Lexicais do Português do Brasil. Rio de Janeiro, UFRJ, 151p. mimeo. 2008. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa.

RESUMO

O trabalho objetiva analisar a natureza do cruzamento de duas palavras morfológicas pré-existentes no léxico do português do Brasil, dando origem a uma palavra morfológica, que, ao mesmo tempo, reproduz e instaura novos significados, a exemplo de portunhol (< português + espanhol) e namorido (< namorado + marido). Utiliza, para tanto, os pressupostos básicos da Teoria da Correspondência (McCARTHY & PRINCE, 1995), extensão da Teoria da Otimalidade (PRINCE & SMOLENSKY, 1993) aplicada à morfologia não-concatenativa. Defende-se, no trabalho, que os diferentes padrões de cruzamento nada mais são do que faces de um mesmo processo e, conseqüentemente, propõe uma hierarquia de restrições única para regular a saída das melhores formas dos dados analisados. PALAVRAS-CHAVE: Cruzamentos vocabulares; Hierarquia de Restrições; Morfologia não-concatenativa; Teoria da Otimalidade; Teoria da Correspondência.

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ANDRADE, Katia Emmerick. Uma Análise Otimalista Unificada para Mesclas Lexicais do Português do Brasil. Rio de Janeiro, UFRJ, 151p. mimeo. 2008. Dissertação de Mestrado em Língua Portuguesa.

ABSTRACT

This work aims to analyze the nature of lexical blend in Brazilian Portuguese, a morpho-phonological process that, by two source forms, generates one morphologycal and prosodic word that simultaneously reproduces and grows up a new meaning. Creations such as portunhol from português “Portuguese” with espanhol “Spanish” and namorido from namorado “date” with marido “husband” are examples of word-formation blends. For this, it applies the framework of Correspondence Theory (McCARTHY & PRINCE, 1995), an extent of Optimality Theory (PRINCE & SMOLENSKY, 1993) applied to non-concatenative morphology. This Master Dissertation claims that different types of lexical blends are faces of the same morpho-phonological process and, consequently, intends to consider a unique constraints hierarchy to regule the best outputs for analyzed data-base. KEY-WORDS: Lexical blends; Constraints hierarchy; Non-concatenative morphology; Optimality Theory; Correspondence Theory.

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SINOPSE

Proposta de sistematização para os diferentes padrões de mesclas lexicais em português. Análise otimalista do processo.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................................................12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................17

2.1 CRUZAMENTO VOCABULAR...............................................................................17

2.2 CRUZAMENTO VOCABULAR E OUTROS PROCESSOS...................................25

2.2.1 Composição.....................................................................................................25

2.2.2 Recomposição.................................................................................................31

2.3 ALGUMAS ABORDAGENS SOBRE O CRUZAMENTO VOCABULAR............32

2.3.1 Posicionamento de Sandmann.........................................................................32

2.3.2 Posicionamento de Henriques.........................................................................34

2.3.3 Posicionamento de Basílio..............................................................................36

2.3.4 Novos enfoques...............................................................................................39

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.......................................................................................44

3.1 TEORIA DA OTIMALIDADE...................................................................................45

3.1.1 Natureza das restrições....................................................................................53

3.1.2 Fidelidade e Marcação.....................................................................................53

3.2 RESTRIÇÕES DE FIDELIDADE NA TEORIA DA ORRESPONDÊNCIA............57

3.3 CRUZAMENTOS VOCABULARES NA TEORIA DA OTIMALIDADE..............59

3.3.1 Sob a ótica de Piñeros.....................................................................................59

3.3.2 Sob a ótica de Gonçalves.................................................................................65

4 ANÁLISE DOS DADOS.....................................................................................................70

4.1 DESCRIÇÃO DO CORPUS.......................................................................................72

4.2 ESTRUTURA MORFOLÓGICA DOS CRUZAMENTOS VOCABULARES.........75

5 CONCLUSÃO....................................................................................................................101

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................................104

7 ANEXOS............................................................................................................................107

7.1 ANEXO I – Relação de todas as palavras recolhidas................................................107

7.2 ANEXO II – Tableaux dos cruzamentos semelhantes..............................................112

7.3 ANEXO III – Tableaux dos cruzamentos dessemelhantes........................................140

7.4 ANEXO IV – Tableaux das analogias..................................................................... 145

7.5 ANEXO V – Tableaux das palavras com seqüências em vias de gramaticalização.148

7.5.1 – Tableaux das palavras com seqüências DT...................................................148

7.5.2 – Tableaux das palavras com seqüências DM..................................................149

7.6 ANEXO VI – Tableaux das palavras com aparente sufixação..................................151

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho propõe-se a descrever o processo de formação de palavras nem sempre

apontado nos manuais de morfologia: a mesclagem lexical. A mescla lexical pode ser

compreendida como uma palavra morfológica resultante da fusão de duas outras palavras

morfológicas, que, ao mesmo tempo, reproduz e cria novos significados a partir das palavras

que lhe serviram de fonte, como, por exemplo, chafé (< chá + café), portunhol (< português

+ espanhol), namorido (< namorado + marido) etc.

A formação dessas palavras revela criatividade no uso da língua materna e sua força

expressiva resulta da síntese de significados e do inesperado que se consegue com a

combinação. Quase sempre com finalidade expressiva particular e circunstancial, as palavras

mescladas não só podem ser encontradas na linguagem coloquial, humorística e publicitária

como também na linguagem literária, exprimindo um certo tom de lirismo, a exemplo de

deleitura (< deleite + leitura) e falavra (< fala + palavra)1, entre várias outras.

O léxico de uma língua constitui um conjunto aberto de palavras que está disponível

para atuação de regras morfofonológicas, onde estão sempre surgindo palavras novas ou

novos significados para as antigas. Observam-se ainda casos em que as palavras deixam de

ser usadas, arcaizando-se, e o inventário lexical é constituído de todas elas: as palavras novas,

as arcaicas e as de sempre.

A originalidade e a expressividade pretendidas pelos falantes estão na forma de

combinar e reaproveitar a gama de recursos lingüísticos disponíveis na língua materna (e, às

vezes, em outras línguas), construindo um sistema de comunicação eficiente, mas, sobretudo,

instigante e inovador. O aparecimento de palavras novas reflete as inovações que ocorrem na

sociedade. Contudo, para um falante, numa dada sincronia, os arcaísmos não existem e os

neologismos têm status precário, uma vez que a integração de novas palavras ao idioma nem 1 Exemplos de Martins (2003, p. 124).

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sempre se processa de forma pacífica, visto limitar-se, freqüentemente, a fatores de ordem

social, requerendo, assim, argumentos de autoridade para tal.

Os recursos gramaticais para formação de novas palavras são muito variados e

praticamente inesgotáveis. Das operações semânticas (como a metáfora, a metonímia ou a

extensão semântica), que atribuem às formas já existentes novos conteúdos referenciais, à

cristalização de expressões sintáticas, sobra espaço para muita inovação lexical, possibilitando

uma constante renovação da língua.

Não raro, surgem palavras, consideradas “mal-comportadas” morfologicamente

(Spencer, 1991), que ampliam o léxico de maneira considerável. Tais palavras são geradas por

processos não descritos de forma sistemática e interpretados como arbitrários e imprevisíveis

pela maioria dos estudiosos que lhes deram alguma atenção. Entre eles, figura o curioso

processo de formação por mesclagem lexical.

Em oposição ao que prega a maior parte dos estudiosos em morfologia, o presente

trabalho entende a mesclagem como um processo regular e passível de sistematização. A

análise lingüística aqui desenvolvida leva em conta a relação de fatores morfológicos com

fatores prosódicos, na tentativa de estabelecer as regularidades que atuam na criação desse

tipo de palavra.

As mesclas lexicais apresentam, pelo menos, três diferentes tipos de formação,

rotuladas genericamente de cruzamento vocabular (doravante CV), a saber: por interposição

(ou entranhamento ou impregnação lexical); por combinação truncada; e por substituição

sublexical (ou reanálise ou analogia).

O primeiro mecanismo de cruzamento, por interposição lexical, é responsável pela

maioria das formações mescladas, pois, conforme Gonçalves (2005b, p. 17), “80% dos

cruzamentos vocabulares do português brasileiro são caracterizados pelo aproveitamento de

pelo menos um segmento comum às palavras-matrizes”. São CVs resultantes da interposição

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de duas bases que compartilham material fonológico, sejam silabas, rimas ou até mesmo

porções fônicas sem status próprio, as quais se fundem de tal modo que estabelecem, no nível

da forma cruzada, relações de correspondência de um-para-muitos entre os constituintes das

formas de base e da forma resultante. A maior ou menor quantidade de material

compartilhado está diretamente relacionada ao grau de semelhança fônica entre as palavras-

fonte. Participam desse processo palavras como namorido (< namorado + marido),

apertamento (< aperto + apartamento), burrocracia (< burro + burocracia) etc.

O segundo tipo de cruzamento, por combinação truncada, responde por formações

mais isoladas na língua. “Esse processo, que se assemelha, bem mais que o primeiro, à

composição, não necessariamente envolve o compartilhamento de material fonológico.”

(GONÇALVES & ALMEIDA, 2007, p. 3). Nesses casos, se as formas de base são do mesmo

tamanho, ocorre fragmentação em ambas: chocotone (< chocolate + panetone); caso

contrário, a maior sofre truncamento e a menor, sem perder massa fônica, se concatena

inteiramente a maior: forrogode (< forró + pagode).

Por fim, denomina-se substituição lexical (ou analogia ou reanálise)2 o processo pelo

qual a seqüência de uma dada palavra é reintrerpretada e substituída por outra. Em outras

palavras, um fragmento da base é promovido à condição de radical, a exemplo de

“comemorar”, em que a primeira parte da palavra é reinterpretada, como se tivesse um

elemento comum a “comer”, podendo, assim, ser oposta a “beber”. Tem-se então, como

resultado, a formação analógica “bebemorar” para designar, expressivamente, uma situação

de festejo regado a muita bebida. Ao interpretar esse novo vocábulo, o ouvinte acessa o

significado das duas formas “concorrentes” para alcançar o objetivo comunicativo pretendido.

São mais raros os CVs formados por esse processo.

Na contramão do que se vem postulando, levanta-se a hipótese de que a formação de

2 Alguns estudiosos, entre eles Gonçalves (2004; 2005a; 2005b) e Basílio (2003), distinguem analogia de cruzamento vocabular.

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um CV constitui um processo morfológico único, ao pressupor que fatores morfológicos

interagem com fatores prosódicos na criação de uma palavra mesclada, a fim de se detectar a

atuação ou não de regularidade e de previsibilidade nessa relação.

Desse modo, fundamentado nos subsídios teóricos da Teoria da Correspondência

(McCARTHY & PRINCE, 1995), associados à Teoria da Otimalidade aplicada à morfologia

não-concatenativa (GONÇALVES, 2004; 2005a; 2005b), o presente trabalho propõe uma

nova interpretação dos cruzamentos vocabulares, com o objetivo central de apresentar uma

análise que opere com um ranking de restrições capaz de traduzir as propriedades gerais das

mesclas lexicais. Portanto, a proposta pretende contribuir com a teoria lingüística,

implementando uma hierarquia de restrições única que exclua mecanismos especiais para

lidar com cada padrão de formação arrolado acima.

Para tanto, constitui corpus do estudo de vocábulos cruzados (englobando aí as

formações analógicas), os quais foram retirados dos trabalhos de Gonçalves (op. cit.),

Sandmann (1988; 1992; 1993), Basílio (2003; 2005), Assunção (2006), Álvaro (2003),

Silveira (2002) e Araújo (2000). Além dessas fontes, que podem ser chamadas de secundárias,

compõem o corpus deste trabalho formações recolhidas, ao longo do período de elaboração da

pesquisa, de situações de fala as mais variadas: textos de jornais e revistas, conversações

espontâneas, nomes de produtos comerciais etc. A relação completa dessas palavras encontra-

se no anexo I e a análise de todas elas, distribuídas por tipo, nos anexos II (173 CVs do tipo

1), III (29 CVs do tipo 2) e IV (17 reanálises), perfazendo um total de 218 palavras formadas

pelo processo de cruzamento vocabular.

Por decisão metodológica, os tableaux utilizados na análise otimalista dos dados

apresentam no máximo seis candidatos a serem comparados: o candidato ótimo e quatro ou

cinco outros gerados dentro das possibilidades de boa-formação em português. O trabalho,

então, encontra-se organizado em três partes.

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A primeira parte traça uma breve revisão bibliográfica acerca do processo da

mesclagem lexical, enfatizando o tratamento que Basílio (op. cit.), Henriques (2007) e

Sandmann (op. cit.) dedicam a ele, que, pela complexidade, está sujeito a controvérsias.

Na segunda parte, resumem-se os pressupostos básicos da Teoria da Otimalidade, bem

como a descrição das restrições necessárias à análise. Entre elas, as correlacionadas à Teoria

da Correspondência, que amplia as restrições de Fidelidade clássicas para dar conta dos

processos morfológicos não-concatenativos, já que trabalham com imposições de identidade

entre duas formas: a base sobre a qual atuam as regras morfofonológicas e o produto de uma

operação morfológica, que, no caso em questão, é a forma resultante do cruzamento

vocabular. Ainda, nesta parte, encontram-se resumidos os trabalhos de Gonçalves (op. cit.) e

de Piñeros (2002), que também fazem uma abordagem do fenômeno sob o enfoque da

otimalidade.

A última parte destina-se à análise otimalista das mesclas lexicais com os três padrões

estruturais pré-definidos: os formados a partir de palavras semelhantes fonicamente; os

formados por palavras totalmente diferentes do ponto de vista segmental; e os formados por

substituições sublexicais, objetivando mostrar quais restrições são responsáveis pela seleção

das melhores formas de cruzamento vocabular, bem como se são realmente padrões de

construção distintos ou não.

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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Antes mesmo de apresentar as premissas básicas da Teoria da Otimalidade, faz-se

necessário abordar o processo da mesclagem lexical no conjunto dos demais mecanismos de

formação de palavras, sobretudo a composição e a recomposição, objetivando verificar não só

a concepção de diversos autores a respeito do fenômeno, mas também a classificação

atribuída por eles às formações vocabulares que se originam da fusão de dois itens lexicais

preexistentes na língua.

Os cruzamentos vocabulares não são descritos de maneira uniforme em português,

uma vez que seu status de processo de formação de palavra autônomo ainda é discutido. A

maioria dos estudiosos, quando dá alguma atenção ao processo, o considera irregular e

imprevisível, e nem sempre adota o mesmo critério para a classificação dessas novas palavras.

Assim, far-se-á, inicialmente, uma breve revisão bibliográfica sobre os cruzamentos

vocabulares, apresentando os diferentes pontos de vista de autores que se preocupam com o

assunto.

2.1 CRUZAMENTO VOCABULAR

O fenômeno recebe variadas denominações: Cruzamento Vocabular (SANDMANN,

1988; 1992; 1993; HENRIQUES, 2007; BASÍLIO, 2003), Blend (GONÇALVES, 2003;

2004; 2005a; 2005b), Palavra-Valise (ALVES, 1994), Mistura (SÂNDALO, 2005),

Amálgama (AZEREDO, 2000; MONTEIRO, 2002); Fusão vocabular (BASÍLIO, 2005) e

Portmanteau (PIÑEROS, 2002; ARAÚJO, 2000). Seja como for denominado, tem-se uma

mescla lexical quando duas palavras, pertencentes ou não a mesma classe gramatical, se

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fundem num todo fonético, com um único acento, à semelhança de um composto formado por

aglutinação, mas sem perder, contudo, os traços semânticos das formas de base que lhes

deram origem3.

Diferentemente dos compostos, produtos de um processo morfológico concatenativo

(por aglutinação ou por justaposição), gerados por meio da adição de uma forma de base à

outra, as mesclas lexicais resultam de uma operação não-concatenativa, cuja sucessão de

bases pode ser, e muitas vezes o é, rompida por sobreposições, dando origem a palavras que

condensam o significado de seus constituintes.

Embora pareça ser um processo arbitrário, em que as bases se combinam

aleatoriamente, o que se defende aqui é que se trata de um processo regular e passível de

sistematização, visto estar subordinado a condições prosódicas, sendo “regido, sobretudo, pela

semelhança fônica entre as bases” (GONÇALVES, 2005b, p. 19).

Em geral, as unidades lexicais formadas por esse processo têm valor depreciativo,

irônico, a exemplo de chattoso, “o pretinho básico”4, em que se verifica uma modificação

feita no nome próprio “Mattoso”. Fica nítida, nessa nova nomeação, a atitude subjetiva do

falante, que forma um tipo pejorativo de cruzamento vocabular, ao mesclar o adjetivo “chato”

com o sobrenome do conceituado lingüista brasileiro Joaquim Mattoso Câmara Jr, para se

referir ao seu essencial livro Estrutura da Língua Portuguesa, considerado por muitos

universitários de Letras, entediante e de difícil compreensão.

Segundo Sandmann (1992, p. 59), o “traço que caracteriza muitos cruzamentos

vocabulares é a sua especificidade semântica, isto é, eles vêm muitas vezes carregados de

emocionalidade, sendo que esta é depreciativa, às mais das vezes, e com pitadas de ironia”.

Mas, ao lado da grande maioria de mesclas lexicais que expressam atitude pejorativa do 3 Segundo Rio-Torto (1998), Villalva (2000) e Gonçalves (2005a; 2005b), os compostos aglutinados, cujo resultado é uma só palavra prosódica, não são produtivos em português. 4 Devido à cor da capa e às informações essenciais tanto para o estudo de Fonologia quanto para o de Morfologia, o referido livro também é conhecido por “pretinho básico”, em uma alusão ao vestuário feminino que pode ser usado em qualquer ocasião social, portanto imprescindível.

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falante frente ao enunciado (p.ex. “mautorista < mau + motorista”; “crionça < criança +

onça”; “batatalhau < batata + bacalhau”), encontram-se também formações mais isoladas,

indicando atitude neutra (“chocotone < chocolate + panetone”; “toboágua < tobogã + água”;

“frambúrguer < frango + hambúrguer”) ou até mesmo atitude positiva do falante em relação

ao objeto da fala, a exemplo de “chocolícia < chocolate + delícia”; “deliçoca < delícia +

paçoca”. Logo, pode-se afirmar que, em geral, os CVs funcionam como expressões

indicativas de intenções, sentimentos e atitudes do falante em relação ao seu discurso.

Além de exercer, nos termos de Basílio (1987), função sobretudo discursiva, o

processo de mesclagem desempenha ainda função lexical, ao criar novas unidades lexicais,

que, embora, na maioria das vezes, não sobrevivam no código lingüístico de uma

comunidade, “limitando-se, via de regra, como uma criação artística, carregada de jocosidade,

ironia ou desapreço, ao momento ou contexto para o qual ou no qual foram criadas”

(SANDMANN, 1992, p. 60), uma vez que renova o inventário lexical com neologismos

institucionalizados, que, muitas vezes, passam a ser registrados nos dicionários, como é o

caso de futevôlei, sacolé e portunhol. Dessa forma, as palavras mescladas cumprem o papel de

denominar e/ou caracterizar seres, ações ou estados – função básica do léxico –, permitindo

categorizações cada vez mais particulares.

A operação de mesclagem parece não ser peculiar à língua, já que pode ser observada

em qualquer área do conhecimento humano: matemática, botânica, química, física etc. Só

para citar um exemplo da zoologia, recentemente foi apresentado no zoológico de Bielefeld,

na Alemanha, um híbrido de cavalo e zebra, com uma pelagem mista. Em geral, o cruzamento

feito entre as duas espécies, na maioria das vezes por métodos artificiais, resulta em animais

inteiramente listrados. A “zégua”, filhote da zebra Eclipse com o cavalo Ulisses, batizada

acertadamente de Eclyse, chama a atenção por ser um espécime concebido de forma natural

(cf. VEJA, 4 de julho de 2007, p. 88) e por ser um exemplo de denominação em que o

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significante não confunde o significado. O próprio recorte de mundo, refletido nesse

significante, acompanha o significado, que nem sempre as ciências atribuem às palavras.

Ao contrário dos animais híbridos, que são estéreis, as mesclas lingüísticas, em alguns

casos, permitem novas formações, como, por exemplo, sucolé (< suco + sacolé), referência de

alto teor semântico a um tipo de picolé em saco, pois, quem o enuncia, refere-se a um sacolé

diferente porque produzido com puro suco de frutas; pelo menos, acredita nisso ou quer

convencer alguém disso, e o faz com bastante criatividade e clareza.

Em relação à constituição morfológica, muitas formações neológicas não recebem o

mesmo tratamento por parte dos estudiosos. Por exemplo, recentes construções, vinculadas

semanticamente pelos mesmos princípios, como paitrocínio (< pai + patrocínio = patrocinado

pelo pai), tiotrocínio (< tio + patrocínio = patrocinado pelo tio), autotrocínio (< auto +

patrocínio = patrocinado por si) e familiotrocínio (< família + patrocínio = patrocinado pela

família), suscitam questionamentos quanto ao processo de formação. Esses neologismos

lexicais, de acordo com Henriques (2007, p. 139-140), aproximam-se dos neologismos

sintáticos, nos termos de Alves (1990), uma vez que envolvem o uso de afixos ou de

combinação de radicais. A produção em série de tais palavras, segundo Henriques (loc. cit.),

podem representar o início da “gramaticalização de um radical “-trocínio” (= financiador)”,

uma vez que, por redução fonológica do vocábulo patrocínio5, o falante o interpreta como um

sufixo e o cliticiza a substantivos, sugerindo que tais neologismos são formados pelo processo

de derivação.

É bem mais provável, todavia, que o falante não reconheça os elementos componentes

do vocábulo patrocínio, ainda que a etimologia revele o seu traço de composição. Tanto é

assim que cruza pai e patrocínio para se referir “a algo custeado pelo pai”. Logo, pressupõe-

se que, de acordo com a necessidade comunicativa, o falante, influenciado pela forma

5 Conforme Houaiss (2001), o substantivo patrocínio, formado pelo radical culto “patrocin-”, cuja raiz é “pater”, contém na sua etimologia referência a “pai”.

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lingüística paitrocínio, crie, talvez pelo princípio da analogia, defendido em Basílio (1997),

outros vocábulos semelhantes.

Enfim, as mesclas lexicais podem ser reconhecidas como criações autorizadas pelas

informações que se tem na memória acerca das entidades envolvidas. Ao mesmo tempo em

que traduzem uma maneira criativa de se fazer referência às entidades, objetos, eventos, ações

do mundo extralingüístico, funcionam também como uma espécie de qualificação, ou melhor,

uma espécie de avaliação (positiva ou negativa) do falante, com base nos elementos

pertinentes à circunstância de interação. O conhecimento da situação e dos episódios do dia-a-

dia é que é mais significativamente mobilizado na criação e/ou interpretação dessas novas

palavras.

Contudo, a dependência, quase categórica, de um contexto apropriado não impede o

reconhecimento da natureza lexical que caracteriza as formações mescladas, pois, como

observam Gonçalves & Almeida (2007, p. 8),

A necessidade de contexto se deve ao grau de novidade da forma criada. Como são frutos da criatividade do falante, não há um armazenamento anterior do signo; no entanto, a tarefa de construir o significado dessas palavras é facilitada pelo fato de seus inputs serem oriundos do vocabulário cotidiano. Some-se a isso o fato de as duas palavras serem transparentes na construção, uma vez que, em função do compartilhamento de material fonológico, quase todos os segmentos que as caracterizam aparecem na forma resultante.

No tocante à natureza composicional, são raros os cruzamentos de duas formas de base

constituídas com mesmo número de sílabas. Via de regra, formam-se a partir de palavras

metricamente desiguais, de maneira que, enquanto a palavra mais curta aparece maximamente

representada na forma resultante, não sofrendo, portanto, nenhuma perda segmental, como,

por exemplo, boilarina (< boi + bailarina), cartomente (< cartomante + mente), presidengue

(< presidente + dengue) etc.; a base mais longa, apesar de sempre experimentar alguma perda

de segmentos, empresta à forma cruzada, na maioria das vezes, suas estruturas métrica e

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silábica, dando origem a palavras com idêntico número de sílabas e mesma pauta acentual da

forma mais longa, como em aborrescente (< aborrecer + adolescente), pedragogia (< pedra

+ pedagogia), bestarel (< besta + bacharel) etc.

Como foi exposto na introdução, de acordo com processo morfológico a que se

submete, um CV pode ser formado, em geral, mediante três mecanismos distintos: por: 1-

interposição (ou entranhamento ou impregnação lexical), recurso muito produtivo; 2-

combinação truncada, responsável por formações mais isoladas; 3- analogia (reanálise ou

substituição sublexical), fenômeno mais raro de ocorrer.

As mesclas lexicais do tipo 1 e tipo 2 distinguem-se entre si, do ponto de vista

fonológico, pelo grau de semelhança fônica entre as bases envolvidas (cf. GONÇALVES,

2005b).

Nas do tipo 1, em que há semelhança fônica de sílabas e/ou pauta acentual, se as duas

palavras de base forem monossilábicas, a quebra é determinada pela rima, como no único

exemplo de que se tem notícia pãe (< pai + mãe); ao passo que, se não-monossilábicas, a

ruptura se dá na sílaba comum a ambas, preservando suas sílabas tônicas, ou no segmento

compartilhado da sílaba tônica, como se verifica em sacolé (< saco + picolé) e cantriz (<

cantora + atriz), nesta ordem.

Tomando-se como exemplo um CV de padrão 1 namorido (< namorado + marido),

observa-se a ambimorfemia6 dessas formações, isto é, o compartilhamento de um ou mais

segmento entre as formas de base e a forma cruzada, conforme a representação a seguir, em

(01), na qual linhas sólidas indicam elementos ambimorfêmicos:

6 Termo cunhado por Piñeros (2002), cujo conceito foi aplicado à morfologia por Gonçalves (2005a; 2005b), que se refere ao compartilhamento de unidades fonológicas (sons, sílabas, seqüências) comuns a mais de um morfema em decorrência da interposição das palavras matrizes.

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(01) N A M O R A D O + M A R I D O

N A M O R I D O

Já nas do tipo 2, em que as bases não necessariamente apresentam segmentos

coincidentes, há casos em que ambas as bases são encurtadas, a exemplo de Brasgentina = (<

Brasil + Argentina), ou apenas uma o é, como ocorre em showmício (< show + comício).

Quanto às mesclas do tipo 3, nem sempre consideradas cruzamentos vocabulares

propriamente ditos, por não serem resultantes da fusão de duas palavras morfológicas, mas

envolver apenas uma forma de base e parte dela ser reinterpretada e substituída (cf.

Gonçalves, 2005b). Dessa reinterpretação, seguida de oposição de sentidos, é que surge um

novo conteúdo referencial, insólito, inesperado, para objetos, seres e eventos extralingüísticos,

uma espécie de “mímese identitária”, paralela e, ao mesmo tempo, diferente do teor semântico

da palavra-matriz. Contudo, observa-se que, nesse tipo de formação, embora não haja

compartilhamento de segmentos nem tampouco truncamento, já que envolve uma só palavra-

matriz, o produto gerado constitui-se sempre de duas formas livres na língua.

A força de expressão contida nas formações analógicas pode ser atestada com a

seguinte série de palavras, criadas, ao que parece, por necessidades comunicacionais e

pragmáticas similares: boacumba (< macumba); boadrasta (< madrasta); boadrinha (<

madrinha), em que o falante reinterpreta a seqüência “ma-”, como se fosse uma base,

agregando a ela o valor pejorativo de crueldade, e, por meio da oposição com o item lexical

“boa”, reforça o valor semântico que pretende dar à nova palavra, em busca da expressividade

e da produção de um certo efeito de sentido.

A propósito, cabe lembrar que há casos de neologismos mal-sucedidos

morfologicamente, por suscitar dúvidas quanto a sua formação. O neologismo “gastoso” seria

um bom exemplo, pois, além de seu sentido estar atrelado às circunstâncias do momento,

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tanto pode ser analisado como um derivado imediato do verbo gastar, formado com

acréscimo do sufixo “oso”, que indica sentido de abundância, ao morfema lexical “gast”, ou,

como um CV de formação analógica, em que o falante, tomando como modelo a gíria gostoso

(aquele cuja beleza dá prazer), identifica pontos de semelhanças entre as seqüências “gosto” e

“gasto”, substituindo uma pela outra, para atingir seus propósitos comunicativos: aludir a

homens maduros que atraem mulheres jovens não pelas características físicas, mas pela

condição financeira privilegiada que eles detêm (aquele cujo dinheiro dá prazer).

O termo em questão, diga-se de passagem, bastante preconceituoso, integra o irônico

comentário (transcrito abaixo) do re/conhecido político brasileiro Roberto Jefferson sobre o

escândalo desencadeado pelo suposto pagamento das despesas particulares do então

presidente do Senado, Renan Calheiros, por um lobista de uma empreiteira, vindo a público o

relacionamento extraconjugal que o senador mantivera com a jornalista Mônica Veloso, do

qual nasceu uma filha:

“Machista alagoano, o bobo do Renan não fez vasectomia e dançou. Agora, foi se esconder debaixo da saia da mulher. Bobocas, cuidado com elas, nós somos ‘gastosos’ e não gostosos. Pelo menos, façam vasectomia. Eu já fiz.” (Roberto Jefferson, presidente do PTB, VEJA, 6 de junho de 2007, p. 60).

As construções sob o rótulo de CV, além de apresentarem mecanismos de formação

diferentes, também, de um viés semântico, conforme Gonçalves & Almeida (2007, p. 13),

desempenham papéis discursivos distintos para designar um referente, pois

os entranhamentos lexicais são predicativos. Neles, a predicação atua de duas maneiras: (a) acentua propriedades inerentes ou possíveis do determinado ou, em vez disso, (b) atribui propriedades implausíveis a ele, através de extensões metafóricas ou metonímicas. Ao contrário do entranhamento, as combinações truncadas e as reanálises têm em comum, em relação ao referente que designam, um caráter mais descritivo e menos avaliativo.

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Enfim, o cruzamento vocabular é um recurso lingüístico muito produtivo entre os

falantes da língua materna, sobretudo em situações comunicativas mais informais,

diferentemente do que, talvez, ocorra em situações de maior formalidade. É, portanto, um

processo de formação de palavras que merece maior atenção por parte dos estudiosos, com a

finalidade de se fornecer indicação, senão exata, pelo menos rigorosa, dos mecanismos que

governam a associação inédita das palavras implicadas no processo.

Cabe às gramáticas a descrição dos mecanismos de formação de quaisquer palavras,

mesmo daquelas que não se rendem aos processos considerados mais básicos pelos quais se

renova o léxico: a composição e a derivação.

A seção a seguir aponta as diferenças entre o CV e os processos de composição e

recomposição (espécie de composição) que têm em comum o fato de combinarem duas ou

mais palavras de livre curso na língua. A discussão de o cruzamento ser um processo especial

de formação de palavras, distinto da composição ou, ao contrário, tratar-se de um tipo especial

de composição é uma questão fundamental para o desenvolvimento deste trabalho. Constam,

na literatura especializada, argumentos tanto a favor da primeira tese quanto da segunda.

2.2 CRUZAMENTO VOCABULAR E OUTROS PROCESSOS

2.2.1 Composição

As gramáticas tradicionais não dão tratamento adequado às formações por

composição, pois, ao descrever essas unidades morfológicas, utilizam, na maioria das vezes,

critérios de ordem semântica, o que, de certo modo, as impede de encontrar uma definição

rigorosa para o fenômeno, bem como de identificar as estruturas que o caracterizam.

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Acrescente-se a isso o fato de descreverem diacronicamente formações ditas compostas que

na língua atual não passam de formas primitivas, ou seja, formas que não podem ser

depreendidas em bases autônomas de significado no uso corrente da língua, e, portanto,

deveriam ser investigadas de um ponto de vista sincrônico, a exemplo de fidalgo e vinagre.

Nunca é demais ressaltar que a formação de compostos envolve, em seu modelo: a

lexicologia, uma vez que o léxico se constitui de entidades lexicais suscetíveis de construir

novas palavras; a morfologia, já que a construção de novas palavras implica alterações tanto

na estrutura das bases quanto em suas dimensões fonológicas e semânticas; a sintaxe, não só

porque os compostos se enquadram em categorias sintáticas, como também porque se

constituem por uma combinatória de elementos; e a pragmática, visto esta focalizar a língua

em uso, e a formação de neologismos nada mais é que um poderoso instrumento de interação.

Para melhor compreender a opção de cada um dos autores estudados sobre a questão

de considerar ou não o fenômeno de CV como um tipo de formação por composição, faz-se

necessário partir de um conceito de composição aceito pela maioria dos lingüistas. Devido,

porém, à complexidade do assunto, não serão discutidos os critérios que distinguem nomes

compostos de locuções, pois, como assinala Monteiro (2002, p. 188-189),

a união de duas ou mais bases em que há especialização de sentido não se explica de modo pleno e satisfatório dentro da morfologia. [...] A ruptura dos limites de cada estrato da língua, associada à mistura de critérios, cria por vezes contradições e equívocos. Ao estudar o mecanismo da composição, nossas gramáticas o enquadram na parte referente à morfologia, apresentando exemplos que, por força das relações de concordância ou regência, não constituem vocábulos morficamente compostos, porém grupos sintáticos ou sintagmas locucionais.

De acordo com Cunha & Cintra (1985, p. 104), a composição “consiste em formar

novas palavras pela união de dois ou mais radicais7. A palavra composta representa sempre

7 Radicais são compreendidos, aqui, como morfemas lexicais, isto é, morfemas situados no léxico, portadores do

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uma idéia única e autônoma, muitas vezes dissociada das noções expressas pelos seus

componentes”. Entre os vários exemplos citados pelos autores, encontram-se amor-perfeito

(nome de flor), criado-mudo (tipo de mobília), milfolhas (doce) e pé-de-galinha (ruga no

canto do olho).

Entretanto, Villalva (2000, p. 345) combate tal definição, considerando-a precária. E

fundamenta sua opinião com os seguintes argumentos: o conceito “de idéia única e autônoma”

é vago, passível de múltiplas interpretações; o fato de a significação de um composto estar

“muitas vezes dissociada das noções expressas pelos seus componentes” não caracteriza

apenas os compostos; afeta qualquer unidade morfológica complexa cristalizada; e, por fim,

entre inúmeras formas que têm estruturas idênticas, umas são classificadas de compostas e

outras não, como, por exemplo, pé-de-galinha e coração de galinha, amor-perfeito e amor

fraterno, respectivamente.

Deixando a discussão teórica incitada por Villalva (ibidem), de modo amplo, o

composto apresenta sempre uma unidade de significação na qual um dos elementos não pode

ser suprimido, e, na maioria das vezes, não é possível permuta de posição de seus

constituintes, sem que com isso o significado se altere.

Considerando-se ainda o significado veiculado pelos compostos, cuja unidade de

significação decorre da fusão semântica dos morfemas lexicais, de acordo com Lee (1997),

que retoma Sandmann (1990), os compostos compreendem duas classes: compostos

endocêntricos e compostos exocêntricos. Os primeiros são aqueles que apresentam um novo

significado relacionado, com maior ou menor nitidez, ao significado de pelo menos uma das

bases envolvidas (p.ex. guarda-chuva e pára-quedas). Por outro lado, os exocêntricos evocam

novos sentidos por transferência metafórica ou metonímica: copo-de-leite (tipo de flor);

maria-mole (doce) etc.

valor semântico da palavra.

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Com efeito, um composto se distingue de um CV, a princípio, porque este, mesmo

expressando um novo significado com traços que só nele estão presentes, sempre deixa

transparecer os traços semânticos das palavras que lhes deram origem. No entanto, muito

embora os critérios semânticos sejam ferramentas decisórias numa análise lingüística, não

podem ser o ponto de partida para a descrição dos mecanismos de formação de uma palavra.

Do ponto de vista fonológico, a composição se dá por justaposição ou por aglutinação

das palavras combinadas. Na justaposição, as palavras precedentes conservam a autonomia

fonética, isto é, o acento e os fonemas que os constituem, persistindo, na forma composta, a

delimitação vocabular entre as bases, como em girassol, passatempo, guarda-roupa e copo-

de-leite. Já na aglutinação, as bases envolvidas perdem a limitação vocabular entre elas,

devido à supressão ou alteração de algum segmento, por sândi interno, como se verifica em

pontiagudo (< ponte + agudo), por neutralização da oposição entre /e/ e /i/ da vogal átona

final; planalto (< plano + alto), por elisão, e aguardente (< água + ardente), por crase, da

vogal final com a inicial seguinte, sujeitando-se a um único acento lexical.

Com relação a essa divisão, Villalva (2000, p. 347) atenta para o fato de as gramáticas

tradicionais confundirem os conceitos de composição com os de lexicalização, e, por isso, não

se dão conta de que justaposição e aglutinação não são processos distintos, mas de dois

estados ou graus em que as palavras compostas se encontram dentro de um mesmo processo:

o de lexicalização. Nas palavras da autora,

O que, na verdade, se constata é que os compostos por justaposição sofrem apenas uma lexicalização semântica, enquanto que, nos compostos por aglutinação, a lexicalização não é só semântica, mas também formal, ou seja, a estrutura morfológica do composto é perdida (loc. cit.).

Sob esse prisma, pode-se concluir que formas inicialmente compostas, uma vez

lexicalizadas, ao atingirem o final de sua trajetória de lexicalização, dão origem a uma palavra

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com pauta acentual única e de significado particular. Como tal processo está comprometido

com a mudança do sistema lingüístico, essas unidades morfológicas raramente surgem em

uma dada sincronia, sendo, portanto, improdutivas. Sinalizando que ainda se encontram em

processo de lexicalização, essas palavras costumam admitir duas grafias, como é o caso de

hidroelétrica ou hidrelétrica e hidroavião ou hidravião.

De uma perspectiva morfossintática, não há consenso entre os lingüistas sobre o

processo de composição. Monteiro (2002, p. 186), por exemplo, entende o composto como “o

vocábulo que admitir a pluralização apenas do último componente” e quando permite “o

acréscimo de algum sufixo derivacional afeta o composto como um todo”. Por esse critério,

não são compostos, mas locuções, por admitirem flexão de plural e acréscimo do sufixo “-

zinho” entre os seus componentes, as seguintes formações, dentre várias outras

tradicionalmente classificadas de composto: salário-família, cabra-cega, pé-de-moleque

(exemplos fornecidos pelo autor).

Lee (1997), baseado nos pressupostos da Morfologia Lexical, dá um tratamento mais

convincente à análise dos compostos do português brasileiro, defendendo a existência de dois

tipos de compostos: Compostos Lexicais e Compostos Pós-Lexicais. Segundo ele, os

compostos lexicais são formados no léxico e são sintaticamente opacos, ou seja, comportam-

se como uma palavra simples em relação a processos morfossintáticos, pois não permitem

flexão, derivação, nem concordância entre os constituintes. Por outro lado, os compostos pós-

lexicais são formados no componente pós-lexical e, portanto, sintática e morfologicamente

transparentes (permitindo flexão, derivação e concordância); esses compostos resultam da

atuação da regra de formação de palavras não-morfológicas.

A partir daí, pode-se entender que, morficamente, um CV assemelha-se a um

composto lexical, já que, em relação a processos morfossintáticos, se comporta também como

uma palavra comum, ao permitir flexão exclusiva do último componente e derivação

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relacionada à palavra resultante como um todo. Nesse sentido, um CV seria como um

composto regular, na medida em que também são opacos para operações sintáticas.

Grosso modo, as diferenças entre os compostos e os vocábulos cruzados podem ser

assim resumidas:

– sob um olhar semântico, os compostos regulares, por justaposição, diferentemente

dos vocábulos mesclados, podem dissociar-se, total ou parcialmente, dos significados

de seus componentes, como ocorre, respectivamente, em pé-de-moleque (exocêntrico)

e guarda-noturno (endocêntrico);

– sob um olhar fonológico, os compostos justapostos podem carregar dois acentos,

enquanto a palavra resultante da mesclagem lexical carrega só um;

– sob um olhar morfossintático, os compostos pós-lexicais caracterizam-se pela

peculiaridade de admitir processos morfológicos em seu primeiro componente, como

se verifica em peixes-espada (flexão de plural) e peixinho-espada (derivação por

acréscimo de sufixo), enquanto os vocábulos cruzados, bem como os compostos

lexicais, não os permitem.

Essa breve introdução sobre as formações compostas facilita compreender com maior

clareza a opção de cada um dos autores estudados e perceber que entre os compostos e os CVs

há semelhanças e particularidades de formação que justificam os posicionamentos sobre a

questão.

Embora os limites entre composição e cruzamento sejam tênues, ainda mais quando se

tem em mente a justaposição e a aglutinação, assume-se com Gonçalves (2005b) que os

compostos aglutinados são improdutivos e, portanto, não serão levados em conta nesta

abordagem. Desse modo, consideram-se composição e CV processos distintos, porque,

enquanto a composição regular dá origem a palavras prosódicas complexas, isto é, com dois

acentos lexicais, o cruzamento, pelo contrário, gera uma única palavra prosódica, com apenas

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um acento. A questão será retomada na subseção 3.3.2, na qual se detalha a análise feita por

Gonçalves (2005b), em que ele defende ser essa a “diferença crucial” entre os dois processos.

2.2.2 Recomposição

Monteiro (2002, p. 191) define recomposição como sendo “uma espécie de

composição, com uma diferença bastante específica”. A diferença entre os dois processos

consiste na alteração de significado que uma das bases envolvidas na recomposição

experimenta. Certas formações compostas de bases presas, que combinam radicais gregos e

latinos, têm parte delas reduzida devido à braquissemia, isto é, ao mecanismo pelo qual uma

palavra sofre subtração de morfes, por apócope, aférese ou síncope, dando origem a uma

forma abreviada que passa a valer semanticamente por toda palavra de que antes era elemento

constituinte. Por exemplo, os vocábulos compostos fotografia e fotofobia têm em sua

constituição o elemento foto (do grego fhõto) com o sentido original de luz. O primeiro,

todavia, pelo princípio de economia da linguagem devido ao uso freqüente, foi abreviado para

foto. Essa forma reduzida tornou-se independente e passou a ser empregada com o valor

semântico de todo o composto, no caso em questão, com o sentido de imagem obtida por um

sistema óptico, em uma série de novos compostos ou recomposições: fotocópia, fotonovela,

fotogravura, fotojornalismo etc. A esses elementos que assumem o sentido global da palavra

da qual provém, Cunha & Cintra (1985, p. 111) denominam de pseudoprefixos ou

prefixóides.

Nesse enfoque, formações que combinam um pseudoprefixo e uma palavra

preexistente na língua podem ser classificadas de recomposição ou de CV. No primeiro

processo, a palavra resultante apresenta as duas formas integralmente, como se verifica em

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aerolula (< aero + Lula = “avião presidencial”); no segundo, a outra base sofre alteração ou

perda de material fônico, a exemplo do que ocorre na formação dos seguintes CVs: aerobu (<

aero + (uru)bu = “urubu responsável por acidentes aéreos”), monocelha (< mono +

(sobran)celha = “sobrancelha contínua, em bloco”), monocrático (< mono + (demo)crático =

“político distante do povo” ).

O envolvimento de um pseudoprefixo aproxima os dois processos, visto que, do ponto

de vista sintático, a base presa, por ser sempre determinante, impõe que a cabeça lexical

figure à direita da palavra resultante. Contudo, o que define se uma nova palavra se constrói

por recomposição ou por cruzamento é a preservação ou não da estrutura morfológica das

bases-fonte.

2.3 ALGUMAS ABORDAGENS SOBRE O CRUZAMENTO VOCABULAR

2.3.1 Posicionamento de Sandmann

Sandmann (1992, p. 51-61) dedica-se, no capítulo denominado de “Tipos especiais de

formação de palavras”, às formações por siglagem, por analogia, por reduplicações, e por CV,

ou seja, às que não são explicitadas regularmente pelas gramáticas, e que, segundo o autor,

não são muito produtivas, com exceção das abreviações formadoras de siglas.

Para o autor, os cruzamentos vocabulares são,

no fundo, um tipo de composição, diferençando-se desta, porque no cruzamento vocabular as bases que entram na formação de nova unidade lexical, ou ao menos uma, sofrem diminuição, não sistemática ou regular, de seu corpo fônico. (SANDMANN, 1992, p. 58).

E ressalta que o corte das bases é feito por opção exclusiva de quem cria a palavra,

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desde que seja respeitada a estrutura silábica da língua, considerando, apropriadamente, o

cruzamento uma espécie de “manufatura de palavras”, pelo cuidado como é produzido, um a

um. Para o autor, não há necessidade de que os elementos formadores sejam todos abreviados

e, de acordo com o grau de semelhança fônica entre as matrizes, subdivide os CVs em

homófonos e não-homófonos.

Os primeiros apresentam uma parte comum mais ou menos longa, como é o caso de

Hospitaú (< hospital + Itaú), em que o componente hospital foi abreviado para hosp, e de

limonik (< limonada + Sputnik, tipo de vodka), em que as duas formas de base sofreram corte;

os segundos referem-se a cruzamentos cujos constituintes não contêm segmento fonético

comum, a exemplo de democradura (< democracia + ditadura), em que as duas matrizes

foram abreviadas, e de showmício (< show + comício), em que só se eliminou a sílaba inicial

de comício, enquanto show ficou inalterada.

Com relação à estrutura sintática dos cruzamentos, Sandmann (1993, p. 76) afirma

que, assim como os compostos – substantivos ou adjetivos –, formados de substantivo mais

substantivo, os CVs podem ser copulativos ou determinativos. Tem-se um CV copulativo

quando há fusão de elementos do mesmo nível, ou melhor, uma coordenação: Belíndia (<

Bélgica + Índia), termo usado para se referir ao Brasil, que, à semelhança da Bélgica, tem

uma pequena elite, e, tal qual a Índia, uma grande população marginalizada. Já os

determinativos são construídos pela junção de dois elementos de nível diferente, uma

subordinação, com seqüência DM-DT ou DT-DM8. O determinante (adjunto) pode preceder

ao determinado (núcleo): bestarel (< besta + bacharel = “bacharel metido a besta”) ou seguir-

se a ele: pescópia (< pesquisa + cópia = “expressão depreciativa para pesquisas escolares”).

Os exemplos citados pelo autor reiteram o fato de que os elementos formadores de um

CV nem sempre estão numa relação mútua de conteúdo, mas, uma vez fundidos, estabelecem

8 DT e DM constituem abreviações de Determinado e Determinante, respectivamente.

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uma relação conceitual apropriada, garantindo, com isso, a força expressiva dos vocábulos

formados.

2.3.2 Posicionamento de Henriques

Henriques (2007, p. 156) caracteriza o cruzamento morfológico como

um processo que consiste na reunião entre, pelo menos, uma base e um afixo ou entre bases lexicais diferentes, com o objetivo de explorar inovadoramente suas cargas semânticas. Esses cruzamentos, como se vê pela definição dada, se enquadram a rigor nos processos de derivação e de composição.

O autor defende que os CVs se formam tanto por derivação quanto por composição.

Os primeiros são constituídos de uma ou mais bases e um afixo, com as mesmas

características dos epônimos ambíguos, isto é, espécie de derivação homonímica, cuja

formação se dá sempre por influência de um antropônimo, mas que, contudo, não perdem seus

vínculos semânticos com os substantivos comuns com os quais foram cruzados (p.ex.

geraldino < subst. geral + sufixo –ino; arquibaldo < arqui (do subst. arquibancada) + baldo

(de Arquibaldo); macário < subst. maca + sufixo -ário). Para ele, a diferença entre um

epônimo ambíguo e a forma resultante de um cruzamento por derivação está em este não se

identificar com um antropônimo, mas com um vocábulo homônimo ou parônimo de qualquer

classe e cita como exemplo faxcilitar (< verbo derivado da palavra fax pela associação fônica

entre fax e fácil). No entanto, essa classificação não fica tão clara nos casos de geraldino e

macário, apresentados pelo autor.

Já os cruzamentos por composição reúnem duas bases lexicais, em que ocorre uma

aglutinação neológica, ou melhor, as “duas bases são privadas de algum elemento silábico (a

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primeira delas perde a parte final; a segunda perde a parte inicial) para constituírem um novo

item lexical” (loc. cit.). Mas, logo a seguir, o autor faz uma ressalva a essa conceituação e

afirma que, contanto que a palavra-base tenha mais de duas sílabas, basta que se aproveite

uma parte do seu radical, caso contrário, não há perda de material silábico, acrescentando que

também a posição da sílaba tônica interfere na forma resultante. E exemplifica com as

seguintes formações: chocotone (< chocolate + panetone); dedoches (< dedo + fantoches);

showmício (< do estrangeirismo show + comício); recifolia (< Recife + folia); Japaréia (<

Japão + Coréia) etc.

O autor faz referência ainda aos neologismos semânticos, denominando-os de palavra-

valise-sem-fundo. O falante emprega esses falsos cruzamentos, em geral, com finalidade

humorística, ao explorar a camada fônica de algumas palavras, imprimindo-lhes,

intencionalmente, novos valores semânticos. Henriques (2007, p. 157) cita como exemplos

desse uso alguns vocábulos utilizados por Millôr Fernandes: dogmatizar (misturar cães

ingleses), paisagem (progenitores atuam), e por Mário Prata: armarinho (vento que vem do

mar), edifício (antônimo de “é fácil”).

Nem Sandmann nem Henriques enfatizam, em suas análises, as mudanças operadas

por fatores fonológicos (elisão, crase, ditongação, haplologia) e/ou por fatores morfológicos

que freqüentemente as bases envolvidas em um processo morfológico de formação vocabular

experimentam. Outra questão relevante, sobretudo para a formação de um CV, que também

não é cogitada pelos autores, seria a de saber qual dos componentes tende a ocupar, na palavra

resultante, as posições de núcleo e adjunto, já que essa relação pode ser de coordenação ou de

subordinação. Com efeito, não se elucida por que um CV apresenta uma seqüência e não

outra: por que emerge a forma canecopo e não coponeca, ao se mesclar copo e caneca?

Embora, na maioria dos casos, a distribuição posicional dos componentes esteja ligada,

naturalmente, a critérios semânticos, a descrição dos contextos morfofonológicos que a

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motivam é fundamental para comprovar ou refutar a visão de que o CV se trata de um

fenômeno morfológico arbitrário.

2.3.3 Posicionamento de Basílio

Para Basílio (2003, p. 1),

o cruzamento vocabular pode ser considerado como um tipo de composição, na medida em que sua formação envolve duas palavras, e o processo correspondente envolve o mecanismo de formar uma nova palavra cujo significado e forma final decorrem diretamente da combinação de duas palavras.

Embora defenda que exemplos análogos aos utilizados em seu texto como enxadachim

(< enxada + espadachim), presidengue (< presidente + dengue) e pitboy (< pitbull + boy)

também admitam outras classificações (trocadilhos, composições e formações analógicas), a

autora aponta a necessidade de se considerar a mesclagem lexical como um fenômeno distinto

das composições em geral, dado que a palavra resultante do cruzamento é sobredeterminada

pelas propriedades fonológica e semântica dos dois elementos que são tomados como base.

Segundo ela, somente a análise de cruzamentos vocabulares como reestruturações

mórficas e integrações conceptuais é capaz de captar os elementos simultaneamente

necessários para alcançar o efeito expressivo desejado, admitindo-se que o padrão de estrutura

da composição exerce importante função nessas construções.

Basílio (op. cit.) levanta a hipótese de os CVs serem baseados numa construção

morfológica bem sucedida que conduz a uma quebra simultânea de expectativas, na medida

em que a reestruturação morfológica feita força uma reestruturação conceptual. Assim, as

melhores formas de CV são aquelas em que “a projeção conceitual a ser reestruturada vai por

um caminho não apenas inesperado mas insólito, embora inexorável” (op. cit, p. 2).

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Assunção (2006) demonstra, a partir dos CVs presentes na coluna de Agamenon9, que,

de fato, na maior parte das vezes, em uma reconstrução vocabular bem sucedida, uma das

partes – a palavra inesperada – predica ou caracteriza a palavra básica hospedeira, criando um

desfecho inusitado, a exemplo de “febre afurtosa”, termo surgido da combinação de aftosa e

furto que critica, com humor, as denúncias de corrupção deflagradas no primeiro governo

Lula, confirmando assim a tese defendida por Basílio (2004, p. 1) de que, nos cruzamentos

bem sucedidos, a restruturação formal imprime um novo e inconfundível efeito de sentido ao

resultado final.

Quanto à distinção entre cruzamento e composição, a autora prefere assumir a posição

de que “a separação ou não dos fenômenos é de caráter terminológico e pode depender dos

objetivos da descrição, para a qual a relevância maior estará nos pontos de semelhança ou nos

pontos de diferença” (loc. cit.) e ocupa-se, sobretudo, da descrição de padrões apresentados

pelos diferentes tipos de cruzamento.

Do ponto de vista fonológico, concorda com a argumentação quanto à relevância de o

processo ser não-concatenativo. Contudo, sob o prisma morfológico lexical, defende que, se

for comparado com a derivação e a composição sobre a possibilidade de emergência de

significado, a composição e os cruzamentos ficarão de um lado e a derivação de outro, graças

ao teor semântico pré-determinado nas formações derivadas, ao contrário das compostas.

A autora questiona as definições de Bauer (1988), para quem o cruzamento vocabular

é “um novo lexema formado de partes de dois ou mais lexemas”, e de Kemmer (2003),

segundo o qual, diferentemente da composição, o cruzamento vocabular combina partes das

palavras de base, mas, nessa combinação, só predominam as propriedades fonológicas em

detrimento da estrutura morfológica. Com efeito, postula que o traço caracterizador comum

9 Coluna criada pelos humoristas Hubert e Marcelo Madureira, do grupo Casseta e Planeta, publicada aos domingos no jornal O Globo, na qual se critica, irreverentemente, o cenário econômico e político da atualidade.

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de uma fusão vocabular é a perda da expressão fonológica de pelo menos um de seus

elementos formadores.

Para ela, as diferenças entre cruzamentos e composições ficam reduzidas pelo fato de

a grande maioria dos CVs reestruturar morfologicamente apenas uma das bases, aproveitando

a configuração geral da outra, e de apresentar, na maior parte das vezes, o elemento

predicador na primeira parte da palavra resultante, e, na segunda, o elemento qualificado, a

exemplo de boilarina (< boi + bailarina) e mãedrasta (mãe + madastra), semelhantemente aos

compostos de base presa10 (p.ex. agrotóxico, lipoaspiração, eco-sistema etc.).

A esse processo morfológico, em que a combinação de duas bases – a interferente e a

hospedeira – resulta da incorporação integral do significante, sempre de caráter predicador, da

interferente na hospedeira, que, mesmo sofrendo encurtamento, mantém a sua integridade

denotativa, a autora denomina de recomposição. Assim, em tristemunho, triste- qualifica

testemunho, e -munho representa testemunho na recomposição. O mesmo ocorre em

apertamento, lixeratura, chafé, aborrescente, burrocracia etc.

No entanto, Basílio (2005, p. 4) ressalta a existência de um grupo de palavras

problemático quanto à estruturação mórfica, constituído de palavras não tão produtivas, de

função mais descritiva que avaliativa, que parece ser formado pela combinação de partes de

duas bases, seguindo a definição Bauer (op. cit.). Incluem-se, nesse grupo, palavras do tipo

lambaeróbica (< lamba(da) + aeróbica) e portunhol (< portu(guês) + (espa)nhol), cujas bases

são abreviadas em pontos que a autora considera não previsíveis.

Desse modo, postula que existem dois mecanismos distintos de cruzamento vocabular:

um, por incorporação predicativa, e outro, por combinação de partes de palavras.

O primeiro mecanismo, que a autora prefere denominar de fusão vocabular, refere-se

às formações em que se verifica

10 Formas lingüísticas tradicionalmente chamadas de radicais gregos e latinos: eco-; hidro-; hipo-; demo-; -og(ia) -latr(ia) etc.

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interposição de uma forma sobre a outra, na qual uma alteração fonológica mínima permite ativar ambas, a hospedeira e a predicativa simultaneamente, daí resultando uma força expressiva maior na predicação. As condições de produtividade deste processo são definidas com precisão (BASÍLIO, 2005, p. 5).

O segundo diz respeito à junção de partes de duas ou mais palavras, resultando uma

outra palavra, cujo conteúdo referencial surge da combinação dos significados das partes

selecionadas, à semelhança de uma composição truncada.

Na opinião da autora, ambos os casos devem ser investigados como processos

morfológicos, tais como a sufixação, a composição, a prefixação, já que também são

mecanismos disponíveis na língua para formar novas palavras, cujo valor expressivo é

resultado da integração fonológica que espelha e reforça a integração conceptual entre as

palavras pré-existentes envolvidas.

2.3.4 Novos enfoques

O tratamento dado ao processo de formação vocabular por cruzamento, ultimamente,

vem alcançando uma maior latitude, pois, além de contemplar o indiscutível caráter morfo-

semântico do fenômeno, vem aliando critérios cognitivos e/ou fonológicos à sua descrição,

como em Araújo (2000), Silveira (2002), Álvaro (2003), Gonçalves & Almeida (2004; 2007)

e Gonçalves (2003, 2004, 2005a, 2005b).

Para Araújo (2000), os cruzamentos podem ser vistos como palavras compostas, que

se diferem, porém, destas, por apresentarem uma certa opacidade estrutural devido à maior

perda de massa fônica das formas matrizes. Observa que a principal característica dos

cruzamentos é a amalgamação das bases, mas que isso não se processa linearmente, uma vez

que a concatenação das bases se realiza após o encurtamento de pelo menos uma delas. A

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partir de uma análise morfo-fonológica do processo, com base na teoria da Otimalidade e da

Correspondência, o autor destaca que a maior dificuldade em descrever as formações cruzadas

relaciona-se ao local de quebra das bases, visto os cruzamentos tenderem a compartilhar

segmentos fonológicos (fonemas, traços, sílabas), sobrepondo-os.

De uma perspectiva morfo-pragmática, Silveira (2002) mapeia as fronteiras entre

cruzamento vocabular, analogia, composição e recomposição e afirma que a composição é o

processo que mais se parece com o cruzamento vocabular. Segundo a autora, a diferença

fundamental entre os dois processos seria a fronteira de marcas fonológicas, assumindo com

Gonçalves (2001 apud Silveira, 2002, p. 2) que o CV se sustenta como um processo

diferenciado a partir de fatores como constituição silábica e acento.

Silveira (loc. cit.) postula que os compostos regulares preservam o acento primário dos

seus componentes, pois, embora conservem a cabeça lexical da palavra da direita, mantêm o

acento da palavra da esquerda que passa a índice de sub-tonicidade na pauta acentual da

palavra resultante. Já os compostos por aglutinação, assim como os cruzamentos, são

marcados pela perda de massa fônica, promovendo a desacentuação da primeira base.

Contudo, nos compostos aglutinados, em oposição aos CVs, as seqüências suprimidas podem

ser facilmente recuperadas, dado a perda do material fônico ser justificada pelos processos

fonológicos regulares; em geral, por crase e elisão.

No que tange ao aspecto semântico, Silveira (op. cit. p. 25) constata que o cruzamento

vocabular é, por excelência, um processo gerador de palavras figuradas, uma vez que a

maioria dos vocábulos cruzados não admite uma interpretação literal. E cita como um dos

exemplos o CV boilarina (< boi + bailarina), em que se torna impossível fazer a leitura literal

de suas bases, já que, segundo ela, não se pode caracterizar nenhum ser pelo traço +Humano/-

Humano, sendo interpretado apenas figuradamente: comparação depreciativa de uma bailarina

a um boi, por não ter silhueta adequada à profissão.

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Ao final de sua pesquisa, a autora sustenta que o cruzamento vocabular é um processo

de formação de palavras sistemático e essa regularidade é obtida somente a partir de aspectos

fonológicos.

Álvaro (2003) examina os cruzamentos, fundamentada na hipótese sócio-cognitivista e

na teoria dos espaços-mentais. Resumindo muito o seu trabalho, que vale ser lido na íntegra, a

autora defende que as palavras formadas por cruzamento e por composição são produtos de

uma combinação lexical (CL). Concentra-se em analisar as combinações de bases livres

constituídas de substantivo-sustantivo (S-S), substantivo-adjetivo (S-A) e substantivo-

preposição-substantivo (S-prep-S). Segundo ela, tais combinações realizam-se metonímica ou

metaforicamente. As primeiras tanto podem apresentar-se “amalgamadas léxico-

fonologicamente”, denominadas de CLs metonímicas hiperbólicas, como nos casos de

cruzamentos, que se formam por um processo não-concatenativo, quanto não-amalgamadas,

como nos compostos, que se constroem por encadeamento linear; as segundas, CLs

metafóricas de S-S, tal qual as metonímicas hiperbólicas de S-A e S-prep-S, são sempre

amalgamadas.

As CLs metonímicas hiperbólicas caracterizam-se pela maximização do atributo do

domínio base sobre o alvo11 e pela presença do termo referente no bloco lexical resultante, a

exemplo do CV apertamento, em que se maximiza a qualidade de ser apertado (domínio base

– o adjunto) sobre a condição de ser apartamento (domínio alvo – o núcleo); ao passo que as

CLs metafóricas caracterizam-se pela mescla conceptual de domínios dos termos envolvidos

na referenciação, levando à recategorização semântico-pragmática do referente, como o que

ocorre no cruzamento showmício, combinação lexical amalgamada, na terminologia de 11 Grosso modo, para a Lingüística Cognitiva, mais especificamente para a teoria dos espaços mentais, a metáfora conceptual estrutura-se internamente por domínios, denominados de domínio base ou origem e de domínio alvo ou destino. A metáfora, então, é entendida como uma projeção – correspondência ontológica ou epistêmica – de parte das informações de um domínio conceptual (base) para o outro (alvo). Conceitos pertencentes ao domínio base são mais concretos e ao domínio alvo são mais abstratos. Os processos por metonímia e por metáfora conceptual distinguem-se porque neste associam-se entidades provenientes de dois domínios distintos, naqueles, pelo contrário, relacionam-se entidades conceptualmente contíguas de um mesmo domínio (cf. CUERCA & HILFERTY, 1999, p. 100-111).

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Álvaro. Este é um exemplo em que emerge um novo referente resultante da interpenetração

conceptual das características de atividades políticas com as de um evento artístico, gerando

um terceiro significado que, embora partilhe características de ambos os domínios (base: show

e alvo: comício), se recategoriza ao adquirir um sentido mesclado que lhe é peculiar.

Nessa perspectiva, deduz-se que a diferença entre cruzamentos e compostos seria a de

que estes são combinações lexicais não-amalgamadas, de realização conceptual estritamente

metonímica, cuja referência se dá pragmaticamente, uma vez que o referente não aparece no

produto da composição, como, por exemplo, dedo-duro, couve-flor, Pão-de-Açúcar etc.;

enquanto aqueles são combinações amalgamadas, realizadas tanto metafórica quanto

metonimicamente, sendo que, se operacionalizados por metonímia, particularizam-se pela

maximização das características do domínio base sobre o alvo. Enfim, na criação de um CV,

dois conceitos – da base e do alvo – são associados por metáfora ou relacionados por

metonímia para formar um terceiro conceito, o qual não diverge completamente dos primeiros

como parece ocorrer na maior parte das palavras compostas.

A partir do que foi arrolado até aqui, pode-se afirmar que CV é um processo de

formação de palavras regular que possui características próprias: licencia o entrecruzamento

das seqüências comuns às bases, cuja quebra ocorre no ponto em que mais se assemelham

fonologicamente; gera apenas uma palavra prosódica, com um único acento lexical; nos casos

em que as bases são diferentes metricamente, tende a preservar em seu interior toda a base

menor; apesar de haver perda de massa fônica das bases, impossibilitando a sua recuperação

estrutural, semanticamente, adquirem sempre um novo significado, sem, com isso, se

distanciar dos significados de cada uma das palavras matrizes.

Com se vê, a mescla lexical diferencia-se, sob vários aspectos, da composição e da

recomposição, mas a questão que se coloca é se, de fato, os CVs são formados por padrões

diferentes, já que há casos de cruzamento em que as palavras-base não apresentam segmentos

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em comum, denominados de CVs dessemelhantes, e outros, em que as bases se sobrepõem

devido à correspondência de segmentos entre elas, os semelhantes fonicamente. Nos

primeiros, a fidelidade às bases é fundamental para determinar um ponto de fusão que permita

a recuperação dessas bases e de um ponto de quebra, de acordo com a melhor possibilidade de

rastreamento das palavras matrizes; nos segundos, por não haver um ponto de quebra

previsível, a fusão se dá no segmento coincidente.

Optou-se, então, por investigar esses padrões com os instrumentos da Teoria da

Otimalidade (Prince & Smolensky 1993), mais especificamente com os da Teoria da

Correspondência (McCarthy & Pince, 1995; Benua, 1995), uma vez que esse modelo teórico

licencia não somente avaliar a semelhança formal e prosódica de inputs e outputs, mas

também a das palavras resultantes e os inputs que lhe servem de base.

A escolha de uma investigação nos moldes da Otimalidade deve-se ao fato de que o

processo de cruzamento vocabular representa um dos maiores desafios para uma abordagem

estritamente morfológica, por se tratar de uma operação de formação de palavras que quase

sempre se submete a pressões pragmáticas, prosódicas e morfológicas. Na seqüência, serão

apresentados os pressupostos da teoria supracitada, modelo representacional baseado em

hierarquia de restrições, bem como a análise otimalista proposta por Gonçalves (2003;

2005b), na qual as considerações estarão fortemente baseadas, já que revela a produtividade

do modelo, permitindo investigar de forma adequada e natural fenômenos situados na

interface da fonologia com a morfologia.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O presente capítulo apresenta as premissas básicas da Teoria da Otimalidade (Prince

& Smolensky 1993), e, por extensão, as da Teoria da Correspondência (McCarthy & Pince,

1995; Benua, 1995), uma espécie de aprimoramento da Teoria da Otimalidade clássica

(doravante TO), que amplia a noção de fidelidade, até então estabelecida, para dar conta das

operações morfológicas que freqüentemente levam a modificações no conteúdo material das

bases envolvidas.

Processos não-concatenativos, situados na interface da fonologia com a morfologia,

são analisados de modo bastante natural com os instrumentos da Teoria da Correspondência

(TC) por esta suportar referência a outras entidades representacionais, além das formas de

base (elementos morfológicos subjacentes) e das formas de superfície (produtos finais da

operação). Pontos cruciais deste trabalho tomam como referência os artigos de Gonçalves

(2003; 2005a; 2005b) e de Gonçalves & Almeida (2004; 2007), por isso mesmo, apresentam-

se, nas seções a seguir, os principais pontos teóricos da TO, de uma forma geral, e da TC,

mais especificamente.

A proposta se baseia na idéia de que o processo de CV, no português do Brasil, pode

ser explicado mediante um conjunto de restrições que avaliam construções moldadas em

planos fonológicos e morfológicos. A análise parte da hipótese de que a configuração

estrutural dos candidatos a output, observadas as relações ditadas pela hierarquia prosódica e

morfológica, reflete o sistema de estruturação mórfica dos cruzamentos vocabulares.

Antes, porém, de se delinear essa proposta, à qual será dedicado o próximo capítulo, é

necessário que se trace um perfil geral da TO, base teórica desta abordagem.

Este capítulo está organizado da seguinte forma: primeiramente será apresentada uma

revisão geral da TO com suas principais características e arquitetura, seguida de aspectos do

modelo que permitem a abordagem dos cruzamentos vocabulares. Na seqüência, serão

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comentadas as análises feitas por Piñeros (2002), para os CVs criados em língua espanhola, e

as de Gonçalves (op. cit.), que focaliza esse tipo de formação no português brasileiro.

3.1 TEORIA DA OTIMALIDADE

A TO, inovador programa lingüístico gerativo, proposto por Prince & Smolensky

(1993), revela-se um quadro teórico capaz de explicitar um modelo de descrição gramatical,

que, embora venha sendo aplicado, em especial, ao componente fonológico, permite

aplicabilidade a todos os níveis da gramática.

Assim como outros modelos formais de investigação gerativa, a idéia básica da TO é

de que os falantes possuem habilidade tácita para distinguir os elementos possíveis em seu

idioma daqueles que não o são. Tal habilidade constitui um dos sinais da existência de uma

Gramática Universal, característica da linguagem humana.

O aspecto inovador da TO consiste na assunção de que os princípios gramaticais

podem ser violados, sem que com isso sejam gerados resultados agramaticais. Os vários

modelos lingüísticos, existentes até então, entendem como gramatical apenas a estrutura que

obedece a todas as regras ou princípios da gramática em análise, e, para dar conta de

eventuais conflitos que se podem estabelecer entre esses padrões ou princípios, que, muitas

vezes são definidos de forma independente, estipulam uma ordem de aplicação entre eles.

Diferentemente, a TO surge como uma alternativa de se verificar de que maneira tais regras se

inter-relacionam, contemplando a possibilidade de formalizar o tipo de interação que se dá

entre elas.

Por conseguinte, ao contrário das teorias derivacionais pautadas em regras que se

aplicam ordenadamente a partir de uma forma de input (forma subjacente) a fim de se

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alcançar a forma de output aceitável (forma de superfície), a TO abandona qualquer tipo de

processo serial, caracterizando-se por ser um modelo baseado em restrições avaliativas em

paralelo; portanto, não vislumbra processos seqüenciados para determinar a melhor forma de

superfície de uma representação subjacente. A estrutura de superfície passa então a ser

determinada por meio de restrições universais e violáveis que interagem em uma hierarquia.

Assim, em oposição aos modelos seriais que direcionam a atenção para a forma subjacente, a

TO tem como foco principal o output e para ele todas as restrições estão voltadas.

Face aos modelos seriais apresentarem, em determinadas situações, regras

morfofonológicas que conspiram contra ou a favor de uma determinada condição para que

uma forma de superfície menos marcada seja atingida, a TO apresenta a vantagem de fixar-se

diretamente no output, já que a hierarquia de restrições é a tradução da gramática que fornece

direta e precisamente um output. Em síntese, a TO centra-se na idéia de que a Gramática

Universal consiste de um conjunto de restrições que expressam a exigência de boa-formação

do output, sendo estas restrições compartilhas por todas as línguas.

Como, no modelo, as restrições universais são ranqueadas em uma ordem específica

para cada língua, a TO propõe que a diferença entre os vários idiomas se reduza a diferentes

hierarquizações dos princípios da gramática, determinando e caracterizando as propriedades

universais da linguagem, bem como os limites de variação lingüística entre as línguas

naturais.

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Assim, se a gramática de uma língua é regulada por um determinado ranqueamento,

já, em uma outra, a gramática pode ser determinada por uma diferente ordem das mesmas

restrições. Por exemplo, tomando-se X e Y como restrições universais relevantes, a hierarquia

de uma dada gramática pode ser definida através de uma hierarquização em que X domina Y

(X»Y) ou vice-versa (Y»X). Toda língua natural é, pois, a expressão de um ranqueamento

particular.

São três os instrumentos básicos envolvidos na determinação de uma gramática, na

perspectiva da TO: GEN (GENerator = gerador), AVAL (EVALiator = avaliador) e CON

(CONstraint = conjunto de restrições).

O mecanismo chamado de GEN aplica-se ao input com o objetivo de fornecer um

conjunto de candidatos a output potencial e logicamente possível. Esse componente tem como

propriedade essencial a liberdade para gerar, a partir de um dado input, candidatos a serem

avaliados por AVAL, desde que estes candidatos correspondam a expressões lícitas, ou seja,

obedeçam a processos morfofonológicos conhecidos no idioma investigado.

Por exemplo, para o CV portunhol, que tem como input duas palavras matrizes:

(português + espanhol), GEN poderia compor uma lista de prováveis candidatos, dentre

vários outros, com as seguintes palavras prosódicas: espaguês, espanholguês, portuespa e

poranhol. Todas elas são representações lexicais possíveis em português. Portanto, GEN

desempenha, na TO, o papel de fornecer expressões a serem analisadas, projetando um input

em vários outputs, dos quais apenas uma forma será eleita como gramatical.

O conjunto de candidatos fornecidos por GEN é avaliado pelo mecanismo

denominado AVAL, cuja função é selecionar um output ideal para um dado input, eliminando

os candidatos que não são aceitáveis na língua em causa. Cagliari (2002, p. 134) define

AVAL como sendo o componente responsável pela

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criação de uma ordem (ou ranking) entre as restrições de acordo com sua relativa harmonia, ou seja, de acordo com o poder que cada uma delas tem de agir, permitindo ou não violações e, desta forma, fazendo as devidas seleções entre os candidatos do output.

Esse processo de avaliação é apresentado, na TO, na forma de uma tabela, que recebe

o nome de tableau, onde se projetam, na horizontal, as restrições por ordem de dominância e,

na vertical, o conjunto de candidatos que será submetido à análise, a partir de um dado input.

Cada violação é assinalada com um asterisco (*) e as violações fatais, responsáveis pela

eliminação de um candidato, são marcadas por um ponto de exclamação (!) após o asterisco

(*!). O candidato vencedor é indicado com o símbolo .

CON corresponde ao conjunto universal de restrições violáveis que definem a

estrutura gramatical de todos os idiomas. Cabe lembrar que restrições não são regras, mas

descrições estruturais de boa-formação. Regras são específicas de uma língua, enquanto

restrições são universais. Uma restrição pode ser formulada pelo aspecto positivo, a exemplo

de ONSET, que exige que todas as sílabas tenham ataque; ou pelo aspecto negativo

(proibitivo), como NOCODA ou *CODA12, que proíbe sílabas com coda. Do ranqueamento

entre as restrições, surge, então, a descrição gramatical de um fenômeno lingüístico peculiar

de um dado idioma.

Em suma, a partir do input, a função GEN gera um conjunto de candidatos que será

submetido à avaliação de AVAL com base na hierarquia de restrições. Todos os candidatos

são avaliados em paralelo, de forma que nenhum estágio ou representação intermediária

ocorra. A hierarquia de restrições retrata a disputa dos candidatos a output, em que a violação

a uma restrição mais alta na hierarquia pode ser fatal e eliminar o candidato que incorrer em

tal infração, ganhando o candidato que viola a restrição ranqueada mais baixo na hierarquia, e,

por cometer uma violação mínima, emerge como output ótimo.

12 O asterisco colocado antes da restrição indica que se trata de uma restrição de caráter negativo (proibitiva).

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A fundamentação básica da TO, em cuja arquitetura figuram os componentes CON,

GEN e EVAL, é sustentada por alguns princípios (Prince & Smolensky, 1993), os quais

funcionam como uma espécie de registro de identidade do modelo: Universalidade,

Violabilidade, Hierarquização, Inclusividade e Paralelismo.

Consoante o princípio da Universalidade, todas as restrições propostas no modelo

devem ser universais, ou seja, devem ser válidas para todos os idiomas. Todavia, como uma

estrutura pode ser encontrada em uma língua e ser agramatical em outra, uma restrição

definida de forma abrangente pode não dar conta satisfatoriamente de estruturas específicas,

sendo necessário, então, o uso de restrições mais particularizadas.

Violabilidade e Hierarquização são os princípios que sustentam a idéia de que as

restrições universais são violáveis, mas essa violação deve ser mínima, o que, de acordo com

McCarthy & Prince (1993), define-se a partir do próprio ranqueamento das restrições. Dessa

forma, o output ótimo será selecionado pelo conjunto de restrições de boa-formação

ranqueadas em uma hierarquia, respeitada a relevância de cada restrição, de modo que a

restrição em posição mais baixa pode ser violada para assegurar a obediência a uma restrição

em posição mais alta.

Sendo assim, a violabilidade das restrições pode ser vista como conseqüência natural

do conflito que se estabelece entre elas, com base na sua hierarquização. Por convenção, na

TO, tem-se uma situação de conflito “quando duas restrições fazem exigências contraditórias

entre si, é dominante aquela que determina a escolha do melhor output.” (COLLISHONN &

SCHWINDT, 2003, p. 22). Por exemplo, tomem-se as restrições de marcação

*COMPLEXonset, que proíbe ataque silábico com mais de uma consoante, e *CODA, que não

permite consoantes na coda silábica, inseridas em um ranqueamento hipotético para a escolha

do cruzamento dicionarizado sacolé (< saco + picolé). GEN, apagando o núcleo da sílaba em

que ocorre o corte, poderia gerar um output com uma sílaba de onset complexo: saclé. Como

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o padrão silábico universalmente ideal é o formado por uma consoante e uma vogal (CV),

considera-se *COMPLEXonset uma restrição dominante; logo, se funcional em uma dada

hierarquia, essa restrição ocupa posição mais alta em relação a outras que também focalizam

os aspectos fonotáticos.

(01) Relação de dominância entre restrições

input: /saco/ + /picolé/ *COMPLEX *CODA a. as.clé *! b. as.co.lé

Nesse tableau, que deve ser visto apenas como ilustração da dominância e do conflito

de restrições, e nada tem a ver com a natureza do fenômeno, o candidato (a) viola a restrição

dominante *COMPLEXonset e é imediatamente eliminado da disputa. Embora, nessa análise

muito simplificada, o candidato vencedor não tenha violado nenhuma restrição, não é isso o

que acontece em geral. Um output selecionado como ótimo, na maioria das vezes, desobedece

a restrições, mas vence os outros candidatos porque as restrições violadas por ele são menos

importantes na hierarquia.

Por outro lado, restrições que não estão em conflito não devem ser crucialmente

hierarquizadas, uma vez que inversões não alteram o resultado. Nesses casos, são indicadas,

no tableau, por uma linha pontilhada. Quando restrições não dominantes entre si atuam na

eliminação de um candidato, só o fazem em conjunto, ou seja, sai da disputa o candidato que

apresentar, em relação aos seus concorrentes, a maior soma de violações a elas,

concomitantemente. Observe-se, a título de exemplo, o tableau (02), em que se alterou a

configuração silábica do candidato (a) a fim de se demonstrar um caso de não-dominância

entre restrições. O candidato vencedor (b) pode satisfazer ONSET sem necessariamente violar

*CODA.

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(02) Relação de não-dominância entre restrições

A Inclusividade é o princípio que garante a análise dos candidatos que são admitidos

por considerações gerais de boa-formação estrutural, sem que nenhuma regra ou estratégia de

reparo seja aplicada. Como GEN restringe-se somente à formação de candidatos que

respeitam as propriedades lingüísticas, diferentemente dos modelos derivacionais, a TO

distingue condições gerais de boa-formação de outras condições de avaliação de estruturas,

daí submeter à análise apenas o conjunto de candidatos a output bem formados

estruturalmente.

Já o Paralelismo é um dos pontos cruciais em que a TO se diferencia dos modelos

anteriores baseados em regras. Paralelismo indica que não há derivação serial, ou seja, todos

os possíveis candidatos são comparados em paralelo de acordo com a hierarquia de restrições.

Até o candidato ser eliminado da disputa, ele será avaliado por cada restrição presente na

hierarquia.

Cabe frisar que não existe nenhuma restrição em relação às representações

subjacentes, uma vez que as restrições não focalizam o input, o que garante a formação de

outputs possíveis na gramática de uma dada língua. Em outras palavras, a TO é uma teoria

voltada para o output, estando, pois, qualquer tipo de limitação ou proibição atrelada às

formas de superfície, não às formas subjacentes.

Devido à Riqueza da Base (richness of the base), uma das premissas básicas da TO,

não se observa qualquer tipo de “proibição a determinados segmentos ou a determinadas

propriedades prosódicas no input” (COLLISHONN & SCHWINDT, 2003, p. 35). Todas as

generalizações sobre o inventário de elementos permitidos na estrutura de superfície provêm

input: /saco/ + /picolé/ *ONSET *CODA a. sac.olé * * b. sa.co.lé

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da interação entre as restrições de Marcação (voltadas para as estruturas menos marcadas) e

de Fidelidade (que buscam a identidade entre input e output), as quais controlam os

mapeamentos fiéis e infiéis às formas de base, preservando ou eliminando os contrastes input-

output que, por ventura, ocorram.

A Riqueza da Base, então, dá suporte para o que a teoria defende: que é por meio do

ranqueamento particular do inventário de restrições universais de CON que se obtém a

descrição das diferenças sistemáticas entre as línguas, e não pelas representações subjacentes

admissíveis em seu componente lexical, postura que pode dar margem a um conjunto de

inputs (o inventário lexical) ilimitado.

Em contrapartida, a TO propõe, que, na ausência de evidência empírica para um input

sobre outro, o input selecionado deve ser aquele mais semelhante ao output, procedimento que

minimiza violações a restrições de Fidelidade, denominado de Otimização Lexical (PRINCE

& SMOLENSKY, 1993), cuja ação ainda não está bem definida. O modo de se constituir “o

input em TO ainda é um tema em debate, haja vista que nada impediria que restrições de um

caráter especial atuassem sobre ele” (COLLISHONN & SCHWINDT, 2003, p. 36). Por

enquanto, o modelo vem lançando mão de estratégias da fonologia gerativa para definir as

formas de representação subjacente (cf. CAGLIARI, 2002, p. 139).

De um lado, a Riqueza da Base prediz que as línguas (os inventários do léxico) se

distinguem apenas pela hierarquia de restrições universais e os contrastes são produzidos

pelas interações de restrições nas formas de saída; por outro, a Otimização do Léxico prega

que o input possível é selecionado entre os mais próximos do melhor output, na ausência de

evidências empíricas para uma forma subjacente.

De fato, como assinala Kager (1999), embora Otimização Lexical e Riqueza da Base,

compreendidas, respectivamente, como mecanismos de restrição e de ampliação do léxico,

pareçam ser premissas contraditórias, na verdade, não o são, uma vez que a escolha de outputs

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ótimos compete às restrições e não aos inputs. Portanto, qualquer limitação aparente aos

inputs decorre da interação entre as restrições de Marcação e de Fidelidade, detalhadas a

seguir.

3.1.1 Natureza das restrições

De acordo com o papel desempenhado pelas restrições, a TO as agrupa em famílias:

(a) Fidelidade – reúne restrições que exigem correlação de identidade de segmentos, de traços,

de acento, de propriedades morfológicas etc. nas linhas input-output (I-O) e output-output (O-

O); (b) Marcação – engloba as restrições voltadas para as exigências estruturais, ou seja, as

reguladoras da boa-formação de estruturas segmentais e/ou prosódicas, levando à escolha de

outputs menos marcados; (c) Alinhamento – agrupa as restrições que governam a ordem dos

elementos e as fronteiras entre duas variáveis, ou melhor, entre duas categorias (do mesmo

nível ou de níveis diferentes); e (d) Combinação – família de restrições que controlam as

relações de dominação de categorias.

3.1.2 Fidelidade e Marcação

Os dois tipos básicos de restrições são Fidelidade e Marcação, pois é do conflito entre

elas, numa dada hierarquia, que se poderá definir o output ótimo.

As restrições de fidelidade impedem que duas estruturas ou representações sejam

diferentes entre si, de maneira que possa ser acessada a identidade dos seus elementos

correspondentes. Essa identidade pode ser alcançada em várias dimensões, incluindo

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fidelidade entre o input e o output, o que é traduzido, basicamente, pelas restrições IDENT-

IO, MAX-IO, DEP-IO, definidas por McCarthy & Prince (1995), conforme abaixo, em (03),

ou pelas restrições de correspondência entre dois outputs, descritas adiante no item 3.2.

(03) Restrições de Fidelidade Input-Output

IDENT-IO: os traços [nasal, coronal, sonoro etc.] do input devem ser mantidos no output; MAX-IO: cada elemento do input tem um correspondente no output (anti-apagamento); DEP-IO: cada elemento do output tem um correspondente no input (anti-epêntese).

Ao lado das restrições de Fidelidade, figuram as de Marcação, estritamente voltadas

para o output, exigindo que o candidato ótimo seja o mais perfeito estruturalmente.

Por exemplo, restrições típicas de marcação como *CODA, ONSET e *COMPLEX

preferem um candidato que apresenta padrão silábico menos marcado: *CODA proíbe sílabas

terminadas em consoante (CVC), por considerá-las mais marcadas do que sílabas terminadas

em vogal (CV), uma vez que CV é o formato silábico inicial no processo de aquisição da

estrutura silábica; ONSET prioriza outputs com sílabas iniciadas por consoante, dado o fato

de que sílabas do tipo CV são menos marcadas do que sílabas do tipo V; e *COMPLEX bane

candidatos com coda ou onset complexos, por serem estas estruturas altamente marcadas.

Desse modo, mesmo que haja alguma modificação no output com relação ao input, as

restrições de marcação sempre advogam a favor de um candidato menos marcado; isso porque

o que elas focalizam é a composição estrutural do output e não a do input. A emergência de

um candidato não-marcado “é importante pois traz evidências a favor da tese de que todas as

restrições estão presentes em todas as línguas” (COLLISHONN & SCHWINDT, 2003, p. 33).

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Em contrapartida, nos processos lingüísticos, em que Fidelidade domina Marcação,

emergem padrões lexicalmente especificados. Costa (2000), seguindo Prince e Smolensky

(1993), demonstra como a dominância de Fidelidade sobre Marcação é capaz de gerar todos

os padrões silábicos existentes, uma vez que a tipologia das estruturas silábicas deriva sempre

da interação de três restrições: FIDELIDADE13 hierarquizada crucialmente com as restrições

de marcação ONSET e *CODA.

Para exemplificar o conflito entre Fidelidade e Marcação, considere-se uma língua em

que não admita segmentos na coda (*CVC), preferindo sílabas menos marcadas CV, mesmo

tendo um input CVC. Imagine-se, então, a escolha de um output ótimo para a representação

subjacente /rapto/. Há duas maneiras de se chegar ao melhor output: (1) apagando-se o

segmento medial da palavra, a consoante [p] ([ra.to]), ou (2) inserindo-se uma vogal após a

consoante em questão, transformando-a em onset de outra sílaba ([ra.pV.to]). Veja-se como se

dá a escolha nos tableaux (04) e (05), a seguir:

(03) Primeiro caso (apagamento do segmento em posição medial)

input: /rapto/ *CODA MAX-IO a. ra.to *

b. rap.to *!

(04) Segundo caso (inserção de uma vogal após consoante final)

input: /rapto/ *CODA DEP-IO a. ra.pV.to *

b. rap.to *!

13 Em sua análise, Costa (2000) define o restritor FIDELIDADE de modo genérico, não considerando, portanto, a natureza da discrepância entre input e output. Por isso mesmo, FIDELIDADE abarca restrições como MAX, DEP e IDENT, entre outras.

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No primeiro caso, tableau (04), MAX-IO está em conflito com a restrição *CODA,

que proíbe codas preenchidas. Com o posicionamento da restrição de Marcação *CODA antes

da restrição de Fidelidade MAX-IO, sai vitorioso da disputa o candidato (a), menos marcado

em relação ao perdedor, embora infiel ao input.

O candidato (b), apesar de fiel ao input, apresenta uma estrutura mais marcada, já que

uma sílaba CVC é universalmente mais marcada do que CV, violando, portanto, a restrição de

marcação, ranqueada em posição mais alta. Já o candidato (a), mesmo infiel ao input, pois

infringe a restrição de fidelidade, é o vencedor da disputa; mas, como MAX-IO está em

posição mais baixa na hierarquia, a violação é irrelevante para a escolha do vencedor. O

ranqueamento inverso geraria o candidato (b), totalmente fiel ao input.

No segundo caso, tableau (05), a restrição de marcação *CODA continua em jogo,

mas o conflito se dá com a restrição de fidelidade DEP-IO, que milita contra a inserção de

elementos na representação vencedora.

Pelos tableaux, em (04) e (05), acima, pode-se constatar que outputs vencedores

violam restrições. O tableau (05), em que *CODA domina DEP-IO, demonstra que *CODA é

prioritária em relação a DEP, e esta, por sua vez, é violada exatamente numa situação em que

a obediência a ambas torna-se impossível. O mesmo raciocínio se aplica ao tableau em (04).

Dessa forma, comprova-se que só há uma hierarquia única possível para avaliação de um

determinado fato em uma dada língua; qualquer outra ordem instaurada não retrataria

fidedignamente a realidade do idioma analisado.

Interessante observar que, mesmo sendo uma análise de uma situação hipotética, na

fala corrente, é comum o desfazimento de sílabas com coda, fato que pode ser explicado pela

tendência universal de otimização da estrutura silábica CV. Isso também vem ocorrendo no

português do Brasil, sobre o qual atuam processos fonológicos não representados na

modalidade escrita, quer pelo apagamento de consoantes em posição final de sílaba (cantá <

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cantar), quer pela inserção vocálica entre consoantes em fronteira silábica (rítimo < ritmo).

3.1.2 RESTRIÇÕES DE FIDELIDADE NA TEORIA DA CORRESPONDÊNCIA

McCarthy & Prince (1995) implementam o modelo clássico da TO, propondo

restrições de Fidelidade que possibilitem o tratamento de operações morfológicas. É fato que,

dentre os componentes da gramática, a morfologia é aquele em que se encontra o maior

número de distorções de identidade, uma vez que

“operações gramaticais não apenas cancelam ou apagam segmentos, mas podem também (a) inverter a ordem linear (metátese), (b) alterar a especificação de um traço (sonorização, nasalização) e (c) fazer com que um elemento de uma camada esteja vinculado a mais de um elemento na outra camada”. (GONÇALVES, 2005a, p. 25).

Por reconhecerem que, nesses processos, representações subjacentes nunca são

exatamente iguais às de superfície, os autores redefinem os restritores de Fidelidade de modo

que seja possível acessar informações de identidade não só entre as formas de input e as de

output (fidelidade I-O) mas também entre as formas de output (fidelidade O-O).

Gonçalves (2005a), ao analisar os processos morfológicos não-concatenativos, nos

quais as formas de bases estão sujeitas à perda de massa fônica não justificável por processos

fonológicos segmentais, tais como a Reduplicação, o Truncamento, a Hipocorização e o

Cruzamento Vocabular (CV), mostra que relações de correspondência podem ser

multiplicadas, dando origem a conjuntos completos de fidelidade específicos nas relações

formais próprias de cada processo. Para uma abordagem completa das restrições de

correspondência entre duas camadas segmentais, ver Benua (1995) e Gonçalves (op. cit.).

O cruzamento vocabular, sendo uma operação gramatical não-aglutinativa, na qual

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restrições de fidelidade não se aplicam satisfatoriamente, visto que formas de base sofrem

redução “e essa perda segmental é responsável pela expressão de um conteúdo”

(GONÇALVES, 2005b, p. 34), configura-se um fenômeno que promove alterações formais,

por motivação morfológica, entre as representações subjacentes e superficiais nas dimensões

input-output e output-output.

Dessa maneira, restrições de fidelidade responsáveis pela combinação de formas não

podem ter como alvo apenas as formas que servem de base para o fenômeno e o produto

(dimensão I-O): também devem atentar para a relação entre elas na própria construção

resultante (como se combinam, que ordem ocupam na estrutura formada, como se alinham em

termos de margens etc – dimensão O-O). Portanto, o modo como se contempla a questão da

identidade pela TC mostra-se mais adequado para a investigação do cruzamento vocabular.

Na análise aqui proposta, três tipos de restrição de fidelidade, na correspondência de

uma representação para outra, são fundamentais para a escolha da melhor forma cruzada, ou

seja, da forma menos opaca em relação às bases-fonte: duas da família MAX, que confere o

número de apagamentos, e outra da família IDENT, que controla a permuta de traços, entre os

domínios envolvidos. Outros restritores também se fazem necessários – um de Marcação, dois

de Alinhamento e um de natureza morfológica. Tais restritores serão formulados no capítulo

dedicado à análise do corpus.

Como já mencionado, as representações superficiais oriundas de processos

morfológicos não guardam identidade perfeita com as subjacentes, devido a pressões de

ordem prosódica, morfológica e semântica, e com o cruzamento vocabular não é diferente. A

especificidade desse fenômeno está no ponto de quebra, cujo local da “fusão de palavras-

matrizes sempre ocorre no ponto em que elas apresentam maior semelhança fônica, pois é só

assim que o cruzamento pode alcançar perfeita satisfação de fidelidade nas restrições MAX

(FB-BL) e IDENT (FB-BL)” (Gonçalves, 2005b, p. 18). No entanto, essas e outras restrições

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de fidelidade podem ser violadas em função da emergência de uma palavra que veicule o

significado desejado da melhor forma possível.

Nas próximas seções, são resenhadas duas análises otimalistas sobre o fenômeno: (a) a

de Piñeros (2002), sobre o espanhol, e (b) a de Gonçalves (op. cit.), sobre o português

brasileiro. Tais resenhas são importantes para mostrar (1) de que maneira a TO possibilita

analisar fenômenos como o cruzamento vocabular e, sobretudo, (2) as diferenças e as

especificidades deste trabalho em relação aos demais sobre o assunto.

3.3 CRUZAMENTOS VOCABULARES NA TEORIA DA OTIMALIDADE

Processos como o CV, que não operam necessariamente com o encadeamento de

porções morfológicas, não se ajustam bem aos estudos morfológicos mais tradicionais, de

maneira que vem despertando o interesse de vários estudiosos brasileiros sob diferentes

enfoques: quanto aos aspectos morfo-semânticos, o de Basílio (2003; 2005) e Araújo (2000);

semântico-cognitivos, o de Gonçalves & Almeida (2004; 2007) e Álvaro (2003); morfo-

fonológicos, o de Gonçalves (2003; 2005a; 2005b), cuja análise, à luz da TO, encontra-se

resumida no subitem 3.3.2. As pesquisas desses lingüistas têm em comum a perspectiva de

que os CVs não são formações assistemáticas, mas, pelo contrário, estão sujeitas a processos

fonológicos e semânticos regulares.

3.3.1 Sob a ótica de Piñeros

A partir dos instrumentos da TO (Prince & Smolensky, 1993) e da TC (McCarthy &

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Prince, 1995), Piñeros (2002) propõe uma análise da estrutura interna dos cruzamentos

vocabulares em língua espanhola, cujo processo de formação, tal qual em português, não

recebe um tratamento homogêneo por parte dos estudiosos.

Assume com Algeo (1977) a existência de dois tipos de cruzamentos: os telescopes e

os portmanteaux14; contudo, não analisa a formação do primeiro tipo, focalizando apenas a

estruturação interna dos segundos.

Segundo o autor, o processo de formação de um cruzamento vocabular não faz parte

da morfologia das línguas naturais, já que se trata de uma operação morfológica em que não

se identificam padrões regulares. Tanto os telescopes quanto os portmanteaux são expressões

peculiares a que ele denomina de “playful language”, a língua plena, o discurso.

Os telescopes consistem na junção de duas palavras que aparecem em seqüência na

cadeia da fala, sendo um determinado (DM) e um determinante (DT), a exemplo de

[krista ola] (< [kristaleira] = cristaleira, DM + [espa ola] = espanhola, DT) e de

[kwenasjonales] (< [kwenos] = flautas ameríndias, DM + [nasjonales] = nacionais, DT). As

palavras resultantes desse padrão são sempre menores que a soma das duas bases, porém,

tanto podem ser maiores que cada uma das palavras-fonte quanto serem metricamente

idênticas a elas.

14 Termo utilizado por Piñeros (2002) e Araújo (2000) para batizar o processo de formação de novas palavras que não se identifica nem com a composição propriamente dita, nem tampouco com a derivação. Originalmente, o termo portmanteau (do francês ‘cabide’) foi introduzido por Hockett (1963, apud CABRAL, 1974, p. 115) para denominar um morfe que corresponde a dois ou mais morfemas. Esses morfemas apresentam os mesmos traços gramaticais de outros que vem em seqüência em certos contextos. É o caso da crase em português. Daí chamarem de portmanteaux os vocábulos cruzados que apresentam segmentos ambimorfêmicos às bases.

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Já os portmanteaux referem-se a um processo não usual, em que morfemas são

combinados, caracterizados por relações associativas a partir de palavras com propriedades

segmentais em comum. Esse ponto de interseção pode ser um morfema, sons similares e/ou

significados próximos, como, por exemplo, os seguintes portmanteaux colhidos em Bogotá,

na Colômbia: [lokombja] (< [loko] = louco + [kolômbja] = Colômbia) e [ladronalds] (<

[ladron] = ladrão + [makdonalds] = Mc Donalds), em que se verifica o compartilhamento de

segmentos entre as palavras de base: [ko], no primeiro, e [dron] / [don], no segundo caso.

Em vez de duas palavras seguirem uma ordem seqüencial, como as dos membros de

uma composição (p.ex. [[bòka][káye]] = rua transversal), um portmanteau implementa uma

parte de uma das palavras simultaneamente a outra. Como conseqüência, há a subtração de

um portmanteau que não pertence exclusivamente a um dos vocábulos, mas aos dois. A

porção do portmanteau resultante, então, é ambimorfêmica, pois, nela, verifica-se a

correspondência de muitos-para-um entre segmentos das formas de base e segmentos do

vocábulo cruzado. É o caso de [bruxéres] (< [bruxa] = bruxa + [muxéres] = mulheres), em

que [u] e [x] pertencem às duas palavras matrizes.

No que diz respeito à estrutura interna, esses cruzamentos assemelham-se aos

compostos, visto que ambos constituem palavras morfológicas complexas. Ademais, os

portmanteaux possuem um núcleo sintático e semântico, tal qual em [lokombja]. [kolombja] é

tanto núcleo sintático quanto semântico, pois os falantes usam essa palavra para se referirem à

Colômbia como um país louco. Por haver compartilhamento de morfemas (ambimorfemia), o

cruzamento apresenta o mesmo número de sílabas e o padrão acentual de uma das palavras-

fonte, mais especificamente aquela que funciona como núcleo. Isso explica o fato de

[lokombja] conservar a pauta acentual de [Kolombja] e não a de [loko].

Por outro lado, cruzamentos e compostos diferem porque nestes não se observa

nenhuma porção morfológica relacionada a dois morfemas, ou seja, neles não ocorre

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ambimorfemia. Assim, Piñeros (2002) evidencia o fato de o CV compartilhar segmentos,

contrariando, contundentemente, o que prediz a disjuntividade morfêmica: não ser permitido

sobreposição de conteúdo morfêmico em uma dada forma.

Na TO, essa restrição morfológica é prevista por MORPHDIS que proíbe relações de

um-para-muitos entre representações subjacentes e superficiais. Em outras palavras, impede

que porções morfológicas sejam compartilhadas na geração do produto de uma operação

morfológica.

A violação à MORPHDIS por parte dos cruzamentos vocabulares, que apresentam

apenas um acento lexical, está estritamente ligada à restrição de ALINHAMENTO (ALIGN),

que parte da correspondência entre as margens esquerda e direita das palavras morfológicas

(as bases) com a palavra prosódica (palavra resultante), a fim de evitar a recursividade de

acentos. Daí, em um ranking de restrições para avaliação de um CV, ALIGN ocupará sempre

posição privilegiada na hierarquia.

Com base nessa evidência, Piñeros (loc. cit.) concentra a análise dos portmanteaux na

ambimorfemia. E, por ser, indiscutivelmente, um caso de identidade entre formas, o autor

apresenta restrições de correspondência da família de maximização, formuladas em (06), com

o intuito de atenuar a gravidade dos apagamentos necessários quando se cruzam duas formas

de base. Outra restrição ligada à correspondência é a de identidade de traços, destacada em

(07).

(06) MAX (pros): cada unidade prosódica da palavra núcleo deve ter um correspondente no cruzamento vocabular. MAX (seg): cada segmento da palavra-base não nuclear deve ter um correspondente no output.

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(07) IDENT: identidade de traços entre o cruzamento e a base. Não pode haver permuta de traços das formas de base e o cruzamento.

Com o propósito de demonstrar a real dimensão da ambimorfemia dentro da TO

atuando na formação de CVs menos opacos, o autor, então, relaciona essas restrições de

fidelidade com o tableau, em (08), a seguir, tomando como exemplo o cruzamento

[čàn.da.fé], que combina [čàn.da] (sórdido, ruim) com [sàn.ta.fé], time de futebol.

(08)

Nesse tableau, MAX (pros) e MAX (seg) não estão crucialmente hierarquizadas, pois,

de acordo com Piñeros, já que pertencem a níveis estruturais diferentes, a satisfação de uma

não exclui a satisfação da outra restrição. Ambas dominam IDENT, violada pelo candidato

vencedor, que mesmo com o custo de permutar traços da base, satisfaz plenamente as

restrições de maximização que ocupam posição mais alta no ranking.

Se o candidato (b), que compartilha segmentos, não estivesse incluído na disputa, o

candidato (c) seria o vencedor, uma vez que, no nível fônico, ele é idêntico à forma

efetivamente realizada na língua, pois (a) viola MAX (pros), ao contrário de (c). Esse

raciocínio demonstra a vantagem da abordagem ambimorfêmica, que resolve entraves desse

tipo.

A primeira restrição é violada duas vezes por (a), pois, como se pode ver, o candidato

conserva as duas sílabas iniciais da palavra não-nuclear. A primeira violação já é suficiente

Input: [čàn.da] + [sàn.ta.fé]

MAX (pros) MAX (seg) IDENT

a. [čàn.da.fé] σ!σ b. [čàn.da.fé] [č ≠ s], [d ≠ t]

c. [sàn.ta.fé] č!àn.da

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para eliminá-lo, uma vez que os demais não infringem tal restrição. Apenas (c) viola MAX

(seg), por não ter preservado nenhum segmento da palavra–base que não funciona como

núcleo ([čàn.da]). Como (b) adota a ambimorfemia, não viola essa restrição. A única restrição

violada pelo candidato vencedor é IDENT devido à não-correspondência entre [č] e [s] e [d] e

[t]. No entanto, essas infrações são irrelevantes para sua vitória, pois a primeira violação de

(c) a MAX (seg) já foi suficiente para determinar a escolha de (b). Deve-se observar que

IDENT não poderia ter posição hierárquica superior, fato que implicaria a eliminação do

candidato ótimo.

Contudo, a previsão de mais candidatos requer o estabelecimento de novas restrições.

Imagine-se, por exemplo, um candidato [sàn.ta.fé] (com segmentos das duas primeiras sílabas

ambimorfêmicos). Inevitavelmente, ele seria o vencedor, juntamente com [čàn.da.fé], em uma

disputa nos moldes do tableau (08), o que evidenciaria um caso de variação. Como isso não

corresponde à realidade, é necessário verificar o que veta esse candidato. Para sanar o

problema, o autor amplia a hierarquia apresentada no tableau anterior com a restrição

UNIQUENESS, que privilegia candidatos fonologicamente distintos de cada uma de suas

palavras-base.

Observe-se, então, o ranqueamento completo no tableau (09), abaixo:

(09)

Os candidatos (c), (d) e (e) não aparecem no tableau anterior. O candidato (c), como

dito, sairia vencedor com (b), mas como é idêntico a uma das bases viola UNIQ e sai da

Input: [čàn.da] + [sàn.ta.fé]

MAX (pros) MAX (seg) IDENT UNIQ

a. [čàn.da.fé] σ!σ b. [čàn.da.fé] [č ≠ s], [d ≠ t]

c. [sàn.ta.fé] [s ≠ č], [t ≠ d] *! d. [sàn.ta.pé] [s ≠ č], [t ≠ d], [p ≠ f]! e. [sa.ta.fé] n! [s ≠ č], [t ≠ d]

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disputa. Já (d) não infringe UNIQ, porém viola três vezes IDENT. Os candidatos (a) e (e)

saem da disputa logo nas duas primeiras restrições, não-hierarquizadas. O primeiro infringe

MAX (pros) duas vezes, uma vez que não preserva duas sílabas da palavra-núcleo e (e) viola

MAX (seg) por apagar o /n/ da palavra não-nuclear.

Com a eleição de [čàn.da.fé] como forma ótima para o cruzamento de [čàn.da] com

[sàn.ta.fé], constata-se o fundamental papel das restrições que controlam as relações de

identidade entre as formas envolvidas na operação morfológica de cruzamento lexical.

Embora a solução encontrada por Piñeros (loc. cit.) dê conta da formação dos CVs que se

caracterizam pela ambimorfemia, não parece ser uma solução econômica, uma vez que ele

lança mão de duas restrições não-hierarquizadas de maximização: MAX (pros) e MAX (seg).

Por conseguinte, Gonçalves (op. cit.) propõe, para esses casos, a restrição

MORPHCON, em espelho a MORPHDIS, que, ao contrário desta, milita a favor da

conjuntividade morfêmica, isto é, porções fonológicas devem estar relacionadas a mais de um

morfema, garantindo, com isso, uma maior identidade entre as formas envolvidas no

processo, conforme será visto a seguir.

3.3.2 Sob a ótica de Gonçalves

Também com base na TC, Gonçalves (2005b) analisa o CV, denominado por ele de

blend lexical, distinguindo-o da composição e da formação analógica. Refuta, assim, os

posicionamentos de Sandmann (1988, 1992, 1993), que afirma ser o cruzamento um tipo de

composição em português, e de Henriques (2007), que entende a mesclagem lexical como um

processo de composição e derivação.

Da mesma forma que Piñeros (2002) constata para o espanhol, Gonçalves (op. cit.)

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defende haver dois padrões de blends no português do Brasil: (a) um para os casos de

impregnação lexical, em que as palavras matrizes apresentam algum tipo de semelhança

fônica estrutural (os portmanteaux), e (b) outro para os dessemelhantes estruturalmente, em

que as bases são totalmente diferentes do ponto-de-vista segmental, formados por

truncamento lexical (os telescopes). Gonçalves (2005b, p. 19) destaca ainda que “essa

(des)semelhança fônica determinará o ponto de quebra” das palavras matrizes, chamando a

atenção para o modo de interpretação dessa semelhança fônica, que deve ser vista não como

mera presença de um segmento comum às bases, mas como uma semelhança em termos de

posição na estrutura silábica.

Embora blends e compostos tenham duas palavras servindo de input para a formação

de uma terceira, o autor, ao analisar a estrutura interna dos primeiros, evidencia diferenças

entre eles: (a) os blends participam de uma operação não-concatenativa, em que a sucessão de

bases pode ser rompida por sobreposições, enquanto os compostos são formados por um

processo linear, em que a ligação das bases se dá por encadeamento; (b) nos compostos, as

bases são potencialmente livres, equivalendo-se a palavras morfológicas, ao passo que, nos

blends, a combinação de palavras provoca ruptura na ordem linear – uma das bases se realiza

simultaneamente com uma parte da outra –, portanto, não se pode afirmar que haja duas

palavras morfológicas, pois, mesmo permitindo a recuperabilidade semântica das bases, a

integridade delas não é preservada; (c) para garantir fidelidade às formas de base, os blends

exploram a possibilidade de um único segmento do vocábulo resultante da junção

corresponder a dois ou mais segmentos das formas de base, ou seja, ser ambimorfêmico,

minimizando os efeitos de opacidade no rastreamento das palavras-matrizes.

Em resumo, o autor considera os blends lexicais produtos de um processo econômico

que acessa informações fonológicas, como a posição do acento nas palavras tomadas como

base, o grau de semelhança fônica e a natureza estrutural da seqüência compartilhada entre

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elas, preservando, com isso, a estrutura prosódica e segmental das bases.

Nessa perspectiva, os blends diferenciam-se também das formações analógicas. Isso

porque, para o autor, aqueles são produtos da junção de dois vocábulos em “planos

alternativos”, ao contrário destas, produtos da junção de vocábulos em “planos competitivos”.

Como já visto no capítulo referente à revisão bibliográfica, nas substituições sublexicais, uma

parte da palavra é reinterpretada, possibilitando a inclusão de uma seqüência que funcionará

em “competição” com a seqüência que a substitui no produto final dessa junção. Esse é o caso

de tricha, em que tri- se opõe ao sentido reinterpretado de bi- (= duas vezes), imprimindo uma

espécie de gradação de intensidade do comportamento homossexual. Pode-se deduzir, então,

que a diferença entre os dois fenômenos – blend lexical e formação analógica – seria o

recurso da reinterpretação de uma das partes do vocábulo, reforçada pela semelhança fônica

entre as seqüências competidoras.

Analisando os blends do português do Brasil, com base na TC, Gonçalves (2005b)

propõe a utilização das restrições de fidelidade MAX (FB-BL), MAX (FBmin-BL), e HEAD-

MAX (FB-BL), formuladas a seguir, em (10), a de marcação NOPWD* e a de alinhamento

ALIGN (M⇔P), definidas abaixo, em (11), e a de natureza morfológica MORPHCON, que

admite correspondência de muitos-para-um do input para o output, dando prioridade a formas

que compartilhem segmentos.

(10) MAX (FBmin-BL): cada segmento da menor forma de base deve apresentar um correspondente no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBmin para o domínio BL. (anti-apagamento). MAX (FB-BL): cada elemento das formas de base deve apresentar um correspondente no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBs para o domínio BL. (anti-apagamento).

HEAD-MAX (FB-BL): todo o segmento da cabeça das formas de base (FB) tem um correspondente no blend (BL), isto é, as sílabas tônicas das bases não podem ser apagadas na palavra resultante.

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(11) NOPWD*: proíbe recursividade no domínio da Pwd (palavra prosódica), ou seja, outputs não podem apresentar nódulos PWD* (palavra prosódica complexa), isto é, mais de um acento lexical. Única restrição que não pode ser violada na formação de blends.

ALIGN (M⇔P): preconiza o alinhamento, margem a margem, das palavras morfológicas (MWd) com a palavra prosódica (PWd); impede, portanto, o desalinhamento das margens da categoria MWd no interior da categoria PWd. Somente na formação de compostos regulares, em que todas as margens de MWd coincidem com as margens de PWd, o alinhamento (M⇔P) é plenamente satisfeito. Veja-se, na reprodução do tableau15 abaixo, em (12), proposto por Gonçalves (2005b,

p. 34), a aplicação dessas restrições na construção morfológica, já consagrada pelo uso, de

sacolé, resultante do cruzamento de saco com picolé.

(12)

De acordo com esse tableau, o candidato (d) é sumariamente eliminado da disputa, já

que realiza duas palavras prosódicas, sendo, portanto, um candidato ideal para o processo de

composição. ALIGN (M⇔P), que advoga a favor da sobreposição de bases, mesmo que, para

isso, seja necessário apagar alguns segmentos, não é capaz de arbitrar, visto todos os

candidatos remanescentes apresentarem duas margens de MWd desalinhadas no interior do

BL. A decisão, então, fica por conta de MORPHCON, que bane os candidatos (a), (c) e (e)

por não compartilharem segmentos com as bases. Dessa forma, já que concorre apenas com

candidatos que apresentam disjuntividade morfológica, (b) sai vitorioso, fazendo com que as

restrições de fidelidade se tornem irrelevantes. No entanto, em avaliações em que há mais de 15 No referido tableau, os colchetes demarcam margens de palavras prosódicas e as chaves, de palavras morfológicas.

Input: [{saco}] [{picolé}] NO-PWD*

ALIGN(M⇔P)

MORPHCON

MAX (FB-BL)

MAX (Min)

HEAD-MAX

a. [{{pico}{ssaco}}] ** *! lé lé b. [{{sa{co}lé}}] ** pi

c. [{{sa}{lé}}] ** *! copico co d. [{{saco}] [{picolé}}] *! e. [{{sa}{picolé}}] ** *! co co

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um candidato com “acesso à ambimorfemia”, MORPHCON pode não ser suficiente para

definir o candidato ótimo, transferindo a decisão para as restrições de fidelidade, ranqueadas

em posição mais baixa, que dão preferência a candidatos que apagam menos segmentos das

formas de base.

Nas palavras do autor, o efeito da ambimorfemia, na formação de CVs,

pode ser confirmado pela alta produtividade do padrão de formação que prioriza o compartilhamento de porções fonológicas.[...] Dessa maneira, constituem formações mais isoladas ‘brasiguaio’ e ‘portunhol’, casos de fusão lexical sem acesso à ambimorfemia. (GONÇALVES, 2005b, p. 33).

Como se pode conferir, as propostas de Gonçalves (2005b) e de Piñeros (2002) não

focalizam os casos de CVs dessemelhantes. Em vista disso, numa tentativa de simplificar a

descrição do processo de mesclagem lexical, a análise otimalista ora proposta, conteúdo do

capítulo seguinte, pretende estabelecer uma hierarquia única que dê conta de todos os dados

colhidos, ou, pelo menos, da maioria deles, formados a partir de padrões distintos de fusão

não-linear de bases: com ou “sem acesso à ambimorfemia”.

A nova proposta se pauta, substancialmente, na otimização do alinhamento das

palavras morfológicas envolvidas no fenômeno: ampliar o modo de compartilhamento do

material fônico presente no input, para assegurar, dentro do possível, uma maior

correspondência entre as formas de base e a palavra resultante, miniminizando, com isso, o

número de apagamentos, o que vem possibilitar, de maneira mais natural, a saída de formas

cruzadas menos opacas com relação às bases, como será visto a seguir.

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4 ANÁLISE DOS DADOS

Neste capítulo, apresenta-se a proposta para lidar com os padrões, ditos diferentes, de

mescla lexical. Defende-se que o CV pode ser explicado a partir de um ranqueamento único,

disciplinado por um pequeno número de restrições, em que para formação de mesclas

vocabulares ótimas não há a necessidade de controlar, diretamente, se as formas de base

funcionam como núcleo ou adjunto, ou se apresentam conjuntividade ou disjuntividade

morfológica. Com isso em mente, será detalhada a análise estrutural de CVs tipo 1

(semelhantes fonicamente) para depois aplicá-la ao padrão de CV tipo 2 (dessemelhante) e à

analogia, descartando a utilização de restrições especiais como MORPHCON, MAX (pros) e

MAX (seg). A abordagem se fundamenta no fato de que a vinda à superfície da forma

desejada subordina-se, na maior parte dos casos, aos princípios reguladores do alinhamento

das bases, juntamente com a hierarquia de restrições, definida a partir do tamanho das bases e

do grau de semelhança fônica entre elas.

Para tanto, optou-se por compartilhar não apenas os segmentos que se caracterizam

pelos mesmos traços fonológicos e mesma planilha silábica, como se observa em fuscasa (<

fusca + casa), em que os segmentos da sílaba “ca” apresentam traços fonológicos idênticos e

estão ligados aos mesmos pontos na estrutura silábica de ambas as bases. Outros segmentos,

apesar de não-idênticos fonologicamente, caso não apresentem diferença distribucional em

suas respectivas sílabas, igualmente serão considerados ambimorfêmicos.

Cabe destacar que o sistema de traços adotado é o defendido pelos modelos

fonológicos não-lineares, em que não mais se considera o conjunto de traços desordenados

ou matrizes de traços caracterizadores de um fonema como unidade básica, mas sim a noção,

estendida, de traço distintivo (fonológico e/ou supra-segmental), definidos a partir de

propriedades articulatórias, tal qual proposto por Clements e Hume (1995) na Geometria de

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Traços. Nessa geometria, “alguns traços são binários (podem ser representados em termos de

presença (+) ou ausência (-)) e outros são monovalentes (só permitem a representação em

termos de presença)” (BISOL, 2005, p. 50).

Assim, com base na hierarquização interna existente entre os traços que compõem

determinados segmentos, observada por Clements e Hume (1995), segmentos que se

contrapõem por pelo menos um traço, a exemplo das consoantes homorgânicas /p/ e /b/, cuja

oposição se relaciona ao vozeamento (surdo e sonoro), ou das consoantes nasais /m/ e /n/,

cujo contraste diz respeito ao local de articulação (ponto de C) ([labial] e [coronal]); ou

segmentos caracterizados por mais traços diferentes entre si, desde que inseridos em

contextos fonológicos semelhantes, como é o caso de Carnatal, cruzamento de “carnaval”

com “Natal”. Nesse exemplo, as consoantes /t/ e /v/, embora se distingam, respectivamente,

quanto ao ponto de C ([coronal] e [labial]), à cavidade oral ([-contínuo] e [+contínuo]), e ao

nó laríngeo ([-vozeado] e [+vozeado]), são interpretadas como segmentos ambimorfêmicos

devido à semelhança fônica dos ambientes em que se encontram – a circunvizinhança de

vários segmentos permite que /t/ e /v/ estejam em relação de correspondência.

Seguindo uma linha oposta à traçada por Piñeros (2002), segmentos que ocupam

diferentes posições na estrutura silábica, ainda que possuam quase todos ou todos os traços

fonológicos iguais, serão interpretados como não-correspondentes, a exemplo do que ocorre

no cruzamento alcolância, de “álcool” com “ambulância”. Nesse cruzamento, as laterais /l/

presentes nos inputs, representadas graficamente sempre da mesma forma, não configuram

uma situação de identidade fonológica, visto ocuparem posições silábicas diferentes: na

primeira forma de base, posicionam-se em coda e, na segunda, a lateral ocupa o onset da

sílaba, sendo ilícito, portanto, estabelecer qualquer correspondência entre elas.

Em suma, a presente análise passa a considerar ambimorfêmicos os segmentos que

ocupam a mesma posição na estrutura silábica e cuja circunvizinhança fônica é total ou

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parcialmente idêntica. A solução adotada, referente ao compartilhamento dos segmentos das

palavras morfológicas, permite um tratamento homogêneo para os diferentes padrões de

cruzamento, que, por conseguinte, podem ser explicados por meio de uma hierarquia

unificada de restrições.

4.1 DESCRIÇÃO DO CORPUS

Como já destacado, este trabalho analisa 218 CVs, recolhidos de várias abordagens

sobre o tema, dos meios de comunicação (jornais, revistas, televisão) e, ainda, de conversas

informais entre pessoas conhecidas. Excluíram-se da análise as ocorrências que suscitam

dúvidas quanto às palavras-base que lhes deram origem, como, por exemplo, os CVs

informercial, cosmocêutico e frangarel. O primeiro, porque tanto pode ser produto do

cruzamento de “informativo” com “comercial” quanto de “informática” com “comercial”; o

segundo, de “cosmos” com “farmacêutico” ou de “cosmonauta” com “farmacêutico”, dentre

várias outras possibilidades e, o último, que pode ter sido formado a partir do cruzamento das

palavras “frango” ou “frangueiro”, termo muito usado no futebol, com o nome do popular

goleiro “Taffarel”. Só a realização de um teste de competência lexical poderia detectar os

elementos formadores dessas palavras, elucidando tal dúvida.

Também não foram acolhidos pela análise os neologismos que possuem características

de recomposição, ou seja, formados pela combinação de um pseudoprefixo e uma palavra de

livre curso na língua, conforme o exposto no subitem 2.2.2. Incluem-se, nesse grupo, os

vocábulos que combinam as seqüências fônicas “caipi-” (< “caipirinha”), “choco-” (<

“chocolate”), “lamba-” (< “lambada”), “pit-” (= “agressivo”, < pitbull), “psico” (<

“psicologia”) e, quem sabe, a seqüência “fran-” (< “frango”) com uma palavra pré-existente

no léxico.

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Tais seqüências, embora reduzidas fonologicamente, carregam consigo,

metonimicamente, o sentido de toda a palavra, bem como, sintaticamente, funcionam sempre

como determinante no sintagma em que se inserem. Participam de formações em série em que

se verifica (a) preservação de material fônico da palavra combinada, à semelhança da

recomposição, como nos casos de caipilima, caipivodka, lambafunk, lambareggae,

lambaeróbica; pitboy, pitbaby, pitfamília, pitbabá e franfilé ou (b) perda de segmentos da

palavra hospedeira, a exemplo de chocolícia (“choco” + “delícia”), chocotone (“choco” +

“panetone”), chocólatra (“choco” + “alcoolátra”), chococo (“choco” + “coco”), chocrilhos

(“choco” + “sucrilhos”), franlitos (“fran” + “palitos”) e frambúrguer (“fran” +

“hambúrguer”), assemelhando-se, sobremaneira, aos cruzamentos vocabulares, uma vez que,

na combinação, as reduções não levam consigo o acento lexical.

Desse modo, abriu-se um parêntese para as palavras relacionadas em (b), sendo, então,

analisadas como cruzamentos, com a ressalva de ter sido tomada a seqüência reduzida como

uma das matrizes na formação, não toda a palavra, enquanto as relacionadas em (a) até foram

avaliadas, mas não integram o corpus.

Igualmente, a análise não contemplou combinações que envolvem seqüências fônicas

portadoras de significado, que, diferentemente das arroladas acima, passam a funcionar como

o elemento determinado da nova formação. Esse é o caso de “-trocíneo”, “-búrguer”, “-

escente”, “-gate”, e por que não “-lé”, observadas, respectivamente, nas seguintes criações, a

partir de paitrocíneo: tiotrocíneo, familiatrocíneo e autotrocíneo; de hambúrguer:

frambúrguer e x-búrguer; de aborrescente: adultescente e envelhescente; de Watergate:

Irangate, Lulagate, Mogigate; de sacolé: sucolé, caipilé (“caipirinha feita com picolé”)16.

Nessa perspectiva, os neologismos frambúrguer e caipilé configurariam uma espécie de

recomposição em que duas seqüências reduzidas conquistam status de palavra morfológica e 16 Ao contrário do que se observa nos cruzamentos, como demonstraram Silveira (2002) e Almeida (2005), em que a relação determinado-determinante (DM-DT) não é sistemática, as formações, tais como as exemplificadas acima, apresentam uma relação pré-determinada em termos de núcleo e adjunto.

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se juntam para formar uma palavra fonológica.

De antemão, pode-se afirmar que, por não envolverem mecanismos de construção

típicos do cruzamento vocabular, são raras as formas construídas com essas seqüências que

emergem, de acordo com a hierarquia proposta, como ótimas. Para simples verificação, os

tableaux com a análise desses dados estão reproduzidos no anexo V.

O papel sistemático exercido por tais reduções fonológicas, na criação de palavras,

permite a assunção de que são seqüências em vias de gramaticalização, já que tais reduções

vêm assumindo funções cada vez mais gramaticais, o que corrobora a idéia de que, no

processo de combinação de palavras, podem-se visualizar, paralelamente, dois grandes

grupos: o da composição e o da recomposição. Com base em critérios prosódicos, participam

do primeiro, a justaposição e a aglutinação; do segundo, a recomposição propriamente dita e o

cruzamento vocabular. No primeiro estágio de cada grupo, são preservadas a estrutura e a

pauta acentual das palavras combinadas, o que resulta duas palavras prosódicas e uma

morfológica; no segundo estágio, as palavras-fonte perdem material fônico e,

conseqüentemente, os seus acentos lexicais, prevalecendo isomorfia entre a palavra prosódica

e a morfológica.

Convém, ainda, esclarecer que, neste trabalho, os vocábulos combinados em que

atuam o processo fonológico da haplologia, ou seja, os que se caracterizam pela queda de

material fônico em fronteira de palavras, a exemplo de gelouco (< gelo + louco), fuscasa (<

fusca + casa), chococo (choco “redução já assentada de chocolate” + coco), são formados

pelo processo de cruzamento vocabular. Compõem, portanto, o corpus analisado, sendo

submetidos à avaliação. Na hierarquia proposta, as formas haplológicas emergem como as

mais harmônicas, confirmando a hipótese de que são construções que envolvem estruturas de

cruzamento.

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4.2 ESTRUTURA MORFOLÓGICA DOS CRUZAMENTOS VOCABULARES

De acordo com Gonçalves (2005b, p. 18), na formação da grande maioria dos

cruzamentos, identificam-se três elementos morfológicos: as duas formas de base e a

resultante, dado o fato de o conteúdo segmental, prosódico e significativo de duas palavras

morfológicas (MWds) se fundirem para formar uma nova palavra morfológica complexa

(MWd*). Essa complexidade refere-se ao valor semântico adquirido pela palavra resultante,

que, mesmo veiculando um novo significado, não se desassocia dos conteúdos significativos

das MWds primitivas. A fusão, portanto, não se dá apenas no nível estrutural, mas também

no semântico, conforme a representação elucidativa para a formação de cacaína (cocaína de

péssima qualidade), cruzamento de “caca” com “cocaína”, proposta pelo autor e

reproduzida, na íntegra, em (01):

(01) PWd

Σ Σ

Estrutura Prosódica

σ σ σ σ

C A C A Í N A Camada Segmental

MWd MWd

“caca” “cocaína” Estrutura Morfológica

MWd* “cocaína = excremento (caca)” Interpretação

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Embora tal combinação torne as fronteiras das palavras morfológicas imprecisas,

devido a interposições recorrentes, Gonçalves (2005b, p. 21) defende que “o fenômeno

apresenta estrutura morfológica composicional. Os inputs das MWds permanecem no

cruzamento de acordo com a análise MWd* MWd MWd”. A imanência de uma

estrutura interna corrobora a proposição de que o conteúdo significativo de um cruzamento é

composicional, como se pode observar nas formações abaixo, em (02), citadas pelo autor.

(02) analfabeto + burro analfaburro

“iletrado” “idiota” “analfabeto idiota” gay + garoto gayroto “homossexual” “menino” “menino com trejeitos homossexuais”

Apesar de apresentarem estrutura composicional, os cruzamentos vocabulares se

distinguem dos compostos justamente porque estes admitem recursividade na estrutura

prosódica, visto preservarem as palavras prosódicas (PWd) que contribuem para formá-los.

Por outro lado, os cruzamentos são constituídos de apenas uma palavra prosódica, refletindo

a tendência de evitar projeções de nós PWd*. São raros os cruzamentos que emergem com

duas palavras prosódicas, fato que só se verifica quando uma das formas de base já apresenta

uma PWd complexa, seja porque resulta de uma composição, como em analfaburro, fusão

do composto, oriundo do grego, “analfabeto”, com “burro” para caracterizar alguém,

pejorativamente, de “analfabeto idiota”; seja porque se trata de uma base presa, que, por ser

determinante, requer sempre a presença de uma cabeça lexical, a exemplo de aerobu,

combinação de “aero” com “urubu”, realizada [a´εro´bu], com duas proeminências

acentuais. No entanto, como tais casos são isolados, os concorrentes às melhores formas de

CVs devem satisfazer a restrição de marcação NO-PWd*, formalizada em (11) do capítulo

anterior, que milita contra recursividade acentual no domínio da palavra prosódica.

Cabe frisar que se compreende por palavra prosódica qualquer porção fonológica

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subordinada a um único acento lexical e caracterizada pela presença de pelo menos um pé.

Clíticos não constituem palavra prosódica porque não têm acento próprio, formando

palavra fonológica com um hospedeiro.

Diferentemente dos constituintes prosódicos situados abaixo do nível da palavra

(sílabas e pés), que são produzidos com base em informação puramente fonológica, a palavra

prosódica constitui o domínio privilegiado de interface entre a fonologia, a morfologia e o

léxico, sendo, portanto, o constituinte mais baixo da escala prosódica.

Assim, os seguintes fatores, adaptados de Vigário (2002), serão levados em conta para

a existência de mais de uma palavra prosódica no interior dos candidatos avaliados:

(a) pausa sensível entre os pés constituintes;

(b) alongamento interssilábico;

(c) alteração nos padrões de alternância rítmica, geralmente ocasionada por colisões

acentuais (clashes);

(d) encontro de vogais ou consoantes que produz efeito acústico desagradável;

(e) abertura vocálica na posição pretônica;

(f) neutralizaçào de átonas postônicas finais;

(g) presença de determinados padrões estruturais de constituição silábica que tendem

atrair o acento, como, por exemplo, as sílabas pesadas, constituídas de vogais longas,

ditongos, sílabas com coda etc;

(h) presença de morfemas portadores de acento próprio, como a maioria dos prefixos e

os sufixos –mente, –zinho e -íssimo.

Cada constituinte morfológico tende a ter apenas um pico acentual, e como toda

proeminência acentual corresponde a um constituinte prosódico, a recursividade da palavra

prosódica (PWd) se impõe na combinação de duas palavras morfológicas (MWd1 + MWd2 =

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MWd*), visto toda palavra lexical equivaler a uma palavra prosódica17. Com efeito, os

“vocábulos cruzados ótimos precisam encontrar uma alternativa que possibilite o

licenciamento das três palavras morfológicas sem, com isso, projetar um nó PWd*”

(GONÇALVES, 2005b, p. 22), de maneira que somente um dos picos acentuais fique

preservado na palavra prosódica.

A solução desse impasse está na possibilidade de o licenciamento prosódico ser

medido margem a margem, em vez de categoria a categoria. Com três palavras morfológicas e

apenas uma palavra prosódica para licenciá-las, as bases de um cruzamento devem ser

dispostas de modo a maximizar o uso das duas margens de PWd disponíveis. Entre as

restrições da família de alinhamento, há uma de substancial importância denominada ALIGN

(M⇔P), também já formalizada em (11) do capítulo anterior, que licencia a coincidência de

bordas esquerda/direita dos constituintes morfológicos com a borda esquerda/direita do

constituinte prosódico. No cruzamento, a sobreposição das bases à esquerda ou à direita

garante o melhor alinhamento e, com isso, minimiza violações de licenciamento.

Gonçalves (op. cit.) destaca a interação das condições NOPWD* (Prince &

Smolensky, 1993) e ALIGN (M⇔P) (McCarthy & Prince & Smolensky, 1995). A primeira,

porque vai de encontro à formação de palavras prosódicas complexas, ou seja, com duas

cabeças lexicais; a segunda, porque requer alinhamento perfeito das margens das palavras

morfológicas com as margens da única palavra prosódica resultante. A utilização, em

conjunto, dessas duas restrições garante a projeção de apenas uma palavra prosódica; logo,

devem estar sempre em jogo quando se trata da formação de vocábulos cruzados e, não serão

descartadas da análise aqui proposta, que prioriza o tamanho das formas de base e a

semelhança fônica entre elas, maximizando, dentro do possível, o compartilhamento de seus

segmentos.

17 No âmbito da TO, a relação entre MWD e PWd é tratada por uma restrição da Gramática Universal: LEXEMA ≈ PWd (LX ≈ PR), segundo a qual toda palavra de conteúdo lexical deve portar acento.

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A partir desse ponto, os tableaux utilizados na análise apresentam as seguintes

convenções:

– os colchetes demarcam os limites da PWd;

– as chaves demarcam os limites da MWd1 e da MWd2 no interior da PWd;

– o ponto demarca as fronteiras silábicas da MWd*;

– os inputs aparecem representados fonologicamente e os outputs, foneticamente;

– os segmentos ambimorfêmicos aparecem em negrito e estão sublinhados.

No tableau abaixo, em (03), ratifica-se a hierarquia NOPWd* >> ALIGN (M⇔P),

proposta por Gonçalves (2005b), aplicada, aqui, na escolha do output ótimo para o

cruzamento de ‘mau’ com ‘motorista’. Antes, porém, de proceder à análise, vale ressaltar

que a não-hierarquização desses restritores em nada influenciaria o resultado da seleção,

uma vez que não se encontram em situação de conflito; pelo contrário, complementam-se, a

fim de evitar a projeção de uma palavra prosódica complexa no cruzamento.

(03)

O candidato (a), ainda que apresente alinhamento perfeito, dado haver coincidência

total de margens das palavras-matrizes, fato recorrente na formação dos compostos, é

imediatamente eliminado da disputa, uma vez que comete uma violação fatal à NOPWd*, que

impede recursividade no domínio da palavra prosódica, pois (a), para conseguir alinhamento

satisfatório, fornece uma palavra prosódica para cada palavra morfológica, incluindo a

Input: /´mau/ + /mOtO´riSta/ NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

a. [{[{´maw}] [{mo.to.´ris.ta}]}] *! b. [{{{maw}.to.´ris.ta}}] * c. [{{maw}.{ to.´ris.ta}}] **! d. [{{maw}.{´ris.ta}}] **! e. [{[{´m].tu}] [{´maw}]}] *! **

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projeção de uma PWd*, que, por sua vez, tem suas margens também coincidindo com as da

MWd*.

Dos candidatos avaliados, (e) tem a pior participação, visto que, talvez na tentativa de

ser mais fiel ao input maior, reduz fonologicamente /mOtO´riSta/ para /´m]tU/, e, por isso,

tornam-se necessárias a abertura da pretônica []] e a aplicação da regra de neutralização da

postônica final, de modo que uma PWd complexa é projetada no cruzamento, levando-o a

cometer uma violação fatal em NOPWd*. Como se não bastasse, duas margens permanecem

desalinhadas na PWd, fazendo-o, ainda, desrespeitar duas vezes a condição ALIGN (M⇔P).

Os candidatos remanescentes satisfazem NOPWd*, já que projetam apenas uma

palavra prosódica no domínio do output, mas (c) e (d) cometem dupla violação em ALIGN

(M⇔P); muito embora tentem maximizar o uso das margens da única PWd para obter melhor

alinhamento, duas das margens ainda ficam desalinhadas, pois as palavras-matrizes não

iniciam ou terminam no mesmo ponto. Assim, o vencedor da disputa é o concorrente (b) pelo

fato de usar maximamente as margens da palavra prosódica disponíveis para alinhamento.

Como a bilabial /m/ se associa plenamente às duas formas de base, estas, então, podem

alinhar-se à esquerda. Mesmo tendo sido violada uma vez, ALIGN (M⇔P)18 desempenha

papel decisivo na seleção do output ótimo, pois, se assim não fosse, a forma (c) sairia

vencedora juntamente com (b), já que ambas são idênticas foneticamente. Mas, como as

margens esquerdas das bases de (b) sobrepõem-se na margem esquerda da palavra prosódica,

somente uma margem fica desalinhada em seu interior. A quantidade de infrações à ALIGN

(M⇔P) está proporcionalmente relacionada com a quantidade de margens desalinhadas no

interior da PWd, e quanto mais sobreposições forem possíveis, mais chances o candidato terá

de sair vencedor da disputa.

18 Nos cruzamentos, o número de violações a esta restrição oscila entre um e dois. Incorre em apenas uma violação o

candidato que apresenta as margens E/D dos inputs alinhadas com a margem E/D da PWd resultante.

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As restrições apontadas acima são apenas exemplos de como a TC lida com uma

situação aparentemente insolúvel: permitir o licenciamento prosódico de três palavras

morfológicas, projetando um único nó PWd. No entanto, outras restrições devem estar

presentes na hierarquia a fim de que não somente essas propriedades sejam contempladas,

mas também cada particularidade concernente ao cruzamento de palavras. Entre as restrições

utilizadas, uma de base morfológica precisa constar da avaliação dos candidatos, uma vez que

não são raros os cruzamentos de palavras que já sofreram algum tipo de derivação19. Daí a

necessidade de incluir a condição *MWD ≅ AFFIX, adaptada de Sherand (1997),

formalmente definida, em (04), nos seguintes termos:

(04) *MWD ≅ AFFIX: o cruzamento não deve ser constituído de nenhuma palavra morfológica (MWd) equivalente a um afixo da língua. Não licencia o aproveitamento de apenas partes das MWds semelhantes a prefixos e sufixos.20

Cumpre destacar que a restrição *MWD ≅ AFFIX não foi contemplada nas análises

otimalistas de que se tem notícia, o que caracteriza inovação na proposta ora apresentada.

Veja-se a atuação dessa restrição no tableau a seguir, em (05), para a formação morfológica

horrorível, cruzamento de “horroroso” com “terrível”, termo muito empregado,

coloquialmente, para reforçar a péssima qualidade de algo ou alguém.

(05)

19 A título de simplificação, considera-se, neste trabalho, a prefixação um tipo de derivação, seguindo a linha proposta pela NGB. 20 Na análise, violam essa restrição todos os candidatos cujas MWds sejam exatamente iguais a um afixo ou que apresentem uma seqüência em que apenas um segmento destoe da forma original de um afixo.

Input: /OxO´rozU/ + /te´xivew/ NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅ AFFIX

a. [{{o.xo.´{r}i.vew}}] ** b. [{{o.xo.´r]}.{vew}}] ** *! c. [{{te.{x}o.´ro.zu}}] ** d. [{{o.xo}.{´ri.vew}}] ** e. [{{te.xi}.{´ro.zu}}] ** *!

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Na avaliação dos candidatos propostos, nem NOPWd* nem ALIGN (M⇔P) são

capazes de arbitrar na escolha do melhor output, pois nenhum deles viola a primeira

restrição e todos cometem dupla infração à segunda. A disputa, então, só começa de fato

quando *MWD ≅ AFFIX entra em jogo e bane os concorrentes (b) e (e), este por apresentar

a MWd2 com a seqüência “rozo”, semelhante ao sufixo “oso”, recorrente na formação de

adjetivos derivados, expressando a noção de provido ou cheio de X; aquele, porque a MWd2

é formada pela seqüência fônica “vel”, análoga ao sufixo produtivo na geração de adjetivos,

indicando a possibilidade de sofrer ou praticar uma ação. A condição morfológica *MWD ≅

AFFIX exerce papel relevante na avaliação da maioria dos vocábulos cruzados oriundos de

formas de base submetidas ao processo de derivação. Com essa hierarquia, ainda

incompleta, não se pode apontar empiricamente o vencedor da disputa, mas (a) e (c) têm

grandes chances de ganhá-la, uma vez que aproveitam o fato de a vibrante <r> apresentar

três correspondentes nas palavras-fonte: duas múltiplas /x/, uma em “terrível” e uma em

“horroroso”, e uma simples /r/ em ‘horroroso’, o que abre várias possibilidades de

compartilhamento ente elas. Oportunamente, o efeito dessas correspondências será

comentado quando outras restrições determinantes para a seleção do candidato vitorioso

forem incluídas na hierarquia.

Contudo, existem situações, embora bem menos numerosas, em que a referida

restrição se torna inativa para seleção da forma desejada. Isso se verifica nos casos de

cruzamentos de palavras derivadas, em que as MWds se apropriam tão-somente de partes das

palavras matrizes equivalentes a sufixos, a exemplo de sincericida (< “sinceridade” +

“homicida” = “sinceridade que mata”), gatoso (< “gato” + “idoso” = “quarentão charmoso,

gatão de meia-idade”), prostitutriz (< “prostituta” + “meretriz”, criação de Guimarães Rosa

para designar uma “prostituta muito vulgar”), bobageira (< “bobagem” + “besteira”) e

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trambicador (< “trambiqueiro” + “trabalhador”)21. São formações que apresentam as

características formais de um cruzamento, mas desvinculam-se, semanticamente, de tal

maneira de uma de suas palavras-fonte, que não conseguem emergir como formas ótimas,

devido, talvez, ao aparente mecanismo de sufixação operado em sua construção. O

comportamento não-exemplar dessas construções pode ser observado nos tableaux constantes

do anexo VI.

Nos cruzamentos, a semelhança segmental entre as formas de base e o produto final é

de suma importância para a interpretação do conteúdo semântico da nova formação. Por

conseguinte, as relações de correspondência devem ser preservadas da melhor maneira

possível em qualquer domínio que envolva identidade de formas (cf. Fuzukawa, 1997 apud

Gonçalves, 2005b). Dessa maneira, as restrições de MAXIMIZAÇÃO são indispensáveis para

a explicação do fenômeno porque demandam que uma das formas de base se realize

plenamente no produto final da combinação. Por exemplo, a restrição MAX (FBmin-BL), já

descrita em (11) do capítulo referente à revisão bibliográfica, retomada em (06), impõe maior

fidelidade à menor forma de base.

(06) MAX (FBmin-BL): cada segmento da menor forma de base deve apresentar um correspondente no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBmin para o domínio BL (anti-apagamento). Como os apagamentos são imanentes na formação de CVs e a maior parte deles

envolve palavras matrizes metricamente diferentes, a manutenção da menor forma na palavra

resultante é fundamental para a recuperabilidade das bases. O tableau, em (07), ilustra como

essa restrição assume papel preponderante na seleção do candidato desejado para o

cruzamento de “camarão” ou “camaron”22 e “maionese”: camaronese = “salada de maionese

21 Na análise, esses exemplos não foram considerados cruzamentos vocabulares e, portanto, não se somam ao número de palavras analisadas. 22 Forma de representação subjacente, estabelecida pela teoria gerativa, para o vocábulo “camarão”. Vale

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com bastante camarão”.

(07)

Como pode ser observado no tableau acima, o candidato (c) é logo eliminado da

disputa pela restrição mais bem cotada na hierarquia, NOPWd*, por projetar uma PWD

complexa com duas palavras morfológicas acentuadas: a MWd1 realiza a abertura da vogal

pretônica [ε] e se submete à regra de neutralização da pôstonica final <e>, pronunciada [i], e a

MWd2 é projetada integralmente, recebendo, por isso, um acento. Como todos os candidatos

possuem duas margens desalinhadas na PWd, ALIGN (M⇔P) se torna inoperante nessa

disputa. Em seguida, (f) é eliminado em *MWD ≅ AFFIX visto a MWd2 assemelhar-se ao

sufixo aumentativo -ão. Os concorrentes (a), (b), (d) e (e) resistem até o momento de serem

avaliados por MAX (FBmin-BL), mas somente (a) passa incólume por essa restrição, uma vez

que tanto (b) quanto (d) eliminam a sílaba final de “camarão”, a menor forma de base. O

candidato (e) também é banido por MAX (FBmin-BL), já que não promove correspondência

entre os segmentos idênticos /n/ e /e/, constituintes de ambas as formas, optando por excluí-

los da base menor. Assim, (a) sai vencedor visto não apagar nenhum segmento da palavra-

matriz mais curta, pois consegue compartilhar quase todos os seus segmentos, possibilitando

maior transparência à base mais curta. Semelhante situação acontece no cruzamento de "Luís"

(Inácio da Silva - Lula) e "uísque", como se vê a seguir, em (08):

ressaltar que, de acordo com a hierarquia proposta, a emergência do output “camaronese”, bem como de outros cruzamentos ótimos a partir de bases constituídas de ditongo nasal, independe da forma de input adotada.

Input: /kama´roN/ + /maio´nεzI/ NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-BL)

a. [{{ka.{ma.ro.´n}ε.zi}}] ** b. [{{ka.{ma}y.o.´nε.zi}}] ** r!oN c. [{[{´nε.zi}][{ka.ma.´rãw}]}] *! ** d. [{{ka.ma}.{´nε.zi}}] ** r!oN e. [{{ka.ma.ro}.{´nε.zi}}] ** N! f. [{{may.o.ne}.{´rãw}}] ** *! kama

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(08)

No tableau acima, ainda não definitivo para a escolha do vencedor, todos os

candidatos estão nivelados até a avaliação de MAX (FBmin-BL), que elimina as formas (c)

e (d), já que apagam a sílaba final de “luís”, a menor forma de base, incorrendo em duas

violações de MAX (FBmin-BL), por não promoverem a correspondência dos segmentos

idênticos /i/ e /S/ para com as duas formas de base. Isso comprova que segmentos

ambimorfêmicos diminuem violações à MAXIMIZAÇÃO, pois atenuam distorções de

identidade entre as linhas de representação lingüística. Já o candidato (b), embora também

não compartilhe segmentos, não comete infração nesse ponto da disputa porque apresenta a

MWd2 idêntica à forma de base menor.

Devido à interposição de bases, necessária à operação de cruzamento vocabular,

segmentos são comumente excluídos, sejam eles constituintes da menor ou da maior base.

Acrescente-se a isso o fato de que nem sempre as matrizes dos cruzamentos são

metricamente diferentes. Há casos de cruzamento de palavras, se bem que em muito menor

escala, que apresentam o mesmo número de sílabas, como, por exemplo, batatalhau (<

“batata” + “bacalhau”), brasiguaio (< “brasileiro” + ”paraguaio”), bradescravo (<

“Bradesco” + “escravo”), baianeiro (< “baiano” + “mineiro”), politicanagem (< “política” +

“sacanagem”), entre alguns outros. Desse modo, outra restrição de correspondência da

família MAX se impõe na hierarquia descritiva do processo: MAX (FB-BL), tal como

expressa em (10) do capitulo 3 e repetida a seguir, em (09).

Input: /lu´iS/ + /u´iSki/ NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-BL)

a. [{{l{u.´is}ki}}] ** b. [{{lu.´is}{ki}}] ** c. [{{lu}.{´is.ki}}] ** i!S d. [{{is.´ki}.{lu}}] ** i!S e. [{{ki}.{lu.´is}}] **

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(09) MAX (FB-BL) – Maximização das Formas de Base: cada elemento das formas de base deve apresentar um correspondente no BL. Não pode haver apagamento do domínio FBs para o domínio BL. (anti-apagamento).

Segundo Gonçalves (2005, p. 26), “para atender a exigência imposta por MAX (FB-

BL), o cruzamento deve fornecer correspondentes para todos os segmentos das palavras-

matrizes, sendo fiel a ambas, uma vez que as duas fazem parte do input”. Para demonstrar a

relação que se estabelece entre a ambimorfemia morfológica e a fidelidade, incluiu-se tal

restrição no tableau apresentado em (08), repetido abaixo, em (10), no qual, dentre os

candidatos remanescentes para o CV luísque, dois apresentam estruturas morfológicas

diferentes, embora sejam foneticamente idênticos.

(10)

Dos três candidatos que permanecem no páreo, apenas (a) passa pelo crivo de MAX

(FB-BL), que tem a função de controlar a correspondência entre as bases do output e seus

equivalentes no input. O candidato (a) vence a disputa visto explorar a possibilidade de os

segmentos /u/, /i/ e /S/ do vocábulo resultante atuar na correspondência das duas formas de

base, tornando-se ambimorfêmicos, já que permitem ser associados a mais de um morfema.

O candidato (b), na tentativa de alcançar um melhor alinhamento com a PWd à esquerda do

input, não compartilha os segmentos, incorrendo, com isso, em três infrações de MAX (FB-

BL). O concorrente (e), para preservar a forma mínima, apaga segmentos da maior forma de

base, violando também três vezes a restrição em foco. Este é um bom exemplo para

Input: /lu´iS/ + /u´iSkI/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-BL)

MAX (FB-BL)

a. [{{l{u.´is}ki}}] ** b. [{{lu.´is}{ki}}] ** u!iS c. [{{lu}.{´is.ki}}] ** i!S iS d. [{{is.´ki}.{lu}}] ** i!S iS e. [{{ke}.{lu.´is}}] ** u!iS

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justificar a razão de, na hierarquia ora proposta, MAX (FBmin-BL) dominar MAX (FB-BL).

Voltando, então, ao tableau (05), reproduzido em (11), pode-se observar a atuação

das restrições da família MAX na seleção de horrorível, para o cruzamento de “horroroso” e

“terrível”.

(11)

Dentre os candidatos – (a), (b) e (c) – que permaneceram na disputa, (c) é banido por

MAX (FBmin-BL) porque, mesmo compartilhando o segmento idêntico de ambas as

formas, a vibrante múltipla, o ponto em que se dá a quebra não favorece a identidade da

forma mínima, resultando no apagamento de quatro de seus segmentos /i/, /v/, /e/ e /l/. Ainda

nesse momento da avaliação, a forma (d), assim como a (a), comete duas infrações por

deletar a sílaba “te” da menor forma, mas o fazem por vias diferentes: (d) porque não

compartilha nenhum segmento entre as formas e (a), não desperdiçando a correspondência

possível entre a vibrante múltipla da forma mais curta com a vibrante simples da mais longa,

opera correspondência entre elas, fato que contribui, decisivamente, para a sua vitória. Sob

inspeção de MAX (FB-BL), (d) deixa de apresentar seis segmentos das formas de base,

enquanto (a), um a menos, emergindo, portanto, como o melhor output. Mais uma vez,

evidencia-se que, na formação de cruzamentos bem-sucedidos, alternativas devem ser

encontradas para minimizar apagamentos das formas de base.

A hierarquia parcial NO-PWd* >> ALIGN (M⇔P) >> *MWD ≅ AFFIX >> MAX

Input: /OxO´rozU/ + /tE´xivew/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-BL)

MAX (FB-BL)

a. [{{o.xo.´{r}i.vew}}] ** tE ozUtE b. [{{o.xo.´r]}.{vew}}] ** *! tExi c. [{{te.{x}o.´ro.zu}}] ** ive!w d. [{{o.xo}.{´ri.vew}}] ** tE rozUt!E e. [{{te.xi}.{´ro.zu}}] ** *! vew

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(FBmin-BL) >> MAX (FB-BL), detalhada até aqui, dá conta de aproximadamente 45% dos

dados analisados. No entanto, verificou-se que alguns deles projetam uma palavra prosódica

com pé idêntico ao da palavra morfológica mais longa na borda direita. Para um maior

controle desses dados, num primeiro momento da análise, lançou-se mão da restrição de

fidelidade FID-METR (FBmax-BL), que demanda mesma estruturação métrica da palavra

cruzada com a maior forma de base, isto é, o produto do cruzamento deve apresentar a mesma

divisão em pés, coincidindo com ela tanto no número de sílabas quanto na posição do acento.

Entretanto, na aplicação dessa restrição, observou-se que muitas palavras resultantes, apesar

de conservarem todo o pé da forma mais longa, não preservavam a estrutura silábica.

Dessa maneira, sentiu-se a necessidade de substituí-la por uma outra restrição de

correspondência que contemplasse não mais toda a palavra prosódica, mas a escansão e a

direcionalidade apenas do pé silábico. Para dar conta disso, propõe-se, então, a restrição

ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), formulada abaixo, em (12), obedecendo ao esquema de

criação de restrições de Alinhamento Generalizado (ALIGN) postulado por McCarthy &

Prince (1993a apud BISOL, 2005, p. 268), no qual as restrições demandam que bordas e

constituintes devam coincidir. Os tipos de constituintes que podem ser alinhados incluem

tanto os de categoria prosódica – mora (µ), sílaba (σ), pé (Σ) e palavra prosódica (ω) –, quanto

os de categoria gramatical – afixo, raiz, radical e palavra morfológica.

(12) ALIGN, D-Σ (FBmax), D-Σ (BL): alinhe a borda direita do cruzamento com todo o pé nuclear23 da maior forma de base, ou seja, a palavra resultante deve apresentar o mesmo pé da base maior. A identidade diz respeito à estrutura silábica e aos segmentos constituintes do pé métrico da base maior.

O efeito dessa restrição, também novidade desta análise em relação aos trabalhos de

Gonçalves (2005b) e Piñeros (2002), é estabelecer pés nucleares iterativos entre a maior

23 A restrição focaliza apenas o pé nuclear das palavras referidas, ou seja, aquele que projeta o acento lexical.

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palavra morfológica do input e a palavra prosódica projetada, o que pode ser observado no

tableau em (13), abaixo, para a escolha do output ótimo do cruzamento ovonese (< “ovo” +

“maionese”).

Cabe ainda ressaltar que devido ao fato de, nos cruzamentos, as bases se relacionarem

tanto por coordenação quanto por subordinação, ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL) contribui,

peremptoriamente, para uma organização adequada dos componentes no interior da palavra

resultante.

(13)

Verifica-se nesse tableau que o candidato (d) é imediatamente excluído em NOPWd*,

por projetar um nó na PWd resultante: MWd1 conserva o acento da forma menor, já que

aplica a regra de neutralização na postônica final, e MWd2, devido à presença de uma sílaba

pesada /mai/, adquire tonicidade e forma PWd independente. ALIGN (M⇔P) e *MWD ≅

AFFIX não são capazes de arbitrar, aquela porque todos candidatos em disputa apresentam

duas margens desalinhadas no interior da PWd, esta porque nenhum deles fornece MWds

semelhantes a um afixo. O concorrente (e) é banido em MAX (FBmin-BL), por deletar o

segmento /o/ da forma mínima A disputa, então, toma corpo em MAX (FB-BL), que elimina

(b) e (c), visto ambos apagarem quatro segmentos da maior forma de base, um a mais que os

candidatos (a) e (e), deixando a decisão para ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), que, por sua

Input: /´ovU/ + /maio´nεzI/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ (FBmax),

D-Σ (BL) a. [{{o.v{o}.´nε.zi}}] ** mai b. [{{o.vo}.{´nε.zi}}] ** maio! * c. [{{may.{´o}.vu}}] ** nεzI! * d. [{[{´o.vu}][{´may.o}]}] *! ** nεzI! * e. [{{may.o. ´nε}.{vu}}] ** o! zIo * f. [{{may.o.´n}{o.vu}}] ** εzI *!

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vez, bane (e), um sério candidato em termos de estrutura, por não apresentar um pé à direita

coincidente segmental e prosodicamente com o pé da palavra-matriz mais longa.

Como já dito, uma importante decisão tomada para o desenvolvimento da análise ora

apresentada foi a de otimizar o compartilhamento segmental entre as formas-base e o

cruzamento. Conseqüentemente, alguns segmentos do vocábulo cruzado podem apresentar

correspondência não-idêntica com as formas de base. Em outros termos, como o modo de

compartilhar se processa em função de um alinhamento mais exemplar, a fim de minimizar

o número de apagamentos, fazendo com que a palavra resultante alcance maior identidade

com as bases, um ou mais segmentos do cruzamento passam a apresentar múltiplos

correspondentes nas palavras-matrizes. O custo de se tornarem ambimorfêmicos é a não-

identidade absoluta de alguns traços. E, para que a não-identidade dos segmentos

compartilhados transcorra à revelia, IDENT (FBmin-BL), outra restrição de

correspondência, se mostra imprescindível à descrição, tal como formulada em (14):

(14) IDENT (FBmin-BL): identidade de traços entre FB menor e BL; segmentos correspondentes têm o mesmo valor para o traço F. Não pode haver permuta de traços das formas de base menores (FBmin) para o blend (BL): a especificação dos segmentos de BL deve preservar a estabelecida em FBmin.

Observe-se, no tableau24 em (15), o papel decisivo de IDENT (FBmin-BL) na

escolha bem-sucedida do cruzamento aborrescente (< “aborrecer” + “adolescente” =

“característica inerente de quem está na adolescência – ser contra tudo e contra todos, enfim,

aborrecer).

24 Para uma melhor visualização do alinhamento proposto, em todos os tableaux utilizados na análise, a(s) permuta(s) de traços dos segmentos da maior forma de base está(ão) apontada(s) logo abaixo do candidato que a(s) promoveu.

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(15)25 Aborrescente:

Por meio desse tableau, tem-se a oportunidade de demonstrar que o

compartilhamento dos segmentos não se processa fortuitamente. Os candidatos (a), (b) e (c),

foneticamente diferentes por promoverem correspondência de segmentos entre os outputs e

seus respectivos inputs alternadamente, do ponto-de-vista formal são idênticos, uma vez que

participam de correspondências possíveis com as bases, razão pela qual travam entre si uma

disputa acirrada. No primeiro (a), os sete primeiros segmentos do cruzamento – /a/, /b/, /O/,

/x/, /e/ e /s/ – estão em perfeita correspondência com os constituintes da forma de base mais

curta. Mas, para que isso ocorra, o candidato compartilha segmentos não-idênticos da maior

forma com os da menor: (1) /b/ e /d/ quanto ao ponto de C [labial] e [coronal] nesta ordem;

(2) /x/ e /l/, basicamente, quanto ao nó de raiz [-soante, -aproximante], e [+soante,

+aproximante], quanto ao ponto C [dorsal] e [coronal], e, por fim, em relação ao nó laríngeo

[-vozeado] [+vozeado]. Por outro lado, os candidatos (b) e (c), para minimizarem a perda de

identidade com a forma mais longa, compartilham com ela apenas um segmento da menor

forma: (b) faz a correspondência entre os segmentos /x/ e /l/, e (c), entre os segmentos /b/ e 25 Neste tableau, e em outros, a vibrante múltipla, quando posicionada no onset silábico, é representada, fonologicamente, por /x/.

Input: /abOxe´seR/ + /adOlE´seNtI/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

a. [{{{a.bo.xe.´sẽ}.ti}}] Ident FBmax: b≠d; x≠l

* R R ẽ≠e

b. [{{{a.do.xe.´sẽ}.ti}}] Ident FBmax: x≠l

* R R ẽ≠e; d≠b!

c. [{{{a.bo.le.´sẽ}.ti}}] Ident FBmax: b≠d

* R R ẽ≠e; l≠x!

d. [{{a.bo.xe}.{´sẽ.ti}}]

**! * seR seRadOlE

e. [{{a.bo}.{le.´sẽ.ti}}]

**! xeseR xeseRadO

f. [{{a.do.l}{e.´seh}}]

**! * aboOx EseNtIabOx *

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/d/, respectivamente, da menor para a maior forma, promovendo, assim, maior

descaracterização à forma mínima.

Os três candidatos cometem o mesmo número de infração tanto em MAX (FBmin-BL)

quanto em MAX (FB-BL), por apagarem um único segmento, o /r/ final da forma mínima.

Não violam ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), uma vez que o pé da forma maior está

totalmente contido nas PWds projetadas por eles. Portanto, embora ocupe posição não

privilegiada no ranking, IDENT (Fbmin-BL) passa a ser responsável pela escolha da forma

mais harmônica, ao eleger (a) vencedor e eliminar os candidatos (b) e (c), visto estes

permutarem traços de segmentos da menor forma de base. Essa restrição opera quando as

formas de base apresentam muitos segmentos semelhantes e várias possibilidades de permuta

entre os segmentos da menor forma com a da maior e vice-versa.

Como se pôde observar, a hierarquia NO-PWd* >> ALIGN (M⇔P) >> *MWD ≅

AFFIX >> MAX (FBmin-BL) >> MAX (FB-BL) >> ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL) >>

IDENT (FBmin-BL) dá conta dos vocábulos cruzados a partir do padrão 1, ou seja, daqueles

que exploram maximamente o alinhamento e a semelhança fônica entre as formas de base,

favorecendo o mecanismo de conjuntividade morfológica. No entanto, existem cruzamentos

em que não há sobreposições de bases e, conseqüentemente, não há segmentos

ambimorfêmicos – são os definidos como cruzamento do tipo 2, por Gonçalves (2003, 2004,

2005b) ou telescopes, por Piñeros (2002).

Para comprovar que o cruzamento pode ser visto como um processo único e

sistemático de formação de palavras, passa-se à análise de dois cruzamentos dessemelhantes

fonicamente (padrão 2): showmício (< “show” + “comício”), em (16) e pescotapa (<

“pescoço” + “tapa”), em (17). Em seguida, são submetidos à mesma hierarquia dois

cruzamentos formados por substituição sublexical, um do padrão 1 (com formas de base

totalmente diferentes do ponto de vista segmental) e outro do padrão 2, respectivamente:

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bebemorar (< “beber” + “comemorar”), em (18) e enxadachim (< “enxada” + “espadachim”),

em (19).

(16) Showmício:

O tableau acima, produzido para avaliar o candidato mais harmônico da combinação

de show com comício, em que não se verifica semelhança fônica entre as bases, evidencia a

eliminação imediata dos candidatos (c), (e) e (f) em NOPWd*, uma vez que suas MWds

apresentam proeminências acentuais, o que resulta em uma PWd complexa na palavra

cruzada26. Os três candidatos que continuam na disputa cometem o mesmo número em

infrações em ALIGN (M⇔P) e não violam *MWD ≅ AFFIX, submetendo-se, portanto, às

exigências de MAX (FBmin-BL), que bane o candidato (b) por apagar a semivogal [w] da

menor forma de base. A decisão, então, fica por conta de MAX (FB-BL) que, por sua vez,

elimina o candidato (d), já que este exclui três segmentos da maior forma de base: /s/, /i/ e

<o>, realizado [u], devido à neutralização da postônica final. A forma (a) vence a disputa já

que apaga menos segmentos que o seu concorrente mais sério (d). Nos casos de cruzamentos

de vocábulos dessemelhantes fonologicamente, são as restrições de MAXIMIZAÇÃO, que,

26 A complexidade acentual dos candidatos pode ser explicada da seguinte maneira: no candidato (c), a seqüência da MWd1 apresenta uma sílaba pesada, além de neutralizar a postônica final e a MWd2 copia integralmente a menor base; em (e), tanto a MWd1 quanto MWd2 são iguais a uma palavra morfológica e, por fim, em (f), a construção resultante equivale a um sintagma fonológico cujo núcleo é foneticamente idêntico à 3ª pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “comer”.

Input: /´ ou / + /ko´misiU/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

a. [{{∫ow}{´mi.siu}}] ** ko b. [{{∫o}{´mi.siu}}] ** u! uko c. [{[{´mi.siu}][{´∫ow}]}] *! ** ko * d. [{{´∫ow}{´ko.mi}}] ** siU! * e. [{[{´∫ow}][{´siu}]}] *! ** * komi * f. [{[{´ko.mi}][{´∫ow}]}] *! ** siU *

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em geral, desempenham papel decisivo na seleção do candidato ótimo.

(17) Pescotapa:

Esse tableau avalia também um cruzamento dessemelhante, pescotapa, em que os

contextos fonológicos das palavras-matrizes em nada contribuem para que seja estabelecida

qualquer correspondência entre elas; portanto, a decisão pelo melhor candidato será tomada

por uma restrição da família MAX.

Descrevendo, então, o referido tableau, verifica-se que a forma (d) é eliminada

sumariamente por NOPWD*, uma vez que se constitui de duas MWds acentuadas: ambas

recebem acento devido à pausa marcante entre a sílaba “pa” da primeira e a sílaba “pes” da

segunda, além de a primeira vincular a forma verbal “tapa”, de “tapar”. Os demais

candidatos, sem exceção, violam ALIGN (M⇔P) duas vezes porque deixam duas margens

desalinhadas no interior de suas PWds. A forma (f) não respeita *MWD ≅ AFFIX, sendo

eliminada, porque sua MWd2 é constituída da seqüência “ço”, equivalente ao sufixo “–aço”,

formador de substantivos aumentativos com força pejorativa. A disputa prossegue com os

candidatos (a), (b), (c) e (e), ainda no páreo.

As palavras-matrizes não têm o mesmo número de sílabas e, por isso, a perda de

segmentos da mais curta pode tornar opaca sua identificação no cruzamento. É o que

acontece com o candidato (e), em que a menor base contribui apenas com uma sílaba,

Input: /pES´kosU/ + /´tapa/ NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

a. [{{pes.ko}.{´ta.pa}}] ** sU * b. [{{pes}.{´ta.pa}}] ** kos!U * c. [{{ta.´{p}es.ko.su}}] ** a! a d. [{[{´ta.pa}][{´pes.ko}]}] *! ** sU * e. [{{pes.ko.´so}.{pa}}] ** t!a ta f. [{{ta.´pa}.{su}}] ** *! peSko *

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fazendo com que a mais longa fique inteiramente preservada, a fim de melhor satisfazer

MAX (FB-BL). Como o “rastreamento das formas de base é feito não apenas em função

dos traços especificados no input, mas também da mínima contribuição de material fônico”

(GONÇALVES, 2005b, p. 32), torna-se difícil rastrear “tapa” a partir do cruzamento

“pescoçopa”, que preserva integralmente a forma mais longa “pescoço”, prejudicando a

identidade de “tapa”. Por conseguinte, é eliminado pela restrição MAX (FBmin-BL), já que

apaga dois segmentos da base menor.

Já o candidato (c) tenta uma saída que satisfaça ambas as restrições de

MAXIMIZAÇÃO: compartilha o segmento /p/ com os inputs, excluindo apenas um

segmento da menor base e conserva toda a forma mais longa. Contudo, a estratégia, embora

coerente, não evita que seja eliminado da disputa, pois comete uma mínima infração em

MAX (Fbmin-BL) ao apagar vogal /a/ da menor base. Este é mais um exemplo que justifica

a dominância de MAX (Fbmin-BL) perante MAX (FB-BL).

A definição da vitória mais uma vez fica por conta de MAX (FB-BL), que elimina o

candidato (b) por excluir mais segmentos da forma de base maior do que o (a), consagrado o

melhor output para o cruzamento em análise.

Objetivando comprovar a tese de que, morfologicamente, substituições sublexicais e

cruzamentos têm a mesma estrutura, passa-se à aplicação da hierarquia proposta para a

escolha de duas formações de inquestionável origem analógica.

(18) Bebemorar:

Input: /bE´beR/ + /kOmEmO´raR/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

a. [{{be.be}.{mo.´rah}}] ** R RkOme b. [{{be.be}.{´rah}}] ** *! R RkOmEmO c. [{{be}.{me.mo.´rah}}] ** be!R beRkO d. [{{ko}.{be.´beh}}] ** *! mEmOraR * e. [{{ko.me.mo}.{´beh}}] ** *! bE raRbe * f. [{[{be.´ber}][{mo.´rah}]}] *! ** kOmE

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Nesse tableau, submetem-se à avaliação seis possíveis formas para o cruzamento

bebemorar. Examinando-as, verifica-se que todas elas violam ALIGN (M⇔P), uma vez que,

no interior de suas PWds, figuram duas margens de MWd desalinhadas. O candidato (f) é o

único a infringir NO-PWd* por ser constituído de duas MWds acentuadas: duas formas

verbais livres de ocorrer isoladamente. Logo em seguida, a condição morfológica *MWD ≅

AFFIX bane os candidatos (b), (d) e (e), visto (b) e (e) apresentarem, suas respectivas MWds2,

seqüências semelhantes aos sufixos formadores de verbos de 1ª conjugação “-ar” e de 2ª

conjugação “-er”. O concorrente (d) também não respeita essa condição, apresentando uma

MWd com a mesma forma do prefixo de origem latina “co-”, que indica contigüidade ou

companhia. Prosseguem, na disputa, os candidatos (a) e (c), mas é (a) o vencedor, mesmo

cometendo uma infração em MAX (FBmin-BL) por apagar o /R/ final da palavra menor

“beber”, registra menos violações do que seu melhor concorrente (c). Interessante observar

que, se MAX (FB-BL) dominasse MAX (FBmin-BL), quem sairia vencedor seria (c), o que

não retrataria fielmente a já consagrada expressão bebemorar.

(19) Enxadachim:

Input: /EN´∫ada/ + /ESpada´ iN/

NO-PWd*

ALIGN (M⇔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

a. [{{{ẽ.∫a.da}.´∫ ĩ }}] Ident. FBmax: N≠S; ∫≠p

*

b. [{{ẽ.∫a}.{da. ´ ĩ}}]

**! da daeSpa

c. [{{ẽ.∫a}.{´ ĩ }}]

**! da daeSpada

d. [{{{ẽ.pa.da}.´∫ ĩ }}] Ident. FBmax: N≠S

* ∫≠p!

e. [{[{´ ĩ ] [{ẽ.´∫a.da}]}]

*! ** eSpa *

f. [{{es.pa.d}{a.da}}]

**! * eN∫ aeN∫ *

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Essa formação foi tomada como exemplo propositalmente, uma vez que, à

semelhança do cruzamento aborrescente, analisado no tableau em (14), enxadachim permite

associações de segmentos entre a forma de base menor com a maior e vice-versa,

prevalecendo o output que mantém maior identidade com a palavra-matriz mais curta.

No tableau ora comentado, encontram-se seis saídas fonéticas possíveis para a

criação de Guimarães Rosa enxadachim, cruzamento de “enxada” com “espadachim”. O

candidato (e), o mais mal-sucedido de todos, é sumariamente eliminado por NOPWd*, por

ter projetado uma PWd complexa – MWd1 constituída pela sílaba pesada27 /´ iN/ e MWd2

exatamente igual ao input /EN´ ada/. Os candidatos (b), (c) e (f) são excluídos logo a seguir

por ALIGN (M⇔P), uma vez que suas PWds não aproveitam a possibilidade de

alinhamento à esquerda com as margens das MWds do input, fazendo com deixem duas

bordas desalinhadas no output. Assim, os concorrentes (a) e (d) são os prováveis vencedores,

pois apresentam o mesmo desempenho na competição, visto otimizarem o alinhamento,

aproveitando, ao máximo, as margens das três palavras morfológicas com a única palavra

prosódica disponível. Com três margens de MWd alinhadas à esquerda e duas à direita,

somente a borda da forma menor permanece desalinhada. Para tanto, (a) torna

ambimorfêmicos todos os segmentos da menor palavra-matriz “enxada”, compartilhando os

segmentos da maior /S/ e /p/ com os segmentos /N/ e / / da menor, enquanto (d) prioriza a

identidade da maior forma de base, compartilhando apenas o /N/ da menor com o segmento

/S/, próprio da maior. Com isso, ambas as formas, (a) e (d), passam incólume pelas

restrições de MAXIMIZAÇÃO, uma vez que tais segmentos estão relacionados às duas

formas de base. Passam também por ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL), porque o pé nuclear

da palavra-matriz mais longa “espadachim” está integralmente contido em suas PWds. A

27 Consideram-se, aqui, sílabas pesadas, que têm a propriedade de atrair acento, aquelas que apresentam rima ramificada, ou seja, sílabas terminadas em consoante, ou formadas por ditongo ou por vogal longa ou, ainda, por vogal nasal.

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decisão, então, fica a cargo de IDENT (FBmin-BL), que desclassifica o candidato (d), não

pelo fato de ele trocar segmentos diferentes quanto à cavidade oral / / [+ contínuo] e /p/ [-

contínuo] e, quanto ao ponto C, este [labial] e aquele [dorsal], permuta aceitável, já que se

inserem em contextos fonológicos bastante semelhantes, mas porque a troca ocorreu na

menor forma de base. Na maioria dos cruzamentos que envolve palavras metricamente

diferentes, há a tendência de emergir como forma ótima a que preservar, da melhor maneira

possível, a menor palavra-matriz.

A análise dessas duas analogias autoriza a afirmação de que, embora sejam criações

motivadas de modo variado, substituições sublexicais e cruzamentos vocabulares envolvem

apenas um padrão morfológico porque são governados por um único conjunto hierarquizado

de restrições, sendo, por isso, estruturados de modo idêntico. Ressalte-se, ainda, que a

hierarquia mostrou-se eficaz para todos os casos de analogia (7% dos dados analisados),

talvez pelo fato de a grande maioria apresentar inputs com palavras metricamente desiguais.

Os tableaux com a análise de todas as formações analógicas recolhidas podem ser

conferidos no anexo IV.

Os vocábulos cruzados a partir de matrizes com segmentos ambimorfêmicos (79%

dos dados acolhidos) ajustaram-se satisfatoriamente à hierarquia, uma vez que apenas cinco

cruzamentos, relacionados abaixo em (20), de um total de 173 dados avaliados,

apresentaram, além da forma usual, uma outra estruturalmente possível. Em termos

estatísticos, a hierarquia proposta foi capaz de explicar, de modo bem natural, 97% dos

casos de cruzamentos semelhantes fonicamente. Os resíduos não são considerados desvios

de formação, uma vez que, ao lado da forma inesperada, emerge a reconhecida como ótima.

A análise de todos esses dados pode ser constatada nos tableaux reproduzidos no Anexo II.

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(20)

Cruzamento Formas de base Saídas

1. bau bom + mau /´bau/ /´moN/ 2. pãe pai + mãe /´pãe/ /´mai/ 3. larango laranja + morango /la´raNgU/ /mo´raN∞a/ 4. vampeta vampiro + capeta /vaN´peta/ /vaN´pita/ 5. zégua zebra + égua /´zελua/ /´brελua/

Quanto aos dados dessemelhantes, ou melhor, aos que não permitem qualquer

correspondência segmental entre as formas de base (14% das palavras analisadas), somente

dois dados dos 29 incluídos nesse grupo – bótimo e portunhol – não demonstraram total

adequação à hierarquia. O CV bótimo, cruzamento de “bom” e “ótimo”, não emergiu como

vencedor, cedendo o lugar para bôntimo, forma que talvez não tenha sido consagrada pelo

uso porque não se estrutura de acordo com padrões fonológicos gerais da língua. Muito

raramente encontram-se, em português, palavras proparoxítonas que apresentam a vogal

média /o/ em sílaba travada por /N/, a exemplo dos incomuns vocábulos “côncavo” e

“recôndito”. Já portunhol, cruzamento de “português” com “espanhol”, emergiu juntamente

com o candidato “gespanhol”, visto ambos apagarem o mesmo número de segmentos das

formas de bases. A identidade total da estrutura dessas formas e o fato de não terem nenhum

segmento que possa ser compartilhado, torna imprevisível o ponto de quebra e,

conseqüentemente, o ponto de juntura das bases. Contudo, isso não tira a eficácia da

hierarquia proposta, uma vez que, dentre os casos de cruzamentos dessemelhantes (29

palavras), a análise deu conta, sem distorções, de 93% dos dados avaliados, conforme os

tableaux apresentados no Anexo III.

Com a pretensão de investigar, unificadamente, os três padrões de cruzamento, fez-se

necessário estabelecer uma hierarquia diferente das já propostas por Gonçalves (2005b) e

Piñeros (2002). Em suas análises, esses autores focalizam apenas as formações que acessam

a ambimorfemia, visto que, se comparadas com as de outros tipos, além de bem mais

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produtivas, são formal e semanticamente mais ricas, suscitando maior interesse de pesquisa.

Para finalizar, cabe ressaltar que, tendo em vista o controle de todos os dados, a

hierarquia aqui proposta jamais poderia ser a mesma das análises anteriores, uma vez que,

por abordar não apenas os cruzamentos de palavras com segmentos ambimorfêmicos, houve

a necessidade de incluir outras restrições, a exemplo de *MWD ≅ AFFIX e ALIGN D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL). Em contrapartida, compreende-se que, estruturalmente, os diferentes

padrões de cruzamento configuram um mesmo processo, o que justifica a manutenção das

restrições NOPWd* e ALIGN (M⇔P) neste modelo inovador, cujo objetivo foi o de

examinar todos os tipos de mesclas lexicais.

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5 CONCLUSÃO

Ao longo deste trabalho, analisou-se o processo de cruzamento vocabular a partir dos

pressupostos da Teoria da Otimalidade, mais especificamente, da Teoria da Correspondência.

Ainda que tenha utilizado as mesmas ferramentas de análises precedentes, o estudo

apresentado saiu do âmbito dos cruzamentos que acessam a ambimorfemia e propôs uma

investigação mais ampla, relativa à constituição de vocábulos cruzados também por

combinação truncada e por substituição sublexical (ou reanálise ou analogia), delineando um

panorama descritivo acerca do processo de cruzamento como um todo.

De acordo com resultados obtidos, os pontos mais pertinentes serão retomados com a

finalidade de resumir o comportamento de mesclas lexicais, independentemente de serem

construídas a partir de bases semelhantes fonicamente ou dessemelhantes.

Nesta análise, reforçou-se a proposta de Gonçalves (2005b), na qual a restrição de

marcação NOPWd*, que advoga contra a recursividade de acento na palavra prosódica

projetada no cruzamento, e a de alinhamento, ALIGN (M⇔P), que milita a favor de

alinhamentos perfeitos entre palavras morfológicas e prosódicas, desempenham funções

expressivas porque, juntas, impedem a formação de uma palavra prosódica complexa, já que,

para preservar duas palavras morfológicas sob um único acento lexical, as formas ótimas

lançam mão da sobreposição de bases. A interposição das bases na borda esquerda/direita da

única palavra prosódica projetada garante um melhor alinhamento.

Conseqüentemente, quanto menos margens ficarem desalinhadas, mais segmentos

poderão ser compartilhados, minimizando, desse modo, apagamentos desnecessários. Por

conseguinte, decidiu-se ampliar a correspondência entre os segmentos das bases, promovendo

ambimorfemia não apenas a segmentos totalmente idênticos, mas também àqueles que,

embora não sejam caracterizados pelos mesmos traços, ocupam a mesma posição na estrutura

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silábica e se inserem em contextos fonológicos similares. Tal estratégia se mostrou eficaz,

uma vez que, na maioria dos casos, deixou-se de verificar apagamentos que comprometeriam

a seleção da forma mais harmônica.

Na fusão de duas bases, encurtamentos sempre ocorrem. Desse modo, a fim de evitar a

emergência de vocábulos cruzados opacos semântica e formalmente, dificultando o

rastreamento das bases envolvidas, lançou-se mão de uma restrição morfológica que impede a

projeção de palavras morfológicas, no interior do cruzamento, com apenas seqüências

esvaziadas de conteúdo lexical, equivalentes a afixos, já que, em muitos dados analisados, os

inputs apresentam alguma espécie de derivação.

Outro ponto relevante na análise foi constatar que a melhor acessibilidade ao input é

garantida por meio da preservação das bases mais curtas, que tendem a se realizar plenamente

na maioria dos cruzamentos, em função da exigência imposta por MAXmin-BL. Nos casos de

cruzamentos de vocábulos dessemelhantes fonologicamente, são as restrições de

MAXIMIZAÇÃO, que, em geral, desempenham papel decisivo na seleção do candidato

ótimo.

Observou-se, ainda, que muitos cruzamentos preservam o pé métrico nuclear da maior

forma de base, o que levou à inclusão de uma outra restrição de alinhamento na hierarquia,

ALIGN D-Σ (FBmax), D-Σ (BL). Esta restrição, além de impor o estabelecimento de pés

iterativos entre as palavras morfológicas e a prosódica, concorre para a formação de mesclas

lexicais em que a disposição das palavras matrizes se dê o mais adequadamente possível, uma

vez que uma das características dos cruzamentos é a não pré-determinação de as bases

exercerem função sintática de núcleo e de adjunto.

Por fim, evidenciou-se que, embora o compartilhamento otimizado de segmentos seja

uma boa estratégia para resolver a questão da opacidade da palavra cruzada em relação às

bases, refletindo violações às restrições de maximização, a correspondência segmental só se

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processa dentro das concretas possibilidades oferecidas pelas estruturas silábica e fonológica

dos inputs envolvidos no processo.

Assim, com os instrumentos da TC, pode-se concluir que o processo morfológico não-

concatenativo de CV, por meio da junção de palavras matrizes dessemelhantes ou

semelhantes fonicamente, não é arbitrário; pelo contrário, é regido por princípios lingüísticos

que interagem, sistematicamente, na emergência de cruzamentos vocabulares ótimos,

selecionados a partir de um ranking único de restrições morfológicas, prosódicas e de

correspondência.

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7 ANEXOS 7.1 ANEXO I – Relação das 243 palavras recolhidas Legendas utilizadas para a categorização dos cruzamentos (tipo):

AMB formas de base semelhantes fonicamente (173 dados) DES formas de base dessemelhantes (28 dados) ANAL analogias (17 dados) GPREFIX formas de base com seqüência DT = 11 GSUFIX formas de base com seqüência DM = 10 PSUFIX formas de base já sufixadas = 5

DADO FORMAS DE BASE TIPO TAMANHO DAS FBs

No anexo II: Aborrescente 1 aborrecer + adolescente AMB DIF Aerobu 2 aero + urubu AMB DIF Afurtosa 3 aftosa (febre) + furto AMB DIF Alcoolância 4 álcool + ambulância AMB DIF Almanhaque 5 almanaque + manhã AMB DIF Amorizade 6 amor + amizade AMB DIF Analfaburro 7 analfabeto + burro AMB DIF Analfilático 8 anal + anafilático AMB DIF Anãofabeto 9 anão + analfabeto AMB DIF Apertamento 10 aperto + apartamento AMB DIF Argentinhas 11 Argentina + gentinhas AMB DIF Áspedras 12 ásperas + pedras AMB DIF Baianeiro 13 baiano + mineiro AMB IGUAIS Balavilhosa 14 bala + Cidade Maravilhosa AMB DIF Barriguel 15 barriga + aluguel AMB IGUAIS Batatalhau 16 batata + bacalhau AMB IGUAIS Bau 17 bom (bon) + mau AMB IGUAIS Bestadistas 18 besta + estadistas AMB DIF Bestarel 19 bacharel + besta AMB DIF Boilarina 20 boi + bailarina AMB DIF Boquetel 21 boquete + coquetel AMB IGUAIS Bostafogo 22 bosta + botafogo AMB DIF Bradescravo 23 Bradesco + escravo AMB IGUAIS Brasiloche 24 Brasil + Bariloche AMB DIF Briluz 25 brilho + luz (in Jaguardarte, de Augusto dos Campos) AMB DIF Bringar 26 brincar + brigar AMB IGUAIS Brinquedação 27 brinquedo + liquidação AMB DIF Briolho 28 brilho + olho AMB IGUAIS Brotossauro 29 broto + brontossauro AMB DIF Brutuguês 30 bruto + português AMB DIF Bruxava 31 bruxa + brochava AMB DIF Burrichello 32 Burro + Barrichello AMB DIF Burrocracia 33 burro + burocracia AMB DIF Cacaína 34 caca + cocaína AMB DIF Caipiroca 35 caipi(rinha) + piroca AMB DIF Caligrafeia 36 caligrafia + feia AMB DIF Camaronese 37 camarão (camaron) + maionese AMB DIF Camicleta 38 caminhão (caminhon) + bicicleta AMB DIF

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Canecopo 39 caneca + copo AMB DIF Cansástico 40 Fantástico + cansativo AMB IGUAIS Cantriz 41 cantora + atriz AMB DIF Cariocatura 42 carioca + caricatura AMB DIF Cariúcho 43 carioca + gaúcho AMB DIF Carnatal 44 carnaval + Natal AMB DIF Cartomente 45 cartomante + mente AMB DIF Celebutante 46 celebração + debutante AMB DIF Chafé 47 chá + café AMB DIF Chattoso 48 chato + Mattoso AMB DIF Chevelho 49 Chevete + velho AMB DIF Chococo 50 choco(late) + coco onêonimo AMB IGUAIS Chocrilhos 51 sucrilhos + choco(late) onêonimo AMB DIF Ciscarelli 52 ciscar + Cicarelli AMB DIF Coponheiro 53 companheiro + copo AMB DIF Craquético 54 craque + caquético AMB DIF Crilouro 55 crioulo + louro AMB DIF Crionça 56 criança + onça AMB DIF Currompido 57 cu + corrompido AMB DIF Currupção 58 cu + corrupção AMB DIF Daslucro 59 Daslu + lucro AMB IGUAIS Dedoche 60 dedo + fantoche AMB DIF Deleitura 61 deleite + leitura AMB IGUAIS Deliçoca 62 delícia + paçoca AMB IGUAIS Democradura 63 democracia + ditadura AMB IGUAIS Detonauta 64 detonador + internauta AMB IGUAIS Diligentil 65 diligente + gentil AMB DIF Esclitóris 66 escritório + clitóris AMB DIF Escragiário 67 escravo + estagiário AMB DIF Espanglês 68 espanhol + inglês AMB DIF Esquerdofrênico 69 esquerda + esquizofrênico AMB DIF Estagflação 70 estagnação + inflação AMB DIF Estragonofe 71 estrogonofe + estrago AMB DIF Estrogobofe 72 estrogonofe + bofe AMB DIF Expoesia 73 exposição + poesia AMB DIF Falavra 74 fala + palavra AMB DIF Febendiru 75 Feben + Carandiru AMB DIF Flumineiro 76 Fluminense + mineiro AMB DIF Fuscasa 77 fusca + casa AMB IGUAIS Fuscleta 78 fusca + bicicleta AMB DIF Futevôlei 79 futebol + vôlei AMB DIF Gayroto 80 gay + garoto AMB DIF Gayúcho 81 gay + gaúcho AMB DIF Gelouco 82 gelo + louco AMB IGUAIS Globeleza 83 Globo + beleza AMB DIF Glorionha 84 glória + medonha AMB DIF Goianobil 85 Goiânia + Chernobil AMB IGUAIS Hackademia 86 hacker + academia AMB DIF Horrorível 87 horroroso + terrível AMB DIF Hospitaú 88 hospital + Itaú AMB IGUAIS Imprevilho 89 imprevisto + empecilho AMB IGUAIS Incubatória 90 incubadora + laboratório AMB IGUAIS Indioleta 91 índio + borboleta AMB DIF Indiscroto 92 indiscreto + escroto AMB DIF Inutensílio 93 inútil + utensílio AMB DIF Irmiga 94 irmã (irman) + inimiga AMB DIF Jeguerino 95 jegue + Severino (Cavalcanti) AMB DIF

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Ladruf 96 ladrão + Maluf AMB IGUAIS Larango 97 laranja + morango AMB IGUAIS Lexicopédia 98 léxico + enciclopédia AMB DIF Limonik 99 limão (limon) + Sputnik AMB DIF Lixeratura 100 lixo + literatura AMB DIF Loucomotiva 101 louco + locomotiva AMB DIF Luísque 102 Luís (Inácio da Silva) + uísque AMB DIF Luxuosso 103 luxuoso + osso AMB DIF Macarronese 104 macarrão (macarron) + maionese AMB DIF Mãedrasta 105 mãe + madrasta AMB DIF Malufioso 106 Maluf + mafioso AMB DIF Malular 107 malufar + Lula AMB DIF Masturbatona 108 maratona + masturbação AMB IGUAIS Matel 109 mato + hotel AMB IGUAIS Mautorista 110 mau + motorista AMB DIF Melda 111 lua-de-mel + merda AMB DIF Merdalhão 112 medalhão (medalhon) + merda AMB DIF Merdonça 113 merda + Mendonça (Duda) AMB DIF Mial 114 Pedro Bial [biau] + miau AMB IGUAIS Miserite 115 miséria + holerite AMB DIF Moitel 116 moita + hotel AMB IGUAIS Monstruação 117 monstro + menstruação AMB DIF Moranguva 118 morango + uva AMB DIF Motel 119 motorista (moto) + hotel AMB DIF Namorido 120 namorado + marido AMB DIF Nepetismo 121 nepotismo + petê (PT) AMB DIF Novelha 122 novela + velha AMB DIF Oligarcia 123 oligarquia + Garcia Neto AMB DIF Ovonese 124 ovo + maionese AMB DIF Pãe 125 pai + mãe (mane) (rima) AMB IGUAIS Paitrocíneo 126 pai + patrocíneo AMB DIF Paulistério 127 paulista + ministério AMB DIF Paurioca 128 paulista + carioca AMB DIF Pedragogia 129 pedra + pedagogia AMB DIF Pescópia 130 pesquisa + cópia AMB DIF Petelho 131 petê (PT) + pentelho AMB DIF Pijânio 132 pijama + Jânio AMB DIF Pilantropia 133 pilantra + filantropia AMB DIF Pinton 134 Bill Clinton + pinto AMB IGUAIS Politicanagem 135 política + sacanagem AMB IGUAIS Politicanalha 136 política + canalha AMB DIF Presidengue 137 presidente + dengue AMB DIF Pretuguês 138 preto + português AMB DIF Privataria 139 privatização + pirataria AMB DIF Professorror 140 professor + horror AMB DIF Prostiputa 141 prostituta + puta AMB DIF Provoquente 142 provocante + quente AMB DIF Rateen 143 ratinho + teen [tim] AMB DIF Recifolia 144 Recife + folia AMB IGUAIS Morangurte 145 morango + iogurte AMB DIF Ronalducho 146 Ronaldo + gorducho AMB IGUAIS Roubanos 147 roubo + romanos (apostólicos) AMB DIF Rouberto 148 roubo + Roberto (Jefferson) AMB DIF Sacolé 149 saco + picolé AMB DIF Séxta-feira 150 sexta-feira + sexo AMB IGUAIS Showcolate 151 show + chocolate AMB DIF Sofressor 152 sofredor + professor AMB IGUAIS

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Sonologia 153 sono + fonologia AMB DIF Sorteria 154 sorte + loteria AMB DIF Sorvetone 155 sorvete + panetone AMB DIF Terrir 156 terror + rir AMB DIF Tortográfico 157 torto + ortográfico AMB DIF Tortoruga 158 torto + tartaruga AMB DIF Tradizer 159 traduzir + dizer AMB DIF Tranquilômetros 160 tranqüilo + quilômetros AMB DIF Transpet 161 transporte + pet AMB DIF Traumartirizado 162 trauma + martirizado AMB DIF Tristemunho 163 triste + testemunho AMB DIF Tubalhau 164 tubarão (tubaron) + bacalhau AMB IGUAIS Tuberculepra 165 tuberculose + lepra AMB DIF Uisquerda 166 uísque + esquerda AMB IGUAIS Urinálise 167 urina + análise AMB DIF Urubuservar 168 urubu + ob(i)servar AMB DIF Vampeta 169 vampiro + capeta AMB IGUAIS Velhocidade 168 velho + velocidade AMB DIF Velhoso 169 velho + Veloso (Caetano) AMB DIF Verifuncional 172 verificação + funcional AMB DIF Zégua 173 zebra + égua AMB DIF No anexo III: Autobol 1 automóvel (auto) + futebol DES DIF Belíndia 2 Bélgica + Índia DES DIF Bótimo 3 bom (bon) + ótimo DES DIF Brasgentina 4 Brasil + Argentina DES DIF Brasiguaio 5 brasileiro + paraguaio DES IGUAIS Caipiceta 6 caipi(rinha) + buceta DES DIF Chocolícia 7 choco(late) + delícia onêonimo DES DIF Chocotone 8 choco(late) + panetone DES DIF Docudrama 9 documentário + drama DES DIF Forrogode 10 forró + pagode DES DIF Franlitos 11 fran(go) + palitos DES DIF Funebrilho 12 funeral + brilho DES DIF Janecrete 13 Jane Corso + chacrete DES DIF Japaréia 14 Japão + Coréia DES DIF Macuncrente 15 macumbeiro + crente DES DIF Mauriçola 16 mauricinho + boiola DES DIF Mortalecido 17 mortal + falecido DES DIF Nescafé 18 Nestlé + café onêonimo DES IGUAIS Pescotapa 19 pescoço + tapa DES DIF Portinglês 20 português + inglês DES DIF Portunhol 21 português + espanhol DES IGUAIS Psicogélico 22 p(i)sicólogo + evangélico (psico) DES IGUAIS Psiquiartista 23 psiquiatra + artista DES DIF Secretanha 24 secretária + piranha DES DIF Selemengo 25 seleção + Flamengo DES IGUAIS Showmício 26 show + comício DES DIF Toboágua 27 tobogã + água DES DIF Vagaranha 28 vagabunda + piranha DES DIF No anexo IV: Bebemorar 1 beber + comemorar ANAL DIF Boacumba 2 boa + macumba ANAL DIF Boadrasta 3 boa + madrasta ANAL DIF Boadrinha 4 boa + madrinha ANAL DIF Bucetante 5 buceta + picante ANAL IGUAIS Chocólatra 6 choco(late) + alcoólatra ANAL DIF

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Enxadachim 7 enxada + espadachim ANAL DIF Frambúrguer 8 fran(go) + hambúrguer ANAL DIF Halterocopismo 9 halterofilismo + copo ANAL DIF Metroviário 10 metrô + ferroviário ANAL DIF Monocelha 11 mono + sobrancelha ANAL DIF Monocrático 12 mono + democrático ANAL DIF Raboplégico 13 rabo + paraplégico ANAL DIF Rejuvelhescimento 14 rejuvenescimento + velho ANAL DIF Siteografia 15 site + bibliografia ANAL DIF Tucanóptero 16 tucano + helicóptero ANAL DIF Videasta 17 vídeo + cineasta ANAL DIF No anexo V: a) DT Caipifruta 1 caipi(rinha) + fruta GPREFIX IGUAIS Caipilima 2 caipi(rinha) + lima GPREFIX IGUAIS Caipivodka 3 caipi(rinha) + vodka GPREFIX IGUAIS Franfilé 4 fran(go) + filé GPREFIX IGUAIS Lambaeróbica 5 lamba(da) + aeróbica GPREFIX DIF Lambafunk 6 lamba(da) + funk GPREFIX DIF Lambarregue 7 lamba(da) + regue (reggae) GPREFIX IGUAIS Pit-babá 8 pit (= agressivo) + babá GPREFIX DIF Pit-baby 9 pit (= agressivo) + baby GPREFIX DIF Pit-boy 10 pit (= agressivo) + boy GPREFIX DIF Pit-família 11 pit (= agressivo) + família GPREFIX DIF b) DM Adultescente 1 adulto + adolescente GSUFIX DIF Autotrocíneo 2 auto + pai(trocíneo) GSUFIX DIF Caipilé 3 caipi(rinha) + pico(lé) GSUFIX DIF Envelhescente 4 envelhecer + adol(escente) GSUFIX DIF Familiatrocíneo 5 família + pai(trocíneo) GSUFIX DIF Irangate 6 Iran + (gate) GSUFIX IGUAIS Lulagate 7 Lula + gate GSUFIX IGUAIS Mogigate 8 Mogi das Cruzes + (gate) GSUFIX IGUAIS Sucolé 9 suco + saco(lé) GSUFIX DIF Tiotrocíneo 10 tio + pai(trocíneo) GSUFIX DIF No anexo VI: Bobageira 1 bobagem + besteira PSUFIX IGUAIS Gatoso 2 gato + idoso PSUFIX DIF Prostitutriz 3 prostituta + meretriz PSUFIX DIF Sincericida 4 sinceridade + homicida PSUFIX DIF Trambicador 5 trambiqueiro + trabalhador PSUFIX IGUAIS

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7. 2 ANEXO II – Análise de CVs com segmentos ambimorfêmicos (172 palavras)

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,

D-Σ (FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

aborrescente = /abOxE´seR/ + /adOlE´seNtI/

a. [{{{a.bo.xe.´sẽ}.ti}}] Ident FBmax: b≠d; x≠l

* R R ẽ≠e

metr. dif. b. [{{{a.do.xe.´sẽ}.ti}}] Ident FBmax: x≠l

* R R ẽ≠e; d≠b!

c. [{{{a.bo.le.´sẽ}.ti}}] Ident FBmax: b≠d

* R R ẽ≠e; l≠x!

d. [{{a.bo.xe}.{´sẽ.ti}}] **! * seR seRadOlE e. [{{a.bo}.{le.´sẽ.ti}}] **! xeseR xeseRadO f. [{{a.do.l}{e.´seh}}] **! * abOx EseNtIabOx *

1 aerobu = /a´εrU/ + /Urubu/

a. [{[{a.´ε.{ru}][´bu}]}]

* ** U

metr. dif. b. [{[{a.´ε.ru}][{´bu}]}] * ** Ur!u c. [{[{u.´ru}][{a.´ε.ru}]}] * ** bu! * d. [{[{ru.´bu}][{ a.´ε.ru }]}] * ** u *! e. [{[{a.´e.ro}][{ru.´bu}]}] * ** U U≠o! f. [{[{´bu}][{ a.´ε.ru }]}] * ** U!ru *

2 afurtosa = /afi´t]za/ + /´fuRtU/

a. [{{a.{fur.´t]}.za}}]

** U≠]

metr. dif. b. [{[{afi .´to}] [{´fur.tu}]}] *! ** za * c. [{{fur.´t]}.{za}}] ** a!ft] d. [{{fur.´t}{]. za}}] ** *! U Uaft] e. [{{fur.{´t]). za}}] ** a!f U≠] f. [{{ afi .to }.{´fuh}}] ** t!U zatU *

g. [{{fur.t}{afi.´t].za}}] ** U! U 3

alcolância = /´alkol/ + /aNbu´laNsia/

a. [{{{aw.ko}.´lã.sia}}] Ident FBmax: l≠N

* l lbu

metr. dif. b. [{{{ã.ko}.´lã.sia}}] Ident FBmax: N≠l

* l lbu N≠l!

c. [{[{´aw.kow}] [{´ã.bu}]}] *! ** laNsia * d. [{[{´aw.kow}][{´lã.sia}]}] *! ** aNbu e. [{{aw.ko}.{´lã.sia}}] **! l laNbu f. [{{aw}.{´lã.sia}}] **! kol kolaNbu

4 almanhaque = /alma´na.kI/ + /ma´ aN/

a. [{{aw.{ma.´ a}.ki}}] Ident FBmax: ≠n

** ã≠a

metr. dif. b. [{{aw. {ma}.´ ã} }] ** n!akI c. [{{ma.´ a}{w.ma}}] ** a!nakI d. [{{ma.´ ã}.{na.ki}}] ** a!lma e. [{{na.ke}.{ma.´ ã}}] ** a!lma haplo → f. [{{aw.ma.{´mã}. a}}]

Ident FBmax: m≠n ** k!I

5 amorizade = /a´moR/ + /ami´zadI/

a. [{{{a.mo.r}i.´za.di}}] *

metr. dif. b. [{{{a.mo}. ´za .di}}] * *! R Rami c. [{{a.mo.r}{i.´za.di}}] **! am d. [{{a.mo.´ r}{a.di}}] **! * amiz * haplo → e. [{{a.mo}.{mi.´za.di}}] **! R Ra f. [{{a.mi.z}{a.´moh}}] **! adI *

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113

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,

D-Σ (FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

analfaburro = /a´nalfa´bεtU/ + /´buxU/

a. [{[{a.´naw.fa][{´bu}.xu}]}]

Ident. FBmax: u≠ε

* ** tU *

metr. dif. b. [{[{a.´naw.fa}][{´bu.xu}]}] * ** bεt!U * c. [{[{a.´naw}][{´bu.xu}]}] * ** fab!εtU * d. [{[{´bu.xu}][{a.´naw.fa}]}] * ** bεt!U * e. [{[{´bu.xu}][{´bε.tu}]}] * ** ana!wfa f. [{[{´bu.xu}][{a.´naw}]}] * ** fab!εtU *

7 analfilático = /a´nal/ + /anafi´latikU/

a. [{{[{a.´nãw}][fi.´la.ti.ku}]}]

Ident. FBmax: ã≠a

* *

metr. dif. b. [{{[{a.´naw}] [´la.ti.ku}]}] * * f!i c. [{{[{a.´naw}] [´la.ti.ku}]}] * * a!nafi d. [{[{fi.´la.ti}] [{´naw}]}] * **! * a anakoa * e. [{[{fi.´la.ti.ko}] [{a.´naw}}] * **! ana * f. [{[{a.´naw}] [{fi.´la.ti.ku}}] * **! ana

8 anãofabeto = /a´nãw/ + /a´nalfa´bεtU/

a. [{{[{a.´nãw}] [fa.´bε.tu}]}]

Ident. FBmax: a≠ã

* *

metr. dif. b. [{[{a.´nãw}] [{fa.´bε.tu}]}] * **! anal c. [{[{a.´nãw}] [{´bε .tu}]}] * **! lfa d. [{[{fa.´bε .tu }] [{a.´nãw}]}] * **! anal * e. [{[{a.´nãw.fa.bε.´t}] [{ãw}]}] * **! * an anu * f. [{[{a.´nõ}] [{fa.´bε.tu}]}] * **! anal

9 apertamento = /a´peRtU/ + /apaRta´meNtU/

a. [{{{a.per.t}a.´mẽ.tu}}] Ident. FBmax: e≠a

* U U

metr. dif. b. [{{a.per.t}{a ´mẽ.tu }}] **! U U c. [{{a.per.to}.{´mẽ.tu }}] **! * apaRta haplo → d. [{[{a.´per.tu}] [{ta.´mẽ.tu

}]}] *! ** apaR

e. [{{a.per}.{ta.´mẽ.tu }}] **! tU tUapaR f. [{{a.´per.tu}.{a.´par.t}}] *! ** ameNtU

10 argentinhas = /aRʒeN´tina/ + /ʒeN´ti aS/

a. [{{ar.{ʒẽ.´ti. as}}}] Ident FBmax: ≠n

*

metr. dif. b. [{{ar.{ʒẽ}.´ti. as}}] **! tina c. [{[{ʒẽ.´ti. as}][{ar.´ʒẽ}]}] *! ** tina * d. [{[{´ti.na}][{ʒẽ.´ti. as}]}] *! ** aRʒeN e. [{{ar.ʒẽ.{´ti}. as}}] **! ʒeN naʒeN f. [{{ar.ʒẽ.´ti}.{ as}}] **! * ʒeNti naʒeNti

11 áspedras = /´aSperaS/ + /´pεdraS/

a. [{{ás{pe.dras}}}] * * e≠ε

metr. dif. b. [{{´as}{pe.dras}}] **! peraS * c. [{{pe}{´as.pe.ras}}] **! draS draS d. [{[{´pε.dras}] [{´as.pe}]}] *! ** raS * e. [{{´as{pe}dras}}] **! raS * e≠ε haplo → f. [{[{´as.pe}] [{´pε.dras}]}] *! ** raS *

12

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114

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

baianeiro = /bai´anU/ + /mineirU/

a. [{{bai..a.{´n}ey.ru}}] ** * Umi

metr. iguais b. [{[{bay.´ã.no}][{´ney.ru}]}] *! ** * mi c. [{[{bay.´ã.no}][{´ey.ru}]}] *! ** * min d. [{{mi.ney}.{´ã.nu}] ** * rUba!i e. [{[{mi.´ney}][{´bay.a}]}] *! ** * rUnU f. [{{a.no}.{´ney.ru}}] ** * baim!i

13 balavilhosa = /´bala/ + /maravi´λ]za/

a. [{{{ba.la}.vi.´λ].za}}] Ident FBmax: b≠m

*

metr. dif. b. [{{{ma.la}.vi.´λ].za }}] Ident FBmax: l≠r

* m≠b!

c. [{{ba.la}.{vi.´λ].za}}] **! mara d. [{{ba.la}.{´λ].za}}] **! maravi e. [{{ba}.{ma.ra.vi.´λ].za}}] **! la la f. [{{ma.ra.vi}.{´ba.la}}] **! λ]za *

14 barriguel = /ba´xiλa/ + /alu´λεw/

a. [{{ba.xi.´{λ}εw}}] ** aalu

metr. iguais b. [{{a.lu}.{´xi.λa}}] ** λεwba! c. [{{ba}.{lu.´λεw}}] ** xiλaa! haplo → d. [{[{ba.´xi.λa}][{´λεw}]}] *! ** alu e. [{[{ba.´xi}][{a.lu.´λεw}]}] *! ** λa f. [{{bar}.{´λεw}}] ** riλaal!u

15 batatalhau = /ba´tata/ + /baka´λau/

a. [{{{ba.ta.ta}.´λau}}] Ident FB-BL: t≠k

*

metr. iguais b. [{{{ba.ka}.´ta.ta}}] * λ!au c. [{{{ba.ta}.´λau}}]

Ident FB-BL: t≠k * t!ak

d. [{{ba.ka}.{´ba.ta}}] **! λauta e. [{{ba.ta}.{ka.´λau}}] **! taba f. [{{ba.ta}.{´ba.ka}}] **! taλau

16 bau = /´boN/ + /´mau/ a. [{{´{b}aw}}]

Ident. FB-BL: b≠m * oN

metr. iguais b. [{{´{m}õ}}] Ident. FB-BL: m≠b

* aw

c. [{´{b}{aw}}] **! oNm d. [{´{m}{õ}}] **! awb e. [{{bo}.{´maw}}] **! N rima f. [{{ma}.{´bõ}}] **! w

17 bestadista = /´beSta/ + /Esta´diSta/

a. [{{b{es.ta}.´dis.ta}}] **

metr. dif. b. [{{bes.ta}.{´dis.ta}}] ** *! besta c. [{{es.ta}.{´bes.ta}}] ** d!ista * haplo → d. [{[{´bes.ta}][{ta.´dis.ta}]}] *! ** es e. [{{ bes.´t}{is.ta}}] ** *! a aEstad * f. [{{ bes}.{´dis.ta}}] ** t!a taEsta

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115

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

bestarel = /ba∫a´rεl/ + /´beSta/

a. [{{{bes.ta}.´rεw}}] Ident. FBmax: e≠a; t≠

*

metr. dif. b. [{[{´bes.ta}] [{´ba.∫a}]}] *! ** rεl * c. [{[{´ba.∫a}] [{´bes.ta}]}] *! ** rεl * d. [{[{´rεw}] [{´bes.ta}]}] *! ** ba∫a * e. [{{´xεw}{ta}}] **! beS ba∫abeS * f. [{{´bes.ta}][{∫a.´rεw}}] *! ** ba

19 boilarina = /´boi/ + /baila´rina/

a. [{{{boy}.la.´ri.na}}] Ident. FBmax: o≠a

*

metr. dif. b. [{{boy}.{la.´ri.na}}] **! bai c. [{{{bo}.la.´ri.na}}] **! i ibai

d. [{{boy}.{´ri.na}}] **! * baila

e. [{[{´bay.la}] [{´boy}]}] *! ** rina * f. [{[{´boy}] [{´bay.la}]}] *! ** rina *

20 boquetel = /bo´kεtI/ + /kOkE´tεl/

a. [{{{bo.ki.´tε}w}}] *

metr. iguais b. [{{{bo.ke}.´tεw}}] * t!I c. [{{bo.ke}.{´tεw }}] **! * kOkE haplo → d. [{{ko.ke}.(´kε.ti}}] **! tεwkO e. [{{´tεw}{´b].ke}}] *! ** kOkEtI haplo → f. [{{ke}.{ki.´tεw}}] **! botIkO

21 bostafogo = /´b]ta´foλU/ + /´b]Sta/

a. [{{{´b]s.ta}][´fo.λu}}] * *

metr. dif. b. [{{´b]s.ta}][{´fo.λu}}] * **! b]ta c. [{{´fo.λu}][{´b]s.ta}}] * **! b]ta * d. [{{´b].ta}][{´b]s.ta}}] * **! fogU * e. [{{{´b].ta][´f]}s.ta}}] * * λ!U * f. [{{´b].ta.fo.´{b]}s.ta}}]

Ident. FBmax: b≠λ; ]≠U * **! *

22 bradescravo = /bra´deSkU/ + /ES´kravU/

a. [{{bra.d{es.´k}ra.vu}}] ** U

metr. iguais b. [{{bra.des}.{´kra.vu}}] ** kU!ES c. [{{bra}{s.´kra.vu}}] ** de!SkU d. [{{es.kra.´v}{es.ku}}] ** U! brad e. [{{ko}.{es.´kra.vu}}] ** *! bradeS f. [{{bra.´des}.{vu}}] ** kU!ESkra

23 brasiloche = /bra´zil/ + /bari´lO∫I/

a. [{{{bra.zi}.´l].∫i}}] Ident. FBmax: r≠z

* l l

metr. dif. b. [{{bra.zi}.{´l].∫i}}] **! l lbari c. [{{bra.´ziw}.´l].∫i}}] *! bari d. [{{bra}.{ri.´l].∫i}}] **! zil zilba

e. [{{bra.´ziw}] [{´ba.ri}}] *! ** lO∫i *

f. [{{´l].∫i}][{bra.´ziw}}] *! ** bari * g. [{{{bra.ri}.´l].∫i}}] * l l z≠r!

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116

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,

D-Σ (FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

briluz = /´briλU/ + /´luS/

a. [{{bri.{´lu}s}}] Ident. FBmax: l≠λ

** *

metr. dif. b. [{{bri.{´λu}s}}] ** * l≠λ! c. [{{bri}.{´lus}}] ** λ!o * d. [{{´lus}.{bri}}] ** λ!o * e. [{{i.λo}.{´lus}}] ** b!r * f. [{[{´bri.λu}][{´lus}]}] *! ** *

25 bringar = /briN´kaR/ + /bri´λaR/

a. [{{{brĩ}.´λah}}] Ident. FB-BL: λ≠k

*

metr. iguais b. [{{brĩ}.{´λah}}] **! * brikar c. [{{bri}.{´kah}}] **! * λarbriN d. [{{{bri}´kah}}]

Ident. FB-BL: λ≠k * N!

e. [{{bri.λa}.{´kah}}] **! * RbriN f. [{{{brĩ.ka}´λah}}] * R! haplo → g. [{{bri}.{brin.´kah}}] **! λaR

26 brinquedação = /briN´kedU/ + /likida´sãw/

a. [{{brĩ.{ke}.da.´sãw}}] ** dU dUli

metr. dif. b. [{{brĩ.{ki}.da.´sãw}}] ** dU dUli i≠e! c. [{{li.ki.da}.{´ke.du}}] ** br!iN sãwbriN * d. [{{brĩ.ke.do}{´sãw}}] ** *! likida o≠u e. [{{brĩ.ke}.{ki.da.´sãw}}] ** dU dUlik!i f. [{{brĩ.ke}.{li.´ki.da}}] ** dU dUsãw! *

27 briolho = /´briλU/ + /´oλU/

a. [{{bri.{´o.λu}}}] * *

metr. dif. b. [{{bri}.{´o.λu}}}] **! λU * c. [{{´br}{o.λu}}}] **! iλU * d. [{{´o.λo}] [{´bri}}] *! ** iλU * e. [{{λo}.{´bri.λu }}] **! o o f. [{{bri.´λo}.{λu}}}] **! o o *

28 brotossauro = /´brotU/ + /broNto´saurU/

a. [{{{bro.to}.´sau.ru}}] * N u≠o

metr. dif. b. [{{bro.to}.{´sau.ru}}] **! broNto c. [{{bro.to}.{´brõ.tu}}] **! sauro * d. [{{bro{to}.´sau.ru}}] **! broN u≠o e. [{{to}.{´sau.ru}}] **! bro brobroNto f. [{{bro}.{´sau.ru}}] **! tU tUbroNto

29 brutuguês = /´brutU/ + /portu´λueS/

a. [{{bru.{tu}.´λues}}] ** por

metr. dif. b. [{{bru.tu}.{´λues}}] ** *! portu c. [{[{´bru.tu}] [{´por.tu}]}] *! ** λueS * haplo→ d. [{[{´bru.tu}.{tu.´λues}]}] *! ** por e. [{{λues}.{´bru.tu}}] ** port!u * f. [{[{´por.tu}] [{´bru.tu}]}] *! ** λueS *

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117

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

bruxava = /´bru a/ + /bro´ ava/

a. [{{{bru.´∫a}.va}}] *

metr. dif. b. [{{bru.´∫a}.{va}}] **! * bro∫a c. [{{bru}.{bro.´∫a.va}}] **! ∫a ∫a haplo→ d. [{{bru.∫a}.{´∫a.va}}] **! bro e. [{{bru}.{´∫a.va}}] **! ∫a ∫abru f. [{[{´bru.∫a}].[{´br].∫a}]}] *! ** ∫ava *

31 burrichelo = /´buxU/ + /baxi´∫εlU/

a. [{{{bu.x}i.´∫ε.lu}}] * U U

metr. dif. b. [{{{bu}.xi.´∫ε.lu}}] * xU! xUa c. [{{bu.{x}i.´∫ε.lu}}] **! U Ubaxi d. [{[{´∫ε.lu}] [{´bu.xu}]}] *! ** baxi e. [{{bu.xo}.{´∫ε.lu}}] **! baxi f. [{{bu}.{´∫ε.lu}}] **! xU xUbaxi

32 burrocracia = /´buxU/ + /burokra´sia/

a. [{{{bu.xo}.kra.´sia}}] Ident. FBmax: x≠r

* o≠U

metr. dif. b. [{{bu}.{kra.´sia}}] **! xU xUburo c. [{[{kra.´sia}] [{bú.xu}]}] *! ** buro * haplo→ d. [{[{bú}] [{bu.ro.kra.´sia}]}] *! ** xU e. [{{bu.xu}.{kra.´sia}}] **! buro f. [{{bu.xo}.{´sia}}] **! * burokra o≠U

33 cacaína = /´kaka/ + /kOka´ina/

a. [{{{ka.ka}.´i.na}}] Ident. FBmax: a≠o;

*

metr. dif. b. [{{ka.ka}.{´i.na }}] **! * kOka c. [{{ka.{k}o.ka.´i.na }] **! a a e. [{{ka.{k}a.´i.na }}] **! a akO d. [{[{ka.´i.na}] [{´ka.ka}]}] *! ** kO * f. [{[{´ka.ka}] [{´k].ka}]}] *! ** ina *

34 caipiroca = /´kaipi/ /pi´r]ka/

a. [{[{´kay.{pi}] [´r].ka}]}] * **

metr. dif. b. [{[{pi.´r].ka}] [{´kay.pi}]}] * ** *! c. [{[{´kay}] [{pi.´r].ka}]}] * ** p!i pi d. [{[{´kay.pi}] [{´r].ka}]}] * ** p!i e. [{[{´r].ka}] [{´kay.pi}]}] * ** p!i f. [{[{´kay}] [{´r].ka}]}] * ** p!i pipi

35 caligrafeia = /kaligra´fia/ + /´feia/

a. [{{ka.li.gra.{´fey.a}}}] * i *

metr. dif. b. [{{ka.li.gra.´f}{ey.a}}] **! f iaf * c. [{{ka.li.gra}.{´fey.a}}] **! fia * d. [{[{´fey.a}] [{gra.´fia}]}] *! ** kali e. [{[{´fey.a}] [{ka.´li.gra}]}] *! ** fia * f. [{{ka.li}.{´fey.a}}] **! grafia *

36 camaronese = /kama´rãw/ + /maio´nεzI/

a. [{{ka.{ma.r}o.´nε.zi}}] ** ãw ãwi

metr. dif. b. [{{ka.{ma}y.o.´nε.zi}}] ** r!ãw rãw c. [{[{ka.ma.rãw}] [´nε.zi}]}] *! ** maio * d. [{{ka.ma}.{´nε.zi}}] ** r!ãw rãwmaio e. [{(may.o.ne}.{´ka.ma}}] ** r!ãw zIrãw * f. [{{may.o.ne}.{´rãw}}] ** *! kama zIkama *

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118

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,

D-Σ (FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

camicleta = /kami´ ãw/ + /bisi´klεta/

a. [{{kã.m{i}.´klε.ta}}] ** ãw ηãwbis

metr. dif. b. [{[{mi.´ ãw] [{´klε.ta}]}] *! ** ka kabisi c. [{{ka}.{si.´klε.ta}}] ** mi !ãw mi ãwbi d. [{[{´klε.ta}] [{´kã.mi}]}] *! ** ãw bisi ãw * e. [{{bi.si}.{´kã.mi}}] ** ãw klεta !ãw * f. [{[{´klε.ta}] [{mi.´ ãw}]}] *! ** ka bisika * g. [{{kle.ta}.{´ ãw }}] ** *! kami bisikami *

38 canecopo = /ka´nεka/ + /´k]pU/

a. [{{ka.ne.{´k}].pu}}] ** a *

metr. dif. b. [{{ka.ne.´k}{].pu}}] ** ak! * c. [{{ka}.{´k].pu}}] ** nε!ka * d. [{{ko.po}.{´nε.ka}}] ** *! ka!

e. [{[{´k]}] [{ka.´nε.ka}]}] *! ** * pU pU f. [{{ko}.{´nε .ka}}] ** **! pU pUka

39 cansástico = /faN´taStikU/ + /kaNsa´tivU/

a. [{{k{ã.´sa}s.ti.ku}}] Ident. FB-BL: s≠t; k≠v

**

metr. iguais b. [{{fã.´tas.{ti}.vu}}] ** *! kUkaNsa c. [{{kã.´sa.t{i}.{ku}}] ** *! vUfaNtasti t~s d. [{{kã}.{´tas.ti.ku}}] ** s!ativUfaN [-cont] [+cont] e. [{{fã}.{sa.´ti.vu}}] ** t!astikUkaN f. [{{fã.´ta}.{ti.vu}}] ** s!tikUkaNsa

40 cantriz = /kaN´tora/ + /a´triS/

a. [{{k{ã´t}ris}}] ** ora * ã≠a

metr. dif. b. [{{kã.{´tris}}] ** *! tora * c. [{{k{a}.´tris}}] ** Ntor!a * d. [{{a.´tris}.{ka}}] ** Ntor!a * e. [{{a.tris}.{´to.ra}}] ** *! kaN f. [{[{a.´tris}] [{´kã.tu}]}] *! ** ra *

41 cariocatura = /kari´]ka/ + /karika´tura/

a. [{{{ka.ri.o.ka}.´tu.ra}}]

*

metr. dif. b. [{{{ka.ri.o}.ka.´tu.ra}}] * k!a ka c. [{{ka.´ri.ka}][{´].ka}}] *! ** * kari turakari *

d. [{{ka.ri}.{´tu.ra}}}] **! * oka okakarika e. [{{´tu.ra}][{ka.ri.´].ka}}] *! ** karika * f. [{{ka.tu.{r}{i.´].ka}}] ** k!a kariaka *

42 cariúcho = /kari´]ka/ + /λa´u U/

a. [{{{ka.ri}.´u.∫u}}] * * g≠k

metr. dif. b. [{{ka.ri}.{´u.∫u}}] **! ga okaga * c. [{{ka}.{´u.∫u}}}] **! g garioka * k~g d. [{{ka.ri.´]}.{λa}}] **! u∫u kau∫u * [+son, -son] e. [{{λa.´u.∫}][{´].ka}]}] *! ** * ukari f. [{{{gaw.´∫]}ka}}]

Ident. FBmax: k≠g * r!i

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119

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-BL)

carnatal = /kaRna´val/ + /na´tal/

a. [{{kar.{na.´taw}}}] Ident. FBmax: v≠t

*

metr. dif. b. [{{kar.na}.{´taw}}] **! na valna * c. [{{na.ta}.{´vaw}}] **! l karna d. [{[{na.´taw}] [{kar.´na}]}] *! ** val * e. [{[{´na.va}] [{na.´taw}]}] *! ** karl * haplo → f. [{{kar.na}.{na.´taw}}] **! val *

44 cartomente = /kaRto´maNtI/ + /´meNtI/

a. [{{kar.to.{mẽ.ti}}}] Ident. FBmax: ẽ≠ã

* *

metr. dif. b. [{{mã.te}.{mẽ.ti}}] **! * karto * c. [{{kar.to}.{mẽ.ti}}] **! * maNtI * d. [{{kah}.{mẽ.ti}}] **! * tomaNtI * e. [{[{mẽ.ti}] [{´kar.to}]}] *! ** maNtI * f. [{[{mẽ.ti}] [{to.mã.ti}]}] *! ** kar

45 celebutante = /selebra´sãw/ + /debu´taNtI/

a. [{{se.{le.b}u.´tã.ti}}] Ident. FB-BL: l≠d

** rasãw

metr. iguais b. [{{se.le}.{bu.´tã.ti}}] ** brasãw!de c. [{{se.le.bra}.{´tã.ti}}] ** *! sãwdebu d. [{{de.bu}.{bra.´sãw}}] ** taNtIse!le e. [{[{de.bu.´tã.ti}] [{´saw}]}] *! ** * selebra f. [{{de.bu.ta}.{´sãw}}] ** *! selebra

46 chafé = /´ a/ + /ka´fε/

a. [{{∫(a}.´fε}}] ** k

metr. dif. b. [{[{´fε}] [{´∫a}]}] *! ** ka * c. [{[{´∫a}] [{´fε}]}] *! ** ka d. [{{ka}.{´∫a}}] ** fε! * e. [{{´∫a}.{ka}}] ** fε! e. [{[{ka.´fε}] [´∫a}]}] *! ** *

47 chatoso = /´ atU/ + /ma´tozU/

a. [{{{∫a.´to}.zu}}] Ident. FBmax: m≠

* ≠m; o≠U

metr. dif. b. [{{∫a.{´to}.zu}}] **! ma o≠U c. [{{∫a.´t{o.zu}}] **! * mato d. [{{ma.to}.{´∫a.tu}}] **! zu * e. [{[{´to.zu}][{´∫a.tu}]}] *! ** ma * f. [{{ma.{∫a.´to}.zu}}] **! o≠U haplo → g. [{[{´∫á.tu}][{´to.zu}]}] *! ** * ma

48 chevelho = / e´vεtI/ + /´vελU/

a. [{{∫e.{´vε}.λu}}] ** tI *

metr. dif. b. [{{∫e.´ve}.{λu}}] ** v!ε vεtI * c. [{[{´vε.λu}] [{´vε.ti}]}] *! ** ∫e haplo → d. [{[{´∫ε.vi}][{´vε.λu}]}] *! ** tI * haplo → e. [{{ve}.{´vε.λu}}] ** ∫et!I * haplo → f. [{{ve}.{´vε.ti}}] ** λ!U λU∫e g. [{{∫e.{´te}.λu}}] ** vε * t≠v; e≠I!

49

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120

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

chococo = /´ okU/ + /´kokU/

a. [{{∫o.{´ko}.ku}}] ** o≠U

metr. dif. b. [{{∫o.´ko}.{ku}}] ** k!U haplo → c. [{{´∫o.ku}.{´ko.ku}}] *! ** d. [{{´ko.ku}.{´∫o.ku}}] *! ** haplo → e. [{{ko}.{´ko.ku}}] ** *! ∫o f. [{{ko.´ko}{ku}}] ** ∫!o

50 chocrilhos = /sukri´λUS/ + /´ okU/

a. [{{{∫o.´k}ri.λus}}] Ident. FBmax: s≠∫; u≠o

* U U

metr. dif. b. [{{∫o}.{´kri.λus}}] **! kU kUsu c. [{{∫o.ko}.{´kri.λus}}] **! su ∫~s d. [{{´su.kri}{´∫o.ku}}] *! ** λUS * [- ant, +ant] e. [{{´kri.λus}.{´∫o.ku}}] *! ** su * f. [{{{so.´k}ri.λus}}]

Ident. FBmax: u≠o * U U ∫≠s!

51 ciscareli = /siS´kaR/ + /sika´rεlI/

a. [{{{sis.ka}.´rε.li}}] * R R

metr. dif. b. [{{{sis.´kah}.li}}] * rε! * c. [{{[{si.ka.´rε.li}]s´kah}}] *! * * d. [{{sis.{ka.r}ε.li}}] **! si e. [{{sis.ka}.{rε.li}}] **! R Rsika f. [{{re.li}.{sis.´kah}}] **! sika *

52 coponheiro = /koNpa´ eirU/ + /´k]pU/

a. [{{{ko.po}.´ ey.ru}}] Ident. FBmax: o≠a

* N ]≠o; U≠o

metr. dif. b. [{{[{´k].pa]. êi.ru}}] *! * N U≠a c. [{{´k].po}.{ ei.ru}}] **! * koNpa d. [{[{´k].po}] [{pa.´ ey.ru}]}] *! ** koN e. [{{{kõ.pa}.{´k].pu}}] **! ηeirU * f. [{{{ko}{pa.´ ey.ru}}] **! * pU pUkoN g. [{{[{kõ.po}].´ ey.ru}}]

Ident. FBmax: o≠a *! * õ≠]

U≠o 53

craquético = /´krakI/ + /ka´kεtikU/]

a. [{{{kra.´kε}.ti.ku}}] * I≠ε

metr. dif. b. [{{kra.{´kε}.ti.ku}}] **! ka c. [{{´kra}.{ti.ku}}] **! * kI kIkakε d. [{{kra.ke}{´kε.ti.ku}}] **! ka e. [{[{ka.´kε.ti] [´{k}{ra.ki}]}] *! ** k Uk * f. [{{ko}}.{´kra.ke}}] **! * kakεti *

54 crilouro = /kri´oulU/ + /´lourU/

a. [{{kri.{´low.ru}}}] *

metr. iguais b. [{{kri.{´low}.ru}}] **! lU * c. [{{kri.{´ow}.ru}}] **! llU * d. [{{kri},{´low.ru}}] **! oulU * e. [{{´low}.{lu}}] **! rUkriou *

55

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121

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

crionça = /kri´aNsa/ + /´oNsa/

a. [{{kri.{´õ.sa}}}] Ident. FBmax: õ≠ã

*

metr. dif. b. [{{kri}.{´õ.sa}}] **! aNsa * c. [{[{´ã.sa}][{´õ.sa}]}] *! ** kri * d. [{[{´õ.sa}][{´kri}]}] *! ** aNsa * e. [{{sa}{´õ.sa}}] **! kriaN * f. [{{õ.´sa}{kri}}] **! aNsa *

56 currompido = /´ku/ + /kOxON´pidU/

a. [{{{ku}.xõ.´pi.du}}] *

metr. dif. b. [{{ku}.{xõ.´pi.du}}] **! kO c. [{{ku}{´pi.du}}] **! kOxON d. [{{ko.xõ.pi}.{´ku}}] **! dU * e. [{[{xõ.´pi.du}] [{´ku}]}] *! ** kO * f. [{{k}.{õ.´pi.du}}] **! u ukOx

57 currupção = /´ku/ + /kOxupi´sãw/

a. [{{{ku}.xupi.´sãw}}]

*

metr. dif. b. [{{ku}.{ xupi.´sãw }}] **! kO c. [{{ku}{pi.´sãw }}] **! kOxu d. [{{ko. xupi}.{´ku}}] **! sãw * e. [{[{xupi.´sãw }][{´ku}]}] *! ** kO * f. [{{ku}.{´sãw }}] **! * kOxupi

58 daslucro = /daS´lu/ + /´lukrU/

a. [{{das.{´lu}.kru}}] **

metr. iguais b. [{{lu}.{´lu.kru}}] ** d!as c. [{{´lu.kro}.{das}}] ** l!u d. [{{das}.{´kru}}] ** l!ulu e. [{{das.´lu}.{kru}}] ** l!u f. [{{das.lu}.{´lu}}] ** k!rU

59 dedoche = /´dedU/ + /faN´to∫I/

a. [{{de.{´d]}.∫i}}] Ident. FBmax: t≠d

** faN U≠]

metr. dif. b. [{{de}.{´t].∫i}}] ** d!U dUfaN c. [{[{´de.du}] [{´t].∫i}]}] *! ** faN d. [{{de.do}.{fã}}] ** to∫I! * e. [{{do}.{´fã.to}}] ** d!e de∫I * f. [{{fã.´t]}.{de}}] ** d!U ∫IdU *

60 deleitura = /de´leitI/ /lei´tura/

a. [{{de.{ley.´t}u.ra}}] ** I

metr. iguais b. [{{de.{ley}.{´tu.ra}}] ** *! tI c. [{{de.ley.´t}{u.ra}}] ** *! Ileit d. [{[{´ley.ti}] [{´tu.ra}]}] *! ** * delei e. [{[{de.´ley.ti}] [{´tu.ra}]}] *! ** * lei f. [{[{´ley.tu}] [{´ley.ti}]}] *! ** rade

61 deliçoca = /dE´lisia/ + /pa´s]ka/

a. [{{de.li.´{s}].ka}}] ** * paia

metr. iguais b. [{{de.li.´s}{].ka}}] ** * iapas! c. [{[{de.´li}][{pa.´s].ka}]}] *! ** sia d. [{[{de.´li.sia}][{´s].ka}]}] *! ** * pa oneônimo f. [{{pa }.{´li.sia}}] ** * s]kad!E

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122

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

democradura = /demokra´sia/ + /dita´dura/

a. [{{de.mo.kr{a}´du.ra}}] ** ciadit

metr. iguais b. [{{de.mo}.{´du.ra}}] ** *! kraciadita c. [{{di.ta}.{kra.´sia}}] ** duradem!o d. [{{de.mo}.{ta.´du.ra}}] ** kraciad!i e. [{{di.ta.du}.{´sia}}] ** *! rademokra

f. [{{du.ra}.{kra.´sia}}] ** ditadem!o 63

detonauta = /dEtona´doR/ + /iNtER´nauta/

a. [{{de.to.{´na}w.ta}}] ** doRiNtER

metr. iguais b. [{{´naw.ta}.{de.to}}] ** iNtERnadoR! c. [{{´naw.ta}.{na.doh}}] ** iNtERdEto! d. [{{de.to}.{´naw.ta}}] ** nadoRiNt!ER e. [{[{de.´to.na}][{ĩ.teh}]}] *! ** doRnauta f. [{{ĩ.ter}.{na´doh}}] ** nautadEto!

64 diligentil = /dili´ʒeNtI/ + /ʒeN´til/

a. [{{di.li.{ʒẽ.´ti}w}}] ** *

metr. dif. b. [{{di.li}.{ʒẽ.´tiw}}] ** ʒ!eNtI * c. [{{di.li}.{´ʒẽ}] ** t!il ʒeNtItil * d. [{[{´ʒẽ.ti}] [{´tiw}]}] *! ** * diliʒeN * GR e. [{{di.li.ʒẽ}.{ʒẽ.´ti}}] ** t!I * f. [{{di.li}.{´tiw}] ** *! ʒeN ʒeNtIʒeN *

65 esclitóris = /ESkri´t]riU/ + /kli´t]riS/

a. [{{es.{kli.´t].ri}s}}] ** U *

metr. dif. b. [{{es.{kri.´t].ri}s}}] ** U * l≠r! c. [{{es. kri}.{´t].ris}}] ** k!li klit]riU * d. [{{es.{kli.´t].ri}u}}] ** S! S e. [{{es.kri.´t]}.{ris}}] ** k!lit] riUklit] * haplo → f. [{{kli.to}.{´t].riu}}] ** r!iS ESkririS

66 escragiário = /ES´kravU/ + /ESta∞i´ariU/

a. [{{{es.kra}.ʒi.´a.riu}}] * vU vU

metr. dif. b. [{{es.kra}.{ʒi.´a.riu}}] **! vU EStavU c. [{[{es.´kra.vo}][ʒi.´a.riu}]}] *! * ta d. [{{es.kra.vo}.{´a.riu}}] **! * EStaʒi e. [{{es.ta.ʒi}.{´kra.vu}}] **! ES ESariU * f. [{{es.ta}.{´kra.vu}}] **! ES ʒiariUES *

67 espanglês = /ESpa´ ]l/ + /iN´λleS/

a. [{{es.p{ã}.´λles}}] ** ol * ã≠ĩ

metr. dif. b. [{[{es.´pa}] [{ĩ.´λles}]}] *! ** ol * c. [{{ĩ.λle}.{´ ]w}}] ** S! ESpa d. [{[{´ ]w }][{´λles }]}] *! ** * iN espaiN * e. [{{es.pã}.{´λles }}] ** *! iN owiN * f. [{{λl{es}.pã.´ ]w}}] ** iN! IN

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INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

esquerdofrênico = /ES´keRda/ + /ESkizo´frenikU/

a. [{{{es.ker.d}o.´fre.ni.ku}}] Ident. FBmax: e≠i; d≠z

* a a

metr. dif. b. [{[{es.ker.da}][{´fre.ni.ku}]}] **! ESkizo c. [{[{es.´ker.da}] {es.´ki.zo}]}] *! ** frenikU d. [{{{es.ker}.zo.´fre.ni.ku}}]

Ident. FBmax: e≠i **! da da

e. [{{es.ker.d}{o.´fre.ni.ku}}] **! a aESkiz f. [{{fre.ni.´{k}er.da}] **! ES ESkizo

69 estagflação = /EStaλna´sãw/ + /iNfla´sãw/

a. [{{{is.taλ}.fla.´sãw}}] * na n≠s

metr. dif. b. [{{is.taλ}.{fla.´sãw}}] **! iN nasãwiN c. [{{{taλ}.{ĩ.fla.´sãw}}] **! esnasãw d. [{{is.ta.λ}.{ĩ.fla.´sãw}}] **! nasãw e. [{{is.taλ.na}.{fla.´sãw}}] **! iN sãwiN f. [{[{ĩ.fla.´sãw}][{is.´taλ}]}] *! ** nasãw

70 estrogobofe = /EStroλo´n]fI/ + /´b]fI/

a. [{{es.tro.λo.{´b].fi}}}] Ident. FBmax: b≠n

*

metr. dif. b. [{{es.tro.λo}.{´b].fi}}] **! n]fI * c. [{{bo.f{e}s.´tro.λo}}] **! n]fI * d. [{{es.tro}.{´b].fi}}] **! gon]fI * e. [{[{´b].fi}][λo.´n].fi}]}] *! ** EStro f. [{[{´b].fi}][{´n].fi}]}] *! ** EStro

71 estragonofe = /EStroλo´n]fI/ + /ES´traλU/

a. [{{{es.tra.λo}.´n].fi}}] Ident. FBmax: a≠o

* o≠U

metr. dif. b. [{{es.tra.{λo}.´n].fi}}] **! EStro o≠U c. [{{es.tra}.{λo.´n].fi}}] **! λU λUEStro haplo → d. [{{{es.tro.´λo}.{λu}}] **! EStra EStran]fI e. [{[{es.tra.λu}][{´n].fi}]}] *! ** EStrogo f. [{[{´n].fi}][{es.´tra.λu}]}] *! ** EStrogo *

72 espoesia = /ESpozi´sãw/ + /pOE´zia/

a. [{{es.{po}.e.´zia}}] ** zisãw *

metr. dif. b. [{{es.p}{e.´zia}}] ** p!O pOozisãw * haplo → c. [{[{es.´po}][{po.e.´zia}]}] *! ** zisãw * haplo → d. [{{es.po.zi}.{´zia}}] ** *! pOE pOEsãw * e. [{[{po.e.´zia}[{´es.po}]}] *! ** ESpozi f. [{{po.e.zi.a}.{´sãw}}] ** *! ESpozi

73 falavra = /´fala/ + /pa´lavra/

a. [{{{fa.´la}.vra}}] *

metr. dif. b. [{{fa.´la}.{vra}}] **! pala c. [{{fa.{´la}.vra}}] **! pa haplo → d. [{[{´fa.la}] [{´la.vra}]}] *! ** pa e. [{{pa}.{´fa.la}}] **! lavra * f. [{{fa}.{´pa.la}}] **! lavra *

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124

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

febendiru = /fe´beN/ + /karaNdi´ru/

a. [{{fe.b{ẽ}.di.´ru}}] Ident. FBmax: ẽ≠ã

** kar

metr. dif. b. [{{fe.bẽ}.{di.´ru}}] ** kara!N c. [{{ka.ra}.{fe.´bẽ}}] ** Ndir!u * d. [{{bẽ}{di.´ru}}] ** f!e fekara e. [{[{fe.´bẽ}][{rã.di.´ru}]}] *! ** N ka f. [{{fe.b{ã}.di.´ru}}] ** kar ẽ≠ã!

75 flumineiro = /flumi´neNsI/ + /mi´neirU/]

a. [{{flu.{mi.´ne}y.ru}}] ** NsI *

metr. dif. b. [{{nẽ.se}.{´ney.ru}}] ** *! mi flumimi * c. [{{flu.mi}.{´ney.ru }}] ** *! mi neNsImi * d. [{{flu}.{mi.´ney.ru }}] ** mine!NsI * e. [{{mi.ney.r}{ẽ.si}}] ** *! U Uflumin * f. [{{mi.ney}.{nẽ.si}}] ** r!U rUflumin

76 fuscasa = /´fuSka/ + /´kaza/

a. [{{fus.{´ka}.za}}] **

metr. iguais b. [{{fus.´ka}.{za}}] ** k!a c. [{{´ka.za}.{´fus}}] *! ** ka d. [{{ka}.{´fus.ka}}] ** z!a e. [{{ka.´za}.{ka}}] ** f!us haplo→ f. [{{´fus.ka}][{´ka.za}}] *!

77 fuscleta = /´fuSka/ + /bisi´klεta/

a. [{{fus.{´klε.ta}}}] * bisi

metr. dif. b. [{{fus}.{´bi.si}}] **! ka kaklεta * c. [{{fus.ka}.{´bi.si}}] **! klεta * haplo→ d. [{{fus.ka}.{´klε.ta}}] **! bisi e. [{{bi.si}.{´fus.ka}}] **! klεta * f. [{{bi.si}.{´fus}}] **! ka kaklεta *

78 futevôlei = /futE´b]l/ + /´volei/

a. [{{fu.te.{´vo}.ley}}] Ident. FBmax: v≠b

** l *

metr. dif. b. [{{fu.te}.{´vo.ley}}] ** b]!l * c. [{{fu.te}.{´v]}w}}] ** l!ei lei d. [{{fu}.{´vo.ley}}] ** tE!b]l * v~b e. [{{´vo.ley}{´fu.ti}}] *! ** b]l * [+cont –cont] f. [{{vo{te}.´b]w}}] ** i! ifu t≠l

79 gayroto = /´λei/ + /λa´rotU/

a. [{{{λey}.´ro.tu}}] Ident. FBmax: e≠a

*

metr. dif. b. [{{λey}.{´ro.tu}}] **! λei c. [{{λa.ro}.{´λey}}] **! tU * d. [{{{λa.ro.´t}ey}}] * U! * e. [{{λa}{´λey}}] **! rotU * f. [{[{´λey}] [{λa´ro.tu}]}] *!

80 gayúcho = /´λei/ + /λa´u U/

a. [{{{λey}.´u. u}}] Ident. FBmax: e≠a

*

metr. dif. b. [{{λei}.{´u. u}}] **! λei c. [{{u. o}.{´λey }}] **! λei * d. [{{λaw.´ }{ey}}] **! λ λU * e. [{{λaw}.{´λey}}] **! U * f. [{´λey}] [{[{λa.´u. u}]}] *!

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INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

gelolouco = /´ʒelU/ + /´loukU/

a. [{{ʒe.{´lo}w.ku}}] **

metr. iguais b. [{{ʒe.´lo}.{ku}}] ** l!ou c. [{{ʒe.´lo}{w.ku}}] ** l!U d. [{{low}.{´ʒe.lu}}] ** k!U haplo → e. [{[{´ʒe.lu}] [{´low.ku}]}] *!

82 globeleza = /´λlobU/ + /be´leza/

a. [{{λlo.{be}.´le.za}}] ** U≠e

metr. dif. b. [{{λlo.{b}e.´le.za}}] ** U! U c. [{{λlo.bo}.{´le.za}}] ** *! be d. [{{bo}.{´le.za}}] ** *! λlo bobe e. [{[{´λlo.bu}] [{´bε.le}]}] *! ** z!a * f. [{{be.le}.{´λlo.bu}}] ** z!a *

83 glorionha = /´λl].ria/ + /me´do a/

a. [{{λlo.ri}.{´õ. a}}] ** * a amed *

metr. dif. b. [{[{´λlo.ria}] [{´do. a}]}] *! ** me c. [{{´λlo}.{ a}}] ** * ri!a riamedo * d. [{{λlo.´ri}.{ a}}] ** * a amedo! * e. [{{λlo}.{´dõ. a}}] ** * ri!a riame

84 goianobil = /λoi´ania/ + / Erno´biw/

a. [{{goy.ã.{n}o.´biw}}] ** ia Er

metr. iguais b. [{{goy.ã}.{no.´biw }}] ** nia Er! c. [{[{goy.â.nia}][{´biw }]}] *! ** * Erno

d. [{{ er.no}.{´ã.nia}}] ** *! biwgoi e. [{[{no.´biw}][{´ã.nia}]}] *! ** * Ergoi

85 hackademia = /´xakeR/ + /akade´mia/

a. [{{x{a.ka}.de.´mia}}] ** R R e≠a

metr. dif. b. [{{xa.k}{a.de.´mia}}] ** eR! eRak c. [{{xa.ke}.{de.´mia}}] ** *! R eaka d. [{{xa.k}{e.´mia}}] ** *! eR eRakade e. [{[{a.ka.´de}][{´xa.keh}]}] *! ** mia * f. [{[{´xa. keh}] [{ka.de.´mia ]}] *! ** a

86 horrorível = /OxO´rozU/ + /tE´xivel/

a. [{{o.xo.´{r}i.vew}}] ** tE ozUtE * x≠r

metr. dif. b. [{{o.xo.´r]}.{vew}}] ** *! tExi zUtExi * c. [{{te.{x}o.´ro.zu}}] ** ive!l ivelo d. [{{o.xo}.{´ri.vew}}] ** tE rozUtE! * e. [{{te.xi}.{´ro.zu}}] ** *! vel velOxO f. [{{´xi.vew}.{´ro.zu}}] *! ** * tE tEoxO 87 hospitaú = /oSpi´tal/ + /ita´u/

a. [{{os.p{i.ta}.´u}}] ** l

metr. dif. b. [{{os.p}{i.ta.´u }}] ** it!al c. [{{pi.{ta}.´u }}] ** oS!l d. [{{os.pi}.{ta.´u }}] ** i! ital

e. [{{i.ta}.{pi.´taw}}] ** u! uoS

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126

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

imprevilho = /ENpre´viStU/ + / ENpe´siλU/

a. [{{{ĩ.pre.´vi}.λu}} * StU

metr. iguais b. [{{ĩ.pre.´v}{i.λu}}] **! iStUENpes c. [{{ĩ.pre.vi}.{´si.λu}}] **! StUENpe d. [{{ĩ.pe.si}.{´vis.tu}}] **! λUENpre e. [{{ĩ.pre}.{´si.λu}}] **! viStUENpe f. [{{ĩ.pe}.{´vis.tu}}] **! siλUENpre

89 incubatório = /ENkuba´dora/ + /labOra´t]riU/

a. [{{ĩ.ku.b{a.´t].r}iu}}] Ident. FB-BL: t≠d

** alabOr

metr. iguais b. [{{ĩ.ku.ba}.{´t].riu}}] ** doralab!Ora c. [{{ĩ}{la.bo.ra.´t].riu}}] ** *! kubadora d. [{[{ĩ.kú.ba}] [{ra.´t].riu}]}] *! ** doralabO e. [{{la.bo.ra}{´do.ra}}] ** *! t]riUENkuba f. [{{la.bo}.{ĩ.ku.ba.´do.ra}}] ** rat]riU!

90 indioleta = /´iNdiU/ + /bORbO´leta/

a. [{{ĩ.di{o}.´le.ta}}] ** bORb U≠o

metr. dif. b. [{{ĩ.di.´]}.{ta}}] ** bOrbO!le * c. [{{ĩ.dio}.{´le.ta}}] ** *! bOrbO d. [{[{ĩ.diu}][{´le.ta}]}] *! ** * bORbO e. [{[{ĩ.dio}][{bo.´le.ta}]}] *! ** bOR f. [{{bor.bo}{´ĩ.dio}}] ** leta *!

91 indiscroto = /iNdiS´krεtU/ + /ES´krotU/

a. [{{ĩ.d{is.´kro.tu}}}] Ident. FBmax: o≠ε

*

metr. dif. b. [{{ĩ.dis}.{´kro.tu}}] **! ES krεtUES * c. [{{i.n}{es.´kro.tu}}}] **! * diskrεtU *

d. [{[{ĩ.´dis}][{es.´kro.tu}]}] *! ** krεtU *

e. [{[{is.´kro.to}][{´krε.tu}]}] *! ** iNdiS f. [{{es.kro}.{´krε.tu}}] **! tU tUiNdiS

92 inutensílio = /i´nutil/ + /uteN´siliU/

a. [{{i.n{u.tẽ}.´si.liu}}] ** l l i≠ẽ

metr. dif. b. [{{i.nu}.{tẽ.´si.liu}}] ** ti!l tilu c. [{{i.n}{u.tẽ.´si.liu}}] ** *! util util d. [{[{i.´nu.tiw}][{´si.liu}]}] *! ** uteN e. [{{tẽ.´si.liu }{i.´nu.tiw}}] *! ** u * f. [{{i.nu.ti}{´si.liu}}] ** l ut!eN

93 irmiga = /iR´maN/ + /ini´miλa/

a. [{{ir.´m}i.λa}}] * aN aNni

metr. dif. b. [{{ir.´m}( i.λa}}] **! aN aNinimi * c. [{[{ir.´mã}] [{´mi.λa}]}] *! ** ini d. [{[{i.ni.´mi.λa}] [{´mã}]}] *! ** iR iR * e. [{{i.ni.m{i}r.´mã}}] **! λa *

94 jeguerino = /´∞ελI/ + /sEvErinU/ (Cavalcanti)

a. [{{{ʒe.ge}.´ri.nu}}] * I≠e

metr. dif. b. [{{ʒe.ge}.{´ri.nu }}] **! * sEvE c. [{{ʒe.ge}{´sε.ve}}] **! rinU * d. [{{ʒe.ge}{ve.´ri.nu }}] **! sE e. [{{ri.no}{´ʒε.λe}}] **! * sEvE *

95

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127

INPUTS OUTPUTS NO-

PWD* ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

ladruf = /la´drãw/ + /ma´lufI/

a. [{{la´dr}u.fi}}] Ident. FB-BL: m≠l

* ãw

metr. iguais b. [{{la}.{´lu.fi}}] **! drãwma c. [{{la.dr}{a}.´lu.fi}}] **! wm d. [{{la.´dr}{u.fi}}] **! awmal e. [{{{ma}.´drãw}}]

Ident. FB-BL: l≠m * lufI!

96 larango = /la´raNʒa/ + /mo´raNλU/

a. [{{la{´rã}.λU}}] ** ʒamo

metr. iguais b. [{{mo.{´rã}.ʒa}}] ** gola c. [{{la.´rã}.{λU}}] ** ʒamor!aN . toranja d. [{{mo.´rã}.{ʒa}}] ** golar!aN e. [{{la.´rã}.{mo}}] ** ʒaraN!gu

97 lexicopédia = /´lεsikU/ + /ENsiklo´pεdia/

a. [{{le{si.klo}.´pε.dia}}] ** EN U≠o

metr. dif. b. [{{le.si.{ko}.{´pε.dia}}] ** ENs!iklo c. [{le.si.ko}{´di.a}] ** *! ENs!iklopε * d. [{{´lε}{si.klo}}] ** s!ikU sikUENpεdia * e. [{{ẽ.si.klo}{´lε.si.ko}}] ** pεd!ia *

98 limonik = /li´moN/ + ´/ESputi´nik/

a. [{{li.mo}.{´pik}}] ** N NESputi

metr. dif. b. [{[{li.´mõ}] [{ti.´nik}]}] *! ** ESpu c. [{[{li.´mãw}][{ti.´nik}]}] *! ** d. [{[{pu.ti.´nik}][{li.´mãw}]}] *! ** ES * e. [{{is.pu.ti}.{´mãw}}] ** l!i nik * f. [{[{is.´pu.ti}][{li.mo}]}] *! ** N Nnik *

99 lixeratura = /´li∫U/ + /litEra´tura/

a. [{{{li.∫}e.ra.´tu.ra}}] Ident. FBmax: ∫≠t

* U U

metr. dif. b. [{{li.∫o}.{ra.tú.ra}}] **! litE c. [{[{∫ô}][{li.te.ra.tú.ra}]}] *! ** li li d. [{{li.∫o}.{tú.ra}}] **! * litEra e. [{li.te.ra}.{lí.∫u}}] **! tura *

100 loucomotiva = /´loukU/ + /lokomo´tiva/

a. [{{{lou.ko}.mo.´ti.va}}] * U≠o

metr. dif. b. [{{lou.ko}.{mo.´ti.va }}] **! loko c. [{{mo.´ti.va }.{´low.ku}}] *! ** loko d. [{{lo.ko}.{´ti.va }}] **! * u ulokomo haplo→ e. [{{´low.ko}.{ko.mo.´ti.va }}] *! ** lo

101 luísque = /lu´iS/ (Inácio da Silva) + /u´iSkI/

a. [{{l{u.´is}ki}}] **

metr. dif. b. [{{lu.´is}{ki}}] ** u!iS c. [{{lu}.{´is.ki}}] ** i!S iS d. [{{is.´ki}.{lu}}] ** i!S iS * e. [{{ke}.{lu.´is}}] ** u!iS *

102

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128

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,

D-Σ (FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

luxuosso = /u∫u´ozU/ + /´osU/

a. [{{lu.∫u.{´o.su}}}] Ident. FBmax: z≠s

* *

metr. dif. b. [{{lu.∫u}.{´o.so}}] **! ozo * c. [{{∫u}.{´o.so}}] **! luozo *

d. [{{lu.´∫u}.{so}}] **! o ozoo *

e. [{{{o.so}.{´lu.∫u }}] **! ozo * 103

macarronese = /maka´xãw/ + /maio´nεzI/

a. [{{{ma.ka.x}o.´nε.zi}}] * i

metr. dif. b. [{{ma.ka.x}{o.´nε.zi}}] **! xoN xoNmaio c. [{{´nε.zi }{ma.ka.´xãw}}] *! ** maio * d. [{{ma.ka}.{´nε.zi}}] **! xoN xoNmaio e. [{{ma.ka.xa}.{´nε.zi }}] **! w Nmaio f. [{(mai.o.ne}.{´ma.ka}}] **! xoN zIxoN * g. [{{mai.o.ne}.{´rãw}}] **! * ma zekama *

104 mãedrasta = /´mãE/ + /ma´draSta/

a. [{{{mãy}.´dras.ta}}] * a≠ã

metr. dif. b. [{{mãy}.{´dras.ta}}] **! ma c. [{[{´dras.ta}][{´mãy}]}] *! ** ma * d. [{{mãy}.{´ma.dra}}] **! Sta * e. [{{ma}.{´mãy}}] **! draSta * f. [{[{´madra}] [{´mãy}]}] *! *

105 malufioso = /ma´lufI/ + /mafi´ozU/

a. [{{{ma.lu.fi}.´o.zo}}] *

metr. dif. b. [{{ma.lu.f}.{´o.zu}}] **! * maf c. [{{ma.lu.{f}i.´o.zu}}] **! ma d. [{[{fi.´o.zu}][{ma.lú.fi}]}] *! ** ma * e. [{{lu.{fi}.´o.zo}}] **! ma ma f. [{[{ma.´lu.fi}] [{´ma}]}] *! ** fiozU *

106 malular = /malu´faR/ + /´lula/

a. [{{ma.{lu.´la}h}}] Ident. FBmax: f≠l

** f≠l

metr. dif. b. [{{lu.la}.{´fah}}] ** *! malu c. [{{lu}.{ma.lu.´fah}}] ** l!a la d. [{{lu.la}.{lu.´fah}}] ** m!a e. [{[{ma.{´lu.la}][´fah}]}] *! ** f. [{[{´lu.la}] [{ma.lu.´fah}]}] *!

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129

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

masturbatona = /mara´tona/ + /maStuRba´sãw/

a. [{{{mas.tur.ba}´to.na}}] * sãw

metr. iguais b. [{{mas.tur.ba}{´to.na}}] **! * sãwmara c. [{{mas.tur}.{ra.´to.na}}] *! ** basãwma d. [{{ma.ra}.{tur.ba.´sãw}}] **! tonamas e. [{{ma}.{tur.ba.´sãw}}] **! ratonamas f. [{{ma.ra.to.na}.{´sãw}}] **! * maSturba

108 matel = /´matU/ + /O´tεl/

a. [{{m{a.´t}εw}}] ** UO

metr. iguais b. [{{ma}.{´tεw}}] ** tUO! c. [{{´tεw}.{ma}}] ** OtU! d. [{{´ma.to}.{´tεw}}] *! ** * O e. [{{´tεw }.{´ma.tu}}] *! ** O f. [{[{´ma.t[{o}]´tεw}]}] *! ** U≠o

109 mautorista = /´mau/ + /mOtO´riSta/

a. [{{{maw}.to.´ris.ta}}]

* O

metr. dif. b. [{{{maw}.{to.´ris.ta}}] **! mO c. [{{{maw}.{´ris.ta}}] **! * mOtO d. [{{{´m].tu}.{´maw}}] *! ** riSta * e. [{{to.´ris.ta}.{´maw}}}] *! ** mO *

110 melda (lua-de) = /´mεl/ + /´mεRda/

a. [{{{´mεw}.da}}] * R

metr. dif. b. [{{´mεw}.(da}}] **! mεR c. [{{mer}.{´mεw}}] **! da * d. [{{mer.´d}{εw}}] **! m am * e. [{{da}{´mεw}}] **! mεR *

111 merdalhão = /mEda´λãw/ + /´mεRda/

a. [{{{mer.da}.´λãw}}] *

metr. dif. b. [{{{mer.da}.{´λãw }}] **! meda c. [{{{mer}.{da.´λãw }}] **! da dame d. [{{{me.da}.(´mεr.da}}] **! λãw * e. [{{{da.´λãw }.{´mεr.da}}] *! ** mE *

112 merdonça = /´mεRda/ + /meN´doNsa/ (Duda)

a. [{{{mer.´d}õ.sa}}] Ident. FBmax: R≠N

* a a

metr. dif. b. [{{mer.´d}{õ.sa}}] **! a ameN c. [{{mer}.{´dõ.sa}}] **! da dameN d. [{{mer.dã}.{sa}}] **! * meNdo e. [{{´mεr.da}{´dõ.sa}}] *! ** meN

113 miau = Pedro /bi´al/ + /mi´au/

a. [{{m{i.´aw}}}] * b

metr. iguais b. [{{bi}.{mi.´aw}}] **! * al s. [{{mi}.{bi.áw}}] **! au d. [{{mi.´aw}{bi}}] **! al e. [{{bi.´aw}{mi}}] **! au

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130

INPUTS OUTPUTS NO-

PWD* ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

miserite = /mi´zεria/ + /ole´ritI/

a. [{{mi.z{e.´ri}.ti}}] ** a aol

metr. dif. b. [{{mi.ze}{´ri.ti}}] ** *! ria riaole s. [{{mi.ze}{le.´ri.ti }}] ** ri!a riao d. [{{mi.ze}{o.le.´ri.ti }}] ** ri!a ria e. [{[{mi.´ze.ria}] [{´ri.ti}]}] *! ** * riaole f. [{[{o.le.´ri.te }] [{´zε.ria}]}] *! ** mi *

115 moitel = /´moita/ + /o´tell/

a. [{{m{oy.´tε}w}}] Ident. FB-BL: ε≠a

**

metr. iguais b. [{{m{o}.´tεw}}] ** i!ta s. [{{moy.ta}.{´tεw }}] ** *! e. [{{o.´tεw }.(mo}}] ** i!ta f. [{[{´tεw }][(´moy.ta}]}] *! ** o

116 monstruação = /´moNStrU/ + /meNStrua´sãw/

a. [{{{mõs.tru}.a.´sãw}}] Ident FBmax: o≠e

*

metr. dif. b. [{{mõs.tru}{a.´sãw}}] **! * meNStr s. [{[{mẽs.´tru.a}][{´mõs}]}] *! ** trU sãwtrU * d. [{{mẽs .tru.á}.{tro}}] **! moNS asãwmoNS * e. [{{mõs.tro}.{a.´sãw}}] **! * meNStru f. [{{mõs.tr}.{a.´sãw}}] **! * U UmeNStru

117 moranguva = /mOraNgU/ + /´uva/

a. [{{mo.rã.´g{u}.va}}] ** *

metr. dif. b. [{{mo.´rã}.{´u.va}}] *! ** g!U * s. [{{u.´v{ã}.gu}}] ** m!Or a≠ã d. [{{mo.´rã}.{va}}] ** u! gU * e. [{{u.va}.{´rã.gu}}] ** m!O

118 motel = /mOtO´riSta/ + /O´tεl/

a. [{{m{o.´t}εw}}] ** orista *

metr. dif. b. [{{mo.to.ris}.{´tεw}}] ** *! o ota * s. [{[{o.´tεw }][{´ris.ta}]}] *! ** moto d. [{[{´m].tu}][{o.´tεw}]}] *! ** rista * e. [{[{o.´tεw }][{´m].tu}]}] *! ** orista * f. [{{mo.to}.{´tεw}}] ** *! o rista *

119 namorido = /mamO´radU/ + /ma´ridU/

a. [{{na.{mo.´ri.du}}}] Ident. FBmax: i≠a

* * o≠a

metr. dif. b. [{{na.mo}.{´ri.du}}] **! * ma radUma * s. [{{na.mo}.{ma.´ri.du }}] **! radU * d. [{{ma.ri.do}.{´ra.du}}] **! * namO e. [{{{na}.´ri.du }}] * m!OradU * m≠n f. [{{na.{mo.´r}i.du}}}] * a! aa *

120 nepetismo = /nEpO´tiSmU/ + /pe´te/ (PT)

a. [{{ne.{pe.´t}is.mu}}] Ident. FBmax: e≠o

** e e

metr. dif. b. [{{ne.´po}.{pe.´te}}] *! ** tiSmU * c. [{{´tis.mu}.{pe.´te}}] *! ** nEpO * d. [{{pe.´te}.{´nε.po}}] *! ** tiSmU * e. [{{pe.te}.{´tis.mu}}[ ** *! nEpO

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131

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

novelha = /nO´vεla/ + /´vελa/

a. [{{no.{´vε.λa}}}] Ident. FBmax: l≠λ

*

metr. dif. b. [{{no.{´vε}.λa}}] **! la * c. [{{no.´vε}.{λa}}] **! vε vεla * haplo → d. [{[{´no.ve}][{´vε.λa}]}] *! ** la * e. [{{λa}.{no.´vε.la}}] **! vε f. [{[{´vε.λa}][{´vε.la}]}] *! ** nO

122 oligarcia = /OliλaR´kia/ + /λaR´sia/ (Neto)

a. [{{o.li.{gar.´sia}}}] Ident. FBmax: s≠k

*

metr. dif. b. [{{o.li.{gar}.´sia}}] **! kia * c. [{[{gar.´si.a}] [{li.´λah}]}] *! **! Okia *

d. [{[{gar.´sia}] [{´kia}]}] *! ** * OliλaR

e. [{{o.li.λar}.{´sia}}] **! * λaR kiaλaR * f. [{{λar}.{´kia}}] **! * sia siaOliλaR

123 ovonese = /´ovU/ + /maio´nεzI/

a. [{{o.v{o}.´nε.zi}}] ** mai o≠U

metr. dif. b. [{{ne.ze}.{´o.vu}}] ** maio! * s. [{{may.´{o}.vu}}] ** nεzi! * d. [{{o.vu}.{´may.o}}] *! ** nεzi! * e. [{{may.o.´nε}.{vu}}] ** o! zi * f. [{{may.o.´n}{o.vu}}] ** εzi *!

124 pãe = /´pai/ + /´mãe/

a. [{{´p{ã}y}}] ** m

metr. iguais b. [{{´m{a}y}}] ** p rima

125 paitrocíneo = /´pai/ + /patrO´sinEU/

a. [{{{pay}.tro.´si.niu}}] *

metr. dif. b. [{{pay}.{tro.´si.niu}}] **! pa c. [{{pay}.{´si.niu}}] **! * patrO d. [{{pa.tro}.{´pay}}] **! sinEU * e. [{[{tro.´si.niu}] [{´pay}]}] *! ** pa * f. [{{pay}.{´pa.tro}}] **! sinEU *

126 paulistério = /pau´liSta/ + /miniS´tεriU/

a. [{{paw.{lis.´t}ε.riu}}] Ident. FBmax: l≠n

** a mi

metr. dif. b. [{{paw.lis}.{´tε.riu}}] ** *! ta taminiS c. [{{mi.nis.te}.{´lis.ta}] ** *! pau riupau d. [{{paw}.{´tε.riu}}] ** *! liSta liStaminiS e. [{{paw.lis.´ta}.{riu}}] ** *! miniStεr f. [{{paw.{nis.´t}ε.riu}}] ** a mi l≠n!

127 paurioca = /pau´liSta/ + /kari´]ka/

a. [{{{paw.{ri}.´].ka}}] ** sta l≠r

metr. dif. b. [{{paw}.{ri.´].ka}}] ** k!a kaliSta s. [{{pau.lis.´t}{].ka }}] ** *! kari akari d. [{ka.rio}.{´lis.ta}}] ** *! ka kapau * l~r [+lat –lat] e. [{ka.ri}.{´lis.ta}}] ** *! ]ka ]kapau *

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132

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

pedragogia = /´pεdra/ + /pEdaλo´∞ia/

a. [{{{pe.dra}.λo.´ʒia}}] * e≠ε

metr. dif. b. [{{pe.da.λo.{´pε.dra}}}] * ʒ!ia * c. [{{pe.dra}.{λo.´ʒia}}] **! pEda d. [{{pe.dra}.{´ʒia}}] **! * pEdago e. [{{pe.da}.{´pε.dra}}] **! λoʒia * f. [{[{´pε.dra}][{da.λo.´ʒia}]}] *! ** pE

129 pescópia = /pES´kiza/ + /´k]pia/

a. [{{pes.´{k}].pia}}] ** iza *

metr. dif. b. [{[{pes.´ki}] [{´k].pia}]}] *! ** za * c. [{[{´k].pia}] [{´pεs.ki}]}] *! ** za * d. [{[{´k].pia}] [{´ki.za}]}] *! ** * pES e. [{{ko{p}es.´ki.za}}] ** i!a ia f. [{{pes}.{´k].pia}] ** kiza! *

130 petelho = /pe´te/ (PT) + /peN´teλU/]

a. [{{pe.´te}.λu}}] * N

metr. dif. b. [{{pe.te}.{´te.λo}}] **! peN c. [{{pe.´te}.{λo}}] **! peNte d. [{[{pe.´te}] [{´pẽ}]}] *! ** teλU * e. [{{pẽ.te}{´te}}] **! pe λUpe * f. [{{´te}{λo}}] **! pe pepeNte

131 pijânio = /pi´ʒama/ + /´ʒaniU/

a. [{{pi.{´ʒã}.niu}}] ** ma *

metr. dif. b. [{{pi}.{´ʒã.niu}}] ** ʒam!a * c. [{{ʒa}{pi.´ʒã.ma}}] ** n!iu niu d. [{{´ʒã.ma}{´ʒã.niu}}] *! ** pi * e. [{{´ʒã.nyu}{´ʒã.ma}}] *! ** pi f. [{{pi.ʒa.´mã}.{niu}}] ** *! ʒa ʒa *

132 pilantropia = /pi´laNtra/ + /filaNtro´pia/

a. [{{{pi.lã.tr}o.´pia}}] Ident. FBmax: f≠p

* a a

metr. dif. b. [{{{pi.lã.tra}{´pia}}] Ident. FBmax: f≠p; a≠o

**! filaNtro

f ~ p d. [{{p{i.lã.tr}o.´pia}}] **! a af [+cont –cont] e. [{{tro.´pia}] [{´lã.tra}}] *! ** pi pifilaN * f. {{tro.{pi}.´lã.tra}} **! filaNa *

133 Pinton = (Bill) /´kliNtoN/ + /´piNtU/

a. [{{p{ĩ.t}õ}}] ** kl

metr. iguais b. [{{kli}.{pĩ.tu}}] ** toN! . c. [{{kli}.{pĩ}}] ** toN!tU

d. [{[{´pĩ.tu}] [{´klĩ}}] *! ** toN e. [{{pi}.{´klĩ.tõ}}] ** NtU! f. [{{´pĩ}] [{´klĩ}}] *! ** tUtoN

134 poliicanagem = /pO´litika/ + /saka´naʒeN/

a. [{{po.li.ti.{ka}.´na.ʒẽ}}] ** sa

metr. dif. b. [{{po.li.ti.´k}{a.ʒẽ}}] ** *! a asakan c. [{{po.li}.{´na.ʒẽ}}] ** *! tika tikasaka d. [{{ti.{ka}.´na.ʒẽ}}] ** p!Oli pOlisa e. [{{sa.ka}.{´li.ti.ka}}] ** *! pO naʒeNpO * f. [{{po.li.ti.}{´na.ʒẽ}}] ** *! ka kasaka

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133

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

politicalha = /pO´litika/ + /ka´naλa/

a. [{{po.li.ti.{´ka}.λa}}] ** na na *

metr. dif. b. [{{po.li.ti.´k}{a.λa}}] ** *! kan akan * c. [{{po.li}.{´na.λa }}] ** *! ka tikaka * d. [{{ti.{ka}.{´na.λa }}] ** *! ka pOlika * e. [{{ka.na.´λa}.{ti.ka}}] ** *! pOli *

136 presidengue = /prezi´deNtI/ + /deNλuI/

a. {{pre.zi.{´dẽ.λui}}} Ident. FBmax: λ≠t

*

metr. dif. b. [{{pre.zi}.{´dẽ.λui}}] **! deNtI * c. [{{´dẽ.λue}][{zi.´dẽ.ti}}] *! ** pre d. [{{ge}{zi.´dẽ.ti}}] **! deN deNpre e. [{{dẽ.g}{ẽ.ti}}] **! * uI uIprezid * f. [{{dẽ.ti}{dẽ.gui}}] *! ** prezi *

137 pretuuês = /´pretU/ + /poRtu´λues/

a. [{{pre.{tu}.´λes}}] ** por

metr. dif. b. [{{pre}.{tu.´λues}}] **! * tU portu haplo→ c. [{{pre.tu}.{tu.´λues}}] *! ** por d. [{{´por.tu}.{´pre.tu}}] *! ** λues * e. [{{λues}.{´pre.tu}}] ** p!ortu *

138 privataria = /privatiza´sãw/ + /pirata´ria/

a. [{{{pri.va.t}a.´ria}}] * izasãw * r≠v

metr. dif. b. [{{{pi.ra.t}i.za.´sãw}}] Ident. FBmax: r≠v

* r!aria raria

c. [{{pri.va.{t}a.´ria}}] **! * pira piraizasãw * d. [{{{pi.ra.{t}i.za.´sãw}}] **! aria apriva e. [{{pri.v{a.t}a.´ria}}] **! pir izasãw * f. [{{pi.ra.ta}.{´sãw}}] **! * ria riaprivatiza

139

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134

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-BL)

professorror = /profe´soR/ + /o´xoR/

a. [{{pro.fe.s{o.´x}oh}}] ** * x≠R

metr. dif. b. [{{pro.fe.so}.{´xoh}}] o! R * c. [{{pro.fe}.{o.´xoh}}] ** so!R * d. [{{pro.´fe}.{xoh}}] ** o! soRo * e. [{{o.xo}.{´soh}}] ** *! R Rprofe f. [{[{o.´xoh}] [{fe.´soh}]}] *! ** pro

140 prostiputa = /proSti´tuta/ + /´puta/

a. [{{pros.ti.{´pu.ta}}}] Ident. FBmax: p≠t

*

metr. dif. b. [{{pros.ti}.{´pu.ta}}] **! tuta c. [{[{´pu.ta}] [{ti.´tu.ta}]}] *! ** proS d. [{{pros}.{´pu.ta}}}] **! * tituta * e. [{{tu.ta}.{´pu.ta}}}] **! proSti *

141 provoquente = /provo´kaNtI/ + /´keNtI/

a. [{{{pro.vo.{´kẽ.ti}}] Ident. FBmax: ẽ≠ã

* *

metr. dif. b. [{{pro.vo}.{´kẽ.ti}}] **! * kaNtI * c. [{{pro}.{´kẽ.ti }}] **! * vokaNtI * d. [{[{´kẽ.ti }] [{´kã.ti}]}] *! ** * provo e. [{[{´kã.ti}] [{´kẽ.ti }]}] *! ** * provo * f. [{{ke}.{vo.´kã.ti}}] **! NtI NtIpro

142 rateen = /xa´ti U/ + /´tiN/

a. [{{xa.{´tĩ}}}] * U

metr. dif. b. [{{xa.ti}.{´tĩ}}] **! U c. [{[{´ti. u}] [{´tĩ }]}] *! ** xa d. [{{xa.t}{ĩ}}] **! * xa e. [{{tĩ}.(´xa.ti}}] **! U f. [{[{´tĩ}] [{´ti. u}]}] *! ** xa

143 recifolia = /xE´sifI/ + /fO´lia/

a. [{{xe.si.{f}o.´li.a}}] ** I

metr. iguais b. [{{xe.si}.{fo.´li.a}}] ** fI! c. [{{fo}.{´si.fi}}] ** xE!lia d. [{{xe.si.fe}.{´li.a}}] ** *! fI f. [{{xe}.{fo.´li.a}}] ** *! sifI

144 morangurte = /mOraNλU/ + /´io´λuRtI/

a. [{{mo.rã.´{λu}.r.ti}}] ** io

metr. iguais b. [{{mo.´rã}.{λur.ti}}] ** λUI!io c. [{{io}{mo´rã.λu}} ** λuR!tI d. [{{mo.´rã}.{io.´λur.ti}}] *! ** λU e. [{{io.gu}.{´rã.λu}}] ** RtI!mO f. {{λur.ti}{rã.λu}} ** iom!O

145

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135

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

Ronalducho = /xo´naldU/ + /λoR´du∫U/

a. [{{xo.naw.{dú}.∫u}}] ** λoR

metr. Iguais. b. [{{xo.naw.´{d}u.∫u}}] ** UλoR!d c. [{{xo.naw}.{´du.∫u}}] ** dUλo!R d. [{{xo.´naw.{∫u}}] ** dUλo!Rdu e. [{{´du.∫u}{´naw.du}}] *! ** λoRxo haplo→ f. [{{xo.´naw.do}{´du.∫u}}] *! ** λoR

146 roumanos = /´xoubU/ + /xo´manUS/ (apostólicos)

a. [{{{xow.´b}ã.nus}}] Ident Fbmax: m≠b

** U

metr. dif. b. [{{xow.´b}{ã.nus}}] ** *! U Uxom c. [{{xou}.{´mã.nus}}] ** b!U bUxo d. [{{´xow.bu}.{´mã.nus}}] *! ** xo e. [{{ma.´n]s}.{bu}}] ** x!ou xoxou * f. [{{´xo.ma}.{´xow.bu}}] *! ** nUS *

147 rouberto = /´xoubU/ + /xO´bεRtU/ (Jefferson)

a. [{{{xow.´b}εr.tu}}] * U

metr. dif. b. [{{xow.´b}{εr.tu}}] **! U xOb c. [{{xow}.{´bεr.tu}}] **! bU bUxO d. [{{xo.be}.{´xow.bu}}] **! RtU * e. [{{ber.´to}{w.bu}}] **! xO xOxo * haplo→ f. [{{xou.b{o}{´bεr.tu}}] **! x o≠U

148 sacolé = /´sakU/ + /piko´lε/

a. [{{sa.{ko}.{´lε}}] ** pi o≠U

metr. dif. b. [{{pi.ko}.{´sa.ku}}] ** lε *! c. [{{sa}.{´lε}}] ** k!U kopiko

d. [{{sa}.{pi.ko.´lε}}] ** k!U kU e. [{{ko}.{pi.´lε}}] ** *! sa sako f. [{{sa}.{´pi.ku}}] ** k!U kUl!ε *

149 sexy-feira = /´seSta/ (feira) + /´sekisi/

a. [{{´se{ki}s.ta}}] ** i

metr. iguais b. [{{´ta}{kisi}}] ** seS!sε c. [{{ses}.{´sε.kisi}}] ** ta! d. [{{ta}.{´sε.kisi}}] ** se!S

150 showcolate = /´ ou/ + / oko´latI/

a. [{{{ ow}.ko.´la.ti}}] *

metr. dif. b. [{{ ow}.{ko.´la.ti}}] **! o c. [{{ o.ko}{´ ow}}] **! lati d. [{{ ow}.{´la.ti}}] **! oko e. [{[{´la.ti}] [{´ ow}]}] *! ** oko

151

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136

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,

D-Σ (FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

sofressor = /sofre´doR/ + /profe´soR/

a. [{{s{o.fre.´soh}}}] Ident FB-BL: s≠d

** pr

metr. iguais b. [{{so.fre}.{´soh}}] ** *! doRprofe c. [{{pro.fe}.{´doh}}] ** *! sorsofre

haplo→ d. [{{so.fre}.{fe.´soh}}] ** doR!pro

e. [{{so.fr{e}.´soh}}] ** doR!prof haplo→ f. [{{pro.fe}.{fre.´doh}}] ** soR!so

152 sonologia = /´sonU/ + /fonolO´∞ia/

a. [{{{so.no}.lo.´∞ia}}] Ident FBmax: f≠s

* o≠U

metr. dif. b. [{{so.no}.{lo.´∞ia}}] **! fono c. [{{so.no}.{´∞ia}}] **! fonolO s~f [-cor +cor] d. [{{fo.no.lo}.{´so.no}}] **! ∞ia *

e. [{{so.no}.{´fo.no}}] **! lO∞ia * f. [{{so.{no}.lo.´∞ia}}] **! fo o≠U

153 sorteria = /´s]RtI/ + /lOte´ria/

a. [{{sor.{te}.´ria}}] ** lO e≠I

metr. dif. b. [{{sor.te}.{´ria}}] ** *! lote haplo→ c. [{[{´s]r.te}] [{te.´ria}]}] *! ** lo d. [{{lo.te}.{´s]r.ti}}] ** ri!a * e. [{[{lo.te.´ri}] [{´s]r.ti}]}] *! ** a * f. [{[{te.´ria }] [{´s]r.ti}]}] *! ** lo *

154 sorvetone = /soR´vetI/ + /pane´tonI/

a. [{{sor.{ve.´t}o.ni}}] Ident FBmax: n≠v

** I Ipa

metr. dif. b. [{{sor.ve}.{´to.ni}}] ** tI! tIpane c. [{{sor.{ve}.´to.ni}}]

Ident FBmax: n≠v ** tI! tIpane

d. [{[{sor.´ve.ti}] [{´pã.ni}]}] *! ** tonI * haplo→ e. [{[{sor.´ve.ti}] [{´to.ni}}] *! ** pane * f. [{{ve.te}.{´pã.ni}}] ** so!R soRtonI *

155 terrir = /te´xoR/ + /´xiR/

a. [{{te.{´xih}}}] Ident FBmax: i≠o

* *

metr. dif. b. [{[{´xoh}] [{´xih}]}] *! ** te * c. [{{te.xo}.{´rih}}] **! R * d. [{{xi}.{´xoh}}] **! R Rte e. [{[{´xih}] [{´teh}]}] *! ** roR

156 tortográfico = /´tortU/ + /ORtO´grafikU/

a. [{{t{or.to}.´gra.fi.ku}}] ** o≠U

metr. dif. b. [{{tor.to}.{´gra.fi.ku}}] ** O!RtO c. [{[{grá.fi.ku}] [{´tor.tu}]}] *! ** ORtO * d. [{{or.to}.{´tor.tu}}] ** g!rafikU * e. [{{tor.to}{´fi.ku}}] ** *! ORtOgra haplo → f. [{[{´tor.tu}] [{to.´gra.fi.ku}]}] *! ** OR

157

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137

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

tortoruga = /´toRtU/ + /taRta´ruλa/

a. [{{tor.to}.´ru.λa}}}] Ident. FBmax: a≠o; a≠o

* o≠U

metr. dif. b. [{{tor.to}.{´ru.λa}}] **! taRta c. [{{{tor.t}a.´ru.λa}}]

Ident. FBmax: a≠o * U! U

d. [{{tar.ta}.{´tor.tu}}] **! ruλa * e. [{{ta.ru}.{´tor.tu}}] **! taRλa * f. [{[{´tor.tu}] [{´tar.ta}]}] *! ** ruλa *

158 tradizer = /tradu´ziR/ + /di´zeR/

a. [{{tra.{di.´zeh}}}] Ident. FBmax: i≠u; e≠i

*

metr. dif. b. [{{tra.{di.´zih}}}] Ident. FBmax: i≠u

* i≠e!

c. [{{tra.d}{i.´zeh}}] **! d uziR * d. [{{tra}.{di.´zeh}}] **! duziR GR e. [{{tra.du}.{di.´zeh}}] **! ziR

159 tranquilômetro = /traN´kwilU/ + /ki´lometrU/

a. [{{trã.{ki.´lo}.me.tro}}] **

metr. dif. b. [{{{trã.{´lo}.metro}}] ** kw!i kwiki c. [{{{trã.´kwi}.{me.tro}}] ** l!U lUkilo d. [{{{trã}.{´lo.me.tro}}] ** kw!ilU kiloki haplo → e. [{{{ki.lo}.{´lo.me.tro}}] ** t!raN traNkwi f. [{[{´mεtro}] [{trã.kwi.lu}]}] *! ** kilo

160 transpet = /traNS´p]RtI/ + /´pεti/

a. [{{trãs.{´pεti}}}] * ]RI *

metr. dif. b. [{trãs.{´p}εti}}] **! ]RtI * c. [{trãs}.{´pεti }}] **! * p]RtI * d. [{[{´pεti }] [{´trãs}]}] *! ** p]RtI * e. [{[{´pεti}] [{´p]r.ti}]}] *! ** traNS f. [{{trãs.poh}.{´pεti}}] **! tI *

161 traumartirizado = /´trauma/ + /maRtiri´zadU/

a. [{{traw.{ma}r.ti.ri.´za.du}}] **

metr. dif. b. [{{traw.ma}{r.ti.ri.´za.du}}] ** m!a c. [{{traw.ma}{ti.ri.´za.du}}] ** m!aR d. [{{mar.ti.ri}.{´traw. ma}}] ** r!izadU * e. [{{traw.ma}.{ti.zá.do}}] ** R!ri

162 tristemunho = /´triStI/ + /teSte´mu U/

a. [{{tris.te}.´mu. o}}}] * e≠I

metr. dif. b. [{{tris.te}.{´mu. o}}] **! teSte c. [{{tris.{te}.´mu. o}}] **! teS e≠I haplo → d. [{{tris.te}{te.´mu. o}}] **! teS e. [{[{´mu. o}][{´tris.te}]}] *! ** teSte f. [{{tris}.{te.´mu. o}}] **! tI tIteS

163 tubalhau = /tuba´rãw/ + /baka´λau/

a. [{{tu{.ba.´λaw}}}] Ident. FB-BL:r≠λ; ã≠a

** ka

metr. iguais b. [{[{´ba.ka}][{´tu.ba}]}] *! ** λaurãw c. [{{tu.{ba}.ka.´λaw}}] ** rãw! d. [{{tu}.{ba.ka.´λaw}}] ** bar!ãw e. [{{λaw}.{´tu.ba}}] ** bak!arãw f. [{{ba.ka}{´rãw}}] ** *! λautuba

164

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138

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

tuberculepra = /tubeRku´l]zI/ + /´lεpra/

a. [{{tu.ber.ku.{´lε}.pra}}] Ident. FBmax: ε≠]

** zI *

metr. dif. b. [{{tu.ber.ku}.{´lε.pra}}] ** loz!I * c. [{{tu.ber}.{´lε .pra}}] ** kul!] zI * d. [{{le.pra}{´l].ze}}] ** *! tuberku e. [{{tu.ber.ku.{´l]}.pra}}] ** zI * ε≠]!

165 uisquerda = /u.´iSkI/ + /ES´keRda/

a. [{{u.{is.´ke}r.da}}] ** I≠e

metr. dif. b. [{{u.is.´ke}{r.da}}] ** E!Ske c. [{{u.ís.ke}.{´ker.da}}] *! ** ES d. [{{es.ker.´da}{ki}}] ** u!iS uiS e. [{{u.is.{´ke}r.da}}] ** E!S I≠e

166 urinálise = /u´rina/ + /a´nalizI/

a. {{u.ri.{´na}.li.ze}} ** a

metr. dif. b. {{u.ri.´na}.{li.ze}} ** *! ana c. {{u.ri.na}.{´i.ze}} ** *! anal * d. {{u.ri}.{´li.ze}} ** *! na ana e. {{a.na}.{´ri.na}} ** *! u lizI *

167 urubuservar = /Uru´bu/ + /ObiseR´vaR/

a. [{{u.ru.bu}.{ser.´vah}}] ** Obi

metr. dif. b. [{{u.ru.{b}i.ser.´vah}}] ** u! uO c. [{{ru.bu}.{ser.´vah}}] ** u! Obi d. [{{u.ru}{bi.ser.´vah}}] ** b!u buO e. [{{u.ru.bu}.{´vah}}] ** *! ObiseR

168 vampeta = /vaN´pirU/ + /ka´peta/

a. [{{vã.{´pe}.ta}}] Ident. FB-BL: i≠e

** rUka

metr. iguais b. [{{vã.{´p}e.ta}}] ** *! irukap c. [{{vã.´pi}.{ta}}] ** rukap!e

d. [{{vã.{´pí}.ta}}] Ident. FB-BL: e≠i

** rUka

e. [{[{vã.´pi}] [{´pe.ta}]}] *! ** rUka f. [{{vã.´p}{e.ta}}] ** *! irUkap g. [{{ka.pe}.{´vã}}] ** tapir!U

169 velhocidade = /´vελU/ + /velosi´dadI/

a. [{{{ve.λo}.si.´da.di}}] * U≠o

metr. dif. b. [{{ve.λo}.{ci.´da.di}}] **! velo U≠o c. [{[{ve.´lo.si}][{´ve.λu}]}] *! ** dadi *

d. [{{ve.λo}.{´da.di}}] **! * velosi

haplo→ e. [{[{´vε.λo}][{lo.ci.dá.di}]}] *! ** ve 170

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139

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

verifuncional = /vErifika´sãw/ + /fuNsio´nal/

a. [{{ve.ri.{f}uN.si.o.´naw}}] * ** ikasãw *

metr. dif. b. [{{ve.ri}{fũ.si.o.´naw}}] * ** fikasãw! * c. [{{ve}{fũ.si.o.´naw}}] * ** rifikasã!w * d. [{{fũ.si.o.´naw}{´sãw}}] * ** *! lvErifika e. [{{ve.ri.fí.ka}{si.o.´naw}}] * ** f!uN sãwfuN *

171 velhoso = /´vελU/ + /ve´lozU/ (Caetano)

a. [{{{ve.´λo}.zu}}] Ident, FBmax: l≠λ

* U≠o

metr. dif. b. [{{ve.´λ{o}.zu}}] **! * velo c. [{{ve.lo}{´vε.λu}}] **! zo d. [{{lo.zo}{´vε.λu}}] **! ve haplo→ e. [{{{ve.λo}.{´lo.zu}}] **! * ve

172 zégua = /´zebra/ + /´εgua/

a. [{{´z{ε}.λwa}}] Ident, FB-BL: e≠ε

** bra

metr. iguais b. [{{´z}{ε.λwa }}] ** ebra! c. [{{´zε}.{ gwa }}] ** braε! d. [{{´br}{ε.gwa }}] ** zea e. [{[{´bra}] [{´ε.gwa }]}] *! ** ze

173

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140

7.3 ANEXO III – Cruzamentos dessemelhantes (28 dados)

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

autobol = /´autU/ (móvel) + /futE´b]l/

a. [{{aw.to}.{´b]w}}] ** futE *

metr. dif. b. [{[{´aw.to}][{´fu.ti}]}] *! ** b]l * c. [{{aw.{t}e.´b]w}}] ** U! Ufu * d. [{[{´b]w}] [{´aw.to}]}] *! ** futE e. [{[{´fu.te}] [{´aw.to}]}] *! ** b]l f. [{{aw}{fu.te.´b]w}}] ** t!U tU *

1 Belíndia = /´bεl∞ika/ + /´iNdia/

a. [{{be.´l}{ĩ.dia}}]

** ∞ika *

metr. dif. b. [{[{´bεw.[´∞}{ĩ.dia}]}] *! ** ika * c. [{[{´ĩ.dia}][{´∞i.ka}]}] *! ** bεl d. [{{ ĩ.dia }][{´bεw}]}] *! ** ∞ika * e. [{(ĩ}.(´bεw.∞i.ka}}] ** *! dia dia f. [{[{´bεw. ∞i}.{dia}]}] ** i!N iNka *

2 bótimo = /´boN/ + /]´timU/

a. [{{´b}{].ti.mu}}] ** oN! oN

metr. dif. b. [{{bõ}.{ti.mu}}] ** o * c. [{[{´ti.mu}][{bõ}]}] *! ** ] * não ok d. [{[{´].ti}][{bõ}]}] *! ** mU *

3 Brasgentina = /bra´zil/ + /aRgeN´tina/

a. [{{bras}.{∞ẽ .´ti.na}}] ** il ilaR

metr. dif. b. [{{ar.∞ẽ.ti.´n}{iw}] ** *! braz braza * c. [{{bras}.{´ti.na}}] ** *! il ilaR∞eN d. [{[{bra.´ziw}][{´ti.na}]}] *! ** * aR∞eN e. [{{ar.∞ẽ}.{´bras}}] ** il iltin!a * f. [{{bra.z}.{ar.∞ẽ}}] ** il iltin!a *

4 brasiguaio = /brazi´lei.rU/ + /para´λuaiU/

a. [{{bra.zi}.{´λway.o}}] ** * leirUpara

metr. iguais b. {[[{´λway.o}][{zi.´ley.ru}]}] *! ** parabra c. [{{bras}.{´λway.o}}] ** * ileirUpara! d. [{[{bra.´zi}][{´pa.ra}]}] *! ** leiruλuaiu e. [{[{´bra}][{pa.ra.´gway.o}]}] *! ** zileirU f. [{[{bra.zi.´ley}][{´gway.o}]}] *! ** rUpara g. [{{pa.ra}.{ley.ru}}] ** *! λuaiUbrazi

5 caipiceta = /´kaipi/ (rinha) + /bu´seta/

a. [{[{´kay.pi}] [{´se.ta}]}] * ** bu

metr. dif. b. [{[{´kay.pi}] [{´bu.si}]}] * ** ta *! c. [{[{´se.ta}] [{´kay.pi}]}] * ** bu *! d. [{[{bu.´se}] [{´kay.pi}]}] * ** ta *!

6

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141

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

chocolícia = /´∫okU/ + /dE´lisia/

a. [{{∫o.ko}.{´li.sia}}] ** dE

metr. dif. b. [{{∫o.ko}.{´dε.li}}] ** sia! * c. [{{de.li}.{´∫o.ku}}] ** sia! * d. [{{´li.sia}{´∫o.ku}}] *! ** dE * onêonimo e. [{{∫o.´k]}.{sia}}] ** *! dEli f. [{{∫o}.{´li.sia}}] ** kU kUd!E

7 chocotone = /´∫okU/ + /pane´tonI/

a. [{[{´∫o.ko}][{´to.ni}]}] * ** pane

metr. dif. b. [{[{´∫o.ko}][{´pa.ni}]}] * ** tonI *! c. [{[{´to.ni}][{´∫o.ku}]}] * ** pane *! d. [{[{´∫o.ku}][{pã}]}] * ** etonI! * e. [{[{´pa.ne}][{´∫o.ku}]}] * ** tonI *!

8 docudrama = /dokumeN´tariU/ + /´drama/

a. [{{do.ku}.{´dra.ma}}] ** meNtariU *

metr. dif. b. [{{dra.ma}.{´ta.riu}}] ** *! documeN c. [{{do.ku.mẽ}.{´dra.ma}}] *! ** tariU * d. [{{ku}.{´dra.ma}}] ** domeNtari!U * e. [{{dra.´ma}.{do.ku}}] ** *! meNtariU *

9 forrogode = /fo´x]/ + /pa´godI/

a. [{{fo.xo}.{´λ].di}}] ** pa

metr. dif. b. [{[{´λ].di}][{fo.´x]}]}] *! ** pa * c. [{{fo}.{pa.´λ].di}}] ** x!] x] d. [{{pa.go.de}.{´x]}}] ** f!o fo * e. [{{pa.λ{o}.´x]}}] ** f! dIf * ]≠o f. [{{pa}.{fo.´x]}}] ** g]d!I * g. [{{fo.´x{]}.di}}] ** pag! *

10 franlito = /´fraN/ + /pa´litU/

a. [{{frã}{´li.tu}}] ** pa

metr. dif. b. [{[{´li.tu}] [{frã}]}] *! ** pa * c. [{{frã}{tu}}] ** pal!i * d. [{[{frã}] [{pa.´li.tu}}] *! ** e. [{{frã}{´pa.li}}] ** tU *!

11 funebrilho = /funE´ral/ + /´briλU/

a. [{{fu.ne}.{´bri.λu}}] ** ral *

metr. dif. b. [{{bri.λo}{´raw}}] ** *! fune c. [{{fu.´ne}.{λu}}] ** b!ri ralbri * d. [{{bri}.{ne.´raw}}] ** λ!U λUfu e. [{{´bri.λu}{ne.´raw}}] *! ** fu

12 Janecrete = /´∞anI/ (Corso) + / a´krεtI/

a. [{{∞a.ne}.{´krε.ti}}] ** ∫a

metr. dif. b. [{{´krε.ti}.{´∞a.ni}}] *! ** ∫a * c. [{{´∞a}.{∫a.´krε.ti}}] *! ** nI nI d. [{{ne}.{´krε.ti}}] ** ∞!a ∞a∫a e. [{{∞a.ne}.{∫á}}] ** krε!tI

13

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142

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

Japaréia = /∞a´pãw/ + /kO´rεia/

a. [{{ʒa.pa}{´rεy.a}}] ** w wkO

metr. dif. b. [{[{ʒa.´pãw}][{´rεy.a}]}] *! ** kO c. [{[{´ʒa.pa}][{´k].re}]}] *! ** w wia * d. [{{ʒa}.{´rεy.a}}] ** pã!w pãwkO e. [{{ko.re}.{´ʒa.pa}}] ** w iaw *! f. [{[{´ʒa}][{ko.´rεy.a}]}] *! ** pãw pãw

14 macuncrente = /makuN´beirU/ + /´kreNti/

a. [{{ma.kũ}.{´krẽ.ti}}] ** beirU *

metr. dif. b. [{{ma.ku}.{´krẽ.ti}}] ** NbeirU! * c. [{{kũ}.{´krẽ.ti}}] ** mabeir!U * d. [{{´krẽ.ti}.{ma.´kũ}}] *! ** beirU * e. [{{krẽ.te}.{´bey.ro}}] ** *! makuN f. [{{ma.(´k}rẽ.ti}] ** uNbeir!U

15 mauriçola = /mauri´si U/ + /boi´]la/

a. [{{maw.ri.´s}{].la}}] ** * boi boii U *

metr. dif. b. [{{maw.ri}.{´].la}}] ** * boi boisi U! * c. [{[{´maw}] [{boy.´].la}]}] *! ** risi U * d. [{[{maw.´ri}] [{boy.´].la}]}] *! ** si U * e. [{[{boy.´].la}] [{´si.´ u}]}] *! ** mauri

16 mortalecido = /mOR´tal] + /falE´sidU/

a. [{{mor.ta}.{le.´si.du}}] ** l lfa

metr. dif. b. [{{fa.le}.{´taw}}] ** *! mOR morsidU * c. [{[{mor.´taw}] [{´si.du}]}] *! ** * falE d. [{{mor.t}{e.´si.du}}] ** *! al alfal e. [{{mor}.{le.´si.du}}] ** tal talf!a f. [{{mor.}.{fa.le.´si.du}}] ** t!al tal

17 Nescafé = /neS´tle/ + /ka´fε/

a. [{{nes}.{ka.´fε}}] ** tle

metr. dif. b. [{[{´tle}][{ ka.´fε}]}] *! ** neS c. [{{nes}.{´fε}}] ** tlek!a onêonimo d. [{{´nes}.{ka}}] ** tlef!ε e. [{[{ka.´fε}][{´tle}]}] *! ** neS

18 pescotapa = /peS´kosU/ + /´tapa/

a. [{{pes.ko}.{´ta.pa}}] ** sU *

metr. dif. b. [{{pes}.{´ta.pa}}] ** kos!U * c. [{{ta.´p}es.ko.su}}] ** a! a d. [{[{´ta.pa}][{´pes.ko}]}] *! ** sU * e. [{{pes.ko.´so}.{pa}}] ** t!a ta f. [{{ta.´pa}.{su}}] ** *! pesko *

19

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143

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN,D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

portinglês = /poRtu´λueS/ + /iN´λleS/

a. [{{por.t}{ĩ.´λles}}] ** uλueS

metr. dif. b. [{{por.tu}{{´λles}}] ** *! λuueSiN λueSiN * c. [{{ĩ}.{por.tu.´λes}}] ** *! λleS λleS d. [{[{ĩ.´λles}] [{´porti}]}] *! ** uλueS * e. [{[{´por.tu}] [{ ĩ.´λles}]}] *! ** λueS *

20 portunhol = /poRtu´λueS/ + /ESpa´ ]l/

a. [{{por.tu}{´ ]w}}] ** λueSESpa

metr. iguais b. [{[{´por.tu}] [{´es.pa}]}] *! ** gueS ]l c. [{{es.pa}.{´λues}}] ** *! ]lpoRtu d. [{{es}.{por.´tu}}] ** *! pa ]lλueS e. [{{tu.´λues}] [{´ ]w}]}] *! ** poRESpa f. [{{λues}.{pa.´ ]w}}] ** poRtuES

21 psicogélico = / /´pisikU/ + /evaN´∞εlikU/

a. [{{pisi.ko}.{´∞ε.li.ku}}] ** evaN

metr. dif. b. [{{ pisi.´k]}.{li.ku}}] ** *! evaN∞ε c. [{{ ´pisi.ku}.{´e.vã}}] *! ** ∞εliku * d. [{{´∞ε.li.ku}.{´pisi.ku}}] *! ** evaN * e. [{{pisi}.{´∞ε.li.ku}}] ** k!U kUevaN g. [{[{e.vã.´∞ε}][{pisi.ku}]}] ** liku *!

22 psiquiartista = /pisiki´atra/ + /aR´tiSta/

a. [{[{´pisi.ki}] [{ar.´tis.ta}]}] * ** atra *

metr. dif. b. [{[{´pisi}] [{ar.´tis.ta}]}] * ** kiatr!a * c. [{[{ar.´tis.ta}] [{´pisi.ki }]}] * ** kiatr!a * d. [{[{´pisí.ki.] [a.{´t}is.ta}]}] * ** *! aR raaR * e. [{[{ar.´tis.ta}] [{´a.tra}] * ** *! pisik!i f. [{[{ar.´tis}] [{ki.´a.tra}]}] * ** t!a tapisi

23 secreranha = /sEkrE´taria/ + /pi´ra a/

a. [{{se.kre}.{´ra. a}}] ** pi tariapi *

metr. dif. b. [{[{´ra. a}][{se.´kre}]}] *! ** pi táriapi * c. [{[{´ra. a}][{se.´kre.ta}]}] *! ** pi riapi * d. [{{pi.ra}.{´ta.ria}}] ** *! ra a ra asekre * e. [{[{se.´krε}][{pi.´ra. a}]}] *! taria * f. [{[{se.´krε.ta}][{´ra. a}]}] *! ** pi riapi *

24 selemengo = /selE´sãw/ + /fla´meNgU/

a. [{{se.le}.{mẽ.λu}}] ** sãw sãwfla

metr. dif. b. [{[{´mẽ.λu}][{´sε.le}]}] *! ** sãw flasãw * c. [{{se.´l{ẽ}.λu}}] ** sãw sãwflam! * d. [{{se}{´mẽ.λu }}] ** lEsã!w lEsãwfla e. [{{fla.mẽ}.{sãw}}] ** *! selE selEgU f. [{{se.le}.{´fla}}] ** sãw meNgUsã!w *

25

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144

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

showmício = /´∫ou/ + /ko´misiU/

a. [{{∫ow}{´mi.siu}}] ** ko

metr. dif. b. [{{∫o}{´mi.siu}}] ** u! uko c. [{[{´mi.siu}][{´∫ow}]}] *! ** ko * d. [{{´∫ow}{´ko.mi}}] ** siU! * e. [{[{´∫ow}][{´siu}]}] *! ** * komi * f. [{[{´ko.mi}][{´∫ow}]}] *! ** siU *

26 toboágua = /tobo´gaN/ + /´aλua/

a. [{{to.bo}.{´a.λwa}}] ** gaN *

metr. dif. b. [{{to.bo.´gã}.{λwa}}] ** a! a * c. [{{to.bo.´{λ}wa}}] ** a! aN * d. [{{to.´b}{a.λwa}}] ** ogaN! * e. [{[{´a.λua}] [{´to.bo}]}] *! ** gaN * f. [{{to.bo.{λwã}}}] ** a! a a≠ã

27 vagaranha = /vaλa´buNda/ + /pi´ra a/

a. [{{va.λa}.{´ra. a}}] ** pi pibuNda *

metr. dif. b. [{{bũ.dã}{ a }}] ** pir!a pivaλa * c. [{[{´ra. a}] [{´va.λa}]}] *! ** pi pibuNda * d. [{{va.´λã}.{ a}}] ** pir!a buNdapira * e. [{[{´va.λa}][{pi.´ra. a}]}] *! ** buNda * f. [{[{´bũ.da}][{´ra. a }]}] *! ** pi pivaλa *

28

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145

7.4 ANEXO IV – Analogias (17 dados)

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

bebemorar = /bE´beR/ + /kOmEmO´raR/

a. [{{be.be}.{mo.´rah}}] ** R RkOme

metr. dif. b. [{{be.be}.{´rah}}] ** *! R RkOmEmO c. [{{be}.{me.mo.´rah}}] ** be!R beRkO d. [{{ko}.{be.´beh}}] ** *! mEmOraR * e. [{{ko.me.mo}.{´beh}}] ** *! bE raRbe * f. [{[{be.´ber}] [{mo.´rah}]}] *! ** kOmE

1 boacumba = /´boa/ + /ma´kuNba/

a. [{{bo.a}.{´kũ.ba}}] ** ma

metr. dif. b. [{{kũ.{´b}{o.a}}] ** maa! * c. [{{bo.a}.{ma.´kũ}}] ** ba *! d. [{{bo.a}.{´kũ}}] ** mab!a * e. [{{bo.a}.{´ũ.ba}}] ** mak! * f. [{[{´kũ.ba}][{´boa}]}] *! ** ma *

2 badrasta = /´boa/ + /ma´draSta/

a. [{{bo.a}.{´dras.ta}}] ** ma

metr. dif. b. [{{ma.dra}.{´boa}}] ** ta *! c. [{{dras.ta}.{´boa}}] ** ma *! d. [{{bo.a}.{´ma.dra}}] ** Sta! * e. [{{bo.´a}{s.ta}}] ** *! madra * f. [{{bo}.{´dras.ta}}] ** a! ama

3 boadrinha = /´boa/ + /ma´dri a/

a. [{{boa}.{´dri. a}}] ** ma

metr. dif. b. [{[{´dri. a}] [{´boa}]}] *! ** ma * c. [{{bo.´ã}.{ma}}] ** dri! a * d. [{{bo.a}.{´ma.dri}}] ** a *! e. [{{boa}.{´ri. a}}] ** mad! f. [{{boa}.{´i. a}}] ** *!

4 bucetante = /bu´seta/ + /pi´kaNtI/

a. [{{bu.se.{tã}.ti}}] Ident. FB-BL: ã≠a; t≠k

** pi

metr. iguais b. [{{bu.se.´tã}.{ti}}] ** *! pika . c. [{[{bu.´se.ta}][{´kã.ti}]}] *! ** pi d. [{{bu.ce.t{ã}.ti}}]

Ident. FB-BL: ã≠a ** *! pik

e. [{{bu.se}.{kã.ti}}] ** tap!i f. [{{bu}.{pi.´kã.ti}}] ** set!a

5 chocólatra = /´∫okU/ + /aw´k]latra/

a. [{{∫o.{´k]}.la.tra}}] ** aw U≠]

metr. dif. b. [{{∫o.´k}{].la.tra}}] ** *! U Uawk] c. [{{∫o.ko}.{´aw.kow}}] ** lat!ra * d. [{{∫o.ko}.{´].la.tra}}] ** awk! e. [{[{´la.tra}] [{´∫o.ku}]}] *! ** awk] * haplo f. [{[{´∫o.ko}] [{´k].la.tra}]}] *! ** aw

6

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146

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

enxadachim = /EN´∫ada/ + /Espada´∫iN/

a. [{{{ẽ.∫a.da}.´∫ ĩ }}] Ident. FBmax: N≠S; ∫≠p

*

metr. dif. b. [{{ẽ.∫a}.{da.´ ĩ}}] **! da daESpa c. [{{ẽ.∫a}.{´ ĩ }}] **! da daESpada d. [{{{ẽ.pa.da}.´∫ ĩ }}]

Ident. FBmax: N≠S * ∫≠p!

e. [{[{´ ĩ ] [{ẽ.´∫a.da}]}] *! ** ESpa * f. [{{es.pa.´d}{a.da}}] **! * EN∫ aEN∫ *

7 frambúrguer = /´fraN/ (frango) + /aN´buRλueR/

a. [{{fr{ã.}´bur.λuer}}] **

metr. dif. b. [{{frã}.{´bur.λuer}}] ** a!N c. [{[{´frã}] [{ã.´bur.λuer}]}] *! d. [{[{´bur.λuer}] [(frã}]}] *! ** * e. [{{frã}.{´λuer}}] ** b!uR *

8 halterocopismo = /awtErOfi´liSmU/ + /´k]pU/

a. [{{aw.te.ro.{ko.´p}is.mu}}] Ident. FBmax: k≠f; p≠l

** * U U * ]≠o

metr. dif. b. [{[{´aw.te.ro][{ko.´p]}s.mu}]}] Ident. FBmax: k≠f; o≠i; l≠p; ]≠i

*! ** * fili *

c. [{[{´k].pu}] [{´lis.mu}]}] *! ** * fi d. [{[{´k].p{o}] [fi.´lis.mu}]}] *! ** awtEr U≠o e [{[{aw.te.{´k].po}] [´lis.mu}]}]

Ident. FBmax: k≠f; ]≠i; l≠p, o≠i *! ** * rOfi

f. [{{aw.te.ro.{´k]}.´lis.mu}}] Ident. FBmax: k≠f; ]≠i

** * p!U pU

9 metroviário = /me´tro/ + /fExOvi´ariU/

a. [{{me.tr{o}.vi.´a.riu}}] ** fEx

metr. dif. b. [{{me.tro}.{vi.´a.riu}}] ** fExO! c. [{{me.tro}.{´a.riu}}] ** *! fExOvi d. [{{fe.xo}.{´mε.tru}}] ** viar!iU * e. [{{me.tro}.{´fε.xu}}] ** viar!iU * f. [{{tro}.{vi.´a.riu}}] ** m!e mefExO

10 monocelha = /´monU/ + /sobraN´seλa/

a. [{{[{´mo.no}][´se.λa}]}] Ident. FBmax: m≠s

* * * braN U≠o

metr. dif. b. [{[{´mo.no}] [´so.bra}]}] * **! * Nseλa * b. [{[{´mo.no}] [{´se.λa}]}] * **! * sobraN d. [{[{´mo.no}] [{brã.´se.λa}]}] * **! * so e. [{[{´so.bra}] [{´mo.nu}]}] * **! Nseλa * f. [{[{´se.λa}] [{´mo.nu}]}] * **! sobraN *

11

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147

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin

-BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

monocrático = /´monU/ + /dEmO´kratikU/

a. [{[{´mo.{no}][´kra.ti.ku}]}] Ident. FBmax: m≠n

* ** * dE U≠o

metr. dif. b. [{[{´mo.no}] [{´kra.ti.ku}]}] * ** * dEm!O c. [{[{´kra.ti.ku}] [{´mo.nu}]}] * ** * dEm!O * d. [{[{´mo.no}][{´de.mu}]}] * ** * kra!tikU * e. [{[{´mo.nu}][{´ti.ku}]}] * ** * dEm!Okra

12 raboplégico = /´xabU/ + /para´plε∞ikU/

a. [{{xa.bo}.{´plε.∞i.ku}}] ** para

metr. dif. b. [{{xa}.{´plε.∞i.ku }}] ** b!U bUpara c. [{{xa.´bo}.{∞i.ku}}] ** *! paraplε * d. [{[{´plε.∞i.ku }][{´xa.bu}]}] *! ** para * e. [{[{´∞i.ku}] [{´xa.bu}]}] *! ** paraplε * f. [{{xa.´bo}.{pa.ra}}] ** plε∞i!kU *

13 rejuvelhescimento = /xE∞uvEnEsi´meNtu/ + /´vελU/

a. [{{xe.ʒu.{ve.λe}.si.´mẽ.tu}}] Ident. FBmax: λ≠n

** U≠e

metr. dif. b. [{[{xe.ʒu.{´vε.λo}][ne.si.´mẽ.tu}]}] *! ** c. [{{ve.λo}.{´mẽ.tu}}] ** *! xE∞uvEnEsi d. [{[{{´vε.λu}][si.´mẽ.tu}]}]

Ident. FBmax: ε≠E *! * xE∞unE

e. [{[{si.´mẽ.tu}][{´vε.λu }]}] *! ** xE∞uvE * f. [{{xe.ʒu.{´vε}.λu }}]

Ident. FBmax: ε≠E ** nE!simeNtu *

14 siteografia = /´saitI/ + /bibliOλra´fia/

a. [{{say.t{i}o.gra.´fia}}] ** bibl

metr. dif. b. [{{say.ti}.{gra. ´fia}}] ** bibli!O c. [{[{´say.ti}] [{bli.o.gra. ´fia}]}] *! ** bi d. [{{bi.bli.o}.{´say.ti}}] ** grafi!a * e. [{[{gra.´fia}] [{´say.ti}]}] *! ** bibliO * pausa f. [{[{bi.blio.´λra}] [{´say.ti}]}] *! ** fia *

15 tucanóptero = /tu´kanU/ + /Eli´k]pitErU/

a. [{{tu.ka.{´n]}pi.te.ru}}] Ident. Fbmax: n≠k

** Eli U≠]

metr. dif. b. [{{tu.ka.´n{]}pi.te.ru}}] ** Elik! U≠] c. [{{tu.ka.´n{]}.{te.ru}}] ** Elik!p U≠] d. [{{tu.ka.´n}{]pi.te.ru}}] ** U Uelik e. [{[{´tu.ka}] [{´k]pi.te.ru}]}] *! ** nU

16 videasta = /´vidEU/ + /sinE´aSta/

a. [{{{vi.de}.´as.ta}}] * * U E≠e

metr. dif. b. [{[{´vi.diu}][{´as.ta}]}] *! c. [{{{vi.de}.{´as.ta}}] **! * U sinE d. [{{vi.´dε}.{s.ta}}] **! * o sinEa * e. [{{as.ta}.{´vi.diu}}] **! * SinE * f. [{[{´vi.diu}][{´si.ni}]}] *! ** * aSta *

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148

7.5 ANEXO V – seqüências em vias de gramaticalização (21 dados)

7.5.1 – determinantes . recomposição (11 dados)

INPUT OUTPUT NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin

-BL)

caipifruta = /´kaipi/ (caipirinha) + /´fruta/

a. [{[{´kay.pi}][{´fru.ta}]}] *!

metr. iguais b. [{[{´fru.ta}][{´kay.pi }]}] *! c. [{[{´kay}] [{´fru.ta}]}] *! ** pi cai.pi + lima d. [{{fru}.{´kay.pi}}] ** ta cai.pi + vodka e. [{{ta}.{´kay.pi}}] ** fru! f. [{[{´kay.pi}][{´fru}]}] *! ** ta

1, 2, 3 franfilé = /´fraN/ (ferango) + /fi´lε/

a. [{[{´frã}] [{fi.´lε}]}] *

metr. dif. b. [{[{fi.´lε}] [{´frã}]}] * *!* d. [{[{´frã}][{´lε}]}] * *!* fi e. [{[{´frã}][{´fi}]}] * *!* lε f. [{[{´fi}][{´frã}]}] * *!* lε

4 lamaérobica = /´laNba/ (lambada) + /aE´robika/

a. [{[{´lã.ba}][{e.´ro.bi.ka}]}] * ** a

metr. dif. b. [{[{´lã.ba}][{´ro.bi.ka}]}] * ** aE! c. [{[{´lã.ba}][{´bi.ka}]}] * ** aE!ro d. [{[a.´ε.ro}][{´lã.ba}]}] * ** bi!ka 5 lambafunk = /´laNba/ (lambada) + /´faNk/

a. [{[{´lã.ba}][{´fãki}]}] *

metr. iguais b. [{[{´fãki }][{´lã.ba}]}] * lam.ba + re.ggae

c. [{[{´lã}][{´fãki}]}] * *!* ba

d. [{[{´lã.ba}][{´fã}]}] * *!* k 6, 7

/´piti/ + /ba´ba/ a. [{[{´piti}][{ba.´ba]}] * metr. dif. b. [{[{ba.´ba}][{´piti}]}] * *!* pit + baby c. [{[{´piti}}][{´ba]}] * *!* ba pit + boy c. [{[{´ba}}][{´piti ]}] * *!* ba

8, 9, 10 /´piti/ + /fa´milia/

a. [{[{´piti}][{fa.´mi.lia]}] *!

metr. dif. b. [{[{fa.´mi.lia}][{´piti}]}] *! ** c. [{[{´piti}}][{´mi.lia]}] *! ** fa d. [{[{´piti}}][{lia}]}] ** * fami

11

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149

7.5.1 – determinados . sufixação (10 dados)

INPUT OUTPUT NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅

AFFIX

MAX (Fbmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(Fbmax), D-Σ (BL)

IDENT (Fbmin-

BL)

adulescente = /a´dultU/ + /adOlE´seNtI/

a. [{{{a.duw.t}e.´sẽ.ti}}] Ident. FBmax: u≠o; t≠l

*

U U

metr. dif. b. [{[{a.´duw.tu}][{´sẽ.ti}]}] *! ** * adOlE c. [{{a.duw}.{´sẽ.ti}}] **! * tU tUadOlE d. [{[{a.´duw.tu}][{le.´sẽ.ti}]}] *! ** adO e. [{{a.do.le}.{´duw.tu}}}] ** a se!NtIa f. [{{{a.dow.t}e.´sẽ.ti}}]

Ident. FBmax: t≠l * U U o≠u!

1 autotrocíneo = /´autU/ + /paitro´sinEU/

a. [{{au.to}.{tro.´sí.niu}}] ** pa

metr. dif. b. [{{au.to}.{´si.niu}}] ** pat!ro c. [{[{´pa.tro}][{´aw.to}]}] *! ** cíneo d. [{[{´si.nio}][{´aw.to}]}] *! ** patro e. [{{au.{tro}.´si.niu}}] ** pa

2 caipilé = /´kaipi/ (caipirinha) + /piko´lε/

a. [{{´kai.pi}.{´lε}}] *! ** piko

metr. dif. b. [{[{pi.ko.´lε}][{´kai.pi}]}] *! ** *

c. [{[{´kai.{pi}][ko.´lε}]}] *! ** d. [{[{´kai.pi}][{ko.´lε}]}] *! ** pi e. [{[{´kai.{pi}.{ko}}] ** lε *

3 envelhescente = /ENvEλe´seR/ + /adOlE´seNtI/

a. [{{ẽ.ve.{λe.´sẽ}.ti}}] Ident. FBmax: λ≠l

** R RadO ẽ≠e

metr. dif. b. [{{ẽ.ve.{le.´sẽ}.ti}}] R RadO λ≠l; ẽ≠e!

c. [{{sẽ.t{ẽ}.´vε.λi }}] ** se!R adOleseR * d. [{{ẽ.ve}.{le.´sẽ.ti}}] ** λe!seR λeseRadO e. [{{ẽ.ve}.{´sẽ.ti}}] ** *! λeseR λeseRadOlE f. [{{ẽ}.{le.´sẽ.ti}}] ** *! veλEseR ReseRadO g. [{{a.do.l}{e.´seh}}] ** *! ENveλe seNtIENvEλ *

4

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150

INPUT OUTPUT NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MWD ≅ AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

familiatrocíneo = /fa´milia/ + /paitro´sinEU/

a. [{[{fa.´mi.lia}][{tro.´si.niu}]}] *! ** paitro

metr. dif. b. [{[{fa.´mi.lya}] [{´si.niu}]}] *! ** paitro c. [{[{´pa.tro}] [{fa.´mi.lia}]}] *! ** sinEU d. [{[{´si.neo}] [{fa.´mi.lia}]}] *! ** paitro e. [{{fa.mi}.{´si.niu}}] ** lia paitro f. [{[(fa.´mi.lia}] [{´pay.tro}]}] *! ** sinEU

5 Mogigate = /mO´∞i/ + /´λeiti/

a. [{[{mo.´∞i}] [{´λey.ti}]}] *! **

Lula + gate b. [{[{´λey.ti }] [{mo.´∞i}]}] *! ** Iran + gate ... c. [{[{mo.´∞i}] [{´λey}]}] *! ** ti metr. iguais d. [{{mo}.{´λey.ti}}] ** ∞i

6, 7, 8 sucolé = /´sukU/ + /sako´lε/

a. [{{{su.ko}.´lε}}] Ident. FBmax: u≠a

* o≠U

metr. dif. b. [{{su.ko}.{´lε}}] **! sako c. [{{su.{ko}.{´lε}}] **! sa d. [{{le}.(´su.ku}] **! sako *

9 tiotrocíneo = /´tiU/ + /paitro´sinEU/

a. [{{´tyo}.{tro.´si.niu}}] ** pai

metr. dif. b. [{{tyo}.{´si.niu}}] ** pait!ro c. [{{pa.tro}.{´tyo}}] ** sin!EU d. [{[{´si.niu}][{´tyu}]}] *! ** paitro e. [{[{tro.´si.niu}][{´tyu}]}] *! ** pai

10

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151

7. 6 ANEXO VI – aparente sufixação (5 dados)

INPUTS OUTPUTS NO-PWD*

ALIGN (M↔P)

*MDW ≅

AFFIX

MAX (FBmin-

BL)

MAX (FB-BL)

ALIGN, D-Σ

(FBmax), D-Σ (BL)

IDENT (FBmin-

BL)

bobageira = /bO´ba∞eN/ + /beS´teira/

a. [{{bo.ba.´∞{e}y.ra}}] ** NbeSt

metr. iguais b. [{{bo.ba}.{´tey.ra}}] ** ʒeNbeS! c. [{{bes.tei.´r{a}.{∞ẽ}}] ** *! bOba

d. [{{bo.{b}es.´tey.ra}}] ** aʒeN e. [{{bes.´t}{a.∞ẽ}}] ** eirabO!b f. [{{bes}.{ba.∞ẽ}}] ** teirab!O

1 gatoso = /´λatU/ + /i´dozU/

a. [{{ga.{´to}.zu}}] Ident. FBmax: t≠d

** i o≠U

metr. dif. b. [{{ga.to}.{´do.zu}}] ** i c. [{{i.do}.{´ga.tu}}] ** z!U d, [{{ga.to}.{´i.do}}] ** *! zU e. [{{ga}.{´do.zu}] ** t!U tUi

2 prostitutriz = /proSti´tuta/ + /mE´rEtriS/

a. [{{pros.ti.tu.{´t}ris}}] ** *! mErE amErE *

metr. dif. b. [{{pros}.{me.re.´tris}}] ** *! tituta * c. [{[{me.re.´tris}][{´tu.ta}]}] *! ** proSti d. [{{me.re}.{´tu.ta}}] ** triS triSproSt e. [{{pros.ti.{´t}riz}}] ** *! mErE utamErE * f. [{{pros.ti.}.{´triz}}] ** *! mErE

3 sinsericida = /siNsEri´dadI/ + /Omi´sida/

a. [{{sĩ.se.r{i}.´si.da}}] ** O!m dadIOm *

metr. dif. b. [{{sĩ.se}.{mi.´si.da}}] ** O! ridadIO * c. [{{sĩ.se.r}{o.mi.´si.da}}] ** idadI * d. [{{sĩ.se.ri}.{mi.´si.da}}] ** O! dadIO * e. [{{o.mi.si.{´da}.di}}] ** siNsEr!i f. [{{o.m{i}.´da.di}}] ** s!ida siNsEsida g. [{{o.mi}.{ri.´da.di}}] ** s!ida sidasiNsE

4 trambicador = /traNbi´keirU/ + /trabaλa´doR/

a. [{{trã.bi.k}{a.´doh}}] **! * eirUtrabaλ

metr. iguais b. [{{trã.bi}.{λa.´doh}}] **! keirUtraba c. [{{trã.bi.key.{´doh}}] **! * rUtrabaλa d. [{{tra.ba}.{key.ru}}] **! * λadoRtraNbi e. [{{{trã.b}a.λa.´doh}}] * * ikeirU f. [{{tra.ba.λa}.{´key.ru}}] **! * doRtraNbi

5

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