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JORGE PAIVA ABRANTES Uma Contribuição à Modelagem Experimental e Teórica do Processo de Conformação Hidrostática de Tubos de Aço Inoxidável AISI 316 L. São Paulo 2009

Uma Contribuição à Modelagem Experimental e Teórica do

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  • JORGE PAIVA ABRANTES

    Uma Contribuio Modelagem Experimental e Terica do Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos de Ao Inoxidvel AISI 316 L.

    So Paulo

    2009

  • JORGE PAIVA ABRANTES

    Uma Contribuio Modelagem Experimental e Terica do Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos de Ao Inoxidvel AISI 316 L

    Tese apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para fins da obteno do Ttulo de Doutor em Engenharia Mecnica.

    So Paulo

    2009

  • JORGE PAIVA ABRANTES

    Uma Contribuio Modelagem Experimental e Terica do Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos de Ao Inoxidvel AISI 316 L.

    Tese apresentada Escola Politcnica da Universidade de So Paulo para fins da obteno do Ttulo de Doutor em Engenharia Mecnica

    rea de concentrao:

    Engenharia Mecnica de Projeto e Fabricao

    Orientador:

    Prof. Dr. Gilmar Ferreira Batalha

    So Paulo

    2009

  • FICHA CATALOGRFICA

    Abrantes, Jorge Paiva Uma Contribuio Modelagem Experimental e Terica do Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos de Ao Inoxidvel AISI 316 L. 159 pp. Tese (Doutorado) Escola Politcnica da Universidade de So Paulo, Departamento de Engenharia Mecatrnica e de Sistemas Mecnicos.

    1. Processos de fabricao 2. Conformao plstica I. Universidade de So Paulo. Escola Politcnica. Departamento de Engenharia Mecatrnica e de Sistemas Mecnicos. II. t

    Este exemplar foi revisado e alterado em relao verso original, sob responsabilidade nica do autor e com anuncia de seu orientador.

    So Paulo, 25 de Junho de 2009. _____________________________ Jorge Paiva Abrantes ____________________________ Gilmar Ferreira Batalha

  • A minha famlia

  • AGRADECIMENTOS

    Ao meu orientador Prof. Dr. Gilmar Ferreira Batalha da Universidade de So Paulo pelo apoio, orientao e incentivos.

    Aos meus pais Antonio Registo Paiva Abrantes e Izabel Cordeiro Paiva pelos fundamentos de minha personalidade e pelos sacrifcios para a concluso de meus estudos.

    A minha esposa Marlene Scalon Abrantes, minha filha Mariana e meu filho Plnio pelo apoio e fins de semana.

    Ao colega e doutorando da Ecole Centrale de Lille Engenheiro Denis Lepicart pelo valioso auxlio e pelo afinco nos trabalhos realizados em conjunto.

    A Prof. Dra. Suzanne Degallaix e ao Prof. Dr. Gerard Degallaix da Ecole Centrale de Lille - Frana pela hospitalidade, acolhimento, co-orientaes e incentivos.

    Ao Prof. Dr. Srgio Tonini Button e ao Prof. Dr. Itamar Ferreira da Faculdade de Engenharia Mecnica da Unicamp pelo apoio na execuo dos ensaios.

    Ao grande amigo, habilidoso e experiente projetista Sr. Jos Cas Pinto Filho, pelos projetos e idias para aprimoramento dos ferramentais utilizados neste trabalho.

    Aos tcnicos Jos Luis Lisboa e Joo Polis da Universidade de Campinas pelo auxlio nos ensaios e na correo dos dispositivos de teste.

    Ao Tcnico Ccero Cirlaneo Cruz pelo apoio no dia a dia nos Laboratrios do PMR-EPUSP.

    Ao aluno da Escola Politcnica da USP e bolsista no programa de iniciao cientfica Fernando Tralli pelo auxlio com nos ensaios experimentais e na pesquisa das normas tcnicas.

    A CAPES pela bolsa de estudo concedida e oportunidade de participar do programa de doutoramento com estgio no exterior (PDEE) na Ecole Centrale de Lille, Frana.

    A todos que, direta ou indiretamente, colaboraram na execuo deste trabalho.

  • RESUMO

    Uma Contribuio Modelagem Experimental e Terica do Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos de Ao Inoxidvel AISI 316 L.

    O uso da simulao via mtodo de elementos finitos (MEF) tem sido de suma importncia para o desenvolvimento de processos de conformao hidrosttica de tubos (CHT). Sua utilizao reduz o mtodo de tentativa e erro na definio do processo e grandes ganhos de produtividade so auferidos. Neste trabalho, a simulao via MEF em conjunto com o desenvolvimento analtico existente na literatura foi utilizada para o desenvolvimento de um mtodo projeto de uma ferramenta simples para a CHT em matriz aberta e para uso em prensa comum. Obtida a ferramenta, foi possvel a um baixo custo ser determinado experimentalmente os limites de conformao, o caminho de deformao e as dimenses do tubo expandido sendo possvel compara-los com os resultados simulados via MEF. Esta comparao de resultados experimentais e simulados validou o procedimento de simulao e o mtodo de projeto da ferramenta. Quanto ao carregamento, com a ferramenta obtida foram expandidos tubos por dois carregamentos distintos: s presso e presso e carga axial simultneos permitindo assim comprovar a eficcia do segundo carregamento para a obteno de razes de expanso maiores. Quanto s simulaes, executadas em um programa comercial, elas foram desenvolvidas tambm para ambos os carregamentos. Ainda nestas simulaes duas maneiras de aplicar-se a presso foram avaliadas. Para a determinao dos limites de conformao do tubo fez-se uso da tcnica denominada Circle Grid Analisys. Foi escolhido para estudo um tubo extrudado de ao inoxidvel AISI 316 L submetido a tempera de solubilizao. O mtodo de projeto desenvolvido, numa primeira tentativa, utilizou como dado de entrada as propriedades do Ao AISI 316 L obtidos para chapas o que levou a diferenas entre os resultados simulados e experimentais. Assim foi necessrio determinar-se as propriedades do ao AISI 316 L para a condio de tubo extrudado. Para a direo circunferencial utilizou-se o mtodo de ensaios denominado Ring Hoop Tension Test, e para o sentido longitudinal o foi utilizado um ensaio de trao usual. Foram determinados inclusive os coeficientes de anisotropia. Com estes dados novas simulaes, considerando a anisotropia do material, foram realizadas. Um aprimoramento do mtodo de projeto foi realizado, sendo construda uma segunda verso da ferramenta para a CHT. Assim os novos resultados simulados foram obtidos e foram comparados com os resultados experimentais e os erros diminuram significativamente. Como resultado final, para esta segunda verso de simulaes, de projeto e ferramenta, os erros dos valores obtidos via simulao via MEF, no dimetro e na espessura ficaram ao redor de 10%, assumindo o resultado experimental como padro. Quanto ao limite de conformao os resultados simulados diferiram dos experimentais, porm o estado de deformao e os caminhos de deformao situaram-se no mesmo quadrante no plano das deformaes (Curva CLC) para os dois carregamentos. Finalmente, quanto ao dimetro externo do tubo para os dois carregamentos, o tubo em ao Inoxidvel AISI 316 L atingiu dimetros at 12,9% maiores para expanso por presso e carga axial em relao queles expandidos somente por presso, os quais foram assumidos como padro.

    Palavras-chave: Conformao Hidrosttica de Tubos, MEF, Fabricao, Ao Inoxidvel, AISI 316 L.

  • ABSTRACT

    A Contribution to the Experimental and Theoretical Modeling of AISI 316 L Stainless Steel Tube Hydroforming.

    The simulation using the finite elements method (FEM) has been of utmost importance for the tube hydroforming (THF) processes development. It reduces the try and error method in the process definition and great profits are gained. In this work, the FEM simulation together with the existing analytical THF theory in the literature was used to develop a process and a simple tool design for the THF, in open die arrangement and to be used in a common press. Gotten this tool, it was possible in a low cost, determine experimentally the forming limits, the strain paths and the evolution of geometry for a tube and then make it possible compares these experimental results with the simulated results obtained by FEM. This comparison of experimental and simulated results validated the simulation procedure and the tool design method. Relate the loads applied during the THF, two distinct load cases were possible: only pressure and simultaneous pressure and axial load, thus allowing proving the effectiveness of the second load case in obtain bigger expansion ratios. Relate to the simulations, they were run in commercial software and also the two load cases were simulated. Additionally in these simulations, two ways to apply the pressure had been evaluated. In the experiments, in the forming limits determination, the Circle Grid Analysis technique was used. A seamless stainless cold finished AISI 316 L solution annealed and quenched tube was chosen for evaluation. The tool design method, in a first attempt, uses the AISI 316 L steel properties obtained from sheets. Big differences between the FEM simulated and experimental results was gotten. Thus, it was necessary execute tensile tests in order to obtain the AISI 316 L steel properties for the seamless stainless cold finished, solution annealed condition. In such a way, a tensile tube test method called Ring Hoop Tension Test was used, to determined AISI 316 L steel properties in the transversal direction and a common tensile test was used for the longitudinal direction. Also, for both directions, anisotropy coefficients were also determined. With these new material properties set, new simulations including the anisotropy and a new improved tool design method were carried through, resulting in a new and improved tool version. Thus, new experiments were performed and compared with the new simulated results and the errors had diminished significantly. As final result, the errors in the diameter and in the thickness had been around of 10%, assuming the experimental result as standard. Relate the forming limits the results had differed, however the strain state and the strain path had been placed the same quadrant in a strain plane graphic (FLD diagram) for both load cases. Finally, relate to the tube expansion ratio, the tube external diameter increase 12,9% greater for tube expansion under pressure and axial load assuming the tube expansion under only pressure as standard.

    Keywords: THF, Tube hydroforming, FEM, Fabrication, Stainless Steel, AISI 316 L.

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1.1 Exemplos de peas e subestruturas produzidas por conformao hidrosttica

    (DOHRMANN; HARTL, 1997) e (DOHRMANN; HARTL, 2004). ............................................ 20

    Figura 2.1: Variantes da CHT a alta presso interna (VDI 3146, 1999) .............................. 25

    (SCHMOECKEL et al, 1999) .................................................................................................. 25

    Figura 2.2: Suscetibilidade das variantes de conformao ao atrito e a falhas (DOHRMANN;

    HARTL, 1996). ........................................................................................................................ 25

    Figura 2.3: Esquema de ferramenta para expanso livre de tubos por presso e carga axial

    (LIANFA; CHENG, 2006). ....................................................................................................... 26

    Figura 2.4: Principio da conformao hidrosttica de tubos por presso interna e por presso

    e carga axial. .......................................................................................................................... 28

    Figura 2.5: Parmetros que influenciam no controle do processo .......................................... 30

    (DOHRMANN; HARTL, 1996). ............................................................................................... 30

    Figura 2.6: Principais defeitos de peas conformadas por presso hidrosttica. ................... 32

    Figura 2.7: Mecanismos de selagem para evitar vazamentos em processos gerenciados pela

    presso (GAO et al., 2002). .................................................................................................... 36

    Figura 2.8: Exemplo de pea com a presso como parmetro de controle ............................ 36

    (GAO et al., 2002). ................................................................................................................. 36

    Figura 2.9: Dois modos de falha de peas simtricas (GAO et al., 2002). ............................. 38

    Figura 2.10: Modos de falha em peas pr-curvadas e uma soluo para evit-las. ............. 38

    Figura 2.11: Efeito da presso na conformao de uma junta T (GAO et al., 2002). ............. 40

    Figura 2.12: O princpio da conformao hidrosttica de tubos em matriz fechada

    (DOHRMANN; HARTL, 2004). ............................................................................................... 42

    Figura 2.13: Regio de trabalho tpica para conformao hidrosttica de tubos. ................... 44

    (DOHRMANN; HARTL, 1996). ............................................................................................... 44

    Figura 2.14: A conformao de tubos consiste da expanso livre e calibrao - (peas axi-

    simtricas) (ASNAFI, 1999). ................................................................................................... 45

    Figura 2.15: A curva de carregamento selecionada determina o modo de deformao e as

    formas intermedirias do tubo (ASNAFI, 1999). ..................................................................... 46

    Figura 2.16: Importncia de uma pr-analise de cada pea a ser fabricada. ......................... 47

    Figura 2.17: Flambagem e Enrugamento (KO; ALTAN, 2002). ............................................ 48

    Figura 2.20: Elemento para analise pela teoria de membranas ............................................. 57

    (ASNAFI, 1999). ..................................................................................................................... 57

    Figura 2.21: Definio das grandezas para clculo da regio de trabalho da CHT. ............... 59

  • (ASNAFI, 1999) ...................................................................................................................... 59

    Figura 2.22: A expanso livre assumida com 2= e resulta no equilbrio de foras

    mostrado (ASNAFI, 1999). ..................................................................................................... 63

    Figura 2.23: Parmetros utilizados no calculo do curso do cilindro axial ................................ 65

    (ASNAFI, 1999). ..................................................................................................................... 65

    Figura 2.24: Parmetros para a determinao da deformao livre assumindo 2

  • Figura 4.13: Modelo deformado para Simulao de Expanso Hidrosttica por Presso e

    Carga Axial ........................................................................................................................... 101

    Figura 4.14: Pea para conformao em matriz. .................................................................. 102

    Figura 4.15: Ferramentas e blank para simulao conformao hidrosttica em matriz. ..... 102

    Figura 4.16: Simulao via MEF da conformao hidrosttica de tubo em matriz. .............. 103

    Figura 4.17: Modelo desenvolvido conforme ferramenta 1 - verso 2. ................................ 104

    Figura 4.18: Curva da presso e da fora axial .................................................................... 105

    Figura 4.19: Curva da fora axial aplicada ........................................................................... 105

    Figura 4.20: Curva Fora x presso F/p=346.6 (1) .............................................................. 106

    Figura 4.21: Evoluo da expanso hidrosttica do tubo apenas por presso..................... 107

    Figura 4.22: Distribuio de espessuras para a presso P= 63 MPa. .................................. 107

    Figura 4.23: Evoluo da expanso hidrosttica do tubo por presso e carga axial ............ 108

    Figura 4.24: Distribuio de espessuras para a presso P= 63 MPa. .................................. 108

    Figura 5.2: Ferramenta para CHT s por presso e por presso e carga axial. ................... 111

    Figura 5.3: Prensa Hidrulica de 300 KN (30 ton.) do PMR-EPUSP. ................................... 112

    Figura 5.4: Esquema de ferramenta para expanso livre de tubos por presso e carga axial

    ............................................................................................................................................. 113

    Figura 5.5: Ferramental 1 para a expanso hidrosttica de tubos. ....................................... 115

    Figura 5.6: Ferramenta 2 para expanso hidrosttica apenas por presso ......................... 116

    Figura 5.7: Ferramental 2 para expanso de tubos .............................................................. 116

    Figura 5.8: Corte e preparao dos corpos de prova tubulares ............................................ 117

    Figura 5.10: Carregamentos proporcionais (eq. 5.1) sobrepostos a curvas de carregamento

    analtico para a expanso livre (eq. 2.57 e 2.62) .................................................................. 119

    Figura 5.11: Ferramenta 1 verso 2. ................................................................................. 120

    Figura 5.12: Corpo de prova para os experimentos com a ferramenta 1 verso 2 ............ 121

    Figura 5.13: Impresso de crculos por oxidao eletroqumica dos tubos. ......................... 123

    Figura 5.14 Crculo e direes principais das deformaes .............................................. 123

    Figura 6.1: Peas conformadas com a ferramenta 1 verso 1. ......................................... 126

    Figura 6.2: Peas conformadas com a ferramenta 2. ........................................................... 126

    Figura 6.3: Grficos com as grandezas registradas nas amostras DA1 DA5 e DA7. ........... 127

    Figura 6.4: Comparao das curvas experimental e simulada da presso versus raio externo.

    ............................................................................................................................................. 131

    Figura 6.5: Montagem do tubo na ferramenta desenvolvida no 2. Ciclo de projeto. ........... 133

    Figura 6.7: Tubos expandidos apenas por presso e com crculos impressos para avaliao

    da deformao. ..................................................................................................................... 135

  • Figura 6.8: Tubos expandidos por presso e carga axial e com crculos impressos. para

    avaliao da deformao. ..................................................................................................... 135

    Figura 6.9: Textura das circunferncias aps deformao. .................................................. 138

    Figura 6.10: Caminhos de deformao para os dois casos de expanso hidrosttica: presso

    e presso simultneas a carga axial. ................................................................................... 140

    Figura 7.1: Comparao dos caminhos de deformao: experimental e simulado. ............. 142

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 3.1 Propriedades Mecnicas do ao inoxidvel 316 L para chapas ........................... 76

    Tabela 3.2 Parmetros de comportamento plstico dos corpos de prova dos tubos de ao

    inoxidvel AISI 316 L - Extrudados - Valor de n, K e r para direo longitudinal. ................... 87

    Tabela 3.3 Valores do coeficiente de anisotropia r para direo longitudinal ...................... 88

    Tabela 3.4 Valores do coeficiente de anisotropia r para direo cricunferencial. ................ 88

    Tabela 4.1 - Parmetros geomtricos do tubo e das ferramentas .......................................... 92

    Tabela 4.2 Dimenses das peas conforme a presso aplicada. ...................................... 106

    Tabela 4.3 Dimenses das peas conforme a presso aplicada. ...................................... 107

    Tabela 6.1 - Dimenses das peas expandidas pela ferramenta 1 por presso. ................. 127

    Tabela 6.2 - Dimenses das peas expandidas pela ferramenta 2 por presso. ................. 128

    Tabela 6.3: Perfil longitudinal das peas DA2 e DA5. .......................................................... 129

    Tabela 6.4 - Dimenses de peas expandidas: ferramenta 2 at presso de 58 MPa. ........ 129

    Tabela 6.5: Dimenses dos tubos aps expanso hidrosttica. ........................................... 136

    Tabela 6.6: Dimenses das circunferncias aps expanso hidrosttica na direo

    circunferencial. ..................................................................................................................... 137

    Tabela 6.7: Dimenses das circunferncias aps expanso hidrosttica na direo

    circunferencial. ..................................................................................................................... 139

    Tabela 6.8 Deformaes verdadeiras. ............................................................................... 140

    Tabela 7.1: Erro percentual da simulao MEF (valor experimental como referncia). ....... 141

  • LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

    CHT Conformao hidrosttica de tubos

    ABNT Associao Brasileira de Normas Tcnicas

    AISI American Iron and Steel Institute

    lf Comprimento livre do tubo

    d0 Dimetro inicial do tubo

    t0 Espessura inicial do tubo

    n Coeficiente de encruamento

    K Constante de resistncia

    Et, Mdulo tangente

    Fcr Carga crtica de flambagem

    E Modulo de elasticidade

    L, l0 Comprimento do tubo

    I Momento de inrcia

    C Constante para calculo de Fcr

    cr Tenso crtica de flambagem

    A rea da seco transversal do tubo

    rg Raio de girao

    Coeficiente de Poisson

    pi Presso Interna aplicada ao tubo

    F Fora axial total aplicada ao tubo

    1 Tenso Principal no sentido longitudinal

    2 Tenso Principal no sentido circunferencial

    Tenso equivalente

    Deformao equivalente

  • Deformao verdadeira

    e Deformao de engenharia

    , R1 Raio de Curvatura no sentido longitudinal

    2, R2 Raio de Curvatura no sentido circunferencial

    Relao entre tenses longitudinal e circunferencial

    Relao entre deformaes longitudinal e circunferencial

    ti Espessura no tempo i

    t0 Espessura inicial

    tf Espessura ao final

    esc Resistncia ao escoamento

    Fselagem Fora de selagem

    Fac Fora axial de conformao

    Fatrito Fora de atrito

    N Tenso Normal

    Coeficiente de atrito

    s Curso do puno axial

    V0 Volume inicial do tubo

    Vi Volume Instantneo

    VA, VB e VC Volumes de trechos do tubo expandido.

    CP Corpo de Prova

    ASTM American Society for Testing Materials

    dc Dimetro do puno interno

    EHP Expanso Hidrosttica por Presso

    EHPC Expanso Hidrosttica por Presso e Carga Axial

    OR Raio externo inicial

    FR Raio externo final

    Ob Comprimento inicial da corda da seo reduzida

  • b Variao do comprimento da corda da seo reduzida

    be Deformao da corda da seo reduzida

    VDI Verein Deutscher Ingenieure Associao dos Engenheiros

    Alemes

    w0 Largura inicial

    wf Largura final

  • SUMRIO 1 Introduo. ..................................................................................................................... 19

    1.1 O Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos no Contexto Atual...................... 19

    1.2 Objetivos deste Trabalho.............................................................................................. 22

    2 Reviso Bibliogrfica e a Modelagem Analtica da CHT. .......................................... 24

    2.1 A Variante do Processo CHT Abordada neste Trabalho.............................................. 24

    2.2 O Controle de Processo na Conformao Hidrosttica de Tubos................................ 27

    2.3 Os Modos de Falha e os Parmetros de Controle........................................................ 31

    2.4 Uma Classificao dos Processos de Conformao Hidrosttica de Tubos................ 33

    2.4.1 A Presso como Parmetro de Controle. .......................................................... 35

    2.4.2 A Presso como Parmetro Dominante. ........................................................... 37

    2.4.3 O Deslocamento Axial como Parmetro Dominante. ........................................ 39

    2.4.4 O Deslocamento Axial como Parmetro de Controle. ....................................... 40

    2.5 Modelagem Analtica da Conformao Hidrosttica de Tubos..................................... 41

    2.5.1 A Faixa de Trabalho e Caminhos de Carregamento. ........................................ 41

    2.5.2 Modelagem Analtica da Flambagem de Tubos. ............................................... 48

    2.5.3 Modelagem Analtica das Curvas de Carregamento. ........................................ 54

    2.5.4 Estimativa da Presso de Calibrao. .............................................................. 67

    2.5.5 Critrio para Determinao da Falha do Tubo. ................................................. 68

    2.6 Aplicao do Desenvolvimento Analtico da CHT para a Condio em Estudo........... 71

    2.6.1 Curvas de Carregamento para o Estgio de Deformao Livre do Tubo. ......... 72

    2.6.2 Curvas de Carregamento para Calibrao de Peas Conformadas em Matriz. 73

    2.6.3 Determinao da Falha do Tubo. ...................................................................... 74

    3 Propriedades do Material do Tubo Ao Inoxidvel AISI 316 L. .............................. 75

    3.1 O Tubo Escolhido, seu Material, Processo de Fabricao e Propriedades Mecnicas.75

    3.2 Caracterizao do Material do Tubo do Ao Inoxidvel AISI 316 L ............................ 76

    3.2.1 Determinao de Propriedades Transversais do Ao AISI 316 L dos Tubos. ... 79

    3.2.2 Determinao dos Coeficientes de Anisotropia. ................................................ 84

    3.3 Resultados dos Ensaios de Trao.............................................................................. 86

    3.4 Determinao do Coeficiente de Anisotropia................................................................ 87

    3.5 Comentrios sobre a Caracterizao do Ao Inoxidvel AISI 316 L............................ 87

    3.6 O Comportamento Plstico do Ao AISI 316 L e sua Modelagem no LS-DYNA.......... 88

    4 Simulao da Expanso Hidrosttica Via Mtodo dos Elementos Finitos (MEF). ... 90

    4.1 Simulaes com as Propriedades Obtidas a partir de Chapas.................................... 91

  • 4.1.1 Procedimento 1 - Simulao da CHT com o Algoritmo load mask. ................ 91

    4.1.2 Procedimento 2 - Simulao da CHT com Algoritmo mass flow. ...................... 96

    4.1.3 Comentrios aos Procedimentos de Simulao 2 da CHT por Presso. ........ 100

    4.1.4 Simulao da Expanso Hidrosttica por Presso e Carga Axial. .................. 100

    4.1.5 Simulao da Conformao Hidrosttica de Pea em Matriz ......................... 102

    4.2 Simulaes com as Propriedades Obtidas a Partir do Tubo......................................103

    4.2.1 O Novo Modelo MEF para a Verso 2 da Ferramenta 1 e Novo CP. .............. 103

    4.2.2 Resultados das Simulaes da CHT Somente a Presso .............................. 105

    4.2.3 Resultados das Simulaes da CHT a Presso e Carga axial Simultneas. .. 107

    5 Projeto e Construo de Ferramentais para a CHT. ................................................. 109

    5.1 Ferramenta 1 - Mtodo de Projeto 1........................................................................... 109

    5.2 Ferramenta 2 com Fonte Externa de Presso............................................................ 115

    5.3 Os Corpos de Prova para a Ferramenta 1 Verso 1 e Ferramenta 2..................... 117

    5.4 Ferramenta 1 Mtodo de Projeto 2. .........................................................................117

    5.5 O Corpo de Prova para a Ferramenta 1 Verso 2................................................... 120

    5.6 Experimento Delineado para a Ferramenta 1 Verso 2.......................................... 121

    5.7 Medio da Deformao por Malha de Crculos......................................................... 122

    6 Resultados Experimentais. ......................................................................................... 125

    6.1 Resultados para a Ferramenta1 Verso 1 e Ferramenta 2........................................ 125

    6.1.1 Medio das Peas Expandidas pela Ferramenta 1 Verso 1. .................... 127

    6.1.2 Medies das Peas Expandidas pela Ferramenta 2. .................................... 128

    6.2 Resultados dos Experimentos com a Ferramenta 1 - Verso 2................................. 132

    6.2.1 Experimentos da CHT de Tubos por Presso e por Presso e Carga Axial. .. 134

    6.2.2 Dimenses dos Corpos de Prova aps os Experimentos. .............................. 134

    6.2.3 Clculo das Deformaes. .............................................................................. 136

    6.2.4 Limites de Conformao para Tubo de Ao Inoxidvel AISI 316 L. ............... 138

    6.3 Comentrios aos Resultados dos Experimentos........................................................ 138

    7 Comparao dos Resultados Experimentais e Simulados. ..................................... 141

    8 Concluses e Recomendaes .................................................................................. 143

    9 Referncias Bibliogrficas. ........................................................................................ 145

    10 Apndices. ................................................................................................................... 148

    Apndice A - Certificado de Qualidade Sandvik............................................................... 148

    Apndice B - Descrio do Programa LS-DYNA............................................................... 149

    Apndice C - Correspondncia com Suporte do Software LS-DYNA............................... 159

  • _____________________________________________________________________ 19

    1 Introduo.

    1.1 O Processo de Conformao Hidrosttica de Tubos no Contexto Atual. Devido escassez e ao crescente custo da energia e das matrias primas, bem como

    a crescente demanda de controle ambiental, a indstria de conformao de chapas e tubos

    metlicos obrigada a dar mais e mais importncia a processos que economizem energia e

    matria prima. Alm disso, em vista do crescimento da variedade e das variantes de uma

    mesma pea e a resultante reduo nos tamanhos dos lotes, novas maneiras de produo

    devem ser utilizadas para reduzir os custos de mo de obra e aumentar a produtividade.

    Alm de utilizar materiais alternativos, isto requer a aplicao de tecnologias de produo

    avanadas permitindo uma utilizao mais eficiente dos materiais com relao s cargas que

    solicitam em uso os componentes e ainda, se possvel, eliminando passos na cadeia

    produtiva (SCHMOCKEL et al., 1999).

    Processos, que fazem uso de um meio flexvel de conformao de chapas e tubos, tal

    como um lquido, so conhecidos h muito tempo pelo potencial de conformar formas

    complexas, (SCHMOECKEL et al, 1999) Pode-se tambm reduzir a cadeia de processo e

    apresenta a vantagem de produzir peas de menor peso, quando comparado aos processos

    de conformaes tradicionais (ASNAFI; SKOGSGARDH, 2000).

    Como conseqncia destes fatores condicionantes do mundo atual e ainda do rpido

    desenvolvimento da informtica, de novos softwares, da mecnica fina e ainda com a rpida

    evoluo da tecnologia de controle, os processos de conformao em meio flexvel tem

    ganhado importncia (SCHMOECKEL et al, 1999) e uma aplicao crescente tem sido

    observada Dentre os processos que usam um meio flexvel para a conformao tem-se

    destacado a conformao hidrosttica de chapas e tubos. Neste tipo de conformao, um

    fluido, geralmente gua, a qual se mistura um agente anticorrosivo, usado como o meio de

    conformao. Estes processos so geralmente denominados na lngua inglesa por

    hydroforming ou conformao hidrosttica na lngua portuguesa. A conformao hidrosttica

    pode ser realizada em chapas, em um sanduche de chapas ou em tubos e ambos so

    conhecidos como processos de conformao hidrosttica interna a alta presso

    (SCHMOCKEL et al., 1999). O presente trabalho dedicar-se- ao estudo do processo de

    conformao hidrosttica de tubos, doravante abreviado por CHT, o qual denominado na

    lngua inglesa por tube hydroforming ou THF.

  • _____________________________________________________________________ 20

    O uso da CHT para a produo de peas vem assumindo grande relevncia e uma

    ampla variedade de aplicaes observada na indstria metal-mecnica.

    So exemplos de peas produzidas por este processo: juntas tubulares (ts, cotovelos,

    redues, etc.), metais sanitrios, peas automobilsticas tais como longarinas, colunas de

    carroceria, subestrutura para suporte do motor, eixo de comando de vlvulas, eixos do

    sistema de transmisso, carcaa, eixo da transmisso traseira, tubulao de escape do

    motor, etc. (Figura 1.1), (DOHRMANN; HARTL, 1997) e (DOHRMANN; HARTL, 2004).

    Figura 1.1 Exemplos de peas e subestruturas produzidas por conformao

    hidrosttica (DOHRMANN; HARTL, 1997) e (DOHRMANN; HARTL, 2004).

    Dentre as vantagens das peas conformadas hidrostaticamente, sejam tubulares ou

    conformadas a partir de chapas, podemos destacar:

  • _____________________________________________________________________ 21

    Geometrias complexas so possveis, requerendo assim menos peas

    constituintes em certos sistemas, podendo ainda reduzir os passos de

    fabricao (SCHMOCKEL et ali 1999);

    Menor custo de ferramental e reduo no nmero de operaes de

    conformao (DOHRMANN; HARTL, 1996).

    Menor peso das peas (SCHMOECKEL et al, 1999) Excelente utilizao

    do material. Sistemas que utilizam peas conformadas por presso

    hidrosttica podem apresentar redues de at 30% no peso quando

    comparados a sistemas de funes idnticas que utilizam peas

    estampadas comuns e unidas mediante junes por solda (LCKE et al.,

    2001). Ainda com relao a este aspecto peas podem, por exemplo, ser

    produzidas combinando-se aos de alta resistncia, as quais exibem

    menor peso e desempenho superior, quando em servio (DOHRMANN;

    HARTL, 1996).

    Eliminao de junes por solda (DOHRMANN; HARTL, 1996).

    Reduo do nmero de peas que compem certas subestruturas de

    veculos e ganhos significativos em logstica (LCKE et al., 2001).

    Resistncia mecnica superior e homognea do componente

    (SCHMOCKEL et al., 1999), devido produo de pea continua, sem

    junes de solda, eliminando-se tanto pontos de heterogeneidade

    metalrgica na estrutura do material nas regies soldadas, como pontos

    com concentraes de tenses e reduo de regies com tenses

    residuais de trao.

    Rigidez superior e excelente desempenho em testes de impacto

    (SCHMOCKEL et al., 1999) e em colises no caso de peas

    automobilsticas, permitindo maior eficincia das peas s solicitaes

    mecnicas de campo.

    Preciso geomtrica quanto forma e dimenses devido a uma pequena

    resilincia (SCHMOECKEL et al, 1999).

    Bom desempenho quanto corroso devido reduo do nmero de

    partes reunidas em junes soldadas, etc. (SCHMOECKEL et al, 1999).

  • _____________________________________________________________________ 22

    Possibilidade de integrar ferramenta de conformao hidrosttica

    outras operaes tal como o puncionamento(SCHMOECKEL et al,

    1999).

    Dentre as desvantagens podemos destacar (SCHMOCKEL et al., 1999):

    Tecnologia e equipamentos caros;

    Pouco conhecimento consolidado e poucos engenheiros com

    conhecimento e domnio da CHT.

    1.2 Objetivos deste Trabalho. A simulao do processo CHT via mtodo de elementos finitos tem sido de grande

    auxlio em seu desenvolvimento. Ela reduz o mtodo de tentativa e erro, e grandes ganhos

    de produtividade so auferidos desde o try-out da ferramenta e principalmente durante a

    produo das peas. Porm, o conhecimento consolidado pela realizao de simulaes e a

    comparao com resultados experimentais para a CHT so poucos na literatura. Isto ocorre

    devido ao alto custo do equipamento necessrio aos experimentos. O principal propsito

    deste trabalho foi desenvolver simultaneamente um procedimento de simulao de uma

    variante do processo CHT com o Software LS-DYNA e uma ferramenta de baixo custo que

    permita a realizao de experimentos em prensa comum e assim possibilite, a um baixo

    custo, a comparao dos resultados experimentais e simulados.

    Veremos tambm que a simulao pode ser utilizada no auxlio do projeto da

    ferramenta atravs do uso de seus resultados para determinar-se dimenses da pea, da

    ferramenta e estudar alternativas de projeto e geometria nos estgios iniciais de

    desenvolvimento das peas e das estruturas das quais faro parte. Construda a ferramenta,

    peas sero produzidas e as dimenses das peas experimentais e simuladas so

    comparadas, bem como os limites de deformao para o tubo escolhido. Cria-se assim um

    ambiente iterativo, onde a simulao (em um ambiente virtual) auxilia o projeto da ferramenta

    e reduz o tempo de desenvolvimento das peas e da ferramenta, reduzindo o uso do mtodo

    de tentativa e erro.

    Assim sendo, foi estabelecido como objetivo desenvolver uma ferramenta simples e

    barata atravs de um procedimento de desenvolvimento que utilize um ambiente virtual

    iterativo baseado em simulaes via mtodo de elementos finitos da CHT. Para validao

    deste procedimento, as peas reais (experimentais) produzidas por tal ferramenta devem ser

    comparadas com as peas simuladas (virtuais). Assim fica tambm validado o software

    comercial utilizado na simulao, os modelos tericos de material utilizados para representar

  • _____________________________________________________________________ 23

    o material do tubo e as propriedades determinadas para o material do tubo utilizadas na

    simulao.

    Foi estabelecido tambm que tal ferramenta fosse desenvolvida para uso em prensa

    comum e que esta permitisse a CHT por dois carregamentos distintos:

    A expanso hidrosttica de tubos somente por presso

    A expanso hidrosttica de tubos por presso e carga axial.

    Conforme estabelece o ttulo deste trabalho, uma contribuio compreenso do

    processo de conformao hidrosttica de tubos deve ser o resultado final. Assim,

    estabeleceu-se tambm que tal contribuio deveria abranger vrios outros parmetros que

    afetam o controle de processo de maneira que ao final do trabalho um conhecimento

    consolidado na forma de experimentos reais e sua comparao com estudos analticos e

    simulados tenham sido realizados, os resultados relatados, comparados e avaliados. Poucas

    e raras so as fontes que expem dados experimentais e virtuais obtidos pelos mtodos de

    simulao, compara-os, validando tanto o procedimento utilizado na simulao quanto o

    cdigo comercial utilizado nas simulaes.

    Assim o presente trabalho inicialmente revisar a modelagem analtica do processo

    CHT escolhida. A seguir a simulao e experimentao desta variante do processo CHT ser

    realizada, abordando os diversos parmetros que afetam o controle do processo e como os

    mesmos so considerados na simulao, sendo oferecido assim ao final do trabalho um

    conhecimento consolidado. Este auxiliar tanto na formao de mo de obra para esta rea

    de processo, quanto produzir os primeiros resultados consolidados que podero ser

    utilizados quer seja no projeto de peas que utilize o material aqui estudado, quer seja no

    projeto de ferramenta similar para pesquisa com novos materiais. Poder ainda ser utilizado

    para fins acadmicos de treinamento e iniciao de profissionais nesta rea.

    Finalizando, em resumo, os seguintes objetivos foram estabelecidos:

    Avaliar os modelos analticos existentes para a conformao hidrosttica de

    tubos.

    Projetar e construir ferramenta para realizar a expanso livre de tubos por dois

    carregamentos, somente por presso e por presso e fora axial.

    Construir uma ferramenta de maneira que a presso e a carga axial sejam

    geradas internamente e utilizem para a conformao uma prensa comum.

  • _____________________________________________________________________ 24

    Com a ferramenta desenvolvida determinar os limites de conformao para os

    dois carregamentos de um mesmo tubo e comparar os resultados.

    Estudar experimentalmente os limites da falha por flambagem e compar-los

    com dados descritos na literatura.

    Utilizando o software LS-Dyna, desenvolver simulao da expanso

    hidrosttica de tubos e comparar os resultados ao modelo analtico e com os

    resultados experimentais obtidos. Comparar perfil de espessuras, deformaes

    e se possvel comparar os caminhos de carregamento e os limites de

    conformao para um tubo selecionado.

    2 Reviso Bibliogrfica e a Modelagem Analtica da CHT.

    2.1 A Variante do Processo CHT Abordada neste Trabalho. Diversas so as variantes do processo CHT. As disposies das ferramentas e do

    blank que permitem diversas solues para a produo de peas podem ser encontradas no

    guia VDI (Verein Deutscher Ingenieure Associao dos Engenheiros Alemes) 3146,

    (SCHMOECKEL et al, 1999) Tais variantes deste processo surgiram durante sua evoluo

    histrica so classificadas de acordo com os estados de tenso e deformao ativos na zona

    de deformao. Na figura 2.1 esto reproduzidas tais variantes. Nela, as representaes

    esquemticas das variantes do processo de conformao hidrosttica de tubos ilustram o

    principio funcional. Nesta figura, as selagens das extremidades do tubo so ou por

    conteno pela prpria matriz, simbolizadas por quadrados, ou pela ao de punes,

    representadas por setas. A parte esquerda de cada figura mostra a condio inicial,

    enquanto a parte direita mostra a condio acabada.

    Para a produo de componentes complexos diversas destas variantes so

    combinadas. Indubitavelmente as variantes mais usadas, so (SCHMOCKEL et al., 1999):

    Expanso a Alta Presso Interna em Matriz Fechada seguida da

    Calibrao a Alta Presso Interna e;

    Expanso e Recalque a Alta Presso Interna em Matriz Fechada, com

    punes alimentando ativamente material a zona de deformao.

    O potencial de expanso do tubo seja para a variante de expanso e recalque em

    matriz fechada ou em matriz aberta limitado pelos modos de falhas. Trs so os modos de

    falha do tubo que podem ocorrer para estas variantes: flambagem, enrugamento e ruptura.

  • _____________________________________________________________________ 25

    Alm destes fatores limitantes, as variantes de processo apresentam condies diferentes

    com relao ao coeficiente de atrito entre o tubo e as matrizes.

    Figura 2.1: Variantes da CHT a alta presso interna (VDI 3146, 1999).

    (SCHMOECKEL et al, 1999).

    Figura 2.2: Suscetibilidade das variantes de conformao ao atrito e a falhas (DOHRMANN; HARTL, 1996).

    Na figura 2.2, duas variantes so apresentadas para a produo de uma mesma pea

    e o quadro mostrado indica qual o modo de falha a que cada variante mais suscetvel e

  • _____________________________________________________________________ 26

    mostra ainda como o atrito vai afetar diferentemente cada processo. Com relao ao atrito

    para a CHT em matriz aberta, no se aplica definir a suscetibilidade, pois no h movimento

    relativo entre a pea e a matriz. No presente trabalho, dado a inexistncia nos laboratrios

    da Escola Politcnica, dos sofisticados equipamentos que permitam o controle da aplicao

    da presso, sincronizada ao deslocamento axial por punes em matriz fechada, a variante

    de recalque e expanso interna a alta presso em matriz aberta foi escolhida para ser

    desenvolvida e estudada; (ver figura 2.3). Uma vantagem desta variante est na facilidade

    de utilizar-se uma prensa comum para a execuo da conformao, prensa esta, existente

    na Escola Politcnica e mostrada na figura 5.3.

    Alguns trabalhos na literatura se dedicaram a este processo e um deles foi selecionado

    (LIANFA; CHENG, 2006) para nortear a construo do ferramental. Na figura 2.3 est

    mostrado uma vista em corte da ferramenta utilizada na referncia (LIANFA; CHENG, 2006).

    Nela os autores reportam sucesso sendo um tubo expandido livremente em duas condies

    de atrito e duas condies de carregamento, ou seja, atravs somente da ao da presso

    interna, e da presso interna, simultaneamente a aplicao da carga axial. Podemos

    constatar que nesta ferramenta no h fonte externa de presso, sendo a presso gerada

    pela ao do puno interno.

    O grande desafio da construo desta ferramenta se deve ao fato de que o controle do

    processo ser definido nica e exclusivamente pelas relaes geomtricas do tubo e do

    puno interno da ferramenta. Outro desafio desta ferramenta, j descrito na figura 2.2 sua

    suscetibilidade a falha por flambagem, devendo este aspecto ser tambm explorado durante

    o trabalho.

    (a) (b)

    Figura 2.3: Esquema de ferramenta para expanso livre de tubos por presso e carga axial (LIANFA; CHENG, 2006).

  • _____________________________________________________________________ 27

    Outro aspecto importante com relao a esta variante do processo a ser estudado e

    explorado neste trabalho diz respeito sensibilidade da conformao aos parmetros de

    carregamento. No item 2.3, veremos que para diferentes peas, os diferentes processos de

    conformao de cada uma diferem entre si no que diz respeito a qual parmetro, a presso

    ou o deslocamento o mais sensvel e predominante no controle durante a conformao.

    Veremos que para certo tipo de pea o controle da presso predominante, para

    outras, o controle do deslocamento ou da fora axial ser predominante.

    No item 2.3 veremos que as peas que exijam um controle dominante da presso, so

    as mais desafiadoras e so aquelas que requerem maior esforo e conhecimento para a sua

    produo. So estas peas que requereram maior esforo analtico e se este no for

    possvel, maior esforo de simulao via Mtodo de Elementos Finitos (FEM) ser

    necessrio. Veremos ainda que, em processos onde o controle dominante da presso

    necessrio, h um estgio denominado deformao livre. Neste estgio, a expanso do tubo

    se d livremente, antes que o contato com a superfcie da ferramenta se estabelea o que

    pode levar regies instabilidade plstica ocasionando a falha prematura da pea.

    2.2 O Controle de Processo na Conformao Hidrosttica de Tubos. No processo CHT, utilizado um blank tubular reto ou pr-conformado, (via flexo,

    dobramento ou conformao). Ele conformado em uma cavidade de uma matriz aberta ou

    fechada mediante a aplicao simultnea de presso e carga axial e em alguns casos,

    mediante a aplicao somente de presso.

    O processo CHT, uma tecnologia jovem (DOHRMANN; HARTL, 1996) e o

    conhecimento consolidado ainda limitado. Ela foi utilizada tardiamente no sculo passado e

    somente para o dobramento de tubos especiais (SCHMOECKEL et al, 1999) Sua utilizao

    se deu sempre para peas complexas, difceis ou impossveis de se produzir pela

    estampagem tradicional. Devido ao equipamento complexo necessrio a esta tecnologia, por

    um grande tempo, suas aplicaes se resumiram a estas peas complexas. Somente

    quando foi possvel atender certos requisitos adequadamente, tais como tolerncias e

    repetibilidade, o que ocorreu a partir dos anos sessenta do sculo passado, esta tecnologia

    comeou a ser utilizada em produo seriada, em particular para a produo de conexes

    utilizadas em instalaes hidrulicas residenciais. Com exceo dos coletores de admisso e

    escape que eram peas fundidas e foram substitudos por peas conformadas pelo processo

    CHT j h algum tempo, s na ltima dcada do sculo XX que se observou um aumento

  • _____________________________________________________________________ 28

    da aplicao deste processo na produo seriada das outras peas como acima

    mencionadas. A razo deste tardio desenvolvimento se deveu a complexa tecnologia

    requerida para o controle do processo.

    O requisito bsico nesta tecnologia o controle de processo, ou seja, o conhecimento

    e domnio da correlao entre diversos fatores durante o desenrolar da conformao.

    Podemos listar os seguintes fatores: a evoluo temporal simultnea da presso e do

    deslocamento axial (ou da carga axial), os parmetros de construo da ferramenta, os

    parmetros do tubo (material e dimensional), os parmetros da variante do processo

    escolhida, os limites impostos pelos tipos de falhas, etc. O conhecimento da correlao entre

    estes diversos fatores permite obter-se o controle do processo para a produo seriada de

    peas. O conhecimento de como se produzir uma pea pode ser considerado como

    consolidado quando se produz uma pea seriadamente com sucesso, atendendo as

    especificaes dimensionais e estruturais da pea, obtendo assim pleno domnio de todos os

    parmetros envolvidos.

    A produo de peas no processo CHT ocorre pela ao combinada de presso e

    carga axial ou somente pela ao da presso Figura 2.4. O principio de conformao por

    trs do processo CHT para aplicao simultnea de presso e carga axial envolve

    inicialmente o tubo alinhado com a superfcie interna da matriz que o enclausura.

    Figura 2.4: Principio da conformao hidrosttica de tubos por presso interna e por presso e carga axial.

  • _____________________________________________________________________ 29

    Na aplicao da fora ou do deslocamento axial a grandeza de controle pode ser a

    prpria fora ou o mais usual, o deslocamento axial aplicado por punes (conformao em

    matriz fechada), ou pelas matrizes nas extremidades do tubo (conformao em matriz

    aberta). O mesmo tipo de controle deve ser exercido simultaneamente sobre a presso. O

    estabelecimento da correta dosagem de ambos ao longo da conformao essencial para o

    sucesso da produo de peas que atendam as especificaes inicialmente estabelecidas.

    Estas seqncias so nicas e diferentes a cada geometria de pea, material do tubo,

    condies da matriz, etc. Dependendo da forma geomtrica a ser obtida, podem ser

    altamente complexas e envolvem uma quantidade parmetros do tubo, da ferramenta, da

    variante de processo, todos interagindo a fim de conformar a pea sem defeitos e com a

    geometria desejada. Assim para se ter o controle da CHT de suma importncia obter-se a

    relao da presso e do deslocamento, ou os assim denominados Caminhos de

    Carregamento.

    Vrias so as formas para se determinar a relao da presso e da fora ou o

    deslocamento axial a ser aplicado. Nos estgios iniciais de desenvolvimento desta

    tecnologia, a determinao experimental dos caminhos de carregamento foi largamente

    utilizada. Em tal procedimento sempre h o perigo ou da pea falhar prematuramente ou ao

    final da conformao, a pea apresentar geometria incorreta devido a parmetros de

    processo incorretos. Ocorria geralmente um processo demorado e custoso de tentativa e

    erro. Isto impediu sua aplicao produo seriada, e como j dito, ficando restrito a peas

    complexas impossveis de se produzir pelas tcnicas de estampagem tradicionais. Meios

    mais refinados surgiram e passaram a ser utilizados para a determinao dos caminhos de

    carregamento tal como a simulao pelo mtodo de elementos finitos.

    Diversos podem ser os caminhos de carregamento que levam a aparentemente uma

    pea boa. Mas quando nos propomos a tarefa de obter tais caminhos precisamos saber

    como avaliar o resultado de uma CHT.

    O resultado de uma conformao hidrosttica pode ser avaliado por 2 critrios

    (DOHRMANN; HARTL, 1996):

    A qualidade do contato da pea com a ferramenta ao final do processo e

    A distribuio das espessuras.

    O objetivo obter-se um caminho de carregamento, que aliado ao conhecimento dos

    outros fatores permita o controle do processo. Assim por decorrncia deve ser objetivo do

    controle do processo obter o maior contato possvel entre a parede expandida do tubo e a

  • _____________________________________________________________________ 30

    superfcie interna da matriz no final do processo e ao mesmo tempo mantendo uma

    distribuio de espessura especificada e logicamente isento de falhas. Enquanto o contato

    com a ferramenta pode ser geralmente alcanado atravs da aplicao de uma presso

    interna suficientemente alta ao final da operao, o volume do tubo requerido para manter a

    parede inicial do tubo no pode ser mantido. Isto significa que uma espessura varivel e sua

    reduo em relao espessura inicial so inevitveis (DOHRMANN; HARTL, 1996). A

    razo disto est na mudana de forma experimentada pelo tubo durante o processo de

    expanso at ele vir a entrar em contato com a superfcie da matriz, ou durante o assim

    denominado estgio de expanso livre. Na figura 2.5 (DOHRMANN; HARTL, 1996), os

    diferentes parmetros que influenciam no controle do processo esto ilustrados. Vemos que

    o controle de processo o grande elo, o qual correlaciona os diferentes parmetros e

    atravs do qual se consolida o conhecimento do processo. Todos estes fatores devem ser

    levados em conta ao projetar-se uma pea e desenvolver seu processo para a conformao

    hidrosttica. Para produzi-la deveremos avaliar cada item e ao final ao produzi-la com

    sucesso, o conhecimento para faz-lo estar consolidado no controle de processo utilizado.

    Assim no presente trabalho os diferentes fatores que influem no controle de processo sero

    examinados e discutidos e aplicados em experimentos, em simulaes e em anlises

    tericas sendo os resultados comparados.

    Figura 2.5: Parmetros que influenciam no controle do processo

    (DOHRMANN; HARTL, 1996).

    Finalmente ainda relacionado ao controle do processo, veremos que alm de definir um

    caminho de carregamento, necessrio ter-se noo da janela de processo ou da rea de

    trabalho permitida num diagrama presso x deslocamento axial ou presso x carga axial.

    Veremos que para uma determinada pea a ser produzida de um determinado tubo tal janela

  • _____________________________________________________________________ 31

    pode ser determinada analiticamente e delimitada pelos modos de falha que podem surgir

    durante uma CHT e dependem dos parmetros de controle.

    2.3 Os Modos de Falha e os Parmetros de Controle. Se os processos CHT anteriormente descritos devem ser utilizados, ento eles devem

    ser capazes de produzirem peas sem defeitos. Isto, porm s possvel dentro de um faixa

    limitada de processo, cuja extenso condicionada pelos parmetros do tubo, das

    ferramentas, do equipamento disponvel, das condies de atrito pea/ferramenta, etc.

    Com a determinao experimental dos dados de processo, largamente utilizado nos

    estgios iniciais de desenvolvimento desta tecnologia, h o perigo ou da pea falhar

    prematuramente ou ao final da conformao a pea apresentar geometria incorreta devido a

    parmetros de processo incorretos. Controle individualizado das grandezas e a

    disponibilidade de um equipamento que corresponda a estes requisitos ou um conhecimento

    analtico e de simulao virtual que auxilie o projeto da pea e a construo da ferramenta

    so de suma importncia para aplicao desta tecnologia.

    A tarefa do controle do processo em uma conformao hidrosttica de uma

    determinada pea :

    Evitar que qualquer falha ocorra ao longo do processo

    Assegurar que a parede do tubo esteja em contato com a parede interna da

    ferramenta em sua rea total, e ao mesmo tempo garanta a espessura

    especificada e o mais uniforme possvel.

    Obter esta soluo requer conhecimento da influncia dos parmetros do tubo, da

    ferramenta, das condies de atrito, etc. no resultado da conformao. Enfim todos os

    fatores delineados na figura 2.5 devem ser conhecidos e avaliados para o sucesso da

    conformao e sero abordados no decorrer deste captulo.

    O potencial do processo de expanso para conformar peas que ao final sejam

    aprovadas quanto s dimenses e espessuras projetadas est limitado pelos seguintes

    modos de falha (figura 2.6) (ASNAFI, 1999), (KO; ALTAN, 2002):

    Flambagem Global;

    Ruptura;

    Enrugamento ou flambagem local;

  • _____________________________________________________________________ 32

    Flambagem Global: O risco da flambagem global grande no inicio do processo de

    conformao hidrosttica, particularmente se a CHT necessita de deslocamento axial. Se a

    flambagem ocorre, impossvel continuar o processo de conformao hidrosttica (KO;

    ANTAN, 2002). Basicamente, a flambagem um fenmeno de instabilidade que ocorre

    devido a cargas axiais excessivas e geralmente ocorre nos estgios iniciais da deformao.

    uma indicao de que h excesso de carga axial aplicada naquele instante da

    conformao em questo, para as suas propriedades instantneas sejam geomtricas, do

    material e da condio da matriz. As propriedades geomtricas so: o comprimento, a

    espessura e o dimetro do tubo. As propriedades mecnicas: o coeficiente de encruamento

    n, a constante de resistncia K, o modulo tangente Et, etc.

    Figura 2.6: Principais defeitos de peas conformadas por presso hidrosttica.

    A carga axial mxima permitida no inicio do processo pode ser estimada em termos

    tericos. O perigo da flambagem, contudo deve ser controlado alm do inicio da operao,

    durante todo a estgio de expanso livre. O controle do processo deve assegurar que a

    reduo do comprimento livre, decorrente da compresso deve ser acompanhada por um

    rpido aumento do modulo da seco por todo no comprimento da pea, onde for possvel

    (KO; ALTAN, 2002).

    Enrugamento ou Flambagem Local: praticamente impossvel evitar rugas na regio

    de deformao livre. Essas rugas que so simtricas em relao eixo longitudinal podem ser

    eliminadas por um aumento da presso interna no final do processo de expanso. Contudo

    rugas adicionais podem ocorrer no centro da pea, mesmo em matrizes para tubos de

    grande dimetro, devido a uma carga axial excessiva. A formao destas rugas pode ser

  • _____________________________________________________________________ 33

    evitada atravs de um controle de processo adequado, da dosagem correta de presso e

    carga axial.

    Ruptura: H o perigo de ruptura se expanses medianas foram alcanadas em

    conseqncia de uma presso interna excessivamente elevada. O processo de ruptura

    iniciado por uma estrico local (KO; ALTAN, 2001); o inicio da estrico funo

    principalmente da espessura inicial da parede do tubo e do estado inicial de encruamento do

    material (KO; ALTAN, 2001). Esses processos geralmente tm uma forma caracterstica

    intermediaria, associadas a eles (na forma de uma protuberncia cncava localizada) e

    ocorre durante a expanso livre, antes da superfcie da pea entrar em contato com a

    superfcie da matriz. O desenvolvimento desta forma intermediaria como ser detalhada a

    frente, pode ser influenciado pelo controle do processo. Para evitar o perigo de ruptura deve-

    se assegurar que a parede do tubo esteja apoiada na superfcie da matriz antes que se inicie

    a estrico.

    Assim, em relao ao controle do processo, os diferentes tipos de falha podem ser

    resumidos:

    Aqueles que no so afetados pelo controle do processo, como:

    Flambagem devido a um tubo excessivamente longo e uma distncia

    curta do guiamento na matriz;

    Ruptura com uma relao excessivamente grande da expanso,

    Aquelas que podem ser evitadas com o controle adequado do processo, como:

    Flambagem no curso do processo,

    Desenvolvimento de rugas,

    Ruptura durante a expanso livre por atingir nesta fase a mxima relao

    da expanso.

    No desenvolvimento analtico do processo CHT, no item 2.5, os conceitos de caminho

    de carregamento, regio de trabalho, etc. sero equacionados e relacionados aos

    parmetros de controle. Antes disto cabe discutirmos a sensibilidade dos processos CHT

    quanto aos parmetros de carregamento presso e carga axial.

    2.4 Uma Classificao dos Processos de Conformao Hidrosttica de Tubos. Vrios podem ser os critrios de classificao dos processos CHT. Geralmente os

    processos CHT so classificados baseados na geometria ou no modo de falha (GAO et al.,

  • _____________________________________________________________________ 34

    2002). Uma classificao dos processos CHT mais adequada ao assunto deste trabalho

    feita baseada na sensibilidade aos parmetros de carregamento no controle da CHT,

    notadamente a presso e a fora ou o deslocamento axial.

    Devido natureza complexa da deformao plstica que ocorre num processo CHT,

    meios analticos e numricos tem sido utilizado para prever a conformao hidrosttica de

    peas diversas e projetar as ferramentas e blanks. A ferramenta mais usada na anlise dos

    processos de conformao hidrosttica de tubos tem sido o mtodo de elementos finitos

    (MEF). Sua aplicao sempre visa diminuir o ciclo de projeto e reduzir o custo do ferramental

    e reduzir o nmero de prottipos. Tal procedimento minimiza o uso do mtodo de tentativa e

    erro e grandes ganhos de produtividade so auferidos desde o try-out da ferramenta e

    principalmente durante a produo das peas. De todos os parmetros de processo, os

    considerados mais importantes so os chamados parmetros de controle do carregamento.

    Como j descrito, a relao destes dois parmetros com o tempo denominada caminho de

    carregamento ou histrico de carregamento (GAO et al., 2002). Comparado com o processo

    tradicional de estampagem, a CHT mais difcil de controlar e consequentemente de

    simular. Em muitas peas, o caminho de carregamento determinado em um mtodo de

    tentativa e erro e a simulao neste caso pode consumir um tempo razovel, muitas vezes

    pouco ajudando na reduo do ciclo de projeto. Assim estabelecer uma classificao dos

    processos quanto sensibilidade aos parmetros de controle do carregamento de suma

    importncia para reduzir os ciclos de projeto e de grande auxilio sobre qual parmetro o

    projetista do processo deve focalizar. Ter em mente, a qual parmetro de carregamento uma

    determinada pea mais sensvel de suma importncia no estabelecimento de um

    determinado caminho de carregamento com auxilio do mtodo de elementos finitos. Com um

    caminho de carregamento adequado, assegura-se uma pea sem rugas, rupturas e com

    menores variaes de espessuras.

    Assim a seguir uma classificao baseada na sensibilidade aos parmetros de

    carregamento apresentada. Estes parmetros tm papel decisivo nos modos de falha, isto

    , a ruptura do tubo est principalmente relacionada pressurizao excessiva e o

    enrugamento est principalmente associado a uma carga ou deslocamento axial excessivos.

    Uma classificao baseada na sensibilidade a estes parmetros poder dizer inicialmente a

    qual parmetro mais importante. Em outras palavras, a qual ou quais carregamentos deve-

    se ater o projetista durante as simulaes via MEF.

    Ao invs do deslocamento axial do tubo (aplicao de um deslocamento e controle

    tambm por deslocamento), uma fora axial pode ser usada como o parmetro de

  • _____________________________________________________________________ 35

    carregamento e controle, com efeito idntico: alimentar tubo a regio em deformao. Mas

    no caso de surgimento de rugas, a tarefa de ajustar a fora a fim de eliminar uma ruga

    muito mais difcil que ajustar um deslocamento. A razo disto que uma quantidade de

    deslocamento axial est mais diretamente relacionada deformao global e a um

    fenmeno de enrugamento e assim o parmetro importante de carregamento a ser

    controlado (GAO et al., 2002).

    Genericamente falando, a conformao hidrosttica de tubos, de acordo com a

    sensibilidade a deslocamento axial e pressurizao interna pode ser classificada em quatro

    grupos (GAO et al., 2002):

    Com a presso como parmetro de controle;

    Com a presso como parmetro de controle dominante;

    Com o deslocamento axial como parmetro de controle dominante;

    Com o deslocamento como parmetro de controle.

    Esta uma classificao bsica, o que significa que uma determinada pea pode ter

    trechos pertencendo a uma classe e outro a outra classe. A seguir, exemplos de cada

    categoria sero apresentados para que se compreendam as caractersticas de cada grupo e

    que esta compreenso fornea a capacitao para manejar as simulaes e o controle

    prtico da conformao hidrosttica de peas complexas onde uma ou mais classes so

    encontradas.

    2.4.1 A Presso como Parmetro de Controle.

    Processos de conformao hidrosttica que no necessitam deslocamento axial, que

    necessitam um pequeno aumento no dimetro ou que necessitem de um deslocamento

    pequeno so includos nesta categoria (peas com muitas curvas, bcios ao longo do tubo,

    p.ex., um eixo comando de vlvulas). A relao de expanso relativamente pequena

    (menor 25%) para permitir uma reduo de espessura mxima aceitvel sem necessitar de

    deslocamento axial. Nestes casos, os dois parmetros de carregamento se reduzem a um,

    no caso a presso. J que no h deslocamento axial ou ela pequena, o risco do

    aparecimento de rugas pequeno. Por outro lado o risco de vazamentos grande,

    especialmente no caso de deslocamento axial zero devido a uma grande tenso axial de

    trao tentando puxar o tubo, separando-o do puno axial e comprometendo a vedao.

    Esse fenmeno pode tambm ser chamado de auto-alimentaro. Assim para esta classe de

    peas o maior problema a ser gerenciado manter uma boa selagem, o que pode ser

    resolvido pelo mecanismo de selagem da figura 2.7 (a), ou 2.7 (b). Como a presso o nico

  • _____________________________________________________________________ 36

    parmetro de carregamento, ento o modo de falha com o qual devemos nos preocupar a

    ruptura do tubo. Ela depende mais dos parmetros relacionados ao material, suas

    propriedades tais como os limites de conformao e as propriedades geomtricas como a

    espessura, o dimetro do tubo e ainda as condies de atrito e a forma do blank. Neste caso

    o caminho de carregamento tem importncia secundaria quando comparado com as outras

    classes.

    Figura 2.7: Mecanismos de selagem para evitar vazamentos em processos gerenciados pela presso (GAO et al., 2002).

    O caminho de carregamento facilmente determinado, baseado na formulao

    analtica apresentada neste trabalho e pode ser confirmada via simulao sem muitos

    transtornos. No caso do aparecimento de uma falha, aes tais como modificar o projeto da

    ferramenta, selecionar um novo tubo com melhor conformabilidade, aperfeioar-se a pr-

    forma ou simplesmente modificar a espessura e o dimetro do tubo, podero resolver o

    problema e no mudanas na curva de aplicao da presso. Na figura 2.8 apresentado

    um exemplo de pea desta classe.

    Figura 2.8: Exemplo de pea com a presso como parmetro de controle

    (GAO et al., 2002).

  • _____________________________________________________________________ 37

    2.4.2 A Presso como Parmetro Dominante.

    As peas deste grupo tm uma expanso maior que aquela do primeiro grupo (>25%) e

    assim necessitam de deslocamento axial para o sucesso da expanso. Como um grande

    deslocamento axial necessrio, h o risco de enrugamento e flambagem. Por outro lado,

    devido presena de uma grande razo de expanso, a deformao pode exceder o ponto

    de instabilidade da presso e uma expanso drstica (instabilidade) pode ocorrer sem

    aumentar a presso e assim o risco de ruptura grande. E mais, esta expanso rpida pode

    puxar o tubo rapidamente (auto-alimentao) o que pode levar o outro problema que a

    falha da vedao. Apesar das peas neste grupo parecerem simples (so simtricas, mas

    com uma grande razo de expanso), elas esto entre as mais difceis de conformar. A

    figura 2.9 mostra exemplos de falhas desta classe de peas. Na figura 2.9 (a), podemos ver

    uma grande ruga desenvolvida devido aplicao de um deslocamento axial excessivo

    relativo pressurizao. Na figura 2.9 (b) podemos ver uma reduo excessiva na

    espessura, estrico, devido a uma pressurizao excessiva, comparado a deslocamento

    axial. Dos dois parmetros de carregamento, presso e deslocamento axial, a presso

    mais importante que a deslocamento axial nesse grupo devido aos seguintes fatores:

    Uma quantidade maior de deformao expansora obtida devido

    pressurizao, enquanto a deslocamento axial do tubo pode auxiliar na conformao da

    pea pelo acmulo de material adicional na rea de expanso na forma de rugas

    removveis. Assim, rugas removveis produzidas na fase de expanso livre e possvel de

    serem eliminadas na etapa de calibrao. Elas so bem vindas nesta classe de peas;

    A expanso drstica que pode levar os vazamentos, (pois ocorre na verdade

    uma auto-alimentao), aps atingir o ponto de instabilidade, evitada com o controle da

    presso e assim ela a grandeza mais importante que tem que ser gerenciada para este

    grupo de peas;

    Alta presso tem que ser aplicada para remover as rugas boas criadas no

    estgio de deformao livre e calibrar a pea para as dimenses e geometrias

    requeridas.

  • _____________________________________________________________________ 38

    Figura 2.9: Dois modos de falha de peas simtricas (GAO et al., 2002).

    Outro exemplo interessante deste grupo de peas aquele mostrado na figura 2.10(a)

    onde um tubo pr-curvado deve ser expandido conforme a matriz mostrada. No importa

    quanto de deslocamento axial se aplique, a reduo na parede inevitvel.

    Figura 2.10: Modos de falha em peas pr-curvadas e uma soluo para evit-las.

    (GAO et al., 2002).

    No ponto A mostrado na figura 2.10(a) a reduo excessiva apareceu devido a

    deslocamento insuficiente, j no ponto B e ao mesmo tempo, devido a deslocamento

  • _____________________________________________________________________ 39

    excessivo, surgiu uma ruga. No entanto, a falha que ocorre no ponto B ruptura, pois ao se

    tentar remover a ruga aumentando a presso, a regio B no suporta a presso e a ruptura

    ocorre, ou seja, a ruptura ocorre antes que se consiga eliminar a ruga. A soluo deste

    problema ilustra, o quanto necessrio estar aberto a outras solues que no a de se

    encontrar uma curva, presso-deslocamento axial adequada. Na figura 2.10 (b) esta

    mostrada uma soluo, ou seja, modificar-se o raio de curvatura do tubo (blank), dentro dos

    limites impostos pela matriz. Quanto obteno de uma curva otimizada presso

    deslocamento axial, pode-se aplicar neste grupo de peas um mtodo de otimizao o qual

    ser descrito no presente trabalho.

    2.4.3 O Deslocamento Axial como Parmetro Dominante.

    O processo dessa classe de peas envolve a expanso de pequenas reas na

    superfcie do tubo e praticamente auto-alimentao axial nula. Isso no significa que a

    deslocamento axial no seja importante. Para algumas peas, a quantidade de

    deslocamento axial pode ser grande, comparado com a rea a ser expandida e essencial

    para o sucesso da conformao. Exemplos tpicos desta classe de peas so junes do tipo

    T, X e Y. O que diferencia esta pea em relao s peas com a presso como parmetro

    dominante, que no s grandes alimentaes axiais so permitidas, mas so necessrias e

    mesmo assim pequeno risco de enrugamento devido aos seguintes fatores:

    O enrugamento mais fcil de ocorrer globalmente em toda a circunferncia de

    uma rea no suportada lateralmente (como no caso da pea da figura 2.9), do que em

    apenas uma parte da circunferncia, como no caso das junes mencionadas (ver a

    figura 2.11). Nestas junes, parte da circunferncia do tubo suportada lateralmente

    pela matriz, dificultando o surgimento de rugas.

    Assumindo a linha de centro do tubo como referncia, rugas cncavas so mais

    fceis de ocorrer do que rugas convexas. Rugas cncavas aumentam o raio do tubo

    localmente, e a presso atua no sentido de aument-las; J as rugas convexas diminuem

    o raio do tubo e a presso atua no sentido de elimin-las ou mesmo de impedir seu

    aparecimento ou continuar a progresso, uma vez iniciadas. As rugas, que geralmente

    aparecem na classe de peas com o deslocamento axial como parmetro principal, so

    geralmente convexas e por terem a presso atuando no sentido de elimin-las, so mais

    difcil de iniciarem e de se manterem.

  • _____________________________________________________________________ 40

    2.4.4 O Deslocamento Axial como Parmetro de Controle.

    O meio comumente usado na conformao hidrosttica de tubos a gua. A

    compressibilidade da gua relativamente baixa com um modulo volumtrico de 2,2 GPa.

    Isto significa que um decrscimo de 2% no volume gerar uma presso de 44 MPa o que

    uma presso relativamente alta para uma pea com a forma de Y da figura 2.11 ( a presso

    de calibrao pode ser maior, dependendo das propriedades do material e da geometria da

    pea). Se o volume interno do tubo decresce relativamente mais que esta frao, ento,

    durante o processo de conformao a gua no esta fluindo para dentro do tubo, mas ao

    invs, expulsa para fora do tubo em conformao (GAO et al., 2002). Isso significa que

    durante o processo de conformao desta pea, o sistema de alta presso serve apenas

    como uma reserva de suprimento de liquido pressurizado, o qual pode ser eliminado,

    conforme a presso necessria pode ser gerada pelo deslocamento axial. Assim este

    processo pode ser adequadamente identificado como uma conformao hidrosttica com o

    deslocamento axial como parmetro de controle. Esse processo promissor porque no

    necessita de um sistema de bombeamento de alto desempenho.

    Figura 2.11: Efeito da presso na conformao de uma junta T (GAO et al., 2002).

    A maioria das peas neste grupo experimenta uma reduo grande do volume interno

    durante a conformao. O deslocamento axial neste processo est diretamente acoplado a

    pressurizao. Se no houver deslocamento axial, no haver pressurizao. Essa natureza

    da pressurizao reduz consideravelmente o risco de vazamentos. Como o objetivo

    maximizar a deslocamento axial neste tipo de processo, uma parte da gua deve ser

    liberada, do contrario a presso subira to rapidamente, que o processo se tornara dominado

    pela presso e uma falha prematura pode ocorrer antes que a forma desejada seja

  • _____________________________________________________________________ 41

    produzida. A gua pode ento, ser eliminada mediante a montagem de uma vlvula

    reguladora de presso ao puno de deslocamento axial. Para facilitar, uma presso

    constante pode ser regulada por esta vlvula. De fato, como afirmado em alguns trabalhos

    (GAO et al., 2002), no caminho de carregamento para este tipo de processo, a aplicao de

    uma presso constante tem se mostrado melhor que aqueles em que os sistemas aplicam

    uma presso linearmente crescente simultnea a deslocamento axial. Do ponto de vista do

    caminho de carregamento, no importa se a presso fornecida por um sistema de

    pressurizao ou por um sistema passivo e interno. Quanto mais repetitivo for o histrico,

    mais repetitivo ser o resultado. Assim a discusso das caractersticas boas para esta

    categoria de processo semelhante a aquela para os histricos de carregamento onde a

    deslocamento axial o principal parmetro de controle. A grande diferena est no fato de a

    presso ser gerada pelo deslocamento axial. Desde que um caminho de carregamento

    relativamente fcil de ser encontrada, uma quantidade menor de simulaes necessria

    para esta classe de processos.

    2.5 Modelagem Analtica da Conformao Hidrosttica de Tubos.

    2.5.1 A Faixa de Trabalho e Caminhos de Carregamento.

    Para desenvolvimento deste tpico adotaremos o processo de conformao hidrosttica em

    matriz fechada e tal abordagem tambm se aplica a CHT em matriz aberta objeto dos

    experimentos e simulaes realizados a frente. O princpio da conformao em matriz

    fechada est mostrado na figura 2.12 (DOHRMANN; HARTL, 2004). O tubo geralmente

    posicionado horizontalmente na ferramenta. A seguir a ferramenta se fecha e os punes

    selam e preenchem o tubo com uma emulso de gua e algum produto solvel que previne a

    oxidao das superfcies metlicas, sendo utilizado normalmente o etilenoglicol (com

    concentrao de 5%) (ASNAFI, 1999).

    A seguir o tubo ento forado a deformar-se e adotar o contorno interno da

    ferramenta atravs da aplicao de presso e carga ou deslocamento axial.

    Em algumas situaes possvel conformar-se a pea somente pela aplicao da

    presso. Neste caso a carga axial deve ser suficiente apenas para selar o tubo e evitar

    vazamentos. Porm, h peas em que necessrio o deslocamento de tubo para a zona de

    deformao e assim a carga axial deve ser grande o suficiente para selar, vencer o atrito nas

    paredes e alimentar tubo para a zona de deformao. Nestes casos as peas so

    conformadas devido aos dois esforos, a presso interna e a carga axial.

  • _____________________________________________________________________ 42

    Figura 2.12: O princpio da conformao hidrosttica de tubos em matriz fechada (DOHRMANN; HARTL, 2004).

    A operao de conformao hidrosttica pode ser ou controlada por fora; a presso e

    a fora axial esto inter-relacionadas e so as grandezas que se deve controlar; ou

    controlada por deslocamento, sendo neste caso a presso e o deslocamento axial as

    grandezas inter-relacionadas e que devem ser controladas. Assim as modelagens analticas

    aqui desenvolvidas focam na inter-relao da presso e a fora axial e/ou a presso e o

    deslocamento axial. Alm do controle destas grandezas outros parmetros devem ser

    conhecidos e definidos para cada pea que se deseja produzir.

    Como visto no item 2.3 vrios defeitos limitam a conformao hidrosttica e para cada

    pea h uma janela de processo. Tal janela de processo deriva de grfico construdo no

    plano de presso-deslocamento ou presso-fora e como conveno este grfico de agora

    em diante se referido como diagrama de conformao hidrosttica. Na figura 2.13

    (DOHRMANN; HARTL, 1996) est mostrada uma janela tpica, um diagrama de conformao

    hidrosttica. Nesta figura todos os limites de expanso hidrosttica esto mostrados e

    podem ser determinados analiticamente. Primeiramente, podemos ver as linhas a, b e c, as

    quais so os limites impostos pelos tipos de falhas, respectivamente a flambagem, o

    enrugamento e a ruptura.

  • _____________________________________________________________________ 43

    Uma descrio de cada linha mostrada pode assim ser feita:

    Linha a a linha limite a flambagem global ou simplesmente flambagem. Se

    ultrapassada, o tubo flambar e a pea estar perdida. A construo desta linha

    ser descrita no item 2.6;

    Linha b a linha que define a flambagem local ou simplesmente o

    enrugamento. A construo desta linha tambm ser descrita no item 2.6.

    Linha c a linha que define o limite a ruptura quando o tubo est em

    deformao livre. A caracterizao da deformao livre ser feita em detalhe

    frente. A construo desta curva ser descrita no item 2.7.

    Linha d - um caminho ou um histrico de carregamento calculado, o qual, por

    estar dentro da janela de processo, se for seguido durante uma conformao

    hidrosttica, uma pea aprovada ser produzida. A construo desta curva ser

    descrita no item 2.7.

    Linha e a linha que ser seguida pela pea durante o estgio de calibrao

    e est representada de forma tracejada, para enfatizar que s ser possvel a

    calibrao se o tubo sobreviver ao estgio de deformao livre. Esta linha no

    ser estabelecida analiticamente neste trabalho. Ela ser conhecida apenas a

    partir dos resultados das simulaes e dos ensaios experimentais.

    Linha f - a linha que delimita o fim da elasticidade do tubo e o inicio da

    plasticidade, ou seja, o limite de inicio do escoamento do tubo. Abaixo desta

    linha, as deformaes so elsticas, acima dela, sero uma soma de uma

    parcela elstica e reversvel e uma parcela plstica ou irreversvel e

    permanente. A partir desta linha o tubo inicia sua deformao livre, indo

    conclu-la na linha c, caso no entre em contato com a parede da ferramenta, o

    que dar inicio a calibrao. A construo desta curva ser descrita no item

    2.7.

  • _____________________________________________________________________ 44

    Figura 2.13: Regio de trabalho tpica para conformao hidrosttica de tubos.

    (DOHRMANN; HARTL, 1996).

    Linha g a linha que estabelece a mnima fora axial de selagem a ser

    aplicada pelos punes. A fora axial agindo nas extremidades do tubo, figura

    2.11, deve exceder um determinado nvel a fim de evitar vazamentos. A

    construo desta curva ser descrita no item 2.7.

    Uma vez estabelecido esses limites, uma regio de trabalho ou uma janela de processo

    pode ser estabelecida. Essa regio de trabalho dependente dos parmetros do tubo e da

    ferramenta, da qualidade das superfcies em contato, etc. Assumamos que a forma da

    ferramenta mantida constante, enquanto o material do tubo deforma-se. Um ao de baixo

    carbono exibe uma faixa de trabalho maior, enquanto a faixa de trabalho menor para um

    ao de alta resistncia (ASNAFI, 1999).

    A operao de conformao hidrosttica, linha d da figura 2.13, pode ser dividida em

    dois estgios: deformao livre e calibrao (ASNAFI, 1999). Isto est ilustrado em mais

    detalhe na figura 2.14. A parte da conformao da pea na qual o tubo expande sem contato

    com a ferramenta denominada deformao livre. A calibrao inicia-se to logo o contato

    com a ferramenta seja estabelecida, Figura 2.14..

    Durante a calibrao, o tubo forado a assumir a forma do contorno interno da

    ferramenta apenas atravs da presso interna. Na calibrao nenhum material adicional

  • _____________________________________________________________________ 45

    alimentado para dentro da zona de expanso pelos cilindros axiais, devendo estes apenas

    manter a selagem e assim a curva de carregamento paralela curva de selagem

    (ASNAFI, 1999). bom frisar que a pea objeto da curva de carregamento na figura 2.14

    para uma pea axi-simtrica e no para uma junta T (ASNAFI, 1999).

    Durante a expanso livre, a curva de carregamento selecionada determina a razo das

    deformaes no topo do bulbo indicado pela letra A na figura 2.14. Se os cilindros axiais no

    alimentam material para a zona de deformao, a carga axial aplicada suficiente apenas

    para manter a selagem. Neste caso a conformao hidrosttica ocorrer num estado plano

    de deformao, apenas pela ao da presso hidrosttica. Por outro lado, se a curva de

    carregamento escolhida tangencia a linha limite de formao de rugas, o tubo se deforma

    num estado de cisalhamento puro, figura 2.15.

    Novamente cabe frisar que a pea objeto da curva de carregamento na figura 2.15

    para uma pea axi-simtrica e no para uma junta T.

    As rugas, como mostrado na figura 2.15, se formam durante o estgio de conformao

    livre na regio de entrada da zona de expanso, se uma curva de carregamento em

    cisalhamento puro escolhida. Estas rugas geralmente no causam problemas e podem ser

    eliminadas durante a calibrao (ASNAFI, 1999).

    Figura 2.14: A conformao de tubos consiste da expanso livre e calibrao - (peas axi-simtricas) (ASNAFI, 1999).

  • _____________________________________________________________________ 46

    Comparando as formas intermediarias mostradas na figura 2.15, pode-se ver que a

    quantidade de material que alimentada zona de expanso durante a conformao livre

    maior quando se escolhe uma curva de carregamento prxima ao cisalhamento puro. Quanto

    mais material houver dentro da zona de expanso quando a calibrao se inicia, menor ser

    a reduo na espessura.

    Figura 2.15: A curva de carregamento selecionada determina o modo de deformao e as formas intermedirias do tubo (ASNAFI, 1999).

    Para minimizar a reduo de parede, assim recomendado que a curva de

    carregamento durante a conformao hidrosttica livre seja escolhida entre a curva de

    estado de trao uniaxial e cisalhamento puro - figura 2.15.

    Como j dito anteriormente, o objetivo do projeto do processo de uma conformao

    hidrosttica determinar como o tubo deve ser deformado (seleo de uma curva de

    carregamento) de maneira que a reduo da espessura seja minimizada sem risco de rugas

    ou fraturas.

    Contudo, a curva de carregamento no pode ser determinada sem considerar a pea

    como um todo. Isto est ilustrado pela pea da figura 2.16 (ASNAFI, 1999). Nesta pea o

    fluxo de material que alimentado varia dependendo da posio da zona de expanso e sua

    posio em relao aos cilindros de axiais. Assumamos que a regio B na pea da figura

    2.16 deve ser expandida. Como esta regio est distante dos cilindros axiais e est no meio

    de duas regies do tubo que foram curvadas em uma operao de pr-conformao, a fora

    de atrito no permitir que nenhum material seja alimentado para esta regio de expanso.

  • _____________________________________________________________________ 47

    Assim esta regio, obrigatoriamente seguir uma curva de carregamento e simplesmente

    ser expandida pela presso.

    Figura 2.16: Importncia de uma pr-analise de cada pea a ser fabricada.

    Esse tipo de analise de cada seo ao longo do comprimento do tubo deve ser feito

    para as diferentes regies ao longo da forma do componente desejado. Isso significa que o

    projeto do processo e o projeto do componente so estreitamente interligados. Quando se

    projeta um componente, deve-se conhecer quanto de deformao o material do tubo pode

    suportar nos diferentes estados de deformao, mostrados na figura 2.15. Assim, quanto aos

    limites a flambagem, a rugas e rupturas, uma modelagem analtica ou virtual por simulao

    de suma importncia para possibilitar ao projetista dispor de uma ferramenta rpida, com a

    qual, para uma dada pea, uma analise bsica possa ser feita. Por este meio curvas