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UMA ESTRUTURA SINODAL E COLEGIAL DA IGREJA REGIONAL AMAZÔNICA? Carlos María Galli, 07/09/2019 CELAM REPAM, Bogotá Este ensaio é um grui para a reflexão e diálogo sobre a proposta de uma nova estrutura episcopal colegial e sinodal, em, desde e para a Igreja regional amazônica. Apresento a questão no marco do próximo Sínodo (1); explico o fundamento a partir de uma renovada eclesiologia da sinodalidade (2); assumo a tradição regional da Igreja Latino-americana y caribenha contemporânea (3); imagino uma possível estrutura permanente da Igreja amazônica (4). Dado o caráter sintético do texto, não desenvolverei as questões técnicas prévias ou colaterais, nem utilizarei bibliografia eclesiológica ou canônica. Apenas citarei alguns textos teológicos e do magistério recentes. 1. A questão: uma estrutura eclesial para o rosto amazônico da Igreja? 1. Esta Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos nos interpela para encontrar novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral na Amazônia. Com esse horizonte, o Documento de Trabalho (Instrumentum Laboris) desenvolve o capítulo: Igreja com rosto amazônico e missionário (IL 107-114). Neste marco, sugiro olhar para a Igreja amazônica como “Igreja regional” e pensar sua possível configuração “sinodal” e “colegial”. Explicitar a dimensão regional e a figura sinodal pode ajudar a delinear o pano de fundo e a forma da “fisionomia da Igreja amazônica” (IL 146). 2. Deus, em Cristo, se vincula aos homens particularizados pelas “culturas próprias dos povos” (AG9) e a Igreja, Povo de Deus, se realiza concretamente em cada “grande território sociocultural” (AG, 22b). Os povos e as culturas configuram as Igrejas de um país e uma região. O componente geocultural de uma diocese ou de um agrupamento interdiocesano de Igrejas marca o seu rosto próprio. O Concílio Vaticano II afirmou o valor das diversidades culturais na Igreja (cf. SC 37-40; UR 1, 6; LG 13; AG 22; AA 19). A pluralidade de espaços culturais contribui para a pluralidade de igrejas que “falam tal língua, são tributárias de uma hierarquia cultural, de uma visão de mundo, de um passado histórico, de um substrato humano determinado” (EM, 62). O encontro do único Povo de Deus com as diferentes culturas gera “a variedade de igrejas locais” (LG 23) com suas peculiaridades teológicas, litúrgicas, espirituais, pastorais e canônicas (LG 23d, UR 4, AG 19) e cujo dinamismo “longe de ir contra a unidade, manifesta-a melhor” (OE 2). A Igreja assume as culturas locais, nacionais ou regionais quando “a abertura para as riquezas da Igreja particular responde a uma sensibilidade especial do homem contemporâneo” (EM 62). Neste processo vai se delineando novos rostos eclesiais e itinerários pastorais comuns (IL 113-115).

UMA ESTRUTURA SINODAL E COLEGIAL DA IGREJA REGIONAL … · comunhão entre Igrejas de uma região (Sin 85-93) e o conjunto da Igreja (Sin 94-102), recolhendo tradições e estruturas

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UMA ESTRUTURA SINODAL E COLEGIAL DA IGREJA

REGIONAL AMAZÔNICA?

Carlos María Galli, 07/09/2019

CELAM – REPAM, Bogotá

Este ensaio é um grui para a reflexão e diálogo sobre a proposta de uma nova estrutura

episcopal – colegial e sinodal, em, desde e para a Igreja regional amazônica.

Apresento a questão no marco do próximo Sínodo (1); explico o fundamento a partir de

uma renovada eclesiologia da sinodalidade (2); assumo a tradição regional da Igreja

Latino-americana y caribenha contemporânea (3); imagino uma possível estrutura

permanente da Igreja amazônica (4). Dado o caráter sintético do texto, não desenvolverei

as questões técnicas prévias ou colaterais, nem utilizarei bibliografia eclesiológica ou

canônica. Apenas citarei alguns textos teológicos e do magistério recentes.

1. A questão: uma estrutura eclesial para o rosto amazônico da

Igreja?

1. Esta Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos nos interpela para encontrar

novos caminhos para a Igreja e para uma Ecologia Integral na Amazônia. Com

esse horizonte, o Documento de Trabalho (Instrumentum Laboris) desenvolve o

capítulo: Igreja com rosto amazônico e missionário (IL 107-114). Neste marco,

sugiro olhar para a Igreja amazônica como “Igreja regional” e pensar sua possível

configuração “sinodal” e “colegial”. Explicitar a dimensão regional e a figura

sinodal pode ajudar a delinear o pano de fundo e a forma da “fisionomia da Igreja

amazônica” (IL 146).

2. Deus, em Cristo, se vincula aos homens particularizados pelas “culturas próprias

dos povos” (AG9) e a Igreja, Povo de Deus, se realiza concretamente em cada

“grande território sociocultural” (AG, 22b). Os povos e as culturas configuram as

Igrejas de um país e uma região. O componente geocultural de uma diocese ou de

um agrupamento interdiocesano de Igrejas marca o seu rosto próprio. O Concílio

Vaticano II afirmou o valor das diversidades culturais na Igreja (cf. SC 37-40; UR

1, 6; LG 13; AG 22; AA 19). A pluralidade de espaços culturais contribui para a

pluralidade de igrejas que “falam tal língua, são tributárias de uma hierarquia

cultural, de uma visão de mundo, de um passado histórico, de um substrato

humano determinado” (EM, 62). O encontro do único Povo de Deus com as

diferentes culturas gera “a variedade de igrejas locais” (LG 23) com suas

peculiaridades teológicas, litúrgicas, espirituais, pastorais e canônicas (LG 23d,

UR 4, AG 19) e cujo dinamismo “longe de ir contra a unidade, manifesta-a

melhor” (OE 2).

A Igreja assume as culturas locais, nacionais ou regionais quando “a abertura para

as riquezas da Igreja particular responde a uma sensibilidade especial do homem

contemporâneo” (EM 62). Neste processo vai se delineando novos rostos eclesiais

e itinerários pastorais comuns (IL 113-115).

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3. As Conferências Gerais do Episcopado Latino-americano e Caribenho são signos

eloquentes de um processo sinodal e colegial que foi delineando, como diz

Aparecida, “o rosto latino-americano e caribenho de nossa Igreja” (DAp 100).

Os Sínodos que se realizaram nos continentes durante a preparação do Jubileu dos

anos 2000, foram feitos importantes para demarcar a figura própria da Igreja

Católica na escala continental na América, Europa, Ásia e Ocenaia (TMA 38; EiA

8).

4. Nosso caminhar regional está aberto a novas estruturas e processos, que podem

desenvolver-se em escala regional e continental, segundo as necessidades das

igrejas vizinhas y afins. Por exemplo, nas últimas décadas apostou-se no trabalho

em redes das dioceses de fronteiras de distintos países, incluindo a ação pastoral

social e ecológica (IL 129.f.2). Estamos chamados a pensar teológica, espiritual e

canonicamente novas dinâmicas de intercâmbio sinodal intra e inter-

continentais.

A novidade do Sínodo para a Amazônia nos convida a imaginar a fisionomia

da Igreja nesta comunidade regional e gerar uma formação nova,

inter/nacional, mas infra-continental.

2. O fundamento: a sinodalidade eclesial a nível regional

A sinodalidade eclesial

1. O Papa Francisco ensina uma renovada compreensão da sinodalidade. Em

2015, ao comemorar o 50º aniversário da instituição do Sínodo dos Bispos

pelo motu próprio Apostolica Sollicitudo de São Paulo VI, afirmou: “o

caminho da sinodalidade é o caminho que Deus espera da Igreja no terceiro

milênio”. Esta expressão, dita na parresia do Espírito, aprofunda seu chamado

a uma conversão pastoral e missionária para comunicar a alegria do Evangelho

(EG 27). O Papa convoca a viver a sinodalidade nos distintos níveis da vida

na Igreja, ou seja, a nível local, regional e universal. Assim, inverte-se a ordem

de referência dada nas últimas décadas, que ia do universal para o particular.

No segundo âmbito regional situa instâncias sinodais intermediárias.

“o segundo nível é aquele das províncias e regiões

eclesiásticas, os conselhos particulares e, de modo

especial, das Conferências Episcopais. Devemos

refletir para que possamos realizar ainda mais,

através destes organismos, as instâncias

intermediárias da colegialidade, quem sabe

integrando e atualizando alguns aspectos da antiga

ordem eclesiástica. O desejo do Concílio de que tais

organismos contribuam para acrescentar o espírito

da colegialidade episcopal ainda não se realizou

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plenamente. Estamos na metade do caminho, em

uma parte do caminho”.1

2. Em 2018 foi publicado o documento da Comissão Teológica Internacional

(CTI): A sinodalidade na vida e na missão da Igreja (Sin). 2 Tendo como ano

de fundo o magistério do Papa Francisco e o desenvolvimento recente da

eclesiologia católica, o documento apresenta a figura sinodal da Igreja (Sin

10). Entre todos os elementos que compõem a experiência e a noção da

sinodalidade, aqui somente destaco a correlação entre o caminho, a

sinodalidade e a missão do Povo de Deus.

“Sínodo é uma palavra antiga, muito venerada pela

Tradição da Igreja, cujo significado se associa com

os conteúdos mais profundos da Revelação.

Composta pela preposição σύν, e pelo substantivo

ὁδός, indica o caminho percorridos juntos pelos

membros do Povo de Deus. Remete, portanto, ao

Senhor Jesus que se apresenta a si mesmo como ‘o

caminho, a verdade e a vida’ (Jo, 14, 6) e ao fato de

que os cristãos, seus seguidores, em sua origem

foram chamados ‘os discípulos do caminho’ (cfr.At

9,2; 19, 9-23; 22,4; 24, 14-22)” (Sin 3)

3. A Igreja sinodal caminha no Espírito de Cristo rumo ao Reino de Deus

anunciando o Evangelho.

“Na Igreja, a sinodalidade se vive ao serviço da

missão. Ecclesia peregrinans natura sua

missionaria est (AG 2), ‘ela existe para evangelizar’

(EM 14). Todo o povo de Deus é sujeito do anúncio

do Evangelho. Nele, todo batizado é convocado

para ser protagonista da missão porque todos

somos discípulos missionários. A Igreja está

chamada a ativar com sinergia sinodal os

ministérios e carismas presentes em sua vida, para

discernir, em atitude de escuta da voz do Espírito,

os caminhos da Evangelização” (Sin 53)

O documento final da Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre os jovens cita

muitas vezes, de forma explícita e implícita, a partir de seu número 18, o

ensino da Comissão Teológica Internacional. A primeira citação recorda que

“a aposta na ação de uma Igreja sinodal é o pressuposto indispensável para um

1 FRANCISCO. Discurso na Comemoração dos 50 anos da Instituição do Sínodo dos Bispos. (17 de outubro de 2015). 2 COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL. A sinodalidade na vida e na missão da Igreja. Brasília, Edições CNBB, Documentos da Igreja 48. 2018

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novo impulso missionário que envolva todo Povo de Deus” (Sin 9). Aquela

Assembleia resume está eclesiologia pastoral nesta nova expressão: a

sinodalidade missionária da Igreja.3

... a nível regional

4. A instituição sinodal variou nos distintos tempos e lugares (Sin 30,35,93,100).

A sinodalidade se concretiza assumindo o componente socio-cultural das

igrejas locais (Sin 24,58,77). No marco da vocação sinodal do Povo de Deus,

o terceiro capítulo desenvolve sobre a concreta atuação da sinodalidade

considerando os sujeitos, estruturas, processos, níveis e atos sinodais.

“A dimensão sinodal da Igreja deve expressar-se

mediante a realização e o governo dos processos de

participação e de discernimento capazes de

manifestar o dinamismo de comunhão que inspira

todas as decisões eclesiais. A vida sinodal se

expressa em estruturas institucionais e em

processos que conduzem através de diferentes

etapas – preparação, celebração, recepção – a atos

sinodais nos quais a Igreja é convocada a seguir

vários níveis de atuação de sua sinodalidade

constitutiva (Sin 76).

5. Em consonância com a inovação de Francisco, o discurso teológico-canônico

começa no plano local, segue pelo regional e culmina no plano universal (Sin

71, 77, 85, 94). A sinodalidade na Igreja particular (Sin 77-84) segue a

comunhão entre Igrejas de uma região (Sin 85-93) e o conjunto da Igreja (Sin

94-102), recolhendo tradições e estruturas do Oriente e do Ocidente. Neste

contexto está localizada A sinodalidade das Igrejas particulares a nível

regional.

“O nível regional no exercício da sinodalidade é

aquele que se dá nos reagrupamentos das Igrejas

particulares presentes numa mesma região: uma

Província – como acontecia principalmente nos

primeiros séculos da Igreja – ou um país, um

Continente ou parte dele. Trata-se de

reagrupamentos ‘organicamente unidos. ‘em união

de fraterna caridade para promover o bem comum’,

movidos ‘pelo zelo amoroso pela missão universal’

(LG 23). As origens históricas comuns, a

homogeneidade cultural, a necessidade de fazer

frente aos desafios análogos na missão, se fazem

3 Cf. SÍNODO DOS BISPOS. Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Documento final da XV Assembleia Geral ordinária (3-28 de outubro 2018). Brasília, Edições CNBB 2018.

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presente de forma original ao Povo de Deus nas

diversas culturas e nos diversos contextos. O

exercício da sinodalidade neste nível promove o

caminho comum das Igrejas particulares, reforça os

vínculos espirituais e institucionais, favorece o

intercâmbio de dons e sintoniza as opções pastorais

(NMI 29). Em particular, o discernimento sinodal

pode inspirar e alentar opções comuns para

‘procurar novos processos de evangelização da

cultura’ (EG 69) (Sin 85).

6. Os parágrafos seguintes recordam raízes históricas e formas atuais da

sinodalidade regional:

“Desde os primeiros séculos, tanto no Oriente como

no Ocidente, as Igrejas fundadas por um Apóstolo

ou por um de seus colaboradores, cumpriram uma

tarefa específica no âmbito de sua Província ou

Região, enquanto se bispo foi reconhecido

respectivamente como Metropolita ou Patriarca.

Isto favoreceu o nascimento de específicas

estruturas sinodais. Nelas, os Patriarcas,

Metropolitas e Bispos de cada Igreja são

expressamente chamados a promover a

sinodalidade,4 cujo compromisso aparece ainda

mais consistente mediante a maturidade da

consciência da colegialidade episcopal que deve

expressar-se também a nível regional” (Sin 86).

O documento apresenta algumas estruturas sinodais e colegiais da Igreja latina:

“Na Igreja Católica de rito latino são estruturas

sinodais a nível regional: os Concílios particulares

provinciais e gerais, as Conferências Episcopais e os

diversos reagrupamentos destas, também a nível

continental; na Igreja católica de rito orientar: o Sínodo

Patricarcal e o Sínodo Provincial, a Assembleia dos

Hierarcas de diversas Igrejas orientais sui iuris, 5 e o

Concílio dos Patriarcas católicos do Oriente. O Papa

Francisco definiu estas estruturas eclesiais como

instâncias intermediárias da colegialidade y recordou o

que disse o Vaticano II de “que estes organismos possam

4 “Este ofício de Cabeça, da Provínicia Eclesiástica, estável através dos séculos, é um sinal distintivo da sinodalidade da Igreja”. (FRANCISCO. Motu Próprio Mitis Iudex Dominus Iesus (15 de agosto de 2015). 5 A Igreja Latina é mencionada no canon 322 do CCEO. Se trata, então, de uma forma ampla de sinodalidade interritual.

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contribuir para o crescimento do espírito de colegialidade

episcopal” (Sin 87).

7. A sinodalidade é a forma de caminhar em comunhão por parte de cada igreja

local e por parte de distintas agrupações de igrejas a nível nacional, regional,

continental. A sinodalidade se realiza, entre outras formas, no caminho

comum de igrejas locais que compartilham o locus em uma província ou em

uma região intra-nacional, ou em uma nação, ou em uma região internacional

de um continente, ou em um continente inteiro. A comunhão entre diversas

igrejas particulares potencializa em sua condição eclesial e sinodal de sujeitos

(Sin 55) de uma evangelização inserida em uma região geocultural

determinada. Esta configuração em níveis regionais e continentais requer o

desenvolvimento de uma teologia sistemática das igrejas locais a partir da

catolicidade do Povo de Deus (cf. IL 107,110).

3. A tradição: a configuração da Igreja Latino-americana e

Caribenha

1. Neste grande marco se localiza a sinodalidade das igrejas da América Latina

e do Caribe. A palavra portuguesa “caminhada” expressa o itinerário desta

Igreja regional.6 A sinodalidade Latino-americana marcou o rosto singular de

nossa Igreja e sua novidade histórica. Desde 1995 a Igreja da América Latina

consolidou sua figura regional. Reúne vinte e duas conferências episcopais

coordenadas pelo Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM) que em

2015 completou 60 anos. 7

“O CELAM é um organismo eclesial de fraterna

ajuda episcopal, cuja preocupação fundamental é

colaborar para a evangelização do Continente...

tem oferecido serviços muito importantes às

Conferências Episcopais e às nossas Igrejas

Particulares, entre os quais destacamos: as

Conferências Gerais, os Encontros Regionais, os

seminários de estudos em seus diversos organismos

e instituições. O resultado de todo esse esforço é

uma fraternidade sentida entre os bispos do

continente e uma reflexão teológica e uma

linguagem pastoral comum que favorece a

comunhão e o intercâmbio entre as Igrejas” (DAp

183).”

6 6 Cf. C. M. GALLI, “Synodalität in der Kirche Lateinamerikas”, Theologische Quartalschrift 196 (2016) 75-99; “A

sinodalidade latino-americana e o Papa Francisco”, en: A. BRIGHENTI; J. PASSOS (orgs.), Compéndio das Conferéncias

dos bispos da América Latina e Caribe, São Paulo, Paulinas, 2018, 191-213.

7 L. ORTIZ, “El CELAM como servicio de comunión a las Iglesias particulares”, Medellín 162 (2015) 309-213.

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2. Esta Igreja é a única comunidade de igrejas em escala continental que fez uma

recepção situada, regional, colegial e criativa do Concílio Vaticano II. Este

processo começou na II Conferência Episcopal de Medellín (1968); seguiu, à

luz da exortação Evangelii nuntiandi de Paulo VI, na 3ª de Puebla (1979);

prosseguiu no horizonte de uma nova evangelização proposta por João Paulo

II na IV Assembleia celebrada em Santo Domingo (1992). Na V Conferência

de Aparecida (2007) essa tradição foi aprofundada e impulsionou um

movimento missionário continental permanente.

3. Desde 2013 vivemos um kairós singular porque o Bispo de Roma é filho de

uma Igreja do sul, latino-americana e argentina. O Espírito Santo “sopra onde

quer” (Jo 3,8) y soprou como “uma forte rajada de vento” (At 2,2). Desde

2012 emprego uma imagem criada pelo Cardeal Kasper: “sopra o vento do

sul”. 8 Francisco foi eleito quando as periferias do globo apareceram no

coração da “urbe”. Representa a chegada do sul no coração da Igreja e a voz

do sul global no mundo. A vitalidade sinodal que a Igreja é indissociável de

sua experiência latino-americana.

De 1968 a 2018 a Igreja da América Latina completou seu ingresso inicial e

progressivo na história mundial. Paulo VI foi o primeiro sucessos de Pedro

que visiou a América Latina; chegou a Colômbia em 22 de agosto de 1968.

Meio século depois, em 14 de outubro de 2018, Francisco, o primeiro Papa

latino-americano, canonizou a Paulo VI. Um veio de Roma a Bogotá; o outro

foi de Buenos Aires a Roma. O primeiro Papa latino-americano canonizou o

primeiro Papa que veio a América Latina.9

4. O Cardeal Jorge Bergoglio presidiu a Comissão de Redação e conduziu a

elaboração sinodal e colegial do Documento Conclusivo, citado vinte e seis

vezes em sua exortação Evangelii Gaudium. Ontem Bergoglio contribuiu com

a mensagem de Aparecida; hoje Aparecida ajuda o ministério petrino de

Francisco. O Papa toma linhas pastorais de Aparecida e as relança

criativamente em seu programa missionário. Com ele a dinâmica sinodal de

conversão pastoral impulsionada desde a periferia latino-americana faz seu

aporte a reforma missionária da Igreja inteira. Em 1950 Yves Congar afirmava

que muitas reformas provém das periferias e são confirmadas pelo centro. 10

5. A Igreja cresce no sul. Em 100 anos de inverteu a composição geo-cultural do

catolicismo. Em 1910, 70% dos batizados católicos vivia no Norte (65% na

Europa) e 30% no Sul (24% na América Latina). Em 2010 apenas 32% vivia

no Norte (24% na Europa, 8% na América do Norte) e 68% nos continentes

do sul: 39% na América Latina, 16% na África, 12% na Ásia e 1% na Oceania.

Dois de cada três católicos vivemos no sul. No século CC o catolicismo deu

8 Cf. W. KASPER, Chiesa Cattolica, Brescia, Queriniana, 2012, 46; cf. C. M. GALLI, “En la Iglesia está soplando el Viento

del Sur”, en: CELAM, Hacia una Nueva Evangelización, Bogotá, CELAM, 2012, 161-260. 9 Relato y pienso el proceso eclesial latinoamericano de este medio siglo en: C. M. GALLI, La alegría de evangelizar

en América Latina. De la Conferencia de Medellín a la canonización de Pablo VI. 1968-2018, Buenos Aires, Agape,

2018.

10 Cf. Y. CONGAR, Vraie et fausse réforme dans l’Église, Paris, Cerf, 1950, 277.

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um giro ao contrário. As nomeações dos Cardeais representam esta realidade

poliédrica e periférica.

Depois de um primeiro milênio assinalado pelas igrejas orientais e um

segundo dirigido pela igreja ocidental se vislumbra um terceiro revitalizado

pelas igrejas do sul em uma catolicidade intercultural, presidida no amor pela

sede de Roma e animada por uma dinâmica poli-cêntrica. A “terceira” igreja

está no coração da casa de Deus. 11 No passo para o século XXI e com o novo

pontificado da Igreja católica volta a reconhecer o protagonismo das periferias

e os periféricos. Isso aprofunda a crise do eurocentrismo eclesial e requer

evitar a tentação do latino-americano-centrismo.

6. A Conferência de Aparecida se antecipou a imaginar novas formações

eclesiais regionais. Por isso, antes de falar das Conferências Episcopais, se

referiu a agrupações interdiocesanas.

“O Povo de Deus se constrói como uma comunhão

de Igrejas particulares e, através delas, como um

intercâmbio entre as culturas. Neste marco, os

bispos e as Igrejas locais expressão sua solicitude

por todas as Igrejas, especialmente pelas mais

próximas, reunidas nas províncias eclesiásticas, as

conferências regionais e outras formas de

associação interdiocesana no interior de cada

nação ou entre países de uma mesma Região ou

Continente. Estas variadas formas de comunhão

estimulam com vigor as ‘relações de irmandade

entre as dioceses e as paróquias’ e fomentam ‘uma

maior cooperação entre as igrejas irmãs” (DAp

182).

7. Com este pano de fundo eclesiológico, Aparecida chamou a colaborar com as

igrejas da Amazônia:

“Criar consciência nas Américas sobre a importância da Amazônia para toda

humanidade. Estabelecer, entre as igrejas locais de diversos países sul-

americanos, que estão na bacia amazônica, uma pastoral de conjunto com

prioridades diferenciadas para criar um modelo de desenvolvimento que

privilegie aos pobres e sirva ao bem comum” (DAp 475).

8. O Documento de Trabalho para o Sínodo aprofunda esta vinculação entre

igrejas da região e as chama para avançar pelo caminho da tríplice conversão

pastoral, ecológica e sinodal (IL 5). A conversão sinodal leva a assumir a

região como um âmbito na qual Deus convoca o seu Povo.

“Além disso, podemos dizer que a Amazônia – ou

outro espaço territorial indígena ou comunitário –

não é somente um ubi (espaço geográfico), mas que

11 Cf. W. BÜHLMANN, La tercera iglesia a las puertas, Madrid, Paulinas, 2ª, 1977, 157-196.

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também é um quid, quer dizer, um lugar de sentido

para a fé ou a experiência de Deus na história. O

território é um lugar teológico desde onde se vive a

fé e é também uma fonte peculiar de revelação de

Deus” (IL 19).

4. A figura: uma estrutura sinodal para a Igreja regional amazônica

1. A sinodalidade configura a Igreja como Povo de Deus em marcha e assembleia

convocada pelo Senhor. O andar junto pelo caminho para realizar o projeto

do Reino de Deus e evangelizar aos povos inclusive o estar junto em

assembleias para celebrar ao Senhor ressuscitado e discernir o que o Espírito

diz às Igrejas. A comunhão no Espírito Santo (II Cor, 13, 13) é princípio da

vida sinodal. As assembleias, desde os sínodos diocesanos aos concílios

ecumênicos, são momentos privilegiados de um processo de discernimento

guiado pelo Espírito a serviço da Evangelização. A Igreja segue o ritmo da

vida: movimento e pausa, caminho e reunião, sinodalidade e sínodo. A CTI

cita palavras de Francisco na 70ª Assembleia Geral da Conferência Episcopal

Italiana.

“Caminhar juntos – ensina o Papa Fransico – é o

caminho constitutivo da Igreja: a figura que nos

permite interpretar a realidade com os olhos e o

coração de Deus; a condição para seguir ao Senhor

Jesus e ser servos da vida neste tempo ferido.

Respiração e passo sinodal revelam o que somos e

o dinamismo de comunhão que anima nossas

decisões” (Sin 120).

2. A CTI não se limita a expor a sinodalidade na Igreja, mas expõe a sinodalidade

da Igreja. Este neologismo não determina apenas um procedimento operativo

nem uma engenharia institucional, mas a específica forma de viver e atuar do

Povo de Deus que realiza e manifesta sua comunhão no caminhar juntos para

o Reindo de Deus, reunir-se em assembleias e participar na missão. A Igreja

é constitutivamente sinodal porque a sinodalidade expressa seu modus vivendi

et operandi (Sin 6, 30, 43).

O parágrafo 70 distingue três sentidos inter-relacionados da sinodalidade.

Antes disso, indica o estilo peculiar que qualifica o modo ordinário de viver e

atuar da Igreja. Em segundo lugar, inclui as estruturas e os processos que

expressam a comunhão sinodal a nível institucional. Por fim, integra a

realização de acontecimentos ou atos, chamados assembleias – de um sínodo

diocesano a um concílio ecumênico, nos quais a Igreja atua sinodalmente a

nível local, regional e universal (Sin 70).

3. Francisco, na Constituição Episcopalis Communio de 18 de setembro de 2018,

renovou a doutrina, o direito e a práxis do Sínodo dos Bispos. Compreende o

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Sínodo a partir da teologia conciliar sobre o Povo de Deus, a colegialidade e

o primado; em uma Igreja toda sinodal; como um processo de escuta recíproca

da voz do Espírito; através de três fases sucessivas: preparação/consulta,

celebração/discernimento, atuação/recepção, pela participação de três sujeitos

diferenciados e unidos: Povo de Deus, Colégio Episcopal, Sucessor de Pedro;

escutando o sensus fidei fidelium pela consulta aos fiéis a partir dos

organismos sinodais das igrejas locais. 12

4. O Sínodo amazônico considera a porção do Povo de Deus inculturado na

Amazônia. O processo sinodal, aberto às interpelações de Deus, recorre três

fases sucessivas: preparação; celebração; atuação. Por isso o Instrumentum

Laboris diz: “Este processo tem que continuar durante e depois do Sínodo,

como um elemento central da futura vida da Igreja” (IL 3).

5. Neste amplo horizonte que inclui o estilo, as estruturas, o processo e a

assembleia sinodal se pode pensar uma estrutura episcopal – colegial e

sinodal – permanente da Igreja regional amazônica, na linha com a

proposta realizada no Instrumentum Laboris 129 f 3:

“Dadas as características próprias do território

amazônico, se sugere considerar a necessidade de

uma estrutura episcopal amazônica que leve a

cabo a aplicação do Sínodo”.

Esta proposição não é e nem pode ser uma entre outras, como está no

capítulo 4 da Parte III do Documento de Trabalho, mas uma linha macro-

pastoral que deve sustentar outras propostas.

6. O atual processo sinodal mostra a conveniência de criar uma estrutura

regional; a próxima assembleia do Sínodo pode discernir a melhor figura

desta sinodalidade amazônica. A experiência histórica, a eclesiologia

sinodal e o direito canônico apresentam duas figuras principais:

CONFERÊNCIA E CONSELHO. Ainda existem outras como associação,

federação e comissão.

5 A. Uma conferência episcopal regional?

“As Conferências Episcopais no âmbito de um país

ou de uma região são uma criação recente nascida

no contexto da afirmação dos Estados nacionais e

como tais foram valorizados pelo Concílio Vaticano

II (LG 23, SC 36-38) na perspectiva da eclesiologia

de comunhão. Manifestando a colegialidade

episcopal, tem como fim principal a cooperação

12 Cf. FRANCESCO, Costituzione Apostolica Episcopalis Communio sul Sinodo dei Vescovi, Cittá del Vaticano, 2018.

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entre os bispos para o bem comum das Igrejas que

lhes foram confiadas, a serviço da missão nas

respectivas nacionais. Sua relevância eclesiológica

foi reivindicada pelo Papa Francisco, que convidou

a estudar suas atribuições também no âmbito

doutrinal (EG 32). Este aprofundamento deve se

realizar refletindo sobre a natureza eclesiológica

das Conferências Episcopais e a sua atuação em

uma vida sinodal mais articulada a nível regional.

Nesta perspectiva é necessário prestar atenção às

experiências que amadureceram nestes últimos

decênios, assim como também às tradições, a

teologia e ao direito das Igrejas orientais (OE 7)”

(Sin 89).

Para o Código de Direito Canônico, essas conferências podem ocorrer em uma nação ou

região.

“A Conferência Episcopal, instituição de caráter

permanente, é a assembleia de bispos de uma nação

ou território determinado, que exercem unidos

algumas funções pastorais a respeito dos fiéis de

seu território, para promover conforme a norma de

direito o maior bem que a Igreja proporciona aos

homens, sobretudo mediante formas e modos de

apostolado convenientemente acomodados às

peculiares circunstâncias de tempo e de lugar”

(CIC – 447).

A Sé Apostólica pode erigir conferências em regiões de dimensão maior ou menor a uma

nação.

“Como regra geral, a Conferência Episcopal

compreende os prelados de todas as Igrejas

particulares de uma mesma nação (CIC - 448§1).

Mas sim, a juízo da Sé Apostólica, tendo escutado

aos bispos diocesanos interessados, assim o

aconselham nas circunstancias das pessoas ou das

coisas, pode erigir-se uma Conferência Episcopal

para um território de extensão menor ou maior, de

modo que somente compreenda os bispos de

algumas Igrejas Particulares existentes em um

determinado território, ou bem aos prelados das

Igrejas Particulares de distintas nações;

correspondente a mesma Sede Apostólica dar

normas peculiares para cada uma dessas

Conferências” (CIC 2).

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Uma Conferência episcopal regional pode promover processos de cooperação

colegial e sinodal entre Igrejas locais de 9 países e inculturadas no grande

território sociocultural amazônico.

6 B – Um Conselho episcopal regional?

“As mesmas razões que presidiram o nascimento

das Conferências Episcopais a nível nacional

contribuíram para a criação de Conselhos a nível

macro-regional e continental de diversas

Conferências Episcopais e, no caso das Igrejas

católicas de rito oriental, a criação da Assembleia

dos hierarcas das Igrejas sui iuris e do Conselho

dos Patriarcas das Igrejas católicas do Oriente.

Estas estruturas, prestando atenção ao desafio da

globalização, favorecem a inculturação do

Evangelho nos diversos contextos, e contribuem

para manifestar ‘a beleza deste rosto multiforme da

Igreja’, em sua unidade católica (NMI 40). Seu

significado eclesiológico e seu estatuto canônico se

aprofundam ulteriormente, atendendo ao fato de

que elas podem promover processos de

participação sinodal em ‘cada grande território

socio-cultural’ (AG 22), a partir das específicas

condições de vida e de cultura que conotam as

Igrejas particulares que formam parte destas

estruturas” (Sin 93).

Um conselho episcopal regional pode promover processos de participação e

linhas evangelizadoras comuns entre as Igrejas particulares dos 9 países do

grande território sociocultural amazônico.

7. Duas instituições episcopais? Diante da novidade que significaria combinar o

Conselho Episcopal Latino-americano e um Conselho Episcopal Amazônico,

assinalo que existem 2 antecedentes.

1) O primeir da América Latina: a compatibilidade existente entre a SEDAC

- Secretaria Episcopal da América Central, criada há 77 anos - e o CELAM

(1955).

2) O segundo caso, europeu. Desde 1980, existem duas figuras simultâneas

com objetivos e escopo diferentes: o Conselho das Conferências

Episcopais da Europa (CCEE, 1971, Sankt Gallen) e a Comissão das

Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE, 1980, Bruxelas).

8. Pessoalmente, prefiro um Conselho, mas não me corresponde eleger uma

forma.

*Agrego que esta reflexão se limitou a estruturas episcopais colegiais que

podem ser causas para uma sinodalidade ampla com outras instituições

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do Povo de Deus amazônico. De fato, a REPAM surgiu da convergência

entre CELAM, CLAR, CARITAS, etc.

9. Além da modalidade institucional, uma nova estrutura de comunhão e

discernimento colegial e sinodal deve estar aberta a novidade permanente

do Espírito.

“O discernimento comunitário implica a escuta

atenta e valente dos ‘gemidos do Espírito (Rom 8,

26) que abrem caminho através do grito, explícito

ou também mudo, que brota do Povo de Deus:

escuta de Deus até escutar com Ele o clamor do

Povo. Escuta do Povo, até respirar nele a vontade

de Deus que nos chama. Os discípulos de Cristo

devem ser ‘contemplativos da Palavra e também

contemplativos do Povo” (EG 154) (Sin 114).

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Diaconato Feminino – Dom Erwin (persone probati) – não é possível pensar

em mulheres não ordenadas hoje. Isso não é Dogma.

Quem tem direito e como acessar o ministério ordenado?

Judite: escrever proposta sobre água.

Ima: terra, território.

Ministerialidade: ordenação de casados.

Antônio Almeida

Vantuir: diálogo inter religioso e ecumenismo.

Pe. Maurício: uma intervenção sobre missionariedade. Missão não são

atividades de visita.

Henriqueta: intervenção sobre exploração sexual e tráfico de pessoas.