22
Uma gozação bem-sucedida

Uma gozação bem-sucedida - Cloud Object Storage | Store ... · batia num pântano contra animais mais leves que ele e ... os lindos e pequenos pardais que ele se dava ao ... táculos

Embed Size (px)

Citation preview

Uma gozação bem-sucedida

Uma gozação bem-sucedida

Italo Svevo

TRADUÇÃO E POSFÁCIO: DAVI PESSOA

11

I

Mario Samigli era um literato de quase 60 anos. Um romance que ele havia publicado quarenta anos antes poderia ser considerado morto se neste mundo tam-bém soubessem morrer as coisas que jamais estiveram realmente vivas. Mesmo pálido e um pouco fraco, Ma-rio continuou vivendo por muitos anos uma vida vaga-rosa, tal como lhe era consentida por um empregui-nho que não o cansava tanto e lhe oferecia uma renda muito baixa. Uma vida assim é higiênica e ainda se mostra bastante sadia se, como acontecia no caso de Mario, for temperada com um lindo sonho. Em sua idade continuava considerando-se destinado à glória, não por aquilo que havia feito, nem por aquilo que esperava poder fazer, mas, muito mais, porque uma enorme inércia, aquela mesma que o impedia de rebe-lar-se contra seu destino, detinha-o no trabalho cansa-tivo de tentar destruir a convicção que se formou em seu espírito havia muitos anos. Desse modo, porém, terminava por demonstrar que a potência do destino também tem um limite. A vida havia quebrado algum osso de Mario, mas deixara intactos os órgãos mais

1312

importantes, a sua autoestima, bem como um pouco da estima dos outros, dos quais sem dúvida a glória depende. Atravessava sua vida triste sempre acompa-nhado por um sentimento de satisfação.

Poucos podiam suspeitar nele tanta presunção, porque Mario a escondia com aquela astúcia, quase inconsciente no sonhador, que lhe permitia proteger o sonho do choque com as coisas mais duras deste mundo. No entanto, seu sonho às vezes transparecia, e então quem gostava dele defendia sua presunção inócua, enquanto os demais, quando ouviam Mario julgar autores vivos e mortos com palavras rígidas, e talvez citar a si mesmo como um precursor, riam, mas moderadamente, vendo-o ficar vermelho como alguém de 60 anos sabe, quando é um literato e em tais condições. E o riso também é uma coisa sau- dável e não necessariamente ruim. Assim, todos fi-cavam muito bem: Mario, seus amigos e igualmente seus inimigos.

Mario escrevia pouquíssimo e, aliás, como escri-tor, por um longo tempo, teve apenas a caneta e o papel sempre em branco sobre sua mesa de trabalho. E aqueles foram seus anos mais felizes, repletos de sonhos e desprovidos de qualquer experiência cansa-tiva, uma segunda infância reacesa, preferível à matu-ridade do escritor mais felizardo que sabe despejar-se no papel, mais ajudado do que impedido pela palavra,

permanecendo, em seguida, como uma casca vazia que, no entanto, ainda acredita ser uma fruta saborosa.

Podia ficar feliz até aquele momento somente en-quanto durasse o esforço para sair dele. E para Mario, esse esforço, não muito violento, sempre existiu. Por sorte não encontrava a saída pela qual pudesse se dis-tanciar de tanta felicidade. Escrever outro romance como seu anterior, que havia nascido da admiração de pessoas superiores, ricas e de alta classe, conhecidas por ele com a ajuda do telescópio, era um feito impos-sível. Continuava amando seu romance porque podia amá-lo sem grande esforço, e continuava lhe parecen-do vital como são todas as coisas que simulam ter uma cabeça e um rabo. Mas quando queria se preparar para trabalhar novamente com aquelas sombras de homens, projetando-as sobre o papel com a força das palavras, sentia uma repugnância salutar. Embora a completa e inconsciente maturidade dos 60 anos impedisse uma obra semelhante. E não pensou em descrever a vida mais humilde, por exemplo a sua, exemplar por virtu-des, e muito forte por aquela resignação que a gover-nava, não vangloriada e tampouco dita, já que agora havia assumido o seu eu. Para poder fazer isso lhe fal-tavam o instrumento e também o afeto, o que era uma verdadeira inferioridade, porém frequente naqueles que ambicionavam conhecer uma vida mais elevada. E por fim ele abandonou o homem e sua vida, a superior

1514

e a inferior, ou pelo menos acreditava tê-la abando-nado, e se dedicou, ou acreditou ter-se dedicado, aos animais, escrevendo algumas fábulas. Assim, breves, muito breves, rígidas, algumas mumiazinhas, e não cadáveres porque nem mesmo cheiravam mal, eram escritas por ele no tempo livre. Infantil como era (não por velhice, porque sempre o foi), ele as julgou como uma estreia, um bom exercício, um aperfeiçoamento, e se sentiu jovem e mais feliz que nunca.

Antes, repetindo o erro cometido na juventude, escreveu sobre animais que conhecia pouco, e suas fábulas soaram como rugidos e barridos. Depois se mostrou mais humano, caso se possa dizer assim, es-crevendo sobre animais que acreditava conhecer. Des-se modo, a mosca lhe presenteou uma grande quanti-dade de fábulas, demonstrando-se um animal mais útil do que se possa crer. Numa dessas fábulas admirava a velocidade do díptero, velocidade desperdiçada por-que não lhe servia nem para alcançar a presa nem para garantir sua incolumidade. Nesse caso, fazia da moral uma tartaruga. Outra fábula exaltava a mosca que des-truía as sujeiras por ela tão amadas. Uma terceira ma-ravilhava-se pelo fato de a mosca, o animal mais rico de olhos, ver tão imperfeitamente. Por fim, outra fábu-la narrava a história de um homem que, depois de ter esmagado uma mosca chata, gritou para ela: “Eu te be-neficiei; agora tu não és mais uma mosca”. Com esse

sistema, era fácil ter todos os dias a fábula pronta com o café da manhã. Teve de chegar a guerra para lhe ensinar que a fábula podia tornar-se expressão de seu espírito, o qual, portanto, inseria a mumiazinha na máquina da vida, como um órgão seu. Eis como tudo aconteceu.

Com a deflagração da guerra na Itália, Mario temeu que o primeiro ato de perseguição da Polícia Imperial em Trieste o pudesse atingir – um dos poucos literatos italianos remanescentes na cidade – com um belo pro-cesso que talvez o tivesse mandado para a forca. Foi um pavor e ao mesmo tempo uma esperança que o agi-tou, ora deixando-o alegre, ora pálido de terror. Ele intuía que seus juízes, todo um conselho de guerra composto pelos representantes de todas as hierarquias militares, do general para baixo, devessem ler seu ro-mance e – se tivesse de fazer justiça – estudá-lo. De-pois, certamente, chegaria a um momento um pouco mais doloroso. Mas, se o conselho de guerra não fosse composto por bárbaros, podia-se esperar que, depois de lido o romance, como prêmio, a vida lhe fosse pou-pada. Por isso escreveu muito durante a guerra, arre-piando-se de esperança e de terror, ainda mais por tra-tar-se de um autor que sabe que há um público que espera sua palavra para julgá-la. Por prudência, po-rém, escreveu apenas algumas fábulas de sentido du-vidoso, e, na esperança e no medo, as pequenas mú-mias se vivificaram para ele. O conselho de guerra não

1716

teria podido de forma alguma condená-lo facilmente pela fábula sobre aquele gigante gordo e forte que com-batia num pântano contra animais mais leves que ele e perecia, sempre vitorioso, na lama que não conseguia segurá-lo. Quem teria conseguido provar que se tratava da Alemanha? E por que pensar na mesma Alemanha a propósito daquele leão, o qual sempre vencia, porque não se afastava para longe de sua enorme e bela toca, até que não se descobrisse que a enorme e bela toca se prestava a uma defumação de êxito seguro?

No entanto, Mario acostumou-se a se mover pela vida sempre acompanhado das fábulas, como se fos-sem os bolsos de sua roupa. Progresso literário que devia à polícia, a qual, porém, se demonstrou total-mente ignorante de literatura nacional, deixando em paz, no decorrer de toda a guerra, o pobre Mario de-siludido e tranquilizado.

Depois houve outro pequeno progresso em sua obra com a escolha dos protagonistas mais adequa-dos. Não mais os elefantes, muito distantes, nem as moscas de olhos desprovidos de toda expressão, mas os lindos e pequenos pardais que ele se dava ao luxo (grande luxo, em Trieste, naqueles dias) de alimentar em seu quintal com migalhas de pão. Todos os dias gas-tava alguns minutos olhando seus movimentos, e era aquela a parte mais brilhante do dia, porque a mais li-terária, talvez mais literária do que as fábulas nas quais

resultavam. Desejava até mesmo beijar as coisas sobre as quais escrevia! À noite, sobre os tetos da vizinhança e numa pequena árvore entristecida no quintal, ouvia chilrear os pardais e pensava que, antes de curvarem a cabecinha para cair no sono, eles talvez narrassem uns para os outros as aventuras do dia. De manhã era a mesma tagarelice viva e sonora. Certamente contavam seus sonhos uns para os outros. Como ele próprio, os pardais viviam entre duas experiências, a da vida real e a dos sonhos. Enfim, eram animais que tinham uma cabeça na qual os pensamentos podiam ser alojados, e tinham certas cores, comportamentos e até uma fra-queza de dar compaixão, e asas de despertar inveja, por isso a vida real. Na fábula, todavia, permaneceu a pe-quena múmia enrijecida de axiomas e teoremas, mas pelo menos ele pôde escrevê-la sorrindo.

E a vida de Mario se enriqueceu de sorrisos. Um dia escreveu:

“Meu quintal é pequeno, mas, com exercício diário, poderiam ser consumidos ali 10 quilogramas de pão por dia.” Um sonho real de poeta. Onde encontrar naquela época 10 quilogramas de pão para os passari-nhos sem vale-refeição? Em outro dia: “Queria saber abolir a guerra no alto do pequeno castanheiro-da-ín-dia em meu quintal, de noite, quando os pardais pro-curam o melhor lugar para dormir, porque seria um bom sinal para o futuro da humanidade”.

1918

Mario cobriu os pobres pardais com tantas ideias que acabou ocultando seus membros delicados. Seu irmão, Giulio, que morava com ele e pretendia amar sua litera-tura, não sabia amá-la suficientemente para incluir nela até mesmo os passarinhos. Acreditava que lhes faltaria expressão. Mario, porém, explicava que eles próprios eram uma expressão da natureza, um complemento das coisas que jazem ou caminham, acima delas, como o acento sobre a palavra, um verdadeiro sinal musical.

A expressão mais alegre da natureza: nos pássaros nem mesmo o medo é verde e abjeto como no homem, e não porque coberto por penas, o que se mostra, aliás, evidente, mas não altera de modo algum seu elegante organismo. Deve-se, ao contrário, acreditar que seu pe-queno cérebro jamais o saiba. O alarme vem da vista ou da escuta, e na pressa passa diretamente para as asas. Que coisa maravilhosa um pequeno cérebro desprovi-do de medo num organismo em fuga! Um dos animai-zinhos deu um sobressalto? Todos fogem, mas como se dissessem: “Eis uma boa ocasião para ter medo”. Não conhecem as hesitações. Custa muito pouco fugir quando se tem asas. E seu voo é seguro. Evitam os obs-táculos rasando-os e atravessam o mais sutil enredo de ramos das árvores sem jamais ficarem presos neles ou feridos por eles. Pensam apenas quando estão distantes e procuram então entender a razão da fuga, estudando os lugares e as coisas. Inclinam com graça a cabecinha

à direita e à esquerda e esperam com paciência poder voltar ao lugar de onde fugiram. Se houvesse medo em cada fuga, todos já estariam mortos. E Mario suspei-tava que encontrassem na arte muitas agitações. De fato, poderiam comer em plena calma o pão que lhes é doado, no entanto, eles fecham seus olhinhos malicio-sos e têm a convicção de que cada uma de suas aboca-nhadas é um furto. E desse modo condimentam o pão seco. Como verdadeiros ladrões, nunca comem no lu-gar onde o pão foi lançado, e ali jamais há briga entre eles porque seria perigoso. A disputa pelas migalhas se dá no lugar ao qual chegam depois da fuga.

Graças a tanta descoberta, escreveu com facilidade a fábula: “Um homem generoso que cotidianamente, por longos anos, havia presenteado todos os dias os passari-nhos com um pouco de pão, vivia seguro de que o espí-rito deles estava repleto de reconhecimento por ele. Não sabia observar: de outro modo, teria percebido que os passarinhos o consideravam um imbecil de quem, por muitos anos, souberam roubar o pão sem que ele tivesse conseguido capturar nem mesmo um único pássaro”.

Parece impossível que um homem sempre feliz, como era Mario, tenha cometido uma ação semelhan-te escrevendo tal fábula. Seria, portanto, feliz apenas superficialmente? Incutir tanta malícia e tanta injusti-ça na expressão mais feliz da natureza! Equivale a des-truí-la. Creio também que imaginar aquele desconhe-

2120

cimento horrendo dos alados era uma grave ofensa à humanidade, porque se os passarinhos, que não sa-bem falar, falam desse modo, como se manifestariam os dotados de uma língua comprida?

E intimamente tristes eram todas as suas pequenas múmias: durante a guerra diminuiu nas ruas de Trieste o trânsito de cavalos, os quais depois passaram a ser alimentados apenas de feno. Por isso, faltavam pelas estradas aquelas sementes saborosas deixadas intac-tas pela digestão. E Mario ainda imaginava perguntar a seus pequenos amigos: “Estão desesperados?”. E os pássaros lhe responderiam: “Não, mas estamos em menor número”.

Talvez Mario quisesse também habituar-se a con-siderar seu insucesso na vida como uma consequên-cia de circunstâncias que não dependiam dele, para se submeter sem dor? A fábula só permanece sorridente porque quem lê ri. Ri daquela besta de passarinho que não se lembra do desespero, próximo do qual viveu alguns dias antes, porque ele próprio não foi atingido por ele. Mas, depois da risada, pensa no impassível aspecto da natureza quando faz suas experiências e sente calafrios.

Com frequência sua fábula foi dedicada à desilusão que se segue a qualquer obra humana. Parecia querer se consolar de sua ausência de vida dizendo para si mes-mo: “Eu que não faço estou bem, porque não o faço”.

Um rico senhor amava tanto os passarinhos que dedicou a eles uma enorme fazenda onde era proibido insidiá-los ou tão somente assustá-los. Construiu para os animais ótimos refúgios aquecidos para o longo inverno, abarrotados de alimentos. Depois de algum tempo, na vasta propriedade, alojaram-se muitas aves de rapina, gatos e até mesmo enormes roedores que agrediram os passarinhos. O rico senhor chorou, mas não se curou da bondade, que é uma doença incurável, e ele, que queria os pássaros alimentados, não soube tirar a comida dos falcões e de todos os outros animais.

E esse escárnio da bondade humana, extrema-mente seca, também foi pensado por aquele Mario avermelhado e sorridente. Ele gritava que a bondade humana não consegue senão aumentar a vida num dado lugar, no qual logo escorre abundante o sangue, e parecia feliz com isso.

Os dias de Mario, portanto, eram sempre felizes. Podia-se também pensar que toda a sua tristeza nas fábulas produzisse amor e que, por isso, não chegas-se a obscurecer seu rosto. No entanto, parece que essa satisfação toda não o acompanhava em suas noites e em seus sonhos. Giulio, seu irmão, dormia no quarto vizinho ao seu. Costumava roncar satisfeito durante a digestão, o que, em alguém doente de gota, poderia ser sinal de enfermidade, mas nesse caso era de saciedade. Quando, porém, não dormia, alguns sons estranhos

2322

vindos do quarto de Mario chegavam até ele: suspi-ros profundos que pareciam de dor e depois alguns gritos altíssimos de protesto. Tais sons ecoavam alto durante a noite e não pareciam vir do homem alegre e moderado que se via à luz do dia. Mario não se lem-brava de seus sonhos e, satisfeito pelo sono profundo, acreditava ter ficado igualmente feliz em sua cama, como acontecia durante um dia muito cansativo. Quando Giulio, preocupado, lhe contou seu estranho modo de dormir, ele acreditou que não se tratava se-não de um novo sistema de ronco. Ao contrário, dada a constância do fenômeno, é claro que aqueles sons e gritos eram a expressão sincera, no sono, da alma tor-turada. Poderíamos acreditar que se tratasse de uma manifestação que podia invalidar a moderna e perfeita teoria do sonho, segundo a qual no repouso há sempre a beatitude do sonho que contém o desejo satisfeito. Mas não poderíamos também pensar que o verdadeiro sonho do poeta é aquele que ele vive quando está acor-dado, e que por isso Mario tinha razão ao rir de dia e chorar de noite? Há, depois, a possibilidade de outra explicação confortada pela mesma teoria do sonho: poderia, no caso de Mario, haver um desejo satisfeito na livre manifestação de sua dor. Ele podia arrancar, então, no sonho noturno, a máscara pesada que du-rante o dia lhe era colocada para ocultar sua presun-ção e proclamar com suspiros e gritos: “Mereço mais,

mereço outra coisa”. Um desabafo que também pode tutelar o descanso.

De manhã surgia o sol, e Giulio, surpreso, sabia que Mario acreditava ter passado a noite toda, tão rica de soluços, em companhia de alguma nova fábula. Às vezes, totalmente inócua. Encontrava-se em elabora-ção havia vários dias: a guerra tinha levado ao quintal dos pardais a grande novidade, a penúria, e o pobre Mario inventara um método para fazer durar por mais tempo as migalhas de pão. De tempos em tempos, surgia no quintal e renovava nos pardais a descon-fiança. São animais lentos quando não voam e para eliminar uma desconfiança precisam de um longo tempo. Sua alma é como uma pequena balança, sobre um prato pesa a desconfiança, sobre o outro, o apeti-te. Este sempre cresce, mas, se por acaso se renova a desconfiança, eles não comem. Com um método tão rígido, poderiam morrer de fome ao lado do pão. Em suma, uma triste experiência se levada até o fim. No entanto, Mario a conduz até o ponto de poder rir dela, mas não ao ponto de chorar por causa dela. A fábula (um passarinho gritava ao homem: “Seu pão só seria saboroso se você não estivesse aqui”) permaneceu alegre, até mesmo porque os pardais durante a guerra não haviam emagrecido. Nas ruas de Trieste também havia naquela época, em abundância, as porcarias das quais eles sabem alimentar-se.

113

Una burla riuscita

Italo Svevo

115

I

Mario Samigli era un letterato quasi sessantenne. Un romanzo ch’egli aveva pubblicato quarant’anni prima, si sarebbe potuto considerare morto se a questo mondo sapessero morire anche le cose che non furono mai vive. Scolorito e un po’ indebolito, Mario, invece, continuò a vivere per tanti anni di certa vita lemme lemme com’e-ra consentita da un impieguccio che gli dava non molti fastidi e un piccolissimo reddito. Una tale vita è igienica e si fa ancora più sana se, come avveniva da Mario, è condita da qualche bel sogno. Alla sua età egli conti-nuava a considerarsi destinato alla gloria, non per quello che aveva fatto nè per quello che sperava di poter fare, ma così, perchè un’inerzia grande, quella stessa che gl’impediva ogni ribellione alla sua sorte, lo tratteneva dal faticoso lavoro di distruggere la convinzione che s’era formata nell’animo suo tanti anni prima. Ma così finiva coll’essere dimostrato che anche la potenza del destino ha un limite. La vita aveva rotto a Mario qualche osso, ma gli aveva lasciati intatti gli organi più impor-tanti, la stima di se stesso, e anche un po’ quella degli altri, dai quali certo la gloria dipende. Egli attraversava la

117116

non trovava l’uscio per cui potesse allontanarsi da tanta felicità. Fare un altro romanzo come il suo antico, che era nato dall’ammirazione di persone superiori per cen-so e per rango, conosciuta da lui con l’ausilio del tele-scopio, era un’impresa impossibile. Egli continuava ad amare quel suo romanzo perchè poteva amarlo senza grande fatica, e gli appariva vitale come tutte le cose che simulano d’avere un capo e una coda. Ma quando voleva accingersi a lavorare di nuovo su quelle ombre di uomi-ni, per proiettarle a forza di parole sulla carta, provava un salutare ribrezzo. La completa, benchè inconsapevole maturità dei sessant’anni gl’impediva un’opera simile. E non ci pensò a descrivere la vita più umile, la propria p. es., esemplare per virtù, e tanto forte per quella rasse-gnazione che la reggeva, non vantata e neppure detta, tanto ormai aveva improntato il suo io. Per poter fare ciò gli mancava lo strumento e anche l’affetto, ciò ch’era una vera inferiorità, ma frequente da coloro cui fu conteso di conoscere la vita più alta. E finì ch’egli abbandonò l’uo-mo e la sua vita, l’alta e la bassa o almeno credette di abbandonarla, e si dedicò, o credette di farlo, agli anima-li, scrivendo delle favole. Così, brevi, brevi, rigide, delle mummiette e non dei cadaveri perchè neppure putivano, gli venivano fatte nei ritagli di tempo. Infantile com’era (non per vecchiaia, perchè lo era stato sempre) le giudicò un esordio, un buon esercizio, un perfezionamento, e si sentì giovine e più felice che mai.

sua triste vita accompagnato sempre da un sentimento di soddisfazione.

Pochi potevano sospettare in lui tanta presunzione, perchè Mario la celava con quell’astuzia, quasi inconscia nel sognatore, che gli permette di proteggere il sogno dal cozzo con le cose più dure di questo mondo. Tutta-via il suo sogno talvolta trapelava, e allora chi gli voleva bene tutelava quella innocua presunzione, mentre gli altri, quando sentivano Mario giudicare autori vivi e morti con parola decisa, e magari citare se stesso quale un precur-sore, ridevano, ma mitemente, vedendolo arrossire come anche un sessantenne sa, quand’è un letterato e in quelle condizioni. E il riso anch’esso è una cosa sana e non cat-tiva. Così stavano tutti benissimo: Mario, i suoi amici ed anche i suoi nemici.

Mario scriveva pochissimo ed anzi, per lungo tempo, dello scrittore non ebbe che la penna e la carta sempre bianca, pronte sul tavolo di lavoro. E furon quelli gli anni suoi più felici, così pieni di sogni e privi di qualsiasi fati-cosa esperienza, una seconda accesa infanzia preferibile persino alla maturità dello scrittore più fortunato che sa vuotarsi sulla carta, più aiutato che impedito dalla paro-la, e resta poi come una buccia vuota che si crede tutta-via frutto saporito.

Poteva restare felice quell’epoca solo finchè durava lo sforzo per uscirne. E da parte di Mario questo sfor-zo, non troppo violento, ci fu sempre. Per fortuna egli

118

Dapprima, ripetendendo l’errore commesso in gio-ventù, scrisse di animali che conosceva poco, e le sue favole risonarono di ruggiti e barriti. Poi si fece più umano, se così si può dire, scrivendo degli animali che credeva di conoscere. Così la mosca gli regalò una gran quantità di favole dimostrandosi un animale più utile di quanto si cre-da. In una di quelle favole ammirava la velocità del dittero, velocità sprecata perchè non gli serviva nè a raggiungere la preda nè a garantire la sua incolumità. Qui faceva la morale una testuggine. Un’altra favola esaltava la mosca che distruggeva le cose sozze da essa tanto amate. Una terza si meravigliava che la mosca, l’animale più ricco d’occhi, veda tanto imperfettamente. Infine una raccon-tava di un uomo che, dopo di aver schiacciato una mosca noiosa, le gridò: “Ti ho beneficata; ecco che non sei più una mosca”. Con tale sistema era facile di avere ogni gior-no la favola pronta col caffè del mattino. Doveva veni-re la guerra ad insegnargli che la favola poteva divenire un’espressione del proprio animo, il quale così inseriva la mummietta nella macchina della vita, quale un suo orga-no. Ed ecco come avvenne.

Allo scoppio della guerra italiana, Mario temette che il primo atto di persecuzione che l’ I. e R. Polizia avrebbe esercitato a Trieste, sarebbe venuto a colpire lui – uno dei pochi letterati italiani restati in città – con un bel pro-cesso che forse l’avrebbe mandato a penzolare dalla forca. Fu un terrore e nello stesso tempo una speranza che lo

121120

tasche del suo vestito. Progresso letterario ch’egli doveva alla polizia, la quale però si dimostrò del tutto ignorante della letteratura paesana, e lasciò in pace, per il corso di tutta la guerra, il povero Mario disilluso e rassicurato.

Poi ci fu un altro piccolo progresso nella sua opera con la scelta di protagonisti più adatti. Non più gli ele-fanti, tanto lontani, nè le mosche dagli occhi privi di ogni espressione, ma i cari, piccoli passeri ch’egli si prendeva il lusso (grande lusso, a Trieste, di quei giorni) di nutrire nel suo cortile con briciole di pane. Ogni giorno egli spen-deva qualche tempo a guardarli moversi, ed era quella la parte più brillante della giornata, perchè la più letteraria, forse più letteraria delle stesse favole che ne risultavano. Se desiderava addirittura di baciare le cose di cui scrive-va! Di sera, sui tetti vicini e su un alberello intristito nel cortile, sentiva cinguettare i passeri, e pensava che prima di piegare sulla schiena al sonno la testina, si dicessero le avventure della giornata. Al mattino era lo stesso cica-leccio vivo e sonoro. Si dicevano certamente i sogni del-la notte. Come lui stesso vivevano fra le due esperienze, quella della vita reale e quella dei sogni. Erano infine degli animali che avevano una testa in cui potevano annidar-si dei pensieri, e avevano dei colori, degli atteggiamenti eppoi anche una debolezza da far compassione, e delle ali da destare l’invidia, perciò la vera e propria vita. La favola restò tuttavia la piccola mummia irrigidita da assiomi e teoremi, ma almeno la si potè scriver sorridendo.

agitò, facendolo ora esultare ed ora sbiancare dal terro-re. Egli si figurava che i suoi giudici, tutto un consiglio di guerra composto dei rappresentanti di tutte le gerarchie militari, dal generale in giù, avrebbe dovuto leggere il suo romanzo, e – se ci doveva essere giustizia — studiarlo. Poi certamente sarebbe giunto un momento un po’ doloroso. Ma se il consiglio di guerra non era composto di barbari, si poteva sperare che, dopo letto il romanzo, per premio, la vita gli sarebbe stata risparmiata. Perciò egli scrisse molto durante la guerra, rabbrividendo di speranza e di terrore ancora più di un autore che sa che c’è un pubblico che aspetta la sua parola per giudicarla. Ma, per prudenza, scrisse solo delle favole dal senso dubbio, e, nella speran-za e nella paura, le piccole mummie gli si vivificarono. Il consiglio di guerra non avrebbe mica potuto condannar-lo facilmente per la favola che trattava di quel gigante grosso e forte che combatteva su una palude contro degli animali più leggeri di lui, e che periva, sempre vittorioso, nel fango che non sapeva sostenerlo. Chi avrebbe potuto provare che si trattava della Germania? E perchè pen-sare alla stessa Germania a proposito di quel leone, che vinceva sempre, perchè non s’allontanava di troppo dalla propria grande, bella tana, finchè non si scopriva che la grande, bella tana si prestava ad un affumicamento d’e-sito sicuro?

Ma così Mario s’abituò a moversi nella vita sempre accompagnato dalle favole, come se fossero state le

123122

Costa tanto poco fuggire quando si hanno le ali. E il volo loro è sicuro. Evitano gli ostacoli rasentandoli, ed attraver-sano il più fitto groviglio di rami d’alberi senza mai esserne arrestati o lesi. Pensano soltanto quando son lontani, e cercano allora d’intendere la ragione della fuga, studiando i luoghi e le cose. Inclinano con grazia la testina a destra e a sinistra, e aspettano con pazienza di poter tornare al luogo donde son fuggiti. Se ci fosse della paura ad ogni loro fuga, sarebbero morti tutti. E Mario sospettava che si procurassero ad arte tante agitazioni. Infatti potrebbe-ro mangiare in piena calma il pane che viene loro donato, e invece essi chiudono gli occhietti maliziosi ed hanno la convinzione che ogni loro boccone è un furto. Proprio così condiscono il pane asciutto. Da veri ladri non mangiano mai sul posto ove il pane è stato gettato, e là non c’è mai lite fra di loro perchè sarebbe pericoloso. La contesa per le briciole scoppia al posto ove son giunti dopo la fuga.

Grazie a tanta scoperta, stese con facilità la favola: “Un uomo generoso, regolarmente, per lunghi anni, ave-va regalato ogni giorno del pane agli uccelletti, e viveva sicuro che l’animo loro fosse pieno di riconoscenza per lui. Non sapeva guardare costui: altrimenti si sarebbe accorto che gli uccelletti lo consideravano un imbecille cui, per tanti anni, avevano saputo rubare il pane senza che a lui fosse riuscito di catturare neppur uno di loro”.

Pare impossibile che un uomo sempre lieto com’era Mario, abbia commesso un’azione simile scrivendo questa

E la vita di Mario s’arricchì di sorrisi. Un giorno scrisse: “Il mio cortile è piccolo, ma, con l’esercizio, vi si potreb-

bero spendere dieci chilogrammi di pane al giorno”. Un vero sogno di poeta cotesto. Dove trovare in quell’epoca dieci chilogrammi di pane per gli uccellini privi di tessera? Un altro giorno: “Vorrei saper abolire la guerra sul piccolo ippocastano nel mio cortile, la sera, quando i passeri cer-cano il miglior posto per la notte, perchè sarebbe un buon segno per l’avvenire dell’umanità”.

Mario coperse di tante idee i poveri passeri da celar-ne le esili membra. Il fratello Giulio che abitava con lui, e pretendeva di amare la sua letteratura, non sapeva amarla abbastanza per includervi anche gli uccelletti. Pretendeva che mancassero d’espressione. Ma Mario spiegava ch’era-no essi stessi un’espressione della natura, un complemen-to delle cose che giacciono o camminano, al disopra di esse, come l’accento sulla parola, un vero segno musicale.

L’espressione più lieta della natura: negli uccellini nep-pure la paura è verde e abietta come nell’uomo, e non mica perchè celata dalle pene, chè appare anzi evidente, ma non altera in alcun modo il loro elegante organismo. Si deve anzi credere che il loro cervellino non la sappia mai. L’allar-me viene dalla vista o dall’udito, e nella fretta passa diretta-mente alle ali. Gran bella cosa un cervellino privo di paura in un organismo in fuga! Uno degli animalucci ha trasalito? Tutti fuggono, ma in modo che pare dicano: Ecco una buo-na occasione per aver paura. Non conoscono le esitazioni.

125124

Un ricco signore amava tanto gli uccellini da dedicare loro una sua vasta tenuta ove era proibito d’insidiarli o anche solo di spaventarli. Costruì per essi dei buoni rico-veri caldi per il lungo inverno, riforniti abbondantemente di nutrimento. Dopo qualche tempo nella vasta tenuta s’annidarono una quantità di uccelli rapaci, di gatti e persi-no di grossi roditori che aggredirono gli uccellini. Il ricco signore pianse, ma non guarì della bontà ch’è una malattia inguaribile, e lui che voleva nutriti gli uccellini, non seppe interdire il cibo ai falchetti e agli altri animali tutti.

E questa derisione della bontà umana, secca secca, fu anch’essa pensata da quel Mario roseo e sorridente. Egli gridava che la bontà umana non riesce che ad aumentare la vita su un dato posto dove subito scorre abbondante il sangue, e ne sembrava felice.

I giorni di Mario dunque erano sempre lieti. Si pote-va anche pensare che tutta la sua tristezza passasse nelle sue favole amare e che perciò non arrivasse ad oscura-re la sua faccia. Ma pare che tanta soddisfazione non lo accompagnasse nelle sue notti e nel sogno. Giulio, il fra-tello suo, dormiva in una stanza vicina alla sua. Di soli-to costui russava beatamente nella digestione, che nel gottoso può essere malata, ma è ben completa. Quando però non dormiva, gli provenivano dei suoni strani dalla stanza di Mario: sospiri profondi che parevano di dolore, eppoi anche dei singoli gridi altissimi di protesta. Echeg-giavano alti nella notte quei suoni, e non parevano emessi

favola. Era dunque lieto solo a fior di pelle? Ficcare tan-ta malizia e tanta ingiustizia nell’espressione più lieta del-la natura! Equivaleva a distruggerla. Io credo anche che immaginare quell’orrenda sconoscenza dagli alati, fosse una grave offesa all’umanità, perchè se gli uccellini che non san-no parlare parlano così, come si esprimerebbero i beneficati dalla lingua lunga?

E intimamente tristi erano tutte le sue piccole mum-mie: durante la guerra diminuì sulle vie di Trieste il transito dei cavalli i quali poi erano nutriti di solo fieno. Mancavano perciò sulla via quei semi saporiti lasciati intatti dalla dige-stione. E Mario si figurava di domandare ai suoi piccoli amici: “Siete alla disperazione?”. E gli uccellini risponde-vano: “No, ma siamo in meno”.

Voleva forse Mario abituarsi a considerare anche il proprio insuccesso nella vita come una conseguenza di circostanze che non dipendevano da lui, per sottometter-si senza dolore? La favola resta sorridente solo perchè chi legge ride. Ride di quella bestia d’uccellino che non ricor-da la disperazione, vicino alla quale è vissuto alcuni cer-ti giorni, perchè egli stesso non ne fu toccato. Ma dopo di aver riso si pensa all’impassibile aspetto della natura quando fa i suoi esperimenti, e si rabbrividisce.

Spesso la sua favola fu dedicata alla delusione che segue ad ogni opera umana. Pareva volesse consolarsi della propria assenza dalla vita dicendosi: Sto bene io che non faccio, perchè non fallo.

126

Innocua del tutto talvolta. Si trovava in elaborazione da varii giorni: La guerra aveva portato nel cortile dei passeri la grande novità, la penuria, e il povero Mario aveva inven-tato un metodo per far durare più a lungo il pane scarso. Di tempo in tempo appariva nel cortile e rinnovava nei passeri la diffidenza. Sono animali lenti quando non volano, e per eliminare una diffidenza abbisognano di lungo tempo. La loro anima è come una bilancetta, su un piatto della quale pesa la diffidenza e sull’altro l’appetito. Questo cre-sce sempre, ma se si rinnova anche la diffidenza, essi non abboccano. Con un metodo rigido si potrebbero far mori-re di fame accanto al pane. Una triste esperienza se fatta a fondo. Ma Mario la spinse fino a poter riderne, ma non a far piangere. La favola (un uccellino gridava all’uomo: “Il tuo pane sarebbe saporito solo se tu non ci fossi”) rimase lieta anche perchè i passeri durante la guerra non dima-grarono. Sulle vie di Trieste ci furono anche in quell’epoca, abbondanti, le porcheriole di cui sanno nutrirsi.

dall’uomo lieto e mite che si vedeva alla luce del giorno. Mario non ricordava i propri sogni, e, soddisfatto del son-no profondo, credeva di essere stato almeno altrettanto lieto nel suo letto come lo era durante la giornata faticosa. Quando Giulio, impensierito, gli raccontò del suo strano modo di dormire, egli credette che non si trattasse d’altro che di un nuovo sistema di russare. Invece, data la costan-za del fenomeno, è certo che quei suoni e quei gridi erano l’espressione sincera, nel sonno, dell’animo torturato. Si potrebbe credere che si trattasse di una manifestazione che potesse infirmare la moderna e perfetta teoria del sogno secondo la quale nel riposo ci sarebbe sempre la beatitudine del sogno contenente il desiderio soddisfat-to. Ma non si potrebbe anche pensare che il vero sogno del poeta è quello ch’egli vive quand’è desto, e che perciò Mario avrebbe avuto ragione di ridere di giorno e pian-gere di notte? C’è poi la possibilità di un’altra spiegazio-ne confortata dalla stessa teoria del sogno: Poteva nel caso di Mario esserci un desiderio soddisfatto nella libera manifestazione del suo dolore. Egli poteva gettare allora, nel sogno notturno, la pesante maschera che durante il giorno gli era imposta per celare la propria presunzione, e proclamare coi sospiri e i gridi: Io merito di più, io merito altro. Uno sfogo che anch’esso può tutelare il riposo.

Al mattino sorgeva il sole, e Giulio, stupito, apprende-va che Mario credeva di aver passata la notte intera, tanto ricca di singhiozzi, in compagnia di qualche nuova favola.

O projeto gráfico deste livro inspirou-se na vida do protagonista, Mario Samigli, e no embate entre os seus sonhos literários e a sua realidade: a rotina regrada no escritório, a vida em Trieste numa época marcada por conflitos morais, políticos e nacionalistas, durante a Primeira Guerra Mundial. Para sinalizar essa dualidade, o texto é apresentado em duas versões: a tradução em português e o original italiano, que entra em seguida, nas páginas cor-de-rosa, entremeado a desenhos dos animais que povoam as fábulas criadas pelo personagem. A opção por colocar o romance nas duas línguas remete também ao desejo do personagem de ver seu livro traduzido.

Os elementos tipográficos lembram o modernismo do início do século xx, e as ilustrações em gravuras, tão utilizadas no século xix, remetem ao espírito de transformação da época. A fonte usada na composição do texto em português é a versão digital da dtl Haarlemmer, do holandês Jan van Krimpen, de 1938, e a do original italiano é a Brandon Grotesque, do alemão Hannes von Döhren, criada em 2010.

A capa, em papel kraft, como os envelopes de tipo comercial, faz referência ao cotidiano de Samigli, funcionário de uma firma, que passa os dias dedicando-se a pequenas tarefas burocráticas.

O miolo foi impresso nos papéis alta alvura e superbond 75 g/m3 em março de 2017, na gráfica Ipsis.

Este exemplar é o de número

de uma tiragem de 1.000 cópias