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UN1VERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA António da Torre METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÉMICO (SEBENTA) Subsídios para a Cadeira de Metodologia do Trabalho Académico 2

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UN1VERSIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

António da Torre

METODOLOGIA DO TRABALHO ACADÉMICO

(SEBENTA)

Subsídios para a Cadeira de Metodologia do Trabalho Académico

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ADVERTÊNCIA AO LEITOR

Os presentes apontamentos foram concebidos e redigidos como roteiro do curso de «Metodologia de Estudo» do ano académico 2001 e reelaborados, mais ou menos profundamente, nos anos subsequentes. Dessa finalidade prática, provénl o seu estilo, muitas vezes mais verbal do que escrito. Eles foram, por assün dizer, escritos a falar. Destinam-se exclusivamente ao uso dos participantes da cadeira, como apoio ao seu estudo pessoal. Qualquer outro uso destes apontamentos será considerado abusivo e tratado como tal.

Em relação à primeira elaboração, esta apresenta um considerável aumento de referências bibliográficas. Elas visam permitir aos estudantes um aprofundamento das matérias apresentadas. Além disso, elas têm em vista possíveis situações futuras. Sobretudo na altura da elaboração de trabalhos de conclusão de curso, os utentes destes apontamentos notarão a sua insuficiência. Poderão buscar informações mais pormenorizadas nas obras aqui referidas. Daí a abundância de referências bibliográficas relativas à elaboração e apresentação dos trabalhos académicos. Embora o autor deva muitas sugestões a terceiros, a responsabilidade pelo texto recai exclusivamente sobre ele.

Para a elaboração destes subsídios, o autor serviu-se da bibl iografia a seguir indicada. Aos autores abaixo referidos, assim como aos demais docentes da cadeira, de quem o autor recebeu valiosa colaboração, seja expresso o seu reconhecimento.

o autor e coordenador da cadeira

António da Torre

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INTRODUÇÃO

Colocada no início do curso universitário, a cadeira de Metodologia é como que o !7all de entrada na Universidade; não enquanto edifício, mas enquanto instituição, enqlJal1to Universitas Scientiarum.

Como o próprio nome - metodologia indica, ela quer apontar um caminho C'hé hodós"); o caminho para alcançar o saber. Ela pretende ajudar os "ouvintes" a colocar­se no caminho e a iniciar-se nos processos de aquisição e produção da ciência.

Pmtindo de umas considerações iniciais sobre a transição do ensino a nível médio para o ensino a nível superior e as exigências que isso implica, teceremos nesta parle mais preliminar algumas considerações sobre a designação da cadeira, seus objectivos e método de trabalho.

Seguidamente tomaremos um primeiro contacto virtual - com a biblioteca, lugar e instrumento privilegiado do trabalho académico: estudo e investigaç50. Faremos algumas observações sobre a estrutura física da biblioteca, seus diversos espaços e as respectivas finalidades: sala de catálogo, depósito de livros, sala de consulta e sala de kitura. Mencionaremos os vários serviços que as bibliotecas co.stumam prestar: empréstimo de livros, serviço. de fotocópias, de microfilmes, etc. Abordaremos também, brevemente, a questão da leitura e do estudo. na biblioteca. Concluiremos este nosso contacto virtual, com uma visita guiada à nossa biblioteca.

Dedicaremos especial atenção ao estudo pessoal. O estudante universitário é o slüeito da sua formação. Ele deve tomar nas próprias mãos as rédeas da sua forrnação. Daí a importância toda espeóal do estudo e investigação pessoais, quer individual­mente, quer em grupo.

Sobretudo em disciplinas teóricas, o estudo e a investigação fazem-se pela leitura. Abordaremos esse tema com especial cuidado. Veremos que há vários tipos de leitura, cada um com os seus objectivos próprios e exigências específicas. Dedicação especial merece a leitura analítica, que visa a compreensão exaustiva de um texto.

A elaboração de trabalhos escritos é essencial num estudo personalizado. Para além de apresentarmos os tipos mais comuns de trabalhos académicos, exporemos os diversos passos a dar para a elaboração de trabalhos dessa natureza: levantamento bibliográfico, estudo da bibliografia e recolha de material, assim como a redacção dos mesmos.

Para concluir todo esse processo daremos algumas orientações e normas para a apresentação dos trabalhos académicos.

Detalhando um pouco mais as coisas, teríamos o seguinte programa de curso:

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PROGRAMA DO CURSO

PRELIMINARES

1.1 - Do Estudo a Nível Médio ao Estudo a Nível Superior 1.2 - Designação da Cadeira 1.3 - Objectivos da Cadeira ] .4 . Método a Seguir

2 - A BIBLIOTECA

2. J - "Definição" - Estrutura Física

2.3 - Uso da Biblioteca 2.4 - Estudo na Biblioteca 2.5 - Biblioteca Virtual

3 O ESTUDO PESSOAL

3.1 Individualidade no Modo de Estudar 3.2 - O Tempo para o Estudo 3.3 - Um Ponto de Partida para o Estudo Pessoal 3.4 - Apontamentos de Aula 3 [- Uso e Abuso dos Apontamentos 3.4.2 - Trabalhar os Apontamentos: Individualmente ou em Grupo 3.4.3 Necessidade de Esclarecimentos 3.4.4 - Onde Trabalhar os Apontamentos de Aula 3.4.4.] - Apontamentos de Aula Trabalhados em Cadernos 3.4.4.2 - Apontamentos de Aula Elaborados em Fichas 3.4.4.3 - Apontamentos de Aula Trabalhados em Computador 3.5 Contacto Constante com o Tema cm Estudo 3.6 - Preparação dos Exames 3.6.1 - Preparação Remota - Preparação Próxima

4 - A BUSCA DE SUBSÍDIOS

4.1.- Levantamento Bibliográfico 4.1.1 - A Ficha 4.1.2 - A Ficha Bibliográfica 4.1.2.1 - A Ficha Bibliográfica de Seminário 4.1.2.2 - A Ficha Bibliográfica de Catálogo 4.1.2.3 - A Ficha Bibliográfica Pessoal 4.2 - O Preenchimento da Ficha Bibliográfica 4.2. J Os Campos da Ficha Bibliográfica 4.3 - A Elaboração da Bibliografia 43, J - Elementos que Constam na Bibliografia 4.3 - Normas para a Elaboração de uma Bibliografia 4.3.3 - Proposta Concreta 4.3.4 A Grande Excepção

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4.4 - Diversos Tipos de Obras 4.4.1 - Obras de um só Autor 4.4.2 - Obras de vários Autores 4.4.3 - Obras de Autor-Instituição 4.4.4 - Normas para Referência Bibliográfica de Material da Internet 4.4.5 - O Sistema Autor/Data

5 - A LElTURA.

5.1 - O ambiente de Leitura 5.2 - Vários Tipos de Leitura 5.3 - Leitura Analítica 5.3.1 - A Unidade de Leitura ).3.2 - Os Passos da Leitura 5.3.2.1 - Análise Textual Esquematização do Texto 5.3.2.1 - Análise Temática 5.3 1 - Análise Interpretativa - A Problematização A Síntese Pessoal

6 - A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS

6.1 - Vários Tipos de Trabalho Científico 6.1.1 - Resumo de Textos: Relatórios de Leitura. 6.1.2 - Recensão de Livros 6.1.3 - Trabalhos de Carácter Monográfico 6.1.3.1 - Trabalhos de Seminário 6.1.3.2 - Dissertação de Licenciatura 6.1.3.3 - Tese de Doutoramento 6.2 Passos a dar na Elaboração do Trabalho Académico 6.2.1 Escolha do Tema 6.2.2 - Levantamento Bibliográfico 6.2.3 - Elaboração de um Projecto de Trabalho 6.2.4 - Recolha de Material 6.2.5 ~ Redacção 6.3 - O Texto do Trabalho Académico 6.3.1 '- Introdução 6.3.2 - Corpo ou Desenvolvimento 6.3.3 - Conclusão 6.4 - Aparato Crítico 6.4.1 - Citação e Referência.

7 - A APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS

7.1 - Parte Pré-textual 7.2 - Parte Textual 7.2.1 - O Espaço do Texto 7.2.2 - Espaçamentos: Homogeneidade e Hierarquia

- Espaçamento entre Linhas 7.2.4 - Tipo e Tamanho de Letra 7.3 - Parte Pós-textual

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BIBLIOGRAFIA

AZEVEDO, Carlos A. Moreira I Ana Gonçalves de AZEVEDO. ~Metodologia cientí­fica: Contributo prático para a elaboração de trabalhos académicos. sa ed. Porto, C. Azevedo, 2000 (la ed. 1994).

D'ONOFRIO, Salvatore. lvfetodologia do trabalho intelectual. 2a ed. São Paulo, Editora Atlas S. A., 2000.

\ ECO, Umberto. Como se faz uma tese em Ciências Humanas. 3a ed. Lisboa, Presença, 1984 (la ed. em italiano 1977).

FARINA, Rafaello. Metodologia: Avviamento alia tecnica dellavoro .lcientifico. 3a ed. Roma, Libreria Ateneo Salesiano, 1978.

FRADA, João José Cúcio. Guia prático para a elaboração e apresentação de trabalhos cientificos. 2a ed. CoI. Microcosmos, Lisboa, Cosmos, 2000 (P ed. 1991).

GOZALO, Susana. Como estudar: Conseguir uma boa concentração. Ter êxito nos exames. Melhorar os resultados. Esquemas de estudo. Apontamentos práticos e adequados. Aprender com rapidez. Lisboa, Editorial Estampa, 1999.

HENRICI, Peter S.J. Guida pratica alto studio - con una bibliografia degli strumenti di lavoro per lafilosofia e la teologia. 2a ed., Roma, Universita Gregoriana Editrice, 1980.

HENRIQUES, António I João Bosco MEDEIROS. Monografia no curso de Direito: trabalho de conclusão de curso: Metodologia e técnicas de pesquisa: Da escolha do assunto à apresentação gráfica. São Paulo, Editora Atlas S.A., 2003. .

LE BRAS, Florence. Como organizar e redigir relatórios e teses. Lisboa, Publicações Europa-América, s.d. (] 996) (1 a ed. em francês 1993).

MARCONI. Marina de Andrade I Eva Maria LAKATOS. Fundamentos de Metodolo­gia Cientifica. São Paulo, Editora Atlas S. A., 2003.

MARTINS, Gilberto de Andrade. Manual para elaboração de monografias e disserta­ções. 3a ed., São Paulo, Editora Atlas S. A., 2002.

PRELLEZO, José Manuel I Jesús Manuel GARCÍA. Invito alta ricerca: Metodologia deI lavoro scientifico. Con la collaborazione di Geraldo CALIMAN - Ubaldo GIANETTO Fabio PASQUALETTI - Miche1e PELLEREY - Albino RONCO

Natale ZANNI. 23 ed. Roma, LAS, 2001. RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica: Guia para eficiência nos estudos. São

Paulo, Atlas, 1977. SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do trabalho científico: Diretrizes para o

tabalho didático-científico na Universidade. São Paulo, Cortez & Moraes, 1978. VIANA, Ilca Oliveira de Almeida. Metodologia do trabalho científico: Um enfoque

didático da produção científica. São Paulo, E.P.U., 2001.

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PRELIMINARES

Do Estudo a Nível Médio ao Estudo a Nível Superior

o estudo a nível superior é muito mais que uma mera continuação ou ampliação do estudo a nível médio. Entre ambos medeia uma diferença qualitativa.! Isto manifesta-se claramente no facto de óptimos alunos do ensino médio, que concluíram brilhantemente o seu curso, se sentirem perdidos quando entram numa universidade. virtude de numerosas experiências dessa natureza e no intuito de tornar esse "salto" mais fácil, foi introduzido, em muitos institutos de ensino superior, o chamado ano zero, curso propedêutico, ou como quer que seja designado?

Uma vez feita esta constatação, procuremos tomar consciência de alguns elementos de diferença entre o estudo a nível médio e a nível superior.

Um prirneiro factor que poderemos mencionar é o "objecto" do estudo. A nível do ensino médio, o objecto do estudo é bem delimitado e determinado. Há um conjunto de conhecimentos que é necessário adquirir. Adquirido esse conjunto de conhecimentos,

plenamente realizados os objectivos do estudo. No estudo a nível superior. as são bem diferentes; o objecto do estudo é o "sabível", aquilo que é passível de ser

sabido, aquilo que é possível saber. Se os antigos diziam que "a ciência é, de certo modo, aquilo que se sabe" - "hé epistéme ta epísteta pôs estin" -, "a existência daquilo que se sabe na consciência de quem sabe"; numa perspectiva mais dinâmica de compreensão de ciência, eu tornaria a liberdade de dizer que a ciência é o conjunto daquilo que é possível saber, daquilo que é passível de se saber.

Um outro elemento de diferença é o papel que o estudante é chamado a desempenhar num e noutro nível de estudo.J No ensino médio o estudante tem um papel menos activo que no estudo supenor. A nível médio, o estudante dedica-se predominantemente a assimilar aquilo que lhe é apresentado como saber adquirido. A nível superior o estudante é introduzido e encaminhado progressivamente para a elaboração do saber, para "produzir" saber. Nos estudos superiores, o estudante é chamado a uma participação muito mais activa na sua própria formação e a assumir na mesma muito maior responsabilidade, inclusive em algumas universídades - na elaboração do próprio programa de estudos. Na Universidade, o estudante não será tão "acompanhado" ou "controlado" pelo professor; nâo terá tantos "deveres de casa" e

I Cfr. João Álvaro RUIZ, Metodologia cienríjlca, 1955. (referido d'ora avante abreviadamente: (RU Metodologia, página); António Joaquim SEVERll\O, Metodologia do trabalho cient{fico, 19ss. (referido d'ora avante abreviadamente: SEVERINO, Metodologia, página). 2 Na nossa universidade o curso propedêutico tem uma feição um tanto quanto atípica, quando comparado com o curso propedêutico de outras universidades. O nosso curso propedêutico destina-se, em grande parte, a superar possíveis deficiências do curso médio e pré-universitário. Disciplinas como Português, Inglês e Matemática têm carácter claramente supletivo. Disciplinas como Filosofia, Ética e Metodologia já podem ser compreendidas e abordadas como cadeiras do ensino superior. 3 Cfr. SEVERlNO, Metodologia, 55s.

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coisas do género, O contacto constante com a matéria em estudo, tão necessário e útil para o aprendizado, ficará confiado à sua responsabilidade,

Há universidades em que é o próprio estudante que "monta", em grande parte, o seu curriculum de estudo, a partir dos cursos oferecidos e de acordo com os seus interesses académicos pessoais, Isto acontece de modo especial nos institutos de ensino superior que adoptam o sistema de créditos, De acordo com a carga horária, é atribuído a cada cadeira ou seminário um certo número de créditos. Quando o estudante tem o número de créditos exigido, pode apresentar-se para exame. Existem, naturalmente, em cada faculdade e em cada curso, algumas cadeiras básicas, de fi'equência obrigatória. De resto, há ampla liberdade. A amplitude de liberdade do estudante neSle campo pode variar muito, dependo muito da orgânica de todo o programa de estudo do instituto.

Faz parte da actividade do estudante do ensino superior a elaboração de traba­lhos escritos, individualmente ou em grupo. Começa-se, naturalmente, com a redacção de textos relativamente simples, como sejam relatórios de leitura ou de estudo, passando pela preparação e apresentação de trabalhos de "seminário" e culminando na elaboração de disse11ações de licenciatura, mestrado e teses de doutoramento. Muito frequentemente, os temas desses trabalhos são da livre escolha do estudante.

Além disso, a entrada no ensino superior implica, muitas vezes, uma ruptura com a vida anterior ainda num outro sentido. Os centros de estudos superiores encontram-se, por via de regra, em cidades maiores e muitos estudantes têm que deixar a sua casa, a sua família, o seu meio ambiente habitual, para fíxar residência nessas cidades; quer seja em residências estudantis, quer seja alugando quarto em casa particular. Isto significa uma maior autonomia em relação ao ambiente familiar, mas implica também maiores responsabilidades. Para quem está habituado sobretudo os rapazes - a ter, na casa dos pais, mesa posta. cama feita e roupa lavada, não é pequeno choque, de um momento para o outro, ter que cuidar de tudo isso. Kormalmente a "mesada" de um estudante não dá para contratar alguém que cuide desses serviços.

Com os novos colegas de estudo, oriundos das mais diversas partes, integrará novos grupos de convivência e actividades. A proveniência de vários locais será mais acentuada em outras universidades do que nesta. Não obstante, mesmo sem virem de outras cidades, vêm de escolas diferentes - ou de várias actividades e empresas, no caso dos estudantes trabalhadores -, encontrarão novos colegas e constituirão novos grupos.

Após estas considerações de carácter mais preliminar, está na hora de nos concentrarmos na cadeira que nos compete enfrentar.

Designação da Cadeira

Tem havido, no tocante à designação da cadeira, uma certa oscilação. Em anos anteriores foi leccionada nesta universidade urna cadeira com o título de "Metodologia do Trabalho Científico". Depois a cadeira passou a chamar-se "Metodologia de Estudo". Agora deparamo-nos com a designação: "Metodologia do Trabalho Acadé­mico", a nível do Propedêutico, e "Metodologia do Trabalho Científico, no primeiro ano da Faculdade de Ciências Humanas.

Sem querer especular muito sobre estas alterações na designação da cadeira, e sem entrar em questões "de lana caprina" no que a designação de uma cadeira académica facilmente se pode transformar gostaria de dizer: se o título "Metodologia do Trabalho Científico" peca por excesso, o titulo "Metodologia de Estudo" peca por defeito.

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Comecemos com a designação: "'Metodologia do Trabalho Científico". Não há dúvida que é um nome ao qual não falta uma certa pompa e solenidade. Um tema desta natureza, em sua amplitude, pode assustar qualquer um. Haveria uma série de abordagens possíveis e é fácil de ver que a metodologia, o método de trabalho, varía também de acordo com a ciência em causa.

Não é preciso ter muita fantasia para poder imaginar que o trabalho científico num laboratório de química se processa de modo muito diferente do de uma investigação sociológica. Cada ciência terá a sua metodologia própria, o seu próprio modo de caminhar para conseguir os seus conhecimentos. Seria esperar o impossível admitir que este curso fosse uma abordagem de todas as metodologias do trabalho científico nos seus diversos campos.

Poder-se-ia abordar o assunto numa perspeetiva epistemológica, a partir da noção de ciência. Não faltam, na história do pensamento humano, esforços para compreender o que é o saber, o conhecimento, o conhecimento científico, a ciência. Com isto estaríamos remetidos aos campos da psicologia do conhecimento, da sociologia do conhecimento, filosofia do conhecimento, etc. Há grandes pensadores que dedicaram seu interesse e esforço intelectual a este estudo. É uma perspectiva de grande valor e interesse. E até pode ser interessru1te. Não obstante, será o caso nos perguntarmos se o lugar adequado para abordar estas questões de carácter epistemológico, será o "ano zero" de uma universidade. Questões dessa natureza são de um grau de abstracção bastante elevado e não estão muito ao alcance de quem está a dar os primeiros passos no ensino superior.

Fixemo-nos, agora, um pouco na designação "Metodologia de Estudo". Não há dúvida que esta designação é muito mais restrita; talvez restrita demais. Oferecer um contributo para que o ouvinte aprenda a estudar, a estudar bem é, sem sombra de dúvidas, um dos objectivos centrais deste curso. Mas isso não é tudo. pretende familiarizar os participantes com todos os procedimentos necessários para a elaboração dos diversos trabalhos académicos, que lhe serão exigidos durru1te o curso. Há que pensar, sobretudo, na elaboração de trabalhos escritos aos diversos níveis, o que ultrapassa a questão do estudo, mesmo de um bom estudo.

A designação "Metodologia do Trabalho Académico" parece suficientemente abrangente, sem ser pretensiosa UV.tHL".>.

Seja qual for a designação que escolhamos para a cadeira, uma questão que impõe é determinar o que nos propomos fazer e do que pretendemos atingir com esta cadeira. Propomo-nos apresentar um curso centrado naquilo de que o estudante precisa para o desempenho cabal das tarefas que deverá desempenhar no decurso dos seus estudos universitários. Servindo-nos do subtítulo da obra de Rafaello Farina, Metodologia: Avviamento alla tecnica deI lavara scientijico, gostaria de compreender esta cadeira como um "encaminhamento para a técnica do trabalho científico".

Podemos concretizar um pouco mais e dizer que pretendemos proporcionar aos ouvintes um subsídio para o seu trabalho científico durante o curso nesta universidade. Com isto, a nossa cadeira está caracterizada como uma cadeira eminentemente prática, o que se tomará ainda mais claro ao vermos os objectivos que com ela se pretendem alcançru·.

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Objectivos da Cadeira

Um objectivo básico da Cadeira é ajudar o estudante a familiarizar-se com o instrumental da actividade académica: estudo e investigação; e adquirir a destreza e a agilidade necessárias para o uso desse instrumental.

Se me permitem uma comparação com o aprendizado de uma « arte» ou um ofício, gostaria de tomar o exemplo de um carpinteiro. Quem quer aprender essa arte começará com familiarizar-se com os instrumentos e as ferramentas próprias do ofício, como sejam: martelo, serrote, plaina, etc. e aprender a manuseá-los e a trabalhar com eles. Quem quer aprender a tocar um instrumento, mesmo que seja um instrumento simples, tem que adquirir a técnica e a destreza necessárias para o seu manuseio.

Quem se quer dedicar a uma actividade científica, que é uma actividade intelectual, terá que se familiarizar com o instrumental do trabalho científico, intelectual. O que se pretende basicamente com esta cadeira é ajudar o principiante nestas lides a adquirir a destreza necessária no manuseio e uso dos instrumentos do trabalho intelectual, científico.

:010 mundo das ciências, de modo especial no campo das ciências humanas, o instrumental de trabalho é predominantemente de carácter escrito: livras, revistas e outras coisas do género. Este material encontra-se catalogado em bibliotecas, arquivos, etc. É com estas coisas e com o seu manuseio que será necessário familiarizar-se.

Hoje em dia os meios modernos da informática permitem um acesso relativamente fácil a material muito distante, facilitando grandemente o estudo do mesmo. Está a tornar-se cada vez mais comum trabalhar também aqui pela Internet.

Não basta, porém, familiarizar-se com esse instrumental; é necessário aprender a fazer alguma coisa Cltil com ele. Estou a pensar na produção académica, na elaboração de trabalhos académicos. Ajudar o estudante a aprender a elaborar esses trabalhos pode ser considerado um segundo objectivo básico desta cadeira

Método a Seguir

No desenvolvimento da nossa cadeira servir-nos-emos de um modo misto de trabalhar: aulas teóricas e trabalho prático. Só se aprende a nadar, nadando; só se aprende a tocar um instrumento, com muito exercício. Também só com muito exercício é que se adquire a destreza no manuseio do instrumental do trabalho científico, intelectual. Daí a necessidade de muito exercício prático.

Como roteiro para o desenvolvimento da nossa cadeira propomo-nos tomar os passos a dar no decurso da nossa formação tmíversitária. Gradualmente seremos confrontados com tarefas cada vez mais complexas e exigentes. Começaremos, pois, com o básico e tomaremos gradualmente contacto com as tarefas mais exigentes.

A actividade científica envolve duas dimensões básicas - que não se podem separar, mas que é necessário distinguir - concretamente, a aquisição de conhecimento e a produção de conhecimento, a assimilação da ciência e a produção da ciência. A fase inicial da actividade académica é predominantemente uma fase de "aquisição" de saber, por parte do estudante. Este vai-se apropriando do saber adquirido. A "produção de saber", uma contribuição ao progresso da ciência, espera-se de fases mais adiantadas da vida académica, especialmente das teses de doutoramento.

Concluindo estes preliminares, recapitulemos quais as etapas principais a percorrer nesta caminhada. O primeiro passo levar-nos-á à Biblioteca, o instrumento

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principal do trabalho científico. Procuraremos tomar consciência do que é este instrumento de trabalho e de como nos servir dele.

Se o instrumento principal do trabalho científico é a biblioteca, a actividade primordial através da qual esse trabalho se realiza é o estudo e a investigação. Dedicaremos a nossa atenção ao modo como o estudo se deve realizar a fim de ser proveitoso. Não podemos estudar tudo; temos de seleccionar!

Este processo de selecção é muito importante, tanto quando procuramos subsídios para o estudo, como quando procuramos material para a elaboração de trabalhos académicos. Sobretudo na elaboração de trabalhos mais exigentes, é necessário prestar muita atenção à qualidade do material. Da qualidade do material seleccionado dependerá, em grande parte, a qualidade do próprio trabalho. Não se faz um trabalho de primeira com material de segunda.

Como é que se deve proceder? Num primeiro momento procuramos fazer um levantamento, na medida do possível completo, de tudo o que existe publicado sobre o tema que nos interessa. Os dados que este levantamento nos fornece são guardados em fichas, fichas bibliográficas - já teremos ocasião de ver o que é isso. É o que chamamos busca de subsídios. A seguir fazemos a selecção separando o que nos parece ser mais importante.

Uma vez na posse dos subsídios precisamos de começar a usá-los, a trabalhar com eles. E isso faz-se através da leitura. Ela é de capital importância no trabalho científico. É primordialmente através dela que entramos em contacto com o que está a acontecer nos diversos campos do saber. Pela leitura tomamos conhecimento daquilo que outros já pensaram e disseram sobre determinado assunto, dos resultados alcançados, das dificuldades encontradas e dos aspectos que necessitam de ulteriores estudos. É aprendendo daqueles que, antes de nós, se debruçaram sobre um determinado assunto e num fi-utuoso intercâmbio de ideias com aqueles que, simultaneamente connosco, se dedicam ao mesmo assunto ou a assuntos semelhantes que nos inserimos no mundo da produção científica. É predominantemente pela leitura que tomamos contacto, tanto com uns, como com os outros. Dedicaremos a nossa atenção aos vários tipos de leitura, e à "colheita" dos seus frutos.

Ninguém de nós se dará~ ilusão de que a sua memória reterá tudo aquilo que ler. Para que o conhecimento adquirido através da leitura não se perca, será necessário fíxá­[o, retê-lo em apontamentos; apontamentos de leitura; novamente em fichas, as "fichas de conteúdo". É sobre o material recolhido que poderemos trabalhar.

Ponto alto do trabalho científico, porém, é a própria participação na produção científica através da elaboração de trabalhos. Esta etapa levar-nos-á a tomar conhecimento dos diversos tipos de trabalho científico que serão exigidos duram e o curso ~ e não só - e procurará capacitar-nos para a sua elaboração.

Concluiremos com algumas observações sobre a apresentação dos trabalhos. A forma de apresentação, sem ser o mais importante, também exige os seus cuidados. Não se serve champanhe em malgas de barro de Barcelos. Estas são muito mais adequadas para servir caldo verde.

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A BIBLIOTECA

Um dos lugares da universidade com que nos devemos familiarizar desde o início éa biblíoteca. É aqui que teremos acesso aos meios de estudo, investigação e pesquisa. Quanto mais formos avançando no estudo, tanto mais precisaremos da biblioteca. Nela encontraremos, antes de mais, o material que nos pemütirá complementar e aprofundar os conhecimentos adquiridos nas aulas. Ela será, posteriormente, o lugar onde realízaremos as nossas investigações e pesquisas. É bom, por conseguinte, familiarizarmo-nos bem cedo com este lugar; melhor, com esta institui ção.

Até ao ensino médio e pré-universitário, não precisámos muito da biblioteca. Os m.anuais em uso na escola e que nós, em princípio, podíamos adquirir, eram suficientes para o nosso estudo. No ensino superior precisaremos de consultar muitos livros, revistas e outro material, que só encontraremos na biblioteca.

" Definição"

Se quisermos dar uma "definição" de biblioteca, poderemos designá-la como um acervo de livros e material afim, devidamente ordenados e catalogados, para serviço de estudo e investigação. O acesso a esse acervo poderá ser mais ou menos comum e mais ou menos "fácil". Isso dependerá do carácter da biblioteca: pública, de determinada instituição, particular.

As bibliotecas públicas são acessíveis a todas as pessoas. Quem estiver interessado em usá-las, pode-se inscrever como utente, quando pretende frequentá-las com uma certa regularidade. Para 11m uso esporádico, nem inscrição costuma ser necessária.

Bibliotecas públicas podem considerar-se também as bibliotecas das universidades e institutos estatais de ensino superior. Não obstante, no seu uso, privile­giam-se as pessoas ligadas a essas instituições, quer sejam os professores, quer sejam os estudantes. De um modo geral, mesmo outras pessoas interessadas em usar uma biblioteca dessa natureza são bem recebidas e atendidas. Pessoalmente tenho muito boas recordações das várias bibliotecas de que precisei de me servir.

Rigorosamente falando, mesmo as bibliotecas de ministérios e outros órgãos de Governo, não são bibliotecas particulares. São, por conseguinte, também bibliotecas públicas. No entanto, o seu uso costuma ser bem mais controlado.

Quanto a bibliotecas particulares, o seu uso, por parte de terceiros, vai depender totalmente da boa vontade dos seus proprietários.

Estrutura Física

Para poder funcionar, a biblioteca precisa de um espaço físico, melhor, de vários espaços. A biblioteca precisará, naturalmente, de todo um sector administrativo, com os espaços correspondentes. Vamos passar por alto esse sector da estrutura física da biblioteca, pois tem pouco a ver com o utente habitual; e concentrar a nossa atenção naqueles espaços que estão mais directamente ligados ao serviço que a biblioteca presta ao seu utente.

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o espaço mais amplo, ao qual nós, utente da biblioteca, normalmente, não teremos acesso, é o "depósito", onde os livros se encontram ordenados em estantes, ou armários, de acordo com os critérios da biblioteca. O seu conteúdo é a riqueza da biblioteca. O primeiro espaço a que teremos acesso é a sala do catálogo. Quando procuramos uma obra para estudo ou consulta, dirigimo-nos à sala do catálogo e, através da consulta do catálogo, veremos se a obra que procuramos existe na biblioteca, ou não.

Há vários tipos de catálogo, de acordo com o princípio de organização. Os tipos principais de catálogos são:

Catálogo por autor, Catálogo por título e Catálogo por assunto.

Estes catálogos estão ordenados em ficheiros, A cada obra corresponde uma ficha com os dados bibliográficos da mesma o "Bilhete de ldentidade" da obra. Para maior f~tcilidade na busca, as fichas estão ordenadas por ordem alfabética. Hoje, muitas vezes, em bibliotecas informatizadas, este sistema tradicional é substituído pelo computador. O catálogo poderá ser consultado num terminal do computador. Este último sistema está em uso - ou em fase de instalação - na nossa biblioteca.

O mais simples, é chegarmos a uma biblioteca sabendo exactamente o que procuramos. Quando sabemos quem é o autor e qual é o título da obra que procuramos, é simples. Vamos ao catálogo por autor e logo veremos se essa obra na biblioteca, ou não. Caso exista, encontraremos na ficha a sigla, Ou cota o número da obra na biblioteca. Anotamos esta sigla junto aos demais dados da obra e solicitamos a obra no balcão de requisição de livros. O livro é colocado à nossa disposição na sala de leitura.

Antes de passarmos à biblioteca, porém, vamos deter-nos um pouco em duas outras situações possíveis, em que nos podemos encontrar ao entrar na sala do catálogo de uma biblioteca.

Nós podemos chegar a uma sala do catálogo sabendo apenas o título da obra que procuramos. Neste caso deveremos procurar saber se a obra existe ou na biblloteca no catálogo por título. Na ficha encontraremos os demais elementos de identificação da obra: autor, local de publicação, editora, ano de publicação, etc. Encontraremos tan1bém a sigla, ou cota. em diante o processo segue-se nos moldes indicados para o caso anterior.

Não esqueçamos, no entanto, que pode haver muitas obras com o mesmo título. Pensemos apenas em títulos como: "Gramática da língua portuguesa", ou "Introdução ao estudo do Direito", ou "Direito penal". O mesmo vale para o campo da Economia. Quantas obras existem com o título de "Economia e Gestão", etc. Só com muita sorte é que encontraremos o que realmente buscamos, ou precisamos ...

Poderá dar-se ainda o caso de nós entrarmos numa biblioteca sabendo apenas o assunto que nos mteressa, o tema que precisamos de tratar ou o problema para cuja solução procuramos subsídios. Aí teremos que consultar o catálogo por assuntos. Aí encontraremos as obras existentes na biblioteca sobre o assunto. Certamente haverá muita coisa de interesse para o estudo do tema em artigos de revistas assinadas pela biblioteca. Só catálogos muito sofisticados referirão estes artigos no catálogo por assuntos ou temas. Apesar desta lacuna, haverá na biblioteca muitas obras sobre esse assunto e não muito fácil fazer uma boa selecção das obras melhor qualidade. Será bom fazer o levantamento completo das obras referentes ao tema que nos interessa e consllltar alguém entendido na matéria; de preferência o professor, ou outro docente. O bibliotecário não é a pessoa mais indicada para essa tarefa.

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Passemos, agora, a um terceiro espaço da biblioteca: a sala de leitura. É aqui que se trabalha. Usualmente é um espaço bem amplo, com boa iluminação e bem arejado, de modo a permitir um bom ambiente de trabalho. Nesta sala há um balcão, onde o utente recebe o livro ou os livros solicitados e mesas individuais, destinadas aos utentes. Nasala de leitura há silêncio e não se fuma.

Para uma pequena pausa, para tomar um copo de água ou fumar um cigarro, costuma haver, contígua à sala de leitura, mas isolada desta, uma pequena sala de onde se podem encontrar jornais e outros periódicos de diversas procedências.

Mas voltemos à sala de leitura. A presença de uma série de pessoas, concentradas a ler e a estudar, constitui um ambiente que convida à concentração e até parece que contagia. É um óptimo ambiente de trabalho. Por vezes o chão é alcatifado, para que os passos de quem se desloca, não perturbem os outros. Normalmente não se vai à sala de leitura para ficar lá quinze minutos ou meia hora.

Um quarto espaço da biblioteca é a sala de consulta. Esta sala destina-se a lU11a actividade menos demorada do que a sala de leitura. Na sala de consulta o utente tem acesso directo aos livros, que ele próprio pode tirar da estante, consultar e, após o uso dos mesmos, deixar mUll lugar determinado para esse efeito. Posteriormente serão colocados no seu lugar por um funcionário da biblioteca. Isso para evitar que sejam inadvertidamente colocados num lugar enado.

Nesta sala poderemos encontrar sobretudo dicionários e enciclopédias, quer sejam de carácter geral, quer de carácter mais específico. Aí poderemos encontrar também obras de carácter geral; manuais, manuais científicos e manuais académicos. Estes dois últimos tipos, de manual têm sobretudo o nome e o facto de apresentarem uma apresentação global da disciplina. De resto são demasiadamente amplos (vários ou muitos volumes) paras servirem de livro base para o estudo de uma cadeira.

Nesta sala também poderemos consultar as revistas científicas do ano em curso, assinadas pela universidade ou adquiridas por permuta. As revistas dos anos anteriores foram encadernadas e remetidas para o "depósito", de onde podem ser requisitadas, normalmente para a sala de leitura. Na sala de consulta encontram-se também os repertórios bibliográficos.

Talvez nem todos saibam o que são repertórios bibliográficos. Procuremos explicar o que são repertórios bibliográficos a partir daquilo que lhes dá origem. Publicam-se obras científicas no mundo inteiro; e nas mais diversas disciplinas. Em princípio, em trabalhos académicos mais avançados, sobretudo teses de doutoramento,

deveriam ser levadas em conta todas as publicações sobre o assunto. O levantamento bibliográtlco deveria sei realnlente exaustivo. Corno será possível ter conhecimento de

tudo O que se publica sobre um assunto no mundo inteiro? Nenhum estudioso, que está a preparar uma tese de doutoramento, poderá fazer uma investigação preliminar sobre todos os livros e artigos de revistas da especialidade no mundo inteiro referentes ao tema a que se dedica. Para facultar a informação sobre o que está a acontecer, a nível dos diversos campos de saber e nas diversas partes do mundo, há um género próprio de literatura cientifica, os repertórios bibliográficos. Estes procuram dar uma informação exaustiva sobre as publicações cientificas de uma determinada área do saber a nível do mundo inteiro, englobando tanto os livros, como os artigos de revistas da especialidade. (Também há repertórios bibliográficos de carácter regional ou nacional). Os repertórios bibliográficos, para além dos elementos bibliográficos de identificação da obra, oferecem. muitas vezes, uma breve informação sobre o conteúdo da mesma, o que os torna especialmente úteis. Eles são de inestimável valor para o levantamento

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bibliográfico por altura de preparação de dissertações de licenciatura ou teses de doutoramento.4

Bibliotecas Sectoriais: De Faculdade - De Departamento (Bibliotecas de Presença)

o que temos vindo a referir até aqui diz respeito à Biblioteca Central da Universidade. Há que acrescentar, no entanto, que, em universidades maiores, além da biblioteca central, há bibliotecas sectoriais. Cada faculdade e cada departamento tem a sua biblioteca. Nelas podem-se encontrar as obras de maior interesse para a faculdade ou departamento, . tanto de carácter enciclopédico, como de carácter monográfico; para além das obras de carácter geral e das revistas mais importantes para a especialidade da faculdade ou do departamento.

Estas bibliotecas sectoriais funcionam em moldes semelhantes à sala de consulta da biblioteca central. O utente tem acesso directo aos livros. Em princípio os livros não podem sair da biblioteca - excepção feita ao corpo docente da faculdade ou departamento. Daí o nome -'biblioteca de presença"; os lívros permanecem aí. Normalmente, o espaço da biblioteca sectorial é subdividido pelas próprias estantes dos livros em espaços menores, onde se encontram mesas à disposição dos utentes. Obtém­se, assim, um espaço quase familiar, onde se pode estudar e trabalhar bem à vontade. Para muitos estudantes são estes espaços menores o lugar preferido para o seu esludo pessoal e para a elaboração dos seus trabalhos académicos. Aqui encontram as obras básicas necessárias ao seu estudo e um ambiente de estudo com uma certa privacidade.

Uso da Biblioteca

O uso da biblioteca pode ser múltiplo, de acordo com os serviços que a biblioteca preste. Em primeiro lugar a biblioteca é um lugar de estudo. Tanto pelos meios que oferece: livros, revistas, etc., corno pelo ambiente de silêncio e tranquilidade, a biblioteca apresenta condições muito mais favoráveis para o estudo do que uma residência estudantil, um quartinho alugado ou um café ... Além disso, o dia de muitos estudantes decorre na universidade. Saem de casa de manhã, participam nas aulas e deinais actividades académicas, como sejam grupos de trabalho e seminários. O almoço, muitas vezes, é tomado na cantina, onde fica muito mais em conta e dá menos trabalho a preparar do que em casa. Muitas vezes há actividades académicas à noite, de modo que os estudantes só regressam a casa no fim do dia. Nos intervalos entre as divcrsas actividades podem estudar nos vários espaços que a universidade lhes coloca à disposição.

Muitas bibliotecas universitárias oferecem o serviço de empréstimo de livros ao domicílio. É um serviço de grande utilidade, pois permite o uso do livro à noite e durante os fins-de-semana. Como ampliação deste serviço há também o serviço de empréstimo de livros a distância. Caso o livro requisitado não exista na biblioteca, pode ser solicitado de outra biblioteca, que o envia à biblioteca através da qual foi solicitado para uso em sala de leitura ou mesmo para uso em domicílio. Este serviço é solicitado predominantemente para elaboração de teses de doutoramento, das quais se espera que considerem toda a literatura referente ao assunto tratado.

4 Cfr. SEVERINO, Metodologia, 30.

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De muita utilidade é também o serviço de fotocópias, oferecido por muitas bibliotecas. Haverá capítulos de livros ou artigos de revista que será necessário estudar com maior profundidade, sobretudo para a elaboração de trabalhos escritos. Será de grande interesse para o estudante ou investigador ter esse texto consigo e poder sublinhá-lo e fazer nele as suas anotações. Naturalmente não poderá tratar um livro ou uma revista da biblioteca dessa maneira. Em muitas bibliotecas há fotocopiadoras onde o próprio utente pode fazer as fotocópias do material que lhe interessa. Nos tempos em que precisei mais de me servir delas, funcionavam com moedas. Não será admirar que hoje funcionem com cartão de crédito.

Sobretudo em fases mais avançadas do estudo, poderá haver a necessidade de acesso a textos que só se encontram numa biblioteca distante. É mais prático - e sobretudo mais económico solicitar uma totocópia desses textos, embora também custe alguma coisa, do que tomar o avião e ir lá consultá-los ou estudá-los.

Um serviço semelhante existe com microfilmes. Sobretudo obras mais raras, que as bibliotecas não emprestam, são microfilmadas e os microfilmes enviados a quem os tenha solicitado Este sistema talvez esteja um tanto quanto ultrapassado, poís o computador, a "disquette" e a "Internet" permitem um trabalho muito mais confortável.

Estudo na Biblioteca

A biblioteca é um lugar privilegiado de estudo e leitura, que tem as suas regras próprias. Os livros da biblioteca são livros de uso comum e não livros pessoais. Com um li vro pessoal podemos permitir-nos liberdades, que não nos podemos permitir com um livro de uma biblioteca. Um livro pes~oal, nós podemos sublinhar. Nele podemos assinalar as passagens que nos interessam, a várias cores, se for~aso; e por ai adiante.

Com um livro da biblioteca não se pode fazer nada disso. Isso exige-o o respeito para com os demais utentes da biblioteca. É sumamente desagradável deparar-se com um livro rabiscado. O interesse com que se lê um livro varia de um leitor para outro. O que para um é de grande interesse, para outro pode não ter interesse algum. Um livro sublinhado irrita, pois dirige a atenção do leitor numa direcção determinada, orienta o leitor numa perspectiva que não é necessariamente a sua; tende a desviar o leitor da concentração naquilo que ele tem a perguntar ao livro, daquilo para o q Lle ele procura elementos de resposta nesse livro. Há que respeítar rigorosamente esta regra.

Uma outra diferença muito significativa e que tem consequências para a leitura e o estudo em biblioteca é: um livro pessoal está todo o tempo à disposição; é possível recorrer a ele sempre que se considere necessário ou conveniente. Um livro de biblio­teca não. Isto tem as suas implicações sobretudo em relação à tomada de apontamentos.

Em relação a um livro pessoal, os apontamentos podem limitar-se a referências curtas aos elementos de interesse para uma determinada finalidade: elaboração de um tema, de um trabalho de seminário, de uma aula, etc. Durante a execução do trabalho poderemos lançar sempre mão à obra para obter informação mais detalhada ou elementos complementares.

Com um livro de biblioteca a situação é completamente diferente. Visto que durante a redacção do trabalho o livro não estará à nossa disposição, é importante termos em mãos todos os elementos necessários para o trabalho. Estarão disponíveis nos apontamentos de leitura, tirados na biblioteca. Daí a importância de tirarmos bons apontamentos, o que só é possível através de uma boa leitura. As técnicas de leitura serão abordadas mais adiante. Fixemo-nos, por agora, no trabalho a fazer na biblioteca. É importante tirarmos o maior proveito possível do tempo em que dispusermos do livro,

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colhendo, no menor espaço de tempo possível o maior número de elementos necessários para o enriquecimento do nosso conhecimento pessoal ou para o trabalho que estivermos a preparar. Devemos tomar nota desses elementos para nos podermos servir deles quando da redacção do trabalho.

Para não perdermos nenhum elemento importante, a primeira tendência será copiar tudo. Como isso demoraria um tempo infinito, podemos ter a tentação de fotocopiar o livro inteiro. entrarmos por esse caminho, rapidamente estaremos enterrados em fotocópias. Nesse emaranhado dificilmente encontraremos a fotocópia que precisamos, no momento certo. A primeira tendência da fotocópia é extraviar-se!

O mais adequado e o mais proveitoso é tomar apontamentos de leitura, fazer o "fichamento" do livro. Não nos podemos limitar a breves referências, como no caso dos livros próprios. Devemos tomar nota de todos os elementos importantes para o nosso trabalho. Esses apontamentos constituirão o material com que trabalharemos directa­mente. Algumas passagens especialmente importantes poderão, ou deverão mesmo, ser transcritas literalmente. Mas, por motivos de ordem prática, não poderão ser muitas, nem muito extensas. O que interessa para o 110SS0 trabalho deve ser referido de uma fom1a sintética em termos próprios.

Esses apontamentos devem ser feitos em fichas, devidamente rotuladas com Lima palavra-chave, que reflicta o conteúdo da mesma, e com a indicação exacta da fonte: autor da obra, título da mesma e a página. Outros elementos necessários na altura de fazer a bibliografia já constam na ficha bibliográfica da obra. Essa referência é importantíssima! Dependendo da importância da obra para o trabalho a elaborar, as fichas devem dar uma síntese mais ou menos exaustiva da mesma. Deve-se tirar da obra tudo o que ela tem de útil para a elaboração do trabalho,

É possível, e até prováveL, que, na fase conclusiva do trabalho, seja necessário voltar a consultar a obra para conferir as citações, buscar um ou outro elemento de complementação; mas isso serão pormenores.

Temos insistido em que os apontamentos sejam feitos em fichas. Porque em fichas e não em cadernos? As fichas, em virtude do seu tamanho unitário e em virtude de terem um conteúdo homogéneo podem ser manuseadas muito mais livremente. Podemos mudá-las de lugar, intercalar outras fichas, extraídas de outras obras e autores, ordenando-as de acordo com o nosso 'projecto de trabalho. Outros elementos sobre as "fichas de conteúdo" ou "fichas de leitura" serão objecto de nossa atenção, quando abordarmos a questão da leitura e documentação.

Neste momento o que nos interessava era chamar a atenção para a importância da leitura em biblioteca, a especificidade da leitura em biblioteca e do uso dos livros da biblioteca em comparação com a leitura em casa e o trabalho com livros pessoais.

Se, após o que expusemos acerca da biblioteca, suas estruturas e serviços, passarem pela biblioteca desta universidade, notarão que não há uma coincidência a cem por cento. Procurámos descrever a biblioteca a partir da experiência com bibliotecas bem maiores, bem mais antigas, de países com maiores possibilidades e recursos. Não se trata de uma biblioteca ideal, pois tudo o que foi menciona.do existe de facto; nem se trata de uma biblioteca modelo. O facto de não dispormos de todos os recursos não significa que não possamos trabalhar. A arte consiste em aproveitar os recursos que há, de molde a tirar deles o maior proveito. O esforço e a dedicação pessoais valem muito mais na formação intelectual, do que todos os recursos possíveis e imagináveis. Com cel1eza, após cinquenta anos de fhncionamento, esta biblioteca oferecerá recursos que não pode oferecer; e algumas das instituições, a partir das quais elaborámos a nossa 'descrição' da biblioteca, têm centenas de anos de existência e

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funcionamento, Muito útil, quando não há uma biblioteca tradicional bem apetrechada, é a chamada biblioteca virtual. A nossa universidade está apostada em caminhar nessa direcção,

Biblioteca Virtual

Hoje é possível ter acesso às bibliotecas mais importantes do mundo inteiro sem sair de casa, A 1nternet presta aqui um grande serviço, É importante, por conseguinte, ter bem claro o que a Internet oferece e o que não oferece. Formulando em termos mais académicos: os serviços a que temos acesso através da Internet são da mais diversa natureza. Mesmo limitando~nos ao campo mais restrito da actividade académica, os serviços da Internet são bem diversificados. Por esse meio podemos ter conhecimento das publicações sobre um determinado assunto no mundo inteiro, o que possibilita um levantamento bibliográfico pratícamente exaustivo sobre um tema que precisemos de tratar, por exemplo num trabalho de conclusão de curso ou dissertação de licenciatura, etc. Podemos também ter acesso a muitas obras, tanto de consulta como monográficas. Há muitas enciclopédias que podem ser consultadas pela Internet. O acesso ao material referido por vezes é gratuito, por vezes deverá ser pago.

É necessário ter bem em conta que o material oferecido é de qualidade muito diferenciada. Podemos ter acesso a material (literatura) científico, material de divulgação científica e material de vulgarização. Isso para não falar de material de carácter marcadamente ideológico. propagandístico e proselitista etc. Daí a necessidade de uma selecção criteriosa do material a utilizar na vida académica. O princípio geral é: no estudo superior, o material a utilizar, de modo especial a bibliografia para os trabalhos escritos. deve ser de carácter científico. Concretizando um pouco mais: monografias, artigos de revistas científicas da respectiva área de estudo, ru1igos de enciclopédias e dicionários da especialidade e manuais científicos ou académicos. Material de divulgação científica: também chamado de "haule vulgarisation", é mais adequado para os últimos anos de ensino a nível médio.

Tanto o material científico como o material de divulgação científica são, embora a níveis diferentes, material de estudo. O demais material, que a Internet nos oferece é mais adequado para leitura de formação geral e/ou de informação. Também este é de grande valor para ampliar a cultura geral.

De grande interesse para o estudo académico podem ser as "páginas" de estudo e as "salas de estudo" para o ensÍno superior, que algumas universidades oferecem, assim como as "páginas" de consulta bibliográfIca, comparáveis aos repertórios bibliográficos. O material mais qualificado, no entanto, são as monografias, as encíc10pédias e dicionários específicos, assim como os manuais académicos e científicos. O acesso a muito material dessa natureza precisa de ser pago, mas já há muita coisa acessível gratuitamente,

É bom familiarizar-se desde cedo com este modo e trabalhar. Os "navegadores" da Internet, designados trul1bém, se não me engano, por "Ínternautas", poderiam explorar um pouco esta questão e comunicar os resultados aos outros!

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o ESTUDO PESSOAL

Individualidade no lVlodo de Estudar

Num curso universitário, a actividade académica primordial é o estudo. Daí a importância e a necessidade de a realizar devidamente, de modo a tirar dela o maior proveito passiveI. Em termos simples: não basta estudar; é preciso estudar bem. Quanto melhor se estudar, tanto maÍs proveito se terá do próprio estudo. É importante esforçar­se por estudar bem desde o início.

Como é que se estuda bem? Aqui é que começam as dificuldades. Uma mão tem cinco dedos, todos irmãos, mas cada um diferente dos outros. Cada pessoa humana tem a sua personalidade própria, tem as suas características individuais específicas: um modo próprio de se exprimir, um modo próprio de tàlar, um modo próprio de escrever -um estilo próprio. Da mesma forma, cada estudioso tem o seu modo próprio de estudar; e cada um que se inicia nas lides académicas deverá descobrir ~ talvez inventar - a sua forma de estudar; e de estudar bem.

Esta "individualidade" no campo do estudo ref1ecte-se, entre outras coisas, no facto de alguns gostarem mais de estudar à noite; ao passo que outros preferem estudar de manhã cedo, ou mesmo de madrugada. Cada um terá que descobrir qual é o tempo em que lhe é mais fácil concentrar-se para estudar. Mas não esqueçamos que o estudo é trabalho, e o trabalho tem sempre o seu quê de árduo. Estudar também exige esforço; e

~. isso é uma coisa que, ao que parece, não agrada muito a alguns estudantes. Uma vez feita esta ressalva, podem mencionar-se alguns elementos, fruto da

experiência de outros, que nos podem ajudar a encontrar o nosso caminho para um estudo frutuoso.

O Tempo para o Estudo

Elementar é o seguinte: O estudo não é coisa que se reserve para quando não se tem mais que fazer! É fl..mdamental determinar um tempo para o estudo e é importante ater-se a isso. Quanto menos tempo pudermos reservar para o estudo, tanto mais teremos que o usar racionalmente, distribuindo-o pelas diversas cadeiras, de acordo com a importância das mesmas dentro do currículo. 5 Em qualquer currículo de estudos há disciplinas básicas, fundamentais, disciplinas complementares e disciplinas auxiliares. Seria errado reservar para uma cadeira auxiliar o mesmo tempo de estudo que se dedica a uma cadeira fundamental.

Além disso, há cadeiras que podem ir de boleia; ou, em termos mais académicos. podem ser feitas, em parte, concomitantemente com outras. Explico-me. Uma cadeira como a metodologia de estudo, ou do trabalho académico, pode ser aprendida sobre um asslmto de outra natureza. Podemos exercitar o método de estudar, de tirar apontamentos, de fazer um resumo, de elaborar uma bibliografia, etc., numa cadeira. que não seja necessariamente a metodologia. E até talvez nem seja o pior modo de o fazer. Com isso tornar-se-á claro que a metodologia tem um carácter instrumental, está ao serviço do nosso estudo e do nosso trabalho nas diferentes áresas. Mesmo para a avaliação em metodologia pode servir muito bem um trabalho apresentado noutra

5 O modo de utilizar racionalmente Q tempo para o estlldo vem exposto de forma bastante pormenorizada em RUIZ, Melodologia, 22-33. efr. também SEVERINO, Metodologia, 36.

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disciplina, desde que tenha sido elaborado de acordo com as normas do trabalho científico. Isto para dar um exemplo de como se pode racionalizar o uso do tempo.

Um Ponto de Partida para o Estudo Pessoal

Mas voltemos à nossa pergunta básica: o que significa estudar, estudar bem; e como é que se faz isso? Uma vez que as aulas desempenham um papel central na actividade académica, apresentam-se como mTI óptimo ponto de partida para um estudo pessoa1. Podemos dizer que o centro da nossa actividade nesta casa, são as aulas. O docente vem aqui "dar aulas" e os estudantes vêm "assistir às aulas". Oxalá que não seja toda a verdade! Esperemos que os estudantes não venham meramente "assistir" às aulas, mas participar nelas; que o estudante não seja mero "espectador", como se fosse assistir a um jogo de futebol, a um teatro ou a um shaw de variedades; mas que participe nas aulas, para além de outras eventuais intervenções, com uma recepção activa, procurando assimilar, tornar próprio, o saber, o conhecimento que a aula procura transmitir.6

Mas a medalha tem o seu reverso. A aula não é a ocasião do docente dar o seu shaw, de alardear a sua erudição, o seu saber. A aula deve ser o lugar onde o docente, a partir da sua maior experiência na busca do saber, se esforça por ajudar o estudante na

busca de saber; o lugar onde o docente procura partilhar com os ouvintes o fruto do seu trabalho na busca do saber.

A recepção activa, a que me referia acima, consiste no esforço de o raciocínio do professor, no esforço de compreender o que ele diz. A compreensão implica não só a apreensão do sentido daquilo que o professor diz, mas também a visão do QormL~ daquilo que é dito. Não é só entender o que o professor diz, mas porque é que ele diz exactamente isso e não o contrário. As coisas têm a sua lógica própria e compreender significa exactamente entrar na lógica interna das coÍsas.

Apontamentos de Aula

Durante as aulas - e quando se "assiste" a uma palestra ou conferência tiral11-se apontamentos. Tirar bons apontamentos é também uma arte. A primeira tendência de quem participa com interesse numa aula é não perder nada. Para não perder nada procura-se escrever tudo! A não ser que se seja muito bom em estenografia, não se consegue. Enquanto se está concentrado a escrever o que o professor acaba de dizer, já não se capta o que ele está a dizer de momento. Há que fazer apontamentos selectiva­mente. Apontar o mais importante, as ideias-chave, em estilo telegráfico, usando abreviaturas. É claro que a distinção entre as ideias-chave e as ideias derivadas pressupõe uma compreensão do que foi exposto. A entoação da voz, eventuais repetições de palavras ou expressões por parte do professor, etc. já nos darão uma primeira indicação do que é essencial ou derivado, central ou periférico. Muitas vezes o professor facilitará um tanto quanto as coisas, colocando no quadro as palavras-chave e as ideias principais. Por vezes, no final da exposição de um tema, poderá mesmo apresentar um esquema de recapitulação, muito útil para a compreensão da estrutura lógica do discurso. Estes esquemas poderão ser muito úteis para ver como as ideias estão concatenadas umas com as outras.

~ .... ~~._--------

6 Algo que ajudR muito a tirar maior proveito das aulas é "prepará-Ias", familiarizando-se antes com o assunto a tratar. A esse respeito cfr. SEVERINO, Metodologia, 37.

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Da qualidade dos apontamentos dependerá, em grande escala, a possibilidade de reconstituir a aula, quer seja para aprofundamento da compreensão da matéria, quer seja para complementação e reelaboração dos apontamentos. Apontamentos bem elaborados são um bom instmmento de trabalho para a recapitulação da matéria às vésperas dos exames ou das "frequências".

Quando o docente, em suas aulas, segue de perto um manual ou uma sebenta elaborada por ele próprio e à qual os estudantes tenham acesso, não será necessário tirar apontamentos tão acurados. Nesses casos, tirar apontamentos será mais um meio de se manter atento à aula e evitar distracções. Poder-se-á seguir a aula realçando as partes que o docente enfatiza mais. - Devo dizer, no entanto, que não facilita nada a tarefa do professor o facto de os ouvintes, em lugar de prestarem atenção ao que o professor está a expor, se concentram a estudar apontamentos. Quebra a comunicação.

Uso e abuso dos Apontamentos

o que fazer com os apontamentos? Q.uso que se pode fazer dos apontamentos pode ser muito variado; não esquecendo que pode haver uso devido e uso indevido: uso e abuso dos apontamentos! Os apontamentos podem ser guardados cuidadosamente em casa para serem esquecidos até às vésperas dos exames ou "frequências'" altura em que serão tirados para arejar um pouco e perderem o mofo. Desculpem! Não era bem isso o que eu queria dizer; o que eu queria dizer é que eles serão retirados nas vésperas dos exames para serem "empinados" e permitirem alcançar o "dez da misericórdia".

Os apontamentos podem ser arquivados solenemente, enchendo pasta após pasta, para aguardarem com paciência o dia em que serão retirados para abrilhantar a fogueira na festa da "queima das fitas", Para tudo isso se prestam os apontamentos tirados em aula. Penso que não discordarão muito de mim, se lhes disser que nâo considero ser este o uso devido para os apontamentos. Esse fará parte do uso indevido, do abuso, de que falávamos acima.

Acabamos de ver para que podem servir os apontamentos de aula. Com isso estamos já a perguntar, indirectamente, para que é que os apontamentos devem servir. Qual é o uso que se deve fazer desses apontamentos? Sendo uma coisa feita "em cima do joelho~';~ êOO,-õdiZ"elu·os-bI;sileü-os, os apontamentos de aula apresentarão, neces­sariamente. muitas lacunas. Frases truncadas, ideias incompletas, etc. Para poderem ser um instrumcnto válido de estudo e também de preparação para exames - eles deverão ser "trabalhados". E isso deve acontecer, de preferência, logo a seguir à aula, enquanto a matéria tratada em aula está fresca na memória. A leitura dos apontamentos logo a seguir à aula fará vir à memória outros elementos importantes, dados pelo professor, que não foram apontados, mas que agora podem e devem sê-lo, para complementar os apontamentos. Isso permitirá, em principio, a reconstituir a aula na sua totalidade.

Trabalhar os Apontamentos: Individualmente ou em Grupo

Este trabalho de elaboração dos apontamentos de aula pode ser feito indivi­dualmente ou em pequenos grupos, de duas a cinco pessoas. Estudantes que moram perto uns dos outros, ou na mesma residência estudantil, podem constituir grupos relativamente estáveis de estudo. Isso pode permitir um estudo frutuoso, mas também não é "receita". Haverá estudantes mais propensos a estudar individualmente, outros mais propensos a estudar em pequenos grupos. Mesmo quem tem maior propensão para

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trabalhar individualmente não deve esquecer que na sua vida profissional, muito provavelmente, terá de trabalhar ern. equipe ~ quer chefiando uma equipe de trabalho, quer como membro de uma tal equipe. Não será bom que exactamente aqueles que manifestam uma propensão para trabalhar individualmente se vão habituando desde cedo a trabalhar junto com outros?

A colocação em comum e a comparação dos apontamentos de três ou quatro participantes na aula permitirá reconstituir a estrutura e o conteúdo da aula de um modo mais completo e perfeito do que os apontamentos de um só participante. Além disso, três ou quatro pessoas reterão na memória mais elementos da aula do que uma só. Um pequeno grupo de trabalho poderá reconstituir a aula muito mais perfeitamente do que uma pessoa só.

Necessidade de Esclarecimentos

Mas isto ainda não é tudo. Nesta retomada da aula haverá pontos que não ficaram bem claros e que será conveniente esclarecer. Conceitos dos quais temos apenas uma vaga ideia, nomes de personalidades da História ou de pensadores e autores actuais, dos quais gostaríamos de saber mais alguma coisa; alguns tópicos da própria matéria que gostaríamos de aprofundar um pouco.

Para esclarecimento de termos de uso geral, que não sejam conhecidos, há os dicionários da língua pOliuguesa. Muito possivelmente já terão algo do género. Seria bom conferir se tem a qualidade adequada a um estudo a nível superior. A este nível não sei será muito conveniente contentar-se com uma miniatura! ~ão serei eu quem lhes vai recomendar este ou aquele dicionário. Muito mais qualificados para o fazer, estão os docentes da Língua Portuguesa.

Para o esclarecimento de conceitos mais específicos da própria área de estudos é recomendável a aquisição de um pequeno dicionário da respectiva área. Há dicionários desta natureza para as diversas áreas de saber. Caiu-me há dias nas vistas um Dicionário de Economia. Haverá, certamente, algo semelhante na área do Direito; mas não serei eu, leigo no assunto, quem terá a ousadia de lhes recomendar um em particular. Certamente os colegas da área terão todo o gosto em aconselhá-los nesse sentido. Obras desta natureza sâo muito úteis para uma primeira informação sobre os vários temas da disciplina, de modo especial seus conceitos específicos, assim como para uma breve informação sobre a biografia, a obra e o pensamento dos "clássicos" da disciplina em causa. Também os manuais, muitas vezes eles próprios fruto de largos anos de docência nas diversas áreas, são um óptimo subsídio para complementar e aperfeiçoar os apontamentos tomados em aula. 7

O resultado de todo este processo será tun texto ao qual poderemos retornar sempre que necessitemos de "refrescar" os nossos conhecimentos sobre determinado ponto da disciplina académica em estudo, ou na altura de preparar exames e frequências. Pode ser que o resultado de todo este processo seja um texto relativan1cn1e extenso. É aconselhável fazer um resumo, para fins de revisão e recapitulação.

7 Cfr. SEVERlNO, A1etodologia, 21 s.

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Onde Trabalhar os Apontamentos de Aula

Onde é que se deve fazer este trabalho e guardar o seu resultado? Em cadernos, em fichas, no computador? Cadernos e fichas são métodos mais tradicionais; o computador poderá não ser ainda acessível para o comum dos mortais. Cada um destes sistemas tem suas vantagens e desvantagens. As orientações dos autores no campo da metodologia variam. Uns recomendam cadernos; outros, fichas.

Apontamentos de Aula Trabalhados em Cadernos

o caderno tem a vantagem de ser algo mais estável. As folhas estão fixas, não andarão a voar de um lado para o outro; o que pode acontecer facilmente com as fichas. Estas, por seu lado, devido à sua mobilidade, podem ser ordenadas segundo a necessidade do estudo a fazer ou trabalho a elaborar. Pelo pouco que pude observar nas aulas, a maioria de vocês estão mais habituados a trabalhar em cadernos de apontamentos. A possibilidade de trabalhar em fichas talvez represente uma novidade.

Caso se opte por trabalhar com cadernos, devem-se usar cadernos de tamanho grande: A4 ou aproximado. Deve-se deixar uma margem bem larga à esquerda, aproximadamente um terço da página. Além disso, deve-se escrever só de um lado da fulha. O verso deve ficar, neste primeiro momento, em branco. Também pode ser em amarelo, azulou cor-de-rosa, conforme a cor das folhas do caderno.

Para quê tanto espaço vazio e tanto "desperdício de papel"? Para inserção dos novos elementos que formos encontrando. Explico-me. Como bons estudantes, não se limitarão a "empinar" apontamentos ou sebentas, mas aprofundarão os conhecimentos adquiridos em aula através da leitura constante de livros, artigos de revistas e de enciclopédias da sua área de estudo. Aí encontrarão elementos de grande valor para o enriquecimento dos seus apontamentos de aula, que não quererão perder. Será conveniente inserir esses elementos junto às passagens dos seus apontamentos que versanl sobre o assunto.

Essas anotações poderão ser de natureza diversa: referências bibliográficas para o caso de quererem aprofundar determinado item dos apontamentos -, pequenos extractos de outras obras para enriquecimento dos apontamentos; ou mesmo afirmações que questionem a "doutrina" dos mesmos, etc.

Se não tiverem lugar suficiente no caderno para anotar "civilizadamente" essas "achegas", terão duas alternativas. Ou forçarão a sua inserção nas entrelinhas e/ou nas margens exíguas à esquerda e à direita, tornando o caderno ilegíveL ou terão que os inserir em forma de folhas avulsas, Cl~jO destino será, mais cedo ou mais tarde, extraviar-se ...

Apontamentos de Aula Elaborados em Fichas

A elaboração dos apontamentos de aula pode ser feita em fichas. 8 Até à generalização do uso do computador, as fichas mais usadas eram de formato aproximado a A6, mais exactamente: 150xl00mm. Nas papelarias ou nas lojas de material de escritório encontram-se facilmente ficheiros para fichas desse formato. Para quem pretende trabalhar com o computador, o formato mais apropriado para essa finalídade talvez seja o formato AS (metade de A4). (A4 é o formato do papel usado habitualmente entre nós para dactilografia, impressoras de computador, etc.).

8 Cfr. SEVERINO, Metodologia, 34.

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Por minha parte gostaria de recomendar o uso de fichas de tamanho A6 150xl05mm. Este tamanho permite inserir num mesmo ficheiro as fichas "padrão" e as fichas de tamanho A5, tiradas do computador- dobradas a meio. (Mostrar algumas fichas e como se pode inserir facilmente num mesmo ficheiro as fichas A5 tiradas em computador) .

A grande vantagem do sistema de fichas é a possibilidade de Introduzir mais fichas com novas informações colhidas sobre o assunto. Também no caso de, em virtude de novas informações, se tornar necessário refazer parte dos apontamentos elaborados, é só substituir as fichas "ultrapassadas", por fichas "actualizadas".

A grande desvantagem deste sistema é o perigo de se perder no meio de tantos papeis soltos, ou de perder as fichas... No caso de estas se extraviarem e serem encontradas, talvez nem aquele que as elaborou, saiba onde as inserir. Este método de trabalho exige uma série de cuidados. Antes de mais, é necessário prestar muita atenção à identificação das fichas. Estas devem conter, em lugar bem visível, os elementos necessários de identificação: qual a obra de onde ela provém, qual o assunto de que trata e qual o lugar a ela pertence. Na ficha deve constar exactamente o assunto a que sc refere. Se é um apontamento de aula, se é um extracto de uma outra obra lida para complembntar os apontamentos: artigo de dicionário, artigo de revista, manual, etc. Deve ficar claro, além disso, se se trata de uma citação literal ou de um resumo, etc. De qualquer maneira a referência bibliográfica é indispensável.

Cada ficha deve conter apenas uma unidade de pensamento, para se poderem ordenar logicamente segundo uma ordem de raciocínio. Sobre os diversos tipos de fichas, sua "confecção" e sua finalidade, teremos ocasião de nos debruçarmos mais adiante. Os dados de identificação da ficha devem-nos permitir determinar sem grandes dificuldades qual é o seu lugar no ficheiro, para poder ser recolocada no lugar devido, caso se extravie.

Num ficheiro desta natureza, as fichas podem ser ordenadas de acordo com o programa do curso, seguindo as suas divisões e subdivisões; por exemplo: Metodologia 1.1; Metodologia 1 . Metodologia 1.3, etc. De momento este elemento será suficiente para sabermos que a ficha tem a ver com a cadeira da metodologia, mais concretamente com assuntos referentes às considerações preliminares. É prudente fazer esta referência a lápis. tarde, precisarmos a ficha para outra finalidade, poderemos mudar fàcilmente o cabeçalho.

Apontamentos de Aula Trabalhados em Computador

E quanto à elaboração dos apontamentos de aula em computador? Com a expansão crescente dos computadores pessoais, será cada vez maior o número de estudantes com acesso a este meio moderno de trabalho; e também de distracção! Ele pode ser de grande utilidade para "trabalhar" os apontamentos de aula. Quem tem um pouco de prática em dactilografia ou digitação de textos, não precisará de mais tempo para digitar alguma coisa no computador, do que para escrever à mão. No mesmo tempo em que passará os apontamentos a limpo, tê-Ios-á no computador. Que aí será mais fácil complementá-los que no papel, nem será necessário dizê-lo. Quando os apontamentos são "trabalhados" por um pequeno grupo de pessoas, facilmente se tirará, no fim, uma cópia para cada um,

Os elementos de interesse para o nosso estudo, que encontrarmos em leituras posteriores, também poderão ser integrados no respectivo lugar eom grande facilidade. A versatilidade cada vez maior dos programas é a grande vantagem que o computador oferece. O grande perigo do computador é a distracção. Podemos ser tentados a passar

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mais tempo a "navegar" na Internet ou a experimentar as potencialidades de um novo programa, do que a trabalhar em assuntos do nosso estudo. Daí também poderão sair grandes técnicos em software ...

Contacto Constante com o Tema em Estudo

o contacto permanente com o assunto que estamos a estudar é de suma impor­tância. Mediante a elaboração dos apontamentos de aula, o seu enriquecimento e a sua complementação com elementos tirados de outros lados somos levados a um contacto repetido com o assunto que estamos a estudar. Através desse contacto vamo-nos familiarizando cada vez mais com ele, vamo-lo assimilando lentamente; vamo-lo compreendendo cada vez melhor. Vamos entrando cada vez mais no quê e no porquê das coisas. Esse saber vai-se tprnando cada vez mais nos::;o saber. Com isto estaremos no bom caminho para superar uma aprendizagem reduzida a mera memorização -muitas vezes sem compreensão. É claro que isto não dispensa completamente a memória e a necessidade de guardar na memória. Mas é, inclusive, muito mais fácil guardar na memória algo que se interiorizou e compreendeu, do que algo que não se compreendeu. É como aprender uma música de sucesso, que toda a gente quer cantar. A melodia é a melodia; cada um aprenderá de acordo com o seu "ouvido" e a sua memória musical. Quanto à letra, as coisas são diferentes. Teremos muito mais facilidade em guardar um texto numa língua que compreendemos, que numa língua que não compreendemos. A compreensão do sentido do texto facilita grandemente a sua memorização. O mesmo vale, "mutatis mutandis", para a aprendizagem de uma disciplina académica.

O contacto repetido com os temas estudados é muito importante para a sua assimilação. No decurso do ensino secundário o estudante é levado para não dizer forçado - a este contacto através das tarefas escolares em casa, dos deveres da escola. No ensino superior este "instrumento didáctico" já não existe; pelo menos tem um papel muito menos relevante. O contacto repetido com aquilo que foi estudado é entregue à responsabilidade do estudante. Ele deve fazer-se; mas pode fazer-se de muitos modos. Podemos fazê-lo sistematicamente, relendo de quando em quando os apontamentos; ou "ocasionalmente", talvez melhor, "na ocasião certa", O que é que se entende por isso? Nas nossas leituras encontraremos constantemente referências a temas que já estudámos. De acordo com as evocações que essas referências despertam em nós, notaremos até que ponto o assunto nos é suficientemente familiar. Por essa ocasião podemos notar que o assunto ainda se apresenta bastante nebuloso. É sinal de que é necessário voltar a ele, para dissolver, ao menos um pouco, a nebulosidade. Poderemos notar que o assunto ainda está bastante confuso; é necessário "tirar os fusos".

Já Cícero verberava a situação pedagógica em Roma nestes termos: "non vilae sed scholae discimus!"- "Não aprendemos para a vida, mas para a escola!" Frequentemente esta crítica social de Cícero é transformada, através da inversão dos termos, em piedoso aforismo: "não aprendemos para a escola, mas para a vida!" Como se pode estragar uma frase!

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A preocupação demasiada com os exames - ou frequências - facilmente pode levar à situação verberada por Cícero, Se me permitem formular-me em termos incisivos: o que se aprende para o exame, esquece-se no dia seguinte!

Quer isso dizer que não devemos dar atenção aos exames, nem preparar os exames? Não! Os exames são uma realidade, uma realidade importante, na medida em que dos seus resultados dependerá a transição para o ano seguinte ou a não transição -com tudo o que isso acarreta, não só a nível financeiro, De mais a mais, do diploma, da nota final da formação universitária, poderá depender, em grande parte, o nosso futuro proflssional.

Sendo os exames uma realidade, e uma realidade importante, haverá que tomá­los devidamente em conta e levá-los a sério. Agora, se me permitem uma formulação paradoxal: a melhor maneira de levar os exames a sério é não estudar para os exames! Estudar para os exames é enttar naquela situação verberada por Cícero. Estudar para os exames é uma perspectiva muito limitada e limitativa. Devemos estudar para aprender -mais para saber do que para os exames. O estudo "desinteressado" é a melhor preparação para os exames. Um bom exame será a consequência lógica, quase necessária, o fruto naturalmente amadurecido de um bom estudo.

Colocado isso, é necessário não esquecer que a proximidade dos exames causa sempre uma certa ansiedade nos estudantes. Como enfrentar essa situação? Em primeiro lugar com calma. Quem foi estudando durante o ano ou o semestre, não terá grandes motivos para sobressaltos. Prevendo essa situação já foi sintetizando as várias partes do curso frequentado e essas sínteses serão um bom roteiro para a revisão da matéria. Com base destes resumos verá quais são os pontos que ainda precisam de alguns retoques. Buscará os elementos que lhe faltam ..

Quem, eventualmente, não acompanhou tão intensamente o curso durante o ano, terá necessidade redobrada de calma, tranquilidade e sangue fi-ío para se desenrascar. Talvez a melhor maneira de tentar salvar o que der para salvar ainda seja "pedir boleia" a um colega que se tenha preparado melhor. Formulando em termos mais académicos: pedir ao colega que lhe faculte o acesso aos seus apontamentos e às suas sínteses de revisão da matéria. Mas isso é quase como pedir os óculos emprestados ao vizinho.

Preparação Remota .- Preparação Próxima

Voltando mais directamente à preparação dos exames, podemos distinguir uma preparação remota, indirecta; e uma preparação próxima. directa. Preparação remota para os exames pode ser considerado todo o processo de estudo e aprendizagem, Sobretudo se, prevendo os exames, as várias partes da matéria já foram objecto de sínte­ses de recapitulação e de "esquemas", que permitem ver com um olhar a estrutura lógica do discurso; isto é, como os diversos elementos se relacionam uns com os outros. É a partir destes esquemas e resumos que se poderá retomar a matéria tratada, de modo a tê­la em mente na altura do exame.

A preparação próxima do exame é aquela revisão da matéria tratada com vista a tê-la presente na altura do exame. Quanto melhor for a preparação remota, mais fácil e mais rápida poderá ser a preparação próxima. Matematicamente, poderia formular-se neste termos: o tempo necessário para a preparação próxima dos exames é directamente proporcional à matéria a rever e inversamente proporcional ao que foi feito na prepa­ração remota. Aquilo que foi objecto de acompanhamento constante dm,mte o semestre, facilmente será revisto e recapitulado. Aquilo que não foi bem estudado, necessitará de uma atenção mais acurada.

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É bom começar com uma antecedência mínima de umas três semanas, caso se queira tirar desse trabalho algum proveito para a vida. Isso permitirá, inclusive, recupe­rar alguma coisa que deveria ter sido feita anteriormente, mas, por algum motivo, não o foi. Com um trabalho intensivo, mesmo em duas semanas se pode preparar com uma certa seriedade uma disciplina que ficou meio votada ao esquecimento. Mas repito: o que se aprende na véspera do exame e em atenção ao exame, esquece-se no dia seguinte.

Permitam-me começar, novamente, com uma comparação. Se quiserem construir uma casa terão que buscar material. Isto pode fazer-se artesanal ou tecnicamente. A busca artesanal consiste em dirigir-se ao "Kikolo". Na fase dos acabamentos talvez se tome necessária uma ida ao "Golfo", A busca técnica pode começar com o estudo dos projectos de cálculo estrutural, eléctrico, hidráulico, de corpo de bombeiros, etc. A partir dos vários projectos pode-se fazer o levantamento exacto dos materiais necessários, assim como das suas especificações técnicas. Procuram-se os vários possíveis fornecedores; comparam-se os preços, condições de pagamento e tudo o mais, que conhecem melhor do que eu!

Quem estiver com vontade, ou na necessidade, de estudar um assunto ou de elaborar um trabalho científico, precisará também de procurar o material necessário: aqueles elementos a partir dos quais poderá realizar essa tarefa. Da riqueza destes elementos; da sua quantidade, mas sobretudo da sua qualidade, dependerá, em grande parte, a qualidade do trabalho a elaborar.

Onde procurar esse material? Normalmente na literatura especializada. A primeira tarefa a eXecutar será, por conseguinte, fazer um levantamento das obras que poderão oferecer e1ementos pru'a o trabalho. Nisto consiste o levantamento bíbliográfico.9 Apontam-se as obras que pru'ecem ser de interesse.

Apontam-se como; apontam-se onde? Podem-se apontar em cadernetas, em cadernos, etc. O mais indicado, no entanto, é apontar os dados referentes a essas obras em fichas - as chamadas fichas bibliográficas, Já nos debruçaremos um pouco mais detalhadamente sobre o que é isso. A grande vantagem do registo em fichas é a versatilidade do sistema. Este método permite ordenar as fichas de acordo com diversos critérios. O critério básico de ordenamento das fichas é a ordem alfabética. Isto permite localizá-la facilmente, sempre que precisemos dela. Para além disso, este sistema é aberto à inserção novas fichas, sempre que se torne necessário.

Agora devemos perguntar-nos como é que se faz isso. O apontamento das obras em fichas não se faz "de qualquer maneira", mas de acordo com detem1Ínadas normas, que abordaremos em breve. Com isso somos remetidos para a questão das fichas, com que já nos deparámos algumas vezes. Vamos a isso!

9 Cfr. Ul11berto ECO, Como se faz uma tese em ciências humanos, 77-81. (Referido d'ora avante abreviadal11ente: ECO, Como se f a::. ullla tese, página).

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A Ficha

Comecemos por dedicar um pouco a nossa atenção às fichas. O que são fichas, o que é uma ficha? Fisicamente, uma ficha é um pedaço de papel ou de cartolina, de fonnato rectangular, destinado ao registo, armazenagem e manuseamento de informações. Normalmente a ficha não está isolada: "a ficha é um animal gregário!" Está junta com outras, do mesmo formato, constituindo um ficheiro. No mesmo ficheiro as fichas devem ser rigorosamente do mesmo formato. De resto, o formato das fichas pode variar consideravelmente. Há fichas de vários tamanhos, de acordo com as informações a cujo registo elas se destinam. Podemos chama-Ias pequenas, médias e grandes. Vejá-mo-Io! (Apresentar para visualização fichas de várias dimensões!)

Para serem manuseadas com mais facilidade e para terem maior durabilidade, as fichas costumam ser de um papel um pouco mais encorpado que o (de uma gramatura superior ao) papel usado habitualmente nos escritórios; ou mesmo de cartolina fina.

Fichas podem ser lisadas para as mais diversas finalidades. Uma empresa organizada tem um ficheiro de cliente, um ficheiro de fornecedores, etc. Um médico tem um ficheiro dos seus pacientes.

Ficheiros - e fichas são uma coisa muito generalizada. Hoje em dia os ficheiros são guardados e geridos, muitas vezes, por computador. Em suma, as informações registadas e guardadas em fichas podem ser de natureza muito diversa e há, de acordo com isso, uma gama muito ampla de tipos de ficheiros e, por conseguinte, de fichas.

Quanto a nós, que tipo de informação nos interessa e que tipos de fichas e ficheiros nos interessam? Na actividade académica servimo-nos, basicamente, de dois tipos de fichas:

Fichas bibliográficas e Fichas de conteúdo. Como já se pode ver a partir do próprio nome, a ficba bibliográfica destina-se a

registar as referencias bibliográflcas de mna obra, e a ficha de conteúdo a recolher informações sobre o seu conteúdo. Vamos tratá-Ias separadamente. Por agora concentraremos a nossa atenção na ficha bibliográfica, deixando a ficha de conteúdo para quando tratarmos da leitura.

A ficha Bibliográfica ..

Como já tivemos ocasião de mencionar, a ficha bibliográfica é a menor. O seu formato é o rectangular. i'!.ê suas dimensõe!j?odem variar. Em muitos países da Europa usam-se fichas de tamanho A 7.

Talvez nem todos estejam familíarizados com essas designações de formato de papel: A4, AS, etc. Estes formatos estão muito divulgados na Europa e em outras partes do mundo. Vamos partir do formato A4. Este é o formato do papel usado habitualmente nos escritórios; para máquina de escrever, o computador, etc. É o formato do papel destes apontamentos. A3 é o formato correspondente ao dobro do A4; e A5 é metade do A4; e assim sucessivamente, tanto para cima, como para baixo.

Não obstante, tomo a liberdade de recomendar fichas bibliográficas de dimensões diferentes, concretamente: 125 x 75 mm, por serem o tamanho padrão usado

~ ... nos catálogos das bibliotecas em muitas partes do mundo.

Embora normalmente em branco, a superfície da ficha está dividida virtualmente em vários campos, reservados a diversas finalídades. Veremos isso um pouco mais

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detalhadamente quando tratarmos do preenchimento das fichas. Limitemo-nos, de momento, a realçar que nas bibliotecas o preenchimento das fichas bibliográficas segue normas bem rigorosas.

Está na hora de nos perguntarmos para que serve a ficha bibliográfica. 10 A ficha bibliográfica destina-se ao registo dos elementos ql1e permitem identificar uma obra: um livro, um artigo de revista, um artigo de uma enciclopédia e coisas do género. Uma ficha biblíográfica bem preenchida é como que o bilhete de identidade de uma obra. Quais são os dados que constam no nosso bilhete de identidade? (Tentar um paralelismo com os dados que constam de uma ficha bibliográfical) Numa ficha bibliográfica constam, mais ou menos exaustivamente - de acordo com o tipo de ficha bibliográfica - as características de ordem externa que identificam a obra.

Olhando um pouco mais de perto os elementos que caracterizam uma obra e permitem a sua identificação, podemos distinguir elementos essenciais e elementos complementares. Elementos essenciais são aqueles que são imprescindíveis para a identificação ineq~lÍvoca da obra. Complementares~eles que, não sendô imprescindíveis para a identificãção da obra, fornecem outras informações sobre a mesma.

Já mencionámos, acima, que há vários tipos de ficha bibliográfica. Esta diversidade tem a ver com a finalidade a que a ficha bibliográfica se destina. De referir são: ~

- A ficha bibliográfica de seminário, -.. A ficha bibliográfica de catálogo e --.. A ficha bibliográfica pessoal.

A Ficha Bibliográfica de Seminário

A ficha bibliográfica de seminário destina-se, como o nome indica, ao uso comum pelos participantes de um seminário. É a ficha mais simplificada. Contém apenas aqueles elementos referentes à obra, que constam na bibliografia. Também aqui há uma certa divergência entre os especialistas.

De minha parte, gostaria de apresentar como elementos a constar numa bibliografia e, por conseguinte, numa ficha bibliográfica do seminário os seguintes:

'$. nome do título e subtítulo da obra, (quando não é a primeira), local da edição, ~ditora, de edição e número de volumes, (quando se trata de uma obra em vários volumes). Quartdo se trata de uma colaboração inserida numa obra mais ampla; por exemplo, um artigo inserido numa revista da especialidade, um al1igo de uma enciclopédia, um trabalho inserido numa miscelânea, é necessária a indicação da localização exacta nessa obra, assim como dos dados essenciais da obra mais anlpla. Mais detalhes sobre este assunto nas orientações para a elaboração de uma bibliografia. l

!

10 Cfr. ECO, Como sefaz uma tese, 81-95. II Para não ficarmos "num só livro", vejamos as orientações para a elaboração de ullla ficha bibliográfica de seminário propostas por Rafaello Farina: "A ficha bibliográfica de seminário deverá pOltanto conter só e exclusivamente: a) o nome do autor, individual ou colectivo, colocado no alto à esquerda; b) o título e o subtítulo do livro, tirado da página de rosto; OLl o título do a1tigo como consta, não do índice, mas da página onde começa, com o título da revista, da miscelânea ou da enciclopédia, etc., no qual esse se encontra; c) a colecção ali obra geral da qual o volume faz parte; d) a cidade e a data do livro; o volume ali o ano de publicação e as páginas do aJtigo." (Metodologia, J 02),

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-I I I I I II II I II II II II I I I I I

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Há países, como a Alemanha, onde, por princípio, não é mencionado editor de uma obra; apenas a cidade. Isto pode ter a ver com o esforço de evitar tudo o que possa parecer promoção comercial. Noutros países não há tàntos escrúpulos dessa natureza. Nos meios culturais que nos estão mais próximos, a menção do editor é generalizada.

A Ficha Bibliográfica de Catálogo

fA ficha de catálogo destina-se, como o nome indica, ao registo da obra no catálogo. Esta ficha deve conter tgdo§ os elementos de descrição externa da obra:

Autor, Título e subtítulo, Tradutor, prefaciador, autor das ilustrações, Número de edição (caso não seja a primeira), Local de edição, editor, ano, Descrição tisica: número de volumes, número de páginas, dimensões, Série ou colecção a que pertence e nlU11ero na série. Notas especiais. 12

Se compararmos esses elementos com os elementos enumerados nas "Normas de Referência Bibliográfica da Associação Brasileira de l\ormas Técnicas", notaremos algumas diferenças, que poderemos considerar de pormenor

Notar-se-á uma maior diferença, se procurarmos elaborar uma ficha de catálogo a partir da distribuição dos elementos de acordo com os vários "campos" da ficha, propostos por Rafaello Farina:

Campo do autor, Campo da página de rosto, Campo das notas bibliográficas e Campo de notas especiais. Não vamos entrar aqui em grandes discussões e comparações. Isto é assunto que diz

mais respelto aos responsáveis pela catalogação das obras nas bibliotecas. De mais a mais, as normas de catalogação podem variar de uma biblioteca para outra. Para nós é importante tomar consciência de que há uma diferença acentuada entre uma ficha de catálogo e uma ficha de seminário, que contém apenas os elementos necessários para a elaboração de uma bibliografia. Resumidamente pode dizer-se: uma iicha de seminário contém apenas os elementos imprescindíveis para a identificação inequívoca da obra, enquanto a ficha de catálogo tende a englobar todos os elementos referentes às características exteriores da obra.

)- Na ficha de catálogo consta, ,em lugar de destaque - normJlJm~nte no can50 ~rior direito - a cota, ou a siW. E o código do livro na biblioteca. E esta que nos indica exactamente o local em que o livro se encontra e é por ela que os funcionários se

Embora aproximando-se bastante, a nossa proposta difere da de Farina em alguns pontos. Não consideramos tão impOItante a colecção a que a obra pettence; não a englobando, por conseguinte, nos elementos a constar na bibliografia. Acrescentámos a edição, assim como o editor e o nllmero de volumes da obra. A inserção, nas bibliografias, destes elementos está a tornar-se cada vez mais comum. 12Nesta amostra de elementos, a constar numa ficha de catálogo, seguimos a proposta de Carlos A. Moreira AZEVEDO / Ana Gonçalves de AZEVEDO, Metodologia cientifica, 94, que costumam seguir de peito a Norma POliuguesa 405, (Referido d'ora avante abreviadamente: AZEVEDO, Metodologia, página).

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guiam para ir buscar as obras solicitadas. Quando se requisitam livros de uma biblioteca é imprescindível a indicação desta sigla. Já sabemos onde a vamos procurar; na sala do catálogo ...

Nestas observações tomámos apenas em consideração a ficha de catálogo por autor. Há ainda outros "modelos" para o catálogo por títulos e por assuntos, que não abordaremos, pelo motivo aduzido acima.

A Ficha Bibliográfica Pessoal

A ficha bibliográfica pessoal, para além da descrição externa completa da obra -elemento que ela tem em comum com a ficha de catálogo contém outros elementos de interesse para o estudioso. 13 É conveniente que contenha uma primeira infonnação sobre o conteúdo da obra; uma espécie de índice abreviado. A partir daí já poderemos ter uma ideia da relação que a obra tem com o tema que estaremos a estudar ou elaborar; uma relação directa ou apenas indirecta etc.

De extrema utilidade é o registo nesta ficha bibliográfica pessoal do local onde a obra pode ser encontrada: a biblioteca onde ela é acessível e a respectiva sigla. Também costumam ser referidos nesta ficha os locais onde a obra foi recenseada.

Caso seja de interesse apontar algumas informações mais detalhadas e mais extensas sobre essa obra, pode-se fazer isso numa ou mais "fichas de conteúdo", colocando na ficha bibliográfica a referência a essas outras fichas com mais informaçõ.;:s sobre a obra. O que são "fichas de conteúdo" e para que servem, ainda teremos ocasião de o ver, quando tratarmos da leitura e dos apontamentos de leitura.

Nos preparativos para a elaboração de um trabalho científico, sobretudo se estivermos a trabalhar na redacção de uma dissertação ou de uma tese, precisaremos de fazer um levantamento, tão completo quanto possível, de tudo o que foi publicado e versa directa ou indirectamente sobre o assunto que estamos a investigar. Ainda que nos possamos dedicar a tempo pleno à elaboração da dissertação ou tese - o que muitas vezes não acontece ~ não poderemos estudar tudo. Termos que seleecionar. E é importante seleccionar bem!

Será a partir das informações do ficheiro bibliográfico pessoal que faremos essa selecção. Os dados do nosso ficheiro bibliográfico pessoal devem~nos pennitir avaliar a importância que determinada obra tem para a nossa investigação. De acordo com isso vamos estabelecer prioridades na leitura; prioridades de ordem temporal .- por que obra começar o estudo e prioridades de ordem real - que tipo de leitura fazer dessa obra. Há obras cujo estudo é imprescindível; há outras cujo estudo é necessário e outras cujo estudo é útil. Eventualmente haverá obras com as quais não valerá a pena perder tempo. Um ficheiro bibliográfico pessoal bem elaborado ajudar-nos-á a fazer o discernimento.

Da importância da obra dependerá a atenção que lhe deveremos dar. Há obras que devem ser realmente estudadas a fundo. Outras obras serão objecto de uma leitura integral atenta; as partes de maior interesse serão estudadas. A outras será necessário, mas também suficiente, dar uma olhada - através de uma "leitura em diagonaI".

De grande importância em todo esse processo são as recensões de que essas obras foram objecto; quer seja em repertórios bibliográficos, quer seja em revistas da especialidade. Uma boa recensão dá-nos uma descrição sucinta do conteúdo da obra recenseada, assim como uma apreciação crítica da mesma. Mas também as recensões devem ser vistas com um olhar crítico. Nós não vamos fazer o nosso juízo sobre um

:3 Cfr. SEVERINO, Metodologia, 58s.

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filme, uma peça de teatro, um livro, (etc. a partir da crítica dos mesmos, que encontramos na imprensa. Vamos fazer o nosso juízo sobre essas obras depois de as ter visto ou lido e elTI virtude do que vimos ou lemos. A crítica da Í111prellSa pode despertar

O nosso interesse ou a nossa curiosidade em ver esta ou aquela obra. De momento é o que me pareceu necessário dizer, para nos familiarizarmos com

os diversos tipos de fichas bibliográficas. Passaremos, agora, a dedicar a nossa atenção ao preenchimento de uma ficha bibliográfica.

o Preenchimento da Ficha Bibliográfica

Por vezes, meio a brincar, meio a sério, costumo dizer que há muitos modos de fazer as coisas; que se podem resumir a dois: bem feitas e ... de qualquer maneira. O mesmo vale do preenchimento das fichas bibliográficas. Podemos preencher bem uma ficha e podemos preenchê-la de qualquer !nªneira. Uma ficha bem preenchida é uma ficha preenchida criteriosamente, de acordo com determinados critérios. Uma ficha preenchida de qualquer maneira é uma ficha preenchida como calha, de acordo com a inspiração do momento, espontaneamente. Como a inspiração de momento pode variar, cada ficha será preenchida a seu modo. Nem imaginam a "criatividade" que pode ser desenvolvida neste campo.

(Pode-se fazer um pequeno ensaio. Convidar os ouvintes a elaborar urna ficha bibliográfica de um livro que tenham consigo e depois compará-las para ver as diferenças. Podemos ver as diferenças relativas aos elementos de identificação da obra; à ºIQem em que esses elementos são colocados; à grafia em que esses elementos são apresentados: maiúsculas, minúsculas, itálico, negritado, sublinhado, etc.; e o modo em que os elementos são separados uns dos outros: a interpontuação: ponto, vírgula, ponto e vírgula, dois pontos, travessão ... - Convidar os estudantes a comparar a bibliografia apresentada em vários livros, guiando-se pelos tópicos acima indicados).

É claro que os critérios de preenchimento de uma ficha não são absolutos, podendo variar consideravelmente. Uma comparação da "bibliografia" de várias obras científicas, de preferência teses de doutoramento, apresentadas em diversas universidades e em diversos países, pode mostrar-nos quão diversos podem ser os modos de elaboração da "bibliografIa" e, por conseguinte, o modo de preencher uma ficha bibliográfica. Não obstante, uma vez adoptados determinados critérios, devem ser seguidos à risca.

Os Campos da Ficha Bibliográfica

A ficha bibliográfica, como já dissemos, está dividida virtualmente em vários campos e é por esses diversos campos que os elementos de referência bibliográfica são distribuídos, (Desenhar no quadro duas fichas, conforme os modelos apresentados por Rafaello Fmina, em dimensões lineares multiplicadas por 10: 125 x 75 cm).

A ficha começa-se a preencher pelo campo do autor; 16 mm abaixo da margem superior da ficha, o que corresponde a quatro espaços de máquina de escrever; e a 22 mm da margem esquerda da ficha, o que conesponde a 10 espaços de máquina de escrever. É aqui que se coloca o nome do autor, pessoal ou colectivo: a entidade responsável pela obra.

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Dois espaços abaixo do campo do autor começa o campo da página de rosto. Começa a preencher-se um pouco mais dentro da ficha do que o anterior, a saber: 26 mm da margem esquerda da ficha = a 12 espaços de máquina de escrever.

Um espaço e meio abaixo desse campo começa o campo das potas bibliográficas. Avança-se ainda um pouco mais para o interior da ficha: 30 mm da margem esquerda da ficha.

Novamente um espaço e meio abaixo do campo das notas bibliográficas começa o 9ª1]1pO de notas especiais. Horizontalmente começa-se novamente a 30 mm da margem esquerda da ficha.

O último campo deste tipo é o ca~mpo ..9liº-111eúdo, que tem início um espaço e meio -abaixo do anterior. Este campo diz respeito exclusivamente às fichas bibliográficas pessoais e já vimos a que elementos se destína.

Falta ainda uma breve referência aos campos de siglas. Estes dizem respeito às fichas de catálogo e às fichas pessoais. As fichas de catálogo têm um Único campo de sigla, destinado à sigla da obra, que permite a sua localização na biblioteca. Em lugar de destaque, como já foí dito: canto superior direito.

As fichas bibliográficas pessoais têm dois campos de sigla: o canto superior esquerdo e o canto inferior esquerdo. No canto superior esquerdo faz-se referência à natureza da obra; isto é, se se trata de uma fonte, ou se se trata de um autor. A diferença entre uma fonte e um autor, é um assunto a abordar, quando se tratar da elaboração do trabalho científico. Esta referência é feita escrevendo no canto a letra F ou A - de acordo com o carácter da obra: Fonte ou Autor.

Para não ficarmos completamente no indefinido em relação ao que se entende por "fonte" ou por "autor", podemos acrescentar o seguinte: a "fonte" coloca-nos em contacto directo com o objecto do nosso estudo; o "autor" coloca-nos em contacto com o objecto do nosso estudo de um modo indirecto. Tentemos exemplificar. Se o objecto do nosso estudo é o pensamento do Dr. Agostinho Neto, as fontes, o que nos dá acesso directo ao seu pensamento, são as suas obras: os seus livros, os seus poemas, os seus discursos. Não obstante, não seremos os primeiros a debruçar-nos sobre o pensamento do Dr. Agostinho Neto. Antes de nós, já outros o fizeram. Também deles podemos aprender alguma coisa. Esses são os "autores" a que acima nos referíamos. Através deles temos um acesso indirecto ao objecto do nosso .estudo. Deles obteremos, por assim dizer, informações de segunda mão. Em vez de falar em "fontes" e "autores", há quem fale de "fontes primárias" e "fontes secundárias"; de "literatura primária" e de "literatura "secundária"; de "fontes" e de "literatura".

No canto inferior esquerdo coloca-se a informação referente à biblioteca onde a obra é acessível e à sigla da obra na biblioteca. Isso facilita na altura em que formos procurar a obra para consulta, leitura ou estudo. 14

.' Não será deslocado abordar aqui já o tema da elaboração da bibliografia? Não será colocar o carro à frente dos bois? De certo modo sim; não obstante, se queremos começar desde agora a montar o nosso ficheiro bibliográfico pessoal, necessitamos de conhecer as normas para o fazer bem feito.

14 Na designação dos campos, assim como na distribuição dos elementos pelos mesmos, segui o modelo apresentado por FARINA, Metodologia, 96-113, apresentada na bibliografia inicial. Devo dizer-lhes que não coincidem cem por cento com os critérios usados na nossa biblioteca.

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A apresentação das normas, que aqui faremos, será necessariamente bastante sucinta. Além disso, procuraremoS simplificar ao máximo, para não sobrecarregar a memória. Na altura da elaboração de trabalhos académicos de maior envergadura, será necessário lançar mão de algwn manual de metodologia e consultar a bibliografia de duas ou três obras científicas recentes. l~ bom começar desde já a familiarizar-se com bibliografias. Não perderão nada se dedicarem um fím-de-semana a comparar as bibliografias de diversas obras académicas. - Têm alguns exemplos nas fichas de trabalho.

Mas, afinal, o que é a bibliografia? A bibliografia é a lista ele obras estudadas ou consultadas (a estudar ou a consultar no caso do levantamento bibliográfico pre­liminar) para a elaboração de um trabalho académico. Se pegarem 11um livro académico, verão que, no final, há sempre uma bibliografia. São as obras usadas para a elaboração desse trabalho. Mas a bibliografia não é só para trabalhos de maior envergadura. Desde o início da actividade académica é bem ir-se familiarizando com o uso· de bibliografia e com a elaboração de uma bibliografia 110 final dos trabalhos escritos a' apresentar nas di versas disciplinas.

Elementos que Constam na Bibliogra.fia !

Os elementos que constam na bibliografia, são os mesmos que constam na ficha bibliográfica de seminário, isto é, os elementos impr~scindíveis para a identificação inequívoca da obra: autor, título e subtítulo, pÚmero de edição (caso não seja a primeira), local de edição, editora, ª110 de publicação e nÚmero de volumes (caso a obra tenha mais que um volume).

Apesar de serem os mesmos, os elementos são distribuídos de modo diferente na ficha bibliográfica e na bibliografia. Na ficha eles vêm distribuídos de acordo com os diversos campos da ficha. Na bibliografia vêm um a segulr ao outro, separados por sinais de pontuação.

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Na elaboração de uma bibliografia há duas normas capitais: ordem e coerência. Na bibliografia as obras vêm apresentadas ordenadamente, por ordem. A norma

de ordenação é o alfabeto. Ponto de referência é o sobrenome do autor. Deste modo, numa bibliografia as obras vêm apresentadas por ontem alfabética do sobrenome dos autores.

O segundo princípio capital é a coerência, ou uniformidade. Deve-se seguir um Radrão único de referência da primeira à última obra. Não pode haver alteração de padrão entre uma obra e outra. Aqui não se pode referir urna obra de cada maneira, ao sabor da inspiração do momento. Não pode ser como nos rebuçados vendidos antigamente no comboio: "cada cor seu paladar!,,15.

Mesmo quando se referem obras a partir de outras bibliografias, que seguem outros padrões de referência, ao enquadrá-las numa bibliografia é preciso uniformizá-las de acordo com o padrão utilizado. É preciso vesti-las todas com mesmo ''tmiforme''. --.-.~._. -----15 Mesmo em obras cuja edição foi preparada com todo o esmero, COIll muita facilidade se introduzem pequenas incoerências. Tenho em mente lima obra, publicada recentemente, em que O nome próprio de UIll autor vem escrito ele três macios diferentes numa só página: VORGRIMLER, Herbert, o que está correcto, l11as onde aparece também: Herbcr e Robert!

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Diz um ditado popular que "não há duas sem três". Também se aplica aqui. Além da ordem e da coerência, não se pode esquecer a simplicidade. Será bom procurar um padrão simples, que dê para seguir sem ter de fazer uma pesquisa de três semanas para cada obra que se queira referir.

Proposta Concretd

Depois dessas observações de carácter teórico, vamos agora apresentar uma proposta concreta de elaboração de uma bibliografia. 16 Partimos da Norma Portuguesa 405 (NP 405), mas propomos uma simplificação acentuada, sem prejudicar, no entanto, a identificação ineqlúvoca da obra. Nessa proposta daremos atenção especial aos tópicos seguintes:

Elementos de referência bibliográfica que devem constar na bibliografia; Ordem em que esses elementos devem ser colocados; Grafia dos diversos elementos; Interpontuação: (sinais de pontuação a separar os vários elementos).

Os elementos que devem constar numa bibliografia, são os elementos necessários para a identificação inequívoca dessa obra. Já os conhecemos, mas não faz mal repeti-los: Autor, título e subtítulo, número de edição (caso não seja a primeira), local da edição, editora, ano de publicação, número de volumes (caso se trate de uma obra em vários volumes).

A ordem que eles devem seguir é a seguinte: Autor, título e subtítulo, número de edição (caso não seja a primeira), local de edição da obra, editora, ano em que o obra foi editada, número de volumes (se for o caso).

A grafia que propomos para esses elementos é a seguinte: Autor: Sobrenome em maiúsculas e nome em escrita corrente (cursivo). Título e subtítulo: em itálico. Demais elementos: em escrita corrente (cursivo).

A lnterpontuação Entre o sobrenome e o nome insere-se uma vírgula (,); Depois do nome do autor coloca-se um ponto (.); Entre o título e o subtítulo colocam-se dois pontos (:); Depois do título coloca-se novamente um ponto (.); Os restantes elementos vêm separados por vírgula (,) Após o ano de edição vem um ponto (.) .

... _-~ ... _--

16 Normas de referência bibliográfica encontram-se em quase todas as obras de metodologia. Das obras mencionadas na nossa bibliografia, gostaria de mencionar: SEVERINO, ,o/Jetodologia, 99-110; RUIZ, Metodologia, 144-166 (Normas de referência bibliográfica da Associação Brasileira de Normas Técnicas); João J. C. FRADA, Guia prático para a elaboração e apresentação de trabalhos cientificos, 46-58. (Referido d'ora avante abreviadamente: FRADA, Guia prático, página); AZEVEDO, 1~1e{odo!ogia, 93-1 17.

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rA Grande Excepçãt (Inversão dos elementos do nome)

De um modo geral, os nomes dos autores são apresentados segundo a ordem normal dos seus elementos. A\f.ibliografia e o ficheirl constituem a grande excepção. Neles, os elementos do nome vêm em 9rdem invertida: primeiro o sobrenome e só depois o nome próprio. Quando os nomes são compridos é conveniente colocar apenas o nome de família principal e o primeiro nome próprio. Os outros elementos do nome podem vir abreviados; mas não esqueçamos a norma da coerência ou uniformidade, da primeira à última obra!

O motivo para esta inversão é facilitar a identificação e localização da obra. Imaginem a quantidade de "Josés", "Joaquins" e "Manueis" que poderiam aparecer numa bibliografia ordenada alfabeticamente pelo nome próprio!

Nomes Estrangeiros

Sobretudo os nomes espanhóis, franceses e alemães têm algumas peculiaridades que é necessário ter em conta. Aqui torna-se imprescindível a consulta de obras de metodologia, ou das Normas de Referência Bibliográfica, em uso no país. O ideal seria, naturalmente, poder consultar obras científicas editadas nesses países e nessas línguas.

Diversos Tipos de Obras

Na elaboração de uma bibliografia é necessário ter em consideração que há diversos tipos de obras. É necessário prestar atenção a esse pormenor. Há obras de um só autor e há obras de vários autores. Há autores individuais e há autores colectívos, ou institucionais, p. ex. entidades, etc. Há obras "independentes", "autónomas", e há obras integradas em obras mais amplas. Procuraremos apresentar os principais tipos de obras, assim como as normas para a sua referência bibliográfica.

Para facilitar as coisas vamos dividir os diversos tipos de obras em três categorias fundamentais: ~6) \\ r r.

Obras de um autor, Obras de vários autores e Obras de autores institucionais.

Obras de Um só Autor

Mesmo as obras de um autor podem ser de natureza muito diversa. Para facilitar, talvez seja melhor referir teoricamente apenas um aspecto, deixando o resto para ser visto a partir de exemplos concretos. As obras de mn autor podem ser publicadas em si mesmas, ou integradas em obras mais abrangentes; p. ex. em colectâneas, enciclopédias, revistas, etc. As obras mencionadas em primeiro lugar são referidas na bibliografia de acordo com o modelo acima indicado. As obras mencionadas em seglmdo lugar, para além da indicação do autor e do título, devem referir o [llgar exacto em que foram publicadas introduzido por "ln:". (Isso independentemente de se tratar de enciclopédia,

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revista, colectânea etc.).17 Para maior clareza indicaremos abaixo alglills exemplos. Obras (de um só autor) com título simples. Estas referem-se de acordo com o

modelo indicado: Autor (SOBRENOME, Nome). Título. de edição (caso não seja a primeira), Local de edição, Editora, Ano de publicação. Exemplificando: DUQUESNE, Jaques. Der Gott Jesu. Düsselorf, Patmos Verlag, 1998. KASPER, Walter. Introdução à fé. Porto, Livraria Telos Editora, 1973.

Obras (de um só autor) com título e subtítulo. Seguem o modelo acima, acrescentando-se apenas o subtítulo a seguir ao título, também em itálico, separado deste por dois pontos (:). Exemplificando: KNAUER, Peter, S.1. Der Glaube komrrit vom Hôren: Okumenische Fundamental­theologie. 6<1 ed. reelaborada e ampliada, Freiburg / Basel / Wien, Herder, 1991. KRIELE, Martin. Libertação e iluminismo político: Uma defesa da dignidade do homem. São Paulo, Edições Loyola, 1983.

Obras em város volumes.No final da referência bibliográfica, após o ano de publicação, pode-se acrescentar o número de volumes. Exemplficando: PANNENBERG, Wolíhart. Systematische Theologie. Gottingen, Vandenhoeck &

Ruprecht, 1988-1993, (3 vo1.). HAERING, Bernard. Livres e fiéis em Crísto: Teologia Moral para sacerdotes e leigos.

São Paulo, Edições Paulinas, 1981-1984, (3 voI.). Obras em vários volumes com subtítulos diferentes. Pode-se abstrair dos

subtítulo e fazer a referência bibliográfica de acordo com o modelo acima; mas também se pode fazer a referência bibliográfica considerando os subtítulos dos vários volumes. Neste caso devemos referir cada volume em particular, como segue no exemplo abaixo: HAERING, Bernard. Livres efiéis em Cristo: Teologia A10ral para sacerdotes e leigos.

VaI. I, Teologia Moral Geral. 3a ed.; São Paulo, Edições Paulinas, 1984. VoI. II, A verdade vos libertará. São Pauto, Edições Paulinas, 1982. VoI. III, Vós sois a luz do mundo (Mt 5,14). São Paulo, Edições Paulinas, 1984. Obra inserida numa miscelânea de um só autor. Após o autor e o título da

obra parcelar (escrito em tipo corrente), insere-se a partícula "ln:", seguida de IDEM e . do título da colectânea, em itálico, assim como dos demais eleméntos da referência bibliográfica: nO de edição, local, editora e data: RAHNER, Karl. Dogmatische Erwãgungen über das Wissen und Selbstbewusstsein

Christi. ln: IDEM, Schriften zur Theologie V. 2a ed .. Einsiedeln / Zürich / Kõln, Benziger Verlag, 1964,222-245. Obra inserida numa colectânea de vários autores. Após o autor e o título da

obra parcelar (escrito em grafia corrente), insere-se a partícula "ln:", seguida da referência bibliográfica de acordo com as normas apresentadas a baixo para a referência de obras de vários autores.

GRECH, Prospero EI problema cristológico y la hennenéutica. ln: Renê LATOURELLE / Gerald O'COLLlNS (eds.). Problemas y per.spectivas de Teologia Fundamental. Salamanca, Ediciones Sigueme, 1982, 160-] 95.

Obra inserida numa enciclopédia ou dicionário da especiaJidade. Após o autor e o título da obra parcelar (verbete - em escrita corrente), segue-se a referência da enciclopédia ou dicionário de acordo com as normas referidas abaixo: MARALDO, John Charles. Sincretismo. ln: Sacramentum Mundi: Enciclopedia

Teológica 6. 2a ed., Barcelona, Editorial Herder, 1978,366-371. KASPER, Walter. Dogmática. ln: Diccionario de conceptos teológicos I. Director de la

17 Com isto estamos a afastar-nos de um uso muito comum. O motivo é o critério da simplicidade, para evitar ter que fazer a distinção entre obra seriadas e não seriadas e outras coisas do género. Para informações mais detalhadas, cfr. ~ Metodologia, 95-99.

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publicación Peter EICHER, Barcelona, Editorial Herder, 1989,276-283. NB: Por motivos de simplificação e para poupar espaço, os títulos de enciclopédias, revistas da área, manuais mais conhecidos, etc. vêm muitas vezes abreviados. A referência bibliográfica completa vem na bibliografia, quando a obra é referida na sua totalidade, ou na lista das abreviaturas.

Obra inserida numa revista. Após a referência do autor e do título do artigo (escrito em grafia conente e tirado da página em que inicia), insere-se a partícula "ln:" seguida do nome da revista (em itálico), do ano de publicação da revista (que normalmente corresponde ao volume), do ano-calendário (entre parênteses) e das páginas que o artigo ocupa. Quando a revista não segue este padrão, é necessário ver que padrão é que a revista segue e fazer a referência bibliográfica de acordo com o padrão seguido pela revista. Pode ser por fascículo, numerados possivelmente de forma contínua a partir do início da publicação da revista, do ano-calendário e do número das páginas em que o artigo foi publicado. (Ê este, aproximadamente, o caso no segundo exemplo abaixo apresentado). LEERS, Bernardino. A Lei Natural e a sua Problemática AtuaL ln: REB (Revista

Eclesiástica Brasileira) 35 (1975), 87-122. DANIEL, Yvan. Análise da função política de uma paróquia cristã burguesa em França.

ln: Concilium 84 (1973/4), 399-408.

Obras de Vários Autores

Obra conjunta de dois ou três autores. Neste caso mencionam-se todos os autores, separando o nome dos mesmos por uma barra inclinada (I): 18

ASSMANN, Hugo/ FraIlz JosefHINKELAMMERJ, A idolatria do mercado: Ensaio sobre Economia e Teologia. SiÍüPaulo, Voz~s, 1989,

BORGES, António / Azevedo RODRIGUES I Rogério RODRIGUES. Elementos de contabilidade geral. 14f1 ed., Lisboa, Rei dos Livros, 1995. i9

Obra conjunta de mais de três autores. Nesse caso menciona-se o nome do autor que aparece em primeiro lugar na página de rosto seguido da observação "et alíi" ou "e outros", entre parênteses). Segue-se um ponto, o título da obra e os demais elementos de referência bibliográfica: PANNENBERG, Wolfuart (et alii). La revelación como historia. Salamanca, Ediciones

,',' Sígueme, 1977. "t~;' ,i ',1 'l

,cRICOEUR, Paul (etllii2: La révélation. Bruxel1es, Facultés universitaires Saint-Louis, 1977. ~t l " '. '

Obra conjunta com um editor responsáveL Neste caso merlcióna-se apenas o nome do editor responsável, seguido de "~);". Segue-se o título da obra e os demais elementos: ' ARNALDO, Javier (ed). Fragmentos para una teoría romântica deZ arte. Madrid,

Tecnos, ] 987. LATOlJRELLE, René / Gerald O'COLLINS (eds:). Problemas y perspectivas de

Teologia Fundamental. Salamanca, Ediciones Sígueme, 1982.

~8 Usamos a barra inclinada (I) para separar todo o tipo de "elementos oonjuntos", quer se trate de autores, de editoras, ou de cidades. Estes são os casos de obras de vários autores, edições em conjl:ll1to de mais que uma editora, assim como das editoras com sede em diferentes cidades.~ 19 Nestes casos a inversão dos elementos do nome só se faz no nome do autor pelo qual a obra dá entrada. Nos demais nomes os elementos vêm na ordem normal. Isto pode parecer demasiado preciosismo, mas é o uso actual em bibliografias de procedência diversa.

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Enciclopédias e dicionários (considerados como um todo). Neste caso as coisas podem variar. O mais indicado parece-nos ser seguir a rosto. Concretizemos ltln pouco. Se observarmos algumas bibliografias, veremos que, com muita frequência, obras desta natureza vêm referidas pelo título da obra e não pelo autor, autores ou editor responsáveL É que, em muitos casos, estas obras tornam-se tão conhecidas que os seus editores são "ofuscados" pela própria obra. O título da mesma torna-se então o ponto e referência mais conhecido e, como tal, é mencjonado em primeiro lugar na bibliografia. O mesmo vale e alguns manuais de maior envergadura.

Como se refere, então uma enciclopédia, um dicionário, ou um manual desse tipo? Como já foi mencionado, o mais indicado é seguir a página de rosto. Frequentemente esta dá entrada pelo título da obra, seguido do nome ou nomes dos responsáveis pela obra (editores, organizadores, etc.). os demais elementos de referência bibliográfica. Obras desta natureza, normalmente não são editadas de uma só vez. Nesse caso, no lugar do ano de edição coloca-se o ano em que a edição iniciou e o ano em que ela terminou. Caso ainda não tenha terminado, coloca-sc o ano do início da edição seguido e um travessão. Isso tornar-se-á mais claro a partir dos exemplos abaixo mencionados. SACRA}v1ENTUlvllvIU'VDI: Encíclopedia Teologica. Dirigida por Karl RAHNER (et

alii), edição castelhana dirigida por Juan ALF ARO e José M. FONDEVILA. 3a

ed., Barcelona, Editorial Herder, 1982. DICCIONARlO DE CONCEPTOS TEOLOGICOS. Versão castelhana de Xavier MOLl,

da obra de Peter EICHER (dir). Neues Handbuch theologischer Grundbegrif.fe. Barcelona, Editorial Herder, 1989.

DIE RELIGION INGEESCICHTE UND GEGENWART. Edit. por Kurt GALLING (et alií). 3a ed. Tübingen, l. C. B. Mohr (Paul Siebeck), 1957-1965. Quando na página de rosto vem mencionado em primeiro lugar o nome do autor

ou editor responsável, dá-se entrada na bibliografia pelo nome ou nomes dos mesmos: PACOMIO, L. (et alii). Diccionario teologico interdisciplinar. Salamanca, Ediciones

Sígueme, 1985-1987. LÉON-DUFOUR, Xavier. Vocabulario de teología bíblica. Barcelona, Editorial Herder,

1967.

Obras de Autor-Instituição

Quando a responsabilidade autoral ou editorial é de uma entidade, é ela que vem mencionada como autor da obra: INSTITUTO PORTUGUÊS DA QUALIDADE. Catálogo de normas' referido a

1999-01-01. Caparica, Instituto Português da Qualidade, 1999.

Normas de Referência Bibliográfica para Material da Internet

o material a que podemos aceder por este meio é muito diversificado. Podemos ter acesso a material impresso, como sejam: livros, revistas, jornais etc. Nestes casos indicam-se os elementos habituais de identificação da obra. Acrescenta-se o endereço electrónico através do qual se teve acesso à obra.

Quando se trata de material não impresso, isto é, cujo supOlie é exclusivamente electrónico, devem ser indicados os elementos básicos de identificação da obra: autor e título, o endereço electrónico, assim como a data do "sire" e a página (ou páginas).

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Para ter uma ideia mais clara veja-se nos "Anexos" a estes apontamentos.

o Sistema Autor/Data

Desde há alguns anos vem sendo introduzido, sobretudo no mundo anglófono, um novo modo de elaboração da bibliografia e da referência bibliográfica, chamado sistema autor/data. Aqui limitamo-nos a referir os elementos necessários para a elaboração de uma bibliografia de acordo com esse sistema. Os elementos necessários para a elaboração do aparato crítico de acordo com esse sistema serão apresentados quando se tratar do aparato crítico, no âmbito da elaboração de trabalhos científicos.

No que diz respeito à elaboração da bibliografia, a novidade consiste basica­mente na colocação da dada de publicação da obra em lugar de destaque; quer seja abaixo do nome do autor, como vem indicado na obra de Umberto Eco, p. 180-181; quer seja logo a seguir ao nome do autor, como podemos ver na bibliografia da obra de Gwinyai H. Muzorewa, Theo Origíns and Development ofAfrican Theology, 131-142. As obras de um mesmo autor vêm ordenadas segundo o ano de publicação. Quando há mais de uma obra publicada no mesmo ano, a indicação do ano vem seguida de uma letra do alfabeto; p. ex. 1973a ... , ] 973b ... etc?O

(É bom mencionar também uma forma de referência mista. A bibliografia segue o padrão usual. Nas referências do rodapé menciona-se o nome do autor, o ano de publicação da obra e a página).

Apesar de todos os avanços da tecnologia informática e dos recursos audio­visuais, a leitura continua, até hoje, o meio privilegiado do estudo e do trabalho acadé­mico. Através da internet, podemos ter um acesso muito mais expedito aos textos que nos interessam, do que pelo sistema clássico de consulta e leitura na biblioteca. Isso pode significar uma grande economia de tempo e de deslocações; o que já não é pequena vantagem. Não obstante, isso não nos poupa o trabalho de ler e estudar os textos. Uma primeira leitura rápida, "em diagonal", que nos diz de que é que o texto trata, pode ser feita a partir do computador. Para um estudo mais sério, a meu ver, será necessário imprimir o texto. Teremos o texto em mãos, poderemos sublinhar e realçar, inclusive a vária cores; e poderemos ter, lado a lado, vários textos, que versam sobre o mesmo tema. A leitura através do computador pode ser de grande vantagem, de modo especial pela facilidade com que podemos "copiar" aquelas partes do texto que nos pareçam mais imp0l1antes para o nosso propósito; evitando, inclusive, erros de grafia -ou de outra natureza - ao dactilografar ou digitar um texto. Esses excertos podem ser colados em tichas (ou impressos directamente em tichas), o que facilita muito a sua posterior utilização na elaboração do trabalho. Mas deixemos esses meios sofisticados

20 As normas para LIma referência bibliográfica de acordo com este sistema encontram-se em anexo a estes apontamentos. Muitas vezes, neste sistema, a referência é feita dentro do próprio texto. Como exemplos con­cretos sejam mencionados: P.-A. KALILOMBE. La espiritualidad desde una perspectiva africana. ln: Rosino GIBELLlNI (ed.). ltinerarios de la teología afí-icana. Estella (Navarra), Ed. Verbo Divino, 2001,167-195; S. S. MAIMELA. La teología negracle la liberacíón. ln: Rosino GIBELUNI (ed.), Op. cit., 269-287.

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para mais tarde! Comecemos com o mais simples, o mais terra a terra; comecemos com um livro real e não com um livro virtual.

Um primeiro elemento a ter em consideração, quando se quer ler, são as condições que facilitam uma leitura proveitosa. Penso que concordarão comigo se disser que as bancadas da "Cidadela", cheias de "torcedores" a gritar, apoiando as suas equipas em pleno jogo "Petro" "Primeiro de Agosto" não serão o lugar ideal para a preparação de um exame empenhativo. Normalmente não se vai estudar para um concerto de "Rock" ou para uma discoteca. Os decibéis aí produzidos não são muito compatíveis com a concentração que o estudo ou uma leitura séria exigem. Haverá "viciados" que nem por isso se deixarão irritar, mas não é o normal. Para o comum dos mortais, uma leitura séria exige um ambiente tranquilo e silencioso e um mínimo de conforto. Não precisa de ser uma cadeira almofadada, nem uma poltrona - às vezes mais convidativa para dormir -; mas uma cadeira que permita estudar comodamente sentado.2I Um bom ambiente facilitará a concentração e contribuirá muito para uma leitura proveitosa.

Se queremos estudar a sério precisaremos de descobrir ou "criar" o ambiente ou ambientes que nos facilitem a leitura e o trabalho. Esse anlbiente poderá ser em casa, na Biblioteca, na Universidade, ou em outro lugar. É importante ter em casa um lugar que nos facilite essa actividade. Sobretudo em épocas de estudo mais intensivo precisaremos de trabalhar em casa; às vezes pela noite adentro. E quando os irmãos querem ouvir música, possivelmente, "a todo o vapor"?

Mas não esqueçamos; não menos importante do que a tranquilidade exterior, é a tranquilidade interior. Outros pensamentos e preocupações precisam de ficar de fora .

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O que dissemos até agora, refere-se a uma leitura de estudo; mas há vários tipos de leitura. O que é que lemos; como é que lemos; para que é que lemos?

O que é que nós de facto lemos? O jornal? Os jornais? COlTIQ é que nós lemos os jornais? Lemos as "manchetes"?; os títulos?; ou também lemos o corpo das notícias, dos artigos, das análises? Para que é que lemos o jornal? Para distracção? Para buscar infOlmação sobre um campo determinado: política; economia; desporto? Como vemos, mesmo na leitura do jornal podemos ser guiados por interesses muito diversos. De acordo com tudo isso, há muitos modos de ler o jornaL

Concluamos com uma pergunta indiscreta! Lemos o jornal - ou os jornais crédula ou criticamente? Acreditamos em tudo o que o jornal diz, ou perguntamo-nos a nós próprios se as coisas são realmente assim? Uma leitura consciente e criteriosa da imprensa pode ser tuna boa fonte não só de informação, mas também de formação. Há jornais, sobretudo semanários, que abordam temas da mais diversa natureza e cuja leitura regular poderá ser muito útil para abrir os nossos horizontes e para ampliar a nossa cultura geraL A publicações dessa natureza pode~se dedicar uma leitura atenta, mas ninguém vai estudar umjornal- a não ser em cursos de jornalismo.

21 Cfr. RUIZ, Metodologia, 368.

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Se já um jornal pode ser lido com maior ou menor profundidade ou super­ficialidade -, muito mais isso se pode dizer de um livro. A leitura de mn livro pode ser de índole muito diversa, de acordo com a natureza do mesmo. O modo como lemos um mmance é muito diferente do modo como lemos um ensaio sobre a história recente do país, ou a situação actual. De ambos difere ainda o modo como lemos uma monogtafiª de carácter mais científico; p. ex. sobre o "Estado de Direito", sobre os "Direitos Humanos" etc.

Um romance lê-se para se recrear, para descontrair. É uma leitura de lazer, Um ensaio sobre temas actuais lê-se para estar informado sobre o que acontece e para ampliar a cultura geraL Uma monografia de carácter científico lê-se para aumentar o conhecimento específico de uma determinada área e saber. A leitura adequada para obras desta natureza é uma leitura-estudo.

A leitura analítica de um texto é uma leitura em profundidade. Ela visa uma compreensão exaustiva do texto; quer tirar do texto tudo aquilo que ele tem a dar; quer espremer o texto. Uma leitura desta natureza exige, naturalmente, um determinado esforço e há certas orientações que nos podem ajudar a ler' desse modo e nessa proftmdidade.

Passarei a apresentar-lhes algumas orientações para uma leitura analítica, seguindo de pelio a obra de António Joaquim SEVERINO, intitulada: Metodologia do trabalho cientifico. Os números que vêm entre parênteses após as citações referem-se à página de onde foi extraída a citação.

No ensino médio já nos fomos habituando a ler e a analisar textos. Os textos com que nos familiarizámos são textos de carácter literário e a análise que estrunos habituados a fazer é uma análise gramatical ~ caso ainda seja legítimo usar esse termo. No ensino superior, seremos confrontados com textos de outra natureza,

Simplificru1do um tanto quanto as coisas, pode-se dizer que os textos literários com que estamos familiarizados são de carácter narrativo e descritivo. A imaginação e a fantasia prestam-nos um valioso serviço para a sua compreensão. Vai-se acompanhando o enredo da história e assim vai-se compreendendo o texto. Com textos de carácter teórico, de cariz mais reflexivo, a imaginação já não nos ajuda muito. Trabalha-se a um nível de abstracção mais elevado e aí a imaginação já não nos pode valer. Provavelmente isso acarretará algumas dificuldades, sobretudo no início. Mas isso também faz parte da transição do nível de estudo médio para o estudo superior. Com um pouco de esforço, também essa diíiculdade será superada, É importante, desde o início, esforçru'mo-nos por seguir o raciocínio, por compreender o porquê das coisas. Para nos ajudar a abordar adequadamente textos desta natureza, é que servem as orientações que passaremos a apresentar,

Quando nos aprestrunos a ler um texto, a primeira coisa que temos a fazer é determinar o que queremos ler. Poderemos querer ler um livro inteiro duma assentada só, mas poderemos ser menos gulosos e contentar-nos com menos. Poderemos propor­nos ler um capítulo de um livro, ou podemos limitar-nos mesmo a um parágrafo ou a 1111s parágrafos. Aquele texto, ou parte de texto, que nos propomos ler, chama-se tUna

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unidade de leitura. Ela deve constituir um todo; deve ser algo com pés e cabeça, com princípio, meio e fim. Ela deve oferecer-nos uma totalidade de sentido. Deve ser lUU

texto que possa ser compreendido em si mesmo, e em si mesmo ter sentido. Pode, naturalmente, estar inserido e integrado numa unidade de sentido mais ampla, mas deve ser compreensível em si mesmo. Muitos textos já indicam o que pode ser uma unidade de leitura; p. ex. quando o texto já está dividido em partes com título próprio, e estas, por sua parte, em trechos menores, encabeçados por um subtítulo. Outras vezes, porém, será o próprio leitor que terá de dividir um texto em unidades menores, para o poder ler e estudar melhor.

Quanto mais familiarizados estivermos com um determinado assunto, tanto maior poderá ser a unidade de leitura. Se abordarmos um texto sobre um terna com o qual não estamos familiarizados, é preferível começar com unidades de leitura menores. Além disso, há que ter em consideração o próprio texto. Há textos simples e há textos realmente complexos, para não dizer complicados. Há autores que se compreendem com relativa facilidade; há outros que são de compreensão bem difícil. Há autores que gostam de frases curtas; há outros que usam frases compridas como um comboio.22

Neste último caso, às vezes, há que fazer uma verdadeira ginástica mental para compreender o que o autor quer dizer. Às vezes será necessário fazer uma verdadeira análise gramatical para poder ver o que é o quê.

Os Passos da Leitura

Uma vez estabelecida a unidade de leitura, podemos abordar o texto. Isto também não se faz de uma vez só; serão necessárias "investidas". Seguindo o esquema de António Joaquim Severino, podemos distinguir cinco passos na leitura analítica de textos:

Análise textual, Análise temática, Análise interpretativa, Problematização e Síntese.

Uma pessoa habituada a fazer uma leitura analítica de textos, dará estes passos quase instintiva e automaticamente. Para quem está a iniciar, é bom tentar fazê-lo conscientemente. Neste nosso curso de metodologia concentraremos a atenção nos dois pnmelros passos.

Análise Textual- Esquematização do Texto

A análise textual é o primeiro passo na abordagem de um texto; a primeira tomada de contacto com o mesmo. Como o nome indica, concentra-se mais no próprio texto do que no seu conteúdo. Está mais voltada para a estrutura redaccional do texto do que para a sua mensagem, a sua função referencial.

22 A frase mais comprida, que me lembro de ter encontrado, trinta e seis linhas de ponto a ponto, é de Thomas Mann, Joseph und seíne Brüder. Não me pergLlntem a página, para não ter que a ir procurar!

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f } A primeira coisa a fazer com a unidade de leitura, é lê-la atentamente, sem grandes interrupções, na sua totalidade. Esta primeira "investida" visa dar-nos uma visão panorâmica, urna visão de conjunto do texto e do pensamento do autor. Fornecer­nos-á um quadro geral, dentro do qual se inserem os vários pormenores. Se me permitem uma comparação, é como o primeiro olhar sobre um jardim, que nos dá uma impressão geral do mesmo, antes de nos dedicarmos a uma consideração detalhada dos vários canteiros e das suas flores. Neste primeiro contacto adquiriremos uma visão de conjunto sobre o pensamento do autor. Começaremos também a familiarizar-nos com o modo de ele se exprimir e o seu estilo . .'

Durante esta primeira leitura deparar-nos-emos com mna série de elementos, nos quais convirá determo-nos um pouco. O primeiro elemento que poderá despertar a nossa curiosidade académica, naturalmente - é o próprio autor. Afinal quem é a pessoa que escreveu este texto, o que é que ela faz, que coisas mais é que ela escreveu? Uma boa informação "sobre a vida, a obra e o pensamento do autor da unidade fornecerá elementos muito úteis"( 44) para compreensão do texto. Estas informações, de um modo geral, serão de segunda mão. Devem ser tomadas com as devidas cautelas para não nos induzirem a preconceitos em relação ao autor, o que poderia prejudicar a nossa compreensão objectiva do texto.

É possível que, no texto abordado, nos deparemos com vocábulos desconhe­cidos ou pouco familiares. Termos que já ouvimos, mas cujo significado exacto nos escapa, dos quais temos apenas uma vaga ideia. É de grande utilidade para a compreensão do texto - e para enriquecimento do nosso vocabulário activo ~ pegar num bom dicionário e ver qual o sentido exacto desses termos, assim como do modo como deve ser usado. - Se não me falha a memória e não estou ultrapassado de todo, ainda existe algo chamado "propriedade de termo". Não é só conhecer vocábulos; é necessário saber empregá-los correctamente! Há termos-chave, Cllio sentido é determinante para a compreensão do texto. A estes é necessário dar tuna atenção toda especial. Ouçamo-lo em termos de A. J. Severino: "Em toda a unidade de leitura há sempre alguns conceitos básicos que dão sentido à mensagem e, muitas vezes, o seu significado não é claro ao leitor numa primeira abordagem. É preciso eliminar todas as ambiguidades destes conceitos para que se possa entender univocamente o que se está lendo."(44)

Haverá também, muito provavelmente, menção de acontecimentos e factos históricos (por ex. Acordos de Bagdolite, Acordos de Bicesse, Protocolo de Lusaka, etc.), de personalidades históricas ou contemporâneas; pensadores, governantes, políticos, etc.; além de referências a outros autores, que se debruçaram sobre o mesmo tema, ou temas afins. Possivelmente aparecerão também referências a doutrinas e correntes de pensamento (por ex. Darwinismo, MacCartismo, Malthusianismo, socialismo, capitalismo), que marcaram alguma época da História. O autor do texto pressupõe que tudo isso seja conhecido do leitor, o que não é necessariamente verdade. Nesse caso, é necessário o recmso a uma ou outra obra de consulta, para esclarecer os elementos desconhecidos.

Como fazer isso? Se interrompermos a leitura a cada elemento desconhecido que encontramos, para ir buscar esclarecimento, passaremos a "ler aos soluços". O mais prático e mais cómodo será ir apontando os elementos a esclarecer muna folha à parte e procurar os esclarecimentos todos de uma vez. A falta de esclarecimento sobre esses elementos prejudicará um pouco a leitura, mas isso será superado na segunda "investida" .

Onde devemos buscar. os esclarecimentos nece::L$.ários? As obras em que buscaremos os esclarecimentos necessários serão as obras de consulta habituais: dicionários, enciclopédias, manuais. O autor que vimos acompanhando nestas consi-

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derações sobre a leitura apresenta as vantagens deste modo de trabalhar: "Il~tetrabalho <i~j>usca de esclarecimentosJemlun~tríplice vantagerl1: _ Gm primeiro lugar, diversi~ ficando as atividades no estudo, torna-o menos monótono e cansativo; ein segundo lugar, propicia uma série de informações e conhecimentos que passariám desapercebidos numa leitura assistemática; em.-terceiro lugar, tornando o texto mais claro, sua leitura ficará mais agradável e muito mais enriquecedora. "(45)

Resultado desta primeira abordagem do texto poderá ser um esquema do mesmo, que apresentará a sua estrutura redaccional. O tenno estrutura redaccional poderá impressionar um pouco, mas não é bicho-de-sete~cabeças. Trata-se de ver como os tópicos principais vão sendo apresentados um após do outro numa sequência lógica. É a redacção lógica do texto, o "esqueleto" do texto, suporte de sua estrutura lógica. Este esquema permitirá ver como as coisas estão correlacionadas umas com as outras e ligadas umas às outras. Isto pennitirá ver cada coisa no seu lugar. Voltemos a A. J. Severino: "Este trabalho de análise textual pode ser encerrado com uma esquematização do texto: trata-se de detalhar a visão de conjunto da unidade em várias etapas, de acordo com a sequência redacional do mesmo. O esquema organiza a estrutura redacional do texto que serve de suporte material, de expressão para a estrutura lógica, que é o raciocínio. ( ... ) A utilidade do esquema está no fato de permitir uma visualização global do texto. A melhor maneira de se proceder é dividir inicialmente a unidade nos três momentos redacionais: Introdução, Desenvolvimento e Conclusão. Toda a unidade completa comporta necessariamente estes três elementos. Depois são feitas as divisões exigidas pela própria redação, no interior de cada urna destas etapas." (45)

Numa leitura rápida, de carácter informativo, na qual procuramos saber os assuntos abordados numa obra e qual a perspectiva em que eles são abordados, para além da leitura da "Introdução", é muito útil dar uma olhada às primeiras frases dos capítulos e mesmo à primeira frase dos parágrafos. Numa obra bem redigida, as primeiras frases do capítulo e a primeira frase dos parágrafos constituem uma míní­introdução aos mesmos e costumam dar-nos a respectiva ideia central.

Após todos estes trabalhos preliminares sobre o texto a ler, estamos em condições de iniciar a segunda "investida" sobre o mesmo, a análise temática. Se a primeira leitura se dedicava predominantemente ao próprio texto, ao modo em que ele está "tecido" a sua estrutura redaccional; esta concentrar~se-á sobre o conteúdo do texto. A pergunta orientadora da análise temática é: o que é que o texto diz? Qual é a mensagem que ele transmite? 'Trata-se, nesta análise temática, de ouvir o autor, de apreender, sem intervir nele, o conteúdo da sua mensagem." (45) Antes de mais, é necessário ouvir o que o autor diz. PosterÍonnente - na fase da problematização -haverá ocasião suficiente para colocar ao autor todas as questões que quisermos ou acharmos conveniente; mas agora trata-se de ouvir e compreender!

Querem saber o que isto significa? Vamos tentar vê-lo às avessas. Já assistiram, com certeza, a alguns debates na televisão ou na rádio. Certamente já lhes chamou a atenção o facto de alguns participantes, mal outro começa a falar, mesmo antes de ele terminar a exposição do seu pensamento, o interromperem e começarem logo a responder ou a discordar. Este é exactamente o modo em que não se deve proceder na análise temática de um texto.

Voltando a usar termos de Severino: "trata-se de fazer ao texto uma série de perguntas, cujas respostas darão o conteúdo da mensagem." (45s) A primeira pergunta a

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colocar ao autor é: "de que é que está a falar?" Trata-se do assunto ou do tema ao qual o texto se dedica. Às vezes pode ser simples de identificar o assunto ou o tema de um texto; outras vezes não será tão simples como à primeira vista pode parecer. Ouçamos novamente o autor que nos vem servindo de "roteiro", Ouçamos com atenção, poís não é simples demais: "A primeira questão a se levantar é a de se saber do que fala o texto. A resposta a esta questão será o tema ou assuMo da unidade. Questão aparentemente simples de ser resolvida, ilude muitas vezes. Nem sempre o título da unidade dá uma ideia fiel do tema. Às vezes, apenas o insinua por associação ou analogia; outras não tem nada a ver com o tema. O mais das vezes, o tema tem uma determinada estnltura: o autor está falando não de um objeto, de um fato bem, mas de relações as mais variadas entre os vários elementos; além desta possível estruturação, é preciso captar a perspectiva de abordagem desse tema pelo autor: esta perspectiva define o âmbito dentro do qual o tema é tratado, restringindo-o a limites bem determinados." (46)

Tentemos compreender isso um pouco melhor servindo-nos de um exemplo. Tomemos como ponto de partida duas equipas de futebol. Pode-se falar de uma, pode-se falar de outra, como se pode falar da relação entre ambas. Podemos escrever sobre o "Petro" ou sobre o "Primeiro de Agosto"; mas também podemos escrever sobre as relações entre ambas as equipas: amizade.", rivalidade." sei lá eu! No que se refere à perspectiva, podemos pensar num texto que procure apaziguar os ânimos e num texto que procure acirrar ainda mais os ânimos e alimentar a polémica ...

A segunda pergunta seria então: O que é que o autor tem a dizer sobre o asslmto? - a sua tese. Depois será necessário ver como o autor fundamenta a sua posição. 'i 4 ~ ce .'

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Análise Interpretativa Problematização - Síntese Pessoal

Na análise interpretativa trata-se, em termos simples, de colocar o texto dentro do seu contexto. Num primeiro momento, devemos ver o texto em relação com o pensamento global do seu autor. Seguidamente, será necessário colocar também o autor do texto no seu mundo cultural. Concretizando um pouco, qual é a corrente de pensamento com a qual está relacionado; os pressupostos com que trabalha etc. Tudo isto é necessário fazer, mas parece-me ainda um pouco cedo. Uma análise dessa natureza pressupõe uma série de conhecimentos, que eu não teria coragem de atribuir a alguém que está a dar os primeiros passos nas lides universitárias. Num trabalho de conclusão de curso, no entanto, será uma coisa imprescindível.

O mesmo pode dizer-se da "interpretação crítica"; isto é: da formulação de um juízo valorativo sobre o texto e seu conteúdo; muito embora, dependendo da natureza do texto, o leitor, mesmo no inícío dos seus estudos superiores, possa ter condições de formular um juízo próprio sobre o texto e o seu assunto. O que será conveniente fazer, é , perguntar-se até que ponto os argumentos, aduzidos pelo autor do texto para demonstrar a sua tese, são convincentes.

Na problematização, trata-se de entrar na discussão científica. Procura-se ver quais são os problemas abordados no texto, para fazer deles oQjecto da própria reflexão ou, melhor ainda, de uma reflexão ou discussão em grupo.

No fim de tudo isso deve estar uma síntese pessoal. Tendo em consideração todos os elementos encontrados na leitura e tudo o mais que já sabe de qutro lado, o

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leitor deverá procurar integrar tudo numa visão de conjunto sólida e fundamentada; formar a sua posição pessoal.

, \:eitura selectiva

De modo especial quando nos encontramos a elaborar um trabalho académico, a nossa atenção concentra-se nesse trabalho e na sua temática. As nossas leituras são orientadas para esse assunto. O que nos interessa não é tanto o que o autor quer dizer, mas os elementos que ele aporta para o nosso tema. Aquilo que não diz respeito ao tema que estamos a estudar ou ao trabalho que estamos a elaborar, para nós, é, de momento sem interesse. Trata-se de uma leitura unilateral, realizada com um interesse determinado e orientada por esse interesse. O fio condutor dessa leitura não é tanto o pensamento e o raciocínio do autor, mas o objecto da nossa pesquisa.

Exercício de leitura

(Aqui dever-se-á pegar num texto para fazer um exercício de leitura com os estudantes,)

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Precisaremos de concentrar agora a nossa atenção num aspecto muito impor­tante do nosso curso: os trabalhos académicos. Estes são o ponto alto da actividade académica. Neles o estudioso dá contas do que conseguiu. Abordaremos, primeiramente, os diversos tipos de trabalhos académicos; para nos concentrarmos, seguidamente, na sua elaboração.

Vários Tipos de Trabalho Cieittífiç~

No decurso da sua formação académica, ao estudante serão solicitados trabalhos escritos cada vez mais abrangentes e profundos, elaborados de acordo com um rigor científico cada vez mais acurado. Começando pelos mais simples, podemos mencionar como trabalhos mais comuns:

Resumo de textos e relatórios de leituras, Recensão de livros, Trabalhos de carácter monográfico:

Desenvolvimento de temas, Pequenas pesquisas, Trabalhos de seminário, Dissertação para o Bacharelato, Dissertação de Licenciatura, Tese de Doutoramento.

Para além destes, de cunho rigorosamente académico, porque ligados à academia, há outros tipos de trabalhos científicos, que nem mencionaremos.

Normalmente, é por aqui que se começa. À primeira vista pode parecer algo banal. Será mesmo? Resumir um texto é um esforço de sintetizar aquilo que lemos. Isto leva-nos a distinguir o que, num texto, é central do que é periférico, o que é essencial do que é complementar. Captar o essencial e procurar formulá-lo em termos próprios leva­nos a uma compreensão mais plena do que lemos. Isso pode parecer muito simples, mas não é tão simples assim. Acontece, não raras vezes, que os resumos de textos apresentados por estudantes dos primeiros semestres - e não só .~ referem os lugares comuns de um texto, "esquecendo'~ aquilo que ele apresenta realmente de novo.

Podemos agora perguntar-nos: para que se resume um texto, para que serve resumir um texto. O resumo de um texto pode ser um mero exercício académico. F: exigido; faz-se! Mas não precisa de ser, nem deve ser assim. Antes de mais, resumir um texto ajuda-nos a disciplinar a nossa própria leitura. A quem de nós não acontece que, ao chegar ao fim de um parágrafo ou de um capítulo, já não sabe o que acaba de ler? Muitas vezes lemos distraidamente; muitas vezes ficamos apenas com mTI vaga ideia do que lemos. Um primeiro fruto do resumo de um texto será Lill1R leitura melhor e uma compreensão mais cabal do mesmo. Os resumos de textos que se furem fazendo durante o ano, poderão ser de grande utilidade na altura da preparação de exames e frequências. Aqui teremos o essencial. Estamos aqui diante de uma utilização estritamente pessoal do resumo de um texto.

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Muitas vezes, porém, o resumo de um texto destina-se a um trabalho em grupo. Textos afins são distribuídos para leitura e resumo a vários estudantes. Numa reunião de trabalho cada um apresentará o resumo da sua leitura, podendo dar origem a uma boa troca de ideias sobre o tema em estudo. Daí surgirá uma visão mais abrangente sobre a questão do que da leitura e estudo de um único texto. Este modo de trabalhar a partir de diversos textos e da apresentação sucinta do seu conteúdo é muito frequente em seminários.

Em trabalhos académicos mais avançados e na vida profissional, o estudioso ver-se-á, muitas vezes, na necessidade de apresentar em poucas ou algumas frases a opinião de mn ou de vários autores. Quem estiver habituado a resumir textos não terá grandes problemas para o fazer.

Mencionemos, para terminar, um outro aspecto de grande utilidade. No contacto muito próximo com o texto, que o trabalho fe resumo exige, encontraremos elementos novos sobre os assuntos que estamos a el:>,\udar. Seria pena perder estes elementos enriquecedores. Aqui será o caso de fazer \una boa ficha de conteúdo com esses elementos, a anexar ao nosso material de estudo.

,Quanto aos14!ftitribs.(}e,-le. será suficiente dizer que, em muitas instituições de ensino superior se exige, como complemento do que foi tratado em aula, a leitura de uma série de textos. A leitura desses textos é obrigatória. Sobre essas leituras os estudantes devem, frequentemente, apresentar relatório. É uma prova de que a leitura foi feita. Esse relatório pode ser feito oralmente ou por escrito.

Para além dessa função académica, o relatório de leitura pode exercer tU11U

função didáctica importante. Dar-nos conta a nós próprios daquilo que lemos leva-nos a uma recapitulação do assunto e ajuda-nos a que o fruto da leitura não se perca tão facilmente. Recapitulando, interioriza-se aquilo que se leu.

A recensão de um livro § __ ª-_ill;1JeSentaçÃono me.sulO aos po~~íveis.J~i1or:~Ji...Após a indicação dos dados bí'bliográficos da obra: autor, título, local e ~dição, editora e ano de edição - muitas vezes acrescidos do número de páginas e até do preço -, é apresentado o seu conteúdo. Esta apresentação vem, muitas vezes, seguida por uma valorização da obra.

Recensões de obras científicas são publicadas em revistas da especialidade ou em repertórios bibliográficos. Elas são de grande utilidade para a escolha das nossas leituras, quer seja para leitura habitual, quer seja para elaboração de trabalhos. A partir delas podemos ver em que medida as obras estão relacionadas com o tema que estamos a estudar e qual é a sua importância para o mesmo. Normalmente é a partir desta primeira informação que o estudioso vai fazer a selecção da bibliografia para o seu trabalho e vai dar prioridade à leitura e estudo dessas obras. Será também a partir dessa primeira informação que se ponderará a eventual aquisição da obra. Naturalmente, antes de se decidir pela aquisição ou não, será bom dar uma olhada à própria obra.

É claro que a gente se pode decidir pela aquisição de tuna obra por muitos motivos: por um título sugestivo, por uma capa atraente, etc.; mas não são esses os crítérios mais científicos.

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Trabalhos de Carácter Monográfico

São trabalhos dedicados ao tratamento de um terna. Daí o nome: mono grati a, que eu procurei evitar, substituindo-o por outro menos imponente. Trabalhos dessa natureza já lhes têm sido pedidos muitas vezes. Recordemos os chamados trabalhos de pesquisa, que já tiveram que fazer; e que fizeram.

O que é que fizeram? Não quero colocar perguntas demasiadamente indiscretas; mas do que tenho podido observar, os chamados trabalhos de pesqmsa são, muitas vezes, urna demonstração clara daquilo que não deveriam ser. Permitam-me que comece com um exemplo. Não há muito tempo, uma menina, acompanhada de uma amiga, estudante de um Instituto Superior aqui de Luanda, cujo nome, por motivos éticos, não quero mencionar, veio ter comigo a pedir material para a elaboração de um trabalho "de pesquisa", que ela deveria entregar no dia seguinte à tarde; em termos dela: "amanhã à tarde". Isto por volta das dezanove ou vinte horas. Disse-lhe para voltar no dia seguinte de manhã. Entretanto iria ver se na biblioteca haveria algo sobre o assunto. Além disso, perguntei-lhe se estava familiarizada com o inglês, ao que ela respondeu que não; e por aí ficou. ?'Jo dia seguinte ela voltou. Coloquei-lhe nas mãos um volume de uma enciclopédia. Ela tornou os seus apontamentos, devolveu o volume da enciclopédia, agradeceu e retirou-se. Que trabalho "de pesquisa" pode sair daí? Nenhuma obra-prima, com certeza.

InfeU.zmente, muitas vezes, os chamados trabalhos de pesquisa não passam da transcrição, mais ou menos literal, sem indicação da fonte, de a\gum~':S 1'l'a%%'d~'C)\~ ~t uma enciclopédia, de um manual ou de um ou outro "site" da Internet - para os mais sofisticados. Também fui estudante muitos anos e sei que às vezes a gente tem que se "desenrascar". Para além de não ser o ideal, não é isso que se entende por trabalho de pesquisa. Um trabalho dessa natureza deve ser fruto do estudo de um tema a partir de várias fontes e deixar transparecer algo de reflexão pessoal.

Os trabalhos de carácter monográfico mais comuns são: os trabalhos de semi­nário, as dissertações de bacharelato e licenciatura e as teses de doutoramento. Iniciemos com o mais simples, os trabalhos de seminário. /~.:

Trabalho de Seminário

O que é um seminário? Pode dizer-se que um seminário é um edifício ou uma instituição em que estudam os candidatos ao ministério eclesiástico ordenado, em termos simples, os candidatos a padre. E não é mentira. Pensemos no Seminário do Sagrado Coração de Jesus, em Luanda.

Não obstante, o termo seminário tem urna acepção bem mais abrangente. Seminário é urna "instituição" académica, universitária. Seminário é uma actividade de formação académica, ao lado das aulas e como complemento das aulas.

O que é: Enquanto actividade académica, o seminário caracteriza-se por uma série de peculiaridades. O seminário destina-se ao estudo de um tema particular. Enquanto as "cadeiras" visam a exposição global de um tratado, os seminários versam sobre um terna sectorial específico. Esse pode ser um tema já tratado numa cadeira ou um tema que não é abordado directamente muna cadeira. No primeiro caso o seminário visa um aprofundamento do que foi tratado. No segtU1do caso o estudo de temas complementares àqueles abordados nas cadeiras.

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Uma segunda característica do seminário é o seu carácter opcional. É o estudante que escolhe, de entre os seminários oferecidos pela instituição, aquele ou aqueles que deseja frequentar; de acordo com os seus interesses académicos pessoais.

De mencionar é, em terceiro lugar, o número restrito dos participantes num seminário. Normalmente não excede o número de doze. Esse pequeno grupo dedica-se, sob a orientação de um docente, ao estudo de um tema determinado.

Advém que o seminário exige uma participação muito mais activa do que a frequência de um curso. No seminário o trabalho é feito predominantemente pelos participantes. A função do docente é orientar os participantes no trabalho pessoal e em grupo.

Com isto teríamos já mencionado a última característica do seminário que mencionaremos aqui: o seminário é um trabalho de gmpo e em gmpo. Daí a obrigatoriedade da participação de todos nas sessões do seminário. Mesmo em universidades em que a frequência às aulas é livre, nos seminários a participação é obrigatória.

Como funciona: O trabalho no seminário processa-se, com algumas variantes, nestes moldes: No início, o orientador apresenta brevemente o tema a ser estudado e encaminha o trabalho dos participantes. O tema é dividido em seus diversos aspectos e cada um destes aspectos é confiado ao estudo de um ou vários estudantes (até três ou quatro). A paliir daí os participantes lançam-se ao trabalho. O grupo todo reúne-se regularmente uma vez por semana ou de duas em duas semanas ~ para o trabalho conjunto. Nos primeiros encontros há informação mútua sobre as leituras realizadas lembrem-se do que foi dito sobre os relatórios de leitura.

Como os temas a ser estudados e desenvolvidos pelos diversos participantes são bastante afins, os participantes podem tirar proveito também das leituras realizadas por outros. Além disso, podem receber informações sobre obras cuja leitura se toma necessária para a elaboração da parte que lhes compete.

A partir de certa altura, começam a ser apresentados os resultados (provisóríos ainda) do estudo individual ou de pequenos grupos. A exposição termina com algumas perguntas que são discutidas por todo o grupo. - Antes de ser apresentado ao grupo, esse trabalho é apresentado, naturalmente, ao orientador.

O seminário termina com um trabalho escrito, fruto do estudo e da pesquisa efectuados. O trabalho conclusivo do seminário pode ser um trabalho conjunto de todo o grupo, ou podem ser vários trabalhos individuais ou dos mini-grupos mencionados, Com muita frequência, os participantes no seminário trocam entre si os trabalhos finais.

O seminário apresenta-se assim, como um óptimo meio de iniciação ao trabalho de pesquisa sob a orientação de alguém mais experimentado.23 Há seminários aos mais diversos níveis da formação académica; desde seminários para principiantes até seminários para doutorandos. Cada nível tem as suas exigências próprias. Os temas que serão convidados a elaborar durante o seu curso nesta universidade devem aproximar-se desses trabalhos conclusivos de seminários.

Dentre os trabalhos de carácter monográfico sobressaem as dissertações de licenciatura e as teses de doutoramento. Daí o facto de serem abordadas separadamente. Naturalmente de um modo muito conciso, apenas para terem uma ideia do que se trata.

23 ° seminário "constitui uma parte fundamental da formação superior, enquanto se propõe inserir o estudante no próprio processo da pesquisa em clima de colaboração activa com o professor." (José M. Prellezo I Jesús M. qarcía, Invito alla ricerca, 228; referido d'ora avante abrcviadamcnte: PRELLEZO, Invito, página).

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Quando lá chegarem terão ocasião e necessidade de se informarem mais detalhadamente sobre o que os espera~ e o que se espera de si.

Qissert...êS-.ã().qe Licenciatura

:\1uito embora a licenciatura seja um grau académico predominantemente destinado ao exercício de uma profissão qualificada e não a uma actividade de investigação e pesquisa, a sua consecução está ligada, muitas vezes, à apresentação de um trabalho de carácter monográfico de uma certa envergadura, elaborado e apresentado de acordo com a metodologia do trabalho científico.

Uma dissertação de licenciatura não pretende ser um contributo original para o progresso da ciência. A dissertação de licenciatura deve mostrar que o autor está em condições de estudar um determinado tema por conta própria, tendo em consideração a maior parte daquilo que já foi publicado sobre o assunto; de expor o resultado do seu estudo ordenada e claramente, de modo que quem lê o entenda e fique com uma boa informação sobre o tema em questã024

. O resultado de tuna dissertação de licenciatura deve ser a exposição do estado actual do conhecimento sobre um determinado tema.

O valor de uma dissertação de licenciatura está, em grande parte, no tirocínio que ela representa para quem a elabora. Vejamos, em termos de Umberto Eco o que ela exige: "(1) escolher um tema preciso; (2) recolher documentos sobre esse tema; (3) pôr em ordem esses documentos; (4) reexaminar, em primeira mão, o tema à luz dos documentos recolhidos; (5) dar uma forma orgânica a todas as reflexões precedentes; (6) proceder de modo que quem lê perceba o que se quer dizer e fique em condições, se for necessário, de voltar aos mesmos documentos para retomar o tema por sua conta. ,,25

Teremos ocasião de ver um pouco mais de perto o que isso significa e como se faz isso, quando abordarmos os passos a dar na elaboração de um trabalho académico. Já que estamos com lJ. Eco, concluamos com termos desse autor: "Fazer uma tese significa, pois, aprender a pôr ordem nas próprias ideias e a ordenar dados: é uma experiência de trabalho metódico; quer dizer, construir um 'objecto' que, em princípio, sirva também para outros. E deste modo não importa tanto o tema da tese quanto a experiência de trabalho que ela comporta.,,26

Tese de Doutoramento

A tese de doutoramento, usualmente, é reservada a pessoas que querem seguir uma carreira académica ou dedicar-se à investigação e pesquisa. Em princípio, uma tese de doutoramento deve ser um contributo original ao progresso da ciência, embora não necessite de ser um progresso espectacular. A "tese de doutoramento constitui um trabalho original de investigação, com o qual o candidato deve demonstrar ser um estudioso capaz de fazer progredir a disciplina a que se dedica?7"

24 Falámos da maior parte daquilo que foi publicado sobre o assunto porque, a este nível, não é exigida a consideração de tudo; mas não deve ser "esquecida" nenhuma obra realmente importante. Quando por lá passei, falava-se na consideração das publicações dos últimos dez anos. )5 C fi - omo se az uma tese, 28, 2ú Ibid. 27ECO, Como se faz uma tese, 24.

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Muitas vezes uma tese de doutoramento faz-se numa fase mais adiantada da vida e não como conclusão de um curso universitário. Após concluir a licenciatura, pessoas que se sentem inclinadas para isso, ou que para isso são convidadas por um professor, continuam na universidade como assistentes e vão preparando o mestrado e, posteriormente, o doutoramento. Muitas vezes o doutoramento faz-se numa idade madura e, por vezes, está ligado à nomeação para a função de professor catedrático. Mas há quem conclua o doutoramento em idade bastante mais jovem.

Penso que, com isto, terão uma ideia dos trabalhos académicos mais usuais. Está na hora de nos dedicarmos aos passos a dar na elaboração de trabalhos académicos.

Passos a Dar na Elaboração de um Trabalho Académico

De modo especial nos estádios mais avançados, a actividade académica consistirá, em grande parte, na elaboração de trabalhos escritos. Também na vida profissional será necessário realizar trabalhos dessa natureza: relatórios, minutas para palestras ou conferências, artigos para revistas ou enciclopédias. Também para isso o nosso curso de metodologia nos deve preparar. Estamos, com isso, diante da questão da elaboração de trabalhos escritos. Para a elaboração de um trabalho académico há vários passos a dar. Primeiramente vai ser necessário decidir sobre o que se vai escrever: escolher um tema. Depois há que procurar material para a elaboração do tema. Começa­se por tomar conhecimento do que já foi publicado sobre o assunto: faz-se o levantamento bibliográfico. Começa-se a ler e, a partir das primeiras leituras elabora­se um esquema de trabalho um esquema ainda provisório, sujeito a alterações, mas que vai servir de roteiro para o trabalho a realizar. Segue-se uma fase de leitura e recolha de material. Depois de todos esses preparativos é necessário passar à redacção do trabalho. São esses os tópicos que passaremos a abordar.

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Escolha do Tem-ª. / r

A primeira questão que se coloca a quem está com vontade, ou na necessidade ·1 (" ' .

de elaborar um trabalho académico é o tema. Sobre o que é que vamos escrever, qual o íl assunto que vamos abordar? Principalmente no início do estudo universitário, os temas para os trabalhos escritos serão indicados pelo docente. Mesmo nestes casos caber-nos-á a função de precisar e delimitar o tema e de lhe dar o enfoque28

. Com o decorrer do ,ó/ tempo, porém, a nossa responsabilidade na escolha do tema vai-se ampliando. Na t 6 . ," elaboração de trabalhos de seminário, já temos uma palavra a dizer na escolha do tema. Em trabalhos de conclusão de curso, será a nós, primordialmente, que caberá o encargo de escolher um tema. O tema a escolher dependerá muito dos interesses aCJid.~.micos cada ':lm. Durante o crusororaín"abórdàdas questões que nos i~teressru:~m de modo especial, que gostaríamos de aprofundar, mas que nunca tivemos ocasião de fazer. Há uma questão que nos vem intrigando há bastante tempo, mas na qual ainda não chegámos a uma resposta satisfatória. Daqui podem surgir temas muito bons para mn trabalho de maior envergadura, como é um trabalho de conclusão de curso. É importante que o tema seja colocado em forma de uma "questão" para a qual se procura uma resposta; que ele constitua um problema para o qual se procura uma solução.

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28 Cfr. SEVERINO, lvfetodologia, 78ss,

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Naturalmente teremos que contactar com o orientador, para conversar com ele sobre a viabilidade e utilidade de um trabalho sobre esse tema.

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3 ~ ~v3!l:t~ento Bibliográfic? "

Seja qual for o tema que escolhermos para o nosso trabalho, não teremos todos os elementos necessários para o efeito. Haverá que ir buscá-los. Podemos perguntar-nos, para começar, onde é que encontraremos as informações necessárias para o desen­volvimento do tema. Onde encontraremos os elementos de que precisamos? Na~mIJ­mente en?-Jj~ª",-ªrtigQ§.A~...L~i~.ta!Lda especialidadea, ~SQisas afins É necessáiÍo fazer uma listagem das obras que nos poderão fornecer o material necessário .. Nesta fase, toma-se nota de tudo o que se encontra sobre o assunto, inclusive daquilo que nos parece lixo. Também é bom tomar conhecimento das "asneiras" que se disseram - e dizem sobre determinado assunto. A selecção faz-se depois. Em termos técnicos: é necessário fazer o levantamento bibliográfico referente ao assunto a tratar. Esse material pode procurar-se em catálogos de' bibliotecas, repertórios bibliográficos etc?9 Mas devemos ter em consideração uma coisa: uma ficha de catálogo dá-nos o nome da obra e mais alguns elementos de ordem externa a respeito da mesma. Quanto ao seu conteúdo não nos díz nada; e muito menos ainda quanto à sua qualidade. Os repertórios bipliográficos já nos darão informações mais detalhadas sobre a obra e a sua qualidade. O problema pode ser a quantidade. Encontramos tanta coisa que nem sabemos por onde começar. O melhor parece-me começar modestamente. Podemos começar por ler o verbete correspondente ao tema numa boa enciclopédia actualizada; e também não será nada mau estudar o tema num bom manual, também o mais actualizado possível. Aí encontraremos uma bibliografia básica seleccionada. A bibliografia aí referida será necessariamente reduzida, mas será a bibliografia básica, as obras consideradas mais importantes sobre o assunto. A bibliografia encontrada é registada em fichas; as fichas bibliográficas, que já conhecemos. É pela leitura dessas obras que convirá começar. O próprio processo de leitura e estudo se encarregará de chamar a nossa atenção para outras obras, que também irão sendo anotadas em fichas. Com o tempo o nosso ficheiro bibliográfico tomará dimensões consideráveis.3o

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5 ;.. Elaboração de um Esquema de Trabalho (c ml2-~<~r . (.' ~",., j ," I, 1'" -f,.-r"I(C F--f~ ~) ~ ). " ., ,",-.'" {~{ J; ~ I"f~! '.~- /1/ ' (1.9--<..4 J,;,:)-'-"'

Iniciar com o estudo do verbete de uma enciclopédia e das partes correspondentes ao tema de um ou dois bons manuais, tem uma outra grande vantagem. Dá-nos uma visão global do tema, o que nos permite já elaborar um esquema básico de trabalho. Este esquema será, necessariamente, provisório, mas permitir-nos-á trabalhar ordenadamente. Umberto Eco, em sua linguagem um tanto quanto paradoxal, diz-nos que devemos começar pelo fim: "Uma das primeiras coisas a fazer para começar a trabalhar numa tese é escrever o título, a introdução e o Índice final.... ou seja, exactamente as coisas que qualquer autor fará no fim.,,31 Isto força-nos a ter, desde o início, uma ideia clara daquilo que queremos fazer. Este esquema inicial sofrerá, durante todo o processo da elaboração do trabalho, alterações consideráveis, mas é

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29 Cfr. SEVERINO, Metodologia, 81 s. 30 Para termos uma ideia do que isso pode significar na prática podemos ler em ECO, Como se faz uma tese, 95-116. , I , ECO, Como se faz lima tese, 119.

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muito útil como roteiro. 32 Este esquema inicial deve dar, no mínimo, as "grandes linhas que serão as colunas mestras do trabalho,,33. Quanto mais detalhado for este esquema, melhor. O ideal seria mesmo que fosse "um sumário onde, para cada capítulo se esboce um breve resumo. Procedendo deste modo, tornamos mais claro, mesmo para nós, aquilo que queremos fazer.,,34

b;! Recolha de Material ___ ............ ,~_,~:~"1:l'~ •• *-"""1

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Uma vez na posse destes primeiros elementos está na hora de começar a ler, com o fim de recolher material para o nosso trabalho. Se tivermos feito um bom levanta­mento bibliográfico, isto é, um levantamento bibliográfico tendencialmente exaustivo, estaremos diante de uma quantidade de material que será impossível ler e estudar na sua totalidade. Será necessário seleccionar e seleccionar criteriosamente. O critério de selecção deve ser a qualidade científica da obra e não a facilidade de acesso à mesma.

A nível do ensino superior, a bibliografia usada deve ser qualificada, isto é, de carácter científico. Tudo o que são obras de divulgação deve ser deixado de lado.

Mesmo depois dessa primeira "limpeza", o nosso ficheiro bibliográfico ainda conterá uma quantidade de obras que será impossível ler na sua totalidade. Será necessário ver quais são as obras que versam directamente sobre o assunto que estamos a estudar e dar prioridade a essas. As obras que apenas indirectamente versan1 sobre ele poderâo ser consultadas mais tarde, dependendo da necessidade. Além disso, será necessário procurar as obras de melhor qualidade. Para o efeito, ser-nos-ão de' grande ajuda as recensões quer dos repertórios bibliográficos quer das revistas da especialidade. Esta informação deverá ser complementada por uma tomada de contacto directo com as próprias obras, que nos permitirá formar um juízo próprio sobre as mesmas "lendo seu índice, o Prefácio, a Introdução, as 'orelhas', assim como algmnas passagens do seu texto,,35. A frequência com que determinada obra é referida, quer seja em enciclopédias, quer seja em manuais científicos, quer seja em monografias, também nos dá uma ideia da importância da obra e da aceitação de que ela goza no mundo científico.

Começa-se a leituri)., naturalmente, por obras de carácter mais geral, que nos dão uma boa visâo de conjunto sobre a área de saber em que se situa o nosso tema e, pouco a pouco, de acordo co:ril as necessidades, vão-se lendo as obras de carácter mais específico.

é importante; mas também não adianta ler muito para esquecer logo a seguir. É necessário guardar tudo o que nos pareça necessário ou útil para o nosso trabalho. A memória não será suficiente. O melhor é guardar o resultado das nossas leituras em fichas, as fichas de conteúdo. Devidamente identificadas e catalogadas elas serão o material com que trabalharemos directamente. Vejamos como pode ser feita uma ficha de conteúdo. Em lugar destacado e bem visível vem 1Jm título, que nos diz de que é que trata a ficha. A ficha deve-nos dizer também e exactamente de onde esse elemento foi tirado, de modo a permitir uma referência exacta. Os elementos de referência já nos são sobejamente conhecidos: autor, título da obra, etc.

32 Mais informações de grande utilidade sobre a elaboração do esquema de trabalho em ECO, Como se fàz uma tese, 119-126; assim como em SEVERINO, Metodologia, 82 e em RC ]vfetodolagia, 62s. 33 SEVERINO, lvfetodologia, 83. 34 ECO, Como sefaz uma tese, 120. 35 SEVERINO, ]Vfetodologia, 83.

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, . ,,:' 'CUlué,é que se'eScreVe numa ficha de Conteúdo? Numa. ti~h.a,de co~údo pode-: se escreva tudo; ideias'próprias e ideias de óutrem. Para alem disso, as informaçõés recolhidas em ficba podem ser de natureza muito diversa. De acordo com iSSOi podem distinguir-se vários tipos de fichas de conteúdo. Umberto Eco, a quem já 110S refel'Ímos acima, distingue cinco tipos de fichas de conteúdo: <la) fichas de leitura de livros Otl

artigos b) fichas temáticas c) fichas de au.tor d) fichas de citações e) .fichas de b ,",TL' ,;36, ' '

tra AlUO""., "! ' , " ,,' , ,

Sem podermos entrar em muitos pormenores, direi que pessoalmente, uso quase só fichás dé Citação, dando"lhes um titulo de ácórdo com o asSl.mto de 'que tratam. Para além' dessa observação de carácter pessoal, gostada, de dizer o seguinte: Durante as nossas leituras encolltraremospassagens que são determinantes para o tema. Estas passagens talvez preciselll de ser citadas no 110SS0 trabalho. Daí ser. muito útil transcrever estas passagens literalmente para fichas, de modo a poder tê-Ias presentes na altura dá. elaboração do trabalho. Para quem trabalha com computador. um "scanner" poderá prestar, aqui, serviços consideráveis, poupando-lhe muito tempo - Mas cuidado! POi' v~s os pro~as de reconhecimento de texto ainda não são tão perfeitos como seria ~e desejar. Mesmo uma fotocópia pode ser muito títil. Tira-se a fotocópia da página em questão, corta-se e cola-se na ncha. De um modo geral a superficie impressa de wri livro (a mancha) não' ultrapassa a largura de uma ficha '~e conteúdo de tru,nanho nonriál: 150xl05 mm. Importante é llão esquecer de dar l.nU título de identific~1o e de es~vç~na ti,cha os elementos de referência biboo.gráfica. ., '. , o: .... , .. 'pára outras passagens será suficiente guardar em ficha as', ideias "Pri.ncipais, foml1il~ em termos próprios. Sinteti·zar em t-ermos próprios as ideias·de um::autor é LUllá arte ~ pressupõe a compreensão da, obra lida. Destreza neste campo será fruto de muito. ~~llo. e ~gum esforço. Mas é um esforço que vale a p~na fazer .

. Também haverá uma diferença significativa no modo de fazer o fichamento de um liV'ró próprio e de um livro da biblioteca. O fichamento de lUTI livro próprio pode limitar-se a breves referências ao conteúdo. Durante fi elaboração do trabalho poder-se~á recorrer ao livro seÍnpre que seja necessário. O fichruuento de um livro da biblioteca deverá ser mais exaustivo; dev~m()s tirar dele todos os elementos que nos possam ser úteis Para o no.sso:trabalho; quer seja em fonna de transcrição literal - as passagens maisjmpôrtantes - quer seja em fonna de síntese erutermos pessoais ou de paráfrase.

Redacção ~ ,

Uma vez de posse do material Jlecessário para a elaboração do trabalho, é ~ preciso começar com a redacção. É bom retomar o esquema inicial e retocá-lo a partir dos 'novos conhecimentos adquiridos no processo de leitura e de recolha do materiaJ3S

.

Mas eJ1tão é necessário começar a escrever. Às vezes não será nada fácil. Parece que a

16 ECO, Como sejáz 1tma tese, J29 . . '1 Possivelmente ílu.::.trar Il partir d~l cxpcriéncia kit'l <10 pn:j1::lrar o IlHherial ele ilustração parti

usle curso. :;/1 De ncord() com RaHiello FA RIN A, () Gsquel:!8 ,-deito (JlSycria ;tpr~se;;nLélf ~IS SCgUilllL~; qll<llídl:'\des: 1) Clarcz.!l {. . .) 2) Cclllvt;:rgfncíll para H finalidad~ ( 3) Cocrêncil1 (..,) -I) Ctmformít1mle com a finnljd:H!c (..) 5) Tratamento rompIdo (. ,) 6) U,!~iinciH ("J" (Melodologia. 146),

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tinta secou na caneta; parece que o nosso próprio cérebro secou; não nos vem nada à mente. Por vezes, mesmo, começaremos a escrever uma folha e mesmo antes de chegar a meio já terá ido parar para o cesto dos papéis. Mas é preciso superar estes momentos de aridez. Haverá ocasiões em que as coisas correrão melhor e as palavras fluirão quase automaticamente. Mas se vamos esperar estes momentos, dificilmente chegaremos ao fim; ou até talvez nem cheguemos a começar.

Quem tiver o material em fichas, poderá começar por ordenar as fichas. Possivelmente já no processo da ordenação lógica das fichas teremos alguma ideia de como começar. Neste trabalho poderemos querer escrever logo um texto perfeito. Não me parece ser o mais indicado. A meu ver, é melhor deixar-nos guiar mais pelas ideias e sua sequência lógica do que pela preocupação por um texto perfeito. O trabalho para o aperfeiçoamento do texto poderá ficar para mais tarde.

Sobretudo em obras de maior envergadura, pode-se começar a redacção por vários lados. Pode-se começar pelo primeiro capítulo e ir redigindo, sistematicamente, capítulo após capítulo; como se pode começar pelo que seja mais familiar e conhecido. Isso vai depender muito da índole pessoal de cada um. Importante é procurar avançar sem demasiadas delongas. É necessário chegar ao fim. Esta primeira redacção dar-nos-á uma visão do trabalho no seu conjunto. Isso permítir-nos-á ver melhor as lacunas, os pontos que precisam de aperfeiçoamento, assim como eventuais desproporções, repetições etc.

Poderá dar-se mesmo o caso de ser necessário dar mais uns retoques no esquema, para se obter uma ordem mais lógica dos diversos tópicos; deslocar passagens de um lugar para outro; desenvolver mais umas partes e encurtar outras.

Daí surgirá uma nova redacção. Nesta será necessário tomar em consideração a perfeição do texto: o estilo, a terminologia, a fluência do texto e tudo o mais que possa tornar aprazível a leitura do mesmo. Num texto académico dificilmente se evitarão termos técnicos, mas nem por isso o texto deve deixar de ser legível. Devemos superar a ideia de que quanto mais hermético e ilegível for mn texto, tanto mais científico ele é. Afinal não escrevemos para nós próprios, mas para os leitores. 39

As últimas partes a receber redacção definitiva serão a Conclusão e a Introdução.

o Texto do Trabalho Académico

Independentemente da envergadura, todo o trabalho académico, mais exacta mente, o texto do trabalho académico consistirá de três partes: Introdução, Corpo ou Desenvolvimento e Concl1J:são. ~~,----- '---

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í Introdução r;- .'"" ~""r" ..

Na introdução, o autor faz a apresentação da sua obra ao leitor. Ela visa ajudar o leitor a entrar na obra, fornecendo-lhe "todos os elementos necessários para uma correcta compreensão do trabalho do ponto de vista científico".4o ,I, -

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39 Orientações de grande utilidade para a redacção de um trabalho académico poderão encontrar em quase todas as obras de metodologia. Limito-me a referir a obra de Umberto Eco, Como se,," -fazumatese,156-165. "., (y -~ I, ,~pO:'"C(,..,~:e: 40 . F ('- f' ( ," -'1 ,( , PRELLEZO, InVlto, 102. -' . (' "~?

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Vejamos, em termos de Umberto Eco, como se pode redigir uma Introdução: "Com este trabalho propomo-nos demonstrar uma determinada tese. Os estudos precedentes deixaram em aberto muitos problemas e os dados recolhidos são ainda insuficientes. No primeiro capítulo tentaremos estabelecer o ponto x; no segundo abordaremos o problema y. Em conclusão tentaremos demonstrar isto e aquilo.,,41

Pode-se constatar, entre os autores, uma certa oscilação quanto aos elementos que devem constar numa introdução. Para não precisarmos de entrar aqui em grandes discussões, permitam que me limite til apresenw, como exemplo, a emmleração desses elementos apresentada pela obra mais recente da nossa bibliografia, a obra de 1. M. PrelleZÇ> e J. M. García: "a) _íWresep:t~ão doprobJen~_abord-ªg,Q, na sua génese, desenvolvimento, estado actual das pesquisas (limites, lacunas, pontos a esclarecer); b) 4sdl1'Zkão~xacta do tema escolhidº e uma justificação dos seus limites, assim como a relãção do~própiíõ~~trabifhoc~~ as pesqutsu e estudos anteriores; c) w.!'-O!~Q" _Sill~~n~a do~~ precedentes sobre o mesmo tema: ao menos dos mais importantes e afins; d) indicação clara dos 9ltiec1W.Ld~L~ho: que coisa se quer fazer; e) r~Qrência à importância, significado e oportunidade da pesquisa desenvolvida: a sua

/ ------------ ._-----~ funcionalidaae para os leitores e para o progresso dos estudos no respectivo sectorJ,'L a,preselltaç.ão e i.!:Istificação dQ. mélado, das téCnicas, dos instrwnentos e das fontes utilizadas na própriã-pesquisa; dificuldades especiais encontradas; modo como foram superadas; g~jY$1i.fiqt..Ç.ão, em grandes linhas, da estrutura ou articulação do trabalho e uma referência à relevância dos resultados alcançados no trabalho e aos novos horizontes abertos,142.

O tamanho da Introdução deve ser proporcional ao trabalho, mas ela não muito longa. Deve proporcionar ao leitor uma ideia exacta do conteúdo da obra43

• U. Eco formula~o magistralmente: "o objectivo de uma boa introdução definitiva é que Qleitor se contente com ela, compreenda tudo e já não leia o resto,,44, Não diria tanto; mas da leitura da introdução devemos poder deduzir com segurança se a leitur~l da obra é importante para nós, pata o nosso trabalho ou para o nosso estudo.

A linguagem da introdução - como, aliás, de todo o trabalho científico - deve ser sóbria, objectiva e clata.

A introdução é a última parte a receber a redacção definitiva.

C0!Eº.J~U Qese.~nlvim0f1to ('~_")0T, '"" 1)' '. ' O Corpo, ou desenvolvimento, .é_-ª~.ç~.IltmLç .~m.ai.s..~){..!~l1lliL cl2_~.?-J?_ª.1h0"

académico. É aqui que se expõe, argumenta e discute; é aqui que se chega aos res1.utados do trabalho. O desenvolvimento do trabalho é o esforço de realização daquilo que foi anunciado na introdução. Na introdução dizemos o que queremos fazer; no corpo do trabalho devemos fazêMlo.

O corpo do trabalho consiste 00 desenvolvimento da tese. "Esta é a fase da fundamentação lógica do tema, que deve ser exposto e provado, é a reconstrução

41 Como sefaz uma tese, 12L 42 Invito 1028. Para complementação podem consultal;r-se as obras indicadas na bibliografia inicial, indicadas aqui apenas pelo sobrenome do autor e as páginas correspondentt:s: ECO, 1218.; FARINA, 2246.; FRADA, 238.; RUIZ, 73; SBVERlNO, 86s. 43 A Introdução deve ser "sintética e versar única e exclusivamente sobre a temática intrínseca do trabalho" SEVERINO, Metodologia, 87. 44 Como sefaz uma tese, 122.

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racional que tem por objetivo explicar, discutir e demonstrar. ,,45 Elede:ve sef­

logic~mente estruturado e seguir o plano definitivo de trabalho. Com muita frequência podem-se distinguir, em trabalhos académicos de nível

mais avançado, claramente, duas "partes,,46 ou dois "momentos", que eu gostaria de designar por "parte" epistemológica e "parte" temática. I f,'

bliLprimeira, a "parte" epistemológic~ o autor retoma, __ çleJ.Q]]lU1Jnªi~L~~len~ª, $;" fi -I' __ I i

alguns tópicos já - mencionados-na -Introdução, com~ sejam: ta) uma "exposição -. ,,' fundamentada do objecto do trabalho,,47. Em termps mais simpl~s:' a identificação e );\./,,:'1_

delimitação exacta do tema da sua investigação; b) a "explanação do quadro teórico r

utilizado,,48. Traduzindo: o autor explica os pres~~ostos com os quais trabalha e a partir dos quais vai tratar os dados recolhidos; \ç) i a "d~scJiçãCL da metodologia __ .de investigação,,49; isto é, o autor vai dar contas do método de trabalho que adoptou e fundamentar e justificar a adopção deste método e não de outro.. Esta "parte" pode ser mais ou menos extensa, dc-acordo cóm o t~ma e o modo mais ou menos "tradicional" de o abordar. É claro que um modo pouco usual de abordar um tema exigirá uma justificação e fundamentação mais extensa e profunda do que um modo habitual e já "consagrado" (geralmente reconhecido e aceite) de abordagem.

Na "parte" temática, parecem-me merecer menção: ~Ya exposição dos dados '\ recolhidos, expos1Çãõ-essa-que dever ser feita de modo "oq~âni~o e_e.r~~ssi'yo,,50; não basta amontoar dados. ÂÂua exposição deve ter "cabeça tronco e membros" ~ j2rincíl2..i~) meio e fim; b) a elaboração desses dados, tendo em consideraçãõ-õSõb]ectivos que .ô-­pro-curamos atingir; c) a discussão das diversas hipóteses e opiniões sobre a questão em causa e d) ª demonstração d_ª-pos.i@()_ do _~!!torL~i! su~J~se. Não é aconselhável queimar etapas e querer passar imediatamente a esta última tarefa. Ela deve ser muito bem preparada "mediante análise cuidadosa e discussão homada"sl. Para fundamentar a sua tese, o autor pode referir-se a autores conceituados, de competência reconhecida. Não se deve esquecer, porém, que, em última análise, é ele que deve fundamentar a sua tese com argumentos de validade intrínseca, que falem por si. 52 .

Em virtude da sua extensão, mas sobretudo devido à multiplicidade de elementos e por exigências de uma estruturação lógica e de clareza, "divide et impera! ", o corpo do trabalho deverá ser subdividido. Para a divisão do corpo do trabalho não há normas fixas. O próprio trabalho se encarregará de "ditar" as directrizes para a sua divisão.

45 SEVERINO, Metodologia, 87. "Explicar é tornar evidente o que estava implícito, obscuro ou complexo; é descrever, classificar e definir. Discutir é comparar as várias posições que se entrechocam dialeticamente. Demonstrar é aplicar a argumentação apropriada à natureza do trabalho. É partir de verdades garantidas para novas verdades." SEVERINO, Metodologia, 87. 46 Coloco o termo "parte" entre aspas porque não coincide necessariamente com as partes em que o trabalho pode ser dividido. 47 AZEVEDO, l>.1etodologia, 79. 48 Ibid. 49 [bid. 50 Ibid. 51 RUIZ, Metodologia, 74 52 Vejamos, para comparação, descrição concisa mas rica que J. J. C. Frada apresenta do corpo do trabalho académico: "O corpo constitui a parte mais extensa do trabalho e deve conter o desenvolvimento da ideia ou ideias a que nos referimos na Introdução. Nele se incluem: a revisão de literatura, a formulação do problema ou dos problemas, as hipóteses e variáveis, os pressupostos teóricos, a descrição dos métodos e técnicas usados (quando se trata de Monogra­fia ou Tese), a construção de argumentos, a explicação de conceitos e noções, a análise e a interpretação de dados," Guia prático, 24s.

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Conclusão

Finalmente, a Conclusão é o fecho do trabalho. Para além de nos dizer onde todo o processo e reflexão levou, ela abre novas perspectivas para a continuação do trabalho científico. A conclusão do trabalho académico é a colheita dos frutos do trabalho anunciado na introdução e realizado no corpo do trabalho; se me permitem, é a contagem dos peixes depois da pesca. Em linguagem mais académica: ela é a síntese que recapitula os resultados da pesquisa desenvolvida53 . Em termos de J. M. Prellezo e J. M. García ela deve apresentar "uma recapitulação sintética do caminho percorrido; a indicação dos resultados que advêm da investigação para o progresso da ciência; consequências que daí possam derivar em função de novos estudos e pistas de investi­gação; méritos específicos e limites do próprio trabalho; problemas ainda abertos e lacunas a colmatar; função «prospectiva» da investigação em relação especialmente com eventuais questionamentos da cultura e da vida contemporânea.,,54

Numa palavra, a conclusão situa o trabalho realizado no contexto da ciência em andamento; indica os passos que foram dados, isto é, os resultados alcançados e aponta aberturas para investigações posteriores.

As observações que fizemos sobre as partes do trabalho académico baseiam-se, para além de alguma experiência pessoal, na literatura do ramos, à qual fizemos abundante referência e seguindo-a, por vezes, textualmente. Nota-se que essa literatura tem como pano de fundo de suas orientações trabalhos académicos mais avançados: dissertações de licenciatura e teses de doutoramento. Para nós, isso poderá soar como música de um futuro muito longínquo, que, ao menos de momento, não nos serve para nada. Será tanto assim? Penso que não. Penso que nos podem ser muito úteis, mesmo na fase actual do nosso estudo, se soubennos utilizar inteligentemente essas orientações. Vejamos!

Fala-se no estado actual da questão; do que já foi feito neste ramo, etc. É claro que no início dos estudos académicos não podemos ter uma visão geral do status quaestionis em si; mas temos os conhecimentos adquiridos nas aulas e outras actividades académicas. Esses são o status quaetionis para nós. É daí que devemos partir. Podem ser dúvidas que surgiram em nós e que será conveniente esclarecer; pode ser lUna posição apresentada pelo professor, que não consideramos suficientemente convincente ou fundamentada. Também isso será necessário pelo menos conveniente - tirar a limpo. Pode ser um assunto que nos interessa e que foi pouco desenvolvido, E haverá mais, mas penso que é suficiente para vermos que, a partir do nossQ status quaestionis, podemos partir para um estudo e uma investigação pessoais. É com estas pequenas investigações que nos vamos preparando para as maiores. Penso que trabalhos elaborados a partir daí poderão ser muito mais proveitosos, muito mais interessantes e feitos com muito mais gosto do que trabalhos escritos apenas "par cumprir calendário";

em termos mais académicos: apenas para satisfazer exigências curriculares. É claro também, que não é do trabalho de um principiante que se poderá esperar

uma contribuição para o progresso da ciência em si. Mas um avanço na nossa ciência, uma ampliação e lUll aprofundamento do nosso conhecimento também não é de desprezar; e esse está perfeitamente ao alcance das nossas possibilidades,

É claro, por fim, que seria irrealista esperar de principiantes a abertura de novos horizontes para a investigação científica em si. Ma não será exagerado esperar deles a

53 Cfr. SEVERINO, Metodologia, 87; FRADA, Guia prático, 25. 54 Invito, 107; Cfr. também AZEVEDO, Metodologia, 79; FRADA, Guia prático, 25; FARINA, Metodologia, 226.

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abertura de novos horizontes Qara nós e de novas pistas para o nosso estudo e as nossas leituras.

Em suma, todas essas observações, à primeira vista um tanto quanto longínquas, podem ser muito úteis para nós, desde que as saibamos colocar ao nosso nível.

. , /

)) .~."

.o Aparato Crítico I'

Se abrirem, meio ao acaso, um romance e uma monografia, algo poderá chamar imediatamente a sua atenção. O romance apresenta-nos um texto contínuo, de cima a baixo da página, sem outras interrupções, que não sejam os parágrafos, ou hífens, em eventuais diálogos. Numa monografia o texto a resenta-se, muitas vezes, semeado de

. e uenos aCIma a linha. Para além disso, no ndo c a pagma, separado ~-,,-"" .... - ._ ................. ~ ..•... ~-~

.. do texto por um trili'o, encontram-se os mgn:tps números, que já encontrámos serri:ead08...... no meio do texto, seguidos de umas observações, impressas normalmente em caracteres menores do que o texto.

Esta..lIarte no fundo da página, que àsvezes é colocada no fin'!Ldo ~ítl!Lo ou mesmo no final da obra, constitui o chamado "aparato crítico,i'~le é cQn~~ )asicamente pêTãs-"notas de rodapé:> oU "notas õe pé de págma". PafãCiüêé9ue is!.o serve? Par"ããar Ínfõrmaçoes necessárias ou úteis- para,ruma 'meTI1orcompreensão d assunto, mas cu a mserçao no pro . . ueo eglve, ou .mesmo "intragável", Destinam-se a perml Ir aos mteressados um maIOr aprofundamento e determinado aspecto da questão, fornecendo-lhe, p. ex., indicações sobre locais onde pode encontrar outros elementos sobre o mesmo.

Centremo-nos um pouco nas notas de rodapé. Voltemos à questão: De que se trata? Para que servem essas notas?

Eüüçamente, nota!). ~e J95i,ar~~ãg .aq:t:!~lªn'lrte ...q.USL.SL~l1C:Qlltrª.nQ _,ft1!l~,.da .. . página, separada do texto, propriamente.dito,p:Qf\.!IDª .linha que inicia, à esquerda, nQ ~linhamento do texto e ocupa.c:~rcª de u!l:l terç9 da. página. Normalmente esta parte vem impressa em caracteres menores do que os do texto. O melhor é olhar para um livro, para não ficarmos demasiadamente no abstracto.

Para que servem as notas de rodapé? João José Cúcio Frada, a quem já nos referimos acima, apresenta três objectivos principais dessas notas. " ... as notas têm como finalidade: a) referir a obra e o lu~~!s ci~çõ~J'-ci.tªS.~J10 Je.~..to; b) fazer consideractões suplemeptare~ ou, marginais~_ nãQ~caQ.~r.i8.1ILnO te.x.to .;>e,m que!?rN ,a. Sequ·êncÜiiÓgica do discurso; c) remetel'...Q..J~ Ol.lÍrag P;y:~-!r~,..llillil obras de referência ou para determinado documento em apêndice ou anexo (indicando o seu número de ordem, romano ou árabe). ,,56

A primcirafinalidade, apontada por Frada, não deverá causar problemas de compreensão. Que o autor, a obra e o lugar de onde foi extraído o texto citado sejam indicados, é mais do que evidente. As ideias também têm dono; e quem usa ideias de outros - e quem é que não o faz? - deve ser suficientemente honesto para o reconhecer.

55,QrientaçÕe.s sobre.o que.é o aparato crítico e a sua elaboração encontra111:~~. em @ª-~e todas as ol:l!.~s _de_ f!1et9d.ologia. Chamamos a atellçã6 para as páginas correspondentes nas obras da nossa bibliografia. Referimos abreviadamente: autor, páginas. AZEVEDO, 80-86; ECO, 176-187-com orientações para elaboração de bibliogratia; FARlNA, 159-197; FRADA, 39-58 com orientações para elaboração de bibliografia; PRELLEZO, 245-247; 250-290 com orientações para elaboração de bibliografia; RUIZ, 82-84; SEVERINO, 95-99. 56 Guia prático, 39; efr. SEVERINO, Metodologia, 95; RUIZ, Metodologia, 82s.

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É o modo académico de homenagear o autor da ideia. Em princípio, essa referência poderia vir dentro do próprio texto; o que acontece com muita frequência em textos eclesiásticos com as referências à Sagrada Escritura. No campo do Direito, imagino que aconteça o mesmo, no caso de referência aos diversos códigos legislativos. 57 Tanto num como noutro caso, trata-se de referências muito breves, que não perturbam muito a leitura. A presença, dentro do texto, de referências mais longas, com nome do autor, título da obra, etc., perturbaria muito a leitura. Daí que no texto apenas se insiram breves chamadas, normalmente algarismos árabes e a referência bibliográfica venha no fundo da página. Daí o nome: "nota de rodapé", ou "nota de pé de página". Pode dar­se também o caso, como já foi mencionado, de as notas referentes a um capítulo virem todas juntas no fim do capítulo; assim como o caso de as notas de rodapé virem todas juntas no fim do livro, nonnalmente divididas por capítulo. O mais cómodo para a leitura é as referência no fundo da página. Por motivos de facilidade gráfica é que muitas vezes vêm juntas.

Um pouco mais "enigmática" pode parecer a segunda finalidad~ das notas de rodapé, mencionada por Frada: "fazer considerações suplementares ou marginais ... " De que se trata aqui concretamente? Muitas vezes a opinião de um terceiro é expressa no texto em termos próprios do autor do texto. Em nota de rodapé pode vir uma citação do autor a quem se fez referência para comprovar os emmciados feitos no texto. Isto acontece muitas vezes quando se trabalha com autores de outras línguas. No texto, mesmo as citações devem vir trarluzidas. - Imaginem só o que seria encontrar numa página de um livro passagens em várias línguas; essa página seria uma autêntica colcha de retalhos. Nas notas de rodapé vêm as passagens decisivas citadas na língua original. Isto é comum em dissertações e teses.

Em notas de rodapé podem vir também argumentos complementares em favor da doutrina exposta, mas que tomariam o texto muito pesado e serão de maior interesse para quem quiser aprofundar determinado aspecto da questão.

Para além disso, nas notas de rodapé pode-se fazer menção de autores que estão de acordo e confirmam o exposto. Podem-se, igualmente referir autores que são de opinião divergente e entabular com eles uma breve discussão.

~. Também a terceira finalidade acima mencionada é de simples compreensão. Um assunto, mencionado numa parte do trabalho, pode vir tratado mais detalhadamente noutra parte desse mesmo trabalho. Quem estiver interessado pode buscar aí mais informações. Pode-se dar também o caso de o autor do texto querer fazer referência a um assunto já tratado por ele, mais extensamente, em outra obra. A nota de rodapé será o lugar indicado para chamar a atenção do leitor para essa circunstância,\'fA

NB: As referências bibliográficas nas notas de rodapé podem vir de forma abreviada. Os demais dados, necessários para a identificação inequívoca da obra, constam da bibliografia. Isto faz-se especialmente para poupar espaço e material. Mesmo assim os livros não são nada baratos. Os elementos dos nomes dos autores vêm na ordem normal.

57 Hoje em dia, esse sistema está bastante em voga nos Estados Unidos da América, quando se usa o sistema de referência bibliográfica autor-data. Sobre esse sistema, já falámos acima; aí vêm também indicações bibliográficas.

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li I;

'I' " ( Citação e Referência

É de fundamental importância ter bem clara a diferença entre tuna citação e mna referência~'A citação é a repetição literal, oral ou por escrito, de uma passagem da obra de mn autor, ou das palavras de alguém: Exemplifiquemos. O professor disse: "Na bibliografia as obras vêm apresentadas por ordem alfabética de acordo com o sobrenome dos autores. - Escrevam isso atrás das orelhas!" Isto é uma citação.

Quando estamos a elaborar mn trabalho escrito, encontramos algumas passagens que exprimem a ideia que nos interessa de mn modo tão perfeito, que nos dá vontade de as assumir literalmente no nosso trabalho. É lícito fazê-lo; desde que isso seja devidamente assinalado. Isto faz-sc destacando o texto citado; normalmente colocando­o entre aspas como fizemos acima e indicando exactamente o local de onde o extraímos. Citações podem vir integradas no texto e podem vir em nota de rodapé. Q~ap.cl() a citação é integrada no texto, no fim da citação é feita uma chamada, isto é, i.l1ª~~e-se um sinal acima da linha (normalmente um algarismo ou um número árabe). Esse -sInal -é 'repetido nó fundo da página e aí faz~se a referência bibliográfica correspondente a essa citação. Quan~Q.ll. citação y~rnemnota de rQ8Ll:p~.coloca:-se o ~!()ç.itado entre aspas e faz-se a referência bibliográ;f1ca logo a se gJ;1Ír:> 8

.

Ainda uma observação a respeito da citação. Quando o texto citado é curto - até três linhas - vem colocado simplesmente entre aspas no texto. 9ua~n_textQ mais comprido, convém que entre um pouco para dento da margem esquerda do alinhamento do texto e venha em caracteres menores ou com mellor espaçamento ente as linhas.59 ," 1\. ",( o' ;, ,.', I

.Da citação deve-se distinguir a referência~Quando apresentamos (referimos) o pensam--entooe"'illii-aütor; padefuÓsTazê-Io usando os termos do autor - neste caso estamos a fazer uma citação~ ou podemos fazê-lo em termos próprios nossos. Quando a ideia é de outro, mas a formulação, os termos em que ela é expressa, são nossos, não se usam as aspas. Não obstante, também neste caso é imprescindível mencionar que se trata da ideia de mn outro e indicar, em referência bibliográfica, o autor da ideia, a obra e o local de onde essa ideia foi retirada. O procedimento é semelhante ao da citação. A seguir ao pensamento referido insere-se uma "chamada" e em rodapé faz-se a referência bibliográfica no modo habitual. Só que neste caso esta vem precedida de "CfI." (confira). Como já foi dito acima, a referência, por não ser transcrição literal, não vem entre aspas.

Vamos concluir esta parte com uma observação referente à terminoJogia. Nós usamos aqui os termos "citação" e "referência". Como em muitos outros casos, não é uma terminologia aceite e usada por todos. Para designar a mesma realidade J. 1. C. Frada usa os termos: "citação formal", correspondente ao que nós designámos pura e simplesmente citação; e "citacão ÇQºC.eptual", no mesmo sentido em que nós usamos o termo referência.6o .T. A. Ruiz usa a terminologia: citação textual ~e citação livre. Umberto Eco, por seu lado distingue entre citação e naráfrase61. Y1uito embora a paráfrase não se identifique plenamente com o que chamámos referência, apresenta algmnas semelhanças. A diferença principal entre uma referência e uma paráfrase é que a paráfrase segue de perto a formulação verbal do autor, enquanto a referência pode ser em termos muito mais livres.

58 Para informações mais detalhadas sobre como e quando citar, vd. ECO, Como se faz uma tese, 165-173; RUIZ, Metodologia, 82 59 Poderão ver concretamente o que isso significa, algumas páginas acima. 60 Cfr. FRADA, Guíaprático ( ... ), 42. 61 Cfr. ECO, Como se faz uma tese, 165-175.

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A APRESE~TAÇÃO DOS TRABALHOS

Não sendo o mais importante, a apresentação do trabalho académico é algo que não pode ser descurado. A primeira coisa que cai nas vistas, é o aspecto exterior, a apresentação. Urna boa apresentação dá a impressão de um trabalho feito com cuidado; uma má apresentação dá a impressão de um trabalho feito atabalhoadamente, sem grande cuidado, de qualquer maneira.

Não é diferente do que acontece no dia a dia. Quem está na vida profissional sabe quão importante é uma boa apresentação; e qual a importância da primeira impressão que se tem de uma pessoa, quando se trata de contratar alguém para um trabalho. Quem se apresenta esfarrapado num banco, nunca vai conseguir um empréstimo ou financiamento. Quem se apresenta bem vestido, pode até conseguir enganar o gerente.

Com mil trabalho académico dá-se algo semelhante. Uma boa apresentação "cativa" o leitor e predispõe-no para a leitura. O leitor enfrenta a leitura com gosto, e não a contragosto. Podem-me dizer que isto é demasiadamente subjectivo, e eu até nem o negarei, mas é uma realidade. O que é que nos leva a comprar um produto? A qualidade ou a embalagem? O que nos predispõe a comprar um livro? O seu aspecto externo ou o seu conteúdo? O conteúdo com certeza que não, pois ainda não o conhecemos. Se o aspecto de um livro nos atrai, até pode ser que nos interessemos por ele e consideremos se vale a pena comprá-lo.

Como deve ser a apresentação de um trabalho académico? O trabalho académico deve primar pela sobriedade. Com desculpa para a expressão, a capa de um trabalho académico não é um cartaz de propaganda de espectáculo de circo. Também não é o local adequado para exibição das potencialidades do último programa de composição de texto que adquirimos.

Depois destas observações de carácter geral está na hora de passarmos a alguns aspectos concretos. No aspecto da apresentação, devemos distinguir três partes do trabalho académico: a parte pré-textual; a parte textual e a parte pós-textual. Antes de apresentar o texto, fruto do nosso trabalho de investigação, temos que fazer uma série de coisas. Se me permitem uma comparação, o texto vai vestido. Está envolvido por um revestimento, tanto anterior, corno posterior. O revestimento anterior constitui o pré­texto e o revestimento posterior constitui o pós-texto.

Parte Pré-textual

o pré-texto é constituído por uma série de elementos; alguns obrigatórios, outros facultativos. Vamos apresentar a emuneração desses elementos. Os obrigatórios vêm em negrito, os facultativos em cursivo. Depois falaremos um pouco sobre cada um deles. Alguns destes elementos podem vir tanto na parte pré-textual, como na parte pós­textual, dependendo esta decisão do autor. Esses elementos vão assinalados com um asterisco (*)62

62 Na enumeração destes elementos seguimos de perto a obra de FRADA, Guia prático,28. Os números entre parênteses referem-se páginas dessa obra.

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Capa Folha de ante-rosto Folha de rosto Dedicatória Agradecimentos * Resumo analítico (summary), sinopse, (abstract) ou (resumé) * (22s) Sumário (índice abreviado) (21s) Índice geral * (Quando colocado no início, dispensa o sumário) (21s) Relação de tabelas, gráficos, figuras e extratextos intercalados no corpo do trabalho (Quando estes elementos vêm em apêndices, este item não precisa de vir na parte pré-textual). Advertências ao leitor Lista de abreviaturas Prefácio Preâmbulo.

Vamos tecer, agora, algumas considerações sobre cada um dos elementos indicados.

Capa: Para além de proteger a obra, a capa já nos dá uma primeira informação sobre a mesma. De acordo com A. J. Severino, a capa deve conter apenas três elementos: Nome do autor, título do trabalho e local e an063

. J. J. C. Frada apresenta um modelo semelhante. Acrescenta apenas a editor.a64

. Outros autores, como J. A. Ruiz, R. Farina e J. M. Prellezo / J. M. García, dão maior relevo à Instituição em que o trabalho é apresentado, colocando, normalmente, o nome da Instituição em que o trabalho é apresentad065

. Um modelo de capa e trabalhos a apresentar nesta casa, encontrarão em apêndice a estes apontamentos.

Folha de ante-rosto: Inserida entre a capa e a folha de rosto, a folha de ante-rosto traz, por vezes o título da obra (sem subtítulo)66; outras vezes traz a colecção em que a obra está inserida, assim como o número da obra nessa colecçã067

.

Folha de rosto: Em obras publicadas, a folha de rosto traz os elementos necessário para a identificação inequívoca da obra. É dela que se retiram os elementos a constar na bibliografia, e na ficha bibliográfica de seminário. Para além dos elementos que constam na capa, ela indica a edição (muitas vezes já indicada na capa, mas nem sempre) e os demais colaboradores na obra, que não foram referidos como responsáveis principais68

. Em trabalhos académicos, na folha de rosto vem também a finalidade a que

63 "A capa inicial deve conter apenas três elementos: no alto da página, o nome do autor na ordem normal com letras maiúsculas; bem no centro da página, o título do trabalho; grifado em baixo, a cidade e o ano. Tudo o mais é desnecessário pelo menos em se tratando de trabalhos didácticos. A capa final não comportará nenhum elemento". (Metodologia, 89. Modelos de capa e de página de rosto, p. 125-127). 64 Guia prático, 120. 65 RUIZ, Metodologia, 78s; F ARINA, Metodologia, 263-272; PRELLEZO, Invito, 302-309 (este último traz também o subtítulo). 66 Cfr. ECO, Como sefaz uma Tese, 3; AZEVEDO, Afetadologia, 1. 67 ,C: Clr. FRADA, 3; FARINA, 3. 68 Cfr. PRELLEZO, Invito, 3;

66

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o trabalho se destina69. Encontrarão também um modelo para a folha de rosto em

apêndice a estes apontamentos.

Dedicatória: Por vezes uma obra é dedicada a uma ou várias pessoas. É mll modo de as homenagear. Normalmente, esta dedicatória é muito breve70

.

Agradecimentos: a pessoas ou instituições que, de algum modo, prestaram uma colaboração valiosa para a elaboração de uma obra é costume dirigir uma palavra de agradecimento. Temos um exemplo disso numa das obras da nossa bibliografia, precisamente na obra de J. J. C. Frada7l

.

Resumo analítico, sumário analítíco, (summery), sinopse, (abstract) ou (resume): Por vezes insere-se no início de dissertações e teses um resumo nas línguas mais conhecidas. Isto permite uma primeira informação sobre obras escritas em línguas que não nos são familiares72

Sumário: É um índice abreviado, onde constam apenas as partes e os capítulos da obra, em comparação com o qual o Índice geral se apresenta como muito mais completo.

Índice Geral: É um índice detalhado correspondente às divisões e subdivisões principais do trabalho: partes, capítulos, subcapítulos e parágrafos. As divisões e subdivisões do índice, assim como os respectivos títulos devem corresponder rigorosamente às divisões e títulos no corpo do trabalho 73. Já assinalámos, através de asterisco (*), que o índice geral tanto pode vir na parte pré-textual, como na parte pós­textual. Quando vem na parte pré-textual, no inicio da obra, dispensa o Sumário.

Relação de tabelas, gráficQs, figuras e extra-textos intercalados no corpo do trabalho: Muitas vezes, estes elementos, em vez de virem intercalados no corpo do trabalho, vêm em apêndices, no final do trabalho. Neste caso não é necessária a apresentação desta relação. Esses elementos aparecem no Índice geral sob a rubrica: apêndices, ou uma designação similar74

.

69 Cfr. SEVERINO, Metodologia, 89; FRADA, Guia Prático, 122. Neste autor não deixa de ser interessante uma comparação entre os modelos de página de ante-rosto e página de rosto, apre­sentados nas p. 121 e com a folha de ante-rosto e a folha de rosto apresentadas na palie pré-textua! da obra, p. 3 e 5. Cfr. também: FARINA, ivfetodologia, passim; vd. verbete Frontespicio no índice analítico; PRELLEZO, Invito, 100-101; 298-305. 70 Da nossa bibliografia, apenas as obras de RUIZ e de AZEVEDO apresentam uma dedicatória, ambas na p. 5. (Há autores que dedicam obras ao cônjuge. Dizem as más línguas que é para compensar o tempo de convivência que lhes roubaram para poder escrever a obra ... ) 7l Guia prático, 11. É bom não esquecer as observações mordazes de U mberto Eco sobre o assunto: Como sefaz uma tese, 190. 72 Esse resumo "deverá conter de forma sucinta, clara e objectiva, as questões ou informações mais importantes tratadas no texto. Ou seja deverá ser uma sínte::;e dos objectivos a atingir, dos métodos usados, dos resultados obtidos. ( ... )

Em provas académicas, um resumo em língua inglesa com mais de duas páginas deverá intitular-se Summery. Num artigo científico ou num resumo de conferência, uma breve síntese de tal matéria (até 2 páginas) designar-se-á Abstract." (FRADA, Guia prático, 22s.) Cfr. SEVERINO, Metodologia, 132. 73 Cfr. FRADA, Guia prático, 21 s; RUIZ, Metodologia, 78; F ARINA, Metodologia, 233. 74 Cfr. FRADA, Guia prático, 22. 28; SEVERINO, Metodologia, 91.

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Advertência ao leitor: Quando o autor considera necessário ou conveniente chamara atenção dos leitores para alguma coisa a ter em consideração na leitura do trabalho, pode fazê-lo numa página própria, nesta parte pré-textual do trabalho. Nenhuma obra mencionada na nossa literatura traz algo do género. Temos uma nota dessa natureza no início dos nossos apontamentos. Lista de abreviaturas: Para além das abreviaturas usuais na língua em que o trabalho é escrito e que são de conhecimento comum, em trabalhos académicos aparece, muitas vezes, uma lista própria de abreviaturas. É bom determo-nos aqui um pouco. O uso de abreviaturas tem por finalidade principal simplificar as referências bibliográficas. Obras de uso muito frequente, como sejam: encic1opédias, manuais, revistas da especialidade e outras obras de consulta, muitas vezes sãD referidas abreviadamente. Como não se trata de abreviaturas de uso commn, é necessário indicá-las, para que a referência bibliográfica seja clara e inequívoca. Para não ficarmos na teoria e para podermos ter uma ideia mais clara da coisa, olhemos para a página do nosso material de ilustração. Não se deixem irritar pela língua. Após a abreviatura, é dada a referência bibliográfica da obra à qual ela se refere. Quando, no decorrer do trabalho, é necessário referir essa obra, em lugar de digitar novamente todos os dados referentes à mesma, bastará referir a abreviatura, seguida da indicação da página, do volume e página a que a referência diz respeito, ou coisa semelhante.

Prefácio: Limitemo-nos aqui a citar o que nos tem a dizer J. J. C. Frada: "Prefácio: não se deve confundir com Introdução. Ao contrário desta, directamente dirigida ao asslmto ou conteúdo do trabalho, o Prefácio relaciona-se mais com a história e os pormenores da sua elaboração. Assim, devem aqui ser referidos as razões ou os propósitos que levaram o autor a iniciar as suas investigações, as circunstâncias que rodearam a realização do trabalho, as origens e as fases ou passos mais marcantes do processo de pesquisa.,,75

Preâmbulo: Em si, o Preâmbulo pode ocupar o lugar e exercer a função da Introdução; mas também pode existir numa obra, ao lado da introdução, com outras funções76 .

Pessoalmente, sou de opinião que, de modo especial nos primeiros trabalhos de índole académica, nos devemos cingir aos elementos obrigatórios, deixando os demais para trabalhos posteriores, de maior envergadura, caso isso se apresente como justi­ficado. A não ser que nos queiramos orientar pelo lema: "se é possível complicar as coisas, porque é que havemos de as simplificar?" Apesar desse aforismo, no meu modesto parecer, sobriedade e simplicidade só dignificam o trabalho académico.

75 Guia prático, 68s; RUIZ, Metodologia, 788; Severino, 91. 131; 223. Passim; PRELLEZO, 101. 76 Vejamo-lo, pois, em termos de 1. J.C. Frada: O preâmbulo, onde também é lícito analisar questões de delimitação temática e cronológica e definir noçõ~s, conceitos, hipóteses e vari­áveis métodos, tópicos e divisões gerais de trabalho [em suma, o(s) objectivo(s), as justificações e o objecto de estudo], assume realmente um carácter introdutório e pode, portanto, substituir a introdução. Contudo, um Preâmbulo como componente pré-textual pode coexistir com uma Introdução no mesmo trabalho; neste caso, aquele limitar-se-á a conter notas, advertências ou considerações do autor mais relacionadas com ele próprio ou, mesmo, com questões de natureza genérica com afinidade ao tema, do que com aspectos, habitualmente, tratados na Introdução." (Guia prático, 288, nota 13).

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Parte Textua.l -

Esta~~~nuclear ~~~ntr~L~_trab~ho; é o trabalho, propriamente dito. Já vimos queela é constituída pela Introdução, Corpo ou Desenvolvimento e Conclusão. Já vimos também, brevemente, qual a função de cada uma delas. Aqui vamos limitar­nos à forma da sua apresentação. Comecemos com o mais simples.

o Espaço do Texto

Um trabalho académico é apresentado em papel branco de formato A4; isto é, com as dimensões de 297x21 Omm.

Da superfície total da página, só uma parte está à disposição de quem escreve. A primeira coisa a fazer é delimitar o campo de texto. Isto faz-se estabelecendo as margens. Para este tipo de trabalhos recomendam-se: uma margem superior de quatro centímetros (4cm.); uma margem lateral esquerda de três centímetros e meio (3,5 cm.); uma margem lateral direita de dois centímetros (2 cm.) e uma margem inferior de três centímetros e meio (3,5cm.). A margem lateral esquerda é mais larga que a direita para permitir uma leitura cómoda mesmo quando o trabalho é encadernado (ou agrafado, em caso de trabalhos menores).

Uma vez estabelecido o espaço que temos à nossa disposição - e convém não esquecer q!le só se escreve de um lado da folha - trata-se de colocar nesse espaço o fruto da nossa investigação. ---

Como vimos, a parte mais ampla do trabalho é a parte textual. Como é que ele se distribui? Em manuscritos antigos encontramos textos que começam no canto superior esquerdo e tenninam no canto inferior direito sem interrupção; sem títulos nem subtítulos, sem capítulos nem parágrafos, sem pontos nem vírgulas; nem separação de palavras. Hoje não se pode proceder desse modo.

4 A diferença entre um monte de blocos e uma casa consiste, basicamente, na diferente "ordenação" dos blocos; todos juntos, ou formando paredes, separando as diversas repartições, etc. ~~~~y.m. __ ª&lºJ11~rªd.2 ___ d_e,..E,!!9}'LaL~aJrase <::~denação dos elem~ - seguindo as regras da gramática, naturalmente. Concretizando~arte textual de um trabalho deve ser apresentada ordenadamente: com divisões e subdivisões, com títulos e subtítulos. Esta apresentação ordenada é o primeiro

-i~cador da estrutÚrireaaccwriãl é1õglca dotexto. Uma boa apresentação com títulos e subtítulos, correspondentes às várias partes, capítulos, subcapítulos e parágrafos que constituem o texto, facilita muito a compreensão do mesmo.

Já vimos que ~ii-ªpresentado em três .partes_PIinc.l.pai$: IJ?trodução, C9nlQ.. ou Desenvolvime11to ~. Ç0J.l.Qll!§ªº. Cada uma destas partes dá início a uma nova folha. QJ[t!!I-º_"ln.tI2s.ilJ,Ç,ª.Q:_e "Ǻnchls~o" dev~YJLd~yidrunente.-J:ealçado, tanto pela grafia -pode-se usar, por exemplo, wn tipo maior de letra - como pelo espaçamento. Entre o título e o texto devem ficar algumas linhas em branco.

(NB: Mostrar alguns exemplos dos livros de metodologia. Futuramente fotocopiar alguns exemplos para ilustração a partir de outros livros).

- Em relação ao corpo do trabalho, é necessário ter em consideração a sua estrutura; se é dividido em partes, em capítulos, parágrafos, etc. Os títulos das várias secções, em que o corpo do trabalho é dividido, também devem ser devidamente realçados. Não fará mal algum se para o título de uma parte for reservada uma página inteira. João Frada reserva, inclusive, uma página inteira para cada título de capítulo.

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(Mostrar!) Não será necessário tanto. Ê necessário, isso sim, deixar um ,bom espaço entre o título do capítulo e o texto propriamente dito. () ;, . .. ! ' . ,í J;

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Homogeneidade e Hierarquia

Com muita facilidade se introduz na escrita de um trabalho académico o velho pregão dos vendedores de rebuçados "cada cor seu paladar!"; isto é, com muita facilidade se realçam elementos idênticos de modo diferente. 77 É algo a que há que prestar muita atenção; de modo especial no que diz respeito ao realce gráfico: tipo de letra, tamanho, "negritado'\ etc. É bom estabelecer um padrão do modo de realçar graficamente os títulos de capítulos, parágrafos, etc., antes de iniciar a dactilografar ou digitar o texto; e ter esse padrão constantemente diante dos olhos ao fazer esse trabalho. 78 Se examinarem os apontamentos desta cadeira sobretudo nas suas primeiras versões - sob esse ponto de vista, deseobrirão, com certeza, não poucas incoerências.

Neste procedimento é também muito importante respeitar a ordem hierárquica das diversas secções do texto. O título de um parágrafo não pode receber um realce maior do que o título de um capítulo; nem o título de um capítulo maior realce que o título de uma parte. 79

Não se deve esquecer, também, que capítulos e parágrafos são "bichinhos" muito "ciumentos", Um capítulo não suporta que ao titulo de outro capítulo seja dada "maior importância", isto é, maior realce do que ao seu próprio. O mesmo vale dos parágrafos. I~ preciso ter o cuidado de não privilegiar nem de desconsiderar ninguém.

Outra fQm1a de realçar títulos",.é .. _.o-_ . .espaçam~llto entre eles e o texto. imediatamentê acima e/ou abaixo dos mesmos. O texto de um capítulo não começa na 1~1ha imediata.menteâsegü.'ir'ao'mUlcnréSSfn)àpítulo. Entre eles medeia um espaço de várias linhas. O próprio título do capítulo que, como vimos, dá início a uma nova folha, é colocado, muitas vezes, bastante abaixo da margem superior da "mancha".

Aqui valem os mesmos critérios de homogeneidade e hierarquia, mencionados em relação ao realce através da grafia. O espaço que medeia entre o título de um capítulo e o início do texto será superior ao espaço que medeia entre o título de um parágrafo e o texto imediatamente a seguir.

.um porJll~nor que é bom não esquecer é que, quando um título v~J:!!l1 t~xto..acimae um texto abãrxq;.o~::~pªç&neriio'::eiitre-o título-e ~_é ,ligeiramente superior ao espaçarp.e:;nto entre o título e o r~tQiºã~ç:-'"

Seria muito útil, à semelhançã'do que foi recomendado acima, que também aqui fosse elaborado um padrão antes de começar a digitar o texto. Teríamos dois padrões de realce: o padrão de realce através da grafia e o padrão de realce através do espaçamento.

77 Ao estudar esta parte é bom tomar na mão um livro - académico, naturalmente - para as coisas se tornarem mais concretas e claras, 78 A digitação de um trabalho académico não é coisa que se confie a uma secretária; muito menos a uma dactilógrafa; - a não ser que estejam devidamente qualificadas para o efeito. Uma boa dactilógrafa nem toma conhecimento do que escreve. Em grandes cidades universitárias há profissionais, e mesmo pequenas firmas, especializadas na digitação de trabalhos académicos, dissertações e teses. Desses (normalmente dessas) profissionais pode-se esperar um serviço de ~ualidade. 7 Convém não esquecer que uma parte pode ser subdividida em capítulos; mas um capítulo não pode ser subdividido em partes. As subdivisões dos capítulos são subcapítulos e/ou parágrafos.

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Espaçamento entre Lirilias

Para permitir uma leitura mais cómoda, é~lIJleIli"",~!iliLqu~._hilla um bom ~~~2amento entre as linhas. Quando se usava a máquina de escrever, o espaçamento interlinear recomendido-para trabalhos académicos era de espaço e meio, espaço duplo ou mesmo triplo; a critério do autor. O espaço triplo talvez seja um tanto quanto excessivo; mas o espaço duplo não é exagerado. Mesmo quando se escreve com o computador~ deve~se usar um espaçamento superior ao espaçamento standard.

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Tipo e Tamanho de Letra /I I ';

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Dentro do critério de sobriedade, em que temos vindo a insistir, devemos usar tipos de letra correntes, quer em livros, quer em jornais; os tipos clássicos, para a impressão de livros. Quanto ao tamanho, recomendamos tamanho 12~a o texto e 1] p~~?-o~_~ rodapé. As notas de .rodapé e as citações mais extensas inseridas 1m texto devem VIr em espaçamento interlInear standard.

Com a variedade de tipos de letra que o computador oferece, podemos estar inclinados a mostrar a nossa criatividade exactamente neste campo, escolhendo um tipo mais sofisticado ou fantasioso de letra. No meu modesto parecer há lugares mais adequados para o desenvolvimento desta criatividade do que um trabalho académico.

Parte Pós-textual

Com a redacção e a digitação do texto, no entanto, o trabalho académico ainda não está concluído. [)Q mesmo modo que há uma parte pré-textual; há também uma parte pós-textual. Esta engloba os seguintes elcmentos:8o

"Zo'{'r C("t~{I\-'rrT' Notas e/ou referências biblíográfi.cas (quando não foram já inseridas no ~;"1,,y;11 r.~;··'D" decorrer do trabalho no pé da página, ou no fim de cada capítulo).

Posfácio Apêndices Anexos Bibliografia Índice geral (Quando não se preferiu inseri-lo na parte pré-textual). Outros índices i' .

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Agradecimentos (eventuais) 7

Depois de ter enumerado os diversos elementos que constituem a parte pós textual de um trabalho académico, passemos a comentá-los brevemente.

Notas e/ou referências bibliográficas. O que são e para que servem, já tivemos ocasião de ver. Também já vimos que podem ser colocadas em diversos lugares dentro do trabalho académico: ou no fundo da página, ou no fim do capítulo. Se ainda não foram colocadas, nem num, nem noutro lugar, devem ser colocadas no final, como primeiro elemento da parte pós-textual. Sobretudo em obras de maior envergadura, para evitar

80 Assumimos aqui, como em relação à parte pré-textual, os elementos apresentados por FRADA, Guiaprático, 29.

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números muito elevados, é conveniente reInICIar a numeração das notas em cada capítulo. Quando inseridas no final, vêm apresentadas por capítulo.

Posfácio: O Posfácio é um recurso de emergência. Só se usa quando é preciso mesmo. De acordo com 1. J. C. Frada, "surge, apenas, quando sobrevém algum conhecimento novo, após a elaboração do texto e as circunstâncias não permítan1 a sua integração no corpo do trabalho. &.ec estª_l1.Qvainformaçãoé,~onsideradafundliH1:enta±-à compreensão e ao o~jectivo da pesquisa, ju.stifica-se esta parte _p§~:textuaL" Como dito no início, recurso de emcrgência. -- - - -,

Apêndice(s): Nesta parte são apresentados elementos complementares ao trabalho. Elementos que, por um ou outro motivo, não se deixam enquadrar bem no texto, mas que são de utilidade para sua ilustração. Vejamos, novamente, em 1. 1. C. Frada: "Engloba(m) mã1éi:râi.S-Traballmâm:r--e-eraDorados pelo investigador, tais como tabelas, quadros, ilustrações, gráficos, organogramas, etc., que não têm, necessariamente, de figurar intercalados no texto. Nesta componente cabem também documentos, quadros tabelas ou gráficos extraídos de fontes consultadas. Mas comentariados ou criticados pelo autor. Em suma, estes materiais são sempre, parcial ou totalmente, da responsabilidade do autor.,,81

Anexo(s): Os materiais apresentados em anexo ou anexos são da mesma natureza que o material que vem em apêndice. A diferença principal é não serem da responsabilidade redactorial do autor. Novamente em termos-de' T-rc~-'Fiãâ1i.:,wÃqúr'lnserem-se documentos auxiliares (não elaborados pelo autor) que serviram de base ao estudo ou facilitam o processo de compreensão do(s) objectivo(s) da pesquisa. ,,82

(Para ilustração pode-se fazer referência - mostrando inclusive uma ou outra obra que traga tais elementos)

Bibliografia: Podemos partir, novamente, da definição de bibliografia apresentada por J. J. C. Frada: "Considera-se Bibliografia a enumeração completa, pela habitual ordem alfabética de apelidos ou título (quando não existe autor propriamente dito), de todos os materiais directa ou indirectamente utilizados na pesquisa. ,,8,} Até aqui tudo bem. Frada, no entanto, propõe uma divisão na Bibliografia: Bibliografia geral, que apresenta "obras de interesse geral" - o que isso significa pode ver-se na página 138 da obra a que nos vimos a referir -; e Bibliografia específica, onde constam os "materiais com infonnação específica", que serviram para a elaboração do trabalho para cuja ilustração podemos remeter para a página 137 da referida obra. Com isso não me consigo identificar. Antecipando o resultado da argumentação, diria que a Bibliografia geral é supérflua. Obras conhecidas por todos e usadas por todos, não precisam de aparecer numa bibliografia de um trabalho académico. Todos nós precisamos de usar o dicionário para tirar alguma dúvida. Por essa lógica, um dicionário da língua portuguesa apareceria em todas as bibliografias! Se teria de aparecer em todas, não precisa de aparecer em nenhuma, pois é uma evidência que quem tem dúvidas dessa natureza vá consultar um dicionário. No meu entender, obras de carácter geral, como sejam: enciclopédias, gerais ou especiais, manuais científicos e académicos de conhecimento geral das pessoas que se dedica111 a esse ramo do saber -, revistas da especialidade e as séries de publicações no ramo não precisa111 de aparecer na bibliografia. Supõem-se que sejam do

81 Guia prático, 26. 82 G' ,. 26 Ula pratICO, . 83 G' " 27 ma pratICO, ,

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conhecimento geral e de uso geral por quem se dedica a esse ramo. Num país ocidental seria um absurdo apresentar a Bíblia numa bibliografia.

Não obstante, essas obras são referidas constantemente. Como ficamos? A meu ver, são essas obras que vêm na lista das abreviaturas. Assim, podem ser referidas de urna maneira simples e expedita, poupando muito tempo e espaço. Os elementos bibliográficos dessas obras aparecem só uma vez, a saber, na lista das abreviaturas. Daí para a frente a abreviatura, seguida do número do volume e página da obra, é suficiente e substitui, com muitas vantagens, a repetição frequente dos elementos bibliográficos da mesma obra.

(Procurar exemplificar isso a partir do material de ilustração e das diferentes bibliografias constantes das fichas de material de trabalho).

Além disso, a referência, na Bibliografia, de urna enciclopédia, como um todo, ou de uma revista da especialidade, como um todo, não nos diz nada. O que nos diz alguma coisa são os artigos dessa revista utilizados para a elaboração de uma determinada obra; ou os artigos de uma enciclopédia, usados na elaboração do trabalho.

Outros índices: Para além do índice geral, com o qual estamos mais familiarizados, há mais uma série de índices usados nos trabalhos científicos. No meu campo, a teologia, é muito frequente encontrar, no final da obra um Índice das passagens da bíblia, mencionadas no decorrer do trabalho. Outro índice muito frequente é o índice ono-111ás1içº-dê._autºJ~s. No final da obra vêm referidas, por ordem alfabética do apelido' (sobrenome), os autores mencionados na obra. O índice, possivelmente, mais útil é o índice analítico. Ele remete-nos para as páginas em que determinado assunto é abordado.

Das obras da nossa bibliografia, a que apresenta o índice onomástico de autores e o índice analítico mais detalhado é a de Rafaello Fatina.84 No material de ilustração apresentamos um exemplo, tanto de um, como do outro índice.

Agradecimentos: Uma vez que elcs tanto podem vir na parte pré-textual, como na parte pós-textual, já nos referimos a eles.

Índice geral: Quando não foi colocado no início da obra, é com ele que a obra encerra.

84 No material de ilustração, apresentamos um exemplo, tanto de um índice onomástico de autores, como de um índice analítico.

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ANEXOS

1. Modelo de fichas bibliográficas 2. Abreviaturas 3. Roteiro para mna leitura analítica 4. Exemplo de bibliografia e de referência bibliográfica de material da Internet 5. Normas para a elaboração de mna bibliografia e de referência bibliográfica de

acordo com o sistema autor-data, extraídas da obra de Umberto Eco, Como se faz uma tese em Ciências Humanas

6. Modelos de capa e folha de rosto de diversos tipos de trabalho académico 7. Programa de exercícios práticos

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FICHA DE SEMINÁRIO

Autor (sobrenome, nome), ) ('('\~,I" f, !

Página de rosto (tíMo e subtítulo, edição, cidade, editora, ano de pUblicação), colecção.

FICHA DE CATÁLOGO

Autor (sobrenome, nome).

Página de rosto (título e subtítulo, tradutor, edição, cidade, editora, ano de publicação), colecção.

Notas bibliográficas (encadernação, páginas, ilustrações, tabelas fora do texto, mapas geográficos, formato).

Notas especiais

FICHA BIBLIOGRÁFICA PESSOAL

Autor (sobrenome, nome).

Página de rosto (título e subtítulo, tradutor, edição, cidade, editora, ano de publicação), colecção.

Notas bibliográficas (encadernação, páginas, ilustrações, tabelas fora do texto, mapas geográficos, formato).

Notas especiais

Conteúdo

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ABREVIATURAS

No aparato critico e na bibliografia deparar-se-ão frequentemente com abreviaturas, com as quais é conveniente ir-se habituando. Vamos indicar algumas mais frequentes. Para uma visão mais abrangente de abreviaturas em uso podem consultar a obra: FRADA, João José Cúcio. Guia prático para a elaboração e apresentação de trabalhos cientificas. 2a edição coI. Microcosmos, Lisboa, Edições Cosmos, 2000, 42-5; 81-7. AA. VV. - AAVV: Autores vários. (De evitar ao máximo). Ap. (Apud): literalmente, junto de; segundo; citado por. Usado para indicar citações de

segunda mão. (Exemplificar!) Cfr., cfr.: (eonfer); confira; ver também. Et a!. (et alii): (Frada escreve com dois "11". Está errado) Usa-se quando uma obra tem

mais de três autores e só é mencionado um. Ibd., Ibid. (Ibidem): No mesmo lugar. Id. (Idem): o mesmo. Usa-se para evitar a repetição do mesmo nome. ln (ln): Para indicar obras mais abrangentes, onde se encontram colaborações de vários

autores. Infra: Abaixo. L .e. ou Loe. cito (Loco citato): No lugar citado, na obra citada .. Dp. cito (opere citato): Na obra citada. s/a s.a. - sem autor. s/d s.d. sem data s/e - s.e sem editor. s/I - s.1. (sine loco) sem local de edição sln - s.n. - (sine nomine) sem nome de autor s.n.t. sem notas tipográficas. Quando não constam local de edição nem editora. Sic escreve-se (sic) ou (sic!). Supra: acima.

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Roteiro para uma leitura analítica

Extraído da obra: SEVERINO, António Joaquim. Metodologia do Trabalho Cientifico: Diretrizes para o Trabalho Didático-Cientifico na Universidade. 3R ed., São Paulo, Cortez & Moraes Ltda., 1978.

1. Análise textual

2. Análise temática

3. Análise interpretativa

5. Síntese

Preparação do texto Visão de conjunto Busca de esclarecimentos

Vocabulário Doutrinas Factos Autores

Esquematizaçã do texto

Compreensão da mensagem do autor Tema Problema Tese Raciocínio Ideias secundárias

Interpretação da mensagem do autor Situação filosófica e influências Pressupostos Associação de ideias Crítica

Levantamento e discussão de problemas ~.fIiiIiIt'I":." relacionados c<>rrl a ITlensagetn do Autor.

Reelaboração da mensagem com base na reflexão pessoal

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BIBLIOGRAFIA

Exemplo de bibliografia e de referência bibliográfica de material da internet

(extraído de: STEIGEL, Michael T., SVD. Towards Gcnoa: Continuing the Campaign for Debt Cancellation. ln: SEDOS 33 (2001), 131-13 5).

World BankAbandoning Structural A4justment Approach. All Amca.com. 27 March2001.

http://allafrica.comfstories/200103270418.html

Andrews, David; Boote, Anthony R. ; Rizavi, Syed S. and Singh, Sukhwinder. Debt Reliefjór Low Income Countries. IMF Pamph1et Series No. 51, 1999.

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Devarajan, Shantayanan; Dollar, David; Holmgren, Torgny (cdd.) Aid and Reform in Africa: Lessons from Ten Case Studies. Wasmnton D.D.: The World Bank, 2001.

Bank.

hhtp://www.worldbank.org/research/aid/africa/release/aid.htrn

UNCT AD 1. Criteria for Identifying LDCs. http://www.unctad.orglenlsubsites/ldcs/documentlcriteria.htm

UNCT AD 2. The Least Developed Countdes Country Backgrounds. http://www.unctad.org/enlsubsites/ldcs/country/country.htm

Wolfensohn, James. The Challenges ofGlobalization, The Role ofthe World

hhtp://allafrica.comfstories/200 1 04030088.html

World Bank and IMF Staff Heavíly Indebted Poor Countries (HIPC) lnitiative: Status of Implementation. Development Committee of World Bank and the IMF. 19 AprU, 2001.

hhtp://wblnOO 18.worldbank.orgldcs/devcom.nsf7( documentsattachmentsweb)/ Apri1200 1 EnglishDC200 100 12/$FILEIDC200 1-00 12-HIPC. pdf

World Bank 1. Saprin Challenges World Bank on Fai/ure of Adjustment Programs. SAPRIN, Apdl 2000.

http://wv.'W.igc.orgldgap/saprin/apríl2000.htmJ

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Notes!

1. Andrews, David; Boote, Anthony R.; Rizaví, Syed S. and Singh, Sukhwinder. Debt Refieffor Low Income Countries. IMF Pamph1et Series No. 51,1999.

hhtp://v.rww.imf.org/extemal/pubs/ft/pamlpam51/contents.htm#glossary 2. World Bank and IMF Staff. Heavily Indebted Poor Countries (HIPC)

Initiative: Status of Implementation. Development Committee of World Bank and the IMF. 19 April, 2001, p3. hhtp://wblnOOI8.worldbank.org/dcs/devcom.nsf/(documents attachmentsweb )Apri1200 1 EnglishDC200 1 00 12/$FILEIDC200 1-00 12-HIPC. pdf

3. Ibid. p. 4 .. 4. Ibid. p. 8. 5. Ibid. p. 8. 6. UNCTAD. The Least Developed Countries - Country Backgrounds. http://WVvw.unctad.org/en/subsites/ldcs/country/country.htm 7. UNCTAD. Criteria for Identifying LDCs. http://v.rww.unctad.org/en/subsiteslldcs/document/criteria.htm 8.Statistics taken fron the APEC homepage(http://v.rww.apecsec.org.sg/member/

indi.htm1) and ascribed to The Economist Pocket World in Figures, 2000 Edition. 9. UNCTAD. The Least Developed Countries - Country Backgrounds. http://v.rww.unctad.orglen/subsites/ldcs/country/country.htm 10. Heavily Indebted Poor Countries (HIPC) Initiative : Status of Implemen-

tation. p. 9. 11. UNCTAD. The Least Developed Countries Country Backgrounds. http://v.rww.unctad.orglen/subsites/ldcs/country/country.htm 12. Devarajan, Shantayanan ; Dollar, David; Holmgren, Torgny (edd.) Aid and

Reform inAfrica: Lessonsfrom Ten Case Studies. Washinton D.D.: The World Bank, 2001.

hhtp://v.rww.wor1dbank.org/research/aid/africa/release/aid.htm 13. World Bank Abandoning Structural Adjustment Approach. AlI Africa.com.

27 March 2001. http://allafrica.com/stories/200103270418.htmI 14. Ibid. p. 9. 15. SAPRIN Secretriat and Executive Comittee. SAPRIN Challenges World

Bank on Failure of Adjustment Programs. April2000. http://www.igc.org/dgap/saprin/ apri12000.htmI 16.(http://v.rww.worldbank.org/hipc/about/about.htm1) 17. World Bank HIV7AIDS Project Lending. http://v.rww.worldbank.orglhtmI/

extdr/pb/pbaidsactivities.htm

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VA.3. o sistema autor-data

Em muitas disciplinas (e cada vez mais nos últimos tempos) usa-se um sistema que permite eliminar todas as notas de referência bibliográfica conservando apenas as de discussão e as remissivas.

Este sistema pressupõe que a bibliografia final seja construída pondo em evidência o nome do autor e data de publicação da primeira edição do livro ou do artigo. A bibliografia, assim, assume uma das fonnas seguintes:

Corigliano, Giorgio 1969 Marketing-Strategie e tecniche, Milão, Etas Kompas S.p.A. (21.1 ed.,

1973, Etas Kompass Libri), pp. 304.

CORIGLIANo, Giorgio 1969 Marketing-Strategie e tecniche, Milão, Etas Kompas S.p.A. (2a ed.,

1973, Etas Kompass Libri), pp. 304. Corigliano, Giorgio, 1969, Marketing-Strategie e tecniche, Milão, Etas Kom­

pass S.p,A. (2a cd., 1973, Etas Kompass Libri), pp, 304,

o que permite esta bibliografia? Pennite, quando no texto se tem de falar deste livro, proceder do seguinte modo, evitando a chamada, a nota e a citação em rodapé:

Nas investigações sobre os produtos existentes «as dimensões da amostra são também função das exigências específicas da prova» (Corigliano, 1969: 73). Mas o mesmo Corigliano advertira de que a definição da área constituí uma defrnição de comodidade (1969: 71).

o que faz o leitor? Vai consultar a bibliografia final e compreende que a indicação «(Corigliano, 1969:73)>> significa «página 73 do livro Marketing etc., etc,»,

Este sistema permite simplificar muito o texto e eliminar oitenta por cento das notas. Além disso, leva-nos, ao redigir, a copiar os dados de um livro (e de muitos livros, quando a bibliografia é muito grande) uma só vez.

f:, pois, um sistema particulannente recomendável quando se têm de citar constantemente muitos livros e o mesmo livro com muita frequência, evitando assim fastidiosas pequenas notas à base de ibidem, de op, cit., etc, É mesmo um sistema indispensável quando se faz uma resenha cerrada da literatura referente ao tema. Com efeito, considere-se uma frase como esta:

° problema foi amplamente tratado por Stumpf (1945: 88-100), Rigabue (1956), Azzimonti (1957), Forlimpopoli (1967), Colacicchi (1968), Poggibonsi (1972) e Gzbiniewsky (1975), enquanto é totalmente ignorado por Barbape­dana (1950), Fugazza (1967) e Ingrassia (1970).

Se para cada uma destas citações se tivesse de pôr uma nota com a indicação da obra, ter-se-ia enchido a página de uma maneira inacreditável e, além disso, o leitor não teria à vista de modo tão evidente a sequência temporal e o desenvolvimento do interesse pelo problema em questão.

No entanto, este sistema só funciona em certas condições:

a) se se tratar de uma bibliografia muito homogénea e especializada, de que os prováveis leitores do trabalho estão já ao corrente. Se a resenha acima transcrita se referir, por exemplo, ao comportamento sexual dos batráquios (tema muito especializado), presume-se que o leitor saberá imediatamente que «Ingrassia 1970» significa o volume A limitação de nascimentos nos batráquios (ou que pelo menos concluirá que se trata de um dos estudos de Ingrassia do último período e, portanto, focado diversamente dos já conhecidos estudos do mesmo. autor nos anos cinquenta), Se, pelo contrário, fizerem, por exemplo, uma tese sobre a cultura italiana da primeira metade do século, em que serão citados romancistas, poetas, políticos, filósofos e economistas, o sistema já não funciona, pois ninguém está habituado a reeonhecer um livro pela data e, se alguém for capaz disso num campo específico, não o será em todos.

b) se se tratar de uma bibliografia moderna, ou pelo menos dos últimos dois séculos. Num estudo de filosofia grega não é costume citar um livro de Aristóteles pelo ano de publicação (por razões compreensíveis).

c) se se tratar de bibliografia científico-erudita: não é costume escrever «Moravia, 1929» para indicar Os indiferentes. Se o trabalho satisfizer estas condições e corresponder a estes limites, então o sistema autor-data é aconselhável.

(X)

o

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II

c:o ......

---,

A sucessão das obras de um mesmo autor salta à vista (note-se que quando duas obras do mesmo autor aparecem no mesmo ano é costume especificar a data acrescentando-lhe letras alfabéticas), as referências internas à própria bibliografia são mais rápidas.

Repare-se que nesta bibliografia foram abolidos os AA VV, e os livros colectivos aparecem sob o nome do organizador (efectivamente (~VV, 1971» não significaria nada, pois podia referir-se a muitos livros).

Note-se também que, além de se registar artigos publicados num volume colectivo, por vezes pôs-se também na bibliografia - sob o nome do organizador - o volume colectivo de onde foram extraídos; e outras vezes o volume colectivo só é citado no ponto que se refere ao artigo. A razão é simples. Um volume colectivo como Steinberg & Jakobovits, 1971, é citado por si porque muitos artigos (Chomsky, 1971; Lakoff, 1971; MeCawley, 1971) se referem a ele. Um volume como The Structure 01 Language organizado por Katz e Fodor é, pelo contrário, citado no corpo do ponto que diz respeito ao artigo «The Structure of a Semantic Theory» dos mesmos autores, porque não há outros textos na bibliografia que se refiram a ele.

Note-se finalmente que este sistema permite ver imediatamente quando um texto foi publicado pela primeira vez, embora estejamos habituados a conhecê-los através de reedições sucessivas. Por este motivo, o sistema autor-data é útil nos estudos homogéneos sobre uma disciplina específica, dado que nestes domínios é muitas vezes importante saber quem primeiro apre­sentou urna determinada teoria ou quem foi o primeiro a fazer uma dada pesquisa empírica.

Há uma úaima razão pela qua1, se se puder, é aconselhável o sistema autor-clata. Suponha-se que se acabou e se dactilografou uma tese com muitas notas em rodapé, de ta] modo que, mesmo numerando-as por capítulo, se chegava à nota 125. Apercebemo-nos de súbito que nos esquecemos de citar um autor importante que não podíamos permitir-nos ignorar; e, além disso, que devíamos tê-lo citado logo no início do capitulo. Seria necessário inserir uma nova nota e mudar todos os números até ao 125!

Com o sistema autor-data não há esse problema: basta inserir no texto um simples parêntese com, nome e data, e depois acrescentar a referencia à bibliografia geral (a tinta ou apenas voltando a escrever (passar) uma página).

Mas não é necessário chegar à tese já dactilografada: acrescentar notas mesmo durante a redacção põe espinhosos problemas de renumeração, enquanto com o sistema autor-data não haverá aborrecimentos.

Embora ele se destine a teses bibliograficamente muito homogéneas, a bibliografia final pode também recorrer a múltiplas abreviaturas no que respeita a revistas. manuais ou actas. Vejamos dois exemplos de duas

- .. - .. - .. - - ..

bibliografias, uma de ciências naturais e outra de medicina:

Mesnil, F. 1896. Études de morphologie externe chez les Annélides. Buli. Sei. France Belg. 29: 110-287.

AdIer, P. 1958. Studíes on the Eruption ofthe Permanent Teetk Acta Genet. et Statist Med., 8: 78: 94.

Não me perguntem o que isto quer dizer. Parte-se do princípio de que quem lê este tipo de publicações já o sabe.

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Quadro 1S vê-se a mesma pagma do Quadro 16 reformulado segundo o novo sistema: e vemos, como primeiro resultado, que ela fica mais curta, apenas com uma nota, cm vez de seis. A bibliografia correspondente (Quadro 19) é um pouco mais extensa, mas também mais clara (p. 183; 186)

QUADRO 18

A MESMA PÁGINA DO QUADRO 16 REFORMULADA COM O SISTEMA AUTOR-DA TA

Chomsky (1965a: 162), embora admitindo o prinCIpIO da semântica interpretativa de Katz e F odor (Katz & F odor, 1963), segundo o qual o significado do enunciado é a soma dos significados dos seus constituintes elementares, não renuncia, porém, a reivindicar em todos os casos o primado da estrutura sintáctica profunda como determinante do significado e). A partir destas primeiras posições, Chomsky chegou a uma posição mais articulada, prenunciada também nas suas primeiras obras (Chomsky, 1965a: 163), através de discussões de que dá conta in Chomsky, 1970, onde coloca a interpretação semântiea a meio caminho entre a estrutura profunda e a estrutura de superfície. Outros autores (por ex., Lakoff, 197 I) tentam construir uma semântica generativa em que a forma lógico-semântica do enunciado gera a própria estrutura sintáctica (cf. também McCawley, 197

(1) Para uma panorâmica satisfatória desta tendência, ver Ruwet, 1967.

(Modelo extraído de Umberto ECO, Como fazer uma tese ... , 184)

QUADRO 16

EXEMPLO DE UMA PÁGINA COM O SISTEMA CITAÇÃO-NOTA

Chomsky (1), embora admitindo o prinCIpIo da semântica interpretativa de Katz e Fodor (2), segundo o qual o significado do enunciado é a soma dos significados dos seus constituintes elementares, não renuncia, porém, a reivindicar em todos os casos o primado da estrutura sintáctica profunda como determinante do significado (3). A partir destas primeiras posições, Chomsky chegou a uma posição mais articulada, prenunciada também nas suas primeiras obras através de discussões de que dá conta no ensaio «Dcep Structure, Surface Structure and Semantic Intcrprctatiom> (4), colocando a interpretação semântica a meio caminho entre a estrutura profunda e a e~trutura de superfície. Outros autores, como, por exemplo, Lakoff (5), tentam construir uma semântica generativa em que a forma lógico-semântica gera a própria estrutura sintáctica (6).

N 00

(1) Para uma panorâmica satisfatória desta tendência, ver Nicolas Ruwet, lntroduction à la grammaire générative, Paris, Plon, 1967.

(2) Jerrold J. Katz e Jerry A. Fadar, «The Structure of a Semantic Theory», Language 39, 1963.

(3) Noam Chomsky, Aspects of a Theory of :;j'yntax, Cambridge, M.LT., 1965, p. 162.

(4) No volume Semantics, organizado por D. D. Steinberg e L. A. J akobovits, Cambridge, Cambridge University Press, 1971.

(5) «On Generative Sernantics», in AAVV, Semantics, cit. (8) Na mesma linha, ver também: James McCawley, «Where do noun

phrases come fram?», in AAVV, Semantics, cit.

(Extraído de Umberto ECO, Como fazer uma Tese ... , 1.80)

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..

CD W

QUADRO 17

EXEMPLO DE BIBLIOGRAFIA STANDARD CORRESPONDENTE

AAVV, Semantics: An lnterdisciplinary Reader in Philosophy, Linguistics and Psychology, organizado por Steínberg, D. D. e Jakobovits, L. A., Cambridge, Cambridge University Press, 1971, pp. X-604.

Chomsky, Noam, Aspects of a Theory of Syntax, Cambridge, M.I.T. Press, 1965, pp. XX-252 (tr. it. in Saggi Linguistici 2, Turim, Boringhieri, 1970).

» «De quelques constantes de la théorie linguistique», Diogene 51, 1965 (tr. it. in AAVV, 1 problemi attuali della linguística, Milão, Bompiani, 1968).

» «Deep Structure, Surface Structure and Semantic Interpretatiom>, in AA VV, Studies in Oriental and General Linguistics, organizado por Jakobson, Roman, Tóquio, TEC Corporation for Language and Educational Research, 1970, pp. 52-91; agora in AAVV, Semantics (v.), pp. 183-216.

Katz, Jerrold J. e Fodor, Jerry A.,- «The Structure of a Semantic Theory», Language 39, 1963 (agora in AA VV, The Structure of Language, organizado por Katz, J. J. e Fador, 1. A., Englewood Cliffs, Prentice-Hall, 1964, pp. 479-518).

Lakoff, George, «On Generative Sernantics», in AAVV, Semantics (v.), pp. 232-296.

McCawIey, James, «Where do noun phrases come from?», in AA VV, Sernantics (v.), pp. 217-231.

Ruwet, Nicolas, Introduction à la grammaire générative, Paris, PIon, 1967, pp. 452.

(Extraído de Umberto ECO, Como fazer uma tese ... , 181).

QUADRO 19

EXEMPLO DE BIBLIOGRAFIA CORRESPONDENTE COM O SISTEMA AUTOR-DATA

Chomsky, Noam. 1965a Aspects of a Theory of Syntax, Cambridge, M.I.T. Press, pp.

1965b

XX-252 (tr. ít. in Chomsky, N., Saggi Linguistici 2, Turim, Boringhieri, 1970).

«De que1ques constantes de la théorie linguistique», Diogene 51 (tr. it. in AAVV, I problemi atluali della linguistica, Milão, Bompiani, 1968).

1970 «Deep Structure, Surface Structure and Semantic Interpretatiom), in Jakobson, Roman, org., Studies in Oriental and General Linguistics, Tóquio, TEC Corporation Language and Educational Research,pp. 52-91; agora in Steinberg & Jakobovits, 1971, pp. 183-216.

Katz, Jerrold J. & Fodor, Jerry A. 1963 «The Structure of a Semantic Theory», Language 39 (agora in

Katz, J. 1. & Fodor, J. A., The Structure of Language, Englewood Cliffs, Prentice-HalI, 1964, pp. 479-518).

Lakoff, George 1971 «On Generative Semantics», in Steinberg & J akobovits, 1971,

pp. 232-296.

McCawley, James 1971 «Where do noun phrases come [rom?», in Steínber &

Jakobovits, 1971, pp. 217-231.

Ruwet, Nicolas 1967 lntroduction à la grammaire générative, Paris, Plon, pp. 452.

Steinberg, D. D. & Jakobovits, L. A., orgs. 1971 Semantics: An lnterdisciplinary Reader in Philosophy,

Linguistics and Psychology, Cambridge, Cambridge Univer­sity Press, pp. X-604.

~---------------- - .. •

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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

TÍTULO DO TRABALHO

NOME DO ALUNO Número de matrícula

Trabalho para a disciplina de Metodologia do Trabalho Académico do Professor ...

LUANDA 2002 1\ H ': 1

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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

A DEFESA DA VIDA HUMANA "

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OSVALDO MIGUEL FONSECA

LUANDA 2002

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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

A DEFESA DA VIDA HUMANA

Dissertação para o Seminário de Moral Fundamental i 'ri, ... ,.!

Do estudante: Osvaldo Miguel FONSECA (N° .... )

Orientado pelo professor: Pedro da Silva PEREIRA

LUANDA 2002

86

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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO f j . r.

, TITULO DA TESE

NOME DO AUTOR

LUANDA 2002

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lJNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

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TÍTULO DA TESE

Dissertação para o Bacharelato do aluno:

Apresentada ao Professor: {T N R

LUANDA 2002

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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREI TO ~\(

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TÍTULO DA TESE

NOME DO AUTOR { f \i R ,i,

LUANDA 2002

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UNIVERSDIDADE CATÓLICA DE ANGOLA

FACULDADE DE DIREITO

TÍTULO DA TESE

Tese de Licenciatura

Do aluno: Orientador: Professor ...

LUANDA 2002

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Programa de Exercícios Práticos

Contacto com livros - Folheando: Capa Contra-capa, Orelha _ Página de ante-rosto Página de rosto ~- "

'" 'i· ) Página de copy right: © ' Ficha de catalogação Introdução Corpo Conclusão Índice

, 1 i

Como formar um primeiro juízo sobre o livro? Título, Autor, Editora; Ficha de catalogação, Contra-capa, orelha; Introdução, Conclusão, índice.

(Mostrar a partir de material de ilustração; Recomendar que em casa ou na biblioteca peguem em alguns livros e exercitem um pouco. Isto é importante para a decisão sobe a compra de um livro; antes de comprar devemos ver se nos serve. Necessário na altura de precisarmos de decidir o que vamos ler e por onde devemos começar, na altura de ter de elaborar trabalhos mais exigentes.)

Trabalhar apontamentos de aulas

Completar os apontamentos tirados em aula com dados dos apontamentos dos colegas, com os elementos que ficaram na própria memória e na memória dos colegas e com elementos tirados de outros lados: manuais, enciclopédias etc. O resultado seria uma espécie de sebenta. Para fins de revisão da matéria, são muito úteis os resumos dos apontamentos trabalhados. (De preferência fazer este exercício em pequenos grupos, em casa, em fichas, apresentação para correcção. Um grupo corrige o trabalho do outro)

Contacto com bibliografias:

(Este exercício pode ser feito com as fichas de trabalho) 1. Identificação dos elementos bibliográficos: (autor, título, nO de edição, local de edição, editora, ano de edição). 2. Identificação do tipo da obra referida: 2.1: Em relação ao autor: .

Obras de um só autor, Obras de vários autores, Obras de vários autores com editor responsável, Obras de autor-instituição.

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I I I I I I I I I I I

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2.2: Em relação à natureza da obra: 2.2.1: Obras de carácter monográfico:

Monografia em sentido próprio, Artigo de revista, Artigo de Enciclopédia, Colaboração em colectânea própria, Colaboração em colectânea de vários autores, Material publicado através da "Internet"

2.2.2: Obras de carácter não monográfico Enciclopédia Dicionário da Especialidade Revista Manual (científico ou não) Colectânea (Miscelânea) Colectânea (miscelânea) com editor responsável

3. Comparação entre diversos modelos de referência bibliográfica: Em relação aos elementos apresentados: (refere a editora, ou não?) Em relação à ordem dos elementos: (o local de edição vem antes ou depois da

editora?), Em relação à grafia dos elementos:

Autor, Título, Outros elementos,

Em relação à interpontuação. 4. Comparação entre os diversos modos de referir:

Artigos de revista, Artigos de enciclopédia ...

Elaborar fichas bibliográficas (Levantamento bibliográfico para um trabalho - em fichas!)

Apresentação de temas para levantamento bibliográfico; fontes para o mesmo: Enciclopédias, Manuais, Monografias: Repertórios bibliográficos; Revistas da especialidade; Catálogos de editoras Internet

Elaborar uma Bibliografia (Colocar as fichas em ordem alfabética pelo sobrenome do autor e escrever como se escreve numa bibliografia: seguidamente!). Exercido de leitura analítica Ver: Roteiro para uma leitura analítica nos anexos a estes apontamentos! (Complementar estes anexos com a fotocópia das pg. 43-53 da obra de A. Joaquim Severino, Metodologia do Trabalho Cientifico). Fichamento de um artigo: transcrições literais, paráfrases honestas, reprodução em termos próprios. Elaboração de um trabalho escrito com bibliografia e aparato crítico, dentro das normas metodológicas.

92

1 ...

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Advertência ao Leitor Introdução Programa do Curso Bibliografia

1 - PRELIMINARES

ÍNDICE

1.1 - Do Estudo a Nível Médio ao Estudo a Nível Superior 1.2 - Designação da Cadeira 1.3 - Objectivos da Cadeira 1.4 - Método a Seguir

2 - A BIBLIOTECA 2.1 - "Definição" 2.2 - Estrutura Física 2.3 Uso da Biblioteca 2.4 - Estudo na Biblioteca 2.5 - Biblioteca Virtual

3 - O ESTUDO PESSOAL 3.1 - Individualidade no Modo de Estudar 3.2 - O Tempo para o Estudo 3.3 - Um Ponto de Partida para o Estudo Pessoal 3.4 - Apontamentos de Aula 3.4.1 - Uso e Abuso dos Apontamentos 3.4.2 - Trabalhar os Apontamentos: Individualmente ou em Grupo 3.4.3 - Necessidade de Esclarecimentos 3.4.4 - Onde Trabalhar os Apontamentos de Aula 3.4.4.1 - Apontamentos de Aula Trabalhados em Cadernos 3.4.4.2 Apontamentos de Aula Elaborados em Fichas 3.4.4.3 - Apontamentos de Aula Trabalhados em Computador 3.5 - Contacto Constante com o Tema em Estudo 3.6 - Preparação dos Exames 3.6.1 - Preparação Remota - Preparação Próxima

4 - A BUSCA DE SUBSÍDIOS 4.1.- Levantamento Bibliográfico 4.1.1 - A Ficha 4.1.2 - A Ficha Bibliográfica 4.1.2.1 A Ficha Bibliográfica de Seminário 4.1.2.2 - A Ficha Bibliográfica de Catálogo 4.1.2.3 - A Ficha Bibliográfica Pessoal 4.2 - O Preenchimento da Ficha Bibliográfica 4.2.1 - Os Campos da Ficha Bibliográfica 43 A Elaboração da Bibliografia 4.3.1 - Elementos que Constam na Bibliografia 4.3.2 - Normas para a Elaboração de urna Bibliografia 4.3.3 - Proposta Concreta 4.3.4 - A Grande Excepção

93

• I

3 I 4 5 I 7

8 I 8 9

11 I 11

13 I 13 13

I 16 17 19

I 20 20

I 20 21 21

í 22 22 23 í 24 24 24 í 25 26 26 --27 I 28 í 28 29 29 I 30 31 32 í 33 33 ... 34 I 35 35 36 í 37

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4.4 - Diversos Tipos de Obras 4.4.1 - Obras de um só Autor 4.4.2 - Obras de vários Autores 4.4.3 - Obras de Autor-Instituição 4.4.4 - Normas para Referência Bibliográfica de Material da Internet 4.4.5 - O Sistema Autor/Data

5 -A LEITURA 5.1 - O ambiente de Leitura 5.2 - Vários Tipos de Leitura 5.3 - A Leitura Analítica 5.3.1 - A Unidade de Leitura 5.3.2 - Os Passos da Leitura 5.3.2.1 - Análise Textual- Esquematização do Texto 5.3.2.1 - Análise Temática 5.3.2.1 - Análise Interpretativa - Problematização Síntese Pessoal 5.4 - Leitura selectiva

6 - A ELABORAÇÃO DE TRABALHOS 6.1 - Vários Tipos de Trabalho Científico 6.1.1 - Resumo de Textos: Relatórios de Leitura. 6.1.2 - Recensão de Livros 6.1.3 - Trabalhos de Carácter Monográfico 6.1.3.1 - Trabalhos de Seminário 6.1.3.2 - Dissertação de Licenciatura 6.1.3.3 - Tese de Doutoramento 6.2 - Passos a Dar na Elaboração do Trabalho Académico 6.2.1 - Escolha do Tema 6.2.2 - Levantamento Bibliográfico 6.2.3 - Elaboração de um Projecto de Trabalho 6.2.4 - Recolha de Material 6.2.5 -- Redacção 6.3 - O Texto do Trabalho Académico 6.3.1 - Introdução 6.3.2 - Corpo ou Desenvolvimento 6.3.3 - Conclusão 6.4 - Aparato Crítico 6.4.1 - Citação e Referência

7 - A APRESENTAÇÃO DOS TRABALHOS 7.1 - Parte Pré-textual 7.2 - Parte Textual 7.2.1 - O Espaço do Texto 7.2.2 - Homogeneidade e Hierarquía 7.2.3 - Espaçamento entre Linhas 7.2.4 - Tipo e Tamanho de Letra 7.3 - Parte Pós-textual

ANEXOS

94

37 37 39 40 40 41

41 42 42 43 43 44 44 46 47 48

49 49 49 50 51 51 53 53

l 54 54 55 I 55 I

56 J 57 58 58 59 61 62 64

65 65 69 69 70 71 71 71

74

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MODELOS DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Na elaboração destes modelos, procurámos reproduzir as bibliografias originais do modo mais fiel possível. Deste modo, eles permitem comparar entre si alguns modos de referência bibliográfica em uso. Os números à esquerda, escritos sobre fundo cinza, não constam nas bibliografias. Foram acrescentados por nós para facilitar o trabalho com essas fichas.

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FICHA DE TRABALHO N° 1

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(RlCHARD, PabIo. Morte das cristandades e nascimento da Igreja: Análise histórica e interpretação teológica da Igreja na América Latina. São Paulo, Edições Paulinas, 1982)

ABESAMIS, C. H., AMALORPAVADASS, D. S., CHANDRAN, J. R., COUCH, 8. M., DICKSON, A, GUTIÉRREZ, G., E OUTROS, Théo/ogies du Tiers Monde. Du conformisme à I'indépendance. Le Colloque de Dar es-Salam et ses pro/ongements, L'Harmattan, Paris, 1977, 274 p. Ed, brasileira, O Evangelho emergente, Ed. Paulinas, s. Paulo, 1982.

! ALBA, Víctor, Le mouvement ouvrier en Amérique la tine , Ed. Ouvriéres, Paris,1953, 238 p. i ALCÁNTARA M., Domingo, Cien atlos de presencia protestante en Centro-America, Prensa

Latina, Santiago, 1973, 105 p. ~ ALLAZ G., Tomás, Hambre o revolución? La Iglesia contra la pared, Nuestro Tiempo,1971,

244 p. F I ... ·.·, .. ' ALVES, Márcio M., L'Église et la politique au Brésil, Cerf, Paris, 1974,266 p.

ti ALVES, Márcio M., O Cristo do povo, Rio de Janeiro, 1968. í ALVES, Rubem, SHAULL, Richard, NIILUS, Leopoldo, e OUTROS, De la Iglesia y la

sociedad, Tierra Nueva, Montevidéu, 1971, 286 p. I ANTOINE, Charles, L'Églíse et le pouvoir au Brésil. Naissance du militarísme, Desclée de

Brouwer, 1971,270 p. ANTOINE, Charles, L'intégrisme brésílíen, Centre Lebret, Paris, 1973, 121 p. ANTONCICH, Ricardo, "EI magisterio de la Iglesia y la propíedad privada. La 19lesia

reconsidera el concepto de propiedad privada" in Estudios Indígenas, VI, 2 (dez. 1976) 35-55.

ANTONCICH, Ricardo, "A evangelização na América Latina e os Direitos Humanos" in REB, 38, fase. 149 (março 1978) 103-117.

DI ARAYA Victoria, Fé cristiana y marxismo. Una perspectiva latinoamerícana, São José (Costa Rica), 1974, 180 p.

;~ ARROYO, Gonzalo, "Represíón a la Iglesia" in Diálogo Social, 74 (1975) 28-31. A ARROYO, Gonzalo, "EI Salvador: les risques de l'Êvangile" in Êtudes, 3 (março 1978)

293-311. II ASSMANN, Hugo, Opresión-Liberaci6n. Desafio a los cristianos, Tierra Nueva, Montevidéu,

!ii ASS~!~N, Hugo, "Cautiverio y liberación de nuestra fe. Etapas en la maduración critica ~e la conciencia (esbozo de una charla)" in Pesos, Santiago, 21 (2out. 1972),

ASSMANN, Hugo, "La función legitimadora de la relígión para la dictadura brasiler'ia" in ASSMANN, Hugo, Teologia desde la práxis de la liberación, Sígueme, Salamanca, 1973,211-227. F

ASSMANN, Hugo (ed.), Carter y la lógica dei imperialismo Educa, Costa Rica, 1978, I: 330 p.; II: 475 p.

II BAÉZ C., Gonzalo, "Los protestantes y la revolución mexicana" in Esfudios Ecuménicos, México, 11 (1971) 14-16.

BAMBAMARCA (Equipe pastoral), Vamos Gaminando. Los campesinos buscamos con Cristo el camino de nuestra liberación, CEP, Lima, fev. 1977,432 p.

BAMBIRRA, Vania, EI capitalismo dependiente latinoantericano, Sigio XXI, México, 1975, 2a ed., 180 p, F

~2 BARREIRO, Álvaro, "Comunidades eclesiales de base y evangelízación de los pobres;! in Servir, Ano XIII, 69-70 (1977) 279-346.

BARREIRO, Júlio, "lglesia y poder polftico. Amsterdam 1948 - Nairobi 1975" in Cristianismo y Sociedad, Buenos Aires, 45 (1975) 27-37.

!I BASTIDE, Roger, "Contribución a una sociologIa de las religiones en América latina" in Contacto, México, Ano XI, 6 (1974) 12-27.

BELDA. Rafael, "Los cristianos por el socialismo ante el ateísmo marxista" in Servicio Colombiano de Comunicación Social (S.G.C.S), Bogotá, Ano V, 12 (dez. 1975) 1-13.

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FICHA DE TRABALHO N° 2

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(GOMES, Francisco Soares. A Infalibilidade do Papa Sacrifício da Inteligência?: Nos bastidores do Vaticano 1 Porto, Livraria A. L, 1975)

5. ESTUDOS ESPECIAIS

a. Sobre a constituição «Dei Filius))

Vacant, A., Études Théologiques sur les Constitutions du Concile du Vatican, 2 vaI. (Paris 1895)

!, •.. ' .....•... ;...... Aubert, R., Le Probêmine de l'Acte de Foi (Louvain 21952) 4. Pottmeyer, H. J., Der Glaube vor dem Anspruch der Wissenschaft (Freiburg 1968) ~ Alsteens, A., Science et Foi dans le Chapo IV de Ia Constitulion Dei Filius, em: EThLov 38

(1962) 463-503 '~ Aubert, R., Le Conci/e du Vatican et la connaissance nalurelle de Dieu, em: Lumiere et Vie

(1954)21-52 '~ Caudron, M., Magistere ordinaire et infaillibilité pontificale d'apres la Gonstitution Dei

Filius, em: EThLev 36 (1960) 393-431 :~ Gerber, U., Katholischer Giaubensbegrif.! in der katholischen Theologie vom I. Vatikanum

bis zur Gegenwart (Gütersloh 1966) S Gómez-Heras, J, M., La ConstituGÍón «Dei Filius» y la Teologia dei Cardenai J. B.

Franzelin. Estudio comparado a la luz de los votos inéditos conservados en eI archivo secreto vaticano, em: RET 23 (1963) l37-190, 451-487.

~ Gómez-Heras, J. M., «Sapientia in mysterío». EI misterio de la fe y su inteligencia según el Vaticano I, em: Burgense 10 (1969) 111-174

B Kerrigan, A., Doctrina concilii Vaticani I de «sine scripto traditionibus», em: De Scrip. Trad. (Roma 1963) 475-502

Lennerz, H., Natürliche Gotteserkenntnis (Freiburg 1926) Paradis, G., Foi et Raison au l.er Concile du Vatican, em: Butlit. Eccl. 63 (1962) 200-226;

64 (1963) 9-25 Sehlund, R., Zur Quellenfrage der vatikanischen Lehre von der Kirche ais Glaubwürdig­

keitsgrund, em: ZKTh 62 (1950) 443-459

b. Sobre a constituição «Pat,or aeternus))

Betti, U., La Costituzione Dommnatica «Pastor AeternusJ> deI Concilio Vaticano J (Roma 1961)

Horst, F. van der, Das Schema über die Kirche aui dem 1 Vatikanischen Konzil (Paderborn 1963 )

Thils, G., Primauté Pontificale et prérogatives É"piscopales: «Potestas ordinaria» au Ler Concile du Vatican (Louvain 196])

Bacht, H., Primat und Episkopat im Spannungsfeld der beiden Vatikanischen Konzile, em: Festschrift Michael Schmaus (München, Paderborn, Wien 1967) II, 1447-1466

1~ Bacht, H., Die Kollegialitatsidee am Vorabend des Vaticanum I, em: Catholica 24 (1970) 93-110

Betti, U., La perpetuità dei prima to, di Pietro nei Romani Pontefici secando ii concilio Vaticano, em: Divinitas 3 (1959) 95-143

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FICHA DE TRABALHO NU 3

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(BOFF, Leonardo. A Trindade a sociedade e a libertação. PetrópoIis, Vozes, 1986)

~ ANDRESEN, C., Zm Entstehung und Geschichte des trinitarischen Personenbegriffes, em Zeitschrift für neutestamenliche Wissenschajt, 52 (1961) 1-39.

2 ARA Y A, V., EI Dias de los pobres, San José, Costa Rica 1982. a ARCE MARTINEZ, S., EI desafio deI Dias trínitario de Ia Iglesia, em La teologia como

desafio, Havana 1980, 45-54.

;

: •...••. :.'.. BAGET-BOZZO, G., La Trinità, Firenze 1980. " BARBÉ, D., A Trindade e a política, em A graça e o poder, São Paulo 1983, 76-84.

BARDY, G., Trinité, em Dictionnaire de Théologie Catholique, t. XV, 1545-1702. ~ ARRÉ, H., Trinité que j 'adore. Perspective théologique, Paris 1965. ~ BARTH, K., Dogmatique, t. I, Genebra 1953. ~ BERG A van den, A Santíssima Trindade e a experiência humana, em Revista Eclesiástica

Brasileira 33 (1973) 629-648; 36 (1976) 323-346 BOFF, L., A atualidade da experiência de Deus, Rio de Janeiro 1974. --------, O Pai-Nosso. A oração da libertação integral, Petrópolis 1979. BONNIN, E., Espiritualidad y liberación en América Latina, San José, Costa Rica 1982. BOUYER, L., Le Consolateur. Esprit Saint et vie de grâce, Paris 1980. BOCRASSA, F., Questions de théologie trinitaire, Roma 1970. --------, Personne et conscíence en théologie trinitaire, em Gregorianum 55 (1974) 471-493. BRACKEN, J. A., The Holy Trinity as a Community of Divine Persons, em Heythrop

Journal15 (1973) 629-648; 257-270. BRANDT H., O risco do Espírito, São Leopoldo 1977. BRElJNING, W., La Trinité, em Bilan de la théologie du XXême siêcle, t. 2, Casterman

1970, 252-267.

,~ BRETON, V.-M., A Santissima Trindade. História, doutrina e piedade, Petrópo)is 1954. ~Q CAMELOT, T., Le dogme de la Trínité. Origine et formation des formules dogmatiques, em

Lumiere et Vie 30 (1956) 9-48. CANT ALAMESSA, R., O desenvolvimento da idéia do Deus pessoal na espiritualidade

cristã, em Concilium 1977, n. 3, 53-63. CLAR, Vida segundo o Espírito nas comunidades religiosas da América Latina, Rio de

Janeiro 1973. CODA, P., Evento pascuale. Trinità e storia, Roma 1984. COMBLIN, J., O tempo da ação. E'nsaio sobre o Espírito e a história, Petrópolis 1982. --------, O Espirito Santo e sua missão, São Paulo 1984. CONGAR, Y., El Espíritu Santo, Barcelona 1983. --------, La Tri-unité de Dieu et I'Église, em La Vie 5'pirituelle, n. 604 (1974) 687-703. --------, O monoteísmo político da antiguidade e o Deus-Trindade, em Concilium n. 163

(1981) 38-45. DANIÉLOU, J., La Trinité et te mystere de ['existence, Paris 1967. DENEFFE, A., Perichoresis, circumincessio, circuminsessio, em Zeitschrift for katholische

Theologie, 47 (l923) 497-532. DIAZ MATEOS, M., El Dias que libera, Lima 1985. DUQUOC, c., Dias diferente. Ensayo sobre la simbólica trinitaria, Salamanca 1978. DUCHESl\E-GUILLERMÍN, J., En el nombre deI Padre, deI Hijo y deI Espíritu Santo, em

Communio 5 (1980) 466-477. Ili ECHEGARAY, H., A prática de Jesus, Petrópolis 1982.

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}i'ICHA DE TRABALHO N° 4

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(DORÉ, Joseph (ed). Introduction à l'étude de la théologie L Paris, Desclée, 502s.)

1. Textes de référence

í BRUAlRE, Claude, Lagique et religion chrétienne dans la philosophie de Hegel, Paris, Seuil, 1964.

~ CHAPELLE, Albert, Hegel el la religion, t. I, Paris, Éd. Universitaires. La problématique, 1964; t. II, La dialectique : A. Dieu et la Créatian, 1967. B. Annexes - Les textes théologiques de Hegel, 1967.

a HEGEL, Georg Wilhelm Friedrich, Vorlesungen über die Philosaphie der Religion. 2 vaI. TeU 1. Einleitllng. Der Begríff der Religion (Éd. W. Jaeschke), Hamburg, F. Meiner, 1983. Teil, J. Die vollendete Religion, ibid. 1984. Trad. fr. par J. Gíbelin : Leçons sur la philosophie de la relígion, Paris, Vrin, 1954-1959.3 val., t. I: «Nation de la religion »; t. III: 1. «La religÍon absolue»; 1. IIl:2. «Leçons sur les Preuves de I'Existence de Dieu» .

• ~ HEMMERLE, Klaus, Gatt und das Denken nach Schellings Spatphilosophie, Freiburg, Herder, 1968.

~ JAESCHKE, Walter, Die Religionsphilosophie Hegels. Darmstadt, Wissenschaftliche Buchgesellschaft, ] 983 .

. ~ Id., «Hegels Religionsphilosophie ais Explikation der ldee des Christentums», Philos . .lb. 95 (1988), pp. 278-293.

~.~.'.; LÉONARD, André, Lafai chez Hegel, Paris, Desclée, 1970. ~ MAESSCHALCK, Mare, Philosophie el Révélatíon dans I 'itinéraire de Schelling,

Paris, Vrln, 1989.

ii MOSES, Stéphane, Systerne et Révélatíon. La philosophie de Franz Rosen-zweig, Paris, Seuíl, 1982.

ial PRZYWARA, Erich, «ReligionsphiJosophie katholischer Theologie (1927))), Schrifien, tome II, Religionsphilosophische Schrifien, Einsiedeln, JohannesN erlag, 1962, pp. 376-512, trad. fr. par Philibert Secretan, à paraitre aux Éditions du Cerf.

Id. Analogia entis, trad. par Philibert Secretan, Paris, PUf, 1990. RAHNER, Karl, Horer des Worles. Zur Grundlegung einer Religions-philosophie,

MUnehen, K6sel, 19632 trad. fr. par Joseph Hofbeck, L'homme à l'écoute du Verbe. Fondements d'une philosophie de la religion, Paris, Mame, 1968.

ROSEJ\iZWEIG, Franz, Der Stern der Erlosung. Gesammelte Schriften, 2. Abteilung, La Haye, i\'ijhoff, 1976. Trad. fr. par J.L. Schlegel et A. Derezanski, L 'Etoile de la Rédemp­tion, Paris, Seui), 1983.

Id., Le livreI sur 1 'entendement sain et ma/sain, trad. fr. par Maurice-Ruben Hayoun, Paris, Éd. du Cerf, 1988; Id «Théologie athée», RSR, 1986/4.

Id., «Das neue Denken. Einige nachtragl iche Bemerkungen zum «Stern der Erl6sung» (1925), Kleinere Schriften. Berlin, 1937, pp. 373-398; Trad. fr. par Mare B. de Launay, «La pensée nouvelle. Remarques additionnelles à L 'Étoile de la Rédemption», Franz Rosenzweig, Les Cahiers de la nuit surveillée 1 (1982), pp. 39-63.

~~ SCHELLING, Friedrich Wilhelm Joseph, Philosophie der OjJenbarung, 2 vaI, Darmstadt, Wissenschaftliche BuchgeseIlschaft, 1974, trad. fr. par J. F. Marquet et J. F. Courtine, Philosophie de la Révélation, Livre Premier, Introductíon à la Philosophie de la Révélation, Paris, PUF, coI!. <{ Épiméthée}), 1989, tome 2, Paris, PUF, 1991.

IJ

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FICHA DE TRABALHO N° 5

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(LAURET, Bernard I François REFOULÉ. lniciación a la práctica de la teologia I. Madrid, Ediciones Cristiandad, 1984, 164-165; 491).

~ Beaude, P.-M.: Según las Escrituras (Estella 31981). I Breton, S.: Écriture et révélation (Paris 1979). ~ Congar, Y: Diversités et communiOfl (París 1982). I ----- La tradíción y las tradiciones, 2 vols. (San Sebastián J 964). 'v i1 Feiner, l.: Revelación e 19lesia, 19lesia y revelación, en Mysterium Salutis 1 (Madrid. Ed.

Cristiandad, 21974) 559-607. § Geffré, Cl.: Un nouvel âge de la théologie (París 1972). 1r Gisel, P.: Véríté et histoire. La théologie dans la modernité: E. Kasemann (París-Ginebra

1977), especo el cap. n. ,§ Leenhardt, F.: L 'Église (Ginebra 1978). '9 Sola Scriptura ou Écriture et Tradition (1960), en Parole-É'criture-Sacrements

(Neuchâtel1968). Lengsfeld, P.: Tradition, Écriture et Église dans te dialogue oecuménique (París 1964), con

bibliografia. La lradición en el período constitutivo de la revelación, en Mysterium Saiutis 1,

287-338. Lubac, H. de: L IÊcriture dans la tradition (París 1966). Rahner, K./Schelkle, K./Schilebeeckx, E.ly otros: Exégese et Dogmatique (París 1966). Rahner, K./Ratzinger, J.: Revelación y tradición (Barcelona 1971). Rahner, K./Lehmann, K.: Kerigma y dogma, en ll.1ysterium Salutis I, 686-774. Schillebeeckx, E.: Revelación y teologia (Salamanca 31968) Zizioulas, l.: L'Être ecclésial (Ginebra 1981).

1. Análisis filosóficos

.~:& P. Sigo, Marxisme et Humanisme (Paris 1953): introducci6n a la obra económica de K. Marx.

S. Breton, Théorie des idéologies (Paris 1976). ----- Marxisme et Critique (Paris 1978). J. Y. Calvez, El pensamiento de Karl Marx (Madrid 1966). H.-Ch. Desroches, Significatíon du marxisme (Paris 1949) (B).

Marxisme et religions (París 1962). P. Dognin, lnitiation à Karl Marx (París 1970). D. Dubarle, Pour un dialogue avec te marxisme (Paris 1964). J. Lacroix, Le sem de l'athéisme moderne (Paris 6 1958). --~~- Marxisme, existentialisme, personnalisme (Paris 71950).

2. Reflexiones sobre lafe a partir de la crítica marxista

l. Bauberot, La marche et I 'horizon (Paris 1979); jalones para una fe posmarxista.

R. Coste, Analyse marxiste et foi chrétienne (Pads 1976). G. Girardi, Marxisme et Christianisme (París 1968).

Cristianismo y liberación dei hombre (Salamanca 1976). H. de Lubac, EI drama dei humanismo (Epesa, Madrid). M. Simon, Comprendre les idéoiogies (Lyon 1978). Varias, Le marxisme vivam, Dossier de la Lettre, núms. 233-234 (Paris 1978).

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FICHA DE TRABALHO ~o 6

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA (Extraído da obra El ateísmo contemporaneo I/L Madrid, Ediciones Cristiandad. 1971, 213)

Abousse-Bastide, P., La doclrine de I 'éducation uníverselle dans la philosophie d'Augusl Comte, t. L De lafoi à l'amour; 1. II: De l'amour à lafoi. París, PUF, 1957,754 pp. (En este erudito estudio Abbousse-Bastide saca la conclusión de que Cornte no era un ateo: «EI único Dios que destierra Cornte es aquel que no necesitaría de los hombres», p, 689).

Anónimo, I deslÍni della sociologia in Polonia: «Soviet Survey», 28 (abril-junio 1959), pp. 46-55, (Un artículo muy informativo sobre el debate entre las escuelas más o menos revisionistas de la sociología polaca. Es de particular interés el problema de la autonomia de la sociología con respecto a la ideología).

---, Cercetari filozofice. Academia Republicií Populare Romíne, Institutul de Filozofie, Bucarest, 10 (1963), (Contiene una sede de contribuciones aI problema de las relaciones entre el materialismo histórico y los estudios sociales). Cf. «Bulletin Signalétique», 18-21, 2253,2255,2256.

Arvon, H, Ludwig Feuerbach ou la transformation du sacré, París, PUF, J 957, 188 pp. (Arvon afirma que el ateísmo de Feuerbach ha sido mal comprendido por la (trivial izaciól1» que de é] hizo Engels. Feuerbach fue un humanista religioso, que pretendia tan sólo la destrucción de las falsas muestras de teísmo. Sin embargo, él reconoce la irreducibílidad de la experiencia religiosa).

Bausani, A., La religione nell'URSS, bajo los auspicios de Alessandro Bausani, Milán, 1961,416 pp. (Informativo, pero más descriptivo que analítico),

Birnbaum, N., The Sociological Study of Ideology (1949-60): «Current Sociology», 9 (1960), 11.2, pp. 91-117. (Importante informe, con amplía bibliografia).

Bloch, E., Das Prinzip Hoffnung. Berlin, Aufbau, r, 1953,477 pp.; II, 1955,512 pp.; III, 1956,518 pp, (Una nueva tentativa de afrontar la relaciónn existente entre el

marxismo, la religión y la sociologia mediante un análisis de la función de la esperanza en el pensamiento humano,)

Le Bras, G., Sociologie des religions: tendances actuelles de la recherche: «Current Sociology», 5 (1956), n. 1, pp, 5-87.

Buettner, Th., y Werner, E., Circumcellionen und Adamiten. Zwei Formen mittelatter/icher Haeresie, Berlin, Akademie Verlag, 1959, Vil + 141 pp.

Cantoni, R., La sociologia religiosa di Durkheim: «Quaderni di Sociologia», 12 (1963), pp. 239-71. (Redactado como introducción a la edición italiana de Formes élémentaires).

Carríer, H., y Pín, E" Sociologia dei cristianesimo. Bibliografia internazionale. Roma, Università Gregoriana, 1964, 316 pp, (La más amplia bibliografía publicada hasta el momento).

Chambre, H" Le marxisme en Union Soviétique. Idéologie et inslitutions, París, Ed, du Seuil, 1955,510 pp, (EI capítulo L'idéologie scientifique anti-religieuse está dedicado aI estudio de la sociologia marxista de la reJigión).

---, Christianisme et communisme, Paris, Fayard, 1959, 128 pp. (Un buen estudio de la serie {~e sais,je crois»).

Chesneaux, l., Les hérésies colanfales. Leur rôle dans le développement des mouvements natíonaux d'Asie et d'Afrique à l'époque conternporaine: «Recherches Internationales à la Lumiere du Marxisme», 6 (marzo-abril 1958), pp, 170-88. (Importante estudio escrito por Ul1 marxista, en el que se senaJa la dependencia deI milenarismo de St! contexto social).

---, Le millénarisme des Taiping «Archives de Sociologie des Religions», 16 (1963), pp. 122-24. (ena recensiónn en la que se propone una tipologIa de los movimientos milenaristas).

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FICHA DE TRABALHO N° 7

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA (MUZOREW A, Gwinyai H. The Origins and Development of African Theollogy.

Maryknoll NY, Orbis Books, 1985)

AACC. 1963. The Drumbeatsfrom Kampala. London: Lutterworth Press. --------.1970. Engagement: Abidjan 1969. Nairobi. ------~-. 1975. The Struggle Continues. Nairobi.

AACC bulletin 8, no 3. Agbeti, John K. 1972. "African Theology: What It Is." Presence 5:5-8. Akintoye, S. A. 1976. Emergent African States: Topíes in Twentieth Century African

History. London: Longman Group. Anderson, Gerald. 1961. The Theoiogy ofthe Christian Mission. New York: McGraw Hill. --------.1974. "A Moratorium Oll Missionaries?" ln l\.1ission Trends No. 1, edíted by Gerald

H. Anderson and Thomas F. Stransky, 133-141. New York: Paulist Press. Anderson, Gerald H., and Thomas F. Stransky, eds. 1974. Mission Trends No. L New

York: Paulist Press. --------. 1976. lvfission Trends No. 3: Third World Theologies. New York: Paulist Press. --------. 1979. Mission Trends 1v'o. 4. Liberation Theologies. New York: Paulíst Press. Appiah-Kubi, Kofi. 1974. "Why African Theology?" AACC Bulletin 7. --------.1975. "The Church's Healing Ministry in Africa." The Ecumenieal Review

27:230-239. 114 --------. 1977. "Jesus Christ: Some Christological Aspects from African Perspectives." ln

Afriean crnd Asian Contributions to Contemporary Theology. RepOr!, edited by John Mbiti, 51-65. Geneva: Bossey.

--------. 1979. "Indigenous African Christian Churches: Signs of Authenticity." ln Afriean Theology en Route, edited by Kofi Appiah-Kubi and Sergio Torres, 117-125. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books.

Appiah-Kubi, Kofi, and Sergio Torres, eds. 1979. African Theology en Route. Mary-knoll, N.Y.: Orbis Books.

Baeta, C. G. 1962. Prophetism in Ghana. London: S. C. M. Press. Baeta C. G., ed. 1968. Christianity ln Tropical Afríca. Studies Presenled and Diseus-sed at

the lnternational African Seminar, Uníversity of Ghana, April 1965. London: Oxford University Press.

Barrett, David. 1968. Schism and Renewal in Africa. London: Oxford University Press. --------. 1971. Affiean Initialives in Religion. Nairobi: East African Publishing House. Beetham, T. A. 1967. Christianity and lhe New Afirica. New York: Frederick A. Praeger. Bhebe, N. M. B. 1973. "Missionary Activity among the Ndebele and Kalanga: A Survey."

ln Christianíty South of the Zambezi, vol. 1, edited by Anthony J. Dachs. Gwelo: Mambo Press.

Bienen, Henry. 1974. Kenya: The Po/ities of Parlieipation and Controlo Princeton: PrincetOI1 University Press.

Bigo, Pierre. 1977. The Church and Third rt'orld Revolutions. MaryknolI, N.Y.: Orbis Books.

Boesak, AlIan. 1977. Farewell to Innocence.- A Socio-Ethical Study on Black Theology and Power. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books.

--------. 1978. "Coming in out of the Wilderness." ln The Emergent Gospel, edited by S. Torres and V. Fabella. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books.

--------. 1979. "Liberation Theology in South Africa." ln African Theology en Route, edited by Kofi Appiab-Kubi and Sergio Torres, 169-75. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books.

i~ Boff, Leonardo. 1978. Jesus Christ Liberator. A Criticai Christology for Our Time. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books.

Booth, NewelJ S., ed. 1977. African Religions: A Symposium. New York: NOK Publishers.

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FICHA DE TRABALHO N° 8

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(HEALEY, Joseph I Donald SYBERTZ. Towards an African Narrative Theology. Naírobi, Paul ines Publications Afríca, 1996)

Africa Faith & justice Network. The African Synod: Documents, Rejlections, Perspectives. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books, 1995.

African Parables: Thoughts For Sunday Readings, Culture and Minístry Series Nos. 1, 2 and 3. Tarnale: TICCS occasionaJ papers, n.d.

African Proverbs. Compiled by Charlotte and Wolf Leslau. Mount Vernon: Peter Pauper Press, 1962.

)!t. Arnbe, John. Meaníngful Celebration ofthe Sacrament of Reconciliation in Africa. Eldoret: AMECEA Gaba Publications Spearbead 123-124, 1993.

~ Appiah-Kubi, Kofi. Man Cures, God Heals. New York: 198] . . ~ Batina, Alois; Mayala, Anthony and Mabula, Justin. Sukuma Expression of Traditional

Religion in Life. Kipalapala: Kipalapala Serninary, 1970. Balina, Alais; Mayala, Anthony and Mabula, Justin. Traditional Marriage in Tanzania

Today. KipalapaJa: Kipalapala Serninary, 1970. Barra, G. 1000 Kikuyu Proverbs. Nairobi: Kenya Literature Bureau, 1939. Bevans, Stephen B. Models ofContextual Theology, MaryknoIl, N.Y.: Orbis Books, 1992. Biblia Takatifu. Kiswahili Fasihi. Nairobi: Vyama "'ya Biblia, 1995. Bujo, Benezet. African Theology in Its Social Contexto Nairobi: S1. Paul Publications

Africa and Maryknoll, N.Y.: Orbis Books, 1992. Bundu, Charles, The Role of Elders in Ongoing Spiritual Formation of the Wasukuma

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Oramo. Addis Ababa: United Printers, 1991. Cotter, George. Salt For Stew: Proverbs and Sayings of lhe Oromo people with Englísh

Translations. Addis Ababa: United Primers, 1990. Cotter, George and Sybertz, Donald. Sukuma Proverbs. Nairobi: Beezee Secretariat

Services. 1968. 215 Cotter, George and Sybertz, Donald. Sukuma Proverbs. MaryknoIl, N.Y.: Price Building

Printing Services. 1974. Cotter, George and Sybertz, Donald. Sukuma Proverbs. (Revised Edition) MaryknolL N.Y.:

Price Building Printing Services. 1994. De Rosny, Eric. Healers in lhe Night. Maryknoll, N.Y.: Orbis Books, 1985. Dickson, Kwesi A. Theology ln Africa. London: Darton, Longrnan and Todd and Maryknoll,

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FICHA DE TRABALHO N° 9

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA (MBITI, John S. African Religions and Philosophy. Nairobi,

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London/Oxford 1968. '6 Banton, M., ed., Anlhropologícal aproaches to the sludy ofreligion, London 1966. 7: Barrett, D. B., Schism and Rennewal, LondonlNairobi 1968. 8: Baumann H., Schópfung und Urzeit des /vJenschen im Mythus der afrikanischen Vdlker,

Berlin second edition 1964 Baxter, P. T. W., and Butt, A., The Azande and related Peoples, London 1953. Beech, M. W. H., TheSuk, Oxford 1911. Beetham, T. A., Christianity and lhe new Africa, LondonlNew York 1967. Beier, U., The Origin of Life and Death, London 1966. Bernardi, B., The lvfugwe: afailing Prophet, Oxford 1959. Bertholet, A., Der Sinn des kultiscben Opfers, Berlin 1942, Beth, K., Religiom und Magie bei den Naturvdlern, Bedio second editiol1 1928. Bleek, D. The Naron: a Bushmen Tribe of lhe central Kalahari, Oxford 1928. BJohm, W, Die Nyamwezi, 3 vais. Hamburg 1931-3. Bohannan, L. & P., The Tiv of centra! Nigeria, London 1953.

Brauer, Züge aus der Relígian der Herero, Leipzig 1925. Bullock, c., The Mashona, Cape Town 1927 Cagnolo, C., The Akikuyu, Nyeri 1933 Callaway, H., The Religious Systent ofthe Amazulu, London 1870. Campbell, D., ln lhe Heart of Bantuland, London 1922. Carothers, J. c., The Afrlcan Mind in Health and Disease, Geneva 1953. Cerulli, Peoples of lhe South-West Elhiopia and its Borderland, London 1956. Claridge, G. c., Wild bush Tribes of Tropical Africa, London 1922. Colin, P., Aspects de I 'Âme Malgache, Paris 1959. Culwick, A. T. & G. M., Ubena ofthe Rivers, London 1935. Dammann, E., Die Religionen Afrikas, Stuttgart 1963. Danquah, J. B., The Akan Doctrine of Gad, London 1944. Debrunner, H., Witchcrajt ln Ghana, Kumasi 1959. Deschamps, H., Les Religions de I 'Afrique Noire, París 1960. DieterIen, G., Essalsur la Religion Bambara, Paris 1951; see also under Fortes. Doke, C. M., The Lambas of Northern Rhodesia, London 193 L Doman, S. S., Pygmies and Bushmen ofthe Kalahari, London 1925. Driberg, J. H., The Lango, London 1923. Dllndas, C., Kilimanjaro and its People, London 1924. Durkheim E., The Elementary forms oftbe Religious Life, E.T. Londan 1915. Edel, M. M., The Chiga ofWestern Uganda, Oxford 1957. Eliade, M., Patterns ln Comparative Religion, New YorklLondon, 1958. Encyclopaedia of Religion and Ethics, ed. J. Hastings, Edinbllrgh 1908f. Evans-Pritchard, E. E., 1: Witchcrafi, Orades and Magic among lhe Azande, Oxford 1937;

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FICHA DE TRABALHO N° 10

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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.~ Adam, K: Das Problem der Entmythologisierung und die Auferstehung des Christus, KM V 1955 101-119

2 ----- Das Zeugnis der Apostei von der Auferstehung. H. 1. K. Christus 170-180 â Albertz, M: Kerygma und Theologie im Neuen Testament. ZNW 1955267-268. 4 Albright, W F.: Bultmann's History and Eschatology. JBL 1958244-248. ~ A idwinckle, R. F.: Myth and Symbol in Contemporary Philosophy and Theology: the Limits

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----- Oie Ceschichtlichkeit des biblischen Jesusbildes, EvW 1958 56-67 ----- Faet and Faith in the Kerygma Today. Philadelphia-Muhlbg. 1960. Anderson, H: The historical Jesus and the origins ofChristianity. ScJTh 1960

113-136. Anonymus: Entmth. in Kirche und Schule. Berliner Lehrerztg. 7 283. Anwander, A.: Mythos - Geschichte - Religion ThQ 1947 278-294. AmoU, R. J: Rudolph Bultmann: "Glauben und Verstehen" JR, 1954 68-69. Asveld, P.: Entmythologisierung, BthW 1959 140-148. Backhaus, G .. ' Evangelische Theologie der Gegenwart. München - Base11956. ----- Kerygma und Mythos bei D. F. Strauss und R. Bultmann (Theol. Forschung, 12),

Hamburg 1956. Baird, W. R.: Current Trends in New Testament Study. JR 1959 137-53.

nl Banillard, fI..' Théologle et philosophie d'apres K. Barth et R. B. APh 1957, 163-183.

Barnikol, E..' Der heilsgeschichtlichc Jesus ChrÍstus im Evangelium, Kirchengeschichte, in der Theologie llnd in der Aufgabe der Gegenwart, H. J. K. Christus 554-586.

Barr, A.: Bultmann's Estimate of Jesus. ScJTh 1954337-352. ----- More quests ofthe hístorical Jesus. ScJTh 1960395-409. Barr, J: The Meaning of"Mytho10gy" in relation to the OT. VT 1959 1-10. Barrett, C. K: Myth and the New Testament. Expt 1956-57345-8,359-62. ----- NT Eschatology: Jewish and Pauline Eschatology, ScJTh 136-55; 225-43. Sanh, K: Der Mensch in seiner Zei! Kirchtiche Dogm.III, 2 Zürich 1948;

abgedruckt ín KM II 102-109. ----- Der Romerbrief, 2. Aufl. München 1922. ----- lntroduction to Demythologizing JR 1957 145-155 -----The Presence ofEternity (Bultmann: History and Eschatology). JR 1959

61-62. Barthel, P.· Introdllction aux problemes de [a démythisation du Nouveau Testament. Ethr

1954 5-20. ------"Bultmann et l' interprétation du NT" (R. Marlé), RHPhr 1957257-264. Barts'ch, fi. w.. Die neutestamentlícl1e Theologie in der Entscheidung KM II

195229-35 Baumgartner, W, Dinkler, E. und Siebeck, H: R. B. zu seinem 70. Geburtstag;

B.-Bibliographie. ThRll 1954 1-20. Beardslee, W A.: ldentifying the Oistinctive Features of Early Christianity

A Stubborn Faith Papers W. A. lrwin (Dallas) 1956 144-162. Beaslay-Murray, G. R.: Demythologized Eschatology ThTd 1957í58 61-79.

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FICHA DE TRABALHO N° 11

MODELO DE REFRÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

FIGL, Johann. Atheismus ais theologisches Problem. Mainz, Mathias-Grünewald-Verlag, 1977.

Anneser, S., Glaube im Unglaubigen - Unglaube im Glãubigen, Kevelaer 1972. Der Atheismus aIs Frage an die Kirehe. Handreichung der VELKD, hg. v. Lutherischen

Kirehenamt, Berlin/Hamburg 1962. Barth, H.-M., Atheisrnlls und Orthodoxie, Gõttingen 1970. ders., Atheismus - Geschichte und Begriff, München 1973. Barth, K., Der Rõmerbrief, Zürich 24.-25. Tsd. 1967. Benckert, H., Zur Diskussion um ,Gott' in der gegenwíirtigen deutschsprachigen Theologie,

in: Studia Theologica 22 (1968) 93-106. Biser, Gibt es eine Kooperation von Christen und Atheisten?, in: Zusammenarbeit von

Christen und Atheisten, hg. v. K. Hormann und R. Weiler, Wien 1970, 19-34. Blumenberg, H., Die Legitimitat der Neuzeit, Frankfurt/M. 1966. Bockmühl, H., Atheismus in der Christenheít. Anfechtung und Überwindung, 1. Teil,

Wuppertal 1969. Braun, H., Art. Christentum. Entstehung, in: RG03 I 1685-l695. ders., Art. Glaube. Im NT, in: RGG3 II 1590-1597. ders., Gesammelte Studien zum Neuen Testament und seiner Umwelt, TUbingen 1962. ders., Gottes Existenz und meine Geschichtlichkeit im Neuen Testament. Eine Antwort an

Helmut Gollwitzer, in: Zeit llnd Gcschichte (FS R. Bultmann), hg. v. E. Dillkler, Tübingen 1964, 399-42l.

Bultmann, R., 1st der Glaube an Gott erledigt?, in: Glauben und Verstehen IV, Tübingen 21967,107-112.

ders., Der Gottesgedanke und der moderne Mensch, aaO. 113-127.

fp Caprile, G., Entstehungsgcschichte llnd lnhalt der vorbereiteten Schemata. Die Vorbe­reitungsorgane des Konzils und ihre Arbeit, in: Das Zweite Vatikanische Konzil III (Erganzungsband zu LThK 2), 665-726. Charron, A., Les catholiques face à I'athéisme contemporain. Étude historique et

perspectives théologiques sur l'attitude des catholiques en France de 1945 à 1965, Montréal 1973.

Daecke, S. M., Der Mythos vom Tode Gottes. Ein kritischer Überblick, Hamburg 1969. dcrs., Gott ist tot in der Theologie, in: Der fragliche Gott. Fünf Versuchc ciner Antwort,

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Prozesses, in: Wort ulld \Vahrheit 22 (1967) 657-674. ders., Der Tod Gottes und das Bekenntnis zum Schopfer, in: B. Bosnjak / W. Dantine IY.

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cetemps, tome r, Paris ]967,213-277. Ebeling, G., Die ,nicht-religiose Interpretatian biblischer Begriffe', in: Wort und Glaube (I),

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FICHA DE TRABALHO NQ 12

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(REIS ,Carlos, O conhecimento da literatura: Introdução aos estudos literários, 2a ed., Coimbra, Livraria Almedina, 1999, 163-164).

ADAM, l.-M. e J~P. GOLDENSTEIN - Linguistique et discours littéraire, Paris, Larousse, 1976.

~ ARON, Thomas - Liuérature et littérarité. Un essai de mise au point, Paris, Les Belles Lettres, 1984.

J ARRIVÉ, \1ichel e J.-Cl. COQUET (eds.) "0 Sémiotique enjeu, Paris! Amsterdam/Philadel­phia, Hades-J. Benjamíns, 1987.

1· ~~!II~E,JD~ÀrcI:~71~~ ~~,Jh~~!~ ~:~~:;~;,~~~ ~e:;oo::~;~~~~~end~~is:e;;,. ;~~~i. 6, BA THI, Timothy - "Ambiguity and Indeterminacy: The Juncture", in Comparative

Literature, 38, 3, summer 1986, pp. 209-223. fi BELLEMIN-NOEL, Jean Le texte et l'avant-texte, Paris, Larousse, 1972. :~ BENSE, Max e EJisabeth W AL THER La semiótica. Guia alfabética, Barcelona, Ed.

Anagrama, 1975. BERl'\TÁRDEZ, Enrique lntrodución a la lingüistica dei texto, Madrid, Espasa-Calpe,

1982. lil} BESSIÉRE, Jean - Dire le littéraire, Points de vue théoriques, Liegel Bruxelles, Pierre

Mardaga Éditeur, s/d. BONOMI, Andrea Universi di discorso, Milano, Feltrinelli, 1979. BOVAZIS, Charles Littérarité et société, Tours, Mame, 1972. BOUAZIS, C. (ed.) - Essais de la théorie du texte, Paris, Galilée, 1973. Cahiers' Roumains d 'Études Littéraires, 4, 1985 (tH. genérico: Littérature et littérarité).

CERVENKA, M. - "The Literary Work as a Sigo", in Language, Literature and Meaning II, Amsterdam,1. Benjamins, 1980.

COHEN, Jean·- Structure du langage poétique, Paris, Flammarion, 1966. COQUET, J.-C!. Sémiotique littéraire, Tours, Mame, 1972. CULLER, J onathan Structuralist Poetics, London, Routledge and K. Paul, 1977. DELAS, D. e J. FILLIOLET - Linguistíque et poétique, Paris, Larousse, 1973. DOLEZEL, Lubomir - A poética ocidental. Tradição e inovação, Lisboa, Fund.

Gulbenkian, 1990. DUFRENNE, Mikel- Le poétique, Paris, P.U.F., 1973. ECO, Umberto Obra aberta, São Paulo, Perspectiva, 1968. ECO, Umberto Trattato di semiotica generale, 6" ed., Milano, Bompiani, 1978. ECO, U. - Signo, Barcelona, Editorial Labor, 1976, ECO, U. La estructura ausente. lntroducción a la semiótica, Barcelona, Lumen, 1975. EMPSON, William ~ Seven Types of Ambiguity, New York, New Directions, 1966, EMPSOM, W. - The Structure ofComplex Words, London, The Hogarth Press, 1985. FISH, Stanley Is There a Text in this Class? The Authority of Interpretive Communities,

CambridgeíLondon, Harvard Univ. Press, 1980. FLAHAUT, François - La parole intermédiaire, Paris, Seuil,1978. FOKKEMA, Douwe - "The Concept of Code in the Study of Literature", in Poetics Today,

6,4, 1985, pp. 643-656. FOUCAULT, Michel- L 'Archéologie du Savoir, Paris, Gallimard, 1969. GARCÍA BERRIO, A. e 1'. HERNÁNDEZ FERNÁNDEZ - La Poética: tradición y

modernidad, Madrid, Síntesis, 1988. GARRIDO GALLARDO, M,A. (ed.) La crisís de la literariedad, Madrid, Taurus, 1987.

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FICHA DE TRABALHO N° 13

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

(DORÉ, Joseph (ed).Introduction à !'étude de la théologie. Paris, Desclée, 1,5565.)

Karl BARTH, La théologie protestante au XIX siecle, Geneve, 1969. Rudolf BULTMANN, Foi et compréhension, L L'historicité de l'homme et la

révélation; 2. Eschatologie et démythologísation, Paris, 1969, 1970. Hans-Georg GADAMER, Vérité et méthode, les grandes lignes d'une herméneutique

philosophique, Paris, 1976. Claude GEFFRÉ, Un nouvel âge de la théologie, coU. «Cogitatio Fídei»), n° 68, Paris,

1972. Claude GEFFRÉ, Le christianisme au risque de ['interprétalion. col!. «Cogitatio Fidei»,

nO 120,Paris, 1983. Jean GREISCH, L 'âge herméneutique de la raison, colL «Cogítatio Fidei», n° 133,

Paris, 1985. Martial GUEROUL T, Histoire de I 'histoire de la philosophie, Paris, 1984.

Georges GUSDORF, Dieu, la nature, 1 'homme au siecle des lumieres, série: «Les sciences humaines et la pensée occidentaJe», n° 5, Paris, 1972

Fergus KERR, La théologie apres Wittgenstein, colL «Cogitatio Fideü), nO 162, Paris, 1991.

Jean LADRlERE, L 'articulation du sens, rééd. en deux volumes, cal/. «Cogítatio Fidei», nOs 124 et 125, Paris, 1984.

Henri de LUBAC, Exégese médiévale, les quatre sens de I'Écriture, Ire partie, coi!. «Théologie», vol. 41, Paris, 1959.

René MARLÉ, Le prob/eme théologique de I 'herméneutique, Paris, 19682

Marcel NEUSCH, Aux sources de I 'athéisme contemporain, Paris, 1977.

Marcel NEUSCH (en collaboration avec Bruno CHENU), Au pays de la théologie, Paris, 1979.

Paul RlCOEUR, Le conflit des interprétations, «Essais d'hennéneutíque), Paris, 1969. Id., Du texte à Vaction. Essais d'herméneutique, II, Paris,1986. Wilhelm WEISCHEDEL. Der Gatt der Philosophen «Grundlegung emer

philosophischenTheologie im Zeitalter des Nihilismus», Darmstadt, 1983. Kurt WUCHTERL, Philosophie und Religion. Zur Aktualitat der Religions­

philosophie, Stuttgart, 1982.

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FICHA DE TRABALHO N° 14

MODELO DE REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA KlPPENBERG, Hans G. Religião e formação de classes na antiga Judéia: Estudo sociorreligioso sobre a relação entre tradição e evolução social. São Paulo, Edições Paulinas, 1988, 167-173.

Alt, A., 1953: Kleine Schriften zur Geschichte des Volkes Israel, vol. 2: Galilaische Probleme, pp. 363-435, Munique.

1959: Kleine Schriften. .. , voI. 3: 'Tés anadasmós', in Judá, pp. 373~381,

Munique. Applebaum, S., "Economic Lífe in Palestine", in S. Safrai- M. Stern D. Flusser

W. C. van Unnik, The Jewish People ln lhe First Century, voI 2, Assen, 1967, pp. 631-700.

Aptowitzer, V., 1927: Parteipolitik der Hasmonaerzeit im rabbinischen und pseudoepi-graphischen Schrifttum, Viena.

Balandier, a., 1972: Po/itische Anthropologie, Munique. Bardtke, H., 1961: ThLZ 86, pp. 94-104: "Der gegenwãrtige Stand der

Erforschung der in Palãstina neu gefundenen hebrãischen Handschriften; 44. Die Rechtstellung der Qumran-Gemeinde".

--- 1962: Dle Handschriftenfunde in der Wüste Juda, Berlim. --- 1968: ThR 33, pp. 97-119 e 185-236: "Qumran und seine Probleme". Barrois, A. a., 1939 e 1953: Manuel d'archéologie biblique, vols. 1 e 2, Paris. Ben-David, A, 1969: Jerusalem und Tyros. Ein Beítrag zur palastinensischen

Munz und Wirtschaftsgeschichte, 126 a.C.-57 p.C., Tubinga.

1974: Talmudische Okonomie. Die Wirtschaft des jüdischen Palãstina zur Zei! der Mischna und des Talmud, voI 1, Hildesheim.

Benoit, P. - 1. T. Milik - R. de Vaux, 1961: DJD vol. 2: « Les Grottes de Muraba 'at », Oxford.

Bertholet, A, 1896 : Die Stellung der Israeliten und der Juden zu den Fremden, Friburgo.

Bikerman E. (respectivamente Bickermann e Bickerman), 1935: REJ 100, pp. 4-35. La charte seleucide de Jérusalem. Dt.: A Zur Josephus-Forschung, 1973, pp. 205-240, Darmstadt.

--- 1937: Der Gott der Alakkabaer. Untersuchungen über den Sinn und Ursprung der makkabaischen Erhebung, Berlim.

--- 1938: lnstitutions des séleucides, Paris. Billerbeck, H., 1922-1928, J 955: Kommentar zum Neuen Testament aus Talmud

und lvfidrasch, vols. 1-5, Munique. Blau, L., 1927: Festschrift zum 50-jahrigen Bestehen der Franz-Josef­

Landesrabbiner-schule in Budapest, pp. 96-151. Der Prosbol im Lichte der griechischen Papyri und der Rechtsgeschichte.

Bobek, H., 1948: "Soziale Raumbildungen am Beispiel des vorderen Orients", in Deutscher Geographentag, Munique, pp. 193-206.

Büchler, A., 1899: Die Tobiaden und Oniaden, Viena. --- 1912: The Economic Conditions of Judaea afier the Destructíon ofthe Second

Temple, Londres. Buehler, W. W., The Pre-Herodian Civil War and Social Debate (tese), Basiléia,

1974.

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FICHA DE TRABALHO N° 15

ABREVIATURAS

a) Enciclopédias, Dicionários e Coletâneas

ANRW: Aufstieg und Niedergang der Réimischen Welt, editado por Hildegard Temporin/Wolfgang Haase, Berlim, 1972ss.

EWNT: Exegetisches Worterbuch zum Neuen Testament I-III, editado por Horst Balz/Gerhard Schne ider, Stuttgart e outras, 1980-1983.

KP: Der Kleine Pauly. Lexikon der Antike 1-5, elaborado e editado por Konrat Ziegler/Walther Sontheimer, Munique, 1975.

PRE: Paulys Real-Encyclopadie der c1assischen, Alterthumswissenschaft, nova edição iniciada por Georg Wissowa, Stuttgart, I 894ss.

RAC: Reallexikon für Antike und Christentum, editado por Theodor Klauser, Stuttgart, 1950s8. RGG: Die Relígion in Geschichte und Gegenwart I-VI, 3" edição, editado por Kurt Ga/ling,

TUbingen, 1956-1962. ThWNT: Theologisches W5rterbuch zum Neuen Testament, I-IV editado por Gerhard Kitte/,

V-X editado por Gerhard Friedrich, Stuttgart, 1933-1979. TRE: Theologische Realenzylopadie, editado por Gerhard Krause/Gerhard Müller, Berlim,

1977s5.

b) Revistas e Séries são citadas abreviadamente segundo Theologische Realenzyklopãdie. Abkürzungsverzeichnis, compilado por Siegfried Schwertner, Berlim/NovaYork 1976. Não está incluído aí OTK: Okumenischer TaschenbuchKommentar zum Neuen Testament.

c) As abreviaturas dos livros biblicos seguem a edição da Bíblia de Jerusalém. As abreviaturas dos livros do NT quando designam comentários a esses livros foram deixadas na forma apresentada pelo autor (nota do tradutor) - As abreviaturas ( ... ) dos escritos cristãos da Idade Antiga e de escritos judaicos fora da Bíblia são tiradas igualmente de Schwertner.

d) As obras de autores eclesiásticos da Idade Antiga, citados abreviadamentc, podem-se conhecer a partir da Bibliografia, c.

e) Autores não-cristãos da Idade Antiga são citados segundo KP (vid. supra, sob a), voI. 1, p. XXI-XXVI. Visto estas abreviaturas conterem sempre os caracteres iniciais dos autores, podem-se deduzir da Bibliografia.

f) Coleções de fontes não-cristãs da Idade Antiga Bill.: Vid. Bibliografia b sob Billerbeck. MMCRomEmp: Coins ofthe Roman Empire ln the British Museum, editado por

H Mattingly, Londres, 1923ss. Dig.: Digesta, vid. Bibliografia b sob Corpus Iuris. HIRK, Historische lnschriften zur romischen Kaiserzeit, vid. Bibliografia b sob

Freis. OGIS: Orentis Graeci Inscriptiones Selectae, vid. Biblio grafia b sob Dittenberger. Sylloge 3: Syl10ge Inscriptíonum Graecarum, vid. Bibliografia b, sob Dittenberger.