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Recursos Hidricos

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  • UNIDADE 2 COMISSES DE ACOMPANHAMENTO DE MARCO REGULATRIO, ORGANIZAES

    PARA A GESTO DE SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DE GUA, OS

    SUBCOMITS DE BACIA E ARRANJOS INSTITUCIONAIS QUE ENVOLVEM OS

    MUNICPIOS

    1

  • FCHA TCNICAAGNCIA NACIONAL DE GUAS (ANA)

    EQUIPE TCNICA

    Coordenao, acompanhamento e elaborao:

    Superintendncia de Apoio Gesto de Recursos Hdricos

    Rodrigo Flecha Ferreira AlvesSuperintendente de Apoio Gesto de Recursos Hdricos

    Coordenao Geral

    Wilde Cardoso Gontijo JniorGerente de Gesto de Recursos Hdricos (at maro de 2010)

    Coordenao Geral

    Flvia Simes Ferreira RodriguesCoordenao-Executiva

    Taciana Neto LemeCoordenao-Executiva-Adjunta

    Cadernos de Capacitao em Recursos Hdricos V.3

    Composta por 8 volumes

    Fotos: Banco de Imagens da ANA

    Colaboradores:

    Superintendncia de Apoio Gesto de Recursos Hdricos

    Jos Carlos Queiroz; Rosana Mendes Evangelista; Tnia Regina Dias da Silva

    Superintendncia de Implementao de Programas e Projetos

    2

  • Fabrcio Bueno da Fonseca Cardoso

    Superintendncia de Gesto da Rede Hidrometeorolgica

    Manfredo Pires Cardoso

    Consultora:

    Golde Maria Stifelman

    Outros colaboradores:

    Ana Cristina Monteiro Mascarenhas; Francisco Carlos Bezerra e Silva; Rosana

    Garjulli

    PARCEIROS INSTITUCIONAIS

    Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura UNESCO

    Todos os direitos reservados. permitida a reproduo de dados e de informaes

    contidos nesta publicao, desde que citada a fonte.

    Catalogao na fonte: CEDOC/Biblioteca

    3

    A265a Agncia Nacional de guas (Brasil).

    Alternativas organizacionais para gesto de recursos hdricos / Agncia Nacional de guas. -- Braslia: ANA, 2012.

    169 p. ; il. -- (Cadernos de Capacitao em Recursos Hdricos ; v.3)

    ISBN: Aguardando

    1. Recursos hdricos, Gesto 2. guas subterrneas 3. Unidades de conservao ambiental

    I. Agncia Nacional de guas (Brasil) II. Superintendncia de Apoio Gesto de Recursos Hdricos III. Ttulo

  • SUMRIO

    LISTA DE FIGURAS........................................................................................LISTA DE QUADROS......................................................................................1 COMISSES DE ACOMPANHAMENTO DE MARCO REGULATRIO.....1.1 Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Pipiripau (DF).............................................

    1.2 Sistema Curema-Au (PB/RN)....................................................................

    2 SISTEMAS PARA ABASTECIMENTO DE GUA POTVEL.......................2.1 Central Bahia............................................................................................

    2.2 Sistema Integrado de Saneamento Rural no Estado do Cear: SISAR

    Cear.................................................................................................................

    2.3 Os Subcomits de Bacia.............................................................................

    2.3.1 Subcomits na Bacia Hidrogrfica do rio das Velhas (MG)......................

    05050609

    14

    1417

    21

    22

    22

    4

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Bacia do ribeiro Pipiripau.

    Figura 2 Bacia do rio Piranhas-Au.

    Figura 3 Mapa de distribuio dos SISARs no Cear.

    Figura 4 Estrutura do SISAR GESAR/CAGECE.

    Figura 5 Mapa da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas.

    Figura 6 Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas com os 14 Subcomits criados at

    setembro de 2011.

    LISTA DE QUADRO

    Quadro 1 Abrangncia das CENTRAIS

    5

  • 1 COMISSES DE ACOMPANHAMENTO DE MARCO REGULATRIO

    Numa conceituao mais abrangente, Marco Regulatrio um conjunto de normas,

    leis e diretrizes que regulam o funcionamento dos setores nos quais agentes

    privados prestam servios de utilidade pblica [66]. No caso especfico do setor de

    recursos hdricos, o estabelecimento de critrios para garantir, por meio da

    outorga de direito de uso, o acesso gua em quantidade e qualidade compatveis com o seu uso.

    VEJA MAIS: Para maiores informaes sobre outorga de direito de uso de recursos hdricos, consultar o Volume 6 desta srie.

    Os marcos regulatrios, baseados em estudos tcnicos e decises polticas,

    determinam critrios para a emisso de outorgas e regras para alocao de gua

    entre usos e usurios. As determinaes impostas pelo Marco Regulatrio

    demandam um acompanhamento e fiscalizao para verificao do cumprimento

    das regras pactuadas, de modo a garantir o xito do processo de ordenamento.

    O processo de regularizao e ordenamento de usos constitudo por diferentes

    etapas, a serem desenvolvidas de forma simultnea e integrada, e contempla um

    conjunto de atividades visando tornar regulares os usos existentes. composto pelo

    cadastro de usos e usurios, a harmonizao de normas, critrios e procedimentos e

    concesso e reviso de outorgas. Para tanto, algumas comisses tm sido criadas

    com o objetivo, dentre outros, de acompanhar a implementao dos marcos

    regulatrios.

    1.1 Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Pipiripau (DF)

    A Bacia Hidrogrfica do Ribeiro Pipiripau ocupa uma rea aproximada de

    24.000 hectares, com a maior parte de seu territrio localizada no Distrito Federal

    6

  • (90,3%), sendo que a regio que abriga a nascente do curso principal localiza-se no

    Estado de Gois [47], conforme a Figura 5.

    A regio concentra diversas atividades econmicas, tais como produo de frutas,

    gros, carnes, lazer e captao de gua para abastecimento pblico. As reas de

    agricultura somam cerca de 13.300 ha.

    Figura 1 Bacia do ribeiro Pipiripau.

    Fonte: SAG/ANA

    Em 1989, a construo do Canal Santos Dumont, canal de derivao de gua do

    ribeiro Pipiripau para o Ncleo Rural Santos Dumont, com o propsito de suprir

    demandas hdricas para irrigao de aproximadamente 40 pequenas propriedades

    rurais, consolidou a vocao agrcola da bacia.

    Todavia, o acelerado processo de adensamento populacional do Distrito Federal

    impulsionou a busca por novos mananciais de abastecimento de ncleos urbanos.

    Nesse contexto, a Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal

    CAESB, em 2000, implantou o sistema de abastecimento de gua das cidades de

    7

  • Sobradinho e Planaltina, a partir da instalao de captao no ribeiro Pipiripau, a

    jusante do Canal Santos Dumont.

    Nos anos seguintes, especialmente em perodos crticos de estiagem, as demandas

    superaram a disponibilidade hdrica da bacia, acarretando, algumas vezes, em

    desabastecimento parcial ou at mesmo integral de usos localizados na parte

    inferior da bacia, sobretudo no trecho de captao da CAESB. Outros conflitos

    especficos entre usurios tambm foram registrados na bacia, em virtude de

    desentendimentos acerca da diviso de gua no Ncleo Rural Santos Dumont.

    O histrico de conflito existente na bacia entre usos e usurios, notadamente entre

    os setores de abastecimento pblico e agrcola, uma vez que, em alguns perodos, a

    oferta hdrica local insuficiente para atender adequadamente os usos j instalados

    na bacia, suscitou aes dos rgos responsveis pelo planejamento e

    gerenciamento dos recursos hdricos.

    Dessa forma, com o intuito de ordenar, disciplinar e promover o uso racional dos

    recursos hdricos iniciou-se, em 2004, a regularizao do uso da gua na bacia do

    ribeiro Pipiripau.

    Fruto de negociao entre usurios de gua e rgos gestores de recursos hdricos,

    foi estabelecido, em 2006, um conjunto de regras como referencial para a

    regularizao dos usos da gua, denominado Marco Regulatrio de Procedimentos

    e Critrios de Outorga de Direito de Usos de Recursos Hdricos da Bacia do Ribeiro

    Pipiripau1 e criada Comisso de Acompanhamento.

    A finalidade da Comisso de Acompanhamento manter atualizadas as regras

    estabelecidas no Marco Regulatrio, reunindo-se com os usurios, anualmente, para

    discutir a situao dos recursos hdricos, propor estratgias de otimizao de uso e

    critrios para a entrada de novos usurios.

    1 Resoluo ANA n 127, de 3 de abril de 2006 e Resoluo ADASA n 293, de 31 de maio de 2006.

    8

  • A Comisso composta por representantes do poder pblico e dos usurios da

    gua, distribudos da seguinte maneira:

    dois representantes do Governo Federal (ANA e IBAMA);

    sete representantes do Governo do Distrito Federal;

    um representante do Governo do Estado de Gois; e

    nove representantes de usurios da gua da bacia hidrogrfica.

    Em 2008, frente ao perodo crtico de seca (de setembro e outubro), quando a regio

    apresenta baixa pluviometria e disponibilidade hdrica, os usurios e os membros da

    Comisso de Acompanhamento criaram procedimentos negociados para o

    racionamento da gua de maneira a manter as vazes anuais estabelecidas pelo

    Marco Regulatrio. A partir de ento, a Comisso, juntamente com os usurios,

    desempenhou o papel de acompanhamento e fiscalizao do acordo.

    A Comisso de Acompanhamento tem se mostrado capaz de promover a articulao

    entre os usurios da gua e o poder pblico e estabelecer regras que orientem a

    gesto de demandas tendo em vista uma oferta de gua sazonal.

    1.2 Sistema Curema-Au (PB/RN)

    A Bacia Hidrogrfica do Rio Piranhas-Au localiza-se em territrios dos Estados da

    Paraba e do Rio Grande do Norte e possui uma rea de aproximadamente

    43.700 km, toda inserida na regio semirida, com precipitaes mdias anuais

    variando de 400 a 700 mm.

    9

  • Figura 2 Bacia do rio Piranhas-Au.

    Fonte: SAG/ANA

    Sua economia se baseia, principalmente, na agricultura irrigada e na carcinicultura

    10

  • e a populao total supera os 1,5 milhes de habitantes.

    Apresenta dois importantes reservatrios (ambos sob administrao do DNOCS)

    que regularizam as guas de parte do rio Piranhas-Au: o Curema-Me Dgua, no rio Pianc, que regulariza 160 km de rio at encontrar o reservatrio Armando Ribeiro Gonalves, no Rio Grande do Norte, que regulariza cerca de 100 km do rio Au at a sua foz (Figura 2).

    Em 2003, foi iniciado processo de articulao institucional motivado, sobretudo, pelo

    grande volume de solicitaes de outorgas encaminhado ANA, o qual superava a

    disponibilidade hdrica em determinados trechos do Sistema Curema-Au.

    O processo de articulao culminou com a assinatura de Convnio de Integrao

    entre a ANA, os rgos gestores dos Estados da Paraba e do Rio Grande do Norte

    e o DNOCS, para a gesto integrada, regularizao e ordenamento dos usos dos

    recursos hdricos, notadamente no eixo que vai do Aude Curema-Me Dgua at a

    foz do rio Piranhas-Au, denominado Sistema Curema-Au.

    Para definir e executar as aes do Convnio de Integrao foram criados o Grupo

    Tcnico Operacional (GTO) com vistas a fornecer suporte tcnico ao processo e

    o Grupo de Articulao Institucional (GAI) com o objetivo de propor marco

    regulatrio para a emisso de outorga de recursos hdricos, sistemtica e

    procedimentos para a regularizao de usos e subsidiar o GTO na definio do

    plano de regularizao e ordenamento dos usos da gua do Sistema Curema-Au.

    De modo a sistematizar todo o processo, optou-se por dividir o Sistema Curema-Au

    em seis trechos, a saber: Curema (Trecho n 1), Rio Pianc (Trecho n 2), Rio

    Piranhas/PB (Trecho n 3), Rio Piranhas/RN (Trecho n 4), Armando Ribeiro

    Gonalves (Trecho n 5) e Rio Au (Trecho n 6), conforme Figura 6.

    Os levantamentos realizados e as reunies setoriais indicaram que a demanda, no

    11

  • horizonte de 10 anos, no Sistema Curema-Au, de 54 m/s, era quase o dobro da

    oferta garantida de gua, calculada em 27,3 m/s. Nesse sentido, foi necessrio

    realizar negociao no mbito de cada Estado e entre os Estados, para que estes

    ajustassem suas demandas a patamares aceitveis. Na negociao realizada foi

    considerada a necessidade de ser definido o compromisso do Estado da Paraba

    entregar determinada vazo na divisa com o Estado do Rio Grande do Norte, que posteriormente ficou definida em 1,5 m/s nos primeiros 5 anos e de 1,0 m/s nos 5

    anos seguintes.

    A etapa regulatria foi concluda com a emisso da Resoluo ANA n 687, de 2004,

    que dispe sobre o Marco Regulatrio Decenal, sujeito a avaliaes bienais, para a gesto do Sistema Curema-Au e estabelece parmetros e condies para a

    emisso de outorga preventiva e de direito de uso de recursos hdricos, alm de

    declarao de uso de pouca expresso.

    O Marco Regulatrio estabelece a vazo mxima disponvel para captao pelo

    conjunto dos usurios de gua do Sistema Curema-Au, as vazes por trecho e por

    finalidade de uso, alm dos limites de vazo mxima disponvel para o Estado da

    Paraba e para o Rio Grande do Norte, e as vazes consideradas de pouca

    expresso e, portanto, dispensadas de outorga. A Resoluo define, ainda, onze

    sees de monitoramento no Sistema Curema-Au, valores de consumo per capita

    para o abastecimento pblico, adequao das demandas de gua para a finalidade

    de carcinicultura, regras operativas para a gerao de energia, entre outros.

    De forma a acompanhar a implementao do Marco Regulatrio, em 2006, foi

    estruturado o Grupo de Acompanhamento do Marco Regulatrio do Sistema

    Curema-Au o GAMAR.

    12

  • ATRIBUIES DO GAMAR

    Acompanhar as aes empreendidas pelos rgos gestores de recursos

    hdricos;

    Discutir os dados sobre quantidade e qualidade da gua em cada um dos

    trechos do rio;

    Acompanhar o cumprimento do que ficou estabelecido no Marco Regulatrio.

    Visando a garantir o cumprimento dos critrios estabelecidos, a integrao das

    aes de gesto e regulao, a participao dos usurios e a otimizao dos usos

    das guas do Sistema Curema-Au, o GAMAR foi composto por 19 membros

    titulares, com representantes de usurios para cada um dos 6 Trechos.

    Foram previstas reunies para o trecho perenizado pelo aude Curema-Me dgua

    e para o trecho perenizado pelo Armando Ribeiro Gonalves, de forma a definir a

    quantidade de gua a ser liberada pelos reservatrios na poca seca do ano, de

    acordo com a necessidade dos usurios e os volumes acumulados na poca das

    chuvas, e as medidas de racionamento em anos mais crticos.

    Com a instalao do Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio Piranhas-Au, em 2009,

    as atribuies do GAMAR foram incorporadas pelo Comit.

    13

  • 2 SISTEMAS PARA ABASTECIMENTO DE GUA POTVEL

    No Brasil, a carncia de abastecimento de gua potvel atinge principalmente as

    periferias urbanas, os pequenos municpios e as reas rurais [36].

    Segundo dados do Sistema Nacional de Informaes sobre Saneamento SNIS de

    2008 [33], cerca de 110 milhes de brasileiros so atendidos, com abastecimento de

    gua, por empresas de abrangncia regional, enquanto que aproximadamente

    38 milhes so atendidos por prestadores de servio de abrangncia local ou

    microrregional.

    A distribuio de gua potvel nos grandes centros urbanos, em geral, exige maior

    complexidade dos sistemas de abastecimento e, muitas das vezes, altos custos de

    transporte da gua, visto que mananciais com quantidade e qualidade adequados

    nem sempre esto prximos aos centros consumidores. No entanto, apesar de tais

    dificuldades, a rentabilidade financeira desses sistemas muito maior do que dos

    sistemas isolados que, em geral, so deficitrios para as empresas. A seguir so

    apresentados alguns exemplos de organizaes para a gesto de sistemas de

    abastecimento de gua potvel.

    2.1 Central Bahia

    A Bahia, na busca de novos modelos de prestao de servios de saneamento, deu

    incio a uma indita prtica de auto-gesto por intermdio do Programa de Sistemas

    de Saneamento Auto-sustentveis[28].

    Em 1991, por meio de uma cooperao Brasil/Alemanha, via contrato estabelecido

    entre o banco alemo Kreditanstalt fr Wiederaufbau (KfW), que foi o agente

    financiador, e a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia, foram

    implantados, pela, poca, Companhia de Engenharia Rural da Bahia CERB, 97

    sistemas de abastecimento de gua em localidades situadas na regio da Chapada

    Diamantina, inserida no semirido baiano [28].

    14

  • Para assegurar a operao e a manuteno da infraestrutura de forma sustentvel,

    em 1995 foi criado sistema de administrao autnomo e participativo denominado

    Central de Associaes Comunitrias para a Manuteno de Sistemas de

    Abastecimento de gua CENTRAL. A CENTRAL uma associao civil de direito

    privado e sem fins lucrativos e constituda por presidentes de associaes locais

    que possuam sistemas de gua e sejam suas filiadas [28].

    A CENTRAL tem como objetivos [18]:

    (i) garantir o funcionamento dos sistemas, com financiamento por arrecadao,

    tendo por base tarifas por ligao predial, aferidas via medio;

    (ii) promover aes para melhorar o funcionamento das associaes comunitrias

    quanto gesto dos sistemas de abastecimento de gua; e

    (iii) representar as associaes junto aos rgos pblicos e privados, zelando por

    seus interesses.

    Cabe s associaes comunitrias filiadas a operao dos sistemas de

    abastecimento de gua e CENTRAL a manuteno e o apoio gerencial, tcnico e

    administrativo s associaes. Para financiar a manuteno dos sistemas de

    abastecimento de gua filiados e os custos administrativos so cobradas tarifas dos

    consumidores finais, conforme o volume de gua consumido, medido por

    hidrmetros e destinados a um fundo administrativo da CENTRAL.

    Hoje existem na Bahia duas CENTRAIS: a de Jacobina e a de Seabra. Segundo o

    Relatrio da CENTRAL de 2009, a populao atendida j ultrapassa 50.000

    pessoas. O Quadro 1 resume a abrangncia dessas associaes.

    15

  • Quadro 1 Abrangncia das CENTRAIS

    CENTRAL

    N de municpios

    SistemasN de Localidades

    N de Associaes

    Jacobina 12 26 38 36Seabra 19 42 74 53Total 31 68 112 89

    Fonte: CENTRAL, 2009.

    A CENTRAL constituda pelas seguintes instncias: Assembleia Geral, Diretoria

    Executiva, Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal. Todos os membros da Diretoria

    Executiva, Conselho Deliberativo e Conselho Fiscal so eleitos pela Assembleia

    Geral dentre os representantes das associaes comunitrias [18].

    Para manter contato com seus usurios, a CENTRAL organiza treinamentos,

    eventos e concursos, tais como programa de estgios e o concurso Associao do

    Ano, o qual a Associao que permanece por mais tempo ao longo do ano com os

    pagamentos, o controle e os recibos em dia recebe prmios pelo seu bom

    desempenho [36].

    Em uma avaliao da participao da comunidade na implantao de quatro sistemas de abastecimento de gua no mbito da CENTRAL, observou-se que [45]:

    na elaborao do projeto a participao comunitria ocorreu sobretudo na

    rea de comunicao, por no haver mais de uma soluo tecnolgica a

    considerar em vista das limitaes hdricas da regio;

    a participao da comunidade praticamente inexistiu na implantao do

    sistema, j que as obras foram contratadas com empresas construtoras;

    na administrao e operao do sistema, na gesto e definio da tarifa a

    comunidade atua por meio da respectiva Associao Comunitria;

    h um envolvimento importante da comunidade em programas de educao

    sanitria.

    16

  • A experincia das CENTRAIS se baseia, portanto, na auto-gesto por meio da

    assuno, por parte da comunidade beneficiada, da administrao, operao e

    manuteno de sistemas simplificados de abastecimento de gua, estimulando a

    participao comunitria e o associativismo.

    2.2 Sistema Integrado de Saneamento Rural no Estado do Cear: SISAR Cear

    O SISAR um modelo de gesto de saneamento rural implantado no Cear em

    1996 por intermdio do banco alemo KfW e a Companhia de gua e Esgoto do

    Cear CAGECE. Inspirado na experincia da CENTRAL da Bahia, o objetivo do

    SISAR fazer com que a prpria comunidade rural administre o sistema de

    abastecimento de gua de forma auto-sustentvel.

    COMPETNCIAS DO SISAR

    Calcular tarifas para aprovao do Conselho de Administrao

    Prestar assistncia tcnica preventiva e corretiva

    Controlar a qualidade da gua

    Emitir contas

    Realizar aes de educao sanitria

    Treinar e aperfeioar os operadores

    Repassar informaes operacionais dos sistemas CAGECE

    A organizao se d da seguinte forma: ao ser instalado um sistema de

    abastecimento de gua em um pequeno povoado, a comunidade se organiza com o

    apoio e a orientao da CAGECE em uma associao, recebendo do Estado o

    conjunto de equipamentos por meio de comodato. Ao mesmo tempo, a Associao

    17

  • recebe da Prefeitura a autorizao para operao do sistema. Atendidas estas

    condies, a Associao se integra ao SISAR de sua bacia hidrogrfica, que passa a

    apoi-la administrativa e operacionalmente [18]. As associaes tm a

    responsabilidade de administrar os sistemas no que diz respeito leitura dos

    hidrmetros, fiscalizar, operar e fazer a manuteno, distribuir as contas de gua e

    arrecadar as taxas para posterior envio ao SISAR, que centraliza as aes.

    Para que um determinado sistema passe a integrar o SISAR, so estabelecidas as

    condies de adequao ao seu padro tcnico, a saber: todas as ligaes prediais

    dotadas de hidrmetro; existncia de macro-medidor na unidade de produo de

    gua; instalaes eltricas adequadas; instalaes sem problemas construtivos;

    alm da existncia de associao comunitria funcionando adequadamente [45].

    Existem oito SISARs no Cear, formados por associaes das comunidades

    beneficiadas com sistema de abastecimento de gua, filiadas e localizadas em uma

    mesma bacia hidrogrfica, conforme ilustrado na Figura 3. Eles so independentes

    entre si, sendo que cada um uma organizao no-governamental (ONG) do tipo

    associao civil de direito privado sem fins lucrativos, composta pelas associaes

    das comunidades beneficiadas.

    18

  • Figura 3 Mapa de distribuio dos SISARs no Cear.

    Fonte: Documento tcnico CAGECE/GESAR

    O SISAR est presente em 119 municpios e 528 localidades com quase 300 mil

    pessoas beneficiadas.

    A estrutura organizacional do SISAR constituda por: Assembleia Geral, Conselho

    de Administrao CONAD, Conselho Fiscal CONFIS, Auditoria Tcnica e

    Gerncia Executiva (Figura 4).

    19

  • Figura 4 Estrutura do SISAR GESAR/CAGECE.

    Fonte: Baseado no modelo da Superviso Social da GESAR/CAGECE

    A Assembleia Geral instncia soberana para decidir sobre qualquer matria que

    lhe tenha sido encaminhada e adotar as medidas que julgar necessrias para o

    cumprimento do estatuto e da legislao vigente formada por um representante

    de cada associao filiada e responsvel pela escolha, dentre seus pares, dos

    membros do CONAD e do CONFIS. A Gerncia Executiva encarregada das

    medidas necessrias ao funcionamento do SISAR, sendo composta por um gerente

    tcnico e por profissionais das reas de manuteno, comercial e de educao [45].

    A Assembleia Geral Ordinria realizada anualmente, ocasio em que feita a

    prestao de contas das aes realizadas durante o ano em curso, a eleio dos

    membros para o CONAD e CONFIS, bem como a aprovao do plano de trabalho

    para o ano subsequente.

    O CONAD formado por onze membros, sendo seis representantes das

    associaes filiadas, eleitos na Assembleia Geral Ordinria, para um mandato de

    trs anos, e cinco membros copartcipes representantes de entidades pblicas.

    20

  • MEMBROS COPARTCIPES DO SISAR

    1 representante da CAGECE;

    1 representante da Secretaria das Cidades;

    1 representante da Secretaria do Desenvolvimento Agrrio;

    1 representante da Secretaria dos Recursos Hdricos;

    1 representante das prefeituras municipais.

    Assim como no modelo da CENTRAL, o SISAR agrega um maior nmero de atores

    no processo decisrio por meio da gesto descentralizada de pequenos sistemas de

    abastecimento de gua e tambm estimula o associativismo e uma maior

    participao social.

    2.3 Os Subcomits de Bacia

    A Lei das guas determinou em um de seus fundamentos que a bacia hidrogrfica

    a unidade territorial de implementao da Poltica Nacional de Recursos Hdricos e

    de atuao do SINGREH. Dispe, tambm, a Lei que a rea de atuao dos comits

    de bacia pode ser:

    a totalidade de uma bacia hidrogrfica;

    sub-bacia hidrogrfica de tributrio do curso de gua principal da bacia, ou

    de tributrio desse tributrio; ou

    grupo de bacias ou sub-bacias contguas.

    Com base nesses fundamentos legais, a rea de atuao de um comit de bacia

    pode variar de cerca de 2.000 km (caso da bacia do rio Mampituba) at mais de

    900.000 km (caso da bacia do rio Tocantins-Araguaia). Essa diversidade de

    tamanho nas reas de atuao de comits, aliada a outros fatores, implicou na

    estruturao de modelos de gesto que conseguissem enxergar os problemas

    21

  • relacionados gua numa escala mais adequada. Nesse sentido vm sendo

    estruturados os Comits nicos e os Comits de Integrao esse ltimo formado a

    partir dos Comits das sub-bacias.

    VEJA MAIS: para maiores informaes sobre Comit nico, Comit de Integrao e Comit de Sub-bacia, consultar o Volume 1 desta srie de cadernos.

    Outras bacias optaram pela formao de subcomits para dar mais capilaridade,

    fortalecer a mobilizao e estreitar a relao dos comits com os problemas mais

    locais relacionados gua. Cabe ressaltar que as principais diferenas entre um

    Comit de Sub-bacia e um Subcomit de Bacia que o primeiro tem poder deliberativo sobre a gesto da gua e criado por meio de Decreto do Poder

    Executivo, enquanto que o segundo pode ser apenas consultivo e criado no mbito

    da estrutura de funcionamento do Comit de Bacia. A seguir so apresentados

    exemplos que elucidaro essas diferenas.

    2.3.1 Subcomits na Bacia Hidrogrfica do rio das Velhas (MG)

    A bacia hidrogrfica do Rio das Velhas drena uma rea de cerca de 29.000 km2 e

    localiza-se na regio central do Estado de Minas Gerais (Figura 5), constituindo-se

    sub-bacia da Bacia Hidrogrfica do Rio So Francisco (BHRSF). Logo, o Comit da

    Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas um Comit de Sub-bacia do rio So Francisco.

    22

  • Figura 5 Mapa da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas.

    Fonte: SAG/ANA

    A bacia abrange cerca de 1% do territrio da BHRSF e concentra quase 30%

    (4.500.000 habitantes) da sua populao total. O territrio da bacia hidrogrfica do

    rio das Velhas est distribudo em 51 municpios no Estado de Minas Gerais,

    incluindo a Regio Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

    O Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas (CBH-Velhas) foi criado por meio

    do Decreto Estadual n 39.692/1998 e composto por 28 membros titulares,

    distribudos paritariamente entre poder pblico estadual, poder pblico municipal,

    usurios de gua e sociedade civil organizada.

    23

  • O principal projeto abraado pelo CBH-Velhas, o Projeto Manuelzo, construiu uma rede de Comits Manuelzo em vrios pontos na bacia hidrogrfica do rio das

    Velhas. Esses organismos, denominados Ncleos Manuelzo, foram estimulados,

    em sua evoluo, a se organizar nos moldes da legislao de recursos hdricos,

    principalmente no que diz respeito composio, tendo como recorte de

    gerenciamento e planejamento a bacia hidrogrfica.

    O PROJETO MANUELZO

    O Projeto Manuelzo foi criado em janeiro de 1997 por iniciativa de professores da

    Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG.

    A bacia hidrogrfica do rio das Velhas foi escolhida como foco de atuao, com o

    objetivo de superar a percepo municipalista das questes ambientais. Dessa

    forma, foi necessrio construir parcerias com os municpios da bacia, com o

    governo do estado, dentre outros.

    O auge do Projeto aconteceu em 2003, com a Expedio Manuelzo desce o Rio

    das Velhas, na qual os cerca de 800 km do rio, da nascente foz, foram

    percorridos em 29 dias. A partir da expedio, o Projeto Manuelzo desenvolveu a

    proposta denominada Meta 2010 traduzida no lema navegar, pescar e nadar no rio das Velhas cujo principal objetivo era o de revitalizar o rio at o ano de 2010.

    A proposta foi incorporada pelo Estado de Minas Gerais como projeto estruturador

    do Governo e hoje foi repactuada, gerando a Meta 2014.

    Fonte: http://www.manuelzao.ufmg.br/sobre_o_projeto/historia, em 29/07/2011.

    O Projeto Manuelzo foi incorporado pelo CBH-Velhas a partir da criao de

    subcomits em sua estrutura de funcionamento, por meio da Deliberao Normativa n 02, de 2004, representando assim uma proposta de descentralizao da gesto das guas na bacia do rio das Velhas. Hoje existem 14 subcomits

    (Figura 6).

    24

  • Figura 6 Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas com os 14 Subcomits criados at

    setembro de 2011.

    Fonte: SAG/ANA

    25

  • Os subcomits so grupos consultivos e propositivos, com atuao nas

    26

    DELIBERAO NORMATIVA CBHVELHAS N 02/04Estabelece diretrizes para a criao e o funcionamento dos sub-comits, vinculados ao Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas.

    O Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas, no uso de suas atribuies regimentais, tendo em vista o disposto no art 16, inciso V e 2 da Deliberao Normativa CBHVELHAS n 01, de 10 de abril de 2000, que estabelece seu Regimento Interno, e considerando a necessidade de promover o fortalecimento de sua gesto participativa e descentralizada, delibera:Art 1 Esta Deliberao Normativa estabelece as diretrizes para a criao e o funcionamento dos sub-comits, vinculados ao Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas. Art 2 Os sub-comits so grupos consultivos e propositivos, com atuao nas subbacias hidrogrficas da bacia hidrogrfica do Rio das Velhas.Pargrafo nico. vedada a atribuio de personalidade jurdica aos sub-comits.Art 3 Compete aos sub-comits, observadas as deliberaes do Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas:I acompanhar a elaborao e implementao do Plano de Recursos Hdricos da bacia hidrogrfica do rio das Velhas em sua rea de atuao, prioritariamente no que diz respeito s atividades de preservao, conservao e recuperao hidroambiental da bacia, formulando sugestes ao Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas para o cumprimento de seus objetivos e para suas atualizaes;II pronunciar-se, mediante solicitao do Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas, sobre as questes relacionadas aos recursos hdricos em sua rea de atuao;III propor ao Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas o exame e a apreciao de questes relacionadas aos recursos hdricos em sua rea de atuao;IV apresentar, anualmente, relatrio de atividades desenvolvidas e cpias das atas de suas reunies ao Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas;V eleger sua Coordenadoria, cujos nomes sero encaminhados ao Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas, para seu conhecimento;VI apoiar o Comit da Bacia Hidrogrfica do Rio das Velhas no processo de gesto compartilhada, em sua rea de atuao.

  • sub-bacias hidrogrficas da bacia hidrogrfica do rio das Velhas, podendo ser

    consultados sobre conflitos referentes ao uso de recursos hdricos e, tambm, levar

    ao conhecimento do CBH-Velhas e dos rgos e entidades competentes problemas

    hdricos e ambientais constatados em sua rea de atuao.

    Alm disso, os subcomits desempenham o relevante papel de articular os atores

    locais com relao s questes ambientais, sociais e educacionais. Com essa

    estratgia, a atuao dos subcomits possibilita um maior intercmbio de

    informaes e enriquece os debates do Plenrio do CBH-Velhas ao levantar temas

    relevantes das diversas sub-bacias.

    Em geral, na linha de ao dos subcomits, observa-se o desenvolvimento de

    atividades de educao ambiental, mobilizao social, formao de bancos de

    dados, levantamento de informaes e, em alguns casos, realizao de expedies

    nos corpos dgua.

    Particularmente, uma das iniciativas inovadoras foi a criao, no mbito do

    Subcomit Ribeiro Arrudas, de um Grupo de Planejamento e Projetos GPP. O

    GPP tem como objetivo articular poder pblico, entidades da sociedade civil e

    empresas, de modo a integrar e apoiar os projetos existentes nas bacias dos

    afluentes ao ribeiro, por meio de oficinas e seminrios, no qual cada entidade participante adota uma sub-bacia do ribeiro Arrudas como territrio de trabalho.

    27

    2.1 Central Bahia2.2 Sistema Integrado de Saneamento Rural no Estado do Cear: SISAR Cear2.3.1 Subcomits na Bacia Hidrogrfica do rio das Velhas (MG)