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UNIDADE 7 DUPLICATA Profª Roberta C. de M. Siqueira Direito Empresarial III ATENÇÃO: Este material é meramente informativo e não exaure a matéria. Foi retirado da bibliografia do curso constante no seu Plano de Ensino. São necessários estudos complementares. Mera orientação e roteiro para estudos. 1

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UNIDADE 7

DUPLICATA

Profª Roberta C. de M. Siqueira

Direito Empresarial III

ATENÇÃO: Este material é meramente informativo e não exaure a matéria. Foi retirado da bibliografia do curso constante no seu Plano de Ensino. São necessários estudos complementares. Mera orientação e roteiro para estudos.

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7.1 PREVISÃO LEGAL

Lei n. 5.474/68; Decreto-lei 436/1969. Regidas também pela legislação das letras de câmbio, no que não contrariar a legislação específica.

É um título de crédito genuinamente BRASILEIRO, cuja origem remonta ao artigo 219 do Código Comercial.

Era na verdade a fatura ou conta de um contrato de compra e venda de mercadorias entre comerciantes. Em tal negócio, eram emitidas duas vias da conta, ficando uma com o comprador e outra com o devedor. Se uma das vias fosse devidamente assinada pelo comprador, a fatura era equiparada aos títulos de crédito, inclusive para fins de cobrança judicial.

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Posteriormente, surgiu a Lei n° 187/1936, com a qual a duplicata passou a ser mais usada, todavia, com um caráter eminentemente fiscal, para controlar o pagamento de tributos.

Com o abandono de tal finalidade, a duplicata se expande na atividade mercantil, sendo regulamentada finalmente pela Lei nº 5.474/68, cujo regime prevalece até hoje.

Tal criação nacional se DIFUNDIU para outras legislações, mas no Brasil ela mantém certas peculiaridades que tornam a duplicata um dos mais úteis instrumentos de circulação de riquezas. 3

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7.2 DEFINIÇÃO

É o título de crédito emitido pelo credor com base em uma fatura para representar o crédito decorrente de um contrato de compra e venda mercantil ou de prestação de serviços.

É o único título de crédito emitido pelo credor.

A duplicata só pode ser emitida nas compras e vendas mercantis ou prestação de serviços e é título vinculado a esses contratos.

Sendo um título vinculado, não se aplica o princípio da abstração, em respeito à boa-fé do credor. 5

O SACADOR (vendedor ou prestador de serviço) dá uma ordem de pagamento baseada na fatura (relação de mercadorias ou serviços) para que o SACADO (devedor) pague a quantia ao BENEFICIÁRIO (o credor).

Título de crédito causal. Emitido com base em crédito decorrente de VENDA A PRAZO de mercadoria ou de PRESTAÇÃO DE SERVIÇO (Lei n. 5.474/68).

É idêntico à Letra de Câmbio, porém sua causalidade o torna com características próprias, afastando-a dos princípios cambiários e aproximando-a do direito das obrigações.

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A maior parte da doutrina concebe a duplicata

como um TÍTULO IMPRÓPRIO, isto é, apenas

equiparada aos títulos de crédito propriamente

ditos, pois ela não nasceria para ser um título

cambial, podendo ser tão-somente assimilada aos

títulos cambiais quando ocorre sua circulação.

Outros afirmam que a duplicata é um título de

crédito, porquanto são preenchidos todos os

requisitos da definição clássica de Cesare

Vivante. Algumas peculiaridades decorrentes do

regime da duplicata NÃO lhe retiram tal

natureza.

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Só podem ser emitidas com vencimento à vista

ou com dia certo, não podendo, portanto ter

vencimento a certo termo da vista nem a certo

termo da data.

É título estruturado como ORDEM DE

PAGAMENTO, mas seu aceite é obrigatório. O

devedor é obrigado a aceitá-la, a menos que

tenha justificativa para recusa legal (art. 8º e

21).

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Art. 8º O comprador só poderá deixar de aceitar a

duplicata por motivo de:

I - avaria ou não recebimento das mercadorias,

quando não expedidas ou não entregues por sua conta

e risco;

II - vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na

quantidade das mercadorias, devidamente

comprovados;

III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.

O aceite obrigatório NÃO significa aceite

irrecusável.

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Art. 21. O sacado poderá deixar de aceitar a duplicata

de prestação de serviços por motivo de:

I - não correspondência com os serviços efetivamente

contratados;

II - vícios ou defeitos na qualidade dos serviços

prestados, devidamente comprovados;

III - divergência nos prazos ou nos preços ajustados.

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7.3 EMISSÃO

a) CONTRATO: primeiro passo para criação da duplicata.

Compra e venda mercantil;

Prestação de serviços;

b) FATURA: segundo passo para criação da duplicata. É documento probatório do contrato.

c) DUPLICATA: junto com a fatura ou logo depois, o credor pode emitir a duplicata. A duplicata é a transformação do crédito contratual em título de crédito. É feito para que ele possa ser endossado.

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CONTRATO DE COMPRA E VENDA

MERCANTIL OU PRESTAÇÃO DE

SERVIÇOS

FATURA

DUPLICATA MERCANTIL OU DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

REQUISITOS: art. 2º, §1º. Todos os requisitos são essenciais. Não há requisito suprível.

i. Nome duplicata;

ii. Número da duplicata (nº de ordem);

iii. Número da fatura;

iv. Data de emissão;

v. Qualificação das partes (nome, endereço e número de documento); As duas partes têm que residir no país.

vi. Valor (Bacen: em algarismo e por extenso);

vii. Cláusula a ordem;

viii. Declaração para fins de aceite;

ix. Vencimento (em dia certo ou à vista);

x. Praça de pagamento;

xi. Assinatura do credor;

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Art. 2º. No ato da emissão da fatura, dela poderá ser

extraída uma duplicata para circulação como efeito

comercial, não sendo admitida qualquer outra espécie de

título de crédito para documentar o saque do vendedor

pela importância faturada ao comprador.

§ 1º A duplicata conterá:

I - a denominação "duplicata", a data de sua emissão e

o número de ordem;

II - o número da fatura;

III - a data certa do vencimento ou a declaração de ser a

duplicata à vista;

IV - o nome e domicílio do vendedor e do comprador;

V - a importância a pagar, em algarismos e por extenso;

VI - a praça de pagamento; 14

VII - a cláusula à ordem;

VIII - a declaração do reconhecimento de sua

exatidão e da obrigação de pagá-la, a ser assinada

pelo comprador, como aceite, cambial;

IX - a assinatura do emitente.

§ 2º Uma só duplicata não pode corresponder a

mais de uma fatura.

§ 3º Nos casos de venda para pagamento em

parcelas, poderá ser emitida duplicata única, em

que se discriminarão todas as prestações e seus

vencimentos, ou série de duplicatas, uma para cada

prestação distinguindo-se a numeração a que se

refere o item I do § 1º deste artigo, pelo acréscimo de

letra do alfabeto, em sequência.

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7.4 CARACTERÍSTICAS

Principal característica é a causalidade, visto que só

pode ser sacada após realização de uma operação de

compra e venda mercantil ou prestação de serviço a

prazo. Essa causa perseguirá o título, salvo se houver

aceite ordinário do sacado na própria duplicata, o que

a tornará ABSTRATA, pois caso aceita, o devedor

estará assumindo pagar pelo seu conteúdo e não pela

sua origem.

Não podem ser oponíveis ao credor de BOA-FÉ

exceções ligadas ao negócio jurídico subjacente se

houver a circulação do título, por meio de ENDOSSO.

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Somente saca a duplicata o credor que queira antecipar o crédito constante da fatura, vendendo-a com desconto. Facultativa, portanto, a emissão.

O devedor se obriga ao pagamento da duplicata independentemente de aceitá-lo expressamente, pois está pagando pelas mercadorias adquiridas ou serviços prestados.

É possível sacar mais de uma duplicata sobre a mesma fatura, pois o pagamento pode ser parcelado e, para cada prestação, pode ser emitida uma duplicata, todas incidentes sobre o mesmo motivo. 17

Não é possível emitir uma única duplicata

relativa a várias faturas, pois cada fatura é

uma causa, e isso possibilitaria que o defeito em

uma fatura maculasse toda a duplicata.

O recebimento da mercadoria ou da prestação

do serviço constante da fatura faz presumir o

aceite na duplicata.

Vícios na prestação do serviço, nas mercadorias

ou na fatura poderão ser alegados pelo sacado

para escusar-se e negar-se ao pagamento da

duplicata (art. 8º). 18

Para emissão da duplicata, deve haver fatura.

Para emissão de fatura deve haver compra e

venda ou prestação de serviço a prazo. Caso não

tenha ocorrido nenhum desses eventos, emitida

a fatura ou duplicata, caracterizado o crime de

emissão de duplicata simulada (art. 172 do CP).

Em caso de falência (art. 77, Lei 11.101/2005) e

de falta de aceite (art. 19, Decreto 2.044/1908

c/c art. 14 Lei 5.474/68) ocorrerá o vencimento

antecipado da duplicata.

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Se o contrato não foi devidamente cumprido, a

exceção do contrato não cumprido poderá ser

invocada para o não pagamento do próprio título.

O credor de boa-fé de duplicata aceita não poderá

ser afetado por questões ligadas ao negócio

jurídico subjacente.

É título de modelo vinculado, ou seja, só pode ser

emitido com obediência rigorosa aos padrões de

emissão fixados pelo Conselho Monetário

Nacional (Resolução n. 102/1968 do CMN).

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Transmite-se por ENDOSSO, garante-se por

AVAL e cobra-se por AÇÃO CAMBIAL,

aplicando-se as mesmas regras das letras de

câmbio sobre esses institutos.

O aval prevalece, mesmo se dado após o

vencimento (art. 12).

Quem emite duplicatas deve ESCRITURAR um

Livro obrigatório que se chama Livro de Registro

de Duplicatas (Lei n. 5.474/68, art. 19).

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Art. 12. O pagamento da duplicata poderá ser

assegurado por aval, sendo o avalista equiparado

àquele cujo nome indicar; na falta da indicação, àquele

abaixo de cuja firma lançar a sua; fora desses casos, ao

comprador.

Parágrafo único. O aval dado posteriormente ao

vencimento do título produzirá os mesmos efeitos que o

prestado anteriormente àquela ocorrência.

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Art. 19. A adoção do regime de vendas de que trata o

art. 2º desta Lei obriga o vendedor a ter e a escriturar

o Livro de Registro de Duplicatas.

§ 1º No Registro de Duplicatas serão escrituradas,

cronològicamente, todas as duplicatas emitidas, com o

número de ordem, data e valor das faturas originárias

e data de sua expedição; nome e domicílio do

comprador; anotações das reformas; prorrogações e

outras circunstâncias necessárias.

§ 2º Os Registros de Duplicatas, que não poderão

conter emendas, borrões, rasuras ou entrelinhas,

deverão ser conservados nos próprios estabelecimentos.

§ 3º O Registro de Duplicatas poderá ser substituído

por qualquer sistema mecanizado, desde que os

requisitos deste artigo sejam observados.

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7.5 MODALIDADES DE ACEITE

O aceite na duplicata diferencia-se do aceite na

LC, pois na DP ao aceite ainda não lançado no

título é presumido, tornando-se a partir dele, dou

da comunicação dele, título abstrato. Desse

modo, poderá ser:

a) Ordinário

b) Por comunicação

c) Presumido

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O aceite ORDINÁRIO ou EXPRESSO é aquele

realizado no próprio título pelo sacado, no local

indicado, tornando a DP um título abstrato.

O aceite POR COMUNICAÇÃO, é o lançado em

uma comunicação escrita do sacado ao portador do

título, equivalendo ao aceite, tornado a DP um

título abstrato (haverá retenção da DP pelo

sacado).

O aceite PRESUMIDO é aquele em que o sacado

não lança o aceite no título, mas o beneficiário-

portador possui comprovante escrito da entrega da

mercadoria, bem como comprovação do protesto do

título. 25

REMESSA: O prazo de remessa da DP para aceite é de 30 dias (art. 6º, §1º). Se ocorrer através de intermediário, haverá prazo extra de mais 10 dias.

Art. 6º A remessa de duplicata poderá ser feita diretamente pelo vendedor ou por seus representantes, por intermédio de instituições financeiras, procuradores ou, correspondentes que se incumbam de apresentá-la ao comprador na praça ou no lugar de seu estabelecimento, podendo os intermediários devolvê-la, depois de assinada, ou conservá-la em seu poder até o momento do resgate, segundo as instruções de quem lhes cometeu o encargo.

§ 1º O prazo para remessa da duplicata será de 30 (trinta) dias, contado da data de sua emissão.

§ 2º Se a remessa for feita por intermédio de representantes instituições financeiras, procuradores ou correspondentes estes deverão apresentar o título, ao comprador dentro de 10 (dez) dias, contados da data de seu recebimento na praça de pagamento. 26

DEVOLUÇÃO: se não for à vista, o comprador terá no máximo 10 dias para devolver o título ao apresentante (art. 7º), assinado ou com as razões da falta ou recusa de aceite (art. 8º).

Art. 7º A duplicata, quando não for à vista, deverá ser devolvida pelo comprador ao apresentante dentro do prazo de 10 (dez) dias, contado da data de sua apresentação, devidamente assinada ou acompanhada de declaração, por escrito, contendo as razões da falta do aceite.

§ 1º Havendo expressa concordância da instituição financeira cobradora, o sacado poderá reter a duplicata em seu poder até a data do vencimento, desde que comunique, por escrito, à apresentante o aceite e a retenção.

§ 2º - A comunicação de que trata o parágrafo anterior substituirá, quando necessário, no ato do protesto ou na execução judicial, a duplicata a que se refere.

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O sacado pode reter a DP e devolver um

comunicado dizendo que a aceitou. Tal

comunicação substitui o título para efeito de

protesto e execução.

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7.6 COBRANÇA DA DUPLICATA

Se a DP é não aceita:

Protesto por falta de aceite ou devolução;

Comprovação da entrega da mercadoria ou prestação

de serviço;

Não comprovação pelo devedor das escusas do art. 8º.

Se a DP for aceita:

Basta estar vencida, não importando se protestada

ou não.

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7.7 PRAZOS PRESCRICIONAIS

a) Ação contra o sacado e seus avalistas: prazo de

3 anos a contar do vencimento;

b) Ação contra o endossante, sacador e seus

avalistas: prazo de 1 ano a contar do protesto;

c) Ação do corresponsável que paga contra os

corresponsáveis de regresso: prazo de 1 ano

contado do pagamento.

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7.8 PROTESTO

O prazo do protesto é de até 30 dias (art. 13) após

o vencimento do título, para que garanta o direito

de acionar os coobrigados e pode ser realizado por

falta de aceite, por falta de devolução e por falta de

pagamento.

POR FALTA DE ACEITE: nesse caso, o protesto deve

ser feito até a data do vencimento, prazo último para

aceite. Produzirá como efeitos: configuração do aceite

presumido, possibilidade de cobrança dos devedores

indiretos (endossantes, sacador e avalistas deles) e

vencimento antecipado da duplicata. 31

POR FALTA DE DEVOLUÇÃO: quando o sacado

retém a DP, sem devolver comunicação de aceite. O

protesto é feito por indicações, segundo a lei, ou por

meio de triplicata (art. 13, §1º), conforme a doutrina e

jurisprudência. Como o credor não está na posse do

título, deverá fornecer ao cartório as indicações deste,

retiradas da fatura e do livro de registro de

duplicatas (art. 19).

Importante EXCEÇÃO ao Princípio da

Cartularidade, já que se admite o protesto e a

execução de um título sem que o credor esteja na

posse desse título.

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POR FALTA DE PAGAMENTO: produz três

efeitos: obrigação do sacado pagar o título, se

comprovado o cumprimento da obrigação

original, possibilidade de cobrança dos

devedores indiretos se feito até 30 dias após o

vencimento e interrupção da prescrição.

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Art. 13. A duplicata é protestável por falta de aceite de devolução ou pagamento.

§ 1º Por falta de aceite, de devolução ou de pagamento, o protesto será tirado, conforme o caso, mediante apresentação da duplicata, da triplicata, ou, ainda, por simples indicações do portador, na falta de devolução do título.

§ 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento.

§ 3º O protesto será tirado na praça de pagamento constante do título.

§ 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas

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Art. 8º (Lei n. 9492/97) Os títulos e documentos de

dívida serão recepcionados, distribuídos e entregues

na mesma data aos Tabelionatos de Protesto,

obedecidos os critérios de quantidade e qualidade.

Parágrafo único. Poderão ser recepcionadas as

indicações a protestos das Duplicatas Mercantis e de

Prestação de Serviços, por meio magnético ou de

gravação eletrônica de dados, sendo de inteira

responsabilidade do apresentante os dados

fornecidos, ficando a cargo dos Tabelionatos a mera

instrumentalização das mesmas.

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Art. 19. A adoção do regime de vendas de que trata o

art. 2º desta Lei obriga o vendedor a ter e a escriturar o

Livro de Registro de Duplicatas.

§ 1º No Registro de Duplicatas serão escrituradas,

cronologicamente, todas as duplicatas emitidas, com o

número de ordem, data e valor das faturas originárias

e data de sua expedição; nome e domicílio do

comprador; anotações das reformas; prorrogações e

outras circunstâncias necessárias.

§ 2º Os Registros de Duplicatas, que não poderão conter

emendas, borrões, rasuras ou entrelinhas, deverão ser

conservados nos próprios estabelecimentos.

§ 3º O Registro de Duplicatas poderá ser substituído

por qualquer sistema mecanizado, desde que os

requisitos deste artigo sejam observados. 36

7.9 TRIPLICATA

É uma cópia da DP, extraída nos casos autorizados por

lei (art. 23), que são a perda ou extravio da DP.

Art. 23. A perda ou extravio da duplicata obrigará o

vendedor a extrair triplicata, que terá os mesmos efeitos e

requisitos e obedecerá às mesmas formalidades daquela.

A lei diz que não pode ser emitida sempre, só em casos

de extravio ou destruição do título;

A jurisprudência admite em caso de retenção ilegítima

do título original (RESP 369808).

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7.10 PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS

Os empresários, individuais ou coletivos, fundações ou sociedades civis que se dediquem à prestação de serviços (inclusive de profissionais liberais) poderão emitir fatura e duplicata (art. 20).

Os profissionais liberais e os prestadores de serviço eventual são equiparados, nas seguintes condições: podem emitir FATURA, que servirá para protesto e execução. Para que a fatura produza os mesmos efeitos do título é necessário que seja registrada em cartório e depois efetuado o seu protesto. NÃO é título de crédito, mas produz os mesmos efeitos.

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Art. 20. As empresas, individuais ou coletivas,

fundações ou sociedades civis, que se dediquem à

prestação de serviços, poderão, também, na forma desta

lei, emitir fatura e duplicata.

§ 1º A fatura deverá discriminar a natureza dos

serviços prestados.

§ 2º A soma a pagar em dinheiro corresponderá ao

preço dos serviços prestados.

§ 3º Aplicam-se à fatura e à duplicata ou triplicata de

prestação de serviços, com as adaptações cabíveis, as

disposições referentes à fatura e à duplicata ou

triplicata de venda mercantil, constituindo documento

hábil, para transcrição do instrumento de protesto,

qualquer documento que comprove a efetiva prestação,

dos serviços e o vínculo contratual que a autorizou.

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Art. 22. Equiparam-se às entidades constantes do art. 20, para os efeitos da presente Lei, ressalvado o disposto no Capítulo VI, os profissionais liberais e os que prestam serviço de natureza eventual desde que o valor do serviço ultrapasse a NCr$100,00 (cem cruzeiros novos).

§ 1º Nos casos deste artigo, o credor enviará ao devedor fatura ou conta que mencione a natureza e valor dos serviços prestados, data e local do pagamento e o vínculo contratual que deu origem aos serviços executados.

§ 2º Registrada a fatura ou conta no Cartório de Títulos e Documentos, será ela remetida ao devedor, com as cautelas constantes do artigo 6º.

§ 3º O não pagamento da fatura ou conta no prazo nela fixado autorizará o credor a levá-la a protesto, valendo, na ausência do original, certidão do cartório competente.

§ 4º - O instrumento do protesto, elaborado com as cautelas do art. 14, discriminando a fatura ou conta original ou a certidão do Cartório de Títulos e Documentos, autorizará o ajuizamento do competente processo de execução na forma prescrita nesta Lei. (Redação dada pela Lei nº 6.458, de 1º.11.1977)

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Segue as mesmas regras da duplicata de compra e venda, com exceção de que para protestar a duplicata de prestação de serviços é preciso:

• Título + contrato + comprovante;

• Na prática, os documentos não são apresentados no cartório. Basta a declaração de que o credor tem esses documentos.

• Art. 20, § 3º. Aplicam-se à fatura e à duplicata ou triplicata de prestação de serviços, com as adaptações cabíveis, as disposições referentes à fatura e à duplicata ou triplicata de venda mercantil, constituindo documento hábil, para transcrição do instrumento de protesto, qualquer documento que comprove a efetiva prestação, dos serviços e o vínculo contratual que a autorizou.(Incluído pelo Decreto-Lei nº 436, de 27.1.1969)

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7.11 DUPLICATA ESCRITURAL

É aquela emitida por meio eletrônico, sendo cobrada mediante boleto bancário. Uma vez paga, o banco dá baixa no sistema e entrega a fita magnética ao sacado.

Em caso de inadimplemento, a jurisprudência tem oscilado no que diz respeito ao cabimento da execução, diante da cartularidade do título, ou seja, da necessidade da expedição de um documento.

Para alguns, em vez da execução, cabível antes a ação de cobrança. Isso significa negar à DP escritural ou “virtual” a natureza de título executivo. 42

Uma interpretação lógico-sistemática da Lei de

Duplicatas com o Código Civil (prevê a emissão

de títulos por meio eletrônico) permite a

relativização do referido princípio da

cartularidade, especificamente em relação à

emissão de DP virtual.

A jurisprudência consolidou o entendimento de

validade da substituição da emissão

duplicata física por BOLETO BANCÁRIO

acompanhado de Nota Fiscal ou fatura e

comprovação da regularidade da relação

subjacente.

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