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Unidade Temaacutetica de Histoacuteria

O ENSINO APRENDIZAGEM E A MELHORIA DE QUALIDADE DO ENSINO DE HISTOacuteRIA NA ESCOLA

2011

GELZA MARIA GIULIANGELI BROGIATO

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 2

GELZA MARIA GIULIANGELI BROGIATO

UNIDADE TEMAacuteTICA DE HISTOacuteRIA

O ENSINO APRENDIZAGEM E A MELHORIA DE QUALIDADE DO ENSINO DE HISTOacuteRIA NA

ESCOLA

LONDRINA 2011

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 3

SUMAacuteRIO

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO 5

APRESENTACcedilAtildeO 7 ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO 8

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico 8

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 8

Construccedilatildeo da entrevista 10

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 10

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista) 10

No processamento e interpretaccedilatildeo 11

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na conferecircncia e na anaacutelise das entrevistas 11

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade 11

Construccedilatildeo de Conceitos 13

Sugestatildeo de atividade para o(a) aluno(a) 13

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno 14

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 14

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo 16

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 16

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor (a) 16

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia 16

Refletindo sobre o texto 17

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 17

Formando crianccedilas livres de preconceitos 18

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 18

Trabalhando com muacutesica 23

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 23

1-Fazer leitura da letra da muacutesica 23

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras 23

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso 23

4-Cantar a muacutesica 23

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 23

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos 23

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica 23

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo 23

O Navio Negreiro 24

Caetano Veloso 24

Trabalhando com poema 28

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios 28

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 30

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 31

Trabalhando com imagens 32

Sugestatildeo de atividades para o aluno 32

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 4

Sites das imagens 32

Trabalhando com viacutedeo 33

Trabalhando com entrevista 34

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista 34

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista 37 A Fotografia na Construccedilatildeo do Material Didaacutetico 38 Trabalhando com Fotografias e Histoacuteria Local 39 Figura 1 39 Figura 2 40 Figura 3 41 Figura 4 42 Figura 5 43 Figura 6 43 Figura 7 44 Lembrete ao(a) professor(a) 44

Sugestatildeo de atividades para o Aluno 45 Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 45

Referecircncia Bibliograacutefica do Texto Explicativo 46

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 5

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO

Professora Gelza Maria Giuliangeli Brogiato

Aacuterea PDE Histoacuteria

NRE Londrina

Professora orientadora Profordf Drordf Maacutercia Elisa Teteacute Ramos

IES vinculada Universidade Estadual de Londrina

Tiacutetulo da pesquisa A cultura do afrodescendente e sua trajetoacuteria de vida

compartilhar as diferenccedilas na comunidade escolar pelas entrevistas

Tema Narrativas dos afrodescendentes moradores no bairro Novo Horizonte na

cidade de Rolacircndia

Conteuacutedo estruturante O estudo de temas baseados em alguns autores que

tratam de pesquisas relacionadas ao racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do

afrodescendente utilizando a metodologia da Histoacuteria Oral por meio de

entrevistas que possam dar noccedilotildees sobre a Histoacuteria Local Tambeacutem se orienta

tomando com referencial autores que consideram a possibilidade de construccedilatildeo

do conhecimento histoacuterico escolar atraveacutes do uso de fontes histoacutericas

transformando-as em material duplo fonte histoacuterica e fonte didaacutetica

Objetivo Geral

Pretende-se fazer com que o aluno realize entrevistas com afrodescendentes

moradores da comunidade em que a escola estaacute inserida no sentido de interagir

com o grupo compreendendo elementos culturais do mesmo construindo

identidade e alteridade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 6

Objetivos especiacuteficos

Destacar a cultura dos povos africanos para a cultura brasileira e outras

Fazer o aluno ver-se partiacutecipe do processo histoacuterico atraveacutes do

conhecimento sobre diversidade cultural

Despertar o respeito ao outro e a diversidade eacutetnico-racial e religiosa

Compartilhar as diferenccedilas dentro do universo escolar e na comunidade

Desmistificar a imagem da passividade do africano lembrando dos

ldquomovimentos sociaisrdquo por este empreendidos

Proporcionar ao aluno subsiacutedios para entender os procedimentos do

historiador para a escrita da histoacuteria para que possa ele tambeacutem escrever

histoacuteria ou melhor produzir conhecimento histoacuterico

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 2

GELZA MARIA GIULIANGELI BROGIATO

UNIDADE TEMAacuteTICA DE HISTOacuteRIA

O ENSINO APRENDIZAGEM E A MELHORIA DE QUALIDADE DO ENSINO DE HISTOacuteRIA NA

ESCOLA

LONDRINA 2011

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 3

SUMAacuteRIO

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO 5

APRESENTACcedilAtildeO 7 ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO 8

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico 8

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 8

Construccedilatildeo da entrevista 10

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 10

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista) 10

No processamento e interpretaccedilatildeo 11

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na conferecircncia e na anaacutelise das entrevistas 11

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade 11

Construccedilatildeo de Conceitos 13

Sugestatildeo de atividade para o(a) aluno(a) 13

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno 14

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 14

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo 16

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 16

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor (a) 16

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia 16

Refletindo sobre o texto 17

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 17

Formando crianccedilas livres de preconceitos 18

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 18

Trabalhando com muacutesica 23

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 23

1-Fazer leitura da letra da muacutesica 23

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras 23

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso 23

4-Cantar a muacutesica 23

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 23

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos 23

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica 23

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo 23

O Navio Negreiro 24

Caetano Veloso 24

Trabalhando com poema 28

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios 28

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 30

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 31

Trabalhando com imagens 32

Sugestatildeo de atividades para o aluno 32

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 4

Sites das imagens 32

Trabalhando com viacutedeo 33

Trabalhando com entrevista 34

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista 34

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista 37 A Fotografia na Construccedilatildeo do Material Didaacutetico 38 Trabalhando com Fotografias e Histoacuteria Local 39 Figura 1 39 Figura 2 40 Figura 3 41 Figura 4 42 Figura 5 43 Figura 6 43 Figura 7 44 Lembrete ao(a) professor(a) 44

Sugestatildeo de atividades para o Aluno 45 Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 45

Referecircncia Bibliograacutefica do Texto Explicativo 46

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 5

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO

Professora Gelza Maria Giuliangeli Brogiato

Aacuterea PDE Histoacuteria

NRE Londrina

Professora orientadora Profordf Drordf Maacutercia Elisa Teteacute Ramos

IES vinculada Universidade Estadual de Londrina

Tiacutetulo da pesquisa A cultura do afrodescendente e sua trajetoacuteria de vida

compartilhar as diferenccedilas na comunidade escolar pelas entrevistas

Tema Narrativas dos afrodescendentes moradores no bairro Novo Horizonte na

cidade de Rolacircndia

Conteuacutedo estruturante O estudo de temas baseados em alguns autores que

tratam de pesquisas relacionadas ao racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do

afrodescendente utilizando a metodologia da Histoacuteria Oral por meio de

entrevistas que possam dar noccedilotildees sobre a Histoacuteria Local Tambeacutem se orienta

tomando com referencial autores que consideram a possibilidade de construccedilatildeo

do conhecimento histoacuterico escolar atraveacutes do uso de fontes histoacutericas

transformando-as em material duplo fonte histoacuterica e fonte didaacutetica

Objetivo Geral

Pretende-se fazer com que o aluno realize entrevistas com afrodescendentes

moradores da comunidade em que a escola estaacute inserida no sentido de interagir

com o grupo compreendendo elementos culturais do mesmo construindo

identidade e alteridade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 6

Objetivos especiacuteficos

Destacar a cultura dos povos africanos para a cultura brasileira e outras

Fazer o aluno ver-se partiacutecipe do processo histoacuterico atraveacutes do

conhecimento sobre diversidade cultural

Despertar o respeito ao outro e a diversidade eacutetnico-racial e religiosa

Compartilhar as diferenccedilas dentro do universo escolar e na comunidade

Desmistificar a imagem da passividade do africano lembrando dos

ldquomovimentos sociaisrdquo por este empreendidos

Proporcionar ao aluno subsiacutedios para entender os procedimentos do

historiador para a escrita da histoacuteria para que possa ele tambeacutem escrever

histoacuteria ou melhor produzir conhecimento histoacuterico

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 3

SUMAacuteRIO

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO 5

APRESENTACcedilAtildeO 7 ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO 8

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico 8

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 8

Construccedilatildeo da entrevista 10

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 10

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista) 10

No processamento e interpretaccedilatildeo 11

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na conferecircncia e na anaacutelise das entrevistas 11

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade 11

Construccedilatildeo de Conceitos 13

Sugestatildeo de atividade para o(a) aluno(a) 13

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno 14

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 14

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo 16

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 16

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor (a) 16

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia 16

Refletindo sobre o texto 17

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 17

Formando crianccedilas livres de preconceitos 18

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 18

Trabalhando com muacutesica 23

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 23

1-Fazer leitura da letra da muacutesica 23

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras 23

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso 23

4-Cantar a muacutesica 23

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 23

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos 23

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica 23

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo 23

O Navio Negreiro 24

Caetano Veloso 24

Trabalhando com poema 28

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios 28

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 30

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a) 31

Trabalhando com imagens 32

Sugestatildeo de atividades para o aluno 32

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 4

Sites das imagens 32

Trabalhando com viacutedeo 33

Trabalhando com entrevista 34

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista 34

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista 37 A Fotografia na Construccedilatildeo do Material Didaacutetico 38 Trabalhando com Fotografias e Histoacuteria Local 39 Figura 1 39 Figura 2 40 Figura 3 41 Figura 4 42 Figura 5 43 Figura 6 43 Figura 7 44 Lembrete ao(a) professor(a) 44

Sugestatildeo de atividades para o Aluno 45 Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 45

Referecircncia Bibliograacutefica do Texto Explicativo 46

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 5

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO

Professora Gelza Maria Giuliangeli Brogiato

Aacuterea PDE Histoacuteria

NRE Londrina

Professora orientadora Profordf Drordf Maacutercia Elisa Teteacute Ramos

IES vinculada Universidade Estadual de Londrina

Tiacutetulo da pesquisa A cultura do afrodescendente e sua trajetoacuteria de vida

compartilhar as diferenccedilas na comunidade escolar pelas entrevistas

Tema Narrativas dos afrodescendentes moradores no bairro Novo Horizonte na

cidade de Rolacircndia

Conteuacutedo estruturante O estudo de temas baseados em alguns autores que

tratam de pesquisas relacionadas ao racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do

afrodescendente utilizando a metodologia da Histoacuteria Oral por meio de

entrevistas que possam dar noccedilotildees sobre a Histoacuteria Local Tambeacutem se orienta

tomando com referencial autores que consideram a possibilidade de construccedilatildeo

do conhecimento histoacuterico escolar atraveacutes do uso de fontes histoacutericas

transformando-as em material duplo fonte histoacuterica e fonte didaacutetica

Objetivo Geral

Pretende-se fazer com que o aluno realize entrevistas com afrodescendentes

moradores da comunidade em que a escola estaacute inserida no sentido de interagir

com o grupo compreendendo elementos culturais do mesmo construindo

identidade e alteridade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 6

Objetivos especiacuteficos

Destacar a cultura dos povos africanos para a cultura brasileira e outras

Fazer o aluno ver-se partiacutecipe do processo histoacuterico atraveacutes do

conhecimento sobre diversidade cultural

Despertar o respeito ao outro e a diversidade eacutetnico-racial e religiosa

Compartilhar as diferenccedilas dentro do universo escolar e na comunidade

Desmistificar a imagem da passividade do africano lembrando dos

ldquomovimentos sociaisrdquo por este empreendidos

Proporcionar ao aluno subsiacutedios para entender os procedimentos do

historiador para a escrita da histoacuteria para que possa ele tambeacutem escrever

histoacuteria ou melhor produzir conhecimento histoacuterico

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 4

Sites das imagens 32

Trabalhando com viacutedeo 33

Trabalhando com entrevista 34

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista 34

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista 37 A Fotografia na Construccedilatildeo do Material Didaacutetico 38 Trabalhando com Fotografias e Histoacuteria Local 39 Figura 1 39 Figura 2 40 Figura 3 41 Figura 4 42 Figura 5 43 Figura 6 43 Figura 7 44 Lembrete ao(a) professor(a) 44

Sugestatildeo de atividades para o Aluno 45 Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a) 45

Referecircncia Bibliograacutefica do Texto Explicativo 46

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 5

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO

Professora Gelza Maria Giuliangeli Brogiato

Aacuterea PDE Histoacuteria

NRE Londrina

Professora orientadora Profordf Drordf Maacutercia Elisa Teteacute Ramos

IES vinculada Universidade Estadual de Londrina

Tiacutetulo da pesquisa A cultura do afrodescendente e sua trajetoacuteria de vida

compartilhar as diferenccedilas na comunidade escolar pelas entrevistas

Tema Narrativas dos afrodescendentes moradores no bairro Novo Horizonte na

cidade de Rolacircndia

Conteuacutedo estruturante O estudo de temas baseados em alguns autores que

tratam de pesquisas relacionadas ao racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do

afrodescendente utilizando a metodologia da Histoacuteria Oral por meio de

entrevistas que possam dar noccedilotildees sobre a Histoacuteria Local Tambeacutem se orienta

tomando com referencial autores que consideram a possibilidade de construccedilatildeo

do conhecimento histoacuterico escolar atraveacutes do uso de fontes histoacutericas

transformando-as em material duplo fonte histoacuterica e fonte didaacutetica

Objetivo Geral

Pretende-se fazer com que o aluno realize entrevistas com afrodescendentes

moradores da comunidade em que a escola estaacute inserida no sentido de interagir

com o grupo compreendendo elementos culturais do mesmo construindo

identidade e alteridade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 6

Objetivos especiacuteficos

Destacar a cultura dos povos africanos para a cultura brasileira e outras

Fazer o aluno ver-se partiacutecipe do processo histoacuterico atraveacutes do

conhecimento sobre diversidade cultural

Despertar o respeito ao outro e a diversidade eacutetnico-racial e religiosa

Compartilhar as diferenccedilas dentro do universo escolar e na comunidade

Desmistificar a imagem da passividade do africano lembrando dos

ldquomovimentos sociaisrdquo por este empreendidos

Proporcionar ao aluno subsiacutedios para entender os procedimentos do

historiador para a escrita da histoacuteria para que possa ele tambeacutem escrever

histoacuteria ou melhor produzir conhecimento histoacuterico

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 5

DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO

Professora Gelza Maria Giuliangeli Brogiato

Aacuterea PDE Histoacuteria

NRE Londrina

Professora orientadora Profordf Drordf Maacutercia Elisa Teteacute Ramos

IES vinculada Universidade Estadual de Londrina

Tiacutetulo da pesquisa A cultura do afrodescendente e sua trajetoacuteria de vida

compartilhar as diferenccedilas na comunidade escolar pelas entrevistas

Tema Narrativas dos afrodescendentes moradores no bairro Novo Horizonte na

cidade de Rolacircndia

Conteuacutedo estruturante O estudo de temas baseados em alguns autores que

tratam de pesquisas relacionadas ao racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do

afrodescendente utilizando a metodologia da Histoacuteria Oral por meio de

entrevistas que possam dar noccedilotildees sobre a Histoacuteria Local Tambeacutem se orienta

tomando com referencial autores que consideram a possibilidade de construccedilatildeo

do conhecimento histoacuterico escolar atraveacutes do uso de fontes histoacutericas

transformando-as em material duplo fonte histoacuterica e fonte didaacutetica

Objetivo Geral

Pretende-se fazer com que o aluno realize entrevistas com afrodescendentes

moradores da comunidade em que a escola estaacute inserida no sentido de interagir

com o grupo compreendendo elementos culturais do mesmo construindo

identidade e alteridade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 6

Objetivos especiacuteficos

Destacar a cultura dos povos africanos para a cultura brasileira e outras

Fazer o aluno ver-se partiacutecipe do processo histoacuterico atraveacutes do

conhecimento sobre diversidade cultural

Despertar o respeito ao outro e a diversidade eacutetnico-racial e religiosa

Compartilhar as diferenccedilas dentro do universo escolar e na comunidade

Desmistificar a imagem da passividade do africano lembrando dos

ldquomovimentos sociaisrdquo por este empreendidos

Proporcionar ao aluno subsiacutedios para entender os procedimentos do

historiador para a escrita da histoacuteria para que possa ele tambeacutem escrever

histoacuteria ou melhor produzir conhecimento histoacuterico

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

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3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 6

Objetivos especiacuteficos

Destacar a cultura dos povos africanos para a cultura brasileira e outras

Fazer o aluno ver-se partiacutecipe do processo histoacuterico atraveacutes do

conhecimento sobre diversidade cultural

Despertar o respeito ao outro e a diversidade eacutetnico-racial e religiosa

Compartilhar as diferenccedilas dentro do universo escolar e na comunidade

Desmistificar a imagem da passividade do africano lembrando dos

ldquomovimentos sociaisrdquo por este empreendidos

Proporcionar ao aluno subsiacutedios para entender os procedimentos do

historiador para a escrita da histoacuteria para que possa ele tambeacutem escrever

histoacuteria ou melhor produzir conhecimento histoacuterico

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

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3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 7

APRESENTACcedilAtildeO

Apoacutes a promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo de 1988 o Brasil busca

efetivar a condiccedilatildeo de um Estado democraacutetico direito com ecircnfase na cidadania e

dignidade da pessoa humana portanto ainda existe uma realidade de posturas

como preconceito racismo e discriminaccedilatildeo aos afrodescendentes que

historicamente enfrentam dificuldades para o acesso e permanecircncia nas escolas

A escola eacute comprometida com a promoccedilatildeo do ser humano na sua

integridade com objetivo de formaccedilatildeo de valores haacutebitos e comportamentos que

respeitam as diferenccedilas e caracteriacutesticas proacuteprias de grupos e minorias

Ao avaliar os dados que apontam desigualdades entre brancos e

negros na educaccedilatildeo constatam-se as necessidades de poliacuteticas especiacuteficas que

revertam o quadro Os movimentos sociais impulsionaram o Estado a realizar

mudanccedilas legislativas reconhecendo o problema da disparidade branco-negro em

nossa sociedade e a necessidade de intervir de forma positiva Assim em

compromisso de eliminar as desigualdades sociais o Governo Federal sancionou

em marccedilo de 2003 a lei 1063903-MEC que altera a LDB (Lei Diretrizes e Base)

e estabelece as diretrizes curriculares para a implementaccedilatildeo da mesma Essa lei

instituiu a obrigatoriedade do Ensino de Histoacuteria da Aacutefrica e dos africanos no

curriacuteculo escolar do Ensino Fundamental e Meacutedio Essa decisatildeo resgata

historicamente a cultura do negro na construccedilatildeo e formaccedilatildeo da sociedade

brasileira

Nesse contexto percebe-se a necessidade de se desenvolver um

trabalho focalizando diretamente a conscientizaccedilatildeo dos alunos sobre a

importacircncia da cultura afrodescendente na localidade em que ele vive ou seja o

negro fazendo parte do processo histoacuterico-social e pelas entrevistas resgatar a

memoacuteria dessa comunidade e ver o que ela pensa sobre a escravidatildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 8

ESTRATEacuteGIA DE ACcedilAtildeO

Segundo Schmidt e Cainelli (2004 p62) para se ensinar histoacuteria

eacute necessaacuterio respeitar o conhecimento do aluno sua histoacuteria de vida esse

conhecimento pode ser considerado como marco inicial e assimilador dando

significado ao ensino de histoacuteria Partindo de suas representaccedilotildees o aluno seraacute

capaz de efetivar suas proacuteprias ideacuteias sobre os objetos e fenocircmenos do mundo

social Eacute graccedilas a essas representaccedilotildees que o aluno pode interrogar o discurso do

professor os documentosoperar a seleccedilatildeo entre os conteuacutedos julgados

pertinentes validaacute-los ou refutaacute-los

Conhecimento Preacutevio Construccedilatildeo do conhecimento histoacuterico

Sugestatildeo de atividades para o(a) aluno(a)

1) Fazer um levantamento sobre os acontecimentos de sua vida desde seu

nascimento ateacute hoje Para isso pergunte para sua matildee ou responsaacutevel anote e

traga para a sala de aula

11) Fazer a linha do tempo e registrar dados importantes de sua vida

___________________________________________________

1998 2002 2006 2010 2011

2) Escrever sua histoacuteria de vida

3) Debate sobre os trabalhos realizados (atividades 1-2)

4) Como vocecirc se sentiu ao escrever sua histoacuteria de vida

5) Vocecirc tambeacutem faz parte da histoacuteria Justifique

Ainda em Schmidt e Cainelli a Histoacuteria Oral eacute uma metodologia de

pesquisa que se baseia em fontes orais que registram experiecircncias vividas o

depoimento de um indiviacuteduo ou de vaacuterios indiviacuteduos de uma mesma comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 9

O pesquisador deve orientar a pesquisa para buscar referecircncias objetivas sobre o

tema pesquisado a entrevista eacute a estrateacutegia mais comum na coleta de dados

pode ser captada com gravaccedilatildeo ou transcriccedilatildeo escrita Eacute importante haver

controle sobre o universo de amostras e o tipo de entrevista em nosso caso

usaremos a entrevista aberta o conhecimento da atitude do entrevistador do

lugar onde se faz a entrevista e o trabalho de anaacutelise e reflexatildeo sobre os

resultados O trabalho com oralidade no trabalho de histoacuteria precisa-se considerar

que a reflexatildeo acompanhe todo o processo

Pode se trabalhar os depoimentos pessoais com base na escolha de temas comuns consultados em diferentes fontes procurando explorar os conteuacutedos sem desvinculaacute-las das categorias mais ampla das estruturas social econocircmica e poliacutetica Eacute importante evitar o que Dosse chamou de ldquohistoacuteria em migalhasrdquo (Schmidt Cainelli 2004 p 127)

Para que a histoacuteria oral se torne significativa seraacute necessaacuterio

planejar cuidadosamente o trabalho a ser desenvolvido definir objetivos verificar

os recursos disponiacuteveis selecionar as estrateacutegias adotadas como entrevistar

pessoas da comunidade em que estaacute inserida Focando um tema desejado no

caso o afrodescendente e o resgate de sua cultura hoje Ao entrevistar pessoa da

comunidade para resgatar sua trajetoacuteria de vida em um determinado local

ampliamos o conhecimento para aleacutem dessa comunidade

Com elemento constitutivo da transposiccedilatildeo didaacutetica do saber histoacuterico para o saber escolar a histoacuteria local pode ser vista como estrateacutegia pedagoacutegica Trata-se de uma forma de abordar a aprendizagem a construccedilatildeo e a apreensatildeo do conhecimento histoacuterico com proposiccedilotildees que podem ser articuladas em interesses do aluno suas aproximaccedilotildees cognitivas suas experiecircncias culturais e com a possibilidade de desenvolver atividades diretamente vinculadas agrave vida cotidiana Com estrateacutegia de aprendizagem a histoacuteria local pode garantir uma melhor apropriaccedilatildeo do conhecimento histoacuterico baseado em recortes selecionados do conteuacutedo os quais seratildeo integrados no conjunto do conhecimento (VAZQUEZ apud Schmidt Cainelli 2004p113)

Na coleta e tratamento de entrevistas a memoacuteria eacute de fundamental

importacircncia para os historiadores e para outros profissionais porque por meio dela

ldquolemosrdquo periacuteodos histoacutericos chegamos a determinados sujeitos sociais excluiacutedos

ou esquecidos da Histoacuteria A memoacuteria possui ldquolugaresrdquo que nos permitem lembrar

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 10

como museus muacutesicas literatura ldquocausosrdquo etc A memoacuteria pode ser individual ou

coletiva mas para evocar lembranccedilas eu preciso de memoacuteria do outro para

transformar a minha memoacuteria na ldquonossa memoacuteriardquo

Construccedilatildeo da entrevista

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar os itens abaixo com muita atenccedilatildeo e comprometimento

2-Destacar esses itens em um cartaz para natildeo ser esquecidos

3-Formar grupos para a simulaccedilatildeo de uma entrevista dentro da sala de aula

4- Para se realizar a entrevista de campo seraacute necessaacuterio um entrevistador amp

aluno auxiliarequipe de transcriccedilatildeo aluno-transcritor aluno-conferente

professor-conferente

Condutas a serem consideradas no trabalho de campo (antes e durante a entrevista)

-Ao solicitar permissatildeo para realizar a entrevista comportar-se

corretamente e com boas maneiras

-Ter o maacuteximo respeito ao conversar com o entrevistado

-Ouvir o que outra pessoa considera importante dizer

-Manter o contato visual durante a entrevista manter o olhar e a

atenccedilatildeo dirigidos para o entrevistado

-Responder as perguntas que o entrevistado fizer sobre o

entrevistador e o projeto

-Explicar para o entrevistado como o seu depoimento eacute

importante e contribui para a memoacuteria da Histoacuteria da comunidade

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 11

-Atitude vocecirc estaacute tentando aprender um pouquinho ou fazer que

algueacutem lhe contem histoacuterias Lembre-se na entrevista eles que

tecircm os conhecimentos

-Respeitar os pedidos do entrevistado

No processamento e interpretaccedilatildeo

Fidelidade e zelo na transcriccedilatildeo na

conferecircncia e na anaacutelise das

entrevistas

Nem uma palavra do entrevistado

pode ser desprezada

Na representaccedilatildeo dos resultados agrave comunidade

Apresentar os resultados da pesquisa para a comunidade de forma

transparente respeitando as informaccedilotildees coletadas nas entrevistas

Dando enfoque a este trabalho atraveacutes de entrevistas e da

histoacuteria local deveraacute ser resgatado o tema de Ferreira (2002) quando ele fala

sobre ldquoO brasileiro o racismo silencioso e a emancipaccedilatildeo do afrodescendenterdquo

Nelson Rodrigues ldquoespecialistardquo em denunciar aquilo que se esconde por detraacutes

das aparecircncias aponta uma farsa da qual muitas vezes o brasileiro se orgulha

que o Brasil vive em uma ldquodemocracia racialrdquo

O preconceito contra o negro em funccedilatildeo de o mito que o nega

torna-se difiacutecil de ser compreendido e combatido Existe um tratamento cordial

levando a crer que a discriminaccedilatildeo etnoracial natildeo existe Mesmo tendo

consciecircncia disso poreacutem considera um problema do outro No Brasil o preconceito

natildeo eacute abertamente afirmado por isso se torna difiacutecil agrave elaboraccedilatildeo de leis que

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 12

favoreccedila a reversatildeo A ideologia eacute que no Brasil as diferenccedilas satildeo aceitas e

valorizadas um verdadeiro exemplo para outras naccedilotildees encobre o problema Em

funccedilatildeo disso satildeo negados para os negros as condiccedilotildees de viver melhor e exercer

a cidadania

Segundo Cavalleiro (2005) tais depoimentos revelam que nos

lares de famiacutelias negras e na escola a maneira mais silenciosa de se lidar com o

preconceito eacute o silecircncio O termo ldquomorenordquo era para se auto-referir as

caracteriacutesticas etnoraciais Parece politicamente chamar de moreno o

afrodescendente uma estrateacutegica simboacutelica de fuga da discriminaccedilatildeo Questotildees

que se tornam difiacuteceis de se lidar no Brasil Em torno do seacuteculo XIV o homem

ocidental lanccedilou-se no mundo das Grandes Navegaccedilotildees deparou-se com um

universo de diversidade Ele precisava-se organizar de maneira segura em sua

realidade atraveacutes de reflexotildees conseguiu controlar os acontecimentos Bauman

(1999) nos direciona a uma das chaves da compreensatildeo da construccedilatildeo da

subjetividade do homem moderno O processo de qualificar obsessotildees da

civilizaccedilatildeo ocidental constitui-se nos atos de incluir o semelhante num padratildeo

considerado correto excluindo o diferente Ordem e progresso condiccedilotildees que

legitimavam transformaccedilotildees do outro no mesmo Para o africano escravizado

tornar-se cristatildeo apagar sua histoacuteria atraveacutes de um processo de branqueamento

e aculturaccedilatildeo tornaacute-lo branco Essa ideacuteia foi defendida no iniacutecio do seacuteculo XX por

vaacuterios cientistas e intelectuais brasileiros que eram representantes das ldquoverdadesrdquo

estabelecidas Schwarcz (1998) e Consorte (1999) analisaram esse periacuteodo havia

justificativas consideradas cientificas que legitimavam o eurocentrismo [] Para

Larkin Nascimento (2000) apoiara-se em duas condiccedilotildees baacutesicas a imigraccedilatildeo em

massa subsidiada pelo Estado sob legislaccedilatildeo que excluiacutea raccedilas natildeo desejaacuteveis

e o cultivo do ideal do embranqueamento Apoacutes vaacuterias reflexotildees podem ser

apontados alguns itens que favoreceram o preconceito no Brasil A concepccedilatildeo

constitutiva do mundo ocidental que se desenvolveu na modernidade com uma

questatildeo de ordem desvalorizando ou eliminando o diferente O africano era visto

como mero objeto de uso Apoacutes a aboliccedilatildeo surge a inferioridade racial do negro

apoiada pela ciecircncia prevendo sua extinccedilatildeo na constituiccedilatildeo do povo brasileiro

Para Gilberto Freyre nos anos trinta o mesticcedilo passa a ser louvado como siacutembolo

de nossa identidade Primeiro a desvalorizaccedilatildeo depois a exaltaccedilatildeo surgindo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

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3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 13

assim o mito da ldquodemocracia racialrdquo aqui estaacute a construccedilatildeo do racismo silencioso

Uma visatildeo negativa do afrodescendente e um discurso contraacuterio tentando negaacute-la

(apud Ferreira 2002) Em funccedilatildeo da desvalorizaccedilatildeo da pessoa negra elas

tendem a introjetar a visatildeo dominante do mundo branco visto como superior Para

Pereira (1987 apud Ferreira 2002 p75) a escola eacute um lugar onde a crianccedila

alimenta subliminarmente a figura do negro ldquocaricaturalrdquo No plano de

relacionamentos a escola reproduz naquele microcosmo a mesma estrutura de

relaccedilatildeo que se daacute na sociedade brasileira como um todo Assim a escola em

lugar de reversatildeo do problema estimula o estereotipo soacutecias do negro e sua

submissatildeo aos valores do outro Estimulada a visatildeo de um mundo cultural

eurocentrico cria um processo pedagoacutegico que leva o afrodescendente inibir sua

capacidade de expor seu saber e sentir-se como cidadatildeo

Construccedilatildeo de Conceitos

Sugestatildeo de atividade para o (a) aluno (a)

1- Estudo dos termos existentes nos documentos incluiacutedos no projeto como

democracia racial preconceito discriminaccedilatildeo afrodescendente diversidade

etnoracial cotidiano moreno branqueamento eurocentrismo racismo silencioso

Atraveacutes de pesquisas orientadas pala professora

2-Promover um debate sobre os termos estudados na atividade 1

3-Atividade em dupla Apoacutes o debate entre professora e alunos produzir um

texto

4-Todos os textos seratildeo analisados pela professora e alunos

5- Apoacutes pesquisar conceitos para os termos da atividade (1) montar um painel

com resultados obtidos e expor para outras turmas na escola (atividade seraacute

realizada em grupo de quatro alunos)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

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Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 14

Para refletir pesquisar e responder em seu caderno

1-Escreva o que vocecirc entendeu por racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

2-Existe discriminaccedilatildeo no Brasil Justifique

3-Vocecirc jaacute foi discriminado alguma vez Relate

4-Vocecirc jaacute presenciou situaccedilotildees de discriminaccedilatildeo na escola

5-Vocecirc jaacute discriminou alguma pessoa Justifique

6-Escreva algum tipo de discriminaccedilatildeo que existe na comunidade em que

vocecirc mora

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor

1-Decirc sugestotildees como a escola deve agir ao perceber a discriminaccedilatildeo entre

os educandos

2- Usar para pesquisas o link

wwwuelbrprojetosleoafropagespublicacoesphp

Essas leituras podem contribuir para o seu plano de aula

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

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1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

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Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

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3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 15

Segundo Helms (1985 apud Ferreira 2002 p78) pessoas

envolvidas agrave descriminaccedilatildeo natildeo se encaixam em nenhum grupo satildeo

desqualificadas por ser negro e desvalorizam-se como pessoa Mudanccedilas podem

ocorrer a partir de exposiccedilatildeo de eventos que envolvem informaccedilotildees nos aspectos

culturais como danccedilas festas muacutesicas estudos leituras filmes e outras que

possam usaacute-las com referecircncia pessoal No iniacutecio eacute um desafio para o sujeito

envolvido mas aos poucos vai superando quando descobre que seus valores e

sua visatildeo de mundo natildeo permitem mais dominaccedilatildeo A participaccedilatildeo em grupo de

militacircncia voltados para valores com objetivos culturais e poliacuteticos pode favorecer

a reconstruccedilatildeo pessoal dos interlocutores que vivem o problema realizando um

exerciacutecio de padrotildees negativos introjetados e analisando a histoacuteria omitida A

militacircncia pode transformar a vergonha de ser negro em orgulho de ser negro

onde ele passa a ter uma nova histoacuteria intensificando a luta que jaacute vem desde a

escravidatildeo Com a recuperaccedilatildeo das matrizes curriculares africanas a histoacuteria da

diaacutespora reivindicaccedilotildees poliacuteticas sociais o afrodescendente pode ser visto com

qualidades que o outro natildeo percebia e ao mesmo tempo os aspectos culturais

que tambeacutem o constituem Atraveacutes de trabalhos cuidadosamente estudados eacute

muito importante que a pessoa branca deixe de negar suas raiacutezes culturais

africanas e tambeacutem indiacutegenas assim como o negro brasileiro suas raiacutezes

culturais europeacuteias e tambeacutem indiacutegenas Portanto eacute neste objetivo que este

projeto de ensino de histoacuteria se insere no (re) pensar sobre a cultura

afrodescendente de modo a dar condiccedilotildees para o (a) aluno(a)enfrentar com

consciecircncia criacutetica os desafios de um cotidiano ainda pautado em representaccedilotildees

preconceituosas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 16

Comportamento reflexivo pela natildeo-discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Qual a importacircncia dos movimentos de militacircncia para os que se sentem

excluiacutedos da sociedade

2-Realizar pesquisas em outros autores para saber mais sobre os movimentos

de militacircncia dos afrodescendentes

3-Na sua opiniatildeo como superar a discriminaccedilatildeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Trabalhar ldquovaloresrdquo sempre que perceber discriminaccedilatildeo entre os educandos

2- Sempre que for possiacutevel trabalhar temas ou textos sobre diversidade que

podem ser vistos em todas as disciplinas

3- Orientar os educandos em sala de aula para que realizem atividades sobre

diversidade como analisar figuras fotos montar paineacuteis confecccedilotildees de cartazes

recorte e colagem de figuras produccedilatildeo de textos etc

Negros e brancos na redaccedilatildeo de Maria Claudia

No trecho a seguir o escritor Pedro Bandeira apresenta-nos a redaccedilatildeo escrita por

Maria Claudia Segundo ele quando escreveu Maria Claudia ainda natildeo tinha

nove anos Era uma crianccedila como tantas outras que ocupam as milhares salas de

aula do Brasil Vejamos como Maria Claudia vecirc a questatildeo das diferenccedilas entre o

branco e o negro

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

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Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

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Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 17

ldquoOs brancos satildeo muito diferentes dos negros Mas depende do branco e depende

do negro Na minha caixa de laacutepis de cor o branco natildeo serve para nada Soacute o

preto eacute que serve para desenhar Com o giz a gente desenha na lousa Com o

carvatildeo a gente desenha um bigode na cara do Paulinho para a festa de Satildeo

Joatildeo Nesse negoacutecio de muacutesica natildeo tem branco Soacute tem preto Todos os discos

que eu conheccedilo satildeo pretos Nunca vi um disco branco O papel eacute branco e eacute

igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve embaixo tudo o que a

gente escreve em cima A noite eacute preta mas o dia natildeo eacute branco O dia eacute azul

Entatildeo o preto da noite eacute soacute da noite Natildeo eacute igual nem eacute diferente de nada O leite

eacute branco e o cafeacute eacute preto De cafeacute eu natildeo gosto Tambeacutem natildeo gosto de leite

quando ele estaacute branco Prefiro misturar com chocolate E aiacute o leite fica marrom

Marrom como a minha amiga Patriacutecia Outro dia me disseram que a Patriacutecia eacute

negra mas ela eacute marrom Eu estou com raiva dela porque ela tirou uma nota

melhor do que eu na prova de matemaacutetica Mas eu natildeo quero ser diferente dela

Vou estudar bastante Na proacutexima prova eu e ela vamos ficar iguaisrdquo

BANDEIRA Pedro A redaccedilatildeo da Maria Claudia in Grupo de trabalho para assuntos afro-

brasileiros Salve o 13 de maio Satildeo Paulo SE 1988 p7

Refletindo sobre o texto

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Analisar o texto e responder as questotildees abaixo

11 Na redaccedilatildeo de Maria Claudia o que satildeo mais importantes as coisas brancas

as coisas negras ou a mistura das coisas

12 ldquoO papel eacute branco e eacute igualzinho o papel preto chamado carbono que escreve

embaixo tudo o que a gente escreve em cimardquo Comparando a Histoacuteria com o

papel branco e o carbono seraacute que por detraacutes de toda a histoacuteria dos brancos natildeo

existe tambeacutem uma histoacuteria de negros Seraacute que a histoacuteria do negro eacute igual agrave do

branco

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13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

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1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

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Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

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httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

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3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

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Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

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O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

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Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 18

13 Pela redaccedilatildeo de Maria Claudia o negro eacute inferior ao branco Vocecirc concorda

com Maria Claudia

14 Como vocecirc se relaciona com seus amigos negros

Formando crianccedilas livres de preconceitos

Sugestatildeo de atividades para o(a) professor(a)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO

TRANSCREVEMOS O TEXTO DE UM BLOG COM

ALGUMAS ADAPTACcedilOtildeES DE DIAGRAMACcedilAtildeO

Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

As crianccedilas natildeo satildeo naturalmente preconceituosas Elas aprendem a ser com os adultos Aproveite essa fase essencial da vida de todo ser humano que eacute a infacircncia e valorize sentimentos e valores positivos que esses pequenos e especiais seres trazem em sirdquo Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental Sugiro duas formas de iniciar o projeto uma para alunos que ainda natildeo dominam a escrita e outra para alunos com domiacutenio da escrita Realizando o projeto com crianccedilas da Educaccedilatildeo Infantil e dos 1ordm 2ordm e 3ordm anos do Ensino Fundamental pode-se comeccedilar a trabalhar o tema fazendo uma dinacircmica

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

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3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 19

1- Dinacircmica das flores leve flores de diferentes cores e formas para a classe e deixe que cada aluno escolha uma Depois pergunte o que chamou a atenccedilatildeo deles para escolher aquela flor Peccedila-lhes que percebam as diferentes cores o perfume a textura as diferentes formas Chame sua atenccedilatildeo para o fato de as flores serem diferentes e nem por isso menos belas e apreciadas Em seguida peccedila que olhem uns para os outros Assim como as flores cada um eacute diferente mas natildeo menos importante Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele etc

2- Dinacircmica das cores leve um aparelho de som para a classe e coloque uma muacutesica suave Espalhe vaacuterios laacutepis ou gizes de cera de vaacuterias cores sobre a mesa e peccedila para as crianccedilas escolherem a cor que mais lhes agrada Haveraacute cores iguais e cores diferentes Converse com elas sobre como seria o mundo se tudo fosse de uma soacute cor mdash azul por exemplo E se tudo fosse amarelo Ou vermelho Seraacute que elas comeriam uma banana azul Ou um morango cinza Sim Natildeo Por quecirc Pode-se debater se eacute bom haver cores diferentes e o porquecirc Depois peccedila que olhem uns para os outros Assim como as cores cada um eacute diferente Muitas coisas variam cor e tipo de cabelo formato e cor dos olhos tamanho do nariz altura cor da pele Pergunte que cor de laacutepis ou giz eacute mais parecido com a cor da pele de cada um (Caso algum aluno diga que sua cor eacute ldquofeiardquo procure fazecirc-lo se sentir valorizado Esse momento seraacute propiacutecio para melhorar a autoestima dessa crianccedila)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 20

Dinacircmicas para os Proacuteximos Anos do Ensino Fundamental Comeccedilando com jovens do 4ordm e 5ordm anos do Ensino Fundamental o projeto eacute basicamente trocar ideacuteias debater e discutir para se chegar a uma mudanccedila de atitude

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc)

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico

1- Discutindo preconceito de gecircnerosexismo Questione os alunos ldquoMenino brinca de bonecardquo Peccedila previamente aos alunos para trazerem de casa figuras de diversos profissionais Sente-se em roda com eles e analise as figuras Que profissotildees satildeo mais retratadas Essas profissotildees estatildeo mais ligadas a homens ou a mulheres Haacute profissotildees predominantemente masculinas ou femininas Por quecirc Faccedila cartazes com frases comumente ouvidas como por exemplo ldquoMenino natildeo chorardquo ldquoEsta brincadeira natildeo eacute para meninasrdquo ldquoMenino natildeo usa cor-de-rosardquo ldquoMenina eacute mais fraacutegil que meninordquo ldquoMenina natildeo senta de perna abertardquo ldquoMenino natildeo deve danccedilar baleacuterdquo etc Mostre os cartazes aos alunos e pergunte que outras frases eles jaacute ouviram Questione por que dizem que meninos e meninas natildeo podem fazer tais coisas Quem determinou isso Se possiacutevel traga gravuras que mostrem o contraacuterio do que estaacute escrito nos cartazes Peccedila que as crianccedilas levem histoacuterias em quadrinhos para a sala de aula (Turma da Mocircnica Walt Disney etc) Leia as histoacuterias com eles e chame sua atenccedilatildeo para o papel que eacute reservado agraves meninas (Satildeo sempre as fofoqueiras Satildeo choronas Satildeo consideradas fraacutegeis) E os meninos como satildeo retratados (ativos liacutederes espertos) Leia com eles alguns contos de fadas e analise o papel das mulheres (princesas esperando serem salvas cuja realizaccedilatildeo eacute casar e ser feliz para sempre) Peccedila-lhes que reescrevam um conto de fadas invertendo os papeacuteis masculinos e femininos Se possiacutevel dramatize o novo conto de fadas com a inversatildeo de papeacuteis

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 21

httpcaixinhadecoresblogspotcom200810meninos-e-bonecas-por-que-nohtml

2- Discutindo as diferenccedilas (porte de deficiecircncia obesidade etc) Alunos portadores de deficiecircncia (fiacutesica ou mental) alunos obesos de baixa estatura ou que usam oacuteculos enfim que possuem caracteriacutesticas fiacutesicas que chamam a atenccedilatildeo tambeacutem costumam sofrer algum tipo de discriminaccedilatildeo e comumente satildeo alvo de piadas e comentaacuterios geralmente ofensivos por parte dos colegas e de alguns adultos Veja abaixo algumas atividades para trabalhar esse tema bull Montar um mural com personalidades que apresentem caracteriacutesticas fiacutesicas que fogem aos padrotildees e questionar o conceito de feio e bonito bull Promover a leitura de livros que abordem agrave temaacutetica do preconceito bull Fazer dramatizaccedilatildeo dos livros lidos bull Organizar a turma em grupos e encarregar cada um de elaborar uma histoacuteria sobre uma crianccedila com uma caracteriacutestica fiacutesica ou mental especial Terminadas as histoacuterias organizaacute-las em um livro e se possiacutevel providenciar uma coacutepia para cada aluno bull Montar na sala de aula um mural onde a crianccedila possa desabafar Se durante o dia algueacutem disser algo que a ofenda ou magoe ela escreve o que aconteceu e quem foi o autor e deixa ali uma mensagem de desagravo para o ofensor Acompanhe o teor do que aparece escrito e converse com os conflitantes Esse tipo de atitude poderaacute ajudar caso vocecirc tenha alunos comumente alvo de discriminaccedilatildeo (seja por raccedila cor tamanho porte de alguma deficiecircncia etc)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 22

3- Discutindo preconceito racial e eacutetnico Peccedila que cada aluno monte a sua histoacuteria (e a da famiacutelia) falando do brinquedo preferido da comida de que mais gosta da famiacutelia etc Monte um livro com todas as histoacuterias dos alunos e pergunte ldquoComo seria o mundo se todos fossem iguaisrdquo Confecccedilatildeo de bonecos eacute raro encontrar no mercado bonecas negras orientais e indiacutegenas o que contribui para reforccedilar a exclusatildeo das crianccedilas desses grupos Se houver possibilidade envolva matildees pais parentes das crianccedilas e confeccionem juntos marionetes e bonecos que representem pessoas negras Evite estereoacutetipos (por exemplo negros sempre pobres ou sempre jogadores de futebol) Monte com as crianccedilas um teatrinho em que haja personagens brancas negras e amarelas em papeacuteis de igual valor (evite dar sempre os papeacuteis de destaque para alunos brancos) Monte um mural com os personagens preferidos das crianccedilas Verifique se haacute algum negro ou oriental Crie com os alunos personagens de diferentes etnias e envolva as crianccedilas na elaboraccedilatildeo de uma histoacuteria em quadrinhos (HQ) Aproveite o momento para trabalhar com a turma os diferentes povos que formaram a atual populaccedilatildeo brasileira Qual a ascendecircncia de cada um Divida a classe em grupos e encarregue cada um de pesquisar um povo e sua contribuiccedilatildeo para a formaccedilatildeo da cultura brasileira na liacutengua na alimentaccedilatildeo nos costumes etc Depois de estudar os diferentes povos que colonizaram o Brasil e contribuiacuteram para a formaccedilatildeo do povo brasileiro monte com as crianccedilas uma feira das naccedilotildees Cada grupo pode usar trajes tiacutepicos fazer performances cantar enfim o que a sua criatividade sugerir Se possiacutevel envolva toda a comunidade escolar nessa feira abrindo-a para a participaccedilatildeo dos pais in Construir Notiacutecias por Moacir Pereira Juacutenior (httpserinteiroblogspotcomsearchlabelEducaC3A7C3A3o)

ATENCcedilAtildeO A PARTIR DESTE MOMENTO NAtildeO

MAIS TRANSCREVEMOS O BLOG

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 23

Trabalhando com muacutesica

ldquoA muacutesica eacute uma forccedila geradora de vida uma energia que

envolve o nosso ser inteiro atuando de forma poderosa sobre

o nosso corpo mente e coraccedilatildeo Aleacutem de alegrar unir e

consagrar mensagens e valores disciplinar e socializar a

muacutesica forma o caraacuteter e favorece o desenvolvimento integral

da personalidade o equiliacutebrio emocional e socialrdquo (profordf

compositora e regente Miacuteria Therezinha Kolling)

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno (a)

1-Fazer leitura da letra da muacutesica

2-Procurar no dicionaacuterio o significado das palavras

3-Ouvir a muacutesica de Caetano Veloso

4-Cantar a muacutesica

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1-Fazer anaacutelise da muacutesica junto com os alunos

2-Fazer comentaacuterios sobre a muacutesica

3- Escrever um texto coletivo com os alunos sobre o tema ldquoNavio Negreirordquo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 24

O Navio Negreiro

Caetano Veloso

Composiccedilatildeo Castro Alves

O Navio Negreiro

Estamos em pleno mar

Era um sonho dantesco o tombadilho

Que das luzernas avermelha o brilho

Em sangue a se banhar

Tinir de ferros estalar do accediloite

Legiotildees de homens negros como a noite

Horrendos a danccedilar

Negras mulheres suspendendo agraves tetas

Magras crianccedilas cujas bocas pretas

Rega o sangue das matildees

Outras moccedilas mas nuas espantadas

No turbilhatildeo de espectros arrastados

Em acircnsia e maacutegoa vatildes

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Se o velho arqueja se no chatildeo resvala

Ouvem-se gritos o chicote estala

E voam mais e mais

Presa dos elos de uma soacute cadeia

A multidatildeo faminta cambaleia

E chora e danccedila ali

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 25

Um de raiva delira outro enlouquece

Outro que de martiacuterios embrutece

Cantando geme e ri

No entanto o capitatildeo manda a manobra

E apoacutes fitando o ceacuteu que se desdobra

Tatildeo puro sobre o mar

Diz do fumo entre os densos nevoeiros

Vibrai rijo o chicote marinheiros

Fazei-os mais danccedilar

E ri-se a orquestra irocircnica estridente

E da ronda fantaacutestica a serpente

Faz doudas espirais

Qual num sonho dantesco as sombras voam

Gritos ais maldiccedilotildees preces ressoam

E ri-se Satanaz

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eacute loucura se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

Quem satildeo estes desgraccedilados

Que natildeo encontram em voacutes

Mais que o rir calmo da turba

Que excita a fuacuteria do algoz

Quem satildeo Se a estrela se cala

Se a vaga agrave pressa resvala

Como um cuacutemplice fugaz

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 26

Perante a noite confusa

Dize-o tu severa musa

Musa libeacuterrima audaz

Satildeo os filhos do deserto

Onde a terra esposa a luz

Onde voa em campo aberto

A tribo dos homens nus

Satildeo os guerreiros ousados

Que com os tigres mosqueados

Combatem na solidatildeo

Homens simples fortes bravos

Hoje miacuteseros escravos

Sem ar sem luz sem razatildeo

Satildeo mulheres desgraccediladas

Como Agar o foi tambeacutem

Que sedentas alquebradas

De longe bem longe vecircm

Trazendo com tiacutebios passos

Filhos e algemas nos braccedilos

Nalma laacutegrimas e fel

Como Agar sofrendo tanto

Que nem o leite do pranto

Tecircm que dar para Ismael

Laacute nas areias infindas

Das palmeiras no paiacutes

Nasceram crianccedilas lindas

Viveram moccedilas gentis

Passa um dia a caravana

Quando a virgem na cabana

Cisma das noites nos veacuteus

Adeus oacute choccedila do monte

Adeus palmeiras da fonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 27

Adeus amores adeus

Senhor Deus dos desgraccedilados

Dizei-me voacutes Senhor Deus

Se eu deliro ou se eacute verdade

Tanto horror perante os ceacuteus

Oacute mar por que natildeo apagas

Coa esponja de tuas vagas

De teu manto este borratildeo

Astros noite tempestades

Rolai das imensidades

Varrei os mares tufatildeo

E existe um povo que a bandeira empresta

Pra cobrir tanta infacircmia e cobardia

E deixa-a transformar-se nessa festa

Em manto impuro de bacante fria

Meu Deus meu Deus mas que bandeira eacute esta

Que impudente na gaacutevea tripudia

Silecircncio Musa chora chora tanto

Que o pavilhatildeo se lave no seu pranto

Auriverde pendatildeo de minha terra

Que a brisa do Brasil beija e balanccedila

Estandarte que a luz do sol encerra

E as promessas divinas da esperanccedila

Tu que da liberdade apoacutes a guerra

Foste hasteado dos heroacuteis na lanccedila

Antes te houvessem roto na batalha

Que servires a um povo de mortalha

Fatalidade atroz que a mente esmaga

Extingue nesta hora o brigue imundo

O trilho que Colombo abriu na vaga

Como um iacuteris no peacutelago profundo

Mas eacute infacircmia demais

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 28

Da eteacuterea plaga

Levantai-vos heroacuteis do Novo Mundo

Andrada arranca este pendatildeo dos ares

Colombo fecha a porta de teus mares

(endereccedilo do viacutedeo para assistir clip da muacutesica)

(httpwwwyoutubecomwatchv=1Osbp0IMYRM)

Trabalhando com poema

Terra roxa e outras terras- Revista de Estudos Literaacuterios

Ana Claudia Duarte Mendes (UEMSUEL)

A literatura do poema ldquoVozes de Mulheresrdquo de Conceiccedilatildeo Evaristo a partir de

uma perspectiva de construccedilatildeo da memoacuteria possibilita-nos observar a existecircncia

de uma literatura adjetivada afro-brasileira A poesia analisada estaacute inserida em

um contexto no qual o poeta assume o ponto de vista negro Ao narrar a trajetoacuteria

de mulheres negras preservada na memoacuteria coletiva revela a ancestralidade que

se projeta no presente e prepara o futuro

O poema pertence a um tempo e lugar histoacuterico no mesmo instante transcende

essa condiccedilatildeo supera-a ldquoO poema eacute tempo arquetiacutepico e por secirc-lo eacute tempo que

se encarna na experiecircncia concreta de um povo um grupo ou uma seitardquo (Paz

1972 54) A contradiccedilatildeo ndash essecircncia do poema- que ao se encarnar revela-se

histoacuterico ao mesmo tempo em que eacute presente a cada nova leitura atualiza-se e

se projeta enquanto futuro Ao poeta eacute impossiacutevel fugir da histoacuteria mesmo quando

compotildee algo completamente diverso desta pois suas palavras satildeo sociais e

histoacutericas A revelaccedilatildeo poeacutetica consagra a experiecircncia humana (Paz 1972 55)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 29

por ser a poesia imagem A palavra poeacutetica ao se compor enquanto imagem

conforma o isto e o aquilo no mesmo instante Diz o indiziacutevel

O poeta consagra sempre umas experiecircncias histoacutericas que pode ser pessoal

sociais ou ambas as coisas ao mesmo tempo Mas ao falar-nos de todos estes

sucessos sentimentos experiecircncias e pessoas o poeta nos fala de outra coisado

que estaacute fazendo diante de noacutes e em noacutes E mais ainda leva-nos a repetir a

recriar seu poema a nomear aquilo que nomeia e ao fazecirc-lo revela-nos o que

somos (Paz 1972 57)

Como o poema surge na construccedilatildeo a partir da memoacuteria nos atrevemos a

dialogar com a obra de Gizecirclda Melo do nascimento Feitio de viver memoacuterias de

descendentes de escravos de 2006 O livro registra e interpreta a narrativa de

mulheres negras fortes e determinadas a contarem suas trajetoacuterias memoacuterias

individuais e coletivas O olhar para o presente na esperanccedila do futuro sem

alijarem-se do passado ancestral Esta perspectiva nos permitiraacute iluminar o

poema siacutentese do vivido

Vozes-Mulheres de Conceiccedilatildeo Evaristo

A voz da minha bisavoacute ecoou

crianccedila

nos porotildees do navio

Ecoou lamentos

de uma infacircncia perdida

A voz de minha avoacute

ecoou obediecircncia

aos brancos-donos de tudo

A voz de minha matildee

ecoou baixinho revolta

no fundo das cozinhas alheias

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 30

debaixo das trouxas

roupagens sujas dos brancos

pelo caminho empoeirado

rumo agrave favela

A minha voz ainda

ecoa versos perplexos

com rimas de sangue

e

fome

A voz de minha filha

recolhe todas as nossas vozes

recolhe em si

as vozes mudas caladas

engasgadas nas gargantas

A voz de minha filha

recolhe em si

a fala e o ato

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1- Comente a partir do seu proacuteprio olhar o poema da referida autora O

comentaacuterio pode ser tanto teacutecnico (observacircncia da estrutura do poema) quanto

conteudiacutestico (como vocecirc avalia o poema a partir de suas impressotildees pessoais)(A

obra de Conceiccedilatildeo Evaristo eacute facilmente encontrada na Internet) Trabalhar com

os alunos outros poemas

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 31

Sugestatildeo de atividades para o (a) aluno(a)

1- Analisar o poema e reescrever em cada

verso seu significado

A voz de minha bisavoacute

A voz de minha avoacute

A voz de minha matildee

A minha voz

A voz da minha filha

2- Fazer comentaacuterios sobre o poema em sala

de aula professor (a) e alunos

3- Ilustrar o poema usando sua

criatividade

4-Com os desenhos prontos formar grupos

com trecircs alunos e criar uma histoacuteria em

quadrinhos sobre o que entendeu do poema

estudado

A escola e os educandos precisam se organizar para demonstrar a

importacircncia da pluralidade racial na sociedade A fim de contemplar discussotildees

sobre a diversidade racial discutir os problemas sociais Para possibilitar que os

educandos construam suas proacuteprias ideacuteias e entendimento sobre o outro que lhe eacute

diferente O preconceito no cotidiano escolar tem que ser combatido Eacute necessaacuterio

que todos digam natildeo ao preconceito racial Os agentes transformadores da

educaccedilatildeo precisam unir forccedilas para promover o respeito muacutetuo e a possibilidade

de conversar sobre diferenccedilas sem melindres e sem preconceitos Na educaccedilatildeo

infantil tempo dos primeiros passos da vida social da crianccedila eacute importante

possibilitar atitudes positivas estimular o contanto com a esteacutetica e pelo

imaginaacuterio afro e afrodescendente Trazer a verdadeira histoacuteria do negro africano

no Brasil para romper com as barreiras dos preconceitos (Perrucci 1999 p 7)

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 32

httpwwwwebartigoscomarticles380941INCLUSAO-NO-TRIBUNAL-DE-JUSTICApagina1html

Trabalhando com imagens

Sugestatildeo de atividades para o aluno

1 Ver as figuras abaixo e responder as questotildees

2 Vocecirc acha que existe preconceito entre essas crianccedilas Justifique

3 A crianccedila jaacute nasce com preconceito Comente

4 Como a crianccedila adquire o preconceito

5 Vocecirc como adolescente jaacute sofreu preconceito Em que fase de sua vida

Comente

Sites das imagens

almazendemensagensblogspotcom uniblogcombr

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 33

agenciaaldensblogspotcom sociologiacienciaevidauolcombr

Trabalhando com viacutedeo

Sugestatildeo de atividades para o (a) professor (a)

1 Assistir o viacutedeo Analisar as imagens e o depoimento

2 Promover um debate sobre o viacutedeo junto com os alunos

Por uma infacircncia sem racismo ver

wwwyoutubecomwatchv=_aPYuKiKFMg

1 Assistir o viacutedeo Analisar os depoimentos reais das pessoas

2 Vocecirc concorda com esses depoimentos Justifique

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 34

Onde vocecirc guarda o seu racismo ver

httpwwwyoutubecomwatchv=ojg07xOt8CY

Trabalhando com entrevista

Histoacuteria Oral - Como fazer uma entrevista

A pesquisa histoacuterica natildeo se baseia apenas em documentos escritos ou imagens mas

tambeacutem na narraccedilatildeo de fatos por parte das pessoas que presenciaram ou que tecircm

maior conhecimento dos mesmos Neste caso outra ferramenta pode ser utilizada

pelo pesquisador para adquirir novas informaccedilotildees acerca do objeto de estudo

Trata-se da entrevista um recurso da Histoacuteria Oral

Na Histoacuteria Oral podem-se fazer duas divisotildees em se tratando de relatos segundo o

historiador Gwyn Prins Existe uma tradiccedilatildeo Oral - a qual representa um

testemunho oral transmitido de uma geraccedilatildeo para a seguinte ou as demais -

Existe tambeacutem uma Reminiscecircncia Pessoal Evidecircncia oral especiacutefica das

experiecircncias de vida do informante (Wikipedia 2007)

Segundo Olga Rodrigues de Moraes Von Simson do Centro de Memoacuteria da

Unicamp a Histoacuteria Oral possibilita que indiviacuteduos pertencentes a categorias

sociais geralmente excluiacutedas da histoacuteria oficial possam ser ouvidos - deixando

registradas para anaacutelises futuras sua proacutepria visatildeo de mundo e aquela do grupo

social ao qual pertencem Apesar de ser um meacutetodo praacutetico e cada vez mais usado

a entrevista apresenta algumas deficiecircncias mas que podem de certa forma serem

superadas o entrevistado pode ter uma falha de memoacuteria pode criar uma

trajetoacuteria artificial se autocelebrar fantasiar omitir ou mesmo mentir O que

poderia ser percebido como um problema acaba se transformando em um recurso

uma vez que o proacuteprio entrevistador no ato de produccedilatildeo da narrativa histoacuterica natildeo

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 35

deixa de produzir uma versatildeo do que entendeu ter acontecido Mesmo quando o

pesquisador tenha certeza de que o entrevistado esteja mentido conscientemente

cabe a ele entrevistador tentar entender as razotildees da mentira ou seja quais os

motivos que estatildeo levando a pessoa a mentir podendo ser aplicado o mesmo no

caso da ilusatildeo biograacutefica quando o indiviacuteduo faz uma produccedilatildeo artificial de si

mesmo No caso de esquecimento para ajudar suprir essa falha podem-se usar os

chamados apoios de memoacuteria como fotografias objetos e outras coisas que

possam ajudar o entrevistado a se recordar melhor dos fatos em pesquisa (op

cit)

Se formos analisar a credibilidade dos recursos de pesquisa histoacuterica sejam

documentos ou oralidade iremos nos deparar sempre com a interpretaccedilatildeo ou a

criacutetica pessoal de quem o fez cabendo ao pesquisador saber aproveitar as

informaccedilotildees que lhe conveacutem e criar suas proacuteprias consideraccedilotildees nenhum

documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava ndash o que ele

pensava que havia acontecido queria que os outros pensassem que ele pensava ou

mesmo apenas o que ele proacuteprio pensava pensar Nada disso significa alguma

coisa ateacute que o historiador trabalhe sobre esse material e decifre-o eacute o que

comenta Edward Hallet Carr citado no site Wikipedia

A entrevista possibilita um contato direto com o atorautor da Histoacuteria Esse

envolvimento pode resultar num trabalho dinacircmico abrangente e ateacute mais realista

trazendo assim o passado para o presente

Agora vejamos os passos baacutesicos para realizar uma boa entrevista

COMO FAZER UMA ENTREVISTA

1 Preparar antes da entrevista um roteiro com alguns dos assuntos

importantes a abordar Ao partir para a entrevista eacute fundamental saber

o que vamos perguntar

2 Conversar com o entrevistado sobre nossos objetivos e descobrir se

realmente deseja colaborar conosco Natildeo se obriga ningueacutem a ser

entrevistado

3 Escolher local e hora apropriados para que a entrevista se decirc sem

interrupccedilotildees Num ambiente ou momento onde entrevistado ou

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

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Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 36

entrevistador estejam com pressa torna-se impossiacutevel agrave realizaccedilatildeo da

entrevista

4 Em lugar de apenas anotar o que o entrevistado diz eacute melhor e mais

adequado se possiacutevel levar um gravador para ficar tudo registrado de

tal forma que natildeo se perca parte alguma daquilo que o entrevistado

disse

5 A entrevista natildeo deve ser interrogatoacuterio e sim diaacutelogo

6 O entrevistador deve respeitar as opiniotildees do entrevistado mesmo

quando natildeo concordar com elas

7 O entrevistador deve dar oportunidade para que o entrevistado fale

tudo o que desejar no tempo que quiser

8 Nunca fazer nova pergunta enquanto o entrevistado ainda natildeo tiver

terminado de expor seu pensamento em relaccedilatildeo agrave pergunta anterior

Natildeo interromper desnecessariamente a fala do outro

professor-josimarblogspotcom200908historia-oral

REFEREcircNCIAS

SIMSON Olga Rodrigues de Moraes Von O que eacute Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

wwwcentrodememoriaunicampbrlahoindexhtm Acesso em 23 mai 2007

WIKIPEDIA Histoacuteria Oral Disponiacutevel em

httpptwikipediaorgwikiHistAtildesup3ria_OralsearchInputsearchInput Acesso

em 23 mai 2007

httpwwwfeunbbrpieComo20fazer20uma20entrevistahtm

Professor Josimar Pais de Almeida

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 37

Sugestatildeo de Roteiro para realizar a entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistador

Nome do entrevistador

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Onde trabalha

Data local da entrevista

Identificaccedilatildeo do entrevistado

Nome

Data de nascimento local

Endereccedilo

Profissatildeo

Questionamento

Onde trabalha

Grau de escolaridade

Religiatildeo que frequumlenta

Tempo que mora na cidade de Rolacircndia

De onde veio sua famiacutelia

Vocecirc gosta de morar aqui

Porque vieram morar aqui

Do que sente saudades

Como era essa cidade quando vocecirc chegou aqui

Como vocecirc considera essa cidade hoje

Fale como era o lazer quando vocecirc era adolescente Como eacute seu lazer hoje

Fale sobre o namoro de antigamente As pessoas tinham um lugar para ldquopaquerarrdquo

Qual era a principal alimentaccedilatildeo das pessoas

Havia violecircncia Como era

Como eram as escolas Usava-se uniforme

Como eram as roupas Onde as comprava ou quem as confeccionava

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 38

Como era a educaccedilatildeo dos filhos

Havia igrejas Frequentava alguma no passado E hoje

O que era cultivado nas lavouras

Muitas pessoas moravam na zona rural

Como eram as habitaccedilotildees

Vocecirc se sente discriminado

O que vocecirc acha da escravidatildeo na eacutepoca da colonizaccedilatildeo do Brasil

Hoje ainda existe escravidatildeo

A fotografia na construccedilatildeo do material didaacutetico

Paulo Freire na ldquopedagogia do oprimidordquo pregava a liberdade atraveacutes da educaccedilatildeo e para

isso educava a partir de estiacutemulos retirados do cotidiano dos alunos aumentando

gradativamente o inverso dos mesmos Os estiacutemulos servem portanto como forma de

despertar a criatividade e o intelecto dos alunos Levando-se em consideraccedilatildeo que a

percepccedilatildeo visual eacute a forma mais objetiva de interaccedilatildeo do homem com o meio que o cerca

os estiacutemulos visuais atendem perfeitamente aos objetivos da educaccedilatildeo Antes mesmo da

escrita as comunicaccedilotildees visuais valendo-se de percepccedilatildeo visual ajuda a escrever a histoacuteria

da humanidade Associando-se aos seus conhecimentos o homem absorve a imagem

processa-a e retira dela suas proacuteprias conclusotildees A imagem dinacircmica ou estaacutetica eacute

portanto uma forma contumaz na divulgaccedilatildeo de informaccedilatildeo quer seja ela educacional

cientifica ou cultural difundindo conhecimentos desenvolvendo ideacuteias e formando

opiniotildees Jaacute em 1888 George Eastman referindo-se agrave fotografia afirmava ldquouma imagem

vale mais que mil palavrasrdquo e desde entatildeo a imagem fotograacutefica estaacute cada vez mais

presente no processo ensino aprendizagem de forma cada vez mais interativa A fotografia

e a questatildeo ambiental estatildeo relacionadas desde sua descoberta em1826 No inicio o

objetivo da fotografia era fazer um registro fiel da natureza Nas suas atividades os

cientistas utilizam cada vez mais a fotografia como instrumentaccedilatildeo de pesquisa registro de

dados apoio didaacutetico e principalmente na divulgaccedilatildeo dos resultados cientiacuteficos

introduzindo o conceito da fotografia cientiacutefica A fotografia eacute uma forma objetiva de

suporte para o ensino e a pesquisa eacute uma forma objetiva de documentaccedilatildeo ela tem o poder

de capturar nuances que muitas vezes passam despercebidas ao olho nu e isso aumenta o

aspecto de observaccedilatildeo do pesquisador A fotografia cientiacutefica tem que retratar o real

aparente a imagem como um instrumento de uma memoacuteria documental da realidade

Muitas vezes diante da dificuldade de deslocamento os professores lanccedilam matildeo da

fotografia para exemplificar e fixar conceitos educacionais tirando-os do imaginaacuterio e

trazendo para suas aulas de forma mais concreta wwwabedorgbrcongresso2007tc552007125857PMpdf

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 39

Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

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Trabalhando com fotografias e Histoacuteria Local

FIGURA 1

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Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 40

FIGURA 2

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Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

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FIGURA 4

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FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

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FIGURA 2

httpjornalrolandianetblogspotcom201105familia-farina-fotografando-rolandiahtml

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 41

FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 42

FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

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FIGURA 3

httpwikimapiaorg758186ptIgreja-CatC3B3lica-Jardim-Novo-Horizonte

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FIGURA 4

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FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

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FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

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FIGURA 4

httpwwwpanoramiocomphoto9865842

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 46

Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

  • Paacutegina em branco

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 43

FIGURAS 5 E 6

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

httpwwwgooglecombrimgresq=DANC387A+OKTOBERFEST+ROLANDIA

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 44

FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

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Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

realizados

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Referecircncia bibliograacutefica do texto explicativo

BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

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FIGURA 7

httpwwwgooglecombrimgresq=FOTOS+ESCOLA+PADRE+JOSE+HERIONS+ROLANDIA

LEMBRETE AO (Agrave) PROFESSOR (A) Nossa proposta significa trabalhar com FONTE DOCUMENTAL As respostas das entrevistas consistem tambeacutem em FONTES DOCUMENTIAS E como tal devem ser interpretadas em sala de aula Qualquer material como fotos muacutesicas poemas imagens etc devem ser tratadas como FONTES u seja pergunta-se a estas QUEM FEZ QUANDO ONDE PARA QUEM POR QUEcirc OQUE QUER COMUNICAR E todos estes materiais necessitam de referecircncia como qualquer texto livro reportagem etc

Gelza Maria Giuliangeli Brogiato 45

Sugestatildeo de atividades para o aluno

Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

Sugestatildeo de atividades para o professor

1-Trabalhe com fotografias o Peccedila para seu aluno trazer fotos antigas da famiacutelia da comunidade etc o Faccedila perguntas para obter respostas o Dar oportunidade para um debate sobre as fotos trazidas pelos alunos o Formar grupo com trecircs alunos para eles escreverem sobre as fotos o Colocar em cartazes os resultados obtidos natildeo esquecer de registrar a eacutepoca e

lugar em que foi tirada a foto o Expor na escola para que outros alunos possam ler e analisar os trabalhos

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BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

SCHMIDT Maria auxiliadora CAINELLI Marlene Ensinar histoacuteria Satildeo Paulo Scipione 2004

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Analise as fotografias (1-2-3-4-5-6-7) o Vocecirc conhece esses lugares que estatildeo representados nas fotos o Qual lugar da foto estaacute localizado mais perto de sua casa o Quais fotos representam lugar de lazer o Vendo as fotos onde podemos fazer nossas reflexotildees o O que estaacute na foto que incomoda a comunidade o Vocecirc conhece algumas pessoas das fotos Escreva os nomes das mesmas o Com qual foto vocecirc mais se identificou Justifique sua resposta o Escreva uma frase para cada fotografia o Essas fotos fazem parte da Histoacuteria de Rolacircndia Faccedila comentaacuterios

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FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

RODRIGUES N Os africanos no Brasil 5 ed Satildeo Paulo Nacional 1977

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BAUMAN Z Modernidade e ambivalecircncia Rio de Janeiro Jorge Zahar 1999

CAVALLEIRO E S Do silecircncio do lar ao silecircncio escolar racismo preconceito e discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 4 ed Satildeo Paulo Contexto 2005

FERREIRA Ricardo Franklin O brasileiro o racismo silencioso e a identidade afro-descendente Psicologia e Sociedade Belo Horizonte v 14 n 1 p 69-86 janjun 2002

FIGUEIREDO Luis Claudio Mendonccedila Revisitando as psicologias da epistemologia agrave eacutetica das praacuteticas e discursos psicoloacutegicos 3 ed Petroacutepolis Vozes 2004

FREITAS Patriacutecia de Sobre a Lei 10639 o ensino de histoacuteria e a cultura afro-brasileira OPSIS Catalatildeo v 10 n 1 p15-28 janjun 2010

GONCcedilALVES Rita de Caacutessia LISBOATeresa Kleba Sobre o meacutetodo de Histoacuteria oral em sua modalidade trajetoacuteria de vida Revista Kataacutel Florianoacutepolis v 10 n especial p 83-92 2007

REIS Faacutetima A implementaccedilatildeo da Lei 1063903 2008 Disponiacutevel em lthttpwwwwebartigoscomarticles39841A-Implementacao-Da-Lei-1063903pagina1htmlgt Acesso em 20 abr 2011

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