4
PARA LER NO AR PARCERIA FRANQUEADO Decreto Legislativo Nº 52288/63 Apesar de todos os benefícios, o direito ao esporte ainda é pouco respeitado no Brasil. Em muitas cidades faltam parques, quadras e campos apropriados para jogos de futebol, basquete, voleibol e outras modalidades esportivas. A população, então, precisa agir. Quem mora perto de um terreno abandonado e cheio de mato, por exemplo, pode chamar os vizinhos e fazer algo para que aquele espaço seja destinado ao esporte das crianças e adolescentes da comunidade. A ideia é formar um grupo e procurar a prefeitura ou o secretário de esporte da cidade. O Brasil vai ser sede da Copa do Mundo de 2014 e das Olimpíadas de 2016. O momento é mais que apropriado para o País criar formas de garantir o acesso ao esporte a cada uma das crianças e adolescentes. Isso significa que meninas e meninos com deficiência não podem ficar de fora. Uma dica para inserir essas crianças nas práticas esportivas é modificar ou adaptar alguns jogos. Por exemplo: se ela usa cadeira de rodas, os pais podem incentivar os amigos a experimentar jogar voleibol ou basquete com todo mundo sentado. Se a criança não escuta, o desafio é todos jogarem em silêncio. Assim, o esporte vai servir não apenas para estimular o convívio social, mas para ajudar a superar preconceitos em relação às crianças com deficiência e também às meninas... Neste ano, o descanso escolar de julho coincidiu com a principal competição de futebol do planeta: a Copa do Mundo. Então, além de ser tempo de repor as energias com brincadeiras, visitas a parentes e passeios diversos, o recesso foi um convite para assistir aos jogos da África do Sul e uma ótima oportunidade para a união de todos em favor de um direito muitas vezes esquecido: o esporte. Sim, o esporte é um direito. Está previsto na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do Adolescente. De acordo com a lei máxima do país, o Estado é obrigado a estimular práticas desportivas, principalmente aquelas voltadas para crianças e adolescentes. Já o Estatuto prevê que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público garantir, com absoluta prioridade, os direitos referentes ao esporte e ao lazer. A prática de esportes é fundamental para o desenvolvimento de meninas e meninos, pois aumenta a capacidade de aprendizagem e as chances para uma vida saudável. A atividade esportiva permite trabalhar, ao mesmo tempo, a afetividade, a expressão, o raciocínio e a criatividade. Quem pratica esportes tem mais controle do próprio corpo e melhor capacidade de brincar em grupo e fazer amigos. Sem contar que o esporte pode ser um aliado no ensino de outras disciplinas, como a matemática, e ainda fortalecer as relações de solidariedade. O artigo 217 da Constituição Federal diz que é dever do Estado estimular práticas desportivas, como direito de cada um, observados alguns itens, como a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional. O artigo 59 do Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece que “os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude” . João Bittar/MEC Esporte: bom para o corpo e a mente JULHO DE 2010 115 Unidos pelo direito ao esporte

unidos pelo direito ao esporte - unicef.org · enquanto 77 de cada 100 meninos estão envolvidos ... cidades brasileiras vão sediar o campeonato. ... a tV e a internet por brincadeiras

  • Upload
    lyquynh

  • View
    214

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Para ler no arPA R C E R I A

f R A n q u E A d o

Decreto

legislativo

nº 52288/63

Apesar de todos os benefícios, o direito ao esporte ainda é pouco respeitado no Brasil. em muitas cidades faltam parques, quadras e campos apropriados para jogos de futebol, basquete, voleibol e outras modalidades esportivas. a população, então, precisa agir. Quem mora perto de um terreno abandonado e cheio de mato, por exemplo, pode chamar os vizinhos e fazer algo para que aquele espaço seja destinado ao esporte das crianças e adolescentes da comunidade. a ideia é formar um grupo e procurar a prefeitura ou o secretário de esporte da cidade.

o Brasil vai ser sede da Copa do Mundo de 2014 e das olimpíadas de 2016. o momento é mais que apropriado para o País criar formas de garantir o acesso ao esporte a cada uma das crianças e adolescentes. Isso significa que meninas e meninos com deficiência não podem ficar de fora. Uma dica para inserir essas crianças nas práticas esportivas é modificar ou adaptar alguns jogos. Por exemplo: se ela usa cadeira de rodas, os pais podem incentivar os amigos a experimentar jogar voleibol ou basquete com todo mundo sentado. Se a criança não escuta, o desafio é todos jogarem em silêncio. assim, o esporte vai servir não apenas para estimular o convívio social, mas para ajudar a superar preconceitos em relação às crianças com deficiência e também às meninas...

neste ano, o descanso escolar de julho coincidiu com a principal competição de futebol do planeta: a Copa do Mundo. então, além de ser tempo

de repor as energias com brincadeiras, visitas a parentes e passeios diversos, o recesso foi um convite para assistir aos jogos da África do Sul e uma ótima oportunidade para a união de todos em favor de um direito muitas vezes esquecido: o esporte.

Sim, o esporte é um direito. está previsto na Constituição Federal e

no Estatuto da Criança

e do Adolescente. De acordo com a lei máxima do país, o estado é obrigado a estimular práticas desportivas, principalmente aquelas voltadas para

crianças e adolescentes. Já o estatuto prevê que é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público garantir, com absoluta prioridade, os direitos referentes ao esporte e ao lazer.

A prática de esportes é fundamental para o desenvolvimento de meninas e meninos, pois aumenta a capacidade de aprendizagem e as chances para uma vida saudável. a atividade esportiva permite trabalhar, ao mesmo tempo, a afetividade, a expressão, o raciocínio e a criatividade. Quem pratica esportes tem mais controle do próprio corpo e melhor capacidade de brincar em grupo e fazer amigos. Sem contar que o esporte pode ser um aliado no ensino de outras disciplinas, como a matemática, e ainda fortalecer as relações de solidariedade.

o artigo 217 da Constituição

Federal diz que é dever do estado estimular práticas desportivas, como direito de cada um, observados alguns itens, como a destinação de recursos públicos para a promoção prioritária do desporto educacional. o artigo 59 do Estatuto da Criança e do adolescente estabelece que “os municípios, com apoio dos estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude”.

João

Bitt

ar/M

eC

esporte: bom para o corpo e a mente

JUlho De 2010115

unidos pelo direito ao esporte

2

Esporte faz bem ao corpo, à mente, e pode afastar crianças e adolescentes do trabalho infantil. Ciente desses benefícios, algumas instituições criaram o programa Inspiração Internacional. a intenção é melhorar a vida de 12 milhões de meninas e meninos do mundo inteiro, por meio do esporte, do lazer e da educação física de qualidade. o programa é de iniciativa do UK Sports e conta com parceiros como o UnICeF. o Inspiração Internacional já existe em dez países, entre eles, o Brasil, mas o objetivo é chegar a 20 nações. Para alcançar esse número, o programa trabalha em parceria com governos e recebe apoio de treinadores, professores, líderes comunitários, associações diversas. no Brasil, o programa já incentivou 20 mil crianças e adolescentes de cerca de 600 municípios a praticar esporte com regularidade. Para saber mais, o endereço eletrônico do programa é www.inspiracaointernacional.org.br.

Assistir aos jogos durante as férias pode ser bom, mas jogar futebol com os coleguinhas é muito melhor. Pai e mãe, vocês podem estimular as crianças a praticar esportes diversos, mas para fortalecer o espírito de equipe, os indicados são os esportes coletivos. eles ainda proporcionam oportunidades para a criança fazer novas amizades e aprender a se desenvolver em grupo. no entanto, se a preferência é por práticas manuais, a dica é estimular a criança a pintar, desenhar, escrever poesias, dramatizar. São atividades que podem ser feitas nas férias de julho, individualmente, ou com a ajuda da família toda. agora, se o seu filho ou filha não quer fazer nada e apenas brincar, tudo bem! o direito de brincar durante as férias é mais que justo.

A brincadeira do “peruzinho”, também conhecida por “bobinho” oferece mais benefícios do que se pensa. ela pode, por exemplo, estimular habilidades para a solução de problemas do dia a dia e até escolares. nesse jogo, as crianças fazem uma roda e uma delas é escolhida para ficar no meio. Quem está no meio tenta tocar a bola que é jogada entre as crianças, com os pés. Se o jogador do centro tocar a bola, quem não conseguiu impedir que isso acontecesse vai para o meio. ao passar a bola, cada criança só pode dar três toques com os pés. enquanto a criança do meio planeja estratégias para pegar a bola, as outras têm de identificar possibilidades de como evitar isso. assim, meninos e meninas aprendem a respeitar as regras do jogo e a manter a concentração.

As meninas praticam menos esporte que os meninos. De acordo com a pesquisa adolescentes e Jovens do Brasil, lançada em 2007 pelo UnICeF, Fundação Itaú Social e Instituto ayrton Senna, enquanto 77 de cada 100 meninos estão envolvidos com atividades esportivas, o número de meninas cai para 36. a explicação pode ser cultural. Futebol, por exemplo, ainda é considerado esporte para homens, mas se as meninas gostam, por que não? Marta, a brasileira eleita mais uma vez a melhor jogadora do mundo, está aí pra provar que futebol também é esporte de mulher.

Com mais poder no campo de futebol, as meninas ganham novas oportunidades de serem inseridas em outros espaços da sociedade. Meninas e meninos podem, até, jogar futebol juntos. Uma das regras, que pode ser adaptada, é que menino e menina devem jogar de mãos dadas durante toda a partida. outra opção é estabelecer que, durante alguns minutos do jogo, só elas podem fazer gols, enquanto eles ajudam na tarefa. Depois os papéis são trocados. o consultor do UnICeF Ivan Moraes Filho diz que já assistiu a muitos jogos assim, e que funciona. Quando meninas e meninos jogam juntos, o preconceito contra as mulheres tende a diminuir.

notaS Para leItUra

Futebol também é para meninas

João

Bitt

ar/M

eC

3notaS Para leItUra

1 A população negra da África do Sul, sede da Copa do

Mundo de 2010, sofreu por mais de 30 anos com o apartheid,

política racial implantada no país em 1948. Durante o

apartheid, todo o poder era dos brancos, enquanto a

maioria negra tinha de obedecer a legislação separatista.

Entre os vários impedimentos, os negros não podiam

transitar livremente por todos os lugares do seu país.

2 A oposição ao apartheid começou na década de 50, com

a organização negra Congresso Nacional Africano. Em

1960, a polícia matou cerca de 60 negros que participavam

da manifestação que ficou conhecida como Massacre de

Sharpeville. Como consequência, o líder do Congresso

Nacional, Nelson Mandela, foi preso e condenado à prisão

perpétua. Mandela foi libertado quase 30 anos depois

da prisão e seu primeiro discurso foi feito na cidade sul-

africana de Joanesburgo, no local em que hoje é o principal

estádio da Copa de 2010: o Soccer City, que em português

significa cidade do futebol.

3 A próxima Copa do Mundo será no Brasil. Doze

cidades brasileiras vão sediar o campeonato. São elas:

Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza,

Manaus, Natal, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador,

Porto Alegre e Recife.

4 Em 2016, pela primeira vez na história dos jogos olímpicos,

o maior evento esportivo do mundo será realizado em uma

cidade da América do Sul: o Rio de Janeiro. Os preparativos

para as Olimpíadas de 2016 no Brasil já começaram.

CuRIosIdAdEs

Instituições públicas de educação superior têm até 23 de julho para encaminhar propostas de oferta de atividades para o programa novos talentos. o objetivo do programa é estimular a realização de cursos e oficinas ou atividades semelhantes no período de férias das escolas públicas ou em horário oposto ao das aulas. as propostas de atividades vão ser analisadas, acompanhadas e avaliadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal

de Nível Superior (Capes). o novos talentos foi lançado em junho pelo Ministério da educação. Mais informações pelo e-mail novostalentos@

capes.gov.br ou pelo telefone (61) 2022-6568.

Mesmo no período das férias, o tempo que a criança fica em frente à televisão deve ser limitado. assim como as horas no computador. então, pai e mãe, vale uma conversa para convencer os pequenos a trocar a tV e a internet por brincadeiras e jogos que ajudem a desenvolver a habilidade e o raciocínio, como xadrez, dama, quebra-cabeça, palavra cruzada.

atividades em que a família toda tenha oportunidade de participar são bem-vindas. os pais podem fazer rodas para contar histórias e estimular os filhos a criar e recitar poesias, a cantar, a brincar de adivinhações do tipo “o que é, o que é”. a criança que, por exemplo, ouve elogios dos pais depois de escrever um texto é estimulada a criar cada vez mais.

4

“Produzo e apresento aos domin-gos, das 9h às 10h, o programa Criança ativa. Sempre buscamos trabalhar os temas do mês abor-dados nos boletins rádio pela

infância, de onde tiramos todos os comunicados e informações para o programa. o objetivo do Criança ativa é, além de educar e informar a comunidade,

Palavra do radialista

Envie opiniões, críticas, dúvidas e sugestões para a caixa postal 2440, Brasília-DF, para o e-mail [email protected] ou para o fax (61) 3202-1720

treinar pequenos comunicadores, como Caroline de Macedo, de 11 anos, estudante do 6º ano (na foto ao lado da locutora). ela sempre está comigo trazendo sua visão como criança e passando seu recado.” Adriana santos (drica)

rádio Vizinhança FM Águas lindas de Goiás-Go(61) 3619-1340 • www.radiovizinhanca.fm.br [email protected]

quem não aproveita bem o período das férias, além de não descansar, fica sem disposição para aprender, dizem os psicólogos. as férias são um tempo de descanso dos livros didáticos e da escola sim, mas também são uma forma de preparação para a volta às aulas com mais disposição para o aprendizado.

então, radialista, que tal aproveitar o momento atual para informar o que os estudantes podem fazer durante esse período? Descubra, por exemplo, se existem museus, parques e o que está passando no cinema da sua cidade. Se não existe cinema, biblioteca ou museu no seu município, está na hora de a população e o governo local começarem a trabalhar para que isso se torne realidade.

Mais: procure descobrir se o direito ao esporte é respeitado. Pesquise, por exemplo, se existem espaços para a prática do futebol, do vôlei, do basquete e de outros jogos. e, lembre-se: uma quadra de esportes, um galpão e a própria escola podem muito bem ser utilizados para jogos e outras atividades durante as férias, como o teatro e a exibição de um filme. então, aproveite a audiência da sua rádio para divulgar esses espaços e incentivar seu uso.

a seguir, algumas sugestões de entrevistados e de perguntas.

Estudantes1 Como são os espaços na sua comunidade, no

seu bairro, para jogar futebol, vôlei, basquete ou

outro esporte?

2 A sua escola fica aberta durante as férias para a

prática de esportes?

3 O que você acha que o município precisa para

que o direito ao esporte seja respeitado?

Professores de educação física1 O esporte faz bem para a saúde? Por quê?

2 O que pode acontecer com alguém que nunca

pratica esporte?

3 Se faltam locais para a prática de esportes, os

estudantes podem improvisar? Como?

Radialista, você encontra outros materiais sobre educação, como depoimentos gravados, vinhetas e textos para a sua

emissora, no site www.todospelaeducacao.org.br.Você também pode baixar pela internet spots de rádio

e demais peças da campanha “Cartão vermelho contra o trabalho infantil”. a campanha é uma iniciativa do Fórum nacional de Prevenção e erradicação do trabalho Infantil, da organização Internacional do trabalho e do UnICeF. Para baixar as peças, basta acessar o

endereço eletrônico www.oit.org.br/cartaovermelho.

sugEstão dE PAutA

ExpEdiEntE: edição: heloisa d’arcanchy (escola Brasil) reportagem: radígia de oliveira Projeto gráfico, ilustrações e diagramação: Márcio Duarte – M10 Design. oSCIP escola Brasil. SrtVn 702, ed. Brasília rádio Center, 4033. CeP 70.719-900, Brasília-DF. tel.: (61) 3202-1720. [email protected]. Movimento todos pela educação; av. Paulista, 1294, 19º andar. CeP 01.310-915, São Paulo-SP. tel.: (11) 3266-5477. [email protected]. Fundo das nações Unidas para a Infância: SePn 510, bloco a, 2º andar. CeP 70.750-521, Brasília-DF. tel.: (61) 3035-1900. Fax: (61) 3349-0606. [email protected]