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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO ISABELA DUARTE SILVA ANÁLISE DOS ACIDENTES COM MOTOCICLISTAS NA CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP MACEIÓ - AL 2014

UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA DE ISABELA … · hoje o principal elemento da inclusão social das classes menos favorecidas e, ... As peças publicitárias que promovem ações de conscientização

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UNIP UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOLOGIA DO TRÂNSITO

ISABELA DUARTE SILVA

ANÁLISE DOS ACIDENTES COM MOTOCICLISTAS NA

CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP

MACEIÓ - AL

2014

ISABELA DUARTE SILVA

ANÁLISE DOS ACIDENTES COM MOTOCICLISTAS NA

CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito. Orientador: Prof. Manoel Ferreira do N. Filho

MACEIÓ - AL

2014

ISABELA DUARTE SILVA

ANÁLISE DOS ACIDENTES COM MOTOCICLISTAS NA

CIDADE DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-SP

Monografia apresentada à Universidade Paulista/UNIP, como parte dos requisitos necessários para a conclusão do Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em Psicologia do Trânsito.

APROVADO EM ____/____/____

______________________________________________________

PROF. DR. MANOEL FERREIRA DO NASCIMENTO FILHO

ORIENTADOR:

______________________________________________________

PROF. DR. LIÉRCIO PINHEIRO DE ARAÚJO

BANCA EXAMINADORA

______________________________________________________

PROF. ESP. FRANKLIN BARBOSA BEZERRA

BANCA EXAMINADORA

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus filhos, que me amam e sempre me incentivaram na

realização de meus sonhos.

AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida e força nos momentos

mais difíceis.

Aos Professores, meus sinceros agradecimentos por acreditar no meu

trabalho, meu muito obrigada pelas valiosas sugestões.

A todas as pessoas que dividiram comigo esse período, meu muito

obrigada!

Existem mais pessoas que desistem do que

pessoas que fracassam. Estar decidido, acima

de qualquer coisa, é o segredo do êxito.

(Henry Ford)

RESUMO

A motocicleta foi inventada simultaneamente por um americano e um francês, sem se conhecerem e pesquisando em seus países de origem. Sylvester Roper nos Estados Unidos e Louis Perreaux, na França, fabricaram um tipo de bicicleta equipada com motor a vapor em 1869. O uso da motocicleta como meio de transporte tem aumentado rapidamente nos últimos anos, consequentemente, havendo aumento dos acidentes de motocicleta, tornando-o importante causa de incapacitação física ou morte, principalmente entre os jovens e os do sexo masculino. No Município de São José dos Campos no estado de São Paulo, até junho de 2012, 27 pessoas morreram em decorrência de acidentes no trânsito. No mesmo período de 2011 foram 36 vítimas fatais. Das vítimas de 2012, a maioria (24 vítimas) é formada por homens na faixa dos 18 aos 30 anos, sendo que nove deles estavam em motocicletas. As regiões que registraram maior número de mortes no trânsito foram a sul (8 vítimas), leste (7 vítimas) e centro (5 vítimas) da cidade de São José dos Campos. Mesmo havendo uma diminuição nos números de acidentes de motocicleta na cidade de São José dos Campos, os motociclistas são registrados como os mais envolvidos nos acidentes de trânsito, se faz necessário medidas eficazes no combate a acidentes de trânsito, principalmente na prevenção, mas, com o objetivo do foco da prevenção em jovens, já que são os mais envolvidos nesses acidentes. Palestras educativas periodicamente envolvendo casos reais, seria um bom começo para os profissionais como os motoboys e mototaxistas. Palavras Chave: Motocicletas, vítimas de acidentes de moto, São José dos Campos.

ABSTRACT

The motorcycle was simultaneously invented by an American and a French, without knowing and researching in their countries of origin. Sylvester Roper in the U.S. and Louis Perreaux, in France, fabricated a type of bicycle equipped with steam engine in 1869. The use of motorcycles as a means of transport has increased rapidly in recent years , therefore , with increase in motorcycle accidents , making it the leading cause of physical disability or death, especially among the young and male In São José dos Campos in São Paulo, by June 2012 , 27 people died from traffic accidents . In the same period of 2011 were 36 fatalities. Victims of 2012, the majority (24 victims) are men between the ages of 18 to 30 years , nine of them were on motorcycles . The regions that recorded the highest number of traffic fatalities were in the south (8 victims), east (7 victims) and center (5 victims) in São José dos Campos. Even with a decrease in the numbers of motorcycle accidents in the city of São José dos Campos , motorcyclists are recorded as the most involved in traffic accidents , it is necessary effective measures to combat traffic accidents , especially in the prevention , but with the objective of the focus of prevention in young people , as they are the most involved in these accidents . Educational lectures regularly involving actual cases, it would be a good start for professionals such as couriers and motorcycle taxi drivers. Keyword: Motorcycles, victims of motorcycle accidents, São José dos Campos.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Motocicleta ............................................................................................. 14

Figura 2: Modelo criado por Roper 1869 ............................................................... 15

Figura 3: Gottlieb Wilhelm Daimler ........................................................................ 15

Figura 4: Modelo de 1894 ..................................................................................... 16

Figura 5:acidente de moto ..................................................................................... 19

Figura 6: Orientação no trânsito ............................................................................ 21

Figura 7:Consumo de álcool e trânsito .................................................................. 25

Gráfico 1: Participação (%) de motociclistas e automóveis na frota total. Brasil.

1998/2011. ........................................................................................... 31

Gráfico 2: Evolução das taxas-frota de mortalidade em acidentes de trânsito (por 100 mil veículos) de ocupantes de automóvel e de motocicleta. Brasil. 1998-2011. ................................................................................ 33

Gráfico 3: Taxas (por 100 mil habitantes) ajustadas de internações no SUS por acidentes de trânsito. Brasil. 1988/2012. ....................................... 34

Gráfico 4: Número de óbitos em acidentes de trânsito por idades simples e categoria 1. Brasil. 2011. ...................................................................... 36

Gráfico 5: Óbitos no Trânsito segundo a categoria de sexo das vítimas no Brasil em 2011...................................................................................... 37

Tabela 8: Número de vítimas fatais por tipo de acidente de trânsito segundo dia da semana. Brasil. 2011. ................................................................ 39

Gráfico 6: % de aumento de vítimas fatais nos finais de semana por categoria de acidente de trânsito ......................................................................... 39

Gráfico 7: Percentagem de Veículos e Motocicletas no Brasil em 2013. .............. 41

Gráfico 8: Frota de Veículos do Município de SJC (Agosto, 2013). ...................... 42

Gráfico 9: Frota de Veículos de SJC em Setembro de 2013 ................................. 42

Gráfico 10: Motocicletas no Município de SJC em 2013. ...................................... 43

Gráfico 11: Tendências da mortalidade de pedestres, motociclistas e automobilistas para o ano de 2020. Brasil. 2000-2020. ........................ 44

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Motocicletas-Produção, Vendas internas, Exportações e FROTA Circulante -1986/2010 ......................................................................... 18

Tabela 2: Tipos de Acidentes ................................................................................ 18

Tabela 3:Termos e Definições ............................................................................... 22

Tabela 4: Evolução da frota de veículos, das vítimas fatais e das taxas de vítimas (por 100 mil veículos) em acidentes de trânsito. Brasil. 1996/2010. ........................................................................................... 30

Tabela 5: Frota de veículos, por tipo e com placa, segundo as Grandes Regiões e Unidades da Federação – Agosto e Setembro/2013 ........... 32

Tabela 6: Média e desvio padrão das idades das vítimas de acidentes de trânsito por categoria. Brasil. 2011. ...................................................... 35

Tabela 7: número, % e renda familiar per capita (em R$) de unidades domiciliares segundo posse de motocicletas e/ou carro. Brasil, 2011. .................................................................................................... 37

Tabela 8: Posse de veículo por renda familiar per capita ...................................... 38

Tabela 9: Número de vítimas fatais por tipo de acidente de trânsito segundo dia da semana. Brasil. 2011. ................................................................ 39

Tabela 10: Estrutura de custos das internações hospitalares por acidentes de trânsito no SUS. Brasil. 2012. .............................................................. 40

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................ 14

2.1 História da Motocicleta ............................................................................ 14

2.2 Tipos de Acidentes por Ano .................................................................... 18

2.3 Trânsito no Município de São José dos Campos .................................. 19

2.4 Termos e Definições ................................................................................ 22

2.5 Acidente com Motocicleta ....................................................................... 24

3 MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................... 28

3.1 Ética ........................................................................................................... 28

3.2 Tipo de Pesquisa ...................................................................................... 28

3.3 Universo .................................................................................................... 28

3.4 Sujeitos e Amostra ................................................................................... 28

3.5 Instrumento de Coleta de Dados ............................................................ 28

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados .................................................... 29

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados ................................................ 29

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 30

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................... 45

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 47

12

1 INTRODUÇÃO

Os acidentes de trânsito ocupam o primeiro lugar no grupo de mortes por

causas violentas e se o uso da motocicleta vem aumentando, julga-se necessário

estudar este tipo de transporte. Além disso, se os acidentes de motocicleta parecem

estar se tornando um problema de saúde pública, não menos importante poderá ser

a problemática gerada nos feridos por esses acidentes, dada a vulnerabilidade tanto

do motociclista como do seu passageiro.

O uso da motocicleta como meio de transporte tem aumentado rapidamente

nos últimos anos, consequentemente, havendo aumento dos acidentes de

motocicleta, tornando-o importante causa de incapacitação física ou morte,

principalmente entre os jovens e os do sexo masculino (KOIZUMI, 1985).

Do veículo destinado a lazer nos anos 1970, a motocicleta passou a

desempenhar um papel vital na economia brasileira e até no padrão de vida dos

usuários. Depois de um começo tímido, quando ainda era vista como “coisa de

aventureiro”, o mercado amadureceu em meados dos anos 1980, e deu um salto de

esperança que atingiria a imponente marca de 1 milhão de motocicletas produzidas,

em 2005. O que se viu após a virada do século 21 foi a completa mudança no papel

da motocicleta.

Novos ofícios atrelados ao veículo, como mototáxi e motofrete, se tornaram a

opção de sustento de muitas famílias. A motocicleta nas grandes cidades

representou o jeito de driblar o trânsito. O trabalhador que demorava de três a quatro

horas para chegar ao seu destino usando o transporte público, com a motocicleta

pôde economizar muito tempo e investir na família, estudo ou qualificação

profissional.

Com uma frota nacional superior a 20 milhões de unidades, a motocicleta é

hoje o principal elemento da inclusão social das classes menos favorecidas e,

graças a ela, muitos realizaram o sonho de ter seu primeiro veículo motorizado.

Outro atrativo é a possibilidade de geração de renda para muitas famílias, que

utilizaram a moto para exercer atividades remuneradas (ABRACICLO, 2013).

O estresse o dia a dia, somado ao desrespeito, acaba prejudicando o próprio

condutor. De acordo com dados do Ministério da Saúde, 117 pessoas morrem por

dia no Brasil, quase 5 mortes por hora, vítimas de acidentes nas ruas e estradas. O

país ocupa o quinto lugar entre os países recordistas em acidentes de trânsito, atrás

13

da Índia, China, Rússia e Estados Unidos (ABRACICLO, 2013).

As peças publicitárias que promovem ações de conscientização sobre a

convivência no trânsito, compostas por medidas educativas e de mobilização dos

agentes públicos e da sociedade civil, são grandes aliadas à segurança e ao bem-

estar nas ruas. Diante dessa realidade, em setembro de 2012, durante a Semana

Nacional de Trânsito, a presidente da República, Dilma Rousseff, lançou uma nova

campanha do Pacto Nacional pela Redução de Acidentes (Parada). Intitulada, “Pare,

Pense, Mude”, a empreitada, que conta com o apoio da Abraciclo, representante do

setor Duas Rodas no Brasil, está enquadrada no acordo firmado com a Organização

das Nações Unidas (ONU) pela “Década de Ação pelo Trânsito Seguro”, lançada em

2011, cuja meta é reduzir em até 50% as mortes ocasionadas pela violência nas

ruas e estradas até 2020 (ABRACICLO, 2013).

A finalidade deste estudo será mensurar por meio de uma revisão de literatura

da cidade de São José dos Campos-SP com dados relacionados a acidentes de

motociclistas versus vítimas.

14

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 História da Motocicleta

A palavra “moto” (figura 1) tem origem no latim e significa “movimento”. Já

está mais do que provado que funciona não somente como um meio de transporte,

mas também faz o dinheiro se movimentar (ABRACICLO, 2013).

Figura 1: Motocicleta

Fonte: www.minhamoto.info

De acordo com Rossi (2007), a motocicleta foi inventada simultaneamente por

um americano e um francês, sem se conhecerem e pesquisando em seus países de

origem. Sylvester Roper nos Estados Unidos e Louis Perreaux, na França,

fabricaram um tipo de bicicleta equipada com motor a vapor em 1869 (figura 2).

15

Figura 2: Modelo criado por Roper 1869

Fonte- http://www.autoclassic.com.br/autoclassic2/?p=19942

Nessa época os navios e locomotivas movidas a vapor já eram comuns, tanto

na Europa como nos EUA (ROSSI, 2007).

O inventor da motocicleta com motor de combustão interna foi o alemão

Gottlieb Daimler (figura 3), que ajudado por Wilhelm Maybach em 1885, instalou um

motor a gasolina de um cilindro, leve e rápido, numa bicicleta de madeira adaptada.

Figura 3: Gottlieb Wilhelm Daimler

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Gottlieb_Daimler

16

O motor de combustão interna possibilitou a fabricação de motocicletas em

escala industrial. A primeira fábrica de motocicletas surgiu em 1894 (figura 4), na

Alemanha, e se chamava Hildebrandt & Wolfmüller.

Figura 4: Modelo de 1894

Fonte: http://www.autoclassic.com.br/autoclassic2/?p=19942

No ano seguinte construíram a fábrica Stern e em 1896 apareceram a

Bougery, na França, e a Excelsior, na Inglaterra.

No início do século XX já existiam cerca de 43 fábricas espalhadas pela

Europa, já em 1910, existiam 394 empresas do ramo no mundo, 208 delas na

Inglaterra.

Nos Estados Unidos as primeiras fábricas, Columbia, Orient e Minneapolis,

surgiram em 1900, chegando a 20 empresas em 1910.

Tamanha era a concorrência que fabricantes do mundo inteiro começaram a

introduzir inovações e aperfeiçoamentos. Estavam disponíveis motores de um a

cinco cilindros, de dois a quatro tempos.

As suspensões foram aperfeiçoadas para oferecer maior conforto e

segurança. A fábrica alemã NSU já oferecia, em 1914, a suspensão traseira do tipo

monochoque, usada até hoje.

Mas a moto mais confortável existente em 1914 e durante toda a década era

a Indian de 998cc que possuía braços oscilantes na suspensão traseira e partida

elétrica, um requinte que só foi adotado pelas outras marcas recentemente.

17

Porém, foi nos motores que se observou a maior evolução, a tecnologia

alcançando níveis jamais imaginados, seriam necessários mais de 260 motores

iguais ao da primeira motocicleta para se obter uma potência equivalente a uma

moto moderna de mil cilindradas.

Após a Segunda Grande Guerra, observou-se a invasão progressiva das

máquinas japonesas no mercado mundial.

Fabricando motos com alta tecnologia, design moderno, motor potente e leve,

confortáveis e baratas, o Japão causou o fechamento de fábricas no mundo inteiro.

De acordo com Tiago (2008), em 1933 Adolph Hitler tornou-se Chanceler da

Alemanha e como parte de sua propaganda nacionalista que visava associar moral

com sucesso competitivo, incentiva os produtores alemães a produzirem veículos de

competição. Desta ação resultou a BMW 500 Kompressor (1934), da fábrica de

motores da Bavária, com um super compressor de 15 psi, para disputar corridas.

A disputa pelos recordes de velocidade continuava e em 1936, o piloto inglês

Eric Fernihough com uma Brough Superior, quebrou o recorde da BMW, o que

instigou Ernst Henne a quebrar novamente o recorde em outubro de 1936, atingindo

uma velocidade de 272,006 km/h na “Frankfurt-Darmstad Autobahn”.

Em 28 de novembro de 1937, Henne atinge 279,503km/h em uma BMW

500cc Kompressor de 90bhp desenvolvida em túnel de vento. Este recorde persistiu

até 1951. Fernihough morreu tentando quebrá-lo em 1938.

No início da segunda grande guerra, toda a produção motociclística foi

orientada para o suprimento das forças armadas combatentes, até o final do primeiro

quinquênio da década de 1940.

Após o final da grande guerra a realidade distinta entre ganhadores e

perdedores estabeleceu um novo padrão mundial da indústria motociclística.

Os principais parques industriais e as estradas da Europa continental estavam

todas destruídas.

Muitas fábricas de motocicletas européias foram proibidas, de continuar suas

produções.

Os vencedores aliados passam a dominar os mercados consumidores de

motocicleta, apesar do racionamento de matérias primas e combustíveis do pós-

guerra.

18

Tabela 1: Motocicletas-Produção, Vendas internas, Exportações e FROTA Circulante -

1986/2010

Fonte: ABRACIClO, 2013; DINDIPEÇAS, 2011.

2.2 Tipos de Acidentes por Ano

Na tabela 2, destaca-se o fato de que, dentre todos os anos, uma média de

30% dos acidentes de trânsito são atropelamentos de pedestres por veículos.

Tabela 2: Tipos de Acidentes

Fonte: http://www.denatran.gov.br

19

Os acidentes envolvendo motos (figura 5) estão aumentando a cada ano,

pulando de 9% do total de acidentes em 2000 para 22% dos acidentes em 2007.

Figura 5:acidente de moto

Fonte: www.diassislira.com.br

Esse dado reflete um grande aumento da frota de motos nas ruas do país,

somado à irresponsabilidade dos motociclistas no trânsito e às brandas leis que

vigoram no Brasil.

2.3 Trânsito no Município de São José dos Campos

Um levantamento da Supervisão de Estatísticas da Secretaria de Transportes

mostrou que o número de vítimas fatais no trânsito de São José dos Campos em

2012 caiu 25% no primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo

período de 2011.

Até junho de 2012, 27 pessoas morreram em decorrência de acidentes no

trânsito. No mesmo período de 2011 foram 36 vítimas fatais.

Das vítimas de 2012, a maioria (24 vítimas) é formada por homens na faixa

20

dos 18 aos 30 anos, sendo que nove deles estavam em motocicletas.

As regiões que registraram maior número de mortes no trânsito foram a sul (8

vítimas), leste (7 vítimas) e centro (5 vítimas) da cidade de São José dos Campos.

No primeiro semestre do ano passado, foram 30 mortos do sexo masculino, a

maioria na faixa dos 41 a 59 anos, seguidos pela faixa dos 18 aos 30. Entre os

principais grupos de risco com vítimas fatais estão pedestres (14 vítimas) e

motociclistas (11 vítimas).

As regiões com mais vítimas fatais em 2011 foram a leste (12 vítimas),

seguida pelas zonas sul (8 vítimas) e norte (8 vítimas).

Dos mil acidentes registrados na cidade no primeiro semestre de 2012,

cresceu o número de colisões transversais (237), quando os veículos se chocam

geralmente por desrespeito ou falta de atenção de uma das partes ao passar pela

sinalização ou no cruzamento das vias.

No mesmo período do ano passado foram 183 ocorrências deste tipo.

Entre as avenidas da cidade que tiveram o maior número de acidentes com

vítimas no primeiro semestre deste ano, estão: Cidade Jardim (sul), seguida pela

Tancredo Neves (leste), Juscelino Kubistchek (leste) e Pedro Friggi.

No mesmo período de 2011 passado, a avenida Juscelino Kubistchek (leste)

era a primeira da lista, seguida pela Tancredo Neves, Cidade Jardim e Benedito

Matarazzo.

A Estrada do Imperador que desde 2009 vinha apresentando queda entre as

vias com mais acidentes, de 2011 para 2012 caiu da 14º posição para a 202º.

A Secretaria de Transportes vem reduzindo a velocidade em algumas vias da

cidade desde 2012 para combater um dos principais fatores de risco em acidentes: a

velocidade. Implantou radares mais modernos para acompanhar em tempo real o

movimento das vias e monitorar as infrações de velocidade.

Em relação aos pedestres, foram implantadas em 2012, 21 travessias

elevadas no município em regiões próximas a escolas, hospitais ou grande fluxo de

pessoas.

Também foram sinalizadas novas faixas de pedestres, botoeiras (semáforos

para pedestres) e sinalização de orientação no solo, para incentivar a travessia em

áreas seguras.

A medida já refletiu na redução do número de mortes por atropelamento na

cidade.

21

O Núcleo de Educação para o Trânsito (NET) desenvolve permanentemente

campanhas de orientação para motoristas e pedestres (figura 6) sobre a travessia

segura, para conscientizar motociclistas, ciclistas e condutores sobre regras simples,

mas que podem salvar vidas ou diminuir a severidade dos traumas, como o uso do

cinto de segurança e do capacete de forma adequada.

Figura 6: Orientação no trânsito

Fonte: www.serra.es.gov.br

A questão do álcool e direção é tratada por agentes educadores em escolas,

empresas, hospitais e bares da cidade, além de distribuição de material educativo

em todas as ações do NET.

O NET tem outros projetos como o Maturidade, que trabalha com motoristas

mais experientes e também orienta os pedestres nessa faixa etária sobre os

cuidados e comportamentos adequados para se trafegar nas ruas da cidade.

No primeiro semestre desse ano já foram abordados em todos os programas

e projetos de Educação para o Trânsito da Secretaria de Transportes cerca de 85

mil pessoas de todas as faixas etárias.

A Secretaria de Transportes de São José dos Campos tem uma Supervisão

de Estatísticas para a análise e perícia dos acidentes que ocorrem na malha urbana

da cidade.

Os dados divulgados levam em consideração os boletins de ocorrência das

polícias Civil e Militar, informações do estado de saúde das vítimas até 30 dias após

22

o acidente, fornecidas pela Secretaria de Saúde, e os dados da Urbam, sobre as

mortes na cidade.

Através do cruzamento dessas informações é possível estabelecer o número

de acidentes, perfil das vítimas, locais com registro de acidentes, entre outras

informações, necessárias para nortear as ações de engenharia, educação e

fiscalização de trânsito. Durante o período de fechamento dos dados, além das

informações já existentes fornecidas pelos boletins de ocorrências, são

acompanhadas as informações que chegam pelo hospital e pela Urbam.

Para que se feche o balanço a Supervisão de Estatísticas faz ainda a

investigação das mortes registradas como causa desconhecida para averiguar se o

óbito possa ter sido provocado por acidente de trânsito.

2.4 Termos e Definições

Foram definidos alguns termos e definições de veículos, segundo o Ministério

das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito-DENATRAN, Sistema Nacional de

Registro de Veículos/RENAVAN, Sistema Nacional de Estatística de Trânsito/SINET,

podendo assim, estabelecer um padrão de significados no que se refere ao trânsito

(tabela 3):

Tabela 3:Termos e Definições

TERMOS E DEFINIÇÕES

Grandes Regiões

e

Unidades da Federação

Regiões Norte, Nordeste, Sul, Suldeste e Centro Oeste

e Estados

AUTOMÓVEL

veículo automotor destinado ao transporte de

passageiros, com capacidade para até oito pessoas, exclusive o

condutor

BONDE veículo de propulsão elétrica que se move sobre trilhos

CAMINHÃO veículo automotor destinado ao transporte de carga,

com carroçaria, e peso bruto total superior a 3500 Kg

CAMINHÃO

TRATOR

veículo automotor destinado a tracionar ou arrastar

outro

CAMINHONETE veículo automotor destinado ao transporte de carga,

com peso bruto total de até 3500 Kg.

23

CAMIONETA

veículo automotor, misto, com quatro rodas, com

carroçaria, destinado ao transporte simultâneo ou alternativo de

pessoas e carga no mesmo compartimento.

CHASSI

PLATAFORMA

veículo inacabado, com equipamento que permita seu

deslocamento em vias de rolamento, preparado para receber

carroçaria de ônibus

CICLOMOTOR

veículo de duas ou três rodas, provido de um motor de

combustão interna cuja cilindrada não exceda a 50 cm3(3,05

polegadas cúbicas) e cuja velocidade máxima de fabricação não

exceda a 50 Km/h

MICROÔNIBUS veículo automotor de transporte coletivo com

capacidade para até 20 passageiros

MOTOCICLETA veículo automotor de duas rodas, com ou sem side-car,

dirigido em posição montada.

MOTONETA veículo auto-motor de duas rodas, dirigido por condutor

em posição sentada

ÔNIBUS

veículo automotor de transporte coletivo com

capacidade para mais de 20 passageiros, ainda que, em virtude

de adaptações com vista à maior comodidade destes, transporte

número menor

QUADRICICLO veículo de estrutura mecânica igual às motocicletas,

possuindo eixos dianteiro e traseiro, dotados de quatro rodas

REBOQUE veículo destinado a ser engatado atrás de um veículo

automotor

SEMI-REBOQUE veículo de um ou mais eixos que se apóia na sua

unidade tratora ou é a ela ligado por meio de articulação.

SIDE-CAR carro ou caçamba provido de uma roda acoplada na

lateral da motocicleta

OUTROS Argumento que não se enquadra em nenhuma definição

estabelecida

TRATOR ESTEIRA trator que se movimenta por meio de esteira

TRATOR RODAS trator que se movimenta sobre rodas,podendo ter chassi

rígido ou articulado

TRICICLO veículo rodoviário automotor de estrutura mecânica igual

à motocicleta dotado de três rodas.

UTILITÁRIO veículo misto caracterizado pela versatilidade do seu

uso, inclusive fora da estrada.

Fonte: Ministério das Cidades, Departamento Nacional de Trânsito-DENATRAN, Sistema

Nacional de Registro de Veículos/RENAVAN, Sistema Nacional de Estatística de Trânsito/SINET.

24

2.5 Acidente com Motocicleta

Santos et al (2008) descreveram que na ultima década tem sido crescente o

aumento do número de acidentes envolvendo motocicletas e motociclistas em todo

mundo. Esses autores descreveram o perfil das vítimas com trauma por acidente de

moto em um serviço público de emergência no Estado do Piauí. Trabalho

semelhante foi realizado por Koizumi (1992) e Souza (2003).

Estudo realizado na cidade de Maringá/PR por Salvarani (2006) constatou

que os acidentes de trânsito se constituíram na principal causa de morte violenta

daquela cidade e as motos foram os veículos que mais contribuíram para o aumento

absoluto e relativo das ocorrências.

Dados fornecidos pela ABRAMET (2007) exibem um agravamento na

incidência de internações hospitalares e da mortalidade entre os motociclistas no

Brasil.

A urbanização acelerada, acessibilidade e conforto representado pela

facilidade de deslocamento utilizando motocicletas, aumentaram o número de

usuários desse tipo de veículo e, também, o número de acidentes com vítimas no

trânsito. Esse aumento tem-se acentuado desde a última década porque se trata de

um veículo versátil, de custo para aquisição e manutenção relativamente reduzido

(OLIVEIRA, 2001; LIBERATTI et al. 2001; SALVARANI, 2006; OLIVEIRA, SOUZA,

2003; SANTOS et al., 2008).

No Brasil, em 2001, a frota de motocicletas era formada por 4.612.431 de

unidades passando para 8.160.812 em 2005. Sofreu um acréscimo de 77% e

apenas 4 anos.

No Brasil, dois terços do internamento hospitalar nos setores de Ortopedia e

Traumatologia resulta de acidentes decorrentes do comportamento inadequado dos

condutores dos veículos. Esse comportamento vai do desrespeito às leis de trânsito,

dirigir embriagado e em velocidade acima da permitida, sonolência e uso de celular.

Assim, o trânsito se constitui em um dos principais problemas de Saúde Pública

(MARIN; QUEIROZ, 2000; THIELEN et tal., 2005).

O condutor imprudente, para justificar sua conduta, apoia-se na própria

definição de acidente como algo inevitável, eximindo-se da responsabilidade frente

aos danos, e atribuindo a culpa a terceiros, à instâncias políticas ou reguladoras, ou

mesmo ao mecanismo de fiscalização do trânsito (THIELEN, 2002).

25

A Organização Mundial da Saúde (2004) estima que existam dois bilhões de

consumidores de bebidas transtorno relacionados ao uso do álcool.

O relatório sobre o impacto socioeconômico dos acidentes de trânsito,

realizado pelo Departamento Nacional de Trânsito mostra que nos Estados Unidos,

os acidentes de trânsito são responsáveis por cerca de 41.000 mortes/ano,

significando prejuízos de cerca de 230.6 bilhões de dólares. Esse relatório aponta a

influência do álcool como responsável por 40% das mortes, com cerca de 16.000

vítimas fatais, o que representa gastos em torno de U$ 50 bilhões (BLINCOE, 2002).

No Brasil, o consumo de bebidas alcoólicas também é considerado um dos

principais fatores causais de acidentes. Em aproximadamente 70% dos graves

acidentes de trânsito com vítimas fatais, o álcool é o principal responsável.

Figura 7:Consumo de álcool e trânsito

Fonte: www.jornalagora.com.br

Segundo o Grupo de Socorro Emergencial (GSE) do corpo de Bombeiros do

Rio de Janeiro, 30,9% dos motoristas que precisaram de socorro exibiam sinais da

presença de alto teor alcoólico no organismo (LIMA, 2003).

A bebida alcoólica desencadeia alterações comportamentais que variam

conforme o grau de ingestão do álcool e a formação psicológica do individuo. Este,

sob o efeito do álcool, pode apresentar reações variadas que vão da violência ao

sono, da euforia à depressão, da desatenção à excessiva autoconfiança, da

desinibição ao intrometimento (SILVA et al. 2008).

26

A alcoolemia pode levar à consequências físicas e psicológicas graves, às

vezes irreparáveis. O uso abusivo do álcool está associado com as principais causas

de mortalidade, com diversas formas de câncer, diabetes e hipertensão, entretanto é

nas mortes violentas (homicídios, suicídios e acidentes) e nas lesões corporais que

seus efeitos causam impacto mais visível (WILLEMANN, 2003).

São vários os aspectos da influência negativa do álcool no trânsito, entre eles

pode-se citar:

a) Comportamental – O álcool minimiza as barreiras morais, faz perder o senso

crítico favorecendo a prática imprudente e até mesmo ilícita de conduzir o

veículo.

b) Performance – A presença do álcool diminui drasticamente no condutor a

percepção de velocidade e dos obstáculos, bem como a capacidade e os

reflexos para controlar o veículo.

c) Sobrevivência – Mantidas todas as variáveis, a gravidade do impacto físico é

proporcionalmente maior de acordo com o grau de alcoolização do

acidentado. Portanto, o perigo representado pela ingestão alcoólica para

quem dirige requer por parte das autoridades um severo e permanente

controle (MINAYO, 2007).

d) Sonolência - O sono é uma função vital de suma importância para o bom

funcionamento do organismo humano. Sua duração na pessoa adulta varia

entre os indivíduos, sendo em média oito horas por noite (GRANDJEAN,

2003). A sonolência excessiva pode levar a conseqüências devastadoras.

Estimativas apontam que entre 20.000 e 40.000 acidentes automobilísticos

anuais são provocados pela sonolência excessiva. Estima-se que dentre os

acidentes provocados pela sonolência excessiva, em 13% ocorram vítimas

fatais. Estudos sugerem que 20% dos motoristas já tenham dormido pelo

menos uma vez ao volante (MONTANHA, 1996).

Embora, até o momento, as pesquisas realizadas não permitam extrair

conclusões definitivas nos últimos anos tem-se considerado a possibilidade de que

problemas com o sono resultando em sonolência excessiva tenham relação direta

com os acidentes de trânsito (CANANI; BARRETO, 2001).

Entre 0,5% e 14% da população mundial queixa-se de sonolência diurna

excessiva (SDE). Essa incidência tem efeitos importantes na vida das pessoas. Ela

pode representar prejuízos na qualidade de vida, no desenvolvimento das atividades

27

profissionais ou na performance pessoal (PARTINEN; RIMPELA, 1982;

MARTIKAINEN; URPONEN, 1992).

Washington (1997), considera a possibilidade de que a sonolência excessiva

seja responsável por acidentes nas situações em que existe ausência de marcas de

pneus no local do acidente; colisões contra obstáculos fixos; acidentes envolvendo

um único veículo, ou diante do relato do próprio motorista de ter adormecido ao

volante.

Segundo pesquisas epidemiológicas realizadas pelo grupo do New York

Thruway Studies cerca de um terço dos acidentes automobilísticos fatais ocorridos

nos E.U.A. em 1996 foram causados por motoristas em estado de sonolência

(WAKE UP! DRIVE ALBERT ARRIVE ALIVE. NATIONAL SLEEP FOUNDATION.

1996 AAA FOUNDATION FOR TRAFFIC SAFETY, U.S.A).

No Brasil ainda é escassa a divulgação estatística específica sobre

sonolência excessiva e acidentes automobilísticos (RIZZO, 1999).

28

3 MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 Ética

Por tratar-se de dados secundários não houve necessidade do projeto de

pesquisa ser submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, para

atender à Resolução 196/96 do CNS-MS, assim como não foi apresentado o Termo

de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) por ter as informações obtidas através

de documentos públicos dos diversos órgãos.

3.2 Tipo de Pesquisa

Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de forma qualitativa.

3.3 Universo

O presente estudo abrangeu a cidade de São José dos Campos do estado de

São Paulo e dados gerais do Brasil.

3.4 Sujeitos e Amostra

A amostra deu-se por conveniência de dados, a comparativa da população

brasileira, da frota de motocicletas do Brasil e da cidade de São José dos Campos.

Os sujeitos do estudo foram as vítimas de acidentes de motocicletas presentes em

acidentes com e sem óbito.

3.5 Instrumento de Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada em registro de acidente feito no local do

acidente pelo agente da autoridade de trânsito, em documento próprio, denominado

BO (Boletim de Ocorrência). Os Boletins ficam localizados no Batalhão da Polícia

Militar, na delegacia Civil, na Guarda Municipal ou na Polícia Rodoviária Federal.

29

3.6 Procedimentos para Coleta de Dados

A coleta de dados foi realizada por meio de pesquisa em sites dos órgãos

públicos, e, pessoalmente com visitas no Batalhão da Polícia Militar de São José dos

Campos.

3.7 Procedimentos para Análise dos Dados

Os dados obtidos foram transportados para o Microsoft Office Excel 2007 e

transcritos em forma de tabela, o qual pode-se obter a média e o desvio padrão.

Também foram feitos gráficos para melhor visualização dos dados, e obtidas tabelas

diretamente dos sites dos órgãos públicos.

30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Um indicador mais acurado para comparar acidentes de trânsito seria o

tamanho da frota de veículos em circulação. Obviamente, um país cuja população

possui poucos automóveis vai ter taxas de acidentes bem inferiores aos de outro

país com grande número de carros. Isso não acontece porque os primeiros sejam

melhores condutores, ou as ruas tenham melhor traçado ou sinalização, e sim pelo

número de veículos em circulação. Porém são escassos os países que possuem

dados discriminados de frota veicular.

No Brasil, o Denatran (2013), no seu site oficial, fornece especificações da

frota registrada nacionalmente pela instituição, mas só a partir de 1998, quando já

iniciara o que poderíamos denominar o boom das motocicletas.

A tabela 4 permite verificar a composição e as taxas de vítimas relativas à

frota para duas das categorias mais significativas aqui trabalhadas, os ocupantes de

automotores e de motocicletas.

Tabela 4: Evolução da frota de veículos, das vítimas fatais e das taxas de vítimas (por 100 mil

veículos) em acidentes de trânsito. Brasil. 1996/2010.

Fonte: Denatran – SIM/SVS/MS

31

Observando-se a crescente importância que vem adquirindo a motocicleta no

contexto veicular do país. Além disso, o uso maciço da motocicleta como meio de

transporte é um fenômeno relativamente recente. Segundo o próprio Denatran

(2013), em 1970 era um item de baixa representatividade: num parque total de 2,6

milhões de veículos, só havia registradas 62.459 motocicletas: 2,4% do parque total.

Na virada do século, no ano 2000, temos 4,0 milhões de motocicletas registradas, o

que já representa 13,6% do parque veicular. Para 2011, o número pula para 18,4

milhões, representando 26,1% do total nacional de veículos registrados pelo

Denatran (2013).

Como pode ser observado no gráfico 1, o automóvel vai perdendo

participação relativa: de 70% em 1998, cai sistematicamente até 2011, quando

representa 56,5% do total. O que aumentou sistematicamente é o ritmo de

crescimento do número de motocicletas.

Gráfico 1: Participação (%) de motociclistas e automóveis na frota total. Brasil. 1998/2011.

Fonte: DENATRAN (2013).

Na virada do século, esse ritmo foi em torno de 20% ao ano, ultrapassando

bastante o propalado crescimento dos automóveis. Se, entre 1998 e 2011 a frota de

motocicletas cresceu 610%, ou seja, cresceu sete vezes no período, a de

automóveis cresceu 134%, pouco mais que duplicando seu número, mas com ampla

divulgação da ANFAVEA (2011). Na tabela 5, observa-se a frota de motocicletas de

Agosto e Setembro em 2013, havendo um aumento na cidade de São Paulo de

3.923.295 para 3.936.413.

32

Tabela 5: Frota de veículos, por tipo e com placa, segundo as Grandes Regiões e Unidades da

Federação – Agosto e Setembro/2013

Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN

No ano de 2024, se for mantido o ritmo atual, realizando uma previsão linear

pode-se verificar que as motocicletas registradas ultrapassarão os automóveis.

Segundo a ABRACICLO (2013) com a restrição de crédito que freou o desejo

de compra dos consumidores, a produção ficou abaixo de 1,7 milhão de

motocicletas em 2012, 20,9% aquém do ano anterior. A estimativa de

crescimento para 2013 é de 3,7% na produção, chegando a 1,750 milhão de

2013

Grandes Regiões e Unidades da Federação

Total da Frota Agosto

Total da Frota Setembro

MOTOCICLETAS Agosto

MOTOCICLETAS Setembro

Brasil 79.735.990 80.179.368 17.710.375 17.804.148

Norte 3.815.381 3.842.891 1.431.140 1.442.207

Acre 199.930 201.345 83.759 84.279

Amapá 148.771 149.559 49.105 49.374

Amazonas 680.196 684.075 175.894 177.271

Pará 1.373.637 1.386.055 566.446 572.482

Rondônia 739.803 744.440 313.118 314.603

Roraima 160.783 161.803 63.072 63.442

Tocantins 512.261 515.614 179.746 180.756

Nordeste 12.721.212 12.814.393 4.819.958 4.857.620

Alagoas 593.628 598.123 190.451 192.324

Bahia 3.065.026 3.087.123 971.409 978.913

Ceará 2.304.328 2.321.595 1.005.709 1.013.590

Maranhão 1.171.789 1.182.403 578.280 583.953

Paraíba 933.280 939.144 357.027 359.342

Pernambuco 2.332.615 2.347.957 806.170 811.479

Piauí 821.303 829.164 394.426 398.232

Rio Grande do Norte 939.471 945.959 331.448 333.720

Sergipe 559.772 562.925 185.038 186.067

Sudeste 39.826.620 40.020.559 7.088.932 7.118.080

Espírito Santo 1.549.084 1.557.145 366.494 368.128

Minas Gerais 8.692.435 8.742.484 2.070.131 2.079.797

Rio de Janeiro 5.444.793 5.474.982 729.012 733.742

São Paulo 24.140.308 24.245.948 3.923.295 3.936.413

Sul 16.064.791 16.148.366 2.696.312 2.704.262

Paraná 6.212.400 6.244.875 998.419 1.001.451

Rio Grande do Sul 5.747.719 5.778.269 945.582 948.254

Santa Catarina 4.104.672 4.125.222 752.311 754.557

Centro-Oeste 7.307.986 7.353.159 1.674.033 1.681.979

Distrito Federal 1.481.998 1.488.933 151.820 152.532

Goiás 3.087.309 3.106.782 729.954 733.239

Mato Grosso 1.519.184 1.530.477 484.425 487.148

Mato Grosso do Sul 1.219.495 1.226.967 307.834 309.060

33

unidades, e de 2,4% nas vendas no atacado. Ficando em torno de 1,665 milhão de

unidades. Mas, somente com maior oferta de crédito, o segmento poderá acelerar.

O forte crescimento do número de motocicletas nos últimos anos e a previsão

da ABRACICLO até poderiam ser motivo de comemoração, não fosse um dado

altamente inquietante: o exponencial crescimento da mortalidade nos acidentes de

motocicleta (WAISELFISZ, 2013).

Em primeiro lugar, podemos verificar que, entre 1998 e 2011 (gráfico 2), a

taxa de óbitos dos motociclistas oscilou de um mínimo de 67,8 mortes por 100 mil

motocicletas em 1998, até um máximo de 101,1 em 2002, com uma média de 91

óbitos também por 100 mil motocicletas registradas.

Gráfico 2: Evolução das taxas-frota de mortalidade em acidentes de trânsito (por 100 mil

veículos) de ocupantes de automóvel e de motocicleta. Brasil. 1998-2011.

Fonte: SIM/SVS/MS-DENATRAN

Nessa mesma década, o número de vítimas de automóvel oscilou de um

mínimo de 30, em 2009, até um máximo de 41,5 em 1999, com média de 36,8

mortes por 100 mil automóveis registrados. Isto é, a mortalidade das motocicletas

por veículo foi 146,3% maior que a dos automóveis.

Bem mais preocupante ainda. Se a frota de motocicletas cresceu 491% no

período, as mortes de motociclistas cresceram 610%. Em outras palavras: 491% do

incremento da mortalidade devem-se ao aumento drástico da frota de motocicletas;

o restante: 119% (a diferença entre ambas as percentagens) só podem ser

interpretados como um aumento do risco motocicleta no trânsito, isto é, maior risco

34

de morte de motociclistas no trânsito (WAISELFISZ, 2013).

Com o automóvel, aconteceu o processo inverso: a frota aumentou 118% e

as vítimas de acidentes com automóvel, 72%. Assim, por motivos diversos, o risco

automóvel caiu 46 pontos percentuais no período.

O gráfico 3 detalha a evolução das internações hospitalares no SUS entre

1998 a 2012.

Gráfico 3: Taxas (por 100 mil habitantes) ajustadas de internações no SUS por acidentes de

trânsito. Brasil. 1988/2012.

Fonte: SIH/ATABNET/MS

Verifica-se que, a despeito do aumento de 46,3% no total de internações,

todas as categorias de acidentados no trânsito caíram no período, salvo as

internações de motociclistas.

O aumento no número de internações de motociclistas foi de tal magnitude

que superou o peso das quedas de todas as demais categorias.

Por esse motivo, o saldo global do período foi um aumento de 46,3% no

número e de 22,0% nas taxas de internação.

Para melhor entender a incidência dessas internações: se excluirmos do

cômputo os motociclistas, teríamos uma queda de 21,2% no número de internações

no país entre 1998 e 2012. Entretanto, percebe-se a evolução das três categorias de

maior volume de internações: pedestres, cujas taxas caem 32,8%; ocupantes de

automóvel, com quedas de 33,4% e ocupantes de motocicleta, cujas taxas

aumentam drasticamente: 288,7%.

35

Verifica-se um crescimento contínuo a partir de 1998, com um ritmo de perto

de 10% ao ano, as taxas de internação de motociclistas experimentam um brusco

incremento a partir de 2009, quando pulam para 30% ao ano.

Em compensação, os ocupantes de motocicletas, que em 1998

representavam só 17,4% para 2012 abrangem mais da metade das internações

desse ano: 55,5%.

As internações por acidentes de moto foram as que cresceram de forma

totalmente inaceitável no período 1998/2012 (crescimento de 366,1%), chegando,

em 2012 a representar mais da metade do total de internações por acidentes de

trânsito registrados pelo SUS (WAISELFISZ, 2013).

Roraima é a única UF a ultrapassar a casa das 200 internações por 100 mil

habitantes devida a Acidentes de Trânsito.

Sem atingir esse patamar, mas extrapolando a casa das 100 internações,

Ceará, Rondônia, Goiás, Paraíba, Mato Grosso, Santa Catarina e Espírito Santo

também apresentam índices preocupantes. Dentro das já impressionantes taxas

nacionais, duas Unidades, Roraima e Rondônia, destacam-se por ultrapassar as 100

internações de motociclistas por 100 mil habitantes. Roraima e Paraná apresentam

taxas que ultrapassam as 20 internações de ocupantes de automóvel por 100 mil

habitantes, conforme fora também observado por Waiselfisz (2013). Algumas

características pessoais das vítimas dos acidentes encontram-se detalhadas nas

Declarações de Óbito registradas pelo SIM. Em primeiro lugar, a idade das vítimas.

A tabela 5 detalha as médias etárias e os desvios padrão das médias.

Tabela 6: Média e desvio padrão das idades das vítimas de acidentes de trânsito por categoria.

Brasil. 2011.

Fonte: SIM/SVS/MS

Verifica-se que a menor média – 32,3 anos – corresponde às mortes de

ocupantes de motocicletas, o que nos permite estabelecer o universo mais jovem

36

entre os diversos tipos de acidentes. Ainda mais: o baixo desvio padrão indica

elevada concentração nessas faixas, com pouca dispersão. O gráfico 4 permite

visualizar a escassa incidência de vítimas nos extremos etários – crianças e idosos –

e um enorme pico nas idades em torno da média: nossos jovens.

Gráfico 4: Número de óbitos em acidentes de trânsito por idades simples e categoria 1. Brasil.

2011.

Fonte: SIM/SVS/MS

Entre os ocupantes de automóvel, encontramos a média etária mais elevada:

39,3 anos, com valores nos extremos: crianças e idosos, o que determina um desvio

padrão bem mais elevado que no caso das motocicletas.

No transporte de carga e ocupantes de ônibus, a média está acima dos 40

anos de idade, pouco acima da dos automóveis. Por último, resulta impactante a

elevada concentração de vítimas idosas entre os pedestres. A média etária é,

disparada, a maior de todas: 60,9 anos e o desvio padrão também é o mais elevado.

Isso indicaria uma forte dispersão, com incidência entre crianças e, bem maior

ainda, entre idosos a partir dos 60 anos de idade, como foi visualizado nos gráficos 3

e 4. No ano de 2012, segundo o Ministério da Saúde, 40.416 pedestres foram

internados por algum tipo de acidente de trânsito. As maiores taxas de internação

registram-se entre os pedestres acima de 60 anos (WAISELFISZ, 2013).

O gráfico 5 permite verificar que o sexo masculino apresenta elevados

índices: entre as vítimas letais dos acidentes de trânsito: 82,3% do total no ano de

2011 pertenciam ao sexo masculino. Os níveis mais elevados são encontrados entre

os ciclistas, os motociclistas e o transporte de carga, cujos índices beiram a casa de

37

90%. Já entre os ocupantes de automóveis o índice é menor, mas ainda bem

elevado: 77,8% das vítimas foram homens.

Gráfico 5: Óbitos no Trânsito segundo a categoria de sexo das vítimas no Brasil em 2011

Fonte: SIM/SVS/MS.

No mais democrático dos meios de transporte, o ônibus, foram registradas as

maiores taxas de vítimas femininas; ainda assim só chega a 35,3% do total de

vítimas, conforme dados apresentados por Waiselfisz (2013).

O que parece claro é o diferencial de poder aquisitivo dos proprietários dos

diversos tipos de veículo. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE

do ano de 2011(tabela 6) verificou a existência de carro e/ou motocicleta nos

domicílios do país.

Tabela 7: número, % e renda familiar per capita (em R$) de unidades domiciliares segundo

posse de motocicletas e/ou carro. Brasil, 2011.

Fonte: PNAD 2011/IBGE

Mais da metade (52,2%) dos domicílios brasileiros possuem carro e/ou

motocicleta. A maior presença é a de carros, que existem isoladamente em 32,9%

38

dos domicílios, além dos 7,9% onde existem acompanhado de motocicleta, com o

que o automóvel encontra-se presente em 40,8% dos domicílios do país. A

motocicleta existe, de forma exclusiva, em 11,1% dos domicílios e, acompanhada de

carro, em mais 7,9%, totalizando 19% dos domicílios do país.

Interessante verificar na tabela 7 a média de renda familiar per capita desses

domicílios segundo a posse de veículo.

Tabela 8: Posse de veículo por renda familiar per capita

Posse de veículo Renda per capita

Exclusivamente carro R$ 1.508,83

Carro e motocicleta R$ 1.185,55

Não tem carro nem moto R$ 572,87

Exclusivamente motocicleta R$ 529,86

Fonte: WAISELFISZ, 2013.

Com esse dado fica claro que o uso de motocicleta caracterizaria os

domicílios de menor poder aquisitivo.

O Sistema de Informações de Mortalidade, ao registrar a data do óbito,

permite reconstituir, até certo ponto, os dias da semana e verificar se existe

concentração de acidentes em determinados dias. Colocamos como ressalva que a

estimativa não é totalmente precisa. Acidentados levados para atendimento que

morre algum tempo depois terão o registro formalizado na data da morte, sem

indicação da data do acidente que ocasionou a morte.

Pela tabela 8, podemos observar que, entre os pedestres, por exemplo,

aconteceram 1.542 óbitos por acidentes de trânsito nas segundas- feiras de 2011;

1.406 nas terças; 1.440 nas quartas etc. Considerando os dias típicos da semana,

27: terças, quartas e quintas, a média de óbitos de pedestres nos dias intermediários

da semana foi de 1.428, mas a média do final de semana foi de 1.876: 31,4% maior.

39

Tabela 9: Número de vítimas fatais por tipo de acidente de trânsito segundo dia da semana.

Brasil. 2011.

Fonte: SIM/VS/MS, Média de terças, quartas e quintas, Média de sábados e domingos

Os casos com maior incidência de mortes nos finais de semana (gráfico 6)

são os motociclistas, cuja média praticamente duplica aos sábados e domingos, mas

também a de ocupantes de automóvel, com um aumento de 89,4%. O enorme peso

das duas últimas categorias eleva a media total: 67,9% dos óbitos por acidentes de

trânsito aconteceram no final de semana no ano de 2011.

Gráfico 6: % de aumento de vítimas fatais nos finais de semana por categoria de acidente de

trânsito

Fonte: SIM/VS/MS

Surpreende que, em todas as categorias, finais de semana representam um

40

aumento no risco de morte em acidente de trânsito. Aumento baixo em alguns

casos, como o dos pedestres, ciclistas e operadores de transporte de carga.

Aumento de risco bem maior, que praticamente duplica nos finais de semana, nos

motociclistas e ocupantes de automóvel. No caso dos motociclistas, até se poderia

pensar num pouco provável aumento de circulação nos finais de semana por motivo

de trabalho (delivery, moto taxi). Mas isso, que já é improvável no caso dos

motociclistas, parece ser praticamente impensável para os automóveis.

Segundo as guias registradas no Sistema de Informações Hospitalares – SIH

– do Ministério da Saúde, as 159.327 internações hospitalares por acidentes de

trânsito pagas pelo SUS custaram um total de 210,8 milhões reais (R$ de 2011),

segundo a seguinte discriminação por categoria de acidentado (tabela 9).

Tabela 10: Estrutura de custos das internações hospitalares por acidentes de trânsito no SUS.

Brasil. 2012.

Fonte: SIH/Tabnet/MS

O SUS é responsável por aproximadamente 80% do total de internações do

país. E, as internações hospitalares representam só uma parcela do total de

atendimentos médico-hospitalares. São acidentados mais graves, que demandam

internação.

Há assim um grande leque de atendimentos antes, durante e depois da

internação – como atendimento no local do acidente, no traslado das vítimas, na

recuperação posterior, nos gastos familiares com a internação etc. que não são

computados pelo SIH.

Além dos custos médicos hospitalares bem mais amplos que as internações,

há diversos outros custos originados pelos acidentes de trânsito que deveriam ser

considerados, como as perdas materiais, os danos veiculares, os custos

previdenciários etc., que deveriam ser incorporados para o cálculo dos custos reais

41

desses acidentes.

Ainda assim, vemos que os gastos computados pelo SIH são elevados: R$

210,8 milhões, sendo praticamente a metade ocasionada por ocupantes de

motocicleta acidentada.

Estudando os dados de Agosto e Setembro de 2013 (gráfico 7), podemos

observar um aumento de 0,55% da frota de veículos no Brasil sendo 22,21% dessa

frota equivalente as motocicletas, onde houve um aumento da frota de motocicletas

de 0,53% apenas do mês de Agosto para Setembro de 2013.

Gráfico 7: Percentagem de Veículos e Motocicletas no Brasil em 2013.

Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN

No Brasil o aumento de todos os veículos em 2013 foi de 0,55%, e somente

descrevendo as motocicletas, teve um aumento de 0,53%, valor relativamente

grande em comparação de toda a frota do Brasil, justificando o grande aumento no

uso de motocicletas no Brasil, podendo ser devido as facilidades de financiamentos

e a visão de adquirir uma motocicleta com o intuito de fugir de congestionamentos e

como uma economia para deslocamento para o trabalho, entre outros.

Conforme o gráfico 8, São José dos Campos até Agosto de 2013, tem uma

frota total de veículos de 372.701, onde somente as motocicletas equivalem a

50.009. Este número está em crescente aumento devido a vários fatores já

descritos, como facilidade no pagamento, economia do tempo de estrada, entre

outros.

79.735.990

17.710.375

80.179.368

17.804.148

VEÍCULOS (100%) MOTOCICLETA (22,21%)

Percentagem de Veículos e Motocicletas do Brasil em 2013

Agosto Setembro

42

Gráfico 8: Frota de Veículos do Município de SJC (Agosto, 2013).

Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN .

No mês seguinte do mesmo ano (Setembro de 2013), São José dos Campos,

estava com uma frota total de veículos de 374.08. No mês de Setembro as

motocicletas eram 50.123, equivalendo um aumento de 0,23% da frota (gráfico 9).

Gráfico 9: Frota de Veículos de SJC em Setembro de 2013

Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN..

A frota de motocicletas no mês de Setembro em SJC equivale a 13,4% da

frota total de veículos da cidade, e vem crescendo continuamente.

Pode ser observado no gráfico 10 que no mês de Agosto de 2013, as

Frota de Veículos do Município de SJC (Setembro/2013)

AUTOMOVEL

BONDE

CAMINHAO

CAMINHAO TRATOR

CAMINHONETE

CAMIONETA

CHASSI PLATAF

CICLOMOTOR

Motocicletas50.123

Total de 374.081

Frota de Veículos do Município de SJC (Agosto/2013)

AUTOMOVEL

BONDE

CAMINHAO

CAMINHAO TRATOR

CAMINHONETE

CAMIONETA

CHASSI PLATAF

CICLOMOTORTotal de 372.701

Motocicletas50.009

43

motocicletas eram 50.009, o que no mês de Setembro passaram a ser de 50.123,

tendo uma linha de tendência com aumento na frota de 0,37%.

Gráfico 10: Motocicletas no Município de SJC em 2013.

Fonte: Ministério das Cidades, DENATRAN..

O gráfico 11 perdura as atuais circunstâncias, uma simples análise de

tendência está a indicar que as mortes dos motociclistas em acidentes de trânsito

terá um íngreme crescimento nos próximos anos. A taxa de 2011, que era de 7,6

mortes de motociclistas por 100 mil habitantes, deverá passar para 12,0 no ano

2020. Isso significa que, em 2020 deverão morrer acima de 25,5 mil motociclistas

numa combinação inaceitável de desrespeito a vida humana e submissão

institucional aos interesses de grandes conglomerados em função dos lucros

derivados da progressiva motorização da população.

50009

50123

AGOSTO SETEMBRO

Motocicletas no Município deSJC (2013)

44

Gráfico 11: Tendências da mortalidade de pedestres, motociclistas e automobilistas para o ano

de 2020. Brasil. 2000-2020.

Fonte: SIM/SVS/MS

Segundo Waiselfisz (2013), na presente década, de 2011 a 2020 deverão

morrer 196,2 mil motociclistas, sendo um número suficiente para provocar alguma

reação institucional.

45

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a revisão de literatura levantada foi possível apresentar a cidade de São

José dos Campos e as consequências do aumento da frota de motocicletas na

mesma, ocasionando em acidentes com óbitos, principalmente envolvendo jovens.

As motocicletas atenderam as exigências impostas à população do município

de São José dos campos, ajudando na mobilidade, já que o transporte coletivo é

precário, ajudando na economia, já que transporte coletivo conta com altas tarifas, o

que resulta na procura de motocicletas, não comportando ao crescimento urbano,

sendo que o seu uso, não faz parte de uma escolha natural da população, mas sim

das condições criadas tanto pela precariedade do transporte coletivo como meio de

transporte para atendimento de suas necessidades, e também para trabalhar, com

rápidas entregas, entre outros.

As decorrências psicológicas de acidente de trânsito, estão associados a

forma de organização do trabalho dos motociclistas, tendo em vista o acúmulo de

horas-extras, níveis de estresse, inadequações no ambiente e nas condições de

trabalho e imprudência no trânsito.

A prevenção de acidentes é o meio mais importante para evitar a

morbimortalidade pelas causas externas.

O Brasil faz parte do grupo de países do mundo de elevado número de

acidentes e de mortalidade em suas vias públicas, segundo estatísticas da última

década. Na tentativa de diminuir estas estatísticas houve a implantação

do Código de Trânsito Brasileiro de 1997 – CTB, o número de vítimas fatais

cai 22%, já partir do ano 2000 os acidentes reiniciam sua espiral ascendente,

frustrando as expectativas depositadas nos rigores da nova lei. Nem esses rigores,

nem a crescente municipalização da gestão do trânsito, nem a expansão da

fiscalização eletrônica, nem a recente regulamentação da profissão de motoboys e

mototaxistas, dentre as várias medidas adotadas, parecem ter segurado essa espiral

ascendente.

Os motociclistas são registrados como os mais envolvidos nos acidentes de

trânsito, se faz necessário medidas eficazes no combate a acidentes de trânsito,

principalmente na prevenção, mas, com o objetivo do foco da prevenção em jovens,

já que são os mais envolvidos nesses acidentes. Palestras educativas

periodicamente envolvendo casos reais, seriam um bom começo para os

46

profissionais como os motoboys e mototaxistas.

Enfim, em conjunto de ações com os órgãos competentes, nas reformas das

vias do município e nas campanhas educativas e na intensa fiscalização nas ruas da

cidade o psicólogo embasará sua atuação em prevenção, com atitudes e em

conhecimentos mais sólidos e precisos da área promovendo um trânsito mais

seguro e preservando não só vidas, mas famílias.

47

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