85
UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA OLISKOVICZ ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NOS MUNICÍPIOS DE NIOAQUE E ANASTÁCIO, MATO GROSSO DO SUL ATRAVÉS DE GEOPROCESSAMENTO DE IMAGENS DE SATÉLITES CAMPO GRANDE - MS 2013

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

  • Upload
    vanque

  • View
    221

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

KATIÚCIA OLISKOVICZ

ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NOS

MUNICÍPIOS DE NIOAQUE E ANASTÁCIO, MATO GROSSO DO S UL

ATRAVÉS DE GEOPROCESSAMENTO DE IMAGENS DE SATÉLITES

CAMPO GRANDE - MS

2013

Page 2: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

KATIÚCIA OLISKOVICZ

ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NOS

MUNICÍPIOS DE NIOAQUE E ANASTÁCIO, MATO GROSSO DO S UL

ATRAVÉS DE GEOPROCESSAMENTO DE IMAGENS DE SATÉLITES

Dissertação apresentada ao Programa de

Pós-Graduação em Meio Ambiente e

Desenvolvimento Regional da Universidade

Anhanguera-Uniderp, como parte dos

requisitos para a obtenção do título de

Mestre em Meio Ambiente e

Desenvolvimento Regional.

Orientação:

Prof. Dr. Ademir Kleber Morbeck de Oliveira

Profa. Dra. Rosemary Matias

CAMPO GRANDE – MS

2013

Page 3: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da Universidade Anhanguera - UNIDERP

Oliskovicz, Katiúcia.

Análise multitemporal dos assentamentos rurais nos municípios de Nioaque e Anastácio, Mato Grosso do Sul através de geoprocessamento de imagens de satélites. / Katúcia Oliskovicz. – Campo Grande, MS, 2013. 83 f. ; il. ; color.

Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera – Uniderp, 2013.

“Orientação: Prof. Dr. Ademir Kleber Morbeck de Oliveira, Profª Dra. Rosemary Matias”.

1. Reforma Agrária – Mato Grosso do Sul (estado) 2. Solo rural – Uso - Mato Grosso do Sul 3. Posse de terra 4. Assentamentos humanos - Mato Grosso do Sul 5. Áreas Nativas I. Título.

O39a

Page 4: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário
Page 5: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, por me proporcionar mais

uma conquista na minha vida, o mestrado.

Gostaria de agradecer também, aos meus pais, Sérgio Adalberto

Oliskovicz e Desirée de Fátima Bezerra Oliskovicz, pelo apoio incondicional em

todos os momentos da minha vida.

Também aproveito para agradecer a três amigos de sala: Karina, Luciana

e Roberto, os quais me proporcionaram momentos inesquecíveis durante o

mestrado.

E não poderia esquecer de agradecer, a duas pessoas que tenho o maior

respeito e admiração, como pessoas e profissionais que são: ao professor

doutor Ademir Kleber Morbeck de Oliveira e a professora doutora Rosemary

Matias. Pois tive o privilegio de conviver com ambos não só no mestrado, mas

também durante a minha graduação. E apesar de serem de formações

diferentes, um na área da biologia e a outra na área da química, quanto juntos

se completam e conseguem transmitir a vasta experiência profissional que

possuem. Obrigada pela paciência nessa reta final, compreendendo a minha

rotina corrida por causa do trabalho. Desta forma, fica aqui a minha eterna

gratidão por vocês e saibam que poderão contar comigo sempre que

precisarem.

Page 6: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

SUMÁRIO

1 Introdução Geral................................. ................................................. 06

2 Revisão de Literatura............................ .............................................. 10

2.1 Economia do Estado – Setor Primário............................................. 10

2.2 Fitofisionomias da Área do Estudo.................................................. 14

2.2.1 Áreas Florestais (Savana Arbórea Densa – Cerradão).............. 15

2.2.2 Floresta Estacional..................................................................... 18

2.2.3 Matas Secundárias..................................................................... 20

2.3 Reforma agrária e assentamentos rurais......................................... 21

2.3.1 Reforma agrária no estado de Mato Grosso do Sul................... 22

2.4 Imagens de satélites como apoio em estudos ambientais em

áreas de assentamentos........................................................................

25

3 Referências Bibliográficas....................... ........................................... 28

Artigo I........................................... .......................................................... 38

Análise das mudanças na paisagem por meio da implan tação de

dois assentamentos rurais no município de Anastácio , MS: um

estudo com base em geoprocessamento de imagens de s atélites...

38

Resumo............................................. ...................................................... 38

Abstract........................................... ........................................................ 39

Introdução......................................... ...................................................... 39

Material e Métodos................................. ................................................ 42

Área de Estudo......................................................................................... 42

Solos nos assentamentos........................................................................ 43

Recursos Hídricos nos Assentamentos.................................................... 44

Período de Tempo Analisado................................................................... 45

Aquisição das Imagens do Satélite Landsat............................................. 47

Processamento das Imagens................................................................... 47

Trabalhos de Campo................................................................................ 48

Resultados e Discussão............................. ........................................... 48

PA Monjolinho........................................................................................... 48

PA São Manoel......................................................................................... 52

Conclusão.......................................... ..................................................... 52

Page 7: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

Referências Bibliográficas......................... ........................................... 52

Artigo II 59

Análise das mudanças na paisagem por meio da implan tação de

três assentamentos rurais no município de Nioaque, MS: um

estudo com base em geoprocessamento de imagens de s atélites...

59

Resumo............................................. ...................................................... 59

Abstract........................................... ........................................................ 60

Introdução......................................... ...................................................... 60

Material e Métodos................................. ................................................ 62

Área de Estudo......................................................................................... 62

Solos na Área de Estudo.......................................................................... 63

Recursos Hídricos.................................................................................... 65

Período de Tempo Analisado................................................................... 67

Aquisição das Imagens do Satélite Landsat............................................. 69

Processamento das Imagens................................................................... 69

Trabalhos de Campo................................................................................ 70

Resultados e Discussão............................. ........................................... 70

PA Andalúcia............................................................................................ 70

PA Boa Esperança................................................................................... 74

PA Nioaque.............................................................................................. 77

Conclusão.......................................... ..................................................... 80

Referências Bibliográficas......................... ........................................... 80

Conclusão Geral.................................... ................................................. 83

Page 8: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

6

1 Introdução Geral

Atualmente, as discussões acerca da deterioração do ambiente enfocam

as cidades do país, onde o efeito da urbanização sobre os ecossistemas tem

provocado uma intensa degradação dos recursos naturais (SOARES et al.,

2006).

Porém todas as comunidades estão ligadas diretamente ao uso dos

recursos naturais para a sua sustentabilidade, pois é ali que se dão as relações

entre os processos naturais e socioculturais; porém seu uso desordenado sem

a preocupação com o ambiente ameaça a sustentabilidade desses recursos

naturais (FERRAZ, 2006), como relatado por ARAÚJO e SOUZA (2003), onde

a intensificação das atividades agrícolas pode provocar diversos distúrbios

ambientais de caráter local e que grande parte desses distúrbios referem-se à

intensificação do processo erosivo relacionado ao fator desmatamento.

Portanto, é evidente que os problemas ambientais trazem sérios efeitos

às populações que vivenciam a sua territorialidade associada a tais recursos e

suas relações.

Assim, a relação homem-natureza é a base do processo de

transformação da sociedade humana, onde este é impulsionado por uma

dinâmica endógena. Essa dinâmica depende fundamentalmente da natureza e

de suas inter-relações que são estabelecidas com outros sub-sistemas (social,

cultural e político), sob o plano de fundo das coações e oportunidades impostas

pelo ambiente (VIEIRA e WEBER, 2000).

No estado de Mato Grosso do Sul, uma das regiões que vem sofrendo o

processo de degradação ambiental é a sub-bacia do rio Miranda, que pertence

a bacia hidrográfica do Alto Paraguai, apresentando uma área de

aproximadamente 43.303 km², o que corresponde a 12% entre todas as bacias

hidrográficas do Estado e engloba o território de 23 municípios (SEMA-MS,

2005).

Nesta região, a intensa ação antrópica provocada pelo uso do solo

ocasionou a maciça retirada da cobertura vegetal original para a formação de

pastagens e atividades agrícolas, constituindo um processo agressivo em um

ecossistema intrinsecamente frágil, correspondendo a um dos fatores que

levam à degradação de parcelas dessa região que encontram-se relacionadas

Page 9: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

7

ao estabelecimento de áreas de reforma agrária, sendo estas, não

necessariamente apropriadas para tal atividade (PERREIRA et al., 2004).

CARVALHO e CALLADO (2000) afirmam que os programas de reforma

agrária devem possuir uma dimensão ambiental, pois a divisão das terras em

parcelas reduzidas gera desmatamentos e consequentes agressões ao

ambiente ocasionando, a longo prazo, efeitos danosos de difícil recuperação.

Para FERRAZ (2006), o processo de desmatamento consiste na

mudança da cobertura natural dos solos, basicamente ocorrendo a retirada da

vegetação para um determinado uso, produzindo uma consistente

fragmentação da vegetação natural.

Segundo IMPAGLIAZZO (2009), a degradação ambiental é causada,

principalmente, por desmatamentos, uso irracional do solo, invasões em áreas

de preservação permanente, avanço indiscriminado sobre áreas inundáveis,

entre outras causas que interferem diretamente na dinâmica da paisagem.

Além disso, a fragmentação e a perda dos ecossistemas naturais

decorrentes das ações desenvolvimentistas na paisagem tem resultado em

problemas ambientais relacionados às mudanças climáticas globais, regionais

e locais (CROSTA, 1992), não esquecendo de mencionar o comprometimento

das funções ambientais em relação à descontinuidade dos bens e serviços

proporcionados à sociedade (FIORIO et al., 2000) e da perda irreparável da

biodiversidade com consequências para o equilíbrio das populações da biota

(FUSHITA, 2006).

Por tudo isso, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária

(Incra) elaborou em 1998, um Plano de Gestão Ambiental, visando buscar

meios para analisar a situação ambiental dos Projetos de Assentamento (PA),

na tentativa de integrar preceitos das legislações ambiental e agrária,

objetivando incorporar o conceito de sustentabilidade no uso dos recursos

naturais dos PA’s (FAGUNDES e BANDUCCI JUNIOR, 2008).

Esses mesmos autores ainda afirmam que, a partir desse plano, passou-

se a considerar, o licenciamento ambiental destes, bem como os temas

correlatos consequentes, como a gestão dos recursos hídricos, a averbação

das áreas de Reserva Legal (RL), as licenças para desmatamentos e a

delimitação de áreas de preservação permanente (APP).

Page 10: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

8

Uma das principais técnicas que podem auxiliar um plano de gestão

ambiental que busca a sustentabilidade no uso dos recursos naturais dos

projetos de assentamentos é a utilização do geoprocessamento de imagens de

satélites.

Ressalta-se que cresce o número de pesquisas que se apóiam nelas

para analisar de forma multitemporal, a dinâmica da paisagem, como exemplo,

pode-se citar os trabalhos de SANTOS et al. (2009), ROCHA et al. (2008) e

SOARES e ESPINDOLA (2008).

Segundo FLORENZANO (2002), as imagens de satélites têm grande

potencial no estudo do uso da terra tanto em ambientes rurais como em

ambientes urbanos, pois sua interpretação auxilia na identificação do tipo de

uso de cada área. Além disso, o aspecto multitemporal permite ainda monitorar

as mudanças que ocorrem como a substituição de mata por pastagem, de

cultura por pastagem, entre outras, no caso de estudos em ambientes rurais,

pois ao recobrirem sucessivas vezes a superfície da terra, as imagens

possibilitam o estudo e o monitoramento de fenômenos naturais.

PARANHOS FILHO et al., (2008), afirmam que a utilização de Sistemas

de Informação Geográfica (SIG) permite que informações de diversificada

natureza sejam geograficamente referenciadas, armazenadas e manipuladas

para o uso em pesquisas científicas, planejamento e gerenciamento de

recursos naturais. Este tipo de estudo que envolve a utilização de um SIG,

pode prestar uma contribuição, indicando as prioridades estratégicas e

auxiliando no estabelecimento de instrumentos eficientes para a gestão

integrada das variáveis ambientais, sociais e econômicas (SOARES et al.,

2006).

Para RIBEIRO et al. (2005), as técnicas de sensoriamento remoto vêm

sendo muito utilizadas para a obtenção de informações sobre cobertura vegetal

e uso do solo num pequeno intervalo de tempo. Sendo assim, o monitoramento

do uso do solo é necessário devido às alterações que as atividades humanas

provocam no ambiente, com práticas de ocupação inadequadas.

Por isso, faz-se necessário à busca de metodologia adequadas para se

detectar a expansão antrópica e as alterações ambientais decorrentes dela

(HASENACK et al., 2003), facilitando-se assim, as futuras tomadas de decisões

Page 11: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

9

nas análises dos processos de licenciamento e fiscalização ambiental e

avaliação de danos causados por processos de ocupação desordenados.

Desta maneira, a determinação das características fisiográficas de uma

determinada área poderá servir de base ao desenvolvimento de estudos nos

mais variados campos do conhecimento científico, servindo como um ponto de

partida para futuras decisões na hora de escolher áreas para compor a reforma

agrária no estado de Mato Grosso do Sul.

Surge assim, a necessidade de avaliar e identificar um modelo de

ocupação desse ambiente de forma benéfica e que possa vir a prolongar a

utilidade desse espaço físico por parte da comunidade envolvida.

Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a

ocupação em cinco assentamentos rurais localizados nos municípios de

Nioaque e Anastácio, Mato Grosso do Sul e suas principais consequências

ambientais sobre as alterações fitofisionômicas, por meio de imagens de

satélite das áreas antes, durante e após a implantação.

Para atender ao objetivo geral ao qual o trabalho se propõe, foi

necessário estabelecer os seguintes objetivos específicos: associar as

informações do levantamento ambiental com as imagens de satélite visando

identificar o meio biológico (tipo de vegetação) e a forma de ocupação do solo;

elaborar um mapa temático da área de estudo para cada momento analisado e

verificar a situação atual dos beneficiados pela reforma agrária dentro dos 5

(cinco) assentamentos rurais estudados.

Page 12: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

10

2 Revisão de Literatura

2.1 Economia do Estado – Setor Primário

Em virtude da moderna tecnologia voltada para o setor primário, nos

últimos anos, o agronegócio brasileiro se desenvolveu em uma grande

velocidade, tomando uma dimensão que tem caminhado para se tornar a

principal atividade econômica do país. Segundo SILVA (2008), com esse

desenvolvimento, o setor primário vem contribuindo para baixar a taxa de

desemprego, e assim, melhorar as condições de vida da população,

conciliando o desenvolvimento econômico com o social.

No estado de Mato Grosso do Sul, de acordo com o Zoneamento

Econômico do Estado (MATO GROSO DO SUL, 2009), o setor primário

apresenta a maior taxa média de crescimento, o que permite destaque nacional

na produção de bens primários, agrícolas e minerais. Portanto, a produção

agropecuária confere ao Estado uma grande importância. Sendo assim,

analisando-se de forma comparativamente a evolução da participação deste

setor na composição do PIB, no Brasil, Mato Grosso do Sul apresenta um peso

relativo nesse setor maior do que para o país propriamente dito (Figura 1).

Figura 1. Participação do setor primário na composição do PIB: Brasil e MS

(1985-2004) (MATO GROSSO DO SUL, 2009).

Assim como em outras regiões brasileiras, a pecuária e a agricultura,

estão cada vez mais focadas na tecnologia, ambas ligadas à mecanização, que

pode ser desde o simples preparo do terreno para plantar variedades de

Page 13: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

11

gramíneas para o gado, como grandes áreas para cultivo de alimentos (VEIGA,

2000).

No caso da agricultura, esta começou a ser conhecida como agricultura

moderna após a Revolução Industrial, que veio responder à crescente

necessidade de produzir rapidamente maiores quantidades de alimentos

(FERRARO, 2005).

De acordo com LUTZENBERGER (2001), o problema fundamental com

a agricultura moderna é que ela não é sustentável. Segundo este autor:

“Todos os ecossistemas naturais possuem

retroação interna automática que, desde o começo,

tal como quando um novo pedaço de terra estéril –

digamos, a encosta de um vulcão – é conquistado,

faz as condições ambientais melhorarem até que

um clímax de atividade biológica máxima e

sustentável seja atingido. Nossos ecossistemas de

agricultura moderna fazem exatamente o oposto ao

impor retroações (agroquímica, agressão mecânica

ao solo) que gradualmente degradam o meio

ambiente e empobrecem a biodiversidade.

Infelizmente, a agricultura moderna obtém sucesso

exaurindo o solo e substituindo a fertilidade perdida

mediante nutrientes que vêm de fora: fertilizantes

comerciais, tais como os fosfatos provenientes de

minas que estarão brevemente esgotadas”

(LUTZENBERGER, 2001, p. 62).

Segundo BARROS et al. (2000), contribuindo com a forma não

sustentável da agricultura moderna, encontra-se a questão da má distribuição

de terras no Brasil, pois se o mercado de terras funcionasse adequadamente,

não haveria o que questionar sobre a adequabilidade em termos de eficiência

na distribuição atual da propriedade da terra no país, pois neste caso, ao

menos em equilíbrio, a distribuição da terra seria ótima do ponto de vista da

eficiência.

Page 14: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

12

No Brasil, a má distribuição da terra foi e têm sido um dos maiores

entraves ao desenvolvimento rural. Do ponto de vista tecnológico, o país

apresenta tanto a agricultura mais destrutiva em larga escala, como o uso

indiscriminado de pesticidas e de maquinaria pesada, pulverizações aéreas,

convivendo com formas de agricultura bastante primitivas (AQUINO e ASSIS,

2005).

Para SEPLAN (1990), essa atividade prolifera em todos os quadrantes

do estado e têm se ampliado com a implantação de grandes empreendimentos,

notadamente para produção de soja, eucalipto, cana-de-açúcar, algodão, entre

outras.

Quanto à atividade pecuária, a criação bovina é a atividade econômica

mais disseminada no Estado (Figura 2), com as pastagens distribuídas em

grandes áreas.

Figura 2. Distribuição do rebanho bovino em 2004 (MATO GROSSO DO SUL,

2009).

Page 15: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

13

De um modo geral, a pecuária se efetua, de forma extensiva (áreas

abertas, oferecendo possibilidade de livre movimentação do gado),

aproveitando as pastagens naturais existentes principalmente na Região

Fitoecológica da Savana, atualmente transformada em pecuária intensiva com

implantação de pastagens artificiais (gramíneas exóticas), com difrentes

espécies de Brachiaria spp. (SEPLAN, 1990; MATO GROSSO DO SUL, 2009).

De acordo com MATO GROSSO DO SUL (2009), algumas regiões,

como Nioaque e Aquidauana, apresentam as seguintes características

socioeconômicas peculiares, tais como:

. Dificuldade no escoamento da produção;

. Dificuldade de acesso às linhas de crédito e financiamento;

. Baixo nível de instrução dos pequenos produtores, produtores acomodados e

pouco participativos;

. Baixo valor agregado da produção;

. Créditos disponíveis que não atendem as necessidades dos produtores;

. Infra-estrutura rural deficitária;

. Mão-de-obra desqualificada;

. Dificuldade de acesso às oportunidades de emprego;

. Dificuldade de acesso às novas técnicas de produção;

. Assistência técnica insuficiente; e,

. Pouca organização dos pequenos produtores.

Desta forma, devido às condições financeiras desfavorecidas, entre

outros problemas, a região apresenta em suas áreas destinadas à pastagem,

uma tendência à degradação. Segundo MACEDO (1995) apud PERON e

EVANGELISTA (2004), as áreas com pastagens degradadas estariam num

processo evolutivo de perda de vigor e produtividade forrageira, sem

possibilidade de recuperação natural, tornando-se incapaz de sustentar os

níveis de produção e qualidade exigidos pelos animais. Desta forma,

persistindo esse processo, poderá haver uma degradação total do solo e dos

recursos naturais do entorno, com prejuízos irrecuperáveis para toda

sociedade.

Page 16: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

14

2.2 Fitofisionomias da Área do Estudo

De acordo com o estudo denominado de Macrozoneamento

Geoambiental do Estado de Mato Grosso do Sul (1989), a região pode ser

dividido, em relação as suas formações vegetacionais, em: Contato Savana

Estépica / Floresta Estacional; Contato Savana / Floresta Estacional; Contato

Savana / Savana Estépica; Região da Savana (Cerrado); Região Savana

Estépica; Região da Floresta Estacional Decidual; Região da Floresta

Estacional Semidecidual e Áreas das Formações Pioneiras (Figura 3).

Figura 3. Formações vegetacionais do estado de Mato Grosso do Sul, com

destaque para a área de estudo (MATO GROSSO DO SUL, 1989).

Na área do estudo são encontrados os seguintes domínios: contato

Savana Estépica com Floresta Estacional, contato Savana com Floresta

Estacional e Região de Savana.

Porém, estudos mais recentes (MATO GROSSO DO SUL, 2009)

mostram uma nova divisão, indicando alterações nas áreas ocupadas por

vegetação nativa, entre elas a Savana Arbórea Densa, Savana Arbórea Aberta

Page 17: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

15

e encrave entre a Savana e a Floresta Estacional, assim como o aumento de

áreas antropizadas (agricultura e pastagem) (Figura 4).

Figura 4. Formações vegetacionais amostradas no estado de Mato Grosso do

Sul (MATO GROSSO DO SUL, 2009).

A seguir, uma breve descrição dos domínios encontrados nas áreas dos

assentamentos.

2.2.1 Áreas Florestais (Savana Arbórea Densa – Cerr adão)

Segundo a Secretaria de Planejamento (SEPLAN, 1990) e reforçado por

MATO GROSSO DO SUL (2009), a Savana Arbórea Densa (Cerradão) é

composta de uma formação campestre com estrato denso de árvores baixas,

xeromórficas, de esgalhamento profuso, providas de grandes folhas coriáceas,

perenes e casca corticosa, chegando a apresentar um estrato definido. De

acordo com SANO et al. (2008), esta formação apresenta um andar arbóreo

superior mais ou menos uniforme em que os indivíduos têm de 8 a 10 metros

de altura, podendo, às vezes chegar a 15 a 18 metros. No estrato intermediário

por vezes há grande quantidade de arvoretas e arbustos e, normalmente, não

Page 18: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

16

apresenta estrato herbáceo contínuo, mas somente gramíneas em tufos,

associados às plantas lenhosas raquíticas munidas de xilopódios, estruturas

subterrâneas derivadas de partes da raiz com função de armazenar água ou

nutrientes em épocas de escassez, assim como a presença de palmeiras anãs.

Entre os elementos arbóreos aparece uma infinidade de espécies cuja

predominância varia de lugar para lugar. Nesta região, podem ser encontrados

as seguintes espécies: Piptadenia gonoacantha (Mart.) Macbr. (angico-jacaré),

Terminalia argentea Mart. (capitão-do-campo), Astronium graveolens Jacq.

(gonçalo-alves) e Lafoensia pacari Saint-Hilaire (pacari), principalmente,

quando próximo à Serra da Bodoquena e Pantanal (POTT e POTT, 1994).

Segundo LOUREIRO et al. (1982) citado por VIANA et al. (2006), a

região predominante inclui a Savana (Cerrado) com formações que variam de

densa a gramíneo lenhosa, possuindo agrupamentos florestais semi-deciduais

e deciduais e, Savana Estépica (Chaco). De acordo com CAPUTO e SILVA

(2010), o chaco, também conhecido como vegetação de Savana Estépica é

caracterizada na região do Pantanal como campos alagáveis e parques de

carandazais ao longo da margem esquerda do rio Paraguai. Nela também se

distinguem espécies arbóreas como Luehea divaricata Mart. (açoita-cavalo),

Qualea dichotoma (Warm.) Stafl (pau-terra), Qualea grandiflora Mart. (pau-

terra-do-campo), Qualea parviflora Mart. (pau-terra-mirin) e Plathymenia

reticulata Benth. (vinhático). Os mesmos autores ainda ressaltam que nos

agrupamentos arbóreos remanescentes, destacam-se elementos de

Sclerolobium aureum (Tul.) Benth (carvoeiro), Magonia pubescens St. Hil

(tingui), Mezilaurus itauba (Meissn.) Taub. (itauba), Hymenaea courbaril L.

(jatobá), Hymenaea stigonocarpa Mart. (jatobá-do-cerrado) e Pterodon

pubescens Vogel (faveira ou sucupira-branca).

Para RIBEIRO e WALTER (1998), em seu trabalho denominado

“Fitofisionomias do bioma Cerrado”, o Cerradão é uma formação florestal com

aspecto xeromórfico que apresenta dossel predominantemente contínuo e uma

cobertura arbórea que pode oscilar de 50 a 90%, com altura variando de 8 a 15

metros, proporcionando condições de luminosidade que podem favorecer à

formação de estratos arbustivos e herbáceos diferenciados (Figura 5).

Page 19: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

17

Figura 5. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea (2) de um Cerradão

representando uma faixa de 80 metros de comprimento por 10 metros de

largura (RIBEIRO e WALTER, 1998).

Entre as espécies arbóreas encontradas nessa formação vegetacional,

RIBEIRO e WALTER (1998) e MATO GROSSO DO SUL (2009) apontam a

presença de: Agonandra brasiliensis Miers ex Benth. & Hook. (pau-marfim),

Bowdichia virgilioides Kunth (sucupira-preta), Callisthene fasciculata (Spreng.)

Mart. (jacaré-da-folha-grande), Caryocar brasiliense Cambess (pequi),

Copaifera langsdorffii Desf. (copaíba), Dalbergia miscolobium Benth.

(jacarandá-do-cerrado), Dimorphandra mollis Benth. (faveiro), Emmotum nitens

(Benth.) Miers (carvalho), Hirtella glandulosa Spreng (oiti), Kielmeyera coriacea

Mart. (pau santo), Lafoensia pacari A.St.-Hil (mangaba-brava), Machaerium

opacum Vogel (jacarandá-muchiba), Magonia pubescens St.-Hil (tinguí),

Platypodium elegans Vogel (canzileiro), Pterodon emarginatus Vogel (sucupira-

branca), Qualea grandiflora Mart. (pau-terra-grande), Sclerolobium paniculatum

Vogel (carvoeiro), Vochysia haenkeana (Spreng.) Mart. (escorrega-macaco) e

Xylopia aromática (Lam.) Mart. (pimenta-de-macaco), entre outras.

Para FERNANDES (2006), o Cerradão se caracteriza por apresentar

uma fisionomia de caráter florestal, tendo seus elementos um maior

desenvolvimento, graças às condições mais favoráveis, ligadas a maior

nutrição, em conjunto com um solo profundo e úmido, além de uma camada de

Page 20: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

18

folhas em decomposição. Porém, difere das florestas pela fisionomia e pela

estrutura, mas, sobretudo pela esclerofilia de seus elementos e pela

composição florística. Quanto a sua estrutura, compõem-se de três estratos:

um superior com árvores de 10-12 metros de altura, com algumas emergentes

(15-18 m), um mediano, mais ou menos denso, formado por arbustos ou

arvoretas que atingem até 3 metros, e finalmente, um extrato inferior herbáceo,

reduzido em número de espécies.

2.2.2 Floresta Estacional

Com relação à Floresta Estacional, SEPLAN (1990) e MATO GROSSO

DO SUL (2009), utilizam o conceito definido pelo projeto RADAMBRASIL, em

que o conceito ecológico desta Região relaciona-se ao clima de duas estações

(uma chuvosa e outra seca), ou com acentuada variação térmica,

determinando uma estacionalidade foliar, os quais tem adaptação ora à

deficiência hídrica, ora à queda da temperatura nos meses frios. A Floresta

Estacional pode ser divida em dois tipos: Semidecidual ou Decidual. No caso

da Floresta Estacional Semidecidual, a percentagem das árvores caducifólias

no conjunto florestal e não das espécies que perdem folhas individualmente,

deve situar-se entre 20 e 50% na época desfavorável, proporcionando no final

da estação seca um tapete de folhas mortas (serrapilheira). Para a Floresta

Estacional Decidual, o que muda é o percentual da decidualidade, passando a

ser 50% ou mais.

RIBEIRO e WALTER (1998) não utilizam o termo de Floresta Estacional

(semidecídua ou decídua), mas sim, Mata Seca para formações florestais que

são caracterizadas por diversos níveis de caducifólia durante a estação seca,

além da dependência das condições químicas, físicas e principalmente, da

profundidade do solo. Para esses autores, a Mata Seca é dividida em três

subtipos: Mata Seca Sempre Verde, Mata Seca Semidecídua e Mata Seca

Decídua (Figura 6).

Page 21: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

19

Figura 6. Diagrama de perfil (1) e cobertura arbórea - CA (2) de três Matas

Secas, em diferentes épocas do ano, representando faixa com cerca de 26 m

de comprimento por 10 m de largura cada. O trecho A representa uma Mata

Seca Sempre Verde, o trecho B, uma Mata Seca Semidecídua e o trecho C,

uma Mata Seca Semidecídua com afloramento de rochas (RIBEIRO e

WALTER, 1998).

Como espécies arbóreas frequentes desses três grupos, podem-se citar:

Amburana cearensis (Allemao) A. C. Sm (cerejeira, imburana), Anadenanthera

colubrina (Allemao) A. C. Sm (angico), Bursera leptophloeus Mart. (amburana-

de-cambão), Cariniana estrellensis (Raddi) Kuntze (jequitibá), Cassia

ferruginea Scharad (canafístula-preta), Cavanillesia arborea (Willd.) K. Ach.

(barriguda), Cedrela fissilis Vell. (cedro), Centrolobium tomentosum Guillemin

ex Benth. (araribá), Chloroleucon tenuiflorum (Benth.) Barneby & J. W. Grimes

(jurema), Chorisia speciosa A.St.-Hil (paineira), Dilodendron bippinatum Radkl

(maria-pobre), Guazuma ulmifolia Lam. (mutamba), Jacaranda caroba (Vell.) A.

Page 22: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

20

DC (caroba), Lonchocarpus sericeus (Poir) D.C (imbira-de-porco),

Myracrodruon urundeva Fr. All (aroeira), Physocallimma scaberrimum Pohl

(cega-machado), Platycyamus regnellii Benth. (pau-pereira), Spondias tuberosa

Arruda (A.) (umbizeiro), Tabebuia aurea Benth. & Hook. f ex S. Moore (para-

tudo), Tabebuia avellanedae Lorentz ex Griseb (ipê-roxo), Terminalia argentea

Mart. & Succ (capitão) e Zanthoxylum rhoifolium Lam. (maminha-de-porca),

entre outras.

2.2.3 Matas Secundárias

Segundo FINEGAN (1992) apud SCHWARTZ (2007), as matas

secundárias são formações vegetais resultantes de processos sucessionais

após a perda de florestas primárias por causas antrópicas ou naturais.

A regeneração florestal após um distúrbio natural, como a abertura de

clareiras pela queda de árvores, ocorre através da contribuição das árvores

remanescentes via produção de sementes ou rebrota, pelo recrutamento das

plântulas sobreviventes à perturbação (regeneração avançada), e pelo

recrutamento de sementes presentes no banco de sementes do solo e/ou

provenientes da chuva de sementes (WHITMORE, 1991 apud ALVES e

METZGER, 2006).

Segundo WAGNER (1995) apud RAYOL et al., (2006), num estudo

realizado no Pará, aproximadamente, 90% da cobertura florestal original foram

convertidas em vegetação secundária, formando dentro da paisagem um

mosaico de vários estágios de desenvolvimento, inclusive com áreas já em

fase de degradação. Porém, situações como esta, já podem ser verificadas em

outras regiões do Brasil.

De acordo com LOPES (2000), a composição florística de uma mata

secundária depende de fatores como o histórico de uso da terra (número de

ciclos de corte e queima, manejo do solo e banco de sementes), condições

climáticas, distância de fontes de biodiversidade bem como de componentes

estocásticos.

Esse mesmo autor ainda afirma que quanto aos serviços ambientais, as

matas secundárias podem ser importantes para a acumulação de biomassa e

nutrientes, continuidade dos ciclos biogeoquímicos, manutenção do fluxo

gênico, conservação de recursos hídricos, solo e paisagem.

Page 23: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

21

Um aspecto presente nas florestas sob forte pressão antrópica é a

fragmentação. VIANA (1992) apud SANTANA (2002) relata que este conceito

deriva da teoria da biogeografia de ilhas, que postula a diminuição exponencial

do número de espécies em relação à diminuição da superfície e portanto, um

fragmento florestal pode ser definido como qualquer área de vegetação natural

contínua, interrompida por barreiras antrópicas ou naturais.

Para RAYOL et al. (2006) citando WATRIN (1996), as taxas de

desmatamento dessa vegetação, nos trópicos úmidos, vem crescendo de

forma intensiva nos últimos anos, devido principalmente ao desenvolvimento da

agricultura migratória e a pecuária extensiva.

2.3 Reforma agrária e assentamentos rurais

Segundo MELGAREJO (2001), estudos demonstram que todos os

países hoje chamados de desenvolvidos em algum momento da sua história

realizaram alterações nas estruturas fundiárias.

No Brasil, a discussão sobre a organização econômica e social nos

assentamentos de reforma agrária tem sido objeto de preocupações de vários

segmentos e sujeitos sociais, governamentais ou não (SILVA, 2004).

De acordo com FERNANDES (2008), os governos Fernando Henrique

Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva foram os que mais criaram assentamentos,

ao considerar-se os governos do processo de redemocratização do Brasil. Em

torno de 80% das realizações em números de assentamentos, famílias e área

ocorreram nos períodos destes governos.

Desta forma, SANTALUCIA e HEGEDUS (2005) afirmam que os

assentamentos rurais no Brasil, em sua grande maioria, são constituídos por

lotes individuais, com área estimada a partir da definição de módulo regional,

ficando as famílias praticamente sozinhas para se desenvolverem em uma

situação econômica desfavorável de escassos recursos e tendência de queda

dos preços agrícolas.

Para ANTUNIASSI et al. (1993), estudos têm mostrado que apesar das

descontinuidades das políticas públicas, os assentamentos vêm apresentando

resultados positivos, colocando-se como uma estratégia de políticas de

integração social, já que possui uma potencialidade na geração de empregos e

aumento do nível de renda das famílias assentadas.

Page 24: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

22

Por outro lado, SANTALUCIA e HEGEDUS (2005) ressaltam que vários

assentamentos no país apresentam problemas estruturais, entre eles, ausência

de casas, energia elétrica, água, atendimento de saúde, acesso, deficiência de

assistência técnica, evasão rural conduzindo a venda irregular de lotes,

dependência de créditos contínuos e problemas na comercialização.

SABOURIN (2008) aponta outros fatores que contribuem para essa

visão negativa dos assentamentos; entre eles, a pressão social para o acesso

à terra é tão forte que termina levando à alocação de lotes com áreas inferiores

ao módulo rurais (superfície mínima para cada região) e assim insuficientes

para assegurar a sobrevivência de uma família; os lotes muitas vezes são

pastagens degradadas; os assentados geralmente não têm conhecimento nem

experiência prática do sistema de produção de policultura/pecuária e menos

ainda da administração de um lote e, raramente contam com uma experiência

de organização coletiva anterior à do acampamento ou do assentamento.

Recentemente tem crescido o número de estudos observando e

analisando os assentamentos rurais, entre eles GUANZIROLI (1994),

BITTENCOURT (1998), SCHIMIDT et al. (1998), SOUZA FILHO (2004) e

FERNANDEZ e FERREIRA (2004). Em geral constata-se a carência de infra-

estrutura, de acesso a crédito e a serviços sociais básicos, revelando um

preocupante cenário de pobreza rural.

2.3.1 Reforma agrária no estado de Mato Grosso do S ul

No ano de 1984, observa-se o início do processo de implantação de

assentamentos rurais no estado, fruto das lutas dos sem-terra como forma de

combater a concentração fundiária, promovendo uma melhor distribuição,

garantindo assim a produção de alimentos básicos à população

(HELFENSTEIN, 2010).

Para o mesmo autor, apesar das lutas pela reforma agrária, o que

ocorreu foi uma diminuição significativa no número de propriedades com

menos de 10 ha, havendo ainda um aumento no número de estabelecimentos

de 100 a 1000 ha e também nas propriedades com mais de 1000 ha,

configurando assim uma expressiva concentração fundiária (Figura 7).

Page 25: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

23

Figura 7. Número de assentados rurais criados em Mato Grosso do Sul entre

1980 - 2009 (HELFENSTEIN, 2010).

Para ALMEIDA (2003), os assentamentos de Mato Grosso do Sul são na

sua maioria territórios onde se desenvolve a reprodução da força de trabalho

familiar, que não se utiliza de técnicas avançadas para produção, e que ainda

tem na burocracia parte fundamental dos problemas para produzir. A

burocracia impede que algumas ações sejam implementadas, pois torna o

acesso aos créditos agrícolas inapropriados às temporadas de determinados

cultivos.

O processo de reforma agrária baseado na simples distribuição de terras

contribuiu para criar péssimas condições de vida no campo, o que dificulta a

permanência das famílias na terra. Apesar disso, a maioria resiste

heroicamente, lutando para fazer a terra produzir e para fazer chegar essa

produção aos mercados (MELGAREJO, 2001).

Page 26: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

24

No estado existem aproximadamente 140 assentamentos rurais, que

abrigam aproximadamente 25.131 famílias, numa média de 23 hectares por

família (TREDEZINI, 2007). Os lotes, de posse individual, variam de

aproximadamente 14 a 170 hectares. Os terrenos têm seu tamanho definido

com base na fertilidade do solo e na quantidade de água disponível. Desta

forma, quanto mais próximo de um recurso hídrico, menor o tamanho dos lotes,

pois, subentende-se que a área apresenta melhor qualidade.

A produção, nos assentamentos desse estudo, não difere dos demais

assentamentos rurais do Mato Grosso do Sul, nos quais se cultivam melancia,

mandioca, soja, milho, algodão, arroz e feijão (BANDUCCI JUNIOR, 2009).

Com relação à atividade pecuarista dentro dos assentamentos, SILVA

(2007), comenta que a principal fonte de renda dos parceleiros provém do gado

leiteiro, sendo que produzem em média de 1.600 litros/ano. Mas, ressalta que

as lavouras de feijão e de algodão, vêm em seguida, cuja produção, modesta,

em grande parte é comercializada com o próprio governo, sendo pequena a

renda auferida pelas famílias. Há também assentados que recebem recursos

provenientes de serviço público, tais como professores, merendeiras, entre

outras, e de aposentadorias e pensões que, apesar de pouco expressivos,

auxiliam no complemento à renda agrícola.

Segundo BANDUCCI JUNIOR (2009), além de cultivar mandioca, milho,

hortaliças e pomares, os assentados costumam manter pequenas criações de

porcos e galinhas, destinados ao consumo da família e ao pequeno comércio

no próprio assentamento.

Entretanto, a preocupação das famílias, é evitar a saída dos jovens que,

sem perspectivas de trabalho, têm se dirigido, com frequência crescente, às

cidades, em busca de empregos e de estudo, já que a escola existente nos

assentamentos oferece somente o ensino fundamental.

Assim sendo, pode-se afirmar que a origem dos conflitos ligados à luta

pela terra no estado é antiga, e teve início com os projetos de colonização, que

implantada e priorizada pelo Estado, encontra-se atrelada ao processo de

concentração fundiária e a desigual distribuição da terra. Portanto, esses

processos são os principais razões da presença e existência de uma massa de

camponeses sem-terra na região, de acordo com SILVA (2004).

Page 27: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

25

2.4 Imagens de satélites como apoio em estudos ambi entais em áreas de

assentamentos

É sabido que a falta de conhecimento da capacidade de suporte na

locação de assentamentos, associado ao desconhecimento das características

ambientais da região, proporcionam o uso errado do ambiente por parte dos

assentados, contribuindo assim, para o rápido esgotamento dos recursos

naturais.

Para SILVA e MARTINS (2007), a falta de planejamento e assistência às

unidades de assentamentos implantadas contribui para o crescimento de um

modelo de utilização do espaço sem que tenha preocupação com as causas

ambientais e ainda sem o devido cumprimento da legislação de proteção ao

ambiente. Os programas de reforma agrária devem possuir uma dimensão

ambiental, pois a divisão das terras em parcelas reduzidas gera

desmatamentos e consequentes agressões ao ambiente ocasionando, a longo

prazo, efeitos danosos de difícil recuperação.

Poucos são os trabalhos que enfocam este assunto. Entre eles,

FRANCELINO e FERNANDES FILHO (2003) buscaram caracterizar e avaliar a

ocupação espacial de quatro projetos de assentamentos na região semi-árida

do estado do Rio Grande do Norte, contando com o apoio de imagens de

satélites e as demais ferramentas do geoprocessamento para avaliar o espaço

pré-determinado em áreas de reforma agrária.

É importante ressaltar que, dentre as várias ferramentas existentes no

geoprocessamento, a classificação digital das imagens de satélite surge como

uma ótima opção, pois podem ser disponibilizadas a baixo custo e proporcionar

uma rápida análise do problema estudado.

Segundo VILELA e SOARES (2003), estudar a viabilidade técnica e

econômica do emprego de dados provenientes dos novos satélites pode

significar aliar qualidade técnica e recursos orçamentários limitados, isto, diante

da realidade de mercado e da necessidade de uma base de dados confiável

tanto em qualidade quanto em quantidade.

Para BERNINI et al. (2007), o geoprocessamento é uma ferramenta

científica que utiliza técnicas matemáticas e computacionais para o tratamento

da informação geográfica e atualmente, é um instrumento importante para

análise dos recursos naturais, permitindo assim, realizar avaliações mais

Page 28: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

26

complexas, ao integrar dados de diversas fontes ao criar bancos de dados

georreferenciados e devido ao avanço tecnológico, o uso de imagens de

satélites, propicia cada vez mais uma forma segura de acompanhar a dinâmica

de ocupação do solo e da expansão urbana em regiões afastadas dos centros

urbanos.

Num estudo realizado por MENEZES (2001), o uso de imagens permitiu

monitorar através da análise de dados históricos, a evolução do desmatamento

ou substituição da vegetação primária por culturas agrícolas e pastagem, além

da quantificação das áreas e o cumprimento à legislação ambiental.

Desta forma, o uso de imagens em pesquisas vem crescendo nos

últimos anos, e não só para a questão da reforma agrária, mais sim, para a

escolha de regiões que possuem valor para o ecoturismo, como é o caso dos

estudos realizados por COSTA et al. (2001) e BARBOSA et al. (2003), além de

estudos pontuais, como o realizado por RIBEIRO e SANTOS (2003), cujo

objetivo foi avaliar alternativas locacionais para a implantação de uma

faculdade no Estado de Minas Gerais.

Portanto, no processo de concepção de qualquer empreendimento,

independente do seu porte, é de extrema importância o estudo de alternativas

locacionais que possibilitem um confronto entre os vários aspectos em questão,

sejam eles ambientais, técnicos ou econômicos.

Para RIBEIRO e SANTOS (2003), em todos os processos de

localização, quer na perspectiva dos empresários, quer na perspectiva do

planejamento territorial, se admitem diferentes tipos de critérios na tomada de

decisão. A localização é essencialmente um processo de decisão através do

qual se pretende comparar diferentes alternativas espaciais para a instalação

de unidades ou, de um modo mais geral, é a identificação das áreas de

território que apresentam maior aptidão para o uso desejado.

Sendo assim, o planejamento ambiental, via de regra, trabalha com

grande número de variáveis (solo, vegetação, clima, fauna, geomorfologia,

aspectos sociais, etc) que atuam interativamente. A complexidade, em termos

estruturais e da quantidade de variáveis, requer o desenvolvimento de técnicas

como suporte aos processos de tomada de decisões. Nesse sentido, os

sistemas de informações geográficas (SIGs) e o sensoriamento remoto são

Page 29: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

27

ferramentas fundamentais no estudo e manejo dos recursos naturais, tornando

o planejamento uma atividade mais dinâmica e eficiente (NETO et al., 2001).

Segundo os mesmos autores, o estudo e a tentativa de planejamento da

ocupação do ambiente pelo homem têm sido um dos principais focos de

preocupação para a implementação de políticas e técnicas que possam

discipliná-las. Para NÉDÉLEC et al. (2005), a partir de imagens de satélites da

série Landsat, é possível realizar um estudo multitemporal da ocupação do

solo.

Sendo assim, o levantamento das degradações sofridas pelo ambiente é

de suma importância para o conhecimento da realidade e a busca de sua

recuperação. E para que se possa estruturar e viabilizar um bom planejamento

existe a necessidade de se ter informações confiáveis e atualizadas referentes

ao uso e ocupação da região.

Para BARBOSA et al. (2007), na atividade rural, as imagens de satélites

– tecnologias que ainda hoje são pouco utilizadas – permitem fazer vários

levantamentos, utilizando basicamente o planejamento e regularização da

propriedade. As imagens permitem calcular com maior precisão as áreas de

lavouras, matas e pastagens, além de se constituírem um valioso instrumento

para a seleção de locais para plantio de culturas anuais, formação de pomares,

locação de estradas, represas, entre outros.

Desta forma, avaliações do potencial da terra constituem uma etapa

importante nos estudos ambientais, que permitem dar subsídios a um

planejamento adequado nas tarefas que têm como resultante um zoneamento

ecológico-econômico de uma região (TEOTIA et al., 2007).

Portanto, toda ação de planejamento, ordenação ou monitoramento de

um espaço físico deve incluir a análise dos diferentes componentes do

ambiente, incluindo o meio físico-biótico, a ocupação humana, e seu inter-

relacionamento (FERRAZ et al., 2007).

E assim como feito no trabalho de BERNINI et al. (2007), o presente

trabalho pretende iniciar a discussão do uso do geoprocessamento para

auxiliar nas futuras tomadas de decisões na delimitação de terras destinadas a

criação de projetos de assentamentos no estado de Mato Grosso do Sul,

agregando informações qualitativas para proporcionar uma melhor visualização

da situação atual de uma determinada localidade.

Page 30: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

28

3 Referências Bibliográficas

ALMEIDA, R. A. Identidade, distinção e territorialização: o proces so de (re)

criação camponesa no Mato Grosso do Sul. 2003. 114f. Tese (Doutorado

em Geografia) - Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Estadual

Paulista, Presidente Prudente.

ALVES, L. F.; METZGER, J. P. A regeneração florestal em áreas de floresta

secundária na reserva florestal do Morro Grande, Cotia, SP. Biota Neotropica ,

Campinas, v. 6, n. 2, p. 1-26, Maio/Agosto 2006.

ANTUNIASSI, M. H. R.; AUBRÉE, M.; CHONCHOL, M. E. F. De sitiante a

assentado: trajetórias e estratégias de famílias rurais. São Paulo em

Perspectiva , São Paulo, v. 7, n. 3, p. 125-132, jul./set., 1993.

AQUINO, A. M.; ASSIS, R. L. Agroecologia: princípios e técnicas para uma

agricultura orgânica sustentável. Brasília: Embrapa Informação Tecnológica,

2005. 517p.

ARAÚJO, M. R.; SOUZA, O. C. Fragmentação florestal e a degradação das

terras. In: COSTA, R. B. (Org.). Fragmentação florestal e alternativas de

desenvolvimento rural na região Centro-Oeste . Campo Grande: UCDB,

2003. p.113 – 138.

BANDUCCI JÚNIOR, A. Turismo no assentamento rural Andalúcia (MS):

uma experiência autônoma e comunitária . In: 26ª REUNIÃO BRASILEIRA

DE ANTROPOLOGIA, 01 e 04 de junho, de 2008, Porto Seguro. Anais... Porto

Seguro, 2009. p.01-15.

BARBOSA, A. M.; SOARES, J. V.; MEDEIROS, J. S. Utilização de sistemas de

informações geográficas e produtos de sensoriamento remoto como subsídio

para planejamento em ecoturismo no município de Capitólio – MG. In: XI

SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 05 – 10 abril,

2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: INPE, 2003. p.551 - 558.

Page 31: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

29

BARBOSA, A. P.; CAMPOS, S.; EINGENEER, F. G.; FAITA, J. R.; MANZANO,

L. M.; CARREGA, E. F. B. Utilização de imagens CBERS 2 na análise do uso

da terra como subsídio ao desenvolvimento sustentável. In: XIII SIMPÓSIO

BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 21 – 26 abril de 2007,

Florianópolis. Anais... Florianópolis: INPE, 2007. p.763 - 768.

BARROS, R. P.; MENDONÇA, R.; DELIBERALLI, P. P.; LOPES, C. Impactos

da distribuição da terra sobre a eficiência agrícola e a pobreza no Nordeste. In:

HEMRIQUES, R. (Org). Desigualdade e pobreza no Brasil . Rio de Janeiro:

IPEA, 2000. p.639 – 683

BERNINI, H.; OLIVEIRA, D. S.; MORET, A. S. O uso de geoprocessamento

para a tomada de decisão na utilização de recursos naturais estudo de caso

Resex do Rio Ouro Preto – RO. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE

SENSORIAMENTO REMOTO, 21 – 26 abril 2007, Florianópolis. Anais...

Florianópolis: INPE, 2007. p. 2315 – 2322.

BITTENCOURT, G. A. Principais fatores que afetam o desenvolvimento

dos assentamentos de reforma agrária no Brasil . Brasília: Projeto de

Cooperação Técnica INCRA/FAO, 1998. p.68.

CAPUTO, A. C. B.; SILVA, J. dos S. V. da. Vegetação de Chaco no Pantanal:

quanto representa? In: VI Mostra de estagiários e bolsistas, 2010, Campinas.

Anais... Cidade:Embrapa Informática Agropecuária, 2010, p. 205-208.

CARVALHO, J. I. L.; CALLADO, A. A. C. Reforma Agrária – Uma Nova Visão .

2000. Disponível em: <http://www.eco.unicamp.br/nea/rurbano/zipados/

carvalho.pdf>. Acessado em 12 de janeiro de 2011.

COSTA, L. A.; SOARES, V. P.; RIBEIRO, C. A. A. S.; SILVA. O uso de sistema

de informações geográficas na determinação da aptidão de áreas rurais para a

recreação e turismo: o caso da microbacia do Ribeirão São Bartolomeu,

Viçosa, Minas Gerais. In: X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO

Page 32: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

30

REMOTO, 21-26 abril de 2001, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu:INPE,

2001. p.419 - 429.

CROSTA, A. P. Processamento digital de imagens de sensoriamento

remoto. Campinas: IG/UNICAMP, 1992. 170p.

FAGUNDES, N. A.; BANDUCCI JUNIOR, C. V. S. G. Diagnóstico ambiental e

delimitação de Áreas de Preservação Permanente em um assentamento rural.

Acta Scientiarum. Biological Science, Maringá, v. 30, n. 1, p. 29-38, Jan.

2008.

FERNANDES, A. Fitogeografia brasileira: províncias florísticas . 3ed.

Fortaleza: Realce, 2006. 202p.

FERNANDES, B. M. O MST e as reformas agrárias do Brasil. Revista

Observatório Social de América Latina – OSAL , Buenos Aires, n. 24, p. 73-

85, out. 2008.

FERNÁNDEZ, A. J. C.; FERREIRA, E. C. Os impactos socioeconômicos dos

assentamentos rurais em Mato Grosso. In: MEDEIROS, L. S.; LEITE, S.

Assentamentos rurais: mudança social e dinâmica reg ional . Rio de

Janeiro: Mauad, 2004. p. 187-193

FERRAZ, R. G. B. Antropização da bacia hidrográfica do rio Miranda:

Alterações climáticas, recursos naturais e desenvol vimento . 2006. 80f.

Dissertação (Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Local) -

Universidade Católica Dom Bosco, Campo Grande.

FERRAZ, R. G. B.; SALGADO, C. M. M.; COSTA, R. B. Análise de uso do solo

e topografia do município de Dois Irmãos de Buriti para elaboração de uma

proposta de criação de Área de Proteção Ambiental – APA. In: XIII SIMPÓSIO

BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 21 – 26 abril 2007,

Florianópolis. Anais... Florianópolis: INPE, 2007. p.2557-2564.

Page 33: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

31

FERRARO, M. R. A gênese da agricultura e da silvicultura moderna n o

Estado de São Paulo . 2005. 152f. Dissertação (Recursos Florestais) -

Universidade de São Paulo, Piracicaba.

FLORENZANO, T. G. Imagens de satélite para estudos ambientais . São

Paulo: Oficina de Textos, 2002. 97p.

FIORIO, P. R.; DEMATTÊ, J. A. M.; SPAROVEK, G. Cronologia e impacto

ambiental do uso da terra na microbacia hidrográfica do Ceveiro, em

Piracicaba, São Paulo. Pesquisa Agropecuária Brasileira , Brasilía, v. 35, n.

4, p. 671-672, Abril. 2000.

FRANCELINO, M. R.; FERNANDES FILHO, E. I. Aplicação de classificação

supervisionada na avaliação da ocupação do solo em áreas de reforma agrária.

Anais XI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 05 – 10

abril de 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: INPE, 2003. p.1803 –

1810.

FUSHITA, A. T. Análise da fragmentação de áreas de vegetação natur al e

semi-natural do Município de Santa Cruz da Conceiçã o, São Paulo, Brasil .

2006. 138f. Dissertação (Programa de Pós Graduação em Ecologia e Recursos

Naturais) - Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

GUANZIROLI, C. E. Principais Indicadores Sócio-Econômicos dos

Assentamentos de Reforma Agrária. In: ROMEIRO, A.; GUANZIROLI, C.;

PALMEIRA, M.; LEITE, S. (Orgs.). Reforma Agrária: produção, emprego e

renda – o relatório da FAO em debate. Rio de Janeiro: VOZES/IBASE/FAO,

1994. p.13-68.

HASENACK, H.; WEBER, E.; VALDAMERI, R. Análise de vulnerabilidade de

um parque urbano através de módulos de apoio à decisão em sistemas de

informação geográfica. In: GIS Brasil, 98. Curitiba – PR. Anais Eletrônicos .

2003. Disponível em: <http:www.ufrgs.br/ecologia/idrisi> Acesso em: 03 junho

de 2012.

Page 34: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

32

HELFENSTEIN, A. M. O programa luz para todos como política pública de

desenvolvimento econômico e social nos assentamento s rurais de Mato

Grosso do Sul. 2010. 153f. Dissertação (Programa de Pós-Graduação em

Geografia) - Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD), Dourados.

IMPAGLIAZZO, M. Sensoriamento remoto como instrumentos para gestão

ambiental das áreas com potencial turístico. In: XIV SIMPÓSIO BRASILEIRO

DE SENSORIAMENTO REMOTO, 25-30 abril, 2009, Natal. Anais...

Natal:INPE, 2009. p.5259-5264.

LOPES, S. R. M. Procedimentos legais para exploração das florestas

naturais da Bacia Amazônica . Belém: USAID, FFT, GTZ, 2000. 123p.

LUTZENBERGER, J. A. O absurdo da agricultura. Estudos Avançados , São

Paulo, v.15, n.43, p. 61-74, setembro/dezembro. 2001.

MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Planejamento e

Coordenação Geral. Fundação de Apoio ao Planejamento do Estado.

Macrozoneamento geoambiental do Estado de Mato Gros so do Sul .

Campo Grande: FIPLAN-MS, (Estudos integrados de potencial de recursos

naturais do estado de Mato Grosso do Sul). 1989.

MATO GROSSO DO SUL. Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE MS ,

estudos preliminares. Volume I. Campo Grande, 2009. 128p.

MENEZES, C. R. C. Análise da dinâmica ocupacional do P. A. Lago Preto, a

partir da utilização de ferramentas e sensoriamento remoto e sistema de

informações geográficas. In: X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE

SENSORIAMENTO REMOTO, 21 – 26 abril, 2001, Foz do Iguaçu. Anais... Foz

do Iguaçu:INPE, 2001. p.939-946.

Page 35: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

33

MELGAREJO, L. O desenvolvimento, a reforma agrária e os assentamentos:

espaços para a contribuição de todos. Agroecologia e Desenvolvimento

Rural Sustentável , Porto Alegre, v.2, n.4, p. 58-68, Outubro/Dezembro, 2001.

NÉDÉLEC, V.; VILLAR, P. M. del.; DUBREUIL, V.; FERREIRA, C. M.; MELO,

N. A. de. Evolução da ocupação do solo nos projetos de assentamento

conjunto (PAC) no Mato Grosso. In: XII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE

SENSORIAMENTO REMOTO, 16 - 21 abril, 2005, Goiânia. Anais... Goiânia:

INPE, 2005. p.643 - 645.

NETO, A S.; BRITES, R. S.; SOARES, V. P.; ROBEIRO, J. C. Subsídios para

elaboração do plano de manejo do Parque Grande Sertão Veredas por meio de

um sistema de informação Geográficas. In: X SBSR, 21 – 26 abril, 2001, Foz

do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu:INPE, 2001. p.493 - 502.

PARANHOS FILHO, A. C.; LASTORIA, F.; TORRES, T. G. Senvoriamento

remoto ambiental aplicado: introdução as geotecnologias. Campo Grande:

UFMS, 2008. 198p.

PEREIRA, M. C. B.; MENDES, C. A. B.; GREHS, S. A.; BARRETO, S. R.;

BECKER, M.; LAMGE, M. B. R.; DIAS, F. A. Bacia hidrográfica do rio

Miranda: estado da arte . Campo Grande: UCDB, 2004. 177p.

PERON, A. J.; EVANGELISTA, A. R. Degradação de pastagens em regiões de

cerrado. Ciência e Agrotecnologia , Lavras, v. 28, n. 3, p. 655-661,

Maio/Junho, 2004.

POTT, A.; POTT V. J. Plantas do Pantanal . Corumbá: EMBRAPA-spl, 1994.

320p.

RAYOL, B. P.; SILVA, M. F. F.; ALVINO, F. O. Dinâmica da regeneração

natural de florestas secundárias no município de Capitão Poço, Pará, Brasil.

Amazônia: Cia. & Desenvolvimento , Belém, v. 2, n. 3, p. 93-109,

julho/dezembro, 2006.

Page 36: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

34

RIBEIRO, J. F.; WALTER, B. M. T. Fitofisionomias do bioma Cerrado. In:

SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P. Cerrado: ambiente e flora . Planaltina:

Embrapa-CPAC,1998. p.89-152.

RIBEIRO, C. A. A. S; SOARES, P.V; OLIVEIRA, A. M. S.; GLERIANI, J. M. O

desafio da delimitação de Áreas de Preservação Permanente. Revista Árvore ,

Viçosa, v. 29, n. 2, p. 203-212, abril, 2005.

RIBEIRO, R. M. P.; SANTOS, R. M. Uso de sistemas de informações

geográficas para estudo de alternativas locacionais de empreendimentos.

Anais XI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 05 – 10

abril, 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte:INPE, 2003. p.1921 - 1927.

ROCHA, J. G.; OLIVEIRA. A. G.; SILVA NETO, C. F.; ROLIM, K. A.; LIMA, E.

R. V. Análise de degradação ambiental no assentamento rural de Santa

Helena/PB com o auxílio de técnicas e ferramentas de sensoriamento remoto e

geoprocessamento. IV Encontro Nacional da Anppas. Brasília, DF. Brasil. 3 a 6

de junho de 2008.

SABOURIN, E. Reforma agrária no Brasil: considerações sobre os debates

atuais. Estudos Sociais Agrícolas , Rio de Janeiro, v. 16, n. 2, Janeiro. p. 151-

184, 2009.

SANO, S. M.; ALMEIDA, S. P.; RIBEIRO, J. F. Cerrado: ecologia e flora .

Brasília: Embrapa Cerrados; Embrapa Informação Tecnológica, 2008. v 1.

1.279p.

SANTALUCIA, M.; HEGEDUS, P. Cooperativismo e assentamento rural na

percepção do uso coletivo e individual da terra mediante metodologia Q: o caso

de Chaqueadas. Extensão Rural , Santa Maria, ano XII, p. 97-128, Janeiro.

2005.

Page 37: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

35

SANTANA, C. A. A. Estrutura e florística de fragmentos de florestas

secundárias de encosta no município do Rio de Janei ro . 2002. 147f. Tese

(Ciências Ambientais e Florestais, Área de Concentração em Conservação da

Natureza) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

SANTOS, J. P.; VERONESE, E. S. M.; MACHADO, O. D. B. Análise

multitemporal do desmatamento no assentamento Vale Verde, Gurupi, TO

através do uso de imagens do sensor CCD do satélite CBERS2. In: XIV

SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 25-30 abril, 2009,

Natal. Anais... Natal:INPE, 2009. p. 2163-2168.

SCHWARTZ. G. Manejo sustentável de florestas secundárias: espécies

potenciais no Nordeste do Pará, Brasil. Amazônia: Cia. & Desenvolvimento ,

Belém, v. 3. n. 5, p. 125 - 147, Junho/Dezembro. 2007.

SCHIMIDT, B. V.; MARINHO, D. N. C.; ROSA, S. L. C. (Orgs.). Os

assentamentos de reforma agrária no Brasil. Brasília: Editora Universidade

de Brasília, 1998. 306p.

SEMA. Secretária Estadual de Meio Ambiente. Relatório de qualidade das

águas superficiais da bacia do alto Paraguai 2003 . Campo Grande:

ANA/MMA, GEF/PNUMA. 2005. 127p.

SEPLAN. Secretária Estadual de Planejamento. Atlas Multirreferêncial do

Mato Grosso do Sul . Campo Grande, Brasil, 1990. 28p.

SILVA, A. A Importância do Administrador para o Desenvolvimen to do

Agronegócio Brasileiro . 2008. Disponível em: <http:// www.

administradores.com.br/artigos/ a_importancia_do_ administrador_ para_o_

desenvolvimento_do_agronegocio_brasileiro/26313/>. Acessado em 24 nov.

2012.

SILVA, G. F.; MARTINS, A. K. E. Análise do uso e conservação da reserva

legal do assentamento Pericatu, município de Pium – TO, utilizando

Page 38: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

36

geotecnologias. In: XIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO

REMOTO, 21 – 26 abril, 2007, Florianópolis. Anais... Florianópolis: INPE,

2007. p.3125-3131.

SILVA, T. P. As formas organizacionais de produção dos camponese s

assentados no município de Batayporã, MS. 2004. 164f. Dissertação

(Programa de Pós-Graduação em Geografia) - Faculdade de Ciências e

Tecnologia da Universidade Estadual Paulista – UNESP. Presidente Prudente.

SOARES, T. S.; CARVALHO, R. M. M. A.; VIANA, E. C.; ANTUNES, F. C. B.

Impactos ambientais decorrentes da ocupação desordenada da área urbana do

município de Viçosa, Estado e Minas Gerais. Revista Científica Eletrônica de

Engenharia Florestal , Garça, n. 8, p. 1-14, Agosto. 2006.

SOARES, J. L. N; ESPINDOLA, C. R. Geotecnologias no planejamento de

assentamentos rurais: premissa para o desenvolvimento rural sustentável.

Revista NERA. Presidente Prudente. Ano 11, n. 12, janeiro/junho, 2008. p. 108-

116.

SOUZA FILHO, H. M. Programa de reforma agrária Cédula da Terra: medindo

a eficiência dos beneficiários. In: CONGRESSO NACIONAL DE ECONOMIA E

SOCIOLOGIA RURAL, 42, 2004, Cuiabá. Anais... Cuiabá: SOBER, 2004. p. 1 -

11

VEIGA, J. E. A face rural do desenvolvimento: natureza, território e

agricultura. Porto Alegre: Editora da UFRGS. 2000. 197p.

VIANA, J. A. P.; SILVA, M. H. S.; GRADELLA, F. dos S.; SAKAMOTO, A. Y.

Oscilação do lençol freático e sua influência na morfologia do solo na lagoa

salina do meio, em 2004, fazenda Nhumirim, Pantanal da Nhecolândia, MS-

Brasil. In: VI SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA / REGIONAL

CONFERENCE ON GEOMORPHOLOGY. Geomorfologia Tropical e

Subtropical: processos, métodos e técnicas/Tropical and Subtropical

Page 39: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

37

Geomorphology: processes, methods and techniques, 6 a 10 set., 2006,

Goiânia. Anais... Goiânia. 2006, p. 1-11.

VIEIRA, P. F.; WEBER, J (Org.). Gestão de recursos naturais renovais e

desenvolvimento: novos desafios para a pesquisa amb iental. 2ed. São

Paulo: Cortez, 2000. 500p.

VILELA, M. F.; SOARES, V. P. Avaliação das imagens TM/Landsat-5,

TM/Landsat-7 e CBERS/CCD como base de dados para projetos de reforma

agrária. In: XI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 05 –

10 abril, 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: INPE, 2003. p. 1985 -

1992.

TEOTIA, H. S.; COSTA FILHO, J. F.; SANTOS, J. R.; FERREIRA, K, A.

Integração de sensoriamento remoto e sistema de informações geográficas

(SIG/SIT) na preparação de modelo de desenvolvimento da terra para

planejamento rural. In: X SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO

REMOTO, 21 – 26 abril, 2007, Foz do Iguaçu. Anais... Foz do Iguaçu: INPE,

2007, p.1025-1033.

TREDEZINI, C. A. O. Estudo da dinâmica sócioeconomica de

assentamentos rurais de Mato Grosso do Sul . Relatório de Pesquisa.

Campo Grande – MS: UFMS/FUNDECT-MS, 2007.

Page 40: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

38

Artigo I

ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ASSENTAMENTOS RURAIS

MONJOLINHO E SÃO MANOEL, MUNICÍPIO DE ANASTÁCIO, MA TO

GROSSO DO SUL: UM ESTUDO COM BASE EM GEOPROCESSAMEN TO

DE IMAGENS DE SATÉLITES

Katiúcia Oliskovicz 1

1Mestranda Programa de Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento

Regional da Universidade Anhanguera – Uniderp.

Resumo

Desde 1985, foram criados milhares de assentamentos dentro do programa de

Reforma Agrária, porém, existem poucos dados disponíveis sobre a atual

situação da população assentada. Sendo assim, o presente trabalho teve como

objetivo geral avaliar as etapas da ocupação em dois assentamentos rurais

localizados no município de Anastácio, Mato Grosso do Sul e as principais

consequências ambientais, por meio de imagens de satélite das áreas antes,

durante e após a implantação. Para o processamento das imagens, utilizou-se

um ambiente SIG para tal finalidade. No PA Monjolinho, a ocupação ocorreu de

forma gradual, em todas as direções. No PA São Manoel, o processo de

ocupação ocorreu em direção ao PA Monjolinho, localizado na divisa sul do PA,

provavelmente porque a proximidade a outras áreas habitadas facilita a

convivência e o abastecimento das famílias. A área de floresta nativa do PA

São Manoel encontrando-se abaixo dos 20% (17,92%) do seu território total; já

o PA Monjolinho encontra-se com essa área acima dos 20% (22,69%).

Percebe-se também, que muitos assentados por não estarem preparados para

atuar no setor agropecuário, acabam degradando os recursos naturais mais

significativos e quando estes se esgotam, abandonam as suas terras ou

vendem para terceiro. Porém, também deve-se levar em consideração, que

muitas vezes o local não é apropriado para as atividades agropecuárias pois

possuem na sua formação básicas, solos inadequados para a agricultura como

Page 41: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

39

os Solos Litólicos e Areias Quartzosas, e assim, os parcelados tem que deixar

seus lotes e buscar melhores condições de vida em outras atividades.

Palavras-chave: Uso e ocupação do solo; áreas nativas; Assentados.

Abstract

Since 1985, thousands of settlements were created within the program of land

reform, however, there are few data available on the situation of the settler

population. Therefore, this study aimed to assess the stages of the occupation

in two rural settlements located in the municipality of Anastácio, Mato Grosso

do Sul and its major environmental consequences, through satellite images of

areas before, during and after deployment. For the processing of images used a

GIS environment for this purpose. In PA Monjolinho, occupation occurred in

gradual form, in all directions. In PA São Manoel, the occupation process

occurred toward PA Monjolinho, located in the southern end of the PA, since,

with the proximity to other populated areas, it becomes easier coexistence and

supplies to families. The forest area of PA São Manoel is below 20% (17.92 %)

of its total territory, whereas the PA Monjolinho meets this area higher than 20%

(22.69 %). It is also evident that many settlers because they are not prepared to

work in the agricultural sector, end up degrading the natural resources and most

significant when they run out, leaving their land or sell it to third. However, one

should also take into consideration, that many times the site is not suitable for

agricultural activities as they have in their basic training, soils unsuitable for

agriculture as Litólicos Soil and Quartz Sands, and thus the installments have to

leave their plots and seek a better life in other activities.

Keywords: Land use; native areas; Settlers.

Introdução

No Estado de Mato Grosso do Sul, uma das regiões que sofre o processo

de degradação ambiental é a sub-bacia do rio Miranda, bacia hidrográfica do

Alto Paraguai (SEMA, 2005), onde a intensa ação antrópica provocada pelo

uso do solo ocasionou a maciça retirada da cobertura vegetal original para a

Page 42: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

40

formação de pastagens e atividades agrícolas, um processo agressivo em um

ecossistema intrinsecamente frágil (PEREIRA et al., 2004).

Um dos municípios componentes desta sub-bacia é Anastácio,

considerado a primeira cidade do portal do Pantanal, cuja base econômica

segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), corresponde à

prestação de serviço mais especificamente dentro do perímetro urbano,

seguida pelas atividades da agropecuária e atividades industriais.

Desta forma, fazendo jus as atividades agropecuárias, uma das

características desta região são os vários assentamentos implantados a partir

dos anos 1980, que modificaram a dinâmica rural da região, aumentando o

número de pessoas radicadas na zona rural e criando novas pressões

ambientais em áreas relativamente preservadas.

MOREIRA (2008) relata que após a efetivação do assentamento Alvorada

(Julio de Castilho, Rio Grande do Sul), surgiu uma nova configuração no

espaço agrário na região, até então dominado pela pecuária extensiva e a

lavoura agroexportadora de soja. Além do crescimento populacional que

alterou a dinâmica demográfica, houve à inserção da agricultura familiar que

colabora com a economia local, onde foram instaladas 72 famílias, as quais

movimentam os recursos financeiros ajudando a dinamizar a economia do

município de Júlio de Castilhos.

Segundo SPAROVEK (2003), desde 1985, foram criados milhares de

assentamentos dentro do programa de Reforma Agrária. Mas, muito se discute

sobre esses números e sobre a situação desses assentamentos. Porém

existem poucos dados disponíveis sobre a qualidade desses assentamentos e

menos ainda sobre a situação da população assentada.

O mesmo autor, afirma que a reforma agrária no Brasil tem estado

presente na pauta das políticas de Estados de praticamente todos os governos.

Entretanto, apesar dos esforços realizados, há muito por se fazer,

principalmente, quando se leva em conta os aspectos sociais e mais

recentemente, os aspectos ambientais, ou seja, no uso dos recursos naturais.

Para MILLER JR (2007), as diversas comunidades estão ligadas

diretamente ao uso dos recursos naturais para a sua sustentabilidade, pois é ali

que se dão as relações entre os processos naturais e socioculturais. Além

disso, toda e qualquer forma de vida depende desses recursos para sua

Page 43: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

41

manutenção. Porém o uso desordenado e sem a preocupação com o ambiente

ameaça a sustentabilidade desses recursos.

ARAÚJO e SOUZA (2003) relatam que a intensificação das atividades

antrópicas podem provocar diversos distúrbios ambientais de caráter local e

que grande parte desses distúrbios referem-se à intensificação do processo

erosivo relacionado ao fator desmatamento. Para MILLER JR (2007), o

processo de desmatamento consiste na mudança da cobertura natural dos

solos, basicamente ocorrendo a retirada da vegetação para um determinado

uso, produzindo uma consistente fragmentação da vegetação natural.

Segundo IMPAGLIAZZO (2009), a degradação ambiental é causada,

principalmente, por desmatamentos, uso irracional do solo, invasões em áreas

de preservação permanente, avanço indiscriminado sobre áreas inundáveis,

entre outras causas que interferem diretamente na dinâmica da paisagem.

Desta maneira, o uso de imagens de satélites é fundamental para avaliar este

processo, com um número crescente de pesquisas apoiando-se nesse

instrumento para analisar de forma multitemporal a dinâmica da paisagem,

como exemplo, trabalhos de SANTOS et al. (2009), OLIVEIRA et al. (2009) e

LOPEZ (2011).

Com relação às imagens de satélites, FLORENZANO (2002), afirma, que

as mesmas possuem grande potencial no estudo do uso da terra tanto em

ambientes rurais como em ambientes urbanos, pois sua interpretação auxilia

na identificação do tipo de uso de cada área. Além disso, o aspecto

multitemporal permite ainda monitorar as mudanças que ocorrem em

ambientes rurais, como a substituição de mata por pastagem ou cultura, pois

ao cobrirem sucessivas vezes a superfície da terra, as imagens possibilitam o

estudo e o monitoramento destes fenômenos.

Já PARANHOS FILHO et al. (2008) afirmam que a utilização de Sistemas

de Informação Geográfica (SIG) permite que informações de diversificada

natureza sejam geograficamente referenciadas, armazenadas e manipuladas

para o uso em pesquisas científicas, planejamento e gerenciamento de

recursos naturais. Este tipo de estudo pode prestar uma grande contribuição,

indicando as prioridades estratégicas e auxiliando no estabelecimento de

instrumentos eficientes para a gestão integrada das variáveis ambientais,

sociais e econômicas (SOARES et al., 2006), facilitando-se assim, as futuras

Page 44: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

42

tomadas de decisões nas análises dos processos de licenciamento e

fiscalização ambiental e avaliação de danos causados por processos de

ocupação desordenados.

Para RIBEIRO et al. (2005), as técnicas de sensoriamento remoto vêm

sendo muito utilizadas para a obtenção de informações sobre cobertura vegetal

e uso do solo num pequeno intervalo de tempo. Desta forma, o monitoramento

do uso do solo é necessário devido às alterações que as atividades humanas

provocam no ambiente, com práticas de ocupação inadequadas, permitindo a

determinação das características fisiográficas da área em questão, que poderá

servir como um ponto de partida para futuras decisões na hora de escolher

áreas para compor a reforma agrária no Estado, evitando erros de escolha.

Sendo assim, este trabalho teve como objetivo geral avaliar a ocupação

em dois assentamentos rurais localizados no município de Anastácio, Mato

Grosso do Sul e suas principais consequências ambientais, por meio de

imagens de satélite das áreas antes, durante e após a implantação.

Material e Métodos

Área de Estudo

A área objeto deste estudo encontra-se inserida na sub-bacia hidrográfica

do rio Miranda, pertencente à bacia hidrográfica do rio Paraguai, composta

pelos assentamentos São Manoel e Monjolinho, localizados no município de

Anastácio, Estado de Mato Grosso do Sul (Figura 1 e Tabela 1).

Figura 1. Localização geográfica dos dois assentamentos do estudo.

Page 45: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

43

Tabela 1. Características dos Assentamentos São Manoel e Monjolinho,

localizados no município de Anastácio, Estado de Mato Grosso do Sul

Características PA Monjolinho PA São Manoel

Coordenadas da sede 20º54’20.50” S

55º38’58.10” O

20º44’38.61” S

55º43’48.00” O

Área (ha) 9.525.2207 4.321.0281

Ato de criação Portaria n° 01613, 02/12/1988 Portar ia n° 148, 27/02/1992

Obtenção da área Comprado em 18/11/1988 Comprado em 24/01/1992

Quanto às características da vegetação original e antropizada, segundo o

estudo denominado Zoneamento Ecológico Econômico do Mato Grosso do Sul

– ZEE - MS (MATO GROSSO DO SUL, 2009), a região é composta pelas

seguintes fisionomias: Savana Arbórea Densa e Encrave Savana, Floresta

Estacional, agricultura e pastagem.

Solos nos Assentamentos

De acordo com o Macrozoneamento geoambiental do estado, o PA São

Manoel apresenta solos do tipo Solos litólicos, Podzólico vermelho amarelo,

Areias quartzosas e Latossolo vermelho escuro e no PA Monjolinho, Latossolo

vermelho escuro, Areais quartzosas e Glei pouco úmido, descritos a seguir

(Figura 2).

Figura 2. Solos encontrados no PA São Manoel (A) e PA Monjolinho (B).

. Solos Litólicos e Areias Quartzosas: Compreende solos constituídos por

material mineral, ou por material orgânico pouco espesso, que não apresentam

A B

Page 46: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

44

alterações expressivas em relação ao material originário devido à baixa

intensidade de atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de

características inerentes ao próprio material de origem, como maior resistência

ao intemperismo ou composição química, ou dos demais fatores de formação

(clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos;

. Podzólico Vermelho Amarelo: Compreende solos constituídos por material

mineral, que têm como características diferenciais a presença de horizonte B

textural de argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por

bases baixa ou caráter alítico. O horizonte B textural (Bt) encontra-se

imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial;

. Latossolo Vermelho Escuro: compreende solos constituídos por material

mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos

tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto hístico. São solos em

avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de

enérgicas transformações no material constitutivo, e;

. Glei Pouco Úmido: compreende solos hidromórficos, constituídos por

material mineral, que apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 150 cm

da superfície do solo, imediatamente abaixo de horizontes A ou E (com ou sem

gleização); não apresentam textura exclusivamente areia ou areia franca em

todos os horizontes dentro dos primeiros 150 cm da superfície do solo ou até

um contato lítico, tampouco horizonte vértico, ou horizonte B textural com

mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei.

Recursos Hídricos nos Assentamentos

O PA Monjolinho apresenta na sua borda que se estende do oeste ao

sul, o córrego Engano, desaguando neste os córregos Amaral, Lageão e

Lageadinho. Ao norte do assentamento encontra-se o córrego Criminoso,

divisa com o PA São Manoel (Figura 3).

Page 47: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

45

Figura 3. Localização dos recursos hídricos no PA Monjolinho

Os recursos hídricos que compõem o PA São Manoel são: córrego

Ribeirão Vermelho, São Manoel, Bolador e Criminoso (Figura 4).

Figura 4. Localização dos recursos hídricos no PA São Manoel.

Período de Tempo Analisado

O período de tempo analisado para a realização do trabalho envolveu a

seleção de quatro imagens do satélite Landsat para cada assentamento do

Page 48: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

46

estudo, entre os anos de 1985 até 2011. Destas imagens, foram selecionados

os anos das implantações dos assentamentos envolvidos assim como imagens

que apresentaram boa qualidade, num período anterior e posterior a sua

implantação. Outro critério utilizado para a escolha das imagens diz respeito

aos períodos de seca e períodos úmidos na região, conforme tabela 2.

Tabela 2. Informações das imagens de satélites entre os anos de 1985 até

2011 dos Assentamentos Monjolinho e São Manoel (* Corresponde aos anos

de implantações dos assentamentos)

As imagens de satélite dos anos 1970 não puderam ser utilizadas, por não

possuírem todas as bandas necessárias para compor as imagens nas

composições 453 e 345.

As imagens obtidas por sensores eletrônicos são individualmente

produzidas em preto e branco. Dependendo da quantidade de energia refletida,

irá proporcionar diferentes tons de cinzas, mais especificamente entre o branco

(quando refletem toda a energia) e o preto (quando absorvem toda energia). Ao

sobrepor essas imagens, através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho, é

possível gerar imagens coloridas (FLORENZANO, 2002).

Desta forma, ambas as composições (453 e 345) são consideradas falsa-

cor, pois a cor do objeto não é a real, e por isso, utilizada em estudos

ambientais para destacar o objeto desejado.

A composição da imagem colorida (Red, Green e Blue - RGB) só é

possível através da fusão de bandas espectrais, as quais são geradas através

ASSENTAMENTOS DATA

SATÉLITE

E

SENSOR

ÓRBITA

E

PONTO

DATUM PROJEÇÃO REVOLUÇÃO

PA Monjolinho 28/05/1986 (1988*) L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 11909

PA Monjolinho 14/06/1998 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 75988

PA Monjolinho 05/03/2008 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 27714

PA Monjolinho 20/07/2011 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 45654

PA São Manoel 12/07/1985 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 7250

PA São Manoel 10/04/1992* L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 43132

PA São Manoel 14/04/2005 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 12335

PA São Manoel 20/07/2011 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 45654

Page 49: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

47

de softwares de sensoriamento remoto e tratamento de imagens. A seguir, uma

breve descrição das composições de bandas utilizadas no trabalho:

. Bandas 4R 5G 3B - Nesta composição, a vegetação possui uma coloração

voltada para o vermelho (rosado), ou seja, quanto mais biomassa, mais a

coloração da imagem tende para o vermelho, e as matas refletem o vermelho

vivo;

. Bandas 3R 4G 5B - Mostra mais claramente os limites entre o solo e a água,

com a vegetação melhor discriminada, aparecendo em tonalidades de verde.

Para a interpretação das imagens do estudo, optou-se por utilizar sete

classes em relação ao tipo de ocupação do solo, sendo as seguintes: área

florestal nativa, mata secundária, campo aberto, pastagem, área cultivada, solo

exposto e área úmida. Esta classificação foi adaptada do Manual Técnico de

Uso da Terra (IBGE, 2006).

Aquisição das Imagens do Satélite Landsat

As imagens foram adquiridas pelo site do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE), na página do Banco de Imagens da DPI/INPE, onde as

imagens disponibilizadas não são tarifadas.

Processamento das Imagens

Para essa etapa do trabalho utilizou-se em software de SIG de modo a

realizar o processamento das imagens, análise espacial, consulta de bancos de

dados espaciais e a elaboração de um mapa temático.

GRACIANI e NOVO (2003) ressaltam que o pré-processamento das

imagens de sensoriamento remoto inclui todos os processos prévios que

devem ser realizados preliminarmente à aplicação da análise principal. Entre

eles, pode-se citar: georreferenciamento das imagens, composição “falsa-cor”,

que constitui na combinação das bandas espectrais e recorte das áreas de

interesse.

No georreferenciamento das imagens de satélites, utilizou-se da carta

topográfica Ribeirão Taquaruçu (1964/66), folha SF.21-X-A-VI, elaborada pela

Page 50: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

48

Diretoria de Serviço Geográfico do Exército (DSG), da Região Centro-Oeste do

Brasil – 1:100.000 (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1966).

Para este estudo, foi necessário a conversão de formatos dentro do

software específico de geoprocessamento, onde os arquivos em shapefiles

(*.shp) foram inseridos dentro de um geodatabase, utilizado para agregação de

dados num único banco e uniformização dos formatos. Esta técnica possibilita

ainda que o próprio software calcule toda a área delimitada através da imagem

de satélite.

Na identificação das classes, a classificação utilizada pelo software foi o

método da classificação supervisionada, que consiste na extração de amostras

de pixel para ajudar o programa a interpretar a imagem de forma automática,

proporcionando uma classificação mais aferida.

Trabalhos de Campo

O trabalho de campo foi realizado em duas etapas, sendo a primeira, no

mês de setembro de 2012 e a segunda, no mês de abril de 2013, para realizar

a verdade real do terreno. Em ambas as visitas, o material de apoio foi o uso

do GPS Garmin – Vista para verificação da exatidão dos padrões mapeados,

além do uso da câmera digital da marca Sony Cyber-Shot, para registro de

fotos.

A ida a campo serviu para identificar transformações ambientais, ocorridas

dentro da área de estudo, mostrando a realidade da área para complementar

as informações contidas nas imagens de satélite.

Resultados e Discussão

PA Monjolinho

De acordo com as informações obtidas no Incra (2013), no PA Monjolinho

463 famílias foram beneficiadas com a aquisição de terras até o momento

(Tabela 3).

Page 51: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

49

Tabela 3. Situação atual dos assentados, PA Monjolinho, Anastácio, Mato

Grosso do Sul

SITUAÇÃO ATUAL - PA MONJOLINHO

Assentados 283

Evadidos 54

Transferidos 10

Desistentes 106

Registro suspenso 3

Falecidos 5

Eliminados 2

Fonte: Incra (2013)

Porém, entre os beneficiados, apenas 283 (duzentos e oitenta e três)

permaneceram no local, 54 (cinquenta e quatro) estão evadidos do local, dez,

transferidos, 106 (cento e seis) desistentes, três tiveram o registro suspenso,

cinco encontram-se falecidos, porém, destes falecidos, as famílias

permaneceram no local e dois foram eliminados, ou seja, retirados do

processo, totalizando 180 (cento e oitenta) assentados que não mais estão no

local, ou seja, 38% dos proprietários.

Desta maneira, estas pessoas, em sua maioria, ao abandonarem o local,

ou não estavam qualificadas para exercer a função de agricultor/pecuarista,

sendo escolhidas da maneira errada, ou o local era inadequado, levando ao

abandono dos lotes.

Porém, segundo o mapa de solos (Figura 2B), mais de 50% da região

apresenta solos do tipo Latossolos Vermelho Escuro, caracterizado como solos

utilizados para a agricultura. Por outro lado, também poderia-se pensar que

parte das pessoas apenas recebem os lotes para posteriormente tentar

repassar para terceiros, sendo seu meio de vida.

A ocupação da área do assentamento, anteriormente coberta, em sua

maior parte, por florestas, levou a uma rápida diminuição, nos primeiros 10

anos, deste recurso natural. Após este período a redução foi mais gradual,

como pode ser observado na figura 5.

Page 52: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

50

Figura 5. Processo evolutivo da ocupação do solo no PA Monjolinho entre os

anos de 1986 (A), 1998 (B), 2008 (C) e 2011 (D).

A ocupação ocorreu em todas as direções, levando em consideração

que o PA Monjolinho, entre os dois assentamentos analisados, apresenta a

maior quantidade de recursos hídricos (cinco córregos), ou seja, maior

quantidade de água para ser utilizada nos seus diversos tipos de uso, entre

eles: irrigação, abastecimento, energia hidráulica, lazer e outros, com os

recursos hídricos distribuídos de maneira proporcional, por toda a área.

As áreas úmidas, anteriormente cercadas por vegetação florestal, ao

término do período de análise, indicam que estes locais foram desmatados,

deixando o solo desprotegido e levando a uma série de problemas ambientais,

com possível aprofundamento do lençol freático em determinadas áreas e no

futuro, desaparecimento de nascentes, com redução do volume hídrico

superficial.

Quando comparado o primeiro e o último ano analisados, pode-se

afirmar que o balanço do PA foi à redução de 67,5% das áreas de floresta

Page 53: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

51

nativa, 10,2% de mata secundária e 66,9% de área úmida, além de ganhos de

44% de campo aberto, 755,7% pastagem, 250,1% de área cultivada e

1.028,8% de solo exposto (Figura 6).

Figura 6. Evolução das classes de ocupação do solo entre os anos analisados

no PA Monjolinho, em porcentagem.

De acordo com ARAÚJO e SOUZA (2003), a retirada da vegetação e a

exposição do solo, acabam desprotegendo o solo e levando a uma maior taxa

de evaporação. Com relação ao PA Monjolinho, as áreas de floresta nativa,

possuíam uma área inicial de 69,92% (em 1986) da área do assentamento e

em 2011, essa mesma área diminuiu para cerca de 22,69% do território total,

ou seja, uma redução de mais de 50% da sua cobertura vegetal de 1986.

A respeito da diminuição das áreas úmidas no PA, verificada na imagem

de satélite do ano 2011, esta se justifica, devido ao período da imagem de

satélite que ocorreu no mês de julho (20/07/2011) onde corresponde o período

de estiagem na região. Porém, a degradação dos recursos florestais irá levar a

uma perda desse recurso, o que pode ser observado na figura 6, com redução

de 8,9% (em 1986) da área total para 2,9% (em 2011), uma redução de 66%,

resultado provável do desmatamento (Figura 6).

Comparando-se a área destinada a pastagem ao final do período

(23,22%), em relação a área agrícola (2,48%), pode-se perceber que

Page 54: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

52

predomina a pecuária como fonte de renda no local, principalmente na questão

do gado leiteiro, modalidade esta que incorpora a agricultura familiar nas áreas

de assentamentos.

PA São Manoel

De acordo com informações obtidas no Incra, em 2013 o PA possuía 212

(duzentos e doze) famílias beneficiadas. Após 21 anos de sua criação, 2 (dois)

assentados estão evadidos, 8 (oito), transferidos, 50 (cinquenta), desistentes, 2

(dois) com registros suspensos, 3 (três), falecidos, porém, a família permanece

no local e 1 (um), eliminado, ou seja, retirados do processo (Tabela 4).

Tabela 4. Situação atual dos PA São Manoel, Anastácio, Mato Grosso do Sul

SITUAÇÃO ATUAL - PA SÃO MANOEL

Assentados 146

Evadidos 2

Transferidos 8

Desistentes 50

Registro suspenso 2

Falecidos 3

Eliminados 1

Fonte: Incra (2013).

De todos os beneficiados, apenas 68,8% permanecem na área do

assentamento e 31,1% já não estão no local.

O PA São Manoel (Figura 7) também apresentou o mesmo processo,

embora a retirada de floresta tenha sido menos intensa, no período inicial de

ocupação. Mas ao final do período analisado, também foi restrita a fragmentos

isolados. Porém as áreas úmidas, em vários pontos, ainda mantém fragmentos

florestais próximos.

Page 55: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

53

Figura 7. Processo evolutivo da ocupação do solo no PA São Manoel entre os

anos de 1985 (A), 1992 (B), 2005 (C) e 2011 (D).

O processo de ocupação (Figura 7) ocorreu em direção ao PA Monjolinho,

localizado na divisa sul do PA São Manoel, uma vez que, com a proximidade a

outras áreas habitadas, torna-se facilitada a convivência e o abastecimento das

famílias, com aberturas de estradas para facilitar o deslocamento dos

habitantes, assim como a implantação de um comércio local (mercearias) para

suprir as necessidades básicas nessa região.

Comparando-se especificamente o primeiro e o último ano (1985 e 2011),

o PA apresentou redução, para as seguintes classes do estudo, de 61,4% para

a área florestal nativa, 25,9% para a mata secundária e 80,8% para campo

aberto, além de aumento de 113,5% para as áreas de pastagem, 59% para as

cultivadas, 284,2% para solo exposto e 40,8% para as áreas úmidas (Figura 8).

Page 56: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

54

Figura 8. Evolução das classes de ocupação do solo entre os anos analisados

no PA São Manoel, em porcentagem.

Em 2011, a área classificada como solo exposto e pastagem degradada

apresentou um grande crescimento quando comparada com as outras classes

analisadas no mesmo período, pois como a imagem foi registrada no mês de

julho, a vegetação encontrava-se rala e seca, devido ao período de estiagem

do ano.

No que diz respeito às áreas de florestas nativas, quando comparadas

entre os anos de 1985 e 2011, apresentaram uma redução de mais de 50% do

território ocupado dentro do assentamento, pois em 1985, essa classe ocupava

aproximadamente 46% e em 2011, passou a ocupar apenas 17%.

Essa degradação, também foi verificada no trabalho de FRANCELINO e

FERNANDES FILHO (2003), onde as análises das imagens de satélites

demonstraram que a degradação ocorreu de forma generalizada na cobertura

florestal nos assentamentos estudos, principalmente no PA Hipólito, localizado

no Rio Grande do Norte.

Como no assentamento Monjolinho, pode-se levantar a hipótese de que

parte dos assentados, após exaurir a maior parte dos recursos florestais,

abandonou suas terras, inadequadas para o cultivo uma vez que a região é

caracterizada por apresentar mais de 60% do seu território, os solos do tipo

Page 57: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

55

Solos Litólicos e Areais Quartzosas, ou seja, impróprias para a agricultura, ou

por simples inadequação a lida rural.

A variação nos valores de mata secundária demonstraram que as

mesmas são utilizadas de acordo com as necessidades dos assentados, ou

seja, quando o solo se recupera e melhora suas condições físico-químico, as

mesmas voltam a ser desmatadas para dar lugar a culturas ou pastos.

Conclusão

O uso das imagens de satélite indicou as etapas da ocupação nos dois

assentamentos rurais, demonstrando a substituição de vegetação nativa

florestal por áreas de pastagem, principalmente, no PA Monjolinho.

Com relação aos remanescentes de áreas nativas, o assentamento São

Manoel encontra-se abaixo dos 20% (17,92%) do seu território e o PA

Monjolinho encontra-se acima dos 20% (22,69%) da sua área total.

Percebe-se também, que muitos assentados por não estarem preparados

para atuar no setor agropecuário, acabam degradando os recursos naturais

mais significativos e quando estes se esgotam, abandonam as suas terras ou

vendem para terceiro. Porém, também deve-se levar em consideração, que

muitas vezes o local não é apropriado para as atividades agropecuárias pois

possuem na sua formação básicas, solos inadequados para a agricultura como

os Solos Litólicos e Areias Quartzosas, e assim, os parcelados tem que deixar

seus lotes e buscar melhores condições de vida em outras atividades.

Referências Bibliográficas

ARAÚJO, M. R.; SOUZA, O. C. Fragmentação florestal e a degradação das

terras. In: COSTA, R. B. (Org.). Fragmentação florestal e alternativas de

desenvolvimento rural na região Centro-Oeste . Campo Grande: UCDB,

2003. p.113–138.

FLORENZANO, T. G. Imagens de satélite para estudos ambientais . São

Paulo: Oficina de Textos, 2002. 97p.

FRANCELINO, M. R.; FERNANDES FILHO, E. I. Aplicação de classificação

supervisionada na avaliação da ocupação do solo em áreas de reforma agrária.

Page 58: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

56

In: XI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 05 – 10 abril

de 2003, Belo Horizonte. Anais... Belo Horizonte: INPE, 2003. p. 1803 – 1810.

GRACIANI, S. D.; NOVO, E. M. L. M. Determinação da cobertura de macrófitas

aquáticas em reservatórios tropicais. In: XI SBSR, Abril, 2003, São José dos

Campos: Anais... São José dos Campos: INPE, 2003. p. 2509-2516.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de uso da

terra . 2 ed. Rio de Janeiro, 2006. 91p.

INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Relação de

Beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrár ia (PNRA) - Lista

Única, por SR/Projeto/Município/Código Beneficiário . Relatório PNRA,

2013. 2050p.

IMPAGLIAZZO, M. Sensoriamento remoto como instrumentos para gestão

ambiental das áreas com potencial turístico. In: XIV SIMPÓSIO BRASILEIRO

DE SENSORIAMENTO REMOTO, 25-30 abril, 2009, Natal. Anais... Natal:

INPE, 2009. p. 5259-5264.

LOPEZ, R. S. Diagnóstico ambiental da sub-bacia no Arroio Moinho –

Porto Alegre/RS: Evolução urbana, dinâmica da paisa gem e degradação

ambiental . 2011. 121f. Dissertação (Programa de pós-graduação em

geografia) - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

MATO GROSSO DO SUL. Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE MS ,

estudos preliminares . Volume I. Campo Grande, 2009. 128p.

MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Planejamento e

Coordenação Geral. Fundação de Apoio ao Planejamento do Estado.

Macrozoneamento geoambiental do Estado de Mato Gros so do Sul .

Campo Grande: FIPLAN-MS, (Estudos integrados de potencial de recursos

naturais do estado de Mato Grosso do Sul). 1989.

Page 59: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

57

MILLER JR, G. T. Ciência ambiental . São Paulo: Thomson Learning, 2007.

123p.

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Diretoria de Serviço Geográfico do Exército –

DSG. Cartas topográficas: Ribeirão Taquaruçu, 1966. Folha SF.21-X-A-VI, MI

– 2585. Escala 1:100.000. 1966.

MOREIRA, V. S. Territorialidades rurais em Júlio de Castilho – RS: da

pecuária extensiva à agricultura familiar . 2008. 131f. Dissertação (Geografia

e Geociências) - Centro de Ciências Naturais e Exatas, Universidade Federal

de Santa Maria. Santa Maria.

OLIVEIRA, A. K. M.; FERNANDES, V.; GARNÉS, S. J. A.; SANTOS, C. R. B.

dos; Avaliação da perda da vegetação arbórea nativa na Serra da Bodoquena,

Mato Grosso do Sul, por meio de sensoriamento remoto. Revista RA´E GA ,

Curitiba n. 17, p. 43-52, 2009.

PARANHOS FILHO, A. C.; LASTORIA, F.; TORRES, T. G. Sensoriamento

remoto ambiental aplicado: introdução as geotecnolo gias . Campo Grande:

UFMS, 2008. 198p.

PEREIRA, M. C. B.; MENDES, C. A. B.; GREHS, S. A.; BARRETO, S. R.;

BECKER, M.; LAMGE, M. B. R.; DIAS, F. A. Bacia hidrográfica do rio

Miranda: estado da arte . Campo Grande: UCDB, 2004. 177p.

RIBEIRO, C. A. A. S; SOARES, P.V; OLIVEIRA, A. M. S.; GLERIANI, J. M. O

desafio da delimitação de Áreas de Preservação Permanente. Revista Árvore ,

Viçosa, v. 29, n. 2, p. 203-212, Abril. 2005.

SANTOS, J. P.; VERONESE, E. S. M.; MACHADO, O. D. B. Análise

multitemporal do desmatamento no assentamento Vale Verde, Gurupi, TO

através do uso de imagens do sensor CCD do satélite CBERS2. In: XIV

SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 25-30 abril, 2009,

Natal. Anais... Natal: INPE, 2009. p. 2163-2168.

Page 60: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

58

SEMA. Secretária Estadual de Meio Ambiente. Relatório de qualidade das

águas superficiais da bacia do alto Paraguai 2003 . Campo Grande:

ANA/MMA, GEF/PNUMA, 2005. 127p.

SEMAC. Secretária Estadual de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e

da Tecnologia. Caderno Geoambiental das Regiões de Planejamento do

MS. Campo Grande: Semac, 2011. 385p.

SOARES, T. S.; CARVALHO, R. M. M. A.; VIANA, E. C.; ANTUNES, F. C. B.

Impactos ambientais decorrentes da ocupação desordenada da área urbana do

município de Viçosa, Estado e Minas Gerais. Revista Científica Eletrônica de

Engenharia Florestal , Garça, n.8, p. 1-14, Agosto. 2006.

SPAROVEK, G. A qualidade dos assentamentos da reforma agrária

brasileira . São Paulo: Páginas & Letras Editora e Gráfica, 2003. 218p.

Page 61: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

59

Artigo II

ANÁLISE MULTITEMPORAL DOS ASSENTAMENTOS RURAIS NO

MUNICÍPIO DE NIOAQUE, MATO GROSSO DO SUL, UTILIZAND O-SE

GEOPROCESSAMENTO DE IMAGENS DE SATÉLITES

Katiúcia Oliskovicz 1

Programa de Pós-Graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional

da Universidade Anhanguera - Uniderp

Resumo

A reforma agrária é um amplo processo de redistribuição da propriedade da

terra, com o objetivo de equiparar o quadro de posse. Porém, para ser eficaz,

deve incorporar não somente dimensões tecnológicas, mas, principalmente,

questões sociais, econômicas e, atualmente, ambiental. O presente trabalho

teve como objetivo geral avaliar a ocupação em três assentamentos rurais

localizados no município de Nioaque, Mato Grosso do Sul e suas principais

consequências ambientais, por meio de imagens de satélite das áreas antes,

durante e após a implantação. Para o processamento das imagens o trabalho

utilizou-se de um ambiente SIG para tal finalidade. No PA Andalúcia, quanto ao

uso e ocupação do solo, após quinze anos da sua criação, a paisagem do local

apresentou alterações quanto ao seu domínio, passando a ser preenchido

pelas classes que ocorrem devido à ação antrópica. Quanto ao PA Boa

Esperança, pode-se perceber a contínua redução da área de mata nativa e o

aumento gradativo da área de pastagem (22,27%), muito maior que áreas

destinadas ao cultivo (3,08%), um indicativo que atividades de criação de gado

(leiteiro) estão predominando no assentamento, contribuindo na agricultura

familiar, mesmo processo observado no PA Nioaque. Sendo assim, o uso das

imagens de satélite demonstrou a substituição de vegetação nativa florestal por

áreas antropizadas, ocasionando assim, desmatamento na região dos

assentamentos.

Palavras-chave: Uso e ocupação do solo; áreas nativas; Assentados.

Page 62: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

60

Abstract

Land reform is a broad process of redistribution of land ownership, in order to

match the box office. However, to be effective, it must incorporate not only

technological dimensions, but mainly social, economic and currently,

environmental. This study aimed to evaluate the occupation in three rural

settlements located in the municipality of Nioaque, Mato Grosso do Sul and its

major environmental consequences, through satellite images of areas before,

during and after deployment. For image processing work we used a GIS

environment for this purpose. In PA Andalucia, regarding the use and

occupation of land, fifteen years after its creation, the landscape of the site

presented as changes to your domain, becoming filled by classes that occur

due to human action. As for the PA Boa Esperança, one can see a continuous

reduction of native forest and a gradual increase pasture area (22.27%), much

higher than areas for cultivation (3.08 %), an indication that activities livestock

(dairy) are predominating in the settlement, contributing to the family farm,

observed in the same process in PA Nioaque. Thus, the use of satellite images

showed the replacement of native vegetation by forest disturbed areas, thus

causing, deforestation in the area of settlements.

Keywords: land use; native areas; Settlers

Introdução

Segundo ALTIERI (2000), os problemas enfrentados atualmente no país

pela reforma agrária não são exclusivos do Brasil, pois diversos países, hoje

grandes potências econômicas, realizaram as suas reformas agrárias em

outras épocas, e foram elas que balizaram o crescimento econômico e social

desses lugares.

A reforma agrária é um amplo processo de redistribuição da propriedade

da terra, com o objetivo de equiparar o quadro de posse, via transformação

econômica, social e política, do ambiente rural. Neste quadro, o Instituto

Nacional de Colonização e reforma Agrária (Incra) insere-se como a instituição

mediadora, assentando e instruindo os novos proprietários da terra (RIBEIRO,

et al., 2010).

Page 63: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

61

No Brasil, o atual projeto de reforma agrária iniciou-se por volta de 1985,

com acampamentos que resultaram em assentamentos nos municípios de

Itaquiraí e Novo Horizonte do Sul (MATO GROSSO DO SUL, 2001), seguidos

de uma sucessão de novos acampamentos que foram se estabelecendo e

reivindicando áreas dentro do contexto da reforma agrária no estado.

ALTIERI (2000) ressalta que a criação de um assentamento para ser

eficaz, deve incorporar não somente dimensões tecnológicas, mas,

principalmente, questões sociais e econômicas. Desta forma, somente políticas

e ações baseadas em tais estratégias podem fazer frente aos fatores

estruturais e sócio-econômicos que determinam a crise agrícola-ambiental e a

miséria rural que ainda existem no mundo em desenvolvimento.

Hoje, este processo envolve uma nova perspectiva da sustentabilidade,

no âmbito do espaço rural, requerendo nova forma de gestão de uso da terra.

O velho olhar, restrito apenas a uma unidade de produção isolada, não era

capaz de levar os sistemas de produção agrícola a regimes de sustentabilidade

(GUANZIROLI, 1998).

Esta “nova reforma” insere, na unidade de produção, conceitos de

ecossistema e (micro) bacia hidrográfica, trazendo uma nova tônica ao tema.

Apesar das dificuldades práticas de implantação da reforma, em um contexto

histórico-social desfavorável, torna-se primordial uma análise multivariada da

paisagem rural, englobando as facetas social, ambiental, ecossistêmica e

espacial da temática (PIRES, 1995).

Neste sentido, SIKORSKI (1996) elucida que os governos necessitam

dispor de ferramentas adequadas para auxiliá-los no processo de tomada de

decisões, assim permitindo um melhor planejamento e consequentemente,

uma administração mais eficiente.

Desta maneira, uma das principais técnicas que podem auxiliar um plano

de gestão ambiental que busca a sustentabilidade no uso dos recursos naturais

dos projetos de assentamentos é a utilização do geoprocessamento de

imagens de satélites.

De acordo com as conclusões de RAMOS et al. (2004), o uso do

sensoriamento remoto constitui-se como uma ferramenta precisa, gerando

informações para inventariar permanentemente qualquer região de interesse

Page 64: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

62

técnico ou científico, sendo este, o instrumento básico para que os órgãos

públicos possam nortear suas ações de planejamento.

Logo, a determinação das características fisiográficas da área em estudo

poderá servir como um ponto de partida para futuras decisões na hora de

escolher áreas para compor a reforma agrária.

O presente trabalho teve como objetivo geral avaliar as etapas da

ocupação em três assentamentos rurais localizados no município de Nioaque,

Mato Grosso do Sul e suas principais conseqüências ambientais, por meio de

imagens de satélite das áreas antes, durante e após a implantação.

Material e Métodos

Área de Estudo

A área objeto de estudo encontra-se inserida na sub-bacia hidrográfica do

rio Miranda, pertencente à bacia hidrográfica do rio Paraguai, composta pelos

assentamentos Andalúcia, Boa Esperança e Nioaque, localizados no município

de Nioaque, Estado de Mato Grosso do Sul (Figura 1 e Tabela 1).

Figura 1. Localização geográfica dos três assentamentos do estudo, estado de

Mato Grosso do Sul, Brasil.

Quanto às características da vegetação original e antropizada, segundo o

estudo denominado Zoneamento Ecológico Econômico do Mato Grosso do Sul

– ZEE - MS (MATO GROSSO DO SUL, 2009), a região é composta pelas

Page 65: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

63

seguintes fisionomias: Savana Arbórea Densa e Encrave Savana, Floresta

Estacional, agricultura e pastagem (Tabela 1).

Tabela 1. Características dos Assentamentos de Andalúcia, Boa Esperança e

Nioaque, estado de Mato Grosso do Sul

Características PA Andalúcia PA Boa Esperança PA Nioaque

Coordenadas da sede 20º53’32.86” S

55º42’36.16” O

21º00’39.69” S

55º42’09.67” O

20º58’35.71” S

55º44’58.20” O

Área (ha) 4.946.1088 3.945.5056 10.587.4535

Ato de criação Portaria n° 057,

24/09/1996

Portaria n° 101,

23/12/1998

Portaria n° 060,

25/06/1985

Obtenção da área Desapropriação em

24/11/1993

Desapropriação em

18/10/1999

Comprado em

24/09/1984

Solos na Área de Estudo

De acordo com o Macrozoneamento geoambiental do estado de Mato

Grosso do Sul (1989), o PA Nioaque apresenta solos do tipo Podzólico

vermelho amarelo, Areias quartzosas, Glei pouco úmido e Latossolo vermelho

escuro, e nos PA Andalucia e PA Boa Esperança, os seguintes solos Latossolo

vermelho escuro, Areais quartzosas e Glei pouco úmido, descritos a seguir

(Figura 2).

Page 66: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

64

Figura 2. Solos encontrados no PA Nioaque (A), PA Andalucia (B) e PA Boa

Esperança (C).

. Areias Quartzosas: Compreende solos constituídos por material mineral, ou

por material orgânico pouco espesso, que não apresentam alterações

expressivas em relação ao material originário devido à baixa intensidade de

atuação dos processos pedogenéticos, seja em razão de características

inerentes ao próprio material de origem, como maior resistência ao

intemperismo ou composição química, ou dos demais fatores de formação

(clima, relevo ou tempo), que podem impedir ou limitar a evolução dos solos;

. Podzólico Vermelho Amarelo: Compreende solos constituídos por material

mineral, que têm como características diferenciais a presença de horizonte B

textural de argila de atividade baixa, ou alta conjugada com saturação por

B A

C

Page 67: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

65

bases baixa ou caráter alítico. O horizonte B textural (Bt) encontra-se

imediatamente abaixo de qualquer tipo de horizonte superficial;

. Latossolo Vermelho Escuro: compreende solos constituídos por material

mineral, com horizonte B latossólico imediatamente abaixo de qualquer um dos

tipos de horizonte diagnóstico superficial, exceto hístico. São solos em

avançado estágio de intemperização, muito evoluídos, como resultado de

enérgicas transformações no material constitutivo, e;

. Glei Pouco Úmido: compreende solos hidromórficos, constituídos por

material mineral, que apresentam horizonte glei dentro dos primeiros 150 cm

da superfície do solo, imediatamente abaixo de horizontes A ou E (com ou sem

gleização); não apresentam textura exclusivamente areia ou areia franca em

todos os horizontes dentro dos primeiros 150 cm da superfície do solo ou até

um contato lítico, tampouco horizonte vértico, ou horizonte B textural com

mudança textural abrupta acima ou coincidente com horizonte glei.

Recursos Hídricos

O PA Andalúcia, apresenta ao sul, a Cabeceira do rio Madalena, cujo

corpo hídrico, limita o assentamento com o PA Boa Esperança e do nordeste

ao sul, esta localizado o rio Taquaruçu, que delimita o assentamento nessa

região e que se estende até se encontrar com a cabeceira da Madalena no sul

do assentamento (Figura 3).

Page 68: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

66

Figura 3. Localização dos recursos hídricos no PA Andalúcia.

O PA Boa Esperança, ao norte, possui a Cabeceira do Madalena, que

delimita com o PA Andalúcia e ao nordeste, com o Rio Taquaruçu. Além dos

dois recursos hídricos já mencionados, o PA Boa Esperança, possui as

Cabeceiras do Encandedor e do Lima (Figura 4). Ao oeste, encontra-se o PA

Nioaque.

Figura 4. Localização dos recursos hídricos no PA Boa Esperança.

Page 69: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

67

A figura 5 apresenta os recursos hídricos encontrados no PA Nioaque,

entre eles, podemos citar: Rio Taquaruçu, Córrego Espinídio e as Cabeceiras

do Bracinho e do Cabeceira Catingueiro.

Figura 5. Localização dos recursos hídricos no PA Nioaque.

Período de Tempo Analisado

O período de tempo analisado para a realização do trabalho envolveu a

seleção de quatro imagens do satélite Landsat para cada assentamento do

estudo, entre os anos de 1985 até 2011. Destas imagens, foram selecionados

os anos das implantações dos assentamentos envolvidos assim como imagens

que apresentaram boa qualidade, num período anterior e posterior a sua

implantação. Outro critério utilizado para a escolha das imagens diz respeito

aos períodos de seca e períodos úmidos na região, conforme tabela 2 a seguir.

Page 70: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

68

Tabela 2. Informações das imagens de satélites utilizadas entre os anos de

1985 até 2011 dos Assentamentos Andalúcia, Boa Esperança e Nioaque, Mato

Grosso do Sul

OBS: (*) Corresponde aos anos de implantações dos assentamentos

As imagens de satélite dos anos 1970 não puderam ser utilizadas, por não

possuírem todas as bandas necessárias para compor as imagens nas

composições 453 e 345.

As imagens obtidas por sensores eletrônicos são individualmente

produzidas em preto e branco. Dependendo da quantidade de energia refletida,

irá proporcionar diferentes tons de cinzas, mais especificamente entre o branco

(quando refletem toda a energia) e o preto (quando absorvem toda energia). Ao

sobrepor essas imagens, através de filtros coloridos, azul, verde e vermelho, é

possível gerar imagens coloridas (FLORENZANO, 2002).

Desta forma, ambas as composições (453 e 345) são consideradas falsa-

cor, pois a cor do objeto não é a real, e por isso, utilizada em estudos

ambientais para destacar o objeto desejado.

A composição da imagem colorida (Red, Green e Blue - RGB) só é

possível através da fusão de bandas espectrais, as quais são geradas através

de softwares de sensoriamento remoto e tratamento de imagens. A seguir, uma

breve descrição das composições de bandas utilizadas no trabalho:

ASSENTAMENTOS DATA

SATÉLITE

E

SENSOR

ÓRBITA

E

PONTO

DATUM PROJEÇÃO REVOLUÇÃO

PA Andalúcia 28/05/1986 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 11909

PA Andalúcia 07/05/1996* L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 64800

PA Andalúcia 06/07/2008 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 18859

PA Andalúcia 20/07/2011 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 45654

PA Boa Esperança 28/05/1986 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 11909

PA Boa Esperança 14/06/1998* L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 75988

PA Boa Esperança 05/03/2008 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 27714

PA Boa Esperança 20/07/2011 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 45654

PA Nioaque 12/07/1985* L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 7250

PA Nioaque 06/06/1995 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 59907

PA Nioaque 06/07/2006 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 18859

PA Nioaque 15/06/2010 L5 - TM 225/74 WGS84 UTM 39829

Page 71: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

69

. Bandas 4R 5G 3B - Nesta composição, a vegetação possui uma coloração

voltada para o vermelho (rosado), ou seja, quanto mais biomassa, mais a

coloração da imagem tende para o vermelho, e as matas refletem o vermelho

vivo.

. Bandas 3R 4G 5B - Mostra mais claramente os limites entre o solo e a água,

com a vegetação melhor discriminada, aparecendo em tonalidades de verde.

Para a interpretação das imagens do estudo, optou-se por utilizar sete

classes em relação ao tipo de ocupação do solo, sendo as seguintes: área

florestal nativa, mata secundária, campo aberto, pastagem, área cultivada, solo

exposto e área úmida. Esta classificação foi adaptada do Manual Técnico de

Uso da Terra (IBGE, 2006).

Aquisição das Imagens do Satélite Landsat

As imagens foram adquiridas pelo site do Instituto Nacional de Pesquisas

Espaciais (INPE), na página do Banco de Imagens da DPI/INPE, onde as

imagens disponibilizadas não são tarifadas.

Processamento das Imagens

Para essa etapa do trabalho utilizou-se em software de SIG de modo a

realizar o processamento das imagens, análise espacial, consulta de bancos de

dados espaciais e a elaboração de um mapa temático.

GRACIANI e NOVO (2003), ressaltam que o pré-processamento das

imagens de sensoriamento remoto inclui todos os processos prévios que

devem ser realizados preliminarmente à aplicação da análise principal. Entre

eles, pode-se citar: georreferenciamento das imagens, composição “falsa-cor”,

que constitui na combinação das bandas espectrais e, recorte das áreas de

interesse.

No georreferenciamento das imagens de satélites, utilizou-se da carta

topográfica Ribeirão Taquaruçu (1964/66), folha SF.21-X-A-VI, elaborada pela

Diretoria de Serviço Geográfico do Exército (DSG), da Região Centro-Oeste do

Brasil – 1:100.000 (MINISTÉRIO DO EXÉRCITO, 1966).

Para este estudo, foi necessário a conversão de formatos dentro do

software específico de geoprocessamento, onde os arquivos em shapefiles

Page 72: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

70

(*.shp) foram inseridos dentro de um geodatabase, utilizado para agregação de

dados num único banco e uniformização dos formatos. Esta técnica possibilita

ainda que o próprio software calcule toda a área delimitada através da imagem

de satélite.

Na identificação das classes, a classificação utilizada pelo software foi o

método da classificação supervisionada, que consiste na extração de amostras

de pixel para ajudar o software a interpretar a imagem de forma automática,

proporcionando uma classificação mais aferida.

Trabalhos de Campo

O trabalho de campo foi realizado em duas etapas, sendo a primeira, no

mês de setembro de 2012 e a segunda, no mês de abril de 2013, para realizar

a verdade real do terreno. Em ambas as visitas, o material de apoio foi o uso

do GPS Garmin – Vista para verificação da exatidão dos padrões mapeados,

além do uso da câmera digital da marca Sony Cyber-Shot, para registro de

fotos.

A ida a campo serviu para identificar transformações ambientais, ocorridas

dentro da área de estudo, mostrando a realidade da área para complementar

as informações contidas nas imagens de satélite

Resultados e Discussão

PA Andalúcia

De acordo com as informações obtidas no Incra, no projeto de

assentamento Andalúcia, 181 (cento e oitenta e um) pessoas e suas

respectivas famílias, foram beneficiadas até início de 2013. Entre os

beneficiados, apenas um evadiu-se do local, oito foram transferidos e oito,

desistentes. Com registro suspenso e falecido, uma pessoa para cada

situação, porém, no caso do falecido, a família permanece no local, totalizando

19 (dezenove) assentados que não mais estão no local, ou seja, 10,4% dos

proprietários, um índice que pode ser considerado baixo (Tabela 3). Portando,

a rotatividade durante os anos de implantação do assentamento foi pequena.

Page 73: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

71

Tabela 3. Situação atual dos assentados no PA Andalúcia, Mato Grosso do Sul

(INCRA, 2013)

Número de assentados 162

Evadidos 1

Transferidos 8

Desistentes 8

Registro suspenso 1

Falecidos 1

O pequeno número de assentados que não mais estão no local pode

indicar que no caso deste assentamento, as famílias escolhidas já tinham

experiência no trato de assuntos rurais e/ou talvez, o local, em sua maior parte,

possua solos de qualidade, tais como Latossolos Vermelho-Escuro e Glei

pouco úmido, de maior fertilidade natural, em comparação com a Areia

Quartzosa encontrada na região.

Quanto ao uso e ocupação do solo, quinze anos após a criação do PA, a

paisagem do local apresentou alterações quanto ao seu domínio, passando a

ser preenchido pelas classes que ocorrem devido à ação antrópica, entre elas,

solo exposto e pastagem degradada (27,3%) e pastagem (16,29%), além de

áreas de mata secundária (11,1%) e cultivadas (2,63%), totalizando 57,32% de

área, também um indicativo de ocupação de área fértil. Outras fisionomias,

como campo aberto (14,93%), área florestal nativa (14,79%) e área úmida

(12,96%), (Figura 6).

Page 74: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

72

Figura 6. Processo evolutivo da ocupação do solo no PA Andalúcia entre os

anos de 1986 (A), 1996 (B), 2008 (C) e 2011 (D).

Com a ocupação do solo no PA Andalúcia entre os anos de 1986 (A),

1996 (B), 2008 (C) e 2011 (D) (Figura 6), a região sudoeste do PA Andalúcia

apresentou maior alteração que ocorreu devido à proximidade com os PA’s

Nioaque e Boa Esperança, estes, localizados a oeste e ao sul do

assentamento.

Em 1996, a área úmida apresentou uma redução de 34,8%, quando

ocupava uma área de aproximadamente 375,18 ha, ao contrário do que

aconteceu nos anos seguintes, 2008 e 2011, onde esta classe apresentou uma

evolução positiva, partindo para 486,64 ha e 555,63 ha, ou seja, ganhando

espaço dentro do assentamento. De acordo com o estudo realizado por SALVI-

SAKAMOTO (2004), referente as flutuações interanuais da pluviosidade da

Bacia do alto Paraguai (BAP) ao longo do século XX, pode-se concluir que a

distribuição temporal da chuva apresenta ritmos diferenciados redundando em

longos segmentos temporais (aproximadamente 30 anos), de características

Page 75: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

73

tendendo a chuvosas e outros tendendo a secas. Portanto, os dados

registrados com relação às áreas úmidas na figura 7, encontram-se de acordo

com o previsto pelo estudo de SALVI-SAKAMOTO (2004), com aumento das

áreas úmidas.

Figura 7. Evolução das classes de ocupação do solo entre os anos analisados

no PA Andalúcia.

Com relação às áreas de floresta nativas, estas, reduziram quando

comparadas entre os anos de 1986 e 2011. Pois, na última imagem analisadas,

ela possuía apenas 14,7% do território do assentamento, correspondendo

assim, a uma perda de superior a 60% do que apresentava em 1986.

O aumento gradual de solo exposto e das pastagens degradadas também

é um indicativo de que as atividades antrópicas continuam a alterar as

fisionomias da região (Figura 7).

Avaliando-se a área cultivada e a área de pastagem, pode-se perceber

que os pastos ocupam uma área significativamente maior, demonstrando que a

criação de bovinos é muito importante na região, principalmente o gado leiteiro,

que vem a contribuir com a agricultura familiar, atividade que normalmente

predomina das áreas de assentamentos.

Page 76: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

74

PA Boa Esperança

De acordo com informações do Incra em 2013 (Tabela 4), o PA possuía

143 (cento e quarenta e três) famílias beneficiadas. Entre estes, apenas 84

(oitenta e quatro) encontram assentados na região e os demais, na seguinte

situação: sete transferidos, 49 (quarenta e nove) desistentes, dois registros

suspensos e um eliminado, ou seja, foi retirado do processo.

Tabela 4. Situação dos assentados no PA Boa Esperança (INCRA, 2013)

Número de assentados 84

Evadidos 0

Transferidos 7

Desistentes 49

Registro suspenso 2

Falecidos 0

Eliminados 1

Os dados revelam que 41,2% dos assentados não estão mais presentes

no local, ou seja, quase metade, um valor que pode indicar a inadequação dos

assentados ao local ou parte dos solos de baixa fertilidade, dificultando o

cultivo da terra, tais como solos do tipo Areias Quartzosas, cobrindo mais de

50% da área do assentamento.

De acordo com os mapas (Figura 8), a ocupação ocorreu inicialmente no

sentido norte e nordeste. Para o norte, devido à presença do PA Andalúcia cujo

limite entre os dois assentamentos é estabelecido pela Cabeceira da Madalena

e ao nordeste, com o Rio Taquaruçu.

Page 77: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

75

Figura 8. Processo evolutivo da ocupação do solo no PA Boa Esperança entre

os anos de 1986 (A), 1996 (B), 2008 (C) e 2011 (D).

Segundo a lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 (BRASIL, 2012),

considera-se que as faixas marginais de qualquer curso d’água natural como

áreas de preservação permanente (APP), no mínimo 30 (trinta) metros, para os

cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura. Porém, esta

determinação não é verificada na região, conforme indica a figura 9.

Figura 9. Vista da ponte sobre a Cabeceira do Lima, PA Boa Esperança.

Page 78: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

76

Após o acompanhamento entre as mudanças de domínio de classes que

ocorreram nestes treze anos de criação do PA Boa Esperança (Figura 10),

percebe-se que em 2011, o assentamento não possui a quantidade necessária

da sua área total destinada à manutenção ambiental destinadas a áreas

nativas. O que se verifica é que a área de floresta nativa corresponde a

15,36%, uma redução superior a 70% do que possuía em 1896, com 63,26%

do território do assentamento.

Figura 10. Evolução das classes de ocupação do solo entre os anos

analisados no PA Boa Esperança.

De uma forma geral, as classes oscilaram nas seguintes proporções,

levando-se em consideração o primeiro ano analisado (1986) e o último ano

(2011): área florestal nativa, de 216,99 ha para 52,70 ha, representando uma

redução de 75,71%; mata secundária, de 22,38 ha para 36,25 ha,

representando um aumento de 61,97%; campo aberto, de 26,58 ha para 18,89

ha, representando uma redução de 28,93%; pastagem, de 9,55 ha para 76,37

ha, correspondendo a um aumento de 789,69%; área cultivada, de 7,62 ha

para 27,71 ha, aumento de 263,65%; solo exposto, de 27,07 ha para 42,03 ha,

aumento de 55,26% e área úmida, de 32,81 ha para 98,05 ha, aumento de

171,41% do território do assentamento.

Page 79: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

77

Neste assentamento também percebe-se uma continua redução da área

de mata nativa e o aumento gradativo da área de pastagem (22,27%), muito

maior que áreas destinadas ao cultivo (3,08%), um indicativo que atividades de

criação de gado (leiteiro) estão predominando no assentamento, vindo a

complementar a agricultura familiar.

O aumento gradual de matas secundário é outro indicativo que

determinadas áreas, por não serem adequadas a produção, são abandonadas,

provavelmente degradadas e após algum tempo, a vegetação entra em

processo de sucessão, recobrindo o solo exposto. Provavelmente após alguns

anos, com o solo parcialmente recuperado, os locais serão novamente

desmatados para a implantação de determinadas atividade econômicas.

PA Nioaque

Das informações levantadas no site do Incra, o PA Nioaque no ano de

2013, teve 600 (seiscentos) famílias beneficiadas (Tabela 5).

Tabela 5. Situação atual dos assentados no PA Nioaque (INCRA, 2013)

Assentados 422

Evadidos 81

Transferidos 3

Desistentes 69

Registro suspenso 1

Falecidos 7

Eliminados 4

Cadastro inativo 1

Titulado 12

Ao longo da sua implantação, foi verificada certa rotatividade, pois, dos

600 (seiscentos) beneficiados, 81 (oitenta e um) foram evadidos, três

transferidos, 69 (sessenta e nove) desistentes, um registro suspenso, sete

falecidos, porém, a família permaneceu na região, quatro eliminados, ou seja,

foram retirados do processo, um cadastro inativo e 12 (doze) titulados,

indicando que 29,6% dos assentados originais não mais estão no local, um

índice considerado razoável. A alteração na propriedade da terra de tantos

assentados novamente levanta questões sobre a qualidade dos solos em

Page 80: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

78

determinadas áreas e a adequação dos assentados a lida rural, como nos

assentamentos avaliados anteriormente.

Quanto a verificação do uso do solo, pode-se observar, de forma clara

(Figura 11), como ocorreu o processo de ocupação do PA, com a substituição

da vegetação.

Figura 11. Processo evolutivo da ocupação do solo no PA Nioaque entre os

anos de 1985 (A), 1995 (B), 2006 (C) e 2010 (D).

De acordo com a figura 11, o processo de ocupação ocorreu de forma

proporcional, em todas as direções, não havendo o predomínio em nenhum

sentido.

Quanto aos seus limites, o PA Nioaque faz limite a nordeste e leste, com o

PA Andalúcia, e a sudeste, com o PA Boa Esperança.

A figura 12 expõe graficamente a evolução das classes, permitindo

verificar a forma de ocupação do solo encontradas entre os anos analisados,

1985, 1995, 2006 e 2010.

Page 81: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

79

Figura 12. Evolução das classes de ocupação do solo entre os anos

analisados no PA Nioaque.

Também neste caso percebe-se a continua diminuição da área de mata

nativa e o grande aumento das áreas de pastagem, significativamente superior

as áreas destinadas à atividade agrícola, novamente demonstrando que ocorre

a predominância da criação de gado (leiteiro), ao invés da agricultura familiar

tradicional.

Este fato pode ser decorrente, como nos demais assentamentos, de solos

pobres para a agricultura, o que não condiz muito ao PA Nioaque, pois este

apresenta até em grande quantidade o solo do tipo Latossolo vermelho escuro,

ou da inadequação dos assentados para tal atividade. Muitas vezes os

assentados, apesar de sua origem rural, não possuem conhecimento para o

cultivo, devido sua formação, normalmente relacionada a fazendas de criação

de gado de corte.

Quanto à presença de áreas de florestas nativas, em 2010, a região

apresentava apenas 15,46% do seu território como um todo, apresentando

uma redução superior a 60% do que possuía em 1985.

Portanto, entre 1985 a 2010, a dinâmica da paisagem dentro do PA

Nioaque apresentou, como resultado final, áreas florestais nativas com redução

de 68,89%; matas secundárias, um aumento de 57,11%; campo aberto,

Page 82: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

80

aumentou 53,14%; pastagem, cresceu 183,56%; áreas cultivadas ampliaram

1168,5%; solo exposto, pequeno aumento de 4,24% e a área úmida, diminuiu

22,7% ao longo dos quinze anos de implantação.

Conclusão

O uso das imagens de satélite demonstrou a substituição de vegetação

nativa florestal por áreas antropizadas, entre elas as áreas de pastagens e

solos expostos, resultando assim, em processos de desmatamento.

Com relação aos remanescentes de áreas nativas, dentro da sua área

total física, os três assentamentos encontram-se abaixo dos 20% do seu

território, correspondendo a: 634,32 ha, dos 2.324,21 ha iniciais (PA

Andalúcia); 52,70 ha dos 216,99 ha iniciais (PA Boa Esperança) e 1.420,66 ha

dos 4.567,49 ha iniciais (PA Nioaque), respectivamente.

Referências Bibliográficas

ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura

sustentável . 2ed. Porto Alegre: UFRGS, 2000. p.120.

BRASIL, Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012 , Dispõe sobre a proteção da

vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de

19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as

Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a

Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras

providências. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-

2014/2012/Lei/L12651.htm. Acessado em 30/11/2012.

FLORENZANO, T. G. Imagens de satélite para estudos ambientais . São

Paulo: Oficina de Textos, 2002. 97p.

GRACIANI, S. D.; NOVO, E. M. L. M. Determinação da cobertura de macrófitas

aquáticas em reservatórios tropicais. In: XI SBSR, Abril, 2003, São José dos

Campos: Anais... São José dos Campos: INPE, 2003. p. 2509-2516.

Page 83: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

81

GUANZIROLI, C. E. Reforma agrária e globalização da economia: o caso

do Brasil . Rio de Janeiro: FAO/Incra/UFF, 1998. 52p.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Manual técnico de uso da

terra . 2 ed. Rio de Janeiro, 2006. 91p.

INCRA. Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária. Relação de

Beneficiários do Programa Nacional de Reforma Agrár ia (PNRA) - Lista

Única, por SR/Projeto/Município/Código Beneficiário . Relatório PNRA.

2013. 2050p.

MATO GROSSO DO SUL. Instituto de Desenvolvimento Agrário, Assistência

Técnica e Extensão de Mato Grosso do Sul (IDATERRA). Plano de

Desenvolvimento Assentamento Boa Vista. Ponta Porã:[s.n.], 2001. p. 87.

MATO GROSSO DO SUL. Zoneamento Ecológico Econômico – ZEE MS ,

estudos preliminares . Volume I. Campo Grande, 2009. 128p.

MATO GROSSO DO SUL. Secretaria de Estado de Planejamento e

Coordenação Geral. Fundação de Apoio ao Planejamento do Estado.

Macrozoneamento geoambiental do Estado de Mato Gros so do Sul .

Campo Grande: FIPLAN-MS (Estudos integrados de potencial de recursos

naturais do estado de Mato Grosso do Sul). 1989.

MINISTÉRIO DO EXÉRCITO. Diretoria de Serviço Geográfico do Exército –

DSG. Cartas topográficas: Ribeirão Taquaruçu, 1966. Folha SF.21-X-A-VI, MI

– 2585. Escala 1:100.000. 1966.

PIRES, J. S. R. Análise ambiental voltada ao planejamento e

gerenciamento do ambiente rural: abordagem metodoló gica aplicada ao

município de Luiz Antônio – SP . 1995. 192f. Tese (Doutorado em Ciências) –

Universidade Federal de São Carlos, São Carlos.

Page 84: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

82

RAMOS, P. R.; RAMOS, L. A.; LOCH, C. Sensoriamento remoto como

ferramenta para a Gestão Ambiental e o Desenvolvimento Local. In: COBRAC

2004, 7º Congresso Brasileiro de Cadastro Técnico Multifinalitário, 10-14, 2004,

Florianopolis. Anais ... Florianópolis: UFSC, 2004. p. 1 - 7.

RIBEIRO V. O.; FARANHOS FILHO, A. C.; FERNANDES, P. C. O. Avaliação

do uso de imagens do satélite CBERS-2 sensor CCD, no monitoramento de

atividades de lavra a céu aberto. Revista de Estudos Ambientais, Blumenau.

v. 12, n. 1, p. 15-28, jan./jun. 2010.

SALVI-SAKAMOTO, L. L. A chuva na Bacia do Alto Paraguai: aspectos das

flutuações interanuais durante o século XX. In. Anais... IV Simpósio do

Pantanal: Sustentabilidade regional. EMBRAPA/Pantanal: Corumbá, 2004.

SEMAC. Secretária Estadual de Meio Ambiente, do Planejamento, da Ciência e

da Tecnologia. Caderno Geoambiental das Regiões de Planejamento do

MS. Campo Grande: Semac, 2011. 385p.

SIKORSKI, S. R. Geoprocessamento como instrumento de planejamento

urbano. In: GIS BRASIL 96, 1996, Curitiba. Anais ... Curitiba: Ed. Do GIS

BRASIL, 1996. p. 40-45.

Page 85: UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP KATIÚCIA … · Anhanguera-Uniderp, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em ... 2.1 Economia do Estado – Setor Primário

83

Conclusão Geral

O uso das imagens de satélite foi satisfatório para avaliar as etapas da

ocupação nos cinco assentamentos rurais localizados nos municípios de

Nioaque e Anastácio, no Estado do Mato Grosso do Sul.

Com relação aos remanescentes de áreas nativas, dentro da sua área

total física, os assentamentos Andalúcia, Boa Esperança, Nioaque e São

Manoel, encontram-se abaixo dos 20%, com áreas preservadas

correspondendo apenas a 634,32 ha dos 2.324,21 ha iniciais, 52,70 ha dos

216,99 ha iniciais, 1.420,66 ha dos 4.567,48 ha iniciais e 671,67 ha dos

1.738,67 ha iniciais.

Apenas o assentamento Monjolinho encontra-se acima dos 20% de áreas

preservadas, pois este apresenta 22,69%.

Os assentamentos analisados indicaram que o processo de substituição

da vegetação natural ocorre com intensidade, não respeitando os limites

impostos pela legislação ambiental, demonstrando que a implementação levou

a mudanças no ambiente, resultando em processos de desmatamento.

Desta maneira, recomenda-se que as futuras áreas destinadas para a

reforma agrária sejam definidas após um planejamento amplo, envolvendo

tanto as questões ambientais como sociais da região, para que os futuros

beneficiados possam vir a cultivar em suas terras, evitando-se assim, a evasão

dos parcelados.