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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP
MARIA CRISTIANE FERNANDES DA SILVA LUNAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA: GESTÃO
ESTRATÉGICA DE ÁREAS VERDES NO MUNICÍPIO DE DOURADOS/MS.
CAMPO GRANDE – MS
2012
MARIA CRISTIANE FERNANDES DA SILVA LUNAS
POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA: GESTÃO
ESTRATÉGICA DE ÁREAS VERDES NO MUNICÍPIO DE DOURADOS/MS.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, da Universidade Anhanguera-UNIDERP, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.
Orientação: Prof. Dra. Lídia Maria Lopes Rodrigues Ribas
Campo Grande/MS
2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp
Lunas, Maria Cristiane Fernandes da Silva. Políticas públicas de sustentabilidade urbana: gestão estratégica de áreas verdes no município de Dourados/MS. / Maria Cristiane Fernandes da Silva Lunas. -- Campo Grande, 2011. 95f. Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera - Uniderp, 2011. “Orientação: Profa. Dra. Lídia Maria Lopes Rodrigues Ribas.”
1. Políticas públicas 2. Áreas verdes urbanas 3. Parques urbanos municipais 4. Sustentabilidade 5. Planejamento e gestão. I. Título.
CDD 21.ed. 711.55
L983p
Ao meu amor José Roberto da Silva Lunas, por me
incentivar, acreditar, e cuidar de mim, quando em
certos momentos deixei de ser minha prioridade.
E à Antonia, minha mãezinha querida, a quem devo
tudo que sou.
AGRADECIMENTOS
Aos meus professores do curso de Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento
Regional, pelo conhecimento e experiências compartilhados. E especialmente a
professora Dra. Lídia Maria Ribas, pela orientação, dedicação, paciência e
generosas contribuições com o meu trabalho.
Aos meus amigos, de perto e de longe, por terem sempre uma palavra de incentivo.
E aos meus colegas de curso, por serem companheiros de jornada. Agradeço
também pelas amizades verdadeiras que ali se formaram, com Mayara e Andréa. E
à Iza, em quem eu encontrei uma irmã.
À família que sempre me incentivou, em especial Sandra, Juci, Tereza, Eliza e Doné.
Agradeço por suas orações, pelo cuidado, pelo mate, e pela devoção, mas
principalmente por acreditarem em mim.
E a todos aqueles, que de uma forma ou de outra, contribuíram para que eu
chegasse a esse momento.
“A verdadeira escolha não é entre desenvolvimento e meio ambiente, mas entre formas de desenvolvimento sensíveis e insensíveis a questão ambiental.”
Ignacy Sachs.
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... i
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... ii
RESUMO.................................................................................................................... iii
ABSTRACT ................................................................................................................ iv
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1
2. ESPAÇOS VERDES E AS CIDADES ..................................................................... 6
2.1 GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................ 12
2.2 A IMPORTANCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS E SEUS EFEITOS NO
MEIO NATURAL E NA QUALIDADE DE VIDA ......................................................... 17
2.2.1 Parques Urbanos Municipais: da idéia aos dias atuais .............................. 25
3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 30
3.1 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................ 30
3.1.1 Parque Municipal Antenor Martins ............................................................... 35
3.1.2 Parque Municipal Arnulpho Fioravante ........................................................ 38
3.1.3 Parque Municipal Natural do Paragem ......................................................... 43
3.2 MÉTODOS DE PESQUISA ................................................................................. 48
3.2.1 Esquema de organização das etapas do trabalho ...................................... 52
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 53
4.1ENTREVISTAS COM ATORES ESPECIALISTAS ............................................... 53
4.1.1 Importância de áreas verdes urbanas – Objeto de Estudo ......................... 53
4.1.2 A gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS ................................. 56
4.1.3 A importância das áreas verdes urbanas em Dourados ............................. 58
4.1.4 O modelo ideal de gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS ..... 59
4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DELFOS ................................... 61
4.3 DISCUSSÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................. 66
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 73
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76
APÊNDICES ............................................................................................................. 83
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Quadro que demonstra os principais benefícios das áreas verdes urbanas
.................................................................................................................................. 20
Figura 2: Mapa de localização do município no contexto Nacional/Estadual ........... 30
Figura 3: Mapa de demarcação do novo perímetro urbano do Município de
Dourados/MS ............................................................................................................ 32
Figura 4: Mapa de localização de ZEIA em Dourados/MS ....................................... 33
Figura 5: Localização dos parques na malha urbana de Dourados/MS ................... 34
Figura 6: Atividades de lazer no Parque Antenor Martins ........................................ 35
Figura 7: Equipamentos de esporte e lazer no Parque Antenor Martins .................. 35
Figura 8: Área de preservação do Parque Antenor Martins ..................................... 36
Figura 9: Imagem de Satélite do Parque Antenor Martins ........................................ 37
Figura 10: Shopping visto de dentro do Parque Arnulpho Fioravante ...................... 38
Figura 11: Equipamentos de lazer no Parque Arnulpho Fioravante ......................... 39
Figura 12: Infra-estrurura no Parque Arnulpho Fioravante ....................................... 40
Figura 13: Fauna ...................................................................................................... 41
Figura 14: Voçoroca ................................................................................................. 42
Figura 15: Imagem de satélite do Parque Arnulpho Fioravante ............................... 43
Figura 16: Caminho que divide em duas áreas menores o fragmento de Mata do
parque ....................................................................................................................... 45
Figura 17: Impactos ambientais no Parque Natural do Paragem ............................. 45
Figura 18: Ocupação do Parque Natural do Paragem ............................................. 46
Figura 19: Imagem de satélite do Parque Municipal Natural do Paragem ............... 47
Figura 20: Organização das etapas do trabalho ....................................................... 52
Figura 21: Área urbana de Dourados com destaque para o perímetro do córrego
Laranja Doce ............................................................................................................. 54
Figura 22: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão político-
institucionais .............................................................................................................. 62
Figura 23: Ordem das ações a serem combatidas na gestão político-institucional .. 62
Figura 24: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão em infra-estrutura
.................................................................................................................................. 64
Figura 25: Ordem das ações a serem combatidas na gestão de infra-estrutura ...... 64
Figura 26: Diretrizes de Sustentabilidade para a gestão de Áreas Verdes Urbanas –
Dourados/MS ............................................................................................................ 70
Figura 27: Quadro dos atores especialistas entrevistados ....................................... 84
Figura 28: Quadro dos atores políticos participantes das duas rodadas da entrevista
delfos ......................................................................................................................... 87
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACED – Associação Comercial e Empresarial de Dourados
AEAD – Associação de Engenheiros e Arquitetos de Dourados
APP – Área de Preservação Ambiental
BOPE/PM – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar
CAND – Colônia Agrícola Nacional de Dourados
CEPER – Centro Poliesportivo e Recreativo
CIDE – Fundação Centro de Informações e Dados
CMDU – Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano
CMMA – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
CMPD – Conselho Municipal do Plano Diretor
COMDAM – Conselho Municipal de Defesa Ambiental
COMTUR – Conselho Municipal de Turismo
CONANA – Conselho Nacional de Meio Ambiente
FUNCED – Fundação Cultural e de Esportes
GM – Guarda Municipal
GMA – Guarda Municipal Ambiental
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMAD – Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento
IMAM – Instituto de Meio Ambiente
IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba
METRA – Movimento do Trato com a Coisa Pública
OMT – Organização Mundial do Turismo
ONG – Organização Não-governamental
OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PCU – Plano de Complementação Urbana
PD – Plano Diretor
PIB – Produto Interno Bruto
PMA – Polícia Militar Ambiental
SEMAIC – Secretaria Municipal de Agricultura, Indústria e Comércio
SEMSUR – Secretaria Municipal de Serviços Urbanos
SEPLAN – Secretaria Municipal de Planejamento
SINJORGRAN – Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados
SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação
UC – Unidade de Conservação
UDAM – União Douradense das Associações de Moradores
UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados
ZEIA – Zona de Especial Interesse Ambiental
RESUMO
A gestão de parques ambientais municipais, localizados em área urbana é um tema
cada vez mais discutido nos meios acadêmicos e vem sendo inserido, pouco a
pouco, na agenda política dos municípios. Em Dourados/MS essa discussão
também vem sendo feita, com ênfase no diálogo entre sociedade e governo. O
presente trabalho trata da gestão das áreas verdes urbanas, com ênfase para os
parques urbanos municipais de Dourados/MS, e teve como objetivos investigar como
a gestão dos parques urbanos é feita pelo poder público, e como deveria ser a
gestão estratégica destes parques, na visão dos atores sociais, de forma a levantar
um modelo ideal de gestão de áreas verdes para a realidade urbana de Dourados.
Para isso, tomou-se como objeto de estudo nesse trabalho os parques ambientais
Antenor Martins, Arnulpho Fioravante e Municipal Natural do Paragem, localizados
na malha urbana do município. Como metodologia, a pesquisa dividiu-se em quatro
etapas. Num primeiro momento realizou-se um levantamento bibliográfico sobre
gestão ambiental, áreas verdes e parques urbanos. Num segundo momento, foi feita
a pesquisa documental e de campo sobre os parques em estudo. A terceira etapa foi
composta da aplicação de uma consulta a sociedade em duas frentes: Entrevista
semi-estruturada com atores especialistas e um questionário com o método delfos
político, a atores de representação social. Na última etapa, após coligir, expor e
analisar os resultados da pesquisa foi feita uma discussão sobre como os atores,
especialistas e sociais, enxergam a gestão das áreas verdes urbanas de Dourados,
e o que entendem por gestão estratégica destas áreas. Constatou-se que os atores
sociais possuem idéias muito claras sobre as funções que estas áreas exercem
sobre a qualidade de vida e o meio natural, e sabem o que esperam para elas.
Também verificou-se a desestruturação e confusão encontrada ao tentar identificar
qual órgão, de fato, responde pela sua gestão. Por fim, se apresentou diretrizes para
a gestão de áreas verdes urbanas em Dourados, que poderão servir para o
direcionamento imediato de ações de gestão, como componentes estruturais para a
discussão do tema em instrumentos como o Plano Diretor Municipal, mas
principalmente, pode nortear a discussão sobre a necessidade de se criar um plano
de gestão de áreas verdes urbanas para Dourados como instrumento específico de
gestão, já que entendeu-se que a agenda de planejamento e gestão destes parques,
em muito dependerá da prioridade e do foco único na estruturação e conservação, a
ser alcançado pela sociedade e pelo poder público.
Palavras-chave: Políticas públicas; áreas verdes urbanas; parques urbanos
municipais; sustentabilidade; planejamento e gestão;
ABSTRACT
The management of municipal environmental parks situated in urban areas is a
theme that has been increasingly discussed in academic environments and has been
gradually inserted in the policy agenda of the municipalities. In Dourados/MS, such
dialogue takes place between the society and local government. This work broaches
the management of green urban areas, with emphasis on the municipal urban parks
of Dourados/MS, and had as objectives enquiring how the management of urban
parks is performed by the government and how their strategic management should
be done, under the view of social actors, so as to come up with a role model for the
management of green areas that matches the urban reality of Dourados/MS. So, the
study of the environmental parks Antenor Martins, Arnulpho Fioravante and Municipal
do Paragem, located in the urban mesh of the municipality, has become the object of
investigation of this essay. As a methodology, the research has been divided into
four stages. First there was a bibliographical survey on environmental management,
green areas and urban parks. Secondly, the documentary research and field study of
the parks were made. The third stage consisted of applying a query to the society in
two fronts: Semi-structured interviews with experts and a Policy Delphi Method
questionnaire applied to society representatives. In the last stage, after collecting,
exposing and analyzing the survey results, there was a discussion on how the
experts and social actors face the management of green areas in Dourados, and
what they understand by strategic management of such areas. It was found that the
social actors have very clear ideas about the functions that these areas have on the
quality of life and the natural environment, and they know what to expect for them.
Also, there was a disruption and confusion encountered when trying to identify which
agency actually accounts for their management. Finally, we presented directives for
the management of urban areas in Dourados, which may serve to direct immediate
management actions, such as structural components for the discussion of the issue
in instruments such as the Municipal Master Plan, but more importantly, can guide
the debate on the need to create a management plan for Dourados urban green
areas as a specific instrument of management, since it was considered that the
agenda planning and management of these parks, much will depend on the priority
and single focus on the structuring and conservation to be achieved by the society
and government.
Keywords: Public policies; green urban áreas; municipal urban parks sustainability;
planning and management.
1. INTRODUÇÃO
A aglomeração urbana é um fato que vem se desenhando ao longo das
últimas décadas. Ao migrar para as cidades em busca de melhores condições de
vida e emprego, as pessoas formam, notadamente, assentamentos humanos de
grande complexidade que causam, dentre outras coisas, a poluição daquele meio.
Pois é fato que, nas cidades é onde se encontram boa parte das indústrias e
produção de resíduos sólidos, causadores de poluição.
Mesmo com todo este potencial poluidor, sendo um reduto urbano, separado
das grandes áreas de lavouras e pastagens e principalmente das florestas e
reservas ambientais, nota-se, pela importância que é dada nas discussões em todos
os meios, que nem sempre a importância que se dá ao ambiente natural ali existente
é suficiente para garantir a qualidade de vida da população, e conseqüentemente, o
correto cumprimento das funções ecológicas da cidade.
Assim conservação do ambiente natural urbano torna-se matéria cada vez
mais urgente dado o crescimento sem precedentes da população que ali vive. Sachs
(1993, p. 30) corrobora desta opinião ao afirmar que “uma das características mais
importantes da nossa época é a explosão urbana sem precedentes”. E com esse
crescimento, multiplicam-se as necessidades e os problemas ambientais locais.
Tomando como objeto de estudo as áreas verdes urbanas de Dourados/MS,
cidade que se encontra em um momento singular de sua realidade político-
administrativa e num momento de reorganização espacial e institucional, o presente
trabalho pretende inserir no debate acerca do planejamento urbano local, a gestão
dos parques urbanos municipais e suas contribuições para a qualidade ambiental na
cidade.
2
Segundo dados da Prefeitura Municipal de Dourados, em 30 de Dezembro
de 2003 foi publicada a Lei Complementar N. 72, que instituiu o Plano Diretor
Municipal. Elaborado para atender as exigências legais da época, o PD contou com
ampla participação popular, por meio de oficinas e audiências públicas – conforme
relatos de jornais da época. Mas ainda assim apresenta algumas lacunas com
relação à realidade ambiental do município, relegando suas decisões a outras
ferramentas como, por exemplo, a Política Municipal de Meio Ambiente, conhecida
como Lei Verde.
Conforme o previsto na época de sua criação, o PD começa a ser revisado
para que em 2013, dez anos após sua publicação, haja revisão de pontos que
devem se adaptar à realidade dinâmica do município. Para isso, foi reativado em
maio de 2011 o Conselho Municipal do Plano Diretor – CMPD, entidade
representativa e consultiva, que vem trabalhando para este fim. Seu funcionamento
abre espaço também para o diálogo para a elaboração do Plano Diretor de
Arborização Urbana, que até 2011 não havia sido discutido por conta da não
efetivação do CMPD (Prefeitura Municipal de Dourados, 2011).
O município de Dourados foi emancipado política e administrativamente em
20 de dezembro de 1935 e tinha, desde o século XIX, todo seu território tomado por
plantações de erva mate, sob monopólio da extinta Companhia Matte Laranjeira. Em
1943 teve uma grande área destinada à implantação da Colônia Agrícola Nacional
de Dourados – CAND, uma espécie de reforma agrária feita pelo governo de Getúlio
Vargas nos anos de 1940, dentro de uma política chamada de “Marcha para o
Oeste” que tinha por objetivo ocupar os espaços vazios do interior do Brasil e a
povoar as regiões brasileiras com pouca densidade populacional, garantindo a
manutenção do território. A partir desse programa de colonização, verifica-se uma
grande corrida por parte de imigrantes de várias regiões do país e também de
estrangeiros, o que fez o número de habitantes saltar de 13 para 68 mil em duas
décadas (ARAKAKI, 2008).
As pequenas propriedades formadas pela CAND foram se desfazendo e
formando as grandes fazendas, que hoje é uma de suas características econômicas
mais marcantes. O município de Dourados deve parte de sua vocação agrícola ao
solo predominante na região, do tipo Latossolo Roxo e ao clima estável de estação
3
quente e chuvosa no verão e moderadamente seca no inverno com temperaturas
médias em torno de 28ºC (EMBRAPA, 2011).
Por esta forte característica de agronegócio, Dourados possui muito pouco
de sua formação vegetal original nas áreas rurais, que foram desmatadas para dar
lugar às grandes áreas de monoculturas. A região pertence à bacia do Rio Paraná, e
é uma área de transição entre ecossistemas de mata atlântica e de cerrado. Sua
vegetação nativa reconhecida é composta de mata, cerrado, capoeira e complexo de
vegetações. Os remanescentes de Mata Atlântica, que revestiam boa parte do
município de Dourados e da região da sub-bacia do Rio Ivinhema, encontram-se
hoje em apenas 4% de sua área original (IMAD, 2007).
Hoje, Dourados se encontra em um momento bastante pertinente para se
discutir a implementação de diretrizes que norteiem o planejamento e gestão das
áreas verdes urbanas, e que possam vir a compor o Plano Diretor Municipal, e,
portanto, com força de lei. Não só por conta da revisão do PD, mas pela recente
ampliação do perímetro urbano municipal que confirma a necessidade de urgência
nesse processo. Começa-se a perceber ainda a necessidade de medidas mais
enérgicas nesta direção, devido aos efeitos negativos de um planejamento urbano
que não foi, em outras épocas, implementado adequadamente.
Desde o ano de 2010, a área central da cidade já sentiu os efeitos da
enxurrada invadindo o comércio e cobrindo calçadas e canteiros centrais,
ocasionados por chuva. Além do período de chuvas fortes que tem tido duração
acima do normal, o sistema de galerias de águas pluviais quando existente,
sobrecarregado, e a constante permeabilização do solo nas partes mais altas da
cidade, por conta de construções e ampliação do perímetro urbano, são
considerados os grandes responsáveis por essa situação. Essa realidade, típica das
regiões periféricas da cidade, não era comum nos bairros mais nobres, o que incita a
discussão do problema com uma parcela maior e mais ativa da sociedade, o que
pode dar mais força à discussão e à busca de soluções.
Outros problemas urbanos afetam o desenvolvimento da cidade e também
precisam ser sanados como, por exemplo, a forte especulação imobiliária e a
invasão de áreas irregulares, especialmente as de risco e fundos de vale, que
podem vir a ameaçar significativamente as áreas verdes na cidade. Além disso,
4
percebe-se pela realidade apresentada, que essas áreas em Dourados, mesmo com
sua extensão e localização privilegiada dentro da malha urbana, compondo uma
parte importante de seu ordenamento territorial, já não conseguem suprir as
necessidades de permeabilização do solo, bem como seu sistema de drenagem.
De qualquer forma, num primeiro momento já se percebe que a cidade de
Dourados não possui políticas ou programas estratégicos para a proteção e
utilização responsável de todas as suas áreas verdes urbanas. Nas verificações
junto aos órgãos competentes, é possível reconhecer que os projetos existentes
apresentam-se como ações pontuais e ficaram retidos por conta de processos
burocráticos ou mesmo desinteresse político.
Neste sentido, este trabalho justifica-se pela importância que há na
investigação deste processo de planejamento e gestão pelo poder público municipal
e pelos atores interessados. Ao propor formas de aprimoramento da gestão, o
presente trabalho poderá contribuir significativamente para o empoderamento do
processo por parte de todos dos atores sociais envolvidos, pressionando assim os
entes públicos a tratarem o assunto como questão estratégica no desenvolvimento
sócio-ambiental urbano.
Para realizar esta discussão, este trabalho é apresentado em capítulos.
Após uma breve introdução ao tema e ao objeto de estudo, apresenta-se um
capítulo com um levantamento bibliográfico sobre temas pertinentes ao trabalho
realizado, versando desde assuntos estratégicos como a relação da sociedade e
natureza e gestão ambiental, até temas mais específicos como Áreas Verdes
Urbanas e Parques Urbanos Municipais.
O capítulo seguinte trata dos materiais e métodos utilizados neste trabalho,
apresentando o município de Dourados e também os parques urbanos que serviram
de objeto de estudo: Parques Antenor Martins e Arnulpho Fioravante, apontados
pela municipalidade como parque urbano de lazer e parque ambiental,
respectivamente, e Parque Municipal Natural do Paragem, enquadrado como
Unidade de Conservação pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação –
SNUC. Neste capítulo apresentam-se ainda os métodos de pesquisa social aplicada,
utilizados para a realização da pesquisa de campo baseado em entrevistas semi-
estruturadas e na pesquisa utilizando a Técnica Delfos.
5
O capítulo subseqüente apresenta os resultados do trabalho realizado,
discutindo os principais pontos apresentados no referencial teórico e levantando as
primeiras idéias que serviram de base para as propostas apresentadas na
seqüência.
No último capítulo são apresentadas as conclusões finais deste estudo,
discutindo sua importância e pertinência, bem como as sugestões de implementação
das propostas que visaram responder aos objetivos do trabalho.
Para fins de direcionamento da pesquisa, toda a discussão baseou-se no
seguinte questionamento: Como é conduzido o processo de planejamento e gestão
das áreas verdes urbanas no município de Dourados/MS e como, na visão dos
atores envolvidos, este processo poderia ocorrer de forma estratégica?
Ao responder esta pergunta, o presente trabalho teve como objetivos
principais analisar a gestão das áreas verdes urbanas no município de Dourados/MS
do ponto de vista de sua eficiência e efetividade; identificar, por meio da percepção
de atores representativos o que a sociedade entende por gestão estratégica destas
áreas, e; propor diretrizes que orientem um modelo ideal de gestão destas áreas,
adaptado a realidade do município, de forma a facilitar a adoção de um modelo de
gestão de áreas verdes urbanas, mais eficiente e eficaz, adaptado à realidade
douradense, do ponto de vista de seus atores sociais e políticos.
A cidade de Dourados necessita, neste momento, repensar a forma como
vem gerindo suas áreas verdes urbanas. Com o intuito, não de fazer uma escolha
entre desenvolvimento e meio ambiente, mas de modo a repensar e escolher formas
de desenvolvimento mais sensíveis ao meio ambiente (SACHS, 1993). Pois a
conjuntura exógena sobre a preocupação com meio ambiente e desenvolvimento, e
endógena de transformações e abertura político-administrativas vividas pelo
município podem significar um momento singular para que Dourados repense seu
modelo de desenvolvimento, baseando-o em um modelo coerente com sua
realidade, participativo e estratégico.
2. ESPAÇOS VERDES E AS CIDADES
A utilização indiscriminada do termo desenvolvimento sustentável tem
tornado a percepção do tema um pouco deturpada pela sociedade, pois quase
sempre é utilizada para definir a suposta sustentabilidade ambiental ou ecológica,
promovida por pessoas, empresas, instituições e afins. Porém, a definição do termo
requer a inserção de outras dimensões relativas ao desenvolvimento e a atividades
humana. Desenvolvimento sustentável, trata não apenas de ações imediatas e
voltadas ao meio ambiente, mas principalmente da visão de fututo que queremos em
relação aos recursos naturais e ao atendimento de nossas necessidades sociais
básicas.
A definição mais amplamente aceita e difundida para este termo foi dada em
1987, com o relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e
Desenvolvimento – CMMAD, intitulado “O Nosso Futuro Comum”. Nele,
desenvolvimento sustentável é “aquele que atende as necessidades do presente
sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem as suas
próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Neste documento, conhecido
também por Relatório Brundtland, abre-se a possibilidade de pensar na
sustentabilidade ecológica ou “ecodesenvolvimento”, num âmbito mais amplo,
interagindo com a estrutura sócio-econômica, que permeia com importância igual ou
superior, as relações sociais vigentes:
Em essencia, desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, afim de atender às necessidades e aspirações humanas. (CMMAD, 1991, p.49)
7
Constanza (in SACHS, 1993, p. 24) propõe a definição do que chama de
sustentabilidade ecológica como sendo
[...] um relacionamento entre sistemas econômicos dinâmicos e sistemas ecológicos maiores e também dinâmicos, porém, de mudança mais lenta em que: a) A vida humana pode continuar indefinidamente; b) Os indivíduos podem prosperar; c) As culturas humanas podem desenvolver-se; mas em que d) Os resultados das atividades humanas obedecem a limites para não destruir a diversidade, a complexidade e a função dos sistemas ecológicos de apoio à vida.
Ou seja, mesmo quando tratamos do termo sustentabilidade ecológica, está
implícita a necessidade que temos dos recursos naturais para a sustentação do
modo de vida humano. Quando analisamos os conceitos de desenvolvimento
sustentável acima descritos pelos autores, é possível notar que há diferenças entre
crescimento e desenvolvimento.
Muito mais do que crescimento – o fenômeno contabilizado pelo aumento do
capital e dos recursos em determinada área geográfica, medido pelo seu Produto
Interno Bruto – PIB – é necessário atrelar a participação social nesses resultados,
através da melhora de sua qualidade de vida, aumento do emprego, renda, aumento
de benefícios sociais e maior acesso a infra-estrutura. Ou seja, o desenvolvimento
está intimamente ligado ao bem estar social, e consequentemente à sustentabilidade
ecológica, cuja manutenção é essencial para o atendimento destas mesmas
necessidades sociais.
E se a idéia de desenvolvimento sustentável nos remete não só à dimensão
ambiental e social, mas a dimensões cada vez mais amplas e variadas, que
perpassam por tudo que é fundamental para o modo de vida humano, é preciso
reconhecer que ele exige a participação de todos os atores interessados, na tomada
de decisão que se faz necessária para sua implementação. Essa forma de ver o
conceito de desenvolvimento sustentável, onde se considera o sociocultural e o
econômico num mesmo grau de importância do ambiental, consegue ser mais
realista e consequentemente, aumenta o número de atores sociais e políticos
interessados em discutir o assunto.
A conscientização quanto à necessidade de se discutir a questão da
sustentabilidade em uma perspectiva que interesse e motive toda a sociedade se faz
8
urgente, pois não se pode mais verticalizar o processo de planejamento, acreditando
que todos acatarão as decisões tomadas à sua revelia. Franco (2000, p. 167)
corrobora com esta idéia, ao afirmar que:
Como a melhora de uma condição ambiental é um conceito que envolve aspectos socioculturais complexos, e cuja mudança vai naturalmente implicar em conseqüências que envolverão toda uma comunidade, ela é antes de tudo, uma decisão política.
Politicamente, as decisões verticalizadas sobre sustentabilidade ambiental,
ocorrem cada vez em menor número, pois os processos de planejamento contam
com metodologias participativas que visam atender as necessidade de um número
cada vez maior de pessoas.
Pensando na idéia de um “tripé da sustentabilidade”, passa-se então a
incutir a visão de que ambientalismo e economia não são antagônicos, e que a
questão do meio ambiente e desenvolvimento deve ser discutida obedecendo a três
critérios fundamentais e simultâneos: prudência ecológica, equidade social e
eficiência econômica (SACHS, 1993).
A prudência ecológica, citada por Sachs (1993) ainda nos faz refletir sobre
duas fortes correntes que tratam do tema: a corrente preservacionista e a
conservacionista. Estas duas vertentes surgiram na virada do século XIX para XX,
quando ocorreu uma divisão de opiniões no movimento ambientalista americano.
Conforme explica McCormick (1992), os preservacionistas defendiam a
“preservação” ou “proteção” das áreas naturais de qualquer uso que não fosse o
recreativo ou educativo. Na época, o movimento teve como principal defensor o
naturalista John Muir, cujo trabalho contribuiu para a criação do Parque Nacional de
Yosemite em 1890. Embora não sendo o primeiro parque nacional americano a ser
criado, Yosemite foi “a primeira reserva consciente designada à proteção de áreas
virgens” (1992, p.31). Já os conservacionistas, defendiam a exploração economica
dos recursos naturais disponíveis, desde que de forma sustentável e racional. O
movimento apoiava-se nas idéias utilitaristas do consultor em manejo florestal
Gifford Pinchot, que defendia que “as florestas americanas [...] deveriam ser
gerenciadas de modo a contribuir para a economia do país” (1992, p.31).
9
De fato, mesmo que a defesa para os usos seja distinta nos dois
movimentos, é possível verificar que com maior ou menor interferência e
consequências, todos entendiam e defendiam a utilização dos recursos pelo homem,
seja através da exploração econômica ou de estudos e lazer, desde que de forma
sustentável.
Os dois movimentos ganharam força e expressão internacional, sendo
citados e defendidos até hoje por muitos pesquisadores e ambientalistas. Embora
com um caráter mais “suave” sobre o que defende a conservação ambiental,
conforme interpreta Franco:
Conservação ambiental pressupõe o uso-fruto dos recursos naturais pelo homem na linha de mínimo risco, isto é, sem a degradação do meio, e do mínimo gasto de energia. De outra maneira, pode-se dizer que conservar significa utilizar sem destruir ou depredar a fonte da origem de alimento ou de energia (2000, p. 36).
Ao considerar o ser humano e suas atividades socioculturais e econômicas,
como parte da sustentabilidade, o movimento ambientalista, abre caminho para se
voltar a discutir o desenvolvimento sustentável na forma de seu tripé: ambiental,
social e econômico.
Porém, Sachs, o mesmo a propor a idéia da prudência ecológica, equidade
social e eficiência econômica, e um dos primeiros a propor e difundir o conceito de
ecodesenvolvimento, mais tarde substituído por desenvolvimento sustentável,
também propõe que este “tripé” seja ampliado para pelo menos cinco dimensões.
Segundo ele, ao planejar o desenvolvimento sustentável, é necessário considerar as
dimensões da sustentabilidade social, econômica, ecológica, espacial e cultural
(1993, p. 25 – 27):
� Sustentabilidade social: Baseia-se em um tipo de crescimento orientado para a
distribuição do “ter” e da renda, com o objetivo da construção de uma
sociedade do “ser”. O objetivo é suprir as necessidades materiais e não-
materiais de boa parte da população com baixo índice de desenvolvimento
humano.
� Sustentabilidade econômica: baseada num fluxo regular de investimentos
privados e públicos, com a alocação e gestão mais eficiente destes recursos.
10
� Sustentabilidade ecológica: que conta com alavancas importantes, tais como a
limitação do uso de combustíveis fósseis; intensificação do uso dos recursos
naturais renováveis, em substituição aos não renováveis, para propósitos
socialmente válidos; redução significativa do volume de poluição e resíduos;
intensificação da pesquisa em tecnologias limpas e acessíveis; definição de
regras para uma adequada proteção ambiental.
� Sustentabilidade cultural: aplicação dos conceitos de desenvolvimento
considerando as soluções particulares, de modo a respeitar as especificidades
de cada ecossistema e região.
� Sustentabilidade Espacial: Voltada para uma melhor distribuição de
assentamentos humanos e econômicos, rurais e urbanos com cuidado para:
concentração excessiva nas áreas metropolitanas; destruição de ecossistemas
frágeis e vitais por conta de colonização descontrolada; promoção de projetos
modernos de agricultura, com acesso ao crédito e a novas tecnologias para o
pequeno produtor; ênfase no potencial para industrialização associada a
tecnologias de nova geração; estabelecimento de uma rede de reservas
naturais e de biosfera.
A perspectiva de ampliar as dimensões sobre as quais se pensa o
desenvolvimento sustentável é uma grande oportunidade para incluir, no bojo desta
discussão, territórios que normalmente não têm tanto espaço quanto florestas e
grandes reservas de recursos hídricos, quando se fala na conservação ambiental, tal
como as áreas urbanizadas. Especialmente se considerarmos que na sociedade
contemporânea, não é mais possível pensá-las de forma dissociada uma da outra. O
pensamento de que, espaços destituídos de população são áreas naturais, e que os
espaços habitados são recursos humanos (FRANCO, 2000) limitam nossa
capacidade de entender o território urbano como recurso ambiental fundamental
para a sobrevivência humana, e que precisa ser tratado como espaços cujos
problemas ambientais provocam maior sensibilidade, e por isso, são urgentes para a
sociedade.
Pires (1998, p.66) afirma que “[...] inflação, desemprego, crise energética,
assistência à saúde, poluição, crimes, entre outros, significam uma crise única [...].
11
Os problemas atuais que são globalmente interligados e interdependentes, merecem
um novo modelo de análise”.
Na esteira do pensamento destes dois autores, é possível abrir o
questionamento se não seriam os centros urbanos, o local onde as discussões
acerca de desenvolvimento sustentável podem ocorrer de forma mais completa,
tendo em vista as relações interdependentes de todas essas dimensões, ocorrendo
no mesmo tempo e espaço, e tão próximas da sociedade.
Mas mesmo que tenhamos as áreas urbanas como um cenário para estudar
este processo, como passar da situação atual para uma situação de
sustentabilidade? Pires (1998) afirma que é necessário criar estratégias de
transição, e isso inclui enfatizar o papel que o Estado ocupa no desenvolvimento
sustentável.
E um dos instrumentos principais do Estado para este fim, são as políticas
públicas. Conforme Little, políticas públicas são o “[...] conjunto de decisões inter-
relacionadas, definido por atores políticos que tem como finalidade o ordenamento, a
regulação e o controle do bem público.” (2003, p.18). Já Dal Bosco (2008) vai um
pouco além em sua definição de políticas públicas, inserindo em seu conceito, a
participação de agentes privados e não apenas do agente público para a
materialização de um interesse comum.
Mas além dos agentes públicos e privados, ainda há que se considerar um
terceiro elemento, a ser inserido no processo de planejamento de políticas públicas:
a sociedade civil, pois a ela são dirigidas as ações. A sociedade civil é ainda, de
certa forma, co-responsável pela implementação desta política dentro dos resultados
esperados. Matus (1993, p. 42) questiona:
Por que partir da premissa que só um ator planeja, sem que outros integrantes do sistema se oponham, resistam ou formulem também seus próprios planos? Por que limitar o diagnóstico a uma só explicação objetiva, quando é notório que os diversos componentes da sociedade têm diferentes opiniões sobre seu estado, sobre as causas de tal estado e sobre o futuro desejável?
Ao refletirmos sobre seus questionamentos, verificamos que, independente
das ações do Estado, a sociedade, maior conhecedora de seus problemas e anseios
12
futuros, continuará trabalhando, dentro de suas possibilidades, para que sua
realidade chegue próxima à desejada.
Isso ocorre especialmente no planejamento de questões mais próximas e
mais presentes no cotidiano da sociedade, como é o caso das áreas verdes
urbanas. Estas áreas podem e devem ser inseridas dentro da perspectiva de ações
estratégicas de desenvolvimento sustentável, uma vez que estão diretamente
associadas à qualidade de vida e ao bem-estar da população.
A qualidade de vida urbana, na verdade, está diretamente atrelada a vários
fatores que estão reunidos na infra-estrutura, no desenvolvimento econômico-social
e àqueles ligados à questão ambiental. No caso do ambiente, as áreas verdes
públicas constituem-se elementos imprescindíveis para o bem estar da população,
pois influencia diretamente a saúde física e mental da população. (LOBODA e
ANGELIS, 2005).
Além disso, “as estratégias de desenvolvimento terão de incluir, de qualquer
modo, esforços internos para preservar a qualidade ambiental urbana, recuperar
seus espaços centrais desvalorizados e modernizar suas infra-estruturas e serviços”.
(ALVA, 1997, p.75).
Assim, o poder público deve tomar para si a responsabilidade de “puxar” a
questão das áreas verdes urbanas para a agenda de discussões, como forma de
promover, em conjunto com a sociedade, a qualidade ambiental no espaço urbano
de sua responsabilidade.
2.1 GESTÃO AMBIENTAL
Embora se discuta que as grandes questões ambientais ocorram no
chamado “meio natural” e que boa parte dos problemas originados nas cidades são
ocasionados pela poluição, é nos centros urbanos onde se concentra a maior parte
da população e onde primeiro se sentem os impactos ambientais.
Segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, impacto
ambiental é definido como
13
Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causado por qualquer forma de matéria ou energia resultantes das atividades humanas [...] que afetam: ‘1 – a saúde, a segurança e o bem-estar da população. 2 – as atividades sociais e econômicas; 3 – a biota; 4 – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 5 – a qualidade dos recursos ambientais. (RESOLUÇÃO 001 DE 23/01/1986).
Para definir quais os limites para o impacto ambiental, suas formas de
contenção e/ou medidas mitigadoras, é necessário que haja a mediação de
interesse entre os envolvidos, de forma a garantir que as partes sejam, na medida
do possível, atendidas, mas principalmente, que o interesse da coletividade em
contar com um meio ambiente saudável e adequado, não seja desrespeitado. Nesse
sentido, a gestão ambiental apresenta-se como o esse instrumento mediador que
pode garantir a preservação dos interesses ambientais, pois segundo Macedo, a
gestão ambiental “refere-se aos meios de se alocar, consumir e conservar os
recursos naturais, tais como a água e o ar, afim de atender as necessidades
humanas” (2009, p. 332).
Já Theodoro amplia este conceito de gestão ambiental, reforçando seu
carater de ação política, mas inserindo o setor privado e a sociedade como co-
responsáveis pelo processo.
Gestão ambiental é o conjunto de ações que envolvem as políticas públicas, o setor produtivo e a sociedade, visando o uso racional e sustentável dos recursos ambientais, ela engloba ações de caráter político, legal, administrativo, econômico, científico, tecnológico, de geração de informação e de articulação entre estes diferentes níveis de atuação (THEODORO, s.d.).
A autora destaca ainda que a gestão ambiental tem como funções
fundamentais o planejamento, direcionamento, organização e controle dos processo
que possam ocasionar impactos ambientais. Com base nas afirmações dos autores,
entendemos que a gestão ambiental é, na essência, o instrumento pelo qual se
aplica o planejamento, a legislação e o ordenamento relativos ao meio ambiente. No
caso das cidades, a utilização deste instrumento fica sob a responsabilidade do
poder público, que é seu executor.
Os princípios da gestão ambiental devem considerar conceitos modernos de
valoração dos recursos disponíveis no ambiente urbano, deixando de lado a visão
14
economicista e abrindo-se para valores até então desconsiderados, como por
exemplo, o valor de existência do capital natural, originado de pesquisas
interdisciplinares sobre biodiversidade, que são:
Resultado da ampliação de critérios para estimar o valor dos recursos biológicos. Eles têm um ‘valor de uso para consumo’, quando diretamente consumidos pelos produtores; um ‘valor de uso produtivo’, ou valor de troca na economia padrão quando comercialmente extraídos e transformados; e, finalmente, um ‘valor para não-consumo’, [...], um ‘valor de opção’, [...] e um ‘valor de existência’, pelo simples fato de existirem. (SACHS, 1993, p. 23)
Os princípios fundamentais de desenvolvimento defendidos por Sachs
devem basear também as estratégias de desenvolvimento urbano, pois uma maior
equidade social, prudência ecológica e eficiência urbana devem ser buscadas ao se
discutir a gestão estratégica e eficiente do meio urbano.
De acordo com a quantidade e a gravidade dos problemas enfrentados, as
cidades devem buscar soluções participativas e inovadoras para o seu
desenvolvimento, considerando suas particularidades e necessidades, sem que seja
preciso buscar soluções prontas.
Franco (2000) endossa a visão de que a cidade é um ecossistema, que sofre
transformações provenientes de suas atividades internas baseadas na troca de
matérias, energia e informação, e que possui diversos organismos vivos formando
uma comunidade, mas onde predomina o homem.
Sachs também reforça essa visão de cidade viva, dinâmica e original,
acrescentando ainda, as questões humanas e culturais que a envolvem:
As cidades são como pessoas: pertencem à espécie urbana, mas possuem personalidade própria. A resposta ao desafio urbano deve levar em consideração a singularidade das diversas configurações naturais, culturais, sociopolíticas, históricas e da tradição de cada cidade. Em vez de se buscar soluções gerais e homogêneas, deve considerar a diversidade dos problemas como um valor cultural de fundamental importância. (1993, p. 33)
Embora os exemplos de sucesso na solução de problemas seja sempre
apreciado e estudado com cuidado, é necessário parcimônia ao utilizá-los em sua
totalidade, pois cada ambiente é dinâmico e particular, podendo não acolher as
idéias advindas de realidades que lhe são física e culturalmente diferentes. Há
15
necessidade de se pensar a gestão do ambiente urbano levando-se em conta suas
características únicas.
No meio urbano, a gestão ambiental é a responsável por diversos tipos de
atividades humanas que precisam de suas ferramentas, tais como: controle do uso
do solo; produção e descarte de lixo; poluição sonora; poluição visual; poluição do
ar; além da utilização consciente e ordenada dos recursos naturais disponíveis na
cidade, como por exemplo os espaços verdes e os recursos hídricos.
Debates de nível internacional envolvendo profissionais de arquitetura
exemplificam que todo esse processo da gestão ambiental tem que levar em
consideração o mosaico de atividades humanas desenvolvidas na cidade –
residência, comércio, indústria, serviços; as especificidades espaciais – áreas
verdes, recursos hídricos, áreas construídas, tipos de solo, zoneamento, etc; além
das necessidades básicas dos citadinos naquele ambiente, tais como: moradia,
trabalho, circulação e lazer (CARTA DE ATENAS, 1933).
Nas áreas urbanizadas do mundo a população está cada vez mais sujeita a condições ambientais que são incompatíveis com normas e conceitos razoáveis de saúde e bem estar humanos. [...] As políticas oficiais que regem o desenvolvimento urbano deverão incluir medidas imediatas para evitar que se acentue a degradação do meio ambiente urbano que conseguir a restauração da integridade básica do meio ambiente, de acordo com as normas de saúde e bem estar social. (CARTA DE MACHU PICCHU, 1977)
A gestão ambiental tem, neste sentido, a função principal de criar
parâmetros e fiscalizar a utilização desses espaços urbanos sob a ótica do bem
estar ambiental. Em especial nas áreas naturais, mais frágeis e geralmente de
responsabilidade pública, como por exemplo, as áreas verdes. De forma que o
excesso de liberdade no uso não prejudique sua qualidade, e tão pouco comprometa
sua capacidade de continuar existindo e cumprindo com suas funções.
Garret Hardin em 1967, nas conclusões do seu ensaio “Tragédia nas Áreas
Comuns”, concluia que a “tragédia” se traduzia na inevitável destruição das áreas
comuns, para isso, utilizou-se da parábola sobre uma área comum, na qual diversos
criadores de gado levavam seus animais para pastarem:
Um determinado número de cabeças de gado comia à mesma razão que crescia – a oferta e a procura estavam em equilíbrio perfeito.
16
Então, um criador concluía que poderia acrescentar mais uma vaca e colher os lucros, enquanto os custos eram compartilhados por todos os outros criadores, cujas vacas haviam se contentado com menos. Concluia também que, se não acrescentasse uma vaca a mais, os outros poderiam fazê-lo, e então, obteriam lucro às suas custas. A única solução racional era acrescentar uma vaca. Mas todos os outros criadores chegavam às mesmas conclusões e resolviam que tinham que incluir vacas adicionais (McCORMICK, 1992, p. 84).
Layrargues (s.d.), analisa o ensaio de Hardin e constata, amparado por
outros autores, que “a propriedade comunal dos recursos naturais não é sinônimo de
acesso livre”. Por ser “comum”, em geral não se pode restringir totalmente o acesso,
mas a inexistência ou ineficiência da gestão ambiental para impor limites, regras e
parâmetros de uso ao bem comum, pode vir a ocasionar graves problemas para a
comunidade.
Essa parábola serve para explicitar o problema enfrentado nos espaços
verdes ou áreas verdes localizado nas zonas urbanas. Áreas estas em geral
públicas, degradadas e com precárias condições de uso por parte de uma população
que não se sente pertencente àquele espaço, o que faz prevalecer uma visão
popular baseada na idéia que “o que é de todos não é de ninguém”. Assim
encontramos usos abusivos – lixo, esgoto, compactação de solo, desmatamento,
depredação, caça – nas áreas que deveriam contar com maior cuidado, justamente
por pertencer a todos.
Somando-se isso ao fato de que a gestão de áreas não revitalizadas são
normalmente relegadas ao segundo plano na ordem de prioridades do municípios,
haja vista que sua importância não é considerada comparável a problemas urbanos
como saúde, educação e segurança, é possível vislumbrar o problema socio-
ambiental que se avizinha.
Embora no topo da agenda de prioridades de boa parte das cidades estejam
os temas reconhecidamente urgentes como saúde, educação, moradia, segurança e
asfalto, as funções de uma área verde bem conservada e com uma gestão eficiente,
vai muito além da preservação de seus recursos naturais, perpassando questões
importantes, conforme veremos na próxima seção.
17
2.2 A IMPORTANCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS E SEUS EFEITOS NO MEIO NATURAL E NA QUALIDADE DE VIDA
A relação existente entre arborização urbana ou espaços verdes urbanos e
qualidade de vida é freqüentemente abordada quando se defende a necessidade de
conservação destes espaços, servindo quase sempre, e por si só, de justificativa
para este fim. A qualidade do ar, a temperatura elevada ou sensação de temperatura
elevada e as áreas permeáveis para a infiltração de água, são fatores ambientais
diretamente influenciados pela quantidade de vegetação existente em uma
localidade. Martins Junior ressalta ainda os benefícios específicos das espécies
arbóreas existentes nestes espaços
Além do efeito positivo sobre o clima, a arborização urbana contribui para o controle da poluição atmosférica, reduzindo os níveis de poluição acústica, absorvendo e dispersando a fumaça e poeira, filtrando as partículas em suspensão, além de eliminar muitos poluentes atmosféricos, enfim, melhorando a qualidade do ar (2007, p. 3).
Ultrapassando os benefícios que podem ser fisicamente sentidos, a
sensação de viver em uma “cidade de pedra” pode causar desconforto entre as
pessoas, especialmente aquelas que vivem em cidades pequenas e médias, que
não estão acostumadas a uma “paisagem de pedra”.
O crescente aumento da atividade turística nacional, e a busca constante
pela atividade em ambientes naturais, comprovados por números oficias do
Ministério do Turismo – Mtur e Organização Mundial do Turismo – OMT1,
demonstram que as pessoas sentem a necessidade de estar em contato com
“espaços verdes”, e isso está diretamente ligado ao seu bem-estar, e talvez, ao fato
de que nos seus locais de residência, seja cada vez mais difícil este contato. Isso
nos induz a refletir se, trazer essa sensação de “contato com o verde” para o dia-a-
dia das pessoas, não faria com que sua sensação de bem-estar, e
conseqüentemente sua qualidade de vida se elevasse.
1 Nos cinco primeiros meses de 2011 o turismo interno cresceu 20,39%, conforme dados oficiais do MTUR em comparação ao ano de 2010. Já OMT estima que 10% das pessoas que viagem pelo mundo sejam ecoturistas, ou seja, pessoas que buscam um contato positivo com o meio ambiente, para praticar atividades de relaxamento lazer e contemplação, em locais que respeitem a natureza e a cultural local, além de buscar informações sobre o local visitado (COSTA, 2008).
18
O conceito de qualidade de vida é bastante amplo e diluído, e para melhor
discuti-lo, alguns autores dividem-no em duas categorias: físico/fisiológicos e
sócio/psicológicos ou culturais. Ferreira (2005) aponta que a qualidade de vida não
deve ser entendida como um conjunto de bens, confortos e serviços, mas do que se
consegue obter ou sentir através destes, em oportunidades efetivas para que as
pessoas sejam felizes. Já Franco concorda que o conceito de qualidade de vida é
algo muito amplo, e que abrange inúmeras facetas, mas ressalta que é um tema que
permeia toda a discussão sobre sustentabilidade
No cerne da discussão sobre sustentabilidade, está o conceito de qualidade de vida, a qual pode ser definida com sendo o grau de prazer, satisfação e realizações alcançadas por um indivíduo no seu processo de vida (2000, p. 43).
É certo que a necessidade de proteção e manutenção das áreas verdes
urbanas, que são afinal, os espaços verdes mais próximos da população, traz
benefícios de curto, médio e longo prazo, tanto para os sistemas ambientais das
cidades como para a qualidade de vida da população. Mesmo assim, ainda há, entre
autores e entre ciências, certa indefinição sobre o conceito de áreas verdes urbanas.
Embora muito se discuta sobre o assunto, especialmente nos meios acadêmicos de
diversas áreas de conhecimento, como arquitetura, geografia, turismo, ciências
sociais, psicologia, entre outras.
Loboda e Angelis (2005) apresentam um histórico sobre as áreas verdes
urbanas e ressaltam que seu conceito está profundamente enraizado na história, e
ligado a questões culturais. A princípio, apenas os jardins eram reconhecidos como
espaços verdes. A jardinocultura era considerada uma arte, mas tinha a função
apenas estética e refletia a cultura e o modo de vida dos povos que os cultivavam.
Somente a partir do século XIX é que as áreas verdes assumem um papel utilitário
no meio urbano, com a criação dos primeiros jardins botânicos.
No final do século XVIII e início do XIX surgiram os primeiros parques e jardins públicos na Inglaterra. Impulsionados pelas mudanças drásticas de comportamento e paisagem ocasionados pela Revolução Industrial, e também por uma corrente de médicos higienistas que defendiam a criação de espaços verdes nas cidades, associados a um modo de vida mais saudável. (FERREIRA, 2005, p.34).
19
O uso e o conceito dos espaços verdes urbanos são bem mais abrangentes.
Considera-se entre os urbanistas, que as zonas urbanas são divididas basicamente
em espaços com construções, espaços de integração urbana (rede rodo-ferroviária)
e espaços livres de construção (MAZZEI, 2007). Dentro deste último se encontram
as áreas verdes, praças, parques, águas superficiais, jardins e canteiros. Pasqual
delineia melhor seu conceito de áreas verdes urbanas
São os espaços livres de construção (praças, parques, áreas verdes, canteiros, etc.) definidos como espaço urbano ao ar livre, onde se encontram áreas verdes urbanas destinadas a todo tipo de utilização que se relacione com caminhadas, descanso, passeios, práticas de esportes, circulação de pedestres e, em geral, à recreação e entretenimento e podem desempenhar, principalmente, funções estéticas, de lazer, ecológico-ambiental, entre outras. (2008, p. 03)
Áreas verdes urbanas, então, podem ser definidas como toda área livre,
localizada dentro dos perímetros urbanos, cujo elemento principal de sua
composição seja a vegetação.
Mas a utilidade das áreas verdes localizadas em ambiente urbano é
bastante ampla. Além das funções ecológicas, as funções psicológicas,
educacionais, estéticas e sociais são citadas e discutidas, no todo ou em partes, por
autores como Pasqual (2008), Caporusso e Matias (2008), Mazzei et. al. (2007),
Gomes e Soares (2003) como sendo:
� Função psicológica: Proporcionam o alívio das tensões diárias em função do
contato com o verde e quebram a sensação, muitas vezes opressora, de viver
em uma “cidade de pedra”;
� Função Educacional: É possível a utilização dos espaços verdes urbanos
para pesquisas, para a educação ambiental com instituições de ensino e
também com ambientes de ensino não formal para a população em geral;
� Função estética: Diz respeito ao embelezamento e diversificação da
paisagem urbana;
� Função social: Proporciona a utilização dos espaços públicos para o lazer e
recreação, onde as comunidades se sintam pertencentes ao local e,
conseqüentemente, co-responsável por seu zelo;
20
� Função Ecológica: Influencia diretamente no micro-clima da cidade, na
qualidade do ar, na manutenção dos cursos d’água, proporciona áreas de
permeabilização do solo e ainda serve de habitat natural para espécies de
flora e fauna;
Em 2004, a Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro –
CIDE fez um levantamento dos principais benefícios das áreas verdes urbanas
(Figura 1). Embora pontual, e já passados alguns anos, percebe-se que as
informações ali contidas continuam atuais.
Organograma dos Principais Benefícios das Áreas Verdes Urbanas
Fatores Urbanos Principais Formas de Degradação Principais Benefícios das Áreas Verdes
Urbanas
Físico
Clima/ar Alterações micro
climáticas
Deterioração da qualidade do ar
Conforto micro climático
Controle da poluição atmosférica
Poluição Sonora Controle da poluição
sonora
Água Alterações da quantidade
de água
Deterioração da qualidade hídrica
Regularização hídrica
Controle da poluição edáfica
Solo / subsolo Alterações físicas do solo
Alterações químicas e biológicas do
solo
Estabilidade do solo
Controle da poluição edáfica
Biológicos
Flora Redução da cobertura
vegetal Redução da biodiversidade
Controle da redução da biodiversidade
Fauna Proliferação de vetores Destruição de
habitats naturais Controle de vetores
Territorial
Uso / ocupação do solo
Desconforto ambiental das edificações Alterações micro
climáticas
Conforto ambiental nas edificações
Poluição visual Controle da poluição
visual
Infra-estrutura / serviços
Dificuldade no deslocamento
Desperdício de energia
Racionalização do transporte
Aumento da necessidade de saneamento
Saneamento ambiental
Redução da sociabilidade Conservação de energia
21
Sociais Demografia
Concentração populacional
Crescimento das
necessidades sociais
Conscientização ambiental
Equipamentos e serviço social
Atendimento das necessidades sociais.
Econômicos
Setores produtivos
Valor e desvalorização da atividade / propriedade
X
Valorização das atividades e propriedades
Concentração de pobreza
e desemprego Amenizações dos bolsões da pobreza
Institucionais
Setor Público Redução da capacidade
de gestão urbana X
Apoio à capacidade de gestão urbana
Instrumentos Normativos
Instrumental insuficiente Instrumento de regulamentação
específica.
Figura 1: Quadro que demonstra os principais benefícios das áreas verdes urbanas. Fonte: FERREIRA, 2005.
Todas estas funções relacionam-se direta ou indiretamente à qualidade de
vida das pessoas que vivem nos aglomerados urbanos. Mas destas, talvez a função
ecológica seja a mais direta e importante. Embora nem sempre seja possível senti-la
em curto prazo, ou pelo menos, os efeitos sentidos não são diretamente
relacionados a ela.
O simples fato de haver espaços não construídos, que normalmente também
são livres de permeabilização, já permite a infiltração de água no solo, ajudando a
reduzir efeitos negativos provocados por enxurradas e enchentes, além da não
propagação de vetores nocivos à saúde humana, muito comuns nestas situações.
Além disso, espaços verdes em áreas urbanas são úteis para abrigar nascentes e
leitos de córregos, que alimentam a bacia hidrográfica regional. O assoreamento
destes córregos pode, por si só, causar danos à estrutura urbana e também
prejudicar, em longo prazo e dependendo de seu tamanho e importância, o próprio
abastecimento de água da cidade.
Estes espaços, especialmente quando abrigam vegetação de porte arbóreo,
contribuem significativamente com a manutenção da umidade do ar e do micro-clima
local, atenuando o calor do sol e mantendo a temperatura média mais agradável em
áreas próximas a vegetação. E ainda podem atuar como filtros para a poluição
atmosférica.
As áreas verdes permitem ainda, a existência e manutenção de uma fauna
mais rica. É comum encontrar em áreas urbanas com grandes extensões de áreas
22
verdes, além de muitas espécies de aves, algumas espécies de mamíferos e um
número significativo de exemplares da ictiofauna.
Mas mesmo com todas as possibilidades de benefícios com a conservação
das áreas verdes urbanas, é possível questionar porque então, o tema não é tratado
com importância pelo poder público? Apenas com base nas importantes funções das
áreas verdes urbanas, é possível afirmar que sua conservação, deveria ser
considerada como questão estratégica para o desenvolvimento sócio-ambiental dos
municípios.
Neste sentido, o planejamento urbano quando ocorrer, seja na forma de
políticas, planos ou programas, não pode se omitir de prever um tratamento
adequado para as áreas de interesse ambiental nos centros urbanos, considerando
as especificidades e necessidades locais.
Franco relembra que a Agenda 21 em seu capítulo 7, reforça a necessidade
de planejamento ambiental e a “administração e uso sustentável do solo” como
ferramentas auxiliares na redução da pobreza urbana. A autora ressalta que este
documento
[...] orienta os países a fazerem um levantamento dos seus recursos de solo e classificá-los de acordo com seus usos mais adequado, ressaltando que áreas ambientais frágeis ou sujeitas a catástrofes devem ser identificadas para medidas especiais de proteção. [...] reconhece que o planejamento ambiental deve fornecer sistemas de infra-estrutura ambientalmente saudáveis, que possam ser traduzidos pela sustentabilidade do desenvolvimento urbano, o qual está atrelado à disponibilidade dos suprimentos de água, qualidade do ar, drenagem, serviços sanitários e rejeito de lixo sólido perigoso (2000, p. 22).
Este documento é importante para reafirmar a necessidade do planejamento
praticado a nível mais local possível, ou seja, o ambiente urbano, levando em
consideração a questão ambiental, pois esta, muitas vezes vem sendo deixada de
lado em detrimento a políticas que consideram como aspecto fundamental do
planejamento urbano a questão socioeconômica. Isso demonstra uma visão
distorcida das funções e benefícios que decorrem da conservação das áreas verdes
urbanas, uma vez que estas compõem o conjunto de sistemas interdependentes e
necessários à sobrevivência do meio urbano.
23
Como já citado anteriormente, os estudos interdisciplinares mais recentes
que tentam valorar os recursos naturais, entendem que não apenas na gestão, mas
já no planejamento, é necessário considerar o valor destes recursos, incluindo os
espaços verdes urbanos, na totalidade do seu ‘valor para não-consumo’, ‘valor de
opção’, ‘valor de existência’. Pois talvez, a ignorância da real importância destes
espaços, possa sair mais caro para a sociedade, do que se entende que sejam em
princípio.
Mas na proporção em que existem vários tipos de áreas verdes urbanas, tais
como canteiros, jardins, parques, praças e águas superficiais, há também diversas
formas de conservá-las. Os jardins, em geral, são espaços privados. As praças
públicas, menores e com grande parte de sua área construída, são utilizada para o
lazer. As águas superficiais possuem legislação específica de proteção, e os
canteiros, embora com importante função de abrigar árvores e áreas de infiltração,
podem acabar sucumbindo para dar espaço ao alargamento de vias públicas. Muitas
vezes, os vãos existentes entre ruas e avenidas, são pensados para isso, e mesmo
com a possibilidade de se manterem as árvores, as áreas de infiltração diminuem
consideravelmente.
Assim, é possível afirmar que uma das formas mais seguras para garantir a
manutenção de áreas verdes com tamanho considerável dentro das cidades são os
parques ambientais urbanos.
Segundo Kliass (1993, p.19), parques urbanos são “espaços públicos com
dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente
cobertura vegetal, destinado à recreação”. Já Melazo e Colesanti (2003) ressaltam
que os parques são destinados a recreação de qualquer tipo, especialmente da
população do entorno, e sua existência está intimamente ligada à qualidade de vida
da população.
Considerando seu papel e funcionalidade, os parques urbanos podem ser
classificados em três categorias, conforme esclareceu Mantovani, no Seminário
Internacional: “Parques Urbanos e meio ambiente: desafios de uso” (2005):
� Parques Tecnológicos: com mobiliário, áreas de lazer, e sem elementos
biológicos significativos;
24
� Parques Jardins: com elementos biológicos em sua maioria exóticos, que
exigem manutenção e têm função paisagística;
� Parques Ecológicos: com ecossistemas naturais em toda a sua estrutura,
provenientes de áreas naturais protegidas e preservadas dentro da área
urbana, ou áreas que perderam sua cobertura original e que depois foram
recuperadas.
Os parques ecológicos podem ainda ser enquadrados como Parques
Urbanos de Lazer ou Parques Ambientais ou então como Parques Naturais. Este
último contemplado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC,
como área protegida.
Os Parques Urbanos de Lazer ou Parques Ambientais são extensas áreas
abertas com predomínio de vegetação, destinadas ao lazer e recreação da
população, podendo sofrer intervenções e ter seu uso definido a critério da
municipalidade. E mesmo possuindo áreas de proteção permanente – APP, nas
margens de córregos, áreas de várzea e etc. não são consideradas unidades de
conservação. Neste sentido, a diferença entre Parques Urbanos de Lazer ou
Parques Ambientais e Parques Naturais Municipais está na legislação que os define
e protege.
O SNUC, instituído pela Lei N. 9.986, de 18 de Julho de 2000, define Parque
Nacional como uma das categorias de unidades de conservação. Uma unidade de
conservação desta categoria quando criada pelo Estado intitula-se Parque Estadual,
e quando criada pelos municípios, denomina-se Parque Natural Municipal. Quanto
ao seu uso e conservação, conforme a legislação, estes parques têm como objetivos
básicos
A preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (Lei N. 9.986, de 18 de Julho de 2000 in GUERRA, 2004, p.46).
25
2.2.1 Parques Urbanos Municipais: da idéia aos dias atuais
Os primeiros parques nacionais criados para fins de conservação ambiental
surgiram no movimento ambientalista americano no século XIX. O Parque de
Yellowstone foi o primeiro Parque Nacional a ser criado, em 1872, e possuía uma
área de 800 mil hectares. Já o Parque Nacional de Yosemite, só foi criado em 1890,
embora um decreto do Congresso americano designasse já em 1864, a
transferência da área pública do Vale de Yosemite para o Estado da Califórnia “com
a condição de que os espaços serão mantidos para utilização, lazer e recreação
públicos e deverão ser mantidos inalienáveis em qualquer tempo” (McCORMICK,
1992, P.30).
Nos Estados Unidos, também na segunda metade do século século XIX,
surge a iniciativa de criação do primeiro parque ambiental Urbano, na cidade de
Nova York, em 1858. Com períodos de glória e decadência em sua história, o
Central Park ainda hoje é romanticamente retratado, e considerado o “pulmão” da
cidade.
Porém, as iniciativas de criação de parques públicos, embora não ainda com
a definição de “nacionais”, mais ainda assim urbanos e públicos, tem origem na
Europa e é anterior as iniciativas americanas. Conforme já relatou Ferreira:
“no final do século XVIII e início do XIX surgiram os primeiros parques e jardins públicos na Inglaterra. Impulsionados pelas mudanças drásticas de comportamento e paisagem ocasionados pela Revolução Industrial, e também por uma corrente de médicos higienistas que defendiam a criação de espaços verdes nas cidades, associados a um modo de vida mais saudável” (2005).
Já no Brasil desde a época do Brasil Colônia, no século XVII que as
autoridades demonstram preocupação com a preservação de áreas verdes no
entorno das cidades. Nesta época, o problema central que culminava nesta
preocupação era o desabastecimento de água potável na área urbana, agravado
principalmente com o significativo aumento populacional decorrente da vinda da
corte portuguesa para o Brasil (FRANCO, 2000).
A mesma autora também relata que já no início do século XIX, a influência
dos chamados “sábios naturalistas”, que vieram da Europa compondo a comitiva da
26
futura Imperatriz Leopoldina, tiveram influência positiva e significativa para que fosse
reconhecida a rica biodiversidade brasileira, o que, de certa forma, despertou o
interesse da elite da época para a conservação ambiental.
Toda essa influência no Brasil teve como reflexo as gestões do Major Archer
e Escragnolle como administradores da Floresta da Tijuca entre 1861 e 1888, com a
idéia de preservação e de conservação para transformá-la em um parque,
respectivamente. Utilizando-se ora de árvores nativas, ora de espécies exóticas, a
Floresta da Tijuca foi reflorestada por estes dois gestores.
Apesar de toda essa preocupação ambiental, o primeiro Parque Nacional
brasileiro, o de Itatiaia, só foi criado sessenta e cinco anos após Yellowstone, em
1937. Mas antes disso, houve diversas iniciativas para a criação de áreas verdes.
Especialmente nas áreas urbanas, remontando desde o século XVIII. Em 1779
começou a ser construído o Passeio Público do Rio de Janeiro. E o Jardim Botânico,
inaugurado em 1808 por Dom João VI, é até hoje considerado um dos ícones das
áreas verdes urbanas brasileiras, abrigando uma significativa coleção florística, além
é claro, de seu valor histórico-cultural.
Já no século XX, muitos parques urbanos foram criados no Brasil, podendo-
se destacar o Parque do Ibirapuera, em São Paulo (1954). Assentado sobre uma
área de várzea de dois milhões de metros quadrados e na confluência de dois
córregos, o parque nasceu para atender a necessidade de recreação, lazer,
esportes, além da difusão da flora e atendimento aos preceitos de higiene e saúde
(KOCH, 2009). Hoje, é uma das principais áreas verdes da maior cidade do país.
Neste sentido, é possível perceber que na criação de parques é uma ação,
geralmente política que vem, pouco a pouco, se impondo. Mas ao passo que a
criação dos parques, especialmente os urbanos, não é algo muito difícil, discutir a
gestão eficiente destas áreas ainda é uma seara com exemplos bem limitados.
Muito ainda se discute sobre a necessidade de profissionalizar a gestão
pública, e em dar a ela um caráter mais técnico do que político. Em algumas áreas
da gestão, essa questão é mais premente que outras, como é o caso, por exemplo,
da resolução das questões ambientais, haja vista que esta, necessita de uma visão
de longo prazo, e sua discussão perpassa por diversos setores da sociedade.
27
Ao falar da gestão de áreas verdes urbanas ou parques urbanos municipais,
um dos primeiros e melhores exemplos que se apresentam é gestão realizada na
cidade de Curitiba/PR. Reconhecida como modelo de desenvolvimento urbano e
como “capital ecológica”. Essa fama tem início no começo dos anos 70 os técnicos
do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC, através da
indicação de Jaime Lerner à prefeitura, tinham a oportunidade de “estar no poder”.
Neste momento, e por vários períodos, a municipalidade, começa a delinear as
estratégias de desenvolvimento urbano pautadas na consideração dos problemas
ambientais urbanos
Foi durante a primeira gestão de Lerner que se institucionalizou a tradição curitibana na preservação de áreas verdes. A mudança no organograma funcional da Prefeitura, ocorrida com a posse de Lerner aproximou a Diretoria de Parques e Praças de seu gabinete. [...]. Na verdade, esse rearranjo funcional fazia parte de toda uma nova estratégia de ação diante dos “problemas ambientais” que a nova gestão procurava colocar em prática, muito embora eles não fossem tratados com base nesse conceito. Os “problemas ambientais” eram considerados no rol dos problemas que obstaculizavam o desenvolvimento econômico da cidade (MENEZES, 1996, p. 101-102).
Desta gestão, e de várias outras que se seguiram até meados dos anos 80,
pode-se perceber avanços importantes na organização dos espaços verdes da
cidade. Menezes (1996) observa que a criação de parques em áreas de mananciais
e a decretação destas áreas como Áreas de Proteção Ambiental – APA. Além da
institucionalização de sua gestão, através do Departamento de Parques e Praças,
mais tarde transformado em Departamento de Parques, Praças e Proteção
Ambiental foram as duas grandes medidas que, somadas a outras de menor impacto
institucional, criaram uma estrutura política e administrativa que viabilizou a gestão
eficiente das áreas verdes urbanas na cidade de Curitiba.
Institucionalizar ou dar respostas oficiais a demandas pela melhoria da qualidade ambiental significava, antes de qualquer coisa, abdicar do poder de barganha na ordem econômica internacional. (TRECHO DO DISCURSO DE JAIME LERNER, AO FALAR DO POSICIONAMENTO DO BRASIL NA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS EM 1972, In MENEZES, 1996, p.15).
28
Mas ser “modelo” significa apenas que é uma das melhores dentro do que
se está propondo a analisar, e que conseguiu resolver com eficiente, parte das
questões pertinentes ao tema. E não necessariamente, que não há problemas a
serem resolvidos. Curitiba, como qualquer outra cidade, especialmente as capitais,
ainda sobre com alguns problemas urbanos como, por exemplo, a favelização.
Dentro da gestão de áreas verdes urbanas, um dos grandes problemas
apontados nas cidades onde há uma estrutura de parques urbanos razoável é a
distribuição espacial destes parques. Mendonça (2002) aponta para este problema
em Curitiba/PR, ressaltando que a grande maioria de seus parques urbanos estão
localizados em suas áreas mais nobres, o que deixa a população das áreas mais
pobres, carentes de opções de lazer próximas de suas residências.
Isso ocorre, em parte porque, a partir da criação destes espaços, há uma
tendência natural de valorização da região no entorno, dado o valor agregado a ela.
Com isso, a realidade que se encontra após o término de implementação destes
parques, é a sua localização em áreas nobres das cidades. O que aponta para a
necessidade constante de se criar novas áreas de lazer, e conseqüentemente,
novos parques para atender as comunidades de periferia. Que, em verdade, são as
que possuem menor acesso a áreas de lazer.
Uma confluência de fatores, fez com que fosse atribuído a Curitiba o título de
cidade modelo na gestão ambiental urbana. O êxodo rural, a conseqüente ocupação
irregular dos espaços verdes, ocorreu em um momento histórico e político em que o
país investia recursos nos municípios, apoiando a idéia de “progresso”. Somou-se a
isso a gestão municipal, e de caráter técnico adotada por Jaime Lerner em suas
gestões como prefeito. O entendimento de que a população deveria se sentir
partícipe deste processo, também foi estratégico na composição desta imagem de
“capital verde”.
É certo que a cidade comporta diversos problemas de ordem ambiental e
social, mas de maneira comparativa, ainda é a que possui os melhores exemplos e
reflexos de gestão de áreas verdes urbanas. Assim, é preciso perceber, que a forma
estratégica, pautada em decisões técnicas de gestão destes espaços verdes, foram
decisivos para esses reflexos.
29
Mas suas decisões foram também baseadas em sua realidade social,
ambiental, política e administrativa de cada época. Por isso, o exemplo pode ser
seguido, mas não deve servir integralmente de parâmetro para a elaboração de
estratégias em outras cidades. Corroborando com esta idéia, Zirkl ressalta que
“Podemos descrever Curitiba como modelo de gestão urbana analisando o planejamento urbano, o transporte público e os programas ambientais. Estes exemplos bem sucedidos poderiam sim ser adotados em outras cidades, sempre, contudo, respeitando as características locais. Levar o modelo inteiro para outros lugares, com certeza, seria um fracasso, por que as mesmas condições e problemas locais não existem em outros lugares. (2003, p. 96)
Entende-se com isso que, o modelo ideal de gestão de áreas verdes
urbanas deve se lembrar dos bons exemplos de experiências anteriores. Mas tal
como descreveu Sachs (1993), ao incluir a dimensão cultural na discussão sobre
sustentabilidade, o modelo de gestão deve, principalmente, ser pautado nas
decisões estratégicas de seus atores sociais e políticos, baseados na realidade
local.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 OBJETO DE ESTUDO
Dourados é o segundo maior município do Estado de Mato Grosso do Sul
(Figura 2). Possui uma população de aproximadamente 196 mil habitantes, dos
quais 90% encontram-se na área urbana (IBGE, 2010). É considerada pólo de
desenvolvimento regional e fica a 224 quilômetros da capital do estado, Campo
Grande.
Campo Grande
Mato Grosso
Goiás
São Paulo
Dourados
Figura 2: Mapa de localização do município no contexto Nacional/Estadual.
31
Sua área urbana é bastante arborizada e segundo a última contagem
realizada no início dos anos 2000, são cerca de 270 mil árvores2 no perímetro
urbano. Mas nos últimos dez anos, segundo a SEMSUR, os limites urbanos do
município foram revistos, de maneira pontual, pelo menos cinco vezes, o que por si
só, já deixa a contagem bastante defasada. Em 2011 a prefeitura fez aprovar um
projeto de lei para aumentar o perímetro urbano do município. Embora menor do que
o inicialmente proposto, a prefeitura conseguiu a anuência dos conselhos municipais
ligados a questão urbana e ampliou a área que era de 82,42 km2 para 210,82 km2
(Figura 3).
Ressalta-se, porém, que há ainda um “vazio urbano” significativo. Muitos
lotes urbanos ainda não foram ocupados, e abrigam parte dos indivíduos arbóreos
da cidade. Isso pode significar que, com a eminente ocupação destes lotes, dado o
crescimento do município e também a função social a que se destinam as áreas
urbanas, boa parte destas árvores, estejam em risco de serem suprimidas.
Além da arborização, o município possui seis córregos em sua área urbana
antiga, e doze áreas verdes dentro do perímetro urbano, instituídas pelo Plano
Diretor Municipal, de 2003, como sendo para o município, Zonas de Especial
Interesse Ambiental – ZEIA (Figura 4). As ZEIAs do novo perímetro urbano ainda
não foram oficialmente demarcadas.
2 Segundo informações da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos – SEMSUR, repassadas pela Eng.
Agrônoma Rosilene Bertipaglia Gimenez. A contagem de árvores está sendo refeita pela secretaria para atender a uma demanda da criação do Plano Diretor de Arborização Urbana, porém, não há data prevista para o término da contagem.
32
Figura 3: Mapa de demarcação do novo perímetro urbano do Município de Dourados/MS. Fonte: Prefeitura Municipal de Dourados, 2011.
33
Figura 4: Mapa de localização de ZEIAs em Dourados/MS. Fonte: Prefeitura Municipal de Dourados.
34
Com o intuito de viabilizar esta pesquisa e torná-la mais objetiva, tomou-se
como objeto de estudo três importantes áreas verdes públicas do município (Figura
5): Parque Municipal Antenor Martins, Parque Municipal Arnulpho Fioravante e
Parque Municipal Natural do Paragem.
Figura 5: Localização dos parques na malha urbana do Município de Dourados: Parque Arnulpho Fioravante (A); Parque Antenor Martins (B); Parque Municipal Natural do Paragem (C). Fonte: Google Earth.
A escolha destas três áreas baseou-se no fato de que, dentre todas as áreas
verdes do município, estas estão oficialmente definidas e demarcadas – legal e
fisicamente, como parques municipais. Embora seus estágios de manutenção sejam
bem distintos, conforme será visto a seguir, espera-se que essa definição das áreas
enquanto parques municipais torne as sugestões que se pretendem obter com a
finalização deste trabalho, mais realistas e cabíveis, do ponto de vista do agente
público que é, no caso do planejamento e gestão de áreas públicas, o tomador de
decisão.
C
A B
35
3.1.1 Parque Municipal Antenor Martins
Possui 244.049,00m² de área, demarcada desde 1977 como um Parque
Municipal. Conta com um grande lago artificial, construído para receber as águas
pluviais, e que hoje é utilizado para pesca esportiva (Figura 6-A) e atividades de
recreação e lazer. O parque foi revitalizado e reinaugurado no ano de 2003,
recebendo boa infra-estrutura como quiosques (Figura 6-B), praça infantil (Figura 7-
A), quadras poliesportivas (Figura 7-B), pistas de caminhada, campo de futebol e um
teatro de arena.
Figura 6: Atividades de lazer no Parque Antenor Martins – Pesca (A) / Vista geral dos equipamentos de lazer (B).
Figura 7: Equipamentos de esporte e lazer no Parque Antenor Martins – Praça infantil (A) / Quadra poliesportiva (B).
A B
A B
36
Está localizado no bairro Jardim Flórida, região de bastante densidade
populacional, e é muito utilizado pelos moradores do entorno. A utilização pela
população do município em geral, se dá especialmente em ocasiões festivas,
quando o parque sedia grandes eventos tradicionais na cidade, como, por exemplo,
a “Festa do Peixe” durante a semana santa e o “Verão Dourados”. Recebe pouca
manutenção de infra-estrutura e por isso, seus equipamentos estão bastante
deteriorados.
O parque abriga uma nascente do Córrego Água Boa, cuja área foi cercada
e reflorestada com vegetação nativa (Figura 8-A). Além da cerca em torno da
nascente, as regras que orientam a utilização do parque, limitam-se a orientações
quanto à entrada de bicicletas, animais, veículos e horário de funcionamento.
Durante o trabalho de campo, foi possível observar que, além das placas
informativas (Figura 8-B), não há regras específicas de gestão da área, ou mesmo
um órgão municipal responsável por dizer exatamente, que tipo de atividade é
permitida no parque.
Figura 8: Área de preservação do Parque Antenor Martins – Entorno da nascente (A) / Placa sinalizando área de preservação “Marco verde” (B).
Na figura 9 é possível observar por imagem de satélite, a área do parque,
bem como seus principais pontos de interesse.
A B
37
Figura 9: Imagem de Satélite do Parque Antenor Martins Fonte: Google Earth.
A
B
E
D C
A – Entrada Principal / Posto da
Guarda Municipal
B – Área de preservação da nascente
do córrego Água Boa
C – Área utilizada para eventos
D – Teatro de Arena
E – Pista de Caminhada
F – Lago construído artificialmente
G – Entrada secundária / Sede do
BOPE/PM
G F
38
3.1.2 Parque Municipal Arnulpho Fioravante
Localizado na área central da cidade, em frente ao Shopping e à Rodoviária
(Figura 10), possui uma área de 582.523,76m2. Também possui um grande lago
artificial, pois a área é receptora das galerias de águas pluviais da cidade. Ali se
encontram alguns pontos de nascente do Córrego Paragem. A infra-estrutura de
lazer existente não é utilizada pela população, por encontrarem-se em condições
precárias de uso. Isso acaba gerando alguns problemas sociais graves, como por
exemplo, sua utilização por usuários de drogas. Além dos quiosques (Figura 11-A) o
parque possui quadras poliesportiva, atualmente utilizadas pela PMA (Figura 11-B),
um campo de futebol e pista de atletismo – a única com medidas oficiais no
município (Figura 11-C).
Figura 10: Shopping visto de dentro do Parque Arnulpho Fioravante.
39
Figura 11: Equipamentos de lazer no Parque Arnulpho Fioravante – Quiosque com churrasqueira (A) / Quadra poliesportiva (B) / Campo de futebol (C).
Na área do parque encontram-se ainda o prédio do Instituto Municipal de
Meio Ambiente – IMAM e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a sede da Guarda
Municipal – GM (Figura 12-B) e o quartel da Polícia Militar Ambiental – PMA. Há
também uma estrada de terra que corta os fundos do parque (Figura 12-A).
A
B
C
40
Figura 12: Infra-estrutura no Parque Arnulpho Fioravante – Estrada de terra (A) / Sede do
IMAM e GM (B).
Instituído como parque desde os anos de 1970, e contando com uma infra-
estrutura precária, o Arnulpho Fioravante enquadra-se na categoria de Parque
Urbano de Lazer. Mas dentro do IMAM, seu órgão gestor oficial, há uma
discordância entre os técnicos sobre a classificação da área como Unidade de
Conservação – UC ou não, porém, sua definição, instituída por Lei, não atende as
categorias de UC definidas pelo SNUC, embora possuindo córrego e nascentes,
possui Áreas de Preservação Permanente – APP, conforme prevê a legislação. De
qualquer forma, oficialmente o parque não é considerado uma UC, ou seja, tem a
mesma definição do Parque Antenor Martins, mas talvez por não ter recebido
melhorias, e conseqüentemente, possua uma área natural maior – embora isso não
signifique preservada – a importância ambiental que se dá a esta área é
significativamente maior que as outras, seja pelo órgão gestor ou pelas instâncias de
governança.
Por ter uma localização privilegiada, o Arnulpho Fioravante chama a atenção
de vários segmentos da sociedade, e é também muito conhecido. Por isso mesmo é
o parque que possui o maior número de projetos de revitalização e melhorias, porém
nada ainda saiu do papel. Vários projetos existentes para o parque – muitos deles
B A
41
ambientalmente questionáveis – se perderam ao longo dos anos em meio aos
rearranjos institucionais que fizeram seu órgão gestor se desvincular de algumas
secretarias e institutos.
Enquanto espera pela implementação de algum dos projetos, problemas
ambientais graves vão tomando conta do espaço, em plena área central da cidade:
Ameaças a fauna (Figura 13) – há uma superpopulação de capivaras no local, que
por vezes “escapam” e atravessam a movimentada rua em frente ao parque; despejo
de esgoto in natura direto no lago, e; um processo de erosão não contido que se
tornou uma voçoroca (Figura 14).
Figura 13: Fauna – Cobras (A), Garças (B) e Capivaras (C).
A B
C
42
Figura 14: Voçoroca – Dentro do parque (A) e avançando para a calçada externa (B).
A figura 15 apresenta uma imagem de satélite do parque Arnulpho
Fioravante, onde foram acrescentados marcadores para a localização de suas
principais características.
A B
43
Figura 15: Imagem de satélite do Parque Arnulpho Fioravante Fonte: Google Earth.
C
E
I
H
F
B A
G
A – Entrada / Sede PMA B – Pista de caminhada e campo de futebol C – Voçoroca D – Sede do IMAM e GM E – Entrada de água de nascente Córrego Paragem F – Lago construído artificialmente G – Quiosques H – Nascente do Córrego Paragem I – Área de mata e saída do córrego paragem do parque J – Estrada que cruza os fundos do parque
J
D
44
3.1.3 Parque Municipal Natural do Paragem
Foi instituído pela Lei N. 2.802 de 21 de Novembro de 2005, com a
finalidade de “preservar a diversidade biológica e os ecossistemas naturais,
admitindo-se apenas o uso indireto e controlado dos recursos”. Este parque está
localizado na região sul da cidade e possui uma área total de 157.962,64m2. Não é
dotada de nenhum tipo de infra-estrutura e por enquanto não possui condições de
uso ou visitação pela população.
Conforme previa a lei que o criou, foi elaborado em 2007 em parceria entre o
Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento – IMAD e a Universidade Federal da
Grande Dourados – UFGD, o Plano de Manejo para a área, que até o momento não
foi implementado. Este plano prevê a implantação de trilhas, programas de pesquisa,
monitoramento, educação ambiental, recreação, manejo e recuperação de áreas
degradadas. Mas sua principal ação será o aumento da área do parque,
incorporando fragmentos de mata do entorno (INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE E
DESENVOLVIMENTO, 2007).
O Parque Municipal Natural do Paragem é, dentre os três parques
estudados, o único denominado como Unidade de Conservação, conforme Lei N.
9.985 de 18 de Julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação – SNUC. Esse processo é importante para a sua conservação, uma
vez que esta é a área que mais sofre impacto ambiental direto (Figuras 16 e 17),
devido ao adensamento populacional do entorno e da quantidade de atividades
sócio-econômicas nas áreas limítrofes.
Dentre os principais impactos identificados na fase de elaboração do Plano
de Manejo estão: pressão por urbanização; aterros; desmatamento; uso do fogo
para queimada de vegetação seca; despejo de lixo doméstico e carcaças de
animais; invasão da mata ciliar pelo gado, provocando erosão; carreamento de
esgoto de moradias próximas; construção de canaletas, e; contenção de água.
(INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 2007)
45
Figura 16: Caminho que divide em duas áreas menores o fragmento de mata do parque. Fonte: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 2007.
Figura 17: Impactos Ambientais no Parque Natural do Paragem – Canaleta de escoamento das águas das piscinas para dentro do parque (A) / Estrada de acesso construída em cima do fluxo da nascente (B). Fonte: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 2007.
A B
46
Até o momento, a explicação para a não implementação do Plano de Manejo
é a ocupação da área por um poceiro, que juntamente com sua família, vive no local
há cerca de 20 anos, instalou um sítio (Figura 18) e vive daquela área3. Embora a
prerrogativa de usucapião não se aplique a propriedades públicas4, o governo
municipal tem tido dificuldade de retomar o local. Atualmente, tenta-se acordo para a
retirada da família do local por intermédio do Ministério Público.
Figura 18: Ocupação do Parque Natural do Paragem – Sítio (chácara) dentro da área do Parque com curral e área de pastagem para o manejo de gado (A) / Restos de construção e material de reciclagem na casa do caseiro do Parque (B). Fonte: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 2000.
Os limites do Parque Municipal Natural do Paragem, bom como a
identificação dos seus principais pontos de interesse, encontram-se assinalados na
figura 19.
3 A área do Parque do Paragem foi desocupada em janeiro de 2012, segundo informações obtidas com a Secretária de Meio Ambiente de Dourados, já após a finalização desta pesquisa, em 23 de fevereiro de 2012,. E até esta data, não havia informações sobre as próximas ações com relação ao parque. 4 1. Meio de adquirir o domínio da coisa, pela sua posse continuada durante certo lapso de tempo, com o concurso dos requisitos que a lei estabelece para este fim. 2. Prescrição aquisitiva do direito de propriedade da coisa móvel ou imóvel”. (Dicionário Michaelis, 2009). “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião” (Art. 102 da Lei 10.406/02 que institui o Código Civil).
A B
47
Figura 19: Imagem de satélite do Parque Municipal Natural do Paragem. Fonte: Google Earth.
C
Limites do parque
A – Área de Mata dentro
do parque
B – Nascentes
C – Vegetação campestre /
Área alagada
D – Área de pasto sujeito
a inundação
E – Córrego Paragem
F – Área de mata no
entorno do parque
G – Entrada
B4 A
F
G D
E
B2 B3
B1
48
3.2 MÉTODOS DE PESQUISA
O presente estudo foi dividido em quatro etapas, utilizando para a realização
de cada uma, metodologias específicas aplicáveis em pesquisas sociais.
Na primeira etapa realizou-se uma revisão de literatura, acerca da relação
entre a sociedade e a natureza, sobre a gestão ambiental e sobre as áreas verdes
urbanas, seus usos, conceitos e modelos de planejamento e gestão. A finalidade
desta etapa consistiu em conceituar e contextualizar as principais teorias que tratem
dos temas pertinentes ao trabalho, subsidiando, teoricamente, a importância das
áreas verdes urbanas, suas principais funções e formas de gestão. Esta produziu
efeitos ainda no capítulo onde se apresentam os resultados finais deste trabalho.
A segunda etapa pautou-se na pesquisa de campo, com o objetivo de
levantar um breve histórico e o estado da arte da gestão dos parques urbanos
municipais. Nesta etapa foi feito o levantamento de Políticas, Planos e Programas
descritos no item anterior. Na medida em que esta etapa avançava, pôde-se
identificar alguns atores (políticos e sociais) relevantes ao processo histórico de
planejamento e gestão de áreas verdes urbanas da cidade de Dourados, que foram
incorporados à etapa seguinte da pesquisa.
A terceira etapa do trabalho dividiu-se em duas frentes. Primeiro:
identificação, seleção e entrevista semi-estruturada com atores relevantes – políticos
e sociais – sobre a gestão de áreas verdes urbanas em Dourados. Essas entrevistas
ocorreram no primeiro semestre de 2011, mais especificamente entre os meses de
fevereiro e junho. Neste momento, foram entrevistadas 15 pessoas (Apêndice A) em
diversos níveis de conhecimento e representatividade social e política.
Segundo Buarque (2002, p.125), a técnica de pesquisa denominada
Entrevista Estruturada ou Semi-estruturada “pode se concentrar em torno do
conhecimento da realidade [...] quanto pode ampliar o enfoque para a identificação
de demandas da sociedade e das propostas de projetos de desenvolvimento local”.
Em linhas gerais, os objetivos das entrevistas se concentraram em verificar o
conhecimento do entrevistado sobre as áreas em estudo (localização, gestão e
fiscalização), suas impressões sobre a função das áreas verdes urbanas e o que
este considerava um modelo ideal de gestão de Parques Municipais em Dourados.
49
Os entrevistados são aqui chamados de “atores especialistas”, pois, sua
atividade profissional, conhecimento técnico-acadêmico, ou atuação político-
institucional, permitem o conhecimento e reflexão clara acerca das áreas verdes
urbanas na cidade de Dourados, e sobre seu modelo de gestão.
Foram considerados atores especialistas, diversas personalidades políticas
e sociais da cidade de Dourados, identificados durante a pesquisa documental,
como importantes personagens no processo de planejamento e gestão de áreas
verdes urbanas. Sejam por contribuições anteriores, ao longo do processo de
consolidação da legislação vigente, atuação profissional e política, seja pela
contribuição atual, como gestores executivos dessas áreas, co-gestores consultivos,
fiscalizadores, representantes de Organizações Não Governamentais Ambientais
entre outros. Além das personalidades do meio acadêmico ligados ao tema.
Ainda na terceira etapa, paralelamente as entrevistas, foi aplicado um
questionário a outros atores sociais (Apêndice C), escolhidos por serem
representativos da sociedade douradense e em um nível de abrangência maior.
Foram questionados os representantes de associações de moradores, entidades de
classe e movimentos sociais, como forma de obter uma amostra da opinião da
população geral.
O questionário (Apêndice D) foi encaminhado para 70 atores, e possuía uma
abordagem mais simples e direta. Composto de apenas duas perguntas objetivava
saber basicamente, sobre ações de gestão de áreas verdes urbanas. Esse processo
utilizou-se da Técnica conhecida como Delfos Político, onde foi feita a seleção e
consulta a atores representativos da sociedade, e cujo retorno da consulta, levou em
consideração, muito mais o peso político de cada seguimento social do que
necessariamente a quantidade, procurando sempre equilibrar os questionários
recebidos de cada segmento social.
O método Delfos é uma técnica de consulta estruturada (a atores sociais ou especialistas), [...]. Trata-se de um processo de reflexão coletiva, sem que os participantes se encontrem ou dialoguem diretamente, posicionando-se diante da visão do conjunto [...]. A técnica Delfos pode ser utilizada tanto para a reflexão em torno dos problemas e potencialidades (conhecimento da realidade) quanto para a definição de prioridades, programas e projetos na etapa de tomada de decisão (BUARQUE, 2002, p. 128).
50
Esta pesquisa foi feita em duas rodadas, tal como recomenda a técnica.
Após obter as respostas da primeira rodada, numa taxa aproximada de 35%,
elaborou-se um relatório, na forma de um segundo questionário (Apêndice E),
submetido às mesmas pessoas que responderam à primeira. Com acesso ao
relatório da rodada anterior, os atores foram estimulados a repensar suas escolhas
anteriores e ranqueá-las juntamente com as escolhas dos demais entrevistados, em
uma escala de importância.
As respostas finais dos entrevistados foram transpostas em tabelas e
organizadas de forma a atribuir-lhes um sistema de pontos, que traduziu o grau de
importância que os atores deram nas ações que deveriam ser priorizadas ou
combatidas na gestão dos parques urbanos. As tabelas completas do ranqueamento
feito pelos entrevistados encontram-se nos apêndices deste trabalho (Apêndice F) e
seus resultados finais são apresentados e discutidos no próximo capítulo.
Conforme Buarque (2002) o objetivo da aplicação desta técnica é
estabelecer, principalmente, as ordens de prioridade da tomada de decisões
políticas, com o objetivo de subsidiar as decisões de desenvolvimento local ou
municipal.
A técnica foi desenvolvida e tem sido usada, normalmente, para reflexão em torno de probabilidade de eventos futuros, como ferramenta de construção de cenários. No entanto, foi adaptada para utilização no planejamento local e municipal, explorando a visão dos atores sobre a realidade, o futuro desejado e as ações e iniciativas prioritárias para o desenvolvimento; sob esta forma, é conhecida como Delfos Político (BUARQUE, 2002, p. 128).
A utilização desta técnica permitiu ainda, que os entrevistados tivessem
acesso as respostas uns dos outros, mesmo não vinculando a resposta à pessoa, e
com base nisso, tiveram a subsídios para repensar suas escolhas, confirmando ou
modificando-as, conforme sua vontade.
Nesse trabalho o objetivo foi, juntamente com a etapa de entrevistas,
subsidiar a decisão sobre os modelos de gestão de áreas verdes urbanas a ser
adotado no município de Dourados/MS. Aliando a opinião de atores sociais e
especialistas, às pesquisas bibliográficas sobre modelos de gestão em outras
51
localidades, de modo a pensar um modelo de gestão, se não ideal, mas adaptado a
realidade da cidade de Dourados.
A última fase do trabalho consistiu em coligir e analisar os resultados obtidos
nas etapas dois e três, discutindo seus resultados à luz dos autores e teorias
identificados na primeira etapa, com a inserção das conclusões finais e
recomendações.
Na figura 20, encontra-se a esquematização das etapas realizadas neste
trabalho.
52
3.2.1 Esquema de organização das etapas do trabalho
Figura 20: Organização das etapas do trabalho.
Escolha e
delimitação do tema
Delimitação do
objeto de estudo
Fundamentação
teórica
Sociedade e
Natureza
Trabalho de Campo
Gestão Ambiental
Urbana
Áreas Verdes
Urbanas
Parques Urbanos
Municipais
Visita aos Parques
Urbanos
Levantamento de
documentos
Aplicação da
Entrevista
Aplicação da 1ª.
Rodada do
questionário Delfos
Aplicação da 2ª.
Rodada do
questionário Delfos
Compilação e Análise
dos Resultados
Resultados e
Discussões
Conclusões e
Recomendações
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 ENTREVISTAS COM ATORES ESPECIALISTAS
A entrevista com atores especialistas teve por objetivo identificar dentre eles,
que são importantes e representativos para o tema discutido, o conhecimento que
possuíam sobre as áreas em estudo – localização, gestão e fiscalização; As suas
impressões sobre a função das áreas verdes urbanas; O que consideram um modelo
ideal de gestão de Parques Municipais; e, o que esperam para estes parques no
futuro. As perguntas foram divididas em blocos, que comporiam respostas de
interesse para a discussão do trabalho.
4.1.1 Importância de áreas verdes urbanas – Objeto de Estudo
O primeiro bloco de perguntas tentou identificar a percepção geral do
entrevistado sobre funções de áreas verdes urbanas, bem como seu conhecimento à
cerca das áreas que servem como objeto de estudo deste trabalho.
Sobre a percepção geral dos entrevistados com relação a importância das
áreas verdes no perímetro urbano dos municípios, 90% deles atrelou as funções
sociais e estéticas – ligadas ao lazer, recreação e paisagem, e a função ecológica –
citando permeabilização do solo, controle do microclima e renovação do ar como as
principais contribuições destas áreas. E apenas dois deixaram clara a posição da
importância apenas da função ecológica.
Depois perguntou-se quais eram consideradas as principais áreas verdes
urbanas do município. As respostas de todos os entrevistados incluíram o Parque
Municipal Arnulpho Fioravante, ou então a área linear ao córrego Paragem, que tem
boa parte de suas nascentes dentro deste parque. As áreas demarcadas como
54
zonas de especial interesse ambiental e o parque Antenor Martins também foram
citados pela maioria dos entrevistados.
O perímetro do Córrego Laranja Doce (Figura 21) foi citado por 1/3 dos
participantes da entrevista como sendo uma das principais áreas verdes da cidade.
Para esta área, há um projeto de implantação de parque linear, que foi elaborado
pelo Arquiteto Luis Carlos Ribeiro, num momento de grande mobilização da
sociedade douradense em prol do meio ambiente e do projeto, especificamente.
Enquanto a grande maioria dos córregos urbanos é afluente do Rio Dourados, o
Laranja Doce é afluente do Rio Brilhante na área urbana do município. Este córrego
margeia em boa parte uma área nobre da cidade e dentre as diversas dificuldades
para tirar o projeto do papel, está a falta de recursos para desapropriação das
propriedades do entorno.
Figura 21: Área urbana de Dourados, com destaque para o perímetro do córrego Laranja Doce. Fonte: Prefeitura Municipal de Dourados.
Considerando as respostas que incluíram “as áreas de ZEIA” e a área do
córrego Paragem, verificou-se que apenas 25% dos participantes da entrevista
55
citaram o Parque Natural do Paragem, por onde passa o córrego de mesmo nome,
na região sul da cidade, como sendo uma das mais importantes áreas verdes da
cidade. E esta é a única área do perímetro urbano douradense, decretada
oficialmente como Unidade de Conservação, apesar de ainda não possuir infra-
estrutura de equipamentos e serviços que permitam que seja desfrutado pela
população.
Durante uma das entrevistas, apurou-se que há recursos disponíveis para a
implementação do Plano de Manejo do Parque Natural do Paragem, que está pronto
desde 2007. Este recurso seria oriundo do pagamento de uma compensação
ambiental realizada pelo empreendimento Usina São Fernando – Açúcar e Álcool,
na época de sua instalação. Essa informação foi obtida na Promotoria Estadual de
Meio Ambiente e confirmada pela Secretaria de Meio Ambiente do Município, que
informa ainda que o recurso, à época, era de R$ 300 mil e está sob a
responsabilidade da SEPLAN, aguardando a liberação da área para que possa ser
aplicado.
A pergunta sobre quais eram as principais áreas verdes urbanas teve a
intenção de confrontar a opinião dos entrevistados, com a escolha do objeto de
estudo deste trabalho, corroborando ou refutando sua importância. Depois, foi-lhes
informadas as áreas que são objeto de estudo, e que à partir daquele momento,
seriam as áreas sobre as quais a entrevista se referiria ao falar de áreas verdes
urbanas.
Perguntou-se em seguida se os entrevistados conheciam as áreas e se
tinham o hábito de freqüentá-las. À exceção de dois entrevistados, que não
conheciam o Parque Natural do Paragem, todos sabiam ao menos, onde se
localizavam as três áreas e haviam passado por lá, ao menos uma vez. Já quanto ao
hábito de freqüentá-las, a grande maioria respondeu que, para lazer “não” ou “não
mais”, pois as áreas possuem estrutura muito precária ou inexistente. Boa parte
ainda visita as áreas, com relativa freqüência, para fins de estudo, visitas técnicas,
eventos, e outros compromissos profissionais. Perguntados ainda se as áreas, que
são afinal definidas como parques – enquanto extensão territorial e não condições
físicas – seriam suficientes para Dourados, a resposta unânime foi “não”.
56
4.1.2 A gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS
O segundo bloco de perguntas tinha a intenção de levantar o conhecimento
dos entrevistados sobre as áreas, perguntando se sabiam qual (is) órgão(s) era(m)
responsável (is) pela gestão dos parques urbanos municipais, no que consiste essa
gestão, quem é responsável por sua fiscalização e também como entendiam que
está gestão vinha sendo executada, de acordo com suas expectativas.
Os órgãos mais citados foram o IMAM e/ou Secretaria de Meio Ambiente –
2/3 dos entrevistados, mas as respostas em geral apontavam para mais de um
órgão e incluíram: Promotoria de Meio Ambiente, Conselho Municipal de Defesa
Ambiental, Secretaria de Serviços Urbanos – SEMSUR, Secretaria de Obras,
Secretaria de Planejamento – SEPLAN, Secretaria de Agricultura, Indústria e
Comércio – SEMAIC, Gabinete do Prefeito e Fundação Cultural e de Esportes –
FUNCED. Dentre os fiscalizadores, foram citados IMAM, Secretaria de Meio
Ambiente, SEMSUR, SEMAIC, Guarda Municipal – GM e Polícia Militar Ambiental –
PMA.
É fato que a própria Secretaria de Meio Ambiente e o IMAM, que na atual
estrutura administrativa do governo municipal tem o mesmo gestor, o mesmo prédio
e funcionam praticamente em fusão, não foi possível obter uma resposta exata sobre
quem é o responsável pela gestão das áreas verdes na cidade de Dourados. Pois
entendem que, as áreas tem definições diferentes – parque ambiental, parque de
lazer, unidade de conservação – e por isso tem gestores diferentes, mesmo não
sabendo informar quem são.
Na discussão sobre no que consiste essa gestão, feita pelos órgãos citados,
aparecem como resposta: elaborar o planejamento, zelar pelo espaço físico, garantir
a ordem, manutenção e emissão de autorização para uso, sendo esses usos, os
mais diversos, indo de visitas técnicas de pequenos grupos de pesquisadores e
estudantes, a festas públicas de grande porte.
Dois entrevistados responderam que a gestão tem sido conforme as
expectativas, pois dada a atual situação político-administrativa do município, não é
possível exigir mais. Todos os outros entrevistados disseram que está aquém ou
muito aquém de suas expectativas, evidenciando como possíveis motivos para isso
57
o desinteresse do poder público, a não execução da política municipal de meio
ambiente, a pouca discussão que se faz sobre meio ambiente em Dourados e
também a confusão na gestão das áreas, não tendo definido quem é o órgão
responsável e conseqüentemente, não tendo material humano especializado
trabalhando para este fim.
Neste momento, ao tentar corroborar as informações acima, perguntou-se
de ações de melhoria ou projetos de médio e longo prazo envolvendo os parques.
Levantou-se ações esporádicas de manutenção como limpeza dos lagos, “roçadas”
e cercamento, recolhimento de lixo do parque, plantio de árvores, sinalização,
identificação etnobotânica e ações de educação ambiental, algumas de iniciativa
pública, outras por iniciativa de clubes de serviços, conselhos municipais, empresas
privadas, ONGs e afins.
Para projetos, quase todos se lembraram da idéia de construir avenidas
expressas ao longo do córrego Paragem, ligando o sul ao centro da cidade, onde
seriam construídos também condomínios para moradia popular. Mesmo não tendo
chegado a projeto, esta idéia ainda persiste na lembrança – inclusive dos
entrevistados, por ter sido muito discutida na época de seu anúncio.
Outros projetos relevantes levantados foram: Projeto de Implantação de uma
Escola Técnica Federal em uma área dentro do Parque Arnulpho Fioravante;
Criação de um corredor ecológico ao longo deste mesmo córrego – Paragem;
Construção de um portal de entrada e um observatório dentro do Parque Arnulpho
Fioravante; Projeto de revitalização do Parque Arnulpho Fioravante; Plano de
Manejo do Parque Natural do Paragem.
É importante ressaltar que dentre os projetos citados acima, o primeiro foi
apenas uma discussão, aprovada no COMDAM, mas que não chegou a avançar
para projeto. O segundo e terceiro chegaram a virar projetos, mas são mais antigos
e não foi possível localizá-los dentro da estrutura administrativa da prefeitura. E os
dois últimos ainda existem. O Plano de manejo se encontra no IMAM e SEPLAN –
não há cópias digitalizadas, apenas uma via impressa em cada órgão. Já o Projeto
de revitalização foi obtido com um dos entrevistados, que na época de sua
apresentação, indicou aos conselhos municipais envolvidos, uma série falhas no
documento que viria a causar sérios prejuízos ambientais a área. Não há mais
58
cópias ou informações a respeito, possíveis de serem localizadas, no órgão de meio
ambiente do município.
4.1.3 A importância das áreas verdes urbanas em Dourados
O terceiro bloco de perguntas tentou identificar as principais funções de
áreas verdes urbanas. Foram descritas aos entrevistados três funções ecológicas de
áreas verdes no perímetro urbano e foi solicitado que as hierarquizassem da forma
que entendiam ser mais importantes para a cidade de Dourados, especificamente. E
o por que. Obteve-se o seguinte resultado:
1. Manutenção dos córregos e nascentes na área urbana: Córregos e nascentes
são problemas urgentes, em qualquer circunstância. São componentes
importantes da micro-bacia e conseqüentemente, do sistema de
abastecimento de água do município. Assoreados e poluídos podem trazer
diversos prejuízos e perigos à população, e neste estágio, sua recuperação é
difícil e financeiramente dispendiosa. Há ainda a questão da ocupação destas
áreas, sempre que não há uma forma de protegê-las.
2. Reduzem os efeitos da impermeabilização do solo na área urbana: Essa
função depende, em parte, da função acima. Pois manter leitos de córregos e
nascentes já garante áreas de infiltração na área urbana. Em Dourados, há
ainda um grande número de áreas não construídas, mas a partir do
crescimento natural e cada vez mais rápido da cidade, essas áreas tendem a
diminuir significativamente, o que aumenta a importância das áreas verdes
públicas. Os parques Arnulpho Fioravante e Antenor Martins são exemplos de
áreas que recebem parte das águas pluviais de suas regiões sendo que, seus
lagos, são artificiais e construídos para esta finalidade.
3. Interferem positivamente no microclima da cidade: As áreas não construídas
dentro da cidade também abrigam muitos indivíduos arbóreos, da mesma
forma que na função anterior, enquanto a cidade não cresce e estas áreas
desocupadas não desaparecem, há uma área significativa, coberta por
vegetação, mas essa situação é temporária. Além disso, a industrialização da
cidade ainda é relativamente baixa, se comparada a outras cidades. A
59
combinação de fatores garante à cidade certo conforto ambiental com relação
ao microclima local, o que pode dificultar entender a importância das áreas
verdes para este fim.
Procurou-se saber também, qual dos parques melhor cumpria a função
ecológica principal e porque, ficando em primeiro lugar o Parque Arnulpho
Fioravante e em segundo, com pequena diferença, o Antenor Martins. Esses
parques, além de geograficamente mais centralizados, possuem lago e abrigam
nascentes importantes de córregos da cidade. O Parque Natural do Paragem,
apesar de possuir a melhor cobertura vegetal, é menor em extensão territorial, e fica
localizado na periferia do centro urbano.
Perguntados se os parques, de modo geral, conseguem atender essa
função, houve certa dúvida se os parques, apesar de estarem em sua maioria muito
degradados ambientalmente, atendem essa necessidade, ou se, na realidade, sendo
Dourados uma cidade de porte entre pequeno e médio, os problemas ambientais
ainda não sejam tão sérios e evidentes a ponto de se perceber o impacto.
4.1.4 O modelo ideal de gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS
Ao levantar essa questão, o objetivo não era que os entrevistados
buscassem modelos teóricos ou mesmo experiências acertadas de outras
localidades, mesmo porque, alguns não teriam conhecimento para fazê-lo. A
intenção era saber, de maneira mais simples e objetiva, o que deveria ser feito pelos
parques urbanos de Dourados. Para isso, o questionamento foi: “Se a
responsabilidade pela gestão destas áreas fosse sua, quais seriam suas principais
ações?”. O resultado obtido, por ordem de respostas citadas da maior para menor
quantidade de vezes foi:
� Elaboração de Planos de Manejo para as áreas e implementação do que já
existe, definindo a finalidade de cada parque – tipo de uso permitido, para só
então, pensar no seu sistema de gestão;
60
� Implementar os projetos existentes para estas áreas, especialmente no que
tange a projetos de lazer, dando uso popular aos parques e fazendo-os entrar
no contexto urbano;
� Campanha de conscientização ambiental para a sociedade e para o poder
público;
� Imediata intervenção nos danos ambientais – entrada de águas pluviais sem
controle, e realização de ações de limpeza e fiscalização para que não
voltasse e ficar poluído;
� Ampliar os parques, inclusive com a criação de parques lineares na área do
entorno;
� Buscar recursos internos e externos para executar a gestão dos parques;
� Fazer a recomposição vegetal;
� Fechar os parques e deixá-los apenas para fins de preservação;
� Buscar parcerias com a sociedade civil organizada – Universidades, ONGs,
OSCIP, entre outras;
� Atender as populações que vivem nas áreas de várzea e entorno dos
parques;
Para confirmar as respostas acima, a última pergunta tentou levar os
entrevistados a uma visão de futuro, onde foi perguntado o que gostariam de ver,
com relação às áreas verdes urbanas, se “sobrevoassem” a cidade de Dourados
após dez anos. Diversos cenários foram idealizados. De maneira rápida, sucinta e
embora com muitas semelhanças quanto à situação ambiental desejada, nenhuma
descrição foi igual à outra, tendo inclusive um cenário negativo.
Mas foi possível concluir que, de forma bastante aproximada, os cenários
idealizados foram os esperados de cada ator social, tendo em vista sua colocação
anterior sobre o modelo ideal de gestão de áreas verdes. De maneira geral,
enxergou-se uma cidade muito arborizada, com grandes faixas verdes por onde
passam os córregos, e parques – ampliados ou não – já revitalizados, com
funcionamento e visitação adequados para atrair bastante público, integrando-se ao
contexto urbano.
61
4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DELFOS
Diferentemente da etapa anterior, que buscou a visão de atores mais por
sua especialidade e importância política, a aplicação da Técnica Delfos buscou
incorporar a este trabalho a visão sobre gestão de áreas verdes urbanas de atores
sociais, levando-se em consideração o quão representativos são em suas bases.
A primeira rodada de entrevistas questionou sobre o que deveria ser feito, e
o que não deveria ser feito com relação à gestão de Parques Urbanos (Apêndice D),
pedindo que fossem colocadas por ordem de prioridade e deixando livre para que o
entrevistado respondesse o que quisesse, sem limitar suas opções.
Todas as respostas foram relatadas conforme a ordem de prioridades e
recolocadas em um segundo questionário (Apêndice E) remetido aos mesmos atores
que responderam ao primeiro. Nesta segunda rodada, os atores foram convidados a
repensar suas respostas anteriores – que estavam no questionário – mas lhes
oferecendo também a resposta dos demais atores. Neste segundo questionário, as
respostas foram divididas em ações Político-Institucionais (Figuras 22 e 23) e de
Infra-estrutura (Figuras 24 e 25), de forma a esclarecer e facilitar a conexão entre as
ações, além de facilitar a comparação para escolha.
Foi então pedido ao entrevistado que estabelecesse, dentre as opções, uma
ordem de prioridades, quanto a ações de gestão que deveriam ser priorizadas ou
combatidas nos Parques Municipais. Os resultados finais obtidos com a aplicação da
Delfos estão expostos nos gráficos a seguir.
62
Ações Político-institucionais que devem ser priorizadas na gestão
0 20 40 60 80 100
1. Definir responsabilidade de gestão dos parques e torná-los UC
2. Fiscalização e Segurança
3. Conservação e/ou Preservação dos Parques
4. Planejamento / Zoneamento com respaldo no PD
5. Criação da figura do Guarda-parque
6. Implantação de programas de Educação Ambiental
7. Parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico
Figura 22: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão político-institucionais.
Ações político-institucionais que devem ser combatidas na gestão
0 50 100 150
1. Fiscalização ineficiente
2. Uso da área para grandes eventos
3. Caça
4. Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas
5. Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas
6. Deixar de usar a área Ed. Ambiental
7. Permitir uso/exploração comercial da área
Figura 23: Ordem das ações a serem combatidas na gestão político-institucional.
63
Embora muitas ações tenham sido citadas pelos entrevistados, na discussão
sobre gestão político-institucional, há certo consenso sobre a urgência em definir a
finalidade e a responsabilidade pelas áreas. Essa decisão seria importante para
instituir, de forma mais efetiva a fiscalização e a conservação ambiental das áreas.
Pois muitas vezes as ações de controle de problemas ambientais se da através de
fiscalização, manutenção e controle no uso.
Já as ações de gestão que devem ser combatidas na condução das ações
dos parques, versa sobre a fiscalização ineficiente, o que acarreta em mau uso da
área por parte da população – caça, despejo de lixo e efluentes, abandono, etc., e
do próprio poder público, que realiza ações de revitalização da área sem o devido
cuidado. Exemplos disso são as ações promovendo plantio de árvores sem
identificar as espécies arbóreas corretas para o terreno ou a permissão concedida
para que os parques recebam grandes eventos sem conexão com questões
ambientais.
A observância das respostas obtidas quando a dimensão político-
institucional, tanto nas ações a serem priorizadas quanto nas ações a serem
combatidas comprovam que a opinião dos atores, evidencia os principais problemas
detectados nos parques durante as outras etapas de pesquisa.
64
Ações de Infra-estrutura que devem ser priorizadas na gestão
0 20 40 60 80 100 120 140 160
1.Equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente
2. Plantio de árvores nativas / Reflorestamento
3. Eliminação da entrada de água externa (esgoto)
4. Criação de Parques ao longo dos córregos
5. Manutenção dos equipamentos e limpeza
6. Melhorias no acesso e sinalização interna
7. Criar mais parques para desafogar os existentes
8. Implantação de Trilhas
9. Compostagem das folhas
10.Implantação de um Parque aquático
11. Implantação de um zoológico
Figura 24: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão em infra-estrutura.
Ações de Infra-estrutura que devem ser combatidas na gestão
0 50 100 150
1. Contaminação por efluentes de esgoto
2. Abandono da manutenção
3. Depredação ambiental
4. Edificações que descaracterizam a área ambiental
5. Edificação da área e ocupação desordenada do entorno
6. Redução da área para construção de avenidas
7. Criação de novos parques com objetivos políticos
Figura 25: Ordem das ações a serem combatidas na gestão de infra-estrutura.
65
A criação dos parques Arnulpho Fioravante e Antenor Martins tinha por
intenção, dentre outras utilidades, que servissem como pontos de escoamento das
águas pluviais oriundas das regiões mais altas da cidade. Sua localização e
topografia eram estratégicas para este fim e, se hoje suas áreas estivessem
impermeabilizadas, boa parte da região central da cidade sofreria com enchentes.
Porém, uma das grandes preocupações dos atores sociais entrevistados, mostrou-
se a entrada de água externa e esgotos nos parques. Galerias de águas pluviais de
suas respectivas regiões deságuam nos lagos, porém, a contaminação destes
espaços, advindas dessas águas está cada vez maior, e até o momento, não foi
localizado pelo órgão de meio ambiente do município, qual (is) empresa(s) são
responsáveis por esta contaminação, despejando efluentes impróprios nas galerias,
e conseqüentemente, nos lagos.
Isso se tornou um problema sério dentro dos parques, haja vista que sua
área é alagável e esta contaminação pode se espalhar. Percebe-se até o momento
que, os esforços pontuais para eliminar esta contaminação não tem surtido efeito.
Além disso, pouco se fez à respeito da contaminação já instalada.
Identifica-se ainda a necessidade de empoderamento do espaço pela
comunidade, através da recuperação ambiental, reflorestamento e principalmente da
implantação e/ou restauração dos equipamentos de lazer ali existentes. Pois mesmo
que definida como prioridade de utilização do parque, a conservação, será
necessário levar a sociedade a aderir à idéia, e isso normalmente se dá quando há
condições mínimas de utilização da área pela população.
Há que se perceber que, sem a discussão e resolução dos principais
problemas relacionados na dimensão político-institucional, notadamente a questão
da responsabilidade de gestão da área, não é possível esperar que ações de infra-
estrutura sejam resolvidas, pois deverá ser o mesmo agente, o executor dos planos
de melhorias físicas e recuperação ambiental dos parques.
66
4.3 DISCUSSÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS
As áreas de ZEIA em Dourados foram assim delimitadas por serem áreas
verdes e/ou alagáveis, com alto potencial para preservação/conservação ambiental,
não significando, necessariamente que são áreas públicas, desabitadas ou
desprovidas de construções. Mas ainda assim são consideradas estratégicas do
ponto de vista ambiental. Porém, não há estudos que indiquem a extensão territorial
destas áreas e nem o que significam, proporcionalmente, para a área urbana,
especialmente com a recente ampliação do perímetro. Espera-se que o PD previsto
para 2013, informe tais dados, indicando inclusive, quais serão as ZEIAS dentro da
nova extensão do território urbano municipal.
Entretanto, se as áreas verdes urbanas ainda não estão bem definidas, os
instrumentos que as protegem também deixam a desejar. Há certo consenso entre
atores especialistas e as pesquisas de campo, revelando que a política de meio
ambiente, chamada Lei Verde, por si só, não vem atendendo as necessidades
ambientais do município, especialmente do que tange as áreas verdes urbanas e os
parques, especificamente.
Todavia, pode-se questionar também até onde podemos exigir pormenores
na política de meio ambiente do município, no que tange sua gestão. Políticas
ambientais são, em essência, instrumentos abrangentes que indicam diretrizes
norteadoras da questão a qual se referem, no caso, meio ambiente. Além disso, a
responsabilidade de integrá-lo a dinâmica da cidade e a vida cotidiana de seus
cidadãos, fazendo com que suas funções ultrapassem os limites ecológicos e
atendam também a questões estéticas, sociais e psicológicas, deve ser pensada em
conjunto com políticas de ordenamento urbano, como por exemplo, o Plano Diretor
Municipal.
Contudo, o que se percebe é que há um círculo vicioso na importância que
se dá as áreas verdes de maneira geral. A ocupação, desordenada e ilegal, de áreas
de interesse ambiental ganha notoriedade na mídia, e faz com que a população se
mobilize por essas áreas, muito mais do que pelas áreas já instituídas como
parques. O resultado é que parques com mais de 30 anos de existência,
completamente abandonados, como é o caso do Arnulpho Fioravante, não recebem
67
a mesma dedicação que parques recém criados, como é o caso do Parque Rego
D’água.
Por um lado, a formação de novos parques pode vir a garantir que estas
áreas fiquem protegidas, mas dada a análise feita em documentos, pesquisas de
campo, e nos questionamentos aos atores sociais e políticos diretamente envolvidos,
o decreto de criação e o cercamento de uma área como parque, por si só, não
garante sequer que esta ficará livre das ocupações indevidas, e não garante tão
pouco, a sua conservação.
É possível observar ainda que diversos problemas foram identificados, em
todas as etapas da pesquisa, nos parques urbanos municipais em estudo. E estes
problemas podem ser facilmente encarados, como problemas comuns em todas as
áreas verdes da cidade. Atores políticos, sociais e especialistas confirmam várias
das informações obtidas na pesquisa documental e na observação da realidade de
Dourados sobre a situação destas áreas. Mas é possível afirmar que dois problemas
se mostram graves ao ponto de inviabilizar a gestão destas áreas, e que, direta ou
indiretamente, são a causa de todos os outros.
O primeiro problema, e talvez o mais grave é a indefinição de qual é o órgão
municipal é, na prática, gestor destas áreas. Sua utilização é autorizada por vários
órgãos, dependendo do uso que se queira dar. A manutenção é feita por outros
órgãos e não necessariamente, há uma coordenação deste trabalho por uma pasta
específica, que tenha infra-estrutura, recursos humanos e financeiros para este fim.
Dentro da própria prefeitura há uma discordância sobre quem é o órgão municipal
gestor dos parques. O órgão de meio ambiente, por exemplo, reconhece a sua
gestão em apenas dois dos parques, embora os recursos financeiros destinado a um
deles esteja sob responsabilidade da SEPLAN. O resultado disso, na prática, é que
a gestão dos parques, freqüentemente, é dividida entre vários órgãos.
Com isso, além dos eventos da prefeitura, já inclusos no calendário oficial, o
parque, por vezes, recebe outros tipos de eventos como, por exemplo, campeonatos
de som. E em várias destas ocasiões, é possível observar as poucas regras de uso
existentes, sendo quebradas em favor de um evento ou atividade específicas. Vale
ressaltar que isso ocorre, de forma mais corriqueira, no parque Antenor Martins.
68
Essa indefinição quanto à responsabilidade de gestão das áreas verdes é
muito séria, e determinante no processo de abandono que estes parques vem
sofrendo. Definir a responsabilidade do planejamento e da gestão destas áreas,
inclusive com a criação de um departamento específico dentro da estrutura
administrativa municipal, para este fim, composto por corpo técnico especializado,
será determinante no processo de implementação de uma gestão eficiente.
O segundo grande problema detectado pela pesquisa é a implementação
pontual e esporádica, de projetos para os parques existentes. Enquanto parques
importantes, com mais de 30 anos de existência, encontram-se em condições
precárias e com sérios problemas ambientais, dotações orçamentárias são feitas
para a construção de alguma infra-estrutura de lazer para parques recém criados.
Não se pode afirmar, sem um estudo criterioso, que uma determinada área
verde é mais importante que outra. Mas o que se percebe, é que os investimentos
são pautados em critérios muito mais políticos do que técnicos. E embora toda e
qualquer ação para a conservação ambiental tenha seu valor. O trabalho e recursos
empregados podem ser desperdiçados sem o devido planejamento técnico.
O Plano de Complementação Urbana – PCU, realizado no final da década
de 1970 pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner, e que norteou algumas importantes
referências com relação ao que existe de áreas verdes hoje em Dourados, é um
exemplo. Embora não possa ser considerado um Plano Diretor Municipal,
principalmente, por não contar com a participação popular em sua elaboração, o
trabalho desenvolvido é considerado um importante retrato do ordenamento urbano
do Município e um marco para a conservação de áreas verdes do município através
da criação dos parques Antenor Martins e Arnulpho Fioravante.
Algumas das ações previstas no PCU foram implementadas, imediatamente
após e nos primeiros anos de sua conclusão. Porém, percebe-se que não houve
continuidade, pois muitas das ações não foram levadas adiante pela municipalidade
nas gestões transcorridas nos últimos 30 anos.
Dentre as ações implementadas destacam-se: Criação dos Parques
Arnulpho Fioravante e Antenor Martins para receberem águas pluviais, dada a
necessidade de escoamento da água, e também a necessidade de fazer com que
ela chegasse a essas áreas sem carrear sedimentos para as áreas de preservação
69
nas nascentes de córregos; e, os grandes canteiros centrais entre as avenidas e
com cobertura vegetal (grama e árvores) em sua grande maioria, além de largas
calçadas que hoje podem ser vistas como uma considerável área verde no perímetro
central da cidade.
Nas ações que estavam previstas, mas que não foram implementadas pode-
se destacar a posterior criação de parques lineares ao longo dos córregos urbanos,
partindo dos parques criados sob recomendação.
Isso nos mostra que é necessário pensar esta gestão, e conseqüentemente
as ações ambientais implementadas nas áreas verdes urbanas, de forma
estratégica. As definições de áreas feitas dentro do PD são muito importantes, e a
política de meio ambiente é um instrumento fundamental para a gestão ambiental
municipal, mas estes são abrangentes, e não atendem em nível mais próximo, as
necessidades específicas de gestão das áreas verdes urbanas.
É possível afirmar ainda, que as áreas verdes urbanas de Dourados vêm
sendo relegadas a projetos pontuais pela municipalidade, não sendo inseridas em
um contexto de importância estratégica nas políticas, planos e programas públicos.
O planejamento e os instrumentos de gestão das áreas verdes urbanas de
Dourados, incluindo-se aí os parques urbanos em estudo, estão desatualizados.
E não é possível pensar apenas nos parques existentes. Pois sua
manutenção e conservação dependem de um processo sistemático que considere
todo seu entorno. É necessário que haja um planejamento específico para as áreas
verdes urbanas, de longo prazo, que as pense de forma integrada, definindo as
necessidades e prioridades.
O questionamento inicial que este trabalho se propôs a responder foi sobre
como é feita a gestão de áreas verdes urbanas no município de Dourados/MS e
como, na visão dos atores envolvidos, a gestão das áreas verdes urbanas poderia
ocorrer de forma estratégica?
Ao final desta discussão, a avaliação que se faz para responder a este
questionamento é que Dourados não possui um modelo definido de gestão das suas
áreas verdes urbanas. Porém, com base nos resultados, que levam em conta as
pesquisas de campo e principalmente, a opinião dos atores sociais e especialistas, é
70
possível estruturar algumas diretrizes que possam vir a nortear um futuro modelo de
gestão estratégica.
As diretrizes apresentadas a seguir (Figura 26) são resultado das pesquisas
realizadas e representam, em tese, as necessidades locais, levantadas pelos atores
entrevistados. Estas diretrizes estão alocadas nas dimensões Ambiental, Político-
Institucional e Sócio-Espacial, adaptadas das dimensões de sustentabilidade
recomendadas por Sachs (1993) de forma a torná-las condizentes com a realidade
identificada pelos atores.
Figura 26: Diretrizes de Sustentabilidade para Gestão de Áreas Verdes Urbanas –
Dourados/MS.
As Diretrizes de Sustentabilidade para a Gestão de Áreas Verdes Urbanas
revelam os principais pontos de estrangulamento na conservação dessas áreas em
71
Dourados. Muitos deles de extrema urgência para garantir a saudável existência
destas áreas. Mas não pretende, e nem deve, ser considerado um modelo de gestão
acabado. Estas diretrizes podem vir a compor os instrumentos de ordenamento
urbano, incluindo, de forma mais efetiva, a conservação e o uso que é dado aos
parques urbanos municipais e as áreas de especial interesse ambiental como um
todo.
Essas diretrizes podem ser consideradas, por exemplo, no Plano Diretor
Municipal, a partir de sua reformulação, que ocorrerá até o final de 2013. Pois a sua
normatização, com força de lei, através do PD, pode significar o direcionamento que
daria início à formação de uma agenda clara e concisa de gestão, uso e ocupação
destes parques. E mesmo com a apresentação destas diretrizes, sua definição, bem
como a agenda dos parques, se dará através do modelo de planejamento adotado
pelo governo municipal, que em resumo, é o condutor dos processos de
planejamento urbano e ambiental.
Muitos pontos importantes, e, sobretudo estratégicos para a conservação
das áreas verdes, e conseqüentemente para a discussão ambiental no município,
foram aqui identificados. Mas a observância de problemas estruturais graves, como
a indefinição de destinação ou de gestor para estas áreas fariam com que qualquer
sugestão pontual, se tornasse incipiente.
Desta forma, as diretrizes podem tanto servir para o norteamento imediato
na resolução dos problemas mais sérios que atingem os parques, quanto podem
compor planos estruturais que versem sobre gestão ambiental e ordenamento
urbano municipal. Mas é afirmativo que a construção de um Plano de Gestão de
Áreas Verdes se faz urgente e fundamental para a cidade de Dourados.
Primeiro, porque os problemas ambientais iniciados nessas áreas começam
surtir seus efeitos em outros aspectos da dinâmica citadina, mas ainda assim, sua
resolução pode ser razoavelmente simples, se comparados a outras cidades de
mesmo porte. Segundo, porque a recente ampliação do perímetro urbano poderá
trazer conseqüências sociais, espaciais e ambientais ainda não dimensionadas,
como aumento populacional na área urbana; valorização de áreas verdes ainda não
inclusas nas ZEIAs; ocupação social dos terrenos baldios que abrigam parte da
vegetação arbórea da cidade; invasão de terrenos nas áreas de ZEIA; entre outros.
72
Nota-se que não são apresentadas diretrizes dentro de uma dimensão
estritamente econômica, pois questões desta natureza, não foram levantadas pelos
atores durante a pesquisa. Ainda assim, sabe-se que a dificuldade em se obter
recursos financeiros para ações de gestão pública pode tornar-se um novo ponto de
estrangulamento para a realização das ações. Neste sentido, o próprio Plano de
Gestão de Áreas Verdes Urbanas a ser elaborado, deve contemplar a previsão das
fontes de recursos para sua execução, que podem ser oriundos do próprio
orçamento municipal, de recursos originados de compensações ambientais, do
fundo municipal de meio ambiente, entre outros.
A definição preliminar de onde proveriam os recursos financeiros, bem como
a prioridade de execução das ações descritas no planejamento, é importante para
garantir que os objetivos levantados de forma participativa, não se percam, e a
implementação de Plano não se torne mero documento burocrático, ou mesmo
instrumento de vontade política.
Muito mais que um documento, o Plano de Gestão de Áreas Verdes será
uma oportunidade de ampliar a discussão social sobre o tema, através de
metodologias participativas e que considerem também uma discussão técnica. E terá
ainda a função estratégica de definir, num horizonte temporal amplo, quais os rumos
que Dourados pretende tomar com relação as suas áreas verdes dentro do
perímetro urbano, o tipo de uso que deve ser dado a cada uma dessas áreas, quais
as prioridades de investimento, segundo critérios sociais e técnicos e qual a
estrutura institucional mais adequada para a gestão destas áreas. Pois será essa
estrutura administrativa, em essência, o elaborador e executor de uma agenda
eficiente para a gestão dos parques ambientais municipais.
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Durante a pesquisa foi possível sentir uma grande dificuldade em prender a
atenção dos atores dentro dos limites dos parques. Embora seja evidente, a
necessidade de se trabalhar com áreas ambientais contiguas, como por exemplo, a
idéia dos parques lineares ao longo dos córregos urbanos, foi difícil fazer com que
os atores envolvidos no processo, visualizem a importância dos parques já
existentes, mesmo sendo evidenciados, todos os problemas ambientais e de gestão
levantados pelos próprios participantes da pesquisa.
Isso poderia demonstrar, de certa forma, que não há comprometimento, ou
entendimento da importância com o que já existe. Ora, se a justificativa da escolha
dos parques urbanos como objeto de estudo se dá, pela relativa facilidade no
processo de implementação de propostas de gestão, não sendo necessários criar
todo um projeto do zero, que implicaria em desapropriação de área, investimentos
financeiros elevados, discussão do uso social destas áreas entre outros.
Talvez por isso não se tenha recentemente, conquistas ambientais
relevantes nas áreas verdes urbanas de Dourados, pois não há interesse coletivo
em levar adiante as conquistas efetivadas, como por exemplo, a finalização do
projeto de um parque ambiental, mesmo quando se dispõe de todas as ferramentas
para isso. O Parque Natural do Paragem é um exemplo claro disso, pois possui o
decreto que o institui como unidade de conservação, plano de manejo pronto e
recursos disponíveis para sua implementação. Mesmo assim, a municipalidade não
consegue resolver sua situação dada à invasão de um poceiro na área.
Mas de qualquer forma, não se pode negar que há uma forte pré-disposição,
em praticamente todos os segmentos sociais, para se discutir e interagir pela
questão ambiental em Dourados, o que de certa forma, facilitaria o início da
74
discussão de um Plano de Gestão de Áreas Verdes Urbanas com a sociedade
douradense.
Resulta disso, que áreas demarcadas, por si só, não garantem o
cumprimento efetivo de suas funções ambientais. Sua função social, estética e
psicológica, por exemplo, só serão cumpridas quando a população conseguir
compreender este espaço como seu. O empoderamento da área pela comunidade
pode garantir ainda, um reforço no cuidado e fiscalização que ela deve ter, para
impedir sua degradação e uso indevido, permitindo assim que suas funções,
principalmente a ecológica, sejam cumpridas.
Entende-se que os planos de manejo, sugeridos ou existentes, são
realmente importantes para o manejo correto de cada parque urbano, mas os
parques, não podem ser pensados de forma individual e pontual. Eles são parte
importante do sistema ambiental do município, e como tal, não podem ser excluídos
de seu planejamento realizado para ordenar a dinâmica do desenvolvimento urbano
municipal.
Para isso, ressaltou-se os principais gargalos encontrados para a efetivação
desta gestão e foi proposto algumas diretrizes que podem vir a conduzir um trabalho
imediato de recuperação. E ao mesmo tempo, essas diretrizes podem servir de
parâmetro para e iniciar a discussão do Plano de Gestão de Áreas Verdes Urbanas
proposto:
� Criação de Planos de Manejo;
� Implementação de parques lineares ou APA’s ao longo dos córregos urbanos;
� Recuperação de danos ambientais;
� Reflorestamento correto;
� Controle de efluentes que entram nos parques;
� Definição do gestor responsável pelas áreas verdes;
� Fiscalização eficiente;
� Definição das categorias e usos permitidos nos parques;
� Instalação e manutenção de equipamentos de lazer;
� Sinalização e acesso;
� Programas de conscientização ambiental;
75
Este trabalho, que propunha levantar e discutir a gestão dos parques
urbanos da cidade de Dourados, e como seria um modelo ideal para a gestão, sob a
ótica da sociedade douradense, conclui-se com recomendações que pretendem ir
além de sugestões pontuais de gestão. Entende-se que não é possível fazer uma
gestão eficiente, e tão pouco estratégica enquanto problemas estruturais, físicos e
administrativos, como a não estruturação do órgão gestor adequado, indefinição de
uso dado as áreas e a indefinição de planos estratégicos para a gestão destes
espaços, pensando-os dentro da estrutura de desenvolvimento urbano, não são
solucionados.
O processo de gestão destas áreas, dando a elas definição de uso, proteção
legal e um gerenciamento correto, é um passo muito importante para a conquista de
uma gestão de qualidade, e adequada ao modelo de desenvolvimento da cidade de
Dourados. E a viabilidade disso, perpassa pela institucionalização da questão
ambiental, e principalmente das áreas verdes pelo poder público municipal,
instituindo não apenas uma política de meio ambiente, mas a inclusão desta
discussão e principalmente destas ações, no Plano Diretor Municipal, que afinal, é a
efetiva política de desenvolvimento urbano do município.
Verifica-se por fim, que o maior problema na gestão dos parques urbanos,
das áreas verdes e conseqüentemente, da questão ambiental em Dourados,
decorrem da descontinuidade das ações, que são definidas quase sempre, de
maneira pontual e não estratégica. As diretrizes encontradas neste trabalho, bem
como as sugestões da elaboração de um Plano de Gestão de Áreas Verdes e a
urgente criação de uma estrutura administrativa adequada para as áreas, indicam
que a gestão dos parques urbanos municipais, bem como de todas as áreas verdes
urbanas precisam, necessariamente, ser institucionalizadas.
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“APÊNDICES”
84
APÊNDICE A
NOME REPRESENTAÇÃO
Adilson Barros Mourão Presidente da União Douradense de Associação de Moradores – UDAM
Ana Luiza de Ávila Lacerda Arquiteta e Urbanista / Secretária de Planejamento
Cap. Carlos Magno da Silva Comandante da Polícia Militar Ambiental – PMA
César Augusto Scheidt Presidente do Conselho Municipal de Defesa Ambiental
Francisco Eduardo Custódio Presidente da ACED
Jean Bart Presidente da ONG Ambiental – Associação Vida Verde
Luis Carlos Ribeiro Presidente da ONG Ambiental – SALVAR
Manoel Frost Capilé Arquiteto e professor aposentado
Maurício Rodrigues Peralta Secretário de Agricultura Indústria e Comércio
Paulo César Zeni Promotor Estadual de Meio Ambiente
Ros Mary Covatti Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Conselho Municipal do Plano Diretor
Rui Lameiro Ferreira Jr. Presidente da Associação dos Arquitetos de Dourados
Major Thonny Audry L. Zerlotti
Comandante da Guarda Municipal
Valdenize Carbonari Barbosa Secretária de Meio Ambiente e Diretora-Presidente do Instituto de Meio Ambiente de Dourados – IMAM
Vito Comar Professor pesquisador da Universidade Federal da Grande Dourados e Coordenador de Pesquisas do IMAD
Figura 27: Quadro dos atores especialistas entrevistados.
85
APÊNDICE B – Roteiro da Entrevista Semi-estruturada
UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP
PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Esta entrevista é parte integrante da pesquisa sobre gestão de áreas verdes urbanas, e irá compor a
Dissertação de Mestrado, desenvolvida pela mestranda Maria Cristiane Fernandes da Silva Lunas.
As respostas desta pesquisa serão incluídas em uma amostra global e não serão divulgadas
individualmente.
O nome dos especialistas entrevistados comporá uma lista final, em ordem alfabética. Permite que
seu nome seja divulgado nesta lista? � Sim � Não
Entrevistado:
Órgão/Instituição:
Cargo/Função:
Graduação/Especialização:
Data: Local:
E N T R E V I S T A
1. Qual a importância de áreas verdes no perímetro urbano dos municípios?
2. Em sua opinião, quais as três principais áreas verdes urbanas do município de Dourados?
3. Esta pesquisa tem como objeto de estudo as seguintes áreas verdes urbanas: Parque
Antenor Martins, Parque Arnulpho Fioravante e Parque Natural de Dourados (Horto Florestal).
O Sr(a) sabe onde ficam todas estas áreas? Conhece pessoalmente?
4. (Se conhecer) Tem o hábito de utilizá-las(ou sua família)? De que forma?
5. Acha que estas três áreas delimitadas como parques, são suficientes para Dourados?
6. Sabe informar que tipo de atividade é permitida/praticada nestas áreas?
7. O Sr(a) tem conhecimento de qual(is) órgão(s) faz(em) a gestão destas áreas?
8. S abe no que consiste esta gestão?
86
9. Acha que a gestão tem sido feita conforme, além ou aquém das expectativas? Por quê?
10. O Sr(a) tem conhecimento de qual(is) órgão(s) faz(em) a fiscalização?
11. O Sr. tem conhecimento de ações de revitalização/melhorias envolvendo as áreas dos
parques municipais?
- Parque Arnulpho Fioravante:
- Parque Antenor Martins:
- Parque Natural de Dourados:
12. E sobre projetos para as áreas?
13. Qual deveria ser a principal função destas áreas verdes urbanas?
14. Hierarquize essas três funções:
( ) - Manutenção dos córregos e nascentes na área urbana:
( ) - Reduzem os efeitos da impermeabilização do solo na área urbana:
( ) - Interferem positivamente no microclima da cidade:
15. Qual das áreas citadas acima melhor cumpre essa função, e por quê?
16. Se a responsabilidade pela gestão destas áreas fosse sua, qual seriam suas principais
ações?
17. Faça um breve comentário sobre como você sonha que estarão estas áreas daqui a 10 anos.
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
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______________________________________________________________________________
87
APÊNDICE C
NOME REPRESENTAÇÃO
Alcides Alves Bezerra
Pres. Ass. Moradores do Bairro Izidro Pedrozo
Antonio Pereira
Pres. Ass. de Moradores do Bairro Jardim Girasol
Ataúfo Stein
Rep. Sind. Mun. dos Trabalhadores da Educação no COMDAM
Brígido Ibanhes
Movimento Trato Coisa Pública – METRA
Cássio Moreira do Nascimento Pres. Ass. Moradores dos Bairros Jardim Santo André, Vila São Pedro, Jardim Rigotti, Jardim Del Rey, Vila Sulmatt
Cícero Lourenço Fernandes Pres. Ass. Moradores dos Bairros Parque das Nações I/ Vila Guarani/ Jardim Brasília /Jardim Márcia
Demétrio Siqueira Cavalcante Pres. Ass. Moradores do Bairro Parque das Nações II
Elízio Leles Pres. Ass. Moradores do Bairro Joquey Clube
Francisca Esmeralda Ajala Pres. Ass. Moradores do Bairro Vila Adelina
Iraci Lopes da Silva Pres. Ass. Moradores do Bairro Terra Roxa / Aimoré
José Miguel Nascimento Pres. Ass. Moradores do Bairro Jardim Maracanã
Jovelino Pereira Carvalho Pres. Ass. Moradores dos Bairros Vila Rosa, Vila Índio e Jd. Murakami
Leonardo Arrigo Pres. Ass. Moradores do Bairro Vila Industrial
Luiz Carlos Luciano Pres. Sindicado dos Jornalistas da Grande Dourados – SINJORGRAN
Mauricio Rodrigues Peralta
Rep. da SEMAIC no COMDAM, CMDU e CMPD
Paulo Lopes de Oliveira Pres. Ass. Moradores do Bairro Grande Água Boa
RONALDO RAMOS Rep. das Entidades Superiores e UDAM no COMDAM
Simone Braccini Damian Ceccon
Rep. UFGD no COMDAM
X*
Rep. Associação dos Geógrafos no COMDAM
Y*
Rep. do Curso de Turismo da UEMS no COMTUR
Z *
Rep. ONG Ambiental Associação Vida Verde no COMDAM
* Os entrevistados não autorizaram a publicação de seus nomes nesta lista. Figura 28: Quadro dos atores políticos participantes das duas rodadas da entrevista delfos.
88
APÊNDICE D – Questionário Delfos enviado na primeira rodada
UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Este questionário é parte integrante da pesquisa de Mestrado realizada por Maria Cristiane Fernandes da Silva Lunas sobre Gestão de Áreas Verdes Urbanas. Sua participação, respondendo a este questionário é muito importante e será tratada de forma sigilosa. As informações serão incluídas em uma amostra global que comporão a dissertação de mestrado. Uma lista com os nomes das pessoas entrevistas e as instituições às quais pertencem poderá ser incluída na dissertação, como anexo. Caso queira que seu nome não seja divulgado, favor assinalar abaixo.
���� Não quero ter meu nome divulgado. Entrevistado: _____________________________________________________________________ Instituição/Organização: ____________________________________________________________ E-mail: ___________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________
1- Cite as 3 principais coisas que deverão ser feitas em relação gestão dos Parques
urbanos municipais, por ordem de importância (da mais importante para a menos importante): 1) ___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2- Cite as 3 principais coisas que não deverão ser feitas em relação aos Parques urbanos
municipais, por ordem de importância (da mais grave para a menos grave): 1) ___________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
3) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
89
APÊNDICE E – Questionário Delfos enviado na segunda rodada
UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL
Este questionário é a segunda rodada da pesquisa respondida pelo Senhor(a) sobre Gestão de Áreas Verdes Urbanas no Município de Dourados/MS. Tal como na rodada anterior, este questionário irá compor a Dissertação de Mestrado de Maria Cristiane F. S. Lunas e as informações serão incluídas em uma amostra global, não sendo citadas as respostas individualmente. Entrevistado: _____________________________________________________________________
Instituição/Organização: ___________________________________________________________
E-mail:___________________________________________ Telefone: _______________________
Questionário 1: Neste questionário, solicitamos que verifique as respostas abaixo, obtidas com o questionário anterior, divididas em ações estratégicas Político-Institucionais (Coluna 1) e de Infra-estrutura (Coluna 2) que deveriam ser priorizadas em relação aos Parques de Dourados. Numere, em ordem de prioridade, as ações de 1 à 7 na Coluna Um, e de 1 à 11 na Coluna Dois, sendo que 1 é o que considera ter maior prioridade para implantação. ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Ordem de prioridade
COLUNA 1
Número de importância
COLUNA 2
Planejamento / Zoneamento da área do parque, com estudos de viabilidade para legislação específica e respaldo no Plano Diretor Municipal
Infra-estrutura geral, com equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente
Conservação e/ou Preservação dos Parques
Plantio de árvores nativas / Reflorestamento
Implantação de programas de Educação Ambiental
Criação de mais parques para desafogar os já existentes
Definir de quem é a responsabilidade de gestão dos parques e tornar esta gestão mais eficiente, transformando estas áreas em Unidades de Conservação
Manutenção dos equipamentos e limpeza dos parques, especialmente nas margens de córregos e lagos
Fiscalização e Segurança
Melhorias no acesso e sinalização interna dos parques
Criação da figura do Guarda-parque, para garantir seu zelo
Implantação de um zoológico
Oficializar os parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico
Eliminação da entrada de água externa (esgoto) nos parques
Compostagem das folhas
Implantação de Trilhas
Criação de Parques ao longo dos córregos
Implantação de um Parque aquático
90
Comentários: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Se achar necessário incluir mais algum item, favor fazê-lo no quadro abaixo.
VARIÁVEL COMENTÁRIOS
Questionário 2: Neste questionário, solicitamos que verifique as respostas abaixo, obtidas com o questionário anterior, divididas em ações estratégicas Político-institucionais e de Infra-estrutura que deveriam ser combatidas nos Parques Ambientais Urbanos de Dourados. Numere as ações de 1 à 7 nas Colunas 1 e 2, sendo que 1 é o que considera mais importante ser combatido.
ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Número De importância
Coluna 1
Número de importância
Coluna 2
Edificação da área com construções públicas e/ou privadas e ocupação desordenada do entorno
Fiscalização ineficiente, que acarreta em depredação, vandalismo e em lixo jogado na área;
Depredação ambiental, por desmatamento ou pela introdução de espécies exóticas
Uso da área para eventos com grande aglomeração de pessoas
Redução da área para construção de avenidas ou outros grandes empreendimentos públicos e/ou privados
Deixar de usar a área como potencial para projetos de educação ambiental
Implantação de projetos com muitas edificações (concreto) que descaracterizam a área enquanto parque ambiental
Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas
Abandono da manutenção
Permitir uso/exploração comercial da área
Contaminação da área pelo recebimento de efluentes de esgoto
Caça
Criação de novos parques com objetivos políticos
Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas
Comentários: _________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Se achar necessário incluir mais algum item, favor fazê-lo no quadro abaixo.
VARIÁVEL COMENTÁRIOS
Obrigada!
91
APÊNDICE F – Tabelas transpostas com o resultado do Questionário Delfos 2
TABELA DE ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Político-Institucionais
Planejamento / Zoneamento da área do parque, com estudos de viabilidade para legislação específica e respaldo no Plano Diretor Municipal
7 7 4 2 1 5 1 6 6 2 1 6 1 3 1 1 6 2 1 3 1
Conservação e/ou Preservação dos Parques
4 1 2 3 5 4 4 5 1 4 2 4 6 4 4 4 3 3 6 4 2
Implantação de programas de Educação Ambiental
2 4 5 6 7 3 2 4 5 3 3 5 5 7 3 7 5 5 4 7 3
Definir de quem é a responsabilidade de gestão dos parques e tornar esta gestão mais eficiente, transformando estas áreas em Unidades de Conservação
1 3 3 1 2 2 3 3 3 1 6 1 2 2 2 2 1 1 2 2 7
Fiscalização e Segurança 7 2 1 5 3 6 5 2 4 5 4 2 7 1 5 5 4 4 5 1 4
Criação da figura do Guarda-parque, para garantir seu zelo
5 5 6 4 4 1 6 1 2 6 7 3 4 5 6 6 2 7 7 5 6
Oficializar os parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico
6 6 7 7 6 7 7 7 7 7 5 7 3 6 7 3 7 6 3 6 5
TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Político-Institucionais Soma
Planejamento / Zoneamento da área do parque, com estudos de viabilidade para legislação específica e respaldo no Plano Diretor Municipal
1 1 4 6 7 3 7 2 2 6 7 2 0 5 0 0 0 6 7 5 0 71
Conservação e/ou Preservação dos Parques
4 7 6 5 3 4 4 3 7 4 6 4 0 4 0 0 0 5 2 4 0 72
Implantação de programas de Educação Ambiental
6 4 3 2 1 5 6 4 3 5 5 3 0 1 0 0 0 3 4 1 0 56
Definir de quem é a responsabilidade de gestão dos parques e tornar esta gestão mais eficiente, transformando estas áreas em Unidades de Conservação
7 5 5 7 6 6 5 5 5 7 2 7 0 6 0 0 0 7 6 6 1 93
Fiscalização e Segurança 1 6 7 3 5 2 3 6 4 3 4 6 1 7 3 0 0 4 3 7 4 79
Criação da figura do Guarda-parque, para garantir seu zelo
3 3 2 4 4 7 2 7 6 2 1 5 4 3 0 0 0 1 1 3 2 60
Oficializar os parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico
2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 3 1 0 2 0 0 0 2 5 2 3 31
92
TABELA DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Infra-estrutura
Infra-estrutura geral, com equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente
1 6 1 3 2 1 1 8 1 4 3 5 6 3 5 2 5 7 4 5 3
Plantio de árvores nativas / Reflorestamento
8 5 2 2 3 2 2 7 2 2 2 4 3 4 3 1 3 8 2 4 4
Criação de mais parques para desafogar os já existentes
7 4 10 9 7 8 9 4 3 8 6 3 1 5 4 9 8 6 9 3 11
Manutenção dos equipamentos e limpeza dos parques, especialmente nas margens de córregos e lagos
6 3 9 8 5 7 3 5 4 3 1 6 7 2 2 3 4 1 5 6 5
Melhorias no acesso e sinalização interna dos parques
11 7 8 4 6 5 7 6 5 6 5 8 4 9 7 4 6 5 3 8 7
Implantação de um zoológico
4 8 11 10 10 3 11 7 11 11 7 10 10 10 11 10 9 10 6 10 6
Eliminação da entrada de água externa (esgoto) nos parques
5 2 3 5 4 11 4 9 6 1 8 1 5 1 1 5 1 1 1 1 1
Compostagem das folhas
9 9 7 7 9 10 5 10 7 9 11 9 9 6 10 8 10 4 7 9 8
Implantação de Trilhas
10 1 4 6 8 9 6 1 9 7 10 7 8 8 8 6 7 3 10 7 9
Criação de Parques ao longo dos córregos
2 11 6 1 1 4 8 2 8 5 4 2 2 7 6 7 2 2 11 2 10
Implantação de um Parque aquático
3 10 5 11 11 6 10 3 10 10 9 11 11 11 9 11 11 11 8 11 2
93
TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Infra-estrutura soma
Infra-estrutura geral, com equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente
11 6 11 9 10 11 11 4 11 8 9 7 6 0 0 0 7 5 8 7 9 150
Plantio de árvores nativas / Reflorestamento
4 7 10 10 9 10 10 5 10 10 10 8 0 0 0 0 9 4 10 8 8 142
Criação de mais parques para desafogar os já existentes
5 8 2 3 5 4 3 8 9 4 6 9 0 7 0 0 0 6 3 9 1 92
Manutenção dos equipamentos e limpeza dos parques, especialmente nas margens de córregos e lagos
6 9 3 4 7 5 9 7 8 9 11 6 5 0 0 0 8 0 7 6 7 117
Melhorias no acesso e sinalização interna dos parques
1 5 4 8 6 7 5 6 7 6 7 4 0 3 0 0 6 7 9 4 5 100
Implantação de um zoológico
8 4 1 2 2 9 1 5 1 1 5 2 2 2 0 0 0 2 6 2 6 61
Eliminação da entrada de água externa (esgoto) nos parques
7 10 9 7 8 1 8 3 6 11 4 11 0 0 0 0 0 11 11 11 11 129
Compostagem das folhas
3 3 5 5 3 2 7 2 5 3 1 3 3 6 2 4 2 8 5 3 4 79
Implantação de Trilhas 2 11 8 6 4 3 6 11 3 5 2 5 4 4 4 0 5 0 0 5 3 91
Criação de Parques ao longo dos córregos
10 1 6 11 11 8 4 10 4 7 8 10 0 5 0 0 10 10 0 10 2 127
Implantação de um Parque aquático
9 2 7 1 1 6 2 9 2 2 3 1 1 1 3 1 1 1 4 1 10 68
94
TABELHA DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS
URBANOS DE DOURADOS
Político-Institucionais
Fiscalização ineficiente, que acarreta em depredação, vandalismo e em lixo jogado na área;
3 1 4 1 4 1 2 1 1 4 2 4 2 3 4 1 2 1 2 4 5
Uso da área para eventos com grande aglomeração de pessoas
2 2 6 2 1 7 5 2 2 5 3 2 4 1 5 4 3 6 1 2 6
Deixar de usar a área como potencial para projetos de educação ambiental
5 3 2 3 2 2 3 7 7 3 7 7 5 4 6 5 5 5 7 7 4
Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas
4 5 7 4 3 3 6 3 3 6 4 3 6 5 2 2 4 4 6 3 7
Permitir uso/exploração comercial da área
6 6 5 5 6 6 4 4 4 7 6 5 3 7 3 3 7 7 4 5 3
Caça 7 7 1 6 5 4 1 5 5 2 5 6 1 2 7 7 1 2 3 6 2
Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas
1 4 3 7 7 5 7 6 6 1 1 1 7 6 1 6 6 3 5 1 1
TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Político-Institucionais soma
Fiscalização ineficiente, que acarreta em depredação, vandalismo e em lixo jogado na área;
5 7 4 7 4 7 6 7 7 4 6 4 6 5 4 7 6 7 6 4 3 116
Uso da área para eventos com grande aglomeração de pessoas
6 6 2 6 7 1 3 6 6 3 5 6 4 7 3 4 5 2 7 6 2 97
Deixar de usar a área como potencial para projetos de educação ambiental
3 5 6 5 6 6 5 1 1 5 1 1 3 4 2 3 3 3 1 1 4 69
Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas
4 3 1 4 5 5 2 5 5 2 4 5 2 3 6 6 4 4 2 5 1 78
Permitir uso/exploração comercial da área
2 2 3 3 2 2 4 4 4 1 2 3 5 1 5 5 1 1 4 3 5 62
Caça 1 1 7 2 3 4 7 3 3 6 3 2 7 6 1 1 7 6 5 2 6 83
Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas
7 4 5 1 1 3 1 2 2 7 7 7 1 2 7 2 2 5 3 7 7 83
95
TABELA DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS
Infra-estrutura
Edificação da área com construções públicas e/ou privadas e ocupação desordenada do entorno
2 5 2 2 6 6 2 7 7 7 4 4 3 3 4 6 2 6 6 4 1
Depredação ambiental, por desmatamento ou pela introdução de espécies exóticas
3 2 5 1 7 1 1 6 3 4 7 5 1 2 5 1 3 5 5 5 4
Redução da área para construção de avenidas ou outros grandes empreendimentos públicos e/ou privados
4 3 3 7 5 4 6 5 1 5 6 3 4 4 6 5 4 4 3 3 5
Implantação de projetos com muitas edificações (concreto) que descaracterizam a área enquanto parque ambiental
6 4 4 3 1 5 7 3 2 6 5 2 5 3 2 4 6 3 4 2 7
Abandono da manutenção 1 1 6 4 2 2 4 2 4 3 1 6 6 2 3 3 5 1 2 6 2
Contaminação da área pelo recebimento de efluentes de esgoto
5 6 1 5 3 3 3 1 5 2 3 1 2 1 1 2 1 2 1 1 3
Criação de novos parques com objetivos políticos
7 7 7 6 4 7 5 4 6 1 2 7 7 5 7 7 7 7 7 7 6
TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS soma
Infra-estrutura Edificação da área com construções públicas e/ou privadas e ocupação desordenada do entorno
6 3 6 6 2 2 6 1 1 1 4 4 5 5 4 2 6 2 2 4 7 79
Depredação ambiental, por desmatamento ou pela introdução de espécies exóticas
5 6 3 7 1 7 7 2 5 4 1 3 7 6 3 7 5 3 3 3 4 92
Redução da área para construção de avenidas ou outros grandes empreendimentos públicos e/ou privados
4 5 5 1 3 4 2 3 7 3 2 5 4 4 2 3 4 4 5 5 3 78
Implantação de projetos com muitas edificações (concreto) que descaracterizam a área enquanto parque ambiental
2 4 4 5 7 3 1 5 6 2 3 6 3 5 6 4 2 5 4 6 1 84
Abandono da manutenção 7 7 2 4 6 6 4 6 4 5 7 2 2 6 5 5 3 7 6 2 6 102
Contaminação da área pelo recebimento de efluentes de esgoto
3 2 7 3 5 5 5 7 3 6 5 7 6 7 7 6 7 6 7 7 5 116
Criação de novos parques com objetivos políticos
1 1 1 2 4 1 3 4 2 7 6 1 1 3 1 1 1 1 1 1 2 45
Observação: Para converter em tabelas “espelho” utilizou-se a seguinte fórmula: =SE(Q4=1;7;0)+SE(Q4=2;6;0)+SE(Q4=3;5;0)+SE(Q4=4;4;0)+SE(Q4=5;3;0)+SE(Q4=6;2;0)+SE(Q4=7;1;0)