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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP MARIA CRISTIANE FERNANDES DA SILVA LUNAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA: GESTÃO ESTRATÉGICA DE ÁREAS VERDES NO MUNICÍPIO DE DOURADOS/MS. CAMPO GRANDE – MS 2012

UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP MARIA … · principalmente, pode nortear a discussão sobre a necessidade de se criar um plano de gestão de áreas verdes urbanas para Dourados

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UNIVERSIDADE ANHANGUERA – UNIDERP

MARIA CRISTIANE FERNANDES DA SILVA LUNAS

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA: GESTÃO

ESTRATÉGICA DE ÁREAS VERDES NO MUNICÍPIO DE DOURADOS/MS.

CAMPO GRANDE – MS

2012

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MARIA CRISTIANE FERNANDES DA SILVA LUNAS

POLÍTICAS PÚBLICAS DE SUSTENTABILIDADE URBANA: GESTÃO

ESTRATÉGICA DE ÁREAS VERDES NO MUNICÍPIO DE DOURADOS/MS.

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em nível de Mestrado Acadêmico em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional, da Universidade Anhanguera-UNIDERP, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional.

Orientação: Prof. Dra. Lídia Maria Lopes Rodrigues Ribas

Campo Grande/MS

2012

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Anhanguera – Uniderp

Lunas, Maria Cristiane Fernandes da Silva. Políticas públicas de sustentabilidade urbana: gestão estratégica de áreas verdes no município de Dourados/MS. / Maria Cristiane Fernandes da Silva Lunas. -- Campo Grande, 2011. 95f. Dissertação (mestrado) – Universidade Anhanguera - Uniderp, 2011. “Orientação: Profa. Dra. Lídia Maria Lopes Rodrigues Ribas.”

1. Políticas públicas 2. Áreas verdes urbanas 3. Parques urbanos municipais 4. Sustentabilidade 5. Planejamento e gestão. I. Título.

CDD 21.ed. 711.55

L983p

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Ao meu amor José Roberto da Silva Lunas, por me

incentivar, acreditar, e cuidar de mim, quando em

certos momentos deixei de ser minha prioridade.

E à Antonia, minha mãezinha querida, a quem devo

tudo que sou.

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AGRADECIMENTOS

Aos meus professores do curso de Mestrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento

Regional, pelo conhecimento e experiências compartilhados. E especialmente a

professora Dra. Lídia Maria Ribas, pela orientação, dedicação, paciência e

generosas contribuições com o meu trabalho.

Aos meus amigos, de perto e de longe, por terem sempre uma palavra de incentivo.

E aos meus colegas de curso, por serem companheiros de jornada. Agradeço

também pelas amizades verdadeiras que ali se formaram, com Mayara e Andréa. E

à Iza, em quem eu encontrei uma irmã.

À família que sempre me incentivou, em especial Sandra, Juci, Tereza, Eliza e Doné.

Agradeço por suas orações, pelo cuidado, pelo mate, e pela devoção, mas

principalmente por acreditarem em mim.

E a todos aqueles, que de uma forma ou de outra, contribuíram para que eu

chegasse a esse momento.

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“A verdadeira escolha não é entre desenvolvimento e meio ambiente, mas entre formas de desenvolvimento sensíveis e insensíveis a questão ambiental.”

Ignacy Sachs.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .................................................................................................... i

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... ii

RESUMO.................................................................................................................... iii

ABSTRACT ................................................................................................................ iv

1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1

2. ESPAÇOS VERDES E AS CIDADES ..................................................................... 6

2.1 GESTÃO AMBIENTAL ........................................................................................ 12

2.2 A IMPORTANCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS E SEUS EFEITOS NO

MEIO NATURAL E NA QUALIDADE DE VIDA ......................................................... 17

2.2.1 Parques Urbanos Municipais: da idéia aos dias atuais .............................. 25

3. MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................... 30

3.1 OBJETO DE ESTUDO ........................................................................................ 30

3.1.1 Parque Municipal Antenor Martins ............................................................... 35

3.1.2 Parque Municipal Arnulpho Fioravante ........................................................ 38

3.1.3 Parque Municipal Natural do Paragem ......................................................... 43

3.2 MÉTODOS DE PESQUISA ................................................................................. 48

3.2.1 Esquema de organização das etapas do trabalho ...................................... 52

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .......................................................................... 53

4.1ENTREVISTAS COM ATORES ESPECIALISTAS ............................................... 53

4.1.1 Importância de áreas verdes urbanas – Objeto de Estudo ......................... 53

4.1.2 A gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS ................................. 56

4.1.3 A importância das áreas verdes urbanas em Dourados ............................. 58

4.1.4 O modelo ideal de gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS ..... 59

4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DELFOS ................................... 61

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4.3 DISCUSSÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS ............................................. 66

5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................... 73

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76

APÊNDICES ............................................................................................................. 83

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Quadro que demonstra os principais benefícios das áreas verdes urbanas

.................................................................................................................................. 20

Figura 2: Mapa de localização do município no contexto Nacional/Estadual ........... 30

Figura 3: Mapa de demarcação do novo perímetro urbano do Município de

Dourados/MS ............................................................................................................ 32

Figura 4: Mapa de localização de ZEIA em Dourados/MS ....................................... 33

Figura 5: Localização dos parques na malha urbana de Dourados/MS ................... 34

Figura 6: Atividades de lazer no Parque Antenor Martins ........................................ 35

Figura 7: Equipamentos de esporte e lazer no Parque Antenor Martins .................. 35

Figura 8: Área de preservação do Parque Antenor Martins ..................................... 36

Figura 9: Imagem de Satélite do Parque Antenor Martins ........................................ 37

Figura 10: Shopping visto de dentro do Parque Arnulpho Fioravante ...................... 38

Figura 11: Equipamentos de lazer no Parque Arnulpho Fioravante ......................... 39

Figura 12: Infra-estrurura no Parque Arnulpho Fioravante ....................................... 40

Figura 13: Fauna ...................................................................................................... 41

Figura 14: Voçoroca ................................................................................................. 42

Figura 15: Imagem de satélite do Parque Arnulpho Fioravante ............................... 43

Figura 16: Caminho que divide em duas áreas menores o fragmento de Mata do

parque ....................................................................................................................... 45

Figura 17: Impactos ambientais no Parque Natural do Paragem ............................. 45

Figura 18: Ocupação do Parque Natural do Paragem ............................................. 46

Figura 19: Imagem de satélite do Parque Municipal Natural do Paragem ............... 47

Figura 20: Organização das etapas do trabalho ....................................................... 52

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Figura 21: Área urbana de Dourados com destaque para o perímetro do córrego

Laranja Doce ............................................................................................................. 54

Figura 22: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão político-

institucionais .............................................................................................................. 62

Figura 23: Ordem das ações a serem combatidas na gestão político-institucional .. 62

Figura 24: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão em infra-estrutura

.................................................................................................................................. 64

Figura 25: Ordem das ações a serem combatidas na gestão de infra-estrutura ...... 64

Figura 26: Diretrizes de Sustentabilidade para a gestão de Áreas Verdes Urbanas –

Dourados/MS ............................................................................................................ 70

Figura 27: Quadro dos atores especialistas entrevistados ....................................... 84

Figura 28: Quadro dos atores políticos participantes das duas rodadas da entrevista

delfos ......................................................................................................................... 87

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACED – Associação Comercial e Empresarial de Dourados

AEAD – Associação de Engenheiros e Arquitetos de Dourados

APP – Área de Preservação Ambiental

BOPE/PM – Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar

CAND – Colônia Agrícola Nacional de Dourados

CEPER – Centro Poliesportivo e Recreativo

CIDE – Fundação Centro de Informações e Dados

CMDU – Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano

CMMA – Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CMPD – Conselho Municipal do Plano Diretor

COMDAM – Conselho Municipal de Defesa Ambiental

COMTUR – Conselho Municipal de Turismo

CONANA – Conselho Nacional de Meio Ambiente

FUNCED – Fundação Cultural e de Esportes

GM – Guarda Municipal

GMA – Guarda Municipal Ambiental

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IMAD – Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento

IMAM – Instituto de Meio Ambiente

IPPUC – Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba

METRA – Movimento do Trato com a Coisa Pública

OMT – Organização Mundial do Turismo

ONG – Organização Não-governamental

OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público

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PCU – Plano de Complementação Urbana

PD – Plano Diretor

PIB – Produto Interno Bruto

PMA – Polícia Militar Ambiental

SEMAIC – Secretaria Municipal de Agricultura, Indústria e Comércio

SEMSUR – Secretaria Municipal de Serviços Urbanos

SEPLAN – Secretaria Municipal de Planejamento

SINJORGRAN – Sindicato dos Jornalistas da Grande Dourados

SNUC – Sistema Nacional de Unidades de Conservação

UC – Unidade de Conservação

UDAM – União Douradense das Associações de Moradores

UEMS – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul

UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados

ZEIA – Zona de Especial Interesse Ambiental

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RESUMO

A gestão de parques ambientais municipais, localizados em área urbana é um tema

cada vez mais discutido nos meios acadêmicos e vem sendo inserido, pouco a

pouco, na agenda política dos municípios. Em Dourados/MS essa discussão

também vem sendo feita, com ênfase no diálogo entre sociedade e governo. O

presente trabalho trata da gestão das áreas verdes urbanas, com ênfase para os

parques urbanos municipais de Dourados/MS, e teve como objetivos investigar como

a gestão dos parques urbanos é feita pelo poder público, e como deveria ser a

gestão estratégica destes parques, na visão dos atores sociais, de forma a levantar

um modelo ideal de gestão de áreas verdes para a realidade urbana de Dourados.

Para isso, tomou-se como objeto de estudo nesse trabalho os parques ambientais

Antenor Martins, Arnulpho Fioravante e Municipal Natural do Paragem, localizados

na malha urbana do município. Como metodologia, a pesquisa dividiu-se em quatro

etapas. Num primeiro momento realizou-se um levantamento bibliográfico sobre

gestão ambiental, áreas verdes e parques urbanos. Num segundo momento, foi feita

a pesquisa documental e de campo sobre os parques em estudo. A terceira etapa foi

composta da aplicação de uma consulta a sociedade em duas frentes: Entrevista

semi-estruturada com atores especialistas e um questionário com o método delfos

político, a atores de representação social. Na última etapa, após coligir, expor e

analisar os resultados da pesquisa foi feita uma discussão sobre como os atores,

especialistas e sociais, enxergam a gestão das áreas verdes urbanas de Dourados,

e o que entendem por gestão estratégica destas áreas. Constatou-se que os atores

sociais possuem idéias muito claras sobre as funções que estas áreas exercem

sobre a qualidade de vida e o meio natural, e sabem o que esperam para elas.

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Também verificou-se a desestruturação e confusão encontrada ao tentar identificar

qual órgão, de fato, responde pela sua gestão. Por fim, se apresentou diretrizes para

a gestão de áreas verdes urbanas em Dourados, que poderão servir para o

direcionamento imediato de ações de gestão, como componentes estruturais para a

discussão do tema em instrumentos como o Plano Diretor Municipal, mas

principalmente, pode nortear a discussão sobre a necessidade de se criar um plano

de gestão de áreas verdes urbanas para Dourados como instrumento específico de

gestão, já que entendeu-se que a agenda de planejamento e gestão destes parques,

em muito dependerá da prioridade e do foco único na estruturação e conservação, a

ser alcançado pela sociedade e pelo poder público.

Palavras-chave: Políticas públicas; áreas verdes urbanas; parques urbanos

municipais; sustentabilidade; planejamento e gestão;

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ABSTRACT

The management of municipal environmental parks situated in urban areas is a

theme that has been increasingly discussed in academic environments and has been

gradually inserted in the policy agenda of the municipalities. In Dourados/MS, such

dialogue takes place between the society and local government. This work broaches

the management of green urban areas, with emphasis on the municipal urban parks

of Dourados/MS, and had as objectives enquiring how the management of urban

parks is performed by the government and how their strategic management should

be done, under the view of social actors, so as to come up with a role model for the

management of green areas that matches the urban reality of Dourados/MS. So, the

study of the environmental parks Antenor Martins, Arnulpho Fioravante and Municipal

do Paragem, located in the urban mesh of the municipality, has become the object of

investigation of this essay. As a methodology, the research has been divided into

four stages. First there was a bibliographical survey on environmental management,

green areas and urban parks. Secondly, the documentary research and field study of

the parks were made. The third stage consisted of applying a query to the society in

two fronts: Semi-structured interviews with experts and a Policy Delphi Method

questionnaire applied to society representatives. In the last stage, after collecting,

exposing and analyzing the survey results, there was a discussion on how the

experts and social actors face the management of green areas in Dourados, and

what they understand by strategic management of such areas. It was found that the

social actors have very clear ideas about the functions that these areas have on the

quality of life and the natural environment, and they know what to expect for them.

Also, there was a disruption and confusion encountered when trying to identify which

agency actually accounts for their management. Finally, we presented directives for

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the management of urban areas in Dourados, which may serve to direct immediate

management actions, such as structural components for the discussion of the issue

in instruments such as the Municipal Master Plan, but more importantly, can guide

the debate on the need to create a management plan for Dourados urban green

areas as a specific instrument of management, since it was considered that the

agenda planning and management of these parks, much will depend on the priority

and single focus on the structuring and conservation to be achieved by the society

and government.

Keywords: Public policies; green urban áreas; municipal urban parks sustainability;

planning and management.

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1. INTRODUÇÃO

A aglomeração urbana é um fato que vem se desenhando ao longo das

últimas décadas. Ao migrar para as cidades em busca de melhores condições de

vida e emprego, as pessoas formam, notadamente, assentamentos humanos de

grande complexidade que causam, dentre outras coisas, a poluição daquele meio.

Pois é fato que, nas cidades é onde se encontram boa parte das indústrias e

produção de resíduos sólidos, causadores de poluição.

Mesmo com todo este potencial poluidor, sendo um reduto urbano, separado

das grandes áreas de lavouras e pastagens e principalmente das florestas e

reservas ambientais, nota-se, pela importância que é dada nas discussões em todos

os meios, que nem sempre a importância que se dá ao ambiente natural ali existente

é suficiente para garantir a qualidade de vida da população, e conseqüentemente, o

correto cumprimento das funções ecológicas da cidade.

Assim conservação do ambiente natural urbano torna-se matéria cada vez

mais urgente dado o crescimento sem precedentes da população que ali vive. Sachs

(1993, p. 30) corrobora desta opinião ao afirmar que “uma das características mais

importantes da nossa época é a explosão urbana sem precedentes”. E com esse

crescimento, multiplicam-se as necessidades e os problemas ambientais locais.

Tomando como objeto de estudo as áreas verdes urbanas de Dourados/MS,

cidade que se encontra em um momento singular de sua realidade político-

administrativa e num momento de reorganização espacial e institucional, o presente

trabalho pretende inserir no debate acerca do planejamento urbano local, a gestão

dos parques urbanos municipais e suas contribuições para a qualidade ambiental na

cidade.

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Segundo dados da Prefeitura Municipal de Dourados, em 30 de Dezembro

de 2003 foi publicada a Lei Complementar N. 72, que instituiu o Plano Diretor

Municipal. Elaborado para atender as exigências legais da época, o PD contou com

ampla participação popular, por meio de oficinas e audiências públicas – conforme

relatos de jornais da época. Mas ainda assim apresenta algumas lacunas com

relação à realidade ambiental do município, relegando suas decisões a outras

ferramentas como, por exemplo, a Política Municipal de Meio Ambiente, conhecida

como Lei Verde.

Conforme o previsto na época de sua criação, o PD começa a ser revisado

para que em 2013, dez anos após sua publicação, haja revisão de pontos que

devem se adaptar à realidade dinâmica do município. Para isso, foi reativado em

maio de 2011 o Conselho Municipal do Plano Diretor – CMPD, entidade

representativa e consultiva, que vem trabalhando para este fim. Seu funcionamento

abre espaço também para o diálogo para a elaboração do Plano Diretor de

Arborização Urbana, que até 2011 não havia sido discutido por conta da não

efetivação do CMPD (Prefeitura Municipal de Dourados, 2011).

O município de Dourados foi emancipado política e administrativamente em

20 de dezembro de 1935 e tinha, desde o século XIX, todo seu território tomado por

plantações de erva mate, sob monopólio da extinta Companhia Matte Laranjeira. Em

1943 teve uma grande área destinada à implantação da Colônia Agrícola Nacional

de Dourados – CAND, uma espécie de reforma agrária feita pelo governo de Getúlio

Vargas nos anos de 1940, dentro de uma política chamada de “Marcha para o

Oeste” que tinha por objetivo ocupar os espaços vazios do interior do Brasil e a

povoar as regiões brasileiras com pouca densidade populacional, garantindo a

manutenção do território. A partir desse programa de colonização, verifica-se uma

grande corrida por parte de imigrantes de várias regiões do país e também de

estrangeiros, o que fez o número de habitantes saltar de 13 para 68 mil em duas

décadas (ARAKAKI, 2008).

As pequenas propriedades formadas pela CAND foram se desfazendo e

formando as grandes fazendas, que hoje é uma de suas características econômicas

mais marcantes. O município de Dourados deve parte de sua vocação agrícola ao

solo predominante na região, do tipo Latossolo Roxo e ao clima estável de estação

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quente e chuvosa no verão e moderadamente seca no inverno com temperaturas

médias em torno de 28ºC (EMBRAPA, 2011).

Por esta forte característica de agronegócio, Dourados possui muito pouco

de sua formação vegetal original nas áreas rurais, que foram desmatadas para dar

lugar às grandes áreas de monoculturas. A região pertence à bacia do Rio Paraná, e

é uma área de transição entre ecossistemas de mata atlântica e de cerrado. Sua

vegetação nativa reconhecida é composta de mata, cerrado, capoeira e complexo de

vegetações. Os remanescentes de Mata Atlântica, que revestiam boa parte do

município de Dourados e da região da sub-bacia do Rio Ivinhema, encontram-se

hoje em apenas 4% de sua área original (IMAD, 2007).

Hoje, Dourados se encontra em um momento bastante pertinente para se

discutir a implementação de diretrizes que norteiem o planejamento e gestão das

áreas verdes urbanas, e que possam vir a compor o Plano Diretor Municipal, e,

portanto, com força de lei. Não só por conta da revisão do PD, mas pela recente

ampliação do perímetro urbano municipal que confirma a necessidade de urgência

nesse processo. Começa-se a perceber ainda a necessidade de medidas mais

enérgicas nesta direção, devido aos efeitos negativos de um planejamento urbano

que não foi, em outras épocas, implementado adequadamente.

Desde o ano de 2010, a área central da cidade já sentiu os efeitos da

enxurrada invadindo o comércio e cobrindo calçadas e canteiros centrais,

ocasionados por chuva. Além do período de chuvas fortes que tem tido duração

acima do normal, o sistema de galerias de águas pluviais quando existente,

sobrecarregado, e a constante permeabilização do solo nas partes mais altas da

cidade, por conta de construções e ampliação do perímetro urbano, são

considerados os grandes responsáveis por essa situação. Essa realidade, típica das

regiões periféricas da cidade, não era comum nos bairros mais nobres, o que incita a

discussão do problema com uma parcela maior e mais ativa da sociedade, o que

pode dar mais força à discussão e à busca de soluções.

Outros problemas urbanos afetam o desenvolvimento da cidade e também

precisam ser sanados como, por exemplo, a forte especulação imobiliária e a

invasão de áreas irregulares, especialmente as de risco e fundos de vale, que

podem vir a ameaçar significativamente as áreas verdes na cidade. Além disso,

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percebe-se pela realidade apresentada, que essas áreas em Dourados, mesmo com

sua extensão e localização privilegiada dentro da malha urbana, compondo uma

parte importante de seu ordenamento territorial, já não conseguem suprir as

necessidades de permeabilização do solo, bem como seu sistema de drenagem.

De qualquer forma, num primeiro momento já se percebe que a cidade de

Dourados não possui políticas ou programas estratégicos para a proteção e

utilização responsável de todas as suas áreas verdes urbanas. Nas verificações

junto aos órgãos competentes, é possível reconhecer que os projetos existentes

apresentam-se como ações pontuais e ficaram retidos por conta de processos

burocráticos ou mesmo desinteresse político.

Neste sentido, este trabalho justifica-se pela importância que há na

investigação deste processo de planejamento e gestão pelo poder público municipal

e pelos atores interessados. Ao propor formas de aprimoramento da gestão, o

presente trabalho poderá contribuir significativamente para o empoderamento do

processo por parte de todos dos atores sociais envolvidos, pressionando assim os

entes públicos a tratarem o assunto como questão estratégica no desenvolvimento

sócio-ambiental urbano.

Para realizar esta discussão, este trabalho é apresentado em capítulos.

Após uma breve introdução ao tema e ao objeto de estudo, apresenta-se um

capítulo com um levantamento bibliográfico sobre temas pertinentes ao trabalho

realizado, versando desde assuntos estratégicos como a relação da sociedade e

natureza e gestão ambiental, até temas mais específicos como Áreas Verdes

Urbanas e Parques Urbanos Municipais.

O capítulo seguinte trata dos materiais e métodos utilizados neste trabalho,

apresentando o município de Dourados e também os parques urbanos que serviram

de objeto de estudo: Parques Antenor Martins e Arnulpho Fioravante, apontados

pela municipalidade como parque urbano de lazer e parque ambiental,

respectivamente, e Parque Municipal Natural do Paragem, enquadrado como

Unidade de Conservação pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação –

SNUC. Neste capítulo apresentam-se ainda os métodos de pesquisa social aplicada,

utilizados para a realização da pesquisa de campo baseado em entrevistas semi-

estruturadas e na pesquisa utilizando a Técnica Delfos.

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5

O capítulo subseqüente apresenta os resultados do trabalho realizado,

discutindo os principais pontos apresentados no referencial teórico e levantando as

primeiras idéias que serviram de base para as propostas apresentadas na

seqüência.

No último capítulo são apresentadas as conclusões finais deste estudo,

discutindo sua importância e pertinência, bem como as sugestões de implementação

das propostas que visaram responder aos objetivos do trabalho.

Para fins de direcionamento da pesquisa, toda a discussão baseou-se no

seguinte questionamento: Como é conduzido o processo de planejamento e gestão

das áreas verdes urbanas no município de Dourados/MS e como, na visão dos

atores envolvidos, este processo poderia ocorrer de forma estratégica?

Ao responder esta pergunta, o presente trabalho teve como objetivos

principais analisar a gestão das áreas verdes urbanas no município de Dourados/MS

do ponto de vista de sua eficiência e efetividade; identificar, por meio da percepção

de atores representativos o que a sociedade entende por gestão estratégica destas

áreas, e; propor diretrizes que orientem um modelo ideal de gestão destas áreas,

adaptado a realidade do município, de forma a facilitar a adoção de um modelo de

gestão de áreas verdes urbanas, mais eficiente e eficaz, adaptado à realidade

douradense, do ponto de vista de seus atores sociais e políticos.

A cidade de Dourados necessita, neste momento, repensar a forma como

vem gerindo suas áreas verdes urbanas. Com o intuito, não de fazer uma escolha

entre desenvolvimento e meio ambiente, mas de modo a repensar e escolher formas

de desenvolvimento mais sensíveis ao meio ambiente (SACHS, 1993). Pois a

conjuntura exógena sobre a preocupação com meio ambiente e desenvolvimento, e

endógena de transformações e abertura político-administrativas vividas pelo

município podem significar um momento singular para que Dourados repense seu

modelo de desenvolvimento, baseando-o em um modelo coerente com sua

realidade, participativo e estratégico.

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2. ESPAÇOS VERDES E AS CIDADES

A utilização indiscriminada do termo desenvolvimento sustentável tem

tornado a percepção do tema um pouco deturpada pela sociedade, pois quase

sempre é utilizada para definir a suposta sustentabilidade ambiental ou ecológica,

promovida por pessoas, empresas, instituições e afins. Porém, a definição do termo

requer a inserção de outras dimensões relativas ao desenvolvimento e a atividades

humana. Desenvolvimento sustentável, trata não apenas de ações imediatas e

voltadas ao meio ambiente, mas principalmente da visão de fututo que queremos em

relação aos recursos naturais e ao atendimento de nossas necessidades sociais

básicas.

A definição mais amplamente aceita e difundida para este termo foi dada em

1987, com o relatório da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e

Desenvolvimento – CMMAD, intitulado “O Nosso Futuro Comum”. Nele,

desenvolvimento sustentável é “aquele que atende as necessidades do presente

sem comprometer as possibilidades de as gerações futuras atenderem as suas

próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Neste documento, conhecido

também por Relatório Brundtland, abre-se a possibilidade de pensar na

sustentabilidade ecológica ou “ecodesenvolvimento”, num âmbito mais amplo,

interagindo com a estrutura sócio-econômica, que permeia com importância igual ou

superior, as relações sociais vigentes:

Em essencia, desenvolvimento sustentável é um processo de transformação no qual a exploração dos recursos, a direção dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional se harmonizam e reforçam o potencial presente e futuro, afim de atender às necessidades e aspirações humanas. (CMMAD, 1991, p.49)

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Constanza (in SACHS, 1993, p. 24) propõe a definição do que chama de

sustentabilidade ecológica como sendo

[...] um relacionamento entre sistemas econômicos dinâmicos e sistemas ecológicos maiores e também dinâmicos, porém, de mudança mais lenta em que: a) A vida humana pode continuar indefinidamente; b) Os indivíduos podem prosperar; c) As culturas humanas podem desenvolver-se; mas em que d) Os resultados das atividades humanas obedecem a limites para não destruir a diversidade, a complexidade e a função dos sistemas ecológicos de apoio à vida.

Ou seja, mesmo quando tratamos do termo sustentabilidade ecológica, está

implícita a necessidade que temos dos recursos naturais para a sustentação do

modo de vida humano. Quando analisamos os conceitos de desenvolvimento

sustentável acima descritos pelos autores, é possível notar que há diferenças entre

crescimento e desenvolvimento.

Muito mais do que crescimento – o fenômeno contabilizado pelo aumento do

capital e dos recursos em determinada área geográfica, medido pelo seu Produto

Interno Bruto – PIB – é necessário atrelar a participação social nesses resultados,

através da melhora de sua qualidade de vida, aumento do emprego, renda, aumento

de benefícios sociais e maior acesso a infra-estrutura. Ou seja, o desenvolvimento

está intimamente ligado ao bem estar social, e consequentemente à sustentabilidade

ecológica, cuja manutenção é essencial para o atendimento destas mesmas

necessidades sociais.

E se a idéia de desenvolvimento sustentável nos remete não só à dimensão

ambiental e social, mas a dimensões cada vez mais amplas e variadas, que

perpassam por tudo que é fundamental para o modo de vida humano, é preciso

reconhecer que ele exige a participação de todos os atores interessados, na tomada

de decisão que se faz necessária para sua implementação. Essa forma de ver o

conceito de desenvolvimento sustentável, onde se considera o sociocultural e o

econômico num mesmo grau de importância do ambiental, consegue ser mais

realista e consequentemente, aumenta o número de atores sociais e políticos

interessados em discutir o assunto.

A conscientização quanto à necessidade de se discutir a questão da

sustentabilidade em uma perspectiva que interesse e motive toda a sociedade se faz

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urgente, pois não se pode mais verticalizar o processo de planejamento, acreditando

que todos acatarão as decisões tomadas à sua revelia. Franco (2000, p. 167)

corrobora com esta idéia, ao afirmar que:

Como a melhora de uma condição ambiental é um conceito que envolve aspectos socioculturais complexos, e cuja mudança vai naturalmente implicar em conseqüências que envolverão toda uma comunidade, ela é antes de tudo, uma decisão política.

Politicamente, as decisões verticalizadas sobre sustentabilidade ambiental,

ocorrem cada vez em menor número, pois os processos de planejamento contam

com metodologias participativas que visam atender as necessidade de um número

cada vez maior de pessoas.

Pensando na idéia de um “tripé da sustentabilidade”, passa-se então a

incutir a visão de que ambientalismo e economia não são antagônicos, e que a

questão do meio ambiente e desenvolvimento deve ser discutida obedecendo a três

critérios fundamentais e simultâneos: prudência ecológica, equidade social e

eficiência econômica (SACHS, 1993).

A prudência ecológica, citada por Sachs (1993) ainda nos faz refletir sobre

duas fortes correntes que tratam do tema: a corrente preservacionista e a

conservacionista. Estas duas vertentes surgiram na virada do século XIX para XX,

quando ocorreu uma divisão de opiniões no movimento ambientalista americano.

Conforme explica McCormick (1992), os preservacionistas defendiam a

“preservação” ou “proteção” das áreas naturais de qualquer uso que não fosse o

recreativo ou educativo. Na época, o movimento teve como principal defensor o

naturalista John Muir, cujo trabalho contribuiu para a criação do Parque Nacional de

Yosemite em 1890. Embora não sendo o primeiro parque nacional americano a ser

criado, Yosemite foi “a primeira reserva consciente designada à proteção de áreas

virgens” (1992, p.31). Já os conservacionistas, defendiam a exploração economica

dos recursos naturais disponíveis, desde que de forma sustentável e racional. O

movimento apoiava-se nas idéias utilitaristas do consultor em manejo florestal

Gifford Pinchot, que defendia que “as florestas americanas [...] deveriam ser

gerenciadas de modo a contribuir para a economia do país” (1992, p.31).

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De fato, mesmo que a defesa para os usos seja distinta nos dois

movimentos, é possível verificar que com maior ou menor interferência e

consequências, todos entendiam e defendiam a utilização dos recursos pelo homem,

seja através da exploração econômica ou de estudos e lazer, desde que de forma

sustentável.

Os dois movimentos ganharam força e expressão internacional, sendo

citados e defendidos até hoje por muitos pesquisadores e ambientalistas. Embora

com um caráter mais “suave” sobre o que defende a conservação ambiental,

conforme interpreta Franco:

Conservação ambiental pressupõe o uso-fruto dos recursos naturais pelo homem na linha de mínimo risco, isto é, sem a degradação do meio, e do mínimo gasto de energia. De outra maneira, pode-se dizer que conservar significa utilizar sem destruir ou depredar a fonte da origem de alimento ou de energia (2000, p. 36).

Ao considerar o ser humano e suas atividades socioculturais e econômicas,

como parte da sustentabilidade, o movimento ambientalista, abre caminho para se

voltar a discutir o desenvolvimento sustentável na forma de seu tripé: ambiental,

social e econômico.

Porém, Sachs, o mesmo a propor a idéia da prudência ecológica, equidade

social e eficiência econômica, e um dos primeiros a propor e difundir o conceito de

ecodesenvolvimento, mais tarde substituído por desenvolvimento sustentável,

também propõe que este “tripé” seja ampliado para pelo menos cinco dimensões.

Segundo ele, ao planejar o desenvolvimento sustentável, é necessário considerar as

dimensões da sustentabilidade social, econômica, ecológica, espacial e cultural

(1993, p. 25 – 27):

� Sustentabilidade social: Baseia-se em um tipo de crescimento orientado para a

distribuição do “ter” e da renda, com o objetivo da construção de uma

sociedade do “ser”. O objetivo é suprir as necessidades materiais e não-

materiais de boa parte da população com baixo índice de desenvolvimento

humano.

� Sustentabilidade econômica: baseada num fluxo regular de investimentos

privados e públicos, com a alocação e gestão mais eficiente destes recursos.

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� Sustentabilidade ecológica: que conta com alavancas importantes, tais como a

limitação do uso de combustíveis fósseis; intensificação do uso dos recursos

naturais renováveis, em substituição aos não renováveis, para propósitos

socialmente válidos; redução significativa do volume de poluição e resíduos;

intensificação da pesquisa em tecnologias limpas e acessíveis; definição de

regras para uma adequada proteção ambiental.

� Sustentabilidade cultural: aplicação dos conceitos de desenvolvimento

considerando as soluções particulares, de modo a respeitar as especificidades

de cada ecossistema e região.

� Sustentabilidade Espacial: Voltada para uma melhor distribuição de

assentamentos humanos e econômicos, rurais e urbanos com cuidado para:

concentração excessiva nas áreas metropolitanas; destruição de ecossistemas

frágeis e vitais por conta de colonização descontrolada; promoção de projetos

modernos de agricultura, com acesso ao crédito e a novas tecnologias para o

pequeno produtor; ênfase no potencial para industrialização associada a

tecnologias de nova geração; estabelecimento de uma rede de reservas

naturais e de biosfera.

A perspectiva de ampliar as dimensões sobre as quais se pensa o

desenvolvimento sustentável é uma grande oportunidade para incluir, no bojo desta

discussão, territórios que normalmente não têm tanto espaço quanto florestas e

grandes reservas de recursos hídricos, quando se fala na conservação ambiental, tal

como as áreas urbanizadas. Especialmente se considerarmos que na sociedade

contemporânea, não é mais possível pensá-las de forma dissociada uma da outra. O

pensamento de que, espaços destituídos de população são áreas naturais, e que os

espaços habitados são recursos humanos (FRANCO, 2000) limitam nossa

capacidade de entender o território urbano como recurso ambiental fundamental

para a sobrevivência humana, e que precisa ser tratado como espaços cujos

problemas ambientais provocam maior sensibilidade, e por isso, são urgentes para a

sociedade.

Pires (1998, p.66) afirma que “[...] inflação, desemprego, crise energética,

assistência à saúde, poluição, crimes, entre outros, significam uma crise única [...].

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Os problemas atuais que são globalmente interligados e interdependentes, merecem

um novo modelo de análise”.

Na esteira do pensamento destes dois autores, é possível abrir o

questionamento se não seriam os centros urbanos, o local onde as discussões

acerca de desenvolvimento sustentável podem ocorrer de forma mais completa,

tendo em vista as relações interdependentes de todas essas dimensões, ocorrendo

no mesmo tempo e espaço, e tão próximas da sociedade.

Mas mesmo que tenhamos as áreas urbanas como um cenário para estudar

este processo, como passar da situação atual para uma situação de

sustentabilidade? Pires (1998) afirma que é necessário criar estratégias de

transição, e isso inclui enfatizar o papel que o Estado ocupa no desenvolvimento

sustentável.

E um dos instrumentos principais do Estado para este fim, são as políticas

públicas. Conforme Little, políticas públicas são o “[...] conjunto de decisões inter-

relacionadas, definido por atores políticos que tem como finalidade o ordenamento, a

regulação e o controle do bem público.” (2003, p.18). Já Dal Bosco (2008) vai um

pouco além em sua definição de políticas públicas, inserindo em seu conceito, a

participação de agentes privados e não apenas do agente público para a

materialização de um interesse comum.

Mas além dos agentes públicos e privados, ainda há que se considerar um

terceiro elemento, a ser inserido no processo de planejamento de políticas públicas:

a sociedade civil, pois a ela são dirigidas as ações. A sociedade civil é ainda, de

certa forma, co-responsável pela implementação desta política dentro dos resultados

esperados. Matus (1993, p. 42) questiona:

Por que partir da premissa que só um ator planeja, sem que outros integrantes do sistema se oponham, resistam ou formulem também seus próprios planos? Por que limitar o diagnóstico a uma só explicação objetiva, quando é notório que os diversos componentes da sociedade têm diferentes opiniões sobre seu estado, sobre as causas de tal estado e sobre o futuro desejável?

Ao refletirmos sobre seus questionamentos, verificamos que, independente

das ações do Estado, a sociedade, maior conhecedora de seus problemas e anseios

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futuros, continuará trabalhando, dentro de suas possibilidades, para que sua

realidade chegue próxima à desejada.

Isso ocorre especialmente no planejamento de questões mais próximas e

mais presentes no cotidiano da sociedade, como é o caso das áreas verdes

urbanas. Estas áreas podem e devem ser inseridas dentro da perspectiva de ações

estratégicas de desenvolvimento sustentável, uma vez que estão diretamente

associadas à qualidade de vida e ao bem-estar da população.

A qualidade de vida urbana, na verdade, está diretamente atrelada a vários

fatores que estão reunidos na infra-estrutura, no desenvolvimento econômico-social

e àqueles ligados à questão ambiental. No caso do ambiente, as áreas verdes

públicas constituem-se elementos imprescindíveis para o bem estar da população,

pois influencia diretamente a saúde física e mental da população. (LOBODA e

ANGELIS, 2005).

Além disso, “as estratégias de desenvolvimento terão de incluir, de qualquer

modo, esforços internos para preservar a qualidade ambiental urbana, recuperar

seus espaços centrais desvalorizados e modernizar suas infra-estruturas e serviços”.

(ALVA, 1997, p.75).

Assim, o poder público deve tomar para si a responsabilidade de “puxar” a

questão das áreas verdes urbanas para a agenda de discussões, como forma de

promover, em conjunto com a sociedade, a qualidade ambiental no espaço urbano

de sua responsabilidade.

2.1 GESTÃO AMBIENTAL

Embora se discuta que as grandes questões ambientais ocorram no

chamado “meio natural” e que boa parte dos problemas originados nas cidades são

ocasionados pela poluição, é nos centros urbanos onde se concentra a maior parte

da população e onde primeiro se sentem os impactos ambientais.

Segundo o Conselho Nacional de Meio Ambiente – CONAMA, impacto

ambiental é definido como

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Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causado por qualquer forma de matéria ou energia resultantes das atividades humanas [...] que afetam: ‘1 – a saúde, a segurança e o bem-estar da população. 2 – as atividades sociais e econômicas; 3 – a biota; 4 – as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; 5 – a qualidade dos recursos ambientais. (RESOLUÇÃO 001 DE 23/01/1986).

Para definir quais os limites para o impacto ambiental, suas formas de

contenção e/ou medidas mitigadoras, é necessário que haja a mediação de

interesse entre os envolvidos, de forma a garantir que as partes sejam, na medida

do possível, atendidas, mas principalmente, que o interesse da coletividade em

contar com um meio ambiente saudável e adequado, não seja desrespeitado. Nesse

sentido, a gestão ambiental apresenta-se como o esse instrumento mediador que

pode garantir a preservação dos interesses ambientais, pois segundo Macedo, a

gestão ambiental “refere-se aos meios de se alocar, consumir e conservar os

recursos naturais, tais como a água e o ar, afim de atender as necessidades

humanas” (2009, p. 332).

Já Theodoro amplia este conceito de gestão ambiental, reforçando seu

carater de ação política, mas inserindo o setor privado e a sociedade como co-

responsáveis pelo processo.

Gestão ambiental é o conjunto de ações que envolvem as políticas públicas, o setor produtivo e a sociedade, visando o uso racional e sustentável dos recursos ambientais, ela engloba ações de caráter político, legal, administrativo, econômico, científico, tecnológico, de geração de informação e de articulação entre estes diferentes níveis de atuação (THEODORO, s.d.).

A autora destaca ainda que a gestão ambiental tem como funções

fundamentais o planejamento, direcionamento, organização e controle dos processo

que possam ocasionar impactos ambientais. Com base nas afirmações dos autores,

entendemos que a gestão ambiental é, na essência, o instrumento pelo qual se

aplica o planejamento, a legislação e o ordenamento relativos ao meio ambiente. No

caso das cidades, a utilização deste instrumento fica sob a responsabilidade do

poder público, que é seu executor.

Os princípios da gestão ambiental devem considerar conceitos modernos de

valoração dos recursos disponíveis no ambiente urbano, deixando de lado a visão

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economicista e abrindo-se para valores até então desconsiderados, como por

exemplo, o valor de existência do capital natural, originado de pesquisas

interdisciplinares sobre biodiversidade, que são:

Resultado da ampliação de critérios para estimar o valor dos recursos biológicos. Eles têm um ‘valor de uso para consumo’, quando diretamente consumidos pelos produtores; um ‘valor de uso produtivo’, ou valor de troca na economia padrão quando comercialmente extraídos e transformados; e, finalmente, um ‘valor para não-consumo’, [...], um ‘valor de opção’, [...] e um ‘valor de existência’, pelo simples fato de existirem. (SACHS, 1993, p. 23)

Os princípios fundamentais de desenvolvimento defendidos por Sachs

devem basear também as estratégias de desenvolvimento urbano, pois uma maior

equidade social, prudência ecológica e eficiência urbana devem ser buscadas ao se

discutir a gestão estratégica e eficiente do meio urbano.

De acordo com a quantidade e a gravidade dos problemas enfrentados, as

cidades devem buscar soluções participativas e inovadoras para o seu

desenvolvimento, considerando suas particularidades e necessidades, sem que seja

preciso buscar soluções prontas.

Franco (2000) endossa a visão de que a cidade é um ecossistema, que sofre

transformações provenientes de suas atividades internas baseadas na troca de

matérias, energia e informação, e que possui diversos organismos vivos formando

uma comunidade, mas onde predomina o homem.

Sachs também reforça essa visão de cidade viva, dinâmica e original,

acrescentando ainda, as questões humanas e culturais que a envolvem:

As cidades são como pessoas: pertencem à espécie urbana, mas possuem personalidade própria. A resposta ao desafio urbano deve levar em consideração a singularidade das diversas configurações naturais, culturais, sociopolíticas, históricas e da tradição de cada cidade. Em vez de se buscar soluções gerais e homogêneas, deve considerar a diversidade dos problemas como um valor cultural de fundamental importância. (1993, p. 33)

Embora os exemplos de sucesso na solução de problemas seja sempre

apreciado e estudado com cuidado, é necessário parcimônia ao utilizá-los em sua

totalidade, pois cada ambiente é dinâmico e particular, podendo não acolher as

idéias advindas de realidades que lhe são física e culturalmente diferentes. Há

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necessidade de se pensar a gestão do ambiente urbano levando-se em conta suas

características únicas.

No meio urbano, a gestão ambiental é a responsável por diversos tipos de

atividades humanas que precisam de suas ferramentas, tais como: controle do uso

do solo; produção e descarte de lixo; poluição sonora; poluição visual; poluição do

ar; além da utilização consciente e ordenada dos recursos naturais disponíveis na

cidade, como por exemplo os espaços verdes e os recursos hídricos.

Debates de nível internacional envolvendo profissionais de arquitetura

exemplificam que todo esse processo da gestão ambiental tem que levar em

consideração o mosaico de atividades humanas desenvolvidas na cidade –

residência, comércio, indústria, serviços; as especificidades espaciais – áreas

verdes, recursos hídricos, áreas construídas, tipos de solo, zoneamento, etc; além

das necessidades básicas dos citadinos naquele ambiente, tais como: moradia,

trabalho, circulação e lazer (CARTA DE ATENAS, 1933).

Nas áreas urbanizadas do mundo a população está cada vez mais sujeita a condições ambientais que são incompatíveis com normas e conceitos razoáveis de saúde e bem estar humanos. [...] As políticas oficiais que regem o desenvolvimento urbano deverão incluir medidas imediatas para evitar que se acentue a degradação do meio ambiente urbano que conseguir a restauração da integridade básica do meio ambiente, de acordo com as normas de saúde e bem estar social. (CARTA DE MACHU PICCHU, 1977)

A gestão ambiental tem, neste sentido, a função principal de criar

parâmetros e fiscalizar a utilização desses espaços urbanos sob a ótica do bem

estar ambiental. Em especial nas áreas naturais, mais frágeis e geralmente de

responsabilidade pública, como por exemplo, as áreas verdes. De forma que o

excesso de liberdade no uso não prejudique sua qualidade, e tão pouco comprometa

sua capacidade de continuar existindo e cumprindo com suas funções.

Garret Hardin em 1967, nas conclusões do seu ensaio “Tragédia nas Áreas

Comuns”, concluia que a “tragédia” se traduzia na inevitável destruição das áreas

comuns, para isso, utilizou-se da parábola sobre uma área comum, na qual diversos

criadores de gado levavam seus animais para pastarem:

Um determinado número de cabeças de gado comia à mesma razão que crescia – a oferta e a procura estavam em equilíbrio perfeito.

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Então, um criador concluía que poderia acrescentar mais uma vaca e colher os lucros, enquanto os custos eram compartilhados por todos os outros criadores, cujas vacas haviam se contentado com menos. Concluia também que, se não acrescentasse uma vaca a mais, os outros poderiam fazê-lo, e então, obteriam lucro às suas custas. A única solução racional era acrescentar uma vaca. Mas todos os outros criadores chegavam às mesmas conclusões e resolviam que tinham que incluir vacas adicionais (McCORMICK, 1992, p. 84).

Layrargues (s.d.), analisa o ensaio de Hardin e constata, amparado por

outros autores, que “a propriedade comunal dos recursos naturais não é sinônimo de

acesso livre”. Por ser “comum”, em geral não se pode restringir totalmente o acesso,

mas a inexistência ou ineficiência da gestão ambiental para impor limites, regras e

parâmetros de uso ao bem comum, pode vir a ocasionar graves problemas para a

comunidade.

Essa parábola serve para explicitar o problema enfrentado nos espaços

verdes ou áreas verdes localizado nas zonas urbanas. Áreas estas em geral

públicas, degradadas e com precárias condições de uso por parte de uma população

que não se sente pertencente àquele espaço, o que faz prevalecer uma visão

popular baseada na idéia que “o que é de todos não é de ninguém”. Assim

encontramos usos abusivos – lixo, esgoto, compactação de solo, desmatamento,

depredação, caça – nas áreas que deveriam contar com maior cuidado, justamente

por pertencer a todos.

Somando-se isso ao fato de que a gestão de áreas não revitalizadas são

normalmente relegadas ao segundo plano na ordem de prioridades do municípios,

haja vista que sua importância não é considerada comparável a problemas urbanos

como saúde, educação e segurança, é possível vislumbrar o problema socio-

ambiental que se avizinha.

Embora no topo da agenda de prioridades de boa parte das cidades estejam

os temas reconhecidamente urgentes como saúde, educação, moradia, segurança e

asfalto, as funções de uma área verde bem conservada e com uma gestão eficiente,

vai muito além da preservação de seus recursos naturais, perpassando questões

importantes, conforme veremos na próxima seção.

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2.2 A IMPORTANCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS E SEUS EFEITOS NO MEIO NATURAL E NA QUALIDADE DE VIDA

A relação existente entre arborização urbana ou espaços verdes urbanos e

qualidade de vida é freqüentemente abordada quando se defende a necessidade de

conservação destes espaços, servindo quase sempre, e por si só, de justificativa

para este fim. A qualidade do ar, a temperatura elevada ou sensação de temperatura

elevada e as áreas permeáveis para a infiltração de água, são fatores ambientais

diretamente influenciados pela quantidade de vegetação existente em uma

localidade. Martins Junior ressalta ainda os benefícios específicos das espécies

arbóreas existentes nestes espaços

Além do efeito positivo sobre o clima, a arborização urbana contribui para o controle da poluição atmosférica, reduzindo os níveis de poluição acústica, absorvendo e dispersando a fumaça e poeira, filtrando as partículas em suspensão, além de eliminar muitos poluentes atmosféricos, enfim, melhorando a qualidade do ar (2007, p. 3).

Ultrapassando os benefícios que podem ser fisicamente sentidos, a

sensação de viver em uma “cidade de pedra” pode causar desconforto entre as

pessoas, especialmente aquelas que vivem em cidades pequenas e médias, que

não estão acostumadas a uma “paisagem de pedra”.

O crescente aumento da atividade turística nacional, e a busca constante

pela atividade em ambientes naturais, comprovados por números oficias do

Ministério do Turismo – Mtur e Organização Mundial do Turismo – OMT1,

demonstram que as pessoas sentem a necessidade de estar em contato com

“espaços verdes”, e isso está diretamente ligado ao seu bem-estar, e talvez, ao fato

de que nos seus locais de residência, seja cada vez mais difícil este contato. Isso

nos induz a refletir se, trazer essa sensação de “contato com o verde” para o dia-a-

dia das pessoas, não faria com que sua sensação de bem-estar, e

conseqüentemente sua qualidade de vida se elevasse.

1 Nos cinco primeiros meses de 2011 o turismo interno cresceu 20,39%, conforme dados oficiais do MTUR em comparação ao ano de 2010. Já OMT estima que 10% das pessoas que viagem pelo mundo sejam ecoturistas, ou seja, pessoas que buscam um contato positivo com o meio ambiente, para praticar atividades de relaxamento lazer e contemplação, em locais que respeitem a natureza e a cultural local, além de buscar informações sobre o local visitado (COSTA, 2008).

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O conceito de qualidade de vida é bastante amplo e diluído, e para melhor

discuti-lo, alguns autores dividem-no em duas categorias: físico/fisiológicos e

sócio/psicológicos ou culturais. Ferreira (2005) aponta que a qualidade de vida não

deve ser entendida como um conjunto de bens, confortos e serviços, mas do que se

consegue obter ou sentir através destes, em oportunidades efetivas para que as

pessoas sejam felizes. Já Franco concorda que o conceito de qualidade de vida é

algo muito amplo, e que abrange inúmeras facetas, mas ressalta que é um tema que

permeia toda a discussão sobre sustentabilidade

No cerne da discussão sobre sustentabilidade, está o conceito de qualidade de vida, a qual pode ser definida com sendo o grau de prazer, satisfação e realizações alcançadas por um indivíduo no seu processo de vida (2000, p. 43).

É certo que a necessidade de proteção e manutenção das áreas verdes

urbanas, que são afinal, os espaços verdes mais próximos da população, traz

benefícios de curto, médio e longo prazo, tanto para os sistemas ambientais das

cidades como para a qualidade de vida da população. Mesmo assim, ainda há, entre

autores e entre ciências, certa indefinição sobre o conceito de áreas verdes urbanas.

Embora muito se discuta sobre o assunto, especialmente nos meios acadêmicos de

diversas áreas de conhecimento, como arquitetura, geografia, turismo, ciências

sociais, psicologia, entre outras.

Loboda e Angelis (2005) apresentam um histórico sobre as áreas verdes

urbanas e ressaltam que seu conceito está profundamente enraizado na história, e

ligado a questões culturais. A princípio, apenas os jardins eram reconhecidos como

espaços verdes. A jardinocultura era considerada uma arte, mas tinha a função

apenas estética e refletia a cultura e o modo de vida dos povos que os cultivavam.

Somente a partir do século XIX é que as áreas verdes assumem um papel utilitário

no meio urbano, com a criação dos primeiros jardins botânicos.

No final do século XVIII e início do XIX surgiram os primeiros parques e jardins públicos na Inglaterra. Impulsionados pelas mudanças drásticas de comportamento e paisagem ocasionados pela Revolução Industrial, e também por uma corrente de médicos higienistas que defendiam a criação de espaços verdes nas cidades, associados a um modo de vida mais saudável. (FERREIRA, 2005, p.34).

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O uso e o conceito dos espaços verdes urbanos são bem mais abrangentes.

Considera-se entre os urbanistas, que as zonas urbanas são divididas basicamente

em espaços com construções, espaços de integração urbana (rede rodo-ferroviária)

e espaços livres de construção (MAZZEI, 2007). Dentro deste último se encontram

as áreas verdes, praças, parques, águas superficiais, jardins e canteiros. Pasqual

delineia melhor seu conceito de áreas verdes urbanas

São os espaços livres de construção (praças, parques, áreas verdes, canteiros, etc.) definidos como espaço urbano ao ar livre, onde se encontram áreas verdes urbanas destinadas a todo tipo de utilização que se relacione com caminhadas, descanso, passeios, práticas de esportes, circulação de pedestres e, em geral, à recreação e entretenimento e podem desempenhar, principalmente, funções estéticas, de lazer, ecológico-ambiental, entre outras. (2008, p. 03)

Áreas verdes urbanas, então, podem ser definidas como toda área livre,

localizada dentro dos perímetros urbanos, cujo elemento principal de sua

composição seja a vegetação.

Mas a utilidade das áreas verdes localizadas em ambiente urbano é

bastante ampla. Além das funções ecológicas, as funções psicológicas,

educacionais, estéticas e sociais são citadas e discutidas, no todo ou em partes, por

autores como Pasqual (2008), Caporusso e Matias (2008), Mazzei et. al. (2007),

Gomes e Soares (2003) como sendo:

� Função psicológica: Proporcionam o alívio das tensões diárias em função do

contato com o verde e quebram a sensação, muitas vezes opressora, de viver

em uma “cidade de pedra”;

� Função Educacional: É possível a utilização dos espaços verdes urbanos

para pesquisas, para a educação ambiental com instituições de ensino e

também com ambientes de ensino não formal para a população em geral;

� Função estética: Diz respeito ao embelezamento e diversificação da

paisagem urbana;

� Função social: Proporciona a utilização dos espaços públicos para o lazer e

recreação, onde as comunidades se sintam pertencentes ao local e,

conseqüentemente, co-responsável por seu zelo;

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� Função Ecológica: Influencia diretamente no micro-clima da cidade, na

qualidade do ar, na manutenção dos cursos d’água, proporciona áreas de

permeabilização do solo e ainda serve de habitat natural para espécies de

flora e fauna;

Em 2004, a Fundação Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro –

CIDE fez um levantamento dos principais benefícios das áreas verdes urbanas

(Figura 1). Embora pontual, e já passados alguns anos, percebe-se que as

informações ali contidas continuam atuais.

Organograma dos Principais Benefícios das Áreas Verdes Urbanas

Fatores Urbanos Principais Formas de Degradação Principais Benefícios das Áreas Verdes

Urbanas

Físico

Clima/ar Alterações micro

climáticas

Deterioração da qualidade do ar

Conforto micro climático

Controle da poluição atmosférica

Poluição Sonora Controle da poluição

sonora

Água Alterações da quantidade

de água

Deterioração da qualidade hídrica

Regularização hídrica

Controle da poluição edáfica

Solo / subsolo Alterações físicas do solo

Alterações químicas e biológicas do

solo

Estabilidade do solo

Controle da poluição edáfica

Biológicos

Flora Redução da cobertura

vegetal Redução da biodiversidade

Controle da redução da biodiversidade

Fauna Proliferação de vetores Destruição de

habitats naturais Controle de vetores

Territorial

Uso / ocupação do solo

Desconforto ambiental das edificações Alterações micro

climáticas

Conforto ambiental nas edificações

Poluição visual Controle da poluição

visual

Infra-estrutura / serviços

Dificuldade no deslocamento

Desperdício de energia

Racionalização do transporte

Aumento da necessidade de saneamento

Saneamento ambiental

Redução da sociabilidade Conservação de energia

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21

Sociais Demografia

Concentração populacional

Crescimento das

necessidades sociais

Conscientização ambiental

Equipamentos e serviço social

Atendimento das necessidades sociais.

Econômicos

Setores produtivos

Valor e desvalorização da atividade / propriedade

X

Valorização das atividades e propriedades

Concentração de pobreza

e desemprego Amenizações dos bolsões da pobreza

Institucionais

Setor Público Redução da capacidade

de gestão urbana X

Apoio à capacidade de gestão urbana

Instrumentos Normativos

Instrumental insuficiente Instrumento de regulamentação

específica.

Figura 1: Quadro que demonstra os principais benefícios das áreas verdes urbanas. Fonte: FERREIRA, 2005.

Todas estas funções relacionam-se direta ou indiretamente à qualidade de

vida das pessoas que vivem nos aglomerados urbanos. Mas destas, talvez a função

ecológica seja a mais direta e importante. Embora nem sempre seja possível senti-la

em curto prazo, ou pelo menos, os efeitos sentidos não são diretamente

relacionados a ela.

O simples fato de haver espaços não construídos, que normalmente também

são livres de permeabilização, já permite a infiltração de água no solo, ajudando a

reduzir efeitos negativos provocados por enxurradas e enchentes, além da não

propagação de vetores nocivos à saúde humana, muito comuns nestas situações.

Além disso, espaços verdes em áreas urbanas são úteis para abrigar nascentes e

leitos de córregos, que alimentam a bacia hidrográfica regional. O assoreamento

destes córregos pode, por si só, causar danos à estrutura urbana e também

prejudicar, em longo prazo e dependendo de seu tamanho e importância, o próprio

abastecimento de água da cidade.

Estes espaços, especialmente quando abrigam vegetação de porte arbóreo,

contribuem significativamente com a manutenção da umidade do ar e do micro-clima

local, atenuando o calor do sol e mantendo a temperatura média mais agradável em

áreas próximas a vegetação. E ainda podem atuar como filtros para a poluição

atmosférica.

As áreas verdes permitem ainda, a existência e manutenção de uma fauna

mais rica. É comum encontrar em áreas urbanas com grandes extensões de áreas

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verdes, além de muitas espécies de aves, algumas espécies de mamíferos e um

número significativo de exemplares da ictiofauna.

Mas mesmo com todas as possibilidades de benefícios com a conservação

das áreas verdes urbanas, é possível questionar porque então, o tema não é tratado

com importância pelo poder público? Apenas com base nas importantes funções das

áreas verdes urbanas, é possível afirmar que sua conservação, deveria ser

considerada como questão estratégica para o desenvolvimento sócio-ambiental dos

municípios.

Neste sentido, o planejamento urbano quando ocorrer, seja na forma de

políticas, planos ou programas, não pode se omitir de prever um tratamento

adequado para as áreas de interesse ambiental nos centros urbanos, considerando

as especificidades e necessidades locais.

Franco relembra que a Agenda 21 em seu capítulo 7, reforça a necessidade

de planejamento ambiental e a “administração e uso sustentável do solo” como

ferramentas auxiliares na redução da pobreza urbana. A autora ressalta que este

documento

[...] orienta os países a fazerem um levantamento dos seus recursos de solo e classificá-los de acordo com seus usos mais adequado, ressaltando que áreas ambientais frágeis ou sujeitas a catástrofes devem ser identificadas para medidas especiais de proteção. [...] reconhece que o planejamento ambiental deve fornecer sistemas de infra-estrutura ambientalmente saudáveis, que possam ser traduzidos pela sustentabilidade do desenvolvimento urbano, o qual está atrelado à disponibilidade dos suprimentos de água, qualidade do ar, drenagem, serviços sanitários e rejeito de lixo sólido perigoso (2000, p. 22).

Este documento é importante para reafirmar a necessidade do planejamento

praticado a nível mais local possível, ou seja, o ambiente urbano, levando em

consideração a questão ambiental, pois esta, muitas vezes vem sendo deixada de

lado em detrimento a políticas que consideram como aspecto fundamental do

planejamento urbano a questão socioeconômica. Isso demonstra uma visão

distorcida das funções e benefícios que decorrem da conservação das áreas verdes

urbanas, uma vez que estas compõem o conjunto de sistemas interdependentes e

necessários à sobrevivência do meio urbano.

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23

Como já citado anteriormente, os estudos interdisciplinares mais recentes

que tentam valorar os recursos naturais, entendem que não apenas na gestão, mas

já no planejamento, é necessário considerar o valor destes recursos, incluindo os

espaços verdes urbanos, na totalidade do seu ‘valor para não-consumo’, ‘valor de

opção’, ‘valor de existência’. Pois talvez, a ignorância da real importância destes

espaços, possa sair mais caro para a sociedade, do que se entende que sejam em

princípio.

Mas na proporção em que existem vários tipos de áreas verdes urbanas, tais

como canteiros, jardins, parques, praças e águas superficiais, há também diversas

formas de conservá-las. Os jardins, em geral, são espaços privados. As praças

públicas, menores e com grande parte de sua área construída, são utilizada para o

lazer. As águas superficiais possuem legislação específica de proteção, e os

canteiros, embora com importante função de abrigar árvores e áreas de infiltração,

podem acabar sucumbindo para dar espaço ao alargamento de vias públicas. Muitas

vezes, os vãos existentes entre ruas e avenidas, são pensados para isso, e mesmo

com a possibilidade de se manterem as árvores, as áreas de infiltração diminuem

consideravelmente.

Assim, é possível afirmar que uma das formas mais seguras para garantir a

manutenção de áreas verdes com tamanho considerável dentro das cidades são os

parques ambientais urbanos.

Segundo Kliass (1993, p.19), parques urbanos são “espaços públicos com

dimensões significativas e predominância de elementos naturais, principalmente

cobertura vegetal, destinado à recreação”. Já Melazo e Colesanti (2003) ressaltam

que os parques são destinados a recreação de qualquer tipo, especialmente da

população do entorno, e sua existência está intimamente ligada à qualidade de vida

da população.

Considerando seu papel e funcionalidade, os parques urbanos podem ser

classificados em três categorias, conforme esclareceu Mantovani, no Seminário

Internacional: “Parques Urbanos e meio ambiente: desafios de uso” (2005):

� Parques Tecnológicos: com mobiliário, áreas de lazer, e sem elementos

biológicos significativos;

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� Parques Jardins: com elementos biológicos em sua maioria exóticos, que

exigem manutenção e têm função paisagística;

� Parques Ecológicos: com ecossistemas naturais em toda a sua estrutura,

provenientes de áreas naturais protegidas e preservadas dentro da área

urbana, ou áreas que perderam sua cobertura original e que depois foram

recuperadas.

Os parques ecológicos podem ainda ser enquadrados como Parques

Urbanos de Lazer ou Parques Ambientais ou então como Parques Naturais. Este

último contemplado pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC,

como área protegida.

Os Parques Urbanos de Lazer ou Parques Ambientais são extensas áreas

abertas com predomínio de vegetação, destinadas ao lazer e recreação da

população, podendo sofrer intervenções e ter seu uso definido a critério da

municipalidade. E mesmo possuindo áreas de proteção permanente – APP, nas

margens de córregos, áreas de várzea e etc. não são consideradas unidades de

conservação. Neste sentido, a diferença entre Parques Urbanos de Lazer ou

Parques Ambientais e Parques Naturais Municipais está na legislação que os define

e protege.

O SNUC, instituído pela Lei N. 9.986, de 18 de Julho de 2000, define Parque

Nacional como uma das categorias de unidades de conservação. Uma unidade de

conservação desta categoria quando criada pelo Estado intitula-se Parque Estadual,

e quando criada pelos municípios, denomina-se Parque Natural Municipal. Quanto

ao seu uso e conservação, conforme a legislação, estes parques têm como objetivos

básicos

A preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico (Lei N. 9.986, de 18 de Julho de 2000 in GUERRA, 2004, p.46).

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2.2.1 Parques Urbanos Municipais: da idéia aos dias atuais

Os primeiros parques nacionais criados para fins de conservação ambiental

surgiram no movimento ambientalista americano no século XIX. O Parque de

Yellowstone foi o primeiro Parque Nacional a ser criado, em 1872, e possuía uma

área de 800 mil hectares. Já o Parque Nacional de Yosemite, só foi criado em 1890,

embora um decreto do Congresso americano designasse já em 1864, a

transferência da área pública do Vale de Yosemite para o Estado da Califórnia “com

a condição de que os espaços serão mantidos para utilização, lazer e recreação

públicos e deverão ser mantidos inalienáveis em qualquer tempo” (McCORMICK,

1992, P.30).

Nos Estados Unidos, também na segunda metade do século século XIX,

surge a iniciativa de criação do primeiro parque ambiental Urbano, na cidade de

Nova York, em 1858. Com períodos de glória e decadência em sua história, o

Central Park ainda hoje é romanticamente retratado, e considerado o “pulmão” da

cidade.

Porém, as iniciativas de criação de parques públicos, embora não ainda com

a definição de “nacionais”, mais ainda assim urbanos e públicos, tem origem na

Europa e é anterior as iniciativas americanas. Conforme já relatou Ferreira:

“no final do século XVIII e início do XIX surgiram os primeiros parques e jardins públicos na Inglaterra. Impulsionados pelas mudanças drásticas de comportamento e paisagem ocasionados pela Revolução Industrial, e também por uma corrente de médicos higienistas que defendiam a criação de espaços verdes nas cidades, associados a um modo de vida mais saudável” (2005).

Já no Brasil desde a época do Brasil Colônia, no século XVII que as

autoridades demonstram preocupação com a preservação de áreas verdes no

entorno das cidades. Nesta época, o problema central que culminava nesta

preocupação era o desabastecimento de água potável na área urbana, agravado

principalmente com o significativo aumento populacional decorrente da vinda da

corte portuguesa para o Brasil (FRANCO, 2000).

A mesma autora também relata que já no início do século XIX, a influência

dos chamados “sábios naturalistas”, que vieram da Europa compondo a comitiva da

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futura Imperatriz Leopoldina, tiveram influência positiva e significativa para que fosse

reconhecida a rica biodiversidade brasileira, o que, de certa forma, despertou o

interesse da elite da época para a conservação ambiental.

Toda essa influência no Brasil teve como reflexo as gestões do Major Archer

e Escragnolle como administradores da Floresta da Tijuca entre 1861 e 1888, com a

idéia de preservação e de conservação para transformá-la em um parque,

respectivamente. Utilizando-se ora de árvores nativas, ora de espécies exóticas, a

Floresta da Tijuca foi reflorestada por estes dois gestores.

Apesar de toda essa preocupação ambiental, o primeiro Parque Nacional

brasileiro, o de Itatiaia, só foi criado sessenta e cinco anos após Yellowstone, em

1937. Mas antes disso, houve diversas iniciativas para a criação de áreas verdes.

Especialmente nas áreas urbanas, remontando desde o século XVIII. Em 1779

começou a ser construído o Passeio Público do Rio de Janeiro. E o Jardim Botânico,

inaugurado em 1808 por Dom João VI, é até hoje considerado um dos ícones das

áreas verdes urbanas brasileiras, abrigando uma significativa coleção florística, além

é claro, de seu valor histórico-cultural.

Já no século XX, muitos parques urbanos foram criados no Brasil, podendo-

se destacar o Parque do Ibirapuera, em São Paulo (1954). Assentado sobre uma

área de várzea de dois milhões de metros quadrados e na confluência de dois

córregos, o parque nasceu para atender a necessidade de recreação, lazer,

esportes, além da difusão da flora e atendimento aos preceitos de higiene e saúde

(KOCH, 2009). Hoje, é uma das principais áreas verdes da maior cidade do país.

Neste sentido, é possível perceber que na criação de parques é uma ação,

geralmente política que vem, pouco a pouco, se impondo. Mas ao passo que a

criação dos parques, especialmente os urbanos, não é algo muito difícil, discutir a

gestão eficiente destas áreas ainda é uma seara com exemplos bem limitados.

Muito ainda se discute sobre a necessidade de profissionalizar a gestão

pública, e em dar a ela um caráter mais técnico do que político. Em algumas áreas

da gestão, essa questão é mais premente que outras, como é o caso, por exemplo,

da resolução das questões ambientais, haja vista que esta, necessita de uma visão

de longo prazo, e sua discussão perpassa por diversos setores da sociedade.

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Ao falar da gestão de áreas verdes urbanas ou parques urbanos municipais,

um dos primeiros e melhores exemplos que se apresentam é gestão realizada na

cidade de Curitiba/PR. Reconhecida como modelo de desenvolvimento urbano e

como “capital ecológica”. Essa fama tem início no começo dos anos 70 os técnicos

do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba – IPPUC, através da

indicação de Jaime Lerner à prefeitura, tinham a oportunidade de “estar no poder”.

Neste momento, e por vários períodos, a municipalidade, começa a delinear as

estratégias de desenvolvimento urbano pautadas na consideração dos problemas

ambientais urbanos

Foi durante a primeira gestão de Lerner que se institucionalizou a tradição curitibana na preservação de áreas verdes. A mudança no organograma funcional da Prefeitura, ocorrida com a posse de Lerner aproximou a Diretoria de Parques e Praças de seu gabinete. [...]. Na verdade, esse rearranjo funcional fazia parte de toda uma nova estratégia de ação diante dos “problemas ambientais” que a nova gestão procurava colocar em prática, muito embora eles não fossem tratados com base nesse conceito. Os “problemas ambientais” eram considerados no rol dos problemas que obstaculizavam o desenvolvimento econômico da cidade (MENEZES, 1996, p. 101-102).

Desta gestão, e de várias outras que se seguiram até meados dos anos 80,

pode-se perceber avanços importantes na organização dos espaços verdes da

cidade. Menezes (1996) observa que a criação de parques em áreas de mananciais

e a decretação destas áreas como Áreas de Proteção Ambiental – APA. Além da

institucionalização de sua gestão, através do Departamento de Parques e Praças,

mais tarde transformado em Departamento de Parques, Praças e Proteção

Ambiental foram as duas grandes medidas que, somadas a outras de menor impacto

institucional, criaram uma estrutura política e administrativa que viabilizou a gestão

eficiente das áreas verdes urbanas na cidade de Curitiba.

Institucionalizar ou dar respostas oficiais a demandas pela melhoria da qualidade ambiental significava, antes de qualquer coisa, abdicar do poder de barganha na ordem econômica internacional. (TRECHO DO DISCURSO DE JAIME LERNER, AO FALAR DO POSICIONAMENTO DO BRASIL NA CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS EM 1972, In MENEZES, 1996, p.15).

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Mas ser “modelo” significa apenas que é uma das melhores dentro do que

se está propondo a analisar, e que conseguiu resolver com eficiente, parte das

questões pertinentes ao tema. E não necessariamente, que não há problemas a

serem resolvidos. Curitiba, como qualquer outra cidade, especialmente as capitais,

ainda sobre com alguns problemas urbanos como, por exemplo, a favelização.

Dentro da gestão de áreas verdes urbanas, um dos grandes problemas

apontados nas cidades onde há uma estrutura de parques urbanos razoável é a

distribuição espacial destes parques. Mendonça (2002) aponta para este problema

em Curitiba/PR, ressaltando que a grande maioria de seus parques urbanos estão

localizados em suas áreas mais nobres, o que deixa a população das áreas mais

pobres, carentes de opções de lazer próximas de suas residências.

Isso ocorre, em parte porque, a partir da criação destes espaços, há uma

tendência natural de valorização da região no entorno, dado o valor agregado a ela.

Com isso, a realidade que se encontra após o término de implementação destes

parques, é a sua localização em áreas nobres das cidades. O que aponta para a

necessidade constante de se criar novas áreas de lazer, e conseqüentemente,

novos parques para atender as comunidades de periferia. Que, em verdade, são as

que possuem menor acesso a áreas de lazer.

Uma confluência de fatores, fez com que fosse atribuído a Curitiba o título de

cidade modelo na gestão ambiental urbana. O êxodo rural, a conseqüente ocupação

irregular dos espaços verdes, ocorreu em um momento histórico e político em que o

país investia recursos nos municípios, apoiando a idéia de “progresso”. Somou-se a

isso a gestão municipal, e de caráter técnico adotada por Jaime Lerner em suas

gestões como prefeito. O entendimento de que a população deveria se sentir

partícipe deste processo, também foi estratégico na composição desta imagem de

“capital verde”.

É certo que a cidade comporta diversos problemas de ordem ambiental e

social, mas de maneira comparativa, ainda é a que possui os melhores exemplos e

reflexos de gestão de áreas verdes urbanas. Assim, é preciso perceber, que a forma

estratégica, pautada em decisões técnicas de gestão destes espaços verdes, foram

decisivos para esses reflexos.

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Mas suas decisões foram também baseadas em sua realidade social,

ambiental, política e administrativa de cada época. Por isso, o exemplo pode ser

seguido, mas não deve servir integralmente de parâmetro para a elaboração de

estratégias em outras cidades. Corroborando com esta idéia, Zirkl ressalta que

“Podemos descrever Curitiba como modelo de gestão urbana analisando o planejamento urbano, o transporte público e os programas ambientais. Estes exemplos bem sucedidos poderiam sim ser adotados em outras cidades, sempre, contudo, respeitando as características locais. Levar o modelo inteiro para outros lugares, com certeza, seria um fracasso, por que as mesmas condições e problemas locais não existem em outros lugares. (2003, p. 96)

Entende-se com isso que, o modelo ideal de gestão de áreas verdes

urbanas deve se lembrar dos bons exemplos de experiências anteriores. Mas tal

como descreveu Sachs (1993), ao incluir a dimensão cultural na discussão sobre

sustentabilidade, o modelo de gestão deve, principalmente, ser pautado nas

decisões estratégicas de seus atores sociais e políticos, baseados na realidade

local.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

3.1 OBJETO DE ESTUDO

Dourados é o segundo maior município do Estado de Mato Grosso do Sul

(Figura 2). Possui uma população de aproximadamente 196 mil habitantes, dos

quais 90% encontram-se na área urbana (IBGE, 2010). É considerada pólo de

desenvolvimento regional e fica a 224 quilômetros da capital do estado, Campo

Grande.

Campo Grande

Mato Grosso

Goiás

São Paulo

Dourados

Figura 2: Mapa de localização do município no contexto Nacional/Estadual.

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Sua área urbana é bastante arborizada e segundo a última contagem

realizada no início dos anos 2000, são cerca de 270 mil árvores2 no perímetro

urbano. Mas nos últimos dez anos, segundo a SEMSUR, os limites urbanos do

município foram revistos, de maneira pontual, pelo menos cinco vezes, o que por si

só, já deixa a contagem bastante defasada. Em 2011 a prefeitura fez aprovar um

projeto de lei para aumentar o perímetro urbano do município. Embora menor do que

o inicialmente proposto, a prefeitura conseguiu a anuência dos conselhos municipais

ligados a questão urbana e ampliou a área que era de 82,42 km2 para 210,82 km2

(Figura 3).

Ressalta-se, porém, que há ainda um “vazio urbano” significativo. Muitos

lotes urbanos ainda não foram ocupados, e abrigam parte dos indivíduos arbóreos

da cidade. Isso pode significar que, com a eminente ocupação destes lotes, dado o

crescimento do município e também a função social a que se destinam as áreas

urbanas, boa parte destas árvores, estejam em risco de serem suprimidas.

Além da arborização, o município possui seis córregos em sua área urbana

antiga, e doze áreas verdes dentro do perímetro urbano, instituídas pelo Plano

Diretor Municipal, de 2003, como sendo para o município, Zonas de Especial

Interesse Ambiental – ZEIA (Figura 4). As ZEIAs do novo perímetro urbano ainda

não foram oficialmente demarcadas.

2 Segundo informações da Secretaria Municipal de Serviços Urbanos – SEMSUR, repassadas pela Eng.

Agrônoma Rosilene Bertipaglia Gimenez. A contagem de árvores está sendo refeita pela secretaria para atender a uma demanda da criação do Plano Diretor de Arborização Urbana, porém, não há data prevista para o término da contagem.

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Figura 3: Mapa de demarcação do novo perímetro urbano do Município de Dourados/MS. Fonte: Prefeitura Municipal de Dourados, 2011.

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Figura 4: Mapa de localização de ZEIAs em Dourados/MS. Fonte: Prefeitura Municipal de Dourados.

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Com o intuito de viabilizar esta pesquisa e torná-la mais objetiva, tomou-se

como objeto de estudo três importantes áreas verdes públicas do município (Figura

5): Parque Municipal Antenor Martins, Parque Municipal Arnulpho Fioravante e

Parque Municipal Natural do Paragem.

Figura 5: Localização dos parques na malha urbana do Município de Dourados: Parque Arnulpho Fioravante (A); Parque Antenor Martins (B); Parque Municipal Natural do Paragem (C). Fonte: Google Earth.

A escolha destas três áreas baseou-se no fato de que, dentre todas as áreas

verdes do município, estas estão oficialmente definidas e demarcadas – legal e

fisicamente, como parques municipais. Embora seus estágios de manutenção sejam

bem distintos, conforme será visto a seguir, espera-se que essa definição das áreas

enquanto parques municipais torne as sugestões que se pretendem obter com a

finalização deste trabalho, mais realistas e cabíveis, do ponto de vista do agente

público que é, no caso do planejamento e gestão de áreas públicas, o tomador de

decisão.

C

A B

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35

3.1.1 Parque Municipal Antenor Martins

Possui 244.049,00m² de área, demarcada desde 1977 como um Parque

Municipal. Conta com um grande lago artificial, construído para receber as águas

pluviais, e que hoje é utilizado para pesca esportiva (Figura 6-A) e atividades de

recreação e lazer. O parque foi revitalizado e reinaugurado no ano de 2003,

recebendo boa infra-estrutura como quiosques (Figura 6-B), praça infantil (Figura 7-

A), quadras poliesportivas (Figura 7-B), pistas de caminhada, campo de futebol e um

teatro de arena.

Figura 6: Atividades de lazer no Parque Antenor Martins – Pesca (A) / Vista geral dos equipamentos de lazer (B).

Figura 7: Equipamentos de esporte e lazer no Parque Antenor Martins – Praça infantil (A) / Quadra poliesportiva (B).

A B

A B

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Está localizado no bairro Jardim Flórida, região de bastante densidade

populacional, e é muito utilizado pelos moradores do entorno. A utilização pela

população do município em geral, se dá especialmente em ocasiões festivas,

quando o parque sedia grandes eventos tradicionais na cidade, como, por exemplo,

a “Festa do Peixe” durante a semana santa e o “Verão Dourados”. Recebe pouca

manutenção de infra-estrutura e por isso, seus equipamentos estão bastante

deteriorados.

O parque abriga uma nascente do Córrego Água Boa, cuja área foi cercada

e reflorestada com vegetação nativa (Figura 8-A). Além da cerca em torno da

nascente, as regras que orientam a utilização do parque, limitam-se a orientações

quanto à entrada de bicicletas, animais, veículos e horário de funcionamento.

Durante o trabalho de campo, foi possível observar que, além das placas

informativas (Figura 8-B), não há regras específicas de gestão da área, ou mesmo

um órgão municipal responsável por dizer exatamente, que tipo de atividade é

permitida no parque.

Figura 8: Área de preservação do Parque Antenor Martins – Entorno da nascente (A) / Placa sinalizando área de preservação “Marco verde” (B).

Na figura 9 é possível observar por imagem de satélite, a área do parque,

bem como seus principais pontos de interesse.

A B

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37

Figura 9: Imagem de Satélite do Parque Antenor Martins Fonte: Google Earth.

A

B

E

D C

A – Entrada Principal / Posto da

Guarda Municipal

B – Área de preservação da nascente

do córrego Água Boa

C – Área utilizada para eventos

D – Teatro de Arena

E – Pista de Caminhada

F – Lago construído artificialmente

G – Entrada secundária / Sede do

BOPE/PM

G F

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3.1.2 Parque Municipal Arnulpho Fioravante

Localizado na área central da cidade, em frente ao Shopping e à Rodoviária

(Figura 10), possui uma área de 582.523,76m2. Também possui um grande lago

artificial, pois a área é receptora das galerias de águas pluviais da cidade. Ali se

encontram alguns pontos de nascente do Córrego Paragem. A infra-estrutura de

lazer existente não é utilizada pela população, por encontrarem-se em condições

precárias de uso. Isso acaba gerando alguns problemas sociais graves, como por

exemplo, sua utilização por usuários de drogas. Além dos quiosques (Figura 11-A) o

parque possui quadras poliesportiva, atualmente utilizadas pela PMA (Figura 11-B),

um campo de futebol e pista de atletismo – a única com medidas oficiais no

município (Figura 11-C).

Figura 10: Shopping visto de dentro do Parque Arnulpho Fioravante.

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Figura 11: Equipamentos de lazer no Parque Arnulpho Fioravante – Quiosque com churrasqueira (A) / Quadra poliesportiva (B) / Campo de futebol (C).

Na área do parque encontram-se ainda o prédio do Instituto Municipal de

Meio Ambiente – IMAM e Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a sede da Guarda

Municipal – GM (Figura 12-B) e o quartel da Polícia Militar Ambiental – PMA. Há

também uma estrada de terra que corta os fundos do parque (Figura 12-A).

A

B

C

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40

Figura 12: Infra-estrutura no Parque Arnulpho Fioravante – Estrada de terra (A) / Sede do

IMAM e GM (B).

Instituído como parque desde os anos de 1970, e contando com uma infra-

estrutura precária, o Arnulpho Fioravante enquadra-se na categoria de Parque

Urbano de Lazer. Mas dentro do IMAM, seu órgão gestor oficial, há uma

discordância entre os técnicos sobre a classificação da área como Unidade de

Conservação – UC ou não, porém, sua definição, instituída por Lei, não atende as

categorias de UC definidas pelo SNUC, embora possuindo córrego e nascentes,

possui Áreas de Preservação Permanente – APP, conforme prevê a legislação. De

qualquer forma, oficialmente o parque não é considerado uma UC, ou seja, tem a

mesma definição do Parque Antenor Martins, mas talvez por não ter recebido

melhorias, e conseqüentemente, possua uma área natural maior – embora isso não

signifique preservada – a importância ambiental que se dá a esta área é

significativamente maior que as outras, seja pelo órgão gestor ou pelas instâncias de

governança.

Por ter uma localização privilegiada, o Arnulpho Fioravante chama a atenção

de vários segmentos da sociedade, e é também muito conhecido. Por isso mesmo é

o parque que possui o maior número de projetos de revitalização e melhorias, porém

nada ainda saiu do papel. Vários projetos existentes para o parque – muitos deles

B A

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ambientalmente questionáveis – se perderam ao longo dos anos em meio aos

rearranjos institucionais que fizeram seu órgão gestor se desvincular de algumas

secretarias e institutos.

Enquanto espera pela implementação de algum dos projetos, problemas

ambientais graves vão tomando conta do espaço, em plena área central da cidade:

Ameaças a fauna (Figura 13) – há uma superpopulação de capivaras no local, que

por vezes “escapam” e atravessam a movimentada rua em frente ao parque; despejo

de esgoto in natura direto no lago, e; um processo de erosão não contido que se

tornou uma voçoroca (Figura 14).

Figura 13: Fauna – Cobras (A), Garças (B) e Capivaras (C).

A B

C

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42

Figura 14: Voçoroca – Dentro do parque (A) e avançando para a calçada externa (B).

A figura 15 apresenta uma imagem de satélite do parque Arnulpho

Fioravante, onde foram acrescentados marcadores para a localização de suas

principais características.

A B

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43

Figura 15: Imagem de satélite do Parque Arnulpho Fioravante Fonte: Google Earth.

C

E

I

H

F

B A

G

A – Entrada / Sede PMA B – Pista de caminhada e campo de futebol C – Voçoroca D – Sede do IMAM e GM E – Entrada de água de nascente Córrego Paragem F – Lago construído artificialmente G – Quiosques H – Nascente do Córrego Paragem I – Área de mata e saída do córrego paragem do parque J – Estrada que cruza os fundos do parque

J

D

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44

3.1.3 Parque Municipal Natural do Paragem

Foi instituído pela Lei N. 2.802 de 21 de Novembro de 2005, com a

finalidade de “preservar a diversidade biológica e os ecossistemas naturais,

admitindo-se apenas o uso indireto e controlado dos recursos”. Este parque está

localizado na região sul da cidade e possui uma área total de 157.962,64m2. Não é

dotada de nenhum tipo de infra-estrutura e por enquanto não possui condições de

uso ou visitação pela população.

Conforme previa a lei que o criou, foi elaborado em 2007 em parceria entre o

Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento – IMAD e a Universidade Federal da

Grande Dourados – UFGD, o Plano de Manejo para a área, que até o momento não

foi implementado. Este plano prevê a implantação de trilhas, programas de pesquisa,

monitoramento, educação ambiental, recreação, manejo e recuperação de áreas

degradadas. Mas sua principal ação será o aumento da área do parque,

incorporando fragmentos de mata do entorno (INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE E

DESENVOLVIMENTO, 2007).

O Parque Municipal Natural do Paragem é, dentre os três parques

estudados, o único denominado como Unidade de Conservação, conforme Lei N.

9.985 de 18 de Julho de 2000, que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de

Conservação – SNUC. Esse processo é importante para a sua conservação, uma

vez que esta é a área que mais sofre impacto ambiental direto (Figuras 16 e 17),

devido ao adensamento populacional do entorno e da quantidade de atividades

sócio-econômicas nas áreas limítrofes.

Dentre os principais impactos identificados na fase de elaboração do Plano

de Manejo estão: pressão por urbanização; aterros; desmatamento; uso do fogo

para queimada de vegetação seca; despejo de lixo doméstico e carcaças de

animais; invasão da mata ciliar pelo gado, provocando erosão; carreamento de

esgoto de moradias próximas; construção de canaletas, e; contenção de água.

(INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO, 2007)

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45

Figura 16: Caminho que divide em duas áreas menores o fragmento de mata do parque. Fonte: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 2007.

Figura 17: Impactos Ambientais no Parque Natural do Paragem – Canaleta de escoamento das águas das piscinas para dentro do parque (A) / Estrada de acesso construída em cima do fluxo da nascente (B). Fonte: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 2007.

A B

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46

Até o momento, a explicação para a não implementação do Plano de Manejo

é a ocupação da área por um poceiro, que juntamente com sua família, vive no local

há cerca de 20 anos, instalou um sítio (Figura 18) e vive daquela área3. Embora a

prerrogativa de usucapião não se aplique a propriedades públicas4, o governo

municipal tem tido dificuldade de retomar o local. Atualmente, tenta-se acordo para a

retirada da família do local por intermédio do Ministério Público.

Figura 18: Ocupação do Parque Natural do Paragem – Sítio (chácara) dentro da área do Parque com curral e área de pastagem para o manejo de gado (A) / Restos de construção e material de reciclagem na casa do caseiro do Parque (B). Fonte: Instituto de Meio Ambiente e Desenvolvimento, 2000.

Os limites do Parque Municipal Natural do Paragem, bom como a

identificação dos seus principais pontos de interesse, encontram-se assinalados na

figura 19.

3 A área do Parque do Paragem foi desocupada em janeiro de 2012, segundo informações obtidas com a Secretária de Meio Ambiente de Dourados, já após a finalização desta pesquisa, em 23 de fevereiro de 2012,. E até esta data, não havia informações sobre as próximas ações com relação ao parque. 4 1. Meio de adquirir o domínio da coisa, pela sua posse continuada durante certo lapso de tempo, com o concurso dos requisitos que a lei estabelece para este fim. 2. Prescrição aquisitiva do direito de propriedade da coisa móvel ou imóvel”. (Dicionário Michaelis, 2009). “Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião” (Art. 102 da Lei 10.406/02 que institui o Código Civil).

A B

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47

Figura 19: Imagem de satélite do Parque Municipal Natural do Paragem. Fonte: Google Earth.

C

Limites do parque

A – Área de Mata dentro

do parque

B – Nascentes

C – Vegetação campestre /

Área alagada

D – Área de pasto sujeito

a inundação

E – Córrego Paragem

F – Área de mata no

entorno do parque

G – Entrada

B4 A

F

G D

E

B2 B3

B1

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48

3.2 MÉTODOS DE PESQUISA

O presente estudo foi dividido em quatro etapas, utilizando para a realização

de cada uma, metodologias específicas aplicáveis em pesquisas sociais.

Na primeira etapa realizou-se uma revisão de literatura, acerca da relação

entre a sociedade e a natureza, sobre a gestão ambiental e sobre as áreas verdes

urbanas, seus usos, conceitos e modelos de planejamento e gestão. A finalidade

desta etapa consistiu em conceituar e contextualizar as principais teorias que tratem

dos temas pertinentes ao trabalho, subsidiando, teoricamente, a importância das

áreas verdes urbanas, suas principais funções e formas de gestão. Esta produziu

efeitos ainda no capítulo onde se apresentam os resultados finais deste trabalho.

A segunda etapa pautou-se na pesquisa de campo, com o objetivo de

levantar um breve histórico e o estado da arte da gestão dos parques urbanos

municipais. Nesta etapa foi feito o levantamento de Políticas, Planos e Programas

descritos no item anterior. Na medida em que esta etapa avançava, pôde-se

identificar alguns atores (políticos e sociais) relevantes ao processo histórico de

planejamento e gestão de áreas verdes urbanas da cidade de Dourados, que foram

incorporados à etapa seguinte da pesquisa.

A terceira etapa do trabalho dividiu-se em duas frentes. Primeiro:

identificação, seleção e entrevista semi-estruturada com atores relevantes – políticos

e sociais – sobre a gestão de áreas verdes urbanas em Dourados. Essas entrevistas

ocorreram no primeiro semestre de 2011, mais especificamente entre os meses de

fevereiro e junho. Neste momento, foram entrevistadas 15 pessoas (Apêndice A) em

diversos níveis de conhecimento e representatividade social e política.

Segundo Buarque (2002, p.125), a técnica de pesquisa denominada

Entrevista Estruturada ou Semi-estruturada “pode se concentrar em torno do

conhecimento da realidade [...] quanto pode ampliar o enfoque para a identificação

de demandas da sociedade e das propostas de projetos de desenvolvimento local”.

Em linhas gerais, os objetivos das entrevistas se concentraram em verificar o

conhecimento do entrevistado sobre as áreas em estudo (localização, gestão e

fiscalização), suas impressões sobre a função das áreas verdes urbanas e o que

este considerava um modelo ideal de gestão de Parques Municipais em Dourados.

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Os entrevistados são aqui chamados de “atores especialistas”, pois, sua

atividade profissional, conhecimento técnico-acadêmico, ou atuação político-

institucional, permitem o conhecimento e reflexão clara acerca das áreas verdes

urbanas na cidade de Dourados, e sobre seu modelo de gestão.

Foram considerados atores especialistas, diversas personalidades políticas

e sociais da cidade de Dourados, identificados durante a pesquisa documental,

como importantes personagens no processo de planejamento e gestão de áreas

verdes urbanas. Sejam por contribuições anteriores, ao longo do processo de

consolidação da legislação vigente, atuação profissional e política, seja pela

contribuição atual, como gestores executivos dessas áreas, co-gestores consultivos,

fiscalizadores, representantes de Organizações Não Governamentais Ambientais

entre outros. Além das personalidades do meio acadêmico ligados ao tema.

Ainda na terceira etapa, paralelamente as entrevistas, foi aplicado um

questionário a outros atores sociais (Apêndice C), escolhidos por serem

representativos da sociedade douradense e em um nível de abrangência maior.

Foram questionados os representantes de associações de moradores, entidades de

classe e movimentos sociais, como forma de obter uma amostra da opinião da

população geral.

O questionário (Apêndice D) foi encaminhado para 70 atores, e possuía uma

abordagem mais simples e direta. Composto de apenas duas perguntas objetivava

saber basicamente, sobre ações de gestão de áreas verdes urbanas. Esse processo

utilizou-se da Técnica conhecida como Delfos Político, onde foi feita a seleção e

consulta a atores representativos da sociedade, e cujo retorno da consulta, levou em

consideração, muito mais o peso político de cada seguimento social do que

necessariamente a quantidade, procurando sempre equilibrar os questionários

recebidos de cada segmento social.

O método Delfos é uma técnica de consulta estruturada (a atores sociais ou especialistas), [...]. Trata-se de um processo de reflexão coletiva, sem que os participantes se encontrem ou dialoguem diretamente, posicionando-se diante da visão do conjunto [...]. A técnica Delfos pode ser utilizada tanto para a reflexão em torno dos problemas e potencialidades (conhecimento da realidade) quanto para a definição de prioridades, programas e projetos na etapa de tomada de decisão (BUARQUE, 2002, p. 128).

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50

Esta pesquisa foi feita em duas rodadas, tal como recomenda a técnica.

Após obter as respostas da primeira rodada, numa taxa aproximada de 35%,

elaborou-se um relatório, na forma de um segundo questionário (Apêndice E),

submetido às mesmas pessoas que responderam à primeira. Com acesso ao

relatório da rodada anterior, os atores foram estimulados a repensar suas escolhas

anteriores e ranqueá-las juntamente com as escolhas dos demais entrevistados, em

uma escala de importância.

As respostas finais dos entrevistados foram transpostas em tabelas e

organizadas de forma a atribuir-lhes um sistema de pontos, que traduziu o grau de

importância que os atores deram nas ações que deveriam ser priorizadas ou

combatidas na gestão dos parques urbanos. As tabelas completas do ranqueamento

feito pelos entrevistados encontram-se nos apêndices deste trabalho (Apêndice F) e

seus resultados finais são apresentados e discutidos no próximo capítulo.

Conforme Buarque (2002) o objetivo da aplicação desta técnica é

estabelecer, principalmente, as ordens de prioridade da tomada de decisões

políticas, com o objetivo de subsidiar as decisões de desenvolvimento local ou

municipal.

A técnica foi desenvolvida e tem sido usada, normalmente, para reflexão em torno de probabilidade de eventos futuros, como ferramenta de construção de cenários. No entanto, foi adaptada para utilização no planejamento local e municipal, explorando a visão dos atores sobre a realidade, o futuro desejado e as ações e iniciativas prioritárias para o desenvolvimento; sob esta forma, é conhecida como Delfos Político (BUARQUE, 2002, p. 128).

A utilização desta técnica permitiu ainda, que os entrevistados tivessem

acesso as respostas uns dos outros, mesmo não vinculando a resposta à pessoa, e

com base nisso, tiveram a subsídios para repensar suas escolhas, confirmando ou

modificando-as, conforme sua vontade.

Nesse trabalho o objetivo foi, juntamente com a etapa de entrevistas,

subsidiar a decisão sobre os modelos de gestão de áreas verdes urbanas a ser

adotado no município de Dourados/MS. Aliando a opinião de atores sociais e

especialistas, às pesquisas bibliográficas sobre modelos de gestão em outras

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localidades, de modo a pensar um modelo de gestão, se não ideal, mas adaptado a

realidade da cidade de Dourados.

A última fase do trabalho consistiu em coligir e analisar os resultados obtidos

nas etapas dois e três, discutindo seus resultados à luz dos autores e teorias

identificados na primeira etapa, com a inserção das conclusões finais e

recomendações.

Na figura 20, encontra-se a esquematização das etapas realizadas neste

trabalho.

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52

3.2.1 Esquema de organização das etapas do trabalho

Figura 20: Organização das etapas do trabalho.

Escolha e

delimitação do tema

Delimitação do

objeto de estudo

Fundamentação

teórica

Sociedade e

Natureza

Trabalho de Campo

Gestão Ambiental

Urbana

Áreas Verdes

Urbanas

Parques Urbanos

Municipais

Visita aos Parques

Urbanos

Levantamento de

documentos

Aplicação da

Entrevista

Aplicação da 1ª.

Rodada do

questionário Delfos

Aplicação da 2ª.

Rodada do

questionário Delfos

Compilação e Análise

dos Resultados

Resultados e

Discussões

Conclusões e

Recomendações

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 ENTREVISTAS COM ATORES ESPECIALISTAS

A entrevista com atores especialistas teve por objetivo identificar dentre eles,

que são importantes e representativos para o tema discutido, o conhecimento que

possuíam sobre as áreas em estudo – localização, gestão e fiscalização; As suas

impressões sobre a função das áreas verdes urbanas; O que consideram um modelo

ideal de gestão de Parques Municipais; e, o que esperam para estes parques no

futuro. As perguntas foram divididas em blocos, que comporiam respostas de

interesse para a discussão do trabalho.

4.1.1 Importância de áreas verdes urbanas – Objeto de Estudo

O primeiro bloco de perguntas tentou identificar a percepção geral do

entrevistado sobre funções de áreas verdes urbanas, bem como seu conhecimento à

cerca das áreas que servem como objeto de estudo deste trabalho.

Sobre a percepção geral dos entrevistados com relação a importância das

áreas verdes no perímetro urbano dos municípios, 90% deles atrelou as funções

sociais e estéticas – ligadas ao lazer, recreação e paisagem, e a função ecológica –

citando permeabilização do solo, controle do microclima e renovação do ar como as

principais contribuições destas áreas. E apenas dois deixaram clara a posição da

importância apenas da função ecológica.

Depois perguntou-se quais eram consideradas as principais áreas verdes

urbanas do município. As respostas de todos os entrevistados incluíram o Parque

Municipal Arnulpho Fioravante, ou então a área linear ao córrego Paragem, que tem

boa parte de suas nascentes dentro deste parque. As áreas demarcadas como

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zonas de especial interesse ambiental e o parque Antenor Martins também foram

citados pela maioria dos entrevistados.

O perímetro do Córrego Laranja Doce (Figura 21) foi citado por 1/3 dos

participantes da entrevista como sendo uma das principais áreas verdes da cidade.

Para esta área, há um projeto de implantação de parque linear, que foi elaborado

pelo Arquiteto Luis Carlos Ribeiro, num momento de grande mobilização da

sociedade douradense em prol do meio ambiente e do projeto, especificamente.

Enquanto a grande maioria dos córregos urbanos é afluente do Rio Dourados, o

Laranja Doce é afluente do Rio Brilhante na área urbana do município. Este córrego

margeia em boa parte uma área nobre da cidade e dentre as diversas dificuldades

para tirar o projeto do papel, está a falta de recursos para desapropriação das

propriedades do entorno.

Figura 21: Área urbana de Dourados, com destaque para o perímetro do córrego Laranja Doce. Fonte: Prefeitura Municipal de Dourados.

Considerando as respostas que incluíram “as áreas de ZEIA” e a área do

córrego Paragem, verificou-se que apenas 25% dos participantes da entrevista

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citaram o Parque Natural do Paragem, por onde passa o córrego de mesmo nome,

na região sul da cidade, como sendo uma das mais importantes áreas verdes da

cidade. E esta é a única área do perímetro urbano douradense, decretada

oficialmente como Unidade de Conservação, apesar de ainda não possuir infra-

estrutura de equipamentos e serviços que permitam que seja desfrutado pela

população.

Durante uma das entrevistas, apurou-se que há recursos disponíveis para a

implementação do Plano de Manejo do Parque Natural do Paragem, que está pronto

desde 2007. Este recurso seria oriundo do pagamento de uma compensação

ambiental realizada pelo empreendimento Usina São Fernando – Açúcar e Álcool,

na época de sua instalação. Essa informação foi obtida na Promotoria Estadual de

Meio Ambiente e confirmada pela Secretaria de Meio Ambiente do Município, que

informa ainda que o recurso, à época, era de R$ 300 mil e está sob a

responsabilidade da SEPLAN, aguardando a liberação da área para que possa ser

aplicado.

A pergunta sobre quais eram as principais áreas verdes urbanas teve a

intenção de confrontar a opinião dos entrevistados, com a escolha do objeto de

estudo deste trabalho, corroborando ou refutando sua importância. Depois, foi-lhes

informadas as áreas que são objeto de estudo, e que à partir daquele momento,

seriam as áreas sobre as quais a entrevista se referiria ao falar de áreas verdes

urbanas.

Perguntou-se em seguida se os entrevistados conheciam as áreas e se

tinham o hábito de freqüentá-las. À exceção de dois entrevistados, que não

conheciam o Parque Natural do Paragem, todos sabiam ao menos, onde se

localizavam as três áreas e haviam passado por lá, ao menos uma vez. Já quanto ao

hábito de freqüentá-las, a grande maioria respondeu que, para lazer “não” ou “não

mais”, pois as áreas possuem estrutura muito precária ou inexistente. Boa parte

ainda visita as áreas, com relativa freqüência, para fins de estudo, visitas técnicas,

eventos, e outros compromissos profissionais. Perguntados ainda se as áreas, que

são afinal definidas como parques – enquanto extensão territorial e não condições

físicas – seriam suficientes para Dourados, a resposta unânime foi “não”.

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56

4.1.2 A gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS

O segundo bloco de perguntas tinha a intenção de levantar o conhecimento

dos entrevistados sobre as áreas, perguntando se sabiam qual (is) órgão(s) era(m)

responsável (is) pela gestão dos parques urbanos municipais, no que consiste essa

gestão, quem é responsável por sua fiscalização e também como entendiam que

está gestão vinha sendo executada, de acordo com suas expectativas.

Os órgãos mais citados foram o IMAM e/ou Secretaria de Meio Ambiente –

2/3 dos entrevistados, mas as respostas em geral apontavam para mais de um

órgão e incluíram: Promotoria de Meio Ambiente, Conselho Municipal de Defesa

Ambiental, Secretaria de Serviços Urbanos – SEMSUR, Secretaria de Obras,

Secretaria de Planejamento – SEPLAN, Secretaria de Agricultura, Indústria e

Comércio – SEMAIC, Gabinete do Prefeito e Fundação Cultural e de Esportes –

FUNCED. Dentre os fiscalizadores, foram citados IMAM, Secretaria de Meio

Ambiente, SEMSUR, SEMAIC, Guarda Municipal – GM e Polícia Militar Ambiental –

PMA.

É fato que a própria Secretaria de Meio Ambiente e o IMAM, que na atual

estrutura administrativa do governo municipal tem o mesmo gestor, o mesmo prédio

e funcionam praticamente em fusão, não foi possível obter uma resposta exata sobre

quem é o responsável pela gestão das áreas verdes na cidade de Dourados. Pois

entendem que, as áreas tem definições diferentes – parque ambiental, parque de

lazer, unidade de conservação – e por isso tem gestores diferentes, mesmo não

sabendo informar quem são.

Na discussão sobre no que consiste essa gestão, feita pelos órgãos citados,

aparecem como resposta: elaborar o planejamento, zelar pelo espaço físico, garantir

a ordem, manutenção e emissão de autorização para uso, sendo esses usos, os

mais diversos, indo de visitas técnicas de pequenos grupos de pesquisadores e

estudantes, a festas públicas de grande porte.

Dois entrevistados responderam que a gestão tem sido conforme as

expectativas, pois dada a atual situação político-administrativa do município, não é

possível exigir mais. Todos os outros entrevistados disseram que está aquém ou

muito aquém de suas expectativas, evidenciando como possíveis motivos para isso

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o desinteresse do poder público, a não execução da política municipal de meio

ambiente, a pouca discussão que se faz sobre meio ambiente em Dourados e

também a confusão na gestão das áreas, não tendo definido quem é o órgão

responsável e conseqüentemente, não tendo material humano especializado

trabalhando para este fim.

Neste momento, ao tentar corroborar as informações acima, perguntou-se

de ações de melhoria ou projetos de médio e longo prazo envolvendo os parques.

Levantou-se ações esporádicas de manutenção como limpeza dos lagos, “roçadas”

e cercamento, recolhimento de lixo do parque, plantio de árvores, sinalização,

identificação etnobotânica e ações de educação ambiental, algumas de iniciativa

pública, outras por iniciativa de clubes de serviços, conselhos municipais, empresas

privadas, ONGs e afins.

Para projetos, quase todos se lembraram da idéia de construir avenidas

expressas ao longo do córrego Paragem, ligando o sul ao centro da cidade, onde

seriam construídos também condomínios para moradia popular. Mesmo não tendo

chegado a projeto, esta idéia ainda persiste na lembrança – inclusive dos

entrevistados, por ter sido muito discutida na época de seu anúncio.

Outros projetos relevantes levantados foram: Projeto de Implantação de uma

Escola Técnica Federal em uma área dentro do Parque Arnulpho Fioravante;

Criação de um corredor ecológico ao longo deste mesmo córrego – Paragem;

Construção de um portal de entrada e um observatório dentro do Parque Arnulpho

Fioravante; Projeto de revitalização do Parque Arnulpho Fioravante; Plano de

Manejo do Parque Natural do Paragem.

É importante ressaltar que dentre os projetos citados acima, o primeiro foi

apenas uma discussão, aprovada no COMDAM, mas que não chegou a avançar

para projeto. O segundo e terceiro chegaram a virar projetos, mas são mais antigos

e não foi possível localizá-los dentro da estrutura administrativa da prefeitura. E os

dois últimos ainda existem. O Plano de manejo se encontra no IMAM e SEPLAN –

não há cópias digitalizadas, apenas uma via impressa em cada órgão. Já o Projeto

de revitalização foi obtido com um dos entrevistados, que na época de sua

apresentação, indicou aos conselhos municipais envolvidos, uma série falhas no

documento que viria a causar sérios prejuízos ambientais a área. Não há mais

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cópias ou informações a respeito, possíveis de serem localizadas, no órgão de meio

ambiente do município.

4.1.3 A importância das áreas verdes urbanas em Dourados

O terceiro bloco de perguntas tentou identificar as principais funções de

áreas verdes urbanas. Foram descritas aos entrevistados três funções ecológicas de

áreas verdes no perímetro urbano e foi solicitado que as hierarquizassem da forma

que entendiam ser mais importantes para a cidade de Dourados, especificamente. E

o por que. Obteve-se o seguinte resultado:

1. Manutenção dos córregos e nascentes na área urbana: Córregos e nascentes

são problemas urgentes, em qualquer circunstância. São componentes

importantes da micro-bacia e conseqüentemente, do sistema de

abastecimento de água do município. Assoreados e poluídos podem trazer

diversos prejuízos e perigos à população, e neste estágio, sua recuperação é

difícil e financeiramente dispendiosa. Há ainda a questão da ocupação destas

áreas, sempre que não há uma forma de protegê-las.

2. Reduzem os efeitos da impermeabilização do solo na área urbana: Essa

função depende, em parte, da função acima. Pois manter leitos de córregos e

nascentes já garante áreas de infiltração na área urbana. Em Dourados, há

ainda um grande número de áreas não construídas, mas a partir do

crescimento natural e cada vez mais rápido da cidade, essas áreas tendem a

diminuir significativamente, o que aumenta a importância das áreas verdes

públicas. Os parques Arnulpho Fioravante e Antenor Martins são exemplos de

áreas que recebem parte das águas pluviais de suas regiões sendo que, seus

lagos, são artificiais e construídos para esta finalidade.

3. Interferem positivamente no microclima da cidade: As áreas não construídas

dentro da cidade também abrigam muitos indivíduos arbóreos, da mesma

forma que na função anterior, enquanto a cidade não cresce e estas áreas

desocupadas não desaparecem, há uma área significativa, coberta por

vegetação, mas essa situação é temporária. Além disso, a industrialização da

cidade ainda é relativamente baixa, se comparada a outras cidades. A

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59

combinação de fatores garante à cidade certo conforto ambiental com relação

ao microclima local, o que pode dificultar entender a importância das áreas

verdes para este fim.

Procurou-se saber também, qual dos parques melhor cumpria a função

ecológica principal e porque, ficando em primeiro lugar o Parque Arnulpho

Fioravante e em segundo, com pequena diferença, o Antenor Martins. Esses

parques, além de geograficamente mais centralizados, possuem lago e abrigam

nascentes importantes de córregos da cidade. O Parque Natural do Paragem,

apesar de possuir a melhor cobertura vegetal, é menor em extensão territorial, e fica

localizado na periferia do centro urbano.

Perguntados se os parques, de modo geral, conseguem atender essa

função, houve certa dúvida se os parques, apesar de estarem em sua maioria muito

degradados ambientalmente, atendem essa necessidade, ou se, na realidade, sendo

Dourados uma cidade de porte entre pequeno e médio, os problemas ambientais

ainda não sejam tão sérios e evidentes a ponto de se perceber o impacto.

4.1.4 O modelo ideal de gestão de áreas verdes urbanas em Dourados/MS

Ao levantar essa questão, o objetivo não era que os entrevistados

buscassem modelos teóricos ou mesmo experiências acertadas de outras

localidades, mesmo porque, alguns não teriam conhecimento para fazê-lo. A

intenção era saber, de maneira mais simples e objetiva, o que deveria ser feito pelos

parques urbanos de Dourados. Para isso, o questionamento foi: “Se a

responsabilidade pela gestão destas áreas fosse sua, quais seriam suas principais

ações?”. O resultado obtido, por ordem de respostas citadas da maior para menor

quantidade de vezes foi:

� Elaboração de Planos de Manejo para as áreas e implementação do que já

existe, definindo a finalidade de cada parque – tipo de uso permitido, para só

então, pensar no seu sistema de gestão;

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60

� Implementar os projetos existentes para estas áreas, especialmente no que

tange a projetos de lazer, dando uso popular aos parques e fazendo-os entrar

no contexto urbano;

� Campanha de conscientização ambiental para a sociedade e para o poder

público;

� Imediata intervenção nos danos ambientais – entrada de águas pluviais sem

controle, e realização de ações de limpeza e fiscalização para que não

voltasse e ficar poluído;

� Ampliar os parques, inclusive com a criação de parques lineares na área do

entorno;

� Buscar recursos internos e externos para executar a gestão dos parques;

� Fazer a recomposição vegetal;

� Fechar os parques e deixá-los apenas para fins de preservação;

� Buscar parcerias com a sociedade civil organizada – Universidades, ONGs,

OSCIP, entre outras;

� Atender as populações que vivem nas áreas de várzea e entorno dos

parques;

Para confirmar as respostas acima, a última pergunta tentou levar os

entrevistados a uma visão de futuro, onde foi perguntado o que gostariam de ver,

com relação às áreas verdes urbanas, se “sobrevoassem” a cidade de Dourados

após dez anos. Diversos cenários foram idealizados. De maneira rápida, sucinta e

embora com muitas semelhanças quanto à situação ambiental desejada, nenhuma

descrição foi igual à outra, tendo inclusive um cenário negativo.

Mas foi possível concluir que, de forma bastante aproximada, os cenários

idealizados foram os esperados de cada ator social, tendo em vista sua colocação

anterior sobre o modelo ideal de gestão de áreas verdes. De maneira geral,

enxergou-se uma cidade muito arborizada, com grandes faixas verdes por onde

passam os córregos, e parques – ampliados ou não – já revitalizados, com

funcionamento e visitação adequados para atrair bastante público, integrando-se ao

contexto urbano.

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61

4.2 RESULTADOS DA APLICAÇÃO DA TÉCNICA DELFOS

Diferentemente da etapa anterior, que buscou a visão de atores mais por

sua especialidade e importância política, a aplicação da Técnica Delfos buscou

incorporar a este trabalho a visão sobre gestão de áreas verdes urbanas de atores

sociais, levando-se em consideração o quão representativos são em suas bases.

A primeira rodada de entrevistas questionou sobre o que deveria ser feito, e

o que não deveria ser feito com relação à gestão de Parques Urbanos (Apêndice D),

pedindo que fossem colocadas por ordem de prioridade e deixando livre para que o

entrevistado respondesse o que quisesse, sem limitar suas opções.

Todas as respostas foram relatadas conforme a ordem de prioridades e

recolocadas em um segundo questionário (Apêndice E) remetido aos mesmos atores

que responderam ao primeiro. Nesta segunda rodada, os atores foram convidados a

repensar suas respostas anteriores – que estavam no questionário – mas lhes

oferecendo também a resposta dos demais atores. Neste segundo questionário, as

respostas foram divididas em ações Político-Institucionais (Figuras 22 e 23) e de

Infra-estrutura (Figuras 24 e 25), de forma a esclarecer e facilitar a conexão entre as

ações, além de facilitar a comparação para escolha.

Foi então pedido ao entrevistado que estabelecesse, dentre as opções, uma

ordem de prioridades, quanto a ações de gestão que deveriam ser priorizadas ou

combatidas nos Parques Municipais. Os resultados finais obtidos com a aplicação da

Delfos estão expostos nos gráficos a seguir.

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Ações Político-institucionais que devem ser priorizadas na gestão

0 20 40 60 80 100

1. Definir responsabilidade de gestão dos parques e torná-los UC

2. Fiscalização e Segurança

3. Conservação e/ou Preservação dos Parques

4. Planejamento / Zoneamento com respaldo no PD

5. Criação da figura do Guarda-parque

6. Implantação de programas de Educação Ambiental

7. Parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico

Figura 22: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão político-institucionais.

Ações político-institucionais que devem ser combatidas na gestão

0 50 100 150

1. Fiscalização ineficiente

2. Uso da área para grandes eventos

3. Caça

4. Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas

5. Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas

6. Deixar de usar a área Ed. Ambiental

7. Permitir uso/exploração comercial da área

Figura 23: Ordem das ações a serem combatidas na gestão político-institucional.

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63

Embora muitas ações tenham sido citadas pelos entrevistados, na discussão

sobre gestão político-institucional, há certo consenso sobre a urgência em definir a

finalidade e a responsabilidade pelas áreas. Essa decisão seria importante para

instituir, de forma mais efetiva a fiscalização e a conservação ambiental das áreas.

Pois muitas vezes as ações de controle de problemas ambientais se da através de

fiscalização, manutenção e controle no uso.

Já as ações de gestão que devem ser combatidas na condução das ações

dos parques, versa sobre a fiscalização ineficiente, o que acarreta em mau uso da

área por parte da população – caça, despejo de lixo e efluentes, abandono, etc., e

do próprio poder público, que realiza ações de revitalização da área sem o devido

cuidado. Exemplos disso são as ações promovendo plantio de árvores sem

identificar as espécies arbóreas corretas para o terreno ou a permissão concedida

para que os parques recebam grandes eventos sem conexão com questões

ambientais.

A observância das respostas obtidas quando a dimensão político-

institucional, tanto nas ações a serem priorizadas quanto nas ações a serem

combatidas comprovam que a opinião dos atores, evidencia os principais problemas

detectados nos parques durante as outras etapas de pesquisa.

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Ações de Infra-estrutura que devem ser priorizadas na gestão

0 20 40 60 80 100 120 140 160

1.Equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente

2. Plantio de árvores nativas / Reflorestamento

3. Eliminação da entrada de água externa (esgoto)

4. Criação de Parques ao longo dos córregos

5. Manutenção dos equipamentos e limpeza

6. Melhorias no acesso e sinalização interna

7. Criar mais parques para desafogar os existentes

8. Implantação de Trilhas

9. Compostagem das folhas

10.Implantação de um Parque aquático

11. Implantação de um zoológico

Figura 24: Ordem de prioridades desejadas nas ações de gestão em infra-estrutura.

Ações de Infra-estrutura que devem ser combatidas na gestão

0 50 100 150

1. Contaminação por efluentes de esgoto

2. Abandono da manutenção

3. Depredação ambiental

4. Edificações que descaracterizam a área ambiental

5. Edificação da área e ocupação desordenada do entorno

6. Redução da área para construção de avenidas

7. Criação de novos parques com objetivos políticos

Figura 25: Ordem das ações a serem combatidas na gestão de infra-estrutura.

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65

A criação dos parques Arnulpho Fioravante e Antenor Martins tinha por

intenção, dentre outras utilidades, que servissem como pontos de escoamento das

águas pluviais oriundas das regiões mais altas da cidade. Sua localização e

topografia eram estratégicas para este fim e, se hoje suas áreas estivessem

impermeabilizadas, boa parte da região central da cidade sofreria com enchentes.

Porém, uma das grandes preocupações dos atores sociais entrevistados, mostrou-

se a entrada de água externa e esgotos nos parques. Galerias de águas pluviais de

suas respectivas regiões deságuam nos lagos, porém, a contaminação destes

espaços, advindas dessas águas está cada vez maior, e até o momento, não foi

localizado pelo órgão de meio ambiente do município, qual (is) empresa(s) são

responsáveis por esta contaminação, despejando efluentes impróprios nas galerias,

e conseqüentemente, nos lagos.

Isso se tornou um problema sério dentro dos parques, haja vista que sua

área é alagável e esta contaminação pode se espalhar. Percebe-se até o momento

que, os esforços pontuais para eliminar esta contaminação não tem surtido efeito.

Além disso, pouco se fez à respeito da contaminação já instalada.

Identifica-se ainda a necessidade de empoderamento do espaço pela

comunidade, através da recuperação ambiental, reflorestamento e principalmente da

implantação e/ou restauração dos equipamentos de lazer ali existentes. Pois mesmo

que definida como prioridade de utilização do parque, a conservação, será

necessário levar a sociedade a aderir à idéia, e isso normalmente se dá quando há

condições mínimas de utilização da área pela população.

Há que se perceber que, sem a discussão e resolução dos principais

problemas relacionados na dimensão político-institucional, notadamente a questão

da responsabilidade de gestão da área, não é possível esperar que ações de infra-

estrutura sejam resolvidas, pois deverá ser o mesmo agente, o executor dos planos

de melhorias físicas e recuperação ambiental dos parques.

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66

4.3 DISCUSSÃO E AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS

As áreas de ZEIA em Dourados foram assim delimitadas por serem áreas

verdes e/ou alagáveis, com alto potencial para preservação/conservação ambiental,

não significando, necessariamente que são áreas públicas, desabitadas ou

desprovidas de construções. Mas ainda assim são consideradas estratégicas do

ponto de vista ambiental. Porém, não há estudos que indiquem a extensão territorial

destas áreas e nem o que significam, proporcionalmente, para a área urbana,

especialmente com a recente ampliação do perímetro. Espera-se que o PD previsto

para 2013, informe tais dados, indicando inclusive, quais serão as ZEIAS dentro da

nova extensão do território urbano municipal.

Entretanto, se as áreas verdes urbanas ainda não estão bem definidas, os

instrumentos que as protegem também deixam a desejar. Há certo consenso entre

atores especialistas e as pesquisas de campo, revelando que a política de meio

ambiente, chamada Lei Verde, por si só, não vem atendendo as necessidades

ambientais do município, especialmente do que tange as áreas verdes urbanas e os

parques, especificamente.

Todavia, pode-se questionar também até onde podemos exigir pormenores

na política de meio ambiente do município, no que tange sua gestão. Políticas

ambientais são, em essência, instrumentos abrangentes que indicam diretrizes

norteadoras da questão a qual se referem, no caso, meio ambiente. Além disso, a

responsabilidade de integrá-lo a dinâmica da cidade e a vida cotidiana de seus

cidadãos, fazendo com que suas funções ultrapassem os limites ecológicos e

atendam também a questões estéticas, sociais e psicológicas, deve ser pensada em

conjunto com políticas de ordenamento urbano, como por exemplo, o Plano Diretor

Municipal.

Contudo, o que se percebe é que há um círculo vicioso na importância que

se dá as áreas verdes de maneira geral. A ocupação, desordenada e ilegal, de áreas

de interesse ambiental ganha notoriedade na mídia, e faz com que a população se

mobilize por essas áreas, muito mais do que pelas áreas já instituídas como

parques. O resultado é que parques com mais de 30 anos de existência,

completamente abandonados, como é o caso do Arnulpho Fioravante, não recebem

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a mesma dedicação que parques recém criados, como é o caso do Parque Rego

D’água.

Por um lado, a formação de novos parques pode vir a garantir que estas

áreas fiquem protegidas, mas dada a análise feita em documentos, pesquisas de

campo, e nos questionamentos aos atores sociais e políticos diretamente envolvidos,

o decreto de criação e o cercamento de uma área como parque, por si só, não

garante sequer que esta ficará livre das ocupações indevidas, e não garante tão

pouco, a sua conservação.

É possível observar ainda que diversos problemas foram identificados, em

todas as etapas da pesquisa, nos parques urbanos municipais em estudo. E estes

problemas podem ser facilmente encarados, como problemas comuns em todas as

áreas verdes da cidade. Atores políticos, sociais e especialistas confirmam várias

das informações obtidas na pesquisa documental e na observação da realidade de

Dourados sobre a situação destas áreas. Mas é possível afirmar que dois problemas

se mostram graves ao ponto de inviabilizar a gestão destas áreas, e que, direta ou

indiretamente, são a causa de todos os outros.

O primeiro problema, e talvez o mais grave é a indefinição de qual é o órgão

municipal é, na prática, gestor destas áreas. Sua utilização é autorizada por vários

órgãos, dependendo do uso que se queira dar. A manutenção é feita por outros

órgãos e não necessariamente, há uma coordenação deste trabalho por uma pasta

específica, que tenha infra-estrutura, recursos humanos e financeiros para este fim.

Dentro da própria prefeitura há uma discordância sobre quem é o órgão municipal

gestor dos parques. O órgão de meio ambiente, por exemplo, reconhece a sua

gestão em apenas dois dos parques, embora os recursos financeiros destinado a um

deles esteja sob responsabilidade da SEPLAN. O resultado disso, na prática, é que

a gestão dos parques, freqüentemente, é dividida entre vários órgãos.

Com isso, além dos eventos da prefeitura, já inclusos no calendário oficial, o

parque, por vezes, recebe outros tipos de eventos como, por exemplo, campeonatos

de som. E em várias destas ocasiões, é possível observar as poucas regras de uso

existentes, sendo quebradas em favor de um evento ou atividade específicas. Vale

ressaltar que isso ocorre, de forma mais corriqueira, no parque Antenor Martins.

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68

Essa indefinição quanto à responsabilidade de gestão das áreas verdes é

muito séria, e determinante no processo de abandono que estes parques vem

sofrendo. Definir a responsabilidade do planejamento e da gestão destas áreas,

inclusive com a criação de um departamento específico dentro da estrutura

administrativa municipal, para este fim, composto por corpo técnico especializado,

será determinante no processo de implementação de uma gestão eficiente.

O segundo grande problema detectado pela pesquisa é a implementação

pontual e esporádica, de projetos para os parques existentes. Enquanto parques

importantes, com mais de 30 anos de existência, encontram-se em condições

precárias e com sérios problemas ambientais, dotações orçamentárias são feitas

para a construção de alguma infra-estrutura de lazer para parques recém criados.

Não se pode afirmar, sem um estudo criterioso, que uma determinada área

verde é mais importante que outra. Mas o que se percebe, é que os investimentos

são pautados em critérios muito mais políticos do que técnicos. E embora toda e

qualquer ação para a conservação ambiental tenha seu valor. O trabalho e recursos

empregados podem ser desperdiçados sem o devido planejamento técnico.

O Plano de Complementação Urbana – PCU, realizado no final da década

de 1970 pelo arquiteto e urbanista Jaime Lerner, e que norteou algumas importantes

referências com relação ao que existe de áreas verdes hoje em Dourados, é um

exemplo. Embora não possa ser considerado um Plano Diretor Municipal,

principalmente, por não contar com a participação popular em sua elaboração, o

trabalho desenvolvido é considerado um importante retrato do ordenamento urbano

do Município e um marco para a conservação de áreas verdes do município através

da criação dos parques Antenor Martins e Arnulpho Fioravante.

Algumas das ações previstas no PCU foram implementadas, imediatamente

após e nos primeiros anos de sua conclusão. Porém, percebe-se que não houve

continuidade, pois muitas das ações não foram levadas adiante pela municipalidade

nas gestões transcorridas nos últimos 30 anos.

Dentre as ações implementadas destacam-se: Criação dos Parques

Arnulpho Fioravante e Antenor Martins para receberem águas pluviais, dada a

necessidade de escoamento da água, e também a necessidade de fazer com que

ela chegasse a essas áreas sem carrear sedimentos para as áreas de preservação

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nas nascentes de córregos; e, os grandes canteiros centrais entre as avenidas e

com cobertura vegetal (grama e árvores) em sua grande maioria, além de largas

calçadas que hoje podem ser vistas como uma considerável área verde no perímetro

central da cidade.

Nas ações que estavam previstas, mas que não foram implementadas pode-

se destacar a posterior criação de parques lineares ao longo dos córregos urbanos,

partindo dos parques criados sob recomendação.

Isso nos mostra que é necessário pensar esta gestão, e conseqüentemente

as ações ambientais implementadas nas áreas verdes urbanas, de forma

estratégica. As definições de áreas feitas dentro do PD são muito importantes, e a

política de meio ambiente é um instrumento fundamental para a gestão ambiental

municipal, mas estes são abrangentes, e não atendem em nível mais próximo, as

necessidades específicas de gestão das áreas verdes urbanas.

É possível afirmar ainda, que as áreas verdes urbanas de Dourados vêm

sendo relegadas a projetos pontuais pela municipalidade, não sendo inseridas em

um contexto de importância estratégica nas políticas, planos e programas públicos.

O planejamento e os instrumentos de gestão das áreas verdes urbanas de

Dourados, incluindo-se aí os parques urbanos em estudo, estão desatualizados.

E não é possível pensar apenas nos parques existentes. Pois sua

manutenção e conservação dependem de um processo sistemático que considere

todo seu entorno. É necessário que haja um planejamento específico para as áreas

verdes urbanas, de longo prazo, que as pense de forma integrada, definindo as

necessidades e prioridades.

O questionamento inicial que este trabalho se propôs a responder foi sobre

como é feita a gestão de áreas verdes urbanas no município de Dourados/MS e

como, na visão dos atores envolvidos, a gestão das áreas verdes urbanas poderia

ocorrer de forma estratégica?

Ao final desta discussão, a avaliação que se faz para responder a este

questionamento é que Dourados não possui um modelo definido de gestão das suas

áreas verdes urbanas. Porém, com base nos resultados, que levam em conta as

pesquisas de campo e principalmente, a opinião dos atores sociais e especialistas, é

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possível estruturar algumas diretrizes que possam vir a nortear um futuro modelo de

gestão estratégica.

As diretrizes apresentadas a seguir (Figura 26) são resultado das pesquisas

realizadas e representam, em tese, as necessidades locais, levantadas pelos atores

entrevistados. Estas diretrizes estão alocadas nas dimensões Ambiental, Político-

Institucional e Sócio-Espacial, adaptadas das dimensões de sustentabilidade

recomendadas por Sachs (1993) de forma a torná-las condizentes com a realidade

identificada pelos atores.

Figura 26: Diretrizes de Sustentabilidade para Gestão de Áreas Verdes Urbanas –

Dourados/MS.

As Diretrizes de Sustentabilidade para a Gestão de Áreas Verdes Urbanas

revelam os principais pontos de estrangulamento na conservação dessas áreas em

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Dourados. Muitos deles de extrema urgência para garantir a saudável existência

destas áreas. Mas não pretende, e nem deve, ser considerado um modelo de gestão

acabado. Estas diretrizes podem vir a compor os instrumentos de ordenamento

urbano, incluindo, de forma mais efetiva, a conservação e o uso que é dado aos

parques urbanos municipais e as áreas de especial interesse ambiental como um

todo.

Essas diretrizes podem ser consideradas, por exemplo, no Plano Diretor

Municipal, a partir de sua reformulação, que ocorrerá até o final de 2013. Pois a sua

normatização, com força de lei, através do PD, pode significar o direcionamento que

daria início à formação de uma agenda clara e concisa de gestão, uso e ocupação

destes parques. E mesmo com a apresentação destas diretrizes, sua definição, bem

como a agenda dos parques, se dará através do modelo de planejamento adotado

pelo governo municipal, que em resumo, é o condutor dos processos de

planejamento urbano e ambiental.

Muitos pontos importantes, e, sobretudo estratégicos para a conservação

das áreas verdes, e conseqüentemente para a discussão ambiental no município,

foram aqui identificados. Mas a observância de problemas estruturais graves, como

a indefinição de destinação ou de gestor para estas áreas fariam com que qualquer

sugestão pontual, se tornasse incipiente.

Desta forma, as diretrizes podem tanto servir para o norteamento imediato

na resolução dos problemas mais sérios que atingem os parques, quanto podem

compor planos estruturais que versem sobre gestão ambiental e ordenamento

urbano municipal. Mas é afirmativo que a construção de um Plano de Gestão de

Áreas Verdes se faz urgente e fundamental para a cidade de Dourados.

Primeiro, porque os problemas ambientais iniciados nessas áreas começam

surtir seus efeitos em outros aspectos da dinâmica citadina, mas ainda assim, sua

resolução pode ser razoavelmente simples, se comparados a outras cidades de

mesmo porte. Segundo, porque a recente ampliação do perímetro urbano poderá

trazer conseqüências sociais, espaciais e ambientais ainda não dimensionadas,

como aumento populacional na área urbana; valorização de áreas verdes ainda não

inclusas nas ZEIAs; ocupação social dos terrenos baldios que abrigam parte da

vegetação arbórea da cidade; invasão de terrenos nas áreas de ZEIA; entre outros.

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72

Nota-se que não são apresentadas diretrizes dentro de uma dimensão

estritamente econômica, pois questões desta natureza, não foram levantadas pelos

atores durante a pesquisa. Ainda assim, sabe-se que a dificuldade em se obter

recursos financeiros para ações de gestão pública pode tornar-se um novo ponto de

estrangulamento para a realização das ações. Neste sentido, o próprio Plano de

Gestão de Áreas Verdes Urbanas a ser elaborado, deve contemplar a previsão das

fontes de recursos para sua execução, que podem ser oriundos do próprio

orçamento municipal, de recursos originados de compensações ambientais, do

fundo municipal de meio ambiente, entre outros.

A definição preliminar de onde proveriam os recursos financeiros, bem como

a prioridade de execução das ações descritas no planejamento, é importante para

garantir que os objetivos levantados de forma participativa, não se percam, e a

implementação de Plano não se torne mero documento burocrático, ou mesmo

instrumento de vontade política.

Muito mais que um documento, o Plano de Gestão de Áreas Verdes será

uma oportunidade de ampliar a discussão social sobre o tema, através de

metodologias participativas e que considerem também uma discussão técnica. E terá

ainda a função estratégica de definir, num horizonte temporal amplo, quais os rumos

que Dourados pretende tomar com relação as suas áreas verdes dentro do

perímetro urbano, o tipo de uso que deve ser dado a cada uma dessas áreas, quais

as prioridades de investimento, segundo critérios sociais e técnicos e qual a

estrutura institucional mais adequada para a gestão destas áreas. Pois será essa

estrutura administrativa, em essência, o elaborador e executor de uma agenda

eficiente para a gestão dos parques ambientais municipais.

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5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

Durante a pesquisa foi possível sentir uma grande dificuldade em prender a

atenção dos atores dentro dos limites dos parques. Embora seja evidente, a

necessidade de se trabalhar com áreas ambientais contiguas, como por exemplo, a

idéia dos parques lineares ao longo dos córregos urbanos, foi difícil fazer com que

os atores envolvidos no processo, visualizem a importância dos parques já

existentes, mesmo sendo evidenciados, todos os problemas ambientais e de gestão

levantados pelos próprios participantes da pesquisa.

Isso poderia demonstrar, de certa forma, que não há comprometimento, ou

entendimento da importância com o que já existe. Ora, se a justificativa da escolha

dos parques urbanos como objeto de estudo se dá, pela relativa facilidade no

processo de implementação de propostas de gestão, não sendo necessários criar

todo um projeto do zero, que implicaria em desapropriação de área, investimentos

financeiros elevados, discussão do uso social destas áreas entre outros.

Talvez por isso não se tenha recentemente, conquistas ambientais

relevantes nas áreas verdes urbanas de Dourados, pois não há interesse coletivo

em levar adiante as conquistas efetivadas, como por exemplo, a finalização do

projeto de um parque ambiental, mesmo quando se dispõe de todas as ferramentas

para isso. O Parque Natural do Paragem é um exemplo claro disso, pois possui o

decreto que o institui como unidade de conservação, plano de manejo pronto e

recursos disponíveis para sua implementação. Mesmo assim, a municipalidade não

consegue resolver sua situação dada à invasão de um poceiro na área.

Mas de qualquer forma, não se pode negar que há uma forte pré-disposição,

em praticamente todos os segmentos sociais, para se discutir e interagir pela

questão ambiental em Dourados, o que de certa forma, facilitaria o início da

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discussão de um Plano de Gestão de Áreas Verdes Urbanas com a sociedade

douradense.

Resulta disso, que áreas demarcadas, por si só, não garantem o

cumprimento efetivo de suas funções ambientais. Sua função social, estética e

psicológica, por exemplo, só serão cumpridas quando a população conseguir

compreender este espaço como seu. O empoderamento da área pela comunidade

pode garantir ainda, um reforço no cuidado e fiscalização que ela deve ter, para

impedir sua degradação e uso indevido, permitindo assim que suas funções,

principalmente a ecológica, sejam cumpridas.

Entende-se que os planos de manejo, sugeridos ou existentes, são

realmente importantes para o manejo correto de cada parque urbano, mas os

parques, não podem ser pensados de forma individual e pontual. Eles são parte

importante do sistema ambiental do município, e como tal, não podem ser excluídos

de seu planejamento realizado para ordenar a dinâmica do desenvolvimento urbano

municipal.

Para isso, ressaltou-se os principais gargalos encontrados para a efetivação

desta gestão e foi proposto algumas diretrizes que podem vir a conduzir um trabalho

imediato de recuperação. E ao mesmo tempo, essas diretrizes podem servir de

parâmetro para e iniciar a discussão do Plano de Gestão de Áreas Verdes Urbanas

proposto:

� Criação de Planos de Manejo;

� Implementação de parques lineares ou APA’s ao longo dos córregos urbanos;

� Recuperação de danos ambientais;

� Reflorestamento correto;

� Controle de efluentes que entram nos parques;

� Definição do gestor responsável pelas áreas verdes;

� Fiscalização eficiente;

� Definição das categorias e usos permitidos nos parques;

� Instalação e manutenção de equipamentos de lazer;

� Sinalização e acesso;

� Programas de conscientização ambiental;

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Este trabalho, que propunha levantar e discutir a gestão dos parques

urbanos da cidade de Dourados, e como seria um modelo ideal para a gestão, sob a

ótica da sociedade douradense, conclui-se com recomendações que pretendem ir

além de sugestões pontuais de gestão. Entende-se que não é possível fazer uma

gestão eficiente, e tão pouco estratégica enquanto problemas estruturais, físicos e

administrativos, como a não estruturação do órgão gestor adequado, indefinição de

uso dado as áreas e a indefinição de planos estratégicos para a gestão destes

espaços, pensando-os dentro da estrutura de desenvolvimento urbano, não são

solucionados.

O processo de gestão destas áreas, dando a elas definição de uso, proteção

legal e um gerenciamento correto, é um passo muito importante para a conquista de

uma gestão de qualidade, e adequada ao modelo de desenvolvimento da cidade de

Dourados. E a viabilidade disso, perpassa pela institucionalização da questão

ambiental, e principalmente das áreas verdes pelo poder público municipal,

instituindo não apenas uma política de meio ambiente, mas a inclusão desta

discussão e principalmente destas ações, no Plano Diretor Municipal, que afinal, é a

efetiva política de desenvolvimento urbano do município.

Verifica-se por fim, que o maior problema na gestão dos parques urbanos,

das áreas verdes e conseqüentemente, da questão ambiental em Dourados,

decorrem da descontinuidade das ações, que são definidas quase sempre, de

maneira pontual e não estratégica. As diretrizes encontradas neste trabalho, bem

como as sugestões da elaboração de um Plano de Gestão de Áreas Verdes e a

urgente criação de uma estrutura administrativa adequada para as áreas, indicam

que a gestão dos parques urbanos municipais, bem como de todas as áreas verdes

urbanas precisam, necessariamente, ser institucionalizadas.

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Plano Diretor Municipal, cria o Sistema de Planejamento Municipal e dá outras

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Uso e Ocupação do Solo e Sistema Viário do Município de Dourados. “Acrescenta

dispositivos à Lei N. 1041, 11 de julho de 1979, que regula o loteamento de terrenos

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“APÊNDICES”

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APÊNDICE A

NOME REPRESENTAÇÃO

Adilson Barros Mourão Presidente da União Douradense de Associação de Moradores – UDAM

Ana Luiza de Ávila Lacerda Arquiteta e Urbanista / Secretária de Planejamento

Cap. Carlos Magno da Silva Comandante da Polícia Militar Ambiental – PMA

César Augusto Scheidt Presidente do Conselho Municipal de Defesa Ambiental

Francisco Eduardo Custódio Presidente da ACED

Jean Bart Presidente da ONG Ambiental – Associação Vida Verde

Luis Carlos Ribeiro Presidente da ONG Ambiental – SALVAR

Manoel Frost Capilé Arquiteto e professor aposentado

Maurício Rodrigues Peralta Secretário de Agricultura Indústria e Comércio

Paulo César Zeni Promotor Estadual de Meio Ambiente

Ros Mary Covatti Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano e Conselho Municipal do Plano Diretor

Rui Lameiro Ferreira Jr. Presidente da Associação dos Arquitetos de Dourados

Major Thonny Audry L. Zerlotti

Comandante da Guarda Municipal

Valdenize Carbonari Barbosa Secretária de Meio Ambiente e Diretora-Presidente do Instituto de Meio Ambiente de Dourados – IMAM

Vito Comar Professor pesquisador da Universidade Federal da Grande Dourados e Coordenador de Pesquisas do IMAD

Figura 27: Quadro dos atores especialistas entrevistados.

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APÊNDICE B – Roteiro da Entrevista Semi-estruturada

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP

PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Esta entrevista é parte integrante da pesquisa sobre gestão de áreas verdes urbanas, e irá compor a

Dissertação de Mestrado, desenvolvida pela mestranda Maria Cristiane Fernandes da Silva Lunas.

As respostas desta pesquisa serão incluídas em uma amostra global e não serão divulgadas

individualmente.

O nome dos especialistas entrevistados comporá uma lista final, em ordem alfabética. Permite que

seu nome seja divulgado nesta lista? � Sim � Não

Entrevistado:

Órgão/Instituição:

Cargo/Função:

Graduação/Especialização:

Data: Local:

E N T R E V I S T A

1. Qual a importância de áreas verdes no perímetro urbano dos municípios?

2. Em sua opinião, quais as três principais áreas verdes urbanas do município de Dourados?

3. Esta pesquisa tem como objeto de estudo as seguintes áreas verdes urbanas: Parque

Antenor Martins, Parque Arnulpho Fioravante e Parque Natural de Dourados (Horto Florestal).

O Sr(a) sabe onde ficam todas estas áreas? Conhece pessoalmente?

4. (Se conhecer) Tem o hábito de utilizá-las(ou sua família)? De que forma?

5. Acha que estas três áreas delimitadas como parques, são suficientes para Dourados?

6. Sabe informar que tipo de atividade é permitida/praticada nestas áreas?

7. O Sr(a) tem conhecimento de qual(is) órgão(s) faz(em) a gestão destas áreas?

8. S abe no que consiste esta gestão?

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9. Acha que a gestão tem sido feita conforme, além ou aquém das expectativas? Por quê?

10. O Sr(a) tem conhecimento de qual(is) órgão(s) faz(em) a fiscalização?

11. O Sr. tem conhecimento de ações de revitalização/melhorias envolvendo as áreas dos

parques municipais?

- Parque Arnulpho Fioravante:

- Parque Antenor Martins:

- Parque Natural de Dourados:

12. E sobre projetos para as áreas?

13. Qual deveria ser a principal função destas áreas verdes urbanas?

14. Hierarquize essas três funções:

( ) - Manutenção dos córregos e nascentes na área urbana:

( ) - Reduzem os efeitos da impermeabilização do solo na área urbana:

( ) - Interferem positivamente no microclima da cidade:

15. Qual das áreas citadas acima melhor cumpre essa função, e por quê?

16. Se a responsabilidade pela gestão destas áreas fosse sua, qual seriam suas principais

ações?

17. Faça um breve comentário sobre como você sonha que estarão estas áreas daqui a 10 anos.

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________

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APÊNDICE C

NOME REPRESENTAÇÃO

Alcides Alves Bezerra

Pres. Ass. Moradores do Bairro Izidro Pedrozo

Antonio Pereira

Pres. Ass. de Moradores do Bairro Jardim Girasol

Ataúfo Stein

Rep. Sind. Mun. dos Trabalhadores da Educação no COMDAM

Brígido Ibanhes

Movimento Trato Coisa Pública – METRA

Cássio Moreira do Nascimento Pres. Ass. Moradores dos Bairros Jardim Santo André, Vila São Pedro, Jardim Rigotti, Jardim Del Rey, Vila Sulmatt

Cícero Lourenço Fernandes Pres. Ass. Moradores dos Bairros Parque das Nações I/ Vila Guarani/ Jardim Brasília /Jardim Márcia

Demétrio Siqueira Cavalcante Pres. Ass. Moradores do Bairro Parque das Nações II

Elízio Leles Pres. Ass. Moradores do Bairro Joquey Clube

Francisca Esmeralda Ajala Pres. Ass. Moradores do Bairro Vila Adelina

Iraci Lopes da Silva Pres. Ass. Moradores do Bairro Terra Roxa / Aimoré

José Miguel Nascimento Pres. Ass. Moradores do Bairro Jardim Maracanã

Jovelino Pereira Carvalho Pres. Ass. Moradores dos Bairros Vila Rosa, Vila Índio e Jd. Murakami

Leonardo Arrigo Pres. Ass. Moradores do Bairro Vila Industrial

Luiz Carlos Luciano Pres. Sindicado dos Jornalistas da Grande Dourados – SINJORGRAN

Mauricio Rodrigues Peralta

Rep. da SEMAIC no COMDAM, CMDU e CMPD

Paulo Lopes de Oliveira Pres. Ass. Moradores do Bairro Grande Água Boa

RONALDO RAMOS Rep. das Entidades Superiores e UDAM no COMDAM

Simone Braccini Damian Ceccon

Rep. UFGD no COMDAM

X*

Rep. Associação dos Geógrafos no COMDAM

Y*

Rep. do Curso de Turismo da UEMS no COMTUR

Z *

Rep. ONG Ambiental Associação Vida Verde no COMDAM

* Os entrevistados não autorizaram a publicação de seus nomes nesta lista. Figura 28: Quadro dos atores políticos participantes das duas rodadas da entrevista delfos.

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APÊNDICE D – Questionário Delfos enviado na primeira rodada

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Este questionário é parte integrante da pesquisa de Mestrado realizada por Maria Cristiane Fernandes da Silva Lunas sobre Gestão de Áreas Verdes Urbanas. Sua participação, respondendo a este questionário é muito importante e será tratada de forma sigilosa. As informações serão incluídas em uma amostra global que comporão a dissertação de mestrado. Uma lista com os nomes das pessoas entrevistas e as instituições às quais pertencem poderá ser incluída na dissertação, como anexo. Caso queira que seu nome não seja divulgado, favor assinalar abaixo.

���� Não quero ter meu nome divulgado. Entrevistado: _____________________________________________________________________ Instituição/Organização: ____________________________________________________________ E-mail: ___________________________________________________________________________ Telefones: ________________________________________________________________________

1- Cite as 3 principais coisas que deverão ser feitas em relação gestão dos Parques

urbanos municipais, por ordem de importância (da mais importante para a menos importante): 1) ___________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2- Cite as 3 principais coisas que não deverão ser feitas em relação aos Parques urbanos

municipais, por ordem de importância (da mais grave para a menos grave): 1) ___________________________________________________________________________

______________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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89

APÊNDICE E – Questionário Delfos enviado na segunda rodada

UNIVERSIDADE ANHANGUERA-UNIDERP PROGRAMA DE MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Este questionário é a segunda rodada da pesquisa respondida pelo Senhor(a) sobre Gestão de Áreas Verdes Urbanas no Município de Dourados/MS. Tal como na rodada anterior, este questionário irá compor a Dissertação de Mestrado de Maria Cristiane F. S. Lunas e as informações serão incluídas em uma amostra global, não sendo citadas as respostas individualmente. Entrevistado: _____________________________________________________________________

Instituição/Organização: ___________________________________________________________

E-mail:___________________________________________ Telefone: _______________________

Questionário 1: Neste questionário, solicitamos que verifique as respostas abaixo, obtidas com o questionário anterior, divididas em ações estratégicas Político-Institucionais (Coluna 1) e de Infra-estrutura (Coluna 2) que deveriam ser priorizadas em relação aos Parques de Dourados. Numere, em ordem de prioridade, as ações de 1 à 7 na Coluna Um, e de 1 à 11 na Coluna Dois, sendo que 1 é o que considera ter maior prioridade para implantação. ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Ordem de prioridade

COLUNA 1

Número de importância

COLUNA 2

Planejamento / Zoneamento da área do parque, com estudos de viabilidade para legislação específica e respaldo no Plano Diretor Municipal

Infra-estrutura geral, com equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente

Conservação e/ou Preservação dos Parques

Plantio de árvores nativas / Reflorestamento

Implantação de programas de Educação Ambiental

Criação de mais parques para desafogar os já existentes

Definir de quem é a responsabilidade de gestão dos parques e tornar esta gestão mais eficiente, transformando estas áreas em Unidades de Conservação

Manutenção dos equipamentos e limpeza dos parques, especialmente nas margens de córregos e lagos

Fiscalização e Segurança

Melhorias no acesso e sinalização interna dos parques

Criação da figura do Guarda-parque, para garantir seu zelo

Implantação de um zoológico

Oficializar os parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico

Eliminação da entrada de água externa (esgoto) nos parques

Compostagem das folhas

Implantação de Trilhas

Criação de Parques ao longo dos córregos

Implantação de um Parque aquático

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90

Comentários: __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Se achar necessário incluir mais algum item, favor fazê-lo no quadro abaixo.

VARIÁVEL COMENTÁRIOS

Questionário 2: Neste questionário, solicitamos que verifique as respostas abaixo, obtidas com o questionário anterior, divididas em ações estratégicas Político-institucionais e de Infra-estrutura que deveriam ser combatidas nos Parques Ambientais Urbanos de Dourados. Numere as ações de 1 à 7 nas Colunas 1 e 2, sendo que 1 é o que considera mais importante ser combatido.

ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Número De importância

Coluna 1

Número de importância

Coluna 2

Edificação da área com construções públicas e/ou privadas e ocupação desordenada do entorno

Fiscalização ineficiente, que acarreta em depredação, vandalismo e em lixo jogado na área;

Depredação ambiental, por desmatamento ou pela introdução de espécies exóticas

Uso da área para eventos com grande aglomeração de pessoas

Redução da área para construção de avenidas ou outros grandes empreendimentos públicos e/ou privados

Deixar de usar a área como potencial para projetos de educação ambiental

Implantação de projetos com muitas edificações (concreto) que descaracterizam a área enquanto parque ambiental

Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas

Abandono da manutenção

Permitir uso/exploração comercial da área

Contaminação da área pelo recebimento de efluentes de esgoto

Caça

Criação de novos parques com objetivos políticos

Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas

Comentários: _________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________________________ Se achar necessário incluir mais algum item, favor fazê-lo no quadro abaixo.

VARIÁVEL COMENTÁRIOS

Obrigada!

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APÊNDICE F – Tabelas transpostas com o resultado do Questionário Delfos 2

TABELA DE ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Político-Institucionais

Planejamento / Zoneamento da área do parque, com estudos de viabilidade para legislação específica e respaldo no Plano Diretor Municipal

7 7 4 2 1 5 1 6 6 2 1 6 1 3 1 1 6 2 1 3 1

Conservação e/ou Preservação dos Parques

4 1 2 3 5 4 4 5 1 4 2 4 6 4 4 4 3 3 6 4 2

Implantação de programas de Educação Ambiental

2 4 5 6 7 3 2 4 5 3 3 5 5 7 3 7 5 5 4 7 3

Definir de quem é a responsabilidade de gestão dos parques e tornar esta gestão mais eficiente, transformando estas áreas em Unidades de Conservação

1 3 3 1 2 2 3 3 3 1 6 1 2 2 2 2 1 1 2 2 7

Fiscalização e Segurança 7 2 1 5 3 6 5 2 4 5 4 2 7 1 5 5 4 4 5 1 4

Criação da figura do Guarda-parque, para garantir seu zelo

5 5 6 4 4 1 6 1 2 6 7 3 4 5 6 6 2 7 7 5 6

Oficializar os parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico

6 6 7 7 6 7 7 7 7 7 5 7 3 6 7 3 7 6 3 6 5

TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Político-Institucionais Soma

Planejamento / Zoneamento da área do parque, com estudos de viabilidade para legislação específica e respaldo no Plano Diretor Municipal

1 1 4 6 7 3 7 2 2 6 7 2 0 5 0 0 0 6 7 5 0 71

Conservação e/ou Preservação dos Parques

4 7 6 5 3 4 4 3 7 4 6 4 0 4 0 0 0 5 2 4 0 72

Implantação de programas de Educação Ambiental

6 4 3 2 1 5 6 4 3 5 5 3 0 1 0 0 0 3 4 1 0 56

Definir de quem é a responsabilidade de gestão dos parques e tornar esta gestão mais eficiente, transformando estas áreas em Unidades de Conservação

7 5 5 7 6 6 5 5 5 7 2 7 0 6 0 0 0 7 6 6 1 93

Fiscalização e Segurança 1 6 7 3 5 2 3 6 4 3 4 6 1 7 3 0 0 4 3 7 4 79

Criação da figura do Guarda-parque, para garantir seu zelo

3 3 2 4 4 7 2 7 6 2 1 5 4 3 0 0 0 1 1 3 2 60

Oficializar os parques para fins de arrecadação do ICMS Ecológico

2 2 1 1 2 1 1 1 1 1 3 1 0 2 0 0 0 2 5 2 3 31

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TABELA DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Infra-estrutura

Infra-estrutura geral, com equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente

1 6 1 3 2 1 1 8 1 4 3 5 6 3 5 2 5 7 4 5 3

Plantio de árvores nativas / Reflorestamento

8 5 2 2 3 2 2 7 2 2 2 4 3 4 3 1 3 8 2 4 4

Criação de mais parques para desafogar os já existentes

7 4 10 9 7 8 9 4 3 8 6 3 1 5 4 9 8 6 9 3 11

Manutenção dos equipamentos e limpeza dos parques, especialmente nas margens de córregos e lagos

6 3 9 8 5 7 3 5 4 3 1 6 7 2 2 3 4 1 5 6 5

Melhorias no acesso e sinalização interna dos parques

11 7 8 4 6 5 7 6 5 6 5 8 4 9 7 4 6 5 3 8 7

Implantação de um zoológico

4 8 11 10 10 3 11 7 11 11 7 10 10 10 11 10 9 10 6 10 6

Eliminação da entrada de água externa (esgoto) nos parques

5 2 3 5 4 11 4 9 6 1 8 1 5 1 1 5 1 1 1 1 1

Compostagem das folhas

9 9 7 7 9 10 5 10 7 9 11 9 9 6 10 8 10 4 7 9 8

Implantação de Trilhas

10 1 4 6 8 9 6 1 9 7 10 7 8 8 8 6 7 3 10 7 9

Criação de Parques ao longo dos córregos

2 11 6 1 1 4 8 2 8 5 4 2 2 7 6 7 2 2 11 2 10

Implantação de um Parque aquático

3 10 5 11 11 6 10 3 10 10 9 11 11 11 9 11 11 11 8 11 2

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TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER PRIORIZADAS NOS PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Infra-estrutura soma

Infra-estrutura geral, com equipamentos de lazer integrados ao meio ambiente

11 6 11 9 10 11 11 4 11 8 9 7 6 0 0 0 7 5 8 7 9 150

Plantio de árvores nativas / Reflorestamento

4 7 10 10 9 10 10 5 10 10 10 8 0 0 0 0 9 4 10 8 8 142

Criação de mais parques para desafogar os já existentes

5 8 2 3 5 4 3 8 9 4 6 9 0 7 0 0 0 6 3 9 1 92

Manutenção dos equipamentos e limpeza dos parques, especialmente nas margens de córregos e lagos

6 9 3 4 7 5 9 7 8 9 11 6 5 0 0 0 8 0 7 6 7 117

Melhorias no acesso e sinalização interna dos parques

1 5 4 8 6 7 5 6 7 6 7 4 0 3 0 0 6 7 9 4 5 100

Implantação de um zoológico

8 4 1 2 2 9 1 5 1 1 5 2 2 2 0 0 0 2 6 2 6 61

Eliminação da entrada de água externa (esgoto) nos parques

7 10 9 7 8 1 8 3 6 11 4 11 0 0 0 0 0 11 11 11 11 129

Compostagem das folhas

3 3 5 5 3 2 7 2 5 3 1 3 3 6 2 4 2 8 5 3 4 79

Implantação de Trilhas 2 11 8 6 4 3 6 11 3 5 2 5 4 4 4 0 5 0 0 5 3 91

Criação de Parques ao longo dos córregos

10 1 6 11 11 8 4 10 4 7 8 10 0 5 0 0 10 10 0 10 2 127

Implantação de um Parque aquático

9 2 7 1 1 6 2 9 2 2 3 1 1 1 3 1 1 1 4 1 10 68

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TABELHA DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS

URBANOS DE DOURADOS

Político-Institucionais

Fiscalização ineficiente, que acarreta em depredação, vandalismo e em lixo jogado na área;

3 1 4 1 4 1 2 1 1 4 2 4 2 3 4 1 2 1 2 4 5

Uso da área para eventos com grande aglomeração de pessoas

2 2 6 2 1 7 5 2 2 5 3 2 4 1 5 4 3 6 1 2 6

Deixar de usar a área como potencial para projetos de educação ambiental

5 3 2 3 2 2 3 7 7 3 7 7 5 4 6 5 5 5 7 7 4

Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas

4 5 7 4 3 3 6 3 3 6 4 3 6 5 2 2 4 4 6 3 7

Permitir uso/exploração comercial da área

6 6 5 5 6 6 4 4 4 7 6 5 3 7 3 3 7 7 4 5 3

Caça 7 7 1 6 5 4 1 5 5 2 5 6 1 2 7 7 1 2 3 6 2

Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas

1 4 3 7 7 5 7 6 6 1 1 1 7 6 1 6 6 3 5 1 1

TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Político-Institucionais soma

Fiscalização ineficiente, que acarreta em depredação, vandalismo e em lixo jogado na área;

5 7 4 7 4 7 6 7 7 4 6 4 6 5 4 7 6 7 6 4 3 116

Uso da área para eventos com grande aglomeração de pessoas

6 6 2 6 7 1 3 6 6 3 5 6 4 7 3 4 5 2 7 6 2 97

Deixar de usar a área como potencial para projetos de educação ambiental

3 5 6 5 6 6 5 1 1 5 1 1 3 4 2 3 3 3 1 1 4 69

Uso da área para fins não ecológicos ou preservacionistas

4 3 1 4 5 5 2 5 5 2 4 5 2 3 6 6 4 4 2 5 1 78

Permitir uso/exploração comercial da área

2 2 3 3 2 2 4 4 4 1 2 3 5 1 5 5 1 1 4 3 5 62

Caça 1 1 7 2 3 4 7 3 3 6 3 2 7 6 1 1 7 6 5 2 6 83

Indefinição quanto a categoria e finalidade das áreas

7 4 5 1 1 3 1 2 2 7 7 7 1 2 7 2 2 5 3 7 7 83

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TABELA DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS

Infra-estrutura

Edificação da área com construções públicas e/ou privadas e ocupação desordenada do entorno

2 5 2 2 6 6 2 7 7 7 4 4 3 3 4 6 2 6 6 4 1

Depredação ambiental, por desmatamento ou pela introdução de espécies exóticas

3 2 5 1 7 1 1 6 3 4 7 5 1 2 5 1 3 5 5 5 4

Redução da área para construção de avenidas ou outros grandes empreendimentos públicos e/ou privados

4 3 3 7 5 4 6 5 1 5 6 3 4 4 6 5 4 4 3 3 5

Implantação de projetos com muitas edificações (concreto) que descaracterizam a área enquanto parque ambiental

6 4 4 3 1 5 7 3 2 6 5 2 5 3 2 4 6 3 4 2 7

Abandono da manutenção 1 1 6 4 2 2 4 2 4 3 1 6 6 2 3 3 5 1 2 6 2

Contaminação da área pelo recebimento de efluentes de esgoto

5 6 1 5 3 3 3 1 5 2 3 1 2 1 1 2 1 2 1 1 3

Criação de novos parques com objetivos políticos

7 7 7 6 4 7 5 4 6 1 2 7 7 5 7 7 7 7 7 7 6

TABELA ESPELHO DAS ATITUDES QUE DEVERIAM SER COMBATIDAS NO PARQUES AMBIENTAIS URBANOS DE DOURADOS soma

Infra-estrutura Edificação da área com construções públicas e/ou privadas e ocupação desordenada do entorno

6 3 6 6 2 2 6 1 1 1 4 4 5 5 4 2 6 2 2 4 7 79

Depredação ambiental, por desmatamento ou pela introdução de espécies exóticas

5 6 3 7 1 7 7 2 5 4 1 3 7 6 3 7 5 3 3 3 4 92

Redução da área para construção de avenidas ou outros grandes empreendimentos públicos e/ou privados

4 5 5 1 3 4 2 3 7 3 2 5 4 4 2 3 4 4 5 5 3 78

Implantação de projetos com muitas edificações (concreto) que descaracterizam a área enquanto parque ambiental

2 4 4 5 7 3 1 5 6 2 3 6 3 5 6 4 2 5 4 6 1 84

Abandono da manutenção 7 7 2 4 6 6 4 6 4 5 7 2 2 6 5 5 3 7 6 2 6 102

Contaminação da área pelo recebimento de efluentes de esgoto

3 2 7 3 5 5 5 7 3 6 5 7 6 7 7 6 7 6 7 7 5 116

Criação de novos parques com objetivos políticos

1 1 1 2 4 1 3 4 2 7 6 1 1 3 1 1 1 1 1 1 2 45

Observação: Para converter em tabelas “espelho” utilizou-se a seguinte fórmula: =SE(Q4=1;7;0)+SE(Q4=2;6;0)+SE(Q4=3;5;0)+SE(Q4=4;4;0)+SE(Q4=5;3;0)+SE(Q4=6;2;0)+SE(Q4=7;1;0)