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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES FACULDADE DE EDUCAÇÃO PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROGRAMAS DE ENRIQUECIMENTO NA MEDIAÇÃO DOS TALENTOS E DA ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES PORTADORES DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTADOS: O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL Monografia apresentada à Faculdade de Educação da Universidade Cândido Mendes, como requisito para a obtenção do título de orientador educacional Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves Aluna: Maria Claudia Dutra Lopes Barbosa Niterói/janeiro de 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

FACULDADE DE EDUCAÇÃO

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROGRAMAS DE ENRIQUECIMENTO NA MEDIAÇÃO DOS TALENTOS

E DA ESCOLHA PROFISSIONAL DE ESTUDANTES PORTADORES DE

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTADOS: O PAPEL DO ORIENTADOR

EDUCACIONAL

Monografia apresentada à

Faculdade de Educação

da Universidade Cândido

Mendes, como requisito

para a obtenção do título

de orientador educacional

Orientador: Prof. Luiz Cláudio Lopes Alves

Aluna: Maria Claudia Dutra Lopes Barbosa

Niterói/janeiro de 2005

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AGRADECIMENTOS

Desejo agradecer à minha querida amiga Hilda Maria, paciente, solidária e

amiga de todas as horas da minha vida, inclusive nas idas e vindas deste nosso curso.

Agradeço aos queridos professores Geni, Helenice, Adriana, Cláudio, Marta e Débora

da Pós-graduação em Orientação Educacional da Faculdade de Educação da

Universidade Cândido Mendes, estas fontes inesgotáveis de luz, capazes de fazerem

brilhar os dias mais plúmbeos de nossas vidas! A despeito de serem pessoas adultas,

guardam em seus rostos as marcas da infância, num sorriso largo e uma gargalhada

sonora. Seus olhos têm o brilho do espanto atônito da criança curiosa, diante do

brinquedo novo. Sabem cativar àqueles que aos poucos vão chegando, porque dividem,

cada pedacinho de suas vidas, generosamente, com todos os que têm olhos de sentir.

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DEDICATÓRIA

A meu marido José Geraldo, pelo amor,

cumplicidade e incentivo a este trabalho.

Às minhas queridas filhas Anna Leticia,

Anna Helena e Anna Isabel, pela

compreensão em relação aos momentos de

maternidade roubada, em prol desta

monografia.

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Ninguém ignora tudo.

Ninguém sabe tudo.

Todos nós sabemos alguma

coisa.

Todos nós ignoramos alguma

coisa.

Por isso, aprendemos sempre.

(Paulo Freire)

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO..........................................................................................................7

1.1 – Justificativa...................................................................................................8

1.2 – Objetivo Geral..............................................................................................9

1.3 – Objetivos Específicos...................................................................................9

1.4 – Relevância da Pesquisa...............................................................................10

2 – CAPÍTULO I

2.1- Algumas Concepções de Inteligência Segundo Alguns Estudiosos do

Tema....................................................................................................................11

2.2 - Altas Habilidades/Talentos e Concepções Legais: Sua Mediação/Inclusão

na Escola Através de Programas de Enriquecimento..........................................14

3 – CAPÍTULO II

3.1 – O Papel da Orientação Educacional em Apoio aos PAH, à Família e à

Escola..................................................................................................................25

3.2 – A Representação Social dos Sujeitos Talentosos......................................27

4 – CAPÍTULO III

4.1 - Idéias, Criatividade e Inteligência Prática na Escola: Preparação para o

Mercado de Trabalho..........................................................................................30

4.2 - A Atuação da Orientação Educacional como Mediadora entre a Escolha

Profissional e o Mundo do Trabalho...................................................................35

5 – CAPÍTULO IV

5.1 - Considerações Finais..................................................................................39

6 – CAPÍTULO V

6.1- Referências..................................................................................................41

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RESUMO

Este trabalho tem como principal objetivo oferecer apoio à direção, coordenação,

supervisão, orientação, corpo docente e discente de qualquer instituição de ensino,

especialmente ao portador de altas habilidades/superdotado (PAH), sabendo-se que este

último pertence a um segmento social escolar quase completamente sem assistência, em

termos de trabalhos direcionados à estimulação de seus talentos e habilidades. Assim

sendo, o Serviço de Orientação Educacional precisa conscientizar-se de seu papel

mediador destes talentosos, promovendo a inclusão dos mesmos nos espaços sociais que

lhes são respaldados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/96

dentro e fora dos estabelecimentos de ensino, compreendendo que enquanto cidadãos

brasileiros, sujeitos com necessidades especiais previstas por lei e objetivamente aceitas

como incluídas no currículo de ensino, estes estudantes fazem parte do contingente

escolar a ser atendido pela escola, tendo, como qualquer outro cidadão, o direito de

lograr um espaço no mercado de trabalho. Para tanto, este trabalho foi elaborado, como

princípio sugestivo a outros tantos educadores que venham a se deparar com um

portador de altas habilidades/superdotado.

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INTRODUÇÃO

A escolha profissional representa um passo extremamente complexo na vida de

um sujeito. Este é o momento em que se anuncia a ruptura entre o mundo da

despreocupação e a seriedade da entrada no universo do trabalho. Ocorre que nem

sempre esta passagem transita por caminhos da tranqüilidade, principalmente quando

trilhada por sujeitos que apresentam talentos especiais.

Todos desejam encontrar realização pessoal na escolha profissional abraçada.

Para muitos jovens, a universidade é um sonho distante e, provavelmente, inalcançável.

O sonho de conquistar pelo menos um Ensino Técnico Profissionalizante que permita o

mínimo de dignidade, já se constitui em uma grande conquista para muitos.

Bohoslavsky (1998) nos lembra que uma personalidade sadia representa um todo

integrado, portanto, as decisões concernentes à escolha profissional precisam se

coadunar com os desejos e anseios de realização do sujeito que busca profissionalizar-

se, a fim de que este possa se considerar um ser pleno. Escolher é optar e assim

proceder, implica abandonar outras tantas escolhas que o jovem deverá fazer, sem

considerar questões concernentes às possibilidades de escolha do mesmo e as demandas

do próprio mercado de trabalho.

As questões relativas à escolha profissional de um sujeito nascem antes mesmo

que ele venha ao mundo; principia no imaginário parental, quer tenha este nascido em

uma família abastada onde as expectativas se abrem como um leque de opções, quer

seja filho de pais carentes que, muito provavelmente, vão contar com o apoio financeiro

deste primeiro, quando ainda em tenra idade ou como adolescente, pois “na medida em

que a geração juvenil se apresenta como aquela que irá substituir a geração anterior,

passa a ser receptáculo de expectativas e ideais das gerações precedentes” (MATHEUS,

2002, p. 96). A situação foge ao controle, quando este filho que na concepção deste pai

seria como ele, um bombeiro hidráulico, revela habilidades musicais impressionantes,

aprendeu a tocar flauta ainda pequeno, lê partituras, diz que vai ser músico e seu pai não

aprova tal escolha profissional.

O sujeito cresce num ambiente onde conceitos, opiniões e experiências são

vivenciadas de modo a darem forma a futuras escolhas de sua vida como um todo,

incluindo atividades profissionais. Evidentemente, as contingências da vida deste sujeito

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influenciarão seu processo decisório quanto à escolha da profissão ou mesmo ocupação

a exercer. Diz-se de ocupação, o trabalho remunerado desempenhado por alguém, onde

este ofício, geralmente buscado muito cedo, se faz fruto da necessidade imediata de

dinheiro para a sobrevivência de um, ou adição ao esforço de alguns membros de uma

mesma família, antes mesmo que este jovem termine o Ensino Médio. É bem provável

que sem o apoio da escola, o jovem talentoso em questão, como tantos outros vindos de

meios carentes, abandone seu talento natural e vá buscar uma outra forma de

subsistência, para viver uma existência inexpressiva e, provavelmente, adoecida.

A mediação aos portadores de altas habilidades/superdotados, em termos de

potencialização de habilidades e talentos não se trata de um capricho, mas uma questão

que permeia a Educação e a Saúde. O ser humano reconhece na deficiência o seu direito

ao espaço social, através da piedade, porque o que vê é uma quase pessoa. Sabe-se que

existe na sociedade a impressão de que a deficiência de uma parte do sujeito se estende

ao todo, estabelecendo-se, portanto, uma relação metonímica (Glat, 1989). O mesmo

não ocorre em relação às altas habilidades, elas não despertam nas pessoas o desejo de

apoio ou mediação, ao contrário, ainda se pode encontrar quem desacredite da

superdotação, menospreze-a ou não considere necessário apoiá-la, como o falecido

educador Lauro de Oliveira Lima, em seu artigo “O Superdotado do Ponto de Vista

Piagetiano,” negando mesmo as pesquisas científicas, dizendo que uma “criança

superdotada é, portanto, simplesmente uma criança que avança mais rapidamente em

seu desenvolvimento, em relação às crianças de sua idade” (LIMA, 1996, p.144-145).

Desfazer o imaginário social em relação ao portadores de altas habilidades é uma

longa tarefa que cabe à Orientação Educacional abraçar. Uma sociedade deve saber que

nela os espaços são preenchidos por uma variedade imensa de pessoas, assim como as

etnias e biótipos são diversas no mundo. O ser humano é múltiplo em suas expressões e

único em sua individualidade e necessidades. Há lugar para todos, na heterogeneidade

da constelação social brasileira

1.1 – Justificativa

A rara existência de um trabalho mediador de talentos e habilidades de sujeitos

com talentos, ainda na escola, em nosso país, representa o resultado do esforço de um

obstinado trabalho realizado em alguns pontos estratégicos de uma nação de dimensões

continentais. Na verdade, talento, capacidade e inteligência superior correspondem de

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1% a 3% de qualquer segmento sócio-étnico de nossos estudantes (Metrrau, 2000),

justificando, portanto, medidas imediatas e ações de investimento em programas

diferenciados que se revertam em favor destes sujeitos, posto que estes representam

ganhos futuros para o próprio Brasil. Um país que não sabe investir em recursos

humanos, não percebe a importância de um Ensino Médio técnico com certificação

garantida para um mercado de trabalho bem qualificado, sabe menos ainda, quando se

diz que inteligência é patrimônio social (Mettrau, 2000). Infelizmente, muito

provavelmente, estamos por algum tempo fadados a cruzar caminhos tortuosos e

equivocados, até que seja possível fazer com todos percebam da importância do

investimento na inteligência. Este trabalho, portanto, tem como proposta a mediação de

ações que auxiliem a desenvolver atividades enriquecedoras, envolvendo a escola,

professores, estudantes, seus familiares, colegas, comunidade escolar e empresas, a fim

de que seja possível favorecer o florescimento dos talentos dos estudantes superdotados,

possibilitando-lhes descobertas e amadurecimento pessoal.

1.2 - Objetivo Geral

Desenvolver ações que auxiliem aos professores na execução de atividades

enriquecedoras destinadas a desenvolver os talentos dos portadores de altas

habilidades em sala de aula, e que possam mediá-los na escolha profissional.

1.3 - Objetivos Específicos

• Esclarecer aos pais sobre a importância de sua presença e atuação na vida

e escolhas de seus filhos enquanto PAH/talentosos;

• Contribuir para o desenvolvimento de ações que promovam crescimento

pessoal dos PAH e sua capacidade de se inserir em diferentes grupos;

• Auxiliar o desfazimento de preconceitos e diferenças construídas pelos

outros colegas em relação ao sujeito muito inteligente;

• Empreender ações de aproximação da comunidade escolar e do bairro,

em geral, engajando-a em jornadas e seminários abordem talento e

escolha profissional;

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• Promover ações de parcerias empresas-escola, a fim de aproximar a

realidade do trabalho à vida na escola e assim, oportunizar a oferta de

estágios;

• Buscar contatos com empresas, com a finalidade de saber quais são as

expectativas destas em relação aos sujeitos que esperam receber,

formados pelo Ensino Médio técnico;

• Proporcionar visitas a empresas, com vistas aos jovens poderem ampliar

suas possibilidades de escolha profissional.

1.4 - Relevância da Pesquisa

Fala-se da necessidade de mudanças no currículo escolar, com acréscimo de uma

formação profissional certificada, em todas as escolas, ao final do Ensino Médio, a fim

de que seja possível a entrada no mercado de trabalho de sujeitos mais qualificados.

Esta pesquisa de cunho bibliográfico tem, portanto, como finalidade, propor ações em

busca deste tipo de qualificação, através de programas de enriquecimento desenvolvidos

nas escolas de Ensino Fundamental e Médio para sujeitos portadores de altas

habilidades, uma vez que a própria legislação prevê este tipo de atendimento que ainda

não vem sendo feito. Tais programas são baseados em atividades desenvolvidas por

alguns dos muitos pesquisadores estrangeiros (Davis & Rimm, 1994; Landau, 1995,

Padrón, 2000; Renzulli & Reis, 1986) e adaptadas por nossos pesquisadores brasileiros

à nossa realidade (Antipoff, 1992; Guenther, 2000; Mettrau, 2000; Novaes, 1999;

Soriano, 2000). Desta forma, torna-se relevante propor um trabalho que gere ações por

parte do serviço de orientação educacional, em benefício de um segmento social quase

completamente negligenciado, tratado como inexistente nas escolas brasileiras, e na

quase completa falta de assistência: os portadores de altas

habilidades/superdotados/talentosos.

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CAPÍTULO I

2.1 – Algumas Concepções de Inteligência Segundo Alguns Estudiosos do

Tema

Os conceitos de inteligência que permeiam o senso comum são inúmeros. Para

um, inteligência é esperteza para se alcançar objetivos. Para outro, grande

conhecimento, erudição e intelectualidade, para um outro sujeito, pode ser capacidade

de solução de problemas. Todas são aceitáveis, em se tratando de senso comum. Afinal,

nossa tradição grego-latina nos presenteou como inteligentes, os sábios e eruditos,

filósofos e pensadores ao longo da história da humanidade.

Mas, o que dizer dos inventores, pintores, artistas, poetas, cantores e músicos?

Leonardo da Vinci, além de exímio pintor, foi também inventor. Enquanto gênio,

anteviu problemas de superpoluição nas cidades italianas e propôs separar veículos

sobre rodas, de pedestres, utilizando opções e estratégias adotadas somente no século

XX! Mozart, aos doze anos, compôs sua primeira ópera buffa – “La finta simplice”,

Noel Rosa, compositor brasileiro, produziu duzentas e oitenta e duas músicas e faleceu

aos vinte e cinco anos. Era aluno não expoente do Colégio São Bento e sua família

acreditava que o pequeno “gênio” fosse seu irmão: o melhor aluno da classe.

Convém esclarecer que a parcela de gênios não é absolutamente a mesma de

superdotados. Em termos numéricos, “a genialidade corresponde a um número

expressivamente menor” (METTRAU, 1995, p. 65) e sua característica principal é a

quebra de paradigma de qualquer ordem, isto é, o gênio traz a concepção daquilo que é

inusitado. Einstein, por exemplo, revolucionou a física, com a teoria da relatividade, a

determinação da equivalência entre massa e energia e a descoberta de que a luz é

formada por partículas de energia denominadas fótons (Britannica, 1994, v. 4, p. 403).

De um modo geral, as culturas nomeiam alguma característica que desponta, em

termos do fazer, pensar ou agir nos seus integrantes, de uma forma muito peculiar. Cada

cultura é uma cultura e não cabem parâmetros comparativos entre elas, tanto assim, que

o senso comum compreende a inteligência como sagacidade, astúcia, rapidez de

raciocínio, pronta solução de problemas, capacidade adaptativa, entre outros conceitos

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criados no cotidiano. Provavelmente outros povos fossem considerar que o uso da

reflexão, o tempo longo utilizado para se decidirem sobre uma questão, a calma e a

concordância de todos os sujeitos do grupo social fossem sinônimo de inteligência.

Segundo Faria (1962, p 513), o termo inteligência vem do latim “intellegentia,”

que quer dizer “Faculdade de discernir, compreender.” Em termos científicos, o

conceito de inteligência foi introduzido no séc. XIX por Herbert Spencer e Francis

Galton. Ambos defendiam a importância de uma capacidade de ordem superior, geral,

acima de outras específicas. Tal conceituação foi aceita por todos os psicólogos de

formação na época. Spearman (1927) em meados do século XX, desenvolveu a técnica

de análise fatorial e por sugestão de Karl Pearson, apresentou comprovações estatísticas

deste fator geral, mas negou a influência de qualquer fator específico. Um pouco depois,

na França, Binet (1905), criou a primeira escala de mensuração de diferenças de

inteligência e Kurt (1909), na Inglaterra, por meio de testes padronizados, aplicados a

crianças tomadas como “retardas,” comprovou que a inteligência destas era normal, no

entanto foram consideradas como mentalmente atrasadas em relação ao seu grupo.

As pesquisas em inteligência avançaram, expressivamente, e outros estudiosos

do assunto entraram em cena com suas conceituações a respeito do tema, trazendo

teorias que envolviam hereditariedade, meio, estimulação, escolarização, entre outras

influências indiretas sobre este atributo humano. Para Claparéde (1921) apud

(METTRAU, 1995, p.39) “Inteligência é a capacidade para uma adaptação mental

(criadora e crítica),” portanto inovadora e nada automatizada, fazendo do ser humano

alguém inventivo e dinâmico, levando-se a crer que “a inteligência dependeria de

fatores interdependentes entre si que envolvessem compreensão verbal; aptidão

espacial; velocidade perceptiva; fluência verbal; memória e aptidão numérica.”

(METTRAU, 1995, p.39).

Na concepção de Guilford (1957) apud (Mettrau, 1995) haveria um modelo

estruturado de inteligência organizado por um número multiplicado de aptidões

diversas. Ora, se o ser humano nasceu com um aparato biológico capaz de fazê-lo

adaptar-se ao meio, “se a inteligência é uma adaptação, há uma grande distância entre a

adaptação da inteligência infantil e a do adulto. Mas esta última é herdeira daquela.”

(DOLLE, 1995, p.29). E com se sabe, a inteligência é um processo de construção, etapa

por etapa, cujas bases são formadas, em tenra idade, obedecendo a processos de

assimilação e acomodação, em busca de adaptação ao meio.

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Sendo organização e adaptação concebidas como formas de inteligência, ambas

caracterizam-se pelo dinamismo contínuo, onde ocorrem “sucessivas adequações de

nível superior ao longo do desenvolvimento” (COLL, 1995, p. 58). Em virtude da

complexidade da inteligência humana, em sua infinita capacidade de organização e

reorganização de estruturas mentais, o ser humano tem amplas possibilidades de novas e

variadas adaptações ao meio em que vive. Na visão de Howard Gardner (1985) apud

(METTRAU, p. 39) a inteligência é vista como um agrupamento de sete categorias:

“...Lógico-matemática, Espacial, Lingüística, Interpessoal, Intrapessoal, Musical e

Corporal Cinestésica...”

Nos estudos de Vygotsky aponta-se para a importância que a “zona de

desenvolvimento proximal” obteve por parte não só de estudiosos da educação, mas

para as ciências em geral, sendo definida como “a distância entre o nível de

desenvolvimento real” que se costuma alcançar por meio da solução individual de

problemas e “o nível de desenvolvimento potencial” determinado através da solução de

problemas sob a mediação de um adulto ou apoio com colegas mais experientes

(METTRAU, 1995, p.41)

Na concepção de vygotskyana, a herança genética não garante o desempenho

humano superior enquanto tal, e a passagem de pithecanthropus erectus a homem, assim

como a de criança a adulto foram fruto da interação empreendida pelo ser humano com

o meio social (Coll, 1996). O arsenal genético capacita o homem a agir, desde que o

meio proporcione condições. Neste momento se torna importante a intervenção de outra

pessoa, a intermediação de um outro, do adulto, do professor para atuar junto àquilo

que a criança traz de potencial e auxiliá-la a atingir o desenvolvimento real.

Mas o que dizer deste potencial genético chamado inteligência, como avaliá-lo?

É neste momento que os testes psicométricos destinados a aferir apenas o “Quociente de

Inteligência” (QI) que a despeito do espaço ocupado, não mais o preenchem na

totalidade, uma vez que não terão como mensurar algo tão abstrato como o potencial

humano em processo e em movimento. Alguns especialistas no assunto dizem mais,

criticam tais testes, dizendo que eles medem apenas habilidades verbais e matemáticas,

negligenciando significativos talentos (Winner, 1998), apenas “verificam uma

habilidade específica” (METTRAU, 1999, p 35). Diz-nos esta última pesquisadora que

os testes são considerados dados úteis, quando associados a muitas outras informações e

observações relacionadas à vida produtiva e criativa do sujeito.

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O conceito de inteligência vem se ampliando, a partir das pesquisas

empreendidas e já fugiu ao domínio dos testes. Segundo o Departamento de Psicologia

da Universidade Estadual de Moscou, o QI continua a ser uma medida usada pela

escola, na identificação das altas habilidades, especialmente nos EUA, tanto que dados

de pesquisa vêm demonstrar a estabilidade deste atributo humano durante os anos

escolares, fato que indica os efeitos marcantes de suas características inatas. Apesar

desta particularidade, as pessoas podem apresentar mudanças consideráveis (Bradway &

Robinson, 1961), uma vez que existe íntima dependência entre circunstâncias pessoais e

mudanças de QI. Num estudo longitudinal, Haan (1963) concluiu que o lidar com

dificuldades está diretamente conectado com o aumento do QI e as posturas defensivas,

com o decréscimo do mesmo. Estes estudos demonstram que há muito mais a se avaliar

em termos de competência do que os testes de QI sozinhos são capazes de aferir

(Anastasi, 1982 apud Babaeva, 1999, p. 51- 68).

Cabe ressaltar aqui os estudos empreendidos por Sternberg (1981, 1986) que

apontam para a existência de outros tipos de habilidades cognitivas além dos tipos já

conhecidos. Ele fala da Teoria Triárquica de Inteligência que considera além do meio

social (externo), o meio interno do sujeito (cognição) e o terceiro elemento de ligação: a

relação que se estabelece entre os dois meios, produzindo um sujeito diferente daquele

anterior ao contato entre ambos. Sternberg diz ainda que a inteligência de uma pessoa

não é determinada somente pela quantidade de coisas que ela é capaz de aprender, mas

também pela categoria do que aprende, além da motivação implícita neste processo

(Sternberg, 1998)

Os estudos acerca da inteligência vêm evoluindo significativamente, na tentativa

não só de buscar fatores biológicos neste atributo, como também encontrar situações e

estímulos no meio que possibilitem a identificação de mais esta característica do ser

humano. O futuro ainda trará muitas contribuições que poderão clarificar dúvidas e

questionamentos que hoje a ciência revela em relação à inteligência humana e suas

várias formas de expressão.

2.2 - Altas Habilidades/Talentos e Concepções Legais: Sua

Mediação/Inclusão na Escola Através de Programas de Enriquecimento

A nomenclatura portadores de altas habilidades (PAH), adotada a partir da

mesma definição estabelecida pelo European Council for High Ability, ainda que

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reconhecida legalmente pelo MEC e constando na LDB desde 1995, continua a ser

uma questão quase desconhecida, tanto para a sociedade em geral, quanto, infelizmente,

para inúmeros educadores brasileiros, que além de poucas informações ou quase

nenhuma receberem sobre o assunto, quer seja durante sua formação acadêmica, quer

seja pelo mito infundado de que estas pessoas ditas “superdotadas,” quando

reconhecidas como tal, de nada necessitam.

Na concepção, inadvertida e preconceituosa de alguns educadores, este grupo

social composto pelos ditos auto-suficientes de inteligentes tudo consegue ao longo de

suas vidas e de nada necessita. Infelizmente, para estes mencionados militantes da

educação, mal formados/informados, desconhecer, desconsiderar e desperdiçar a

contribuição destes talentosos, além de se caracterizar em descumprimento de lei que

determina o atendimento desta clientela, tanto quanto tem direito ao atendimento

qualquer outro portador de necessidade educacional especial, por direito e fato (quer

seja o deficiente de qualquer natureza), como representa expressiva perda do potencial

do povo de uma nação.

Fazer parte deste grupo de pessoas não é garantia de sucesso na vida ou mesmo

reconhecimento social. Ao contrário do que se pensa, na maior parte das vezes, tanto a

própria família quanto a escola, ainda que muito subliminarmente, demonstram uma

grande expectativa em relação a eles. Este comportamento de compasso de espera de

realizações, não raro funciona como elemento bloqueador de desempenho para estas

pessoas. Pressionados pelo afeto que devotam a pais e mestres, alguns experimentam o

fracasso escolar e a descrença em si mesmos, por não conseguirem lidar com o

acentuado grau de ansiedade e exigência que a sociedade a eles dirige. A tendência a

esconder as habilidades para garantir a falsa paz do anonimato, costuma ser uma

estratégia perigosa, entretanto, cedo ou tarde, a frustração poderá ser uma presença

constante no cotidiano destes sujeitos.

Inseridos no contexto social, em maioria anônima e não identificada, os

portadores de altas habilidades correspondem a um número de 1% a 3% da população

brasileira (Mettrau, 2000), apresentando-se em qualquer segmento sócio-étnico e

econômico de nosso povo. Mesmo levando em consideração esta porcentagem, o

número de estudantes reconhecidos como pertencentes a esta categoria, identificados e

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matriculados na Rede Pública e Privada de Ensino não ultrapassa 0,3%.∗ Deste total da

população de talentosos descrita no início do parágrafo, quantos sujeitos passam por

atividades que potencializem seus talentos? A partir deste comentário, caberia

questionar se há, realmente, uma só pequena porcentagem deste expressivo grupo

social, dos “bem-sucedidos e auto-suficientes,” em âmbito total ou parcial,

principalmente os economicamente desfavorecidos que tenha atingido, completamente,

sem qualquer tipo de mediação, o sucesso, em alguma ou algumas das esferas de seu

potencial e que esteja, atualmente, inserida no meio social, contribuindo para si e para

os outros? Se há, onde está? A quem corresponde esta parcela social? Que faz em

benefício próprio e da sociedade? Quem são as pessoas que nela estão contidas? Nesta

porcentagem apresentada pela literatura internacional Mettrau (1995) nos diz que, sem

atendimento às suas habilidades, considerando-se as dificuldades econômicas e sociais

que enfrentam ou mesmo o desconhecimento do professorado em relação à gama de

habilidades que estes talentosos possuem, muito raramente estas pessoas lograrão

sucesso. Seja aqui ou em qualquer país do mundo. E exatamente por ter conhecimento

da necessidade do atendimento a este segmento social Mettrau (1995) reafirma e insiste

que toda a sociedade deve movimentar-se para que o talento, de qualquer natureza, não

seja desperdiçado. A escola deve ser o primeiro espaço social a dar início ao processo,

através da identificação e da mediação destas pessoas.

Entretanto, o processo de identificação que outrora era da alçada somente dos

psicólogos hoje é feito por especialistas formados e atuantes na área, fazendo-se uso da

metodologia dos três anéis de Renzulli (1985), dispostos em intersecção e circunscritos

no interior do triângulo eqüilátero de Mönks (1992), desenhado de ponta cabeça. No

primeiro anel, temos o envolvimento com a tarefa, no segundo, a criatividade, no

terceiro, uma ou mais habilidades acima da média. O portador de altas habilidades

encontra-se inserido na intersecção dos três anéis. Todas estas características que ele

apresenta são reconhecidas pela escola ou colégio, grupo situado no canto superior

esquerdo do triângulo, pelos companheiros, presentes no canto superior direito e pela

família, ilustrada no canto inferior; na ponta do triângulo que encerra o processo de

reconhecimento das habilidades ou habilidade do sujeito. Ilustrada, temos a seguinte

imagem: ∗ MEC/INEP/SEEC. Dados do censo escolar, concernentes a 1999 coletados deste órgão governamental

através da internet, especialmente para esta pesquisa.

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• O envolvimento com a tarefa representa o comportamento de empenho

pessoal em dedicar-se a um trabalho com prazer e realização.

• A criatividade se manifesta através de traços criativos no fazer ou pensar,

que se faz ver de forma falada, gestual, plástica, teatral, matemática, musical, filosófica,

entre outras.

• A habilidade acima da média (ou habilidades) consiste na expressão de

manifestações que podem ser intelectuais ou artísticas, destacando-se por características

que fogem ao usual e o sujeito nem sempre se apercebe que as tem. Estas habilidades

correspondem, pois, à expressão de traços superiores em relação à média das pessoas.

(Mettrau, 1995; 2000).

Souza & Bulkool apud Mettrau (2000) apresentam outras características que

merecem destaque. Algumas delas são ligadas à rapidez e facilidade com que aprendem

aquilo que lhes é ensinado, revelando atitudes que variam entre amadurecidas, com

reações impulsivas e imaturas, precocidade no seu desenvolvimento em geral, gosto por

desafios, poder agudo de observação, capacidade de liderança, entre outras

características manifestações. Deve-se ressaltar que não obrigatoriamente todas estas

características aparecem juntas. Algumas vezes identificamos nestas pessoas três ou

quatro delas. As autoras acima citadas nos lembram que a presença de alguns destes

atributos, associados a um elevado padrão de desempenho, denotam a manifestação das

Altas Habilidades.

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Mas é novamente Mettrau (1999) quem nos lembra a existência de um

pensamento divergente, lateral (De Bono, 1994), diferente do convencional,

desvinculado de seqüências lógicas previstas, organizado de modo criativo e de

soluções alternativas à lógica cartesiana. Os portadores de altas habilidades, muito

freqüentemente, utilizam-no naturalmente. Além desta forma de expressar o

pensamento, não raro antecipam fatos, situações ou mais rapidamente elaboram

soluções, conectando dados com grande facilidade. Faz-se importante ressaltar,

utilizando-se o lembrete das próprias autoras, que a manifestação das Altas Habilidades

não confere a qualquer pessoa com estas características o título de auto-suficiente, tanto

que estas pessoas necessitam do reconhecimento de sua condição de especiais através da

LDB 9.394/96, nos incisos II, III e IV do Cap V, intitulado “Da Educação Especial” e

dos serviços advindos deste reconhecimento: as atividades potencializadoras de

habilidades.

Tipos de Atendimento Previstos por Lei e que Devem ser Prestados aos

Portadores de Altas Habilidades:

• Programas de Enriquecimento:

Caracterizam-se por atividades variadas, destinadas a estimular as habilidades

dos portadores de altas habilidades/superdotados. Há três tipos de propostas desta

categoria: o primeiro atendimento poderá ser ministrado pelo professor de sala de aula.

Ele utilizará técnicas de trabalho bastante diversificado, sendo supervisionado por um

professor itinerante ou não, mas sempre um especialista. A segunda modalidade será a

dos grupos chamados especiais que serão submetidos a atividades paralelas àquelas

comuns e serão atendidos por professores especialistas ou pelo próprio professor

regente. O terceiro grupo será o daquele atendido por especialistas focados na área, em

grupos especiais e programas diferentes. Há variadas atividades de enriquecimento que

são:

- Aprendizagem suplementar;

- Unidade de aprofundamento em determinada matéria.

- Atividade em Laboratórios;

- Ensino em Equipe para estúdios especializados em Diferentes Áreas;

- Ensino em Pequenos Grupos;

- Conferências e Demonstrações;

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- Atividade junto a Profissionais no local de Trabalho;

- Treino em Situação de Liderança (MEC, SEESP, 1995, p. 37)

• Programas de Aceleração:

Trata-se de uma modalidade de programa que permite ao aluno concluir seus

estudos num tempo menor que o previsto, em virtude de suas necessidades especiais. É

prevista pela legislação a entrada de alunos portadores de altas habilidades em

programas de aceleração “antes da idade legal” (MEC, SEESP, p. 38), assim como lhes

é permitido avançar em conteúdo e “avançar dois anos de escolaridade em um apenas.”

Há modalidades de aceleração por área de interesse e domínio, a fim de que ela possa

iniciar sua vida profissional, até trás anos antes, se estiver apto, podendo para tanto,

lançar mão de recursos no Ensino Médio e até universidades. Para que se viabilizem as

estratégias de aceleração, são utilizadas as estratégias a seguir:

- Classes Avançadas;

- Entrada Precoce;

- Classes Universitárias. (MEC, SEESP, 1995, p. 39).

• Programas de Agrupamento Especial:

Trata-se de um tipo de trabalho em que o objetivo é facilitar “ o acesso dos alunos a

grupos de trabalho em classes regulares ou especiais, a grupos de tempo parcial antes,

durante ou após o período escolar (MEC, SEESP, 1995, p.40). Faz-se importante o

entrosamento entre as equipes de trabalho, a organização do material, os encontros entre

professores, orientadores e supervisores. As reuniões de avaliação devem ser

permanentes, flexibilizando o atendimento de diferentes estudantes de diferentes

segmentos sócio-econômicos. Entre estes grupos há dois deles que são: os grupos

especiais e os grupos homogêneos.

• Programas de Atendimento Específico para o Desenvolvimento de Talentos:

Estudantes que apresentem habilidades/talentos específicos para Artes, Dança,

Música, Artes Plásticas, Industriais, entre outras, recursos serão buscados junto à

comunidade, fora da escola, que viabilizem o desenvolvimento destes talentos.

• Programas de Atendimento Interescolar:

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Constitui-se num tipo de programa de atendimento ministrado a várias escolas,

onde deverá ser definido a responsabilidade e o papel de cada escola ou distrito

educacional,material, equipamento, recursos humanos, padronização de procedimentos,

filosofia de trabalho, atividades, avaliação, continuidade do programa, possíveis

mudanças e participação dos pais em todo o processo. (MEC, SEESP, 1995)

• Programas de Aprendizagem Diferenciada:

Desenvolvido em sala de aula pelo professor, esta modalidade de atendimento,

destina-se a viabilizar a aprendizagem e potencializar as habilidades especiais dos

alunos superdotados. Uma vez que os trabalhos desenvolvidos em classe serão comuns

a todos, o portador de altas habilidades também terá a oportunidade de expressar suas

opiniões. Neste momento, o professor poderá lançar mão de estratégias e métodos de

flexibilização de pensamento, baseados no Modelo Tridimensional de Williams (apud

Renzulli & Reis 1986), talvez queira desenvolver perguntas provocativas e paradoxos e

para tanto venha a utilizar o pensamento divergente de De Bono (1995), mas pode optar

por querer levar seus alunos a refletir e pensar Raths (1976). Enfim, não só os

portadores de altas habilidades serão favorecidos com este método, mas toda uma classe

de alunos.

• Programas de Orientação Individual ou Grupal:

Levando-se em consideração as possíveis dificuldade na orientação individual

do portador de altas habilidade/superdotado, outras possibilidades de viabilizem seu

bom aproveitamento escolar podem ser pensadas, tais como as que envolvam a sua

escolha vocacional, sendo feita individualmente ou em grupo.

Há que se ter especial cuidado aos talentosos que sofrem de privação cultural,

problemas emocionais e de ajustamento social ou escolar. Este tipo de programa

envolve a presença de pessoal especializado. Faz-se necessário a presença de

orientadores, psicólogos escolares, educadores, entre outros profissionais, pois um dos

objetivos deste programa é reduzir as disparidades entre o potencial do portador de altas

habilidades, seu meio social, escola, tendo esta última como amparo e mediação deste

processo. (MEC, SEESP, 1995)

• Programas de Utilização de Serviços ou Centros de Recursos Didáticos:

Próximo às comunidades escolares, em geral, existem ofertas de serviços de

utilização de recursos de multimeios, disponíveis para os professores que se

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credenciem. A tecnologia educacional é sempre muito bem-vinda, em qualquer

momento, na sala de aula, sobretudo em se tratando do trabalho desenvolvido com

portadores de altas habilidades/superdotados, assim sendo, recomenda-se que estes

centros mantenham uma consultoria para prestar serviço aos professores que queiram

utilizar este tipo de material. O treinamento aos professores, para a utilização do

equipamento, também pode ser fornecido por estes centros. (MEC, SEESP, 1995)

• Programas Protótipo

Caracteriza-se por um trabalho educacional que equilibra as possibilidades de

integração dos alunos em atividades escolares, aproximando os diversos grupos de

portadores de altas habilidades. Este trabalho faz uso de programas como:

enriquecimento, aprofundamento, aceleração, agrupamento e orientação, segundo as

limitações financeiras e de recursos humanos, bem como contextos sócio-culturais e

individuais.

O atendimento prestado aos portadores de altas habilidades, diferentemente

daquele ministrado pelas atividades curriculares comuns, depende do interesse, recursos

e resposta ao trabalho desenvolvido, além do quanto haverá de aprofundamento do

conhecimento adquirido pelos estudantes, sua transferência para outras áreas,

generalizações, ampliações e novas aprendizagens realizadas (MEC, SEESP, 1995)

Requisitos Básicos para a Organização e o Funcionamento de Serviços de

Atendimento ao Portador de Altas Habilidades

Níveis de Ensino – Creche - Atendimento de zero a três anos

O atendimento será ministrado a crianças de zero a seis anos, em creches e pré-

escolas, objetivando o uso de técnicas de estimulação da motricidade, atenção,

cognição, promovendo-se o amplo desenvolvimento destas áreas, principalmente em se

tratando de crianças superdotadas, as quais podem apresentar desenvolvimento da fala

ou motor precoces. Vale lembrar que a despeito de virem a ser superdotadas, são

crianças e se comportam como tal, portanto não devem ser forçadas a atividades que

não lhes tragam prazer.

Para ser agradável e aprazível, o ambiente da creche deve contar com espaço,

segurança, conforto e visibilidade por parte dos pais e responsáveis que entram e saem.

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O ambiente deve ser tranqüilo, promover calor humano e garantir a participação da

família. Quanto ao material a ser utilizado pelas crianças, este deve ser de fácil

manipulação, lavável, econômico e resistente. A sucata é sempre algo bastante atraente

e recomendado, resguardando-se a idade e os recursos didáticos adaptados à idade das

crianças (MEC, SEESP, 1995)

Atendimento na Pré-Escola – quatro a seis anos

Este programa caracteriza-se pelo atendimento baseada em experiência naturais,

desenvolvidas espontaneamente pela criança e visa à integração ao sistema de educação

e escolarização futuros da criança. O atendimento ao educando desta faixa etária será

ministrado por profissional com formação no magistério. Serão observadas as

características de superdotação da criança, a fim de que lhe sejam oferecidas atividades

mediadoras de talentos. De um modo geral, nem todas as crianças aprendem a ler

sozinhas nesta idade, o que não quer dizer este fato que não ocorra. Fato que levará ao

educador a buscar livros de história, tanto escritos quanto com gravuras, a fim de

atender aos interesses da criança alfabetizada. Pode o educador, da mesma forma,

deparar-se com a criança talentosa para as artes, música, dança, esportes, entre outras

manifestações de comportamento, e necessitar atividades que estimulem e desenvolvam

suas habilidades. Caberá, novamente, ao educador buscar atividades enriquecedoras

para este educando (MEC, SEESP, 1995)

Educação Fundamental

O atendimento no Ensino Fundamental obedece à legislação, no que diz respeito

à gratuidade e obrigatoriedade do ensino na faixa etária de sete a quatorze anos. Deve-se

atentar à alfabetização do portador de altas habilidades/superdotado (PAH), a fim de

que se previnam maiores problemas de adaptação à sala de aula. A alfabetização de

sucesso alcançada pelo portador de altas habilidades/superdotado lhe possibilitará o

florescimento e a desenvoltura das habilidades.

Segundo o apresentado anteriormente, o atendimento ao aluno PAH poderá ser

ministrado individualmente ou em grupo, através de propostas curriculares

enriquecidas, observando-se as características e interesses destes estudantes e

observando-se, que embora os currículos e programas dos estudantes sejam os mesmos

daqueles desenvolvidos pelas escolas comuns, como versa a LDB, são adaptados e

submetidos ao aprofundamento necessário (MEC, SEESP, 1995).

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Educação Média e Tecnológica, Formação de Magistério e Educação de

Jovens e Adultos

O sistema de ensino oferecerá, dentro do possível, as condições para que os

estudantes desenvolvam suas potencialidades. Sabe-se que o atendimento destes

estudantes acontecerá nas escolas regulares e sob os mesmos currículos ministrados aos

outros estudantes. Ocorre que aquilo que será ministrado aos estudantes especiais,

deverá sê-lo feito em caráter aprofundado.

A orientação vocacional/profissional se constitui em importante atendimento,

porque permite a indicação de cursos que contemplem as características de

superdotação dos educandos. Em virtude da multiplicidade de interesses que os

especiais apresentam, estes revelam problemas de escolha profissional e dificuldades de

integração ao mercado de trabalho. Tais dificuldades são causadas por sua necessidade

de autonomia, liberdade de ação pessoal e sentimento de independência profissional.

Desta forma a modalidade de aceleração torna-se adequada à necessidade de compactar

sua escolaridade (MEC, SEESP, 1995)

Modalidades de Atendimento:

Escola Comum – Os estudantes portadores de altas habilidades/superdotados

poderão ser atendidos nos diversos níveis de escolaridade, em turmas de poucos

estudantes em classes de escola regular, recebendo atendimento curricular diferenciado,

resguardadas as suas habilidades e talentos.

Classe Comum – A modalidade de atendimento em questão, demanda

atividades de apoio em paralelo, para garantir o interesse do educando. Enquanto apoio

para a realização do trabalho, o professor receberá a orientação técnico-pedagógica de

docentes especializados, no que diz respeito a métodos didáticos especiais.

Sala de Recursos

Esta é uma modalidade de trabalho que se caracteriza por atender aos estudantes

portadores de altas habilidades/superdotados em horário contrário ao da classe comum.

O atendimento é oferecido em local especial, por professor especializado, através de

atividades específicas e aprofundadas que permitam reconhecer talentos e habilidades

dos estudantes (MEC, SEESP, 1995)

Ensino com Professor Itinerante

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Esta é uma modalidade de trabalho que atua com o portador de altas

habilidades/superdotado e o professor da classe regular, oferecendo a ambos orientação

e supervisão especializadas. Este trabalho é particularmente recomendado em escolas

onde exista carência, como é o caso da zona rural.

Recomenda-se o atendimento, no mínimo duas vezes por semana, resguardando-

se a comunicação entre o professor itinerante e aqueles que acompanham a escola.

Recomenda-se que um especialista acompanhe o professor da classe comum,

oferecendo apoio técnico-pedagógico, assim como as avaliações do programa devem ser

feitas em conjunto, isto é, professor itinerante e professor de classe comum.

Professor de Portador de Altas habilidades/Superdotados

Diz-se que o professor de estudantes portadores de altas

habilidades/superdotados não precisa ser um superdotado, basta ser sensível, criativo,

procurar conhecer bem seus educandos e aceitar desafios, pois o processo educativo faz-

se mais interessante quando há a parceria de todos, em benefício de todos (MEC,

SEESP, 1995)

.

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CAPÍTULO II

3.1 – O Papel da Orientação Educacional em Apoio aos PAH, à Família, à

Escola

O papel do orientador educacional é o de um grande mediador de conflitos e

escolhas. Considerando-se as variadas ações desempenhadas numa instituição escolar, o

trabalho de orientação educacional tem, entre tantos outros que ocorrem no

estabelecimento escolar, o de atuar como elemento catalisador, isto é, de união de

esforços para uma atuação conjunta.

Sabendo-se que o maior projeto de uma escola é o sujeito que nele se

desenvolve, a orientação educacional se permite atuar em busca de agir em benefício de

um crescimento conjunto, harmônico e direcionado para um olhar futuro, quer dizer,

voltado para aquele sujeito inserido e atuante na sociedade em que vive. Partindo-se do

pressuposto que o processo de inclusão de sujeitos portadores de necessidades

educacionais especiais (PNEE), destacando-se o portador de altas

habilidades/superdotado (PAH), em suas especificidades, vale lembrar que o processo

deve ser iniciado na família e em parceria com a escola, para ampliar-se ao mercado de

trabalho, sendo extensivo à sociedade em geral, não só através de ações específicas

amparadas por legislação (LDB 9393/96, Art V, Da Educação Especial, Declaração de

Salamanca, 10/06/94), mas também por meio do desenvolvimento de ações de parceria

empresa-escola junto ao próprio mercado de trabalho, buscando, em termos de estágios

e oportunidades para os PAH.

A principal ação a ser desenvolvida pela orientação junto à equipe de trabalho

diz respeito ao apoio e à oferta de atividades que desenvolvam a autonomia e

participação dos sujeitos portadores de altas habilidades/superdotados, nas diferentes

situações que lhe são apresentadas.

As etapas de crescimento de qualquer sujeito são sempre desafiadoras, mais

ainda, quando se trata de alguém com talentos e habilidades, portanto, um ser de algum

modo sensível e diferente do habitual que necessita de oportunidades e apoio. Suas

características de superdotação, nem sempre lhe trazem tantos benefícios ou mesmo são

compreendidas pelo próprio sujeito. Alguns portadores PAH são tão perfeccionistas que

apresentam problemas de relacionamento com colegas, porque muitas vezes querem

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refazer seus trabalhos por não os considerarem bons o suficiente (Davis & Rimm, 1994;

Kokot, 2000). Outros sujeitos são tímidos e temem o julgamento, do grupo, outros têm

dificuldade de trabalhar em conjunto, em virtude da rapidez como organizam seu

pensamento e, não raro, da dificuldade em expressar suas idéias. Assim sendo,

costumam experimentar relações conflituosas

O SOE atua junto aos pais, orientando-os em relação ao relacionamento com os

filhos. Como todas as pessoas, uns sujeitos superdotados podem ser tranqüilos, fáceis de

lidar e bastante flexíveis. Há, porém, aqueles que demandam maior energia e paciência

por parte dos pais. Temperamentos diferentes exigem procedimentos diferentes.

Geralmente, uma família que se vê com um filho talentoso, pode, muitas vezes,

experimentar, inconscientemente, sentimentos múltiplos que variem da rejeição à

vaidade. Se há outros filhos, ainda que sem perceber, as diferenças individuais se

declaram; é inevitável. Algumas vezes, torna-se gritante, gerando rivalidade ou mesmo

competição velada entre irmãos. Lidar com este sentimentos é uma tarefa delicada que,

efetivamente, necessitará do apoio do SOE, posto que é na escola que realmente a

criança tem a oportunidade de ser vista como portadora de altas

habilidades/superdotada.

Necessário se faz, também, atender aos pais e estudantes oriundos dos

segmentos sociais desfavorecidos e que não possuam condições de acesso a atividades

culturais pagas, para que possam levar seus filhos. A estes, a escola deverá dar uma

atenção especial, no sentido de obter gratuidade de acesso para que os estudantes cujos

talentos estejam ligados às atividades artísticas em questão. O correto seria que todos

tivessem acesso às atividades culturais ofertadas, pois sua condição especial prevista

legalmente garante a oportunidade de ter seus talentos contemplados, uma vez que

mesmo “as crianças mais brilhantes desse grupo, em geral, não conseguem acompanhar

seus pares das classes mais favorecidas, em testes formais de inteligência, em

conseqüência das limitações do meio” (LANDAU, 1990, p 29), tanto que a mesma

autora prossegue, dizendo que há mais, quando estes estudantes são ignorados em suas

potencialidades: “seus caminhos, por vezes, desembocam em atuações destrutivas e

anti-sociais” (LANDAU, 1990, p. 30).

Atuando junto ao aos professores, o SOE pode, por exemplo, oferecer literatura

de apoio aos professores que lidam com uma clientela tão específica como esta,

buscando auxílio externo junto a outros profissionais que ministrem atividades

curriculares de aprofundamento a portadores de altas habilidades. Pode, da mesma

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maneira, encontrar, nas formas da lei, o respaldo para a implantação de sistemas de

atendimento à clientela de portadores de altas habilidades que certamente há na escola,

requisitando à Secretaria de Educação Especial a presença de técnicos que identifiquem

esta clientela, a fim de que seja implantado um posterior trabalho na escola.

Os colegas dos portadores de altas habilidades são elementos basilares neste

processo. Em razão das dificuldades que alguns grupos de talentosos apresentam em

fazer amigos, o SOE deve promover um trabalho de desfazimento de rótulos e

representações que tenham sido criadas sobre o portador de altas habilidades, porque os

“símbolos de estigma caracterizam-se por estarem continuamente expostos à percepção”

(GOFFMAN, 1988, p.112). Ninguém, mesmo o mais inteligente dos sujeitos pode se

considerar auto-suficiente e bem-sucedido, estando sozinho, tanto que

a superdotação, por si só, não garante sucesso educacional ou produtividade

criativa, que são as condições relacionadas aos ambientes familiar e escolar,

assim como as relações com os colegas, os maiores determinantes do

desempenho acadêmico do superdotado, seja em direção das suas reais

possibilidades, ou em direção ao sub-rendimento e fracasso escolar

(ALENCAR apud SOBRINHO & CUNHA, 1999, p. 97; JOHSON &

KARNE, 1991 apud DAVIS & RIMM, 1991).

A família e a escola, esta última representada pela figura dos educadores,

coordenadores, funcionários, colegas e demais pessoas devem atuar conjuntamente,

buscando uma parceria única, em benefício dos talentosos. Ninguém pode prescindir do

outro para seu crescimento. A troca beneficia a todos e o crescimento de um pode afetar

o crescimento do grupo como o todo.

Em razão dos motivos acima mencionados, o Serviço de Orientação Educacional

(SOE) precisa buscar ações práticas direcionadas ao desenvolvimento das habilidades

voltadas não só para que um dia os PAH venham a exercer um ofício, mas para que

descubram sua vocação, saibam escolher e ponham em prática seus talentos, no

exercício profissional consciente.

3.2 – A Representação Social dos Sujeitos Portadores de Altas

Habilidades/Superdotados

O conceito de representação social tem sua origem na sociologia e na

antropologia. Atribui-se a Serge Moscovici a nomenclatura que foi a partir de então

adotada. Compreende-se a representação social como “um conjunto de conceitos,

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explicações e afirmações que se originam na vida diária, no curso de comunicações

interindividuais” (MOSCOVICI apud FAR, 1999). Os conceitos partem das percepções

construídas a partir de imagens produzidas das situações vivenciadas. Os conceitos

circulam na vida social e se objetivam nas imagens Pode-se então inferir que todos os

fenômenos sociais ultrapassam a esfera do particular para o coletivo e do coletivo para o

particular. Se os papéis sociais são influenciados pelo coletivo, significa que foram aos

poucos sendo delineados pelo grupo. Faz-se então uma via de mão dupla. Assim, uma

vez constituída a representação, ele se ancora na vida social

Quando Mettrau (2000) diz ser a “Inteligência um Patrimônio da Humanidade”,

reconhece que esta atinge a esfera do coletivo e considera que a representação social é

uma forma que o indivíduo se utiliza para representar o mundo que o cerca. Tal forma

caracteriza-se por um comportamento observável e registrável, sendo o seu produto, ao

mesmo tempo algo pertencente à esfera individual e social.

A questão das altas habilidades encontra uma grande resistência junto a alguns

setores da sociedade, em termos de mediação e preparo para a vida. Algumas vezes, o

imaginário social concebe o portador de altas habilidades como alguém pronto, sem

maiores necessidades e com totais possibilidades de autogerenciamento. Este é mais um

dos erros de concepção. Segundo Mettrau (1999) o portador de altas habilidades é uma

pessoa como outra qualquer; necessitando de orientação, a fim de ter suas habilidades

oportunizadas, em benefício próprio e da sociedade em que vive.

Se ainda carecemos de um currículo acadêmico adequado que possibilite o

mínimo de abordagem, conhecimento e preparo para identificar e atender esta clientela,

como poderemos solucionar esta questão, senão nos empenhando em desmitificar o

imaginário social, nas esferas que forem possíveis atuar? O desconhecimento em

relação a este grupo social tem gerado grandes perdas, desinteresses, mascaramento de

talentos que muito poderiam beneficiar a si e à sociedade brasileira, no tocante às

habilidades que apresentam, mas acima de tudo, este desconhecimento vem gerando,

silenciosamente, mais um mecanismo de exclusão.

Todo aquele que foge à norma, à regra social é um ser indesejado. Para este, os

“signos não permanentes são usados apenas para transmitir informação social, podem

ou não ser empregados contra a vontade do informante; quando o são, tendem a ser

símbolos de estigma” (GOFFMAN, 1988, p. 56). É desta forma que estes sujeitos

talentosos ocultam suas habilidades, por temerem o lugar dos diferentes e estranhos

quando descobertos como pertencentes ao grupo dos superdotados. Aquele que devora

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um livro por dia, evita ser flagrado lendo, por temer o título de louco. Se um

adolescente tímido se dedica a estudar a vida das rãs, não é popular entre as garotas e

não sai para passear, freqüentemente, com companheiros, certamente será estigmatizado

com o rótulo de efeminado, de difícil entrosamento ou mesmo de anti-social. No Brasil,

o desagrado provocado pela terminologia superdotados que vem caindo em desuso,

também é uma realidade.

Se existe uma conceituação das pessoas a respeito da realidade circundante,

como será a conceituação que o portador de altas habilidades têm de si? Qual será, em

outras palavras, a representação social que eles fazem deles mesmos, a partir da

construção feita pelo social? Alguns deles, enquanto estudantes, declaram abertamente:

“Se seu filho é especialmente inteligente e talentoso, não merece

nenhuma recompensa material. A melhor atitude é dar-lhe sempre

chances para satisfazer suas necessidades individuais e desenvolver

seu talento, beneficiando também o grupo social onde vive e os outros

grupos” (BARBOSA, 2000, p. 51)

Faz-se necessário perceber que o mito da “infalibilidade” e da “superioridade”

de seres humanos em relação a seus semelhantes precisa ser derrubado. Inúmeros

portadores de altas habilidades saem-se mal na escola por não gostarem de estudar.

Outros, jamais freqüentaram uma escola e apresentam talentos para artes, línguas,

matemática e outras áreas, outros, por não serem valorizados pela família ou escola, no

concernente aos seus talentos, calam-se e refugiam-se num comportamento

inexpressivo.

É importante lembrar, como já foi anteriormente falado, que um portador de

altas habilidades é uma pessoa comum, como qualquer outra, de qualquer etnia e grupo

sócio-econômico. A teoria infundada que Hurnstein & Murray (1994) autores da obra

tendenciosa e racista “A Curva do Sino” (The Bell Curve) afirmava, em pesquisas não

comprovadas, que os asiáticos são mais inteligentes que os brancos, estes, mais

inteligentes que os hispânicos, e os negros, de todos, os mais medíocres (Kinchelse,

Steinberg e Gresson III, 1996) É preciso de uma vez por todas desmitificar o portador

de altas habilidades como um ser superior ou que é anormal, que incomoda pelo muito

que questiona. São pessoas que têm a contribuir com seus talentos habilidades e

criatividade, socialmente falando.

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CAPÍTULO III

4.1 - Idéias, Criatividade e Inteligência Prática na Escola: Preparação para

o Mercado de Trabalho

O ato de criar envolve um grande esforço e dedicação por parte da pessoa que

cria. Imaginar que as idéias simplesmente brotam como mágica, resultantes de um raio

de inspiração é diminuir o valor do empenho, perseverança e trabalho árduo

empreendidos por artistas, cientistas, entre outros, durante longos períodos de tempo, às

vezes toda uma vida. Isto não quer dizer que não haja a inspiração, mas há, sem dúvida,

uma enorme dose de transpiração (Mettrau, 1995)

A este respeito Sternberg (2000) posiciona-se dizendo que a criatividade precisa

ser estimulada desde cedo e que se pais e mestres querem filhos e alunos criativos,

devem eles mesmos servir de modelo. Acrescenta a este posicionamento a seguinte

observação: “A criatividade não é algo abstrato – é um julgamento sócio-cultural da

inovação, da adequação - da qualidade e da importância de um produto”

(STERNBERG, 2000, p160).

Weisberg apud Sternberg (2000) defende a posição de que a criatividade envolve

processos cognitivos corriqueiros que desenvolvem extraordinárias produções. Para

ilustrar sua teoria, este pesquisador cita estudos de caso desenvolvidos com sujeitos, em

laboratórios de pesquisa, tais como os estudos de Duncker (1945), envolvendo velas que

deveriam ser fixadas na parede. Os únicos objetos dos quais o sujeitos dispunham para

fazê-lo foram apresentados numa foto, e eram velas, pregos pequenos de cabeça larga e

uma caixa de fósforos. O pesquisador tenta nos mostrar que a solução deste problema

depende do “insight” que estas pessoas tiveram, usando processos cognitivos de

costume.

Este experimento citado por Weisberg apud Sternberg (2000) pode ser utilizado

para explicar um pouco dos recursos criativos que nossas crianças vendedoras de balas

poderiam utilizar quando tivessem que solucionar problemas com troco na sala de aula,

se os professores lhes fornecessem objetos palpáveis e não problemas no papel,

envolvendo compras à prestação. Desta forma, utilizando-se da criatividade que

possuem, talvez pudessem fazer a transferência de uma situação para outra.

Ainda abordando esta temática, Eysenk (1993), Gough (1979) e MacKinnon

(1965), citados por Sternberg (2000), afirmam que as pessoas criativas apresentam

determinados traços de personalidade que justificam uma abordagem social da pesquisa,

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e as conclusões as quais chegaram, advêm de estudos correlacionais, contrastando

amostras de padrões simples a sofisticados de criatividade demonstrados no cotidiano

destes sujeitos, onde relevantes e potenciais traços desta criatividade foram registrados

(Barron et Harrington, 1981, apud Sternberg, 2000). Nestes traços de personalidade

estão incluídas características tais como: independência de julgamento, autoconfiança,

atração pela complexidade, senso estético e aceitação de riscos a enfrentar. Maslow

(1968) apud Sternberg (2000) também considerou como traços pertinentes à auto-

realização do ser humano, em termos de potencialidades, a audácia, a coragem, a

liberdade e a espontaneidade.

Algumas destas características acima mencionadas são encontradas nos

portadores de altas habilidades, como nos lembra Mettrau (1998), quando diz que este

grupo demonstra iniciativa, quando começam por si mesmos as atividades e buscam o

que é de seu interesse. Segunda a autora, essas pessoas apresentam capacidade de tirar

proveito e aprendizado de situações-problema, sabendo como buscar as melhores

soluções para os problemas mais difíceis e complexos, assim como revelam “talento

incomum para se expressar em “artes música, dança, drama, desenho,” entre outras

formas de demonstrar sua inteligência (METTRAU, 1998, p.47).

Como fora anteriormente abordado, a contribuição que este grupo de pessoas

pode oferecer à sociedade é por demais expressivo e construtivo para ser ignorado.

Considerando-se o fato de que somos um país de terceiro mundo, o investimento no

talento e criatividade daqueles que têm a contribuir para o desenvolvimento da nação

deveria ser uma questão de relevância e investimento, uma vez que no material humano

de uma nação deposita-se o seu desenvolvimento.

A criatividade para Sternberg (2000) constitui-se, pois, em algo materializável;

uma interação ente o sujeito e o meio ambiente e que por isso mesmo, deve ser

oportunizada. Ele cita, como exemplo de aprisionamento da criatividade, um aluno

talentoso que fora chamado para trabalhar em duas instituições. A primeira, de grande

prestígio, mas que não parecia valorizar sua criatividade. A segunda, de menos

prestígio, porém valorizava sua criatividade. O professor aconselhou-o a aceitar a

primeira, embora, depois de tal recomendação, tenha se arrependido da opinião dada. O

rapaz foi bem sucedido, provavelmente menos do que se estivesse na segunda

instituição.

Aceitar a segunda oferta, talvez viesse a significar uma realização pessoal muito

maior para o rapaz e que implicaria usar constantemente sua criatividade;

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conseqüentemente, produzindo novos e interessantes trabalhos. Perseverar em idéias, o

autor continua, pressupõe permitir que a criatividade se torne uma meta contínua.

A história da humanidade encontra-se repleta de relatos em que novas idéias

foram inicialmente rejeitadas. Um dos inúmeros exemplos do preconceito em relação ao

novo pode ser relembrado, através da trajetória de vida do médico húngaro Ignaz Phillip

Semmelweis (1818-1865), um obstetra húngaro que defendia haver uma estreita relação

entre a morte de parturientes por febre puerperal quando eram assistidas em seus partos,

logo após os médicos dissecarem cadáveres no necrotério. A confirmação deste fato,

para o médico, deu-se quando um colega seu, também médico, internado no mesmo

hospital no qual ocorriam os óbitos, fora igualmente examinado pelos mesmos médicos

que faziam uso de procedimentos semelhantes aos executados com as mulheres em

trabalho de parto, ou seja, eles manusearam cadáveres e examinaram, a seguir, o médico

enfermo. O resultado foi a manifestação dos mesmos sintomas que as parturientes

apresentavam. A morte do colega e médico foi inevitável.

Semmelweis introduziu o que para nós hoje soa tão naturalmente, a lavagem e

desinfecção das mãos com cloro, reduzindo a morte das parturientes para a escala de

cem por cento. Ainda que obtendo sucesso com seu método nascido de uma suspeita, o

médico húngaro sofreu perseguições profissionais, perda de oportunidade de empregos

em outras instituições, empreendidas por uma intrincada rede de sabotagem criada para

derrubá-lo. Semmelweis, na condição de estrangeiro, vítima do preconceito, ignorância

e inveja, enlouqueceu e terminou seus dias num asilo, mas a ele tributamos uma das

maiores descobertas científicas.

Assim como a medicina e a humanidade jamais foram as mesmas após a

implantação das idéias deste brilhante médico, Sternberg (2000) nos aconselha a

perseverar em nossas posições e considerá-las um patrimônio, pois convencer alguém

de uma idéia é um grande exercício de criatividade. Esta deverá, certamente, ser a tarefa

dos cientistas na atualidade, pois como é notório, a clonagem humana se constitui numa

nascida dos processos de reprodução assistida: a fecundação in vitro. O mundo

conheceu Louise, o primeiro bebê de proveta, nascido sob a assistência do médico e

cientista Patrick Steptoe, no fim da década de setenta, na Inglaterra. Práticas posteriores

de criação de órgãos em laboratório para fins de transplantes serão inevitáveis, uma vez

que representarão não só o término da agonia na busca de doadores de órgãos, como a

possibilidade da intervenção, domínio e supressão de determinadas doenças em outros

seres humanos, se as reproduções forem processadas e assistidas em laboratórios.

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Vivemos, pois, o nascimento de um novo paradigma iniciado há um quarto de século

atrás e para o qual ainda há enormes resistências.

Na opinião do autor citado acima, a inteligência criativa deve ser tomada como

um bem rentável, tanto que os investidores atuam no mundo das finanças e os criativos

nos das idéias. A diferença é que as idéias criativas costumam ser subvalorizadas

(STERNBERG, 2000, p. 162) e até rejeitadas, enquanto os investimentos não. Muito

embora tais idéias venham a ser desprezadas, elas se constituem em elementos valiosos,

portanto, merecedores de todo crédito.

Um dos grandes problemas enfrentados pelos indivíduos talentosos no mercado

de trabalho é exatamente o desrespeito em relação ao talento que apresentam, quando

ocupam posições subalternas. Esta é uma questão que merece destaque e

aprofundamento maior. É do conhecimento geral que o mercado de trabalho valoriza o

sujeito criativo, tanto quanto a escola o quer assim. Ocorre que é necessário que seja

dado a ambos a oportunidade de expressão desta criatividade, abrindo-se espaço para o

produto de sua criação. Na realidade, em ambos os cenários da sociedade, não é assim

que as coisas funcionam. Em um espaço, o educador se diz pressionado pelo conteúdo

programático e pela programa a cumprir, no mercado de trabalho, o gerente ou

responsável pelo setor alega que deve prestar contas da produção ou necessita

apresentar os relatórios sempre daquela forma, porque a empresa funciona daquela

forma desde sempre com sucesso e não necessita modificações neste setor A

criatividade é para o autor também uma questão de postura diante da vida.

A grande verdade em situações como a relatada acima é que o sujeito talentoso

em grandes empresas, se está em posição subalterna, provavelmente será cerceado por

alguém inseguro que o comandará, se estiver numa posição de comando, poderá lograr

algum êxito em suas propostas, mesmo assim, se conseguir que sua equipe de trabalho

compreenda e abrace a idéia sem invejas ou sabotagem. Esta é uma das grandes razões

pelas quais a escola precisa, urgentemente, começar a ensinar seus alunos a pensar e a

trabalhar em grupo realmente, para que as idéias comecem a ser valorizadas, ainda em

sala de aula, promovendo o exercício da flexibilização do pensamento e do

amadurecimento das idéias, o exercício das escolhas, ainda nas escolas. Assim,

provavelmente, as pessoas não se transformarão em adultos incapazes de saber ouvir

uns aos outros, recebendo as críticas de uma forma pessoal, como geralmente acontece,

não só no mundo do trabalho, mas nas relações humanas em geral.

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Toda esta rigidez pode ser que explique o porquê dos alunos, e entre eles, também

o portador de altas habilidades, se encontrarem tão desestimulados para as atividades

desenvolvidas dentro das escolas. Aqueles que não se sentem tão afetados pelo

desestímulo, provavelmente, possuam uma motivação interior maior que os impulsione

a novas descobertas, e assim consigam superar a aridez de um cotidiano quase sempre

previsível.

Este conformismo intelectual a que se refere a autora estende-se à vida

profissional, não permitindo ao sujeito ousar alçar vôos maiores e expandir sua

criatividade. A ironia do sistema escolar, que por um lado precisa atingir metas e não

sabe por onde deixar a criatividade entrar em sala de aula é tão grande que, ao exigir do

estudante atitudes responsivas, rápidas, de contornos previsíveis pensa estar preparando

este sujeito para tomar futuras decisões. O problema é que ocorre exatamente o

contrário, isto é, esta pessoa, outrora um estudante dotado de excelente memória, ágeis e

eficazes respostas, não conhece outra maneira de pensar, senão aquela cuja solução

tenha nexo, seja única e previsível, envolva pouco o nenhum risco, e acima de tudo, seja

racionalmente aceitável, sem devaneios criativos.

Assim sendo, comportamentos rígidos aprendidos na infância tendem a se

perpetuar na vida adulta e a se estenderem à vida profissional. Desta forma, adultos,

cujas idéias e opiniões foram cerceadas, não procuram os desafios, temem os

julgamentos e não arriscam expressar suas posições diante de situações, em geral, pelo

medo da crítica. A conseqüência desse procedimento paralisante é a falta de motivação

(Mettrau, 1999, 2000; Sternberg, 2000). Entretanto, quando se trata de criatividade,

deve ficar claro que ela demanda motivação. Sternberg, Ferrari et al (2000) mostram

que quando estudantes criativos são ensinados e avaliados tendo suas habilidades

valorizadas, seu desempenho acadêmico aumenta. E se também for dada a chance

àqueles alunos os quais supostamente perderam o interesse pela escola de demonstrar

sua criatividade, estes certamente voltarão a apresentá-la.

A capacidade de produzir novas idéias, diz o autor em questão, não define, por si

só, o conceito de criatividade. Trata-se de um processo que exige três aspectos

essenciais da inteligência que são o “criativo, o analítico e o prático”, combinados com

equilíbrio (STERBERG, 1998, p.13). O primeiro, diz respeito à capacidade de ir além e

produzir novas idéias, o segundo, o analítico, relaciona-se à capacidade de análise e

avaliação de idéias, solução de problemas e tomada de decisões, e o terceiro, o prático,

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diz respeito à capacidade que o sujeito tem de traduzir teoria em prática e idéias

abstratas em realizações concretas para o uso no cotidiano de sua vida.

Estes três aspectos da inteligência interligam-se na produção de idéias e o ponto

central das duas formas de expressão da inteligência em seus aspectos analítico e prático

é a criatividade. É primordial a questão do equilíbrio para se perceber como desenvolver

habilidades necessárias e aplicá-las à vida.

Sternberg (2000) recomenda que é necessário buscar o que se gosta e perseverar

neste caminho. É preciso não esmorecer nas idéias criativas, apesar da rigidez de

algumas pessoas. Motivar-se e seguir adiante é a condição primeira para começar. Não

fossem as idéias e sonhos de homens determinados e perseverantes como Alberto

Santos Dumont, o céu viesse a ser, ainda, um limite.

4.2 - A Atuação da Orientação Educacional como Mediadora entre a

Escolha Profissional e o Mundo do Trabalho

A tarefa do Serviço de Orientação Educacional (SOE) de uma instituição está

longe de prescindir do apoio e parceria de outras áreas que compõem a vida do

estudante. A família, os educadores e o próprio mercado de trabalho estão inseridos

neste delicado contexto.

Na verdade, ao contrário do que muitos podem supor, a atuação do SOE destina-

se muito mais do que apenas a averiguar o comportamento produtivo do estudante na

escola, em termos de graus alcançados nas provas, conduta junto aos colegas,

professores ou funcionários, mas acompanhar toda o desenvolvimento cognitivo,

afetivo, social e inclusive as tendências, talentos, habilidades e escolhas de profissões

possíveis que este educando manifestar.

Aquele que trabalha no SOE, segundo consta, intitula-se “orientador

educacional.” Como o próprio nome o admite, quem assim se denomina, tem a função

de apoiar e orientar o sujeito em todas as situações anteriormente citadas. Ele sabe,

inclusive, que tem uma grande parcela de responsabilidade no apoio e orientação

prestados àqueles estudantes que por suas mãos passarem, e que um pouco de si ficará

em cada um que por ele passar

Orientar a escolha profissional de um estudante é uma tarefa que principia muito

antes de sua entrada no Ensino Médio. Quando se tem a consciência de que,

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diferentemente dos países de estrutura capitalista avançada, vive-se num sistema no qual

nem todos têm acesso aos bens de consumo e os do intelecto, como a educação

garantidos igualmente pelos sistemas governamentais, a única maneira de desfazer as

desigualdades é lutar pela oferta de uma escola pública qualificada, para oferecer aos

cidadãos condições de ascender socialmente e conquistarem um espaço no mercado de

trabalho.

O país enfrenta, hoje, problemas de ordem catastrófica. Há uma população de 74

milhões de trabalhadores, dos quais 38% têm menos de quatro anos de escolaridade.

Aproximadamente 20% deste contingente anteriormente mencionado são compostos por

analfabetos jovens cujas idades variam entre 15 e 30 anos. Estão fora da escola, nada

menos do que 4 a 5 milhões de crianças entre 7 e 14 anos. Quanto aos jovens entre 16 e

24 anos, somente 16% chegam ao Ensino Médio. A conclusão do Ensino Médio é outro

funil e contempla apenas 7,4% desta ínfima população restante (AÇÃO, 1993; IBGE,

1993; MEC, 1995; MEC, 1996 apud Frigotto et al, 2001). O que foi revelado pertence a

um quadro que transcende a esfera escolar, já se sabe. Entretanto, ela não está

dissociada de sua implicabilidade civil de parcela que opera em benefício do

desfazimento de desigualdades sociais.

A Orientação Educacional (OE) tem, portanto que atuar em todas as frentes,

procurando identificar as necessidades dos educandos que são muitas. Entre as

necessidades a identificar, estão aquelas relacionadas às do portador de altas

habilidades, parcela que passa quase absolutamente desapercebida dos professores e

demais integrantes da escola, porque estes não sabem como reconhecê-los. Muito

embora correspondam a 1% e 3% da população, apenas 0,3% foram identificados e

estão matriculados na Rede Pública e Privada de Ensino (MEC/INEP/SEEC,1999)

Provavelmente, possa mesmo estar este sujeito entre aqueles que já abandonaram a

escola ou mesmo se encontram no Ensino Supletivo. O importante é buscar identificá-lo

e oferecer-lhe oportunidades. Seu talento pode ser compartilhado com outros colegas,

em turma, através de programas de enriquecimento. Todos terão a ganhar. Todos serão

beneficiados. A qualidade do ensino, a forma de ser ministrado, o modo como será

ministrado, o tipo de atividade a ser desenvolvida. Enfim, as atividades serão mais

dinâmicas

A OE pode atuar junto aos estudantes, em termos de escolha

profissional/vocacional, ainda muito precocemente. Em sala de aula, desenvolvendo

pesquisas em parceria com professores de várias disciplinas, despertando nos educandos

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o interesse por determinadas profissões ou ofícios. O passo seguinte pode ser o de

organizar entrevistas com familiares, conhecidos ou mesmo agendar com pessoas de

repartições públicas (hospitais, bancos, fórum, correios, shoppings centers), entre outros

lugares, a fim de travem contato de perto com estas pessoas, e possam perceber

particularidades das profissões pesquisadas .

Enquanto etapa para futuras ações, dando-se continuidade a futuras pesquisas e

atividades nas quais os alunos vivenciassem papéis sociais relativos às profissões

pesquisadas, mais adiante, no final do Ensino Fundamental, os estudantes poderiam

passar um dia inteiro junto a um determinado profissional com o qual se identificassem

em termos de escolha, com a finalidade de anotarem sua rotina de trabalho, principais

ações e procedimentos, decisões e dificuldades rotineiras. Tais procedimentos

contribuiriam para o desfazimento de ilusões e representações distorcidas das profissões

escolhidas, possibilitando escolhas mais realistas, quando chegassem ao Ensino Médio.

A chegada ao Ensino Médio, para muito estudantes, não é promessa de

vestibular, mas necessidade de Ensino Profissionalizante. Quando se lida com um

estudante PAH, tem-se um sujeito com talento e habilidades, que vai para uma escola

técnica cujo perfil é pouco original, salvo exceções, a aprendizagem pode seguir uma

linha mais da repetição do que da criação. Este deverá ser um outro problema a

enfrentar. Na verdade, este tipo de estudante necessitara mediação até que deixe a

escola, para que não a abandone antes da hora. Assim sendo, seus passos no Ensino

Médio devem ser acompanhados durante todo o tempo, até quando sua escolha de

carreira se concretize e possam caminhar por si. Não quer dizer que esta escolha é

definitiva, porque como o “mundo da produção material do trabalho na

contemporaneidade é marcado cada vez mais pela especialização flexível” (FRIDMAN,

2000, p. 49), o sujeito nunca estará pronto, mas sempre em processo de renovação.

Junto ao mercado de trabalho, a OE pode buscar formas de auxiliar este

estudante, ainda que ele não esteja inserido em uma escola técnica, oficialmente, através

de parcerias com setores públicos ou privados, remunerados ou não, como oportunidade

de treinamento de habilidades e talentos destes sujeitos PAH. Pode a OE buscar formas

de demonstrar às empresas o valor dos talentos e habilidades dos PAH e o quanto eles

poderiam contribuir para as empresas, num futuro próximo.

Faz-se importante compreender que a atuação da OE junto a uma escola tem

uma função muito mais ampla do que se pode supor. Seu trabalho assessora direção,

coordenação, supervisão, pais, estudantes, enfim, toda a escola.

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Ideal seria que houvesse, da mesma forma, junta aos campus universitários

serviços de aconselhamento para estudantes em processo de escolha ou troca de

carreira. A adolescência é um período longo, difícil e cada vez está se prolongando

mais, na medida em que o mercado de trabalho se torna dificil. Só se pode esperar que

este tipo de serviços nas escolas compreenda seu papel e importância e passe a atuar

com mais presença.

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CAPÍTULO IV

5.1 - Considerações Finais

A OE representa um elemento de ligação que permite o bom funcionamento de uma

instituição de ensino. Tamanha é sua importância, que sua ausência se faz sentir, quando

os problemas surgem e não há quem os possa solucionar. Quando sua ação é deficitária

ou deixa a desejar, os problemas se avolumam, até que num dado momento eclodem,

desconhecendo-se a forma como tudo começou, na medida em que não houve quem

pudesse tê-los acompanhado, registrado, relatado, talvez mesmo evitado. A OE não

encarna a figura de um médico ou bombeiro, mas de um orientador, mediador, alguém

que poderá, também, auxiliar um jovem talentoso a encontrar seu caminho profissional,

muitas vezes cheio de atalhos e espinhos, tortuoso, por vezes, quase incessível.

Se o mecanismo de exclusão social do sujeito se inicia, oficialmente, na escola,

o mercado de trabalho não terá outra postura. Cabe, portanto à OE tentar diminuir esta

exclusão, a partir de ações em favor da implantação de programas de enriquecimento os

quais favorecerão ao portador de altas habilidades, e se extensivos a todos os alunos,

democraticamente, poderão lhes favorecer, igualmente. Desta forma, supor que se trata

de uma realidade impossível de ser modificada significa negar as possibilidades

advindas de projetos de orientação vocacional/profissional.

Como se não fosse suficiente toda essa mudança física e psíquica, o adolescente

carrega as expectativas de sua família adicionadas à sua própria incerteza quanto a

escolhas feitas. O peso de ser diferente, talentoso e superdotado pode, mesmo que

subliminarmente, representar mais uma fonte de cobrança para o jovem em transição.

Mas é enquanto foco de preocupação profissional, em termos de uma escolha que

deverá prever, antecipadamente, que este adolescente se deparará com questões

concernentes ao mercado de trabalho com o qual se defrontará, pois este último, recebe,

a cada dia novos diplomados que vão se somar aos outros desempregados, aumentando,

desta forma, a disputa por uma vaga, no mercado de trabalho.

A situação que se apresenta ao adolescente em busca de uma carreira é, pois,

plena de angústia com prenúncio de sofrimento. Pode-se mesmo afirmar que as

expectativas que pais, mestres, parentes em geral e mesmo amigos depositam no jovem

candidato ao vestibular passam desapercebidas ou ignoradas. Cumpre lembrar que

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ninguém é uma ilha, portanto opiniões, conceitos, idéias e expectativas direcionadas ao

adolescente em processo de escolha de carreira representam um peso enorme. Vale

lembrar que ele é tão somente um ser em transição e lhe cabe mesmo a dúvida acerca da

escolha ou caminho profissional a seguir, como tem o direito de expressar as dúvidas de

uma pessoa que ainda não sabe quem é ou o que de fato quer da vida.

O imaginário social da civilização ocidental traz consigo a herança judaico-cristã

da perda do paraíso, em virtude do pecado cometido por Adão, ao comer do fruto

proibido e ser obrigado, a partir de então, a labutar pelo pão de cada dia com o suor de

seu rosto. Assim se inicia o trabalho enquanto punição e objeto de tortura (tripallium)

como estigma, para sempre, dando origem à perda de um mundo onde tudo se conseguia

pelo mérito da inocência, dependência e nenhum desfio à palavra Divina.

O fruto proibido representou a busca de beber na fonte da sabedoria de Deus.

Brincar de descobrir o mundo resultou, para o homem, na perda das benesses a ele

ofertadas. A adolescência por sua vez, assim como Adão no paraíso, deve representar o

desfrutar dos prazeres dos últimos momentos de despreocupação em relação a como se

prover, onde viver e como viver. Efêmera, entretanto, e passageira, é logo substituída

pelas cobranças da responsabilidade, sem considerar as condições emocionais de um

sujeito.

O dilema vocacional/profissional deve ser visto segundo a ótica da oportunidade

para todos, ela representa, “em essência, a aplicação prática do estudo multidisciplinar

da relação homem-trabalho” Desta forma, o orientador vocacional/profissional precisa

ter em mente que seu papel é fundamental e imprescindível, principalmente se passar a

ser realizado precocemente na escola.

Longe de sermos uma sociedade igualitária, fazemos parte de um sistema

excludente de classes e que, decididamente, não oferece a todos nem o mesmo ponto de

partida, quiçá o de chegada, como exemplo de democracia pensado por Mário Quintana.

Na verdade, os acontecimentos e experiências vivenciados pelos diferentes sujeitos dos

vários segmentos sociais, em seus percalços de vida, lhes conferem uma desvantagem

enorme, e no mais das vezes, intransponível, revelando-se algo de difícil recuperação.

Faz-se, portanto, necessário que tomemos como tarefa imediata, considerar a presença e

a atuação da orientação vocacional/profissional nos estabelecimentos de ensino o quanto

antes. Trata-se de planejar, preparar o caminho, acompanhar quem nele trilha e poder

vislumbrar uma chegada, quem sabe, com maiores realizações.

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CAPÍTULO V

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