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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” HUMANIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS NA SAÚDE Por: Carolina Suzarte Pereira Orientador Professora Maria da Conceição Maggioni Poppe Rio de Janeiro 2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

HUMANIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS NA SAÚDE

Por: Carolina Suzarte Pereira

Orientador

Professora Maria da Conceição Maggioni Poppe

Rio de Janeiro

2008

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

HUMANIZAÇÃO: UMA ESTRATÉGIA PARA GESTÃO DE

RECURSOS HUMANOS NA SAÚDE

OBJETIVOS:

Monografia apresentada como requisito parcial para

obtenção do grau especialista em Gestão de

Recursos Humanos.

Por: Carolina Suzarte Pereira

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AGRADECIMENTOS

A todo corpo docente do Instituto “A

Vez do Mestre”, à professora Maria da

Conceição Maggioni Poppe pela

orientação na confecção deste trabalho

monográfico.

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DEDICATÓRIA

Dedico este estudo à minha família, que

me apoiou na confecção deste trabalho.

Também ao Carlos Eduardo, meu marido

e melhor amigo.

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RESUMO

O interesse por este tema surgiu a partir de uma reflexão sobre o papel

do profissional de saúde nos atendimentos realizados no ambiente hospitalar,

tendo como meta transmitir e desenvolver nestes profissionais informações e

condutas sobre os cuidados de saúde de uma maneira mais simples e

humanizada, e assim levar o bem-estar e melhores resultados a todos.

Com a proposta de melhorar a qualidade no atendimento nos hospitais,

percebe-se que estas atividades requerem tempo e conscientização das

pessoas envolvidas no sistema de saúde. A partir do momento que este

profissional se sente respeitado e valorizado pela instituição a qual pertence

estará mais apto a atender com eficiência.

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METODOLOGIA

Procede-se a uma análise bibliográfica citando os principais autores,

como Sandra Bertelli, Idalberto Chiavenato, Francesco Rosso que tratam da

abordagem de Recursos Humanos de forma aberta e cooperativa, e tenta-se

aliar uma compreensão das possibilidades contributivas desta etapa

administrativa, ao serviço de saúde, contemplando a humanização como eixo

central das práticas de gestão de pessoas e estratégia a ser considerada neste

espaço.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - A NECESSIDADE DE HUMANIZAÇÃO COMO POLÍTICA DE

SAÚDE 10

1.1 – Humanização nas Instituições 11

1.2 – Tecnologia e Humanização 13

1.3 – Humanização no Hospital 14

CAPÍTULO II - O RESPEITO AO PROFISSIONAL DE SAÚDE PARA

CRIAÇÃO DE AMBIENTES MAIS SAUDÁVEIS 17

2.1 – O Processo de Humanização do Ambiente Hospitalar Centrado no

Trabalhador 18

2.2 – As Dimensões Subjetivas do Profissional de Saúde 20

2.3 – Influência da Visão Holística na Humanização 21

CAPÍTULO III - A DINÂMICA DA GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE

HOSPITALAR 24

3.1 – Gestão de Pessoas em Administração Hospitalar 25

3.2 – A Dinâmica da Gestão de Pessoas 27

3.3 – A Liderança Vai Além do Corpo e da Mente 29

3.4 – Como os Líderes Podem Estimular seus Seguidores 31

3.5 – O Hospital Aprendendo a Aprender 34

CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 41

ÍNDICE 43

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INTRODUÇÃO

Em virtude do acelerado processo técnico e científico no contexto da

saúde, a dignidade da pessoa humana, com freqüência, parece ser relegada a

um segundo plano. A doença, muitas vezes, passou a ser o objeto do saber

reconhecido cientificamente, desarticulada do ser que a abriga e no qual ela se

desenvolve. Também, os profissionais da área da saúde parecem

gradativamente desumanizar-se, favorecendo a desumanização de sua prática.

Desse modo, a ética, por enfatizar os valores, os deveres e direitos, o modo

como os sujeitos se conduzem nas relações, constitui-se numa dimensão

fundamental para a humanização hospitalar.

O termo humanização constitui o ato ou ação de humanizar.

Humanizar, ou humanar, significa tornar humano. Humano, por sua vez é

definido como aquilo que é relativo ao homem ou próprio dele. Portanto, a

humanização pode ser entendida como o ato ou ação de tornar humanas as

relações, ou seja, levar em consideração tudo aquilo que é relativo ao homem

ou próprio dele.

A humanização, então, requer um processo reflexivo acerca dos

valores e princípios que norteiam a prática profissional, pressupondo, além de

um tratamento e cuidado digno, solidário e acolhedor por parte dos

profissionais da saúde ao seu principal objeto de trabalho – o doente / ser

fragilizado -, uma nova postura ética que permeie todas as atividades

profissionais e processos de trabalho institucionais. Nessa perspectiva,

diversos profissionais, diante dos dilemas éticos decorrentes, demonstram

estar cada vez mais à procura de respostas que lhe assegurem a dimensão

humana das relações profissionais, principalmente às associadas à autonomia,

à justiça e à necessidade de respeito à dignidade da pessoa humana.

Este estudo apresenta no primeiro capítulo reflexões sobre o

significado e ações de humanização dentro do contexto hospitalar, destacando

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questões da intervenção tecnológica dentro desse cenário. O segundo capítulo

mostra a importância da dimensão humana nas relações profissionais,

colocando o respeito acima de tudo para formação de ambientes mais

saudáveis e profissionais satisfeitos. No terceiro capítulo, apresentam-se

dados sobre a liderança e gestão de pessoas dentro do ambiente hospitalar,

em busca de melhores resultados e condições de trabalho para todos.

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CAPÍTULO I

A NECESSIDADE DE HUMANIZAÇÃO COMO POLÍTICA

DE SAÚDE

Muitos profissionais de saúde submetem-se, em sua atividade, a

tensões provenientes de várias fontes: contato freqüente com a dor, o

sofrimento e com pacientes terminais, receio de cometer erros, relações com

pacientes difíceis. Sendo assim, cuidar de quem cuida é condição suficiente

para desenvolver projetos de ações em prol da humanização da assistência.

Segundo Martins (2001), a humanização é um processo amplo,

demorado e complexo, ao qual se oferecem resistências, pois envolve

mudanças de comportamento, que despertam insegurança. Os padrões

conhecidos parecem mais seguros; além disso, os novos não estão prontos

nem em decretos nem em livros, não tendo características generalizáveis, pois

cada profissional, cada equipe, cada instituição terá o seu processo singular de

humanização.

Destarte, a teia inter-relacional, ou seja, o conjunto das relações que se

estabelecem nas instituições – como profissional-paciente, recepção-paciente,

profissional-equipe, profissional-instituição e outros – necessita da

humanização (Martins, 2001).

Desde os tempos primórdios, a enfermidade era vista como resignação

e se alívio só poderia ser encontrado em templos, onde religiosos se

dedicavam a estes moribundos que, na maioria das vezes, eram deixados à

própria sorte (Camignotto, 1972). No decorrer dos séculos, foram criados os

hospitais, que eram vistos como abrigos exclusivos para indigentes, onde a

arte de cuidar era praticada se muitas técnicas e exigências, e qualquer

pessoa poderia executá-la.

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Verifica-se que a preocupação em humanizar a assistência hospitalar,

voltada tanto para o usuário como para o profissional de saúde, vem desde o

início do século XIX, com a enfermeira Florence Nightingale.

Desde Florence, já havia uma preocupação com a qualidade de

atendimento dispensada aos pacientes/clientes, o que, de certa maneira, além

de abarcar formas de tratamento e higiene, também contempla questões

relacionadas ao seu bem-estar, como por exemplo, conforto, atenção e

ambientes tranqüilos. De forma concomitante, o profissional consegue ter uma

compreensão holística deste usuário, sentindo-se mais importante e humano

em suas intervenções.

No século XX, com a ampliação dos conhecimentos multidisciplinares,

os hospitais foram abertos para uma larga parcela da sociedade, tendo uma

melhora significativa nos níveis de atendimento prestado (Meyer, 2002). EM

contrapartida, a tecnologia racionalizada e a normatização foram medidas

essenciais no processo, mas trouxeram consigo a desumanização.

Acredita-se que a humanização deva caminhar cada vez mais, para se

constituir como vertente orgânica do sistema clínico de saúde. Como política

ela deve traduzir princípios e modos de operar no conjunto das relações entre

profissionais e usuários, entre os diferentes profissionais e entre as diversas

unidades e serviços de saúde.

1.1 – Humanização nas Instituições

De acordo com Lepargneur (2003), humanizar é saber promover o bem

comum acima da suscetibilidade individual ou das conveniências de um

pequeno grupo.

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Para Pessini (2002) é possível e adequado para a humanização se

constituir, sobretudo, na presença solidária do profissional, refletida na

compreensão e no olhar sensível, aquele olhar de cuidado que desperta no ser

humano sentimento de confiança e solidariedade.

Construir uma metodologia de trabalho para implantação de projetos de

humanização nas diversas instituições favorecerá o desenvolvimento de ações

voltadas para usuários e condições de trabalho para os profissionais,

fortalecendo espaços de troca e produção de conhecimento voltado para uma

melhor qualidade de trabalho e saúde.

Então, o que é humanizar?

“Humanizar é garantir à palavra a sua dignidade ética; ou

seja, para que o sofrimento humano e as percepções de dor ou

de prazer no corpo sejam humanizados, é preciso tanto que as

palavras expressas pelo sujeito sejam entendidas pelo outro

quanto que este ouça do outro palavras de seu conhecimento.

Pela linguagem, fez-se as descobertas de meios pessoais de

comunicação com o outro”. (Buss, 2000: 77.)

Sem comunicação não há humanização. A humanização depende da

capacidade de falar e ouvir, do diálogo entre semelhantes. A comunicação em

saúde é reconhecida como componente essencial do cuidado e da gestão de

serviços e pessoas dentro do contexto hospitalar.

É importante colocar que a comunicação não-verbal também tem um

grande valor, permitindo que o relacionamento interpessoal se transforme em

algo positivo, efetivo e harmonioso.

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1.2 – Tecnologia e Humanização

As reflexões acerca da humanização encontram lugar de significativa

relevância ética, no atual contexto sócio-histórico, das transformações trazidas

à tona por um rápido processo tecnológico de grande impacto em diversos

âmbitos da vida social: economia, política, meio ambiente, saúde, família,

deveres e direitos da cidadania de grupos e indivíduos, entre outros. No

entanto, esse contexto é marcado por grandes ambigüidades e contradições.

O desenvolvimento científico e tecnológico, no ambiente hospitalar, tem

trazido uma série de benefícios, sem dúvida, mas tem como efeito adverso o

incremento da desumanização. O preço que se paga pela suposta objetividade

da ciência é a eliminação da condição humana da palavra, que não pode ser

reduzida à mera informação de anamnese. Por exemplo, quando se preenche

uma ficha de histórico clínico, não se escuta a palavra, mas apenas recolhe a

informação necessária para o ato técnico. Este é indispensável, mas o lado

humano fica excluído. O ato técnico, por definição elimina a dignidade ética da

palavra, pois esta é necessariamente pessoal, subjetiva e precisa ser

reconhecida na palavra do outro (Ballint, 1975).

A dimensão desumanizante da ciência e tecnologia se dá, na medida

em que ficamos reduzidos a objetos de nossa própria técnica e objetos

despersonalizados de uma investigação que se propõe ser fria e objetiva. Um

hospital pode ser excelente na questão de tecnologia e mesmo assim ser

desumano no atendimento, por tratar as pessoas como simples objetos de

intervenção técnica, sem serem ouvidas em suas angústias, temores e

expectativas, ou sequer informadas sobre o que está sendo feito com elas,

pois o saber técnico consiste o bem do paciente, independentemente de sua

opinião.

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A assistência torna-se indireta e fria, uma vez que toda a atenção é

dada à aparelhagem e material disponível na unidade, tendo maior visibilidade

pela necessidade constante de conferências e, sendo assim, o contato com o

paciente/cliente, fica cada vez mais distante do modelo de humanização.

Nota-se, neste sentido, que as conquistas tecnológicas vêm ocorrendo

de forma bastante dissociada das percepções afetivas. Isto se dá na medida

em que falta incluir no debate acerca do processo de desenvolvimento

tecnológico, inerente a chamada sociedade do conhecimento e comunicação,

questões de valor ético, dentre as quais se ressaltam: a idéia de

solidariedade/reciprocidade, o respeito pelo outro, a valorização dos vínculos

afetivos, o posicionamento político em favor da justiça e da eqüidade e o

compromisso com valores democráticos.

Por outro lado, o problema em muitos locais é justamente a falta de

condições técnicas, seja de capacitação, seja de materiais. Tais locais se

tornam desumanizantes pela má qualidade resultante do atendimento e sua

baixa resolubilidade. Essa falta de condições técnicas e materiais também

podem induzir a desumanização, na medida em que profissionais e usuários

se relacionam de forma desrespeitosa, impessoal e agressiva, piorando uma

situação que já é precária.

1.3 – Humanização no Hospital

O movimento de humanização nos hospitais é voltado para o processo

de educação e treinamentos dos profissionais de saúde, mas também para

intervenções estruturais que façam a experiência da hospitalização ser mais

confortável para o paciente.

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A proposta de humanização da assistência à saúde visa à melhoria da

qualidade de atendimento ao usuário e das condições de trabalho para os

profissionais. Sabe-se que visa, também, ao alinhamento com as políticas

mundiais de saúde e à redução dos custos excessivos e desnecessários

decorrentes da ignorância, do descaso e do despreparo que ainda permeiam

as relações de saúde em todas as instâncias (Brasil, 2005).

Pesquisas realizadas em hospitais (Martins, 2001; Mazzetti,2005)

mostram que quando se trabalha com humanização a melhora do ambiente

hospitalar traz benefícios como a redução do tempo de internação, aumento do

bem-estar geral dos pacientes e funcionários e diminuição de faltas de trabalho

entre a equipe de saúde, e, como conseqüência, o hospital também reduz seus

gastos, trazendo benefícios para todos.

Hoje, já é nítida a percepção de muitas instituições quanto à

necessidade de incorporarem diretrizes e projetos de humanização para

funcionários e pacientes, principalmente no ambiente hospitalar.

Partindo desta avaliação, as reflexões sobre a tarefa assistencial

conduzem também ao campo ético. A ética surge quando alguém se preocupa

com a conseqüência de sua conduta sobre o outro. Para que exista ética, é

necessário perceber o outro; e se para a assistência humanizada também é

preciso ver o outro, conclui-se então que a assistência humanizada e a ética

caminham juntas.

Acredita-se que profissionais que trabalham com o ser humano deve

tratar o outro como humano, isto é, com igualdade, aproximação, tentando

fazer o melhor, respeitá-lo e acompanhá-lo, e assim de forma recíproca.

Devem desenvolver as ações necessárias para a humanização, de modo a

possibilitar mudanças no tratamento hospitalar. Para o processo de

humanização hospitalar acontecer, médicos, corpo de diretores, enfermeiros e

pacientes devem estar envolvidos de forma harmônica.

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A preocupação com a humanização hospitalar tem como principal meta

a dignidade do ser humano e o respeito por seus direitos. Visto que a pessoa

humana deve ser considerada em primeiro lugar. A dignidade da pessoa, sua

liberdade e seu bem-estar são todos os fatores a serem ponderados na

relação entre o doente e o profissional de saúde.

Segundo Lepargneur (2003), a humanização hospitalar começa com a

qualidade humana das relações entre todos os seus agentes ou funcionários.

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CAPÍTULO II

O RESPEITO AO PROFISSIONAL DE SAÚDE PARA

CRIAÇÃO DE AMBIENTES MAIS SAUDÁVEIS

De acordo com Mendes (2001), para que os trabalhadores de saúde

possam exercer a profissão com honra e dignidade, respeitar o outro e sua

condição humana, dentre outros, necessitam manter sua condição humana

também respeitada, ou seja, trabalhar em adequadas condições, receber

uma remuneração justa e o reconhecimento de suas atividades e iniciativas.

Logo, fica evidente que profissionais, na maioria das instituições de saúde,

estão aquém da reconhecida valorização de si e do seu trabalho.

É preciso reconhecer, entretanto, que muitas instituições, enfrentam

dificuldades para manter-se. O quadro profissional limitado, a deficiência de

recursos materiais, as condições insalubres de trabalho e as novas e

contínuas demandas tecnológicas, com freqüência, aumentam a

insegurança e favorecem a insatisfação no trabalho.

O clima desfavorável tem contribuído progressivamente para relações

de desrespeito entre os próprios profissionais, bem como para a geração de

uma assistência mais fragmentada e, cada vez mais, desumanizada.

O hospital, por se tratar de um local onde os funcionários permanecem e

dedicam a cada dia grande parte do seu tempo, passa a ser considerado

por muitos, como a sua segunda casa/família. Logo, quanto mais

aconchegantes e acolhedores os múltiplos ambientes coletivos se

constituírem, tanto mais próximas poderão ser as relações afetivas e

humanas.

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2.1 – O Processo de Humanização do Ambiente Hospitalar

Centrado no Trabalhador

O processo de humanização no ambiente hospitalar

“pode ser visto como uma forma de maximizar as

potencialidades humanas, tornando produtivos os recursos

humanos, em fazer as pessoas trabalharem juntas, levando

para uma tarefa comum suas potencialidades e

conhecimentos individuais”. (Lunardi, 1995:10)

Considera-se que a humanização do ambiente hospitalar e da

assistência à saúde não se concretiza se estiver centrada unicamente em

fatores motivacionais externos ou somente no usuário. O hospital

humanizado é aquele que contempla, em sua estrutura física, tecnológica,

humana e administrativa, a valoração e o respeito à dignidade da pessoa

humana, seja ela paciente, familiar e, principalmente, o profissional que nela

trabalha, garantindo condições para um atendimento de qualidade.

Sendo o ser humano um ser de relações e não só de contatos, ele não

apenas está no mundo, mas com o mundo, o que resulta de sua abertura à

realidade, da problematização de sua condição na realidade do trabalho e

de sua contribuição na construção desta mesma realidade. A humanização,

muito mais que um artifício, uma técnica ou apenas uma intervenção

significa estreitar relações interprofissionais que possibilitem aos

trabalhadores reconhecer a interdependência e a complementaridade de

suas ações, permitindo que o coração, junto à razão, se manifeste nas

relações de trabalho do dia-a-dia.

Tendo como pressuposto que a humanização da assistência emergirá

com a realização pessoal e profissional dos que a fazem desenvolver um

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processo de humanização, inicialmente com ênfase no trabalhador,

demanda, principalmente, por parte dos dirigentes, acolhimento, escuta e

uma atitude de sensibilidade, para compreender a realidade que se

apresenta na perspectiva do próprio trabalhador, seja ela favorável ou não.

A ênfase na pessoa humana do trabalhador, como uma das mais

importantes vantagens competitivas de qualquer instituição, requer dos

gestores o estímulo às iniciativas, a proximidade nas relações e a

flexibilidade para compreender o ser humano em suas inquietações e

perspectivas da vida.

É preciso, assim, estimular o trabalhador a participar ativamente do

processo de construção de uma proposta de humanização, ou seja, é

preciso auxiliá-lo a tomar consciência da realidade, do seu estado

existencial e de sua própria capacidade para transformá-la. Em outras

palavras, não se pode limitar o entendimento de um atendimento

humanizado como uma prática imposta, que deveria se dar de maneira

vertical e fragmentada. Diferentemente, um processo de humanização do

ambiente institucional pressupõe um processo participativo e dinâmico, não

excludente, baseado em relações horizontais e dialógicas.

O profissional de saúde, ao refletir sobre as condições e relações de

trabalho e o seu modo de agir, pode inserir-se na realidade, de uma maneira

mais crítica e consciente. Problematizar e concretizar a humanização do

ambiente, mais especificamente a partir do trabalhador, implica uma

reflexão crítica e dialógica acerca dos princípios e valores que norteiam a

prática dos profissionais, de modo a assumirem sua condição de sujeitos e

agentes de transformação.

Logo, os profissionais de saúde, para estabelecerem um contato efetivo

com os usuários, necessitam dispor de condições básicas, tanto materiais

como humanas, para desenvolver as suas atividades de forma digna e justa.

Portanto, desencadear um processo participativo para a produção de

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conhecimentos, em um determinado foco, supõe um jogo tático por parte do

gestor com os trabalhadores e não sobre eles e a substituição de uma

maneira mais ingênua de conhecer a realidade por outra mais crítica de

interligar os serviços. Produzir conhecimentos acerca da humanização nas

instituições de saúde pressupõe, nesse contexto, estabelecer um processo

educativo, dinâmico, criativo, participativo e sistemático, a fim de que os

trabalhadores assumam efetivamente o seu papel de sujeitos da produção.

2.2 – As Dimensões Subjetivas do Profissional de Saúde

Quando se pretende promover a humanização dos serviços de saúde, a

necessidade de incluir todas as dimensões da subjetividade do usuário –

psíquicas, familiares, culturais e sociais – já é razoavelmente reconhecida e

discutida pelo meio médico. Cumpre chamar a atenção para a necessidade

de uma segunda inclusão, a das condições idênticas da subjetividade que

cercam o profissional de saúde. Do ponto de vista profissional, considerar

estas dimensões permite oferecer a ele melhores condições de enfrentar o

desgaste provocado pelo constante contato com a dor, com o sofrimento e

com os limites e as dificuldades na realização de seu trabalho. O respeito

aos aspectos subjetivos que existem na atividade do profissional constitui

uma proteção à sua saúde, permitindo-lhe agir de modo menos defensivo,

mais espontâneo e próximo às suas carências e às do usuário.

Os fatores subjetivos que existe na vida destes profissionais não devem

ser negados nem subestimados. Ao contrário, humanizar significa

considerá-los um eficiente instrumento de compreensão e manutenção da

saúde do profissional diante das exigências de seu trabalho. No entanto,

para que esta medida se torne, de fato, um dispositivo de recuperação e

manutenção da saúde, não bastam abertura, intuição e boa vontade. É

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preciso incluí-la sistematicamente na prática profissional, com critérios e

métodos a serem permanentemente avaliados.

A humanização da assistência à saúde em hospitais envolve

necessariamente o trabalho conjunto de diferentes profissionais em todos os

níveis de atendimento. O trabalho em equipe trans-disciplinar pode

contemplar uma variedade de enfoques e opções de compreensão dos

aspectos subjetivos existentes no atendimento à saúde, de um modo que

seria impossível alcançar apenas com o recurso da visão focal do

especialista.

2.3 – Influência da Visão Holística na Humanização

A visão do homem como um todo ganha cada vez mais espaço na

sociedade. O crescimento das práticas holísticas é o reflexo desta mudança

dentro da área da saúde, através de técnicas e intervenções para a

promoção da qualidade de vida.

A visão holística de uma instituição equivale a se ter uma imagem única,

sintética de todos os elementos da instituição, que normalmente podem ser

relacionados a visões parciais abrangendo estratégias, atividades,

informações, recursos e organização.

Estudar o processo de humanização por meio de uma visão holística

auxilia transcender os limites do atendimento ao usuário, seus familiares e

profissionais da área.

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O sucesso de todo processo de humanização

“está em fortalecer o comportamento ético e articular o

cuidado técnico-científico já construído, com o cuidado que

incorpora a necessidade de explorar e acolher o

imprevisível, o incontrolável e o singular”. (PNHAH,

2001:13)

Trata-se de um agir inspirado em uma disposição de acolher e de

respeitar o outro, quem quer que seja esse outro, como um ser autônomo e

digno. Além de preservar o posicionamento ético no contato pessoal e no

desenvolvimento de competências relacionais.

Conforme orientações contidas no programa

“o uso de modo competente e eficaz das técnicas

empregadas no atendimento à saúde deve estar associado

a uma forma de atendimento que considere e respeite a

singularidade dos usuários e profissionais”. (PNHAH,

2001:15).

Os profissionais de saúde devem valorizar todos os aspectos presentes

na vida humana, relacionando-os ao significado por quem os vivencia,

especialmente, no momento da doença, da dor e do sofrimento. Ao buscar

compreensão do significado da vida no processo de cuidar, há necessidade de

ultrapassar as atribuições técnicas do profissional, mas desenvolver a

capacidade de perceber e compreender o ser humano, como é a sua história

de vida, seus sentimentos e seu sentir. Uma vez que a vida é movimento, seu

significado passa necessariamente pelos valores e princípios que guiam no

cuidar e também pelas necessidades de quem é cuidado.

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Humanizar significa considerar a dimensão subjetiva um eficiente

instrumento de compreensão e manutenção da saúde do usuário e do

profissional diante das exigências do trabalho.

Partindo desse pressuposto, pode-se refletir sobre a influência holística

de um tratamento humanizado para qualidade de vida dos profissionais e dos

usuários.

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CAPÍTULO III

A DINÂMICA DA GESTÃO DE PESSOAS NO

AMBIENTE HOSPITALAR

Nos últimos anos, tem-se visto que um hospital, com uma boa direção e

uma boa equipe, funciona bem. Dadas idênticas condições de trabalho, um

hospital consegue melhores resultados que outro se houver compromisso

da liderança, qualidade na gestão, competência e criatividade da equipe. Os

bons resultados dependem, em grande medida, da capacidade de o hospital

oferecer um atendimento humanizado e de qualidade à população. Para

isso, é necessário cuidar dos próprios profissionais da área da saúde,

constituindo equipes saudáveis, em busca dos melhores resultados. E por,

profissionais de saúde, considera-se aqui todas as pessoas que trabalham

nas unidades de saúde e não apenas médicos e paramédicos.

Quando se define a humanização hospitalar, a filosofia da instituição

necessita convergir para a construção de estratégias que contribuam para a

humanização do/no trabalho, mediante o estímulo à participação e à

comunicação efetiva, com qualidade em todas as suas dimensões: na

relação da administração com os trabalhadores, dos trabalhadores entre si e

desses com os pacientes. Por conseqüência, faz-se necessário incentivar a

horizontalidade nas relações, pautada na liberdade de ser, pensar, falar,

divergir, propor. É imprescindível reconhecer, ainda, que o exercício da

autonomia, ou seja, a relação sujeito-sujeito, não é um valor absoluto, mas

um valor que dignifica tanto a pessoa que cuida quanto a que está sob

cuidado profissional.

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3.1 – Gestão de Pessoas em Administração Hospitalar

Nos tempos atuais, mais do que nunca, o fator humano tem suma

importância em qualquer ambiente de trabalho. Isso deixa claro que a

empresa, neste caso uma instituição de saúde, jamais deve pensar o

contrário ou simplesmente não dar o real significado a esta questão.

“Os Recursos Humanos são os principais componentes do

hospital em sua prestação de serviço. São eles que

transportam e manifestam a imagem do hospital.”

(Cherubin, 1998:46).

A valorização e reconhecimento das pessoas dentro das instituições de

saúde são os principais ingredientes para os primeiros passos em direção a

uma profunda mudança nos processos e resultados de qualquer organização.

Essa valorização e esse reconhecimento trazem os colaboradores para mais

perto da organização e conseqüentemente ocasionam o seu comprometimento

diante de suas atividades e fora delas também.

As instituições de saúde estão carentes de pessoas comprometidas e

participativas. Enquanto organizações de outros segmentos dão grandes saltos

em relação quanto à competitividade e ao dinamismo, a área da saúde está

estagnada e um tanto perdida.

As pessoas que trabalham com a saúde sentem falta de um ambiente

cooperativo e com possibilidades de crescimento, talvez então seja por isso

que alguns hospitais, seus líderes e administradores não se sentem como

fornecedores de bem-estar aos seus colaboradores e de atendimento, visando

à satisfação das legítimas expectativas dos seus usuários, e sim como

prestadores de serviços relacionados com a saúde em locais brancos, tristes e

desconfortáveis, onde sua única e exclusiva função é “atender doentes”.

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Hoje o hospital deve ir muito além de prestar assistência à saúde.

Segundo Bertelli (2004), para uma real Gestão de Pessoas em Saúde, o

papel do líder é fundamental. Seus preceitos e motivação trazem para sua

organização o verdadeiro sentido da palavra comprometimento.

Comprometimento é a chave de todo desenvolvimento de pessoas numa

empresa e também numa instituição de saúde, que tem como missão ser uma

empresa de prestação de serviços de saúde com qualidade. Sabe-se que a

qualidade só se adquire através de pessoas comprometidas com qualidade, ou

seja, qualificadas e motivadas.

Para Rosso (2002), a “liga” que une as pessoas com os processos em

um hospital é o comprometimento; o mais difícil pilar de se edificar em uma

gestão de pessoas.

Quem trabalha em instituição de saúde deve estar motivado e satisfeito.

A instituição nunca pode ser o emprego e sim o local agradável onde as

pessoas realizam suas atividades. Se as pessoas não se envolverem por

inteiro com a vida de sua instituição, não assumirão responsabilidade integral

nem conseguirão ser realmente eficientes. A instituição deve conseguir que as

pessoas se dediquem e interajam intensamente com as que trabalham nas

outras unidades. E, quando prestam serviço diretamente ou indiretamente ao

paciente/cliente, que o façam com disposição para ouvir e transmitir coisas

boas através de gestos e palavras e que se disponha a esclarecer todas as

suas dúvidas e preocupações.

Aumento de salário não é motivação. Motivação é o aumento de salário

como pré-requisito para influenciar as pessoas a encararem novos desafios no

trabalho, o reconhecimento de seu desempenho e outros fatores

motivacionais.

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Em instituições de saúde – hospitais, clínicas e postos de saúde – onde

o serviço é oferecido para pessoas fragilizadas pela doença e vulneráveis com

a situação, mais do que em qualquer outra empresa, o fator humano é

essencial. A humanização faz parte do comprometimento do colaborador com

a empresa e também consigo mesma, pois, se as pessoas (colaboradores)

estiverem motivadas, com certeza elas passarão este bem-estar para seus

colegas de trabalho e assistirão seus pacientes/clientes com muito mais

qualidade e conseqüentemente com mais humanidade.

Atualmente, a humanização é o foco dirigido pela maioria dos hospitais

privados. Como cita o Programa de Controle da Qualidade do Atendimento

Médico-Hospitalar (2001): “O sucesso das pessoas, por sua vez, depende

cada vez mais de oportunidades para aprender e de um ambiente favorável ao

pleno desenvolvimento de suas potencialidades.”.

O clima organizacional de uma instituição é outro foco importante a ser

lembrado. O clima influi muito no ambiente e, sem ele, todas as práticas de

melhorias não podem servir para nada. Clima saudável, pessoas realizando

suas atividades com mais prazer e, acima de tudo, comprometidas com sua

equipe, com sua empresa e com seus pacientes/clientes, com certeza

proporcionarão bons frutos.

3.2 - A Dinâmica da Gestão de Pessoas

O hospital representa um espelho para a humanidade, refletindo seus

anseios, angústias, dificuldades, desejos e alegrias. Encontra-se a busca

incessante de meios e recursos para a luta contra os males e problemas do

homem.

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Na sociedade, o hospital se insere nas condições de mercado, sofrendo

influência das políticas socioeconômicas. É um prestador de serviços no

atendimento à saúde na sociedade, tendo a obrigação de manter-se fiel aos

propósitos de restaurar e promover a saúde, dentro de um bom padrão técnico

e ótimo nível de humanização em suas atividades operacionais.

No ambiente hospitalar, encontram-se diversas categorias profissionais

colaborando com o funcionamento do hospital, visando assegurar a prestação

de serviços adequados à comunidade. Esses profissionais formam equipes de

trabalho que são distribuídas em setores, e todos seguem as ordens de seus

superiores de acordo com a hierarquia do organograma.

As equipes podem ser de administração, enfermagem, fisioterapêuticas,

limpeza, manutenção, médica, segurança e nutrição, entre outras. Como o

trabalho é desenvolvido por pessoas, estas precisam ser desenvolvidas,

motivadas, monitoradas e ter a garantia de que seus direitos trabalhistas estão

sendo cumpridos. De acordo com os conceitos atuais, o departamento de

pessoal ou de recursos humanos passa a trabalhar com a dinâmica de gestão

de pessoas, e o hospital como uma empresa tende a adotar estes conceitos,

dentro de uma administração moderna.

Os envolvidos na dinâmica da gestão de pessoas no ambiente

hospitalar são identificados, como qualquer empresa, como acionistas,

colaboradores, fornecedores e clientes.

Os acionistas são pessoas que investem o capital de risco e esperam

lucro ou dividendos. Os colaboradores são todos os funcionários que

contribuem com trabalho, esforço, conhecimento e competência, esperando

receber salários, benefícios, retribuições e satisfação. Os fornecedores

abastecem o ambiente com matéria-prima, serviços e insumos básicos e

tecnológicos. O cliente, abandonando o rótulo de “paciente”, junto com sua

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família, compra o serviço e espera receber qualidade e ter satisfação pagando

um preço justo.

No intuito de atingir os objetivos da gestão de pessoas, tem-se que

considerar o papel do líder nesta organização, pois ele é quem está mais

próximo do operacional. Encontra-se no hospital muitas pessoas trabalhando

juntas, atuando em diferentes níveis organizacionais. E pessoas trabalhando

em conjunto necessitam de outras que são responsáveis por suas atividades

conjuntas. Isto requer liderança.

A liderança é um fenômeno tipicamente social que ocorre

exclusivamente em grupos e nas organizações. É uma influência interpessoal

exercida numa dada situação e dirigida através de um processo de

comunicação humana para consecução de um ou mais objetivos.

“O líder de sucesso possui inúmeras características pessoais,

intelectuais, emocionais e físicas” (Bertelli, 2004).

Dependendo do estilo do líder, pode-se definir ou destruir empresas:

tudo depende de sua liderança. As empresas que conseguem enxergar que

seus recursos humanos são seus “ativos” mais valiosos já estão num bom

caminho. No entanto, liderar esses recursos humanos num caminho de

produtividade e eficiência é um grande desafio para trazer os resultados que a

empresa almeja.

3.3 – A Liderança Vai Além do Corpo e da Mente

Uma tendência em liderança intitula-se Liderança de Integração, criada

por Richard L. Daft e Robert H. Lengel. Eles descrevem o processo de liderar

baseado nos princípios da “integração” e cooperação, exato oposto de

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“desistegração”, divisão ou criação de separação. Descrevem o uso de visão e

valores compartilhados como meio de os líderes unirem as pessoas na busca

por metas comuns. Liderança com integração representa uma abordagem de

liderança que penetra “na alma e no coração” dos seguidores, ao contrário de

técnicas de liderança que envolvam apenas o corpo e mente. Os autores

colocam visão, coração, conscientização, coragem, comunicação e caráter

como peças centrais da transformação organizacional.

A abordagem da integração em liderança organizacional defende a

criação de um vínculo, não de uma divisão ou separação entre as pessoas que

administram uma corporação moderna. Extrapolando essa abordagem para o

ambiente hospitalar, o que se observa na grande maioria dos hospitais é

exatamente o contrário: a liderança nas mãos de poucos e uma tendência de

separação de entre as outras áreas e os serviços que se organizam sob uma

forma quase que de “pequenos feudos”, atrelados à rígida hierarquia do

hospital. Liderança de Integração é um estilo que reconhece os dons, os

potenciais e as paixões sutis de liderança de uma pessoa e os utiliza para

comandar a mudança e o aprimoramento organizacionais. Sob a perspectiva

administrativa tradicional, a questão de como tratar o processo para alcançar o

sucesso operacional tem sido tradicionalmente de divisão e especialização.

Essa criação de hierarquias poderosas, cadeias de comando e canais e

comunicação departamental dividida (como vemos nos hospitais) rachou a

organização em unidades funcionais autônomas.

O conceito de integração, por outro lado, estimula a comunicação e os

relacionamentos funcionais cruzados entre os participantes da organização.

A vantagem da abordagem da integração é a liberação das forças mais

fundamentais da raça humana. As forças específicas consideradas essenciais

para a tarefa são: conscientização, visão, coração, comunicação, coragem e

caráter. Segundo Daft e Lengel (2002), as organizações devem engajar essas

características poderosas, do espírito humano individual em todos os níveis e

depois aglutinar sucessivamente essas pessoas e suas competências em uma

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equipe coesa. A sinergia criada resultará em um surto de produtividade e

eficiência de cultura organizacional nova que aceita o desafio das novas

tecnologias e da mudança.

3.4 – Como os Líderes Podem Estimular seus Seguidores

Uma das forças da integração é a conscientização. Os líderes da

integração precisam estimular o desejo de pensar criticamente nas pessoas a

seu redor e estimular também o intelecto do principiante que aborda os

problemas sem interferência da experiência passada ou de noções

preconcebidas de como as tarefas devem ser realizadas; o pensamento

independente e abordagem recente dos problemas; e uma avaliação da

competência das outras pessoas para produzir soluções alternativas e discernir

o valor as diferenças.

Outra força da integração é a visão compartilhada que se torna ainda

mais importante à medida que a complexidade e a rapidez nos negócios

aumentam.

Os colaboradores de todos os níveis da organização podem se

concentrar na visão do líder para o futuro. A visão cria uma sensação de

objetivo, um sentimento positivo de metas compartilhadas e um ambiente de

apoio mútuo.

Ainda trilhando a linha de Richard Daft e Robert Lengel (2002), outra

força presente na integração da liderança são as discussões apaixonadas; elas

trazem emoções à mente.

Acredita-se ser de vital importância encontrar e desenvolver um

equilíbrio emocional em uma organização que acrescenta mais uma dimensão

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à satisfação que as pessoas desejam em suas vidas. O elemento masculino do

coração pode ser definido como o desejo forte e competitivo de vencer, que

hoje é facilmente identificado na cultura corporativa contemporânea. No

entanto, mesmo nos dias de hoje, ainda há uma tendência de se negligenciar,

esquecer ou ignorar o lado feminino, com seu aspecto sutil, emocional e

intuitivo da vida organizacional. Hoje, cada vez mais, percebe-se que o

equilíbrio entre os dois elementos, feminino e masculino, deve ser

incessantemente buscado, pois embora a forte competitividade seja necessária

nas organizações, os aspectos qualitativos de uma decisão complexa são

muitas vezes estrategicamente mais importantes em longo prazo.

Outra força também muito relevante é a comunicação, onde os líderes

eficazes ouvem e procuram entender antes de adotarem uma solução.

A coragem, que é uma das maiores virtudes humanas, exigindo a

superação de todos os medos. A criação de um ambiente que promova

coragem e aceitação é absolutamente exigida pelo clima competitivo atual dos

negócios. Os líderes de integração constatam que o comportamento corajoso é

uma necessidade na organização para obter lucratividade e sobreviver.

Um líder de caráter estabelece o tom da organização e facilita aos

outros o ato de se envolver no processo de mudança e melhoria contínua.

Por fim, a liderança com integração fornece um novo conjunto de

ferramentas e diretrizes práticas para aplicações que são mais congruentes

com a natureza humana. A liderança de integração exige introspecção para

encontrar respostas para melhor administrar desafios do ambiente moderno

dos negócios e tem o potencial de expandir a liberdade e o sentido de objetivo

para o trabalho e a vida.

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A integração organizacional libera forças sutis em um grupo grande para

construir relacionamentos, ligações, comunidade e um sistema positivo de

cultura e valores.

Nas instituições hospitalares, os líderes estão presentes em todos os

grupos, no papel de chefe, diretor, encarregado ou gerente, exercitando a

liderança, transmitindo a seus liderados, confiança, motivação, orientações e

buscando a participação de todos nas tomadas de decisões.

A gestão de pessoas no ambiente hospitalar apresenta ainda padrões

administrativos dos recursos humanos ou departamento de pessoal, embora

se observem pequenas mudanças em grupos profissionais isolados.

Para que isso ocorra de forma geral, os hospitais têm que se enxergar

cada vez mais como empresas, pois fornecem serviços de saúde aos seus

clientes, os pacientes. A partir daí, cada funcionário tem que saber qual o seu

papel dentro da empresa; líderes devem ser formados para disseminarem a

idéia de que cada um tem que ser o líder dentro de sua própria função e ir

além desta. As equipes multidisciplinares devem buscar ser cada vez mais

atuantes, e barreiras e paradigmas devem ser quebrados. O colaborador deve

ser visto como o maior patrimônio dessa empresa (hospital) e deve ser

treinado e estimulado a se tornar um líder capaz. Até que isso aconteça, ver-

se-á uma continuidade do estilo de liderança atualmente praticado:

centralização, poder nas mãos de poucos e, de modo geral, o médico detendo

o maior poder à frente do corpo clínico do hospital.

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3.5 – O Hospital Aprendendo a Aprender

Antes que a empresa seja capaz de se tornar ma organização que

aprende, é preciso que resolva um dilema do aprendizado: o sucesso

competitivo cada vez mais depende do aprendizado, mas a maioria das

pessoas não sabe aprender. E, ainda mais importante, segundo Bertelli (2004),

exatamente os membros da organização, que muitos presumem ser os

melhores em aprendizado profissional e ocupam posições-chave de liderança,

não são muito bons em aprender.

O hospital pela sua própria razão histórica é uma instituição autoritária,

fortemente alicerçada em rotinas e normas que são impostas pelo gerente de

maneira inflexível, regras estas que deverão ser cumpridas por seus

colaboradores e passíveis de penalidades quando não cumpridas ou quando

da ocorrência de anomalias. Em decorrência, as regras pelo seu caráter

inflexível não são mudadas e os erros não são analisados e, por conseguinte

não são aprendidos. A maior fonte de aprendizado em organizações de saúde

são os erros crônicos, ou seja, os colaboradores, quando estimulados a

melhorar estes processos, conhecem esses erros e sabem como introduzir as

melhorias e propor as soluções dos problemas.

A solução dos problemas é importante, mas para que se transforme em

aprendizado duradouro os gerentes e colaboradores devem olhar para dentro

de si mesmos, refletir criticamente sobre o próprio comportamento, perceber o

modo como muitas vezes contribuem para os problemas e então mudar sua

conduta. Além disso, é necessário que aprendam como a maneira de resolver

problemas pode ser fonte de outros, prejudicando o paciente e mesmo colegas

de outro setor. Segundo Drucker (2001), o futuro da organização está na

gestão do conhecimento.

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Ainda no hospital como organização baseada no conhecimento, outra

parte fundamental é com relação às informações. Todos os colaboradores

devem assumir responsabilidades pelas informações. Analisar

sistematicamente as suas necessidades de informação para executar seu

trabalho e contribuir para o trabalho de seus colegas.

Em um hospital, mais do que em qualquer outra organização, esta

relação de parceria entre os colaboradores, torna-se de extrema

importância, pois o objetivo comum é atender o doente com respeito, suprir

suas necessidades, cumprir as recomendações que foram prescritas pela

equipe médica. Para isso, é necessário que o relacionamento interpessoal

entre todos os membros de diferentes equipes seja de compromisso e

responsabilidade e, principalmente, entre membros de uma mesma equipe.

Esse ambiente de cooperação é o que determina a cura do doente, ou seja,

o feedback do desempenho das equipes.

Dentro de um ambiente hospitalar, o trabalho em equipe é o que mais

se desenvolve, seja no âmbito interno de cada setor, seja de forma

intersetorial. Torna-se, portanto, imprescindível aos colaboradores de uma

equipe ou de um setor conhecer profundamente o trabalho, as

necessidades e as dificuldades de seus colegas de outros setores ou

equipes e manter uma relação recíproca de respeito, ajuda e solidariedade.

O doente é a razão de ser do hospital, e a sua cura representa a

satisfação dos colaboradores pelo trabalho executado e por serem

reconhecidos por isto.

A tensão do ambiente hospitalar, que trabalha com a perspectiva de

“zero erro”, pois se trata de vidas humanas, será minimizada com o

ambiente de cooperação entre os colaboradores.

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CONCLUSÃO

É por demais conhecida, que todos os que militam na área da saúde a

noção de que os hospitais encontram-se entre as organizações mais

complexas que existem. Complexidade esta que deriva não apenas dos

desafios impostos pela organização do trabalho em si, da necessidade de

harmonizar o processo com o produto final almejado (promoção de saúde e

bem estar), mas também das exigências da condução deste processo, que

significa coordenar as ações específicas de cada parte envolvida no trabalho,

dando a cada uma delas um sentido geral.

Mesmo reconhecendo os avanços alcançados nos últimos anos que

advém das novas políticas, havia, no entanto um pressuposto básico,

essencial, a ser considerado: os profissionais de saúde têm, como principal

objeto de seu trabalho, a vida e o sofrimento dos indivíduos. E para isso, além

da eficiência e adequação técnica, há a necessidade de gestão, respeito e

valorização desses profissionais que estão na linha de frente para alcançar o

produto final.

Desencadear o processo de humanização, no âmbito hospitalar, não

resulta de uma percepção isolada, mas constitui uma síntese de muitas

percepções, vivências e intervenções pautadas em valores e princípios

humanos e éticos. Resulta, sobretudo, do encontro com a realidade concreta,

com quem a constitui, pacientes, familiares, trabalhadores, administração, num

vai-e-vem incessante de novas descobertas, questionamentos e respostas

para as necessidades emergentes. Processo, portanto, que permite constituir

e/ou descobrir representações recebidas da sociedade ou da educação.

Oportunizar ao trabalhador a expressão e participação nesse processo,

de forma comprometida, foi de fundamental importância para o desvelamento

do significado da humanização, o que implica no surgimento de um clima

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organizacional favorável, pautado pela horizontalidade, pela construção de

espaços dialógico-reflexivos, com possibilidades de mudanças nos gestores e

nos profissionais.

A humanização da assistência hospitalar analisada sob o prisma

holístico evidencia que a noção de qualidade em saúde necessita transcender

o senso de conformidade técnica dos colaboradores sobre o objeto de sua

prática, para considerar que um ato técnico se realiza num campo simbólico de

trocas, em uma relação intersubjetiva que se inicia com o acolhimento ao

outro, com a construção do vínculo e repercute intensamente em todos que

dela participam pelo princípio da alteridade que ocorre em todo contato

humano.

Os conhecimentos advindos da visão biomédica são muito importantes

para a atuação profissional, porém de igual importância tem-se o estudo do ser

humano com todas as suas facetas, em seu meio de relações. Assim, qualquer

inclinação, para um lado ou outro, do que se considera um todo, incorre no

risco de um tratamento fragmentado, desumanizado e, portanto, alienado e

alienante.

Ao refletir sobre o processo de humanização hospitalar, conclui-se que

esse tema nunca estará esgotado, já que os elementos dessa interação estão

em permanente transformação, portanto essa reflexão está em constante

processo de evolução.

Ressalta-se como importante o aprofundamento das reflexões

levantadas para a formação dos futuros profissionais, com o objetivo de

reavaliar e criar caminhos possíveis na educação pautada na ética em prol do

processo de humanização. Outro estudo interessante seria quanto ao estilo de

liderança e seus efeitos, partindo do pressuposto de que a busca da

humanização hospitalar guarda íntima relação com a mudança dos

paradigmas administrativos e com a democratização dos modelos de gestão.

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Ser lembrado, ouvido, valorizado e reconhecido pelos gestores

representa um dos fatores mais satisfatórios, em termos de humanização. Não

basta ser trabalhador na instituição, importa participar efetivamente do seu

processo de desenvolvimento, ser reconhecido, ouvido e respeitado, a partir de

sua leitura da realidade.

Considera-se, ainda, em último aspecto a assistência humanizada, para

usuários/pacientes e colaboradores, que é em si um recurso terapêutico de

extremo valor, que não atua em uma simples relação de causa e efeito, mas o

envolve com uma presença e faz com que todos os envolvidos no processo, se

tornem mais humanos.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A NECESSIDADE DE HUMANIZAÇÃO COMO POLÍTICA DE SAÚDE 10

1.1 – Humanização nas Instituições 11

1.2 – Tecnologia e Humanização 13

1.3 – Humanização no Hospital 14

CAPÍTULO II

O REPEITO AO PROFISSIONAL DE SAÚDE PARA CRIAÇÃO DE

AMBIENTES MAIS SAUDÁVEIS 17

2.1 – O Processo de Humanização do Ambiente Hospitalar Centrado no

Trabalhador 18

2.2 – As Dimensões Subjetivas do Profissional de Saúde 20

2.3 – Influência da Visão Holística na Humanização 21

CAPÍTULO III

A DINÂMICA DA GESTÃO DE PESSOAS NO AMBIENTE HOSPITALAR 24

3.1 – Gestão de Pessoas em Administração Hospitalar 25

3.2 – A Dinâmica da Gestão de Pessoas 27

3.3 – A Liderança Vai Além do Corpo e da Mente 29

3.4 – Como os Líderes Podem Estimular seus Seguidores 31

3.5 – O Hospital Aprendendo a Aprender 34

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CONCLUSÃO 36

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

BIBLIOGRAFIA CITADA 41

ÍNDICE 43

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

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Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: