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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU” DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA: COMO AJUDAR SEM CONHECER. Priscila Aparecida Gabry Azevedo Orientador Prof . Simone Ferreira Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

PÓS - GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA: COMO AJUDAR SEM CONHECER.

Priscila Aparecida Gabry Azevedo

Orientador Prof . Simone Ferreira

Rio de Janeiro 2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS- GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA ESCOLA: COMO AJUDAR SEM CONHECER.

Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Por: Priscila Aparecida Gabry Azevedo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, por sua fidelidade em minha vida, e por poder

permitir que mais um sonho seja realizado.

Aos meus pais por serem tão presentes e por estarem ao meu lado em todos

os momentos.

Ao meu esposo, pela paciência e carinho nos momentos difíceis.

Aos professores que sempre estavam prontos a me ajudar nos momentos que

precisei, cooperando para aumentar o meu conhecimento.

Deixo aqui o meu muito obrigado, pela presença de todos que juntos

participaram desta caminhada da minha vida!

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DEDICATÓRIA

A Deus, meus familiares e amigos.

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RESUMO

O presente estudo tem como tema de pesquisa: Dificuldade de

aprendizagem na escola: como ajudar sem conhecer, onde busca mostrar que

este assunto vem crescendo em debates estudo, congressos e seminários,

uma problemática que vem se destacando no meio dos profissionais da área

de educação e dentro das escolas. Professores e coordenadores nomeiam

alunos com tipos de comportamentos diferentes dos alunos que os mesmos

titulam “normais”, sendo que não dominam estas diferenças, por nunca terem

estudado sobre o assunto, suas dificuldades e soluções, desta forma recebem

alunos com dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita em sua escola e

em sua sala de aula e não sabem como lidar com tal realidade e ao invés de

passarem pela vida destes indivíduos como ajudadores, acabam prejudicando

seu desenvolvimento.

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METODOLOGIA

O estudo será realizado através de pesquisa bibliográfica de autores que abordam o tema como: Secco, Soares, Rebelo, Atrick, Smith e outros,

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - Dificuldade de Aprendizagem 11

CAPÍTULO II - Dificuldade na aquisição da leitura 19

CAPÍTULO III - A escola e o professor, como ajudar? 26

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 40

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INTRODUÇÃO

A escolha desse tema deu-se a partir das experiências adquiridas

através do curso de psicopedagogia, onde quando cursado, uma gama de

saberes se abre, e por este motivo foram enxergadas situações que antes

passavam por despercebidas, estando os pós graduando como profissionais da

área de educação ou como pais de alunos.

Os pós graduandos do curso de psicopedagogia em sua maioria,

entram em sala de aula, para tentarem encontrar soluções ou até mesmo

explicações pelas suas frustrações dentro do local de trabalho, onde no

decorrer das aulas se deparam com alunos possuidores de várias dificuldades

de aprendizagem, e descobrem que em meios aos muitos anos de

experiências na profissão, não encontram soluções para ajudar tais alunos, que

por mais que se esforcem não conseguem assimilar o conteúdo que tem sido

apresentado diariamente, sendo necessária uma atenção maior, deste

professor.

Antes dos conhecimentos adquiridos deste curso, as dificuldades

passadas em sala de aula com determinadas crianças, parecia: má criação,

falta de limites, preguiça e muitos outros rótulos eram dados, pois na correria

de um dia de aula é mais fácil rotular e ignorar do que atender e observar, pois

só com muita atenção será possível ajudar a criança que necessita de

cuidados. Atenção esta que é muito difícil de ser efetuada em uma escola

particular, e quase impossível em uma escola da rede publica.

É observando esta realidade, que este trabalho foi elaborado. O

trabalho vem sendo produzido através nas observações feitas, na realidade

das escolas brasileiras, não importando se estas escolas são particulares ou

publicas, pois mesmo em escolas de alto nível, podem ser encontrados

profissionais imaturos no assunto e com falta de interesse em aprender. Os

professores e coordenadores, por serem estes muitas das vezes antigos nas

posições que ocupam dentro das escolas, acreditam não precisarem de novos

conhecimentos. Estes profissionais muitas das vezes, se mostram

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“engessados”, pois pensam que suas experiências dentro das escolas são o

suficiente, não sendo necessário recorrer às pesquisas e estudos atuais.

Se as situações em escolas privadas já mostram preocupações,

agravam-se muito quando vista no ensino fundamental da rede publica, onde a

realidade das crianças que apresentam dificuldades para ler, escrever, para se

concentrar ou até mesmo para permanecer em sala de aula adquirindo as

informações diárias, é ignorada, pois a professora não tem tempo e

conhecimento para dar a atenção que a criança necessita, por se tratar que em

sala de aula ela tem de trinta a quarenta alunos para aplicar o conteúdo, a

mesma está preocupada em seguir a rotina e lançar as matérias; E assim a

criança que apresenta dificuldade de aprendizagem na leitura e escrita vai

passando de ano, sem ter adquirido o conhecimento necessário para ir para a

próxima série.

A psicopedagogia vem crescendo a cada dia no Brasil, podem ser

ouvidas suas teorias em debates e informações cedidas por estudos

especializados; Por isto cabe dizer o quanto ela tem sido importante para

esclarecer dúvidas e gerar atitudes, que antes eram enfrentadas como

desespero em sala de aula. E em meio a tanto crescimento, onde estão os

psicopedagogos atuantes dentro das escolas? Que deveriam ter lugar

obrigatoriamente dentro de cada instituição, auxiliando e sendo um com os

professores, estando próximos aos alunos, enfrentando as dificuldades com

cada uma, auxiliando o educador, fortalecendo o convívio familiar, e

principalmente encaminhando estes alunos quando necessário a especialistas.

A escola para uma criança deve ser um lugar de aprendizado, onde

este aprendizado se faz com prazer, ao contrário disso é a realidade de uma

criança que apresenta dificuldade de aprendizagem, pois o conteúdo lançado

não é absorvido com a mesma facilidade do que com os outros alunos,

tornando as aulas difíceis em todos os aspectos, não só para eles, como

também para os profissionais, que não conseguem lidar com esta situação,

pois em certos casos as frustrações e dificuldades destes alunos se mostram

com crises de euforia ou mesmo desânimo e falta de interesse. E depois de

todos os transtornos que estas crianças passam não conseguindo Ler e

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escrever, no final do ano o professor da rede publica deverá aprovar estes

alunos.

Uma criação que no passado era feita por uma mãe que permanecia

em casa enquanto o seu esposo trabalhava para trazer o sustento da família

atualmente é diferente, onde tanto o pai quanto a mãe permanece a maior

parte do tempo fora de casa, e seus filhos são criados por terceiros, que em

muitas das vezes passam o seu dia em creches ou com babás.

Este trabalho procura mostrar que a escola atual tem mais

responsabilidade com a vida e os cuidados dos alunos que a escola do

passado, pois na maioria das vezes as crianças que apresentam dificuldade de

aprendizagem não são assistidas por seus pais, e por este motivo o professor e

a escola devem estar cientes e acompanhando este individuo.

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CAPÍTULO I

DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM.

O termo dificuldade de aprendizagem aparece como estudo, no ano

de 1962 com Kirk, onde o mesmo tinha a intenção de mostrar o problema numa

abordagem educacional, tentando fazer com que o tema fosse retirado do

contexto clinico, onde era localizado.

Os anos se passaram, mas até os dias atuais grandes são as lutas

feitas por profissionais da área de educação, para que as dificuldades de

aprendizagem deixem de ser tratadas por médicos, pois as dificuldades quando

comparadas aos grandes problemas mentais assistidos pelos especialistas são

consideradas de menor importância.

Um marco histórico que devem ser citados são os estudos feitos por

Barbara Batemam em 1965, onde mostrava fatores importantes que

caracterizavam as dificuldades de aprendizagem.

A seguir segue definição de dificuldade de aprendizagem segundo

(GARCIA,1998)

"Dificuldade de aprendizagem é um termo geral que se refere a um grupo heterogêneo de transtorno que se manifestam por dificuldades na aquisição e uso da escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estes transtornos são extrínsecos ao indivíduo, supondo-se devido a disfunção do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo vital. Podem existir, junto com as dificuldades de aprendizagem, problemas na condutas de auto-regulação, percepção social e interação social, mas não constituem por si próprias, uma dificuldade de aprendizagem. Ainda que as dificuldades de aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições incapacitantes (por exemplo, deficiência sensorial, retardamento mental, transtornos emocionais graves) ou com influencias extrínsecas (tais como as diferenças,instrução inapropriada, ou insuficientemente), não são o resultados dessas condições ou influencia” Garcia, 1998,p.32

Como foi visto acima, são várias as dificuldades de aprendizagens,

este trabalho abordará as dificuldades de aprendizagem na leitura e escrita,

suas características, mostrando a importância que a escola e os profissionais

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da área de educação têm em conhecê-las, pois desta forma, conseguirão

ajudar os alunos que estarão em salas de aula.

Assim percebe-se que mesmo diante de tantos despreparos e

desinteresses dentro das escolas, as informações não combinam com o que se

ouve falar em debates e palestras, onde apresentam uma bela pedagogia,

pedagogia esta perfeita nos livros, mas longe da realidade de sala de aula.

Mesmo sendo a minoria, existem professores que tem se

preocupado com o assunto, pesquisando, lendo, isto é tentando sobreviver,

pois as dificuldades tem sido enfrentadas diariamente dentro de sala de aula.

Em estudos feitos nos Estados Unidos, mostrou que os problemas

de aprendizagem já atingem cerca de 20% das crianças, se este percentual já

mostra preocupação com os cuidarmos ao bem estar destes alunos, o número

é maior no Brasil, onde os índices de desenvolvimento global são piores e as

dificuldades de aprendizagem são mais prevalentes.

Pesquisas brasileiras mostram uma realidade que pode até

surpreender os governantes, mas que não surpreende os profissionais que

atuam em sala de a aula diariamente, onde afirma que 90% das crianças saem

da primeira série não lendo, e as que conseguem, lêem de forma deficiente.

Segundo pesquisas do INEP (Instituto Nacional de pesquisas

educacionais) 59 % dos alunos da quarta série não lêem da forma esperada

para a série; Nessa hora todos se perguntam como estas crianças chegam até

o final de ensino fundamental publico, sem conseguir ler, isto mostra a

realidade das escolas, onde os alunos não conseguem obter a atenção

necessária do professor, que possui empecilhos, como simplesmente não

consegue se desdobrar em atender quarenta alunos em três, quatro ou cinco

horas de aula, não conseguindo estar próximo para auxiliar os alunos em suas

dificuldades, e assim não consegue cooperar muito, e no final do ano tende a

passar todos os alunos.

No Brasil o índice de repetência e abandono escolar fica em torno de

20%; Isto é, será que estas crianças não abandonaram as escolas por

possuírem dificuldades em suas atividades diárias? Ou por não obterem a

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atenção do professor e sucessivamente a sua ajuda? Mas se este professor

estivesse apto a ajudar os alunos todas as vezes que fosse necessário estes

alunos não poderiam ter concluído os estudos?

A dificuldade de aprendizagem é um dos maiores desafios para um

professor e uma escola. Por mais que os anos passem e a educação evolua,

não mudam a forma de ensinar nas escolas, onde o tempo e as normas

imponham os professores a estar em sala de aula, repassando um conteúdo da

mesma forma para todos os alunos, não valorizando as dificuldades que cada

aluno tem em assimilar o novo, este desafio se torna possível quando estes

profissionais estão à frente dos problemas e soluções e estando disposto a

lidar com tal situação.

A escola por não possuir profissionais e recursos para atender tais

crianças, culpam as famílias, pelo fracasso e a falta de aprendizagem, e por

sua vez as famílias leigas e despreparadas culpam a escola por negligencia, e

nesse jogo de empurra quem sai prejudicado é o aluno.

Essa realidade piora, quando o aluno por conviver com as

dificuldades se desinteressa pelos estudos, ganha problemas de

comportamento e repetência na escola, pois esta situação gera sentimentos

que duram muito tempo e pode desencadear outras dificuldades, agravando a

situação.

A expectativa e a pressão feita pela família e escola, em relação aos

bons resultados acadêmicos e um grande sofrimento que estas crianças

passam. E todos tão despreparados, isto é a família cria apelidos carinhosos

para amenizar a situação e a escola rotula o aluno.

Os estudos mostram que nos últimos vinte anos, houve um grande

aumento de crianças com dificuldades de aprendizagem (DA), informando que

em alguns países como Portugal este número passou de dezenas de milhar

para centenas de milhar, isto quer dizer que estes alunos representam a

metade da população de educandos.

Uma grande preocupação é que em percentagem elaboradas por

estudos, informam que os alunos com dificuldade de aprendizagem não

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concluirá seus estudos, e com isso, se tornarão adultos com baixa escolaridade

e não aptos ao mercado de trabalho.

É bom deixar claro que crianças que possuem dificuldade de

aprendizagem encontrarão dificuldade para a elaboração e execução em

algumas atividades, da mesma forma que serão ótimas na elaboração de

outras.

Os pais ou responsáveis, quando são chamados pelos professores,

e os mesmos os informam das dificuldades de seus filhos, ficam sem saber o

que fazer, resolvendo procurar ajuda médica, querendo solucionar os

problemas, acreditam que o “defeito” será visto em exames, sendo que as

dificuldades de aprendizagem não são mostradas em eletro ou tomografia.

Em cada livro ou artigo são várias as definições de dificuldades de

aprendizagem; Uma das teorias mais citadas é que a causa dos problemas de

aprendizagem são os déficits nas funções cognitivas.

COPETTI, 2011

“Funções cognitivas são funções mentais complexas responsáveis pela relação do ser humano com o seu ambiente de uma forma eficiente, racional e inteligente. Embora muitas funções possam ocorrer de forma aparentemente automática, como a atenção, nossas funções cognitivas são muito superiores e mais complexas do que as existentes nos animais, pois podem ser moduladas, controladas e preenchem os critérios de eficiência e racionalidade (por exemplo, sabemos que mesmo os animais e os bebês possuem algum grau de atenção, mas eu posso escolher em que coisas vou prestar atenção, pelo tempo que eu desejar, com a intensidade que eu escolher e com a capacidade de mudar o foco da atenção para algo que avalio ser mais importante)” (Jordano Copetti, 2011,p20)

Em meio aos estudos sobre dificuldade de aprendizagem, podemos

observar algumas discrepâncias e confusões, onde muitas pessoas confundem

dificuldade de aprendizagem com transtornos de aprendizagem, na verdade os

dois são muito diferentes.

As dificuldades de aprendizagem podem ser tratadas, e muitas das

vezes amenizadas e até curadas quando se descobre o que está as

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ocasionando, sendo possível um intermédio, onde a criança poderá ser

ajudada, tendo a parceria da escola e a família. Já ao falarmos de transtorno

de aprendizagem, estamos falando de doença, cujos critérios para diagnósticos

estão definidos no DSM- IV-TR, que é o manual diagnóstico e estatístico de

transtornos mentais, da associação americana de psiquiatria.

O que mais preocupa são os rótulos que certas crianças têm

adquirido dentro das escolas. Hoje é moda apelidar uma criança com TDAH,

com dislexia, discalculia e mais, sendo que na maioria das vezes, as crianças

que estão recebendo estes “diagnósticos” não possuem estes transtornos, o

que na verdade estão passando é momentos de dificuldade, dificuldade em

assimilar o novo que lhe tem sido apresentado, dificuldade esta, que pode está

sendo ocasionada com problemas familiares, mudanças bruscas em sua rotina,

ou simplesmente no critério que o professor ou a escola tem feito esta

aplicação, onde necessitaram de um pouco mais de atenção, atenção esta

quase impossível de ser dada pelo professor em sala de aula.

Para que a escola e o professor venham considerar que uma criança

possui transtorno de aprendizagem, não basta uma observação feita em sala

de aula, e sim esta criança já deve ter sido diagnosticada por um médico. E a

escola deverá ter este Laudo em mãos, pois só o médico Terá como fazer esta

avaliação.

A seguir serão apresentados os critérios para avaliar se uma pessoa

possui transtorno de aprendizagem, segundo COPETTI, 2011

“O desempenho da leitura, escrita e/ou matemática, medido por testes padronizados administrados individualmente, está significativamente abaixo do esperado em relação à idade cronológica da pessoa, a inteligência medida e à educação apropriada para a idade. (Jordano Copetti, 2011, p22)

Os problemas descritos acima vão interferir significativamente na

vida do individuo que necessite usar em sua vida diária o uso da escrita, leitura

ou matemática.

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É comum que uma criança possua mais de um transtorno de

aprendizagem associado, pois na realidade de sala de aula, pode ser

observado que uma criança possuidora de Déficit de atenção e hiperatividade

(TDAH) tenha muito mais probabilidade de desenvolver um transtorno de

aprendizagem.

Segundo o manual de diagnósticos e estatísticas da associação

americana de psiquiatria (DSM-APA) os transtornos de aprendizagem são:

• Transtorno de aprendizagem em leitura.

É a dificuldade na codificação de palavras. Normalmente o que

existe é um déficit no aprendizado da associação fonema-grafema e na

automatização da leitura. A criança lê de forma lenta e silábica, comete erros,

troca, omite ou acrescenta letras ou silabas.

• Transtorno de aprendizagem em compreensão da leitura.

O problema consiste em compreender o que está sendo lido. A

criança até ler fluentemente, mas não consegue captar a idéia central do texto.

A compreensão de textos é uma função cerebral mais complexa e superior do

que a leitura. O mais comum é que ambos os transtornos coexistem.

• Transtorno de aprendizagem em matemática.

Conhecida também como discalculia, o transtorno de aprendizado

em matemática caracteriza-se pela dificuldade que a pessoa tem em realizar as

computações matemáticas. Existe uma dificuldade básica em compreender os

conceitos matemáticos e as representações numéricas, em automatizar

(memorizar) os cálculos básicos como a tabuada, em compreender e

memorizar os procedimentos matemáticos, em utilizar a matemática no

cotidiano e em compreender a linguagem matemática.

• Transtorno de aprendizagem em problemas matemáticos.

A dificuldade consiste em transformar os problemas matemáticos

verbais, orais ou escritos, nos procedimentos e cálculos adequados.

• Transtorno de aprendizagem em escrita.

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Há um déficit na capacidade do individuo em escrever corretamente

palavras isoladas (ortografia), além de ter problemas na acentuação,

pontuação e concordâncias.

• Transtorno de aprendizagem em expressão escrita.

O problema não reside apenas nos erros ortográficos ou de

acentuação como na aprendizagem em escrita, mas há uma dificuldade na

escrita de frases e textos. Por exemplo, pode haver problemas na organização

das idéias no papal, erros de sintaxe, elaboração superficial de idéias, frases

conconexas, conteúdo empobrecido e etc.

• Transtorno da linguagem expressiva.

É a dificuldade na expressão da linguagem. O individuo tem

problemas em organizar o discurso, tende a falar pouco e se expressar de

forma pouco clara, hesitante e incompleta. Muitas vezes é confundida com

timidez, entretanto não se trata de timidez e sim de uma capacidade reduzida

de usar a linguagem expressiva.

• Transtorno da linguagem receptiva/expressiva.

As classificações atuais não consideram a existência apenas de um

transtorno de linguagem receptiva sem haver também problemas na

expressão, pois se uma pessoa tem problemas na compreensão da linguagem,

com certeza também terá dificuldades em se expressar. Problemas na

compreensão da linguagem podem ser confundidos com desatenção, pois a

criança parece não compreender adequadamente o que lhe falam porque não

prestam atenção, entretanto, embora as duas coisas possam ocorrer

simultaneamente, são sintomas e entidades patológicas diferentes.

A dificuldade de aprendizagem de uma criança pode ter sido

desencadeada por várias situações secundárias; Por exemplo se a criança

sempre foi considerada um bom aluno, sempre participou das aulas, tirando

notas favoráveis e de repente começa a apresentar dificuldades e quando se

procura saber o que pode estar ocasionando isto, se descobre que seus pais

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estão se separando e por este motivo a criança se encontra com sintomas

depressivos, isolamento social, tristeza e insônia.

Uma grande preocupação se dá em saber que o Brasil não possui

testes completos e adequados para utilizarem em avaliações para estas

crianças, os testes importados são muito caros e não se adéquam as crianças

brasileiras e muito difícil de serem administrados, sendo assim os diagnósticos

são feitos a partir de informações cedidas por professores e seus materiais

pedagógicos e questionários respondidos por seus pais e familiares.

É através de uma escola e professores preparados para conviver e

facilitar a vida destes alunos e principalmente da união família e escola, que

conseguiremos buscar subsídios para compreender que este aluno que

demonstram determinados comportamentos, necessita de ajuda e

acompanhamento de profissionais especializados, onde os mesmos os

acompanharão e darão soluções mais adequadas para cada caso.

Não existe uma definição aceita universalmente do que se

considerara dificuldade de aprendizagem devido às diferentes naturezas dos

sintomas.

No Brasil as dificuldades de aprendizagem, não se incluem dentro

da educação especial, sendo uma preocupação em se tratando do fracasso

escolar, como a evasão e a repetência.

Este trabalho mostra as dificuldades de aprendizagem em crianças,

mas as dificuldades podem ser manifestadas em qualquer época da vida de um

individuo.

O termo dificuldade de aprendizagem engloba um grande grupo de

dificuldades que aparecem em dificuldades de tarefas cognitivas em pessoas

normais sem problemas visuais, auditivos ou motores, além de estarem

relacionados a problemas de memória, atenção, comunicação e raciocínio e

outros, podem ocorrer também dificuldades momentâneas e em áreas

especificas em varias áreas do conhecimento.

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CAPÍTULO II

DIFICULDADE NA AQUISIÇÃO DA LEITURA

A aprendizagem da leitura se dá desde o nascimento, quando se vê

um bebê fazendo imitações de sons elaborados, e este processo segue até a

fase adulta, onde há um verdadeiro aperfeiçoamento técnico.

As letras quando escritas, são símbolos. Recebem o nome de

fonemas, as representações simbólicas dos morfemas, que por sua vez são os

diferentes sons reproduzidos pela fala. Desta forma, cada som que nós falamos

representa uma codificação em forma de símbolo (As letras escritas ou

morfemas).

Ao ler, o individuo na verdade está fazendo a codificação do código,

isto é, transformando a escrita em linguagem falada e pode se compreender o

que está escrito.

O processo de leitura é uma questão que deve ser trabalhada

principalmente na fase infantil, onde a criança está passando pelo período da

construção do conhecimento.

Segundo alguns pesquisadores, que estudam a aquisição da leitura,

aprender a ler é algo mais complexo do que um simples processo mecânico de

memorização e treino, e através deste levantamento pode ser afirmado como é

importante ser valorizada a forma que estes alunos estão recebendo o primeiro

contato com a leitura, pois este contato será de grande importância para toda a

sua vida, e a partir deste processo, eles poderão criar os seus conhecimentos e

ter noção do mundo que vive, podendo ser contribuinte para uma mudança

significativa.

A leitura é considerada um objeto fundamental para o sistema

educativo, é ela a base para serem adquiridas as aprendizagens posteriores.

Desde o período colonial, o ensino da leitura vem sofrendo

negligencia e omissões, mas a partir da última década, o ensino tem sido o

centro das atenções em palestras e debates de órgão públicos, principalmente

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daqueles que tem noção de que a leitura não deve ser algo imposto como uma

obrigação, mas sim é uma necessidade para o Brasil crescer, diante disso

cabe-se dizer que o processo de leitura no sistema escolar, necessita urgente

de inovações.

Freire sempre destacou a importância da primeira experiência de

leitura da criança, informando que esta leitura será a leitura do mundo, e é

nessa hora que a criança deve reconhecer nela uma forma de prazer de

aquisição de conhecimentos, um enriquecimento cultural, uma ampliação de

conhecimento.

Os dados estatísticos do Brasil mostram que 96% dos alunos do

ensino público, ao terminarem a primeira série, são analfabetos, e ao passar

dos anos do ensino fundamental, as crianças que conseguem ler, não

consegue compreender o que está lendo, esta realidade está diante de todas

as escolas publicas do país.

Em meio a tantos casos de dificuldade na aquisição da leitura,

muitas são as teorias para tentar demonstrar o porquê surgem e como são as

características, a seguir pode ser vista a expressão do autor, onde diz que não

se consegue ter uma única explicação.

“Os problemas específicos da aprendizagem da leitura situam-se ao nível cognitivo e neorológico, não existindo para os mesmos uma explicação evidente.” (Rebelo, 1993)

O mais importante é que os pais destes alunos não passam por

estas situações e ignorem-nas com medo de enfrentar, e sim busquem

subsídios não só dentro da escola, mas fora, com profissionais que possam

assistir e ajudar seus filhos.

A criança com dificuldade de aprendizagem na aquisição da leitura

até consegue ler, mas possui falta de assimilação do texto, apresentando um

déficit de reconhecimento. E assim fica prejudicada em ter um perfeito

desenvolvimento escolar, pois a dificuldade de aprendizagem na leitura atua

como barreira, obstáculo e impedimento ao tentar executar os exercícios

ministrados pelos professores.

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A dificuldade específica da leitura pode ser vista, quando a criança

possui uma leitura oral lenta, com bloqueios, interrupções, omissões,

distorções, correções e substituições de palavras.

As dificuldades já conseguem ser observadas, em crianças do

primeiro ano escolar, onde estão sendo alfabetizadas; Esta observação sendo

feita o mais rápido possível facilitará com que a criança seja ajudada. Quanto

mais rápido for identificada uma criança que apresenta dificuldade de leitura,

será mais fácil para a escola e o professor, elaborarem métodos para serem

usados em favor da sua alfabetização.

Crianças com dificuldade de aprendizagem de leitura devem ser

assistidas o mais rápido possível, pois se a mesma apresenta uma dificuldade

de nível leve e se cuidada em primeira fase a intervenção é o suficiente para a

solução do problema, não deixando marcas para a idade adulta, mas se a

criança apresenta uma dificuldade grave, e não sendo ajudada na primeira fase

é possível que apresente dificuldade na fase adulta, mesmo com a aplicação

do tratamento.

A dificuldade de aprendizagem especifica em leitura pode vir

acompanhada com atitudes comportamentais diferentes, estes alunos podem

apresentar inquietude, frustrações e outros aspectos considerados negativos.

Os avanços de novas abordagens sobre dificuldade na aquisição da

leitura têm recebido um grande crescimento, após a contribuição da psicologia,

da psicolingüística e da medicina em Como será visto a seguir segundo

REBELLO, 1993

“A psicologia deu o seu contributo no sentido de aprofundar os conhecimentos na área do desenvolvimento das crianças e das teorias de aprendizagem. Por outro lado, os estudos das teorias da psicolingüística vieram trazer noções mais concretas acerca do desenvolvimento da linguagem, seus distúrbios e perturbações e meios de avaliações. Por ultimo, a medicina, apresentou estudos comparativo relativamente ao funcionamento cerebral, entre crianças com DA e as sem DA. (Rebello, 1993)

Os textos dentro das escolas têm sido usados como recurso de

formação educacional sobre qual o professor e a escola requerem muitas

expectativas como: Possibilitar a incorporação de valores, transmitir conteúdos

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gramaticais, instrumentalizar o uso da língua. Sendo que esta prática tem sido

feita de forma tão massacrante, não sendo aplicada corretamente, não

permitindo que os alunos possam construir o gosto pela leitura. O que acontece

na verdade é lançamento de textos, onde as crianças não criam vínculos com o

que foi lido, e o mais preocupante, são textos que não fazem parte da realidade

de vida destes alunos.

2.1 – Dificuldade na aquisição da escrita

A escrita é uma das manifestações mais antiga da humanidade.

Uma expressão da linguagem oral realizado por meio de sinais, criado pelo

próprio homem.

A escrita é um sistema de representação da língua e não uma

simples transposição gráfica da linguagem oral, por este motivo vale ressaltar

que a criança deve passar pelo processo de compreensão do código

lingüístico, compartilhando com a sociedade na qual está inserida.

A linguagem escrita é construída primeiramente pela linguagem

falada, a linguagem escrita passa a ganhar valor como simbolismo direto,

passando a ser percebida pela criança que aprende da mesma maneira que a

linguagem falada.

A linguagem escrita transforma um ser culturalmente, e por meio

dela que aprendemos com os estudos de como era o passado e é por meio

dela que prepararemos o futuro.

A convivência e a realização de ajuda das crianças possuidoras de

dificuldades na escrita, vem sendo mais fáceis após as pesquisas de Ferreiro e

Teberosky, onde lançaram uma luz na vida dos professores que procuram

compreender as fases pelas quais as crianças passam durante a aquisição da

escrita.

Essas fases, segundo as autoras podem ser observadas a seguir.

“Ferreiro e Teberosky (1986), que se fundamentaram na história da escrita, afirmavam que, para construir a escrita o individuo passava

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por níveis que são denominados de pré silábico, silábico, silábico alfabético e alfabético, o primeiro nível é quando o pensamento faz as passagens pelas fases icônicas, de grafismos primitivos, uso de letra, onde estabelece a quantidade mínima ou máxima, sem diferenciação de uma palavra para outra. No nível silábico, ao escrever, o individuo coloca uma letra para cada silaba e não uma letra para cada fonema. Na fase silábico – alfabética, passa a escrever ora silabicamente, ora alfabeticamente. Na fase alfabética, as letras componentes das sílabas passam a corresponder à base alfabética dos sistemas fonológicos e gráfico da língua, na qual o individuo se alfabetiza” (SHIMAZAKY, 2006)

O aluno que possui dificuldade na escrita, na verdade possui

dificuldades na utilização de símbolos gráficos para expressar suas idéias.

De acordo com a DSM-IV (1996) são sugeridos três critérios de

diagnósticos para a perturbação da leitura: A) O rendimento da leitura quer seja

na precisão, velocidade, ou compreensão, fica substancialmente a baixo do

nível esperado em função da idade cronológica do individuo, do seu quociente

intelectual (QI) e da escolaridade própria para a idade deste; B) a alteração

referida em A) interfere significativamente no rendimento acadêmico ou nas

atividades da vida cotidiana onde são requeridas aptidões da leitura; C) se

estiver presente um déficit sensorial, as dificuldades de leitura são excessivas

em relação as que estariam habitualmente associadas.

Podem ser observadas algumas manifestações em alunos que

apresentam estas dificuldades como: A escrita muito forte, que marcam o papel

de forma que não consegue ser apagado, o grafismo não diferenciado no

tamanho e na formam traços incontrolados, traços incorretos em movimentação

básica, não possui noção de espaço e outros.

A escrita desorganizada, não se refere apenas à irregularidade e

falta de ritmo gráfico, mas a globalidade do conjunto escrito.

O indivíduo com dificuldade na aquisição da escrita não quer dizer

que possui um comprometimento intelectual, pois dificuldade da escrita é de

origem funcional, e surgem em crianças onde não possuem problemas de

lesão cerebral ou alterações sensoriais; Normalmente são ligadas a problemas

perceptivo motores.

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As dificuldades da escrita já conseguem ser observadas pelos

professores e responsáveis na educação infantil, na hora que a criança constrói

blocos, brinca de jogos de encaixes, quebra cabeças, ao desenhar, escrita

muito lenta e outros.

A aprendizagem escolar é considerada por muitos um processo

natural da criança, porém esta realidade é diferente para as crianças que

possuem dificuldade na escrita, principalmente, quando estes necessitam dela

para as atividades diárias.

Os erros de grafia mais freqüente dentro de sala de aula, tem uma

natureza com relação entre letras e som, pois tudo se complica, quando sons

diferentes podem ser representados por letras iguais Exemplo: cenoura, casa

etc.

É muito importante ressaltar que dificuldade em acertar a ortografia,

não é privilégio para alunos “inteligentes”, nem uma questão de alfabetização,

certamente quem escreve bem, lê muito e por este motivo cada vez menos

possuirá dificuldade em escrever ortograficamente.

No caso das palavras pouco usadas, mesmo quem possuir hábitos

de leitura, encontrará dificuldades.

Por este motivo cabe-se dizer que o aluno ao errar a grafia das

palavras, não deve ser “punido”, pois acertar a grafia não quer dizer

competência para escrever bons textos, já que na verdade só se adquira tendo

o hábito de leitura.

Considerando que a escrita é uma forma de linguagem mais

requisitada pelas escolas e é considerada um elemento básico para a

avaliação escolar de todo o mundo, pode ser analisado o quanto as crianças

possuidoras de dificuldade na escrita sofrem para conviver com as formas de

avaliações e para se manter na média escolar.

Embora a escrita seja uma habilidade reconhecida por todas as

escolas do planeta, os interesses pelos estudos das dificuldades especificas de

aprendizagem só teve início no final de 1970,

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A habilidade da escrita é um processo continuo que evolui com a

idade, que ao passar da escolaridade, tornara-se firme e adquirira regularidade.

Deve ser observado erros que são considerados comuns no início

da fase de aprendizagem, como por exemplo, inventar palavras, omitir

palavras, confundir, inverter alguns sons e letras, pois só serão considerados

dificuldades de aprendizagem, após uma experiência escolar prolongada.

É muito difícil especificar fatores ou indicadores definitivos, que

estejam verdadeiramente aplicados na origem das dificuldades da escrita.

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CAPÍTULO III

A ESCOLA E O PROFESSOR, COMO AJUDAR?

O professor é o facilitador e não o dificultador no processo de

aprendizagem dentro do ambiente escolar; A participação do mesmo influencia

diretamente na aprendizagem do aluno.

É de suma importância que a escola e o professor saibam o básico

do que é dificuldade de aprendizagem e qual o processo de tratamento para o

aluno que a possui, como proporcionar uma melhor aula, usando como

auxiliador o espaço, métodos e técnicas para que o aluno com dificuldade de

aprendizagem possa se sentir apto aos conhecimentos que lhe são

apresentados.

É o professor quem deve manter a observação desses alunos, tanto

dentro, como fora de sala, é ele quem informa a escola sobre as dificuldades

encontradas nesses alunos, fazendo a ponte da escola com a família,

solicitando quando os responsáveis deverão encaminhar seus filhos para os

especialistas.

Sem sombra de dúvidas é o educador que tem a maior

responsabilidade sobre a formação deste individuo, que tem muitos obstáculos

para ultrapassar. É por este motivo que este trabalho aborda a importância que

o professor tem em conhecer, diferenciar e saber lidar com as dificuldades de

aprendizagem.

É ele quem deve adaptar as suas aulas, organizando seus materiais

e recursos didáticos para sempre poder motivá-los, procurar conhecer e aplicar

as diferentes formas de avaliações, para que este aluno tenha boas notas e

sempre se sinta estimulado.

O professor e a escola devem está cientes das possíveis agitações e

perturbações físicas emocionais e sociais e outros, que estes alunos

apresentam em sala de aula, principalmente em dias de avaliações; Com todas

estas adaptações os alunos com dificuldades de aprendizagem na leitura e

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escrita só tem a ganhar, como pode ser visto a seguir na citação feita por

SECCO, 2005

“Desde então minha vida mudou! A professora procurou saber mais sobre dislexia e aprendeu diversas coisas como: me explicar tudo passo a passo, dividir minhas lições em partes, deixar que eu faça minhas provas e testes oralmente e muito mais.” (Secco, 2005, p13)

Além de está atento as etapas do desenvolvimento do aluno com

dificuldades o educador deve passar confiança e afeto, pois com sentimentos

ele também estará ensinando a estes indivíduos, a formar conceitos de si

próprios e do mundo, pois uma criança amada e acolhida desenvolverá

atitudes positivas.

É o mesmo que lidará diariamente com estes alunos em sala de

aula, é ele quem conviverá com as frustrações e também e ele quem se

desdobrará para as modificações feitas nas aulas como pode ser visto

anteriormente, mas é a escola e a direção quem deve ser suporte para este

profissional, para que o mesmo possa se sentir amparado, onde observa a

dificuldade destes alunos, e consegue ajudá-los envolvendo em seu beneficio

sua família e profissionais, pois sozinhos o professor não conseguirá ajudar o

aluno.

Ele deve estar atento as demonstrações dos alunos dentro de sala,

pois os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem demonstram

depressão, sempre está abatido, quieto e se demonstra triste, com isso não se

interessa para fazer as tarefas escolares e sempre se considera inferior aos

outros alunos, por se considerar menos inteligente.

Os professores quando se deparam com alunos com dificuldade,

gostam de encaminhá-lo para médicos tentando obter respostas de porque

estes não aprendem, mas na maioria das vezes os médicos nada podem fazer,

pois o caso trata-se de problemas de aprendizado e não de uma doença.

O educador em sala de aula deve está atento, se o aluno possui

problemas de aprendizagem ou há algo em sua vida que possa está causando

o baixo rendimento escolar, pois o problema de aprendizagem não pode existir

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se o aluno sempre possui um bom desempenho e de repente apresenta

dificuldade.

As dificuldades de aprendizagem são apresentadas juntamente com

o quadro de depressão ou ansiedade devido problemas emocionais, mas a

situação se torna mais grave quando em sala de aula não apenas um aluno,

mas vários da turma apresentam dificuldades, isto afirma que o método

utilizado, falta de controle do professor, exigências e outros estão ocasionando

o ocorrido; Por isto é muito importante que o professor e a escola, antes de

rotular um aluno possuidor de dificuldade de aprendizagem, deve fazer um

estudo na vida deste aluno, avaliando sua vida detalhadamente, pois muita das

vezes as dificuldades apresentadas nas atividades pedagógicas são

expressões de problemas trazidos de outros ambientes e o professor que

quase não tem tempo para o aluno, poderia alem de ajudá-lo em sala de aula

estar ajudando como individuo.

Se o professor assume uma autoridade em sala, de forma negativa,

ao invés de ampliar o conhecimento ele estará ampliando as dificuldades dos

alunos.

O professor deve não só obter um conhecimento teórico, sendo ele o

único a poder se expressar em sala, mas fazer da sala de aula um ambiente

que permita que todos possam se expressar, fazendo da aula uma

aprendizagem prazerosa, onde com isso possa favorecer a ajuda da

dificuldade. Como pode ser visto, segundo a citação de (DEMMO, 1993)

“Ensinar já não consiste em transferir pacotes sucateados, nem mesmo significa meramente repassar o saber. Seu conteúdo correto é motivar o processo emancipatório com base em saber critico criativo, atualizado, competente. Trata-se de não cercear, temer, controlar a competência de quem aprende, mas de abri-lhe a chance na dimensão maior possível. Não interessa o discípulo, mas o novo mestre. Entre o professor e o aluno, não se estabelece apenar a hierarquização verticalizada, que divide papéis apenas pela forma do autoritarismo, mas, sobretudo confronto dialético. Este alimenta-se de realidade histórica formada por entidades concretas que se relacionam de modo autônomo, com sujeitos sociais plenos.” (Demmo, 1993, p153)

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O mesmo tem a função de interagir como aprendiz, fazendo uma

troca de experiência, não apenas aplicando a gramática e as regras do

português no discurso.

Evitar as correções por meios de castigo, pois isto fará com que o

aluno se desestimule.

Não ficar apontando os erros, mas mostrar informações relevantes

para que eles possam perceber a diferença e não cometerem os mesmos

erros.

Procurar fazer da leitura uma aliada, levando textos para sala de

aula, onde as mesmas fazem parte da realidade dos alunos.

Não se deve esquecer que na maioria das vezes o fracasso escolar

de um aluno se dá a escola em que ele estuda, que muitas das vezes não sabe

lidar com as diversidades dos alunos. É necessário que o professor esteja

atento as diferentes formas de ensinar, sabendo que são várias as maneiras de

aprender.

É muito importante que o professor crie vínculos com os alunos,

principalmente com os alunos que apresentam dificuldades, estes vínculos

podem ser adquiridos através das atividades do cotidiano, onde os alunos

estarão próximos, e assim conseguiram se sentir mais fortes e positivos;

Esta afirmativa pode ser vista segundo a citação feita por (STRICK,

2001).

“A rigidez na sala de aula para as crianças com dificuldade de aprendizagem é fatal. Para progredirem, tais estudantes devem ser encorajados a trabalhar ao seu próprio modo. Se forem colocadaos com um professor inflexível sobre tarefas e textes, ou que usam materiais e métodos inapropriados às suas necessidades, eles serão reprovados” (Strick e Smith,2001)

O professor teve ter ciência que cada pessoa é um ser único, cada

criança possui uma vida e uma história de vida, por isto é necessário saber

como é o aluno e com ele aprende.

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A dificuldade de aprendizagem tende a aumentar quando encontra

escolas superlotadas e mal equipadas, onde não possuem materiais didáticos

inovadores e quando possuem professores “desmotivados”.

A criança deve ser amada dentro da escola, pois só assim ela se

considerará útil.

3.1 – Os pais e a família como ajudar?

A família é a que mais sofre nesses casos, por presenciar as

dificuldades diárias dessas crianças, por sempre ouvir as queixas do professor

e da escola, que muitas das vezes os consideram relapsos, desatentos e

preguiçosos, e com pouca vontade para aprender, e tudo isso passado para os

pais cria uma situação emocional que tende a agravar a situação da criança.

Estas e outras frustrações acompanham a criança e sua família.

É ela, o primeiro contato de experiência educacional de seus filhos e

são eles quem os acompanharam por toda a sua vida escolar e por este motivo

é muito importante que pais e famílias de alunos que apresentam dificuldades

de aprendizagem, conheçam bem de frente as dificuldades que estes

enfrentam, para que possam ajudar em simples atos em seu convívio.

Como pode ser observada a citação feita por SECCO, 2005.

“Bem, as coisas mudaram lá em casa também, pois os meus pais começaram a me ajudar de maneira certa. Eles tem lido muito para mim, além de me encorajar a ler livros curtos, mas muito interessantes.” (Patrícia Secco, 2005, p 14)

O mais importante é que os pais destes alunos não passam por

estas situações e ignorem-nas, com medo de enfrentar, e com isso não ajudam

em nada seus filhos, muito pelo contrário, só os prejudicam, pois seus filhos

sempre precisaram muito de sua ajuda.

O desespero dos pais que acompanham os seus filhos é visto nas

frases onde dizem “Já fizemos de tudo”, “Não tem jeito”, pois acreditam que

seus filhos não gostam de estudar e que só fazem o que os agradem. E muita

das vezes não foi feito tudo.

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Os pais ficam preocupados ao levarem seus filhos ao médico e nada

ser diagnosticado nos exames.

Por não saberem o que fazer com os exames onde nada constam,

acreditam que verdadeiramente não aprendem porque não querem. E acriança

só piora o rendimento escolar com baixa alta estima.

Uma grande dificuldade é quando os pais não procuram ajuda, por

preconceito de levá-los para uma avaliação completa, pois acreditam que estas

crianças irão “amadurecer”, e ao passar dos anos vão se igualar aos seus

colegas.

O importante é retirar dos ombros destas crianças a pesada carga

lançada sobre elas, por não possuírem um aprendizado adequado.

Observar que estes aprendizados estão além do interesse da

criança e que não decorrem da preguiça ou desinteresse.

Devido ao fracasso escolar a criança é envolvida por sentimentos de

inferioridade, perturbação emocional e frustrações, esta realidade ganhará

grande piora se este sentimento já foi instalado dentro de casa.

Se o clima dentro do lar se encontra com preocupações e tensões

constantes, provavelmente a criança se tornará mais tensa e terá tendência de

aumentar a proporção dos fracassos.

Com um clima familiar autoritário, onde os pais estão sempre certos

e a criança sempre errada, a criança tem uma grande probabilidade de se

tornar acovardada e poderá se revoltar contra qualquer tipo de autoridade.

O clima do lar deve ser acolhedor e deverá permitir que a criança

tenha livre expressão emocional, e que possa expressar-se e reagir com seus

sentimentos positivos e negativos, livremente.

Esta expressão pode ser vista segundo (SMITH, 2001).

“Um ambiente doméstico exerce um importante papel para determinar se qualquer criança aprende bem ou mal. As crianbças que recebem um incentivo carinhoso durante toda a vida tendem a ter atitudes positivas, tanto sobre a aprendizagem, quanto sobre si

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mesma. Estas crianças buscam e encontram modos de contornar as dificuldades, mesmo quando são bastente graves.” (Strick e Smith,2001)

Já um estresse emocional agravado dentro de casa fará um

comprometimento para esta criança em aprender.

A família é o ambiente ideal para o desenvolvimento da educação da

criança, ela atua como formadora de conceitos onde irá representar o meio

social da criança.

Ela é fundamental na construção junto com a criança no processo de

aprendizagem da leitura e escrita nas séries iniciais do ensino fundamental. É

de grande importância que nesta fase os pais estejam próximos de seus filhos,

fazendo uma ponte com a escola.

Os pais, ao descobrirem que seu filho apresenta dificuldades de

aprendizagem, devem fazer um esforço conjunto em prol da criança e não ficar

tentando procurar onde estar o erro.

Em meio as dificuldades, os pais devem procurar o professor para

conversar sobre suas preocupações, indagando o comportamento de seus

filhos em sala de aula, e o que o professor pensa a respeito da criança, com

isso buscar junto com o professor e a escola iniciativas de análises e

avaliações.

Soares (2001), recomenda que todas as crianças devem ser

estimuladas em sua oralidade no ambiente familiar, desde os primeiros anos de

sua infância.

Dentro de casa as crianças devem receber estímulos, onde seus

pais podem usar idioma claro, em bom tom. Alem de estimulá-los ao contato

com materiais impressos, para que desde cedo, convivam com o mundo da

escrita.

O ambiente familiar é um grande aliado na estimulação e do desejo

permanente da criança, pois estudos mostram o atraso significativo de fala e

escrita de crianças que convivem num lar, onde os membros possuem pouca

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escolaridade e não cultivam o hábito de leitura e escrita, diferente das crianças

que crescem em meio a uma família, onde estão em contato com o mundo da

leitura e escrita.

Estas pesquisas mostram que na maioria das vezes as crianças que

possuem dificuldades de aprendizagem, são oriundas de lares onde os

familiares são analfabetos.

Através destas pesquisas, podemos afirmar que as famílias que

possuem convívio com a leitura e escrita, conseguirão observar as dificuldades

de seus filhos mais rápido que uma família leiga no assunto.

Os pais devem ter noção que as dificuldades de aprendizagem, não

demonstram que seus filhos estão impossibilitados de ter um aprendizado

formal.

As famílias quando bem esclarecidas sobre as causas e os

processos que envolvem as dificuldades de aprendizagem irão atuar como

ajudadores no processo de dificuldades de aprendizagem de seus filhos.

Os pais devem pensar que carinho e paciência, ou seja, afeto é tão

importante quanto o acompanhamento profissional.

Antes de qualquer ensinamento, os pais podem ajudar as crianças

sendo mais encorajadores e afetuosos, devem sempre ressaltar aquilo que

elas fazem de melhor. Evitar colocá-las em situações que realcem suas

dificuldades, causando mais frustrações, sempre mostrando que todos

possuem dificuldades para certas coisas.

A família deve reforças a auto-estima, mostrando para a criança que

acreditam na sua capacidade e que apesar das dificuldades ela irá conseguir

ler e escrever.

Os pais junto com toda família, deve valorizar e comemorar cada

avanço, cada conquista alcançada pela criança.

O mais importante, deve ter uma relação de troca, fazendo um

intercambio entre os acontecimentos em casa, na escola e com os profissionais

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envolvidos no cuidado com as crianças, pois mantendo este contato mais

aproximado acarretará na melhoria no processo de aprendizagem.

3.2 – O psicopedagogo e as dificuldades de aprendizagem.

Quando dentro das escolas os profissionais da área de educação,

estando eles em todos os cargos, da direção aos professores, possuem uma

reflexão psicoedagógica é muito mais fácil analisar o porquê que alguns alunos

não conseguem aprender e quais os fatores que levam estes alunos a terem

dificuldades no processo de aprendizagem.

Através desta afirmativa, pode ser ressaltada a grande importância

do profissional psicopedagogo na vida dos alunos com dificuldades de

aprendizagem, ajudando estes não só apenas dentro da instituição como

muitos acreditam ser sua função, mas a realidade é que seu trabalho vai, além

disso, pois ele deve estar atento a tudo o que esta a volta da criança.

O psicopedagogo vem ganhando espaço frente aos enfrentamentos

das dificuldades de aprendizagem, esta valorização pode ser vista a seguir

segundo (ALVES, 2003).

“A importância do psicopedagogo frente às dificuldades de aprendizagem começa a configurar-se quando se toma consciência das dificuldades dos alunos e cuida-se em apresentar os objetivos, os temas de estudos e as tarefas numa forma de comunicação clara e compreensível, juntamente com o professor e na escola, em um todo. As formas adequadas de comunicação concorrem positivamente para a interação professor-aluno e outros que fazem parte do contexto escolar.” (Alves,2003, p36)

Alves continua o discurso em seu livro, valorizando o papel do

psicopedagogo quando faz uma metáfora dizendo:

“Sabe quando você tem duas taças de cristais? Elas estão em silencio. Ai a gente bate uma na outra e elas reverberam sonoramente. Uma taça influencia na outra. Uma taça faz a outra emitir um som que vivia silencioso no seu cristal. Assim é a educação um toque para provocar o outro a fazer soar a música”. (Alves,2003, p36)

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Já chega das escolas procurarem culpados para a situação de

fracasso do aluno, isto só faz piorar a situação com que a família e o aluno

estão enfrentado, pelas posturas de comportamento, é hora de parar de

procurar erros e sim encarar os que já estão expostos.

Os profissionais da área de psicopedagogia precisam tomar atitudes

em meio a tantos problemas, estando eles como profissionais especializados

ou atuando como professores em sala de aula.

As dificuldades de aprendizagem devem ser levadas em conta para

os psicopedagogos não como fracasso, mas como desafios a serem

enfrentados e ao trabalhar estas dificuldades, trabalha respectivamente a

dificuldade existente na vida, dando oportunidade ao aluno de ser

independente e de construir-se enquanto ser humano e individuo.

O psicopedagogo tem a função de ressaltar para os envolvidos na

escolarização da criança que as dificuldades de aprendizagem só serão

mediadas, quanto se lidar com alunos de igual para igual. Quando a

aprendizagem for enxergada como processo significativo. E o mais importante,

quando o conhecimento a ser aprendido faça algum sentido para o aluno, não

somente na sua rotina educacional, mas principalmente na sua vida cotidiana,

fazendo com que este aluno deixe de assistir uma aula repetitiva, monótona e

desta forma criando em si um desejo pelo conteúdo apresentado pelo

professor.

É hora de deixar de acreditar que as dificuldades de aprendizagem

são problemas insolúveis, mas sim os psicopedagogos devem enxergá-las

como desafios que fazem parte do próprio processo de aprendizagem.

O psicopedagogo deve ter ciência que não lida diretamente com os

problemas, mas sim com as pessoas envolvidas, sendo elas, as crianças, as

famílias e professores.

Ao tentar solucionar alguma dificuldade deve levar em conta

aspectos sociais, culturais, econômicos e psicológicos.

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O psicopedagogo deve está apto, dando assistência dentro da

escola para os professores e outros profissionais da instituição escolar,

focando a melhoria das condições do processo de ensino-aprendizagem, bem

como para auxiliar na solução dos problemas de aprendizagem, por meio das

técnicas e métodos, juntamente mobilizando toda a equipe escolar a favorecer

um espaço adequado, tendo condições de aprendizagem de forma e evitar

maiores comprometimentos.

Ele deve estar atento a metodologia da instituição, fazendo com que

o principal objetivo da escola seja facilitar a vida dos educandos.

São inúmeras as intervenções que o psicopedagogo pode fazer na

escola, suas intervenções deve possuir um caráter preventivo, sua atuação

inclui:

• Orientar os professores e demais profissionais nas questões

pedagógicas.

• Colaborar com a direção para que haja um bom entrosamento em

todos os integrantes da instituição.

• Está atento ao momento que deve socorrer o aluno que esteja

sofrendo qualquer tipo de dificuldade.

Cabe ao psicopedagogo intervir junto com a família das crianças que

apresentam dificuldade de aprendizagem, estando atento na dinâmica do lar

em que a mesma está inserida, tomando conhecimento sobre a vida orgânica,

cognitiva e emocional.

Estando o profissional atento que a família desempenha um papel

importante para a ajuda das dificuldades deste aluno.

O psicopedagogo deve sempre inserir a família nos projetos e

estratégias criados para amenizar as dificuldades destes alunos.

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CONCLUSÃO

As dificuldades de aprendizagem não são uma novidade atual, pois

sempre foram vivenciadas pelos professores em sala de aula. No passado,

sem ter noção do que verdadeiramente elas significavam, muitas vezes,

acabava-se por rotular os alunos como preguiçosos ou incapazes. Já nos dias

atuais, as dificuldades têm sido mais assistidas e estudadas e por este motivo

os profissionais da área de educação passam a ter a necessidade de

entenderem suas origens e o mais importante, como agir para amenizar as

dificuldades dos alunos no decorrer das aulas diárias.

Qualquer educador que trabalhe dentro de uma escola, sendo esta

pública ou particular, poderá ter dentro de sua sala de aula, alunos que

apresentem dificuldade de aprendizagem. Dessa forma, torna-se necessário ao

professor conhecer sobre os distúrbios que podem causar dificuldades no

desempenho escolar. Além disso, a observação e o trabalho sobre o potencial

que estas crianças podem apresentar, considerando as limitações de cada

uma, são fundamentais para que estes alunos alcancem um bom

aproveitamento.

Os professores devem sempre estar em busca de qualificação, pois

a educação hoje não é mais como no passado, quando os educadores

ministravam suas aulas portando apenas o diploma do ensino médio. A

sociedade vem evoluindo e por conseqüência os estudos também. A educação

atual requer profissionais com maiores conhecimentos, uma cultura ampla e

diversificada e com grande preparo técnico.

Estudos mostram a grande importância do afeto dentro das escolas,

quando utilizado como ferramenta no processo de superação das dificuldades

de aprendizagem. Contudo, aí se encontra o grande desafio do atual professor

brasileiro, que em meio à correria das aulas, precisa estar atento aos alunos,

observando situações e manifestações de dificuldades de aprendizagem, para

assim conseguir intervir.

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O professor deve ter consciência que dentro de sala está lidando

com seres humanos, não indo para a escola só com o pensamento em lançar

os conteúdos, que muitas das vezes são ministrados, como se os alunos

fossem suporte onde estes conteúdos devem ser depositados e o pior é que

desta maneira eles não são absorvidos por ninguém.

O papel da escola na vida dos alunos com dificuldade de

aprendizagem é muito maior do que elas vêm fazendo. A escola, além de estar

inserida nos estudos sobre as dificuldades, das inovações de como amenizá-

las, tem a responsabilidade de manter seus professores atualizados,

apresentado as novidades nas áreas, isto é, incentivando estes profissionais

aos estudos e oferecendo-lhes palestras, onde desfrutem de informações mais

atualizadas.

As escolas devem capacitar e preparar seus professores para

ministrarem aulas dinâmicas e prazerosas, onde com esta prática possa

alcançar todas as crianças, apresentando elas dificuldades de aprendizagem

ou não.

Deverá possuir coordenadores capacitados em psicopedagogia para

ajudar os professores em sala de aula, auxiliando-os nas atividades diárias,

focando no bem estar de todos os alunos. Estes coordenadores deverão estar

preparados para informar aos responsáveis quando os alunos apresentarem

dificuldades de aprendizagem, estando disponíveis a ajudar, fazendo uma

ponte entre escola e família, e principalmente encaminhando-os para os

profissionais especializados quando necessário.

Os pais e familiares de alunos com dificuldades de aprendizagem

escolares, antes de procurarem ajuda especializada para seus filhos, devem ter

ciência que o mais importante é o amor e a atenção que eles darão para estas

crianças, que mesmo sendo muito novas enfrentarão momentos difíceis, onde

encontrarão obstáculos para serem ultrapassados, que serão muito mais fáceis

de serem enfrentados com a ajuda de quem está próximo.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

ALVES, Rubem. Fomos maus alunos. São Paulo: Papirus, 2003. ATRICK, C E SMITH, L. Dificuldades de aprendizagem de A a Z – Um guia completo para pais e educadores. Porto Alegre: Artmed, 2001. BAUER, J.J. Dislexia: Ultrapassando as barreiras do preconceito. São Paulo: Casa do psicólogo, 1996.

COPETTI, Jordano. Dificuldades de aprendizado: manual para pais e

professores. 2 ed. Curitiba: Juruá, 2009.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I – Dificuldade de Aprendizagem 11

CAPÍTULO II – Dificuldade na aquisição da leitura 19

2.1 – Dificuldades na aquisição da escrita 22 CAPÍTULO III – A escola e o professor, como ajudar? 26

3.1 – Os pais e a família como ajudar? 30

3.2 – O psicopedagogo e as dificuldades de aprendizagem. 34

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 40