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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
COMUNICAÇÃO INTERNA COMO FERRAMENTA DA
COMUNICAÇÃO DE CRISE
Por: Ana Cristina Braga
Orientadora
Profª. Mary Sue
Rio de Janeiro
2008
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
COMUNICAÇÃO INTERNA COMO FERRAMENTA DA
COMUNICAÇÃO DE CRISE
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Comunicação
Empresarial.
Por: Ana Cristina Braga
Matrícula: K207193
T. K104
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus. Sem ele não teria força
na minha caminhada. Agradeço a Ele
pelas pessoas importantes que fizeram
parte nesta estrada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico à minha mãe que sempre me
empurrou para frente e apóia meus
estudos. Ao meu filho que é a
motivação do meu conhecimento e dos
meus sonhos. Ao meu amor que me
achou e é minha inspiração e paixão.
Aos amigos e colegas que contribuíram
nesta etapa da minha vida.
5
“Embora ninguém possa voltar atrás e
fazer um novo começo, qualquer um pode
começar agora e fazer um novo fim”.
Chico Xavier
6
RESUMO
As Organizações da Era da Globalização têm que estar alinhadas as
estratégicas que aumentam a qualidade dos seus serviços e produtos. As
empresas que buscam o sucesso absoluto, o share of mind ou market share
tem que estar atentas aos seus stackeholders (públicos de interesse)
direcionando ações de comunicação para deixá-los inteirados sobre os
negócios.
Planejar para alcançar o objetivo corporativo faz parte da estratégia das
grandes empresas que buscam ganhar na competição acirrada no mercado
onde há inúmeras oportunidades e alternativas para o consumidor.
A Comunicação Empresarial tem a preocupação de integrar os diversos
setores dentro Companhia para que todos recebam a mesma informação – por
em prática a Comunicação Integrada.
Fazer do público interno o principal aliado para os negócios é um dos
objetivos da Comunicação Interna. Ter o funcionário como um cidadão
corporativo tornando-o responsável também pelos resultados da empresa e um
representante legítimo mais que um mero coadjuvante – é fazer dele o
responsável junto aos gestores pelo sucesso da companhia. Ter uma boa
relação, ser transparente, manter a força de trabalho informada de todas as
questões da empresa é valorizá-la como peça fundamental e integrante dentro
da organização.
Incorporar no dia-a-dia dos funcionários a missão, visão e valores da
empresa fortalece a organização para que em momentos de crise ela possa,
com a ajuda do púbico interno, superar mais rápido a boa imagem e
credibilidade.
Alinhar as técnicas e os instrumentos da Comunicação Interna como
ferramentas que colaborem para a empresa superar a crise é o tema que este
trabalho se propõe a discutir.
7
METODOLOGIA
Os métodos para produção desta monografia foram os seguintes:
Primeiro foi realizada uma pesquisa sobre o tema para descobrir se
havia algo do gênero disponível. Como não havia nada específico sobre o
assunto foi necessário a elaboração de um instrumento que pudesse dar
suporte a pessoas interessadas no assunto da “Comunicação Interna como
ferramenta da Comunicação de Crise”. As repostas foram todas construídas à
partir do material consultado.
Num segundo momento foi realizada uma pesquisa na Internet, em
livrarias e bibliotecas sobre o material bibliográfico que desse apoio na
produção do trabalho.
De acordo com o resultado acima foi necessário a elaboração dos
capítulos parte a parte até chegar ao tema central. Definir separadamente cada
tópico para depois integrá-los no último capítulo.
Ao longo dos meses foram reunidos materiais de diversas fontes para
ajudar a compor o tema: jornais, revistas, Internet, livros e entrevistas.
Separados por tema o material foi pesquisado, lido e consultado
diversas vezes para dar subsídio na elaboração dos capítulos.
Nos capítulos iniciais apenas foram definidos os temas. No último
capítulo foi desenvolvido o tema em questão da “Comunicação Interna como
ferramenta de Comunicação de Crise”.
8
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I 11
Comunicação Empresarial Integrada
CAPÍTULO II 24
Comunicação Interna
CAPÍTULO III 49
Comunicação de Crise
CAPÍTULO IV 76
Comunicação Interna como ferramenta da Comunicação de Crise
CONCLUSÃO 83
BIBLIOGRAFIA 84
ANEXOS 86
ÍNDICE 111
FOLHA DE AVALIAÇÃO 114
9
INTRODUÇÃO
“Quando uma pessoa assume um compromisso, você pode confiar.
Agora imagine quando 22 mil pessoas assinam juntas.” Com esta frase
começa um dos oito filmes publicitários da campanha “Compromisso” da
companhia aérea Tam, veiculada no primeiro semestre de 2008. (Anexo 1)
O conceito de que a força de trabalho de uma Organização pode fazer
toda a diferença entre uma Comunicação Empresarial integrada e eficaz e a
soma das comunicações segmentadas que o este trabalho se propõe a
apresentar.
Na pesquisa “Retrato da Comunicação Interna”, realizada no 30º RH –
Rio, revela que cerca de 88% das empresas consideram importante a área de
Comunicação Interna, mas só 58% delas possuem uma área estruturada.
Algumas empresas deixam a cargo do RH e outras ainda não implantaram o
setor, sem se dar conta da relevância estratégica dessa ferramenta.
Para potencializar os resultados a Organização deve considerar seu
público interno como principal multiplicador e disseminador de sua imagem.
As empresas que percebem o valor e investem nos funcionários saem
na vantagem em diversos aspectos. As que não diferenciam benefícios
econômicos com o exercício da cidadania corporativa não sabem que a
Comunicação Interna é a base de sustentação para qualquer processo bem-
sucedido de Comunicação Integrada.
A Comunicação Interna também é importante nas situações de crise
da empresa, ela funciona como uma ferramenta imprescindível já que
nenhuma Organização está livre de acontecimentos inesperados de
emergências.
10
Afastar os funcionários no momento da crise pode trazer
conseqüências desastrosas no processo de recuperação da imagem e da
credibilidade. “Os empregados encontram-se no front da crise”*, tanto podem
apoiar ou, por má ou falta de informação, contradizer uma mensagem de crise.
A informação vista como benefício faz com que a força de trabalho da
empresa se perceba importante no processo da Comunicação de Crise. Para a
Organização o envolvimento total do empregado neste momento é mensurável
nos negócios e nos desafios, o resultado pode ser visto no aumento da
qualidade, produtividade e consequentemente no lucro.
O uso da Comunicação Interna como a principal estratégia de
aproximação da empresa com os seus empregados torna-se uma vantagem
competitiva para que a Organização supere com mais força o processo de uma
crise externa.
Daí vem a premissa de usar a força de trabalho da Organização como
ferramenta da Comunicação de Crise. Pois o público interno tem papel
importante na divulgação dos verdadeiros fatos relacionados à crise.
No caso citado acima o uso de 22 mil funcionários na campanha da
Tam, após o acidente em São Paulo, reforça a credibilidade da empresa.
Nesta situação mostra que o velho ditado tem razão: “a união faz a força”.
* Como Implantar uma Área de Comunicação Interna – Nós, as pessoas, fazemos a diferença –
Guia Prático e Reflexões – Paulo Clemen – Editora Mauad X.
11
CAPÍTULO I
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL INTEGRADA
A Comunicação Empresarial são todas as formas de comunicação
dentro de uma organização que devem funcionar de forma integrada.
Todas as empresas necessitam se comunicar com seus públicos de
interesse (stakeholders) seja ele o interno (funcionários), consumidor,
comunidade, fornecedores, investidores, revendedores, distribuidores, clientes
em potencial (prospects), imprensa e sociedade em geral (poder público, ONG,
terceiro setor, órgãos representativos, entre outros). A Comunicação deve ser
planejada e atingir a linguagem do seu alvo. A Comunicação Empresarial deve
ser vista como estratégica e contar com o envolvimento e participação de todos
dentro da empresa.
1) Comunicação Institucional – é uma ferramenta que
antecipa os acontecimentos da empresa e torna público os
conhecimentos da organização juntos aos stakeholders .
2) Comunicação de Marketing - é uma ferramenta que
funciona como divulgação e manutenção da marca, produto
e serviço.
3) Comunicação Interna – é a comunicação entre os
funcionários e a empresa. Agora chamado de público
interno, a força de trabalho ganha valor junto a organização
que precisa se manter informado quanto aos
acontecimentos da empresa e assuntos de seu interesse. A
informação agora é imprescindível assim como também o
planejamento das ações de comunicação e os meios que
são muitos e evoluíram. O endomarketing é o responsável
pela comunicação e a motivação do público interno e as
ferramentas a serem usadas serão escolhidas de acordo
12
com a necessidade. O autor Paulo Clemen denomina o
público interno de “cidadãos corporativos”, pois são aqueles
que se comprometem a buscar a melhor qualidade de vida:
profissional, mental, física, social, espiritual e emocional.
ÜÜÜÜ Comunicação Empresarial
A área de comunicação da empresa é a porta de entrada e saída das
informações sobre os seus negócios, práticas, atividades, ganhos, perdas,
vitórias e fracassos.
Comunicar é uma arte que poucos fazem com competência. É um dom
que pode ser aprimorado por meio de técnica, aperfeiçoamento e estudo – até
mesmo, adquirido por quem não tenha tido a felicidade de nascer com esta
qualidade.
Todo estudo requer metodologia e planejamento, que variam de
acordo com os objetivos empresariais.
Transmitir informações sobre uma Organização, seja ela institucional
ou mercadológica, é de extrema importância para as relações comerciais. É
preciso conhecer bem o negócio e seus objetivos. Para “vender o seu peixe”,
ou simplesmente contar os seus feitos, mostrar a sua imagem, falar da sua
credibilidade ou ética é preciso divulgar.
Já dizia o velho guerreiro “quem não se comunica se trumbica”.
Chacrinha um dos maiores comunicadores da história da TV brasileira já sabia
o valor de comunicar-se bem, mesmo sem formação acadêmica na área, ficou
anos a frente do programa de maior audiência de sua época.
13
Com essa premissa partimos para o mérito da área de Comunicação.
Vamos falar da relevância estratégica de mensurar no planejamento da
empresa aspectos que influenciarão diretamente no sucesso ou fracasso dos
negócios.
O Plano de Comunicação contemplado na Comunicação Empresarial
Integrada percebe a empresa como um todo, tem a visão integrada dos
setores com suas peculiaridades e especificidades, ao mesmo tempo em que
interage, completa e integra as áreas de interesses para os negócios.
Por isto a área da Comunicação deve ser vista como estratégica para a
Organização e percebida como investimento e não despesa. O profissional que
atua deve desenvolver ou ter como base um planejamento alinhado ao Plano
Estratégico da Empresa, deve estar focado nos números e buscar resultados.
1. Planejamento, Plano e Comunicação
Vamos a alguns conceitos básicos:
Maurício Tavares em seu livro “Comunicação Empresarial e Planos de
Comunicação” usa Aurélio Buarque de Holanda Ferreira para definir
“planejamento” como sendo “ato ou efeito de planejar”, é a ação. E “plano”
seria o “documento escrito do processo formatado”, a materialização.
Toda empresa precisa de visão, que demanda uma estratégia, que por
sua vez requer planos, e todo plano precisa de ação.
Com base nestas definições e na necessidade de bons planos de ação
será abordada agora a importância do “Planejamento”.
14
1.1. Planejamento
John Spencer, autor do livro “Presente Precioso”, diz que não se pode
viver pensando no passado, mas devemos aprender com ele, que não
podemos viver estagnados com medo do futuro, mas nos preparar para ele.
Para tudo na vida é preciso planejamento, não é ser obcecado pelo
futuro, mas pensar no futuro, se preparar para ele. Mesmo quando se pensa
estar preparado, acontecem imprevistos, desvios e influências naturais,
humanas ou de diversas outras ordens que afetam o caminho e alteram o
percurso.
Uma empresa deve fazer seu planejamento, na verdade seus vários
planejamentos: o estratégico, de marketing, de negócios, de comunicação,
entre outros. O importante é se planejar, saber o que se é, o que se quer e
onde se quer chegar. Traçar metas, objetivos e caminhos contribuam para o
destino da organização.
“Planejamento – o alinhamento com a ideologia das
organizações (missão, visão e valores) passa obrigatoriamente
pela compreensão das necessidades sociais que estão sendo
satisfeitas, mas isso não quer dizer que o planejamento se
encerra no plano de marketing. Ao contrário, a partir da sua
orientação é necessário integrá-lo às demais áreas da
organização, como finanças, produção, tecnologia e recursos
humanos.”*
Nenhuma empresa é uma ilha isolada num endereço qualquer. Ela
depende dos seus diversos públicos, governo, economia, etc. São muitas as
influências que tocam as organizações.
* Planejamento de Marketing – conhecer, decidir e agir do estratégico ao operacional –
Magalhães, Marcos Felipe, e Sampaio, Rafael – Ed. Person Education do Brasil Ltda.
15
Se não tiver um bom planejamento que inclua as atividades, as ações
da empresa, o plano de crise, as promoções, a publicidade, etc, a organização
fica vulnerável e à mercê de imprevistos que podem dificultar os objetivos
estratégicos.
Mas afinal, quantos são e quais são esses planejamentos que uma
empresa deve fazer?
���� Tipos de Planejamento
Segundo Maurício Tavares, o planejamento pode ser classificado como
estratégico, tático ou operacional.
a. Estratégico – é uma ferramenta para tomada de decisão
rápida diante de uma oportunidade ou ameaça,
considerando vantagens competitivas em relação à
concorrência.
b. Tático – tem o objetivo de lançar um novo produto, ou
reposicionar um produto já existente.
c. Operacional – controle do cumprimento da rotina da
empresa.
O autor ainda classifica o planejamento em cinco tipos: estratégico, de
marketing, de comunicação, de vendas e de eventos. Não vamos comentar
sobre todos eles, porque não é o que este trabalho se propõe. Vamos nos ater
ao de Marketing agora.
ðððð Marketing
Definição – um processo administrativo de produto, serviço, preço,
distribuição e comunicação, que visa identificar necessidades e influenciar nos
desejos dos públicos internos e externos de uma organização, de forma a
16
satisfazê-los eficazmente. Cuidar da imagem da mesma, orientando-a para
futuros e novos mercados. Como explica Maurício Tavares, em seu livro sobre
Comunicação Empresarial.
No dicionário eletrônico Aurélio Marketing é definido como “conjunto de
estratégias e ações que: provêem o desenvolvimento, o lançamento e a
sustentação de um produto ou serviço no mercado consumidor, ou ainda que
visem aumentar a aceitação e fortalecer a imagem de pessoa, idéia, empresa,
produto, serviço, etc., pelo público em geral, ou por determinado segmento
desse público.
O segmento do público que este trabalho vai comentar é o interno, os
funcionários da empresa, que já nomeamos anteriormente como cidadãos
corporativos. Mas não vamos falar sobre sua relação com a organização nas
questões de cargos, salários ou benefícios e sim como esta força unida,
voltada para um único objetivo, pode ajudar seus gestores e executivos a
saírem de uma crise externa, com seus diversos públicos de fora da empresa,
sejam eles fornecedores, consumidores, governos, imprensa, etc.
���� Planejamento de Marketing
O princípio do marketing está em identificar os desejos dos
consumidores e clientes e depois desenvolver ações para atendê-los.
Segundo Philip Kotler, o Planejamento de Marketing é composto de seis
passos: análise situacional, objetivos, estratégia, tática, orçamento e controles.
Configurado desta forma, tem o objetivo de coordenar pessoas, recursos
financeiros e materiais.
O foco é fazer o consumidor ficar satisfeito e gerar resultados positivos
para a empresa. O autor, ainda cita que, o plano deveria se chamar “plano de
17
batalha”, pois é imprescindível numa corporação. Ele deve dar estrutura para a
Organização ganhar a guerra antes da primeira batalha.
No plano de marketing está contido o chamado mix de marketing, que é
composto por: produto, preço, promoção e praça (distribuição). É o chamado 4
‘P’s do composto de marketing, que Kotler define como sendo o “conjunto de
ferramentas à disposição da gerência para influenciar as vendas”. Veja quadro
abaixo:
As ferramentas são escolhidas de acordo com o porte da empresa. Para
Philip, em seu livro “Marketing de A a Z”, quanto maior a empresa mais
agressiva quanto à propaganda e à promoção de vendas, já empresas
pequenas são mais tímidas quanto ao uso dos recursos.
No livro “Comunicação Empresarial e Planos de Comunicação”,
Maurício Tavares comenta que a Comunicação Empresarial Integrada
contempla a comunicação de marketing, que é a técnica de comunicar, ou
seja, que engloba: propaganda, publicidade, promoção de vendas,
MIX DE MARKETING
MERCADO-ALVO
PRODUTO Variedade de produtos Qualidade Design Características Nome de marca Embalagem Tamanhos Serviços Garantias Devoluções
PREÇO Preço nominal Descontos Concessões Prazo para pagamento Condições de crédito
PROMOÇÃO Promoção de vendas Propaganda Força de vendas Relações Públicas Marketing Direto
PRAÇA Canais Cobertura Variedade Pontos-de-venda Estoque Transporte
Estrutura dos 4 Ps – Marketing para o Sec. XXI – Philip Kotler – Ed. Futura
18
merchandising, marketing direto, embalagem, entre outros. É tudo que uma
empresa utiliza para divulgar seus produtos, serviços, marca, etc, no mercado
em que atua.
Na grande maioria das organizações cada elemento do mix de
marketing (produto, preço, praça e promoção) está sob responsabilidade de
setores diferentes, mas assim como na Comunicação Integrada, para que o
Marketing funcione, é necessário aplicar as ferramentas de forma integrada
também.
Existem muitas ferramentas de comunicação disponíveis para atingir o
objetivo e o target (público-alvo). Elas podem ser definidas ou no Plano de
Comunicação ou no Plano de Marketing dependendo do objetivo. O importante
é adequá-las de forma eficiente e eficaz visando bons resultados.
A seguir o quadro com as ferramentas de comunicação, segundo Philip
Kotler, no livro “Marketing para o século XXI” (Ed.Futura).
19
PROPAGANDA PROMOÇÃO
DE VENDAS
RELAÇÕES
PÚBLICAS
FORÇA DE
VENDAS
MARKETING
DIRETO
Anúncios
impressos e
eletrônicos
Concursos,
jogos, sorteios Press kits
Apresentações
para vendas Catálogos
Programação
visual da
embalagem
Prêmios e
brindes Palestras
Reuniões para
vendas Mala Direta
Encartes dentro
da embalagem Amostras Seminários
Programas de
incentivo Telemarketing
Em cinema Feiras e
convenções
Relatórios
anuais Amostras
Compras pelo
computador
Brochuras e
panfletos Exposições
Doações
filantrópicas
Feiras e
convenções
Compras pela
TV
Pôsteres e
cartazes Demonstrações Patrocínios Fax
Catálogos
telefônicos Cupons Publicações E-mail
Reprodução de
anúncios para
uso restrito
Descontos Relações na
comunidade Correio de voz
Outdoors Financiamento
com juros baixos Lobby
Sinalização Entretenimento Comunicação da
identidade
Displays em
pontos-de-venda
Concessões de
troca do produto
antigo
Revista da
empresa
Material
audiovisual
Programas de
vantagens pela
continuidade de
uso
Eventos
Símbolos e
logos Venda casada
Videoteipe
20
O mercado é uma matéria viva que está em constante evolução. Assim
como o marketing, seu conceito e sua prática, nem tudo é aplicável no mesmo
momento em qualquer empresa. Os autores de “Planejamento de Marketing –
conhecer, decidir e agir – do estratégico ao operacional”, sugerem algumas
mudanças que estão ocorrendo no mundo contemporâneo quanto ao foco dos
negócios, a abordagem do marketing relacional, o comportamento dos
consumidores e aos tipos de concorrência que influenciam diretamente nas
organizações de hoje.
Eles comparam o ambiente tradicional do passado com o atual, do
século XXI. Por exemplo, o crescimento industrial em oposição ao crescimento
dos serviços; concorrência selvagem em oposição à responsabilidade social;
nacionalismo versus globalização; culto ao herói versus o amor às idéias; entre
outros acontecimentos relacionados às mudanças no ambiente.
Quanto às mudanças do mercado no modo de competição, podemos
ressaltar que antes o importante era a busca das transações, agora é
primordial a construção de relações; a disputa pelos mercados de massa se
contrapõem hoje a busca de mercados segmentados e fragmentados; antes o
foco era na capacidade de produção, hoje fica por conta do cliente e nas suas
necessidades e desejos; e ainda, a construção do valor da marca para a
empresa em oposição hoje a construir valor da marca para o cliente.
Neste século estamos vivendo a era do cliente e dos relacionamentos,
que estão diretamente envolvidos na busca do marketing share e do share of
mind que a empresa tem que conquistar. A preocupação dos gestores, dos
profissionais de marketing e de comunicação deve estar associada ao uso da
sensibilidade para aplicar as abordagens de marketing mais convenientes em
cada caso.
Apesar do Marketing ser fabuloso para a empresa e fascinante como
objeto de estudo, vamos nos deter na área responsável por identificar as
21
necessidades e desejos do público interno – o Endomarketing – pois são os
funcionários que vão multiplicar a boa imagem da organização. Para isto é
preciso desenvolver ações voltadas para o seu público de interesse, para que
ele veja a empresa com valor agregado, tanto internamente quanto
externamente.
“Cliente Interno – a implantação dos programas de
qualidade nas organizações criou o conceito de ‘cliente
interno’, fazendo uma analogia com o processo
mercadológico de atender, com conformidade, as
demandas solicitadas pelos elos seguintes da cadeia de
valor, que são os revendedores e os consumidores.
Apesar de a analogia ser válida, é importante destacar
que, no caso do marketing, o conceito de cliente
pressupõe o direito de exercer sua liberdade de escolha
de fornecedor e de negociar preços e condições de
entrega – prerrogativas que não são dadas aos clientes
internos. Por essa razão, neste livro, designaremos o
‘cliente’ como ‘agente externo’ e o ‘cliente interno’ como
‘contratante.”
Apesar dos autores do livro “Planejamento de Marketing”*, Marcos
Felipe Magalhães e Rafael Sampaio, não preferirem usar a terminologia
‘cliente interno’ para se referirem aos funcionários da empresa, algumas vezes
vamos usá-la, pois entendemos que a mercadoria da Comunicação Interna é a
informação e seu cliente é a força de trabalho da organização, ou seja, público
interno / cliente interno.
* Planejamento de Marketing – conhecer, decidir e agir do estratégico ao operacional –
Magalhães, Marcos Felipe, e Sampaio, Rafael – Ed. Person Education do Brasil Ltda.
22
1.2. Comunicação
No dicionário digital Aurélio - Século XXI “comunicação” é definida
como sendo a “capacidade de trocar ou discutir idéias, de dialogar, de
conversar, com vista ao bom entendimento entre pessoas”, ou ainda, a
“transmissão da mensagem entre uma fonte e um destinatário, distintos no
tempo e/ou no espaço, utilizando um código comum”.
Comunicação para a empresa significa contar o que ela é e aonde ela
quer chegar. É divulgar seus produtos ou serviços, mostrar quem está por trás
da organização, promover responsabilidade social e ambiental, demonstrar sua
credibilidade e ética, transmitir informações diversas de interesse dos seus
públicos, dizer que ela existe e para qual o objetivo da sua existência.
���� Planejamento de Comunicação
O planejamento de comunicação abrange somente a comunicação, mas
está alinhado aos objetivos do marketing, que, por sua vez, está alinhado aos
objetivos organizacionais da empresa.
Segundo Marcélia Lupetti, no livro “Planejamento de Comunicação” os
objetivos da comunicação “dizem respeito à divulgação, seja evidenciando os
benefícios do produto, destacando a marca, ou informando uma promoção e
incentivando o consumidor a participar.
Existem muitos modelos e metodologias para elaboração de um Plano
de Comunicação, mas um aspecto é certo: todos atendem aos objetivos gerais
da comunicação e estão sempre relacionados à comunicação do cliente.
Dentro do Plano de Comunicação abordaremos um item específico: o
“plano de comunicação interna”. Este é o planejamento voltado para uma ou
mais campanhas para o cliente interno – a força de trabalho da empresa.
23
ðððð Endomarketing
Conjunto das atividades de marketing institucional, dirigidas para o
público interno da empresa (funcionários, terceirizados, contratados,
fornecedores, acionistas, revendedores, etc.). Esta definição é dada pelo
dicionário eletrônico Aurélio. É uma estratégia de gerenciamento que tem
como foco o cliente interno das organizações que busca integrá-lo na política
de qualidade de serviços.
Segundo o autor Maurício Tavares, o Endomarketing é importante para
a Comunicação Empresarial Integrada porque abrange a Comunicação interna,
que é o princípio das estratégias organizacionais, assim implica numa melhor
comunicação de marketing e comunicação institucional.
24
CAPÍTULO II
COMUNICAÇÃO INTERNA
É toda forma de comunicação entre a empresa e seu público interno. É
a base para o sucesso da Comunicação Integrada. Pode ser chamada também
de: Comunicação Corporativa, Comunicação Empresarial, Endomarketing ou
Marketing Interno. Não importa o nome, o importante é atingir seu objetivo no
processo interativo, pois os funcionários são responsáveis pelos resultados
positivos de uma empresa.
Como já comentamos no capítulo anterior, Paulo Clemen* usa a
expressão ‘Cidadãos Corporativos’, para nomear os funcionários da empresa.
A área de Comunicação Interna, segundo o autor, é uma ferramenta para os
cidadãos corporativos aturem efetivamente na empresa, colocando-se em
exposição sem medos e subterfúgios e permitindo um debate rico “sobre como
posso fazer melhor”. Ou seja, o público interno deve colaborar para os
resultados de todas as formas possíveis.
O exercício da cidadania corporativa é a participação efetiva que permite
as pessoas contribuírem para processos que afetam suas vidas. É preciso
observar como as mensagens são recebidas e seus efeitos internos, assim
como os impactos externos. Deve-se estar atentos a linguagem e as
ferramentas adequadas, mas não é simples, é necessário conhecer o receptor
– o seu público interno.
* Clemen, Paulo. Como implantar uma Área de Comunicação Interna. Nós, as
pessoas, fazemos a diferença. Guia prático e reflexões –– Mauad X.
25
1. A importância da Comunicação Interna
A Comunicação deve ser considerada como área estratégica, sobretudo
no que se refere ao papel da Comunicação Interna em divulgar aos
funcionários os objetivos, a missão e os valores da organização, gerando
motivação, aumento da produtividade e gerando excelentes resultados. O
público interno é um verdadeiro aliado aos negócios e parte responsável no
processo pelo sucesso e desempenho da empresa.
Toda força de trabalho deve estar comprometida com a visão, missão,
valores, objetivos e metas da organização. Para isto os assuntos da empresa
devem ser compartilhados com todos, desde os líderes, executivos e o público
interno. Paulo Clemen sugere que:
• As decisões e os desafios devem ser compartilhados por todos;
• As vitórias devem ser comemoradas e as derrotas corrigidas para
futuros desafios;
• Cooperação e confiança são palavras de ordem para um melhor
ambiente de trabalho e maior produtividade;
• O público interno deve se comprometer em buscar melhor
qualidade em diversos aspectos, como: físico, mental,
profissional, social, emocional e espiritual;
• Todos devem ter em mente que os rumos da organização
influenciam diretamente no rumo da vida pessoal de cada um e
vice-versa.
É papel da empresa promover um bom clima organizacional para os
seus cidadãos corporativos, valorizar a vida humana, praticar responsabilidade
ambiental e social. Oferecer um ambiente de trabalho saudável para que os
funcionários se sintam satisfeitos e orgulhosos de fazerem parte da
Organização e de seus processos.
26
Apesar de muitas organizações saberem o quanto é importante ter uma
área voltada à comunicação interna, poucas realmente tem uma exclusiva com
esse objetivo. Algumas ainda não conseguem ver a importância estratégica da
área e a vêem como um gasto, um investimento sem ou com pouco retorno,
pois acham pouco objetiva, sem planejamento e sem adequação à
compreensão da força de trabalho. Mas poucas empresas realmente
percebem o papel estratégico da Área de Comunicação Interna. Na pesquisa
“Retratos da Comunicação Interna” realizada no 63º RH – Rio, foram
divulgados dados que comprovam esta teoria. No resultado a pesquisa mostra
os dados a seguir:
• 88% das empresas consideram a Comunicação Interna extremamente
importante;
• 58% das empresas possuem uma área de CI estruturada;
• 44% das empresas a CI fica a cargo do RH;
• 42% dos entrevistados consideram que a área da CI da sua empresa é
objetiva, planejada e atende quanto à comunicação com os
funcionários;
• 21% das empresas têm várias áreas com o papel da CI de forma
variada. Sendo que 18% das informações são parciais e conflitantes,
10% perdidas sofrendo interferências no trajeto, 8% é passada de
acordo com a disponibilidade da área que passa a informação.
Mesmo em uma empresa pequena a área de Comunicação Interna deve
ser implantada e, de acordo com o seu porte, adequar suas necessidades e
objetivos através do Planejamento de Comunicação.
Uma organização é feita por pessoas para atender outras pessoas,
através de produtos ou serviços, essas pessoas – os funcionários vão ter
características em comum, geralmente notadas apenas pelos clientes
externos. “Esse grupo de pessoas (cidadãos corporativos) interage e forma a
27
sua própria cultura organizacional”. Que segundo Paulo Clemen é baseado na
força de sua cultura que as empresas alcançam o sucesso empresarial.
Segundo o autor, é através desse sucesso que é conquistada a imagem
de reputação e uma marca forte junto aos clientes externos. “Isto é sinônimo
de resultado”, completa Clemen.
Claro, que máquinas, equipamentos, serviço, produtos, etc, também têm
seu papel de destaque nos resultados positivos da empresa. Mas
principalmente as pessoas, sua interação e comprometimento com os
negócios são os principais responsáveis pelo sucesso da Organização. Pois os
funcionários são os agentes mais importantes nesse processo.
Até pouco tempo só a área de RH que era a responsável pelas pessoas
da empresa, mas essa mentalidade aos poucos vem mudando, até em função
do comportamento do novo consumidor – cliente externo, que agora mais
exigente, mais atendo e com mais opções escolhe melhor onde adquirir
produtos ou serviços.
“Hoje os consumidores estão cada vez mais exigentes, pois o
poder de compra aumentou devido ao crescimento da economia,
logo com a possibilidade maior de compra da população e com
muitas marcas sendo ofertadas, estes podem escolher a marca
que desejar e selecioná-las de acordo com o poder aquisitivo,
não aceitando mais marcas que não lhe ofereçam retorno
(custo/benefício), os consumidores estão em busca de algo que
o tragam satisfação”. Samara e Morsch (2005;15).
Para a Organização de hoje bons resultados nos negócios é mais que
números, inclui a participação dos seus funcionários e quer estar entre as
melhores empresas para se trabalhar. Percebe que o valor de sua marca está
diretamente ligado ao desempenho dos seus cidadãos corporativos.
28
2. O papel da Comunicação Interna
A Comunicação Interna tem como papel fundamental valorizar e dar
visibilidade à informação em todos os níveis, para que cada funcionário tenha
a mesma visão, o mesmo conhecimento, objetivos, processos e resultados que
toda força de trabalho da organização.
Uma das razões importantes para o público interno receber
comunicação oficial, vinda da alta direção da empresa, é que geralmente ele
divide informações com seus pares, familiares, amigos ou vizinhos. E todo
público é considerado um formador de opinião. Passar conteúdo errado ou
trucado pode causar grandes problemas dentro da organização.
“Oficializar significa publicar e assinar”... “Informação é uma
responsabilidade da direção e deve ser concebida no topo da pirâmide
organizacional”, diz Analisa de Medeiros Brum, em seu livro “Respirando
Endomarketing” (L&PM Editores).
As empresas se empenham em melhorar seu Planejamento Estratégico
definindo missão, visão e valores. Mas o grande desafio da comunicação é
fazer com que estas definições estejam na menta e no coração dos
funcionários.
A Comunicação Interna tem o papel de transmitir estas informações
também, mas o principal não é só a divulgação e sim, gravar na cabeça e na
emoção do empregado esta mensagem de modo que faça parte do dia-a-dia
da força de trabalho.
A SulAmerica, empresa de seguros, lançou uma campanha envolvendo
os funcionários numa competição. Foi realizado um concurso de música onde
na letra tinha que ter a missão, a visão e cinco valores da empresa. Além de
todo envolvimento com as pessoas, com os prêmios, entrevistas e matérias na
29
revista da companhia os ganhadores gravaram um DVD com o material feito
por eles.
Para que uma campanha seja bem sucedida deve se considerar a
transparência com: os públicos-alvo, as mensagens e as linguagens
adequadas, os momentos oportunos, o mix de ferramentas e os resultados
obtidos a partir da comunicação realizada, diz Paulo Clemen.
Mais ainda se a organização contempla o público interno em sua
missão, tornando-o o principal responsável pela satisfação do cliente externo,
como no caso do Grupo Pão de Açúcar, que segundo Analisa Brum, é uma
das poucas empresas que têm a missão voltada para o público-interno: “Nossa
missão é vender qualidade de vida. Para isso, buscamos internamente
qualidade de vida, para ter a capacidade de servir qualidade de vida”, diz o
responsável pela campanha.
Segundo a autora este é o grande desafio das empresas, incluir a força
de trabalho como parte determinante para o sucesso de um processo. Mas
“desafio maior ainda é fazer com que os empregados se envolvam com os
conceitos e objetivos da empresa”, completa Analisa Brum. Daí a importância
de se trabalhar a Comunicação Interna.
Tratar a força de trabalho da organização como cliente interno é
preparar campanhas de comunicação específicas para atingir esse público,
falar diretamente com ele, é fazê-lo conhecer e se apaixonar pelo produto ou
serviço da empresa.
A Comunicação Interna trabalha também a integração entre os
funcionários. O Ambiente Organizacional saudável é muito importante para os
resultados da empresa. Segundo Analise a integração precisa ser vista em
quatro níveis: entre pessoas, da pessoa com a empresa, da pessoa com as
chefias e entre as áreas.
30
Mas não vamos entrar neste âmbito, vamos nos deter nos aspectos
principais do Endomarketing e da comunicação. Vamos falar da estratégia de
aproximar os funcionários da empresa ressaltando a informação como principal
produto da Comunicação Interna.
A informação precisa ser democrática, distribuída para todos os seus
públicos internos, ela precisa falar com cada um deles na linguagem deles,
pois existem pessoas diferentes, de níveis diferentes, com formação diferente.
Portanto a mesma mensagem será percebida de forma diferente por cada
pessoa da força de trabalho da organização.
Um dos papéis da Comunicação Interna é transmitir mensagens, seja
ela informativa ou motivacional. Para se passar uma informação devemos ser
o mais neutro, objetivo e direto possível. Apesar de muitas vezes isto não ser
possível. Segundo Analise Brum, se for uma informação negativa é melhor
passá-la de uma forma clara, transparente e trabalhar com textos mais longos
e consistentes. Já se for positiva é melhor e aconselhável usá-la como fator
motivacional recorrendo a textos mais curtos, ilustrações e frases de efeito.
2.1 Canais da Comunicação Interna
Todo canal de Comunicação Interna tem que ter conteúdo de interesse
para o público-interno. Segundo Analisa Brum “aquilo que comunica um
determinado conteúdo torna-se importante na vida de uma pessoa, porque faz
chegar a ela uma mensagem que provoca determinada influência”.
Se a informação não é divulgada por canais formais, pelas chefias,
instrumentos e ferramentas de Comunicação Interna ela propaga por canais
informais, que dificulta os processos internos, e ainda, podem gerar vários
ruídos na informação/comunicação.
31
O boca-a-boca feito por funcionários, que não dominam a informação
correta, sofre mudanças no decorrer do caminho. É como a brincadeira de
“telefone sem fio”, por menor que seja a informação ela vai chegar de forma
diferente na outra ponta da linha. Esse canal informal tem outros nomes
também, são conhecidos nas organizações como: “rádio-tamanco”, “rádio-
corredor”, ou ainda “rádio-elevador”.
Tanto quanto fazer é dizer que se faz, é tornar de conhecimento geral
do público interno suas realizações e conquistas para que o empregado
conheça bem a empresa e fique orgulhoso de trabalhar numa instituição que
valoriza sua força de trabalho.
O público interno deve conhecer bem a empresa que trabalha e todas
as suas características, ou seja, deve estar disponível aos funcionários todas
as informações corporativas, como: quem é a empresa, onde está, qual é o
seu negócio, objetivos, atuação no mercado, etc. E sempre atualizar a cada
mudança.
É importante que a força de trabalho conheça também as campanhas
publicitárias externas antes que sejam veiculadas na mídia. Algumas agências
preparam um broaside para o cliente interno, que á um resumo da campanha
em material gráfico ou eletrônico. E principalmente, conhecer e ter
informações, toda vez que se lançar um produto ou serviço novo, por todos os
canais de comunicação com o público interno existentes na empresa.
Depois de ter claros os objetivos e as metas, definir os meios fica mais
fácil quando se conhece as pessoas, ou seja – o público receptor da
mensagem. São inúmeras as ferramentas e os canais, mas ser criativo nesse
processo é imprescindível. Assim como nas campanhas externas que
seduzem a atraem os clientes externos, as campanhas internas devem ser
atraentes e impactantes.
32
Exemplos de alguns canais: revista interna, boletim interno semanal,
jornal mural, intranet.
Mas lembre-se que a área de Comunicação Interna é como a imprensa
deve sair todos os dias atrás de novidades. A sua responsabilidade é
comunicar, não criar fatos. Quando não houver informação inédita “utilize
esses momentos para rever e reforçar conceitos importantes da empresa”,
sugere Analisa Brum no livro “Endomarketing e A a Z”.
Existem três formas de comunicação dentro da Comunicação Interna,
segundo Analise Brum:
• Comunicação Interna Corporativa ð da empresa para o público
interno de todas as usas unidades;
• Comunicação Interna Local ð da unidade o para o seu público
interno;
• Comunicação face a face ð da liderança para sua equipe.
Mensagens importantes e relevantes devem ser transmitidas. Não se
pode subestimar o público interno com assuntos sem interesse, já
conhecidos ou sem relevância para ele. O conteúdo deve ser coerente
com a gestão, com a atitude da Direção da empresa, com a imagem de
marca de seus produtos e serviços e com nível cultural e social da
maioria dos funcionários. A autora sugere alguns Canais Informativos:
• Revista Interna ð três fatores são decisivos para o sucesso
desta ferramenta: qualidade, criatividade e identidade.
Planejamento editorial e gráfico deve ser feito para encantar o
público interno. A revista deve informar e envolver os
funcionários. Devem ser abordados temas variados, ressaltando
atitudes de colaboradores que fazem a diferença, eventos,
33
programas de treinamento e corporativos, dicas de
desenvolvimento pessoal e profissional, etc.
• Encarte de Recursos Humanos ð encartado dentro da revista
pode ser veiculado um informativo de RH com informações
específicas da área, pois é um dos assuntos de maior interesse
para o público-interno.
• Jornal de Parede ð mais conhecido como Jornal Mural hoje tem
editorias fixas e ganharam espaços para a Comunicação Interna
Corporativa, Comunicação Interna Local e Programas Interativos.
• Painel de Resultados ð este instrumento serve para
acompanhar o foco das empresas atuais que estão totalmente
voltadas para os resultados. Pela sua importância, deve ficar à
parte das demais informações. Deve conter um espaço específico
para as metas, os desafios e para os resultados.
• Boletins Informativos ð podem ser tanto impressos ou
eletrônicos. Mais usados para mensagens imediatas. Geralmente
entregues em mãos, o que demonstra atenção da empresa com o
funcionário. Apesar de hoje muitas empresas utilizarem o e-mail
para enviar os boletins, para o pessoal operacional o ideal é
utilizar a forma impressa.
• Mala-Direta ð geralmente usada com mensagens da direção ou
do Presidente da empresa. Canal importante para usar em
questões estratégicas, podendo até ser enviada para casa do
funcionário.
• Display de Mesa ð bastante adequado para ser usado em mesa
dos restaurantes e refeitórios das empresas por concentrar
34
grande número de empregados por mais de meia hora
diariamente. Sugestão: mesas muito grandes devem ter três ou
mais displays para que todos sentados possam ter acessos às
mensagens. Pode ser veiculadas informações sobre o dia-a-dia
da empresa ou do RH, de mercado, de produto ou de
responsabilidade social.
• Intranet ð deve ter um visual atraente e sedutor como de uma
revista, com projeto gráfico e editorial definidos. Ter espaços para
informações importantes da empresa. Este canal representa a
oportunidade das pessoas que trabalham na mesma empresa
compartilharem com todos os demais funcionários os
conhecimentos individuais, além de promover interação.
• TV Interna ð é considerada a evolução dos impressos, muito
procurado atualmente pelas empresas de tecnologia de ponta.
Atinge mais pessoas ao mesmo tempo proporcionando um
melhor nível de aprendizado, capaz de acelerar a construção e
consolidação de uma determinada cultura. Muita atenção neste
canal, pois exige profissionais com qualificações específicas,
produção diferente dos impressos, investimentos com tecnologia,
entre outros.
• Rádio Interna ð funciona normalmente durante o horário de
trabalho. Atinge melhor o objetivo quando se usa frases de efeito
e noticias curtas. Assim como a TV exige profissional
especializado e investimentos com tecnologia e produção.
• Mensagens Virtuais e Eletrônicas ð “têm efeito muito positivo
no que se refere à assimilação por parte do colaborador, pois
atingem o seu consciente e o seu inconsciente”. Pode ser através
da tela de descanso do computador ou em painéis luminosos
35
(próximo a fila do restaurante, do ponto de ônibus da empresa ou
na entrada do setor operacional), com mensagens informativas
ou motivacionais.
• Correio Eletrônico ð atualmente está sendo muito usado.
Mensagens enviadas por e-mail têm sido preferível pelos
funcionários. Todos enviam para todos e todos respondem para
todos. É preciso estabelecer regras corporativas para o convívio
saudável neste canal para que o fluxo de informações seja
utilizado corretamente.
• Espelhos de banheiros ð adesivos com mensagens de apelo
mais forte afixados no espelho podem transmitir informações ou
frases motivacionais.
Tão importante quanto conhecer o público-alvo da informação, é saber
se o emissor, quem emite a mensagem, está preparado para tal tarefa, diz
Analise Brum.
Depois de considerar todos os aspectos que envolvem a comunicação,
verificar o público-alvo, escolher os canais, as ferramentas, as mensagens, não
se pode dar o processo por encerrado. É preciso verificar como a mensagem
foi recebida e quais foram seus efeitos internos e os impactos externos. Que
geralmente é feito através de pesquisa ou outras campanhas.
“Saber quem serão os receptores da ação define a
linguagem, a mensagem, os meios e os canais de
comunicação, assim como a forma pela qual serão
avaliados os resultados da ação”. Como implantar uma
Área de Comunicação Interna. Nós, as pessoas, fazemos
a diferença. Guia prático e reflexões – Clemen, Paulo –
Mauad X.
36
2.2. Informação é Benefício
Uma cultura vista de forma equivocada é que benefício são recursos
econômicos como vale transporte, refeição, assistência médica, entre outros.
Segundo Analisa Brum, “benefício é tudo o que é oferecido ao público interno
para que ele tenha uma maior qualidade de vida e bem-estar.”
“A informação é fundamental para o relacionamento do empregado com
a empresa”, completa a autora. Mais que para o funcionário, a empresa deve
ver a informação como um benefício intangível para a força de trabalho da
organização, pois torna a relação funcionário e empresa mais saudável.
“Administração e Comunicação Interna são atividades
interligadas. É a Comunicação que possibilita a
Administração tornar comuns a missão, os valores, os
objetivos e metas da empresa. É a Comunicação Interna
que torna eficazes mensagens e ações destinadas a
motivar, incentivar, orientar, promover, desenvolver e
integrar as pessoas de uma organização.” (Gustavo
Gomes de Matos – A Cultura do Diálogo – Negócio
Editora).
Num ambiente que tem comunicação e diálogo, entre empresa e
funcionários, existe motivação para superar desafios e metas. A empresa que
oferece meios e canais incentivando a cultura da troca de informações
caminha para o sucesso e o desenvolvimento do funcionário. A Comunicação
Interna é uma estratégia de comunicação que incentiva “um processo
permanente de relacionamento e conhecimento compartilhado entre gestores e
colaboradores”, segundo Gustavo Gomes de Matos.
Uma empresa que já favoreça a relação de entendimento e confiança
entre gestores e funcionários, durante o momento de crise pode servir para
unir e motivar as pessoas a encontrarem soluções e novas idéias capazes de
transpor os obstáculos mais difíceis.
37
É justamente neste momento difícil para a empresa, que já com vínculos
estabelecidos e fortalecidos, que as ações dos cidadãos corporativos se
traduzem em comportamentos positivos e proativos.
É papel da força de trabalho contribuir durante uma crise que a empresa
enfrenta, principalmente quando interfere diretamente na sua atuação do
empregado. A organização deve atuar sempre com transparência, honestidade
e ética, pois sem elas dificilmente conseguirá dedicação no trabalho e
engajamento de seus colaboradores na busca de soluções.
Segundo Matos só numa cultura de comunicação consolidada é capaz
de promover terreno propício para, a partir de uma salutar troca de idéias e
opiniões, simplificar e solucionar os problemas organizacionais que, na maioria
das vezes, estão ligados à desvalorização do relacionamento humano.
O público interno bem preparado e informado tem condições de
repassar para o público externo tudo que a empresa possui de melhor e o que
está aprimorando em processos e serviços. Contribuindo na melhoria da
qualidade e produtividade no trabalho e nos resultados dos negócios. “A
comunicação deixou de ser atividade-meio e passou a ser utilizada como
ferramenta estratégica de resultados das empresas, instituições e
organizações líderes no mercado”, diz Matos.
Uma empresa que valoriza o Endomarketing e trabalha a Comunicação
Interna de forma integrada solidifica seu jeito de ser com o de atender da
empresa.
A Comunicação é uma ferramenta que serve para orientar as pessoas.
As informações são como munições da empresa que sem elas é impossível
coordenar trabalho e cooperação dos funcionários.
38
Ressaltamos a seguir fatores da informação que reforçam a importância
da Comunicação Interna nas organizações, segundo Gustavo Gomes de
Matos:
���� Contribuições da Comunicação interna
ð Incentivar uma melhor produtividade;
ð Gerar maior integração entre as pessoas, equipes e áreas da
empresa;
ð Favorecer a competitividade;
ð Informar aos funcionários sobre políticas, metas e práticas da
empresa;
ð Incentivar atitudes e comportamentos de cooperação;
ð Promover o espírito de lealdade para com a empresa;
ð Favorecer a geração de idéias e a busca de soluções;
ð Melhorar o clima interno e relacionamentos.
���� Atitudes para uma boa Comunicação Interna
ð Saber ouvir;
ð Transparência;
ð Clareza dos objetivos;
ð Compartilhar o conhecimento;
ð Pensar coletivo;
ð Capacidade de análise;
ð Valorização do feedback;
ð Convivência das diversidades;
ð Liberdade de expressão
ð Comportamento agradável;
ð Atitudes coerentes;
ð Palavras agradáveis.
39
���� Comunicação Interna como diferencial competitivo
ð Abertura para comunicação (falar/ ouvir/ dar feedback);
ð Essência da democracia;
ð Conversação;
ð Relacionamento humano;
ð Interação;
ð Compartilhamento da informação;
ð Aprendizado;
ð Troca de idéias;
ð Negociação;
ð Respeito mútuo;
ð Liberdade de expressão.
���� Resultados de uma boa Comunicação Interna
ð Diferencial competitivo;
ð Motivação;
ð Coesão;
ð Comprometimento;
ð Conhecimento;
ð Criatividade;
ð Inovação;
ð Qualidade;
ð Compreensão;
ð Ação conjunta;
ð Trabalho em equipe;
ð Cooperação;
ð Desenvolvimento;
40
ð Visão estratégica;
ð Responsabilidade Social;
ð Consciência ética;
ð Superação de desafios;
ð Soluções;
ð Bons negócios;
ð Melhores resultados.
2.3. Comunicação Interna e Marketing Interno
O Marketing Interno cria fatos e a Comunicação Interna comunica os
fatos. Segundo Analise Brum, divulgar a informação se dá através da utilização
de técnicas e estratégias de Marketing, que embora sirvam para envolver,
sensibilizar e emocionar, o objetivo final é a qualidade, a produtividade e, por
fim, o lucro. A autora ainda diz que os empresários investem em
Endomarketing visando envolvimento total dos funcionários com o negócio e
seus desafios.
2.4. Quais informações devem ser divulgadas?
A informação deve ser divulgada a medida que o funcionário saiba o
que fazer com ela e é definida de acordo com seu nível de interesse.
Ela deve ser clara, coerente e atualizada. Deve sempre ser de interesse
da força de trabalho e passada através de canais que cheguem a todos os
níveis do público interno.
Algumas despertam interesse de imediato, outras precisam ser
estimuladas, o importante é não haver uma ‘overdose’ de informação para que
não se torne banal nem excessiva causando desprezo pelo público interno.
41
Deve haver meios de avaliação de como essa informação está sendo
recebida e como o funcionário a processa. Isto deve acontecer através de
instrumentos de análise, que podem ser campanhas de comunicação interna
(formulários, intranet, pesquisa, etc.) ou outras ferramentas de avaliação. O
importante é que a informação tenha objetivo e foco claros.
2.5. Onde deve estar a Comunicação Interna?
São muitas as defesas para alocar a Comunicação Interna no organograma da
empresa. Cada profissional defende a sua área. Devemos lembrar que a
Comunicação Interna prioriza todos os projetos que tenham como finalidade os
resultados da Organização e deve interagir com todas as áreas da empresa.
Baseado no autor do livro “Como implantar uma área de Comunicação
Interna”, Paulo Clemen, mencionamos três áreas:
1) A Área de Recursos Humanos defende a subordinação da
Comunicação Interna por se tratar de uma área que cuida das pessoas
na Organização e por ser praticamente onde surge a Comunicação
Interna. Mas como não é uma área vista, pelos executivos, como
estratégica e a Comunicação é estratégica dentro da empresa não seria
um lugar ideal, pois poderia ficar esquecida e pouco aproveitada,
deixando de cumprir seus objetivos e pouco oferecendo para a
Instituição. E ainda, ficaria fadada a transmitir informativos e
comunicados sobre remuneração, relação sindical, treinamento, cursos,
aniversariantes do mês, etc.
2) A Comunicação Interna estaria bem posicionada na Área do Marketing
se não fosse usada como objeto de divulgação de novos produtos ou
serviços. Sabemos que o Marketing é muito mais que isto, é também
preço, promoção e distribuição, entre outros assuntos. Segundo Raimar
42
Richers (1981:5) “Marketing é a intenção de entender e atender o
mercado”. No livro “Fundamentos de Marketing” da FGV, (Org.)
“As organizações voltadas para o Marketing, que têm os clientes
como centro de seu pensamento estratégico, deparam-se com
grandes desafios competitivos para definir o
posicionamento”....”hoje o Marketing alcança toda a organização
e deve interessar a todos os funcionários... toda atividade
empresarial deve ter o seu início e fim no cliente”.
O Marketing é totalmente voltado para o negócio fim da empresa e a
Comunicação Interna é muito mais que apenas só o produto ou serviço
da organização.
3) Uma forma de conciliar todos os objetivos da Comunicação Interna e os
interesses das áreas da empresa com necessidade de comunicação
estratégica seria tê-la dentro da Comunicação Institucional ligada
diretamente a Presidência da Organização. Na hora que esta área
ganhar papel de maior importância no organograma ela será cobrada
cada vez mais por melhores resultados. É o momento de
amadurecimento da Comunicação gerando um maior desempenho para
os negócios. A área passa a ganhar autonomia para estabelecer seus
próprios critérios de trabalho. Como padrões éticos, comunicados,
divulgação do Código de Conduta, dar referências sólidas quanto às
transformações culturais, à globalização, à Internet, à fluidez da
informação tornando seu público interno crítico, como Cidadãos
Corporativos, e não simplesmente, um grupo de funcionários
marginalizados quanto à organização que atuam.
43
2.6. Perfil do profissional responsável pela CI?
Quando se trata de profissional da Era do Conhecimento e da
Informação se fala de uma pessoa multidisciplinar. Um comunicólogo que irá
atuar na Área de Comunicação Interna deve ter conhecimentos múltiplos, deve
ser multifacetado. Entender de jornalismo, publicidade, relações públicas,
psicologia, recursos humanos, marketing, pedagogia, entre outras profissões.
Mas será possível te rum único profissional neste nível de formação?
Segundo Roberto de Castro Neves, estudioso de ambientes
organizacionais, o que é mesmo imprescindível é que o profissional de
Comunicação Interna se posicione a serviço da Organização, sem estrelismo
ou impaciência com os seus demais pares. “Ele deve ter a humildade positiva
de compreender que nem sempre seu cliente interno sabe exatamente o que
precisa e como comunicar, mas que certamente conhece mais profundamente
o assunto a ser comunicado.”
O profissional deve buscar a interseção entre todas as funções e áreas
da empresa, agregando valor e produtividade à Organização. É que Paulo
Clemen chama do verdadeiro espírito de teamwork que as empresas precisam
ter para alcançar bons resultados.
Paulo Clemen, em seu livro “Como implantar uma área de Comunicação
Interna” dá algumas dicas das características desejáveis do profissional que
vai atuar em Comunicação Interna:
• Formação superior nas áreas de Comunicação, Marketing ou
Ciências Humanas, e conhecimentos de cultura em geral;
• Visualizar de forma estratégica o negócio da empresa, o mercado
onde está inserido e a realidade sociopolítica e econômica do país;
• Ter hábito de leitura e bons conhecimentos de inglês;
• Facilidade no relacionamento interpessoal;
44
• Ser capaz de ouvir, analisar e buscar soluções;
• Ser proativo;
• Conhecer a cadeia de tomada de decisões, procedimentos e
processos internos da empresa.
O autor ainda relata as atividades básicas para quem deseja atuar na
área de Comunicação Interna, são elas:
• Identificar as necessidades de comunicação dos seus clientes,
analisá-las, elaborar o briefing, propor ações, identificar objetivos,
estratégias, metas e prazos, entre outras;
• Definir o desenvolvimento das ações;
• Apresentar aos clientes soluções, planejamento das ações,
cronograma e processo criativo;
• Organizar e colocar em prática as ações de comunicação;
• Acompanhar o desenvolvimento do processo de comunicação,
através das ferramentas propostas, Medir seus resultados e
impactos internos. Se necessário, propor reforço ou novo
direcionamento na comunicação.
3. Endomarketing
Uma definição fácil de entender sobre Endomarketing é saber que ele
funciona como um elo entre cliente externo, interno e o produto ou serviço da
empresa. Assim como o Marketing vende para o cliente externo, o
Endomarketing ‘vende’ para o cliente interno. Ele está ligado diretamente a
Comunicação Interna e alia técnicas de Marketing aos conceitos de Recursos
Humanos.
O funcionário tornou-se tão importante no processo estratégico quanto o
cliente final, pois conquistá-los “significa torná-lo aliado ao negócio,
45
responsável pelo sucesso da corporação e igualmente preocupado com o seu
desempenho”.(http://www.guiarh.com.br/x29.htm/ [email protected]).
A expressão “Endomarketing” começou a ser difundida em 1995 por
Saul Bekin em seu livro "Conversando sobre Endomarketing", que de maneira
leve e didática, profere sobre quase todos os elementos assim como Philip
Kotler em "Administração de Marketing", mas que acabou chamando esse
processo de “Marketing Interno” das organizações.
A Comunicação Empresarial assume cadê vez mais o papel de
transmitir a comunicação corporativa de forma integrada e uniforme aos seus
diversos stackholders (públicos de interesse), mas é através da Comunicação
Interna que essas informações são passadas para o público-alvo interno de
modo que todos dentro da empresa tenham as mesmas informações, e até
mais completas que os demais.
A informação é responsabilidade da empresa. Endomarketing é um
processo vertical que acontece de cima para baixo. Toda informação é
decorrente de uma decisão superior que deve ser transmitida aos funcionários.
A empresa que valoriza o Endomarketing e tem a área de Comunicação
Interna estruturada sabe da contribuição dos empregados para a qualidade e
crescimento dos negócios.
Ao contrário da Comunicação Interna, o Endomarketing cria fatos, ou
seja, faz a manutenção de um processo de Comunicação Interna. Muitas
vezes, exige criação de mensagens motivacionais ou de situações que
amenizem a falta de informação. É papel do Endomarketing criar uma energia
positiva para promover um ambiente agradável, como sugere a autora Analisa
Brum.
46
É função da empresa, através da pesquisa de Endomarketing, descobrir
e entender quais valores irão substanciar o cliente interno e motivá-lo a
estabelecer um sistema de troca capaz de garantir vantagens para a
organização e satisfação para si.
3.1. Objetivo do Endomarketing
• Melhorar a qualidade da comunicação em todos os níveis;
• Integrar os funcionários na empresa;
• Melhores serviços aos clientes externos;
• Facilitar e realizar trocas construindo relacionamentos com o público
interno;
• Compartilhar os objetivos da empresa ou organização, harmonizando
e fortalecendo estas relações.
4. Planejamento de Comunicação Interna
Já falamos da importância do Planejamento e do quanto um Plano
eficiência contribui para o sucesso da Corporação. Dentro do Plano de
Comunicação vamos abordar o “Plano Específico de Comunicação Interna”
que é o planejamento voltado para uma campanha para o cliente interno.
4.1. Tipos de Comunicação
• Além de incorporar é preciso lembrar a missão, visão, princípios e
valores da empresa;
• Comunicação realizada no dia-a-dia, num plano a curto prazo;
• Comunicação por demanda, surge de acordo com a necessidade
empresarial.
47
4.2. Objetivos específicos da campanha
• Institucional;
• Incentivo;
• Motivação;
• Informação Empresarial (de mercado, concorrentes, clientes,
produtos, etc).
4.3. Formas da campanha interna
• Publicidade, evento, propaganda, reunião, etc;
• Meios/ veículos: Intranet, house organ, mural (identificar o local e a
quantidade), newsletter, revista, jornal, boletim, etc;
• Período da campanha;
• Justificativa das ferramentas.
4.4. Plano de Ação
• O que fazer?
• Como fazer?
• Onde fazer?
• Por que fazer?
• Quem fará?
• Quando fazer?
4.5. Controle e Avaliação do Plano
• Formas de controle da Comunicação Interna;
• Indicadores para avaliar (pré-campanha, campanha, pós-campanha);
• Pessoas responsáveis pela avaliação;
• Tempo da avaliação: pré, durante e pós.
48
4.6. Esquema
Tópicos do Plano Objetivos
Informações sobre o negócio de
forma resumida
Inclui missão, visão, princípios e
valores
Objetivos gerais para a Comunicação
Interna
Definir o porquê da Comunicação
Interna. A comunicação de rotina e a
comunicação demandada
Objetivos específicos da
Comunicação
Informação empresarial, incentivo,
motivação, etc.
Formas de Comunicação Interna Técnicas, meios/veículos, formas,
período justificativas
Plano de ação O quê? Como? Quando? Onde? Por
quê? Quem?
Formas de controle e avaliação Formas de controle, indicadores,
pessoas responsáveis e tempo
Investimento de comunicação
Tipo de investimentos, custo com
produção, criação, mídia, extras,
orçamento comprometido
Anexos /dados e informações que embasem o
plano
Extraído: “Comunicação Empresarial e Planos de Comunicação” de Maurício Tavares
49
CAPÍTULO III
COMUNICAÇÃO DE CRISE
Um dos maiores bens das organizações atuais, que exercem cada vez
mais importância junto ao mercado, são os valores intangíveis. Por eles
entendessem conhecimento, experiência, funcionários, imagem pública,
posicionamento dos seus produtos ou serviços, marca, etc.
A perda de um valor intangível pode causar grandes prejuízos a
empresa junto aos seus diversos stackholders (públicos-alvo), inclusive
prejudicar principalmente a imagem da organização.
É neste momento que é reforçado o valor e a importância da
Comunicação dentro da corporação. O principal objetivo da Comunicação de
Crise é proteger esses valores, dentre eles a imagem, produto ou serviço da
companhia.
1. O que é uma crise
É “um acontecimento extraordinário, ou uma série de acontecimentos,
que afeta de forma diversa à integridade do produto (serviço), a reputação ou a
estabilidade financeira da organização; ou a saúde e bem-estar dos
empregados, da comunidade ou do público em geral.” (Wilcox: 202: 191).
Geralmente uma crise é inesperada e imprevisível. No Planejamento de
Comunicação de Crise pode tentar antever muitas possibilidades que se
tornariam uma crise. Estar preparado é fundamental, ajuda em quase cem por
cento dos casos, mas infelizmente nem tudo é previsível.
50
A crise institucional danifica seriamente a reputação e imagem da
empresa e abala a credibilidade junto a opinião pública. Pode prejudicar o
produto ou serviço da empresa, um setor, a situação financeira da companhia,
a saúde da comunidade, de empregados ou consumidores.
1.1. Crises de grande repercussão
• Tylenol envenenado, nos Estados Unidos;
• Balas Van Melle, no Brasil, acusadas de conter drogas;
• Coca Cola contaminada na Europa;
• Nestlé, produto envenenado no Brasil, por um chantagista
• Exxon Valdez, navio que derramou petróleo no Alaska;
• Baía da Guanabara poluída pela Petrobras;
• Union Carbide exala gases letais que vitimaram a população de
Bhopal, na Índia;
• Gini, palmito com alegação de contaminação por botulismo;
• TAM, cai um avião em Congonhas;
• Microvlar, anticoncepcional de farinha no Brasil.
1. 2. Categorias de Crise
É impossível mencionar todos os tipos de crise, mesmo porque é uma
situação que afeta as empresas de formas diferentes. Abaixo está relacionado
apenas alguns riscos que podem definir uma crise para a organização:
• Fenômenos naturais (furações, terremotos);
• Crises relacionadas a saúde e alimentação (epidemias, intoxicações);
• Acontecimentos políticos e conflitos sociais (protestos violentos,
conflitos políticos);
• Acidentes relacionados com transporte que afetam o meio ambiente,
incêndios e vazamentos químicos;
51
• Eventos de origem criminal (seqüestros, assassinatos, sabotagens);
• Assuntos jurídicos (plágios, abuso sexual, discriminação racial);
• Fatos Econômicos (corrupção, fraude);
• Retirada de produtos (defeitos de fabricação, utilização de substâncias
proibidas);
• Ataques de informática (vírus).
Este trabalho acadêmico se propõe comentar sobre crises externas que
afetam diretamente a imagem da empresa. No quadro a seguir está ilustrado
os níveis que a imagem corporativa é afetada. Quanto mais notoriedade da
crise junto ao público externo mais afetará a imagem da organização. Observe
como Octavio Isaac Rojas Orduña descreve:
MAIOR
Crise grave para o
negócio, menor
conhecimento do
público
Crise grave para o
negócio, maior
conhecimento do
público
Risco para o negócio
Crise leve para o
negócio, menor
conhecimento do
público
Crise leve para o
negócio, maior
conhecimento do
público
MENOR
MAIOR
CONHECIMENTO PÚBLICO
52
"[...] as crises só existem porque vivemos num mundo tão
interligado que um problema que, em princípio, diria respeito
apenas a uma empresa ou a uma comunidade distante pode
adquirir imediatamente uma dimensão muito maior [...]" (ROSA*,
2001, p.24).
Outro fato comum às crises é que elas repercutem rapidamente na
mídia, por conta do sensacionalismo que podem representar para os veículos
de comunicação e do espetáculo que podem se transformar para a sociedade.
Forni** diz que as crises alimentam a pauta diária da mídia (FORNI, 2002,
p.367-368).
Por conta desse aspecto global das crises, as empresas devem preparar
um plano de administração de crises também global, que permita informar
todos os públicos envolvidos em tempo real.
1.3. Níveis de repercussão de Crise
• Local ððððocorrências somente entre os públicos de interesse da empresa,
na comunidade onde está inserida, mídia local, Poder Público, clientes, etc.
Deve ser acompanhada como uma crise grande para não virar uma crise de
repercussão regional, nacional ou até mesmo internacional. Os processos
devem ser respeitados de acordo com o porte da crise. Toda atenção deve
ser dada, quanto mais rápido acionada o Plano de Contingência mais
rápido a empresa de vê longe da crise. Nunca negligencie ou se omita por
se tratar de uma crise local, pois um dano menor mal resolvido pode se
tornar grande.
*FORNI, João José. Comunicação em tempo de crise. In: DUARTE, Jorge. Assessoria de imprensa e relacionamento com a mídia - Teoria e técnica. 2a. ed. São Paulo, Atlas, 2003, p.363-388. **ROSA, Mário. A Síndrome de Aquiles - Como lidar com as crises de imagem. São Paulo, Editora Gente, 2001.
53
• Regional ððððocorrências que ganham amplitude de uma determinada região
geográfica. Pode ganhar atenção da mídia regional ou até mesmo dos
principais veículos de outras regiões. Os trâmites devem ser respeitados de
acordo com o guia de crise.
• Nacional/ Internacional ðððð ocorrência que ganha o conhecimento de todos
os públicos de relacionamento da empresa, mesmo que aconteça numa
região afastada. Todos os recursos devem ser usados a fim de cuidar da
imagem da organização. A Comissão de Crise deve ser acionada
imediatamente e o Guia de Crise posto em prática. O porta-voz da empresa
deve ser acionado para ficar de prontidão para as declarações junto à
imprensa, neste caso pode até ser o presidente ou o executivo mais alto da
companhia. Deve haver uma troca de informações com todas as áreas
envolvidas para que o fluxo e o recebimento de mensagens sejam rápidos.
O Relator de Crise deve estar pondo em prática sua função para garantir
suporte a Companhia.
2. Comissão (ou Comitê) de Crise
Para ajudar a conter a crise a empresa deve organizar uma Comissão,
ou Comitê de Crise. É extremamente importante contar com pessoas treinadas
e preparadas para enfrentar qualquer situação. A alta direção e representantes
de diversas áreas estratégicas devem integrar a equipe. Deve ter um líder, que
pode ser o gerente da área de Comunicação ou outro executivo. Dependendo
do ramo de atuação da Corporação os setores envolvidos podem ser: Jurídico,
Produção, Operacional, Financeiro, Logística, Recursos Humanos,
Comunicação, etc.
A comissão coordena todas as atividades de comunicação durante a
ocorrência de uma crise. Inclui relacionamento com a mídia, empregados,
comunidade, investidores, fornecedores, parceiros e demais públicos de
54
interesse da companhia. Ela deve ser diretamente subordinada ao presidente
da empresa para facilitar os trâmites.
A equipe ainda fica responsável pelas medidas contidas no Plano de
Comunicação de Crise. Deve ter um porta-voz, que dependendo da
abrangência deve ser o presidente da empresa, que deve se manter envolvido
com o acontecimento durante toda a crise. Porém um substituto deve ser
preparado para qualquer eventualidade.
Outra figura importante é o Relator da Crise que deve coletar
informações atualizadas diariamente junto aos responsáveis pelo controle das
ocorrências, causas, conseqüências e trabalho de recuperação, a fim de dar
base para comunicados da empresa.
Os recursos e infra-estrutura para dar suporte a Comissão de Crise deve
ser planejado com antecedência. Um espaço temporário ou permanente deve
ser designado para este momento.
Toda ocorrência deve seguida como no planejamento. A crise deve ser
encarada desde o início como uma crise séria que pode ganhar grandes
proporções, pois um pequeno problema pode ganhar dimensões maiores se
for negligenciada ou omitida.
3. Guia de Comunicação de Crise
Toda empresa deve ter um guia que contemple um plano de ação para
momentos de crise. Ele deve antecipar situações de riscos que possam virar
uma crise em potencial. O ideal é que examine sistematicamente fontes que
possam se tornar problemas futuros a fim de antever ações para evitá-las ou
se for preciso se preparar para elas. Deve haver discussões nos diversos
setores hierárquicos, pois muitas vezes os problemas mais eminentes estão
nos níveis operacionais.
55
Fazer uma lista com as dez piores situações que podem acontecer na
organização ajuda a identificar alguns transtornos.
Os esforços de prevenção devem ser quantificados de acordo com os
riscos em termos de seu impacto potencial vezes sua probabilidade de
ocorrência. Ele deve ser amplo a fim de mensurar o maior número possível de
variáveis de riscos e ao mesmo tempo ser prático como um passo-a-passo.
Quando se trata de possíveis causas internas, uma atitude sugerida por
Richard Luecke, autor de “Gerenciando a Crise”, é que se crie um “assassino
empresarial”. Um sabotador que planeje ações a serem tomadas para
prejudicar a empresa. Tentando antever possíveis causas internas.
O manual de crise deve conter também ações básicas que abordem
situações contingentes, imediatamente após o ocorrido de fato.
Deve ter uma Auditoria de Risco, que é a revisão das variáveis que
podem interferir diante de uma crise de acordo com o que está identificado no
guia. Ela prepara a empresa para um programa sistemático de ações para
evitar os problemas. Reprodução de situações, de crise, como simulações são
ideais para se testar o Guia de Procedimentos de Crise. O ambiente tem que
ser o mais realista possível e as práticas inesperadas dão maior veridicidade e
melhores resultados.
3.1. Aprendendo com a crise – Caso Petrobras
Depois de uma série de acidentes ambientais, em 1999, a Petrobras
teve exposta à sua maior crise com a explosão e naufrágio da Plataforma P-36
no Campo de Roncador em Macaé, Rio de Janeiro. O presidente na época
Henri Philippe Reichstul, 51 anos, ex-banqueiro, foi chamado até de ‘pé frio’.
Mas foi sua experiência e pulso firme que fez a atual maior empresa do Brasil
56
do ramo petrolífero a sair do que na época foi considerado como o maior
pesadelo da história da companhia. (Anexo 2)
Há vertentes que dizem que Reichstul conduziu com excelência o
acidente que vitimou onze funcionários da Petrobras, entre eles empregados e
terceirizados. Um clima de comoção nacional abalou a credibilidade e imagem
da empresa que repercutiu até na bolsa de valores de Nova Iorque. O clima
não era nada favorável.
Mas foi à partir deste evento de repercussão internacional que a
empresa aprendeu com a experiência e escreveu seu manual de crise. Formou
a Comissão e realiza treinamentos periódicos e simulações para tentar conter
uma crise.
O Guia de Comunicação de Crise contempla diversas ações e
situações. Dentro da Política de Comunicação de Crise está principalmente
manter a opinião pública informada sobre qualquer ocorrência que ameace a
segurança e a saúde da comunidade ou causar danos ao meio ambiente.
Fornecer informação clara e precisa aos segmentos impactados pela crise.
Comunicar de forma ágil, objetiva e transparente buscando atender seus
diversos públicos de relacionamentos.
3.2. Por dentro do Guia
Além de ser um guia de contenção de crise, um manual com o passo-a-
passo de como lidar com uma determinada crise, ele deve conter todas as
informações básicas e abrangentes ao mesmo tempo. Deve dar subsídio para
que a Comissão e todos envolvidos passam lidar com a crise da melhor
maneira possível. No Guia da Petrobras funciona da seguinte maneira:
57
1. Contato de todos os membros do Comitê de Crise ð com nome
completo, cargo na empresa, endereço eletrônico e telefones da
empresa, celular e de casa. O ideal é que tenha um celular da
companhia ligado 24 horas por dia para que possa ser acionado a
qualquer momento que seja necessário.
2. Banco de dados ð com todos os interessados/ afetados pela crise
(bombeiros, polícia, políticos, sindicatos, fornecedores, clientes,
seguradoras, veículos de comunicação, associações civis, etc).
3. Variáveis de riscos e fluxos de atuação.
4. Relatórios de acontecimentos.
5. Documentos modelo (cartas, comunicados de imprensa, etc.).
Erasmo Granado, gestor do Sistema de Comunicação de Crise da
Petrobras, em entrevista exclusiva, conta que no procedimento realizado pela
companhia o primeiro passo é quando no local da crise é acionado o celular
dele, que não é vermelho, mas funciona como tal. Neste momento ninguém
mais fala nada que não passe pelo SCC.
É identificado o público-alvo como foco da comunicação direcionada e
dirigida. Todos receberão a mesma informação por instrumentos específicos
que serão trabalhados com as áreas responsáveis por cada público
determinado.
Uma crise para Petrobras é tudo que afeta a imagem. Se não diz
respeito à imagem, não é crise. A empresa tem que ser uma fonte oficial de
informações e passar credibilidade. A área envolvida vai até o local do evento
e produz informação que será distribuída ao corporativo pelo SCC.
58
3.3. Aprendendo com o Guia – Caso Gol
Em 29 de setembro de 2007, após se chocar no ar com o jato Legacy o
Boeing 737-800 da Gol, que fazia o vôo 1907 (Manaus/Rio de Janeiro),
marcaria para sempre a história da companhia. Um acidente com 154 vítimas
fatais, o maior da história do país. "O que se faz nas primeiras horas depois de
um acidente marca para sempre a trajetória da companhia", afirmou a revista
EXAME, David Barioni Neto, vice-presidente e executivo responsável pela
gestão de eventuais acidentes aéreos, em sua primeira entrevista após o
acidente.
"A decisão mais importante na hora da crise foi seguir exatamente o que
estava determinado no plano", diz Barioni, "A tentação para mudar era grande,
mas eu sabia que qualquer improvisação poderia prejudicar o trabalho."
Segundo Barioni crise “é um risco que existe para qualquer empresa
do mercado, e a melhor maneira de lidar com ele é estar preparado”. Ao longo
de sua carreira ele já gerenciou cinco outras crises de acidentes aéreos. Desde
que foi designado para o cargo na Gol, Barioni participou de diversos
treinamentos sobre o assunto. Com base neles e na sua experiência formulou
um manual de crise com cerca de 2700 páginas, que constam desde modelo
de comunicado a ser enviado ao mercado após um acidente aéreo, passando
peles informes aos stackeholders, até um roteiro básico a ser seguindo em
entrevistas concedidas à imprensa.
Abaixo a cartilha que o gestor de crise da companhia aérea Gol seguiu
à risca. Mesmo depois do acidente a empresa não foi abalada nem no
mercado de ações, como foi constatado pela pesquisa realizada logo após a
crise, pela consultoria inglesa Oxford Metrics.
59
A cartilha de Barioni
Como o vice-presidente da Gol coordenou a operação de gerenciamento de crise do mais grave acidente aéreo da história da aviação civil brasileira
1 - Cumpriu à risca o que estava determinado no manual de gerenciamento de crise da companhia, um calhamaço com 2 700 páginas
2 - Visitou pessoalmente o local onde houve o acidente. O objetivo era não apenas investigar o episódio como também verificar qual a melhor maneira de dar apoio à operação de resgate
3 - Afastou das atividades de gerenciamento de crise as pessoas que não estavam conseguindo lidar com o estresse da situação
4 - Estimulou os funcionários da Gol a continuar trabalhando normalmente apesar do acidente. Durante o mês em que a sala de crise operou, a empresa recebeu duas novas aeronaves e fez o orçamento de 2007
4. Comunicação de Crise
A Comunicação é de extrema importância para que as corporações
tenham sucesso. Se as informações fossem tratadas de forma transparente e
a comunicação fosse mais fluida, muitas crises e problemas poderiam ser
evitados.
Mas graças a diversos estudos e experiências fracassadas, e outras de
sucesso, a mentalidade das organizações está mudando, a Comunicação está
sendo vista com maior importância e usada como ferramenta até para prevenir
crise e acontecimentos indesejáveis. Mas isto só será possível se a empresa
tiver interesse e capacidade de comunica-se de forma transparente,
continuada e próxima às pessoas.
A Comunicação de Crise deve ser tratada da mesma, ouse já, com
clareza e transparência por pior que seja a situação. Honestidade dá um
acesso mais rápido ao retorno da credibilidade.
60
Para facilitar a comunicação junto aos públicos de relacionamento da
empresa, alguns canais de comunicação devem ser acionados, como:
• Perguntas da imprensa e do público ð pode ser através de
informativos impressos, site, Intranet, ou notas à imprensa.
• Primeiro release ð com informações gerais do acorrido.
• Registro de atendimento à imprensa ð registrar os veículos que
procurarem a empresa, fazendo uma mailing, a fim de mantê-los
atualizados enviando informes tão logo surjam novidades.
• Relator de Informações ð presta suporte à comissão de crise com
informações atualizadas e completas.
• Atendimento telefônico ð disponibilizar uma linha, que funcione,
para atender aos diversos públicos, de preferência canais separados
para públicos específicos.
• Listas de presença de imprensa, autoridades e lideranças ð a fim de
alimentar o banco de dados com o contato dos interessados no caso.
4.1. Como atuar durante uma crise
Agir sempre com objetividade e clareza atendendo seus stackholders. O
ideal que na Comissão de Crise tenham pessoas ligadas os diversos públicos
de relacionamentos da empresa. Quem vai falar com a comunidade, seja
alguém ligado a ela, como por líderes comunitários ou representantes do
sindicato. Com os acionistas alguém do Relacionamento com os Investidores.
Com os funcionários alguém da Comunicação Interna, e assim por diante.
No caso da TAM a companhia aérea, ela se organiza de forma peculiar,
pois a Comunicação Interna da empresa se refere às ferramentas de
61
comunicação. E durante uma crise o setor que faz o elo com os funcionários é
a Assessoria de Imprensa que também faz o relacionamento com a imprensa.
4.1.1 Caso TAM
Na manhã do dia 31 de outubro de 1996 uma pane elétrica derrubou um
avião Fokker-100 da TAM segundos depois de decolar do aeroporto de
Congonhas, em São Paulo. A aeronave caiu a dois quilômetros de distância da
cabeceira da pista, atingindo 20 casas. O acidente resultou na morte de 99
pessoas, sendo 90 passageiros, sete tripulantes e duas pessoas que estavam
em terra (FALCO*, 2003, p.35-68).
O que a TAM fez, segundo Falco*
• A empresa não parou de operar.
• Disponibilizou todas as linhas telefônicas da empresa, que geralmente
recebiam reclamações e sugestões, para atender as famílias das vítimas.
• Alugou um hotel próximo ao aeroporto para acomodar as famílias das
vítimas, que receberam também suporte emocional da companhia.
• Concedeu entrevista coletiva menos de quatro horas depois do acidente.
• Apurou rapidamente as causas do acidente: o problema foi detectado uma
semana depois e o resultado oficial, publicado um mês depois do acidente.
• A TAM não divulgou a lista com os nomes das vítimas, sem antes informar
e confortar todos os familiares.
*FALCO, Luiz Eduardo. Vencendo a turbulência. In: ROSA, Mário. A era do Escândalo - Lições, relatos e bastidores de quem vivenciou as grandes crises de imagem. São Paulo, Geração, 2003, p.35-68.
62
• Para conter os boatos, a empresa divulgou boletins oficiais a cada 12
horas, mesmo que tivesse que repetir 100% o conteúdo do anterior.
• Apesar de toda a assistência oferecida pela TAM às famílias das vítimas,
algumas ainda brigam na justiça por uma indenização maior.
O que o departamento de comunicação da TAM fez
• Tirou a empresa da mídia, suspendendo todas as peças publicitárias em
veiculação.
• Participou da concorrência para a escolha da companhia aérea que
transportaria do presidente da República, Fernando Henrique Cardoso,
como ação institucional, e venceu.
Como resultado em julho de 1997, recebeu o prêmio "Melhores e Maiores",
da revista Exame, pela habilidade de lidar com a crise (FALCO, 2003, p.35-68).
O que falar na hora “H”?
Segundo Caldini* algumas posturas devem ser tomadas pelo porta-voz
durante a crise (CALDINI, 2000, p.116-118)
• Não falar sem antes saber de fato o que aconteceu. Se for o caso, declare
à imprensa que você vai se informar e logo voltará a falar.
• Volte e fale. Se você não falar, alguém vai falar por você, só que não
necessariamente a verdade.
• Efeito avestruz não ajuda. O que você prefere: um fim horroroso ou um
horror sem fim?
• Nunca minta. Se você mentir e descobrirem que você mentiu, nada mais
importa: você será o culpado.
63
• Não negligencie seu público, principalmente a imprensa. Respeitados e
bem informados, eles podem ser seus aliados.
• Assegure-se de estar sendo compreendido ao falar com a imprensa.
Cuidado com termos técnicos e evasivos.
• Não especule, não brinque, não subestime. Trate de ser identificado como
uma pessoa honesta.
• Jamais diga ‘sem comentários’, ‘nada a declarar’, ‘estou sendo injustiçado’,
‘não é problema meu’ e ‘me respeite’. Isso só agrava a situação.
• Não ignore os sinais de alerta. Resolva todos os problemas potencialmente
graves antes de se tornarem crises.
• Ter razão em crises não significa vencer. A questão é de imagem e não
apenas de leis.
4.2. O Consultor de Comunicação
Em seu artigo acadêmico “Comunicação em Momentos de Crise”,
Octavio Isaac Rojas Orduña, master em Comunicação Corporativa e
Publicitária e Especialista em Comunicação e Gestão Política, pela Universidad
Complutense de Madrid, já assessorou crises de multinacionais de peso como
a Coca-cola, Unilever e LEGO, sugere o papel do consultor de comunicação
durante a crise:
• Reunir toda informação possível.
• Evitar ausência de informação comunicando o quanto antes.
*CALDINI, Alexandre. Como gerenciar a crise. Exame. São Paulo, v.34, nº2, p.116-18, janeiro 2000. O texto, acessado em maio de 2005, está disponível em:http://www.portal-rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0087.htm.
64
• Não apresar-se em comunicar pela pressão dos jornalistas ou outros
grupos.
• Determinar o formato da comunicação (notas de imprensa, carta,
reuniões com representantes, rodas ou conferência com a imprensa,
etc).
• Estabelecer um mecanismo de monitoração imediata em todos os
meios para comprovar o alcance da crise.
• Determinar a seqüência e a ocorrência da comunicação, no caso de
uma crise com extensão no tempo.
• Aconselhar sobre a política da companhia com relação a boatos e
imprecisões difundidos pelos meios de comunicação.
• Propor o plano de ação para o relançamento da imagem corporativa
que contemple todos os públicos.
4.3. O que o consultor de Comunicação de Crise NÃO deve fazer
• Informar sem prévio conhecimento do comitê e da alta-direção.
• Permitir que os membros do comitê dêem declarações públicas sem
preparar previamente suas intervenções.
• Comunicar somente aos meios “amigos”.
• Mentir sobre informação crucial.
• Fazer reservas sobre dados fundamentais para minimizar o
acontecimento.
• Mostrar incompetência, falta de controle e arrogância.
65
• Ser insensível às implicações emocionais dos afetados pelo
acontecimento.
• Dar informação off the record a repórteres e a outros representantes
dos grupos envolvidos.
• Não considerar todas as possíveis implicações do acontecimento.
• Levar em consideração unicamente aos jornalistas na hora de
comunicar.
4.4. Antes da Crise
Segundo o especialista americano em crises Jonathan Bernstein é
preciso seguir sete passos básicos antes mesmo que a crise aconteça. Para
estar preparado coloquem em prática atitudes pro ativas:
1. Escolha sua equipe de comunicação na crise ð uma equipe pequena de
executivos para trabalhar na administração da crise. O ideal é ser
comandado pelo CEO (principal executivo da organização), mas não
obrigatoriamente. Conflitos podem surgir entre a área de comunicação e
jurídica. É muito provável que o julgamento da opinião pública seja mais
prejudicial na crise do que o julgamento da Justiça.
2. Identifique porta-vozes ð deve ser alguém preparado e autorizado a falar
sobre a crise em nome da organização, não necessariamente o principal
executivo.
3. Treine os porta-vozes ð essencial para um bom desempenho em épocas
de crise. Todos os stakeholders (especialmente a mídia) estão sujeitos a
não compreender ou interpretar as informações sobre sua organização. É
sua responsabilidade reduzir a chance de que isso aconteça.
66
4. Monte um sistema de informação e notificação ð que permitam
rapidamente encontrar os stakeholders, usando múltiplas modalidades de
comunicação.
5. Identifique e conheça seus stakeholders ð quais os públicos – internos
e externos - que interessam à organização? Os funcionários são
extremamente importantes.
6. Antecipe a crise ð atitude pro ativa e preparatória da crise é fazer longas
simulações sobre crises potenciais que poderiam ocorrer na organização.
Deve-se atentar que algumas situações são preventivas pela simples
modificação dos métodos de operação. Começar a pensar sobre possíveis
respostas sobre cenários melhores ou piores.
7. Desenvolva mensagens preventivas ð mensagens completas precisam
esperar a crise desencadear. Preparar mensagens para uso imediato após
o rompimento de uma crise, que não precisam conter todas as informações
e podem ser feitas antecipadamente.
4.5. Dez Mandamentos da Comunicação de Crise
No Guia de Comunicação de Crise da Petrobras, é sugerido dez passos
para amenizar uma situação de crise, a seguir:
1. Siga rigorosamente os Planos de Contingência e de
Comunicação de Crise ð vão ter profissionais gabaritas para agir
durante a crise.
2. Divulguem as más notícias imediatamente ð quanto mais
demorar elas podem parecer piores. Não divulguem lista com nomes
de vítimas antes de avisar as famílias.
3. Não reprima a crise ð a ação rápida minimiza os impactos.
67
4. Em crise não há segunda chance ð tudo deve ser feito
corretamente logo na primeira vez.
5. Mantenha a calma ð adotar uma postura tranqüila, mesmo estando
sob pressão, ajudará em todos os aspectos da resposta à crise.
6. Cooperação é fundamental ð o trabalho vai se tornar mais fácil se
houver cooperação entre todas as pessoas envolvidas.
7. Sem prática não há vitória ð o gerenciamento eficaz de uma crise
exige trabalho, energia, atitude positiva e prática contínua, como
simulação, treine e exercícios de toda a equipe.
8. Peça desculpas pelos erros ð a capacidade de admitir um erro e
pedir desculpas ajuda a manter o espírito de cooperação. Mesmo
estando certo é melhor aceitar a responsabilidade e seguir em frente.
9. A Comunicação é um processo contínuo ð a sociedade
continuará exigindo novas informações enquanto não se convencer
que a situação foi resolvida.
10. Tenha sempre um objetivo em mente ð a meta de qualquer
resposta a uma crise é fazer com que a empresa retome sua
operação plena o mais rápido possível, ao mesmo tempo em que
reduz, ao máximo, o risco de danos à comunidade, aos empregados,
ao meio ambiente e à sua imagem.
4.6. Novas Tecnologias
Vivemos na Era da Informação e do Conhecimento, ou seja,
globalização da informação e acesso massivo ao mesmo tempo em que
acontece o fato em qualquer lugar do mundo.
Todas as crises têm em comum é o fato de que elas não têm local fixo
para acontecer. Por exemplo um desastre ambiental no Brasil é noticiado
68
também em outros países, e em tempo real, via Internet, agências de notícias
ou via TV à cabo. Como diz Mitroff, no passado, as crises se limitavam ao
âmbito da comunidade. Hoje, qualquer acidente interfere nas condições
ambientais, sociais ou econômicas do planeta (apud FORNI, 2002, p.367).
Por isto as empresas devem se preparar com um Plano de
Comunicação de Crise também global, que permita informar todos os públicos
envolvidos em tempo real.
Outro fato comum às crises é que elas repercutem rapidamente na
mídia, por conta do sensacionalismo que podem representar para os veículos
de comunicação e do espetáculo que podem se transformar para a sociedade.
Forni diz que as crises alimentam a pauta diária da mídia (FORNI, 2002, p.367-
368).
As grandes crises de imagem oferecem a oportunidade para os veículos
de informação travarem uma batalha num campo comum (a crise), utilizando
armas semelhantes (a capacidade de investigação, de aprofundamento do
tema), para que, ao final do desafio, o melhor acabe vencendo (ROSA, 2001,
p.25).
Nessa corrida por uma informação nova, ou simplesmente pelo melhor
ângulo do espetáculo, a imprensa acaba cometendo alguns erros, como, por
exemplo, o famoso caso da Escola Base, em 1994, e as denúncias sobre a
compra de bicicletas superfaturadas pelo ministro Alceny Guerra, no governo
Collor.
Da mesma forma que as informações e acontecimentos são difundidos
com rapidez e facilidade, podemos converter esta velocidade à favor da
empresa para informar ao público sobre ações de contenção e solução dos
problemas.
69
Por isto as empresas nunca devem se calar ou omitir. Devem aproveitar,
à seu favor, o fato da comunicação globalizada chegar rápido a diversos
públicos para ter uma reação imediata a crise e defender seu ponto de vista.
5. Planejamento de Crise
As decisões no momento de crise precisam ser tomadas de maneira
pensada, mesmo que seja difícil manter a calma. As pessoas que atuam junto
a crise precisam manter a calma e não estar envolvidas emocionalmente com
o ocorrido. Acima de tudo os interesses da empresa em resguardar seu
negócio e imagem devem ser ponderados junto às necessidades emocionais
dos afetados pelos eventos.
É possível se preparar para enfrentar uma crise a fim de superá-la com
grandes possibilidades de sucesso. O importante é sempre reduzir o impacto e
a probabilidade a níveis aceitáveis de crise. Mas se crise não puder ser evitada
siga o Plano de Crise, que envolve organizar e tomar todas as decisões que
puder já no início da crise.
5.1. Plano de Crise
Plano de Crise, ou Plano de Contingência, tem como “meta desenvolver
e preparar-se para um conjunto de ações que neutralizem ou contemplem
cada aspecto significativo de uma crise em potencial. Isso deve ser feito pela
equipe de crise, com o aconselhamento e a participação de outros gerentes e
funcionários”. Diz Richard Luecke, em seu livro “Gerenciando a Crise” – editora
Harvard Business Essentials.
5.2. Plano de Comunicação de Crise
Depois da a crise, o Plano de Crise deve ser instalado. Paralelamente o
Plano de Comunicação de Crise deve ser acionado imediatamente, pois será
70
através dele que todas as informações serão transmitidas e atualizadas aos
diversos públicos da empresa. Desde o interno, acionistas, imprensa,
comunidade em geral, etc.
Erasmo Granado, gestor de Crise da Petrobras, diz que um dos
primeiros passos do Sistema de Comunicação de Crise é identificar público de
interesse daquela situação a ser comunicada. Pois vivemos numa sociedade
cada vez mais sem privacidade e com rapidez das informações. Preservar a
imagem da companhia é o maior valor.
Segundo Erasmo, a Petrobras acredita estar cumprindo sua
responsabilidade pública quando assume o compromisso de manter a opinião
pública informada sobre qualquer acontecimento que comprometa a segurança
e saúde da comunidade ou que cause danos ao meio ambiente; fornecer
informações claras e precisas aos segmentos impactados pela crise
(stackeholders: comunidade, funcionários, acionistas, poder público, etc.); e
ainda, comunicar-se de forma ágil, objetiva e transparente buscando atender
as demandas de informações dos públicos relacionados.
Assim como em muitas empresas os públicos de relacionamentos da
Petrobras, são:
• Público interno;
• Investidores;
• Comunidades;
• Clientes;
• Consumidores;
• Poderes Públicos;
• Imprensa;
• Comunidade Científica e Acadêmica;
• Organizações da Sociedade Civil;
• Parceiros;
71
• Fornecedores;
• Revendedores.
É função da Comunicação de Crise defender a imagem da empresa nas
crises e controlar o fluxo da informação. É primordial que a companhia seja
fonte oficial da informação. Quando parte da organização a frente em
comunicar–se com seus públicos de relacionamentos ganha maia credibilidade
e controla as informações divulgadas.
Neste momento o Relator de Crise já está em ação fornecendo o maior
número possível de dados para alimentar a Comissão de Crise, que entra em
contato com os gerentes das áreas envolvidas para preparar a comunicação
para cada público de interesse. Por exemplo, a Área de Comunicação Interna
vai, junto com a Comissão, elaborar um comunicado para o público interno. A
Área de Relacionamento com Investidores vai preparar o comunicado para os
acionistas. A Assessoria de Imprensa é responsável em transmitir informações
para os veículos de comunicação, e assim sucessivamente as áreas vão
dando suporte a Comissão de Crise.
O importante é que a Comunicação de Crise seja ágil e precisa e
transmita informações eficazes e com credibilidade. A primeiras horas são
fundamentais para estabelecer o nível de repercussão da crise, ou para que
ela seja evitada. Mas se não for possível é importante tomar à frente e
comunicar as primeiras impressões da crise. Geralmente neste primeiro
momento não se tem muitas informações precisas, as mais objetivas devem
ser ditas, como o que aconteceu e se houve vítima, mas só informar os nomes
após o aviso aos familiares. Dar suporte a todas as vítimas e familiares.
Nunca assuma a culpa, mas assuma a responsabilidade e se a culpa for
sua pague - dê a melhor ajuda possível. Evite dizer a todo momento o nome da
empresa. Diga: empresa, organização, companhia, corporação, etc. Que diz
72
que as pessoas não têm memória não sabe o que fala. Podem não lembrar o
que a empresa fez para contornar a crise, mas sem dúvida vão lembrar a crise.
Use palavras neutras, como incidente, ocorrido. Não mentir. Dizer que
ainda serão apuradas as causas e que a empresa está tomando todas as
providências cabíveis para resolver o acontecimento. Fale das medidas e
procedimentos seguidos pela organização. Destaque os esforços que estão
sendo tomados para investigar os acontecimentos. E assim que for tendo mais
informações elas serão divulgadas. E devem ser divulgadas mesmo. Quando
for para imprensa respeitar os horários de fechamento das redações.
Mostre que a empresa é séria e comprometida com a qualidade e
segurança dos seus produtos e serviços e preocupada com as saúde e bem
estar de todos.
Todas as informações transmitidas devem ser confirmadas antes para
passar credibilidade aos públicos de relacionamento.
A maior preocupação da Comunicação de Crise deve ser com a
transmissão rápida e precisa da informação, principalmente para o público
interno.
Alguns canais de comunicação interna devem ser usados para informar
os funcionários, como Intranet, Boletins Internos, e-mails, mural, TV
Corporativa, Rádio Internet, quadro de avisos, e até reuniões e comunicados
das gerencias imediatas a seus subordinados.
O púbico interno deve ser sempre informado a todo momento, desde o
ocorrido, a cada informação nova, até o fim da crise. Ele deve ser orientado,
também, sobre as mensagens que podem ou não saírem da empresa.
73
Segundo Richard Luecke, autor do livro “Gerenciando a Crise”, todo
Plano de Comunicação de Crise deve ser capaz de falar com seus
stakeholders (públicos de interesse), ser simples como uma lista de contatos
de emergência, ou assumir uma forma mais complexa de uma árvore de
comunicação que designe o fluxo de mensagens.
E ainda acrescenta que uma comunicação interna eficaz eleva o moral
dos funcionários e amortece boatos que espalham em cada crise grave. Assim
como a comunicação externa eficaz põe um freio nos rumores e na
especulação, e eleva o público, a saber, que a empresa está ciente do
problema, vê o ocorrido com seriedade e está trabalhando para encontrar uma
solução.
5.3. Etapas da Comunicação de Crise
Já falamos que as empresas devem ser preparar para as crise, uma
maneira eficaz de tentar evita-las e/ ou atenuar a repercussão é ter em seu
Planejamento de Comunicação de Crise etapas definidas com ações de
relacionamento com os públicos, como:
• Pré-crise ð Identificar os públicos de relacionamento para eleger
quem pode ser aliando durante uma crise. Tenha um relacionamento
permanente com os diversos públicos da empresa para ganhar
reputação. Identifique e informe possíveis problemas e tome
medidas a fim de evitar uma crise. Realizar trabalhos pró-ativos com
os públicos para preservar a imagem da empresa durante a crise.
• Durante a crise ð Seja fonte oficial de informações e mantenha um
canal aberto de comunicação com os públicos de relacionamento.
• Pós-crise ð Pesquisa de opinião com os públicos impactados.
Auditoria de Mídia. Coletiva de imprensa um mês depois, um ano.
Prestação de contas para a comunidade. Seminários. Processo
74
contínuo: oportunidade de reconstruir relacionamentos; revisão,
avaliação, documentação; relatório final da crise; Início de um novo
planejamento, avaliar o que deu certo na Comunicação de Crise, o
que pode ser melhorado, mudado, acrescentado ou mantido.
6. Revertendo a Crise em Oportunidade – Caso Tylenol
Para se atenuar o momento negativo vivido pela crise, depois de
passado os acontecimentos, reverter a crise em oportunidade ajuda a
recuperar a imagem e credibilidade da empresa.
Um exemplo clássico que podemos mencionar foi a crise de 1986 vivida
pela Johnson & Johnson, nos Estados Unidos, com as cápsulas envenenadas
por cianureto nos frascos do Tylenol. Morreram sete pessoas. A empresa
tomou uma decisão imediata de recolher o medicamento de todas as lojas,
entrou em contato com as famílias das vítimas para oferecer apoio e adotou
novas medidas de segurança para as suas embalagens.
Coma imagem recuperada mostrando preocupação com a segurança de
seus produtos, interesses pelas pessoas e solidez em sua gestão hoje o
Tylenol continua sendo um analgésico líder de mercado.
6.1. Passo-a-passo da Johnson & Johnson
• Foi à imprensa e divulgou que o medicamento foi adulterado.
• Solicitou à população que o uso do Tylenol em versão cápsulas fosse suspenso.
• Recolheu todo o estoque do medicamento dos hospitais, farmácias e demais pontos de venda.
• Deu subsídio aos hospitais caso algum caso de envenenamento fosse
registrado.
75
• Ofereceu aos consumidores a opção de trocar o medicamento em
cápsulas que tivessem em casa pela versão em tabletes, que não podia
sofrer sabotagem.
• Ofereceu prêmio em dinheiro a quem pudesse dar informações sobre o
adulterador
Como resultado as explicações dadas pela empresa sobre o ocorrido
foram bem aceitas pela imprensa. "Comprovando a confiança que a Johnson &
Johnson merecia, o setor de Relações Públicas da empresa catalogou mais de
125 mil recortes de jornais, com notícias sobre o caso Tylenol, todos eles
favoráveis".(MORAES,s.d.). Moraes lembra ainda que, na época do ocorrido, o
Tylenol em versão cápsulas abastecia 35% do mercado norte-americano de
analgésicos vendidos em balcão. As vendas representavam US$ 450 milhões
por ano e 15% dos lucros da Johnson & Johnson. Foram recolhidos 31 milhões
de unidades, um prejuízo de US$ 50 milhões. (Anexo 3)
76
CAPÍTULO IV
COMUNICAÇÃO INTERNA
COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO DE CRISE
Vimos a importância da Comunicação Interna para os negócios da
empresa transformando funcionários em diferencial competitivo e a importância
de uma Comunicação de Crise planejada e eficaz durante um acontecimento
que afete a imagem da corporação. Agora vamos ver como tornar o público
interno um dos maiores aliados durante uma crise que atinge diretamente o
maior valor da organização: a imagem. E como a força de trabalho pode ser a
ferramenta imprescindível para tornar isto possível.
Para o gestor do Sistema de Comunicação de Crise da Petrobras,
Erasmo Granado, o público interno merece atenção especial, mesmo antes de
uma crise, ele é o disseminador dos valores da empresa. Segundo ele o
funcionário é um parceiro que veste a camisa da companhia. Ele exige ser
reconhecido porque é dedicado e gosta de estar envolvido com as questões da
empresa. A força de trabalho precisa estar bem informada e convencida de
que durante uma crise está sendo realizada ações corretas e transparentes.
Tem que se dá satisfação e explicar o que esta sendo feito para corrigir
e evitar que o erro não aconteça de novo. Porque ao mesmo tempo em que o
público interno é comprometido com a empresa, ele pode se virar contra e se
tornar um disseminador negativo da imagem da companhia.
É preciso ter uma boa relação com os funcionários mesmo antes da
crise, para na hora do problema ele ser aliado da organização. O assunto pode
até esfriar na mídia, geralmente quando outro evento vira manchete, ou
mesmo quando a crise esfria, mas convier diariamente com o público interno
77
sem ter dado satisfação do que foi feito para reparar e evitar o problema com
transparência e ética, pode passar uma atitude de negligencia. A empresa tem
que prestar contas com os funcionários, diz o gestor.
Erasmo é responsável também pelo treinamento do Sistema de
Comunicação de Crise para os gerentes das demais áreas da Petrobras. Ele
costuma fazer quatro perguntas em seus treinamentos:
1. Quais as características do seu público alvo? Porque
segundo ele quando a crise se instala e o Sistema de
Comunicação de Crise é acionado é preciso avaliar primeiro
quais os públicos que serão focos daquele evento para preparar
uma comunicação direcionada com o mesmo conteúdo para
todos.
2. Como o público pode ajudar a companhia naquela crise?
Que tipo de ações serão realizadas para envolver os
funcionários e torná-los aliados.
3. Como o público interno pode atrapalhar a empresa durante
uma crise? Não existe nada pior que mais um grupo de
pessoas contra a organização prejudicando a imagem no
momento que ela mais precisa de apoio.
4. O que eu tenho que fazer para o público interno ser aliado
da empresa? Ações que a corporação vai realizar para atingir
este objetivo.
Não se pode deixar o público interno perder o compromisso que ele tem
com a empresa. Quando se tem uma atitude correta, ética e transparente as
pessoas te ouvem mais e aceitam mais facilmente o que a empresa diz,
completa Erasmo.
78
A organização tem mais sucesso se conseguir alcançar o maior
envolvimento dos funcionários, eles passam a entender a função da
comunicação e vê-la como aliada.
1. Ferramentas da Comunicação Interna que contribuem para a
Comunicação de Crise
Em entrevista exclusiva para este trabalho acadêmico a autora Analisa
de Medeiros Brum, considerada expert em Endomarketing e Comunicação
Interna, diz que podem ser usadas todas as ferramentas da Comunicação
neste momento, dependendo do caso. E não descarta canais específicos para
o momento da crise, pois segundo ela ‘cada caso é um caso’. (Anexo 4)
“Em Endomarketing, não existem regras. Também não existem o certo e
o errado. Tudo depende da empresa, das características do público interno, do
momento pelo qual a empresa está passando e do tipo de gestão que a
empresa possui.”
Segundo Analisa Brum, além do mais os funcionários gostam de estar
inteirados sobre os acontecimentos da empresa e precisam, pois quando a
empresa não informa algum outro canal de comunicação se tornará fonte
oficial do público interno. Que pode ser o sindicato, “rádio corredor”, “rádio
elevador”, imprensa, e outros que vão divulgar noticias que nem sempre são as
verdadeiras ou as que deveriam ser públicas.
A grande contribuição do público interno vem com a participação, o
engajamento em programas, projetos, processos, trabalhando mais durante o
momento da crise, ajudando efetivamente com o trabalho, com o apoio moral e
a força no momento do problema. Ele dissemina a informação que deve ser
transmitida, tranqüiliza a família, divulga aos amigos e vizinhos sobre as ações
da empresa para corrigir e resolver a crise, sobre o apoio que está sendo dado
79
as vítimas e familiares, quando for o caso, e finalmente as ações para evitar
novos eventos deste tipo.
1.1. Instrumentos específicos para cada comunicação
São muitas as ferramentas de comunicação disponíveis para serem
usadas neste momento. O ideal é que sejam rápidas, transparentes e
objetivas, e sempre atualizadas. Se não tiver dados atuais, comunique isto.
Como no caso do acidente da TAM com o avião Fokker-100, em outubro
de 1996 no aeroporto de Congonhas em São Paulo, que teve uma pane
elétrica segundos depois de decolar. A aeronave caiu a dois quilômetros de
distância da cabeceira da pista, atingindo 20 casas. O acidente resultou na
morte de 99 pessoas, sendo 90 passageiros, sete tripulantes e duas pessoas
que estavam em terra. Para conter os boatos a empresa divulgou boletins
oficiais a cada 12 horas, mesmo que tivesse que repetir cem por cento do
conteúdo anterior.
Ou na pior das hipóteses um exemplo negativo de má comunicação foi o
caso do derramamento de óleo da Exxon-Valdez, no Alasca, em março de
1989, que quando o navio, para desviar de iceberg, bateu num recife. A Exxon,
foi lenta em se comunicar com os seus stackeholders, pois ela supôs que
poderia conter sozinha o ocorrido e que ninguém iria descobrir. O pior
aconteceu logo depois quando houve uma tempestade e causou um desastre
ambiental, que espalhou o óleo pela água, matando animais e poluindo as
praias. A empresa preferiu adotar a estratégia defensiva e culpou outras
empresas depois de uma mal sucedida ação de Comunicação de Crise.
Dependo da organização, gestão ou ramo de atuação, ou ainda do tipo
da crise existem ferramentas mais adequadas a cada caso. Organizações com
tecnologia de ponta podem contar com instrumentos eletrônicos, como boletins
80
via e-mail, comunicados via Intranet, Internet, Web rádio, Web TV, ou rádio
ambiente.
Já as empresas no segmento industrial, ou outras do gênro, onde a
maioria dos funcionários não tem acesso a computadores, os impressos são
mais acessíveis, e os elementos visuais contribuem mais, já que o aprendizado
acontece 75% pelo campo da visão. Bons exemplos são boletins, cartilhas,
cartazes, jornal mural, ou mesmo um canal, tipo um informe, criado
exclusivamente para este momento que seja rápido e eficiente.
Depois de passado o problema revistas e jornais internos podem
informar relatórios sobre a crise. Tudo o que aconteceu, o que a empresa fez
para sair da crise, o papel dos funcionários durante ocorrido, ações para
futuras prevenções, evitando novos acontecimentos, o apoio às vítimas, etc.
Segundo Analisa Brum, a informação bem trabalhada sempre ameniza a
crise. Por isto qualquer processo de comunicação interna deve ser focado em
informações transparentes. Quando a empresa trabalha sistematicamente e
integrada a comunicação sobre gestão, recursos humanos, mercado, produto,
ou outros assuntos que interessam aos empregados, está minimizando o risco
da crise.
Não importa muito o meio que a informação vai chegar até o seu
público, o essencial é que o instrumento seja adequado assim como quem vai
transmitir a informação, pois é preciso ter em mente qual é a linguagem correta
ao seu púbico. Já que a área envolvida com a crise é a responsável por coletar
os dados e as informações. É preciso ficar atendo aos termos técnicos,
jargões, palavras difíceis para que haja um bom entendimento de todos.
As pessoas têm resistência ao desconhecido, e assim os funcionários
também resistem ao que não conhecem, portanto se houver informação
transparente a crise não será forte o suficiente para prejudicar o andamento
81
dos trabalhos ou para que os empregados percam o foco no compromisso com
os negócios.
Em entrevista ao site RH.com.br, Reinaldo Passadori, consultor e
especialista em comunicação, diz que uma política de comunicação interna
eficaz pode tornar a comunicação dentro da organização mais transparente,
democrática e humana. Torna mais eficiente o fluxo de informação interna,
evitando ruídos e mal-entendidos. Deixa os colaboradores informados sobre os
acontecimentos importantes e faz com que todos se sintam parte do processo
de crescimento da organização.
Mas lembre-se não importa qual é a crise, o tamanho ou o tipo da
empresa, se isto tudo não tiver planejado no Sistema ou Guia de Comunicação
de Crise. Como podemos ver no caso de sucesso de comunicação o acidente
da Gol, onde um Boeing, que fazia o trecho Manaus/Rio, caiu depois de se
chocar com um jato Legacy no ar, em setembro de 2007.
Passados apenas trinta minutos após o primeiro telefonema para vice-
presidente e executivo responsável pela gestão de eventuais acidentes aéreos,
David Barioni Neto, informando sobre o ocorrido a sala de crise já estava
instalada na sede da empresa. Dezesseis executivos de diversas áreas
coordenavam o trabalho de quase 350 funcionários envolvidos no
gerenciamento da crise. No verso do crachá de todos eles havia uma lista com
as primeiras medidas a serem tomadas em caso de acidente, cada funcionário
recebe diretrizes específicas.
O caso foi considerado de sucesso porque durante os dias que a sala
de crise funcionou, a Gol recebeu dois novos aviões e fechou o orçamento de
2007. O esforço para controlar a crise e manter a companhia funcionando foi
percebido pelo mercado. O valor dos papéis da empresa praticamente não foi
afetado nos dias subseqüentes ao acidente (para efeito de comparação,
82
depois da queda do Fokker 100 da TAM, em 1996, que resultou na morte de
99 pessoas, o valor das ações da companhia foi quase reduzido à metade).
Segundo uma pesquisa da consultoria inglesa Oxford Metrics, o fator
predominante para a recuperação da imagem de uma empresa envolvida com
acidentes fatais é a habilidade da administração de demonstrar uma forte
liderança e se comunicar com honestidade e transparência com os seus
stackeholders. Aparentemente, as decisões tomadas por Barioni conseguiram
atingir esse objetivo.
83
CONCLUSÃO
Podemos perceber com esse estudo a importância do planejamento
para negócios, nas ações de comunicação das organizações, no planejamento
estratégico, no sistema de crise, e principalmente nas áreas integradas da
empresa com objetivo de manter um relacionamento estreito com os seus
públicos de interesse e foco nos negócios.
Planejamento não evita acidentes, nem transtornos, muito menos
problemas, mas tentar prevê-los para preveni-los é ainda a melhor solução.
Manter um canal de comunicação aberto e estreito com público
interno, que seja acima de tudo transparente e ético, evidencia a importância
que o funcionário tem na relação entre comprometimento com o trabalho e
sucesso da organização.
É preciso tornar o empregado o principal aliado da empresa,
principalmente no momento de crise. Ele é mais que um elemento no
processo, é um elo, um parceiro onde suas ações afetam diretamente a
imagem da companhia.
Mas este estudo, mesmo baseado em muita pesquisa, norteado por
diversos grandes autores e estudiosos, ainda não está finalizado. Ele é fruto de
uma imersão em organizações que, em momento de crise, tiveram a sorte de
ter um planejamento eficiente e uma gestão eficaz, que deu suporte para
superar o evento. E ainda, em outras que tiveram grandes problemas de
comunicação na hora que este instrumento seria uma grande ferramenta.
Ainda existem muitos outros materiais e empresas que servem de
objeto para pesquisa, pois o aprimoramento nunca se encerra. O tema é
bastante abrangente e é serve de estudo permanente. Fica aqui uma proposta
para continuidade, complementação, discussão, críticas, ou mesmo qualquer
outro tipo de argumentação sobre o assunto.
84
BIBLIOGRAFIA
BRUM, Analisa de Medeiros . Respirando Endomarketing. L&PM Editores.
BRUM, Analisa de Medeiros. Endomarketing de A à Z. Doravante.
CAHEN, Roger. Tudo que seus gurus não lhe contaram sobre Comunicação
Empresarial – A imagem como patrimônio da empresa e feramente de
Marketing. Editora Best Seler – 11ª edição.
CLEMEN, Paulo. Como implantar uma Área de Comunicação Interna. Nós, as
pessoas, fazemos a diferença. Guia prático e reflexões. Mauad X.
DUARTE, Jorge: BARROS, Antônio. Métodos e Técnicas de Pesquisa em
Comunicação. 2ª Edição. Editora Atlas, 2006.
KOTLER, Philip. Administração de Marketing. Edição do novo Milenium.
KOTLER, Philip. Marketing de A a Z – 80 conceitos que todo profissional
precisa saber. 2ª edição – Editora Campus, 2003.
LAROSA, Marco Antonio: AYRES, Fernando Arduini. Como produzir uma
monografia. 6ª edição. Editora Wak.
LUECKE, Richard. Gerenciando a Crise – Col. Harvard Busness Essentials.
Editora Record.
LUPETTI, Marcélia. Planejamento de Comunicação. Editora Futura.
MATOS, Gustavo Gomes. A Cultura do Diálogo – Uma Estratégia de
Comunicação nas Empresas. Editora Campos.
NEVES, Roberto de Castro. Comunicação integrada Como Gerencair: imagem,
questões públicas. Comunicação Simbólica, Crise Empresarial. 2ª Edição –
Editora Mauad.
85
NEVES, Roberto de Castro. Crises Empresariais com a Opinião Pública como
evitá-las e adminsitrá-las Casos e Histórias. Editora Mauad.
TAVARES, Maurício. Comunicação Empresarial e Planos de Comunicação.
Editora Atlas.
Guia de Comunicação de Crise – Petrobras
http://www.endomarketing.com/oque_endomarketing.htm
http://www.guiarh.com.br/x29.htm ([email protected]).
http://www.jforni.jor.br/forni/
http://www.portal-
rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0225.htm
(artigo acadêmico “Comunicação em Momentos de Crise”, Octavio Isaac Rojas
Orduña,)
86
ANEXOS
Índice de anexos
Para consultar na íntegra os casos citados na monografia:
Anexo 1 ð Campanha de compromisso da TAM envolvendo funcionário –
matéria da revista especializa Meio & mensagem.
Anexo 2 ð Caso Petrobras – acidente com a plataforma P-36 – por Neily
Caixeta.
Anexo 3 ð Caso Johnson & Johnson – envenenamento do Tylenol.
Anexo 4 ð Entrevista exclusiva por e-mail com Analisa de Medeiros Brum em
31/03/2008.
88
ANEXO 2
INTERNET
http://www.portal-
rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0115.htm
CASO PETROBRAS - O PESADELO DE REICHSTUL
Neily Caixeta Jornalista
Na quinta-feira, 22 de março, numa tarde de céu limpo e muita ventania,
homens e mulheres caminhavam no calçadão da Avenida Atlântica, em
Macaé, município do litoral norte do Rio de Janeiro. Revestidas de pedras
portuguesas em tons rosados, a calçada e uma ciclovia anexa fazem parte do
conjunto de obras de embelezamento que, graças aos preços altos do
petróleo, vem ajudando a mudar a cara da principal base de operação da
Petrobras na Bacia de Campos. Em frente ao mar, a rotina seguia
aparentemente inalterada na sede do clube Cidade do Sol, uma modesta
construção de dois andares freqüentada pelos petroleiros de Macaé. Com
roupões coloridos e rostos afogueados, crianças corriam pelos corredores
depois de uma aula de natação. Num salão envidraçado, um grupo de jovens
oriundos da classe média petroleira surgida na cidade tentava dar melhor
definição a seus músculos.
A única coisa que destoava do ambiente ameno de uma típica tarde no
clube era a inusitada movimentação numa sala ao lado. Guardado por homens
de óculos escuros e rádios nas mãos, o presidente da Petrobras, Henri
Philippe Reichstul, trancafiara-se ali com toda a direção da estatal à espera do
culto ecumênico que seria celebrado nas dependências do clube momentos
depois. O banqueiro que deixou seus negócios em São Paulo há dois anos
com a missão de transformar a Petrobras numa companhia de classe mundial
chegara ao ponto mais negro de sua carreira. Há uma semana, mergulhara no
89
inferno depois do trágico acidente que redundou na explosão e no naufrágio da
plataforma P-36 no campo de Roncador, a 120 quilômetros da costa, no litoral
fluminense.
Era o último de uma série de acidentes ocorridos na Petrobras desde que
Reichstul assumiu sua presidência, em maio de 1999. Desta vez, porém, a
gravidade dos acontecimentos era incomparavelmente maior. Foram três
explosões que mataram 11 funcionários da companhia, deixaram no fundo do
mar um equipamento avaliado em meio bilhão de dólares e trincaram ainda
mais a imagem de uma empresa desgastada com a seqüência de acidentes.
Não bastassem todos os problemas que enfrentava, Reichstul viu-se às
voltas, uma semana depois do acidente, com um fato novo que, no primeiro
momento, parecia forte o suficiente para adernar sua carreira na Petrobras.
Pela manhã, numa conversa com seus diretores, tomara conhecimento de
problemas ocorridos no sistema de ventilação de gases da P-36, problemas
esses que, embora registrados em boletins seguidos três dias antes da
explosão, não chegaram ao seu conhecimento nem ao de qualquer outro
membro na cúpula da empresa.
A estratégia até então bem-sucedida da Petrobras de dar completa
divulgação aos fatos relacionados ao acidente havia sofrido uma fissura
importante. O resultado disso foi que uma situação que já era grave acabou
ganhando contornos mais dramáticos. Além de administrar a comoção
provocada na empresa e fora dela pela tragédia, Reichstul teve de lidar com a
suspeita estampada nas primeiras páginas dos jornais do país de que a
Petrobras talvez pudesse ter feito alguma coisa para evitar o desastre.
Foi envolto nesse clima de desconfiança que ele deixou a sala, 20
minutos mais tarde, para participar, pela segunda vez no dia, de um
compromisso delicado – enfrentar as viúvas, filhos, pais e amigos dos
petroleiros mortos. Abatido, com o rosto crispado e mais magro do que o
habitual – perdeu 4 quilos desde o início da crise –, a figura esguia de
Reichstul, 51 anos, trajando terno e gravata pretos, sobressaía na primeira
90
fileira do auditório onde se improvisou o culto em homenagem às vítimas. Ao
lado da mulher, Maria Augusta, e de toda a diretoria da empresa, ouviu frases
duras. "O progresso de uma nação não pode ser feito à custa do sangue de
seus trabalhadores", afirmou um dos celebrantes do ato. Por decisão de
Reichstul, a Petrobras bancará os estudos dos filhos das vítimas até a
universidade.
Pela manhã, Reichstul passara pela mesma provação no Forte General
Hermes, do Exército, em Macaé, onde participou de outra homenagem às
vítimas organizada pelo Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense.
Enquanto um coral entoava um trecho da Nona Sinfonia de Beethoven, um
funcionário da Petrobras atirava pétalas de rosas brancas no mar. Foi um
momento particularmente difícil para Reichstul e Maria Augusta, filha do
senador Severo Gomes, uma das vítimas, junto com a mulher, Henriqueta, do
acidente de helicóptero que matou o deputado Ulysses Guimarães nas
proximidades de Angra dos Reis em outubro de 1992.
Os corpos do casal só foram resgatados do mar dias depois da queda do
aparelho. "Todas as civilizações adotam um ritual de despedida como forma de
amenizar a perda de seus entes queridos", disse Reichstul numa conversa
com diretores da empresa dias antes. "Ser privado disso é uma das maiores
dores que se pode impor a alguém." Ele próprio teve sua cota de drama
pessoal. Ex-militante de esquerda nos anos 70, conheceu os porões do DOI-
Codi de São Paulo. Sua irmã Pauline, combatente do grupo Vanguarda
Popular Revolucionária, foi morta pela repressão militar. Em nenhum
momento, porém, ele se referiu em público a suas tragédias pessoais. "Só
mesmo as famílias das vítimas podem avaliar a própria dor", afirma.
Encerrados os rituais de passagem, era hora de tratar de sua
sobrevivência no cargo. No acanhado saguão do aeroporto de Macaé,
Reichstul aguardava o momento de pegar o jatinho de volta ao Rio de Janeiro.
No edifício-sede da empresa, o clima era de consternação. Faixas de luto
foram colocadas na passarela que une o prédio de vidros fumê da Petrobras
91
ao do BNDES, no lado oposto da Avenida República do Chile, no centro do
Rio.
No auge da crise provocada pelo acidente em alto-mar, o clima ali era o
de uma empresa à beira de um ataque de nervos. Diálogos acalorados, choro,
frustração, tentativas de atribuição de culpas e sobressaltos diante de um
simples toque de celular passaram a ser rotina no ambiente de trabalho. Afora
a dor pela morte dos 11 funcionários da empresa, chorava-se ali também pelo
fiasco da P-36.
Não se tratava de uma plataforma qualquer. Era a maior do mundo, um
equipamento que custou meio bilhão de dólares aos cofres da Petrobras e que
desde a sua entrada em operação, há pouco mais de um ano, se transformara
em símbolo da supremacia brasileira na exploração de petróleo em águas
profundas. Luís Carlos Cabral, assessor da presidência encarregado de
comunicar à imprensa o naufrágio da plataforma, foi um dos que não
conseguiram segurar o choro. "Houve um esforço desesperado para salvá-la",
diz Cabral. "Quando a plataforma foi a pique, com toda a tecnologia ali
embutida, parecia que afundava também uma parte dos nossos sonhos."
Reichstul foi acordado de madrugada com a notícia da explosão na P-36.
Sua primeira providência foi correr para Macaé, onde se localiza a base das
operações da Petrobras na Bacia de Campos. Em seguida, montou uma
operação de guerra inédita nas empresas brasileiras para gerenciar a crise e
manter informada a opinião pública. "Aprendi que a transparência num
momento como esse é fundamental", disse Reichstul a EXAME, após passar o
fim de semana numa fazenda no interior de São Paulo, o primeiro momento de
descanso depois de nove dias de trabalho ininterrupto.
Acionado de madrugada, o representante da Petrobras em Brasília, João
Leal Neto, convocou seus 26 assessores para avisar deputados, senadores e
membros do Tribunal de Contas da União a respeito da tragédia. Os contatos
com a imprensa mobilizaram outra força-tarefa. Além dos 14 jornalistas
alocados permanentemente na assessoria de imprensa, integraram-se ao
92
esforço outros sete profissionais que atuam como assessores diretos da
presidência da Petrobras.
Para ajudar na divulgação dos eventos na imprensa de língua espanhola,
a Petrobras contratou em Buenos Aires o jornalista Ricardo Sarmiento,
fundador do jornal argentino Ámbito Financiero. O canadense George Hawry
Lyshin, editor da revista especializada Brazil Energy, foi convocado para dar
apoio aos jornalistas de língua inglesa. Paralelamente a tudo isso, emitiram-se
comunicados aos acionistas, ao mercado financeiro e ao público interno da
Petrobras.
Especula-se que a permanência de Reichstul no comando da Petrobras
vai depender da maneira como conduzirá a delicada questão de que a
empresa, afinal, sabia mais sobre o acidente do que divulgara a princípio. Uma
comissão criada pela empresa para investigar o caso deve apresentar suas
conclusões até o dia 20 de abril. Aparentemente, os defeitos registrados no
equipamento contido na coluna onde ocorreram as explosões não têm
nenhuma relação com o acidente.
De qualquer forma, o objetivo é investigar exaustivamente o caso,
inclusive para determinar se os registros dos defeitos detectados deveriam ou
não ter sido repassados à alta direção da empresa. Num contraponto às
declarações inflamadas do novo ministro das Minas e Energia, senador José
Jorge, que pedia punição para os culpados, Reichstul adotou uma atitude mais
contida. Em vez de afastar, preferiu manter no posto os funcionários
envolvidos no episódio enquanto aguarda os resultados das investigações.
"Estava todo mundo querendo sangue, mas estou fazendo o que tem de ser
feito", diz Reichstul.
No Palácio do Planalto, ele é visto como um profissional competente que
desfruta da confiança do presidente Fernando Henrique. No entanto, o que vai
lhe garantir a continuação no cargo é a capacidade de dar explicações
convincentes a respeito do acidente. Por enquanto, é tido no mercado como
um executivo que ganhou uma sobrevida. "É como um goleiro muito bom que
93
levou um frango aos 44 minutos do segundo tempo", diz o advogado e
consultor Jean-Paul Prates, diretor da Prates e Carneiro, uma das primeiras
bancas especializadas na área de petróleo no país. "Como não existe neste
momento nenhum cacique político forte o suficiente para pedir sua cabeça, ele
ganhou mais um tempo no cargo. Agora, é ver se é capaz de recuperar sua
imagem."
Poucas vezes se registrou na história das empresas brasileiras um caso
em que o principal executivo permaneceu tão exposto aos humores da opinião
pública. A provação das últimas semanas foi o ápice de um processo de
desgaste iniciado com o megavazamento de óleo na Baía de Guanabara em
janeiro de 2000. Num espaço de seis meses, outros dois desastres ecológicos
envolvendo a empresa ocorreram no Paraná. Somados os três acidentes,
foram despejados no mar e em rios 6,45 milhões de litros de óleo. Aos
desastres ecológicos soma-se o fiasco político em que Reichstul se envolveu
com a malograda tentativa de trocar o nome da empresa de Petrobras para
Petrobrax. Tanto barulho foi justificado com o argumento de que a segunda
marca seria mais sonora aos ouvidos da clientela internacional.
Reichstul encarna hoje um paradoxo. Chamado de desastrado, relapso e
até de pé frio por alguns, é visto em outras esferas como um executivo
talentoso e empreendedor. Um sujeito que tem conseguido desempenhar com
vigor a missão de afiar as garras da Petrobras para enfrentar a competição que
começa a despontar no país com a entrada de novos concorrentes para
explorar e produzir petróleo e gás. Desde que foi alçado à presidência da
empresa, ele acumulou uma lista de feitos notáveis. A começar pelo fato de ter
conseguido exorcizar a aversão ao lucro tão habitual entre as estatais
brasileiras.
No ano passado, a Petrobras obteve o melhor desempenho de toda a
história corporativa do país – um lucro líquido de quase 5 bilhões de dólares.
Esse resultado irá redundar numa distribuição recorde de dividendos.
Acostumada no passado a ignorar a União, a Petrobras deverá repassar este
ano a seu sócio controlador dividendos superiores a meio bilhão de reais. Na
94
gestão de Reichstul, o valor de mercado da empresa mais do que triplicou.
Passou de 9 bilhões de dólares em janeiro de 1999 para 30 bilhões em janeiro
deste ano. É verdade que a tragédia da P-36 fez desabar o valor dos papéis da
empresa. Só no último dia 15, quando o acidente estava nos principais
noticiários de televisão do mundo, as ADRs comercializadas na Bolsa de Nova
York sofreram uma queda de 6,9% (o primeiro lote dos papéis foi lançado em
Nova York, com a presença de Pelé, em agosto do ano passado). No
acumulado do mês, a baixa foi de 14,41%. No Brasil, o humor do pregão foi
idêntico.
Há outros fatos expressivos na coluna de realizações. Reichstul é
responsável pela profunda metamorfose administrativa que está virando a
empresa de cabeça para baixo. Na segunda etapa do planejamento
estratégico introduzido por ele, a Petrobras foi dividida em 40 unidades de
negócios, que funcionam como células autônomas, com metas e resultados
próprios. O objetivo é descentralizar e agilizar a tomada de decisões, livrando a
estatal daquele ranço de quartel que prevalecia mesmo depois da retirada do
último general que ocupou os imensos salões no 24º andar que serviam à
presidência da companhia. Para se converter até 2010 numa empresa de
energia de classe mundial, o trabalho à frente é monumental. A meta é investir
32,9 bilhões de dólares nos próximos cinco anos. Até lá, o faturamento bruto
da Petrobras deve chegar a 35 bilhões de dólares, 4 bilhões dos quais
derivados de suas atividades no exterior.
Por que motivo a Petrobras, que pretende ser a maior empresa de
energia do Hemisfério Sul, conseguiu bom trânsito no mercado de capitais
internacional e possui parcerias com 30 companhias petrolíferas
internacionais, passa agora pelo vexame de colecionar acidentes um atrás do
outro? De 1999 até hoje, 59 pessoas morreram em acidentes de trabalho na
companhia, uma média de um óbito a cada 11 dias – número exagerado
quaisquer que sejam os parâmetros.
Há muitas explicações para tantas tragédias. Uma seria a falta de
pessoal qualificado numa empresa que passou dez anos sem realizar
95
concursos para renovar seus quadros. "Não se vêem jovens nos corredores da
Petrobras", disse Reichstul durante uma audiência convocada pela Comissão
de Infra-Estrutura do Senado, na última terça-feira, 27. Desde o ano passado,
foram contratadas 640 pessoas aprovadas em concursos públicos que
promoveu em todo o Brasil. Nesse departamento, não faltam petardos contra a
terceirização implantada na estatal – apenas 20% dos 30.000 trabalhadores da
Bacia de Campos são funcionários da Petrobras.
A idéia é que os terceirizados não receberiam o mesmo nível de
treinamento do pessoal da companhia. "A terceirização é uma tendência
mundial no setor", diz Reichstul. Outra razão seriam décadas seguidas de
descaso com as áreas de segurança industrial e de meio ambiente. Empresa
fechada, com uma cultura militar herdada de um período em que não se
prestavam contas à sociedade, a Petrobras foi aprendendo aos poucos que
era necessário ser sensível à opinião pública. "Parte desse descaso com as
questões ambientais acabou estourando nas minhas mãos", disse Reichstul.
Seu antecessor no cargo, Joel Mendes Rennó, rejeita a tese de que os
acidentes ocorram hoje porque as instalações da companhia estariam
sucateadas. "Não adianta olhar para trás para justificar os problemas", diz
Rennó. "Quando assumi a empresa, vários dutos e equipamentos eram
antigos, mas nem por isso ocorreram acidentes graves."
Um terceiro motivo que explicaria os acidentes: o afã de crescer
rapidamente para cumprir as metas de alcançar a auto-suficiência na produção
de petróleo em 2005. Antes de entrar em operação, as plataformas
submarinas e as equipes que vão operá-las passam por um período de testes
que varia de seis a nove meses. Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, os
testes na P-36, duraram apenas quatro meses. Nem mesmo as mudanças
gerenciais introduzidas por Reichstul na Petrobras deixaram de receber uma
parcela de culpa. Segundo seus críticos, com a redução de níveis hierárquicos
e a criação de unidades de negócios voltadas para uma gestão de resultados,
haveria uma pressão exagerada por um aumento da produtividade na
empresa. Para muitos deles, pode ter sido isso, justamente, o que aconteceu
96
com os encarregados da P-36, que, mesmo tendo detectado problemas no
equipamento, julgaram melhor não interromper a produção para corrigir a
avaria.
De qualquer forma, lamenta-se na Petrobras que a tragédia da P-36
tenha ocorrido num momento em que nunca foi tão sério como agora o esforço
para prevenir acidentes. "A sensação é de chegar à final de um campeonato e
acabar perdendo nos pênaltis", diz um consultor familiarizado com a questão.
A partir do susto provocado pelo derrame de óleo na Baía de Guanabara, a
Petrobras decidiu criar um projeto ambicioso de prevenção de acidentes.
Do ano passado para cá, um total de 1,2 bilhão de reais está investido
em ações e programas de treinamento voltados para a questão ambiental.
Batizado de Pegaso (Programa de Excelência em Gestão Ambiental e
Segurança Operacional), é um dos maiores projetos lançados no mundo com o
foco na redução de acidentes numa indústria de alto risco como a petrolífera.
Cerca de 500 pessoas, entre consultores, auditores, professores universitários
e funcionários de grandes multinacionais do setor, participaram da elaboração
de um relatório de 2 660 páginas com recomendações variadas. "Até agora os
resultados não foram compatíveis com os cuidados que passamos a ter", diz
Irany Varella, superintendente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da
Petrobras. "Mas não tenho dúvidas de que com parcerias e investimentos em
treinamento vamos alcançar os resultados desejados."
Por fim, as resistências ao comando de Reichstul seriam, na visão de
alguns, um dos motivos causadores dos problemas de segurança que a
Petrobras vem enfrentando. Passados dois anos desde que assumiu a
presidência, Reichstul teria falhado em sua tentativa de descontaminar uma
empresa impregnada do corporativismo que a caracteriza desde sua criação
há 48 anos pelo presidente Getúlio Vargas. "O grande desafio de Reichstul não
é da porta para fora da empresa, mas sim da porta para dentro", afirma um
observador do setor petrolífero. "Não creio em sabotagem, mas há claramente
uma leniência por parte dos funcionários em aderir às mudanças de cultura
que ele pretende implantar ali."
97
No entender de quem conhece o ânimo nos corredores da companhia,
essa resistência se concentraria sobretudo nos seus escalões intermediários.
"É ali que o corporativismo está jogando contra", diz Darcio Crespi, sócio da
Heidrick & Struggles, empresa de recrutamento de executivos de São Paulo.
Reichstul, de fato, tem contrariado muitos interesses. Além de tentar quebrar a
influência dos sindicatos na empresa, vem desbaratando esquemas de
grupelhos que ganhavam a rodo nos contratos comerciais da estatal.
A resistência à nova cultura seria decorrente muito mais de uma questão
pecuniária que de convicções ideológicas. O problema é a ausência de uma
política para premiar resultados. Por ser estatal, a Petrobras não tem liberdade
para praticar uma política de meritocracia adequada. "Apesar de estabelecer
metas e cobrar resultados, Reichstul não dispõe da contrapartida oferecida
pelas empresas privadas a seus funcionários – um plano de remuneração
variável", diz um consultor de empresas de São Paulo.
Com a alta cúpula as relações são mais fáceis. À exceção de dois
diretores vindos de fora – um dos quais recrutado no mercado financeiro –,
toda a diretoria foi escolhida diretamente dos quadros da companhia. Apesar
de seu limitado conhecimento da área, Reichstul foi capaz de aprender rápido
e ganhar a confiança da elite gerencial da empresa. Entre suas virtudes mais
destacadas figuram a capacidade de saber ouvir, ser ponderado na hora de
tomar decisões e ter senso de direção. Ganhou ainda a confiança de seus
subordinados ao reduzir os níveis hierárquicos e incentivar maior participação
na tomada de decisões.
No entanto, para o diretor da Associação dos Engenheiros da Petrobras,
José Conrado de Souza, a suposta coesão nos quadros diretivos da Petrobras
é fruto de uma situação irreal. Ele credita as boas relações de Reichstul com
os diretores e superintendentes ao generoso aumento de salário concedido
aos escalões superiores logo depois que assumiu o comando da companhia.
"Quem ganhava 5 000 reais passou a receber quatro vezes mais", diz Souza.
"Mas esse pessoal sabe que, se discordar da alta direção, vai perder as
vantagens."
98
Para Prates, do escritório Prates & Carneiro, a tragédia com a P-36 deve
se prestar a um longo exercício de aprendizado. Por isso é tão fundamental
que as investigações a respeito sejam meticulosas. Pessoas foram imoladas,
dinheiro foi jogado fora e a reputação da maior empresa brasileira ficou
chamuscada no episódio. Não é admissível, portanto, que se desperdice a
chance de compreender o que na verdade aconteceu. O fato de até agora não
terem sido identificados culpados pelo acidente não é algo que preocupe David
Zylberstajn, o presidente da Agência Nacional de Petróleo. "Muitos se
acostumaram a jogar para a platéia com o chute na porta e o prendo e
arrebento", diz Zylberstajn. "Queremos respostas certas, e elas virão no tempo
adequado." Para Reichstul, é mais do que conveniente que isso ocorra rápido.
Caso contrário, sobre sua cabeça ficará pendente a sombra da dúvida.
Publicação original: CAIXETA, Nely. O pesadelo de Reichstul. Exame, São
Paulo, v. 35, n. 7,
p. 40-51, abr. 2001.
99
ANEXO 3
I
NTERNET
http://www.portal-
rp.com.br/bibliotecavirtual/relacoespublicas/administracaodecrises/0089.htm
CASO TYLENOL: UM (BOM) EXEMPLO DE RP
Mário de Moraes Jornalista
No Brasil, atualmente, os empresários mais esclarecidos já estão dando
do devido valor ao setor de Relações Públicas de suas empresa. Eles não
desconhecem que, em situações críticas, quando tudo parece conspirar contra
a imagem de suas companhias, é a turma de RP que é chamada para apagar
o incêndio.
Países mais adiantados nesse setor, como os Estados Unidos, há muito
entenderam esse conceito. E existem inúmeros exemplos que demonstram
como é importante a atuação dos profissionais de RP, quando chamados a
resolver situações aparentemente catastróficas.
Como no famoso "caso Tylenol", considerado um dos melhores exemplos
nesse sentido. Através de uma acertada e rápida política de marketing, com
ênfase em estratégias de RP, foi possível, naquela ocasião, superar uma
situação calamitosa.
O CASO
Tudo teve início no dia 29 de setembro de 1982, agravando-se no dia
seguinte, quando circularam por todos os Estados Unidos alarmante notícias
de que três pessoas (esse número, mais tarde, subiria para sete), que
100
moravam num subúrbio de Chicago, tinha morrido envenenadas com cianeto,
após a ingestão de cápsulas do produto Tylenol Extra-Forte.
Na ocasião, esse medicamento, em forma de cápsulas e comprimidos,
representava 35% do mercado norte-americano de analgésicos para adultos
vendidos em balcão, com vendas anuais de US$ 450 milhões, contribuindo
com mais de 15% dos lucros da empresa fabricante. Isto num mercado cujo
total de vendas alcançava US$ 1,3 bilhões.
Quase imediatamente o produto Tylenol passou, de forma muito
negativa, às principais manchetes dos jornais e dos noticiários de rádio e
televisão.
Apanhada de surpresa, a direção da McNeil Consumer Products
Company, subsidiária da Johnson & Johnson e fabricante do Tylenol, reuniu-se
com os mais altos executivos desta empresa para tomarem as primeiras e
urgentes providências.
As explicações iniciais, dadas à imprensa, foram de que o produto tinha
saído criminosamente adulterado, a Johnson & Johnson, no caso, passando
de culpada a vítima. No dia 2 de outubro, porém, repórteres mais atilados
divulgavam que o cianeto era usado como agente analítico para testar o
Tylenol, nos estágios de matéria-prima e no produto final, o que poderia botar
abaixo aquela informação, principalmente porque a direção da J&J afirmara
que o cianeto não entrava a fabricação do seu analgésico.
Ficava, portanto, uma dúvida junto ao público consumidor: as mortes por
envenenamento teriam sido motivadas pela contaminação de cianeto, quando
da produção do Tylenol?
Chegara, portanto, a hora de uma grande decisão: abrir totalmente as
portas da empresa para os jornalistas que como abelhas num vespeiro,
rondava os gabinetes dos principais executivos da Johnson & Johnson, ou
tentar livrar-se do problema através de imaginosos artifícios? Aqui damos a
palavra a Lawrence G. Foster, na época vice-presidente de RP da J&J: "A
101
primeira decisão de RP, tomada imediatamente e com apoio total da direção
da empresa, foi cooperar inteiramente com os veículos de comunicação. A
imprensa foi autorizada a alertar o público sobre o perigo. Mais tarde verificou-
se que nenhuma reunião havia sido convocada para tomar essa importante
decisão. Os envenenamentos pediam ação imediata para proteger o
consumidor e não houve a menor hesitação da empresa em se manter
transparente e à disposição da imprensa".
Logo após o início da crise alguém sugerira que a Johnson & Johnson
deveria simplesmente tirar o corpo fora e jogar toda a culpa do sucedido em
cima de sua subsidiária, a pouco poderosa McNeil Consumer Procuts
Company, que teria menos a perder. Essa sugestão foi logo afastada pela
direção de J&J, não só por não ser ética, como porque, se o fizessem,
naturalmente levariam à ruína a McNeil. A poderosa Johnson & Johnson, com
uma firme tradição de credibilidade junto ao público, é que devia assumir todos
os ônus do problema.
A VÍTIMA ERA A J&J
Era preciso, logo de cara, explicar à imprensa que os componentes do
cianeto, causador dos envenenamentos, só eram utilizados nos laboratórios da
McNeil para realização de testes, mas não na produção do Tylenol. E
esclarecer que a fabricação do analgésico era feita em edifícios separados dos
laboratórios.
Essa explicação foi dada, sendo muito bem aceita pelos jornalistas que
cobriam o assunto. Isto ficou comprovado, por exemplo, quando Jam Ritter,
repórter do Chicago Sun Times, especialista em consumo de mercadorias, o
primeiro a telefonar para a direção da J&J pedindo explicações (a J&J recebeu
cerca de 2.500 telefonemas da imprensa, durante a crise) escreveu: "Era
óbvio, quase desde o início que a J&J era vítima".
E comprovando a confiança que a Johnson & Johnson merecia, o setor
de Relações Públicas da empresa catalogou mais de 125 mil recortes de
jornais, com notícias sobre o caso Tylenol, todos eles favoráveis.
102
Desde logo a direção da Johnson & Johnson compreendeu que era
necessários colocar especialistas à frente do problema, formando um comitê
de estratégia de RP, com sete membros, comandados pelo presidente da
empresa, James E. Burke. Nesse comitê foi incluído um executivo de RP e um
representante da Burson Marsteller (uma das maiores empresas de RP dos
Estados Unidos), detentora da conta do Tylenol.
Esse grupo, durante todo o período da crise, reunia-se duas vezes por
dia, quando estudava e procurava resolver todos os problemas que iam
surgindo. E nisso levaram seis semanas, até que tudo foi esclarecido e as
coisas foram voltando ao normal.
A principal preocupação, desde logo, foi quanto à segurança de 100
milhões de americanos consumidores de Tylenol, embora o problema,
aparentemente, estivesse circunscrito ao Estado Illinois, principalmente aos
arredores de Chicago. Era preciso não esquecer, também, que qualquer
atitude a ser tomada, precisava levar em conta os milhões de consumidores
dos demais produtos da Johnson & Johnson (tampões, remédios, produtos
para bebês, artigos de primeiros socorros, contraceptivos) e as futuras
conseqüências junto ao mercado. Igualmente não podiam ser deixados de lado
os seus 38 mil acionistas e 77 mil empregados, que poderiam ser afetados.
Durante o período mais crucial da crise, a cotação das ações da
companhia caiu sete pontos e a participação do Tylenol no mercado de
analgésicos despencou rapidamente 87 por cento.
Alguns especialistas, como Jerry Della Femina, presidente do conselho
da Della Femina, Travisano & Parterns Inc., uma agência de publicidade de
Nova Iorque, chegaram mesmo a declarar que o Tylenol estava acabado.
A primeira sugestão foi a de retirar o Tylenol apenas das áreas mais
afetadas pelas mortes dos consumidores. Mas o comitê resolveu recolher todo
o produto existente no mercado norte-americano, totalizando 31 milhões de
vidros do analgésico, com um prejuízo de US$ 50 milhões. Nesse momento a
participação do Tylenol no mercado estava em torno de sete por cento.
103
A retirada do produto não foi aceita por todos. A polícia de Chicago e o
FBI, que vinham desenvolvendo uma ampla investigação, com a participação
de 150 agentes, checando e examinando o produto nas prateleiras à procura
de provas de sua adulteração, ou com a esperança de agarrar os criminosos
em flagrante, foram contrários àquela medida, uma vez que achavam que,
dessa forma, dificilmente pegariam os culpados.
A Food and Drug Administration – FDA, entidade que controla todos os
medicamentos nos Estados Unidos, também ficou temerosa de que a retirada
do Tylenol pudesse aumentar o pânico.
Para a J&J, porém, a segurança do público estava em primeiro lugar.
INVESTINDO EM PROPAGANDA
No dia 1º de outubro, logo no início da crise, a J&J decidiu retirar toda a
propaganda do Tylenol da televisão, do rádio e da mídia impressa. Mais tarde,
no entanto, raciocinando melhor, o seu comitê de estratégia de RP, com o
apoio da presidência da Johnson & Johnson, resolveu investir fundo na
divulgação da verdade dos fatos e na defesa de seu produto, nisso
empregando cerca de US$ 100 milhões nas mais diversas mídias.
Nessa intensa ofensiva, o presidente da J&J, James E. Burke, não se
furtou, inclusive, a aparecer nos principais programas nacionais de televisão,
como o Phil Donahue Show, e permitiu que as equipes de Mike Wallace e do
famoso 60 Minutes filmassem uma reunião do comitê (alguns diretores da J&J
foram contrários a essa abertura, considerando-a exagerada, mas o presidente
Burke ganhou a parada, com o apoio de experts no assunto, como a turma da
Burson Marsteller).
Enquanto os técnicos da J&J preparavam uma nova e mais segura
embalagem para o Tylenol, capaz de evitar futuras adulterações, o presidente
da J&J aparecia numa teleconferência (cujo custo foi de US$ 400 mil) exibida
pela TV em 30 cidades americanas e vista por milhões de pessoas. Nessa
entrevista, James E. Burke falava na reintrodução das cápsulas e comprimidos
104
de Tylenol no mercado, agora com total segurança, através de uma
embalagem triplamente selada.
Para Lawrence G. Foster, vice-presidente de RP da J&J a transmissão da
teleconferência, realizada no dia 19 de dezembro, "foi mais positiva do que eu
pensava".
Mike Wallace, um jornalista dos mais polêmicos, capaz de embaraçar,
com suas maliciosas perguntas, os mais astutos empresários, cumprimentou o
presidente da J&J, após o seu programa declarando: "Há apenas algumas
semanas, especialistas em negócios estavam teorizando que o Tylenol havia
acabado. Hoje eles vêem os homens que dirigem a J&J usarem os fatos, a
imprensa e muito dinheiro de um jeito que confunde os agoureiros. Em lugar
de se fechar, a J&J se aproximou e tem controlado a situação para que não
haja suspeitas sobre o desastre".
Quanto aos veículos de comunicação, Mr. Foster comentou: "Nunca vi a
imprensa cobrir um caso com tanta compreensão. Acho que houve uma
empatia. A coisa mais importante foi que eles observaram que eles
observaram que aqui temos um negócio responsável".
E mais adiante: "Não se pode separar o lado humano da imprensa do
seu lado de consumidor. Os repórteres não foram pegos só profissionalmente,
mas também como pessoas. E foi assim que eles responderam".
A VOLTA POR CIMA
Assim que a nova embalagem das cápsulas e comprimidos de Tylenol
ficou pronta e os produtos foram novamente colocados no mercado, verificou-
se que os seus consumidores respondiam muito favoravelmente à sua
reintrodução. Isto, segundo a direção de RP da J&J, devido a três fatores
primordiais:
105
• Ficar provado que os envenenamentos tinham atingido um produto
inocente;
• O Tylenol era o produto preferido dos americanos no mercado de
analgésicos;
• A J&J agira com muita responsabilidade durante toda a crise.
Uma pesquisa, realizada pela Young and Rubican, duas semanas após
as mortes iniciais, havia demonstrado que 93% do público americano
acreditavam que aquele tipo de problema podia ocorrer com qualquer produto
em cápsula, e que o fabricante não devia ser acusado por isso.
Além disso, a Johnson & Johnson utilizou a crise como uma nova
oportunidade de marketing, sendo a primeira indústria do ramo, depois da
retirada do produto do mercado, a responder aos anseios populares por
embalagem mais resistentes à adulteração e às novas regulamentações da
Food and Drug Administration.
Em pouco tempo, o novo Tylenol recuperava 65 por cento de suas
vendas anteriores à crise.
Logo após a volta triunfal do analgésico, em nova embalagem, Mr.
Foster, através de um release, agradecia à imprensa: "Tenho a oportunidade
de agradecê-los pela cobertura justa e equilibrada, desde o início, que deram a
este caso".
E a direção de RP da J&J fez questão (talvez para um trabalho futuro) de
anotar todos os nomes e endereços dos jornalistas que contataram a empresa
durante o caso Tylenol, colocando-os num arquivo especial. "Tudo o que foi
feito focaliza o lado bom das relações públicas e da responsabilidade social",
declarou Mr. Foster, acrescentando: "É bom trabalhar numa organização que
reconhece o valor das relações públicas e cuja direção é altamente respeitada
pelo senso de responsabilidade diante da comunidade".
106
Finalmente, James H. Dowling, presidente da Burson-Marsteller, que foi
um dos poucos, de fora da J&J, a ser convidado a participar das reuniões de
estratégia, disse que a grande lição a extrair desse caso "é saber que se pode
superar as más notícias, e que é possível vencer uma crise e erguer-se
novamente".
E completou: "O que se deve aprender do caso Tylenol é que sempre
vale a pena tomar a decisão correta em prol de uma causa justa, porque, mais
cedo ou mais tarde, será preciso agir assim, já que o público vai cobrar uma
atitude digna da empresa".
A despeito de uma sobretaxa de 27 por cento por ação, como resultado da
retirada do Tylenol do mercado, a Johnson & Johnson terminou o ano de 1982
com uma renda liquida de US$ 5.76 bilhões, contra US$ 2.51 por ação e
vendas de US$ 5,4 bilhões em 1981.
107
ANEXO 4
ENTREVISTA POR E-MAIL
Analisa de Medeiros Brum
Diretora Executiva
HappyHouseBrasil - Agência de Endomarketing
Escritora e sócia-diretora da HappyHouse Agência de Marketing Interno
Data: 31/03/08
Ana Cristina - Os funcionários gostam de participar, tomar conhecimento dos
acontecimentos e assuntos da empresa?
Analisa - Na minha opinião, sim. Em todos os diagnóstico que realizamos em
empresas de vários portes e segmentos, as pessoas demonstram que
gostariam de saber mais sobre a empresa, seus projetos, seus objetivos, etc.
Além disso, quando a empresa não informa, o Sindicato o faz. Existe também
o entendimento de que quando a empresa não informa, o empregado cria e
passa a viver em função da informação que criou e que, na maior parte das
vezes, não é coerente com a verdade ou com a intenção da empresa.
Ana Cristina - A Comunicação Interna tem ajudado nos resultados da
empresa? Pode ser considerada uma área estratégica? Por quê?
Analisa - A Comunicação Interna é considerada, hoje, por muitas empresas,
uma estratégia de gestão. Especialmente as empresas que trabalham
totalmente voltada para resultados têm encontrado no endomarketing um
importante aliado para a consolidação dos objetivos.
Hoje, já é possível mensurar os resultados da Comunicação Interna em
produtividade, em vendas, em cumprimento de metas, etc.
Ana Cristina - De um modo geral a participação do público-interno tem sido
uma decisão da direção da empresa ou uma reinvidicação dos empregados?
108
Analisa - A decisão tem sido da empresa. O público interno deseja participar
mais, estar melhor informado e melhor integrado, mas nem sempre tem
espaço para expor esse desejo. Acredito que as pessoas tenham essa
vontade, mas não é isso que define se uma empresa vai melhorar o seu
processo de Comunicação e Marketing Interno.
No meu entender, quem decide isso é a empresa. A informação é uma
responsabilidade da empresa. Quando uma empresa deseja atingir maiores
níveis de resultado, ela começa a se preocupar em oferecer ao seu público
interno um maior e melhor nível de informação.
Sempre digo que as empresas não fazem endomarketing pelos "lindos olhos
azuis" dos funcionários e, sim, porque desejam maiores índices de
produtividade, maiores níveis de qualidade e, principalmente, melhor
atendimento ao seu público externo.
Ana Cristina - Como o público-interno tem contribuído?
Analisa - O público interno reage sempre muito bem a tudo isso. A
contribuição vem com a participação, com o engajamento em programas,
projetos, processos e objetivos da empresa.
Ana Cristina - Quais as ferramentas que têm se mostrado mais eficientes?
Analisa - Depende da empresa. Em empresas do segmento industrial, ainda
se trabalha muito com papel: cartazes, cartilhas, banners, muitos materiais
visuais, pois o aprendizado acontece 75% pela visão. Já em empresas de
serviços (exemplo: de telefonia), os canais e instrumentos devem ser mais
eletrônicos, mais dinâmicos e imediatos. Não existe uma regra. O que serve
para uma empresa, não serve para outra.
Ana Cristina - Como a Comunicação Interna pode contribuir para a
Comunicação de Crise?
109
Analisa - A informação bem trabalhada sempre minimiza a crise. Por isso,
qualquer processo de comunicação interna deve ser focado em informação.
Quando uma empresa trabalha de forma sistemática e integrada a informação
sobre gestão, sobre recursos humanos, sobre mercado e produto e outros
assuntos que interessam aos empregados, está minimizando o risco de crise.
Os empregados não resistem às mudanças (o que, geralmente determina uma
crise). Os empregados resistem aquilo que não conhecem. Portanto, se houver
informação, a crise pode até acontecer, mas não será forte o suficiente para
prejudicar o andamento dos trabalhos.
Ana Cristina - A participação dos funcionários deve estar contemplada no guia
de Comunicação de Crise das empresas? Eles recebem orientação de como
agir na crise antes dela acontecer?
Analisa - Esta pergunta é muito ampla. Depende da crise. De qualquer forma,
geralmente os manuais de gerenciamento de crise incluem o papel das
lideranças, como as lideranças devem atuar e não como os funcionários
devem atuar. A base normalmente é guiada pelas lideranças. Mas te confesso
que sei pouco sobre isso. Não tenho visto nas empresas manuais para
gerenciamento de crises. O que tenho visto é lideranças sendo treinadas para
assumir o papel estratégico que possuem no processo da informação,
independente da situação ser de crise ou não.
Ana Cristina - O Plano de Comunicação de Crise deve ser divulgado para toda
a força de trabalho da organização?
Analisa - A resposta é a mesma de cima. Depende da situação. Se é uma
crise relacionada com segurança, por exemplo, que coloca em risco a vida das
pessoas, sim. Se é uma crise decorrente de uma negociação sindical, não.
Uma negociação sindical é algo que precisa ser gerenciado pelas lideranças.
Portanto, depende do assunto.
110
Ana Cristina - O treinamento e a simulação devem ser feitos?
Analisa – Também depende da situação e das pessoas envolvidas.
Ana Cristina - Que ferramentas da Comunicação Interna podem contribuir
para a Comunicação de Crise?
Analisa – Todas. Cada caso é um caso. Em alguns momentos, devem ser
criados canais específicos para um momento de crise. Exemplo: uma empresa
é comprada. O momento da transição é de crise para as pessoas que
trabalham nessa empresa que foi comprada. Talvez a empresa que comprou
tenha que criar canais específicos (informativos) para informar quem é, o que
pretende, como será a transição, etc.
Por isso, tudo depende do tipo de crise. Em endomarketing, não existem
regras. Também não existem o certo e o errado. Tudo depende da empresa,
das características do público interno, do momento pelo qual a empresa está
passando, do tipo de gestão que a empresa possui ...
É isso. Espero ter ajudado. Obrigada. Beijo. Analisa
Analisa de Medeiros Brum
Diretora Executiva
HappyHouseBrasil - Agência de Endomarketing
Visite: www.happyhousebrasil.com.br
Fone/Fax: (51) 3327-4000
111
ÍNDICE
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I 11
COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL INTEGRADA 11
Comunicação Empresarial 12
1. Planejamento, Plano e Comunicação 13
1.1. Planejamento 14
Tipos de Planejamento 15
Marketing 15
Planejamento de Marketing 16
1.2. Comunicação 22
Planejamento de Comunicação 22
Endomarketing 23
CAPÍTULO II 24
COMUNICAÇÃO INTERNA 24
1. A importância da Comunicação Interna 25
2. O Papel da Comunicação Interna 28
2.1. Canais de Comunicação 30
2.2. Informação é benefício 36
Contribuições da Comunicação Interna 38
Atitudes para uma boa CI 39
A CI como diferencial competitivo 39
Resultados de uma boa CI 39
2.3. Comunicação Interna e Marketing Interno 40
2.4. Quais informações devem ser divulgadas? 40
2.5. Onde está a Comunicação Interna 41
112
2.6. Perfil do profissional responsável pela CI 43
3. Endomarketing 43
3.1. Objetivos do endomarketing 46
4. Planejamento de Comunicação Interna 46
4.1. Tipos de Comunicação 46
4.2. Objetivos específicos da campanha 47
4.3. Formas de campanha interna 47
4.4. Plano de ação 47
4.5. Controle e avaliação do plano 47
4.6. Esquema 48
CAPÍTULO III 49
COMUNICAÇÃO DE CRISE 49
1. O que é uma Crise? 49
1.1. Crises de grandes repercussões 50
1.2. Categorias de crise 50
1.3. Níveis de repercussão da crise 52
2. Comissão (ou Comitê) de crise 53
3. Guia de Comunicação de Crise 54
3.1. Aprendendo com a crise – Caso Petrobras 55
3.2. Por dentro do guia 56
3.3. Aprendendo com o guia – caso Gol 57
4. Comunicação de Crise 59
4.1. Como atuar durante uma crise 60
4.1.1. Caso TAM 61
4.2. O consultor de Comunicação 63
4.3. O que o consultor de crise não deve fazer? 64
4.4. Antes da Crise 65
4.5. Os dez mandamentos da CC 66
4.6. Novas Tecnologias 67
5. Planejamento de Crise 69
113
5.1. Plano de Crise 69
5.2. Plano de CC 69
5.3. Etapas da CC 73
6. Revertendo a crise em oportunidade - Caso Tylenol 74
6.1 Passo-a-passo – Johnson & Johnnson 47
CAPÍTULO VI 76
COMUNICAÇÃO INTERNA COMO FERRAMENTA
DE COMUNICAÇÃO DE CRISE 76
1. Ferramentas da Comunicação interna 78
que contribuem para a Comunicação de Crise
1.1. Instrumentos específicos para 79
cada comunicação
CONCLUSÃO 83
BIBLIOGRAFIA 84
ANEXOS 86
ÍNDICE 111
FOLHA DE AVALIAÇÃO 114
114
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES – A VEZ DO MESTRE
COMUNICAÇÃO INTERNA COMO FERRAMENTA
DA COMUNICAÇÃO DE CRISE
Autor: ANA CRISTINA BRAGA
Ana Cristina Braga Ribeiro Sampaio Teixeira
Matrícula: K207193
T. K104
Data da entrega: 24/07/2008
Avaliado por: Profª Mary Sue Carvalho Pereira
Conceito: