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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGICA INSTITUCIONAL
O TRATAMENTO MULTIMODAL COMO RECURSO DA
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA UMA TRAJETÓRIA
ESCOLAR DE SUCESSO EM CASOS DE ALUNOS COM TDAH
Por Sandréa de Oliveira Pontes
Orientadora
Profª. Solange Monteiro
Rio de Janeiro
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O TRATAMENTO MULTIMODAL COMO RECURSO DA
INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA PARA UMA TRAJETÓRIA
ESCOLAR DE SUCESSO EM CASOS DE ALUNOS COM TDAH
Apresentação de monografia à
Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
Especialista Psicopedagogia Institucional.
Por Sandréa de Oliveira Pontes.
3
AGRADECIMENTOS
....aos meus pais, sempre presentes e
totais colaboradores e incentivadores da
minha formação.
4
DEDICATÓRIA
.....dedica-se ao meus pais, meus grandes
amores e fiéis companheiros de todas as
horas.
5
RESUMO
Esta monografia tem como linha metodológica a pesquisa bibliográfica e
objetiva discutir o papel do tratamento multimodal como recurso da intervenção
psicopedagógica para uma trajetória de sucesso escolar em casos de alunos
com TDAH. Foi feita uma revisão da literatura em transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade, verificando que as ações de intervenção não se
esgotam com a demanda concreta, mas que ficam ligadas ao contexto
específico (sala de aula, instituição escolar) e ao contexto mais amplo (família –
comunidade), buscando ressaltar a importância de se considerar fatores
orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos para a intervenção. A
proposta do presente estudo é demonstrar que o tratamento multimodal - a
adoção de guias de tratamento aliados ao tratamento medicamentoso - em
alunos com TDAH promovem sucesso na aprendizagem.
6
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 07
CAPÍTULO I
O TDAH NA PERSPECTIVA DA PSICOPEDAGOGIA 10
CAPÍTULO II
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM CASOS DE ALUNOS COM
TDAH 22
CAPÍTULO III
O TRATAMENTO MULTIMODAL - RECURSO 29
PSICOPEDAGÓGICO NA INTERVENÇÃO EM CASOS DE TDAH
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 43
ÍNDICE 47
7
INTRODUÇÃO
Observa-se no contexto escolar a dificuldade de lidar com o novo,
com o diferente. Parafraseando Caetano Veloso, influenciado pela mitologia
grega: “Narciso acha feio o que não é espelho (Sampa). As relações humanas,
desde os primórdios, são permeadas por padrões inculcados pela sociedade e
tudo ou todos que fujam a esses padrões correrão o risco de serem
marginalizados desde o micro ao macrocosmo.
A sociedade, que deveria primar pela boa convivência entre seus
elementos constitutivos, exclui aquele que não se enquadra no contexto, seja
econômico, político ou socialmente falando. Além disso, é excludente quanto a
sua condição físico-psíquica.
Tal fato já é identificado no primeiro núcleo do qual faz parte o ser
humano – a família. Há décadas algumas afastam do convívio social seus
membros comprometidos física e psicologicamente, os ditos “incapacitados”.
Cabe a pergunta: se o primeiro núcleo exerce papel de executor da “seleção
natural”, o que esperar da sociedade? Percebe-se com facilidade que a
sociedade é madrasta com os ditos “não normais”. Estes são postos de lado,
excluídos, limados do convívio por sua suposta inabilidade.
Frente a tal realidade nos perguntamos: há lugar melhor do que a
escola para representar essa diversidade? O segundo núcleo do qual a criança
faz parte – a escola - é onde o desafio de respeitar as diferenças se faz mais
necessário e premente.
A entrada na fase escolar torna evidente a identificação de
necessidades educacionais especiais, dificuldades de aprendizagem e
transtornos de aprendizagem. A escola é o espaço em que será exigido o uso
mais específico de habilidades cognitivas e é neste contexto que o professor
será a peça-chave no estabelecimento das relações, na mediação da
aprendizagem e na facilitação da construção do conhecimento.
O docente terá o papel de mediador, articulador, estrategista não só
nos anos escolares iniciais como também no ensino médio e, às vezes, até no
8
superior. Tendo em vista tal quadro, o presente trabalho tem como proposta o
estudo de um transtorno específico – TDAH – devido à sua alta incidência tanto
em crianças quanto em adolescentes. É um estudo teórico sobre o tratamento
multimodal, via intervenção psicopedagógica e sua contribuição para o sucesso
na aprendizagem de alunos com TDAH. O Psicopedagogo terá o papel de
repensar o fazer pedagógico a fim de promover a igualdade de condições para
o indivíduo com TDAH, para a criança ou o adolescente que se vê isolado,
expurgado do convívio social, somente coabitando, ocupando o mesmo espaço
físico, ou melhor dizendo, integrado, mas não convivendo com seus pares.
O objetivo deste estudo é descrever estratégias de ação
psicopedagógicas válidas para a melhora do comportamento problemático
específico de alunos com TDAH e consequentemente de sua aprendizagem.
Além disso, pretende-se demonstrar a importância do conceito de “reforço
positivo” para o sucesso no plano de mudança comportamental no TDAH.
Desta forma, este trabalho se constitui de uma primeira parte -
capítulo 1 - onde se apresenta uma panorâmica da Educação Inclusiva no
Brasil, as políticas públicas para inclusão e a realidade da prática pedagógica
com vistas à inclusão, recorrendo à legislação vigente e à pesquisa de Glat &
Pletsch (2004), Glat & Fernández (2005), entre outros. Faz-se, também, uma
revisão bibliográfica do TDAH sob a perspectiva da psicopedagogia. O
atendimento do aluno com TDAH a partir da intervenção no processo de
aprendizagem com o objetivo de compreendê-lo, explicá-lo e corrigi-lo. Tratar-
se-á da proposta de abolir o “daltonismo cultural”, a não valorização do “arco-
íris” cultural, linguístico, étnico, cognitivo ao planejar e pôr em prática atividades
pedagógicas, ou seja, a ação do profissional que reconhece a heterogeneidade
dos estudantes. Neste capítulo, também se recorreu aos estudos de Goldstein
(1998), Rodhe & Benzick (1999) e Barkley (2008).
O capítulo 2 apresenta outras leituras necessárias para levar a cabo
tal estudo. Foi feita a revisão bibliográfica na área de transtornos, tendo como
foco o TDAH. A proposta é demonstrar ações de intervenção que não se
esgotam com a demanda concreta, mas que ficam ligadas ao contexto
específico (sala de aula, instituição escolar) e ao contexto mais amplo (família –
comunidade) e que se apoiam na rede de serviços e recursos que a
9
comunidade dispõe. Neste capítulo, as leituras de Fagali (2008) Sánchez-Cano
e Bonals (2011) e Sans Fitó (2012) foram o norte do estudo.
No capítulo 3 a proposta é apresentar a literatura pertinente ao
TDAH na área da saúde mental e o tratamento multimodal. Para tanto,
recorreu-se à leitura de Phelan (2005) e Estanislau e Bressan (2014). Além
disso, foi aprofundado o estudo do transtorno, ao revisitar a análise do caráter
multifatorial e heterogêneo do TDAH e sua alta taxa de comorbidade
psiquiátrica, na visão de Barkley (2008), Hale, Yudofsky & Gabbard (2012) e
Miranda, Muszkat e Mello (2014).
Na conclusão se ressaltará a importância de se considerar fatores
orgânicos, cognitivos, afetivos, sociais e pedagógicos para a análise e a
necessidade de se trabalhar com a diversidade, ou seja, respeitando as
características de cada aluno. Paralelo a isso, quer-se demonstrar que a
adoção das chamadas “practice guidelines” (guias de tratamento), comuns no
tratamento multimodal, aliados ao tratamento medicamentoso em alunos com
TDAH promovem sucesso na aprendizagem. O tratamento multimodal a partir,
principalmente, do reforço positivo, minimiza comportamentos problemáticos
que atrapalham a concentração e a organização tão importantes no processo
de construção de conhecimento.
10
CAPÍTULO I
O TDAH NA PERSPECTIVA DA PSICOPEDAGOGIA
A perspectiva de escola, já na Grécia Antiga, pressupunha um
espaço vital em que se praticava o ócio, a discussão livre o aprendizado como
experiência intensa. Desta ideia inicial podemos questionar, há semelhanças
com a proposta da atual instituição? Se comparamos à escola tradicional, onde
o professor era o detentor e o transmissor do saber, a aprendizagem era
individual, a disciplina rígida permeava e delineava a transmissão do
conhecimento acadêmico e o foco era o ensino, ou seja, transmissão de
conteúdos, diremos que não. Entretanto, se voltamos nosso olhar para a nova
visão da educação, que tem como premissa a participação ativa dos alunos, a
troca favorecendo a construção de conhecimento, onde a aprendizagem é, ao
mesmo tempo, individual e fruto da construção coletiva e que tem como foco a
aprendizagem, podemos sim estar próximos, não sincronicamente, mas
diacronicamente desta perspectiva.
A escola, como o ser humano, não está preparada para tudo. A
partir das demandas, dos fatos, do que se apresenta no “chão da escola”,
novas soluções são buscadas para alcançar a meta proposta – que ocorra a
aprendizagem e que ela seja significativa. Como fazê-lo?, sempre foi o
questionamento do professor, este profissional autodidata e solucionador de
“problemas “ e “causos”, digo “causos” pelo caráter empírico das necessidades
surgidas ao longo da prática pedagógica, da realidade que aparece
principalmente e primeiramente na segunda instituição mais importante na vida
do ser humano – a escola. Neste microcosmo a variedade de matizes se
apresenta, se revela e requer do “artífice”, o professor, a forma, o caminho para
sanar suas necessidades, o molde para encaminhar e direcionar as formas.
Neste caso, os caminhos são as formas de aprender que são variadas e
válidas, pois cada ser humano é único, como é único seu modo de ver, sentir,
viver, realizar e construir tudo, inclusive seu conhecimento.
11
A necessidade de abolir o “daltonismo cultural”, a não valorização do
“arco-íris cultural, linguístico, étnico, cognitivo ao planejar e pôr em prática
atividades pedagógicas, ou seja, a ação do profissional que reconhece a
heterogeneidade dos estudantes leva o professor a buscar complementação
em sua formação. Diferentemente do século XIX, quando os deficientes e todos
e quaisquer indivíduos que apresentassem desvios do padrão dito de
“normalidade” eram considerados como não desejados e eram segregados em
instituições próprias, a clientela atual da escola é mais ampla, menos restritiva
e, por tanto, requer uma rede de apoio para que a prática pedagógica seja
eficaz alcançando os objetivos propostos. Transtornos de aprendizagem,
transtornos de desenvolvimento e necessidades educacionais especiais fazem
parte da realidade da escola atual, não só integradora como também e
principalmente, inclusiva.
No presente trabalho, abordaremos o TDAH na perspectiva da psicopedagogia.
Em que consiste este transtorno neurobiológico e como o tratamento
multimodal como recursos da intervenção psicopedagógica pode favorecer o
desenvolvimento da aprendizagem e a construção de significados e
conhecimentos dos sujeitos. Antes faz-se necessário um breve panorama da
Educação Inclusiva no Brasil e o papel das Políticas Públicas em promover
uma escola como espaço do diverso e do plural.
1.1 O contexto da educação inclusiva no Brasil
No Brasil, a institucionalização da Educação Especial se deu na
década de 70, mais especificamente em 1973 com a criação do CENESP –
Centro Nacional de Educação Especial - no Ministério da Educação, que em
1986 passou a ser Secretaria de Educação Especial – SEESP. Dito órgão
implementou subsistemas de educação especial nas diversas redes públicas
de ensino com a criação de escolas e classes especiais. Neste contexto
tornou-se necessária a formação docente e, para tanto, houve incentivo e
promoção de cursos de pós-graduação e envio de docentes ao exterior, como
sinalizam Ferreira e Glat (2003).
12
Na década de 80, o Brasil adotou uma tendência mundial na
Educação Especial – a filosofia da Normalização. Esta defendia que
pessoas com deficiência têm direito de usufruir as condições de vida o mais comuns ou normais possíveis na sua comunidade, participando das mesmas atividades sociais, educacionais e de lazer que o demais. (GLAT, 2009, p.21)
No esteio da filosofia da Normalização, desenvolveu-se o paradigma
educacional da Integração, regulamentado pelo art. 208 da Constituição
Federal de 1988, que tinha como proposta tornar o ambiente escolar o menos
restritivo e limitado ao aluno com deficiência. Aqui a prática pedagógica se
baseava na preparação desses alunos de classes e escolas especiais para sua
integração à escola regular. Desse contexto advém a proposta da Sala de
Recursos (SR) que funciona como atendimento educacional especializado
paralelo às atividades das classes regulares.
Tal proposta foi amplamente criticada e caracterizada como
excludente uma vez que os alunos com necessidades educacionais especiais
(nees) continuavam sendo separados, de alguma maneira, para atendimento
diferenciado. Além disso, as atividades propostas em sala de aula eram
distintas das feitas pelos demais alunos, não só pela forma, mas também pelo
conteúdo.
As classes e escolas especiais não tinham por objetivo dar
condições do aluno com nees ingressar nas escolas regulares, mas sim ser
depósito daqueles que não conseguiam acompanhar a rotina de uma escola
regular. Sob essa perspectiva, segundo Glat & Fernandes (2005) e Glat (2009)
o fracasso escolar do aluno com nees era atribuído a causas orgânicas e, para
tanto, buscavam-se soluções terapêuticas por meio de medicalização do
sujeito.
Além desse obstáculo, havia também o distanciamento existente
entre o professor regente e o professor da sala de recursos. Não havia parceria
e/ou complementaridade das atividades propostas por ambos. Desenvolviam-
se trabalhos estanques que não revertiam em prol da aprendizagem do aluno.
13
As críticas ao paradigma da integração geraram um movimento de
insatisfação no âmbito da Educação Especial que culminou na proposta da
Educação Inclusiva difundida pela UNESCO.
A Educação Inclusiva é a política educacional do país. Está
amparada pela legislação em vigor em forma de Diretrizes para a Educação
Básica, conforme a Resolução CNE/CEB nº 2 de 2001:
Art.2º: Os sistemas de ensino devem matricular a todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando às condições necessárias para uma educação de qualidade para todos (BRASIL, 2001).
A resolução propõe que independentemente do tipo ou grau da
necessidade o aluno deve ser absorvido diretamente nas classes comuns de
ensino regular, cabendo à escola a necessidade de adaptar-se, transformar-se
para receber esse aluno. Seja a transformação tanto no âmbito da estrutura
física quanto na flexibilização curricular (adaptações do currículo).
Dentro dessa proposta, o fracasso escolar não é atribuído às
deficiências dos alunos, mas sim à dificuldade que têm em aprender da forma
como é ensinado. Tais alunos apresentam necessidades educacionais
especiais que requerem da escola uma adequação do ensino.
As nees englobam as especificidades dos alunos, suas
idiossincrasias, ou seja, tanto a dificuldade que possuem quanto o contexto
histórico-cultural em que está inserido. Sendo assim, elas são apresentadas
por alunos com diferenças qualitativas no desenvolvimento com origem nas
deficiências físicas, motoras, cognitivas, distúrbios psicológicos e/ou
comportamentais (condutas típicas e com altas habilidades e superdotação),
como frisa Glat (2009).
Desta forma, se a escola consegue alcançar seus objetivos
educacionais, ou seja, sanar as necessidades educacionais especiais do aluno,
não significa a cura da deficiência, uma vez que é um misto de fatores
orgânicos e psicossociais. Além disso, o aluno pode ter necessidades
educacionais especiais sem apresentar transtorno ou deficiência. As nees
14
podem ser derivadas, somente, de dificuldade de aprendizagem e nada mais
do que isso.
Tais fatos só vem a corroborar com o argumento de que as nees
possuem caráter individual e subjetivo. Se manifestam na interação com o
outro e com o novo (conhecimento ou informação). As necessidades
educacionais especiais surgem do tipo de relação que a escola estabelece no
processo de aprendizagem com os discentes.
Outro aspecto importante no âmbito da educação inclusiva é a
formação docente. Tanto os professores de classe regulares quanto os da
educação especial se veem despreparados para o atendimento desse alunado.
No primeiro caso, o alto quantitativo de alunos em sala acrescido de alto
número de alunos com nees variadas causam desespero no docente, que não
sabe por onde começar o atendimento e nem como fazer. Sua prática se vê
prejudicada o que pode gerar outros problemas como a dificuldade de
aprendizagem. A sensação de incapacidade e fracasso se torna latente, pois o
gerenciamento do tempo é ineficaz.
No que diz respeito aos professores especializados da educação
especial seu trabalho apresenta um perfil diferente, uma vez que atendem a um
número reduzido de alunos e, em alguns casos, de forma individual. O foco é a
minimização dos efeitos da deficiência e não a sistematização de atividades,
como afirmam Glat e Pletsch (2004). Além disso, ainda que as classes
especiais ocupem um espaço na escola, não há uma interação com os grupos
regulares.
A Educação Inclusiva propõe uma absorção paulatina do aluno com
nees pela escola regular e para tanto a escola precisa se adaptar seja em
termos físicos ou acadêmicos. Tudo em prol do maior aproveitamento e
desenvolvimento do alunado.
Incluir o aluno com nees em escola regular não significa dizer que
não será necessária a existência de professores especializados e tampouco
desmerecer o trabalho desses profissionais. O sucesso do discente em turmas
regulares depende da continuidade do suporte do especialista. Para tanto, a
15
formação continuada desse profissional nos diferentes tipos de necessidades
educacionais especiais e níveis de ensino é mister no processo.
1.2 O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade
O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um
dos transtornos comportamentais com maior incidência na infância e
adolescência. De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais – DSM-V – o TDAH é uma síndrome clínica caracterizada
pela tríade: déficit de atenção, hiperatividade e impulsividade, que podem ou
não estar presentes simultaneamente, e caracteriza-se por alterações dos
sistemas motores, perceptivos, cognitivos e do comportamento,
comprometendo a aprendizagem de crianças/adolescentes.
O TDAH tem origem biológica e suas manifestações são resultantes
do mau funcionamento do cérebro – disfunção do lóbulo pré-frontal, causada
por fatores genéticos e adquiridos. Segundo Sans Fitó (2012), as regiões do
cérebro envolvidos no TDAH são as que se desenvolve mais tardiamente na
criança. As funções executivas estão associadas ao córtex pré-frontal. Nesta
região há muitas conexões e o resto do cérebro e, principalmente, com os
glânglios basais (circuitos frontoestriados) e o cerebelo. Essas estruturas do
sistema nervoso são as que mais demoram a amadurecer. Desta forma,
traumatismos cranioencefálicos graves, efeitos colaterais e alguns tratamentos
oncológicos ou infecções do tipo encefalite podem ser causa das
manifestações relacionadas ao controle do comportamento do TDAH.
Vários estudos constataram que o fator hereditário/genético é mais
importante na determinação dos TDAH, está presente em 80% dos casos.
Diferentes genes se relacionam com substâncias chamadas
neurotransmissores, principalmente dopamina e noradrenalina, fundamentais
para o funcionamento cerebral. Segundo Velasques e Ribeiro (2014) o baixo
nível do sistema dopaminérgico nas áreas do córtex pré-frontal alteraria
funções cognitivas relacionadas com a atenção, sendo responsável por déficits
16
cognitivos e uma hiperfunção da dopamina em áreas estriadas resultaria nos
sintomas de hiperatividade e impulsividade. Com relação aos fatores
adquiridos, tem-se informações de que o tabagismo e o consumo de bebidas
alcoólicas durante a gravidez favoreceriam o transtorno. Além disso, bebês
prematuros e baixo peso do nascituro também têm sido relacionados a um
risco aumentado de TDAH.
Crianças e adolescentes com TDAH apresentam dificuldade em
focar em um único objeto, são distraídas, agindo como estando no mundo da
lua. Além disso, têm dificuldade em concluir tarefas, falta de organização e por
isso, com frequência perdem seus pertences (materiais escolares, dinheiro,
chaves etc).
Em geral, a criança/adolescente é inquieto, não conseguindo estar
parado, sentado por muito tempo. Falam em demasia, gritam muito e são
bastante impulsivos. A isso se deve o prejuízo acadêmico e social desses
indivíduos.
O diagnóstico do TDAH é clínico, feito a partir da avaliação dos pais
da criança, seu relatório de desenvolvimento e sua atuação no contexto
escolar. Segundo Barkley (1990); Goldstein, S. E. Goldestein, M (1998) é
fundamental utilizar os critérios internacionais estabelecidos pelo DSM-V
(2014) e pela CID10 (Classificação Internacional de Doenças, 1992). O
histórico da criança é traçado pelo resgate da história gestacional da mãe até o
momento da avaliação clínica. Estudos sobre o transtorno creditam sua causa
a uma junção de fatores sendo o preponderante a predisposição genética.
Para que uma criança ou adolescente seja diagnosticado como
tendo o TDAH é necessário que haja prejuízo no funcionamento social,
acadêmico ou ocupacional do indivíduo, sendo que é imprescindível que algum
dos sintomas deva ter estado presente antes dos sete anos e que os sintomas
atuais persistam por pelo menos seis meses (DSM-V, 2014). A criança que
tem o transtorno e não é tratada, apresenta baixo rendimento escolar, sendo
reprovada muitas vezes. A perda da autoestima, tristeza, desmotivação nos
estudos e prejuízo nos relacionamentos sociais podem ocasionar episódios de
depressão grave e são algumas das consequências diretas da falta de
tratamento adequado.
17
Os casos suspeitos de TDAH, segundo Wajnsztejn (2002), devem
ser encaminhados o quanto antes a profissionais com experiência no seu
diagnóstico e tratamento. O neuropediatra ou as equipes interdisciplinares
auxiliam no mesmo. E, caso haja comorbidade a problema de ordem
emocional, o psiquiatra exercerá papel fundamental.
O tratamento com medicamentos estimulantes do SNC é comum,
entretanto, antidepressivos tricíclicos, antidepressivos inibidores da receptação
de serotonina e outras drogas já tem sua eficácia constatada em casos de
TDAH. O metilfenidato (Ritalina), por exemplo, demonstra resultado positivo
uma vez que não desenvolve dependência do sujeito, predisposição comum
em crianças e adolescentes com TDAH. Os estimulantes, segundo Castro e
Nascimento (2009) melhoram a atenção e a hiperatividade, porém não
apresentam efeito direto sobre a ansiedade, podendo até causar irritabilidade,
insônia, perda de peso e atraso no crescimento. Os antidepressivos atuam
também sobre a ansiedade e a depressão, porém, podem ter como efeitos
colaterais arritmias e retenção urinária. A clonidina minimiza a impulsividade,
mas causa sedação, bradicardia e depressão, como ressalta Araújo (2002).
O TDAH, enquanto transtorno neurobiológico, pode apresentar-se de
três formas: TDAH com predomínio de sintomas de desatenção, TDAH com
predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade e TDAH combinado. O
tipo com predomínio de desatenção, mais comum no sexo feminino,
caracteriza-se por apresentar problemas envolvendo atenção seletiva e
velocidade de processamento das informações e, juntamente com o tipo
combinado, apresenta taxa de prejuízo acadêmico mais elevado. Já as
crianças/adolescentes com predomínio de hiperatividade/impulsividade
apresentam dificuldades na sustentação da atenção ao longo do tempo. Além
disso, são mais agressivas e impulsivas, do que as do tipo desatento e
combinado, apresentando alta taxa de rejeição e impopularidade por parte dos
colegas. O caso combinado, se comparado aos outros dois, ainda tem um
agravante, apresenta maior prejuízo no funcionamento global.
O tratamento é multidisciplinar, uma associação de tratamento
clínico (medicamentoso) com intervenções psicoeducativas e
psicoterapêuticas. A união da medicação estimulante, que não causa
18
dependência química, à orientação dos pais, professores e do paciente
(intervenção psicoeducativa) favorecem a melhoria de vida do indivíduo uma
vez que ensina os envolvidos a lidar com o transtorno.
Os sintomas do TDAH variam de acordo com a faixa etária atingida.
Nas crianças em fase pré-escolar (3 a 6 anos) destaca-se a hiperatividade
atrelada a dificuldades em tolerar limites e frustrações. Na idade escolar, em
geral tem-se uma combinação de desatenção, hiperatividade e impulsividade e,
na adolescência, os sintomas mais comuns são a desatenção e a
impulsividade, como sinalizado por Rohde; Benzick (1999).
No que tange ao desempenho escolar, estudos apontam que entre
20% e 30% das crianças com TDAH apresentam pelo menos um tipo de
deficiência de aprendizado (DA), em matemática, leitura ou ortografia. Porém é
fato que o desempenho escolar está relacionado à fatores externos e internos.
Como externos, temos, o grau de escolaridade dos pais e sua valorização da
educação ao participar das atividades escolares dos filhos, as características
físicas da escola, o corpo docente e sua qualificação e metodologia adotada.
Neste último pode-se sinalizar a inadequação dos métodos de mensuração da
capacidade cognitiva (crianças com TDAH podem beneficiar-se mais de
recursos visuais do que verbais). Já os fatores internos se devem,
principalmente, à motivação do próprio sujeito para o aprendizado dos
conteúdos.
O professor é figura crucial para o sucesso escolar da criança e do
adolescente. Antes do espaço físico, da localização, do tipo de instituição, está
o professor que é o articulador do fazer pedagógico. Se este possui uma visão
globalizante e ao mesmo tempo particular de cada um de seus alunos,
reconhecendo suas necessidades educacionais e como pode supri-las,
qualquer espaço será um espaço de sucesso. A prática pedagógica pautada no
acesso ao currículo através da adaptação curricular permitirá que cada
indivíduo seja capaz de identificar o caminho que precisará trilhar para a
construção de conhecimento.
Entretanto, se não se encontra esse caminho, principalmente na
adolescência, o fracasso acadêmico pode gerar abandono escolar ou propiciar
a entrada no mundo das drogas e do álcool. Teixeira (2013) afirma que é
19
grande a possibilidade de que esses jovens se tornem adultos inseguros, de
pouca habilidade social, baixa qualificação acadêmica o que os levará a ter
dificuldades de inserção e absorção no mercado de trabalho.
Na tentativa de minimizar sintomas dos indivíduos com TDAH
especialistas indicam a terapia cognitivo-comportamental. Esta pode ajudar no
controle da agressividade e impulsividade, modular seu comportamento social,
ensinar estratégias de solução de problemas e na regulação da atenção. Aliado
à terapia, atitudes simples como mudanças na rotina podem facilitar a retenção
de atenção. Algumas delas são a mudança para carteiras próximas ao quadro
e sentar-se longe de janelas e portas da sala. No entanto, é na figura do
professor que está a chave para ação eficaz no tratamento do TDAH.
Além disso, Teixeira (2013) frisa que a participação dos familiares e
do portador do transtorno em reuniões do grupo de apoio ajudam à medida que
difundem informações sobre o transtorno e fornece suporte emocional. Dos
encontros participam médicos, psicólogos, terapeutas, familiares,
fonoaudiólogos, psicopedagogos e demais profissionais de saúde mental (que
dão o suporte técnico e emocional à família e ao portador de TDAH). Neles se
compartilham experiências e conhecimentos formando uma rede de apoio
social.
Apesar do TDAH não ser um transtorno de aprendizagem, de acordo
com CID-10 (2006), ele traz como causa secundária uma dificuldade de
aprendizagem (Dislexia, Disgrafia ou Discalculia). Como assinala Rodhe
(2003), o que justifica a necessidade de intervenção de um atendimento
educacional especializado para o sujeito. Se a escola não ofereceu tudo o que
poderia e deveria para o aluno que apresenta TDAH ou algum transtorno de
aprendizagem ou Deficiência, de forma a evitar a retenção de série do aluno, a
decisão que o reteve de série pode e deve ser reapreciada e discutida, pois
quem vai sofrer as consequências destes atos, porque a escola se recusou a
dar um atendimento educacional especializado, é a criança e os seus pais. No
intuito de garantir os direitos do TDAH, no Brasil, foi criada a Associação
Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), maior organização brasileira de
portadores, familiares e profissionais da educação e da saúde mental
compromissados com o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
20
Os atuais critérios de definição da clientela da educação especial na
legislação brasileira encontram-se elencados no documento Política Nacional
de Educação Especial, publicado em 1994 pela Secretaria de Educação
Especial – SEESP – do Ministério da Educação e Desporto – MEC. De acordo
com esse documento, tal clientela é constituída por três grandes grupos, cada
qual reunindo um numeroso grupo de tipos e graus de excepcionalidade: No
primeiro grupo, encontramos os Portadores de Altas Habilidades; no segundo
grupo, identificado como Portadores de Condutas Típicas e é aqui que se
inserem os alunos com TDAH, a saber: – indivíduos que apresentam
alterações no comportamento social e/ou emocional, acarretando prejuízo;
no seu relacionamento com as demais pessoas; no terceiro grupo, estão os
Portadores de Deficiências.
Desde a Declaração de Salamanca, em 1994, o Brasil tem avançado
em relação às Políticas Públicas em Educação Inclusiva, estabelecendo
diretrizes e critérios para o acompanhamento de crianças e adolescentes com
nees no ensino regular e complementação no Atendimento Educacional
Especializado – AEE (Brasil, MEC, Política Nacional de Educação Especial na
Perspectiva da Educação Inclusiva, 2007). A resolução que especifica o público
alvo do AEE (Brasil, MEC, CNE, Resolução CNE/CEB 4/2009) contempla
indivíduos portadores de deficiências física, auditiva, visual, intelectual,
transtorno global do desenvolvimento (distúrbio do espectro autista) e altas
habilidades e superdotação. No entanto, crianças ou adolescentes com TDAH
e/ou TEA não foram contemplados.
A Lei 9.394/96 reforça, nos artigos 58 e 59, a importância do
atendimento educacional a pessoas com necessidades especiais, ministrado
preferencialmente em escolas regulares. Estabelece, também, que sejam
criados serviços de apoio especializado e assegurados currículos, métodos e
técnicas, recursos educativos e organizações específicas para atender às
peculiaridades dos alunos. Destaca, ainda, a necessidade de capacitar
docentes para as Dificuldades de Aprendizagem.
Em 2010, o então senador Gerson Camata apresentou o projeto de
lei 7081/2010 para corrigir tal lacuna na lei brasileira. Atualmente, tal projeto só
depende da aprovação na última Comissão (Constituição e Justiça) da Câmara
21
para a Presidência da República sancioná-la. O projeto ainda tramita sem a
aprovação do congresso. Com a aprovação, a família conseguirá apoio na
escola, o aluno terá acesso garantido às salas do AEE (Atendimento
Educacional Especializado) favorecendo seu melhor aproveitamento escolar,
colocando-o em uma situação mais cômoda no ambiente da turma regular, ou
seja, em condições mais justas para que tenha êxito no processo de
aprendizagem.
22
CAPÍTULO II
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA EM CASOS DE ALUNOS
COM TDAH
Crianças e adolescentes ao vivenciar problemas e situações
estressantes ao longo da vida podem desenvolver problemas e transtornos de
ordem diversa, tendo como consequências padrões de conduta vinculados à
ansiedade, por exemplo, ou sofrerão disfunções de ordem cognitiva,
emocional, afetiva ou de aprendizagem, como assinala Jané, Ballespí e Dorado
(2010). Em outras palavras, as causas do não aprender podem ser diversas,
sendo assim, não é tarefa fácil para os educadores compreenderem e
atenderem essa pluricausalidade.
DSM e CID-10 são os sistemas de diagnóstico que classificam tais
disfunções, transtornos e problemas de forma categorial, hierárquica e
multiaxial. Desta forma, considerando a amplitude dos problemas e a
proporção que alcançam no psicológico da criança, permitem ao profissional
médico fundamentar o melhor tratamento para cada situação, selecionando o
tipo de intervenção e os profissionais necessários para esse processo.
Cabe ressaltar que há que se levar em conta o período evolutivo do
sujeito ao traçar a linha de ação, uma vez que para cada período há traços
diferenciais e característicos. Em outras palavras, um mesmo problema pode
apresentar sintomatologias distintas em função da idade e da etapa evolutiva.
É importante salientar que as mesmas sintomatologias se apresentam de forma
diferenciada tendo em vista os contextos em que interage o indivíduo.
A intervenção em casos de TDAH é multifacética e plural e tem
como envolvidos profissionais de distintas áreas. Todos participam das fases
de diagnóstico, avaliação e tratamento. Em linhas gerais seguem-se os
seguintes passos: entrevistas, questionários aplicados a professores e pais,
auto-informe e análise funcional. Há que se considerar a importância dos
questionários e entrevistas com professores e pais, entretanto o auto-informe
do sujeito é o que fornece as informações mais importantes, suas impressões e
23
sintomas. Tomar somente informações de terceiros pode prejudicar ou atrasar
o desenvolvimento da criança/adolescente ao não ter a intervenção adequada.
Atualmente a intervenção psicopedagógica cada vez mais se afasta
da ideia de intervenção antiga em que enfoques parciais ou
descontextualizados. Para avaliação e intervenção eficazes é necessário que a
análise do caso leve em consideração problemas atitudinais, adaptativas e de
aprendizagem sob a visão do indivíduo com transtorno e de terceiros com os
quais interage (pais, professores, amigos, etc). A análise é centrada no
processo e não no produto final.
No que tange à escola a observação dos processos de
aprendizagem em sala, as entrevistas e auto informe do indivíduo, entrevistas
com familiares e docentes ajudam a perfilar suas expectativas e criar metas
plausíveis e realizáveis. As escalas de observação, os testes psicológicos, etc
já não são parâmetros para a intervenção psicopedagógica eficaz. Só o
indivíduo, em seus distintos contextos de atuação, interagindo com e neles ode
apresentar a real natureza do sintoma, problema ou disfunção. O aluno, a
turma, a equipe docente, as disciplinas, a família e o ambiente sociocultural
influenciam e determinam sobremaneira o aproveitamento acadêmico do
indivíduo, como relatam Sánchez-Cano e Bonals (2010) em seus estudos na
área. É uma visão global dos alunos que compreende os diversos agentes do
contexto de intervenção ou segmentos de ensino (educação infantil, ensino
fundamental e médio e, às vezes, até no ensino superior.
Além disso, os profissionais precisam considerar que, a depender do
problema, disfunção ou transtorno, há grandes chances de comorbidades, que
podem falsear, escamotear e/ou reforçar sintomas. No caso do TDAH, por
exemplo, é comum casos co-mórbidos de transtornos de conduta e de
aprendizagem.
Instituições desconhecedoras da prática pedagógica inclusiva
tendem a estigmatizar esses alunos, condenando-os à repetência e a sua
vitimização enquanto casos sem solução e alunos sem perspectivas de
crescimento e desenvolvimento acadêmico. Na contramão da escola tradicional
excludente, a proposta da nova perspectiva escolar tem como fim promover a
inclusão, tanto sob a perspectiva de quem recebe quanto da perspectiva de
24
quem a proporciona, profissionais trabalham em conjunto em prol da
minimização das diferenças, do acesso e promoção do conhecimento para o
indivíduo. Neste contexto, a figura do Psicopedagogo emerge e se faz
necessária para estabelecer a ponte entre as demandas dos alunos e os
instrumentos requeridos para a construção de conceitos.
A intervenção que, tanto o educador quanto o psicopedagogo
realizam sobre o processo de desenvolvimento ou aprendizagem do sujeito,
tem o objetivo de compreendê-lo, explicitá-lo ou corrigi-lo. É o “colocar-se no
meio”, de fazer a mediação entre a criança/adolescente e seus objetivos de
conhecimentos. Sob essa perspectiva dialógica a prática pedagógica se verá
favorecida e vislumbrará possibilidades de sucesso escolar. A intervenção
psicopedagógica na escola deve ser considerada como um recurso do sistema
educacional, disponível para todos os alunos e professores e não somente
para aqueles que apresentem necessidades educacionais especiais. Para
tanto, requer análise e reflexão constantes, como meio de garantir que se
atinjam os objetivos propostos.
O trabalho do psicopedagogo tem como objetivo abordar o processo
da aprendizagem, como este se desenvolve e de que forma o indivíduo se
relaciona com o aprender nos aspectos cognitivos, emocionais e sociais.
Quando são identificadas dificuldades nesse processo, a Psicopedagogia
busca as suas origens, os possíveis distúrbios; as habilidades e as limitações
do ser que aprende.
A intervenção psicopedagógica tem um caráter global, uma vez que
não só se centra no indivíduo como também leva em consideração os
elementos do sistema com os quais esse indivíduo interage. Ela não se esgota
com a demanda concreta, está ligada ao contexto específico (sala de aula,
instituição escolar) e ao mais amplo (família, comunidades em que está
inserido) e que tem como suporte a rede de serviços e recursos de que a
comunidade dispõe.
O psicopedagogo institucional possui duas frentes de trabalho: a
primeira consiste em uma psicopedagogia curativa, que se dedica à adequação
do aluno à situação de sala de aula, à medida que busca o respeito pelas
necessidades educacionais especiais e ritmos de aprendizagem dos alunos; a
25
segunda diz respeito à equipe técnico-pedagógica e se propõe a trabalhar com
as questões pertinentes às relações vinculares professor-aluno, redefinindo os
procedimentos pedagógicos integrando o afetivo e o cognitivo, através da
aprendizagem dos conceitos nas diferentes áreas do conhecimento.
Segundo Fagali (2008), há diferentes formas de se promover essa
intervenção: 1 – Releitura e reelaboração do desenvolvimento das
programações curriculares, focando na articulação dos aspectos afetivos
cognitivos, conforme o desenvolvimento integrado da criança/adolescentes; 2-
A análise mais detalhada dos conceitos, desenvolvendo atividades que
ampliem as diferentes formas de trabalhar o conteúdo programático, integrando
interesses do indivíduo, raciocínio e informações, levando o aluno a uma ação
operativa nos diferentes níveis de escolaridade; 3- Treinamento e
desenvolvimento de projetos junto dos profissionais; 4- Criação e elaboração
de materiais, para uso do próprio aluno, promovendo o raciocínio, a construção
de conhecimento, integrando afeto e cognição no fazer docente baseado na
prática dialógica.
A maior parte das tarefas psicopedagógicas deve ser realizada em
conjunto com a equipe técnico-pedagógica da escola, além da equipe gestora e
de apoio. Desta forma, todos são participes e responsáveis pelo sucesso da
empreitada. A união da equipe estimula a construção de um projeto
pedagógico que tenha por objetivo a construção de uma escola democrática
disposta a estabelecer metas para a redução dos problemas de ensino
aprendizagem ao ver todos como iguais e ao mesmo tempo diferentes em suas
idiossincrasias.
No intuito de avaliar os problemas apresentados pelo indivíduo,
sejam de ordem emocional ou neurobiológica, Sánchez-Cano e Bonals (2011)
assinalam que em geral se parte da observação das condutas manifestas nos
diferentes contextos dos quais a criança faz parte e interage. O mediador,
psicopedagogo, costuma ouvir distintos informantes: professores e pais, que
muitas vezes divergem em suas análises de conduta, entretanto se
complementam. Há que se avaliar nesse momento sobre quais problemas os
professores são melhores informantes e sobre quais problemas os pais devem
ter sua informação privilegiada. Cabe ressaltar que, para uma avaliação
26
completa, o psicopedagogo nunca deve desprezar a informação dada pela
própria criança/adolescente, pois este é o melhor informante por ser o mais
interessado no processo de sua inclusão tanto acadêmica quanto social.
Na escola, o psicopedagogo poderá contribuir à medida que
intervém no esclarecimento de dificuldades de aprendizagem, que podem ser
oriundas de deficiências do aluno ou que são consequências de problemas
escolares. Seu papel enquanto mediador na escola é analisar e assinalar os
fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam o sucesso no processo de
ensino aprendizagem na instituição escolar. Assim, favorece e auxilia os
indivíduos que se sentem limitados para o saber, auxilia os alunos que
apresentam transtornos de aprendizagem, reintegra e inclui o sujeito da
aprendizagem a uma vida escolar e social tranquila, bem como a uma relação
afetiva consigo e com o outro. É o indivíduo em um processo de
empoderamento, ao reconhecer suas potencialidades e ao ressignificar
conceitos em prol de uma aprendizagem significativa.
A abordagem escolar de adolescentes com TDAH é necessária e
deve ser muito bem organizada e estruturada, uma vez que a esse tipo de
indivíduo a desorganização, impulsividade e hiperatividade constituem
obstáculo para a conclusão de tarefas escolares. Entretanto, em geral, tais
indivíduos costumam interferir positivamente no decurso das aulas e o
professor deve estar preparado para direcionar e orientar essas interferências
de modo que constituam ganho no processo de aprendizagem. Mais do que
nunca a prática docente requer estruturação e organização e que esteja
planejada de tal forma que as tarefas possam ser fragmentadas sem prejuízo
dos objetivos a serem alcançados e o reforço positivo seja o estímulo para o
avanço nas etapas. Além disso, é crucial trabalhar a autoestima e suas
habilidades sociais. A dificuldade no controle da conduta e das emoções,
típicas de TDAH, devem ser abordadas, primeiramente, com um controle
externo, especificação de limites, pertinência e adequação de atitudes, para
que depois, sem o controle do outro, o próprio indivíduo tenha capacidade de
controlar seus impulsos e conduta.
O trabalho do professor é determinante para o sucesso do aluno
com TDAH. A empatia é fundamental, colocar-se no lugar do aluno com TDAH.
27
E, como já foi mencionado, atitudes simples de adequação na rotina facilitam a
prática pedagógica ao mesmo tempo que atenua comportamento típicos do
sujeito e o envolve nas atividades propostas.
As diretrizes mais utilizadas e recomendadas, como assinala Sans
Fitó (2012) são: localização espacial em sala de aula (deve estar próximo ao
professor, ao lado de alunos tranquilos e longe de elementos de distração
como portas, janelas.); estabelecimento de rotinas; manutenção da atenção do
sujeito (explicações breves e concisas, ritmo dinâmico de aula); melhora da
autoestima (reforço positivo, principalmente); facilitação do rendimento escolar
ao propor tarefas curtas, fracionadas, com comandos claros e diretos. Tudo
isso unido a um trabalho em equipe – professores – equipe técnico-pedagógica
da unidade escolar.
O trabalho do professor e/ou psicopedagogo, está respaldado e
embasado, em termos legais, pela Resolução CNE/CEB Nº 02/2001. Esta
institui as Diretrizes Nacionais para a educação de alunos que apresentem
necessidades educacionais especiais, na Educação Básica, e considera
educandos com necessidades educacionais especiais os que, durante o
processo educacional, apresentarem:
I – dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento que dificultem o acompanhamento das atividades curriculares, compreendidas em dois grupos: (Y) b) aquelas relacionadas a condições, disfunções, limitações ou deficiências. É neste inciso e letra que compreendemos o grupo dos alunos que apresentam TDAH. O artigo 8º desta Resolução prevê que as escolas da rede regular de ensino (tanto as particulares quanto as públicas, leia-se) devem prever e prover na organização de suas classes comuns: III – flexibilizações e adaptações curriculares que considerem o significado prático e instrumental dos conteúdos básicos, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação adequados ao desenvolvimento dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais, em consonância com o projeto pedagógico da escola, respeitada a freqüência obrigatória; IV – serviços de apoio pedagógico especializado, realizado, nas classes comuns,mediante: a) atuação colaborativa de professor especializado em educação especial.
28
Já o parágrafo primeiro do artigo 4º da Deliberação CEE/SP 05/00 estabelece que : Art. 4° – O atendimento educacional aos alunos com necessidades educacionais especiais deve ser feito nas classes comuns das escolas, em todos os níveis de ensino.
§ 1º. – Os currículos das classes do ensino comum devem considerar conteúdos que tenham caráter básico, com significado prático e instrumental, metodologias de ensino e recursos didáticos diferenciados e processos de avaliação que sejam adequados à promoção do desenvolvimento e aprendizagem dos alunos com necessidades educacionais especiais.
A escola, enquanto instituição oficial de ensino, deve prover o sujeito
com TDAH de recursos para que o sucesso escolar seja atingido e as
diferenças sejam minimizadas, atenuadas e diluídas na heterogeneidade das
classes regulares. Quando esgotados estes recursos, além da abordagem
psicopedagógica, em alguns casos, o tratamento farmacológico do TDAH é
necessário e eficaz. O sucesso ainda é maior quando o tratamento é iniciado
antes do aparecimento de fatores secundários ao transtorno. Em geral, os
resultados são mais visíveis quando o TDAH é do tipo hiperativo / impulsivo.
Em casos de desatenção, a resposta é menos evidente e variável de aluno
para aluno.
29
CAPÍTULO III
O TRATAMENTO MULTIMODAL - RECURSO
PSICOPEDAGÓGICO NA INTERVENÇÃO EM CASOS DE TDAH
“Uma andorinha só não faz verão” este dito já permeou o
pensamento e as ações de muitas pessoas, em distintos casos e contextos...
na educação é totalmente cabível, mas ouso alterá-lo e dizer “Uma andorinha
só pode iniciar um verão”. Os maiores pensadores da humanidade
empreenderam mudanças solitárias, mas que foram consagradas e
melhoradas com o auxílio, suporte e parceria com terceiros. Muito das reformas
em educação, das mudanças no pensar pedagógico e sua consequente prática
vem da demanda cotidiana, pensada mais cuidadosamente por um sujeito
envolvido e incomodado com os resultados do seu fazer. No caso da inclusão e
dos meios necessários para que ela se dê com sucesso, gerou a necessidade
de estudos em educação especial e as possibilidades de intervenção nas
distintas necessidades educacionais especiais que emergem na escola.
O presente trabalho se debruçou sobre o TDAH transtorno
emocional, cognitivo e de comportamento mais comum na infância, de caráter
multifatorial e heterogêneo, segundo Miranda, Muszkat e Mello (2014). Devido
a este caráter, o TDAH está relacionado a uma alta taxa de comorbidade
psiquiátrica, principalmente com transtorno desafiador opositor, transtorno de
conduta, transtornos de humor e de ansiedade, tabagismo e uso abusivo de
substâncias. A ocorrência concomitante de transtornos psiquiátricos piora o
prognóstico, modifica o planejamento terapêutico e diminui a adesão ao
tratamento. O custo social do TDAH não tratado inclui baixo aproveitamento
acadêmico, problemas de conduta, subemprego, acidentes automobilísticos,
problemas de relacionamento, além de dobrar o risco de desenvolvimento de
dependência química e alcoólica.
Os sintomas cardinais do TDAH são mais evidentes no âmbito da
escola, como já mencionado no presente estudo, e a intervenção terapêutica,
seja medicamentosa ou educacional, passa a ser efetiva quando permite maior
30
troca entre os componentes envolvidos (professores, médicos, psicólogos)
nessa rede de apoio. Segundo Miranda, Muszkat e Mello (2014), estudos
apontam que os pais de crianças TDAH são mais diretivos e negativos em seu
modo de educar, alterando o funcionamento psicossocial do núcleo familiar. Ao
lidar com TOD, comum nesse tipo de sujeito, sentem-se incapazes ou inábeis
em seu papel, gerando estresse e discórdia conjugal. O contrário também
influencia negativamente e pode agravar a situação do TDAH, como, por
exemplo, famílias com estrutura caótica, brigas conjugais, baixa instrução
materna, baixa condição socioeconômica, numerosa ou monoparental.
A isso soma-se o baixo rendimento escolar, repercutindo nas esferas
afetiva e emocional, que implica em um futuro comprometimento funcional e
social do indivíduo. Devido a isso, é adequado que se faça um diagnóstico
multiprofissional, formado por médico, psicólogo e pedagogo, acompanhado de
um detalhado histórico clínico. Desta forma, programas de intervenção no
TDAH requerem essencialmente a participação de equipe multidisciplinar, além
da participação e envolvimento da família e da escola.
Segundo Rohde e Benczick (1999) o TDAH é um problema de saúde
mental e por isso seu diagnóstico clínico, deve ser feito por médicos
especialistas no assunto, com auxílio de equipe multidisciplinar que pode ser
composta por neurologista, neuropsicólogo, psicólogo, psicopedagogo, e/ou
fonoaudiólogo, e deve ser composta de entrevistas com os pais e professores,
individualmente, e acompanhadas da aplicação de questionários e escalas de
sintomas, avaliação e observação da criança no consultório, avaliação
neuropsicológica e psicopedagógica e, em casos de dislexia ou disortografia,
avaliação fonoaudiológica.
A questão é: como promover o sucesso de um indivíduo que sofre
disfunções cognitivas e comportamentais nos distintos setores de sua vida
(família, escola, relacionamento...)? Haverá um único caminho a percorrer, uma
única forma de atuar junto a esse indivíduo que sofre com TDAH e precisa ser
inserido e estar incluído socialmente? Estudiosos no assunto afirmam que não.
Entretanto, todos os aspectos terapêuticos devem ser coordenados pelo
médico a fim de promover um tratamento efetivo do transtorno. Conforme
sinaliza Hales, Yudofsky e Gabbard (2012) medicamento, psicoeducação de
31
pacientes, familiares e professores, e diálogo com pais e escola são as bases
mestras para o tratamento do TDAH.
Cabe ressaltar que intervenções psicossociais mais intensivas são
comumente usadas ainda que necessitem validação de sua eficácia e seu uso
seja mais efetivo em indivíduos que apresentem co-morbidades ou para casos
em que somente o tratamento farmacológico surta efeito. Muito embora a
farmacoterapia apresente resultados positivos sobre os três pilares
sintomáticos do TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade, há relatos
de que alterações nos espaços de atuação da criança/adolescente são
positivos para amenizar problemas comportamentais. Além disso, promover o
desenvolvimento de habilidades específicas podem melhorar o aproveitamento
acadêmico e a psicoterapia pode favorecer o estabelecimento de relações
sociais do indivíduo.
Desta forma, percebe-se que esse tratamento combinado tem obtido
sucesso nesse transtorno. Dito tratamento é o denominado Tratamento
Multimodal, e alia medicação, Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e
orientação aos pais. Cabe ressaltar que o tratamento psicossocial isolado,
como afirma Barkley (2008. p.709) “não ‘cura’ a disfunção, mas sim ajuda na
melhora dos efeitos colaterais, das sequelas emocionais e/ou efeitos colaterais
associados ao TDAH”.
O principal estudo a analisar a efetividade relativa e combinada das
intervenções médicas e não médicas em casos de TDAH é o Multimodal
Treatment of ADHD (MTA), desenvolvido pelo National Institute of Mental
Health. O projeto realizado com 579 crianças de ensino fundamental, dividas
em 4 grupos de tratamento e ao longo de 5 anos em 6 centros apresentou
eficácia no tratamento farmacológico (metilfenidato, principalmente),
inexpressividade no tratamento comportamental isolado e bons resultados no
tratamento combinado. Ao aliar tratamento medicamentoso às intervenções
psicopedagógicas e psicossociais (orientação escolar, presença de mediadora
em sala de aula, tratamento de verão de 8 semanas e 35 sessões de
treinamento parental) os efeitos dos neurotransmissores foram equilibrados e
problemas comportamentais típicos de TDAH foram atenuados, resguardando-
se as devidas diferenças entre os casos.
32
A Neurociência tem apresentado grandes contribuições no
tratamento do TDAH. Defende a proposta de intervenção multidisciplinar em
que estejam envolvidas as áreas da educação, da psicologia e da medicina.
Ultimamente, estudos de Rocha, Del Prette e Del Prette (2013), Cantinere et el
(2014) entre outros, defendem o tratamento combinado de intervenção
neuropsicológica e treinamento das habilidades sociais (THS). Os primeiros
defendem a elaboração de programas propostos para serem desenvolvidos
diretamente com as crianças, a partir de processos educativos ou terapêuticos
e/ou indiretamente por meio da condução de programas junto aos pais. A ideia
é que ensinar habilidades sociais aos pais pode ser um recurso para trabalhar
as dificuldades de interação social dos filhos. Em um estudo desenvolvido com
oito mães locadas em um Grupo Experimental (GE) e oito em um Grupo
Controle (GC), que participaram de avaliações de pré-intervenção, pós-
intervenção e seguimento, por meio de inventários (IHS-Del-Prette e SSRS-BR)
e de observação direta em situação estruturada obteve resultados positivos ao
verificar-se mudanças significativas e estáveis no repertório de habilidades
sociais educativas das mães e no repertório social e acadêmico de seus filhos.
No que concerne à intervenção neuropsicológica, como ressalta
Cantiere et al (2014), vem demonstrando eficácia na melhora das funções
cognitivas (plasticidade neural e funcional) e no aumento da qualidade de vida
de pacientes com diferentes quadros clínicos que afetam o sistema nervoso e
propondo o desenvolvimento de habilidades de atenção e flexibilidade cognitiva
tendo como instrumentos de análise protocolo de observação de
comportamento, questionário DSM-V, teste de atenção por cancelamento e
teste de trilhas.
Phelan (2005) afirma que os déficits em habilidades sociais são um
dos aspectos mais resistentes à mudança no quadro de TDAH. E que ao longo
das pesquisas, verificou que, durante o período de atendimento, as crianças
conseguem definir as habilidades, descrever alternativas comportamentais,
interpretar papéis, mas não conseguem transpor esse conhecimento para seu
cotidiano. Por isso, sugere que os pais, enquanto agentes sociais primários na
educação de seus filhos, sejam agentes de intervenção em habilidades sociais.
33
Do hábito diário, ao presenciar atitudes dos pais e ser corrigidos a partir dessas
seria mais fácil sua assimilação e internalização.
Há estudos que visam analisar os efeitos de tratamentos isolados,
como faz a equipe do Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil
Interdisciplinar (NANI). Esta equipe busca verificar a utilização do tratamento
medicamentoso aliado à TCC, treino cognitivo e intervenção familiar nos
sintomas cognitivos e comportamentais. Além de estar elaborando a tradução e
adaptação do Programa Attention Process Training / Pay attention e no
desenvolvimento de um programa de computador para treino de memória
operacional, baseado nos estudos de Klingberg et alli.(2005).
A orientação familiar é primordial no tratamento de sujeitos com
TDAH. No programa acima citado – NANI – a orientação da família facilita a
transformação de transações disfuncionais nas interações familiares que
possam estar favorecendo a manutenção do sintoma, independentemente de
qualquer outro tratamento que o sujeito esteja recebendo. A ideia é
implementar uma intervenção neuropsicológica em quadros de TDAH.
Os resultados do tratamento medicamentoso são reais e efetivos na
minimização dos sintomas cognitivos e comportamentais do TDAH. Entretanto,
o efeito a longo prazo ainda não foi determinado, há limitações importantes, já
que alguns indivíduos ainda apresentam prejuízo funcional com a
medicalização e seu uso implica efeitos secundários, como ocorre no uso
contínuo de qualquer medicação.
Pesquisas recentes indicam que em determinados casos, o
tratamento multimodal terá melhor resultado se comparado à tratamentos
unimodais (só medicamentoso ou só por intervenções psicossociais). Como
ressalta Barkley (2008 p. 719) “a farmacoterapia deve fazer parte de um plano
de tratamento que considere todos os aspectos da vida dos pacientes. Assim,
não deve ser usada em detrimento de outras intervenções. “
Desta forma, tratamentos não farmacológicos estão em análise em
crianças e adolescentes e estudos recentes indicam as chamadas “practice
guidelines” – recomendações práticas – para o tratamento do TDAH, as quais
variam quanto à recomendação para os tratamentos comportamentais, mas de
34
modo geral estabelecem que o tratamento pode incluir farmacoterapia,
psicoeducação, terapia comportamental, intervenção na escola ou em outros
ambientes, sendo por indicação clínica e /ou pelas preferências familiares.
A associação Brasileira de Déficit de Atenção (ABDA) defende a
prática da terapia cognitivo-comportamental no tratamento do TDAH No Brasil,
dita terapia é de atribuição exclusiva dos psicólogos e, a partir da faixa-etária
tratada, as recomendações mudam. No momento não existe nenhuma
evidência de que outras formas de psicoterapia auxiliem nos sintomas de
TDAH.
Os chamados “practice guidelines” ou “guias de tratamento”,
propostos pelas associações de saúde mental e de pediatria, endossam os
tratamentos multimodais, ou seja, mesmo quando a criança ou o adolescente
estejam medicados adequadamente, intervenções psicossociais com a família
e a escola são, em diversos aspectos, muito importantes, como na qualidade
da relação com os pais e os professores, na execução de deveres de casa e no
funcionamento dos pais com a criança.
Estratégias de mudança comportamental podem ser utilizadas por
pais e professores, dentro e fora de sala de aula, para auxiliar em aspectos
acadêmicos e sociais segundo Estanislau e Bressan (2014). Implementadas
com uma orientação profissional elas podem ajudar indivíduos com TDAH a
enfrentar os desafios e construir uma história de sucesso em sua vida escolar.
Para que se implemente a mudança comportamental, primeiramente
deve-se estipular o comportamento-alvo a ser modificado (relacionado a
excessos comportamentais ou déficits comportamentais), buscando melhora do
indivíduo. Identificado o comportamento, há que se buscar os fatores que o
originam, o mantém e o inibem. Identificados o fator precipitante da
manifestação e manutenção, segue-se para o planejamento da estratégia de
ação.
As estratégias de ação têm por objetivo tanto minimizar quanto
diminuir comportamentos problemáticos, além de ensinar novos
comportamentos, mais funcionais e positivos. No caso do TDAH, ambas
35
abordagens são necessárias, devido aos diferentes problemas e sintomas que
apresentam os indivíduos que sofrem desse transtorno.
O profissional que lidará com o indivíduo TDAH deve ter mente os
seguintes requisitos ao formular sua estratégia de ação: seja específico, ao
definir objetivos claros e comportamentos-alvo a ser tratado; deve propor metas
realistas para que pequenos ganhos alcançados sejam valorizados; defina o
plano de ação – as estratégias e os objetivos a serem alcançados; faça
registros do desenvolvimento e do comportamento do aluno a fim de avaliar o
progresso e/ou fracasso das atividades e facilitar um replanejamento; por fim, o
trabalho em equipe é a melhor proposta – pais e equipe pedagógica
trabalhando em prol de um mesmo objetivos e em distintos ambientes em que
o indivíduo está inserido.
A teoria comportamental propõe que os planos de ação nos casos
de TDAH devem estar centrados no conceito de reforço. Os reforços são
consequências que aumentam a possibilidade de um comportamento ocorrer
no futuro. O reforço positivo caracteriza-se por uma recompensa que estimula a
repetição de um comportamento adequado, já o negativo consiste na retirada
de um estímulo aversivo depois que o comportamento adequado é exercido.
O reforço deve ser utilizado a partir da análise de um quadro de
registros do aluno. Neste o professor deve descrever o comportamento a ser
recompensado, de forma concisa, quantificável e sob a forma de afirmações
positivas. Estabelecimento de critérios na escolha de recompensas é fator
determinante para o sucesso. O professor deve estar atento que o que pode
ser estimulante para um aluno, pode não ser para outro e o comportamento-
alvo deve ter uma consequência prazerosa ao ser alterado para que o indivíduo
continue perseguindo sua mudança comportamental. O reforço deve ser
modificado periodicamente a fim de que não gere desestímulo para o indivíduo
TDAH. É imperioso que o reforço seja logo ao comportamento-alvo ser
atingido, indivíduos com TDAH não respondem bem às gratificações tardias. A
avaliação conjunta do quadro de registros é importante – o professor deve,
junto com o aluno, reavaliar atitudes, ações e ressaltar os avanços alcançados.
Por fim, o professor deve estar consciente de que como os comportamentos
não surgem de uma hora para outra, também não desaparecem como mágica.
36
Há que insistir no projeto, pedir auxílio profissional quando as dificuldades
apareçam e conversar com o sujeito, sem tom punitivo, sobre os
comportamentos disruptivos que apareçam e precisam ser modificados.
O reforço positivo é a base para a mudança comportamental. Pode
se dar de forma material ou social. No ambiente escolar esse reforço tem mais
amplitude e valor quando expresso por meio de palavras de incentivo, elogios
individuais ou em grupo, já que é reforçador social importante para a maioria
das pessoas.
O professor, no âmbito da escola, enquanto representante de poder
e saber, pode e deve valer-se de reforços positivos. Várias são as estratégias
para executar esse reforço, pode-se citar como exemplos a eleição do aluno
como auxiliar do professor nas atividades básicas como apagar o quadro;
estabelecer pontuação por comportamento; ganhar adesivos ou carimbos com
palavras de incentivo e felicitações; receber elogios do professor, etc.
O reforço positivo pode ser fornecido por via direta ou por meio de
aquisição de pontos. Para as crianças menores, carimbos e adesivos
funcionam melhor. Entretanto para os maiores a pontuação em fichas é mais
eficaz e apresenta melhor resposta na mudança comportamental. Além disso,
pode-se estipular previamente que condutas inadequadas implicarão na perda
da pontuação. É importante ter claro que o objetivo é estimular e não
desestimular o indivíduo e, portanto, a perda de pontuação tem que ser
criteriosa, não tornando impossível e distante o alcance das metas propostas.
O TDAH em sala de aula requer mudanças básicas e atitudinais
para coibir seus sintomas, como já mencionado anteriormente, cabe ressaltar
que são a primeira vista atitudes simples, mas que fazem total diferença no
cotidiano escolar desse aluno e para o grupo do qual faz parte. Sendo assim,
minimizar os estímulos distratores; sinalizar as informações mais importantes,
utilizar recursos visuais; repetir instruções; estabelecer contato visual, sempre;
dar comandos curtos; dividir tarefas complexas; estabelecer sinais como alerta
para mudança de condutas e controle comportamental; monitorar o progresso
ao valer-se de feedback periódico; rever programação e regras quando de
situações difíceis que impliquem alteração de rotina (passeios extraclasse);
envolve os alunos na rotina de sala de forma a prover momentos de circulação
37
em sala de aula, saindo da posição estática, cansativa para o TDAH,
principalmente; valorize o dever de casa, elogiando o resultado e mostrando as
correções devidas; evite a repetição de repreensões, negativas, pois em casa
os indivíduos TDAH já ouvem “não” muitas vezes; reforce o comportamento
adequado, elogiando o trabalho silencioso, por exemplo; faça adaptações
curriculares para garantir o acesso do TDAH ao programa escolar; crie
atividades diferenciadas para captar e manter a atenção dos alunos,
promovendo interesse e participação na consecução das tarefas; reforce a
parceria com a família e, por fim, não descuide da autoestima do aluno, é
fundamental para o interesse em crescer e alcançar as metas propostas, uma
vez que reconhece sua capacidade e acredita nela.
O segredo do sucesso em casos de alunos com TDAH é estipular
metas e objetivos claros, concisos e acessíveis e recompensá-los quando o
proposto é alcançado. O professor gerencia o sistema e recompensa seu
aluno, a cada pequena realização, até que o novo comportamento seja
apreendido e internalizado.
38
CONCLUSÃO
TDAH é um transtorno heterogêneo, de ordem neurobiológica que
se apresenta na infância ou adolescência e pode persistir até a idade adulta.
Vendo essa definição, pode-se ter uma visão um pouco fatalista para os que
sofrem desse transtorno. Será “fatal” essa convivência, uma vez que o
transtorno é crônico?
Ao longo do presente estudo foi possível verificar que TDAH, como
qualquer transtorno, se não tratado, repercute negativamente na vida do
indivíduo. Prejudica sua convivência nos distintos espaços do qual faz parte e,
em efeito cascata, atinge a todos com quem convive e interage. Família,
amigos, professores, todos sofrem com o sujeito que, sem tratamento, não
consegue organizar-se, focar, raciocinar, relacionar-se com os demais, não se
reconhece enquanto pessoa importante tanto para si quanto para os que o
rodeia.
Os comportamentos característicos dos indivíduos com TDAH
frequentemente impedem interações sociais positivas e interferem na
aprendizagem, levando ao fracasso acadêmico. O transtorno não tratado gera
no sujeito uma sensação de incapacidade frente aos desafios acadêmicos e às
relações interpessoais em todos os setores em que participa. Nesse momento,
sua baixa autoestima o leva a pensar que não tem direito ao sucesso, não se
sentindo pertence ao grupo, por não ser reconhecido enquanto sujeito atuante
e produtivo na sociedade.
A medicalização de crianças e adolescentes com TDAH é hábito faz
décadas. O uso de metilfenidato em suas várias apresentações, mais
comumente Ritalina, e de outros inibidores tricíclicos se faz necessário devido
ao excesso de noradrenalina no locus coerelus. Altera funções cognitivas
relacionadas com a atenção, além de ser responsável por uma diminuição da
inibição comportamental devido à comunicação noradrenérgica aumentada na
região cortical. Entretanto, o controle dos efeitos do TDAH é temporário e, a
depender da medicação, esta deve ser ministrada várias vezes ao dia,
39
prejudicando as atividades do indivíduo e gerando, às vezes, constrangimento,
principalmente no espaço escolar.
Frente a esta realidade, estudiosos na área perceberam que
pacientes que sofreram outros tipos de intervenção, além da farmacológica,
obtiveram êxito no controle de problemas comportamentais típicos desse
transtorno. O tratamento farmacológico apresenta controle temporário dos
principais sintomas do TDAH: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Ao
propor um tratamento multimodal: medicamentoso aliado às intervenções
psicopedagógicas e psicossociais, a qualidade de vida do sujeito apresenta
melhora nos distintos setores de atuação.
O MTA (Multimodal Treament of ADHD), desenvolvido pelo National
Institute of Mental Health, constatou que, após estudos, o tratamento unimodal
– farmacológico – apresentou bons resultados na reorganização das funções
executivas; o unimodal – psicossocial – não apresentou resultados
satisfatórios. Já o tratamento denominado combinado – medicamentoso aliado
às intervenções psicopedagógicas e psicossociais na família e na escola,
apresentou resultados positivos. Melhor dizendo, o tratamento multimodal
apresentou bons resultados na minimização dos problemas comportamentais
aliado aos efeitos da medicação no restabelecimento das funções executivas
dos neurotransmissores, implicando em uma melhora na qualidade de vida dos
indivíduos com TDAH.
O êxito no tratamento do TDAH requer um conjunto de fatores: o
diagnóstico diferencial cuidadoso na avaliação do portador, que considere
fatores psiquiátricos, cognitivos, educacionais e médicos, que possam
contribuir para o quadro clínico e tratamento adequado ao atacar todos os
sintomas do TDAH. Desta forma, minimiza o alcance e aparecimento dos
efeitos secundários do transtorno, como por exemplo, as dificuldades de
aprendizagem, responsáveis pelo fracasso escolar e, muitas vezes, até
profissional.
No que compete à ação/intervenção do Psicopedagogo, a
observação individual e grupal é um instrumento crucial para sua avaliação.
Esta busca oferecer informações funcionais à equipe multidisciplinar sobre a
dinâmica, as interações e o processo de aprendizagem dos alunos,
40
complementa a observação pessoal de cada docente. Nas reuniões da equipe
a análise das informações, originárias de distintas fontes, deverá ser a base
para o estabelecimento das estratégicas educacionais a serem tomadas, tanto
com o grupo quanto com o indivíduo com TDAH, a partir do reconhecimento
das necessidades educacionais dos sujeitos.
O atendimento/tratamento do transtorno, para sua eficácia, deve ser
contextualizado, ou seja, partir da realidade escolar e familiar, em que se dão
as interações do indivíduo com TDAH. Além disso, não se deve restringir ao
âmbito do desenvolvimento pessoal para que não se recaia nas limitações do
sujeito, reforçando a falsa crença de que o problema é do educando. A
intervenção psicopedagógica vem com a proposta de desfocar a atenção dos
déficits e focar a atenção no potencial do indivíduo, integrando-o nas esferas
familiar, escolar e no grupo social com uma melhor autoestima e,
consequentemente, perspectiva de sucesso.
Ampliando o foco, levando em consideração a interação do indivíduo
nos diversos contextos em que atua e convive, pode-se descobrir dados para
resolver ou amenizar a situação do sujeito. Para tanto, o psicopedagogo não
pode limitar sua análise e diagnóstico baseado em testes psicométricos,
utilizando escalas de desenvolvimento ou em questionários. É determinante o
contato e a troca de informações do psicopedagogo com os pais e demais
profissionais que atendem ao indivíduo TDAH, entre neuropsicólogos,
fonoaudiólogos e professores. Neste caso, a entrevista pessoal é instrumento
necessário e eficaz para seu trabalho de intervenção.
Os profissionais envolvidos devem ter claro que o sucesso do
tratamento está em propor metas realistas para as intervenções
farmacológicas, psicopedagógicas e psicossociais. Além disso, é necessária
uma definição precisa dos sintomas-alvo, dos efeitos rebote e das reações
adversas e dos benefícios potenciais de cada tipo de intervenção.
A intervenção psicopedagógica, foco deste estudo, vem com a
proposta de auxiliar o indivíduo com TDAH a superar seus limites,
desenvolvendo suas potencialidades para que se sinta pertencente ao grupo
em que está inserido e à família da qual faz parte. O objetivo é que se perceba
como ser produtivo e capaz de interagir e construir conhecimento. O
41
psicopedagogo vai estimular a integração das aprendizagens e levar o sujeito a
incluir em sua aprendizagem estratégias para fazer, aprender e pensar. Em
outras palavras, vivenciar sua aprendizagem sob a perspectiva da proposta
espiral: aprender fazendo – aprender aprendendo – aprender pensando –
pensar aprendendo.
O Tratamento Multimodal como recurso psicopedagógico nos casos
de TDAH favorece o trânsito e intervenção no núcleo das quatro áreas:
socioafetivo (competências), psicomotor, psicolinguístico e cognitivo. Levando
em consideração o auxílio da plasticidade do cérebro, do desejo, do orgânico e
da estrutura familiar no sucesso do indivíduo em todos os seus campos de
ação e interação.
O Psicopedagogo enquanto elemento–chave na apresentação de
propostas de ação/intervenção em casos de TDAH deve orientar, no âmbito
escolar, os profissionais envolvidos no atendimento/tratamento a evitar a
combinação de procedimentos reativos e punitivos e privilegiar a combinação
de estratégias preventivas e reativas. A primeira proposta de procedimentos
obtém êxito quando não habitual. A reprimenda verbal ou a remoção do aluno
de sala de aula devem ocorrer permeadas pelo vínculo afetivo estabelecido
com o indivíduo e acompanhado de reforço positivo. Já a segunda, tende mais
ao sucesso, pois, são preventivas ao ser manipuladas de modo que inibam os
comportamentos desatentos e disruptivos, evitando que as interações
problemáticas ocorram, e reativas, ao não se limitar a enfoques punitivos, mas
sim pender para o reforço positivo quando da ocorrência de comportamentos
atentos e adequados à situação e ao contexto em que está inserido.
A escola deve favorecer ao aluno o espaço para construir-se
enquanto cidadão e, sendo assim, sentir-se pleno e capaz de construir
conhecimento. A segunda instituição da qual fazemos parte precisa primar pelo
estímulo ao sujeito, tenha ele ou não necessidades educacionais especiais. A
função da escola e, principalmente, a função da intervenção psicopedagógica é
empoderar os indivíduos de suas potencialidades. A escola atual persegue o
ideal proposto por Rubem Alves, explícito ao dizer “Há escolas que são gaiolas
e há escolas que são asas”, ou seja, assim como não se pode ensinar ao
pássaro o que ele por natureza já sabe, a escola não pode ensinar aos alunos
42
suas potencialidades, mas sim encorajá-los a desenvolvê-las, pois todos,
devido a sua condição inata, sem exceção, as possuem.
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48
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
SUMÁRIO 6
INTRODUÇÃO 7
CAPÍTULO I
O TDAH NA PERSPECTIVA DA PSICOPEDAGOGIA 10
1.1 O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL 11
1.2 O TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE 15
CAPÍTULO II
A INTERVENÇÃO PSIOCPEDAGÓGICA EM CASOS DE ALUNOS COM
TDAH 22
CAPÍTULO III
TRATAMENTO MULTIMODAL – RECURSO PSICOPEDAGÓGICO NA
INTERVENÇÃO EM CASOS DE TDAH 29
CONCLUSÃO 38
BIBLIOGRAFIA 43
WEBGRAFIA 47
ÍNDICE 48