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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE CURSO DE GESTÃO EMPRESARIAL LIDERANÇA FEMININA E O MERCADO DE TRABALHO: AVANÇOS E RECUOS VIVIANE FARIA DE SOUZA RIO DE JANEIRO 2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

CURSO DE GESTÃO EMPRESARIAL

LIDERANÇA FEMININA E O MERCADO DE TRABALHO:

AVANÇOS E RECUOS

VIVIANE FARIA DE SOUZA

RIO DE JANEIRO

2010

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LIDERANÇA FEMININA E O MERCADO DE TRABALHO:

AVANÇOS E RECUOS

VIVIANE FARIA DE SOUZA

Monografia apresentada à

Universidade Cândido

Mendes, como requisito

parcial para obtenção de grau

de especialista em Gestão

Empresarial.

Orientador: Professor Carlos Cereja

RIO DE JANEIRO

2010

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AGRADECIMENTOS

A minha família, afilhados e amigos pela paciência nos meus momentos

de ausência, aos amigos de classe pelo companheirismo, em especial a José

Carlos, meu companheiro de classe e “orientador” presencial.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha Marta do Nascimento, MINHA MÃE, por

uma vida dedicada ao trabalho e a família, tornando-se assim, meu primeiro

exemplo de liderança feminina e de vida a ser seguido, a Jorge Faria, MEU

PAI, o “durão” por toda a sua preocupação comigo, as minhas irmãs, pelas

palavras de incentivo nos momentos difíceis e ao Marcelo, MEU AMOR e um

grande incentivador em todos os meus projetos de vida.

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RESUMO

Nas últimas duas décadas, cerca de 20 milhões de mulheres ingressaram na população economicamente ativa no Brasil. Parte desse aumento pode ser justificada pelas mudanças no conceito de trabalho. Como resultado do processo de industrialização, da necessidade de complementar a renda familiar e de transformação nos valores culturais ocorridas na sociedade, a inserção da mulher no mercado de trabalho passou a adquirir uma importância cada vez mais expressiva ao longo dos anos. O exposto acima nos leva a indagar como está estruturada a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho brasileiro e como se dá a sua liderança nos ambientes profissionais. Logo, o objetivo da presente monografia é analisar a liderança feminina nos espaços profissionais. Para tanto, utilizamos a pesquisa bibliográfica como metodologia, sendo assim, utilizamos textos e autores que tratam do tema. O nosso trabalho divide-se em três capítulos, onde veremos a evolução da mulher no contexto social, a difícil introdução e aceitação das mulheres no mercado de trabalho, as desigualdades e as conquistas no contexto econômico.

Palavras-chave: Mulheres, Liderança feminina e mercado de trabalho.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I - As mulheres 07

1.1 - O ingresso da mulher no mercado de trabalho 10

1.2 - As conquistas 12

1.3 - As desigualdades 15

CAPÍTULO II: O MERCADO DE TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE

2.1 – Mulheres no mercado de trabalho 21

CAPÍTULO III - LIDERANÇA FEMININA

3.1– A liderança feminina e o mundo do trabalho 25

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 37

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INTRODUÇÃO

A globalização desenfreada experimentada pelo mundo neste início de

século XXI tem submetido vários profissionais a constantes mudanças no

mercado de trabalho, que a cada momento torna-se mais competitivo. No

entanto, apesar das dificuldades, a mão de obra feminina está garantindo

espaço em setores antes dominados somente pelos homens.

O dito popular que atrás de um grande homem existe sempre uma

grande mulher é de conhecimento de todos. Mas, durante muito tempo, as

mulheres viveram à margem da sociedade e poucas tinham participação no

mercado de trabalho, ou melhor, não trabalhavam.

Até por volta de 1960 a mulheres estavam praticamente fora do mundo

do trabalho assalariado. Nesta época toda e qualquer profissão ocupada por

mulheres sofria preconceitos, pois era associada à imagem de degradação e

muitas vezes até associada com prostituição.

O século XX foi o de maior avanço das mulheres em toda a história da

sociedade. Todos começaram a trocar a vida do mundo rural, pelas

oportunidades oferecidas nas grandes cidades. O processo de industrialização

e de urbanização abriu novas possibilidades culturais às mulheres.

Nas últimas duas décadas, cerca de 20 milhões de mulheres

ingressaram na população economicamente ativa no Brasil. Parte desse

aumento pode ser justificado pelas mudanças no conceito de trabalho.

Contudo, as mulheres ainda fazem dupla jornada de trabalho ao

assumir, também, o trabalho doméstico em suas residências. Além de tudo, o

fato de ganharem menos que os homens quando exercem a mesma função,

ainda é uma realidade.

Como resultado do processo de industrialização, da necessidade de

complementar a renda familiar e de transformação nos valores culturais

ocorridas na sociedade, à inserção da mulher no mercado de trabalho passou a

adquirir uma importância cada vez mais expressiva ao longo dos anos.

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O exposto acima nos leva a indagar como está estruturada a crescente

inserção da mulher no mercado de trabalho brasileiro e como se dá a sua

liderança nos ambientes profissionais.

Assim sendo, nosso intuito com o presente estudo é problematizar os

fatores circundantes da liderança feminina nos espaços profissionais, pois

acreditamos que pesquisas dessa natureza podem contribui para um melhor

entendimento das questões que permeiam o mundo do trabalho, sobretudo, no

que diz respeito à atuação das mulheres nesse mundo, marcado pelo poder

masculino.

O nosso trabalho divide-se em três capítulos, onde veremos a evolução

da mulher no contexto social, a difícil introdução e aceitação das mulheres no

mercado de trabalho, as desigualdades e as conquistas no contexto

econômico.

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METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica foi à metodologia usada no estudo. Sendo

assim, utilizamos textos e autores que tratam do tema.

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CAPÍTULO I:

As MULHERES

Ao analisar a história da mulher podemos verificar que a mesma foi

cercada de opressão e submissão. Praticamente condenada a funções

subalternas, a mulher lutou contra esta dominação, que além de tudo sempre

marcou as relações com a família. Porém, se atualmente podemos afirmar que

se trata de uma luta vitoriosa, ainda têm-se muito que conquistar.

A história brasileira registra momentos muito importantes nesta busca

pela libertação das mulheres e, sem sombra de dúvida alguns deles

contribuíram para fornecer maior seriedade ao movimento, alertando a

consciência de todos para o fato de que a questão de sexo transcende o

feminino e o masculino, e diz respeito à própria noção de cidadania e a

formação de uma sociedade justa.

Como uma das conquistas mais importantes, dentre outras, podemos

destacar a conquista do direito de voto, dando-lhe a condição de cidadã. O

exercício deste poderoso instrumento político contribuiu para que a mulher

passasse a ser o sujeito de sua própria história, e não mais o objeto descrito

apenas pelos homens.

Outro importante momento foi o aparecimento da pílula

anticoncepcional, que permitiu à mulher liberta-se do incondicional destino de

ser sempre uma mera reprodutora e pudesse ter na sua sexualidade o direito

ao prazer, fornecendo o direito a optar ou não pela maternidade.

Com estas vitórias, o momento feminista assumiu grandes proporções

sociais, e, no Brasil, atingiu o seu ápice com a promulgação da Constituição de

1988, que instituiu a igualdade jurídica entre homens e mulheres. O fato deu-se

não por uma concessão, mas em conseqüência de intensa luta dos

movimentos de mulheres espalhados pelo Brasil inteiro, que pressionaram de

forma incisiva os legisladores, de modo que, se nem todas as garantias e

direitos provenientes da condição feminina acolhidos na Constituição um

grande avanço nas conquistas foi dado.

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A luta pela igualdade de direitos deve ser constante, visto que a

sociedade brasileira é patriarcal, inclusive em função de sua colonização. O

enfraquecimento pela indagação de igualdade de direitos abre para a

discriminação das mulheres.

É fato que o baixo nível de escolaridade do povo brasileiro, inclusive das

mulheres, que historicamente eram preteridas em detrimento aos homens da

família, a ter acesso ao estudo. Isto leva que as mesmas permitam e

concordem com a hegemonia dos homens em relação a elas.

Atualmente, o culto ao corpo, impõe a jovens adolescentes inúmeras

cirurgias plásticas, objetivando a busca da perfeição física, músicas que

voltaram a reproduzir a abominável violência contra a mulher, brincadeiras,

piadas e adjetivos qualificando-a por certas partes de seu corpo, tudo isto leva

a juventude a ter conceitos e atitudes que reforçam a imagem da mulher com

um ser inferior e restrito a reprodução ou fornecimento de prazer para os

homens, ou seja, sem capacidade de pensar e produzir.

Isto aponta para o fato de que a igualdade não se faz por lei ou decreto.

Conquista-se com luta constante, para que não haja estagnação ou retrocesso

no processo de avanço social. Daí a importância da construção da identidade

feminina, rompendo com os velhos modelos autoritários em busca de uma

sociedade igualitária, na qual se garantam os direitos fundamentais da mulher.

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1.1 - O INGRESSO DA MULHER NO MERCADO DE TRABALHO

Durante milênios, as mulheres viveram sob a repressão e a dominação

masculina. Foram torturadas e violentadas. Após períodos em que a vida das

mulheres melhorou, houve repressão ainda maior. Mas no século XX,

finalmente se apresentou a combinação correta de fatores: a massa crítica

manifestou-se.

Podem vir a ocorrer dias difíceis, mas não há retorno. Nunca as

mulheres chegaram tão longe. A centelha do poder, da beleza e da criatividade

das mulheres, há muito enterrada ou esquecida, jamais renasceu de um modo

tão exuberante.

A libertação da mulher não é o fim, e sim o início de muito trabalho. Há

todo um mundo lá fora que necessita ser totalmente transformado, para que os

homens e mulheres possam criar, desejar, construir e desfrutar. Não se trata

das mulheres assumindo o poder, mas de mulheres e homens expressando

juntos seu pleno potencial. Pouco a pouco as mulheres estão ampliando seu

espaço na economia nacional. Ainda é uma conquista lenta, mas têm mostrado

constante.

Desde o momento em que as mulheres mostraram-se capazes de

contribuir para o sustento de suas famílias, não foi mais possível tratá-las como

donas-de-casa ou objetos de prazer. As mulheres passaram a lutar por

melhores condições de trabalho. Essas condições coincidiam com as

reivindicações da classe operária em geral.

As novas exigências devem-se a industrialização no séc XIX, pois as

mulheres foram cada vez mais abandonando suas casas pára buscar

empregos nas indústrias. Os trabalhadores na época já eram mal pagos e as

mulheres, pior ainda. Para as indústrias era mais vantajoso empregar as

mulheres, estimulando assim uma concorrência entre ambos os sexos.

Com a entrada maciça de mulher no mercado de trabalho, como mão -

de- obra assalariada em empresas privadas e públicas, sobretudo nos países

ocidentais de economia industrial, tornou-se clara sua discriminação salarial em

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funções iguais às dos homens, inclusive em casos em que eram mais

qualificadas.

E as mulheres casadas passaram a enfrentar as responsabilidades do

emprego, sem contar com estruturas de apoio, para atenuar o distanciamento

da família, que era em tempo integral (especialmente creches). Nos anos 60 foi

registrado um excepcional aumento na entrada de jovens nas universidades, e

uma grande porcentagem foi da população feminina, vinda da classe média.

As conseqüências do aumento da escolaridade das mulheres, embora

não registradas estatisticamente, tornam-se cada vez mais visíveis, não

apenas no campo profissional, mas também no crescimento da produção, na

redução do numero de filhos e na melhoria geral da saúde e nutrição das

famílias, do aprendizado das crianças e da qualidade de vida e de trabalho das

próprias mulheres.

No entanto, o desemprego provocado por crises, estagnação

econômica, avanço tecnológico e outros tipos de turbulência, que atualmente

vêm sacudindo as economias de todos os países, mostram que é maior a

exclusão das mulheres. E entre elas, o maior peso recai sobre as jovens, em

grande parte pela persistência da cultura patriarcal que valoriza o homem como

alicerce da família.

Em 1973, apenas 30,9% da População Economicamente Ativa (PEA) do

Brasil era do sexo feminino. Segundo os dados da Pesquisa Nacional de

Amostra por Domicílio (PNAD), em 1999, elas já representavam 41,4% do total

da força de trabalho, aproximadamente 33 milhões. Mediante os números

apresentados, podemos chegar a conclusão que a mulher deixou de ser

apenas uma parte da família para se tornar o comandante dela em algumas

situações. Por isso, esse ingresso no mercado é uma vitória.

Outra peculiaridade que acompanha a mulher é a sua “ dupla jornada” .

Normalmente, além de cumprir suas tarefas na empresa, ela precisa cuidar dos

afazeres domésticos. Em uma década, o número de mulheres responsáveis

pelos domicílios brasileiros aumentou de 18,1% para 24,9%, segundo os dados

da pesquisa “Perfil das Mulheres Responsáveis pelos Domicílios no Brasil”,

desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Além de tudo que foi exposto, não podemos deixar de citar as novas

demandas do mercado por profissionais cada vez mais preparados. Apesar das

demandas para a profissionalização constante dos integrantes do mercado de

trabalho, o nível de vida no país a cada dia que passa está mais baixa. As

perdas salariais são uma constante, e as demandas por investimentos em

educação e aprimoramento também são. Faz parte da realidade dos casais

modernos a divisão das responsabilidades com o pagamento das despesas

domésticas, para que desta forma sobrem proventos para os investimentos

extras, mas não menos importantes, em cursos para atualização profissional.

Contudo, a renda disponível ainda é priorizada para suprir as necessidades

masculinas de atualização profissional.

A vida pública começa a se beneficiar com a presença de mais

mulheres. De acordo com Carreira (2001), essa abertura teve início e ocorreu

mais facilmente em ambientes que de certa forma reproduzem atividades

consideradas como extensão do lar (educação, saúde, e serviços, por

exemplo), e acontecem mais raramente nos redutos tradicionais masculinos,

como o das finanças, o da hierarquia religiosa, o dos altos postos políticos e o

da tecnologia de ponta.

Carreira (2001) faz uma analogia entre situação das mulheres que

adentraram às organizações com o mesmo impacto de quando temos contato

com uma cultura diferente. São tantas nuances que vários sentimentos são

vivenciados, desde a excitação ao terrível medo.

As organizações sempre forma consideradas neutras em termos das

relações de gênero. Porém, historicamente, sua cultura dominante tem sido a

cultura do homem branco, que reflete os atributos tradicionais masculinos.

Nesse ambiente, criado pelos e para os homens, os valores predominante

sempre foram assertividade, agressividade, competitividade, atividade,

independência, forte hierarquia e orientação à conquista. Tais características

conduzem à racionalidade, ao controle das emoções e, por conseguinte, a uma

cultura de “controle” dentro das próprias organizações.

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1.2 - AS CONQUISTAS

Em um país com dimensões continentais como Brasil, campeão em

níveis recordes de desigualdades econômicas e sociais, é muito difícil tratar as

diferentes categorias de trabalhadoras como um único foco de estudo. Existem

diferenças entre estas categorias, visto que cada mantém suas particulares,

desde as executivas de empresas, sintonizadas com a globalização da

economia, e as assalariadas, semi-analfabetas e inseridas em um contexto de

quase total exclusão. Entretanto, em qualquer categoria em que a mulher se

enquadre, há um fato em comum entre elas – a luta pelo respeito no mercado

de trabalho.

Segundo Carreira (2001, p.169), os problemas enfrentados pelas

mulheres no ingresso ao mercado de trabalho são vários e podem ser

enumerados como:

• Salários menores do que os dos homens por trabalhos equivalentes,

além de terem de comprovar maior escolaridade e experiência quando

disputam a mesma função. No caso das negras, a situação se agrava

substancialmente por causa do duplo preconceito;

• Dupla jornada, produto de uma divisão sexual do trabalho que ainda

prevê todo o gerenciamento da vida cotidiana como trabalho feminino.

Exigi-se que as mulheres sejam ótimas mães e donas-de-casa antes de

ser profissionais;

• Deficiências nas políticas sociais, que impedem o acesso aos serviços

de apoio familiar, como creches, refeitórios e outros equipamentos

sociais a mulheres de menos renda. Muitas como ainda não se

sensibilizaram com as especificidades femininas, demitindo ao constatar

gravidez e arranjando subterfúgios para evitar a promoção das casadas;

• Menores chances de capacitar-se profissionalmente naquelas áreas

mais rentáveis cujas vagas são destinadas majoritariamente aos

homens. As profissões vistas como extensões do trabalho reprodutivo e,

portanto, com remunerações menores são ainda que oferecem maiores

chances às mulheres.

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• Falta de voz nos espaços de decisão e de poder para negociar acordos

coletivos de trabalho, devido às desigualdades de gênero nas próprias

relações sindicais.

No Brasil, os números são explícitos quanto as desigualdades, conforme

o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), com os dados levantados em outubro de

2000, nos 5.527 municípios brasileiros, o número de vereadoras eleitas em

2000 subiu de 6.536 para 7.001. Entretanto trata-se de um número ainda 7,5

vezes menor do que a quantidade de vereadores homens eleitos no mesmo

pleito. O número de prefeitas foi ainda menos expressivo: 317 mulheres para

5.213 homens.

As mulheres trabalhadoras destacam-se como tendo maior escolaridade

do que os homens em situação similar (2,5% da força de trabalho feminina tem

segundo grau completo, contra 17% da masculina). Nas categorias de

profissionais liberais, 31% dos médicos, 30% dos advogados e 42% dos

arquitetos são mulheres.

Em relação ao mercado de trabalho, temos a comentar:

• Em 1985, 37 em cada 100 mulheres brasileiras trabalhavam. Tal número

pulou de 48, em 1995.

• Em 1998, enquanto as mulheres brancas recebiam o equivalente a

• 79% do salário médio dos homens, as negras recebiam o

correspondente a 40% dos rendimentos destes.

• Cerca de 40% das mulheres que trabalham encontram-se no setor

informal, sem nenhum tipo de proteção social ou direito previdenciário.

• Por volta de 50% das trabalhadoras concentram-se em ocupações nas

quais se encontram apenas 5% da força de trabalho masculina.

• Da mesma forma, cerca de 50% dos homens concentram-se nas

ocupações em só 5% da mão-de-obra é feminina. Trata-se da chamada

“segregação ocupacional por sexo”.

Os tipos mais freqüentes de discriminação sofridos pela mulher, sem

dúvida é no mercado de trabalho. É a área onde as discriminações são

exercidas mais concretamente e sem disfarces, de forma tão generalizada, que

é quase impossível escapar a elas numa perspectiva meramente individual.

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Mas este é também o setor que apresenta maiores transformações nos últimos

tempos, devido à própria necessidade que o sistema produtivo tem de

absorver, cada vez mais a mão-de-obra feminina, à medida que este se amplia.

A igualdade entre os sexos é mais bem aceita, pois se baseia num

princípio elementar de justiça, já que é difícil negar que duas pessoas

executando exatamente o mesmo serviço devem receber a mesma

remuneração, independente de sexo e raça ou idade. Ao contrário de certas

imagens veiculadas sobre as mulheres, mostrando-as como seres frágeis, a

imensa maioria delas sempre trabalhou, embora seja detentora de pequena

parte da renda.

Assim, as restrições e discriminações que existem são sempre em

relação ao trabalho remunerado, exatamente, aquele que pode abrir

possibilidade para escapar ao controle masculino. Sendo assim são numerosos

os homens que não aceitam que a mulher realize um trabalho pago. Alguns,

quando o admitem, o fazem apenas sob determinadas condições isto é,

limitando-o a determinadas profissões, consideradas “femininas” e que

geralmente não proporcionam uma real independência econômica. Alguns

homens chegam a dizer que a mulher só deve trabalhar até se casar, como se

o casamento fosse um destino feminino obrigatório.

Para grande maioria da população feminina brasileira, o trabalho

remunerado está longe se constituir-se um meio de maior independência. É

muito mais uma necessidade de sobrevivência material, que geralmente

proporciona pouca satisfação e que as colocam diante de muitos obstáculos. O

maior número de mulheres exercendo trabalho remunerado é formado por

empregadas domésticas e boa parte do restante atua em funções subalternas

e mal pagas. Dificuldades adicionais, que afetam todas as mulheres inseridas

no mercado de trabalho, principalmente às das camadas mais pobres, são o

acúmulo do trabalho remunerado com aquele não remunerado, realizando para

a família, que raramente é dividido proporcionalmente com os homens

(maridos, irmãos ou filhos), e a inexistência ou insuficiência de serviços sociais

destinados ao cuidado de crianças pequenas, como as creches nos locais de

trabalho ou de moradia.

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Outros aspectos também são enumerados para apresentar a

discriminação sofrida pelas mulheres no mercado de trabalho são:

• Discriminações salariais

• Discriminação profissional

• Pouco acesso a cargo de confiança ou de chefia

• Maior vulnerabilidade às demissões

• Dispensa ou dificuldade de admissão por motivos de casamento ou

gravidez

• Menos acesso aos direitos trabalhistas e aos serviços previdenciários.

A discriminação da mulher no campo profissional é explícita,

principalmente para exercer altos cargos. Essa discriminação ainda se faz

notar em vários setores de profissionais autônomos, como médicos,

engenheiros, dentistas, advogados, economistas etc.

É fato que as próprias mulheres fazem discriminações, considerando

determinadas profissões só servem para homens e outras para mulheres. A

mulher que trabalha por necessidade em serviços pesados é malvista e

tachada de masculina. Para determinadas funções, a mulher só é aceita a

partir do momento em que não há nenhum homem para executá-la ficando

assim, como uma espécie de “última opção”.

Além de tudo, ainda há a discriminação nas admissões, promoções e

demissões. Há dificuldades da mulher na obtenção de emprego e promoções,

pois em inúmeras vezes sofre as chantagens da exploração sexual. Algumas

empresas discriminam a mulher, não a aceitando em cargos de chefia,

dispensando-a quando retorna da licença à maternidade ou mesmo, pagando

menores salários, quando no mesmo posto e/ou função em relação ao homem.

No trabalho, há preferência por pessoas de sexo masculino, para evitar

o problema da licença maternidade. Raramente a mulher consegue ascensão

profissional equivalente à do homem, é sempre preterida quando pleiteia

cargos de chefia. Há empresários que não aceitam mulheres casadas para

trabalharem em suas empresas. Ou ainda, forçam uma situação para que as

que casam sejam obrigadas a pedirem a demissão.

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1.3 - AS DESIGUALDADES

Um dos princípios na maioria das Constituições é trabalho e salários

iguais, sem distinção de sexo, mas os fatos desmentem as leis e existem

disparidades em todos os sentidos. Muitas empresas preferem empregar

mulheres porque o nível do salário é mais baixo do que seriam para homens,

outras por sua vez, numa escolha em que concorrem homem e mulher, dão

preferência sempre ao homem, desprezando a capacidade da mulher.

Constantemente as mulheres chegam aos cargos de chefia recebendo pelo

menos 30% a menos que os homens na mesma função, com as mesmas

atribuições.

Segundo um levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de

Estatística e Estudos Sócio-econômicos), as mulheres brasileiras recebem, em

média, 65% do que é pago aos homens. O trabalho mostra também que essa

diferença não depende do posto ocupado na empresa. No entanto há uma

tendência de mudança neste panorama, visto que de um modo geral, a

qualidade do profissional tem pesado mais na decisão dos empregadores.

Contudo, o preconceito ainda é grande no país. A maioria das mulheres ainda

se restringe as profissões consideradas “femininas”, como os serviços de

apoio, secretárias, recepcionistas, serviços gerais ou de limpeza.

Contudo a participação de mulheres no quadro de executivos das

empresas aumentou quase 20% nos últimos quatro anos. Os salários das

mulheres e homens são próximos nas grandes empresas, mas as executivas

continuam ganhando menos do que os colegas do sexo masculino nas

empresas de médio e pequeno porte. O fato da ascensão da mulher nos

cargos de chefia, normalmente é justificado pelo fato, das mesmas se

esforçarem mais para provar que têm a mesma capacidade que os homens.

Mas ainda suspeita-se que seja possível que um dos motivos do

aumento de mulheres executivas no mercado seja o fato das empresas

pagarem salários menores para as mesmas. Contudo, não há nenhuma

comprovação disso. A não ser o fato de a maior evolução no número de

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mulheres ter acontecido nas pequenas e médias empresas, exatamente

aquelas onde há as maiores diferenças de salários.

No entanto, muitas vezes os salários mais baixos se devem à própria

atitude das mulheres, que evitam se arriscar, pois em função da priorização da

família em de detrimento de qualquer outra coisa, as mulheres tem menos

propensão do que os homens a aceitar trabalhar por bônus e salários variáveis,

além de ter mais resistência a aceitar as transferências de cidade, estado ou

até de país.

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CAPÍTULO II:

O MERCADO DE TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE

Há cem anos, considerava-se a participação da mulher na vida

econômica como desvio do normal, como infração da ordem natural das coisas.

Hoje em dia, somente aqueles fechados em preconceitos e na mais sombra

ignorância são capazes de repetir essas opiniões ultrapassadas.

Atualmente o crescimento da população trabalhadora feminina é

superior ao crescimento da população masculina; milhares de mulheres têm

uma profissão, consagram suas vidas à ciência ou a arte.

São visíveis e acentuadas as transformações ocorridas nas últimas

décadas em relação aos papéis e ás funções atribuídas à mulher em nossa

sociedade, especialmente no que diz respeito a sua inserção no mercado de

trabalho. Se a grande novidade da segunda metade do século XX foi o

aumento do número de mulheres nas corporações, neste início de milênio

muitas delas já são executivas ou consultoras de renome.

A entrada maciça da mulher no mercado de trabalho remunerado,

segundo Castel (2000), foi em parte, possibilitada pelas transformações na

estrutura da economia e do trabalho, ou seja, a informatização, a integração

em rede e a globalização da economia, como também pela segmentação da

estrutura do mercado de trabalho de gênero. A economia informacional

permitiu o crescimento de dois setores específicos: de serviços empresariais e

o de serviços sociais, que vêm empregando um maior número de trabalhadoras

e exigindo, cada vez mais, maior especialização e maior nível educacional.

A trajetória profissional de uma mulher é sempre com uma série de

obstáculos que tem que ser vencidos, principalmente os preconceitos. O

espaço público do trabalho e os postos de chefia são esferas masculinas. A

mulher tem que, permanentemente, demonstrar que é capaz e competente. O

maior obstáculo para as mulheres são os pensamentos e atitudes

preconceituosas do homem e das próprias mulheres, que são fruto de uma

história de preconceitos existentes há muito tempo.

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No selvagem mundo dos negócios – onde quem sai ganhando são os

mais ferozes – vencer exige mais que garra. A fim de driblar a discriminação e

conquistar seu reino no competitivo mercado de trabalho, a maioria das

mulheres não tem optado mais pela área da educação. Hoje as mulheres

buscam empregos na área administrativa, executiva, cargos políticos ou área

de negócios.

A pós-graduação – especialização, mestrados e doutorados – tornaram-

se indispensáveis para a profissional que almeja uma posição de destaque. A

mulher profissional moderna, portanto, deve contar com sua boa dose de

eficiência e agilidade na execução das tarefas seja ela secretária, contadora,

administradora, arquiteta, médica, etc.

Embora as mulheres não estejam plenamente liberadas estão

transformando os diferentes setores, construindo uma nova realidade, uma

nova ordem ou paradigma social que finalmente irá substituir a antiga ordem

baseada na dominação do sexo masculino, em seus valores e em seu poder

(ABURDENE e NAISBITT, 1994, p.94).

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2.1 – MULHERES NO MERCADO DE TRABALHO

As mulheres ingressaram em profissões que não foram originalmente

concebidas por elas. Das forças armadas a astronautas, de campos

petrolíferos aos campos minados da política, as mulheres provaram que nada é

muito grande, muito ruim ou muito comprometedor. Enquanto uma primeira

geração de mulheres estava disposta a abrir caminho em ambientes

relativamente hostis, a atual geração é mais exigente. Hoje, a mulher escolhe

mais e é bem mais informada.

É importante ter em conta que no início do século XXI as mulheres

ganharam cada vez mais espaços na política. Isso porque faz pouco mais de

50 anos que conquistaram o direito ao voto. Demoraram em conquistar o

direito, mas, uma vez votantes, logo se apresentaram para disputar. E tem

marcado território nessa seara tão difícil que é a política.

Não há mais dúvida que as mulheres têm competências e sensibilidade

para comandar as mais complexas tarefas. Governadora, reitora, ministra,

piloto da aviação civil, dona de empresa, advogada, médica, motorista de

ônibus, operária da construção civil e agora comandante de Batalhões da

Polícia Militar. Aumenta a presença de mulheres em profissões antes

masculinas e ganham espaço no alto da pirâmide corporativa.

Ao analisar o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil no

último quarto de século, o que chama a atenção é o vigor e a persistência do

seu crescimento; houve uma ampliação do leque profissional das mulheres nos

últimos 30 anos, de forma inquestionável e contínua, que se deve, entre outras

razões, ao aumento da sua escolaridade a à diversificação das suas escolhas

educacionais.

A Fundação Carlos Chagas assinala em um de seus trabalhos: “com um

acréscimo de 25 milhões de trabalhadoras entre 1976 e 2002, as mulheres

desempenharam um papel muito mais relevante do que os homens no

crescimento da população economicamente ativa. Enquanto as taxas de

atividade masculina mantiveram-se em patamares semelhantes – entre 73% e

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76% em praticamente todo o período -, as das mulheres se ampliaram

significantemente.

Este cenário nos aponta que as mulheres tiveram grandes avanços no

século passado. Pouco a pouco foram conquistando espaços, graças a

mudanças interiores. As vitórias gradativas foram obra de pioneiras, de

mulheres que buscaram conscientizar suas iguais a assumir posições menos

submissas.

As mulheres, buscando e conquistando todas as mudanças, passam a

ser agentes transformadores. O mundo passa a ser palco de profundas

transformações em todos os âmbitos – transformações decorrentes do novo

comportamento feminino diante da vida. Essas mudanças trouxeram novas

tendências para a mulher.

Os mundos masculino e feminino não são antagônicos, senão

complementares e harmônicos. Construir um mundo melhor depende

justamente dessa harmonia entre os dois gêneros humanos.

As conquistas existiram, mas ainda são frágeis, demonstra a história

contemporânea, diante dos diferentes obstáculos a romper: os ataques

masculinos, a falta de vontade política e o mito de que a igualdade já existe.

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CAPÍTULO III

LIDERANÇA FEMININA NO MERCADO DE TRABALHO

Nos últimos vinte anos, mesmo sendo insustentável e frágil, a posição

da mulher na sociedade, no mercado de trabalho em particular, é fruto de

grandes lutas que se desenrolaram nos últimos duzentos anos para uma

conquista lenta, mas persistente, que deve ser creditada a mulheres que

provaram que são capazes de assumir funções antes somente exercidas pelos

homens. Desta forma procura-se analisar as características da forma de liderar

das mulheres que hoje ocupam cargos importantes nas empresas, que até bem

pouco tempo atrás somente eram ocupados por homens.

De acordo com Aburdene e Naisbitt (1993), as mulheres líderes

estimulam a participação, dividem o poder e a informação, aumentam a auto-

estima das outras pessoas e fazem com que os outros fiquem estimulados com

o trabalho, definem como primeira dimensão a capacitação, pois se traduz

como palavra-chave para descrever a liderança feminina que significa sentir

confiança para agir sobre sua própria autoridade. Significa que seu julgamento

é suficientemente respeitado por seus líderes para que eles apóiem sua

decisão. Se você cometer um erro, terá uma oportunidade de aprender algo

novo, sem humilhação ou censura”; esclarecem, ainda, que a capacitação

engloba tanto o líder como o subordinado.

Também se observa que se a capacitação é o primeiro atributo da

liderança feminina, a criação da estrutura organizacional para promovê-la é o

segundo. Na maioria dos casos, as mulheres na sua maneira de liderar, tem

uma relação mais tranqüila com os erros, sem diminuir aquele que o cometeu,

mas em determinados casos vemos também, mulheres líderes que por medo

de serem julgadas como fracas ou sem pulso acabam usando uma forma mais

agressiva de lidar com os erros.

Como até algum tempo atrás os cargos de liderança nas empresas eram

somente ocupados por homens, chegamos a conclusão da importância de

efetuarmos uma pesquisa na literatura visando fazer uma comparação entre a

forma de liderança masculina e feminina.

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O estudo das atividades dos líderes masculinos feito por Henry

Mintzberg, autor de The Nature of Managerial Work apresentado por Carr-

Ruffino (2000), é utilizado para comparação entre gerentes homens e gerentes

mulheres.

Assim sendo, ele conclui que os homens trabalham a um ritmo

implacável, sem pausas na atividade durante o dia. As mulheres trabalharam

em um ritmo constante com pequenas pausas. Os dias dos homens foram

caracterizados por descontinuidade e fragmentação.

As mulheres enxergaram tarefas não agendadas e encontros como uma

chance de estar envolvidas responsáveis, cuidadosas e prestativas e não como

interrupções. Os homens gastaram pouco tempo em atividades não

diretamente relacionadas ao trabalho.

As mulheres tiveram um tempo para atividades não diretamente

relacionadas ao trabalho; por exemplo, a vida familiar tinha grande prioridade.

Os homens deram preferência aos encontros ao vivo. Preferiram encontros

pessoais, mas guardaram algum tempo para responder ao correio. Aos

homens faltou tempo para reflexão.

As mulheres centraram-se a liderança, encontrando tempo para reflexão.

Os homens mantiveram uma vasta e complexa rede de relações à margem As

mulheres mantiveram uma vasta e complexa rede de relações à margem da

sua organização. Os homens identificaram-se com os seus empregos.

As mulheres identificaram-se como complexas e multifacetadas. Os

homens tiveram dificuldades em compartilhar informação. As mulheres

reservaram tempo para partilhar informação.

Peters (1997), sustenta que as mulheres são melhores gestoras que os

homens. Melhores em planejamento, estabelecimento de objetivos e

acompanhamento. Afirma também que as mulheres focam-se em conexões e

que os homens tendem a pensar em termos de direitos. Já as mulheres

enxergam o mundo em termos de responsabilidades. Os homens resolvem os

problemas com confronto e as mulheres enfatizam a proteção.

O estudo realizado pelo IMD – Institute for Management Development,

prestigiada escola de Gestão na Suíça constatou que a percentagem de

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executivas que atingiram na avaliação um alto grau de intuição é bem superior

ao do homem.

Ainda sobre as diferenças a antropóloga americana Helen Fischer

(1999) declarou:

Muita gente gostaria que os sexos fossem iguais. Muitas dessas pessoas, algumas feministas, tinham boas razões para pregarem essa ideologia. Elas queriam combater discriminações e injustiças e acharam que se fossem capazes de provar que somos construídos do mesmo modo, essas discriminações ficariam expostas ainda mais. Entendendo essa política, mas ela não é honesta. A verdade é que homens e mulheres têm muitas semelhanças, mas também tremendas diferenças (p. 13) .

A autora afirma ainda que os homens tenham em média maior

capacidade de percepção espacial. E deu como exemplo: a visualização de um

objeto girando no espaço. Na grande maioria das vezes é o homem quem

consegue melhores resultados e que isso é fundamental para vários processos

de raciocínio.

As semelhanças entre líderes homens e mulheres não devem ser

completamente surpreendentes. Quase todos os estudos sobre essa questão

usarão posições gerenciais como sinônimo de liderança. Pessoas com traços

associados à liderança como inteligência, autoconfiança e sociabilidade

provavelmente serão percebidas como lideres e estimuladas a buscar carreiras

onde possam exercer liderança. De forma semelhante, as organizações

tendem a recrutar e promover para posições de liderança pessoas que

projetem atributos de liderança.

Apesar da conclusão anterior, estudos indicam algumas diferenças nos

estilos inerentes de liderança entre homens e mulheres. As mulheres tendem a

adotar um estilo de liderança mais democrático. Elas estimulam a participação,

partilham poder e informação e tentam acentuar o valor próprio dos seguidores.

Os homens por sua vez, provavelmente usam um estilo diretivo de

comando e controle. Eles contam com a autoridade formal de suas posições

para sua base de influência.

Também se pode afirmar que as qualidades que definem o estilo

feminino de administrar não são características exclusivas das mulheres. Tais

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traços também podem ser encontrados nos homens. Um exemplo disto é a

intuição: não se pode afirmar que não haja homens intuitivos, mas eles tendem

a demonstrar menos habilidades intuitivas porque não confiam tanto em seus

próprios sentimentos como as mulheres. A abordagem intuitiva permite que os

executivos lidem com situações complexas quando tem em mãos menos dados

quantitativos. Outro ponto que valoriza a intuição é que ela liberta a mente para

a criatividade. Em vez de basear-se somente em fatos e dados conhecidos, a

pessoa que desenvolve habilidades intuitivas é capaz de formular caminhos

dados conhecidos a pessoa que desenvolve habilidades intuitivas é capaz de

formular caminhos originais.

Por fim, a intuição vem ganhando força por causa da preocupação das

empresas com a eficiência na administração de seu pessoal. A sensibilidade e

a intuição trabalham juntas para fornecer aos executivos dados úteis sobre a

percepção e as atitudes dos funcionários. Elas tornam possível ao executivo

estar sintonizado com sua equipe, amplificar o que é apenas mencionado e,

com freqüência, enxergar o invisível. A maioria dos executivos tradicionais

sabe pouco sobre intuição, como funciona e como vem. Eles sabem menos

ainda como desenvolver suas próprias habilidades para usar a intuição de

forma eficiente. As mulheres, ao contrário, aprecem ser capazes de correr até

de salto alto nesse terreno. As mulheres confiam, mais do que os homens, no

estilo intuitivo de gestão.

O jeito feminino de administrar também já foi escrito pela americana

Marilyn Loden, uma das maiores autoridades de seu país no estudo das

diversidades no local do trabalho e, autora do livro Liderança Feminina. As

características são: estilo cooperativo, disposição de trabalhar em equipe e

dividir decisões e uso da intuição na análise e solução de problemas.

Leite (1994), autora da obra Mulheres – Muito Além do Teto de Vidro,

escrito após uma pesquisa com 51 mulheres de destaque, cujo objetivo foi

aumentar o conhecimento do perfil da mulher profissional de sucesso, cita

como qualidade do gênero feminino a objetividade, detalhismo e perseverança.

Lobos (2002) cita as seguintes qualidades femininas encontradas nas

mulheres executivas estudadas e entrevistadas por ele: amor ao próximo,

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capacidade para ouvir, criatividade, emotividade, ética, foco no processo,

inapetência pelo poder, intuição, paciência, perfeccionismo, relacionamento

interpessoal, serenidade, transcendência, versatilidade.

Padrões típicos de mulheres líderes também têm sido identificados por

Judith Rosener, Sally Helgesen e outras pesquisadoras. Entre estes padrões

podemos destacar o uso mais gentil do poder, e um interesse maior em dar

poder aos outros, um enfoque mais democrático, com maior compartilhamento

e participação, mais informação e comunicação em geral, mais concentração

em resultados de longo alcance e uma maior preocupação e interesse nos

indivíduos liderados por elas.

As mulheres prestam mais atenção ao sentimento dos outros, usam a

intuição e sensibilidade na tomada de decisões, o que torna a sua forma de

liderar mais humana e, portanto mais propensa a conseguir a adesão dos

membros da equipe se as mulheres trouxeram heranças do ambiente

doméstico, foram justamente às melhores: a capacidade de fazer múltiplas

tarefas simultaneamente e ainda prestar atenção no telefonema ao lado.

Pode-se afirmar também que esta forma de liderar é algo novo, pois as

primeiras mulheres a ocuparem cargos executivos nas empresas, copiaram os

modelos masculinos e por certo até exageravam em algumas características

masculinas. No início, estas mulheres nem poderiam imaginar que o modo de

pensar feminino poderia contar como vantagem e fora isso também estavam

inseridas em organizações com culturas puramente masculinas.

A cultura é um conjunto de significações lentamente elaboradas,

transmitidas e ativas nas relações de trabalho que fornecem às pessoas uma

interpretação de sua situação. É a partir da especificidade cultural de cada

organização que as pessoas constituirão sua identidade profissional. Elas

influenciam concretamente nas decisões e ações e irrigam o conjunto das

práticas de trabalho.

É importante ressaltar ainda que as mulheres construam sua identidade

a partir das características culturais de seu ambiente profissional, elas tem

igualmente de fazer a esta dimensão suplementar que constitui o fato de ser

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mulher em um universo de trabalho antes de tudo definido e, sobretudo

ocupado por homens.

É normal que ao ingressarem ou almejarem cargos antes somente

ocupados por homens as mulheres tenham encontrado muitos obstáculos, pois

toda mudança gera medos, medo do desconhecido, medo de como será a

empresa com esta nova forma de liderança.

O fato de a mulher ter que conciliar o trabalho de casa com o da

empresa, é um grande vilão para a mulher executiva, pois a sobrecarga de

responsabilidade, muitas vezes pode levá-la a ter problemas, verificamos que

segundo Lobos (2002), os maiores obstáculos à ascensão feminina são: O

preconceito masculino, dupla jornada e a própria cabeça da mulher, pois ela

tem uma difícil convivência com as exigências não-profissionais da atividade

gerencial, tais como hipocrisia, falta de ética, falta de liberdade.

Há ainda a atitude agressiva dos homens que tendem a querer

colocarem as mulheres em uma situação de constrangimento, como se ela

estivesse invadindo um espaço onde sequer foi convidada a entrar.

Carr-Ruffino (2000), cita pesquisa realizada pela Havard Business

Review, onde é constatado que muitos homens ainda possuem dúvidas sobre

trabalhar com uma mulher executiva. Entre as maiores reservas citadas

podemos destacar: os homens acham que falta confiança as mulheres no

papel de liderança, eles têm receio de que uma mulher não vá ter poder

verdadeiro, eles acham que as mulheres não sabem jogar o jogo dos negócios,

acham as executivas muito exageradas, não sabem como tratá-las e acreditam

que perdem o prestígio quando são subordinados a uma mulher,

Em Carr Ruffino (2000), encontramos uma lista dos maiores obstáculos

relatados pelas mulheres executivas para alcançarem e se manterem nos

cargos do topo das organizações que são eles:

• A alta gerência nutre estereótipos sobre as mulheres, especialmente a

respeito da habilidade em ganhar aceitação em um papel de alto

escalão, nível de comprometimento de carreira e a habilidade na tomada

de decisões;

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• As mulheres são freqüentemente excluídas dos principais encontros

informais onde informações e opiniões são trocadas e negócios são

feitos;

• As contribuições e habilidades das mulheres não são levadas tão

seriamente quanto a dos homens;

• As mulheres não obtêm as mesmas oportunidades para desempenhar

atividades em comitês importantes e equipes de projeto.

• A maioria dos homens, 85% e também das mulheres, 56% prefere uma

mulher no comando. Mas o que espanta é a razão. A maior parte dos

homens acha que mulheres são mais “boazinhas”, fáceis de levar,

enquanto que, para as companheiras do mesmo sexo, o motivo mais

constante são as vantagens no fato de, por exemplo, a chefe entender

problemas tipicamente femininos.

O maior obstáculo para as mulheres são os pensamentos e atitudes

preconceituosas dos homens e das próprias mulheres, que são fruto de uma

história de preconceitos existentes há muito tempo. As mulheres precisam

encontrar formas de vencer os obstáculos, que surgem em sua ascensão e

permanência no poder.

Conclui-se então que os obstáculos muitas vezes podem impactar

negativamente a forma de liderar feminina, fazendo com que ela deixe de usar

as qualidades da sua forma de liderar.

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3.1– A LIDERANÇA FEMININA E O MUNDO DO TRABALHO

Em um universo predominantemente masculino, o modelo do líder

sempre foi o do indivíduo corajoso e arrojado, muitas vezes autoritário, que

impulsiona seus liderados e surge como um herói acima do seu meio. Um mito

marcado por características masculinas.

É visível que as mulheres estão cada vez mais presentes em cargos de

liderança no mercado de trabalho. Com isso as mulheres líderes tiveram que

aprender a sobreviver à competição e mostrar que são eficazes quanto seus

colegas do sexo oposto. Elas aparecem nas empresas como empreendedoras,

inovadoras e fazendo da área de trabalho um ambiente fortemente rico em

informação, capaz de qualificá-las em profissionais líderes em inúmeras

organizações contemporâneas (SINA, 2005, p.125).

Agora é que começa a ser vencida a barreira do preconceito com

relação às mulheres em postos de chefia, pois as estatísticas mostram que é

cada vez maior o contingente feminino em altos cargos, dando origem a um

novo modelo. Já se percebe, dentro das empresas e outras grandes

organizações, que as mulheres estão sentindo menos a necessidade de imitar

o comportamento masculino, ficando mais à vontade para exercer a chefia ao

seu próprio modo. As mulheres conheceram muitos chefes arrogantes para

saber o que não desejam que aconteça. A capacidade para tolerar a

ambigüidade e fazer muitas coisas ao mesmo tempo, freqüentemente

atribuídas às mulheres, é uma habilidade vital para o gerenciamento, embora

muitas vezes subestimado.

Ainda segundo Sina (2005), a batalha para chegar ao comando nas mais

diversas áreas foi dura. Por isso a mulher se sente pressionada a ser

competente e a mostrar resultado. A mulher consegue coordenar subordinados

e motivá-los de maneira sutil, exercendo o comando sem parecer estar dando

ordens. Dessa maneira, obtém um bom desempenho com qualidade.

Sua forma particular de olhar os Recursos Humanos na empresa

introduziu novos elementos de humanização no trabalho, e contribuiu para a

criação de um novo conceito de qualidade. Liderando equipes precisa

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desempenhar novos papéis, desenvolver novas competências e contar com

uma nova gestão capaz de aproveitar novos talentos, incentivar a iniciativa,

relevar erros e alcançar resultados duradouros.

Em seu livro Megatendências para as Mulheres, Patrícia Aburdene e

John Naisbitt (1994), abordam a nova realidade que vem desenhando nos

últimos anos em relação a mulheres líderes: “com o tempo as mulheres

desenvolveram um estilo de liderança bem sucedidos, que rejeita o modelo

militar em prol de pessoal cooperador e competente”.

Muitos dos atributos pelos quais a liderança feminina é elogiada estão

enraizados nos papéis socializados das mulheres. O valor feminino tradicional

de cuidar dos outros – equilibrados com suficiente objetividade – é a base da

habilidade de gerenciamento de apoiar e estimular as pessoas a conseguir

delas o máximo.

Para Aburdine e Naisbitt (1994), as mulheres são cautelosas e

estrategistas ao assumir riscos, e sua desenvoltura e determinação aumentam

à medida que as circunstâncias tornam-se mais difíceis. Afirmam, também, que

os homens consideram as atuações no emprego como uma série de

transações – recompensas pelos serviços prestados ou punições por atuação

inadequada. Já as líderes femininas estimulam a participação, dividem o poder

e a informação, aumentam a auto-estima das outras pessoas, e fazem com que

os outros fiquem estimulados com o trabalho.

Em uma sociedade de informação, os cérebros são mais importantes

que os músculos. As líderes femininas possuem caráter, visão autonomia,

disciplina e habilidade de comunicação. São pessoas altamente competentes,

mas não são fanáticas pelo trabalho porque mantém, paralelamente, uma vida

social.

As mulheres têm qualidades de liderança e meios diferentes de atingir

resultados que estão se tornando mais importantes à medida que as

organizações se tornam menos hierarquizadas e menos arraigadas às

estruturas já conhecidas.

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CONCLUSÃO

Neste estudo podemos concluir que a inserção da mulher no mercado

de trabalho brasileiro é uma realidade e o quanto foi árdua essa trajetória. Nele

podemos confirmar a certeza de que devemos lutar sempre pelos nossos

ideais, pois assim se constrói uma nação. As mulheres ao longo da história

fizeram grandes transformações nos mais variados espaços da sociedade.

Desde a escravatura, com trabalhos desumanos, até os dias de hoje,

quando é subjugado no mundo dos negócios, a mulher luta cada vez mais por

novas conquistas e garantias de direitos.

A sociedade encontra-se organizada em torno do trabalho, que é o elo

entre a família e a comunidade, e ter um emprego é fundamental para que os

indivíduos tenham acesso aos bens e serviços que lhes permitam uma vida

equiparável à média da sociedade.

Desde os tempos mais remotos o homem era o principal responsável

pelo sustento da família, enquanto à mulher cabia a função de cuidar da

organização da casa e de acompanhar a educação dos filhos. Mas este

conceito foi sendo lentamente modificado com a inserção definitiva da mulher

no mercado de trabalho. As mulheres lutaram pela aquisição de seus direitos

políticos, direitos de cidadania, de votar e ser votada.

A participação da mão-de-obra feminina no mercado de trabalho cresceu

de maneira significativa no século XX. As mulheres foram se auto-afirmando

perante a sociedade e o próprio mercado e conquistando direitos anteriormente

designados exclusivamente aos homens. Pertencer ao sexo feminino e à

classe operária, no início da era industrial no Brasil era uma condenação à

exploração por quase toda a vida, uma vez que excluía a mulher da

possibilidade, dentre outros bens indispensáveis à sua formação, de ter acesso

à educação.

Se recuarmos à história humana e mesmo à brasileira, observamos que

as mulheres sempre trabalharam. Por que então, hoje em dia, se realça tanto o

crescimento do trabalho feminino? O aumento da visibilidade do trabalho

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feminino na segunda metade do século XX deve-se ao fato dele vir assumindo

um formato mais próximo do trabalho masculino, profissionalizando-se.

Atualmente, as mulheres conquistam mais espaços nos altos postos das

organizações, assim como nos poderes legislativo e executivo. As mulheres

lutaram e conquistaram espaço no mercado de trabalho, invadiram os tribunais,

ministérios, fábricas, usinas, estaleiros, aeroportos, enfim essa luta ainda

continua por melhores condições de trabalho e melhores salários.

O mundo está em verdadeira mudança e não é mais aceitável

desconsiderar fatos que alterem significativamente o caminho da sociedade. A

ascensão da mulher e a evolução dos seus papéis na sociedade merecem

especial atenção. Desde várias décadas atrás, a mulher vem tendo uma

trajetória quase silenciosa rumo a uma mudança do seu modo de agir e pensar.

Seu novo pensamento e suas ações têm causado impacto no formato da

família, nas estruturas de apoio domésticos e principalmente na sociedade.

Diante das transformações, a mulher enfrenta na atualidade um

momento histórico que merece destaque e atenção. Qualquer que seja a área

de atuação, a nova mulher se cobra o tempo todo para estar alinhada a todas

as tendências, não se descuidando de quase nada. Trata de sua beleza, busca

conhecimentos, volta aos estudos, aperfeiçoa idiomas, investe em treinamento.

A mulher, ao longo do último século, saiu de um extremo a outro: a

submissão e o preconceito cederam lugar à vontade de viver plenamente, à

necessidade de ser muito mais que medianamente competente. Sim, porque

dela se exige a superação de todos os limites. Não por acaso, deixou de ser

raridade a presença da mulher nos gabinetes das corporações. Ela provou que

pode e deve assumir grandes responsabilidades, muitas e muitas vezes, sem

perder a feminilidade. E, sobretudo, a ternura.

Se por um lado a mulher foi à luta no mercado de trabalho, por outro

lado não perdeu suas outras e tradicionais características. Terminou por

acumular dois papéis e duas jornadas de trabalho: profissional e em casa. A

possibilidade da maternidade era um fardo a mais e a preocupação com sua

qualificação são permanentes. Ao mesmo tempo em que driblava os filhos, as

tarefas escolares, o emprego e o casamento, continuou o seu caminho.

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A independência econômica feminina não representou o término das

desigualdades entre homens e mulheres porque elas não se resumem à esfera

econômica e material. Estão presentes na cultura, nas idéias, nos símbolos, na

linguagem, no imaginário; enfim, formam um conjunto de representações

sociais que impregnam as relações.

Mediante o estudo realizado, podemos concluir que a inserção da

mulher no mercado de trabalho brasileiro é uma realidade que deve ser

encarada pela sociedade. Mas tratam-se muito mais do que simplesmente um

fato aos quais todos devemos conviver. Na verdade estamos mudando o

panorama da população economicamente ativa do país. É fundamental nos

preocuparmos em adequar as condições de trabalho vigentes para que esta

parcela tão participativa seja acolhida e tenha os incentivos trabalhistas básicos

para continuar exercendo seu papel no crescimento da produtividade do país.

Apesar de ainda estarmos longe de uma igualdade entre os gêneros, as

conquistas das mulheres principalmente nos cargos de liderança foi uma

vitória.

A mulher conquistou, a duras penas e altíssimo preço, o direito de estar

presente em todas as áreas de atividades, inclusive nos que historicamente

têm sido reservados aos homens, como os de siderurgia. Ganha cada vez mais

espaço na política de caráter executivo e legislativo. Abre seu caminho sem

grandes queixas nem descuida da novidade. Foi-se a época em que, para

garantir a manutenção e a expansão de terreno, a mulher tratava de usar

exclusivamente figurinos derivados dos ternos.

Quando se entra em uma empresa percebe-se, grosso modo, que 80%

das pessoas que nela trabalham são mulheres. Segundo os especialistas elas

serão as líderes deste milênio e a expectativa é de que neste século, pela

primeira vez na história, as mulheres superem em número os homens nos

postos de trabalho. Se souber aproveitar isso, capitalizando oportunidades

emergentes, o impacto no mercado de trabalho será de fato singular. Significa

o rompimento de uma forte estrutura às hierarquias moldadas pelos homens.

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INDICE

INTRODUÇÃO 05

CAPÍTULO I - As mulheres 07

1.1 - O ingresso da mulher no mercado de trabalho 10

1.2 - As conquistas 12

1.3 - As desigualdades 15

CAPÍTULO II: O MERCADO DE TRABALHO NA CONTEMPORANEIDADE

2.1 – Mulheres no mercado de trabalho 21

CAPÍTULO III - LIDERANÇA FEMININA

3.1– A liderança feminina e o mundo do trabalho 25

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA 37