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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM PROJETO VEZ DO MESTRE PÓS GRADUAÇÃO A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE COM CRIANÇAS DA ESCOLA PÚBLICA, NUM OLHAR DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL. POR ELIANA ERTHAL PUGET ORIENTADOR PROF. MS. NILSON GUEDES DE FREITAS Niterói 2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM

PROJETO VEZ DO MESTRE

PÓS GRADUAÇÃO

A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DA

AFETIVIDADE COM CRIANÇAS DA ESCOLA PÚBLICA, NUM

OLHAR DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.

POR ELIANA ERTHAL PUGET

ORIENTADOR PROF. MS. NILSON GUEDES DE FREITAS

Niterói

2006

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM

PROJETO VEZ DO MESTRE

PÓS-GRADUAÇÃO

A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA NA EDUCAÇÃO DA

AFETIVIDADE COM CRIANÇAS DA ESCOLA PÚBLICA, NUM

OLHAR DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.

Monografia apresentada para obtenção

parcial do tipo de especialista no curso de

Pós-Graduação de Orientação Educacional

orientador Prof. MS. Nilson Guedes de

Freitas

Por Eliana Erthal Puget

Niterói

2006

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AGRADECIMENTOS

A Universidade Candido Mendes por proporcionar ao

professorado o Projeto A vez do Mestre, aos professores

do corpo docente pelos ensinamentos transmitidos, em

especial ao orientador Professor MS. Nilson Guedes de

Freitas e aos colegas pela troca constante de informações

durante o período do curso. E, a Deus pela força,

perseverança e sabedoria.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia ao meu esposo Alfredo que me

apoiou e colaborou na confecção deste trabalho. Aos meus

filhos, Bruno e Marcelo que são para mim o maior incentivo

para que a educação do afeto e do amor se realiza na

família.

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EPÍGRAFE

Felicidade não é fazer tudo o que se tem vontade, mas ficar

feliz com o que se está fazendo.

Içami Tiba, 2002, p.123

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RESUMO

A presente pesquisa bibliográfica, monografia, analisa as questões da educação da afetividade de crianças na família e na escola. Teve como problema inicial, como a família ajuda a escola na formação da afetividade. Para isso foi necessária a realização de uma consulta aos teóricos como Vygotsk, Cláudio Santine, Paulo Freire, Wallon e outros, que subsidiaram esta monografia. Este trabalho com a visão da Orientação Educacional procurou atender as crianças do 1o segmento do Ensino Fundamental, da rede publica da cidade de Niterói. Tendo como objetivo analisar como a família e a escola podem contribuir num desenvolvimento positivo da formação da afetividade e auto estima da criança. Para atender os desafios da educação nos dias atuais é preciso conhecer não só a realidade de nossas crianças, como saber que educação queremos e quais os teóricos para conduzir este caminho. Clarificando esses pontos à luz da realidade, poderemos trabalhar os desafios deste novo milênio na educação da família e da escola. A afetividade deverá estar sempre unida ao conhecimento na construção do ser pessoa, numa relação dialógica tanto de pais e filhos como professor e aluno. A educação da afetividade será um grande suporte aliado ao amor, dialogo e respeito pelo outro.

Palavras Chaves: Educação, Afetividade, Auto estima, Diálogo, Amor.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

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1. EDUCAR PARA AFETIVIDADE E A AUTO-ESTIMA DO SER HUMANO

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2. A FAMÍLIA E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO DO AFETO

19

3. AS CONTRIBUIÇÕES DOS TEÓRICOS ALICERÇANDO O TRABALHO DO AFETO NA ESCOLA

29

4. CONCLUSÃO 40

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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6. ANEXO

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7. ÍNDICE

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8 . FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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INTRODUÇÃO

Pensando na importância do afeto na educação e sua influencia no

ser humano, foi necessário fundamentar essa monografia com uma justificativa

para que a pesquisa da afetividade norteasse esse trabalho.

A afetividade sempre esteve presente em todos os momentos de

nossa vida. Quando bem construída a partir da família e na escola, ela estará

construindo um ser humano capaz de enfrentar melhores os desafios do

mundo que o cerca. Apoiar as famílias e a educação onde a crise moral e ética

as desestabiliza hoje, é fundamental alicerçá-las com reflexões, palestras e

estudo. Não existe logicamente uma receita clara e precisa de como educar

bem os filhos e os alunos, pois não há famílias e escolas iguais. Mas é

importante, saber o caminho, as metas e as estratégias nesta educação da

afetividade.

Será que a família e a escola não necessitam de estar mais

voltadas para a articulação da inteligência e a afetividade?

A família como escola primeira de aprendizado necessita investir na

educação da afetividade. Desde a concepção da vida uterina e ao longo do

processo educativo, na relação do cotidiano de pais e filhos. Com ajuda da

escola a educação do afeto perpassa pela área cognitiva e social onde será

trabalhada na relação interpessoal.

O envolvimento afetivo assim construído sob o alicerce da família e

da escola formara uma criança e adolescente mais forte, onde no mundo de

hoje estão vulneráveis as drogas, a perda dos valores éticos e morais e a sua

essência ontológica de ser viver a espiritualidade. A educação da afetividade

tende a formar uma imagem positiva que os filhos terão de seus pais. Não os

olhando com perfeição, mas respeitando e admirando cada vez mais os que

tentam passar neste processo afetivo.

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Aliado ao afeto, a família e a escola devem procurar conquistar o

respeito sob sua firme e carinhosa autoridade. A tarefa da família é árdua na

educação da afetividade, onde o amor, a solidariedade, a confiança e auto

estima estarão entrelaçados. Por isso é necessário que se faça sem desânimo,

mas com muita coragem, perseverança e fé este ato de educar; onde Deus que

é Pai estará guiando e orientando pais e educadores.

Partindo-se desse pressuposto levanta-se o problema: a família

ajuda à escola na formação da afetividade? Diríamos que é preciso para isso

traçar um objetivo para nortear esta pesquisa: analisar como família e escola

podem contribuir num desenvolvimento positivo da formação da afetividade e

auto estima da criança. Tendo escolhido as crianças do 10 segmento do Ensino

Fundamental da rede pública, do município de Niterói.

A monografia foi estruturada em 3 capítulos sintetizados a seguir:

O Capítulo 1 mostrará a importância de educar para a afetividade

contribuindo na auto estima do ser pessoa, que nos remete a pensar na

reeducação da afetividade do adulto, para educar as crianças. Sem esta

reciprocidade não poderemos construir um cotidiano humanizado. E na escola

que o professor poderá dar continuidade a esta educação da afetividade como

nós lembra Marchand (1985 p.93). “É, sobretudo o mestre que pode, mudando

de atitude, provocar um aperfeiçoamento da relação afetiva”. O próximo

segmento, o Capítulo 2, abordaremos a família e a sua contribuição para a

educação do afeto. Vivenciando as relações afetivas a família ira auxiliar muito

a escola na formação da criança, no amor e no diálogo. “É na alteridade que o

homem se educa e aprende a ser” (Freitas 2000, p.26). Com a pesquisa da

Dra. Lídia Weber (Revista O Globo, no59, 11/08/05), ela aborda sobre a

questão de pais negligentes e pais participativos e suas conseqüências na

educação.

Entra aqui a ação do Orientador Educacional, neste apoio família e

escola. Como diz, Heloisa Luck (1991) esta proposta reafirma o quanto o

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Orientador Educacional é importante; o qual não tem um trabalho individual

com visão fragmentada e imediatista, mas ação de um grupo de pessoas.

Já no Capítulo 3, mostraremos as contribuições dos teóricos

alicerçando o trabalho do afeto na escola. Fundamentando esta pesquisa com

os teóricos nossas crianças terão professores mais eficientes e,

conseqüentemente o nosso País terá uma geração mais feliz e afetiva. Neste

viés é preciso construir nas relações o diálogo e o afeto. O diálogo próprio do

ser deve ser humilde para criar e recriar, na visão de Paulo Freire (1987).

Vimos com Wallon e Saltini à integração da afetividade e da inteligência. Sendo

que afeto é o que experenciamos primeiro ao nascer. Saltini nos mostra que

para mobilizar o pensamento é necessária a emoção adequada.

Esta monografia teve como procedimento metodológico uma

pesquisa bibliográfica com os especialistas já mencionados nos capítulos os

quais deram um grande suporte para a realização deste trabalho científico.

Citando Paulo Freire (1987,p.68) podemos relembrar o que deve ser entendido

por educação:

Ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si mediatizados pelo mundo.

Considerando que a afetividade faz parte da existência, como a

razão, devemos valorizar essas questões pontuais no diálogo e relações entre

família e escola. Este caminho marca profundamente uma educação de

qualidade. Acreditar na formação do ser humano é algo de mais valioso que

podemos investir. É acreditar num mundo melhor.

Essa seria uma escola de qualidade total não tanto pelo

aparelhamento tecnológico, mas pelo investimento na criança que chega cada

dia mais cedo na escola.

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1. EDUCAR PARA AFETIVIDADE E A AUTO-ESTIMA

DO SER HUMANO

Com a evolução do ser humano, sabemos hoje, através da ciência em

especial com a nova visão da psicologia que a dualidade, inerente ao ser

humano, supera a visão dualista entre razão e afeto, o que favorece muito o

processo de humanização. Paralelamente a este processo vemos que quando

a afetividade vivida sem conflitos, estará contribuindo para que o ser humano

tenha uma auto-estima positiva. A psicanálise também tem contribuído sobre

este novo olhar do afeto em harmonia com a razão.

A felicidade do ser humano está ligada à afetividade e a auto-estima. O

amor incondicional é fundamental para que a criança, desde bêbe, desenvolva

sua auto-estima. Nada deve colocar este amor em jogo, mesmo que a criança

não tenha suas atitudes aprovadas. A criança precisa ter sempre a certeza de

que não é o que ela faz, certo ou errado, ou tem, para ser amada, mas pelo

fato de existir.

Garantir o afeto e a auto-estima neste ser humano é aceitá-lo como é,

com seus sentimentos, respeitando suas atitudes, corrigindo quando

necessário. É estar ajudando a crescer quer quando brinca ou estuda. Tiba

(2002)

1.1. A afetividade na construção do cotidiano humanizado

A construção da afetividade no cotidiano se faz na interação entre

pessoas. Este processo de amadurecimento afetivo está submetido ao tempo

em que as pessoas interagem. Dominan (1977) nos diz que, a manifestação

destes sentimentos afetivos vivenciados de modo sadio, ocorre nas famílias e

comunidades.

A sabedoria e a docilidade contribuem na maturidade afetiva. Garcia

Rubio (1993) reafirma que esta maturidade afetiva se realiza nos encontros

realmente humanos. Esses encontros, segundo ele, seguem passos como:

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olhar o outro e permitir que ele me veja. Falar e escutar humanamente que o

outro revela a sua própria identidade. Acolher e respeitar a palavra do outro.

Aceitar a ajuda do outro e oferecer ajuda. Assumir livremente a relação com o

outro. Pensando nestas orientações e refletindo sobre elas, vemos quanto são

proveitosas nas relações da família e da escola.

Uma criança que vive neste ambiente estará construindo uma

personalidade afetiva madura. Interagindo com outras pessoas onde o carinho,

a ternura em reconhecer o outro e ela própria se firmará num ambiente

favorável das relações. Ainda Heideggeer (apud Rubio, 1993, p.113), “o

cuidado é fenômeno básico constitutivo da existência humana”. Esse cuidado

com o ser humano se expressa no tempo da convivência humana. Vivendo

hoje num mundo onde o egoísmo e a falta de tempo pelas inúmeras tarefas

que o trabalho exige de nós, fica cada vez mais difícil o cuidado com o outro:

na escuta e no olhar, para perceber as diferentes identidades nas relações

humanas. Entretanto nada nos deve impossibilitar que nas relações enquanto

seres humanos e, para que nos tornemos cada vez mais humanos, isto seja

cuidado a partir da acolhida que oferecemos ao outro e o respeito na sua

maneira de ser e pensar. Esse entrelaçamento vai favorecendo uma relação

afetiva dia a dia mais intensa e positiva, deixando o lado negativo e

estressantes onde as relações afetivas ficam deterioradas.

Nas relações pais-filhos, aluno-professor; quando correspondem as

expectativas esperadas; o amor, o afeto, o olhar e o respeito, tudo se torna

facilitador neste processo. O mais difícil dos pais e professores é acertar a

transformação da criança e do adolescente, quando eles querem ser eles

mesmos, fazer opções diferentes das esperadas. Como frisamos muitas vezes,

tornam-se rebeldes. Na verdade esta atitude é uma tomada de pensar por

conta própria. Se nesta fase, o respeito pelo pensar e agir do adolescente não

acontecer, a dificuldade nas relações afetivas se instalará. Esse cuidado e

respeito significam que ambos necessitam de dialogar, ouvir conselhos e

fazerem um aprendizado mútuo, sem que ocorra o que se chama de

subjetividade fechada. Esse termo é muito utilizado por Garcia Rubio (1993)

onde ele diz que a subjetividade fechada instaura e desenvolve relações

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desumanizantes, enquanto a subjetividade aberta o ser humano experiência a

vivência de alteridade. E o que seria alteridade? É o reconhecimento, a

aceitação e a valorização do outro na sua diferença, responde Garcia Rubio

(1993) Nesta relação interpessoal podemos construir a afetividade, numa

abertura aos outros seres humanos os quais são respeitados e aceitos como

diferente.

1.2. A auto-estima como fator essencial do cotidiano e na

educação

Falar de auto-estima é repensar o nosso agir e ser. A auto-estima é

uma das forças que impulsiona o ser humano no seu cotidiano. É algo interior

em cada pessoa. Para isso a pessoa precisa se amar, se aceitar e olhar para

dentro de si mesma, aonde vamos nos conhecer com nossas qualidades,

virtudes e potencialidades para nossa caminhada.

Os pais e os professores necessitam exercitar-se neste olhar para

dentro de si mesmo e buscar mudanças. Por que esta exigência maior consigo

mesmo? Porque se tratando de pessoas que estão imbuídas de orientar e

educar, a responsabilidade se torna cada vez maior. Não excluindo que isto é

um exercício para todo ser humano. Ninguém pode ajudar o outro sem mudar a

si mesmo.

O educador necessita no seu cotidiano que sua auto estima esteja

sendo trabalhada, para que sua confiança e capacidade de pensar dêem conta

aos desafios da vida e da tarefa de educar. Assim o educador, quer seja pai ou

professor estará colhendo frutos, não só ao nível de esforço pessoal, como

neste ser que ele intervem no ato de educar. Sabemos que a verdadeira

felicidade é uma conquista pessoal e esta depende muito mais de nós do que

dos outros. Mas como é bom estarmos rodeados de pessoas felizes e com

auto-estima positiva no ambiente que se vive ou se trabalha.

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Como seriam mais felizes e seguras nossas crianças na sua vida, se

convivessem com pais, professores e adultos, que deixassem fluir no seu agir o

melhor de si mesmo e do respeito ao outro. Este é um desafio que o homem

hoje com a correria da multiplicidade de tarefas, necessita administrar no seu

dia a dia. Quantos frutos não dariam na família, na escola e na sociedade? O

ato de educar exige equilíbrio e se faz na construção do SIM e do NÃO.

Marmilicz (2002)

Como vimos, tudo o que se faz na vida exige a medida certa.

Comparando a educação antiga com a de hoje, percebemos muitas diferenças.

A rigidez da disciplina e normas eram aceitas com normalidade. O NÃO era a

palavra de ordem para reafirmar autoridade e às vezes autoritarismo, sem a

escuta do outro. Hoje vemos que a maioria dos educadores primam não por

tantos ”nãos”, mas pelo SIM. A ternura e o afeto tomaram lugar dos castigos e

da severidade na educação. Entretanto a ternura e o afeto exagerado, como o

SIM ocorre sempre na falta de limite. O medo que os pais sentem em magoar e

frustrar os filhos dizendo não aprovando tudo, favorece o caminho mais fácil e

cômodo e acaba não educando.

Há uma frase de Içami Tiba (2002) que diz ”quem ama educa”. É

preciso que pais e educadores sejam sempre firmes, sem deixar de darem

afeto. A reflexão sobre o sim e o não na educação dos filhos e alunos, exige

que se dê uma explicação do porquê, num clima de dialogo e respeito. Portanto

é preciso ouvir o outro.

O NÃO será sempre necessário para dar limites, é fundamental para

uma educação saudável.

O SIM porque alicerçado no amor e no afeto, significa aprovação no

que há de correto na atitude da criança ou do adolescente.

A aceitação dos sentimentos, valores e pensamentos aumentaram a

auto-estima da criança. Outro fator essencial neste processo cotidiano da

educação para a auto-estima é o toque, segundo Marmilicz (2002). Desde bebê

se estabelece o toque entre mãe-filho e outros, permeado de afeto e cuidado.

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Esta estimulação sensorial estará ajudando o desenvolvimento do cérebro.

Antes da palavra, o bebê e as crianças entendem o toque. Diríamos antes da

razão vem o afeto.

Assim as crianças que não recebem na família o carinho e o afeto, os

professores percebem na escola o quanto elas são carentes de afetividade. Ao

contrário das crianças que tiveram na família uma relação afetiva e amorosa,

elas são mais alegres, confiante e felizes. Outro aspecto que observamos nas

crianças é a auto confiança, quando educados para pensar e agir com

autonomia.

No processo educativo observamos muitas vezes que os alunos não

são estimulados para ser eles mesmos, mas o que pais ou professores e

outros querem e acham melhor. Assim como fica de lado a capacidade da

criança ou do adolescente de acreditar em suas potencialidades e de pensar

por conta própria.

A educação que não se realiza na autonomia gera insegurança e

medo. Para reverter esse processo que se instala no ser é necessário

paciência e saber que a cada dia é preciso dar um passo, para a mudança

positiva do pensar e agir deste ser. É preciso mudar, pois nascemos para a

vida e para sermos felizes. A mudança exige tempo, esforço, apoio e ajuda

daqueles que estão próximos. Só assim estaremos contribuindo para que a

família, a escola e a sociedade se tornem melhores.

A educação familiar, sem dúvida tem a maior responsabilidade que a

escola no desenvolvimento do caráter, da personalidade e da auto-estima. Mas

nada impossibilita que a escola favoreça também este desenvolvimento no

processo do saber ser.

1.3. A Escola no desafio do relacionamento afetivo professor e

aluno.

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Refletir e viver um relacionamento afetivo é algo complexo que exige

de cada ser humano mudanças constantes, quebra de paradigmas e até

mesmo o estudo da psicologia do desenvolvimento das crianças, quando

falamos de professores. Hoje mais do que nunca, num mundo complexo como

nosso, as mudanças se fazem cada dia mais rápidas. As crianças sofrem

influência da mídia, da tecnologia, enfim de um mundo em que tudo mudou

muito; a família principalmente. E tudo isso vem refletir de maneira marcante na

escola.

O relacionamento professor e aluno torna-se um desafio imenso,

diante destas transformações. No mundo que vivemos o TER ultrapassou o

SER. Mas muitos de nós educadores continuamos a acreditar neste ser

humano, único e admirável da Criação. Só mesmo apostando e investindo nele

que poderemos traçar um novo rumo à humanidade. Sabemos que este

relacionamento entre professor e aluno, sempre foi um desafio. Ainda mais o

educador que tem como meta vivenciar um relacionamento afetivo positivo.

Como lembra Marchand (1985 p 93):

É, sobretudo o mestre que pode, mudando de atitude, provocar um aperfeiçoamento da relação afetiva. Toda pedagogia desta relação leva, em ultima analise, a uma formação do mestre que se preocupe principalmente, com o aspecto afetivo.

Marchand (1985) alerta ainda neste contato entre professor e aluno

tende a rotular um ao outro, transformando o outro em objeto. Se de um lado o

aluno classifica o “mestre de severo”, “mau” ou “indulgente”, o mestre faz

também com o aluno. Mas quando é assim rotulado ele acaba redobrando sua

atitude quer seja de severa ou indulgente. Esta atitude de oposição que o aluno

apreende do mestre não colabora, é preciso uma relação dialógica para

quebrar este rótulos.

Para Marchand (1985, p 96): “a paz mais fecunda e verdadeiramente

educativa não é a que se estabelece no primeiro embate, mas a que se segue

a uma luta prolongada...” Sabemos que sem paz não construímos

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relacionamento verdadeiro, e sem ela o ato de aprender também fica ineficaz.

Como trabalhar e ensinar numa classe se não construímos um ambiente

afetivo e de paz?

O educador ao mesmo tempo em que estabelece uma atitude afetiva

precisa da severidade para envolver esse ambiente de paz. A criança necessita

desses dois pontos para o seu desenvolvimento: nem muita severidade, nem

muita superproteção. A criança vê no seu professor alguém que ele admira,

pois é característica desta fase a aceitação do professor o que já se torna mais

difícil com o adolescente; pois para este a ligação com os colegas é maior. As

crianças aceitam mais o professor por ele estar ligado ainda aos carinhos

maternos, e o professor estende um pouco deste afeto aos seus alunos.

Entretanto é preciso mostrar, como “o ambiente familiar é diferente da sala de

aula que é o templo do trabalho, de esforço e da vontade”. Marchand (1985,

p.99 )

À medida que a criança cresce este relacionamento afetivo fica mais

impessoal. O amor demonstrado se fará de maneira impessoal, o que num

mestre muito afetivo isto se torna mais difícil, e sem duvida também para

aquela criança muito afetiva.

As mudanças na área educacional precisam ser percebidas não só na

área tecnológica, como hoje se pensa muito. Mas, sobretudo um investimento

na capacitação e compreensão do relacionamento professor-aluno,

investimento que Içami Tiba chama de Integração Relacional. Essa virá como

uma mudança de paradigma no campo da educação. E o que é esta teoria?

Ele responde:

A Integração Relacional é um conceito de saúde biopsicossocial para o melhor entendimento do ser humano e seus relacionamentos na busca de melhor qualidade de vida, realizando seus potenciais.

(Içami Tiba,1998, pp26-27)

Este desafio no relacionamento e para mudança da Educação se faz

cada dia mais necessário como Içami Tiba (1998), afirma, pois os conflitos

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vividos em sala de aula aumentam a cada dia. É preciso então compreender o

comportamento dos nossos alunos e dar esse olhar para um procedimento

terapêutico e preventivo. Analisando este fato do relacionamento professor e

aluno vemos que não é tão fácil como se imagina e muito menos numa escola

pública, com a educação popular. É preciso conhecer a história familiar que

esta criança vive. Se de um lado ela vem com carências afetivas, ou bem

estabelecidas, ela muitas vezes se encontra revoltada e marcada pela violência

seja familiar ou do meio que vive. Constatamos então que este desafio fica

restrito apenas a sala de aula. A educação precisa investir em outros

profissionais como terapeutas para alanvancar este trabalho.

Precisamos além de ensinar, estabelecer limites com afeto, mas

também com disciplina, respeito, obediência, ética e religiosidade. A escola

mais do que nunca complementa a educação familiar. Sabemos que neste

campo há um jogo de quem educa, enquanto isso nossas crianças e

adolescentes ficam sem educação necessária.

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2. A FAMÍLIA E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A

EDUCAÇÃO DO AFETO

A família que desejamos é para que haja nela um encontro de amor.

Ela nasce para a educação do ser humano. A responsabilidade dos pais é

grande e árdua e exige sacrifícios. Educar para o amor é educar a afetividade.

O amor além do afeto exige tolerância, abertura de coração e dialogo. O amor

não implica somente sentimentos nas atitudes. É preciso que neste convívio

entre pais e filhos estes percebam o que é o verdadeiro amor afetivo e efetivo.

Uma educação assim possibilita e capacita os filhos a interagir melhor com a

família, os amigos e professores.

Sabemos o quanto que tudo isto só se cultiva nas relações cotidianas

em família, mas que nos dias de hoje a busca de poder ou de trabalhos

exaustivos muitas vezes impossibilita este processo. Por outro lado vemos pais

que não cultivam uma relação afetiva, pois na verdade não convivem bem com

sua afetividade. Como já mencionado no Capitulo 1, os pais devem estar

constantemente num processo de auto educar-se. Agindo assim estarão não

só administrando melhor sua vida, como também estarão ajudando os seus

filhos.

Não há felicidade se não há amor e não há amor sem renúncia. Um segmento essencial da afetividade está tecido de sacrifício. Algo que não está na moda, que não é popular mais acaba por ser fundamental.

(Enrique Rojas apud, Cifuentes, 2003, p.95)

Este viés nos leva mais uma vez a repensar que o amor ultrapassa

os sentimentos este exige atitude e comportamento. O amor verdadeiro é a

maneira como agimos e reagimos diante das pessoas em especial com a

família. O amor dos pais realiza-se na paciência, na bondade, no respeito, na

generosidade e perdão. Com base nestas atitudes os pais poderão

desenvolver uma verdadeira educação do afeto. Assim podemos estabelecer

uma família verdadeiramente humana, refletindo num mundo também, mais

humanizado, afetivo e ético. Precisamos assim como família estar

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constantemente atentos à arte da convivência que envolve: atenção às

necessidades do outro, o servir.

2.1. Família - Comunhão de Amor e Diálogo

Cuidar da família e do amor é cuidar da vida. E o caminho se faz

através do dialogo. Os filhos devem fazer este aprendizado com os pais. Esta

deve ser a verdadeira escola do amor, na convivência com os pais.

A capacidade de amar e diálogo é uma força para transformar e

edificar o relacionamento familiar. Os pais que vivem este relacionamento no

seu dia dão grandes exemplos às crianças e estas vão crescendo confiantes e

seguras. Estes são meios seguros para que as tensões e conflitos e egoísmo

não tomem dimensão maior para que se infiltre a divisão familiar.

Pensando o que seria o amor na família, São Tomás de Aquino

descreve na sua Suma Teológica que há dois tipos de amor. O amor de

concupiscência que se dá quando “em vez de querer o bem de quem amamos,

queremos que ele seja um bem para nós...” Já o que ele chama de amor

amizade, entendo que este deve ser o que os pais devem viver de verdade na

família, ele diz:

Não é um amor qualquer, mas o amor que possui benevolência, isto é, o amor que existe quando amamos alguém de tal maneira que queremos o seu bem.

(São Tomás Aquino, apud, Faus, 1997, p.37)

Este amor possibilitará o dialogo entre pais e filhos; permeado pela

escuta e respeito do outro.

A educação do amor no diálogo exige ensinar, explicar, incutir

virtudes, brincar com os filhos, contar histórias infantis ou de família. Isto

envolve tempo para os filhos. Sem diálogo a relação pais e filhos, não se

sustentarão. Os pais necessitam pensar neste grande investimento com os

filhos. De que adianta fazer outros investimentos educacionais ou materiais

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sem que este que é precioso? Pois o amor e o diálogo devem estar unidos nas

relações. “Conversar é falar sobre o mundo que nos cerca, dialogar é falar

sobre o mundo que somos”. (CURY 2003,p. 42)

Muitas vezes os pais falam muito do mundo: os seus perigos, o que

acontece, mas não falam para que seus filhos de seus medos, fracassos,

alegrias, sonhos, metas, sua profissão. Encarcerado dentro de seu mundo os

pais não poderão despertar nos filhos o interesse pelo que ele vive, pensam.

Pai e filhos não podem ser estranhos, mas devem ser uma comunhão de amor

e diálogo, a começar desde que os filhos são crianças. Devem cultivar, motivar

e manter a afetividade no cotidiano, construindo dessa forma o amor,o diálogo

evitando assim a solidão.

2.2 A Família no Mundo de hoje

A família hoje é bem diferente dos nossos antepassados. Hegel

(1891) já faz um paralelo da família, com a descrita no livro de Moisés, ou seja,

a família patriarcal. Embora a família seja a primeira comunidade educativa

esperenciada pela criança não é a única, já que a escola tem grande influência,

assim como a sociedade.

Muitos fatores influenciaram para esta mudança na estrutura

familiar, uma delas é a mulher trabalhando fora em ritmo de trabalho como o

dos pais; restou pouco tempo na educação presencial tornando assim mais

difícil a educação. Outra angustia e ameaças que desenrolam na família é o

desemprego, salários baixos e violência.

Os contras valores, dificultando este processo educativo e até

mesmo a tradição de cada família com seus costumes e religiosidade. Outro

aspecto que não podemos deixar de mencionar é sobre a questão do

casamento que nos dias de hoje não é muitas vezes levada a sério. Muitos

casamentos desfeitos levam os filhos a viverem tempos traumáticos, assim

como os lares invadidos pelo alcoolismo, agressões e drogas.

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Sabemos que cada família tem um jeito de viver e educar, portanto

são diferentes. A tarefa de educar dos pais não é só um direito, mas um dever.

Por isso vemos crianças com tantos problemas, não só pela ausência dos pais,

como pela negligência. Isto tudo não só afetam a criança, como a escola e a

sociedade.

É na família, no interior do lar que, que se aprende o que são valores e virtudes e como vivê-los, como fazer da casa um lar, como fazer da família realmente uma família, e não um entra e sai de pessoas que mal trocam entre si duas palavras, sem objetivo nem ideal.

(Chimelli,2000,p.49)

Apoiando a reflexão mencionada por Chimelli, é preciso gastar tempo

com os filhos para educá-los, nos valores e virtudes. Definir metas, ensinar

caminhos só se realizara nas relações do dia a dia e nos encontros afetivos.

Muitas pesquisas e estudos científicos sobre o assunto vêm sidos

realizados. Recentemente a Dra. Lídia Weber, dividiu os pais em quatro perfis,

a saber: negligentes, autoritários, participativos e permissivos. (Revista O

Globo, no 59, 11/08/05).

Os pais negligentes revelaram o maior índice 45%, seguido dos pais

participativos com 33%. No caso de pais negligentes o processo torna-se

grave, já que os filhos serão influenciados pelas atitudes dos pais, e chegando

a sentir, neste caso, como não fossem amados. No caso dos filhos de pais

participativos os filhos são mais competentes. A Dra. Lídia nos diz que os pais

permissivos ainda dão afeto e os negligentes nem isso. Na carência do afeto

essas crianças e adolescentes irão à busca das drogas, sofrem de depressão,

são menos otimistas, enfim uma serie de outros comportamentos atingirão os

filhos. Toda pessoa gosta de ter afeto e sentir amada.

A carência de afeto, diálogo e regras vão determinar o equilíbrio

emocional destas crianças. A família também não pode esquecer da sua tarefa

de educar nos valores, virtudes e ética, pois esta é o primeiro aprendizado para

conviver na escola e nas demais comunidades.

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O século XXI está marcado por mudanças e conseqüentemente a

família. Mas o afeto nunca sairá de moda e os filhos necessitam dele mais do

que nunca, devido a grande ausência no lar dos pais.

A manifestação do afeto exige um mínimo de presença, mas que seja declarado, real, vivido, sentido e correspondido... Quem ama comparece, se apresenta...

Boechat (2001, p.73)

Em conseqüência desta ausência, o tempo dos pais como de todos

nós, precisa ser bem administrado, pois ele é valioso. É como pedra bruta que

se encontra na natureza, havendo necessidade de ser lapidada para ser tornar

preciosa. Assim precisamos gastar tempo na educação dos filhos, esse é

irrecuperável, porem será compensador no futuro. Esse depoimento é tão

verdadeiro que há jovens “que disseram para a mãe que o tempo que você

ficou sem trabalhar fora do lar (10 anos) foi o maior investimento que você fez”

(Depoimento de um aluno de uma escola religiosa em reunião com os

professores da Educação Religiosa).

Outros depoimentos obtidos de um casal de médicos em uma

reunião mencionaram “eu e minha esposa decidimos que ela ficaria em casa

neste tempo em que as crianças estão pequenas”. Assim temos

conhecimentos de inúmeros fatos semelhantes, ocorridos principalmente em

paises mais adiantados, fato este ser muito comum e, ocorre em menor

proporção em algumas famílias de paises considerados em desenvolvimento.

2.3 O papel do Orientador Educacional na relação Família-

Escola

Resgatar o papel do Orientador Educacional na escola nos tempos

atuais é uma função fundamental visto que a escola e a família passam por

profundas transformações sociais e políticas e, a realidade social do aluno

requer uma atenção toda especial.

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A escola e a família necessitam cada dia mais deste apoio. Minimizar

a importância deste fecundo trabalho é deixar de olhar a dimensão desta ajuda

no âmbito educacional e familiar. Num mundo globalizado onde cada vez mais

o avanço da tecnologia e da informação é difundida, nota-se uma grande

lacuna no sistema educacional acarretando uma grande complexidade na

educação.

Não podemos pensar em uma maneira simplista de ver o mundo

atual para preparar nossos alunos ou filhos. Nada se faz sem um planejamento

e uma meta de vida, isto para quem deseja sucesso e organização.

Como capacitar as crianças para viver seu futuro sem um apoio

especializado na escola? Com quem os pais poderiam também não só ter

apoio, mas também uma visão global e não fragmentada de seu filho na

escola? Com quem eles poderão conversar sem atropelos? Quem lhe indicará

subsídios para a educação de seus filhos?

O Orientador Educacional sabe que não pode fazer e dar soluções

para tudo, mas ele é um profissional capacitado para planejar e promover um

planejamento tendo uma visão clara das necessidades desta criança ou

adolescente, de modo a obter resultados com os melhores usos dos recursos.

Desta maneira para obter uma linha de ação e desenvolver seu papel necessita

de um trabalho muito bem planejado para alcançar as sua metas.

Planejamento é um processo de antecipação e antevisão de condições, estados ou situações futuras desejadas e a previsão de todos os aspectos necessários para a obtenção desses resultados.

(Churudem e Sherman, apud Luck 1991, p.24)

Conclui-se que a Orientação Educacional jamais pode ter uma ação

improvisada e com uma visão parcial da realidade, mas real e dinâmica, ações

que devem ser colocadas em pratica. Heloisa LucK(1991). Para que o

Orientador Educacional desenvolva esse trabalho ele necessita do

envolvimento de todos nesta tarefa educacional, como professores,

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coordenadores, diretores, funcionários, outros profissionais existentes em uma

escola, alem da família e da comunidade.

Todos os problemas relacionados à convivência e organização social são problemas da coletividade pertinente e as soluções devem ser buscadas em conjunto, levando-se em conta os interesses comuns. Heloisa Luck (1991)

Esta proposta reafirma o quanto a Orientação Educacional é

importante. Vemos assim que não é um trabalho individual e visão fragmentada

e imediatista, mas ação de um grupo de pessoas, com uns fins comuns, tendo

uma ação política do processo educativo, na sua complexidade conforme

menciona Heloisa Luck (1991).

A assistência do Orientador Educacional no desenvolvimento do

processo assume um papel de grande relevância; ao professor já que

Orientador Educacional poderá atender a criança em sua individualidade e

necessidade, desenvolver os seus aspectos mentais, emocional, moral.

Incluir o atendimento em grupos quando para equacionar problemas

ou dinâmicas para desenvolver atitudes, hábitos. A interação professor e

orientador favorecem e fortalecem não só o trabalho de ambos como garante

um processo educativo mais êxito, pois o professor terá sempre um apoio

constante e afetivo.

Observa-se, entretanto que especialmente na escola publica onde o

Orientador Educacional praticamente desapareceu por falta de incentivo das

políticas publicas não só a escola, mas a família ficou sem o apoio deste

trabalho. Por outro lado vemos que onde o Orientador Educacional aparece os

encontros com a família ficam restritos à parte pedagógica ou por conta dos

problemas que aparecem com os filhos. É necessário subsidiar este trabalho

integrado com a família num sentido mais amplo.

Promover palestras com temas sobre educação dos filhos será um

dos subsídios que o Orientador Educacional poderá introduzir para apoiar a

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família, assim como encontros de vivência com os pais e filhos e até uma

Escola de Pais, como já existiu em algumas décadas atrás, em algumas

escolas particulares religiosas na cidade de Niterói e que obtiveram grande

êxito.

Sabemos que há uma literatura vasta nesta área para educação dos

filhos, destacando o livro de Içami Tiba Quem ama, educa! (2002). Entretanto,

sabemos que os pais da Escola Pública, na grande maioria com baixo poder

aquisitivo não têm condições de adquirir livros sobre este tema, o que torna

indispensável para complementar a educação dos seus filhos. Uma das

alternativas para amenizar este fato seria a aquisição de livros sobre educação

dos filhos nas bibliotecas das Escolas Públicas, E sempre que for possível o

Serviço de Orientação Educacional deve oportunizar para os pais palestras na

área da educação dos filhos.

Reitera-se aqui, com um pensamento de um médico e psicólogo da

infância que: “no amor um filho se cria sozinho, mas por mais que seja amado

ele não se educa sozinho”. (Haim Grunspum, apud Tiba, 2002, p.19)

Contudo o Orientador Educacional poderá auxiliar a família, indicar

caminho para a educação das crianças, mas a maior responsabilidade é dos

pais, na educação da formação do caráter e personalidade. Contudo esta

preocupação do Orientador Educacional na relação mais próxima com a família

é pela necessidade que vemos na transformação que elas passam. Cada dia

mais cedo, nossas crianças vão para a escola, quando ainda não completaram

seu aprendizado e convivência.

Sendo o orientador educacional considerado como um profissional

de ajuda, segundo Cida Sanches (1999) com ação múltipla e multifacetada, ele

se torna cada vez mais indispensável nas dificuldades pessoais de

aprendizado do aluno, como de apoio à família. É o orientador educacional

quem nas dificuldades de aprendizagem ajudará o aluno como estudar,

proporcionando esse processo facilitador incentivando ainda a leitura, a

pesquisa e a ser autodisciplinado. Acompanhará os relatórios do

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desenvolvimento junto aos professores. Esse tripé aluno – escola – família é

relevante para a realização deste trabalho, objetivando a harmonia do grupo

com um bom relacionamento, tendo o professor como parceiro essencial neste

trabalho. As reuniões com professores e orientador educacional devem ser

sempre que possíveis semanais no Ensino Fundamental. Os professores

necessitam de muito apoio, para que não estejam sozinhos nesta missão árdua

e difícil que é educar.

Para que o orientador educacional seja um “profissional de ajuda”,

Cida Sanches (1999) fundamenta seu trabalho em Carl Rogers com três

atitudes consideradas por ela como essencial que é a terapia centrada na

pessoa. Estas atitudes são: congruência ou autenticidade, aceitação e

compreensão empática. Para que a empatia se realize diz Cida Sanches

(1999) que é necessária à escuta para que o outro expresse seu pensamento,

sem crítica num clima de confiança. Quanto à aceitação e autenticidade é

imprescindível que tanto a criança como o orientador educacional coloquem em

prática nas relações. A autenticidade é expressão do que somos, sem

máscaras. Esta é mais uma atitude facilitadora nas relações humanas que

devem ser aprendidas pelas crianças e em grupos.

Dando continuidade ao pensamento de Cida Sanches (1999) para

que essas atitudes se estabeleçam na ação do orientador educacional é

fundamental a escuta, através do diálogo para promover a atitude de ser

ouvinte. Não podemos ajudar e conhecer o outro nos seus anseios, medos e

necessidades se não soubermos ouvir. Esta é uma atitude essencial na

educação, quer seja para o orientador educacional quer seja para o professor,

os quais estão mais próximos da criança, ajudando-os a serem pessoas.

É pelo dialogo que os homens nas condições de indivíduos e cidadãos constroem a inteligibilidade das relações sociais. Trata-se, pois, de eliminar tudo aquilo que possa prejudicar a comunicação entre as pessoas, pois só através dela se pode chegar a um mínimo de consenso. Ferreira (1993 p.17)

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Percorrendo esse caminho desenvolveremos uma orientação

educacional para que esse ser humano em construção seja mais crítico e

participativo nas relações interpessoais. Cuidando assim do cognitivo e da

afetividade do aluno para este novo tempo de exigência tecnológica e cientifica,

onde o ser humano imprime a sua marca indelével: ser cada dia mais humano.

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3. AS CONTRIBUIÇÕES DOS TEÓRICOS

ALICERÇANDO O TRABALHO DO AFETO NA ESCOLA

Pensar e refletir sobre a existência é estar comprometido com a vida.

A complexidade que envolve o ser necessita de teóricos e estudiosos,

principalmente quando falamos de educação. A dimensão afetiva e cognitiva e

seu comportamento são abordados na Psicologia como área da ciência.

(Heloisa Dantas,1992, p75)

Um educador para pautar seu trabalho nesta dimensão, necessita

estar sempre conhecendo o que estudiosos e pesquisadores descobrem sobre

este viés do ser humano.

Hoje não podemos pensar em educação sem conhecer as várias

teorias e utilizá-las da melhor maneira para cada situação, pesquisando-as

para encontrarmos respostas nas situações vivenciadas neste grande universo

educacional. Hoje não basta um só método ou teoria para educar. Tendo um

olhar pedagógico neste novo milênio, vemos que as relações afetivas entre

professores e alunos devem ser valorizadas e não apenas os conteúdos

cognitivos.

Falando ainda sobre afeto:

A afetividade é caracterizada por suas composições energéticas, com suas cargas distribuídas sobre o objeto ou um outro, seguindo ligações positivas ou negativas.

Piaget (1983, pp.226-227)

A vocação ontológica do ser humano é ser sujeito e não objeto,

portanto investir na educação da afetividade e cuidar para que esta aconteça

num ambiente positivo na família e na escola estaremos favorecendo a

formação do ser humano capaz de enfrentar com mais coragem o presente.

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3.1 O Diálogo e o Afeto

Pensar em educação é pensar em diálogo. Não basta palavras ou

monólogos, isto não é educar. Para reafirmar esse pensamento devemos

lembrar do mestre dos mestres, Jesus Cristo, onde ele usa em sua pedagogia

o afeto e o diálogo, não só para ensinar como para curar e sempre

acompanhado da compaixão.

Outro educador reconhecido seria Paulo Freire (1987). Ninguém

como ele escreveu e enfatizou tanto sobre a importância do diálogo na

educação. Diz ele que enquanto a dialocidade é a essência da educação,

possibilitando a colaboração, união e organização, a teoria antidialógica divide,

mantém a opressão e a manipulação. Nesta dialética temos muito que refletir e

repensar nossa prática pedagógica, enquanto profissionais da educação e

enquanto seres humanos.

Falando ainda sobre o diálogo, menciono:

A palavra viva é diálogo existencial expressa e elabora o mundo, em comunicação e colaboração. O diálogo autêntico – reconhecimento do outro e reconhecimento de si, no outro – é decisão, compromisso de colaborar na construção do mundo comum.

(Fiori, apud, Freire 1967, p.20)

Neste viés, vemos o quanto o diálogo é importante para o ser

humano: para construir um mundo humanizado, para se reconhecer e conhecer

o outro sem coação, mas na liberdade de consciência. O diálogo faz história,

enquanto monólogo nega o outro, divide e manipula.

Desta maneira, o educador já não é o que apenas educa, mas o que, enquanto educa, é educado, em diálogo com o educando que, ao ser educado, também educa. Ambos, assim, se tornam sujeitos do processo em que crescem juntos.

(Paulo Freire,1987,p.68) Se nesse processo educativo, onde ambos se educam através do

diálogo, o afeto permeia a todo instante e o sustenta, quer concordando ou

discordando das idéias, para que a educação problematizadora se concretize.

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Assim o diálogo e o afeto ajudam o professor e o orientador

educacional a despertar na criança à vontade de aprender. “Ensinar é um gesto

de amor. O mestre se enriquece com a gratidão, o respeito e o afeto do

discípulo”. Içami Tiba (1998, p.61)

Aqui tanto o professor, como o orientador educacional incentiva ao

aluno a ser uma pessoa mais justa, solidária, espiritualizada, amorosa e afetiva

que terão significado na construção de um projeto de vida, desta criança.e

deste adolescente.

Pensar em amor, afeto e escola nos retrata ao livro Mestre dos

Mestres de Augusto Cury (1999), onde ele reflete muito sobre esses dois

pontos: escola e amor. Ele menciona que a escola da existência é a escola da

vida, nela as emoções e pensamentos e a história dos alunos tinham

importância vital. Essa era a Escola de Cristo onde as histórias do mestre e do

discípulo se cruzavam. Às vezes tão diferente da Escola que hoje vivemos,

onde poucos professores conhecem a história de nossos alunos. No sistema

educacional brasileiro os conteúdos são colocados em primeiro plano,

esquece-se que a escola deveria preparar o aluno para viver sua existência,

além de formação para ser um cidadão.

Apoiando esse pensamento cito:

A escola atual tem como sua preocupação primeira ser conteudista. Ensinamos demais e os alunos aprendem menos e cada vez menos. Aprendem menos porque os assuntos são distantes da realidade, da vida.

(Freitas, 2000, p.124)

O professor Nilson Freitas (2000) confirma ainda com depoimentos

que nos anos de sua escola; nela nunca foram abordados temas como limites

da vida, experiências pessoais, fracassos, rupturas de laços afetivos e de

espiritualidade.

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É preciso então o orientador educacional questionar e inserir na sua

ação estas propostas já que a escola está tão distante deste ser que é

chamado para a Vida. Onde fica o Projeto de Vida deste aluno? Que sentido

este aluno dará a sua Vida?

Freitas (2000) continua esta reflexão, aprofundando estar a escola

em crise, a criança e o jovem também. Se eles são violentados na sua

essência, estarão indo para o caminho da violência, agressividade e

desinteressados pela vida.

Por isso o diálogo é uma exigência existencial. E, se ele é o encontro em que se solidarizam o refletir e o agir de seus sujeitos endereçados ao mundo a ser transformado e humanizado, não pode reduzir-se a um ato de depositar idéias de um sujeito no outro... Não há diálogo, se não há um profundo amor ao mundo e aos homens.Se não amo o mundo, senão amo a vida, se não amo os homens, não me é possível o diálogo.

(Freire, 1987, pp.79-80)

O Orientador Educacional investido no amor e no diálogo promove

não só este ser humano como ele próprio. Realiza a utopia tão sonhada que é

viver num mundo onde nos humanizamos cada dia mais.

E nesta caminhada, podemos continuar a refletir ainda com esta

grande personalidade do campo da Pedagogia e de tão grande humildade. Diz

ele:

Não há por outro lado diálogo se não há humildade. Não há também diálogo se não há uma intensa fé nos homens, fé no seu poder de fazer e refazer, de criar e recriar. Fé na sua vocação de ser mais, que não é privilegio de alguns eleitos, mas direito dos homens.

(Freire, 1987, pp.80-81)

Essas virtudes humanas e fé com o poder de criar e recriar são

capazes de elevar o ser humano a sua dignidade para transformar a escola, o

ambiente e o mundo. Para isso é preciso acreditar na capacidade que esse ser

humano tem e o qual foi dotado, pelo Criador. Mas de nada adianta se ele não

usa-lá, ou descartar essa vocação e privilégio para essas mudanças. Obliterar

essas virtudes e talentos no comodismo e no individualismo seria desperdiçar

sua essência, e deixar de ser um agente transformador para educação e para o

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mundo. Este é um desafio que todo homem deve corresponder, principalmente

quem foi chamado para trabalhar na educação, pois são muitas as vidas de

crianças e jovens que estão sob nossa responsabilidade.

Citando ainda dois teóricos percebemos o quanto temos que refletir

sobre a afetividade e o diálogo, que se constrói com as idéias. Coletando

dados de Piaget: A afetividade é comumente interpretada como uma energia,

portanto algo que impulsiona as ações. (Piaget, apud La Taille, 1992, p.65)

Por outro lado temos outra reflexão que diz:

Cada idéia contém uma atitude afetiva transmutada com relação ao fragmento de realidade. As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também na consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana.

(Vygotsk, 1989, pp. 6 e 132)

Vygotsk (1993) uni a dimensão afetiva e cognitiva hoje muito utilizada

sem a dicotomia de afeto e razão. Essa análise de Marta Kokl de Oliveira

(1992, p.83) respalda as reflexões anteriores numa visão contemporânea,

assim como se enriquece com Vygotsk um teórico cognitivista.

No significado da palavra, esta quase sempre incluída os motivos

afetivos e pessoais do ser. Com a palavra construirmos seres dialógicos,

afetivos com sua vivência, que o faz diferenciar dos demais, mas que unidos

irão colaborar para a organização desta escola mais humanizada e mais

próxima da realidade de nossos alunos.

3.2 A Integração da afetividade e a inteligência na visão de

Wallon e Saltini

O caminho do ser humano é para a felicidade e para o projeto o qual

ele foi criado, sempre foi e deveria ser para o amor. A inteligência deve estar

sempre integrada ao afeto, pois é ele que experienciamos primeiro ao nascer.

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Entretanto Goleman (apud Freitas, 2000, p.160) percebendo que a

modernidade, privilegia a razão em detrimento à emoção cita Aristóteles.

... uma vida justa está implícito o desafio à nossa capacidade de equilibrar razão e emoção. Nossas paixões, quando bem exercidas, têm sabedoria; orientam nosso pensamento, nossos valores, nossa sobrevivência... A questão é como podemos levar inteligência às nossas emoções, civilidades às nossas ruas e envolvimento à nossa vida comunitária.

.( Freitas, 2000.p.160)

Esse é um problema a ser pensado, onde em qualquer noticiário seja

TV, rádio ou jornal nos defrontamos. Por estar o homem moderno rejeitando, e

marginalizando seu lado amoroso e afetivo ele, coloca em risco a humanidade.

Os valores intrínsecos do ser estão por outro lado sendo esquecidos. Um

homem que usa apenas razão para tirar proveito das situações e de poder,

sem a menor sensibilidade de amor ao próximo e usar seu poder sem objetivar

o bem comum, jamais poderá trazer a sociedade à paz.

Na psicogenética de Henry Wallon, a dimensão afetiva ocupa lugar

central, tanto do ponto de vista da construção da pessoa quanto do

conhecimento. (Dantas, 1992)

A partir dessas considerações pode se compreender a importância

que a afetividade tem para a educação. Lidar com a emoção e a razão na

construção do conhecimento se faz necessário num aprofundamento relacional

professor e aluno. Entretanto vemos na realidade escolar, alguns professores

descartando afetividade e priorizando apenas o conhecimento conteudista. Isto

com certeza implicará no comprometimento da aprendizagem.

Aqui entra mais uma vez Orientador Educacional, possibilitando em

sua ação todo um trabalho de reflexão, análise, e dinamizado para nortear este

caminho. Devemos dar às crianças oportunidade para colocar suas emoções

na escola, quer sejam de alegria, aflição, tristeza e, não apenas sua

inteligência ou sua capacidade de aprender.

Spinoza nos lembra que o conhecimento só produz mudança na medida em que também é conhecimento afetivo... Enquanto o ser

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humano permanecer na atitude de observador cientifico “alheado”, tornando-se a si mesmo como objeto de sua investigação só estará em contato com seu interior pelo pensar, não experimentando assim na realidade mais ampla e profunda que existe dentro de si mesmo. O descobrimento do homem que somos não é precisamente um ato intelectual, uma experiência afetiva que dificilmente será expressa em palavras. Ao descobrir o homem que sou terei descoberto o outro como ele é.

(Saltini, apud Freitas, 2000, p.161).

Como nos lembra Heloisa Dantas (1992, p.90) sobre Wallon: “isto

significa que a afetividade depende para evoluir, de conquistas realizadas no

plano da inteligência e vice versa”. Para Wallon (1990) a afetividade é

componente permanente da ação. Saltini, discípulo de Piaget, em seu livro

Afetividade e Inteligência (2002) vêm auxiliar a importância da integração da

ação da afetividade, no processo da construção do conhecimento que opera na

inteligência .

De acordo com o pensamento de Piaget, o principal objetivo da educação seria criar homens capazes de inventar coisas novas e não apenas meros repetidores daquilo que as outras gerações fizeram. A meta deveria se formar homens criativos, inventivos e descobridores; pessoas capazes de criticar, que vão em busca de verificação e não aceitam tudo o que lhes é proposto.

(Saltini, 2002, p.59)

Esse é um desafio e uma conquista árdua, pois tanto o professor

como o orientador deverá nesta ação disponibilizar técnicas e dinâmicas, para

que os alunos sejam ativos. Jamais uma ação pedagógica que não oportunize

o pensar por conta própria, dialógica e afetiva transformará estas crianças em

seres criativos e inventivos.

Saltini (2002) nos faz refletir que não podemos considerar a

informação em si mesma como produto “acabado”. Mas que existe dentro de

nós máquinas chamadas “de estruturas da cognição”, descobertas

primeiramente por Piaget e hoje reconhecidas por muitos pesquisadores. Diz

ele ainda que estas estruturas é que formam a nossa inteligência. É esta

estrutura da cognição que trabalha as informações dadas na escola, as quais

devem não ter o objetivo apenas informativo, mas transformador.

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E para que isto ocorra dessa forma, Saltini (2002) diz que é preciso

estar atento, pois “ninguém consegue pensar se não tiver a emoção adequada

para mobilizar tal pensamento”. Essa importância é vista para a educação na

psicanálise: o homem não faz nada em sua vida sem ser mobilizado por suas

pulsões quer seja amorosa, sentimentais, afetivas...

Assim Saltini (2002) nos alerta, principalmente no mundo em que a

era da informação exacerbada, o ser humano muitas vezes se perde, diz ele:

“pensar e transformar informações, ou seja, agregar é construir. Portanto o

homem vale pelo o que conseguir” relacionar, agregar e construir, ” resolvendo

problemas e desafios no seu cotidiano, e na natureza.

Poderíamos nos perguntar: quantas pessoas estariam fazendo isso

hoje? Lêem, informam-se, teorizam, mas não praticam. Repensar estes pontos

na educação são fundamentais. Por que vemos crianças jovens e com tanto

desinteresse pelo conhecimento e descompromissados com o planeta e com o

próximo? Mas não podemos apesar de constatar essa realidade desanimar e

cruzar os braços, como educadores temos que ter coragem para transformar a

educação. Isso é ter esperança, fé no homem, no criar e recriar.

A contribuição por se tratar da psicologia do desenvolvimento da

personalidade e da psicogênese, torna-se valiosa no campo da educação.

Cada vez mais os especialistas em educação confrontam e alicerçam seus

estudos e suas pesquisas com as teorias de Wallon. Assim, realizar-se-á em

Belo Horizonte, MG, no período de 17 a 19 de Fevereiro de 2006, um

Congresso Internacional de Educação Infantil referente às series iniciais com

destaque nas conferências de Psicologia do Desenvolvimento, e a importância

dos aspectos cognitivos, afetivos e das emoções tanto nas relações professor e

aluno, quanto à parceria escola e família.

Almeida (1999) reafirmando esse pensamento diz que tanto as

relações familiares quanto o meio têm um papel ordenador para evolução da

criança. Na história da humanidade o indivíduo se relaciona com o meio,

construindo valores e papeis que exercemos na sociedade.

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As relações entre a história das civilizações e a psicogênese são estreitas, ainda que não exista identidade. Todo indivíduo recebe a marca da civilização, que regula a sua existência e se impõe à sua atividade. (Wallon, apud, Almeida, 1999, p.45)

No caso das crianças essas relações se darão com sua entrada na

escola, onde os laços afetivos continuarão formando sua personalidade,

percorrendo os estágios de desenvolvimento da criança.

Pouco a pouco, entretanto, mercê de um longo trabalho de identificação e de assimilação, aprende a decifrar em suas impressões o mundo que a ela se opõe e, simultaneamente, a atribuir-se como seu o que vai torná-la capaz de opor a outrem as exigências de sua pessoa.

(Wallon, apud, Almeida, 1999, p.46)

Importante observar com Wallon (1993) que neste desenvolvimento

dos estágios da afetividade da criança ela se faz também no campo moral, pois

quanto mais habilidade a criança adquire no campo da racionalidade, maior

será o desenvolvimento da afetividade.

Refletindo ainda com Almeida (1999) sobre Wallon, enquanto a

criança no período inicial da escola, faz conquistas afetivas como a

diferenciação de si e do outro para a construção do eu, o adolescente busca

ultrapassar a si mesmo.

Com essa evolução que se opera principalmente no campo moral, o

adolescente passa como vemos, a questionar os valores, as relações sociais.

Esse processo se faz na autonomia que cresce dia a dia. Por muitas vezes os

pais e professores esquecem que este seria um processo normal do

desenvolvimento, em vez de terem uma relação dialógica, começam a impor

suas idéias e valores criando atritos.

Ter autonomia é um processo crescente, por isso Wallon nos alerta

que neste o adolescente ao tentar conhecer-se mais, interiorizando seu eu, o

adolescente se desorienta sem falar das modificações corporais e sexuais.

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Todo esse processo do desenvolvimento da afetividade e inteligência

deverá ser bem conhecido, pelos professores, orientador e pais. O grande

entrave que vemos hoje é fazer um bom trabalho com essas crianças e

adolescentes com turmas numerosas. O cotidiano do professor com o aluno é

fundamental, para que o processo afetivo e cognitivo se realiza. É na sala de

aula, com um período maior que os relacionamentos favorecerão e

dinamizarão o processo do desenvolvimento da personalidade.

A palavra personalizada é considerada (...) no sentido do ser total físico-psíquico e tal como ele se manifesta pelo conjunto do seu comportamento.

(Wallon, apud, Almeida, 1999, p.49)

Portanto afetividade e inteligência são duas funções que contribuem

para a evolução da personalidade.

A afetividade, assim como a inteligência, não aparece pronta nem permanece imutável. Ambas evoluem ao longo do desenvolvimento, são construídas e se modificam de um período a outro, pois à medida que o individuo se desenvolve, as necessidades afetivas se tornam cognitivas... Na obra Walloniana, a afetividade e inteligência constituem um par inseparável na evolução psíquica, pois ambos têm funções bem definidas, permitem à criança atingir níveis de evolução cada vez mais elevados.

(Almeida, 1999, pp.50-51)

A preocupação com a afetividade é grande, hoje se fala na

Pedagogia do afeto, para designar relações interpessoais de afetividade em

“sala de aula” (França e Dias – Revista Humanidades – 2002).

Segundo França (2002) o toque afetivo entre as pessoas, na sala de

aula cria amizades, ternura, cooperação, respeito mútuo fazendo o espaço

escolar um ambiente de bem-estar e realização pessoal. Caso o toque afetivo

não seja usado para ser facilitador desse processo o espaço escolar, se

tornará difícil no processo de ensinar e aprender que exige tanto por parte do

professor quanto do aluno, competência e habilidades, tanto na sala de aula

como fora dela a serem aprendidos.

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Com essa aprendizagem mútua alcançaremos com certeza

conquistas significativas para o bem estar entre o educando e o educador,

onde o orientador educacional oportunizará encontros efetivos para estabelecer

o alcance das habilidades necessárias ao convívio.

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4. CONCLUSÃO

Considerando que a formação da afetividade e do caráter de nossas

crianças e adolescentes deve despertar o interesse das famílias e da escola

sobre o que as crianças serão no futuro, foi realizada uma pesquisa

bibliográfica com os teóricos da área de educação.

Sendo a família o lugar primeiro em que convivemos é natural que se

repense a importância da construção da afetividade entre a criança e os pais,

Citando Saltini (2002, p.117), um dos teóricos pesquisado “amparar a relação

materna – infantil é dar condições afetivo-cognitivos ideais na primeira

infância”. O investimento afetivo sólido, na relação mãe e filho favorecerão um

homem criativo para desempenhar seu papel na sociedade. Porém esta

questão da educação da afetividade nos leva a um questionamento e, portanto

ao âmago do problema da pesquisa: a família ajuda à escola na formação da

afetividade?

Na hipótese desta pesquisa observa-se que vivemos num mundo em

que técnica, o materialismo e o hedonismo prevalecem acima de muitos outros

valores essenciais ao ser humano; percebe-se a importância dos laços afetivos

nas relações da família e na escola. A afetividade contribui na formação de

uma pessoa mais feliz, equilibrada e com uma auto estima capaz de construir

seu projeto de vida e sua história.

A pesquisa validou que a família a ajuda à escola na formação da

afetividade. Na educação da afetividade, o amor trás felicidade e o afeto deve

estar presente nas relações dos pais:

“Não há felicidade si não há amor e não há amor sem renúncia. Um segmento essencial da afetividade esta tecido de sacrifício. Algo que não esta na moda, que não é popular mais acaba por ser fundamental.”

(Enrique Royas apud, Cienfuentes, 2003,p.93)

Falando ainda da importância do afeto na educação, percebe-se o

quanto ela é preciosa na educação:

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“ A afetividade é caracterizada por suas composições energéticas, com suas cargas distribuídas sobre o objeto ou um outro, seguindo ligações positivas e negativas.”

(Piaget 1983,pp.226-227) A vocação ontológica do ser humano é ser sujeito e não objeto,

portanto investir na educação da afetividade e cuidar para que esta aconteça

num ambiente positivo na família e na escola, estaremos favorecendo a

formação do ser humano capaz de enfrentar com mais coragem o presente.

Em muitas famílias encontramos o investimento na educação do

amor, no viés do afeto, e constatamos que ele é fundamental para o ser

humano, em especial a criança que está em construção.

Não há educação sem amor. O amor implica luta contra o egoísmo.Quem não é capaz de amar os seres inacabados não pode educar. Não há educação imposta, como não há amor imposto. Quem não ama não compreende o próximo, não o respeita.

(Freitas, apud, Freire, p.29)

Como a educação se estende à escola e a todo processo educativo

não devendo esta ser apenas contuidista, o afeto deve entrelaçar este

momento: “Ensinar é um gesto de amor. O mestre se enriquece com a

gratidão, o respeito e o afeto”. (Tiba, 1998, p.61) A preocupação nesta questão

é que cada dia mais os professores invistam neste afeto para que não só a

aprendizagem seja mais eficaz como o aluno se torne um ser humano mais

amoroso, feliz e com a auto-estima positiva.

Poucos são mais enfáticos que Cohn e Kottkamp (1993) em chamar a atenção para a centralidade no papel do professor...

precisamos começar com as percepções, os sentimentos e os pontos de vista dos “especialistas de dentro”, os professores de sala. São eles que possuem o conhecimento íntimo dos desafios e das restrições impostas para a estabilidade.

(Cohn e Kottkamp, apud, Demo 2000, p.41)

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Esta análise é importante, pois enquanto os teóricos acima afirmam

este pensamento, Demo (2000) nos alerta que seria um erro pensar que o

professor sozinho daria conta de tudo. Esse pensamento reafirma o que foi

constatado nesta monografia que o professor necessita de todo uma equipe

multidisciplinar na escola que o auxilie levando-se em conta que hoje as

crianças estão mais difíceis de ensinar, menos motivadas e vivendo conflitos,

quer sejam no lar quer seja nesta sociedade pós-moderna. É justamente neste

viés que o professor necessita dar à aprendizagem uma inteiração significativa

com afeto. É preciso acreditar neste professor que hoje é tão desvalorizado

que junto à escola e a família é capaz de reverter este quadro.

O pensamento a seguir nos faz repensar sobre a importância do afeto

na aprendizagem.

“A separação do intelecto e do afeto enquanto objetos de estudo é uma das principais deficiências da psicologia tradicional, uma vez que esta apresenta o processo do pensamento com o fluxo autônomo de ‘pensamentos que pensam a si próprios’.”

(Vygostsk, apud, Oliveira, p.76)

A partir destas reflexões sugere-se que a orientação educacional

continue um trabalho de pesquisa envolvendo a educação da afetividade na

família e na escola, visto ambas estarem passando por várias crises e

mudanças.

Repensando com os teóricos seguem três sugestões para dar

continuidade as pesquisas na educação. Investir numa educação mais

equilibrada da relação pai-mãe-escola, o que Tiba (1998) chama de educação

a seis mãos. Sabendo que o equilíbrio nesta educação contribui para o

benefício da criança na medida em que somamos esforços esta será

beneficiada. Portanto devemos evitar atropelos tanto por parte da família como

da escola. Outro aspecto que podemos sugerir seria ter um olhar na

psicanálise, contribuindo para o desenvolvimento do processo educativo. É

importante que os professores conheçam e estudem mais sobre esta ciência,

pois ela nos auxilia imensamente a entender melhor a atitude de nossos

alunos. Sem intenção, logicamente, de fazer psicanálise na escola, mas tê-la

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como mais uma ferramenta a ser utilizada pelos professores. Seria oportuno

que num século em que a tecnologia avança, mas não deve dominar o ser

humano, que se desse uma pesquisa maior sobre a afetividade na educação

unindo ao cognitivo. Sabemos que o investimento afetivo nos tempos atuais

torna-se de grande significado aliado ao conhecimento, principalmente quando

pensado na questão da inclusão. Por ser este campo afetivo em que se dá às

relações o homem precisa se conhecer mais. Algo que até então a escola tem

explorado pouco.

Concluindo podemos perceber que a pesquisa e o estudo neste campo cresce

dia-a-dia, justamente por sentir que como seres humanos somos razão e

emoção, onde o amor e o afeto se fazem comunhão. Sugere-se a partir destas

propostas que a orientação educacional oportunize estas reflexões junto à

família e a escola, para que num futuro próximo ambas possam não só estar

em comunhão como mais bem estruturadas e felizes.

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5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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2000

CURY, Augusto Jorge. Pais Brilhantes, professores fascinantes. Rio de

Janeiro, Sextante. 2003.

DEMO, Pedro. Conhecer & aprender: Sabedoria dos limites e desafios. Porto

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FAUS, Francisco. A Paz na Família. São Paulo, Quadrantes, 1997.

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LLANO CIFUNENTES, Rafael. A Maturidade. São Paulo, Quadrantes, 2003 .

LUCK, HELOÍSA. Planejamento em orientação educacional. Petrópolis :

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MARMULICZ, André. Auto-estima: suas implicações no cotidiano. Curitiba,

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-----------------------. Uma Escola que ensina a ensinar. Brasília, Reproarte, 2000.

PIAGET, Jean. A epistemologia genética, sabedoria e ilusões da filosofia:

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REVISTA O GLOBO, no 59, 11/08/05).

RUBIO, Afonso Garcia. Nova Evangelização e Maturidade Afetiva. São Paulo,

Paulinas, 1993.

SALTINI, Cláudio João Paulo. Afetividade e inteligência. 4a Ed., Rio de Janeiro,

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TIBA, Içami. Ensinar aprendendo: como superar os desafios do relacionamento

professor-aluno em tempos de Globalização. São Paulo, Gente, 1998.

----------------------- Quem ama, educa! São Paulo, Gente, 2002.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Disciplina: construção da disciplina

consciente e interativa em sala de aula e na escola. São Paulo, Cadernos

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ANEXOS

Anexo 1

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Anexo2

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Anexo3

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Anexo 4

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ÍNDICE

CAPA 1

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

EPÍGRAFE 5

RESUMO 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

1. EDUCAR PARA AFETIVIDADE E A AUTO-ESTIMA DO SER HUMANO

11

1.1 A AFETIVIDADE NA CONSTRUÇÃO DO COTIDIANO HUMANIZADO

11

1.2 A AUTO-ESTIMA COMO FATOR ESSENCIAL DO COTIDIANO E NA EDUCAÇÃO

13

1.3.A ESCOLA NO DESAFIO DO RELACIONAMENTO AFETIVO PROFESSOR E ALUNO.

15

2. A FAMÍLIA E A SUA CONTRIBUIÇÃO PARA A EDUCAÇÃO DO AFETO

19

2.1. FAMÍLIA - COMUNHÃO DE AMOR E DIÁLOGO 20

2.2. A FAMÍLIA NO MUNDO DE HOJE 21

2.3. O PAPEL DO ORIENTADOR EDUCACIONAL NA RELAÇÃO FAMÍLIA-ESCOLA

23

3. AS CONTRIBUIÇÕES DOS TEÓRICOS ALICERÇANDO O TRABALHO DO AFETO NA ESCOLA

29

3.1 O DIÁLOGO E O AFETO 30

3.2 A INTEGRAÇÃO DA AFETIVIDADE E A INTELIGÊNCIA NA VISÃO DE WALLON E SALTINI

33

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4. CONCLUSÃO 40

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 44

6. ANEXO 46

7 .ÍNDICE 50

8. FOLHA DE AVALIAÇÃO 52

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES - UCAM

PROJETO VEZ DO MESTRE

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU ”

TÍTULO DA MONOGRAFIA: A INFLUÊNCIA DA FAMÍLIA E DA ESCOLA

NA EDUCAÇÃO DA AFETIVIDADE COM CRIANÇAS DA ESCOLA PÚBLICA,

NUM OLHAR DA ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL.

DATA DA ENTREGA: 27- 01- 2006

AVALIAÇÃO:

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AVALIADO POR:------------------------------------------------------- GRAU ----------

------------------------------, --------de --------------------- de 2006