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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS PROJETO A VEZ DO MESTRE FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE POR: KATIA REGINA DA C. BRANDÃO ORIENTADOR: PROF. MARCO ANTÔNIO CHAVES Rio de Janeiro, RJ, abril de 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO A VEZ DO MESTRE

FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE

POR: KATIA REGINA DA C. BRANDÃO

ORIENTADOR:

PROF. MARCO ANTÔNIO CHAVES

Rio de Janeiro, RJ, abril de 2001

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAISPROJETO A VEZ DO MESTRE

FIDELIZAÇÃO DO CLIENTE

POR: KATIA REGINA DA C. BRANDÃO

Trabalho monográfico apresentado comorequisito parcial para obtenção doGrau de Especialista em GestãoEstratégica e Qualidade

Rio de Janeiro, RJ, abril de 2001

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III

R E S U M O

A economia mundial tem mudado significativamente quase que

do dia para a noite. Entramos num período onde são cada vez mais bem

sucedidas as empresas que “realizam” ao invés de simplesmente

“produzir” algo. Com os produtos cada vez mais parecidos, o diferencial

competitivo das empresas na satisfação e principalmente na fidelização

dos clientes tem sido na área dos serviços agregados aos produtos. A

realidade é que a cada dia, mais clientes estão escolhendo fazer

negócios com as organizações que satisfazem as suas necessidades,

através de um pacote integrado de produtos e serviços com valor

agregado, se afastando daquelas que somente falam sobre o assunto.

As companhias de ponta estão se conscientizando de que a lealdade do

cliente é a chave para relacionamentos rentáveis, de sucesso e de longa

duração. Afinal a marca é construída através das experiências dos

clientes. Dada a relevância da satisfação do cliente, e ainda mais, a sua

lealdade no mundo dos negócios contemporâneos, esta monografia

propõe-se a analisar as estratégias de obtenção da lealdade dos

clientes e os conceitos utilizados com esse objetivo.

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IV

S U M Á R I O

Cap. 1 – PRINCÍPIOS DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

1.1 – Marketing

1.2 – Relacionamento

1.3 – O que é o Marketing de Relacionamento

Cap. 2 – A IMPORTÂNCIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

2.1 – Custos e Benefícios do Marketing de Relacionamento

2.2 – O uso crescente do Marketing de Relacionamento

2.3 – Adquirindo uma vantagem competitiva por meio do Marketing de

Relacionamento

2.4 – O Marketing de Relacionamento e o produto

Cap. 3 – O PONTO DE VISTA DO CLIENTE

3.1 - O que é um cliente

3.2 - Tipos de Clientes

3.3 - O que o Cliente espera

Cap. 4 – A FIDELIZAÇÃO: META DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

4.1 – Analisando a Fidelidade

4.2 – Identificando as necessidades de relacionamento dos clientes

4.3 – A importância dos funcionários no processo de Fidelização

4.4. - O papel das reclamações no processo de obtenção de qualidade

Cap. 5 – AS FERRAMENTAS E TECNOLOGIAS EMPREGADAS PARA OBTER A

FIDELIZAÇÃO

5.1 - SAC’S

5.2 - Help Desk

5.3 - Automação no Atendimento

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V

12.4 – Telemarketing

12.5 – Data Warehouse e Data Minning

Cap. 6 – TÉCNICAS ERRADAS PARA OBTENÇÃO DA FIDELIDADE

CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

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Capítulo 1 – PRINCÍPIOS DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

Para falar-se em Fidelização do Ciente, primeiro é necessário entender o

significado do termo Marketing de Relacionamento, analisando-se seus dois

componentes: Marketing e Relacionamento. Verifica-se que os dois termos, dentro

do mundo corporativo e da administração, estão extremamente ligados.

1.1 - MARKETING

O alcance da palavra Marketing, nos dias de hoje, é muito abrangente e está

ligado a vários outros termos além do Marketing de Relacionamento.

O objetivo, aqui, é definir o Marketing em seu sentido principal e dar uma

visão geral do papel do Marketing, sem detalhar suas diversas outras abordagens.

Marketing é, segundo a definição da Associação Americana de Marketing, o

desempenho das atividades comerciais que dirigem o fluxo de bens e serviços do

produtor ao consumidor ou usuário. O Marketing é composto por quatro variáveis,

também conhecidas como 4 P’s: Produto, Preço, Ponto de Venda e Promoção.

Como subdivisão de Produto encontra-se: testes e desenvolvimento do

produto, qualidade, diferenciação perante os concorrentes, embalagem a ser usada,

marca registrada, serviços, assistência técnica e garantia.

Para o Preço, encontra-se as políticas de preços que serão usadas para

venda do produto, os métodos para determinação dos preços, os tipos de descontos

a serem oferecidos e condições de pagamento para os tipos de negociações. Na

definição de Ponto de Venda, encontra-se os canais de distribuição, os tipos de

transporte que vão ser usados para a entrega, a armazenagem do produto e o

centro de distribuição da empresa. Para a Promoção, verifica-se como subdivisões a

propaganda, a publicidade, a promoção de vendas, a venda pessoal, as relações

públicas e o merchandising.

Complementando o conceito da Associação Americana de Marketing, pode-se

dizer que o Marketing consiste no planejamento destas quatro variáveis, trabalhando

a atração e a satisfação, que foram constante preocupação das empresas na

década de 80 e a sua fidelização, principal objetivo das empresas neste fim de

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século.

Este conceito é muito importante, porque hoje com a oferta feita pelas

empresas sendo maior que a demanda gerada pelos consumidores, as empresas

necessitam cada vez mais dos conceitos e utilização do Marketing. Pode-se dizer,

então, que estamos vivendo na Era do Marketing.

1.2 - RELACIONAMENTO

Relacionamento é qualquer tipo de relação entre pessoas, empresas ou

empresa e pessoas/clientes/consumidores/usuários, que durem algum tempo.

E quando fala-se de relacionamento fala-se, além do tempo envolvido, em

expectativas, necessidades, satisfações, comportamentos e costumes.

Esta monografia, dará maior ênfase na relação cliente-empresa, pois está

ligada diretamente ao mundo da Administração.

Algumas empresas acham que seu relacionamento com o cliente acaba

quando seu produto ou serviço é vendido. Esta afirmação é completamente

enganosa. Se a empresa quiser manter o cliente fiel a seu produto ou serviço, o seu

relacionamento com este nunca deverá acabar.

1.3 – O QUE E MARKETING DE RELACIONAMENTO

O Marketing de Relacionamento é um termo intrínseco ao Marketing e que foi

gerado através da combinação e da administração de ferramentas de Marketing.

Atualmente, o Marketing de Relacionamento é um termo muito usado por

gerentes de marketing, de serviços e até de vendas. Isto vem acontecendo pelo fato

de o Marketing de Relacionamento se preocupar diretamente com o que de mais

valioso uma empresa tem: seus clientes, sejam eles internos (funcionários) e

externos (consumidores).

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Capítulo 2 - A IMPORTÂNCIA DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

O que torna o Marketing de Relacionamento importante é:

Ganhar novos clientes custa muito mais caro do que mantê-los

Essa verdade fica mais evidente no marketing direto, em que os custos de

aquisição e manutenção de clientes podem ser quantificados com precisão. Em

outras áreas do marketing, estimativas mostram isso também.

Os benefícios do Marketing de Relacionamento podem ser mostrados por meio

das técnicas contábeis que revelam:

Ü Custos de aquisição de novos clientes;

Ü Alterações na sua quantidade de clientes;

Ü Alterações relacionadas àquilo que cada cliente está comprando de você.

Isso pode significar que a empresa tenha que mudar seus métodos de fazer os

cálculos de marketing. Se ela quantifica os mercados em volume ou valor de vendas,

a inter-relação entre o Marketing de Relacionamento e o lucro pode ser dificilmente

percebida.

Mas, se os mercados também forem quantificados em termos de:

Ü quantos clientes a empresa tem;

Ü e do valor dos pedidos que cada cliente coloca durante a “vida” dela junto à sua

empresa,

então a inter-relação fica mais clara.

2.1 – CUSTOS E BENEFÍCIOS DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

Para as empresas, os custos do Marketing de Relacionamento podem ser

aqueles associados à mudança e à crescente complexidade dos processos

empresariais. Descobrir e depois atender às necessidades dos seus clientes – não

apenas em relação aos seus produtos e serviços, mas também para o

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gerenciamento do relacionamento – são atividades-chave para definir esses

processos. Talvez a empresa tenha que investir. Talvez ela precise de novos

sistemas de computação e novos procedimentos. Talvez tenha que treinar sua

equipe de forma diferente. Seus pontos de venda podem estar precisando de uma

nova distribuição. Sua comunicação com os clientes pode mudar. Sendo assim, a

empresa precisa encarar o Marketing de Relacionamento como um investimento. É

preciso valorizar os efeitos do Marketing de Relacionamento ao longo de vários

anos.

• É preciso encarar o Marketing de Relacionamento como um investimento

Os benefícios do Marketing de Relacionamento geralmente ocorrem em uma

ou mais das seguintes áreas:

1. Aumento da retenção e lealdade do cliente – os clientes ficam junto a empresa

por períodos mais longos, compram mais e também o fazem com maior

freqüência (aumento do valor do tempo de vida);

2. Maior lucratividade por cliente, não apenas porque cada cliente compra mais,

mas também em função de:

Custos menores para seduzir os clientes (e desnecessidade de conseguir

tantos clientes se deseja-se um volume de negócios mais ou menos estável).

Redução do custo de venda (geralmente os clientes já existentes reagem

mais e melhor ao marketing).

2.2 – O USO CRESCENTE DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

Verifica-se que nos mercados de bens de consumo de alta rotatividade, o

Marketing de Relacionamento é apenas uma abordagem para o marketing:

abordagem esta cuja a importância vem crescendo. Mas, em outros mercado de

consumo, como o do “faça-você-mesmo”, de automóveis e de serviços, o Marketing

de Relacionamento já é uma disciplina central ou está rapidamente passando a

ocupar tal posição. Nos mercados empresa a empresa, o Marketing de

Relacionamento sempre desempenhou um papel central e, entre as últimas

mudanças, destacam-se:

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O uso da Tecnologia da Informação (TI) para tornar o Marketing de

Relacionamento mais eficaz e eficiente;

A introdução das disciplinas de cuidado com o cliente, ajudando a coordenar os

inúmeros relacionamentos que alguns fornecedores de empresas têm com

clientes específicos.

2.3 – ADQUIRINDO UMA VANTAGEM COMPETITIVA POR MEIO DO

MARKETING DE RELACIONAMENTO

A mportância do Marketing de Relacionamento depende em parte de a

empresa já ter adquirido uma vantagem em relação a qualquer um dos demais

participantes no mercado. Caso essa vantagem não tenha sido possível, o potencial

para o aumento do market share e do lucro é grande. Mas se um ou mais

concorrentes já estão na liderança da qualidade, então a diferenciação é a opção

principal. O Marketing de Relacionamento não é mais uma opção, mas passa a ser

uma necessidade essencial.

Contudo, nessa situação, a simples competição não é uma boa receita para o

sucesso. A diferenciação significa sobressair na multidão. Alguma pesquisa básica

junto aos clientes mostrará que há várias coisas que são muito importantes para

eles, mas que os concorrentes executam mal. Atualmente, a maioria dos

fornecedores, embora nem todos, vem melhorando seu desempenho nas áreas que

mais interessam aos clientes. É possível que a chave da competitividade esteja nas

necessidades secundárias e nas providências para assegurar que os melhores

planos concebidos sejam efetivamente transformados em realidade: no ponto de

contato com o cliente. Ser o melhor nas coisas que os outros fornecedores executam

mal, mas que são muito importantes para o cliente, pode ser o melhor caminho para

o sucesso.

Contudo, o grau de profissionalismo com que o Marketing de Relacionamento

de uma empresa é gerenciado (concebido, planejado e implementado) oferece a ela

um amplo escopo de diferenciação. O posicionamento também desempenha um

papel importante nisso. Ele dá suporte e é suportado pelo bom Marketing de

Relacionamento. Todos os aspectos do contato com os clientes precisam ser

gerenciados e apresentados para eles de forma a reforçar o posicionamento.

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2.4 – O MARKETING DE RELACIONAMENTO E O PRODUTO

Um elemento-chave nos mercados competitivos é a definição e colocação à

venda de produtos que atendam às necessidades do cliente e que, ao mesmo

tempo, gerem o lucro esperado pelo fornecedor. Contudo, geralmente o cliente não

compra apenas um produto físico ou um serviço especificado de forma detalhada.

Os clientes adquirem um produto associado ao serviço e, na verdade, ao

relacionamento todo com o fornecedor. A maioria das percepções dos clientes é

afetada pelas percepções desses mesmos clientes quanto aos outros elementos do

pacote e vice-versa. Isso é chamado de “efeito aura” - embora em alguns casos

“efeito chifre” seja uma expressão mais adequada. Daí a necessidade inicial da

ênfase na consistência da abordagem.

A idéia de que o produto e o serviço, ao serem fornecidos, são embalados

junto com um elenco de outros elementos ajuda a lembrar também que não se deve

ignorar o que são esses outros elementos. Alguns podem estar sob controle da

empresa (por exemplo, documentação de vendas, embalagem, linhas telefônicas

para contatos de emergência) e outros nem tanto (no caso de uma empresa ser uma

produtora que vende por meio de atacadistas, a situação junto ao setor varejista não

está sob seu controle). Assim sendo, é importante:

Identificar todos os elementos do pacote que podem ser percebidos pelo cliente

como muito importantes ou importantes;

Buscar otimizá-los, tanto quanto possível;

Assegurar que aquilo que foi planejado seja proporcionado nos pontos de contato

com clientes.

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Capítulo 3 - O PONTO DE VISTA DO CLIENTE

3.1 - O QUE É UM CLIENTE

A definição mais comum da palavra CLIENTE é a de uma pessoa que se

acostuma a comprar da empresa. Não havendo compras regulares, ele é

considerado não como um cliente e sim como comprador. Os clientes são, em geral,

pessoas que conhecem a empresa, precisam do produto, podem comprá-lo e se

este satisfizer a suas expectativas, comprarão mais de uma vez, o que pode torná-

los clientes regulares. De acordo com essas características os clientes classificam-

se em várias categorias.

3.2 - TIPOS DE CLIENTES

Os clientes são classificados em várias etapas até tornarem-se clientes fiéis.

São elas:

• Suspeito - são todos os que possivelmente poderiam comprar o produto. São as

pessoas que a empresa desconfia que poderiam comprar, mas não sabe o

suficiente sobre eles para ter certeza disso.

• Prospect - é o comprador em potencial. É alguém que precisa do produto e está

apto a adquiri-lo. Mesmo que ainda não tenha comprado da empresa, já ouviu

falar dela.

• Prospect Desqualificado - são aqueles que a empresa conhece o suficiente para

saber que não precisam do seu produto ou não tem condições para adquiri-lo.

• Comprador - são aqueles que compraram o produto uma vez. Podem ser

consumidores de determinada empresa e da concorrência num mesmo momento.

• Cliente Eventual - são as pessoas que compraram os produtos por duas vezes

ou mais.

• Cliente Regular - este cliente compra tudo o que sua empresa vende e que ele

possivelmente poderá utilizar. Existe um relacionamento sólido entre ele e sua

empresa, o que o torna imune aos apelos da concorrência.

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• Defensor - como o cliente regular, ele compra tudo o que a empresa vende, no

entanto, ele ainda estimula outras pessoas a comprarem seus produtos. Ele fala

da empresa, faz o marketing por ela e traz novos clientes.

Existe ainda o cliente inativo, que é alguém que já foi comprador de

determinada empresa, mas já não adquire nada a um tempo superior ao ciclo de

compra normal definido por ela.

A primeira tarefa de qualquer profissional de marketing é identificar suspeitos

e prospects, qualificá-los e fazê-los avançar até o estágio de defensores. Esta é a

mais dispendiosa das tarefas de marketing. A venda começa no momento em que se

converte suspeitos qualificados em compradores. O Marketing de Relacionamento

surge como ferramenta ideal e custo-eficaz neste momento, uma vez que um maior

conhecimento dos clientes, facilitará os esforços de comunicação além de

proporcionar uma melhor reação nos suspeitos ou prospects.

3.3 - O que o Cliente espera

Os consumidores estão cada vez mais interessados no atendimento e na

forma como são tratados quando adquirem algo. O cuidado no relacionamento com

os clientes é a pedra angular de um número cada vez maior de estratégias de

marketing, conforme mostrado na crescente oferta de garantias a longo prazo, sobre

produtos, contratos de serviços, etc.

Historicamente, os clientes encaravam o valor de um produto como a

combinação de preço e qualidade. Eles querem mais serviço hoje do que em 1970,

a década do auto-serviço. Um motivo é que eles têm menos tempo para comprar,

portanto querem que o processo de compra seja rápido e eficiente. Mesmo os

clientes da indústria são tomados por essa síndrome da pressa.

Os clientes da década de 90 ampliaram sua definição de valor para incluir

fatores como confiabilidade, conveniência de compra e atendimento pós-venda.

Esses clientes identificam como sendo cinco as dimensões da qualidade de

atendimento:

• Confiabilidade - os clientes esperam que as empresas proporcionem

exatamente o que foi prometido. Eles colocam a confiabilidade em primeiro lugar

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ao avaliar o atendimento, apesar de muitos gerentes e vendedores ainda

acreditarem que é a atenção o fundamental;

• Confiança - o domínio do assunto e a cortesia dos funcionários, bem como a

capacidade destes de transmitir confiança é fator básico de avaliação;

• Tangibilidade - é avaliada as instalações, os equipamentos físicos e a aparência

do pessoal da empresa;

• Empatia - é o grau de interesse e atenção individuais dispensados ao cliente;

• Atenção - a disposição para auxiliar os clientes e oferecer atendimento imediato.

O que os clientes definem como serviço tem mudado de forma radical. A

definição atual inclui localização conveniente, amplitude de escolha, dominância da

categoria e rapidez da transação. Pode até significar preços competitivos.

Mesmo assim, muitas coisas sobre o serviço permanecem inalteradas - a

cortesia, o conhecimento do produto, a prestimosidade e o entusiasmo dos

empregados, por exemplo.

Ao se iniciar o planejamento de serviços ao cliente, um problema comum e o

nível de expectativa dos clientes. Uma organização tem o dever de conhecer o nível

de expectativa de seus clientes pelos seguintes motivos: faça menos do que os seus

clientes esperam e o serviço será ruim. Faça exatamente o que os clientes esperam

e o serviço será bom. Mas se fizer mais do que os clientes esperam o serviço será

superior.

Se deseja-se conservar os clientes, deve-se fazer mais do que os clientes

esperam. Ao fazer isso, é estabelecido medidas para o processamento de

confidências verbais positivas.

A realidades das expectativas do cliente são as determinantes principais do

nível de expectativa. Os clientes de hotéis luxuosos não vão esperar nada menos do

que serviços luxuosos, por isso não deve-se gastar tempo e dinheiro tentando baixar

essas expectativas. Da mesma forma é fútil tentar fixar expectativas muito diferentes

das realidades que o cliente percebe.

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A tarefa de alinhar a estratégia de serviço às expectativas do cliente é

basicamente a mesma adotada para posicionar uma empresa ou produto no

mercado. O posicionamento do serviço começa com quatro dados:

• Os segmentos visados;

• As expectativas dos clientes dentro dos segmentos;

• A estratégia para exceder as expectativas;

• As expectativas do nível de serviço que já foram criados pelos concorrentes na

mente de seus clientes (a meta é superar essas expectativas).

O The Journal of Marketing relata os resultados de uma pesquisa que tinha

como título “Pelo que os Clientes se interessam”. Eles procuram:

• Qualidade dos Produtos, 100%

• Serviço aos Clientes, 97%

• Preço, 92%

• Vendedor / que atende em sistema de franquia, 86%

• Localização, 65%

Hoje os clientes querem que a empresa antecipe os problemas e sejam

honestas quanto aos problemas em potencial, ou seja, a atenção começa antes do

ponto de venda. Eles esperam cada vez mais que seus relacionamentos com

empresas de maior porte - e até mesmo com organizações públicas - sejam

gerenciados. Esses clientes sabem que deram um volume enorme de informações

para os fornecedores, por meio de compras, pagamentos, solicitações e

recebimentos de serviços ou, simplesmente, questionários preenchidos, e esperam

que tais informações sejam usadas para melhorar a maneira como as empresas

gerenciam os relacionamentos.

Os clientes formam requisitos e percepções em relação aos relacionamentos

como resultados de várias influências. A mais importante delas é a experiência, seja

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com sua empresa ou com um concorrente. O grau com que os clientes fazem essas

comparações vem aumentando em razão do consumismo de nossa época. À

medida que as organizações comerciais líderes aperfeiçoam seu Marketing de

Relacionamento, as organizações governamentais também são pressionadas a fazer

o mesmo. Isso ocorre porque os clientes comparam e criam expectativas que são

transferidas para diferentes fornecedores de produtos e serviços.

É necessário entender os critérios que os clientes utilizam para avaliar

diferentes fornecedores, produtos e serviços. Esse é o elo de ligação entre o

Marketing de Relacionamento e o sucesso financeiro. Se uma decisão é importante

para o cliente, estão esse cliente geralmente pondera cuidadosamente sobre a

compra. Se o produto é comprado com freqüência, provavelmente o cliente fará

ainda mais ponderações quando ele estiver considerando se irá trocar também de

fornecedor ou produto. Depois que o novo padrão de compras estiver estabelecido,

como um hábito, as compras provavelmente ocorrerão de forma rotineira, sem muita

atenção.

Em resumo, o cliente espera que a empresa ofereça o que ele precisa, ao

custo que ele pode pagar, atendendo as suas expectativas e mantendo um

relacionamento sincero quanto aos problemas e vantagens a serem oferecidas.

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Capítulo 4 - A FIDELIZAÇÃO COMO META DO MARKETING DE

RELACIONAMENTO

4.1 – Analisando a Fidelidade

Apesar da satisfação do cliente ser primordial para qualquer empresa, a

satisfação isolada não é suficiente para a conquista de clientes fiéis, já que altos

níveis de satisfação não resultam, necessariamente, em compras regulares e

aumento de vendas. Pesquisas mostram que 40% dos clientes da Forum

Corporation que afirmam estar satisfeitos mudam de fornecedores e a Harvard

Bussiness Review informa que entre 65% e 80% dos clientes que optam por um

novo fornecedor afirmam que estavam satisfeitos ou muito satisfeitos com seu

fornecedor anterior.

Se a satisfação dos clientes é pouco confiável, o Marketing de

Relacionamento visa desenvolver a fidelidade dos clientes. A fidelidade torna-se

ideal pois seu conceito volta-se mais para o relacionamento dos clientes do que por

suas atitudes. O cliente fiel apresenta um comportamento classificado como não-

aleatório, ou seja, o cliente tem uma tendência específica em relação àquilo que

compra e de quem compra.

Duas condições importantes associadas à fidelidade dos clientes são a

manutenção e a participação dos clientes. A manutenção descreve a duração do

relacionamento com o cliente. É o percentual de clientes que voltou a comprar por

um número específico de vezes ao longo de um determinado período.

As empresas de hoje precisam administrar um estranho paradoxo: para

aumentar sua participação no mercado ela arrisca e normalmente perde seus

clientes mais lucrativos e, ao fazê-lo, piora sua lucratividade em vez de aumentá-la.

O estabelecimento da fidelidade exige que a empresa enfatize o valor de seus

produtos e serviços e demonstre estar interessada em estabelecer um

relacionamento com o cliente. Para isso deve reconhecer que seu negócio é

estabelecer uma clientela estável e não efetuar vendas isoladas.

As recompensas da fidelidade são de longo prazo e cumulativas. Não deve-se

calcular o quanto o cliente gasta em uma compra, e sim o quanto ele vai render em

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quatro anos, por exemplo.

Os motivos para um cliente fiel ser tão rentável são os mesmos para a perda

desse cliente ser tão prejudicial. A perda deste cliente pode afetar o lucro líquido

muito mais rapidamente que a saída de clientes recentes.

Para que a fidelidade floresça são necessários dois fatores essenciais: o

vínculo com o produto/serviço e as reaquisições.

O vínculo com o produto/serviço deve ser elevado em comparação com as

alternativas em potencial. Ele é formado por duas dimensões: o grau de preferência

(convicção em relação ao produto / serviço) e o grau de diferenciação percebida

(quão significativamente o cliente diferencia o produto ou serviço dos outros

oferecidos). O vínculo será maior quando o cliente tiver uma sólida preferência por

um produto/serviço e diferenciá-lo claramente dos produtos da concorrência.

Por outro lado, uma sólida preferência combinada à pouca diferenciação

percebida pode levar à fidelidade a diversos produtos.

Depois do vínculo, o segundo fator a determinar a fidelidade de um cliente é a

reaquisição. Surgem quatro tipos de fidelidade diferentes quando o baixo e o alto

vínculo são comparados aos padrões alto e baixo de compra regular.

• Nenhuma fidelidade - as empresas devem evitar esse tipo de cliente. O desafio

é não visar o máximo possível de pessoas, e sim procurar clientes cuja fidelidade

possa ser desenvolvida;

• Fidelidade Indolente - gerado pelo baixo nível de vínculo com alto nível de

compras regulares. Aqui, o cliente compra por uma questão de hábito. Os

clientes têm certo grau de satisfação, ou pelo menos não experimentam uma

insatisfação real. É característica de produtos com aquisição freqüente (gasolina

do posto mais próximo). Esses clientes estão prontos para um produto

concorrente que demonstre um benefício visível com a mudança. Pode ser

convertido em uma fidelidade especial.

• Fidelidade circunstancial - um vínculo relativamente forte combinado a poucas

compras regulares. Neste caso, as compras regulares serão determinadas mais

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pelas situações do que pelas atitudes.

• Fidelidade especial - alto nível de vínculo e preferência regular. É o mais

estimulante dos tipos. As pessoas têm orgulho por descobrir e utilizar o produto e

prazer em partilhar sua experiência com os amigos e família. Eles tornam-se

defensores verbais do produto e recomendam-no.

O ato de “tratar” os estados de fidelidade indolente, circunstancial ou

inexistente dos clientes atuais e encontrar formas de transformá-las em fidelidade

especial é um dos aspectos da administração da fidelidade.

A verdadeira fidelidade não se mede pelo o que o cliente diz e sim pelos seus

hábitos de compra. O objetivo da análise do cliente no Marketing de Relacionamento

é descobrir quem são seus maiores clientes, o que eles compram e porque são fiéis.

Estas são informações importantes para o desenvolvimento de qualquer plano de

desenvolvimento de fidelidade. Identificando o fator em seus produtos que gera a

fidelidade de seu cliente, é necessário verificar o que é possível fazer para

incrementá-la e expandi-la.

Saber quem são seus clientes, o que compram e porque o fazem, pode trazer

valiosas informações sobre a utilização de outro recurso de desenvolvimento da

fidelidade: as barreiras contra as mudanças. Este instrumento permite transformar

clientes eventuais em clientes fiéis, criando “barreiras” que os desencorajem a não

fazer negócios com sua empresa. São pelo menos três as barreiras: físicas,

econômicas e psicológicas.

A barreira física é algo estabelecido com o cliente que acrescenta

visivelmente valor ao relacionamento sob o ponto de vista dele. Isso pode ser feito

com um agente de sua empresa permanentemente no cliente, fisicamente.

A barreira psicológica significa criar na mente do cliente a percepção de que

ele depende dos produtos ou serviços oferecidos por sua empresa.

As empresas que desenvolvem uma sólida fidelidade dos clientes têm três

coisas em comum: as gerências possuem clara compreensão daquilo que

desenvolve a fidelidade e treina seus membros para estimular isso nos clientes; o

comportamento exigido dos funcionários é definido em diretrizes claras, diretas e de

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fácil compreensão, podendo esse comportamento ser mensurável. E ainda, a

empresa possui uma filosofia, por escrito, que é reforçada constantemente a todos

os membros da organização.

A meta do marketing em função da fidelidade é utilizar planos bem

concebidos para gerar valores intrínsecos à empresa, a seus produtos e a seus

serviços do ponto de vista dos clientes. Existem três planos de marketing

fundamentais para aumentar a fidelidade. São eles:

• Marketing em função do relacionamento: seu objetivo é partir de um

relacionamento recentemente estabelecido e consolidar a fidelidade do cliente

por meio de serviços que criam um vínculo pessoal e portanto um melhor

resultado.

• Marketing em função da freqüência: seu objetivo é desenvolver a fidelidade e

incrementar os negócios, recompensando os clientes pelas compras cumulativas

por meio de comunicação personalizada, incentivos e acompanhamento do

desempenho.

• Marketing em função da pertinência: organizar os clientes em grupos ou

clubes é uma das formas de estabelecer as aquisições regulares e desenvolver a

fidelidade. Este plano foi um dos responsáveis pelo sucesso das motos Harley-

Davidson.

Criar e transferir valor para os clientes, segundo a definição destes, é o

segredo para obter a fidelidade deles.

É importante que a empresa entenda a necessidade de encontrar-se um meio

de estabelecer um relacionamento direto com cada um dos clientes. Isto pode ser

um sistema telefônico, um programa de apoio informatizado, entre outros. Os

modernos recursos da tecnologia da informação tem contribuído para estreitar este

relacionamento.

Quando se observam as empresas que desenvolveram consistentemente

uma clientela fiel, há um denominador comum regular: cada uma destas empresas

criou conscientemente um sistema de conquista e de manutenção de clientes.

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A primeira etapa no desenvolvimento de um sistema de fidelidade dos clientes

é familiarizar-se com a terminologia e as variáveis que definem e promovem a

fidelidade:

• Clientela: total de compradores e clientes ativos. Resista à tentação de incluir os

compradores e clientes inativos nesta relação.

• Índice de manutenção dos compradores: representa o percentual de

compradores que retornam para uma segunda compra dentro de um período de

tempo especificado. Esse tempo é determinado pelo ciclo de aquisição repetida

típico de seus clientes.

• Índice de manutenção dos clientes: é o percentual de clientes que realizaram

um número específico de novas compras, ao longo de um período de tempo

definido.

• Participação nos gastos do cliente: é o percentual do total de compras de um

cliente em uma determinada categoria de produtos e serviços obtida por sua

empresa.

• Número médio de compradores por mês: média de compradores a adquirir

produtos de sua empresa mês a mês. Pode-se utilizar o período de seis meses.

• Freqüência de compras: número médio de vezes em que um comprador ou

cliente adquire algo de sua empresa a cada ano.

• Valor médio das compras: média dos valores pagos pelos produtos ou serviços

em cada compra.

• Percentual de atrito: a porcentagem anual média de clientes perdidos ou que se

tornam inativos.

Estas variáveis devem ser calculadas e utilizadas para estabelecer metas e

monitorar seu progresso.

Um programa de fidelidade deve cumprir as oito etapas abaixo:

• Medir e acompanhar a fidelidade utilizando as variáveis descritas anteriormente.

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Usando os índices atuais por base, deve estabelecer seus objetivos de

manutenção dos clientes para os próximos 5 anos;

• Informar o significado e a importância da fidelidade dos clientes a todos os

funcionários da empresa, instituindo avaliações mensais do desempenho dos

funcionários que mantiverem contato direto com os clientes;

• Incorporar as metas de fidelidade dos compradores e clientes nos planos de

avaliação e remuneração dos funcionários;

• Avaliar e revisar mensalmente os índices de fidelidade, divulgando-os aos

funcionários;

• Envolver os funcionários no desenvolvimentos e na manutenção do programa de

fidelidade;

• Reunir uma variedade de recursos de marketing, vendas e atendimento aos

clientes destinados a cultivar a fidelidade em cada estágio do cliente,

desenvolvendo pelo menos um programa de fidelidade básico para cada estágio

da evolução do cliente;

• Identificar os cinco maiores entraves à fidelidade existentes na empresa e

desenvolver formas de eliminá-los;

• Modificar, sintonizar e corrigir seu sistema de fidelidade durante todo o processo.

A compreensão do histórico de vendas é apenas uma parte do processo de

planejamento do sistema. O estudo dos concorrentes também pode ser uma

excelente fonte de informações.

É importante considerar toda a cadeia de distribuição do produto como se

fosse o próprio cliente. Não se pode atender exclusivamente às necessidades do

usuário.

Para planejar um sistema de fidelidade, traça-se o caminho de distribuição por

meio do qual o produto ou serviço chegará ao mercado, considerando como cliente

cada um dos membros dessa cadeia. A empresa tem clientes ao longo de todo o

canal de distribuição. Em qualquer ponto deste canal, um deles pode resolver

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comprar de outro fornecedor.

Depois de identificar todos os participantes do canal de distribuição, deve-se

delinear um plano para desenvolver a fidelidade destes, baseando-se nos sete

estágios de evolução dos clientes. Como regra geral, a empresa precisa de pelo

menos um programa enfático para cada componente dos canais de distribuição e os

correspondentes estágios de evolução dos clientes.

As ações de marketing e vendas em uma empresa só são significativas e

inspiradoras de fidelidade por serem acopladas a um atendimento das necessidades

básicas do cliente.

A filosofia subjacente ao sistema de fidelidade considera que ao invés de

depender de acontecimentos miraculosos e feitos extraordinários, deve-se

conquistar a fidelidade e a boa vontade dos clientes utilizando um sistema bem

concebido e abrangente que seja implementado de forma eficaz pelos funcionários

da linha de frente.

A criação de um sistema de conversão de clientes exige a integração de

todos os setores da empresa, da fabricação a entrega, passando por processamento

de dados, contabilidade, portanto, o Sistema Gerador de Lucros pode demonstrar a

todos os funcionários onde e como a colaboração de cada um se encaixa no grande

quadro de desenvolvimento da fidelidade dos clientes na empresa.

O verdadeiro sucesso de seu sistema de fidelidade não significa apenas

dispor dos recursos corretos, mas sim conseguir que esses recursos seja utilizados

por funcionários que tenham atitudes guiadas pela fidelidade. Se esta atitude não se

fizer presente, até o melhor dos sistemas vai por água a baixo. São as pessoas dos

escalões mais baixos e não aquelas dos escalões mais altos que cumprem ou não

as estratégias de atendimento. São eles a linha de frente da empresa.

As atitudes da alta gerência obviamente afeta todos os funcionários da

empresa. Se esta gerência mantiver uma posição superior isto levará os funcionários

a sentirem-se insignificantes.

Algumas empresas instituíram o programa de “remuneração pela qualidade”,

baseando-se 60% na exatidão, 20% no profissionalismo (ir além das obrigações

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para ajudar um colega) e 20% na produtividade (apenas se os dois outros critérios

forem atendidos). Tem-se nestas empresas uma hierarquia gente, serviços, lucros.

Quando se trata de vendas, as marcas da empresa e do produto / serviço são

muito importantes. Mas elas também têm um forte efeito nas expectativas e

percepções do seu cliente em relação à sua empresa. Uma marca forte, se

desenvolvida durante um longo período, proporciona uma base forte para o

relacionamento. Sem ela, o relacionamento quase tem que começar do zero, em

cada transação.

Existe um vínculo forte entre a fidelidade e a marca. Marcas altamente

visíveis e positivas não podem existir sem a fidelidade do cliente, e essa fidelidade

depende do relacionamento a longo prazo. O relacionamento dos clientes sendo

bem gerenciado, leva esses clientes a tornarem-se fiéis e isso proporcionará a

oportunidade para que a marca trabalhe. O desenvolvimento da marca exige a

gravação de uma forte imagem de idéias acerca do produto nas mentes dos clientes.

Essas idéias serão positivas se os clientes tiverem freqüentemente boas

experiências, ao comprar e usar seus produtos ou serviços, e boas comunicações

com sua empresa.

A manifestação mais patente de deslealdade é quando um cliente muda de

fornecedor ou marca. Às vezes isso ocorre quando seus clientes decidem que estão

precisando de uma mudança e não em função de qualquer problema com aquilo que

estão comprando da empresa, ou da forma como ela administra o relacionamento

com eles; eles estão simplesmente buscando variedade ou especificações

diferentes. Isso não pode ser evitado, embora o bom Marketing de Relacionamento

possa incentivar esse cliente a voltar. As mudanças para grandes diferenças de

preço também são difíceis de serem evitadas por meio do Marketing de

Relacionamento, a menos que o produto mais barato seja de menor qualidade.

A administração da fidelidade do cliente é um componente crítico do

Marketing de Relacionamento. Em muitas empresas, a pergunta “O que podemos

fazer para aumentar a fidelidade do cliente?” é um tema recorrente em nível de

diretoria. Muitas grandes empresas juntaram-se ao grupo seleto de empresas que

tentaram e testaram esquemas, enquanto muitas outras estão experimentando. A

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exposição de clientes a convites para se associarem a esse ou aquele clube vem

atingindo números recordes. Mas a fidelidade não é uma questão de jogar dinheiro

em programas de marketing, produzir revistas, criar clubes ou lançar cartões de

crédito, na vaga esperança de que a fidelidade seja estabelecida. A fidelidade será

desenvolvida ao longo do tempo, se os parâmetros do Marketing de Relacionamento

forem planejados e implementados corretamente.

A fidelidade pode ser descrita como um estado metal, um conjunto de

atitudes, crenças, desejos, etc. As empresas beneficiam-se do comportamento de

clientes fiéis, mas isso é o resultado do estado mental deles. A fidelidade também é

um estado mental relativo. Ela impede a lealdade a alguns outros fornecedores, mas

não a todos, na medida em que um cliente poderia ser leal a mais de um fornecedor

concorrente.

Nenhuma das atitudes, crenças ou comportamentos é, em si mesma, uma

condição necessária para que exista fidelidade. A fidelidade é uma composição,

assim como um comportamento fiel também é. Alguns dos elementos da

composição podem ser realmente triviais - para sua empresa - mas não para seu

cliente.

Sempre existem graus de fidelidade. Alguns clientes são mais fiéis, outros

menos. A fidelidade é, portanto, desenvolvida por meio de abordagens que

desencadeiam e reforçam um estado mental positivo e os comportamentos

associados. O objetivo não é tornar todos os clientes fiéis, mas sim, aumentar a

fidelidade daqueles clientes mais propensos a reagir. Alguns clientes são mais

suscetíveis de reagir a incentivos; outros, a atendimento diferenciado proporcionado

apenas para clientes leais, enquanto outros, ainda, podem reagir apenas à

combinação dos dois.

O intercâmbio de informações é uma das chaves para a lealdade, e fornece

uma ponte crítica entre o estado mental e o comportamento. Os clientes leais são

mais suscetíveis de fornecer informações para a sua empresa (porque eles confiam

nela e esperam que ela use com discrição e em benefício deles). Eles esperam

também que a empresa seja capaz de acessar aquela informação durante as

transações com eles. A importância da tecnologia da informação, como a “memória

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corporativa” da informação acerca do cliente, não pode ser exagerada.

Os clientes leais também esperam receber mais informações da empresa, de

forma que uma comunicação “privilegiada” é um elemento essencial dos programas

de lealdade.

A administração do Marketing de Relacionamento visa fidelidade e significa

não só administrar o comportamento do cliente, mas também administrar um estado

mental. Significa afetar a atitude do cliente, para fazer negócios com o fornecedor

durante um período longo - não simplesmente até a próxima visita ou a próxima

compra. Isso significa que uma abordagem administrada adequadamente deve levar

o cliente a querer fazer mais negócios com o fornecedor ou, pelo menos, sustentar

seus níveis atuais de negócios.

Na implantação de uma abordagem de fidelidade, é necessário determinar,

através de pesquisas, testes, quais os grupos de clientes são estrategicamente

importantes para a empresa; qual é a tendência desses grupos reagirem a diferentes

abordagens de marketing, vendas e atendimento e ainda, como e em que medida

eles reagem e, em particular, como a lealdade deles aumenta em termos mentais e

comportamentais.

Essa abordagem precisa, no final, gerar resultados pela produção de

melhores vendas e lucros do que seriam auferidos sem a abordagem. A palavra

“aumentar” deve ser evitada porque às vezes as abordagens de fidelidade são

necessárias para estancar uma queda de vendas ou de lucratividade.

Não importa os métodos que a empresa utiliza para conquistar a fidelidade,

ela tem que continuar modificando, aperfeiçoando e atualizando seu sistema para

enfrentar as mutáveis exigências de seu mercado e de seus clientes.

4.2 - Identificando as Necessidades de Relacionamento dos Clientes

Quando se trata de qualquer decisão empresarial importante, os bons

resultados começam com o planejamento e o estabelecimento de metas. Quando se

trata de estabelecer uma estratégia de Marketing de Relacionamento, isto significa,

primeiro identificar as necessidades de relacionamento dos seus clientes. E envolve

identificar tudo o que está sendo feito - o que não está também - que os clientes

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valorizam, que poderia impulsionar ou impedir a sua satisfação, tanto a nível de

produto como de serviço.

Segmentar a base de clientes em grupos menores, segundo suas

características principais, ou “perfis”, pode ser de grande ajuda, pois permite a

melhor visualização da base total, e a definição de estratégias de comunicação e

especificação de serviços diferentes, ou seja, necessidades diferentes de

relacionamento. Este ponto pode ser ilustrado com o exemplo da rede bancária:

alguns bancos perceberam que a crescente automatização do atendimento tem

agradado aos correntistas mais jovens, ao passo que tem afastado os mais idosos,

que não costumam confiar muito na tecnologia e valorizam o contato humano “olho-

no-olho”.

As necessidades de relacionamento só podem ser satisfeitas se forem

identificadas, assim como mudanças em atitudes da empresa que desagradem ou

desapontem os clientes.

Esta identificação pode ser feita respondendo as seguintes questões:

• Por que os clientes compram da sua empresa?

• Como usam os seus produtos ou serviços?

• De que gostam e de que não gostam em você?

• Como comparam sua empresa com os concorrentes?

• O que sua empresa faz que os agrada, aborrece ou encanta?

• O que os seus concorrentes fazem que os agrada?

• O que eles gostariam que você fizesse?

• As respostas a estas perguntas podem ser obtidas de várias formas e fontes.

Serão mencionadas a seguir, algumas delas:

• Pesquisa Informal

Ü Contato pessoal direto com os clientes - Provavelmente o método mais

valioso, porém mais desprezado e menos dispendioso de descobrir as

necessidades de relacionamento dos seus clientes com a empresa é o

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contato pessoal direto. Este método de administração é chamado de passeio,

que significa sair do escritório para visitar e ouvir pessoalmente os clientes,

em vez de confiar unicamente nos relatórios de computador ou no que os

funcionários dizem. Um dos fatores chave para o sucesso da TAM é apontado

como sendo a proximidade dos membros da diretoria, especialmente o

presidente, Rolim Amaro, dos clientes, por diariamente acompanharem o

embarque de passageiros na aeronave. Esta prática serve, entre outras

coisas, para facilitar a identificação das necessidades dos clientes e atuar de

forma rápida para atendê-las.

Ü Contato dos funcionários com os clientes - Uma das melhores fontes de

informação sobre os clientes são as pessoas da organização que se

relacionam diretamente com eles todos os dias. É necessária muita atenção

para não subestimar esta fonte de conhecimento. Normalmente estes

funcionários possuem uma idéia mais exata sobre o que está acontecendo e

provavelmente excelentes idéias próprias sobre como solucionar o assunto.

Além disso, incluí-los no processo desenvolvimento de relacionamento com

os clientes fará com fiquem mais motivados a prestar um serviço com altos

padrões de qualidade.

• Pesquisa Formal

Um dos tipos de coleta de informações formais de uma empresa é o

Retorno(Feedback). Ao buscar identificar as necessidades de relacionamento de

seus clientes, é necessário tornar facilitar o fluxo de informações. Isto pode ser feito

por enviar cartões de respostas, selados, junto com faturas, ou através de um Toll

Free divulgado nas peças publicitárias. Pode ser usado também um sistema de

coleta de informações, onde os funcionários da linha de frente pode colher e tabular

os dados, tornando o sistema rápido e barato.

Outro meio formal obter informações e através de pesquisas por telefone ou

correio. No entanto, é proveitoso contar com a orientação de profissionais em sua

elaboração e aplicação. A segmentação do mercado também é necessária, para

localizar a base de clientes. Tentar saber tudo o que todos os seus clientes pensam

não é custo-eficaz.

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4.3 - A importância dos funcionários no processo de Fidelização

Exceto quando o Marketing de Relacionamento é promovido inteiramente por

meio da automação, como malas diretas e uso intensivo da Internet, ele exige a

contratação das pessoas certas, e subsequente treinamento e motivação destas

pessoas – treinamento esse que precisa ser de excelente qualidade, e finalmente a

locação dessas pessoas nas situações certas, de forma que elas possam gerenciar

bem os seus clientes.

Considerando que, nos sistemas de remuneração usuais, o aumento da

produtividade induz ao aumento do salário real e, portanto, a elevação dos custos de

manutenção de pessoal, surgem fortes pressões para a automação e a locação de

pessoas apenas naqueles postos onde elas realmente agreguem valor para o

gerenciamento de clientes, como por exemplo áreas de assistência técnica pós-

venda e venda de campo pelo telefone.

As equipes responsáveis pela administração dos clientes constituem uma

categoria especial de pessoal. Muitas organizações que atendem os clientes não

encaram seus clientes como clientes, considerando-os mais como casos, já para o

Marketing de Relacionamento estes casos continuam sendo processados, porém

com uma maior qualidade e visando mais a satisfação dos clientes.

Devem ser fornecidas as instalações e recursos que possibilitam à equipe

proporcionar um nível mais alto de serviço, mas, a menos que a equipe esteja

treinada e motivada para trabalhar com os clientes, a empresa não auferirá nenhum

benefício de longo prazo deles.

Uma equipe que trabalha orientada para o relacionamento com os clientes,

precisa ser composta de pessoas com um perfil específico.

O consumidor final não é o único cliente da empresa. O termo “clientes”

também inclui os funcionários da empresa. Para que desempenhem o trabalho da

forma mais eficaz, eles precisam de informações, recursos, apoio e autoridade. Por

isso, a motivação dos funcionários é vital para um serviço de qualidade aos cliente

final.

Um serviço de alta qualidade aos clientes não pode ser alcançado apenas

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ordenando aos empregados a serem amigáveis com os clientes, providenciarem

ajuda, serem seguros e merecedores de confiança. Frases vazias e falsamente

amigáveis não forjam estreitas aproximações com os clientes e nem os estimulam a

voltar mais vezes. Como, por exemplo, quando um empregado, automaticamente,

diz pela 500ª vez no dia: “Tenha um bom dia, até a próxima vez.”, como se fosse um

gravador, pronunciando as palavras, às vezes, tão baixo que é difícil ouvi-las.

Não é muito melhor para os empregados, e para a empresa, travar com

clientes uma conversa amigável porque gostam de fazer assim, em vez de fazê-lo

porque o chefe mandou?

Neste processo de capacitação do pessoal, verifica-se nove motivadores

principais:

1. Comprometimento da gerência

O comprometimento por parte da cúpula e também por parte de cada

gerência da organização para com o serviço de qualidade fornecido por todos os

empregados é a condição mais motivadora que possa existir. O comprometimento

da gerência faz aumentar uma cultura do serviço que por si só gera orgulho,

produtividade e qualidade do trabalho. Dessa forma, os gerentes devem atuar como

verdadeiros líderes, comunicando-se com seus empregados e ouvindo-os a fim

partilhar a visão da empresa; e o presidente passa a ser um tomador de decisões

estrategista e informador, pondo abaixo o papel tradicional, isolado e autocrático.

Fundamentalmente, os líderes devem ajudar seus subordinados a conciliarem

os objetivos pessoais com os da empresa, fazendo-os notar que a realização por

parte deles de um serviço de qualidade incrementa o alcance dos objetivos

organizacionais.

2. Treinamento

O treinamento é essencial para um bom serviço. Quando um empregado sabe

como fazer o trabalho, é mais provável que ele o faça com qualidade. O simples fato

de fornecer o treinamento é motivador. O treinamento faz com que os empregados

se sintam importantes. O treinamento deve abranger todos os empregados. Deve

ser reforçado e repetido com periodicidade. O assunto voltará a ser abordado com

mais detalhes no capítulo 10.

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3. Elogios e Reconhecimento

Em algumas empresas os únicos momentos em que os empregados

conseguem atenção é quando cometem erros. Ninguém comenta seu bom trabalho.

Alguns trabalham anos e anos sem nunca ter recebido um elogio.

Os empregados das empresas de serviços, ainda mais aqueles que lidam

diretamente com os clientes, necessitam sentir que a sua contribuição é apreciada.

O reconhecimento influencia a auto-estima e a auto-estima dá à pessoa a segurança

e a vivacidade que impressiona os clientes e conquista sua lealdade. Os elogios

colocam os empregados numa disposição mental em que querem fazer o serviço de

modo correto. Sem uma atitude positiva, qualquer treinamento será desperdiçado.

4. Espírito de Equipe

Trabalhar em conjunto para realizar um objetivo válido forma o espírito de

equipe e uma cultura corporativa orientada para os clientes.

Um trabalhador que possa imaginar e entender um processo como um todo e

consiga visualizar o objetivo final, é muito mais satisfeito e produtivo do que o

trabalhador que vê somente sua parte do processo e não sabe ou não entende o

objetivo a ser alcançado.

5. Orgulho

O orgulho é um motivador poderoso. Uma fonte de orgulho é o retorno dos

clientes. Quando um cliente volta, sorri ao empregado e compra algo, aquele

empregado é motivado pelo pensamento de estar realizando um serviço de modo

correto e de ser importante para a empresa.

Esse tipo de motivação muitas vezes é mais eficiente do que o dinheiro para

inspirar os empregados a fornecer um bom serviço, pois baseia-se na satisfação

com o trabalho.

6. Recompensas

Quando se recompensa os empregados, eles associam o prêmio ao que

fizeram imediatamente antes; portanto, provavelmente repetirão seu desempenho.

No caso dos representantes de serviços de atendimento direto a clientes, a

negligência pode ser desastrosa, pois alimenta uma atitude de indiferença ou até de

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descaso para com os clientes.

7. Benefício Pessoal

A melhor de todas as motivações é o benefício pessoal. Os empregados

desejam pôr em prática o serviço aos clientes quando eles reconhecem nisso a

vantagem pessoal.

As pessoas são mais entusiasmadas e comprometidas com qualquer projeto

de mudança que eles próprios controlam. Portanto, a empresa deve estimular os

empregados a aplicar em sua vida pessoal dentro e fora do emprego as táticas do

serviço aos cliente – sorrir e cumprimentar as pessoas, ouvir atentamente, tentar ser

úteis e usar saudações e comentários de despedida amigáveis. Desse modo, os

empregados associam o serviço e as técnicas de serviço prestativo à sua vida

pessoal e se satisfazem com os resultados.

8. Dinheiro Também Motiva: Comissões, Participação nos Lucros eBonificações

Com freqüência, o melhor serviço aos clientes é encontrado em empresas

nas quais os empregados dependem de alguma espécie de sistema de comissões

ou participações nos lucros ou bonificações. Os empregos por estes sistemas

pagam mais; portanto, eles geralmente atraem pessoas mais capazes.

Porém, é bom lembrar que o dinheiro não motiva sozinho. Em muitos

aspectos o dinheiro não exerce tanto impacto emocional como o respeito por si

mesmo, a oportunidade de desenvolver suas próprias habilidades (auto-realização),

e assim por diante.

9. Poder aos Empregados – Motivação com Responsabilidade

Um dos melhores meios de motivar os empregados e satisfazer os clientes, é

dar responsabilidade de tomar decisões sobre as ações necessárias aos níveis de

atendimento. Os clientes querem ações responsáveis, preferivelmente da primeira

pessoa com quem eles falam.

Um importante motivo para responsabilizar os empregados é que fazer isso

muitas vezes conserva alto o moral, mesmo em situações difíceis como quando um

cliente está irado. O moral do empregado é severamente atingido quando não está

treinado a lidar com clientes irritados. Os empregados acabam agüentando

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desagradáveis experiências e tensão emocional. Mas, quando eles detêm a

responsabilidade, têm também a autoridade de decidir uma ação que, por exemplo,

desarma uma situação de conflito, o moral é conservado e até a rotatividade diminui.

Assim, dentre as várias maneiras de motivar os funcionários pode-se

destacar:

• Treinamento;

• Envolver os funcionários no processo decisório;

• Conhecer os nomes de todos os membros da equipe;

• Dar destaque aos funcionários na propaganda, nos relatórios anuais e

pagamentos;

• Divulgar nas publicações da companhia as recompensas pelas metas e padrões

atingidos.

Portanto, o simples tratamento imparcial e individual aos empregados já é

motivador. Uma organização não terá empregados se não tratar bem os clientes e,

também, uma empresa não existirá se não tratar corretamente seus empregados,

pois estes refletirão nos clientes finais da organização, as suas frustrações ou as

suas satisfações.

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4.4 - O PAPEL DAS RECLAMAÇÕES NO PROCESSO DE OBTEÇÃO DE

FIDELIDADE

“Os que compram me apoiam. Os que chegam para me lisonjear me

agradam. Os que reclamam me ensinam como posso agradar os outros afim de que

comprem. Os únicos que me desagradam são aqueles que não estão satisfeitos,

mas não reclamam. Eles me negam a possibilidade de corrigir meus erros e,

portanto melhorar meu serviço.” - Marshall Field, comerciante pioneiro.

Uma organização que praticamente não recebe nenhuma reclamação, não

possui necessariamente a força de trabalho mais inteligente, eficiente e motivada do

planeta. É muito mais provável que as poucas queixas recebidas sejam a ponta de

um iceberg submerso de reclamações.

Esse é o quadro revelado por um estudo da A.C. Nielsen Co., que descobriu

que apenas um consumidor insatisfeito em cinqüenta, se preocupa em reclamar.

Sendo assim, o número verdadeiro de clientes insatisfeitos, deve ser a multiplicação

por cinqüenta do número de reclamações recebidas. E todas elas se constituem em

oportunidades de aprimoramento do produto ou serviço oferecido aos consumidores.

As reclamações dos clientes são uma forma essencial de feedback sobre a

efetividade dos produtos e serviços de uma empresa e seu uso, uma parte

fundamental do Marketing de Relacionamento. Conhecê-las, compreendê-las e

principalmente, atuar de forma corretiva para saná-las são atitudes indispensáveis

para o desenvolvimento de uma relação duradoura entre o cliente e a empresa. No

entanto, conhecer e compreender as reclamações pode não ser tão fácil assim,

principalmente nos níveis mais altos da organização, que normalmente estão mais

afastados do dia-a-dia das operações e do pessoal da linha de frente.

Derrubar os obstáculos às reclamações é um passo fundamental em direção

à melhor compreensão dos clientes e de suas reclamações. Qualquer um que tenha

sido mal tratado ao ser atendido, terá receio de em expressar uma reclamação, pois

conhece as barreiras para reclamar. Quebrar estas barreiras, diminuem os

comentários negativos decorrentes das insatisfações não manifestadas.

Algumas empresas possuem nos seus setores de atendimento a clientes uma

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cultura de acesso a hierarquia onde todos os funcionários compreendem o direito do

cliente falar com um superior, no caso de não estar satisfeito com a solução obtida,

ou ter encontrado dificuldade no acesso a fazer sua reclamação. Esta cultura serve

como estímulo ao bom atendimento dos funcionários da linha de frente, pois nenhum

deles gostará de ter que transferir um cliente a seu superior, esgotando assim na

sua área de atuação, todas as possibilidades de bem atendê-lo

Em vez de conservar os obstáculos às queixas, é necessário facilitar os

protestos dos clientes. torne-os fáceis como um hábito. É necessário ter em mente

que a função de um setor de atendimento a reclamações é descobrir feridas no

corpo da organização e curá-las antes que se espalhe uma gangrena, causando a

perda de um membro ou órgão - uma linha de produtos ou todo um mercado.

Um exemplo de eficácia neste sentido é o da americana Quill Corporation:

quando envia uma encomenda, o pacote contém um formulário com devolução pré-

paga, que permite ao cliente reclamar preenchendo “quadrinhos”. O formulário

contem uma seção onde o cliente pode, por exemplo, especificar a ação que espera

da companhia, devolução do dinheiro, troca e etc, no caso de mercadoria danificada

em trânsito ou outro tipo desacordo com o pedido.

Os telefones do tipo Toll Free ou 0800, são no entanto a forma mais ágil e

prática de facilitar as reclamações. Se acompanhados de uma estrutura eficaz, que

garanta o devido tratamento das reclamações, fazendo as informações fluírem pela

empresa a dentro e gerando as ações corretivas necessárias, mostram-se mais

adequados à realidade brasileira, devido a possibilidade de contato humano, no qual

os clientes, muitas vezes com pouco grau de instrução, podem obter ajuda para se

fazer entender.

• Protestos expressados são iguais a vendas

A prova de que as reclamações são oportunidades, vem do estudo feito pelo

U.S. Office of Consumer Afairs, entitulado “O Manuseio das queixas dos Clientes na

América”. Este estudo descobriu que, se uma reclamação for resolvida, entre 54 e

70% dos clientes que registraram reclamações farão de novo negócios com aquela

organização e 95% das pessoas compraram de novo se perceberem que suas

queixas são resolvidas com rapidez.

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O ponto salientado pelo estudo é que o cliente que nunca teve uma queixa ou

que nunca se viu envolvido numa reclamação dos serviços a clientes, não é tão leal

como um cliente, que tendo tido esta experiência, ficou satisfeito com a maneira com

a qual a empresa tratou de resolver a questão.

Destinar uma pequena fortuna para que os clientes tenham a chance de

protestar, mas depois esquecer o valor da comunicação da quantidade de clientes

que protestaram e sobre o que eles protestaram significa deixar de utilizar

informações que custaram muito caro e que são extremamente valiosas para

apressar um plano de ação ou implementadas a um planejamento estratégico - Ou

seja, tomar medidas para preveni-las.

Algumas empresa agem negligentemente quanto a providenciar respostas

satisfatórias aos queixosos. Elas não estão convencidas do impacto financeiro do

manuseio construtivo das queixas ou não sabem como lidar com elas; as ignoram. E

são as mesmas companhias que gastam muitos milhares de dólares em publicidade

e reduções de preços para conseguir novos clientes, que o inadequado manuseio

das queixas pôs a perder.

O ponto focal do Marketing de Relacionamento serve com diretriz nesta

situação. As empresas que não usam eficazmente as reclamações de seus clientes

para gerar conhecimento estão desconsiderando que ‘o custo dos serviços a clientes

é muito menor que o custo da substituição dos clientes’.

• Benefício Financeiros

O White House Office of Consumers Affairs realizou um estudo que concluiu

que quando os clientes estão plenamente satisfeitos com os produtos e serviços de

uma empresa, 9,9% deles compram mais e 84% continuam a comprar a mesma

quantidade, ou seja 93,9% são mantidos como clientes. Ao passo que, quando os

clientes estão satisfeitos apenas em níveis aceitáveis, apenas 2,7% normalmente

compram mais, 59,6% continuam a comprar a mesma quantidade, ou seja, 62,3% de

clientes mantidos.

O estudo divulgou também que quando um cliente não está satisfeito com um

produto ou serviço, 75,3% param de comprar ou compram menos e falam com pelo

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menos nove pessoas sobre suas experiências ruins. Aqui está um excelente motivo

financeiro para que uma empresa mantenha um bom serviço de atendimento a

clientes.

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Capítulo 5 – AS FERRAMENTAS E TECNOLOGIAS EMPREGADAS PARA

OBTER-SE A FIDELIDADE

Os modernos avanços tecnológicos têm contribuído significativamente para o

desenvolvimento de ferramentas capazes de estreitar cada vez mais a relação entre

fornecedores e clientes. Estes avanços têm ajudado bastante o Marketing de

Relacionamento a prever mudanças dentro de sua base de clientes, o que torna a

empresa que adota estas ferramentas, uma empresa muito mais ágil em satisfazer

os desejos e manter a fidelidade do seu cliente, perante os concorrentes.

Destacam-se algumas destas ferramentas que estão impulsionando o

mercado para um maior uso da tecnologia como estratégia de competitividade e, na

atualidade, até de sobrevivência.

5.1 - SERVIÇOS DE ATENDIMENTO AO CLIENTE - SAC

Os SAC’s começaram a surgir no final da década de 80 como uma forma de

ouvir e resolver as reclamações dos clientes. No Brasil, este desenvolvimento

intensificou-se após a implementação do Código de Defesa do Consumidor que

exigia que as empresas dispusessem de mecanismos capazes de ouvir e atender

seus clientes. A utilização de centrais telefônicas surgiu como solução prática e

eficiente. Rapidamente percebeu-se o poder do uso bem feito desta ferramenta, que

poderia ser utilizada para encurtar a distância entre o consumidor e a empresa,

como também no sentido inverso, permitindo assim à empresa escutar e atender

melhor os seus clientes.

Inicialmente, os SAC’s bem estruturados representavam um importante

diferencial competitivo e proporcionavam ao cliente uma sensação de valor

agregado ao seu produto ou serviço recém adquirido. No entanto, os SAC’s

passaram de diferencial competitivo para requisito básico e indispensável.

Atualmente a vantagem competitiva obtida através de um SAC é a rápida utilização

de suas informações, através de sistemas de informação “inteligentes”, que

permitem reduzir a escala de problemas de maior potencial, e principalmente

conhecer o consumidor de maneira cada vez mais individualizada, chegado-se cada

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vez mais próximo do conceito de Marketing um-a-um.

Sofisticadas tecnologias também foram desenvolvidas para reduzir e

racionalizar os custos de manutenção destas centrais. Entre os mais eficazes,

constam o ACD (Automatic Call Distributer) que distribui as chamadas aos

operadores disponíveis e as segmenta por tipo de atendimento. Em conjunto com o

ACD, normalmente utiliza-se o AVR (Automatic Voice Response) que permite “filtrar”

determinados tipos de atendimento e prestá-los sem o contato humano. Há também

o CTI (Computer Telephony Integrated) que permite que junto com a ligação do

cliente, seus dados, previamente cadastrados, “apareçam” na tela do operador,

agilizando e personalizando a chamada.

Recentemente, uma nova geração de software de gestão de SAC’s têm

ganho o mercado. O AVR está cedendo lugar ao IVR (Interactive Voice Response)

que funciona de forma mais customizada com cada cliente e adequando-se ao seu

perfil ao invés de simplesmente fornecer um menu eletrônico de opções. O TCS

(Tele Center System) e Meridiam Max figuram o topo da lista dos mais utilizados

para gestão dos recursos utilizados na operação diária de um SAC, automatizando o

processo de previsão de chamadas, elaboração de escalas de agentes segundo

“picos” e “vales” das ligações e gerando relatórios completos sobre a acessibilidade

e produtividade dos agentes.

No entanto, como principal recurso utilizado nas operações de um SAC, o

fator humano vem ganhando cada vez mais importância. Pessoas habilidosas, bem

treinadas e motivadas a solucionar problemas dos clientes, captar e transmitir à

organização as informações obtidas e administrar situações de conflito não podem

ser substituídas por nenhuma tecnologia.

5.2 - HELP DESK

O conceito de Help Desk é bem parecido com de SAC pois envolve também

um conjunto de hardware, software e pessoas. Até aí, nada diferente das demais

ferramentas e expressões de tecnologia existentes no mercado. O que a diferencia

das demais é o seu objetivo: resolver problemas via telefone, normalmente

envolvendo tecnologia, existentes dentro de um cliente, que pode ser interno

(funcionários) e externo (o consumidor).

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A diferença básica entre Help Desk e SAC está no uso mais intensivo da

tecnologia, que normalmente exige “emulação” de terminais. Uma emulação é um

processo pelo qual o operador de Help Desk “enxerga” na tela do seu micro, tudo

aquilo que o usuário com problemas está fazendo ou tentando fazer. Isto ocorre em

tempo real e independente da distância entre eles, o que é possibilitado por

softwares específicos como PC Anywhere e a própria Internet.

Outro diferencial não menos importante é o perfil do operador de Help Desk.

Além de habilidade de comunicação, paciência e atitude pró-ativa, este operador

precisa deter uma habilidade de “instruir” e também um excelente conhecimento

técnico sobre os equipamento e sistemas em uso pelo usuário

5.3 - AUTOMAÇÃO NO ATENDIMENTO

Com a falta de tempo em que a maioria das pessoas se encontra, o

crescimento do serviço de auto-atendimento tem sido considerável durante a década

de 90.

Este tipo de ferramenta de serviço foi impulsionado pela atividade bancária

com o objetivo de agilizar os pagamentos, saques, extratos e outras operações. A

perda de tempo em filas intermináveis trazia insatisfação para muitos clientes, o que

tornou a automação de várias operações em algo de obrigatório nos bancos para

satisfazer aqueles clientes que não tinham tempo. Este serviço passou a ser

obrigatório para todos os bancos, porque se tornou um diferencial para aqueles que

implementaram primeiro. Passou de valor agregado para fator de sobrevivência.

Neste tipo de serviço, o relacionamento recebe uma conotação diferente da

que estamos acostumados. Não há envolvimento de pessoas com pessoas. A

pergunta cabível é onde entra o Marketing de Relacionamento.

Pois bem, para a criação deste serviço e o atendimento das necessidades

deste cliente, há toda a preocupação com o comportamento dos clientes durante sua

relação com a empresa. Por isso, a importância do relacionamento empresa-

consumidor , porque neste serviço ele ocorre entre o cliente e a tecnologia oferecida

pela empresa. Com o desenvolvimento desta ferramenta, cada vez mais serviços

tem sido disponibilizados para diminuir a quantidade de tempo gasto nas operações

cotidianas.

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Este tipo de serviço tem sido usado por empresas bancárias, editoras de

revistas e pelo próprio Governo.

Pode-se citar os exemplos do sistema bancário e do Governo na utilização de

processos automatizados que têm sido fatores de um melhor relacionamento com

seus públicos alvos.

No caso do Governo, onde o melhor relacionamento com o eleitor traz o apoio

político e, consequentemente, votos, o uso de quiosques de serviços para um

melhor e mais rápido atendimento dos contribuintes tem sido a ferramenta para

aprimorar sua imagem perante o público.

O INSS vem implementando quiosques automatizados que fornecem

informações rápidas para os usuários. O que antigamente levava-se horas para ser

descoberto, hoje leva-se apenas alguns minutos. Não foi preciso, nenhuma invenção

mirabolante. Bastou que o Governo tomasse a atitude de implementar a tecnologia

da informação para melhorar seus processos. Não há um departamento ou espírito

de Marketing de Relacionamento dentro do Governo, porém é um caso interessante

de como a tecnologia pode, através do básico, estreitar o relacionamento com seu

público alvo.

No sistema bancário, onde a concorrência é muito acirrada, a automação no

atendimento tem evoluído cada vez mais, buscando incrementar serviços no

relacionamento com o cliente. Conforme comentamos no começo deste tópico, as

filas intermináveis causam irritação a qualquer cliente e foram um dos motivos para o

crescimento dos processos de automação. Hoje , o cliente têm o poder da decisão e

isto é a maior preocupação dos bancos.

A cinco anos atrás, os brasileiros não tinham muitas opções para escolher

seu banco e, por isso, tinham que sofrer as conseqüências desta situação.

Atualmente, com a entrada de multinacionais do setor, os clientes começaram a ter

acesso às tecnologias e a ter o poder da escolha. A tecnologia tem sido usada como

forma de relacionamento e como estratégia para criação de serviços. Podemos falar

dos caixas eletrônicos, do telemarketing, do homebaking (operações bancárias feitas

em casa) e do Internet Banking (operações bancárias feitas pela Internet). Cada vez

mais o relacionamento do cliente tem sido com a tecnologia e não com caixas

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(pessoas). Cada vez mais o tempo é raro e as filas não fazem mais sentido. A

automação é uma realidade no setor bancário e só irá crescer cada vez mais.

5.4 - TELEMARKETING

Também conhecido como vendas por telefone, pode atuar de duas formas

principais:

1. Telemarketing Ativo - nesta modalidade, um operador faz ligações a possíveis

clientes, para oferecer produtos ou serviços. Normalmente, estas ligações não

são feitas por acaso, mas baseadas num “Mailling”, que é uma lista de nomes de

pessoas com um determinado perfil, fornecidas por uma empresa. Por exemplo,

os assinantes de revistas de pesca, são potenciais clientes de uma empresa de

varas de pescar. Esta última pode “comprar” o mailling da editora, e ligar para os

assinantes, oferecendo um novo produto.

2. Telemarketing Passivo - nesta modalidade, os operadores apenas recebem

ligações. Normalmente, algum produto é veiculado na mídia com um telefone de

contato. Ao ligar para este telefone, o prospect é atendido por alguém que irá

tentar vender o produto. A principal desvantagem deste tipo de Telemarketing é a

necessidade de campanhas na mídia para que ocorram as ligações, o torna o

processo mais dispendioso.

• MARKETING DIRETO

O Marketing direto assemelha-se muito ao telemarketing ativo, na aquisição

de Mailling. A diferença está no meio de contato com os prospects, que ao invés de

telefone, são contatados por meio de impressos, as chamadas “malas diretas” com a

oferta de produtos ou serviços. Como vantagem, apresenta um custo baixo de

operação, mas precisa operar em parceria com uma estrutura de telemarketing

receptivo.

5.5 - DATA WAREHOUSE E DATA MINNING

A tradução literal destes dois termos poderia ser “armazém de dados” e

“mineração de dados”. São conceitos novos e extremamente úteis para o bom

desenvolvimento do Marketing de Relacionamento. O Data Warehouse proporciona

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a armazenagem de um volume de dados extremamente elevado, que permite, por

exemplo, saber todos os itens comprados por um grande número de pessoas em um

supermercado, mensalmente, durante toda a sua vida, e recuperá-los prontamente.

Neste contexto, surge o Data Minning com a capacidade de cruzar estes dados e

transformá-los em conhecimento útil à organização, tornando possível identificar

padrões de consumo, sazonalidades sutis, e quase um perfil individualizado a seus

clientes.

Uma rede de lojas de conveniências nos Estados Unidos, através do Data

Minning, constatou que as vendas de cerveja caíam nas noites em que o estoque de

fraldas descartáveis se esgotava. Anteriormente, nenhuma relação entre estes dois

produtos havia sido observada. Após esta constatação, passou-se a observar uma

clientela específica, de homens, que no meio da noite, saíam de suas casas para

comprar fraldas e “aproveitavam” a saída para comprar cerveja ou simplesmente

beber com os amigos. Sem as fraldas, estes homens dirigiam-se a outros

estabelecimentos. De posse desta informação, a rede de lojas providenciou que seu

estoque de fraldas descartáveis fosse mantido com uma margem de segurança

maior e as vendas de cerveja aumentaram.

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Capítulo 6 – TÉCNICAS ERRADAS PARA OBTENÇÃO DA FIDELIDADE

O Marketing de Relacionamento está em alta. Faz parte do vocabulário dos

executivos. Seus méritos são exaltados por acadêmicos. As novas e cada vez mais

eficientes maneiras de compreender e atender às necessidades dos clientes

parecem permitir às empresas estabelecer conexões cada vez mais significativas

com os consumidores. Essas ligações prometem aumentar os lucros reduzindo os

custos e aumentando as receitas.

Infelizmente, no entanto, se olhado de perto, muitos destes relacionamentos

entre empresas e consumidores revela-se no mínimo conturbado. Quando se fala

com as pessoas sobre suas experiências como consumidoras, não se escutam

elogios. Ao contrário, ouve-se que se sentem vítimas, presas a um mercado confuso,

estressante, insensível e manipulador.

As empresas se entusiasmam em aprender mais sobre seus clientes e

oferecer produtos e serviços capazes de agradar a cada paladar. Os clientes porém,

não ficam satisfeitos. Eles apenas agüentam. Perdem-se no emaranhado de

produtos nas prateleiras do supermercados. Lutam contra o excesso de novos

recursos de seus computadores e câmeras fotográficas. Atrapalham-se com os

diversos programas de fidelidade que lhes são ofertados.

O nível de satisfação dos clientes chegou ao ponto mais baixo de todos os

tempos no Estado Unidos, ao mesmo tempo em que cresceram as manifestações de

descontentamento do consumidor. É claro que este descontentamento é relativo às

expectativas mais elevadas, desenvolvidas em outras fases do ciclo de

relacionamento, vivenciados anteriormente. Cedo ou tarde, porém, o desempenho

das empresas será prejudicado se o Marketing de Relacionamento não se tornar o

que deve ser: expressão máxima em orientação ao consumidor.

• Teoria x Prática

Ironicamente, as iniciativas dos profissionais de marketing para consolidar o

relacionamento com os consumidores costumam destruir esse relacionamento. Por

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que? Pode ser que, no afã de contabilizar as recompensas potenciais que resultam

de um relacionamento próximo com o cliente, as empresas estejam menosprezando

os princípios que fundamentam a consolidação das relações. Pode ser que as

empresas não saibam exatamente o que significa estabelecer um relacionamento,

ou seja, como a confiança e a intimidade do consumidor afetam as conexões que

tentam forjar.

O Marketing de Relacionamento é poderoso na teoria mas complicado na

prática. Para evitar sua morte prematura é preciso investigar como e porque estão

solapando os melhores programas e como se pode recolocar as coisas nos trilhos.

Será que, entusiasmados com a habilidade de coletar informações e com o

potencial de oportunidades geradas por relações de longo prazo com o consumidor,

as empresas esquecem que os relacionamentos envolvem necessariamente duas

partes? Será que não percebem que o consumidor não é, necessariamente, um

participante voluntário da missão de relacionamento abraçada pela empresa?

Consideremos o Marketing de Relacionamento do ponto de vista do consumidor:

• Exigências inviáveis

O número de relacionamentos um a um que as empresas exigem que os

consumidores mantenham é inviável. Em resultado, iniciativas de marketing parecem

triviais e inúteis, em vez de singulares e valiosas.

Qualquer organização deseja a recompensa proporcionada por um

relacionamento de longo prazo. As pessoas estabelecem centenas de

relacionamentos um a um na vida, mas poucos são íntimos e com compromisso.

Como esperar que se dediquem mais como consumidores?

“Recebo umas dez malas diretas por dia. Simplesmente jogo tudo fora”, diz

uma consumidora em relação à quantidade de vezes em que é contatada por

empresas que buscam estabelecer ou melhorar o relacionamento com ela.

• Desequilíbrio

Em um bom relacionamento há equilíbrio entre dar e receber. Porém, muitas

vezes as empresas não retribuem a amizade, a lealdade e o respeito que pedem a

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seus clientes. Como corroborar a afirmação de que valorizamos os relacionamentos

um a um com nossos clientes? Uma consumidora fala se sua contrariedade ao ter

de fornecer informações pessoais cada vez que se hospeda em uma rede hoteleira.

“O uso desses dados é um mistério para mim. Os produtos oferecidos

melhoram? Que eu saiba não. Ganho um desconto? Com certeza não. Aliás,

digamos que um hotel se “lembrasse” do que pedi no quarto da última vez em que

eu estive lá. O que garante que eu vá querer a mesma coisa novamente? Nem

sempre quero um refrigerante diet.”

O resultado final, de acordo com outro consumidor, é que o Marketing de

Relacionamento acaba sendo unidirecional. “Eles podem telefonar na hora do jantar,

mas eu não consigo entrar em contato. Podem me mandar cem malas diretas por

ano, mas não consigo que atendam a um pedido meu. As empresas se dizem

interessadas no consumidor, mas na verdade o foco não está nele, está na

empresa."

• Deslealdade

As afirmações das empresas de que valorizam seus clientes não se

sustentam. Muitas vezes as pessoas se sentem preteridas por serem leais. Outras

vezes, a preocupação da empresa com seus melhores clientes faz com que outros

clientes que geram receita se sintam excluídos e pouco valorizados.

Novos clientes de certas administradoras de cartões de crédito, por exemplo,

ganham taxas de juros especiais, enquanto sobem as taxas cobradas de clientes

antigos. Os clientes leais são importunados com cartas inadequadas ou sem sentido

que muitas vezes os tratam como novos alvos de marketing, ignorando o longo

histórico de relacionamento com a empresa.

• Problemas

Para cumprir seu papel na parceria, as empresas precisam que as pessoas

pensem nelas como aliadas e amigas, mas com freqüência são percebidas como

inimigas. As empresas afirmam que oferecem soluções para os problemas dos

clientes, mas, na verdade, criam mais problemas do que resolvem.

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Nos supermercados, existem mais de 2,5 mil produtos nas prateleiras

disputando a atenção dos consumidores. A Coca Cola está disponível em mais de

50 versões e embalagens; a pasta dental Crest, em 55. Certa vez, mais de 70 tipos

diferentes de bebidas Snapple chegaram aos pontos-de-venda, embora apenas seis

sabores detivessem a maior parte das vendas da empresa. Alguns sistemas de TV a

cabo do mercado norte-americano chegam a oferecer mais de 700 canais, quando

as pesquisas mostram que o usuário médio se contentaria com dez.

As empresas buscam satisfazer todo e qualquer desejo ou capricho do cliente

– e fazer uma venda. Mas o que os consumidores vêem é uma oferta atordoante de

produtos aparentemente iguais. As empresas costumam centrar esforços nas

vantagens potenciais de chegar antes ao mercado, com produtos tecnologicamente

mais avançados. Encaram as reações negativas dos consumidores como mera

resistência temporária à mudança. É preciso levar em consideração, contudo, uma

explicação alternativa: existem níveis ideais de escolha e as políticas de produto

atuais costumam ultrapassar essas marcas.

• Estresse

Perda de controle, vulnerabilidade e estresse são alguns assuntos que

surgem quando se ouve os consumidores sobre os produtos que usam, as empresas

que os fornecem e o mercado como um todo. Na verdade, ouvem-se muito mais

desabafos sobre a frustração ocasionada por produtos recém-adquiridos do que

exaltações a suas qualidades.

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CONCLUSÃO

Capítulo 5 – A BASE DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

As empresas têm percebido que não adianta apenas criar produtos com

qualidade para que se mantenha o cliente satisfeito como um cliente fiel. E

observam isto através do estudo do comportamento do consumidor ao longo destes

anos de extrema concorrência entre estas.

O meio encontrado para criar o diferencial para as demais empresas é a

disponibilização de serviços que vão ao encontro das necessidades e desejos dos

clientes. Estes serviços se encontram das mais diversas formas, porque cada vez

mais os consumidores estão exigindo atendimento personalizado.

O Marketing de Relacionamento vêm recebendo especial atenção das

organizações que realmente se preocupam em atender o cliente, por se tratar de

uma ferramenta da Administração que está constantemente analisando as

tendências dos desejos do cliente e atualizando toda a empresa para atuar focada

nestas tendências.

É baseado neste comportamento que as empresas estão enfatizando cada

vez mais o uso de serviços para a fidelização do cliente. Com o constante aumento

da exigência por parte dos clientes, estes serviços têm que ser excepcionais.

5.1 – SERVIÇOS EXCEPCIONAIS

Falar de serviços excepcionais parece um pouco mirabolante devido a palavra

“excepcional”. A ênfase dada a esta palavra tem o objetivo de separar serviços

quaisquer de serviços diferenciados. Não é adequado pensar que ao prestarmos

apenas um serviço, estamos nos colocando como uma empresa competitiva e uma

empresa voltada ao serviço, que é predominantemente a combinação de dois

fatores: conhecimento/ser humano e tecnologia.

Neste fim de século, fazer com que a organização esteja voltada ao serviço é

o objetivo dos administradores da maioria das empresas, sejam elas micros, médias

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ou multinacionais.

Para atingir este objetivo, o administrador tem que traçar metas que afetam

toda a organização. Porque para fazer com que uma empresa seja verdadeiramente

voltada ao serviço é necessário criar uma cultura de serviços. Isto é fundamental

para que o cliente perceba qualquer ação que a empresa fizer como um serviço.

Com isso, ele percebe o como a empresa ajuda-o a atingir seus desejos. Quando

esta percepção é alcançada, a empresa consegue um cliente satisfeito, trabalha

para que se torne fiel e, mantendo os serviços excepcionais, consegue um cliente

que advogue em seu favor. Mas a missão do administrador é muito difícil quando se

trata de atingir toda uma organização. Isto porque mexe com os mais diferente

setores da empresa.

O primeiro passo é obter o comprometimento e envolvimento de toda a alta

administração. Como em toda mudança que venha ocorrer na empresa, a cultura de

serviços necessitará do comprometimento da gerência, principalmente as de altos

níveis (presidência e diretorias), para que o restante da empresa encare a mudança

como algo que possa ser confiável e que mereça o esforço.

Este comprometimento é fundamental para obter o envolvimento de todos os

funcionários, que pode ser considerado o segundo passo. Não importa o quão

afastado ou próximo da linha de frente de contato com o cliente esteja este

funcionário, ele deve estar imbuído do espírito do relacionamento com o cliente. Ele

deve se sentir como peça fundamental na engrenagem da organização e ver como

sua função ajuda o cliente.

Com este envolvimento, a empresa consegue criar os serviços internos, isto

é, fazer com que os mais diversos departamentos trabalhem integrados e não em

confronto uns com os outros. Podemos falar que em uma empresa preocupada com

seus clientes, há um serviço prestado por cada departamento, seja ele o contas a

receber ou o departamento de marketing.

Pode-se criar uma situação clara que retrata a falta de integração em uma

empresa. O vendedor acerta com um cliente, que está inadimplente há cinco dias,

que o pagamento poderá se feito em até dez dias. Apesar deste acordo, o contas a

receber da empresa resolve protestar o cliente, pois o considera um mal pagador.

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50

Está criada uma situação nada agradável para a empresa. O cliente entenderá que

sua palavra de nada valeu e que seu fornecedor está preocupado apenas com o

lado financeiro, esquecendo-se das reais necessidades de seus clientes.

É nesta situação que fica mais claro que o serviço interno e a integração são

importantes para que o cliente perceba a empresa, não como um mero fornecedor

de produtos e serviços, mas como um parceiro de negócios que o ajuda em todos os

momentos. Pode-se reverter a situação e caracterizá-la através da integração entre

o departamento de vendas e o contas a receber. O cliente receberia o adiamento de

sua cobrança e entenderia que seu fornecedor o está ajudando em seu negócio.

Com este relacionamento, o cliente tem a certeza de que está trabalhando com um

parceiro que atende as suas necessidades.

O resultado disto é que o cliente não procurará um segundo fornecedor de

produtos e serviços, ele confia em seu parceiro. Criamos, assim, a satisfação e junto

com ela, a fidelidade.

Este é o objetivo principal do Markerting de Relacionamento, fazer com que o

cliente não pense que existe um concorrente.

O quarto passo é o treinamento. Em verdade, o treinamento pode ser

considerado como um passo que deve ser constante e não apenas o quarto, o

primeiro ou o último. Na cultura de prestação de serviços e preocupação com o

relacionamento, os funcionários devem estar em constante treinamento e reciclagem

para que possam disponibilizar sempre o melhor.

Em paralelo, a empresa deve disponibilizar verba adequada para toda a

mudança. Normalmente, a verba é toda gasta com o entusiasmo inicial, sendo

esquecida durante sua implementação. Deixemos o entusiasmo de lado e gastemos

com treinamento e outros fatores de mudança.

5.2 – SERVIÇOS CRIAM O VALOR AGREGADO

A expressão “Valor Agregado” vem crescendo a cada dia dentro das

empresas. Ela significa o algo a mais que pode ser proporcionado ao cliente. Este

valor agregado é o diferencial almejado por toda empresa perante seu concorrente.

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Os produtos vêm se tornando cada vez mais parecidos e existem diversas

marcas no mercado que proporcionam ao cliente a mesma tecnologia, durabilidade e

garantia. Com várias marcas disponíveis, o consumidor fará a sua opção baseado

no preço.

Esta disputa criada por esta opção por preços vem gerando graves problemas

para as empresas dos mais variados mercados, sejam elas do setor de varejo, do

setor eletrodoméstico ou do setor de informática. Disputar mercado por preços

significa uma intensa busca por redução de custos e, quando esta não é mais

conseguida, pela redução das margens de lucro.

Para fugir deste cenário, onde os produtos são commodities (coisas comuns),

as empresas têm procurado criar o algo a mais através de serviços. Através destes,

as empresas conseguem atingir o cliente de formas das formas mais diferenciadas

possíveis. Podemos citar desde um simples quiosque de atendimento em um

supermercado até uma central de atendimento exclusiva e disponível vinte e quatro

horas por dia para o relacionamento com o cliente.

Este tipo de relacionamento cria na mente dos clientes, que quando compram

um produto de uma empresa que disponibiliza serviços, a idéia de estar adquirindo

um pacote de soluções para seus desejos.

Como mencionamos no parágrafo anterior, os serviços disponibilizados

atualmente para os clientes alvos de vários mercados variam de um contato mais

pessoal (um vendedor cordial que trate o consumidor da maneira que ele espera) até

os serviços de relacionamento criados pela Tecnologia da Informação.

A Tecnologia da Informação tem sido a maior aliada das empresas na criação

de serviços e a maior responsável pela geração do Valor Agregado. Abordaremos

estas ferramentas criadas a partir da Tecnologia da Informação no capítulo 12, onde

daremos um detalhamento sobre seu funcionamento e seus benefícios para o

cliente.

5.3 – OS SERVIÇOS PÓS-VENDA : UM OUTRO DIFERENCIAL

Algumas empresas pensam que o relacionamento com o cliente acaba no

momento da venda do produto ou de um serviço e não prestam atenção no que

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pode ocorrer na etapa de pós-venda. É nestas horas que o cliente pode vir a

precisar de mais ajuda. E se a empresa não estiver preparada para atendê-lo no

momento certo, este pode se tornar um futuro cliente de seu concorrente.

As situações adversas no momento pós-venda são muito fáceis de acontecer.

As empresas têm uma preocupação muito grande com a qualidade de seus

processos internos, porém não estão livres de cometer um erro. O mais preocupante

não é cometer o erro e sim, não estar preparado para corrigi-lo. Falamos aqui de

problemas como nota fiscal emitida de forma errada, entrega de produto diferente do

solicitado ou uma simples dúvida na instalação de um equipamento.

A necessidade de que toda a empresa deve estar consciente da importância

do relacionamento com o cliente é reforçada, principalmente, nos serviços pós-

venda, em situações que será exigida a integração de departamentos e a

preocupação em solucionar o mais rápido possível o problema de um cliente. E

quando mencionamos a necessidade deste espírito de relacionamento estar incutido

em todos os funcionários é porque nesta situação encontraremos pessoas que não

estão no contato direto com o cliente, mas serão fundamentais na obtenção da

solução do problema.

Podemos considerar que toda esta conscientização é um serviço pós-venda e

é um diferencial para a empresa. Este diferencial é mais claro no Brasil, onde não há

ainda uma preocupação constante com o bom atendimento e relacionamento com o

cliente. As grandes empresas procuram através do Marketing de Relacionamento

fazer com que isto aconteça, pois sabem que se não fizerem, seu concorrente estará

fazendo. Porém nas pequenas e médias empresas, isto não é tão presente.

Em outras culturas empresariais como a americana e a européia,

encontramos o serviço pós-venda presente em todos os níveis.

Conforme falamos, o serviço de pós-venda também é encontrado de

diferentes formas, podendo ser a atuação de um vendedor para solucionar um

problema com seu cliente (aqui uma idéia bastante simples, citando mais uma

cultura de preocupação do que propriamente a criação de um serviço) até a atuação

de uma equipe responsável para tirar dúvidas sobre a instalação de um software

empresarial.

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Veremos também no capítulo 12 as ferramentas criadas através da

Tecnologia da Informação que auxiliam a empresa a prestar os serviços pós-venda.

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PARTE II

IMPLEMENTANDO O MARKETING DE

RELACIONAMENTO

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CAPÍTULO 6 - O COMPROMETIMENTO DA ADMINISTRAÇÃO

Como foi exposto no último capítulo da parte anterior, os serviços agregados

aos produtos tem assumido um papel de diferencial competitivo. Garantir a

qualidade destes serviços é um enorme desafio para qualquer organização e um

fator decisivo no sucesso do Marketing de Relacionamento. Neste capítulo, será

considerado um fator chave para a qualidade dos serviços: o comprometimento da

administração.

A fidelização do cliente e seu relacionamento bem sucedido com a empresa

só podem ser desenvolvidos através de uma estratégia bem elaborada, de acordo

com o negócio e o ramo de atuação da empresa, e que envolva todas as suas áreas

e processos internos. A excelência no relacionamento com clientes jamais será

alcançada apenas por treinar o pessoal da linha de frente do atendimento para ser

gentil. É necessário envolver toda a organização em um esforço concentrado na

satisfação do cliente e no seu relacionamento com a empresa.

Concentrar o foco de uma organização no cliente também não é questão de

proclamar uma nova política. É um processo que envolve estratégias, sistemas,

prioridades, atitudes e comportamentos - resumindo, a cultura da empresa.

Para efetivar este processo de mudança, é fundamentalmente necessário que

os líderes estejam efetivamente envolvidos e comprometidos. Este

comprometimento deve então se refletir nas metas, nos modelos de comportamento,

nas alocações de recursos e no apoio integral ao processo de mudança. Além disso,

a alta administração não pode iniciar o processo e depois abandoná-lo. Precisam

continuar envolvidos.

É claro que discursos proclamando o comprometimento com qualidade do

serviços, cartazes espalhados pela empresa, slogans como “clientes para sempre”

ou “qualidade dos serviços” em mensagens publicitárias são úteis e até mesmo

necessárias, porém de forma alguma são suficientes. Tentar criar uma cultura de

excelência em serviços, orientada para o relacionamento com o cliente, sem o

comprometimento da alta administração, será uma ação com poucas chances de

sucesso.

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6.1 - O COMPROMETIMENTO COMEÇA DE CIMA

Em seu livro When America Does It Right (Quando a América Faz Certo), Jay

Sprenchler examinou os programas de qualidade de serviços de 55 empresas

indicadas pela revista Fortune como as mais admiradas. Ele comenta: “O

comprometimento do alto escalão da administração é essencial... . A garantia da

qualidade dos serviços depende da boa vontade de quem cria as políticas da

organização - sem a atenção e apoio dos executivos, os esforços para melhorar a

qualidade dos serviços podem ser negligenciados e definhar até desaparecer... .

Não há nenhum único caso... em que a qualidade tenha sido desenvolvida por meio

da abordagem de baixo para cima. Está claro também que os executivo não podem

se furtar de manter um envolvimento direto, transparente e completo com a

qualidade.” - Jay Sprenchler, When America Does It Right (Norcross, Ga). Industrial

Engineering and Management Press, 1988).

Os seguintes exemplos demonstram esse ponto: o Citicorp acredita na

utilização de gerentes de serviço para dar o exemplo. O Citicorp Savings, da

Califórnia, descreve o comprometimento dos gerentes sênior da seguinte maneira:

“A excelência dos serviços é um requisito do plano estratégico do Citicorp Savings e

não está sujeito a negociação. Ela não pode ser considerada pela organização como

uma opção, como não é uma opção o controle operacional. Ela é um elemento

essencial e não negociável para o nosso sucesso no futuro. Cabe a cada gerente

apoiar, de forma ativa e visível, o cumprimento dos padrões de serviços, e cabe a

cada gerente treinar os funcionários para que estejam atentos aos serviços em todos

os aspectos do nosso negócio”.

Os gerentes da Bell Atlantic trabalham com a seguinte filosofia: “É a qualidade

dos serviços de uma corporação que a diferencia no mercado. muitos clientes

baseiam a decisão da primeira compra no preço, mas na segunda vez eles compram

com base nos serviços”.

A American Express considera a qualidade do seus serviços sua principal

arma na estratégia de marketing. O presidente, Jim Robinson, indica quatro fatores

dos quais dependem o sucesso da Amex: “Qualidade, Qualidade, Qualidade e

Qualidade”. As revistas Time e Fortune indicaram a Amex como a empresa de

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prestação de serviços número um dos Estados Unidos. Ela considera que, quando

se trata de qualidade nos serviços, o poder e liderança dos executivos não pode ser

subestimado. Citando a revista Business Week: “qualidade não é um evangelho,

uma caixa de sugestões ou um slogan... . É um modo de vida”.

6.2 - SERVINDO DE MODELO DE COMPORTAMENTO

Provavelmente a forma mais simples e importante dos gerentes

demonstrarem o efetivo envolvimento e comprometimento com os clientes é por

“fazer o que se diz”, ou seja, servir de modelo de comportamento para os

subordinados. Se você é um gerente, não pode simplesmente estabelecer

comportamentos ou falar sobre eles. Precisa assumir o comportamento que valoriza.

Para os gerentes, o mais insubstituível de todos os recursos é sem dúvida o

tempo, e ele é gasto naquilo que mais se valoriza. Se os subordinados vêem

claramente o comprometimento dos gerentes com a qualidade dos serviços, com a

satisfação das exigências dos clientes, ou seja, com a forma como eles se

relacionam com a organização, através do tempo dedicado a tais assuntos,

certamente esta será a atitude valorizada e imitada.

6.3 - O QUE A EMPRESA RECOMPENSA É QUE ELA OBTÉM

Suponha que um determinado gerente declare que está comprometido com a

qualidade dos serviços prestados aos clientes. Entretanto, em seu real

comportamento cotidiano, ele ignora e evita os clientes, seus problemas,

reclamações e sugestões. Os funcionários tenderão a acreditar que este

comportamento exemplifica a forma de progredir na empresa e agirão da mesma

forma. Suponha ainda que esta empresa baseie as recompensas (bônus, prêmios)

concedidos aos funcionários apenas em critérios de produtividade como número de

clientes atendidos, tempo médio de atendimento e etc. A ciência comportamental

nos diz que “O que se recompensa é que se obtém”. Portanto, se os funcionários

são recompensados por servir os clientes com rapidez, eles tentarão por exemplo,

apressar os clientes, evitar responder determinadas perguntas e até mesmo

esquivar-se de certos tipos de clientes, resultando na degradação dos serviços

prestados.

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É extremamente necessário elaborar critérios de avaliação dos funcionários

baseados em indicadores que reflitam a qualidade dos serviços prestados. A ênfase

na quantidade em detrimento da qualidade produz resultados desastrosos no longo

prazo.

O comprometimento da administração é então fundamental para definir,

implementar e manter as políticas e diretrizes necessárias à mudança em direção a

uma cultura orientada para o cliente e seu relacionamento com a empresa, assim

como dar o exemplo através da dedicação do seu tempo aos clientes e de um

sistema de recompensas que valorize os funcionários que se dediquem aos clientes.

Esses passos são essenciais para o êxito de qualquer programa de qualidade em

serviços, e principalmente como parte de uma estratégia de Marketing de

Relacionamento.

Capítulo 13 - O CLIENTE COMO DEFENSOR DA EMPRESA

Quando uma estratégia de Marketing de Relacionamento é bem sucedida, os

clientes se transformam em defensores de seu produto, você conquistou um

relacionamento de grande intimidade e confiança.

As pessoas hoje em dia estão expostas, diariamente, a mais de 3.000

mensagens publicitárias, o que leva o nível de memorização dos comerciais a cair

consideravelmente. Quando as mensagens são lembradas, elas são prejudicadas

pelo ceticismo. As pessoas estão cada vez mais céticas em relação àquilo que lêem

ou vêem em anúncios. Consequentemente, a publicidade deve ser um dos últimos

componentes de uma estratégia de Marketing de Relacionamento e não o primeiro.

Quando um cliente em potencial chega até você por meio de recomendações

de terceiros, você já dispõe de três vantagens de vendas distintas:

• Menor necessidade de tempo para a venda, pois a maior parte da venda já foi

realizada por quem fez a indicação.

• Os clientes em potencial estão mais propensos a tornarem-se fiéis do que os que

compram induzidos pela publicidade.

• As pessoas chegam dispostas a comprar, por confiarem no que foi recomendado.

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No estágio de cliente regular do relacionamento, o cliente experimenta um

compromisso real de adquirir os produtos da empresa. Um dos benefícios desse

estágio é que o relacionamento assumiu a forma de confiança, lhe permitindo

antecipar-se em suas ações para atender ao cliente. A empresa será percebida

como valendo mais do que simplesmente o produto ou serviço que oferece.

Os defensores são a melhor publicidade, pois nesse estágio foi atingido um

estágio de relacionamento de maior intimidade e confiança. Os vínculos são sólidos

e a empresa deve estar preparada para responder imediata e profissionalmente e

fazer com que os novos clientes se sintam tão valorizados e importantes quanto os

defensores que o encaminharam.

É importante conquistar a publicidade boca a boca, fornecendo algo que

possa ser comentado, procurando continuamente novas formas de conseguir a

indicação, colocando os produtos na mão dos formadores de opinião, pois é doando

o produto que consegue-se opiniões honestas. É importante, ainda, que se

transformem os centros de influência em defensores em tempo integral.

O defensor espalhará a imagem da empresa porque considera que ela seja a

melhor do mercado e ele tem uma motivação egoísta em perpetuar sua existência,

para que ele continue negociando com a empresa e que a imagem dele seja boa

perante as pessoas a quem ele o recomendou.

Os clientes fiéis freqüentemente acreditam que recebem melhor atendimento

por serem fiéis. Eles sentem que são recompensados por sua fidelidade. Isso tem

duas implicações:

• As abordagens de fidelidade devem diferenciar o relacionamento e o pacote de

atendimento proporcionado aos clientes fiéis.

• As formas de dar “reconhecimento especial”, no ponto em que o cliente entra em

contato, devem ser usadas.

Faz parte de um relacionamento eficiente, ainda, oferecer recompensas aos

clientes pela recomendação de amigos. O gesto de alguém ao indicar um prospect

merece um agradecimento. Esse agradecimento deve ser feito por escrito e

imediatamente.

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É fundamental manter-se visível e vivo na mente das pessoas, criando um

sistema simples, mas eficiente, de manter-se em contato. Isso pode ser feito

enviando-se mensagens aos clientes periodicamente.

Um dos instrumentos utilizados para manter a imagem viva são os boletins,

que servem para conceder aos clientes uma sensação de clube, um senso de

pertinência, de ser especial. Ele serve para manter o contato com os clientes,

promover relacionamentos de longo prazo, oferecer informações sobre os produtos,

caracterizar a empresa como especialista em sua área e cultivar vendas futuras.

Entretanto, o boletim não deve transformar-se em anúncio da empresa, assim ele

não será lido. Se ele for feito às pressas trará mais prejuízos do que benefícios.

Deve-se pensar duas vezes antes de dar início a um plano de estímulo às

recomendações pessoais, pois se a empresa não estiver preparada para a

expansão, absorver muitos clientes poderá comprometer a qualidade.

Quando um cliente antigo pára de negociar com a empresa e se torna inativo,

o efeito em seus lucros é maior do que se um simples comprador deixasse de

adquirir seu produto. Essa perda não é somente a curto prazo, a empresa se priva

de lucros futuros. O cliente e seu futuro potencial aquisitivo representam um

considerável ativo na avaliação de qualquer empresa. Assim, quando um cliente

deixa de comprar, a perda é muito maior do que simplesmente uma venda a menos.

Além da perda monetária, a empresa também perde as indicações e a

publicidade boca-a-boca que seria feita por este cliente. Com a perda de um cliente

ela não perde somente os negócios específicos como também ameaça a conquista

de negócios com clientes novos devido à repercussão negativa. O cliente insatisfeito

contará sua experiência a oito ou dez pessoas. Um bom exemplo é o do Prof. Robert

Leone da Universidade do Texas que ao precisar mudar-se na década de setenta,

teve seus pertences “perdidos” durante três meses. O caso foi levado a justiça e o

Dr. Leone teve ganho de causa, conseguindo que a empresa de mudanças

aceitasse todas as suas condições, menos uma, recusou-se a lhe entregar uma

carta de desculpas. A partir daí, o Dr. Leone passou a apresentar o sintoma clássico

de cliente insatisfeito, contando sua experiência às pessoas - centenas delas,

repetindo-a em cada uma de suas aulas inaugurais de marketing da Universidade do

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Texas. No natal de cada ano, ele mandava um cartão para o presidente da empresa

de mudanças incluindo o “total parcial” de quantas pessoas haviam ouvido a história

até aquela data. Essa tradição foi mantida durante dez anos. A quatro anos atrás, no

último cartão constava o número 3.503 (Como conquistar e manter seus clientes

fiéis, pag.228-229).

É importante ressaltar que seus melhores clientes são os prospects mais

perseguidos pelos seus concorrentes. Por isso é tão importante verificar porque seus

clientes podem estar insatisfeitos, pois até a questão do preço pode levar seu cliente

a outro fornecedor. Pesquisas mostram que clientes afirmam que o preço seria um

fator que os levaria a mudar de empresa, mas em geral, também estão aborrecidos

com outros fatores. E informam: ”Se você resolver este problema, a questão do

preço desaparece”. Quando você perde um cliente como este, significa que você já o

perdeu a seis meses antes. O relacionamento já havia se deteriorado quando foi

apresentada a questão do preço. A decisão de sair, normalmente, é motivada por

um sentimento de insatisfação que cresce com o tempo.

Um estudo sobre a perda de clientes realizada nos EUA informa que :

• 14% dos clientes mudaram de fornecedor devido a reclamações não atendidas;

• 9% se foram devido à concorrência;

• 9% saíram devido a mudanças na localização e;

• 68% afastaram-se sem nenhuma razão especial.

Estes clientes “sem razão especial” foram embora por sentirem-se

negligenciados. Sua empresa não conseguiu convencê-los de que se importa por

eles, falhou em manter contato, considerou-os como algo garantido. Falhou no Seu

Marketing de Relacionamento. É preciso aprender a ler nas entrelinhas. Os clientes

insatisfeitos não informarão voluntariamente sua insatisfação, mas as ações dirão

isso. Certamente a empresa identificará demora na aprovação das propostas,

dificuldade em acessar a gerência de alto nível, o volume dos negócios cai, entre

outras coisas. Neste caso, será inútil atacá-los diretamente. Deve-se, ao contrário,

identificar e abordar a insatisfação subjacente do cliente.

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A insatisfação é normalmente, o resultado de uma compreensão inadequada

daquilo que é importante para o cliente. Os funcionários devem proporcionar o tipo

de valor que os clientes estão dispostos a pagar. Isso é feito entendendo as

necessidades de relacionamento e como os clientes definem qualidade e

atendimento (ou seja, a lista de prioridades do cliente), conferindo regularmente a

opinião dos clientes quanto ao desempenho da empresa em relação aos

concorrentes e comunicando todas essas informações aos usuários.

A manutenção da fidelidade e da satisfação dos clientes depende da

capacidade da empresa em identificar rapidamente a insatisfação e dar uma

resposta imediata. Se ignorar o problema do cliente, haverá poucas chances de o

problema ser corrigido antes de ele optar pela concorrência.

Um dos sintomas mais seguros de um relacionamento inadequado ou em

declínio é a ausência de reclamações dos clientes. Ninguém está sempre tão

satisfeito principalmente ao final de um tempo tão prolongado. O cliente não está

sendo sincero ou não está sendo contatado.

A força da recomendação pode ser tão poderosa nos mercados empresariais

como são os mercados de clientes. As informações acerca dos relacionamentos

podem ser circuladas dentro de centros de compra - o grupo faz ou influencia a

decisão de compra - e para os outros centros de compra. Nos centros de compra

que estão tomando decisões importantes e de alto risco, é particularmente

importante, para cada membro do centro de compra, estar e demonstrar que se

encontra bem informado. Qualquer fragmento de informação acerca da experiência

de outros é imediatamente agarrada e torna-se objeto de grande valorização.

CAPÍTULO 15 - O FUTURO DO MARKETING DE RELACIONAMENTO

Prever e planejar o futuro na vida particular é muito difícil, para não dizer

impossível. No campo da Administração e do Marketing está tarefa se torna bem

mais complicada. Por isso, existem dezenas de gurus corporativos e espirituais

ministrando palestras por todas os cantos do planeta e fazendo riqueza com isto.

A cada dia sofremos mudanças nos campos econômico, político, cultural,

social, religioso e , mais freqüente nos dias de hoje, no campo tecnológico. Todas as

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organizações espalhadas pelo mundo estão sujeitas a estas pressões e

interferências, o que torna a previsão de seus futuros muito difícil.

Quando vimos no capítulo 14, o uso de forma errada de técnicas do Marketing

de Relacionamento, podemos imaginar que em algum momento ele pode vir a

acabar. Porém, o Marketing de Relacionamento estará presente em todos os

momentos na vida das empresas, porque sua essência é fazer com que os clientes

se mantenham fiéis. Isto é, e sempre será fundamental para qualquer organização

que se preocupa em ter participação e vida longa em um mercado cada vez mais

competitivo.

Como qualquer tendência criada pelo mundo da Administração, o Marketing

de Relacionamento pode sofrer mudanças em seu nome ou pequenas alterações

em sua atuação, mas sua importância, conforme comentamos, sempre será

fundamental.

Neste momento em que passamos por mudanças constantes em nossas

vidas, a grande maioria é impulsionada pelas mudanças tecnológicas na área da

informática, telecomunicações e automação.

A maior destas mudanças influencia tanto a vida particular de cada pessoa

nos quatro cantos do mundo, quanto o mundo empresarial, os governos e a

economia globalizada. Esta mudança já é uma realidade chamada Internet.

15.1 – A INTERNET TRANSFORMANDO AS RELAÇÕES

A mudança já está acontecendo desde a década de 70 quando Vinton Cerf e

Bob Kahn criaram um código conhecido como protocolo TCP / IP. A partir daí, a

infra-estrutura da Internet começou a ser montada e na década de 90 deu-se o início

a abertura da rede para o mundo comercial.

Com o decorrer deste período, a World Wide Web, a grande teia de redes

interconectadas, foi criada e disseminada por todo o planeta. Esta disseminação foi

facilitada pelo boom do mundo eletrônico e da informática, que facilitou o acesso das

pessoas a informação e a tecnologia.

Além disto, a Internet é ferramenta de relacionamentos. Relacionamentos

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pessoais e relacionamentos comerciais. A Internet está mudando estes

relacionamentos e está influenciando toda a forma de pensar e atuar da maioria das

pessoas e das empresas espalhadas pelo mundo.

15.1.1 – A INTERNET NAS RELAÇÕES HUMANAS

A partir do momento em que uma pessoa consegue obter qualquer tipo de

informação a qualquer momento através de um computador, temos a certeza que o

modo como nossos pais viam o mundo não será o mesmo modo como as crianças

de hoje, com a educação digital, irão percebê-lo. Ou, como ficar impassível diante da

possibilidade de se comunicar com um brasileiro no Japão e que essa comunicação

seja em tempo real , podendo, enfim, esquecer os problemas com telefone e a

lentidão e ansiedade de uma carta indo e voltando daquele país.

Não há como fugir a essas infinitas possibilidades trazidas pela Internet. Hoje,

as universidades de inúmeros países estão acessíveis a todos os usuários,

disponibilizando informações sobre todas as disciplinas acadêmicas. Um australiano

pode se conectar a Universidade de Harvard e conseguir a informação que deseja

em questão de minutos. É um exemplo da revolução na forma como vemos a

Educação.

Os museus mais famosos do mundo, como o do Louvre na França,

possibilitam o acesso a seus acervos da mais variadas obras de arte que expõem.

Imaginemos um colombiano tendo acesso, em sua casa, a uma obra de Pablo

Picasso, podendo vê-la na tela de seu computador e ter a definição e interpretação

daquela obra de um gênio da pintura. Depois disso, poder navegar pelos corredores

do Louvre e conhecer outras obras de outros gênios. Isto só é possível graças a

Internet. É um exemplo da revolução criada no âmbito cultural.

Estas mudanças causadas na Era Digital tem influenciado o comportamento

das pessoas que têm acesso a Internet. Através das chat rooms (salas de

encontros) geradas pelos internautas, criam-se grupos fechados de amigos e que

acabam mantendo um relacionamento por bastante tempo. E este grupo pode ser

formado por um carioca de 19 anos, por uma curitibana de 35 anos e por um inglês

de 40 anos, que por algum motivo criaram uma afinidade e, através da Internet,

mantêm esta afinidade sem precisar viajar para um outro país.

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Até aqui, podemos citar dois novos conceitos criados através da Internet e

extremamente importante para toda a nova geração de jovens de todo o mundo.

Eles são a interatividade e o virtualismo.

Como falamos no terceiro parágrafo, as possibilidades são infinitas por todos

estes motivos que descrevemos e por muitas outras que ainda serão descritas com

o decorrer do tempo.

Mas, outro tipo de relacionamento, o comercial, é uma outra visão que está

em mutação graças a Internet.

15.1.2 – A INTERNET NAS RELAÇÕES COMERCIAIS

Em uma economia globalizada como a que encontramos no final dos anos 90,

a disponibilidade de acessar e entrar nos mercados em todos os países é uma

questão de competitividade e sobrevivência de qualquer empresa.

Somando-se a isso, os desejos e sonhos das pessoas em ter as mais

diversas opções para o consumo e tratamento, não importando o lugar onde vão

encontrá-las . As pessoas estão cada vez mais sem tempo para sair de casa e fazer

aquelas compras corriqueiras, como as de supermercados, ou para escolher um

presente para esposa, porque tem uma reunião em outra cidade e vai passar grande

parte do tempo entre reuniões, hotéis e aviões.

Temos, assim, dois ingredientes capazes de atrair qualquer cliente: opções

para consumo e comodidade. É isto que as pessoas estão vislumbrando, em um

primeiro momento, para o uso da Internet. A Amazon.com, uma livraria virtual, vale

17 bilhões de dólares no mercado de ações porque é a empresa que mais vende

livros na Internet e porque foi uma das pioneiras a utilizar esta ferramenta como

ponto principal no relacionamento com o cliente. A Amazon.com é uma empresa que

gera comodismo para seu cliente, basta apenas acessar o site da empresa, escolher

o livro e fornecer o número do cartão de crédito, que toda a operação será feita e o

livro estará na casa do cliente em apenas alguns dias. Qualquer pessoa pode fazer

isso, desde que tenha acesso a Internet, a partir de qualquer parte do mundo.

Vemos, aí, o potencial a ser explorado através da venda de livros para todas as

partes do mundo.

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Andy Grove, um dos principais executivos da Intel, fala uma frase apocalíptica

mas perfeitamente lógica: “Até 2002, só existirão dois tipos de empresa: as que

estão na Internet e as que não existem mais“. Este é o panorama reconhecido por

todas as empresas, que agora correm contra o tempo para serem reconhecidas

como empresas de Internet.

Este cenário é traçado porque até o ano de 1999, 150 milhões de pessoas em

todo o mundo terão acesso a Internet, o que representa ainda uma parte pequena

da população. Se a Internet, afetando 150 milhões de pessoas já começou a mudar

drasticamente os comportamentos, imaginem quando atingir 20% da população

mundial, algo em torno de 1 bilhão de pessoas.

Por isso, estão surgindo várias nomenclaturas para o uso da Internet como e-

business ou e-commerce, que caracterizam o relacionamento comercial pela

Internet.

O futuro do Marketing de Relacionamento e podemos dizer também o das

empresas é o desenvolvimento de ferramentas de contato e atendimento ao cliente

através da Internet.