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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSO” FACULDADE INTEGRADA AVM Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade nas escolas: abordagem, diagnóstico e intervenção. Por: Bruna Silva de Jesus Cordeiro Orientadora Profª.: Fernanda Canavez Rio de janeiro 2012

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · 10 educacional. Embora o TDAH é ... (CID 10). Dentre os ... patológico que incluísse um defeito na atenção, e/ou na hiperatividade

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSO”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade nas escolas:

abordagem, diagnóstico e intervenção.

Por: Bruna Silva de Jesus Cordeiro

Orientadora

Profª.: Fernanda Canavez

Rio de janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSO”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade nas escolas:

abordagem, diagnóstico e intervenção.

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada

como requisito parcial para obtenção do grau de

especialista em Psicopedagogia.

Por: Bruna Silva de Jesus Cordeiro

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AGRADECIMENTOS

Ao meu Senhor, pelo seu amor e fidelidade.

À minha família: Jeronimo, Penha, Cristina e

Izabela, pelo apoio e incentivo.

Aos professores que contribuíram para a

minha formação acadêmica.

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais e a todos os professore que a

cada dia buscam uma qualidade no ensino.

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RESUMO

Embora seja um assunto popularmente dito na mídia, mas muito pouco

conhecido pelos pais e professores. O Transtorno do Déficit de

Atenção/Hiperatividade, mais conhecido como TDAH, é um transtorno

neurobiológico de origem genética, caracterizado pela tríade sintomatológica de

desatenção, hiperatividade e impulsividade. A prevalência do TDAH é de 5 a 10% da

população em idade escolar. As crianças portadoras do TDAH têm um alto risco de

fracasso escolar e um mau desenvolvimento acadêmico, pois são tidas como

“avoadas”, “preguiçosas” e que vivem no “mundo da lua”. É um transtorno que

engloba prejuízos no sistema de gerenciamento do cérebro, as funções executivas.

Estas nos permitem agir voluntariamente com um objetivo: focalizar, guiar e

gerenciar. Entretanto, seu tratamento contínuo, tem como objetivo uma melhora em

todas as áreas prejudicadas pelo TDAH. Por isso que seu diagnostico precoce é de

suma importância, pois evitará maiores impactos na vida dos seus portadores. Por

fim, aponta que o TDAH interfere significadamente no processo de ensino-

aprendizagem.

Palavras - Chave: TDAH, diagnóstico e intervenção psicopedagógica.

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METODOLOGIA

O método utilizado neste trabalho está embasado em pesquisa bibliográfica.

Serão consultados Livros, Artigos, Revistas e Sites da Internet.

E autores que apresentam ideias sobre o referido assunto como CALIMAN

(2010), CARTILHA “Uma conversa com Educadores”, DSM-IV-TR (2002), MATTOS

(2007), MITTLER (2000), SILVA (2003), TEIXEIRA (2011), SAMPAIO (2011),

PORTO (2011) e MEC.

Ao final da monografia, em anexo, um questionário que o próprio professor

poderá responder denominado SNAP-IV. Esta é a tradução validada pelo GEDA

(Grupo de Estudos do Déficit de Atenção) da UFRJ.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ......................................................................................... 09

CAPÍTULO I – TDAH ao longo do tempo ................................................. 11

1.1 – Breve Histórico ................................................................................ 11

1.2 – Encefalite Letárgica na história do TDAH ....................................... 15

1.3 – Existe mesmo o TDAH? .................................................................. 15

CAPÍTULO II – Caracterizando o TDAH .................................................. 17

2.1 – O que é o TDAH? ............................................................................ 17

2.2 – Tipos do TDAH ................................................................................ 19

2.3 – Etiologia ........................................................................................... 20

2.4 – Diagnosticando o TDAH ................................................................... 21

2.4.1 – Critérios Diagnósticos: sintomas ................................................... 23

2.5 – TDAH e Comorbidades .................................................................... 25

2.6 – Tratamento do TDAH ....................................................................... 27

CAPÍTULO III – O TDAH na escola: compreender para incluir ................ 29

3.1 – Aprendizagem X TDAH .................................................................... 31

3.2 – O papel do professor ........................................................................ 34

3.3 – Intervenção psicopedagógica: o papel do psicopedagogo .............. 35

3.3.1 – Intervenção: estratégias para o professor ..................................... 36

CONCLUSÃO ............................................................................................ 39

BIBLIOGRAFIA .......................................................................................... 41

ANEXO I ..................................................................................................... 42

ÍNDICE ....................................................................................................... 45

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FOLHA DE APROVAÇÃO ......................................................................... 47

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho é um estudo detalhado do Transtorno do Déficit de

Atenção/Hiperatividade (TDAH) no contexto escolar. A questão central do trabalho é

tentar descobrir de que forma o TDAH interfere no processo de ensino-

aprendizagem.

Justifica-se que o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é

um tema com ampla discussão. Porém, muitos desconhecem sobre o assunto

dificultando um diagnóstico, tratamento e intervenção precoce. O TDAH é um

distúrbio comportamental caracterizado por desatenção, hiperatividade e

impulsividade. Estes aspectos causam impactos significativos no ambiente escolar.

A Psicopedagogia é uma nova área de atuação profissional, que tem como objeto de

estudo o processo de aprendizagem. Sendo assim, busca-se investigar métodos de

intervenção para auxiliar o professor em sala de aula.

O estudo parte do pressuposto de que o transtorno do déficit de atenção e

hiperatividade (TDAH) é um distúrbio que afeta a vida da criança, levando a

prejuízos em diversas áreas como adaptação acadêmica, relações interpessoais e

desempenho escolar. O profissional da Psicopedagogia deve estar preparado para

atender a necessidade específica deste educando, fazendo as intervenções

necessárias para o seu pleno desenvolvimento educacional e social. O estudo

delimitou-se no TDAH no contexto escolar.

São, portanto, objetivos desta pesquisa analisar, reconhecer e investigar

métodos de intervenção no campo da Psicopedagogia que possam auxiliar o

professor em sala de aula.

Inicialmente, faço um breve histórico do TDAH de como ao longo dos anos

recebeu várias terminologias acerca do seu diagnóstico, destaco o médico pediatra

inglês George Still. No capítulo II, busco conceituar o que venha a ser o TDAH, seu

diagnóstico e de como é importante fazer o tratamento adequado para que não se

agrave o transtorno na vida da criança/adolescente. Já no capítulo III, apresento

como o TDAH interfere no processo de ensino-aprendizagem e de como a

intervenção do psicopedagogo junto ao professor é de suma importância.

Assim, procuro trazer informações importantes para a prática do professor em

sala de aula devida a grande demanda de crianças com TDAH no ambiente escolar

sem receber as devidas adaptações curriculares que atenda a sua necessidade

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educacional. Embora o TDAH é comumente falado em revistas, notícias e sites da

internet há um grande percentual de educadores que desconhecem o assunto

dificultando um diagnóstico e tratamento precoce. Apresenta dicas, a partir de

autores pesquisados, visando auxiliar o professor em sala de aula ressaltando a sua

importância no processo de aprendizagem.

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Capítulo I

TDAH ao longo do tempo

Ao longo do tempo, o Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH)

recebeu várias denominações, como por exemplo, lesão cerebral mínima, síndrome

hipercinética, encefalite letárgica, cérebro danificado ou lesionado, síndrome da

criança hiperativa entre outros.

Este longo processo de identificação do TDAH, nos traz uma série de

diferentes versões e controvérsias que constituem como parte do diagnostico do

TDAH. Atualmente, a forma mais precisa para identificar o TDAH encontra-se no

Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR) e a Síndrome

Hipercinética na Classificação Estatística Internacional de Doenças (CID 10).

Dentre os percussores da história do TDAH destaca-se o médico inglês

George Still.

1.1 – Breve Histórico

As primeiras referências de crianças que apresentavam comportamentos

semelhantes ao que se descreve atualmente como transtorno do déficit de

atenção/hiperatividade (TDAH) surgiram na literatura médica em meados do século

XIX. Descreviam crianças muito “danadas”, e com grande dificuldade para seguir as

regras propostas pelos pais.

Desde as suas primeiras descrições, o TDAH, recebeu várias nomenclaturas

de acordo com o quadro sintomatológico que essas crianças apresentavam. Porém,

recentemente, no DSM-IV-TR (2002), não se faz necessário que todos os sintomas

estejam presentes para o fechamento do diagnóstico do TDAH.

Em seu artigo1, CALIMAN diz que:

“Além disso, já que não é necessário que todos os sintomas estejam

presentes para que o diagnóstico do TDAH seja definido, sua história

poderia ser orientada pela predominância de um dos seus três

1 CALIMAN, Luciana Vieira. Revista Psicologia: Ciência e Profissão. Notas sobre a História Oficial do Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade TDAH. Brasília, v.30, n. 1, p. 46-61, 2010.

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sintomas centrais. Ao longo da história médica, a hiperatividade, a

impulsividade e a desatenção criaram entre si laços diversos. No

interior da história oficial que as vincula e as chama de TDAH, elas

alternaram entre si o lugar de maior importância na definição da

classificação. Em certos momentos, o aspecto que mais

caracterizava o quadro era a hiperatividade que, em seguida, foi

destronado pela desatenção que, também em seguida, foi

transformado em um aspecto menor das funções executivas. Houve

um tempo em que nenhum deles era visto como o aspecto definidor

do transtorno” (CALIMAN, 2010, p.47 e 48).

Para que o diagnóstico do TDAH seja definido, não é preciso que todos os

sintomas estejam presentes. Faz-se necessário que a criança apresente um quadro

patológico que incluísse um defeito na atenção, e/ou na hiperatividade e/ou na

impulsividade. Mais adiante serão abordados os diferentes tipos do TDAH.

No entanto, os sintomas da desatenção, da hiperatividade e da impulsividade

se manifestam principalmente no ambiente escolar. Por isso que a informação é o

melhor caminho para os educadores identificar essas crianças e adolescentes

ajudando-os a terem uma vida mais agradável e menos angustiante.

Em 1902, George Still realizou várias palestras onde mencionou crianças

agressivas, desafiadoras e resistentes à disciplina. Vinculou o transtorno a um

defeito da vontade inibitória. Tinha um grupo de estudo constituído por vinte

crianças, onde Still rotulou os pais dessas crianças como portadoras de um “defeito”

de controle moral. Foi percebida no comportamento dessas crianças uma relação

hereditária ao ver que os membros da família apresentavam problemas de

alcoolismo, alterações de conduta e depressão. Após duas décadas, médicos

americanos estudaram crianças que tinham comportamentos similares descritos por

Still, que tinham sobrevivido à epidemia da encefalite entre 1917 e 1918. Essas

crianças apresentavam prejuízos na atenção, regulação das atividades físicas e

impulsos físicos. Numerosos estudos as descreviam como crianças com “Distúrbio

de Comportamento Pós- Encefalite” (SILVA, 2003).

Além do surto da encefalite, SILVA descreve em seu livro Mentes Inquietas

outros termos utilizados para identificar essas crianças, ou seja, tentar explicar suas

atitudes e seus comportamentos, sendo assim:

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“Em função desta correlação feita entre a encefalite e uma possível ”deficiência moral”, estabeleceu-se, na época, um fundamento de caráter generalista e, por isto, errôneo para explicar o funcionamento DDA: outras crianças que não foram expostas ao surto de encefalite, mas que apresentavam sintomas similares, deviam ter sofrido um certo dano cerebral de alguma outra forma. Criou-se assim o termo ”cérebro danificado ou lesionado” para descrever tais crianças. O reconhecimento que muitas dessas crianças, embora diferentes de seus pares etários (outras crianças na mesma faixa de idade), apresentavam-se muito espertas e inteligentes para serem portadoras de uma lesão cerebral de qualquer extensão, acabou originando o termo ”Lesão Cerebral Mínima”, que terminou por se tornar popularmente conhecido e completamente disseminado, apesar de não haver lesão cerebral óbvia, ou, pelo menos, nenhuma que pudesse ser evidenciada por um teste ou exame médico objetivo. As crianças, com esse tipo de comportamento, deveriam, ainda que de alguma forma, serem consideradas portadoras de um cérebro lesionado”. (SILVA, 2003, p.171)

Essas terminologias, após longos estudos, comprovaram que o TDAH deriva

de um mau funcionamento neurobiológico (da bioquímica do cérebro). O dado mais

informativo é que há uma alteração metabólica principalmente nas regiões pré-

frontal e pré-motora do cérebro. Como a região frontal é a principal reguladora do

comportamento humano, falhas na bioquímica desta região levariam às alterações

encontradas no TDAH (impulsos e inquietação). Eles não possuem nenhum dano

cerebral e sim um transtorno neurobiológico que traz prejuízos em manter a atenção

e controlar seus impulsos.

Em 1937, Charles Bradley “em sua pesquisa afirma que o tratamento com

medicamento estimula as partes do córtex responsáveis pelo processo de inibição

do comportamento e assim auxiliava no tratamento da hiperatividade” (CALIMAN,

2010, p.57). Esse medicamento, a anfetamina2, ajuda crianças hiperativas a se

concentrar melhor. Apresentavam redução em seus comportamentos agitados.

O termo hiperatividade infantil foi usado por Laufer em 1957 e por Stella em

1960.

Em 1968, a Associação de Psiquiatria Americana publica o Manual

Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais (DSM-II), o termo Reação

Hipercinética da Infância.

Apesar de esses novos termos explicarem o comportamento hiperativo

apresentado por essas crianças, ignorava o fato de algumas crianças apresentarem

déficit de atenção sem hiperatividade.

2 Medicamento estimulante do sistema nervoso central.

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Virgínia Douglas, na década de 70, apresentou uma teoria onde menciona

que o déficit em manter a atenção poderia ocorrer mesmo sem existir a

hiperatividade.

Gabriel Weiss, em 1976, mostrou através de estudos que ao atingirem a

adolescência a hiperatividade pode diminuir, mas a desatenção e a impulsividade

tendem a persistir. Com isso, a síndrome não é exclusiva na infância e não

desaparece na adolescência e na vida adulta. Foi uma contribuição significativa para

o reconhecimento do TDAH na fase adulta.

A forma adulta foi oficialmente reconhecida em 1980, com a publicação do

DSM-III.

Em 1994, a Associação Americana de Psiquiatria publicou o DSM-IV, nesta

atualização a classificação foi dividida em subtipos:

• Déficit de Atenção, DA: predominantemente desatento;

• Déficit de Atenção, DA/HI: predominantemente hiperativo/impulsivo;

• Déficit de Atenção, DA/C: em que sintomas desatentos e de

hiperatividade/impulsividade estão presentes no mesmo grau de intensidade.

Para a realização do diagnóstico do TDAH, o DSM-IV é um consenso. SILVA

descreve três aspectos básicos desta classificação:

“1) os sinais e sintomas listados são os mesmos para crianças, adolescentes e adultos, com a adequada ressalva de serem menos intensos nas fases mais amadurecidas da vida dos indivíduos; 2) o reconhecimento do subtipo predominantemente desatento. Um fato que pode ajudar a reverter a situação de subdiagnóstico em relação às mulheres, já que entre elas predominam os sintomas de desatenção em detrimento dos sintomas de hiperatividade/impulsividade e 3) o destaque das dificuldades pessoais causadas pelos sintomas de DDA no contexto familiar, profissional-acadêmico ou social da vida de cada indivíduo” (SILVA, 2003, p.173).

Esses aspectos básicos destacados no DSM-IV são de suma importância,

pois ajuda na identificação dos sintomas apresentados pelo indivíduo, sendo ele

predominantemente desatento, predominantemente hiperativo/impulsivo ou tipo

combinado (quando apresenta os dois tipos juntos).

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1.2 – Encefalite Letárgica

A epidemia da encefalite letárgica na história do TDAH foi uma infecção

misteriosa que até os dias de hoje não foi desvendada, desaparecendo por volta de

1940.

Ela foi nomeada pelo neuroanatomista austríaco Constantin Von Ecônomo,

em 1917, que dizia:

“Temos nos deparado com uma série de casos nas instituições psiquiátricas que não fecham com nenhum diagnóstico conhecido. Apesar disso, eles apresentam similaridades quanto ao tipo de início do quadro e sintomatologia que nos força a agrupá-las em uma nova categoria diagnóstica... Estas crianças parecem ter perdido a inibição, tornam-se inoportunas, impertinentes e desrespeitosas. São cheias de espertezas, e muito falantes...” (Cartilha usada pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção, p.9).

O surgimento da encefalite, sendo uma infecção misteriosa, trouxe para a

saúde pública uma incógnita, ou seja, foi considerada uma doença invisível que não

sabia ao certo de onde vinha ou como surgia.

Com isso, foi alvo de um enorme investimento financeiro. Ela foi investigada

em vários âmbitos como: tecnologia de visualização, tecnologias visuais, tecnologia

cinematográfica etc. Enfim, foram utilizados vários recursos na tentativa de identificar

como a encefalite ocorria nos indivíduos afetados.

Em 1918, chamou a atenção dos neurologistas americanos ficando conhecida

como patologia do momento.

Grande parte das pessoas acometidas pela encefalite letárgica era tratada em

instituições para epiléticos, mentalmente fracos e doentes de Parkinson.

Diante de tantas controvérsias e interesses políticos, “a encefalite passou a

ser descrita como uma síndrome de origem indeterminada, vinculada obscuramente

à fisiologia patológica cerebral” (CALIMAN, 2010, p.58).

1.3 – Existe mesmo o TDAH?

Mesmo com essa evolução na descoberta da identificação do TDAH, muitas

pessoas desconhecem os seus sintomas e têm grandes dificuldades em identificar

tais pessoas que sofrem deste transtorno.

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Não sendo compreendidas, passam por situações desconfortáveis

socialmente e em suas vidas pessoais em função de seus problemas na área da

atenção, do controle de seus impulsos e hiperatividade física e mental.

Sendo atribuídos apelidos pejorativos como “pestinhas”, “mal-educadas”,

“rebeldes”, “agressivas”, “mundo da lua” entre outros colocados nas crianças. Nos

adultos não são diferentes são chamados de “brigões”, “explosivos” etc.

Por isso que a informação é o melhor caminho para combater os rótulos

indesejáveis, na qual esses indivíduos recebem.

Através da informação psicoeducacional, ou seja, as diversas formas de obter

o conhecimento sobre o TDAH (palestras, cursos, orientações, livros, sites etc) é

possível identificar os sintomas do TDAH e sugerir que o responsável por esta

criança procure ajuda de um especialista a fim de encontrar um tratamento eficaz

para diminuir os impactos causados por este transtorno.

Por ser um assunto complexo, no próximo capítulo, será descrito o que é

TDAH, seus sintomas, seu diagnóstico e o tratamento mais adequado para auxiliar

crianças/adolescentes seja em casa ou na escola, pois são os lugares que

apresentam grandes dificuldades devido aos seus “maus-comportamentos”. E a não

identificação correta e precoce tende a agravar e até desenvolver comorbidades

(transtornos associados ao TDAH). Mesmo com os avanços em pesquisas cientificas

ainda persistem preconceitos e mitos acerca do transtorno.

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Capítulo II

Caracterizando o TDAH

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos assuntos

mais pesquisados e estudados pela comunidade médica, mas pouco conhecido por

pais e educadores. Sendo um problema comportamental de maior incidência na

infância e na adolescência traz prejuízos significativos na vida de seus portadores.

Volto a dizer que a informação é uma excelente ferramenta para combater a

ignorância, o preconceito e as terminologias que essas crianças e adolescentes

sofrem diariamente e ajudar às famílias e professores a lidarem com este transtorno.

2.1 – O que é o TDAH?

O TDAH, segundo o DSM-IV-TR, é um padrão persistente de desatenção e /

ou hiperatividade mais frequente e severo observado em indivíduos da mesma faixa-

etária de desenvolvimento. Os sintomas devem estar presentes antes dos sete anos

de idade e em pelo menos dois ambientes diferentes (por exemplo: em casa e na

escola ou no trabalho) e deve haver uma clara evidência de interferência social e

acadêmica. Sendo de maior impacto na escola, “pesquisas internacionais revelam que o

TDAH está presente em torno de 5 a 10% da população em idade escolar”

(TEIXEIRA, 2011, p. 20).

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno

neurobiológico, de causas genéticas que aparece na infância e persiste na vida

adulta. Caracteriza-se por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Teixeira elenca algumas características de crianças e adolescentes com

TDAH:

Uma criança ou adolescente com TDAH normalmente é desorganizada, comete erros por descuido, apresenta dificuldade para se concentrar e seguir ordens, evita a execução de exercícios ou atividades que exijam muita atenção, é esquecida e se distrai com facilidade. Muitas vezes, parece não escutar quando alguém lhe dirige a palavra, não termina os deveres de casa e perde o material escolar, chaves, dinheiro e brinquedos.

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Essa criança também pode ser agitada e inquieta, não consegue permanecer sentada, abandona a cadeira em sala de aula ou durante o almoço, por exemplo. Está sempre a mil por hora, como se estivesse ligada a 220 volts, fala em demasia e dificilmente brinca quieta; está constantemente gritando. A impulsividade é também outro sintoma marcante do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, o que pode resultar em crianças e adolescentes muito irritados, com baixo limiar de frustração (os chamados “pavio curto”), que se envolvem constantemente em brigas ou atritos com colegas de sala de aula ou com familiares e professores”. (TEIXEIRA, 2011, p. 21).

A criança com TDAH representa um grande desafio para pais e professores

que não sabem lidar com os seus problemas comportamentais. Faz-se necessário

que a informação psicoeducacional e as intervenções adequadas sejam os primeiros

passos para ajudar as famílias e os professores a lidarem com essas crianças.

A criança e o adolescente com o transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade apresentam um comprometimento na atenção e/ou

impulsividade/hiperatividade, por isso, precisam de um ambiente estruturado e com

regras claras.

É um transtorno que engloba prejuízos no sistema de gerenciamento do

cérebro, as funções executivas. Estas nos permitem agir voluntariamente com um

objetivo: focalizar, guiar e gerenciar. A criança e o adolescente com TDAH têm

grandes dificuldade em completar, não por falta de conteúdo, mas por incapacidade

de manter o foco. Entretanto, por estar relacionado à escola “é, muitas vezes, o

responsável pelo baixo rendimento escolar, que ocasiona repetência e problemas

sérios de aprendizagem” (PORTO, 2011, p. 70).

O TDAH é a causa mais comum de encaminhamento de crianças e

adolescentes para serviços especializados.

Este transtorno não aparece apenas na infância como muitos acreditavam,

mais persiste na adolescência e na fase adulta acarretando dificuldades sociais,

profissionais e afetivas incluindo a depressão e a ansiedade. Devido ao grande

impacto causado pelo TDAH na vida de crianças e adolescentes existe um alto

índice de envolvimento com álcool e drogas e outras consequências como aponta

Mattos (2007, p. 16 e 17):

- Maior frequência de acidente.

- Mais problemas de aprendizado escolar.

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- Maior frequência de reprovações.

- Maior frequência em expulsões.

- Maior frequência de abandono escolar.

- Maior incidência de abuso de álcool e drogas ao final da adolescência.

- Maior incidência de depressão.

- Maior incidência de ansiedade.

O TDAH é crônico, isto significa que a criança diagnosticada com este

transtorno apresentará sintomas e prejuízos por toda vida. Se não tratado

corretamente suas consequências são gravíssimas.

É na escola, antes mesmos que os pais, que professores percebem algo de

errado com essa criança. Seus “maus comportamentos” os impedem de terem um

bom rendimento acadêmico acarretando uma série de problemas como abandono

escolar, notas baixas, reprovação etc.

2.2 – Tipos do TDAH

O TDAH é caracterizado por dois grupos:

• Desatenção

• Hiperatividade/Impulsividade

Existem três tipos do TDAH:

• Tipo predominantemente desatento: forma mais comum na população em geral,

principalmente nas meninas. Elevadas taxas de prejuízo acadêmico

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• Tipo predominantemente hiperativo/impulsivo: altas taxas de rejeição e de

impopularidade frente aos colegas.

• Tipo combinado: apresenta maior prejuízo acadêmico. (MATTOS, 2007, p. 22;

24).

2.3 – Etiologia

As causas do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade ainda não são

bem definidas. Entretanto, acredita-se em uma forte herança genética e os fatores

ambientais podem interferir no comportamento. É uma alteração química no cérebro

provocando uma interferência no código genético envolvendo diversas áreas, entre

elas o córtex pré-frontal, responsável pelas funções executivas (planejamento,

organização e controle dos impulsos).

Teixeira aponta quatro fatores principais que causam o TDAH: fatores

genéticos, fatores neuroquímicos, complicações da gravidez/parto e fatores sociais:

Fatores genéticos: Muitas crianças com TDAH têm familiares (pais, tios, avós, irmãos) com o mesmo diagnóstico, pois estou falando de um daqueles problemas que “corre nas famílias”, assim como hipertenção arterial e diabetes. Cerca de um terço das crianças com TDAH possuem pais com o mesmo diagnóstico e apresentam entre duas e três vezes mais chances de terem um irmão com o mesmo problema. Assim, filhos de pais hiperativos possuem mais chances de terem o transtorno, assim como irmãos de crianças hiperativas possuem mais chances de apresentarem também o problema. Fatores neuroquímicos: Pesquisas científicas demonstraram que os cérebros de crianças com TDAH funcionam diferentemente dos de crianças sem o problema. As crianças com o transtorno apresentam um desequilíbrio das substâncias químicas que ajudam o cérebro a regular o comportamento. Complicações da gravidez e do parto: Outra descoberta importante das pesquisas internacionais são as correlações do TDAH com alterações ou agressões ao cérebro fetal durante seu desenvolvimento. Basicamente, pode-se dizer que qualquer alteração no cérebro em desenvolvimento poderia predispor comportamentos relacionados com o transtorno no futuro. Portanto, complicações durante a gravidez ou no parto que causem danos ao cérebro do bebê estão hipoteticamente relacionados ao TDAH [...]. Fatores sociais: O estilo de criação parental não causa TDAH, entretanto, alguns estudos científicos suspeitam que crianças criadas em ambientes domésticos caóticos, vítimas de negligência, abandono ou maus tratos poderiam apresentar prejuízos na maturação do sistema nervoso central, interferindo na organização neuronal e na formação desse cérebro em desenvolvimento. Dessa forma, essas alterações cerebrais poderiam levar aos sintomas do TDAH. (TEIXEIRA, 2011, p. 24-27).

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Os estudos com neuroimagem como tomógrafos computadorizados são uma

valiosa ferramenta de pesquisa do TDAH, pois revelam algumas descobertas do

transtorno, como a diminuição do fluxo sanguíneo cerebral e das taxas metabólicas

nas regiões dos lobos frontais. Já os estudos neuropsicológicos são testes aplicados

com crianças e adolescentes com TDAH que sugerem alterações no córtex pré-

frontal e de estruturas subcorticais do cérebro.

2.4 – Diagnosticando o TDAH

Comumente crianças e adolescentes têm sido “diagnosticados” erroneamente

com o TDAH por ser um termo corriqueiramente utilizado pela população em geral.

Esses “diagnósticos” são feitos para tentar “explicar” os problemas comportamentais

apresentados por essas crianças e adolescentes no contexto escolar e em casa, não

podendo esquecer que o TDAH é um problema de saúde mental persistente que não

diagnosticado e tratado corretamente apresentam uma série de prejuízos no

decorrer dos anos.

É importante ressaltar que exames laboratoriais (exame de

eletroencefalograma, tomografia computadorizada, ressonância magnética,

dosagens sanguíneas de serotonina ou noradrenalina) ou escalas padronizadas não

fazem o diagnóstico do TDAH, pois seu diagnóstico é essencialmente clínico dividido

em cinco etapas: avaliação com pais ou responsáveis, avaliação da escola,

avaliações complementares, aplicação complementar de escalas padronizadas para

o TDAH e avaliação da criança/adolescente.

Etapa I – Avaliação com pais ou responsáveis - É uma entrevista realizada com os

pais da criança, sem a presença da mesma, onde abrange toda a sua história desde

a gestação até o presente momento. Procurando identificar possíveis problemas em

seu desenvolvimento.

Etapa II – Avaliação da escola – Será solicitada ao professor o máximo de

informações sobre esta criança. Recomenda-se uma avaliação escrita e dissertativa.

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Etapa III – Avaliações complementares – Esta avaliação complementar abrange

outros profissionais que tenham contado com a criança, exemplo: professor de

natação, professor particular, psicólogos, psicopedagogos entre outros.

Etapa IV – Aplicação complementar de escalas padronizadas para o TDAH –

Conforme foi descrito anteriormente, essas escalas são apenas ferramentas para

investigação do TDAH recomendado pela Academia Americana de Psiquiatria da

Infância e Adolescência, Associação Psiquiátrica Americana e a Organização

Mundial de Saúde. Os sintomas são divididos em dois grupos: sintomas de

desatenção e sintomas de hiperatividade/impulsividade. Os sintomas a seguir fazem

parte do questionário SNAP IV3 que foi constituído a partir dos sintomas do Manual

Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – IV) em sua quarta edição:

- Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros por descuido nos

trabalhos da escola ou tarefas.

- Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de lazer.

- Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele

- Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola, tarefas ou

obrigações.

- Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.

- Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que exigem esforço

mental prolongado.

- Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres da escola,

lápis ou livros).

- Distrai-se com estímulos externos.

3 Vide em anexo.

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- É esquecido em atividades do dia-a-dia.

- Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

- Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se espera que fique

sentado.

- Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em situações em que isto

é inapropriado.

- Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer de forma calma.

- Não para ou frequentemente está a “mil por hora”.

- Fala em excesso.

- Responde as perguntas de forma precipitada antes de elas terem sido terminadas.

- Tem dificuldade de esperar sua vez.

- Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas conversas / jogos).

Etapa V – Avaliação da criança/adolescente – É a etapa final para a avaliação e

fechamento do diagnóstico com o objetivo de investigar outros possíveis transtornos

mentais, inclusive o TDAH, que possam estar interferindo no seu desenvolvimento.

(TEIXEIRA, 2011, p. 45 - 52).

2.4.1 – Critérios Diagnósticos: sintomas

Os sintomas listados a seguir estão descritos no DSM-IV-TR (Manual

Diagnóstico e Estatístico, 4ª edição), um manual preparado pela Associação

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Psiquiátrica Americana que lista todas as enfermidades de ordem mental. É um

padrão a ser usados por todos os médicos na hora de fechar o diagnóstico.

Para que haja o diagnóstico é necessário que a criança ou o adolescente

apresente seis dos sintomas descritos nos itens abaixo, durante pelo menos seis

meses, antes dos sete anos.

1 – Sintomas de Desatenção:

- frequentemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido

em atividades escolares, de trabalho ou outras.

- com frequência tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades

lúdicas.

- com frequência parece não escutar quando lhe dirigem a palavra.

- com frequência não segue instruções e não termina seus deveres escolares,

tarefas domésticas ou deveres profissionais.

- com frequência tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.

- com frequência evita, antipatiza ou reluta a envolver-se em tarefas que exijam

esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa).

- com frequência perde coisas necessárias para tarefas ou atividades (por exemplo,

brinquedos, tarefas escolares, lápis, livros ou outros materiais).

- é facilmente distraído por estímulos alheios às tarefas.

- com frequência apresenta esquecimento em atividades diárias.

2 – Sintomas de Hiperatividade:

- frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

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- frequentemente abandona sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas

quais se espera que permaneça sentado.

- frequentemente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isto é

inapropriado (em adolescentes e adultos, pode estar limitado a sensações subjetivas

de inquietação).

- com frequência tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em

atividades de lazer.

- está frequentemente “a mil” ou muitas vezes age como se estivesse “a todo vapor”.

- frequentemente fala em demasia.

3 – Sintomas de Impulsividade:

- frequentemente dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido

completadas.

- com frequência tem dificuldade para aguardar sua vez.

- frequentemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por exemplo,

intromete-se em conversas ou brincadeiras).

2.5 – TDAH e Comorbidades

Frequentemente o TDAH apresenta um alto grau de comorbidades, isto é, a

presença de outros transtornos associados. As comorbidades mais frequentes são:

Transtornos Disruptivos (transtorno de conduta, transtorno desafiador opositivo),

Transtornos Ansiosos, Transtorno de Aprendizagem, Drogas (álcool e drogas),

Transtorno de Humor (depressão infantil e transtorno bipolar).

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Em decorrência aos transtornos associados, é imprescindível um diagnóstico

correto e adequado. Ou seja, a identificação precoce do problema, seguida de

tratamento adequado, tem demonstrado que essas crianças podem vencer os

obstáculos. Evitando assim que a criança com o transtorno do déficit de

atenção/hiperatividade sofra maiores consequências em sua vida acadêmica, social

e familiar. A sua identificação é um fator importante que afeta tanto o prognóstico

quanto o tratamento terapêutico. Essa identificação proporcionará um

desenvolvimento de técnicas de intervenção para o tratamento do TDAH.

A seguir, como exemplo, de acordo com o DSM-IV-TR (2002), Teixeira (2011)

e Mattos (2007), serão descritos os transtornos comportamentais mais graves

associados ao TDAH.

Transtorno Desafiador Opositivo (TOD)

Caracteriza-se por um padrão recorrente de comportamento negativista,

desafiador, desobediente e hostil para com figuras de autoridade (pais, tios, avós,

professores, coordenadores). Associado ao TDAH, os sintomas de impulsividade se

tornam mais graves, seu comportamento é mais agressivo e apresentam mais

dificuldades nos estudos.

Transtorno Desafiador Opositivo na escola

• Desafia a autoridade de professores e coordenadores.

• Não aceita ordens.

• Não realiza os deveres escolares.

• Discute com professores e colegas.

• Recusa-se a trabalhar em grupo.

• Não aceita crítica.

• Deseja tudo a seu modo.

• É o “pavio curto” ou o “esquentado” da turma.

• Perturba outros alunos.

• Responsabiliza os outros por seu comportamento hostil.

Transtorno de Conduta (TC)

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É um transtorno grave na infância e na adolescência. Apresenta um padrão

repetitivo e persistente de um comportamento no qual são violados os direitos

básicos dos outros ou normais sociais. São cruéis com pessoas e animais. Não

apresentam sentimento de culpa ou remorso por seus atos.

Transtorno de Conduta na escola

• Desempenho escolar fraco.

• Agressividade e ameaças contra professores e alunos.

• Mentiras.

• Brigas corporais.

• Hostilidade com colegas de turma.

• Faltas escolares.

• Destruição de carteiras.

• Roubo de material escolar.

• Consumo de álcool e outras drogas.

Quando apresentados precisam ser tratados simultaneamente, “pois a sua

presença modificará o tratamento, assim como a escolha da medicação mais

adequada, o encaminhamento para terapias específicas” (MATTOS, 2007, p.37).

2.6 – Tratamento do TDAH

O tratamento do TDAH envolve várias intervenções importantíssimas para o

sucesso terapêutico: o medicamentoso, orientação aos pais, psicoterapia,

informação psicoeducacional, orientação à escola e técnicas comportamentais.

Embora haja muita polêmica no que diz respeito ao tratamento com

medicamentos um grande estudo realizado nos Estados Unidos, denominado MTA,

esclarece essa dúvida como diz Teixeira:

“O estudo MTA (The Multimodal Treament Study of Children with ADHD) ou Estudo Multimodal de Tratamento de Crianças com TDAH foi uma pesquisa realizada em seis centros de pesquisa e envolveu inicialmente 579 crianças escolhidas aleatoriamente em quatro braços de pesquisas. O objetivo do estudo era determinar qual seria a melhor estratégia de tratamento. Um grupo de crianças receberia apenas o medicamento estimulante como forma de tratamento. Um segundo grupo receberia apenas o

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acompanhamento psicoterapêutico comportamental. Um terceiro grupo receberia medicamento e acompanhamento psicoterapêutico comportamental e o quarto grupo receberia o chamado tratamento comunitário. Os primeiros resultados publicados há dez anos revelam que todas as crianças apresentam alguma melhora nos sintomas, entretanto, o tratamento medicamentoso se mostrou mais eficaz quando comparado às outras opções terapêuticas.” (TEIXEIRA, 2011, p. 66).

Sendo assim, o tratamento medicamentoso comprova a sua eficácia para os

portadores de TDAH. Deve haver uma abordagem multidisciplinar envolvendo o

tratamento medicamentoso, psicoeducacional e psicoterápico.

O medicamento mais utilizado no tratamento do TDAH são os estimulantes, o

metilfenidato4, que agem diretamente no cérebro aumentando a concentração de

dopamina e noradrenalina, também chamadas de neurotransmissores, que

aumentam a ação estimulatória do córtex pré-frontal responsável pelas funções

executivas. Os efeitos colaterais são a falta de apetite e a insônia.

Existem outras opções de medicamentos o Atomoxetina, os Antidepressivos (

Pamelor, Wellbutrin, Efexor), Clonidina (Atensina) e Modafinil.

A seguir, serão abordados todos os medicamentos utilizados no tratamento

farmacológico do TDAH, como descreve MATTOS (2007, p. 179): Metilfenidato

(ação curta – Ritalina), Metilfenidato (ação prolongada - Ritalina LA, Concerta),

Atomoxetina (Strattera), Imipramina (antidepressivo – Tofranil), Nortriptilina

(antidepressivo – Pamelor) e Clonidina (medicamento anti-hipertensivo – Atensina).

Além do tratamento medicamentoso os portadores do transtorno do déficit de

atenção/hiperatividade poderá utilizar-se de outras técnicas de tratamento para

minimizar o sofrimento causado por este transtorno.

A terapia cognitivo-comportamental lança mão de várias técnicas terapêuticas

que tem como objetivo melhorar o funcionamento das funções executivas,

trabalhando a concentração, o relacionamento social e estabelecer algumas

estratégias de soluções de problemas.

Com as diversidades de tratamentos a criança e o adolescente poderá ter

uma melhora em seu desenvolvimento acadêmico, social e familiar.

A escola precisa assegurar que este aluno esteja em tratamento para facilitar

o processo de ensino-aprendizagem deste aprendente evitando assim o fracasso

escolar e o uso abusivo de drogas ilícitas.

4 O metilfenidato é comercializado sob deferentes apresentações, a de curta duração (Ritalina) e as de liberação prolongada (Concerta e Ritalina LA).

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Capítulo III

TDAH nas escolas: compreender para incluir

Compreender os impactos causados pelo TDAH na vida de uma criança ou

adolescentes em idade escolar é de suma importância, pois evitará que prejuízos

maiores acarretem seus portadores.

Todos os educadores precisam saber diferenciar a criança “mal-educada”,

“preguiçosa”, “bagunceira” da criança que sofre com o TDAH para desenvolver

novas práticas educativas minimizando seu mau desempenho escolar, causado pelo

TDAH, promovendo assim uma inclusão (a escola faz suas devidas adaptações para

receber o aluno com necessidades especiais) e não uma integração (onde o aluno

tem que se adaptar a escola).

A Educação Especial tem por finalidade garantir a escolarização dos alunos

com necessidades educacionais especiais, através da inclusão no ensino regular.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/96 em seu

artigo 58, Capítulo V) define a Educação Especial:

como modalidade escolar para educandos portadores de necessidades especiais preferencialmente, na rede regular de ensino deverão assegurar, entre outras coisas, professores especializados ou devidamente capacitados para atuar com qualquer pessoa especial em sala de aula. Admite também que, nos casos em que necessidades especiais do aluno impeçam que se desenvolva satisfatoriamente nas classes existentes, este teria o direito a ser educado em classe ou serviço especializado.

Com a falta de preparo dos profissionais, o ambiente escolar acaba se

tornando uma forma de exclusão por não atender as necessidades específicas de

cada aluno, e procurando assim em ajudá-los a superar suas limitações e

desenvolver a sua autonomia. Através da reflexão crítica destas práticas ocorridas

em sala de aula, os professores devem ser conscientizados sobre a importância da

diversidade no contexto escolar e procurar recursos para auxiliá-lo no ensino.

É na escola que se aprende a conviver com a diversidade, proporcionando

assim um aprendizado entre alunos e professores.

Com esse despreparo o ambiente escolar acaba se tornando um sistema

excludente e essas práticas de exclusão precisam ser analisadas pelos educadores

para que possam intervir no cotidiano escolar, criando assim práticas inclusivas, ou

seja, desenvolver formas criativas para auxiliar o aluno com necessidades especiais,

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proporcionando neles a autonomia e a superação fora da sala de aula. O aluno com

necessidade educacional especial não pode ser visto como pessoas inúteis ou

incapazes de aprender, e sim precisam ser adaptados à estrutura e aos parâmetros

educacionais da escola. Para que ocorra a inclusão é necessária uma reflexão

crítica sobre as práticas existentes no ambiente escolar, com isso, gestores,

funcionários, professores e pais precisam ser conscientizados para a importância

desse processo de inclusão, que é garantido por lei. A escola precisa fazer

adaptações curriculares, físicas e pedagógicas para um pleno desenvolvimento do

aluno.

Durante muitos anos as pessoas que nasciam fora dos padrões da sociedade

eram afastadas do convívio social, pois sua diferença era vista como maldição,

destino, marca do demônio e todo tipo de crendice (MITTLER, 2000).

Fazendo uma trajetória dos períodos da história mundial, desde a Antiguidade

até aos dias atuais, percebemos como a pessoa portadora de necessidades

especiais era excluída do convívio em sociedade por não se enquadrar nos padrões

normativos da sociedade. Submetida ao abandono, dependendo de caridades e

deturpando sua identidade, não podendo também gozar da cidadania, que implicam

direitos e deveres a serem cumpridas na sociedade, essas pessoas eram privadas

de terem uma Educação de qualidade.

A proposta de inclusão existe, mas os professores não estão sendo

preparados para desenvolver tal tarefa. Embora sendo um tema em discussão, em

nada tem mudado ou acrescentado para que ocorra de fato a inclusão educacional.

A Educação como direito de todos, estabelecida pela Constituição Federal

(1988), art. 205, afirma que “A Educação é direito de todos”, foi reafirmada pela Lei

de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), Lei nº 9.394/96, em seu art.

58, define que “o ensino do aluno portador de necessidades educacionais especiais

deve ser oferecido no sistema regular de ensino”, surgindo à proposta de inclusão,

que dá o direito do aluno com necessidades especiais a estudar em uma escola

regular de ensino junto com crianças “ditas normais”, proporcionando uma educação

de qualidade e igualitária modificando o ambiente escolar para a valorização da

diversidade e enriquecimento de todos que fazem parte da escola, ou seja,

funcionários, professores, pais e gestores.

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3.1 – Aprendizagem X TDAH

A criança ou o adolescente com o transtorno de déficit de

atenção/hiperatividade (TDAH) apresenta uma alteração nas funções executivas. As

funções executivas são responsáveis pelo planejamento e execução de atividades.

Essas funções executivas são desenvolvidas principalmente nos primeiros anos de

vida e quando há falhas dessas funções, frequentemente aparecerão problemas

envolvendo planejamento, organização, manejo do tempo, memória e controle das

emoções. (TEIXEIRA, 2011, p.76). O córtex pré-frontal é o principal responsável pelas funções executivas, às

crianças/adolescentes diagnosticados com TDAH comumente apresentam

dificuldades nesta região.

O mau funcionamento das funções executivas causam prejuízos nas

seguintes habilidades:

- Planejamento: Habilidade de criar um caminho para atingir uma meta ou completar

uma tarefa.

- Organização: Habilidade de criar uma estratégia para facilitar a execução de uma

atividade.

- Manejo do tempo: capacidade de estimar quanto tempo ainda tenho para

execução de uma atividade.

- Memória de Trabalho: Habilidade de manter informações na mente, enquanto

executa tarefas. Utilizar aprendizagens do passado para aplicar na situação atual ou

criar estratégias de solução de problemas para o futuro.

- Metacognição: Habilidade de se observar, identificar como você resolve um

problema. Pergunto a mim mesmo: “Como estou indo?” ou “Como eu fiz esse

exercício?” (TEIXEIRA, 2011, p. 76 e 77).

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Precisamos destas habilidades para atingir uma meta, um objetivo. Em contra

partida precisamos de outras habilidades para atingir esta meta e adquirir novos

comportamentos que são:

- Resposta inibitória: Capacidade de pensar antes de agir. Essa habilidade de

resistir em dizer ou fazer alguma coisa nos dá tempo para avaliar uma situação e

decidir se algo deve ou não ser dito ou feito.

- Autorregulação do afeto: Habilidade de regular as emoções para completar

tarefas, atingir objetivos e controlar o comportamento.

- Iniciação de tarefas: Habilidade de começar uma tarefa, sem procrastinar5.

- Flexibilidade: Habilidade de revisar os planos, na presença de obstáculos, erros

ou novas informações. Trata-se da capacidade de adaptar-se a condições adversas.

(TEIXEIRA, 2011, p.78).

O professor deve assegurar que esta criança/adolescente esteja fazendo o

tratamento para facilitar que a sua aprendizagem ocorra de maneira satisfatória.

Deve estar atento aos sintomas para que não se agrave o transtorno na vida

acadêmica desta criança/adolescente já que a criança com o tipo

predominantemente desatenta muitas das vezes passa despercebido, pois esta

criança não “perturba” o ambiente e não evidencia que precisa de um cuidado maior.

Seu rendimento acadêmico é insatisfatório já que o processo de aprendizagem

necessita da atenção para processar as informações e sua compreensão. Exemplos:

• Faz atividades na página diferente pelo professor;

• Pula questões;

• Ao fazer cálculos, não percebe o sinal indicativo das operações;

• Está mais preocupado com a hora do recreio e situações de lazer;

• Desenha no caderno e não percebe que estão falando com ele;

• Inicia-se uma resposta, palavra ou frase deixando-a incompleta;

5 Deixar para fazer algo mais tarde.

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• Perde frequentemente o material;

• Não traz as tarefas e trabalhos a serem entregues no dia;

• Envolve-se nas conversas paralelas dos colegas;

• Parece estar no “mundo da lua”;

• Desiste da leitura de um texto ou tarefa só pelo seu tamanho.

Já na forma predominantemente hiperativo/impulsivo o aluno evidencia mais

os seus comportamentos, mas devemos tomar cuidado na hora de fazer os

encaminhamentos devidos. Por ser uma das formas mais graves do TDAH o

professor precisa estar atento nos sintomas e fazer as intervenções adequadas para

que não haja uma evasão escolar destes alunos e o seu envolvimento com drogas

para tentar aliviar suas angustias causados pelo TDAH. Exemplos na escola:

• Pega todos os objetos próximos a si;

• Batuca na mesa durante a aula;

• Solicita inúmeras vezes ir ao banheiro ou beber água;

• Tem sempre algo a buscar na mesa do colega;

• Referem que não conseguem parar de pensar ou ficar parado;

• Não fala, grita;

• No jogo fala o tempo todo;

• Não anda, corre;

• Esbarra frequentemente nos objetos na sala;

• Responde antes de terminar a pergunta;

• Não consegue finalizar suas tarefas;

• Não obedece a filas;

• Interrompe o professor no meio da explicação.

Exemplos retirados da cartilha Uma conversa com Educadores

desenvolvida pela Novartis Biociência e cedida para uso da ABDA (Associação

Brasileira de Déficit de Atenção) p. 14-16. Esses exemplos são de acordo com os

sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade descritos no DSM – IV.

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3.2 – O papel do professor

Como um dos maiores impactos do TDAH é na escola o papel do professor é

importantíssimo, pois é ele que tem o privilégio de conviver com este aluno em

diversas situações do cotidiano escolar, tais como atividades em grupo, individual,

ao ar livre (quadra de esportes) e durante a interação com adultos e com seus

pares. Devido a sua experiência possibilita a distinção de comportamentos próprios

da idade e os comportamentos atípicos.

Cabe ao professor instrumentalizar-se sobre o assunto para desenvolver

métodos de ensino para adaptação do aluno na sala de aula, pois a criança

diagnosticada com TDAH tem um alto índice de evasão e fracasso escolar do que as

demais, ou seja, o professor “tem que ser capaz de modificar as estratégias de

ensino, de modo a adequá-las ao estilo de aprendizagem e às necessidades da

criança” (MATTOS, 2007, p.110). Portanto, cada criança é única, cada uma tem seu

tempo para aprender.

Quando o professor recebe um aluno, que foge de todos os padrões

estimados para aquela faixa etária, em sala de aula não sabe como lidar com esta

questão e se pergunta: Tenho um aluno “diferente” o que fazer? ou “Por onde

começar?”. São questionamentos típicos de um professor que não foi preparado

para desenvolver tal tarefa, já que em sua formação profissional não houve esse

preparado para a realidade no ambiente escolar, abro um parêntese, diga-se de

passagem, que o sonho de consumo de qualquer professor é aquele aluno

comportado, que presta atenção na explicação, faz as atividades com autonomia e

que aprende satisfatoriamente e assim o poupa de fazer novas pesquisas e sair do

comodismo.

Assim inicia-se um processo de exclusão passando despercebido um

problema grave de comportamento, denominado TDAH.

Através da informação acerca do assunto (TDAH) o professor será um

mediador do processo de ensino-aprendizagem, ou seja, entre o aprendente e o

objeto do conhecimento. Sendo um mediador “é imprescindível que o educador seja

alguém capaz de não apenas transmitir conhecimento, mas também de construir

com a criança este conhecimento” (SAMPAIO, 2011, p. 61).

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O papel do educador não é diagnosticar e sim colaborar na identificação e

organização dos processos de ensino (estratégias) a favorecer ao máximo a

aprendizagem.

Muitos professores enfrentam obstáculos para tentar transmitir um ensino de

qualidade, sejam eles por falta de um salário digno, por falta de apoio pedagógico e

de uma escola desestruturadas como afirma Weiss:

“Professores em escolas desestruturadas, sem apoio material e pedagógico, desqualificados pela sociedade, pelas famílias, pelos alunos não podem ocupar bem o lugar de quem ensina tornando o conhecimento desejável pelo aluno. É preciso que o professor competente e valorizado encontre o prazer de ensinar para que possibilite o nascimento do prazer de aprender. A má qualidade do ensino provoca um desestímulo na busca do conhecimento”. (2003, p. 18)

O professor deve analisar criticamente sua práxis em sala de aula buscando

cada dia seu aperfeiçoamento profissional, através da formação continuada,

desenvolvendo métodos que facilitem a aprendizagem significativa que traga sentido

para a vida do aluno, sabendo que aprendemos quando temos interesse pelo objeto

do conhecimento.

3.3 – Intervenção Psicopedagógica: o papel do psicopedagogo

Ao refletir um pouco sobre aprendizagem, podemos dizer que, desde o

momento em que nascemos iniciamos o processo de aprendizagem. A

aprendizagem humana ocorre através de estímulos recebidos do ambiente sobre o

indivíduo, onde diante de uma situação/problema se expressa uma mudança de

comportamento. Enquanto transforma a realidade a sua volta, ele constrói a si

mesmo, interagindo com o meio e determinando suas ações.

Tendo em vista que todo indivíduo faz parte de uma organização social, traz

consigo uma “bagagem” própria, ou seja, ele é constituído de saberes adquiridos ao

longo de sua vida. Ao entrar no ambiente escolar, depara-se com o choque da

realidade: a escola não está preparada para receber essa nova realidade de

educando.

O psicopedagogo é o profissional indicado para fazer esta ponte entre

educando - ambiente escolar - aprendizagens significativas. Assessorando e

esclarecendo junto à escola a respeito de diversos aspectos do processo de ensino-

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aprendizagem. Seu papel é analisar os fatores que favorecem ou prejudicam uma

boa aprendizagem. Propor e auxiliar no desenvolvimento de métodos de

intervenção, visando evitar os processos que conduzem os problemas de

aprendizagem e de comportamento.

A psicopedagogia é uma nova área de atuação profissional, que tem por

objeto de estudo a aprendizagem humana, englobando vários campos de

conhecimento. Surge com o intuito de atender aos eventuais problemas enfrentados

no processo de ensino e aprendizagem.

Como um dos maiores impactos das dificuldades de aprendizagem e

comportamentais apresenta-se no contexto escolar, é de suma importância à

atuação do psicopedagogo frente a essas novas demandas apresentadas na escola.

O papel da escola não é rotular essas crianças que apresentam alguns

problemas em seu comportamento e sim esgotar todos os seus recursos possíveis

para melhorar o desempenho do aprendente.

O profissional de psicopedagogia precisa desenvolver um olhar para enxergar

o potencial de cada educando em prol de aprendizagens significativas e efetivas, ou

seja, o psicopedagogo não trabalha com a falta e sim com o potencial que cada

aprendente traz consigo mesmo.

A ação psicopedagógica no ambiente escolar consiste no fato de que existe

um objetivo a ser alcançado: minimizar os impactos causados pelo TDAH.

3.3.1 – Intervenção: estratégias para os professores

A Psicopedagogia surge de uma grande demanda enfrentada hoje no sistema

educacional – os problemas de aprendizagem. O grande objetivo da psicopedagogia

é a aprendizagem humana é compreender como o sujeito aprende e como se dá

este processo. O psicopedagogo não trabalha com a falta e sim com a

potencialidade do aprendente, ou seja, não é o que falta nele e sim o que ele

aprendeu ao longo de sua vida em suas interações com o meio – suas próprias

aprendizagens adquiridas.

Sua contribuição é de extrema relevância, pois facilitará este processo de

ensino e aprendizagem atuando de forma preventiva e terapêutica. A

psicopedagogia lança mão de instrumentos próprios da profissão que facilitarão uma

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intervenção efetiva na qual investigará o que está impedindo este aprendente de

aprender e desenvolver técnicas que irão contribuir para uma aprendizagem

significativa. O olhar do psicopedagogo contribui para identificar, intervir e prevenir

os problemas que interferem a aprendizagem e encaminhar para outros profissionais

caso seja necessário.

Sendo o professor peça fundamental neste contexto de ensino e

aprendizagem, Teixeira (2011, p. 94 – 102) aborda várias dicas para facilitar a

aprendizagem da criança com TDAH, citarei apena alguns.

• Estabeleça rotinas: Mantenha a sala de aula organizada e estruturada.

• Crie as regras da sala de aula: Regras claras e simples ajudam na

manutenção da disciplina em sala de aula.

• Agenda escola-casa: Trata-se de uma estratégia comumente utilizada pelos

professores. Através dela, informações importantes poderão ser trocadas sobre

o comportamento do aluno em sala de aula, no recreio, execução dos deveres

de casa e atividades.

• Sentar na frente na sala de aula: Será mais fácil monitorar e ajudar o

estudante com dificuldade nos estudos e com um comportamento desatento ou

hiperativo sentando-se na frente na sala de aula, próximo ao professor e ao

quadro.

• Matérias mais difíceis no inicio da aula: Não apenas os portadores de TDAH,

mas todos os estudantes estão mais descansados e mais aptos à aprendizagem

no início do horário letivo.

• Pausas regulares: Todos nós possuímos uma determinada capacidade para

permanecermos atentos. Isso significa que após um determinado tempo nossa

capacidade atencional diminui muito, assim como nosso desempenho.

• Ensine técnicas de organização e estudos: O professor pode exercer um

papel importante no estabelecimento de técnicas de organização para favorecer

o estudo em casa.

• “Tempo extra” para responder às perguntas: Permitir um tempo extra para

responder às perguntas propostas durante a aula ou durante a prova pode e

deve ser realizado.

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• Questione sobre dúvidas em sala de aula: Isso ajudará na assimilação de

conceitos e favorecerá a atenção do aluno.

• Estimule e elogie: Elogiando e estimulando seu esforço, o aluno se sentirá

valorizado, sua autoestima será protegida e teremos grandes chances de

observar um crescimento acadêmico. Faça cartazes para serem colocados no

mural de recados com regras do bom comportamento, recompensas por bom

comportamento e consequências pelo desrespeito às regras.

• Premie o bom comportamento em sala de aula: Também chamado de reforço

positivo. Esta estratégia visa a estimular que comportamentos assertivos sejam

potencializados e o interesse pelos estudos aumente.

• Dividir trabalhos por partes: Dividir em várias etapas pode ser uma grande

estratégia para facilitar a resolução e a conclusão, tornando o trabalho menos

exaustivo.

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Conclusão

O Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade é um dos transtornos

comportamentais de maior incidência na infância persistindo na adolescência e na

fase adulta. Trazendo prejuízos significativos em diversas áreas, tais como o baixo

rendimento escolar, relacionamentos interpessoais e adaptação acadêmica.

Desde o século passado o TDAH recebeu várias nomenclaturas. Em 1902, o

médico pediatra inglês George Still descreveu várias crianças agressivas,

desafiadoras e resistentes à disciplina, na qual apontava um defeito de controle

moral. Outros termos referiam-se ao TDAH para tentar explicar tais comportamentos

apresentados por essas crianças, por exemplo, deficiência moral, cérebro

danificado ou lesionado e lesão cerebral mínima.

Após longos estudos realizados pela comunidade médica perceberam que o

TDAH não era exclusivo na infância, mas persiste na adolescência e na fase adulta.

Atualmente o DSM-IV é um consenso para realização do diagnóstico do TDAH.

Segundo o DSM-IV, o TDAH, é um padrão persistente de desatenção e / ou

hiperatividade mais frequente e severo observado em indivíduos da mesma faixa-

etária de desenvolvimento. Caracterizado pela tríade de sintomas: desatenção,

impulsividade e hiperatividade com forte herdabilidade genética. Seu diagnóstico é

essencialmente clínico passando por várias etapas até a obtenção do diagnóstico. É

importante ressaltar que exames laboratoriais não fazem o diagnóstico do TDAH.

Para que haja o diagnóstico é necessário que a criança apresente os sintomas em

dois diferentes contextos, casa e escola, antes dos sete anos.

O TDAH apresenta um alto índice de transtornos associados, o qual é

denominado de comorbidade, quando presentes devem ser tratados juntamente,

pois pioram o funcionamento da criança com TDAH. Os transtornos associados mais

comuns são: Transtornos Disruptivos (transtorno de conduta, transtorno desafiador

opositivo), Transtornos Ansiosos, Transtorno de Aprendizagem, Drogas (álcool e

drogas), Transtorno de Humor (depressão infantil e transtorno bipolar). É de suma

importância que seu diagnóstico seja feito precocemente, pois evitará que o portador

do TDAH sofra prejuízos significativos em sua vida. O tratamento do TDAH mais

indicado é o medicamentoso, além de outras intervenções como orientação aos

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pais, psicoterapia, informação psicoeducacional, orientação à escola e técnicas

comportamentais.

Como um dos maiores impactos do TDAH é na escola faz-se necessário que

o educador procure recursos necessários à adequação deste educando em sala de

aula, procurando ressaltar suas potencialidades para uma aprendizagem

significativa, portanto seu papel é fundamental neste processo de ensino-

aprendizagem.

O papel do psicopedagogo, através da intervenção, é proporcionar um ensino

eficaz respeitando o modo que o aprendente portador do TDAH aprende, pois cada

um aprende de um jeito e no seu tempo. O psicopedagogo atuará junto ao professor

assessorando e esclarecendo dúvidas de como o professor atuará com este aluno

procurando minimizar os impactos causados pelo TDAH na vida das crianças no

ambiente escolar.

Em suma, o TDAH interfere significadamente no processo de ensino-

aprendizagem afetando seus portadores em seu rendimento escolar e aponta um

grande despreparo dos profissionais de educação.

O TDAH precisa ter mais atenção na área educacional proporcionando uma

formação continuada para os professores e informações psicoeducacionais para

toda comunidade escolar e os responsáveis por estas crianças.

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BIBLIOGRAFIA

CALIMAN, Luciana Vieira. Revista Psicologia: Ciência e Profissão. Notas sobre a História

Oficial do Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade TDAH. Brasília, v.30, n. 1, p.

46-61, 2010.

DSM-IV-TR. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Trad.

Claudia Dornelles, 4ª ed.rev.. Porto Alegre: Artmed, 2002.

MATTOS, Paulo. No mundo da Lua: Perguntas e Respostas sobre Transtorno do

Déficit de Atenção com Hiperatividade em crianças, adolescentes e adultos, 7ª ed.

rev. e atual. São Paulo: Lemos Editorial, 2007.

MEC, Ministério da Educação. Constituição Federal. Artigo 205, 1988.

. Lei e Diretrizes e Bases da Educação Nacional. 1996.

MITLER, Piter. Educação Inclusiva – contextos sociais. Porto Alegre: Artmed, 2000.

Novartis Biociência. Cartilha: Uma conversa com educadores. Cedida para uso da

ABDA.

PORTO, Olivia. Bases da Psicopedagogia: diagnóstico e intervenção nos

problemas de aprendizagem, 5ª ed. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011.

SAMPAIO, Simaia. Dificuldades de Aprendizagem: a psicopedagogia na relação

sujeito, família e escola. Rio de Janeiro: Wak Ed., 2011.

SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Inquietas: entendendo melhor o mundo das pessoas

distraídas, impulsivas e hiperativas. São Paulo: Editora Gente, 2003.

TEIXEIRA, Gustavo. Desatentos e Hiperativos: manual para alunos, pais e

professores. Rio de Janeiro: BestSeller, 2011.

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ANEXO I

Crianças e Adolescentes

O questionário abaixo é denominado SNAP-IV e foi construído a partir dos

sintomas do Manual de Diagnóstico e Estatístico - IV Edição (DSM-IV) da

Associação Americana de Psiquiátrica. Você também pode imprimir e levar para o

professor preencher na escola. Esta é a tradução validada pelo GEDA – Grupo de

Estudos do Déficit de Atenção da UFRJ e pelo Serviço de Psiquiatria da Infância e

Adolescência da UFRGS.

IMPORTANTE: Lembre-se que o diagnóstico definitivo só pode ser fornecido por um

profissional.

Para cada item, escolha a coluna que melhor descreve o (a) aluno (a) (MARQUE UM

X):

1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou comete erros

por descuido nos trabalhos da escola ou tarefas.

2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas ou atividades de

lazer.

3. Parece não estar ouvindo quando se fala diretamente com ele

4. Não segue instruções até o fim e não termina deveres de escola,

tarefas ou obrigações.

5. Tem dificuldade para organizar tarefas e atividades.

6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade em tarefas que

exigem esforço mental prolongado.

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7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex: brinquedos, deveres

da escola, lápis ou livros).

8. Distrai-se com estímulos externos.

9. É esquecido em atividades do dia-a-dia.

10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira.

11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras situações em que se

espera que fique sentado.

12. Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas em

situações em que isto é inapropriado.

13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em atividades de lazer

de forma calma.

14. Não para ou frequentemente está a “mil por hora”.

15. Fala em excesso.

16. Responde as perguntas de forma precipitada antes de elas terem

sido terminadas.

17. Tem dificuldade de esperar sua vez.

18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-se nas

conversas / jogos).

Como avaliar:

1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a

9 = existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou

adolescente.

2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10

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a 18 = existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado

numa criança ou adolescente.

O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A)

para se fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério

A! Veja abaixo os demais critérios.

CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)

CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de

idade.

CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2

contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).

CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta

dos sintomas.

CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental,

psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

Fonte: http://www.tdah.org.br/br/sobre-tdah/diagnostico-criancas.html. Acesso em 15/12/2011.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTO 03

DEDICATÓRIA 04

RESUMO 05

METODOLOGIA 06

SUMÁRIO 07

INTRODUÇÃO 09

CAPÍTULO I - TDAH ao longo do tempo 11

1.1 - Breve Histórico 11

1.2 - Encefalite Letárgica na história do TDAH 15

1.3 - Existe mesmo o TDAH? 15

CAPÍTULO II - Caracterizando o TDAH 17

2.1 - O que é o TDAH? 17

2.2 - Tipos do TDAH 19

2.3 – Etiologia 20

2.4 - Diagnosticando o TDAH 21

2.4.1 - Critérios Diagnósticos: sintomas 23

2.5 - TDAH e Comorbidades 25

2.6 - Tratamentos do TDAH 27

CAPÍTULO III - O TDAH na escola: compreender para incluir 29

3.1 - Aprendizagens X TDAH 31

3.2 - O papel do professor 34

3.3 - Intervenção psicopedagógica: o papel do psicopedagogo 35

3.3.1 - Intervenção: estratégias para o professor 36

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA 41

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ANEXOS I 42

ÍNDICE 45

FOLHA DE APROVAÇÃO 47

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade nas escolas:

abordagem, diagnóstico e intervenção.

Autor: Bruna Silva de Jesus Cordeiro

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito:

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