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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA DIRETOR DE UNIDADE ESCOLAR: UM ADMINISTRADOR PÚBLICO OU UM GESTOR PÚBLICO Por: JUCIEDA RODRIGUES DOS SANTOS RAMOS Orientadora Profa. Ma. Flávia Martins de Carvalho Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIRETOR DE UNIDADE ESCOLAR: UM ADMINISTRADOR

PÚBLICO OU UM GESTOR PÚBLICO

Por: JUCIEDA RODRIGUES DOS SANTOS RAMOS

Orientadora

Profa. Ma. Flávia Martins de Carvalho

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIRETOR DE UNIDADE ESCOLAR: UM ADMINISTRADOR PÚBLICO OU UM

GESTOR PÚBLICO

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão Pública

Por: Jucieda Rodrigues dos Santos Ramos

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AGRADECIMENTOS

....a Deus que todos os dias ilumina

meus caminhos e ao meu esposo,

amigo e amor Luís Carlos Ramos

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DEDICATÓRIA

.....dedico esse trabalho aos meus pais

que são a razão da minha existência e ao

meu esposo Luís Carlos Ramos.

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RESUMO

Este trabalho de pesquisa teve como objetivo analisar o verdadeiro

papel do gestor da escola pública, sobre o prisma da gestão pública, refletindo

sobre a real função do Diretor da Unidade Escolar, no qual seria ele um

administrador público ou um gestor público.

Os capítulos apresentam uma abordagem sobre os aspectos da

administração pública sendo ela uma arte e uma ciência, faz uma análise

sobre administração escolar mostrando os pontos primordiais da administração

escolar, aborda a gestão pública através do seu conceito e aspectos e finaliza

apresentando a atuação de um Diretor Escolar ao assumir uma unidade

totalmente destruída em consequência de uma má gestão anterior. Mostrando

desta forma o quanto é importante o papel do gestor como administrador

público e gestor público para o sucesso de seu trabalho.

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METODOLOGIA

Este trabalho baseou-se em dois tipos de levantamentos. No primeiro

de caráter bibliográfico e documental, foram consulta dos estudos e pesquisas

que trataram à temática. O segundo levantamento, envolveu informações

experiências e relatos da prática do Gestor de Unidade escolar do Estado do

Rio de Janeiro, o CIEP 352 Senador Severo Gomes.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - O que é Administração Pública 09

CAPÍTULO II - Administração Escolar – Conceitos e Campo de Ação 16

CAPÍTULO III – Gestão Pública – Conceitos e Objetivos 24

CAP´TULO IV – Gestão da Unidade Escolar na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro 29

CONCLUSÃO 52

ANEXOS 54

BIBLIOGRAFIA CITADA 56

ANEXOS 52

ÍNDICE 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO 58

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho visa analisar o verdadeiro papel do Diretor de

Unidade Escolar, pois seria ele um Administrador Público ou um Gestor

Público?

O capítulo I aborda sobre O que é Administração Pública, que segundo

J. Wilson Granjeiro (2006) a define como arte ou como ciência dependendo do

significado e da ênfase que se possa dar a esses termos, aborda também sua

origem, desenvolvimento e atividades.

O capítulo II apresenta Conceitos e Campos de Ação da Administração

Escolar segundo José do Prado Martins (2010), e os Elementos da

Administração Escolar.

No capítulo III veremos os Conceitos e Objetivos da Gestão Pública,

seus Princípios e Tipos de Especializações.

E para finalizar o capítulo IV relata a experiência de uma Diretora sobre

sua Gestão na Unidade Escolar na Secretaria Estadual de Educação, fazendo

um comparativo entre o antes e o depois, com resultados surpreendentes de

Gestão de Excelência.

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CAPÍTULO I

O QUE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA

Segundo J.Wilson Granjeiro (2006), As ideias associadas à

analise estrutural-funcional e cultural não nos permitem definir público com

precisão, mas ajudam-nos a compreender a significação e as implicações do

termo. Ajudam-nos a compreender por que administração pública tem alguns

aspectos gerais ou genéricos, mas também porque o limite entre público e

privado é marcado em lugares diferentes e com resultados diferentes por que

público nunca tem precisamente o mesmo sentido em dois contextos culturais

diferentes. Ajudam a formar uma ideia dos fatos indubitáveis de similaridade na

dessemelhança e de dessemelhança na similaridade, que caracterizam o

Universo da Administração.

A definição da administração pública como arte ou como ciência

depende do significado e da ênfase que se possa dar a esses termos. A

resposta também é afetada pelo tipo de administração pública a que nos

referimos, o estudo ou a disciplina de um lado, a atividade ou processo de

outro.

A idéia central da administração pública é a ação racional, definida

como ação corretamente calculada para realizar determinados objetivos

desejados. A administração pública, como estudo e como atividade, é

planejada para incrementar a realização dos objetivos; e frequentemente

fundem-se os dois, uma vez, em última análise, o estudo é também uma forma

de ação.

Administração é uma ação humana cooperativa com um alto grau de

racionalidade. A ação humana é cooperativa quando produz efeitos que não

existiria caso a cooperação não se verificasse. A significação de alto grau de

racionalidade reside no fato de que a cooperação humana varia em eficiência

na consecução do objetivo, quer pensemos em termos de objetivos formais,

objetivos dos líderes ou de todos que cooperam na ação.

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As características individuais de um sistema administrativo, vistas pela

perspectiva costumeira dos estudantes de administração, subordinam-se

melhor a dois conceitos, organização e gerência, considerados análogos à

anatomia e fisiologia num sistema biológico. Organização é a estrutura das

inter-relações pessoais, autoritárias, num sistema administrativo. Gerência é a

ação planejada para conseguir-se cooperação racional num sistema

administrativo.

A significação de público pode ser procurada de várias maneiras, cada

uma tendo determinada utilidade. Para alguns fins, por exemplo, a simples

determinação da situação jurídica de um sistema administrativo será suficiente.

Mas visando a certos objetivos importantes, é de um sistema administrativo

será suficiente. Mas visando a certos objetivos importantes, é aconselhável ir

além dos limites da administração pública, estudada convencionalmente e

adotar e instrumentos da sociologia e da antropologia. A análise estrutural:

funcional ajuda a identificar o sentido genérico ou a significação permanente e

a lidar com os diferentes aspectos do público entre as sociedades, e também

com várias relações administrativas dentro de uma sociedade.

1.1 – A Administração como Ciência

De acordo com Edmir Kuazaqui (2006), por muito tempo a

administração foi denominada “a ciência que trata das relações entre recursos

e empresas”. O seu entendimento e a sua aplicação, entretanto, têm sido

diversificados em diferentes segmentos, como o militar, o religioso e o turismo,

entre outros. Em decorrência das grandes transformações, oriundas

principalmente da realidade do mercado aberto, em que as adversidades e

diversidades se tornam comuns, da ciência da administração passamos à arte

de administrar, na qual cada profissional terá de perceber e construir seu

portifólio ideal de conhecimentos, qualidades, habilidades e competências.

A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA tem contribuído sobremaneira

na área empresarial, entendendo que o segmento é constituído

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primordialmente por empresas que produzem e comercializam produtos e

serviços. Contudo, os diferentes conceitos da administração ( e, por

conseguinte, a gestão) podem e devem ser utilizados dentro de diferentes

organizações, sejam elas de nível público por exemplo, exército, hospitais,

prefeituras e similares sejam também de outras formas como a Igreja, as

Instituições de Ensino Superiores (IES) e as organizações n]ao-

governamentais.

O termo administração origina-se do latim ad (direção para, tendência

para) e minister (subordinação) e significa “aqueles que realizam funções sob

comando de outrem”, isto é, que prestam um serviço a outros. No entanto, este

vocabulário sofreu uma transformação no seu significado original.

Atualmente, a administração pode ser definida como um conjunto de

princípios e normas, que têm por objetivo planejar, organizar, dirigir, coordenar

e controlar os esforços de um grupo de indivíduos que se associam para atingir

um resultado comum.

Dessa forma, a administração pode (e deve) assumir diferentes formas

para a conquista e superação de objetivos diversos. E é a partir dessa ótica

que este texto procurará retratar o assunto.

Para muitos, a ciência é explicada e analisada dentro de aspectos

fenomenológicos, teorias e leis que limitam a visão de um todo, cujas

interpretações podem variar de acordo com os diferentes pontos de vista e

experiências individuais e coletivas. Assim, a ciência e, por conseguinte, a

administração sempre foram aplicadas em cima de teorias que visaram, em

muitos casos, ao simples acúmulo de conhecimento e descobertas sem,

talvez, a reflexão direta da importância e inserção do conhecimento dentro de

um contexto maior e de longo prazo

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1.2 – Origem e Desenvolvimento da Administração

Segundo José do Prado Martins (2010), mesmo as sociedades

humanas mais primitivas extinguiram certas formas de administração em face

da necessidade de resolverem-se problemas de interesse comum. A partir da

família, da tribo, da igreja, do exército ou do Estado, e acompanhando o

desenvolvimento da complexidade da sociedade humana através dos tempos,

foram surgindo propostas de administração.

Na Antiguidade, os egípcios apresentam princípios administrativos que

norteiam seus projetos arquitetônicos, enquanto os babilônios elaboram o

Código de Hamurabi, que orientou o povo no princípio de trabalho.

Aristóteles, na Grécia, estabeleceu princípios para o desenvolvimento

de atividades científicas. Em Roma, estabelecem-se princípios de governo

fundamentados no conceito de ordem.

A Igreja Católica Romana estabelece as diretrizes para sua atuação

doutrinária e os princípios da hierarquia.

Quanto ao aspecto econômico, a produção artesanal realizada nas

famílias e que não exigia uma organização mais aprimorada foi cedendo

espaço às indústrias que envolvem pessoas estranhas, que exigem maior

produção e competitividade de mercado, não podendo, pois serem

administradas de forma primitiva.

As novas exigências, tanto no setor público como no setor privado,

determinaram o surgimento de estudos formais no campo da administração,

culminando com a primeira publicação dos Princípios da administração

científica, por Frederick W. Taylor, que estabelece a eliminação de

desperdícios, o caráter científico dos processos produtivos e a eficiência na

empresa. Enquanto isso, na Europa, Henri Fayol introduz a administração

como ciência, propondo a previsão, a organização, o comando, a coordenação

e o controle como suas fases fundamentais. A partir de então, outros estudos

se seguiram: Max Weber criou a burocracia, que propõe uma estrutura de

poder e autoridade; Elton Mayo e outros apresentam a abordagem das

relações humanas; com o surgimento da computação, é proposta a abordagem

sistêmica, que permite uma análise dos sistemas sociais, considerando o

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relacionamento com o ambiente, a interação entre sistemas e o sistema mais

amplo em que estão inseridos subsistemas. Como derivação que as variáveis

que compõem um sistema são mutáveis de acordo com cada situação,

devendo-se considerar: tecnologia, estrutura, autoridade, relacionamento,

mercado, economia, sociedade e cultura.

1.3 – Conceito de Administração

A apresentação sucinta do desenvolvimento da administração, feita

anteriormente por José do Padro Martins, deixa claro sua dependência a

interesses políticos, econômicos e sociais. Na tentativa de conceituar

administração em geral, é preciso considera-la abstraída de seus

determinantes sociais e, satisfeita esta condição, a administração em geral é a

utilização racional de recursos para a realização de fins determinados.

Portanto, a administração é uma atividade específica do ser humano, pois

somente o homem é capaz de estabelecer objetivos livremente e utilizar-se dos

recursos de modo racional.

Entretanto, a administração sempre ocorre em um contexto em que

existem condicionamentos de ordem política, econômica e social que, no caso

da sociedade capitalista, verificam-se sob o modo de produção capitalista.

Nessa ótica, a administração é um processo de planejar, organizar, dirigir e

controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais, visando à

realização de objetivos.

Os componentes do processo de produção são: os meios de

produção, constituídos pela matéria-prima e pelos instrumentos de produção; a

força do trabalho, constituída pela energia humana consumida no processo de

produção. No processo de produção capitalista, tanto os meios de produção

como a força de trabalho são considerados mercadorias.

Na organização capitalista, a eficácia, ou seja, o alcance dos

objetivos a que se propõe, é função dos recursos de que dispõe e, como esses

recursos são os meios de produção e a força de trabalho, ambos controla

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esses recursos, não levando em conta o elemento humano em seus aspectos

psicossociais.

1.4- A Administração e suas Atividades

De acordo com Lacombe (2003) a definição da palavra

administração, está baseada em termos usados por Fayol r aperfeiçoados por

vários autores para designar funções ou atividades que cabem ao

administrador. Para melhor entendimento, devemos completa-la com a

definição de cada uma das atividades:

• Planejar: Pensar antecipadamente o que se deseja alcançar e

determinar os meios e recursos para concretizar este desejo. Isso

envolve coletar informações e diagnosticar a situação; definir objetivos e

metas; estabelecer políticas e procedimentos, de acordo com os

objetivos, para orientar decisões; elaborar e implementar planos,

programas e projetos para alcançar as metas e montar seus respectivos

cronogramas para acompanhar a execução. Manter-se sempre

informado de modo a atualizar permanentemente o diagnóstico.

• Organizar: Processo de identificar, dividir e alocar trabalho. Isso implica

identificar, dividir e agrupar o trabalho a ser realizado; definir

responsabilidades e autoridades e estabelecer as relações entre os

grupos, de modo a possibilitar que as pessoas trabalhem eficazmente

para atingir os objetivos.

• Dirigir: Liderar um grupo, influenciando seu comportamento para atingir

objetivos e metas de interesse comum do grupo, de acordo com uma

visão do futuro baseada em um conjunto coerente de idéias e princípios.

O líder deve ser capaz de alcançar objetivos por meio dos liderados e,

para isso, conforme o tipo de liderado e a ocasião, age de diferentes

maneiras: ordena, comanda, motiva, persuade, compartilha dificuldades

e ações ou delega e cobra resultados, alterando a forma de agir,

conforme a necessidade de cada momento e o tipo de lidrado.

• Coordenar: Cooperar com todas as demais unidades da organização

para que as atividades sejam executadas de forma balanceada ( na

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quantidade certa), sincronizada ( no momento certo) e integrada ( na

direção certa).

• Controlar: Assegurar que as atividades da organização levem-na em

direção aos objetivos. Isso inclui: medir om desempenho, compará-lo

com o desejado e tomar as medidas corretivas necessárias.

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CAPITULO II

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR – CONCEITOS E

CAMPOS DE AÇÃO

Segundo José do Prado Martins(2010) “A administração escolar

supõe uma filosofia e uma política diretoras preestabelecidas: consiste no

complexo de processos criadores de condições adequadas às atividades dos

grupos que operam em divisão de trabalho; visa à unidade e à economia de

ação, bem como ao progresso de empreendimento. O complexo de processos

engloba as atividades específicas – planejamento, organização, assistência à

execução (gerência), avaliação dos resultados (medidas), prestação de contas

( relatório) – e se aplica a todos os setores da empresa: pessoal, material,

serviços e financiamentos.”

Esse conceito, aprovado no 1º Simpósio de Administração Escolar,

ocorrido na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, em fevereiro de

1996, é bastante abrangente e engloba, praticamente, todas as atividades

desse campo.

José do Prado detalha que a administração escolar pressupõe uma

filosofia e uma política que a norteiam; logo, segue prioridades estabelecidas

para a educação, resultantes de uma reflexão profunda, sistemática e

contextual dos problemas educacionais da realidade. Se a ótica de quem

estabelece a política educacional prioriza o intelectualismo e o professor como

centro do processo educativo, por exemplo, tem se uma educação tradicional.

Se prioriza o aluno ativo como centro do processo educativo, por exemplo,

tem –se uma educação escolanovista. Se prioriza o aluno concreto como

projeto político da sociedade, tem-se uma educação progressista. A partir, pois

, da concepção de educação, temos o tipo de administração escolar:

humanista tradicional, humanista moderna ou progressista.

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A administração escolar é um conjunto complexo de atividades que

criam condições para a integração e o bom funcionamento de grupos que

operam em divisão do trabalho. Aí está explicito que a unidade total de tarefas

é subdividida em unidades menores e confiadas a pessoas ou grupos q ue

possuem certa autonomia para executá-las. Portanto, quanto mais poderes os

indivíduos ou os grupos tiver para realizar as tarefas, mais descentralizada e

democrática será a administração escolar. Não é pois, recomendável a

centralização que caracteriza a administração autoritária, a ainda mais quando

o conceito em tela estabelece que a administração tem a função de zelar pelo

funcionamento harmonioso e orgânico dos grupos.

A administração escolar visa à unidade e à economia da ação, bem

como ao progresso do empreendimento. Fica mais uma vez evidente que a

preocupação da administração escolar é a manutenção da unidade. Além

disso , deve cuidar da otimização de recursos sem, entretanto, diminuir o

rendimento. Isto equivale a dizer que, em nenhum momento, a administração

escolar deverá economizar recursos que possuam implicar queda da qualidade

de ensino, pois esta é meta, enquanto a otimização de recurso é meio.

O conceito termina apresentando os elementos que constituem a

administração em geral. Cabe aqui uma advertência quanto à visão com que

se encaram as contribuições da administração em geral ou de empresas, pois

a administração escolar tem sua especificidade escolar envolve pessoas e tem

por objetivo o desenvolvimento das mesmas, a administração de empresas

tem por objetivos a produção e a venda.

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2.1 Elementos da Administração Escolar

Basicamente, os elementos da administração escolar são os mesmos

estabelecidos por Fayol para a administração em geral, apenas substituindo a

previsão por planejamento. Mas não se trata somente de substituir palavras,

pois há uma diferença significativa na prática. Além disso, o 1º Simpósio de

Administração Escolar da FFLCUSP estabeleceu os seguintes elementos da

administração escolar: planejamento, organização, assistência à execução,

avaliação dos resultados e relatório.

2.1.1 Planejamento

Tem como ponto de partida, o conhecimento da realidade em que o

processo educativo se desenvolverá. Para tal, é necessário que se façam

coletas de informações sobre os aspectos significativos da realidade,

seguindo-se à analise e à interpretação das mesmas e cujo resultado será

subsídio ao planejamento. O planejamento deverá considerar os múltiplos

aspectos que deverão ser abrangidos pela ação administrativa. O processo de

planejamento dará origem a um documento denominado plano. Em virtude da

importância que representa quanto ao êxito da administração escolar e aos

benefícios que oferecerá aos educandos e à sociedade, o planejamento

deverá ser realizado com o maior esmero.

O planejamento é a base percussora da unidade escolar é através

dele que a instituição irá traçar sua linha de atuação para desenvolver toda a

sua proposta pedagógica.

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2.1.2 Organização

É o ato de compor a estrutura da instituição. Estruturação das unidades

operacionais, colocando-as no setor correspondente. Seleção de pessoal

capaz de desempenhar satisfatoriamente as tarefas. Estabelecimento claro

das funções e das atribuições de cada um, especificando as inter-relações

hierárquicas. Elaboração de documento, o manual de organização, que

contenha todas as informações necessárias ao bom funcionamento da

instituição. Providências quanto aos recursos físicos, materiais e financeiros

que garantam o êxito do empreendimento. No serviço público, essas tarefas

quase são prejudicadas pela burocracia. A estrutura do sistema educacional já

está estabelecida e qualquer alteração necessita de aprovação do Poder

Legislativo. O pessoal é selecionado por meio de concursos públicos que

possuem um aspecto positivo , a democratização de oportunidades, mas, por

sua vez, possuem um aspecto negativo, ou seja, nem sempre selecionam os

mais capazes para o cargo. As Atribuições, quase em sua maioria, já fazem

parte de estatutos das categorias. Isto , evidentemente, dificulta a ação da

administração escolar, que, entretanto, deve se empenhar na superação

desses problemas, evitando posições cômodas. É preciso aqui uma reflexão

mais rigorosa sobre a burocracia dos sistemas educacionais que têm por

objetivo o afastamento dos que fazem efetivamente a educação, da

administração da mesma, a fim de que as escolas continuem sempre a atender

aos interesses da classe hegemônica. Portanto, na composição da estrutura

da instituição escolar, é preciso superar a ruptura entre quem faz a escola e

quem se beneficia de seus lucros. Em outras palavras prática da administração

democrática que abre espaços à participação de professores, alunos, família e

funcionários na discussão dos problemas do sistema ou da unidade escolar,

integrando-os efetivamente na ação educativa.

Esclarecendo melhor o texto acima, dentro da administração escolar e da

minha experiência como gestora, no que se refere a organização, o Diretor

escolar é um professor concursado que é nomeado ou selecionado através de

concurso interno para atuar nesta função e quando o mesmo não administra os

recursos financeiros de forma clara e precisa como por exemplo de acordo

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com o Estatuto da A.A.E. (Associação de Apoio as Escolas) que é composto

pela Diretoria Executiva ( Diretor da unidade escolar é o presidente, os

professores e funcionários podem ser o vice-presidente, tesoureiro e secretário

), Conselho Fiscal ( dois professores , um funcionário e três pais de alunos)

que tem por objetivo fiscalizar e atestar toda as notas fiscais e movimentação

financeira da instituição escolar, o diretor é exonerado do seu cargo, voltando

a atuar na sua função anterior que era de professor regente.

2.1.3 Assistência à Execução

O administrador escolar deve, preliminarmente, verificar se todos os

recursos necessários estão disponíveis, antes de iniciada a execução da

atividade educativa, a fim de que os executores não tenham seus trabalhos

prejudicados. Durante a execução, o administrador deve ter uma postura de

acompanhamento, apoio e cobrança, bem como de coordenação de esforços,

visando ao alcance do objetivo comum. Nesta etapa, o bom senso, da empatia

e, acima de tudo, integrar-se ao grupo, pois o autoritarismo e a omissão são

abomináveis.

2.1.4 Avaliação de Resultados

Estabelecidos os objetivos e desencadeadas as ações, é preciso

saber se realmente essas ações se dirigem para os objetivos e até que ponto

esses objetivos estão sendo alcançados. Em educação, a avaliação se realiza

sob os aspectos quantitativos e qualitativos. Em termos quantitativos, são

considerados: número total de matrículas, frequência, rendimento escolar,

evasão escolar e repetência, recursos financeiros aplicados, cumprimento de

cronogramas. Em termos qualitativos, a avaliação se traduz na credibilidade

qua a ação educativa adquiriu no seio do sistema social em que se

desenvolveu, em face da satisfação das necessidades e das expectativas do

mesmo. A administração escolar precisa estar preparada para não estabelecer

critérios de natureza conservadora a fim de proceder à avaliação, ou seja,

adotar como parâmetros valores emanentes de concepções educacionais que

atendam aos interesses da classe dominante em detrimento das classes

populares.

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2.1.5 Relatório

Anualmente, a administração escolar deve elaborar um documento,

o relatório, em que devem constar as atividades planejadas e realizadas com

êxito, as atividades que tiveram de ser modificadas no transcorrer do processo

e as justificativas das alterações, as atividades que não puderam ser

realizadas e as variáveis dificultadoras.

2.2 Âmbito de Atuação da Administração Escolar

A administração escolar atua em nível de sistema escolar como

em nível de unidade escolar.

No âmbito do sistema escolar, a administração atua sobre uma

rede de estabelecimentos escolares do mesmo nível de ensino, ou de níveis

diferenciados, que atende clientelas delimitadas de uma grande cidade ou

região. E ainda, em um aspecto mais amplo, o sistema escolar é um conjunto

de escolas coordenadas entre si para que atendam às necessidades de um

país e, portanto, aí está a maior amplitude da administração escolar. A atuação

da administração escolar em nível de sistema se configura no regime

estabelecido, por meio de ação político-administrativa que comunique aos

serviços escolares unidade formal de propósitos e unidade de procedimentos,

influenciada pelo sistema social que a inspira e a modela em uma forma

institucionalizada estável.

De acordo com o espaço onde se instala a rede de escolas de um

sistema, têm-se o sistema local, o sistema regional e o sistema nacional de

educação e, de acordo com o mantenedor, têm-se sistemas particulares e

sistemas públicos de educação.

A administração escolar em nível de unidade atua em cada

escola, que é a instituição inserida em uma comunidade e que, cumprindo

diretrizes superiores e amplas, emanadas dos sistemas de ensino, promove a

devida aplicação das mesmas, porém levando em conta a peculiaridade de

realidade de, conhecimento melhor possível o perfil da realidade, planejar as

atividades da escola, dentro do que estabelecem as diretrizes do sistema de

ensino.

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2.3 Administração e Legislação

A legislação é o instrumento de que lança mão o Podre Público

para traçar as diretrizes a serem seguidas pelos órgãos que constituem a

Administração Pública.

Tendo em vista que o ensino se constitui em grande realização do

Poder Público e, com a qual se relaciona a iniciativa privada, é óbvio que a

legislação é de suma importância à administração escolar.

A legislação em termos educacionais, fundamentadas na

Constituição do pais, estabelece a maneira pela qual os Poderes Públicos

entendem sua participação e responsabilidade no processo educativo em geral

e, de modo particular, nos de ação intencional e sistemática traduzidos pelos

sistemas públicos implantados.

Os princípios gerais de organização pública, a indicação da

fonte do poder, a definição e a discriminação dos órgãos públicos, os fins do

Estado etc. são alguns aspectos mencionados nas Constituições. Portanto, a

Constituição estabelece as grandes linhas da estruturação e da administração

da educação.

Apesar de a Constituição estabelecer as grandes linhas da

educação, a regulamentação é feita mediante a discussão e a aprovação no

Legislativo e promulgada pelo Executivo, processo denominado de legislação

ordinária.

Nos países federados, como o Brasil, a legislação federal

prepondera sobre a legislação estadual e esta sobre a municipal. Em outras

palavras, o Município e o Estado não podem inserir em suas leis dispositivos

conflitantes com as leis federais.

Em termos de educação, a Lei de Diretrizes e Bases da

Educação Nacional, Lei Federal, deve ser obedecida por todos os Estados e

Municípios de tal maneira que a legislação estadual é suplementar àquela lei.

Em nível de escola, o documento que rege o funcionamento é o

Regimento Escolar, elaborado pela própria escola e submetido à apreciação e

à aprovação das autoridades da educação.

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2.4 Princípios Gerais da Administração

1º Princípios do Objetivo Comum

“Toda organização deve estabelecer objetivos que devem ser alcançados

mediante o esforço coletivo de seus elementos.”

2º Princípio da Liderança

“Em uma organização, deve haver elementos que exerçam influência sobre

os demais, em uma determinada situação, por meio da comunicação.”

3º Princípios da Funcionalização

“A cada cargo de comando corresponde a competente autoridade e a

consequente responsabilidade”.

4º Princípio da Amplitude de Controle

“À divisão de tarefa corresponde o respectivo acompanhamento por parte

do superior sobre o subordinado que recebeu a incumbência de executar a

tarefa.”

5º Princípio da Coordenação

“ Compete à administração promover a ação harmoniosa de todas as partes

que constituem o todo da organização.”

6º Princípio de Controle

“A administração é responsável pela eficácia e pela eficiência da

organização.”

7º Princípio da Experimentação

“A administração, mediante os resultados insatisfatórios, deve experimentar

alternativas, visando melhorar os resultados.”

8º Princípio da Elasticidade

“A administração deve ser flexível quanto a possíveis mudanças processuais,

determinadas circunstancialmente”.

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CAPÍTULO III

GESTÃO PÚBLICA – CONCEITOS E OBJETIVOS

De acordo com Clezio Saldanha dos Santos (2006), governo,

administração pública e gestão pública são termos que andam juntos e, muitas

vezes, são confundidos, embora expressem conceitos diversos nos vários

aspectos em que se apresentam.

Governo é direção suprema dos negócios públicos (FERREIRA,

1999). O governo, em sentido institucional, é o conjunto de poderes e órgãos

constitucionais; em sentido funcional, é o complexo de funções estatais

básicas; em sentido operacional, é a condução política dos negócios públicos.

Na verdade, o governo ora se identifica com os poderes e órgãos supremos do

Estado, ora se apresenta nas funções originárias desses poderes e órgãos

como manifestação da soberania. A constante do governo, porém, é a sua

“expressão política de comando, de iniciativa, de fixação de objetivos do

Estado e de manutenção da ordem jurídica vigente” (MEIRELLES, 1985).

Administração pública, segundo Wilson (1887), é a execução minuciosa

e sistemática do Direito Público. Em sentido institucional, é o conjunto de

órgãos instituídos para consecução dos objetivos do governo; em sentido

funcional, é o conjunto das funções necessárias aos serviços públicos em

geral; em sentido operacional, é o desempenho perene e sistemático, legal e

técnico dos serviços próprios do Estado ou por ele assumidos em benefício da

coletividade. Em uma visão global, para Gulick (1937), administração pública é

a parte da ciência da Administração que se refere ao governo, e se ocupa,

principalmente, do Poder Executivo, no qual se faz o trabalho do governo,

embora haja problemas administrativos relacionados aos Poderes Legislativo e

Judiciário.

Segundo Meirelles (1985), em sentido lato, administrar é gerir interesse

segundo a lei, a moral e a finalidade dos bens entregues à guarda e à

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conservação alheias. Se os bens e interesses geridos são individuais, realiza-

se administração particular; se são coletivos, realiza-se administração pública.

Outros conceitos levantados referem-se à discussão sobre a

administração estar associada à arte e/ou à ciência. Nessa perspectiva,

alguns autores preferem conceituar administração pública como a organização

e a gerência de homens e materiais para a consecução dos propósitos de um

governo. Outros pesquisadores preferem a seguinte definição: é arte e a

ciência de gerência aplicada aos negócios do Estado. Na ótica de Amato

(1971), administração pública é a gestão dos bens e interesses qualificados da

comunidade, nos âmbitos federal, estadual ou municipal, segundo os preceitos

do direito e da moral, visando ao bem comum.

Gestão pública refere-se às funções da gerência publica nos negócios

do governo; mandato de administração (FERREIRA, 1999). De acordo com o

último conceito , a gestão associa-se a uma determinada fase de mandato.

Portanto, em primeira análise, a gestão teria as mesmas características da

administração, porém, válidas para um período de tempo determinado.

Comparativamente, podemos dizer que o governo é atividade política e

discricionária e com conduta independente; administração é atividade neutra

normalmente vinculada à lei ou à norma técnica, é conduta hierarquizada

quanto à gestão, esta implica o atendimento aos seguintes parâmetros

básicos: tradução da missão; realização de planejamento e controle;

administração de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros;

inserção de cada unidade organizacional no foco da organização; e tomada de

decisão diante de conflitos internos e externos.

O fato de administração e a gestão serem instrumentos dos quais o

Estado dispõe, para pôr em prática as opções políticas do governo, não

significa que os gestores não tenham poder de decisão. Têm. Mas só podem

opinar e decidir sobre assuntos jurídicos, técnicos, financeiros ou de

conveniência e oportunidades administrativas, agregando políticas sobre a

matéria, e para um período de tempo específico. Portanto, a gestão pública é a

mesma atividade administrativa vinculada à lei ou à norma técnica e à política,

realizando funções administrativas em um determinado período de tempo.

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Referir-se ao tempo, aqui, significa analisar a gestão pública de uma forma

dinâmica, entende-la como um processo decisório, cujos princípios estáticos

estão envolvidos por uma sociedade que se modifica, pois as regras mudam e

as práticas no território administrativo alteram-se no tempo e no espaço.

A natureza da gestão pública é a de um múnus público para quem a

exerce isto é, a de um encargo de defesa, conservação e aprimoramento dos

bens, serviços e interesses da coletividade.

Os fins da gestão pública resumem-se em um único objetivo: o bem

comum da coletividade administrada. Toda atividade do gestor público deve

ser orientada para esse objetivo. Se dele o gestor se afasta ou se desvia, trai o

mandato de que está investido, porque a comunidade não institui a gestão

senão como meio de atingir o bem-estar social.

Entre os fundamentos nos quais se baseiam os gestores públicos para

atingir seus objetivos perante a coletividade estão:

• Presunção de papéis apropriados, na elaboração de diretrizes, tanto por

parte do chefe do Executivo como do Legislativo e do Judiciário;

• Capacidade de incorporar as diretrizes adotadas a planos funcionais de

operação;

• Habilidade, por parte daqueles encarregados das operações, para dirigir

e coordenar estas operações a fim de que sejam cumpridos os planos.

3.1 Princípios

O art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 5 de

outubro de 1988, cita alguns princípios que norteiam a gestão pública.

Gasparini (1995) amplia o leque de princípios e conceitua-os da seguinte

forma:

• Legalidade: está associada à gestão pública em toda a sua atividade,

presa aos mandamentos da lei, deles não podendo se afastar, sob pena

de invalidade do ato e responsabilização do seu autor;

• Impessoalidade: qualquer atividade de gestão pública deve ser dirigida a

todos os cidadãos, sem a determinação de pessoa ou discriminação de

qualquer natureza;

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• Moralidade: os atos e as atividades públicas devem obedecer aos

princípios morais. Para Meirelles (1985), estes estão intimamente

ligados ao conceito do bom administrador, ou seja, aquele que busca o

melhor e mais útil para o interesse público;

• Publicidade: este princípio torna obrigatória a divulgação dos atos,

contratos e outros documentos da administração pública para

conhecimento, controle e início dos seus feitos. O instrumento oficial é o

jornal, público ou privado, destinado à publicação dos atos. Em geral,

são utilizados Diários Oficiais;

• Finalidade: impõe-se à administração pública a prática de atos voltados

para o interesse público;

• Continuidade: os serviços públicos não podem parar, pois as

necessidades da população não param. Existem dispositivos legais que

dão direito ao consumidor de ser ressarcido por empresas prestadoras

de serviços públicos na falta ou inadequação dos serviços;

• Indisponibilidade: o detentor da disponibilidade dos bens e direitos

públicos é o Estado, e não seus servidores;

• Igualdade: todos os cidadãos são iguais perante a lei, portanto, perante

a administração pública.

3.2 Tipos de Especialização

As delimitações de atuação dos gestores públicos podem ser

classificadas em:

• Geográfica e legal: gestão pública nacional, estadual, municipal, local e

internacional;

• Funcional: gestão de recursos humanos, orçamentária, financeira, de

materiais, etc.;

• Setorial: setores de atuação dos governos, quais sejam, agricultura,

pecuária, assistência social, ciência e tecnologia, comunicações, cultura,

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defesa, desenvolvimento agrário, indústria e comércio exterior,

educação, esporte, fazenda, justiça, meio ambiente, minas e energia,

previdência social, relações exteriores, saúde, trabalho e emprego,

transportes e turismo.

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CAPÍTULO IV

GESTÃO DA UNIDADE ESCOLAR NA SECRETARIA

ESTADUAL DE EDUCAÇÃO

Segundo Wolmer Ricardo Tavares (2009), a gestão escolar deve

ser vista como a pedra fundamental para que a escola ofereça à sua

comunidade uma escola que atenda às exigências do dia-a-dia. É sua função

melhorar a compreensão da realidade social de maneira inclusiva, democrática

e participativa, resgatando a ética e o civismo por muitos ignorados e promover

a apreensão de competências e habilidades na comunidade de maneira que os

cidadãos possam atuar como agentes de transformação social.

A gestão escolar necessita da participação de todos os

profissionais para que seja sempre oferecida uma educação libertadora como

aquela almejada por Freire. A comunidade escolar deve ser proativa e cidadã,

e buscar, por meio de uma gestão integrada, a participação e o

comprometimento de professores, funcionários, familiares e comunidade em

geral.

A seguir farei um relato sobre minha experiência de gestora ao

assumir uma unidade escolar da secretaria estadual de educação, na qual tive

que por em prática toda teoria de administração pública , administração escolar

e de gestão pública citada neste trabalho para alcançar uma gestão de

excelência nesta unidade escolar.

“ No dia 29 de Junho de 2009, Eu Jucieda Rodrigues dos Santos

Ramos, fui designada Diretora Geral de um CIEP 352 Senador Severo Gomes.

Ao assumir a unidade deparei-me com o péssimo estado de conservação e

higienização que se encontrava a U.E. Conforme irei relatar a seguir:

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ÁREA EXTERNA DO CIEP

Todo o terreno envolto do CIEP encontra-se muito sujo,

precisando ser capinado, as árvores necessitando de poda, os bueiros sem

tampas, entupidos, com resíduos de lixo dentro e ocasionando risco de

acidentes para os alunos, o lixo do CIEP é jogado e queimado neste terreno

dentro da U.E.. As grades em torno do CIEP estão faltando, servindo de

passagem para os animais como cabras, bode, cavalo, cachorros e pessoas

que fazem deste local aberto de passagem para dentro da unidade. No horário

da noite não há nenhum tipo de iluminação, toda esta área fica no escuro. Os

refletores externos que iluminam toda a extensão do terreno estão queimados.

A quadra em péssimo estado de conservação, os vestiários sem higienização,

pois os pombos e morcegos tomaram conta do local, as paredes em torno

todas pixadas e muito sujas.

A piscina desativada, com água parada e com muita sujeira dentro, o portão

que dá acesso a entrada da piscina sem cadeado e enferrujado.

O pátio com iluminação precária, muito suja e todo pixado.

O local onde funcionava o centro médico virou local de depósito de coisas

velhas, está muito sujo e com duas enormes árvores que nasceram por falta

de conservação do local, e que estão comprometendo a estrutura física do

espaço.

A casa dos residentes, desativada, totalmente suja, com infiltrações e no teto

está nascendo uma enorme árvore devido a falta de conservação.

A biblioteca estava desativada, há um mês passou a ser utilizada, por conta

disto encontrei muitos acervos de livros em caixas fechadas guardadas dentro

do almoxarifado. Os professores não sabiam da existência de tantos livros,

dicionários, DVDs, Barsa que estavam guardados nas caixas.

Quando chove o terreno externo fica com vários lençóis de água parada, pois

não há um escoamento no terreno para que as águas da chuva possam sair.

(ANEXO 1)

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REFEITÓRIO

Encontrei o refeitório muito sujo, com mau cheiro. Os canteiros da lateral do

refeitório precisando ser limpo e capinado. Objetos fora do uso como: portas,

cadeiras quebradas, fogão com defeito, brinquedos para parquinhos (gangorra,

balanço, escorrego) pia quebrada etc. tudo isso jogado no refeitório. O local

onde são lavadas as bandejas muito sujas e entupido, presenciei rato

passando nas laterais do refeitório devido a sujeira.

(ANEXO 2)

COZINHA

Na cozinha onde é preparada a alimentação dos alunos encontrei:

Infiltrações e rachaduras nas paredes, teto com vazamento e infiltrações,

banheiros da cozinha sem descarga, ralos entupidos exalando um terrível mau

cheiro. As paredes estão descascadas devido infiltração, a porta de madeira

está com cupins.

O fogão encontra-se em péssimo estado de uso: chama baixa sem pressão,

levando horas para cozinhar a comida, está quase desmontando sozinho. Não

há utensílios adequados para o uso, pois tudo está muito velho, amassado e

derretido, não há panela de pressão, descascador de legumes, liquidificador

industrial e geladeira.

MERENDA

No primeiro dia que estive na unidade, na hora do intervalo dos alunos fui até o

refeitório verificar como era o procedimento durante merenda. Fui surpreendida

com:

As merendeiras servindo sem qualquer tipo de proteção, nas mãos, cabeça e

pés.

O cardápio era angu com salsicha, que por sinal, a salsicha estava sem

tempero algum com muito caldo e sem cor, o angu com um aspecto de que

estava duro e a maioria dos alunos não estava merendando. Muita comida

indo para o lixo.

(ANEXO 3)

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A dispensa aberta apenas contendo:

32 k de macarrão

17 k de feijão

21 k de arroz

9 k de fubá

96 k de açúcar

2 litros de óleo

5 litros de vinagre

28 k de sal

8 sachês de extrato de tomate

5 k de cebola

2 pacote de leite em pó

50 k de arroz para ser trocado por que estava com bicho. (as merendeiras

alegaram que o arroz já teria vindo com os bichinhos dentro).

Fui informada pelo antigo Diretor e pelas merendeiras, que o cardápio da U.E.

é montado pelo fornecedor de merenda. No dia da entrega da merenda o

cardápio vem sugerido.

Como o antigo Diretor já havia feito a compra de merenda para duas

semanas, no dia seguinte que chegou a merenda da primeira semana

presenciei o que foi relatado acima, o cardápio montado pelo fornecedor e os

alimentos entregue de acordo com o que estava no cardápio. Ou seja, não é

feito um estoque de merenda, pois para a merenda da segunda semana eu

havia feito um estoque do que havia sobrado na despensa e quando chegou a

merenda o estoque ficou com um excesso de açúcar, arroz branco e arroz

parabolizado feijão, sache de extrato de tomate, sal, fubá, leite, salsicha, peito

de frango. Haja vista que estava na ultima semana de aula, antes de começar

o recesso. Como esta compra já havia sido paga pelo antigo diretor, perguntei

ao fornecedor o porquê não foi feito um estoque para que só se comprasse o

necessário, a resposta que obtive é que apenas entregava a merenda achando

que isso fosse a real necessidade da escola.

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Mediante a isso tudo solicitei que fosse devolvido pelo menos o frango e a

salsicha que estava em excesso e que ele me deixasse um vale da devolução

para que eu pudesse receber de volta assim que retornasse as aulas.

A merenda diária é separada pelas merendeiras, elas que tiram a quantidade

de alimentos para o turno da manhã e da tarde, pois a noite a merenda não é

servida. A chave da dispensa fica com elas, e a porta da dispensa fica aberta.

Percebi um desperdício de comida, pois não há uma comunicação entre elas

e quem coordena o turno para saber o real quantitativo de alunos e como são

elas que retiram a merenda, elas colocam no fogo sempre a mesma

quantidade, tendo ou não alunos. Haja vista que a comunidade vem com

frequência buscar lavagem ( sobra de comida e comida que foi para o lixo)

para os porcos.

Na cozinha existem sete merendeiras todas de matrículas, porém cada dia

trabalha apenas três merendeiras, todos os dias têm merendeira de folga e por

conta disso, encontrei várias panelas com comidas adiantadas para o dia

seguinte no freezer. Ao perguntar o por que deste rodízio fui informada de que

isso foi combinação feita a muito tempo com o antigo diretor.

No turno da noite, a merenda não é servida. Perguntei a vários alunos sobre a

merenda e obteve as seguintes respostas:

Estudo aqui a três anos e nunca teve merenda para os alunos do turno da

noite. (Alunos da turma 3003, 3002, 3001).

Os alunos das turmas 1003, 1004, 2002, 2001, 2003 me relataram que nunca

tiveram aulas de educação física e que a merenda nunca foi servida no turno

da noite.

Perguntei aos alunos se nós servíssemos merenda a noite, se ele iriam

merenda, pois o que me foi passado, é que a merenda não era servida por que

eles não comiam.

A resposta foi: Seria muito bom, porque muitos colegas que chegam do

trabalho, e até mesmo os professores que ficam até tarde na escola poderiam

merendar. (alunos da turma 3003, 2001, 1002).

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1º PAVIMENTO

No primeiro pavimento encontrei as salas de aulas muito suja, paredes e

carteiras pixadas , não há mural na escola, armários da sala dos professores

quebrados e sujo, janelas e persianas completamente imundas. Os materiais

didáticos que deveriam auxiliar os professores, jogado no almoxarifado e

dentro das caixas fechado.

Os livros didáticos muitos em excesso jogados e empoeirados. Encontramos

várias caixas de livros fechadas que deveriam ter sido entregues aos alunos.

O banheiro dos alunos não tem descarga e nem bicas para lavar as mãos. Os

vasos sanitários entupidos inclusive o local onde os meninos urinam. As

paredes sujas e pixadas, vidro quebrado colocando em perigo a vida dos

alunos pois a janela do banheiro masculino estava totalmente sem vidro. Os

pombos fizeram ninhos nos banheiros, devido o acúmulo de sujeira em que se

encontra o banheiro.

O banheiro das professoras com vaso entupido e fechado com uma cadeira

em cima para que ninguém o utilize. Quando se tenta lavar as mãos a água cai

no seu pé, pois o cano está com vazamento. O banheiro esta muito sujo e com

mau cheiro.

No banheiro dos professores a situação não é diferente, o vaso está entupido,

quando se urina, escorre pelo vaso. E a descarga está com defeito.

Na copa o teto está com a pintura se desfazendo e pedaços de tinta cai por

toda a parte, devido a infiltrações, sem contar com a sujeira e desorganização

na copa. Os armários com as portas encostadas com uma cadeira, as

persianas e janelas totalmente imundas.

Em toda a escola, só existe um bebedouro no 1º pavimento e funcionando

precariamente.

Nas salas de aulas os alunos do turno da noite não conseguem enxergar os

conteúdos que estão sendo passado no quadro negro, devido a iluminação

precária que se encontra as salas de aula.

O auditório está com as lâmpadas queimadas e faltando os reatores, as

persianas e as janelas estão muito sujas.

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Na sala de informática não há iluminação, as lâmpadas estão queimadas e

faltando os reatores.

No almoxarifado não há iluminação. O local está muito sujo e desorganizado.

Os materiais estão jogados e sem uma organização. Material de limpeza junto

com material de escritório, livros em caixas fechadas, laboratório móvel jogado,

várias caixas de DVDs educativos fechados e sem o conhecimento do

professor.

2º PAVIMENTO

As salas de aula são ainda mais sujas do que o primeiro pavimento. As

iluminações nas salas de aulas também estão precárias. Não existe banheiro

neste pavimento, os alunos descem apertados para utilizar o banheiro do 1º

pavimento. A sala que foi reserva para o arquivo morto, muito suja, com muito

coisa velha e jogada pelos cantos, armários empenados e caindo, caixas Box

rasgadas e sujas com documento de alunos dentro, vários Diários oficial

amarelado e sujo pelo tempo.

Os vidros de algumas salas de aulas estão quebrados.

Os banheiros deste pavimento não estão funcionando. Um está desativado e

virou abrigo de pombos, o outro completamente destruído com infiltrações,

rachaduras no teto, sem descargas muito sujo, vasos entupidos e as pias sem

bicas. O vidro está quebrado tornando assim o acesso livre para os pombos.

A porta que dá acesso ao telhado com vários livros empilhados e empoeirados.

DOCUMENTAÇÃO E SECRETARIA

O censo escolar não foi feito no período estipulado. Tive que dá início e me

deparei com o arquivo da secretaria totalmente fora da ordem e desatualizado.

Pastas de professores sem qualquer tipo de documentação, apenas com o

memorando ou então professores sem nenhuma documentação.

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O PDE não foi atualizado. A informação contida no PDE do ano anterior não

confere com a realidade da escola. Ex. informa que os banheiros, quadra,

vestiários estão adequados. Na verdade estão inadequados.

Encontrei vários passes escolares referentes ao período de fevereiro a junho

de 2009 que deveriam ter sido entregues aos alunos e não foram.

A coordenadoria me solicitou a relação dos alunos que recebem o bolsa

família, porém não encontrei, pois fui informada pela Secretaria da U.E. que

tudo sobre bolsa família ficava com a direção da escola. Ela não tinha acesso.

Os professores não têm diários de classe, o registro das notas dos alunos e a

frequência eram feitos através de uma planilha provisória, na qual cada

professor fazia de uma maneira. As planilhas das turmas do 6º ano

desapareceram.

Os conteúdos que são trabalhos pelos professores não são registrados.

Na secretaria não existe uma relação nominal das turmas;

Cada planilha estava com um quantitativo de alunos;

Os arquivos dos alunos estavam fora de ordem. Ex. na turma 501 é impossível

você encontrar a pasta de todos os alunos desta turma, você encontra vários

alunos diferentes;

A ficha de cadastro de todos os alunos estão, desatualizadas.

O quantitativo de alunos nas turmas não confere com o número de alunos que

frequentam as aulas.

Alunos que não estão frequentando a escola não são notificados para os

responsáveis e posteriormente ao Conselho Tutelar, pois fui solicitada pela

assistente social sobre a frequência de três alunos da unidade escolar, e

ninguém pode me informar a frequência deles pois os alunos estavam sem

frequentar por falta de professor, quando frequentaram não houve registro.

A documentação dos professores e funcionários totalmente desorganizada e

desatualizada .

Não existe planejamento dos professores, cada um trabalha como quer.

Não há nenhum tipo de projeto sendo desenvolvido na unidade pelos

professores.

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Os certificados dos alunos concluintes do 3º ano totalmente atrasado.

Encontrei vários certificados preenchidos pela metade.

No conselho de classe fui informada pelos professores, que por sinal não

concordavam com esta postura, que a ordem dada pela antiga Direção era que

no turno da noite todos os alunos são aprovados. Mediante a isto os alunos

não faziam questão de assistir as aulas, pois sabiam que de qualquer forma

seriam aprovados.

As turmas 402, 403 estavam em casa por falta de professores.

A turma 503 estava funcionando com 68 alunos.

Não existe um quadro de horário das turmas afixado no mural da escola, ou na

secretaria.

Os alunos não sabem seus horários e com que professor ele terá aula.

As informações do quadro de horário da SEEDUC não são as mesmas que

estão sendo utilizadas no dia-a-dia da escola. Os professores e a turma que

consta na verdade não são as mesmas.

QUADRO DE FUNCIONÁRIO

No portão fica no turno da manhã um funcionário de matrícula que é deficiente

físico para abrir e fechar dois portões que são bem distante um do outro.

No turno da tarde quem fica no portão também é uma funcionária de matrícula,

que por ter uma certa idade e esta com problemas no joelho fica reclamando

por ter que abrir e fechar várias vezes os dois portões que são distantes um do

outro.

No refeitório um funcionário também de matrícula cujo seu cargo é de

jardineiro, porém fica cuidando do refeitório que é uma sujeira. E quando

perguntei a ele se gostaria de cuidar do jardim pois a sua função é esta, ele

me respondeu que detesta cuidar de plantas, prefere ficar cuidando do

refeitório.

Na secretaria existem três funcionários, duas que vieram da casa da criança, lá

suas funções eram auxiliar de educação II. A secretária da escola me informou

que ela não têm acesso a nenhum documento importante da U.E. como:

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Censo Escolar, mapa estatístico, bolsa família, certificado de conclusão dos

alunos do 3º ano, documentação dos alunos, documentação dos professores e

funcionários, tudo isso ficava na sala da Direção e na responsabilidade deles.

Até matrícula dos alunos somente eles que poderiam fazer.

A unidade escolar possui apenas 2 vigias, sendo que um está de férias. Então

a escola só possui vigia nas noites de quarta-feira, sábado e domingo de 07:00

as 19:00, nos outros dias fica descoberto.”

Nova Iguaçu, 06 de julho de 2009.

Jucieda Rodrigues dos Santos Ramos

Diretora Geral

Mediante tudo isso que encontrei, só tive uma saída mudar totalmente a visão

de Diretor escolar e passei a ser um Gestor Público, já que a má gestão

ocasionou todo esse transtorno na U.E. criei metas:

• Trabalhar a questão da conscientização ambiental da unidade escolar e

resgatar a autoestima dos alunos, professores, funcionários e

comunidade, devido ao estado de conservação em que se encontrava a

U.E., e melhorar o desempenho , frequência e rendimento dos alunos;

• Meta primordial melhorar o desempenho dos alunos com relação ao

nosso IDEB que no ano de 2009 foi de 3,2 através de reuniões com os

professores, traçamos metas de desenvolver aulas mais dinâmicas, os

professores estudaram a matriz de referência, em língua portuguesa e

matemática, iniciaram o processo de elaboração e aplicação de

simulados nos parâmetros da referida matriz, com a utilização do acervo

disponível na biblioteca e a utilização do laboratório de informática, para

que através destas propostas possamos melhorar o IDEB;

• Outra meta primordial a ser atingida é a falta de uma rede de

abastecimento de água encanada para abastecer a unidade, pois

funcionamos com poço artesiano e no período de estiagem tive que

abastecer a cisterna que comporta 100.000 litros de água cada uma ,

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com carro-pipa, para não interromper o funcionamento da Unidade

Escolar.

Hoje se percebe nitidamente que minhas expectativas e metas estão

sendo alcançadas, o colégio já é visto pelos alunos, funcionários, professores

e comunidade como outra escola, a autoestima dos alunos foi recuperada, a

carência de professores é mínima já que os mesmos são tratados com

dignidade, respeito e carinho. Os alunos participam ativamente de todas as

atividades propostas pela unidade escolar, a frequência vem melhorando

gradativamente. A comunidade respeita, colabora e participa sempre que

solicitada.

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Baseado em todas esssa evidências relatadas acima,

podemos perceber que o Diretor de Unidade Escolar, para conseguir uma

gestão de excelência ele tem que unir os seus conhecimentos pedagógicos,

administrativos, e sociais, ou seja, ele tem que ser um pouco Administrador

público, um pouco Gestor Público, um pouco gestor escolar e administrador

escolar, resumindo o Diretor para alcançar suas metas ele realmente tem que

ser um Administrador Gestor Publico, aquele que administra e gere os recursos

públicos, é um bom lider , não tem medo de correr risco , tem visão de futuro e

alcança metas.

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CONCLUSÃO

O Diretor da unidade escolar realmente é um Gestor Público,

concluímos isso em relação ao que foi estudado e relatado neste trabalho.

Segundo Wolmer Ricardo (2009) , podemos observar que o diretor

escolar tem que ter uma visão de gestão escolar como a pedra fundamental

para que a escola ofereça à sua comunidade uma escola que atenda às

exigências do dia-a-dia. É sua função melhorar a compreensão da realidade

social de maneira inclusiva, democrática e participativa, resgatando a ética e o

civismo, por muitos ignorados e promover a apreensão de competências e

habilidades na comunidade de maneira que os cidadãos possam atuar como

agentes de transformação social.

Nessa gestão, precisamos ter uma visão que se refira aos

objetivos. Ela descreve aspirações para um futuro promissor sem especificar

meios para alcançá-los. São as visões que irão inspirar e motivar a

comunidade escolar. Sua comunicação ocorre por meio da missão da escola e

da liderança do gestor. É uma imagem nítida daquilo que se espera alcançar, e

deve ser construída em comum acordo com a comunidade escolar, os

professores, os funcionários, dentre outros profissionais da educação,

representantes da comunidade.

De acordo com Ana Beatriz (2011), tudo em nossa vida pode ser

bom ou ruim, depende de como se olha para os acontecimentos e o que se

pode aprender com isso.

O ser humano se adapta, com muita facilidade. Então, por que não

ensinar as pessoas a serem felizes com o que fazem? É preciso ensinar as

pessoas a gostarem de suas atividades, incentivando-as com uma gratificação

emocional. Por outro lado, existem pessoas que gostam do que fazem e

precisam de incentivo para manter a boa qualidade de seu trabalho.

Temos um espaço a ser ocupado e temos um produto a ser

vendido, cabe a nós, então, apresenta-lo ao mercado, proporcionando-lhe

condição para que seja exposto e divulgado, cuidando sempre do

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acompanhamento das mudanças que este mercado promove! Sendo assim,

não poderíamos nos esquecer de que temos de contar com pessoas aptas

para a execução desse trabalho, ou seja, que tenham o domínio do

conhecimento desse produto (Era do conhecimento).

E finalizando o trabalho desta Gestora foi tão eficaz que a

Secretaria de Educação a convidou para ser transferida como Diretora Geral

do Instituto de Educação, no qual estava passando por momentos difíceis.

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Foto da área externa do CIEP 352

Anexo 2 >> Foto do refeitório e da cozinha do CIEP 352 Anexo 3 >> Foto da Merenda

ANEXO 1 >>

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ANEXO 2

ANEXO 3

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BIBLIOGRAFIA CITADA

SALDANHA, Clezio Introdução à Gestão Pública. São Paulo: Saraiva 2006.

MARTINS, José do Prado Gestão Educacional: uma abordagem crítica do

processo administrativo em educação. Rio de Janeiro: Walk Ed. 2010

TAVARES, Wolmer Ricardo Gestão pedagógica: gerindo escolas para a

cidadania crítica. Rio de Janeiro: Walk ED. 2009

GRANJEIRO, José Wilson Administração Pública: Brasília: ED. Vestcon, 2006

KUAZAQI, Edmir (org) Administração para não Administratores: São Paulo:

Saraiva,2006.

Lopes Izolda Pedagogia empresarial: formas e contextos de atuação:Rio de

Janeiro: Walk Ed, 2011

LACOMBE, F.J.M. Administração: princípios e tendências:São Paulo: Saraiva,

2003

CHIAVENATO, Idalberto Introdução à teoria geral da administração: uma visão

abrangente da moderna administração das organizações: Rio de Janeiro:

Elsevier, 2003.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

O QUE É ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA 9

1.1 - A Administração como Ciência 10

1.2 – Origem e Desenvolvimento da Administração 12

1.3 – Conceito de Administração 13

1.4- A Administração e suas Atividades 14

CAPÍTULO II

ADMINISTRAÇÃO ESCOLAR – CONCEITOS E CAMPOS

DE AÇÃO 16

2.1- Elementos da Administração Escolar 18

2.1.1 – Planejamento 19

2.1.2 - Organização 19

2.1.3 – Assistência à Execução 20

2.1.4 – Avaliação e Resultado 20

2.1.5 – Relatório 21

2.2 - Âmbito de Atuação da Administração Escolar 21

2.3 – Administração e Legislação 22

2.4 – Princípios Gerais da Administração 23

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CAPÍTULO III

GESTÃO PÚBLICA – CONCEITOS E OBJETIVOS 24

3.1 – Princípios 26

3.2 – Tipos de Especialização 27

CAPÍTULO IV

GESTÃO DA UNIDADE ESCOLAR NA SECRETARIA

DE EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO 29

CONCLUSÃO 52

ANEXOS 54

BIBLIOGRAFIA CITADA 56

ÍNDICE 57

FOLHA DE AVALIAÇÃO 59

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: Diretor de Unidade Escolar: um Administrador

Público ou um Gestor Público

Autor: Jucieda Rodrigues dos Santos Ramos

Data da Entrega: 03/08/2012

Avaliado por: Conceito