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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A pedagogia de Projetos pedagógicos na construção do conhecimento Por: Cristiane Alves de Lemos Orientador: M.s. Marco . Larosa Rio de Janeiro - 2004

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … ALVES DE LEMOS.pdf · Por: Cristiane Alves de Lemos . AGRADECIMENTOS Agradeço aos amigos da turma, ... acumulado em todos os campos

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A pedagogia de Projetos pedagógicos na construção do conhecimento

Por: Cristiane Alves de Lemos

Orientador: M.s. Marco . Larosa

Rio de Janeiro - 2004

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A Pedagogia de projetos pedagógicos na construção do conhecimento

Apresentação de Monografia à Universidade Cândido Mendes como condição prévia para a conclusão do Curso de Pós-graduação “Lato-Sensu” em Psicopedagogia . Por: Cristiane Alves de Lemos

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos amigos da turma, juntos superamos mais uma etapa na vida acadêmica, aos professores do curso, aos colegas de trabalho e aos meus pais- sem eles nada disso seria possível.

Metodologia

A partir da discussão bibliográfica e de experiências da prática pedagógica o trabalho pretendeu abordar o tema em questão.

Resumo

O trabalho apresentado pretende abordar a construção de

projetos pedagógicos a partir de referenciais teóricos, objetivando a

reflexão de uma nova postura ou uma nova forma de se relacionar

com o conhecimento na prática pedagógica. Tendo em vista os

desafios colocados pela sociedade atual. Pretendemos referenciar

ainda algumas práticas de projetos em Educação Infantil.

Sumário

INTRODUÇÃO........................................................................................... Capítulo I: A pedagogia de Projetos.........................................................05 1.1- Os fundamentos da Pedagogia de Projetos: a globalização do conhecimento..........................................................................................06 1.2.1- Características fundamentais dos Projetos....................................14 1.2.2- As fases de organização do Projeto de trabalho............................15 1.2.3- Como os projetos devem ser avaliados?........................................20 Capítulo II: A experiência vivenciada: Os projetos na prática.................22 2.1- A perspectiva atual na Educação Infantil: o conhecimento enquanto rede de significações..............................................................................................23 2.2- A realização dos projetos de trabalho na Educação Infantil...........24 Conclusão..................................................................................................35 Referências bibliográficas..........................................................................36

I – INTRODUÇÃO

O presente estudo faz parte da experiência vivenciada por mim e

pelas equipes de professores em turmas de Educação Infantil. Todas as

atividades desenvolvidas com turmas ocorreram através de Projetos de

Trabalho, ou seja, tendo como ponto de partida os interesses e

necessidades dos grupos em questão. Julgamos que, quando a

construção de conhecimento parte daquilo que realmente chama atenção

da criança, as atividades tornam-se mais significativas.

Trabalhar partindo do cotidiano infantil é impossível dentro de uma

concepção tradicional de educação, onde as respostas são dadas prontas,

sem reflexão, sem ação, impossibilitando a construção ativa do

conhecimento. Neste tipo de ensino o que “reina” é a memorização de

conteúdos, o fazer por fazer pedagógico, onde não se considera o aluno

como um todo, fragmentando a vida a criança em dois momentos: dentro e

fora da escola. Sem sentido a prática torna-se vazia de significados.

Deste modo, a opção pela proposta de Projetos de Trabalho veio

como uma tentativa de ir de encontro a esta perspectiva tradicional. Por ser

um trabalho coletivo, adotamos o referencial sócio-interacionista como eixo

norteador na construção de Projetos. |A escola é um lugar de trocas, na

qual os alunos e professores participam e transformam em aprendizagem,

as experiências individuais, as experiências sociais:

“A noção de Zona de desenvolvimento proximal

favorece as interações na sala de aula e fundamenta

uma proposta de educação para a diversidade.”

(Vygotsky, 1988)

A pedagogia de Projetos foi rediscutida na década de 90 pelo professor

espanhol Fernando Hernandez, a partir de sua experiência profissional numa

determinada escola em Barcelona. Neste espaço escolar houve uma intervenção

psicopedagógica que durante dez anos procurou abordar os problemas dos

alunos no contexto da sala de aula. Pretendeu-se que a equipe de professores da

escola se relacionasse criticamente com sua própria prática; e, sobretudo, que

houvesse uma reflexão, uma revisão e uma inovação da prática profissional.

O professor Hernandez pregava não apenas uma mudança metodológica,

mas de paradigmas, de concepção de escola e saber escolar. Refletindo sobre os

conteúdos escolares apresentados como algo neutro, fragmentado, separado em

compartimentos do saber, distanciados do cotidiano, portanto, esvaziados de

significados. O saber escolar acaba por se tornar um produto estático e

enfadonho .

Sobretudo, indicam que o modelo clássico de escola, a forma como as

disciplinas são ministradas, parece não mais dar conta da complexidade do

mundo moderno.. Essa constatação demonstrou a necessidade de mudar a

escola, de aproximá-la mais da sociedade e de envolver mais os alunos no

processo de aprendizagem.

Nesta perspectiva , o trabalho com projetos, voltado para uma visão mais

global do processo educativo, difundiu-se no Brasil. Não se tratando de uma

técnica atraente para transmitir aos alunos o conteúdo das matérias. Significa de

fato uma mudança de postura, uma forma de repensar a prática pedagógica e as

teorias que lhe dão sustentação.

O trabalho com projetos possibilita um grande envolvimento na prática

cotidiana. O professor com o aluno, juntos, vivem o processo de construção do

projeto. Isso torna possível a constante reflexão sobre a prática, pedagógica,

articulando as experiências realizadas com o contexto que vivenciam. Daí a

nossa opção de tentar em realizar o trabalho pedagógico através de projetos em

nossa escola.

No primeiro momento, deste trabalho procuraremos expor os fundamentos

da Pedagogia de Projetos postulada por Hernandez. A organização de um

projeto pedagógico, suas fases e, por último, a sua avaliação. No segundo

momento, descreveremos alguns projetos desenvolvidos em turmas de educação

infantil desenvolvido na escola onde trabalho,onde procuramos vivenciar o

trabalho com os Projetos.

Ainda estamos caminhando com acertos e erros mas , sobretudo, tentando

aprender tendo a convicção de que estamos contribuindo para a formação do

aluno no que diz respeito a formação de sua autonomia e a uma nova forma de se

relacionar com o conhecimento.

Como afirma Freire, (1998):

A educação é um ato de amor e, portanto, um ato de coagem. Não pode temer o

debate, a análise da realidade; não pode fugir à discussão criadora, sob pena de

ser uma farsa.

I-CAPÍTULO: A pedagogia de Projetos de Trabalho 1.1- Os fundamentos da Pedagogia de Projetos: a globalização do conhecimento

A pedagogia de Projetos se insere num contexto onde o educador deve

levar em conta o aluno e suas necessidades nas diferentes etapas de sua vida. E

as necessidades do mundo sóciocultural hoje e no futuro. Muito tem se discutido

sobre a necessidade da escola se adaptar às múltiplas fontes de informação que

veiculam os conhecimentos que se deve saber para preparar-se para a vida. A

impossibilidade de “conhecer tudo” originou a necessidade de aprender como se

relativiza a o que e conhece e como se chega aprender significativamente diante

da amplitude de conhecimentos.

Hernandez (1998), afirma que diante da enorme magnitude do saber

acumulado em todos os campos já não sabemos escolher o que é que se deve

transmitir.Diante desta constatação o autor considera relevante as concepções

atuais sobre o aprender, sobretudo daquelas que tendem a favorecer a criação de

contextos de ensino que, partindo dos níveis de desenvolvimento dos alunos, lhes

apresente situações de aprendizagem caracterizadas por sua significatividade e

funcionalidade, de maneira que cada estudante possa “aprender a aprender”. Ou

seja, que seja “capaz de realizar aprendizagens significativas por si só frente as

situações oferecidas.

Este caráter da aprendizagem postulado pela psicologia cognitiva deu um

sentido ao o que se pretendia com o termo globalização de conhecimentos, ou

seja, que o aluno seja capaz de aprender a encontrar e estabelecer conexões na

informação. Para tal, fim é necessário que o educador estimule através da

utilização de diferentes procedimentos e estratégias, a seleção da informação para

favorecer a autonomia progressiva do aluno.

A formação de autonomia tem sido , na verdade, um objetivo

educativo num mundo em que torna necessário aprender utilização

de estratégias e metodologias que permitam estabelecer novas

relações, para poder adaptar-se a conjuntura de trabalho em

constante transformação, a uma sociedade informatizada na qual as

pessoas terão que saber lidar com o enorme fluxo de informações.

Para Hernandez (1998), a globalização relaciona-se:

(...) em fazer com que a criança estabeleça

relações com muitos aspectos de seus

conhecimentos anteriores enquanto que, ao

próprio tempo, vai integrando novos

conhecimentos significativos,não deixa de ser,

sobretudo, um marco de reflexão teórica útil

sobre o aprender, reflexão que foi evidenciada

em várias ocasiões ao longo do processo de

inovação, no qual se manifestou que essa

atividade de integração dos conhecimentos

torna-se difícil de organizar didaticamente e

exige uma atitude de investigação flexível por

parte do professorado, para detectar se é

compreendida pelos alunos na complexa vida

cotidiana da sala de aula.(...)

Entretanto, a globalização do ponto de vista escolar se difundiu

sob elo menos três sentidos diferentes; somatório de matérias,

interdisciplinaridade1 e estrutura psicológica de aprendizagem. Este

último enfoque por fundamentar o pensamento do autor e a sua

opção em organizar o currículo por Projetos de trabalho merecerá a

nossa atenção.

A globalização como estrutura psicológica da aprendizagem

tem como sustentação a proposta construtivista da aprendizagem e no

desenvolvimento de um ensino para a compreensão baseada no

estabelecimento de relações estruturais e críticas entre as diferentes

fontes de informação que o estudante recebe.

Contudo, Hernandez (1998), afirma que esse enfoque se apóia

principalmente:

(...) na premissa psicopedagógica de que ,

para tornar significativo um novo conhecimento,

é necessário que se estabeleça algum tipo de

conexão com os que o indivíduo já possua,

com seus esquemas internos e externos de

referência, ou com hipóteses que possam

1 As concepções de globalização podem ser vistas em Hernandez, Fernando. A organização do Currículo por Projetos Pedagógicos.1998.

estabelecer sobre o problema ou tema, tendo

presente, além disso, que cada aluno pode ter

concepções errôneas que devem ser

conhecidas para que se construa um processo

adequado de ensino-aprendizagem.(...)

O princípio de globalização traduz-se numa nova forma diferente

de conceber a relação de ensino-aprendizagem que pretende

superar o sentido de acumulação de saber em torno de um tema, e

pretende estabelecer novos objetivos de saber a partir dos

referenciais que sejam necessários aos estudantes.

Nesta relação de ensino-aprendizagem é fundamental a

participação do professor, pois se exige dele uma atitude de

flexibilidade frente à descoberta dos conhecimentos que vão

conformando as respostas ou dúvidas dos estudantes diante do tema

proposto.

O objetivo maior é fazer com que os alunos através de

diferentes procedimentos consigam aprender a organizar seu próprio

conhecimento , a descobrir e estabelecer nova interconexões nos

problemas que acompanham a informação que manipulam,

adaptando-os a outros contextos. temas ou problemas.

Tal atitude traduz-se num esforço de aproximar-se à

complexidade do conhecimento e da realidade e adaptar-se à

complexidade do conhecimento e da realidade em constantes níveis

de transformação.

Nesse sentido afirma Barbosa (1999):

“A Pedagogia de Projetos pode ser uma

possibilidade interessante de organização

pedagógica que contemple uma visão

multifacetada do saber. Todo projeto é um

processo criativo para alunos e professores, o

qual permite ricas relações entre ensino e

aprendizagem e, sobretudo, pressupõe uma

concepção de aprendizagens globalizadoras,

que certamente não passa por superposição de

atividades.”

Deste modo, este enfoque de ensino enfatiza uma nova

concepção de currículo que deve ser integrado, onde a organização

dos conhecimentos escolar parta de temas problema que permitam

não só explorar campos de saber tradicionalmente fora da escola,

mas também ensine aos alunos uma série de estratégias de busca,

ordenação, análise, interpretação e representação da informação,

que lhes permitirá explorar outros temas e questões com um certo

grau de autonomia.

Neste contexto,buscando efetivar a perspectiva do

conhecimento globalizado, os Projetos de trabalho surgem como

uma forma de organizar, de favorecer a criação de estratégias de

organização dos conhecimentos escolares , traçando os caminhos a

serem percorridos até a construção de um novo saber.

Como afirma Almeida:

“A aprendizagem por projetos ocorre por meio

da interação e articulação entre conhecimentos

de distintas áreas, conexões estas que se

estabelecem a a partir dos conhecimentos

cotidianos dos alunos, cujas expectativas,

desejos e interesses são mobilizados na

construção de conhecimentos científicos. Os

conhecimentos cotidianos emergem como um

todo unitário da própria situação em estudo,

portanto sem fragmentação disciplinar, e são

direcionados por uma motivação intrínseca.

Cabe ao professor provocar a tomada de

consciência sobre os conceitos implícitos nos

projetos e sua respectiva formalização, ,as é

preciso empregar o bom-senso para fazer as

intervenções no momento apropriado.”

Já na década de 80, Giroux afirmava que o conhecimento devia

ser construído através de um processo dinâmico, crítico e reflexivo,

onde nada é definitivo ou absoluto. O produto do conhecimento é um

resultado coletivo com o qual o indivíduo, isoladamente, não dá

conta de explicar a complexidade do mundo social:

“(...) os alunos devem aprender a pensar

criticamente. Devem aprender como ir além

das interpretações literais e dos modos

fragmentados de raciocínio”. Não apenas de

referenciais, como também devem aprender

como se desenvolveu esse quadro e como ele

fornece um “mapa” para se organizar o

mundo... fatos, conceitos, problemas e idéias

devem ser vistos centro da rede de conexões

que lhes dá significado. Os alunos devem

aprender a olhar de forma global, a fim de

entender as interconexões das partes entre si”.

(Giroux,

1986;264)

A pedagogia de projetos não é uma discussão nova. No final do

século 19, com o movimento da Escola Nova, vários educadores como

Ovide Decroly, Maria Montessori e Jonh Dewey, fizeram a crítica à

Escola Tradicional, problematizando a função social da escola, o papel

do educador, do educando e a organização do trabalho pedagógico.

Apesar das muitas diferenças existentes entre os educadores

contemporâneos quanto às alternativas pedagógicas, também havia

alguns pontos convergentes.

Os escolanovistas procuraram criar formas de organização do

ensino que tivessem características como: a globalização do ensino, o

atendimento ao interesse do aluno, a participação dos alunos, uma

nova organização didática e a reestruturação da sala de aula. Nessas

experiências, vamos encontrar vários tipos de formas de organização

do ensino, como os centros de interesses, os projetos de organização

do ensino e as unidades didáticas.

Ovide Decroly criou os Centros de Interesse, onde os conteúdos

são organizados de forma globalizada, as matérias de ensino estão

unificadas e todas as atividades escolares são organizadas em torno

de um único tema, preestabelecido pelo autor a partir daquilo que ele

considerava as necessidades básicas das crianças.

O educador John Dewey e seu discípulo Kilpatrick tinham como

proposta educacional a vida em comunidade e a resolução dos

problemas emergentes nas mesmas. A sala de aula deveria ser uma

ambiente semelhante ao meio que os alunos viviam a fim de prepará-

los para a vida em sociedade na idade adulta.

Para os educadores, deveria haver uma constante inter-relação

entre as atividades escolares e as necessidades e os interesses das

crianças e das comunidades. A escola deveria auxiliar as crianças a

compreenderem o mundo através da pesquisa, do debate e da

solução de problemas.

Desde o início, a tentativa de implementar uma Pedagogia de

Projetos encontrou pelo menos dois grandes entraves nas escolas.

Em primeiro lugar, o fato de a concepção tradicional de o programa

escolar ser uma grande lista de conteúdos fragmentados,

obrigatórios, uniformes, previamente definidos e autoritariamente

cobrados: em segundo lugar, a necessidade de prever o período de

duração dos projetos antes mesmo de sua implementação. A

tentativa de superar tais dificuldades acabou gerando um novo modo

de organizar o ensino- as unidades de ensino. Porém, esse processo

de adequação fez com que elementos da Pedagogia de Projetos

fossem esquecidos e interpretados erroneamente.

Hoje, volta-se a se falar de projetos, mas isso não significa

retomá-los do mesmo modo como a Escola nova propunha.

Certamente, entendemos que o trabalho com projetos nos dias atuais

não corresponde a uma adaptação dos projetos realizados por os

escolanovistas no inicio do século 20. O interesse pela pedagogia de

projetos ressurgiu devido às novas condições sociais. Muitos dos

conhecimentos que tradicionalmente se adquirem na escola perdem

rapidamente a sua atualidade, tornando-se atém mesmo obsoletos.

Ao mesmo tempo, a disponibilidade de recursos é cada vez maior.

Estes fatos fazem com que a dinâmica educacional deva

superar a preocupação em fazer com que os alunos acumulem

conhecimentos , voltando-se para a forma com que os alunos lidem

e interagem com esses conhecimentos . O desafio da escola atual,

segundo Didonet (1998), é fazer com que o aluno seja um investigador

e gerenciador de informações, consciente e ativo na sociedade, e não

um acumulador de conhecimentos, cujo papel hoje é desempenhado

pelo computador.

Segundo Hernández:

“Nessa concepção considera-se que, na cultura

contemporânea, uma questão fundamental

para que o indivíduo possa compreender o

mundo no qual vive é que saiba como acessar,

analisar e interpretar a informação. Na

educação escolar( desde a escola infantil até a

universidade), supõe-se que se deva facilitar

esse processo ( que começa e nunca termina),

pois sempre podemos ter acesso a formas

mais complexas de dar significado à

informação. E isso nos leva a formas mais

elaboradas e relacionais de conhecimento da

realidade e de nós mesmo” (1998,p.31)”.

Diante deste novo contexto em que nos encontramos, existem

novos desafios que se colocam para a escolas.As recentes mudanças

na organização mundial, através da globalização econômica e de

informações(internet), têm trazido uma série de reflexões sobre o

papel da escola dentro deste novo modelo de sociedade, e

estabelecido desafios quanto à formação do cidadão neste novo

milênio.

Diante de uma realidade tão multifacetada como a que estamos vivendo,

não podemos afirmar que o trabalho com PROJETOS seja a única opção para

darmos resposta a essa situação em mudança que está nos transformando e às

nossas relações com o mundo. Contudo ,o trabalho com projetos surge como

uma perspectiva ,uma mudança de encarar a relação ensino-aprendizagem e que

nos coloca como um desafio a ser enfrentado.

Esta relação de ensino aprendizagem tem como ponto de vista de que o

aprender não é memorizar. Aprende-se participando, vivenciando sentimentos,

aprende-se participando, formulando problemas, tomando atitudes diante dos

fatos, investigando, construindo novos conceitos e informações e escolhendo

procedimentos quando se vê diante da necessidade de resolver questões. E o

ensinar, não é repassar conteúdos prontos. Ensina-se pelas experiências

proporcionadas, pelos problemas e soluções que se podem criar.

Neste sentido, a função do projeto, segundo Hernandez, é favorecer a

criação de estratégia de organização dos conhecimentos escolares considerando:

o tratamento da informação, a relação entre os diferentes conteúdos em torno de

problemas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção de seus

conhecimentos , a transformação da informação procedente dos diferentes

saberes disciplinares em conhecimento próprio.

1.2.1- Características fundamentais dos Projetos

1-É uma atividade intencional;

2- Trabalha a responsabilidade e autonomia dos alunos;

3- É autêntico; o problema resolver é importante e real para os alunos, e está

inserido num contexto sociocultural;

4- Envolve complexidade e resolução de problemas: o objeto central do projeto

é um problema ou uma fonte geradora de problemas, que exige atividade para

a sua resolução;

5- Tem um caráter faseado, percorre várias fases e etapas;

6- É globalizador; Não fragmenta o conhecimento. Ao contrário, busca as

várias áreas do conhecimento para atuarem juntas na resolução do problema,

com suas contribuições específicas;

7- Tem sentido; Todos os envolvidos sabem porque o estão desenvolvendo e

com isso estabelecem um elo afetivo com o mesmo. –E real, é verdadeiro, não

“faz de Conta” para ser desenvolvido;

8- Tem significado: Ativa os conhecimentos prévios dos alunos e permite que

estabeleçam relações entre o que já sabem e o novo. Proporciona o

desenvolvimento cognitivo de um modo envolvente e interessante;

8- Trabalha a organização: Provoca a necessidade de ser registrado de forma

organizada com passos, etapas, tarefas de cada um, além de onde será

realizado, para quê e quando;

10- Estabelece a participação: De todos os envolvidos, sem exceção, o que

conduz à interação com os colegas e o professor e a uma construção coletiva;

11- É flexível; Permite a sua reorganização ao longo do processo, se

necessário, e o aparecimento de novas questões, tarefas,etc;

12- Valoriza a compreensão; Entendida como a memorização compreensiva

dos aspectos da informação que constituem uma base para novas

aprendizagens e relações.

1.2.2- As fases de organização do Projeto de trabalho

A escolha do tema

O ponto de partida para a definição de um Projeto de trabalho é a escolha

do tema. Em cada nível e etapa da escolaridade, essa escolha adota

características diferentes. Os alunos partem de suas experiências anteriores, da

informação que têm sobre os Projetos já realizados ou em processo de elaboração

por outras classes. O tema pode pertencer ao currículo oficial, de uma

experiência comum dos participantes, originar-se de um fato da atualidade, surgir

um de um problema proposto pela professora ou emergir de uma questão que

ficou pendente em outro Projeto.

Deste modo o início de um projeto, como por exemplo, através de uma

notícia divulgada em jornal, de um fato interessante relatado por alguém do grupo-

professor ou aluno, da leitura de uma história, de um passeio realizado pela turma,

da observação do professor de como as crianças brincam ou das temáticas ou

enredo de suas brincadeiras. A escolha de um tema não se esgota nas formas

acima apresentadas. O que é relevante é que cada tema de projeto proposto seja

apresentado para o aluno como uma argumentação, que dará a base para a

seleção dos mesmos.

Os professores e os alunos devem perguntar-se sobre a necessidade,

relevância, interesse ou oportunidade de trabalhar um ou outro determinado tema.

O critério de escolha de um tema deve ter relação com os trabalhos anteriores,

pois permite estabelecer novas formas de conexão com a informação e a

elaboração de hipóteses de trabalho, que guiem a organização da ação. O

professor deve mostrar aos alunos ou faze-los descobrir as possibilidades do

Projeto proposto ou seja, as novas possibilidades de conhecimentos e

experiências que o tema permite.

Não existem temas que não possam ser abordados através de projetos.

Geralmente os temas surgem de informações e problemas que não se

encontram nos programas escolares , mas sim dos meios de comunicação.

Estes possibilitam múltiplas possibilidades de aprendizagem, tanto para os aluno

como para os professores.

Entretanto, isso não impossibilita que os docentes também possam propor

temas que considerem necessários. A principal característica do trabalho com

projetos não é a origem do tema, mas sim o tratamento que se dá a ele. O

trabalho com projetos não se restringe ao estudo e um tema: o ponto central é a

resolução de problemas. Os problemas, ou a temática, podem surgir do professor,

do grupo de alunos o do próprio contexto social. O importante é garantir que essa

temática se transforme em uma questão para a turma, e isso depende

basicamente do professor.

Segundo, Freire(1993):

“(...) pensar que é possível a realização de um trabalho

em que o contexto teórico se separa de tal modo da

experiência dos educandos no seu contexto concreto,

só é concebível a quem julga indiferentemente ou

independentemente do que os educando já sabem a

partir de suas experiências anteriores à escola. E não

para quem com razão, recusa essa dicotomia

insustentável entre contexto concreto e contexto

teórico.

O ensino dos conteúdos não pode ser feito, a não ser

autoritariamente, vanguardistamente, como se fossem

coisas, saberes que se podem superpor ou justapor ao

corpo consciente dos educandos. Ensinar, aprender,

conhecer não tem nada a ver com essa prática

mecanicista.”

Após a escolha do tema são fundamentais alguns procedimentos por parte do

professor para o desenvolvimento de projetos:

O primeiro consiste na problematização sendo o ponto de partida , o

momento detonador do projeto, a partir do qual o grupo levanta questões

significativas para investigar. É importante salientar que problematizar é mais do

que fazer uma lista de perguntas sobre um tema. É necessário que haja um fio

condutor para o grupo seguir.

O segundo consiste em realizar uma primeira previsão dos conteúdos e as

atividades, procurando fontes de informação que permitam iniciar e desenvolver o

Projeto. É importante que o professor estabeleça o ele deseja que os alunos

aprendam com o Projeto.

O terceiro momento compreende o estudo e a atualização em torno do

tema ou problema do qual se ocupa o projeto, procurando novidades,

questionamentos que permitam que o aluno construa novos conhecimentos.

O quarto momento consiste em criar um clima de envolvimento e de

interesse no grupo, e em cada pessoa sobre o que se está trabalhando na sala de

aula.

Há uma necessidade de ser fazer uma previsão dos recursos que permitam

transmitir ao grupo a atualidade e funcionalidade do projeto. E, por último,

planejar o desenvolvimento do Projeto sobre a base de uma seqüência de

avaliação: o que os alunos sabem sobre o tema, quais são suas hipóteses e

referências de aprendizagem e o que estão aprendendo, como estão

acompanhando o sentido do projeto, o que aprenderam em relação às propostas

iniciais? E se são capazes de estabelecer novas relações.

A seqüência descrita acima deve servir como pauta de reflexão e

acompanhamento do projeto e como preparação de outros futuros, tudo o que irá

guiando seu processo de tomada de decisões.Todas as etapas do Projeto devem

ser registradas, juntamente com todas as produções do aluno ou do grupo, que

reflitam a trajetória do trabalho realizado e da aprendizagem construída.

Ao longo do desenvolvimento do projeto, as disciplinas vão sendo

convocadas a ajudarem a turma na resolução das questões. Cada disciplina dá a

sua contribuição, provocando a construção de conhecimentos específicos da área

e o estabelecimento de relações entre as várias áreas Nada deve ser

descontextualizado, as crianças aprendem fazendo uso real do conhecimento

historicamente acumulado pela humanidade. Logo que todas as questões são

resolvidas e a investigação concluída, o projeto termina, mas deixa margem para a

busca de novos conhecimentos.

Sinteticamente, o processo de organização e desenvolvimento do projeto pode ser

representado assim:

PROBLEMATIZAÇÃO

Detonador __________________________ * Conhecimentos prévios

* Questões significativas

Organização do projeto

DESENVOLVIMENTO

Estratégias para responder às questões__________________* Entrevistas

* Debates

* Pesquisas

Realização do projeto

SÍNTESE

Novas aprendizagens ao longo do

processo_____________________*Conceitos,

procedimentos e atitudes

* Questões esclarecedoras

*Novos problemas

Avaliação do projeto

É relevante salientar que esse quadro esquemático não pode enrijecer o projeto.

Cada etapa é um momento do processo, encadeado com o seguinte; não se trata

de uma série de etapas estanques.

1.2.3- Como os projetos devem ser avaliados?

Segundo Hernandez (1998), um dos fundamentos básicos da proposta

pedagógica dos Projetos é tratar de situar a relação ensino-aprendizagem da

turma partindo de um contexto comunicativo. Isso significa assumir na avaliação

que não só se vai levar em consideração o significado das respostas dos alunos,

mas também o que está implícito e pode ser interpretado ante os enunciados

apresentado pela professora. Tudo isso, além do mais, em conexão com a

finalidade das atitudes que na aula contribuíram para favorecer ou não essa

relação.

Se acreditamos que o aluno não é um acumulador de informações, não

podemos avaliá-lo usando instrumentos que cobrem apenas isso dele. Nesse

sentido, podemos trabalhar com três níveis na avaliação dos conhecimentos

construídos através de projetos:

1- O Diagnóstico ou avaliação inicial: o objetivo desta avaliação é detectar o

nível dos alunos, ou seja, a bagagem de conhecimentos e habilidades que

trazem consigo, para que a partir destes o professor possa programar seus

próximos passos pedagógicos.

2- a Avaliação Formativa: Acontece ao longo do período escolar ou do

desenvolvimento dos projetos. Esta avaliação visa acompanhar o

desenvolvimento dos nossos alunos ao longo do processo e nas diferentes

áreas do conhecimento, para que o professor possa detectar dúvidas ou

necessidades e atuar adequadamente para solucioná-las.

3- A Avaliação Recapitulativa, que é o momento em que verificamos o nível de

construção de conhecimentos atingido por nossos alunos, ao final do período

de desenvolvimentos do projeto, individualmente. Esta avaliação nos permite

conhecer quais aprendizagens o aluno conquistou e quais não.

Numa concepção sobre a relação de ensino e aprendizagem

como a que sustenta o trabalho por Projetos, as três fases da prática

docente – planejamento, ação e avaliação- não podem entender-se

senão como um sistema de inter-relações e complementariedades.

A avaliação com um sentido significativo não é só a avaliação

dos alunos, sobretudo, a contrastação das intenções da professora

com sua prática. O resultado é sempre o início do planejamento de

intervenção posterior.

II- CAPÍTULO: A experiência vivenciada: Os projetos na prática....

2.1- A perspectiva atual na Educação Infantil: o conhecimento

enquanto rede de significações.

Com o objetivo defender o direito de todas as crianças ao saber,

propagou-se um modelo de currículo e de seleção de conteúdos

similar ao modelo de disciplinas presente no ensino fundamental

tradicional.

Na década de 90, como afirma Oliveira(2002), a discussão sobre

o conteúdo do trabalho pedagógico na pré-escola foi muito

influenciado pelo compromisso dos educadores progressistas de não

deixar a criança provinda de classes populares marginalizada do

acesso aos conhecimentos histórica e coletivamente produzidos

restritos as crianças da classe média.

No sentido de ampliar as experiências vividas pelas crianças

carentes foram selecionados um amplo repertório de noções a serem

desenvolvidas com as crianças como: ênfase ao desenvolvimento da

oralidade, à compreensão das transformações em curso tanto nos

grupos sociais quanto nos elementos da natureza, à elaboração das

primeiras hipóteses sobre a língua escrita, à construção do conceito

de número e das noções de tempo e espaço na interação do sujeito

com uma realidade sócio-histórica, a construção da identidade pessoal

e de grupo levando em consideração os aspectos subjetivos, alem das

habilidades motoras.

No entanto, não basta selecionar conteúdos de aprendizado se

não há uma reflexão sobre como eles devem ser trabalhados com as

crianças. Sobretudo, é preciso levar em consideração os

conhecimentos que a criança já possui e valorizá-los, para depois

pensar em ampliá-los. O trabalho pedagógico realizado na educação

infantil deve ter como premissa o desenvolvimento da curiosidade e

crítica tendo em vista a conquista de sua autonomia a fim de iniciar

com sucesso sua trajetória no sistema de ensino.

Neste sentido, a psicologia2 tem avançado no entendimento

das capacidades de aprendizagem das crianças pequenas. Esse

avanço surge da visão de desenvolvimento humano como uma

construção social que ocorre em contextos específicos, em que

situações envolvendo pessoas e objetos constituem os recursos para

a construção de formas mais complexas de agir, pensar e sentir.

“(..) cada indivíduo constrói seu pensamento e

a si mesmo, enquanto sujeito, pelo imergir em

uma experiência interpessoal, apagando seus

próprios limites constituindo uma unidade

momentaneamente indissociável com parceiro

ou com o “mundo”,(...)”

( Wallon,

p.101,1971)

2 )liveira, Zilma Ramos de. Educação Infantil; fundamentos e métodos, 2002.

Esses novos conhecimentos enfocam a figura do professor

como alguém atento às manifestações da criança para auxilia-la a

analisar, comparar, generalizar e sintetizar. O professor deve criar

situações que possibilitem à criança imergir em atividades

significativas em que busque explicar o mundo em que vive e a si

mesma. Chamar a atenção da criança para certos aspectos das

situações e procurar responder às indagações de modo atencioso,

indicando-lhe certos sentidos que são parte de um conjunto de

explicações sobre o mundo, são formas de o professor formar na

educação infantil uma comunidade de aprendizes mais curiosos e

reflexivos. Assumir o ponto de vista deles permite ao professor avaliar

quais os caminhos mais promissores para o seu desenvolvimento.

2.2- A realização dos Projetos de trabalho na Educação Infantil

As crianças em idade pré-escolar estão “conhecendo o mundo

(Freire,1992), sentindo, identificando-se e envolvendo-se cada vez

mais com o meio em que vivem. Despertar a curiosidade em relação

ao contexto é possibilitar a construção do conhecimento a partir da

realidade”.

Na fase pré-escolar as crianças aumentam as suas motivações,

os seus sentimentos e os desejos de conhecer o mundo e de

aprender. A curiosidade que caracteriza toda criança dessa fase é

sem dúvida, propulsora do desejo que as mobiliza para estudar

assuntos que ainda não conhecem. Cabe ao professor povoar a sala

de aula, desafiar a criança, ajudando-a a ampliar os temas, criando um

ambiente que estimule os novos conhecimentos.

Tendo em vista este ponto de partida, podemos organizar o

conhecimento através dos projetos de trabalho. Estes reconhecem a

importância de a criança ter, desde cedo, experiências com os objetos

da cultura por meio de atividades como cantar, tocar instrumentos

musicais, ouvir histórias, brincar com areia e água, modelar com

argila, pintar, passear, construir com blocos, compor quebra-cabeças,

observar animais e cuidar deles, realizar brincadeiras no pátio e mais

uma infinita possibilidade de exploração do meio.

“ O planejamento desenvolvido através de

projetos pedagógicos, em educação infantil,

tem por fundamento uma aprendizagem

significativa para as crianças. Eles podem se

originar de brincadeiras, de leitura de livros

infantis, de eventos culturais, de áreas

temáticas trabalhadas, de necessidades

observadas quanto ao desenvolvimento

infantil. Vários projetos

podem se desenvolver ao mesmo tempo, de tal

forma que se dê a articulação entre o

conhecimento científico e a realidade

espontânea da criança, promovendo a

cooperação e a interdisciplinaridade num

contexto de jogo, trabalho e lazer.”

(Hoffmann,

1999,p.43)

Os projetos organizam-se segundo temas sobre os quais

crianças vão tecer redes se significações. Abrem possibilidades para

cada criança indagar, criar relações e entender a natureza cognitiva,

estética, política e ética de seu ambiente, atribuindo-lhe significados.

Esses projetos devem ser desenvolvidos durante um tempo variável

do ano escolar, por meio de múltiplas atividades.

Nesse momento nos propomos a falar um pouco da nossa

prática. Os projetos a seguir foram desenvolvidos em uma turma de

alunos da faixa etária de 4-5 anos, durante todo ano letivo. O

primeiro projeto acabou se desdobrando em um segundo, onde

contemplamos temáticas relacionadas com a construção da identidade

étnica e cultural dos alunos e a construção do espaço físico como

produto das relações humanas.

Projeto 1: “Uma só raça, várias etnias”

Justificativa:

É através do corpo que o ser humano conhece a si próprio-

iniciando um processo de auto- conhecimento no mundo que o cerca.

Sua personalidade se desenvolve de acordo com a descoberta

gradativa que se dá por meio não somente do conhecimento de suas

partes, mas também as possibilidades de agir sobre e com elas na

transformação do mundo.

O conhecimento do seu corpo contribui para a constituição da

sua identidade individual e grupal, fazendo com que se perceba como

uma pessoa singular mas que participa de um grupo com

características próprias.

Além do pequeno grupo do qual participa cotidianamente- a

turma do infantil 4- temos o objetivo de experimentar com as crianças

a idéia que somos todos de uma mesma raça, a Raça humana- que é

composta por várias etnias- os brancos, os negros, os amarelos e que

cada povo tem sua cultura e sua história, expressa nas tradições, nas

músicas, nas histórias e contos, n alimentação, nas danças e o direito

a viver, com dignidade, sua identidade.

Principalmente, em relação ao nosso país, somos um povo

primordialmente miscigenado, misturado. Conhecer e valorizar as três

etnias que compõem a população do Brasil- os brancos, os negros e

os índios- trabalhando possíveis preconceitos raciais entre as crianças

e aceitando as diferenças, são os objetivos permanentes do nosso

trabalho pedagógico.

Os objetivos desta proposta pretendem:

1- Promover o reconhecimento e representação das partes do

corpo humano, levando a leitura de seu próprio corpo (esquema

corporal, equilíbrio, lateralidade, relação tronco-membros).

2- Utilizar os órgãos/sentidos do corpo para promover a leitura

daquilo que o cerca ( leitura do mundo- cores, formas, texturas,

sons) relacionando corpo e espaço.

3- Construir noções espaciais em relação ao próprio corpo e

objetos entre si.

4- Promover a percepção de semelhanças físicas e culturais,

contribuindo para a constituição de sua identidade individual e

grupal

5- Valorizar sua imagem e respeitar a diversidade do meio em que

está inserido.

6- Ampliar e contribuir para a construção da noção de tempo,

baseado na sua história de vida e atividades que desenvolve.

7- Pesquisar o que o corpo precisa para sua sobrevivência e uma

boa qualidade de vida

8- Perceber o corpo como instrumento de auto-expressão e

comunicação não-verbal

9- Reconhecer a importância de preservar o espaço em que vive,

visando uma boa qualidade de vida.

Desenvolvimento:

As partes do corpo serão trabalhadas através de atividades práticas

que desenvolvam as crianças de forma global.

Os conteúdos a serem desenvolvidos compreendem em:

1- Partes do corpo: cabeça, tronco, membros.

2- Os órgãos e suas funções/sentidos: relação corpo-espaço

3- Leitura de seu próprio corpo- esquema corporal, equilíbrio,

relação troco/membros

4- Diferenças e semelhanças físicas e culturais: físicas, hábitos,

alimentação, eu o outro, histórias e músicas.

5- Ciclo vital humano: construção das primeiras linhas do tempo, o

que é apropriado para cada idade.

6- O que o nosso corpo precisa: alimentação (relação

homem/natureza; o que é fabricado/ o que é natural), esporte,

higiene, lazer, trabalho

7- O que podemos fazer com o nosso corpo: expressões faciais,

imitações, produção de ritmos e sons

Estratégias:

Teatro, aula passeio, músicas, Histórias, entrevistas, confecção de

maquetes e bonecos, outras.

Projeto 2- Tema: “Rio de Janeiro: terra do samba, mar...nossa casa”!

Justificativa:

“O mundo onde as crianças vivem se constitui em um conjunto de

fenômenos naturais e sociais indissociáveis diante do qual se

mostram curiosas e investigativas. Desde muito pequenas, pela

interação com o meio natural e sociais no qual vivem, as crianças

aprendem sobre o mundo, fazendo perguntas e procurando respostas

às suas indagações e questões(...)”

Referencial Curricular Nacional para a

Educação Infantil- vol3, p. 163.

A descoberta do seu próprio Eu é importante para a criança, pois

passa a (re) conhecer o mundo que a cerca, objetivando compreender

que é um ser único e social ao mesmo tempo, que interage com o

outro.

Para colaborar com sta busca incansável é que decidimos

trabalhar com este projeto pedagógico, que, neste caso, tem em seu

bojo aspectos da vida na cultura do município do Rio de

Janeiro.Procuramos estar o mais próximo da realidade vivida pelo

grupo que atendemos, por acreditarmos ser de grande importância

que as crianças tenham acesso à informações diversificadas, para

que, desde a mais tenra idade, comecem a construir conhecimentos

acerca da humanidade.

Sendo assim, pretendemos despertar a noção de cidadania, de

coletividade, pois só desta maneira cada criança, dentro de seu

próprio tempo, perceberá que e um ser ativo, logo, participativo, dentro

da sociedade que a cerca. Quer dizer, passará a se reconhecer como

agente construtor do espaço sóciocultural em que vive.

Além disso, buscaremos trabalhar paralelamente, o meio

ambiente em que estão situadas, pretendendo desenvolver a

percepção de conservação/cuidado e ampliar o conceito do que é

denominado Meio Ambiente.

Objetivos:

1- Promover o início da noção de cidadania;

2- Valorizar sua imagem e respeitar as diversidades do meio em

que vive;

3- Valorizar os saberes locais e identificar as ações humanas na

sociedade e suas conseqüências;

4- Trabalhar informações/noções de relevo do município do rio de

Janeiro;

5- Abordar as diversas etapas de crescimento e desenvolvimento

da cidade, a urbanização, os meios de transportes, e o comércio

local.

Desenvolvimento:

Todo o projeto será desenvolvido com base em atividades práticas

concretas.

Os conteúdos a serem trabalhados pretendem abordar os seguintes

conhecimentos;

1- Residências e suas variações de acordo com diferentes culturas;

2- Identidade; Eu (nome), família;

3- Ruas, bairros, tribos-noção de coletividade;

4- Os animais também constroem? Vários tipos de moradias;

5- Município do Rio de Janeiro: Relevo, urbanização, meios de

transporte, comercio

6- Meio Ambiente- O que é? Como preservar? O que eu posso

fazer? Ações humanas na sociedade e suas conseqüências.

Estratégias:

Aula-passeio, apresentação de construção dos Arcos da Lapa, o Rio

antigo e o Rio moderno, músicas, histórias, filmes, confecção de

maquetes, confecção de um livro de pano, desenhos, pinturas,

recorte-colagem, confecção de bonecos de massinha, barro,etc,

entrevistas e pesquisas em diversas matérias e com os

pais/responsáveis,jogos de construção/encaixe.

Avaliação:

Por ser a avaliação uma parte integrante do desenvolvimento dos

projetos, a mesma ocorrerá em todos os momentos deste.

Segundo Hoffman( 2003), a avaliação do desenvolvimento

infantil deve atuar como recurso para auxiliar o progresso das

crianças. No processo avaliatório, o professor deve permanentemente

ter um olhar sensível para compreender as crianças e analisar a sua

trajetória, as mudanças evidenciadas pelo trabalho realizado

pedagógico realizado.

“Para que o aluno tenha condições de

relacionar diferentes aspectos da sua realidade

social, bem como compreender a dinâmica das

relações sociais que se estabelecem dentro e

fora da escola e perceber-se enquanto sujeito

delas, é preciso situar essa realidade

historicamente. Embora a compreensão das

transformações sociais exija formas muito

complexas de raciocínio, é possível iniciar um

trabalho com as crianças da pré-escola nessa

direção, procurando deixar mais clara entre

elas a definição que os grupos sociais fazem

da sua própria identidade, construída na

relação com os outros.(...) O constante ir e vir

das partes de uma dada realidade para o todo,

e do todo para as partes, que implica lidar com

espaços e tempos diferentes, dá margem ao

estabelecimento de um diálogo do presente

com o passado e deste com o futuro. Isto

permite a superação do conhecimento

fragmentado do senso comum e do tratamento

da área baseado em conteúdos

predeterminados, tornando possível o

desvendamento de”. conflitos e a percepção do

que muda e do que permanece nas relações

sociais. “

(Programa de Expansão e Melhoria da

Educação Pré-escolar,1994.

Conclusão

Os projetos de trabalho constituem um planejamento de ensino

e aprendizagem que valoriza não só a aquisição de estratégias

cognitivas, mas também o papel do aluno como responsável por sua

aprendizagem.

As questões de investigação são formuladas pelos sujeitos do

conhecimento levando em conta suas dúvidas, curiosidades e

indagações e, a partir e seus conhecimentos prévios, valores,

crenças, interesses e experiências, interagem com os objetos de

conhecimentos , definem os caminhos a seguir em suas explorações,

descobertas e apropriação de novos conhecimentos.

Cabe ao professor estimular o aluno a tomar consciência de

suas dúvidas temporárias e certezas provisórias, ao mesmo tempo em

que o ajuda a articular informações com conhecimentos anteriormente

adquiridos e dirigir o seu desenvolvimento.

O professor é o consultor, articulador, mediador e facilitador do

processo em desenvolvimento pelo aluno. A criação de um ambiente

de confiança, respeito às diferenças, encoraja o aluno a reconhecer os

seus conflitos e a descobrir a potencialidade de aprender a partir dos

próprios erros. Da mesma forma, o professor deve posicionar-se

como um aprendiz e cooperador diante dos temas objeto de estudo,

do processo a seguir e das maneiras de abordá-lo que nunca repetem,

que sempre adquirem dimensões novas em cada grupo.

Durante as investigações, deve-se propiciar o acesso a diversas

fontes de informação e o estabelecimento de conexões entre os

fenômenos, questionando a noção de verdade única, para organizar a

compreensão que dá sentido à problematização.

A relação em aula caracteriza-se pela diversidade de falas e

escutas e pela reinterpretação que cada um faz do objeto em estudo.

Nesse sentido, há diferentes formas de aprender bem como diferentes

aprendizagens potencializando caminhos alternativos e ampliação do

conhecimento sob vários pontos de vista.

Os projetos, assim entendidos, apontam para uma avaliação que

faz parte de experiências substantivas de aprendizagem na medida

em que não privilegiam a memorização e sim colocam os alunos em

situações diferentes das vivenciadas permitindo a cada aluno

reconstruir seu processo e transferir seus conhecimentos e estratégias

a outras circunstâncias e problemas, construindo, assim, novos

conhecimentos.

No entanto, trilhar caminhos novos exige-se uma mudança

pessoal e profissional que se começa pela própria mudança da

escola,onde se constitua um ambiente que favoreça a imaginação

criativa, a iniciativa, a espontaneidade, o questionamento e a

inventividade- o diálogo e a solidariedade.

“A natureza do conhecimento humano é

inventiva, construtiva. Nela as informações não

são pré-fixadas, mas funcionam como pilares

que geram transformações. Assim, chave do

saber são as transformações. Assim, a

capacidade inventiva das pessoas- qualquer

que seja sua idade, diga-se de passagem(...)

Assim, imagem que temos do mundo é fruto

da criação e combinação de esquemas do

nosso pensamento, das nossas formas de

representá-lo. Quando conseguimos operar

mentalmente sobre o mundo, isto é, refletir com

autonomia a respeito de suas conformações,

então possuíamos a chave do saber, temos a

possibilidade de transformá-la.”

( Deheizelin, 1994;10-11 in; Fonseca,2003)

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