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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/DORT Por: ÉRICA MONTEIRO DA SILVA Orientador Prof. Carlos Cereja CACHOEIRAS DE MACACU RIO DE JANEIRO 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · corpo humano. Constatando que certas atividades ocupacionais, independente ... 2003 que revisa a OS 606/98, utiliza a terminologia

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/DORT

Por: ÉRICA MONTEIRO DA SILVA

Orientador

Prof. Carlos Cereja

CACHOEIRAS DE MACACU

RIO DE JANEIRO

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

DOENÇAS OCUPACIONAIS – LER/DORT

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Recursos

Humanos.

Por: . Érica Monteiro da Silva

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AGRADECIMENTOS

....em primeiro lugar agradeço a Deus,

o motivo da minha vida , quem me da

sabedoria e determinação; a minha

mãe, que sempre me apoiou em todos

os meus estudos e em toda minha vida

e uma das causa pela qual estou

concluindo a pós graduação; e a meu

pai, que do seu jeito , sempre esteve

disposto a me ajudar.

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DEDICATÓRIA

....Primeiramente a Deus, o meu tudo;

a minha mãe o meu porto seguro; e a

meu pai.

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RESUMO

Esta monografia tem por objetivo definir o que são as doenças

ocupacionais LER/DORT (lesão por esforço repetitivo – doença osteomuscular

relacionada ao trabalho) e seus danos na vida do trabalhador.Um mal que vem

crescendo e precisa de atenção devida. É necessário que se saiba o que

realmente é, seus sintomas, causas, tratamentos e meios para evitá-lo para

que se possa tomar uma atitude a fim de eliminá-lo ou ao menos amenizá-lo.

Quanto aos lesionados, seus direitos são garantidos por lei, desde que, seja de

fato diagnosticado como portador de LER/DORT.

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METODOLOGIA

O trabalho será desenvolvido através de pesquisa bibliográfica em livros e

revistas da área.Também sendo utilizado como coleta de dados sites com

conteúdo sobre o tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - IDENTIFICANDO A LER/DORT 9

CAPÍTULO II - DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS 20

CAPÍTULO III - PREVENÇÃO NO

COMBATE A LER/DORT 24

CAPITULO IV – DIREITOS ASSEGURADOS

AO TRABALHADOR PORTADOR DE LER/DORT 31

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

WEBGRAFIA 45

ÍNDICE 46

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INTRODUÇÃO

Esta monografia apresenta um estudo sobre doenças ocupacionais –

LER/DORT, um mal que vem crescendo drasticamente nas organizações. É

preciso estar ciente do que fazer para tratá-lo. Que medidas podem ser

tomadas para reduzir o número de casos nas empresas.

Tem se observado uma grande preocupação do tange a qualidade de

vida dos funcionários nas empresas. Programas visando à saúde dos

trabalhadores estão sendo implantados, programas estes que focam a saúde

psicológica e física dos indivíduos. Mas fica uma pergunta será que estes

programas estão conseguindo solucionar os problemas relacionados as

doenças ocupacionais.

As doenças ocupacionais dentre elas a LER/DORT, objeto de estudo

desta pesquisa, ocupam posição de destaque entre as causas de afastamento

no trabalho. Observa-se a necessidade urgente de maior atenção a este

problema, medidas ergonômicas e informativas devem ser tomadas com intito

de amenizar e evitar esta situação, visto que o trabalhador não deve ser

apenas olhado como um recurso a mais dentro da organização e sim como um

ser humano.

Possivelmente a atenção devida à qualidade de vida, tanto da parte da

empresa quanto do funcionário, resolveria ou amenizaria o alto grau de

ocorrência de Doenças ocupacionais nas empresas.

Esta pesquisa procura esclarecer o que vem a ser Doença Ocupacional,

delimitando- se ao estudo das LER/DORT, sugerir medidas ergonômicas

que possam amenizar e até mesmo evitar doenças ocasionadas pelo

trabalho e mostrar leis que asseguram a qualidade de vida dos

colaboradores e beneficiam os lesionados.

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CAPÍTULO I

IDENTIFICANDO A LER/DORT

1.1 - Relatos De Doenças Ocupacionais - LER/DORT

As doenças ocupacionais não são recentes. Inicialmente os estudos

começaram com George Bauer, que apresentou uma pesquisa sobre doenças

e acidentes de trabalho em mineiros.

Mais tarde no século XVIII, Bernadino Ramazzine, considerado o Pai da

medicina do trabalho, relatou que os movimentos bruscos e irregulares, bem

como as posturas incorretas durante o trabalho, provocam serias lesões ao

corpo humano. Constatando que certas atividades ocupacionais, independente

da época e da utilização e modernização dos meios de produção organizados,

exigem dos funcionários posturas, esforços físicos e mentais que podem

resultar em doenças.

No início surgiram os escribas, profissionais que trabalhavam com

penas para escrever, estes profissionais eram submetidos a manterem-se

sempre atentos nos dados a serem registrados e a não prejudicar as escritas e

os lucros de seus patrões, tendo que passar também, longos períodos em

atividades repetitivas, ocasionando doenças, que neste período eram tratadas

como casos isolados, visto que a classe destes trabalhadores era muito

pequena.

De acordo com Moraes e Miguez, mas tarde outra categoria começou a

apresentar sinais de sofrimentos relacionados com suas atividades. A

categoria dos telégrafos, mais numerosa e que deixou a pena e passou a

escrever através das teclas, onde eram levados a acioná-la repetidas vezes,

ocasionando movimentos repetitivos dos operadores. No século XIX é descrito

a tenossinovite do músculo abdutor longo e extensor curto do polegar.

Datilógrafos, mecanógrafos e as telefonistas apresentaram sintomas muito

semelhantes e tiveram suas doenças reconhecidas como originarias das

atividades laborais.

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10Logo depois com a revolução industrial, a produção em massa e os

meios de produção padronizados, as atividades se tornaram cada vez mais

mecanizadas, fazendo com que o trabalhador executasse a mesma atividade

por um longo período de tempo sem pausa, visto que a demanda era muito

grande. Com o tempo foram surgindo nos operários sintomas de doenças

relacionadas ao trabalho, sendo denominadas de Ocupation Arricobachial

Disordes.

Segundo Couto, no Brasil as lesões por esforço repetitivo que se

originaram do termo RSI (Repetition Strain Injures), foram primeiramente

descritas como tenossinovite ocupacional com incidência em lavadeiras,

limpadoras e engomadeiras, durante o XII Congresso Nacional de Prevenção

de Acidentes de Trabalho em 1973.

Mas tarde, por volta de 1985, surgiram publicações e debates sobre a

associação entre tenossinovite e o trabalho de digitação, o que resultou mais

tarde na publicação da Portaria 4.062 em 06/08/1987 pelo Ministério da

Previdência e Assistência Social, reconhecendo a tenossinovite como doença

do trabalho e utilizando a denominação LER.

Em 1991, o núcleo de Saúde do trabalhador registrou casos de Lesões

por Esforços Repetitivos em varias funções.

Ao longo do tempo varias terminologias e conceituações têm sido

usadas para definir a patologia. No Brasil inicialmente, Tenossinovite,

posteriormente Lesão por Esforço Repetitivo e agora Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho. Esta nova nomenclatura propõe

a provável existência de dor sem que haja obrigatoriamente um machucado ou

que a pessoa tenha sido lesionada.

Atualmente no Brasil as LER/DORT representam mais de 65% das

doenças relacionadas ao trabalho, de acordo com dados divulgados pelo

Ministério da Saúde do Brasil. Considerada como uma doença específica de

determinados setores, hoje esta doença atinge não só os digitadores e

bancários mas se espalhou como uma epidemia na industria e no setor de

serviço.

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11Segundo dados divulgados pela Organização Internacional do Trabalho,

no mundo, dois milhões de trabalhadores morrem a cada ano de doenças

ocupacionais e acidentes ocorridos no meio do trabalho. Tornando a situação

cada vez mais preocupante e motivo de discussões nas empresas com o

intuito de melhorar a qualidade de vida de seus trabalhadores.

1.2 - O QUE SÃO AS LER/DORT?

As LER/DORT vem ganhando posição de destaque entre as doenças

ocasionadas pelo trabalho, dados divulgados pelo Ministério da Saúde do

Brasil indicam que elas já representam, mais de 65% das doenças

ocupacionais. Mas para entender esta situação é preciso primeiramente definir

o que são as LER/DORT.

Entende-se por LER: Lesão Por Esforço Repetitivo e DORT: Distúrbios

Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, estas terminologias abrangem os

distúrbios ou doenças do sistema músculo esquelético ligamentar.

Porém ainda há problemas na nomeação destas doenças. No termo

LER, encontram-se juntos o diagnostico lesão e a informação ocupacional,

mas não existe base na maioria dos casos, que demonstre lesão do tecido dos

pacientes considerados portadores de LER. Desta forma evoluindo para

inflamações crônicas com conseqüências funcionais.

A inflamação é um fenômeno biológico que consiste em uma reação

fisiológica frente a uma agressão. A inflamação também é um fenômeno

imunológico, usado como mecanismo de defesa. No caso das LER/DORT, a

inflamação se manifesta devido à repetição do mesmo movimento em uma

freqüência elevada ou fora do normal.

Segundo Couto (1998,p.20) DORT é definido como:

[...] transtornos funcionais, transtornos mecânicos e lesão

de músculo tendões e/ou de faceais e/ou de nervos e/ou

de bolsas articulares e pontas ósseas nos membros

superiores, que resultam em dor, fadiga, queda de

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12performace no trabalho, incapacidade temporária e,

conforme o caso pode evoluir para uma síndrome dolorosa

crônica, nesta fase agravada para todos os fatores

psíquicos (inerentes ao trabalho ou não) capazes de

reduzir o limiar de sensibilidade dolorosa do individuo.

Esta nova nomenclatura é mais adequada, visto que agregam outros

estados dolorosos e não somente a lesão do tecido. Sendo assim considera-se

como DORT, qualquer distúrbio osteomuscular que seguramente esteja

relacionado ao trabalho.

Em 1998 o INSS, través da Ordem de Serviço 606/98, introduziu o termo

DORT, equiparando-o ao termo LER. A Instrução Normativa do INSS/DC 98 de

2003 que revisa a OS 606/98, utiliza a terminologia LER/DORT. De acordo

com essa portaria entende-se por LER/DORT:

“Uma síndrome relacionada ao trabalho, caracterizada pela

ocorrência de vários sintomas concomitantes ou não. Tais

como: dor, parentesia, sensação de peso, fadiga,

desaparecimento insidioso, geralmente no membro

superior, mas podendo acometer membros inferiores.

Entidades neuro-ortopedicas definidas como

tenossinovites, sinovites, compressões de nervos

periféricos, síndromes meofaciais que podem ser

identificadas ou não. Frequentemente são causa de

incapacidade laboral temporária ou permanente.

São resultado da combinação da sobrecarga das

estruturas Anatômicas do sistema osteomuscular com a

falta de tempo para sua combinação da sobrecarga das

estruturas anatômicas do sistema osteomuscular com a

falta de tempo para sua recuperação. A sobrecarga pode

ocorrer seja pela utilização excessiva De determinados

grupos musculares em movimento repetitivos com o sem

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13exigência de esforço localizado, seja pela permanência de

segmentos do corpo em determinadas posições por tempo

prolongado, particularmente quando essas posições

exigem esforço ou resistência das estruturas músculo-

esqueleticas contra a gravidade. A necessidade de

concentração e atenção do trabalhador para realizar suas

atividades e a tensão imposta pela organização do

trabalho, são fatores que interferem de forma significativa

para gerar ocorrência das LER/DORT”.

1.3 - Causas do surgimento das LER/DORT

A Revolução Industrial trouxe para as organizações o processo de

fabricação em massa, e a crescente especialização dos operários no sentido

de melhorar a qualidade, aumentar a produção e também reduzir os custos

dos produtos e serviços. Todo esse processo fez com que os trabalhadores

executassem atividades específicas nas organizações e realizassem

movimentos associados a esforços repetitivos, levando muitos a sofrerem com

certas doenças, as chamadas doenças ocupacionais.

Embora se saiba que as doenças ocupacionais originem-se da

sobrecarga estática e dos movimentos repetitivos é necessário analisar-mos

outros fatores de risco como desencadeadores de tais patologias.

Couto (1998, p.45) ressalta o seguinte em relação a um deles:

[...] é muito importante estar atento aos fatores pessoais

favorecedores de lesão. Esses fatores podem ser

originados na variação anatômica, na preexistência de

doenças, nas variações da reação inflamatória. Um

exemplo disso é o diabete mellitus, que predispões a

pessoa para neuropatias periféricas que podem reproduzir

os quadros dolorosos e parestésicos que caracteriza as

LER/DORT.

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Segundo Nicolette et al ( 2003e) existe uma faixa etária que mais sofre

com as LER/DORT, seria a população urbana a partir dos 35 anos, visto que

alterações degenerativas podem surgir nesta população, predispondo assim a

ruptura espontânea dos tendões.

Para Nicolette (2003a) além das LER/DORT, afetarem pessoas jovens,

o número de casos ainda é maior nas pessoas do sexo feminino, que

executam tarefas que exigem movimentação contínua dos braços e das mãos,

ou que se colocam em posturas inadequadas por um período de tempo

prolongado.

Couto ressalta a existência de quatros fatores que podem levar à mulher

a apresentar mais casos de LER/DORT, que seriam: maior fragilidade da

estrutura orgânica da mulher, o segundo relacionado à ocorrência de variações

hormonais, o terceiro relacionado à condição de trabalho da mulher e o quarto

trata-se da jornada contínua (trabalho x casa).

O INSS dividiu didaticamente os fatores de risco em individual –

pessoal, físicos, ambientais, organizacionais e psicossociais, porém estes

fatores não atuam de forma independente no local de trabalho, há uma

inteiração de todos eles.

a) Fatores individual-pessoal: treinamentos, habilidades motoras, idade,

gênero...

b) Fatores físicos: uso de força excessiva, repetição de movimentos e postura

inadequada.

c) Fatores Ambientais: temperaturas extremas, níveis de ruído, iluminação

inadequada e as vibrações.

d) Fatores Organizacionais: como é estruturado o trabalho, supervisionado,

mensurado e remunerado.

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15e) Fatores Psicossociais: os aspectos subjetivos da organização do trabalho e

como eles são percebidos pelos trabalhadores e pala hierarquia.

1.4 - Sintomas Apresentados

Para Beirão e Silva( apud Vieira,1999), o sintoma característico das

LER/DORT é a dor, que se apresenta de forma lenta. Porém se não for

detectada e tratada após algum tempo torna-se intensa e contínua,

prejudicando o desempenho do trabalhador, tanto na empresa como em sua

vida cotidiana.

Além da dor outros sintomas são apresentados nos portadores de

LER/DORT como: desconforto, fadiga, sensação de peso, dormência,

sensação de diminuição da força, choque nos membros e falta de firmeza nas

mãos. Podendo variar de acordo com a fase que se encontra o portador.

Em relação a gravidade desta doença e a devida atenção para os

sintomas iniciais, Beirão e Silva (apud VIEIRA, 1999) afirma que a inflamação

que pode passar quase despercebida no inicio é reconhecida como motivo de

aposentadoria pelo INSS. Mas o “INSS nem sempre reconhece a doença

somente com base na avaliação clínica e nas queixas dos pacientes. Além do

que é preciso descartar a presença de outras doenças, que podem provocar

sintomas similares, tendo como exemplo a artrite reumatóide”.

No Brasil foi adotado o seguinte sistema para categorizar os pacientes

com LER/DORT.

Grau I: É caracterizado pela sensação de peso e desconforto no membro

afetado. Dor espontânea no local, às vezes com pontadas

ocasionais durante a jornada de trabalho, as quais não chegam a

interferir na produtividade. Essa dor é leve e melhora com o

repouso. Não há sinais clínicos.

Grau II: É caracterizado por dor tolerável, porém mais persistente e

intensa. Aparece durante a jornada de trabalho de forma

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16contínua. É tolerável e permite o desempenho de atividade, mas

afeta o rendimento nos períodos de maior esforço. A

manifestação de dor ocorre inclusive no desempenho de tarefas

domésticas. É mais localizada e pode vir acompanhada de

formigamento e calor, além de leves distúrbios de sensibilidade.

Os sinais clínicos, de modo geral, continuam ausentes. Podem

ser observadas pequenas nodulações e dor ao apalpar o músculo

envolvido.

Grau III: É caracterizada por dor persistente, forte e tem irradiação mais

definida. O repouso em geral só diminui a intensidade, nem

sempre fazendo-a desaparecer por completo. Aparece mais

vezes fora da jornada de trabalho, especialmente a noite. Perde-

se um pouco a força muscular e há queda de produtividade,

quando não a impossibilidade de executar a função. Os trabalhos

domésticos muitas vezes não podem ser executados, estando

presentes os sinais clínicos. O inchaço é freqüente, assim como a

transpiração e a alteração da sensibilidade. Movimentar ou palpar

o local afetado causa dor forte. Nesta fase, o retorno ao trabalho

já se mostra problemático.

Grau IV: É caracterizado por dor forte, contínua, insuportável, que se

acentua aos movimentos levando o paciente a intenso sofrimento.

A dor se acentua com os movimentos, estendendo-se a todo o

membro afetado. Dói até quando o membro estiver mobilizado. A

perda de força e controle dos movimentos são constantes. O

inchaço é persistente e podem aparecer deformidades, como as

atrofias nos dedos, em função do desuso. A capacidade do

trabalho é anulada e a invalidez se caracteriza pela

impossibilidade de um trabalho produtivo regular. As atividades

do cotidiano são muito prejudicadas. Nesse estágio, são comuns

as alterações psicológicas, com quadros de depressão,

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17ansiedade e angustia. A reabilitação é difícil, podendo gerar

seqüelas irreversíveis.

1.5 - Principais Patologias

O INSS, em sua Instrução Normativa n° 98/2003. enumera alguns

diagnósticos enquadráveis como LER/DORT. Porém não impede que outras

doenças venham a ser enquadradas como LER/DORT.

• Bursite de Cotovelo – É a inflamação da bursa, um tipo de almofada

que fica entre o osso e a pele, amortecendo o impacto no cotovelo.

Caso ocorra traumas ou apoio prolongado sobre a bursa, esta pode

ficar inflamada. Algo muito comum em certas profissões em que se

apóia o corpo sobre o cotovelo, como pintor e bombeiros hidráulicos.

Sintomas: Após um trauma, o cotovelo incha rápido e a pele pode

apresentar arranhaduras ou cortes. Se o cotovelo incha devagar,

provavelmente é algo crônico, que promove pressão por depositar o peso

sobre este. O local pode ficar doloroso, sensível ao toque ou incapaz de se

movimentar.

• Dedo de Gatilho – Processo inflamatório da bainha tendinosa, que

promove constrição e formação de nódulo, impossibilitando a extensão

normal do dedo, que salta ao ser forçado a superar o obstáculo

modular. Normalmente a flexão está preservada. É comum em

trabalhadores que usam ferramentas inadequadas que traumatizam a

face palmar.

Sintomas: desconforto e dor sentida na base do polegar e de qualquer um

dos outros dedos. Pode haver um nódulo palpável. Quando o problema

começa, é comum os pacientes referirem um problema no dorso do dedo

afetado, pois no bloqueio, quando estira o dedo a falange distal “parece

saltar”. Na realidade o problema e na polia. Um déficit de extensão é visto

nos casos mais severos e a impossibilidade de abrir e fechar os dedos.

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18• Epicondilites do cotovelo – É uma inflamação no local de origem dos

tendões da musculatura do antebraço. Normalmente é causada por

movimentos repetidos que geram microrupturas dos tendões junto à sua

inserção no osso.

Sintomas: São mais comuns do lado de fora do cotovelo, mas podem

também acometer a região interna. Inicialmente a dor é leve, mas vai

piorando progressivamente, podendo se irradiar para antebraço, punho e

mão.

• Síndrome do canal cubital - É a compressão do nervo ulnar na altura do

canal cubital.

Sintomas: Os principais sintomas são dor e parestesia quando o cotovelo é

mantido em flexão ou em pronação.

• Síndrome do Canal de Guyon - É causada por qualquer estreitamento

de espaço ocupado pelo nervo, podendo ser relacionadas ao tipo de

trabalho do indivíduo como pode ser também congênito.

Sintomas: Os sintomas são de dor parestesias, fraqueza, intolerância ao

calor, hipotrofia muscular, entre outros.

• Síndrome do Desfiladeiro Torácico – Compressão do feixe neuro

vascular da região cervicobraquial ou atravessar os músculos do

pescoço, especialmente os escalenos. Leva à dor em todo membro

supeiror.

Sintomas: Alguns sintomas são cefaléia, dificuldade de coordenação,

distúrbios psicológicos como depressão, edema no membro superior e

alteração da cor.

• Síndrome do Túnel do Carpo – Ocorre pela compressão de um nervo, o

nervo mediano, pelo aumento das estruturas que junto com o nervo

mediano, passam por um canal estreito chamado Túnel do Carpo. Pode

ser desencadeada pelo trabalho manual com movimentos repetidos,

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19alterações hormonais ou associações com outras doenças tais com

diabetes, artrite e causas desconhecidas.

Sintomas: Dor, dormência, formigamento, queimação ou sensação de

"choques" nas mãos. A dor é comumente localizada na mão e punho,

porém pode se estender até o antebraço, braço e ombro.

• Tenossinovite de De Quervain – Inflamação da bainha comum dos

tendões dos músculos abdutor longo e extensor curto do polegar, que

espessada provoca distúrbios de sensibilidade e impotência funcional.

Geralmente ocorre em trabalhadores que usam ferramentas retas, com

a mão posicionada em desvio ulnar, realizando movimentos de força e

repetição.

Sintomas: Dor na região do polegar e punho, podendo se irradiar para o

braço.

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CAPITULO II

DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

2.1 - Como é Feito o Diagnostico

Para realizar o diagnóstico da Ler/Dort, é necessário que o médico faça

toda uma análise do quadro do paciente.

Por a LER/DORT ter incidência comum na população e muitos

indivíduos apresentarem essas afecções sem estarem envolvidos no contexto

ocupacional é muito difícil identificar determinada ocupação como causadora

da doença sem conhecer o ambiente de trabalho. A LER/DORT só poderá ser

afirmada quando sinais e sintomas puderem ser conectados com as atividades

ocupacionais exercidas.

O Ministério da Saúde relata que o diagnóstico é feito através dos

estudos de determinados fatores.

Nas Normas e Manuais Técnicos do Ministério da Saúde (2001) é citado

que:

“O diagnóstico de LER/DORT consiste, como em qualquer

caso, nas etapas habituais de investigação clínica, com os

objetivos de estabelecer a existência de uma ou mais

entidades nosológicas, os fatores etiológicos e de

agravamento”.

a) História da moléstia atual: As queixas dos trabalhadores com

LER/DORT são encontradas em diferentes graus de gravidade do

quadro clínico. As mais comuns são: dor localizada, desconforto, fadiga,

sensação de peso, diminuição da força e falta de firmeza no local

afetado.

No início os sintomas podem até passar despercebidos e poucas vezes

o trabalhador se dá conta de sua ocorrência precocemente. Pois no

início são de certa duração e de leve intensidade, mas aos poucos estes

sintomas tornam-se presentes por mais tempo. É nesta fase que a

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21maioria das pessoas procura ajuda médica, pois já não conseguem

exercer suas funções.

b) Investigação dos diversos aparelhos: É importante também analisar a

presença de outros sintomas ou doenças.

Doenças como artrite, traumas, doenças de colágeno e hipotireodismo,

podem causar ou agravar os sintomas do sistema músculo-esquelético e

do sistema nervoso periférico.

O fator não ocupacional precisa ter intensidade e freqüências parecidas

com a dos fatores ocupacionais, para que esses sejam significativos.

Porém, mesmo que seja diagnosticada uma patologia não ocupacional o

paciente pode apresentar também as LER/DORT.

c) Comportamentos e hábitos relevantes: Deve ser investigado se os

hábitos do trabalhador podem causar ou agravar os sintomas.

Atividades como: uso excessivo de computador em casa, lavagem

manual de grande quantidade de roupas, ato de tricotar, entre outros,

podem agravar o quadro de LER/DORT. No entanto, dificilmente essas

atividades podem ser consideradas causas determinantes dos sintomas

do sistema músculo esquelético.

d) Antecedentes pessoais: Histórico de traumas, fraturas e outros quadros

mórbidos que possam ter desencadeado ou agravado o aparecimento

das LER/DORT, devem ser estudados.

e) Antecedentes familiares: Outro fator que pode contribuir para a

ocorrência das LER/DORT é a existência de familiares com história de

diabetes e outros distúrbios hormonais e reumatismos.

f) Histórico ocupacional: Um fator muito importante na hora de

diagnosticar um paciente com LER/DORT é saber detalhadamente

como e onde o paciente trabalha qual a sua rotina laboral, duração de

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22jornada, existência de tempo de pausas, forças exercidas, execução e

freqüência de movimentos repetitivos, identificação de musculatura e

segmento do corpo mais utilizado, formas de pressão dos chefes,

exigência de produtividade, falta de flexibilidade de tempo, existência de

ambiente estressante.

Outros Fatores como desconforto térmico, iluminação inadequada, a

ergonomia do local e ruído excessivo também podem contribuir para a

ocorrência de LER/DORT.

g) Exames físicos:

h) Exames complementares:

2.2 - Tratamento.

Nicollete sita que primeiramente deve-se estabelecer um diagnóstico do

quadro clínico em que se encontra o trabalhador e identificar e eliminar os

fatores causais. Depois disso então se inicia o tratamento com as formas

disponíveis.

Os tratamentos costumam ser longos e envolvem questões sociais,

empregatícias, trabalhistas, previdências e clínicas.

O INSS sita alguns recursos terapêuticos que podem ser utilizados em um

programa de tratamento e reabilitação.

• Medicamentos – Os medicamentos analgésicos e antiinflamatórios são

úteis no combate a dor crônica, neste caso é necessário a associação

dos antidepressivos que proporcionam efeito analgésico e ansiolítico,

estabiliza o humor e promove alterações na simbologia da dor, mas é

preciso que os pacientes estejam bem informados quanto a forma certa

de utilização e o que esperar deles.

• Atividades Coletivas – As atividades coletivas com os grupos de

pacientes com LER/DORT, permitem a socialização da vivencia do

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23adoecimento e da incapacidade, a decisão e reflexão sobre os temores

e dúvidas dos pacientes em relação ao adoecimento do diagnóstico,

tratamento e reabilitação.

• Fisioterapia – Os objetivos principais da fisioterapia são o alívio da dor,

relaxamento muscular, prevenção de deformidades e proporcionar uma

melhor capacidade funcional dos pacientes portadores de LER/DORT. A

presença do fisioterapeuta é fundamental para uma avaliação contínua

da evolução do caso e para mudanças de técnicas ao longo do

tratamento.

• Apoio Psicológico – O apoio psicológico é essencial ao portador de

LER/DORT, para que se sintam amparados em sua insegurança e

temor no que se refere às atividades prévias do trabalho, às

conseqüências do adoecimento e às perspectivas no emprego.

• Terapia Ocupacional – Nas atividades em grupo são discutidos temas

referentes às atividades da vida cotidiana para que esses trabalhadores

possam se apropriar novamente das suas capacidades e se - significar

o seu fazer, levando em conta as mudanças decorrentes do

adoecimento.

• Terapias corporais – As terapias corporais promovem o relaxamento,

alongamento e a reeducação da postura.

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24

CAPITULO III

PREVENÇÃO NO CAMBATE A LER/DORT

Algumas atitudes podem ajudar na prevenção de ocorrências de

LER/DORT nas empresas, atitudes estas que devem ser tomadas não só pela

empresa, mas também pelos trabalhadores.

Para prevenir as LER/DORT é necessário que primeiro se identifique os

agentes causadores, ou seja, os fatores de risco no ambiente de trabalho, tais

como o modo pelo qual as tarefas são realizadas, o uso da força, as posições

forçadas por muito tempo prolongado, os aspectos organizacionais e os

psicossociais.

A identificação desses aspectos que propiciam a ocorrência de

LER/DORT e as estratégias de defesa, individuais e coletivas deve ser fruto de

análise entre a equipe técnica e os trabalhadores.

3.2 - A Ergonomia como Prevenção das LER/DORT

Mais do que tratar o trabalhador portador das LER/DORT, é necessário

que se elimine ou amenize as condições de risco no loca trabalho.

Segundo SZNERLWAR (2001), quando considerado o âmbito das

empresas, já seria um passo significativo quando há reconhecimento do

problema como sendo real, como sendo fruto do trabalhar e algo que precisa

ser combatido. A partir daí, melhorias nos processos de produção, na

organização do trabalho, no conteúdo das tarefas, nas ferramentas, no

ambiente e nos postos de trabalho, se tornam objetivo das empresas, abrindo

caminho para resolver ou, ao menos, minimizar os problemas.

Como os distúrbios estão diretamente ligados ao trabalho, os programas

de prevenção e tratamento precisam priorizar este aspecto. Nesta perspectiva

LER/DORT é um verdadeiro fenômeno gerado pelo trabalho. Assim as ações

preventivas devem atuar no adoecimento da própria condição de trabalho,

buscando o saneamento e aprimoramento das condições ergonômicas. (

Oliveira e tal, 1998)

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25 A ergonomia tem pelo menos duas finalidades, melhorar e conservar a

saúde dos trabalhadores e a concepção e funcionamento satisfatório dos

sistemas técnicos do ponto de vista da produção e da segurança (27)

Visto desta forma a ergonomia não tem a exclusiva função de evitar as

doenças do trabalho, mas também o papel de colaborar para o aumento da

produção.

Como modo de prevenção o estudo da ergonomia no local de trabalho

busca, a análise das atividades desenvolvidas, podendo identificar as

condições que determinam estas atividades. Esse estudo possibilita, na

situação de trabalho, colocar em evidência a maneira pela qual o trabalhador

realiza a sua tarefa e como ele reage às condições de trabalho.

A ergonomia integra os conhecimentos fisiológicos e psicológicos

quando estuda o homem na situação real de trabalho para identificar os

elementos críticos sobre a saúde e a segurança originados nestas situações e

a partir daí elaborar recomendações de melhoria das condições de trabalho,

bem como desenvolver instrumentos pedagógicos para qualificar os

trabalhadores. Neste sentido o trabalhador é considerado como algo complexo

e tem-se que ponderar sobre a variabilidade infra-individual, onde o homem em

atividade varia constantemente no tempo, aprende e é marcado pelas

situações vivenciadas (Assunção e Lia, 2002).

3.2.1 - Norma Regulamentadora 17 - Ergonomia

De acordo com a Portaria MTPS n° 3.751 de 23 de novembro de 1990 a

NR 17, que cuida da ergonomia, visa estabelecer parâmetros que permitam a

adaptação das condições de trabalho às características psicofisológicas dos

trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e

desempenho eficiente.

Estas condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao

levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos

equipamentos e as condições ambientais do posto de trabalho e a própria

organização do trabalho.

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26Ela é aplicável a todas as categorias e estabelece, entre outros, os

seguintes parâmetros:

A) Transporte e descarga de materiais – Com vista a limitar ou facilitar o

transporte manual de cargas deverão ser usados meios técnicos

apropriados; o trabalho de levantamento deve ser executado de forma

que o esforço físico realizado seja compatível com sua capacidade de

força e não comprometa a sua saúde ou a sua segurança.

B) Mobiliário – Sempre que o trabalho puder ser executado na posição

sentada, o posto de trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta

posição; para trabalho manual sentado ou em pé, as bancadas, mesas,

escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador

condições de boa postura, visualização e operação; os locais de

trabalho devem ter altura ajustável a estatura do trabalhador e à

natureza da função, borda frontal arredondada, encosto com forma

levemente adaptada ao corpo para proteção da região lombar.

C) Equipamentos do posto de trabalho – Todos os equipamentos que

compõem um posto de trabalho devem estar adequados às

características psicofisiologicas dos trabalhadores e à natureza do

trabalho a ser executado. Nas atividades que envolvem leitura de

documentos para digitação, datilografia ou mecanografia deve ser

fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado

proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando

movimentação freqüente do pescoço e fadiga visual. Os equipamentos

utilizados no processo eletrônico de dados com terminais de vídeo

devem observar as condições de mobilidade suficientes para permitir o

ajuste da tela do equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-o

contra reflexos, e proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao

trabalhador, o teclado deve ser independente e ter mobilidade,

permitindo ao trabalhador ajusta-lo de acordo com as tarefas a serem

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27executadas, a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser

colocados de maneira que as distancias olho-tela, olho-teclado e olho-

documento sejam aproximadamente iguais.

D) Condições ambientais de trabalho – As condições ambientais de

trabalho devem estar adequadas às características psicológicas dos

trabalhadores e à natureza a ser executada; Nos locais onde são

executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção

constante deve ser controlado o nível de ruído, temperatura, velocidade

e umidade relativa do ar; Em todos os locais de trabalho deve haver

iluminação adequada e apropriada à natureza da atividade.

E) Organização do trabalho – A organização do trabalho deve ser

adequada às características psicológicas dos trabalhadores e à

natureza do trabalho a ser executado, a organização do trabalho deve

levar em consideração as normas de produção, o modo operatório, a

exigência de tempo, a determinação de tempo, o ritmo de trabalho e o

conteúdo das tarefas; Nas atividades que exigem sobrecarga muscular

estática ou dinâmica do pescoço,ombros, dorso, e membros superiores

e inferiores, e a partir da análise ergonômica do trabalho, deve ser

observado o sistema de avaliação de desempenho para efeito de

remuneração e vantagens de qualquer espécie deve levar em

consideração as repercussões sobre a saúde dos trabalhadores, devem

ser incluídas pausas para descanso, após qualquer tipo de afastamento

igual ou superior a 15 dias, a exigência de produção deverá permitir um

retorno gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao

afastamento; Nas atividades de processamento eletrônico de dados,

deve-se, salvo o disposto em convenções e acordos coletivos de

trabalho, observar que o número máximo de toques reais exigidos pelo

empregador não deve ser superior a 8.000 por hora trabalhada, nas

atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo uma pausa de

10 minutos para cada 50 minutos trabalhados, não deduzidos da

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28jornada normal de trabalho e o tempo efetivo de entrada de dados não

deve exceder 5 horas.

3.3 - O Papel da Norma Regulamentadora 7 (PCMSO) na

Prevenção de Doenças Ocupacionais

Segundo a Portaria SSST n° 24, de 29 de dezembro de 1994, a NR 7 é

a norma que trata dos exames médicos e institui o Programa de Controle

Médico de Saúde Ocupacional, ela visa prevenir o aparecimento de doenças e

promover a saúde do conjunto dos trabalhadores. A empresa é obrigada a

realizar exames médicos admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, de

mudança de função e demissão.

O PCMSO é parte integrante do conjunto mais amplo de iniciativas da

empresa para preservar a saúde do trabalhador, ele tem caráter de prevenção,

rastreamento e diagnóstico precoce dos riscos à saúde relacionados ao

trabalho, além da constatação da existência de casos de doenças profissionais

ou danos irreversíveis à saúde dos trabalhadores.

De acordo com algumas responsabilidades atribuídas a NR 7 cabe ao

empregador:

• Garantir a elaboração e efetiva implantação do PCMSO e zelar pela

sua eficácia.

• Custear sem ônus para o empregado todos os procedimentos

relacionados ao PCMSO.

• Realizar obrigatoriamente os exames médicos de admissão,

periódicos, retorno ao trabalho, mudança de função e demissão. Ao

realizar estes exames é possível através da análise clínica detectar a

existência de alguma doença ocupacional como LER/DORT.

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29O PCMSO deverá obedecer a um planejamento em que estejam previstas

as ações de saúde a serem executadas durante o ano, devem estas ser objeto

de relatório anual.

Se for constatada a ocorrência ou agravamento de doenças profissionais,

através de exames médicos sendo verificadas alterações que revelem

qualquer tipo de disfunção de órgão ou sistema biológico, através de exames

caberá ao médico coordenador ou encarregado indicar quando necessário, o

afastamento do trabalhador para estabelecimento do nexo causal, avaliação de

incapacidade e definição da conduta previdenciária em relação ao trabalho e

orientar o empregador quanto à necessidade de adoção de medidas de

controle no ambiente de trabalho.

3.4 - Ginástica Laboral

ASTRAND & RODAHL apud Pimentel, referem-se à Ginástica Laboral

como sendo a inclusão de alguma atividade física no trabalho diário, com o

intuito de proporcionar a oportunidade para uso diversificado do sistema

locomotor e para selecionar uma relação apropriada entre o trabalho e o

repouso, permitindo uma boa recuperação durante o trabalho.

A Ginástica Laboral pode ser dividida em três classes:

• Ginástica Laboral Preparatória – Visa à realização de exercícios

específicos dentro do local de trabalho, atuando de forma preventiva e

terapêutica e preparando o indivíduo para o trabalho de velocidade,

força ou resistência, objetivando o aquecimento da musculatura e das

articulações a serem trabalhadas.

• Ginástica Laboral compensatória – Visa proporcionar a compensação e

o equilíbrio funcional, assim como também atuar com a recuperação

ativa, aproveitando as pausas de trabalho para exercitar as

musculaturas e relaxar os grupos musculares que estão em contração

durante o trabalho.

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30• Ginástica Laboral Corretiva – Age mais diretamente em cima da dor.

Atenção especial a grupos específicos.

Além dos efeitos físicos a Ginástica Laboral ainda traz benefícios

relacionados aos aspectos psíquicos e sociais, pois favorece a descontração,

estimula o auto-conhecimento e auto-estima e proporciona melhora no

relacionamento inter-pessoal. Todos estes fatores colaboram para a prevenção

das Doenças Ocupacionais, visto que sua manifestação não ocorre apenas

através das condições físicas do trabalho, mas sim através de um conjunto de

fatores ambientais, individual-pessoais, organizacionais psicossociais e físicos.

Para PALITO e BERGAMASCHI (2002), os objetivos da Ginástica Laboral

são: corrigir os vícios posturais, promover a saúde, diminuir o absenteísmo e a

procura ambulatorial, melhorar a condição física geral, aumentar o ânimo e

disposição para o trabalho, promover o auto–conhecimento orgânico, promover

a consciência corporal, melhorar o relacionamento interpessoal, prevenir a

fadiga e prevenir LER/DORT.

Segundo GJILLET, GENETY E GHEDY. (apud PELLEGRINOTTI, 1999):

“as atividades físicas destinadas a manter o bom estado

funcional do organismo contribuem também para

revalorizar e socializar as pessoas, Valores estes

desprezados pelo atual ritmo de vida.”

A Ginástica Laboral é apresentada na maioria das vezes como a melhor

forma de prevenção de LER/DORT, porém não foi encontrado nenhum estudo

amplo mostrando os verdadeiros efeitos da Ginástica Laboral neste caso.

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31

CAPITULO IV

DIREITOS ASSEGURADOS AO TRABALHADOR

PORTADOR DE LER/DORT

Os trabalhadores portadores de LER/DORT, possuem direitos

indenizatórios tanto no âmbito previdenciário, através da aposentadoria por

invalidez quanto no âmbito civil, por meio do recebimento de pensão mensal

vitalícia.

4.1 - Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT)

A CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho – é um documento que

deve ser utilizado para notificar a Previdência Social de um acidente de

trabalho ou doença ocupacional, independente de afastamento do trabalho ou

não. A empresa deve comunicar o acidente de trabalho, até o primeiro dia útil

seguinte ao da ocorrência.

O art. 19. Lei 8.213/91 prevê o acidente de trabalho como aquele que

ocorre pelo exercício do trabalho, a serviço da empresa ou pelo exercício do

trabalho, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que

cause a morte ou a perda ou a redução, permanente ou temporária, da

capacidade para o trabalho.

Estes acidentes podem ser divididos em acidentes típicos, doença

profissional e acidente de trajeto.

• Acidentes Típicos – Este está previsto no art.19, Lei 8.213/91. É o

acidente de trabalho ocorrido enquanto o empregado realizava

seu trabalho de rotina. É necessário que haja uma ligação direta

entre a função e o acidente. Normalmente ocorre dentro da

empresa e no horário do expediente, mas também pode ocorrer

quando o empregado está no trajeto casa trabalho ou a caminho

de casa, uma vez que este seja considerado trabalho.

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32• Doença profissional – Esta prevista no art.20, Lei 8.213/91. É

adquirido por doença profissional. Neste caso é considerado

como dia de acidente de trabalho, a data inicio da incapacidade

laborativa para o exercício da atividade habitual ou o dia que for

realizado o diagnóstico.

De acordo com o art.337, II, Decreto 3.048/99, a perícia médica

do INSS é que fará o reconhecimento do nexo causal entre a

doença e o trabalho.

A LER/DORT é a doença profissional que mais vem crescendo,

mas entre elas é possível destacar a perda auditiva e a hérnia de

disco.

• Acidente de trajeto – É aquele ocorrido no trajeto de ida e volta

do trabalho ou nos períodos destinados às refeições, quando

estes ocorrem fora do local de trabalho. Não importam quais são

os meios de locomoção utilizados, desde que o trabalhador não

desvie do percurso ou interrompa para tratar de assuntos

particulares, é considerado acidente de trajeto.

Neste caso o CAT é acompanhado do boletim de trajeto, e nele

deve constar a descrição do acidente, definindo se foi ao voltar do

trabalho, retornando do almoço, indo para o trabalho ou para sua

residência. Não é considerado acidente de trajeto, ocorrência de

acidente com o ônibus que transporta empregados da empresa.

Neste caso é considerado acidente típico, pois é como se o

ônibus fosse uma extensão da empresa. Dirigir caminhão, ônibus

ou carro também não é considerado acidente de trajeto, pois é

função do motorista é, portanto acidente típico.

A CAT é de estrema importância e fundamental, na ocorrência de

qualquer um desses acidentes, pois, registra a ocorrência do acidente

possibilitando a adoção de políticas de prevenção e no caso do empregado

acidentado, garante a manutenção do seu emprego.

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33

4.2 - INCAPACIDADE DE TRABALHO

Total – É aquela que impossibilita totalmente o trabalhador de trabalhar.

Por razão dessa incapacidade resulta-lhe o direito de receber benefícios

previstos em Lei, tais como auxílio – doença e aposentadoria por invalidez.

Parcial – Em primeiro instante o trabalhador observa-se incapaz de

trabalhar. Por esse motivo permanece afastado do trabalho. Num segundo

estante, porém, constata-se que, após consolidadas as lesões o trabalhador

recupera parcialmente sua capacidade parcial para o trabalho. Ele pode

retornar a atividade com restrições. Neste caso o trabalhador pode receber o

benefício auxilio acidentado.

Temporário – É aquele que curadas as lesões, possibilita ao trabalhador

o retorno ao trabalho. Em caso de afastamento de trabalho superior a 15 dias,

o trabalhador terá direito ao recebimento de auxilio doença acidentário.

Permanente – Ocorre quando as lesões sofridas retiram do trabalhador,

total ou permanente, a capacidade de trabalhar. A incapacidade permanente é

verificada através de laudo médico, confirmado este fato o trabalhador poderá

ter direito por invalidez. Recuperando a capacidade, cessa o pagamento desse

benefício.

As Doenças Ocupacionais podem atingir todos estes níveis de

incapacidade:

[...] desde que comecei a trabalhar na digitação, em 1982,

passei a sentir um incômodo no braço, principalmente no

pulso. Depois veio a dor... as outras colegas reclamavam

da mesma coisa... com o tempo a gente vai ficando

isolado... não consegue fazer mais nada de interessante...

agora... te mesmo namorar fica difícil... fiquei traumatizada

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34quando o médico do INPS me mandou para a fisioterapia,

lá todos os doentes faziam o mesmo tratamento,

independente da doença. Tanto fazia ser acidente,

derrame cerebral, tenossinovite... foi horrível... a gente

piorava porque fazia exercícios com as mãos, apertando

uma bolinha de borracha e aquela água suja da

hidromassagem... não gosto nem de lembrar... me sinto

aleijada. Não agüento olhar para minhas mãos e ver os

meus dedos tortos e a palma da mão afundada, mesmo

depois de 2 cirurgias, incontáveis sessões de fisioterapia e

infiltrações com corticóides. Depois de tentar voltar ao

trabalho por 3 vezes e o Centro de Reabilitação

Profissional não ter conseguido me arrumar uma ocupação

que não agravasse o meu quadro, fui aposentada...

aposentada aos 29 anos... por invalidez.

A incapacidade não afeta apenas fatores físicos e de produtivos.

Trabalhadores afetados pela LER/DORT, mostram-se especialmente sensíveis

e traumatizados ao ver sua força de trabalho diminuída e em muitos casos

perdida.

Outro fato importante a ser destacado é a discriminação sofrida por

muito deles. A LER/DORT, na maioria dos casos não possui manifestação

externa, a dor é a característica predominante, por isso é comum que gere

certa desconfiança nas chefias e colegas de trabalho, quanto a gravidade e

veracidade do problema. Outro motivo também que leva o lesionado a sofrer

preconceito é falta de oportunidade de trabalho para profissionais com

afastamento, o empregador quando olha a carteira de trabalho cheia de

afastamento por doenças, desiste de contratá-lo, enxergando-o apenas como

uma peça com defeito.

Se verdadeiramente se quer combater a LER/DORT e necessário olhar

o ser humano não apenas do ponto de vista da produtividade, como meras

maquinas e sim como seres humanos. A relação doença incapacidade gera

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35transtornos físicos e emocionais nos pacientes, que necessitam não apenas de

tratamentos fisioterapeuticos mais também psicológicos.

4.3 - ESTABILIDADE NO EMPREGO

O ART.118. Lei 8.213/98, estabelece que ao empregado acidentado no

trabalho é garantido o emprego por no mínimo 12 meses após o fim do

beneficio auxílio acidentado.

O trabalhador então, que após perícia médica for constatado que sofre

de LER/DORT e forem-lhe concedidos os benefícios a que tem direito, terá seu

emprego garantido por no mínimo 12 meses após o termino do seu beneficio.

Esta estabilidade alcança apenas os contratos de trabalho por prazo

determinado. Nos contratos de trabalho por tempo determinado, independente

da ocorrência do acidente, a relação empregatícia terá fim no termino do

contrato.

4.4 - AUXÍLIO DOENÇA

O auxilio doença é um beneficio temporário, pago mensalmente que é

concedido ao empregado que não tem condições de trabalhar por acidente ou

doença.

Para ter direito a este auxílio é necessário que a doença esteja

diretamente ligada a atividade exercida no trabalho. O trabalhador se submete

a uma perícia medica, onde o laudo do diagnóstico serve de base para a

concessão/negação do auxilio. Se for constatado que a doença foi causada

pelo trabalho o funcionário terá direito.

O auxílio doença está classificado como B 31, um benefício concedido a

trabalhadores doentes em caso de qualquer doença que leva à incapacidade

no trabalho. Porém há uma distancia muito grande entre o direito assegurado

por lei e as ferramentas utilizadas pelo INSS a confirmar o direito ao benefício.

De acordo com dados divulgados pela imprensa, o percentual de benefícios

por incapacidade negados pela perícia do INSS, encontra-se em torno de 20%

a 30%.

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36Os auxílios têm sido negados muitas vezes por fraude, abuso de poder

ou até mesmo incapacidade do médico perito.

“A caixa sempre teve convênio com o INSS. Eles mandam

tudo; a gente só vai fazer perícia. Ai, o médico do INSS –

como o médico do convênio que fez a Comunicação do

Acidente de Trabalho não havia colocado os três

diagnósticos: tenossinovite, tendinite e síndrome do túnel

do carpo, mas só a STC – ele negou o acidente de

trabalho dizendo: Ah! Se o médico tivesse posto na CAT os

3 laudos, eu teria dado Acidente de Trabalho”. Ai eu

perguntei: Mas doutor, não tem o laudo do meu médico

assistente, porque ele fez a CAT e também colocou. Não

esta ai com o Senhor? O senhor não pode ver? Foi só um

erro de transposição, porque o convênio só copiou o que

meu médico que esta me tratando havia colocado. E o

médico do INSS respondeu: Ah! Não, isso ai é congênito.

Ai mudou o negócio, já era congênito, que eu nasci com

esse negócio no braço. Isso não dá para aceitar, não”.

Com esse depoimento da para perceber perfeitamente o que ocorre.

A lei 8.213/91 dispõe sobre os benefícios ao trabalhador infortunado:

a) Artigo 86: “O auxílio acidente será concedido, como

indenização, ao segurado quando após consolidação das

lesões decorrentes de acidente de qualquer natureza, resultar

seqüelas que impliquem redução da capacidade para o

trabalho que habitualmente exercia”.

b) Artigo 62: “O segurado em gozo do auxilio doença,

insusceptível de recuperação para sua atividade habitual,

deverá submeter-se a processo de reabilitação profissional

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37para o exercício de outra atividade. Não cessará o benefício

até que seja dado como habilitado para o desempenho de

nova atividade que lhe garanta a subsistência ou, quando

considerado não recuperável, for aposentado por invalidez.

c) Artigo 63: “O segurado empregado em gozo de auxílio doença

será considerado pela empresa como licenciado”.

4.5 - AUXILIO DOENÇA POR ACIDENTE DE TRABALHO

O auxílio doença por acidente de trabalho, popularmente conhecido

como “seguro”, é um benefício temporário, mensal, concedido ao empregado

que não tem condições de trabalhar por acidente ou doença relacionado ao

trabalho. O benefício é garantido por lei e previsto no art.59 da Lei 8.213/91, foi

codificado pela Previdência Social como B/91.

O valor do benefício corresponde a 91% do salário de benefício do

trabalhador imediatamente anterior ao afastamento da atividade.

Durante os primeiros 15 dias de benefício, o empregador será

responsável pelo pagamento, a partir do 16° dia é a Previdência Social que se

responsabilizará.

O auxílio doença por acidente de trabalho deixa de ser pago quando:

• O segurado recuperar a força de trabalho

• O benefício se transformar em aposentadoria por invalidez.

• O segurado voltar voluntariamente ao trabalho

Este benefício é bem parecido com o auxilio doença, a diferença é

que o auxílio doença por acidente de trabalho é acrescido de CAT e possui

algumas vantagens:

• Estabilidade do emprego por 12 meses

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38

• Possibilidade do beneficio acidentário gerar auxílio acidente.

• Maior possibilidade de vitória em caso de ação judicial que venha

a ocorrer contra a empresa.

• Manutenção da qualidade de seguro, mesmo que venha a ficar

desempregado ou sem contribuir para a Previdência Social,

aquele que receber auxílio acidente, possibilitando requerer outra

espécie de benefício.

4.6 - AUXILIO ACIDENTE

O auxílio acidente é um benefício concedido ao empregado que tem

capacidade de trabalho diminuída parcial e de forma permanente, constatada

no momento da alta. Esse benefício dura até a aposentadoria.

Para ter direito ao auxílio é necessário comprovar que:

• A capacidade para o trabalho que o segurado habitualmente realizava

diminuída.

• Exista impossibilidade de desempenhar as atividades inerentes a época

anterior ao acidente, mas permita o desempenho de outra atividade,

após processo de reabilitação profissional, nos casos indicados pela

Perícia Médica da Previdência Social.

• Reduza a capacidade para o trabalho que o segurado exercia e traga

seqüelas como: prejuízo estético, perda de segmento de membro,

alterações articulares, entre outros.

É um benefício concedido pelo INSS, está previsto no art.86, da Lei

8.213/91 e codificado como B/94. para ter direito não é necessário carência,

apenas qualidade de segurado.

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39 O início do benefício é dado no dia seguinte ao do termino do auxílio

doença por acidente de trabalho. Termina com a concessão de qualquer

aposentadoria com a emissão de Certidão de Tempo de Serviço ou com óbito

do segurado.

O valor do benefício corresponde a 50% do salário de benefício. O valor

é pago mensalmente enquanto o segurado viver, não prejudicando a

concessão de outro benefício, exceto auxílio doença por acidente de trabalho,

que origine do mesmo acidente, e aposentadoria.

O segurado não tem direito ao auxílio quando:

• Apresenta danos funcionais ou redução da capacidade funcional, sem

repercutir na capacidade para o trabalho que exercia.

• O funcionário muda de função, mediante readaptação profissional

promovida pela empresa, como forma de prevenção, em decorrência de

inadequação do local de trabalho.

Aposentadoria por invalidez é concedida ao trabalhador que tiver perda

total e permanente da capacidade do trabalho. Está prevista na Lei 8.213/91 e

codificada na Previdência Social como B/92.

Esse benefício é definido pela perícia médica e não depende da idade

do trabalhador, seu valor corresponde a uma renda mensal de 100% do salário

benefício.

O segurado passa a receber este auxilio a partir do dia em que cessar o

recebimento do auxílio doença por acidente, se não estiver recebendo esse,

será a partir do 16° dia do afastamento, sendo os primeiros 15 dias por conta

do empregado.

A aposentadoria por invalidez tem natureza permanente ou provisória.

Laudos médicos podem confirmar a recuperação da capacidade de trabalho dp

paciente, e por isso cessar o benefício, podendo o trabalhador voltar ao

trabalho.

Este benefício cessará caso:

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40• O médico através de perícia conceda alta.

• Haja conclusão médica contrária.

• O trabalhador recupere sua força de trabalho.

• O trabalhador venha a falecer

• O trabalhador retorne voluntariamente à atividade.

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CONCLUSÃO

As LER/DORT são doenças ocupacionais que afetam o sistema

músculo esquelético ligamentar e estão diretamente ligados ao trabalho.

As LER/DORT não são recentes, no século XVIII já se falavam nelas.

Hoje ocupam papel de destaque entre as doenças ocupacionais, chegam a

representar 65% das doenças relacionadas ao trabalho.

A terminologia LER significa: Lesão por Esforço Repetitivo e no início

teve problemas com a nomenclatura, pois nem sempre é comprovado lesão no

tecido dos trabalhadores. Por esse motivo o INSS resolveu introduzir o termo

DORT – Doença Osteomuscular Relacionada ao Trabalho – equiparando-a ao

termo LER.

A causa da LER/DORT esta ligada as atividades desenvolvidas no

local de trabalho, mas para o surgimento dela é necessário que outros fatores

como o ambiente de trabalho, a organização do trabalho, entre outras, estejam

interligados.

Os sintomas variam de acordo com a patologia, porém o característico

de todos é a dor. Alguns de seus diagnósticos podem ser: bursite, tendinite,

síndromes e tenossinovite.

Para realizar o diagnóstico é necessário analisar todo o quadro do

paciente. O tratamento pode envolver fisioterapia, medicamentos e até apoio

psicológico.

Algumas medidas estão sendo usadas para evitar a ocorrência de

LER/DORT. A ergonomia e a ginástica laboral são algumas delas.

No que diz respeito aos direitos do trabalhador acometido por

LER/DORT, cabe-lhes: auxilio doença, auxilio doença por acidente de trabalho,

auxilio acidente e aposentadoria por invalidez. Para que estes sejam de fato

concedidos é necessário que a empresa faça a CAT, meio pelo qual o

empregado pode comprovar a relação doença- atividade de trabalho.

As doenças ocupacionais devem ser alvo de mais atenção dentro das

empresas, sendo olhada não apenas no âmbito econômico, visto que gera

custo para a organização em manter um programa de prevenção e custos

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43ainda maiores no tratamento dos indivíduos lesionados, mas também no

âmbito social, como responsabilidade das empresas em garantir a integridade

física e social do trabalhador.

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BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

MORAES , Marco A.;MIGUEZ, Simone A. LER/DORT: Prevenção, tratamento

e 8 noções básicas de ergonomia. Campinas: Apostila de atualização do curso

– Fernandes Fisioterapia, 1998.

COUTO, Hudson de Araújo. Os distúrbios musculoligamentares de membros

superiores relacionados ao trabalho: A realidade no mundo e o fenômeno LER

no Brasil: os diversos aspectos envolvidos ( Breve histórico, aspectos médicos,

sociais e de relações de trabalho). In: Como gerenciar a questão das

LER/DORT: Lesões por esforços repetitivos, distúrbios osteomusculares

relacionados ao trabalho. Belo Horizonte, Ergo,1998.

NICOLETTI, Sergio. Ler-Lesões por esforço repetitivo. Fascículo 1. Centro

Brasileiro de Ortopedia Ocupacional. São Paulo. 1996.

OLIVEIRA, Sebastião Geraldo de. Proteção jurídica à saúde do trabalhador. 2.

ed. São Paulo: LTR, 1998.

SZNELWAR, L.I.Fórum Nacional Sobre o Fenômeno LER/DORT –

“Construindo uma nova visão e formas concretas de ação” . Ata final do Fórum.

Florianópolis Fundacentro, out, 2001. Disponível na internet:

www.fundacentro.sc.gov.

POLITO, E.; BERGAMASCHI, E.C. Ginática Laboral: Teoria e prática. Rio de

Janeiro: Sprint, 2002.

OLIVEIRA, C.R; 8 COLS. Manual prático de LER – Lesões por esforço

repetitivo. Belo Horizonte: Health, 1998.

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WEBGRAFIA

www.previdenciasocial.gov.br

www.ergonomia.com.br

www010.dataprev.gov.br

www.bancodesaude.com.br

www.lerdort.com.br

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - IDENTIFICANDO A LER/DORT 9

CAPÍTULO II - DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

DAS DOENÇAS OCUPACIONAIS 20

CAPÍTULO III –PREVENÇÃO NO

COMBATE A LER/DORT 24

CAPITULO IV – DIREITOS ASSEGURADOS

AO TRABALHADOR PORTADOR DE LER/DORT 31

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 44

WEBGRAFIA 45

ÍNDICE 46