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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS SOBRE O TRANSTORNO DA ANSIEDADE EM CRIANÇAS DE 0 A 4 DA EDUCAÇÃO INFANTIL, NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM Por: Joyce Kamilla Costa Soares Orientador Prof. Marta Pires Relvas Rio de Janeiro 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS SOBRE O TRANSTORNO DA ANSIEDADE EM CRIANÇAS DE 0 A 4 DA EDUCAÇÃO

INFANTIL, NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Por: Joyce Kamilla Costa Soares

Orientador

Prof. Marta Pires Relvas

Rio de Janeiro

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

ESTUDOS NEUROCIENTÍFICOS SOBRE O TRANSTORNO DA ANSIEDADE EM CRIANÇAS DE 0 A 4 DA EDUCAÇÃO

INFANTIL, NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

Monografia elaborada como complementação para a

conclusão do curso de pós-graduação em Neurociência

Pedagógica.

Por: Joyce Kamilla Costa Soares

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AGRADECIMENTOS

A quem participa direta e indiretamente

da educação das crianças;

A quem acredita no futuro da

educação;

Aqueles que buscam o

desenvolvimento da autonomia na

criança;

Aqueles que acreditam que podem

auxiliar no processo de construção do

conhecimento.

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DEDICATÓRIA

Dedico essa monografia a eu mesma por

ter resistido as dificuldades, aos meus

pais Calamar Soares e Roberto Soares,

ao meu irmão Ricardo Soares, ao meu

sobrinho Ricardo Soares Júnior, ao meu

namorado Francis da Rocha, as minhas

amigas e todas as pessoas que torceram

para o meu sucesso e colaboraram de

uma forma ou de outra para a realização

desse trabalho.

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RESUMO

Esta monografia vem mostrar os estudos neurocientíficos sobre o

transtorno da ansiedade em crianças de 0 a 4 anos da Educação Infantil no

processo de aprendizagem. Será importante fazer o estudo da ansiedade por

ela ser uma das causas que dificultam no processo de aprendizagem das

crianças. Também será analisado no sentido de tentar compreender através

dos estudos neurocientíficos, os principais fatores que o desencadeiam, para

que possa ser encontram uma maneira de amenizá-la, e assim, poder melhorar

as possíveis dificuldades das crianças durante o processo de aprendizagem.

Palavras-chaves: transtorno, ansiedade, neurocientífico, educação infantil,

aprendizagem.

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METODOLOGIA

Ressalta sobre os transtornos de ansiedade em crianças de 0 a 4 anos

no processo de aprendizagem através dos estudos neurocientíficos, esse

trabalho acadêmico será dividido em quatro capítulos, são eles: no capítulo I

será sobre a Neurociência, no capítulo II abordará sobre o transtorno da

ansiedade, no capítulo III apresentará sobre o processo de aprendizagem e por

fim, no capítulo IV será feito um “link” sobre o transtorno da ansiedade e o

processo de aprendizagem.

Para a realização desse trabalho monográfico foram pesquisados, os

autores Ana Beatriz Barbosa Silva, Dr. Gustavo Teixeira, Marta Pires Relvas,

Ana Maria Salgado Gômez e Nora Espinosa Terán, revistas Nova Escola e

Scientific American Mente e Cérebro, sites com do Dr. Drauzio Varella,

Wikipedia, News-medical e tudo que for encontrado sobre neurociência,

ansiedade e processo de aprendizagem.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

CAPÍTULO I - A NEUROCIÊNCIA APLICADA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.. 11

CAPÍTULO II - O TRANSTORNO DA ANSIEDADE EM CRIANÇAS DE 0 A 4

ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................. 19

1.1 – Tipos de Transtornos da Ansiedade.............................................. 22

1.2 - Possíveis causas desse Transtorno.............................................. 22

1.3 - Tratamentos................................................................................... 26

CAPÍTULO III – O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS DE 0

A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL............................................................ 29

CAPÍTULO IV – NEUROCIENTIFICAMENTE COMO O TRANSTORNO DA

ANSIEDADE AFETA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM........................ 39

CONCLUSÃO................................................................................................... 49

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 50

WEBGRAFIA.................................................................................................... 51

ÍNDICE.............................................................................................................. 52

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É PRECISO TEMPO

PACIÊNCIA PARA ARMAR

UM QUEBRA-CABEÇA

Há períodos da nossa vida que são cheios de complicações.

Parece que tudo dá errado, nada se encaixa com coisa alguma.

Por dentro, a gente fica confuso, com esse monte de pedacinhos de um

quebra-cabeça gigante espalhado pelo chão.

A gente se sente perdido, desorientado, sem conseguir entender o que está

acontecendo.

Podemos até pensar: “Preciso arrumar a minha cabeça e a minha vida, mas

nem sei por onde começar”.

Como se arma um quebra-cabeça?

Primeiro, é preciso olhar com atenção; é preciso também ter vontade de

desistir e de jogar tudo para o alto.

Haverá ocasiões em que será preciso pedir a alguém que nos ajude

nos pedaços mais complicados.

Às vezes, podemos montar o quebra-cabeça em colaboração com outras

pessoas.

Com persistência, conseguimos progredir.

E a figura vai surgindo, pouco a pouco...

MARIA TEREZA MALDONATO

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INTRODUÇÃO

O cérebro se modifica em contato com o meio durante toda a vida. A

formação da memória é mais efetiva quando a nova informação é associada a

um conhecimento prévio.

Este trabalho tem como objetivo analisar através dos estudos

neurocientíficos as causas que motivam o transtorno da ansiedade em crianças

de 0 a 4 anos no processo de aprendizagem, como mais um recurso a ser

utilizado pelo professor quando observar características específicas do

transtorno em suas crianças.

Para a realização desse trabalho foram desenvolvidas hipóteses, como

o transtorno da ansiedade ser um dos motivos que contribui para as

dificuldades das crianças de 0 a 4 anos e que os problemas familiares também

podem desencadear o transtorno de ansiedade nas crianças durante o seu

processo de aprendizagem.

No capítulo I tem como importante destaque a apresentação sobre a

neurociência.

No capítulo II refere-se sobre o transtorno da ansiedade e seus

sintomas.

No capítulo III aponta sobre o processo de aprendizagem e suas

dificuldades.

No capítulo IV aborda neurocientificamente como o transtorno da

ansiedade afeta no processo de aprendizagem.

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Na educação infantil, a primeira fase do desenvolvimento da criança no

processo de aprendizagem, pode ser observado mais cedo algum sintoma do

transtorno da ansiedade, para que se possa encontrar um meio de amenizá-la

sem causar muitos danos nesse desenvolvimento da criança.

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CAPÍTULO I

A NEUROCIÊNCIA APLICADA NA EDUCAÇÃO

INFANTIL

É o estudo neurocientífico do sistema nervoso, que tem sido visto como

um ramo da biologia. Entretanto, atualmente ela é uma ciência interdisciplinar

que colabora com outros campos como a educação, química, ciência da

computação, engenharia, antropologia, linguística, matemática, medicina e

disciplinas afins, filosofia, física e psicologia.

A neurociência tem sido ampliada para incluir diferentes abordagens

usadas para estudar os aspectos moleculares, celulares, de desenvolvimento,

estruturais, funcionais, evolutivos, e médicos do sistema nervoso. As técnicas

usadas pelos neurocientistas têm se expandindo enormemente, com

contribuições desde estudos moleculares e celulares de neurônios individuais

até do “imageamento” de tarefas sensoriais e motoras no cérebro. Avanços

teóricos recentes na neurociência têm sido auxiliados pelo estudo das redes

neurais ou com apenas a concepção de circuitos (sistemas) e processamento

de informações que se tornam modelos de investigação com tecnologia

biométrica e/ou clínica.

A moderna neurociência tende a reunir as produções isoladas face ao

risco de perder a visão global do seu objeto de estudo isolado de cada campo e

o exercício da inter-relação de pesquisas.

Existem pelo menos 5 maneiras ou áreas de estudo da relação entre

sistema nervoso e comportamento e/ou sua fisiologia.

1. O espectro animal – diversidade de modelos que a natureza oferece e

os padrões reconhecíveis de comportamento e de estrutura anatômica e

bioquímica. Atividade também denominada Neuroetologia.

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2. As diversas patologias e lesões anatômicas e suas consequências

funcionais. Para deficiência mental, por exemplo, já se conhece pelos

menos 300 causas.

3. Os estágios do desenvolvimento humano/animal e envelhecimento.

Existem estágios previsíveis de modificação anatômico-funcional e

comportamental nas diversas fases do desenvolvimento do sistema

nervoso humano.

4. Efeito de drogas em diferentes sítios anatômicos, existe certo consenso

quanto a 3 formas básicas de efeito farmacológico de drogas no sistema

nervoso. As substâncias psicoativas podem ser classificadas como

lépticas (estimulantes); analépticas (depressoras) e dislépticas

(modificadoras). É nesse último grupo que se enquadram as substâncias

conhecidas como alucinógenos ou enteógenos.

5. Estudo da mente (psique), a inteligência, capacidade cognitiva e/ou

comportamento. Para um grande conjunto de alterações

comportamentais estudadas pela psicopatologia e criminologia ainda

não existe consenso sobre suas causas biológicas e psicossociais. O

mesmo pode ser dito para alterações psiconeuroendócrino fisiológicas

da experiência religiosa e êxtase religioso e estados alterados de

consciência induzidos por técnicas como meditação e yoga.

Múltiplas inter-relações entre esses diversos métodos e possibilidades

de estudos são possíveis, contudo ainda não existe grandes teorias que façam

da neurociência uma única teoria ou método científico com suas múltiplas

aplicações práticas na área da médica ou em outras ciências da saúde.

Uma forma distinta de conceder a diversidade de metodologias com que

podemos estudar o cérebro é acompanhar, em princípio os distintos níveis

anatômicos – funcionais que a biologia utiliza para o estudo dos seres vivos.

Estabelecendo então: Neurociência molecular, Neurociência celular como

níveis de análise equivalentes as bem estabelecidas disciplinas da bioquímica

e citologia; A Neurociência sistêmica orientada pelos princípios histológicos,

estruturais e funcionais dos aparelhos e sistemas orgânicos; A Neurociência

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comportamental em princípio acompanha os níveis de organização básica do

indivíduo ou seu comportamento equivalendo aos estudos da Psicobiologia ou

Psicofisiologia e finalmente a Neurociência cognitiva ou estudo das

capacidades mentais mais complexas, típicas do animal humano como a

linguagem, autoconsciência etc...que também pode ser chamada de

Neuropsicologia.

Paradoxos complexos podem ser criados como o estudo molecular da

consciência ou o entendimento da consciência e comportamento como

propriedades emergentes relativamente independentes do estudo do sistema

nervoso. Um entendimento pleno deve considerar como verdadeiras e

igualmente importantes todas as maneiras de estudo do cérebro e sistema

nervoso.

Ainda não concluída em milhares de anos de pesquisas, especulações,

tentativas, erros e acertos sobre a anatomia e fisiologia do cérebro e de suas

funções, sejam o comportamento/pensamento (psique) ou os mecanismos de

regulação orgânica e interação psicossocial alguns problemas se impõem aos

pesquisadores, destacando-se entre estes os que podem ser reunidos pela

patologia.

Ressalta-se, porém, a inconveniência de reduzir a neurociência à clínica

e anatomia patológica como na história da medicina já se fez, e perdermos de

vista a possibilidade de construção de um conhecimento da saúde (não

redutível ao oposto qualificativo da doença) considerando também as

dificuldades de aplicação dos conceitos da patologia às variações genéticas e

bioquímicas das espécies e natureza da psique e/ou comportamento.

Terá duas estratégias básicas para abordar os problemas da mente-

cerébro e/ou a principal aplicação prática da neurociência na clínica médica:

O estudo da função nervosa e suas alterações, ou seja, o coma,

alterações da consciência e do sono; Alterações dos órgãos dos sentidos,

delírios, alterações do intelecto e da fala; Distúrbios do comportamento,

ansiedade e depressão (lassidão, astenia); Desmaios, tontura (vertigens) e

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estado convulsivo; Distúrbios da marcha e postura (tremores, coréia, atetose,

ataxia); Paralisias e distúrbios da sensibilidade e dor (cefaleia e segmentos

periféricos); Espasmos, incontinências e outras alterações da regulação

orgânica.

O estudo etiológico das patologias do sistema nervoso como,

malformações congênitas e erros inatos do metabolismo; Doenças do

desenvolvimento, degenerativas e desmielinizantes; Infecções por gropo de

agentes e sítio anatômico (meningites, encefalites, etc.); Traumatismo no

sistema nervoso central e periférico; Doenças vasculares (hipóxias, isquemias,

infarto hemorragias); Neoplasias (tumores malignos, benignos por tecido de

origem e cistos); Doenças neuroendócrinas, nutricionais, tóxicas e ambientais;

Transtornos mentais e distúrbios de comportamento.

Não se considera que o conhecimento de métodos de tratamento

invasivo como trepanações (que consiste na abertura de um ou mais buracos

no crânio, através de uma broca neurocirúrgica) das medicinas antigas e pré-

colombianas; utilização de plantas psicoativas (que é um suco espesso que se

extrai dos frutos imaturos (cápsulas) de várias espécies de papoulas soníferas,

que é utilizada como narcóticos) e outras técnicas de modificação da

consciência e anestesia (similares à yoga e acupuntura), fazem parte da

neurociência, podemos tomar com data de criação desta interdisciplinar a

publicação De morbis nervorum em 1735, de autoria do médico holandês

Herman Boerhaave (1668 – 1738), considerado o primeiro tratado de

neurologia.

Pode-se ainda marcar seu início com a descoberta da função cerebral

atribuída ao grego Alcmaeon da escola Pitagórica de Croton em torno de 500

aC, que discorreu sobre as funções sensitivas deste. Suas observações foram

confirmadas por Herófilo, um dos fundadores da escola de medicina de

Alexandria (século III aC.), que descreveu as meninges e a rede mirabile (rede

maravilhosa) de nervos (distinguindo este dos vasos) e medula com suas

conexões com cérebro, cujo conhecimento foi sistematizado e demonstrado

empiricamente, através do corte seletivo de nervos, por Galeno (130-211 aC).

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O estudo do encéfalo é tão antigo quanto à ciência e entre as disciplinas

que o inclui a matemática, destacando ainda as reflexões de Hipócrates sobre

esse órgão no clássico da medicina, atribuído a ele:

”...o homem deve saber que de nenhum outro lugar mas do encéfalo, vem a

alegria, o prazer, o riso, e a diversão, o pesar e o ressentimento, o desânimo e a

lamentação....por esse mesmo órgão tornamo-nos loucos e delirantes, e medos e

terrores nos assombram...Nesse sentido sou da opinião de que o encéfalo exerce o

maior poder sobre o homem..”

(Hipócrates – Acerca das Doenças Sagradas, Século V a.C)

(Relvas – Neurociência e transtornos de Aprendizagem, 2011)

Ressalta, porém que a palavra neurociência é jovem e que a primeira

associação de neurociência foi fundada somente em 1970.

A neurociência é divida em 5 disciplinas são elas: Neurociência

Molecular, Neurociência Celular, Neurociência de Sistemas, Neurociência

Comportamental e Neurociência Cognitiva.

Neurociência Molecular – investiga a química e a física envolvida na

função neural. Estuda os íons e suas trocas necessárias para que uma célula

nervosa conduza informações de uma parte do sistema nervoso para outra.

Reduzindo ao nível mais fundamental, a sensação, o movimento, a

compreensão, o planejamento, o relacionamento, a fala e muitas outras

funções humanas que dependem de alterações químicas e físicas. Tem como

objetivo de estudo as diversas moléculas de importância funcional no sistema

nervoso.

Neurociência Celular – considera as distinções entre os tipos de células

no sistema nervoso e como funciona cada um respectivamente. As

investigações com os neurônios recebem e transmitem informações, e os

papéis das células não neurais do sistema nervoso são questões ao nível

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celular. Abordam as células que formam o sistema nervoso, sua estrutura e sua

função.

Neurociência de Sistemas – tem a finalidade de investigar grupos de

neurônios que executam uma função comum, por meio de circuitos e

conexões. Como exemplo, têm-se o sistema proprioceptivo, que transmite

informações de posição e movimento do sistema músculo-esquelético para o

Sistema Nervoso Central (SNC), e o sistema motor, que controla os

movimentos.

Neurociência Comportamental – estuda a interação entre os sistemas

que influenciam o comportamento, o controle postural, a influência relativa de

sensações visuais, vestibulares e proprioceptivas no equilíbrio em diferentes

condições. Dedicam-se a estudar as estruturas neurais que produzem

comportamentos e outros fenômenos psicológicos como o sono, os

comportamentos sexuais, os comportamentos emocionais, etc..

Neurociência Cognitiva – atua nos estudos do pensamento, da

aprendizagem, da memória, do planejamento, do uso da linguagem e das

diferenças entre memória para eventos específicos e para a execução de

habilidades motoras. Trata-se das capacidades mentais mais complexas,

geralmente típicas do homem como a linguagem, a autoconsciência, a

memória, etc..

“Conhecer a história do educando e trata-lo como sujeito único pode mudar o

rumo de muitas crianças”

(Relvas – Neurociência e transtornos de Aprendizagem, 2011)

O cérebro humano poderia ser dividido em três unidades:

1. Cérebro primitivo (autopreservação, agressão) é constituído pelas

estruturas do tronco cerebral, cerebelo, mesencéfalo, pelos bulbos

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olfatórios e pelo mais antigo núcleo da base cerebral. Corresponde

ao cérebro dos répteis.

2. Cérebro intermediário (emoções) tem estruturas do Sistema Límbico

e corresponde ao cérebro dos mamíferos inferiores.

3. Cérebro racional/superior (tarefas intelectuais) compreende a maior

parte dos hemisférios cerebrais formado por um tipo de córtex mais

recente (neocórtex) e por grupos neuronais subcorticais.

A Neurociência da aprendizagem é o estudo de como o cérebro

aprende. É o entendimento de como as redes neurais são estabelecidas no

momento da aprendizagem, bem como de que maneira os estímulos chegaram

ao cérebro, da forma como as memórias se consolidam, e de como temos

acesso a essas informações armazenadas.

A habilidade de pensar e armazenar lembranças depende das atividades

físico-químicas complexas que ocorrem nos circuitos neurais existentes no

cérebro e medula espinhal que programam todos os movimentos.

Os processos neurais também controlam inúmeras funções no

organismo humano, como, a manutenção da temperatura corporal e a pressão

sanguínea são controladas automaticamente, fazendo com que o nosso corpo

fique em atividade, sem que tomemos conhecimento do que os circuitos

neuronais estão fazendo.

A alfabetização em Neurociência pode ser definida como o entendimento

dos processos e conceitos para a compreensão de tópicos relativos às

doenças do cérebro e distúrbios do comportamento.

Os frutos da alfabetização científica para a sociedade em geral e o

indivíduo em particular incluem:

1. Uso do conhecimento em neurociência para a concepção de

ambientes para a participação social de indivíduos portadores de

características específicas de processamento pelo sistema nervoso;

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2. Tomada de decisões esclarecidas em caráter pessoal ou familiar em

relação à saúde, como suporte para o bom funcionamento do

sistema nervoso na faixa etária de criança a adulto;

3. Aplicação do conhecimento neurocientífico para o bom

desenvolvimento e funcionamento do cérebro de recém-nascidos,

crianças, adolescente e adulto;

4. O entendimento e o desenvolvimento de postura crítica frente a

pesquisa e material neurocientífico veiculado pela mídia.

As crianças logo aprendem (e mesmo no final da vida uterina) a coletar

informação do mundo interno e externo, por meio de receptores e dos órgãos

sensoriais. Estes lhes trazem as sensações primárias que logo se tornam

percepções gustativas, olfativas, auditivas, visuais e táteis. À medida que

amadurecem aperfeiçoam a interpretação de seu ambiente e melhoram a

tomada de decisões, baseadas nestas informações.

De um modo geral, existem alguns casos de crianças em idade escolar,

que podem estar afetadas por patologias neurocientíficas ou distúrbios afetivos.

Não é incomum membros da família mais idosos como tios, avôs, devido a

longevidade atual maior, estarem acometidos por doenças como Alzheimer e

Parkinson. Mesmo na sala de aula as crianças convivem com colegas com

dificuldades de aprendizagem como déficit de atenção, hiperatividade, dislexia..

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CAPÍTULO II

O TRANSTORNO DA ANSIEDADE EM CRIANÇAS

DE 0 A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

A ansiedade fazia parte das reações que nossos ancestrais

manifestavam diante de ameaças como a possibilidade de um ataque animal

ou a morte por frio extremo. Preocupar-se com esses eventos mantinha o

corpo em alerta: mais tenso, pressão elevada, maior bombeamento de sangue.

Se o perigo se concretizasse, o corpo estava pronto para reagir. Esse esquema

ficou gravado no cérebro e até hoje entra em ação diante de situações

interpretadas como risco.

Ansiedade é um estado emotivo caracterizado por um sentimento de

insegurança, ou seja, a principal característica do transtorno é o pensamento

voltado para o futuro: há a sensação permanente de que algo desconfortável

ou mesmo catastrófico pode acontecer. Na tentativa de fugir de ameaças

imaginárias, muitas pessoas que sofrem desse transtorno deixam, por

exemplo, de ir a uma festa para evitar o julgamento alheio ou de sair de casa

com receio de sofrer um ataque de pânico. Felizmente existe tratamentos, o

primeiro passo é reconhecer quando a preocupação está passando dos limites

e buscar ajuda médica ou psicológica.

O transtorno da ansiedade generalizada (TAG), segundo o manual, de

classificação de doenças mentais (DSM.V), é um distúrbio caracterizado pela

“preocupação excessiva ou expectativa apreensiva”, persistente e de difícil

controle, que perdura por seis meses no mínimo e vem acompanhado por três

ou mais dos seguintes sintomas: inquietação, fadiga, irritabilidade, dificuldade

de concentração, tensão muscular e perturbação do sono. Sintomas físicos da

ansiedade são muito próximos dos do estresse: coração acelerado, boca seca,

mãos frias, respiração ofegante. Surgem quando há um estímulo real,

sinalizando que o corpo e a mente estão se preparando para enfrentar um

desafio.

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Na ansiedade patológica, sintomas físicos, psíquicos e comportamentais

podem surgir sem estímulo específico: irritabilidade, insônia, inquietação, dores

de cabeça, diarreia, comportamentos de evitação e sensação de estar

perdendo o controle.

É considerada normal a ansiedade que se manifesta nas horas que

antecedem uma entrevista de emprego, a publicação dos aprovados num

concurso, o nascimento de um filho, uma viagem, uma cirurgia delicada, ou um

revés econômico. Nesses casos, a ansiedade funciona como um sinal que

prepara a pessoa para enfrentar o desafio e, mesmo que ele não seja

superado, favorece sua adaptação às novas condições de vida.

A criança de poucos meses se ressente quando deixada com quem lhe

é estranha. Junto com essa experiência, vários sentimentos encontram-se

reunidos. O choro, a tristeza no olhar, o medo expresso no rosto demonstram o

quanto pode sentir de dor. A dor é a representação real à perda do objeto e a

ansiedade é a reação ao perigo que essa perda provoca.

Muitas brincadeiras da primeira infância são formas encontradas pela

criança de lidar com suas fantasias e são organizadoras na formação do eu. Na

ausência da mãe o que aparece é a fantasia de que suas necessidades não

serão mais supridas, pois entendem que só a mãe ou seu substituto (avó,

babá, pai) podem satisfazê-lo. Neste momento, pode-se delimitar o primeiro

sinal que marca o processo de ansiedade como a possibilidade de perder algo.

A brincadeira infantil é um excelente método usado pela criança para

fazer experiências que de alguma forma a tranquilize quanto às vivências que

provocam esta ansiedade. Brincando, representam as situações ameaçadoras

e que causam sofrimento no dia-a-dia. É possível perceber que a criança que

brinca pode elaborar algo de sua realidade que a fez ou a faz sofrer, bem como

pode aprender a lidar com seus medos e fantasias desagradáveis, desta forma,

transforma o desprazer vivido em prazer.

Como exemplo, um bebê de 8 meses que joga repetidas vezes um cubo

no chão, ao mesmo tempo em que pede a um adulto para pegá-lo. Há nesse

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momento uma certa raiva contida da mãe que naquele momento está ausente,

assim como o desejo de que ela possa aparecer a qualquer momento. Tem

uma série de sentimentos que precisam ser organizados e a criança usa a

brincadeira para isso. No caso do bebê, neste momento ele pode sentir, entre

outros: medo da mãe não voltar, raiva por ela o ter deixado, sentimento de

culpa por ter sentido raiva da mãe.

Um aspecto importante a ser considerado é que a criança pequena não

pode ainda distinguir a ausência temporária, da perda permanente. Para a

criança quando sua mãe se ausenta é como se nunca mais ela fosse voltar, por

isso, as experiências se tornam importantes, pois cada vez que sua mãe sai e

retorna a criança irá construir a ideia de que o seu desaparecimento não é para

sempre.

O deslocamento que a criança faz do seu mundo interno para o mundo

externo, através do brincar, permite a ela lidar melhor com os seus medos e

suas fantasias de destruição e, desta forma, vai se adaptando melhor a

realidade.

Um recurso importante para que a criança possa controlar sua

ansiedade é a ajuda externa, de adultos que possam introduzi-la na lei. Os

limites impostos pelos pais, as regras estabelecidas pela escola e o fato de ter

que se conter diante de algo que vem do mundo externo, por exemplo, as

metodologias de ensino, serão importantes para que a criança se organize

emocionalmente e possa conter alguns dos seus impulsos e desejos não

realizáveis. As proibições têm sua eficácia e não devem ser dispensadas.

O controle da ansiedade infantil irá passar pela criança em diálogo com

o mundo. As crianças precisam também criar seus próprios mecanismos de

controle da ansiedade infantil. Não pode associar seus interesses e suas ações

futuras a um meio de ganhar amor e reconhecimento dos pais e mestres.

Quanto menos dependente for e quanto mais buscar dentro de si mesma

o caminho para lidar com as suas ansiedades e com seus sentimentos de

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culpa, mais fortalecida estará quanto a sua capacidade de controlar a

ansiedade.

1.1. Tipos de Transtornos da Ansiedade

A ansiedade patológica compreende vários espectros. O Manual

Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais (DSM) prevê diferentes tipos do

transtorno, que diferem nos sintomas e no tratamento indicado. Os transtornos

de ansiedade são juntos, o problema de saúde mental mais comum no mundo.

Segue alguns transtornos de ansiedade:

• Fobia específica;

• Transtorno de pânico;

• Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC);

• Transtorno de ansiedade generalizada (TAG);

• Transtorno de ansiedade social (TAS) ou fobia social;

• Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT)

1.2. Possíveis causas desses Transtornos

A Fobia específica é o medo de um estímulo ou de determinada

situação, como dirigir, viajar de avião, entrar na água, aproximar-se de certos

animais etc. Existe uma crença subjacente de que o objeto em si é uma

ameaça: o avião pode cair ou um cão pode morder. Pouco mais de 10% das

pessoas apresentam alguma fobia, embora uma quantidade muito maior possa

ter medos exagerados e irracionais deflagrados por um ou mais estímulos.

Essa fobia afeta cerca de 4% das crianças em idade escolar e é

caracterizado por um medo persistente e exagerado de situações ou objetos

específicos, como animais, insetos, sangue, altura, lugares fechados,

elevadores ou voar de avião.

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De uma maneira geral as fobias têm raízes em alguma experiência

extremamente negativa no passado. Como exemplo, uma pessoa que aos três

anos de idade ficou acidentalmente trancado em uma geladeira antiga que

estava no quintal de sua casa, depois de algum tempo ele foi encontrada por

sua mãe, mas desde então ele desenvolveu medo de permanecer em locais

fechados (claustrofobia).

A exposição da criança à situação temida é capaz de desencadear uma

resposta ansiosa imediata. Essa resposta é considerada exagerada e está

frequentemente associada a sintomas somáticos como nervosismo, choro,

ataques de pânico e irritabilidade.

Todas as pessoas passam por momentos difíceis, mas algumas delas

podem desenvolver, com o tempo, sentimentos de angústia que podem evoluir

para um quadro de fobia.

Transtorno de pânico é o estado de externo desconforto diante das

próprias reações fisiológicas e psicológicas a um estímulo – em essência,

receio de um ataque de pânico e, em última instância, o medo da morte. Crises

súbitas de mal-estar, em geral sem que exista um fator desencadeante

importante. Quaisquer anormalidades, como respiração alterada ou batimentos

cardíacos acelerados, vertigens, suores ou tremores, são interpretados como

sinais de colapso iminente, insanidade ou morte. Outra característica que pode

acompanhar o transtorno de pânico é a presença de agorafobia, que é

ansiedade ou medo de estar em lugares abertos ou cheios de gente. Para fugir

dessas sensações, a pessoa tende a evitar as situações que acreditam que

podem acionar essas reações, o que com frequência limita de maneira grave a

mobilidade.

O transtorno de pânico atinge mais as mulheres do que os homens.

Atribui-se essa frequência maior no sexo feminino devido à sensibilização das

estruturas cerebrais pela flutuação hormonal, visto que a incidência de pânico

aumenta no período fértil da vida.

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Ainda não foram perfeitamente esclarecidas as causas do transtorno de

pânico, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais, estresse

acentuado, uso abusivo de certos medicamentos (as anfetaminas, por

exemplo), drogas e álcool, possam estar envolvidos.

Transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é caracterizado por

pensamentos recorrentes ou imagens (obsessões) estressantes. Obsessões

são pensamentos persistentes, repetitivos, intrusivos e sem sentido que

“invadem a cabeça” do paciente. A pessoa se reconhece como sem sentido,

inadequadas ou desnecessárias, mas não consegue controla-las. Podem

apresentar-se sob a forma de repetição de palavras, frases, pensamentos,

medos, números, fotos ou cenas, e normalmente estão relacionadas com

ideias de limpeza, contaminação, segurança, agressão ou sexo, perder o

controle em público, cometer um erro ou se comportar de maneira inadequada.

Para fugir disso, tem a necessidade urgente de realizar certas ações,

compulsões que são comportamentos repetitivos, em sua fantasia,

neutralizarão esses pensamentos intrusivos: levar-se, executar rituais, fazer

verificação constante ou atos mentais como rezar, contar, repetir palavras,

frases, números que a pessoa se sente obrigada a executar em resposta a

uma obsessão. Os comportamentos compulsivos visam prevenir ou reduzir o

sofrimento, ou evitar algum evento ou uma situação temida. Sendo mais

precoce em meninos do que em meninas.

No caso de crianças pequenas, observam-se compulsões sem

obsessões, e estas podem não reconhecê-las como algo problemático, apesar

de identificar os prejuízos emocionais e sociais provocados pela doença.

A genética é um grande indicador dos transtornos ansiosos, comumente

encontra histórico de transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) ou de transtornos

de tiques na família do portador.

Transtorno de ansiedade generalizada (TAG) é caracterizado por

excessivas preocupações, ansiedade e intensas dificuldades para controla-las,

normalmente relacionadas com eventos futuros. O transtorno esta relacionado

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com sentimentos de apreensão e dúvida, cansaço, fadiga, tensão muscular,

distúrbios do sono, dificuldade de concentração e irritabilidade.

Quem sofre de transtorno de ansiedade generalizada (TAG) vive em

contínuo estado de alerta e numa constante inquietude. Deixa de viver o

presente e desfrutá-lo em forma plena, pois as preocupações subjetivas tomam

o espaço destinado ao “aqui e agora”.

Transtorno de ansiedade social (TAS) ou fobia social provoca no

estudante intenso medo, ansiedade e grande timidez quando ele está exposto

a situações sócias. É muito mais do que timidez, ele ocorre quando a

ansiedade é excessiva e persistente ou constante.

Crianças com transtorno de ansiedade social (TAS) ou fobia social

apresentam comportamento evitativo relacionado com a sociedade. São

extremamente tímidos e retraídos, costumam se isolar e sofrer uma profunda

sensação de solidão, ele julga ser o único culpado se seus problemas e

acreditam que não seriam compreendidos por outras pessoas.

O principal sintoma desse transtorno é a ansiedade excessiva na

presença de outras pessoas. Essa ansiedade está diretamente relacionada

como o medo de ser avaliado de forma negativa pelos outros e pode se

apresentar de forma circunscrita ou generalizada.

Crianças pequenas podem apresentar esse tipo de transtorno através de

choro ou se esconder atrás de suas mães quando confrontadas com situações

sociais que causem medo ou insegurança, podendo não conseguir frequentar a

escola.

Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) as pessoas que possuem

esse transtorno passam por eventos de natureza excepcionalmente

ameaçadores ou catastróficos: correram risco de vida, vivenciaram momentos

de violência ou fatos violentos como assaltos, sequestros, acidentes de carro,

desastres naturais, torturas psicológicas e/ou físicos, abusos sexuais etc., por

sentimentos de impotência, medo e horror. São fatos que os marcaram

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profundamente e que desencadearam uma série de sintomas físicos e

psíquicos, sinalizando que o trauma não foi superado. A ferida ainda está

aberta e sangrando.

Na memória estão armazenados todos os fatos que se aprende,

vivencia, ver, ouve e sente. Acontecimentos e sensações que estão registrados

e que pode “buscar”, quando necessita ou são induzidos a encontra-los.

1.3. Tratamentos

Para o tratamento da fobia específico há três tipos de abordagem que

podem ser seguidos pelos especialistas e pacientes: a psicoterapia, o uso de

medicamentos específicos ou, ainda, a união de ambos.

Betabloqueadores, antidepressivos e sedativos costumam ser as

medicações mais recomendadas pelos médicos e, quando unidas a terapias

comportamentais, o resultado costuma ser bastante eficiente.

Para o transtorno do pânico inclui na prescrição medicamentos

antidepressivos (tricíclios ou de nova geração) e psicoterapia, especialmente a

psicoterapia cognitivo-comportamental, que defende a exposição a situações

que provocam pânico, de forma sistemática, gradual e progressiva, até que

ocorra a dessensibilização diante do agente agressor.

Geralmente, a medicação precisa ser mantida por períodos mais longos

e descontinuada progressivamente por causa do risco de recaídas.

Para o transtorno obsessivo-compulsivo há muita divergência sobre qual

deve ser a primeira abordagem terapêutica. Em linhas gerais, existem dois

tipos de tratamento: o medicamentoso e o não medicamentoso. O

medicamentoso utiliza antidepressivos inibidores da serotonina. Outros tipos

não funcionam. Entre os tratamentos não medicamentosos, o único

comprovadamente eficaz é a terapia cognitivo-comportamental.

Para o transtorno da ansiedade generalizada uma combinação de

medicamentos e terapia cognitivo-comportamental (TCC) funciona melhor que

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uma técnica ou outra isoladamente. Os medicamentos são uma parte

fundamental do tratamento, depois que começa a usá-los, não deverá ser

interrompido sem a liberação do médico. Medicamentos que podem ser usados

são inibidores de receptação de seratonina e norepinefrina, alguns

antidepressivos e antiepilépticos.

A terapia cognitivo-comportamental ajuda a compreender os

comportamentos e como conseguir controla-los durante a terapia, e também

em casa, o paciente aprenderá a:

• Compreender e aprender a controlar as visões distorcidas das

supostas fontes de estresse da vida, como o comportamento de outras

pessoas ou eventos importantes;

• Reconhecer e substituir os pensamentos que causam pânico,

diminuindo o sentimento de impotência;

• Gerenciar o estresse e relaxar quando os sintomas ocorrerem;

• Evitar pensar que as pequenas preocupações se transformarão

em problema muitos graves;

• Evitar cafeína, drogas ilícitas e até mesmo alguns remédios para

gripe também pode ajudar a minimizar os sintomas;

• Um estilo de vida saudável que inclua exercícios, descanso

suficiente e boa alimentação podem ajudar a diminuir o impacto da ansiedade.

Para o transtorno de ansiedade social ou fobia social são utilizados

tratamentos psicoterápicos, a terapia cognitivo-comportamental e

medicamentos antidepressivos como fluoxetina, sertralina, citalopram,

paraxetin e nefazodona.

Para o transtorno de estresse pós-traumático existe alguma evidência

sobre a eficácia da abordagem cognitivo-comportamental e da psicoterapia

dinâmica breve no TEPT. A terapia deve utilizar objetos intermediários como

brinquedos ou desenho para facilitar a comunicação, evitando interpretações

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sem confirmações concretas sobre o que ocorreu, mas fornecendo subsídios

que permitam a elaboração da experiência traumática.

As medicações reforçam os resultados, os antidepressivos tricíclicos

(impramina, amitriptilina) como os inibidores seletivos da receptação de

serotonina (ISRS) parecem ser eficazes para os sintomas centrais do TEPT.

Preocupações a respeito da letalidade associada ao uso dos tricíclicos e à

necessidade constante da monitorização pelo eletrocardiograma podem levar

ao médico a preferir o uso dos inibidores seletivos da receptação de serotonina

(ISRS) aos tricíclicos. Além dos antidepressivos, o beta-bloqueador propranolol

apresentou resposta favorável.

Em crianças, o desenvolvimento emocional influi sobre as causas e a

maneira como se manifestam os medos e as preocupações, sejam normais ou

patológicos.

Tanto a ansiedade e o medo são considerados patológicos quando

exagerados, desproporcionais em relação ao estímulo, ou qualitativamente

diversos do que se observa naquela faixa etária e interferem com a qualidade

de vida, conforto emocional ou desempenho diário da criança. Tais reações

exageradas ao estímulo ansiogênico se desenvolvem, mais comumente, em

indivíduos com predisposição neurobiológica herdada.

Apesar de haver um quadro clínico para cada síndrome ansiosa, a

maioria das crianças apresentará mais de um transtorno ansioso. Estima-se

que cerca de metade das crianças com transtornos ansiosos tenham também

outro transtorno ansioso comórbido.

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CAPÍTULO III

O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DE CRIANÇAS DE 0

A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL

Segundo as autoras Ana Maria Salgado Gómez e Nora Espinosa Terán

a aprendizagem não é somente um processo de entrada e saída de

informação, nem tampouco pode ser considerado somente a partir da área

emocional. O aprendizado integra o cerebral, o psíquico, o cognitivo e o social.

É um processo neuropsicocognitivo que ocorrerá num determinado momento

histórico, numa determinada sociedade, dentro de uma cultura particular.

A estrutura psíquica dá sentido aos processos perceptivos, enquanto a

organização cognitiva sistematiza toda a informação recebida de uma forma

muito pessoal de acordo com as experiências vivenciadas e as situações

sociais onde elas desenvolvem.

Portanto, os sujeitos da aprendizagem e seus modos de aprender são

produtos das práticas culturais e sociais.

O processo de aprendizagem já não é considerada uma ação passiva de

recepção, nem o ensinamento uma simples transmissão de informação, e já

fala-se da aprendizagem interativa, da dimensionalidade do saber. A

aprendizagem supõe uma construção que ocorre por meio de um processo

mental que implica na aquisição de um conhecimento novo. É sempre uma

reconstrução interna e subjetiva, processada e construída interativamente.

O processo pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de

forma que há diferentes teorias de aprendizagem. A aprendizagem é uma das

funções mentais mais importantes em humanos e animais e também pode ser

aplicada a sistemas artificiais.

Os seres humanos precisam de contínuas aprendizagens que começam

a ocorrer a partir da gestação. O aprender é o caminho para atingir o

crescimento, a maturidade e o desenvolvimento como pessoas num mundo

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organizado as interações com o meio permite a organização do conhecimento.

A aprendizagem é um processo que ocorre durante toda a vida.

Aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento

pessoal. Deve ser devidamente orientada e é facorecida quando o indivíduo

está motivado. Os estudos da aprendizagem utilizam os conhecimentos e

teorias da neuropsicologia, psicologia, educação e pedagogia.

A aprendizagem é um processo integral que ocorre desde o princípio da

vida. Exige de quem aprende o corpo, o psiquismo e os processos cognitivos

que ocorrem dentro de um sistema social organizado, sistematizado em ideias,

pensamento e linguagem.

Ao aprender o cérebro entra em atividade e ocorre uma série de

mudanças físicas e químicas. Para compreender seu funcionamento é

importante conhecer sua estrutura e alguns fatores ambientais que influenciam

o seu desenvolvimento. Os neurocientistas estudam a anatomia, a fisiologia, a

química e a biologia molecular do sistema nervoso enfocando seu interesse na

atividade cerebral relacionada com o comportamento e a aprendizagem.

Segundo as autoras Ana Maria Gómez e Nora Espinosa Terán o sistema

nervoso é dividido em duas partes: sistema nervoso central e sistema nervoso

periférico.

Sistema nervoso central: é formada pelo cérebro, cerebelo e a medula

espinhal.

O cérebro: está localizado no final da coluna vertebral. O cérebro

depende de uma dieta balanceada para realizar suas funções; necessita de

oxigênio, água, glicose e complementarmente de vitaminas e minerais.

O córtex cerebral é a camada que recobre o cérebro. Para caber dentro

do crânio o córtex teve que se dobrar formando pregas e originando os

diferentes lobos que são separados por fissuras profundas. Por essa razão o

córtex tem a aparência enrugada.

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O cérebro tem duas regiões importantes: o hemisfério direito e esquerdo.

Cada um com quatro lobos: frontal, parietal, temporal e occipital. O corpo

caloso é a estrutura do cérebro que une os dois hemisférios.

O cérebro tem no seu interior cavidades chamadas de ventrículos, sendo

quatro no total: ventrículo esquerdo, ventrículo direito, terceiro ventrículo e

quarto ventrículo. Os ventrículos cerebrais estão cheios de líquido chamado

cefalorraquidiano, o qual também os rodeia. O cérebro também possui fissuras:

longitudinal e lateral, as quais nos ajudam a delimitar os lobos.

O cérebro é formado por matéria branca e matéria cinzenta. Podem ser

observadas em uma tomografia na qual se distinguem as duas cores. A razão

da existência dos dois tons distintos é devida à composição, já que a matéria

branca é formada por axônios (no centro do cérebro) e a matéria cinzenta por

corpos neurais (no córtex e nos gânglios da base do cérebro).

O cérebro também conta com dois tipos importantes de proteção: óssea,

que forma uma barreira física e líquida, que serve como amortecedora.

O cerebelo: encontra-se abaixo do lobo occipital e tem como funções

manter o equilíbrio do corpo, a coordenação dos movimentos. Serve de

conexão entre a medula e o cérebro. Desempenha uma função importante no

processamento cognitivo, coordenando nossos pensamentos, emoções,

sentidos e memória.

A medula espinhal: é formada por células nervosas. Conecta-se como

o cerebelo e transmite mensagens do cérebro ao corpo e do corpo ao cérebro.

Sistema nervoso periférico: é composto por axônios longos e

dendritos; abrange todas as partes do sistema nervoso, com exceção do

cérebro e da medula espinhal. Existem duas grandes divisões:

Somática: está encarregada de controlar todos os movimentos

voluntários.

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Autônomo: é encarregado das partes do corpo que nos mantêm vivos,

sem que sejamos conscientes disso: o coração, os vasos sanguíneos, os

pulmões e outros órgãos de funcionamento involuntário. O autônomo por sua

vez se divide em dois:

Simpático: prepara o corpo para reagir diante de uma situação de

tensão ou alarme; ocorrem taquicardias, os sentidos se tornam mais agudos, o

corpo se prepara para enfrentar o perigo e aparecem sintomas como sudorese,

tremor, respiração acelerada, etc.

Parassimpático: absorve a energia produzida pelo simpático; faz

trabalhar o sistema digestivo e produz à calma.

Existem algumas partes importantes por dentro do cérebro:

O bulbo raquidiano conecta a coluna vertebral ao cérebro e controlam

certas funções corporais críticas como os batimentos do coração, a respiração,

a temperatura, a homeostase e a digestão.

O sistema límbico está localizado sobre o bulbo raquiano. Quase todas

as estruturas que, encontradas no sistema límbico estão duplicadas nos dois

hemisférios do cérebro. Este sistema controla várias funções, tais quais: a

alimentação, a geração de emoções e a reprodução, entre outras. Para a

aprendizagem e a memória mencionasse a importância de quatro outras

estruturas do sistema límbico.

O tálamo é o principal receptor de toda a informação sensorial com

exceção do olfato. Esse último é enviado para outras partes do cérebro para

um processamento adicional.

O hipotálamo é uma glândula que faz parte do diencéfalo e está

localizado abaixo do tálamo. É considerado o centro integrador do sistema

nervoso vegetativo ou autônomo, dentro do sistema nervoso central. Está

encarregado de realizar as funções de integração somato-vegetativa. É ele

quem regula a homeostase do organismo. O hipotálamo desempenha um

importante papel em algumas funções psíquicas e psicomotoras. Alguns

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estados de hiperexcitabilidade ou de depressão podem ser devidos a

transtornos funcionais dos centros hipotalâmicos; também podem depender

desses mesmos centros os efeitos colaterais representados por palpitações,

lágrimas, salivações, vômito, rubor, etc., que acompanham os estados

emotivos.

O hipocampo desempenha um papel principal na aprendizagem:

transforma a informação a partir da memória e por meio de sinais elétricos a

envia às regiões de armazenamento de longo prazo; esse processo pode levar

dias ou meses. O hipocampo revisa constantemente a informação relacionada

com a memória de curto prazo e a compara com as lembranças das

experiências armazenadas. Este processo é fundamental para a formulação do

sentido da informação.

A amígdala desempenha um papel muito importante nas emoções,

especialmente no medo. Existe a possibilidade, mesmo não estando provado

ainda, de que a amígdala armazene o componente emocional das lembranças,

enquanto que os componentes cognitivos são armazenados em outro lado.

O cérebro é composto por quase um trilhão de células. São conhecidos

dois tipos de células: nervosas e gliais.

A maioria das células do cérebro são gliais, que são todas as células

não neurais do sistema. Sua função é manter a homeostase dos neurônios e

nutri-los. Existem dois subtipos de células gliais: a macroglia e a microglia.

A macroglia é formada por oligodendrócitos (fabricantes de mielina no

SNC) e por astrócitos (encarregados da nutrição neural e da manutenção do

espaço extracelular).

A micróglia é formada por células em repouso que somente intervém no

caso de dano ou morte celular. Outras células gliais são aquelas do ependimo

que se ocupam da produção do líquido cefalorraquiano.

O funcionamento do cérebro depende do fluxo de informação através de

elaborados circuitos que consistem em redes de neurônios.

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Os neurônios têm uma membrana excitável que os rodeia e permite a

comunicação entre essas células diferentemente de outras que não possuem

essa membrana.

O neurônio é composto por corpo celular ou soma, no qual está o

citoplasma onde são encontradas organelas organizado tais como:

• O núcleo que recebe toda a informação (DNA);

• As mitocôndrias, que fornecem a energia à célula e produzem a

substância química chamada trifosfato de adenosina (ATP) que é

o combustível ou o que faz as células trabalharem;

• Os ribossomos que são os locais físicos onde as proteínas são

fabricadas;

• Os lisossomos que são o sistema digestivo da célula;

• O axônio está parcialmente recoberto por mielina que é uma

substância gordurosa que serve como amortecedor e acelerador

do transporte das mensagens que passam de um neurônio ao

outro. O soma ou corpo celular tem ramificações chamadas de

dendritos que captam as mensagens enviadas de uma célula à

outra.

A conexão que existe entre uma célula e outra por onde viajam as

mensagens por meio de substâncias químicas chamadas de

neurotransmissores é chamada sinapse. Dessa forma a informação é

transferida de uma célula para outra.

A célula nervosa recebe a informação de outra célula nervosa ou de

órgãos sensoriais e projeta essa informação para outros neurônios. Esses

neurônios projetam essa mensagem para as partes do corpo que interagem

com o ambiente, por exemplo, os músculos.

As sinapses podem ser de três tipos: química, elétrica e mista

Na sinapse química um neurônio comunica-se com outro por meio de

uma substância química um neurotransmissor.

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Na sinapse elétrica duas membranas se encontram coladas e a

informação passa diretamente.

Na sinapse mista é química e elétrica, os neurônios comunicam-se das

duas formas descritas anteriormente.

Um neurotransmissor é uma substância química que carrega

mensagens entre diferentes células. Estas substâncias são necessárias não

somente para as funções do cérebro e do corpo, mas também a falta ou

excesso delas pode produzir problemas de comportamento. Alguns

neurotransmissores mais comuns são: acetilcolina (ACT), dopamina (DA),

endorfina, trifosfato de adenosina (ATP), serontonina, entre outros.

A formação dos neurônios começa no embrião durante a gestação. No

quarto mês de gestação são formados aproximadamente 200 bilhões de

neurônios, quase a metade será eliminada num breve lapso de tempo por não

conseguirem estabelecer uma conexão com outros neurônios. Este processo

de eliminação de neurônios está geneticamente programado para prevenir uma

superpopulação de neurônios sem conexão. O cérebro estabelece milhões de

conexões à medida que a criança vai assimilando seu entorno, quanto mais

estimulante for o entorno, maior o número de sinapses que serão estabelecidas

e, a aprendizagem ocorrerá mais facilmente e será mais significativa. Com a

experiência são selecionadas as conexões apropriadas e eliminadas as que

não são convenientes, as que permanecem constituem as bases sensoriais e

talvez cognitivas das futuras fases do desenvolvimento. As experiências de

aprendizagem formentam a produção de novas sinapses.

As mudanças que ocorrem no cérebro com a formação de novas

sinapses ajudam as células se tornarem mais poderosas e eficientes. A

aprendizagem realiza novos padrões de organização no cérebro.

A aprendizagem é uma função integrativa entre o corpo, a psique e a

mente para que o indivíduo possa apropriar-se da realidade de uma forma

particular.

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É importante não focalizar somente nas funções cerebrais e sua relação

com os processos cognitivos, mas também entender que cada indivíduo terá

sua forma particular de processamento de informação, que não depende

somente do cerebral, mas também está ligado ao psíquico.

O desenvolvimento cognitivo entende-se como um processo que se

transforma, como resultado de contínuas reestruturações que ocorrem nas

diversas interações que a pessoa estabelece. O funcionamento do cérebro e

da mente depende e se beneficia da experiência.

Em consideração as bases neurofuncionais e os processos psicológicos,

serão analisados os processos neuro-psico-cobnitivos complexos que intervêm

na aprendizagem, não ocorrem de maneira independente, porém será

apresentado separadamente como:

• A evolução da postura e a função tônica: durante as primeiras dez

semanas de vida o bebê não pode manter a cabeça erguida e a mesma

pende para um e outro lado; Perto do quarto mês já pode realizar um

movimento contínuo mantendo o equilíbrio sobre o eixo corporal; Por

volta do sexto mês pode manter-se sentado; Mais ou menos no oitavo

mês pode colocar-se em pé; Aos nove meses mantém-se em pé

apoiando-se em algum ponto. Começa a engatinhar; Aos doze meses

pode dar seus primeiros passos e até o fim do segundo ano de vida sua

motricidade global estará desenvolvida, embora ainda necessite

aprimorar suas habilidades relacionadas com a motricidade fina.

• O desenvolvimento do esquema corporal vai sendo estruturado de

acordo com a maturação neurológica: dois primeiros anos a criança

vai dominando progressivamente primeiro a cabeça, em seguida o

tronco e depois as extremidades inferiores; Dos dois aos três anos há

uma predominância dos elementos motores e cinestésicos sobre os

visuais e espaciais; Dos cinco aos sete anos a criança já é capaz de ir

tomando consciência do seu próprio corpo e de representa-lo e dos oito

aos nove anos transpõe com segurança sua imagem aos demais, já

pode transferir progressivamente esta orientação aos objetos, o que

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permite uma estruturação do seu espaço de ação e disponibilidade

global do seu corpo como conjunto organizado, chegando assim a um

controle acabado da sua modalidade segmentar.

• Desenvolvimento da linguagem infantil até os quatro anos: de 0 a 1

ano: reconhecimento do adulto como interlocutor privilegiado;

Estabelecimento de um circuito de comunicação rudimentar

(amplamente para-verbal) entre a criança e o adulto; De uma

modalidade de exigência para uma modalidade de troca. Exercício

fonético (arrulho); de 1 a 2 anos: as primeiras palavras produzidas

seguem à distância as primeiras palavras compreendidas; aumento

quantitativo e qualitativo ( traços semânticos) do léxico; desenvolvimento

fonológico (primeira fase); as palavras-frases: expressões das primeiras

expressões semânticas; de 2 aos 3 anos: os enunciados de várias

palavras; a ontogênese da frase: desenvolvimento do sintagma nominal

e do sintagma verbal; progresso na marcação formal dos diferentes tipos

de frases; dos 3 aos 4 anos: desenvolvimento fonológico: domínio

progressivo de sons mais complexos; aspecto e tempo; quantificação e

qualificação; artigos e pronomes e advérbios e preposições.

O cérebro processa a informação para ser rejeitada ou retida da

memória de longo prazo. Esse processo de coletar, avaliar, guardar e

recuperar a informação inclui três grandes passos:

Registro ou memória sensorial a informação do nosso entorno é

captada por nossos sentidos. Se o cérebro tivesse que processar toda a

informação que os sentidos recolhem, ocorreria uma espécie de curto-circuito,

por isso é necessário que exista uma seleção. Esta é feita com base na

importância que determina informação possa ter para a pessoa que a recebe e

é chamado registro sensorial.

Memória de curto prazo a informação que não foi descartada pelo

registro sensorial passa então à memória de curto prazo. Que inclui dois

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estágios da memória temporária que nos conduzem à memória de longo prazo:

a memória imediata e à memória de trabalho.

Memória imediata é onde a informação permanece aqui por um período

muito curto de tempo. A informação passou do tálamo para as áreas de

processamento sensorial do córtex cerebral onde é decidido o que fazer com

ela.

Memória de trabalho é na qual onde pode-se reunir, separar ou trabalhar

sobre as ideias para armazená-las em outro lugar. Esta memória somente pode

manusear pequenas quantidades de informação.

Memória de longo prazo funciona como um sistema dinâmico e

interativo que cataloga e arquiva a informação em diferentes grupos ou níveis,

os quais são constantemente reorganizados a cada nova informação que entra.

É formada por distintos módulos memória declarativa e processual.

Memória declarativa é a memória para toda a informação objetiva como

datas, nomes, números, etc. Essa memória se subdivide em: memória

semântica que se refere à memória geral, os fatos relacionados com o mundo,

as regras da lógica, etc.; e memória episódica que é a memória para nossos

detalhes biográficos.

Memória processual é a memória para habilidades e hábitos.

”Ensinar é fundamentalmente aprender. Aprender a enfrentar o desafio da

vinculação da emoção com a razão no processo de conhecer e, além disso, enfrentar

o desafio de criar recursos, instrumentos, estratégias táticas e operacionais que

mobilizem, no educando, sua emoção em paralelo com sua razão”

(Relvas – Fundamentos Biológicos da Educação despertando inteligências e

afetividade no processo de aprendizagem, 2005).

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CAPÍTULO IV

NEUROCIENTIFICAMENTE COMO O TRANSTORNO DA

ANSIEDADE AFETA NO PROCESSO DE

APRENDIZAGEM

Os cientistas tem como compreender o que ocorre no cérebro dos

indivíduos, ao serem confrontados com várias emoções.

Através das imagens da ressonância magnética revelam que, quando

comparados com indivíduos que seriam de grupo controle, os cérebros dos

indivíduos com o distúrbio de ansiedade generalizada, reagiam de forma

diferente perante a mesma situação.

Segundo os cientistas a região do córtex pré-frontal foi identificada como

sendo o epicentro da deficiência de funcionamento.

O córtex pré-frontal é a parte anterior do lobo frontal do cérebro, esta

região cerebral está relacionada ao planejamento de comportamentos e

pensamentos complexos, expressão da personalidade, tomadas de decisões e

modulação de comportamento social. A atividade básica dessa região é

resultado de pensamentos e ações em acordo com metas internas.

O processo neuropsicológico mais importante relacionado com o córtex

pré-frontal é a função executiva, que se relaciona a habilidades para diferenciar

pensamentos conflitantes, consequências futuras de atividades correntes,

trabalho em relação a uma meta definida, previsão de fatos, expectativas

baseadas em ações, e controle social.

Planejamento, tomada de decisão, controle inibitório, atenção e memória

de trabalho são consolidadas funções que podem ser classificadas como

funções executivas, com uma ativação predominante do córtex pré-frontal.

Quando o córtex pré-frontal sofre lesão, o indivíduo perde o senso de

responsabilidades sociais, bem como a capacidade de concentração e de

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abstração. Em algumas pessoas, mantêm-se intacta a consciência e algumas

funções cognitivas, como a linguagem, mas não conseguem resolver

problemas mais elementares.

Quando ocorre a lobotomia (refere-se a cortar as ligações de qualquer

lobo cerebral) as pessoas entram em “bloqueio afetivo” e não demonstram

qualquer sinal de alegria, tristeza, esperança ou desesperança, e suas atitudes

não são demonstradas com qualquer sinal de afeto.

“O Cérebro é o Instrumento da Aprendizagem.”

(RELVAS , 2011, p34)

Descreveremos através de estudos/pesquisas que um receptor para o

neurotransmissor serotonina e um circuito neural envolvendo o hipocampo têm

papéis fundamentais na mediação das respostas de medo em situações

ambíguas. Um estímulo pode ou não ser seguida por ameaça, sem uma

sequência lógica de causa e efeito.

O hipocampo é conhecido principalmente como uma região cerebral

importante no aprendizado e na memória.

O hipocampo é um órgão pequeno situado dentro do lóbulo temporal

central do cérebro e faz uma parte importante do sistema líbico, a região que

regula emoções. O hipocampo é associado principalmente com a memória, em

particular a memória a longo prazo.

Quando ocorrem lesões no hipocampo pode conduzir à perda de

memória e de dificuldade em estabelecer memórias novas.

O transtorno de ansiedade tem abordagem do processamento da

informação como sendo um constructo multidimensional, constituídos por dois

aspectos distintos, mas relacionados: a preocupação e a emotividade.

Enquanto a preocupação se refere ao componente cognitivo, as expectativas

negativas sobre si mesmo, preocupações com as consequências potenciais.

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A ansiedade pode afetar tanto crianças com alto como com baixo

desempenho. Crianças bem sucedidas podem tornar-se ansiosas por causa

das expectativas não realistas dos pais, dos colegas ou mesmo suas, de que

devem ter um ótimo desempenho em todas as situações de fracasso na escola

que se repete, a ansiedade pode aumentar como consequência do

desempenho pobre.

A ansiedade acaba por interferir na capacidade de recordar ou recuperar

um conteúdo aprendido anteriormente, num momento de tensão.

A hipótese é que as crianças com alta ansiedade fracassam na situação

de inventário, pois dividem sua atenção entre as exigências da tarefa e

sentimentos de autodepreciação, diminuindo o nível de concentração e o

desempenho em situações estressantes de avaliação.

O baixo desempenho das crianças altamente ansiosas pode ser

explicado por dois aspectos: deficiências nos hábitos de estudo e nas

estratégias de aprendizagem utilizadas na preparação para as situações de

avaliação.

A ansiedade das crianças aumenta devido à consciência de que não

dominam o conteúdo e de que não sabem utilizar estratégias de aprendizagem

de forma adequada nas situações de avaliação escolar.

As crianças com alta ansiedade e bons hábitos de estudo conseguem

aprender e ter um bom desempenho na situação em que a avaliação pareça

como um exercício de revisão. Quando a avaliação se torna obrigatória (ex.:

prova tradicional) as crianças continuam com baixo rendimento, mesmo que

possuam uns bons hábitos de estudos. As crianças com alta ansiedade e

hábitos de estudo inadequados apresenta baixo aproveitamento nas duas

situações. Isso significa que a alta ansiedade interfere na aprendizagem.

Uma criança com dificuldades de aprendizagem é aquela que não

consegue aprender da mesma maneira que normalmente as outras aprendem,

mesmo apresentando as bases intelectuais apropriadas para a aprendizagem.

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Possuem casos de indicadores neurológicos que podem ser a base de um

problema de aprendizagem.

Cada criança é um ser único, as formas que os problemas de

aprendizagem se manifestam estão relacionadas com a individualidade de

quem aprende, ou seja, não existem causas únicas, nem tratamentos iguais. A

reação de cada criança perante aos diversos fatores que intervêm na sua

aprendizagem será diferente, por sua estrutura biológica, sua emocionalidade,

seu meio sócio-cultural. É preciso conhecer a criança na sua totalidade,

entender sua problemática específica, ajuda-la a conhecer seus pontos fortes e

fraquezas e buscar estratégicas de suporte que lhe permitam ter sucesso na

sua aprendizagem.

Os problemas de aprendizagem não desaparecem, a criança tem como

aprender a lidar com suas dificuldades, pois quanto mais cedo for realizada a

intervenção de suporte, a criança poderá aprender a conduzir melhor sua

dificuldade em aprender.

Possuem bastantes fatores que possam intervim no baixo rendimento

escolar tendo como o resultado o processo de aprendizagem. Existe a as

condições internas e externas nesse processo. Nas condições internas

podemos relacionar os fatores que estão relacionados com os aspectos

neurobióticos ou orgânicos, o que pode se referir ao sistema nervoso central

(SNC) sendo bem específico ao cérebro, refere-se com o que se aprende. Os

aspectos psíquicos também são levados como sendo uma das condições

internas, que em muitos casos apresentam-se como causa subjacente desse

baixo rendimento escolar, refere-se com quem aprende. Para finalizar entre as

condições externas podem ser considerados os aspectos sociais, refere-se

com como se aprende e ao ambiente que se aprende.

Segundo as autoras Ana Maria Salgado Gómez e Nora Espinosa Terán

possuem quatro fatores a serem considerados quando existem diagnósticos

dos problemas de aprendizagem, são eles: fatores orgânicos, fatores

específicos, fatores emocionais e fatores ambientais.

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Fatores Orgânicos: para a aprendizagem é necessário a “integridade

anatômica” e do funcionamento dos órgãos que recebem os estímulos do meio,

como os processos que asseguram a coordenação com o sistema nervoso

central. Uma fissura divide o cérebro em duas metades, um hemisfério direito e

um hemisfério esquerdo e as áreas associadas com a atenção, o pensamento,

a emoção, a audição e a visão desenvolvem-se e à medida que vão se

formando novas células, estas se colocam no seu lugar para ir formando as

distintas estruturas cerebrais. As células nervosas crescem rapidamente,

formando redes com outras partes do cérebro. Estas redes permitem que a

informação seja compartilhada entre as diferentes partes do cérebro. Durante a

gravidez este desenvolvimento cerebral é suscetível de interrupções, caso

ocorra uma interferência numa etapa precoce o feto pode até morrer ou nascer

com profundos déficits ou até mesmo com um atraso mental. Se a interrupção

ocorre quando às células estão começando a especializar-se e ocupar seus

lugares, pode provocar erros na localização ou conexão das células. Alguns

desses erros podem aparecer como dificuldades de aprendizagem.

Conforme o tipo de fator e o período no qual surgem, podem provocar

como resultado uma lesão ou uma disfunção. Disfunção se refere a alterações

no funcionamento do sistema nervoso central (SNC) que não implicam em

lesões irreversíveis no tecido nervoso (lesão).

As lesões ou disfunções podem ser origem na época pré-natal, perinatal

ou pós-natal:

a) Pré-natal: qualquer substância química, agente físico, infeccioso ou

estado carencial que, agindo durante o período pré-embrionário ou

fetal, é capaz de produzir uma alteração morfológica ou funcional. O

uso do cigarro na gravidez têm maiores probabilidades de ter os

bebês com baixo peso. O uso do álcool também representa um risco

para o desenvolvimento cerebral do feto, prejudicando os neurônios

em desenvolvimento.

b) Perinatais: no momento do parto ou nos dias seguintes: anoxia ou

hipóxia, que se referem a um aporte insuficiente de oxigênio durante

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o parto, traumatismos obstétricos como, por exemplo, partos

induzidos por fórceps, desnutrição, baixo peso ao nascer,

prematuridade, infecções neonatais, etc.

c) Pós-natais precoces: traumatismos ou acidentes que podem deixar

sequelas neurológicas, doenças infecciosas (meningite, encefalite,

sarampo, escarlatina, etc.), intoxicações, desnutrição, etc. No que se

refere aos fatores genéticos, o fato das dificuldades de aprendizagem

surgirem em famílias, poderia nos levar a pensar que existe uma

conexão genética, porém seria improvável que uma dificuldade de

aprendizagem sejam herdadas diretamente. O que é herdado é uma

sutil disfunção cerebral que pode levar a um problema de

aprendizagem. Outro aspecto importante a levar em consideração

com referência à aprendizagem é o funcionamento glandular. É

importante em primeiro lugar pela sua relação com o

desenvolvimento geral da criança e do adolescente.

d) Fatores específicos: tem certos tipos de transtornos na área da

adequação perceptiva motora. Estes transtornos afetam o nível de

aprendizagem da linguagem, da sua articulação, da leitura e da

escrita. Aparecem em inúmeras pequenas falhas como, por exemplo,

a alteração da sequência percebida, dificuldades na análise e síntese

dos símbolos, na capacidade sintática e na atribuição significativa.

Alguns processos dentro das afasias podem aparecer sem que

possamos estabelecer sua origem em um dano cerebral.

e) Fatores emocionais: deve ser levada em consideração que a família

é a sala de aula primordial na educação da criança. Os aspectos da

interação familiar podem contribuir para as dificuldades da criança na

escola. É reconhecido por docentes, pedagogos e psicólogos que os

aspectos familiares podem interferir negativamente nos processos de

aprendizagem. Somente é conhecida a influência destes aspectos

emocionais quando se tenta fundamentar um problema de

aprendizagem ou quando é realizada uma prevenção de tais

problemas. Diferentes desajustes emocionais também podem surgir

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em função de uma dificuldade de aprendizagem. A aprendizagem da

lectoescrita (as habilidades da leitura e da escrita) é considerada

como uma das tarefas mais importantes na escolaridade precoce. As

crianças que falharam nessa área podem ter sua auto-estima

afetada. As dificuldades de aprendizagem e os problemas

emocionais frequentemente estabelecem uma relação recíproca: as

dificuldades de aprendizagem podem produzir leves desajustes

emocionais e estes, por sua vez, podem agravar os problemas de

aprendizagem. As crianças respondem emocionalmente diante de

diferentes situações como divórcios, problemas familiares,

superproteção, rivalidade entre irmãos, morte de pessoas próximas,

situações novas, etc.

f) Fatores ambientais: quem ensina são os pais, tios, avós, irmãos,

professores e colegas de escola. A pessoa que ensina, com todas

as suas características individuais, além das suas qualidades

pedagógicas, é fundamental. Mais importante do que o conteúdo

ensinado é a relação com a pessoa que ensina que afeta a

subjetividade da pessoa que aprende. Para que a criança aprenda é

necessário que a pessoa que ensina dê a ela à possibilidade de “ser

a pessoa que aprende” e a coloque no lugar do sujeito pensante.

Mas que ser uma pessoa que ensina conteúdos, é abrir um espaço

para o saber, a construção dos conhecimentos e a si mesma como

um objeto criativo e pensante. Os pais e os professores podem

possuir a informação, porém a sua função não transmiti-la, mas sim

proporcionar ferramentas e o espaço adequado para que a

construção do conhecimento seja possível. O papel do professor é

fundamental. O professor pode ajudar a criança a reconhecer a si

mesma como ser pensante e autora da sua história.

Para tornar mais claro o diálogo entre a Neurociência, Psicologia e a

Pedagogia a Revista Nova Escola apresenta cinco conclusões

neurocientíficas ligadas à aprendizagem, são elas:

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• Emoção;

• Motivação;

• Atenção;

• Plasticidade Cerebral;

• Memória

Emoção: ela interfere no processo de retenção da informação. Através

de estudos que foram mostradas duas séries de imagens para as pessoas.

Uma tinha um caráter emocional e a outra neutra. As pessoas demonstraram

uma recordação maior das imagens emotivas. Através do tomógrafo, pode ser

observada a relação entre a ativação da amígdala (parte importante do sistema

emotivo do cérebro) e o processo de formação da memória.

”Aprender é um ato desejante e sua negação é o não aprender. O desejo é

movido pelo inconsciente, que nesse momento do aprender ou não aprender responde

às informações libidinadas (negação, recusa, omissão, rejeição etc.)..”

(Relvas – Fundamentos Biológicos da Educação: despertando Inteligências e

Afetividade no processo de aprendizagem, ed. Wak, 2005)

O professor, ao observar as emoções das crianças, pode ter pistas de

como o meio escolar os afeta: se está instigando emocionalmente ou causando

apatia por ser desestimulante. Dessa forma consegue reverter um quadro

negativo, que não favorece a aprendizagem.

Motivação: ela é necessária para aprender. Estudos comprovam que no

cérebro existe um sistema dedicado à motivação e à recompensa. Quando o

sujeito é afetado positivamente por algo, a região responsável pelos centros de

prazer produz uma substância chamada dopamina. A ativação desses centros

gera bem-estar, que mobiliza a atenção da pessoa e reforça o comportamento

dela em relação ao objeto que o afetou. Tarefas muito difícil desmotivam e

deixam o cérebro frustrado, sem obter prazer do sistema de recompensa, por

isso são abandonadas.

A escola deve ser um espaço que motive e não somente que se ocupe

em transmitir conteúdos. Para que isso ocorra, o professor precisa propor

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atividades que as crianças tenham condições de realizar e que despertem a

curiosidade deles e os faça avançar. É necessário leva-los a enfrentar desafios,

a fazer perguntas e procurar respostas.

Atenção: ela é fundamental para a percepção e para a aprendizagem.

Pesquisas comportamentais e neurofisiológicas mostram que o sistema

nervoso central só processa aquilo a que está atento. O desvio da atenção é

significativo, a aquisição de habilidade e a memorização sofrem prejuízo.

Falta de atenção não é sinônimo de indisciplina ou de desinteresse por

parte das crianças. Ela pode ser decorrente de um meio desestimulante ou de

situações inadequadas à aprendizagem. Para evitar isso, o professor deve

focar a integração entre ele, o saber e a criança, refletindo sobre as atividades

propostas e modificando-as se necessário.

Plasticidade Cerebral: o cérebro se modifica em contato com o meio

durante toda a vida. A interferência no sistema nervoso causa mudanças

anatômicas e as conexões entre eles, as sinapses, mudam dependendo das

experiências pelas quais se passa. Antes, acreditava-se que as sinapses

formadas na infância permaneciam imutáveis pelo resto da vida, mas há

indícios que não é assim. Estudos mostraram que o cérebro de macacos

adultos se modificava depois da perda de um dos dedos da mão. A perda de

um membro provocava atrofia dos neurônios da região responsável pelo

controle motor do dedo amputado, porém foi observado também que essa área

acabava sendo ocupada pelos neurônios responsáveis pelo movimento do

dedo ao lado.

A criança deve ser ativa em suas aprendizagens, mas cabe ao professor

propor, orientar e oferecer condições para que ele exerça suas potencialidades.

Para isso, deve conhecê-lo bem, assim como o contexto em que vive e a

relação dele com a natureza do tema a ser aprendido.

Memória: ela é mais efetiva na associação com um conhecimento já

adquirido. A ativação de circuitos ou redes neurais se dá em sua maior parte

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por associação: uma rede é ativada por outra e assim sucessivamente. Quanto

mais frequentemente isso acontece mais estáveis e fortes se tornam as

conexões sinápticas, e mais fácil é a recuperação da memória. Isso se dá por

repetição da informação ou de forma mais eficaz, pela associação do novo

dado com conhecimentos já desenvolvidos.

“Podemos simplesmente decorar uma nova informação, mas o registro se

tornará mais forte se procurarmos criar ativamente vínculos e relações daquele

conteúdo com o que já está armazenado em nosso arquivo de conhecimentos.”

(Cosenza e Guerra no livro Neurociência e Educação: Como o cérebro

aprende, ed. Artmed)

(Revista Nova Escola, Junho/Julho 2012)

Aprender não é só memorizar as informações, também é preciso saber

relacioná-las, ressignificá-las, e refletir sobre elas. É tarefa do professor, então,

apresentar bons pontos de ancoragem, para que os conteúdos sejam

aprendidos e fiquem na memória, e dar condições para que a criança construa

sentido sobre o conteúdo que está sendo apresentado na escola.

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CONCLUSÃO

Os estudos neurocientíficos estão avançando cada vez mais nos

estudos sobre o que acontece como o nosso cérebro e de que forma ele pode

afetar no nosso desenvolvimento de forma geral. Já foram dados passos

através de pesquisas e estudos embaçados no cotidiano e em teóricos, abrindo

espaço para a busca do novo, do ainda não experimentado, do “a ser

conhecido”.

Deve-se estar muito atentos às reações das crianças, buscando a forma

de ajuda-las a manejar e elaborar estas situações, já que podem ser afetados

em diferentes âmbitos da sua vida, incluindo a aprendizagem.

Os processos de aprendizagem são construtores dos sujeitos. Ao

aprender o próprio sujeito é construído. O que permanece no sujeito ao

aprender, além do esquecimento do conteúdo aprendido, é o prazer de

dominar a bicicleta, o lápis, o material de leitura, etc. É o prazer da autonomia,

de poder fazê-lo, de conseguir alcançar.

A pessoa que ensina entrega as ferramentas necessárias para se

aprender, não oferece o conhecimento diretamente. O meio deveria oferecer

aos diferentes aprendizes às possibilidades para desenvolver suas

potencialidades com suas diferentes modalidades de aprendizagem.

Concluiremos que o transtorno de ansiedade quando não é tratado

corretamente seguindo as orientações médicas, pode ser sim uma das causas

para o aparecimento de vários tipos de distúrbios da dificuldade que ocorrem

durante o processo de aprendizagem.

Quando mais cedo diagnosticado e tratado, a criança aprende a

controlar este transtorno, consequentemente consegue outra forma para

chegar ao aprendizado.

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BIBLIOGRAFIA

GÓMEZ, Salgado Ana Maria & TERÁN, Espinosa Nora. Dificuldades de

Aprendizagem – Detecção e estratégias de ajuda. Grupo Cultural, Edição

MMXV.

REVISTA Nova Escola, Editora Abril, Junho/Julho, 2012.

REVISTA Scientific American Mente Cérebro Ansiedade. Edição de

aniversário, Outubro 2014.

RELVAS, Pires Marta. Fundamentos Biológicos da Educação – Despertando

Inteligências e afetividade no processo de aprendizagem. Rio de Janeiro, Wak

editora, 2005.

RELVAS, Pires Marta. Neurociência e transtorno de Aprendizagem – As

múltiplas eficiências para uma Educação Inclusiva. Rio de Janeiro, 5ª edição,

Wak editora, 2011.

RELVAS, Pires Marta (org.). Que cérebro é esse que chegou a escola? - As

bases neurocientíficas da aprendizagem. Rio de Janeiro, 2ª edição, Wak

editora, 2014.

SILVA, Barbosa Ana Beatriz. Mentes com medo – Da compreensão à

superação. São Paulo, Integrante Editora, 2006.

TEIXEIRA, Dr. Gustavo. Manual dos Transtornos Escolares – Entendendo os

problemas de crianças e adolescentes na escola. Rio de Janeiro, 1ª edição,

Editora Saraiva, 2013.

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WEBGRAFIA

www.cerebro.com

www.cerebronosso.bio.br

www.drauziovarella.com.br

www.mentecerebro.com

www.news-medical.net

www.wikepedia.org

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO............................................................................................ 2

AGRADECIMENTOS......................................................................................... 3

DEDICATÓRIA................................................................................................... 4

RESUMO............................................................................................................ 5

METODOLOGIA................................................................................................. 6

SUMÁRIO........................................................................................................... 7

MENSAGEM....................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO.................................................................................................... 9

CAPÍTULO I - A NEUROCIÊNCIA APLICADA NA EDUCAÇÃO INFANTIL.. 10

CAPÍTULO II - O TRANSTORNO DA ANSIEDADE EM CRIANÇAS DE 0 A 4

ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL.................................................................. 19

1.1 – Tipos de Transtornos da Ansiedade.............................................. 22

1.2 - Possíveis causas desse Transtorno.............................................. 22

1.3 - Tratamentos................................................................................... 26

CAPÍTULO III – O PROCESSO DE APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS DE 0

A 4 ANOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL............................................................ 29

CAPÍTULO IV – NEUROCIENTIFICAMENTE COMO O TRANSTORNO DA

ANSIEDADE AFETA NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM........................ 39

CONCLUSÃO................................................................................................... 49

BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 50

WEBGRAFIA.................................................................................................... 51

ÍNDICE.............................................................................................................. 52