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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ASSESSORIA EMPREENDEDORA:
ALÉM DA PUBLICAÇÃO DE RELEASES
Por: Hayana Maduro de Farias
Orientador
Prof. Fernando Alves
Rio de Janeiro
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
ASSESSORIA EMPREENDEDORA:
ALÉM DA PUBLICAÇÃO DE RELEASES
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Comunicação Empresarial
Por: Hayana Maduro de Farias
3
AGRADECIMENTOS
A minha mãe e irmãos pelo incentivo
ao estudo.
Aos amigos e colegas de trabalho, pelo
constante apoio, incentivo e
compreensão.
4
DEDICATÓRIA
À memória de meu avô materno, Adail
Duarte Maduro, exemplo de vida e
comunicador pioneiro no extremo norte do
Brasil.
5
RESUMO
Esta monografia teve como objetivo mostrar de que forma pode-se aliar
a comunicação e o empreendedorismo como forma de ampliar a atuação do
comunicador no mercado de trabalho, possibilitando o alcance do resultado
esperado.
A comunicação é fundamental para pessoas e empresas. Assim, a
assessoria de imprensa é estratégica para o alcance de resultados, bem como
para o desenvolvimento de novos empreendimentos e produtos. Como
alternativa ao esvaziamento das redações e a competição acirrada do
mercado, o jornalista pode encontrar oportunidade de trabalho no surgimento
das assessorias de comunicação nas empresas, células estas inicialmente
criadas apenas para gerenciar crises e implantar estratégias de divulgação de
conteúdo.
O número de empreendedores no Brasil tem aumentado, e é cada
vez mais comum brasileiros montando o seu próprio negócio, atualmente o
Brasil é o país mais empreendedor do G20. Esta pode ser uma saída para a
dificuldade do mercado de comunicação no país.
As micros e pequenas empresas ganhem espaço no mercado e
contribuam cada vez mais para o desenvolvimento do país. Estas empresam
precisam ser notadas com muita atenção pelo profissional de assessoria, pois
o mercado está aberto a esta possibilidade.
Existe muito a se fazer e o mercado de trabalho do jornalismo tende
a se diminuir cada vez mais. Dentro desse contexto é possível, então, o
empreendedor que precisa da comunicação e o assessor que deseja ser um
empreendedor não consigam mutuamente chegarem ao resultado esperado.
6
METODOLOGIA
O estudo proposto foi desenvolvido por meio da pesquisa bibliográfica,
através da leitura e análise de livros, artigos, estudos e publicações sobre os
temas Comunicação e Empreendedorismo. Além da pesquisa bibliográfica,
procurou-se também integrar-se do contexto atual pelo qual o país passa, para
isso fez-se uma pesquisa sobre dados e números referentes a atuação dos
profissionais de jornalismos, a evolução do mercado, principalmente, das micro
e pequenas empresas.
Após a fase de pesquisa, passou-se a análise e compilação das
informações obtidas. Buscaram-se casos de sucesso para juntamente com a
fundamentação teórica dar sustentação ao problema proposto. Importante citar
s site Congresso em Foco e a FSB Comunicações que foram objetos de
observação durante a pesquisa, servindo como cases de sucesso. O SEBRAE
e o IBGE foram importantes fontes de consulta, por consolidarem informações
pertinentes e atualizadas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA DE IMPRESSA 10
CAPÍTULO II - ALÉM DA PUBLICAÇÃO DE RELEASES 25
CAPÍTULO III – O TRABALHO EMPREENDEDOR EM COMUNICAÇÃO 39
CONCLUSÃO 56
ANEXOS 59
BIBLIOGRAFIA 62
ÍNDICE 66
8
INTRODUÇÃO
Estamos em um mundo globalizado, onde o conhecimento é o
principal fator de desenvolvimento. A Sociedade vive o paradigma da
informação e estar informado é fundamental neste contexto, no qual a
comunicação é parte estratégica para o alcance do sucesso pelas empresas
de todos os portes.
Para entender como a assessoria de comunicação pode contribuir
para o crescimento empresarial, buscamos entender sua história. Depois de
completar cem anos, a atividade é muito diferente da proposta inicial que
surgiu nos Estados Unidos, em 1906. Os assessores não são mais jornalistas
que migraram das redações para as empresas em busca apenas de melhores
salários e uma carreira estável. O trabalho e a demanda a esses profissionais
aumentaram e muitas possibilidades se abriram para quem está disposto a
trabalhar na área de comunicação empresarial.
Destacam-se as ferramentas que o assessor de comunicação pode
dispor no exercício da profissão. A internet e as redes sociais, apresentadas
como novas mídias digitais, são fundamentais para a comunicação
empresarial, pois possibilitam a democratização desta informação e o custo da
veiculação de uma informação na World Wide Web1 é muito menor comparado
às publicações tradicionais.
1 O conceito de World Wide Web representa uma das diversas possibilidades oferecidas pela internet de navegar entre documentos ligados por relações hipertexto.
9
Atualmente, qualquer pessoa é capaz de produzir informação,
inclusive os assessores, que passam a ser também divulgadores e emissores
no processo comunicativo. Esta nova dinâmica pode causar sérias mudanças
na forma de se pensar jornalismo e, claro, a comunicação. Por este motivo,
buscou-se mostrar uma oportunidade de trabalho aos profissionais de
comunicação que demonstrem características de empreendedorismo, além de
algumas informações úteis de como empreender e motivos para que os
universitários se voltem mais para este campo de trabalho. O jornalista pode
buscar no empreendedorismo uma solução para as dificuldades impostas pelo
mercado de trabalho.
Assim, este trabalho pretende aliar a comunicação ao
empreendedorismo, como forma de se ampliar as possibilidades de atuação do
assessor de comunicação. A intenção é contribuir para auxiliar outros
empreendedores na busca do sucesso em seus propósitos.
O jornalista deve também entender que a assessoria em micro e
pequenas empresas é um negócio com potenciais oportunidades e que ainda
se apresenta no início das transformações que virão no ramo da comunicação
empresarial.
10
CAPÍTULO I
COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA DE IMPRENSA
1.1 – A história da Assessoria de Imprensa
A relação entre assessoria e imprensa não é nova. Em 1906, o
jornalista americano Ivy Lee inventou uma atividade pela qual pudesse obter
uma imagem positiva de grandes empresários da época, que não possuíam a
confiança da Opinião Pública. Esta especialização do trabalho jornalístico
fundou o que é hoje conhecido como Relações Públicas.
Naquela época, a mídia denunciava de forma acintosa os grandes
capitalistas, que eram acusados de oprimir sindicatos e trabalhadores. A partir
deste contexto, o respeitado jornalista Ivy Lee leva a prática de sua profissão
às empresas, o que mudou por completo o entendimento da Opinão Pública
acerca das organizações das quais assessorava. Além dele, muitos jornalistas
optaram pelo lucrativo trabalho de defenderem instituições.
A idéia possibilitou a Lee criar um escritório para atender vários
clientes com o objetivo de melhorar a imagem dos seus assessorados na
Opinião Pública e, ao mesmo tempo, transformar essa imagem em positiva
para alcance dos mais diversos objetivos. Foi neste período que começou toda
lógica atual da organização de uma assessoria de imprensa, que tem sido
fundamental na relação transparente entre organizações e a sociedade. A
partir desse momento, “as instituições prepararam-se para atuar como fontes”.
(CHAPARRO, 2008 p.39) Como assessor e gerando conteúdo, Ivy Lee
11
conseguiu melhorar a imagem do seu principal cliente, John Rockfeller, até
então odiado por grande parte dos americanos.
Ao produzir informações dentro das empresas, as redações se viram
inflamadas de releases2, algumas vezes de pouca qualidade e mal redigidos.
Ainda assim, este serviço começava a abrir as portas das organizações para o
público, que se sentia cada vez mais inteirado dos assuntos referentes às
empresas. Não era apenas a mudança do posicionamento das organizações
frente à mídia que se estabelecia naquele momento. O que começava
acontecer era a fonte, a assessoria, passando a construir discursos cada vez
mais presentes nas mídias, com a criação de fatos noticiosos.
Os pressupostos desta assessoria são a divulgação, sem o apelo
publicitário ou de matérias pagas, o que antes era essencial na propagação de
produtos e empresas. Isso fez a prática ganhar fama por ser bem-sucedida e
se espalhar rapidamente entre os países. “As relações públicas cresceram
mais rápido nos países que copiaram o modelo norte-americano, entre eles o
Brasil”. (CHAPARRO, 2008 p. 41)
A expansão das Relações Públicas no Brasil colocou a atividade
como objeto de estudo da área da Comunicação Social, diferentemente do que
era vinculado nos Estados Unidos. Deste modo, a assessoria, antes
especialidade administrativa, ganhava contornos de área estratégica de
2 Releases ou press-releases são documentos que contém informações jornalísticas e que são disponibilizados pelas assessorias de imprensa para informar, anunciar, contestar, esclarecer ou responder à mídia sobre algum fato que envolva o assessorado. Na prática, trata-se de uma declaração pública oficial e documentada do assessorado. Pode ser definido como o material informativo distribuído aos jornalistas para servir de pauta ou ser veiculado completa ou parcialmente, de maneira gratuita. É uma proposta de assunto, um roteiro, uma sugestão de pauta, mas do ângulo de quem o emite. Veja item 3.4.2 deste trabalho.
12
comunicação. E em 1968, com a criação do curso de Relações Públicas, virou
uma profissão estimulada pelo governo militar e que agradava a jornalistas.
Relações Públicas era uma atividade visível nos governos
brasileiros. Segundo Jorge Duarte (2008, p.82), em 1909, já existia indícios da
preocupação com questões de comunicação e neste mesmo ano, foi criada a
Secção de Publicações e Biblioteca do governo do Presidente Nilo Peçanha.
Naquele momento, a assessoria de imprensa já possuía um modelo diferente
do americano, pois visava integrar serviços de atendimento, publicações,
informações e propaganda.
Anos mais tarde, no período do Estado Novo, a idéia de divulgação
por meio da imprensa já se torna parte do projeto de governo. O Presidente da
época, Getulio Vargas, criava entre os anos de 1939 e 1945 os Departamentos
de Imprensa e Propaganda (DIP) e Estaduais de Imprensa e Propaganda
(DEIPs). As medidas tomadas na época serviam como pano de fundo para o
controle e difusão da comunicação de massa por parte do governo, e esta
prática, considerada fascista, criou uma série de irregularidades, citadas por
Jorge Duarte (2008, p. 85) como amadorismo pré-regulamentação da
profissão.
Parte dessas irregularidades eram privilégios dados a jornalistas.
Existia o então conhecido como “jabaculê”, que era o dinheiro oferecido para
vinculação de certas notícias ou omissão de informações. Em outras palavras,
troca de favores. Com a banalização destas práticas, Relações Públicas teve
sua imagem muito depreciada pela Opinião Pública, abrindo maior aceitação
ao termo assessoria de imprensa. Assim, a atividade ganhou cada vez mais
13
jornalistas e tem, atualmente, sua imagem quase desvinculada das relações
públicas.
Como já se consolidava no Governo, a prática de assessoria de
imprensa conquistava também espaço na iniciativa privada. Foi uma fase de
transição para muitos jornalistas das redações, que perdiam seus postos de
trabalho com o corte de custos dos veículos de comunicação e migravam para
assessorias de comunicação, seduzidos por melhores salários e uma carreira
estável.
Surgia então um atrativo mercado de trabalho, que atualmente
abriga um número cada vez maior de jornalistas. Segundo dados do Sindicato
de Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, já em 1995, um terço dos
jornalistas que possuíam carteira assinada, trabalhava fora das redações. A
tendência é o aumento deste número, graças à grande demanda por
informação, além de facilidades de acesso e velocidade de divulgação da
notícia possibilitada pelas mídias digitais.
Com o aumento da competição de mercado, impulsionado pela
tecnologia cada vez mais presente na sociedade, o trabalho de pensar a
comunicação nas organizações tem ganhado proporções cada vez maiores na
função dos jornalistas.
1.2 – A comunicação na sociedade da informação
Quando os militares norte-americanos decidiram criar uma rede de
comunicação via linhas telefônicas no fim da década de 60 do século passado,
eles não imaginariam que poderiam conectar todo o mundo com apenas um
14
clique de computador. A criação da internet tem sido fundamental para um
novo paradigma de sociedade. Trata-se de uma cibercultura, uma sociedade
que explora os recursos digitais e faz disso uma possibilidade para a
globalização.
As tecnologias da informação estão cada vez mais presentes na
sociedade. A grande teia mundial de computadores (World Wide Web) tende a
modificar a forma como os jornalistas se posicionam em sua profissão e
também as empresas e a informação passa a ser a mais importante forma de
conquistar conhecimento e gerar riquezas. O modelo de comunicação da
internet não dispõe de uma hierarquia entre receptor e emissor. Por ser um
espaço democrático, qualquer pessoa pode ser capaz de produzir conteúdo.
A internet não representa apenas uma fenomenal evolução
tecnológica, ela representa uma verdadeira revolução comunicacional. Esta
mudança é bem exemplificada no trecho da obra de Beth Saad (2003, p. 44):
Entre a conscientização de que a informação e as empresas produtoras de informações tinham uma vinculação muito forte com as inovações tecnológicas e o posicionamento dessas empresas diante do novo cenário, ocorreu o que chamamos de revolução da comunicação humana – o advento das redes digitais de computadores, especialmente, o uso comercial da internet como advento da World Wide Web. E com a web surge o conceito de hipermídia, reunindo na tela um computador conectado em rede mundial recursos de hipertexto, imagens, animação e voz tudo isso numa amigável interface gráfica. Transformações ocorridas num período de tempo menor que cinco anos.
O usuário da internet, como produtor de conteúdo, pode interagir
com todos os meios tradicionais de comunicação tais como áudio, imagem e
vídeo, além da linguagem escrita. Trata-se de uma poderosa ferramenta
15
globalizante, e por isso as empresas e os jornalistas devem se preocupar cada
vez mais com o acesso ilimitado à informação, proporcionado pelo
ciberespaço. A rede mundial de computadores deixou de ser somente uma
conexão que permitir intercâmbio de mensagens, dados e arquivos, para
assumir - como descreve Beth Saad - "o status de mídia agregada a um
sistema de comunicação e transmissão de dados".
Grandes empresas já possuem canais abertos para atender às
demandas das mídias digitais, sejam eles sites corporativos, lojas virtuais,
catálogos eletrônicos, blogs, comunidades e perfis em redes sociais. Essa
infinidade de ferramentas podem ser exploradas não apenas por gigantes,
como também por pequenos e médios empresários, e por quem busca
divulgação de seu trabalho pessoal e não dispõe de muitos recursos
financeiros para propagar seu conteúdo.
Antonio Miranda (2000, p. 82), resume bem o que esperar do
conceito sociedade da informação: “A sociedade da informação pretende ser
uma dessas forças unificadoras e transformadoras, de cunho globalizante”.
Além do mais, tem sido, mesmo que de maneira paradoxal, construtora de
identidades locais e não apenas uma unificação de cultura. Assim, é possível
identificar a formação de nichos, identidades próprias e, por conseqüência,
uma nova tendência de mercado para os jornalistas.
As novas mídias digitais, impulsionadas pela tecnologia abundante,
são responsáveis por democratizar os discursos e criar novas fontes e
referências. A sociedade da informação depende que cada vez mais cada um
16
esteja informado e conectado, tornando inevitável não estar na mídia, seja
como produtor de conteúdo ou como fonte.
A partir da transformação de muitos veículos de comunicação
tradicionais em empresas que visam exclusivamente o lucro, o próprio receptor
da notícia passou a considerar necessário que outros meios também
passassem a disseminar a notícia, seja esta um fato acontecido ou
simplesmente uma idéia.
Existem hoje vários sites de informação que atualizam suas
publicações pelos próprios usuários, concretizando a troca de conteúdos sem
a participação de intermediários, que poderiam personificar a notícia, como
defende Fábio Malini (2008, p. 02):
a internet interliga os indivíduos e os possibilita formar o seu próprio habitat de comunicação sem, para isso, ter de passar por qualquer mediação. É, de fato, um plano de antagonismo com os sistemas de comunicação que a antecederam. Esse antagonismo ocorre porque a colaboração crescente dos usuários na produção de conteúdos para sites públicos e comuns na Internet gera uma “nova audiência” em “novos meios de comunicação”, que contêm conteúdos multimídia que complementam, subvertem ou ainda divergem daqueles emitidos pelos veículos da mídia de massa.
Assim, pode-se afirmar que a dinâmica da internet e das redes
sociais vem reformulando a comunicação na sociedade da informação. Já é
fato que são os signos sociais que disparam a necessidade pela informação e
as novas mídias abrem espaço para uma inteligência coletiva, livre e
participativa, na qual todos juntos distribuímos a informação de uma forma
mais brilhante do que cada um faria isoladamente.
17
1.3 – Por que estar na mídia?
A notícia tornou-se produto abundante nas relações humanas globalizadas. Inundou as redações. Porque hoje noticiar é a forma mais eficaz de interferir no mundo. (CHAPARRO, 2008, p. 49)
Qualquer pessoa precisa se comunicar bem com seus públicos. É o
que argumenta Vera Dias em sua obra “Como virar notícia e não se arrepender
no dia seguinte” (1998. p. 2), incluindo na lista todas as empresas, instituições
governamentais ou sem fins lucrativos, os profissionais liberais e celebridades.
Para relacionar-se com cada um desses públicos, é importante que a empresa disponha de canais específicos de comunicação. Meios efetivos, que “traduzam” sua mensagem de forma coerente e integrada para essa diversidade de “interlocutores”.
Dias defende que a assessoria de imprensa é a melhor forma de
colocar a informação a favor dos seus públicos, seja ele formado por clientes,
colaboradores ou jornalistas. Há uma necessidade cada vez mais visível de
saber lidar com os receptores e colocar a comunicação como fator positivo na
produtividade da empresa.
A globalização induz a necessidade de estar na mídia. Ela envolve
de maneira macro e micro os efeitos das ações nos países, provocando
reações globais. A difusão da informação, por meio da digitalização dos
veículos de comunicação em escala global, influencia organizações, que são
obrigadas a buscarem novas posturas e alternativas. Assim, “com a tecnologia
mais barata e acessível, a informação é mais rapidamente distribuída,
18
gerando, com isso, demandas em quantidade cada vez maior” (MONTEIRO,
2008, p. 147).
As novas mídias digitais e a popularização das redes sociais levam
instituições a criarem no espaço virtual toda a estrutura física da qual dispõem.
Tanto para divulgarem sua marca e produtos, como para gerenciar crises. A
internet possui ferramentas eficazes para transmissão de informações úteis
aos usuários, como também clientes. Ao divulgar informações na rede mundial
de computadores, as empresas dão um passo à frente nas questões
tecnológicas e se aproximam do feedback e da fidelização de clientes.
Para que uma empresa tenha um desempenho satisfatório não
basta oferecer bons produtos e serviços, as relações estratégicas e
comunicacionais com seus públicos também são peças fundamentais no
desenvolvimento. A produção de conteúdo, por parte das assessorias de
comunicação, informando desde colaboradores, clientes, fornecedores e
imprensa, cercam a organização de valores que são, de forma direta ou
indireta, quem define a boa imagem na opinião pública como argumenta Graça
Monteiro (2008, p. 148):
Um dos efeitos pretendidos (talvez o mais importante) pelas instituições (quaisquer que sejam elas), com a presença na mídia, é a conquista do apoio da opinião pública e, em conseqüência, a sobrevivência no mercado. Nesse sentido, a notícia institucional, sem abandonar suas características informativas, assume caráter político, passando a ser utilizada estrategicamente nos segmentos sociais que detêm o poder de decisão ou o poder de influenciar decisões que possam beneficiar a instituição que a originou.
19
Ações recentes da maior empresa brasileira de exploração,
refinamento e distribuição de combustíveis do país, a Petrobras, exemplificam
o texto de Monteiro. Ligada a graves denúncias no Senado Federal, a
Assessoria de Imprensa da organização criou um blog para gerenciar uma
crise.
O blog “Fatos e Dados” pode ser citado como um marco na relação
entre organização, mídia e público. Não é apenas aos jornalistas que as
informações estão sendo veiculadas, é para todos capazes de acessar o
conteúdo pela internet. Assim, a assessoria da Petrobras, denominada fonte,
torna-se também a veiculadora dos fatos que seriam capa dos jornais.
Com baixo custo, a assessoria democratiza a publicação de
conteúdo preenchendo uma lacuna deixada pelos veículos de comunicação,
que, por necessidade ou linha editorial, não conseguem mostrar todos os
recortes possíveis sobre os acontecimentos. Em sua coluna na Agência Carta
Maior, o jornalista e sociólogo Laurindo Lalo Leal Filho, define claramente o
que representa esse novo movimento do trabalho da Assessoria de Imprensa
(FILHO, 2009):
Até então a fonte, detentora da titularidade da informação, abria mão desse poder transferindo-o de forma integral para a mídia. E esta fazia do conteúdo informativo o que bem entendia. Daqui para frente isso não irá mais acontecer. Precavida, a fonte se antecipa ao veículo tornando públicas as informações prestadas. Estreita-se dessa forma a margem de manipulação. E quem ganha é o público, na medida em que as informações tornam-se mais confiáveis. Ou pelos menos "checáveis".
20
O número cada vez maior de usuários na internet abre espaço à
democratização e a uma nova opção ao jornalista para enfrentar as
dificuldades do mercado de trabalho. O assessor e as organizações precisam
estar cada vez mais próximos das linguagens da cibercultura e usá-las não
apenas como ferramenta difusora de interesses particulares, como também
para dispor serviços capazes de melhorar e estabelecer relações cada vez
mais próximas com seus públicos.
1.4 – O trabalho do assessor de imprensa e a pouca ênfase da
técnica nas universidades
Pelo contexto histórico, a prática de um assessor de imprensa é o
de gerir as informações que entram e saem da organização e basicamente
relacionar-se com jornalistas. Com o passar do tempo, produzir e distribuir
releases e fatos noticiosos tornou o trabalho do assessor rotineiro e pouco
criativo.
Este quadro muda a partir dos anos 80, ao integrar diversas áreas
da comunicação - Publicidade, Relações Públicas, Marketing, Recursos
Humanos e Planejamento Estratégico. Em um trabalho conjunto, as
possibilidades das assessorias se expandem e estas se transformam em uma
grande estrutura, conhecida como Assessoria de Comunicação, como cita
Duarte (2008, p.236).
as assessorias de comunicação social são, de maneira geral, divididas entre os “jornalistas”, que são os
21
assessores de imprensa e os mediadores com o ambiente externo; e os “relações públicas”, que cuidam, em geral, do público interno, dos eventos, e são também responsáveis pela maioria das pesquisas.
O modo de se pensar e agir dentro da assessoria muda conforme as
possibilidades de democratizar a informação aumentam. O trabalho de um
jornalista dentro de uma organização ganha dois traços diferentes: um
operacional e outro estratégico.
O agir operacional trata de colocar em prática a estratégia. Neste
caso, o envio de releases, o serviço de clipping, como também diagramação e
edição de informativos e conteúdos na internet, mantêm o assessor com o
olhar clássico do jornalista. Ele observa o seu trabalho com a sinergia de uma
redação jornalística.
Já o traço estratégico da profissão tenta encontrar soluções para os
problemas da organização. Assim, “Identificar exatamente qual o objetivo da
organização e atuar com base nele acaba por ser a grande diferença entre o
agir operacional e o pensar e agir estratégico” (DUARTE, 2008, p.237).
Além de se relacionar com a imprensa, mantendo contatos dentro
dos veículos de comunicação, o jornalista relaciona, ainda, o seu trabalho com
o que sai na mídia, mantendo a instituição informada. Roberto Filho, em seu
livro “Assessoria de Imprensa e Relacionamento com a Mídia” (2008, p. 347)
descreve a atuação do assessor, que muitas vezes amplia seu espaço de
atuação, com a realização de eventos e também sendo responsável por
resolver problemas da organização.
22
Por sua ação de mediador, o assessor pode não apenas aumentar a presença das fontes na imprensa, mas também democratizar o acesso da sociedade à informação, iluminar o contexto em que a organização está inserida para os dirigentes e estimular o envolvimento dos empregados nas questões que lhe afetam.
Esta prática ainda não está inserida no meio acadêmico. Os cursos
de jornalismo não estão preparados para o ensino das técnicas de assessoria.
Há poucas disciplinas específicas e uma certa resistência em tornar o tema,
foco de estudos em comunicação. “O jornalista pode pensar comunicação
como um conjunto de possibilidades, mesmo que sua formação universitária e
o background da profissão não sugiram esta direção” (DUARTE, 2008, p. 97).
Ainda segundo Jorge Duarte (2008, p. 99), no exercício da profissão
de assessor de comunicação, o jornalista tem seu trabalho dividido em três
campos de atuação:
Há o tradicional, nas redações. Os outros dois são no grande campo da comunicação institucional: o especialista que realiza o assessoramento de imprensa, produção de publicações ou conteúdo na Internet, por exemplo, e o gestor, com atuação mais política e estratégica, que utiliza a comunicação como insumo na tomada de decisões, ajudando a organização ou o assessorado a definir rumos e ações.
Com os elementos que compõem a comunicação cada vez mais
próximos um dos outros, o assessor de imprensa deve ampliar seus
conhecimentos nas atividades de Relações Públicas, Publicidade e Marketing.
Trabalhar com a informação, nesse novo contexto social, exige do profissional
de comunicação astúcia e uma portabilidade de suas ações, de modo a
integrá-las com eficácia.
23
Se por muito tempo o jornalista teve seu trabalho basicamente como
intermediador entre fonte e público, agora sua ação se aproxima de algo que
pode ser chamado de gestão da informação. Não é apenas a publicação e
veiculação da fonte que se trata a estratégia de assessoria.
Uma assessoria completa trata também de criar um recorte dos
fatos para a organização e servir como um gatekeeper3, no sentido de
selecionar e reunir informações do macroambiente, ou seja, do conjunto de
variáveis contextuais não controladas pela empresa, para servir de base nas
decisões do assessorado. E vai além, o trabalho integrado do jornalista torna-
se ainda mais importante ao perceber que as informações coletadas podem
encorajar colaboradores, acionistas e clientes a confiar nos objetivos da
empresa.
As assessorias de imprensa não são propriamente um espaço
exclusivo para atuação dos jornalistas. Nesta área atuam também os
profissionais de Relações Públicas, que muitas vezes não são vinculados a
este trabalho por um certo preconceito, devido à má imagem da profissão.
Porém, o jornalista que está inserido nas assessorias não tem um estudo
específico sobre esta função, pois por origem, não é pertinente à sua
formação. E isto se prova pela explicação de Duarte no artigo “Papel e atuação
de jornalista e relações-públicas em uma organização, segundo jornalistas”,
publicado em 2002:
3 Exercer função de gatekeepers, ou se traduzido ao pé da letra, guadiões do portão, implica na atuação na qual os profissionais de comunicação permitem ou não que a informação chegue até a mídia e tenha possibilidade de publicação. Esta decisão depende principalmente da experiência profissional dos assessores subordinados à política da organização e ainda do conhecimento do comportamento dos veículos de comunicação.
24
O preconceito e a recusa em aceitar que assessoria de imprensa é uma atividade típica de relações públicas parece até impedir que alguns jornalistas procurem a literatura da área, onde estão conhecimentos que o ajudariam a desempenhar melhor suas atividades em uma organização. O impasse resultante da ambigüidade ao exercer diferentes papeis profissionais mereceria maior discussão em nível universitário, em particular sobre a formação curricular de um jornalista que provavelmente não vai trabalhar em veículos de comunicação de massa.
No Ensino Superior, a discussão acerca das funções dentro de uma
assessoria de imprensa ainda não representa sua real potencialidade. Como
Duarte, outros teóricos também conceituam esta área como típica de relações
públicas. Porém, como já citado esta prática tem seu surgimento a partir de um
jornalista, o que reforça a idéia de que o jornalista deve estar preparado para
entender uma dinâmica mais ampla do que sua função dentro de um veículo
de massa. Portanto, ainda há que se avançar nesse estudo, sobretudo no
entendimento de que o jornalista cada vez mais está gerindo uma enorme
quantidade de atribuições e adquirindo informações, traduzidas em
conhecimento, que podem ser usadas em decisões estratégicas dentro das
organizações.
25
CAPÍTULO II
ALÉM DA PUBLICAÇÃO DE RELEASES
Em pequenas e médias empresas, devido a falta de recursos
financeiros, é natural que se invista pouco em comunicação. Há uma lacuna
entre a prática e o conhecimento exigido pela Sociedade da Informação, o que
falta para muitos empreendedores é um mix de comunicação, ou melhor,
entender a comunicação como função holística e estratégica. Além de se
utilizar de elementos tradicionais de divulgação, é preciso estar visível na mídia
e ser capaz de criar conteúdo dentro da empresa, mesmo que de pequeno ou
médio porte. Em outras palavras, o trabalho do assessor de comunicação
consiste em ir além da simples publicação de releases.
2.1 – Comunicação estratégica
A comunicação é um dos componentes de uma estratégia
empresarial, e pode se considerada na prática, como ingrediente fundamental
de uma receita de sucesso. A informação é considerada ferramenta de
transformação da sociedade contemporânea. Pereira e Herschmell (2002, p. 4)
explicam que:
Estamos assistindo à emergência não de um setor da economia, mas de uma “Nova Economia Imaterial”, marcada pela busca da inovação e baseada na utilização intensificada da informação e do conhecimento. Nessa nova economia, o capital intelectual torna-se fundamental para as organizações, isto é, revela-se de importância vital ter uma equipe de
26
profissionais capacitada a operar, sistematizar e aplicar de forma inovadora os fluxos de sentido e informação.
Quando se pensa na comunicação como estratégia de uma
pequena e média empresa, significa transformá-la para não apenas vender
bens tangíveis, como também uma referência, um conceito que influencie o
consumidor em suas decisões. Um exemplo é ilustrado por Kotler e Armstrong
(p. 405, 2006). Eles afirmam que grandes empresas conseguiram prosperar
com pouco investimento em publicidade e foco em relações públicas. Neste
caso, entende-se Relações Públicas como função de uma Assessoria de
Imprensa, pois, como já mencionado nesta monografia, o trabalho de Relações
Públicas no Brasil confunde-se com a formação em jornalismo. Portanto,
considera-se uma especificidade também jornalística promover a comunicação
como estratégia e com possibilidades de ser executada além da publicação de
releases.
À medida que o mundo ganha uma dimensão onde estar informado
é essencial para obter-se melhor posicionamento dentro da sociedade, as
pequenas e médias empresas podem encontrar na Assessoria de
Comunicação uma alternativa para a grande competitividade que o mercado
impõe.
Fica exposto um desafio: as assessorias precisam se tornar
próximas de seus públicos. Com a velocidade incessante da comunicação na
troca de informações, as empresas podem acabar sendo traídas pela própria
ferramenta utilizada para se aproximar do público: a mídia. Assim, é essencial
que as assessorias tornem-se ferramentas de comunicação com seus públicos
27
de maneira direta, podendo ir além, entendendo-a como estratégico o
processo de gestão desta informação.
Jorge Duarte (2008, p. 237) explica que:
O que propomos é que a AI utilize seu conhecimento técnico e agir ético para agregar valor, criar e administrar produtos informativos de uma organização. Afinal, a notícia institucional é de interesse não apenas para jornalistas na redação, mas também para acionistas, empregados e familiares, aposentados, dirigentes e outros segmentos de público.
O mais importante papel do jornalista enquanto atua como suporte
de estratégias mercadológicas e administrando amplas áreas de comunicação
é colocar-se dentro do espaço empresarial com o seu agir e pensar jornalístico.
A democratização da informação abriu um leque de oportunidades, aos quais
os jornalistas devem gerir para buscar o equilíbrio do campo jornalístico4.
A utilização de ações de comunicação como estratégia empresarial
dita os rumos da organização. Para o sucesso da estratégia, tanto o
assessorado quanto o assessor devem ter visão geral da empresa para
otimizar as ações da assessoria. A visão mais próxima do jornalismo nesta
atividade está em analisar o conteúdo e ter conhecimento sobre o
comportamento da mídia. Em tese, o jornalista tem uma vantagem na disputa
por essa área, e ainda assim precisa complementar seus estudos com uma
visão global do trabalho da assessoria e da estratégia que a comunicação
pode oferecer ao seu assessorado. Jorge Duarte (2008, p. 96) explica que:
4 Conceito de campo jornalístico é uma definição do jornalismo como campo de ação de forças. Neste caso, há o destaque das forças em conflito dentro da produção no jornalismo. Em outras palavras, há um campo com ações entre agentes e jornalistas. Os jornalistas detêm o poder da veiculação da informação, enquanto os agentes concorrem para terem seus clientes e produtos veiculados como notícia de forma positiva neste espaço por jornalistas. Há um enfraquecimento do poder dos jornalistas a partir da democratização da informação.
28
O desempenho do papel específico de intermediário entre organizações e imprensa, executando atividades relacionadas à oferta de informações a jornalistas, não apenas ficou mais exigente como passou a ser apenas parte das possibilidades profissionais. As oportunidades disseminaram-se com o aumento da complexidade das organizações e a cada vez maior necessidade de elas estabelecerem relacionamentos e sistemas de informação eficientes para seus públicos. Para administrar a comunicação ignoram-se a formação e habilidades específicas de cada profissional.
Ratificado pelo argumento de Duarte, o que se espera da atuação
da assessoria são profissionais que além de conhecimento profundo em
comunicação, tenham noções claras de marketing, administração e da
estrutura da empresa, bem como seus objetivos e funcionalidades para, a
partir destes pressupostos, auxiliá-la a alcançar os objetivos traçados.
Toda a implantação da estrutura de assessoria de comunicação
precisa ser vista, pela empresa, como um investimento, algo que ganhará sua
rentabilidade maior em longo prazo. A ação estratégica não é um
posicionamento de curto prazo e com alta taxa de risco, e sim uma busca da
construção de relacionamentos contínuos com seus públicos; e o mais
importante, uma visão aprofundada capaz de antecipar fatos e dados.
Esta nova demanda por informação para construção de estratégias
leva o jornalista ao tema deste terceiro capítulo: além da publicação de
releases. Em outras palavras, o jornalista é um produtor e um intérprete do
macroambiente, e deve possuir informações suficientes para municiar o
assessorado em suas decisões. E este profissional pode ser um diferencial
dentro de estruturas pequenas e médias, por meio de um modelo
empreendedor que funciona como uma agência de comunicação.
29
Assim, as condições do mercado brasileiro abrangem muitas
funções a jornalistas. Mesmo existindo algumas correntes afirmando que a
profissão esteja em um grande dilema de sua subsistência, este trabalho
apresenta argumentos que comprovam a plena expansão mercado ao
profissional de jornalismo, basta que este incorpore sua ação ao entendimento
estratégico. E essa incorporação de atribuições vale tanto aos profissionais das
assessorias, como também aos próprios veículos de comunicação. Se há tanta
informação disponível, quem deve torná-la útil de tal modo a dar sentido e
orientar as ações de uma sociedade senão o jornalista?
As empresas se apropriam da comunicação estratégica por meio de
seus códigos e neste contexto surge seu principal produto: a notícia
institucional, fundamental na tomada de estratégias junto ao corpo
administrativo de uma empresa. Aí está o significado de comunicação
estratégica, uma boa política de agenciamento das informações.
Boa parte dos bons resultados da assessoria são obtidos tanto por
estratégias internas, quanto externas. Por trás do alcance desse resultado
existe a análise de conteúdo, uma nova ferramenta, fundamental e com grande
potencial, nas mãos dos jornalistas. Com tanta informação disponível, cada vez
mais ele precisa saber analisar e gerir de forma qualificada e intensa o
conteúdo e o fluxo de informações que entra, sai e circula pela empresa.
Para isso, é preciso um direcionamento de pautas que relacionem
notícias e programas estratégicos que tratem e tenham como foco os objetivos
da empresa. O código jornalístico em questão é a linguagem, ou seja, a forma
30
como o que a empresa utiliza o pensar e agir jornalístico para obter o
fortalecimento de sua imagem e, consequentemente, o lucro.
A idéia é criar pautas que possam levar conteúdo para públicos
estratégicos da empresa, utilizando algumas ferramentas que se apropriam do
código jornalístico, e usá-lo no relacionamento com seus públicos. É onde
entra o principal papel do jornalismo e do jornalista. A sua função dentro da
atividade de comunicação, que envolve relações públicas, publicidade e
marketing, tem sido desempenhada por jornalistas, pois é do seu ofício que a
empresa se apropria para o agir estratégico.
Cabe ao jornalista informar, construir códigos, levar fatos e dados a
seus assessorados e leitores. Este agir jornalístico torna a assessoria de
comunicação atrativa e interessante para o jornalista da redação e o assessor
passa a ter nas mãos a oportunidade de preencher uma lacuna deixada pelos
veículos de comunicação. Por falta de interesse, espaço ou recursos, os
veículos de comunicação não podem publicar toda a informação disponível, ou
todas as fontes de um fato, assim, o assessor jornalista pode ocupar este
espaço, mesmo que ele defenda interesses comerciais de sua empresa. As
ferramentas e códigos jornalísticos estão prontos para difundir conteúdo que
ainda não está na mídia.
É o que também argumenta Jorge Duarte (2008 p. 21), em outras
palavras:
A transmissão de apenas uma parte, nos closes burocráticos escolhidos pelos pauteiros das redações, está passando ao Brasil uma versão incompleta e distorcida da realidade. A Assessoria de Imprensa pode preencher essa lacuna. Com ela, a imprensa pode passar a ver novos aspectos da realidade.
31
A explicação apresenta o fato da assessoria ampliar o acesso a
informação. Não significa que ela irá ocupar o papel do jornalismo, e sim que a
assessoria pode ser um instrumento de apuração e organização destas
informações, tornando-se útil e acessível. O que se propõe é que o jornalismo
torne a empresa mais próxima de seu público e possa, junto desse público,
tornar-se uma referência para um desenvolvimento sustentável de suas ações.
Assim, o jornalista pode criar políticas de melhoria das relações de trabalho
com fornecedores e colaboradores, de cuidado de preservação do meio
ambiente e da cultura onde esta empresa se encontra. E seria mais
interessante ainda, se esta assessoria estivesse no final da cauda5.
O assessor precisa ter em mente que existem ferramentas a serem
trabalhadas. E são a partir delas que o jornalista pode se tornar um diferencial
na comunicação de uma empresa.
2.2 – Atribuições gerais de uma assessoria de imprensa
Para o jornalista, um novo campo de trabalho, na área de gerenciamento dos processos de comunicação está sendo oferecido pelas organizações de todo tipo: ONGs, entidades de classe, associações, empresas, escolas, órgãos públicos. Mas, ao mesmo tempo, as exigências são maiores. Haverá, sempre, espaço para atividades técnicas como produção de relises, de jornais empresariais, edição de conteúdo em sítios na internet. Se, entretanto, optar por tornar-se estrategista,
5 O que se propõe aqui é que jornalistas tornem-se empreendedores em comunicação, criando, implantando e desenvolvendo para empresas que não têm capital e poder para estar na mídia. A referência da cauda se dá ao termo “Long tail”, cauda longa em inglês. Esta nomenclatura é dada ao processo em que os agentes estão numa cauda concorrendo para o seu início, onde está a mídia. As pequenas e médias empresas e profissionais que não estão ligados a grandes instituições estão no final deste processo, mas com as mesmas possibilidades de brigar pelos melhores lugares na mídia. A principal ferramenta neste processo é a Internet, que surge como uma mídia de massa, porém executada não somente para a massa como acontece com as mídias tradicionais, mas executada também pela massa.
32
administrador dos fluxos de comunicação ou buscar converter a comunicação em uma ferramenta à serviço dos objetivos organizacionais, as oportunidades são infinitamente maiores.
(DUARTE, 2002)
A ação de gerir informação está em prover ferramentas para o
desenvolvimento de estratégias de comunicação. Este processo resulta em
projetos que precisam ser executados de maneira precisa. Quanto melhor for a
ação de um projeto de comunicação para uma empresa do tamanho que for,
maior é a necessidade de um trabalho pertinente de comunicação, auxiliando
na ação do marketing.
O Manual de Assessoria de Comunicação/Imprensa da Federação
Nacional dos Jornalistas (FENAJ, 2007), aponta as seguintes ações que
determinam as características e atribuições de uma Assessoria de
Comunicação:
- criar um plano de comunicação (estabelecer a importância deste instrumento tanto no relacionamento com a imprensa como os demais públicos internos e externos); - colaborar para a compreensão da sociedade do papel da organização; - estabelecer uma imagem comprometida com os seus públicos; - criar canais de comunicação internos e externos que divulguem os valores da organização e suas atividades; - detectar o que numa organização é de interesse público e o que pode ser aproveitado como material jornalístico; - desenvolver uma relação de confiança com os veículos de comunicação; - avaliar freqüentemente a atuação da equipe de comunicação, visando alcance de resultados positivos; - criar instrumentos que permitam mensurar os resultados das ações desenvolvidas, tanto junto à imprensa como aos demais públicos; - preparar as fontes de imprensa das organizações para que atendam às demandas da equipe de comunicação de forma eficiente e ágil.
33
A importância destas ações está cada vez mais nítida na sociedade.
Segundo Boanerges Lopes (2005), as empresas têm investido cada vez mais
em comunicação empresarial. “O segmento de assessoria, em expansão,
apresenta-se hoje como um dos principais blocos de referência para o
exercício das práticas jornalísticas, ao lado dos meios impressos, da TV e à
frente do rádio”.
Ainda segundo Boanerges, argumentando sobre a importância da
comunicação, “Profissionais que sabem utilizá-la plenamente estão em alta,
pois se constituem nos novos condutores das diretrizes nas organizações,
onde a preocupação com a imagem é fator de vantagem competitiva, e precisa
ser administrada com inteligência, processos, uso de técnicas bem
concebidas, refletidas, ações coordenadas, habilidades específicas e
profissionalismo”.
Existem algumas confusões pertinentes a ação entre jornalistas e
relações públicas, sendo um confronto que acaba gerando pouco interesse por
parte de pequenos e médios empresários em investir neste segmento. Porém,
se é cada vez mais visível os esforços por grandes empresas (públicas e
privadas) em usar esta ferramenta, que é de comprovado baixo custo perto da
publicidade, por que motivo então a força do país - as pequenas e médias
empresas - ainda têm certa rejeição ao incentivo em comunicação, em
especial às mídias espontâneas?
A resposta para essa pergunta não é fácil. Aqui, chama-se a
atenção a uma possibilidade tanto para jornalistas quanto para
empreendedores. Até porque, em uma era do conhecimento, o jornalismo é um
34
serviço que as empresas precisam prestar aos seus públicos. Trata-se de
ferramentas, cada vez mais focadas no meio digital, que visam a interação
entre seus agentes – clientes, fornecedores, colaboradores – e à própria
empresa.
2.3 – Ferramentas
Toda empresa precisa se munir de ferramentas para poder
desenvolver seu trabalho. Na assessoria de comunicação não é diferente e por
isso é preciso tê-las a mão, prontas para serem desenvolvidas, mesmo que
cada cliente exija um tipo especial de ferramenta ou uma adaptação a algo já
existente. Abaixo há a descrição de algumas básicas para qualquer
empreendimento de assessoria de comunicação.
2.3.1. Plano de Marketing
A primeira ferramenta a ser utilizada pelo assessor é a estratégia,
que deve ser adotada na execução de um Plano de Marketing. Como as
grandes organizações, uma pequena ou média empresa também precisa
definir seu público, compreender seu posicionamento dentro do mercado e
fazer com que seus colaboradores entendam a sua importância dentro da
empresa. Definir como será elaborado este trabalho é a primeira ferramenta a
ser posta em ação. Um plano de comunicação para a empresa vai direcionar,
de fato, quais produtos esta assessoria irá desenvolver para o seu cliente.
35
O plano de marketing deve ser elaborado para integrar as ações da
empresa, por meio de ferramentas que utilizem códigos jornalísticos ou não.
Em outras palavras, o plano servirá para desenvolver canais de comunicação
com diferentes públicos, sempre os moldando de acordo com a imagem
desejada da empresa. Deve-se levar em consideração o histórico da empresa
e sua forma de ação na sociedade, para que a partir delas, sejam
estabelecidas metas e meios de tornar a comunicação da empresa atrativa
para os jornalistas e também clientes.
2.3.2. Release
A mais antiga das ferramentas da assessoria de comunicação é o
release. Como consta no segundo capítulo deste trabalho, os primeiros
releases foram lançados por Ivy Lee em 1906 e tinham o objetivo de ser uma
sugestão de pauta, que depois se transformaram em informações úteis,
publicáveis e interessantes ao jornalista na redação. Assim surgiu o carro-
chefe da Assessoria de Imprensa que, em suma, são matérias com formato
jornalístico, obedecendo a regras da linguagem jornalísticas, e que tentam
convencer o jornalista a usar as informações ali constantes como pauta. Os
releases são uma forma pela qual as assessorias tentam agenciar as notícias
dos variados veículos de comunicação, para obter na mídia um
posicionamento estratégico da empresa.
A partir do release surgiram outras ferramentas, muitas vezes
ligadas ao marketing. A internet abriu ainda mais as possibilidades de trabalho
36
dentro da assessoria de comunicação e com ela, surgiram os blogs
coorporativos, salas de imprensa virtuais e o relacionamento com outros
públicos além dos jornalistas, como as redes sociais. Seja qual for a
ferramenta, o importante é que o assessor consiga gerir o conteúdo divulgado
sobre a empresa, processo vital também para as micro e pequenas empresas.
2.3.3. Internet
A comunicação deu espaço para um amplo conceito: Comunicação
Digital. Com o surgimento e a disseminação de novas tecnologias, existem
incontáveis ferramentas de comunicação embasadas na imensa rede mundial,
a internet. O tempo e espaço se alteraram e a informação tornou-se
instantânea e mutável, ganhando velocidade e interação.
A internet passou a ser uma das principais ferramentas utilizadas na
busca por bons resultados na comunicação de uma empresa. O jornalista pode
trabalhar nesta área como um webwriter6 e desenvolver conteúdo para publicar
a clientes e jornalistas. Uma página na Internet com conteúdo direcionado e
focado nas necessidades do cliente é uma ferramenta de grande valia. Existem
muitas empresas que divulgam sua marca por meio de web sites.
Uma assessoria antenada nas novidades pode usar sites como um
canal de relacionamento poderoso que pode estender seu conteúdo aos seus
6 Webwriter é o profissional que produz os textos publicados em sites. Entre suas atribuições estão escrever os textos, corrigir, além de inserir e apagar informações textuais que não estejam de acordo com o código desejado para cada meio e seu público.
37
clientes promovendo fóruns, publicando fotos, promoções e ações integradas
com o marketing.
A comunicação precisa ser vista como um conjunto de
possibilidades e não como um trabalho de funções específicas. O papel do
assessor aqui é muito importante, pois o site corporativo deve ser
periodicamente alimentado e atualizado, além de ter um leiaute que seja
potencialmente atrativo para seu cliente.
A rede mundial de computadores é o espaço onde o jornalista pode
buscar o seu molde empreendedor e ajudar seu cliente a se posicionar frente
aos seus públicos estratégicos. O assessor não é, em tese, responsável por
diagramar um site, mas pode e é responsável por gerir o seu conteúdo, ser um
webwriter. O espaço virtual permite a edição e envio de conteúdo para um
mailing list7 para jornalista e Newsletter8 para clientes.
A internet ainda possui outra forma de ação da assessoria que é a
sua utilização como fonte de informação. O jornalista e o assessor podem e
devem usar a rede como fonte de consultas. Nesse caso, a internet passa a
ser espaço para apuração de pautas interessantes e de informações para a
publicação de seus produtos. Assim, as convergências comunicacional e
tecnológica se completam, pois além de transformar todas as mídias em uma
7 O mailing list é um conjunto de endereços de e-mails usado para distribuir mensagens entre um grupo de pessoas. Existem serviços externos que reenviam automaticamente ao mailing list as mensagens enviadas para um endereço associado. Assim, os receptores podem facilmente enviar uma mensagem para os outros da lista, bastando para isso, enviar o e-mail para o endereço da mailing list, evitando-se longas listas de endereços nos campos reservados aos destinatários. 8 A expressão Newsletter pode ser traduzida para Boletim Informativo, que pode é um tipo de publicação de distribuição regular a um determinado grupo de pessoas e que aborda geralmente um assunto específico. Podem ser distribuídos como mensagem eletrônica por meio da internet.
38
só, elas também abrem possibilidades de maior interação com os diversos
públicos.
A hierarquia de produção de conteúdo das mídias tradicionais
acabou e nunca o assessor precisou tanto ouvir seu público como hoje é
preciso. O jornalista, por exemplo, pode pesquisar, escrever e publicar várias
matérias ao longo do dia, e para isso pode contar com o apoio de atores que,
antes da existência de toda essa interatividade proporcionada pela utilização
da internet, eram apenas expectadores da notícia.
Com a internet, a Assessoria pode utilizar das diversas ferramentas
descritas ao longo deste capítulo.
2.3.3.1 Redes Sociais
As redes sociais também são poderosas ferramentas de
comunicação e ainda há pouco estudo publicado sobre o assunto. Hoje,
dificilmente alguma empresa ou personalidade pública não use um perfil no
Twitter ou outra rede social para manter seus clientes e o público em geral
informado. As novas mídias digitais se tornaram uma grande ferramenta
transformadora da sociedade atual. A convergência das mídias tradicionais é
um atrativo que seduz tanto pessoas quanto empresas, além de abrir e muito a
discussão sobre o futuro do jornalismo, em especial, o jornal impresso.
39
Segundo a Nielsen Online9, a audiência das redes sociais já
ultrapassou a dos sites e a utilização do sistema de correio eletrônico, os e-
mails. Pesquisas demonstram também que cada vez mais os comentários
encontrados nessas redes influenciam na tomada de decisões da população
conectada. Raquel Cuero, no livro colaborativo “Para entender a Internet”,
organizado por Juliano Spyer (2009, p. 25) apresenta o seguinte conceito de
Redes Sociais:
Rede social é gente, é interação, é troca social. É um grupo de pessoas, compreendido através de uma metáfora de estrutura, a estrutura de rede. Os nós da rede representam cada indivíduo e suas conexões, os laços sociais que compõem os grupos. Esses laços são ampliados, complexificados e modificados a cada nova pessoa que conhecemos e interagimos. Com isso, é fácil entender porque a Internet deu tanta força para a metáfora: Nunca se conheceu e interagiu com tantas pessoas diferentes, nunca tivemos tantos amigos quanto no nosso perfil do Orkut ou tantos seguidores, como no Twitter.
A autora defende as diferenças entre as diversas redes sociais e
afirma que nem todas as pessoas adicionadas ou seguidas são realmente
aquelas com quem se trocam mensagens. Ela explica que as redes sociais
ampliaram as possibilidades de conexões entre as pessoas e a aumentaram a
difusão das informações, que são amplificadas e rapidamente repassadas
pelos atores da rede. Por propiciar agilidade e interatividade entre os diversos
atores presentes na internet, as redes sociais vem se tornando a ferramenta
mais barata para assessores interessados na disseminação de conteúdo de
interesse da empresa.
9 Nielsen Online: empresa global de informações e mídia com posições de liderança na indústria de informações de mercado e consumidor, televisão, inteligência online, mensuração de telefonia celular, feiras e eventos e publicações comerciais De controle privado, com sede em Nova York (EUA), está presente em mais de 100 países. Fonte: www.br.nielsen.com
40
Considerada por muitos autores a inteligência coletiva, nos últimos
cinco anos as redes sociais se consolidaram como legado da criação do boom
tecnológico em torno da internet. A infraestrutura virtual originalmente criada
para a comunicação por e-mail e posteriormente para o comércio eletrônico se
transformou em um suporte por meio do qual as pessoas passaram a se
conectar por finalidade que excedem em muito o propósito original dos e-mails
e sites pouco interativos.
Como usuários dessas modernas ferramentas, encontramos
indivíduos que se expressam de várias maneiras e por vários caminhos, todos
extremamente acessíveis a rede mundial. A comunicação pela web não se
limita mais a reatividade, hoje já podemos cultivar uma personalidade pública
no mundo virtual e nos atrever a emitir opiniões e aconselhar. Cruzando todas
as fronteiras de classe social, educação, política e religião, redefinimos e
descrevemos o modo como vivemos e nos comunicamos, formando um
universo conectado.
Vários autores afirmam que a dinâmica das redes sociais vem
reformulando a comunicação. Já é fato que são os signos sociais que
disparam a necessidade pela informação e as novas mídias abrem espaço
para uma inteligência coletiva, livre e participativa, na qual todos juntos
distribuímos a informação de uma forma mais brilhante do que cada um faria
isoladamente. Essa comunicação reformulada é um caminho comum, eficiente
e econômico para os jornalistas empreendedores que optam por trabalhar nas
assessorias, principalmente, das micro e pequenas empresas.
41
2.3.4. Jornal Mural
A comunicação também pode usar de ferramentas tradicionais. O já
citado release e o Jornal Mural são exemplos de opções antigas e ainda
eficazes quando bem utilizadas pelo comunicador. A assessoria também
precisa focar os colaboradores e funcionários da empresa. Afinal, a imagem da
empresa está muito relacionada com seu quadro de empregados, da mesma
forma que sua marca e sua imagem no mercado.
O Jornal Mural, ferramenta comum de endomarketing10, serve
exatamente para trazer informações úteis e dicas para os funcionários, além
de deixar todos na empresa informados dos acontecimentos e trazer
momentos de interação entre os agentes e demais colaboradores. Hoje, já são
facilmente encontrados jornais murais virtuais, ou seja, conteúdos noticiosos
disponibilizados aos funcionários e demais públicos internos das empresas por
meio de uma intranet11.
2.3.5. Análise de conteúdo
A análise de conteúdo tem sido a grande ferramenta do assessor. É
por meio dela que o assessor abastece o seu cliente de informações na sua
tomada de decisões estratégicas. Trata-se de um apanhado de fatos e notícias
10 O endomarketing é a área da administração que busca adaptar as estratégias de marketing e comunicação para o público especificamente interno, ou seja, os funcionários da empresa.
42
que estão relacionados com o segmento de atuação da empresa, que
oferecem a seus diretores uma noção clara do macroambiente ao qual a
empresa está inserida.
Desta ação surge o clipping, que é o trabalho de coletar estas
informações. O clipping é uma ferramenta que pode medir a atuação da
assessoria de imprensa, ou seja, servir de métrica e demonstrar o quanto a
empresa foi citada nos meios de comunicação.
2.3.6. Media Training
Nem sempre os profissionais da organização estão prontos para
lidar com repórteres. Cabe também à assessoria de comunicação educar os
dirigentes da empresa e orientá-lo a dizer o essencial de maneira clara e
correta, facilitando o trabalho do jornalista e evitando discursos errôneos. O
Media Training consiste em preparar os porta-vozes da empresa para que
estes se tornem fontes seguras e menos amadoras. Este trabalho pode ser útil
até para a própria empresa produzir matérias com os seus profissionais da
área de estilo de uma confecção de moda, por exemplo, e trazer um conteúdo
diferenciado sobre a próxima coleção desta empresa.
Estes são apenas alguns exemplos de ferramentas que o jornalista
pode usar para abrir seu leque de produtos de comunicação. Como qualquer
negócio, a assessoria é uma prestadora de serviço que vende produtos dos
11 Uma intranet é uma rede de computadores privada, com computadores interligados entre si com limites confinados a uma empresa ou organização.
43
quais o cliente aproveitará para garantir melhor posicionamento na mídia e
uma imagem positiva na sociedade. Se for entendida assim, ambos serão bem
sucedidos na missão ao qual se lançaram.
Existem várias empresas atuantes no ramo da assessoria e que
disponibilizam um leque cada vez maior de serviços ao cliente. É a tendência
normal de crescimento de um negócio, que significa expandir a atuação para
conquistar o maior número de clientes possível, além de melhorar a atuação e
adaptar-se o máximo possível ao ambiente do assessorado. O grande
diferencial tratado aqui é que este trabalho possa encorajar pequenos e
médios empreendedores a pensarem duas vezes em investir em comunicação.
E com um detalhe ainda mais importante: como.
A missão tratada aqui é o trabalho empreendedor em comunicação.
Ele é visto sob a idéia de que jornalistas, publicitários e profissionais de
Relações Públicas podem fazer a diferença na criação de estratégias de
comunicação. No caso do jornalismo, esta é até uma saída para uma possível
crise. É fato que as redações se enxugaram e muitos jornalistas, mesmo em
países tidos de Primeiro Mundo, têm trocado o emprego pelo trabalho
empreendedor em comunicação. Muita das vezes, produzindo material
jornalístico para pessoas comuns, como veículo de comunicação, com a
utilização da internet como meio.
44
CAPÍTULO III
O TRABALHO EMPREENDEDOR EM COMUNICAÇÃO
3.1 – Por que empreender?
Francisco Soares Brandão era dono de uma empresa de turismo
quando decidiu abrir uma empresa de comunicação. Ele é dono da FSB, que
durante 30 anos no mercado acumulou uma carteira mais de 40 clientes e vem
conquistando prêmios e vitórias. O que faz uma pessoa que não é da
comunicação ser bem-sucedida no ramo? A resposta está em entender
comunicação como um campo ainda muito mal explorado e que precisa ser
entendido como um negócio.
O tradicional jornalismo das redações é uma profissão que tem a
cada ano diminuído os postos de trabalho e aumentado a oferta de mão de
obra disponível e ociosa. Enfatizando o problema, ainda há uma tendência de
que as empresas não contratem mais empregados, e sim prestadores de
serviço. A substituição de profissionais por máquinas também aumentou a
competição e enxugou o quadro de funcionários de muitas empresas,
afirmativa que vale também para o jornalismo.
Este problema pode ter uma solução no trabalho empreendedor.
Em outras palavras, a solução para a crise do mercado de jornalismo pode
estar em ser o dono do próprio negócio em comunicação. Já podem ser
encontrados exemplos de jornalistas que criam suas próprias empresas,
prestando serviços de assessoria ou publicando informação na mídia. A
principal ferramenta dessas empresas é a internet, que pelo baixo custo de
45
utilização tem sido uma espécie de válvula de escape, principalmente para as
micro e pequenas empresas, por onde o negócio da comunicação fica viável.
São comuns blogs ou páginas da internet publicadas e
administradas por jornalistas, que trazem à tona diversos assuntos. O site
Congresso em Foco é um exemplo deste trabalho. Atualmente, quem acessa a
página percebe que ela é destinada a todos os públicos, porém sua origem
vem de uma Assessoria de Imprensa, que precisava analisar e fazer uma
cobertura de tudo que estava à volta do Congresso Nacional brasileiro, suas
pautas e decisões.
A página surgiu a partir de um boletim informativo, que o jornalista
Sylvio Costa, diretor do site, editava para seus clientes da agência de
comunicação em que ele é um dos sócios, a Oficina da Palavra12. A
necessidade de se entender como funciona e quais decisões são e podem ser
tomadas no Congresso Nacional ilustram o objetivo que deve nortear o
trabalho empreendedor, em especial no jornalismo.
Para o jornalista, é fato que é possível ser independente e, como
visto nos capítulos anteriores, há uma lacuna a ser preenchida pelos
comunicadores na mídia. No Brasil, existe um número muito pequeno de
empresas de comunicação no controle da radiodifusão e na edição de
publicações impressas.
Assim, volta-se ao empreendedorismo, que é a base para a
democratização maior das mídias. Por isso, é fundamental que o meio
acadêmico fomente a prática jornalística não apenas como uma profissão, mas
12 Endereço eletrônico: http://www.oficinadapalavra.com.br
46
como uma oportunidade de se construir novos veículos e meios de difundir a
informação. No caso específico deste trabalho, a assessoria de comunicação.
Como exemplo da pouca ênfase acadêmica, tema do segundo
capítulo deste trabalho, cita-se o caso da FSB. Brandão, mesmo sem ter
formação na área (ele possuía uma Agência de Turismo), adquiriu alguns dos
requisitos mais importantes para entrar no mercado de comunicação:
sensibilidade, visão e audácia. Ele empreendeu em um ramo ao qual não era
sua especialização, e ainda assim se tornou referencia para quem ainda vê
distante uma solução para a crise do jornalismo.
Atualmente, estuda-se muito sobre a crise das atribuições do
jornalista e quanto ao possível fim do jornal impresso decretado pelas várias
performances da mídia digital. Porém, jornalismo não é só redação e a
comunicação tem casos de sucesso que podem ser tomados como exemplo.
Há um futuro promissor ao jornalista e ao comunicador. Quem garante é o
dono de uma das maiores empresas de assessoria de comunicação do Brasil,
Francisco Soares Brandão. Ele afirma que “muito em breve – prevê – os
profissionais estarão tratando de comunicação em muitas empresas,
participando diretamente das decisões” (LOPES, 1998, p. 96).
A FSB é uma prova de que a comunicação ainda tem muitos
caminhos a serem traçados. O empreendedorismo precisa ser fomentado e
alimentado entre as possibilidades de um estudante de jornalismo.
A edição da Revista Época (2009) traz na capa a reportagem “O
Brasil empreendedor”. A matéria traça uma perspectiva diferente ao país, que
depende mais e mais do trabalho empreendedor para se tornar uma nação
47
pronta para o desenvolvimento social13 e econômico ao qual ainda não está
apto. Existem diversos de brasileiros que buscam o próprio negócio como
solução às dificuldades de se encontrar emprego.
Segundo estudo do Global Entrepreneurship Monitor – (GEM
2010)14, publicado em 2001 e divulgado pelo SEBRAE, o Brasil é país mais
empreendedor do G20, tem 17,5% da população adulta dentro da faixa de
empreendedores em estágio inicial, o que significa que quase 22 milhões de
pessoas estão tocando um negócio com até 3 anos e meio de vida. Além de
empreender mais, os brasileiros também avançam quanto o assunto é o
motivo do negócio próprio. Segundo a pesquisa, a cada empresário por
necessidade, dois empreendem por uma oportunidade, ou seja, cada vez mais
o brasileiro está encontrando nichos de mercado para abrir novas empresas
em vez de começar um negócio para sobreviver.
A pesquisa GEM 2010 mostrou ainda que 58% dos
empreendedores abriram uma empresa com até 10 mil reais. Em menos de
20% dos casos o investimento ultrapassou os 30 mil reais. De cada 100
empresários, 18 conseguiram tirar uma ideia do papel com menos de 2 mil
reais. Do total, 36% do investimento vem do bolso do próprio empresário.
O empreendedorismo chama atenção, ainda, pelo fato da legislação
para as micro e pequenas empresas terem regras mais flexíveis atualmente. A
burocracia tem diminuído e os impostos a que essas empresas são
13 Quando se afirma desenvolvimento social, trata-se de alternativa para distribuição de renda para todas as classes sociais, uma vez que o empreendedor pode sair de qualquer uma delas. 14 O Global Entrepreneurship Monitor (GEM) é uma entidade de pesquisa acadêmica sem fins lucrativos, que tem como objetivo pesquisar e divulgar informações de alta qualidade sobre a atividade empresarial global. O GEM é o maior centro de estudos da atividade empreendedora no mundo. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br
48
submetidas tem um custo mais baixo comparado ao que uma empresa de
médio a grande porte é obrigada a contribuir ao país. O empreendedor, mesmo
individual, atualmente tem condições de abrir seu negócio e mantê-lo na
legalidade, uma vez que o custeio da tributação é viável perto do faturamento
máximo de uma micro ou pequena empresa.
O bom desempenho da economia brasileira na última década, aliado
às políticas de crédito, vem impulsionando a ampliação das micro e pequenas
empresas (MPEs) no país e confirmaram a expressiva participação na
estrutura produtiva nacional. De acordo com o Anuário do Trabalho na Micro e
Pequena Empresa15, com o Entre 2000 e 2010, verificou-se aumento do
número de estabelecimentos das MPEs e do emprego gerado por estes
estabelecimentos. Em 2010, as MPEs responderam por 99% das empresas,
mais da metade dos empregos formais de estabelecimentos privados não-
agrícolas do país e por parte expressiva da massa de salários paga aos
trabalhadores destes estabelecimentos. É um número expressivo, que mostra
que força do Brasil está nas mãos de brasileiros de classe média, que
precisam apostar cada vez mais em comunicação. Ou seja, contar com
profissionais preparados e dispostos a apostarem no pequeno negócio para
construírem suas carreiras.
15 O Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa é uma publicação fruto da parceria entre o Sebrae e o DIEESE, que se propõe a preencher importante espaço na constituição e organização de dados específicos do segmento. Disponível em: http://www.biblioteca.sebrae.com.br
49
3.2 – Como empreender na administração de uma empresa
O empreendedorismo é um processo, que depende da execução de
fases para se chegar ao sucesso. A abertura de um negócio se move em uma
série de fases diferentes. “Os eventos e resultados de cada fase são afetados
por fatores de nível individual, grupal e social” (BARON, 2007 p.16):
- Variáveis de nível individual (por exemplo, técnicas, motivações e características dos empreendimentos) - Variáveis de nível grupal (por exemplo, idéias informações de outras pessoas; eficácia nas interações com capitalistas de risco, clientes, potenciais funcionários) - Variáveis de nível social (por exemplo, políticas governamentais, condições econômicas, tecnologia)
Estas variáveis podem tornar o negócio viável ou inviável,
dependendo da maneira em que o empreendedor passa por fases diferentes
ao longo do tempo. Baron identifica como um processo, que são afetados por
estes fatores. Abaixo, o gráfico mostra as fases que o empreendedor deve
percorrer em seu negócio.
Ilustração I – Fases de Construção do Empreendimento
Fonte: BARON, 2007, p.16
50
Desde o surgimento da idéia da empresa até o fim da concretização
empreendimento, é necessário perceber que o empreendedor está o tempo
inteiro buscando soluções. Mais que isso, ele é um aprendiz que estuda a
viabilidade de suas ações. O empreendedor reúne informações, dados,
profissionais, equipamentos e planos para conseguir chegar aos seus
objetivos. É preciso ser proativo, bem informado, acreditar nos projetos sem
deixar de ser realista e ter muita disposição para o trabalho.
O empreendedor de sucesso precisa ter um perfil. A primeira
característica é a capacidade de inovar o seu trabalho. Entre outras
atribuições, o empreendedor é alguém que define por si mesmo o que vai fazer
e em que contexto será feito. Dolabela (1999, p. 68) enumera três tipos de
empreendedor:
- Um indivíduo que cria uma empresa, qualquer que seja ela; - Uma pessoa que compra uma empresa e introduz inovações assumindo riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda de seus produtos e/ou serviços, agregando novos valores; - Um empregado que introduz inovações em uma organização, provocando o surgimento de valores adicionais;
Independente do tipo de empreendedor, a principal característica
destacada é a inovação. Ele deve ter visão aguçada e percepção de mudanças
econômicas, sociais e tecnológicas para encontrar sua oportunidade no campo
ao qual ele próprio se lançou. Portanto, o empreendedor em questão não
precisa somente abrir um negócio, ele pode usar seu agir empreendedor para
buscar melhorar sua atuação e de quem está à sua volta.
51
Segundo Timmons e Hornaday (Dolabela, 1999 p. 71), estas são as
características do empreendedor:
- Tem um “modelo”, uma pessoa que o influencia - Tem iniciativa, autonomia, autoconfiança, otimismo, necessidade de realização. - Trabalha sozinho. O processo visionário é individual. - Tem perseverança e tenacidade para vencer obstáculos. - Considera o fracasso um resultado como outro qualquer, pois aprende com os próprios erros. - É capaz de se dedicar intensamente ao trabalho e concentra esforços para alcançar resultados. - Sabe fixar metas e alcançá-las; luta contra padrões impostos; diferencia-se. - Tem a capacidade de descobrir nichos. - Tem forte intuição: como no esporte, o que importa não é o que se sabe, mas o que se faz. - Tem sempre alto comprometimento: crê no que faz. - Cria situações para obter feedback sobre seu comportamento e sabe utilizar tais informações para seu aprimoramento. - Sabe buscar, utilizar e controlar recursos. - É um sonhador realista: é racional, mas usa também a parte direita do cérebro. - Cria um sistema próprio de relações com empregados. É comparado a um “líder de banda”, que dá liberdade a todos os músicos, mas consegue transformar o conjunto em algo harmônico, seguindo um objetivo. - É orientado para resultados, para o futuro, para o longo prazo. - Aceita o dinheiro como uma das medidas de seu desempenho. - Tece “redes de relações” (contatos, amizades) moderadas, mas utilizadas intensamente como suporte para alcançar seus
52
objetivos; considera a rede de relações internas (com sócios, colaboradores) mais importante que a externa. - Conhece muito bem o ramo em que atua. - Cultiva a imaginação e aprende a definir visões. - Traduz seus pensamentos em ações. - Define o que aprender (a partir do não-definido) para realizar suas visões. É pró-ativo: define o que quer e onde quer chegar; depois busca o conhecimento que lhe permitirá atingir o objetivo. - Cria um método próprio de aprendizagem: aprende a partir do que faz; emoção e afeto são determinantes para explicar seu interesse. Aprende indefinidamente. - Tem alto grau de “internalidade”, que significa a capacidade de influenciar as pessoas com as quais lida e a crença de que conseguirá provocar mudanças nos sistemas que atua. - Assume riscos moderados: gosta do risco, mas faz tudo para minimizá-lo. É inovador e criativo. (Inovação é relacionada ao produto. É diferente da invenção, que pode não dar consequência a um produto.) - Tem alta tolerância à ambiguidade e à incerteza. - Mantém um alto nível de consciência do ambiente em que vive, usando-a para detectar oportunidades de negócios.
No caso do empreendedorismo na comunicação, é importante
perceber que a produção vem de profissionais, o produto é resultado de
capacidade mental. Por isso, é sempre bom o empreendedor se aliar a
profissionais competentes e aptos à mudança. Brandão diz que a grande
dificuldade para quem entra neste campo, é montar uma grande equipe. “Um
staff de respeito”. (LOPES, 1998, p. 100).
Além destas características, o empreendedor precisa também estar
atento às necessidades do negócio. A primeira delas começa na sua abertura.
O SEBRAE SEBRAE é aberto a qualquer empreendedor e traz informações
53
mais precisas sobre toda tramitação legal e atitudes que devem ser tomadas
para um empreendimento. Nas pesquisas para este trabalho não se identificou
algum tipo específico de suporte ao empreendedor em comunicação. A melhor
fonte encontrada é o livro de Jorge Duarte, Assessoria de imprensa e
relacionamento com a mídia – Teoria e prática. É dele que foi possível
encontrar uma referência da estrutura mínima de uma assessoria.
Desde 1998, com a criação do Simples Nacional, o país consolidou
uma nova dinâmica do regime de empresas, a medida diminuiu para o
empresário o peso que a carga tributária de uma empresa de médio ou grande
porte tem. Com menor custo, temos a possibilidade real de pessoas decidirem
abrir mão do emprego, cada vez mais competitivo e instável, e apostarem no
seu próprio potencial. Para isso, ele precisa se municiar de informações úteis
para viabilizar a empresa.
A primeira etapa é formalizar o negócio16. O SEBRAE presta
assessoria e disponibiliza um roteiro de ações que o empreendedor deve ter
para legalizar sua empresa nos âmbitos municipal, estadual e federal.
Após obter todos os registros, o empreendedor ainda pode contar
com o SEBRAE para administrar e executar planejamentos financeiros da
empresa. Como aqui se trata de comunicação, a idéia é montar um escritório
de assessoria que auxilie pequenos e micro empresários a terem sucesso. Por
isso, é importante frisar que o assessor deve saber muito mais sobre as
16 É importante também frisar que o conhecimento administrativo é fundamental. Por
isso, o empreendedor deve contar com especialistas em contabilidade para cuidar da
parte do faturamento, pagamento dos impostos e legislação trabalhista.
54
necessidades do cliente e sobre os objetivos da empresa, do que
simplesmente executar assessoria de comunicação.
Retoma-se a idéia de que as ferramentas e os produtos dos quais a
assessoria pode se utilizar não podem se resumir ao release, por exemplo.
Nem sempre o que o cliente precisa é assessoria de comunicação. Os
profissionais precisam se adequar e oferecer sempre o que o cliente precisa,
oferecer a comunicação com estratégia, assunto tratado no segundo capítulo
deste trabalho. Em entrevista ao livro de Boanerges Lopes (1998, p. 97),
Francisco Soares Brandão explica o que é preciso fazer para entender seu
cliente:
onde ele está, onde ele quer chegar, qual o universo dele, qual o negócio dele. Procuramos criar dentro das necessidades do cliente, um projeto de comunicação com o objetivo de encurtar o caminho e dar o recado dele. Pode ser internamente, um trabalho de comunicação bem feito com os funcionários. Às vezes, não tem nada a ver com assessoria de imprensa. Cada um tem uma necessidade diferente.
Desta forma, o cliente pode ter em troca uma comunicação de
resultados, que garantam um espaço na mídia ou um melhor posicionamento.
Esses resultados, entre outros, podem ser benéficos para a empresa também
em outras áreas: relacionamento entre funcionários, ações de interação com o
cliente e oportunidades com fornecedores e acesso a serviços que podem
mudar o perfil da empresa. Por isso, é importante entender a empresa e as
necessidades do cliente, assim como todas as variáveis que influenciam o
negócio: econômica, política e social.
55
A comunicação para pessoas e empresas ainda não é tão bem
assimilada como poderia. Apesar da evolução e do crescimento de alguns
segmentos17, ainda muitas empresas se comunicam mal. Brandão, que já
chegou a ser considerado o furacão carioca – sua empresa tem escritórios no
Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília e Belo Horizonte - sentencia: “O que está
faltando ao mercado? Acha que a evolução foi grande? Estamos no começo
da viagem. Ser o furacão carioca não importa. Ser o segundo, o terceiro, o
quarto, isso é consequência de um bom trabalho, com qualidade e
consistência”. (LOPES, 1998 p. 101)
A comunicação é fundamental para empresas e pessoas. Quem
define sua imagem é a forma como se comunica. E cabe ao assessor
convencer o cliente desta necessidade. O empreendedorismo está cada dia
sendo mais valorizado e mesmo assim, “ainda não há uma clara percepção da
importância do empreendedorismo para o desenvolvimento da economia em
nosso país” (Dolabela, 1999 p.3).
Se ainda existe muito a se fazer e o mercado de trabalho do
jornalismo tende a se diminuir cada vez mais, por que não investir nas próprias
ações? As novas tecnologias e a mídia digital tem revolucionado a forma de se
comunicar e abriu um vasto campo de atuação para jornalistas e assessores.
Dentro desse contexto é possível, então, o empreendedor que precisa da
comunicação e o assessor que deseja ser um empreendedor não consigam
mutuamente chegarem ao resultado esperado.
17 atualmente existem mais de 3.000 assessorias de imprensa no país.
56
CONCLUSÃO
O mundo globalizado e cada vez mais focado no conhecimento permite
perceber que o campo da comunicação é estratégico e fundamental para pessoas e
empresas. Após o exposto, conclui-se que o paradigma da Sociedade da Informação é
um potencial caminho empreendedor ao jornalista. As assessorias de comunicação às
micro e pequenas empresas se tornaram uma oportunidade de trabalho ao jornalista com
perfil empreendedor, pois permitem que empresas e pessoas estejam cada vez mais
presentes ao acesso ilimitado à informação, principalmente na internet. Por isso, é
importante ter em mente a idéia de que a sociedade deve se comunicar cada vez melhor,
sempre em busca do maior conhecimento.
A pouca percepção das possibilidades e oportunidades que as assessorias
empreendedoras representam, assim como o fato de que o empreendedorismo depende
de regras e planejamento, são entraves para que universitários invistam no seu próprio
potencial. Porém, é importante ressaltar que o país está crescendo nesta direção, pois o
número de micro e pequenas empresas que resistem ao primeiro ano de vida é cada vez
maior.
Como apresentado, mais 90% das empresas brasileiras são pequenas ou
micro, mostrando ao profissional o tamanho do potencial mercado de trabalho
disponível ao jornalista empreendedor. Muitas dessas empresas são dependentes da
comunicação para alcançarem o porte de média ou grande.
Atualmente, 78% das micro e pequenas empresas sobrevivem ao primeiro
ano, contra a taxa de 52% em 2002. Isso mostra que a economia brasileira vem se
57
consolidando e que as possibilidades estão cada vez mais reais. Para a comunicação,
este caminho é muito interessante, pois se entende que é um rumo à democratização da
informação. E aos assessores, um ótimo momento para investir em comunicação para
micro e pequenas empresas.
Quando bem executada, a assessoria pode trazer bons retornos ao cliente,
que não precisa ser grande para ter um ótimo plano de comunicação. Conseguir este
resultado depende de um trabalho específico e voltado ao cliente. Portanto, é bom
sempre adequar as ferramentas às suas necessidades. Propõe-se, com isso, que o meio
acadêmico observe com bons olhos esta iniciativa e que os jornalistas recém-formados
também possam estar atentos a esta nova possibilidade de trabalho que pode surgir.
Por isso, apresentou-se informações referentes a um processo empreendedor.
Este é o caminho para um problema que não é apenas pertinente ao jornalismo, e sim
uma dificuldade corrente do mundo globalizado. As relações de trabalho estão cada vez
mais confusas. O universitário tem a possibilidade, então, de viabilizar o que
desenvolveu ao longo do curso em um projeto empreendedor. Por isso, o ensino deve
também tender a este lado. Uma vez que, como vimos, a atitude empreendedora não
significa abrir o próprio negócio apenas, e sim criar métodos e projetos inovadores.
Isto ainda não tem sido foco do ensino em jornalismo. Conclui-se também
com os estudos deste trabalho que há uma confusão entre o trabalho do assessor de
imprensa e dos relações públicas. E esta é a problemática que se tentou mostrar, pois o
curso de jornalismo poderia ser voltado cada vez mais no sentido de se absorver novas
possibilidades e fomentar a democratização da informação.
Diferente do início da industrialização mundial, a produção está depreciada
frente ao conhecimento e a comunicação. Neste nicho está o comunicador. Ele é o
58
responsável por auxiliar as empresas a se portarem cada vez mais inseridas na
Sociedade da Informação. A internet trouxe ao assessor a grande oportunidade dele
exercer seu trabalho além da veiculação de releases nas mídias tradicionais. E a este
novo paradigma que ele deve voltar seus esforços.
59
ANEXOS
1. Classificação das Empresas por Porte:
60
Número de empresas por segmento de serviços da informação - Brasil 2006
13,70%
81,37%
3,90%0,70%
Telecomunicações
Serviços Audiovisuais
Atividades informática
Agências de notícias eserviços de jornalismo
Fonte: IBGE
2. Revista Época – Edição 602
61
Fonte: Revista Época – Edição 602.
Disponível em: <http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI107271-15259,00-
AS+HISTORIAS+INSPIRADORAS+DE+QUEM+CONSTROI+UM+NOVO+BRASIL
+TRECHO.html>
62
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66
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
COMUNICAÇÃO E ASSESSORIA DE IMPRESSA 10
1.1 - A história da Assessoria de Imprensa 10
1.2 - A comunicação na sociedade da informação 15
1.3 – Por que estar na mídia? 17
1.4 – O trabalho do assessor de imprensa e a pouca ênfase
da técnica na universidades 20
CAPÍTULO II
ALÉM DA PUBLICAÇÃO DE RELEASES 25
2.1 – Comunicação estratégica 25
2.2 – Atribuições gerais de uma assessoria de imprensa 31
2.3 – Ferramentas 34
2.3.1. Plano de Marketing 34
2.3.2. Release 35
2.3.3. Internet 36
2.3.3.1 Redes Sociais 38
2.3.4. Jornal Mural 41
2.3.5. Análise de conteúdo 41
2.3.6. Media Training 42
CAPÍTULO III
O TRABALHO EMPREENDEDOR EM COMUNICAÇÃO 44
3.1 – Por que empreender? 44
3.2 – Como empreender na administração de uma empresa 49
67
CONCLUSÃO 56
ANEXOS 59
BIBLIOGRAFIA 62
ÍNDICE 66