45
<> <> <> <> UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA <> <> <> <> <> A CRIANÇA DISLÉXICA E A SUA ALFABETIZAÇÃO <> <> <> Por: Karina Rodrigues da Silva <> <> <> Orientador Prof.ª Simone de Oliveira Ferreira Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

<>

<>

<>

<>

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

<>

<>

<>

<>

<>

A CRIANÇA DISLÉXICA E A SUA ALFABETIZAÇÃO

<>

<>

<>

Por: Karina Rodrigues da Silva

<>

<>

<>

Orientador

Prof.ª Simone de Oliveira Ferreira

Rio de Janeiro

2012

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

<>

<>

<>

<>

<>

A CRIANÇA DISLÉXICA E A SUA ALFABETIZAÇÃO

<>

<>

<>

<>

<>

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Psicopedagogia

Por: Karina Rodrigues da Silva.

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

3

AGRADECIMENTOS

... A Deus, aos meus pais Nelzina

Reisen e Gelson Rodrigues, a

professora Simone Ferreira, ao meu

amado Maurício Leal e a minha família

e amigos pelo apoio e paciência...

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

4

DEDICATÓRIA

... Dedico este trabalho a todas as

crianças que necessitam de apoio e

atenção especiais...

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

5

RESUMO

A dislexia é um transtorno de aprendizagem que atinge cerca de, no

mínimo, quinze milhões de crianças e jovens no Brasil. Este estudo objetivou a

descoberta do método mais adequado para promover a alfabetização das

crianças disléxicas. Foram necessários o levantamento e o estudo de dados

bibliográficos, para que se torne possível conhecer as peculiaridades das

crianças portadoras do transtorno de dislexia. Fica claro que, ao promover

essa alfabetização, a escola está incluindo essas crianças, porém, não é o que

acontece em sua grande maioria, necessitando esta, de apoio de diversos

especialistas, em especial do psicopedagogo institucional para, evitar que os

alunos fiquem com sua auto-estima negativa, levando-as à marginalização

perante a sociedade. Também ao promover essa inclusão estará cumprindo a

lei 9394/96, as Diretrizes e Bases da Educação, no que consta o seu art. 205,

onde afirma que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da

família e será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade. A

inclusão, desta forma, não é favor, e sim um direito. Incluir crianças disléxicas

é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação,

solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo diferentes, porém não

deficientes.

Palavras – chaves: Dislexia. Metodologias. Alfabetização.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

6

METODOLOGIA

O trabalho fundamenta-se de pesquisas bibliográficas e ainda através

de leituras de artigos disponibilizados pela internet, sendo observados os

critérios de credibilidade e responsabilidade destes materiais. Foram

escolhidos títulos e obras que contribuíssem à pesquisa sobre a Dislexia, e

ainda, outros que dialogassem com os aspectos relacionados à aprendizagem.

O referencial teórico utilizado neste trabalho se constitui pelos seguintes

autores: Marlene Carvalho, Rosita Edler Carvalho, Carlos Roberto Jamil Cury,

Eny Lea Gass, Anne Van Huot, Françoise Estienne, Iracema Meirelles, Eloisa

Meirelles, Antonio Manuel Pamplona Morais, Olívia Porto, Marta Pires Relvas,

Maria Lucia Lemme Weis, Alba Weis, Cláudia Werneck, Selene Calafage,

Áurea Maria Stavale Gonçalves, Vicente Martins e Lou de Olivier, ressaltando

também, a grande contribuição das Diretrizes Nacionais para a Educação

Especial na Educação Básica, Revista Simpro Rio, Associação Brasileira de

Dislexia, Declaração de Salamanca e Revista Nova Escola.

Diante da escolha do tema que aborda os métodos de alfabetização da

criança disléxica, houve a preocupação de escolher assuntos pertinentes, de

modo a encaminhar o leitor a um processo de aquisição de conhecimentos,

apresentando informações específicas sobre o conceito da Dislexia, suas

perspectivas históricas e seu contexto e suas classificações e possíveis

causas, numa rota que pudesse atender à necessidade de informações sobre

as relações de aprendizagens.

O presente trabalho prepara assim o leitor a desenvolver um olhar

investigativo sobre a importância das ações do psicopedagogo ao lidar com

sujeitos portadores do transtorno de dislexia na instituição escolar, observando

a necessidade de abordagens e intervenções significativas.

Neste movimento de informação e reflexão, além da abordagem

científica, a abordagem especificamente pedagógica sinaliza que toda

pesquisa científica deve atender a uma função, e neste caso, a função

pedagógica.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Considerações gerais acerca da Dislexia 10

CAPÍTULO II - A utilização do conceito de Dislexia no ambiente escolar 18

CAPÍTULO III – A Alfabetização na Dislexia 29

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

WEBGRAFIA 43

ÍNDICE 45

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

8

INTRODUÇÃO

Esta proposta de trabalho tem como objetivo principal o estudo de

diferentes aspectos e metodologias de alfabetização das crianças com

Dislexia. Tendo como sua maior meta encontrar o método de alfabetização

mais adequado para que esse processo seja mais prazeroso e não doloroso. A

metodologia utilizada foi à pesquisa bibliográfica.

Admite-se, às vezes, para a maioria das crianças, que o processo de

alfabetização é um grande desafio. Em geral, isto não indica uma falta de

aptidão para a aprendizagem, ao contrário, prova que todas as crianças têm

forças suficientes para a aprendizagem e também suas fraquezas. Sendo

correto afirmar que todos têm a capacidade de aprender, o que muda é o

modo como irá realizar este processo. Consequêntemente é impossível evitar

que alguns alunos tenham dificuldades.

É explicado por alguns especialistas que problemas de aprendizagem

podem ser superados com paciência, esforço e metodologia de ensino correta

para aquele aluno. Em contrapartida, é dito que crianças com déficit no

cognitivo terão menos habilidades para exercerem determinadas tarefas,

entretanto, podem ter conhecimentos acima da média, sendo destaques no

exercício de outras atividades.

Quando a criança apresenta qualquer dificuldade para aprender,

poderão ocorrer problemas de efeito emocional, principalmente em sua auto-

estima. Ela poderá ser rotulada de “preguiçosa”, “desinteressada”, “incapaz”,

“desatenta”, entre outros. Na verdade, segundo especialistas no assunto,

muitas crianças estão aprendendo de maneira errônea, em função da limitação

dos profissionais de educação, em utilizar os métodos de ensino em sua

escola, que às vezes não são adequados a elas, e criando o estereótipo de

alunos com fracasso no processo ensino-aprendizagem.

Neste trabalho monográfico, o transtorno da leitura e, por

consequência, na escrita, refere-se às crianças com dislexia. Conforme foi

expresso nesta proposta de trabalho, a alfabetização é, verdadeiramente, um

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

9

obstáculo a ser superado e, quando voltado para as crianças disléxicas, torna-

se um duplo desafio.

Para que ao final desta monografia os objetivos traçados sejam

alcançados, é necessário que outras informações a respeito deste transtorno

de aprendizagem na área da leitura e da escrita sejam devidamente captadas.

A busca da metodologia mais adequada para promover a alfabetização

das crianças disléxicas e, consequêntemente, incluí-las no sistema regular de

ensino, certamente nos levará a uma grande reflexão: a dislexia faz com que

seus portadores sejam “diferentes” e “não deficientes”.

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

10

CAPÍTULO I

CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DA DIXLEXIA

O CONCEITO

A dislexia é um transtorno da aprendizagem muito complexo que

envolve várias áreas. Vem sendo pesquisado por vários estudiosos, que

buscam explicações que possam esclarecer as dificuldades de aprender a ler

em crianças. Sobre isso GASS diz que:

“O termo dislexia, etimologicamente, significa a

dificuldade que se verifique no aprendizado da leitura e na

compreensão das palavras. A maioria dos autores, nos últimos

anos, o emprega como significado para uma dificuldade

relacionada à distinção ou memorização de letras ou grupo de

letras, falta de ordem ou ritmo na sua colocação, má

estruturação de frase, entre outros, o que se faz presente na

leitura e na escrita” (BAROJA, 1979 apud GASS, P.11).

1.1 – Perspectivas históricas

Ao longo da história o termo dislexia vem sendo descrito por vários

autores, tendo como precursores James Kerr e Pringle Morgan (1896). Dessa

época até os dias atuais, são observadas várias descrições de crianças com

problemas de leitura e várias definições vêm sendo formuladas. Estas

definições são estabelecidas tendo como base as teorias e as experiências de

cada autor. Desta forma, são sugeridas diferentes designações no intuito de

identificar e descrever as crianças portadoras de distúrbios da leitura e sugerir

uma explicação para o seu fracasso.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

11

Segundo Gass (p.11-14) verifica-se que a bibliografia sobre o assunto

é ampla, com opiniões, muitas vezes diferentes e discordantes. No entanto,

todos os estudiosos concordam em um mesmo aspecto, que a dislexia se

refere às crianças que apresentam severas dificuldades de leitura e, por

consequência, de escrita, tendo seu nível de conhecimento normal. A criança

disléxica não apresenta necessariamente distúrbios de nível sensorial ou físico,

nível emocional ou desvantagens sócio – econômicas, culturais ou

institucionais, que possam ser causadoras das dificuldades para aprender a

ler. Por isso há uma dificuldade em se fazer o diagnóstico de uma criança com

dislexia, em função da complexidade deste distúrbio, o qual envolve outras

áreas, e sendo muitas vezes necessária e desejável a opinião de diferentes

profissionais para que se faça o diagnostico correto.

Segundo a Associação Brasileira de Dislexia (ABD), em 2003, o

conceito de dislexia é definido como um distúrbio ou transtorno de

aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração. A dislexia é o transtorno

de maior incidência nas salas de aula. Este conceito pode ser reforçado

quando o estudo sobre o assunto diz que a dislexia não é resultado da má

alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio – econômica ou

baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária, com alterações genéticas,

apresentando ainda alterações nos padrões neurológicos (ABD – 2000). Por

esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada e tratada por

uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação possibilita um

acompanhamento pós diagnostico mais efetivo, direcionado às particularidades

de cada indivíduo disléxico (ABD – 2000).

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

12

1.2 – A Dislexia e suas classificações

Para uma melhor compreensão deste transtorno da aprendizagem, faz-

se necessário ressaltar as classificações dadas à dislexia ao logo da história.

Atualmente, segundo MARTINS (2003), no campo da psicolingüística,

basicamente, vários estudiosos apresentam dois tipos de dislexia: a adquirida

e a desenvolvida.

A dislexia adquirida é um transtorno adquirido, caracterizado pela falta

de capacidade de ler ou pela alteração da função de ler, conseqüência de um

acidente vascular cerebral ou traumatismo cerebral. São quatro tipos de

dislexia adquirida: dislexia fonológica, dislexia profunda, dislexia de estrutura

de palavra ou síndrome de Déjerine (leitura soletrada) e dislexia de superfície.

A dislexia fonológica é de imensa importância para a pedagogia, pois

diz respeito à falta de capacidade de ler em voz alta as pseudo-palavras, por

exemplo, “paquina”. Ao fabricar as pseudo-palavras na leitura em voz alta,

também poderá apresentar outros sintomas, que será de erros visuais. A

pessoa irá ler “paquina” em vez de “máquina”.

A dislexia profunda é caracterizada pela falta de capacidade de ler sem

cometer erros semânticos. As palavras que são difíceis de serem

representadas por imagens são mais difíceis de serem lidas em voz alta. A

pessoa pode ter o diagnostico de disléxico profundo, somente por cometer

erros semânticos na sua leitura em voz alta. Sendo os verbos difíceis de

representar por imagens são mais difíceis de serem lidos em voz alta.

A dislexia de estrutura de palavras é caracterizada pela falta de

capacidade de ler, a não ser pronunciando em voz alta uma letra de cada vez.

É o único tipo de dislexia adquirida que pode ser explicado do ponto de vista

neurológico. Na maioria dos casos a escrita não é afetada (MARTINS 2003).

A dislexia de superfície é a falta de capacidade para ler, onde os

distúrbios ocorrem entre o sistema de reconhecimento visual de palavras e o

sistema semântico.

A dislexia de desenvolvimento é atribuída a distúrbios de leitura e de

escrita que estão presentes na educação infantil. Geralmente, a criança tem

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

13

dificuldade para aprender a ler e a escrever, principalmente no que se refere a

escrever sem erros ortográficos, apresentando, na maioria das vezes,

quociente de inteligência maior que o da média.

1.3 – Possíveis causas da dislexia

Como já foi afirmado por diversos estudiosos, transtorno da

aprendizagem denominado dislexia é muito complexo, pois envolve várias

áreas de estudo, onde, é essencial a opinião de uma equipe multidisciplinar,

para se alcançar um diagnóstico preciso.

No decorrer dos anos a etiologia da dislexia vem sendo pesquisada.

GASS (p.14) aponta para o fato de que vários estudiosos apresentam um fator

comum nos seus estudos: o de que existia um fator constitucional hereditário

na etiologia da dislexia.

De acordo com a literatura consultada, as pesquisas sobre as causas

da dislexia vêm provocando nos estudiosos do assunto, uma grande

curiosidade e perseverança, desde 1925, segundo Maria Ângela Nico (ABD

2000).

Em 1896, Pringle Morgan (apud MORAIS, 1992, p.73) afirma que a

causa da dislexia estaria voltada para um desenvolvimento imperfeito do “girius

angulares”, ou seja, o giro cerebral que se localiza no lóbulo temporal, o qual

seria responsável pela leitura.

No ano de 1920, segundo Orton (apud MORAIS, 1992), a dislexia seria

o resultado de uma indecisão na dominância cerebral. Indecisão essa,

decorrente do “combate” travado pelos dois hemisférios cerebrais para se

tornarem dominantes. A ideia na qual se baseou Orton para fazer a afirmativa

acima relatada é a de que o cérebro é constituído por dois hemisférios

cerebrais, um esquerdo e o outro direito, onde são unidos pelo corpo caloso,

sendo que, um hemisfério seria o espelho do outro. Sendo assim, na criança

destra, o hemisfério dominante é o esquerdo; enquanto que, na criança

canhota, o hemisfério dominante é o direito. A troca que se verifica entre os

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

14

hemisférios cerebrais e o lado dominante do corpo acontece em função do

cruzamento das vias nervosas. De acordo com Orton (apud MORAIS, 1992,

p.74), nos indivíduos destros, o hemisfério esquerdo (dominante), é o local

onde se acumulariam os símbolos visuais (letras, palavras, números), na

mesma posição em que são percebidos e, ao mesmo tempo, ficariam

registrados no hemisfério direito (não dominante) e de forma torcida ou

espelhada.

A criança que, até este momento não possuía o predomínio cerebral

estabelecido, ou que apresentava lateralidade cruzada, tinha em específicas

situações, uma visão dos símbolos visuais de maneira torcida ou espelhada.

Tinha-se, como verdadeiro, que a lateralidade cruzada, ou a ausência de uma

lateralidade definida, fosse à causa do espelhamento dos símbolos gráficos e

dos atrasos de linguagem. QUIROS afirma que:

“As causas que acarretam os sinais da dislexia na

leitura e na escrita, são variadas e diferentes, sendo impossível

desejar esclarecer os diversos erros unicamente através da

dificuldade para aprender ou através da falta de orientação

espacial; diversas destas causas estão em atividade ao mesmo

tempo (apud GASS, s.d., p.15).”

Em 1982, Vellutino, realiza estudos com a finalidade de encontrar as

possíveis causas neurológicas que caracterizem a dislexia, chegando à

conclusão de que as causas neurológicas até aquele momento conhecidas

eram incapazes de comprovar o transtorno de aprendizagem e, portanto,

necessitavam de maior investigação (MORAIS, 1992, p.78).

Em 1983, Johnson e Myklebust (apud MORAIS, 1992, p.76) usam a

expressão “Distúrbios Psiconeurológicos” para denominar as dificuldades de

aprendizagem oriundas de uma perturbação do funcionamento do sistema

nervoso central. Para eles, o cérebro é constituído por vários sistemas semi-

independentes. Esses sistemas funcionam de três modos: o primeiro é o

funcionamento semi-autonômo, ou seja, com autonomia parcial; o segundo é

quando exerce a sua função ligada a outros sistemas, melhor dizendo, sua

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

15

função depende de outros; por último, é o funcionamento onde todos os

sistemas exercem suas atividades ao mesmo tempo. Os sistemas para esses

estudiosos eram: a visão, a audição, o tato, o olfato, os receptores internos do

corpo, entre outros. (MORAIS, 1992, p.76). Para esses pesquisadores existiam

três tipos de aprendizagem:

• Aprendizagem intraneuro-sensorial – é quando está vinculada a

um só sistema do cérebro, ou seja, é o funcionamento semi-autônomo.

Como isso eles não querem afirmar que a aprendizagem é somente

auditiva ou unicamente visual. Em determinados momentos podem ser

independentes em relação aos outros sistemas. Os estudiosos

lembram que podem existir distúrbios somente nos processos

“auditivos neurológicos”, sendo as trocas na leitura e na escrita do tipo

auditivo, onde os outros sistemas não possuem comprometimento;

• Aprendizagem interneuro-sensorial – é aquela em que dois tipos

de ou mais sistemas funcionam interligados. A maior parte da

aprendizagem é desse tipo;

• Aprendizagem integrativa – é a que acontece quando todos os

sistemas funcionam simultaneamente. Nesse tipo de aprendizagem as

crianças não encontram dificuldades para assimilar ou se expressar

oralmente, fazendo uma leitura fluente, porém não conseguem

compreender a leitura realizada. Porque, como explica Morais (1992):

“É essencial afirmar que, não importa de que modo ocorre à

aprendizagem, e sim mostrar que os distúrbios que ocorrem

devido a uma disfunção neurológica, representam dificuldade

possível de reeducação e, nunca, uma incapacidade para

aprender, segundo Johnson e Myklebust (apud MORAIS, 1992,

p.77).”

As pesquisas para encontrar as causas da dislexia não param. A

pesquisadora Dra. Lou Oliver (São Paulo, 1977), após vários anos de estudos,

chegou à conclusão de que, se a criança ao nascer, permanecer trinta

segundos em Anoxia (diminuição de oxigenação no cérebro), poderá ter a sua

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

16

vida escolar comprometida. Anoxia ou Hipóxia pode ocorrer na criança na hora

do seu nascimento, devido a várias causas: parto cesariano, parto prolongado,

hipertonia, rotura da bolsa das águas, anemia, asfixia materna, entre outros.

Esta anoxia perinatal, pode gerar a dislexia e outras dificuldades de

aprendizagem.

Com desenvolvimento das pesquisas, os estudiosos começaram a

questionar sobre a possível hereditariedade de dislexia. Em 1950, Halgreen

(apud PENNINGTON, 2002) após uma pesquisa com 276 crianças disléxicas,

onde realizou uma comparação com um grupo de crianças que não

apresentavam nenhum transtorno, concluiu que a dislexia era oriunda de um

fator hereditário, porque em 80% dos casos, as crianças possuíam avós, tios,

pais ou até mesmo algum irmão que apresentavam o problema de alguma

dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita. Com a evolução das

pesquisas, chegou-se à conclusão de que a dislexia é um transtorno congênito

e hereditário. Os pesquisadores chegaram à conclusão de que a dislexia tem

um caráter genético, porque é própria de determinadas famílias (Associação

Brasileira de Dislexia, 2003).

Com o projeto Genoma Humano, geneticistas europeus têm como

verdadeiro que as modificações cromossômicas estão ligadas ao transtorno da

leitura (MARTINS, 2003).

Atualmente, com a evolução em genética quantitativa se faz possível,

teoricamente, a identificação de genes e suas funções cerebrais

(PENNINGTON, 2002).

Em seus levantamentos, estudiosos apontam que são quatro os genes

ligados à dislexia (MARTINS, 2003). São eles: o DYX1, o DYX2, o DYX3 e o

DYX4. Já foram localizados e mapeados pelos pesquisadores. São genes em

diversas posições, o que levanta a desconfiança do caráter não homogêneo

dos transtornos da leitura.

O gene que foi descoberto mais recentemente é o DYX3, do

cromossomo 2, que vem despertando a atenção dos estudiosos na área da

linguagem. Ele foi descoberto após serem estudadas trinta e seis pessoas de

uma família norueguesa com antecedentes de dislexia. Essa pesquisa foi

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

17

realizada por uma equipe de médicos, coordenada pelo Dr. Fagerhein (apud

MARTINS, 2003).

Em 1982, Fries e Decker (apud HOUT; ESTIENNE, 2001, p.63) realizam

estudos e afirmam que a dislexia afeta do mesmo modo indivíduos tanto do

sexo masculino quanto do feminino, com possibilidade de menor incidência no

sexo feminino, o que equivale dizer que o gene, mesmo estando presente,

pode não se manifestar completamente (Hout; ESTIENNE, 2001, p.63).

Outra pesquisa que deve ser citada é a que está sendo desenvolvida

pelo neuropsicólogo Frank Wood, da universidade de Forest Wake, que mostra

que os outros cromossomos (1, 2,6 e 15) tem ligação com a falta de habilidade

de determinadas crianças para processarem o texto (MARTINS, 2003).

Segundo Martins (2003) é bem provável que a dificuldade de leitura não

seja, em um futuro próximo, mais chamada de dislexia e sim de desordem

genética.

No próximo capítulo falaremos sobre a dislexia no ambiente escolar.

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

18

CAPÍTULO II

A UTILIZAÇÃO DO CONCEITO DE DISLEXIA NO

AMBIENTE ESCOLAR

Neste capítulo vamos tratar do assunto escola. Como é o seu papel

diante à criança disléxica.

2.1 – A identificação da criança disléxica na escola

Existem diversos fatores que permitem a identificação da criança

disléxica na escola. Apesar disso, a percepção de quaisquer dos sintomas não

indica, necessariamente, que haja dislexia, o que torna indispensável à

atenção do professor às crianças que apresentavam esses sintomas.

Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por

uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições a um

acompanhamento pós-diagnóstico mais afetivo, direcionando as

particularidades de cada ser humano, levando a resultados mais concretos.

O educador deve estar sempre atento para o fato de o aluno poder

apresentar alguns dos indícios abaixo relacionados, de acordo com a

Associação Brasileira de Dislexia (ABD, 2000):

• Ensino fundamental I:

§ Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escritura;

§ Pobre conhecimento da rima (sons iguais no final das palavras) e

aliteração (sons iguais no início das palavras).

§ Desatenção e dispersão;

§ Dificuldade em elaborar cópias de livros ou da própria lousa;

§ Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pinturas,

entre outros) e/ou grossa (ginástica, dança, entre outros).

§ Desorganização geral, onde são citados os constantes atrasos na

entrega de trabalhos escolares;

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

19

§ Dificuldades visuais, que podem ser percebidas com certo

impacto, através da desordem dos trabalhos efetuados no papel

e através da própria postura da cabeça ao escrever;

§ Confusão em diferenciar a direita da esquerda;

§ Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas,

entre outros.

§ Vocábulo pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças

lonas e vagas;

§ Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados,

entre outros;

§ Dificuldade em decorar sequências, como meses do ano,

alfabeto, entre outros;

§ Dificuldade na matemática e desenho geométrico;

§ Problemas de conduta como: retração, timidez excessiva,

depressão e, menos comum, mas também possível, tornar-se o

“engraçadinho” da turma;

§ Grande desempenho em provas orais.

Nesta fase, quando a criança, apresenta quaisquer ou vários dos

sintomas relacionados, faz-se necessário um diagnóstico e acompanhamento

adequados, para que ela tenha condições de continuar seus estudos junto com

as outras crianças, e não tenha prejuízos emocionais.

Quando os professores se deparam com crianças inteligentes,

saudáveis, mas com dificuldade de ler e entender o que lêem, devem

investigar, imediatamente, se há existência de casos de dislexia na família.

A identificação da criança disléxica na escola vai depender muito da

observação do professor em relação aos fatores que produzem a dislexia.

Dessa forma, o professor faz parte da equipe que auxilia a identificar a criança

disléxica na escola.

Os educadores devem observar se o aluno tem conhecimento de, no

mínimo, quatro conceitos, que surgem como essenciais para que as letras,

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

20

palavras e números sejam discriminados com satisfação. São eles: em cima,

embaixo, esquerda e direita.

No que se refere à leitura e à escrita, os conceitos citados acima são

importantes à medida que permitem a distinção de letras tais como “u” e “n”.

Em relação aos conceitos de “esquerdo” e “direito”, a sua aquisição é mais

difícil, pois são conceitos simétricos e relativos. Eles estão relacionados à

aprendizagem de letras que são diferentes em relação à orientação espacial

(“b” e “d”; “p” e “q”), MORAIS (1992, p.90). A falta de aquisição dos conceitos

esquerda – direita, durante a leitura, provoca a troca destas letras e o saltar de

uma ou mais linhas durantes a leitura. Esse tipo de leitura chama-se “escrita

especular” ou “escrita em espelho” – exemplo: pal – pla / hi – ih.

As trocas que resultam dos distúrbios de discriminação visual são as

das letras que diferem por detalhes pequenos, como “o” e “e”; “f” e “t”; “c” e “e”;

“h” e “b”; “a” e “o” ou entre palavras com formatos gerais semelhantes, como:

homem por bomem; cinema por cinoma; preto por prado.

Quando uma criança, em relação a um texto, dá respostas inesperadas,

pode ser que se esteja frente aos “miscues”, segundo MORAIS (1992, p.92),

que enganos, respostas repentinas, variações que não correspondem de forma

correta às informações gráficas, semântica ou sintática de linguagem escrita.

Os “miscues” podem ser classificados como substituições, adições,

omissões, repetições. Para facilitar a compreensão dos “miscues”, a sua

classificação é realizada, levando em consideração as relações entre as

palavras nas orações e não se examinando as palavras separadamente, de

acordo com Gonzáles e Mira (apud MORAIS, 1982). São elas:

I. Substituições: é a troca de uma palavra por outra de igual ou diferente

significado.

II. Inversões: Significa a alteração da posição das letras dentro das

palavras.

III. Adições: Quando, ao se ler uma frase, se junta(m) palavra(s) que não

estava(m) escrita(s).

IV. Omissões: é a subtração de palavra(s) ou frase(s) inteira(s) durante a

leitura.

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

21

V. Repetições: o leitor repete palavra(s) ou frase(s) já lida(s) anteriormente.

VI. “Não – palavras”: consiste na leitura de partes de palavras ou de

palavras que não tem significado.

Na identificação da criança disléxica na escola, os professores são

peças - chaves nesse processo. São eles que, no contato do dia-a-dia com o

seu aluno, em sala de aula, terão oportunidade de observar os “sinais” que

forem aparecendo. Como a identificação exata da dificuldade de aprendizagem

é bastante complexa, a escola deve sempre estar atenta e observar as

crianças que apresentam este transtorno ou o chamado “distúrbio das letras”.

2.2- O diagnóstico da criança disléxica

Como já foi relatada, a dislexia possui um componente genético, exceto

em caso de AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O disléxico também pode ser possuidor de altas habilidades. Em geral,

os disléxicos são talentosos na arte, música, teatro, esportes, mecânica,

vendas, desenho, comércio, construção e engenharia. O disléxico pose

também, ser portador de conduta típica, com síndrome e quadro de origem

psicológica, neurológica e linguística, de modo que sua síndrome compromete

a aprendizagem eficaz e eficiente da leitura e da escrita, mas não chegando a

comprometer seus ideais, ideias e talentos e sonhos (MARTINS, 2003).

O diagnóstico prematuro é indispensável para o progresso ininterrupto

das crianças disléxicas (MARTINS, 2003).

Identificar as características é o primeiro passo para que sejam

impedidos anos de obstáculos e angústias, levando ao desinteresse pela

escola e a tudo que está em volta da criança, gerando em algumas ocasiões

quadros de aversão às tarefas que exijam a leitura e a escrita. Crianças com

problemas escolares, seja qual for à origem do problema, precisam de

educação, atenção e ensino diferenciado.

De acordo com MARTINS (2003), no Brasil existem, no mínimo, quinze

milhões de crianças e jovens com dislexia. Na concepção desse autor, a

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

22

dislexia é o principal fator do insucesso dos alunos nos exames de leitura

nacional e internacional.

A linguagem é fundamental para o sucesso escolar. Ela está presente

em todas as disciplinas e todos os professores são, potencialmente,

professores de linguagem, porque utiliza a língua materna como instrumento

de transmissão de informações.

Os disléxicos, em geral, vão sofrer de discalculia (dificuldade em

matemática), porque encontram dificuldade de compreender os enunciados

das questões (MARTINS, 2001).

É necessário que o diagnóstico seja precoce, isto é, os pais e

educadores se preocupem em encontrar sinais de dislexia em crianças

aparentemente normais, já nos primeiros anos de educação infantil,

relacionados às crianças de 4 a 5 anos de idade. Quando não se faz o

diagnóstico ainda na educação infantil, este transtorno de letras pode levar

crianças de 8 a 9 anos, que estão no ensino fundamental, a apresentarem

perturbações de ordem emocional, afetiva e linguística. O disléxico encontra

dificuldade de leitura, levando-o a frustrações que, quando são armazenadas,

podem levar a comportamentos anti-sociais e até mesmo agressivos,

conduzindo a uma marginalização gradual (MARTINS, 2003).

Os pais e professores devem ficar atentos a quaisquer sintomas ou

sinais anteriormente descritos, para que, o mais cedo possível, essa criança

seja encaminhada aos profissionais adequados para que, através de testes e

exames padronizados, seja feito o diagnóstico correto.

De acordo com as necessidades da criança, os encaminhamentos serão

feitos para um ou vários profissionais, que são os: psicólogos, fonoaudiólogos,

psicopedagogos e médicos.

Os fatores responsáveis pelas dificuldades estão, em síntese, a

agrupados do seguinte modo:

• Os problemas emocionais;

• Os problemas orgânicos (audição, fala e visão);

• Os hábitos de estudo inadequados;

• A falta de motivação;

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

23

• Os problemas de relacionamento com o professor e os colegas;

• As deficiências intelectuais;

• As carências ambientais, entre outros.

Porém, nem sempre é fácil a decisão pelo melhor encaminhamento,

pois, muitas vezes, a identificação exata da dificuldade é bastante complexa.

Deve ser realizada uma avaliação cuidadosa de cada caso e dela dependerá a

escolha do profissional adequado. A equipe de profissionais deve verificar

todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico. Isto é o

que se chama Avaliação Multidisciplinar e de Exclusão (ABD, 2003). O

profissional que assumir o tratamento da criança diagnosticada tem o direito de

exigir pareceres de outros profissionais.

Ao se realizar a anamnese, a exclusão das causas vai levar a um

diagnóstico que deverá ser completado por exames complementares, com o

objetivo de confirmar ou não o diagnóstico, segundo Hout e Estienne (2001,

p.25).

Em resumo, é indispensável possuir testes de leitura de palavras

isoladas. Na leitura de textos, os indivíduos disléxicos podem ter capacidades

de compensação. Depois dos dois primeiros anos de escolaridade, de acordo

com o teste empregado, a importância do atraso poderia apontar níveis

variados, mas na leitura de palavras isoladas, aparecem erros flagrantes

nestas crianças.

O profissional irá estudar o caso, as causas e, com segurança,

determinar a linha de tratamento que irá seguir. Os resultados irão aparecer de

forma consistente e progressiva. O acompanhamento desses profissionais

pode durar de dois a cinco anos, dependendo do caso.

Os disléxicos geralmente contornam as suas dificuldades. Eles

respondem bem ao tratamento e passam isso para o concreto.

No disléxico, tudo o que envolve os sentidos é mais facilmente

absorvido. O disléxico também tem lógica, sendo, portanto, muito importante

que haja um perfeito entrosamento entre o profissional de saúde e o paciente

(ABD, 2003).

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

24

O programa de tratamento do disléxico normalmente é definido em

etapas e somente passa para a seguinte após a anterior ter sido devidamente

absorvida. É o que se chama de tratamento multissensorial e cumulativo.

Também é de extrema importância haver uma boa troca de informação,

experiências e até sintonia dos programas executados entre profissional,

escola e família (ABD, 2003).

No Brasil os disléxicos possuem uma associação que é a Associação

Brasileira de Dislexia (ABD, 2003).

2.3- O papel da escola

A queixa mais constante dos pais, em relação à escola, é que esta não

responde corretamente e em tempo certo, às crianças que possuem

dificuldades de leitura e de escrita no ensino fundamental.

Até hoje a escola não consegue responder, com eficiência, ao desafio

de trabalhar com crianças PNEE, especificamente as disléxicas (MARTINS,

2003).

Os pais expõem suas ansiedades frequentemente com relação à

aquisição de habilidades para a leitura e a escrita. Eles têm o conhecimento

que essas competências são essenciais para que as crianças tenham

condições de adquirir as outras habilidades escolares.

As dificuldades lectoescritoras alcançam indivíduos de qualquer classe

social ou raça que estejam nas escolas. Estima-se que, tais dificuldades

atinjam 10 a 15% das crianças em idade escolar em sala de aula (MARTINS,

2003).

Os problemas de leitura e de escrita deveriam encontrar soluções no

ambiente escolar, por meio de um trabalho interdisciplinar, com o auxílio

externo de profissionais da psicopedagogia, psicologia, medicina,

fonoaudiologia, mas com soluções endógenas; sem esquecer as

especialidades do processo lectorescritor, que, fundamentalmente, é escolar,

que é pedagógico e, portanto, as soluções são permanentes ou provisórias e

devem sair do próprio ambiente escolar.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

25

Também é papel da escola encaminhar as crianças portadoras de

transtornos de aprendizagem, para que sejam ajudadas por outros

profissionais, de acordo com suas necessidades.

As crianças disléxicas geralmente têm a sua auto-estima abalada, pois

costumam ser humilhadas e, às vezes, ridicularizadas por todos os grupos a

que pertencem (família, colegas e até professores). Com a auto-estima

estremecida, poderão desenvolver transtornos de comportamentos como:

agressividade, timidez e, até mesmo, depressão. Desta forma evoluir para um

transtorno de conduta é apenas um passo.

Fala-se muito do processo de inclusão da criança na escola, portanto,

faz-se necessária a compreensão da inclusão como paradigma,

conceitualmente diferente de integração.

É, portanto, dever da escola promover a educação inclusiva de alunos

PNEE. O projeto pedagógico da escola deve possibilitar, através de uma

prática pedagógica, a promoção do desenvolvimento da aprendizagem de

todos os alunos, inclusive daqueles que apresentem necessidades

educacionais especiais (Parecer CNE/ 2001).

O quadro das dificuldades de aprendizagem concentra uma variedade

de necessidades educacionais, colocando em realce aquelas unidas à:

dificuldades específicas de aprendizagem, como a dislexia e disfunções

correlatas; problemas de atenção; perceptivos; emocionais; cognitivos;

psicolinguísticos; psicomotores; de comportamento, entre outros.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9394/96), no seu capítulo

V, da educação especial, afirma: nos art. 58, 59 e 60, que é uma modalidade

de educação para os educandos PNEE. Quando for necessário, serviços de

apoio especificado na escola regular darão atendimento à clientela de

educação especial.

Os sistemas de ensino garantem aos educandos com NEE, os

currículos, métodos, técnicas, recursos educativos adequados para atender às

suas necessidades. Serão oferecidas as classes de aceleração, para alunos

que, devido às suas deficiências, não consigam atingir o nível estabelecido

para a conclusão do ensino fundamental. Também é oferecido um programa

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

26

escolar adequado para os educandos com altas habilidades, para que possam

concluir o ensino fundamental em menos tempo. O ensino regular deverá ter

professores capacitados para promover a integração desses educandos em

classes regulares. Os educandos poderão usufruir os programas sociais

suplementares disponíveis.

As instituições privadas, sem fins lucrativos, que prestam atendimento

aos educandos PNEE, terão apoio técnico e financeiro do poder público. O

poder público tem o comprometimento de ampliar a rede pública regular de

ensino para atender aos PNEE.

É papel da escola ter conhecimento do conteúdo de diversos

documentos e fazer com que toda a sua equipe docente também tome posse

desse conhecimento.

O documento que representa um marco no avanço da política e da

prática em educação especial é a Declaração de Salamanca, resultado de

conferência mundial sobre necessidades educativas especiais, onde se

reuniram delegados de noventa e dois governos e vinte e cinco ONGs.

Ocorreu na localidade de Salamanca, na Espanha, em junho de 1994, sob o

patrocínio da UNESCO e do governo espanhol. O Brasil não compareceu

devido a questões burocráticas e internas do ministério da educação e cultura

– MEC. A conferência propôs que medidas de linha de ação em educação

especial fossem legitimadas. O princípio orientador é o de que:

“todas as escolas deveriam acomodar todas as crianças, independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Deveriam incluir crianças deficientes e superdotadas, crianças de rua e que trabalham, crianças de origem remota ou de população nômade, crianças pertencentes às minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de outros grupos em desvantagem ou marginalizados... No contexto destas linhas de ação o termo ‘necessidades educacionais especiais’ refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades se originam em função de deficiências ou de aprendizagem. Muitas crianças experimentam dificuldades de aprendizagem e têm, portanto, necessidades educativas especiais em algum momento de sua escolarização. As escolas têm que encontrar a maneira de educar, com êxito, todas as crianças, inclusive as que têm deficiências graves (p. 17 e 18).”

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

27

É dever da escola evitar a exclusão. De acordo com a ABD, alguns

pontos devem ser observados pela escola e pelo professor para que essa

exclusão não ocorra, sendo esses alguns pontos: não exclua o disléxico do

ambiente da sala de aula; estimule o aluno a fazer os exercícios e parabenize-

o pelo esforço e sucesso; dê mais tempo durante as provas, lendo sempre o

enunciado em voz alta e certificando-se de que ele entendeu o que foi

solicitado. Uma boa saída é realizar provas orais; entre outros.

2.4- O papel da família

De acordo com a Constituição Federal, na seção I da educação, no seu

art.205, diz:

“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho (Cury, p.23).”

Esse artigo da Constituição Federal afirma que é dever da família,

portanto é papel dela colaborar na educação dos filhos, também, em casa,

realizar o reforço do que se aprende na escola.

É papel da família observar a criança em relação às características mais

comuns da dislexia, que são:

• Dificuldades de contar e recontar histórias e de lembrar canções e

rotinas diárias;

• Dificuldade em produzir e compreender frases complexas;

• Dificuldade de lembrar números e dias da semana;

• Dificuldade em aprender o alfabeto e versos;

• Trocas na fala que não foram superadas, pelo menos, aos seis anos de

idade;

• Desorganização;

• Dificuldades de compreensão de leitura.

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

28

De acordo com a Declaração de Salamanca:

“Deverão ser estreitas as relações de cooperação e apoio entre administradores da escola, professores e pais, fazendo com que estes últimos participem na tomada de decisões em atividades educativas no lar e na escola, na supervisão e no apoio da aprendizagem de seus filhos (art.61, p.43).”

Portanto, é papel da família facilitar a relação com a escola, para que

possa participar do processo educacional da inclusão social da criança

disléxica.

O papel da família é o de contribuir para o desenvolvimento da auto-

estima da criança disléxica em todos os níveis, principalmente quando ela se

sentir fracassada, devendo não compará-la com outra criança.

No próximo capítulo falaremos sobre como se dá o processo de

alfabetização da criança disléxica e de suas diferentes metodologias.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

29

CAPÍTULO III

A ALFABETIZAÇÃO NA DISLEXIA

Neste capítulo, abordaremos os métodos de alfabetização, e qual o

modelo mais adequado a ser utilizado com o aluno disléxico.

3.1 – A alfabetização e suas diferentes metodologias

A essência desse trabalho é a alfabetização, sendo relevante a de

crianças disléxicas.

Faz-se necessário repensar a alfabetização, pois ela vai alem de

aprender a ler e a escrever. É importante proporcionar a essas crianças um

ambiente letrado, para que, através das práticas sociais, ela possa ser inserida

na sociedade como um todo.

Por vezes o professor vê-se obrigado a trabalhar com mais de uma

metodologia dentro de um grupo; pois, se dentro dele existir uma criança

portadora de necessidades educacionais especiais, é preciso encontrar a

metodologia mais adequada para que se faça a inclusão desse aluno. Para

que o processo de alfabetização seja prazeroso, ele deve estar em harmonia

com a metodologia usada e esta será mais apropriada para esse educando,

portador de necessidades educacionais especiais (NICO, 2000).

Alguns métodos devem ser levados em consideração, no ato de

escolher um método de alfabetização; são eles:

• Os fundamentos teóricos em que se baseia o autor (ou a bibliografia

especializada) para justificar o método. Os argumentos geralmente

baseados na psicologia e na linguística.

• As etapas da aplicação bem definidas, compreensíveis e articuladas.

Sua adequação aos interesses e necessidades dos alunos. Como por

exemplo, podemos citar um método que pressupõe que as letras sejam

chamadas por nomes de personagens das histórias infantis,

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

30

provavelmente, não será bem aceito por uma turma de pré –

adolescentes.

• A disponibilidade de material apropriado ou necessidade de preparação

do professor. A possibilidade de aquisição por parte da escola de

material apropriado.

• Os resultados previsíveis indagam se o método já foi suficientemente

experimentado, em várias escolas, por muitos professores e se os

resultados são descritos pelo autor ou por quem aplicou (CARVALHO,

1994, p.36).

Quanto maior o conhecimento da relação teoria e prática sobre os

métodos, maior será chance de efetivar uma boa escola. É preciso ressaltar

que o aluno caminha na direção apontada pelo professor, por isso, é

importante que o alfabetizador escolha um método capaz de formar um bom

leitor.

Segundo Carvalho (1994, p.45), são três as metodologias de

alfabetização que considera produzir melhores resultados na formação do

leitor. Estas medidas possuem em comum certas hipóteses sobre a

aprendizagem da leitura, das quais é possível retirar algumas conclusões:

• Desde as primeiras etapas da alfabetização, a mais relevante

preocupação do leitor deve ser a procura dos significados.

• Entender os usos sociais da escrita e sua importância, que deverá ser

avaliada pela escola, através de modos de leitura funcional.

• O prazer pela leitura é resultado do convívio com textos interessantes,

de diferentes gêneros.

Para ser coerente, o ensino deve começar pelas unidades mais amplas

(texto, frase ou palavra) até chegar às unidades mínimas da língua (sílabas,

fonemas ou letras).

Os três métodos que serão descritos são chamados de analítico ou

globais (MEIRELES, 1994, p.68).

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

31

I. Alfabetização a partir do texto (método analítico):

O ponto de partida em direção à alfabetização é o texto. Inicialmente o

aluno não vai dominar o “mecanismo de leitura”, e sim o contato com o texto,

que vai fazer com que o educando aprenda sobre o sistema de escrita e a fala.

Prosseguindo em contato com os textos, seus conhecimentos se dilatam.

Aprenderá sobre os usos sociais e reconhecerá os diversos tios de textos

(organização textual). Gradativamente os alunos irão reconhecer determinadas

palavras que se tornam repetitivas; são os artigos, preposições e as ações

(verbos).

A alfabetização com texto é prazerosa e motivadora, porque passa ao

educando a sensação de que está caminhando rápido para alcançar o seu

alvo, que é a interpretação do texto (mensagem).

No texto devem aparecer palavras “fáceis” e “difíceis”, onde o educando

vai assimilar em conjunto.

O texto deverá ser escrito pelo professor, onde, em poucas linhas, irá

relatar fatos do cotidiano das crianças, de preferência, na sala de aula.

Também histórias infantis, anúncios, poesias, letras de músicas, receitas de

bolo, bulas de remédios e etc. São textos contextualizados, que têm significado

para os alunos. Essa metodologia é chamada de letramento.

Um dos objetivos é o reconhecimento de cada uma das frases que

constituem o texto e como também relacionar as unidades sonoras com as

gráficas, ou seja, a relação fonema – morfema. Dessa forma aprenderá que a

cada palavra falada existe uma palavra correspondente no papel (CARVALHO,

1994, P.47).

II. Alfabetização a partir da frase (método analítico):

A frase serve como ponto de partida para a alfabetização. Ela deverá ter

sentido e ser interessante para a turma e com palavras fáceis; que apresentem

relações bem simples entre sons e letras. É um método analítico com

simplicidade e soletração.

A frase selecionada para ser o ponto de partida da metodologia da

alfabetização pode ser criada pelos alunos ou pelo professor. O importante é

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

32

que faça parte do dia-a-dia da sala de aula ou que tenha qualquer significado

para a turma. Uma das funções dessa frase chave é apontar à função da

escrita e assimilar os acontecimentos, as ideias, as falas das pessoas.

Depois da seleção da frase inicial, o passo seguinte é a interpretação do

significado, que se inicia pela contextualização da frase. Foi uma frase dita por

quem? O que a pessoa queria comunicar? Caso seja retirada de livro, jornais

ou revistas, perguntar o autor, e se poderíamos falar a mesma coisa

(mensagem) com outras palavras. Quais seriam essas palavras? Ao analisar

os diferentes modos de transmitir as mesmas mensagens, o professor aponta

as diferenças entre a língua falada e escrita. As próximas etapas dessa

metodologia são:

• Análise da frase;

• Análise das palavras – chave;

• Formação de novas palavras e frases;

• Produção coletiva de outros textos (CARVALHO, 1994, p.62).

III. A alfabetização a partir da palavra contextualizada:

A palavra é o ponto de partida para a alfabetização, porém, o

alfabetizador de levar em conta o contexto; o “todo” em que a palavra está

inserida. Onde se conclui que o contexto é de grande importância para que

a palavra seja interpretada por si mesma.

De acordo com a teórica Ângela Kleiman (apud CARVALHO, 1994):

“Quando aprendemos uma palavra, teremos estabelecido uma série de relações, tanto funcionais como formais, com outras palavras. Sabemos um dos significados da palavra “herói”, por exemplo, quando sabemos que se trata de um guerreiro que se destaca por ações que requerem coragem física excepcional: isso pressupõe conhecimento sobre guerras e sobre tipos de ações que são consideradas, ou não, excepcionais ou covardes e, assim sucessivamente. Há ainda o fato de que o significado de uma palavra é instável, dependendo do uso em um contexto específico; por exemplo, a palavra “herói” pode ou não implicar reconhecimento a admiração”. Ângela Kleiman (apud CARVALHO, 1994).

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

33

O contexto é fundamental para a interpretação do Significado da

palavra. O alfabetizador poderá usar palavras - chaves que estejam presentes

em algum texto ou frase, ou seja, de utilidade para a turma.

A palavra – chave também pode ser contextualizada a partir de um

centro de convivência ou de tema para discussão na turma.

Essa metodologia vai levar a criança a perceber o objetivo do

conhecimento como um todo. A criança não tem facilidade em fazer análise do

“todo” para produzir uma ideia do conjunto, porém, ela apreende a totalidade,

de um modo global. Fazer análise é muito complexo, por isso à criança só fará

essa atividade mental, de acordo com seu amadurecimento.

Concluí-se que a palavra – chave é selecionada em função do contexto

e da realidade dos alunos e nunca em relação a letras e sons.

A metodologia analítica é baseada em duas operações fundamentais no

processo de aquisição da lectoescrita que são: a decodificação e a

compreensão (MARTINS, 2002). Segundo o autor, a decodificação é a

capacidade dos lectoescritores ou aprendizes da leitura e da escrita em

identificar um signo gráfico por um nome ou por um som. Esta capacidade ou

competência linguística consiste no reconhecimento das letras ou signos

gráficos e na tradução dos signos gráficos para a linguagem oral ou para outro

sistema de signo.

A aprendizagem da decodificação é realizada por meio do conhecimento

do alfabeto e da leitura oral ou transcrição de um texto.

Concluí-se que os métodos analíticos são processos perceptivos e não

são indicativos para as crianças disléxicas serem alfabetizadas, pois elas têm

dificuldades para diferenciar a forma visual – ortográficas dos símbolos

escritos. Esses métodos são calçados nas funções perceptivas. Essas crianças

possuem as deficiências perceptivas que não permitem que construam um

vocabulário visual que possibilite o reconhecimento ligeiro e eficaz dos

símbolos gráficos. As crianças disléxicas também possuem dificuldades para

produzir regras subsequentes de relação entre fonemas e grafemas. Isto irá

provocar confusões entre símbolos, modificações no reconhecimento, falta de

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

34

clareza no ler e escrever e, por consequência, dificuldades para a percepção

do material (SANCHEZ, p.110).

3.2 – Alfabetização de crianças disléxicas

A alfabetização é a problematização desse trabalho monográfico. Essa

pesquisa foi centralizada na busca de qual seria a metodologia mais adequada

para alfabetizar as crianças disléxicas.

Após o término da pesquisa foi possível concluir que o melhor método

para alfabetizar crianças disléxicas é o fônico.

O método fônico é multissensorial, cumulativo e sistemático; ou seja,

utiliza no mínimo todos os sentidos, pois a criança disléxica assimila muito bem

tudo o que é vivenciado concretamente. Um bom exemplo é pedir que o aluno

disléxico leia e ouça ao mesmo tempo em que escreve.

A memória imediata da criança disléxica, bem como sua percepção

visual e auditiva deve ser treinada (NICO, 2000).

Segundo Iracema Meirelles (1999), o método fônico do ensino de leitura

conduz o iniciante a identificar e manipular os sons elementares (simples) que

constituem as palavras faladas da língua materna e leva à aprendizagem de

forma clara; da aprendizagem do relacionamento entre sons simples e as

letras, ou grupos de letras do alfabeto (grafemas).

Essa metodologia conduz ao entendimento que as palavras escritas são

sequências de letras do alfabeto que representam as combinações de sons

elementares que formam as palavras faladas.

O método fônico utiliza estratagemas para aumentar à compreensão

das palavras, frases e textos que já foram lidos, ao mesmo tempo e com as

mesmas premissas, as habilidades da escrita (MEIRELLES, 1999, p.1).

Este método desenvolve na criança disléxica a consciência fonológica

(consciência fonêmica). Através dela aprende a identificar os sons (fonema).

A alfabetização tem como ponto de partida o ensino das relações entre

os sons do idioma e as letras do alfabeto. A estratégia usada é uma história,

onde os personagens são figuras que contêm grafemas (letras) e sugerem

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

35

fonemas (sons). O esforço para memorização é muito pequeno e a

apropriação é imediata. A fase inicial do processo é assinalada pelo lúdico e o

multissensorial, no qual incentivam a aprendizagem.

A identificação e a manipulação dos fonemas (consciência fonêmica),

dos grafemas (consciência grafêmica) e das relações grafema – fonema

(consciência fônica) são instigadas e trabalhadas de forma energética e

terminante (MEIRELLES, 1999, p.1).

No começo do desenvolvimento, as habilidades grafêmica, fonêmica e

fônica, conduzem a criança entender o que é o fundamento alfabético – a

representação de sons por letras e, também, o que é o nosso sistema

alfabético; a forma como são retratados os sons do nosso idioma através das

letras do nosso alfabeto.

O aluno disléxico é estimulado a ler, de modo supervisionado, as

primeiras palavras simples, constituídas por vogais e por consoantes de um

primeiro grupo: “m”, “n”, “v”, “d” e “p”. É conduzido a entender, experimentando,

que uma demarcada sequência de letras representa uma combinação ou

aglutinação de sons, que podem fabricar uma palavra da qual ele, pela

precaução, já deve ter conhecimento do significado.

Quando o aluno é disléxico, alcança esse ponto de compreensão, ou

seja, de aprendizagem, é que são mostradas as relações que envolvem as

outras consoantes, os dígrafos e os outros caracteres gráficos do idioma, que

dão ao aluno a oportunidade de ler e de escrever, de modo próprio, qualquer

palavra e qualquer texto de relativa complexidade da língua materna, com

exatidão e entendimento determinado.

Ao termino desta etapa, estão estabelecidas as competências de leitura

e escrita autônomas. Em seguida, falta desenvolver e aperfeiçoar a

capacidade de leitura e escrita, o que se deve prorrogar por toda a sua

existência (MEIRELLES, 1999, p.1).

De acordo com a autora, os metragrafemas ou figuras – fonemas são

recursos de aproximação de poderoso chamamento audiovisual. Eles exercem

a função como pictogramas, ideogramas e rébus. Estas figuras,

metamorfoseadas em bonecos, dão mais força ao multissensorial e

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

36

impressiona tato, olfato e até o paladar; garantida a apropriação,

desaparecem.

Este método mostra as relações grafema – fonema de acordo com uma

sequência pré – estabelecida, sendo definida, tecnicamente, como instrução

fônica sistemática; estratégia reconhecida por muitos pesquisadores como a

mais eficiente para pessoas das mais diferentes origens e com diversos níveis

de habilidades.

Essa metodologia de alfabetização mostra as relações grafema –

fonema de modo individualizado, o que se determina, tecnicamente, como

instrução fônica sintética, estratégia reconhecida por vários pesquisadores

como mais eficiente para as pessoas, das mais diversas origens e com

dificuldades de aprendizagem.

O método fônico desenvolve as competências de leitura e de escrita

inteligentes e autônomas, de forma muito eficaz. O novato, moderadamente

dotado, capta estas habilidades em tempo médio de três meses.

O método de fonação condicionada e repetida é um método fônico de

alfabetização; trabalha com os sons das letras.

A diferença que existe entre o método fônico e os outros é o fato dos

educandos descobrirem os sons das letras por meio da relação delas com

figuras de conhecimento de todos; onde essas figuras, que se aparecem com

letras, insinuam sons; estes sons são os fonemas; ao passo que, as figuras

insinuam sons, são denominadas figuras – fonema.

Produzindo os sons insinuados pelas figuras – fonema, as crianças

chegam à fonação ou produção do som e, aglutinando os sons, chegam à

palavra.

O processo de fonação – aglutinação de sons vai se desenvolver de

modo lúdico, produzindo a aprendizagem do ato de ler, como sendo uma

atividade simples e prazerosa.

Conclui-se que a Fonação Condicionada e Repetida é uma emissão

repetida de fonemas partindo de figuras sugestivas de sons.

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

37

Esse método fônico possui as seguintes características:

• Global – fonético – é um método global pelo motivo das letras serem

mostradas como figuras que fazem parte de um contexto, ou seja, são

personagens de uma história.

• Logopédico – o realce dado à produção de cada som e os exercícios

resultantes leva o aluno a um trabalho logopédico completo. Devido à

associação de letras e figuras, torna-se mais simples evitar e retificar

pequenos distúrbios de articulação do som das letras, de coordenação e de

discriminação auditiva e visual. Pela fonação repetida, o professor terá

condições de escutar a deturpação na produção sonora de alguns fonemas.

• Sensorial – uma grande participação de audição e da visão, com imensa

estimulação através de exercícios de fonação, que é feito o material e o

método especifico. Também o tato é trabalhado no manejar das letras

confeccionadas com um material denominado Eucatex.

• Criativo – as lições são práticas e estimulam a capacidade de criar do

aluno e do mestre; fazendo parte dessas lições: a história, o teatrinho de

bonecos, a organização livre de frases e expressões de ritmo, som e

movimento.

• Lúdico – o método foi criado em cima de atividades lúdicas, onde quase

que a totalidade dos jogos podem ser trabalhados.

O referido método fônico possui quatro fases da aprendizagem, que são:

Fonação - é a emissão de sons. Ela acontece quando o aluno, em frente da

figura – fonema começa a soltar o som que a figura insinua. Após isto, o

educando irá pronunciar o mesmo som, porém, a figura – fonema não estará

mais presente e sim, o grafema.

Aglutinação – é a junção de sons constituindo um todo que pode ser

monossílabo ou uma sílaba. Para chegar à aglutinação de sons é necessário

que o aluno tenha a percepção do mecanismo da construção da palavra, ou

seja, os sons se juntam e constituem as palavras; a repetição do som

consonantal é importante na aglutinação.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

38

Justaposição – é a junção de silabas em um todo com significado: a palavra.

Depende da capacidade totalizadora de cada educando.

Visualização – é a leitura ligeira de uma palavra; é o reconhecer instantâneo,

sem precisar fazer análise dela.

De acordo com Meirelles (1999, p.13), deve o professor exercitar a

fonação e a aglutinação como exercícios diários; afirmando que fica mais fácil

aprender a ler por esse método fônico, seguindo este trajeto: vocalização,

fonação, aglutinação, palavra, frase e período. O caminho será repetido

quantas vezes forem necessárias.

Como já foi relatado nesse trabalho, à leitura é um processo de

aquisição da lectoescrita, no qual estão envolvidas duas operações

fundamentais: a decodificação e a compreensão; sendo a decodificação a

capacidade para identificar um signo gráfico, por um nome ou por um som, ou

seja, é o reconhecimento das letras ou signos gráficos e a tradução dos signos

gráficos.

Para que esse processo da aquisição da leitura ocorra, dentro de um

parâmetro de normalidade, é preciso que o aluno percorra dois caminhos para

alcançar o reconhecimento das palavras e o significado das mesmas. Esses

caminhos, agora denominados por rotas, são: a fonológica ou indireta, ou via

indireta; e a rota visual ou léxica, ou via direta.

A criança disléxica não percorre a rota fonológica, pois o distúrbio de

leitura que apresenta é por não ter a chamada consciência fonológica

(MARTINS, 2002).

Após o relato do transtorno de leitura que a criança disléxica apresenta

e, também, a descrição dos métodos de ensino para a aquisição da leitura,

pode-se concluir que, realmente, o método fônico é o mais adequado, porque

trabalha com estratégias que vão desenvolver a consciência fonológica da

criança portadora de dislexia. Segundo Meirelles (1999):

“O êxito da criança na aprendizagem depende muito mais daquilo que a professora recebe da criança do que aquilo que ela lhe dá. Se a mestra sabe receber, isto é, aceitar o aluno como ele é, atentar para o que ele traz ou necessita, então tudo dá certo”. (Meirelles, p.10).

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

39

CONCLUSÃO

O processo educativo, desde o início de sua experiência, leva consigo

um compromisso com a sociedade. Pode-se dizer que é dever da educação

transmitir valores acumulados por diversas gerações, valores esses que

possibilitam que a cultura dos povos se perpetue.

A educação tem a obrigação de elucidar dúvidas, fazendo com que as

pessoas compreendam melhor o grande mundo no qual estão inseridas, pois

ela é uma poderosa ferramenta usada para mostrar aos jovens, seres sociais,

o que é realmente viver em sociedade, de forma que não apenas exista na

mesma, mas seja parte integrante na tomada de decisões. Por estas razões,

torna-se essencial que se faça a inclusão das crianças portadoras de

necessidades educacionais especiais, pois somente através desse processo

as mesmas estarão inseridas, verdadeiramente, na sociedade e não

marginalizadas, ou seja, excluídas.

O tema que despertou interesse para a realização dessa monografia foi

à dificuldade de alfabetização de crianças disléxicas; crianças, portadoras de

necessidades educacionais especiais e que, até bem pouco tempo, não tinham

seus direitos reconhecidos.

No decorrer desse trabalho, várias etapas de pesquisa foram realizadas

e, após o término dessa investigação, pôde-se perceber um grande

crescimento profissional e humano, para poder suprir, da melhor maneira

possível, as carências e necessidades desses educandos.

O ponto de partida para repensar é procurar, com insistência, o

reconhecimento de teorias que conduzam ao modo competente de uma prática

pedagógica, é a restauração do conceito de ler e escrever.

O trabalho de alfabetização é para o professor um eterno desafio;

compartilhando e construindo junto com os alunos e sendo, antes de tudo, um

investigador e observador do seu desenvolvimento, onde, certamente, dar-se-á

a construção do seu conhecimento.

No caso da dislexia, a alfabetização de forma adequada, evitará

traumas, angústias, medos, insegurança e, certamente, contribuirá para elevar

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

40

o nível de auto-estima, que nestes casos, tendem a ser muito baixo, pois os

mesmos são rotulados e discriminados em todos os círculos em que convivem.

Há alguns anos a dislexia era um transtorno pouco conhecido; hoje, já

sabemos que este é genético e hereditário, não é uma doença, sendo passível

de ser contornado, mas não evitado.

Quem nasce disléxico, será sempre disléxico; contudo, através do

método fônico que é o mais adequado e, em particular, o denominado “método

de fonação condicionada e repetida”.

Portanto, a escola deve proporcionar ao psicopedagogo a aquisição de

conhecimentos que possibilitem uma reflexão da sua relação teoria/prática. O

psicopedagogo precisa caminhar com segurança, e não ficar limitado à espera

que estas informações venham até ele, e sim ir ao encontro, em busca de

conhecimentos necessários que permita obter uma maior compreensão de

como deve ocorrer à correta metodologia de alfabetização das crianças

disléxicas, para que não haja a exclusão desses alunos das classes de ensino

regular, e sim, a sua inclusão.

Incluir é oportunizar que os disléxicos se sintam inseridos nos contextos

de uma sala de aula, aptos a ultrapassar barreiras e conviver em harmonia

com os demais alunos e serem, desta forma, reconhecidos pela sociedade

como cidadãos.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

41

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

CARVALHO, Marlene. Guia do Alfabetizador. Série: Princípios. Rio de Janeiro:

Ática, 1994, p.47.

CARVALHO, Rosita Edler. A nossa LDB e a educação especial. Rio de

Janeiro: WVA, 1997, p.142.

CURY, Carlos Roberto Jamil. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei

9394/96. 5. Ed. Rio de Janeiro: dp&a, 2002 p.23.

Diretrizes Nacionais para a educação especial na educação básica. Parecer

CNE/CEB Nº 17.2001, de 03/07/2001. ENTEC/SEESP.

GASS, Eny Léa. Prevenção dos problemas de aprendizagem no pré-

escolar. Enelivros. s.d p.11.

HOUT, Anne Van; ESTIENNE, Françoise. Dislexias: descrição, avaliação,

explicação, tratamento. 2. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2001, p.63.

MEIRELLES, Iracema; MEIRELLES, Eloísa. A casinha feliz. 1. ed. Rio de

Janeiro: Primeira impressão, 1999, 59 p.

MORAIS, Antonio Manuel Pamplona. Distúrbios de aprendizagem: Uma

abordagem psicopedagógica. 5 ed. São Paulo: Edicom, 1992, 160 p.

PORTO, Olívia. Psicopedagogia institucional: Teoria, Prática e

assessoramento psicopedagógico. 4 ed. Rio de Janeiro: WAK, 2011, 160 p.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

42

RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem: As

múltiplas eficiências para uma educação inclusiva. 5. Ed. Rio de Janeiro: WAK,

2011. 144 p.

Revista Simpro - Rio. O desafio de Educar: Lidando com os problemas na

aprendizagem e no comportamento. Rio de Janeiro: Maio de 2010.

WEIS, Maria Lucia l; WEIS, Alba. Vencendo as dificuldades de aprendizagem

escolar. 2. Ed. Rio de Janeiro: WAK, 2011. 172 p.

WERNECK, Cláudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva.

Rio de Janeiro

.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

43

WEBGRAFIA

Associação Brasileira de Dislexia. Disponível em: http://www.dislexia.org.br.

Acesso em 29/09/2011.

Associação Brasileira de Dislexia. O que é dislexia. Disponível em:

http://www.dislexia.org.br. Acesso em: 29/09/2011.

Associação Brasileira de Dislexia. Pessoas sob o risco de dislexia. Disponível

em: http://www.dislexia.org.br. Acesso em: 29/09/2011.

CALAFANGE, Selene. Dislexia. Disponível em: www.internewwws.atspace.com. Acesso em: 11/10/2011.

Declaração de Salamanca. Disponível em:

http://www.cedipod.org.br/index.htm. Acesso em: 20/10/2011.

GONÇALVES, Áurea Maria Stavale. A criança disléxica e a clínica

psicopedagógica. Disponível em: http://www.dislexia.org.br/artigos/html.

Acesso em: 04/10/2011.

MARTINS, Vicente. A dislexia no campo da psicolinguística. Disponível

em: http://www.psicopedagogia.com.br/artigo. Acesso em: 25/10/2011.

MARTINS, Vicente. Como desenvolver a capacidade de aprender.

Disponível em: www.partes.com.br/ed44/entrevistas.asp. Acesso em:

23/10/2011.

MARTINS, Vicente. Dislexia e o projeto genoma humano. Disponível em:

http://vicente.martins.sites.uol.com.br. Acesso em: 20/10/2011.

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

44

MARTINS, Vicente. Para um diagnóstico informal da dislexia. Disponível

em: www.psicopedagogia.com.br/artigos. Acesso em: 18/10/2011.

MARTINS, Vicente. Portal da educação. Dislexia saúde mental projeto

genoma humano. Disponível em: www.psicopedagogia.com.br/artigos.

Acesso em: 22/03/2011.

OLIVIER, Lou de. Anoxia Perinatal. Disponível em:

www.riototal.com.br/saude/saude042.htm. Acesso em: 24/10/2011.

Revista Nova Escola. Setembro de 2000. Disponível em:

www.novaescola.com.br. Acesso em: 11/10/2011.

Revista Nova Escola. Setembro de 2003. Disponível em:

www.novaescola.com.br. Acesso em: 11/10/2011.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · é bem mais do que alfabetizá-las, é ter respeito, amor, dedicação, solidariedade e aceitação dessas crianças como sendo

45

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

Considerações gerais acerca da Dislexia 10

1.1 – Perspectivas Históricas 10

1.2 – A dislexia e suas classificações 12

1.3 – Possíveis causas da dislexia 13

CAPÍTULO II

A utilização do conceito de dislexia no ambiente escolar

2.1 – A identificação da criança disléxica na escola 18

2.2 – O diagnóstico da criança disléxica 21

2.3 – O papel da escola 24

2.4 – O papel da família 27

CAPÍTULO III

A alfabetização na dislexia

3.1 – A alfabetização e suas diferentes metodologias 29

3.2 – A alfabetização de crianças disléxicas 34

CONCLUSÃO 39

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 41

WEBGRAFIA 43

ÍNDICE 45