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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE A IMPLANTAÇÃO DO IVA (IMPOSTO DE VALOR AGREGADO) COMO PROPOSTA DA REFORMA TRIBUTÁRIA NO BRASIL Por: Raphael Pedrosa Batista Bordão Orientador Prof. Anselmo Souza Rio de Janeiro 2009

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · funcionamento do IVA como proposta de reforma tributária adequando-o às necessidades do Brasil. Nos países que o adotaram, vê-se

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  • UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    A IMPLANTAO DO IVA (IMPOSTO DE VALOR AGREGADO)

    COMO PROPOSTA DA REFORMA TRIBUTRIA NO BRASIL

    Por: Raphael Pedrosa Batista Bordo

    Orientador

    Prof. Anselmo Souza

    Rio de Janeiro

    2009

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    UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

    PS-GRADUAO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    A IMPLANTAO DO IVA (IMPOSTO DE VALOR AGREGADO)

    COMO PROPOSTA DA REFORMA TRIBUTRIA NO BRASIL

    Apresentao de monografia ao Instituto A Vez do

    Mestre - Universidade Cndido Mendes como

    requisito para obteno do grau de especialista em

    Direito Pblico e Tributrio

    Por: . Raphael Pedrosa Batista Bordo

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    AGRADECIMENTOS

    A Deus, pois a razo da minha vida,

    pois sem Ele nada teria conseguido.

    A meu pai (in memorian), pelo grande

    homem que foi. Procurando ajudar-me

    em todos os sentidos da minha vida.

    A minha querida me, Rute, que uma

    grande mulher, sempre aconselhando-

    me, dando-me nimo e fora para galgar

    os degraus da vida.

    A Cleonice, pelo carinho e ateno

    desde os primeiros degraus da

    graduao.

    A meus irmos Walter e Natlia que

    sempre me acompanharam nas vitrias

    das lutas da vida.

  • 4

    DEDICATRIA

    Primeiramente: a Deus,

    Aos meus pais:

    Rute

    e

    Jesus Alm (in memorian)

  • 5

    RESUMO

    O trabalho prope o estudo da implantao do IVA reforma

    por meio de emenda constitucional ou lei complementar, respeitando os

    princpios constitucionais. O recm criado PAC visa crescimento anual acima

    dos 5%. Isso no resolve os problemas, h ainda grande injustia social e uma

    pssima distribuio da renda. Somente se resolver atravs da reforma

    tributria. Os pases ricos e a Comunidade Europia j implantaram o imposto

    nico sobre a produo e a circulao, o chamado IVA e com sucesso. A

    adoo do IVA, a exemplo destes pases, trar soluo ao Brasil e dar um

    grande passo reforma tributria.

  • 6

    METODOLOGIA

    A metodologia empregada na presente monografia lana mo de

    argumento terico, no sentido dedutivo, tendo em vista que objetivo e explicar o

    contedo das premissas e problemtica em questo, verificando seus efeitos,

    buscando trazer subsdios para que o leitor, uma vez ciente da aplicao deste

    estudo, possa ter um parmetro quanto ao tema perquirido acerca do tema.

    O mtodo eleito para a apresentao do tema o jurdico-comparativo,

    tendo em vista que a soluo do problema apresentado decorre de realizaes

    de investigaes comparativas dentro de um mesmo sistema jurdico, atravs

    de comparao de referncias normativas j adotadas para obter uma sntese

    da questo estudada.

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    SUMRIO

    INTRODUO. .......................................................................................8

    1 - A Constituio e a Reforma Tributria; ......................................................10

    1.1 - Evoluo Histrica da Constituio e o Sistema Tributrio; .......................10

    1.2. - Guerra Fiscal; ......................................................................................12

    1.3 - Atual Sistema Tributrio; .......................................................................13

    1.3.1 - Reforma Tributria; ............................................................................14

    1.3.2 - Tentativas de Reforma Tributria; .........................................................15

    1.3.3 - Limite Constitucional e a Reforma Tributria. ........................................17

    2 - Princpios Constitucionais. .........................................................................20

    3 - O IVA como proposta de Reforma Tributria; ..............................................23

    3.1 - Iniciando a Reforma Tributria; ...............................................................26

    3.2 - Proposta atual do IVA como Reforma Tributria. .......................................27

    4 - A Reforma Tributria e a Justia Social. ......................................................27

    5 - O IVA no mundo. .....................................................................................29

    CONCLUSO. ..............................................................................................32

    ANEXOS. .....................................................................................................34

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA....................................................................41

    NDICE. .......................................................................................................43

    FOLHA DE AVALIAO..............................................................................44

  • 8

    INTRODUO

    O presente trabalho tem por objetivo explanar sobre a

    implantao do IVA, Imposto sobre Valor Agregado, como proposta da reforma

    tributria. A Constituio de 1988 abarcou a estrutura tributria, dando status

    de lei complementar ao Cdigo Tributrio Nacional. Pois se buscou ter maior

    controle na tributao, conseqentemente veio dar segurana, haja vista a

    importncia da matria.

    Muito se discute a respeito da reforma tributria, pois no se

    trata apenas de mudar um cdigo, aprovar nova lei complementar ou emenda

    constitucional, reformar a legislao significa alterar o texto constitucional. J

    se tentou em 2003, mas no obteve xito.

    Alis, este tema por demais importante, exemplo disto so os

    onze milhes de rurais que se aposentaram sem nunca terem contribudo,

    onde a constituio normatizou a contribuio Seguridade Social. Hoje o

    Brasil amarga um "rombo" de R$ 41 bilhes de reais na Previdncia por conta

    disto.

    Um dos mais cogitado imposto a ser implantado o IVA, como

    proposta a reforma. No basta apenas ser editado, deve ser ajustado

    realidade do pas, outro fato so os princpios constitucionais norteadores que

    do suporte constitucionalidade da reforma.

    O Brasil passa por um boom na economia, alcana

    extraordinrios ndices. Balana comercial positiva, uma reserva 100 bilhes de

    dlares, a bolsa de valores bate recorde, enfim o Brasil tem os maiores ndices

    da histria.

    A implantao do PAC (Programa de Acelerao do

    Crescimento), visa um crescimento anual de 5%. Isso mostra uma economia

  • 9

    estabilizada. Entretanto isso no resolve todo os problemas, h uma grande

    injustia social e uma m distribuio de renda. Isto somente se resolver se

    houver uma reforma tributria.

    Muitos pases do primeiro mundo e a Comunidade Europia j

    utilizam o imposto nico sobre a produo e a circulao, o chamado IVA e

    coleciona sucesso. A adoo do IVA, a exemplo destes pases, trar soluo

    ao Brasil e dar um grande passo reforma tributria.

    A justificativa deste a realidade brasileira, a reforma tributria

    tema central de discusso para soluo da justia social e da distribuio de

    renda. A tributao atual possui uma exagerada gama de tributos que a cada

    dia pesa para o brasileiro que o leva a sonegao e conseqentemente a

    queda da arrecadao. O IVA j implantado em vrios pases vem despertando

    a ateno do Brasil em adot-lo. Tem-se a necessidade de estudar seus efeitos

    no Brasil.

    Para anlise desta questo indispensvel esmiuar o

    funcionamento do IVA como proposta de reforma tributria adequando-o s

    necessidades do Brasil. Nos pases que o adotaram, v-se claramente o

    retorno positivo, onde trouxe diviso e distribuio da renda, justia e

    instrumento de poltica e comrcio internacional, no caso do Brasil, o

    MERCOSUL.

    A metodologia empregada no presente artigo lana mo de

    argumento terico, no sentido dedutivo, tendo em vista que objetivo e explicar o

    contedo das premissas e problemtica em questo, verificando seus efeitos,

    buscando trazer subsdios para que o leitor, uma vez ciente da aplicao deste

    imposto na produo e no meio circulante, se posicione acerca do tema.

    O mtodo eleito para a apresentao do tema o jurdico-

    comparativo, tendo em vista que a soluo do problema apresentado decorrer

  • 10

    de realizaes de investigaes comparativas dentro de um mesmo sistema

    jurdico, atravs de comparao de referncias normativas j adotadas para

    obter uma sntese da questo estudada.

    No h a pretenso de se esgotar o tema, ou de tratar em

    mincias a questo do IVA. Mas sim apenas, elucidar, mediante uma breve

    anlise terica a aprovao do IVA e as conseqncias no Brasil.

    1. A CONSTITUIO E A REFORMA TRIBUTRIA

    1.1. EVOLUO HISTRICA DA CONSTITUIO E DO

    SISTEMA TRIBUTRIO

    Com a chegada da famlia real ao Brasil, deu-se inicio a poca

    imperial. A economia era centrada somente na agricultura. Sua fonte de receita

    vinha do comrcio exterior, precisamente do imposto de importao, o qual

    chegou a ser a metade da arrecadao do governo1.

    Foi outorgada em 18242 a primeira Constituio brasileira, tinha

    como caracterstica a concentrao de poderes. O poder legislativo era

    responsvel pela aprovao da legislao tributria do pas, era vedada a

    provncia legislar sobre esta matria.

    Aps a independncia do Brasil, o pas passou por vrios

    momentos nevrlgicos em sua poltica, o imperador abdicou, houve o sistema

    de regncia, proclamao da repblica. Mas foi em 18913, j no estado

    republicano, inspirado no modelo norte-americano, adotaram o regime

    federativo, buscando-se conferir aos estados e municpios autonomia

    1 SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23 ed. So Paulo, Malheiros, 2004. p. 69/78. 2 Ibid. p. 74. 3 Ibid. p. 78.

  • 11

    financeira, por meio de receitas prprias, estabeleceu-se um sistema de

    discriminao de rendas tributrias Unio e aos Estados, estes responsveis,

    posteriormente, por fixar os impostos municipais, de forma a assegurar-lhes

    autonomia.

    Com a quebra da bolsa americana em 1929, deu-se incio a

    crise econmica mundial, o Brasil perdeu sua grande fonte de receita no

    comrcio exterior, j que o caf representava quase 70% das exportaes cujo

    importador direto era os EUA. Com isso se viu obrigado a buscar receitas

    atravs da tributao domsticas, cresceu assim a importncia de tributar o

    consumo e o rendimento.

    Em 19344, com a constituio surgiu a nova ordem jurdica,

    onde alm da definio dos tributos da Unio e dos Estados, concedeu

    tambm, competncia tributria aos Municpios, garantindo sua autonomia

    financeira com fontes prprias de receitas.

    Em 19455, Getulio Vargas foi deposto, tendo sido promulgada

    nova constituio, onde foi redemocratizado o pas, iniciando uma nova fase de

    descentralizao, dando poder poltico aos Estados e maior autonomia fiscal e

    oramentria aos Municpios. Foi institudo um sistema tributrio brasileiro,

    ainda assim no foi considerada uma reforma, pois o que ocorreu foi um

    sistema de transferncia de imposto e com o fito de garantir o cidado, com a

    criao das limitaes ao poder de tributar.

    Na constituio de 19676 atravs da Emenda Constitucional n

    18 de 1965, a qual constituiu-se a primeira reforma tributria, foi institudo o

    Cdigo tributrio nacional criando um captulo nico, no corpo da constituio,

    4 SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23 ed. So Paulo, Malheiros, 2004. p. 69/78. 5 VARSANO, Ricardo. A Evoluo do Sistema Tributrio Brasileiro ao Longo do Sculo: Anotaes e Reflexes para Futuras reformas. Rio de Janeiro, 1996. p. 06. 6 SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23 ed. So Paulo, Malheiros, 2004. p. 69/78.

  • 12

    sobre o Sistema Tributrio Nacional,7 o qual regeu o pas at o advento da

    atual Constituio de 1988.

    1.2.2. A GUERRA FISCAL

    Sobre a guerra fiscal o professor Fbio Gomes8 explana muito

    bem sobre o Sistema Tributrio Brasileiro que muito complexo, inadaptado s

    realidades do processo de integrao. A situao to grave que existe guerra

    fiscal dentro do prprio ordenamento jurdico interno entre os Estados

    federados, Distrito Federal e Municpios.

    O fato que mais ocorre entre os estado atravs de renncia

    parcial ou total do ICMS, o qual nico imposto para a iseno, do incentivos

    fiscais. Os Estados, a partir da Constituio de 1988 obtiveram autonomia para

    decidirem o que pode ser feito pelos seus estados. Os governadores de posse

    desta ampla vantagem, de forma independente buscam investimentos a fim de

    verem seus estados crescerem economicamente, abrem mo para atrair

    investimentos, mesmo que ofenda o pacto federativo. Como afirma o professor

    Luiz Abrucio.9

    Atualmente os estados que mais necessitam de investimentos

    so os do Norte e Nordeste, 10 dados do ltimo censo realizado pelo IBGE e o

    DIEESE. Justamente onde se tem a menor infra-estrutura e mo-de-obra

    qualificada. Isto deixa os cofres pblicos a margem das despesas, pois os

    investimentos no alcanam o total de arrecadao do ICMS, que

    conseqentemente leva a falta de investimento em educao, saneamento

    7 Neste mesmo perodo temos a instituio do Cdigo Tributrio Nacional (Lei 5.172 de 25 de Outubro de 1966) 8 GOMES, Fbio Luiz. Manual sobre o IVA nas comunidades europias: os impostos sobre o consumo no Mercosul. 1.ed. Curitiba, Juru, 2006. pg.24. 9 ABRCIO, Luiz Fernando, COSTA, Valeriano Mendes Ferreira. Reforma do Estado e o Contexto Federativo Brasileiro. Ed. Konrad Adenawer Stiftung, 1999. 10 Isto tem levado a crtica, pois a tributao nacional e no regional. Todos devem ser beneficiados, motivados pelo princpio da no vinculao da natureza do imposto.

  • 13

    bsico, estradas, sade e outros. O que deixa o investidor beneficiado frustrado

    em relao aquele estado.

    O resultado da Guerra Fiscal tem prejudicado o pacto

    federativo porque gera desequilbrio entre os entes-federativos forando uma

    autonomia de confederao por parte dos estados ou sendo pressionados por

    uma centralizao unitria da Unio para garantir os interesses nacionais.

    1.3. ATUAL SISTEMA TRIBUTRIO

    A Constituio de 1988 dedicou um Captulo para o sistema

    Tributrio Nacional, trata-se do Captulo I, Ttulo VI denominado Da Tributao

    e do Oramento.

    A constituio reforou o estado democrtico11 e a Repblica

    Federativa, formada pela unio indissolvel dos Estados-membros, Distrito

    Federal e dos Municpios, atualmente em torno de 5.500. O artigo 18 da

    Constituio denota tambm a autonomia dos entes federativos que

    compreendem a organizao poltico-administrativa.

    Segundo Yoshiaki Ichihara12, a autonomia significa no seu

    aspecto formal a inexistncia de hierarquia entre os entes polticos, uma vez

    que em matria tributria, significa a diviso material dos tributos, sem

    possibilidade de ocorrer uma bi-tributao, invaso de competncia ou uma

    tributao bis in idem.

    O legislador harmonizou um sistema de competncias

    exclusivas, privativas e principalmente respeitando os princpios

    Constitucionais, com competncias comuns e concorrentes, na inteno de unir

    o sistema federativo. O ponto forte a descentralizao e fortalecimentos dos 11 Conforme consagrado no artigo 1 da Carta Constitucional de 1988. 12 ICHIHARA, Yoshiaki. O Sistema Tributrio e sua Possvel Reforma Tributos Municipais. Pesquisas Tributrias Nova Srie n9, Revista dos Tribunais, 2003.. p. 494.

  • 14

    Estados e Municpios e a to sonhada justia social para atenuar os

    desequilbrio regionais. Estados mais industrializados contribuindo com os

    menos industrializados.

    1.3.1. A REFORMA TRIBUTRIA

    Mesmo ps a constituio de 1988, houve a necessidade de

    reformas em vrios tpicos, dentre eles a Reforma Tributria. Tema por demais

    debatido nos ltimos anos, entretanto, acaba se criando mais polmica do que

    soluo, com isso trazendo maior dificuldade para sua aprovao. Dada a

    relevncia do assunto e a interferncia na rea de maior preocupao de

    qualquer das esferas de Governo, seus recursos financeiros.

    O que ocorre na verdade e a ausncia de um sistema que

    estimule a atividade produtiva e promova a to sonhada justia fiscal, e porque

    no falar em justia social. Incessantes discusses a respeito da reforma

    tributria intensificaram a partir dos anos 90. Com o flagrante aumento da

    carga tributria, em patamares em torno de 50%, em relao ao PIB (Produto

    Interno Bruto). Nos ltimos anos, o sistema tornou-se complexo, caro e

    incentivador da sonegao.

    Um dos pontos mais discutido sobre a repartio tributria

    entre os entes federativos. Regra quase obrigatria as Federaes, pois

    importa em distribuio das arrecadaes tributrias entre as esferas de

    governo. As escolas e teorias econmicas do orientaes bsicas para

    regular a distribuio de receitas intergovernamentais, visando melhorar os

    nveis de eficincia e equidade dos sistemas tributrios,13 ou seja, o que se

    pretende diminuir os custos de arrecadao dos tributos, bem como,

    promover maior adequao entre receitas e despesas.

    13 FMI (Fundo Monetrio Internacional), o BIRD (Banco Mundial) Banco de Paris, entre outros.

  • 15

    O Brasil est quase perto do ideal de repartio entre os entes

    federativos. H a regulamentao constitucional a respeito das recomendaes

    tericas. Insculpidos nos artigos 157 a 162 da CF/88.

    A Constituio elegeu a repartio tributria14

    intergovernamentais de receitas, visando corrigir as desigualdades sociais, ou

    seja, o que pode mais, paga mais. Ou seja, o principio da congruncia. Vedou

    a instituio de tributos que no fossem uniformes em todo o territrio nacional,

    mesmo com a repartio tributria infelizmente ainda no se resolveu s

    desigualdades sociais.

    Outro dado sobre a tributao, a influencia na poltica

    monetria interna e externa. Onde so instrumentos de alavancas de controle

    de inflao, deficit pblico e outros.

    H o clamor da sociedade por uma Reforma tributria, como

    forma de melhor distribuio da renda produzida e arrecadao mais justa.

    Contudo os limites constitucionais devem ser respeitados para ser aprovada e

    implementada.

    1.3.2. TENTATIVAS DE REFORMA TRIBUTRIA

    J se tentou fazer reforma tributria no Brasil, algumas

    improdutivas, outras ficaram no papel, algumas deram certos em parte. Mas o

    Brasil ainda no encontrou uma matriz para chegar a uma definitiva.

    A EC 18/65 foi a primeira Reforma Tributria do sistema.

    Mesmo com toda ditadura militar da poca. Foram discutidos e aprovados

    vrios temas, dando ao Sistema Tributrio mais autonomia aos entes

    federativos.

    14 SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23 ed. So Paulo, Malheiros, 2004. p. 711/713.

  • 16

    O intuito da reforma era dar mais autonomia aos estados e

    municpios, visto que naquela poca o poder de tributar era quase que

    exclusivo da Unio. Basicamente foram criados quatros classes de impostos:

    os impostos sobre o comrcio exterior, imposto sobre o patrimnio e a renda,

    impostos sobre a produo e a circulao de bens e os impostos nicos tais

    como, sobre a energia eltrica, sobre combustveis e lubrificantes e sobre

    minerais.

    Nos impostos sobre a produo e a circulao, surgiu o

    princpio da no cumulatividade, ou seja, deixou de existir o efeito cascata, o

    que encarecia por demais este tipo de tributao. Nascia ento o ICM, hoje

    ICMS, um dos principais impostos sobre a produo e a circulao.

    O Brasil, ao final da dcada de 60 foi o primeiro pas do mundo

    a introduzir um amplo imposto deste tipo. O ICM cobre toda cadeia produtiva, a

    distribuio e a venda ao consumidor final, de um bem. Mas isto no foi

    adotado na Europa e em outros pases, foi adotado de forma territorial, onde o

    governo central detm poder de tributar sobre este tipo de imposto. No Brasil,

    sobre a circulao houve a repartio desta tributao entre os entes

    federativos, a Unio ficou com o IPI, os Estados ficaram com o ICMS e os

    Municpios ficaram com o ISS, porm este ltimo cumulativo.

    Segundo Everaldo Maciel15, sobre uma Reforma tributria

    vivel no Brasil, deve-se levar em conta o ponto nevrlgico da existncia

    simultnea de dois impostos incidentes sobre o valor agregado em um nico

    sistema tributrio, o ICMS e o IPI. O ICMS de competncia exclusivas dos

    Estados constitui em um erro, que persistem at o momento, tendo em vista,

    tratar-se de um grande empecilho ao debate sobre a reforma tributria em

    15 MACIEL, Everardo. Reforma Tributria Vivel. XVI Frum Nacional. Rio de Janeiro, Maio de 2002. Publicao em Estudos e Pesquisas n 27. Acesso pelo site http://www.forumnacional.org.br.

  • 17

    curso no Brasil. Pois estes dois impostos atuam ao mesmo tempo no consumo

    e na circulao.

    Com a constituio de 1988, o poder de tributar foi

    descentralizado, dando aos entes federativos a sua administrao

    independente da Unio, formando o pacto federativo, onde os entes tornam-se

    autnomos.

    1.3.3. O LIMITE CONSTITUCIONAL E A REFORMA

    TRIBUTRIA

    Nas palavras do Professor Alexandre de Moraes16, a

    Constituio a lei fundamental e suprema de um Estado, que contm normas

    referentes estruturao do Estado, formao dos poderes pblicos, forma

    de governo e aquisio do poder de governar, distribuio de competncias,

    direitos, garantias e deveres dos cidados.

    Toda vez que se fala em alterar ou introduzir normas na

    constituio, aparece vrios pontos, tanto positivos quanto negativo, pois traz

    restries de diferentes ordens. Em primeiro lugar, significa mexer em interesse

    coletividade. No se tratam apenas de interesses restritos a uma pessoa ou

    uma classe delas, mas de toda sociedade.

    Mas por outro lado, deve se observar que qualquer alterao

    na ordem constitucional seja de uma forma ampla ou especifica, seja de qual

    forma for, se atravs de reviso ou emenda, requer a observncia de princpios

    e pressupostos que esto adstritos ao ordenamento jurdico.

    16 MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. So Paulo: Saraiva, 2001, p. 34.

  • 18

    No que se refere ao Sistema Tributrio Nacional, pode-se

    afirmar que uma das dificuldades a serem superadas no aprimoramento so as

    atreladas ao federalismo fiscal.

    A constituio de 1988 priorizou como ponto principal um

    Estado federal. Que a autonomia financeira das entidades sub nacionais que

    o compem, ou seja, os entes federativos administrarem suas gestes de

    forma independente, atravs de receitas prprias, resultantes de suas

    competncias para instituir e cobrar tributos, como tambm por meio de

    transferncias de receitas de tributos alheios e da repartio tributria.

    Neste sentido Konrad Hesse17, diz que o princpio federativo se

    equilibra entre dois lados. Por um lado autonomia financeira dos Estados da

    Federao para legislar sobre os seus prprios impostos. Por outro, o Princpio

    da Conduta Amistosa dos Entes da Federao, que vem sendo tratado com

    grande desprezo diante da guerra fiscal, conforme foi comentado anteriormente

    entre os estados, os quais concedem benefcios fiscais unilaterais a fim de

    atrair investimentos para seu estado. Entretanto, o ponto nevrlgico da questo

    quanto clusula ptrea, onde torna o tema por demais complicado, pois se

    trata de alterar princpio federativo na Constituio.

    O Princpio da Conduta Amistosa dos Entes Federativos se

    traduz na fidelidade para com a Federao, no s dos estados em relao ao

    todo e a eles entre si. Mas da Unio em relao aos estados. Segundo

    Hesse18, inconstitucional a iniciativa que fira essa fidelidade federativa, pois

    poder se rompe o dever da boa conduta que deve presidir as relaes entre

    os integrantes da Federao, baseada na colaborao e cooperao

    recprocas.

    17 HESSE, Konrad. Elementos de Direito Constitucional da Repblica Federal da Alemanha. Traduo da 20 edio alem por Lus Afonso Heck, Porto Alegre: Srgio Antnio Fabris Editor, 1998Op. Cit., p. 212/215. 18 Op. Cit. p. 212/215.

  • 19

    A Constituio de 1988 deixou limitaes, formais e materiais,

    expressas e implcitas, para a competncia do legislador para emendar a

    constituio. Somente se dar a reforma tributria no sistema brasileiro atravs

    de emenda constitucional, devidos s clusulas ptreas, consagradas no

    pargrafo 4 do artigo 60 da Constituio. Estas clusulas estabelecem o ponto

    principal irreformvel da norma. Constam na integra a forma federativa de

    Estado, o voto secreto, direto, universal e peridico; a separao dos poderes e

    os direitos e garantias individuais.

    Se uma emenda violar a autonomia administrativa dos estados

    e municpios tambm violar a Constituio. Por isso se uma proposta restringir

    a competncia tributria dos entes federativo, mesmo que reserve recursos dos

    impostos de outros entes para compensar a diferena, ser tambm

    inconstitucional, pois se for vedado ao ente federativo a possibilidade de

    estabelecer uma poltica fiscal condizente com os seus objetivos, j estar

    sendo contrria a carta magna.

    Neste mesmo pensamento, diz o Professor Roque Antnio

    Carrazza19 que os Estados correm o risco de na falta do pacto federativo serem

    reduzidos condio de meras satrapias20, obrigados que sero a

    pechincharem benesses federais e isto acabar, por via reflexa, com o princpio

    federativo, da clusula ptrea super importante.

    Outro renomado estudioso comunga no mesmo entendimento,

    o professor Amrico L. M. Lacombe21, ao preceituar que a tentativa de

    unificao do IPI com o ICMS, mesmo sem diminuio da receita dos entes 19 CARRAZA, Roque Antnio. A Reforma Tributria e as Clusulas Ptreas. Revista de Direito Tributrio. So Paulo: Malheiros, n 67 (1997), p. 252-257. 20 Encyclopedia Britannica, 1911: "Strapa."A. T. Olmstead, History of the Persian Empire, 1948. Strapa (Grego satrps, do antigo persa xarap(van), i.e. "protetor da terra/pas") era o nome dado aos governadores das provncias, chamadas satrapias, nos antigos imprios Aquemnida e Sassnida da Prsia. Cada satrapia era governada por um strapa, que era nomeado pelo rei. Para evitar a corrupo, o Rei dos Reis (Imperador Persa) possua uma rede de espies que foi chamada de "Os olhos e ouvidos do Rei". Aps a conquista de Alexandre, o Grande esse sistema de administrao foi mantido. Obtido em http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1trapa" no dia 19 de abril de 2007. 21 LACOMBE, Amrico Loureno Masset. Princpios Constitucionais Tributrios. 2 edio, So Paulo: Malheiros, 2000.

    http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A1trapa

  • 20

    federados, ser inconstitucional, tendo em vista que retirar desses entres

    federados a possibilidade de auto regular a imposio e a cobrana do seu

    imposto, visto que todos os aspectos da hiptese normativa passariam a ser

    definidos em lei federal.

    Se a reforma no ofender a autonomia dos entes federativos,

    respeitando o federalismo, j comentado anteriormente, e que tenha cunho

    totalmente unificador e manter a gesto regionais, ou seja, estados e

    municpios, para que a unidade da federao perdure e continue. A Reforma

    proposta deve reunir princpios que tragam a manuteno e reforo do pacto

    federativo, dando continuidade descentralizao poltica interna dos entes e a

    participao da vontade regional diante da Federao.

    2. PRINCPIOS CONSTITUCIONAIS

    O Brasil, em seu ordenamento jurdico segue a pirmide de

    Kelsen22, onde o positivismo ainda forte, porm com grande crescimento para

    os princpios constitucionais, ou seja, a lei est embasada no principio, no

    est mais na lei simples e crua, h por de trs como pano de fundo, toda uma

    carga de subjetividade.

    Neste pensamento o professor Bonavides23 diz que a

    maturidade do processo histrico como a sua evoluo at seu estgio final, ao

    qual tambm se reportou no mesmo ponto os estudiosos Esser, Alexy, Dworkin

    e Crisafulli, que confirmam que os princpios so normas e as normas

    compreendem igualmente os princpios e as regras.

    Para entender os princpios importante definir o que .

    Segundo boa parte dos tratadistas o vocbulo princpio de mltipla

    22 KELSEN, Hans, Teoria Pura do Direito. 2.ed. 2 Vol. Coimbra: Armnio Amado Editor, 1962, Trad. Joo B. Machado. 23 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, op. cit., pp: 243/244.

  • 21

    significao. Bonavides24, referindo-se a Luiz Diez Picazo, afirma que a idia

    de princpio deriva da linguagem da geometria, onde designa as primeiras

    verdades. Logo acrescenta o mesmo jurista que exatamente por isso que so

    princpios, ou seja, porque esto ao princpio, sendo as premissas de todo um

    sistema que se desenvolve como geomtrico. Tudo tem sua base.

    A Constituio de 1988 est eivada de princpios, conforme

    pensamento de Misabel Derzi25 que diz que a Constituio um sistema de

    normas que aspira a uma unidade de sentido e de compreenso, unidade essa

    que somente pode ser dada por meio de princpios, continuamente revistos,

    novamente compreendido e expressos pelos intrpretes e aplicadores do texto

    magno. Ou seja, a anlise da estrutura tem que necessariamente aberta, visto

    que, as normas e princpios esto em tenso e aparentam conflito. Chamadas

    de conflitos e tenses de aparentes porque a compreenso profunda da

    Constituio deve ser buscada de forma contnua.

    Claro que falar ou enumerar cada principio constitucional seria

    por demais extenso, o propsito verificar aqueles que giram em torno dos

    tributos, o que chamado de princpios constitucionais tributrios.

    O Professor Paulo de Barros26 esclarece que o princpio da

    segurana jurdica decorrncia de fatores sistmicos que utilizam o primeiro

    de modo racional e objetivo, mas dirigido implantao de um valor especfico,

    qual seja o de coordenar o fluxo das interaes inter-humanas, no sentido de

    propagar no seio da comunidade social o sentimento de previsibilidade quanto

    aos efeitos jurdicos da regulao da conduta.

    24 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional, op. cit., p:228/229. "Los princpios generales del derecho en el pensamiento de F. de Castro", in Anurio de Derecho Civil, t. XXXVI, fasc. 3, outubro-dezembro /83, pp.: 1.267 e 1.268. 25 BALEEIRO,Aliomar. Limitaes Constitucionais ao poder de tributar. 7Ed.ver e atua.por MIZABEL DERZI.Rio de Janeiro:Forense,1999,p.34. 26 CARVALHO,Paulo de Barros. Curso de direito Tributrio.12ed.ver.amp.So Paulo: Saraiva, 1999,p.146.

  • 22

    O princpio da igualdade, ao contrrio dos demais, vem

    expresso no art.5 da Constituio, em seu caput, da seguinte forma, in verbis:

    Todos so iguais perante a lei, sem distino de qualquer

    natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros

    residentes no Pas a inviolabilidade do direito vida,

    liberdade, igualdade, segurana e propriedade, nos

    termos seguintes.

    Sem dvida, absolutamente alguma, este princpio se aplica

    esfera tributria de modo integral, sendo, inclusive, inspirador de alguns

    princpios constitucionais tributrios como o princpio da capacidade

    contributiva e no mesmo pensamento o professor Roque Carraza27, interliga-se

    este princpio com o princpio Republicano de forma acentuada.

    O princpio da isonomia deve ser cotejado como princpio

    basilar da constituio, de forma que, para denotar o seu carter de super

    princpio do ordenamento constitucional, a insigne Mizabel Derzi28, cita o

    respeitado Constitucionalista Francisco Campos que diz que a isonomia, hoje,

    o princpio nuclear de todo o sistema constitucional. o princpio bsico do

    regime democrtico. No se pode pretender ter uma compreenso precisa da

    democracia, se no tiver entendimento real de seu alcance. Sem igualdade no

    h repblica, no h Federao, no h democracia, no h justia.

    Princpio da universalidade da jurisdio um princpio

    tambm expresso, que vem transcrito no art. 5 da Constituio, no inciso

    XXXV, que diz que a lei no excluir da apreciao do poder judicirio, leso

    ou ameaa de leso a direito.

    27 CARRAZA, Roque Antonio. Curso de direito Constitucional tributrio. 11 Ed.rev.atua.amp. So Paulo: Malheiros Editores, 1998,p.59. 28 Ibidem., p.149.

  • 23

    Este inciso traduz de forma clara o princpio da universalidade

    da jurisdio, determinando que a funo jurisdicional no Brasil funo

    inafastvel do poder judicirio.

    Se o contribuinte estiver em uma situao perante o fisco em

    que veja seu direito ameaado de leso, ou j tenha sofrido esta, no poder o

    poder legislativo, atravs da edio de qualquer instrumento legislativo

    infraconstitucional, nem emenda constitucional, pois esta clusula ptrea, oi

    anda se o poder executivo, atravs de qualquer resoluo ou outro

    instrumento, impedir o acesso do contribuinte ao judicirio para pleitear seus

    direitos.

    Princpio da ampla defesa e do devido processo legal, a

    Constituio assegura, em seu art.5, LV, que diz aos litigantes, em processo

    judicial ou administrativo, e aos acusados em geral so assegurados o

    contraditrio e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.

    Na esfera tributria, assim como em todos os campos do

    ordenamento jurdico, aplicam-se estes princpios em funo de serem os

    mesmo garantidores de direitos e garantias dos cidados, posto que, o

    postulado da ampla defesa e do contraditrio essencial toda e qualquer

    sociedade moderna, que privilegia as garantias e direitos fundamentais da

    constituio .

    O professor Paulo de Barros29 fala que O devido processo legal

    instrumento bsico para preservar direitos e assegurar garantias, tornando

    concreta a busca da tutela jurisdicional ou a manifestao derradeira do poder

    pblico, em problemas de cunho administrativo.

    3. O IVA COMO PROPOSTA DE REFORMA TRIBUTRIA

    29CARVALHO, Paulo de Barros. Curso de direito Tributrio. 12ed.ver.amp.So Paulo: Saraiva, 1999, p.150

  • 24

    Muitas discusses existem acerca da reforma tributria, criao

    de novos tributos no lugar de outros, extino de algumas e outras alternativas,

    porm a proposta que mais ganha adeptos sobre a implantao do IVA

    (Imposto sobre o Valor Agregado), existe at debate quanto nomenclatura30,

    alguns dizem se tratar de valor acrescentado, outros agregados, mas isso no

    chega a ser muito relevante quanto a sua importncia na qualidade de um novo

    imposto.

    H estudo sobre a unio dos dois principais impostos desta

    natureza, qual seja, a produo e a circulao. o caso dos atuais IPI e o

    ICMS, que seriam substitudos por um nico imposto, o IVA, que seria de

    competncia comum da Unio e dos Estados.

    Nesta mesma base a proposta seria que cada ente teria sua

    prpria alquota, uma federal e outra estadual, ambas sobre as operaes

    internas quanto interestaduais e tambm sobre importaes. As alquotas

    seriam uniformes por mercadoria ou servio, em todo o territrio nacional,

    podendo ter valores diversos para diferentes mercadorias ou servios.

    Neste diapaso, o prof. Fernando Rezende 31 diz que a

    existncia de uma legislao bsica uniforme em todo o territrio nacional,

    aplicvel tanto pelo fisco federal quanto pelos estaduais, representa um

    substancial benefcio. Como ambos tributaro a mesma base, indispensvel

    que os procedimentos administrativos sejam tambm uniformizados para evitar

    desentendimentos que seriam danosos para todos.

    Na proposta as alquotas estaduais seriam fixadas por

    resoluo do Senado Federal, de iniciativa do Presidente da Repblica ou de

    um tero dos senadores. J as federais seriam fixadas em lei ordinria,

    vedadas s medidas provisrias.

    30 GOMES, Fbio Luiz. Manual sobre o IVA nas comunidades europias: os impostos sobre o consumo no Mercosul. 1.ed. Curitiba Juru, 2006. p. 24/25. 31 REZENDE, Fernando. O Processo da Reforma Tributria. Texto para discusso n 396 do Ipea. Jan/1996. Disponvel em: http://www.ipea.gov.br/pub/td/td_396.pdf. Acesso em 07 maio de 2007.

  • 25

    Caberia, tambm, ao Senado Federal a deciso sobre a que

    Estado e em que proporo seria destinada a arrecadao do IVA sobre as

    operaes interestaduais, mantendo-se o mesmo principio da Constituio

    vigente.

    Para os autores desta proposta, possvel a competncia

    deste imposto para os dois entes federativos, para no seja somente da Unio,

    mas que cada estado da federao continue a ter sua autonomia

    administrativa. Pois parte do imposto seria repartido. Cada qual com o que lhe

    coubesse, onde continuaria a integrao das fiscalizaes, evitando as

    sonegaes.

    A cobrana do novo imposta ficaria reservada ao domicilio de

    "sada" da mercadoria e de forma integral, eliminando os riscos de sonegao,

    o que atualmente propiciado pela diferena entre as alquotas internas e

    interestaduais do ICMS.

    Quanto tributao sobre as importaes, haveria a cobrana.

    Quanto s exportaes estariam desoneradas do mesmo.

    A implantao do IVA de competncia federal, com reduo

    das atuais alquotas, teria incidncia no destino da mercadoria, com controle de

    um sistema de receitas aos Estados da respectiva produo e circulao, este

    novo mtodo j traria melhora, simplicidade e eficincia ao Sistema tributrio.

    H estudiosos sobre a reforma, que afirmam que seria

    inconstitucional, no que tange ao pacto federativo. O fato de tirar o poder de

    legislar sobre a tributao cercearia o estado de sua autonomia administrativa,

    garantia dada pela constituio de 1988. O que leva a ofensa ao regime

    federativo vigente atualmente.

  • 26

    3.1. INICIANDO A REFORMA TRIBUTRIA

    No tarefa fcil, independente de modelo de reforma

    tributria, justamente por causa do federalismo. unnime que alguns pontos

    devem ser observados. Pois iniciar uma reforma sem mediar pontos

    nevrlgicos, ser um insucesso como que tambm na prtica ficar no papel.

    Existe uma discusso a respeito da carga tributria, os

    contribuintes que so os meros pagadores e o setor pblico querendo

    aumentar suas arrecadaes. A discursso sobre a repartio tributria, ou

    seja, a diviso da arrecadao de forma vertical e a distribuio entre as

    regies mais pobres pelas ricas.

    Porm o governo federal j verificou que aps anos de

    discursses e debates, ainda no se chegou a um denominador comum, onde

    todos saiam satisfeitos. Atualmente est optando por uma reforma cadenciada,

    ou seja, aos poucos est mudando as normas para se alcanar um todo, para

    que seja mais bem recebida e entendida.

    No entender do renomado jurista brasileiro Ives Gandra da

    Silva Martins32, em um comentrio sobre reforma tributria, revela que a

    prorrogao da CPMF, promessa de desonerao das exportaes no que

    diz respeito a cumulatividade das contribuies, simplificao e federalizao

    do ICMS. A impresso que se teve quando do anncio oficial, foi a de que o

    Governo, a rigor, est interessado, apenas, na prorrogao da CPMF. As

    demais propostas serviriam apenas para demonstrar que o Governo no est

    parado, mas no estaria interessado por parte dele em aprova-las. Exatamente

    a melhor parte da proposta aquela que o Governo tem menos condies de

    aprovar, por oposio de Estados e Municpios, no interessados em acabar

    com a guerra fiscal, como anteriormente comentado.

    32 MARTINS, Ives Gandra Silva. A Reforma Tributria. Disponvel em < ttp://www.geocities.yahoo.com.br>

  • 27

    Para que haja a reforma todos devem sentar e discutir e deixar

    de pensar em si, mas pensando em um todo, para o pas, pois assim todos

    ganham e no apenas uma minoria.

    O grande intuito o fim da guerra fiscal entre os Estados. O fim

    da concesso de benefcios fiscais para atrair investidores estrangeiros.

    O grande intuito implantar o IVA (Imposto sobre Valor

    Agregado), que visa substituir o ICMS, o IPI e o ISS e ser repartido entre

    Unio, estados e municpios.

    3.2. PROPOSTA ATUAL DO IVA COMO REFORMA

    TRIBUTRIA

    Segue no anexo texto do projeto de implantao do IVA como

    proposta de reforma tributria.

    4. A REFORMA TRIBUTRIA E A JUSTIA SOCIAL

    Apesar do constituinte buscar maior garantia e proteo ao

    cidado, no obteve xito no tocante a carga tributria, a qual continuou alta e

    pior aumentou no decorrer dos anos. H um excessivo nus ao contribuinte. O

    Instituto Brasileiro de Planejamento Tributrio (IBPT)33, atravs de um estudo,

    concluiu que a carga tributria brasileira est no patamar de 40% a 48% em

    relao ao salrio bruto, to absurda que chega a ser uma das mais altas

    do mundo, perdendo apenas para a Dinamarca, num total de 26 pases do

    mundo. O detalhe que chama ateno que tais pases so aqueles do

    33 IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento Tributrio) Entidade criada em 11/12/92, Objetivo a difuso do sistema de economia legal de impostos; Divulgao cientifica do tema; Estudo da carga tributaria.

  • 28

    chamado primeiro mundo. Outro dado que a carga tributria chega 35% do

    produto interno bruto (PIB).

    O compromisso do legislador atual diminuir esta carga

    tributria. Pois com nmeros nestes nveis no se obtm a to sonhada justia

    social. Numa sociedade de consumo exagerado, a tributao esta diretamente

    ligada aos gastos e as receitas, muito lucro, muita tributao ao contribuinte,

    muitos gastos, necessidade de arrecadao, para o governo. Mas quem paga a

    conta sempre a sociedade. Poucos pagam muito e quase a maioria pagam

    nada ou muito pouco. Um verdadeiro flagrante de desigualdade, gerando m

    distribuio de renda. De um lado o governo que gasta e distribui mal e o

    contribuinte fugindo da tributao, visto no ter retorno da arrecadao.

    H alguns pontos a serem observados na reforma, a discusso

    gira em torno de questes, tais como: a simplificao do sistema tributrio,

    onde existe co e gato de um lado o fisco como gato e de outro o

    contribuinte como rato fugindo de suas garras. O governo gasta milhes em

    programas, em sistemas, em contratao de agentes fiscais e outros

    mecanismo para vigiar o contribuinte.

    Mas por outro lado h as injustias fiscais, ou seja, uma

    pequena parcela da sociedade paga e no recebe os servios essenciais,

    quando de sua utilizao, como o caso da segurana pblica, educao,

    sade pblica, etc. Outro fator o custo para as empresas, pois onera em

    muito, afugentando muitos investidores estrangeiros do Brasil, a carga tributria

    alta impede a concorrncia entre as empresa, ainda mais em mundo cada vez

    mais globalizado, onde necessrio baixar custos. Mas a questo que mais

    chama ateno a distribuio da renda produzida, onde se procura atravs

    dela a justia fiscal, conseqentemente a justia social.

  • 29

    Mas o maior obstculo o pacto federativo34, pois o

    constituinte, deu autonomia aos entes federativos, uma reforma tributria

    poderia tira-la, deixando a Unio com muito poder para tributar, levando os

    estados e municpios a ter que pedir a Unio recursos para gerir sua

    administrao. Por um lado ruim, pois ferir o pacto federativo, nenhum ente

    que deixar de ter autonomia, outro lado que o constituinte firmou o pacto

    federativo como forma constitucional de repblica, cada ente com sua gesto.

    5. O IVA NO MUNDO

    O IVA foi uma criao35 da Frana, objetivando simplificar o

    Sistema Tributrio Francs36 com o fito de substituir a carga de impostos

    indiretos sobre o consumo e a circulao. Em um sistema democrtico de

    Direito, visa dar garantia por ser neutro, no destacando um ente federativo

    entre outro. O fato de ser no-cumulativo e os sujeitos passivos com uma

    menor carga tributria.

    Com a implantao do IVA na Frana e este ter alcanado o

    intuito da diminuio da carga tributria muitos pases introduziram em seus

    sistemas tributrios.37 A maioria dos pases da Europa j adotaram o IVA.

    J no IVA, o clculo de imposto no-cumulativo, ou seja,

    neutro38. Onde forte a presena de dois princpios, o da generalidade e o da

    uniformidade. Os imposto que possuem a cumulatividade so carregados de

    34 SILVA, Jose Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 23 ed. So Paulo, Malheiros, 2004. p. 470/474. 35 PHILIPPE, Jean-Jacques. La TVA Iheure Europenne. Paris:Litec.1996. p.11. 36 AMARAL, Antonio Carlos Rodrigues do. O Direito Tributrio no Mercosul. Ives Gandra da Silva Martins(coord) Rio de Janeiro, 2000. p. 42. 37 BALEEIRO, Aliomar. Direito Tributrio Brasileiro. Atualizado por Mizabel A M. Derzi. 11. ed. P.37. Passem. 38 FERREIRA, Rogrio Fernandes. O Imposto sobre o valor acrescentado. Rei dos livros: Lisboa, 1984. p. 19.

  • 30

    desvantagens. Esse foi um motivo que levou muitos pases a adotarem o IVA

    com experincia na Frana.39

    O funcionamento do IVA, segundo Xavier de Basto40 tem como

    ponto principal tributao no-cumulativa, pois a cumulatividade sobrecarrega

    o processo produtivo e conseqentemente traz barreiras ao desenvolvimento.

    Um produto que possui alto valor agregado logo no inicio de sua produo e

    tem seu clculo de imposto por cascata, ter ao final um valor muito alto,

    tirando assim sua competitividade no mercado nacional e internacional.

    O IVA baseia-se no valor vindo da diferena entre o montante

    que resulta da aplicao da alquota ao valor das vendas ou das prestaes de

    servios, durante determinado perodo. Neste mesmo perodo o montante do

    imposto suportado nas aquisies efetuadas41.

    O valor do imposto fracionado em cada ciclo da produo da

    mercadoria ou do servio. O imposto neutro pelo fracionamento da cadeia de

    produo, pois s cobrado na diferena do montante em cada esfera. Seja a

    nvel nacional ou internacional42. So excludos da tributao atravs dos

    crditos de imposto ou de restituio ao exportador do imposto pago sobre

    todos os elementos do custo do produto entregue.43

    Outro dado inerente ao IVA que mercadorias ou prestaes

    de servios semelhantes sejam concorrentes entre si, mas que sejam tratadas

    de forma diferentes.44 H para estes casos a taxao uniforme.

    39 GOMES, Fbio Luiz. Manual sobre o IVA nas comunidades europias: os impostos sobre o consumo no Mercosul. 1.ed. Curitiba Juru, 2006. p. 28. 40 BASTO, Jos Guilherme Xavier de. A Tributao do Consumo e a sua Coordenao internacional. p. 28. Passem. 41 NABAIS, Jos Casalta. Direito Fiscal. Coimbra: Almedina, 2001. p 384. 42 MOUSIS. Nicolas. As Polticas da Comunidade Econmica Europia. Trad. De Amlia Ferreira Pinto. Coimbra: Almedina. 1985. p. 365. 43 GOMES, Fbio Luiz. Manual sobre o IVA nas comunidades europias: os impostos sobre o consumo no Mercosul. 1.ed. Curitiba Juru, 2006. p. 29. 44 Ibid. p.30.

  • 31

    Cada operador dever deduzir do total do imposto liquidado

    nas suas vendas o montante de imposto que onerou as suas compras e que

    dever constar nas faturas dos seus fornecedores. O agente econmico

    apenas entrega ao Estado uma frao do total do imposto que no fim do

    circuito ser suportado pelo consumidor final.45

    O estudo do IVA na Europa fundamental, visto que o

    consumidor final o final e no gera concorrncia entre produtos e servios, de

    forma que o imposto agregado e fracionado no montante.

    O Brasil esta inserido no contexto do Mercosul, mercado

    comum sul-americano, principalmente a Argentina, Paraguai e o Uruguai. Estes

    inclusive j adotam o IVA nos seus sistemas tributrios. Cabe salientar que o

    IVA adotado por eles foi inspirado do modelo da Europa, principalmente da

    Espanha. O Brasil precisa adotar o IVA, visto a necessidade de cooperao no

    mercosul, hoje a tributao brasileira est destoando dos demais pases do

    Mercosul, gerando dificuldades na importao e exportaes, pois complexo,

    impede a integrao, pois internamente h guerra fiscal dentro do sistema

    tributrio. O Brasil o pas que mais distante est de cumprir o tratado do

    Mercosul.

    45 Ibid. p.31/32.

  • 32

    CONCLUSO

    A reforma Tributria ter que coadunar trs interessados, qual

    seja, o setor privado, os entes da federao que so os principais

    arrecadadores e a sociedade. A reforma um processo, uma dinmica e no

    um ato isolado, onde se deve buscar a superao das divergncias. a

    tributao deve ser justa evitando a evaso fiscal.

    Mas o principal impasse so os estados e municpios, pois

    resistem a mudana legislativa tributria na implantao do IVA, pois eles ainda

    querem continuar independentes, ou seja, continuar a administrar a

    arrecadao. Mas isto leva ao pensamento egosta, pois no pensam no pas

    como um todo, no sentido de se ter justia social e uma distribuio da renda

    produzida.

    A parte nevrlgica o ICMS, pois o maior tributo nacional de

    competncia dos estados. Pois incita uma indesejvel guerra fiscal. A proposta

    se reaproxima ao modelo do IVA europeu buscando uniformizar nacionalmente

    as legislaes e alquotas, adotando o princpio do destino e incorporando

    servios na etapa de produo.

    A reforma visa uma tributao racional, moderna, uniforme, e

    principalmente no cumulativa sobre o consumo, igualando ao que se pratica

    na maioria dos pases da Europa e do mercosul da qual o Brasil parceiro

    comercial, onde o intuito desonerar as barreiras alfandegrias.

    Mais o obstculo primordial o pacto federativo, que d

    autonomia aos entes federativos, o que representa srios empecilhos

    uniformizao pretendida do IVA.

    A capacidade tributria dos entes federativos de terem suas

    receitas originrias ou prprias e de autonomia caracterstica marcante de um

  • 33

    federalismo. A Constituio estabelece um sistema rgido de competncia

    tributria, definindo os impostos de cada esfera de Governo, delimitando o

    pacto federativo. A clusula ptrea do Estado Federado no artigo 60 pargrafo

    4, estabelece como inconstitucional qualquer medida tendente a abolir este

    federalismo. Ou seja, as clusulas ptreas s podero ser objeto de alterao

    mediante a realizao de uma nova Assemblia Constituinte, o que no o

    caso da presente Reforma tributria, pois a proposta no tira a autonomia dos

    entes federativos.

    Um ponto crucial do IVA acabar com a guerra fiscal. Um dos

    mecanismos a neutralidade do IVA, a vedao de concesso de benefcios e

    os incentivos fiscais impedem que os estados pelos seus agentes promovam

    por si o desenvolvimento regional em detrimento do nacional.

    Para o Brasil a reforma torna-se quase que obrigatria tendo

    em vista o MERCOSUL, dada a participao dos blocos regionais e deve estar

    atento s exigncias desta nova construo poltico internacional.

    Como fator integrante deve ser buscar um fortalecimento do

    pacto federativo, atravs da autonomia dos governos regionais e da

    convergncia dos entes federados para o fortalecimento interno do pas para

    poder contribuir de uma maneira mais slida e significativa para o processo de

    integrao regional, principalmente atravs do combate guerra fiscal, gerando

    assim a justia social e a distribuio de renda.

  • 34

    ANEXOS

    REFORMA TRIBUTRIA:

    Diagnstico - Objetivos da reforma - Proposta para debate em

    Abril de 2007

    Sistema Tributrio e Desenvolvimento a complexidade e a

    falta de neutralidade do Sistema Tributrio Brasileiro tem representado um

    grande entrave ao crescimento As principais distores do sistema tributrio

    brasileiro esto relacionadas aos tributos indiretos sobre bens e servios, que

    so o objeto da reforma.

    Principais Distores dos Tributos sobre Bens e

    Servios Complexidade Multiplicidade de legislaes

    e competncias tributrias

    Unio: PIS, Cofins, IPI, CIDE-combustveis; Estados: ICMS;

    Municpios: ISS.

    Multiplicidade de alquotas e bases de clculo aplicveis aos

    diversos tributos Inexistncia de neutralidade, tais como: Incidncias

    cumulativas; Defeitos das incidncias sobre o comrcio exterior e a Guerra

    fiscal.

    PRINCIPAIS DISTORES DOS TRIBUTOS FEDERAIS

    1. Multiplicidade de tributos e regimes de tributao

    sobre bens e servios (PIS/Cofins, IPI, CIDE-combustveis)

  • 35

    2. PIS/Cofins - a sobreposio dos regimes

    cumulativos e no-cumulativo prejudica a neutralidade e a alocao

    eficiente dos recursos.

    3. CIDE-combustveis no confere crdito

    produo, implicando nus nas cadeias produtivas.

    DISTORES NO ICMS

    1. Esto fundadas no Sistema misto para partilha do imposto

    nas operaes entre os Estados.

    2. Guerra fiscal - custo baixo ou nulo para o Estado que

    concede o benefcio fiscal, mas elevado para o conjunto dos Estados.

    3. Distores na tributao do comrcio exterior.

    4. Renncia estimada em R$ 25 bilhes/ano

    5. Reaes guerra fiscal

    6. ADINs junto ao STF

    7. Glosa de crditos pelos Estados

    8. Graves distores na tributao do comrcio exterior:

    9. Favorecimento das importaes em detrimento da

    produo nacional

    10. Como na importao o ICMS pertence ao Estado

    destinatrio da importao, os Estados tm concedido uma srie de

    benefcios fiscais para importaes.

    11. Dificuldades para desonerar as exportaes em funo do

    acmulo de crditos pelos exportadores.

    12. Como, em regra, parte dos crditos do ICMS dos insumos

    das exportaes trata-se de imposto arrecadado a outros Estados, o

    Estado do exportador reluta em dar aproveitamento aos crditos

    acumulados.

    PRINCIPAIS PROBLEMAS RELACIONADOS AO ISS

  • 36

    1. Cumulatividade nas cadeias produtivas, impossibilitando

    sua desonerao nas exportaes e nos investimentos Conflitos de

    competncia com o ICMS.

    2. Conflito de competncia com o ICMS

    3. Conflitos entre os municpios (guerra fiscal)

    OUTRAS DISTORES INVESTIMENTOS

    1. Os regimes aplicados aos tributos indiretos no esto

    permitindo a desonerao integral dos investimentos.

    2. Longos prazos de apropriao dos crditos (ICMS 48

    meses; PIS/Cofins - 24 meses)

    3. O ICMS dificulta a desonerao dos investimentos, pois o

    Estado que recebe os investimentos arca com o nus do ICMS incidente

    sobre mquinas e equipamentos, em geral pago a outro Estado.

    4. Impacto negativo sobre a competitividade, tanto maior

    quanto mais elevados os juros.

    CONSEQNCIAS DAS DISTORES NOS TRIBUTOS

    SOBRE BENS E SERVIOS

    1. Desestmulo aos investimentos produtivos

    2. Insegurana jurdica

    3. Inexistncia de neutralidade no comrcio exterior, em

    prejuzo da produo nacional.

    4. Alto custo de cumprimento das obrigaes tributrias

    5. Elevado nvel de sonegao e eliso

    PRINCIPAIS OBJETIVOS DA REFORMA TRIBUTRIA E

    UMA PROPOSTA PARA DEBATE

  • 37

    1. Instituir um sistema de tributos indiretos neutro e simples,

    racionalizando o sistema tributrio e elevando a eficincia econmica

    2. Desonerar os investimentos produtivos

    3. Eliminar as distores do comrcio exterior que prejudicam

    a produo nacional, desonerando as exportaes e conferindo

    tratamento isonmico s importaes.

    4. Simplificar e desburocratizar, reduzindo os custos de

    cumprimento das obrigaes tributrias.

    5. Eliminar as distores que prejudicam os investimentos

    6. Ampliar a base de contribuintes, reduzindo a informalidade.

    7. Substituio dos tributos sobre bens e servios (ICMS,

    IPI,PIS, Cofins, CIDE-Combustveis) por dois impostos, sobre o valor

    adicionado: um estadual (IVA-E) e um federal (IVA-F)

    8. O IVA-E observaria o princpio do destino

    9. Fim da guerra fiscal

    10. Debater com Municpios a integrao do ISS base do IVA

    11. Formulao de uma poltica de desenvolvimento regional

    como alternativa efetiva e transparente guerra fiscal

    PROPOSTA DE REFORMA PARA DEBATE

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DOS NOVOS IVA

    1. Uniformidade nacional

    2. Lei Complementar nica

    3. Regulamentao nacional, a exemplo do Simples Nacional.

    4. Alquotas

    5. IVA-F lei federal

    6. IVA-E lei estadual

    Obs.: Estados teriam autonomia na fixao de alquotas dentro de

    parmetros definidos nacionalmente

  • 38

    1. No-cumulativo

    2. Sistema de dbito e crdito (imposto x imposto)

    3. Crdito para bens de capital

    4. Fiscalizao especializada segundo a competncia

    tributria e integrada (cadastros e bases de dados comuns), podendo

    ser compartilhada mediante convnio ou lei.

    5. Nas operaes interestaduais, o imposto seria

    integralmente cobrado no estado de origem, mas apropriado pelo estado

    de destino, reduzindo o risco de sonegao.

    DIFERENA DE AMBIENTE E OPORTUNIDADES EM

    RELAO S REFORMAS ANTERIORES

    INTEGRAO DOS FISCOS:

    1. Nota fiscal eletrnica; cadastros sincronizados e

    Sistema Pblico de Escriturao Digital (SPED)

    2. Base de dados resultante da nota fiscal eletrnica

    cria condies para calibrar adequadamente as novas alquotas e para

    estimar com preciso o impacto das mudanas para cada ente federado

    3. Reduo da sonegao e ampliao da receita

    resultante da nota fiscal eletrnica, do fechamento de brechas para

    sonegao e do fim da guerra fiscal abrem espao para a racionalizao

    da estrutura tributria e para a reduo de alquotas.

    TRANSIO

    1. O ICMS seria mantido por um prazo de transio

    (em torno de 5 anos), sendo em seguida substitudo pelo IVA-E

  • 39

    2. As alquotas interestaduais do IVA-E seriam

    progressivamente reduzidas, migrando a cobrana para o destino.

    O IVA-F INICIARIA SUA VIGNCIA NUM PRAZO DE 2 A 3 ANOS

    BENEFCIOS FISCAIS J CONCEDIDOS NO ICMS:

    1. Os de carter geral seriam extintos com o ICMS

    2. Os de carter subjetivo, com prazo e condies -

    observados os limites temporais, seriam recepcionados no IVA-E,

    mediante renegociao dos Estados com beneficirios em funo da

    nova legislao do IVA-E, com homologao pelo Confaz.

    ALGUMAS QUESTES RELEVANTES QUANTO

    INTEGRAO DO ISS NA BASE DE UM IVA-E

    1. Resolveria os principais problemas relacionados ao ISS

    2. Permitiria que o IVA-E tivesse uma base completamente

    harmonizada com o IVA-F (legislao uniforme)

    3. Possibilidade de alcanar uma base pouco explorada pelos

    pequenos municpios.

    4. Perda de parte da competncia tributria dos municpios

    (mais relevante para mdios e grandes municpios)

    5. Exigiria critrios de recomposio das receitas municipais.

    6. A exemplo do ICMS, a transio teria de ser longa.

    AGENDA PARA O FUTURO: A QUESTO FEDERATIVA

    A discusso da reforma tributria abre uma oportunidade para

    rever o pacto federativo, adotando critrios mais justos e racionais de

    repartio e de realizao do gasto.

  • 40

    SISTEMA ATUAL

    Partilha complexa e critrios deficientes (p.ex. distores

    decorrentes da preponderncia do valor adicionado como critrio da Partilha do

    ICMS)

    Vinculaes e alto nvel de gastos inflexveis

    SISTEMA DESEJVEL

    1. Maior eficincia na reduo das desigualdades regionais

    2. Sistema de partilhas mais condizente com as atribuies

    dos entes federados.

    CONCLUSO

    1. Uma reforma tributria abrangente um jogo de soma

    positiva em que todos ganham:

    2. Eficincia econmica

    3. Eliminao das distores que prejudicam os investimentos

    4. Mais crescimento

    5. Para os estados e municpios, representa uma

    oportunidade de aumento da arrecadao, sem onerar a sociedade.

    6. Reduo da evaso e da sonegao

    7. Fim da guerra fiscal

    8. possvel construir um sistema de compensao entre

    perdas e ganhos em que no haja perdedores

    9. possvel dar incio a uma reviso mais ampla do modelo

    de atribuio de competncias e partilhas federativas

  • 41

    BIBLIOGRAFIA

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    Estado e o Contexto Federativo Brasileiro. 1.Ed. Konrad Adenawer Stiftung,

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  • 42

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    do Sculo: Anotaes e Reflexes para Futuras reformas. 1.ed. Rio de

    Janeiro, 1996.

  • 43

    NDICE

    FOLHA DE ROSTO ...............................................................................2

    AGRADECIMENTO ................................................................................3

    DEDICATRIA.......................................................................................4

    RESUMO................................................................................................5

    METODOLOGIA.....................................................................................6

    SUMRIO...............................................................................................7

    INTRODUO. .....................................................................................8

    1 - A Constituio e a Reforma Tributria; ............................................10

    1.1 - Evoluo Histrica da Constituio e o Sistema Tributrio; ..........10

    1.2. - Guerra Fiscal; ..............................................................................12

    1.3 - Atual Sistema Tributrio; ...............................................................13

    1.3.1 - Reforma Tributria; ....................................................................14

    1.3.2 - Tentativas de Reforma Tributria; ..............................................15

    1.3.3 - Limite Constitucional e a Reforma Tributria. .............................17

    2 - Princpios Constitucionais. ................................................................20

    3 - O IVA como proposta de Reforma Tributria; ...................................23

    3.1 - Iniciando a Reforma Tributria; ......................................................26

    3.2 - Proposta atual do IVA como Reforma Tributria. ...........................27

    4 - A Reforma Tributria e a Justia Social. ...........................................27

    5 - O IVA no mundo. ..............................................................................29

    CONCLUSO. .......................................................................................32

    ANEXOS. ...............................................................................................34

    BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..............................................................41

    NDICE. ..................................................................................................43

    FOLHA DE AVALIAO..........................................................................44

  • 44

    FOLHA DE AVALIAO

    Nome da Instituio:

    INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

    UNIVERSIDADE CNDIDO MENDES

    RIO DE JANEIRO

    Ttulo da Monografia:

    A IMPLANTAO DO IVA (IMPOSTO DE VALOR AGREGADO)

    COMO PROPOSTA DA REFORMA TRIBUTRIA NO BRASIL

    Autor:

    Raphael Pedrosa Batista Bordo

    Data da entrega: 29/01/2009

    Avaliado por: ______________________________________________

    Conceito: _________________________________________________

  • 45

    ATIVIDADES CULTURAIS

    Raphael Pedrosa Batista Bordo

    PS-GRADUAO LATO SENSUPS-GRADUAO LATO SENSUINSTITUTO A VEZ DO MESTREAGRADECIMENTOSRESUMOSUMRIOINTRODUO1. A CONSTITUIO E A REFORMA TRIBUTRIA1.1. EVOLUO HISTRICA DA CONSTITUIO E DO SISTEMA TRIBUTRIOCONCLUSO

    ANEXOSPRINCIPAIS DISTORES DOS TRIBUTOS FEDERAISDISTORES NO ICMSPRINCIPAIS PROBLEMAS RELACIONADOS AO ISSOUTRAS DISTORES INVESTIMENTOSCONSEQNCIAS DAS DISTORES NOS TRIBUTOS SOBRE BENS E SERVIOSPRINCIPAIS OBJETIVOS DA REFORMA TRIBUTRIA E UMA PROPOSTA PARA DEBATEPROPOSTA DE REFORMA PARA DEBATE

    PRINCIPAIS CARACTERSTICAS DOS NOVOS IVADIFERENA DE AMBIENTE E OPORTUNIDADES EM RELAO S REFORMAS ANTERIORESTRANSIO

    ALGUMAS QUESTES RELEVANTES QUANTO INTEGRAO DO ISS NA BASE DE UM IVA-EAGENDA PARA O FUTURO: A QUESTO FEDERATIVA

    SISTEMA ATUALSISTEMA DESEJVELCONCLUSO

    BIBLIOGRAFIANDICEFOLHA DE ROSTO ...............................................................................2AGRADECIMENTO................................................................................3FOLHA DE AVALIAOATIVIDADES CULTURAIS

    Raphael Pedrosa Batista Bordo