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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA EXPANSÃO
URBANA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Por: Danieli Reis Saraiva
Orientador (a)
Profª. Aleksandra Sliwowska Bartsch
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA EXPANSÃO
URBANA NO MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
Apresentação de monografia à Universidade Candido
Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Engenharia de Produção.
Por: Danieli Reis Saraiva
3
AGRADECIMENTOS
A Deus, o que seria de mim sem a fé que
eu tenho nele.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho primeiramente a
Deus, pois sem Ele, nada seria possível e
não estaríamos aqui reunidos, desfrutando,
juntos, destes momentos que nos são tão
importantes.
A minha mãe pela compreensão, em todos
os momentos desta e de outras
caminhadas.
5
RESUMO
Dinamismo econômico e social são os principais fatores que conduzem a
expansão dos sítios urbanos. Este trabalho visou constatar os problemas causados ao
meio ambiente, decorrentes da expansão urbana sem planejamento adequado,
constatando que a especulação imobiliária promove uma valorização de áreas
naturais, desde que estas atendam as necessidades humanas de ocupação.
Compreender os aspectos da evolução e o dinamismo inerente da sociedade
humana é de fundamental importância para um futuro planejamento desta sociedade,
hoje abrigada em sua maior parte nas áreas urbanas; avaliar os erros e analisá-los se
torna imprescindível para uma futura e bem sucedida ocupação do espaço geográfico.
O presente estudo geoambiental realizado no município do Rio de Janeiro/RJ
busca um conceito de ambiente urbano que possibilite identificar a natureza dos
impactos ambientais urbanos, e a extensão territorial destes impactos; Adoção de
medidas específicas que possibilitem estratégias que viabilizem a ocupação ordenada
e a urbanização racional da área abrangida neste trabalho, assegurando o
desenvolvimento sustentável. Definindo o tipo de ferramenta adequada para um
monitoramento e sugerindo uma fiscalização efetiva e um Zoneamento geoambiental.
PALAVRAS-CHAVE: Impacto Ambiental; Zoneamento Geoambiental; Gestão
Territorial; Urbanização.
6
METODOLOGIA
A metodologia utilizada para a elaboração desta monografia foi através de
pesquisas bibliográficas pertinente ao tema, consulta em sites de internet, livros,
artigos e revistas especializadas.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I – Dados da Cidade e do Rio de Janeiro 14
CAPÍTULO II – Impacto Ambiental X Expansão Urbana 19
CAPÍTULO III – Zoneamento Ambiental 33
CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS 40
ÍNDICE 42
FOLHA DE AVALIAÇÃO 45
8
INTRODUÇÃO
A preocupação da sociedade com a escassez de recursos naturais tem sido
sucessivamente reiterada e superada ao longo da história, pela descoberta das
Américas, pela abertura de novos caminhos para as Índias, e pelo desenvolvimento
tecnológico que propiciou ganhos de produtividade agro-pastoril e do trabalho
humano. (Bezerraastoril e do trabalho humano. (Bezerra, 1996, 9).
Buscando atender suas necessidades, o homem vem provocando significativas
alterações ao meio ambiente. As grandes concentrações populacionais são
responsáveis pelo acentuado processo de degradação dos recursos naturais,
principalmente dos recursos hídricos e do espaço urbano.
Recentemente, a preocupação com a escassez de recursos naturais valorizou
a proteção desses recursos dando nova dimensão à questão ambiental. Essa
perspectiva ganhou destaque mundial com a proclamação, pelas Nações Unidas, do
Ano do Meio Ambiente, o ano de 1970, e com a convocação, também pelas Nações
Unidas, das conferências mundiais sobre meio ambiente.
No início dos anos 70 havia duas posições polarizadoras da problemática
ambiental. Uma expressa em "Os limites do crescimento", do Clube de Roma, que
propunha a paralisação imediata do crescimento econômico e populacional. Outra,
expressa na declaração da Conferência de Estocolmo, realizada em 1972, que
propunha a correção dos danos ambientais causados pelo desenvolvimento
econômico e a estabilização, em médio prazo, da população mundial. (Viola, 1991, 5-
6)
Decorridos quase 20 anos, no fim dos anos 80, havia três posições
polarizadoras da problemática ambiental. Uma, do Erth First propunha drástica
redução populacional e desocupação humana de vários ecossistemas. Outra, por
exemplo, do Partido Verde Alemão, que propunha nova ética ecológica e não
crescimento do produto mundial bruto, através da redistribuição do poder e da
realocação de recursos produtivos. Uma terceira, majoritária, expressa no relatório
"Nosso Futuro relatório "Nosso Futuro Comum" (1988) da Comissão Bruntland,
propunha a sustentabilidade ambiental e social, o planejamento familiar, e o repasse
de recursos de sistemas produtivos predatórios para sistemas produtivos sustentáveis.
9
Essas abordagens da problemática ambiental têm enfoques diferentes, ora a
paralisação do crescimento populacional, ora a paralisação do crescimento
econômico, ora a correção de danos ambientais, ora a desocupação humana de
alguns ecossistemas, ora a redistribuição de poder e de recursos produtivos, ora a
sustentabilidade ambiental e social. Mas, estas abordagens têm em comum o mesmo
conceito de ambiente, ou seja, as relações dos homens com a natureza para
preservação dos recursos naturais.
A abordagem majoritária, da Comissão Bruntland (1988), reconhece o vínculo
entre ambiente, ações, ambições e necessidades humanas. Este vínculo torna o
ambiente inseparável do desenvolvimento e em especial do desenvolvimento
sustentável. Este por sua vez é entendido como o desenvolvimento que garante o
atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das
gerações futuras atenderem também às suas necessidades.
Assim, delimitado e contextualizado o conceito de ambiente como relações dos
homens com a natureza, para preservação dos recursos naturais em processos de
desenvolvimento sustentável, podemos entender o ambiente urbano como relações
dos homens com o espaço construído e a natureza na aglomeração de população e
de atividades humanas. O espaço construído é o resultado da profunda transformação
do ambiente para adequá-lo às necessidades da aglomeração, e para transformá-lo
em habitat da população e das atividades humanas aglomeradas. Falta-nos,
entretanto, definir a natureza das relações constitutivas do ambiente.
Para os biólogos, o ambiente que inclui organismos em interação com o meio
físico é o ecossistema, um "... sistema resultante da integração de todos os fatores
vivos e não vivos do ambiente" (Tasley, citado por Branco e Rocha, 1987, 20), ou seja,
"... qualquer unidade que inclua todos os organismos (a 'comunidade') de uma
determinada área interagindo com o meio físico de forma tal a originar um fluxo de
energia definindo claramente uma estrutura trófica, uma diversidade biológica e um
ciclo de matérias (intercâmbio de matéria entre partes vivas e não vivas)..." (Odum,
citado por Branco e Rocha, 1987, 20). Estes autores definem os elementos
componentes do ecossistema - os elementos vivos (organismos) e não vivos (meio
físico) em interações; definem a natureza destas interações - fluxos de energia e
informações entre organismos e meio físico; e definem a finalidade destas nem a
finalidade destas interações - a nutrição e a biodiversidade.
Entretanto nos ecossistemas que abrangem aglomerações de população e
atividades humanas a energia e as matérias necessárias a seu desenvolvimento
provem predominantemente do seu exterior. Isto possibilita o desenvolvimento destes
10
ecossistemas tendo por limite apenas a disponibilidade de recursos naturais não
importáveis. Vem dai o interesse, nos ecossistemas urbanos, pela preservação do ar,
da água, do solo, e do silêncio cujo esgotamento pode impor limites a seu
desenvolvimento. As relações dos homens de apropriação e uso destes elementos da
natureza são relações constitutivas do ambiente urbano, sem prejuízo de outras
relações dos homens com os demais recursos naturais, inclusive com os seres vivos
que convivem com o homem neste ecossistema.
Para os paisagistas o ambiente e paisagem são conceitos distintos e
entrelaçados. Segundo Magnoli (1986, 60), o ambiente é o resultado das interações
entre a sociedade humana e a base física e biológica que a envolve, para sua
sobrevivência biológica e espiritual, e a paisagem são conformações e configurações
do ambiente. Segundo Macedo (1994,54) a paisagem é a expressão morfológica e
temporal de um determinado objeto. Este objeto é a cada momento, o resultado da
ação dos homens, dos movimentos geológicos e do movimento das águas, nos
diversos pontos do planeta. Segundo Pellegrino (1989, 72) "a interação entre indivíduo
e seu ambiente... estabelece um contato de duplo sentido... entre o sujeito
interpretante e o signo objeto da interpretação... caracterizando um processo de
percepção ambiental....”
Esses conceitos de paisagem se completam, e possibilitam identificar as
relações constitutivas do ambiente urbano: a paisagem como relações entre indivíduos
e objetos de percepção visual - as relações homens natureza que caracterizam o
ambiente; os objetos da percepção visual como expressão morfológica do ambiente,
como conformações e configurações do ambiente,
A noção de ambiente também é usual para os urbanistas. Na tradição da
ecologia humana, McKenzie se refere a forças seletivas, distributivas e acomodativas
do meio ambiente (citado por Gottdiener, 1993, 36). (Park se ref. 36). Park se refere
“... as disposições espaciais dos assentamentos urbanos representam a acomodação
da organização social a seu meio ambiente físico” (citado por Gottdiener, 1993, 36).
Mas, não há qualquer pista do que Park e McKenzie entendem por meio ambiente ou
por meio físico.
Na tradição marxista-estruturalista, Castells (1983, 229) se refere à
problemática ambiental como relações de indivíduos com o meio ambiente, com as
condições de existência quotidiana, e com as possibilidades oferecidas por um modo
específico de organização do consumo. Castells ainda (op.cit. 229), desvendando os
temas que se entrecruzam na problemática ambiental, define o ambiente urbano como
a dimensão biológica da reprodução ampliada da força de trabalho. Lojkine (1981,21),
11
outro expoente do estruturalismo, polemizando com Castells, reage à definição do
urbano como lugar da reprodução ampliada da força de trabalho. Ele não nega o papel
da cidade como unidade de reprodução da força de trabalho, mas entende as formas
da urbanização como formas de divisão social e territorial do trabalho, inseridas no
centro da contradição entre a reprodução do trabalho e as leis da acumulação do
capital. Entretanto, falta em Castells explicar as relações constitutivas da dimensão
biológica da reprodução ampliada da força de trabalho acima mencionada. Falta
também em Lojkine qualquer consideração sobre o ambiente urbano e suas relações
constitutivas.
Outros estudiosos da questão ambiental urbana reagem tanto às colocações
da ecologia urbana, como às colocações do marxismo-estruturalista. Pacheco (1992,
47-49) resume com muita felicidade esse questionamento e propõe uma nova
perspectiva: trazer de volta, os sujeitos das determinações estruturais, e com eles
novas problemáticas, como modos de vida, trajetórias sociais, comportamentos,
conflitos de interesses, escolhas, etc. Isso significa passar da percepção de
catástrofes e riscos eventuais à consciência dos problemas quotidianos para tratar os
problemas ambientais não apenas como desastres possíveis, mas, sobretudo, pelo
critério da conflitualidade entre os atores. Entretanto falta a Pacheco qualquer
consideração sobre natureza das relações constitutivas do ambiente
O dissenso entre essas correntes do pensamento urbanístico sobre o meio
urbano, e a falta de conceitos sobre a natureza das relações constitutivas do ambiente
urbano, nos remete a busca da especificidade do meio urbano como instrumento para
definição de um conceito de ambiente urbano. Entendemos como característicos do
meio urbano, a aglomeração de população e de atividades humanas, o espaço
construído, e a natureza profunda modificada pela aglomeração. Assim na perspectiva
urbanística que trata da apropriação e da fruição do espaço urbanizado e construído
organizada pelo processo social, o ambiente é o conjunto de relações dos homens
com o espaço construído e com os remanescentes da natureza que convivem com os
homens no espaço urbanizado e construído.
Assim, com a contribuição dos biólogos, dos paisagistas e dos urbanistas, é
possível conceituar o ambiente urbano como relações dos homens com o espaço
construído e com a natureza, em aglomerações de população e atividades humanas,
constituídas por fluxos de energia e de informação para nutrição e biodiversidade; pela
percepção visual e atribuição de significado às conformações e configurações da
aglomeração; e pela apropriação e fruição (utilização e ocupação) do espaço
construído e dos recursos naturais.
12
Este conceito de ambiente possibilita abordar qualquer localização do espaço
urbanizado e construído como lugar de intercâmbio de energia das atividades
humanas com a natureza para satisfação das necessidades biológicas dos
organismos, como lugar susceptível de percepção visual e atribuição de significado, e
como lugar de interações das atividades humanas com o espaço construído e com os
recursos naturais.
Essas relações compõem uma rede especializada de relações constituintes do
meio ambiente. A intensidade dessas relações, que diminui com a distância, que
diminui com a distância (física) entre os elementos inter-relacionados, define um
gradiente espacial da influência da atividade considerada. Esse gradiente, até o limite
dos impactos ambientais significativos, dá concretude às expressões vizinhança, e
área de influência.
Este conceito de ambiente possibilita ainda um melhor conceito de impacto
ambiental. O conceito oficial de impacto ambiental, segundo a Resolução CONAMA
1/86, é "... qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente..." Mas, esse conceito é muito amplo: pode abranger desde uma simples
brisa até a explosão de uma bomba atômica, pois ambas alteram as propriedades do
ar. É preciso graduar ou qualificar o impacto ambiental. A pista nos é dada por
Murguel Branco (1984,57) que conceitua impacto ambiental como "... uma poderosa
influência exercida sobre o meio ambiente, provocando o desequilíbrio do ecossistema
natural." O que caracteriza o impacto ambiental, não é qualquer alteração nas
propriedades do ambiente, mas as alterações que provoquem o desequilíbrio das
relações constitutivas do ambiente, tais como as alterações que excedam a
capacidade de absorção do ambiente considerado.
Assim, entendemos o ambiente urbano como relações dos homens com o
espaço construído e com a natureza, em aglomerações de população e atividades
humanas, constituídas por fluxos de energia e de informação para nutrição e
biodiversidade; pela percepção visual e atribuição de significado às conformações e
configurações da aglomeração; e pela apropriação e fruição (utilização e ocupação) do
espaço construído e dos recursos naturais.
Assim, entendemos o impacto ambiental como qualquer alteração produzida
pelos homens e suas atividades, nas relações constitutivas do ambiente, que excedam
a capacidade de absorção desse ambiente. Causando consequentemente a elevação
da taxa de crescimento populacional e rápida ocupação do solo criaram um
descompasso entre a expansão urbana e a implantação de infra-estrutura apropriada,
tornando indissociável a relação da ocupação humana com a geração de impacto
13
ambiental. O estágio atual do crescimento metropolitano tem como característica
marcante a importância assumida pela dimensão ambiental dos problemas urbanos,
especialmente os associados ao parcelamento, uso e ocupação do solo, com
relevante papel desempenhado pelos assentamentos habitacionais para população de
baixa renda. O processo de urbanização brasileiro, na segunda metade do século XX,
conduziu à formação de 12 regiões metropolitanas e 37 aglomerações urbanas não-
metropolitanas, que concentram 47% da população do país. Nas 12 áreas
metropolitanas, residem 33,6% da população brasileira (52,7 milhões de habitantes),
em extensos conglomerados que envolvem 200 municípios (IPEA/Unicamp-IE-
Nesur/IBGE, 1999). Esses complexos metropolitanos compreendem municípios com
funções complementares, gestão independentes e capacidade financeira desigual.
Estas características dificultam e condicionam o atendimento das demandas sociais e
de infra-estrutura urbana que, na maioria dos casos, surgem da relação funcional entre
municípios e dependem de soluções que extrapolam seus limites político-
administrativos, equacionando-se na escala regional. As regiões metropolitanas, por
contingência ou natureza das relações estabelecidas entre municípios que a
compõem, dependeriam de políticas integradas de desenvolvimento urbano e de
ações articuladas, que seriam próprias de uma gestão compartilhada. Pela ausência
histórica de procedimentos desse tipo, agravaram-se as inadequações no uso e
ocupação do solo com forte impacto ambiental.
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CAPITULO I
Dados da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro
1.1 - Síntese Geográfica
A cidade do Rio de Janeiro possui uma população de 6.186.710 habitantes
(IBGE/ 2009), é constituída por paisagens de excepcional beleza cênica, tem na água
e na montanha os regentes de sua geografia exuberante.
A diversidade topográfica do Rio de Janeiro se estende à cobertura vegetal. Florestas
recobrem encostas e espécies remanescentes de mata atlântica são preservadas no
Parque Nacional da Tijuca. Mata de baixada, restingas e manguezais são preservados
nas áreas de proteção ambiental de Grumari e Prainha.
Embora a cidade tenha se tornado uma das maiores áreas urbanas do mundo,
cresceu em volta de uma grande mancha verde, que responde pelo nome de Floresta
da Tijuca, a maior floresta urbana do mundo, que continua mantendo valiosos
remanescentes de seus ecossistemas originais, mesmo tendo sido replantada no
século XIX. Foi o primeiro exemplo de reflorestamento com espécies nativas. A
interferência do homem trouxe ainda mais natureza para a cidade com a construção
de parques, praças e jardins. Aos poucos os ecossistemas foram sendo protegidos
pela legislação ambiental e uma grande quantidade de parques, reservas e área de
proteção ambiental foram sendo criados para garantir sua conservação.
1.2 – Posição Geográfica
A cidade do Rio de Janeiro está situada a 22º54'23" de latitude sul e 43º10'21"
de longitude oeste, no município do mesmo nome: é a capital do Estado do Rio de
Janeiro, um dos componentes da Região Sudeste do Brasil. Ao norte, limita-se com
vários municípios do Estado do Rio de Janeiro. É banhado pelo oceano Atlântico ao
sul, pela Baía de Guanabara a leste e pela Baía de Sepetiba a oeste. Suas divisas
marítimas são mais extensas que as terrestres.
15
A Região Metropolitana do Rio de Janeiro é composta por outros 17 municípios Duque
de Caxias, Itaguaí, Mangaratiba, Nilópolis, Nova Iguaçu, São Gonçalo, Itaboraí, Magé,
Maricá, Niterói, Paracambi, Petrópolis, São João de Meriti, Japeri, Queimados, Belford
Roxo, Guapimirim - que constituem o chamado Grande Rio, com uma área de
5.384km.
1.3 – Relevo
O relevo carioca está filiado ao sistema da serra do Mar, recoberto pela floresta
da Mata Atlântica. É caracterizado por contrastes marcantes, montanhas e mar,
florestas e praias, paredões rochosos subindo abruptamente de baixadas extensas,
formando um quadro paisagístico de rara beleza que tornou o Rio mundialmente
conhecido como a Cidade Maravilhosa. O Rio de Janeiro apresenta três importantes
grupos montanhosos, mais alguns conjuntos de serras menores e morros isolados em
meio a planícies circundadas por esses maciços principais.
FIGURA 1: Mapa Político e Rodoviário Fonte: Submarino (03/2010)
16
1.4 – Dimensões
A área do município do Rio de Janeiro é de 1.255,3 Km², incluindo as ilhas e as
águas continentais. Mede de leste a oeste 70 km e de norte a sul 44 km. O município
está dividido em 32 Regiões Administrativas com 159 bairros.
FIGURA 2: Mapa dos Bairros do Município do Rio de Janeiro Fonte: maismoreno.net/.../2009/04/mapa_bairros_rio.jpg
1.5 – Rios
O maior rio genuinamente carioca é o Cabuçu ou Piraquê que deságua na Baía
de Sepetiba após um percurso de 22 km. Os mais conhecidos são: Carioca, primeiro a
ser utilizado no abastecimento da população, rio histórico, hoje quase totalmente
canalizado e a Cachoeira, por ser o formador das mais belas cascatas da Floresta da
Tijuca, como a Cascatinha Taunay e o Salto Gabriela. O rio Guandu, originário de
município vizinho, é o curso d'água de maior importância e, abastece de água potável
a cidade.
17
1.6 – Lagoas
São poucas, pequenas e costeiras. A maior delas, a de Jacarepaguá, tem
cerca de 11km² de área, conhecida também por Camorim e Tijuca. A de Marapendi
tem 3.765m² de superfície e está separada da anterior pela restinga de Jacarepaguá e
do oceano pela restinga de Itapeba. Além dessa, encontra-se na Baixada de
Jacarepaguá a Lagoinha, com cerca 172m². A Lagoa Rodrigo de Freitas, antiga de
Sacopenapã, uma das paisagens mais bonitas do Rio, é constituída por um espelho
d'água com aproximadamente 2,4 milhões de metros quadrados na forma de um
coração, que se tornou famoso e conhecido como o "Coração do Rio". Suas margens,
cercadas por parques, quadras de esportes, quiosques para alimentação, pistas para
caminhadas e para passeios de bicicleta, são um dos principais pontos de atração da
cidade.
1.7 – Litoral
Com extensão calculada em 246,22km divide-se em três setores: Baía de
Guanabara, Oceano Atlântico propriamente dito e Baía de Sepetiba.
O primeiro dos citados é o maior, o mais recortado e o de mais antiga
ocupação. Vai da foz do Rio São João de Meriti até o Pão de Açúcar. É baixo, tendo
sido muito alterado pelos aterros aí realizados. Numerosas ilhas enfeitam essa seção
do litoral carioca. Outros acidentes importantes nele encontrados são: as Pontas do
Caju e Calabouço, ambas aumentadas por aterros. Algumas praias importantes
encontram-se nesse trecho: Ramos, Flamengo, Botafogo e Urca.
O segundo setor vai do Pão de Açúcar até a Barra de Guaratiba, a costa é alta quando
as ramificações dos Maciços da Tijuca e da pedra Branca se aproximam do litoral; é
baixa quando elas se afastam. Torna-se retilínea nas regiões planas, onde aparecem
belas praias de restingas, e recortada junto às regiões montanhosas.
Do Leblon para leste a faixa litorânea é mais densamente ocupada pela
população urbana; para oeste é mais explorada para turismo e lazer; contudo a
ocupação humana dessa área vem ultimamente sofrendo acréscimo. As atrações
turísticas propiciaram a concentração de hotéis de alta categoria nesse trecho.
Destacam-se no litoral oceânico duas praias: a primeira por sua extensão, 18 km ao
longo da Avenida Sernambetiba, desde o píer da Barra da Tijuca até o Recreio dos
Bandeirantes e Copacabana (4,15 Km). O terceiro setor vai da Barra de Guaratiba até
a foz do Rio Guandu. É pouco recortado e apresenta um único acidente importante - a
Restinga de Marambaia. Nele se destacam três praias: Sepetiba, Pedra de Guaratiba
18
e Barra de Guaratiba. A ocupação humana desse trecho é menos densa, não só por
causa da distância que o separa do centro da cidade, como também porque apresenta
grandes áreas pantanosas, cobertas de manguezais. É zona de colônias de pesca.
1.8 – Ilhas
Dos 1.255,3 Km² do Município do Rio de Janeiro mais de 37 Km²
correspondem às ilhas. Destas, a maioria se encontra na Baía de Guanabara. Mas há,
também, as que ficam na costa atlântica e as da Baía de Sepetiba.
Principais Ilhas da Baía de Guanabara: Laje; Villegaignon; Cobras; Fiscal;
Enxadas; Governador (é a maior ilha, com cerca de 30 Km² de área); Paquetá; Cidade
Universitária (conhecida como Ilha do Fundão).
Principais Ilhas do Litoral Atlântico: Cotunduba - em frente à Praia de
Copacabana, perto da barra da Baía de Guanabara; Arquipélago das Cagarras - em
frente à Ipanema; Rasa - com um importante farol; Arquipélago da Redonda - fora da
barra, à esquerda; Arquipélago das Tijucas - em frente à Barra da Tijuca; Palmas e
Peças - entre o Pontal Tim Maia (antigo Sernambetiba) e a Praia Funda; Frade - junto
à Barra de Guaratiba Principais Ilhas da Baía de Sepetiba: Bom Jardim; Nova;
Cavado; Guaraquessaba; Tatu; Pescaria (unida ao continente por ponte).
1.9 – Clima
É do tipo tropical, quente e úmido, com variações locais, devido às diferenças
de altitude, vegetação e proximidade do oceano; a temperatura média anual é de 22º
centígrados, com médias diárias elevadas no verão (de 30º a 32º); as chuvas variam
de 1.200 a 1.800 mm anuais. Nos quatro meses do chamado alto verão - de dezembro
a março - os dias muito quentes são sempre seguidos de tardes luminosas, quando
em geral caem chuvas fortes e rápidas, trazendo noites frescas e estreladas.
19
CAPÍTULO II
Impacto Ambiental X Expansão Urbana
2.1 – Impactos Ambientais no Município do Rio de Janeiro - RJ
O município do Rio de Janeiro possui cerca de 6.186.710 habitantes (Censo
IBGE, 2009). Seu crescimento tem ocorrido de forma acelerada, desrespeitando leis e
condições do meio físico, o que provoca o surgimento e agravamento de inúmeros
impactos ambientais, comprometendo diretamente a qualidade de vida da população.
FIGURA 3: Mapa Social da Favela da Rocinha /RJ. Fonte: www.blogdacomunicacao.com.br/.../07/rocinha.jpg
20
Em função disso, o município tem apresentado sérios problemas de ordem
socioambiental, dentre os quais, citamos: a emissão de esgotos “in natura” nos cursos
d’água, que correm a céu aberto por áreas densamente habitadas; os processos
erosivos na área urbana; a disposição final inadequada dos resíduos sólidos urbanos;
o assoreamento dos rios, sobretudo dos mananciais e a ocupação irregular dos fundos
de vale.
Uma pesquisa divulgada deu a dimensão real de um dos problemas sociais
mais graves do Brasil: as favelas. O levantamento foi feito pelo governo do Rio de
Janeiro na Favela da Rocinha, zona sul da capital fluminense. São 100.818 moradores
e mais de 38 mil casas, se é que podem ser classificadas assim. Os dados foram
recolhidos entre dezembro de 2008 e junho deste ano.
O mais impressionante é que o censo do IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), realizado em 2000, apontava que a Rocinha tinha apenas 56
mil moradores. De lá, pra cá, como são observado, o número de habitantes
praticamente dobrou.
FIGURA 4: Os cem mil habitantes da Rocinha Fonte: http://noticias.r7.com/saude/noticias/favela-da-rocinha
O censo do governo do Rio mostrou ainda que são aproximadamente 6.500
empresas na favela carioca, sendo que 91% não estão legalizadas. Isto quer dizer que
não existem no papel e, por isso, não pagam impostos. E como em toda favela
21
brasileira, o acesso é difícil. Segundo a pesquisa, 34,2% das entradas na Rocinha são
feitos por becos, 33,5% por escadas e 15,7% por ruas de pedestres. Os carros só
conseguem passagem por 7,5% das ruas.
Com o levantamento, o governo pretende direcionar cerca de R$ 25 milhões
em investimentos para programas sociais na favela.
2.1.1 Rocinha estará totalmente cercada por muro
Já foram remanejadas as 19 primeiras famílias das 70 desapropriadas da
Rocinha para a construção do muro divisório entre a comunidade e a floresta. A
barreira ecológica, como passou a ser chamada. Algumas alterações foram feitas no
projeto original fruto de negociações com a comunidade.
"Foi difícil, mas a gente conseguiu. Ouvimos a comunidade e
conseguimos chegar a um denominador comum. O diálogo com
a comunidade foi fundamental para elaboração do projeto para o
parque ecológico que vai funcionar na área preservada" -
explicou Icaro Mereno Júnior - presidente da Empresa de Obras
Públicas RJ.
FIGURA 5: Foto da Barreira Ecológica Fonte: www.sidneyrezende.com/noticia/44479
22
A barreira e o parque ecológicos coincidem com as obras do PAC na
Comunidade. O Parque junto à Mata Atlântica, ocupará uma área de 8.000 m² e 700
metros de extensão. Com 3.900 metros de extensão, o traçado dos ecolimites
possibilitará a contenção do crescimento horizontal da Rocinha, preservando a floresta
adjacente.
2.1.2 Favela da Rocinha, 1977
FIGURA 6: Foto da Favela da Rocinha, 1977 Fonte: www.rioquepassou.com.br/2006/07/20/favela-da-rocinha-1977/
Vemos a ocupação da favela da Rocinha na segunda metade dos anos 70, é
impressionante observar que apesar de ela ocupar pelo menos em direção aos Dois
Irmãos uma área muito parecida com a de hoje, a densidade populacional era muito
menor e o verde predominava na favela.
Hoje não há praticamente nenhuma árvore na área ocupada pela favela, mas
sim uma massa disforme de alvenaria, que cada vez mais se empilha e mesmo assim
continua tendo surtos de invasões para dentro da mata da Floresta da Tijuca.
A grande diferença entre a Rocinha dos anos 70 e a atual está,
fundamentalmente, em dois fatores: Ela se expandiu e continua a todo o vapor para o
23
lado da Gávea (mais um ângulo repulsivo para a nossa visão) e se verticalizou,
existem edifícios de 07 andares.
Conjunção de fatores: a falta de atenção do governo pra com moradia da
população e a própria população que viu na favela um meio barato de se morar.
Barato porque tudo é ilegal, o terreno, os gatos de luz, de água e de TV a cabo.
O Rio se tornou uma grande favela pontilhada por bairros, mas
o que falta no Rio de Janeiro é um governo de verdade, que ame
a cidade e queira devolver a nossa belíssima cidade. Sou a favor
da remoção, mas acima de tudo, sou a favor de que se dê
melhores condições de vida para essas pessoas e para toda a
população. Pois se todos tivessem condições, favelas não
existiriam.
2.2 - A "Insustentabilidade" do padrão de Urbanização Metropolitano
O padrão de urbanização imprimiu às metrópoles apesar das especificidades
regionais ao menos duas fortes características associadas ao modo predominante de
fazer "cidade": apresentam componentes de "insustentabilidade" associados aos
processos de expansão da área urbana e de transformação e modernização dos
espaços intra-urbanos; e proporcionam baixa qualidade de vida urbana a parcelas
significativas da população. Em apenas quatro décadas entre 1950 e 1990 formaram-
se 13 cidades com mais de um milhão de habitantes e em todas elas a expansão da
área urbana assumiu características semelhantes, isto é, não resultou de
determinações ou projetos articulados visando à extensão da cidade, mas, ao
contrário, prevaleceram à difusão do padrão periférico, condutor da urbanização do
território metropolitano, perpetuando, assim, o loteamento ilegal, a casa
autoconstruída e os distantes conjuntos habitacionais populares de produção pública,
como seus principais propulsores. A significativa concentração da pobreza nas
metrópoles brasileiras tem como expressão um espaço dual: de um lado, a cidade
formal, que concentra os investimentos públicos e, de outro, o seu contraponto
absoluto, a cidade informal relegada dos benefícios equivalentes e que cresce
exponencialmente na ilegalidade urbana que a constitui, exacerbando as diferenças
socioambientais. A precariedade e a ilegalidade são seus componentes genéticos e
contribuem para a formação de espaços urbanos sem atributos de urbanidade. O
avanço da urbanização, sua escala e velocidade não constituem problema em si, não
fosse o modo como ocorreu. Deve-se estar atento para esse processo, pois a
24
sustentabilidade do aglomerado urbano/metropolitano, em sua componente físico-
urbanística, relaciona-se com as seguintes variáveis: a forma de ocupar o território; a
disponibilidade de insumos para seu funcionamento (disponibilidade de água); a
descarga de resíduos (destino e tratamento de esgoto e lixo); o grau de mobilidade da
população no espaço urbano (qualidade do transporte público de massa); a oferta e o
atendimento às necessidades da população por moradia, equipamentos sociais e
serviços; e a qualidade dos espaços públicos. Dessa forma, as políticas que
sustentam o parcelamento, uso e ocupação do solo e as práticas urbanísticas que
viabilizam estas ações têm papel efetivo na meta de conduzir as cidades no percurso
do desenvolvimento sustentado. O termo genérico "cidade" tornou-se pouco preciso
para expressar o sentido do que se produziu socialmente como espaço urbano ou
expansão de "cidade" a partir dos anos 40. Desde então, procura-se adjetivar o termo
para designar a resultante espacial do processo que deu forma às periferias
metropolitanas. A expressão Cidade Clandestina ou Cidade Irregular define a forma
abusiva do crescimento urbano sem controle, próprio da cidade industrial
metropolitana, compreendendo os bairros relegados pela ação pública, a cidade dos
pobres e dos excluídos, a cidade sem infra-estrutura e serviços suficientes, a cidade
ilegal, ainda que legítima. A dualidade verificada nos processos socioespaciais de
construção da metrópole contemporânea manifesta-se no reconhecimento de uma
cidade "formal" assumida pelo poder público, onde se concentram os investimentos
urbanos de todo tipo, e de outra construída à sua margem, que tem no conceito cidade
informal a expressão mais abrangente para designá-la, pois associa o fenômeno da
expansão urbana ilegal ao da exclusão social. Nele está implícito o pressuposto de
que o acesso à cidade se dá de modo diferenciado e que é sempre socialmente
determinado, compreendendo o conjunto das formas assumidas pelos assentamentos
ilegais: loteamentos clandestino-irregulares; favelas; e cortiços. A "cidade informal" é
uma realidade de longa data nas cidades brasileiras, especialmente nas metrópoles
que tiveram seu crescimento acelerado, a partir dos anos 40 e 50, associado ao
processo de industrialização brasileira, como São Paulo e Rio de Janeiro. Entretanto,
metrópoles com crescimento mais recente como Belém, Brasília, Natal e Campinas
apresentam padrão semelhante. A reprodução e a permanência desse padrão de
urbanização apontam para a incapacidade recorrente do Estado em controlar e
fiscalizar o uso e a ocupação do solo e atuar como controlador, financiador ou
provedor de moradia para as populações com menos recursos.
A evolução desse processo resultou no agravamento de práticas ambientais
predatórias, gerando erosões do solo, enchentes, desabamentos, desmatamentos e
poluição dos mananciais de abastecimento e do ar, que afetam o conjunto urbano e
25
em especial as áreas ocupadas pela população de baixa renda, com perdas e
deseconomias significativas para o funcionamento adequado do conjunto
metropolitano. A força do padrão periférico de urbanização evidenciou: a negligência
do Estado, em suas diferentes instâncias, com a construção das cidades e a
formulação de uma política de desenvolvimento urbano; a ilegalidade como fator
estrutural na dinâmica de expansão urbana das metrópoles brasileiras; o lote urbano
precário, a casa na favela e o aluguel de um quarto em cortiços como as alternativas
predominantes para resolver o problema de moradia dos pobres nas metrópoles; a
ausência de uma política habitacional metropolitana; a insuficiente produção pública
de moradias sociais em face da demanda; e o descaso absoluto da sociedade e do
poder público com os problemas socioambientais decorrentes.
2.3 – Expansão Urbana e a Problemática Ambiental
O espaço geográfico vem sofrendo intensos estágios exploratórios, uma
dinâmica que surge com as primeiras ocupações, até o aprimoramento das grandes
áreas urbanas, hoje presentes em todo o mundo. Resultado direto da ampliação da
ocupação do espaço, a exploração dos recursos naturais, se inicia com as atividades
sociais agrícolas e se desenvolve temporalmente até o surgimento da cidade.
Para Santos (2002, p.201): “A natureza sempre foi o celeiro do
homem, ainda quando este se encontrava na sua fase pré-
social. Mas para que o animal homem se torne social, é
indispensável que ele também se torne o centro da natureza”.
Pode-se entender que, os processos que modelam à organização das cidades,
em destaque, a divisão do trabalho, as diferenciam diante do conteúdo de cada um
delas e sua evolução temporal. (SANTOS e SILVEIRA, 2002p. 209). Neste mesmo
seguimento, compreende-se que a ocupação urbana do espaço criará também
diferentes alterações do ambiente natural, por conseqüência, existirão inúmeros
estágios exploratórios do espaço. Cada um destes estágios exploratórios, que também
caracterizam a organização social humana, contextualiza-se dentro de uma evolução
histórica. Desta forma, entende-se que, “O território, visto como unidade e diversidade
é uma questão central da história humana e de cada país e constitui o pano de fundo
do estudo das suas diversas etapas e do momento atual” (SANTOS e SILVEIRA,
2002, p.20).
26
Entretanto a ocupação urbana desordenada sempre foi notória nesta evolução.
O avanço da fronteira urbana se estende por áreas, muitas vezes impróprias como
fundos de vales e áreas de nascentes - acelerando e intensificando desta forma a
degradação do ambiente natural preexistente.
Para Almeida (1993, p.36), “a ocupação do espaço urbano é
revelado pelo valor da terra, principal componente avaliador e
determinante da sua apropriação”.
É possível avaliar esta situação em qualquer cidade do mundo. Isto é um
reflexo direto também da evolução econômica da sociedade, sendo que “Esse
descompasso apresenta-se sob a forma de problemas ambientais, quando, de fato
resulta da forma como a sociedade se organiza sob o industrialismo, compreendido
em dimensões econômica, cultural e ideológica [...]” (CARLOS e (LEMOS, 2003,
p.296).
Além da expropriação do uso do espaço em favor dos interesses econômicos,
a degradação ambiental é o reflexo direto deste processo, existindo ainda, uma
desvalorização da paisagem natural, e uma valorização de paisagens artificiais, que
surgem com o objetivo de intensificar a especulação imobiliária.
Para Ab' Saber (2003, p.10): “Mais do que simples espaços
territoriais, os povos herdaram paisagens e ecologias, pelas
quais certamente são responsáveis. Desde os mais altos
escalões do governo e da administração até o mais simples
cidadão, todos têm uma parcela de responsabilidade
permanente, no sentido da utilização não predatória dessa
herança única que é a paisagem terrestre. Para tanto, há que
conhecer melhor as limitações de uso específicas de cada tipo
de espaço e de paisagem. Há que procurar obter indicações
mais racionais, para preservação do equilíbrio fisiográfico e
ecológico”.
27
Segundo Carvalho (2001, p.27), “inúmeros problemas
ambientais são causados quando se ocupa áreas de
preservação, e isto ocorre devido à desvalorização da área,
sendo que muitas vezes estas ocupações são ilegais”.
Não obstante, em contrapartida, existe um desestimulo por parte da
administração, manutenção e preservação do espaço. Entretanto, a preservação e a
utilização do espaço, mediante planos coerentes e coletivos - no sentido de que a
administração do espaço deve englobar todas as camadas sociais - devem ser
promovidas pela administração pública, e esta, facilitar e incentivar a participação da
sociedade organizada, que deve exercer um papel de maior representatividade, e até
mesmo de maior interesse, para a melhor utilização possível do espaço, e não sua
exploração desmedida como vem acontecendo.
Para Santos (1998, p.131): “Enquanto isso, o discurso novo do
planejamento, novo, mas só em aparência, porque carente de
um conteúdo realmente novo, vale-se de acentos retóricos,
como, por exemplo, a fastidiosa alusão à participação, coisa que,
por falta de definição, não se pode reconhecer, e por falta de
uma vontade política, não pode ser definida ou implementada”.
A utilização do espaço conduzida por uma diretriz econômica, assim como tem
acontecido, gera além de danos ambientais, uma segregação social, favorecendo as
parcelas de maior poder econômico - e político - de utilizar as melhores áreas do
espaço geográfico, e condenando parcelas sociais menos favorecidas
economicamente a se utilizar, muitas vezes, de áreas impróprias para ocupação
humana; promovendo também uma contradição política e administrativa, pois estas
áreas impróprias, para se tornarem apropriadas à ocupação, de forma a não causar
sérios danos ambientais, são as que carecem de maiores recursos econômicos. “São
as camadas mais humildes que sofrem mais diretamente as conseqüências negativas
das aglomerações urbanas”. (RIBEIRO, 2003, p. 1827).
Esta é, portanto, uma preocupação crescente dentro do planejamento urbano
adequado. “A história do Planejamento Territorial nada mais é do que a das mudanças
28
do homem com relação ao seu abrigo, aos seus meios de vida e ao tempo por ele
empregado em recreio e repouso”. (BIRKHOLZ, et al 1983, p.5).
A alteração da paisagem natural, devido às mudanças na organização do
trabalho e os ciclos históricos que conduzem à economia, promoveram a destruição do
conjunto fisiográfico de forma muito acelerada, gerando inúmeros impactos
ambientais; visto que, estes impactos já foram constatados em muitos estudos
anteriores, até mesmo na área observada, que já sofria um intenso estágio
exploratório nos anos 40 do século XX, com o objetivo de se ampliar às fronteiras
agrícolas, agravando posteriormente os problemas ambientais causados por este
desflorestamento (MAACK, 1981, p.278).
2.4 - Fundamentos da Política Municipal do Meio Ambiente
Na abordagem dos fundamentos da Política Municipal do Meio Ambiente é
preciso considerar que os problemas ambientais podem ser analisados em diversas
escalas de trabalho, mas que sua resolução, de forma condizente com as
necessidades da população local, passa necessariamente pela escala do município,
no qual os problemas ambientais são mais evidentes e graves.
É nesta escala que os problemas podem ser sanados, pela possibilidade maior
de resolução, pressão e participação social, tendo em vista que “(...) o município é o
espaço territorial e a esfera de governo mais próxima do cidadão”.
De acordo com AMARAL (1995 p.97) “estabelecer uma Política
Municipal do Meio Ambiente significa gerenciar conflitos e
negociar prioridades sociais, uma vez que vivemos em
sociedade com profundas diferenças sociais, as quais suscitam
interesses individuais que na maioria das vezes não condizem
com os interesses coletivos da população”.
Nesse sentido, consideramos de suma importância o estabelecimento de uma
Política Municipal do Meio Ambiente, a qual deve ser específica para cada município e
definida a partir da realidade local, baseando-se em ampla análise das potencialidades
dos recursos locais, a situação da administração pública e os problemas vividos pelo
29
município, as aspirações da população e, principalmente, trazendo uma visão
abrangente de como tratar o desenvolvimento por caminhos socialmente mais justos e
humanos.
A Política Municipal do Meio Ambiente tem por objetivo geral “a melhoria da
qualidade de vida dos habitantes do município, mediante proteção, conservação,
preservação, controle e recuperação do meio ambiente, considerando-o um patrimônio
público a ser defendido e garantido às presentes e futuras gerações. Para tanto, deve
fundamentar-se em princípios norteadores, os quais podem ser destacados dos textos
constitucionais e adaptados às especificidades locais, ou surgir do debate entre os
vários agentes do processo de gestão ambiental no município.
Dentre os princípios que devem direcionar os programas de ação
governamental e condicionar sua execução, apresentados pela FUNDAÇÃO
PREFEITO FARIA LIMA (1991 p.31), destaca-se os seguintes:
- “O Meio Ambiente como bem de uso comum do povo”, ou seja, todas as
pessoas têm direito a um Meio Ambiente saudável, cabendo ao Poder Público
Municipal garantir este direito;
- “A prevalência do interesse público”, no qual todas as ações desencadeadas
devem fundamentar-se na melhoria da qualidade de vida da população, e não
beneficiar algumas pessoas segundo interesses particulares;
- “O acesso à informação”, o indispensável conhecimento dos aspectos da
realidade para desenvolverem uma participação efetiva nas decisões que afetam suas
condições de vida;
- “A efetiva participação da população na defesa e preservação do meio
ambiente”, por incentivo da participação popular na definição e monitoramento de
planos de desenvolvimento e de gestão ambiental, considerando-a indispensável à
melhoria da qualidade de vida;
- “A priorização das políticas sociais”, como princípio para o desenvolvimento
do município;
- “A compatibilização entre o desenvolvimento sócio-econômico com
preservação ambiental e qualidade de vida”, estes princípios influenciam-se
mutuamente e dependem um do outro para sua concretização;
30
- “A compatibilização entre as várias políticas ambientais- nacional estadual e
municipal”, os estudos relacionados ao meio ambiente, devem ser globalizadores, ou
seja, indissociáveis nas diversas escalas;
- “A compatibilização das diversas políticas- economia, saúde, social e
educação- nos diferentes níveis de governo”, ressalta-se neste princípio a
necessidade de maior articulação destas políticas em nível de governo local com as
outras esferas de governo.
Todos estes princípios devem compor a Política Ambiental de um município de
modo a garantir a efetiva adequação do desenvolvimento municipal com o meio
ambiente, diminuindo ou evitando os problemas ambientais.
Outro fundamento da Política Ambiental deve ser a busca do estabelecimento
de parcerias, visando, sobretudo, agregar instituições e pessoas que possam interferir
positivamente nos rumos do município e na viabilização desta política ambiental.
Assim, a implantação e execução da Política Municipal do Meio Ambiente, pode
receber o apoio de diversos órgãos, dentre os quais cita-se:
v Entidades Privadas de cunho Social, Cultural ou Educativo;
v Órgãos Técnicos Estaduais, como a Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental (CETESB), a Secretaria de Meio Ambiente, o
Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), departamento ou
empresa concessionário de serviços de saneamento básico, entre
outros;
v Órgãos Técnicos Federais, como o Instituto Nacional do Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA);
v Consórcios Intermunicipais;
v Comitês de Bacias Hidrográficas;
v Universidades Estaduais e Federais, ou Entidades Públicas ou Privadas
de Pesquisa.
Vale destacar que a proteção ao Meio Ambiente só terá efeito com a ação
persistente e conjunta dos vários órgãos públicos, entidades não governamentais e a
população em geral, estabelecendo e cumprindo uma Política Municipal de Meio
Ambiente, para assim atingirmos o objetivo maior, de preservar a melhor qualidade de
vida da população.
É necessário, portanto, a participação e envolvimento da comunidade local e
regional na tomada de decisões e implementação das ações, uma vez que os
31
problemas ambientais têm amplitudes regionais e em várias outras escalas. A
participação deve promover o rompimento de várias barreiras, entre elas, interesses
particulares, falta de prioridade nas políticas públicas, conhecimento, conscientização
e democratização das informações.
Para que os fundamentos da Política Ambiental possam ser implementados é
necessário a adoção de diversos instrumentos, institucionais e legais, ou seja,
mecanismos que permitem o desenvolvimento dos princípios estabelecidos, os quais
são apresentados na seqüência.
2.5 - Instrumentos da Política Municipal do Meio Ambiente
2.5.1 Lei sobre Política Municipal de Meio Ambiente
A Lei sobre Política Municipal de Meio Ambiente, deve estruturar a ação
governamental de preservação, proteção, conservação e recuperação do Meio
Ambiente. Entre as atribuições da lei de Política Municipal de Proteção Ambiental a
FUNDAÇÃO PREFEITO FARIA LIMA (1995 p.42-43) destaca:
v Apresentar normas estabelecendo os princípios gerais de preservação
do Meio Ambiente e adequação às diretrizes gerais do Plano Diretor,
bem como aos objetivos do desenvolvimento local e regional;
v Definir os objetivos, gerais e específicos da Política de Meio Ambiente
do Município;
v Conceituar os principais termos ambientais utilizados: Meio Ambiente
degradação ambiental, poluição, recursos naturais, recursos
ambientais, patrimônio histórico, natural, cultural, Estudos de Impacto
Ambiental, Relatório de Impacto Ambiental, entre outros que o
município considerar necessários;
v Incluir a definição dos instrumentos de implementação da política
ambiental do município, o zoneamento ambiental; a avaliação de
estudos de impacto ambiental; o licenciamento e o controle das
atividades efetivas ou potencialmente promotoras de degradação
ambiental; as penalidades disciplinares ou compensatórias pelo não
cumprimento das medidas necessárias à preservação;
v Explicitar mecanismos de participação da comunidade na discussão e
execução da política ambiental; definir um sistema de informações e
32
conscientização pública sobre a matéria, bem como a promoção da
educação e da pesquisa ambiental; propor um sistema de fiscalização e
Controle, fixando as sanções administrativas;
v Considerar os órgãos que participam da implantação e execução da
política ambiental do município e respectivas competências: Conselho
Municipal de Meio Ambiente, secretarias, departamentos afins (meio
ambiente, planejamento, obras, saúde e educação);
v Prever a criação de um Fundo Municipal de Meio Ambiente capaz de
gerar recursos para a gestão das questões ambientais.
Explicitadas as atribuições da Lei de Política Municipal do Meio Ambiente,
pode-se considerar sua elaboração e execução como fatores indispensáveis para uma
melhor qualidade de vida para a população, tendo em vista que esta lei contempla a
participação popular no que se refere às tomadas de decisões, no planejamento e
desenvolvimento do município.
Cabe registrar que, de acordo com Henares (1999), em Presidente Prudente
não há uma lei específica sobre política municipal do meio ambiente. Os dispositivos
legais estão dispersos em vários leis e regulamentos.
33
CAPÍTULO III
Zoneamento Ambiental
3.1 – Zoneamento
O zoneamento deve ser a conseqüência do planejamento. Um planejamento
mal estruturado, mal fundamentado poderá ensejar um zoneamento incorreto e
inadequado. Como decorrência do planejamento, pode-se obter o instrumento de
zoneamento ambiental, que se caracteriza pela divisão do território em parcelas nas
quais se autorizam ou interditam a implantação e desenvolvimento de determinadas
atividades. Em geral, especifica os usos e restrições ao uso das diversas parcelas do
município, segundo critérios técnicos e científicos, e de acordo com as potencialidades
do ambiente. Estas zonas devem estar identificadas no Plano Diretor do município e
seguir diretrizes ou zoneamentos da legislação federal e estadual, no que for
necessário (Fundação Prefeito Faria Lima, 1999).
Salienta-se a importância da proposta de zoneamento ambiental passar por um
debate aberto e amplo, no qual todos os setores da sociedade tenham a oportunidade
de expressar seus pontos de vistas referentes ao pleno desenvolvimento das funções
sociais da cidade.
É necessária a realização do planejamento e do zoneamento ambientais,
considerando as características regionais e locais, articulando os respectivos planos,
programas e ações. Estabelecendo que as Zonas de Preservação e Proteção
Ambiental destinam-se exclusivamente à preservação e proteção de mananciais,
fundos de vales, nascentes, córregos, ribeirões e matas, e que quaisquer obras nestas
zonas, restringem-se a correções de escoamento de águas pluviais, saneamento,
combate à erosão ou de infra-estrutura e equipamentos de suporte às atividades de
lazer e recreação.
Realizando uma observação “in loco” de alguns dos limites das Zonas de
Proteção e Preservação Ambientais estabelecidos no Plano Diretor do município,
constata-se que em muitos locais estes limites não foram respeitados, trazendo como
34
conseqüências a aceleração de processos erosivos, assoreamento e poluição dos
cursos d’água e habitações em áreas de risco de inundação e movimentos de massa.
3.2 – Avaliação de Estudos de Impacto Ambiental
A Avaliação de Estudos de Impacto Ambiental é um instrumento de
monitoramento da qualidade ambiental, de caráter preventivo, que se insere no
planejamento das atividades diretamente relacionadas com o ambiente, e no
Planejamento global da União, dos Estados e dos Municípios. Neste particular,
a Constituição Federal, em seu Artigo 225, parágrafo 1°, inciso IV regulamenta a
exigência, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente
causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio e
conseqüente relatório de impacto ambiental, a que se dará publicidade. Desta forma, o
município deve condicionar o licenciamento da obra ou da atividade potencialmente
poluidora em seu território, somente após a realização do Estudo de Impacto
Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA).
Segundo MACHADO (1992 p.12) o EIA “é de maior abrangência
que o relatório e o engloba em si mesmo”. Assim, o EIA precede
o RIMA e é seu alicerce de natureza imprescindível.
3.3 - Fiscalização e Controle
Atribui aos municípios o dever de atuação, mediante planejamento, controle e
fiscalização das atividades públicas e privadas, causadoras efetivas e potenciais de
alterações significativas no Meio Ambiente.
Para a efetiva implantação da Política Municipal do Meio Ambiente, o município
deve ter uma ação de caráter preventivo na aplicação da legislação e na educação
ambiental, e caráter corretivo na fiscalização, obrigando os agressores a repararem os
erros e danos causados ao Meio Ambiente.
Desta maneira, a implantação e desenvolvimento deste instrumento, segundo
CEPAM (1999), é muito importante para o cumprimento das normas estabelecidas na
Lei de Política Municipal do Meio Ambiente, pois, de nada valem as leis, se não forem
35
aplicadas ou cumpridas, tendo em vista que estas foram fundamentadas na
necessidade de regulamentar ações realizadas no cotidiano.
A implementação dos instrumentos que devem compor uma política municipal
do meio ambiente apresenta inúmeras dificuldades, tais como: a falta de planejamento
de longo prazo das ações públicas, os interesses divergentes e conflitos quanto ao
uso dos recursos naturais, a descontinuidade das políticas públicas; as alterações no
corpo de funcionários e de orientações políticas a cada transição governamental, a
insuficiência de recursos financeiros, os trâmites burocráticos, entre outros. Todavia, a
ausência ou a não aplicação de uma Política Ambiental em vários municípios
brasileiros tem ocasionado ou intensificado muitos impactos ambientais,
comprometendo a qualidade de vida da população.
Assim, trabalhar para a implementação de forma clara e adequada de uma
política municipal de meio ambiente deve constituir tarefa de todos os moradores, para
superar as ações de degradação ambiental.
Diante do quadro de impactos ambientais existentes no município do Rio de
Janeiro e da identificação e conhecimento dos objetivos, fundamentos, princípios e
instrumentos que compõem a Política Municipal do Meio Ambiente, concluí-se que o
município tem vários instrumentos que permitem reduzir e minimizar os impactos
ambientais, a exemplo do Plano Diretor e Zoneamento Urbano, mas ainda não possui
uma política ambiental claramente definida especialmente na forma de uma lei
específica.
Neste sentido, o estabelecimento de parcerias entre diversos órgãos públicos,
privados e comunidade, aparece como um mecanismo de descentralização das
decisões e, portanto, de viabilização de soluções aos problemas ambientais
vivenciados no cotidiano. Esta participação enfrenta um grande desafio cultural, no
que diz respeito ao rompimento das barreiras representadas por interesses
particulares, falta de prioridade, conhecimento, conscientização e democratização das
informações.
A Educação Ambiental neste cenário aparece como força motriz, ou seja,
multiplicadora de ações. Um processo dinâmico, integrativo e contínuo, que desperta a
consciência de cidadania, através do cumprimento dos direitos e deveres do indivíduo
na coletividade. Constitui, portanto, um caminho para fomentar a formulação de
política municipal de meio ambiente.
36
CONCLUSÃO
O zoneamento geoambiental tem como objetivo à ordenação territorial do uso
dos espaços, segundo suas características bióticas e abióticas (recursos naturais e
qualidade ambiental, análise sócio-econômica e padrões de uso da terra).
Para haver um zoneamento territorial racional e viável, é imprescindível o
conhecimento aprofundado do local selecionado. Aliado a isso deve se considerar o
fato de que a sociedade atual está exigindo progressivamente uma melhoria na
qualidade de vida, o que estar intimamente relacionada à qualidade do meio.
De acordo com a Lei no 6.938, de 31/08/1981 que dispõe sobre a Política
Nacional do Meio Ambiente – PNMA, o zoneamento ambiental é um dos instrumentos
da Política Nacional do Meio Ambiente, que visa assegurar em longo prazo, a
eqüidade de acessos aos recursos ambientais naturais, econômicos e sócio-culturais.
Relativamente ao estudo da área de abrangência dessa pesquisa deve-se
ainda considerar a Lei no 7.661, de 16/05/1988 que instituiu o Plano Nacional de
Gerenciamento Costeiro – PNGC. Segundo essa lei, em seu Parágrafo 5o, o PNGC
deverá ser elaborado e executado “... observando normas, critérios e padrões relativos
ao controle e à manutenção da qualidade do meio ambiente, estabelecida pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, que contemplem, entre outros, os
seguintes aspectos: urbanização; ocupação e uso do solo, do subsolo e da águas;
parcelamento e remembramento do solo; sistema viário e de transporte; sistema de
produção, transmissão e distribuição de energia; habitação e saneamento básico;
turismo, recreação e lazer; patrimônio natural, histórico, étnico, cultural e paisagístico."
Assim sendo, o desenvolvimento desse estudo tem por finalidade maior,
fornecer subsídios aos setores competentes e aos gestores municipais e/ou estaduais
do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro – PNGC local, para a adoção de
medidas específicas que possibilitem estratégias que viabilizem a ocupação ordenada
e a urbanização racional da área abrangida neste trabalho, assegurando o
desenvolvimento sustentável.
37
O zoneamento geoambiental tem como objetivo a ordenação territorial do uso
dos espaços, segundo suas características bióticas e abióticas (recursos naturais e
qualidade ambiental, análise sócio-econômica e padrões de uso da terra).
A necessidade de organizar a discussão de um tema de grande amplitude,
como é a questão ambiental, tem dado lugar a uma classificação dos problemas (tanto
locais como globais) em três agendas: A chamada agenda verde, que reúne as
questões relacionadas à flora e fauna, solos, biodiversidade, a agenda marrom, que
abrange as questões de poluição e degradação urbanas, e a agenda azul, voltada
para as questões relacionadas aos recursos hídricos. É óbvio que essa classificação
não implica dizer que tais agendas representem pautas de trabalho estanques, pelo
contrário, é necessário articular essas temáticas como partes diferenciadas de uma
mesma questão (Gusmão, 2000).
O Zoneamento Ambiental é um fator decisivo na articulação entre as diversas
agendas, desde que considerado como um sistema de informações para a gestão
integrada do território. O zoneamento não pode ser visto apenas como um instrumento
de restrição, mas sim de regulação social do uso dos recursos naturais e ecológicos.
Os avanços metodológicos quanto aos zoneamentos obtidos no Brasil, principalmente
aqueles realizados para a Zona Costeira, apontam na direção da busca de um
instrumento capaz de contemplar as três agendas – verde marrom e azul – de modo
integrado, o que no caso do presente Programa de Trabalho constitui sua principal
meta metodológica. Para tanto, deve ser visto como um modelo de gestão do território,
baseado na ampla disponibilidade e transparência de informações e na, não menos
ampla, negociação social das metas de regulação de apropriação e uso do território.
Assim, sua execução deve seguir uma abordagem interdisciplinar, considerando,
segundo uma hierarquia de escalas espaciais e temporais, a estrutura e dinâmica do
sistema ambiental, e uma visão sistêmica que analise as relações de causa/efeito
entre os componentes do sistema ambiental, estabelecendo as interações entre os
mesmos. De acordo com essa proposta metodológica, o zoneamento ambiental é um
instrumento político e técnico de planejamento, cuja finalidade última é otimizar o uso
do espaço e as políticas públicas. Essa otimização é alcançada pelas vantagens que
ele oferece, por:
v Ser um instrumento técnico de informação sobre o território, necessária
para planejar a sua ocupação racional e o uso sustentável dos recursos
naturais;
v Prover uma informação integrada em uma base geográfica;
38
v Classificar o território segundo suas potencialidades e vulnerabilidades;
v Ser um instrumento político de regulação do uso do território;
v Permitir integrar as políticas públicas em uma base geográfica,
descartando o convencional tratamento setorializado de modo a
aumentar a eficácia das decisões políticas;
v Permitir acelerar o tempo de execução e ampliar a escala de
abrangência das ações;
v Produzir informações para o processo de tomada de decisão para
ordenamento do território que auxiliam a compreensão do cenário atual
e, conseqüentemente, favorece a negociação entre as várias esferas de
governo e entre estas, o setor privado e a sociedade civil, sendo assim
um instrumento para a construção de parcerias;
v Ser um instrumento do planejamento e da gestão para o
desenvolvimento regional sustentável (Becker & Egler, 1997).
Considerando esses aspectos, o zoneamento caracteriza-se, assim,
como instrumento ativo para o desenvolvimento sustentável, e não
apenas instrumento corretivo e restritivo, como freqüentemente se
pensa. Embora pautado na identificação de zonas “homogêneas”, na
verdade busca tirar partido da diversidade territorial, promovendo a
compatibilidade sistêmica entre as zonas.
A cidade do Rio de Janeiro está em constante crescimento. Favelas avançam
no asfalto e adentram matas fechadas. Na falta de fiscalização, controle e de
ferramentas que comprovem essa crise habitacional. A prefeitura da cidade argumenta
que o movimento de expansão está estagnado. Na tentativa de dar subsídios para
solução do problema, a PUC investe, desde 1998, em pesquisas para gerar um
sistema de monitoria da cidade através de imagens de alta resolução.
A idéia é montar um laboratório na Universidade para pegar toda essa
tecnologia e gerar informação. Também buscando juntar um grupo de empresas
conscientes que queiram investir no projeto ambiental. Fazendo um “Google Earth”
(um serviço de pesquisa e visualização de mapas e fotos de satélite gratuito na web)
da cidade do Rio de Janeiro, em que haveria informações constantemente atualizadas.
No projeto estão envolvidos o Departamento de Geografia, que colabora com a
interpretação de imagens do espaço geográfico, e o Departamento de Engenharia
Elétrica, que atua na tecnologia de automação de inteligência artificial.
39
Outra vantagem do projeto é criar um sistema de teses, monografias e textos
em congressos para entender o que está acontecendo.
No desenvolvimento científico do projeto trabalha um grupo de pesquisadores
preocupados com a classificação automática de imagens de alta resolução em áreas
urbanas. Além da PUC, os departamentos de cartografia e geografia de seis
universidades participam em rede do projeto: o Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE); Universidade Federal do Paraná (UFPA); Universidade de Hannover
e Universidade de Freiburg, na Alemanha e a Universidade de Salesburg, na Áustria.
40
REFERÊNCIAS
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BIRKHOLZ, L. B., BRUNA, C. G. (org.) 1983. Questões de Organização do Espaço
Regional. Nobel. Edusp. São Paulo.
42
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
Dados da Cidade e do Estado do Rio de Janeiro 14
1.1 - Síntese Geográfica 14
1.2 - Posição Geográfica 14
1.3 – Relevo 15
1.4 – Dimensões 16
1.5 - Rios 16
1.6 – Lagoas 17
1.7 – Litoral 17
43
1.8 - Ilhas 18
1.9 – Clima 18
CAPÍTULO II
Impacto Ambiental X Expansão Urbana 19
2.1 - Impactos Ambientais no Município do Rio de Janeiro – RJ 19
2.2 - Rocinha estará totalmente cercada por muro 21
2.3 - Favela da Rocinha, 1977 22
2.4 - A "Insustentabilidade" do padrão de Urbanização Metropolitano 23
2.5 – Expansão Urbana e a Problemática Ambiental 25
2.6 - Fundamentos da Política Municipal do Meio Ambiente 28
2.7 - Instrumentos da Política Municipal do Meio Ambiente 31
2.7.1 - Lei sobre Política Municipal de Meio Ambiente 31
CAPÍTULO III
Zoneamento Ambiental 33
3.1- Zoneamento 33
3.2 - Avaliação de Estudos de Impacto Ambiental 34
3.3 – Fiscalização e Controle 34
CONCLUSÃO 36
REFERÊNCIAS 40
ÍNDICE 42
44
FOLHA DE AVALIAÇÃO 45
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: Impactos Ambientais Causados pela Expansão Urbana no
Município do Rio de Janeiro.
Autor: Danieli Reis Saraiva
Data da entrega: 07/04/2010
Avaliado por: Conceito: