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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O COTIDIANO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR NO ENFOQUE PEDAGOGICO Por: Simone Fernandes Plastina Orientador Profª Ms. MARIA ESTHER DE ARAUJO Niterói 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O COTIDIANO DO ALUNO COM DEFICIÊNCIA VISUAL EM

UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

NO ENFOQUE PEDAGOGICO

Por: Simone Fernandes Plastina

Orientador

Profª Ms. MARIA ESTHER DE ARAUJO

Niterói

2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O COTIDIANO DO ALUNO COM DEFICIENCIA VISUAL EM

UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR

NO ENFOQUE PEDAGOGICO

Apresentação e Monografia ao

Instituto A Vez do Mestre -

Universidade Cândido Mendes como

requisito para obtenção do grau de

Espeacialista em Docência do

Ensino Superior.

Por.: Simone Fernandes Plastina

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DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Antonio e Suely, pelo amor

sem limites, a mim dedicado durante a minha

trajetória.

Ao meu irmão pelo apoio dado, que me deu

força para alcançar o meu objetivo.

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AGRADECIMENTO

Agradeço aos meus familiares e

amigos que com muito carinho

compartilham e alimentam o meu ideal,

incentivando-me a prosseguir na jornada,

quais fossem os obstáculos mantendo-os

sempre ao lado, lutando comigo.

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EPIGRAFE

O Trabalho da educação inclusiva

depende mais das qualidades humanas dos

professores do que da organização ou

política implementada.

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RESUMO

A presente pesquisa discute a formação do professor na educação inclusiva.

Relata a importância dos auxílios necessários aos alunos com deficiência

visual nas Instituições de Ensino Superior e a importância do Centro de Apoio

Pedagógico a essas instituições no auxilio aos professores de como avaliar os

alunos e saber lidar com as suas diferenças. Reflete sobre as Políticas

Públicas atuais no que concerne ao atendimento pelas IES ao aluno com

Deficiencia Visual e o desempenho destas instituições através dos relatos

verbais de ex-alunos, graduados por estas instituições.

Palavras Chaves: Formação do Professor, Educação Inclusiva, auxílios

ópticos e Instituições de Ensino Superior , Deficiência Visual.

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RIASSUNTO

Questo lavoro di ricerca discusse la formazione dell’insegnante nell'educazione

tratta agli handicappati. Descrivi l'importanza delle attrezzature adeguate

all’aiuto necessario a questi alunni con deficienza visuale nelle Istituzione

Universitarie e l’importanza dei Centri d’appoggio Pedagogico a queste

Istituzione brasiliane nell’aiuto all’insegnante di come valutare gli alunni e saper

trattare con le sue differenze. Riflette sulle politiche Pubbliche Brasiliane attuali

che riguardano alle Università e suo impegno in ricevere questo alunno con

Deficienza Visuale e suo disimpegno attraverso il relato verbale di ex alunni,

laureati.

Parole chiavi: Formazione dell’insegnante, Pedagogia per gli

handicappati, attrezzature ottiche e Istituzione Universitarie Brasiliane, alunno

con Deficienza Visuale.

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SUMÁRIO Vocabulário e Siglas........................................................................................ 9

Introdução......................................................................................................... 11

Capitulo I - A Deficiência Visual Cegueira e Baixa Visão................................. 13

Capitulo II - Políticas Públicas e a Inclusão do Portador de Deficiência Visual 41

Capitulo III - Formação Continuada De Professores Para O Atendimento

Educacional Especializado no Ensino Superior............................................... 71

Capitulo IV - Relato Verbal dos Acontecimentos e a Tragetória do Deficiente

Visual na Universidade..................................................................................... 75

Considerações Finais ...................................................................................... 83

Mensagem Final............................................................................................... 85

Anexos............................................................................................................. 86

Referencias Bibliográficas................................................................................ 92

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VOCABULÁRIO

Ação Civil Pública: é o meio específico para a defesa do patrimônio público e

social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.

Dioptria-> é o mesmo, que chamamos de grau de visão popularmente dito.

Eletrônicos=> que integram sistemas ópticos para ampliação da imagem a

circuitos de vídeo e recursos de informática.

Escotomas-> são as manchas, no centro e nas laterais.

Interesses Coletivos: interesses de um grupo, uma classe, coleção

determinada ou determinável de pessoas.

Interesses Difusos: interesses gerais de todos, atende uma comunidade, a

humanidade.

Jurisdição: o Poder Judiciário determina a aplicação da norma a um caso

contreto.

Mandado de segurança: é o instrumento constitucional que protege o direito

liquido e certo ameaçado pela autoridade ou agente público no exercício de

suas atribuições.

Mandado de Injunção: é o instrumento que serve para fazer valer certos

direitos constitucionais dependentes de regulamentação, mas ainda não

regulamentados.

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Ópticos => que utilizam uma lente ou um sistema óptico posicionado entre o

observador e o objeto a ser observado.De acordo com suas características

ópticas, proporcionam ampliação, reposicionamento da imagem ou filtração

seletiva do espectro visível da luz.

Não Ópticos => também denominados de funcionais adaptativos que

modificam sem a ajuda de lentes as características ambientais e o material a

ser observado

SIGLAS

AV- acuidade visual

BV- baixa visão

CAP- Centro de Apoio Pedagógico

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INTRODUÇÂO

O presente estudo pretende ser um instrumento no auxílio a professores

e Instituições de Ensino Superior – IES, na inclusão de alunos com deficiência

visual.

Para tanto, observou-se o despreparo por parte das IES em aceitar e

discutir as adaptações, os percursos e a infra-estrutura necessária ao aluno

com deficiência visual.

Constatou-se que estas dificuldades acontecem devido ao despreparo,

por parte do professor em virtude da falta de oportunidades em se reciclarem e

participar de forma integrada nas discussões sobre os avanços metodológicos

e tecnológicos que auxiliam a formação do aluno deficiente visual.O

despreparo do professor, suas incertezas, é falta de informação colaboram

para que situações constrangedoras e de difícil resolução tais como, o falar, o

agir, o avaliar e o cobrar do aluno com deficiência visual prejudiquem os

avanços e as potencialidades. Para que estas situações não venham ocorrer e

se estabeleça uma boa relação entre professor e aluno e reverta em melhor

modelo de ensino-aprendizagem.

Pretende-se discutir a formação continuada dos docentes de ensino

superior as mudanças estruturais e a infra-estrutura das Instituições de Ensino

Superior. Em parceria com o CAP discutir a importância dos auxílios

necessários aos alunos com deficiência visual nas Instituições de Ensino

Superior e a importância dos Centros de Apoio Pedagógicos a essas

Instituições no auxilio aos professores de como avaliar os alunos e saber lidar

com as suas diferenças e adaptações.Sendo assim esta pesquisa objetiva:

-Indicar possíveis soluções para suplantar as dificuldades e os

obstáculos que surgem diariamente.

- Apresentar e relatar parceria dos professores do CAP- Centro de Apoio

Pedagógico, para adaptação dos recursos e metodologia de ensino

aprendizagem aos alunos deficientes visuais.

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-Relacionar após análise junto ao CAP- Centro de Apoio Pedagógico as

possíveis soluções para que os professores das Instituições de Ensino Superior

se utilizem dos recursos, dos materiais pedagógicos em sala de aula onde são

ministradas as disciplinas.

Com este estudo, espera-se auxiliar na adequação das Instituições de

Ensino Superior aos recursos materiais e pedagógicos a serem utilizados com

o aluno com deficiência visual: formação continuada do professor, funcionário e

mudanças estruturais.

Para realização deste trabalho duas etapas serão necessárias: A

primeira composta pela revisão da literatura da legislação pertinente ao tema,

análise dos parâmetros curriculares nacional e leitura dos teóricos da educação

- Wygotsky, Glat, Masini, Sampaio entre outros. A segunda etapa será baseada

no relato verbal de pessoas com deficiência visual- cegos e baixa visão,

através de entrevistas.

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CAPÍTULO I

A DEFICIÊNCIA VISUAL CEGUEIRA E BAIXA VISÃO

Neste capítulo, para melhor compreensão da deficiência visual abordou-

se temas pertinentes a pesquisa de forma a dar apoio aos profissionais e

professores que trabalham com alunos cegos ou de baixa visão.

Apresentou-se o conceito de deficiência visual, as patologias mais

comuns, os recursos e os instrumentos para adaptações, mobilidade e modelos

de estratégias a serem trabalhados nas IES com o auxilio do CAP, inclusive

para candidatos a uma vaga na IES.

Para esclarecer e orientar a escolha da carreira pelo aluno deficiente

visual elaborou-se um quadro com o levantamento de um conjunto de diversas

profissões que podem ser exercidas pelas pessoas cegas ou de baixa visão no

amplo mercado de trabalho.

1.1 - DEFICIÊNCIA VISUAL

O termo deficiente visual refere-se a uma situação irreversível de

diminuição da resposta visual, em virtude de causas congênitas ou

hereditárias, mesmo após tratamento clínico ou cirúrgico e uso de óculos

convencionais.

É importante assinalar que educacionalmente, os deficientes visuais são

divididos em dois grupos, cegos e baixa visão.

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Os cegos têm somente a percepção da luz ou não tem nenhuma visão e

precisam aprender através do método braille e de meios de comunicação que

não estejam relacionados com o uso da visão.

Baixa visão é uma perda severa de visão que não pode ser corrigidos

por tratamento clínico ou cirúrgico nem com óculos convencionais. Também

pode ser descrita como qualquer grau de enfraquecimento visual que cause

incapacidade funcional e diminua o desempenho visual. No entanto, a

capacidade funcional não está relacionada apenas aos fatores visuais, mas

também ás reações da pessoa à perda visual e aos fatores ambientais que

interferem no desempenho.

Suas causas podem ser:

• Congênitas: Já ocorrem no nascimento. Como: coriorretinite macular

por toxoplasmose, catarata congênita, glaucoma congênito, atrofia

congênita de lebre.

• Adquiridas: diabetes, deslocamento de retina, glaucoma, catarata,

degeneração senil de mácula, traumas oculares.

• REDUÇÃO E OU ALTERAÇÃO DE CAMPO VISUAL

• Escotomas Central e Periférico

• Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais

• . Lupas manuais de altas dioptrias

• . Alto nível de iluminação com filtro para potencializar contraste e

diminuir reflexão e brilho

• . Contraste e ampliação (dependendo da alteração do campo)

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• .Lentes esféricas e prismáticas.

• . Telessistemas

• .Magnificação eletrônica, com controle de contraste, brilho e

profundidade.

• . Porta texto e caderno de pauta ampliada ou reforçada

• . Jogos de computador para elaboração de desenhos e cenas.

• ESTRÁTEGIAS PEDAGÓGICAS

• Verificar o potencial de visão central e periférica preservada

• Compreender as dificuldades de percepção de detalhes que o aluno

apresente e a necessidade de aproximação da lousa ou material

pedagógico

• . Facilitar a discriminação de detalhes, potencializando o contraste e a

iluminação do material a ser discriminado

CATARATA

Recursos Ópticos e Pedagógicos Especiais

. Lente de contato ou óculos:

. Óculos de até 20 dioptria são bem aceitos, podendo ser tentada a correção da

hipermetropia e astigmatismo. Os bifocais com mais de seis dioptria podem ser

testados;

. Lupa de mesa iluminada;

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. Lupas manuais tipo régua

. Controle de iluminação no ambiente.

ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS

Nos casos de alta correção óptica, há necessidade de grande

aproximação do material a ser lido o que pode acarretar cansaço e estresse na

leitura. É importante investigar com o aluno e o médico, qual a correção óptica

adequada para favorecer o processo de leitura-escrita.

Nas cataratas não operadas, lupas iluminadas e controle de iluminação

no ambiente com luminárias foco dirigíveis podem melhorar o desempenho

visual.

ADAPTAÇAO DE RECURSOS ÓPTICOS ESPECÍFICOS

Muitos indivíduos com baixa visão severa e moderada, poderão se

beneficiar da ajuda de recursos ópticos específicos para perto e para longe

como forma de facilitação do processo ensino-aprendizagem.

Com a adaptação de recursos ópticos esféricos adequados, as imagens

se tornam amplas e nítidas com detalhes.

FATORES CASUAIS (PATOLOGIAS)

Quem tem baixa visão pode ter:

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Sem defeito de campo visual.

Funcionamento Visual: Visão borrada, embaçada; falta de contrastes, impressos e cores apagadas.

Patologia: catarata e retinopatia diabética.

Sem defeito de campo visual (sem escotomia)

Funcionamento visual: visão periférica - perda do campo visual central Patologia: coriorretinite macular, por toxoplasmose

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Sem defeito de campo visual.

Patologia: Doenças degenerativas da retina.

Funcionamento Visual: parte embaçada e parte nítida.

Sem defeito de campo visual (sem escotomia)

Funcionamento Visual: visão central - perda do campo visual periférico Patologia: glaucoma e retinose pigmentar

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Todo deficiente visual deve ter sempre um acompanhamento de um

médico oftalmologista especializado em recursos ópticos e não ópticos para

indicar e prescrever os recursos necessários para cada necessidade de seu

cotidiano.

Em caso de estudantes e a aqueles que exercem atividades laborativas,

deve-se fazer o acompanhamento a cada seis meses ou uma vez ao ano, a fim

de atualizar os recursos conforme a necessidade.

Na escolha da faculdade pelo deficiente visual deve-se observar a

compatibilidade da atividade com suas características.

O Centro de Pesquisa do Instituto Benjamin Constant publicou, no ano

de 2000, os cursos de graduação compatíveis, como o exemplo abaixo:

Sem defeito de campo

Funcionamento visual: com escotomos em vários pontos. Patologia: Doenças degenerativas da retina.

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PEDAGOGO PRÉ-REQUISITO

Curso Superior.

Cursos

Específicos de

acordo com a

área de atuação.

Usuário de

Microcomputador

CONDIÇAO DA VIDA

Cego e Baixa Visão

ATIVIDADES

Estuda,

Pesquisa,

interpreta,

controla,

Analisa e

coordena

Atividades

pedagógicas.

PROFESSOR PRÉ-REQUISITO

Curso Superior

Completo

(atuação a partir

do sexto ano).

Curso Normal do

segundo ano ao

quinto ano.

Cursos

Específicos da

área de atuação.

Noções de

Informática,

domínio sonoro

de comunicação

para o

computador.

CONDIÇÕES DA VIDA

Cego e Baixa Visão.

ATIVIDADES

Planeja,

coordena,

executa e avalia

e avalia

atividades

relacionadas ao

processo ensino

aprendizagem,

visando à

formação integral

do educando.

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Entre outros temos ainda, os Cursos de Direito, Informática, Assistência

Social, Fisioterapia, Música, Regência, Musicaterapia, Orientação Educacional,

Psicologia, Sociologia, Comunicação Social, para os deficientes visuais

CEGOS E DE BAIXA VISÃO.

E, ainda, somente para os deficientes visuais de BAIXA VISÃO, as

cadeiras de Análise de custos, Análise Financeira, Biblioteconomia, Economia,

Nutrição, Administração, Terapia Ocupacional.

O ALBINISMO

Albinismo é uma hipopigmentação congênita: ausência parcial ou total

do pigmento na pele, nos cabelos e nos olhos. Existem vários tipos de

albinismo, entretanto, a forma mais perigosa e a que determina a total ausência

de pigmentação por todo o corpo, denominando albinismo óculo-cutâneo.

Esta patologia, que decorre de um bloqueio incurável de síntese de

melanina, ao afetar os olhos, sob a forma nistagmo, redução da acuidade

visual, estrabismo, fotofobia, perda de percepção de profundidade, causa

deficiência visual de moderada a severa.

O cotidiano do albino, portanto é marcado pela intolerância à luz solar e

ameaçado, constantemente, pelos riscos de cegueira.

Por ser considerada uma pessoa portadora de necessidades especiais,

o albino precisa de apoio para que seja assegurado o exercício de seus direitos

básicos.

A legislação vigente (lei nº. 7.853 de 24 de outubro de 1989) já dispõe

sobre o apoio de portadores de deficiência, com vistas à sua integração social.

Algo tem que ser feito com o objetivo específico de apoiar o portador de

albinismo, que atinge grande parcela da população brasileira.

Na área de educação, é assegurado em qualquer grau de ensino de

estabelecimentos educacionais públicos e privados, com vista a sua integração

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ao sistema de ensino. Portando é fundamental que assegure a oferta de

recursos e serviços educacionais que permitam ás pessoas albinas serem

educadas de acordo com suas necessidades e capacidades individuais.

Por os albinos apresentarem dificuldades visuais, terá que ser criado, na

instituição de ensino, ambiente estimulante e apropriado às especificidades do

portador desta deficiência, inclusive com a presença, no estabelecimento de

ensino, de professor especializado que oriente todo o corpo docente sobre as

particularidades educacionais dos portadores de albinismo.

O albinismo está incluído no grupo populacional diagnosticado como de

baixa visão, cujas causas podem ser adquiridas ou congênitas.

O albino típico pode ter uma acuidade visual igual ou menor que 20/200

(o albino vê a 20 pés de distancia o que outros, com visão normal, vem a 200

pés) ou campo visual inferior a 20 (tabela de snellen), caracterizando, assim,

como deficiência visual, nos termos do disposto no artigo 4º, inciso III, do

decreto nº. 3.298, de 20/12/99( que regulamenta a lei nº. 7.853, de 24/10/89).

Os albinos podem, porém, freqüentar normalmente, uma instituição de

ensino desde que tenham apoio e disponham de recursos apropriados.

Salientamos alguns: recursos óticos e não óticos, textos e livros impressos em

tipos ampliados, Dada a alta sensibilidade á claridade, o professor deve

posicionar o aluno albino distante de janelas e luzes intensas. Na realização de

atividades externas, orientar o aluno com albinismo na utilização de protetores

(boné, viseira e filtro solar) e, na prática de educação física, facilitar a escolha

de atividades condizentes com suas limitações visuais.

CAP-CENTRO DE APOIO PEDAGÓGICO

O Centro de Apoio Pedagógico para atendimento ás pessoas com

deficiência visual constitui-se em uma unidade de serviços de apoio

pedagógico e suplementação didática ao sistema de ensino. Foi

institucionalizado pelo Ministério da Educação e Cultura- MEC, através da

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Secretaria de Educação Especial em conjunto com a União Brasileira de

Cegos- UBC Associação Brasileira de Educadores e Deficientes Visuais-

ABEDEV, Instituto Benjamin Constant - IBC e Fundação Doriana Nowill para

cegos.

O CAP foi concebido na perspectiva de se constituir numa ação política

pública integrada em todas as esferas administrativas governamentais e não

governamentais, contando com a participação das Instituições de Ensino

Superior e comunidade em geral.

O MEC/SEESP com a confecção deste projeto, pretende suprir as

carências de serviços e recursos didáticos pedagógicos na área de educação

de deficientes visuais em todo o Pais.

Objetivos

Promover a institucionalização em nível de governo, de atendimento ao

aluno cego e ao de baixa visão no que se refere aos recursos específicos

necessários a sua educação, por meio da utilização dos sistemas públicos e

privados de ensino;

Garantir aos educandos cegos e aos de baixa visão, acesso aos

recursos específicos necessários ao seu atendimento educacional,priorizando

o ensino fundamental.

Promover a capacitação de profissionais e demais recursos humanos da

comunidade, com vista a melhoria e ampliação dos serviços e programas de

atendimento especializados ;

Estabelecer parceria com Instituições de Ensino Superior dando o apoio

a inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais no espaço

Universitário.

Coordenar a execução das atividades de apoio e suporte aos alunos,

professores, funcionários e coordenadores de cursos;

Apoio especializado a este aluno, de forma a assegurar o seu percurso

escolar Universitário;

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Apresentação de recursos pedagógicos e tecnológicos alternativos aos

professores destes alunos, visando facilitar a sua convivência, bem como o seu

processo de ensino-aprendizagem.

Núcleo de Apoio Didático Pedagógico

Compreende um espaço contendo acervo de materiais e equipamentos

específicos necessários ao processo ensino-aprendizagem, tendo a função de

apoiar alunos, professores e comunidade. Visa ainda promover cursos e

atualização na área da deficiência visual.

Núcleo de Produção Braille

Espaço composto de equipamentos e tecnologias que tem por objetivos

gerar matérias didáticos pedagógicos como livros e textos em braille,

ampliados e sonoros para distribuição aos alunos matriculados no ensino

regular (prioritariamente no ensino fundamental), bibliotecas e escolas

especializadas. Destina-se também, as adaptações de materiais como:mapas,

gráficos, tabelas e outros.

Núcleo de Convivência

Espaço destinado a convivência, troca de experiências pesquisa e

desenvolvimento de atividades lúdicas e culturais, integrando usuários com ou

sem deficiência.

Núcleo de Tecnologia

Composto por um conjunto de equipamentos e materiais especializados

ou adaptados, visa a independência do educando com deficiência visual, por

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meio do acesso e utilização da tecnologia moderna para produção de textos,

estudos,pesquisas e outros.

Serviços Oferecidos

Produção de livros e textos em braille, ampliados e sonoros:

Adaptação de materiais em relevo(mapas,gráficos,tabelas e outros);

Transcrição de braille para tinta;

Complementação curricular específica:braille,soroban,escrita

cursiva,datilografia e orientação e mobilidade;

Audioteca e biblioteca em braille

Apoio técnico-didático-pedagógico aos alunos cegos e baixa visão;

Assessoria, cursos e atualização na área da deficiência visual.

População Alvo

Prioritariamente educando cego ou de baixa visão matriculado na no

ensino fundamental da escola pública;

Educando cego ou de baixa visão matriculado na educação infantil, no

ensino médio e tecnológico e na educação superior

Pessoas cegas ou de baixa visão da comunidade

Professor especializado e regente de classe comum:

Estagiário de cursos de magistério,pedagogia,psicologia e outros.

O VESTIBULANDO

Para incluir os vestibulandos deficientes visuais nas Instituições de

Ensino Superior e para que não haja situações constrangedoras e as

dificuldades de relacionamento ente docente e o dicente, o vestibulando deve

procurar o CAP- Centro de Apoio Pedagógico, para melhor adaptação a

Instituição de Ensino Superior.

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O vestibulando deve procurar o CAP- Centro de Apoio Pedagógico, mais

próximo de sua cidade, se não houver no seu município.

Deve levar um atestado do médico oftalmologista especializado com a

prescrição devida nas necessidades que o aluno necessite da ajuda do CAP.

Então o aluno passa pela assistente social e é encaminhada ao

professor especializado que vai acompanha-lo.

É importante que o aluno explique a graduação que vai cursar para que

o professor responsável do CAP marque uma reunião com o coordenador do

curso e os professores que vão lidar com esse aluno, para auxilia-los como

deve ser os textos, apresentações e avaliações durante o semestre.

Obs.: Isso deve ser feito antes de começar o ano letivo para facilitar a

adaptação adequada a esses alunos e professores.

Essa parceria é importante para que o aluno se sinta seguro e confiante

ao fazer suas atividades, e os professores tenham oportunidades de conhecer

a diversidade de perto e se reciclem conhecendo os recursos e meios de

avaliação para um ensino aprendizagem mais adequado.

O professor do CAP irá conversar com o coordenador e os professores a

respeito das adaptações da sala de aula e de como deve ser a avaliação, os

exercícios e os textos aplicados.

O professor vai dar dicas de convivência com os cegos e os de baixa

visão.

CEGOS

1) Evite utilizar os advérbios, aqui, lá, cá etc.de maneira inadequada.

2) Sempre que estiver escrevendo no quadro, fale o que está fazendo,

lembre-se que o aluno não enxerga.

3) Quando tiver manuseando recursos audiovisuais, descreva o que está

proposto em cada recurso.

4) Ao utilizar filme na prática em sala de aula, descreva o filme, ou peça

que algum colega o ajuda.

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5) Ao trabalhar com mapas, gráficos, figuras, cartazes e data show no

geral, tenha o cuidado de descreve-los, lembrando-se que nem sempre

o aluno cego já enxergou anteriormente, o que torna a sua compreensão

do mundo visual diferente da nossa.

6) O aluno cego quase sempre utiliza o recurso da gravação das aulas.

Estimule-o a faze-lo.

7) Sempre que possível use o recurso da avaliação oral, lembrando-se que

este é um direito do aluno. Quando isto, não for possível ou adequado,

envie ao CAP- centro de apoio pedagógico, o texto em arquivo

eletrônico, para a transformação em Braille.

8) Se necessário utilizar material em alto-relevo.

BAIXA VISÃO

1) Sempre que estiver escrevendo no quadro, fale o que esta fazendo,

pois as vezes a escrita não é legível.

2) Quando tiver manuseando recursos audiovisuais, descreva o que

está proposto em cada recurso.

3) Ao utilizar filme na pratica em sala de aula, descreva o filme, ou peça

que algum colega o ajuda. Pois as vezes o filme é legendado e o

aluno com baixa visão tem dificuldade em enxergar.

4) O aluno de baixa visão quase sempre utiliza o recurso da gravação

das aulas. Estimule-o a faze-lo.

5) Sempre que possível use o recurso da avaliação oral, lembrando-se

que este é um direito do aluno. Quando isto não for possível ou

adequado, envie ao CAP o texto em arquivo eletrônico ou em xérox

para a ampliação adequada, ou faça no computador fonte 24 a 36.

6) Tendo um amigo em sala pedir a permissão se pode ajuda-lo a

copiar algo da lousa com um carbono, pois ao mesmo tempo em que

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o amigo copie para o aluno de baixa visão estará copiamos para ele

também.

7) O aluno deve utilizar lápis 6B, caderno com pauta ampliada com a

linha em negrito.

O professor explicará que o aluno com baixa visão utiliza recursos

ópticos e não ópticos.

Recursos Ópticos

Óculos binoculares – Que utilizam uma lente ou um sistema óptico

posicionado entre o observador e o objeto a ser observado.

Não ópticos ( funcionais adaptativos ) – Modificam sem a ajuda de lentes

as características ambientais e material a ser observado.

Eletrônicos – Integram sistemas ópticos para ampliação da imagem e

circuitos de vídeo e recursos da informática.

Óculos binoculares – são indicados quando os valores de acuidade

visual para perto são próximos em ambos os olhos. Os prismas posicionados

na base nasal conferem um maior conforto a leitura, uma vê que o paciente

não necessitará realizar uma convergência excessiva.

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Óculos monoculares – Estão indicadas quando há olho único, ou

quando a diferença de acuidade visual é muito grande entre os olhos. O

recurso deve ser utilizado no olho com melhor resposta visual para perto e

lente fosca no olho sem ampliação ( ou peso no caso de ausência de visão

nesse olho ).

Óculos bifocais – A altura de um bifocal com grande valor da adição

depende da tarefa para a qual o auxilio será empregado. Geralmente o topo da

adição é posicionado a cerca de 4 milímetros do cetro pupilar e quanto maior a

adição maior a altura do bifocal.

Vantagens:

- Mantêm as mãos livres;

- Bom campo de visão;

- Permitem leituras prolongadas;

- Mais facilmente aceitáveis e mais estéticos;

- Podem ser monoculares e binoculares;

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Desvantagens:

-Ruins para a escrita a partir de +10 dioptrias;

- Posicionamento e postura fixos;

-Obstrução da iluminação sobre o material;

-Diminuição no campo de visão e da velocidade de leitura com lentes de grau

mais elevado;

-Difícil adaptação para pacientes que utilizam campo visual periférico;

-Difícil adaptação para campo visual muito reduzido;

-Pequena profundidade de foco para graus elevados;

-Não devem ser usados durante deslocamentos;

-Binocularidade permitida até 12 dioptrias;

-Distancia fixa de leitura;

-Curta distancia de leitura a levam a fadiga;

Na sala de aula as carteiras devem ser de feitio de mesa para os alunos

cegos poderem usar as máquinas de escrever Braille, utilizar a reglete e o

computador para fazer seus trabalhos e anotações.

Os alunos de baixa visão também precisam de uma carteira com feitio

de mesa para usarem lupa de apoio, aparador de leitura e computador.

O quadro deve ser branco podendo utilizar pilot preto, azul ou vermelho

(de preferência o preto ).

Na jornada de baixa visão que participei no Instituto benjamim Constant

foi dito que para aqueles deficientes visuais com baixa visão que tem

sensibilidade a claridade deve-se utilizar o antigo quadro negro com o giz

branco ou o giz próprio para baixa visão que são os coloridos fosforescente e o

de melhor destaque é o da cor laranja.

Na sala de aula é importante ter uma televisão para instalar uma lupa

eletrônica para melhor leitura e visualização de figuras.

A professora do Centro de Apoio Pedagógico irá informar e ensinar um

programa chamado “Braille Fácil”.

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O Braille fácil 3.0 surgiu a partir da evolução da impressão Braille, com

muitas exigências novas, com distribuição de material em grande escala.

Muitas mudanças foram realizadas visando atender as demandas dos centros

de produção espalhados em todo Brasil e também e Portugal.

O programa “Braille Fácil” permite que a criação de uma impressão

Braille seja uma tarefa muito rápida e fácil, que possa ser realizada com um

mínimo de conhecimento da codificação Braille. Através do “Braille Fácil”,

tarefas simples como impressão de textos corridos são absolutamente triviais.

Este programa o professor pode ter em seu computador ( baixando da

Internet 0 para digitar as tarefas que tem que ser executadas. É só ter uma

pequena impressora Braille para adaptar as necessidades em sua própria

casa.

Na palestra que assisti do Prof. João Fellipe sobre Orientação e

Mobilidade ele comentou da importância da orientação e mobilidade para os

deficientes visuais tanto os cegos quanto os de baixa visão.

Explicou também que a orientação para os deficientes visuais é o

aprendizado no uso dos sentidos para obter informações do ambiente. Saber

onde está, para onde que ir e como fazer para chegar ao lugar desejado. A

pessoa pode usar a audição, o tato, a sinestesia ( percepção dos seus

movimentos), o olfato e a visão residual ( quando tem baixa visão ) para se

orientar.

A mobilidade é o aprendizado para o controle dos movimentos de forma

organizada e eficaz.

A pessoa com deficiência visual pode se movimentar:

-Guia vidente => com a ajuda de uma outra pessoa

-Autoproteção => usando seu próprio corpo

-Bengala longa => usando uma bengala

-Cão guia => usando um animal

-Ajudas eletrônicas => usando a tecnologia

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Quem deve ensinar a orientação e mobilidade são os profissionais

habilitados, encontram-se nos centros de apoio pedagógico, lá podem indicar

serviços com programas de orientação e mobilidade.

O CAP, encaminha para o IBC- Instituto Beijamin Constant ou na AFAC-

Associação Fluminense de Amparo ao Cego.

Adaptações em sala

Pedagogo

As turmas são organizadas segundo a modulação estabelecida no

regime da Secretaria Municipal de Educação - SME. Essa modulação prevê a

redução do número de alunos quando a matrícula de aluno com deficiência.

Na Educação Superior a modulação é de cinqüenta por turma.

Entretanto se a turma tiver alunos especiais a modalidade cai para 44(42+2),

ou seja quarenta e dois alunos sem deficiência e dois com deficiência na

mesma patologia.

-Ampliação de textos

-Mesa adequada para utilizar lupa de apoio, laptops.

-Ampliação de provas ou prova oral

-O professor pode utilizar e-mail para mandar textos, exercícios ou

apostilas, assim o aluno imprime no número da fonte que ele se adapta melhor.

-Nas disciplinas como metodologia do ensino da matemática os cegos

tem que utiliza método Cuisenaire, método Montessori e Soroban para fazer os

exercícios, como adição, subtração, multiplicação e divisão, conjunto,

subconjunto, frações, potenciações etc.

-Metodologia do ensino da geografia o cego tem que utilizar globo

terrestre em Braille ou eletrônico.

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Advogado

- Realiza trabalhos e tarefas utilizando a maquina de escrever em Braille

ou o computador.

-O tempo de avaliação deve ser estendido.

-Indicação de exercícios e provas oral.

-Transcrição de provas exercícios e textos.

-Na sala deve ter carteiras no feitio mesa. Para utilização do

computador, máquina ou livro falado.

Baixa Visão

-Indicação de exercícios e prova oral.

-Ampliação de provas, exercícios e textos.

-O tempo da avaliação deve ser estendido.

-Utilizar o computador para tarefas e anotações.

Serve para fazer cálculos comuns e cálculos

financeiros

Chamada de calculadora sonora

Cuisenaire – permite que a aprendizagem se processe

por meio da descoberta dos números através das cores e

do tamanho das barrinhas que os representam.

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Soroban Russo possui dez contas em cada haste

Soroban é um aparelho de cálculo usado há

muitos anos no japão pelas escolas, casas

comerciais e engenheiros, como máquina de

calcular de grande rapidez, de maneira simples.

Esses materiais matemáticos podem ser usados para outros cursos que

tenham que utilizar cálculos.

As carteiras adequadas para sala

de aula

A escrita do braille pode ser realizada de diversas

maneiras, sendo a mais antiga e a mais utilizada a

reglete e o punção:A pessoa prende o papel na reglete,

e com punção vai fazendo todos os pontos que formam

as letras.

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Laptop para trabalhos e tarefas em sala de aula

Telelupa serve para ler na lousa e ler de perto em

sala de aula

Lupa de apoio para a pagina inteira

Régua convexa de apoio para ler as linhas

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Braille Fácil, este programa permite

que a criação de uma tarefa rápida e

fácil para o professor do aluno cego

CCTV ampliador de textos e imagens, próprio para sala

de aula

Gravador digital

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Impressora braille deve ser utilizada na biblioteca

da instituição de ensino

Lupas de apoio

Mp4 grava e reproduz imagem

Maquina de datilografia braille usada na sala de aula

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INFORMÁTICA

Nas Instituições de Ensino Superior é muito importante que na

secretaria, na biblioteca e no laboratório de informática tenham programas e

impressora braille para alunos deficientes visuais.

Tanto na biblioteca quanto no laboratório de informática devem-se existir

computadores com programas específicos para deficientes visuais, para que

estes possam pesquisar livros e periódicos, catalogados nos computadores e

se utilizarem de impressoras que imprimem Braille para os dados pesquisados.

No laboratório de informática, devem ter computadores com

configurações ampliadas e programas de síntese de voz de leitura de textos e

programas que possam utilizar Excel, internet, etc.

Tanto para o aluno cego quanto para o de baixa visão é importante que

os computadores estejam adequados as suas necessidades.

Os mesmos programas são adequados para ambas as deficiências .

Os recursos de informática atualmente disponíveis para a pessoa com

baixa visão funcionam mediante interfeices visuais, sonoros, táteis,ou uma

combinação delas.

A escolha de um recurso visual, sonoro e tátil ou combinado vai

depender da função visual do usuário, de suas preferências pessoais e do

material que se queira acessar. Com freqüência, um só recurso não basta para

suprir todas as necessidades de leitura de um individuo, uma, vez que as

informações, hoje em dia, são veiculadas através de diversas formas (materiais

impressos, áudio, textos eletrônicos e multimídia).

Vale a pena ressaltar que, embora os sistemas sonoros e táteis tenham

sido concebidos principalmente par pessoas cegas, as pessoas com baixa

visão usufruem também dos avanços dessas tecnologias que lhes servem ora

como um complemento aos sistemas de ampliação de texto e imagens, ora

como modo principal de acesso á informação, uma vez que os

comprometimentos visuais podem ser tais que a leitura não seja facilitada por

qualquer nível de ampliação ou a torne muito trabalhosa e cansativa.

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Existem hoje em dia, vários recursos para baixa visão, como: o tamanho

das fontes e cores.

Dependendo do grau da baixa visão a fonte pode ser de 24 a 36. A letra

pode ser arial, verdana ou tahoma, mas a letra mais utilizada entre as pessoas

com baixa visão é a arial porque ela é mais confortável para ler e ela não é

desenhada. A cor melhor da letra é preta, azul turquesa.

CONFIGURAÇÕES

O cursor (ou ponteiro) que é guiado pelo mouse, pode ser configurado

de maneira que facilite sua visualização, como o modo rastreado, sua cor

escura e o acionamento do Ctrl, nas opções de ponteiro, para melhor

localização.

O contraste deve ser de fundo preto e os ícones ampliados para melhor

visualização, para a cor da letra do ícone não se confundir com o fundo.

O Windows 2000 incorpora um componente de texto para voz que

vocaliza através da placa de som do computador as distintas mensagens dos

menus, caixas de diálogo e conteúdos dos aplicativos do Office.

PROGRAMAS DE SINTESE DE VOZ

Existem alguns programas que podem auxiliar o deficiente visual, como:

INSSIST: semelhante ao programa Lente Pró;

UNSUTEST: ampliador de tela

MAGIC: ampliador de tela, podendo ser utilizado na Internet. Possui

síntese de voz.

Como o cego, pessoa com baixa visão também pode se utilizar de

outros recursos, como:

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JAWS--- ledor de texto

VIRTUAL VISION, facilita a utilização do Windows e da Internet.

WINDOWS XP---- já possui lente de aumento

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CAPITULO II

POLÍTICAS PÚBLICAS E A INCLUSÃO DO PORTADOR DE

DEFICIÊNCIA NO ENSINO SUPERIOR

Pouco se tem discutido no âmbito das Políticas Públicas acerca da

inclusão do portador de deficiência nas Universidades e em outras Instituições

de Ensino Superior.

O material pesquisado aborda os direitos fundamentais da inclusão aos

portadores de deficiência nos mais altos graus de ensino do país.

Busca-se assim por meio de ações legais que garantem aos portadores

de deficiência, o amplo acesso no campo da educação superior, demonstrando

que não há barreiras para essa inclusão, utilizando as legislações.

Existem diversas competências que devem ser respeitadas para haver a

inclusão dos portadores de deficiência, como será abordado a seguir.

A legislação brasileira contém um marco legal bastante avançado em

termos da garantia de direitos às pessoas com deficiência, embora, apenas nas

letras frias da lei, é necessária a conscientização dos dirigentes da IES na

aplicação prática dos preceitos legais. De forma mais efetiva a educação das

pessoas com necessidades especiais entra na pauta das discussões das

Políticas Educacionais no BRASIL, apenas na década de 1990, sobretudo, a

partir da LDB 9.394/96, que em seu Capítulo V, prescreve que a educação

desses alunos deve ser “oferecida preferencialmente na rede regular de

ensino”.

A primeira iniciativa por parte do MEC/SEESP com relação ao aluno com

necessidades educacionais especiais no Ensino Superior partiu da Portaria

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n.1793/1994 que recomenda a inclusão da disciplina “Aspectos Ético-Político-

Educacionais da Normalização e Integração da Pessoa Portadora de

Necessidades Especiais”, prioritariamente, nos cursos de Pedagogia,

Psicologia e demais licenciaturas, e a inclusão de conteúdos relativos a essa

disciplina em Cursos da Saúde, no Curso de Serviço Social e nos demais

cursos superiores, de acordo com suas especificidades.

A portaria ainda recomenda a manutenção e expansão de cursos

adicionais, de graduação e de especialização nas diversas áreas da Educação

Especial. Quanto a essa iniciativa governamental, se faz necessário apontar

que Chacon (2001) realizou um estudo focalizando as respostas das

universidades brasileiras à Portaria MEC n.1.793/1994. Para tal, analisou as

grades curriculares dos cursos de Pedagogia e Psicologia das universidades

federais de todo o Brasil e das estaduais e particulares dos estados de São

Paulo e Mato Grosso, bem como suas respectivas ementas e/ou conteúdos.

A pesquisa mostrou que, dos 58 cursos de Pedagogia e Psicologia,

apenas 13 apresentaram alterações na grade curricular, o que significa uma

quantidade de cursos muito baixa, pois equivale a 22,5% do total de cursos

estudados.

No campo da educação inclusiva do ensino superior, podemos destacar

as seguintes normas: portarias, decretos, convenções e constituições estaduais

e federal, como exemplo, a Portaria do MEC n.° 1.793 de 08/12/94; Aviso

circular do MEC n.° 277 de 08/05/96 (prestar vestibular); Decreto 3.298 de

20/12/99 (adaptações de provas); Portaria 3.284 de 07/11/2003 (assegura aos

portadores de deficiência física e sensorial – condições básicas de acesso ao

ensino superior); Dec. Legislativo n.° 186 de 10/07/08 que aprova a Convenção

dos direitos das pessoas com deficiência educação inclusiva em todos os

níveis; Decreto n.° 6.571de 17/09/08 (atendimento especializado). Deve-se

citar, ainda, a Lei 7.853 de 24/10/89 que institui o CORDE – Coordenadoria

Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, disciplina a

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tutela jurisdicional dos seus interesses, e ainda, culmina sanções penais para

algumas condutas, em seu artigo 8°.

A jurisdição é, sem dúvida, elemento de inclusão social e mecanismo

integrador e concretizador dos princípios e normas estabelecidos como

fundamentais pela Constituição do Estado. Assim, a defesa do direito

fundamental à educação inclusiva, se dá num ultimo apelo, com a atividade

integradora do Poder Judiciário, através da tutela individual do mandado de

segurança, e do mandado de injunção, e da tutela coletiva através do mandado

de segurança coletivo, do mandado de injunção coletivo e da ação civil pública.

Logicamente essa não é a melhor solução, pois o Estado deve se

antecipar a essa situação extrema de conflito jurisdicional, proporcionando o

acesso universal à educação superior.

Portaria n.º 1.793 de dezembro de 1994, do MEC

Hoje, com os avanços cada vez maiores nos diferentes graus de ensino,

a reflexão estende-se também sobre a Integração/Inclusão de estudantes com

necessidades especiais nas Universidades.

A inclusão do aluno com Necessidade Educacional Especial (NEE) têm

demonstrado um desafio da Educação Infantil até a Educação Superior.

Todavia, as estatísticas oficiais, os estudos e pesquisas, em sua maioria no

Brasil, elucidam acerca da condição desse alunado na Educação Básica,

quase nada se tem sobre essa situação no Ensino Universitário, o que indica a

carência de reflexões e, sobretudo, políticas públicas que contemplem ações

que avancem para uma educação inclusiva no ensino superior.

Ao longo de caminhada fica evidente que as instituições de ensino

encontram inúmeras dificuldades para efetivar uma educação pautada a partir

em critérios inclusivos e democráticos. Não se trata de considerá-la como um

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espaço de segregação e exclusão, mas com um local que apesar das

incontestáveis contribuições para a formação intelectual, cultural e política no

país, deve ampliar o significado de sua função social e assegurar o direito à

educação e à igualdade de oportunidades àqueles alunos que tradicionalmente

não fizeram parte de seu alunado, como é o caso dos alunos com

necessidades educacionais especiais.

O fato é que além das barreiras próprias da deficiência, esses estudantes

foram excluídos do direito à escola básica, o que, em grande escala, restringiu

e, na grande maioria das vezes, impossibilitou sua chegada à universidade. No

Brasil poucas instituições de ensino superior buscam se adaptar às

especificações dos portadores de necessidades especiais.

Esta norma, tendo em vista o disposto na medida provisória n.º 765 de 16

de dezembro de 1994, e considerando a necessidade de complementar os

currículos de formação de docentes e outros profissionais que interagem com

portadores de necessidades especiais, inclui disciplinas em alguns cursos

superiores, nos seguintes termos:

“Artigo 1° Recomendar a inclusão da disciplina ASPECTOS ÉTICOS POLÍTICOS EDUCACIONAIS DA NORMALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE NECESSIDADES ESPECIAIS, prioritariamente, nos cursos de pedagogia, psicologia e em todas as licenciaturas. Artigo 2º Recomendar a inclusão de conteúdos relativos aos aspectos éticos políticos educacionais da normalização e integração da pessoa portadora de necessidades especiais nos cursos do grupo de ciências e saúde, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoudiologia, medicina, nutrição, odontologia, terapia ocupacional, no curso de serviço social e nos demais cursos superiores, de acordo com as suas especialidades. Artigo 3º Recomendar a manutenção e expansão de estudos adicionais, cursos de graduação e de especialização já organizados para as diversas áreas da Educação Especial.”

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Aviso Circular n.º 277/MEC

Em 1996, as instituições de ensino superior receberam o Aviso Circular

n.277 MEC/GM que sugere encaminhamentos para o processo de ingresso do

aluno com necessidades especiais no Ensino Superior, sobretudo no concurso

vestibular, e chama a atenção para as Instituições desenvolverem ações que

possibilitem a flexibilização dos serviços educacionais, de infra-estrutura, de

capacitação de recursos humanos, de modo que atendam uma permanência

de qualidade a esses alunos.

Por este Aviso, de 8 de Maio de 1996, o MEC solicita aos Reitores de

IES a execução adequada de uma política educacional dirigida aos portadores

de necessidades especiais que os possibilite alcançar níveis cada vez mais

elevados do seu desenvolvimento acadêmico.

Segundo análise dos especialistas, tais ajustes se fazem necessários

em três momentos distintos do processo de seleção:

Na elaboração do edital, para que possa expressar, com clareza, os

recursos que poderão ser utilizados pelo vestibulando no momento da prova,

bem como dos critérios de correção a serem adotados pela comissão do

vestibular;

No momento dos exames de vestibulares, quando serão providenciadas

salas especiais para cada tipo de deficiência e a forma adequada de obtenção

de respostas pelo vestibulando;

No momento da correção das provas, quando será necessário

considerar as diferenças específicas inerentes a cada portador de deficiência,

para que o domínio do conhecimento seja aferido por meio de critérios

compatíveis com as características especiais desses alunos.

O MEC transmite aos Reitores conhecimento das Instituições, sugestões

visando facilitar o acesso dos portadores de deficiência ao 3º grau,

encaminhadas que formam a este ministro.

Instalação de Bancas Especiais contendo, pelo menos, um especialista

na área de deficiência do candidato;

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Utilização de textos ampliados, lupas ou outros recursos ópticos

especiais para as pessoas com visão subnormal;

Utilização de recursos e equipamentos específicos para cegos; provas

orais e ou em Braille, soroban, máquina de datilografia comum ou Parkins/

Braille, dos vox adaptado ao computador.

Colaboração de interprete no caso de língua de sinais no processo de

avaliação dos candidatos surdos;

Flexibilidade nos critérios de correção da redação e das provas

discursivas dos candidatos portadores de deficiência auditiva, dando relevância

ao aspecto semântico da mensagem sobre o aspecto formal e ou adoção de

outros mecanismos de avaliação da sua linguagem em substituição a prova de

redação.

Adaptação de espaços físicos, mobiliário e equipamentos para

candidatos portadores de deficiência física;

Utilização de provas orais ou uso de computadores e outros

equipamentos pelo portador de deficiência física com comprometimento dos

membros superiores;

Ampliação do tempo determinado para execução das provas de acordo

com o grau de comprometimento do candidato;

Criação de um mecanismo que identifique a deficiência da qual o

candidato é portador, de forma que a comissão do vestibular possa adotar

critérios de avaliação compatíveis com as características inerentes a essas

pessoas.

Portaria n.° 1.679, DE 2/12/1999

Nova iniciativa oficial ocorre pela Portaria MEC n.1.679/1999, que dispõe

sobre os requisitos de acessibilidade a pessoas com deficiências para instruir

processos de autorização e de reconhecimento de cursos e de credenciamento

de instituições.

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Apesar de o ingresso do aluno com necessidades educacionais

especiais na universidade representar um avanço, ainda há muito trabalho a

ser feito para que se concretize sua inclusão plena. Visto que, não existem

dados oficiais por parte dos censos educacionais sobre a educação superior

desse alunado e de a maioria das universidades não disporem de

mapeamentos acerca de seu ingresso e permanência e, raramente, possuírem

um serviço de apoio a estes estudantes, por si só revela um processo de

exclusão. Ora, ao se tomar à inclusão educacional como direito legítimo,

supõe-se o direito de todos e de cada um, ser parte integrante desse processo

de forma irrestrita. Quando se é negada a possibilidade de existir, mesmo que

estatisticamente, a exclusão soa como algo oficializado.

É importante lembrar que, os dados revelados pelos últimos censos

educacionais não se referem ao percentual de alunos com necessidades

educacionais no ensino superior brasileiro. A falta de dados oficiais

impossibilita, portanto, precisar e até mesmo chegar a indicativos mais

concretos sobre sua situação educacional no Brasil.

Cabe aqui não perder de vista a disparidade entre o discurso político de

educação para todos e o caráter assistencial e filantrópico que ancorou a

educação desses alunos. Mesmo hoje, sob a égide da bandeira inclusiva, são

muitos os entraves enfrentados, sobretudo pelos estudantes com NEE e suas

famílias, para garantir dignidade e qualidade à sua educação. Apesar de os

dados preliminares do censo escolar 2003 indicarem um salto educacional no

número de alunos com necessidades educacionais matriculados no ensino

regular, o desafio de uma educação inclusiva para essa população ainda está

longe de ser atingida.

Visto que, não são apenas os índices quantitativos que precisam ser

alterados: a qualidade de sua educação está longe de ser inclusiva, pois há

efetivamente muitas ausências na educação desses alunos. Falta concretizar

políticas públicas que atendam e respeitem as suas especificidades, falta

articular medidas específicas e ordinárias de atenção à diversidade e propostas

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de formação inicial e continuada aos professores que respondam

adequadamente aos princípios inclusivos.

Ainda no tocante às bases legais, mais recentemente foi revogada a

Portaria n.1.679/1999 e editada a Portaria 3.284/2003 MEC/GM, que dispõe

sobre a responsabilidade das universidades públicas e privadas em assegurar

condições básicas de acesso e permanência aos alunos com NEE físicas e

sensoriais. Determina que na avaliação das condições de oferta de cursos

superiores – para autorizá-los, reconhecê-los e renová-los – sejam incluídos

requisitos de acessibilidade de pessoas com necessidades especiais.

A portaria estabelece os requisitos para alunos deficientes visuais e

compromisso formal da Instituição de proporcionar, caso seja solicitada, desde

o acesso até conclusão do curso, sala de apoio contendo:

_ Máquina de datilografia braille, impressora braille acoplada a

computador, sistema de síntese de voz;

_ Gravador e fotocopiadora que amplie textos;

_ Plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico em fitas;

_ Software de ampliação de tela;

_ Equipamento para ampliação de textos para atendimento a aluno com

visão subnormal (vs);

_ Lupas, réguas de leitura;

_Scanner acoplado ao computador;

_ Plano de aquisição gradual de acervo bibliográfico dos conteúdos

básicos em Braille.

E ainda, as seguintes determinações:

“Artigo 1º Determinar que sejam incluídos nos instrumentos destinados a avaliar as condições de ofertar de cursos superiores, para fins de sua autorização e reconhecimento e para fins de credenciamento de instituições de ensino superior, bem como para sua renovação conforme normas em vigor, requisitos de acessibilidade de pessoas portadoras de necessidades especiais.

Artigo 2º A Secretaria de Educação Superior deste Ministério, com o apoio técnico da Secretaria de Educação Especial, estabelecerá, os requisitos, tendo como referência a Norma Brasil 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que trata da Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências e Edificações, Espaço,Mobiliário e Equipamentos Urbanos.”

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Decreto-Legislativo N.° 186\2008

Esta norma aprova o texto da Convenção Sobre os Direitos das Pessoas

com Deficiência e de seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova Iorque, em

30 de março de 2007.

O propósito da presente Convenção é promover, proteger e assegurar o

exercício pleno e eqüitativo de todos os direitos humanos e liberdades

fundamentais por todas as pessoas com deficiência e promover o respeito pela

sua dignidade inerente.

A norma traz a definição de Comunicação: “abrange as línguas, a

visualização de textos, o braille, a comunicação tátil, os caracteres ampliados,

os dispositivos de multimídia acessível, assim como a linguagem simples,

escrita e oral, os sistemas auditivos e os meios de voz digitalizada e os modos,

meios e formatos aumentativos e alternativos de comunicação, inclusive a

tecnologia da informação e comunicação acessíveis;”

E, ainda, os seus princípios:

“ a) O respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas.

b) A não-discriminação;

c) A plena e efetiva participação e inclusão na sociedade;

d) O respeito pela diferença e pela aceitação das pessoas com deficiência como parte da diversidade humana e da humanidade;

e) A igualdade de oportunidades;

f) A acessibilidade;

g) A igualdade entre o homem e a mulher;

h) O respeito pelo desenvolvimento das capacidades das crianças com deficiência e pelo direito das crianças com deficiência de preservar sua identidade.”

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Obrigações Gerais

e) Tomar todas as medidas apropriadas para eliminar a discriminação baseada em deficiência, por parte de qualquer pessoa, organização ou empresa privada;

i) Promover a capacitação em relação aos direitos reconhecidos pela presente Convenção dos profissionais e equipes que trabalham com pessoas com deficiência, de forma a melhorar a prestação de assistência e serviços garantidos por esses direitos.

Igualdade e Não-discriminação

2. Os Estados Partes proibirão qualquer discriminação baseada na deficiência e garantirão às pessoas com deficiência igual e efetiva proteção legal contra a discriminação por qualquer motivo.

Artigo 8

Conscientização

1. Os Estados Partes se comprometem a adotar medidas imediatas, efetivas e apropriadas para:

a) Conscientizar toda a sociedade, inclusive as famílias, sobre as condições das pessoas com deficiência e fomentar o respeito pelos direitos e pela dignidade das pessoas com deficiência;

b) Combater estereótipos, preconceitos e práticas nocivas em relação a pessoas com deficiência, inclusive aqueles relacionados a sexo e idade, em todas as áreas da vida;

c) Promover a conscientização sobre as capacidades e contribuições das pessoas com deficiência.

Acessibilidade

1. A fim de possibilitar às pessoas com deficiência viver de forma independente e participar plenamente de todos os aspectos da vida, os Estados Partes tomarão as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluirão a identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a:

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a) Edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e local de trabalho;

b) Informações, comunicações e outros serviços, inclusive serviços eletrônicos e serviços de emergência;

2. Os Estados Partes também tomarão medidas apropriadas para:

d) Dotar os edifícios e outras instalações abertas ao público ou de uso público de sinalização em braille e em formatos de fácil leitura e compreensão;

Reconhecimento igual perante a lei

1. Os Estados Partes reafirmam que as pessoas com deficiência têm o direito de ser reconhecidas em qualquer lugar como pessoas perante a lei.

2. Os Estados Partes reconhecerão que as pessoas com deficiência gozam de capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas em todos os aspectos da vida.

3. Os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para prover o acesso de pessoas com deficiência ao apoio que necessitarem no exercício de sua capacidade legal.

Liberdade e segurança da pessoa

1. Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas:

a) Gozem do direito à liberdade e à segurança da pessoa; e.

b) Não sejam privadas ilegal ou arbitrariamente de sua liberdade e que toda privação de liberdade esteja em conformidade com a lei, e que a existência de deficiência não justifique a privação de liberdade;

2. Os Estados Partes assegurarão que, se pessoas com deficiência forem privadas de liberdade mediante algum processo, elas, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, façam jus a garantias de acordo com o direito internacional dos direitos humanos e sejam tratadas em conformidade com os objetivos e princípios da presente Convenção, inclusive mediante a provisão de adaptação razoável.

Prevenção contra exploração, violência ou abuso

...

2. Os Estados Partes também tomarão todas as medidas apropriadas para prevenir todas as formas de exploração, violência e abuso, assegurando, entre outras coisas, formas apropriadas de atendimento e apoio que levem

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em conta o gênero e a idade das pessoas com deficiência e de seus familiares e atendentes, inclusive mediante a provisão de informação e educação sobre a maneira de evitar, reconhecer e denunciar casos de exploração, violência e abuso. Os Estados Partes assegurarão que os serviços de proteção levem em conta a idade, o gênero e a deficiência das pessoas.

...

Vida independente e inclusão na comunidade

...

b) As pessoas com deficiência tenham acesso a uma variedade de serviços de apoio em domicílio ou em instituições residenciais ou a outros serviços comunitários de apoio, inclusive os serviços de atendentes pessoais que forem necessários como apoio para que as pessoas com deficiência vivam e sejam incluídas na comunidade e para evitar que fiquem isoladas ou segregadas da comunidade;

...

Liberdade de expressão e de opinião e acesso informação.

Os Estados Partes tomarão todas as medidas apropriadas para assegurar que as pessoas com deficiência possam exercer seu direito à liberdade de expressão e opinião, inclusive à liberdade de buscar, receber e compartilhar informações e idéias, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas e por intermédio de todas as formas de comunicação de sua escolha, conforme disposto no Artigo 2 da presente Convenção, entre as quais:

a) Fornecer, prontamente e sem custo adicional, às pessoas com deficiência todas as informações destinadas ao público em geral, em formatos acessíveis e tecnologias apropriadas aos diferentes tipos de deficiência;

b) Aceitar e facilitar, em trâmites oficiais, o uso de línguas de sinais, braille, comunicação aumentativa e alternativa, e de todos os demais meios, modos e formatos acessíveis de comunicação, à escolha das pessoas com deficiência;

c) Urgir as entidades privadas que oferecem serviços ao público em geral, inclusive por meio da Internet, a fornecer informações e serviços em formatos acessíveis, que possam ser usados por pessoas com deficiência;

...

Artigo 24

Educação

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1. Os Estados Partes reconhecem o direito das pessoas com deficiência à educação. Para efetivar esse direito sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades, os Estados Partes assegurarão sistema educacional inclusivo em todos os níveis, bem como o aprendizado ao longo de toda a vida, com os seguintes objetivos:

a) O pleno desenvolvimento do potencial humano e do senso de dignidade e auto-estima além do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e pela diversidade humana;

b) O máximo desenvolvimento possível da personalidade e dos talentos e da criatividade das pessoas com deficiência, assim como de suas habilidades físicas e intelectuais;

c) A participação efetiva das pessoas com deficiência em uma sociedade livre.

2. Para a realização desse direito, os Estados Partes assegurarão que:

a) As pessoas com deficiência não sejam excluídas do sistema educacional geral sob alegação de deficiência e que as crianças com deficiência não sejam excluídas do ensino primário gratuito e compulsório ou do ensino secundário, sob alegação de deficiência;

b) As pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino primário inclusivo, de qualidade e gratuito, e ao ensino secundário, em igualdade de condições com as demais pessoas na comunidade em que vivem;

c) Adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais sejam providenciadas;

d) As pessoas com deficiência recebam o apoio necessário, no âmbito do sistema educacional geral, com vistas a facilitar sua efetiva educação;

e) Medidas de apoio individualizadas e efetivas sejam adotadas em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena.

3. Os Estados Partes assegurarão às pessoas com deficiência a possibilidade de adquirir as competências práticas e sociais necessárias de modo a facilitar às pessoas com deficiência sua plena e igual participação no sistema de ensino e na vida em comunidade. Para tanto, os Estados Partes tomarão medidas apropriadas, incluindo:

a) Facilitação do aprendizado do braille, escrita alternativa, modos, meios e formatos de comunicação aumentativa e alternativa, e habilidades de orientação e mobilidade, além de facilitação do apoio e aconselhamento de pares;

b) Facilitação do aprendizado da língua de sinais e promoção da identidade lingüística da comunidade surda;

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c) Garantia de que a educação de pessoas, em particular crianças cegas, surdocegas e surdas, seja ministrada nas línguas e nos modos e meios de comunicação mais adequados ao indivíduo e em ambientes que favoreçam ao máximo seu desenvolvimento acadêmico e social:

4. A fim de contribuir para o exercício desse direito, os Estados Partes tomarão medidas apropriadas para empregar professores, inclusive professores com deficiência, habilitados para o ensino da língua de sinais e/ou do braille, e para capacitar profissionais e equipes atuantes em todos os níveis de ensino. Essa capacitação incorporará a conscientização da deficiência e a utilização de modos, meios e formatos apropriados de comunicação aumentativa e alternativa, e técnicas e materiais pedagógicos, como apoios para pessoas com deficiência.

5. Os Estados Partes assegurarão que as pessoas com deficiência possam ter acesso ao ensino superior em geral, treinamento profissional de acordo com sua vocação, educação para adultos e formação continuada, sem discriminação e em igualdade de condições. Para tanto, os Estados Partes assegurarão a provisão de adaptações razoáveis para pessoas com deficiência.

Poder Executivo - Decreto nº 6.571/2008 D O U 18/09/2008

“Artigo 3º O Ministro da Educação prestará apoio técnico e financeiro ás seguintes ações voltadas á oferta do atendimento educacional especializado, entre outras que atendam aos objetivos previstos neste Decreto.”

II- Formação continuada de professores para o atendimento educacional especializado;

VI- Estruturação de núcleos de acessibilidade nas instituições federais de ensino superior.

Parágrafo 1º As salas de recursos multifucionais são ambientes dotados de equipamento, mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos para a oferta do atendimento especializado.

Parágrafo 2º A produção e distribuição de recursos educacionais para a acessibilidade incluem livros didáticos e paradidáticos em braille, áudio e Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, laptops com sintetizador de voz, Softwares para comunicação alternativa e outras ajudas técnicas que possibilitam o acesso ao currículo. Entre as diferenças apresentadas pelos alunos com necessidades especiais, encontram-se os surdos, que possuem como principal marca a questão lingüística, representada pela Língua Brasileira de Sinais (Libras). Essa peculiaridade tem acarretado diferentes tipos e níveis de dificuldades em consolidar um processo inclusivo com

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esses alunos, inclusive uma continuidade na sua escolarização até ao nível universitário.

O intérprete de língua de sinais, especialmente durante as aulas e

realização de atividades acadêmicas ministradas dentro do campus

universitário. O intérprete é um profissional com competência lingüística em

Libras/língua portuguesa, que atua no contexto do ensino regular no qual há

alunos surdos matriculados. O intérprete não substitui a figura do professor em

relação à função central na mediação do processo de aprendizagem. Sua

atuação será a de mediador na comunicação entre surdos e ouvintes, nas

diferentes situações de aprendizagem e interação social.

Parágrafo 3º Os núcleos de acessibilidade nas instituições federais de

educação superior visam eliminar barreiras físicas, de comunicação e de

informação que restringem a participação e o desenvolvimento acadêmico e

social de alunos com deficiência.

Lei Nº 7.853 De 24 De Outubro De 1989

No Brasil, a Constituição de 1988 rompeu com o modelo assistencialista,

até então operante, pois embora já houvesse ratificado a Convenção 159 da

OIT, nossa Nação ainda não implementara qualquer arcabouço jurídico hábil a

integrar o portador de deficiência. A regulamentação da Lei 7.853/89 pelo

Decreto 3.298, dez anos depois da edição da primeira, é um fato

historicamente relevante, de vez que possibilita a concretização dos princípios

constitucionais, conforme veremos.

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Decreto Nº 3.298 De 20/12/1999- Política Nacional Para A

Integração da Pessoa Portadora de Deficiência

Esta norma reza que as Instituições de Ensino Superior deverão

oferecer adaptações de provas e os apoios necessários, previamente

solicitados pelo aluno portador de deficiência inclusive tempo adicional para

realização das provas, conforme as características da deficiência.

II- Conceito de pessoa portadora de deficiência (PPD) para os efeitos do

Direito do Trabalho

A Convenção da OIT nº 159, de 1983, ratificada pelo Brasil através do

Decreto Legislativo nº 51, de 28 de agosto de 1989 conceitua o portador de

deficiência no art. 11, da seguinte forma: "Para efeitos da presente Convenção,

entende-se por 'pessoa deficiente' todo indivíduo cujas possibilidades de obter

e conservar um emprego adequado e de progredir no mesmo fiquem

substancialmente reduzidas devido a uma deficiência de caráter físico ou

mental devidamente reconhecida".

O conceito em questão ressalta o caráter funcional das deficiências

físicas ou sensoriais, estabelecendo a Convenção o dever dos países

signatários de se engajarem em atividades de integração e de fornecerem

instrumentos que viabilizem o exercício das atividades profissionais para as

pessoas que deles necessitem.

Neste diapasão, o recente Decreto 3.298 conceitua os portadores de

deficiência em seu artigo 3º.

Define deficiência como "toda perda ou anormalidade de uma estrutura

ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o

desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser

humano".

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Incapacidade, por sua vez, é conceituada pelo inciso III como "uma

redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com

necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para

que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações

necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou

atividade a ser exercida".

O artigo 4º do Decreto 3.298 especifica a conceituação técnica, sob o

ponto de vista médico, das deficiências física, auditiva, visual, mental e

múltipla.

Percebe-se, portanto, que o espírito do decreto em comento, ao definir o

portador de deficiência, é o de suplementar a Lei 7.853, que não definira as

deficiências hábeis a gerar a proteção jurídica por ela traçada.

Outro aspecto relevante é o de que as deficiências são tidas como

limitações de caráter instrumental, cientificamente quantificados, balizados, de

acordo com critérios médicos internacionais.

Com isso, é possibilitada a aferição da matéria a ser tutelada pelo direito

e os limites físicos, fisiológicos, sensoriais ou mentais que deverão merecer

suplementação por intermédio de instrumentos, próteses, adaptações físicas

do meio e procedimentos que possibilitem a devida integração do portador de

deficiência.

Supera-se, destarte, a segregação assistencial até então imperante em

nosso país, apesar do grande avanço jurídico trazido pela Constituição de 88 e

pela Lei 7.853, que carecia de regulamentação, até mesmo conceitual.

III- A legislação brasileira atual e o trabalho do portador de deficiência

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A Constituição de 1988 é a primeira Carta Constitucional que enfatiza,

sobremaneira, a tutela da pessoa portadora de deficiência no trabalho. O art.

71, inciso XXXI, preceitua:

"proibição de qualquer discriminação no tocante a salário ou critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência". Este dispositivo é de vital importância, como se vê, pois a nação brasileira assume o compromisso de admitir o portador de deficiência como trabalhador, desde que sua limitação física não seja incompatível com as atividades profissionais disponíveis".

O art. 37, inciso VIII, também da Constituição Federal, determina que "A

lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas

portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão".

No artigo 1º Ficam estabelecidas normas gerais que asseguram o pleno

exercício dos direitos individuais e sociais das pessoas portadoras de de

deficiência, e sua afetiva integração social, nos termos desta lei.

IV- A formação e a qualificação de recursos humanos que, nas diversas

áreas de conhecimento, inclusive de nível superior, atendam a demanda e as

necessidades reais das pessoas portadoras de deficiência;

Artigo 3º As ações civis públicas destinadas á proteção de interesses

coletivos ou difusos das pessoas portadoras de deficiência poderão ser

propostas pelo Ministério Público, pela União, Estados, Municípios, e Distrito

Federal; por associação constituída há mais de um ano, nos termos da lei civil,

autarquia,empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista que

inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção das pessoas portadoras

de deficiência.

Artigo 8º Constitui crime punível com reclusão de um a quatro anos, e

multa:

I- Recusar, suspender, procrastinar, cancelar ou fazer cessar, sem

justa causa, a inscrição de aluno em estabelecimento de ensino de

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qualquer curso ou grau, público ou privado, por motivos derivados da

deficiência que porta.

PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, em objetivos e metas, temos os itens

a seguir:

Providenciar livros didáticos falados, em braille e em caracteres

ampliados, para os alunos que necessitarem, devendo, buscar parcerias, e,

ainda estabelecer programas para equipar as escolas e universidades, e incluir

nos currículos de formação de professores disciplinas específicas para

capacitação ao atendimento doa alunos especiais.

Cota de Vagas para Deficiente nas Instituiçoes Federais do Ensino

Superior – Ifes

No dia 29 de abril de 2009 na câmara, foi aprovada a cota para

deficientes na universidades públicas federais.

A comissão de constituição de justiça (CCJ) da câmara aprovou um

projeto que reserva 10% das vagas em universidade públicas federais para

pessoas com deficiência.

O relator do projeto, deputado Efrain Filho (DEM-PB) defende que as

cotas promoverão a inclusão social de pessoas com deficiência. “Este projeto

vem corrigir uma distorção do ordenamento jurídico brasileiro. Já existe reserva

de vagas para concurso público, mas não tinha sido dado até agora garantia de

capacitação para esta pessoa com deficiência”.

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Histórico

A edição do Decreto 3.298, em 20/12/99 é fato historicamente relevante,

eis que revela verdadeira mudança institucional da condição da pessoa

portadora de deficiência no Brasil. A valoração do portador de deficiência

assumiu vários matizes no decorrer da história, sendo árdua a luta pelas

conquistas finalmente alcançadas.

O repúdio preconceituoso e a segregação "caridosa" do portador de

deficiência cederam passo, progressivamente, à idéia de integração plena

dessas pessoas.

Na antigüidade remota e entre os povos primitivos, o tratamento

destinado aos portadores de deficiência assumiu dois aspectos básicos: alguns

os exterminavam, por considerá-los grave empecilho à sobrevivência do grupo

e, outros, os protegiam e sustentavam para buscar a simpatia dos deuses, ou

como gratidão pelos esforços dos que se mutilavam na guerra.

Os hebreus viam, na deficiência física ou sensorial, uma espécie de

punição de Deus, e impediam qualquer portador de deficiência de ter acesso à

direção dos serviços religiosos. A Lei das XII Tábuas, na Roma antiga,

autorizava os patriarcas a matar seus filhos defeituosos, o mesmo ocorrendo

em Esparta, onde os recém-nascidos, frágeis ou deficientes, eram lançados do

alto do Taigeto (abismo de mais de 2.400 metros de altitude, próximo de

Esparta).

Há, como dizíamos, exemplos opostos, de povos que sempre cuidaram

de seus deficientes, ou outros que, evoluindo moral e socialmente, mudaram

de conduta.

Os hindus, ao contrário dos hebreus, sempre consideraram os cegos,

pessoas de sensibilidade interior mais aguçada, justamente pela falta da visão,

e estimulavam o ingresso dos deficientes visuais nas funções religiosas. Os

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atenienses, por influência de Aristóteles, protegiam seus doentes e os

deficientes, sustentando-os, até mesmo por meio de sistema semelhante à

Previdência Social, em que todos contribuíam para a manutenção dos heróis

de guerra e de suas famílias. Assim também agiam os romanos do tempo do

império, quiçá, por influência ateniense. Discutiam, estes dois povos, se a

conduta adequada seria a assistencial, ou a readaptação destes deficientes

para o trabalho que lhes fosse apropriado.

Um exemplo mitológico da concepção anti-assistencialista e

profissionalizante é a figura de Hefesto, que na obra "Ilíada" de Homero, se

apresentava como detentor de grande habilidade em metalurgia e em artes

marciais, a despeito de sua deficiência nos membros inferiores.

Durante a Idade Média, já sob a influência do Cristianismo, os senhores

feudais amparavam os deficientes e os doentes, em casas de assistência por

eles mantidas.

Progressivamente, no entanto, com a perda de influência do feudalismo,

veio à tona a idéia de que os portadores de deficiência deveriam ser engajados

no sistema de produção, ou assistidos pela sociedade, que contribuía

compulsoriamente para tanto.

Na França, instituiu-se, em 1547, por Henrique II, assistência social

obrigatória para amparar deficientes, através de coletas de taxas. Mas foi com

o Renascimento que a visão assistencialista cedeu lugar, definitivamente, à

postura profissionalizante e integrativa das pessoas portadoras de deficiência.

A maneira científica da percepção da realidade daquela época derrubou o

estigma social piegas que influenciava o tratamento para com as pessoas

portadoras de deficiência, e a busca racional da sua integração se fez por

várias leis que passaram a ser promulgadas.

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Na Idade Moderna (a partir de 1789), vários inventos se forjaram com

intuito de propiciar meios de trabalho e locomoção aos portadores de

deficiência, tais como a cadeira de rodas, bengalas, bastões, muletas, coletes,

próteses, macas, veículos adaptados, camas móveis e etc.; o Código Braille foi

criado por Louis Braille e propiciou a perfeita integração dos deficientes visuais

ao mundo da linguagem escrita.

O despertar da atenção para a questão da habilitação e da reabilitação

do portador de deficiência para o trabalho aguçou-se a partir da Revolução

Industrial, quando as guerras, epidemias e anomalias genéticas deixaram de

ser as causas únicas das deficiências, e o trabalho, em condições precárias,

passou a ocasionar os acidentes mutiladores e as doenças profissionais, sendo

necessária a própria criação do Direito do Trabalho e um sistema eficiente de

Seguridade Social, com atividades assistenciais, previdenciárias e de

atendimento à saúde, bem como a reabilitação dos acidentados.

A OIT destinou ao assunto duas Recomendações (nº 99 de 1955 e nº

168 de 1983) e uma Convenção ( nº 159 de 1983).

Na esfera privada, também se institui a obrigatoriedade de reserva de postos a portadores de deficiência. A Lei nº 8.213/91, fixa os seguintes percentuais:

"A empresa com 100 (cem) ou mais empregados está obrigada a preencher de 2% (dois por cento) a 5% (cinco por cento) dos seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência, habilitadas, na seguinte proporção: -até 200 empregados .........2% -de 201 a 500 empregados ....3% -de 501 a 1.000..............4% -de 1001 em diante ..........5%

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A Lei n1 8.112, neste diapasão, impõe que a União reserve, em seus

concursos, até 20% das vagas a portadores de deficiências, havendo iniciativas

semelhantes nos Estatutos Estaduais e Municipais, para o regime dos

servidores públicos.

O art. 203, inciso IV, da Constituição inclui entre os deveres da

assistência social "a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de

deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária".

O inciso V, do mesmo artigo dispõe que os deficientes e idosos

incapazes de se manter, pelo próprio trabalho ou por auxílio da família, terão

direito a uma renda mensal vitalícia equivalente a um salário mínimo, mediante

regulamentação de norma específica, que veio pela Lei n1 8.742, de 7 de

dezembro de 1993 (art. 21, inciso V, arts. 20, 21 e parágrafos).

O art. 208, inciso III, da Constituição, arrola entre os deveres do Estado

na órbita da atividade educacional, a oferta de escolas especializadas para

portadores de deficiência.

O art. 227, também da Constituição, grande monumento da doutrina da

proteção integral da criança e do adolescente, no inciso II, fala na "Criação de

programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de

deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do

adolescente portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e

a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a

eliminação de preconceitos e obstáculos arquitetônicos".

Regulamentando o dispositivo acima, a Lei nº 7.853, de outubro de

1989, cria a CORDE (Coordenação Nacional para Integração da Pessoa

Portadora de Deficiência), estabelece mecanismo de tutela dos interesses

difusos das pessoas deficientes, pelo Ministério Público, impõe a priorização

das medidas de integração dos deficientes no trabalho e na sociedade, institui

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as Oficinas Protegidas de Trabalho e define como criminosa a conduta

injustamente discriminatória de deficientes no trabalho.

Dispõe, ainda, em seu artigo 2º, inciso III, letra "d", que cabe ao Poder

Público e a seus órgãos assegurar às pessoas portadoras de deficiência o

pleno exercício de seus direitos básicos, inclusive do direito ao trabalho,

devendo ser dispensado tratamento adequado tendente a viabilizar a adoção

de legislação específica, disciplinando a reserva de mercado de trabalho em

favor dessas pessoas, nas entidades da Administração Pública e do setor

privado, e regulamentando a organização de oficinas e congêneres integradas

ao mercado de trabalho, e a situação, nelas, das PPDs.

Tanto a Constituição quanto a lei ordinária traçam enunciados,

princípios, cuja aplicação vinha se fazendo de forma casuística, nos vários

níveis da federação.

Proliferaram leis municipais, estaduais ou mesmo editais, adotando

critérios profundamente díspares, os quais suscitaram dúvidas de aplicação, ou

mesmo inviabilizaram o direito contemplado nos instrumentos normativos retro-

mencionados.

O Decreto 3.298 regulamenta a Lei 7.853, implementando mecanismos

para a concretização da reserva de vagas nos concursos públicos.

Dedica à matéria os artigos 37 a 44, traçando, a partir da experiência

acumulada, novas diretrizes visando a superação de problemas enfrentados

pelos portadores de deficiência, que se confrontavam com regras que, à guisa

de regulamentar a reserva de vagas, findavam por inviabilizar a aprovação

daqueles candidatos.

Garante-se a igualdade de condições das PPDs aos demais candidatos

quanto à inscrição, observando-se, outrossim, o percentual mínimo de 5% de

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vagas reservadas. Excetuam-se desta regra os cargos em comissão ou função

de confiança, ou aqueles cujo exercício demande aptidão plena. Grande

avanço se obteve, ao se fixar o percentual mínimo de 5%. A maioria das leis

estaduais e municipais falavam em até 5%, o que possibilitava a fixação de

percentuais irrisórios.

Disciplinam-se, ademais, as regras que deverão constar dos editais,

pautando-as por critérios concernentes à cidadania do candidato portador de

deficiência. Com o intuito de fixar condições de igualdade, o decreto determina

que a autoridade competente não pode obstar a inscrição do deficiente, que

por sua vez, deve declarar e comprovar sua condição, indicando os

instrumentos de adaptação que poderá necessitar durante a realização do

concurso e do estágio probatório. Devem estar previstos, também, o número de

vagas existentes e o total correspondente à reserva destinada às PPDs, bem

como as atribuições e tarefas essenciais dos cargos a serem ocupados.

A pessoa portadora de deficiência participará do concurso em

igualdades de condições com os demais candidatos, no que se refere ao

conteúdo e avaliação das provas, aos critérios de aprovação, ao horário e ao

local de aplicação dos exames, a nota mínima exigida para todos os demais

candidatos e a publicação dos resultados finais.

Assinale-se que o critério de avaliação deverá ser o mesmo utilizado

para todos os candidatos, portadores ou não de deficiências. As regras

anteriores ao decreto normalmente atribuíam a uma comissão médica o dever

de aferir, após a aprovação no concurso e antes do estágio probatório, se a

deficiência apresentada pelo candidato seria compatível com a função a ser

exercida, o que impunha duplo ônus às PPDs. Deviam ser aprovadas no

concurso e pela comissão médica e ter o aval dessa comissão para se

submeterem ao estágio probatório.

Buscou-se afastar essa injustiça inserindo-se, na Comissão, membros

da carreira a ser abraçada pelo candidato. Conferiu-se àquela comissão,

ademais, o dever de avaliar os instrumentos que o candidato necessitará

durante o concurso, bem como, em caso de aprovação, o dever de

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acompanhá-lo durante o estágio probatório, assegurando-lhe os instrumentos e

meios de apoio necessários para a sua integração.

Na esfera privada, o decreto delineia a inserção competitiva, a inserção

seletiva, as oficinas protegidas e o trabalho independente, autônomo.

Aponta a inserção competitiva como sendo aquela em que a PPD

ingressa no mercado de trabalho em condições de quase absoluta igualdade

com qualquer outro trabalhador, no que concerne à execução do seu trabalho,

necessitando, tão somente, de apoios instrumentais que supram suas

restrições físicas ou sensoriais.

A inserção seletiva dar-se-á quando forem necessários, além dos

instrumentos de apoio, procedimentos especiais, como horário diferenciado,

adaptação do meio ambiente, atuação de orientadores ou acompanhantes, etc.

Nos dois casos, na inserção competitiva ou na inserção seletiva, serão

garantidos todos os direitos trabalhistas e previdenciários.

Incentiva, outrossim, o decreto, o trabalho independente, por meio das

chamadas cooperativas sociais, reguladas pela Lei 9.867/99.

Há que se atentar, porém, para as possíveis fraudes, tão usualmente

encontradas entre as cooperativas de trabalho.

As oficinas protegidas são aquelas que se encontram no interior de

entidades que desenvolvem trabalhos terapêuticos, visando a preparação do

portador de deficiência para um futuro processo seletivo ou competitivo de

trabalho. Tal procedimento é indispensável com relação a algumas deficiência

mentais ou físicas, cujo grau de comprometimento afete os processos de

sociabilização das PPDs.

Tanto nas primeiras como nas segundas não haverá vínculo de

emprego.

Finalmente, o ECA, em seu art. 66, também obriga a que a sociedade

brasileira atente para a proteção do trabalho do adolescente deficiente, o que

faz com acerto, posto que duplas são as peculiaridades do adolescente

portador de deficiência, as quais suscitam necessidade mais intensa de

proteção, para que se lhe possibilite a integração adequada na sociedade,

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afastando-o da política de caridade meramente assistencial, que o impelirá

inexoravelmente à marginalidade.

É com esta intenção, que a Lei do Estágio amplia o estágio

profissionalizante às escolas especiais de qualquer grau.

O direito à profissionalização assume, aqui, papel imprescindível de

socialização do portador de deficiência, eis que suas limitações para o trabalho

se constituem em barreiras, tão somente, instrumentais, mesmo que seja ele

portador de deficiência física, mental, ou sensorial. Todas elas são superáveis,

desde que se rompam os preconceitos atávicos, herdados, talvez, das

concepções antigas dos povos primitivos, de que o portador de deficiência é

um "pecador punido por Deus", que deve ser segregado.

Cabe ao Direito do Trabalho despir-se destes preconceitos e buscar,

cientificamente, a compreensão dos reais limites dos deficientes para,

cumprindo seu papel histórico, garantir-lhes condições de igualdade plena aos

demais trabalhadores.

Aquestão da inclusão social das pessoas com deficiência não se resume

a sua inserção no mercado de trabalho, mas lhe tem como ponto alto. Dada

sua complexidade, por óbvio, não poderia se conter em apenas um artigo,

inserto em lei que sequer trata da questão com a especificidade necessária

para esgotar-lhe as particularidades.

Isso explica, inclusive, porque somente a partir de 1999 é que passamos

a observar as movimentações mais maciças de inclusão de pessoas com

deficiência no mercado de trabalho. É que somente nesse ano foi expedido o

Decreto n.º 3.298, de 20/12/99, que dissipou muitas das indagações e conflitos

existentes sobre a questão até aquele momento.

Destaque-se que não é de hoje a preocupação de tornar produtivas as

pessoas com deficiência, que a princípio sempre foram vistas como um

encargo a ser suportado, com um certo desagrado, pelos ditos "normais" da

sociedade.

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A Carta das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos do

Homem e do Cidadão, de 1948, já se preocupavam com a questão da

igualdade para todos, indistintamente. Mas isso de forma geral, sem que

dirigissem atenção especial e diferenciada a questão das pessoas com

deficiência.

O marco das discussões direcionadas, em verdade, foi o ano de 1981,

proclamado pelas Nações Unidas como o "Ano Internacional das Pessoas

Deficientes".

Especial destaque merecem as Resoluções 37/52 e 37/53 da

Assembléia Geral da ONU, reunida em 3 de dezembro de 1982, cujos

propósitos foram os de promover, respectivamente, o programa de Ação

Mundial para Pessoas com Deficiência e a proclamação da Década das

Nações Unidas para as Pessoas com Deficiência.

Evidencie-se que no mundo moderno há um número expressivo de

pessoas com deficiência devido as mais diversas causas, entre elas as

guerras, as doenças, a violência, a pobreza, os acidentes etc. A cifra estimada

é de que são 500 milhões as pessoas com deficiência em todo o mundo. Na

maioria dos países, pelo menos uma em cada dez pessoas tem uma

deficiência física, mental ou sensorial. Desses 500 milhões, estima-se que no

mínimo 350 milhões vivam em zonas que não dispõem dos serviços

necessários para ajudá-las a superar as suas limitações.

No Brasil, segundo a ONU, 10% (dez por cento) da população é

composta de pessoas com algum tipo de deficiência. O Censo 2000 assentou

14,5%, o que corresponde a 24,5 milhões de pessoas (mais precisamente,

24.537.984 PPD’s), das quais 15,14 milhões têm idade e condições de

integrarem o mercado formal do trabalho, desde que proporcionadas às

necessárias condições de acessibilidade.

De acordo com dados divulgados pela OIT, o desemprego entre as

pessoas com deficiência com idade para trabalhar é extremamente maior do

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que entre as pessoas ditas "normais", podendo chegar a 80% em alguns

países em desenvolvimento.

Nesse cenário, a legislação brasileira, uma das mais avançadas no que

respeita a inclusão social das pessoas com deficiência, preocupa-se

sobremaneira e primordialmente com sua inserção no grupo das pessoas

economicamente ativas.

Na Constituição, destacam-se dispositivos cujo sentido é garantir a

essas pessoas o direito a um convívio social equilibrado, o direito social ao

trabalho e a proibição de qualquer tipo de discriminação, ainda que no tocante

a salários e critérios de admissão.

Diversas leis esparsas também dispõem a respeito dos seus direitos,

inclusive disciplinando sua inserção no mercado laboral e punido com rigor o

preconceito de que normalmente são vítimas.

Felizmente, constata-se que a legislação que atualmente se dedica a

proteção das pessoas com deficiência encontra-se em evidência, eis que o

ordenamento jurídico brasileiro em muito avançou em benefício dessas

pessoas especiais, principalmente após a Constituição Federal de 1988, que

em seu próprio bojo já lhes confere ampla proteção e garantia de inclusão (art.

1º, IV; art. 3º, III e IV; art. 5º, XIII; art. 7º, XXXI; art. 37, VIII; art. 170, VII e VIII;

art. 203, IV e V; art. 208, III; art. 215; art. 217, §3º; art. 227, §1º, II; art. 244) .

As pessoas portadoras de deficiências enfrentam uma série de

dificuldades para poderem ingressar numa universidade e desenvolverem os

seus estudos. A segunda etapa é a mais difícil e os alunos necessitam de uma

política institucional de acompanhamento que permita identificar suas

necessidades educativas e preparar os professores para que possam atendê-

los.

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Nesse sentido, o apoio pedagógico que tem por função orientar os

docentes quanto ao encaminhamento metodológico viabilizando aos discentes,

especificamente aos portadores de necessidades especiais uma aprendizagem

significativa para o seu processo de formação enquanto sujeito social e

profissional, procurando mediar a relação professor-aluno e também os

orientando nos procedimentos para que possam ter bom desempenho

acadêmico. a função de orientar o processo de ensino e de aprendizagem, pois

os alunos, especificamente os portadores de deficiência requererão diferentes

estratégias pedagógicas, que lhes possibilitem o acesso à herança cultural, ao

conhecimento socialmente e desenvolva as habilidades pertinentes a sua área

de formação.

Sendo a educação um processo contínuo, faz-se necessária à

elaboração de políticas institucionais universitárias que contemplem a situação

das pessoas portadoras de deficiências em seus distintos níveis de

participação, ou seja, não apenas na situação de aluno, mas também na de

professor e de funcionário. Deficiências físicas ou sensoriais não são sinônimos

de incapacidade.

Contudo, a falta de informação sobre o tema faz com que a grande

maioria da população trate os portadores de necessidades especiais como

pessoas inaptas. Apesar de medidas preventivas, como a Portaria 1.679 do

MEC (Ministério da Educação), de 2 de dezembro de 1999 – que assegura aos

portadores de deficiências as condições básicas de acesso, mobilidade e

utilização dos equipamentos nas instituições de ensino – muitas instituições

não estão prontas para atender às necessidades destes acadêmicos, portanto,

não basta que esses alunos entrem na Universidade, é necessário que viabilize

condições de aprendizagem significativas para que eles possam ter um bom

desempenho acadêmico.

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CAPITULO III

FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES PARA O

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NO ENSINO

SUPERIOR

O cursos de formação de professores, deve oferecer uma disciplina com

conteúdos sobre alunos com necessidades especiais, como da EDUCAÇÃO

INFANTIL, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO MEDIOE ENSINO SUPERIOR,

pois na constituição federal no artigo 205 diz, a educação, é direito de todos.

Neste sentido por respeito as diferenças,que semeia cultura e gera

políticas e práticas de inclusão, ainda que por vezes contraditórias, é condição

sine qua non para o desenvolvimento de estratégias de operacionalização de

alternativas inclusivas.

Portanto as diferenças precisam ser encaradas como fonte de recursos

às transformações,ao invés de serem vistas como obstáculos.

Os modelo inclusionista requereria a formação de 2 tipos de professores.

Os chamados GENERALISTAS e os ESPECIALISTAS:

PROFESSORES GENERALISTAS, que seriam responsáveis pela

classe comum e capacitados com um mínimo de conhecimento e prática da

diversidade.

PROFESSORES ESPECIALISTAS, capacitados em diferentes

necessidades educacionais especiais e responsáveis para oferecer o

necessário suporte orientação e capacitação aos professores de diversos

níveis de escolarização visando a inclusão.

Combinando o trabalho do professor da sala de comum e a atuação do

professor especialista, como ainda é feito.

Para que não aconteça do profissional da sala comum ter uma formação

inadequada, pobre, sem preparo para a diversidade, é muito importante que

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todo curso de pedagogia, licenciatura contemple a disciplina citada na portaria

nº1793 “ASPECTOS ÉTICOS POLÍTICO EDUCACIONAIS DA

NORMALIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DA PESSOA PORTADORA DE

NECESSIDADES ESPECIAIS” assim os profissionais terão um conhecimento

de legislação, tendências pedagógicas apropriadas, recursos,teóricos da

educação especial.Assim esses profissionais terão uma maior reflexão e

aprofundamento acerca das potencialidades e individualidade humana e

auxiliar no combate a prática segregacionista.

A formação do professor Universitário tem que ser um processo contínuo

pois a diversidade está cada vez maior.

Segundo Savianni no “artigo 66- A preparação para o exercício do

magistério superior far-se-a em nível de pós-graduação, prioritariamente em

programas de mestrado e doutorado”.

“artigo 72- a preparação para o exercício do magistério superior se faz, em

nível de pós-graduação, em programas de mestrado ou doutorado

acompanhado da respectiva formação didático-pedagógico, inclusive de modo

a capacitar o uso das modernas tecnologias de ensino”.

Na especialização preparatória para a educação inclusiva, ou seja, a

diversidade na IES- Instituição de Ensino Superior tanto Federal,Estadual e

Municipal e privada. Os profissionais de educação terão a oportunidade de

conhecer: 1) A forma de como o profissional atua junto aos portadores de

necessidades especiais a prática pedagógica competente, socialmente

comprometida e inclusiva desse cidadão. 2) Ter clareza da função social da

inclusão; 3) Garantir a aprendizagem do deficiente em certas habilidades e

conteúdos para a vida sócio-culturale profissional; 4) Em compreender os

problemas e proporcionar a humanização; 5) Formar profissionais habilitados

comprometidos e com conhecimentos relevantes sobre a real inclusão.

Público Alvo - profissionais portadores de diploma de cursos superior em

educação, saúde e áreas afins.

MODULOS: Fundamentos da educação especial, legislação e políticas

da educação especial.

Proposta inclusivas da psicopedagogia e educação especial.

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INCLUSÃO: Métodos e técnicas em educação especial.

Processo inclusivo na instituição e inclusão no mercado de trabalho

NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS I

Deficiência Mental

Deficiência Auditiva

Deficiência visual

Deficiência Física

NECESSIDADES ESPECIAIS II

Deficiências Múltiplas

Distúrbios de Aprendizagem

Altas Habilidades

Estágio Supervisionado

Os educadores conheceriam os pensadores da educação

inclusiva para direcionar um caminho adequado para avaliação dos alunos.

Existem duas correntes comportamentalista e sócio-interacionista. Na 1º

corrente a abordagem comportamentalista a ênfase maior é o planejamento e a

programação diretiva do ensino, com objetivos instrucionais definidos.

O teórico dessa 1º corrente é o teórico psicólogo Skinner, para ele o

ambiente exerce papel fundamental ao desenvolvimento humano.

Na 2º abordagem é representado por duas correntes: o construtivismo

de Piaget e a visão sócio-histórica de Wygotsky que tem apresentado mais

semelhança do que divergência.

Existe também outro pensador que é considerado importante da educação

inclusiva, Pestalozzi.

Os profissionais da educação estarão a par das tendências pedagógicas

que são primordiais para direcionar suas atividades em sala de aula:

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Na Tendência Liberal Renovada existem os pioneiros da educação nova

entre os quis se destaca Anísio Teixeira, destaca-se também, a influência de

Montessori, Decroly. Para as relações interpessoais Carl Rogers.

Na Tendência Liberal Renovada Progressivista existem os pensadores

como Dewey, Montessori,Decroly e Cousinet.

Na Tendência Progressista Libertadora mais conhecida como pedagogia

de Paulo Freire.

Na formação do professor seria necessário que fosse completada por

atividades práticas.

È importante enfatizar a necessidade de que, a formação de professores

seja entendida como um processo contínuo, na medida do possível

particularizada.

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CAPITULO IV

RELATO VERBAL DOS ACONTECIMENTOS E A TRAGETÓRIA

DO DEFICIENTE VISUAL NA UNIVERSIDADE

É inquietante o reduzido número de pesquisas sobre as deficiências

numa abordagem educacional. Historicamente, o fenômeno da deficiência tem

sido objeto de estudo da área da saúde. São recentes os trabalhos

desenvolvidos e publicados com enfoque na área de humanas como a

psicologia, o direito, a arquitetura, as artes, a educação física, a lingüística e a

educação. Nestes últimos anos, têm surgido vários trabalhos com o propósito

de realizar levantamentos e/ou análises dessa produção científica no país.

Pode-se citar os trabalhos de Amaral (1993), Nunes e Ferreira (1994),

Glat (1994) e Torezan (1995). Todos os autores apontam a urgência no avanço

das pesquisas e sua divulgação na área da educação especial.

Acredito que, essa urgência se justifica, principalmente, num dado de

realidade alarmante: a Secretaria de Educação Especial do Ministério da

Educação, através da Política Nacional de Educação Especial aponta em 1994

que apenas 1% da população deficiente no Brasil recebe atendimento

educacional; a mesma fonte anuncia que em 1997 esse índice subiu para 5%.

Não há em nosso país um projeto político eficaz para o atendimento

educacional da pessoa deficiente.

“Inicialmente, noto que promovem festas para inglês ver. Observo

que o maior problema de nossos legisladores é a falta de capacitação e

legitimidade para discorrer e propor alternativas, onde observamos que boa

parte no momento de suas atuações, não costumam dar certo, esbarrando

sempre em fatores constitucionais e muitas vezes, a alternativa é tornar o

que está sendo proposto, em políticas assitencialistas. Para exemplificar,

quando observamos leis que isentam deficientes na compra de veículos,

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mas não temos leis que nos isentam na compra de computadores. As leis

que normalmente temos não podem ser por inteiro descartadas, observo que

o legislador, deveria ter mais cuidado, porque ao direcionar alguma lei de

benefício, é fundamental observar a sua eficácia. Exemplo: o MEC institui

nas universidades a criação de salas de apoio, mas este mesmo órgão não

institui a obrigatoriedade de profissionais para trabalhar neste setor. Deveria,

também, trazer para uma discussão mais ampla, a questão das editoras em

fornecer material que possam atender, no caso, à pessoa cega.”

Os deficientes visuais estão tendo cada vez mais acesso ao ensino

superior. Para educadores, ao mesmo tempo em que esta afirmação é

estimulante, também gera preocupações.

Imagine o leitor, como docente no ensino superior, recebendo em sua

sala de aula um aluno DV. Como o leitor faria para ministrar suas aulas para o

aluno? Como passar o conteúdo? Como proceder na avaliação?

“Esta questão não se trata de uma forma fechada. É fundamental que a

individualidade do aluno seja respeitada, pois, a forma de absorver e de

expressar os seus conteúdos são diversas, e o grande problema que vejo,

mediante tantas informações, está em como aplicá-las nas avaliações.”

No caso específico dos alunos com DV, os problemas mais frequentes

encontrados, por enquanto, se relacionam às seguintes dificuldades:

- vestibular;

- acesso a lieratura de apoio às disciplinas;

- utilização de laboratórios;

- acompanhamento das aulas, principalmente daquelas que exigem a

interpretação de gráficos, esquemas, figuras, filmes não dublados etc.;

- realização de provas em conjunto com a classe;

- socialização e locomoção.

Considero ser essa a maior justificativa que temos para defender a

pesquisa educacional na área da educação especial. Acredito que, precisamos

de propostas e trabalhos respaldados pela produção científica, precisamos de

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novos pesquisadores que multipliquem a postura científica através da formação

de futuros educadores pesquisadores para assim, contribuirmos na construção

efetiva de uma escola com perspectiva inclusiva.

Existem formas para solucionar de maneira muito satisfatória alguns dos

problemas apresentados, formas estas que devem ser conhecidas pelos

docentes não especializados em Educação Especial, antes que digam a um

aluno DV, simplesmente por desconhecerem o que pode ser a ele oferecido.

“A falta de material de estudo e a dificuldade que tenho para tratar

com pessoas que não são legitimadas para educação especial, que tentam

fazer da vida do cego um ser tutelado, onde muitas das vezes temos que

nos submeter à suas imposições e experiências mal sucedidas.

Primeiro não devemos afastar o diálogo. Segundo o MEC deveria

rever suas portarias que regem sobre o ensino especial visando,

principalmente, que ao criar salas de apoio que o material humano para a

constituição de materiais pedagógicos é indispensável. Em seguida a título

de coerção normas que venham punir instituições que insistem a não gerir

recursos ao seu aluno com necessidades especiais, pois, essas

instituições têm se esquecido de se posicionar na condição de promotores

da educação e que portanto, têm função social primordial.”

Pensando agora, particularmente, na educação de pessoas deficientes

visuais, há uma questão que muito me intriga e acredito justifique também a

pesquisa educacional nessa área. Há uma contradição surpreendente entre o

sucesso escolar-profissional que várias pessoas deficientes visuais conseguem

alcançar ao mesmo tempo em que a realidade escolar exclue a maioria desses

jovens da escola. A despeito dessa exclusão, vários alcançam a Universidade.

Pois bem, me pergunto: como foi o processo de escolarização dessas

pessoas? como conheceram o mundo? seus professores trabalhavam com

abordagens metodológicas fundamentadas numa perspectiva filosófica

empirista? ou se fundamentavam em abordagens que têm a palavra como

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constituinte do pensamento e da representação? Tiveram acesso a recursos

públicos para estudar ou pertencem a elite econômica do país?

"Sou deficiente visual [...] e estudo à noite. Sou muito bem recebido e

auxiliado pelos colegas de classe e professores, que compreendem minhas

dificuldades e se adaptam às condições específicas da minha limitação.

Não disponho de materiais especializados, e por este motivo é muito mais

penoso o andamento das aulas. A Faculdade não dispõe de materiais e

recursos, não os oferece e nem procura fazê-lo.

Já no nível da UFMG, ela possui alguns recursos, mas não utiliza uns e

parcialmente outros. A Imprensa Universitária dispõe de impressora Braille que

ou está estragada ou sem funcionário para manuseá-la. É feita também pela

FAFICH um bom trabalho de gravação de textos por uma estagiária, que são

repassados aos alunos deficientes visuais da Universidade.

Há também recursos informáticos que podem ser utilizados para amenizar essa

carência de materiais e recursos. Existem programas específicos que sonorizam

o que aparece na tela ou agilizam uma impressora Braille.

Com essas informações espero colaborar para o melhoramento dos serviços

prestados aos deficientes da UFMG."

Como pedagoga, neste estudo, pretendo focalizar meu olhar na

universidade.

Consciente dos direitos de cidadania, busco refletir sobre o espaço do

aluno deficiente na instituição de ensino superior. Como pesquisadora, quero

ouvir a voz do aluno deficiente visual e refletir sobre o texto que emerge das

tramas cotidianas reveladas na história de vida de sujeitos concretos.

A metodologia utilizada é a história oral considerando que, na educação

especial os deficientes pouco, ou nunca, falam. Alguém sempre fala e decide

por eles.

“O diálogo e a liberdade de construção de material pedagógico

tem que ser realizada próximo do professor e pedagogos.”

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Em nome deles definem-se políticas, abrem-se serviços, organizam-se

cursos e congressos. Mas e o que eles têm a falar sobre sua vida, suas

experiências, seus anseios? quais as lembranças que carregam da

universidade que freqüentaram? Do relacionamento com os professores? Seus

colegas? O que pensam da universidade inclusiva? O que contam dos

preconceitos sofridos?

"O deficiente visual de um curso universitário público tem a sua

aquisição de conhecimento prejudicada devido à falta de recursos didáticos

e a completa inexistência de metodologia do corpo docente da instituição.

A desinformação é mais um aspecto complicador que o deficiente

encontra no seu dia a dia, seja dentro ou fora da faculdade. Neste sentido,

cabe ao deficiente visual promover um trabalho educativo a partir da sua

vivência.

Sendo o deficiente visual integrante de um grupo minoritário, não há um

interesse de se sistematizar, dentro da área pedagógica, metodologias de

ensino que satisfaçam às suas necessidades.

O professor universitário, não tendo os recursos didáticos apropriados

para o deficiente visual, fica na contramão da formação adequada dessa

pessoa.

O estudante que possui a deficiência visual requer uma atenção maior no

que diz respeito ao acesso à informação bibliográfica e conteúdos

pertinentes ao seu curso. Embora seja minoria, esse aluno necessita de

material didático, tanto quanto o aluno vidente.

Esse procedimento tem que ser encarado como um direito à cidadania.

Um computador com o sistema DOSVOX não é o suficiente. É preciso

uma impressora Braille, para que o deficiente possa ter autonomia nos

seus trabalhos acadêmicos. Um monitor disciplinar não é suficiente, se ele

não tiver desprendimento ao auxiliar o aluno. Um texto de xerox não tem

utilidade, se não houver um voluntário para gravá-lo ou lê-lo. As

transparências não serão bem compreendidas se não vierem

acompanhadas de um texto em Braille.

Esses aspectos são alguns dentre outros, necessários para uma

compreensão do que é a vida estudantil de uma pessoa portadora de

necessidades especiais.

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É preciso que haja a divulgação das dificuldades, para que ocorram

procedimentos facilitadores a uma vida mais digna."

Considerando, ainda, que, a diretriz de integração do aluno deficiente

Nas IES é uma proposta assumida pelo Ministério de Educação, quais são as

ações implantadas pelo poder público para garantir seu exercício? quais são as

condições necessárias para que o aluno deficiente visual possa estudar ? o

que pessoas deficientes visuais pensam da proposta inclusiva? quais as

lembranças que têm da universidade? quais fatores contribuíram positivamente

para seu sucesso escolar no ensino superior?

Considerando particularmente os alunos deficientes visuais e não

videntes, após ingresso na universidade, geralmente não conseguem

acompanhar o desempenho de seus colegas de curso. No Brasil não há

política editorial universitária que atenda a essa parcela da comunidade nem

tampouco recursos tecnológicos voltados ao suprimento de suas necessidades

especiais. Na maioria dos casos, passam a depender da boa vontade de

colegas ou da de voluntários que se dispõem para leitura de textos, das

apostilas, de livros e de artigos constantes da bibliografia básica das disciplinas

cursadas.

A vivencia do deficiente visual na Universidade leva a acontecimentos

desagradáveis por falta de conhecimentos alheios.

"Há uma omissão por parte da Universidade em propiciar meios

para que o cego possa estudar. A maior dificuldade é falta de material

específico, principalmente livros. O Curso de Direito exige muita leitura e

nós ficamos defasados em relação aos outros estudantes [...] Eu utilizo

uma máquina para redigir minhas provas e alguns professores reclamam

que o barulho prejudica a concentração dos outros estudantes. Estudar

aqui é o mesmo que estar numa selva de pedra".

Relatarei algumas experiências passadas, entrevistas feitas e

avaliações, como:

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O pedido de uma prova ampliada e o esquecimento do professor. Os

professores colocavam as mãos na cabeça e diziam. “ESQUECI, SERÁ QUE

VOCÊ PODERIA FAZER A PROVA ASSIM MESMO?”

"A dificuldade de estudar na UFMG começa no Vestibular, pois as

provas contêm gráficos e mapas que dificultam a realização das mesmas.

Depois de aprovada, descobri que não havia na Faculdade infra-estrutura

para que eu pudesse estudar. A gente tem que depender da boa vontade

das pessoas em lerem para nós, usar gravador ( e as fitas são caras) e

aqui existem pouquíssimos livros em Braille. Para que eu possa continuar

o curso e formar, estudo, geralmente, na Biblioteca Estadual, onde existem

livros em fita e um pouco mais de livros em Braille. É fundamental que a

gente não tenha vergonha de solicitar ajuda e o pessoal aqui da Direito é

muito atencioso e sempre coopera com a gente".

As gravuras e letras de power point, trechos escritos no quadro.

“A falta de preparo dos professores ao se referir à gravuras no power

point ou trechos escritos no quadro. Porque interromper uma aula para

perguntar a que ele está se referindo ao apontar torna-se um inconveniente

em muitas das vezes, tendo em vista que promovemos a quebra de

raciocínio.”

Os filmes e comentários com legendas pequenas e inelegíveis.

Em um desses casos, tinha uma professora da disciplina Estágio

Supervisionado de Educação Infantil que escreveu um texto e a turma não

entendia, então pediram para melhorar a letra, lembrando que na sala existia

uma pessoa com baixa visão, e a professora falou: “não vou melhorar a letra,

vocês que descubram”.

A professora de matemática, por exemplo, era uma pessoa

desequilibrada, pois parecia que tinha prazer em desprezar e humilhar os

alunos, qualquer que sejam, com deficiência ou não. Alguns alunos relataram

que passaram momentos desagradáveis, diziam que ela falava que eles não

iam conseguir chegar a lugar nenhum, que eles não eram para estar na

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faculdade, ou seja, sempre desestimulando e humilhando. Falou, ainda, que os

alunos de necessidades especiais não poderiam, de jeito algum, cursarem uma

Universidade.

O professor de Estatística falava que eu deveria estar em casa, pois não

tinha condições de fazer os gráficos nos quadrinhos, quando o certo seria que

ele trouxesse os gráficos ampliados. A solução foi encontrada em casa, onde o

meu pai passou a produzir cópias ampliadas das folhas próprias para gráficos.

No laboratório de informática, os computadores não tinham os

programas necessários para o aluno DV, quando havia um aluno com boa

vontade, este me auxiliava.

No segundo período, entraram mais alunos na sala, oriundos do

vestibular no meio do período, e consequentemente, a nossa turma foi

transferida para o prédio Anexo D, pois eu não poderia ficar no Anexo B, em

virtude deste somente possuir quadro de giz, e aquele quadro branco.

Ao chegarmos na nova sala, os alunos ficaram revoltados, e culpando-

me, pois ficava muito distante da biblioteca e dos outros setores administrativos

da faculdade.

A professora da disciplina “Pesquisa e Prática de Introdução ao Texto e

Fichas”, sabendo da minha baixa visão, determinou que todos dias de aula de

sua disciplina, um aluno me acompanhasse, ou seja, tentando implantar um

laboratório para que todos aprendessem a trabalhar com um aluno DV.

Entretanto, a turma entendeu que não seria necessário pois estes já me

conheciam e sabiam das minhas dificuldades, não necessitando, assim, de

acompanhamento integral. A professora, ainda, utilizava-se de vocabulário

debochado, para os trabalhos apresentados por mim.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao inciarmos esta pesquisa pesavamos que poderiamos

encontrar respostas ou dados que nos ajudassem a entender o por quê da

atual situação dos Alunos com Deficiência Visual matriculados em instituições

do ensiono superior sejam elas públicas ou privadas. Pensavamos em

cncontrar relatos de pessoas que já passaram pelas instituiçoes e hoje, estão

foermados e exercendo suas funções. Mas, o que pudemos comprovar foi : as

instituições de ensino superior publicas ou privadas ainda hoje, passados

alguns anos das nossas políticas públicas em que pediam e exigiam um

tratamento adequado e ugualitário aos alunos com deviciencia visual, os dados

são os mesmos. Poucos alunos com DV chegam aos cursos superiores, e

quando chegam encontram não somente as barreiras arquitetônicas mas

também encontram, descaso, má vontade, incapacidade, adequações

inoperantes, preconceitos fatores estes que corroboram para a desistencia do

curso superior ou uma luta inglória por parte do aluno DV que tem que se

desdobrar para que efetivamente permaneça na faculdade e faça um curso a

altura de seus colegas não deficientes.

Concluimos também, que os professores das Instituições de Ensino

Superior pública ou privada não estão preparados técnicamente e não

possuem ferramentas para lidar com a realidade atual da educação inclusiva, a

qual está sendo introduzida cada vez mais rápida.

O despreparo é o resultado da má formação acadêmica dos

professores, que nas grades curriculares da maioria dos cursos superiores não

possuem disciplinas próprias, as universidades não fornecem estágios, e não

dão estímulos aos professores para preparar e dar uma boa base aos futuros

profissionais da educação para enfrentarem a realidade atual da sociedade

quanto à educação inclusiva.

Esses profissionais deveriam ter um estudo continuado na área

da educação, capacitação em Instituições governamentais ou privadas capazes

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de aperfeiçoar seus conhecimentos, com objetivo de enriquecer seus domínios

em relação à educação inclusiva e poder, assim, ajudarem no aprendizado dos

alunos visando uma melhor qualidade da educação.

Observou-se a dificuldade desses professores em lidar na sala de

aula com os alunos deficientes visuais, tanto os de cegueira como os de baixa

visão, não dando recursos necessários e nem se esforçando para procurar

auxilio para o seu próprio enriquecimento de conhecimentos específicos e

necessários para o seu trabalho com os alunos na sala de aula.

Este não é um trabalho no qual encontramos as respostas certas ou

erradas, mas um trabalho que visa o aprendizado bilateral entre alunos,

professores, instituições de ensino superior e nossas políticas públicas.

As reflexões fazem-se necessárias e novos estudos e pesquisas mais

aprofundadas no campo educacional e na qualificação do docente de ensino

superior são nossas sugestões para que no futuro situações vexatórias e

constrangedoras como as relatadas aqui não mais venham acontecer.

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MENSAGEM FINAL

“ Eu estive pensando...

O que são limites?

Talvez sejam os espaços vazios

Deixados pela falta de oportunidades,

Eu fui apresentado a uma nova possibilidade:

A INCLUSÂO

E com ela eu pude conhecer melhor a mim mesmo e ao mundo.

O meu caminho não terminou,

As minhas conquistas ainda são infinitas.

E para falar a verdade :

Hoje eu não sei o que sãolimites.”

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ANEXOS

Índice de anexos

Anexo 1 >> Questionário

Anexo 2 >> Questionário

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ANEXO 1

NOME: Magali

ESCOLARIDADE: Ensino Superior Completo

INSTITUIÇÃO DE TRABALHO: Instituto dos Cegos de Campina Grande

PROFISSÃO: Professora

IDADE: 32 anos

1) QUAIS SÃO AS MAIORES DIFICULDADES EM LIDAR COM A

UNIVERSIDADE? E PARA VOCÊ QUAIS A S POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA

SOLUCIONAR ESSAS DIFICULDADES?

A ausência de literatura acessível.

Investimento em simples e baratos recursos tecnológicos, além de recursos

humanos capacitados para utilizá-los.

2) O QUE VOCÊ RESSALTA DE IMPORTANTE NO CONVÍVIO ENTRE

PROFESSOR E ALUNO?

Nesta relação o mais importante, e aliás o que faz alunos com deficiência

visual crescerem como pessoas é o tratamento igualitário, ou seja, que estes

não sejam tratados com distinções ou qualquer outra forma de separação.

3) QUAL A MELHOR FORMA DE AVALIAÇÃO PARA SEREM

TRABALHADOS OS CONTEÚDOS PEDAGÓGICOS?

Aquela em que, escrevendo em Braille ou mesmo digitando a pessoa cega

pode expressar sua compreensão em relação ao conteúdo trabalhado.

4) COMO VOCÊ PERCEBE O TRATO DOS COLEGAS DE SALA E DOS

FUNCIONÁRIOS DA BIBLIOTECA EM RELAÇÃO A SUA DEFICIÊNCIA?

Quanto aos colegas de sala há boa interação. Em relação à biblioteca quase

sempre houve boa receptividade, ou seja, interagimos de igual para igual.

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5) QUAIS SÃO AS MAIORES BARREIRAS ENCONTRADAS NO SEU

COTIDIANO?

6) QUAIS SÃO AS NECESSIDADES MAIS FREQUENTES EM SALA DE

AULA?

Literatura acessível

7) COMO VOCÊ VÊ AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL?

Precisam ser postas em prática, pois apesar de boas, permanecem no papel.

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ANEXO 2

NOME: Willian de Araújo Costa

ESCOLARIDADE: 7º período do curso de Direito

INSTITUIÇÃO DE TRABALHO: Prefeitura Municipal de Betim/MG

PROFISSÃO: Funcionário Público

IDADE: 37 anos

1) QUAIS SÃO AS MAIORES DIFICULDADES EM LIDAR COM A

UNIVERSIDADE? E PARA VOCÊ QUAIS AS POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA

SOLUCIONAR ESSAS DIFICULDADES?

a) A falta de material de estudo e a dificuldade que tenho para tratar com

pessoas que não são legitimadas para educação especial, que tentam

fazer da vida do cego um ser tutelado, onde muitas das vezes temos

que nos submeter à suas imposições e experiências mal sucedidas.

b) Primeiro não devemos afastar o diálogo. Segundo o MEC deveria rever

suas portarias que regem sobre o ensino especial visando,

principalmente, que ao criar salas de apoio que o material humano para

a constituição de materiais pedagógicos é indispensável. Em seguida a

título de coerção normas que venham punir instituições que insistem a

não gerir recursos ao seu aluno com necessidades especiais, pois,

essas instituições têm se esquecido de se posicionar na condição de

promotores da educação e que portanto, têm função social primordial.

2) O QUE VOCÊ RESSALTA DE IMPORTANTE NO CONVÍVIO ENTRE

PROFESSOR E ALUNO?

O diálogo e a liberdade de construção de material pedagógico tem que ser

realizada próximo do professor e pedagogos.

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3) QUAL A MELHOR FORMA DE AVALIAÇÃO PARA SEREM

TRABALHADOS OS CONTEÚDOS PEDAGÓGICOS?

Esta questão não se trata de uma forma fechada. É fundamental que a

individualidade do aluno seja respeitada, pois, a forma de absorver e de

expressar os seus conteúdos são diversas, e o grande problema que vejo,

mediante tantas informações, está em como aplicá-las nas avaliações.

4) COMO VOCÊ PERCEBE O TRATO DOS COLEGAS DE SALA E DOS

FUNCIONÁRIOS DA BIBLIOTECA EM RELAÇÃO A SUA DEFICIÊNCIA?

Em relação aos colegas de sala tenho um convívio formidável pois, a minha

deficiência ela foi trabalhada de forma que é apenas um detalhe pessoal,

assim consigo promover todos os acessos que necessito. Quanto à

biblioteca, percebo que falta capacitação profissional, pois, percebo que

nem sempre temos a presença do bibliotecário, que se sente perdido com

minha presença e o que pior, ao longo dos anos vejo que dentro das

bibliotecas encontram-se o melhor local para estágios de pessoas que não

estão buscando formação na área, ou seja, normalmente os estagiários não

são da área afim.

5) QUAIS SÃO AS MAIORES BARREIRAS ENCONTRADAS NO SEU

COTIDIANO?

Percebo que as leis da acessibilidade não tornaram pauta para as

discussões e modernização das cidades. A despradonização dos coletivos,

árvores e orelhões fixados em locais indevidos continuam sendo problema

de uma minoria e não pertencente à uma questão social.

6) QUAIS SÃO AS NECESSIDADES MAIS FREQUENTES EM SALA DE

AULA?

A falta de preparo dos professores ao se referir à gravuras no power point

ou trechos escritos no quadro. Porque interromper uma aula para perguntar

a que ele está se referindo ao apontar torna-se um inconveniente em muitas

das vezes, tendo em vista que promovemos a quebra de raciocínio.

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7) COMO VOCÊ VÊ AS POLÍTICAS PÚBLICAS NO BRASIL?

Inicialmente, noto que promovem festas para inglês ver. Observo que o maior

problema de nossos legisladores é a falta de capacitação e legitimidade para

discorrer e propor alternativas, onde observamos que boa parte no momento

de suas atuações, não costumam dar certo, esbarrando sempre em fatores

constitucionais e muitas vezes, a alternativa é tornar o que está sendo

proposto, em políticas assitencialistas. Para exemplificar, quando observamos

leis que isentam deficientes na compra de veículos, mas não temos leis que

nos isentam na compra de computadores. As leis que normalmente temos não

podem ser por inteiro descartadas, observo que o legislador, deveria ter mais

cuidado, porque ao direcionar alguma lei de benefício, é fundamental observar

a sua eficácia. Exemplo: o MEC institui nas universidades a criação de salas de

apoio, mas este mesmo órgão não institui a obrigatoriedade de profissionais

para trabalhar neste setor. Deveria, também, trazer para uma discussão mais

ampla, a questão das editoras em fornecer material que possam atender, no

caso, à pessoa cega.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Paulo. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED. 18ª. Caxambu.

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AMARAL, Ligia Assumpção. Conhecendo a deficiência. São Paulo: Editorial

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CARVALHO, Rosita Elder. A nova LDB e a Educação Especial. Rio de

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